Rolling Stones

Transcrição

Rolling Stones
Ainda
Farpinhas
e porradas,
desculpas
e carinho
em público.
Passado
grandioso
que enche
os bolsos
e pesa nas
costas.
Paixão pela
música
que não
se esgota.
Assim os
Rolling
Stones
completam
50 anos de
rock’n’roll
Cancan Chu / Getty Images
por Rodrigo Ortega
46 billboard brasil Maio 2012
MICK JAGGER, o “espírito encarnado
do rock” e KEITH RICHARDS, o
homem de riffs e palavras cortantes
www.billboard.br.com 47
48 billboard brasil Maio 2012
Michael Ochs Archives/Getty Images
CHARLIE,
RON, KEITH,
BILL e MICK
JAGGER,
na sua fase
“Brenda”
1964
1965
1967
1968
1969
19 de setembro –
A primeira composição de
Jagger e Richards chega ao
Top 10 inglês: “As Tears Go
By”, cantada por Marianne
Faithfull. A balada parecia
não servir aos Stones,
que ainda usavam só
composições alheias, como
“I Wanna Be Your Man”, de
Lennon e McCartney.
4 de setembro –“(I Can´t
Get No) Satisfaction”,
feita a partir de um violão
registrado por Keith em
gravador portátil entre uma
soneca e outra, chega ao
topo das paradas britânicas.
Com o terceiro disco, Out
Of Our Heads, também no
primeiro lugar americano, a
banda volta aos EUA.
5 de fevereiro – O álbum Between The Buttons,
lançado em janeiro, chega ao terceiro lugar no
Reino Unido e segundo nos EUA. Além de “Let´s
Spend The Night Together”, emplaca “Ruby
Tuesday” no topo do Billboard Hot 100.
24 de maio – Lançado o
single “Jumpin’ Jack
Flash”, primeiro em
quase dois anos a
alcançar a posição nº1 na
Inglaterra. Keith Richars
afirma no livro Vida que,
se tivesse que tocar só
um riff de guitarra por
toda a sua vida, seria o de
“Jumpin’ Jack Flash”.
5 de julho – Os Stones fazem o maior show de sua
carreira, até então, no Hyde Park, em Londres. A
tarde é dedicada a Brian Jones. Eles apresentam o
novo guitarrista, Mick Taylor, 20 anos. O público é
estimado entre 250 e 500 mil pessoas.
18 de março – No mesmo dia
que “The Last Time”, primeira
composição de Jagger e
Richards para os Stones,
chega ao topo, os dois são
pegos urinando num posto de
gasolina em Londres. A multa
foi de R$ 250, o equivalente a
0,00004% da atual fortuna de
Jagger, R$ 581 milhões.
15 de janeiro – Em um de muitos incidentes dos Stones na
TV dos EUA, e outra concessão da banda ao establishment,
“Let´s Spend The Night Together” é censurada, e Mick
Jagger canta “let’s spend some time together” (“vamos
passar um tempo juntos”, em vez de “uma noite”).
3 de julho – Brian Jones morre em sua casa, um mês
após anunciada sua saída dos Stones. Depois que Jagger
e Richards começaram a compor, Brian ficou deslocado
e se distanciou da banda. Ele foi achado morto na
piscina, por causas até hoje não esclarecidas.
29 de junho – Após batida policial na casa de Keith
Richards, onde são achadas drogas, Mick e
Keith passam uma noite na cadeia e saem em
liberdade condicional. Foi um ano judicialmente
movimentado. Brian Jones também foi condenado
por porte de drogas, mas a sentença foi revogada.
6 de dezembro – Acontece o trágico show em
Altamont, na Califórnia, o fim simbólico da era “paz
e amor”. Além de três mortes acidentais, houve o
assassínio de Meredith Hunter, de 18 anos, esfaqueado
por um motociclista dos Hell´s Angels, grupo que
deveria cuidar da segurança do evento.
20 de dezembro – O álbum Let It Bleed alcança o
topo da parada britânica, emplacando também o
single “You Can’t Always Get What You Want”,
com gravação pomposa cuja ideia era usar um
coral gospel americano, mas acabou com o
europeu London Bach Choir.
1970
1972
26 de maio – Lançado
Exile On Main St.,
gravado na mansão de
Keith Richards durante o
exílio da banda no
sul da França para
fugir de impostos. O
álbum duplo foi bem
recebido, mas só com
o passar dos anos
ganhou a reputação
de melhor disco
dos Stones.
29 de julho – Rompem
com o ganancioso
empresário Allen Klein,
que sai dono de toda a
obra antes de 1971, e com
a gravadora Decca, à qual
entregam um último
single, “Cocksucker
Blues” (blues do chupapau). O dinheiro que lhes
resta ainda é comido por
vorazes impostos ingleses.
