a produçâo científica sobre urgência/emergência na enfermagem

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a produçâo científica sobre urgência/emergência na enfermagem
A PRODUÇÂO CIENTÍFICA SOBRE URGÊNCIA/EMERGÊNCIA NA
ENFERMAGEM PUBLICADA NA REVISTA BRASILEIRA DE
ENFERMAGEM NO PERÍODO DE 2001 A 2006
Athaynne Ramos Vasconcelos de Aguiar
Danielle de Oliveira Leite
Lorenna KelLyne Rodrigues Baldoino
Osmanda Ferreira de Araújo
Adélia Dalva da Silva Oliveira- NOVAFAPI
INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil (2001), o atendimento de emergência
pode ser definido como assistência prestada em um primeiro nível de atenção, aos
portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica.
Em uma emergência, a Enfermagem deve estabelecer prioridades de assistência
de acordo com a avaliação preliminar, garantindo assim a identificação e o tratamento
das situações que ameaçavam a vida do paciente (BRASIL, 2001).
Para Nazário (1999), o atendimento de urgência surgiu da necessidade da
retirada e assistência de combatentes feridos em campos de batalha. Atualmente, esse
tipo de assistência apresenta maior importância do atendimento à população civil, por
propiciarem meios para uma pronta avaliação médica do doente e facilidades que
implementam uma ação terapêutica, com o trabalho de equipes especificamente
treinadas. Além disso, pode ser pontuado também como fator determinante de procura,
a disponibilidade do serviço, que funciona 24 horas por dia.
Com as mudanças ocorridas nos sistema de saúde nas últimas décadas, hoje,
diferente do que acontecia antigamente, a totalidade da população brasileira tem a
garantia legal ao cuidado de saúde gratuito. Para chegar a esta realidade, o nosso
sistema de saúde, em sua evolução histórica, passou por várias alterações, onde, no final
da década de 80, ocorreu a criação do Sistema Único de Saúde - SUS, que atende em
urgência e emergência (BRASIL, 2006).
Dessa forma, com base nessa problemática, definiu-se como objetivos:
Identificar as publicações envolvendo urgência e emergência em enfermagem nos
últimos 5 anos, na Revista Brasileira de Enfermagem, analisar a importância dos artigos
publicados para o desenvolvimento da Enfermagem em âmbito pré-hospitalar e
hospitalar de urgência e emergência em enfermagem.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cuja coleta de dados foi feita nas bases
de dados da Revista Brasileira de Enfermagem, nos últimos 5 anos, e depois feito uma
busca manual na biblioteca da NOVAFAPI, empregando-se os conjuntos de palavraschaves: “urgência e emergência”, “emergência na enfermagem”, ”humanização” e
“conduta profissional em enfermagem”.
Encontrou-se na REBEn, 11 artigos sobre o tema pesquisado. Os textos foram
selecionados por sua pertinência ao assunto, foram levados em consideração os que
continham informações sobre emergência e urgência e conduta profissional. Para tantos
foram lidos e analisados os resumos de todas as obras citadas.
Realizou-se a leitura íntegra dos textos selecionados, seguidos de um fichamento
contendo: referência bibliográfica, síntese da produção e comentário pessoal das
pesquisadoras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos serão divididos em três categorias: Enfermagem e serviço
de atendimento pré-hospitalar e remoção aeromédica; Condutas profissionais,
humanização e a aplicação da liderança situacional na enfermagem e Eventos adversos
no setor de emergência.
Serviço de atendimento pré-hospitalar e remoção aeromédica
Os Serviços de Atendimento Pré-hospitalar surgem no Brasil, em diversas
cidades, com características próprias, mas sob influência das duas tradicionais escolas
de APH: o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), modelo francês, que
é o responsável pela assistência direta às emergências e pela ordenação e coordenação
de todo o sistema através da Central de Regulação Médica; e o Serviço de Emergência
Médica (SEM), modelo norte-americano, adotado pelo Corpo de Bombeiros Militares,
que realizam há muito tempo no Brasil, o serviço emergencial em diversas situações,
incluindo Resgate e Salvamento de pessoas. A partir da década de 80, o CB foi
estruturando o APH, atualmente muitos já dispõe do socorro aéreo (MARTINS;
PRADO, 2003).
