incontinentia pigmenti – apresentação de um caso
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TRABALHOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE DERMATOLOGIA E VENEREOLOGIA EDITOR Gabriela Marques Pinto EDITORES ANTERIORES António Poiares Baptista António Cabral Ascensão (†) Manuel Marques Gomes Augusto Mayer-da-Silva Juvenal Esteves (†) Menéres Sampaio (†) F. Cruz Sobral (†) Artur Leitão (†) CONSULTORES CIENTÍFICOS José Mesquita Guimarães Helena Lacerda e Costa Luis Camacho de Freitas Manuela Capitão-Mor Margarida Gonçalo Oscar Tellechea Osvaldo Correia Carlos Resende Clarisse Rebelo Fernando Guerra Rodrigo Filomena Azevedo Francisco Brandão João Amaro Jorge Cardoso Américo Figueiredo António Massa António Picoto António Pinto Soares António Poiares Bapstista Armando Roseira Artur Sousa Basto SECRETARIADO E CORRESPONDÊNCIA Gabriela Marques Pinto Serviço de Dermatologia Hospital de Curry Cabral Rua da Beneficência 1069-166 Lisboa Propriedade Telef: 21 792 42 74 / 21 792 43 42 FAX: 21 792 42 74 Editora Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia ISSN: 0304-4777 Registo imprensa nº 111449 Depósito legal 24892/88 Publicações e Publicidade Unipessoal Rua Prof. Vieira de Almeida, nº38 Lj. A - Bloco B - Piso 0 1600-371 LISBOA Telf.: 21 757 81 35 457 SOCIEDADE PORTUGUESA DE DERMATOLOGIA E VENEREOLOGIA PRESIDENTES HONORÁRIOS Aureliano da Fonseca A. Poiares Baptista CORPOS GERENTES - BIÉNIO 2009-2010 DIRECÇÃO Presidente Manuel António de Azevedo Marques Gomes Vice-Presidente Carlos Manuel Soares de Rezende e Sousa Secretária Geral Maria Margarida Martins Gonçalo Tesoureira Maria Raquel Mendes Pereira Vieira Macedo Vogal Sofia Beatriz Loureiro Marques Vasconcelos Magina MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente Esmeralda Maria Seco do Vale Secretária Glória Maria Cardoso da Cunha Velho Secretário Jorge Luís Furtado de Mendonça Olim Marote CONSELHO FISCAL Presidente João Abel Amaro Secretária Bárbara Cristina Guerreiro Fernandes Secretário José Carlos Faria Fernandes Capa: Dermatose bolhosa em lactente de 5 meses. Proveniência: Dr.ª Felicidade Santiago e colaboradores, Serviços de Dermatologia e Venereologia, Hospitais da Universidade de Coimbra. 458 Informações aos Autores A revista “Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia “ é o órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) e aceita para publicação trabalhos elaborados no âmbito da Dermatologia e da Venereologia. Publicará também notícias, informações, actas e/ou relatórios, bem como os resumos dos trabalhos apresentados em reuniões, cursos ou congressos. INFORMAÇÕES AOS AUTORES 1. Três conjuntos completos de cada manus crito, incluindo gráficos e figuras, deverão ser manuscritos, para apreciação por um ou mais consultores (“referees”), para o editor: Gabriela Marques Pinto Serviço de Dermatologia Hospital Curry Cabral Rua da Beneficência 1069-166 Lisboa 2. Os autores, ao submeterem o material para pu blicação, aceitam que o artigo é original e não está proposto para publicação em qualquer outra revista ou livro, excepto sob a forma de resumo. O consentimento escrito de cada um dos autores é obrigatório. 3. Preparação do manuscrito: Os trabalhos podem ser submetidos em Portu guês ou Inglês. O manuscrito deverá ser dactilo grafado a 2 espaços, letra tipo arial ou outra sem “serif, tamanho 12, em folhas A4 de um só lado, com amplas margens. Todas as páginas, são numeradas. Cada secção (ver “organização do manuscrito”) inicia-se em nova página. 4. Organização do Manuscrito a - Na primeira página indicar: Título em Português Título completo em Inglês Nome(s) do(s) autor(es) Serviço, Departamento instituição de filiação de cada um dos autores (indicar a filiação dos autores por símbolos (p.ex.* ou **) colocados a pós os nomes e antes das instituições). Nome, morada, telefone e fax do autor responsável pela publicação. Referência a bolsas, suportes financeiros ou outros (quando aplicável). b - Resumo (2ªe 3ª páginas) É obrigatório o envio de resumos em Português e em Inglês, dactilografados em folhas separadas, com um máximo de 250 palavras. Os resumos deverão ser concisos e indicar os objectivos / âmbito, resultados e conclusões, ou descrição sumária dos casos clínicos. c - Palavras Chave (4ª página) Cada artigo far-se-á acompanhar de l página 5 palavras chave (“Key-words”) dactilografadas em português e em inglês. d - Texto O texto deverá ser estruturado da forma tradicional: i) artigo original: introdução; doentes / material e métodos; resultados; comentários ou discussão. ii) caso clínico: introdução; descrição do(s) caso(s); comentário ou discussão. e - Referências / Bibliografia Todas as referências as referências (e só estas) são numeradas e listadas por ordem de aparecimento no texto. Identificar as referências no texto, quadros e gráficos por numeração árabe (entre parênteses). 459 Informações aos Autores Modelos: (1) Artigo: 23.Autor NN, Autor NN: Título do artigo. Nome da revista abreviada vol n°: página inicial página final (ano). 23.Breathnach SM: The skin immune sys tem and psoriasis. Clin Exp immunol 91:343-345(1993). (2)Capítulo do livro: 24.Autor NN, Autor NN: Título do Capítulo. In Editor NN, Editor NN (eds), n° edição, Cidade, Editora, ano, pág. inicial - página final. 24.Norris PG, Gange RW Hawk LM: Acute efects of ultraviolet radiation on the skyn. In Fitzpatrick TB, Elsen AZ, Wolff K, Freedberg IM, Austen KF (eds),Derma tology in General Medecine, 4a ed, New York, McGraw-Hi 11,1993, pp 1651-1658. NOTA:Os Títulos das revistas deverão ser abre viados de acordo com o estilo usado no índex Medicus. Dados não publicados e “comunicações pessoais” não podem ser citadas na bibliografia mas podem ser referidas no texto (entre parênteses). f - Quadros Apresentados individualmente em páginas separadas com numeração romana pela ordem de localização no texto. Cada quadro deve ser acompanhado de pequeno título e pode conter notas de rodapé, desde que referidas a elementos apresentados nos quadros. Não se aceitam legendas nos quadros. g - Figuras e legendas As figuras deverão ser enviadas sob a forma de: (i) desenhos ou gráficos nítidos, com qualidade para 460 publicação, sem legenda incorporada; (ii)fotografias a preto e branco ou a cores, em papel brilhante. A fim de evitar reduções, as fotografias deverão ter de largura 6,5 cm (1 coluna) ou 14 cm (2 colunas); (iii)diapositivos de 35mm. Recomenda-se o envio de 1 conjunto de diapositivos para melhor qualidade de reprodução na impressão; (iv)cd-r com fotografias digitalizadas, correcta mente e com a máxima definição possível; sem legenda incorporda e acompanhado por reprodução a cores, em papel, indicando nº das figuras. No dorso de cada fotografia, ou no caixilho de cada diapositivo, indicar (1) o numero da figura conforme referenciado no texto, (2) o nome do l ° autor e (3) uma seta referindo o topo da fotografia. As legendas deverão ser enviadas em tolha separada, dactilografada a 2 espaços, indicando sempre o n° da figura. 5. EDIÇÃO ELECTRÓNICA A fim de facilitar e melhorar o trabalho de impressão, recomenda-se que, acompanhando os conjuntos impressos, seja enviado um CD-R, contendo o manuscrito em forma final de publicação e utilizando como processador de texto o microsoft word (IBM-compatível). Os gráficos deverão ser enviados em ficheiro separado (Microsoft Power Point, ou similar). E as imagens deverão ser enviadas no seu ficheiro original (jpeg. ou tiff.) e não inseridas em qualquer outro programa. O texto deverá ser dactilografado em contínuo, sem introdução de separadores de página e sem justificação à direita. Aceitam-se também ficheiros ASCII. Índice EDUCAÇÃO MÉDICA CONTÍNUA Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso ...............................................................467 ARTIGOS DE REVISÃO Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo .............................................................................................. 477 Psoríase na Criança – Revisão de 56 Casos Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito ................................................... 491 Adalimumab no Tratamento de Psoríase – Revisão de 27 Casos Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira ......................................................499 GRUPO PARA O ESTUDO E INVESTIGAÇÃO DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (GEIDST) Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo ..........................................................................................505 Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino Ana Moreira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo ............................................................................................521 Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes ...........................527 CASOS CLÍNICOS Dermatose Bolhosa em Lactente de 5 Meses Felicidade Santiago, Gustavo Januário, Fátima Cabral, Fernanda Rodrigues, Ana Moreno, Óscar Tellechea ......537 Acrodermatite Enteropática – Singularidades de Um Caso Clínico Felicidade Santiago, José Matos, Ana Moreno, Sébastien Schmitt, Stéphane Bézieau, Óscar Tellechea ..............543 Pili Annulati e Pili Trianguli et Canaliculi – Casos Clínicos Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira ............................................551 Incontinentia Pigmenti – Apresentação de um Caso Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Fernanda Cunha, Cristina Amado, Martinha Henrique ...............................555 Úlcera Frontal Solitária – Goma Sifilítica Cutânea Pedro Andrade, Angelina Mariano, Américo Figueiredo ...................................................................................561 461 Índice BOLSAS E PRÉMIOS Bolsas e Prémios atribuídos (2010/2011) .........................................................................................567 Bolsa SPDV-EADV (2011) - Regulamento ..........................................................................................569 ARQUIVO Actas das Assembleias-Gerais ..............................................................................................................571 Comentário – “Um pouco da minha experiência, fora de Portugal…” Rubina Alves ..................................................................................................................................................572 LISTA DE NOMES E MORADAS DOS MEMBROS DA SPDV ..................................................577 ÍNDICE – VOLUME 68 (2010) Índice de Assuntos ...........................................................................................................................................589 Índice de Autores .............................................................................................................................................593 Índice Geral .....................................................................................................................................................596 462 Contents CONTINUOUS MEDICAL EDUCATION Leprosy Reactions in Hansen Disease. Part II – Treatment Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso ................................................................467 REVIEW ARTICLES FLG Gene Mutations and Atopic Dermatitis – The State of the Art Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo ...............................................................................................477 Childhood Psoriasis – Review of 56 Cases Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito ....................................................491 Adalimumab Treatment for Psoriasis – Retrospective Study of 27 Patients Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira ......................................................499 GROUP FOR THE STUDY AND INVESTIGATION OF SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES Sexually Transmitted Diseases Clinic. Part II – Syndromic Approach Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo ..........................................................................................505 Acetic Acid Test. Diagnostic Value on Male Papillomavirus Infection Screening Ana Moreira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo ............................................................................................521 Molluscum Contagiosum – Epidemiology and Therapeutic Options Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes ...........................527 CASE REPORTS A Bullous Dermatosis in a 5-Month Infant Felicidade Santiago, Gustavo Januário, Fátima Cabral, Fernanda Rodrigues, Ana Moreno, Óscar Tellechea ......537 Acrodermatitis Enteropathica – Particularities of a Clinical Case Felicidade Santiago, José Matos, Ana Moreno, Sébastien Schmitt, Stéphane Bézieau, Óscar Tellechea ..............543 Pili Annulati and Pili Trianguli et Canaliculi – Case Reports Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira ............................................551 Incontinentia Pigmenti – A Case Report Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Fernanda Cunha, Cristina Amado, Martinha Henrique ...............................555 Solitary Frontal Ulcer – A Syphilitic Gumma Pedro Andrade, Angelina Mariano, Américo Figueiredo ...................................................................................561 463 Contents SCHOLARSHIPS AND PRIZES Scholarships and Prizes Granted (2010/2011) ...............................................................................567 Scholarship SPDV-EADV (2011) - Rules ..............................................................................................569 ARCHIVE SPDV General Meeting Reports ........................................................................................................... 571 Commentary – “Some of my experience outside Portugal” Rubina Alves ..................................................................................................................................................572 SPDV MEMBERS: NAMES AND ADDRESSES ................................................................................577 LIST OF CONTENTS – VOLUME 68 (2010) Subject Index .................................................................................................................................................589 Author Index ..................................................................................................................................................593 General Index ...............................................................................................................................................596 464 Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 467-474 (2010) Educação Médica Contínua REACÇÕES LEPROSAS NA DOENÇA DE HANSEN. 2ª Parte – TERAPÊUTICA* Paula Maio, Rodrigo Carvalho, Raquel Viera, Jorge Cardoso Serviço de Dermatologia e Venereologia do Hospital de Curry Cabral, Lisboa RESUMO – As reacções leprosas são um importante factor de morbilidade na evolução natural da doença de Hansen. Nos últimos anos têm sido realizados vários estudos, quer com o objectivo de tentar identificar possíveis factores de risco para a ocorrência de reacções, quer para melhorar o tratamento de forma a minorar queixas sistémicas e prevenir danos neurológicos secundários. Apesar de vários novos fármacos terem sido empregues com resultados variáveis, os corticosteróides e a talidomida continuam a ser as terapêuticas de eleição. Apresentamos uma breve revisão da literatura sobre este tema. PALAVRAS-CHAVE – Reacções leprosas; Reacção reversa; Eritema nodoso leprótico. LEPROSY REACTIONS IN HANSEN DISEASE. Part 2 – TREATMENT ABSTRACT – Morbidity in leprosy is almost always due to reactions. Over the past few years work as centred on finding those who are prone to getting the reactions, identifying the risk factors and improving the management of reactions in order to alleviate quickly the suffering and prevent nerve damage consequent to reactions. Though several new drugs have been tried and found somewhat useful, corticosteroids and thalidomide continues to be the mainstay in the management of leprosy reactions. A brief review of the current understanding is presented. KEY-WORDS – Leprosy reactions; Reversal reaction; Erythema nodosum leprosum. Correspondência: Dr.ª Paula Maio Serviço de Dermatologia Hospital Curry Cabral Rua da Beneficência, nº8 1069 - 166 Lisboa E-mail: [email protected] *”Reacções Leprosas na Doença de Hansen. 1ª Parte” foi publicado em Trabalhos da SPDV 68(3), Julho/Setembro 2010. 467 Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso Educação Médica Contínua Quadro I INTRODUÇÃO Desde a antiguidade, a doença de Hansen tem sido associada a deformações anatómicas e a incapacidade. Estas ocorrem devido ao próprio processo patológico da doença ou surgem como consequência do compromisso neurológico. De facto, a grande maioria das sequelas nesta doença não se deve à infecção pelo bacilo em si mas à resposta inflamatória do organismo dirigida aos antigénios bacilares1. As reacções são episódios agudos que tendem a ocorrer mais frequentemente após a introdução da terapêutica anti leprótica, estando associados nestes casos a um “upgrading” imunológico, razão pela qual têm sido denominadas de reacções reversas. Menos frequentemente, também podem ser de “downgrading” correspondendo nestas últimas a uma degradação do estado imunológico2. O tratamento dos estados reaccionais pressupõe o seu diagnóstico precoce e introdução da terapêutica mais adequada com vista à prevenção de sequelas futuras. TERAPÊUTICA DOS ESTADOS REACCIONAIS Na actualidade, é consensual a manutenção da terapêutica antibacilar na altura do diagnóstico de um estado reaccional uma vez que, a eliminação do Mycobacterium e consequente diminuição da carga antigénica diminui em teoria a resposta inflamatória3,4. Consideramos separadamente o tratamento dos dois principais tipos de reacção: reacção tipo 1 ou reacção reversa e reacção tipo 2 ou eritema nodoso leprótico. 1. TRATAMENTO REACÇÃO TIPO I 1.1. Corticosteróides (Quadro I) São a terapêutica de primeira linha nos doentes com um quadro clínico sugestivo de reacção tipo I5. 1.1.1. Modo de Acção O mecanismo de acção dos glucocorticóides implica a sua difusão passiva através da membrana celular seguido da sua ligação a receptores citoplasmáticos. É este complexo que vai regular a transcrição de alguns dos genes no núcleo levando à indução da expressão de proteínas do tipo anexina 1 que, por sua vez, vai ser responsável pela redução da actividade da fosfolipase 468 CORTICOSTERÓIDES Modo de Acção Dose Efeitos Adversos Inibição fosfolipase A2; diminuição da libertação ácido araquidónico; inibição produção citocinas, interleucinas, moléculas de adesão e proteases. 0,5 – 1,0 mg /Kg/ dia Infecções, hemorragia GI, supressão eixo hipotalâmico-hipófisário-adrenal, osteoporose, cataratas, glaucoma, miopatia, HTA, diabetes mellitus, necrose asséptica A2 condicionando a redução da formação de prostaglandinas e de leucotrienos. Por outro lado, a inibição dos factores de transcrição (proteína 1 e factor nuclear kB) leva à diminuição da síntese de moléculas pró inflamatórias: citocinas, interleucinas, moléculas de adesão e proteases6. É inibida a fase precoce da inflamação (edema, vasodilatação capilar, migração dos leucócitos e actividade fagocítica) e as fases mais tardias (proliferação capilar e fibroblástica). Nas reacções reversas, o efeito sobre os linfócitos parece ser importante na medida em que, tem sido demonstrado na sequência da corticoterapia, a depleção de células T, principalmente das que apresentem receptores Fc para IgM – células com fenótipo T-helper, contribuindo assim para a restauração da razão entre células T7. A dose e a duração da corticoterapia têm também sido objecto de estudo. A terapêutica com corticóides nas reacções tipo I é usualmente empregue na dose entre 0,5-1mg/Kg/dia e é necessária durante longos períodos de tempo de forma a obter resultados terapêuticos mantidos8. O regime terapêutico recomendado pela OMS de 12 semanas parece ser útil mas muitas vezes a sua eficácia não se mantém ao longo do tempo. 1.1.2. Efeitos adversos Os potenciais efeitos secundários da corticoterapia (embora aparentemente menos frequentes nos doentes com reacções reversas9 do que nos que apresentam reacções tipo II) tornam essencial a avaliação prévia e reavaliação constante durante o curso da terapêutica de condições patológicas como hipertensão arterial, diabetes, doença ulcerosa péptica, glaucoma e infecções. O resultado final depende de diversos factores: o tempo que medeia o início dos sintomas e a instituição da terapêutica; o nível de envolvimento neurológico; Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica Educação Médica Contínua a localização do nervo afectado (por exemplo o nervo mediano parece responder melhor do que o cubital) e a forma clínica da doença10. 1.2. Outros Tratamentos Médicos No caso de reacções com menor gravidade clínica tem sido advogado por alguns autores a instituição de terapêutica com aspirina e/ou hidroxicloroquina. No entanto, não existem evidências de que este tipo de tratamento seja eficaz na prevenção ou progressão das lesões neurológicas11. 1.2.1. Azatioprina (Quadro II) Este análogo sintético das purinas, derivado da 6-mercaptopurina, é um imunossupressor. Quadro II AZATIOPRINA Modo de Acção Dose Efeitos Adversos Análogo sintético das purinas; metabolizado a 6-mercaptopurina. S. Lesh Nyhan (deficiência hipoxantina-guanina fosfororibusil transferase). 1-2 mg/Kg/dia Mielossupressão (inicialmente trombocitopenia); infecções; toxicidade hepática; risco aumentado de doença linfoproliferativa 1.2.1.1. Mecanismo de Acção O seu mecanismo de acção ainda não é completamente compreendido. Actua enquanto antagonista das purinas. O seu metabolito activo (6-tioguanina) impede a normal função das purinas endógenas revestindo-se assim, de uma acção citotóxica e imunossupressora em simultâneo. Outros metabolitos poderão igualmente ser importantes tais como metilnitroimidazole. Com a excepção de estudos recentes em que os autores recomendam a avaliação da actividade da tiopurina metiltransferase prévia ao inicio da terapêutica12, a posologia da Azatioprina tem sido determinada na prática clínica com base no peso corporal do doente. 1.2.1.2. Efeitos adversos e monitorização terapêutica Habitualmente a Azatioprina é bem tolerada. Os efeitos adversos mais comuns são os gastro-intestinais (náusea, diarreia). Menos frequentemente pode ocorrer hepatotoxicidade ou depressão medular mesmo na presença de níveis normais de actividade de tiopurina metiltransferase13. 1.2.2. Metotrexato (Quadro III) O Metotrexato foi usado com sucesso num caso de reacção reversa como forma de reduzir a dose necessária de corticosteróides14. Quadro III METOTREXATO Modo de Acção Dose Efeitos Adversos Análogo folato inibindo irreversivelmente a dihidrofolato redutase e parcialmente a trimidilato sintetase 7,5-20 mg/semana Hepatotoxicidade; mielossupressão; estomatite; pneumonite aguda e fibrose pulmonar (idiossincrásica) 1.2.3. Micofenolato mofetil Trata-se de um imunossupressor que actua inibindo a desidrogenase de monofosfato de inosina, essencial para a síntese das purinas necessária para os linfócitos. Desta forma o micofenolato de mofetil afecta a reactividade quer dos linfócitos T quer dos linfócitos B condicionando imunossupressão15,16. 1.3. Tratamento Cirúrgico – Descompressão Nervosa Apesar da adequada instituição da terapêutica, um pequeno número de doentes mantêm quer a dor, quer o défice neurológico em um ou mais nervos. Uma vez que a pressão intra-neural aumentada e a consequente isquemia no seu interior têm sido implicados no processo patológico, tem sido advogada a cirurgia de descompressão nervosa, com claro efeito benéfico quer no alívio da dor quer impedindo a deterioração adicional da função neurológica17. 2. TRATAMENTO REACÇÕES TIPO II – ERITEMA NODOSO LEPRÓTICO 2.1. Talidomida (Quadro IV) Em 1965 em Israel a talidomida foi prescrita como sedativo aos doentes com lepra. Nessa data os investigadores constataram que os sinais e os sintomas dos doentes com eritema nodoso leprótico melhoravam inexplicavelmente. Hoje a talidomida constitui a terapêutica de eleição nos doentes com ENL recorrente ou naqueles que desenvolvem corticodependência18. 2.1.1. Mecanismo de Acção A sua acção anti-inflamatória é mediada por vários 469 Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso Educação Médica Contínua Quadro IV TALIDOMIDA Modo de Acção Diminuição níveis TNF-α Dose Inicialmente 300mg/dia; diminuição progressiva 50mg/dia ou em dias alternados Efeitos Adversos Sedação, neuropatia, neutropenia, hipotensão ortostática, reacções de hipersensibilidade, teratogenicidade, tromboembolismo. factores: inibe a síntese de IgM reduzindo assim um factor quimiotáxico; reduz o número de células T CD4 equilibrando a razão CD4/CD8 que surge alterada no ENL. Adicionalmente, previne a proliferação dos linfócitos alterando a resposta de TH1 para TH2, inibe a síntese de IL12 e de IL 8, aumenta a acção interferão-γ e leva a uma diminuição significativa do TNF-α19. Este último mecanismo é actualmente tido como o modo de acção mais determinante no tratamento do eritema nodoso leprótico. A sua acção é rápida com supressão de praticamente toda a sintomatologia em cerca de 48 a 72 horas permitindo, em muitos casos, diminuir a dose dos corticóides nos casos em estes tenham sido previamente instituídos. 2.1.2. Dose Inicialmente a dose recomendada é de 100mg, três a quatro vezes ao dia, após o que se reduz a posologia, de forma gradual, para 50mg por dia ou em dias alternados com manutenção do esquema terapêutico durante vários meses. Alguns autores advogam a terapêutica com talidomida logo no primeiro episódio de ENL e sugerem a suspensão da corticoterapia e instituição de talidomida nos casos refractários aos corticóides20. 2.1.3. Efeitos adversos e monitorização terapêutica Os efeitos adversos da talidomida são bem conhecidos: 2.1.3.1. Teratogenicidade O efeito embriopático da talidomida há muito que foi bem estabelecido. Estima-se que o período mais sensível seja nos 34-50 dias após a concepção. Durante este período uma única dose de 100mg é suficiente para originar malformações21. O mecanismo embriopático permanece desconhecido apesar dos múltiplos estudos levados a cabo nas últimas três décadas. 470 A observação de efeitos neurotóxicos, tanto nos gânglios neuronais fetais sensitivos, como nos motores de coelhos, parece sugerir a existência de um mecanismo ao nível do desenvolvimento neural e dos membros22. Alguns autores sugerem que este último ocorreria secundariamente à inibição da angiogénese nos membros em desenvolvimento23. 2.1.3.2. Neuropatia periférica Os primeiros casos descritos de neuropatia periférica em doentes sob terapêutica com talidomida reportavam na sua maioria sintomatologia sensitiva, raramente acompanhada por queixas de fraqueza muscular proximal. A fraqueza muscular desaparecia rapidamente após a suspensão do fármaco mas os défices sensitivos melhoravam lentamente e, em alguns casos, sofriam mesmo agravamento24. A sintomatologia da neuropatia induzida pela talidomida, mais frequentemente descrita pelos doentes, é a de parestesias predominantemente simétricas e condicionando queixas álgicas nas mãos e nos pés25. Queixas de fraqueza muscular, de cãibras, sinais piramidais e síndrome do túnel cárpico têm sido descritos em muitos doentes26. Num estudo prospectivo realizado durante o followup de doentes com neuropatia induzida pela talidomida durante os 6 anos seguintes à suspensão da terapêutica, 25% obtiveram remissão completa da sintomatologia, outros 25% melhoraram as queixas e 50% não registaram qualquer alteração nos sinais ou sintomas da neuropatia27. A incidência da neuropatia estima-se que seja inferior a 1% em doentes com eritema nodoso leprótico e cerca de 70% em doentes tratados para outras patologias nomeadamente prurigo nodularis28. Um efeito dose dependente no desenvolvimento desta neuropatia foi sugerida por alguns autores29, no entanto, uma completa ausência desta relação foi encontrada noutros estudos30. Por outro lado, devem ser avaliados cuidadosamente alguns casos especiais como o dos doentes que são concomitantemente VIH positivos dada a maior incidência de neuropatia preexistente neste subgrupo (15%-50%) o que os torna particularmente sensíveis aos efeitos neurotóxicos da talidomida31. Mais recentemente foi sugerida a existência de uma variabilidade individual com uma possível predisposição genética como factor mais provável do que a relação com a dose ou com a duração do tratamento. Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica Educação Médica Contínua 2.1.3.3. Efeitos endocrinológicos A talidomida diminui ligeiramente a actividade secretora da glândula tiroideia, um efeito que é aliás comum a muitos outros fármacos sedativos. Adicionalmente parece estimular a ACTH bem como a produção de prolactina e causar hipoglicemia32. 2.1.3.4. Outros O risco de fenómenos tromboembólicos33 parece estar aumentado nos doentes sob terapêutica com talidomida, risco esse que aumenta quando a esta se associam corticosteróides34. Tonturas, alterações do humor, obstipação, xerostomia, aumento do apetite e diminuição da libido, náuseas, prurido e galactorreia são igualmente efeitos adversos reportados. 2.2. Análogos da Talidomida Os efeitos adversos da talidomida e em particular a teratogenicidade, têm limitado a sua utilização pelo que os análogos quimicamente semelhantes à talidomida mas desprovidos destes efeitos têm sido alvo de pesquisa nos últimos anos. Os mais recentemente desenvolvidos têm sido utilizados até à presente data apenas na terapêutica do mieloma múltiplo. 2.3. Outros Tratamentos Médicos Outros fármacos podem ser ainda adicionados como terapêutica de suporte, nomeadamente analgésicos e sedativos particularmente importantes na fase inicial da reacção. 2.4. Corticosteróides (Quadro I) Outra alternativa terapêutica neste tipo de reacção é a corticoterapia. Por vezes é necessária em altas doses e durante períodos prolongados de tempo o que por si só pode condicionar comorbilidades e mesmo perigar a vida do doente. Acresce ainda aos efeitos adversos da corticoterapia o potencial desenvolvimento de corticoresistência, nestes doentes muitas vezes de difícil controlo terapêutico35. Outra abordagem descrita como forma a minimizar os efeitos adversos da corticoterapia de longa duração é a administração em pulsos (100mg dexametasona por via endovenosa, diariamente durante três dias em cada mês)36. Alguns autores desaconselham, no entanto, esta forma de tratamento advogando que a terapêutica com doses tão altas de corticosteróides numa doença de base infecciosa possa ser contraproducente. Adicio- nalmente parece haver evidência de que doses mais baixas são igualmente eficazes na prevenção de recorrências de ENL37. 2.5. Clofazimina A clofazimina em doses altas (300mg/dia) pode constituir uma alternativa terapêutica nestes casos. Não está, no entanto, indicada nas fases agudas das reacções uma vez que a sua acção se faz sentir tardiamente. Quando administrada durante longos períodos de tempo e em doses altas pode reduzir o número de reacções e permitir diminuir a dose ou mesmo suspender a corticoterapia. Os efeitos adversos são: diminuição da sudorese e da produção de lágrimas devido à sua acção anticolinérgica; condiciona igualmente coloração avermelhada de urina, lágrimas e fezes. Pode ainda ocorrer deposição na mucosa e gânglios linfáticos intestinais com casos descritos de enteropatia por cristais38. 2.6. Pentoxifilina É um derivado da metilxantina habitualmente usado na terapêutica da doença vascular periférica, parece inibir quer in vitro quer in vivo a produção de TNF-α. Estudos duplamente controlados comparando pentoxifilina na dose de 1-2 gr/dia e talidomida 300mg mostraram uma maior eficácia desta última39. 2.7. Colchicina O tratamento com Colchicina demonstrou-se eficaz no tratamento do ENL em algumas séries publicadas com pequeno número de doentes. No entanto, num estudo controlado realizado em 5 doentes a adição de colchicina à corticoterapia previamente instituída não revelou benefício adicional nem permitiu a diminuição da dose de corticosteróides40. 2.8. Ciclosporina Devido ao seu efeito imunossupressor tem sido usada na terapêutica de estados reaccionais na doença de Hansen. Existem no entanto muito poucos casos descritos na literatura nos quais se revelou significativamente eficaz41. 2.9. Azatioprina (Quadro II) Revelou ser um fármaco eficaz na terapêutica do ENL permitindo em alguns casos descritos suspender o tratamento com talidomida em mulheres que pretendiam engravidar42. 471 Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso Educação Médica Contínua 2.10. Metotrexato (Quadro III) Um anti metabolito que actua aumentando os níveis de adenosina, diminuindo as citocinas pró-inflamatórias e aumentando as anti-inflamatórias, parece ser eficaz enquanto agente ‘poupador de corticóides’ naqueles casos que desenvolveram corticodependência no contexto de ENL43. 2.11. Infliximab Trata-se de um anticorpo monoclonal que se liga especificamente ao TNF-α que foi usado com sucesso num único caso de ENL recorrente e refractário a múltiplas terapêuticas44. CONCLUSÃO A terapêutica nas reacções reversas deve ser instituída precocemente como forma de travar ou reverter as lesões nervosas. Aqueles doentes com risco aumentado de desenvolvimento de uma reacção tipo I (doentes com lepra tipo borderline) e como tal neurite e deformações anatómicas, devem ser mantidos sob vigilância e consultas de follow-up regulares. No eritema nodoso leprótico a corticoterapia também parece ser eficaz no entanto, naqueles doentes que apresentem episódios recorrentes, a talidomida é a terapêutica recomendada. A doença de Hansen é nos dias de hoje uma doença com tratamento passível de ser efectuado em regime de ambulatório em que apenas as formas clínicas mais graves de reacções lepróticas requerem o internamento do doente. BIBLIOGRAFIA 1. Jopling WH, McDougall AC: Handbook of Leprosy, Oxford, Hainemann Medical Books, 1988. 2. Girdhar BK: Immuno pharmacology of drugs used in leprosy reactions. 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Indian Journal of Leprosy 79: 121-34 (2007). 474 3. Sophie M Worobec: Treatment of Hansen’s disease in the early 21st century. Dermatol Therapy 22: 518-37 (2009). 4. Wu JJ: Thalidomide: dermatological indications, mechanisms of action and side effects. Br J Dermatol 153: 254-73 (2005). Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 477-489 (2010) Artigo de Revisão MUTAÇÕES NO GENE FLG E ECZEMA ATÓPICO – O ESTADO DA ARTE Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Serviço de Dermatologia e Venereologia, Hospital de São João, E.P.E. e Faculdade de Medicina da Universidade do Porto RESUMO – O eczema atópico (EA) é uma doença multifactorial que surge da interacção entre factores genéticos e ambientais. A elucidação da base molecular da ictiose vulgar, um distúrbio da queratinização que partilha características fenotípicas com o EA, gerou novos modelos relativos à genética do EA, sugerindo que defeitos hereditários da barreira cutânea causados por mutações no gene da filagrina (FLG) podem ter um papel impor-tante na sua patogénese. Estas mutações estão presentes em 7 a 10% da população europeia e norte-americana e são distintas das identificadas em asiáticos, sugerindo uma variação étnica e regional. A sua penetrância pode ser aumentada pela exposição a gatos domésticos. Estudos recentes confirmaram que as mutações com perda de função no gene FLG predispõem para a sensibilização alérgica, associando-se a risco aumentado de EA grave, particularmente de início precoce e persistente na idade adulta, rinite alérgica e asma grave em doentes com EA. À luz do conhecimento actual, adivinham-se tentativas de obter novos agentes farmacológicos, particularmente de aplicação tópica, e outras estratégias que restabeleçam a expressão da proteína filagrina na pele, restaurando assim a integridade da barreira cutânea. Esta revisão pretende abordar o estado actual dos conhecimentos relativos ao papel das mutações do gene FLG no EA, com ênfase para as potenciais aplicações clínicas. PALAVRAS-CHAVE – Eczema atópico; Filagrina; FLG; Mutações nulas; Marcha atópica. FLG GENE MUTATIONS AND ATOPIC DERMATITIS – THE STATE OF THE ART ABSTRACT – Atopic eczema (AE) is a multifactorial, heterogenous disease that arises as a result of the interaction between both environmental and genetic factors. The elucidation of the molecular basis of ichthyosis vulgaris, a keratinization disorder that shares phenotypic features with AE, disclosed new models relatively to the genetics of AE, suggesting that skin barrier defects caused by mutations in the filaggrin gene (FLG) may have an important role in its pathogenesis. FLG mutations are present in 7 to 10% of the European and North American population, and are different from those identified in Asians, suggesting regional or ethnic variation. Its penetrance can be increased by exposure to domestic cats. Recent studies have confirmed that loss-of-function mutations in FLG gene significantly predispose to allergic sensitization and increase the risk for severe AE, particularly of early onset and persistent in adulthood, allergic rhinitis and severe asthma in patients with AE. In the light of current knowledge, attempts to obtain new pharmacological agents are expected, particularly topical drugs, and other strategies that re-establish filaggrin protein expression in the skin and therefore restoring skin barrier integrity. This review summarizes the current state of knowledge concerning the role of FLG gene mutations in AE, with emphasis on potential clinical applications. KEY-WORDS – Atopic dermatitis; Filaggrin; FLG; Null mutations; Atopic march. Correspondência: Dr. Paulo Morais Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospital de São João, E.P.E. Alameda Professor Hernâni Monteiro, 4200-319 Porto Tel.: 225512193 E-mail: [email protected] 477 Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Artigo de Revisão INTRODUÇÃO O eczema atópico (EA) é uma dermatose crónica caracterizada por inflamação cutânea e prurido. O fenótipo clínico do EA resulta da interacção complexa de factores genéticos, disfunção da barreira cutânea, exposições ambientais e respostas imunes1. Factores como o parto por cesariana e eventos psicossociais adversos no início da vida têm sido implicados na etiopatogénese das doenças alérgicas. O parto por cesariana parecer associar-se, de facto, a um risco aumentado de alergia alimentar, febre dos fenos e asma, mas não de EA2. Por outro lado, apesar dos factores psicossociais adversos no início da vida estarem associados a um maior risco de doença atópica, incluindo formas mais graves e persistentes, a maioria dos estudos refere-se à asma3. Em cerca de 80% dos doentes é possível observar-se eosinofilia, níveis elevados de IgE total e alergénio-específica, IL-4, IL-5 e IL-13, e agravamento do EA com a exposição a aeroalergénios ou alergénios alimenta-res, ajustando-se, assim, à definição de EA “extrínseco”. Nos restantes doentes foi descrita uma forma “intrínseca”, cujo fenótipo é clinicamente indistinguível do EA “extrínseco”, ainda que não apresentem sensibilidade alérgica, IgE mediada. Estas formas “intrínsecas” parecem ser mais prevalentes no sexo feminino1. De acordo com a literatura médica, cerca de 65% dos doentes com EA desenvolvem os sintomas no primeiro ano de vida e 90% antes dos 5 anos de idade. Apesar de poderem persistir pela infância, os sintomas habitualmente melhoram ou resolvem pela puberdade4. IMPORTÂNCIA SOCIAL DO ECZEMA ATÓPICO Nos últimos 20 a 30 anos a prevalência do EA aumentou drasticamente, particularmente nos países industrializados, atraindo a atenção de imunoalergologistas e dermatologistas, e constituindo um problema de Saúde Pública crescente. A sua prevalência varia de acordo com a população estudada, sendo estimada em menos de 2% em crianças chinesas e iranianas, e em mais de 20% nos países da Europa Ocidental e do Norte, na Austrália e nos Estados Unidos. De uma forma geral, afecta 10 a 20% das crianças e 1 a 3% dos adultos em todo o mundo4. Em Portugal, dados provenientes do estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood) revelam uma prevalência de 11,2% nas crianças de 6–7 anos e de 11,7% nos adolescentes de 13–14 anos. O estudo de Rocha et al.5, reportando-se a adolescentes das escolas do concelho 478 de Vila do Conde, com idade compreendida entre os 13-14 anos, e efectuado através de um questionário normalizado pelo estudo ISAAC, revelou uma prevalência de EA de 9%. No entanto, há insuficiência de estudos epidemiológicos multicêntricos e de carácter nacional para um melhor estudo da real prevalência no nosso país. Os elevados custos financeiros do EA, não apenas para a sociedade, no que concerne a custos médicos e hospitalares, mas também para os doentes e suas famílias, não são descuráveis. Estudos levados a termo nos Estados Unidos, Austrália, Inglaterra, Holanda e Itália suportam a ideia de que as famílias com crianças acometidas por esta dermatose apresentam despesas significativamente mais elevadas, correlacionáveis com a gravidade da doença. Segundo Ellis et al.6 os custos anuais do EA para os seguros privados e o Medicaid nos Estados Unidos variam entre 0,9 a 3,8 mil milhões de USD, despesa comparável à estimada para outras patologias como a psoríase, a epilepsia ou o enfisema pulmonar. Por outro lado, a natureza crónica e a gravidade das lesões têm impacto negativo não só na qualidade de vida dos doentes, mas também na dos familiares/cuidadores, sendo fonte de elevado stress e ansiedade. O prurido que caracteriza a doença conduz a perturbação dos padrões de sono, exaustão física e mental, alterações de humor e dificuldade de concentração na escola e no trabalho7,8. Acresce que a escoriação permanente das lesões, com hemorragia, leva a isolamento social dos doentes por repulsa e por receio dos pais poderem ser acusados de negligência. O ECZEMA ATÓPICO E A MARCHA ATÓPICA Uma criança com EA de início precoce tem maior probabilidade de ser um indivíduo atópico, definido por testes prick positivos ou elevação da IgE específica contra alergénios ambientais e alimentares comuns. Além disso, o número de testes prick positivos e/ou níveis de IgE específica estão directamente relacionados com a gravidade da doença9. Cinquenta a 80% das crianças com EA desenvolverão asma, febre dos fenos ou rinite alérgica perene pelos 5 anos de idade. Esta progressão temporal dos sintomas atópicos desde o EA até à sensibi-lização alérgica da pele, alergia alimentar, hiperreactividade da via aérea e inflamação da via aérea ou asma, e rinite alérgica, foi denominada de “marcha atópica”10,11. O estudo de Äberg e Engstrom12 em crianças de 14 anos de idade com história de asma, rinite alérgica ou EA revelou que o eczema é a primei- Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Artigo de Revisão ra doença a manifestar-se, seguida pela asma (41% num intervalo de 2 anos) e rinite alérgica, sugerindo, assim, uma etiologia comum a estas doenças atópicas. O curso temporal das três principais doenças atópicas pode informar sobre possíveis exposições ambientais e janelas temporais para uma subsequente prevenção da doença alérgica. A BARREIRA EPIDÉRMICA A epiderme, a camada mais externa da pele, é uma interface com o ambiente e serve de barreira física crucial para a homeostasia fisiológica. De igual modo, é uma barreira protectora que impede a entrada de microrganismos potencialmente perigosos, como vírus, bactérias e fungos, bem como outras partículas antigénicas. A principal célula da epiderme, o queratinócito, sofre um processo de diferenciação durante a migração da camada basal até às camadas superiores da epiderme. À medida que os queratinócitos progridem pela camada espinhosa, começam a acumular quantidades crescentes de proteínas específicas dos queratinócitos que estão envolvidas na diferenciação terminal. Na camada granulosa os grânulos lamelares são libertados dos queratinócitos, inicia-se a morte celular programada, o núcleo e outros conteúdos celulares susceptíveis a proteólise são destruídos e o potencial de síntese proteica é