>>
www.billboard.br.com 49
Evening Standard/Hulton Archive/Getty Images
Eles podem ser
“solidários ao
demônio”, mas o
coisa-ruim nunca
deixou de
castigá-los*
9 de maio – A gravadora
Decca contrata os Stones, mas
exige a saída de Ian Stewart,
um dos fundadores da banda.
Cinco anos mais velho que
Mick e Keith (porém mais
novo que Bill Wyman), zero
de vontade de ser popstar, ele
continuou como colaborador.
Jagger resume: “Era óbvio que
Ian não cabia na foto”.
Keith tenta
selar a paz
lembrando
o primeiro
encontro com
Mick Jagger:
“Continuamos
aqueles
garotos na
plataforma
três de
Dartford”.
Mick
corrige:
“Errr... Na
verdade,
foi na
plataforma
um”
keystone/Getty Images
...e no
inferno
12 de julho – Os Rolling Stones, recém-formados
por Mick, Keith, Brian, o pianista Ian Stewart,
o baixista Dick Taylor (logo substituído por Bill
Wyman) e o baterista Mick Avory (enquanto
Charlie Watts não aceitava o convite) fazem o
primeiro show no clube londrino Marquee.
Popperfoto/Getty Images
Os Rolling
Stones têm
50 anos de
conquistas
grandiosas*
7 de abril – Mick Jagger e Keith Richards, conhecidos
de Dartford, subúrbio de Londres, vão assistir ao
show da Blues Incorporated, de Alexis Korner.
Ficam amigos do guitarrista Brian Jones, que usava
o codinome Elmo Lewis. O baterista era Charlie Watts.
Chris Ware/Keystone Features/Getty Images
Stones
nas
alturas...
1963
Estate Of Keith Morris Redferns/Getty Images
1962
pelo jornal inglês Daily Mirror. Mas não sem emendar uma
cândida conclusão que alivia o ambiente para o aniversário:
“No fundo, continuamos aqueles garotos na plataforma três da
estação Dartford [onde os jovens Keith e Mick ficaram amigos
descobrindo a paixão compartilhada por blues]”. Mick corrigiu o
velho amigo: “Errr... Na verdade, Keith, foi na plataforma um”.
Outro que pediu desculpas recentes a Mick Jagger foi o
guitarrista Ron Wood. Ele chegou a dizer, segundo alguns
jornais, que os Rolling Stones entrariam em estúdio ainda
neste ano. A bronca de Mick veio logo: “Que diabos! Não
sabemos nada ainda”. “Eu respondi: ‘Você sabe como os jornais
são. Apenas expressei minha vontade e eles entenderam
errado’”, explicou Ron à Billboard no dia 15 de abril, quando
foi indicado ao Rock’N’Roll Hall Of Fame com sua banda
anterior, The Faces. Mas Ron confirmou dois lançamentos: no
dia 12 de julho sai uma autobiografia fotográfica dos Stones,
com imagens do maior arquivo de fotos sobre a banda, do jornal
Daily Mirror, selecionadas e comentadas pelos músicos. Em
setembro sai o documentário, com as citadas desculpas de
Keith e mais entrevistas e imagens inéditas, com lançamento
no Brasil confirmado pela ST2. Uma turnê, no entanto, deve
ficar para 2013. Ron Wood ainda deixou no ar: “Nós temos um
aniversário de 50 anos. O que quer que façamos será anunciado
nos próximos meses”.
Reedições dos Stones são uma mina de ouro com potencial
crescente. Os dois últimos discos relançados, Exile On Main
St., em 2010, e Some Girls, ano passado, conseguiram feitos
inéditos na carreira: chegar ao 1º lugar do Billboard 200. Um
site comemorativo dos 50 anos, Stonesarchive.com, está no ar
com vídeos, fotos e entrevistas inéditas e, claro, uma lojinha com
produtos diversos, de boxes luxuosos a bootlegs. O primeiro é um
registro dos Stones em L.A. na clássica turnê de 1975. Outro novo
keystone/Getty Images
Aquela poderia ter sido uma despedida apropriada. Era
impossível precisar o número de pessoas, ou enxergar todas lá
de cima. Assim que o riff de “Jumpin’ Jack Flash” foi detonado
nas caixas de som à frente do palco e nos nove enormes pares
delas espalhados por 900 metros adiante, estimado 1,5 milhão
de pessoas explodiu junto. Terminar uma viagem de 44 anos
fazendo o maior show da história da banda em um paraíso
descoberto por Mick Jagger em 1968, em frente ao mesmo hotel
onde se hospedou, agora com a multidão daquele país quente aos
seus pés, seria um encerramento e tanto. Foi o que pensou Keith
Richards, nervoso em cima do palco pela primeira vez na vida.
Só não lembrou que continuaria vivo depois. Que sua paixão por
acordes de blues e o amor e ódio por Mick Jagger continuariam
intensos. Em 2012, os Rolling Stones completam meio século.
Como sempre, estão curando feridas e contabilizando glórias,
entre o céu e o inferno. Ou seja: estão vivos.
