Jornal Notícias de Beja

Transcrição

Jornal Notícias de Beja
10 de Fevereiro de 2005
10
FEVEREIRO
2005
SEMANÁRIO REGIONALISTA
Director: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXVII – N.º 3826
O Papa
reapareceu à
janela da
clínica onde
está internado
Apesar de bastante debilitado,
o Papa João Paulo II reapareceu, no dia 6, em público,
conseguindo, a custo, dar a
bênção na oração dominical
do Angelus a partir da janela
do seu quarto na Clínica Gemelli, em Roma, onde se
encontra internado, desde o
dia 1 de Fevereiro, com graves
problemas respiratórios.
Porém e através de uma mensagem lida por monsenhor
Leonardo Sandri, o Santo
Padre deixou bem claro que é
ele quem ainda detém o controlo da Igreja Católica, que
continuará a servir, tal como a
toda a Humanidade.
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Preço 0,50 € c/ IVA
Quaresma 2005
Uma questão de consciência
Carta aberta de católicos aos eleitores
João Paulo II
«A assistência aos idosos, sobretudo quando passam por momentos
difíceis, deve ser preocupação dos fiéis, especialmente nas
comunidades eclesiais das sociedades ocidentais, onde o problema
está particularmente presente»
Página 8
Bispo de Beja
“Nas nossas comunidades paroquiais prevalecem os idosos. Apelo
por isso a todos os agentes pastorais para os integrarem na sua
acção, sobretudo em múltiplas tarefas de voluntariado, para enriquecimento de todos. Não os deixemos nas esquinas das ruas ou
nos cadeirões das instituições, tristes e abandonados, à espera da
morte.”
Página 5
Em Nota Pastoral sobre a Quaresma
Patriarca de Lisboa esclarece
relações entre a Igreja e a Maçonaria
No dia 4 de Fevereiro, D. José
Policarpo, Cardeal Patriarca de
Lisboa, publicou uma Nota Pastoral sobre a Quaresma, onde
sublinha que “há muitas razões
para que a Páscoa deste ano seja
especial: o Ano da Eucaristia, a
preparação do Congresso Internacional da Nova Evangelização, o
desafio, cada vez mais exigente, a
que os cristãos dêem testemunho
da sua fé no seio da sociedade em
que estão inseridos, mostrando
que a fé em Jesus Cristo fundamenta a esperança e define critérios
e ordens de valores na construção
da cidade”. A visão cristocêntrica
e eucarística da história “não retira
nada ao realismo e à complexidade
da realidade humana contemporânea. Dá-lhe um sentido de
profundidade radical, porque os
cristãos aprendem na Eucaristia
que não se pode desligar a construção da sociedade presente da
cidade definitiva”
No mesmo documento, o Patriarca
de Lisboa aborda também a “longa
e atribulada história” das relações
“da Maçonaria com a Igreja durante os últimos três séculos,
expressa em ataques, anticlericalismo, rejeição da dimensão
misteriosa da fé e da verdade
revelada, a que a Igreja respondeu
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º DE00552005DCN
com várias condenações, com penas
de excomunhão para os católicos
que aderissem à Maçonaria”. A
questão crucial – realça D. José
Policarpo – “sobre a qual os católicos têm o direito de esperar uma
resposta do seu Bispo, é esta: a fé
católica e a visão do mundo que ela
inspira, são compatíveis com a
Maçonaria e a sua visão de Deus,
com o fundamento de verdade e de
moralidade e o sentido da história
que veicula?
E a resposta é negativa. Um católico,
consciente da sua fé e que celebra a
Eucaristia não pode ser mação. E se
o for convictamente, não pode
celebrar a Eucaristia. E a incompatibilidade reside nas visões incon-
ciliáveis do sentido do homem
Actualmente ainda existe uma luta
entre a Maçonaria e a Igreja? O
cardeal Patriarca responde: “não
nos termos em que se pôs no
passado embora não devamos ser
ingénuos: a Maçonaria, sobretudo
em algumas das suas obediências,
lutará sempre contra valores inspiradores da sociedade que tenham
a sua origem na dimensão sobrenatural da nossa fé”.
E conclui: “a expressão de uma
visão laicista da sociedade assenta
também sobre a falta de coerência
dos cristãos com as implicações
sociais da fé que professam e da
Eucaristia que celebram”.
De acordo com o patriarca, a
referência explícita à Maçonaria é
feita por causa do que se passou
em Setembro, na Basílica da Estrela.
Quando morreu o ex-presidente do
Tribunal Constitucional Luís Nunes de Almeida, o grão-mestre,
António Arnaut, convocou um
ritual maçónico para o local, sem o
conhecimento do patriarcado.
“Esta iniciativa, que considero
imprudente e indevida, provocou
indignação em muitos católicos,
que incessantemente têm pedido
um esclarecimento da hierarquia da
Igreja”, escreve D. José.
1. Os subscritores desta Carta Aberta são católicos e não constituem,
nem pretendem constituir, nenhum movimento político, partidário ou de
outra natureza. Com esta iniciativa (que pode ser subscrita por quem o
entender, católicos ou não), pretendem apenas, nesta conjuntura préeleitoral, colocar à consideração de todos os cidadãos eleitores, filiados
ou não em quaisquer partidos, uma questão de consciência.
Questão de consciência essa em que a Igreja Católica universal tem
insistido através de muitos e solenes documentos, e também a
Conferência Episcopal Portuguesa nos tem posto frequentemente, como,
mais uma vez, no último Comunicado do seu Conselho Permanente
sobre a situação política presente, de 14 de Dezembro passado.
2. Trata-se de, em primeiro lugar, recordar que a Igreja afirma que «os
leigos não podem, de maneira nenhuma, abdicar de participar na
“política”, ou seja, na multíplice e variada acção económica, social,
legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma
orgânica e institucional o bem comum” (João Paulo II, Christifideles
Laici, 42).
No já referido comunicado da Conferência Episcopal é-nos dito que “o
primeiro dever dos cristãos é a participação responsável». Daqui decorre
que, nas presentes circunstâncias eleitorais, o mínimo que se exige a
uma consciência livremente formada de acordo com a fé católica é que
não poderá desinteressar-se da campanha eleitoral nem abster-se de
votar. A abstenção é uma grave omissão aos deveres de uma consciência
católica.
3. De acordo com a doutrina da Igreja, “a ninguém é permitido invocar
exclusivamente a favor da própria opinião a autoridade da Igreja”
(Gaudium et Spes, 43), e por isso “é necessário reconhecer uma variedade
legítima de opções possíveis. Uma mesma fé cristã pode levar a assumir
compromissos diferentes” (Octogesima Adveniens, 50). No entanto,
este pluralismo político dos católicos não pode ser confundido com
relativismo moral.
4. Como recorda a Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à
participação e comportamento dos católicos na vida política, da
Congregação para a Doutrina da Fé, “quando a acção política se
confronta com princípios morais que não admitem abdicações, excepções
ou compromissos de qualquer espécie, é então que o empenho dos
católicos se torna mais evidente e cheio de responsabilidade. Perante
exigências éticas fundamentais e irrenunciáveis, os crentes têm,
efectivamente, de saber que está em jogo a essência da ordem moral,
que diz respeito ao bem integral da pessoa.
É o caso das leis civis em matéria de aborto e da eutanásia, que devem
tutelar o direito primário à vida, desde a sua concepção até ao seu termo
natural. Do mesmo modo, há que afirmar o dever de respeitar e proteger
os direitos do embrião humano.
Analogamente, devem ser salvaguardadas a tutela e promoção da família,
fundada no matrimónio monogâmico entre pessoas de sexo diferente, e
protegida na sua unidade e estabilidade, perante as leis modernas em
matéria de divórcio. Não se pode, de maneira nenhuma, pôr juridicamente
no mesmo plano, com a família, outras formas de convivência, nem
estas podem receber um reconhecimento legal como família.
Igualmente, a garantia da liberdade de educação, que os pais têm em
relação aos próprios filhos, é um direito inalienável, aliás reconhecido
nas Declarações internacionais dos direitos humanos.
No mesmo plano devem incluir-se a tutela social dos menores e a
libertação das vítimas das modernas formas de escravidão (pense-se,
por exemplo, na droga e na exploração da prostituição).
Não podem ficar de fora deste elenco o direito à liberdade religiosa e o
progresso de uma economia que esteja ao serviço da pessoa e do bem
comum, no respeito da justiça social, do princípio da solidariedade
humana e do princípio da subsidiariedade, segundo o qual “os direitos
das pessoas, das famílias e dos grupos, bem como o seu exercício, têm
de ser reconhecidos”. Como não incluir nesta exemplificação o grande
tema da paz?». A paz que é sempre «fruto da justiça e efeito da caridade»
(Catecismo da Igreja Católica, n. 2304).
(continua na página 8)
IGREJA
2 – Notícias de Beja
10 de Fevereiro de 2005
Doença e dignidade humana
Domingo I da
Quaresma
Intenção Geral do Santo Padre para o Apostolado da Oração – Fevereiro
Ano A
Pelos doentes, especialmente pelos mais pobres, para que se lhes proporcionem cuidados
médicos dignos da condição humana.
1. Direito a morrer? A doença e o
sofrimento que lhe está associado
são realidades às quais nenhum ser
humano consegue furtar-se. Como
possibilidade ou como realidade
vivida, a doença traz consigo
dependência, angústia e medo...
Em muitos casos, esta ameaça à
existência pessoal e a perda do
domínio de si aparecem como
situação degradante que provoca
revolta do próprio ou dos que lhe
são próximos – ao ponto de, em
casos particularmente graves e sem
recuperação previsível, se considerar preferível a morte. É neste
contexto que surge a reivindicação
do direito a uma morte suave e
digna (eutanásia), direito que
assistiria ao doente, ou aos seus
familiares, ou a outros (os
médicos...).
2. Direito a viver a doença com
dignidade. A doença pode ser,
porém, ocasião para uma outra
atitude, mais conforme à condição
humana: a atitude de quem encontra na dependência um modo
de aprofundar a relação com os
outros, de quem percebe na angústia uma passagem para a entrega, de quem descobre no medo um
motivo mais para confiar. Quando
assim é, a morte já não aparece
como solução - e o que se reivindica não é o direito à eutanásia, mas
o direito, bem mais digno da con-
dição humana, a cuidados médicos
adequados à situação pessoal e o
direito ao carinho daqueles que, por
um motivo ou por outro, são mais
próximos da pessoa doente.
