texto para a próxima questão

Transcrição

texto para a próxima questão
Estados".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 98)
Os dados sobre a educação dos
brasileiros revelados pelo minicenso do IBGE permitem
várias leituras - todas elas acusando uma tendência
positiva, apesar de alguns números absolutos causarem
preocupação. Ainda há perto de 2 milhões e meio de
crianças sem escolas no País, não tanto, tudo leva a crer,
por deficiência da rede física. De fato, pode ler-se no
censo que, embora esteja longe da ideal, a expansão
quantitativa das escolas já permite ao governo
redirecionar investimentos para a expansão qualitativa do
ensino.
(O Estado de S. Paulo,
10/08/97, A3)
1. "... todas elas acusando uma tendência positiva, apesar
de alguns números absolutos causarem preocupação."
A expressão que evita uma contradição, no excerto
anterior, é:
a) "todas elas".
b) "tendência positiva'.
c) "apesar de".
d) "alguns".
e) "números absolutos".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2001) Um dos traços marcantes do atual
período histórico é (...) o papel verdadeiramente
despótico da informação. (...) As novas condições
técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento
do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que
o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca.
Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação
são principalmente utilizadas por um punhado de atores
em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas
da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns
Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os
processos de criação de desigualdades. É desse modo que
a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda
mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos
novos meios de produção, seja porque lhe escapa a
possibilidade de controle.
O que é transmitido à maioria da humanidade é,
de fato, uma informação manipulada que, em lugar de
esclarecer, confunde.
(Milton Santos, POR UMA OUTRA
GLOBALIZAÇÃO)
2. Observe os sinônimos indicados entre parênteses:
I. "o papel verdadeiramente DESPÓTICO (=tirânico) da
informação";
Il. "dos homens em sua realidade INTRÍNSECA
(=inerente)";
III. "são APROPRIADAS (=adequadas) por alguns
Considerando-se o texto, a equivalência sinonímica está
correta APENAS em.
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unifesp 2002) Uma feita em que deitara numa sombra
enquanto esperava os manos pescando, o Negrinho do
Pastoreio pra quem Macunaíma rezava diariamente, se
apiedou do panema e resolveu ajudá-lo. Mandou o
passarinho uirapuru. Quando sinão quando o herói
escutou um tatalar inquieto e o passarinho uirapuru
pousou no joelho dele. Macunaíma fez um gesto de
caceteação e enxotou o passarinho uirapuru. Nem bem
minuto passado escutou de novo a bulha e o passarinho
pousou na barriga dele. Macunaíma nem se amolou mais.
Então o passarinho uirapuru agarrou cantando com
doçura e o herói entendeu tudo o que ele cantava. E era
que Macunaíma estava desinfeliz porque perdera a
muiraquitã na praia do rio quando subia no bacupari.
Porém agora, cantava o lamento do uirapuru, nunca mais
que Macunaíma havia de ser marupiara não, porque uma
tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanhara
a tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatão
peruano se chamando Venceslau Pietro Pietra. O dono do
talismã enriquecera e parava fazendeiro e baludo lá em
São Paulo, a cidade macota lambida pelo igarapé Tietê.
(Mário de Andrade, "Macunaíma, o herói sem
nenhum caráter".)
3. Os vocábulos "muiraquitã" e "tracajá" têm os seus
significados desvendados pelo contexto lingüístico
interno, porque são substituídos, no próprio texto, por
vocábulos ou expressões equivalentes. Os equivalentes
para "muiraquitã" e "tracajá" são, respectivamente,
a) "passarinho" e "tartaruga".
b) "talismã" e "tartaruga".
c) "pedra verde" e "mariscador".
d) "joelho" e "barriga".
e) "talismã" e "pedra verde".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 2003) ENTREVISTA COM ROBERTO DA
MATTA
1
- Por que o caos no trânsito virou tema tão
relevante para a sociedade brasileira?
2
- O tema é relevante porque o trânsito é uma das
linguagens da sociedade democrática. Uma outra
linguagem é a estabilidade monetária, ou seja, a
consistência dos meios de troca. O que nós sentimos no
caso brasileiro é exatamente a inconsistência do trânsito.
1
Se você está preocupado em obedecer às suas regras, é
natural que fique tenso. Afinal, você está sendo
consistente, e as outras pessoas não.
3
- E o pedestre, como é que fica?
4
- Esse é um erro grave dos nossos
administradores, que não costumam citar os pedestres. E
o trânsito inclui necessariamente os direitos do pedestre,
que obviamente estão relacionados com os daquele
cidadão que, por acaso, está dentro de um automóvel.
Mas, como somos uma sociedade de mentalidade
hierárquica, quem está dirigindo um automóvel se sente
superior a quem, por exemplo, pedala uma bicicleta, ou
àquele que está a pé.
5
- Como funciona essa hierarquia no trânsito?
6
- Na realidade, eu hierarquizo o espaço público
e, dentro dele, o trânsito, de acordo com os meus
interesses particulares. Se, por exemplo, vou pegar um
avião e estou atrasado, começo a ziguezaguear na frente
dos outros carros, porque as pessoas devem compreender,
obviamente, que eu estou com pressa. Falta ao motorista
que pensa assim um componente importante em qualquer
democracia, que é a agenda. Se você precisa chegar ao
aeroporto a uma determinada hora, tem que se programar
e não, pôr em risco a sua vida e a dos outros.
7
- O senhor examina o trânsito como "fato social
total". O que significa isso?
8
- Significa, por exemplo, que o novo Código
Nacional de Trânsito, quando da sua entrada em vigor,
deveria ser acompanhado de debates, discussões,
seminários que envolvessem esses aspectos em que
estamos tocando agora. Uma das questões fundamentais
do trânsito é que ele coloca, de forma muito nítida, a
questão da igualdade. Ninguém pode ter privilégio.
Qualquer tipo de veículo tem que obedecer ao sinal. Se
muitas pessoas não respeitam as regras do trânsito, o caos
está instalado. É a subversão total da ordem pública.
9
- Qual é a simbologia da rua para o brasileiro?
10
- No Brasil, a rua é negativa em relação à casa.
É o mundo da competição, do salve-se-quem-puder, é o
lugar onde você pode ser assaltado, ou morrer. Então,
você já sai de casa prevendo que alguma coisa ruim vai
acontecer. O motorista fica agressivo. E, no Brasil,
também se criou o mito de que o bom motorista é o
agressivo, o esperto. Nesse ponto, entra o outro mito
brasileiro, que é o da malandragem: se o sinal fechou em
cima de mim, eu vou furar; se a estrada está entupida,
vou pelo acostamento ou corto os outros carros, porque
eu não sou trouxa. A agressividade passa a ser uma
moeda, um valor, porque o trânsito coloca para todo
brasileiro uma condição fundamental: viver num mundo
hierarquizado e, de repente, se defrontar com uma
igualdade inapelável.
11
- Essa pode ser, então, a chave para se
entenderem os problemas do trânsito no Brasil e em toda
a América Latina?
12
- Exatamente. São sociedades de formação
hierárquica. No caso do Brasil, isso é ainda mais patente,
porque nós tivemos um rei e dois imperadores. A
hierarquia era moeda corrente. Tínhamos barões, duques,
condes. Quem se destacava na sociedade recebia um
título. Era uma sociedade mais coerente do que a de hoje,
porque a regra da igualdade não era suscitada como
valor. Hoje você tem, praticamente, uma competição
entre a mentalidade hierárquica e uma outra igualitária,
que ainda estamos conquistando. É por isso que o trânsito
deve ser estudado como uma questão democrática,
porque, pela sua própria estrutura, ele tem que ser
igualitário. Imagine, por exemplo, se os sinais de trânsito
ficassem permanentemente abertos só para carros de
luxo. Isso é impensável.
13
- No país do sabe com quem está falando?, o
problema se complica...
14
- "O senhor sabe com quem está falando?" é
usado justamente nesses ambientes de igualdade, por
quem não quer obedecer às regras. E o mais grave é que a
escola no Brasil não conscientiza os alunos para o mundo
público, que é de todo mundo e não é de ninguém. O
grande pacto que está faltando no Brasil é o de as
autoridades dizerem não a elas mesmas.
15
- A falta de credibilidade de quem pune é outro
complicador?
16
- É. O que nós internalizamos, até agora, foram
as regras da desigualdade.
17
- Mas, afinal, como estamos? Há melhoras em
relação a esse aspecto?
18
- Eu tenho sentido uma melhora muito grande.
Aqui na minha área, onde eu dirijo, vejo as pessoas muito
mais obedientes às regras. É por isso que a gritaria
aumentou. Há mais pessoas se sentindo mal com a
desobediência dos outros. O comportamento "bandalha"
é cada vez mais odiado.
(TABAK, Israel. "Jornal do Brasil", Rio de
Janeiro, 13 ago. 2000. p.12. (Trecho adaptado))
4. Em todos os seguintes trechos, a palavra ou expressão
destacada pode ser substituída pelo termo entre colchetes,
sem se alterar o sentido original do texto, EXCETO em
a) Quem se destacava na sociedade recebia UM
TÍTULO. (par.12) [UMA HONRARIA]
b) ... viver num mundo hierarquizado e, de repente, se
defrontar com uma igualdade INAPELÁVEL. (par.10)
[IMPLACÁVEL]
c) Falta ao motorista [...] um componente importante em
qualquer democracia, que é A AGENDA. (par.6) [A
RESPONSABILIDADE]
d) O tema é RELEVANTE porque o trânsito é uma das
linguagens
da
sociedade
democrática.
(par.2)
[IMPORTANTE]
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 95) As questões a seguir referem-se ao texto adiante.
Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa
incorreta.
2
[brasileiros?
Hino Nacional
Carlos Drummond de Andrade
05
10
15
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.
Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professôres e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos 'dancings' e
[subconvencionaremos as elites.
O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia
alemãs gordas, russas nostálgicas para
'garçonettes' dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonêsas...
Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.
20
25
30
35
Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros
[também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes
[paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis
[João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano
[e tanta solidão
no pobre coração já cheio de
[compromissos...
se bem que seja difícil compreender o que
[querem êsses homens,
por que motivo êles se ajuntaram e qual a
[razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão
[despropositado,
êle quer repousar de nossos terríveis
[carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o
[Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os
5. a) 'dos rios' (v.3) é sinônimo de 'pluvial'.
b) 'difícil' (v.27) em relação a 'oceano' (v.27) pode ser
substituído por 'impossível', ainda que o sentido seja
alterado.
c) O antônimo de 'incríveis' (v.25) é 'críveis'.
d) 'Incredibilíssimos' dá idéia superlativa de 'incríveis'
(v.25).
e) 'tanto' e 'tanta' (v.27) estão com valor de 'tamanho' e
'tamanha'.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 98) 1
Inegável tem sido o emprego da música
como terapia, através dos tempos. A princípio os magos,
depois os monges e, finalmente, os professores de arte, os
terapeutas
ocupacionais,
os
médicos
e
os
musicoterapeutas..
2
A mitologia exemplifica o poder da música
sobre os irracionais, quando nos fala de Orfeu amansando
as feras com os sons executados pelas suas mãos de
artista e emitidos pela sua voz melodiosa. Orfeu - poeta e
músico - fascinava os animais, as plantas e até os
rochedos!
3
Através dos tempos, vemos a cura do Rei Saul,
que sofria de depressão neurótica, e que, ouvindo a harpa
tocada por Davi, se recuperava facilmente. Eis uma das
primeiras notícias que temos da influência musical no ser
humano.
4
Pitágoras - filósofo, cientista, matemático - era
considerado na Grécia Antiga quase um semideus para
seus conterrâneos. Atribuía à música efeitos curativos,
quer como fator educativo, quer como sedativo para as
doenças do corpo e da alma. Os meios práticos para atuar
no homem a viva harmonia eram, para Pitágoras e seus
discípulos, a ginástica rítmica e a música.
5
Entre os hebreus, as escolas dos profetas de
Israel recorriam ao canto para memorização das suas leis.
6
Os esquimós, segundo narra a História,
possuíam fórmulas musicais especializadas para cura de
doentes mentais.
7
Ora, medicina e música têm vivido irmanadas
desde os tempos mais remotos. Mas, na realidade
objetiva dos fatos atuais, observar-se que muitos
musicistas, presos da aprendizagem técnica, de um lado,
e de outro, soltos às emoções inebriantes da arte, vivem
alheios aos problemas da medicina de recuperação. Por
sua vez, muitos médicos, acostumados ao estudo de
dados concretos, limitam-se a sorrir, indulgentemente,
quando falamos de terapia musical, ou melhor, de
musicoterapia.
8
O êxito ou o fracasso da musicoterapia - sim,
porque existem efeitos negativos da música - depende de
fatores humanos, tanto quanto de fatores musicais. A
música pode criar fantasias mentais de muitas classes:
realistas, caprichosas, oníricas, fantásticas, místicas ou
alucinatórias.
3
VEJA, 2 de julho, 1997, p.17.)
(F.R.C. Florinda. O ROSACRUZ,
abr./maio/jun./94, p. 2-3 (com adaptações).
6. Julgue os itens abaixo, acerca da morfossintaxe do
texto.
(1) Na linha 9, a palavra "até" destaca e dá maior força
argumentativa ao último elemento da coordenação.
(2) O substantivo abstrato "fracasso" vem do verbo
fracassar por derivação imprópria.
(3) A inserção da oração entre os travessões das linhas
constitui um recurso sintático com a função retórica de
intensificar a comunicação com o leitor.
(4) A palavra "oníricas" pertence ao campo de
significação de sonho.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufrs 98) 1
A deterioração dos centros urbanos
tomou conta dos noticiários. A cidade é a demência. A
cidade é a selva. Mas a televisão sempre oferece
compensações e, para aliviar o "show" do caos urbano,
ela exibe o idílio da vida campestre. É assim que, na
ficção e na publicidade, reina o ¢videobucolismo, esse
gênero de fantasia em que a grama não tem formiga, as
cobras não têm veneno e as mulheres não têm vergonha.
Chinelos, cigarros, margarinas e cartões de crédito
buscam os cenários de praias vazias, fazendas inocentes e
montanhas íngremes para aumentar sua promessa de
gozo. E há também caminhonetes enormes, as tais "offroad", que se anunciam rodando sobre escarpas, pântanos
e rochas cortantes. A felicidade mora longe do asfalto.
2
Mas é curioso: essa mesma fabricação
imaginária que santifica a natureza contribui para agravar
ainda mais a selvageria nas cidades. Basta observar.
Transeuntes se trajam como quem vai enfrentar o mato,
os bichos, o desconhecido. Relógios de mergulhadores
são ostentados por garotos que mal sabem ver as horas;
botas de vaqueiro, próprias
para pisar currais,
freqüentam cerimônias de casamento; fardas militares de
guerrilheiros amazônicos passeiam pelos shoppings. No
trânsito, jipes brucutus viraram a última moda. Com
pneus gigantescos e agressivos do lado de fora, e
estofamento de couro do lado de dentro, são uma versão
sobre quatro rodas dos condomínios fechados. Em breve,
começarão a circular com pára-choques de arame
farpado.
3
A distância entre um motorista de vidros
lacrados e o mendigo que pede esmola no sinal vermelho
é maior do que a distância entre aquele e as trilhas
agrestes das novelas e dos comerciais. Nas ruas
esburacadas das metrópoles, ele talvez se sinta escalando
falésias. No coração desses dois homens, que se olham
sem ver através dessa estranha televisão que é o vidro de
um carro, a cidade embrutecida é a pior de todas as
selvas.
(Fonte: BUCCI, Eugênio. CIDADES DEMENTES.
7. Considere as seguintes sugestões de substituição de
palavras do texto.
I - Substituição da palavra "fardas" por "uniforme"
II - Substituição da expressão "fabricação imaginária"
por "mitos fabricados".
Tais substituições acarretariam ajustes de concordância
nas frases em que ocorressem.
Assinale a alternativa que apresenta o número de outras
palavras do texto que deveriam ser obrigatoriamente
modificadas nos casos I e II, respectivamente.
a) 1 - 2
b) 1 - 3
c) 2 - 3
d) 2 - 4
e) 4 - 4
8. Considere a relação que existe entre as palavras em
maiúsculo da seguinte enumeração: a GRAMA não tem
formiga, as COBRAS não têm veneno e as MULHERES
não têm vergonha (par.1)
Leia os seguintes trechos do texto:
I - os cenários de PRAIAS vazias, FAZENDAS inocentes
e MONTANHAS íngremes (par.1).
II - o MATO, os BICHOS, o DESCONHECIDO (par.2)
III - BOTAS de vaqueiro, próprias para pisar CURRAIS,
freqüentam CERIMÔNIAS de casamento (par.2)
Em quais deles a relação entre as palavras em destaque é
a mesma da enumeração acima?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III
e) I, II e III
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 99) De todos esses periquitinhos que tem no
Brasil, tuim é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e
rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas
azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o
outro, ainda sem penas, os três chorando. O menino
levou-os para casa, inventou comidinhas para eles; um
morreu, outro morreu, ficou um.
(Rubem
Braga)
9. Das afirmações sobre o verbo assinalado em "que
TEM no Brasil", qual a única INCORRETA?
a) É um uso típico da variante popular da língua.
b) Pode ser corretamente substituído por HÁ.
c) Seu valor semântico difere daquele que apresenta nas
4
demais ocorrências.
d) É um verbo impessoal cujo objeto direto é o pronome
QUE.
e) Pode ser corretamente substituído por EXISTE.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Ufc 2002) Texto:
1 "O armênio começou a falar.
2 (...)
3 "Estudar o mundo e os homens, observando-os pela
enfezada lente do pessimismo é tão perigoso e falaz,
como estudá-los, observando-os pelo imprudente prisma
do otimismo.
4 "O velho misantropo, o homem ressentido e ¥odiento
que por terem sido vítimas de enganos, de ingratidões e
de traições, caluniam a humanidade, na turbação do
espírito doente, vendo em todos e em tudo o mal,
prejudicam não só a própria, mas a felicidade de quantos
se deixam levar por essa prevenção sinistra que envenena
e enegrece a vida.
5 "E no seu erro encontram eles duro castigo; porque em
seus corações e em seu viver mergulham-se no dilúvio de
lodo escuro e infecto do mal que vêem ou adivinham em
todos e em tudo; e no furor de enxergar maldades, de
condenar e aborrecer os maus, tornam-se por si mesmos,
¤proscritos da sociedade, selvagens que fogem da
convivência humana.
6 "Eis aí o que te ensinei na visão do mal.
7 "Dando-te a primeira luneta mágica, eu fui o que sou Lição; observando pela visão do mal, tu foste o que és Exemplo.
8 "O mancebo generoso e inexperiente, a jovem donzela
criada entre sedas, sorrisos e flores, educada santamente
com as máximas de benevolência, com o mandamento do
amor do próximo, e ainda mesmo aqueles velhos que
nunca deixaram de ser meninos, vêem sempre a terra
como céu cor-de-rosa, têm repugnância em acreditar no
vício, deixam-se iludir pelas aparências, enternecer por
lágrimas fingidas, arrebatar por exaltados protestos,
£embair por histórias preparadas, e dominar pela
impostura ardilosa, e vêem por isso em todos e em tudo o
bem - na prática do vício imerecido infortúnio, - no
perseguido sempre um inocente, - no mal que se faz,
indignidade, na trapaça e até no crime sempre um motivo
que é atenuação ou desculpa.
9 "E também esses têm no erro da sua inexperiência a sua
cruel punição; porque cada dia e a cada passo tropeçam
em um desengano, ¢caem nas redes da fraude e da
traição, comprometem o seu futuro, e muitas vezes
colhem por fruto único da inocente e cega credulidade a
desgraça de toda sua vida.
10 "Eis aí o que te ensinei na visão do bem.
11 "Dando-te a segunda luneta mágica eu fui o que sou Lição; observando pela visão do bem, tu foste o que és Exemplo.
12 "Escuta ainda, mancebo.
13 "Na visão do mal como na visão do bem houve fundo
de verdade; porque em todo homem há bem e há mal, há
boas e más qualidades, e nem pode ser de outro modo,
porque em sua imperfeição a natureza humana é
essencialmente assim.
14 "Mas a primeira das tuas lunetas mágicas não te
mostrou senão o mal, e a segunda te mostrou somente o
bem, e para mais viva demonstração da falsidade e das
funestas conseqüências de ambas as doutrinas, ou
prevenções, as tuas duas lunetas exageraram.
15 "Ora exagerar é mentir.
16 "Mancebo, a verdadeira sabedoria ensina e manda
julgar os homens, aceitar os homens, aproveitar os
homens, como os homens são.
17 "A imperfeição e a contingência da humanidade são as
únicas idéias que podem fundamentar um juízo certo
sobre todos os homens.
18 "Fora dessa regra não se pode formar sobre dois
homens o mesmo juízo.
19 (...)
20 "Mancebo! para te levar à verdade já te lancei duas
vezes no caminho do erro.
21 "Erraste acreditando no mal, erraste acreditando no
bem, que te mostraram tuas duas lunetas, que exageraram
o mal e o bem, ostentando cada uma o exclusivismo falaz
do seu encantamento especial.
22 "Erraste pelo exclusivismo; porque o exclusivismo é o
absurdo do absoluto no homem.
23 "Erraste pela exageração; porque exagerar é mentir."
MACEDO, Joaquim Manoel de. "A luneta mágica". São
Paulo: Ática, 2001.
10. Marque V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o
que se afirma.
( ) "embair" (ref. 2) significa enganar.
( ) "proscritos" (ref. 3) significa desterrados, expulsos.
( ) "odiento" (ref. 4) pode ser substituído, sem prejuízo
do sentido, por odiado.
A seqüência correta é:
a) V - F - V
b) V - V - F
c) V - V - V
d) F - V - F
e) F - F - V
11. Assinale a alternativa em que o termo destacado tem
o mesmo significado de FALAZ (par. 21).
a) A felicidade do ser humano parece FUGAZ.
b) O individualismo das pessoas é TRANSITÓRIO.
c) É ENGANOSO achar que o homem sincero é feliz.
d) Parece INGÊNUO achar que todos nascem felizes.
e) É ABSURDO acreditar que a criação divina é única.
12. Assinale a alternativa em que todas as palavras
pertencem ao mesmo campo semântico de "infecto" (par.
5):
5
a) fedido - putrefação - contaminação
b) exalação - impotente - infecundado
c) contágio - fetologia - infrutífero
d) insípido - virulento - fúria
e) feitor - bodum - fétido
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Udesc 96)
RIQUEZA
1
Foi problema que sempre me interessou, esse de
ser rico - quer dizer, ter em mãos as possibilidades de
poder e os privilégios que o dinheiro dá - é o sonho
universal das criaturas. Todo o mundo precisa, quer
dinheiro, o pobre para enganar a miséria, o rico para ficar
riquíssimo, o pecador para satisfazer seus desejos, o
santo para as suas caridades. E isso não é para admirar,
pois o dinheiro representa realmente o denominador
comum de tudo que tem valor material nesta vida,
inclusive coisas de caráter subjetivo, como o poder, o
prestígio, o renome, etc. Diz que até o amor.
2
Tudo isso é o dinheiro. E contudo não há coisa
mais limitada do que o dinheiro, a riqueza. Pois que ele
só nos vale até certo ponto, ou seja, até se chocar com os
limites dessa coisa intransponível que se chama a
natureza humana.
3
Você, por exemplo, que tem o seu contadíssimo
orçamento mensal, para você dinheiro é um sonho,
representa mundos impossíveis - conforto, luxo, viagens,
prazeres - o ilimitado.
4
Querer uma coisa e simplesmente assinar um
cheque para obter. Um jardim, um apartamento de luxo,
um grande automóvel, ou mesmo o seu avião particular.
Boites, teatros, Nova Iorque, Paris! A roda da grãfinagem internacional, que também se chama cafésociety ou os ídle-rich, os ricos ociosos, Jogar bridge com
a Duquesa de Windsor, dançar com o Ali Khan.
5
Entretanto é bom notar que isso tem um limite
bastante rígido. Fora uma cota de prazeres e conquistas
sociais, no fundo mais subjetivas do que objetivas, além
não se pode ir. A riqueza, sendo capaz de nos
proporcionar apenas o que está à venda, não nos pode dar
nada de genuíno, de autêntico, de natural. Se você perde
a perna num acidente, o dinheiro lhe dará a melhor perna
artificial do mundo - mas artificial. Tanto no milionário
como no pobrezinho com perna de pau, o coto mutilado é
o mesmo, porque a natureza não se vende. E assim, quem
compra cabelos supostos não pode esperar razoavelmente
senão uns postiços, como já dizia José de Alencar. E
quem fura um olho, possua embora o dinheiro do
Rockefeller, terá que se arranjar com um olho de vidro,
como qualquer de nós.
6
Moralidade: Não tenha inveja dos ricos. Não
tenha inveja de ninguém, que é melhor. Mas se quer
invejar, inveje o simples abastado que pode satisfazer as
suas necessidades e, na medida do possível, alguns dos
seus sonhos. E quando nem a abastança pode ser
atingida, um bom consolo para o pobre é pensar que, quer
com o seu salário mínimo, quer com as rendas
vertiginosas do tubarão, tanto um como o outro estão
trancados nesta nossa mesma prisão de carne, este "saco
de tripas" de que falava o velho Gorki; e se dentro dele
pouco podemos, fora dele, então, nada nos adianta, nem
dinheiro, nem grandeza, nem poderio. Aí, só a terra fria,
nada mais.
(Raquel de Queiroz. CEM CRÔNICAS ESCOLHIDAS.
São Paulo, Siciliano, 1993, p.151-3.)
13. Marque a proposição VERDADEIRA em relação ao
sentido atribuído às palavras no texto.
a) No parágrafo 2, "dinheiro" e "riqueza" não foram
empregadas com equivalência de sentido.
b) A expressão "coisa intransponível", (par.2), é
sinônimo da expressão "natureza humana".
c) A palavra "sonho" (par.3), é antônimo de "mundos
impossíveis".
d) A palavra "genuíno" (par.5), foi empregada como
sinônimo de "autêntico" (par.5).
e) A expressão "cabelos supostos" (par.5), é uma forma
pejorativa de cabelos "postiços" (par.5).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 96)
Lá pela metade do século 21, já não
haverá superpopulação humana, ¢como hoje. Os
governos de todo o mundo - presumivelmente, todos
democráticos - poderão ¤incentivar as pessoas à
reprodução. E será melhor que o façam com as melhores
pessoas. A eugenia humana - a escolha dos melhores
exemplares para a reprodução, de modo a aprimorar a
média da espécie, como já se fez com cavalos encontrará o período ideal para sair da prancheta dos
cientistas para a vida real. Pessoas selecionadas por suas
características genéticas serão empregadas do Estado. O
funcionalismo público terá uma nova categoria: a dos
reprodutores.
Este exercício de futurologia foi apresentado
seriamente pelo professor do Instituto de Biociências da
USP Oswaldo Frota-Pessoa, em palestra no colóquio
Brasil-Alemanha - Ética e Genética, quarta-feira à noite.
[...] Nas conferências de segunda e terça, a eugenia £foi
citada como um perigo das novas tecnologias, uma idéia
que não é cientificamente - e muito menos eticamente defensável. (Teixeira, Jerônimo. Brasileiro apresenta a
visão do horror. ZERO HORA, 6.10.95, p. 5, 2¡ Caderno)
14. Considere as seguintes afirmações sobre a estrutura
do texto.
I - A expressão 'como hoje' (ref. 1) poderia aparecer no
início da frase sem acarretar alterações de significado.
II - Dado que as conferências de segunda e terça
ocorreram antes da já citada conferência de Frota-Pessoa,
a forma verbal 'foi' (ref. 2) poderia ser substituída por
'tenha sido'.
III - A substituição de 'incentivar' (ref. 3) por 'estimular'
6
não alteraria as condições para o uso da crase na oração.
Quais estão corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas II e III
e) I, II e III
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fatec 2002) Texto I
Então Macunaíma pôs reparo numa criadinha
com um vestido de linho amarelo pintado com extrato de
tatajuba. Ela já ia atravessando o corgo pelo pau. Depois
dela passar o herói gritou pra pinguela:
- Viu alguma coisa, pau?
- Via a graça dela!
- Quá! quá! quá quaquá!...
Macunaíma deu uma grande gargalhada. Então
seguiu atrás do par. Eles já tinham brincado e
descansavam na beira da lagoa. A moça estava sentada na
borda duma igarité encalhada na praia. Toda nua inda do
banho comia tambiús vivos, se rindo pro rapaz. Ele
deitara de bruços na água rente dos pés da moça e tirava
os lambarizinhos da lagoa pra ela comer. A crilada das
ondas amontoava nas costas dele porém escorregando no
corpo nu molhado caía de novo na lagoa com risadinhas
de pingos. A moça batia com os pés n'água e era feito um
repuxo roubado da Luna espirrando jeitoso, cegando o
rapaz. Então ele enfiava a cabeça na lagoa e trazia a boca
cheia de água. A moça apertava com os pés as bochechas
dele e recebia o jato em cheio na barriga, assim. A brisa
fiava a cabeleira da moça esticando de um em um os fios
lisos na cara dela. O moço pôs reparo nisso. Firmando o
queixo no joelho da companheira ergueu o busto da água,
estirou o braço pro alto e principiou tirando os cabelos da
cara da moça pra que ela pudesse comer sossegada os
tambiús. Então pra agradecer ela enfiou três
lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou o joelho
depressa. O busto do rapaz não teve apoio mais e ele no
sufragante focinhou n'água até o fundo, a moça inda
forçando o pescoço dele com os pés. Ele ia escorregando
sem perceber de tanta graça que achava na vida. Ia
escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar!