Outra bomba estourou quatro anos depois do show em
Copacabana. Era silenciosa, mas não menos devastadora, e seu
público se aproxima da multidão do evento: mais de um milhão
de leitores. Em outubro de 2010, Keith Richards publicou a
autobiografia Vida. As mais de 600 páginas de suas aventuras
singulares foram o último grande hit dos Rolling Stones. Mas
boas novidades não chegam à porta de um Stone sem um boleto
para pagamento em anexo. A mesma sinceridade que tornou
o livro atraente escancarou as mágoas de Keith em relação a
Mick. O festival de alfinetadas em “Brenda”, venenoso apelido
de Mick revelado no livro, deixou o climão entre eles no ar até
dois meses atrás, quando um documentário sobre os 50 anos
da banda foi anunciado, juntamente com desculpas oficiais do
guitarrista. “[O livro] era muito cru, como eu pretendia, e sei
que alguns trechos e sua publicidade realmente ofenderam
Mick, e me arrependo disso”, disse, conforme reportado
nas
alturas...
...e no
inferno
1977
23 de abril –
Lançado Black And
Blue, 1º entre os mais
vendidos nos EUA
e 2º na Inglaterra.
As turnês começam
a atingir números
estratosféricos: a
banda anuncia a
venda de um milhão
de ingressos para os
próximos shows.
12 de dezembro –
Com a banda em alta,
logo após o lançamento
de It´s Only Rock’N’Roll,
o guitarrista Mick
Taylor decide sair.
Keith Richards, famoso
por não perdoar os que
abandonam o barco,
admitiu: “Faltava um
toque de camaradagem
entre nós”. Ron Wood
é o substituto.
michael putland/getty images
>>
1976
Rock’n’roll darlings
Onde mora o segredo do inesgotável fascínio do mundo pelos
Rolling Stones? Será no bocão de Mick Jagger? “Não, acho
que o segredo de Jagger é que ele realmente encarna o espírito
do rock. Não é uma parte específica. O Steven Tyler tem uma
boca grande também, sabe?”, ironiza um veterano em imagens
1981
1985
24 de agosto – Lançado
Tattoo You, com
“Start Me Up”, que
seria o maior hit dos
Rolling Stones nos
anos 80 – e de toda
a carreira após os
anos 70. Na décima
turnê americana,
eles tocam para dois
milhões de pessoas
em cinquenta shows.
24 de fevereiro – Keith
começa a enfrentar o
maior dos inúmeros
problemas com a
Justiça. Ele e sua
mulher Anita são presos
com drogas no Canadá.
Inicia-se um processo
que se arrastaria
por dois anos. Mas
a pena foi paga com
um show beneficente
para cegos.
do rock, o fotógrafo americano Bob
Gruen. “Eles criaram os parâmetros da
atitude rock”, diz ele à Billboard Brasil,
durante a exposição Let´s Rock, em
São Paulo. “Se você olhar para o Keith
Richards, ele não poderia ser nada mais
além de um guitarrista. Quando ele tem
boa aparência, fica bem. E quando tem
aparência ruim, fica incrível. Os Rolling
Stones simplesmente têm o visual que
1986
1988
25 de fevereiro – Os
Stones recebem das
mãos de Eric Clapton um
Grammy pelo conjunto
da obra. Naquele ano,
lançariam Dirty Work,
sucesso moderado.
Um mês antes, Keith
anunciou Chuck Berry no
Rock’N’Roll Hall Of Fame
admitindo: “Copiei todas as
suas frases de guitarra”.
12 de dezembro –
Morre Ian Stewart,
aos 47 anos, de ataque
cardíaco. Ian não era
membro oficial da
banda, mas continuou
tocando e gravando
com eles até o fim,
e era figura musical
respeitadíssima. Todos
os Stones, assim como
grandes nomes do rock,
vão ao enterro.
1989
1993
31 de agosto – Começa a
turnê de Steel Weels, depois
batizada de Urban Jungle,
a maior da banda até então.
O álbum consegue emplacar
“Rock In A Hard Place” e
“Mixed Emotions”. A banda
espanta a má fase dos 80, e
começa uma nova etapa de
lançamentos mais esparsos.
