Descarregar Ficheiro - Ministério da Família e Promoção da Mulher
Transcrição
Descarregar Ficheiro - Ministério da Família e Promoção da Mulher
REPÚBLICA DE ANGOLA VI FÓRUM NACIONAL SOBRE MICRO – FINANÇAS COMUNICADO FINAL Realizou-se nos dias 24 e 25 de Novembro de 2014, Em Luanda, no Centro de Convenções de Talatona o VI Fórum Nacional Sobre Micro Finanças sob o Lema: “O Contributo da Micro Finança Para a Inclusão Social e Económica das Famílias e Mulheres Rurais”. A Sessão de abertura foi presidida por Sua Excia. Dr. Abraão Gourgel, Ministro da Economia, ladeado de Suas Excias Dra. Filomena Delgado, Ministra da Família e Promoção da Mulher, Eng. Ana Paula do Sacramento Neto, Secretária de Estado da Família e Promoção da Mulher, Dra. Juvelina Imperial, Vice Governadora de Luanda para Área Social e Politica em representação de sua Excia Governador da Província de Luanda e Dr. João de Deus Pinheiro, Director Geral da Fundação Eduardo dos Santos (FESA). O evento contou com a presença de suas Excias. Secretários de Estado da Industria, Transportes, Ensino Superior e da Educação, dos Vice-Governadores para Área Social e Politica das Províncias do Bengo, Cabinda, Uíge, Lunda - Norte, Lunda - Sul, Cuanza - Norte, Moxico, Cuando – Cubango e representante do Sr. Vice-Governador do Cuanza-Sul Directores Nacionais e Provinciais, representantes de Departamentos Ministeriais do Executivo, Banco Nacioanl, Bancos Comerciais e Instituições Financeiras não Bancárias, Parceiros Sociais, membros do corpo diplomático e representantes das Agências das Nações Unidas. No discurso de abertura Sua Excelência Ministro da Economia, realçou as dificuldades do acesso ao crédito no sector agrícola, vêm merecendo crescente atenção por parte do Governo, no quadro das medidas e políticas a implementar nos próximos anos. Por outro lado mencionou que o sector agrícola apesar de estratégico para a diversificação da economia nacional, ainda não dispõe de produtos financeiros, quer em termos de linhas de crédito, quer de produtos de seguro que sejam suficientes para aumentar o rendimento das famílias camponesas, o que sem dúvida representa 1 um obstáculo a um maior e mais rápido crescimento do sector e das metas de inclusão social. O evento visou de modo geral, avaliar a evolução do Subsector de Micro - Finança e do Micro - crédito em particular em Angola, 15 anos depois do lançamento por sua Excelência Dra. Ana Paula dos Santos, Primeira Dama da República e Presidente do Comité Nacional para Promoção de Mulher Rural (COMUR) e MINFAMU, em Setembro de 1999, do Programa de Micro-Crédito na localidade da Funda, Luanda, bem como a analisar a contribuição da Micro-Finança para a inclusão social e económica das famílias e mulheres do meio rural. PAINÉIS E TEMAS ABORDADOS: As Sessões de trabalho decorreram em regime de Plenária, tendo abordado os seguintes temas em painéis: PAINEL I - CONTRIBUIÇÃO DA MICRO-FINANÇA PARA INCLUSÃO SOCIAL E ECONÓMICA DAS FAMÍLIA E MULHERES RURAIS Tema 1: Os desafios da Micro - Finança na remoção dos factores de vulnerabilidade e exclusão das mulheres no meio rural; Tema 2: Perspectivas da contribuição do Micro-Crédito para o alcance das metas do PND 2015 – 2017; Tema 3: Experiência do Brasil: Casas Familiares Rurais. PAINEL IIA MICRO-FINANÇA NA PROMOÇÃO EMPREENDEDORISMO RURAL E COMUNITÁRIO DO Tema 1: O papel do Micro-Crédito na promoção da agricultura familiar virada para o mercado; Tema 2: Vantagens do associativismo e cooperativismo como modelos de desenvolvimento comunitários e mecanismos de garantia solidária no Micro-Crédito; Tema 3: Necessidade das Instituições e Operadores de MicroFinanças conceberem productos adequados aos mutuários do meio rural. 