OBTENÇÃO DO EXTRATO DE Bauhinia forficata L. E OTIMIZAÇÃO

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OBTENÇÃO DO EXTRATO DE Bauhinia forficata L. E OTIMIZAÇÃO
Área:
CV ( X )
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OBTENÇÃO DO EXTRATO DE Bauhinia forficata L. E OTIMIZAÇÃO DOS
PARÂMETROS DE SECAGEM POR SPRAY DRYER.
Thaisa Cardoso de Oliveira (bolsista do PIBIC/UFPI), Lívio César Cunha Nunes (Orientador,
Depto de Bioquimica e Farmacologia – UFPI)
Introdução
Bauhinia forficata L. caracteriza-se como uma árvore de porte pequeno, pertencente à família
Caesalpinaceae, que abrange mais de 300 espécies do gênero Bauhinia e está distribuída por várias
regiões do Brasil e de outros países da América do Sul (BACKES & IRGANG, 2002). É conhecida
como pata de vaca, devido ao formato de suas folhas, e sua importância está voltada para o largo
uso popular. A infusão de suas folhas é utilizada na medicina popular como agente diurético, tônico e
depurativo, hipoglicemiante (PEPATO, 2004; MORAES, 2010).
Para a utilização de plantas com propriedades terapêuticas, uma das operações mais
freqüentes na produção de medicamentos e alimentos é a secagem sendo empregada no
processamento de diversos materiais para a obtenção de pós e grânulos. O objetivo principal da
secagem farmacêutica é a retirada da água, responsável por propiciar um meio reacional para
reações químicas, fenômenos físicos e proliferação microbiana (DE SOUZA, 2006).
A secagem por aspersão em spray dryer é amplamente utilizada na indústria farmacêutica
com a finalidade de se obter partículas de pó mais esféricas, estáveis e que apresentam um bom
fluxo para que posteriormente possam ser utilizadas potencialmente em formulações farmacêuticas
ou alimentares. Para a obtenção destas características é preciso que sejam ajustados os parâmetros
de secagem do aparelho, como temperatura de entrada, velocidade de fluxo e pressão (CUNHA,
2010). O presente trabalho tem como objetivos a obtenção e otimização do extrato seco da Bauhinia
forficata L. utilizando a técnica de secagem por aspersão (spray dryer).
Metodologia
O material vegetal de B. forficata L. foi obtido em Telêmaco Borba – PR adquirido através do
fornecedor Klabin do Paraná Produtos Florestais Ltda, sendo a identificação botânica e depósito de
exsicata realizado no Herbário da Universidade Estadual do Maringá, sob registro nº 150. A solução
extrativa foi preparada a partir de 167 g das folhas secas e pulverizadas e 1000 ml de solução
hidroetanólica (1:1). As análises de determinação do resíduo seco da solução extrativa, analise do
pH, densidade relativa e triagem fitoquímica foram de acordo com a Farmacopéia Brasileira 5ª edição.
O processo de secagem dos extratos foi realizado utilizando-se a técnica de secagem por
aspersão (spray drying) em mini spray-dryer BUCHI B-290. À solução extrativa foram adicionados os
adjuvantes de secagem e submetida ao aparelho nas seguintes condições: temperatura de entrada
170ºC, velocidade de fluxo 4 mL/min, pressão de 0,9 barr e aspiração em 90%. Para escolha do
melhor adjuvante tecnológico a ser empregado bem como a concentração desse adjuvante na
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metodologia de secagem, foi realizado um planejamento fatorial 2 com dois tipos de excipientes, o
Aerosil e a Maltodextrina, ambos nas concentrações de 15% e 10%. A matriz de planejamento
fatorial, onde foram estabelecidos os experimentos (ensaios) realizados combinando todos os fatores
2 a 2 em todos os níveis e possibilitando a obtenção do maior número de combinações das variáveis
em estudo.
As propriedades tecnológicas visuais, a umidade residual, o teor de flavonóides, a
higroscopicidade dos extratos frente à umidade relativa de 90% e o rendimento bruto da secagem
foram parâmetros analisados para a escolha do melhor método de obtenção do extrato seco
(Farmacopéia Brasileira 5ª edição).
Resultados e Discussão
O extrato hidroalcoólico das folhas de Bauhinia forficata L apresentou pH 6,14 e densidade
0,9622 g/mL. A prospecção fitoquímica demonstrou a presença de flavonóides, taninos, polifenóis e
carboidratos. A presença de flavonóides e taninos e a ausência de saponinas condizem com estudos
realizados anteriormente por Miyake (1986). Porém, não houve concordância com relação à ausência
de alcalóides. A ausência de alcalóides na planta em questão também foi observada por Marques
(2012).