18 de maio – Fazem
uma reunião em
Londres para tentar
se entender. Keith,
livre da heroína, busca
participar das decisões
dos Stones e esbarra
no poder de Mick. A
carreira solo do cantor
não decola. Charlie
Watts soca Mick
depois que ele o chama
de “meu baterista”.
mark baker/getty images
1974
outros projetos. Notícias de Keith gravando em Nova York com o
baterista Steve Jordan foram dadas à Billboard Brasil por seu
biógrafo [leia entrevista nesta matéria].
graham wiltshire/getty images
projeto, esse de terceiros, é a cinebiografia focada na gravação de
Exile On Main St.. O filme, bancado pelo magnata inglês Richard
Branson, vai abordar o tema cujo apelo aumentou após Vida: a
rivalidade entre Mick Jagger e Keith Richards. Há outras pepitas
menos exploradas. Neste mês, o sempre discreto baterista Charlie
Watts lança Live In Paris, do seu projeto ABC&D of Boogie
Woogie. O mesmo grupo de feras do jazz lançou ano passado
um tributo ao Stone honorário e pianista Ian Stewart, que tem
a última faixa que reuniu os Stones no estúdio (“Watchin The
River Flow”, de Bob Dylan). É claro que os inquietos músicos têm
“Em 1970, meu último ano no Royal College of Art de Londres,
o escritório dos Stones ligou para a faculdade e pediu para
que mandassem um estudante para discutir o design de um
pôster da turnê europeia da banda naquele ano. Meu trabalho
foi considerado o mais apropriado e fui à reunião com Mick
Jagger para pegar o briefing da arte. Eu acho que ele deve ter
ouvido coisas legais sobre a faculdade e quis dar uma chance a
um estudante. Na reunião, descobrimos que éramos ambos fãs
de cartazes de viagem dos anos 30 e 40, então esse se tornou o
ponto de partida do trabalho criativo. O trabalho fez parte da
minha conclusão do curso e Mick apareceu lá para dar uma
olhada – para assombro dos meus colegas. Algum tempo depois,
ele me convidou para um encontro na casa dele em Chelsea
e me pediu um novo logo para a gravadora que eles estavam
criando [Rolling Stones Records]. O conceito básico era “a logo
de caras maus do rock’n’roll, anti-autoridade e sexy ao mesmo
tempo”. Eu tive a ideia da
língua quase imediatamente
e passei cerca de uma
semana desenhando. Ele
gostou assim que viu e foi
pedir aprovação da banda.
Eu recebi apenas £50 [com
correção monetária,
£ 650, pouco menos de R$ 2
mil] pelo design, e mais
PASCHE em 1970,
tarde ganhei um bônus de
e suas criações ao lado
£200 [cerca de R$ 8 mil]
1994
1998
2002
1º de outubro – Lançada
Forty Licks, coletânea
comemorativa dos 40 anos
dos Stones, com direito
a turnê – dessa vez sem
Brasil. O álbum chega ao
2º lugar na Billboard 200,
melhor posição deles além
das reedições de Some Girls
em 2011 e Exile On Main St.
em 2010, em 1º.
1º de agosto – Lançado
Voodoo Lounge, outra
boa investida, que
levou “Love Is Strong”
e “Out Of Tears” ao Hot
100. O disco também
gerou uma megaturnê,
finalmente com shows
dos Rolling Stones ao
Brasil, em três noites
no Pacaembu (SP) e duas no
Maracanã (RJ), em 1995.
6 de janeiro – Exausto
após a turnê da banda,
Bill Wyman confirma
a saída dos Stones em
um programa de TV
inglês. Keith, como
sempre, não perdoaria:
“A única coisa que Bill
fez foi sair da banda,
arranjar três bebês e
abrir um restaurante
de peixe e fritas!”.
pela sua popularidade. O desenho
foi mandado por fax em preto e
branco para os EUA, e, provavelmente
devido à má qualidade dos aparelhos
de fax da época, foi refeito – por isso há
ligeiras diferenças em relação ao original.
Eu era um grande fã de pop art, o que foi
provavelmente uma influência no estilo
da logo. O artista [americano, ligado ao
movimento surrealista] Man Ray foi
também uma influência na minha época
de faculdade. Eu fiz a maior parte dos
trabalhos de design dos Stones de 1970
a 1974, o que incluiu quatro turnês. Foi
uma grande experiência trabalhar com
Mick, pois ele tem muito conhecimento
e interesse em artes gráficas e fotografia.
Ele era muito incisivo no que gostava ou não. Nem sempre
pontual nas reuniões, mas você não pode ter tudo. Como meu
primeiro trabalho foi para os Rolling Stones, eu sinto que já
comecei no topo e fui descendo. Mas eu trabalhei com Paul
McCartney, Jimi Hendrix, The Who e outras bandas grandes.
As capas que fiz para os Stranglers e Art of Noise então entre
os trabalhos dos quais sou mais orgulhoso. Acho que muitas
pessoas jovens ao longo dos anos adotaram a língua dos Stones
como um símbolo de sua própria revolta contra o padrão.
Eu fico, obviamente, muito feliz que o sucesso tenha durado
tantos anos – um pouco como os próprios Stones.”
8 de abril – Maré de
azar. Na passagem da
Bridges To Babylon
Tour no Brasil, a lancha
de Ron na Ilha Grande
(RJ) explode e paparazzi
o salvam. Keith cai da
escada da biblioteca
em casa e tem que adiar
shows. Reformas fiscais
provocam rombo de 12
milhões de libras (R$ 37
mi) no caixa da banda.