2 Tema 4: A Importância do Plano de Negócios no Sucesso dos Beneficiários de Micro Crédito PAINEL III - POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO A MICRO – FINANÇA Tema 1: Crédito Agrícola de Campanha. Lições e perspectivas para o empoderamento das mulheres rurais; Tema 2: Perspectivas e necessidades de subvenção das taxas de juros nos Programas de Micro-Crédito para o alcance da Missão Social; Tema 3: A Alfabetização Como Factor de Desenvolvimento das Mulheres Tema 4: A Educação financeira como desafio para as Novas Gerações. Impacto no seio das Famílias e Mulheres; Tema 5 : Programa Ajuda Para o trabalho (PROAJUDA): seu impacto na geração de renda das famílias rurais; Tema 6: O Correspondente Bancário no Quadro da Inclusão Financeira PAINEL IV - BOAS PRÁTICAS DESEMPENHO DE OPERADORES Tema 1: Experiência, sucessos, constrangimentos e desafios dos bancos operadores. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Após intensos debates dos temas agendados, os participantes chegaram as seguintes conclusões e recomendações: CONCLUSÕES É necessário reforçar os mecanismos de monitoria, supervisão e de recolha de dados, para aferir o impacto em torno das famílias beneficiárias de micro - crédito; Os programas de micro - crédito, para as famílias carentes devem ser subvencionados para minimizar os custos permitir a redução das taxas de juros e garantir um maior número de intervenientes no sector; 3 O Micro - crédito é um dos elementos da vasta gama de produtos que a micro finança oferece porém de acordo com a realidade angolana a lei das instituições financeiras ainda não prevê a Micro -Finança como tal; O VI Fórum apreciou o Projecto de Estratégia Nacional de Micro – Crédito para inclusão económica e social das famílias e mulheres rurais tendo considerado um instrumento que poderá congregar todas as iniciativas no quadro do Micro Crédito e Micro Finanças em geral; Apreciou igualmente o Projecto de Fundo de Micro Crédito para o Desenvolvimento das famílias e Mulheres Rurais, no quadro do Projecto de Estratégia Nacional para a inclusão social e Económica das Famílias e Mulheres Rurais; Os participantes ao VI Fórum concluíram que o Projecto de Estratégia Nacional de micro – crédito para Inclusão Económica e Social das Famílias e Mulheres Rurais a ser conduzida pelo MINFAMU, deve ser entendido como uma Estratégia Nacional que comporta todos os Ministérios bem como outros actores da sociedade implicados na temática, visando uma melhor coordenação e sinergias das diferentes iniciativas em prol do combate e erradicação da pobreza; O Balanço da execução das recomendações saídas do Fórum anterior, reflectiu que grande parte das actividades adstritas a instituições são de continuidade e em termos de execução, encontram-se em curso; O VI Fórum constatou com preocupação que continua a processar-se o fenómeno do êxodo de famílias do meio rural para o urbano com realce para os jovens; Para o Executivo de Angola a implementação de politicas públicas que permitam a permanência das famílias e mulheres no meio rural é uma prioridade e ao mesmo tempo um grande desafio, considerando a necessidade de desenvolver as zonas rurais e consequentemente, o desenvolvimento da agricultura familiar; O Fórum tomou conhecimento da experiência do Brasil “Casas Familiares rurais” como estratégia de fixação de famílias e jovens no meio rural; 4 As famílias que recebem assistência técnica obtêm maiores rendimentos; As instituições financeiras dedicam maior atenção ao grande produtor em detrimento do pequeno produtor; Muitas famílias desconhecem as condições de acesso ao crédito. RECOMENDAÇÕES Que o MINFAMU e parceiros advoguem junto do BNA, no sentido de que a lei das instituições financeiras seja revista e inclua na mesma a micro finança; Que o MINFAMU e seus parceiros avaliem a possibilidade e pertinência da realização do Fórum Nacional sobre Micro Finanças ser antecedido por eventos regionais e provinciais de Micro - Finanças, para melhor acompanhar e avaliar a implementação das acções no âmbito das recomendações dos Fóruns anteriores; Que o Grupo Técnico Sobre Micro - Finanças aprecie com urgência na especialidade, o Projecto de Estratégia Nacional de Micro – Crédito e do Fundo de Micro - Crédito para o Desenvolvimento e Inclusão Económica e Social das Famílias e