A moça levou um tombo engraçado por cima do rapaz e
ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso.
Todos os tambiús fugiram enquanto os dois brincavam
n'água outra vez.
(Mário de Andrade, "Macunaíma". O
herói sem nenhum caráter)
Texto II
ilustrar,
De outras e muitas grandezas vos poderíamos
senhoras Amazonas, não fora persignar
demasiado esta epístola; todavia, com afirmar-vos que
esta é, por sem dúvida, a mais bela cidade terráquea,
muito hemos feito em favor destes homens de prol. Mas
cair-nos-iam as faces, si ocultáramos no silêncio, uma
curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua
riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que
falam numa língua e escrevem noutra. Assim chegado a
estas plagas hospitalares, nos demos ao trabalho de bem
nos inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita
surpresa e assombro que se nos deparou, por certo não foi
das menores tal originalidade lingüística. Nas conversas
utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e
multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade,
mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas
apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e
daquelas nos inteiramos, solícito; e nos será grata
empresa vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal
desprezível língua se utilizam na conversação os naturais
desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de
tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu,
exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da
vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que,
com imperecível galhardia, se intitula: língua de Camões!
De tal originalidade e riqueza vos há-de ser grato ter
ciência, e mais ainda vos espantareis com saberdes, que à
grande e quase total maioria, nem essas duas línguas
bastam, senão que se enriquecem do mais lídimo italiano,
por mais musical e gracioso, e que por todos os recantos
da urbs é versado.
(Mário de Andrade, "Macunaíma". O
herói sem nenhum caráter)
15. As palavras "epístola", "terráquea" e "etnologia",
extraídas do Texto II, associam-se pelo sentido,
respectivamente, a
a) arma, terra e humanidade.
b) carta, terra e civilização.
c) instrumento, planeta e raça.
d) carta, Terra e povo.
e) escrita, planeta e raça.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 2002)
POÇAS D' ÁGUA
As poças d'água são um mundo mágico
Um céu quebrado no chão
Onde em vez de tristes estrelas
Brilham os letreiros de gás Néon.
(Mario Quintana,
viagem", São Paulo, Globo, 1994.)
"Preparativos
de
16. De acordo com o dicionário Novo Aurélio 2000,
POÇA significa depressão natural do terreno, de pouca
fundura, com água. No texto, tal designação relacionada
a um mundo mágico produz um determinado efeito de
sentido. ldentifique-o nas alternativas abaixo.
7
a) As poças d'água são simplesmente água acumulada no
chão.
b) As poças d'água, bem como o mundo mágico, são
cheias de mistério, estimulando, assim, a imaginação.
c) As poças d'água são um terreno quebrado, logo
refletem só pedaços de céu.
d) As poças d'água são buracos no céu cheios de estrelas.
e) As poças d'água, por serem depressões do piso,
revelam umidade no terreno.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 98)
Duas horas da manhã. Vejo esta cena.
No leito grande, entre linhos bordados dormem
marido e mulher. As brisas nobres de Higienópolis
entram pelas venezianas, servilmente aplacando os
calores do verão. Dona Laura, livre o colo das colchas,
ressona boca aberta, apoiando a cabeça no braço erguido.
Braço largo, achatado, nu. A trança negra fui pelas
barrancas moles do travesseiro, cascateia no álveo dos
lençóis. Concavamente recurvada, a esposa toda se apoia
no esposo dos pés ao braço erguido. Sousa Costa
completamente oculto pelas cobertas, enrodilhado, se
aninha na concavidade feita pelo corpo da mulher, e
ronca. O ronco inda acentuar a paz compacta.
Estes dois seres tão unidos, tão apoiados um no
outro, tão Báucis e Filamão, creio que são felizes.
Perfeitamente. Não ¢tem raciocínio que invalide a minha
firme crença na felicidade destes dois cidadãos da
República. Aristóteles ... me parece que na Política
afirma serem felizes os homens pela quantidade de razão
e virtude possuídas e £na medida em que, por estas,
regram a norma do viver ... Estes cônjuges são virtuosos
e justos. Perfeitamente. Sousa Costa se mexe. Tira um
pouco, pra fora das cobertas, algumas ramagens do
bigode. Apoia melhor a cara no sovaco gorducho da
esposa. Dona Laura suspira. Se agita um pouco. E se
apoia inda mais no honrado esposo e senhor. Pouco a
pouco Sousa Costa recomeça a roncar. O ronco inda
acentua a paz compacta. Perfeitamente.
Mário de Andrade. AMAR, VERBO
INTRANSITIVO. São Paulo, Ática, p.83.
Na(s) questão(ões) a seguir assinale os números dos itens
corretos.
17. Ainda com relação ao texto, julgue os itens a seguir.
(1) A expressão "no álveo dos lençóis" corresponde a
"nos lençóis alvos", assim como "no plúmbeo das
nuvens" corresponde a "nas nuvens plúmbeas".
(2) Assim como "inda" é uma forma reduzida de "ainda",
a palavra "onde" é uma forma reduzida de "aonde".
(3) O emprego do verbo "ter" (ref.1) é indubitavelmente
um registro de uso popular.
(4) A locução "na medida em que" (ref.2) pode ser
substituída, sem prejuízo para a escrita culta, por "na
medida que".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufv 99)
ESSAS MÃES MARAVILHOSAS E
SUAS MÁQUINAS INFANTIS
1
Flávia logo percebeu que as outras moradoras do
prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis
anos, olhavam-na com um ar de superioridade. Não era
para menos. Afinal o garoto até aquela idade - imaginem
- se limitava a brincar e ir à escola. Andava em total
descompasso com os outros meninos, que já
desenvolveram múltiplas e variadas atividades desde a
mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto
Peter, filho de uma brasileira e um canadense, nascido
em Nova Iorque. Peter, tão logo veio ao mundo entrou
para um curso de amamentação ("Como tirar o leite da
mãe em 10 lições"). A mãe descobriu numa revista uma
pesquisa feita por médicos da Califórnia informando
sobre a melhor técnica de mamar (chamada técnica de
Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para
realizar seu trabalho mamou até os 40 anos). A maneira
da criança mamar, afirmam os doutores, vai determinar
suas neuroses na idade adulta.
2
Uma tarde, Flávia percebeu duas mães
cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um
menino que aos seis anos só brinca e vai à escola? Flávia
começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido
pelo braço dizendo que os dois precisavam ter uma
conversa com o filho.
3
- O que você gostaria de fazer, Paulinho? perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma
impor suas vontades.
4
- Brincar...
5
O pai fez uma expressão grave.
6
- Você não acha que já passou um pouco da
idade, filho? A vida não é uma eterna brincadeira. Você
precisa começar a pensar no futuro. Pensar em coisas
mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não
gostaria de praticar algum esporte?
7
- Compra um time de botão pra mim.
8
- Botão não é esporte, filho.
9
- Arco e flecha!
10
Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos
do prédio fazia curso de arco e flecha. Paulinho seria o
primeiro. Os vizinhos certamente iriam julgá-lo uma
criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao
garoto e perguntou por que ele não fazia natação.
11
- Tenho medo.
12
Se tinha medo, então era para a natação mesmo
que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na
infância. Paulinho ainda quis argumentar. Sugeriu
alpinismo. Foi a vez de os pais tremerem. Mas o medo
dos pais é outra história. Paulinho entrou para a natação.
Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições
chegava sempre em último, e as mães dos coleguinhas
continuavam olhando Flávia com uma expressão
superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um
8
torneio surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a
desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu
imitar as outras mães, e além da natação colocou
Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês,
judô, francês, terapeuta, logopedista. Botou até aparelho
nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam
Paulinho para brincar depois do colégio.
13
- Não posso, tenho aula de hipismo.
14
- Depois do hipismo?
15
- Vou pro caratê?
16
- E depois do caratê?
17
- Faço sapateado.
18
- Quando poderemos brincar?
19
- Não sei. Tenho que ver na agenda.
20
Paulinho andava com uma agenda Pombo
debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais
cansado do que o pai em dia de plantão. Nunca mais
brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para
mostrar aos amiguinhos do prédio. Paulinho dava um
duro dos diabos. "Mas no futuro ele saberá nos
agradecer", dizia o pai. O garoto estava sendo preparado
para ser um super-homem. E foi ficando adulto antes do
tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um
dia Flávia flagrou o filho com uma gravata à volta do
pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse
ao pai que a partir daquele dia queria receber a mesada
em dólar. Aos oito anos abriu o berreiro porque seus pais
não lhe deram um cartão de crédito de presente. Com oito
anos, entre uma aula de xadrez e de sânscrito, Paulinho
saiu de casa muito compenetrado. Os amiguinhos da rua
perguntaram onde ele ia:
21
- Vou ao banco.
22
Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se
diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e
pagou a conta de luz como um homenzinho. A façanha
do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achálo um gênio. As mães dos amiguinhos deixaram de olhar
Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam
sentir-se orgulhosos. "Estamos educando o menino no
caminho certo", declarou o pai batendo no peito. Na festa
de 11 anos, que mais parecia um coquetel do corpo
diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele
queria ser quando crescesse.
23
- Criança!
24
Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais
cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência,
tornou-se um jovem alto, forte, espadaúdo. Virou Paulão.
Entrou para a faculdade, formou-se em Economia. Os
pais tinham sonhos de vê-lo na Presidência do Banco
Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou
aliviado por sair debaixo das asas da mãe, que até às
vésperas do casamento queria colocá-lo num curso de
preparação matrimonial. Na lua-de-mel, avisou à mulher
que iria passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de
mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão
trancado no seu gabinete de estudos. Uma tarde, o marido
esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou,
abriu e deu de cara com Paulão sentado no tapete
brincando com um trenzinho.
(NOVAES, Carlos Eduardo. "A cadeira
do dentista & outras crônicas." 7. ed. São Paulo: Ática,
1997. p.15-17.)
Glossário
Caratê - luta corporal em que o indivíduo se serve de
meios naturais para atacar ou defender-se.
Espadaúdo - que tem ombros largos.
Hipismo - esporte que compreende equitação, corrida de
cavalos, etc.
Logopedista - pessoa que se dedica à ciência de corrigir
defeitos de pronúncia.
Sânscrito - antiga língua sagrada e literária da Índia.
Sapateado - dança que se caracteriza por bater os tacões
dos sapatos no chão.
Terapeuta - pessoa que se aplica a tratar de doenças.
18. O autor se utiliza diversas vezes do verbo "dar",
bastante comum na linguagem oral, o qual pode assumir
muitos significados distintos.
A alternativa em que se apresenta ERRADAMENTE
uma palavra ou expressão sinônima da que aparece em
destaque é:
a) "perguntou o pai DANDO UMA de liberal..." (par.3)
dando uma = assumindo ares
b) "Flávia DEU um calção DE PRESENTE AO
GAROTO..." (par.10)
deu de presente ao garoto = presenteou o garoto com
c) "Não DEU muitas alegrias aos pais." (par.12)
deu = proporcionou
d) "Paulinho DAVA UM DURO DOS DIABOS."
(par.20)
dava um duro dos diabos = trabalhava arduamente
e) "A mulher chegou, abriu e DEU DE CARA com
Paulão..." (par.24)
deu de cara = se chocou
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
9
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...
(Raimundo Correia)
19. "... um por um, CÉLERES voam" ou seja:
a) ... um por um, magoados voam
b) ... um por um, rebeldes voam
c) ... um por um, velozes voam
d) ... um por um, frustrados voam
e) ... um por um, cordiais voam
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 98)
(...) Soropita levava a mão, sem querer,
à orelha direita: tinha um buraco, na concha, bala a
perfurara; ele deixava o cabelo crescer por cima, para a
tapar dum jeito. Que não lhe perguntassem de onde e
como tinha aquelas profundas marcas; era um martírio, o
que as pessoas acham de especular. Não respondia. Só
pensar no passado daquilo, já judiava. "Acho que eu sinto
dor mais do que os outros, mais fundo..." Aquela
¢sensiência: quando teve de agüentar a operação no
queixo, os curativos, cada vez a dor era tanta, que ele já a
sofria de véspera, como se já estivessem bulindo nele, o
enfermeiro despegando as envoltas, o chumaço de
algodão com iodofórmio. A ocasião, Soropita pensou que
nem ia ter mais ânimo para continuar vivendo, tencionou
de se dar um tiro na cabeça, terminar de uma vez, não
ficar por aí, sujeito a tanto machucado ruim, tanto
desastre possível, toda qualidade de dor que se podia ter
de £vir a curtir, no coitado do corpo, na carne da gente.
Vida era uma coisa desesperada.
Doralda era corajosa. Podia ver sangue, sem
deperder as cores. Soropita não comia galinha, se visse
matar. Carne de porco, comia; mas, se podendo, fechava
os ouvidos, quando o porco gritava guinchante, estando
sendo sangrado. E o sangue fedia, todo sangue, fedor
triste. Cheiros bons eram o de limão, de café torrado, o de
couro, o de cedro, boa madeira lavrada; angelimumburana - que dá essência de óleo para os cabelos das
mulheres claras. (...) Mas, quando estavam deitados em
cama, Doralda ¤repassava as mãos nas grossas costuras,
numa por uma, ua mão fácil, surpresas de macia, passava
a mão em todo o corpo, a gente se estremecia, de cócega
não: de ser bom, de ânsia. Mel nas mãos, nem era
possível se ter um mimo de dedos com tanto meigo. (...)
João
Guimarães
Rosa.
DÃOLALALÃO (O Devente). NOITES DO SERTÃO. In:
CORPO DE BAILE. Ficção Completa - Volume I. Rio
de Janeiro, Nova Aguilar, p.811-2, 1994.
Na(s) questão(ões) adiante, assinale os números dos itens
corretos.
20. A compreensão da obra de arte literária passa,
primeiramente, pelo estágio de entendimento vocabular.
Com relação ao emprego das palavras no texto, julgue os
itens que se seguem.
(1) Pode-se inferir do texto que "sensiência" (ref.1)
significa SENSIBILIDADE EXACERBADA.
(2) O vocábulo "curtir" (ref.2) significa USUFRUIR,
SENTIR PRAZER.
(3) O texto encerra-se com uma passagem marcada por
docilidade, apesar da rudeza traduzida pela oração
"repassava as mãos nas grossas costuras" (ref.3).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 99)
TEXTO I
1
Escreverei minhas "Memórias", fato mais
freqüentemente do que se pensa observado no mundo
industrial, artístico, científico e sobretudo no mundo
político, onde muita gente boa se faz elogiar e aplaudir
em brilhantes artigos biográficos tão espontâneos, ¢como
os ramalhetes e as coroas de flores que as atrizes
compram para que lhos atirem na cena os comparsas
comissionados.
2
Eu reputo esta prática muito justa e muito
natural; porque não compreendo amor e ainda amor
apaixonado mais justificável do que aquele que sentimos
pela nossa própria pessoa.
3
O amor do eu é e sempre será a pedra angular da
sociedade humana, o regulador dos sentimentos, o móvel
das ações, e o farol do futuro: do amor do eu nasce o
amor do lar doméstico, deste o amor do município, deste
o amor da província, deste o amor da nação, anéis de uma
cadeia de amores que os tolos julgam que sentem e
tomam ao sério, e que certos maganões envernizam,
mistificando a humanidade para simular abnegação e
virtudes que não têm no coração e que eu com a minha
exemplar franqueza simplifico, reduzindo todos à sua
expressão original e verdadeira, e dizendo, lar,
município, província, nação, têm a flama dos amores que
lhes dispenso nos reflexos do amor em que me abraso por
mim mesmo: todos eles são o amor do eu e nada mais. A
diferença está em simples nuanças determinadas pela
maior ou menor proporção dos interesses e das
conveniências materiais do apaixonado adorador de si
mesmo.
(MACEDO, Joaquim Manuel de. "Memórias do
sobrinho de meu tio". São Paulo: Companhia das Letras,
1995.)
TEXTO II
Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois
anos! Diria dois séculos. E durante este tempo tenho
contado os dias e as horas pelas bagas do pranto que
10
tenho chorado. Tenha embora Lisboa os seus mil e um
atrativos, ó eu quero a minha terra; quero respirar o ar
natal (...). Nada há que valha a terra natal. ¢Tirai o índio
do seu ninho e apresentai-o d'improviso em Paris: será
por um momento fascinado diante dessas ruas, desses
templos, desses mármores; mas depois falam-lhe ao
coração as lembranças da pátria, e trocará de bom grado
ruas, praças, templos, mármores, pelos campos de sua
terra, pela sua choupana na encosta do monte, pelos
murmúrios das florestas, pelo correr dos seus rios.
Arrancai a planta dos climas tropicais e plantai-a na
Europa: ela tentará reverdecer, mas cedo pende e murcha,
porque lhe falta o ar natal, o ar que lhe dá vida e vigor.
Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o
meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime. Como a
planta dos trópicos, os climas da Europa enfezam-me a
existência, que sinto fugir no meio dos tormentos da
saudade.
(ABREU, Casimiro de."Obras de Casimiro de
Abreu". Rio de Janeiro: MEC, 1955.)
TEXTO III
LADAINHA I
Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome
de ilha de Vera Cruz.
Ilha cheia de graça.
Ilha cheia de pássaros.
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas
anhangás a sonhar com histórias de luas
e cantos bárbaros de pajés em poracés
[batendo
pés.
Depois mudaram-lhe o nome
pra terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça
Terra cheia de pássaros
Terra cheia de luz.
A grande Terra girassol onde havia
[guerreiros de tanga e onças ruivas
[deitadas à sombra das árvores
[mosqueadas de sol.
Mas como houvesse, em abundância,
certa madeira cor de sangue cor de brasa
e como o fogo da manhã selvagem
fosse um brasido no carvão noturno da
[paisagem,
e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e se houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil.
Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros
Brasil cheio de luz.
(RICARDO, Cassiano. "Seleta em prosa e
verso". Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.)
21. O termo "ufanismo" aplica-se a uma atitude, posição
ou sentimento dos que, influenciados pelo potencial das
riquezas nacionais, pelas belezas naturais do país, etc.,
dele se vangloriam, desmedidamente.
O fragmento em que podem ser identificadas
características do "ufanismo" é:
a) "Escreverei minhas Memórias, fato mais
freqüentemente do que se pensa observado no mundo
industrial, artístico, científico e sobretudo no mundo
político..." (texto I)
b) "... do amor do eu nasce o amor do lar doméstico,
deste o amor do município, deste o amor da província,
deste o amor da nação..." (texto I)
c) "Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d'improviso
em Paris: será por um momento fascinado diante dessas
ruas, desses templos, desses mármores..." (texto II)
d) "Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro,
o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime." (texto
II)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2000) PERO VAZ DE CAMINHA
a descoberta
os
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
11
Que de nós as muito olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
(ANDRADE, Oswald. "Poesias reunidas". Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p.80.)
22. Sobre as palavras destacadas nos versos a seguir,
assinale a afirmativa correta:
E suas VERGONHAS tão altas e tão saradinhas (v.18)
Que de nós as muito olharmos (v.19)
Não tínhamos nenhuma VERGONHA (v.20)
a) Seus sentidos são diferentes, mas têm a mesma classe
gramatical.
b) Seus sentidos são distintos e suas classes gramaticais
são diferentes.
c) Ambas têm o mesmo sentido, mas as classes
gramaticais são diferentes.
d) Ambas têm o mesmo sentido e a mesma classe
gramatical.
e) Tanto seus sentidos quanto suas classes gramaticais
são correspondentes.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 2003) Declaração
Devia começar, como o sabe de cor e salteado a maioria
dos leitores, que é sem dúvida nenhuma muito entendida
na matéria, por uma declaração em forma.
Mas em amor, assim como em tudo, a primeira saída é o
mais difícil. Todas as vezes que esta idéia vinha à cabeça
do pobre rapaz, passava-lhe uma nuvem escura por diante
dos olhos e banhava-se-lhe o corpo em suor. Muitas
semanas levou a compor, a estudar o que havia de dizer a
Luizinha quando aparecesse o momento decisivo.
Achava com facilidade milhares de idéias brilhantes:
porém, mal tinha assentado em que diria isto ou aquilo, já
isto ou aquilo lhe não parecia bom. Por várias vezes,
tivera ocasião favorável para desempenhar a sua tarefa,
pois estivera a sós com Luizinha; porém, nessas ocasiões,
nada havia que pudesse vencer um tremor nas pernas que
se apoderava dele, e que não lhe permitia levantar-se do
lugar onde estava, e um engasgo que lhe sobrevinha, e
que o impedia de articular uma só palavra. Enfim, depois
de muitas lutas consigo mesmo para vencer o
acanhamento, tomou um dia a resolução de acabar com o
medo, dizer-lhe a primeira coisa que lhe viesse à boca.
Luizinha estava no vão de uma janela a espiar para a rua
pela rótula: Leonardo aproximou-se tremendo, pé ante
pé, parou e ficou imóvel como uma estátua atrás dela
que, entretida para fora, de nada tinha dado fé. Esteve
assim por longo tempo calculando se devia falar em pé
ou se devia ajoelhar-se. Depois fez um movimento como
se quisesse tocar no ombro de Luizinha, mas retirou
depressa a mão. Pareceu-lhe que por aí não ia bem; quis
antes puxar-lhe pelo vestido, e ia já levantando a mão
quando também se arrependeu. Durante todos esses
movimentos o pobre rapaz suava a não poder mais.
Enfim, um incidente veio tirá-lo da dificuldade.
Ouvindo passos no corredor, entendeu que alguém se
aproximava, e tomado de terror por se ver apanhado
naquela posição, deu repentinamente dois passos para
trás, e soltou um - ah! - muito engasgado. Luizinha,
voltando-se, deu com ele diante de si, e recuando
espremeu-se de costas contra a rótula: veio-lhe também
outro - ah! - porém não lhe passou da garganta e
conseguiu apenas fazer uma careta.
A bulha dos passos cessou sem que ninguém chegasse à
sala; os dois levaram algum tempo naquela mesma
posição, até que Leonardo, por um supremo esforço,
rompeu o silêncio, e com voz trêmula e em tom o mais
sem graça que se possa imaginar perguntou
desenxabidamente:
- A senhora... sabe... uma coisa?
E riu-se com uma risada forçada, pálida e tola.
Luizinha não respondeu. Ele repetiu no mesmo tom:
- Então... a senhora... sabe ou... não sabe?
E tornou a rir-se do mesmo modo. Luizinha conservou-se
muda.
- A senhora bem sabe... é porque não quer dizer...
Nada de resposta.
- Se a senhora não ficasse zangada... eu dizia...
Silêncio.
- Está bom... Eu digo sempre... mas a senhora fica ou não
fica zangada?
Luizinha fez um gesto de quem estava impacientada.
- Pois então eu digo... a senhora não sabe... eu... eu lhe
quero... muito bem...
Luizinha fez-se cor de uma cereja; e fazendo meia volta à
direita, foi dando as costas ao Leonardo e caminhando
pelo corredor. Era tempo, pois alguém se aproximava.
Leonardo viu-a ir-se, um pouco estupefato pela resposta
que ela lhe dera, porém, não de todo descontente: seu
olhar de amante percebera que o que se acabava de passar
não tinha sido totalmente desagradável a Luizinha.
Quando ela desapareceu, soltou o rapaz um suspiro de
desabafo e assentou-se, pois se achava tão fatigado como
se tivesse acabado de lutar braço a braço com um
gigante.
(Manuel Antônio de Almeida. "Memórias de um
Sargento de Milícias".)
23. O vocábulo "Enfim", utilizado na última frase do
segundo parágrafo, apresenta valor semântico:
a) conclusivo.
b) explicativo.
c) concessivo.
d) contrastivo.
e) comparativo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
12
(Uepg 2001)
Delírio de voar
16) "mirabolante"
"surpreendente".
Nos dez primeiros anos deste século havia uma
mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos
aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos
jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em
detalhe. Os parisienses acompanhavam fascinados as
audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens
brilhantes, cultos e elegantes, realçada por vários
milionários e pelo interesse das moças. Multidões
lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os
pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e
homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta
apresentava uma nova máquina, anunciava um plano
mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.
Paris virara a capital mundial da aviação desde a
fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da
difusão dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis
inflados a gás, em 1890 - os chamados "mais leves que o
ar", chegara a hora dos aparelhos voadores práticos,
menores e controláveis - os "mais pesados que o ar".
Durante muito tempo eles foram descartados como
impossíveis, mas agora as pré-condições haviam
mudado. A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia de
estruturas, do desenho de motores e da química de
combustíveis havia chegado a um estágio de evolução
inédito. Combinadas, permitiam projetar máquinas
inimaginadas.
Simultaneamente, por caminhos paralelos, a
fotografia dera um salto com a invenção dos filmes
flexíveis, em 1889. Surgiram câmeras modernas, mais
sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em
conseqüência, proliferaram os fotógrafos profissionais e
amadores. Eles não só registraram cada passo da infância
da
aviação
como
também
popularizaram-na.
Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros
estimularam a vocação de muitos jovens candidatos a
aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar.
.........................................................................................
Inventar aviões era um ofício diletante e nada
rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para
construir aparelhos, contratar mecânicos, oficinas e
hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto
Santos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou
ao engenheiro e nobre francês marquês d'EcquevilleyMontjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma
glória para homens extraordinários.
(SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36)
24. Escolha as alternativas corretas quanto à significação
dos vocábulos no texto.
01) "difusão" significa "desaparecimento".
02) "inimaginadas" tem o mesmo sentido
"inimagináveis".
04) "diletante" significa "difícil", "complicado".
08) "pop" é forma abreviada de "popular".
que
caracteriza
algo
"espantoso",
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unitau 95)
"A teoria da argumentação é a parte da
semiologia comprometida com a explicação das
evocações ideológicas das mensagens. Os novos retóricos
aproximam-se, assim, da proposta de Eliseo Verón, que,
preocupado com as condições ideológicas dos processos
de transmissão e consumo das significações no seio da
comunicação social, chama de semiologia os estudos
preocupados com essa problemática, deixando como
objeto da teoria lingüística as questões tradicionais sobre
o conceito, o referente e os componentes estruturais dos
signos. Essa demarcação determina que a semiologia
deve ser analisada como uma teoria hermenêutica das
formas como se manipulam contextualmente os
discursos".
(ROCHA & CITTADINO, "O Direito e sua
Linguagem", p.17, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto
Alegre, 1984)
25. As palavras "argumentação", "manipulação" e
"hermenêutica" significam, respectivamente:
a) ato de debater; ato de criticar; ato de agir com
ponderação.
b) ato de produzir falácias; ato de fazer remédios; ato de
significar.
c) ato de enganar; ato de pressionar; ato de atribuir
significado a teorias.
d) ato de apresentar raciocínios; ato de conservar alguma
coisa ou alguma situação; ato de interpretar textos e
sentidos das palavras.
e) ato de elaborar idéias; ato de forçar alguém, ato de
questionar.
26. No texto, aparecem palavras que são específicas do
esquema da comunicação. Indique-as:
a) ideológica, consuma
b) mensagem, referente
c) transmissão, problemática
d) lingüística, semiológico
e) signo, hermenêutica
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 94) 1 A fisionomia da sociedade brasileira
neste final de século está irreconhecível. A violência e a
crueldade viraram fenômenos de massa. Antes, e até há
não muito tempo, elas apareciam como sintoma de
patologias individuais. Os "monstros" - um estuprador e
assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o
amante - eram motivo de pasmo e horror para uma
comunidade onde a violência ficava confinada a um
escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma guerrilha
e faz parte do nosso cotidiano.
2
Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso
externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela
13
reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples
homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no
saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de
massacre que tem raízes históricas profundas: o
genocídio, essa mancha na formação de uma
nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e
negros.
3
Os episódios brutais estão aí. (...)
4
A violência costuma ser associada à urbanização
maciça, que gera miséria, desordem e conflitos.
5
Não vamos procurar desculpa invocando símiles
de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que
seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade
brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos
transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do
monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo
folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o
samba e o futebol. (...)
6
A miséria e a fome do povo são um caldo de
cultura a favorecer a disseminação da violência, que se
torna balcão de comércio nas mãos de empresários
inescrupulosos.
(Moacir Werneck de Castro.
Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11.)
27. Na frase:
"... ficou marcada pela REITERAÇÃO rotineira da
crueldade.", (2Ž parágrafo), o termo em destaque só
NÃO apresenta o valor semântico de:
a) confirmação
b) ratificação
c) reafirmação
d) retificação
e) repetição
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 2000) A bola não é inimiga
como o touro, numa corrida
e embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão.
João Cabral de Melo
Neto
28. De acordo com o texto, o par em que NÃO há relação
de sinonímia é:
a) "utensílio" (v.3) - instrumento.
b) "impessoal" (v.5) - original.
c) "usual" (v.6) - corriqueiro.
d) "mister" (v.9) - necessário.
e) "astúcias" (v.12) - manhas.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Ufrs 96)
Pais e adultos em geral são
incompetentes para entender ¥o que vai pela cabeça das
crianças; estas, por sua vez, são incapazes de detectar ¦o
que se esconde sob os gestos e as frases dos mais velhos.
Na zona cinzenta que reúne essas duas conhecidas
limitações, reside o objeto de "Quarto de Menina", estréia
literária da psicanalista carioca Livia Garcia Roza.
Luciana, oito anos, filha única de pais separados,
é inteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o
pai, intelectual, pacato, caladão, professor de filosofia. É
ela a narradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata
o seu cotidiano,§ que se ¢limita, aqui, ao próprio quarto,
à biblioteca do pai, à sala e à casa da mãe. [...]
Apesar disso, não se trata de uma obra para
crianças. A construção híbrida da narrativa descarta
episódios mais banais ou preocupações que seriam em
tese mais comuns às crianças, dando destaque para os
£diálogos, seja entre Luciana e os pais, seja entre a garota
e suas bonecas.