2006
18 de fevereiro – A
banda faz o maior show
de sua história na praia
de Copacabana, para
cerca de 1,5 milhão de
pessoas. A turnê de A
Bigger Bang é anunciada
como a mais lucrativa
da história – mas seria
superada pela 360º, do
U2, na passagem pelo
Brasil em 2011.
2010
26 de outubro – Keith
Richards lança a
autobiografia Vida (no
Brasil pela Ed. Globo),
com a colaboração do
amigo e jornalista inglês
James Fox (veja boxe).
O livro é um estrondoso
sucesso, com mais de
um milhão de cópias
vendidas até hoje no
mundo (60 mil no Brasil).
26 de outubro –
Apesar do sucesso, o
lançamento da biografia
de Keith certamente
não deixou uma pessoa
satisfeita: Mick Jagger.
As diversas alfinetadas
do guitarrista no
vocalista (veja boxe)
renderam até um pedido
oficial de desculpas em
março de 2012.
* Fatos lembrados pela banda no livro According to The Rolling Stones (ed. Cosac Naify)
50 billboard brasil Maio 2012
www.billboard.br.com 51
reproduções
RON WOOD e MICK JAGGER
no show em Copacabana em
2006, único que deixou Keith
preocupado na vida
A Billboard Brasil ouve John Pasche, designer que criou
a logo mais famosa do rock. Ele revela uma influência
surrealista e o valor surreal do job: 50 libras
uma banda de rock’n’roll deve ter.”
Bob Gruen foi fotógrafo pessoal de John
Lennon no final dos anos 70, em Nova York,
e pôde observar o ex-Beatle e Mick Jagger no
apartamento de John. “Eles pareciam velhos
colegas de escola. Claro que não frequentaram
o mesmo colégio, mas cresceram na mesma
cena na Inglaterra, e pareciam realmente
felizes de se verem, como velhos amigos.
Ambos estavam em Nova York, mas tomavam
seu chá inglês, calmamente, sentindo que
estavam com alguém de casa”, lembra Gruen.
As lembranças de Keith em Vida são de
proximidade semelhante, mas com heroína
no lugar do chazinho – John Lennon só saía
de sua casa carregado. Ele também tem
lembranças do começo da carreira, quando
ligava para Lennon combinando de alternar
as datas dos singles.
Anos depois das combinações
telefônicas, os Beatles mergulharam
em estúdios para registrar as gravações
pop mais famosas do mundo, mas não
encararam a mesma empreitada dos Stones
por palcos e turnês cada vez maiores.
“Podemos dizer que os Beatles fizeram os
maiores discos, enquanto os Rolling Stones
foram a maior banda de rock ao vivo”, diz
Howard Kramer, curador do Rock’N’Roll
Hall Of Fame Museum, nos EUA, e autor
de Rolling Stones: 50 Anos de Rock, livro
lançado no Brasil no final de 2011.
arquivo pessoal
douglas engle/bloomberg/getty images
Beiço histórico
Irritando Mick Jagger
Incrível vida real
Keith Richards não poupa ninguém: o cineasta Jean-Luc
Godard, o produtor Phil Spector e o escritor Truman Capote
recebem golpes em Vida. Mas o maior alvo é Mick Jagger:
O coautor da viciante biografia de Keith Richards fala sobre
os bastidores da obra e as memórias do Stone no Brasil
Claro que o material bruto é a fala de Keith. Meu impulso para
escrever esse livro vem desde quando entrevistei Keith pela
primeira vez em 1973 e percebi o quanto ele era brilhante em
contar histórias. Ele tem um jeito idiossincrático e maravilhoso de
lembrar as coisas. É uma espécie de memória emocional, de como
se sentia na época, o que é a base para o bom contador de histórias.
Mas eu também tive que dar forma a isso, transformar em um
livro. Nesse exemplo de deixar o leitor esperando pela transfusão,
é pura inserção dramática minha. O livro sai de horas de gravações.
Não só de Keith, mas de uns 30 amigos, tendo que dar à fala deles a
mesma forma da de Keith. Então deu certo trabalho. Muitas vezes
ele repetia a mesma história três ou quatro vezes, e cada uma tinha
algo a mais, algum detalhe. Foi um processo fascinante.
Como você se envolveu com a biografia?
Eu acho que ele confiou em mim. Há 39 anos escrevi um
artigo no jornal The Sunday Times, de Londres, chamado
“The Sound Of The Stones”, no qual eu descrevo como Keith
transformou completamente a guitarra elétrica, como ele a
afina, e como ele faz aquelas coisas extraordinárias. Ninguém
tinha feito isso antes. Os Rolling Stones já existiam há dez anos
e ninguém tinha se importado em descobrir como e porque ele
fez esse som inimitável – você ouve na hora e sabe que é Keith.