perdido. Nesta camada os principais componentes proteicos são a queratina e a filagrina, que contribuem para 80–90% da massa epidérmica. Durante os estádios finais de diferenciação, uma estrutura altamente especializada, o envelope cornificado (EC), forma-se sob a membrana plasmática dos queratinócitos terminalmente diferenciados. O EC, que é essencial para a função de barreira, é composto por várias proteínas, incluindo filagrina, loricrina, tricohialina, proteínas pequenas ricas em prolina, involucrina e filamentos intermediários de queratina. A ligação entre estas proteínas é assegurada por transglutamínases13. Finalmente, na camada córnea, os corneócitos enucleados e totalmente diferenciados, empilham-se intimamente, embebidos numa matriz intercelular impermeável e elástica que, para além de proteínas, é rica em lípidos. As ceramidas, compostos contendo esfingosina como estrutura básica, são o seu principal constituinte, correspondendo a cerca de 40 a 65% do total de lípidos da camada córnea14. Numa analogia a uma parede, o epitélio cornificado comporta-se como o tijolo da barreira e a matriz lipídica como o cimento15. É sabido que a pele no EA é relativamente deficiente em ceramidas devido ao pH mais elevado na epiderme destes doentes, que se suspeita afectar a actividade de enzimas na matriz lipídica lamelar da camada córnea, implicadas na síntese da ceramidas e na diferenciação epidérmica, nomeadamente a esfingomielinase ácida epidérmica16. Esta falta de “cimento” hidrofóbico pode contribuir para o aumento da perda transepidérmica de água (PTA) no EA, que está presente mesmo na pele não lesada e contribui para a xerose cutânea1. Esta permeabilidade anormal da epiderme leva, em última instância, à absorção de alergénios ambientais pela pele. A substituição das ceramidas através da aplicação de cremes que a contenham ou que estimulem a sua síntese, pode contribuir para a restauração da função de barreira e melhoria clínica significativa. Assim, a diferenciação terminal é um processo altamente coordenado no qual os queratinócitos alteram o seu perfil de expressão genética, levando à produção de uma barreira impermeável na superfície externa da pele. É essencial um balanço preciso entre a proliferação e a diferenciação queratinocitária, e tanto variações nestes processos como anomalias genéticas nos genes que codificam as proteínas componentes do EC podem levar a uma estratificação e queratinização anómalas13. FACTORES GENÉTICOS NA ATOPIA E ECZEMA Até há poucos anos, a maioria dos conceitos patofisiológicos inerentes ao EA eram atribuídos a anomalias imunológicas, incluindo o balanço Th1/Th2 e a sensibilização mediada pela IgE. Contudo, há evidência crescente para apoiar o forte componente genético na etiologia do EA. Estudos realizados em gémeos mostraram taxas de concordância de aproximadamente 0,8 nos pares hemizigóticos e apenas 0,2 nos dizigóticos (i.e., um gémeo verdadeiro tem uma probabilidade de 80% de desenvolver eczema se o seu irmão está afectado, enquanto um gémeo falso tem um risco de 20%)17. O eczema e outras doenças atópicas apresentam agregação familiar, isto é as crianças cujos pais sofrem de EA têm um risco maior de desenvolver eczema do que as crianças cujos pais têm asma ou rinite18-20. Estas observações sugerem que o risco genético de eczema pode ser mediado por factores tecidulares específicos, i.e., polimorfismos dos genes que codificam proteínas importantes na estrutura e função da pele, mais do que por genes de risco “atópico” genérico ou de imunidade sistémica. Neste contexto, é interessante observar que o eczema pode ocorrer com maior gravidade ao lon479 Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Artigo de Revisão go das linhas de Blascko21 e este mosaicismo apoia o conceito de que genes específicos de uma pele de risco para eczema podem ser relevantes. A pesquisa extensa do genoma (genome wide screen)22 e os estudos baseados em chips de DNA, ou microarrays23, demonstraram igualmente o papel de genes expressamente localizados na pele, e existe um conhecimento crescente da importância da disfunção da barreira epidérmica no EA. Contudo, muitas descobertas preliminarmente promissoras no campo da genética do eczema não foram reproduzidas em estudos subsequentes. COMPLEXO DE DIFERENCIAÇÃO EPIDÉRMICA / FILAGRINA E BARREIRA CUTÂNEA A filagrina (filaggrin = FILlament-AGGRegating proteIN) é um componente essencial da camada córnea, desempenhando um papel chave na função da barreira epidérmica. O gene FLG é parte integrante do denominado complexo de diferenciação epidérmica (CDE), localizado no cromossoma 1q21, um grupo de genes envolvido na diferenciação terminal dos queratinócitos. As famílias de genes no CDE incluem as proteínas de ligação ao cálcio S100, proteínas pequenas ricas em prolina e proteínas do envelope cornificado de expressão tardia24. As cópias genéticas simples no CDE incluem a trico-hialina, a repetina, a loricrina, a filagrina e a involucrina. Na pele, a filagrina expressase na camada granulosa, durante a diferenciação epidérmica terminal. No sistema gastrointestinal encontrase nas mucosas oral e esofágica superior. No sistema respiratório é detectada no epitélio córneo do vestíbulo nasal, mas não no epitélio de transição que envolve os cornetos inferiores. A filagrina não se expressa no epitélio respiratório para além deste ponto e, em específico, não se detecta na mucosa brônquica25. O gene FLG codifica a profilagrina, o principal constituinte dos grânulos de querato-hialina, a qual é poste-riormente clivada no péptido filagrina. Esta, agrega o citosqueleto queratinoso (queratina 1, 10 e outros filamen-tos intermediários) durante a diferenciação terminal da camada granulosa da epiderme, à medida que os queratinócitos colapsam no estrato córneo. O envelope celular cornificado resultante substitui a membrana celular do queratinócito, formando uma importante barreira de permeabilidade para a água, microrganismos e alergénios e providenciando defesa mecânica, ao manter a integridade da pele. Após a compactação do queratinócito, a filagrina é 480 degradada, originando aminoácidos higroscópicos (parte do denominado “factor emoliente natural”), o que pode também contribuir para a função de barreira da epiderme, ao reter água a um nível não inferior a 10% e, por conseguinte, aumentar a flexibilidade da camada córnea (Fig. 1). As mutações nulas do gene FLG associam-se a níveis reduzidos de aminoácidos higroscópicos na camada córnea e a um aumento da PTA, conduzindo à ictiose26. Deve notar-se que a estrutura do gene é bastante complexa, envolvendo várias repetições, elas próprias em número variável, o que torna a detecção e a caracterização das mutações particularmente difícil27. MUTAÇÕES DO GENE DA FILAGRINA CAUSAM A ICTIOSE VULGAR A ictiose vulgar (IV) é o distúrbio de queratinização mais comum e estima-se que afecte uma em cada 250 pessoas. Os aspectos clínicos variam e incluem queratose pilar, xerose cutânea, descamação fina nos braços e pernas e hiperlinearidade palmo-plantar, mas em alguns casos a descamação pode ser extensa e grave28. A associação de IV com atopia está bem documentada, nomeadamente 8% dos doentes com eczema apresentam características de IV e 37 a 50% dos doentes com IV têm EA29,30. Assim, a elucidação da base molecular da IV poderá fornecer novos modelos relativos à genética do EA. Recentemente, Smith et al.29 identificaram, pela primeira vez, as mutações R501X e 2282del4 no gene que codifica a filagrina como a causa da IV. Na realidade, estas duas mutações recorrentes foram encontradas em cerca de 9% da população europeia, mostrando, portanto, que as mutações por delecção no gene FLG são comuns29,31. Após a sequenciação completa do gene FLG, o total de mutações neste gene reportadas na IV ultrapassa as duas dezenas. Além disso, estas mutações são semidominantes com penetração incompleta, sendo que as mutações heterozigóticas exprimem um fenótipo ligeiro13. Noumara et al.32,33 identificaram quatro mutações em doentes japoneses com IV que são únicas e diferentes das encontradas em doentes de origem europeia. Chen et al.34 reconheceram cinco mutações únicas e uma mutação recorrente em doentes singapurianos de origem chinesa e portadores de IV. Na sequência destes resultados, Ching e cols.35 estudaram cinco mutações prevalentes em caucasianos e japoneses (R510X, 2282del4, R2447X, S2554X e S2889X) numa população chinesa de 174 crianças com EA. Curiosamente, Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Artigo de Revisão Fig. 1 - Representação da epiderme humana e de alguns dos eventos chave que ocorrem durante a diferenciação dos queratinócitos, particularmente no que diz respeito ao processamento da profilagrina/filagrina (caixas à direita). A redução ou a ausência de filagrina, como ocorre na ictiose vulgar ou no eczema atópico, conduz a uma barreira cutânea anormal que pode ser agredida por alergénios externos (setas). Estes são processados por células apresentadoras de antigénios, as células de Langerhans, o que pode levar ao desenvolvimento de alergias cutâneas e sistémicas, incluindo asma atópica. Modificado da referência11. este estudo apenas mostrou a presença da mutação R501X em 4 doentes do sexo masculino (2,3%) e em nenhum dos controlos. Os autores concluem que as mutações nulas no gene FLG identificadas em caucasianos são raras nos doentes de origem chinesa. Estes resultados sugerem que as mutações do FLG podem apresentar diferenças regionais e étnicas35. MUTAÇÕES NO GENE DA FILAGRINA COMO FACTORES PREDISPONENTES MAJOR PARA ECZEMA ATÓPICO – O INÍCIO DA EVIDÊNCIA Em Maio de 2006, e a partir dos achados provenientes do estudo da IV, um grupo conduzido pelo professor Irwin McLean (Universidade de Dundee, Reino Unido) com colaboradores na Irlanda, Escócia e Dinamarca, relataram que dois polimorfismos comuns do gene da filagrina – R501X e 2282del4 – seriam fortes factores predisponentes para EA (odds ratio [OR] = 13,4)36. Estes achados não haviam sido descritos até então devido, sobretudo, a dificuldades técnicas encontradas por muitos pesquisadores na amplificação do gene FLG. Para as mutações R501X e 2282del4 a frequência de combinação de alelos no EA é de 0,330, em contraste com a de 0,042 na população não atópica, demonstrando, portanto, como são realmente comuns estas mutações36. A detecção de mutações neste gene numa proporção significativa da população europeia levou a comunidade científica a avaliar a prevalência de patologia da filagrina no EA, não apenas em doentes desta proveniência, mas também noutros grupos populacionais, incluindo de origem oriental. A FILAGRINA E O ECZEMA ATÓPICO – A PROGRESSÃO DA EVIDÊNCIA Desde a descrição inicial, múltiplos estudos casocontrolo e de associação foram publicados num curto 481 Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Artigo de Revisão espaço de tempo, alguns em colaboração com os autores originais e outros reproduzindo e ampliando os achados de forma independente (Tabela 1). Até à data, apenas um estudo relacionou negativamente as mutações do FLG com o EA. Este estudo demonstrou que as mutações R501X e 2282del4 apresentam uma frequência menor na população italiana e que não se associam a eczema37. Tendo em conta os múltiplos estudos de associação positiva noutras populações europeias, este achado pode ser explicado pela existência de diferentes mutações nulas do FLG em Itália, ou possivelmente a forte selecção negativa, excluindo alelos nulos do FLG nesta população. As mutações no gene FLG predispõem para EA eczema grave, de início sempre precoce (antes dos 2 anos) e persistente na idade adulta. De facto, estas constituem as associações descritas estatisticamente mais significativas, em contraste com o eczema com início na idade adulta38-40. Contudo, os estudos não compararam directa-mente a associação com eczema ligeiro, moderado e grave, e os dados disponíveis são insuficientes para suportar ou excluir o papel do FLG na determinação da gravidade do eczema. O EA extrínseco, em contraste com o intrínseco, mostrou maior associação com as mutações do gene FLG em alguns estudos41-43. Contudo, níveis elevados de imunoglobulina E (IgE) estão associados com alelos nulos FLG apenas na presença de outras doenças atópicas e, assim, estes achados podem ser artefactuais por reunirem séries de casos provenientes de hospitais, onde uma maior percentagem dos casos tem IgE elevadas, comparativamente aos colhidos em séries baseadas na comunidade. Os resultados de Marenholz e cols.44 suportam o papel da filagrina na patogénese do EA e na subsequente progressão da marcha atópica. Da mesma forma, Hudson45 considera que o defeito da barreira associado à deficiência de filagrina poderá facilitar o desenvolvimento de reacções de hipersensibilidade mal adaptadas na resposta imune sistémica e assim iniciar e continuar a marcha atópica. As mutações nulas do gene FLG não se associam com a asma isolada36,44,46, mas apresentam forte associação com um grupo de doentes com asma no contexto de eczema28,36,44,47. Adicionalmente, as mutações neste gene podem predispor para um fenótipo de asma mais grave48,49 e maior risco de crises asmáticas em crianças e adultos jovens48. O facto da expressão prévia de eczema ser um pré-requisito para a manifestação de doença alérgica das vias aéreas e sensibilização específica, realça a importância da barreira epidérmica 482 na patogénese destas doenças. De facto, a lesão da barreira cutânea causada por mutações do gene FLG permite a penetração dos alergénios na epiderme e tecidos subepiteliais e a interacção com células apresentadoras de antigénio, as células de Langerhans e dendríticas dérmicas, o que pode iniciar a resposta imune Th2 e levar ao desenvolvimento de alergias sistémicas, incluindo rinite alérgica e asma. Assim, a manutenção e a reparação desta barreira em crianças com eczema poderia prevenir o desenvolvimento subsequente de doenças respiratórias alérgicas44. Porém, no momento presente, os mecanismos patogénicos ligando a disfunção da barreira cutânea com a patologia respiratória permanecem puramente especulativos. A presença de hiperlinearidade palmar mostrou forte associação às mutações nulas do FLG, com um valor preditivo positivo de 71% para a hiperlinearidade palmar marcada28,41,50. Contudo, o mecanismo pelo qual a deficiência de filagrina produz este sinal clínico ainda não foi explicado. Também a queratose pilar mostrou uma associação altamente significativa com mutações nulas do FLG29. Bisgaard et al.51 investigaram a possível interacção entre as mutações com perda de função no gene FLG e a exposição a animais de estimação e ácaros, relativamente ao risco de desenvolvimento de eczema. Os autores demonstraram em duas coortes independentes que a interacção entre as principais mutações naquele gene (R501X e 2282del4) e os fâneros de gato, ao nascimento, estaria relacionada com o desenvolvimento de eczema precoce. Adicionalmente, sugeriram que a presença de gato, mas não de cão, aumenta substancialmente o risco de eczema no primeiro ano de vida em crianças com mutações nulas no gene FLG, não se verificando o mesmo em doentes sem aquelas alterações. Assim, os doentes com deficiência em filagrina devem evitar o contacto com gatos nos primeiros anos de vida, possivelmente não se aplicando o mesmo aos cães51. Vários estudos mostraram um efeito protector da existência de irmãos mais velhos no agregado familiar sobre o desenvolvimento eczema, em concordância com a hipótese higiénica. No entanto, Cramer et al.52 investigaram a interacção entre as mutações no gene FLG e a presença de irmãos mais velhos em casa sobre o desenvolvimento de EA e não confirmaram tal efeito protector. Pelo contrário, demonstraram uma prevalência aumentada de eczema nas crianças com deficiência de filagrina que conviviam com irmãos mais velhos. Esta prevalência foi ligeiramente menor nas crianças que, além disso, frequentavam infantário52. Estes resul- Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Artigo de Revisão tados sugerem que os mecanismos patogénicos cutâneos envolvidos no EA são complexos e podem diferir de acordo com as características genéticas do indivíduo. As mutações nulas no gene FLG apresentam forte associação com o eczema das mãos em doentes com EA, mas não em doentes sem EA53. Os doentes com EA e mutações da filagrina tendem a ter eczema das mãos de início mais precoce e mais persistente quando comparados com os indivíduos sem mutação do FLG nem EA53. Novak et al.50 verificaram que a deficiência em filagrina decorrente de mutações no gene FLG pode representar um factor de risco para desenvolvimento de sensibilização ao níquel. O estudo de Gao e cols.54 mostrou que a mutação R501X no gene FLG confere um risco significativo para eczema herpético associado ao EA, sugerindo a importância do defeito da barreira cutânea na origem desta infecção. De facto, as mutações no FLG permitem uma maior penetração do vírus na pele e estabelecem respostas imunes Th2 que subvertem as defesas do hospedeiro54. Até à data, foram identificados 25 alelos nulos do FLG em doentes com IV e/ou EA (Fig. 2). Algumas mutações são recorrentes nas populações europeia, japonesa, chinesa e coreana, enquanto outras são específicas de famílias ou populações mais regionais55. Cada mutação nula parece actuar com um efeito similar, uma Fig. 2 - Representação esquemática da profilagrina, domínios funcionais, variantes polimórficas e mutações com perda de função, detectadas na ictiose vulgar (IV) e eczema atópico (EA). A profilagrina contém um domínio de ligação do cálcio S100, um domínio B e dois domínios repetidos da filagrina imperfeitos ladeando 10 domínios repetidos essencialmente idênticos, bem como um domínio C-terminal. Existem variações polimórficas no número de repetições da filagrina: alguns indivíduos apresentam duplicação do 8º domínio ou do 10º domínio, ou de ambos. Um menor número de domínios repetidos pode estar associado a xerose cutânea. Até à data, foram identificadas 25 mutações com perda de função em doentes com IV e EA. Algumas são pouco frequentes, mas várias mutações recorrentes foram identificadas e, colectivamente, os alelos nulos FLG estão presentes em até 10% da população. As mutações realçadas a cor-de-rosa são comuns em indivíduos de ascendência europeia, enquanto as realçadas a amarelo são comuns em populações asiáticas; as restantes ocorrem com baixa frequência. Apenas as mutações R501X e E2422X foram descritas tanto nas populações europeias como asiáticas. A mutação 3321delA foi identificada em japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos. A mutação Q2417X foi identificada em chineses e taiwaneses. Modificado das referências29,55. 483 Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Artigo de Revisão vez que os estudos bioquímicos e imuno-histoquímicos indicam que a profilagrina truncada não é processada em filagrina pelo que, mesmo as mutações ocorrendo próximo do terminal 3’ do FLG resultam num fenótipo analogamente grave e com um efeito estatisticamente similar. Isto explica a razão para a utilização do “genótipo nulo combinado”, i.e., agrupando indivíduos com uma ou mais mutação nula do gene FLG conhecidas, na análise estatística. Entre 14 e 56% dos casos de eczema nos estudos positivos acumulam uma ou mais mutações nulas do gene FLG. Similarmente, a presença de um alelo nulo FLG confere um risco 1,2 a 13 vezes aumentado de desenvolver EA (Tabela 1). Uma meta-análise de 9 estudos comparáveis estimou, para o genótipo nulo combinado de R501X e 2282del4, um OR de 4,09 nos estudos caso-controlo e um OR de 2,06 nos estudos de famílias56. Portanto, a associação entre mutações no gene FLG e EA parece ser altamente significativa e robusta em várias populações e utilizando diferentes metodologias. Estas são considerações importantes relativas um gene candidato com uma hereditariedade complexa. Quase todos os artigos originais focam-se em casos de eczema recrutados de hospitais e clínicas especializa-das, representando casos de eczema moderado a grave e/ou resistentes ao tratamento. Para estes casos seleccionados são difíceis de definir populações controlo representativas, uma vez que poucos grupos de populações controlo possuem informação fenotípica detalhada relativa à presença ou ausência e quanto ao subtipo de eczema. Três estudos de coorte populacionais mais recentes avaliaram casos de EA em crianças inglesas e alemãs e forneceram informação relativa à importância do gene FLG a um nível populacional47,57,58. Com o objectivo de investigar o papel dos defeitos no gene FLG na sensibilização alérgica e nas doenças alérgicas, van den Oord e Sheikh59 realizaram uma revisão sistemática e uma meta-análise de estudos epidemiológicos genéticos recentes, sintetizando o estado do conhecimento em relação ao tema. Concluíram que os defeitos genéticos do gene FLG aumentam o risco de desenvolver sensibilização, EA e rinite alérgica. O risco de pessoas com EA desenvolverem asma também se encontra aumentado, o que não se reproduz em indivíduos sem eczema. Os resultados deste trabalho fornecem forte evidência de que, pelo menos num subgrupo de doentes com problemas alérgicos, os defeitos no gene FLG podem ser o principal factor predisponente não só para o desenvolvimento de eczema, mas também para a sensibilização inicial e a progressão da doença alérgica, muito provavelmente através da 484 exposição aos alergénios através da pele. A filagrina constitui, por isso, um importante biomarcador para doenças alérgicas59. SIGNIFICADO CLÍNICO E TERAPÊUTICO DAS MUTAÇÕES DO FLG As mutações do FLG parecem ter efeitos clínica e estatisticamente significativos (Fig. 3). A penetrância estimada, isto é a probabilidade de desenvolver EA na presença de uma ou mais mutações nulas do FLG, varia entre 42 e 79%44,47 e, conforme previamente mencionado, pode ser aumentada pela exposição a fanêros de gato54. Estima-se que cerca de 25 a 50% dos doentes com EA apresentam mutações no gene FLG como factor predisponente55. Os resultados estatísticos referentes aos efeitos das mutações do FLG são particularmente atractivos, tratan-do-se de um gene único com transmissão complexa. Contudo, mesmo que novas mutações sejam identificadas, resulta claro que as mutações do gene FLG e a perda da expressão da filagrina não explicam cabalmente as bases genéticas do EA em todos os pacientes. A reanálise dos dados de famílias para estimar a ligação do eczema com um marcador de microssatélites previamente reportado no CDE, bem como duas mutações nulas do FLG (R501X e 2282del4), mostraram um LOD (logaritmo da probabilidade de ligação) score total de 3,57, enquanto o LOD score para o FLG isolado era 1,5460. Estes resultados revelam ligação residual significativa à região que inclui o CDE, embora permaneça por se demonstrar se este sinal de ligação residual persiste após o ajuste para todas as mutações do FLG. Outros genes, possivelmente no CDE ou noutro local do genoma, influenciam, certamente, o fenótipo do eczema. Tal pode ocorrer por mediação da função da filagrina e/ou por mecanismos independentes na função barreira cutânea, bem como na imunidade local e sistémica25. Assim, é provável que o EA seja, de facto, uma doença heterogénea, na qual algumas pessoas têm um defeito primário da barreira epidérmica graças à mutação do gene FLG, enquanto outras apresentam anomalias imunológicas primárias ou, mais provavelmente, uma combinação de todos estes factores. A deficiência de filagrina pode explicar, pelo menos em parte, o defeito da barreira cutânea e a xerose associada ao eczema. Contudo, o componente inflamatório marcado permanece por explicar. Foi postulado que a inflamação cutânea ocorreria como um fenómeno secundário na pele deficiente em filagrina, Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Artigo de Revisão Tabela 1 População Autor (ano) [referência] Método de recrutamento % de casos de eczema com 1 ou mais MN-FLG Valor de p (análise χ2) OR (IC 95%) Irlanda Palmer (2006) [1] 52 crianças; hospitalar 56 3 x 10-17 13,4 (6,2–27,5) Escócia Palmer (2006) [1] 604 crianças e adolescentes com asma (204 com EA) 23 4,8 x 10-11 3,3 (2,1–5,6) Dinamarca Palmer (2006) [1] 307 RN; coorte de mães asmáticas (142 com EA) 17,5 <0,0001 RR 2,8 (1,7–4,5) Alemanha Weidinger (2006) [2] 476 trios criança/pais; hospitalar 22,75 5,1 x 10-8 Não calculado Europa Marenholz (2006) [3] 490 famílias nucleares com EA (903 crianças com EA) 18,6 TDT irmãos: 1,9 x 10-9 Não calculado Alemanha Marenholz (2006) [3] 871 RN (189 com EA) 16,7 3,5 x 10-5 3,73 (1,98–7,02) Alemanha Ruether (2006) [4] 272 crianças; hospitalar 35 2,01 x 10-8 7,1 (3,41–14,78) Alemanha Ruether (2006) [4] 338 trios criança/pais 14,2 (apenas R501X) 0,0001 3,39 (1,75–6,58) Inglaterra Barker (2007) [5] 163 adultos; hospitalar* 42 1,7 x 10-53 7,7 (5,3–10,9) Alemanha Stemmler (2007) [6] 378 em clínica especializada (210 com início antes dos 2 anos de idade) 21,3 para EA com início antes dos 2 anos 0,001 para todas as idades; 7,6 x 10-7 para início antes 2 anos Não calculado Alemanha Weidinger (2007) [7] 274 adultos; hospitalar 21,1 4,9 x 10-5 3,53 (1,92–6,48) Japão Nomura (2007) [8] 7 doentes com IV e 143 com EA; hospitalar NA 0,0015† Não calculado Norte da Europa & Ásia Morar (2007) [9] 148 famílias nucleares com crianças; hospitalar 26,4 0,002 2,03 (1,46–2,81) Europa & Sul da Ásia Morar (2007) [9] 278 famílias nucleares com crianças; hospitalar 26,4 0,008 (LOD = 1,24) 2,03 (1,46–2,81) Irlanda Sandilands (2007) [10] 188 crianças; hospitalar (incluindo 52 da coorte inicial) 47 2,12 x 10-51 10,02 (6,75–14,89) Alemanha Novak (2008) [11] 56 adultos de uma coorte de atópicos Não calculado Regressão logística: 3,0 x 10-5 6,78 (2,76–16,64) Itália Giardina (2008) [12] 178 com EA 0,6 Não calculado Não calculado Suécia Ekelund (2008) [13] 406 famílias, a maioria adultos com eczema Não calculado TDL: 9,5 x 10-8 2,21 (1,50–3,25) Inglaterra Brown (2008) [14] 811 crianças duma coorte ao nascimento (195 com EA) 18,4 Teste exacto de Fisher: 1,2 x 10-4 1,2 (0,7–1,9) para htz; 26,9 (3,3–217,1) para hmz Inglaterra Henderson (2008) [15] 6971 de coorte ao nascimento (1445 com eczema) 20,7 3,96 x 10-20 2,73 (1,87–3.99) para htz; 4,98 (9,9–382,5) para hmz Alemanha Weidinger (2008) [16] 3099 crianças; estudo populacional transversal (540 com eczema) 15,8 2,5 x 10-14 3,12 (2,33–4,17) China Ching (2009) [17] 174 crianças com EA 2,3 (apenas R501X) 0,051 Não calculado Sumário dos dados provenientes dos estudos genéticos sobre a prevalência e significância das mutações nulas do gene FLG (MN-FLG) no eczema atópico: [1] Nat Genet 2006;38:441-6; [2] J Allergy Clin Immunol 2006;118:214-9; [3] J Allergy Clin Immunol 2006;118:866-71; [4] Br J Dermatol 2006;155:1093-4; [5] J Invest Dermatol 2007;127:564-7; [6] J Invest Dermatol 2007;127:722-4; [7] J Invest Dermatol 2007;127:724-6; [8] J Allergy Clin Immunol 2007;119:434-40; [9] J Invest Dermatol 2007;127:1667-72; [10] Nat Genet 2007;39:650-4; [11] J Invest Dermatol 2008;128:1430-5; [12] Dermatology 2008;216:83-4; [13] Acta Derm Venereol 2008:88:15-9; [14] J Invest Dermatol 2008;128:1591-4; [15] J Allergy Clin Immunol 2008;121:872-7; [16] J Allergy Clin Immunol 2008;121:1203-4; [17] Int J Immunogenet 2009;36:251–4. Nota: dados para o genótipo nulo combinado, i.e., dados combinando todos os alelos nulos do FLG em cada estudo, uma vez que cada um dos alelos nulos têm um efeito biológico equivalente. Valores de p calculados usando o teste de associação χ2, salvo indicação em contrário. EA – eczema atópico; IV – ictiose vulgar; RN – recém-nascido; OR – odds ratio; LOD – logarítmo10 dos odds; IC – intervalo de confiança; TDT – teste de desequilíbrio de transmissão; PDT – teste de desequilíbrio de ligação; RR – razão de risco; NA – não aplicável; htz – heterozigoto; hmz – homozigoto. *A análise destes casos foi alargada para incluir as 6 muta-ções do FLG mais prevalentes num total de 186 indivíduos; a análise estatística mostrou, posteriormente, que 45,7% dos casos tinham uma ou mais mutações nulas do FLG, teste exacto de Fisher, p = 1,3 x 10-28, e OR 5,6 (4,1–7,8). †Nestes doentes de origem japonesa as mutações R501X e 2282del4 estavam ausentes; os dados referem-se às mutações 3321delA e S2554X. Adaptado da referência23. 485 Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo Artigo de Revisão Fig. 3 - Significado clínico das mutações com perda de função do gene FLG. As mutações do FLG estão directamente associadas com a causa, a susceptibilidade ou a expressão clínica alterada de várias dermatoses ou outras doenças. Adaptado da referência29. nomeadamente em reacção à entrada de alergénios, irritantes e outros agentes patogénicos61. Por outro lado, as citocinas produzidas no contexto da resposta inflamatória poderiam reduzir, ainda mais, a expressão de filagrina62. Sendo o EA uma entidade com um papel do componente genético pouco caracterizado, os achados disponíveis até à data poderão influenciar a definição e subclassificação de diferentes formas de EA que levarão a uma melhor compreensão das diversas alterações patofisiológicas nesta doença complexa. Adicionalmente, a demonstração de mutações em proteínas estruturais no EA é uma mudança fulcral da visão “imunocêntrica” prévia da etiologia do EA. Embora defeitos genéticos primários em componentes do sistema imunológico, 486 inato ou adaptativo, possam ser encontrados em conjunto com alterações de proteases e de outras proteínas estruturais, além da filagrina, resulta claro que as alterações no gene FLG são um factor predisponente major para EA13. Por outro lado, os achados dos diferentes estudos efectuados até à data, mais do que mero interesse académico, podem mostrar-se extremamente úteis na prática clínica sendo, possivelmente, a chave mais promissora de novas estratégias terapêuticas55. Como a maioria das mutações identificadas no gene FLG originam um codão de terminação prematuro, adivinhamse tentativas de obter novos agentes farmacológicos, particularmente de aplicação tópica, que permitam “ler sobre” os codões stop e aumentando, assim, a trans- Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Artigo de Revisão lação de uma proteína completa, ou então de outras estratégias que restabeleçam a expressão da filagrina na pele, restaurando deste modo a integridade da barreira cutânea13. É possível que uma intervenção deste género, desde que atempada e precoce, possa mesmo travar a marcha atópica e, assim, reduzir a incidência de asma e rinite alérgica. A aplicação tópica de compostos promotores da filagrina pode tornar-se parte da abordagem clínica num subgrupo significativo de doentes com EA, tratando-se selectivamente a anomalia cutânea primária sem o recurso imediato a fármacos imunossupressores13,25. CONCLUSÕES Os defeitos genéticos no gene que codifica a filagrina estão associados a um risco significativamente aumentado de eczema atópico, rinite alérgica e asma em indivíduos com eczema. Permanece, no entanto, por compreender o papel das mutações neste gene noutras doenças alérgicas, tais como a alergia alimentar e a anafilaxia. São necessários mais estudos para determinar se o biomarcador filagrina pode ser utilizado para identificar doentes de alto risco e assim conduzir à implementação de medidas preventivas, tais como intervenções para restaurar a barreira cutânea ou medidas para evitar os alergénios em crianças com défice de filagrina. REFERÊNCIAS 1. Leung DYM, Boguniewicz M, Howell MD, et al: New insights into atopic dermatitis. J Clin Invest 113: 651-7 (2004). 2. Bager P, Wohlfahrt J, Westergaard T: Caesarean delivery and risk of atopy and allergic disease: meta-analyses. Clin Exp Allergy 38: 634-42 (2008). 3. 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Foram avaliados os seguintes parâmetros: sexo, idade na primeira consulta e primeira manifestação, história familiar de psoríase, antecedentes de dermite das fraldas exuberante, factores precipitantes/agravantes, forma clínica, localização das lesões, existência de prurido e terapêuticas efectuadas. Resultados e Discussão: Durante os 8 anos em questão, foram admitidas na consulta de Dermatologia Pediátrica 56 crianças com o diagnóstico de psoríase. Destes, 25 (44,6%) eram do sexo masculino e 31 (55,4%) do sexo feminino (relação 1:1.24). A idade média da primeira consulta foi de 9,7 anos e da primeira manifestação da doença foi de 7,3 anos. Observou-se um início mais precoce no sexo feminino com um pico entre os 4-6 anos (32,2% das crianças do sexo feminino). A forma clínica mais frequente foi a psoríase vulgar em placas (71,4%), seguida da forma gutata (23,1%). Em 41% dos casos estava presente a história familiar de psoríase e 19,6% das crianças tinham antecedentes de dermite das fraldas exuberante. Na maioria dos doentes (73,2%), o controlo da doença foi atingido apenas com terapêuticas tópicas, em 13 doentes (23,2%) recorreu-se à fototerapia e 15 doentes (26.8%) necessitaram de terapêutica sistémica. PALAVRAS-CHAVE – Psoríase infantil. CHILDHOOD PSORIASIS – REVIEW OF 56 CASES ABSTRACT – Objectives: To register the epidemiologic and clinic characteristic of infantile psoriasis, to analyze the different therapeutic modalities used and compare our data with other published series. Methods: retrospective study of the patients with psoriasis admitted in the consultation of Pediatric Dermatology of the Hospital de Braga, between the years of 2001 and 2008. The following parameters had been evaluated: sex, age in the first consultation and first manifestation, familiar history of psoriasis, history of exuberant diapers dermatitis, precipitation factors, clinical form, localization, pruritus and therapeutic measures. Results and Discussion: During these 8 years 56 children with psoriasis had been admitted in the consultation of Pediatric Dermatology. There were 25 (44.6%) boys and 31 (55.4%) girls, with a male to female relation of 1:1.24. The mean age of the first consultation was of 9,7 years and of the first manifestation was 7,3 years. Girls showed an onset of psoriasis more precocious with a peak between 4-6 years (32.2% of the children of the feminine sex). Classical plaque psoriasis was the most frequent clinical presentation (71.4%), followed by guttata form (23.1%). A positive familiar history was present in 41% of the cases and 19.6% of the children had antecedents of exuberant diapers dermatitis. In the majority of the patients (73.2%), the control of psoriasis was achieved with topical measures, 13 children (23.2%) were treated with phototherapy and 15 patients (26,8%) with systemic treatments. KEY-WORDS – Childhood psoriasis. Correspondência: Dr.ª Joana Maria Botelho Gomes Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospital de Braga Apartado 2242 | 4701-965 Braga Tel.: 253209022 Fax: 253613334 E-mail: [email protected] 491 Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito Artigo de Revisão INTRODUÇÃO A psoríase infantil requer especial atenção, podendo ter um grande impacto no desenvolvimento psico-social das crianças. Apesar de não se conhecer a sua verdadeira incidência1,2, é uma patologia relativamente comum. No estudo de Farber et Nall, em que foi feita uma revisão de 5600 casos, em 35% dos adultos com psoríase o início da doença ocorreu antes dos 20 anos de idade3. o sexo feminino). Quanto à idade da primeira manifestação de psoríase, a média foi de 7,3 anos. Verificámos que a distribuição por sexos não influenciou a média de idades (sexo masculino: 7.34 e sexo feminino: 7,29), contudo observou-se um início mais precoce no sexo feminino, com um pico entre os 4 e 6 anos (32,2% das crianças do sexo feminino) (Fig. 1). MATERIAL E MÉTODOS Estudo descritivo e retrospectivo baseado na consulta de processos clínicos dos doentes com o diagnóstico de psoríase, com idades compreendidas entre os zero e os quinze anos inclusive, seguidos na consulta de Dermatologia Pediátrica do Hospital de Braga, entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2008. O diagnóstico foi baseado essencialmente em aspectos clínicos, como a morfologia e localização das lesões, recorrendo-se à biópsia cutânea em apenas um caso de psoríase pustulosa generalizada. Foram avaliados os seguintes parâmetros: sexo, idade da primeira manifestação da doença e da primeira consulta, raça, história familiar de psoríase, antecedentes de dermite das fraldas exuberante, factores precipitantes ou agravantes, existência de prurido, forma clínica, localização das lesões e as terapêuticas efectuadas. Não englobamos crianças em que apenas se observavam lesões discretas do couro cabeludo ou ungueais, sem outras alterações cutâneas sugestivas de psoríase. RESULTADOS Durante os 8 anos do estudo, realizaram-se 3285 primeiras consultas de Dermatologia Pediátrica e foram diagnosticados 56 casos de psoríase, que correspondem a 1,7% do total destas primeiras consultas. Das 56 crianças, 25 eram do sexo masculino (44,6%) e 31 do sexo feminino (55,4%), com uma relação sexo masculino:feminino de 1:1,24. Todas as crianças eram caucasianas. Na primeira observação, a idade média foi de 9,7 anos e mais de metade das crianças (62,5%) tinha idades entre os 7 e os 12 anos. Não se verificaram diferenças significativas de idades entre ambos os sexos (média de 9,7 anos para o sexo masculino e 9,9 para 492 Fig. 1 - Idade da primeira manifestação e distribuição por sexo. Em 23 crianças (41%) havia história familiar de psoríase. Em 8 casos envolvendo os pais (5 mãe, 3 pai), outros 8 casos um dos tios directos, 2 casos envolvendo irmãos e 5 casos um dos avós. Destas 23 crianças, 15 (65,8%) eram do sexo feminino e cerca de 1/3 tinham idades entre os 4 e os 6 anos. Entre as crianças com início da psoríase em idades mais jovens (até aos 4 anos de idade), apenas uma menina tinha antecedentes familiares de psoríase (avó). Nas crianças com formas mais graves de psoríase ou refractárias ao tratamento 1/3 tinham história familiar de psoríase. A forma clínica mais frequente foi a psoríase vulgar em placas, observada em 40 crianças (71,4%), seguida da forma gutata (13 crianças, 23,2%), um caso de eritrodermia psoriática, um caso de psoríase palmoplantar e um caso de psoríase pustulosa generalizada (Fig. 2). Os membros foram os locais mais frequentemente envolvidos (Quadro I): 45 doentes (80,4%) e destes doentes 15 (26,8%) apenas tinham formas ligeiras localizadas aos cotovelos e joelhos. O couro cabeludo foi o segundo local mais frequentemente atingido, estando envolvido em 53,6% dos casos (30 crianças), seguido do tronco em 46,4% dos casos (26 crianças). A face, localização raramente observada no adulto, estava atingida em 14,3% dos casos (8 crianças). Apenas registámos Psoríase na Criança – Revisão de 56 Casos Artigo de Revisão Na maioria das crianças (73,2%) o controlo da psoríase foi conseguido apenas com o uso de terapêuticas tópicas. Dos tópicos, os mais usados foram os corticosteroides (51,8%) e os derivados da vitamina D3 (50%), muitas vezes em associação (Quadro II). Em menos de 1/3 dos casos (26,9%) houve necessidade de recorrer a terapêuticas sistémicas (Quadro III), quer pela extensão da doença quer pelo impacto da psoríase na qualidade de vida destas crianças. Fig. 2 - Formas Clínicas. Quadro II TERAPÊUTICAS TÓPICAS Quadro I Terapêutica LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES Nº Crianças Percentagem Corticosteroides 29 51,8% Derivados da Vitamina D3 28 50,0% Coaltar 2 3,6% Localização Nº Crianças Percentagem Membros Cotovelos/Joelhos 45 15 80,4% 26,8% Couro cabeludo 30 53,6% Tronco 26 46,4% Quadro III Face 8 14,3% TERAPÊUTICAS SISTÉMICAS Generalizada 2 3,6% Unhas 10 17,9% dois casos de formas generalizadas. As unhas estavam afectadas em 17,9% das crianças, observando-se sobretudo formas discretas de depressões punctiformes e onicólise distal. Não registamos nenhum caso de psoríase artropática ou de envolvimento das mucosas. Metade das crianças referia como sintoma associado prurido mais ou menos intenso. Onze doentes (19,6%) tinham antecedentes de dermite das fraldas exuberante, difícil de controlar com as terapêuticas geralmente utilizadas nestes casos. Conseguimos encontrar um factor precipitante ou agravante da psoríase em 22 crianças (39,3%). As infecções foram o factor mais frequentemente observado, correspondendo sobretudo a amigdalites/faringites e infecções urinárias. Em 27,3% destas 22 crianças, os pais referiam agravamentos frequentes após exposição solar e em 22,7% agravamentos durante os períodos de maior “stress” emocional. A maioria dos doentes já tinha o diagnóstico de psoríase quando referenciada para a nossa consulta, excepto 7 crianças (12,5%). Quatro destas crianças tinham o diagnóstico de eczema, duas de dermite seborreica e uma de impétigo. Terapêutica Nº Crianças Percentagem Fototerapia: nbUVB PUVA tópico 13 12 1 23,2% Ciclosporina 12 21,4% Acitretina 4 7,1% Metotrexato 1 1,8% Etanercept 4 7,1% Infliximab 2 3,6% A fototerapia foi usada em 13 crianças (23,2%); em 12 casos recorreu-se à fototerapia com UVB de banda estreita e numa criança a PUVA tópico. As 12 crianças tratadas com ciclosporina (Quadro IV), tinham formas graves de psoríase e refractárias a outros tratamentos. A idade média destas crianças era de 8,8 anos, variando entre os 11 meses e os 13 anos. A forma clínica mais frequente foi a psoríase em placas (10 crianças), uma psoríase palmo-plantar e uma psoríase pustulosa generalizada. A dose de ciclosporina variou entre os 2 e 4 mg/Kg/dia, com uma duração média do tratamento de 23 semanas. Todas estas crianças foram vigiadas regularmente, com medição da tensão arterial e análises periódicas que incluíam a função renal e não se registaram efeitos colaterais. 