Constatamos que a trajetória do APH no Brasil, atualmente é desviada para os
moldes do modelo francês, inserido num complexo sistema de urgência/emergência que
envolve toda a rede assistencial em saúde, mas ainda guarda resquícios da aproximação
com o modelo dos EUA (MARTINS; PRADO, 2003).
O Ministério da Saúde optou recentemente pela implantação do serviço com
características do modelo francês, o Serviço de Atendimento Médico às Urgências
(SAMU), apesar da existência de várias experiências nacionais diferentes (RAMOS;
SANNA, 2005).
Atualmente, no Brasil, o atendimento pré-hospitalar está estruturado em duas
modalidades: o Suporte Básico à Vida (SBV) e o Suporte Avançado à Vida (SAV). O
SBV consiste na preservação da vida, sem manobras invasivas, em que o atendimento é
realizado por pessoas treinadas em primeiros socorros e atuam sob supervisão médica.
Já o SAV tem como características manobras invasivas de maior complexidade e, por
este motivo, esse atendimento é realizado exclusivamente por médico e enfermeira.
Assim, a atuação da enfermeira está justamente relacionada à assistência direta ao
paciente grave sob risco de morte (RAMOS; SANNA, 2005).
Condutas profissionais, humanização e a aplicação da liderança situacional na
enfermagem
A unidade de enfermagem oferece serviços de alta complexidade e diversidade
no atendimento a pacientes em situação de risco iminente de vida e as tecnologias
avançadas utilizadas neste atendimento nem sempre garantem a qualidade da
assistência, pois há influência decisiva de fatores relacionados ao objeto e à força de
trabalho neste processo (PAI; LAUTERT, 2005).
O cuidado, objetivo da prática de enfermagem, desenvolve-se no encontro com o
outro, sendo facilmente reconhecido como uma necessidade nos momentos críticos da
existência humana, isto é, o nascimento, a doença e a morte. Precisa então, ser
exercitado no dia-a-dia da enfermagem para evitar que sua prática se torne mecânica,
impessoal e até desumana. Nesse ambiente os pacientes encontram-se tensos e
fragilizados diante da situação vivida, chegando a reagir com agressividade; torna-se
então um desafio para a enfermagem exercer o cuidado humanizado durante o
atendimento aos indivíduos em situação crítica de saúde no serviço de emergência (PAI;
LAUTERT, 2005).
Muitas vezes, devido à sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a
enfermagem esquece de humanizar o cuidado justamente por entender que em si o
cuidado deve ser humanizado (COLLET; ROZENDO, 2003).
Os profissionais que atuam em unidade de emergência (UE), deveriam receber
treinamento específico e aperfeiçoamento técnico-científico na prática, pois é neste
local que a equipe de enfermagem em conjunto com a equipe médica, executa um
atendimento sincronizado ao paciente vítima de trauma. O enfermeiro é contratado na
instituição para coordenar uma equipe e gerenciar assistência prestada ao paciente,
conseqüentemente ele exerce influência na equipe de enfermagem, médica e outros
membros que integram o serviço. No contexto hospitalar o enfermeiro desenvolve uma
gerência mais orientada para as necessidades do serviço do que para o cumprimento de
regulamentos, normas e tarefas reproduzindo o que é preconizado pela organização e
por outros profissionais, principalmente a equipe médica (WEHBER; GALVÃO, 2005).