Sou um guitarrista também, tinha interesse nisso. Ele aceitou ser
entrevistado e ficou feliz com a matéria. Keith era basicamente
visto como um viciado em drogas, e de repente foi mostrado
como músico. Eu escrevi alguns livros depois. Então, quando a
hora chegou, ele pensou: “talvez esse seja o cara certo”.
Qual você acha que foi a maior motivação dele para lançar
um livro? A vontade de contar a história em certa idade
e ponto de sua vida? A vontade de esclarecer alguns
preconceitos e visões equivocadas?
Acho que foi uma mistura dos dois. Eu e seu empresário
estamos tentando persuadi-lo há muito tempo. Não porque
eu queria ser o autor. Era só porque ele não podia perder essa
história. É tão vital. Nunca mais vai haver uma geração que
dorme em preto e branco e acorda em tecnicolor ouvindo
52 billboard brasil Maio 2012
Um dos trunfos do livro é
justamente falar com profundidade
de música sem ser muito técnico. Você
teve que filtrar as palavras de Keith
para chegar a esse equilíbrio delicado?
Não. Acho que ele tem uma leveza ao
falar disso, um senso de humor. Realmente
muitas pessoas que não tocam gostaram
da maneira como Keith falava sobre a
guitarra. Ele comunica isso com paixão,
como se fosse a coisa mais natural do
mundo, e acaba funcionando de maneira
forte. O jornal The Times, daqui, foi o
primeiro a publicar um trecho do livro.
Como um jornal de [Rupert] Murdoch
[empresário inglês, rei dos tabloides
sensacionalistas], ou qualquer jornal, você
esperaria que eles tirassem um trecho
sobre Mick e Keith. Mas, na verdade, o que
eles pegaram foi a parte sobre a afinação
da guitarra. Acho que isso é comunicado
de maneira tão charmosa que acaba
conquistando as pessoas.
Keith descreve longas sessões de
gravação em que os outros músicos
iam caindo de sono. Parece ser difícil
conseguir sua atenção, e mais difícil
ainda fazê-lo parar com alguma coisa
quando ele começou. Foi o mesmo com
as entrevistas para o livro?
Nem tanto, claro que aquilo tinha
muito a ver com as drogas. Uma das
vantagens, comparada às muitas
desvantagens de se tomar drogas, é
que te dá essa concentração absoluta
para levar algo à frente. Não te dá
inspiração, mas concentração. Mas isso
JAMES: “Se Keith estava
preocupado com Mick,
não me fez notar”
não aconteceu no livro, ele largou as drogas há muito tempo.
Na verdade a gente não tinha uma rotina diária, eu tinha que
aproveitar o momento e grudar nele quando achasse que estava
com o humor certo. E muitas vezes ele achava que estava muito
quente, muito tarde, muito cedo, ou muito alguma coisa. Mas
quando falava, tínhamos sessões de três horas e mais, só sobre
um assunto. Eu nunca busquei dele uma ordem cronológica.
Mas não foi um trabalho monstruoso colocar isso em
ordem depois?
Sim, foi muito difícil de estruturar. Porque os temas vão se
alongando pelos anos. A composição de uma música pode
durar três anos, ou um relacionamento levar muito tempo para
terminar. Mas minha estratégia foi começar me baseando nos
temas centrais. Havia histórias maravilhosas que eu já sabia que
estariam lá, mas eu também encontrei entre amigos e músicos
outras, que foram ótimas. E Keith, como eu disse, tem essa coisa
que é o sonho de um escritor, a memória emocional. Ele pode
não se lembrar de quantos ingressos foram vendidos no show
da Filadélfia em 1967, mas se lembra de coisas como o rosto de
garotas na porta do hotel tomando chuva.
Mas havia anotações, diários?
Não, está tudo na cabeça dele! Descobri depois um diário,
mas bem pequeno. Só no processo de fazer o livro ele começou
a registrar as coisas. E o interessante é o que estava na
sua cabeça, como as coisas o afetaram. Quando ele fala de
Altamount, por exemplo, foi completamente diferente de como
imaginávamos, é muito surpreendente.
E as lembranças dele sobre o grande show em Copacabana
em 2006? O show é brevemente descrito no livro, mencionando
que Keith estava muito concentrado, preocupado com o som, e
ele diz que teria sido uma despedida apropriada para os Rolling
Stones. Você tem mais histórias sobre esses dias no Rio?
Eu lembro bem de ele falar sobre a estrutura extraordinária
O livro menciona uma viagem ao Mato Grosso, no Brasil,
mas é provavelmente uma confusão, pois eles estiveram em
uma cidade chamada Matão, no interior do estado de São
Paulo, em 1969. Você sabe mais também sobre essa estranha
viagem com Mick, Anita e Marianne? O livro menciona que há
imagens filmadas em superoito. Sabe do seu paradeiro?