3. Cuidar dos mais pobres. Relativamente aos bens materiais, há uma
«lei» do egoísmo humano inescapável: quem possui meios económicos consegue sempre mais e
melhor do que quem não possui;
quem possui meios económicos
abundantes consegue sempre mais
e melhor do que quem possui
pouco. Relativamente aos cuidados
médicos, esta «lei» encontra amplo
espaço de aplicação – mesmo se a
lei geral proclama o direito a cuidados médicos gratuitos e iguais para
todos. Importa, por isso, trabalhar
para que a «lei do egoísmo» tenha
uma aplicação cada vez mais reduzida, e a lei geral uma aplicação cada
vez mais alargada. Na verdade, uma
sociedade será tanto mais justa
quanto for capaz de colocar ao
alcance dos mais pobres aqueles
bens indispensáveis para uma vida
humanamente digna - criando, ao
mesmo tempo, as condições para
que cada um, pelo seu esforço, seja
capaz de prover às próprias necessidades e às daqueles que dele
dependam. No caso dos cuidados
médicos, a questão é mais grave,
pois trata-se de situações em que o
doente está dependente de outros.
Neste caso, uma sociedade verdadeiramente justa será aquela capaz
de proporcionar cuidados médicos
dignos da condição humana aos
mais pobres e desvalidos dos seus
– pois a pobreza não anula a
dignidade humana, antes torna
mais exigente o respeito pela mesma.
4. A doença e o sofrimento à luz da
relação com Deus. «É precisamente
no momento da doença que se
apresenta com mais urgência a
necessidade de encontrar respostas
adequadas para as questões relativas à vida do homem: as questões
acerca do sentido do sofrimento e
da própria morte, considerada não
apenas como um enigma com o qual
nos confrontamos com dificuldade,
mas como mistério no qual Cristo
incorpora a Si a nossa existência,
abrindo-a para um nascimento novo
e definitivo que jamais terá fim»
(João Paulo 11 - Mensagem para o
XIII Dia Mundial do Doente, 2005,
n.º 6). Para o cristão, tudo ganha
uma nova compreensão à luz da sua
relação com Deus, em Cristo. Ele,
um de nós, sofredor como nós e mais
do que qualquer de nós, porque
Deus feito homem. Ele, em cuja morte
se exprime, de modo inaudito, o
Amor de Deus por cada ser humano.
Não se trata de encontrar na fé uma
fuga ao sofrimento ou na vida eterna
uma compensação pelo sofrimento
de agora. Trata-se, simplesmente,
de não deixar que o mistério do
sofrimento ponha em causa ou faça
perder de vista a dignidade de ser
homem e mulher, chamados em
Cristo a uma vida plena de sentido,
porque mergulhada no mistério do
amor de Deus.
Elias Couto
Revista “Cruzada” comemora 75 anos
A revista católica Cruzada comemora este mês o seu 75.º aniversario. Fundada em 1930 pelo padre
Mariano Pinho - director espiritual
de Alexandrina de Balasar durante
12 anos, e tratado pela beata por
“meu paizinho” -, a publicação católica começou com 2500 assinantes
e apresenta, actualmente, cem mil
assinaturas. Para além do território
nacional, a revista encontra-se
presente junto dos emigrantes
portugueses de 82 países, espalhados pelos cinco continentes.
“Pensada, inicialmente, para crianças e jovens, acabou por encontrar sucesso junto de leitores de
todas as idade e estratos sociais”,
referiu o padre Fernando Leite,
director da revista há 51 anos, que
acrescentou que “antigamente,
havia cerca de 7 mil assinantes em
Angola e Moçambique. Porém,
esse número de leitores decaiu
devido à situação financeira local”.
O jesuíta também explicou ao Diário
do Minho que “a Cruzada possui
uma tiragem mensal de 110 mil
exemplares, o que a transforma num
dos órgãos de comunicação da
Igreja Católica portu-guesa com
maior difusão”.
A administração desta revista
mensal, ilustrada e que conta com
32 páginas, fica situada no Largo
das Teresinhas, em Braga, no
mesmo local onde são concebidas
as publicações Mensageiro e
Magnificat, propriedade do Secretariado Nacional do Apostolado da
Oração da Província Portuguesa da
Companhia de Jesus.
Com um leque temático variado e
interessante, e fruto da leitura e
reflexão do padre Fernando Leite,
pretende-se chegar, durante o ano
de 2005, aos 120 mil assinantes.
Cada assinatura anual custa 7,5
euros, pelo que os interessados
podem con-tactar a administração
da Cruzada através do telefone 253
201 222 ou do fax 253 201 221. Por
outro lado, aqueles que desconhecem o formato da revista podem
fazê-lo
através
do
site
[email protected].
Os habitantes de Angola, Moçambique, Guiné e São Tomé e Príncipe
pagam apenas 15 euros ou 20
dólares ame-ricanos, o custo do
correio.
Alexandre Gonçalves
13 de Fevereiro de 2005
A Quaresma oferece-nos a oportunidade de nos voltarmos para Deus,
com todo o nosso ser e de podermos experimentar até onde vão a
misericórdia e o amor de Deus. Vamos viver este tempo sagrado em
clima de fé e saboreemos na nossa vida o perdão dos pecados que o
Senhor nos oferece.
I Leitura
Gen 2, 7-9; 3, 1-7
No tempo da Quaresma, a primeira leitura “refere-se à história da
salvação, que é um dos objectivos próprios da catequese quaresmal”.
Nela se apresentam os principais elementos daquela história desde o
princípio até à promessa da Nova Aliança.
Leitura do Livro do Génesis
O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, insuflou em suas narinas
um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivo. Depois, o Senhor
Deus plantou um jardim no Éden, a oriente, e nele colocou o homem que
tinha formado. Fez nascer na terra toda a espécie de árvores, de frutos
agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a árvore da vida, no
meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Ora, a serpente era
o mais austucioso de todos os animais dos campos que o Senhor Deus
tinha feito. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos disse: “Não
podeis comer o fruto de nenhuma árvore do jardim?”. A mulher
respondeu: “Podemos comer o fruto das árvores que está no meio do
jardim, Deus avisou-nos: “Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão
morrereis”. A serpente replicou à mulher: “De maneira nenhuma! Não
morrerei. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os
vossos olhos e sereis como Deuses, ficando a conhecer o bem e o mal”.
A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer e agradável
à vista, e precioso para esclarecer a inteligência. Colheu fruto da árvore
e comeu; depois deu-o ao marido, que comeu juntamente com ela.
Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam despidos.
Por isso, entrelaçaram folhas de figueira e cingiram os rins com elas.
Salmo Responsarial
Salmo 50 (51)
Refrão: Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós
II Leitura
Rom 5, 12.17-19
Pela desobediência de Adão veio o pecado ao mundo. Pela obediência
de Cristo tornámo-nos justos diante de Deus. Esta é a mensagem da
segunda leitura.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e
pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens,
porque todos pecaram. Se a morte reinou pelo pecado de um só homem,
com muito mais razão, aqueles que recebem com abundância a graça e o
dom da justiça, reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo. Porque,
assim como pelo pecado de um só, veio para todos os homens a
condenação, assim também, pela obra de justiça de um só, virá para
todos a justificação que dá a vida. De facto, como pela desobediência
de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim também, pela
obediência de um só, todos se tornarão justos.
Evangelho
Mt 4, 1-11
As tentações de Jesus resumem as tentações de todo o homem. Resistir
ao mal, morrer para o pecado, firmando-se na Palavra de Deus, é o
primeiro passo para participar na Páscoa de Jesus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de
ser tentado pelo Diabo. Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por
fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se és Filho de
Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães» Jesus respondeulhe: «Está escrito: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus» Então o Diabo conduziu-O à cidade santa”
levou-O ao pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lançaTe daqui abaixo, pois está escrito: “Deus mandará aos seus Anjos que
te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra»
Respondeu-lhe Jesus: «Tambémestá escrito: “Não tentarás o Senhor
teu Deus”. De novo o Diabo O levou consigo a um monte muito alto,
mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-Lhe:
“Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares”. Respondeu-lhe Jesus:
«Vai-te, Satanás, porque está escrito: “Adorarás o Senhor teu Deus e só
a Ele prestarás culto». Então o Diabo deixou-O e aproximaram-se os
Anjos e serviram-n’O.
OPINIÃO
10 de Fevereiro de 2005
Ventos da história 2005
Registado
Igreja serve os pobres em todo o mundo
1. Iraque. No dia 18 foi libertado o
Arcebispo sírio-católico de Mossul, D. Basile Georges Casmoussa,
que havia sido sequestrado no dia
anterior por um grupo armado. O
Santo PadreA foi imediatamente
informado e agradeceu a Deus pelo
feliz êxito deste episódio. O sequestro havia gerado surpresa,
porque o Arcebispo era muito
querido quer por cristãos quer por
muçulmanos. A libertação de D.
Casmoussa é uma grande alegria
para toda a comunidade cristã de
Mossul, afirmou o P. Nizar, sacerdote iraquiano. O mesmo afirmou
também que “os cristãos perdoam
as violências sofridas e continuam
a esperar e a trabalhar pela convivência pacífica de todos os iraquianos”. Em entrevista concedida
após a libertação, D. Casmoussa
afirmou: “Não sei quantos eram os
sequestradores, alguns deles com
o rosto descoberto, outros mascarados. Tive a oportunidade de falar
bastante com eles. Acusavam-me
de ser um colaborador dos norteamericanos, mas depois, dialogando comigo, perceberam que
desejo é trabalho pela unidade de
todos os iraquianos, para que o
Iraque volte a ser um país soberano,
em paz consigo e com todos os
seus vizinhos”.