No primeiro caso, Luciana freqüentemente não
entende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficam
perplexos diante de reações ou perguntas da filha. Já nas
"conversas" com seus amigos de quarto, a narradora
expõe seu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e,
ao mesmo tempo, revela indireta e inconscientemente a
dificuldade de captar o significado dos eventos que ela
mesma narra, significado que nós, ¤leitores
presumivelmente maduros, enxergamos logo de cara.
Nessa capacidade de explicar ao mesmo tempo
uma história e a não-compreensão dessa mesma história
pelo seu próprio narrador, aí está um dos pontos mais
interessantes de "Quarto de Menina". [...] (Ajzenberg B.
A ABISSAL NORMALIDADE DO COTIDIANO, Folha
de São Paulo, 15.10.95, p. 5-11)
29. A seguir são apresentadas cinco possibilidades de
substituição da expressão 'se limita'(ref.1).
Qual delas manteria as crases no fim do parágrafo?
a) consiste
b) se constitui
c) compreende
d) não ultrapassa
e) se restringe
30. Caso a expressão 'a narradora' (quarto parágrafo)
fosse substituída por 'o narrador', quantas outras palavras
daquela mesma frase deveriam sofrer modificações
devidas à concordância?
a) Nenhuma
b) Uma
c) Duas
d) Três
e) Cinco
14
31. A pronúncia das palavras na linguagem coloquial por
vezes se distancia bastante de sua representação escrita.
Em alguns casos, essa diferença chega a determinar uma
quantidade diferente de sílabas entre a palavra escrita e
sua pronúncia na linguagem coloquial. Este é o caso de
todas as palavras a seguir, COM EXCEÇÃO DE
a) objeto
b) psicanalista
c) quarto
d) captar
e) significado
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fei 94) "A frase 'Leve-me para cima, Scotty' pode ter
ajudado a fixar a série 'Jornada nas Estrelas' na cabeça de
toda uma geração, mas o teletransporte do qual o seriado
serviu como arauto nunca foi levado a sério. Aquilo que
era uma brincadeira, porém, já deixou de ser simples
fantasia. Seis físicos descobriram como teletransportar
matéria à velocidade da luz.
Num trabalho que será publicado no periódico
'Physical Review Letters', intitulado 'Teletransportando
um estado quântico desconhecido por canais dual
clássico e de Einstein-Podolsky-Rosen', Charles Bennett,
da IBM em Nova York, e seus colegas descrevem um
método de teletransporte de partículas de um lugar para
outro. Bennett afirma que a teoria é válida, que parte dos
equipamentos para realizar o teletransporte já existe e é
provável que o resto possa ser desenvolvido.
O grande problema do teletransporte sempre foi
o princípio da incerteza de Heisenberg, que afirma ser
impossível medir exatamente todas as propriedades de
uma partícula subatômica. Por isso sempre pareceu
impossível recriar uma cópia exata de uma partícula em
outro lugar."
(William Bown, OESP, 23.05.93)
32. No fragmento de texto a palavra "arauto" significa:
a) assessor
b) emissário
c) mistério
d) epíteto
e) sequaz
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 98)
TERRA
1
Tudo tão pobre. Tudo tão longe do conforto e da
civilização, da boa cidade com as suas pompas e as suas
obras. Aqui, a gente tem apenas o mínimo e até esse
mínimo é chorado.
2
Nem paisagem tem, no sentido tradicional de
paisagem. Agora, por exemplo, fins d'águas e começos de
agosto, o mato já está todo zarolho. E o que não é zarolho
é porque já secou. Folha que resta é vermelha, caíram as
últimas flores das catingueiras e dos paus-d'arco, e não
haveria mais flor nenhuma não fossem as campânulas das
salsas, roxas e rasteiras.
3
No horizonte largo tudo vai ficando entre sépia e
cinza, salvo as manchas verdes, aqui e além, dos velhos
juazeiros ou das novatas algarobas. E os serrotes de pedra
do Quixadá também trazem a sua nota colorida; até
mesmo quando o sol bate neles de chapa, tira faísca de
arco-íris.
4
E a água, a própria água, não dá impressão de
fresca: nos pratos-d'água espelhantes ela tem reflexos de
aço, que dói nos olhos.
5
A casa fica num alto lavado de ventos. Casa tão
rústica, austera como um convento pobre, as paredes
caiadas, os ladrilhos vermelhos, o soalho areado. As
instalações rudimentares, a lenha a queimar no fogão, a
água de beber a refrescar nos potes. O encanamento novo
é um anacronismo, a geladeira entre os móveis primitivos
de camaru parece sentir-se mal.
6
Não tem jardim: as zínias e os manjericões que
levantavam um muro colorido ao pé dos estacotes, estão
ressequidos como ramos bentos guardados num baú.
Também não tem pomar, fora os coqueiros e as
bananeiras do baixio.
7
Não tem nada dos encantos tradicionais do
campo, como os conhecemos pelo mundo além. Nem
sebes floridas, nem regatos arrulhantes, nem sombrios
frescos de bosque - só se a gente der para chamar a
caatinga de bosque.
8
Não, aqui não há por onde tentar a velha
comparação, a clássica comparação dos encantos do
campo aos encantos da cidade. Aqui não há encantos.
Pode-se afirmar com segurança que isto por aqui não
chega sequer a ser campo. É apenas sertão e caatinga as
lombadas, o horizonte redondo e desnudo, o vento
nordeste varrendo os ariscos.
9
Comparo este mistério do Nordeste ao mistério
de Israel. Aquela terra árida, aquelas águas mornas,
aqueles pedregulhos, aqueles cardos, aquelas oliveiras de
parca folhagem empoeirada - por que tanta luta por ela,
milênios de amor, de guerra e saudade?
10
Por que tanto suor e carinho no cultivo daquele
chão que aparentemente só dá pedra, espinho e
garrancho?
11
Não sei. Mistério é assim: está aí e ninguém
sabe. Talvez a gente se sinta mais puros, mais nus, mais
lavados. E depois a gente sonha. Naquele cabeço limpo
vou plantar uma árvore enorme. Naquelas duas ombreiras
a cavaleiro da grota dá para fazer um açudinho. No pé da
parede caberão uns coqueiros e no choro da revência,
quem sabe, há de dar umas leiras de melancia. Terei
melancia em novembro.
...........................................................................................
12
Aqui tudo é diferente. Você vê falar em ovelhas
- e evoca prados relvosos, os brancos carneirinhos
redondos de lã. Mas as nossas ovelhas se confundem com
as cabras e têm pêlo vermelho e curto de cachorro-domato; verdade que os cordeirinhos são lindos.
13
Sim, só comparo o Nordeste à Terra Santa.
15
Homens magros, tostados, ascéticos. A carne de bode, o
queijo duro, a fruta de lavra seca, o grão cozido n'água e
sal. Um poço uma lagoa é como um sol líquido, em torno
do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos.
Pequenas ilhas d'água cercadas de terra por todos os
lados e em redor dessas ilhas a vida se concentra.
14
O mais é paz, o sol, o mormaço.
(Raquel de
Queirós)
33. Nas passagens "Homens magros, tostados,
ASCÉTICOS." (par.13) e "O mais é PAZ, o sol, o
mormaço." (par.14), as palavras em maiúsculo podem ser
substituídas, respectivamente, sem alterar o sentido, por:
a) descrentes e descanso.
b) místicos e sofrimento.
c) místicos e silêncio.
d) apáticos e tranqüilidade.
e) desanimados e harmonia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufjf 2002) O fragmento de texto a seguir foi selecionado
do capítulo "A forma do livro", da obra de MANGUEL,
Alberto. "Uma história da leitura." SP: Companhia das
Letras, 1977.
Nem todos os livros da Mesopotâmia destinavam-se a ser
segurados na mão. Existem textos escritos em superfícies
muito maiores, tais como o Código de Leis da Média
Assíria, encontrado em Assur e datado do século XII
a.C., que mede 6,2 metros quadrados e traz o texto em
colunas de ambos os lados. Obviamente, esse "livro" não
se destinava a ser carregado, mas erguido e consultado
como obra de referência. Nesse caso, o tamanho devia ter
também um significado hierárquico: uma tabuleta
pequena poderia sugerir um negócio privado; um livro de
leis nesse formato tão grande com certeza aumentava, aos
olhos do leitor mesopotâmico, a autoridade das leis.
34. Releia:
"... e, como acontece com todas as formas, esses
TRAÇOS CAMBIANTES fixam uma qualidade
precisa..." (1Ž parágrafo)
A expressão TRAÇOS CAMBIANTES teria como
SENTIDO OPOSTO:
a) traços ambíguos.
b) traços relevantes.
c) traços permanentes.
d) traços estrangeiros.
e) traços flutuantes.
A FORMA DO LIVRO
Minhas mãos, escolhendo um livro que quero levar para a
cama ou para a mesa de leitura, para o trem ou para dar
de presente, examinam a forma tanto quanto o conteúdo.
Dependendo da ocasião e do lugar que escolhi para ler,
prefiro algo pequeno e cômodo, ou amplo e substancial.
Os livros declaram-se por meio de seus títulos, seus
autores, seus lugares num catálogo ou numa estante,
pelas ilustrações em suas capas; declaram-se também
pelo tamanho. Em diferentes momentos e em diferentes
lugares, acontece de eu esperar que certos livros tenham
determinada aparência, e, como ocorre com todas as
formas, esses traços cambiantes fixam uma qualidade
precisa para a definição do livro. Julgo um livro por sua
capa; julgo um livro por sua forma.
Desde os primórdios, os leitores exigiram livros em
formatos adaptados ao uso que pretendiam lhes dar. As
tabuletas mesopotâmicas eram geralmente blocos de
argila quadrados, às vezes oblongos, de cerca de 7,5
centímetros de largura; cabiam confortavelmente na mão.
Um livro consistia de várias dessas tabuletas, mantidas
talvez numa bolsa ou caixa de couro, de forma que o
leitor pudesse pegar tabuleta após tabuleta numa ordem
predeterminada. É possível que os mesopotâmicos
também tivessem livros encadernados de modo parecido
ao dos nossos volumes: monumentos funerários de pedra
neo-hititas representam alguns objetos semelhantes a
códices - talvez uma série de tabuletas presas umas às
outras dentro de uma capa -, mas nenhum livro desses
chegou até nós.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Uel 97) Assinale a letra correspondente à alternativa que
preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
35. A .......... do .......... emprego das verbas culminou em
desentendimentos entre os diretores da firma.
a) repercurção - mal
b) repercurção - mau
c) repercução - mau
d) repercussão - mau
e) repercussão - mal
36. De um movimento .......... , .......... das famílias
carentes do bairro, resultou a grande festa .......... .
a) espontâneo - em pró - beneficiente
b) espontâneo - em prol - beneficente
c) espontaneo - em prol - beneficiente
d) expontaneo - em prol - beneficente
e) expontâneo - em pró - beneficiente
37. Eis aí os motivos .......... ainda não .......... o
planejamento da obra.
a) por que - lhe foi enviado
b) por quê - foi-lhe enviado
c) por que - foi enviado-lhe
d) porque - foi-lhe enviado
e) porque - lhe foi enviado
16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 98) Leia os trechos a seguir da obra de Guimarães
Rosa, A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, e
responda às questões:
"E o camarada Quim sabia disso, tanto que foi
se encostando de medo que ele entrou. Tinha poeira até
na boca. Tossiu.
- Levanta e veste a roupa, meu patrão Nhô
Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, p'ra lhe
contar.
E tremeu mais, porque Nhô Augusto se erguia
de um pulo e num átimo se vestia. Só depois de meter na
cintura o revólver, foi que interpelou. dente em dente.
- Fala tudo!
Quim Recadeiro gaguejou suas palavras poucas,
e ainda pôde acrescentar:
- ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio de
honra, com sangue só p'ra o dono, e pensei que o senhor
podia não gostar...
- Fez na regra, e feito! Chama os meus homens!
Dali a pouco, porém, tornava o Quim, com nova
desolação: os bate-pés não vinham... Não queriam ficar
mais com Nhô Augusto... O Major Consilva tinha
ajustado, um e mais um, os quatro, para seus capangas,
pagando bem.
(...)
O cavalo de Nhô Augusto obedeceu para diante;
as ferraduras tiniram e deram fogo no lajedo; e o
cavaleiro, em pé nos estribos, trouxe a taca no ar,
querendo a figura do velho. Mas o Major piscou, apenas,
e encolheu a cabeça, porque mais não era preciso, e os
capangas pulavam de cada beirada, e eram só pernas e
braços.
- Frecha, povo! Desmancha!"
38. Observe, com atenção, nos fragmentos a seguir, as
expressões em maiúsculo:
"...porque Nhô Augusto se erguia e NUM ÁTIMO se
vestia."
" - ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio DE
HONRA, COM SANGUE só p'ra o dono..."
"- FEZ NA REGRA, E FEITO!"
"... as ferraduras tiniram e DERAM FOGO no lajedo..."
Aponte a alternativa que, respectivamente, substitui as
expressões em maiúsculo, do ponto de vista do
significado.
a) Num abrir e fechar de olhos, de pureza, com morte, fez
conforme o combinado, faiscaram.
b) Em parte, de brio, com ferimento, agiu de acordo com
o costume, brilharam.
c) Em curto espaço de tempo, de brio, com morte, agiu de
acordo com o costume, faiscaram.
d) Em parte, de grandeza, com ferimento, desobedeceu às
normas, riscaram.
e) Em curto espaço de tempo, de glória, com resistência,
fez conforme o combinado, acenderam.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 2001) Até algum tempo atrás, imaginava-se que um
cérebro jovem, em sua plena vitalidade biológica, £fosse
muito mais poderoso e criativo do que um outro já
maduro e desgastado pela idade. A matemática fornecia o
maior dos ¤argumentos para os defensores dessa teoria:
quase todas as grandes equações matemáticas foram
propostas ou decifradas por gente com menos de 30 anos.
Albert Einstein tinha apenas 26 anos "quando apresentou
sua Teoria Geral da Relatividade - a mais revolucionária
de todas as elaborações matemáticas, que lhe valeu o
Prêmio Nobel de Física, quinze anos ¦depois. O
argumento é forte, porém ele se baseia numa idéia
ultrapassada __1__ respeito da mente humana. As novas
§descobedas estão mostrando que a inteligência não se
limita__2__ capacidade de raciocínio lógico, necessária
para propor ou resolver uma ¨complicada equação
matemática. Os testes de Ql, um dos antigos parâmetros
usados para medir a inteligência, já não servem ©mais
para avaliar a capacidade cerebral de uma pessoa.
A inteligência é muito mais que ªisso. ¢¡É uma soma
inacreditável de fatores, que inclui ¢¢até os emocionais.
Uma pessoa excessivamente tímida ou muito agressiva
terá problemas para conseguir um bom emprego, __3__
na profissão ou ter bom relacionamento familiar, por
maior que seja seu Ql. O que os novos estudos estão
mostrando ¢£no momeno é que ¢£um cérebro jovem
¢¤tende, sim, a ser mais ¢¥inovador e ¢¦revolucionário.
Mas, como um bom vinho ou uma boa idéia, ¢§ele
também ¢¨pode ¢©amadurecer e melhorar com o tempo.
Basta ¢ªser estimulado.
(Adaptado
de:
GUARACY,
Thales;
RAMALHO, Cristina. "Veja",19 de agosto de 1998.)
39. Assinale a alternativa que contém uma palavra que
poderia substituir "complicada" (ref. 7) no texto, sem
alteração do significado da frase em que ela se insere.
a) intrincada
b) estratificada
c) imbricada
d) diferenciada
e) multifacetada
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufc 2001)
MEIO-DIA (2)
O sol tomba,
vertical,
dos edifícios.
Ardem os muros perfilados.
Os objetos vomitam cores,
embriagados.
17
O vermelho dos sinais ri,
em chamas,
para os carros.
Na calçada,
a luz lambe
as coxas da garota,
penetra no blue-jeans
os manequins,
irriga de calor
a angústia dos homens.
(Tudo se queima,
tudo se consome,
tudo arde infinito.)
Ó súbita revelação:
o sol me aponta
o carvão íntimo
das coisas,
negro
coração
batendo na claridade.
(ESPÍNOLA, Adriano. "Beira-Sol". Rio de Janeiro:
Topbooks, 1999. p.72-73)
40. Marque V ou F, conforme seja verdadeira ou falsa a
relação entre a passagem do texto e sua interpretação.
1. ( ) O sol tomba, / vertical, (v.1-2) - O sol desaba no
horizonte.
2. (
) Os objetos vomitam cores, / embriagados. (v. 56) - O reflexo da luz é intenso e difuso.
3. ( ) O vermelho dos sinais ri, / em chamas, / para os
carros. (v. 7-9) - Os semáforos congestionam o fluxo dos
carros.
A seqüência correta se encontra na alternativas:
a) F - V - V
b) F - V - F
c) V - F - V
d) V - V - F
e) V - F - F
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 98)
Olhava mais era para Mãe. Drelina era
bonita, a Chica, Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: - "Tio
Terêz, o senhor parece com Pai ..." Todos choravam. O
doutor limpou a goela, disse: - "Não sei, quando eu tiro
esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem
d'água..." Miguilim entregou a ele os óculos outra vez.
Um soluçozinho veio. Dito e a Cuca Pingo-de-Ouro. E o
Pai. SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM ... SEMPRE
ALEGRE, MIGUILIM ... Nem sabia o que era alegria e
tristeza. Mãe o beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite
nas algibeiras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto,
falava.
(in "Manuelzão e Miguilim"; João
Guimarães Rosa)
41. "Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, ATÉ
meus olhos se enchem d'água..."
O valor semântico de ATÉ coincide com o do texto em:
a) Me disseram que na casa dele ATÉ cachorro sabe
padre-nosso.
b) Bebeu uma bagaceira, saiu para a rua, sob a chuva
intensa, andou ATÉ a segunda esquina, atravessou a
avenida... .
c) ATÉ então, ele não inquietava os investidores, uma
vez que era utilizado para financiar investimentos.
d) Não sei se poderei esperar ATÉ a próxima semana.
e) Foi ATÉ a sala e retornou.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unirio 99)
Combate no escuro
1
É sempre surpreendente a capacidade de alguns
enxadristas para visualizar, com várias jogadas de
antecedência, aquilo que o comum dos mortais não
enxerga nem mesmo quando a peça já foi movida no
tabuleiro. Esse talento, comum a todos os profissionais
de vários jogos e também compartilhado por alguns
amadores brilhantes, é ainda mais surpreendente quando
exercido sem ter sequer o apoio visual do tabuleiro, ou
seja, inteiramente às cegas.
2
Nesse tipo de disputa, é comum um dos
parceiros atuar normalmente, olhando e movendo suas
peças, enquanto o adversário faz seus lances
mentalmente. Este não pode nem observar as posições
resultantes das jogadas. Trabalha o tempo todo no escuro.
3
Há, entretanto, uma modalidade que é quase um
ultraje à capacidade de processamento de um cérebro
comum. Trata-se da simultânea às cegas, isto é, um só
jogador disputando, sem olhar, várias partidas diferentes
ao mesmo tempo, contra oponentes que jogam
individualmente, todos acompanhando os respectivos
tabuleiros.
4
Confrontos de xadrez bizarros assim já foram
várias vezes organizados, sobretudo para remunerar
profissionais talentosos e necessitados, e a quantidade de
partidas concomitantes começou a inflacionar. O
americano Harry Nelson Pillsbury (1872 - 1906) jogou
21 partidas contra adversários dos bons, durante um
torneio em Hannover, Alemanha, em 1902. Pillsbury
deixava até que os outros jogadores se consultassem
mutuamente sobre os melhores lances e os tentassem
previamente, mexendo as peças sobre os tabuleiros. (...)
5
Isso, claro, é para poucos. Mas existe um
curioso meio-termo entre a partida às cegas e a normal,
bem mais palatável para gente como a gente. É uma
variedade excêntrica do xadrez, chamada "Kriegspiel",
18
que você pode adaptar para outros jogos de tabuleiro,
desde que conheça a idéia fundamental, muito simples.
6
Além de dois jogadores, é preciso uma terceira
pessoa para atuar como juiz. Os dois primeiros sentam-se
de costas um para o outro, cada qual com um tabuleiro e
somente as suas próprias peças. Entre eles, posiciona-se o
juiz, que terá um terceiro tabuleiro e as peças de ambos
os contendores.
7
A cada lance, o juiz move a respectiva peça no
seu tabuleiro e avisa ao adversário que o deslocamento
foi feito. Se a jogada não estiver dentro das regras, limitase a dizer "não pode" - e solicita outra opção. (...)
(Luis Dal Monte Neto - REVISTA
SUPERINTERESSANTE)
42. "... visualizar, com várias jogadas de antecedência,
"(par.1) implica, respectivamente:
a) criatividade, raciocínio, conhecimento.
b) criatividade, dedução, raciocínio.
c) lógica, memória, observação.
d) conhecimento, raciocínio, dedução.
e) dedução, observação, lógica.
43. "e a quantidade de partidas concomitantes começou a
INFLACIONAR". (par.4)
Na passagem acima, a palavra destacada pode ser
substituída, sem perda do sentido, por:
a) viabilizar.
b) surgir.
c) aumentar.
d) valorizar.
e) dissipar.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 2003) (...)
As angústias dos brasileiros em relação ao português são
de duas ordens. Para uma parte da população, a que não
teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu
galgar posições, o problema é sobretudo com a
gramática. É esse o público que consome avidamente os
fascículos e livros do professor Pasquale, em que as
regras básicas do idioma são apresentadas de forma clara
e bem-humorada. Para o segmento que teve oportunidade
de estudar em bons colégios, a ¢principal dificuldade é
com clareza. É para satisfazer a essa demanda que um
novo tipo de profissional surgiu: o professor de português
especializado em adestrar funcionários de empresas.
Antigamente, os cursos dados no escritório eram de
gramática básica e se destinavam principalmente a
secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram a
atender primordialmente gente de nível superior. Em
geral, os professores que atuam em firmas são
acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho
esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. "É
fascinante, porque deixamos de viver a teoria para
enfrentar a língua do mundo real", diz Antônio Suárez
Abreu, livre-docente pela Universidade de São Paulo (...)
(JOÃO GABRIEL DE LIMA. "Falar e escrever, eis a
questão". VEJA, 7/11/2001, n. 1725)
44. Considerando que o autor do texto apresenta os fatos
a partir da perspectiva daqueles que procuram um curso
de língua portuguesa, aponte o sentido que a palavra
"demanda" assume no texto.
a) busca
b) necessidade
c) exigência
d) pedido
e) disputa
45. (Fuvest 2002) A frase em que a palavra destacada
preserva o sentido com que foi empregada no texto é:
a) Na mais sumária RELAÇÃO das virtudes humanas
não deixará de constar a sinceridade.
b) Sobretudo os POBRES sentem o peso do que seja
banimento ou discriminação.
c) É por vezes difícil a DISCRIMINAÇÃO entre
tolerância e menosprezo.
d) Enfrentar a CONTRADIÇÃO é sempre um grande
passo para o nosso crescimento.
e) Se TRADUZIR é difícil, mais difícil é o diálogo entre
pessoas que se mascaram na mesma língua.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Fuvest 2002) A característica da relação do adulto com o
velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir
numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se
discute com o velho, não se confrontam opiniões com as
dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que
só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o
afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações
humanas são pobres e banais porque deixamos que o
outro se expresse de modo repetitivo e porque nos
desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o
que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a
dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim,
como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o
nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, "Memória e sociedade" Lembranças de velhos)
46. O termo ALTERIDADE liga-se, pelo radical e pelo
sentido, a uma palavra que aparece no trecho:
a) falta de reciprocidade.
b) não se confrontam opiniões.
c) que o outro se expresse.
d) nos desviamos das áreas de atrito.
e) abdicação do diálogo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2000)
Óbito
autor
do
19
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo
princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o
meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar
seja começar pelo nascimento, duas considerações me
levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu
não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto
autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é
que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.
(Machado de Assis, "Memórias
póstumas de Brás Cubas", Capítulo primeiro)
47. No texto, o particípio SUPOSTO expressa uma idéia
de
a) causa.
b) finalidade.
c) tempo.
d) concessão.
e) conformidade.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Uel 2001)
A cerveja
A versão nacional de sexo, drogas e "rock and roll" é
samba, suor e cerveja. A famosa loura gelada se
configurou como a bebida número 1 quando as indústrias
perceberam que era necessário associar um conceito que
estimulasse as vendas. Como as marcas que patrocinam
esportes, as campanhas publicitárias de cerveja
agregaram ao ato de beber a idéia de lazer em grupo. Ao
contrário da pinga, ela é uma bebida para ser
compartilhada e, com isso, se traduziu como um
instrumento de alegria coletiva, uma espécie de
combustível que faz aflorar a característica da festividade
do caráter nacional. "Cerveja é amizade, confraternização
e descontração, enfim, valores muito próximos de nós
brasileiros", define Marcos Mesquita, superintendente do
Sindicerv, Sindicato das Indústrias Cervejeiras. Da
década de 80 para a de 90, os fabricantes enterraram de
vez o caráter artesanal da cerveja. Pequenas produtoras
foram compradas e as marcas tradicionais investiram em
sistemas de produção mais eficientes, o que ajudou a
baratear o custo do produto e aumentar o volume de
vendas. Colocá-la como patrocinadora das festas de
carnaval foi a estratégia definitiva para alçá-la de vez a
paixão nacional. A cerveja é hoje o produto nacional que
mais contribui para as receitas públicas, cerca de R$5,5
bilhões por ano, superando os carros e o cigarro.
("Veja", Edição Especial, nŽ 1578, 29/12/99.)
48. "... as indústrias perceberam que era necessário
associar um CONCEITO que estimulasse as vendas."
Segundo o texto, esse conceito seria:
a) A bebida número 1.
b) A loura gelada.
c) O "rock and roll."
d) O samba.
e) O lazer em grupo.
49. "Ao contrário da pinga, ela é uma bebida para
compartilhada e, com isso, se traduziu como
instrumento de alegria coletiva, uma espécie
combustível que faz AFLORAR a característica
festividade do caráter nacional."
ser
um
de
da
"Colocá-la como patrocinadora das festas de carnaval foi
a estratégia definitiva para ALÇÁ-LA de vez a paixão
nacional."
Observados ajustes necessários, as expressões
AFLORAR E ALÇÁ-LA podem ser substituídas, sem
alteração do sentido do texto, por:
a) emergir - elevá-la à condição de
b) delinear - torná-la alta
c) reiterar - transformá-la
d) vir à tona - divulgá-la
e) enterrar - subestimá-la
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Faap 96)
OS DESASTRES DE SOFIA
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho
anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara
pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que
sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de
ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha
ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos
sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e
romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída
pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele
tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara.
Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto,
mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas,
até que ele dizia, vermelho:
- Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode
me mandar! Ele não mandava, senão estaria me
obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara
doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem
que de certo modo eu amava. Não o amava como a
mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança
que tenta desastradamente proteger um adulto, com a
cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem
forte de ombros tão curvos. (...)
Clarice
Lispector
50. "Óculos sem aro ... ENCIMANDO o nariz grosso e
romano."
ENCIMANDO, no texto, é:
a) colocando em cima
b) escondendo parte de
20
c) ocultando o todo
d) ornamentando
e) tirando o brilho
51. EXASPERAVA, do verbo exasperar não é outra
coisa, senão:
a) humilhar
b) vilipendiar
c) obstar
d) surpreender
e) enfurecer
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fatec 2002)
AS COUSAS DO MUNDO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, "Seleção de Obras Poéticas")
52. Devido quer aos hábitos lingüísticos quer às
preferências literárias de sua época, o autor vale-se de
algumas palavras e expressões que poderiam ser
"traduzidas" para uma forma contemporânea e mais
corrente. Assinale a alternativa em que aparece o
equivalente de sentido adequado ao contexto:
a) "[...] ao nobre o vil decepa"= o nobre corta o mal pela
raiz.
b) "[...] é mais rico o que mais rapa"= é tanto mais rico
aquele que rouba mais.
c) "Quem mais limpo se faz, tem mais carepa"= quem
mais se limpa, mais perde cabelos.
d) "O velhaco maior sempre tem capa"= idosos têm mais
necessidade de agasalho.
e) "A flor baixa se inculca por tulipa"= a flor rasteira
teima em crescer mais alto.
férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais
difícil das conquistas. Difícil porque namorado de
verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele,
de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
2
Paquera,
gabiru,
flerte,
caso,
transa,
envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado, mesmo,
é muito difícil.
3
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas
aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao
lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo
proteção. A proteção dele não precisa ser parruda,
decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão
ou mesmo de aflição.
4
Quem não tem namorado não é quem não tem
um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você
tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e
dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado. (...)
5
Não tem namorado quem não gosta de dormir
agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não
tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor,
nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro
dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela
lucidez do amor. Não tem namorado quem não
redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela
para parques, fliperamas, beira d'água show do Milton
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou
musical da Metro.(...)
6
Se você não tem namorado porque não
descobriu que o amor é alegre e você vive pesando
duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais
leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma
com leves fricções de esperança. De alma escovada e
coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e
descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e
sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. (...)
7
Se você não tem namorado é porque ainda não
enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida
parar e de repente parecer que faz sentido.
8
Enlou-cresça."