493 Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito Artigo de Revisão Quadro IV CRIANÇAS TRATADAS COM CICLOSPORINA Idade Sexo Forma Dose (mg/Kg) Duração (sem) Ef. 2ários 1 6 M Placas 3,8 8 - 2 12 M Placas 2,7/3,8 15/10 - 3 11 M Placas 2,5/4 32/70 - 4 3 M Placas 3,5 16 - 5 13 M Placas 3,5/2,5 55/25 - 6 11m F Pustulosa 2/3,5 35/70 - 7 10 M Placas 3,2 16 - 8 13 F Placas 3 32 - 9 10 F Placas 3 36 - 10 10 F Placas 2,8/3,3 9/32 - 11 7 F Palmo-Plantar 3/4 20/- (5) - 12 11 F Placas 3,2 - (12) Das 12 crianças tratadas com ciclosporina, actualmente 7 encontram-se praticamente sem lesões, recorrendo por vezes apenas ao uso de tópicos; 2 crianças tinham recidivas frequentes com a redução da dose da ciclosporina e uma criança mantinha lesões apesar do tratamento, pelo que actualmente estas 3 crianças estão medicadas com etanercept. À data do estudo apenas 2 crianças estavam a fazer ciclosporina. O infliximab foi usado em 2 crianças, uma com 3 anos de idade com uma forma pustulosa generalizada, com má resposta ao tratamento prévio com ciclosporina e acitretina, observando-se uma melhoria acentuada logo após a primeira perfusão de infliximab. Esteve em remissão quase completa até aos 10 meses de tratamento, altura em que se associou metotrexato devido a uma recidiva exuberante, mas que não cedeu ao tratamento e este foi suspenso após um ano. O segundo caso, corresponde a uma criança de 10 anos com uma psoríase palmo-plantar resistente ao tratamento com PUVA tópico, ciclosporina e acitretina. Neste caso o infliximab foi suspenso após quatro perfusões por ausência de resposta. O etanercept foi usado em 4 crianças (Quadro V), com idades compreendidas entre os 4 e os 14 anos, duas com psoríase em placas, a criança acima referida Quadro V CRIANÇAS TRATADAS COM ETANERCEPT Idade (anos) Sexo Forma Tx prévios Dose Duração 4 F Pustulosa Ciclosporina Acitretina Infliximab Metotrexato 0,4mg/Kg 2x/sem 3 anos 9 F Palmo-Plantar PUVA tópico Ciclosporina Acitretina 25mg 2x/sem 12 sem 11 F Placas nbUVB Ciclosporina Acitretina 50mg/sem 24 sem 14 F Placas nbUVB Ciclosporina 50mg/sem 20 sem 494 Psoríase na Criança – Revisão de 56 Casos Artigo de Revisão com psoríase pustulosa generalizada e a criança com a forma palmo-plantar. Verificamos uma boa resposta clínica, excepto, na psoríase palmo-plantar em que o etanercept foi suspenso ao fim de 12 semanas por ausência de resposta. conhecimento da presença de psoríase em familiares e à ausência de história actual de psoríase em familiares, mas que se poderá revelar com um seguimento mais prolongado das crianças1,4,5. Acredita-se que exista uma correlação positiva entre a presença da história familiar e o início mais precoce de psoríase ou de formas mais graves e com pior prognóstico6-8. No nosso estudo, tal como Kumar et al4, Fan et al5 e Furtado et al9, não conseguimos verificar esta correlação. No entanto, verificamos que cerca de 1/3 das crianças com formas mais extensas e graves de psoríase tinham história familiar de psoríase e das crianças mais jovens (até 4 anos de idade), apenas uma tinha história familiar positiva. Tal como observado na maioria dos estudos, com a excepção da série Dinamarquesa7 em que a forma clínica mais frequente foi a gutata, também no nosso a variante em placas foi a forma de apresentação mais frequente. O envolvimento da face tem sido reportado como mais frequente nas crianças do que nos adultos, podendo ser o único local atingido10, variando entre 18% a 46%4,11. No nosso estudo verificamos que a face estava atingida em apenas 14,3% e nunca como único local atingido. Observamos predominantemente a presença de formas ligeiras a moderadas de psoríase e menos de DISCUSSÃO Não existem estudos que comprovem a verdadeira incidência da psoríase infantil1, mas estima-se que varie entre os 0,1 e os 3%2. No nosso estudo verificamos que 1,7% das crianças seguidas na consulta tinham o diagnóstico de psoríase. Comparativamente com outras séries publicadas (Quadro VI), os nossos dados clínicos e epidemiológicos são muito semelhantes, registando-se apenas pequenas diferenças. O discreto predomínio do sexo feminino está de acordo com a maioria dos estudos1,4,5. Na literatura a percentagem de história familiar de psoríase tem valores muito díspares, variando entre 9,8% a 89%1,4, sendo de 41% na nossa série. Este intervalo tão grande tem sido atribuído à ausência de uma história clínica detalhada, a diferenças no desenho do estudo (muitos estudos apenas avaliam a presença de história familiar em familiares em primeiro grau, enquanto que outros englobam mais gerações), ao des- Quadro VI COMPARAÇÃO COM OUTRAS SÉRIES Braga (2009) Lisboa, H. do Desterro (1996) Índia (2004) Austrália (2001) Dinamarca (1975) China (2007) Nº 56 62 419 1262 263 277 ♂/♀ 1/1,24 1/1,3 1,09/1 1.14/1 1/2 1/1,13 Idade início 7,3 5 9,1 <5 8,1 10 Pico 4-6 6-8 6-10 0-2 7-10 - História familiar 41% 44% 3,6% 43% 59% 34,3% Clínica Placas Placas Placas Placas Gutata Placas Face 14,3% 14,5% 4,7% 38% 43% 19,7% Unhas 17,9% 21% 30,3% - 14% 5% Artrite 0 - 1,1 - 0 2,9% Dermite fraldas 19,6% - 0,5% 26% - - Prurido 50% 61% - - - - Factor Precipitante 39,3% 27,4% 6,6% - - - 495 Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito Artigo de Revisão 1/3 dos casos (26,9%) tinham formas consideradas graves ou com grande impacto na qualidade de vida que justificassem o uso de terapêuticas sistémicas. Nas crianças, a psoríase geralmente assume formas com evolução mais favorável, facilmente controladas com tópicos12, o que também verificamos. Os estudos relativos ao uso de terapêuticas sistémicas nas crianças são muito escassos. As terapêuticas sistémicas para o tratamento da psoríase incluem fototerapia, retinoides, metotrexato, ciclosporina e mais recentemente os agentes biológicos. A maioria deles têm limitações específicas, pelo que devem ser usados com cautela em crianças, de forma combinada e rotativa, no sentido de aumentar a sua eficácia e diminuir os efeitos laterais a longo prazo12. BIBLIOGRAFIA 1. Morris A, Rogers M, Fisher G et al.: Childhood psoriasis: a clinical review of 1262 cases. Pediatr Dermatol 18: 188-98 (2001). 2. Farber EM, Nall L: Childhood psoriasis. Cutis 64: 309-14 (1999). 3. Farber EM, Nall ML: The natural history of psoriasis in 5600 patients. Dermatologica 109: 207-11 (1974). 496 4. 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Pereia TM, Vieira AP, Fernandes JC, Sousa-Basto A: Cyclosporin A treatment in severe childhood psoriasis. J Eur Acad Dermatol Venereol 20(6): 651-6 (2006). Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 499-503 (2010) Artigo de Revisão ADALIMUMAB NO TRATAMENTO DE PSORÍASE – REVISÃO DE 27 CASOS Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira Serviço de Dermatologia, Hospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central RESUMO – Introdução: A utilização das novas terapêuticas biológicas na psoríase está associada ao crescente conhecimento dos mecanismos imunopatogénicos subjacentes. O adalimumab é um anticorpo monoclonal humano recombinante com actividade contra o factor de necrose tumoral (TNF)-α, com eficácia e segurança comprovadas no tratamento da psoríase vulgar e artropática. Material e Métodos: Foi efectuado um estudo retrospectivo dos doentes com psoríase tratados com adalimumab, por período igual ou superior a 12 semanas, entre Julho de 2008 e Dezembro de 2009. Procedeuse à avaliação dos dados epidemiológicos e clínicos, terapêuticas prévias e concomitantes, eficácia e perfil de segurança. Resultados: Durante o período analisado, foram tratados com adalimumab 27 doentes, 14 (52%) do sexo masculino, com uma idade média de 46,1 anos. Todos os doentes tinham doença moderada a grave (PASI médio inicial de 15,3±4,3), com contra-indicação ou resistência a outras terapêuticas sistémicas, incluindo terapêutica biológica prévia em 70,4%. Sete doentes tinham o diagnóstico de psoríase artropática. Na avaliação da resposta ao tratamento, o PASI 75 foi atingido por 59,3% (n=27) doentes às 12 semanas. Nos doentes que atingiram as 24, 36 e 48 semanas de tratamento, 84,2%, 88% e 90%, atingiram o PASI 75, respectivamente. Em seis doentes a terapêutica foi mantida além das 52 semanas com manutenção da resposta. Dos 27 doentes, 23 mantêm-se actualmente em tratamento. Em dois casos verificou-se perda de eficácia que levou à suspensão do adalimumab. O tratamento foi em geral bem tolerado tendo sido suspenso em dois doentes por efeitos secundários. Discussão: Na nossa experiência o adalimumab mostrou ser uma terapêutica e com um bom perfil de segurança eficaz num grupo de doentes com psoríase moderada a grave, refractária a outros tratamentos sistémicos, incluindo terapêutica biológica. PALAVRAS-CHAVE – Psoríase; Adalimumab; Anticorpo monoclonal; TNF-α. ADALIMUMAB TREATMENT FOR PSORIASIS – RETROSPECTIVE STUDY OF 27 PATIENTS ABSTRACT – Introduction: An excellent improvement of psoriasis therapy has been obtained by the introduction of the “biological response modifiers” or “biologics”, designed to regulate pivotal mechanisms involved in psoriasis’ immunopathogenesis. Adalimumab is a fully human monoclonal antibody IgG1 against TNF-α, effective and safe in psoriasis and psoriatic arthropathy. Methods: This was a retrospective study of all patients with psoriasis treated in our department with adalimumab for a minimum of 12 weeks, between July 2008 and December 2009. We analyzed the epidemiologic and clinical data, previous and concomitant treatments, efficacy and safety profile. Results: 27 patients were included in the study: 14 men (52%), mean age 46,1 years. All the patients had moderate to severe psoriasis (median baseline PASI 15,3±4,3) and resistance or significant side-effects with other systemic therapies, including at least one previous biological treatment in 70,4%. Of these, 7 (26%) had psoriatic arthritis. At week 12, 59,3% (n=27) achieved PASI 75. Of the patients that completed 24, 36 and 48 weeks of treatment PASI 75 was achieved by 84,2%, 88% and 90%, respectively. In 6 patients the treatment was prolonged for 52 weeks, with sustained response. Of the 27 patients treated, 23 are currently on treatment. Of the remaining 4, 1 failed to respond to treatment, in 1 treatment was withdrawn due to lack of sustained response and in 2 patients treatment was stopped due to adverse events. Discussion: In our experience, adalimumab was a well tolerated and effective treatment for severe, recalcitrant chronic plaque psoriasis, even when previous biological agents have failed. KEY-WORDS – Psoriasis; Adalimumab; Monoclonal antibody; TNF-α. 499 Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira Artigo de Revisão Correspondência: Dr.ª Filipa Diamantino Serviço de Dermatologia Hospital de Santo António dos Capuchos Alameda Santo António dos Capuchos 1150 - 314 Lisboa Tel.: 213136300 Fax: 213136380 E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A psoríase é uma doença inflamatória crónica, imunomediada e geneticamente determinada, que afecta 2 a 3% da população1. A utilização de agentes terapêuticos sistémicos, incluindo a ciclosporina, metotrexato e acitretina ou a fototerapia, são frequentemente necessários na abordagem das formas moderadas ou graves de psoríase. No entanto, factores, tais como toxicidade cumulativa, perda de eficácia ao longo do tempo ou comorbilidades subjacentes, limitam o seu uso continuado1-3. A introdução dos novos “modificadores de resposta biológica”, vulgarmente designados por “biológicos” na psoríase está associada ao crescente conhecimento dos mecanismos imunopatogénicos que lhe estão subjacentes. O factor de necrose tumoral-α (TNF-α) é uma citocina com múltiplos efeitos nas respostas imunológicas e inflamatórias e que está implicada na formação e manutenção das placas psoriáticas e na artrite psoriática1,3. Actualmente 4 agentes biológicos estão aprovados pela EMEA para o tratamento da psoríase em placas, dividindo-se em 2 grupos: (1) anti-TNF (adalimumab, etanercept e infliximab) e (2): anti-IL12/23p40 (ustekinumab)2,4. O adalimumab é um anticorpo monoclonal IgG1 anti-TNF-α, humano, recombinante. Tem elevada afinidade e especificidade para o TNF-α, com capacidade para inibir a forma solúvel e ligada à membrana, prevenindo desta forma a sua interacção com os receptores de superfície celular p55 e p755.O adalimumab está aprovado pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA) para o tratamento da psoríase em placas em adultos com contra-indicação, intolerância ou resistência às terapêuticas sistémicas convencionais6-8. Três ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo, envolvendo um grande número de doentes demonstraram que o adalimumab tem elevada eficácia no tratamento da psoríase em placas9-11. 500 Na maioria dos estudos publicados, a resposta ao tratamento é avaliada em doentes rigorosamente seleccionados atendendo a critérios de inclusão e exclusão rígidos. Neste estudo pretendeu-se avaliar a eficácia e segurança do adalimumab nos doentes com psoríase tratados no nosso Serviço, representativos dos encontrados na prática clínica diária. MATERIAL E MÉTODOS Foi efectuado um estudo retrospectivo dos doentes com psoríase tratados com adalimumab, por período igual ou superior a 12 semanas, entre Julho de 2008 e Dezembro de 2009 no nosso Serviço. Procedeu-se à avaliação dos dados demográficos (idade e sexo), clínicos (duração e história familiar de psoríase), terapêuticas prévias e concomitantes, dose, duração e resposta ao adalimumab, efeitos adversos e descontinuação permanente ou temporária do tratamento. A dose inicial de adalimumab foi de 80mg, em duas injecções subcutâneas de 40mg, seguida de uma administração de 40mg na semana seguinte e posteriormente, 40mg quinzenalmente. A resposta clínica e ocorrência de efeitos adversos foram revistas a cada 8-12 semanas. A gravidade clínica da psoríase foi avaliada em cada visita, pelo mesmo dermatologista, utilizando-se o PASI (índice de gravidade e extensão da psoríase). Antes do início do tratamento e, em cada visita, foi realizada avaliação laboratorial que incluiu hemograma completo, ureia, creatinina, ionograma, enzimas hepáticas, perfil lipídico, anticorpos antinucleares e PCR. Foi efectuado, previamente à introdução do adalimumab, rastreio de infecções virais (hepatite B e C e VIH) e de tuberculose latente por meio de prova de Mantoux e radiografia de tórax. Nos doentes com critérios de Tuberculose latente foi iniciada profilaxia com Isoniazida durante 9 meses, tendo cumprido um período de tratamento mínimo de dois meses antes do início de terapêutica biológica. Adalimumab no Tratamento de Psoríase – Revisão de 27 Casos Artigo de Revisão Quadro II RESULTADOS Doentes Foram incluídos 27 doentes, 14 (52%) do sexo masculino, com uma idade média de 46,1 anos (idade mínima: 21 e idade máxima: 72 anos). O diagnóstico de psoríase foi efectuado 7 a 50 anos antes (média: 17,7 anos). Todos os doentes tinham doença moderada a grave (PASI médio inicial de 15,3±4,3). Dos 27 doentes, 7 (26%) tinham artrite psoriática e 16 (59%) história familiar de psoríase (Quadro I). Quadro I CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Doentes, n Sexo masculino, n (%) 27 14 (52%) Idade médias, anos (mínima-máxima) 46,1 (21-72) Duração média psoríase, anos (mínima-máxima) 17,7 (7-50) Artrite psoriática, n (%) 7 (26%) História familiar de psoríase n (%) 16 (59%) PASI inicial, média (mínimo-máximo) 15,3 (8-25) Duração do tratamento, média, semanas (mínimo-máximo) 37,8 (16-56) Terapêuticas prévias Foi iniciado adalimumab após perda de eficácia, intolerância ou desenvolvimento de efeitos secundários a outras terapêuticas sistémicas. Cada doente tinha sido submetido previamente, em média, a 3,6 terapêuticas sistémicas; 13 foram tratados com fototerapia, 22 com retinóides, 12 com metotrexato e 21 com ciclosporina. Pelo menos um fármaco biológico tinha sido iniciado anteriormente em 19 doentes (70,4%): 13 receberam etanercept, 6 infliximab e 7 efalizumab (Quadro II). Tratamento com adalimumab Após a dose de indução, o adalimumab foi administrado quinzenalmente, de acordo com as guidelines europeias em vigor7,8. Em dois doentes a dose foi transitoriamente aumentada para 40mg semanalmente durante um período de 12 semanas, por reagravamento, com boa resposta. No início do tratamento com adalimumab, dez doentes utilizaram medicação concomitante, como transição para prevenir agravamento da doença por um período médio de 13,6 semanas: 6 com ciclosporina, TERAPÊUTICAS PRÉVIAS Nº médio de terapêuticas prévias (mínimo-máximo) 3,6 (2-7) Fototerapia 13 Retinóides 22 Metotrexato 12 Ciclosporina 21 Etanercept 13 Infliximab 6 Efalizumab 7 3 com metotrexato e 1 com acitretina. Em 3 doentes recorreu-se a agentes sistémicos durante o tratamento para optimização do controlo da psoríase (2 com metotrexato e 1 com acitretina). Eficácia Foi utilizado o PASI 75 como medida de eficácia. O tratamento foi mantido em todos os doentes por um período mínimo de 16 semanas. Como se trata de um estudo retrospectivo, os doentes iniciaram o tratamento em diferentes momentos. Assim a relação número de doentes/número de semanas de tratamento diminuiu proporcionalmente à duração do tratamento. O PASI 75 foi atingido por 59,3% (n=27) doentes à semana 12. Nos doentes que atingiram as 24, 36 e 48 semanas de tratamento, 84,2% (n=19), 88% (n=17), e 90% (n=10), atingiram o PASI 75, respectivamente (Quadro III, Fig. 1). Quadro III AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA Duração do tratamento (semanas) Nº de doentes em tratamento PASI 75 n (%) 12 27 16 (59%) 24 19 16 (84%) 36 17 14 (88%) 48 10 9 (90%) Dos 27 doentes, 8 (30%) atingiram o PASI 0 durante algum momento do tratamento, em média às 26 semanas. Em 6 doentes esta resposta manteve-se até à data de submissão deste artigo. O PASI inicial médio neste grupo era de 13 e em 2 destes doentes tinha ocorrido 501 Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira Artigo de Revisão DISCUSSÃO Fig. 1 - Avaliação de eficácia de tratamento com adalimumab (% de doentes que atingiram PASI 75). previamente ausência de resposta a outros agentes biológicos. No grupo de 19 doentes previamente tratado com outros fármacos biológicos, o PASI inicial era de 15,9 (8-25). O PASI 75 foi atingido por 57,9% (12/19), 91,6% (11/12), 90% (9/10) e 100% (5/5) à semana 12, 24, 36 e 48, respectivamente. Em 6 doentes o tratamento foi prolongado por 52 semanas com manutenção da resposta. Dos 7 doentes com artrite psoriática, em 4 (57%) verificou-se melhoria da sua artropatia com diminuição das artralgias e aumento da mobilidade articular. De entre os 27 doentes tratados com adalimumab, 23 (85%) permanecem actualmente em tratamento. Dos restantes 4: em 1 foi suspenso por ausência de resposta, em 1 por perda de eficácia à 32ª semana e em 2 doentes por desenvolvimento de efeitos adversos. Efeitos adversos O tratamento com adalimumab foi bem tolerado pela maioria dos nossos doentes. Não se registaram efeitos adversos graves tais como infecções ou doenças linfoproliferativas. Foi decidida a suspensão do adalimumab em 1 doente por aumento de peso significativo (11,25% ao longo de 12 semanas). Num outro caso optou-se pela interrupção do tratamento por desenvolvimento de cefaleias recorrentes, com melhoria após descontinuação do adalimumab. Relativamente à avaliação laboratorial periódica realizada, não se verificaram alterações significativas. Salienta-se em 4 doentes com hipercolestrolemia ligeira em que não ocorreram elevações dos níveis lipídicos durante o tratamento e num doente com esteatose hepática por etanolismo crónico não se detectou elevação das transaminases. 502 Neste estudo retrospectivo foram incluídos todos os doentes com psoríase em placas tratados no nosso Serviço com adalimumab por um período mínimo de 12 semanas. Trataram-se de doentes com psoríase grave, submetidos previamente, em média, a 3,6 terapêuticas sistémicas, incluindo, pelo menos um biológico em 70,4%. Nos estudos randomizados e controlados com placebo, envolvendo um grande número de doentes, REVEAL9 e CHAMPION10, 71,0% e 79,6% dos doentes, respectivamente, tratados com adalimumab atingiram o PASI 75 às 16 semanas. Os resultados de eficácia observados no nosso estudo estão próximos destes: 59% e 84% dos doentes atingiram o PASI 75 à semana 12 e 24, respectivamente. A redução no intervalo da administração para semanal, transitoriamente durante 4 semanas, por reagravamento em dois doentes, mostrou ser uma estratégia eficaz. A eficácia e segurança do tratamento com adalimumab 40 mg semanal já foi avaliada2,11,12. Apesar de omissas as guidelines actuais relativamente a este aspecto7,8, a evidência disponível na literatura mostra que esta opção aumenta a eficácia e é bem tolerada. Também com o objectivo de melhorar a resposta clínica foi associada terapêutica concomitante em 3 doentes (2 com metotrexato e 1 com acitretina). Ainda não existem estudos publicados na literatura acerca do efeito benéfico da associação de metotrexato a adalimumab na psoríase, mas nas indicações reumatológicas, esta associação é comum e recomendada, uma vez que parece diminuir a imunogenicidade e aumentar a eficácia7,13. No subgrupo de doentes previamente submetidos a tratamento com outras terapêuticas biológicas (70,4%), os resultados de eficácia foram muito semelhantes aos obtidos em doentes naives, o que indica que o adalimumab é eficaz mesmo nos doentes que não responderam a outros biológicos, incluindo outros anti-TNF. Em outros estudos publicados na literatura já se tinha verificado que a ausência ou perda de resposta a um anti-TNF não é factor preditivo de má resposta ao adalimumab2,4,14. Do total de doentes tratados, em apenas 2 o tratamento foi suspenso por ausência de eficácia. Um doente nunca atingiu o PASI 50 após 24 semanas de tratamento e no outro caso após melhoria inicial (PASI 75 à sem 12), ocorreu agravamento clínico que levou à suspensão de adalimumab à 32ª semana. Adalimumab no Tratamento de Psoríase – Revisão de 27 Casos Artigo de Revisão Na globalidade dos doentes, o adalimumab foi bem tolerado, não se tendo verificado efeitos adversos graves. Num caso, o fármaco foi suspenso devido a aumento de peso significativo. O TNF-α é uma citocina envolvida na homeostase do peso corporal ao aumentar a lipólise e favorecer o catabolismo das células musculares. Por outro lado, nos doentes submetidos a tratamentos com anti-TNF-α, verificou-se um aumento nos níveis de leptina, sugerindo-se que a neutralização do TNF-α alivie o efeito inibitório do TNF-α endógeno na produção de leptina15,16. Dez doentes atingiram as 52 semanas de tratamento, mantendo uma boa tolerância. Na nossa experiência, o adalimumab mostrou ser uma terapêutica eficaz num grupo de doentes com psoríase moderada a grave, refractária a outros tratamentos sistémicos, incluindo terapêutica biológica, e com um bom perfil de segurança. REFERÊNCIAS 1. Gudjonsson JE, Elder JT: Psoriasis. In Wolff K, Goldsmith LA, Katz SI, Gilchrest BA, Paller AS, Leffell DJ (eds), Fitzpatrick’s Dermatology in General Medicine, 7ª ed, New York, McGraw-Hill, 2008, pp 169-207. 2. 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A abordagem sindrómica, dirigida às queixas e sinais objectivos do doente, foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde para permitir o diagnóstico e tratamento mais precoce. Neste artigo irão ser desenvolvidos os síndromes de úlcera genital, bubão inguinal, corrimento uretral e vaginal e edema escrotal. Para além disso, e tendo em conta o baixo valor predictivo da impressão clínica, será também abordado o diagnóstico diferencial e a terapêutica etiológica dos agentes mais frequentemente implicados nestes quadros clínicos. PALAVRAS-CHAVE – Infecções sexualmente transmissíveis; Úlcera genital; Bubão inguinal; Corrimento uretral; Corrimento vaginal; Edema escrotal; Antibioterapia. SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES CLINIC. PART II – SYNDROMIC APPROACH ABSTRACT – Sexually transmitted infections are an important public health issue. Their identification and adequate treatment are crucial to prevent transmission and minimize complications. The syndromic approach, focused on the recognition of a consistent group of signs and symptoms, was developed by the World Health Organization to allow a rapid diagnosis and treatment of the patients. We will focus on the syndromes of genital ulcer, inguinal swelling, urethral discharge, vaginal discharge and scrotal swelling. Additionally we will cover differential diagnosis of these syndromes and the etiological treatment of the agents more frequently implicated in these clinical pictures. KEY-WORDS – Sexually transmitted infections; Genital ulcer; Inguinal swelling; Urethral discharge; Vaginal discharge; Scrotal swelling; Antibiotherapy. Correspondência: Dr.ª Ana Nogueira Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospital de S. João, EPE Alameda Prof. Hernâni Monteiro 4200-319 Porto Fax: 225096320 Tel: 965321904 Email: [email protected] *“Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte I – Abordagem Geral do Doente” foi publicada em Trabalhos da SPDV 67(3), Julho/Setembro 2009. 505 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST INTRODUÇÃO As infecções sexualmente transmissíveis (IST) constituem um importante problema de saúde pública e apresentam actualmente aspectos de infecções emergentes, devido a globalização dos agentes patogénicos, novos perfis de susceptibilidade antimicrobiana, aumento da incidência de infecções víricas e identificação de novos agentes etiológicos1. Caso não sejam diagnosticadas e tratadas atempadamente, podem originar sequelas graves, nomeadamente infertilidade, abortamento, gravidez ectópica, cancro anogenital e morte prematura, assim como infecções em recém-nascidos e lactentes2. A infecção VIH-SIDA veio reforçar a necessidade do controlo das IST, visto que estas aumentam o risco de transmissão sexual do VIH2-4. Assim, a identificação e tratamento adequado das IST constituem uma importante medida de saúde pública. Neste contexto, podem considerar-se duas alternativas possíveis: a abordagem etiológica e a sindrómica. O diagnóstico etiológico, preconizado pelas guidelines europeias e americanas, levanta alguns problemas. Ao assentar em testes laboratoriais, impõe um gasto acrescido de recursos e de tempo. De facto, nem todas as unidades de atendimento dispõem das técnicas mais sensíveis e específicas, e a própria sensibilidade e especificidade dos testes que existem no mercado tem alguma variabilidade. O aguardar pelo diagnóstico etiológico atrasa o tratamento, permitindo que o doente infecte outras pessoas. Mais ainda, nalguns doentes não é possível identificar o agente em causa2-4. A abordagem sindrómica tenta obviar alguns destes problemas. Foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para colmatar a falta de equipamento e pessoal diferenciado para o diagnóstico etiológico de IST nos países em desenvolvimento. Consiste em algoritmos direccionados aos sintomas e sinais dos doentes, é sensível e não deixa escapar a possibilidade de infecções mistas, trata o paciente na primeira consulta e torna a assistência das ISTs mais acessível, visto que pode ser implementada inclusive nos cuidados de saúde Quadro I PRINCIPAIS SÍNDROMES NO CONTEXTO DE ISTS CONFORME PRECONIZADO PELA OMS (Adaptado a partir de2) Síndrome Sintomas Sinais Causas mais frequentes Úlcera genital Ferida genital Úlcera genital Sífilis Cancróide Herpes genital Adenopatia inguinal Adenopatias inguinais dolorosas Adenopatias inguinais dolorosas Flutuação Abcesso ou fístula Linfogranuloma venéreo Cancróide Corrimento uretral Corrimento uretral Disúria Polaquiúria Corrimento uretral (se necessário pedir ao doente para massajar a uretra) Gonorreia Infecção por Chlamydia trachomatis Corrimento vaginal Corrimento vaginal anormal Prurido vulvar Disúria Dispareunia Corrimento vaginal anormal Vaginite: Vaginose bacteriana Tricomoníase Candidose Cervicite: Gonorreia Infecção por Chlamydia trachomatis Edema escrotal Dor e edema escrotal Edema escrotal Gonorreia Infecção por Chlamydia trachomatis Dor abdominal baixa Dor abdominal baixa Dispareunia Corrimento vaginal Dor abdominal baixa à palpação Temperatura > 38ºC Gonorreia Infecção por Chlamydia trachomatis Infecção por bactérias anaeróbias Conjuntivite neonatal Edema palpebral Secreção palpebral Impossibilidade de abrir os olhos Edema palpebral Secreção purulenta Gonorreia Infecção por Chlamydia trachomatis 506 Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST primários, para além de fornecer oportunidade para a educação e aconselhamento. No entanto, ao ser pouco específica, pode levar a tratamentos excessivos2-4. A OMS estabeleceu fluxogramas de actuação para 7 grandes síndromes: úlcera genital, bubão inguinal, corrimento uretral, corrimento vaginal, edema escrotal, dor abdominal baixa e conjuntivite neonatal2 (Quadro I). Neste artigo irão ser abordados os cinco primeiros, visto que são os que mais frequentemente levam os doentes a uma consulta de IST. Adicionalmente será discutida de forma sumária a abordagem etiológica destes síndromes. 1. ÚLCERA GENITAL Considera-se úlcera genital uma perda de superfície cutânea da área anogenital que atinge pelo menos a derme e que está geralmente associada a sinais inflamatórios4. Não é objectivo deste artigo a descrição exaustiva de todas as etiologias e formas de apresentação de úlcera genital. No Quadro II estão enumeradas as causas mais frequentes. As três principais causas sexualmente transmissíveis de úlcera genital na Europa são, por ordem decrescente de frequência, o herpes genital, a sífilis e mais raramente a úlcera mole venérea4. O granuloma inguinal e o linfogranuloma venéreo são bastante menos frequentes e correspondem sobretudo a casos de importação, embora o último esteja a ressurgir na Europa e Estados Unidos, causando proctite nos homens que têm sexo com homens (MSM), a maioria co-infectados com o VIH4,5. O herpes genital é causado sobretudo pelo vírus herpes tipo 2 (HSV2), embora se tenha vindo a registar um aumento de infecções pelo vírus herpes tipo 1 (HSV1). Tipicamente a primo-infecção cursa com múltiplas lesões agrupadas bilaterais ou envolvendo a linha média, dolorosas, que evoluem seriadamente de pápu- Quadro II CAUSAS MAIS FREQUENTES DE ÚLCERA GENITAL (Adaptado a partir de23) Etiologia Causa Notas Infecção Sífilis (primária, secundária, raramente terciária) Cancróide (úlcera mole venérea ou Doença de Ducrey) Herpes genital Granuloma inguinal Linfogranuloma venéreo Herpes zoster Piodermite Tuberculose Úlcera dura indolor e normalmente solitária Úlcera mole dolorosa frequentemente múltipla Úlcera mole dolorosa frequentemente múltipla e recorrente. Ocorrem sobretudo em climas tropicais Traumatismo Mecânico Químico Pode ser auto-infligido Foscarnet, nicorandil Neoplasia Carcinoma espinocelular Neoplasia intra-epitelial Doença de Paget extra-mamária Linfoma cutâneo/ Leucemia Toxidermia Eritema pigmentado fixo Reacções generalizadas (ex: S. Stevens-Johnson) Outras Doença de Behçet Doença de Crohn Líquen escleroso Líquen plano erosivo Eritema multiforme Dermatoses bolhosas autoimunes Secundária Parasitose (escabiose, pediculose) Eczema irritativo História frequentemente diagnóstica Normalmente observa-se infestação noutros locais Normalmente com lesões noutros locais 507 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST la a vesícula, a pústula, a úlcera e crosta, em uma a duas semanas. Habitualmente as úlceras têm um fundo mole e podem acompanhar-se de uretrite ou cervicite dolorosas, disúria e sintomas gerais como febre, malestar e cefaleias. É frequente a presença de adenopatias bilaterais firmes e dolorosas, sem flutuação ou eritema. O vírus fica latente nos gânglios das raízes nervosas dorsais, originando recorrências que poderão ter ou não expressão clínica. Estas normalmente surgem no pénis, vulva, ânus e regiões glúteas e cursam com uma sintomatologia mais frustre, com lesões unilaterais e em menor número4,6. Na sífilis primária tipicamente observa-se uma pápula que evolui para úlcera única, arredondada ou ovalada, com uma base indurada (cancro duro) e escasso ou nenhum exsudado. Normalmente existem adenopatias regionais bilaterais de consistência dura, sem flutuação ou eritema e pouco ou nada dolorosas. O acidente primário localiza-se normalmente nos genitais externos, podendo contudo observar-se na vagina, na região perianal ou no canal anal, e ocasionalmente na mucosa oral. O período de incubação varia normalmente entre duas e seis semanas, podendo ir até três meses4,6. A úlcera mole venérea ou cancróide, causada pelo Haemophilus ducreyi, ocorre sobretudo em países tropicais e subtropicais. Apresenta-se com úlceras genitais múltiplas com um fundo mole, exsudado purulento, bordos escavados friáveis e eritema circundante. Em metade dos casos observa-se também linfadenopatia regional dolorosa, com eritema e flutuação, podendo sofrer ruptura espontânea e drenagem de conteúdo purulento. O tempo de incubação varia entre 2 e 10 dias4,6,7. História clínica: o que perguntar? O doente deve ser interrogado relativamente ao tempo de duração da úlcera, se é dolorosa, sintomas sistémicos associados e episódios prévios semelhantes. Deve averiguar-se também a presença de doenças sistémicas, défices imunitários, terapêutica actual e passada, bem como história familiar relevante. A história sexual do doente, o eventual abuso de substâncias e viagens prévias podem pôr-nos na pista de causas infecciosas6,8. Exame objectivo: o que investigar? No exame objectivo, para além dos passos já descritos previamente na parte I deste artigo9, devem averiguar-se as características seguintes: localização, número (únicas ou múltiplas), características dos bordos e do 508 fundo, presença de exsudado, induração e qualidade do tecido. Deve também investigar-se se existem escoriações, edema localizado ou linfadenopatias cervicais, supraclaviculares, axilares e inguinais6. Laboratório: o que pedir? Atendendo a que clínica tem um baixo poder predictivo, caso se disponha de apoio laboratorial, deverão ser sempre pesquisados o Treponema pallidum, os vírus herpes tipo 1 e 2 e o Haemophilus ducreyi. Está disponível no nosso país a reacção da polimerase em cadeia (PCR) para Treponema pallidum e vírus herpes tipo 1 e 2. A microscopia de fundo escuro, embora pouco sensível, tem utilidade ao permitir um diagnóstico imediato de sífilis, com excepção das lesões da mucosa oral, atendendo à sua baixa especificidade neste local devido à presença natural de espiroquetas4. No caso do Haemophilus ducreyi, a cultura é difícil e tem uma sensibilidade de 75%7. Contudo, alguns laboratórios dispõem de PCR caseiros para este fim. Na avaliação dos doentes com úlcera genital, devem ainda ser pedidas as reacções serológicas da sífilis (VDRL e TPHA). Todos os doentes deverão ser também testados para o VIH, pois a ulceração compromete a integridade das mucosas e atrai células susceptíveis do sistema imunitário para o trato genital, aumentando probabilidade de transmissão desta infecção. É importante também considerar a hipótese de infecção mista, Quadro III OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA O HERPES GENITAL, SÍFILIS E CANCRÓIDE (Adaptado a partir de3) Herpes genital (primo-infecção) Aciclovir 400 mg PO 3 id 7-10 dias ou Aciclovir 200 mg 5 id 7-10 dias ou Valaciclovir 1 g 2 id 7-10 dias Sífilis primária Benzilpenicilina benzatínica 2,4 milhões, IM, toma única Alternativas Doxiciclina 100 mg 2 id 14 dias ou Tetraciclina 500 mg 4 id 14 dias Cancróide Azitromicina 1 g PO toma única ou Ciprofloxacina 500 mg 2 id 3 dias ou Eritromicina 500 mg PO 3 dias ou Ceftriaxone 250 mg IM toma única Herpes genital (recorrente) Aciclovir 400 mg PO 3 id 5 dias ou Aciclovir 800 mg 2 id 5 dias ou Aciclovir 800 mg 3 id 2 dias ou Valaciclovir 500 mg 2 id 3 dias ou Valaciclovir 1 g/dia 5 dias Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST pelo que a identificação de um agente não significa que seja o único implicado na etiologia da úlcera3,4. Saliente-se ainda que mesmo após uma avaliação diagnóstica completa, pelo menos 25% dos doentes com úlcera genital não têm um diagnóstico laboratorial de confirmação3. Terapêutica: como actuar? Pode ser instituída terapêutica imediatamente quando a suspeita clínica de determinado agente é elevada, apoiada pela epidemiologia local, visto que o tratamento precoce ajuda a quebrar a cadeia de transmissão e, no caso particular do herpes genital, é mais eficaz se iniciado atempadamente4. No Quadro III apresentamse os esquemas terapêuticos preconizados para a sífilis, herpes genital e cancróide. Em alternativa, a OMS preconiza que na impossibilidade de confirmação laboratorial se devem tratar simultaneamente as três causas mais frequentes de úlcera genital (Fig. 1)2. Sugere-se contudo que se atenda à prevalência local de cada um destes agentes na decisão terapêutica. No caso particular do nosso país, sabe-se que a úlcera mole venérea é uma causa relativamente rara de ulceração genital7. Fig. 1 - Fluxograma de actuação para úlcera genital de acordo com a OMS, conforme original2. 509 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST Para terminar, salienta-se que nem sempre as úlceras genitais são de etiologia infecciosa, e a biópsia pode ser decisiva no esclarecimento de lesões mais bizarras ou que não respondem à terapêutica inicial3. Os exames de imunofluorescência directa ou indirecta são indispensáveis na investigação de dermatoses bolhosas6. 2. BUBÃO INGUINAL Os bubões inguinais consistem em adenopatias dolorosas que poderão ser flutuantes. Estão mais frequentemente associados a LGV e cancróide (neste último, muitas vezes com úlcera genital associada). Saliente-se que se devem considerar no diagnóstico diferencial processos inflamatórios ou infecciosos não sexualmente transmissíveis tais como infecção do membro inferior ou linfadenopatia tuberculosa. Na abordagem sindrómica, está recomendado o tratamento simultâneo do LGV e cancróide. (Quadro IV). Para além disso, devem aspirar-se as adenopatias flutuantes através de uma zona de pele não afectada. Não estão recomendadas incisão e drenagem ou excisão das adenopatias, sob pena de poder atrasar a cura. Quando existir dúvida no diagnóstico ou falha terapêutica, deverá ser efectuada biópsia cutânea. Quadro IV TRATAMENTO SINDRÓMICO RECOMENDADO PARA O BUBÃO INGUINAL Caso ao fim dos 14 dias a sintomatologia não tenha resolvido, poderá ser necessário prolongar a terapêutica (Adaptado a partir de2) Ciprofloxacina 500 mg PO 2 id, 3 dias e Doxiciciclina 100 mg 2 id, 14 dias Alternativa Eritromicina 500 mg PO 4 id, 14 dias Fig. 2 - Fluxograma de actuação para o bubão inguinal de acordo com a OMS, conforme original2. 510 Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST Quadro V 3. CORRIMENTO URETRAL Neste artigo, tal como no fluxograma da OMS, a abordagem do corrimento uretral está orientada sobretudo para o sexo masculino. O estímulo sexual, a micção e a defecação podem provocar um corrimento uretral mucoso de natureza fisiológica. Já o corrimento uretral patológico está geralmente associado a uretrite. Nestes casos, para além do corrimento, os doentes referem com frequência disúria terminal agravada na primeira micção da manhã e prurido ou sensação de desconforto uretral entre as micções. A polaquiúria ou urgência são mais sugestivas de cistite ou prostatite. Os sintomas sistémicos não são comuns, apontando para uma provável septicemia. O diagnóstico de uretrite pode ser feito se existir um dos achados: (a) corrimento uretral purulento ou mucopurulento, (b) pelo menos 5 leucócitos por campo de grande ampliação na microscopia, (c) primeira urina da manhã com teste da leucócito-esterase positivo ou pelo menos 10 leucócitos por campo de grande ampliação na microscopia10,11. Consoante a etiologia, as uretrites são geralmente divididas em gonocócicas e não gonocócicas. A uretrite gonocócica é causada pela Neisseria gonorrhoeae, normalmente tem um tempo de incubação de 2 a 5 dias e origina um exsudado uretral profuso, espesso e purulento. A uretrite não gonocócica é classicamente causada pela Chlamydia trachomatis, mas pode deverse a outros agentes (Quadro IV). A uretrite por Chlamydia normalmente tem um tempo de incubação de 7 a 14 dias e origina um exsudado menos abundante e mais fluido3,10,11. No entanto, existe uma ampla variabilidade nas manifestações clínicas, podendo inclusivamente os indivíduos afectados estarem completamente assintomáticos, sobretudo no caso de uma uretrite não gonocócica10,11. Estão apresentadas no Quadro V as causas principais de uretrite. História clínica: o que perguntar? Deve questionar-se o doente acerca do tempo de evolução e as características do corrimento. Deve esclarecer-se o número e tipo de contactos sexuais nas últimas quatro semanas, bem como se o parceiro apresenta sintomas ou efectuou alguma terapêutica recentemente. É importante saber que locais anatómicos foram expostos ao risco (ex recto, orofaringe, uretra…) de forma a recolher amostras microbiológicas completas. Deve indagar-se se houve contactos sexuais nou- CAUSAS DE URETRITE (Adaptado a partir de8,11,12) Uretrite gonocócica Neisseria gonorrhoeae Uretrite não gonocócica Chlamydia trachomatis (11-43%) Mycoplasma genitalium (9 -25%) Trichomonas vaginalis (1-20%) Mycoplasma hominis (5-10%) Ureaplasma urealyticum (5-10%) Causas mais raras Anaeróbios Micobactérias Adenovírus Citomegalovírus Streptococcus spp Candida albicans Uretrite secundária a lesões intrauretrais Úlcera de sífilis primária Herpes Condiloma acuminado Uretrite secundária a outras patologias genitourinárias Pielonefrite Traumatismo físico ou químico Algaliação (mais provável com o uso de algálias de látex que de silicone), uso de objectos sexuais, dermatite artefacta, aplicação intrauretral de fármacos Corpo estranho Alergias Causas desconhecidas 25% tros países devido à emergência de microorganismos resistentes8. Exame objectivo: o que investigar? O primeiro ponto a esclarecer é a localização do corrimento. Os doentes não circuncidados podem apresentar uma infecção subprepucial (normalmente uma balanopostite por herpes ou Candida spp), ou inflamação por traumatismo, neoplasia ou acumulação de esmegma, originando um exsudado amarelado e abundante8. Para além da inspecção das áreas genital e perianal, deve examinar-se o meato uretral para objectivar o corrimento (mais evidente se o doente não tiver urinado nas duas horas que antecedem a consulta), eventualmente massajando a uretra no sentido distal. Deve investigar-se se existem lesões ou estenose uretral, avaliar-se a próstata por toque rectal, esclarecendo se está dolorosa ou edemaciada e observar-se também a pele, mucosa oral e articulações8. 511 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST Fig. 3 - Fluxograma de actuação no corrimento uretral de acordo com a OMS, conforme original2. Laboratório: o que pedir? Caso exista apoio laboratorial, todos os doentes deverão ser testados para Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Com o avanço das técnicas de biologia molecular, a coloração Gram e a cultura do exsudado uretral têm vindo a cair em desuso. No entanto, a cultura para Neisseria gonorrhoeae tem como vantagem a possibilidade de se efectuar antibiograma. O sedimento urinário apenas tem utilidade para diagnóstico diferencial com cistite ou pielonefrite, sobretudo quando há disúria sem corrimento uretral. A primeira urina da manhã tem vindo a ser crescentemente utilizada para efectuar a pesquisa por PCR de N. gonorrhoeae e C. trachomatis com grande sensibilidade e especificidade, tendo como única desvantagem a impossibilidade de se efectuar antibiograma; recomenda-se também efectuar colheita com zaragatoa (introduzida até 0,5 cm da uretra) do exsudado uretral12 para o mesmo fim. Os testes de PCR estão também disponíveis para espécies de Mycoplasma, Ureaplasma e T. vaginalis, mas não são recomendados rotineiramente dado o seu preço elevado e não alterarem a escolha terapêutica. Con512 forme a suspeita clínica, poderão efectuar-se outros exames de diagnóstico, nomeadamente para pesquisa de Candida spp ou herpes3,10-13. Todos os doentes com uretrite devem ser testados para o VIH e efectuar as reacções serológicas da sífilis3,10-13. Os exames imagiológicos podem ter indicação caso se suspeite de etiologia traumática8. Terapêutica: como actuar? Aqui são mais uma vez preferidos os esquemas de dose única por via oral para aumento da adesão, possibilidade de observação do tratamento e menor custo. Para a uretrite não gonocócica a primeira escolha será a azitromicina 1g PO em toma única, pois para além da cobertura para C. trachomatis tem mais actividade contra M. genitalium. Para a infecção gonocócica não complicada recomenda-se o tratamento com cefixima 400mg PO em toma única. Atendendo à possibilidade de co-infecção destes dois agentes, devem associarse estes fármacos sempre que surja uma uretrite sem disponibilidade dos resultados microbiológicos, ou na Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST presença de uma uretrite gonocócica com pesquisa negativa de Chlamydia não efectuada por PCR3,12,13. Os doentes devem abster-se de contacto sexual durante os sete dias seguintes à instituição de tratamento, retomando-o após este período caso os sintomas tenham resolvido e o parceiro sexual tenha sido tratado e não apresente queixas3. No Quadro VI estão apontadas as opções terapêuticas recomendadas. Quadro VI ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA URETRITE Quando não estão disponíveis testes laboratoriais, recomenda-se terapêutica simultaneamente dirigida a uretrite gonocócica e não gonocócica (Adaptado a partir de3,12,13) Uretrite gonocócica Uretrite não gonocócica Ceftriaxone 250 mg IM, toma única ou Cefixima 400 mg PO, toma única ou Espectinomicina 2 g IM, toma única Azitromicina 1 g PO toma única ou Doxiciclina 100 mg PO 2x/dia, 7 dias Alternativas Cefotaxima 500 ou 1 g IM, toma única ou Cefodizima 500 mg IM, toma única ou Ciprofloxacina 500 mg PO toma única* ou Ofloxacina 400 mg, toma única* Alternativas Eritromicina 500 mg PO 2x/dia, 7 dias ou Ofloxacina 200 mg PO 2x/dia ou 400 mg 1x/dia, 7 dias 4. CORRIMENTO VAGINAL A noção de normalidade no corrimento vaginal é difícil de definir, existindo uma ampla variação interindividual. Algumas situações fisiológicas aumentam o corrimento vaginal, nomeadamente antes da menstruação, a ovulação, a toma dum anticoncepcional oral, o uso dum dispositivo intra-uterino (DIU) ou a gravidez8. As três patologias mais frequentemente associadas a corrimento vaginal são a vaginose bacteriana (substituição da flora vaginal normal por microorganismos anaeróbios, Mycoplasma hominis e Gardenerella vaginalis), tricomoníase (T. vaginalis) e candidose (normalmente C. albicans)3. A cervicite por Neisseria gonorrhoeae ou Chlamydia trachomatis, apesar de frequentemente assintomática, pode originar leucorreia. No Quadro VII estão discriminadas as causas mais frequentes de corrimento vaginal. Quadro VII CAUSAS DE CORRIMENTO VAGINAL PATOLÓGICO (Adaptado a partir de8,14) *O tratamento com quinolonas apenas está recomendado se se dispuser de exame cultural com antibiograma demonstrando sensibilidade às quinolonas. Como actuar no caso de corrimento uretral persistente? A persistência de dor, desconforto e disúria após três meses levantam a hipótese de prostatite crónica ou síndrome de dor pélvica crónica. A manutenção de sintomas não é contudo indicação para repetir a terapêutica a menos que exista confirmação laboratorial de uretrite. Perante um quadro recalcitrante, poder-se-á tratar de novo o paciente caso não tenha cumprido o esquema terapêutico inicial ou tenha sido re-exposto ao parceiro sexual não tratado. Caso contrário, devem ser pesquisados outros agentes, nomeadamente T. vaginalis e U. urealyticum e adicionar-se ao esquema terapêutico o metronidazol 2g PO em toma única2,3. Na Fig. 4 está representado o fluxograma de actuação para o corrimento uretral persistente. Infecciosas Candida albicans Vaginose bacteriana Síndrome do choque tóxico Streptococcus β hemolítico Trichomonas vaginalis Chlamydia trachomatis Neisseria gonorrohoeae Herpes do colo uterino Condilomas acuminados do colo uterino Úlcera sifilítica do colo uterino Não infecciosas Ectrópion colo uterino Pólipo colo uterino Neoplasia Corpo estranho Traumatismo Alergia História clínica: o que perguntar? A probabilidade de o corrimento ser de etiologia infecciosa é maior se os sintomas se desenvolveram após um relacionamento com um novo parceiro sexual ou contactos sexuais múltiplos recentes, bem como se o parceiro sexual apresenta corrimento uretral, ou se a sintomatologia é recorrente. Devem averiguarse sintomas que possam sugerir complicações de IST, 513 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST Fig. 4 - Fluxograma de actuação no corrimento uretral persistente de acordo com a OMS, conforme original2. nomeadamente dor abdominal, exantema, artralgias, dispareunia ou alterações menstruais. Salienta-se que a avaliação subjectiva da cor ou da natureza do corrimento não dão uma grande ajuda para a etiologia do quadro clínico3,8,14. 