Mulheres Rurais; Que o MINFAMU e seus parceiros avaliem a possibilidade de realizar visitas ao Grupo CRESOL BASER do Brasil e outras instituições ligadas ao cooperativismo e associativismo, para troca de experiências em torno dos seus projectos. Que as instituições financeiras reforcem os mecanismos de informação, divulgação e capacitação das famílias no acesso ao crédito para que estas possam exercitar a sua capacidade de geração de renda PAINEL II CONCLUSÕES O Micro - crédito enquanto política pública de concessão de crédito produtivo é visto como um factor de inclusão social no sentido de auxiliar o combate a pobreza, geração de emprego e renda para as famílias carentes; 5 O micro - crédito pode ajudar na diversificação de produtos e proporcionar iniciativas de geração de renda a famílias quer do meio rural, peri - urbano e urbano; Para que agricultura familiar não atenda apenas a subsistência e esteja virada para o mercado é preciso que haja financiamentos; O VI Fórum tomou conhecimento da experiencia da ADRA no fortalecimento das capacidades dos líderes comunitários na gestão das Caixas Comunitárias de Crédito em implementação no Centro Sul do País; Constatou-se alguma insuficiência e debilidades no alinhamento dos projectos das instituições financeiras referentes ao micro – crédito, relativamente ao estudo e análise dos contextos das comunidades ou grupos beneficiados, e o ajustamento de produtos adequados em função do tipo de cliente. RECOMENDAÇÕES O empoderamento dos líderes comunitários com vista a transferir a gestão das Caixas Comunitárias de Crédito aos mesmos; No domínio da sustentabilidade das Caixas Comunitárias de Créditos notabilizou-se a necessidade da criação de indústrias transformadoras nas zonas rurais; Que se estimule a criação de Bancos e Caixas de Crédito junto das comunidades e que beneficie maioritariamente mulheres; Que as instituições financeiras no âmbito da atribuição do Micro Crédito diferenciem e ou separem o crédito clássico do Microcrédito, favorecendo o contacto com as áreas rurais no acto da elaboração dos projectos relacionados a micro–finança considerando sempre a realidade de cada região, ressaltando os contextos e o impacto do micro crédito não apenas no beneficiário directo como também na comunidade em que o mesmo encontra-se inserido, focalizando o desenvolvimento integral da comunidade; A educação financeira afigura-se importante porquanto permite que as comunidades criem hábitos de relacionarem-se com as 6 instituições, incentivando as poupanças e a utilização das poupanças só em casos de extrema necessidade; PAINEL III – CONCLUSÃO Verificou-se a necessidade de promover-se o alargamento de mercado Nacional de produtos agrícolas e de insumos assim como incentivar o fortalecimento das associações e cooperativas agro-pecuarias de modo a favorecer a segurança alimentar e a melhoria das condições de vida das populações ressaltando o estímulo do desenvolvimento do sector bancário nacional; A falta de informação adequada sobre mercados e preços por parte dos agricultores tem influenciado ao não pagamento das prestações dos créditos adquiridos; O atraso na entrega de insumos aos beneficiários, a fraca estruturação dos mercados rurais e a ocorrência de longos períodos de estiagem em 2011/12 alternados com períodos de cheias e ocorrências de pragas e doenças em algumas regiões do País constituíram a causa do baixo nível de reembolso do crédito de campanha; Verificou-se a necessidade de continuar a empoderar a mulher e a incentivar o acesso aos programas de alfabetização como meio de facilitar o engajamento a integração socioeconómica deste grupo e ajudar no combate a fome e a pobreza através da alfabetização; Notabilizou-se a fraca expansão de agências bancárias pelo país; Existência de um número considerável da população sem documentos; Constatou-se que as mulheres continuam sendo as que menos beneficiam dos serviços bancários devido a baixa escolaridade, a falta de informação relacionada ao sistema financeiro, a