(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Obra
completa". Rio, Aguilar, 1982.)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 2001)
"NAMORADO: TER OU NÃO, É
UMA QUESTÃO
53. "Enlou-cresça." (par.8) O neologismo em questão
sintetiza o seguinte pensamento:
a) só é possível crescer se a vida não fizer nenhum
sentido.
b) o sentido da vida se constrói a partir do crescimento
intelectual.
c) crescimento e loucura são considerados processos
incompatíveis.
d) o sentido da vida se dá pela tensão entre crescimento e
loucura.
e) o sentido da vida é construído por meio da loucura.
1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Quem não tem namorado é alguém que tirou
21
(Fuvest 94)
COCURUTO
GOLS
DE
O melhor momento do futebol para um tático é o
minuto de silêncio. É quando os times ficam perfilados,
cada jogador com as mãos nas costas e mais ou menos no
lugar que lhes foi designado no esquema - e parados.
Então o tático pode olhar o campo como se fosse um
quadro negro e pensar no futebol como alguma coisa
lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo e tudo
desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa
a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de
qualquer estrategista. O futebol brasileiro já teve grandes
estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do jogo. O
Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o
jogo numa mesa de botão. Da entrada em campo até a
troca de camisetas, incluindo o minuto de silêncio. Foi
um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma
reputação no campo à altura de sua reputação no
vestiário. Falava um jogo e o time jogava outro. O
problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram
mais inteligentes do que seus jogadores.
(L. F. Veríssimo, O Estado de São
Paulo, 23/08/93)
54. As expressões que retomam, no texto, o segmento "o
melhor momento do futebol" são
a) os times ficam perfilados - aí.
b) é quando - então.
c) aí - os jogadores se movimentam.
d) o tático pode olhar o campo - aí.
e) é quando - começa o jogo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufba 96) O SINO DE OURO
1
Contaram-me que, no fundo do sertão de Goiás,
numa localidade de cujo nome não estou certo, mas acho
que é Porangatu, que fica perto do rio de Ouro e da serra
de Santa Luzia, ao sul da serra Azul - mas também pode
ser Uruaçu, junto do rio das Almas e da serra do Passa
Três (minha memória é traiçoeira e fraca; eu esqueço os
nomes das vilas e a fisionomia dos irmãos, esqueço os
mandamentos e as cartas e até a amada que amei com
paixão) -, mas me contaram que em Goiás, nessa
povoação de poucas almas, as casas são pobres e os
homens pobres, e muitos são parados e doentes e
indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que
ali tem - coisa bela e espantosa - um grande sino de ouro.
2
Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão,
dádiva ao Senhor de um grã-senhor - nem Chartres, nem
Colônia, nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma catedral
imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de
um som tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro
catado e fundido na própria terra goiana nos tempos de
antigamente.
3
É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu
som vai voando em ondas mansas sobre as matas e os
cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia do
chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e
avança em ondas mansas sobre os campos imensos, o
som do sino de ouro. E a cada um daqueles homens
pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem
que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em
procura de Deus - gemidos, gritos, blasfêmias, batuques,
sinos, orações, e o murmúrio temeroso e agônico das
grandes cidades que esperam a explosão atômica e no seu
próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as
explosões - eles sabem que Deus, com especial delícia e
alegria, ouve o som alegre do sino de ouro perdido no
fundo do sertão. E então é como se cada homem, o mais
pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e
triste, tivesse dentro da alma um pequeno sino de ouro.
4
Quando vem o forasteiro de olhar aceso de
ambição e propõe negócios, fala em estradas, bancos,
dinheiro, obras, progresso, corrupção - dizem que esses
goianos olham o forasteiro com um olhar lento e
indefinível sorriso e guardam um modesto silêncio. O
forasteiro de voz alta e fácil não compreende; fica, diante
daquele silêncio, sem saber que o goiano está quieto,
ouvindo bater dentro de si, com um som de extrema
pureza e alegria, seu particular sino de ouro. E o
forasteiro parte, e a povoação continua pequena, humilde
e mansa, mas louvando a Deus com sino de ouro. Ouro
que não serve para perverter, nem o homem nem a
mulher, mas para louvar a Deus.
5
E se Deus não existe não faz mal. O ouro do sino
de ouro é neste mundo o único ouro de alma pura, o ouro
no ar, o ouro da alegria. Não sei se isso acontece em
Porangatu, Uruaçu ou outra cidade do sertão. Mas quem
me contou foi um homem velho que esteve lá; contou
dizendo: " eles têm um sino de ouro e acham que vivem
disso, não se importam com mais nada, nem querem mais
trabalhar; fazem apenas o essencial para comer e
continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de
ouro ".
6
O homem velho me contou isso com espanto e
desprezo. Mas eu contei a uma criança e nos seus olhos
se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita do mundo
deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta
mesma a opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista
ele só pode ter a mesma opinião de uma criança. Pois
cada um de nós quando criança tem dentro da alma seu
sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e
pecado e corrupção, vai virando ferro e chumbo, vai
virando pedra e terra, e lama e podridão.
BRAGA, Rubem. A BORBOLETA AMARELA:
CRÔNICAS. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1963.
p.64-7.
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a
soma dos itens corretos.
22
55. Há correspondência entre as expressões transcritas e
o sentido sugerido, em:
(01) "... fundo do sertão..." (p.1);
"... deserto carrascal..." (p.3) - isolamento, grande
distância.
(02) "Lembrança de antigo esplendor..." (p.2);
"... tempos de antigamente." (p.2) - passado remoto e
indefinido.
(04) "... murmúrio temeroso e agônico..." (p.3);
"... ventre negro..." (p.3) - revolta e protesto.
(08) "... olhar aceso de ambição..." (p.4);
"... voz alta e fácil..." (p.4) - insensibilidade e esperteza.
(16) "... olhar lento e indefinível sorriso..."(p.4);
"... modesto silêncio." (p.4) - ironia e falta de
comunicação.
Soma (
)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 2002) LUZ DO SOL
Luz do sol,
Que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça,
Em vida, em força e em luz
Céu azul,
Que vem até aonde os pés tocam a terra
E a terra expira e exala seus azuis.
Reza, reza o rio,
Córrego pro rio,
O rio pro mar.
Reza a correnteza,
Roça a beira,
Doura a areia.
Marcha o homem sobre o chão,
Leva no coração uma ferida acesa.
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza,
A coisa mais querida:
A glória da vida.
(Caetano Veloso)
56. No verso "Que a folha TRAGA e TRADUZ", os
vocábulos destacados correspondem, semanticamente, a:
a) absorve e transforma
b) interage e insere
c) engloba e exala
d) dissipa e reflete
e) dizima e capta
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 2000)
ANTES DO
NOME
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surdamuda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
(Adélia Prado - "Bagagem")
57. "Não me importa a palavra, esta corriqueira." (v.1)
No contexto do poema, CORRIQUEIRA pode ser
entendida como:
a) fugaz.
b) ligeira.
c) fugidia.
d) trivial.
e) veloz.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fei 99) "Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na
qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne
ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas
rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de FINADO.
Escrevi-a com a pena da GALHOFA e a tinta da
melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse
CONÚBIO. Acresce que a gente grave achará no livro
umas aparências de puro romance, ao passo que a gente
FRÍVOLA não achará nele seu romance usual; ei-lo aí
fica PRIVADO da estima dos graves e do amor dos
frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião".
58. Observe as palavras em destaque no texto: "finado",
"galhofa", "conúbio", "frívolo" e "privado". Assinale a
alternativa que oferece sinônimos INCORRETOS ao
significado que as palavras possuem no contexto em que
aparecem:
a) finado: defunto, falecido
b) galhofa: gracejo, zombaria
c) conúbio: aliança, união
d) frívola: fútil, volúvel
e) privado: pessoal, particular
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Cesgranrio 95) Por amor à Pátria
23
1
O que é mesmo a Pátria?
2
Houve, com certeza, uma considerável
quantidade de brasileiros(as) que, na linha da própria
formação, evocaram a Pátria com critérios puramente
geográficos: uma vastíssima porção de terra, delimitada,
porém, por tratados e convenções. Ainda bem quando
acrescentaram: a Pátria é também o Povo, milhões de
homens e mulheres que nasceram, moram, vivem, dentro
desse território.
3
Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de
Pátria e pensaram nas riquezas e belezas naturais
encerradas na vastidão da terra. Então, a partir das cores
da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do
firmamento espelhado no oceano, o amarelo dos metais
escondidos no subsolo. Ufanaram-se legitimamente do
seu país ou declararam, convictos, aos filhos jovens, que
jamais hão-de ver país como este.
4
Foi o que fizeram todos quantos procuraram a
Pátria no quase meio milênio da História do Brasil,
complexa e fascinante História de conquistas e reveses,
de "sangue, suor e lágrimas", mas também de esperanças
e de realizações. Evocaram gestos heróicos, comovedoras
lendas e sugestivas tradições.
5
Tudo isso e o formidável universo humano e
sacrossanto que se oculta debaixo de tudo isso
constituem a Pátria. Ela é história, é política e é religião.
Por isso é mais do que o mero território. É algo de
telúrico. É mais do que a justaposição de indivíduos, mas
reflete a pulsação da inenarrável história de cada um.
6
A Pátria é mais do que a Nação e o Estado e
vem antes deles. A Nação mais elaborada e o Estado
mais forte e poderoso, se não partem da noção de Pátria e
não servem para dar à Pátria sua fisionomia e sua
substância interior, não têm todo o seu valor.
7
Por último, quero exprimir, com os olhos fixos
na Pátria, o seu paradoxo mais estimulante. De um lado,
ela é algo de acabado, que se recebe em herança.
8
Por outro lado, ela nunca está definitivamente
pronta. Está em construção e só é digno dela quem
colabora, em mutirão, para ir aperfeiçoando o seu ser.
Independente, ela precisa de quem complete a sua
independência. Democrática, ela pertence a quem tutela e
aprimora a democracia. Livre, ela conta com quem
salvaguarda a sua liberdade. E sobretudo, hospitaleira,
fraterna, aconchegante, cordial, ela reclama cidadãos e
filhos que a façam crescer mais e mais nestes atributos
essenciais de concórdia, equilíbrio, harmonia, que a
fazem inacreditavelmente Pátria - e me dá vontade de
dizer, se me permitem criar um neologismo,
inacreditavelmente Mátria.
9
Pensando bem, cada brasileiro, quem quer que
seja, tem o direito de esperar que os outros 140 milhões
de brasileiros sejam, para ele, Pátria.
Dom Lucas Moreira Neves
(adaptação) JORNAL DO BRASIL - 08/09/93
59. No texto, as expressões "Ainda bem" (parágrafo 1) e
"Então" (parágrafo 2) podem ser substituídas,
respectivamente, sem prejuízo semântico, por:
a) Finalmente e Portanto.
b) Felizmente e Por isso.
c) Embora e Por conseguinte.
d) Por sorte e Conquanto.
e) Malgrado e Porquanto.
60. Os termos a seguir: "telúrico" (parágrafo 5) e
"paradoxo" (parágrafo 7) poderiam ser substituídos, sem
que se alterasse o sentido do texto, respectivamente, por:
a) relativo ao sangue / eixo.
b) relativo à magia / dualidade.
c) relativo à energia / alternativa.
d) relativo ao solo / contra-senso.
e) relativo ao positivismo / contraposição.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Puc-rio 99)
A TERCEIRA MARGEM DO RIO
1
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro,
positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que
testemunharam as diversas pessoas sensatas, quando
indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro,
ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os
outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era
quem regia, e que ralhava ¢no diário com a gente - minha
irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso
pai mandou fazer para si uma canoa.
2
Era a sério. §Encomendou a canoa especial, de
pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa,
como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda
fabricada, escolhida forte e arquejada em rijo, própria
para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos.
Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que
nessas artes não vadiava, se ia propor agora para
pescarias e caçadas? ¦Nosso pai nada não dizia. Nossa
casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de
nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande,
fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a
forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em
que a canoa ficou pronta.
3
Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o
chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou
outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez
nenhuma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que
ela ia ¥esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida,
mascou o beiço e bramou: "-Cê vai, ocê fique, você
nunca volte!" ©Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou
manso para mim, me acenando de vir também, por uns
passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de
jeito. ¨O rumo daquilo me animava, chega que um
propósito perguntei: - "Pai, o senhor me leva junto, nessa
sua canoa?" ¥Ele só retornou o olhar em mim, e me
£botou a bênção, com gesto me mandando para ¤trás. Fiz
que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber.
Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a
24
canoa saiu se indo - a sombra dela por igual, feito um
jacaré, comprida longa.
(Guimarães Rosa, J. FICÇÃO COMPLETA.
Rio de Janeiro, Ed. Nova Aguilar, 1994, p.409.)
61. I - "No diário" (ref.1) é o mesmo que "no cotidiano".
II - "Botou" (ref.2) é um antônimo informal de "deu".
III - "Trás" (ref.3) tem um homônimo de classe diferente.
IV - "Esbravejar" (ref.4) é sinônimo perfeito de "irritarse".
Assinale a opção que apresenta as afirmações corretas.
a) I, II e III, somente.
b) II, III e IV, somente.
c) II e IV, somente.
d) Todas estão corretas.
e) I e III, somente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96)
A língua é a nacionalidade do
pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo. Da
mesma forma que instituições justas e racionais revelam
um povo grande e livre, uma língua pura, nobre e rica,
anuncia a raça inteligente e ilustrada. Não é obrigando-a
a estacionar que hão de manter e polir as qualidades que
porventura ornem uma língua qualquer; mas sim fazendo
que acompanhe o progresso das idéias e se molde às
novas tendências do espírito, sem contudo perverter a sua
índole a abastardar-se."
(José de Alencar)
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses (V) se
for verdadeiro ou (F) se for falso.
62. Em "...raça inteligente e ILUSTRADA." e
"...PERVERTER a sua índole e ABASTARDAR-SE.",
os
termos
em
destaque
podem
significar,
respectivamente:
(
) que tem gravuras ou ilustrações / desvirtuar /
abastecer-se;
( ) instruída / corromper / degenerar-se;
( ) digna de louvor / transtornar / prover do necessário;
( ) distinta / complicar / fazer perder a genuinidade;
( ) nobre / estabelecer / corromper-se.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 2001)
RIOS SEM DISCURSO
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez,
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
(NETO,João Cabral de Melo.
"Antologia
poética." Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.)
63. "Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:"
Se, no poema, "poço" equivale a "dicionário", "rio"
equivale ao seguinte elemento lingüística:
a) texto
b) verso
c) regência
d) vocabulário
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uel 2001)
Do riso ao trote
Andamos cansados de assassinatos em escolas, aqui e nos
Estados Unidos, de guerras estúpidas e de trotes violentos
que, de vez em quando, terminam tragicamente. Mas
acho que deveríamos ser menos cínicos, e começar a
considerar normais essas coisas, a não ser que decidamos
ir fundo e pôr em questão também outras formas de
relacionamento humano que tendemos a considerar não
problemáticas.
Para começar, considere o caro leitor as piadas. Podem
ser piadas relativas aos portugueses ou às loiras, mas as
relativas aos homossexuais ou aos negros são exemplos
mais evidentes. Freud acha que, quando fazemos uma
piada, estamos de alguma maneira substituindo uma
agressão física por uma agressão verbal, mesmo que a
piada obrigue essa agressão a ser indireta. Se seguirmos
Freud, admitiremos que o desejo de destruição do outro de qualquer um que seja diferente - só não é posto em
prática por repressão, dito de outra maneira, como efeito
de civilização, que é em grande parte um conjunto de
tecnologias para controlar pulsões, instintos. A distância
entre uma guerra e uma piada racista é grande,
certamente, mas ambas pertencem à mesma linhagem:
são uma forma de agredir o outro, de expressar a certeza
de que o outro não é como nós.
25
Jogar calouros que não sabem nadar numa piscina,
durante um trote - ou convidados em festas caseiras - é,
para muitos, apenas uma diversão. Pode ser verdade que
não haja nenhuma intenção - consciente - de provocar a
morte de alguém. Mas fica uma pergunta incômoda: por
que divertir-se jogando os outros na água?
Mudo de cena, sem trocar de tema. Nos domingos à
tarde, num dos programas mais assistidos da televisão
brasileira, um ponto alto são as "vídeo-cassetadas": em
geral são cenas domésticas nas quais ocorre pequeno
acidente inesperado. A sagrada família brasileira se
diverte, o povo mais pacífico do mundo chora de tanto
rir. Ri de alguém que se arrebenta, que corre risco de
ferimentos, que sofre humilhações diante de platéias que
se tornaram multidões por via da televisão. Um
espetáculo de puro - pequeno? - sadismo.
Depois alguém dá um tiro em alguém por nada (por dá cá
aquela palha, dir-se-ia) e todos nos horrorizamos, não
entendemos de onde vem tanta violência. Ora, vem de
dentro de nós, de todos nós. Se não cuidamos disso todos
os dias, se não cultivamos a leveza e a delicadeza, só nos
divertiremos com muito álcool, algum pó e alguém
jogado na água. E se ele morrer, diremos que só
estávamos nos divertindo um pouco. Não sabemos mais
nada. Nem a semântica de "só".
(Adaptado de: POSSENTI, Sírio. " Mal
comportadas línguas". Curitiba: Criar Edições, 2000.
p.117-9.)
64. "Pode ser verdade que não haja nenhuma intenção consciente - de provocar a morte de alguém."
O autor destaca a palavra CONSCIENTE na frase acima
para:
a) Indicar que pode haver aí, na verdade, uma intenção
inconsciente de destruir outras pessoas.
b) Enfatizar a idéia de que devemos estar conscientes dos
nossos atos.
c) Reforçar a idéia de negação expressa em "não haja" e
"nenhuma".
d) lndicar que as pessoas agem de forma leviana em
festas e trotes.
e) Destacar um comportamento inesperado em ocasiões
festivas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucpr 2001)
Samba triste
A bossa nova ficou mais triste com a partida de
mais um dos seus mestres. Depois de Antônio Carlos
Jobim e Vinícius Moraes, Baden Powell deixou o mundo
em saudade. Faleceu, no passado dia 26, vítima de uma
septicémia, após dois meses de internamento, numa
clínica no Rio de Janeiro. A sua música ficou.
Portugal tem Carlos Paredes, o Brasil tem Baden
Powell. Comparáveis pelo virtuosismo, pela criatividade,
pelo sentimento. Powell tinha a arte na ponta dos dedos.
Revolucionou a forma de tocar violão, acrescentando-lhe
saudade, beleza e ritmo. Deu de beber jazz ao samba e,
na senda de Vinícius, Tom Jobim, João Gilberto, Stan
Getz, entre outros, ajudou a criar a bossa nova. Está
assim na gênese do movimento mais importante da
música brasileira deste século. É, de certa forma, pai de
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, entre tantos
outros.
(HALPERN, Manuel. "Jornal de Letras, Artes e
Idéias". Lisboa, 4 a 17 out. 2000, p. 5)
(Nota: O texto SAMBA TRISTE, que presta homenagem
ao sambista brasileiro Baden Powell, foi publicado em
Portugal e por isso traz algumas novidades em relação ao
português que se fala e se escreve no Brasil. No texto
apresentado, as principais diferenças se encontram na
acentuação
gráfica:
ANTÔNIO,
SEPTICÉMIA,
GÉNESE. Essas e outras discordâncias entre o português
de Portugal e o do Brasil não serão, porém, objeto de
questionamento nesta prova.)
65. Considerando apenas o sentido próprio, denotativo, e
não o sentido figurado, conotativo, assinale a alternativa
que contenha um sinônimo para a palavra SENDA:
a) vereda.
b) casa.
c) banda.
d) turma.
e) companhia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98) 1
Os processos da história mítica são
francamente irracionais. Como se explica que, apesar do
seu lúgubre estalinismo, Che Guevara tenha adquirido
uma aura romântica que £ofusca a de qualquer outro
herói do século 20, culminando hoje na sua santificação
entre camponeses bolivianos?
2
Essa aura romântica ¤começou a se formar
quando, abandonando uma prestigiosa posição no regime
cubano, ¥se internou no Congo para lutar contra uma
corrupta e sanguinária ditadura neocolonialista. E
¦tornou-se legendária em decorrência de sua trágica
aventura na Bolívia.
3
Che Guevara morreu antes das duas idéias e,
graças a isso, não só §escapou do eclipse histórico, como
se transformou num dos símbolos e ícones da nossa
época. Seus métodos eram autoritários, sua base teórica,
extremamente superficial, e seu projeto econômico-social
¨fracassou miseravelmente. Imortalizou-o uma das
qualidades mais raras e admiradas entre os homens - uma
nobre e indômita coragem, exatamente o fascinante traço
essencial do herói. O Che foi um herói do nosso tempo um tempo feito de mesquinho egoísmo e opaca
26
mediocridade. É natural que seja ¢especialmente
venerado por jovens de classe média, da qual também ele
provinha: encarna o herói que a maioria desses jovens
gostaria de encarnar, mas não consegue.
(Adaptado de: FREITAS, Décio. O PROFETA DA
GUERRILHA. ZERO HORA, 13 de julho, 1997, p.19.)
66. Assinale a alternativa que apresenta sinônimos
convenientes para as palavras "romântica", "indômita" e
"venerado".
a) poética - invencível - reverenciado
b) fictícia - insensível - reverenciado
c) amorosa - invencível - imitado
d) poética - insensível - reverenciado
e) amorosa - insensível - imitado
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 91)
- Primo Argemiro!
E, com imenso trabalho, ele gira no assento,
conseguindo pôr-se de-banda, meio assim.
Primo Argemiro pode mais: transporta uma
perna e se escancha no cocho.
- Que é, Primo Ribeiro?
- Lhe pedir uma coisa... Você faz?
- Vai dizendo, Primo.
- Pois então, olha: quando for a minha hora você
não deixe me levarem p'ra o arraial... Quero ir mais é p'ra
o cemitério do povoado... Está desdeixado, mas ainda é
chão de Deus... Você chama o padre, bem em-antes... E
aquelas coisinhas que estão numa capanga bordada,
enroladas em papel-de-venda e tudo passado com
cadarço, no fundo da canastra... se rato não roeu... você
enterra junto comigo... Agora eu não quero mexer lá...
Depois tem tempo... Você promete?...
- Deus me livre e guarde, Primo Ribeiro... O
senhor ainda vai durar mais do que eu.
- Eu só quero saber é se você promete...
- Pois então, se tiver de ser desse jeito de que
Deus não há-de querer, eu prometo.
- Deus lhe ajude, Primo Argemiro.
E Primo Ribeiro desvira o corpo e curva ainda
mais a cara.
Quem sabe se ele não vai morrer mesmo? Primo
Argemiro tem medo do silêncio.
- Primo Ribeiro, o senhor gosta d'aqui?...
- Que pergunta! Tanto faz... É bom p'ra se
acabar mais ligeiro... O doutor deu prazo de um ano...
Você lembra?
- Lembro! Doutor apessoado, engraçado... Vivia
atrás dos mosquitos, conhecia as raças lá deles, de olhos
fechados, só pela toada da cantiga... Disse que não era
das frutas e nem da água... Que era o mosquito que punha
um bichinho amaldiçoado no sangue da gente... Ninguém
não acreditou... Nem o arraial. Eu estive 1á com ele...
- Primo Argemiro o que adianta...
- ... E então ele ficou bravo, pois não foi?
Comeu goiaba, comeu melancia da beira do rio, bebeu
água do Pará e não teve nada...
- Primo Argemiro...
- ... Depois dormiu sem cortinado, com janela
aberta... Apanhou a intermitente; mas o povo ficou
acreditando...
- Escuta! Primo Argemiro... Você está falando
de-carreira, só para não me deixar falar!
- Mas, então, não fala em morte Primo
Ribeiro!... Eu, por nada que não queria ver o senhor se ir
primeiro do que eu...
- P'ra ver!... Esta carcaça bem que está
agüentando... Mas, agora, já estou vendo o meu
descanso, que está chega-não-chega, na horinha de
chegar...
- Não fala isso Primo!... Olha aqui: não foi pena
ele ter ido s'embora? Eu tinha fé em que acabava com a
doença...
- Melhor ter ido mesmo... Tudo tem de chegar e
de ir s'embora outra vez... Agora é a minha cova que está
me chamando... Aí é que eu quero ver! Nenhumas
ruindades deste mundo não têm poder de segurar a gente
p'ra sempre, Primo Argemiro...
- Escuta Primo Ribeiro: se alembra de quando o
doutor deu a despedida p'ra o povo do povoado? Foi de
manhã cedo, assim como agora... O pessoal estava todo
sentado nas portas das casas, batendo queixo. Ele
ajuntou a gente... Estava muito triste... Falou: - 'Não
adianta tomar remédio, porque o mosquito torna a picar...
Todos têm de se, mudar daqui... Mas andem depressa
pelo amor de Deus!' -... -Foi no tempo da eleição de seu
Major Vilhena... Tiroteio com três mortes...
- Foi seis meses em-antes-de ela ir s'embora...
De branco a mais branco, olhando espantado
para o outro, Primo Argemiro se perturbou. Agora está
vermelho, muito.
Desde que ela se foi, não falaram mais no seu
nome. Nem uma vez. Era como se não tivesse existido.
E, agora...
João Guimarães Rosa, "Sarapalha",
do livro SAGARANA.
67. 'Você está falando de-carreira, só para não me deixar
falar!'
Qual o sentido da expressão de-carreira no contexto?
a) repetindo as coisas
b) de muita coisa ao mesmo tempo
c) sem parar
d) com muita pressa
e) devagar demais
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Puccamp 97)
Tribalização
O continente africano, que tantas vezes e por
tanto tempo já foi o espelho sombrio e espoliado dos
27
progressos da civilização ocidental, infelizmente continua
sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma
implosão civilizatória.
Se os tempos são de globalização, o espelho de
horrores africano coloca-nos diante da antítese mais
extrema, a da tribalização. Chegam-se ao fim do século
20 com o mais velho continente mergulhado em conflitos
étnicos, miséria, endemias e estagnação econômica.
A situação tornou-se agora extremamente grave,
e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra
aberta. Tudo sob o olhar distante e pouco interessado das
grandes potências ocidentais. A própria ONU admite não
ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire e
pediu fotos de satélite para identificar onde eles estariam.
Segundo a comissária da União Européia, 1 milhão de
pessoas podem morrer. Seria patético, se não fosse
absolutamente trágico.
A responsabilidade do Ocidente é inegável.
Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga, para
tomar consciência do passado colonialista que em muitos
casos criou divisões geopolíticas e unidades de governo
pouco ou nada coerentes com tradições tribais, étnicas ou
mesmo territoriais.
Infelizmente, uma parte relativamente grande da
mídia e dos governantes dos países "civilizados" retrata
os conflitos como puramente tribais, como se o genocídio
africano não tivesse começado faz alguns séculos, sob o
comando de potências colonialistas.
Mais, parece evidente que a "tribalização", ou
seja, a predominância de fatores locais, étnicos e de
disputa territorial, nada mais é que o resultado de uma
situação de estagnação e fome epidêmica em que boa
parte do continente continua mergulhada em decorrência
de seus sistemas econômicos, totalmente marginalizados
da globalização.
Lamentavelmente, a dívida em vidas, riqueza e
cultura do Ocidente com a África tende apenas a crescer.
(Adaptado da Folha de São Paulo,
31/10/96, 1-2.)
68. O continente africano, que tantas vezes e por tanto
tempo já foi o espelho sombrio e ESPOLIADO dos
progressos da civilização ocidental, infelizmente continua
SUJEITO A um processo que, no limite, resume-se a
uma IMPLOSÃO CIVILIZATÓRIA.
Os termos em maiúsculo podem ser substituídos, sem
prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por
a) despojado - vassalo - destruição do progresso.
b) herdeiro - obediente a - extinção da civilização.
c) cheio de restos - tema de - matança de toda uma
civilização.
d) roubado - o agente de - devastação de todas as
civilizações.
e) privado - submetido a - destruição do próprio cerne da
civilização.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 96)
Em nossa última conversa, dizia-me o
grande amigo que não esperava viver muito tempo, por
ser um "cardisplicente"
- O quê?
- Cardisplicente. Aquele que desdenha do
próprio coração.
Entre um copo e outro de cerveja, fui ao
dicionário.
- "Cardisplicente" não existe, você inventou triunfei.
- Mas se eu inventei, como é que não existe? espantou-se o meu amigo.
Semanas depois deixou em saudades fundas
companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom
coração não deveriam ser cardisplicentes.
69. Conforme sugere o texto, "cardisplicente" é
a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário.
b) palavra técnica constante de dicionários
especializados.
c) um neologismo desprovido de indícios de significação.
d) uma criação de palavra pelo processo de composição.
e) termo erudito empregado para criar um efeito cômico.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrn 2001) 1
Ouço muito: um bom texto deve ser
claro e conciso.
Não há dúvida de que a clareza é a principal
qualidade do texto. Ser conciso, entretanto, é uma luta
muito árdua.
2
Ser conciso é dizer o necessário com o mínimo
de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. É ser
objetivo e direto.
3
E aqui está a nossa dificuldade. Nós, brasileiros,
estamos habituados a falar muito e dizer pouco, a
escrever mais que o necessário, a discursar mais para
impressionar do que comunicar.
4
Para muitos, esse hábito começa na escola. É só
fazer uma "sessão nostalgia" e voltarmos aos bons
tempos de colégio, às gloriosas aulas em que o professor
anunciava: "Hoje é dia de redação." Você se lembra da
"alegria" que contagiava a turma? Você se lembra de
algum coleguinha que dizia estar "inspirado"? Você se
lembra de algum tema para a redação que tenha deixado
toda a turma satisfeita? A verdade é que não aceitávamos
tema algum. Pedíamos outro tema. Se o professor
apresentasse vários temas, pedíamos "tema livre". E se
fosse tema livre, exigíamos um. Era uma insatisfação
total. Depois de muita briga, o tema era
"democraticamente imposto". E aí vinha aquela
tradicional pergunta: "Quantas linhas?" A resposta era
¢original: "No mínimo 25 linhas." Eu costumo dizer que
25 é um número traumático na vida do aluno. £A partir
daquele instante, começava um verdadeiro drama na sua
vida: "Meu reino pela 25• linha." Valia tudo para se
¤chegar lá. Desde as ridículas letras que "engordavam"
repentinamente até a famosa "encheção de lingüiça".