514 Exame objectivo: o que investigar? Deve efectuar-se um exame ginecológico completo com visualização do colo uterino, fórnix posterior e vagina, com recolha de material para exame microbiológico. Os achados clínicos mais consistentemente associados à Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST cervicite são a presença de muco ou pus cervical, erosões cervicais, fragilidade cervical e sangramento entre as menstruações ou durante o acto sexual2,8. Laboratório: o que pedir? Recomenda-se, se possível, a pesquisa de candidose, vaginose bacteriana, tricomoníase, gonorreia e Chlamydia trachomatis. A investigação de outros agentes deve ser guiada pela impressão clínica. No Quadro VIII estão assinalados os locais mais indicados para a pesquisa de cada um destes agentes e os métodos mais utilizados. Na vaginose bacteriana o diagnóstico é normalmente clínico, com base nas características assinaladas. Todas as doentes deverão efectuar as reacções serológicas da sífilis e do VIH e colher um sedimento urinário. A citologia cervico-vaginal, caso não tenha sido realizada nos últimos 3 anos, deve ser colhida após tratamento efectivo8. Terapêutica: como actuar? Nas mulheres com corrimento vaginal, na impossibilidade de confirmação laboratorial, recomenda-se o tratamento empírico simultâneo de vaginose bacteriana e tricomoníase e caso a suspeita clínica seja elevada, de candidose (Fig. 5)2. No Quadro IX estão assinaladas as opções terapêuticas adequadas. Quando existe cervicite, deve fazer-se uma cobertura antibiótica dirigida simultaneamente a N. gonorrhoeae e C. trachomatis, com o mesmo esquema terapêutico da uretrite (ver Quadro VI). Fluxograma de actuação no corrimento vaginal Na Fig. 5 está representado o fluxograma de actuação no corrimento vaginal. Saliente-se contudo que não é completamente satisfatório na medida em que por um lado, não contempla muitas cervicites por C. trachomatis pois são frequentemente assintomáticas e, por outro, tem um baixo valor predictivo positivo quando aplicado em populações com uma baixa prevalência de IST. Considera-se a avaliação de risco positiva para cervicite se duas ou mais das seguintes condições estiverem presentes: idade inferior a 21 anos, ser solteira, mais de um parceiro ou novo parceiro sexual nos três meses anteriores, ou parceiro com sintomas2,16. 5. EDEMA ESCROTAL O diagnóstico diferencial do edema escrotal deve ser equacionado tendo em conta a idade, antecedentes do doente e sintomas acompanhantes. A epididimite manifesta-se agudamente com febre, dor e edema testicular Quadro VIII LOCAIS MAIS ADEQUADOS PARA COLHEITA DE AMOSTRAS MICROBIOLÓGICAS E TESTES NORMALMENTE EFECTUADOS NA AVALIAÇÃO DO CORRIMENTO VAGINAL (Adaptado a partir de8) Microorganismo Locais mais indicados Testes mais utilizados Candida albicans Parede vaginal Microscopia de esfregaço com coloração KOH Cultura em meio Sabouraud Trichomonas vaginalis Fórnix posterior Microscopia de fundo escuro Cultura meio Feinberg-Whittington Neisseria gonorrhoeae Colo uterino Uretra Ânus Pesquisa na primeira urina da manhã Cultura PCR Chlamydia trachomatis Colo uterino Pesquisa na primeira urina da manhã PCR Vagina Diagnostico efectuado por 3 dos critérios: Corrimento fino esbranquiçado à volta das paredes da vagina pH exsudado vaginal ≥ 4,5 (também sugestivo de tricomoníase) Teste de aminas positivo (odor a peixe quando se adiciona hidróxido de potássio 10% ao exsudado vaginal) Presença de “clue cells” na microscopia óptica (células epiteliais com bordos obscurecidos por pequenas bactérias) Vaginose bacteriana 515 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST Fig. 5 - Fluxograma de actuação no corrimento vaginal, de acordo com a OMS, conforme original2. unilateral, com desconforto no epidídimo e canal deferente e por vezes com eritema e edema da pele que os recobre. Ocasionalmente o testículo adjacente também está inflamado, originando uma orqui-epididimite. Nos 516 homens com menos de 35 anos este quadro deve-se mais frequentemente a infecção ascendente da uretra por microorganismos sexualmente transmissíveis, nomeadamente a N. gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica GEIDST Quadro IX ESQUEMAS TERAPÊUTICOS RECOMENDADOS PARA A VAGINOSE BACTERIANA, TRICOMONÍASE E CANDIDOSE GENITAL 2,3,15 Vaginose bacteriana Tricomoníase Metronidazol 500 mg PO 2 id 7 dias Clindamicina creme intravaginal 2%, um aplicador 5 g diariamente, uma semana Metronidazol gel intravaginal 0,75%, um aplicador 5 g diariamente, 5 dias Metronidazol 2 g PO dose única Tinidazol 2 g PO dose única Candidose Clotrimazol 1% creme vaginal, 5 g diariamente, 7-14 dias Clotrimazol comprimidos (cp) vaginais 100 mg diariamente, 7 dias Clotrimazol cp vaginais 200 mg diariamente, 3 dias Clotrimazol 500 mg cp vaginal dose única Miconazol creme 2% intravaginal, 7 dias Alternativas Clindamicina 300 mg PO 2x/dia 7 dias Clindamicina óvulos 100 mg intravaginal, 3 dias Metronidazol 500 mg PO 2 id 7 dias Tinidazol 500 mg 2 id 7 dias Opções de tratamento na gravidez Tratamento recomendado se sintomas Metronidazol 500 mg PO 2 id 7 dias Metronidazol 250 mg PO 3 id 7 dias Clindamicina 300 mg PO 2x/dia 7 dias Discutir risco/benefício do tratamento com a paciente Metronidazol 2 g PO dose única Nos doentes com idade superior a 35 anos e sem risco sexual as Enterobacteriaceae, na qualidade de principais agentes de ITU (sobretudo Escherichia coli), são as causas mais habituais2. Nos homens que praticam coito Fluconazol 150 mg PO, dose única Tratamento opcional Aplicação tópica de creme imidazólico durante 7 dias anal insertivo, as bactérias entéricas sexualmente transmissíveis são responsáveis por muitas orqui-epididimites. As bactérias entéricas Gram-negativas são provavelmente agentes etiológicos se ocorreu instrumentação ou Fig. 6 - Fluxograma de actuação no edema escrotal de acordo com a OMS, conforme original2. 517 Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST cateterização uretral17. A epididimite tuberculosa deve ser considerada no diagnóstico diferencial. Causas não infecciosas incluem doenças sistémicas como a doença de Behçet, manipulação uretral, fármacos, nomeadamente amiodarona, lesão do epidídimo pós vasectomia e refluxo de urina estéril para o epidídimo2,18. Nas crianças pré-puberes a orqui-epididimite é rara e deve-se mais frequentemente ao vírus da parotidite, surgindo uma semana após o aumento da parótida. Outras causas incluem a infecção por Enterobacteriaceae e Pseudomonas2,19. Devem contudo ser considerados outros diagnósticos diferenciais para o edema escrotal, nomeadamente etiologia traumática, neoplásica e a torção testicular. Esta última constitui uma emergência urológica, é mais provável quando a dor e edema testiculares se iniciam abruptamente, não acompanhadas de uretrite ou infecção do trato urinário e atinge sobretudo adolescentes2,18. Saliente-se que, caso não tratada eficazmente, a epididimite relacionada com IST pode acarretar infertilidade2. História clínica: o que perguntar? Deve ser pesquisada a história sexual, nomeadamente a existência de múltiplos parceiros recentes ou um novo parceiro sexual, assim como as práticas sexuais. Devem ser investigados sintomas de uretrite20. Exame físico: o que investigar? Para além do eritema e dor local unilaterais, deve averiguar-se a existência de corrimento uretral, de hidrocelo, eritema ou edema do escroto e avaliar a febre20. Laboratório: o que pedir? Recomenda-se efectuar antes do início da terapêutica uma colheita do jacto médio de urina para sedimento urinário e exame bacteriológico, assim como colher uma zaragatoa uretral para pesquisa por PCR de Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis e cultura de Neisseria gonorrhoeae17-20. A ecografia vesical e escrotal deve ser solicitada para pesquisar obstrução vesical, abcesso do epidídimo e pode ajudar no diagnóstico diferencial com torção testicular, sobretudo se também for efectuado estudo com doppler18. Terapêutica: como actuar? Deve instituir-se terapêutica antes da disponibilidade dos resultados laboratoriais. Nos casos suspeitos de IST é recomendado o tratamento simultâneo dirigido 518 a N. gonorrhoeae e C. trachomatis20 (Quadro VI). Está ainda aconselhado o repouso no leito e a protecção do escroto até à resolução da inflamação local e febre2. NOTA FINAL A abordagem sindrómica, não obstante a facilidade de aplicação e baixa exigência de meios de diagnóstico, assenta em achados clínicos que por vezes podem ser enganadores. Tem ainda o inconveniente de não ser dirigida às ISTs assintomáticas. De facto, alguns estudos têm demonstrado uma baixa correlação entre o diagnóstico sindrómico e etiológico21,22. São assim cada vez mais necessários meios laboratoriais eficazes e economicamente acessíveis. Idealmente, quando nos confrontamos com uma suspeita clínica de IST deveremos instituir terapêutica precocemente, apoiando-nos nos fluxogramas de actuação da OMS e na epidemiologia local, mas o estudo laboratorial subsequente, se disponível, é crucial para chegar ao diagnóstico definitivo, adequar a terapêutica e rastrear outras IST. Para além disso, devem ser implementadas outras medidas como parte de uma estratégia global de prevenção de IST, nomeadamente o aconselhamento e promoção de comportamentos sexuais seguros, disponibilizar preservativos de qualidade a preços baixos, facilitar o acesso dos doentes com IST e os seus parceiros aos serviços de saúde, incluir a terapêutica das IST nos serviços de saúde básicos e fornecer serviços especializados a grupos de alto risco. O rastreio de doentes clinicamente assintomáticos, se exequível, deve ser promovido, assim como o rastreio voluntário da infecção VIH2. BIBLIOGRAFIA 1. Handsfield HH: Atlas das doenças sexualmente transmissíveis. 2ª ed, Euromédice, Edições Médicas, Algés, 2002. 2. Organização Mundial de Saúde. Orientações para o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, 2003 (disponível online em http://whqlibdoc. who.int/publications/2003/9241546263.pdf). 3. CDC: Sexually transmitted diseases treatment guidelines, 2006. MMWR 2006; 55 (Nº RR-11). 4. 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O carácter assintomático da infecção masculina por HPV poderia ser responsável pela sua transmissão sustentada originando a perpetuação da infecção numa dada população. Existem poucos estudos de evolução natural e de transmissão do HPV no homem. A peniscopia após aplicação de ácido acético pretendia melhorar o diagnóstico clínico nos homens. Reconhece-se agora que este método origina muitos resultados falso-positivos secundários a alterações não específicas. A utilidade clínica da pesquisa da infecção genital por HPV no homem continua controversa. PALAVRAS-CHAVE – Papilomavírus humano; Sexo masculino; Parceiros sexuais; Teste do ácido acético. ACETIC ACID TEST. DIAGNOSTIC VALUE ON MALE PAPILLOMAVIRUS INFECTION SCREENING ABSTRACT – Genital human papillomavirus (HPV) infection is one of the most common sexually transmitted disease and it has been identified as a significant risk factor for the development of dysplasia and cancer of the uterine cervix. The possible influence of male HPV lesions on female cervix oncogenesis has not been elucidated so far. The asymptomatic nature of HPV infection in men is believed to be responsible for the sustained transmission to female partners and thus the perpetuation of the infection in a given population. There have been few studies on natural-history and transmission of HPV in men. Initially, peniscopy of acetic-acid treated skin appeared to improve the clinical diagnostic accuracy in men. However, this method is now recognized to produce too many false-positive results secondary to nonspecific penile acetowhitening. Many questions exist regarding the clinical utility of testing men for HPV infection. KEY-WORDS – Human papillomavirus; Men; Sex partners; Acetic acid test. Correspondência: Dr.ª Ana Moreira Serviço de Dermatologia e Venereologia Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho Rua Conceição Fernandes 4430-000, Vila Nova de Gaia Tel: 227865100, 918170516 Fax: 227832755 E-mail: [email protected] 521 Ana Moreira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST 1. TRANSMISSÃO SEXUAL A causa mais comum de mortalidade associada ao HPV é o carcinoma cervical, tendo os clínicos e investigadores dado maior atenção a esta doença e aos seus precursores1-3. Contudo, a infecção por HPV no homem reveste-se de grande importância uma vez que, o principal modo de contágio é a transmissão sexual. A compreensão da infecção HPV genital masculina é crucial na redução do risco de transmissão para as mulheres. Além disso, os homens também sofrem as consequências da infecção por HPV genital sob a forma de condilomas anogenitais, neoplasias intraepiteliais e carcinomas1,3. Contudo, os parceiros sexuais de mulheres com condilomas ou citologia anormal não têm noção das lesões penianas uma vez que a grande maioria permanece subclínica ou latente por um período de tempo considerável4. Poucos estudos têm avaliado a infecção em casais heterossexuais. Bleeker et al.5, em 2005, encontraram, entre casais, uma taxa de concordância de HPV de 37%. O facto da carga vírica ter sido muito inferior no sexo masculino comparativamente com o feminino, reveste-se de particular interesse. No mesmo ano, Nicolau e col.6 demonstraram, quer com androscopia quer com detecção de ADN, que 76% dos parceiros sexuais masculinos de mulheres com HPV, eram HPV positivos. Não avaliaram a concordância específica do tipo de HPV6. A elevada prevalência da infecção genital por HPV em jovens adultos sexualmente activos reveste-se de grande preocupação uma vez que, não existe tratamento antivírico nem métodos de prevenção da transmissão eficazes, para além da abstinência sexual2. 2. TESTE DO ÁCIDO ACÉTICO O teste do ácido acético consiste na aplicação de soluto de ácido acético a 5%, durante 3 a 5 minutos, nas áreas que se pretende observar com o colposcópio, permitindo a visualização de lesões subclínicas3. A base biológica do “acetobranqueamento” é desconhecida. Pensa-se resultar da coagulação de citoqueratinas epiteliais7. Nas lesões genitais externas, áreas com actividade nuclear de superfície (paraqueratose) e/ou densidade celular aumentada vão reagir (Fig. 1). A androscopia é reconhecida como uma valiosa ajuda no diagnóstico de infecção peniana por HPV. Contudo, a sua utilização por rotina no exame de homens em risco não tem sido recomendada por certas 522 Fig. 1 - Áreas “acetobrancas” após aplicação de ácido acético (infecção subclínica). entidades profissionais. Isto reflecte a ausência de treino estandardizado dos profissionais de saúde, a especificidade limitada do “acetobranqueamento” e o desconhecimento do valor preditivo positivo e negativo em populações com diferentes níveis de risco. A sensibilidade e especificidade da androscopia na detecção de infecção subclínica é baixa8,9. Num estudo, o ADN do HPV foi detectado em apenas 44% das lesões penianas “acetobrancas”7. Paradoxalmente, as áreas cutâneas que se tornam “acetobrancas” mais rapidamente são as que mais frequentemente apresentam alterações não específicas tais como inflamação e abrasão, existindo alguma preocupação com o tratamento desnecessário de lesões não relacionadas com o HPV7,10. Uma das principais utilizações do teste do ácido acético é identificar as áreas infectadas por HPV antes da realização de um tratamento destrutivo. Desta forma, consegue-se pôr em evidência lesões subclínicas que não seriam tratadas, dado não serem visíveis. Assim, o tratamento consegue ser mais selectivo, eficaz e com menos danos para o doente. A identificação precisa das lesões pode originar melhor diagnóstico e consequentemente melhor tratamento, contudo a resolução da doença peniana ainda não provou reduzir a mortalidade entre homens e mulheres. O tratamento da neoplasia intraepitelial de alto grau pode de facto reduzir a incidência de carcinoma do pénis contudo ainda não foi claramente demonstrado11. Apesar da utilização de preservativo por parte dos parceiros sexuais das mulheres com CIN ter demonstrado regressão mais rápida deste tipo de lesão, não existem dados que mostrem que o tratamento da doença asso- Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino GEIDST ciada ao HPV nos homens, reduza o risco de infecção ou doença nas suas companheiras femininas3,11. Por estes motivos, o rastreio dos homens por androscopia não é recomendado por rotina3,11,12. 3. NOTIFICAÇÃO DE PARCEIROS Um estudo recente realizado nos EUA14 avaliou se os profissionais de saúde de diferentes especialidades (ginecologistas, enfermeiras certificadas, médicos de família, internistas) que faziam rastreio de cancro do colo do útero, recomendavam informar os parceiros sexuais das mulheres com citologias anormais ou com testes HPV positivos. A maioria destes profissionais de saúde (48% a 73%) recomendavam notificar os parceiros sexuais. Os ginecologistas eram os que menos faziam esta recomendação. Os autores concluíram que os profissionais que tratam habitualmente mulheres, os que realizam a maior parte dos rastreios cervicais, os que têm mais informação e educação sobre a infecção, são os que provavelmente menos notificam os parceiros das mulheres HPV positivas. A falta de compreensão do carácter transitório da infecção por HPV de alto risco, o conceito errado de que estas mulheres podem colocar os seus parceiros em risco de adquirir verrugas genitais (causadas habitualmente por HPVs de baixo risco) ou outras DTS e o medo de recidiva da infecção nas mulheres, podem explicar parcialmente porque tantos cuidadores recomendam a referenciação dos parceiros sexuais a um médico14. Na maior parte das DTS a notificação dos parceiros protege a saúde desses mesmos parceiros, previne a reinfecção do doente inicialmente diagnosticado e reduz outros tipos de transmissão. Contudo, a prevalência e história natural da infecção por HPV é diferente das DTS bacterianas, tornando a notificação dos parceiros uma estratégia de controlo menos eficaz. A detecção de um caso HPV positivo não tem a capacidade de inibir a disseminação da infecção, pois esta é muito prevalente entre homens e mulheres jovens em todos os grupos socioeconómicos, raciais e geográficos. Para além de se tratar de uma infecção disseminada, a infecção por HPV de alto risco subclínica não é curável13, sendo geralmente de natureza transitória. Estes factores limitam a utilidade da notificação dos parceiros13,15-18. Um estudo recente19 estima que a prevalência da infecção genital por HPV nas mulheres seja de 26,8%, sendo mais elevada (49,3%) nas mulheres sexualmente activas, entre os 20 e os 24 anos. Entre os homens, os estudos indicam uma prevalência entre 1,3 a 72,9%15, com um estudo recente20 a apontar uma prevalência de 65,4% nos homens entre os 18 e os 40 anos de idade. Dado que a maior parte dos indivíduos adquire a infecção pouco tempo depois do início da actividade sexual, torna-se difícil determinar quando é que um determinado indivíduo adquiriu a infecção6,21,22. Para além disso, a duração média da infecção nas mulheres é de aproximadamente 8 meses. A história natural das infecções por HPV nos homens é menos bem compreendida. A investigação sugere que, tal como nas mulheres15, a infecção por HPV geralmente resolve espontaneamente e persiste apenas numa pequena proporção dos homens15-18. Não existe tratamento específico para a infecção por HPV de alto risco logo a notificação dos parceiros não desempenha o papel de “chamar” as pessoas ao tratamento, tal como acontece com o HIV ou com a sífilis. Além disso, o teste de ADN do HPV não está aprovado nem no homem nem na mulher, excepto para rastreio e tratamento do carcinoma cervical com detecção dos tipos oncogénicos13. Por todos estes motivos, recomendações explícitas acerca da notificação dos parceiros de mulheres com HPV de alto risco ainda não foram publicadas até à presente data13. Não existe também guidelines para o tratamento destes mesmos parceiros. Dada a ausência de tratamento específico, os profissionais de saúde orientam-se pelas recomendações das verrugas genitais13. As guidelines Americanas (CDC – Centers for Disease Control and Prevention) de tratamento para as verrugas genitais recomendam que os parceiros não necessitam de ser examinados mas que podem beneficiar de aconselhamento e rastreio de outras DTS12. Então, a sua referenciação pode oferecer uma oportunidade de rastreio e aconselhamento de indivíduos em risco para outras DTS que de outra forma não procurariam ajuda médica8. Contudo, ao contrário dos doentes com verrugas genitais, não existe evidência de que as mulheres com citologias anormais ou infecção por HPV de alto risco e os seus parceiros estejam em maior risco para outras DTS13. A notificação destes parceiros resulta na referenciação de muitos homens sem factores de risco para outras DTS12,13. Os profissionais de saúde devem lidar com o HPV de alto risco de uma forma neutra, sem estigmatizar, enfatizando a sua natureza comum e transitória. Os prestadores de saúde podem ainda aconselhar a utilização de preservativo. A sua utilização regular pode diminuir o risco de infecção por HPV cervical e vulvovaginal apesar da pele descoberta continuar vul523 Ana Moreira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo GEIDST nerável à infecção23,24. A utilização de preservativo pelo casal pode reduzir o tempo de eliminação do HPV na mulher infectada25. Sugere-se que o aconselhamento de mulheres com HPV de alto risco seja adaptado às circunstâncias individuais. Apesar de a notificação oferecer benefício de saúde limitado aos parceiros das mulheres com HPV de alto risco, algumas mulheres podem beneficiar da discussão informada do seu diagnóstico com os seus parceiros e ajudar na tomada de decisões, como seja a utilização de preservativo13. Diversas organizações desenvolveram nos últimos anos guias de aconselhamento para a infecção por HPV de alto risco, contudo nenhuma forneceu dados explícitos acerca da informação dos parceiros e sua referenciação a centros médicos13,26,27. CONCLUSÃO Considera-se a infecção anogenital por HPV disseminada e multifocal, com lesões subclínicas frequentemente presentes. Com a utilização de métodos de PCR sensíveis demonstrou-se que pele de aparência normal adjacente a lesões de HPV, bem como pele de voluntários saudáveis poderiam conter ADN vírico. Estas observações explicam a elevada taxa de recorrência das verrugas genitais (20%-67%), não estando provado que o tratamento das lesões visíveis reduza as taxas de transmissão a novos parceiros sexuais13. A utilidade clínica da detecção da infecção por HPV no homem é controversa contudo, parece não existir indicação para rastrear os homens com regularidade. Algumas razões que contribuem para esta posição incluem a elevada prevalência da infecção, a falta de um teste sensível e específico8,9 e o facto de um teste positivo não indicar aumento de risco de neoplasia nesse homem ou nos seus parceiros sexuais. Para além disso, não existe tratamento que elimine a infecção na totalidade12,13,27,28. Pensamos contudo que se deve fazer uma avaliação individualizada, procurando em cada caso informar e tentar resolver o problema do doente/casal que nos procura. BIBLIOGRAFIA 1. Partridge JM, Koutsky LA: Genital human papillomavirus infection in men. Lancet Infect Dis 6(1): 21-31 (2006). 2. Dunne EF, Nielson CM, Stone KM et al.: Prevalence 524 of HPV infection among men: a systematic review of the literature. JID 194(8): 1044-57 (2006). 3. Palefsky JM: HPV infection in men. Disease Markers 23(4): 261-72 (2007). 4. Hippelainen M, Yliskoski M, Saarikoski S et al.: Genital human papillomavirus lesions of the male sexual partners: the diagnosis accuracy of peniscopy. Genitourin Med 67(4): 291-6 (1991). 5. 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Int J Cancer 113(1): 36-41 (2005). 525 Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 527-535 (2010) GEIDST MOLUSCO CONTAGIOSO – EPIDEMIOLOGIA E OPÇÕES TERAPÊUTICAS Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes Clínica Universitária de Dermatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa RESUMO – O molusco contagioso (MC) é uma infecção viral da epiderme, causada pelo vírus molluscum contagiosum (VMC) e a sua transmissão implica contacto directo com pele infectada ou com fómitos contaminados. Esta infecção é observada em crianças, adultos sexualmente activos e em algumas populações imunosuprimidas, nomeadamente nos doentes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (VIH-1). As lesões por VMC são classicamente descritas como pápulas firmes, umbilicadas, de cor rosada ou branco pérola, ocorrendo na face, membros e região anogenital. Nos indivíduos com infecção pelo VIH-1 é mais frequente a apresentação atípica, o envolvimento da face e o comportamento refractário à terapêutica convencional. O tratamento é considerado como desnecessário em indivíduos saudáveis por vários autores. No entanto o controlo da transmissão e disseminação das lesões, assim como a possibilidade de desenvolvimento de reacções inflamatórias ou sobre-infecção bacteriana justificam a intervenção terapêutica. Os tratamentos podem ser divididos em três categorias: destrutivos (físicos e químicos), imunomoduladores (nomeadamente o imiquimod) e antivirais. Os destrutivos são os mais utilizados, embora os indivíduos imunosuprimidos respondam melhor à terapêutica antiviral e imunomoduladora. Os doentes devem ainda ser educados a não traumatizar as suas lesões, evitar contacto pele com pele e a partilha de fómitos. PALAVRAS-CHAVE – Molusco contagioso; Infecção sexualmente transmissível; Epidemiologia; Opções terapêuticas. MOLLUSCUM CONTAGIOSUM – EPIDEMIOLOGY AND THERAPEUTIC OPTIONS ABSTRACT – Molluscum contagiosum (MC) is a viral infection of the skin caused by the molluscum contagiosum virus (MCV) and for its transmission, direct contact with infected skin or contaminated fomites is required. MC is commonly seen in children, sexually active adults and in some immunosuppressed populations, particularly in patients infected with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1). Lesions of MCV are classically described as pearly, flesh-colored, firm, umbilicated papules, distributed mainly on the face, limbs and anogenital regions. Individuals with HIV-1 infection have more frequently atypical presentation and the lesions can be refractory to conventional therapies. Although many authors consider it unnecessary to treat healthy individuals, prompt therapeutic intervention is required to avoid transmission or lesions spread, as well as to prevent inflammatory reactions or bacterial infections. Treatment can be divided into three categories: destructive (physical and chemical), immunomodulators (eg imiquimod) and antivirals. The first is by far the most commonly used, although immunosuppressed individuals respond better to antiviral and immunomodulatory therapy. Patients should also be educated not to traumatize their injuries, avoid skin to skin contact and sharing of fomites. KEY-WORDS – Molluscum contagiosum; Sexually transmitted disease; Epidemiology; Therapeutic options. Correspondência: Dr.ª Ana Rita Travassos Hospital de Santa Maria- Centro Hospitalar Lisboa Norte Avenida Prof. Egas Moniz 1649-028 Lisboa Tel.: 96 2341475 Fax: 217954447 E-mail: [email protected] 527 Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes GEIDST INTRODUÇÃO O molusco contagioso (MC) é uma infecção viral da epiderme, que produz múltiplas lesões típicas, que são pápulas umbilicadas1. A transmissão implica contacto directo com pele infectada ou com fomites contaminados1,2 e é causada pelo vírus molluscum contagiosum (VMC), um vírus de dupla cadeia de DNA, da famíla Poxviridae3. As lesões de MC são comumente observadas em crianças, adultos sexualmente activos e em algumas populações imunosuprimidas1,4, nomeadamente nos doentes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (VIH-1)3-5. Apesar da infecção por VMC ser mais frequente em climas quentes e húmidos e em populações com baixas condições de higiene, a sua distribuição é universal4. AGENTE CAUSAL O VMC tornou-se o poxvirus patogénico mais frequente para os humanos, após erradicação do vírus da varíola (VAR)4. O VMC não cresce em culturas celulares4,5 e não infecta animais, apesar de ter sido descrita a replicação do vírus em pele humana enxertada em ratinhos imunodeficientes4. O VMC está distantemente relacionado do VAR e não apresenta propriedades de hibridação ou reactividade imunologica cruzada com VAR4. Inicialmente foram descritos dois subtipos genéticos (VMC-1 e VMC-2), de acordo com padrão de restrição de DNA1,3,5-7, mas actualmente consideram-se quatro genotipos: VMC-1; VMC-2; VMC-3 e VMC-44. O mais frequente é o VMC-1, composto por três variantes, descrito predominante nas crianças4 enquanto o VMC-2 foi isolado em lesões genitais7 e em indivíduos imunocomprometidos1. O período de incubação estimado para VMC é de cerca de 14 a 50 dias e a infecção é geralmente autolimitada8. As lesões por VMC nos indivíduos imunocompetentes podem persistir seis meses a cinco anos, mas habitualmente regridem expontaneamente5,8. Nos indivíduos imunocomprometidos, as lesões raramente são auto-limitadas3 e são também frequentemente refractárias ao tratamento8. As formas de transmissão do VMC classicamente descritas na literatura contemplam: contacto directo, fómitos (ex: roupa interior, toalhas, esponjas, máquinas de barbear, equipamento de electrólise e tatuagem) (Fig. 1) e auto-inoculação1,2,8-10. Contudo, também são referidos na literatura alguns casos de transmissão vertical, que ocorrem no contexto de infecção genital por 528 Fig. 1 - Molusco contagioso sobre tatuagem. VMC materna10. Podem apresentar-se na forma de MC congénito ou com aparecimento posterior das lesões, já com alguns meses de vida10. A transmissão vertical do VMC pode ocorrer in utero ou por contacto com canal de parto infectado10. Foram ainda descritos casos de MC anular, com localização das lesões no vértex do couro cabeludo associado a trabalho de parto prolongado em primíparas10. PATOFISIOLOGIA MC foi descrito inicialmente por Bateman no início do século XIX9. Em 1841, Henderson e Paterson descreveram os corpos de inclusão citoplásmáticos, conhecidos como molluscum ou corpos de HendersonPaterson9, 11. No início do século XX, Juliusberg, Wile e Kingery realizaram a extracção do vírus a partir das lesões e demonstraram a sua transmissibilidade, através da utilização de um filtrado do fluido das lesões9,11. As lesões cutâneas consistem em massas localizadas de epiderme hipertrófica e hiperplásica, estendendo-se na derme subjacente e projectando-se acima da superfície sob a forma de pápulas6 (Fig. 2). A taxa de divisão celular na camada basal é superior à da pele normal6. As células da camada espinhosa contêm corpos de inclusão citoplasmáticos resultantes da replicação do vírus, que crescem à medida que as células infectadas migram através da granulosa até à superfície cutânea6 (Fig. 3). Estes corpos de molluscum ficam aprisionados na camada córnea através de uma rede fibrosa, que dissolve o centro da lesão formando um core central composto essencialmente pelo vírus6. Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas GEIDST Fig. 2 - Lesões cutâneas típicas de molusco contagioso: pápulas firmes, umbilicadas, de cor rosada. timento da imunidade celular3. Lesões a VMC disseminadas podem também desenvolver-se em doentes com dermatite atópica4,5. Apesar da dermatite atópica não se associar na maioria das vezes a défice imunitário importante, estes doentes parecem ter uma susceptibilidade aumentada a infecção por VMC, assim como por outros agentes comuns responsáveis por infecções cutâneas, como: Herpes simplex, Staphilococcus aureus e Trichophyton rubrum4,5. A ocorrência de MC pode ser o primeiro indicador de infecção VIH3, apesar de ser mais frequente na doença VIH/SIDA avançada, constituindo um marcador cutâneo de imunodeficiência grave5. Na literatura há referência a raros casos de MC no contexto de Síndrome de reconstituição imunológica, que ocorre após o início da terapêutica antiretroviral de alta intensidade (HAART), no entanto, a maioria das lesões remite com a continuação da terapêutica HAART12. EPIDEMIOLOGIA Fig. 3 - Aspecto histológico de molusco contagioso: acantose localizada da epiderme com inclusões citoplasmáticas eosinofílicas, denominadas corpos de molluscum ou corpos de Henderson-Paterson (H&E, 100x). Na literatura3, estudos realizados em populações imunocomprometidas com infecção por VIH, com avaliação das populações linfocitárias, reforçam a ideia de que a imunidade celular é essencial no controlo da infecção. A ocorrência de MC em doentes imunossuprimidos foi relatada antes do aparecimento da Síndrome da imunodeficiência humana (SIDA), em doentes submetidos a quimioterapia, corticoterapia3, sarcoidose, doenças linfoproliferativas5 e em imunodeficiências adquiridas, principalmente na presença de comprome- O conhecimento da epidemiologia do MC é limitado pelo facto de não ser uma infecção de notificação obrigatória13. Nos países temperados, a sua incidência é tradicionalmente considerada baixa (<1% de todas as infecções cutâneas)13. Nos EUA, estima-se que corresponda a uma incidência de aproximadamente 1% de todas as patologias dermatológica, com um aparente aumento recente dos casos diagnosticados, sobretudo como doença sexualmente transmissível e associada à infecção pelo VIH8,9. As incidências mais altas de MC nas crianças ocorrem em regiões tropicais11, com uma incidência anual entre 1,8% e 10,9%, em crianças menores de 10 anos da Nova Guiné, incidências elevadas foram também determinadas noutras áreas14. Um estudo realizado na Holanda revelou uma incidência cumulativa de 17% (em crianças com idade inferior a 15 anos)13. Na Grécia, um estudo realizado na população pediatrica (< 14 anos) no período de 1997-2002, revelou um incidência de 3,2%, sem diferença entre sexos, com maior incidência na faixa etária 2-4 anos de idade15. Conhecida primariamente como uma doença da infância, na literatura são descritas séries com diferentes picos de incidência, mais elevados nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento14. Esta variação tem sido atribuída por muitos autores à grande proximidade das habitações, tendência a usar menos roupa nos países tropicais e nos países desen529 Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes GEIDST volvidos à eventual associação à utilização de piscinas nas crianças de grupos etários mais elevados14. O reconhecimento do MC como doença sexualmente transmissível remonta à década de 708,16, com um aumento do número de diagnósticos de MC em doentes com idade superior a 15 anos de idade na ordem de 11 vezes, entre 1966 e 19838. Tem sido verificado um aumento do número de casos de MC associado à infecção VIH, provavelmente relacionado com o aumento da longevidade dos doentes obtido com a introdução da terapêutica retroviral e o tratamento das infecções oportunistas3,17. Nos doentes infectados pelo VIH-1 a prevalência de infecção clínica por VMC é de cerca de 5-18%8,17. Em Portugal, os estudos publicados foram efectuados no contexto de consultas de doenças sexualmente transmissíveis (DST). No período de 2005-2006, o diagnóstico de MC foi realizado em 1,2% dos doentes que recorreram à consulta de DST do Centro de Saúde da Lapa (semelhante entre ambos os sexos)18. Noutra série da mesma consulta, relativa ao ano de 2007, o diagnóstico de MC foi efectuado em 0,9% dos doentes19. No caso da consulta de DST do Hospital Curry Cabral, a análise retrospectiva realizada no período de três anos (2003-2005) revelou o diagnóstico de MC em 5,7% dos doentes (2,8% associado à infecção VIH e 6,6% no grupo de doentes seronegativos)20. APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO As lesões por VMC são classicamente descritas como pápulas firmes (1-5mm de diâmetro) ou nódulos (6-10mm de diâmetro), perolados, umbilicados, de cor rosada ou branco pérola, ocorrendo na face, membros e região anogenital5,8. As lesões por VMC podem ser únicas ou múltiplas (geralmente <30)8 e são observadas quase exclusivamente na pele, apesar de também serem descritas raramente nas mucosas4. Nas crianças, têm uma distribuição difusa, podendo ocorrer na face, tronco e extremidades, mas também nos genitais4. Nos adultos jovens, o contacto sexual é a forma mais provável de transmissão e as lesões genitais são as mais frequentes4. Raramente podem surgir lesões da mucosa oral ou perioral, resultantes de transmissão sexual, especialmente nos indivíduos imunocomprometidos8. Nos indivíduos com infecção pelo VIH-1, surgem lesões disseminadas e com predomínio da localização na cabeça e pescoço, sendo sugerida a possibilidade de reactivação de infecção latente por MC, como acontece no caso de outros vírus de DNA3. 530 Nestes doentes, também é mais frequente a apresentação atípica, com diferenças na morfologia e no padrão de crescimento8. Podem surgir sob a forma de pápulas verrucosas, como lesões de molluscum gigante (com dimensões superiores a 1cm de diâmetro)3,4,8 ou conglomerados de centenas de pequenas lesões, caracterizando-se ainda pela persistência, fácil disseminação para outras localizações e comportamento refractário aos tratamentos comuns8. O diagnóstico é clínico, contudo pode ser realizado o estudo histopatológico8,11 ou citológico para confirmação do diagnóstico11. Recentemente, a dermatoscopia foi referida como uma técnica não invasiva que pode ser útil no diagnóstico de MC com formas de apresentação atípicas, nomeadamente no adulto21. No exame dermatoscópico podem ser identificadas estruturas polilobulares, amorfas, de coloração amarelo-esbranquiçado no centro (correspondentes na histopatologia ao molluscum ou corpos de Henderson-Paterson), rodeadas por uma coroa vascular (“red corona”), que possivelmente é constituída por vasos dilatados da derme21. O diagnóstico pode ser difícil devido ao polimorfismo na distribuição e apresentação das lesões. O diagnóstico diferencial contempla: condylomata acuminata e seringoma vulvar (nas lesões por VMC múltiplas e pequenas), carcinoma espinocelular ou carcinoma basocelular (no caso das lesões solitárias, de maior dimensão)8 (Fig. 4) (Quadro I). No MC gigante ou atípico, o diagnóstico diferencial é efectuado com: carcinoma basocelular, queratoacantoma, histoplasmose3 e criptococose disseminada3,22. Fig. 4 - Agrupamento herpertiforme das lesões de molusco contagioso; nádega direita: diagnóstico diferencial com herpes genital. Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas GEIDST Quadro I DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE MOLUSCO CONTAGIOSO Excluir sempre Mais frequente Considerar Verruga viral Granuloma piogénico Tumores dos anexos Criptococose Granuloma anular Carcinoma basocelular Histoplasmose Quisto de inclusão epidérmico Melanoma amelanótico Penicilose Em imunosuprimidos Adaptado de Fitzpatrick, 7th ed. 2008. TRATAMENTO A história natural do MC é a regressão expontânea, motivo pelo qual muitos autores consideram o tratamento em indivíduos saudáveis desnecessário23 e como tal uma intervenção meramente cosmética24. No entanto, questões como: a visibilidade da lesão subjacente, dermatite23, desconforto, prurido e a possibilidade de desenvolvimento de reacções inflamatórias (aguda ou granulomatosa crónica) ou sobre-infecção bacteriana25 justificam a intervenção terapêutica23,25. A terapêutica pode ser dividida em três categorias: destrutiva (física e química), imunomoduladora e antiviral25. Os métodos destrutivos são de longe os mais utilizados e incluem: crioterapia, curetagem e aplicação tópica de queratolíticos (ácido salicílico, ácido láctico, tretinoína) ou vesicantes como a cantaridina25. Outros agentes destrutivos e antivirais incluem: hidróxido de potássio a 5%, pasta de nitrato de prata a 40%, creme de peróxido de hidrogénio, podofilotoxina, laser pulsado de contraste (PDL- 585nm) e terapia fotodinâmica25. Os agentes imunomoduladores incluem sensibilização de contacto, imiquimod e cimetidina. A terapêutica anti-viral é raramente utilizada, apesar de alguns estudos referirem o uso de cidofovir, especialmente nos doentes imunosuprimidos25. Apesar de reconhecida como DST nos adultos, o MC não é referido nas guidelines do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) ou do International Union against sexually transmitted infections (IUSTI). Em adultos, as recomendações da United Kingdom National Guidelines on the Management of Molluscum contagiosum sugerem24: - O rastreio de outras DST e do VIH (no caso de lesões na face)24; - A utilização de métodos destrutivos como: crioterapia, expressão mecânica, perfuração (com ou sem aplicação de tintura de iodo ou fenol), curetagem ou electrocauterização24; - Creme de podofilotoxina (0,5%)24; - Imunomodulação (imiquimod)24; - Início de HAART, no MC associado ao VIH23, 24. Outros tratamentos são referidos na literatura, nomeadamente: a aplicação de ácido tricloacético (TCA)23 e a utilização de terapêuticas combinadas25. 1. Crioterapia Consiste na aplicação de nitrogénio líquido nas lesões, conduzindo à destruição tecidular através da formação de cristais de gelo intra e extra-celulares, com destruição das membranas das células e alteração da circulação cutânea26. É considerado nível IV de evidência, grau de recomendação C e é seguro na gravidez24 (Quadro II). As reacções adversas da crioterapia contemplam: necrose, formação de bolhas, edema, hipopigmentação cutânea e dor, sendo mal tolerada nas crianças26. 2. Expressão mecânica (manual ou com utilização de pinça) após incisão do corpo do molluscum24,26. Considerado nível IV de evidência, grau de recomendação C24. 3. Perfuração com/ sem aplicação de tintura de iodo ou fenol. Considerado nível IV de evidência, grau de recomendação C24. 4. Curetagem ou electrocauterização Pode ser utilizada em monoterapia ou em combinação com outros tratamentos, nomeadamente citotóxicos, físicos ablativos ou imunomoduladores26. Considerado o tratamento com menos efeitos adversos, se realizado em condições adequadas e sob anestesia, é um excelente método de tratamento em adultos e crianças25. É considerado nível IV de evidência, grau de recomendação C24. 