Esses erros acontecem quando a gente fica preso a uma
memória de muito tempo. Pode ser uma coisa interessante
para revisar. Mas não sei mais muita coisa sobre esse caso,
infelizmente. A Marianne estava doente, teve que voltar mais
cedo. Foi uma história bem misteriosa mesmo. Eles ficaram
meio perdidos, não sabiam bem direito onde estavam.
Você acha que Life ajuda a desmistificar ou aumentar o
mito dos Rolling Stones? Porque Keith, no final, é bem mais
racional do que se imagina.
Minha teoria é que, na verdade, ele torna a história mais
fascinante. Eu sempre quis saber a verdade sobre essas coisas.
E também ler a história de alguém tão honesto e tão preparado
para falar sobre suas fraquezas, sua vulnerabilidade às drogas, seu
amor pela música. É tão tocante o jeito como ele fala que a música
o conquistou de maneira tão intensa que nem a heroína foi forte
o suficiente para superar isso. Ele teve que largar a heroína por
afetar sua música. Anos e anos tentando captar o som do blues
de Chicago, sendo fiel àquela chama única por toda a sua vida. Foi
isso que guiou Keith – a curiosidade, a vontade de chegar ao fundo
da música, que nunca diminuiu. Ele está tocando nesse momento
músicas maravilhosas no estúdio em Nova York, com o baterista
Steve Jordan. Quando o vi tocar recentemente, acho que ele tocava
melhor do que nunca, e tinha canções brilhantes.
Durante o livro, ou após seu lançamento, Keith estava
preocupado com a reação de Mick Jagger?
Se ele estava, não me fez notar de maneira nenhuma. Eu acho
que ele sentiu que algumas coisas tinham que ser ditas. Se era
pra ter um livro, tinha que ser honesto mesmo. De outra maneira,
seria Cachinhos Dourados e Os Três Ursos [livro infantil inglês].
Ele sabia que havia coisas que o machucariam ou machucariam
os Rolling Stones, e falou muito honestamente sobre isso. Se ele
não tivesse lidado com esses tópicos, todos os que o conheceram
ao longo desses anos achariam que ele amarelou. Se ele ia contar
a história, algumas coisas tinham que ser ditas.
Chifres cruzados – Keith não perdoa Mick pelo caso com sua ex-mulher e
provoca: “Anita [Pallenberg] é de dar trabalho. Provavelmente quase quebrou a coluna
dele!”. De quebra, diz que pegou a ex de Mick: “Enquanto aquilo estava acontecendo,
eu estava me deitando com Marianne [Faithfull]”.
Ombro alternativo – Sobre as mulheres do cantor: “Elas acabam vindo chorar
no meu ombro quando descobrem que ele aprontou outra vez. O que eu posso fazer?
Já choraram no meu ombro Jerry Hall, Bianca, Marianne, Chrissie Shrimpton...”.
Brenda – Keith entrega e explica o apelido do cantor nos bastidores: “No começo dos
anos 80, Mick começou a ficar insuportável. Foi quando ele se tornou Brenda, ou
Sua Majestade, ou simplesmente Madame”.
matt kent/film magic/getty images
Vida tem histórias poderosas, mas também contadas de
maneira atraente – quando, por exemplo, nos deixa esperando
várias páginas até contar sobre a lenda da transfusão total de
sangue. Queria saber o quanto disso veio da fala de Keith e o
quanto veio da forma que você queria dar ao texto.
daquele palco. O quanto era único, que algumas pessoas estavam
tão longe na praia que ele nem conseguia ser visto, como se
estivesse cantando para um abismo ou um enorme espaço vazio
– mas eram milhares de pessoas. Keith diz que foi a primeira vez
que ficou realmente nervoso no palco. Nervoso como o líder da
banda, tentando se assegurar de que tudo funcionaria, que eles
não f*deriam com tudo. Garanto que ele nunca se sentiu sob tanta
pressão como naquela noite. Porque ele não conseguia medir o
efeito. Para onde isso estava indo? Quanto tempo tem o delay no
som? E ele fala muito da ponte que construíram para que eles
fossem direto do hotel para o palco. Achou extraordinário. Eu
penso que ele deveria ter passado mais tempo no Brasil e em
outros países da América da Sul, porque os fãs são realmente
apaixonados por sua música aí. Eu acho que eles não viajaram
até aí o suficiente e que ele se arrepende disso.
“Heartbreak Hotel” [primeiro grande hit
de Elvis Presley, de 1956]. Essa grande
transformação não vai acontecer de
novo. Então eu o tenho atormentado, até
que ele falou que estaria interessado.
Ele queria contar sua própria versão do
que viveu. Ele sabia que estava entrando
nisso para contar a história de como
os Stones passaram por tempos ruins,
quase terminaram, e o que ele sentiu
sobre isso. E também é um livro em que
ele realmente quer falar sobre música.
Minha estratégia foi seguir a música,
esse é o verdadeiro coração da história.
É a coisa que sempre guiou Keith.