28
5
E aqui pode estar a origem de tudo. Nós nos
habituamos a "encher lingüiça". Pelo visto, há políticos
que fizeram "pós-graduação" no assunto. São os mestres
da prolixidade. Falam, falam e não dizem nada. Em
algumas situações não têm o que dizer, às vezes não
sabem explicar e muitas vezes precisam "enrolar".
6
O problema maior, entretanto, é que a doença
atinge também outras categorias profissionais.
7
Vejamos três exemplos retirados de bons
jornais:
1. "A largada será no Leme. A chegada
acontecerá no mesmo local da partida."
Cá entre nós, bastava ter escrito: "A largada e a
chegada serão no Leme."
2. "O procurador encaminhou ofício à área
criminal da Procuradoria determinando que seja
investigado..."
Sendo direto: "O procurador mandou
investigar."
3. "A posição do Governo brasileiro é de que
esgotem todas as possibilidades de negociação para que
se alcance uma solução pacífica."
Enxugando a frase: "O Brasil é a favor de uma
solução pacífica."
Exemplos não faltam, mas espaço sim. Por hoje
é só. Prometo voltar ao assunto.
(DUARTE, Sérgio Nogueira. "O Caso". Jornal
do Brasil, Rio de Janeiro, 16 jan.2000. cad. BRASIL,
p.14. [coluna LÍNGUA VIVA])
70. No contexto em que está inserido, o vocábulo
ORIGINAL (ref.1) indica o contrário de sua significação
mais comum.
Com base nessa constatação, pode-se afirmar que a
resposta do professor era
a) previsível.
b) taxativa.
c) exagerada.
d) desestimulante.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98) "O futebol é muito maior do que a criação
artística"
1
Por que cargas d'água o futebol não tem na
literatura brasileira a correspondência de sua verdadeira
dimensão na nossa sociedade? Na verdade, pode-se ... (I)
... essa questão ¨para todas as demais manifestações
artísticas - música, cinema, teatro e artes plásticas. De
...(II)... muito, o futebol £se infiltrou de tal forma no
¤tecido social brasileiro que está presente no nosso dia-adia de maneira sufocante. Respirarmos futebol e falamos
de futebol, quer gostemos ou não de futebol. Ele já faz
parte da própria natureza do brasileiro. Mas isso não está
devidamente expresso na poesia ou na prosa, nem
impresso nas obras espalhadas pelas galerias de arte,
tampouco projetado nas telas de cinema, representado
devidamente nos palcos ou ¥capturado em seu rico
gestual pelas coreografias de balé.
2
Talvez a resposta esteja com o professor,
ensaísta, poeta, escritor e gênio em geral, Décio
Pignatari, que, ©a propósito, me disse certa vez: "É que o
futebol é muito maior do que a criação artística".
3
O que o mestre queria dizer, se ¦entendi, é que o
futebol incorpora a graça do balé, a dinâmica do cinema,
a expressão do ser e dos movimentos das artes plásticas;
ele cria os mais inverossímeis personagens, tece as
tramas mais insólitas que a ficção possa conceber e nos
§derrama um belo verso, ªao menos, ... (III) ... cada
partida. Assim, criou sua própria semântica, uma
linguagem que dispensa as demais.
(Adaptado de: HELENA JR., Alberto. O FUTEBOL É
MUITO MAIOR DO QUE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA.
"Folha de São Paulo", 03 de setembro, 1997, p. 12, 3°
caderno.)
71. Em muitas passagens do texto, o autor explora um
uso mais abstrato de palavras que têm um significado
mais concreto em outros contextos. Um exemplo disso é
a utilização do verbo "esmagar" para dizer que um time
esmagou outro, significando que venceu o outro com
larga vantagem; nesse caso, o verbo não tem o
significado concreto de destruição ou pressão física sobre
um objeto. Este fenômeno ocorre com todas as palavras
listadas a seguir, À EXCEÇÃO DE
a) se infiltrou (ref.2)
b) tecido (ref.3)
c) capturado (ref.4)
d) entendi (ref.5)
e) derrama (ref.6)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 95)
O termo "Política", em qualquer de seus
usos, na linguagem comum ou na linguagem dos
especialistas e profissionais, refere-se ao exercício de
alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas
conseqüências desse exercício. Toda maneira pela qual o
poder é exercido, se reveste de grande complexidade, às
vezes não aparente à primeira vista. Por exemplo, se o
governo decreta um novo imposto, esse ato não consiste
numa decisão que "vai e não volta". Ao contrário, a
criação de um novo imposto, cuja decretação constitui
obviamente um ato de poder, ou seja, um ato político, é
precedida, de forma variável conforme o caso, por uma
série de outros atos em que tomam parte diversos
detentores de alguma espécie de poder, tais como
governantes, técnicos, assessores, grupos de interesse,
indivíduos ou entidades influentes e assim por diante. E
também se desencadeia uma inter-relação entre a "fonte
do poder" (a que criou e implantou o imposto) e os
submetidos a esse poder (os que, direta ou indiretamente,
são afetados pelo imposto). Basta pensar um pouco para
ver como qualquer ato de poder é complexo e cheio de
29
implicações. E é este o terreno da Política.
Contudo, definir a Política apenas como algo
relacionado ao poder não chega a ser satisfatório. Se
pensarmos bem, veremos que a frase "a Política tem a ver
com o exercício do poder" não quer dizer muita coisa,
principalmente porque há inúmeras dificuldades para que
se saiba o que é "poder". Nada impede, por exemplo, que
se diga que o poder é um fluido mágico, como já se
acreditou e ainda se acredita até hoje. Que significa "ter
poder"? Não pode ser simplesmente estar investido em
algum cargo, pois acontece com freqüência que os
ocupantes de um cargo qualquer se submetam à vontade
de outras pessoas, não ocupantes de cargo algum - as
chamadas "eminências pardas". Não basta, também, usar
expressões como "carisma" ou "magnetismo" ou "poder
do dinheiro", pois isto tampouco explica muita coisa, ou
não explica nada. E, pior ainda, o poder só pode ser visto,
sentido, avaliado, ao exercer-se. Antes do momento em
que se exerce, ele é somente uma conjectura, uma
presunção, algo que se acha que vai acontecer. Para usar
uma comparação fácil, a situação é como a que existe
antes do jogo de um grande time de futebol com um
clubezinho do interior. O time grande tem "poder" de
sobra para vencer os desconhecidos obscuros da cidade
pequena. Não obstante, pode ocorrer que, num jogo
decisivo, o poderoso perca. Claro que não é uma coisa
"normal", é uma exceção explicável de mil formas. Mas
acontece, da mesma maneira que em situações
equivalentes na vida social, na coletividade, na
administração pública.
A tarefa de procurar entender o que é realmente
o poder deve ser deixada a cargo de gente como os
filósofos e teóricos, que têm por ocupação examinar a
realidade para além dos interesses imediatos das pessoas.
É uma tarefa muito importante (...). Entretanto, para
quem está preocupado com problemas mais próximos,
como nós, deve-se levar em conta que é inútil, em termos
práticos, a curto prazo, discutir sobre o que é o poder,
pois este só se torna visível ao manifestar-se. Ou seja, é
em ação que se analisa o poder. É no processo, na interrelação, não na elaboração intelectual abstrata.
Estendendo a analogia futebolística, neste caso muito
ilustrativa: só se sabe quem ganhou depois que o jogo
acaba. Antes, tudo está sujeito a fatores no mais das
vezes imprevisíveis. Assim é também, em tudo, o jogo
disso que chamamos vagamente de "poder".
RIBEIRO, João Ubaldo. POLÍTICA; quem manda, por
que manda, como manda. 2• ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986. p.13-15.
72. Todas as alternativas apresentam expressões que se
referem a PODER, EXCETO
a) complexo e cheio de implicações
b) fluído mágico
c) uma conjectura, uma presunção
d) tarefa muito importante
e) visível ao manifestar-se
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Faap 97)
Quando Pedro I lança aos ecos o seu
grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de
uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e
acocora-se, de novo.
Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto
da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da
enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa
que do velho mundo venha quem nele pegue de novo.
A 15 de novembro troca-se um trono vitalício
pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o
inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa.
Vem Floriano: estouram as granadas de
Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus
derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a
modorrar...
Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de
pé. Social, como individualmente, em todos os atos da
vida, Jeca antes de agir, acocora-se.
Monteiro Lobato
73. " ...e o país desperta ESTURVINHADO..." O
adjetivo em maiúsculo, embora de uso popular, é pouco
conhecido dos jovens de vida urbana. Contudo não é
difícil saber, no contexto, seu significado:
a) alegre - saltitante - risonho
b) atordoado - aturdido - estonteado
c) fiduciário - solidário - fiel
d) acre - azedo - amargo
e) abjeto - vil - desprezível
74. "O país bestifica-se ante o INOPINADO da
mudança.":
a) inusitado
b) imprevisto
c) incomum, estranho
d) esperado
e) golpe
75. "O caboclo continua de cócoras, A MODORRAR...".
Ou seja, a:
a) cantar
b) contemplar
c) imaginar
d) espreguiçar
e) cacarejar
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufc 2003) Os moradores do casarão
(...)
1 Consultando o relógio de parede, que bate as horas num
gemer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe
traga a chaleira com água quente. Toma banho dentro da
bacia no quarto, cujos tacos já estão podres. Demora-se
sentada no banco de madeira com medo da corrente de
30
ar, os cabelos soltos e os ombros protegidos pela toalha.
2 A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um
romance. O casarão. A posição social de outrora. A
educação dela: o piano, a aula particular de francês, o
curso de pintura com irmã Honorine. Tudo se foi
acabando. Os mortos são retratos no alto das paredes.
Galeria de retratos, o do pai, imponente, o cabelo partido
ao meio, certa ironia nos olhos, ao tempo em que foi
secretário de estado e diretor do grande hospital. Foi por
esse tempo que ela se casou com o bacharel recente. As
tias fizeram oposição forte. Aquelas tias magras, de
nervuras nos pescoços, as blusas de colarinho de renda,
os bandós. A mais renitente delas era tia Matilda. A
sobrinha merecia coisa melhor, homem já projetado na
vida, com carreira feita, que a família era nobre,
quisessem ou não: vinha de boa cepa portuguesa, com
barão na origem. O moço era filho de comerciante, com
pequena loja de tecidos:
3 - E um menino! Em começo de vida.
4 Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão,
que dava para todos, e ninguém queria separar-se de
Violeta, que tinha muitas mães, todas mandando nela.
Violeta, governada, sem vontade própria, como se ainda
fosse menina, ouvindo uma e outra:
5 - Estou bem com este vestido?
6 A nervura das tias:
7 - Horrível! Ponha o de organdi.
8 Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a
roupa na frente do marido, marginalizado e em silêncio.
Concessão maior só do pai, que era meio boêmio,
apreciava uma roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava
gargalhada na cadeira de balanço e garantia ao genro que
aquelas velhas, e a própria mulher dele, eram doidas.
9 A pressão. O ¢reparo para qualquer deslize tolo ou
gafe:
10 - Filho de comerciante.
11 E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os
dedos e os beiços untados de manteiga. Muita banha,
preguiça de sair de casa, uma ou outra nota no piano de
cauda, com o jarro de flores, onde as moscas dormiam e
cagavam.
12 Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo.
Fez carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz
muito tempo, vive com a outra. Mas fixou pensão para a
mulher e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura
disforme. Foram cartas que raramente recebeu, e uma ou
outra que ela própria tivesse escrito, tia Matilda, a
renitente, tomava do jardineiro, lia e rasgava.
13 Quando essa tia morreu, porque afinal todos
morreram, Violeta encontrou no quarto dela dentro da
gaveta da cômoda, lá no fundo, algumas dessas cartas do
marido, amarradas com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz
do abajur e chorou.
14 O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que
voejam na tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro,
enferrujado. Secou a fonte, onde o vento rodopia folhas
mortas. De resistente apenas a hera, que sobe pelas
velhas paredes, uma ou outra vez aguada por Seu
Vicente, jardineiro, ou pela preta mais nova, também cria
da família.
15 A única amiga que a visita volta a assegurar que a
vida dela dá um romance.
16 - Acho que sim.
17 E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol,
para fechar a janela por onde vem a corrente de ar e já se
aproxima a noite.
(MOREIRA CAMPOS, José Maria. "Dizem que os cães
vêem coisas". Fortaleza: Edições UFC, 1987)
76. O sentido do termo destacado no fragmento "O
REPARO para qualquer deslize" (ref. 1) corresponde ao
dos termos da alternativa:
a) defesa, ajuda
b) desculpa, pretexto
c) perdão, absolvição
d) reparação, desagravo
e) comentário, observação
77. Marque V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o
que se afirma acerca do emprego das palavras
NERVURAS (par. 2) e NERVURA (par. 6).
( ) NERVURA equivale a nervosismo.
( ) NERVURAS é uma referência metafórica a rugas.
( ) NERVURA caracteriza um estado comum às tias.
A seqüência correta, de cima para baixo é:
a) F - F - V
b) F - V - F
c) V - F - F
d) V - V - V
e) F - V - V
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unitau 95)
"Vivemos numa época de tamanha
insegurança externa e interna, e de tamanha carência de
objetivos firmes, que a simples confissão de nossas
convicções pode ser importante, mesmo que essas
convicções, como todo julgamento de valor, não possam
ser provadas por deduções lógicas.
Surge imediatamente a pergunta: podemos
considerar a busca da verdade - ou, para dizer mais
modestamente, nossos esforços para compreender o
universo cognoscível através do pensamento lógico
construtivo - como um objeto autônomo de nosso
trabalho? Ou nossa busca da verdade deve ser
subordinada a algum outro objetivo, de caráter prático,
por exemplo? Essa questão não pode ser resolvida em
bases lógicas. A decisão, contudo, terá considerável
influência sobre nosso pensamento e nosso julgamento
moral, desde que se origine numa convicção profunda e
inabalável Permitam-me fazer uma confissão: para mim,
o esforço no sentido de obter maior percepção e
compreensão é um dos objetivos independentes sem os
quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude
31
consciente e positiva ante a vida.
Na própria essência de nosso esforço para
compreender o fato de, por um lado, tentar englobar a
grande e complexa variedade das experiências humanas,
e de, por outro lado, procurar a simplicidade e a
economia nas hipóteses básicas. A crença de que esses
dois objetivos podem existir paralelamente é, devido ao
estágio primitivo de nosso conhecimento científico, uma
questão de fé. Sem essa fé eu não poderia ter uma
convicção firme e inabalável acerca do valor
independente do conhecimento.
Essa atitude de certo modo religiosa de um
homem engajado no trabalho científico tem influência
sobre toda sua personalidade. Além do conhecimento
proveniente da experiência acumulada, e além das regras
do pensamento lógico, não existe, em princípio, nenhuma
autoridade cujas confissões e declarações possam ser
consideradas "Verdade " pelo cientista. Isso leva a uma
situação paradoxal: uma pessoa que devota todo seu
esforço a objetivos materiais se tornará, do ponto de vista
social, alguém extremamente individualista, que, a
princípio, só tem fé em seu próprio julgamento, e em
nada mais. É possível afirmar que o individualismo
intelectual e a sede de conhecimento científico
apareceram simultaneamente na história e permaneceram
inseparáveis desde então. "
(Einstein, in: "O Pensamento Vivo de Einstein",
p. 13 e 14, 5a. edição, Martin Claret Editores)
78. No primeiro parágrafo, o autor repete as palavras
"tamanha" e "convicções" para dar ao leitor a idéia de
a) dúvida.
b) ênfase.
c) condição.
d) proporção.
e) efeito.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Ufsm 2002)
MARCELO BERABA
Desejo de matar
1
RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais
uma série importada que enaltece os ¤grupos de
¢¥extermínio. Esta agora chama-se "Angel" e conta a
história de um vampiro bom que sai pela cidade
eliminando vampiros maus. Para isso, o herói vampiro
conta com a ajuda de três pessoas, uma delas ¨delegada
de polícia.
2
Parece que esta série é apenas um ªtapa-buraco
na programação da emissora, que nem fez muito alarde
com o filme. Mas não é a primeira vez que a TV explora
o tema. Teve uma, "Justiça Cega", em que um juiz,
inconformado com as amarras da lei, fazia justiça com as
próprias mãos.
3
O justiceiro passava o dia de toga examinando
processos e à noite montava numa moto e saía matando
os ©bandidos que tinha sido obrigado a inocentar por
falta de provas.
4
A mensagem desses filmes é sempre a mesma.
Não é ¢¤possível combater o ¢crime com os
instrumentos que a sociedade coloca à disposição da
£Justiça e das polícias. É preciso montar polícias e
¢¢justiças paralelas, que usem as mesmas armas e
recursos imorais dos criminosos.
5
"Angel" e seus vampiros permitem várias
interpretações. Uma delas é simples: o combate ao crime
já não é tarefa para homens comuns. Os criminosos estão
cada vez mais sofisticados. São seres mutantes. ¦Juízes e
policiais comuns, por mais bem preparados que estejam,
não dão conta do recado.
6
A série é ¢¡lixo e não tem a menor importância.
O problema é na vida real, quando as empresas acham
normal buscar formas de convivência com o
¥narcotráfico. Quando o Estado acha normal que o
§crime organizado monte banquinhas de apostas no meio
das calçadas. E quando o ¢£sistema penitenciário ajuda a
organização dos presos para evitar rebeliões.
7
Pensando bem, não ¢¦há por que se espantar com
"Angel" e similares se as deformações que procuram
legitimar fazem parte do nosso cotidiano.
("Folha de São Paulo", 9 de março de 2001.)
79. Para falar sobre criminalidade, o autor selecionou
palavras comumente associadas a essa temática, como
"crime" (ref.1) e "Justiça" (ref.2). Esse procedimento
NÃO ocorreu na seleção de
a) "grupos de extermínio" (ref.3) e "narcotráfico" (ref.4)
b) "Juízes e policiais comuns" (ref.5) e "crime
organizado" (ref.6)
c) "delegada de polícia" (ref.7) e "bandidos" (ref.8)
d) "tapa-buraco" (ref.9) e "lixo" (ref.10).
e) "justiças paralelas" (ref.11) e "sistema penitenciário"
(ref.12)
80. Analise os seguintes fragmentos:
A) "[...] estreou MAIS UMA série [...]. Esta agora
chama-se Angel [...]"
B) "Mas NÃO É A PRIMEIRA VEZ que a TV explora o
tema. Teve uma, "Justiça Cega" [...]"
C) "Angel e seus vampiros permitem várias
interpretações. Uma delas é simples [...]"
Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das
afirmações relacionadas a esses fragmentos.
(
) Os segmentos destacados funcionam como itens
antecipadores de informações a serem fornecidas
posteriormente.
(
) Em B, o segmento destacado é complementado
somente por informações relacionadas ao tempo presente.
(
) Em C, o compromisso do autor de complementar
suas idéias foi parcialmente atendido.
32
Trevisan)
A seqüência correta é
a) V - F - F.
b) V - V - F.
c) V - F - V.
d) F - F - V.
e) F - V - F.
82. "Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia
sofrer de ATAQUE."
81. "PENSANDO BEM, não há por que se espantar com
Angel e similares SE as deformações que procuram
legitimar fazem parte do nosso cotidiano".
Os segmentos destacados podem ser substituídos, sem
alterar o significado do texto, respectivamente, por
a) Reconsiderando, já que.
b) Resumindo, quando.
c) Finalizando, caso.
d) Reconsiderando, de modo que.
e) Resumindo, contanto que.
A palavra em destaque pode ser substituída por:
a) pneumonia
b) epilepsia
c) dispnéia
d) hemofilia
e) erisipela
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Uel 2001) A revista "Ciência Hoje" 28 teve como tema
central o Projeto Genoma Humano. Abaixo estão alguns
trechos da reportagem que servem de base para as
questões seguintes.
Genoma decifrado, trabalho dobrado
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96)
"UMA VELA PARA DARIO"
Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço
esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi
escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada,
ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando
se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu
os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo,
de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na
calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz
de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o
respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a
cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela
garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca.
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos
pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua
conversavam de uma porta à outra, as crianças foram
acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo
repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a
fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na
parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao
lado dele.
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que
Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na
direção do táxi estacionado na esquina. Já tinha
introduzido no carro metade do corpo, quando o
motorista protestou: se ele morresse na viagem? A turba
concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido
de volta e encostado à parede - não tinha os sapatos e o
alfinete de pérola na gravata.
(Dalton
Cinco anos antes do previsto, foi anunciado o término do
seqüenciamento do genoma humano. A corrida atrás da
identificação de todos os genes do "Homo sapiens"
envolveu laboratórios de 18 países, liderados por
instituições dos Estados Unidos e do Reino Unido, e
consumiu estimados US$3 bilhões, sem contar a injeção
final de recursos, necessária para apressar o fim dessa
primeira etapa e fazer frente a grupos privados que
ameaçavam terminar antes a "façanha do século". Tratase, sem dúvida, de uma primeira etapa, porque o Projeto
Genoma Humano representa, na verdade, apenas uma
enorme base de dados, que os cientistas precisam
entender em detalhe para um dia chegar a manipulá-los.
Para os geneticistas, há trabalho para mais de um século
de pesquisa.
O seqüenciamento, a identificação e a interpretação de
genes já vinham sendo feitos há mais de 10 anos, mas em
ritmo considerado lento diante das possibilidades abertas
com o desenvolvimento de equipamentos que amplificam
o DNA e lêem milhares de seqüências genéticas ao
mesmo tempo. A criação do Projeto Genoma Humano
visou financiar o uso dessa tecnologia e "acelerar e
antecipar em décadas os achados que, de um jeito ou de
outro, seriam realizados", diz a geneticista Maria Rita
Passos Bueno, da Universidade de São Paulo (USP).
Muitos resultados são imprevisíveis, mas os dados já
obtidos, diz a pesquisadora, "sem dúvida permitirão um
desenvolvimento extraordinário, tanto na medicina e na
biotecnologia quanto na bioinformática" - essa nova área
vem se desenvolvendo em função da necessidade de
análise de toda a informação biológica que está sendo
gerada.
Vários pesquisadores analisaram os possíveis
desdobramentos dessa descoberta. Destacamos, por
exemplo, a seguinte declaração de Ronald M. Green,
33
diretor do Dartmouth College (USA).
São três os principais benefícios trazidos pelo
seqüenciamento do genoma humano para a área médica:
1) aperfeiçoar o diagnóstico de doenças, incluindo os
distúrbios hereditários conhecidos e muitas condições
geneticamente influenciadas, como a hipertensão e
diversos cânceres; 2) aprimorar o tratamento, com o
desenvolvimento de drogas que seriam elaboradas sob
medida (de acordo com as características genéticas do
paciente) para maximizar sua eficácia e reduzir sua
toxicidade; e 3) desenvolver intervenções diretas no
DNA (terapias gênicas), para corrigir "falhas" genéticas
associadas às doenças.
(CIÊNCIA HOJE, nŽ 28, nov. 2000. p.22-3.)
83. No trecho "e consumiu estimados US$3 bilhões", a
palavra ESTIMADOS poderia ser substituída, sem
alteração do significado do texto, por:
a) declarados
b) aproximadamente
c) indispensáveis
d) com certeza
e) apreciados
84. O comentário de Ronaldo M. Green sobre o
seqüenciamento do genoma humano faz uma enumeração
de benefícios. Se o primeiro item dessa enumeração fosse
alterado para "1) aperfeiçoamento do diagnóstico...", os
demais deveriam ter a forma:
a) 2) aprimorado o tratamento...;
3) desenvolvidas intervenções...
b) 2) aprimorar o tratamento...;
3) desenvolvimento de intervenções...
c) 2) prioridade para o tratamento...;
3) desenvolvimento para intervenções...
d) 2) aprimoramento do tratamento...;
3) desenvolvimento de intervenções...
e) 2) aprimoramento do tratamento...;
3) desenvolver intervenções...
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 95) If there's one aspect of the Internet that I've
both enjoyed and feared, it's the socializing on-line. I
enjoy talking in e-mail and in Usenet newsgroups but I've
never had the slightest interest in trying to find romance
on-line. Trying to arrange romantic encounters on-line
with strangers is generally held to be a really bad idea. So
many ugly stories abound about people arranging liaisons
with Net dates and having horrifying results that I'm not
even going to spend much time detailing them. Let me
just give you an example: the guy who started chatting
with a female character on-line, got to be friend with her,
talked about real life matters, and over time developed a
certain fondness for the woman he thought he was talking
with. Things eventually got to the point that the guy fell
in love, decided that he wanted to marry her, proposed,
was accepted, and made plans to meet his fiancée. They
met and instead of finding the blonde dancer he thought
he was there to meet, he found a strong, bearded
computer programmer, holding a pink carnation.
(Excerpt and adapted from Furr, Joel "Internet
Today", March 1996, p.39)
85. No trecho do poeta em questão, há algumas palavras
que têm valor de "modo". Indique a alternativa em que
todas as palavras têm valor:
a) estilhaçada, espessa, confusos.
b) sereno, suave, amorosamente.
c) sereno, espessa, confusos.
d) confusos, redimidos, sereno.
e) mal, suavemente, amorosamente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufba 96)
RESTOS DO CARNAVAL
1
NÃO, não deste último carnaval. Mas não sei
por que este me transportou para a minha infância e para
as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde
esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou
outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja,
atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue
ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa
ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que
me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão
que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e
praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido
feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a
capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval
era meu, meu.
2
No entanto, na realidade, eu dele pouco
participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca
me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me
ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé da escada
do sobrado onde morávamos, olhando ¢ávida os outros se
divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e
economizava-as com ¤avareza para durarem os três dias:
um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se
tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de
¥coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando
tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um
quase nada já me tornava uma menina feliz.
3
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um
medo vital e necessário porque vinha de encontro à
minha mais profunda suspeita de que o rosto humano
também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu
pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de
súbito entrava no contato indispensável com o meu
34
mundo interior, que não era feito só de duendes e
príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério.
Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial
para mim.
4
Não me fantasiavam: no meio das preocupações
com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça
para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas
irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me
causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de
possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por
ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu
sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar
pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha
boca de batom bem forte, passando também ruge nas
minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu
escapava da meninice.
5
Mas houve um carnaval diferente dos outros.
Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto
me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que
a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o
nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso
comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa,
com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de
uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à
fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o
papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava
seriamente que era uma das fantasias mais belas que
jamais vira.
6
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o
inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de
minha amiga - talvez atendendo a meu apelo mudo, ao
meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura
bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim
também uma fantasia de rosa com o que restara de
material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na
vida eu teria o que sempre quisera: ia ser ¦outra que não
eu mesma.
7
Até os preparativos já me deixavam tonta de
felicidade.
Nunca
me
sentira
tão
ocupada:
minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo,
embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se
chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos
de algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que de
repente nos deixasse, nos nossos ¨pudores femininos de
oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente
de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria!
Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das
sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que
sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me
dava de esmola.
8
Mas por que exatamente aquele carnaval, o
único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De
manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos
enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem.
Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade.
Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado
para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
9
Muitas coisas que me aconteceram tão piores
que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso
sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é
irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de
papel crepom todo armado, ainda com os cabelos
enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de
súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se
criou em casa e mandaram-me comprar depressa um
remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas
o rosto ainda nu não tinha a ©máscara de moça que
cobriria minha tão ªexposta vida infantil - , fui correndo,
correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e
gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
10
Quando horas depois a atmosfera em casa
acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas
alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas
histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e
desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era
mais uma rosa, era de novo uma ¢¡simples menina. Desci
até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço
pensativo de lábios encarnados. Na minha £fome de
sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com
remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de
novo eu morria.
11
Só horas depois é que veio a salvação. E se
depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me
salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim
significava um rapaz, ¢£esse menino muito bonito parou
diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura,
brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos,
de confete: por um instante ficamos nos defrontando,
sorrindo, sem falar. E eu então, §mulherzinha de 8 anos,
considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia
reconhecido: eu era, sim, uma rosa.
(LISPECTOR, Clarice. FELICIDADE
CLANDESTINA: CONTOS. 7 ed. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1991. p.31-5.)
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a
soma dos itens corretos.
86. Expressões que se aproximam pelo sentido estão
agrupadas em:
(01) "ávida" (ref.1) e "fome de sentir êxtase" (ref.2 no
parágrafo 10)
(02) "com avareza" (ref.3) e "de coração escuro" (ref.4)
(04) "outra que não eu mesma" (ref.5) e "mulherzinha de
8 anos" (ref.6 no parágrafo 11)
(08) "pudores femininos" (ref.7) e "máscara de moça"
(ref.8)
(16) "exposta vida infantil" (ref.9) e "simples menina"
(ref.10)
(32) "um palhaço pensativo" (ref.11) e "nesse menino
muito bonito" (ref.12)
Soma (
)
35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 94)
MINAS É A MÃE. BENÇA,
MÃE.