2. Que se diz sobre a Igreja? Os
documentos emanados mostram
que a Igreja, no Vaticano II, foi
obrigada pelos opositores e perseguidores a uma autocrítica, a uma
abertura saudável. A Igreja não
pode esquecer a sua dimensão
histórica de auscultar os sinais dos
tempos, e de incentivar o diálogo
constante entre o Evangelho e a
cultura. No verão de 2004 - refere a
jornalista Maria Luisa Nrey, na
revista VIDA NUEVA, “se desatou
uma campanha de desprestígio
contra a autoridade eclesiástica
espanhola, pela sua oposição ao
laicismo estatal”. E o poder político
botou-se mesmo contra a Igreja
com palavras demasiado hostis e
ousadas, tratando-a como um
inimigo a abater. Foi dito: a Igreja
“a mais perigosa teocracia”, “é
autista, clerical, gerontocrática”,
“condena a eutanásia e o aborto
mas não trabalha para dar condições dignas de vida aos que sofrem”. E muito mais coisas... Críticas
que só manifestam um ódio irracional à Igreja e que, além do mais,
são injustas e caluniosas, por falta
de razão... Vejamos: A Igreja defende a vida e o serviço aos marginalizados é seu elemento característico. Esquece-se a grande misssão social e religiosa que exerce
no mundo. Há mais de 10 mil
missionários com as missões mais
arriscadas nos cinco continentes.
Tem em seu seio milhares de Teresas de Calcutá, entregando a sua
Jornais católicos devem defender
os valores da vida
João Paulo II afirmou que os jornais
católicos devem defender valores
como a “vida, família e o
matrimónio”.
Ao receber no Vaticano os jornalistas católicos da Federação Italiana dos Semanários Católicos, o
Papa criticou as “perniciosas
tendências dominantes numa certa
cultura moderna”. Nesse sentido,
pediu-lhes que saibam “permear” a
sociedade com os valores cristãos”
que fazem parte do património
espiritual”. Não desencorajem
Notícias de Beja – 3
perante as dificuldades que encontram e continuem a anunciar o
Evangelho da Verdade com empenho”, acrescentou.
Segundo o Papa, “o contributo dos
jornalistas católicos é ainda mais
precioso nos dias de hoje, seja no
plano pastoral, seja no cultural e
social”.
João Paulo II definiu o trabalho de
quem faz parte da imprensa católica
como “uma missão”, para a qual é
necessário que não lhe falte “a
formação ética e cultural”.
vida pelos pobres. As “Mãos
Unidas” ajudam milhares de paróquias. A Cáritas tem em Espanha
mais de 5 mil centros. Mais de 1.700
serviços de ajuda na Espanha aos
toxicodependentes, a doentes da
sida, a doentes marginais, a alcoólicos, aos sem abrigo, aos presos,
aos deficientes, às mulheres Vítimas de maus tratos,... E termina o
seu artigo dizendo “não podemos
esquecer que a Igreja, muito mais
que por estas críticas, vê comprometido o seu futuro pela epidemia
do agnosticismo que invade tudo”.
O problema da Igreja está em si
mesma”, confessa o Episcopado.
Vivemos um cristianismo frio, impregnado de indiferença e secularismo. A Igreja terá de fazer autocrítica
a fundo, sem medo, com liberdade e
verdade. Esta comunidade deficiente e pecadora, renovada pela
conversão pessoal, deverá ser o
rosto visível de Cristo ressuscitado”. (VN, nº 2454, p. 20)
3. Pobreza. Enquanto 1 bilião de
pessoas vivem com menos de um
Euro por dia, 840 milhões são vítimas
de fome crónica e 584 milhões de
mulheres são analfabetas, também
em Portugal, Grécia e Irlanda, há 20%
que vive abaixo do limiar europeu
de po-breza. Países como a Espanha
e a Itália, registam quase a mesma
situação com 19%. Em tempo de
eleições, precisamos de um governo que aumente a produtividade, que combata ou reduza a
despesa pública: é preciso trabalhar
mais, economizar e produzir mais e
o Estado poupar mais. Além disso,
o bem comum exige a defesa da vida
e da dignidade humana do cidadão.
Sem respeito e segurança, o país
pode tornar-se mesmo difícil de
governar.
4. Médio Oriente. Depois de confrontos entre tropas israelitas e as
da resistência islâmica xiita do
Hezbollah, o Presidente palestiniano Abbas tenta negociar a paz
com o Hamas e a Jihad. Será que um
mês chegará para concluir com
êxito o seu “empenhamento para
acabar com a violência?” Oxalá!
Armando Soares
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de Beja”, semanário
regionalista de inspiração
cristã.
Inquestionável odor de decadência
Uma excelente forma de avaliar uma época é considerar as suas referência
as funções que a cultura celebra. Os tempos imortalizaram legisladores,
levantaram estátuas a soldados, louvaram poetas. Para entender o Ocidente
actual, tão equívoco e complexo, é bom conhecer os seus ídolos.
Não os encontraremos nos sectores que empolgaram os séculos. A nossa
sociedade desconfia das antigas excelências e cultiva uma atitude de antiherói e contracultura. Por exemplo, deixou de admirar os militares. Gosta
de pensar que tal se deve ao repúdio moralista pela violência e injustiça,
mas não é verdade. A desilusão veio só depois daquela Grande Guerra
sem heróis, sem honra, sem glória. A lama das trincheiras, com cadáveres
e ruínas, gastou o respeito aos guerreiros e o fascínio pela bravura.
O desprezo pelos governantes nasceu simplesmente da democracia.
Quando os ministros têm de nos explicar que devemos gostar deles, perdem
a nossa consideração. Nos agentes culturais foi, pelo contrário, o elitismo.
Artistas e filósofos esbanjaram a sua influência ao decidirem esquecer o
público e actuar para os críticos. Só são “cultos” se criarem imagens
disformes, ideias abstrusas, música dissonante, o que os impede de serem
referência civilizacional.
A idade moderna deixou de confiar em clérigos e sacerdotes por causado
monge exaltado e 200 anos de guerra. Após Martinho Lutero o Ocidente
não fala de religião sem pensar em fogueiras, prisões e tortura. Depois a
era contemporânea arruinou as referências modernas. A ciência, que
apaixonou os nossos avós, perdeu o lustro com a bomba atómica e ganhou
temor pela clonagem e inteligência artificial. A engenharia e economia, que
empolgaram os nossos pais, parecem hoje sinistras e manipuladoras.
Quer dizer que a nossa época não tem heróis e figuras marcantes? Não,
mas elas estão num meio inesperado. Somos o primeiro tempo que só
aclama actores, adula comediantes e futebolistas, revê-se em cançonetistas
e locutores. Basta seguir as conversas de café para compreender que as
personalidades marcantes hoje vêm todas do espectáculo.
Esta orientação tem vantagens evidentes. Vivemos numa cultura que não
embarca facilmente em sonhos imperiais, fanatismos incendiários,
ideologias totalitárias. O pacifismo, optimismo, liberdade, informalidade e
a atenção à igualdade e solidariedade nascem, em boa medida, desta opção.
A filosofia dos bobos sempre teve uma sensatez natural que contrasta
com as loucuras idealistas.
Mas essa escolha traz também problemas graves. Insensivelmente, a nossa
sociedade vem descaindo para uma sabedoria de taberna e camarim. Isto
não é insulto, é mera observação. A atitude subjacente a telenovelas,
filmes, concursos, revistas, discursos de deputados e reportagens
jornalísticas glosa os antigos argumentos de botequim. A referência
civilizacional básica é a boémia.
A finalidade da vida é o prazer e o seu instrumento a ficção. Paixão, gula e
luxúria são valores de publicidade, programa de partidos, elementos de
educação. As bandeiras de campanha são aborto, tabaco, homossexualidade, colesterol, droga. Só há uma coisa sagrada, a sublimidade do
deleite. Tudo o resto família, comunidade, honra, tradição, valores – é
relativo, discutível, ridicularizado.
Esta atitude sempre existiu. Nas orgias. Hoje é doutrina oficial. Diariamente
assistimos à exaltação pública do deboche por empresas, analistas,
investigadores, candidatos. Um indicador claro é que, num tempo que
opina sobre tudo e ofende sem dificuldade, um único adjectivo está em
desuso, precisamente o que sempre classificou os meios lascivos. Podese chamar tudo a todos, menos “porcalhão”.
O resultado é que um tempo centrado no gozo não consegue respeitar-se
a si mesmo. Por mais que nos esforcemos, não nos livramos da sensação
de corrupção que exala da vida pública. O nosso principal problema cultural
é o inquestionável odor de decadência que, apesar do progresso e
prosperidade, ressuma dos nossos hábitos.
[email protected]
João César das Neves
“Diário de Notícias”, 31-01-2005
PATRIMÓNIO
4 – Notícias de Beja
PEDRA ANGULAR
A INVENÇÃO DO MUNDO
ALGUMAS REFLEXÕES EM TORNO DA PRÓXIMA
EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA DA DIOCESE DE BEJA
Correspondendo ao grande esforço que está a ser realizado por ocasião da organização da
iniciativa “Faro 2005 Capital Nacional da Cultura”, o Departamento do Património Histórico
e Artístico da Diocese de Beja foi convidado a associar o Baixo Alentejo a este importante
ciclo de eventos. Irá fazê-lo através da organização de uma exposição de significativa
envergadura.
A Diocese de Algarve ofereceu-se para receber tal mostra no Paço Episcopal de Faro, um
espaço nobre em pleno coração da capital do Algarve. Oferecemos aqui aos leitores do “N.
B.”, em primeira mão, uma informação sobre o projecto da exposição. Mostrar o património
religioso do “Grande Sul”, eis o mote.
1. Objectivos
A Diocese de Beja tem vindo a
realizar, em parceria com diversas
entidades do Ministério da Cultura
e do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, além do apoio das
autarquias locais e de outras
“forças vivas” da região, um ciclo
de exposições temporárias orientado para a difusão de uma nova
imagem sobre o património religioso que tutela, pondo em destaque as suas especificidades e as
suas potencialidades. Numa região
que luta com fortes dificuldades
para se afirmar, este é um caminho
muito importante e de grande
responsabilidade.
O trabalho efectuado pauta-se pela
definição de objectivos muito
concretos a atingir, pela assunção
de uma linguagem museográfica
moderna e acessível, pelo rigor
científico na abordagem dos valores históricos e religiosos e por
uma actuação planificada e devidamente qualificada do ponto de vista
técnico, que se procura alinhar pelo
que de melhor fazem os museus
portugueses e estrangeiros com
trabalho afim ao nosso. Mas o
acento tónico é colocado no público, nas suas expectativas e nos
seus interesses, de modo a quebrar
ideias feitas e a assegurar uma
transmissão eficiente de conteúdos. Tudo isto pressupõe também
uma divulgação muito criteriosa,
que possa chegar ao âmago das
comunidades e suscite entusiasmo.