5. Podofilotoxina e podofilino A aplicação de podofilotoxina 0,5% (solução, creme ou gel) pode ser efectuada pelo próprio doente, 531 Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes GEIDST Quadro II NÍVEIS DE EVIDÊNCIA E GRAUS DE RECOMENDAÇÃO Nível de evidência Grau de recomendação Ia Evidência obtida a partir de meta-análises de ensaios clínicos controlados e randomizados. Ib Evidência obtida a partir de pelo menos um ensaio clínico controlado e randomizado. IIa Evidência obtida a partir de pelo menos um ensaio clínico, controlado sem randomização. IIb Evidência obtida a partir de pelo menos um outro tipo de estudo quase experimental. III Evidência obtida a partir de estudos descritivos não experimentais, tais como estudos comparativos, estudos de correlação e estudos caso-controlo. IV Evidência obtida a partir de relatos ou opiniões de comissões de peritos ou da experiência clínica de autoridades idóneas, ou ambas. A Níveis de evidência Ia e Ib B Níveis de evidência IIa, IIb e III. C Nível de evidência IV Adaptado de 24 em ciclos de três dias consecutivos (4-6 repetições), em áreas pequenas (4-10cm2)26. É contra-indicado na gravidez23,24 e considerado nível Ib de evidência, grau de recomendação A24. O podofilino (solução a 10-25%) é aplicado directamente nas lesões pelo médico e removido com lavagem 1-4 horas depois (com repetição da aplicação semanalmente, até 4-6 semanas)26. Também deve ser utilizado para tratar áeras pequenas (entre 4-10cm2)26. 6. Imiquimod (5%) - creme Pode se aplicado pelo próprio e é considerado nível Ib de evidência, grau de recomendação A24. O imiquimod é um imunomodulador, da família das imidazoquinolinas, que actua através da estimulação da imunidade celular, induzindo a secreção de citocinas (interferão (INF)α, factor de necrose tumoral (TNF)α, interleucinas (IL)-6 e 12, por monócitos e macrófagos), resultando numa resposta T helper-1 (Th1)27. A sua utilização tem sido referida na literatura em adultos e em crianças, com boa resposta terapêutica (resposta clínica de 69%, numa série de crianças dos 4-11 anos de idade28). Até 50% dos doentes podem experienciar reacções adversas (nomeadamente eritema, edema, escoriação ou erosão), mas geralmente são tolerados e apenas 1-2% dos doentes descontinuam o tratamento26. 7. Cantaridina É um vesicante produzido pelo escarevelho Cantharis vesicatoria (ordem Coleoptera, família Meloidea)29 que provoca acantolise e vesiculação intra-tecidular dos 532 tecidos. Utilizado para fins medicinais há mais de 2000 anos29 e especificamente na dermatolologia no tratamento de condilomas e MC desde 195026. É aplicada pelo médico e deve ser removido com lavagem 2-6 horas após aplicação26. Pode ser utilizada em crianças, com boa resposta (cerca de 90% de cura, após uma média de dois tratamentos)26,29. Os efeitos adversos possíveis são: sensação de queimadura temporária, dor, eritema e prurido29. Não é recomendada a sua aplicação na face e na região anogenital25. 8. Queratolíticos (ácido salicílico, ácido láctico, tretinoína) O tratamento com ácido salicílico e ácido láctico implica consumo de tempo na aplicação do produto no domicílio e frequentemente tem como efeito adverso a irritação local25. Os retinoides tópicos, como tretinoína, são pouco usados no tratamento de MC, apesar de descritos na literatura alguns casos bem sucedidos26. 9. TCA (ácido tricloroacético) Trata-se de um agente cáustico, que produz erosão cutânea, sem ocorrer absorção sistémica. Utilizado frequentemente em dermatologia no tratamento de condilomas, pode ser utilizado no tratamento do MC, nomeadamente em lesões na face e na região anogenital (onde a utilização de outros agentes, nomeadamente a cantaridina, está contra-indicada), em crianças e adultos30. A aplicação de TCA é realizada pelo médico e é referida a aplicação bem sucedida de TCA (solução a 25-50%) em lesões de MC na face, em doentes VIH+26. Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas GEIDST 10. Hidróxido de Potássio 10% É um agente destrutivo, dotado de capacidade de penetração cutânea profunda e de dissolução da queratina31. Pode ser utilizado como tratamento no domicílio, sendo pouco doloroso e de baixo custo, com eficácia semelhante ao imiquimod a 5%31. 11. Nitrato de prata É um composto cáustico, que foi usado no passado no tratamento de MC26, actualmente pouco utilizado, dada a diversidade de outras terapêuticas disponíveis26. 12. Cidofovir É um análogo do nucleotido desoxicitidina monofosfato, usado como antiviral de largo espectro, disponível na forma tópica e sistémica, que foi recentemente introduzido como tratamento de MC26. A aplicação tópica de cidfovir (1-3%) é simples e bem tolerada, constituindo uma alternativa no caso de lesões recalcitrantes32. Os efeitos secundários do cidofovir tópico incluem: inflamação, erosão, sensação de queimadura e hiperpigmentação pós-inflamatória26. Laser O laser (laser de CO2 e PDL) tem sido referido como forma de tratamento, em adultos e crianças, sendo a sua utilização segura também na gravidez26. Os efeitos adversos associados incluem: dor, disconforto, prurido, edema, alterações pigmentares e formação de cicatriz (no caso do laser de CO2)26. Enquanto que o laser de CO2 poderá ser demasiado invasivo e doloroso, o PDL constitui a melhor opção, mesmo em monterapia33-35. Cimetidina oral Trata-se de um agonista dos receptores de histamina H2, seguro e bem tolerado23. Tem sido utilizado como terapêutica alternativa em crianças não colaborantes, ou em combinação com outras intervenções23. No caso do MC facial, a resposta é menor que noutras localizações23. GRUPOS ESPECÍFICOS Gravidez e amamentação Na literatura é referida a dificuldade em tratar MC na gravidez, possivelmente associada às alterações na função endócrina e imunitária, vaginite e higiene precária, com crescimento e proliferação das lesões resistentes ao tratamento26. Na gravidez e amamentação são considerados seguras apenas a crioterapia e os métodos puramente destrutivos24. A podofilotoxina é contra-indicada e o o uso cauteloso do Imiquimod é recomendação da British National Formulary24. Imunossupressão A imunossupressão (causada por factores congénitos, medicação, como corticoterapia, ou infecção VIH) está associada a incidência mais elevada de MC e resistência à terapêutica26. No MC associado ao VIH, a introdução de HAART pode conduzir à resolução das lesões24,36 (considerado um tratamento com nível III de evidência, grau de recomendação B24). Os já referidos cidofovir e o imiquimod têm também sido recentemente utilizados nesta população de doentes, assim como o interferão intra-lesional36. As terapêuticas imunomoduladoras demonstraram maior eficácia do que as terapêuticas citotoxicas convencionais e físicas ablativas, pelo que poderão torna-se a nova tendência no tratamento de doentes imunosuprimidos26. NOTA FINAL O MC é uma doença viral benigna, auto-limitada e com um prognóstico excelente nos indivíduos imunocompetentes. A sua transmissão ocorre por contacto directo ou fómitos infectados e a disseminação das lesões por auto-inoculação. O tratamento nestes doentes visa ao controlo da disseminação e transmissão da infecção, assim como prevenção de eventuais complicações (como irritação, inflamação ou infecção secundária). Nos indivíduos imunodeprimidos, as lesões são frequentemente refractárias à terapêutica, pelo que a optimização da terapêutica anti-viral e a terapêutica imunomoduladora constituem a melhor escolha. Contudo, de acordo com a última revisão da Cochrane (2010)37, nenhuma intervenção terapêutica demonstrou resposta efectiva convincente no tratamento de MC cutâneo, não genital, em indivíduos imunocompetentes. BIBLIOGRAFIA 1. 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Cochrane Database Syst Rev 7(4): CD004767 (2009). 535 Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 537-542 (2010) Caso Clínico DERMATOSE BOLHOSA EM LACTENTE DE 5 MESES Felicidade Santiago1, Gustavo Januário2, Fátima Cabral3, Fernanda Rodrigues2, Ana Moreno1, Óscar Tellechea1 1 Serviço de Dermatologia e Venereologia, Hospitais da Universidade de Coimbra;2Unidade de Infecciologia, Hospital Pediátrico de Coimbra;3Serviço de Dermatologia, Hospital Sousa Martins, Guarda RESUMO – Descreve-se o caso de uma lactente de 5 meses de idade com o diagnóstico de dermatose IgA linear da criança, partilhando características clínicas e histológicas do penfigóide bolhoso infantil. Discutem-se os principais desafios encontrados na abordagem deste caso clínico. PALAVRAS-CHAVE – Dermatose IgA linear; Criança; Eosinófilos. A BULLOUS DERMATOSIS IN A 5-MONTH INFANT ABSTRACT – We describe a 5 month-old infant with the diagnosis of linear IgA dermatosis, which shared clinical and histological characteristics with infantile bullous pemphigoid. The authors discuss the main challenges found in the management of this particular case. KEY-WORDS – Linear IgA dermatosis; Infant; Eosinophils. Correspondência: Dr.ª Felicidade Santiago Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospitais da Universidade de Coimbra Praceta Mota Pinto 3000-075 Coimbra Tel.: 239 400420 Fax: 239 400490 E-mail: [email protected] 537 Felicidade Santiago, Gustavo Januário, Fátima Cabral, Fernanda Rodrigues, Ana Moreno, Óscar Tellechea Caso Clínico INTRODUÇÃO A Dermatose IgA Linear da Criança (DILC), também conhecida como “dermatose bolhosa crónica da criança” ou “dermatose bolhosa benigna crónica da criança”, é a doença bolhosa auto-imune mais frequente em idade pediátrica1-3. Em 1979, foi reconhecida por Chorzelski e Jablonska como entidade independente da Dermatite Herpetiforme (DH) e do Penfigóide Bolhoso (PB)4. A sua característica imunopatológica distintiva é a existência de um depósito linear, exclusivo ou predominante, de IgA ao longo da membrana basal (MB)1,5. A base molecular ainda não está totalmente esclarecida, mas a identificação de numerosos antigénios-alvo – proteínas 97 e 120 kDa do antigénio PB180 (AgPB2); BP180; 290 kDa (colagénio tipo VII); 285 kDa; 230 kDa (AgPB1) – reflecte a grande heterogeneidade clínica da DILC1-3,6-8. Fig. 1 - Coexistência de vesículas, bolhas, erosões e crostas. CASO CLÍNICO Lactente de 5 meses de idade, do sexo feminino, previamente saudável, que aproximadamente aos 4 meses inicia uma dermatose bolhosa localizada às faces plantares de ambos os pés, com posterior generalização abrupta para o restante tegumento. Ao exame objectivo, apresentava múltiplas lesões vesículo-bolhosas sobre placas eritematosas de contornos bem definidos, anulares e policíclicos. As bolhas eram tensas, maioritariamente de conteúdo seroso (e em menor número de conteúdo hemorrágico), e associavamse a erosões e crostas (Fig. 1). Em algumas áreas, as vesículas dispunham-se de forma linear, sobretudo na periferia das placas eritematosas, ou em aglomerados (Fig. 2). O tronco estava predominantemente atingido (Fig. 3); mas os membros superiores, os membros inferiores e a face (Fig. 4) apresentavam também lesões. A área genital estava poupada. O sinal de Nikolsky era negativo. Não havia lesões nas mucosas. A doente mantinha o apetite e o desenvolvimento estato-ponderal era normal. Não havia história recente de infecções ou vacinações (as vacinas dos 4 meses do PNV não tinham sido administradas), bem como toma de medicação. Os antecedentes médicos familiares foram considerados irrelevantes. A biopsia de uma lesão localizada ao abdómen revelou a presença de uma bolha sub-epidérmica de conteúdo rico em eosinófilos, que se encontravam igualmente na derme, com disposição perivascular e intersticial (Fig. 5). 538 Fig. 2a e 2b - Pormenor das lesões cutâneas. Dermatose Bolhosa em Lactente de 5 Meses Caso Clínico Fig. 4 - Lesões cutâneas simétricas e bem delimitadas na face. Fig. 3a e 3b - Atingimento do tronco. A imunofluorescência directa (IFD), efectuada em pele perilesional, mostrou depósitos lineares de IgA, C3 e IgG (de forma discreta) na junção dermoepidérmica. A imunofluorescência indirecta (anticorpos anti-membrana basal epidérmica e anti-desmossoma) foi negativa. Analiticamente realçava-se uma discreta eosinofilia (700/mm3) e o doseamento da glicose-6fosfato desidrogenase era normal. Perante o diagnóstico provável de uma DILC, a doente iniciou dapsona (0,7mg/Kg/dia, com duplicação da dose em 7 dias) e prednisolona (0,7mg/Kg/dia). Foi prescrito também dimetindeno, ácido fusídico creme e banhos diários com permanganato de potássio. Infelizmente, a resposta clínica foi pouco evidente, e períodos de discreta melhoria alternavam com o aparecimento de numerosas lesões vesículo-bolhosas (Fig. 6). Fig. 5 - Imagem histológica da bolha sub-epidérmica (Fotografia cedida pela Dr.ª Isabel Viana). 539 Felicidade Santiago, Gustavo Januário, Fátima Cabral, Fernanda Rodrigues, Ana Moreno, Óscar Tellechea Caso Clínico Fig. 6 - Período de agravamento clínico. Após 3 semanas de terapêutica a doente, apresentou um desequilíbrio hidro-electrolítico (hiponatrémia grave, hipercaliémia e hipoalbuminémia ligeiras) com eosinofilia marcada (14.640/mm3), complicado por bacteriémia e febre. Foi transferida para o Hospital Pediátrico de Coimbra, tendo sido decidida a suspensão temporária da dapsona que originou uma recidiva rápida das lesões cutâneas. Após correcção do desequilíbrio hidro-electrolítico, o tratamento foi reinstituído (dapsona 1,5mg/Kg/dia e prednisolona 2mg/Kg/dia). Teve alta hospitalar aos 6 meses de vida, com estabilidade clínica, embora mantivesse as lesões cutâneas. O acompanhamento foi realizado no ambulatório, em regime de consultas externas, com uma periodicidade de 3 meses. Assistiu-se a uma melhoria lenta das lesões, e ao fim de 8 meses foi finalmente possível suspender a corticoterapia sistémica. A suspensão da sulfona ocorreu ao fim de 20 meses de tratamento. Actualmente, a criança tem 36 meses de idade e não apresenta lesões cutâneas nem cicatrizes, estando sem terapêutica há mais de 12 meses. O seu desenvolvimento estato-ponderal tem decorrido dentro da normalidade. DISCUSSÃO As dermatoses bolhosas não-infecciosas mais frequentes em idade pediátrica são: a DILC, o PB, a epidermólise bolhosa e o lúpus eritematoso bolhoso. Neste caso, e com base na clínica e nos exames auxiliares de diagnóstico, as duas primeiras hipóteses eram as mais prováveis. 540 Clinicamente, a DILC caracteriza-se por um polimorfismo lesional, podendo mimetizar outras doenças bolhosas9. Por um lado, pode cursar com bolhas tensas de grandes dimensões com conteúdo seroso típicas do PB; ou por outro lado, papulo-vesículas agrupadas como na DH. As lesões vesículo-bolhosas podem assumir um padrão herpetiforme, classicamente descrito como “cluster of jewels”, ou um padrão linear e circunferencial nas margens das placas anulares (“string of beads”)1,2,7. Estes dois aspectos clínicos coexistiam na nossa doente. Relativamente à distribuição das lesões, na DILC as localizações mais atingidas são a face (área perioral), o abdómen inferior e a região genito-crural, embora possa evoluir para a generalização1,7,9. No PB infantil, sobretudo em crianças de idade inferior a 1 ano, o atingimento acral e facial predominam, sendo o envolvimento genital raro10. Na nossa doente as lesões iniciaram-se nas plantas e depois generalizaram. Salienta-se que a área genital estava poupada. A apresentação clínica foi todavia grave, contrastando com as formas limitadas de DILC mais frequentes. Alguns autores referem que o envolvimento das mucosas na DILC é comum, podendo atingir cerca de 60 a 80% casos5,9,11,12. Tanto na DILC como no PB infantil, o prurido pode ser intenso e existir eosinofilia periférica. Num estudo recente que incluiu 25 doentes com DILC, 15 tinham eosinofilia (500 a 4500/mm3)7. Do ponto de vista histológico, ambas são dermatoses bolhosas sub-epidérmicas. Os achados histológicos observados neste caso são semelhantes aos encontrados no PB infantil1. Na DILC observa-se um infiltrado essencialmente neutrofílico, associado ou não a eosinófilos, que podem vir a predominar com a progressão da dermatose2,9. O diagnóstico definitivo assenta mais na IFD da pele perilesional do que no aspecto histológico das lesões. O depósito linear de IgA ao longo da MB é a característica “sine qua non” da DILC, podendo coexistir com a deposição menos intensa de C3 (em 50% dos casos), IgG (em 30% dos casos) e IgM (mais raramente)3. Pode verificar-se uma variação regional na intensidade da deposição da imunoglobulina na MB, sendo consensual que o antebraço deve ser evitado como local de biopsia13. A imunofluorescência indirecta revela anticorpos circulantes em aproximadamente 50 a 70% dos doentes, no entanto, em títulos baixos e não suficientemente sensíveis para serem úteis na monitorização da actividade da doença1,2,9. A negatividade da imunofluorescência indirecta observada no nosso caso pode ser explicada Dermatose Bolhosa em Lactente de 5 Meses Caso Clínico por várias razões: i) ausência de anticorpos circulantes anti-MB, ii) problemas de ordem técnica, ou iii) tratamento sistémico em curso. Infelizmente, não foi possível o recurso a outro tipo de método para avaliação de anticorpos circulantes com especificidade para antigénios da MB. Em suma, no presente caso o diagnóstico foi de DILC, com sobreposição de algumas características do PB infantil, sobretudo a nível clínico e histológico. A IFD foi fundamental ao revelar o depósito linear de IgA predominante ao longo da MB. A classificação dos casos em que se identificam múltiplos depósitos de imunoglobulinas na MB (além da IgA) pode ser problemática. Alguns autores defendem que apenas os doentes com depósitos unicamente de IgA devem ser classificados como DILC, sendo os restantes classificados como PB. Outros, porém classificam os doentes com base na imunoglobulina predominante2,3,14. Curiosamente, em doentes com dermatoses bolhosas sub-epidérmicas e depósitos lineares de IgA e IgG ao longo da MB é frequente a coexistência de auto-anticorpos circulantes dirigidos contra antigénios da DILC e do PB3,15-17. O tratamento de eleição na DILC inclui a dapsona (ou a sulfapiridina) de forma isolada ou em associação com a prednisolona1,2,7,9. A dose inicial de dapsona é 0,5 a 1mg/Kg/dia, e pode ser lentamente aumentada até 2,5 a 3,0mg/kg/dia9. Geralmente é bem tolerada, mas requer monitorização do hemograma e reticulócitos pelo risco de agranulocitose, hemólise e metemoglobinémia; e monitorização hepática, pelo risco de hepatite1,2. O controlo analítico poderá ser efectuado semanalmente (pelo menos no 1º mês) e depois trimestralmente. O doseamento da glicose-6-fosfato desidrogenase deve ser realizado previamente à introdução da dapsona. A maioria dos doentes apresenta uma boa resposta á dapsona, com uma uma resposta clínica rápida em 48 a 72 horas2. Logo que a doença esteja em remissão, pode ser lentamente reduzida, por exemplo, para dias alternados. A prednisolona, numa dose de 0,5 a 2mg/Kg/dia, pode ser necessária nos casos mais graves. Os casos de DILC com depósitos múltiplos de imunoglobulinas ao longo da MB podem ser mais difíceis de controlar, requerendo muitas vezes terapia adicional com corticoterapia sistémica2. Em casos mais graves de DILC, foram esporadicamente usados com sucesso: micofenolato de mofetil18,19, azatioprina, colchicina20 e IgIV. O uso de antibioterapia, nomeadamente tetraciclinas (em crianças com idade superior a 9 anos), eritromicina e dicloxacilina (ou oxacilina), pode constituir uma alternativa terapêutica eficaz e segura7,9,21. Na nossa doente o desequilíbrio hidro-electrolítico constituiu uma intercorrência grave, e foi atribuído às perdas cutâneas originadas pela extensão da dermatose bolhosa. A resolução das lesões cutâneas foi lenta, tendo sido inicialmente observada resistência parcial à associação dapsona-prednisolona, eleita pela extensão e gravidade das lesões cutâneas. Reconhece-se que na DILC a recuperação completa é demorada, e ocorre em média 3,9 anos (2,17,9 anos) após o início da dermatose1,2,7. Raramente persiste até á puberdade7,9. Por sua vez, a maioria dos casos de PB tem uma duração média inferior a 1 ano, embora ocasionalmente possa ser mais prolongado10. Não parece haver relação entre a gravidade da DILC e a sua cronicidade, não havendo até à data parâmetros preditivos1, embora a positividade para o HLA-B8 esteja associado a um prognóstico mais favorável e a menor risco de atingimento ocular7. Em resumo, descrevemos o caso de uma lactente de 5 meses de idade, com uma apresentação grave de uma DILC, que colocou desafios importantes a nível de diagnóstico e tratamento. BIBLIOGRAFIA 1. Fine JD, Resnick S: Vesiculobullous and Neonatal Diseases. In Schachner L, Hansen Ronald, Pediatric Dermatology, 2a ed, Churchill Livingstone, 1995, pp 779-796. 2. Hull C, Zone J: Dermatitis Herpetiformis and Linear IgA Bullous Dermatosis. In Bolognia J, Jorizzo J, Rapini R, Dermatology, 2a ed, Mosby Elsevier, 2008, pp 447-456. 3. Zillikens D: Autoimmune Bullous Diseases. In Burgdorf W, Plewig G, Wolff H, Landthaler M, BraunFalco’s Dermatology, 3a ed, Springer, 2009, pp 641-668. 4. Chorzelski TP, Jablonska S: IgA linear dermatosis of childhood (chronic bullous disease of childhood). Br J Dermatol 101: 535-42 (1979). 5. Wojnarowska F, Marsden RA, Bhogal B, Black MM: Chronic bullous disease of childhood, childhood cicatricial pemphigoid, and linear IgA disease of adults. 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O estudo genético do doente e progenitores revelou uma nova mutação no gene responsável pela AE (SLC39A4). PALAVRAS-CHAVE – Zinco; Acrodermatite enteropática; Gene SLC39A4; Mutação. ACRODERMATITIS ENTEROPATHICA – PARTICULARITIES OF A CLINICAL CASE ABSTRACT – We report the case of a 3 month-old infant, full-term and breast-fed, with acrodermatitis enteropathica (AE). The mother had low levels of zinc in the breast milk. The mutational analysis performed in the patient and parents revealed a new mutation in the gene responsible for AE (SLC39A4). KEY-WORDS – Zinc; Acrodermatitis enteropathica; Gene SLC39A4; Mutation. Correspondência: Dr.ª Felicidade Santiago Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospitais da Universidade de Coimbra Praceta Mota Pinto 3000-075 Coimbra Tel.: 239400420 Fax: 239400490 E-mail: [email protected] 543 Felicidade Santiago, José Matos, Ana Moreno, Sébastien Schmitt, Stéphane Bézieau, Óscar Tellechea Caso Clínico INTRODUÇÃO A acrodermatite enteropática (AE) foi descrita pela primeira vez em 1942 por N. Danbolt e K. Cross1, como uma dermatite acral com diarreia. A causa era então desconhecida e a evolução geralmente fatal. Em 1974, Moynahan2 demonstrou o papel etiopatogénico do zinco após o uso empírico e insatisfatório da clorohidroxiquinoleína no tratamento da AE3-5. Em 2002, foi identificado o gene responsável pela AE – SLC39A4 – no cromossoma 8q246,7. O diagnóstico da AE fundamenta-se nos achados clínicos típicos, que incluem dermatite periorificial e acral, alopécia e diarreia; associados a níveis plasmáticos de zinco diminuídos. Actualmente, o diagnóstico pode também ser complementado com o estudo do gene SLC39A4. CASO CLÍNICO Lactente de 3 meses, de termo e sob aleitamento materno exclusivo, previamente saudável, que nos foi enviado aos 2 meses de vida por terem surgido lesões cutâneas na região cervical posterior, interpretadas como impétigo e tratadas com tópicos (anti-fúngicos e antibióticos), sem melhoria. Na nossa primeira observação, apresentava lesões eritemato-erosivas, associadas a exsudação e crostas, confluentes em placas de limites bem definidos, bilaterais e simétricas. Atingiam de forma exuberante a face (Fig. 1), particularmente a região médio-frontal, perinasal, geniana, comissuras labiais, mento e pavilhões auriculares (Fig. 2). O couro cabeludo, região cervical Fig. 1 - Lesões eritemato-erosivo-crostosas da face. 544 Fig. 2 - Envolvimento do pavilhão auricular. (Fig. 3), pregas axilares e região ano-genital estavam igualmente afectados (Fig. 4). Nas extremidades dos dedos das mãos e pés havia também lesões, algumas bolhosas (Fig. 5). As mucosas estavam poupadas. Era uma criança com boa vitalidade e bom estado geral. Não havia história de diarreia ou alopécia. Os pais eram consanguíneos (primos em primeiro grau), e na família não se registavam doenças dermatológicas. Perante a suspeita clínica de uma deficiência em zinco, procedeu-se ao estudo analítico. No doente, o zinco plasmático estava diminuído (0,34mg/L; normal 0,70-1,20), assim como a fosfatase alcalina (80U/L; normal 110–360). Na mãe, o zinco plasmático estava normal (0,94mg/L), mas o zinco no leite materno estava diminuído (0,36mg/L; normal: 1,35mg/L). A restante bioquímica era normal em ambos. A reposição com zinco foi iniciada com uma solução oral de sulfato de zinco a 5%, numa dose inicial de 4mg/Kg/dia. Associaram-se cuidados locais com clotrimazol creme, ácido fusídico creme e banhos de permanganato de potássio (1:20000). Acrodermatite Enteropática – Singularidades de Um Caso Clínico Caso Clínico Fig. 5 - Envolvimento peri-ungueal dos dedos das mãos. Em cerca de 1 semana assistiu-se a uma melhoria acentuada das lesões cutâneas (Fig. 6), e 1 mês depois a resolução clínica era completa (Figs. 7 e 8). Fig. 3 - Lesões cutâneas na região cervical posterior e couro-cabeludo. Fig. 6 - Melhoria rápida das lesões (1 semana após início do tratamento). Fig. 4 - Lesões cutâneas ano-genitais simétricas e bem delimitadas. Tendo em consideração as circunstâncias de aparecimento da dermatose (lactente de termo e em amamentação materna exclusiva) evocadoras de uma deficiência transitória em zinco, e no sentido de avaliar esta possibilidade, optámos por suspender o suplemento de zinco aos 12 meses de vida, estando já a criança numa fase de diversificação alimentar. A recidiva das lesões ocorreu ao fim de alguns dias. 545 Felicidade Santiago, José Matos, Ana Moreno, Sébastien Schmitt, Stéphane Bézieau, Óscar Tellechea Caso Clínico Actualmente a criança tem 3 anos de idade, mantém terapia com sulfato de zinco (1mg/Kg/dia), não apresenta lesões cutâneas e tem um desenvolvimento estato-ponderal normal. DISCUSSÃO Fig. 7 - Resolução clínica completa (1 mês após início de tratamento). Fig. 8 - Resolução clínica completa (1 mês após início de tratamento). Deste modo, a hipótese de uma deficiência hereditária em zinco foi considerada e, após consentimento informado, procedeu-se a estudo do gene SLC39A4 no doente e progenitores. Identificou-se no exão 3 uma mutação insercional de 10 nucleótidos (c.641_642ins10) que conduzia a um stop prematuro do codão: p.Ser214ArgfsX30. No doente a mutação era homozigótica, e nos progenitores heterozigótica. 546 Neste caso clínico, o diagnóstico da deficiência em zinco foi estabelecido com base na apresentação clínica e nos níveis plasmáticos de zinco diminuídos do doente. A resposta rápida e positiva à terapêutica com sulfato de zinco foi confirmatória. O carácter hereditário ou, pelo contrário, adquirido desta deficiência requer esclarecimento, pois condiciona a duração do tratamento. Do ponto de vista clínico ambas as formas são indistinguíveis3. A tríade clássica de dermatite peri-orificial e acral, diarreia e alopécia está presente em até 20% casos8. Podem coexistir com paroníquia, distrofia ungueal e alterações neurológicas como irritabilidade, tremor e depressão. Em estados mais avançados de deficiência em zinco podem surgir anemia, anorexia, alteração do paladar, fotofobia, cegueira nocturna, hipogonadismo, blefarite, conjuntivite, glossite e estomatite3. Se não tratada, pode ocorrer atraso do crescimento, e até morte (geralmente por diarreia e infecções intercorrentes)4,5,9. A AE hereditária é uma doença rara, de transmissão autossómica recessiva, provocada por um défice na absorção intestinal de zinco3. O gene responsável - SLC39A4 (“solute carrier family 39A member 4”) - codifica uma proteína transmembranar transportadora de zinco (Zip4) expressa nos enterócitos6,10. A AE hereditária tem uma incidência estimada de 1:500.000, não tem predilecção étnica ou por sexo, mas parece ser mais frequente na baía do Mediterrâneo3,8,9. O leite materno tem um papel protector, e os sintomas só surgem após interrupção do mesmo ou em crianças alimentadas com leite artificial8,9. A deficiência adquirida e transitória de zinco (DATZ) pode estar associada a 3 situações: prematuridade, nutrição parenteral total e prolongada, e níveis de zinco diminuídos no leite materno. Os prematuros são especialmente susceptíveis porque possuem necessidades metabólicas aumentadas e baixas reservas de zinco, já que a transferência materna deste oligoelemento ocorre sobretudo nas últimas 10 semanas de gestação11. A nutrição parental total prolongada com suplementos inadequados de zinco é uma causa actualmente mais rara da DATZ9,11. Esta pode mesmo assim ocorrer em prematuros com dietas reforçadas em zinco, e com níveis normais de zinco no leite materno9. Acrodermatite Enteropática – Singularidades de Um Caso Clínico Caso Clínico Raramente, a DATZ surge em crianças amamentadas e não prematuras, por uma diminuição do zinco no leite materno12-15. As possíveis explicações para este facto são: i) recaptação anormal do zinco plasmático pelas glândulas mamárias; ii) secreção defeituosa do zinco pelas glândulas mamárias1,5,12, por mutações em transportadores do epitélio mamário (ZnT-2)16; iii) diminuição fisiológica e rápida da concentração de zinco no leite materno no período pós-parto. Os níveis de zinco no leite materno são independentes dos níveis de zinco plasmático3. O tratamento, tanto na forma adquirida como na hereditária, é a suplementação na forma de sulfato ou gluconato de zinco3,8. Não há consenso relativamente às doses iniciais, mas são recomendadas doses de 2,5 a 5mg/kg/dia (máximo de 10mg/Kg/dia)4, e doses de manutenção de 1-2mg/Kg/dia5,15. Na ausência de um transportador funcional no enterócito (Zip4), a suplementação com zinco oral aumenta a sua absorção via paracelular3. Na AE hereditária, o tratamento é geralmente para toda a vida, ou pelo menos, necessário durante as alturas de maior stress metabólico, como a gravidez5,9,15. A DATZ é auto-limitada, e como tal, o tratamento pode ser suspenso após o início da diversificação alimentar que proporciona já níveis adequados de zinco14. A suplementação com zinco é considerada segura, no entanto, os efeitos adversos podem incluir náuseas e vómitos (raramente hemorragia gástrica); e doses altas de zinco podem causar hipocuprémia, já que o zinco inibe a absorção do cobre a nível intestinal3,5. A sobredosagem acidental pode provocar uma falência multiorgânica3. Finalmente, no presente caso clínico destacamos duas particularidades. A primeira refere-se ao facto da AE se ter manifestado num lactente de termo e em amamentação materna exclusiva. O início precoce das lesões foi desencadeado pelos níveis de zinco diminuídos no leite materno, provavelmente relacionados com o estado heterozigótico da mãe para a mutação no gene SLC39A4. Na literatura é descrito apenas um caso semelhante, embora neste a mãe além de níveis de zinco no leite materno diminuídos, apresentasse também níveis diminuídos no sangue (era de igual forma heterozigótica para uma mutação do gene SLC39A4 – mas no exão 1, 143T > G)15. O reconhecimento precoce desta patologia, mesmo nos casos menos típicos, é essencial de modo a iniciar rapidamente a suplementação com zinco e evitar as consequências a longo prazo da sua deficiência. A segunda particularidade foi a identificação de uma nova mutação do gene SLC39A4: mutação insercional de 10 nucleótidos (c.641_642ins10) no exão 3 que conduz a um stop prematuro do codão: p.Ser214ArgfsX30. No doente a mutação era homozigótica, e nos progenitores heterozigótica Actualmente são conhecidas apenas cerca de 30 mutações, que ocorrem ao longo de toda a extensão do gene6,17-19. O estudo mais recente incluiu a análise de 56 famílias com AE identificando-se mutações em 62,5% dos casos6. Neste trabalho Schmitt et al. concluem, a exemplo do se observou no nosso caso, que na AE a correlação genótipo-fenótipo não é fácil de definir e a sua base molecular pode ser mais complexa do que previamente se pensava6. BIBLIOGRAFIA 1. Danbolt N, Closs K: Acrodermatitis enteropathica. Acta Derm Venereol 23: 127 (1942). 2. Moynahan EJ: Acrodermatitis enteropathica: a lethal inherited human zinc-deficiency disorder. Lancet 17 (Letter): 399-400 (1974). 3. Maverakis E, Fung MA, Lynch PJ, Draznin M, Michael DJ, Ruben B, Fazel N: Acrodermatitis enteropathica and an overview of zinc metabolism. J Am Acad Dermatol 56: 116-24 (2007). 4. 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Nakano H, Nakamura Y, Kawamura T, Shibagaki N, Matsue H, Aizu T, Rokunohe D, Akasaka E, Kimura K, Nishizawa A, Umegaki N, Mitsuhashi Y, Shimada S, Sawamura D: Novel and recurrent nonsense mutation of the SLC39A4 gene in Japanese patients with acrodermatitis enteropathica. Br J Dermatol 161: 184-6 (2009). Trab Soc Port Dermatol Venereol 68 (4): 551-554 (2010) Caso Clínico PILI ANNULATI E PILI TRIANGULI ET CANALICULI CASOS CLÍNICOS Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho RESUMO – As características do cabelo podem ser usadas como indicadores de algumas patologias locais ou sistémicas. Os autores descrevem dois casos referentes a alterações da haste capilar em crianças: um doente com pili annulati e outro com pili trianguli et canaliculi (ou síndrome dos cabelos impenteáveis). Pili annulati caracteriza-se clinicamente por pequenos segmentos alternadamente claros e escuros ao longo do comprimento do cabelo e a síndrome dos cabelos impenteáveis por cabelo seco, áspero e difícil de pentear. O diagnóstico destas patologias é confirmado por microscopia de varrimento. O reconhecimento das patologias que envolvem a haste capilar por vezes não é feito pelas características subtis que apresentam. No entanto, estes diagnósticos são importantes, na medida em que essas patologias podem reflectir doenças metabólicas subjacentes ou estar associadas a alterações de outros órgãos. PALAVRAS-CHAVE – Pili annulati; Pili trianguli et canaliculi; Microscopia electrónica de varrimento. PILI ANNULATI AND PILI TRIANGULI ET CANALICULI CASE REPORTS ABSTRACT – The hair shaft characteristics may be used as an indicator of certain kinds of regional problems or of a systemic disease. The authors present two cases of hair shaft abnormalities: a patient with pili annulati and another one with pili trianguli et canaliculi (or uncombable hair syndrome). Pili annulati is characterized by the alternation of light and dark bands along the scalp hair´s length and pili trianguli et canaliculi by a “spun glass” appearance. These diagnoses are confirmed by scanning electron microscopy. The diagnosis of hair shaft abnormalities is sometimes overlooked because of their subtle features. However, these diagnoses are of clinical relevance since such abnormalities may indicate underlying metabolic disorders or may be associated with other diseases. KEY-WORDS – Pili annulati; Pili trianguli et canaliculi; Scanning electron microscopy. Correspondência: Dr.ª Inês Leite Serviço de Dermatologia e Venereologia Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, E.P.E. Rua Conceição Fernandes 4434 Vila Nova de Gaia E-mail: [email protected] 551 Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira Caso Clínico INTRODUÇÃO As alterações da haste capilar podem manifestar-se por mudanças na cor, densidade, comprimento e/ou estrutura do cabelo, localizadas ou generalizadas. Pode haver uma predisposição genética à qual se associam factores exógenos precipitantes. A microscopia óptica e a microscopia electrónica de varrimento (MEV) permitem comprovar as alterações típicas de pili annulati. O diagnóstico de pili trianguli et canaliculi assenta essencialmente nas características clínicas e na MEV, embora Weinstein et al. preconizem o uso de microscopia óptica como exame inicial no estudo destes doentes6. Os autores descrevem dois casos de alteração da haste capilar em crianças: um doente com pili annulati e outro com pili trianguli et canaliculi. Estes casos clínicos pretendem dar relevância à raridade da incidência de pili annulati e à importância do diagnóstico de alterações da haste capilar como possíveis indicadores de patologia subjacente, nomeadamente displasias ectodérmicas. CASOS CLÍNICOS Caso 1: Menino de 3 anos de idade, raça caucasiana, foi enviado à consulta de Dermatologia Pediátrica por aparecimento de pequenos segmentos alternadamente claros e escuros ao longo dos cabelos, adquirindo estes uma tonalidade semelhante a areia, com evolução de 2 anos (Fig. 1). Não se observavam outras alterações, nomeadamente aumento da fragilidade capilar. A microscopia óptica revelou a presença de bandas escuras ao longo do cabelo, que correspondem às bandas claras observadas clinicamente (Fig. 2); na MEV observou-se uma alteração de enrugamento local da superfície capilar que corresponde às bandas mais claras referidas anteriormente (Fig. 3). Não foram encontradas outras alterações quer cutâneas quer ao nível de outros órgãos. Foi estabelecido o diagnóstico de pili annulati e não foi instituída qualquer terapêutica. Caso 2: Menino de 3 anos de idade, raça caucasiana, sem antecedentes patológicos pessoais ou familiares relevantes, foi enviado à consulta de Dermatologia Pediátrica por apresentar cabelo seco, eriçado e áspero ao toque (Fig. 4). A mãe notou que o cabelo oferecia resistência ao acto de pentear. No couro cabeludo não se observavam alterações nomeadamente descamação, inflamação ou áreas cicatriciais. O restante exame 552 Fig. 1 - Segmentos alternadamente claros e escuros ao longo do comprimento do cabelo. Fig. 2 - A microscopia óptica revelou a presença de bandas alternadamente claras e escuras ao longo do cabelo. Pili Annulati e Pili Trianguli et Canaliculi – Casos Clínicos Caso Clínico Fig. 5 - Microscopia electrónica de varrimento: secção transversal reniforme e uma depressão longitudinal com a típica deformação canalicular. Fig. 3 - Microscopia electrónica de varrimento: alteração de enrugamento local da superfície capilar que corresponde às bandas mais claras referidas anteriormente. Fig. 4 - Cabelo seco, eriçado, áspero ao toque e difícil de pentear. objectivo era normal; as unhas, dentes e pêlo corporal apresentavam características normais. A MEV do cabelo revelou uma secção transversal reniforme (Fig. 5) e uma depressão longitudinal com a típica deformação canalicular (Fig. 6). Não estavam presentes outras malformações, nomeadamente ectodérmicas. O diagnóstico de pili trianguli et canaliculi foi realizado. Não foi instituído nenhum tratamento específico, tendo sido recomendado o uso de um champô suave de frequência. Fig. 6 - Microscopia electrónica de varrimento: depressão longitudinal com a típica deformação canalicular. DISCUSSÃO Pili annulati são alterações raras da haste capilar, inicialmente descrita por Landois em 18663, caracterizada por bandas alternadas, claras e escuras ao longo 553 Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira Caso Clínico da haste capilar. As restantes características do cabelo são geralmente mantidas e a patogénese é desconhecida. Esta patologia pode ser transmitida de uma forma autossómica dominante ou ser encontrada de uma forma esporádica, e manifesta-se, habitualmente, até aos 2 anos de vida. Pode ser observada numa fracção ou na totalidade do cabelo assim como na barba e, excepcionalmente, nas axilas8 e região púbica3. O diagnóstico é estabelecido por microscopia do cabelo afectado. Estão descritos casos em que esta alteração não é aparente clinicamente e o diagnóstico é realizado apenas pelas alterações microscópicas. O diagnóstico pode ser sugerido se houver história familiar positiva3. Os segmentos mais claros correspondem a cavidades intracorticais que contêm ar e que são responsáveis pela dispersão da luz reflectida e as regiões escuras são áreas de cabelo aparentemente normais1. Apenas em casos raros há repercussões graves no cabelo com aumento da fragilidade capilar8. Estas alterações geralmente não se agravam com a idade, nem requerem qualquer terapêutica. A possível associação entre a alopécia areata e pili annulati está descrita na literatura, assim como a resolução deste quadro clínico após o tratamento eficaz da alopécia areata9. No entanto, o mecanismo pelo qual se verifica uma melhoria não parece ser mediado pelo efeito dos corticosteróides no folículo piloso8. Pili trianguli et canaliculi, também designada por síndrome dos cabelos impenteáveis ou “cheveux incoiffables”, é uma alteração rara da haste capilar na qual o cabelo apresenta um aspecto seco, encrespado e difícil de pentear. No nosso caso verifica-se uma alteração difusa do cabelo, embora estejam descritos casos de atingimento localizado7. Esta alteração observa-se geralmente nos primeiros meses de vida embora se possa manifestar mais tarde na infância. Foram descritas formas hereditárias (geralmente autossómicas dominantes) e esporádicas, assim como a associação com outras patologias, tais como displasia ectodérmica, displasia da retina e cataratas juvenis4. A microscopia electrónica de varrimento é o exame de eleição para o diagnóstico desta entidade, revelando a alteração da secção transversal do cabelo com uma forma oval ou reniforme característica e a depressão canalicular longitudinal ao longo das hastes capilares. A microscopia óptica é um exame mais acessível e que pode revelar a secção transversal com a deformação típica dos cabelos5. O tratamento com biotina oral (5mg/dia) melhorou significativamente o aspecto do cabelo mas sem levar a alterações na MEV em dois doentes provenientes de 554 uma família com quatro gerações afectadas por esta patologia10. No entanto, observa-se geralmente uma melhoria espontânea gradual com a idade não sendo necessário qualquer tratamento. O reconhecimento das patologias que envolvem a haste capilar é importante, na medida em que estas podem reflectir doenças metabólicas subjacentes ou estar associadas a alterações de outros órgãos. AGRADECIMENTO Os autores agradecem a colaboração do Prof. Doutor Carlos P. Moreira de Sá do Centro de Materiais da Universidade do Porto (CEMUP) na realização e interpretação das microscopias electrónicas de varrimento referentes aos casos clínicos descritos. BIBLIOGRAFIA 1. Itin PH, Fistarol SK: Hair Shaft Abnormalities – Clues to Diagnosis and Treatment. Dermatology 211: 6371 (2005). 2. Dawber R, Van Neste D: Hair and Scalp Disorders. In Common Presenting Signs, Differential Diagnosis and Treatment. Lippincott Dunitz, pp73-80. 3. Giehl KA, Ferguson DJ, Dawber RP, Pittelkow MR, Foehles J, de Berker DA: Update on detection, morphology and fragility in pili annulati in three kindreds. J Eur Acad Dermatol Venereol 18: 654-8 (2004). 4. Jarell AD, Hall MA, Sperling LC: Uncombable hair syndrome. Pediatr Dermatol 24: 436-8 (2007). 5. Rieubland C, de Viragh PA, Addor MC: Uncombable hair syndrome: a clinical report 50: 309-14 (2007). 6. Weinstein JM, Chamlin SL: Uncombable hair syndrome: Light Microscopy Diagnosis. Pediatr Dermatol 22: 369-70 (2005). 7. Canelas MM, Cardoso JC, Vieira R, Figueiredo A: Pili canaliculi de apresentação esporádica. Trab Soc Port Dermat Venereol 66: 471-4 (2008). 8. Utiyama Y, Rosa IP, Eid CAG, Mello Filho A: Pili Annulati – relato de um caso. An Bras Dermatol 58: 227-8 (1983). 9. Green J, de Berker D, Sinclair RD: Disappearance of pili annulati following an episode of alopecia areata. 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Apresentamos o caso clínico de um recém-nascido do sexo feminino, que apresentava lesões cutâneas a nível dos membros superiores, inferiores e couro cabeludo, segundo as linhas de Blaschko, presentes desde o momento do parto. Comentam-se as características da doença, fazendo-se uma breve revisão da literatura. PALAVRAS-CHAVE – Incontinencia pigmenti, Genodermatose; Blaschko. INCONTINENTIA PIGMENTI – A CASE REPORT ABSTRACT – Incontinencia pigmenti (IP) or Bloch-Sulzberger syndrome is an X-linked genodermatosis. The main clinical features include skin lesions along Blaschko lines and the evolution comprises four stages: inflammatory-vesiculous, verrucous, hyperpigmented and hypopigmented. We report the case of a newnborn girl with congenital skin lesions in the upper limbs, lower limbs and scalp, distributed along Blaschko lines. The features of the disorder were commented and a brief review of the literature was performed. KEY-WORDS – Incontinencia pigmenti, Genodermatosis; Blaschko. Correspondência: Dr.