Herbert de
Souza
O jeito mineiro de ser é o quê? E por quê? O ser
mineiro é um modo particular de ser que se pode
descrever mas que é difícil de se entender. É mais para
calado que falante. Quem fala muito dá bom-dia a cavalo,
dizia minha mãe para conter meu ímpeto falatório. Quem
fala se expõem, se arrisca, pode parecer bobo, meio
idiota, exibido, ridículo. Mineiro morre de medo do
ridículo, de ser gozado, criticado. Quer matar um
mineiro? Ria dele! Por isso todo mineiro toma a
iniciativa da gozação. Chega, fica num canto e arranja
logo alguém para gozar. É capaz até de tomar a iniciativa
de gozar de si próprio para não ser gozado por outrem.
Falar mal de alguém é um modo de se proteger da fala do
outro. Mas falar mal pode até ser um modo de falar bem,
porque o pior é não ser falado. Cair no olvido.
Fica calado e fica quieto. Gesticular também não
dá, pode parecer espalhafato, teatro, representação. Quem
se mexe desperta atenção, instiga a caça, fica vulnerável,
na mira do ataque. Ficar quieto, fingir de morto, no
silêncio, na tocaia de si mesmo, protegido do outro.
Mineiro que veio do mato sabe de caça e caçador. Milton
já cantou, o caçador de mim.
Mineiro não abre a guarda, não mostra a casa,
não exibe riqueza, não grita da janela, não sai correndo
de jeito nenhum e de lugar nenhum. Chega devagar, fica
devagar e sai mais devagar ainda. Tem que se proteger de
algo.
Mineiro olha de cima mas não por cima.
Mineiro falante veio de fora. Mineiro direto, aberto e
agressivo é desvio de rota, não é caminho normal.
Mineiro é ético, não se arrisca no roubo, no assalto, na
aventura. O erro pode não dar certo. Mineiro é mais da
ordem, do caminho percorrido, conhecido, estabelecido.
É mais status quo que mudança do status. É mais terno
que manga curta, mais sapato que tênis, mais automóvel
que carro esporte. Mais casamento que caso fora de casa.
Mais café preto que chás variados.
Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito
mais. Se pede com olhar, se esconde na recusa. É mãe
mesmo quando não tem filhos. Até os 20 é um pecado.
Depois é muito mais. Transpira todos os pecados numa
virtude só. Surpreende e depois te esquece. Te ama com
paixão e te deixa sem dó nem piedade. Basta pôr os
óculos escuros ou mesmo ray-ban que vira outra, sem
remorso. Porque a mineira não se reduz ao mineiro, foi
muito além. Mineira é ótimo, diferente dos demais seres
humanos, vem de um fundo que ninguém sabe, de um
interior que não tem mapa, fronteiras desconhecidas.
E tudo isso pode ser visto e sentido, não
explicado. Pode ser descrito mas não fundamentado. É
porque veio do interior ou nunca saiu de lá. É porque
sempre foi camponês e se escondeu detrás das serras e
dos montes. É porque foi judeu-novo, migrante corrido,
foragido desconfiado do que chega atrás de suas origens.
É porque teme a Deus e conversa com o Diabo. É porque
não tem certeza do certo e duvida até do duvidado. Gosta
do reverso e começa tudo pelo contrário torcendo para
dar certo. É porque se ri do moderno porque sabe que
tudo no fundo mesmo é mesmo muito antigo, sempre
renovado.
Mas por que tudo isso, de onde veio e para onde
vai? Ninguém vai saber por que não se fala, se olha e se
ri como se tudo já tivesse sido dito. O sabido do
ignorado.
Se um dia o Brasil acabar, Minas continua. Tem
horizonte para tal, tem substância para durar, tem ainda
muitos casos para contar, distâncias a percorrer, pecados
a expiar, contas a fazer, saudades a matar. (...)
Minas vive em dívida consigo mesma, fazendo
promessas para pagar. É sua forma de ser eterna nesse
trivial do cotidiano. Vive sangrando minério, exportando
seu ser para o mundo, em silenciosos trens que não
param de ir sem nunca mais voltar. Levando Itabirito,
Itabira, Conselheiro Lafaiete. Montanhas. Minas é o
único lugar do mundo que exporta montanhas e não fica
rica.
Por tudo isso é que quando tenho vontade de
rever o Brasil vou a Minas Gerais. (...) E volto cheio de
mim, carregado de coisas, como se tivesse mergulhado
no tempo e me perdido no espaço, virado de repente um
ser planetário vivendo no interior do mundo.
Minas para mim tem várias cidades e poucos
endereços: é Bocaiúva, Neves e Belo Horizonte. É rua
Ouro Preto e Ceará. A primeira mudou de nome, na
segunda sumiram com minha casa. Minas na verdade
hoje é mil amigos que não vejo e minha mãe. Bença,
mãe.
ISTO É MINAS - 30109/92
87. " ... Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito
mais. SE PEDE COM O OLHAR, SE ESCONDE NA
RECUSA."
A alternativa que melhor interpreta o tipo de relação de
idéias presente na frase destacada é
a) conclusão.
b) contradição.
c) enumeração.
d) explicação.
e) finalidade.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2001) 1
Working women in Japan are more
likely to be married than not these days, a sharp reversal
of the traditional pattern. But for most of them,
continuing to work after the wedding is an easier choice
than having children.
36
2
Despite some tentative attempts by government
and business to make the working world and parenthood
compatible, mothers say Japan's business culture remains
unfriendly to them. Business meetings often begin at 6
p.m. or later, long hours of unpaid overtime are expected,
and companies routinely transfer employees to different
cities for years.
3
As a result, many women are choosing work
over babies, causing the Japanese birthrate to fall to a
record low in 1999 - an average 1.34 babies per woman an added woe for this aging nation.
"THE WASHINGTON POST NATIONAL
WEEKLY EDITION", August 21, 2000
88. No fragmento "O meu FIM evidente era atar as duas
pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência."
(par.1), pode-se substituir a palavra em destaque, sem
alteração de sentido, por:
a) limite
b) momento final
c) término
d) objetivo
e) ponto extremo
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufscar 2002) Para responder às questões, leia o texto a
seguir:
Selinho, sim, mas só para poucos
Primeiro, Hebe Camargo, toda animada, pediu a Sílvio
Santos um "selinho" (beijinho). Não ganhou, "Nem
selinho, nem selo, nem selão", ouviu dele, categórico. Em
seguida, Gilberto Gil entrou no palco, de mão estendida
para cumprimentá-lo. O que fez o apresentador? Disse
"selinho", esticou os lábios e zás - tascou um beijinho na
boca do músico. A cena foi ao ar de madrugada, no
encerramento do "Teleton", a Maratona beneficiente
exibida pelo SBT. Gil ficou surpreso. Hebe fingiu
brabeza e Sílvio riu muito. "Tirei uma onda, foi só uma
bicotinha", diz ele. "Tudo tem uma primeira vez".
("Veja", 07.11.2001, pág. 101.)
89. O termo "selinho" é bastante utilizado na linguagem
atual. O diminutivo no uso da palavra serve para enfatizar
que se trata de um beijo
a) indiscreto.
b) demorado.
c) engraçado.
d) indecente.
e) breve.
90. O vocabulário do texto mostra que o jornalista optou
por uma expressão mais à vontade e informal. Essa opção
pode ser comprovada pelo emprego de
a) "toda animada" e "categórico".
b) "categórico" e "tascou".
c) "esticou" e "tascou".
d) "beijinho" e "encerramento".
e) "encerramento" e "beneficiente".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 98) Texto I
A***
Falo a ti - doce virgem dos meus sonhos,
Visão dourada dum cismar tão puro,
Que sorrias por noites de vigília
Entre as rosas gentis do meu futuro.
Tu m'inspiraste, oh musa do silêncio,
Mimosa flor da lânguida saudade!
Por ti correu meu estro ardente e louco
Nos verdores febris da mocidade.
Tu, que foste a vestal dos sonhos d'ouro,
O anjo-tutelar dos meus anelos,
Estende sobre mim as asas brancas...
Desenrola os anéis dos teus cabelos!
(20/08/1859)
(ABREU, Casimiro. "Obras". Rio de Janeiro: MEC,
1955, p. 49-50.)
Vocabulário:
estro = imaginação criadora
vestal = mulher casta ou virgem
anelo = desejo ardente
Texto II
Sempre que se agita esta questão das "reivindicações",
escovam-se os velhos chavões, e, com um grande ar de
importância, os ¢filósofos decidem sem apelação que a
mulher não pode ser mais do que o anjo do lar, a vestal
encarregada de vigiar o fogo sagrado, a £depositária das
tradições da família... e das chaves da despensa. Todo
esse dispêndio de palavras ¤inúteis serve apenas para
encobrir a ¥fealdade da única razão séria que podemos
apresentar contra as pretensões das mulheres: o nosso
egoísmo, o receio que temos de que nos despojem das
nossas prerrogativas seculares - o medo de perder as
posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro
confiou exclusivamente ao nosso século. Compreendese: quem se habituou a empunhar o bastão do comando
não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é
mais fácil deixar a vida do que deixar o poder.
(18/08/1901)
(BILAC, Olavo. VOSSA INSOLÊNCIA. São Paulo: Cia.
das Letras, 1997, p. 313.)
Texto III
37
O mal de Isaías é ser ambíguo. Ser e não-ser.
Não é índio, nem cristão. Não é homem, nem deixa de
ser, ¢coitado. Ser dois é não ser nenhum. Mas está acima
de suas forças. Ele não pode deixar de participar de um
nós comigo que é excludente dos mairuns e que quase me
ofende. Também não pode sentir consigo mesmo que ele
é apenas um mairum entre os outros. O pobre não pára de
escarafunchar a cuca, se aclarando e se confundindo cada
vez mais. Este casamento com Inimá. Será que ele gosta
dela? (...)
Outro dia fiquei muito tempo atrás dele, no
pátio, confundida com toda gente que se junta ali, na hora
do pôr do sol, para comer e conversar. Vi bem que ele
não falava com ninguém e que ninguém falava com ele.
Nem Inimá. Ouvi depois, ouvi bem que ele murmurava
sozinho. Cheguei mais perto e ouvi melhor; era uma
ladainha em latim, como as de meu pai:
Tra-lá-lá, ora pro nobis
Tre-lé-lé, ora pro nobis
Vamos ver se, agora de noite, nesse balanço de
rede, eu me esqueço dos outros para pensar em mim.
Preciso me concentrar no meu problema. Tentei pensar o
dia inteiro, sem conseguir. Há dias que é assim. Até
parece que já não sou capaz. Será a gravidez que me
deixa lânguida? De onde virá essa lassidão? Estou
grávida e não sei de quem. Vou parir aqui entre os
mairuns, este é problema. Se problema existe, porque
isto bem pode ser uma solução. Com um filho crescendo
mairum eu não me integraria mais nesse mundo que eu
quero fazer meu? Ser a mãe de fulaninho não será para
mim como para um homem ser o pai de fulano? Os
homens aqui mudam de nome quando têm um filho
homem. Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo
Jaguarhú. Eu seria Iuicuihí se minha filha se chamasse
Iucui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se
Maíra? Será que pode? Melhor é que seja menina: Iuicui.
(RIBEIRO, Darcy. "Maíra". Rio de
Janeiro: Record, 1990, p. 372-3.)
91. "Mimosa flor da LÂNGUIDA saudade!" (texto I verso 6)
Será a gravidez que me deixa LÂNGUIDA?" (texto III).
Observe os significados dados no Dicionário Aurélio
Eletrônico, versão 2.0, para o verbete "lânguido":
LÂNGUIDO: adj.
1. Sem forças; sem energia; frouxo, fraco, abatido,
debilitado, extenuado, langoroso.
2. Mórbido, doentio.
3. Voluptuoso, sensual, langoroso.
O significado desse adjetivo, nos dois trechos transcritos,
é, respectivamente:
a) voluptuosa - doentia
b) sensual - extenuada
c) frouxa - debilitada
d) abatida - mórbida
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uel 95) Assinale a letra correspondente à alternativa que
preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
92. A visão ..... dos fatos explica ..... apenas alguns
alunos foram premiados.
a) destorcida - porque
b) distorcida - por que
c) distorcida - porque
d) destorcida - por que
e) destorcida - porquê
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unifesp 2002) TEXTO I:
"O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados
pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as
plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia
suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de
disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não
parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o
repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado
de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden
que o primeiro homem habitou com a sua inocência e
com a virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha
que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura
do mais belo viço e variedade. (...)
Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um
claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação
antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa;
parece mais ornada e também mais antiga que o resto do
edifício, que todavia mal se vê..."
(Almeida Garrett, "Viagens na minha terra".)
TEXTO II:
"Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende
sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza
formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as
cortinas de trepadeiras e flores agrestes.
A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu
luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das
margens do rio, que corria no meio das arcarias de
verdura e dos capitéis formados pelos leques das
palmeiras.
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza,
sublime artista, tinha decorado para os dramas
majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um
simples comparsa. (...)
Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga
e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida
de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a
pique."
38
(José de Alencar, "O guarani".)
TEXTO III:
"Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes."
(Cláudio Manuel da Costa, "Sonetos-VII".)
93. Há correspondência ou equivalência de sentido entre
os segmentos transcritos em:
a) "sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a
situação, tudo está numa harmonia suavíssima e
perfeita;"="florestas virgens se estendiam ao longo das
margens do rio, que corria no meio das arcarias de
verdura e dos capitéis formados pelos leques das
palmeiras."="Árvores aqui vi tão florescentes,/Que
faziam perpétua a primavera:"
b) "não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do
espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali
um reinado de amor e benevolência."="A vegetação
nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e
vigor;"="Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço/De
estar a ela um dia reclinado:"
c) "O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados
pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as
plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia
suavíssima e perfeita;"="Depois, fatigado do esforço
supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece
numa linda bacia que a natureza formou,"="Ali em vale
um monte está mudado: / Quanto pode dos anos o
progresso!"
d) "não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma
como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo
quanto se vê e se sente,"="Tudo era grande e pomposo no
cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado
para os dramas majestosos dos elementos,"="Nem
troncos vejo agora decadentes."
e) "Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem
habitou"="protegida de todos os lados por uma muralha
de rocha cortada a pique."="Ali em vale um monte está
mudado:/Quanto pode dos anos o progresso!"
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Enem 2000) O autor do texto abaixo critica, ainda que
em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea
em relação aos seus hábitos alimentares.
"Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a
gente comprava Ieite em garrafa, ira leiteira da esquina?
(...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô? Vai ver nem
sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso
porque agora mesmo peguei um pacote de leite - leite em
pacote, imagina, Tereza! - na porta dos fundos e estava
escrito que é pasteurizado, ou pasteurizado, sei lá, tem
vitamina, é garantido pela embromatologia, foi
enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite
é outra coisa: 'Líquido branco, contendo água, proteína,
açúcar e sais minerais'. Um alimento pra ninguém botar
defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o
único alimento só alimento. A carne serve pro animal
andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra
fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota
fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem
chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem
serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás
desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não
gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam
como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!"
(FERNANDES, Millôr. "O Estado de S. Paulo",
22 de agosto de 1999)
94. A palavra EMBROMATOLOGIA usada pelo autor é:
a) um termo científico que significa estudo dos bromatos.
b) uma composição do termo de gíria "embromação"
(enganação) com bromatologia, que é o estudo dos
alimentos.
c) uma junção do termo de gíria "embromação"
(enganação) com lactologia, que é o estudo das
embalagens para leite.
d) um neologismo da química orgânica que significa a
técnica de retirar bromatos dos laticínios.
e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa
a ordenha mecânica.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98)
UMA OUTRA EUCARISTIA
1
Em 1592, inspirado nas descrições do viajante
Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias
de canibalismo de índios brasileiros. São documentos de
£alto valor histórico (...). Porém, não podem ser vistos
como retratos exatos: o artista, sob a influência do
Renascimento, mitigou a violência ¢antropofágica com
imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e
corpos esbeltos de europeus. As índias ficaram
rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês
Rubens.
2
No século XX, o pintor brasileiro Portinari
trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas,
39
rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ângulo do
colonizador e procurou não fazer julgamentos. A
Antropologia persegue a mesma coisa: investigar,
descrever e interpretar as culturas em toda a sua
diversidade desconcertante.
3
Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo
é uma experiência simbólica e transcendental - jamais
alimentar.
4
Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam
pedaços dos corpos de seus mortos. Ainda hoje, os
yanomamis misturam as cinzas dos amigos no purê de
banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia
aprendeu que, na antropofagia que chegou ao século XX,
o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar
a alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar
toda a história para você, pretende superar os olhares
preconceituosos, ampliar o conhecimento que os
brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas
indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os
índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos. É
sagrado.
(Adaptado de: SUPERINTERESSANTE. Agosto, 1997,
p.4.)
95. Assinale a alternativa em que o significado da palavra
"alto" é equivalente ao significado que tal palavra tem na
referência 2.
a) Lúcio já estava um pouco alto no final da janta.
b) Pedro é o mais alto dos meus quatro filhos.
c) Dizem que ele é um alto executivo numa
multinacional.
d) Eu dei uma lida meio por alto no artigo que me
passaste.
e) Essa é uma manifestação de alto apreço e respeito da
parte dele.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 2000) (...) publicou-se há dias o recenseamento do
Império, do qual se colige que 70% da nossa população
não sabem ler.
1
Gosto dos algarismos, porque não são de meias
medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu
nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro,
não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As
letras fizeram-se para frases; o algarismo não tem frases,
nem retórica.
2
Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu,
querendo falar do nosso país, dirá:
3
- Quando uma Constituição livre pôs nas mãos
de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe
para o futuro com as bandeiras do progresso
desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras;
as Câmaras são a representação nacional. A opinião
pública deste país é o magistrado último, o supremo
tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação que
decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles
Queles; ela possui nas mãos o direito a todos superior a
todos os direitos.
4
A isto responderá o algarismo com a maior
simplicidade:
5
- A nação não sabe ler. Há só 30% dos
indivíduos residentes neste país que podem ler; desses
uns 9% não lêem letra de mão. 70% jazem em profunda
ignorância. Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles
Queles; é não saber o que ele vale, o que ele pensa, o que
ele quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70%
dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem
saber porque nem o quê. Votam como vão à festa da
Penha, - por divertimento. A Constituição é para eles
uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para
tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
6
Replico eu:
7
- Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições...
8
-As instituições existem, mas por e para 30%
dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político.
Não se deve dizer: "consultar a nação, representantes da
nação, os poderes da nação"; mas - "consultar os 30%,
representantes dos 30%, poderes dos 30%". A opinião
pública é uma metáfora sem base; há só a opinião dos
30%.
Um deputado que disser na Câmara: "Sr.
Presidente, falo deste modo porque os 30% nos ouvem..."
dirá uma coisa extremamente sensata.
9
E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se
ele falar desse modo, porque nós não temos base segura
para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento.
(ASSIS, Machado de. "Obra Completa". Rio de
Janeiro: Nova Aquilar, vol. 111, 1969.)
96. Observado o valor semântico do palavra "força" no 4°
parágrafo, é correto afirmar que ela tem o mesmo sentido
que:
a) vigor
b) motivo
a) robustez
b) obrigação
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 2001) A notícia saiu no "The Wall Street Journal":
a "ansiedade ¢superou a depressão como problema £de
saúde mental predominante nos EUA". Para justificar o
absurdo, o autor da matéria recorre a ¤um psicoterapeuta
e a um ¥sociólogo. O primeiro descreve "ansiedade como
¦condição dos privilegiados" que, livres de ameaças reais,
se dão ao luxo de "olhar para dentro" e criar medos
irracionais; o segundo diz que
"vivemos na era mais segura da humanidade" e, no
entanto, "desperdiçamos bilhões de dólares §em medos
bem mais ampliados do que seria ¨justificável". Sem
meias palavras, ©os peritos dizem algo mais ou menos
assim: os americanos estão nadando em ªriqueza e, como
não têm do que se queixar, adquiriram o costume
neurótico ¢¡de ¢¢desentocar medos ¢£irracionais para
projetá-los no ¢¤admirável mundo novo ao redor.
A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má40
fé. Ninguém contrai o ¢¥"Mau hábito" ¢¦de olhar para
¢§dentro de si do dia para a noite. A obsessão consigo
não é um efeito colateral ¢¨do modo de vida atual; é um
dos seus mais ¢©indispensáveis ingredientes. O
crescimento exagerado do interesse pelo "mundo interno"
e pelo ¢ªcorpo é a £¡contrapartida do desinteresse ou
hostilidade pelo "mundo externo" e pelos outros. Diz o
£¢catecismo: só confieem seu corpo e sua mente. ££O
resto é £¤concorrente; o resto está sempre cobiçando e
disputando seu emprego, seu sucesso, seu patrimônio e
sua saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições
semelhantes, é um estado emocional perfeitamente
racional e inteligível.
Em bom português, sentir-se condenado a £¥jamais ter
repouso físico ou £¦mental, sob pena de perder a saúde, a
£§longevidade, a forma física, o desempenho £¨sexual, o
emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser um
inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os
£©candidatos à ansiedade são, assim, bem mais
numerosos e bem menos ociosos do que pensam o
£ªpsicoterapeuta e o sociólogo.
(Adaptado de: COSTA, J.F. A ansiedade da
opulência. "Folha de São Paulo", 19 de março de 2000.)
97. Assinale a alternativa em que a palavra proposta
constitui um sinônimo adequado para a palavra do texto,
considerando o contexto em que ocorre.
a) superou (ref.1) - destruiu
b) desentocar (ref. 11) - desembestar
c) contrapartida (ref.20) - exclusão
d) catecismo (ref.21) - ideologia
e) longevidade (ref.26) - maturidade
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2000) As duas manas Lousadas! Secas, escuras e
gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira,
eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as
espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de
todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia
nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira
arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a
uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus
olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e
que sua solta língua, entre os dentes ralos, não
comentasse com malícia estridente.
(Eça de Queirós, "A ilustre Casa de
Ramires")
98. Há, no texto, analogia entre o sentido da expressão
"gárrulas como cigarras" e o sentido de
a) "tecedeiras de todas as intrigas".
b) "olhinhos furantes".
c) "azeviche sujo".
d) "sua solta língua".
e) "entre os dentes ralos".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 97)
¢Quando tratavam de maneiras ........
mesa, os manuais de civilidade medievais - ou talvez
devamos dizer "manuais de cortesia", tendo em vista a
época - condenavam as manifestações de gula, a agitação,
a sujeira, a falta de consideração pelos outros convivas.
£Tudo isso persiste nos séculos XVII e XVIII, porém
novas prescrições se acrescentam ........ antigas. ¤Em
geral, elas desenvolvem ........ idéia de limpeza - já
presente na Idade Média -, ordenando que se usem os
novos utensílios de mesa: pratos, copos, facas, colheres e
garfos individuais. ¥O emprego dos dedos é cada vez
mais proscrito, bem como a transferência dos alimentos
diretamente da travessa comum para a boca.
¦Isso evidencia não só uma obsessão pela
limpeza, como ainda um progresso do individualismo: o
prato, o copo, a faca, a colher e o garfo individuais na
verdade erguem paredes invisíveis entre os comensais.
§Na Idade Média, levava-se a mão ao prato comum, duas
ou três pessoas tomavam a sopa numa só escudela, todos
comiam a carne na mesma travessa e bebiam de uma
única taça que circulava pela mesa; facas e colheres,
ainda inadequadas, passavam de um conviva a outro; e
cada qual mergulhava seu pedaço de pão ou de carne em
saleiros e molheiras comuns. ¨Nos séculos XVII e XVIII,
ao contrário, cada comensal é dono de um prato, um
copo, uma faca, uma colher, um garfo, um guardanapo e
um pedaço de pão. ©Tudo que é retirado das travessas,
molheiras e saleiros comuns deve ser pego com os
utensílios adequados e depositado no prato antes de ser
tocado com os próprios talheres e levado ........ boca.
ªCada conviva é encerrado numa espécie de gaiola
imaterial. ¢¡Por que tais precauções, dois séculos antes de
Pasteur descobrir a existência dos micróbios? ¢¢O que
vem a ser essa sujeira que tanto se teme? ¢£Não será
principalmente o medo do contato com o outro?
(Adaptado de FLANDRIN, Jean-Louis.
A DISTINÇÃO PELO GOSTO. In: CHARTIER, Roger
(Org.) HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA 3: Da
Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia
das Letras, 1991. p. 267-8)
99. Supondo que a palavra ESCUDELA (6Ž período)
seja desconhecida para o leitor, são propostas as
estratégias seguintes para determinar seu significado.
I - Observar que o trecho do texto em que está inserida
trata do uso de utensílios de mesa, e que a palavra
escudela deve pertencer ao mesmo campo semântico.
II - Pela análise morfológica da palavra, determinar que
ela é formada a partir de escudo e portanto remete à
guerra e às disputas da Idade Média.
III - Pela análise sintática, determinar que, dada a função
que exerce na frase, a palavra não necessita concordar em
número com o sujeito.
Quais são adequadas para a finalidade acima expressa?
a) Apenas I
41
b) Apenas III
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III
e) I, II e III
100. (Faap 96) "Fez-se de triste o que se fez amante".
O melhor sentido para AMANTE no texto:
a) amásia
b) adúltera
c) concubina
d) amor extramatrimonial
e) aquele que ama
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Faap 96) SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
101. Releia com atenção a primeira estrofe:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
BRUMA significa:
a) a espuma branca do mar
b) neblina
c) algodão
d) a semente de algodão
e) neve - gelo
102. Releia com atenção a última estrofe:
Fez-se de amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido
com que esta forma lingüística é usualmente empregada
no falar atual. Contudo, na Idade Média, como se
observa nas cantigas medievais, a palavra AMIGO
significou:
a) colega
b) companheiro
c) namorado
d) simpático
e) acolhedor
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uel 97)
Vivemos numa sociedade competitiva.
As coletividades dotadas de indivíduos ambiciosos
progridem mais, pois é evidente que o progresso do todo
depende da intuição de progresso das partes. Mas essa
valorização do senso competitivo, característica de
nossos dias, torna-se condenável, quando o homem não
se atém a concorrer limpamente com seus semelhantes.
Quando os avilta, inveja, subestima. Devemos supor
sempre que o concorrente nos inspire o máximo de
respeito e, longe de ser inimigo, compõe conosco uma
peça importante para a motivação do progresso geral.
103. Indique a alternativa em que se traduz corretamente
o sentido de uma expressão do texto.
a) dotados de indivíduos ambiciosos = providos de
pessoas orgulhosas.
b) senso competitivo = interesse egoísta.
c) sociedade competitiva = comunidade competente.
d) avilta, inveja, subestima = corrompe, trai, critica.
e) não se atém a concorrer limpamente = o indivíduo não
se limita a competir honestamente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 97)
¢Apesar de não termos ilusões quanto
ao caráter das nossas elites, existia uma certa resistência a
essa espécie de niilismo a que o Brasil nos leva. £Os
escândalos na área financeira estão acabando até com
isso. ¤Fica cada vez mais difícil espantar os burgueses.
¥Os burgueses não se espantam com mais nada. ¦Alguns
talvez se surpreendam quando ouvem um filho pequeno
ou um neto repetindo uma letra dos Mamonas, mas
nestes casos o espanto é divertido, ou pelo menos
resignado. §A necessidade de se ser absolutamente claro
sobre que tipos de atividade sexual causam AIDS e como
fazer para preveni-la acabou com qualquer preocupação
da imprensa e da propaganda com o pundonor (grande
palavra) alheio, embora ainda façam alguns rodeios. ¨A
linguagem ficou mais leve, ficamos menos hipócritas.
©Burgueses epatáveis ainda existem, mas o acúmulo de
agressões a seus ouvidos e pruridos os insensibilizou e
hoje, se reagem, não é em público.
(VERÍSSIMO, L. F. CONLUIO. Porto Alegre:
Extra Classe, junho/julho de 1996. p.3).
104. Considere as seguintes afirmações.
42
I - A palavra 'pundonor' (6Ž período) poderia ser
substituída por 'pudor' ou 'decoro', sem que o significado
original do texto fosse alterado.
II - O comentário parentético feito pelo autor logo após a
palavra 'pundonor' (6Ž período) indica uma reflexão
sobre escolhas lexicais do texto.
III - Com o comentário parentético que aparece logo após
a palavra 'pundonor' (6Ž período), o autor chama a
atenção de seu leitor para um aspecto sintático do texto.
Quais estão corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 96)
"A triste verdade é que passei as férias
no calçadão do Leblon, nos intervalos do novo livro que
venho penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em
calçadão, embora deva confessar que o meu momento
calçadônico mais alegre é quando, já no caminho de
volta, vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina
da rua onde finalmente terminarei o programa-saúde do
dia. Sou, digamos, um caminhante resignado. Depois dos
50, a gente fica igual a carro usado, todo o dia tem uma
coisa dando errado, é a suspensão, é a embreagem, é o
radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o contrafarto
do mesocárdio epidítico, a falta de serotorpina
folimolecular, é o que mecânicos e médicos disseram. Aí,
para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os
conselhos. Andar é bom para mim, digo sem muita
convicção a meus entediados botões, é bom para todos."
(João Ubaldo Ribeiro, "O Estado de S. Paulo", 06/08/95)
105. Na frase "Aí, para conseguir ir segurando a barra,
vou acatando os conselhos", aí será corretamente
substituído, de acordo com seu sentido no texto, por:
a) Nesse lugar.
b) Nesse instante.
c) Contudo.
d) Em conseqüência.
e) Ao contrário.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97)
Durante este período de depressão
contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha
o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele.
Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?
Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático.
Boca sem lábios, de velha carpideira, desenhada em
angústia - a súplica feita boca, a prece perene rasgada em
beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto,
infinitamente, como uma gota de cera pelo fuste de um
círio...
Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito,
de joelhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto,
que sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um
olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que
furava o céu como a extrema agulha de um templo
gótico!