A Exposição “A Invenção do Mundo – Arte Sacra do Sul de Portugal”
insere-se nesta ordem de preocupações e visa dar a conhecer,
através de um conjunto de cerca
de 100 obras de arte (espécimes de
pintura mural e de cavalete, escultura, manuscritos iluminados,
ourivesaria, joalharia, torêutica,
têxteis litúrgicos e outras manifestações das artes decorativas e
ornamentais), provenientes de
igrejas, conventos, seminários e
museus do Baixo Alentejo, uma
panorâmica do estreito relacionamento entre as vivências da
religiosidade meridional e o património artístico gerado no seio das
nossas comunidades tradicionais,
O paço episcopal de Faro receberá em 2005 uma exposição de arte sacra da
Diocese de Beja, no âmbito da Capital Nacional da Cultura
desde os alvores da Cristianização
deste território (século V-VI) até à
actualidade, pondo em paralelo o
legado cristão com a presença das
duas outras “Religiões do Livro”,
o Judaísmo e o Islamismo, que
deixaram fortes traços no universo
cultural do Alentejo e do Algarve.
O fio condutor da Exposição
propõe uma reflexão em torno dos
Sete Dias (6 + 1) da Criação do
Mundo, de acordo com as narrativas arcaicas coligidas na Bíblia
e noutros livros da sabedoria
antiga, com a distribuição das
obras expostas em sete núcleos
que estruturam a organização do
espaço expositivo e criam um
percurso coerente do ponto de
vista temático e plástico. Este
percurso oferece o “pretexto” para
uma análise de diversos aspectos
ainda pouco conhecidos do património meridional, como o estreito
relacionamento entre o Sagrado e
o Profano na vida rural e urbana, a
sobrevivência do Paganismo e das
religiões antigas, a abertura do Sul
de Portugal a outras civilizações e
culturas (Mediterrâneo, Flandres,
África, Índia, Extremo-Oriente,
Brasil) e a afirmação de “escolas”
artísticas próprias (Évora, Beja,
Moura, Faro, Tavira…).
2. Desígnios
A Exposição dá especial atenção à
redescoberta das artes tradicionais
do Sul, ao relacionamento cultural
entre as populações do Alentejo e
do Algarve e à permanência do
fenómeno religioso como uma das
chaves fundamentais para o entendimento da identidade do homem
meridional. Através de uma linguagem museológica actual que tira
partido de uma museografia de
grande impacto plástico, interpelante e capaz de atingir o grande
público, pretende-se combater
preconceitos e dar a conhecer, numa
linha de divulgação que não abdica
do rigor científico, algumas das
coordenadas mais interessantes do
património artístico do Sul de
Portugal.
O programa da Exposição será
complementado por um conjunto de
actividades de extensão cultural e
um serviço educativo que pretendem não só atingir um públicoalvo bastante diversificado como
conseguir captar segmentos específicos: os estabelecimentos de
ensino básico, médio e superior do
Algarve e do Alentejo; os responsáveis pelas igrejas históricas
(reitores, párocos, zeladores, membros das comissões fabriqueiras);
os residentes; os turistas; o público
nacional e internacional interessado
em exposições de arte, nomeadamente de arte sacra, que hoje
possui um “nicho” muito específico
e já com certa expressão.
A Exposição constitui, em si mesma
e nas actividades que permite gerar,
10 de Fevereiro de 2005
PÁGINA DO DEPARTAMENTO
DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA
o motor de dinamização de uma
atitude de sensibilização, de informação e de formação para as especificidades do património religioso,
tendo em conta a sua salvaguarda,
valorização e fruição.
Equipa Técnica do D.P.H.A.
Igreja de Nossa Senhora dos
Prazeres (Beja)
Progridem a bom ritmo as obras de
recuperação da “Casa do Capelão”
que fica anexa a esta histórica igreja
e se destina a funcionar como um
espaço de exposições temporárias
e de apoio ao trabalho patrimonial
da Diocese de Beja. Encontra-se já
concluída a primeira fase, que visa
a instalação de uma galeria visitável
no piso térreo do edifício, de
estruturas técnicas (alarme, quadros eléctricos, etc.) e de renovação
de instalações sanitárias.
Esta campanha de obras decorre no
âmbito da colaboração estabelecida com a Direcção Regional de
Évora do Instituto Português do
Património Arquitectónico (IPPAR)
e conta com o apoio do Programa
Operacional da Cultura.
Igreja de Nossa Senhora das Salas
(Sines)
Também em Sines estão a ser dados
passos muito importantes para a
futura abertura deste monumento
nacional ao público, o que se prevê
que possa acontecer antes do
Verão.
As obras correm por conta do
Estado, contando-se com a futura
colaboração da Câmara Municipal
para a valorização da zona envolvente do imóvel – afecto ao IPPAR
– e para a sua abertura regular,
ficando instalado na sacristia um
pequeno Tesouro destinado à
apresentação da arte sacra do
concelho de Sines e, em especial,
das alfaias oferecidas ao longo dos
séculos a “Santa Maria das Sallas”,
como era a sua designação antiga.
No programa dedicado pela TSF a
Sines, emitido na manhã do passado sábado, deu-se grande destaque ao significado religioso e
histórico deste monumento, um
dos poucos edifícios portugueses
que pode ser directamente associado a D. Vasco da Gama, que
foi grande devoto de Nossa Senhora das Salas e mandou reconstruir a sua ermida, obra só concluída
em 1529, já o Almirante das Índias
fenecera há muito no Oriente.
Igreja matriz de Santiago do
Cacém em destaque em revista
internacional
A National Geographic Magazine, revista mensal da National
Geographic Society (Sociedade
Nacional de Geografia), com sede
em Washington, uma das mais
conceituadas revistas de natureza,
ambiente e património, publicou
recentemente, com grande projecção, um artigo sobre o Cavalo
Lusitano.
Este texto, redigido por especialistas na matéria, publicou uma
fotografia do alto-relevo da igreja
matriz de Santiago Maior, retábulo
escultórico do séc. XIV – o mais
notável do país no género – que
representa “Santiago combatendo
os Mouros” e figura um magnífico
exemplo desse tipo de equídeos. Em
virtude deste esforço de divulgação, a que o Departamento do
Património tem dado todo o apoio,
já se apreciou um incremento no
número de visitantes da igreja
matriz, que é o monumento do
concelho de Santiago do Cacém
que regista maior afluxo de turistas,
muitos deles estrangeiros.
O retábulo do altar-mor da igreja das Salas, de Sines, foi uma das obras
recentemente recuperadas com o apoio do Programa Operacional da Cultura
Uma imagem histórica, oferecida ao DPHA pelo Dr. Luís Pedro Ramos: a
ermida de São Sebastião, em Alvalade, antes da sua demolição nos meados da
década de 1970.
DIOCESE
10 de Fevereiro de 2005
Mensagem do nosso Bispo
Quaresma, Terceira Idade e pujança de vida
A preparação para a Páscoa prolonga-se durante quarenta dias,
período do ano conhecido pela
designação de Quaresma. É um
tempo de crescimento e amadurecimento para os cristãos, olhos
fixos no nosso Mestre, Jesus
Cristo, que corajosamente anuncia
o Reino de Deus, apela à conversão, é vítima de intrigas e invejas,
não resiste aos seus malfeitores,
mas se entrega nas suas mãos para
salvação de todos. Este modelo de
vida exigente por amor constitui
para todos nós, seus discípulos,
um apelo à mudança de mentalidade e de comportamento, para o
crescimento e maturidade do homem integral, em que a estatura
interior é fundamental.
Todos os anos Papa e Bispos
enviam mensagens, focando
algum dos aspectos desse crescimento do homem cristão, para
que aproveite o tempo favorável
da Quaresma. Na mensagem do
ano passado focava-se a criança
na sua total dependência, abertura e simplicidade como atitudes
fundamentais para entrar no
Reino de Jesus Cristo.
Este ano a mensagem papal aborda o tema do envelhecimento e
do idoso como fase da vida
propícia à melhor compreensão
do mistério da Cruz de Cristo e
da cruz da vida.
A dignidade da pessoa em todas
as fases da vida
A pessoa humana é o fundamento
e a finalidade de todas as instituições. Por isso deve ser respeitada, promovida e enobrecida em
todos os seus aspectos constitutivos. A dignidade da pessoa
humana, em todas as fases da sua
existência, constitui também para
os cristãos um princípio fundamental. Desde o seu nascimento
até ao seu desaparecimento a
pessoa humana, seja criança,
adulta ou idosa, culta ou analfabeta, doente ou saudável, deve ser
amparada em ordem a uma crescente qualidade de vida. Não se
põe de parte a criança pelo facto
de precisar dos cuidados dos
adultos nem se elimina um idoso
por já não ser elemento produtivo.
Ninguém tem o direito de avaliar a
vida humana só pelo prisma da sua
utilidade produtiva, material. Jesus
Cristo e o personalismo cristão
ajudam-nos a descobrir facetas da
vida e do seu valor, ocultas a
ideologias materialistas.
A Igreja e os idosos
Os cristãos e a Igreja devem testemunhar ao mundo a qualidade da
vida humana na maneira como
acolhem e lidam com os idosos. Por
isso a terceira idade deve constituir
para a Igreja uma vertente importante do seu apostolado. Felizmente têm surgido na Igreja muitas
instituições sociais dedicadas aos
idosos, como centros de dia, apoios dominciliários, lares, etc.
Mas essas obras não podem cingir-se apenas aos cuidados da
subsistência e da saúde. Neste caso
em nada se distinguiriam de muitas
outras criadas como serviço público ou por interesses comerciais
de lucro.
Nas nossas comunidades paroquiais, grupos, movimentos e
instituições sociais precisamos de
cultivar relações humanas mais
profundas com as pessoas nas
fases mais adiantadas da vida.
Temos de as ajudar a ligar o mistério
da vida, a desagregação biológica
à Cruz de Cristo. Integrá-las na
sociedade, dando aí o testemunho
da fragilidade da nossa vida e a
firmeza da nossa esperança de vida
plena na ressurreição. Mesmo o
idoso limitado nas suas capaci-
dades físicas tem uma missão a
cumprir. Não podemos excluir da
participação na vida comunitária as
pessoas com alguns limites, pois
há facetas da vida humana que elas
podem testemunhar na comunidade
com mais vigor que pessoas na
pujança das suas forças físicas.
Nas nossas comunidades paroquiais prevalecem os idosos. Apelo
por isso a todos os agentes pastorais para os integrarem na sua
acção, sobretudo em múltiplas
tarefas de voluntariado, para enriquecimento de todos.