ª Victoria Guiote Domínguez Serviço Dermatologia Hospital Santo André Rua das Olhalvas, Olhalvas-Pousos 2410-197 Leiria E-mail: [email protected] 555 Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Fernanda Cunha, Cristina Amado, Martinha Henrique Caso Clínico INTRODUÇÃO A incontinencia pigmenti (IP), tambem denominada síndrome de Bloch-Sulzberger, é uma genodermatose de transmissão dominante ligada ao sexo. Apresentase habitualmente em mulheres e é quase sempre letal in utero nos homens, embora, na concomitância da síndrome de Klinelfelter, os homens possam manifestar a doença. A causa do distúrbio é a mutação do gene NEMO em Xq28. De um ponto de vista clínico, apresenta-se através de lesões cutâneas com distribuição segundo as linhas de Blaschko, passando geralmente por quatro estadios: inflamatório-vesiculoso, verrucoso, hiperpigmentado e hipopigmentado. Podem observar-se alterações dos anexos num grau variável, assim como manifestações extracutâneas de predomínio neurológico e oftalmológico, que condicionam o prognóstico dos doentes. CASO CLÍNICO Apresenta-se o caso de um recém-nascido do sexo feminino, nascido de parto eutócico às 34 semanas de gestação, que apresentava lesões cutâneas vesiculosobolhosas nos membros inferiores e couro cabeludo presentes desde o nascimento. Estava internada em Neonatalogia, sob tratamento empírico com aciclovir e flucloxacilina, com as hipóteses diagnósticas de herpes simples ou impétigo bolhoso. À observação dermatológica, destacava-se a presença de lesões vesiculobolhosas sobre uma base eritematosa, distribuídas linearmente nos membros inferiores e couro cabeludo, segundo um padrão blashckóide 1A (Figs. 1 a 3). O restante exame objectivo, incluindo exploração ocular e neurológica, foi normal. Laboratorialmente, evidenciouse a presença de eosinofilia no sangue periférico. Era a segunda filha de pais não consanguíneos, com uma irmã aparentemente saudável. A mãe referia dois abortos prévios no primeiro trimestre. Na exploração física da mãe, evidenciou-se a presença de diastema (Fig. 4) e de lesões hipopigmentadas de distribuição linear na face posterior de ambas as coxas (Fig. 5). Com o diagnóstico provável de incontinentia pigmenti, baseado na distribuição blaschkóide das lesões cutâneas, na presencia de eosinofilia periférica, nos abortos prévios referidos pela mãe e nos estigmas cutâneos que a mãe apresentava, efectuou-se biopsia cutânea que demonstrou a existência de espongiose 556 Fig. 1 - Lesões vesiculo-bolhosas em base eritematosa, distribuídas linearmente, segundo um padrão blashckóide. Fig. 2 - Outro aspecto das lesões cutâneas dos membros inferiores. Incontinentia Pigmenti – Apresentação de um Caso Caso Clínico Fig. 3 - Pormenor das lesões cutâneas. Fig. 5 - Lesões hipopigmentadas de distribuição linear na face posterior de ambas as coxas. DISCUSSÃO Fig. 4 - Observação física da mãe evidenciando a presença de diastema. exuberante com vesículas intraepidérmicas constituídas por eosinófilos e presença de abundantes eosinófilos intersticiais dérmicos (Figs. 6 a 9), achados compatíveis com o diagnóstico evocado. A evolução clínica foi favorável (Fig. 10), sendo encaminhada para consulta de Neurologia, Oftalmologia, Pediatria e Dermatologia, para a realização duma abordagem multidisciplinar, indicada neste tipo de doentes. A IP é uma genodermatose rara, da qual se encontram aproximadamente 700 casos descritos na literatura1. È devida a uma mutação no gene NEMO, localizado no cromosoma Xq282. Este gene codifica um factor de transcrição nuclear denominado NF-KB, que confere protecção às células contra a morte celular programada, função que desaparece após a mutação do gene. O gene NEMO encontra-se também alterado na displasia ectodérmica anidrótica, pormenor que justifica a existência de algumas similaridades fenotípicas em ambas as doenças3. Quase todos os casos previamente descritos correspondem a doentes do sexo feminino, já que a presença da mutação é letal in utero nos homens, embora existam casos descritos em homens portadores de síndroma de Klinelfelter4,5. Alguns autores justificam que a afectação dos homens pode igualmente dever-se à presença de alelos hipomórficos, com um menor número de muta557 Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Fernanda Cunha, Cristina Amado, Martinha Henrique Caso Clínico Fig. 6-9 - F Biopsia cutânea: Espongiose exuberante com vesículas intraepidérmicas constituídas por eosinófilos e presença de abundantes eosinófilos intersticiais dérmicos. ções deletéreas, e em casos de mosaicismo somático por mutação de cromátide única. As manifestações cutâneas são habitualmente a forma de apresentação. Classicamente, descrevem-se quatro estadios: vesiculoso-bolhoso, que acontece em 90% dos doentes; verrucoso, em 70 %; hiperpigmentado, em 98%, e hipopigmentado, em 25%6,7. Em relação às manifestações cutâneas, é importante salientar o facto de que as crianças afectadas não passam obrigatoriamente por todas as fases, podendo ocorrer algumas delas in utero ou ocorrer noutras localizações em relação às lesões do estadio anterior. As manifestações extracutâneas são as principais condicionantes do prognóstico. A nível neurológico, 558 podem existir alterações em até 30% dos casos, sob a forma de atraso psicomotor, convulsões, ataxiatelangiectasia, entre outras7,8. As alterações oculares ocorrem em 20% dos casos, podendo tratar-se de estrabismo, anomalias do desenvolvimento dos vasos da retina etc. Podem, ainda, existir alterações dentárias (hipodontia, diastema, dentes cónicos)9,10, alterações dos cabelos (cabelo encrespado, alopécia cicatricial do vértex) e alterações ungueais. A abordagem multidisciplinar torna-se obrigatória, sendo recomendável a realização de estudo genético nos casos duvidosos e em formas incompletas da doença nas mulheres afectadas e nos seus familiares femininos de primeiro grau. Incontinentia Pigmenti – Apresentação de um Caso Caso Clínico Fig. 10 - Regressão das lesões cutâneas. BIBLIOGRAFIA 1. Chung WK, Lee DW, Chang SE, Lee MW, Choi JH, Moon KC: A case of incontinentia pigmenti associated with multiorgan abnormalities. Ann Dermatol 21(1): 56-9 (2009). 2. Mancini AJ, Lawley LP, Uzel G: X-linked ectodermal dysplasia with immunodeficiency caused by NEMO mutation: early recognition and diagnosis. Arch Dermatol 144(3): 342-6 (2008). 3. Roberts CM, Angus JE, Leach IH, McDermott EM, Walker DA, Ravenscroft JC: A novel NEMO gene mutation causing osteopetrosis, lymphoedema, hypohidrotic ectodermal dysplasia and immunodeficiency. Eur J Pediatr online 2010 May 21, DOI 10.1007/s00431-010-1206-7. 4. 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A doente, com óptimo estado geral, não apresentava outras lesões cutâneas evidentes ou particularidades relevantes ao exame físico geral e não tinha antecedentes patológicos significativos. Os estudos laboratoriais realizados não revelaram alterações à excepção de título elevado de RPR (1:32), confirmado por TPHA positivo. As avaliações ginecológica, anorrectal e orofaríngea não detectaram indícios de sífilis primária. O estudo histopatológico do bordo da lesão revelou infiltrado dérmico granulomatoso rico em plasmócitos, sendo compatível com diagnóstico de goma sifilítica. A realização subsequente de exames complementares excluiu a existência de envolvimento cardíaco ou neurológico associado. A doente cumpriu antibioterapia com penicilina benzatínica 2.400.000U (3 tomas semanais) com rápida cicatrização da lesão e redução progressiva dos títulos séricos de RPR em follow-up de 1 ano. Trata-se de um caso particular de sífilis terciária, que se manifestou exclusivamente como lesão ulcerada única assintomática – goma sifilítica – em doente sem patologia associada, situação presentemente rara em indivíduos imunocompetentes. PALAVRAS-CHAVE – Goma sifilítica; Sífilis terciária; Úlcera frontal. SOLITARY FRONTAL ULCER – A SYPHILITIC GUMMA ABSTRACT – We report the case of a 30-year-old female presenting with a single large deep asymptomatic nontraumatic frontal ulcer that developed in the previous two months. Blood tests revealed only a reactive Rapid Plasma Reagin and Treponema Pallidum Haemagglutination Assay. Gynaecologic, rectal and oropharyngeal examinations did not reveal lesions of primary syphilis. The diagnosis of cutaneous syphilitic gumma was confirmed by histopathology. No cardiac or neurologic evidence of late syphilis was detected. Rapid ulcer healing and progressive reduction of RPR titres occurred during the one year-long follow-up after treatment with benzathine penicillin (three weekly intramuscular injections of 2.400.000 U). In this particular case of late syphilis we point out its unusual presentation in a previously healthy immunocompetent individual. KEY-WORDS – Syphilitic gumma; Late syphilis; Frontal ulcer. Correspondência: Dr. Pedro Andrade Serviço de Dermatologia e Venereologia Hospitais da Universidade de Coimbra, EPE Praceta Mota Pinto 3000-075 Coimbra Tel: 239400420 / 963065343 Fax: 239400490 E-mail: [email protected] 561 Pedro Andrade, Angelina Mariano, Américo Figueiredo Caso Clínico INTRODUÇÃO A sífilis é uma doença sistémica de transmissão sexual com distribuição mundial cuja frequência tem vindo a diminuir progressivamente ao longo das últimas décadas nos países da Europa Ocidental1-4. Contrariando esta tendência, os dados epidemiológicos mais recentes demonstram um aumento importante de novos casos, em relação com o aumento do número de casos em doentes infectados por VIH ou com comportamentos sexuais de risco e com os fluxos migratórios provenientes de países subdesenvolvidos e da Europa de Leste1-4. CASO CLÍNICO Descrevemos o caso de uma doente do sexo feminino, caucasóide, de 30 anos de idade, solteira, observada no Serviço de Dermatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra apresentando lesão ulcerada extensa da região frontal mediana com conformação ovalada e cerca de 3cm de maior eixo, bordos eritematosos infiltrados, bem definidos, de consistência duro-elástica, e fundo fibrinoso, com exsudação serosa discreta (Fig. 1). A lesão era assintomática e apresentava cerca de dois meses de evolução, com agravamento progressivo apesar de cuidados de assepsia, antibioterapia tópica e pensos locais. Não havia referência a qualquer factor desencadeante identificável, nomeadamente de natureza traumática. Fig. 1 - Lesão ulcerada frontal. 562 Tratava-se de uma doente órfã de mãe desde os 2 anos, precocemente acolhida numa Instituição de Menores por abandono parental. Com baixo nível de escolaridade (7º ano), exercia funções de empregada doméstica em regime interno desde os 17 anos de idade em área rural do concelho de Coimbra. Nunca se tinha ausentado do país. Não apresentava antecedentes patológicos relevantes e negava qualquer medicação habitual ou recente em ambulatório. Segundo a doente, havia antecedentes de doença linfoproliferativa não especificada na família, responsável pela morte da mãe aos 28 anos. À observação não eram evidentes outras lesões do restante tegumento. Não havia outras queixas subjectivas e o exame físico geral revelou-se normal. A doente exibia, no entanto, uma atitude algo indiferente, exibindo um comportamento de alguma forma negligente e inadequado em relação ao esperado para uma jovem apresentando uma lesão facial com as dimensões e características descritas. Perante este quadro clínico, foram ponderadas as hipóteses disgnósticas de linfoma cutâneo, leishmaniose cutânea, micose profunda, micobacteriose atípica e, eventualmente, patomimia. Os exames complementares de diagnóstico, incluindo bioquímica sérica, hemograma com leucograma e imunofenotipagem linfocitária, proteinograma electroforético e imunofixação séricos, doseamento de imunoglobulinas e β2-microglobulina séricas, e serologias virais para HBV, HCV, HIV, HTLV, CMV e EBV revelaram resultados negativos ou normais. A radiografia de tórax não detectou alterações pulmonares ou do mediastino, e a intradermorreacção à tuberculina (prova de Mantoux) não originou induração local às 72h. Curiosamente, foi detectado título elevado de RPR (Rapid Plasma Reagin) sérico (1/32), confirmado posteriormente por TPHA (Treponema pallidum Haemagglutination Assay) positivo para diluições superiores a 1/1280. Estas alterações analíticas permitiram a instituição do diagnóstico serológico de sífilis, desconhecendo-se no entanto a sua relação com a lesão cutânea da doente. A doente foi sujeita a avaliação ginecológica, otorrinolaringológica e inspecção perianal e anuscopia, que foram relatados como normais, descartando, portanto, a possibilidade de um quadro de sífilis primária que pudesse justificar os resultados serológicos observados. Após confrontação com os resultados e na sequência da realização de um inquérito mais dirigido, a doente revelou início da sua actividade sexual aos 17 anos, referindo contacto vaginal com dois parceiros do sexo masculino, com recurso não sistemático a méto- Úlcera Frontal Solitária – Goma Sifilítica Cutânea Caso Clínico dos contraceptivos de barreira. Não fazia referência a situações de abuso sexual. Não referia qualquer contacto sexual nos 13 anos decorrentes até ao momento presente. Negava a ocorrência de ulceração genital, no entanto a doente descrevia episódio único de erupção eritematosa não pruriginosa envolvendo face, tronco e membros superiores, aparentemente sem envolvimento palmoplantar, cerca de 1 a 2 meses após os contactos sexuais – este quadro cutâneo terá tido resolução espontânea, com duração total de poucos dias e sem recorrência posterior, não tendo sido sujeito a avaliação médica. A biópsia do bordo da úlcera revelou, após coloração com hematoxilina-eosina, a presença de infiltrado dérmico denso (Fig. 2) extremamente rico em células plasmocitárias (Fig. 3), com disposição granulomatosa em algumas áreas, coexistindo com fenómenos de vasculite com espessamento parietal de vasos de pequeno e médio calibre e áreas de necrose fibrinóide (Fig. 4), que, no seu conjunto, e perante as alterações serológicas descritas, corroboraram o diagnóstico de sífilis. As colorações tecidulares argênticas de Levaditi e Warthin-Starry não demonstraram, no entanto, a presença de espiroquetas. As culturas tecidulares não revelaram crescimento de quaisquer bactérias aeróbias ou anaeróbias, micobactérias ou fungos, e a imunofenotipagem linfocitária não detectou populações clonais ou atípicas. O quadro clínico foi então enquadrado com diagnóstico definitivo de goma sifilítica cutânea em contexto de sífilis terciária. A radiografia de crânio (em incidência de perfil) não revelou alterações ósseas subjacentes Fig. 3 - Pormenor do infiltrado inflamatório com predomínio de células plasmocitárias (H&E, 400x). Fig. 4 - Pormenor de vaso de médio calibre da derme profunda evidenciando endotelite com obliteração do lúmen (H&E, 200x). Fig. 2 - Infiltrado inflamatório granulomatoso dérmico denso (H&E, 40x). à úlcera cutânea ou outras. A realização do exame neurológico não detectou alterações dignas de registo. Foi realizada punção lombar, com colheita de líquido cefalorraquídeo de características macroscópicas normais, cujas avaliação bioquímica, contagem de células, VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) e FTA-ABS (Fluoroscent Treponemal Antibody Absorbed) IgG, IgA e IgM foram normais ou negativas. Paralelamente foi realizada ecocardiografia, que não revelou alterações valvulares ou da emergência aórtica. 563 Pedro Andrade, Angelina Mariano, Américo Figueiredo Caso Clínico Na ausência de compromisso neurológico evidenciável, foi instituída terapêutica com penicilina benzatínica intramuscular (2.400.000 unidades, em três administrações intramusculares semanais), sem ocorrência de efeitos adversos imediatos. Observou-se rápida involução da lesão ulcerada, originando cicatriz atrófica deprimida ao 28º dia após início do tratamento (Fig. 5). Os controlos serológicos realizados em contexto de follow-up revelaram diminuição do título de RPR para 1/16 ao 3º e 6º meses, e para 1/8 ao 12º mês. Durante esse período a doente manteve-se sempre assintomática, sem alterações ao exame físico geral, em particular ao exame neurológico e cardiopulmonar. tizando várias outras entidades clínicas, consideradas inicialmente como hipóteses mais prováveis tendo em conta a localização e o contexto familiar da doente, e justificando uma dificuldade diagnóstica acrescida. A generalização dos antibióticos de uso corrente observada nas últimas décadas poderá contribuir de forma significativa para a modificação da forma habitual de apresentação e curso da sífilis. Por outro lado, está descrito e é bem conhecido o potencial de mimetização das lesões de sífilis terciária em relação a outras dermatoses5-7. Nesse sentido, e apesar de ser ainda uma entidade relativamente pouco frequente, a recente tendência para aumento do número de casos implica que a sífilis volte a ser considerada como potencial diagnóstico diferencial de dermatoses de apresentação inespecífica, e que, como tal, os testes não treponémicos figurem de forma constante nas baterias de exames complementares utilizados para diagnóstico nessas condições. Em conformidade com esta consideração, o presente caso clínico reflecte a necessidade de um elevado índice de suspeição clínica para estabelecimento de um diagnóstico correcto. BIBLIOGRAFIA Fig. 5 - Cicatriz atrófica frontal um mês após início do tratamento. DISCUSSÃO O caso presente consiste numa forma particular e rara de apresentação inaugural de sífilis terciária, numa doente previamente saudável e imunocompetente, na ausência de evidências inequívocas de manifestações prévias (em particular de sífilis primária ou secundária) ou de envolvimento visceral pela infecção treponémica. No caso presente, a terapêutica específica foi extremamente eficaz, resultando na regressão total da lesão activa e diminuição lenta dos títulos de RPR séricos. A apresentação da doença sob a forma de uma lesão ulcerada única é particularmente atípica, mime- 564 1. Coelho R, Anes M, Fernandes C, Medeiros S, Rodrigues A, Santos R: Syphilis surveillance in Portugal, 2000-2005. Eur J Dermatol 19: 275-6 (2009). 2. Couturier E, Michel A, Janier M, Dupin N, Semaille C: Syphilis surveillance in France, 2000-2003. Euro Surveill 9: 8-10 (2004). 3. Marcus U, Bremer V, Hamouda O: Syphilis surveillance and trends of the syphilis epidemic in Germany since the mid-90s. Euro Surveill 9: 11-4 (2004). 4. Velicko I, Arneborn M, Blaxhult A: Syphilis epidemiology in Sweden: re-emergence since 2000 primarily due to spread among men who have sex with men. Euro Surveill 13: pii 19063 (2008). 5. Chung G, Kantor GR, Whipple S: Tertiary syphilis of the face. J Am Acad Dermatol 24: 832-5 (1991). 6. Erfurt C, Lueftl M, Simon M Jr, Schuler G, Schultz ES: Late syphilis mimicking a pseudolymphoma of the skin. Eur J Dermatol 16: 431-4 (2006). 7. Wu S J, Nguyen E Q, Nielsen T A, Pellegrini A E: Nodular tertiary syphilis mimicking granuloma annulare. J Am Acad Dermatol 42: 378-380 (2000). Bolsas e Prémios Bolsas e Prémios Atribuídos BOLSA SÁ PENELLA (2010) Deslocação para apresentação de trabalhos em reuniões científicas no estrangeiro – membros da SPDV (Patrocínio: SPDV) “Bullous dermatosis in a 4 month child”; “Acrodermatitis enteropathica: A novel SLC39A4 gene mutation found in a patient with an atypical presentation”; “An unusual pigmentary disorder in an 11 year old girl” (Posters) Felicidade Santiago 10th European Society for Pediatric Dermatology Congress (ESPD) Lausanne, Suíça, 20-22 de Maio de 2010 “Curso de Self-Assessment em Dermatopatologia” (Prelector) Luís Soares de Almeida XXXI Symposium of the International Society of Dermatopathology (ISDP) Barcelona, Espanha, 21-23 de Outubro de 2010 “Linfoma cutâneo primário difuso de grandes células B, localizado no dorso”; “Síndrome de Parry-Romberg: Possível associação com Borreliose de Lyme” (Casos Clínicos) Filipa Ventura XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 “Sobrevida no melanoma vulvo-vaginal e do tronco – Estudo comparativo de 91 doentes” (Comunicação Oral) Daniela Cunha XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 “Terapia fotodinâmica no tratamento de onicomicoses”; “Leishmaniose cutânea causada por Leishmania Infantum” (Casos Clínicos) Joana Gomes XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 “Sarcoma de Kaposi”; “Estudo Epidemiológico dos Doentes com Sarcoma de Kaposi” (Comunicações Orais) Tiago Castro Esteves XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 “Vitiligo and autoimmune polyglandular syndrome Type III”; “Epidermodysplasia verruciformis-like in an HIV patient” (Casos Clínicos) Paula Maio XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 “Eritema multiforme associado a celulite do Hálux por Staphylococcus aureus em idade pediátrica”; “Tumor de colisão de neoplasias benignas mimetizando clínica e dermatoscopicamente um melanoma maligno”; “Pênfigo foliáceo-forma de apresentação atípica” (Casos Clínicos) Filipa Osório XVIII Congresso Ibero-Latino-Americano de Dermatologia (CILAD) Cancun, México, 10-14 de Novembro de 2010 567 Bolsas e Prémios BOLSA CABRAL DE ASCENSÃO (2010) Suporte para estágios formativos no estrangeiro – membros da SPDV (Patrocínio: SPDV e Laboratórios Abbott) David Serra Hospital Clinic - Unidade de Melanoma Barcelona, 1 de Setembro a 30 de Novembro de 2010 Pedro Andrade Hospital Bichat Claude-Bernard Paris, 1 de Janeiro a 31 de Março de 2011 PRÉMIO DO 3º FÓRUM DO INTERNO (2010) Coimbra, Hotel Vila Galé – 26 Junho de 2010; Organização SPDV (Patrocínio: Laboratório Leo-Farmacêutica) Trabalhos premiados com ida do 1º autor ao Curso de Dermatoscopia de Graz, em 2011 1. “Carcinoma espinocelular da vulva: Revisão casuística“ Marisa André Clínica Universitária de Dermatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital Santa Maria 2. “Linfoma células T/NK extraganglionar , tipo nasal: a propósito de um caso clínico.” Diogo Matos Serviço Dermatologia do Hospital Garcia de Orta 3. “Angiosarcoma Cutâneo da Mama Pós-Radioterapia” André Lencastre Serviço de Dermatologia, Hospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central 568 Bolsas e Prémios Regulamentos de Bolsas e Prémios - 2011 BOLSA SPDV-EADV 2011 (Patrocínio: Laboratório Saninter) A Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, com o patrocínio do Laboratório Saninter, instituiu, com início em 1999, as Bolsas SPDV-EADV com o objectivo de subsidiar a deslocação de Médicos do Internato Complementar de Dermatologia e Venereologia ao Congresso da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia. Esta Bolsa, que se mantém em vigor no ano 2011, obedece a critérios particulares exclusivamente neste ano e rege-se pelo regulamento que a seguir se publica. REGULAMENTO 1. As Bolsas SPDV/EADV destinam-se, no ano de 2011, a subsidiar a inscrição no 20º Congresso da EADV a decorrer em Lisboa, a todos os Médicos do Internato Complementar de Dermatologia e Venereologia a realizar a Especialidade em Portugal e que assim o solicitarem. Este pagamento será efectuado pela entidade patrocinadora. 2. Aos Médicos Internos que apresentem trabalho será acrescido ao valor de cada Bolsa o pagamento do Alojamento durante o referido Congresso (máximo de 4 noites com entrada a 20 de Outubro e saída a 24 de Outubro), a liquidar pela entidade patrocinadora. Aos trabalhos aceites para apresentação como comunicação oral será atribuído pela SPDV um prémio adicional de 500 euros (quinhentos euros), cuja entrega será condicionada pela aceitação para publicação ou publicação dos respectivos trabalhos. 3. O médico premiado deverá ser o primeiro autor do trabalho e cada Médico só poderá receber uma Bolsa. 4. O pedido de atribuição do adicional da Bolsa será dirigido, por escrito ao Secretário da SPDV, com a identificação do médico que solicita a Bolsa, ano de Internato e Serviço onde desempenha funções, o resumo do trabalho bem como o documento comprovativo da sua aceitação. O prazo de candidatura termina nos 5 dias úteis após a recepção da confirmação de aceitação dos trabalhos. 5. A decisão sobre os pedidos contemplados com a Bolsa SPDV/EADV, é da competência da Direcção da SPDV e será por esta comunicada ao concorrente. 6. Qualquer omissão ou dúvida de interpretação do presente Regulamento será resolvido por acordo entre a SPDV e a entidade patrocinadora. Das resoluções tomadas na atribuição das Bolsas não haverá recurso. 569 Arquivo ACTAS DAS ASSEMBLEIAS GERAIS DA SPDV Acta n.º 275 Aos 20 dias de Novembro de 2010 decorreu no Hotel SANA Lisboa, Lisboa, a Assembleia Eleitoral da SPDV, com a seguinte ordem de trabalhos: • Eleição dos Corpos Gerentes da SPDV para o biénio 2011/2012 A mesa foi presidida pela Dr.ª Esmeralda Vale e secretariada pelos Drs. Jorge Marote e Glória Velho. Deu-se início ao ponto único, com a abertura dos votos enviados por correspondência e posteriormente a votação dos sócios presentes na sala. Em seguida foi feita a contagem da totalidade dos votos: Votaram 125 sócios, sendo 99 votos a favor da Lista A, 23 votos brancos e 3 votos nulos. A lista A foi a única lista a apresentar candidatura sendo composta pelos seguintes membros efectivos da SPDV: Direcção: Presidente: Américo Manuel da Costa Figueiredo Vice-Presidente: Jorge Alberto dos Santos Cardoso Secretário-Geral: Manuel Sacramento Marques Vogal: José Carlos Faria Fernandes Tesoureiro: Paulo Jorge Varela Cerqueira Fernandes Assembleia-Geral: Presidente: Filomena Maria Moreira de Azevedo Secretário: Maria de Lourdes Almeida dos Santos Ferreira Secretário: José Pedro Gaspar dos Reis Conselho Fiscal: Presidente: António Augusto Guerra Massa Vogal: Elvira Augusta Felgueira Leonardo Fernandes Bártolo Vogal: Maria Margarida Deus da Silva Anes O Secretário Jorge Marote 571 Arquivo COMENTÁRIO “Um pouco da minha experiência, fora de Portugal…” Rubina Alves A minha experiência fora de Portugal começou imediatamente quando acabei a faculdade no Porto, em 2003. Decidi que poderia aproveitar os 6 meses de férias para fazer alguma coisa diferente, para aprender algo mais antes de começar o internato geral. Nos últimos 4 meses de 2003, fui fazer um estágio de Cirurgia Vascular, no Hospital Vall d’Hebron, em Barcelona. A experiência teve tantos aspectos positivos, que desde então, a vontade de conhecer formas diferentes de trabalhar e de partilhar experiências intensificou-se. E assim, mal comecei a especialidade de Dermatologia, uma das ideias era fazer as opcionais fora de Portugal. Tenho de salientar que tudo o que desejei fazer e o que fiz teve o apoio incondicional do meu orientador de formação, Dr. Jorge Marote e da Dr.ª Anabela Fernandes Faria. Todos os estágios foram ponderados e planeados por mim, com o conhecimento e orientação do meu tutor. Sem ele, nada do que reportaria aqui seria possível. A primeira experiência, dentro da área da Dermatologia, foi no Centro Medico-Tecknon, em Barcelona e teve a duração de 1,5 mês. O Centro Medico Tecknon é uma instituição privada existente desde 1994 e cobre uma área de cerca de 6 000m2. Encontra-se localizado em Barcelona. Engloba diversas áreas de actuação, nomeadamente a Hospitalização, Serviços de Urgências, Instituto Oncológico, Áreas Cirúrgica e de Diagnóstico e diversos Departamentos, entre os quais o de Dermatologia. O Serviço de Dermatologia encontra-se localizado no piso zero no gabinete nº 18 e é dirigido pelo Dr. Alex Camps Fresneda. O objectivo principal deste estágio era a aprendizagem das indicações e dos vários tipos de laser, assim como a cirurgia, incluindo o transplante de cabelo. Durante o período de formação, fui integrada no trabalho diário realizado pelo Dr. Alex Camps Fresneda e, mais frequentemente pelo, Dr. Gerardo Moreno Árias. As consultas eram todas de doentes privados e começavam às 9h e duravam até às 19/20h. Realizavam consultas de Dermatologia Geral, Dermatoscopia, Cirurgias Convencionais, Laserterapia e, por vezes, Terapia Fotodinâmica. Duas vezes por semana, no Bloco Central, efectuava-se a Cirurgia de Transplante de Cabelo. Durante este período, pude observar as diversas indicações e a escolha do laser adequado a cada situação. Os lasers disponíveis na consulta eram: Nd-Yag (LP e QS, 532 e 10649), ERBIUM-YAG, IPL (515,540,570,650), IPL, CO2 e VBEAM. Os tratamentos de laserterapia mais frequentemente realizados eram de lesões vasculares, pigmentadas, tatuagens e fotorejuvenescimento. Dispunham também de um aparelho de Terapia Fotodinâmica utilizado no tratamento de Carcinomas Basocelulares superficiais. Os tratamentos cirúrgicos eram, na sua maioria, cirurgias convencionais de lesões tumorais benignas e malignas. Dependendo do tipo de tumor e localização, alguns doentes realizavam Cirurgia Micrográfica de Mohs. Os doentes orientados especificamente para a Cirurgia de Transplante de Cabelo eram submetidos previamente a várias consultas, na qual se analisavam todos os tratamentos já efectuados, pediam-se exames laboratoriais, explicação do procedimento e assinatura de consentimento informado. No dia da cirurgia, estavam presentes no bloco operatório uma equipa de 5 pessoas, orientada pelo Dr. Camps Fresneda. O procedimento tinha a duração média de 5 horas e não requeria internamento. Durante o período de formação, colaborei nas cirurgias de 6 doentes do sexo masculino, com idade média de 40 anos e diagnóstico de alopécia androgenética. Houve também oportunidade de observar múltiplos tratamentos de Dermocosmética, nomeadamente peelings, preenchimentos com ácido hialurónico e de toxina botulínica. De salientar, que a recepção e o apoio de toda a equipa de trabalho foi extremamente importante para a minha integração, em especial por parte do Dr. Moreno Árias e do Dr. Camps Fresneda. As suas disponibilidades permitiram a aquisição de conhecimentos vários assim como a possibilidade de participação activa nas suas actividades diárias. Uma vez que este estágio era mais específico na área de laserterapia, aconselharam-me que deveria fazer um estágio no Serviço de Dermatologia do Hospital Clinic. A área escolhida seria a da Patologia Oncológica e Dermatoscopia. Optei por fazer um estágio na Unidade de Melanoma do Serviço de Dermatologia do Hospital Clinic, em Barcelona, por um período de 5 meses. A Unidade de Melanoma do Hospital Clinic é um centro de referência nesta área e que tem como coordenadores do projecto, o Dr. Joseph Malvehy e a Dr.ª Susana Puig. O grupo de trabalho é multidisciplinar, onde estão incluídas a Dermatologia, Bioquímica, Cirurgia Geral, Imunoterapia, Genética, Medicina Nuclear, Radioterapia, Oncologia e Radiologia. Recebe anualmente mais de 250 casos novos de melanoma de toda a zona da Catalunha e pacientes orientados de todas as comunidades espanholas para a realização de tratamentos específicos. Realizam-se Consultas de Melanoma e Nevos, Consulta de seguimento digital (Dermatoscopia), Confocal, Cirurgias e Comités de Melanoma e de Anatomia Patológica. As consultas de Melanoma e de Nevos, realizam-se diariamente (10h-15h30m), com excepção da quarta-feira. Os doentes são 572 Arquivo orientados para estas consultas, por outros dermatologistas ou médicos de Medicina Geral e Familiar, após preenchimento de credencial específica. Os doentes com suspeita clínica ou diagnóstico confirmado de Melanoma devem ser observados no prazo máximo de 7 dias. É feita depois a avaliação do doente e, segundo cada caso, efectuado estudo pré-operatório, estudo histopatológico, cirurgia (do tumor primário, ampliação de margens, biópsia selectiva do gânglio sentinela, linfadenectomia regional, cirurgia de metástases). Em média, por cada médico e período de consulta, são observados cerca de 20 doentes. Diariamente (8h-11h), realiza-se a Consulta de Lesões Pigmentadas onde se mantêm em seguimento doentes seleccionados com história pessoal ou familiar de melanoma e/ou doentes que pertencem a grupos de alto risco, como por exemplo, albinos ou com Síndrome de Gorlin. Para esse fim, têm o apoio de 3 aparelhos de dermatoscopia digital computorizada e aquisição de imagem – 2 Mole Max II® e 1 Fotofinder®. Duas vezes por semana, realizei esta consulta, sempre com o apoio da Dr.ª Susana Puig, Dr. Joseph Malvehy ou Dr.ª Cristina Carrera. Isto permitiu a aquisição de maior treino no seguimento dermatoscópico. Aos doentes com história familiar de melanoma é-lhes feito, com consentimento informado, o estudo genético para avaliar a existência de alguma mutação. Semanalmente, à quarta-feira, a manhã é reservada à realização do Comité de Melanoma e Comité de Anatomia Patológica. No Comité de Melanoma, dirigido pelo Dr. Joseph Malvehy e integrado por o grupo de trabalho multidisciplinar de Melanoma, faz-se a apresentação, discussão e orientação de doentes previamente seleccionados, nomeadamente para tratamentos adjuvantes específicos, assim como a sua integração, mediante protocolos, em estudos multicentricos ou ensaios clínicos (ex: Ipilimumab, vacinas). No Comité de Anatomia Patológica, dirigido pelo Dr. Joseph Malvehy e integrado pelos dermatologistas da Unidade de Melanoma e Anátomo patologistas, após a apresentação de doentes seleccionados pela dúvida diagnóstica ou raridade, fazse a correlação clínica, dermatoscópica e histopatológica. Realiza-se também todas as manhãs a Consulta de Confocal (8h-12h). Os doentes que realizam esta técnica de diagnóstico são seleccionados da Consulta de Melanoma ou de Nevos, por lesões suspeitas de malignidade. Uma vez por semana, acompanhava o Dr. António Vilalta ou o Dr. António Campo, nas cirurgias dermatológicas. Aqui pude participar nas várias cirurgias de gânglio sentinela, electroquimioterapia e lesões tumorais malignas diversas. Apesar de existirem também outras consultas especializadas neste serviço, tais como de Doenças bolhosas, Alopécias, Auto-imunes, Linfomas, Porfirias, entre outras, eu não tive oportunidade de fazer um seguimento regular destas consultas. Na unidade de Melanoma, somos integrados como parte activa no serviço e, desde o início, são-nos atribuídas responsabilidades, que no seu conjunto, levam ao seu perfeito funcionamento. De salientar, o rigor e o profissionalismo de toda a equipa. São pessoas muito empenhadas no trabalho, com capacidade de organização e dedicação. Durante o tempo de estágio, tive também oportunidade de participar em vários congressos, nomeadamente o Congresso da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia e no Curso Anual de Dermatoscopia, realizado pela Dr.ª Susana Puig e pelo Dr. Malvehy. Além de toda a formação profissional adquirida, tive a oportunidade de contactar com pessoas excepcionais tanto a nível profissional como pessoal. Uma vez que é um serviço de referência que dá formação a dermatologistas de várias nacionalidades, permitiu-me estabelecer contactos, troca de experiências e até de fazer amigos, com pessoas de outros países como Itália, Brasil, Argentina e México. Outro estágio também realizado foi no Serviço de Dermatologia do Hospital Ramon y Cajal, em Madrid, e teve a duração de 1 mês. Aqui o objectivo era também a área cirúrgica. Este Serviço tem como director o Dr. Pedro Jaén. As áreas mais importantes de formação neste Serviço são as áreas cirúrgicas e de Laser. Durante o período de estágio, participei com o Dr. Luís Rios e com o Dr. Pedro Jaén, em múltiplas cirurgias, incluindo a Cirurgia de Mohs. Assisti também ás consultas de Melanoma e ao follow-up de doentes operados. O Dr. Pablo Boixeda é responsável pela área do Laser. Recebe doentes provenientes de diversas áreas de Espanha com patologias diversas, mas maioritariamente, doentes com lesões hemangiomatosas. Em suma, a minha experiência fora do País, englobou especialmente as áreas de Melanoma, Cirurgia e Laser. O aspecto menos positivo foi a nível financeiro: todos os estágios foram suportados por mim, com excepção do estágio de Laser do Centro Médico Tecknon, no qual tive a colaboração da Sociedade Portuguesa de Dermatologia. Outro aspecto de maior dificuldade na integração inicial, foi a língua estrangeira, mais especificamente o catalão, dialecto falado maioritariamente em toda a Catalunha. Essencialmente, tenho só aspectos positivos a referir, nomeadamente toda a parte profissional. Quero salientar, que a maneira como fui acolhida e o carinho que recebi foi uma constante em todos os serviços por onde passei. Sair do nosso local de trabalho e conhecer novas realidades, novas experiências é algo enriquecedor e que não pode ser quantificado. Os laços e as amizades que se criam, a maneira diferente de olhar ao nosso redor é algo que nos acompanhará sempre. Aprendi que pessoas com muita formação, experiência e valor são, na sua maioria, simples e que ensinando e “passando o testemunho” dos seus conhecimentos, hão-de ser sempre ser os verdadeiros mestres. 573 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Adozinda Maria Teixeira Orfão Rua de Pereiró, nº 213 4460-083 Guifões Ana de Jesus Fraga Azinhaga da Cidade, 30 - 1.º A 1750 - 063 Lisboa Ana Maria Nunes Simões de Vasconcelos Rua Jorge Castilho, 2 - 3º Dtº 1900-272 Lisboa Alberto Joaquim Vieira Mota Praceta João Augusto Ribeiro, nº 20, Hab C-7 4100-286 Porto Ana Filipa Duarte da Silva Travessa de Pereira, nº 131 4765-051 Bairro Ana Maria Quental Coutinho M. Vasconcelos Rua Dr. Jacinto Soares de Albergaria, 33 9500 Ponta Delgada - São Miguel Açores Alexandra Maria Santa Marta Janeiro Vitória Estrada da Arruda, Lote IMA, 1º 2615-042 Alverca do Ribatejo Alexandre Miguel Bruno Lopes João R. Piteira Santos, nº 46 2815-752 Sobreda Alvaro Manuel da Cunha Machado Avenida Elísio de Moura, 367 - 7ºA 3030 Coimbra Amélia Conceição da Cunha Av. Salvador Allende nº 1155 R/C Esq. Maputo Moçambique Américo Manuel Costa Figueiredo Rua. Infanta D. Maria, Lote 38 - B - 3º Esq 3030-330 Coimbra Ana Afonso Rua Cidade Cabinda, 30 - 6.º Dto 1800 - 080 Lisboa Ana Catarina Correia Reis Vilarinho Rua Cândido Oliveira, 134, 8º Dtº 4715-012 Braga Ana Cristina Brandão Nogueira Travessa Labriosque, 3 4705 - 629 Sequeira-Braga Ana Cristina Santos Oliveira Rua Júlio Lourenço Pinto, n.º 16 Hab 2.6 4150 - 0074 Porto Ana Isabel Duarte Moreira Rua Altino Coelho, 500 - 2.º Esq 4470 - 233 Vermoim - Maia Ana Isabel Pina Clemente Fidalgo Rua Prof. João Barreira, 2 - 6A 1600 - 636 Lisboa Ana Margarida Gavião Nogueira Cabral Pinto Av. Roma, 61, 6º Esq. 1700-342 Lisboa Ana Margarida Milheiro Martins de Barros Rua de Belém, n.º 474 4350 - 068 Porto Ana Margarida Robalo Cordeiro Rua Feliciano Castilho, Lote 5 - 6ºA 3030-325 Coimbra Ana Maria Barata Feio Pereira Terrahe Av. da República, 26 - 1º Esq. 2700-710 Amadora Ana Maria Calistru Rua Dom Miguel, n.º 511 4515-124 Foz de Sousa Ana Maria Carvalho Brinca Rua das Romeiras Lt 35, 2º Esq - Urb. Casa Branca 3030-471 Coimbra Ana Maria de Lemos Dinis Urbanização Quinta das Palmeiras, P. 5 , R/C A 8500-775 Portimão Ana Maria Severino Rodrigues Largo Padre Américo nº10, 4º A Massamá 2745-712 Queluz Ana Paula de Moura Marinho da Cunha Avenida Fernão de Magalhães, 1050 3º Dto 4350-155 Porto Ana Paula do Amaral Alves Franco Rua Camilo Castelo Branco, 23 - 1º 2675 - 314 Odivelas Ana Paula Ferreira Alves Pereira Largo de São Sebastião da Pedreira, nº9 4º C 1050 Lisboa Ana Paula Maio Gouveia R. Um à Rua Direita de palma, n.º 8 - 6.º A 1600 Lisboa Ana Paula Marques Pereira da Silva Vieira de Jesus Largo S. João da Ponte, nº 63 - 2ºEsq 4715-049 Braga Ana Rita P.B. de Oliveira Travassos Rua Luís Piçarra, n.º 9 - 6.º A 1750 - 101 Lisboa Anabela Maria de Olim Perestrelo Fernandes Faria Caminho dos Saltos, 90 1050-211 Funchal Ana da Conceição Rodrigues Guerra Rodrigo Rua João Infante, Lote 3 - 7ºA 2750-384 Cascais Ana Maria Macedo Ferreira Rua António Patricio, nº 14, 1º Esq. 1700-049 Lisboa Anabela Pereira dos Santos Martins de Almeida Rua das Alfazemas n.º17 - Herdade da Aroeira 2820 - 530 Charneca da Caparica Ana Daniela Casimiro Cunha Rua Bernardo Costa, 90 - 3.º Esq 2775 - 809 Carcavelos Ana Maria Moreno (Varela dos Santos) Rua Edmundo Bettencourt nº 25 - 3º Dto. 3000-606 Coimbra André Cruz Loureano Correia de Oliveira Rua Eduardo Vidal, nº 7 - 1.º Direito 1700 - 158 Lisboa 577 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV André Jacinto Garcez de Lencastre Praça António Ribeiro Chiado, n.º 16 - 3.º D 2810 - 022 Almada António José da Silva Picoto Rua General Carmona, 17 2765-207 Estoril Arnaldo Monteiro de Matos Valente Rua da Carapalha, 2 - 8ºEsq 6000-164 Castelo Branco Andréa da Rocha Gomes Martins R. Manuel Ferreira, nº 16, Cave A, Alto de Sta. Catarina 2795-228 Linda-a Velha António José Xavier da Cunha Avenida Bombeiros Voluntários, 42 - 2ºFrt. 1495- 020 Algés Artur José Queirós de Sousa Basto Rua Cândido Oliveira,130 - 1ºC 4715 - 012 Braga Angela Maria Rodrigues Piedade Avenida Infante Santo, 50 - 9ºDto 1350 Lisboa António Leopoldo de Albergaria Pinto Soares Avenida do Restelo, 52 1400-004 Lisboa Augusto C. Magalhães Sant’Ana Rua do Cidral, 10 3000 Coimbra Ângelo Acílio M. da Silva Azenha Quinta do Arco, Lote 1 - Tenões 4715 - 357 Braga Ângelo de Lima Bastos Rua do Município, Lote B 2 - 3ºDto 2400-138 Leiria António Augusto Guerra Massa Rua Álvares Cabral, 153 4050 - 041 Porto António Campos Felino de Almeida R. Dr. Pedro Homem de Mello, 409 - 3ºEsq 4150-600 Porto António Carreira Poça Poppenrenther Str. 175-A D-90765 Furth António Fernando Ribas Guimarães dos Santos Rua Cidade de N’Dola, 58 4150 Porto António Gabriel Menezes Almeida Pereira dos Santos Praça das Águas Livres, 8 - 8ºD, Dto 1250-001 Lisboa António Gomes da Cunha Ferrete Travessa Gandra, 4 - Padim da Graça 4710 Braga António Honório de Campos R. Padre Manuel da Nóbrega, 247 - 3º Esq. 3000-254 Coimbra António Jorge Coelho de Abreu e Vasconcelos Urbanização do Loreto, Lote 20 - 4ºC 3020 - 256 Coimbra 578 António Luis Ferreira dos Santos R. da Cruz 1691 - Argeiras 4415 -118 Lavra António Manuel Pessoa da Costa Av. Gen. Humberto Delgado, nº 30, 6º Esq 2560-272 Torres Vedras António Miguel Peres Correia Rua Fernando Namora, 36 - 10º F 1600-453 Lisboa António Sérgio Ferreira Cabrita Rua Lúcio de Azevedo, n.º 12 -9.º D 1600-148 Lisboa António Vasco Beltrão Poiares Baptista Rua da Cumeada, 6-2ºA 3000-397 Coimbra Aristóteles David Neiva Rosmaninho Rua da Conceição, 20 4490 - 507 Póvoa do Varzim Armando Augusto de Sousa Costa Cerro do Galo, Lote 4, Apartado 3521 8135-906 Almancil Armando Jorge de Mariz Rozeira Rua Gonçalo Cristovão, 236 - 7º Sala 2 4000-265 Porto Augusto Daladier Salvador Avenida Humberto Delgado, 149 - 2ºD 2700 Amadora Augusto Jorge Mayer-da-Silva Rua Gregório Lopes, Lote 1525 - 4º 1400-195 Lisboa Augusto Manuel Barrera Navas da Fonseca Av. Da República, 45 - 4.º Esq 1050 - 187 Lisboa Aureliano Baptista da Fonseca Avenida da Boavista, 2020/54 4100-117 Porto Bárbara Cristina Guerreiro Fernandes Urbanização Quinta da Romeira, R. Carlos Pare-des n.º 8 - 3.º Drt 3030 -783 Coimbra Bárbara Patrícia Sousa Pereira Guimarães Rosa Travessa do Pilar, Lote 1 - 5º Esq. 9000-150 Funchal Cândida Margarida Branco Martins Fernandes Rua D. Luis de Noronha, 7- 3ºDto. 1050-071 Lisboa Armando Manuel Simões Baptista Rua Santos Pousada, 351 - 3º 4000 Porto Carla Sofia dos Santos Rodrigues Antione Sereno R. Prof. Sousa Da Câmara, nº 187 - 1º E 1070-216 Lisboa Armindo Pinto Avenida Miguel Bombarda, 59 - 1º 1050 Lisboa Carlos Alberto Alves Correia Rua Francisco de Holanda, 38 7000 Évora Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Carlos Alberto Amaro dos Santos Avenida Mouzinho de Albuquerque, 120 - 2º 4490-409 Póvoa de Varzim Cláudia Margarida do Nascimento Marques Pereira Trav. Das Condominhas, nº 114, 4º Esq. 4150-225 Porto Carlos Alberto Camacho Lobo Rua Aires Ornelas, 286 - 2ºD 4000-022 Porto Constança Maria Veiga Furtado Praceta Juiz Carlos Lopes Quadros, 2 3º Dto. 2775-695 Rebelva- Carcavelos Carlos Fernando Gomes Cruz Pereira Av. José Malhoa, nº2 - Apto 1306 1070 - 325 Lisboa Carlos Gonçalves Amaral Rua Almeida e Sousa, 10 -4ºD 1250-065 Lisboa Carlos José da Silva Marques R.Comend. António Feliciano Leão, Lt.23 - Qt. Carreira Longa - Vilalva 5000 Vila Real Carlos Manuel Lima Monteiro Rua das Barreiras, Lote 8 - Póvoa do Mileu 6300-504 Guarda Carlos Manuel Soares de Resende Sousa R. José Maria Pedroto, 23 - 7º 24 A 4200-351 Porto Carlos Miguel Ruiz Garcia R. Prof.Simões Raposo, nº 20 - 7º Dto. 1600-662 Lumiar/Lisboa Carmen Maria Lisboa Silva Rua Dr. Gabriel Cardoso de Miranda, nº 99 - Couto 4780-194 Santo Tirso Carolina Gouveia R. João Freitas Branco, nº15, 6º D 1500 - 714 Lisboa Cecilia Silva Nunes de Moura Dionísio Rua Prof. Reinaldo dos Santos, Nº 30, 6º Dto. 1500-506 Lisboa Cristiana Maria Gama Lima de Macedo Rua Custódia Vilas Boas, 4 - 3 Esqª 4700 - 374 Braga Cristiana Maria Palmela Pereira Rua das Hortensias, lote 277-A Boa Água 3 2975-186 Quinta do Conde Cristina Isabel Correia dos Santos Amaro Sordo Av. Acácias, nº 160, 4º A 2775-342 Parede Cristina Isabel Martinez Silva Núncio Av. Salvador Allende, 76 (Qta S. Miguel D’Arcos LT 6) 2770 - 154 Paço D’arcos Cristina Maria Félix Claro Amoedo Rua Carlos Mardel, 98 -3ºD 1900-125 Lisboa David Pacheco Castellano Qta São Gonçalo, n.