E depois cantava as orações com a doçura
feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo,
aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da
freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos.
Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembrome bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras
para fora, como duas asas!
O ATENEU. Raul Pompéia
106. "Boca sem lábios, de velha CARPIDEIRA".
Carpideira é uma mulher a quem se paga para:
a) prostituir-se
b) ir prantear os mortos
c) executar tarefa de carpintaria
d) rezar em voz alta nos templos
e) divulgar boatos de terceiros para ofender-lhes a honra
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 99) ROMARIA
Os romeiros sobem a ladeira
cheia de espinhos, cheia de pedras,
sobem a ladeira que leva a Deus
e vão deixando culpas no caminho.
Os sinos tocam, chamam os romeiros:
Vinde lavar os vossos pecados.
Já estamos puros, sino, obrigados,
mas trazemos flores, prendas e rezas.
......................................................................
Jesus no lenho expira magoado.
Faz tanto calor, há tanta algazarra.
Nos olhos do santo há sangue que escorre.
Ninguém não percebe, o dia é de festa.
No adro da janela há pinga, café,
imagens, fenômenos, baralhos, cigarros
e um sol imenso que lambuza de ouro
o pó das feridas e o pó das muletas.
Meu Bom Jesus que tudo podeis,
humildemente te peço uma graça.
Sarai-me, Senhor, e não desta lepra,
do amor que eu tenho e que ninguém me tem.
......................................................................
Jesus meu Deus pregado na cruz,
me dá coragem pra eu matar
um que me amola de dia e de noite
43
e diz gracinhas a minha mulher
......................................................................
Os romeiros pedem com os olhos,
pedem com a boca, pedem com as mãos.
Jesus já cansado de tanto pedido
dorme sonhando com outra humanidade.
(Carlos Drummond de Andrade)
107. Assinale o par em que se verifica a oposição
SAGRADO x PROFANO.
a) "Os romeiros sobem a ladeira / cheia de espinhos,
cheia de pedras," (v.1-2)
b) "Vinde lavar os vossos pecados. / Já estamos puros,
sino, obrigados," (v.6-7)
c) "Os romeiros pedem com os olhos, / pedem com a
boca, pedem com as mãos." (v.25-26)
d) "e um sol imenso que lambuza de ouro / o pó das
feridas e o pó das muletas." (v.15-16)
e) "Nos olhos do santo há sangue que escorre. / Ninguém
não percebe, o dia é de festa." (v.11-12)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Puccamp 95)
A questão da descriminalização das
drogas se presta a freqüentes simplificações de caráter
maniqueísta, que acabam por estreitar um problema
extremamente complexo, permanecendo a discussão
quase sempre em torno da droga que está mais em
evidência.
Vários aspectos relacionados ao problema
(abuso das chamadas drogas lícitas, como medicamentos,
inalação de solventes, etc.) ou não são discutidos, ou não
merecem a devida atenção. A sociedade parece ser pouco
sensível, por exemplo, aos problemas do alcoolismo, que
representa a primeira causa de internação da população
adulta masculina em hospitais psiquiátricos. Recente
estudo epidemiológico realizado em São Paulo apontou
que 8% a 10% da população adulta apresentavam
problemas de abuso ou dependência de álcool. Por outro
lado, a comunidade mostra-se extremamente sensível ao
uso e abuso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína,
heroína, etc.
Dois grupos mantêm acalorada discussão. O
primeiro acredita que somente penalizando traficantes e
usuários pode-se controlar o problema, atitude essa
centrada, evidentemente, em aspectos repressivos.
Essa corrente atingiu o seu maior momento logo
após o movimento militar de 1964. Seus representantes
acreditam, por exemplo, que "no fim da linha" usuários
fazem sempre um pequeno comércio, o que, no fundo, os
igualaria aos traficantes, dificultando o papel da Justiça.
Como solução, apontam, com freqüência, para os
reconhecidamente muito dependentes, programas
extensos a serem desenvolvidos em fazendas de
recuperação, transformando o tratamento em um
programa agrário.
Na outra ponta, um grupo "neoliberal" busca
uma solução nas regras do mercado. Seus integrantes
acreditam que, liberando e taxando essas drogas através
de impostos, poderiam neutralizar seu comércio, seu uso
e seu abuso. As experiências dessa natureza em curso em
outros países não apresentam resultados animadores.
Como uma terceira opção, pode-se olhar a
questão considerando diversos ângulos. O usuário
eventual não necessita de tratamento, deve ser apenas
alertado para os riscos. O dependente deve ser tratado, e,
para isso, a descriminalização do usuário é fundamental,
pois facilitaria muito seu pedido de ajuda. O traficante e
o produtor devem ser penalizados. Quanto ao argumento
de que usuários vendem parte do produto: é fruto de
desconhecimento de como se dão as relações e as trocas
entre eles.
Duplamente
penalizados,
pela
doença
(dependência) e pela lei, os usuários aguardam melhores
projetos, que cuidem não só dos aspectos legais, mas
também dos aspectos de saúde que são inerentes ao
problema.
(Adaptado de Marcos P. T. Ferraz, Folha de São
Paulo)
108. A questão da descriminalização das drogas se presta
a freqüentes simplificações de caráter maniqueísta, que
acabam por estreitar um problema extremamente
complexo, permanecendo a discussão quase sempre em
torno da droga que está mais em evidência.
A alternativa que foge ao sentido do texto anterior,
devido ao uso de palavras INADEQUADAS, é:
a) A discussão acerca de excluir-se a criminalidade de
fatos relacionados às drogas propicia freqüentes
simplificações, que, frutos de atitude rígida, centram a
questão em princípios absolutamente antagônicos, o que
acaba por estreitar um problema extremamente
complexo, permanecendo a discussão quase sempre em
torno da droga mais em evidência.
b) A questão de se discernir a diferença entre os diversos
tipos de drogas implica que se analise o fato sob o ângulo
do Bem × Mal, atitude que, com freqüência, acaba por
simplificar um problema que é bastante complexo,
fixando-se o debate em torno da droga que está mais em
evidência.
c) O problema de não se considerar culposo o que diz
respeito às drogas favorece, constantemente, o desprezo
de aspectos importantes relacionados à questão, próprio
de atitude que centra a discussão em duas posições
definitivamente
irredutíveis;
isso
minimiza
a
complexidade do tema, permanecendo a discussão, quase
sempre, em torno da droga mais em evidência.
d) O debate acerca de não se considerar criminoso o que
se refere às drogas admite freqüentemente que se analise
o problema sob o enfoque simplificador de uma luta do
bem contra o mal, o que implica uma redução da
complexidade do tema, permanecendo a discussão, via de
44
regra, em torno da droga mais em evidência.
e) A discussão sobre inocentarem-se as práticas
relacionadas às drogas constantemente permite
simplificações apoiadas em visões totalmente opostas e
irredutíveis a outros termos, que acabam por limitar a
análise de problema tão complexo, permanecendo o
debate quase sempre em torno da droga mais em
evidência.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 97) Que mãe?
1 A mãe de hoje em dia é uma mulher
esbaforida, a representar papel avesso ............... que lhe
foi imposto até alguns anos atrás. Ela está às voltas com
o problema de ter e criar filhos e de administrar uma
carreira. Em muitos casos ela é parte importante, quando
não a única fonte de renda da casa. Freqüentemente ela é
a ponte para que a família de classe média ............... à
classe média alta. [...]
2 No limite do raciocínio, a expectativa
sancionada pela sociedade repele uma mulher que possa
abandonar o trabalho, que tantas possibilidades ...............
abriu, e trocá-lo pela atenção aos filhos. A mãe
tradicional, a antes louvada rainha do lar, por assim dizer,
está rechaçada. No pós-feminismo, a sensação é de que
todas as chances existem para uma mulher forte e
competente chegar ao ápice em qualquer terreno. [...]
3 A mãe que todas as gerações conheceram aquela que ficava em casa e tratava das tarefas da família,
especialmente dos filhos - será no futuro objeto de relato
histórico a provocar estranheza nos ouvintes.
(Santos, Mário Vítor. QUE MÃE? São Paulo: Revista da
Folha de São Paulo, 12.05.96)
109. Assinale a alternativa que apresenta sinônimos
adequados para as palavras 'sancionada' (2Ž parágrafo),
'sensação' (2Ž parágrafo) e 'provocar' (3Ž parágrafo)
respectivamente, considerando o contexto em que tais
palavras ocorrem.
a) aprovada, impressão, suscitar
b) criada, impressão, suscitar
c) criada, intuição, suscitar
d) aprovada, intuição, incitar
e) aprovada, impressão, incitar
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Faap 97) BAILADO RUSSO
Guilherme de Almeida
A mão firme e ligeira
puxou com força a fieira:
e o pião
fez uma elipse tonta
no ar e fincou a ponta
no chão.
É o pião com sete listas
de cores imprevistas.
Porém,
nas suas voltas doudas,
não mostra as cores todas
que tem:
- fica todo cinzento,
no ardente movimento...
E até
parece estar parado,
teso, paralisado,
de pé.
Mas gira. Até que, aos poucos,
em torvelins tão loucos
assim,
já tonto, bamboleia,
e bambo, cambaleia...
Enfim,
tomba. E, como uma cobra,
corre mole e desdobra
então,
em hipérboles lentas,
sete cores violentas
no chão.
110. O melhor sentido para DOUDAS ( ... em suas voltas
doudas...):
a) doente
b) extravagante
c) extraordinariamente afetuoso
d) alienado
e) sem juízo
111. As palavras a seguir realçam a vertiginosa
velocidade do pião, exceto:
a) teso
b) paralisado
c) parado
d) cinzento
e) cobra
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufu 2001) 1
"O
rápido
desenvolvimento
da
engenharia genética está forçando uma reavaliação da
questão do controle da pesquisa científica pelos órgãos
legislativos. Este controle foi praticamente perdido
durante a década de 70, quando as primeiras experiências
envolvendo a manipulação explícita de genes foram
desenvolvidas. O que existia antes, 'cruzar' animais ou
plantas para criar novas raças ou híbridos, é coisa bem
diferente, pois não envolve a manipulação direta dos
genes. Todos sabem que cães e gatos são espécies
diferentes e que não se misturam: entretanto, por meio da
manipulação genética direta, essas duas espécies podem,
45
em princípio, ser 'misturadas'.
2
Uma das técnicas mais comuns de manipulação
genética é a passagem de genes de um organismo a outro
usando vírus ou bactérias: os genes de um organismo são
transplantados ao vírus, que, por sua vez, é implantado
no organismo em que se deseja depositar o material
genético. Esse organismo pode ser um peixe ou uma
espécie de milho ou tomate. Com isso, os genes
espalham-se pelo organismo, transformando seu material
genético e, portanto, algumas de suas propriedades. Por
exemplo, podem-se desenvolver espécies de milho
resistentes a certos insetos que o usam como alimento,
controlando geneticamente certas pragas agrícolas; ou um
tipo de tomate que cresce mais rápido e é mais produtivo.
Até aí tudo bem a ciência a serviço da população, como
deveria ser. Podemos imaginar um futuro em que os
alimentos modificados geneticamente irão solucionar um
dos maiores problemas que afligem a humanidade, a
fome. O dilema começa ao examinarmos os possíveis
efeitos ambientais dos alimentos transgênicos.
3
Se microrganismos são usados como 'pontes'
genéticas, transmitindo material de uma planta a outra ou
de um animal a outro, como podemos nos certificar de
que esse material não se espalhará para outras plantas ou
animais? Para responder a essa questão, virologistas dos
Institutos Nacionais de Saúde de (NIH) dos EUA
desenvolveram experiência em que um gene causador de
câncer em ratos foi transplantado para uma bactéria, que
foi então implantada em outros animais, para observar se
estes também desenvolveriam câncer. Em caso
afirmativo, a experiência provaria que o câncer pode se
tornar uma doença contagiosa por meio da manipulação
genética. Os cientistas começaram errando, escolhendo
uma bactéria frágil. Por quê? Por que eles não tinham
nenhum interesse em comprovar os perigos da
manipulação genética; existiam outros interesses em jogo
- políticos, econômicos e também de controle da pesquisa
científica. Mesmo assim, a bactéria infectou alguns
animais com câncer, segundo os NIH. Esses resultados
não foram publicados em jornais científicos, e o jornal
'The New York Times' anunciou, citando depoimento
oficial dos NIH de 1979, que os 'riscos são menores do
que o temido'. Caso encerrado!
4
Experiências
recentes
realizadas
na
Universidade de Cornell, nos EUA, mostraram que larvas
da borboleta monarca que se alimentam de plantas
impregnadas com o pólen de um tipo de milho
transgênico morrem em grandes quantidades. Ainda é
cedo para saber como os resultados se manifestarão fora
do laboratório, mas o perigo existe. A verdade é que
ainda não temos comprovação científica de que a
manipulação genética de alimentos e animais não poderá
gerar efeitos danosos à nossa saúde ou ao equilíbrio
ecológico. Não acredito que seja possível impedir o
desenvolvimento da pesquisa genética. Também jamais
sugeriria tal coisa, que me parece absurda; a ciência
precisa ter liberdade para progredir e uma legislação
proibindo certos tópicos de pesquisa é, na minha opinião,
equivalente à censura de imprensa ou à repressão da
opinião pública.
5
Por outro lado, essa liberdade só pode funcionar
se submetida a intensa supervisão da comunidade
científica, aliada a órgãos governamentais, livre de
interesses econômicos que possam comprometer os
resultados. Existem questões éticas sérias que precisam
ser debatidas abertamente com a sociedade, desde a
criação de alimentos transgênicos até a manipulação de
genes humanos. O Brasil deve tomar sua própria
iniciativa, desenvolvendo critérios e experiências que
testem os efeitos da manipulação genética dentro de seus
vários ecossistemas. Só assim poderemos transformar a
manipulação genética em um dos maiores benefícios da
ciência - e não em um monstro."
(Marcelo Gleiser, "Folha de S. Paulo", 3 de setembro de
2000)
112. Assinale a ÚNICA alternativa em que a palavra ou
expressão em destaque NÃO está adequadamente
interpretada de acordo com seu sentido no texto.
a) "O que existia antes, 'cruzar' animais ou plantas para
criar novas raças ou HÍBRIDOS, é coisa bem diferente..."
(par.1)= mistura de espécies diferentes.
b) "(...) mostraram que larvas da borboleta monarca que
se alimentam de plantas IMPREGNADAS com o pólen
de um tipo de milho transgênico morrem em grandes
quantidades." (par.4)= imbuídas.
c) "(...) os alimentos modificados geneticamente irão
solucionar um dos maiores problemas que AFLIGEM a
humanidade, a fome." (par.2)= atormentam.
d) "(...) essa liberdade só pode funcionar se submetida a
intensa SUPERVISÃO da comunidade científica..."
(par.5)= inspeção.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 98)
Já que não basta ficarem mexendo toda
hora no valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no
crédito, nas alíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e
nas regras do imposto de renda? Já não basta mudarem as
formas da Lua, as marés, a direção dos ventos e o mapa
da Europa? E as regras das campanhas eleitorais, o
ministério, o comprimento das saias, a largura das
gravatas? Não basta os deputados mudarem de partido,
homens virarem mulher, mulheres virarem homem e os
economistas virarem lobisomem, quando saem do Banco
Central e ingressam na banca privada?
Já não basta os prefeitos, como imperadores
romanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais,
como a Vieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à
aventura maluca de destruir largos pedaços da cidade
para rasgar avenidas, como em São Paulo? Já não basta
mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o
que emagrece? Não basta mudarem a capital federal, o
número de estados, o número de municípios e até o nome
46
do país, que já foi Estados Unidos do Brasil e depois
virou República Federativa do Brasil?
Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo
mudar as regras de escrever o idioma. "Minha pátria é a
língua portuguesa", escreveu Fernando Pessoa pela pena
de um de seus heterônimos, Bernardo Soares, autor do
"Livro do Desassossego". Desassossegados estamos.
Querem mexer na pátria. Quando mexem no modo de
escrever o idioma, põem a mão num espaço íntimo e
sagrado como a terra de onde se vem, o clima a que se
acostumou, o pão que se come.
Aprovou-se recentemente no Senado mais uma
reforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira
nos últimos 52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita
reforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60
anos aprendeu a escrever "idéa", depois, em 1943, mudou
para "idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou
incólume, mas agora vai escrever "ideia", sem acento.
Reformas ortográficas são quase sempre um
exercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentam
banhar de lógica o que, por natureza, possui extensas
zonas infensas à lógica, como é o caso de um idioma.
Escreve-se "Egito", e não "Egipto", mas "egípcio", e não
"egício", e daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala
"muinto". Segundo, porque, quando as reformas se regem
pela obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita,
como é o caso das reformas da Língua Portuguesa, estão
correndo atrás do inalcançável. A pronúncia muda no
tempo e no espaço. A flor que já foi "azálea" está virando
"azaléa" e não se pode dizer que esteja errado o que todo
o povo vem consagrando. "Poder" se pronuncia "poder"
no Sul do Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer
que a grafia coincida sempre com a pronúncia é como
correr atrás do arco-íris, e a comparação não é fortuita,
pois uma língua é uma coisa bela, mutável e misteriosa
como um arco-íris.
Acresce que a atual reforma, além de vã, é
frívola. Sua justificativa é unificar as grafias do
Português do Brasil e de Portugal. Ora, no meio do
caminho percebeu-se que seria uma violência fazer um
português escrever "fato" quando fala "facto", ou
"recepção" quando fala "receção", da mesma forma como
seria cruel fazer um brasileiro escrever "facto" ou
"receção" (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no
sentido de inferno astral da economia). Deixou-se, então,
que cada um continuasse a escrever como está
acostumado, no que se fez bem, mas, se a reforma era
para unificar e não unifica, para que então fazê-la?
Unifica um pouco, responderão os defensores da reforma.
Mas, se é só um pouco, o que adianta? Aliás, para que
unificar? O último argumento dos propugnadores da
reforma é que, afinal, ela é pequena - mexe com a grafia
de 600, entre as cerca de 110.000 palavras da Língua
Portuguesa, ou apenas 0,54% do total. Se é tão pequena,
volta a pergunta: para que fazê-la?
Fala-se que a reforma simplifica o idioma e,
assim, torna mais fácil seu ensino. Engano. A
representação escrita da língua é um bem que percorre as
gerações, passando de uma à outra, e será tão mais bem
transmitida quanto mais estável for, ou, pelo menos,
quanto menos interferências arbitrárias sofrer. Não se
mexa assim na língua. O preço disso é banalizá-la como
já fizeram com a moeda, no Brasil.
(Roberto Pompeu de Toledo - VEJA, 24.05.95. Texto
adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da
COPEVE/UFMG.)
113. Em todas as alternativas, as palavras em maiúsculo
estão corretamente interpretadas, EXCETO em
a) o último argumento dos PROPUGNADORES da
reforma (...)
propugnadores = defensores
b) (...) ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou
INCÓLUME (...)
incólume = ilesa
c) (...) quanto mais estável for, ou, pelo menos, quanto
menos interferências ARBITRÁRIAS sofrer.
arbitrárias = injustas
d) (...) e a comparação não é FORTUITA.
fortuita = acidental
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmt 96) SE NÃO HOUVESSE montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
e os braços colhessem rêdes!
Se a noite e o dia passassem
como nuvens, sem cadeias,
e os instantes da memória
fossem vento nas areias!
Se não houvesse saudade,
solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fôsse, além de breve, perdida!
Eu tinha um cavalo de asas,
que morreu sem ter pascigo.
E em labirintos se movem
os fantasmas que persigo.
(Canções - Cecília Meireles)
Na(s) questão(ões) a seguir assinale nos parênteses (V) se
for verdadeiro e (F) se for falso.
114. Julgue os itens.
(
) A oração principal das orações condicionais do
texto encontra-se subentendida.
( ) Na quarta estrofe, há uma oração cujos termos estão
em ordem inversa.
(
) Assim como "cavalo de asas" equivale a cavalo
alado, água de chuva equivale à água fluvial.
47
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufes 2000) O amante de Capitu
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro
1
Tornou-se um lugar-comum crítico: Machado de
Assis jamais colocou em seus romances qualquer
elemento autobiográfico. Recentemente, no centenário de
"Dom Casmurro", houve uma enxurrada de celebrações e
estudos, a ninguém ocorreu que o caso de Capitu podia
ser confessional.
2
Conto o que li, em diários e crônicas daquele
tempo, mantendo as iniciais por conveniência, há
parentes vivos da pessoa em questão.
3
Todos sabiam da amizade filial de Machado por
M. de A. - simples coincidência nas iniciais. Ao fundar a
Academia, indicou-o como membro da primeira leva, o
rapaz tinha então 20 e tantos anos, um único livro sem
valor. Fisicamente, tinha traços de Machado, a mesma
testa, o mesmo cabelo crespo, alguns tiques iguais.
4
Indo a um médico, por causa desses tiques, teve
diagnosticada a epilepsia - doença hereditária que tanto
maltratara Machado. Tão discreto quanto ao autor de
"Helena", viveu na sombra, passou anos fora do Brasil.
Ninguém entendia o amor que Machado tinha por ele.
Ninguém entendia como os dois poderiam ser tão
parecidos fisicamente.
5
Dos membros fundadores da Academia foi o
último a morrer. Não fora a excepcional amizade de
Machado, teria sido apenas um diplomata a mais.
6
Foram pouquíssimos os contemporâneos de
Machado que notaram, nele, a mesma coincidência do
filho de Capitu, que se parecia com o amante dela e não
com o pai do rapaz. Há testemunhos disso: o médico
Afonso Mac-Dowell, que cuidava de vários acadêmicos ,
e Goulart de Azevedo, que contou a história a Humberto
de Campos.
7
Sendo verdadeira a suposição, fica encerrada a
questão do adultério. O amante de Capitu era o próprio
Machado.
("Folha de S. Paulo", 4-8-99)
115. Uma das substituições propostas abaixo implica
alteração de sentido:
a) a da expressão "lugar-comum" (par.1) pela expressão
"argumento muito freqüente"
b) a da "vírgula" pelo conector "porque" no segmento "...
mantendo as iniciais por conveniência, há parentes vivos
da pessoa em questão." (par.2)
c) a do pronome "o" por "M. de A." em "indicou-o como
membro da primeira leva, " (par.3).
d) a da palavra "contemporâneos" (par.6) pela palavra
"conterrâneos".
e) a do "ponto simples" por "dois pontos" entre os
períodos que compõem o último parágrafo do texto.
116. Preencha a segunda coluna de acordo com o
SENTIDO que se atribui à palavra COISAS em cada uma
das sentenças abaixo.
COLUNA I
(1) M. de A. assemelhava-se a Machado de Assis pelo
cabelo, pela testa e por outras COISAS mais.
(2) Para chegar às suas conclusões, Cony baseou-se em
COISAS divulgadas em diários e crônicas.
(3) Baseado na narrativa de Bentinho, o leitor é levado a
fazer um julgamento de Capitu por seu procedimento
leviano e infiel, contrário às COISAS da época.
(4) Na Academia Brasileira, permanece o tradicional uso
dos fardões, do chá às quintas-feiras, entre outras
COISAS.
(5) A Capitu interessava o conforto, o luxo e outras
COISAS que Bentinho lhe poderia oferecer.
COLUNA II
( ) moral e comportamento
( ) fatos e acontecimentos
( ) bens e valores
( ) características físicas e psicológicas
( ) hábitos e costumes
A seqüência correta é
a) 3, 2, 5, 1, 4.
b) 1, 4, 3, 5, 2.
c) 3, 2, 1, 4, 5.
d) 2, 4, 1, 3, 5.
e) 1, 2, 5, 4, 3.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmt 96) Na(s) questão(ões) a seguir julgue os itens e
escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for
falso.
117. Com base no texto
1 Sinto muito
2 Agora o cinto é prá valer.
(Campanha Detran - 1995)
Julgue os itens.
(
) Este texto propaganda joga com a sonoridade de
duas palavras homógrafas.
( ) A palavra "sinto" é um verbo, e a palavra "cinto" é
um substantivo.
( ) A expressão "prá valer" remete à obrigatoriedade do
uso do cinto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uel 98)
Seja pela modorra causada pelo El
Niño, seja por complacência com o rigor jornalístico, a
verdade é que nossos jornais entregaram-se ao
pseudodeterminismo "pesquisótico": obsessão pelas
48
sondagens de opinião pública. Estão erigindo o leitor
desinformado em árbitro de nosso destino e fonte daquilo
que o leitor mais exigente espera dos jornalistas: matéria
informativa, elaborada, investigada além das aparências,
com um mínimo de imparcialidade, para montar os seus
próprios juízos.
A pesquisa-blitz, de algibeira, é um "paredón"
inapelável. O perdedor está ferrado, não pode argüir
números, sempre infalíveis. Exemplo clássico do
factóide, o pseudofato paramentado de numerologia e
estatística, que os jornais despejam em cima do cidadão
convertido em mero consumidor e retoma como fato
consumado, por força da reiteração e repercussões.
Exemplar, verdadeiro "case-study" clássico da
malversação dos estudos de opinião pública, foi a
sondagem (esse é o nome correto) recentemente
publicada com estardalhaço por um jornal sobre certas
medidas fiscais apresentadas pelo governo.
Durante algumas horas da manhã e do princípio
da tarde de um dia foram ouvidas 640 pessoas na cidade
de São Paulo, escolhidas aleatoriamente, que
sentenciaram em nome de toda a cidadania brasileira: o
conjunto de medidas propostas não serve, os
responsáveis por ele não são bons, bons são seus
opositores.
Obs.: Blitz = batida policial de improviso e que utiliza
grande aparato bélico.
Pesquisa-blitz = pesquisa improvisada realizada com
grande ostentação.
118. "Seja pela MODORRA causada pelo El Niño, seja
por COMPLACÊNCIA COM O rigor jornalístico, a
verdade é que nossos jornais entregaram-se ao
pseudodeterminismo "pesquisótico": obsessão pelas
sondagens de opinião pública."
As palavras em destaque acima significam, no texto,
a) indiferença e prazer do.
b) doença e benevolência para com o.
c) má influência e boa vontade.
d) apatia e condescendência com o.
e) casmurrice e intransigência com o.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufrs 96) TER CEM ANOS, SER CENTENÁRIA
1
Porto Alegre está ficando assim, quando e onde
menos se espera aparece um centenário. [...] ¢Bem, £nós
sabemos que uma ¦cidade centenária é muito mais que
uma ¢¡cidade de cem anos, uma cidade onde meramente
vivem figuras e centenários de cem anos. ¥Esta, basta
deixá-la§ vagar ao sabor do ©calendário, ¨que mal ou
bem corre¢¨; ªaquela, porém, precisa muito mais. Precisa,
¤por exemplo, da ¢£vibração que ¢¥só acomete os
dispostos a segurar o tempo pelos cabelos e impor-lhe¢¢
um ritmo, para fazer história, consistência, com a
matéria-prima trivial, dispersão.
2
Com seus mais de duzentos anos de existência,
Porto Alegre se candidata ¢¦agora à honraria de ser
centenária. Coisas, ambientes, filhos ilustres, artistas,
instituições, ruas porto-alegrenses estão fazendo
¢¤acontecer, ¢§ao longo dos anos, a cidade -¢© este
silencioso depósito de sucessivas camadas de heroísmo,
covardia, ousadia, destempero, fracasso, vitórias,
esperanças, desinteresses, contrariedades, e desejos, em
combinações díspares,¢ª humanas.
(Fischer, L.A. TER CEM ANOS, SER
CENTENÁRIA. Porto & Vírgula, Porto Alegre, n° 26
agosto/1994, p.1)
119. Assinale a alternativa que contém sinônimos
adequados para as palavras 'meramente' (par.1), 'acomete'
(par.1) e 'díspares' (par.2), no contexto em que aparecem.
a) geralmente, perturba, únicas
b) simplesmente, assalta, desiguais
c) comumente, assalta, desiguais
d) simplesmente, perturba, desiguais
e) comumente, perturba, únicas
120. Muitas vezes nesse texto duas expressões ou frases
são colocadas lado a lado de tal forma que a segunda
funciona como um aposto que dá à primeira um
significado especial ou mais preciso. Assinale a
alternativa em que essa NÃO é a relação entre as duas
expressões retiradas do texto.
a) ... uma cidade de cem anos, uma cidade onde
meramente vivem figuras e cenários de cem anos.
b) ... história, consistência...
c) ... matéria-prima trivial, dispersão.
d) ... filhos ilustres, artistas...
e) ... a cidade - este silencioso depósito...
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 96) Os trechos a seguir foram extrídos de
diferentes capítulos da obra SÃO BERNARDO, de
Graciliano Ramos.
"RESOLVI estabelecer-me aqui na minha terra,
município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a
propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com
salário de cinco tostões." (Cap.4)
"AMANHECI um dia pensando em casar. Foi uma idéia
que me veio sem que nenhum rabo de saia a provocasse.
Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre
me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de
governar. (Cap. 11)
"CONHECI que Madalena era boa em demasia, mas não
conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e
nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou
antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma
alma agreste." (Cap. 19)
49
121. As palavras ou expressões oferecem, aos falantes de
uma língua, multiplicidade de uso, definindo-se seus
significados na situação em que ocorrem. Veja, a esse
exemplo, a expressão "no eito", no primeiro trecho.
Levando em conta:
I) o verbete no dicionário, definido como "1. Seqüência
ou série de coisas que estão na mesma direção ou linha.
2. Bras. Limpeza de uma plantação por turmas que usam
enxadas. 3. Bras. Roça onde trabalhavam escravos. A eito
= a fio; a seguir." (cf. Buarque de Holanda, 1• Ed., p.