Não os deixemos nas esquinas das
ruas ou nos cadeirões das instituições, tristes e abandonados, à
espera da morte. O idoso encerra
em si um potencial enorme de
maturidade de vida, que pode ser
muito útil à nossa sociedade e à
Igreja. E quando a doença os
prender a casa ou ao leito, saibamos
confortá-los e fortalecê-los com os
auxílios da graça divina.
Também aqui se aplicam as palavras
do Evangelho: O que fizerdes a um
destes necessitados de ajuda, foi a
Mim que o fizestes (Mt 25, 40).
Receber o Viático, o penhor da vida
eterna
Muitos dos nossos idosos no
Alentejo não tiveram iniciação
cristã nem receberam os sacramentos da Igreja. Nesta fase da
vida, quando surgem muitas universidades para a terceira idade,
porque as pessoas têm mais tempo
e estão mais sensíveis aos valores
culturais e espirituais, seria importante dedicar algumas das actividades de evangelização a estes
irmãos idosos, preparando-os
para receber a força e a consolação
de Deus, o sagrado Viático para a
última parte do percurso da sua
vida. Muitos não tiveram oportunidade de frequentar a catequese
e a igreja e nunca comungaram,
mas estão receptivos à missão e
mensagem da Igreja.
Estamos a celebrar o Ano da Eucaristia, por vontade do Santo Padre,
também ele um idoso resistente e
corajoso. Que belo presente para
os nossos idosos, se os ajudássemos a preparar-se para receber
o Pão da Vida Eterna, a força do
peregrino a caminho da Terra
prometida!
Destino da renúncia quaresmal
A preparação para a Páscoa, a
nossa configuração com a vida
de Cristo, será tanto mais rica
quanto meditarmos a sua vida e
mensagem, recebermos os sacramentos da Igreja, acolhermos
os nossos irmãos mais carenciados e também partilharmos os
nossos recursos materiais com
quem deles mais necessita.
Por isso todos os anos o Papa e
os Bispos apelam a essa partilha
fraterna, como fruto da conversão, a que se costuma chamar
de renúncia quaresmal.
Na Quaresma do ano de 2004 o
fruto das nossas renúncias
reverteu, uma parte, em benefício da construção dum centro
paroquial e igreja na ilha de
Bolama, diocese de Bafatá, na
Guiné, e, outra parte, para ajudar
na reconstrução de algumas casas
paroquiais da nossa diocese, em
paróquias pobres e sem recursos.
O total entregue na Cúria Diocesana para essas finalidades foi,
até ao princípio de Fevereiro de
2005: 16.509 Euros. Obrigado aos
párocos e contribuintes.
Que Deus lhes retribua a cem por
cento com a moeda que a traça
não corrói. Na Quaresma deste
ano o fruto das nossas renúncias
e sacrifícios destinar-se-á, uma
parte, para ajudar as vítimas do
maremoto tsunami no Sudeste
asiático, através da Caritas Internacional; e, outra parte, destinase à Fundação Bom Samaritano,
criada pela Santa Sé, para ajudar
os países onde a Sida (“Aids”)
está a ser um flagelo nacional e a
vitimar grande parte da população.Sejamos generosos, pois,
fazendo bem aos outros, estamos
a ajudar-nos a nós mesmos no
processo de construção do Reino
de Jesus Cristo e da nossa
configuração com Ele.
Beja, 4 de Fevereiro, Memória de
S. João de Brito, mártir português
na Índia
† António Vitalino, Bispo de Beja
Notícias de Beja – 5
A Igreja de Beja
em marcha
Missionários Universitários em Mértola
Trinta e quatro estudantes da Universidade Católica com o respectivo
capelão, Pe. Hugo Santos, passaram toda a semana em Mértola em intensa
actividade missionária: nas escolas, no lar, no centro de saúde, nos lugares
distantes da vila, em todos os lugares onde se encontravam as pessoas,
para aí lhes anunciar a boa nova de Jesus Cristo. Foi comovente a
preparação feita por 7 idosos do lar em ordem à sua primeira comunhão.
Na sexta-feira, dia 4, à noite, participei num espectáculo realizado pelos
missionários no salão dos Bombeiros e que teve grande afluência de
Mertolenses. Edificante que tantos jovens tenham prescindido das férias
do Carnaval, para se dedicarem à missão. Os 5 missionários do ano passado
conseguiram entusiasmar mais 30 neste ano, dizia-me o capelão. Os jovens
são realmente os melhores apóstolos junto dos outros jovens!
Diocese de Beja bem representada em reuniões nacionais
No dia 31 de Janeiro reuniu em
Fátima a Comissão Episcopal das
Comunicações Sociais e teve a
presença dos dois bispos de Beja,
que dela são membros.
Para isso passei por Lisboa, onde
D. Manuel se encontra até dia 13
de Fevereiro, fazendo a hemodiálise
num hospital da capital. Aproveitamos a oportunidade para
visitar a Editora Paulinas e ficarmos
a saber que a Enciclopédia Católica
Popular está a ser muito bem aceite
e que, ainda este ano, se pensa
numa nova edição.
Nesse mesmo dia reuniram em
Fátima os assistentes diocesanos
da Caritas com a respectiva Comissão Episcopal da Acção Social e
nela participou o Cónego Virgínio.
Comissões Fabriqueiras em Moura
No dia 5, de tarde, a equipa formadora diocesana constituida para
este efeito e que já foi apresentada
na semana passada, foi até Moura,
para aí se encontrar com os membros dos conselhos económicos
das paróquias do arciprestado de
Moura. Vinte e quatro leigos e seis
párocos escutaram atentamente as
explicações e intervieram com
algumas questões. No final a
paróquia de Moura ofereceu um
lanche a todos os participantes.
Agenda dos próximos dias
No dia 11 reúne o Departamento do
Património em Odemira.
No dia 12, no Instituto de Milfontes,
com início às 14,30 horas, tem lugar
a acção de formação para os Conselhos Económicos das paróquias
do arciprestado de Odemira.
No dia 13, primeiro domingo da
Quaresma, o bispo celebra na Sé.
Seria bom que as paróquias da
cidade de Beja participassem no
Pontifical.
De tarde, vou celebrar a S. Marcos
da Atabueira, cumprindo assim
uma promessa feita na altura da
visita pastoral.
No dia 14, começa em Fátima o retiro
dos bispos e no dia 21 de Fevereiro
tem início o retiro do clero de Beja,
na Quinta da Beira, que será orientado por D. João Alves.
No dia 19, no centro paroquial de
Santiago do Cacém, tem lugar a
acção de formação para os Conselhos Económicos do arciprestado
de Santiago.
† António Vitalino, Bispo de Beja
SOCIEDADE
6 – Notícias de Beja
10 de Fevereiro de 2005
Patriarcado de Lisboa
com dois novos bispos
É por dentro que as coisas são
Os servidores permanentes das Casas do Gaiato
Como regra os leitores dos jornais
não gostam de ler artigos, continuação de outros, a não ser que se
inscrevam na área da ficção.
Apesar disto continuarei, neste
artigo e no seguinte, a tratar do
Tema – As Casas do Gaiato.
É que só assim posso apresentar
os principais aspectos da Obra da
Rua do P. Américo, necessários
para sobre ela nos pronunciarmos
com conhecimento de causa.
Para este artigo escolhi os aspectos seguintes:
Casas do Gaiato e Equipa
Sacerdotal
1 - As Comunidades da Obra da
Rua e o seu trabalho são orientados
e impulsionados pelos membros da
Equipa Sacerdotal distribuídos
pelas várias Casas do Gaiato.
Garante-se, deste modo, a unidade
na acção, nos critérios a seguir e
nos processos educativos a
escolher.
Tratando-se de Comunidades, em
que a maioria esmagadora dos seus
membros são crianças e jovens,
que lhes chegam marcados por
tantas deficiências nos diferentes
aspectos da sua personalidade,
adivinha-se a fragilidade de cada
Casa. Compreende-se, por isso, a
importância e necessidade de
adultos bem formados, que os
acompanhem e orientem no trabalho da sua difícil reeducação.
Entre todos os adultos da Obra da
Rua, aparecem os sacerdotes que,
pela sua preparação cultural e
espiritual e pela sua vocação de
permanente serviço dos Gaiatos, se
vêem responsabilizados por uma
missão insubstituível.
Só quem tenha contactado, com
alguma frequência, com as Casas
do Gaiato, é que se apercebe do
“milagre” da dedicação sem reservas da Equipa Sacerdotal. Faz
bem este contacto a quem o estabeleça de coração aberto.
Estes padres, quais diligentes
abelhas mestras nas Casas do
Gaiato, são a garantia discreta de
um ambiente familiar de verdadeiro
respeito, estima e de corresponsabilidade. Neste serviço os padres
da Obra da Rua contam sempre,
por exigência da pedagogia da
Instituição, com a ajuda dos Gaiatos mais velhos e escolhidos pelas
suas Comunidades.
A laboriosidade de cada Comunidade e os progressos na educação
são a maior recompensa do multifacetado trabalho dos padres das
Casas do Gaiato. Não faltam, no
entanto, tempos de provação.
Refiro, por exemplo, o amargo
sofrimento dos padres quando o
trabalho de educação dos Gaiatos
é truncado, quer pela fuga irreflectida da Comunidade de um ou mais
jovens, o que é raro, apesar de as
portas estarem sempre abertas,
quer por intervenções externas,
legalmente permitidas e menos
atentas à formação em curso.
De uma ou outra forma, é a educação do Gaiato que se prejudica e,
por vezes, se inutiliza.
Lembro, a propósito, o drama
interior até às lágrimas de padres
da Obra da Rua pela fuga de
Gaiatos, como lembro também a
alegria incontida pelo seu regresso
livre e arrependido depois de um
tempo incontrolado de desvario.
Nestes casos as reacções dos
padres são de verdadeiro amor de
pais.
Pela experiência posso afirmar,
contando com a sua indulgência,
que estes padres são merecedores
do mais vivo aplauso e elogio, pelo
seu serviço pastoral discreto, humilde e exigente.
Junte-se, ainda, que vivem em
espírito de pobreza evangélica
exemplar.
A sua vida e acção assentam na fé e
na oração, esta segundo as possibilidades do seu trabalho quotidiano.
De outra forma, não seria possível
esta tão desgastante entrega aos
Gaiatos.