Passamos um longo tempo falando
sobre como a música o afeta, o que ele se
lembrava dos músicos do começo.
taylor wood
Imagine ter que colocar em ordem a loucura que foi a vida de
Keith Richards. Essa foi a tarefa do jornalista e escritor James
Fox, coautor da biografia que já vendeu um milhão de cópias no
mundo – 60 mil no Brasil – desde que foi lançada em 2010. Mais
que roadie literário, Fox foi produtor e arranjador de Vida. Ele
organizou e colocou no papel o texto de Vida a partir de entrevistas
gravadas com Keith e outros personagens. Depois, leu o texto
em voz alta para a aprovação do guitarrista. Fox não é jornalista
especializado em música nem biógrafo em série de roqueiros. Seu
livro mais conhecido é White Mischief, de 1982, romance sobre o
caso real do assassinato de um milionário inglês no Quênia, em
1941, que originou o filme Incontrolável Paixão, em 1987. Mas ele é
amigo de Keith desde que fez um artigo em 1973 que foi a semente
de Vida, como explicou por telefone à Billboard Brasil.
Instrumento reduzido – Esse foi o golpe mais doloroso. Keith diz sobre Anita e
Mick: “De qualquer maneira, ela não se divertiu muito com aquele pinto pequenininho.
Sei que ele tem um par de bolas enorme, mas isso não preenche bem o espaço, né?”.
Obra solo “fértil” – “Dogshit in the doorway” (merda de cachorro à porta)
é como Keith chama o último disco solo de Mick, Goddess In The Doorway.
Sobre o primeiro: “Chamava-se She’s The Boss [ela é a chefe], o que já dizia tudo”.
Stones do Brasil
Apesar de o nosso país ter acolhido o
maior show dos Stones, tivemos que esperar
por mais de 30 anos para comprovar a fama
da banda de imbatível no palco. O carioca
Nelio Rodrigues esteve nos oito shows deles
por aqui, inclusive o primeiro, embaixo
do temporal de 27 de janeiro de 1995, no
Pacaembu, em São Paulo. Se a “stonologia”
fosse ciência oficial, Nélio seria Ph.D. Ele
lançou em 2000 o livro Os Rolling Stones
No Brasil: Do Descobrimento À Conquista,
e em 2008, Sexo, Drogas e Rolling Stones,
com o jornalista José Emilio Rondeau. É
uma extensa pesquisa sobre os shows por
aqui em 1995, 1998 e 2006, e sobre as várias
passagens dos Stones a passeio no Brasil. A
editora Nova Fronteira estuda a reedição de
Sexo, Drogas e Rolling Stones, revisto para o
cinquentenário da banda.
“Mick Jagger chegou aqui provavelmente
por acaso, apenas por curiosidade, e se
apaixonou”, diz Nélio. Em 1968, desembarcou
no Rio para alguns dias de férias com a mulher
Marianne Faithfull. A estada no Copacabana
Palace, onde o visual flower power o fez
ser visto como ET no Brasil da ditadura,
foi seguida por tardes ao sol de Itapoã, em
Salvador, onde o contato com músicos
locais foi a conhecida inspiração para o –
que o gringo Mick acredita ser um – samba
“Sympathy For The Devil”. Ele não esperou
nem um ano para voltar, dessa vez com Keith
e a esposa Anita Pallenberg, para férias no Rio
e no interior de São Paulo, em Matão, onde
compuseram “Honky Tonky Women”, e breve
passagem por Ouro Preto e Belo Horizonte.
Mick voltaria ao Rio, assim como Mick Taylor,
Charlie Watts e Ron Wood – ainda a passeio.
Os laços pessoais do cantor com o Brasil
foram selados com o nascimento em 1999 de
Lucas Maurice Morad Jagger, seu filho com a
apresentadora Luciana Gimenez. Depois que
o grupo estreou em palcos locais em 1995, veio
ao Brasil em três das quatro últimas turnês.
Será que os Stones voltam ao Brasil? Não é
improvável. Em 2013, quando se completam
50 anos da entrada de Charlie Watts no
grupo – seria a desculpa para a turnê de
aniversário atrasada – Mick e Keith farão
70 anos de idade. Não que isso seja motivo
para desistirem, depois de tantas razões
mais trágicas: quando o genial guitarrista
deles se afogou após ser expulso da banda;
quando tiveram que fugir da Inglaterra para
não falirem; quando o outro guitarrista virou
um junkie caçado pela polícia; quando o
mesmo guitarrista ficou sóbrio e resolveu
disputar o poder com o brilhante homem de
negócios e vocalista; quando, na fase menos
criativa do grupo, seu fundador e mentor
morreu do coração. Ou, como já dito, após o
show brasileiro de tamanho provavelmente
inigualável, que faria qualquer outro grupo
de rockstars milionários do mundo se dar por
satisfeito. Mas, como Mick Jagger repete em
seu refrão mais famoso, os Rolling Stones
nunca estão satisfeitos.
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