º 78 - 2.º Dto 2775 - 629 Carcavelos David Serra Fernandes R. Francisco Lucas Pires, 54 - 2.º Dto Post 3030 - 489 Coimbra Diaquino Pinto da Silva Rua das Condominhas, 475 4150-223 Porto Dilma Lopes Gonçalves Ribeiro Gomes Nicolau Rua Damião de Gois, 470 - 7ºDto 4050-224 Porto Elias José de Sousa da Silveira Ribeiro Rua da Pereira, 11A 9700 Angra do Heroísmo Elisabete dos Santos Moreira Rua Senhora das Dores, 271 4510-138 Jovin - Gondomar Elvira Augusta Felgueira Leonardo Fernandes Bártolo Praça Infante D. Henrique, 3 - 6ºEsq Urb. do Infantado 2670-390 Loures Elvira Fernanda Rodrigues da Silva Avenida 24 de Junho, 249 - 3º Esq 4500-203 Espinho Emília Prieto Alvarez Simões Rua Silva Carvalho, 77 - 1º Esq. 1250 Lisboa Ermelinda Nachiambo Rua Álvaro de Campos Lote 17 R/ch Dto Buzano 2785 - 339 São Domingos de Rana Ermelindo Silva Tavares Praceta Cónego Dr. Manuel N. Formigão, n.º 6 - 1.º Esq. 2005 - 258 Santarém Esmeralda Maria Seco do Vale Praceta do Poder Local, nº 8 - 6ºEsq 1675-155 Pontinha Evelina Brigida Nolan Ruas Quinta da Romeira, Lote 3 - 5º Esq. 3030-116 Coimbra Fátima da Conceição Cunha Fernandes Ribeiro da Cruz Rua 1º Cabo José Martins Silvestre, 20 2ºEsq 1800-310 Lisboa Cesár António Andrade Gaspar Lourenço Martins Horta das Águas Férreas E.N.3 2000-630 Santarém Edite Márcia dos Santos Ferreira Trav. Aldeia Nova, nº 57 4475-006 Barca. Maia Felicidade Louza Santiago Rua D. João Peculiar 23 3030 - 359 Coimbra Clarisse Maria Dias A. Rebelo Largo Dr. Francisco Sá Carneiro, 30 - 5 Esq 8000-151 Faro Eduardo Paulo Sotto Mayor Ricou Rua João Infante, Lote 5 - 4ºB 2750-384 Cascais Felicidade Morais Trindade Av. Do Mar, nº 180 2815-105 Aroeira 579 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Fernanda Maria de Jesus Botelho de Araújo Millan Rua Prof. Mário Albuquerque, nº 1 - 8º C 1600-812 Lisboa Fernanda Maria Guerra Cabral Neves R. Amigos de Huambo, 22 - 1º Esq. 2500-126 Caldas da Rainha Fernando Bagulho Guerra Av. Marginal, 6353 - São João Estoril 2765 - 605 Estoril Fernando Canellas da Silva Rua Passos Manuel, 94 - 5ºD 1150-260 Lisboa Fernando Manuel D. Assis Pacheco Rua Viriato, 13M - 4.º Drt 1050 - 233 Lisboa Fernando Manuel Guerra Rodrigo Rua João Infante, Lote 3 - 7º A 2750-384 Cascais Fernando Nunes Av. Estados Unidos América, 71 - 7ºEsq 1700 Lisboa Filipa Alexandra Ribeiro Osório Av. Meneres 234, BL 1 - 2.º Dto - Traseiras 4450 Matosinhos Filipa da Encarnação Roque Diamantino Av. D. João II, LT 1.13.01C - 8.º Frente 1990 - 087 Lisboa Filipa Manuel Ferreira Martins Ventura Av. Sousa Cruz, 101 - 4.º Dto 4780 - 365 Santo Tirso Filipa Rosa Gomes da Rocha Páris Av. Gen. Norton Matos, 59, 8º Dto 1495-148 Miraflores Algés Filomena Maria Moreira Azevedo Rua da Boavista, nº 357- 5º- Hab. 2 4050-107 Porto Francisco José Adão da Fonseca Rua Lopo Soares de Albergaria, 115 4100 Porto Francisco José Braga da Cruz Largo Ramada Alta, 97 - 3º 4050 Porto 580 Francisco Manuel C. Menezes Brandão Av. Infante Santo, 21 - 11º 1350-177 Lisboa Hortênsia Silveria Perpétuo Sequeira Calçada da Picheleira, 102 - 1ºD letra D 1900 Lisboa Francisco Manuel L. Prates Nunes Avenida Bombeiros Voluntários, 17 - 6ºDto 1675 Pontinha Hugo Frederico Marques Barreiros Rua Augusto Rosa, n.º 25 - 3.º Dto - Qta Sta Teresa 2820-669 Charneca da Caparica Francisco Manuel Ribeiro Miranda Alameda Mahatma Gandhi, 18 - 3ºEsq 1600-502 Lisboa Francisco Maria Silva Mota Rua Manuel Ramos, 41 - 2º Hab. 3 4435-729 Rio Tinto Gilda da Graça Mendes Luciano Av. Tomás Nduda, 1470 - 7.º A - Flat 14 Maputo - Moçambique Glória Maria Cardoso da Cunha Velho Praça Artur Santos Silva, 80 - 3º Frente 4200-534 Porto Guida Maria Mendes dos Santos Rua Maria, nº 49 - 3º Dto 1170-210 Lisboa Guilherme José de Fonseca Peixoto Rua Cidade de Nampula, Lote 148 - 1ºD 1800 Lisboa Guilherme José Neves Rocha de Macedo Av. Padre Manuel da Nóbrega, nº 9 - 1ºD 1000-223 Lisboa Helena Maria de Sequeira Dinis Esteves Melo Rua dos Antigos Estudantes de Castelo Branco, 1 6000-080 Castelo Branco Helena Oliveira Feurly Caldas Rua Conde de Sabugosa, 27 - 4º Esq. 1700-115 Lisboa Henrique Gonçalves Oliveira Travessa de Gil Vicente, nº 27 - Cimo de Fala 3040-086 Coimbra Henriqueta Maria Miranda A. Cunha (Pinto Ferreira) Rua Rodrigo Albuquerque e Melo, 14 - 6.º B 2795 Linda-a-Velha Hugo Miguel Schönenberger Robles de Oliveira Rua Eugénio de Castro, 1 3000-163 Coimbra Idila Maria Goulart Lemos da Silva Sousa Rua Dr. Nunes Simões, Lote 60 - 61 5000 Vila Real Inês Brandão Leite Av. Dr. Antunes Guimarães, 658 4100 - 075 Porto Inês Machado Moreira Lobo Rua da Preciosa, n.º 268 - 6.1 4100 - 416 Ramalde-Porto Inita Ramoska Rua Miradouro do Sado, nº3 - 4º Dto 2900-500 Setúbal Iolanda Gisela Conde Fernandes Av. 31 de Janeiro, 594 4710-452 Braga Isabel C. Albuquerque E. Franca Rua Padre Mota n.º 233 C 2645-062 Alcabideche Isabel Cristina Bouça de Medeiros Freitas R. Manuel Costa e Silva, nº 7 - 3º A 1750-335 Lisboa Isabel Maria Fonseca Mendes Correia da Fonseca Rua de S. Caetano, 6 BL B - 3.º B 1200-829 Lisboa Isabel Maria Neto de Lima de Castro Tavares Praça Vitorino Nemésio, 138 4405 Vilar do Paríso - Valadares Isabel Maria Taveira de Amorim Rua António Cardoso, 523 - Hab. 22 4150 - 083 Porto Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Isabel Oliveira Pereira da Costa Rua Augusto de Matos, Lote 5 - 3ºEsq 3040 Coimbra João Carlos Teles de Sousa Rua Arnaldo Ferreira Lote 4 - Bloco 6 - 8º C 1750-411 Lisboa Jorge Luis Navarro Dominguez Praceta Paulo VI, 36 3 TB - Urgezes 4810 - 508 Guimarães Jacinta Maria Torres da Silva Azevedo Avenida João Branco Núncio, 12 - R/c D 2660-273 Sto. António Cavaleiros João Duarte Gouveia de Freitas Praceta São Sebastião, 59 - 2ºEsq 3000-299 Coimbra Jorge Manuel de Sousa Pinto Rua Ladislau Patrício, nº 8 - 12º D 1600 Lisboa Joana Alexandra Devesa Parente Av. Bombeiros Voluntários, n.º 69 - 13.º Esq. 1495 - 027 Algés João Emanuel Tiago Nunes Sequeira R. Brigadeiro Correia Cardoso, 31 1º Esq A 3000 Coimbra Jorge Manuel Torgal Dias Garcia Estrada do Lumiar, 13 - Bloco 8 - 2ºDto 1600 Lisboa Joana Clara Gomes Rocha Av. Dr. Profírio da Silva, 132 4715 - 044 Braga Joana da Veiga Ferro Jerónimo Antunes Av. Sacadura Cabral, n.º 33 - 5.º Andar 1000 - 272 Lisboa João José Goulão Dinis Al. Fonte Velha Lt EA 13 BL A1, R/Ch Dto Qta da Beloura 2710 - 694 Sintra João Manuel Pires Aranha Rua Chã de D. Bento, Lote 7 2140 Chamusca José Alberto Machado Dores Rua Dionísio Saraiva, 7B - 2 2080 - 104 Almeirim José António Henriques Matildes Alameda Alto da Barra, 34 - 2º Dto. Rect. 2780-179 Oeiras João Maria Larguito Claro Rua Santo António n .º 87 - 3º Esq. 8000-284 Faro José António Trindade Constante Rua 1º de Maio, 9B - Serra da Boa Viagem 3080-348 Figueira da Foz Joana Miguel Ramos Dias Coelho Largo Rafael Bordalo Pinheiro, nº 29, 5º Dtº 1200-369 Lisboa João Nuno Maia Rodrigues da Silva Urb. Areeira, Lote 45 2050 Azambuja José Augusto Correia Mendes de Matos Rua Eng.º Lino Rodrigues, 14 - 3ºF Dto 3500 Viseu Joaninha Rosa Anatomia Patológica IPO Lisboa 1099 - 023 Lisboa João Pedro Graça de Freitas Apartado 3328 EC Junqueira 1301-904 Lisboa José Carlos d’Almeida Gonçalves Rua Almeida Garret, 21 2000-773 Vale de Santarém João Abel Amaro Rua António Lopes Ribeiro, n.º 8 , 6.º C 1750-336 Lisboa Joaquim Carlos Alves Cabrita Casa da Amendoeira - Bordeira 8005-423 St.ª Bárbara de Nexe - Faro José Carlos de Castro da Silva Couto Rua das Vilhenas, 7 4900 Areosa - Viana do Castelo Joana Maria Botelho Gomes Rua Nova Esperança, n.º 6 -Gondizalves 4705 - 146 Braga João Abel Fernandes Rua João de Deus, 18 9050-027 Funchal Joaquim Fernando dos Santos Amado Rua Joaquim Silva Torres, 267 4470 Vermoim - Maia José Carlos Domingues de Jesus Rua do Vero , 44 Paço-Esgueira - 3800 Aveiro João António Augusto Ferreira Est. Arneiro, lote 9 - 3º Esq. 2775 Sassoeiros Parede Joaquim Santos Rocha Travessa da Barrosa nº 225 - 7º C 4400-042 Vila Nova de Gaia José Carlos Faria Fernandes Rua Luis Barroso, n.º 112 - 1.º A 4760 - 153 Vila Nova de Famalicão João Borges da Costa Rua Luís Pastor de Macedo, nº1, 10º Esquerdo 1750 Lisboa Jorge Alberto dos Santos Cardoso Rua Alice Ogando, 8 2780-001 Oeiras José Carlos Pereira da Silva Cardoso Rua S. Francisco Assis, 14 - 2.º C - Cova de Iria 2495 - 432 Fátima João Carlos de Matos Goes Pignatelli Alameda dos Oceanos, Lte 4.42.01B - 1º E 1990-353 Moscavide Jorge Luís Furtado de Mendonça Olim Marote Ladeira do Moinho nº 4 - São Martinho 9000-140 Funchal José Luís Brito Cirne de Castro Rua Mariano Pina, 13 - 3ºD 1500-442 Lisboa 581 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV José Manuel Azevedo Campos Lopes Rua Padre António Andrade, 31 1400-262 Lisboa José Manuel Batista Rodrigues Rua S. Joao 22 - Repezes 3500 - Viseu José Manuel Bívar Weinholtz Avenida António Augusto Aguiar, 9 - 5ºD 1050 Lisboa José Manuel Curado Prates Avenida Guerra Junqueiro, 18 - 1ºDto 1000-167 Lisboa José Manuel da Costa Mesquita Guimarães Rua Gondarém, 691 4150-378 Porto José Manuel Gonçalves Bastos Rua Padre Pombo, 125 4590 Paços de Ferreira José Manuel Madureira de Sousa Rua Castro Alves, 3 - 4º Dtº 2780-217 Oeiras Judite Gonçalves Quirin Praça dos Descobrimentos, nº 31 - 3º Dto. Alto das Vinhas Grandes 2870-091 Montijo Judite Lopes Pereira Rua Sousa Martins nº8,3ºA 1050 - 218 Lisboa Júlia Duarte Cabrita Rua Virgínia Vitorino, 10 - 9ºDto 1600 Lisboa Juliana Filipa Ferreira Batista Rua Pinheiro Chagas nº50 3ºB 1050-179-Lisboa Laurentina Maria da Silva Marques Lopes Rua General Humberto Delgado, 181-A 4ºEsq 4450-701 Leça da Palmeira Leonor Alda Vaz Silva Girão Rua Castro Soromenho, nº 8 - r/c Esq. 2795-055 Linda-a-Velha Lucília Gonçalves Rua Aquilino Ribeiro, 34 - 9.º A 2790 - 027 Carnaxide José Manuel Pereira da Silva Labareda Rua Prof. Prado Coelho, nº 13 - 1ºDto Alto Faia 1600-651 Lisboa Luis António Monteiro Rodrigues Rua Amélia Rey Colaço, 14-2º Dto. 2685-184 Portela LRS José Maria de Lima Duque Av. Almirante Reis, 162 - 1º 1000-053 Lisboa Luís Filipe Gonçalves Garcia e Silva Casa de Madeira - Casal da Serra Sobreiro 2640-422 Mafra José Mendes Gil Urb. Encosta do Castelo, Lote 6 6000-776 Castelo Branco Luís Manuel Camacho de Freitas Rua Levada do Cavalo, 21 K5, B2-3.ºP 9000 -174 Funchal José Pedro Gaspar dos Reis Urb. Quinta da Romeira,R. Carlos Paredes n.º 8 - 3.º Drt 3030-783 Coimbra Luís Miguel dos Santos Reis Soares de Almeida Rua Jorge Castilho 2 - 3º Dto. 1900-272 Lisboa Joselda Maria Viegas Pires Rua General Leman, 5 - 2ºDto 1600 Lisboa Luis Miguel Fernandes Taveira Rua da Angra, 363 - 1º 4150-028 Porto Juan Ocaña Wilhelmi Rua da Vinha, n.º 25 - 2.º Esq 1200 - 475 Lisboa Luis Miguel Noronha de Resende Horta Av. Fernão Magalhães, 1326, 5º Andar 4300 Porto 582 Luis Vitaller Gil Calle Violetas, 36 - Urnanizacion Altorreal 30509 Molina de Segura - Murcia Luíz Filipe Nunes de Oliveira Leite Calçada da Ajuda, 82 - 1º 1300-015 Lisboa Luiz Frederico de Brito e Cunha de Bastos Viegas Rua D. António Meireles, 16 - 6ºEsq 4250-054 Porto Mª. Alexandra Madureira O. Botelho Fernandes Feijóo Rua Sam Levy, Bloco H - 1.º D - Qta Sto António 1400 Lisboa Mª. Fernanda Coelho Guedes Bahia Rua Agra do Amial, 129 4ºDtº 4200-022 Porto Manuel António A. Marques Gomes Rua dos Lusíadas, 64 - 1ºD 1300 Lisboa Manuel António de Carvalho Martins Rua de Campolide, 24 - 8ºDto 1070 Lisboa Manuel Dias Anatomia Patológica Maternidade Júlio Dinis 4100 Porto Manuel Fidalgo Pereira Rua Adriano Correia de Oliveira, 118 2830-232 Quinta da Lomba - Barreiro Manuel José Campos Magalhães Rua dos Pinheiros, Lote 3 - Bloco B - 2º Dto. Costa da Guia 2750 - 606 Cascais Manuel José de Matos Almeida Rua Artilharia 1, nº 103, 4º 1070-012 Lisboa Manuel Luís Pinto de Mesquita Castro Ribeiro Rua de S. Dinis, 699 - 1º 4250-438 Porto Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Manuel Marques Pinto Calixto Rua das Silveiras, nº 32 - Sassoeiros 2775-632 Carcavelos Manuel Pedro Gama dos Santos Cachão Rua Prof. Reinaldo dos Santos, 4 - 8ºD 1500-504 Lisboa Manuel Sacramento Marques Rua Luis Oliveira Guimarães, nº 3 - 3º Esq. 1750-172 Lisboa Manuel Sereijo Silva Rua Alexandre Conceição, 44 3830-109 Ilhavo Manuel Virgílio Gonçalves Guerreiro Murta Av. António Rodrigues Manito, 72 - 2ºDto 2900 Setúbal Manuela Susana Mendes Leite Machado Rua Marechal Saldanha, 58 - 4º Esq. 4150 - 650 Porto Margarida Rosa Martins da Silva Alves Rafael Urbanização 3 Castelos. Rua Mira Serra, nº 10 - r/c Fte. 2710-439 Sintra Maria Alexandra Oliveira Morgado Rua Bento Gonçalves, 16 - 6ºA 2910 Setúbal Maria Alexandra Rosado Leitão Chaveiro Rua António Quadros, nº 1, 9º A 1600-875 Lisboa Maria Angela Trindade Pereira Casal do Areeiro do Meio, 34 2565 - 771 Turcifal Maria Augusta Gonçalves Fernandes Fugas Rua Padre Abílio Leite Sampaio, 680, Casa 23 4475-203 Gondim - Maia Maria Bernardete Moreira de Almeida Monteiro Rua Prof. Bento de Jesus Caraça, 11 - 4ºC 4200 - 130 Porto Maria Celeste Costa Sanches Galvão Brito Rua José Maria Rodrigues, n.º 22 Gualtar 4710 - 080 Braga Maria Cristina Abranches Vasconcelos Xavier Rua Eugénio de Castro, 170 - Hab. 11 4100-225 Porto Maria Cristina Paixão Alves Sousa Tapadinhas Rua Luis Oliveira Guimarães, 5 - 1º Ft. 1750-328 Lisboa Maria da Glória C. Correia Rua Comandante Joaquim Teotónio Segurado 32 - 3º Dto. 2750-779 Cascais Maria da Graça Brito Baptista Pessoa de Almeida Caminho do Corvo, Lote 2 - TG 18 8125 Vilamoura Maria da Luz Duarte Rua Padre Luís Portela, 27 - 3ºDto 4700-237 Braga Maria Angelina Almeida Mariano Praceta Machado de Castro, Lote 3 - 4ºA 3000 Coimbra Maria de Fátima Costa Pereira Mendes Barata Rua dos Soeiros, 301 - 4ºDto 1500-580 Lisboa Maria Antónia Melo Sousa Faria Cardoso Av. David Mourão Ferreira, Bloco B, 28 3.º B 1750 - 000 Lisboa Maria de Fátima Domingues Azeredo Cabral Urb. Quinta dos Padres Lote A4, Dto. 6300 Guarda Maria Antónia Miranda Pedreira Barros Ruan Teófilo Braga, nº 124 - 1º 4435-461 Rio Tinto Maria de Fátima Norton Mexêdo Avenida Dr. Antunes Guimarães, 908 - 3º 4100 Porto Maria de Lourdes Emerenciano de Sousa Av. 25 de Abril , n.º 12 - 6º C - Urb. Jardim da Radial 2620-186 Ramada Maria de Lourdes N. Almeida dos Santos Ferreira Urbanização Clube do Vau, nº 13 - Praia do Vau - 8500 Portimão Maria de Lurdes da Costa Ferreira Av. Miguel Torga, 25 Edf A - 8.º A 1070 - 183 Lisboa Maria de Lurdes Leite Taveira Lobo Rua Alves Redol, 15 - 2ºEsq 1000-030 Lisboa Maria de São José Marques Rua Afonso Gaio, nº5 2490-511 Ourém Maria Del Rosário Alves dos Santos Rua Eng. Rocha e Melo, 130 4410 - 425 Praia da Granja Maria Delmar Garrido Solana Higino Anglés n.º 4 - 4- 1.º 4 3001 Tarragona Maria do Carmo Coelho Le Mattre de Carvalho Av. Dos Plátanos, Lote 58, 3º B 2775-352 Parede Maria do Rosário Cardoso de Moura Av. das Nações Unidas nº1, 8ºA - 1600 Lisboa Maria dos Anjos da Silva Santos Cabeças Rua da Bica do Sapato, 44 - 3º Esq. 1100 - 069 Lisboa Maria Eduarda Macedo Osório Morais Ferreira Avenida do Parque, 375 - 2.º Esq 4100 Porto Maria Eugénia Bacelar Pinto de Carvalho Praça dos Pescadores, 21 - 3ºDto 4450-222 Matosinhos Maria Eugénia Moreira Neto R. Santa Iria 11-A, 2º Dto 5000 -690 Vila Real 583 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Maria Fernanda Sachse F Pinto Fonseca Santos Rua Nelson Barros, 13 - 2ºDto 1900-354 Lisboa Maria Francisca Serra Estrela Rua Direita, Calço da Furna, n.º 38 9500 -734 Ponta Delgada Maria Gabriela Vieira Marques Pinto Avenida de Roma, 83 - 5ºD 1700-344 Lisboa Maria Gioconda Rodrigues Mota Praça dos Pescadores, 41 - 8ºDto 4450- 222 Matosinhos Maria Goreti Baião Catorze Rua Elias Garcia, 253 - 3ºDto 2700-320 Amadora Maria Helena Junqueira Cerqueira Rua Rosália de Castro, 31 - 2ºEsq 4700-351 Braga Maria Helena Lacerda e Costa Rua Luís de Camões, 159 - 4º 1300-359 Lisboa Maria Helena Rijo Mendonça Avenida 5 de Outubro, 65 - 7ºEsq 8000-075 Faro Maria Irene de Jesus Gomes Santo Rua Maria Veleda, 3 - 2ºA 1500-441 Lisboa Maria Isabel de Almeida Anes Rua Nova dos Mercadores, 3 - 0904, 2ºC 1990-175 Lisboa Maria Isabel Henriques Conchon dos Santos Rua Fernando Namora, 36 - 10º Frente 1600-453 Lisboa Maria Isabel Ruas Faro Viana Rua João de Coimbra, Lote 5 - 1ºFrt 2750 Cascais Maria Isabel Teles Ferreira Cruz Antunes Praça da Revista O Tripeiro nº 42 - 1º hab.1.3 4150- 789 Porto 584 Maria Isabel Vaz Crespo de Carvalho Avenida Grão Vasco, 47 - R/c Dto 1500-336 Lisboa Maria João Banha Alves da Mata Nunes Peres R. Da Serrinha, Vila Serrinha, Vivenda S 2950-288 Palmela Maria Manuela Antunes Pecegueiro da Silva Garcia Rua Domingos Sequeira, nº 41 - 2º Esq. 1350-199 Lisboa Maria Manuela Aragão Paçô Bandeira Costa Rua Ten. Cor. Ribeiro dos Reis, 14 - 7ºDto 1500-588 Lisboa Maria João Ferreira Filipe da Silva Rua do Sobreiro, Lote 7 - Alto do Vale 2000-770 Vale de Santarém Maria Manuela Beirão Amaral de Oliveira Rua Alexandre Herculano, nº 188 3510-033 Viseu Maria João Figueiroa de Gois Paiva Lopes Rua Sousa Martins 7 - 3º Esq. 1050-217 Lisboa Maria Manuela Capitão-Mor R. Nova Mercadores, 03.09.04 - 3º A 1990-175 Lisboa Maria João Marques da Cruz Rua da Arroteia n.º 324, B223 4425 - 622 Pedrouços-Maia Maria Manuela Ferreira de Sousa Lima Rua Soares de Passos, 12 - 2º 1300-537 Lisboa Maria João Pereira Rodrigo Leiria Pires Rua Nova - Casa Nova 2665 Vila Franca do Rosário Maria João Rodrigo Rua dos Moinhos, nº 4 2665-419 Vila Franca do Rosário Maria José Gonçalves Gaspar Borrego Ed. Planície, Bl. A, 3º Dto., R. Noel 2600-218 Vila Franca de Xira Maria José Perotti Abad Estrada Papanata n.º 278 - 3.º T 4900 - 470 Viana do Castelo Maria Luisa Ribeiro Coelho Caldas Lopes Serafim Rua Manuel Marques, 2 - 10ºC 1750 - 171 Lisboa Maria Madalena de Vasconcelos Sanches Lugar de Beire, n.º 795 - Burgães 4780-133 Santo Tirso Maria Manuela Figueiredo Matias Alameda António Sérgio, 9 - 3ºDto 1700 Lisboa Maria Manuela Martinho Sequeira Aguiar Rua Maria Veleda, 3 - 4ºA 1500 - 441 Lisboa Maria Manuela Nunes dos Santos Cochito Rua Joaquim Agostinho, 14 - 5ºDto 1750 -126 Lisboa Maria Manuela Pinto Loureiro Urbanização Qt.ª de Santo António, Lote C 20 - 2ºE 8600 Lagos Maria Manuela Santos Martins Rocha Rua João Nascimento Costa, 1 - 3ºD 1900 Lisboa Maria Manuela Selores Azevedo Gomes Meirinhos Rua Dr. Nunes da Ponte, 108 - 2º 4150 Porto Maria Manuel Borges Nascimento Costa Sem morada actualizada Maria Margarida de Deus Silva Anes Condom. Villa Amélia - Bloco G, R/ch Dto - Cabanas 2950 - 805 Quinta do Anjo Maria Manuel Brites Xavier Rua António José de Almeida, 30 3000 Coimbra Maria Margarida Gonçalo Rua Infanta D. Maria, nº 30 A - 3º D 3030-330 Coimbra Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Maria Margarida Jardim Lopes Ferreira Apetato Rua Cidade Nova Lisboa, 59 1800-107 Lisboa Maria Margarida Pedro Gonçalves Dias Avenida Almirante Gago Coutinho, 59 4 dto. 1700-027 Lisboa Maria Teresa Dionísio da Luz Lopes Fiadeiro Rua Júlio Dinis, 8 - 5ºEsq 2685-215 Portela de Sacavém Miguel Rui Neves Silva Machado Trincheiras Rua Aniceto do Rosário, 20 2750-098 Cascais Maria Victoria Guiote Dominguez Avenida General Humberto Delgado, 408 - 2.º A 3030 - 327 Coimbra Mónica Ferreira Caetano Rua do Seixal 98, Hab. 2.1 4000 Porto Maria Marília Rodrigues da Silva Moreira da Fonseca Rua Qta do Alto, 38 2760 - 099 Caxias Mariana Alexandra de Almeida Cravo Rua Câmara Pestana, nº 39, 2º C 3030-163 Coimbra Maria Miguel Camelo Amaral Canelas Urb. Quinta da Várzea Lote 18 - 4.º A 3040 - 320 Coimbra Mário Manuel Godinho Rua 5 de Julho 67 2775-044 Parede Maria Natividade Santos Rocha Rua Armando Tavares nº 194 - Bloco 2, 2º Esq. 4405 Vilar Paraíso Maria Olívia Lobo da Conceição Bordalo e Sá Rua Tomás da Fonseca 26, Edif. 9 - 6º Dto. 1600-256 Lisboa Maria Purificacion Oñate Dominguez Rua de Santa Iria Lote 1 - 2º Esq. 5000-446 Vila Real Maria Raquel Mendes Pereira Vieira Macedo Al.da Quinta de Santo António nº5, núcleo 3 - 2º Esq. 1600 - 675 Lisboa Maria Raquel Morgado Gonçalves Marques Santos Avenida Guerra Junqueiro, 3 - 3ºDto 1000 - 166 Lisboa Maria Rosa da Silva Ferreira Nozes Tavares Rua de Santo António do Telheiro, 138 4465-249 S. Mamede de Infesta Maria Rute Ramos Silva Barrosa Carvalho Rua António Borges, 180 - 4ºD Traz. 4200 - 073 Porto Maria Susete Gonçalves Correia R. Lucio de Azevedo, 17 - 4º Esq. 1600-145 Lisboa Marisa Isabel Carpinteiro André de Seabra e Sousa Rua Manuelzinho D’Arcolena, 31 1400 - 241 Lisboa Marta Cecília da Mota Teixeira Rua Dr. Francisco Sá carneiro, n.º 55 4.º Andar 4460-676 Leça da Palmeira Moonira Ismail Hatia Rua Amélia Rey Colaço, nº 38, 6º Fte 2795-146 Carnaxide Nair Ramos Pontes Lomba Rua Jerónimo Mendonça, 274 - 1ºDto 4200 Porto Neide Sandra Pereira Alonso Rua de Angola, n.º 74 - 1.º D 3030 - Coimbra Nélia Maria Monteiro Alegria Sousa Martins Av. 22 de Dezembro, nº 25 G 10º 2900-670 Setúbal Nelson Ferreira Rodrigues Viegas Avenida Afonso de Albuquerque, 187 2825 Costa da Caparica Marta Filipa Lopes Pereira 2ª Travessa do Lavareto, 18 9050-166 Funchal Nisa Alexandra Alves Vieira Freitas Rua da Restauração, 99 E - 4ºDto A 4435-358 Rio Tinto Marta Isabel de Almeida Pereira Rua do Passal, 162 4430-875 Vila Nova de Gaia Nuno Miguel Bouças Vasconcelos Noronha Menezes R. Dr. Manuel Rodrigues de Abreu, 38 4710-385 Braga Martinha Maria Rita da Silva Henrique Rua Primavera, nº 2 2445- 593 Moita Maurício C. Gomes Dias Avenida Madame Currie, 16 - 3ºD 1070 - 167 Lisboa Mercedes Carmen Born Holzweg, 104 D-67098 Bad Duerkheim Miguel Alexandre de Almeida e Cruz Duarte Reis Rua do Mercado, nº 15 1800-271 Lisboa Octávio Sérgio Clare Barreto Costa Rua Conselheiro Veloso da Cruz, nº 887 - 5º E 4400-096 Vila Nova de Gaia Ofélia Morais Pereira Rua do Lugarinho, 303 4250-268 Porto Olga Cristina Soares Ferreira R. António Cândido Pinto, n.º 34 - 4.º Dto 4715 - 400 Braga Olga Pais Dias Pereira Ferreira Rua Santo António, 16 4445-199 Alfena 585 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Orlando Dias Martins Av. Afonso Costa, 20,gal/dir. 1900-036 Lisboa Pedro Filipe de Sousa Andrade Ladeira de Chão do Bispo, Lt 1 3030 - 159 Coimbra Rosa Maria Mortágua Velho Rua das Azenhas de Baixo, 74 - Sta. Joana 3800 Aveiro Oscar Eduardo Henriques Correia Tellechea Rua Fonte do Frade - Fala 3040-167 Coimbra Pedro Jorge dos Santos Monteiro Torres Aldeamento das Encostas, nº 9 Quinta das Encostas, 9 2775-765 Carcavelos Rubina Filipa Ascensão Alves Estrada Monumental, 364 - 3.º F 9000 - 100 Funchal Osvaldo José Coutinho Correia Rua do Ribeirinho 301 4150-635 Porto Pedro Nuno dos Santos Serrano Rua Joly Braga Santos, Lote L 6.º Dto 1600 -123 Lisboa Patricia Pereira da Costa Santos Rodrigues R. Padre José Joaquim Rebelo, nº 8, 1º Dtº 9500-000 Ponta Delgada Pedro Nuno Guerreiro de Sousa Viegas Av. Calouste Gulbenkian , 14 - 2.º Esq. 8000-072 Faro Rui Eduardo Martinez Sellés d’Oliveira Soares Rua Prof. Alfredo Sousa, Lote H 1 - 1º Dto 1600 - 188 Lisboa Paula Maria Raposo Guerra Marques Rua General José Celestino Silva, nº 8 12º Dto 1500-309 Lisboa Raquel Aline Tavares Cardoso Rua Ateneu Comercial, lote 12, 3.º Dto. 2000 Santarém Rui Jaime de Freitas Mendonça Rua D. Afonso Henriques, 901 E 2765-572 Estoril Raquel Maria Palma Guerreiro da Silva Rua Prof. Francisco Gentil, 8 - 2ºD 1600-624 Lisboa Rui Jorge Almada Ribeiro Avenida 9 de Abril, 100 - 1º 7100-500 Estremoz Ricardo José David Costa Vieira R. General Humberto Delgado, 408 - 2º A 3030-327 Coimbra Rui Jorge Ramalho Bajanca Rua Ten. Cor. Ribeiro dos Reis, 8 - 8ºDto 1500-588 Lisboa Ricardo Luís Azevedo de Oliveira Coelho Rua dos Remédios à Lapa, 9 1200 - 782 Lisboa Rui Manuel Severo Coelho Rua Joaquim de Almeida, 144 2780 Montijo Rita Mª. Rodrigues Teixeira de Castro Rua Bartolomeu Dias, 1 2780-811 Oeiras Rui Manuel Simões Braga Themido Praçeta do Poder Local, nº 8 - 6ºEsq 1675-155 Pontinha Paulo Jorge Varela Cerqueira Fernandes Rua Coronel Almeida Valente, 198 4200-030 Porto Rita Venina de Amaral Pereira Gomes Guedes Rua Damião de Góis, n.º 470 - 1.º E 4050 - 224 Porto Rui Miguel Fernandes Silva Marcos Rua do Lagar, Lote 12 - Quinta da Ponte, Sub-serra 2600-843 S. João dos Montes Paulo Manuel Leal Filipe Estrada de Benfica, 707 - 7º Dto. 1500-088 Lisboa Rodrigo José Araújo Carvalho R. José Ferrão Castelo Branco nº 11 - 1º A 2770-098 Paço d’Arcos Sandra Paula Dutra Medeiros Rua Padre Américo, 15, 1º Esq 1600 - 548 Lisboa Pedro Alexandre Fernandes da Ponte R. Actor Taborda n.º 38, 4ºDtº 1000 -008 Lisboa Rosa Cristina Correia Mascarenhas Rua da Liberdade, 53, 1.º 3080 - 168 S. Julião - Figueira da Foz Sara Bernarda da Piedade Turpin Rua Lauriano de Oliveira, n.º 54 - 3.º Dto 1885 - 050 Moscavide Pedro António Masson Poiares Baptista Quinta da Loureira 3060-030 Ançã Rosa Madureira Rua Prof. Barahona Fernandes, 6 1750 - 299 Lisboa Sara Isabel Alcântara Lestre Rua António Quadros, 3 - 8.º Dto 1600 - 875 Lisboa Paulo Filipe de Morais Cardoso Largo da Igreja, n.º 143 - 1.º Dto 4500 - 474 Silvalde - Espinho Paulo Henrique Ramos dos Santos Rua Naulila 270 4200 - 412 Porto Paulo Jorge da Silva Ferreira Largo de São Sebastião da Pedreira, nº 9 - 4º C 1050-205 Lisboa Paulo Jorge Tavares da Silva Lamarão Largo Frei Luís de Sousa nº 4 1700-205 Lisboa 586 Rui Carlos Tavares Bello Rua D. Francisco de Almeida, 23 2750-163 Cascais Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV Saudade Rosa do Carmo Martins Gonçalo Praceta Fausto Correia, n.º 8 - 2.º D 3000 - 253 Coimbra Soter Albertino Aguiar Ramos Rua Manuel Bandeira, 117, 6º H. 61 4150-478 Porto Vanda Guiomar Ribeiro de Oliveira Av. Nossa Senhora do Rosário, 1212 2750 - 178 Cascais Serafim da Silva Aguiar Rua Alfredo Cunha, 225 - 2ºE 4450-023 Matosinhos Sunita Rauto Dessai Hosp. Reynaldo dos Santos - Serv. Dermat. -R. Doutor Luís C. Per 2600 - 077 V. Franca de Xira Vasco Manuel Coelho Macias Praceta António Ferreira, n.º 8 - 5.º Esq 2790 - 024 Carnaxide Sérgio Manuel Vieira dos Santos Seara Alves Rua Sacadura Cabral, Nº 48 - 2º 4780-422 Santo Tirso Teresa Luisa Estanislau Correia Av. Estados Unidos da América, 80 - 7º Dtº 1700 Lisboa Silvino Manuel Fidalgo Verde Rua D. Filipa de Vilhena, 4 - 1ºEsq 1000-135 Lisboa Teresa Maria Marques Pereira Cabral Ribeiro Rua Conde S. Bento, 131, 2º 4785-296 Trofa Sofia Loureiro Marques de Vasconcelos Magina Rua Roberto Ivens 1336 - 9, 1 4450-251 Matosinhos Sónia Alexandra de Almeida Coelho Avenida dos Lusiadas, 22, R/C, Forca 3800-006 Aveiro Sónia Figueiredo Fernandes R. Joaquim Rocha Cabral, n.º 16 - 4B 1600 - 086 Lisboa Sónia Maria Ruivo Pimentel Av. Columbano Bordalo Pinheiro, 73, 4º Esq. 1070-061 Lisboa Teresa Martine Baudrier da Silva Flores Correia Praceta João Augusto Ribeiro, nº 20, Hab. C-7 4100 Porto Vasco Maria Pinto de Sousa Coutinho Rua da Junqueira, 1 - 3º R 1300-342 Lisboa Vasco Vieira Serrão Ferreira Rua Prof. Henrique Vilhena, nº 4, 6º Dtº 1600-622 Telheiras Vera Maria dos Santos Monteiro Torres Rua das Amoreiras, n.º 78 - 8.º Andar 1250 - 024 Lisboa Virgilio da Costa Rua de São Mamede 45 - 3º Dto Frt B 4435 Rio Tinto Tiago Castro Esteves Rua Jorge Colaço, n.º 35 - 4.ª Dto 1700 - 252 Lisboa Vitor Manuel Ramos Neto Sítio do Pé do Cerro, 263 - A 8005-512 Sta. Bárbara de Nexe Tiago da Costa Ferreira Torres Rua João Grave, n.º 50, 3.º Dto 4150 - 427 Porto Vitor Manuel Sousa Alvares Quintela Avenida Maria Auxiliadora, 586 4900-816 Areosa - Viana do Castelo Valdemar Goulart Porto Rua Padre Anchieta, nº 12 - B, Tercena 2730-131 Barcarena Wilhelm Ludwig Osswald Rua Passeio Alegre, 822 - 1º 4150-574 Porto 587 Índice - Volume 68 (2010) ÍNDICE DE ASSUNTOS Nº Página Abordagem Sindrómica (Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II) .................................................505 Acantose Nigricante Maligna (Papilomatose Cutânea Florida e Reveladoras de Neoplasia Gástrica) .......................... 247 Ácido Acético (Teste do. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino) .............................................................................................................................................521 Acrodermatite Enteropática – Singularidades de Um Caso Clínico ..........................................................................543 Actas das Assembleias-gerais ...............................................................................................................................571 Actas das Assembleias-gerais ...............................................................................................................................289 Adalimumab no Tratamento de Psoríase – Revisão de 27 Casos .............................................................................499 Avaliação Dermatoscópica de Nevos Melanocíticos Acrais – Revisão de 109 Lesões ................................................381 Biológicos (Normas de Boa Prática para o Tratamento da Psoríase em Placas em Idade não Pediátrica com) .................47 Bolhosa (Dermatose em Lactente de 5 Meses) .......................................................................................................537 Bolhoso (Penfigóide Infantil) .................................................................................................................................141 Bolsas e Prémios (Novos Regulamentos - 2010) .....................................................................................................153 Bolsas e Prémios atribuídos (2010) .......................................................................................................................285 Bolsas e Prémios atribuídos (2010) .......................................................................................................................453 Bolsas e Prémios atribuídos (2010/2011) ..............................................................................................................567 Bolsas SPDV-EADV (2011) - Regulamento .............................................................................................................569 Calcinose Cutânea como Forma de Apresentação de Esclerodermia Sistémica Juvenil Grave ................................... 279 Características Dermatoscópicas do Hidradenoma Nodular ...................................................................................429 Carcinogénese Renal (Mutações do Gene FH – Leiomiomatose Cutânea e Uterina Familiar e) .................................. 261 Cavidade Oral (Mucosite Plasmocitária da) ...........................................................................................................149 Cefazolina (Eficácia vs Penicilina G no Tratamento de Dermo-Hipodermites Agudas: Estudo Retrospectivo de 140 Doentes) .................................................................................................................................................227 Células T (Linfomas Cutâneos Primários de em Estádio Avançado. Apresentação de Quatro Casos Clínicos) ............. 413 Civatte (Poiquilodermia de: Revisão da Literatura e Eficácia do Laser de Corante Pulsado no seu Tratamento) ............ 365 Clindamicina (Toxidermias Imputáveis à – Valor dos Testes Epicutâneos) .................................................................. 103 Comentário – “Um pouco da minha experiência, fora de Portugal…” .....................................................................572 Consulta de Dermatologia Pediátrica (Revisão da do Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António: 1999 – 2009) .....................................................................................................................................................387 Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica ............................................... 505 Contagioso (Molusco – Epidemiologia e Opções Terapêuticas) ...............................................................................527 Correcção Cirúrgica do Ectropion da Pálpebra Inferior com Plastia em Z ................................................................409 Criança (Psoríase – Revisão de 56 Casos) .............................................................................................................491 Decilglucósido, Surfactante (Dermatite de Contacto Alérgica ao do Tinosorb M®) .................................................... 431 Dermatite de Contacto Alérgica ao Decilglucósido, Surfactante do Tinosorb M® .....................................................431 Dermatite Livedóide de Nicolau após Injecção Intramuscular de Penicilina Benzatínica .............................................437 Dermatofibroma gigante ..................................................................................................................................... 267 Dermatoscopia (Importância dos Padrões Vasculares em) .......................................................................................217 Dermatoscópica (Avaliação de Nevos Melanocíticos Acrais – Revisão de 109 Lesões) .............................................. 381 Dermatoscópicas (Características do Hidradenoma Nodular) ..................................................................................429 Dermatose Bolhosa em Lactente de 5 Meses .........................................................................................................537 Dermo-Hipodermites Agudas (Eficácia de Cefazolina vs Penicilina G no Tratamento de: Estudo Retrospectivo de 140 Doentes) .................................................................................................................................................227 Doença de Hansen – Uma Causa Rara de Febre Prolongada e Recorrente ..............................................................445 Doença de Hansen (Reacções Leprosas na. 1ª Parte) .............................................................................................355 Doença de Hansen (Reacções Leprosas na. Parte II – Terapêutica) ...........................................................................467 Doença de Heck (Hiperplasia Epitelial Focal – Relato de Um Caso e Revisão da Literatura) ....................................... 129 589 Índice - Volume 68 (2010) Doenças Cutâneas Crónicas (Medicamentos que Induzem ou Agravam) ....................................................................11 Doenças Sexualmente Transmissíveis (Consulta de. Parte II – Abordagem Sindrómica) ...............................................505 Ectropion da Pálpebra Inferior (Correcção Cirúrgica do com Plastia em Z) .............................................................. 409 Eczema Atópico (Mutações no Gene FLG e o Estado da Arte) .................................................................................477 Editorial .................................................................................................................................................................9 Eficácia de Cefazolina vs Penicilina G no Tratamento de Dermo-Hipodermites Agudas: Estudo Retrospectivo de 140 Doentes ..................................................................................................................................................227 Ekbom (Síndrome de – A Propósito de um Caso Clínico) ........................................................................................ 275 Encefalopatia como Manifestação Inicial de Escleromixedema – Tratamento com Imunoglobulina Intravenosa ...........237 Enteropática (Acrodermatite – Singularidades de Um Caso Clínico) .........................................................................543 Eosinofílica (Úlcera da Mucosa Oral – 2 Casos Clínicos) ........................................................................................145 Epidemiologia (Molusco Contagioso – Opções Terapêuticas) ................................................................................. 527 Epidemiológico (Estudo dos Doentes com Sarcoma de Kaposi) ............................................................................... 373 Esclerodermia Sistémica Juvenil Grave (Calcinose Cutânea como Forma de Apresentação de) ................................. 279 Escleromixedema (Encefalopatia como Manifestação Inicial de – Tratamento com Imunoglobulina Intravenosa) ......... 237 Estudo Epidemiológico dos Doentes com Infecção Clínica HPV Genital da Consulta de DST do Hospital Curry Cabral num Período de 3 Anos ...................................................................................................................403 Estudo Epidemiológico dos Doentes com Sarcoma de Kaposi ................................................................................ 373 Febre Prolongada e Recorrente (Doença de Hansen – Uma Causa Rara de) ............................................................ 445 Gene FH (Mutações do – Leiomiomatose Cutânea e Uterina Familiar e Carcinogénese Renal) ................................. 261 Gene FLG (Mutações no e Eczema Atópico – O Estado da Arte) ............................................................................. 477 Glomuvenosas (Malformações – Diferentes Apresentações Clínicas) ....................................................................... 255 Goma Sifilítica Cutânea (Úlcera Frontal Solitária) ...................................................................................................561 Hansen (Doença de – Uma Causa Rara de Febre Prolongada e Recorrente) ............................................................ 445 Heck (Hiperplasia Epitelial Focal, Doença de – Relato de Um Caso e Revisão da Literatura) ...................................... 129 Hidradenoma Nodular (Características Dermatoscópicas do) ................................................................................. 429 Hidratação Cutânea ............................................................................................................................................195 Hiperplasia Epitelial Focal (Doença de Heck) – Relato de Um Caso e Revisão da Literatura .......................................129 Hospital Curry Cabral (Estudo Epidemiológico dos Doentes com Infecção Clínica HPV Genital da Consulta de DST do num Período de 3 Anos) ...................................................................................................................... 403 Hospital de Santo António (Revisão da Consulta de Dermatologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto: 1999 – 2009) .................................................................................................................................................... 387 HPV Genital (Estudo Epidemiológico dos Doentes com Infecção Clínica da Consulta de DST do Hospital Curry Cabral num Período de 3 Anos) .................................................................................................................. 403 Importância dos Padrões Vasculares em Dermatoscopia .........................................................................................217 Imunoglobulina Intravenosa (Encefalopatia como Manifestação Inicial de Escleromixedema – Tratamento com) ..........237 Incontinentia Pigmenti – Apresentação de um Caso ...............................................................................................555 Índice – Volume 68 (2010) ..................................................................................................................................589 Índice de Assuntos .............................................................................................................................................. 589 Índice de Autores ................................................................................................................................................593 Índice Geral .......................................................................................................................................................596 Indivíduos Assintomáticos (Rastreio de Infecções Sexualmente Transmissíveis em) ......................................................117 Infecção Clínica HPV (Estudo Epidemiológico dos Doentes com Genital da Consulta de DST do Hospital Curry Cabral num Período de 3 Anos) .................................................................................................................. 403 Infecção Genital pelo Papilomavírus (Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Humano no Sexo Masculino) .............................................................................................................................................521 Infecção Genital Pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino. Apresentações Clínicas e Factores de Risco Associados ...........................................................................................................................................395 Infecções Sexualmente Transmissíveis (Rastreio de em Indivíduos Assintomáticos) ......................................................117 Lactente (Dermatose Bolhosa em de 5 Meses) .......................................................................................................537 Laser de Corante Pulsado (Poiquilodermia de Civatte: Revisão da Literatura e Eficácia no seu Tratamento) ..................365 590 Índice - Volume 68 (2010) Leiomiomatose Cutânea e Uterina Familiar (Mutações do Gene FH e Carcinogénese Renal) .....................................261 Leprosas (Reacções na Doença de Hansen. Parte I) ................................................................................................355 Leprosas (Reacções na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica) ...........................................................................467 Linfomas Cutâneos Primários de Células T em Estádio Avançado. Apresentação de Quatro Casos Clínicos ...............413 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV ................................................................................................577 Livedóide (Dermatite de Nicolau após Injecção Intramuscular de Penicilina Benzatínica) ........................................... 437 Malformações Glomuvenosas – Diferentes Apresentações Clínicas .........................................................................255 Medicamentos que Induzem ou Agravam Doenças Cutâneas Crónicas .....................................................................11 Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas .................................................................................527 Mucosa Oral (Úlcera Eosinofílica – 2 Casos Clínicos) ............................................................................................ 145 Mucosite Plasmocitária da Cavidade Oral .............................................................................................................149 Mutações do Gene FH – Leiomiomatose Cutânea e Uterina Familiar e Carcinogénese Renal ....................................261 Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte ...............................................................................477 Neoplasia Gástrica (Papilomatose Cutânea Florida e Acantose Nigricante Maligna Reveladoras de) ......................... 247 Nevos Melanocíticos Acrais (Avaliação Dermatoscópica – Revisão de 109 Lesões) ................................................... 381 Nicolau (Dermatite Livedóide de após Injecção Intramuscular de Penicilina Benzatínica) ........................................... 437 Normas de Boa Prática para o Tratamento da Psoríase em Placas em Idade não Pediátrica com Biológicos .................47 Notícias ..............................................................................................................................................................165 Novos Regulamentos das Bolsas e Prémios (2010) .................................................................................................153 Orçamento para 2010 ........................................................................................................................................306 Padrões Vasculares (Importância dos em Dermatoscopia) ....................................................................................... 