Quem quiser, com objectividade e
profundidade, apreciar a vida
destes sacerdotes não pode ficar
apenas pela pedagogia, pela administração, pela cultura, pela estatística ou por outras expressões do
agir e do saber humanos, indispensáveis, tem de chegar ao conhecimento, ainda que limitado, do que é
a vida por vocação e doação total,
do mistério da fé e do mistério de
Deus.
Não é possível abarcar completamente esta dimensão sobrenatural,
quando se não tem fé.
Perguntaram um dia a Madre Teresa
de Calcutá, beatificada já pela Igreja,
onde ia buscar energia para a sua
actividade tão intensa. Ela levou
essas pessoas à capela da casa em
que se encontravam e apontou para
o sacrário: “É ali, n’Ele, Jesus
Cristo, o Filho de Deus, que está
sempre connosco.”
Nas Casas do Gaiato há-de dizer-se
coisa semelhante.
Acrescento ainda, continuando a
contar com a compreensão dos
padres da Rua, que eles não são
pessoas quaisquer. Têm todos o
Curso dos Seminários Maiores das
suas Dioceses, considerado mesmo
pelo Estado, como Curso Superior.
Alguns dos padres concluíram o
Curso de Engenharia nas Universidades civis, antes de entrarem no
Seminário e um outro fez o Curso
de Sociologia no estrangeiro. São
pessoas que não perderam o hábito
da leitura sobre temas da sua
missão de educadores e participam
em Congressos e Jornadas de
Estudo acerca da sua actividade
pastoral na Obra da Rua. Não são
pessoas alheadas do progresso das
ciências humanas relacionadas com
a sua missão.
Às vezes, porém, fico com a impressão de que, em certos meios civis,
há a ideia de os padres, porque são
padres, serem forçosamente pessoas desinteressadas e desfasadas
das ciências humanas e da tecnologia. Nada mais errado e injusto.
Tudo o que é verdadeiramente
humano lhes interessa. São padres
para serviço de Deus e para serviço
dos homens.
Desvalorizar os padres da Obra da
Rua e a sua imprescindível actividade, é ferir o cerne das Casas do
Gaiato, pois os seus educandos
são pessoas em recuperação, a
necessitarem muito de esteios que
os amparem e de estímulos na sua
difícil formação.
São, principalmente, os sacerdotes
das Casas do Gaiato que exercem
esta missão.
Pode parecer que sou menos objectivo ao apreciar a vida e acção dos
padres das Casas do Gaiato por não
indicar na sua acção qualquer
deficiência. Não o faço porque
todos as adivinhamos, em trabalho
tão complexo e prolongado como é
a educação humana e cristã dos
Gaiatos.
No próximo artigo aparecerão
alguns desafios à Obra da Rua e à
Equipa Sacerdotal que hoje a
orienta, tendo em conta a transformação da sociedade e a época pósconciliar da Igreja.
Equipas de Senhoras da
Obra da Rua
2 - Em colaboração com cada
Comunidade da Obra da Rua há
sempre algumas Senhoras, sem
formarem uma congregação religiosa, que se dedicam a tempo
inteiro como simples leigas cristãs,
aos diferentes trabalhos de casa.
Cuidam do tratamento da roupa, da
cozinha e de todas as outras
actividades próprias de qualquer
lar.
Nestes trabalhos há sempre a ajuda
dos Gaiatos que, deste modo, se
vão iniciando nas lides domésticas.
A generosidade destas Senhoras é
um dom precioso.
Trata-se de voluntariado animado
pela fé e pelo amor dedicado totalmente àquelas crianças e jovens tão
necessitados.
A presença feminina, desta forma,
na Obra da Rua é para os Gaiatos,
uma presença complementar da
acção educativa dos técnicos que
os acompanham, quando necessário e da acção do próprios
sacerdotes.
Estas vocações femininas já foram
em maior número. Hoje escasseiam.
Ter-se-á, nesta situação, de encontrar outras modalidades de colaboração, segundo critérios seguros,
pois esta presença feminina é um
bem de que não se pode prescindir
na acção formativa da Obra da Rua.
Não se pode esquecer que o serviço destas crianças e jovens é
sempre um imperativo, haja ou não
Senhoras dedicadas a tempo
inteiro.
No próximo artigo, a concluir,
sublinharei mais alguns aspectos,
que irão ao encontro de interrogações que se levantam na opinião
pública.
João Alves,
Bispo Emérito de Coimbra
Carlos Azevedo
Anacleto Oliveiro
O Papa nomeou os padres Carlos
Azevedo, do Porto, e Anacleto
Oliveira, de Leiria, para Bispos
Auxiliares de Lisboa.
Nascido a 4 de Setembro de 1953,
Carlos Alberto de Pinho Moreira
Azevedo foi responsável por algumas das mais importantes iniciativas da Igreja no campo cultural. A
exposição “Cristo Fonte de Esperança”, no Jubileu do ano 2000, no
Porto, foi uma das que comissariou.
Preside à Associação Portuguesa
de Museus da Igreja e à comissão
científica para a publicação da
“Documentação Crítica de Fátima”
e dirige a colecção das obras da
Fundação D. António Ferreira
Gomes. Como responsável do
Centro de Estudos de História
Religiosa, dirigiu a “História Religiosa de Portugal” e o “Dicionário
de História Religiosa de Portugal”
(sete volumes editados pelo Circulo
de Leitores).
Natural de Milheirós de Poiares
(Santa Maria da Feira), o novo
bispo auxiliar estudou Teologia no
Porto e foi ordenado padre em 1977,
doutorando-se em 1986, na Faculdade de História Eclesiástica da
Universidade Gregoriana (Roma),
com a nota máxima. Foi secretário
da Comissão Episcopal do Clero,
lugar em que coordenou, em 1993,
dois simpósios sobre o estilo de
vida dos padres.
Nascido em 17 de Julho de 1946,
nas Cortes (Leiria), Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira fez
Teologia na Universidade Gregoriana, onde se especializou em
ciências bíblicas (doutorando-se
depois na Alemanha), e uma licenciatura em História em Coimbra.
É actualmente professor da Universidade Católica e presidente do
Instituto Superior de Estudos
Teológicos, em Coimbra.
Pub.
Dir
ecção
Direcção
ecção-- Geral de Viação
Requisição de Técnico Superior Licenciado em Direito para as
Delegações de Viação de Portalegre Braga, Viana do Castelo,
Vila Real, Bragança, Leiria, Guarda, Castelo Branco, Setúbal,
Santarém e Beja.
1- A Direcção-geral de Viação, pretende recrutar, através de
requisição, funcionários públicos da carreira técnica superior,
licenciados em Direito, para exercerem funções nas Delegações de
Viação de Portalegre, Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Bragança,
Leiria. Guarda, Castelo Branco, Setúbal, Santarém e Beja.
2- A selecção dos candidatos far-se-à mediante a análise curricular
e a realização de uma entrevista profissional.
3 - O estatuto remuneratório é o previsto para os funcionários da
Administração Pública, com a possibilidade de atribuição do
suplemento remuneratório mensal previsto no n.º 5 do art. 41.º do
Decreto-Lei n.º 484/99, de 10 de Novembro.
4 - As candidaturas devem ser remetidas por escrito, no prazo de
10 dias após a publicação do presente anúncio, para a Divisão de
Pessoal e Expediente Geral, sita na Av. da República, n.º 16, 1069 055 Lisboa.
A Fundição de Sinos de Braga
Serafim da Silva Jerónimo & Filhos,
Lda
Sede & Secção de órgãos:
Rua Andrade Corvo, 72/78, 4704-522 Braga
Fábrica:
Rua Cidade do Porto, Ferreiros, 4705-084 Braga
www.jeronimobraga.com.pt
REGIONAL
10 de Fevereiro de 2005
Conselho Presbiteral da Diocese de Beja
aprova documento sobre o Baptismo
Sob a presidência do Senhor D. António Vitalino, reuniu no passado dia
três de Fevereiro, nas instalações do Centro Pastoral/Seminário Diocesano
de Nª Srª de Fátima, o Conselho Presbiteral da Diocese de Beja. A reunião
iniciou-se pelas 10h, com a celebração da Eucaristia.
Depois de aprovada a Acta da reunião anterior, o Senhor Bispo saudou os
presentes, em especial o novo membro, proposto pelo último Conselho
Presbiteral para integrar o novo Colégio de Consultores, em representação
dos Religiosos a trabalharem na Diocese, o Pe. Henrique Martins (O.Carm.).
De seguida, deu algumas informações sobre membros do clero doentes,
idosos e/ou ausentes da Diocese e comunicou também a realização de
iniciativas que deverão envolver o clero ao longo deste ano, a saber, os
dois retiros previstos e a reflexão de 4ª Feira Santa, sobre a Eucaristia.
Recordou ainda o Lausperene que decorrerá em toda a Diocese durante a
Semana das Vocações.
Houve também tempo para uma avaliação da Reciclagem Interdiocesana
de clero, para sacerdotes das Diocese de Évora, Beja e Algarve, uma
iniciativa de quatro anos que terminou há pouco e que deverá continuar
em novos moldes, por vontade dos participantes. Foi, de igual modo, bem
acolhida a disponibilidade do Instituto Superior de Teologia de Évora para
colaborar mais de perto com as Dioceses de Beja e Algarve.
Continuando os assuntos incluídos na Agenda, o Senhor Bispo confirmou
a constituição de uma Comissão para analisar a necessidade e viabilidade
da aquisição de uma Casa de Espiritualidade para o serviço da Diocese.
Por unanimidade foi decidido canalizar a Renúncia Quaresmal da Diocese
para dois objectivos: as vítimas do Tsunami na Ásia e a Fundação “Bom
Samaritano”, da Santa Sé, dedicada à ajuda às vítimas de SIDA em todo o
Mundo.
Grande parte do tempo desta reunião foi ocupado na análise de um
documento de reflexão e estudo, elaborado pelo SCAP, a partir de muitos
contributos, nomeadamente dos Arciprestados, intitulado: “Orientações
para os Sacramentos da Iniciação Cristã”. O documento aprovado,
“Baptismo das crianças em idade de catequese” foi apenas uma primeira
etapa de um projecto mais vasto que continuará a ser desenvolvido pelo
SCAP e implicará a médio prazo uma alteração significativa da Pastoral
Diocesana, quanto aos Sacramentos da Iniciação Cristã.