Os extratos secos obtidos neste estudo apresentaram coloração semelhante, com uma
tonalidade amarelo-amarronzada (Figura 1). As características visuais mostraram que os extratos
com maior concentração de aerosil em relação ao resíduo seco (T1 e T2) apresentaram melhores
propriedades de fluxo, aderindo menos às paredes do recipiente em que foi armazenado e
apresentando menor tendência a formação de aglomerados. O aerosil adicionado aos extratos
proporcionou uma boa estabilidade física, mantendo o aspecto de pó fino e solto. Estes dados
corroboram com estudos realizados por Vasconcelos et al (2005). Esta estabilidade pode ser
atribuída a uma possível microencapsulação das partículas do pó pelo Aerosil (CORNEC, 1990).
Figura 1 - Extratos secos por aspersão das folhas de Bauhinia forficata L.
A análise descritiva, dos dados do rendimento do processo de secagem dos extratos secos,
mostrou que existe um comportamento diferenciado dentro do parâmetro de concentração de
Maltodextrina, onde os melhores rendimentos foram obtidos em menores concentrações desta.
Apesar desta tendência, os resultados para o rendimento não foram estatisticamente significantes.
A umidade é um importante parâmetro a ser analisado, pois influencia na estabilidade físicoquímica e microbiológica de materiais sólidos, além de poder afetar as características reológicas do
produto que são essenciais no desenvolvimento de algumas formulações farmacêuticas (CHAVES,
2009). A análise de probabilidade de significância teste F, mostra que o teste foi significativo para as
causas de variação de adjuvante de secagem em relação à umidade residual. Pode-se verificar que
em concentrações elevadas de maltodextrina, há um aumento na umidade residual. No entanto, o
nível que produz menores valores para teor de umidade é em 15% de concentração de aerosil.
O comportamento dos extratos secos frente à umidade relativa de 90% avalia a influência dos
adjuvantes de secagem frente ao perfil higroscópico. Todos os testes apresentaram perfis
semelhantes, sendo que ocorreu um ganho de massa de forma brusca durante as primeiras 72 horas,
com aumento de peso de aproximadamente 50%, seguindo tendência a um platô para os demais dias
de exposição. Dados semelhantes aos encontrados por Vasconcelos (2005). Através de análise
estatística, verifica-se que quando a concentração de maltodextrina é maior que aerosil, observa-se
um aumento de 0,515 de umidade relativa. Quando a concentração de aerosil é maior, tem-se um
aumento de umidade relativa em 0,285. No entanto, ao utilizar-se concentrações iguais destes
adjuvantes de secagem, o aumento de umidade é de apenas 0,205.
Os principais compostos presentes na B. forficata Link são flavonóides, entre eles canferitrina
e quercetina destacam-se por suas atividades farmacológicas (Pepato et al., 2002). Na determinação
da composição quantitativa de flavonóides verifica-se redução no teor final para o material sólido, ou
seja, o processo de secagem promoveu diminuição do ter de flavonóides totais para os extratos
secos por aspersão. Resultados semelhantes foram relatados em Cunha (2010) que descreve
conteúdos de flavonóides totais presentes em B. forficata de 720 μg/mL para o extrato fluido e 146.4
μg/mg para o extrato atomizado. A degradação encontrada pode ser devido a elevadas temperaturas
as quais se submete os produtos em spray dryer.
Conclusão
O extrato seco por aspersão com 15% de concentração de Aerosil e 10% de concentração de
Maltodextrina (T2) apresentou as melhores características para a obtenção de produto farmacêutico.
Apoio: UFPI
Referências
BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul – guia de identificação & interesse ecológico. Santa
Cruz do Sul: Clube da Árvore, 2002.
CHAVES, J. S.; et. al. Development of enteric coated tablets from spray dried extract of feverfew
(Tanacetum parthenium L.). Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. v. 45, n.3, 2009.
CORNEC, M. Aérosil: um adjuvant efficace pour lês formes sèches, liquids et pâteuses. STP Pharma
Sci. v. 6, p. 110-112, 1990.
CUNHA, A. M.; et. al. Hypoglycemic activity of dried extracts of Bauhinia forficata Link.
Phytomedicine. v. 17, p. 37-41, 2010.
DE SOUZA, T. P.; et. al. Compressional behavior of formulations from Phyllanthus niruri spray dried
extract. Die Pharmazie. v. 61, p. 213-217, 2006.
Palavras-chave: Bauhinia forficata Link, spray dryer, secagem, otimização.