217 Palmoplantar Epidermolítica (Queratodermia Hereditária de Vörner – Relato de Um Caso Familiar) ...........................123 Papilomatose Cutânea Florida e Acantose Nigricante Maligna Reveladoras de Neoplasia Gástrica ...........................247 Papilomavírus (Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Humano no Sexo Masculino) .............................................................................................................................................521 Papilomavírus Humano (Infecção Genital no Sexo Masculino. Apresentações Clínicas e Factores de Risco Associados) ...........................................................................................................................................395 Paternalismo Hipocrático (Sobre o), a Relação Médico-Doente, a Responsabilidade Civil dos Médicos e o Exercício da Dermatologia – Algumas Reflexões ......................................................................................................69 Penfigóide Bolhoso Infantil ...................................................................................................................................141 Penicilina Benzatínica (Dermatite Livedóide de Nicolau após Injecção Intramuscular de) ........................................... 437 Penicilina G (Eficácia de Cefazolina vs no Tratamento de Dermo-Hipodermites Agudas: Estudo Retrospectivo de 140 Doentes) ................................................................................................................................................ 227 Pigmenti (Incontinentia – Apresentação de um Caso) ............................................................................................. 555 Pili Annulati e Pili Trianguli et Canaliculi – Casos Clínicos ....................................................................................... 551 Pili Trianguli et Canaliculi (Pili Annulati – Casos Clínicos) ........................................................................................ 551 Piroxicam (Vinte Anos de Toxidermias ao) ................................................................................................................95 Plano de Acção para 2010 ................................................................................................................................. 305 Plasmocitária (Mucosite da Cavidade Oral) .......................................................................................................... 149 Plastia em Z (Correcção Cirúrgica do Ectropion da Pálpebra Inferior com) .............................................................. 409 Poiquilodermia de Civatte: Revisão da Literatura e Eficácia do Laser de Corante Pulsado no seu Tratamento ..............365 Psoríase (Adalimumab no Tratamento de – Revisão de 27 Casos) ............................................................................499 Psoríase em Placas em Idade não Pediátrica com Biológicos (Normas de Boa Prática para o Tratamento da) ............... 47 Psoríase na Criança – Revisão de 56 Casos ...........................................................................................................491 Queratodermia Palmoplantar Epidermolítica Hereditária de Vörner – Relato de Um Caso Familiar ............................123 Rastreio de Infecções Sexualmente Transmissíveis em Indivíduos Assintomáticos ........................................................117 Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte I ..................................................................................................355 Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica .............................................................................467 Relação Médico-Doente (Sobre o Paternalismo Hipocrático, a Responsabilidade Civil dos Médicos e o Exercício da Dermatologia – Algumas Reflexões) ................................................................................................................... 69 Relatório de Actividades de 2009 .........................................................................................................................292 591 Índice - Volume 68 (2010) Relatório de Contas de 2009 ...............................................................................................................................303 Responsabilidade Civil dos Médicos (Sobre o Paternalismo Hipocrático, a Relação Médico-Doente e o Exercício da Dermatologia – Algumas Reflexões) ..................................................................................................... 69 Reunião de Outono da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – Albufeira, 6 e 7 de Novembro de 2009 (Resumos dos Posters) ............................................................................................................167 Reunião de Primavera da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – Vila Nova de Gaia, 23 e 24 de Abril de 2010 (Programa e Resumos) .................................................................................................. 309 Revisão da Consulta de Dermatologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António: 1999 - 2009 ......................................................................................................................................................387 Sarcoma de Kaposi (Estudo Epidemiológico dos Doentes) ...................................................................................... 373 Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António (Terapêutica Fotodinâmica em Tumores Cutâneos Malignos – Experiência do) .................................................................................................111 Síndrome de Ekbom – A Propósito de um Caso Clínico ..........................................................................................275 Sobre o Paternalismo Hipocrático, a Relação Médico-Doente, a Responsabilidade Civil dos Médicos e o Exercício da Dermatologia – Algumas Reflexões ......................................................................................................69 Spinulosa (Triscostasis) .........................................................................................................................................135 Surfactante (Dermatite de Contacto Alérgica ao Decilglucósido, do Tinosorb M®) .................................................... 431 Terapêutica (Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II) ..............................................................................467 Terapêutica Fotodinâmica em Tumores Cutâneos Malignos – Experiência do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António .....................................................................................................111 Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino ..............................................................................................................................................521 Testes Epicutâneos (Toxidermias Imputáveis à Clindamicina – Valor dos) .................................................................. 103 Tinosorb M® (Dermatite de Contacto Alérgica ao Decilglucósido, Surfactante do) .................................................... 431 Toxicodermias: Revisão Clinico-Patológica de 10 Anos ............................................................................................ 89 Toxidermias (Vinte Anos ao Piroxicam) .................................................................................................................... 95 Toxidermias Imputáveis à Clindamicina – Valor dos Testes Epicutâneos ....................................................................103 Tratamento (Adalimumab no de Psoríase – Revisão de 27 Casos) ........................................................................... 499 Tratamento da Psoríase em Placas em Idade não Pediátrica com Biológicos (Normas de Boa Prática para o) ...............47 Triscostasis Spinulosa ...........................................................................................................................................135 Tumores Cutâneos Malignos (Terapêutica Fotodinâmica – Experiência do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António) ......................................................................................... 111 Úlcera Eosinofílica da Mucosa Oral – 2 Casos Clínicos .........................................................................................145 Úlcera Frontal Solitária – Goma Sifilítica Cutânea ..................................................................................................561 Vinte Anos de Toxidermias ao Piroxicam ..................................................................................................................95 Vörner (Queratodermia Palmoplantar Epidermolítica Hereditária de – Relato de Um Caso Familiar) ........................... 123 592 Índice - Volume 68 (2010) ÍNDICE AUTORES (ARTIGOS)* Nº Página Adame R ............................................................................................................................................................373 Afonso A ............................................................................................................................................................267 Allende Markixana I .............................................................................................................................................365 Alves R ...............................................................................................................................................................572 Amado C ............................................................................................................................................................555 Amaro J ............................................................................................................................................................. 373 Andrade P .........................................................................................................................................431, 437, 561 Apetato M ..........................................................................................................................................................445 Araújo Carvalho R .......................................................................................................................................355, 467 Azevedo F ..................................................................................................................227, 395, 413, 477, 505, 521 Baptista A ...........................................................................................................................................279, 429, 551 Baptista J ........................................................................................................................................................... 381 Barata Feio A ......................................................................................................................................................123 Barros AM ..........................................................................................................................................................413 Baudrier T .................................................................................................................................................. 227, 275 Bézieau S ...........................................................................................................................................................543 Boixeda P ...........................................................................................................................................................365 Borges da Costa J .......................................................................................................................................117, 527 Bragança M ....................................................................................................................................................... 275 Brinca A .............................................................................................................................................................247 Brites MM ...........................................................................................................................................103, 247, 437 Brito C ..........................................................................................................................................89, 237, 255, 491 Cabral F .............................................................................................................................................................537 Calistru AM ........................................................................................................................................................413 Campelos S ......................................................................................................................................................... 89 Canelas MM ......................................................................................................................................103, 145, 149 Cardoso J ...........................................................................................................................................267, 403, 467 Cardoso JC ........................................................................................................................................................247 Castro Esteves T ..................................................................................................................................................373 Catorze MG .......................................................................................................................................................195 Coelho J ............................................................................................................................................................ 499 Costa Rosa J .......................................................................................................................................................373 Costa V ..............................................................................................................................................................111 Cruz MJ ............................................................................................................................................................. 275 Cunha D ....................................................................................................................................................267, 403 Cunha F .............................................................................................................................................................555 Diamantino F ......................................................................................................................................123, 381, 499 Dias Coelho J .....................................................................................................................................................381 Duarte AF ...........................................................................................................................................................227 Duarte ML ..........................................................................................................................................................237 Esteves T ............................................................................................................................................................403 Faro T ................................................................................................................................................................445 Fernandes C .......................................................................................................................................................403 Fernandes I .................................................................................................................................................111, 387 Fernandes JC ........................................................................................................................................................89 Fernandes S ........................................................................................................................................................135 Ferrando B ......................................................................................................................................................... 261 593 Índice - Volume 68 (2010) Ferreira A ............................................................................................................................................381, 445, 499 Ferreira C ...........................................................................................................................................................237 Ferreira O ..................................................................................................................................................227, 413 Fidalgo A ....................................................................................................................................................381, 499 Figueiredo A .................................................................................................95, 145, 149, 247, 261, 431, 437, 561 Filipe P .................................................................................................................................................................47 Fleta Asín B ........................................................................................................................................................365 Furtado C .......................................................................................................................................................... 409 Gámez Pérez L ................................................................................................................................................... 365 García Cano I .................................................................................................................................................... 365 Gomes J ....................................................................................................................................................255, 491 Gonçalo M ...........................................................................................................................95, 103, 261, 431, 437 Goulão J ........................................................................................................................................................... 409 Guedes R ...........................................................................................................................................................551 Guimarães P ...................................................................................................................................................... 413 Guiote V ....................................................................................................................................................217, 555 Henrique M .................................................................................................................................................217, 555 Januário G .........................................................................................................................................................537 João A ................................................................................................................................................129, 141, 445 Lamarão P ......................................................................................................................................................... 267 Lázaro Serrano M ............................................................................................................................................... 365 Leite I .........................................................................................................................................................279, 551 Lestre S ......................................................................................................................................................129, 445 Lisboa C .....................................................................................................................................395, 413, 505, 521 Lobo I ................................................................................................................................................................387 Lopes MJ ............................................................................................................................................................141 Machado S ........................................................................................................................................................ 387 Magalhães Ramos F ........................................................................................................................................... 227 Maio P ...............................................................................................................................................355, 445, 467 Mariano A ..........................................................................................................................................................561 Marques Gomes M .............................................................................................................................................527 Marques J ..........................................................................................................................................................275 Marques Pinto G ........................................................................................................................................9, 11, 47 Mascarenhas R ...........................................................................................................................................217, 555 Matos J ..............................................................................................................................................................543 Menezes N ........................................................................................................................................................ 429 Morais P ....................................................................................................................................................365, 477 Moreira A ......................................................................................................................... 279, 395, 429, 521, 551 Moreno A ...................................................................................................................................................537, 543 Mota A ...............................................................................................................................................227, 275, 477 Moura C ............................................................................................................................................................373 Nogueira A .........................................................................................................................................................505 Oliveira A .......................................................................................................................................................... 387 Osório Ferreira E .........................................................................................................................................279, 551 Pardal F ....................................................................................................................................................... 89, 237 Pasini B ..............................................................................................................................................................261 Pecegueiro M ..................................................................................................................................................... 373 Pereira N ....................................................................................................................................................103, 437 Pereira T .............................................................................................................................................................491 Ponte P ...............................................................................................................................................................129 Rafael M ............................................................................................................................................................373 594 Índice - Volume 68 (2010) Rocha J ..............................................................................................................................................................255 Rodrigues A ................................................................................................................................................267, 403 Rodrigues F .........................................................................................................................................................537 Rodrigues L ........................................................................................................................................................ 279 Rodrigues M .......................................................................................................................................................237 Rosmaninho A .................................................................................................................................................... 387 Sachse MF ......................................................................................................................................................... 373 Sanches A .......................................................................................................................................................... 429 Santiago F ..........................................................................................................................103, 149, 261, 537, 543 Santos G ............................................................................................................................................................141 Santos R .............................................................................................................................................................403 Schmitt S ............................................................................................................................................................543 Selores M ...................................................................................................................................................111, 387 Serra D ................................................................................................................................................95, 145, 261 Serrão V .....................................................................................................................................................129, 499 Soares de Almeida L ............................................................................................................................................527 Tavares-Bello R .............................................................................................................................................69, 135 Tellechea O ................................................................................................................145, 149, 247, 261, 537, 543 Tente D ..............................................................................................................................................................279 Torres T ......................................................................................................................................................111, 387 Travassos AR ...................................................................................................................................................... 527 Trindade F ..........................................................................................................................................................141 Varela P ............................................................................................................................................................. 429 Ventura F ....................................................................................................................................................237, 491 Vieira AP .....................................................................................................................................................255, 491 Vieira R .......................................................................................................................................................355, 467 Vieira R ......................................................................................................................................................145, 149 Vilarinho C ...........................................................................................................................................................89 *Em negrito, 1ºautor 595 Índice - Volume 68 (2010) ÍNDICE GERAL NÚMERO 1, 2010 Editorial Gabriela Marques Pinto ...........................................................................................................................................9 Medicamentos que Induzem ou Agravam Doenças Cutâneas Crónicas Gabriela Marques Pinto .........................................................................................................................................11 Normas de Boa Prática para o Tratamento da Psoríase em Placas em Idade não Pediátrica com Biológicos Gabriela Marques Pinto, Paulo Filipe ...................................................................................................................... 47 Sobre o Paternalismo Hipocrático, a Relação Médico-Doente, a Responsabilidade Civil dos Médicos e o Exercício da Dermatologia – Algumas Reflexões Rui Tavares-Bello ...................................................................................................................................................69 Toxicodermias: Revisão Clinico-Patológica de 10 Anos Catarina Vilarinho, Sofia Campelos, José Carlos Fernandes, Fernando Pardal, Celeste Brito ........................................89 Vinte Anos de Toxidermias ao Piroxicam David Serra, Margarida Gonçalo, Américo Figueiredo ..............................................................................................95 Toxidermias Imputáveis à Clindamicina – Valor dos Testes Epicutâneos Neide Pereira, Mª Miguel Canelas, Felicidade Santiago, Mª Manuel Brites, Margarida Gonçalo .................................103 Terapêutica Fotodinâmica em Tumores Cutâneos Malignos – Experiência do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António Tiago Torres, Iolanda Fernandes, Virgílio Costa, Manuela Selores ............................................................................111 Rastreio de Infecções Sexualmente Transmissíveis em Indivíduos Assintomáticos João Borges da Costa ..........................................................................................................................................117 Queratodermia Palmoplantar Epidermolítica Hereditária de Vörner – Relato de Um Caso Familiar Filipa Diamantino, Ana Barata Feio .......................................................................................................................123 Hiperplasia Epitelial Focal (Doença de Heck) – Relato de Um Caso e Revisão da Literatura Sara Lestre, Pedro Ponte, Alexandre João, Vasco Serrão ..........................................................................................129 Triscostasis Spinulosa Rui Tavares-Bello, Sónia Fernandes ........................................................................................................................135 Penfigóide Bolhoso Infantil Felicidade Trindade, Guida Santos, Alexandre João, Maria João Lopes .....................................................................141 Úlcera Eosinofílica da Mucosa Oral – 2 Casos Clínicos Maria Miguel Canelas, David Serra, Ricardo Vieira, Óscar Tellechea, Américo Figueiredo ..........................................145 Mucosite Plasmocitária da Cavidade Oral Mª Miguel Canelas, Felicidade Santiago, Ricardo Vieira, Óscar Tellechea, Américo Figueiredo ...................................149 Novos Regulamentos das Bolsas e Prémios (2010) .................................................................................................153 Notícias ..............................................................................................................................................................165 Reunião de Outono da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia Albufeira, 6 e 7 de Novembro de 2009 (Resumos dos Posters) ................................................................................167 596 Índice - Volume 68 (2010) NÚMERO 2, 2010 Hidratação Cutânea M. Goreti Catorze ...............................................................................................................................................195 Importância dos Padrões Vasculares em Dermatoscopia Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Martinha Henrique ..........................................................................................217 Eficácia de Cefazolina vs Penicilina G no Tratamento de Dermo-Hipodermites Agudas: Estudo Retrospectivo de 140 Doentes Olga Ferreira, Alberto Mota, Teresa Baudrier, Filipe Magalhães Ramos, Ana Filipa Duarte, Filomena Azevedo .............227 Encefalopatia como Manifestação Inicial de Escleromixedema – Tratamento com Imunoglobulina Intravenosa Filipa Ventura, Maria da Luz Duarte, Margarida Rodrigues, Carla Ferreira, Fernando Pardal, Celeste Brito ...................237 Papilomatose Cutânea Florida e Acantose Nigricante Maligna Reveladoras de Neoplasia Gástrica Ana Brinca, J.C. Cardoso, M.M. Brites, Óscar Tellechea, Américo Figueiredo ............................................................247 Malformações Glomuvenosas – Diferentes Apresentações Clínicas Joana Gomes, Joana Rocha, Ana Paula Vieira, Celeste Brito ...................................................................................255 Mutações do Gene FH – Leiomiomatose Cutânea e Uterina Familiar e Carcinogénese Renal David Serra, Felicidade Santiago, Margarida Gonçalo, Óscar Tellechea, Barbara Ferrando, Barbara Pasini, Américo Figueiredo .............................................................................................................................................261 Dermatofibroma gigante Daniela Cunha, Paulo Lamarão, Ana Rodrigues, Ana Afonso, Jorge Cardoso ............................................................267 Síndrome de Ekbom – A Propósito de um Caso Clínico João Marques, Maria João Cruz, Teresa Baudrier, Alberto Mota, Miguel Bragança ....................................................275 Calcinose Cutânea como Forma de Apresentação de Esclerodermia Sistémica Juvenil Grave Ana Moreira, Inês Leite, Lúcia Rodrigues, David Tente, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira .............................279 Bolsas e Prémios atribuídos (2010) .......................................................................................................................285 Actas das Assembleias-gerais ...............................................................................................................................289 Relatório de Actividades de 2009 .........................................................................................................................292 Relatório de Contas de 2009 ...............................................................................................................................303 Plano de Acção para 2010 ..................................................................................................................................305 Orçamento para 2010 ........................................................................................................................................306 Reunião de Primavera da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia Vila Nova de Gaia, 23 e 24 de Abril de 2010 (Programa e Resumos) .....................................................................309 597 Índice - Volume 68 (2010) NÚMERO 3, 2010 Reacções Leprosas na Doença de Hansen. 1ª Parte Rodrigo Araújo Carvalho, Paula Maio, Raquel Vieira .............................................................................................. 355 Poiquilodermia de Civatte: Revisão da Literatura e Eficácia do Laser de Corante Pulsado no seu Tratamento Paulo Morais, Irati Allende Markixana, Beatriz Fleta Asín, Inmaculada García Cano, Lucía Gámez Pérez, Mireya Lázaro Serrano, Pablo Boixeda .................................................................................................................. 365 Estudo Epidemiológico dos Doentes com Sarcoma de Kaposi Tiago Castro Esteves, Cecília Moura, Margarida Rafael, M Fernanda Sachse, Joaninha Costa Rosa, Rafael Adame, Manuela Pecegueiro, João Amaro ........................................................................................................................373 Avaliação Dermatoscópica de Nevos Melanocíticos Acrais – Revisão de 109 Lesões Joana Dias Coelho, Filipa Diamantino, Juliana Baptista, Ana Fidalgo, Ana Ferreira ...................................................381 Revisão da Consulta de Dermatologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António: 1999 - 2009 Iolanda Fernandes, Susana Machado, Tiago Torres, Aristóteles Rosmaninho, Ana Oliveira, Inês Lobo, Manuela Selores .................................................................................................................................................387 Infecção Genital Pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino. Apresentações Clínicas e Factores de Risco Associados Ana Moreira, Carmen Lisboa, Filomena Azevedo ...................................................................................................395 Estudo Epidemiológico dos Doentes com Infecção Clínica HPV Genital da Consulta de DST do Hospital Curry Cabral num Período de 3 Anos Tiago Esteves, Daniela Cunha, Raquel Santos, Cândida Fernandes, Ana Rodrigues, Jorge Cardoso ............................403 Correcção Cirúrgica do Ectropion da Pálpebra Inferior com Plastia em Z João Goulão, Constança Furtado .........................................................................................................................409 Linfomas Cutâneos Primários de Células T em Estádio Avançado. Apresentação de Quatro Casos Clínicos Ana Maria Calistru, Ana Margarida Barros, Carmen Lisboa, Patrícia Guimarães, Olga Ferreira, Filomena Azevedo ......413 Características Dermatoscópicas do Hidradenoma Nodular Ana Moreira, Nuno Menezes, Paulo Varela, Agostinho Sanches, Armando Baptista ....................................................429 Dermatite de Contacto Alérgica ao Decilglucósido, Surfactante do Tinosorb M® Pedro Andrade, Margarida Gonçalo, Américo Figueiredo ........................................................................................431 Dermatite Livedóide de Nicolau após Injecção Intramuscular de Penicilina Benzatínica Pedro Andrade, Neide Pereira, Maria Manuel Brites, Margarida Gonçalo, Américo Figueiredo ...................................437 Doença de Hansen – Uma Causa Rara de Febre Prolongada e Recorrente Sara Lestre, Paula Maio, Alexandre João, Ana Ferreira, Teresa Faro, Margarida Apetato ............................................445 Bolsas e Prémios atribuídos (2010) .......................................................................................................................453 598 Índice - Volume 68 (2010) NÚMERO 4, 2010 Reacções Leprosas na Doença de Hansen. Parte II – Terapêutica Paula Maio, Rodrigo Araújo Carvalho, Raquel Vieira, Jorge Cardoso .......................................................................467 Mutações no Gene FLG e Eczema Atópico – O Estado da Arte Paulo Morais, Alberto Mota, Filomena Azevedo ......................................................................................................477 Psoríase na Criança – Revisão de 56 Casos Joana Gomes, Filipa Ventura, Ana Paula Vieira, Teresa Pereira, Celeste Brito ............................................................491 Adalimumab no Tratamento de Psoríase – Revisão de 27 Casos Filipa Diamantino, Joana Coelho, Vasco Serrão, Ana Fidalgo, Ana Ferreira ..............................................................499 Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Parte II – Abordagem Sindrómica Ana Nogueira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo .................................................................................................505 Teste do Ácido Acético. Valor Diagnóstico no Rastreio de Infecção Genital pelo Papilomavírus Humano no Sexo Masculino Ana Moreira, Cármen Lisboa, Filomena Azevedo ...................................................................................................521 Molusco Contagioso – Epidemiologia e Opções Terapêuticas Ana Rita Travassos, João Borges da Costa, Luís Soares de Almeida, Manuel Marques Gomes ....................................527 Dermatose Bolhosa em Lactente de 5 Meses Felicidade Santiago, Gustavo Januário, Fátima Cabral, Fernanda Rodrigues, Ana Moreno, Óscar Tellechea ................537 Acrodermatite Enteropática – Singularidades de Um Caso Clínico Felicidade Santiago, José Matos, Ana Moreno, Sébastien Schmitt, Stéphane Bézieau, Óscar Tellechea ....................... 543 Pili Annulati e Pili Trianguli et Canaliculi – Casos Clínicos Inês Leite, Ana Moreira, Rita Guedes, Armando Baptista, Eduarda Osório Ferreira ....................................................551 Incontinentia Pigmenti – Apresentação de um Caso Victoria Guiote, Rosa Mascarenhas, Fernanda Cunha, Cristina Amado, Martinha Henrique ....................................... 555 Úlcera Frontal Solitária – Goma Sifilítica Cutânea Pedro Andrade, Angelina Mariano, Américo Figueiredo .......................................................................................... 561 Bolsas e Prémios atribuídos (2010/2011) ............................................................................................................. 567 Bolsas SPDV-EADV (2011) - Regulamento .............................................................................................................569 Actas das Assembleias-gerais ...............................................................................................................................571 Comentário – “Um pouco da minha experiência, fora de Portugal…” Rubina Alves .......................................................................................................................................................572 Lista de Nomes e Moradas dos Membros da SPDV ................................................................................................577 Índice – Volume 68 (2010) Índice de Assuntos .............................................................................................................................................. 589 Índice de Autores ................................................................................................................................................593 Índice Geral .......................................................................................................................................................596 599