Eventos adversos no setor de emergência
O setor de emergência, por sua rotatividade e dinâmica de atendimento agrega
fatores como o stress e escassez de profissionais. Por esse motivo, é considerado uma
área de alto risco para ocorrência de vários tipos de eventos adversos, dentre os quais,
os relacionados com os medicamentos, tais como: as reações diversas, interações
medicamentosas, reações alérgicas e os erros de medicação (OLIVEIRA; CAMARGO;
CASSIANI, 2005).
O potencial de risco para erros de medicação existente no setor de emergência é
observado, principalmente, pela quantidade de medicamentos que são prescritos e
administrados por várias vias. Por outro lado, esse risco se estende para as demais fases
de sistema de medicação e se agrava mediante o quantitativo de pacientes sob os
cuidados da equipe multidisciplinar (OLIVEIRA; CAMARGO; CASSIANI, 2005).
No que se refere à prescrição de medicamentos, estudos mostram que esta se
encontra relacionado à maioria das situações de erro de medicação. Com relação à
prescrição, os tipos de erros mais freqüentes foram: dose errada, escolha terapêutica
errada e desconhecimento da alergia do paciente. Por outro lado, as causas dos erros
contidos nas prescrições que foram identificadas estiverem relacionadas a sobrecarga de
trabalho, desvio de atenção, falta de conhecimento sobre erros na medicação, entre
outros. Os erros no processo de medicação são considerados um problema
multidisciplinar, que requer sensibilidade dos profissionais para o planejamento de
metas a serem implementadas a curto, médio e longo prazo para prevenção e redução
dos potenciais para erros existentes no setor (OLIVEIRA; CAMARGO; CASSIANI,
2005).
Santos e Padilha (2005), realizaram um estudo nos Serviços de Emergência de
15 hospitais gerais, públicos e privados destinados ao atendimento de pacientes adultos,
pertencentes ao Núcleo regional de Saúde, do município de São Paulo. A amostra foi
constituída por 116 enfermeiros atuantes nessas unidades. Questionados sobre a
vivência de um evento adverso com medicação na vida profissional, cerca de 48,0%
referiram ter vivenciado algumas vezes e raramente esse tipo de ocorrência. Pela análise
dos dados verificou-se que os 116 enfermeiros da amostra indicaram um total de 346
condutas assim distribuídas: comunica o médico (33,0%), intensifica os controles do
paciente (30,0%), repreende o funcionário (13,0%) e anota no prontuário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa desenvolvida teve por finalidade identificar as publicações
envolvendo os temas de urgência e emergência e a conduta do profissional de
enfermagem na Revista Brasileira de Enfermagem nos últimos 5 anos. Analisamos a
importância desses artigos publicados para o desenvolvimento da enfermagem em
âmbito pré-hospitalar e hospitalar.
Desde a inserção da enfermeira no APH identificou-se mudanças e ampliações
de sua atuação, na maior parte, ainda vinculadas estritamente aos aspectos assistências.
A participação da enfermeira na estruturação dos serviços, desenvolvimento de
ações educativas e gerenciamento desta modalidade de atenção ainda requer um esforço
organizado para sua ampliação. É necessário expandir a atuação da enfermeira, não se
restringindo puramente à prestação da assistência; mas estender-se à organização e
gerenciamento do atendimento como o Suporte Básico a Vida, acrescentando um novo
olhar aos serviços de APH.
Verificamos que a liderança situacional poderá fornecer contribuição para
fundamentar o exercício da liderança do enfermeiro da Unidade de Emergência e que
existe a necessidade de aliarmos a competência humanísticas à técnico-científica. A
ação técnico-científica se realiza com a valorização da dimensão humana e subjetiva dos
sujeitos, se realiza na dependência de uma relação intersubjetiva que repercute em todos
que dela participam.
Analisou-se a conduta profissional frente a eventos adversos, como o potencial
de risco para erros de medicação e as práticas necessárias para evitá-los e os
sentimentos vivenciados pelos enfermeiros frente a essa situação.
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