diversidade linguística; O atendimento não apropriado por parte dos funcionários bancários e a não atribuição imediata de cartão de débitos 7 tem constituído um constrangimento para as populações acederem aos serviços financeiros; A Presença de obstáculos na implementação da Estratégia do Crédito Agrícola de Campanha O programa ajuda pelo trabalho tem beneficiado de forma particular a mulher do meio rural chefe de família. RECOMENDAÇÕES A necessidade de efectivar o relançamento do Credito Agrícola de Campanha ressaltando o programa de concessão de fundos públicos para o micro-crédito de juros de 2%; Favorecer a sinergia entre o programa de credito agrícola e o PAPAGRO; A introdução do critério de formação para aumentar o impacto do programa na capacitação dos camponeses; A inclusão do fundo de garantia publica na concessão do credito agrícola; Necessidade de incluir nos currículos escolares do sistema de ensino Nacional aspectos inerentes a educação Financeira; Envolver as entidades governamentais e não governamentais que trabalham directamente com as comunidades para a difusão das estratégias de educação financeira; Incrementar a interacção entre o sector bancário e os grupos de beneficiários de micro – crédito, com vista a empodera-los sobre os conceitos básicos de Educação Financeira; Desagregação da informação prestada por género para a definição de políticas, produtos e fomento do acesso das mulheres ao serviço financeiro; Concluir com o lançamento do programa KIKUIA nas restantes províncias previstas para o ano de 2014; 8 Rever as metas pré estabelecidas tendo em consideração as orientações de Sua Excelência Presidente da Republica concernente a implementação do programa KIKUIA; Concluir com o lançamento do PAPAGRO nas demais províncias ate Janeiro de 2015. PAINEL IV CONCLUSÃO O foco fundamental do micro crédito no contexto angolano deve ter como prioridade a vertente social capaz de gerar os negócios sociais ao mesmo tempo que promova a educação financeira e a cultura de poupança no seio das famílias pobres; Erradicar a pobreza e conseguir uma inclusão financeira efectiva, requer o desenvolvimento de produtos e serviços financeiros que cumpram com as necessidades da população mais pobres e vulneráveis; O VI Fórum tomou conhecimento do Microfranchising no contexto das micro – Finanças e das novas tecnologias, cuja finalidade é a de estimular a produção nacional e os fornecedores que deverão ser preferencialmente aqueles que trabalham com produtos nacionais; O VI Fórum registou o depoimento da Senhora Domingas Cauaha, beneficiária do programa KIXI – CREDITO que na ocasião enalteceu o papel do micro – crédito e os benefícios que o mesmo causou na sua vida e da sua família; Os Fóruns devem ser uma oportunidade de estabelecer parcerias entre entidades e instituições provedoras, assim como entre estes e institutos de desenvolvimento e ONG´s, vocacionadas; O Ministério da Família e Promoção da Mulher reiteirou a disponibilidade de continuar a trabalhar em prol do sector financeiro abrangente. 9 RECOMENDAÇÃO Necessidade de uma actuação integrada ou concertada entre os vários sectores e instituições nacionais para o alcance dos objectivos das micro–finanças; Os diferentes programas hoje existentes promovidos por várias instituições devem ser implementados como complemento de outros programas sobre o mesmo seguimento ou comunidade; Criar e promover um ambiente favorável e propício para as micro-finanças (pacotes legislativos, isenções fiscais, promoções de operadores secundários); A revitalização do grupo técnico inter-sectorial de micro – finanças. EVOLUÇAO DE DADOS Relativamente a evolução de indicadores, o Fórum registou um total de 797.444 beneficiários directos, 4.784.664 indirectos, contra os 517.072 beneficiários directos e 3.256.260 indirectos anteriores. Dos quais mais de 80 % são mulheres; A Sessão de encerramento foi presidida por Sua Excelência Dr. Alcides Safeca, Secretario de Estado Do Orçamento. Luanda, 25 de Novembro de 2014. 10