501)
II) o emprego no trecho apresentado,você poderia afirmar
que ela se refere a:
a) trabalhar com astúcia.
b) trabalhar com afinco.
c) trabalhar com resignação.
d) trabalhar com prazer.
e) trabalhar com revolta.
122. (Unitau 95) Em:
I - CERTAS instituições encontram sua autoridade na
palavra divina.
II - Instituições CERTAS encontram caminho no
mercado financeiro.
As palavras, em destaque, são, no plano morfológico e
semântico (significado)
a) adjetivo em I e substantivo em II, com significado de
"algumas" em I e "corretas" em II.
b) substantivo em I e adjetivo em II, com significado de
"muitas" em I e "íntegras" em II.
c) advérbio em I e II, com significado de "algumas" em I
e "algumas" em II.
d) adjetivos em I e II, com significado de "algumas" em I
e "íntegras" em II.
e) advérbio em I e adjetivo em II, com significado de
"poucas" em I e "poucas" em II.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unitau 95)
"Certas instituições encontram sua
autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos
dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são
obedecidos porque um Deus fala através de sua boca.
Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando
prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu,
na opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio
VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria
Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é divina,
dizia um erudito, é que os homens ainda não a
destruíram.
Outras associações humanas, como a
universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e
palavras. Sem a ciência rigorosa e objetiva, ela pode
atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu
com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais temida do que
estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores.
Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se
degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a
serviço do Estado e da Igreja.
As instituições políticas não possuem nem Deus
nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa
é impedir que os homens se destruam mutuamente e
vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado
não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima
obediência civil ou armada. Sem a confiança pública,
desmorona a soberania justa. Só resta a força bruta ou a
propaganda mentirosa para amparar uma potência
política falida.
O Estado deve ser visto com respeito pelos
cidadãos. Há um espécie de aura a ser mantida, através
do essencial decoro. Em todas as suas falas e atos, os
poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas
confiáveis e sérias. No Executivo, no Parlamento e,
sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo.
Com a fé pública, os dirigentes podem governar
em sentido estrito, administrando as atividades sociais,
econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são
reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do
Estado. Essas últimas, sugando para si o excedente
econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma
instituição inane."
(Roberto Romano, excerto do texto
"Salários de Senadores e legitimidade do Estado",
publicado na Folha de São Paulo, 17/10/1994, 1Ž
caderno, página 3)
123. Numere a coluna com parênteses de acordo com os
significados das palavras dacoluna numerada a seguir:
1 - prevaricação
2 - simoníaco
3 - carisma
4 - dogma
5 - anímica
6 - decoro
( ) dignidade, honradez
( ) força divina conferida a alguém
( ) psíquico, relativo à alma
( ) falta com o dever por interesse ou por má fé
( ) venda ilícita de coisas sagradas ou espirituais
( ) governo por poucos e poderosos
(
) ponto fundamental indiscutível de doutrina ou
sistema
a) 6, 4, 1, 2, 3, 5, 7.
b) 6, 4, 2, 1, 3, 5, 7.
c) 6, 3, 5, 1, 2, 7, 4.
d) 5, 3, 6, 4, 2, 7, 1.
50
e) 4, 2, 5, 6, 1, 3, 7.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 98)
Detenho-me diante de uma lareira e
olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas
antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo um pouco a
tampa de metal e então ele chia com mais força, estala,
raiveja, grunhe. Abro: mais intensos clarões vermelhos
lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece
regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há
chamas douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e outras
cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto,
todas as minhas chaminés devem estar fumegando com
seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do
fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a
proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos
corações.
(Rubem Braga)
124. A mesma relação semântica assinalada pela
conjunção E na frase "Detenho-me diante de uma lareira
E olho o fogo" encontra-se também em:
a) E a cada dia, você tem mais lugares onde pode contar
com a comodidade de pagar suas despesas com cartões
de crédito.
b) Realizada pela primeira vez em outubro do ano
passado, a Semana de Arte E Cultura da USP tenta
conquistar seu espaço na agenda cultural de São Paulo.
c) Carro quebra no meio da estrada E casal pode ajuda a
um motorista que passa pelo local.
d) Quisera falar com o ladrão, E nada fizera.
e) E seu irmão Dito é o dono daqui?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96) "Três semanas atrás, escrevendo aqui sobre a
arrogância no jornalismo, eu dizia que muita gente hoje
tem mais medo de ser condenada pela imprensa do que
pela justiça, já que esta tem regras fixas e instâncias de
apelação. O poder da imprensa é arbitrário e seus danos
irreparáveis. "O desmentido nunca tem a força do
mentido". Na justiça, há pelo menos um código para
dizer o que é crime; na imprensa 'não há um código' - não
há norma nem para estabelecer o que é notícia, quanto
mais ética. 'Mas' a grande diferença é que, no julgamento
da imprensa, as pessoas são culpadas até prova ao
contrário."
(Zuenir Ventura / JB - 26/05/95)
( ) NORMA / REGRA / LEI são, em alguns contextos,
palavras sinônimas.
(
) "TRÊS SEMANAS ATRÁS ..." é uma expressão
que pode ser substituída por HÁ TRÊS SEMANAS ...
126. (Fuvest-gv 91) "Busque Amor novas artes, novo
engenho"
Assinalar a alternativa que melhor contém o significado
das palavras engenho e arte, no verso transcrito acima:
a) gênio/experiência e inspiração/destreza;
b) índole/recursos e natureza/perícia;
c) talento/invenção e técnica/artifício;
d) inclinação/tendência e engano/dolo;
e) instinto/regras e discernimento/preceitos.
127. (Ufes 96) Assinale a afirmativa que NÃO condiz
com a propaganda a seguir:
a) É possível coordenar elementos em princípio
incompatíveis semanticamente: "Você vai ficar de saco
cheio. E muito feliz... "
b) Para que a coordenação entre "Você vai ficar de saco
cheio. E muito feliz..." se torne possível, é necessário que
o valor semântico da expressão "de saco cheio" seja
"abastecido".
c) No texto da propaganda, a expressão "de saco cheio"
equivale a "entediado", "molestado".
d) A ambigüidade presente em propagandas é
propositada e destina-se exatamente a permitir o jogo
baseado nos textos verbal e não-verbal.
e) "(... ) porque o São José faz questão de encher as
sacolas amarelinhas com um montão de promoções como
estas" é a causa de "Você vai ficar de saco cheio. E muito
feliz".
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parêntesses (V)
se a afirmação for verdadeira ou (F) se for falsa.
125. Quanto ao vocabulário:
(
) ARBITRÁRIO pode ser substituído por
DESPÓTICO.
( ) AQUI, advérbio de lugar, refere-se à cidade do Rio
de Janeiro.
( ) HOJE tem sentido estrito do dia 26 de maio.
51
categorias.
c) As SANÇÕES previstas na lei eleitoral não exercem
influências significativas sobre a paixão dos militantes.
d) O novo diretor prefere SANÇÕES a diálogos.
e) O contrato prevê SANÇÕES para os inadimplentes.
132. (Fuvest 98) Agora os parlamentares concluem sua
obra com a anuência unânime àquele dispositivo
inconstitucional.
("Folha de S. Paulo", 28/08/97,1-2)
128. (Uel 94) Os pares acidente/incidente; cheque/xeque;
vultoso/vultuoso; verão/estio são, respectivamente:
a) sinônimos, homônimos, parônimos e antônimos.
b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
c) parônimos, parônimos, sinônimos e sinônimos.
d) homônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
e) sinônimos, parônimos, sinônimos e antônimos.
129. (Uel 95) Exemplos
apresentados aos vestibulandos.
ANÁLOGOS
foram
Assinale a alternativa que contém um sinônimo da
palavra em destaque na frase acima.
a) variados
b) adequados
c) ilustrativos
d) semelhantes
e) esclarecedores
130. (Fuvest 98) A negociação entre presidência e
oposição é condição SINE QUA NON para que a nova
lei seja aprovada.
A expressão latina em maiúsculo, largamente utilizada
em contextos de língua portuguesa, significa, neste caso:
a) prioritária.
b) relevante.
c) pertinente.
d) imprescindível.
e) urgente.
131. (Fuvest 98) A palavra SANÇÃO com o significado
de RATIFICAÇÃO ocorre apenas em:
a) Aplicar SANÇÕES a grevistas não é direito nem dever
de um presidente.
b) Eventual SANÇÃO do presidente à nova lei,
aprovada ontem, poderá desagradar a setores de todas as
A paráfrase correta do texto é:
a) A maioria dos parlamentares aprova um certo
dispositivo inconstitucional.
b) Os parlamentares, sem exceção, aprovam o dispositivo
inconstitucional anteriormente mencionado.
c) Todos os parlamentares reprovam o dispositivo
inconstitucional anteriormente mencionado.
d) A maioria absoluta dos parlamentares boicotou um
certo dispositivo inconstitucional.
e) A maioria dos parlamentares conclui sua obra com
indiferença à aprovação ou não de um certo dispositivo
inconstitucional.
133. (Pucmg 97) Examine os dois verbetes a seguir,
transcritos do DICIONÁRIO DE SINÔNIMOS E
ANTÔNIMOS DA LÍNGUA PORTUGUESA (1989), de
Francisco Fernandes. Em seguida, assinale a alternativa
que possibilita o uso alternado das duas formas
ESPIRAR e EXPIRAR.
"ESPIRAR: Sin. Respirar, exalar: Flores que espiram
delicioso aroma. Soprar."
"EXPIRAR: Sin. Respirar, exalar, bafejar, espirar: O
hálito de paz que tudo aí expirava (Herculano). Morrer,
falecer, acabar. Terminar, finalizar, findar: O prazo ainda
não expirou. Extinguir-se, desfazer-se, dissipar-se:
Expirou seu prestígio, sua fama. Ant. - Inspirar."
a) Quando expirará o prazo para o pagamento?
b) Minha preocupação parece jamais expirar.
c) O mandato do presidente expira na próxima semana.
d) O paciente deu um gemido e expirou.
e) Expirou a herança que o pai lhe deixara.
134. (Pucmg 97) Examine os dois verbetes a seguir,
transcritos do DICIONÁRIO DE SINÔNIMOS E
ANTÔNIMOS DA LÍNGUA PORTUGUESA (1989), de
Francisco Fernandes. Em seguida, assinale a alternativa
que NÃO possibilita o uso alternado das duas formas ESPERTO E EXPERTO.
"ESPERTO: Sin. Acordado, desperto. Inteligente, fino,
agudo, ativo, enérgico; experimentado, versado,
entendido, sabido, atilado. Vivo, estimulado, espevitado:
Lume esperto (Séguier). Velhaco, manhoso, astuto,
52
finório, espertalhão. Ant. - Indolente, simplório."
"EXPERTO: Sin. Sabedor,
versado, entendido."
perito,
experimentado,
a) Ele é experto quando se trata de matemática.
b) Ele é um rapaz inteligente e esperto.
c) Nada lhe passa despercebido, pois é um bebê muito
esperto.
d) Os detetives só foram enganados porque não eram
expertos.
e) Cada vez mais, o mercado de trabalho é dos espertos.
135. (Pucmg 97) Em todas as alternativas, o problema de
ambigüidade que a primeira sentença apresentava foi
satisfatoriamente
eliminado,
quando
de
sua
reestruturação, EXCETO:
a) A repórter deixou a cidade alarmada.
A repórter saiu da cidade alarmada.
b) O balconista atendeu o cliente nervoso.
O cliente nervoso foi atendido pelo balconista.
c) Vi o rapaz com o binóculo.
Através do binóculo, vi o rapaz.
d) Encontrei um velho conhecido.
Encontrei um antigo conhecido.
e) Homens e mulheres jovens eram vistos da janela.
Mulheres jovens e homens eram vistos da janela.
136. (Uel 97) O jovem de hoje não quer ter sentimentos
INDEFINIDOS.
Assinale a alternativa que contém um antônimo da
palavra em maiúsculo da frase anterior.
a) próprios
b) obscuros
c) herdados
d) determinados
e) comuns
137. (Puccamp 97) O termo em destaque é adequado ao
sentido geral da frase apenas em:
a) Sua NOTÓRIA aversão por animais só se revelou
hoje.
b) Como ele sempre age de modo INSÓLITO,
surpreendeu-nos que tenha acompanhado a decisão da
maioria.
c) A complexidade deste caso torna PRESCINDÍVEL o
auxílio de um perito.
d) Contrariado com o prolixo relatório, o diretor exigiu
um documento menos SUCINTO.
e) Muita água é fator IRRELEVANTE para plantas que
não convivem bem com umidade excessiva.
138. (Mackenzie 97) I - Não farão a CESSÃO da sala
para a SESSÃO de vídeo programada para hoje.
II - Foi apreendida pela polícia uma VULTUOSA
quantidade de drogas.
III - Não estou AO PAR deste assunto.
Quanto à correção dos termos em maiúsculo, assinale:
a) se todas estão corretas.
b) se apenas I está correta.
c) se apenas II e III estão corretas.
d) se todas estão incorretas.
e) se apenas III está correta.
139. (Mackenzie 98) Assinale a alternativa
INCORRETA.
a)
XENOFOBIA
significa
HORROR
A
ESTRANGEIROS.
b) SINCRÔNICO significa O QUE É RELATIVO A
FATOS SIMULTÂNEOS.
c) OLIGARQUIA significa O GOVERNO DE POUCOS,
PERTENCENTES A UM MESMO GRUPO.
d) FOTOFOBIA significa HORROR À LUZ.
e) PANTEÍSMO significa O ATO DE COMER
INDISTINTAMENTE
QUALQUER
TIPO
DE
ALIMENTO.
140. (Uel 98) Por ser ele um SUBALTERNO, o juiz
julgou-se no direito de exigir-lhe explicações.
O termo em destaque significa, no texto,
a) indivíduo de má índole.
b) homem de mau caráter.
c) subordinado.
d) culpado em potencial.
e) marginal.
141. (Puccamp 99) Na prática política, a palavra
NEGOCIAÇÃO associa-se ora ao requisito clássico da
democracia, que é a busca do "acordo entre partes", ora
ao fundamento mercantilista dos "negócios", ou mesmo
das "negociatas". Vários políticos valem-se dessa
duplicidade de significados: sendo, de fato, espertos
negociantes, justificam-se como hábeis negociadores.
Considere as seguintes afirmações sobre o texto anterior:
I - O tema explorado é o do duplo sentido que a palavra
NEGOCIAÇÃO ganha no âmbito da prática política.
II - A tese defendida é a de que a acepção mercantilista
do termo NEGOCIAÇÃO pode ser maliciosamente
encoberta pela acepção democrática.
III - O tema é a prática da má política, e a tese é a de que
as palavras deixam de ter sentido por causa dessa prática.
Em relação ao texto, está correto o que vem afirmado em
a) II somente.
b) I e II somente.
53
c) I e III somente.
d) II e III somente.
e) I, II e III.
142. (Uel 99) DESPOJAR. V.t.d. 1. Roubar, saquear;
defraudar. V.t.d. e i. 2. Privar da posse; espoliar,
desapossar, despir. 3. Privar. V.p. 4. Despir, largar,
abandonar.
Assinale a alternativa em que o verbo DESPOJAR está
INCORRETAMENTE utilizado.
a) Despojou-se de todos os seus bens e entrou num
convento.
b) O tempo despoja as pessoas de suas grandes fantasias.
c) No primeiro encontro depois da briga, despojou seu
cumprimento e afastou-se.
d) Depois da ventania, até as grandes árvores estavam
despojadas de suas folhas.
e) Invadiram a cidadezinha, despojaram as casas e
exigiram tratamento solene.
143. (Uel 99) Ele foi REFRATÁRIO AO comportamento
do irmão.
Substituindo-se a expressão em destaque por seu
ANTÔNIMO, teríamos, na frase,
a) avesso ao.
b) adepto do.
c) resistente ao.
d) opositor do.
e) censor do.
144. (Ufes 99) A palavra em destaque dentro dos
parênteses É INADEQUADA para preencher a lacuna do
texto em
a)
"Numa ação inédita, a Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB) impetra nesta semana
_________________ de segurança contra nomeações de
juizes feitas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL)
de setembro de 1995 a setembro do ano passado".
(mandato - MANDADO)
ÉPOCA - 27/7/98
b)
"ÉPOCA: O senhor relatou coisas importantes
no Senado, como a lei de patentes. Isso ajuda nas urnas?
Suassuna: Serve para uma coisa específica: você
fica amigo do ministro e depois é mais fácil pedir
dinheiro para seu estado.
ÉPOCA: O senhor é recordista em apresentação
de ___________________ ao orçamento e consegue
verbas para liberá-las. É resultado da amizade com
ministros?"
(ementas - EMENDAS)
ÉPOCA - 27/7/98
c)
em que no calendário cristão se comemora a festa da
epifania, Cyro assiste ao coro de monjas beneditinas de
um claustro numa ilha grega. Em todo esse tempo, ele
tem sido o único _________________ do concerto, pois
mais ninguém apareceu para a cerimônia."
(espectador - EXPECTADOR)
VEJA - 24/9/97
d)
"É muito fácil entrar numa paranóia, pois,
aparentemente, os ladrões evoluem muito mais depressa
do
que
a
informática.
Outro
dia,
um
___________________ (...) em eletrônica me avisou:
- Tome cuidado ao fazer pagamentos com o cartão do
banco, no sistema redeshop. Tem gente que decodifica a
senha."
(esperto - EXPERTO)
VEJA SP - 17/9/97
e)
"Para a maioria dos adolescentes, este é o
momento mais rico de suas existências, que permite
experimentar universos a que só a sensação de vivê-los
pode dar sentido. A cada dia surgem possibilidades
novas, capazes de gerar fantasias intensas, que nem
sempre encontram correspondência na expectativa de
vivê-las, gerando frustrações decorrentes da permanente
vigilância dos pais. Do querer e do (não) poder ser ou
fazer, ________________ os conflitos com a família e as
angústias reveladoras de que nem tudo são flores na
adolescência."
(imergem - EMERGEM)
DOIS PONTOS - dezembro 1997
145. (Ufpr 2000) Leia o texto abaixo:
A REFERÊNCIA a Xuxa, além de providencial, é
PERTINENTE. Ela é pioneira nesse fenômeno, tão
característico do Brasil de hoje, que é a erotização das
crianças. Faz anos que, consciente ou inconscientemente,
lhes dá aulas de sedução. Outras a seguiram na TV, entre
louras que a imitam e reboladoras profissionais, mas
Xuxa DETÉM a palma do pioneirismo. Merece ser
considerada um símbolo DA PERMISSIVIDADE da
televisão brasileira.
(Veja,
18/08/99)
Indique a(s) alternativa(s) em que todas as expressões são
apropriadas para substituir as expressões em destaque,
sem prejuízo para o sentido do texto.
01) menção - apropriada - interrompe - da licenciosidade
02) convocação - irritante - conserva - da abertura
04) observação - relevante - possui - da liberalidade
08) menção - apropriada - conserva - da falta de limites
16) saudação - obrigatória - interrompe - do vale-tudo
32) alusão - relevante - ostenta - da liberalidade
"Há seis anos consecutivos, a cada 6 de janeiro,
54
146. (Enem 2000) Em uma conversa ou leitura de um
texto, corre-se o risco de atribuir um significado
inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar a
certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos
abaixo.
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir
e) sono.
148. (Enem 2001)
Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma
situação criada pela fala da Rosinha no primeiro
quadrinho, que é:
a) Faz uma pose bonita!
b) Quer tirar um retrato?
c) Sua barriga está aparecendo!
d) Olha o passarinho!
e) Cuidado com o flash!
147. (Enem 2001) O trecho a seguir é parte do poema
"Mocidade e morte", do poeta romântico Castro Alves:
O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da
expressão "sustança" expressos nos quadrinhos, podem
ser, respectivamente, relacionados a
a) rejeição / alimentos básicos.
b) discriminação / força de trabalho.
c) falta de compreensão / matérias-primas.
d) preconceito / vestuário.
e) legitimidade / sobrevivência.
149. (Pucpr 2003) Observe as frases:
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares,
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
- Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
1. A filha DISSIMULAVA seus sentimentos para com o
estranho. (externava)
2. As crianças se ALVOROÇARAM com a chegada do
médico. (aquietaram)
3. Agir daquela maneira era assumir uma postura em
parte OBSOLETA. (ultrapassada)
4. O pai, EXTENUADO pelo novo trabalho, voltou
ansioso para casa. (esgotado)
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fila.
(ALVES, Castro. "Os melhores poemas
de Castro Alves." Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo:
Global, 1983.)
A palavra colocada entre parênteses é sinônima da
palavra em destaque:
a) apenas nas frases 3 e 4
b) apenas nas frases 1 e 2
c) apenas nas frases 1 e 3
d) apenas nas frases 2 e 4
e) em todas as frases
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
inconformismo do poeta com a antevisão da morte
prematura, ainda na juventude.
A imagem da morte aparece na palavra
150. (Mackenzie 98) Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Vamos viver no Nordeste.
55
Deixarei, aqui, meus amigos, meus livros,
Minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás, aqui, tua filha, tua avó, teu marido,
Teu amante.
Aqui, faz muito calor.
No Nordeste, faz calor também.
Mas lá tem brisa.
Vamos viver de brisa, Anarina.
Vamos viver de brisa.
(Manuel
Bandeira)
Assinale a alternativa correta.
a) No primeiro pólo da oposição AQUI vs. LÁ, está o
peso;
no
segundo,
a
leveza,
representados
respectivamente pela brisa e pela liberdade.
b) Do verso 3 ao 6 , é reforçada a idéia de movimentos
semelhantes por meio do paralelismo sintático.
c) O objeto direto de DEIXAR reúne, tanto na ação do
eu, como na do tu, uma seqüência linear, previsível e
absolutamente material de significados.
d) Em LÁ TEM BRISA há um erro gramatical, que
empobrece o texto, pois enfraquece o significado de
busca de liberdade construído.
e) O último verso desconecta a BRISA do valor
LIBERDADE.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrn 2000) Uma visão do futuro
1
Estamos ÀS PORTAS de um milênio
£miraculoso. A pessoa tem a mão decepada por uma
serra elétrica, e os médicos conseguirão fazer crescer
uma ¤nova no mesmo lugar. Casas e carros serão feitos
de ¥materiais que podem consertar-se a si próprios. Um
alimento em pó incolor com 90% de proteína em sua
fórmula poderá ser modificado para ter o sabor que se
deseje. As previsões acima podem parecer ¢ousadas,
mas, no fundo, são até conservadoras.
Membros
reimplantáveis? Os cientistas começaram a regenerar a
pele humana ainda nos anos 70, e atualmente alguns
laboratórios conseguem produzir válvulas cardíacas com
base em algumas poucas células. O dia chegará em que
substituir órgãos humanos defeituosos será rotina. No
campo dos materiais, já existe um metal, o nitinol, que
consegue desamassar sua própria superfície sem esforço.
Basta aplicar um pouco de calor. A comida milagrosa? Já
existe. É um ¦derivado da soja produzido pela empresa
Archer Daniels Midland desde meados dos anos 80.
2
Pouca coisa se pode dizer sobre o futuro. Não
sabemos se nossos bisnetos vão passear ou, um dia, viver
em Marte. Também não sabemos se será possível
reanimar alguém que já morreu. Não sabemos quando
teremos robôs, escravos, máquinas de orgasmo ou naves
para viajar no tempo. Sabemos apenas que, sejam quais
forem os milagres que o próximo milênio trouxer, eles
serão possíveis graças ao mesmo gênio: o computador.
3
Estamos chegando bem próximos de uma época
em que os computadores serão capazes de desenhar
cópias de si mesmos. Ou seja, eles não precisarão da
ajuda humana para se reproduzir. Assustador? Talvez.
Será uma época em que, pela primeira vez na história da
humanidade, não seremos os seres mais inteligentes
sobre a face do planeta. Para alguns cientistas, estaremos
entrando no paraíso. Para outros, no inferno. Todos
concordam que estamos cruzando rapidamente a fronteira
do desconhecido. Computadores já ensaiam formas
primitivas de pensamento autônomo.
4
Alguns §cientistas já se preocupam em garantir
que os robôs do futuro tragam em sua programação um
chip da bondade que ¨os impeça de fazer mal à
humanidade. Assumem, assim, que não nos será possível
sequer desligá-los©. Talvez estejam apenas sonhando.
Talvez, não.
[Adaptado de] Especial do Milênio (parte
integrante da "Veja", ano 31, n.51, 23 dez. 1998, p.126.)
151. Assinale a opção em que o vocábulo traduz o
sentido de "ousadas" (ref.1):
a) audaciosas
b) magníficas
c) impulsivas
d) duvidosas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unitau 95)
"A questão central da pedagogia é o
problema das formas, dos processos dos métodos;
certamente, não considerados em si mesmos, pois as
formas só fazem sentido na medida em que viabilizam o
domínio de determinados conteúdos.
O método é essencial ao processo pedagógico.
Pedagogia, como é sabido, significa literalmente a
condução da criança, e a sua origem está no escravo que
levava a criança até o local dos jogos, ou o local em que
ela recebia instrução do preceptor. Depois, esse escravo
passou a ser o próprio educador. Os romanos, percebendo
o nível de cultura dos escravos gregos, confiavam a eles a
educação dos filhos. Essa é a etimologia da palavra. Do
ponto de vista semântico, o sentido se alterou. No
entanto, a paidéia não significava apenas infância,
paidéia significava cultura, os ideais da cultura grega.
Assim, a palavra pedagogia, partindo de sua própria
etimologia, significa não apenas a condução da criança,
mas a introdução da criança na cultura.
A pedagogia é o processo através do qual o
homem se torna plenamente humano. No meu discurso
distingui entre a pedagogia geral, que envolve essa noção
de cultura como tudo o que o homem constrói, e a
pedagogia escolar, ligada à questão do saber
sistematizado, do saber elaborado, do saber metódico. A
escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas
gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber
metódico, científico. Ela necessita organizar processos,
descobrir formas adequadas a essa finalidade. Esta é a
56
questão central da pedagogia escolar. Os conteúdos não
apresentam a questão central da pedagogia, porque se
produzem a partir das relações sociais e se sistematizam
com autonomia em relação à escola. A sistematização
dos conteúdos pressupõe determinadas habilidades que a
escola geralmente garante, mas não ocorre no interior das
escolas de primeiro e segundo graus. A existência do
saber sistematizado coloca à pedagogia o seguinte
problema: como torná-lo assimilável pelas novas
gerações, ou seja, por aqueles que participam de algum
modo de sua produção enquanto agentes sociais, mas
participam num estágio determinado, estágio esse que é
decorrente de toda uma trajetória histórica?"
(SAVIANI, D. "A pedagogia histórico-crítica no
quadro das tendências críticas da Educação Brasileira",
adap. da fala em Seminário, Niterói, 1985).
152. Leia o significado das palavras a seguir e depois
escolha a alternativa correta:
I - Etimologia quer dizer "parte da gramática que trata
do significado das palavras".
II - Semântico quer dizer "algo relativo ao significado".
III - Sistematização quer dizer "ato ou efeito de ser
conforme um sistema".
IV - Metódico quer dizer "algo ou alguém que tem como
característica o caminho seguro para alcançar um fim".
V - Viabilização quer dizer "realizável".
a) somente I e IV são verdadeiras.
b) somente I é falsa
c) somente III, IV e V são verdadeiras
d) somente IV é verdadeira
e) somente I e III são falsas.
57
GABARITO
28. [B]
29. [E]
1. [C]
30. [C]
2. [D]
31. [C]
3. [B]
32. [B]
4. [C]
33. [C]
5. [A]
34. [C]
6. C E C C
35. [D]
7. [D]
36. [B]
8. [C]
37. [A]
9. [E]
38. [C]
10. [B]
39. [A]
11. [C]
40. [B]
12. [A]
41. [A]
13. [B]
42. [D]
14. [D]
43. [C]
15. [D]
44. [A]
16. [B]
45. [D]
17. E E C E
46. [C]
18. [E]
47. [D]
19. [C]
48. [E]
20. C E C
49. [A]
21. [D]
50. [D] ou [A]
22. [A]
51. [E]
23. [A]
52. [B]
24. 24
53. [D]
25. [D]
54. [B]
26. [B]
55. 02 + 04 + 08 = 14
27. [D]
56. [A]
58
85. [E]
57. [D]
86. 01 + 04 + 16 = 21
58. [E]
87. [B]
59. [B]
88. [D]
60. [D]
89. [E]
61. [E]
90. [C]
62. F V F F F
91. [B]
63. [A]
92. [B]
64. [A]
93. [A]
65. [A]
94. [B]
66. [A]
95. [E]
67. [C]
96. [D]
68. [E]
97. [D]
69. [D]
98. [D]
70. [A]
99. [A]
71. [D]
100. [E]
72. [D]
101. [B]
73. [B]
102. [C]
74. [B]
103. [E]
75. [D]
104. [D]
76. [E]
105. [D]
77. [D]
106. [B]
78. [B]
107. [E]
79. [D]
108. [B]
80. [C]
109. [A]
81. [A]
110. [B]
82. [B]
111. [E]
83. [B]
112. [B]
84. [D]
113. [C]
59
142. [C]
114. V V F
143. [B]
115. [D]
144. [C]
116. [A]
145. F F F V F V
117. F V V
146. [D]
118. [D]
147. [E]
119. [B]
148. [B]
120. [D]
149. [A]
121. [B]
150. [B]
122. [D]
151. [A]
123. [C]
152. [B]
124. [C]
125. V F F V V
126. [C]
127. [C]
128. [B]
129. [D]
130. [D]
131. [B]
132. [B]
133. [D]
134. [C]
135. [A]
136. [D]
137. [B]
138. [B]
139. [E]
140. [C]
141. [B]
60

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