Prestes a terminar a reunião o Senhor Bispo pediu e recolheu as diversas
sugestões dos membros do Conselho para futuras reuniões do Conselho,
em vista já do próximo Plano Pastoral, em virtude de nos encontrarmos no
último ano do Triénio Pastoral, e convocou todo o Clero da Diocese para
uma Assembleia, no dia três de Março, para uma reflexão mais aprofundada
sobre questões relacionadas com a nova Concordata.
O Secretário do Conselho Presbiteral:
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
Cartório Notarial de Ourique
Extracto
Certifico, narrativamente, para efeitos de
publicação que, no dia vinte e cinco de Janeiro
do ano dois mil e cinco, no Cartório Notarial
de Ourique a folhas oitenta e seguintes, do
Livro de Notas Para Escrituras Diversas
número Cento e Vinte e Três – C, se encontra
exarada uma escritura de Justificação, na
qual Joaquim António e mulher Maria
Deolinda Mamede Ribeirinho, casados
segundo o regime da comunhão de
adquiridos, naturais ele da freguesia de Santa
Luzia, concelho de Ourique e ela da freguesia
e concelho de Ourique, residentes
habitualmente na Travessa Filipe Jones,
Bloco 12, Apartamento 3526, freguesia de
Quarteira, concelho de Loulé, Nifs. 126802033
e 109367111, se declaram donos e legítimos
possuidores, com exclusão de outrém, do
seguinte prédio:
Prédio urbano, sito na Travessa da Praça,
freguesia de Santa Luzia, concelho de
Ourique, constituído por uma morada de
casas térreas destinadas a habitação, com
a área coberta de cento e seis metros
quadrados, a confrontar do norte com
Travessa da Praça, do sul com Rua da
portela do Poço do Concelho, do nascente
com Maria das Dores Capela e do poente
com a Praça, inscrito na matriz, em nome do
justificante marido sob o artigo 101, com o
valor patrimonial de € 810,36, igual ao
atribuído, omisso na Conservatória do registo
Predial de Ourique, como consta de certidão
negativa emitida em dezasseis de Dezembro
de dois mil e quatro, pela mencionada
Conservatória.
Que os justificantes, não possuem qualquer
título para efectuar o registo a seu favor,
deste prédio, na Conservatória, embora
sempre tenha estado, há mais de vinte anos,
na detenção e fruição do citado prédio, tendo
o mesmo vindo à sua posse por compra
verbal feita a Idalina dos Santos Loures, em
dia e mês que não podem precisar, mas do
ano de mil novecentos e oitenta, não tendo
tal compra sido reduzida a escritura pública,
mas que desde logo entraram na posse e
fruição do prédio, em nome próprio, posse
que assim detêm há mais de vinte anos,
sem interrupção ou ocultação de quem quer
que seja, de modo a poder ser conhecida por
todo aquele que pudesse ter interesse em
contrariá-la.
Essa posse assim mantida e exercida, foi-o
sempre em seu próprio nome e interesse, e
traduziu-se nos factos materiais conducentes
ao integral aproveitamento de todas as
utilidades do prédio designadamente,
utilizando-o, fazendo as necessárias obras
de conservação, e pagando os respectivos
impostos.
É assim, tal posse, pacífica, publica e
contínua e durando há mais de vinte anos,
facultando-lhe a aquisição do direito de
propriedade do citado prédio por usucapião,
direito que, pela sua própria natureza, não
pode ser comprovado por qualquer título
formal extrajudicial.
Nestes termos, e não tendo qualquer outra
possibilidade de levar o seu direito ao registo,
vêm justificá-lo nos termos legais.
Está conforme o original
Cartório Notarial de Ourique, aos 25 de
Janeiro de 2005-02-03
A Ajudante
Maria Vitória Amaro
Notícias de Beja – 7
Centro Comunitário da Salvada: um projecto em marcha
Na sequência dos múltiplos esclarecimentos sobre o desenrolar do
processo do “Centro Comunitário
da Salvada”, vimos hoje explicitar
o nosso conceito de “Centro
Comunitário”.
Entende o Conselho de Administração da Fundação Joaquim
Honório Raposo que o lugar do
idoso da Freguesia da Salvada
deve ser na comunidade, pois é
nesta que continua viva a memória
colectiva.
Logo, o idoso só deverá dar entrada numa Instituição quando
estão esgotadas todas as formas
de, com dignidade, o manter em
casa, pelo que não concebemos o
“Centro Comunitário” como um
espaço absolutamente equivalente
a um Lar.
Desta forma, o “Centro Comunitário da Salvada” apresentar-seá como um novo tipo de equipamento, que embora podendo ter
utentes em internamento permanente, deve respeitar claramente
a filosofia do internamento recorrente, possibilitando o internamento temporário do idoso em
situações como: Doença súbita,
Necessidade de cuidados que a
família não possa prestar, Férias dos
filhos, Total dependência ou fase
terminal.
Assim, e na nossa perspectiva, o
“Centro Comunitário” será um
espaço a funcionar com várias
valências, que passaremos a referir,
e que dotarão o mesmo de uma
qualidade e diversidade particularmente respeitadoras da dignidade humana.
tenham condições para assegurar,
a um ou mais dos seus membros,
cuidados de higiene e conforto,
confecção ou fornecimento de
refeições, tratamento de roupas,
reparações domésticas, animação
psico-social.
Centro de Dia para Idosos
Entende-se como uma resposta
social local que contemple o fornecimento de um conjunto de serviços
que contribuam para a manutenção
do idoso no seu meio sócio familiar.
Esta valência pretende prestar, na
Instituição, serviços que satisfaçam necessidades básicas como
refeições, cuidados de higiene,
tratamento de roupas, que apoiem
o idoso em termos psico-sociais,
nomeadamente animação sóciocultural, convívio/ocupação lúdica,
fomento de relações interpessoais
de carácter intergeracional.
ocupação lúdica, com o recurso a
“ateliers” temáticos, e orientada por
áreas de interesse de adolescentes
e jovens, e ainda, ser por essa via
um espaço de concepção e concretização de actividades intergeracionais de carácter ludoexpressivo.
Será um espaço de funcionamento
aberto, flexível (embora com lotação
definida) e direccionado pedagogicamente, no que difere de um ATI,
(Actividades de Tempos Livres).
Centro de Recursos Comunitários
Não pretende a Fundação Joaquim
Honório Raposo fazer do “Centro
Comunitário” um equipamento para
seu uso exclusivo, entende sim que
os seus espaços podem ser colocados ao serviço das diversas
Entidades locais.
Serviço de Internamento
Este serviço está pensado como um
apoio de retaguarda à família.
Assim, um idoso ou qualquer outro
elemento em situação de perda de
autonomia ou aumento de dependência, poderá beneficiar de internamento temporário e receber
nesse período cuidados específicos de amparo.
Do que acabamos de expor, reafirmamos a nossa convicção de que
o “Centro Comunitário Joaquim
Honório Raposo” é uma necessidade premente do povo da Salvada, pelo que continuamos a
desenvolver todos os esforços
para um breve reinício dos trabalhos de construção.
Centro de Animação
Esta valência visa proporcionar a
Sérgio Nunes Engana
Centro de Apoio à Família
Esta valência destina-se a prestar
serviços de apoio ao domicílio a
famílias com determinado tipo de
necessidades, sendo portanto a
família a unidade beneficiária.
Trata-se de serviços de cuidado,
individualizados e personalizados,
que o Centro estará vocacionado
para oferecer a famílias que não
Agradecimento
Quero, através do Notícias
de Beja, agradecer ao Dr.
Francisco Barata e ao Enfermeiro José Maximino, do
Hospital da Misericórdia de
Évora, a forma extremamente humana e competente,
como me trataram, aquando
da minha intervenção
cirúrgica.
Agradeço também a todo o
pessoal do Centro de Saúde
de Cuba, nomeadamente à
Dra. Isabel Madruga, à Enfermeira Maria dos Anjos e
ao estudante do 4.º ano, de
Enfermagem Mouzinho, a
forma extremamente eficiente e competente como fui
tratado, no período pósintervenção cirúrgica.
Todo o pessoal, atrás mencionado, enaltece a saúde e o
País.
José Cabaça, Cuba
Dr. Rui Miguel Conduto
CARDIOLOGISTA
CONSULTAS:
Sábados
Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175
Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486
Quartas-Feiras
UNIMED
Campo Grande, 46-A
LISBOA
Telefone 217 952 997
Sextas-Feiras
CLÍNICA MÉD. CIRÚRGIA DO MARQUÊS
Av. da Liberdade, 242
LISBOA
Respostas às questões da última página
1. Geografia Bíblica: Ficam na Galileia: Cafarnaum, Caná e Nazaré; e na
Judeia: Belém, Jericó e Jerusalém. 2. Ortografia: a) ascensão; b)
majestade; c) laranjeira; d) monge; e) Tânger; f) tangerina. 3. Zoologia:
A Entomologia é o tratado dos insectos. 4. Pesam 200 gramas.
10
FEVEREIRO
2005
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Espaço
Ludo-Cultural
João Paulo II na Mensagem da Quaresma 2005
«A assistência aos idosos deve
ser preocupação dos fiéis»
Na Mensagem para a Quaresma de 2005, o Papa João Paulo II reafirma a
sua posição contrária à eutanásia e pede à sociedade que saiba
reconhecer o valor dos idosos.
«A vida do homem é um dom precioso que se deve amar e defender em
todas as suas fases. O mandamento “Não matarás!” pede que ela seja
respeitada e defendida sempre, desde o seu início até ao seu fim natural»,
diz o Santo Padre na mensagem centrada numa frase do Deuteronó-mio,
livro do Anti-go Testamento: «N’Ele está a vida e a longevidade dos
teus dias» (30, 20).
Como contrapon-to à solução eutanásica, a mensa-gem papal aponta
para as curas paliativas considerando que estas, «com uma aproximação
integral do doente, se demonstram particularmente benéficas para quem
permanece longamente hospitalizado».
João Paulo II ataca duramente «uma certa mentalidade corrente, que
considera quase inúteis estes nos-sos irmãos e irmãs (idosos), quando
são limitados nas suas capacidades pelas dificuldades da cidades ou
pela doença».
O Papa lembra que a sociedade de hoje, graças ao contributo da ciência
e da medicina, assiste a um prolongamento da vida hu-mana e a um
consequente au-mento do número de idosos.
Nesse sentido, pede que os católicos de todo o mundo se dediquem a
reflectir sobre este tema durante a Quaresma, «para aprofundar a
consciência do papel que os idosos estão chamados a desempenhar na
sociedade e na Igreja, e dispor assim o coração para o acolhimento
amoroso que lhes deve ser sempre reservado».
«A assistência aos idosos, sobre-tudo quando passam por mo-mentos
difíceis, deve ser preocupação dos fiéis, especialmente nas comunidades
eclesiais das sociedades ocidentais, onde o problema está
particularmente presente», escreve.
Carta aberta de católicos
aos eleitores
(Continuação da pág. 1)
5. Importa por isso fazer, com estes critérios “fundamentais e
irrenunciáveis” um discernimento responsável. Como nos recorda o
Papa Paulo VI “na diversidade de situações, das funções e das
organizações, cada um deve determinar a sua própria responsabilidade
e discernir em consciência as acções em que é chamado a participar.
Misturadas com as diversas correntes e a par das aspirações legítimas
vagam também orientações ambíguas; por isso o cristão deve distinguir
e evitar comprometer-se em colaborações incondicionais e contrárias
aos princípios de verdadeiro humanismo, mesmo que tais colaborações
sejam solicitadas em nome de solidariedades efectivamente sentidas”
(Octogesimo Adveniens, 49).
Como dizem os nossos Bispos, «importa avaliar da sua justiça [das
soluções objectivas que nos são propostas], da sua viabilidade, da sua
consonância com os princípios da dignidade humana, do respeito pela
vida, da dimensão social que todas as políticas devem ter.
Para os cristãos, o critério de avaliação é o Evangelho e a doutrina social
da Igreja.
A democracia é o quadro político da liberdade, mas também da
responsabilidade.
E esta só se exprimirá na busca generosa do bem comum» (Comunicado
do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, de 14 de Dezembro
de 2004).
31 de Janeiro de 2005
Lista inicial de subscritores (ordem alfabética)
António Pinheiro Torres; Augusto Lopes Cardoso; Aura Miguel; Daniel
Serrão; Ernâni Lopes; Francisco Sarsfield Cabral; Fernando Adão da
Fonseca; Fernando Branco; Fernando Ribeiro e Castro; Francisco Van
Zeller; Gonçalo Maleitas Correia; Henrique Mota; Isilda Pegado; Jaime
Nogueira Pinto; Joaquim Azevedo; João Araújo; João Luís César das
Neves; Jorge Líbano Monteiro; José Luís Ramos Pinheiro; José Pedro
Ramos Ascensão; Luís Pais de Sousa; Manuel Braga da Cruz; Margarida
Neto; Maria João Avilez; Maria José Nogueira Pinto; Mário Pinto; Miguel
Abranches Pinto; Natália Correia Guedes; Nuno Guedes; Paulo Lopes
Marcelo; Paulo Núncio Pedro Barbas Homem; Pedro Líbano Monteiro;
Pedro Madeira Rodrigues; Pedro Maldonado Correia: Pedro Pereira dos
Santos; Pedro Roseta; Pedro Vassalo; Raquel Abecassis; Rodrigo
Queiroz e Mello; Rui Correia d’Oliveira; Rui Machete; Teresa Aires de
Campos; Vicente Paiva Brandão; Walter Osswald
10 de Fevereiro de 2005
Recordar é viver
O que segue foi respigado de
antigos números do Notícias de
Beja.
Há 75 anos (1930). O jornal traz na
primeira página o anúncio de uma
sessão de cinema no Pax-Julia
promovida pela União de Caridade
das Senhoras de Beja, a favor do
seu cofre de beneficência, na qual
seriam passados os filmes “O
Quarto Mandamento” e “A Semana
Inglesa de Celestino”.
Há 50 anos (1955). O jornal dá
pormenorizada notícia da bênção da
primeira pedra do Monumento a
Nossa Senhora da Conceição, em
Beja, no dia 5 de Fevereiro, em
coincidência com a celebração do
33º aniversário da entrada de D.
José do Patrocínio Dias na Diocese;
e transcreve quer o texto do pergaminho que ficou nas fundações
encerrado em caixa de prata, quer o
discurso do Presidente da Câmara
Municipal de Beja. Tudo terminou
com solene Te-Deum na igreja do
Carmo.
Há 25 anos (1980). Por Despacho
de 24 de Janeiro do Ministro dos
Assuntos Sociais Morais Leitão, o
funcionário dos Serviços MédicoSociais do Distrito de Beja, Manuel
Monge, foi destacado a tempo
inteiro para prestar serviço na
Cáritas Diocesana de Beja, tendo
em conta o excelente apoio desta
Cáritas às instituições de solidariedade social e aos grupos mais
carenciados da população.
Enciclopédia
A NOVA EUROPA (1). Dizem as
sondagens que os portugueses
são, entre os povos da nova Europa
Unida, os que menos sabem o que
ela é e pretende ser, embora intuindo que é bom estar nela, pois
ouvem dizer que o País dela tem
recebido significativos apoios
financeiros para grandes obras,
como as auto-estradas. Tentaremos
dar aqui uma pequena ajuda a
vencer tal ignorância, se porventura
ela existe nos ilustre leitores desta
página do Notícias de Beja.
É bem sabido que a história da
Europa está densamente marcada
por guerras e conflitos. Só a
primeira metade do século passado
(séc. XX), contou com três tremendos conflitos, a Grande Guerra
(1914-1918), a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e a Guerra
Mundial (1939-1945), qualquer
delas com milhões de vítimas. Em
meados desse século, todos estavam cansados de conflitos e aspiravam a uma paz duradoira.
Surgiram providencialmente
alguns políticos de valor, por
coincidência católicos convictos,
que lançaram mãos à obra de lançar
as bases de uma Nova Europa,
começando por aproximar as potências tradicionalmente rivais, a
saber a Alemanha e a França. Foi
então que Jean Monet, hábil negociador e construtor da paz,
propôs ao Ministro dos Estrangeiros Francês Robert Shuman e ao
Chanceler alemão Konrad Adenaur
que se criasse uma autoridade
supranacional independente para
gerir os negócios do carvão e do
aço, produtos essenciais ao esforço
de guerra.
A proposta foi oficialmente
formulada pela França no dia 9 de
Maio de 1950 e prontamente acolhida pela Alemanha. Outros países
mais directamente interessados,
aderiram à ideia, nomeadamente a
Itália, ao tempo governada por De
Gasperi, a Holanda, a Bélgica e o
Luxemburgo. Sem demora, um ano
depois, em Abril de 1951, pelo
tratado por eles assinado, foi
constituída a Comunidade Europeia
do Carvão e do Aço (CECA). Foi um
primeiro passo para realizações
mais vastas e mais profundas, como
veremos.
Coisas e loisas
1. A vida nos mares. Perante a
perspectiva de em breve se esgotarem os campos de pesca actualmente explorados para a alimentação humana, a ONU, no ano 2000,
determinou a realização dum “Censo Mundial da Vida Marinha”
(CoML), em que já trabalham 70
países, inclusive Portugal. As
últimas notícias dão conta de já
estarem inventariadas 38.000 espécies da fauna marinha, mas julgase que se trata apenas de uma
quinta parte das existentes.
A maioria destas espécies (cerca de
75 %) é de águas pouco profundas
(até 50 m). Mas sabe-se que nas
grandes profundidades há muitas
espécies ainda por descobrir. As
espécies referidas não se limitam a
peixes, mas incluem outros grandes
grupos zoológicos, que vão dos
mamíferos (como as baleias), passando por moluscos, crustáceos e
outros, até à multidão dos microorganismos que formam o plancton,
de que muitos seres marinhos se
alimentam,
2. Solo agrícola. É da terra que os
homens tiram a quase totalidade
dos alimentos que lhes são vitais.
Assim, com o aumento da população, a área dos solos agrícolas
(para além dos terrenos de pastagens) tem aumentado, em grande
parte à custa das florestas. É certo
que as novas técnicas agrícolas
têm aumentado a produção alimentar, mas este aumento é sempre
limitado.
Um estudo promovido pelo Banco
Mundial revelou que o Sul da Ásia
e a Europa são as regiões da Terra
com maior percentagem do seu solo
dedicado à agricultura. Nos últimos
séculos, a média do crescimento
anual da área agrícola é de 12
milhões de hectares. Actualmente
a área total anda pelos 1.600 milhões de hectares. Porém, tal
crescimento encontra-se ameaçado
com a desertificação e o consequente abandono de grandes áreas
de cultura.
3. Água de colónia. A sua invenção
ficou a dever-se a uma família
italiana de destiladores, de nome
Farina, a partir de uma fórmula
encontrada por seu tio Ferminis em
1710. O seu suave perfume tornouse famoso no mundo. O nome vemlhe da cidade alemã de Colónia,
onde os Farina estabeleceram o seu
negócio.
Veja se sabe
1. Geografia Bíblica. Distinguindose na Palestina ao tempo de Jesus
as regiões da Galileia, da Samaria e
da Judeia, diga em qual delas ficam
as seguintes povoações: Belém,
Cafarnaum, Caná, Jericó, Jerusalém
e Nazaré.
2. Ortografia. Diga qual a forma
correcta de escrever os seguintes
vocábulos; a) ascenção ou ascensão; b) magestade ou majestade; c) larangeira ou laranjeira; d)
monge ou monje; e) Tânger ou
Tânjer; f) tangerina ou tanjerina.
3. Zoologia. De que animais trata a
Entomologia?
4. Problema. Quantos gramas
pesam 20 centilitros de água?
(Ver respostas na penúltima página)
Bom humor
1. Argumentação ad hoc. «Pai, é
verdade que os pais são mais
inteligentes que os filhos?» «Tu
bem vez que sim,» Passados os
momentos, de novo o filho pergunta: «Pai, quem inventou a teoria
da relatividade?» ««Foi Einstein.»
«Então porque não foi o pai dele?»
2. Eutanásia. Estava um homem
dependurado numa árvore pela
cintura, quando passou um policia
que perguntou: «Que está o senhor
a fazer aí?» «Estou a enforcar-me.»
«Mas para se enforcar tem de pôr a
corda ao pescoço.» «Já experimentei, mas falta-me o ar!»
3. Violência doméstica. Dois amigos encontram-se: «Sabes do
Amílcar?» «Sei, está internado no
hospital.» «Mas ainda ontem o vi
no clube a dançar com uma rapariga.» «Pois, a mulher dele também
o viu...»
Manuel Falcão
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