VIH/SIDA - Associação da Hotelaria de Portugal
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Dezembro 2015 | Nº21 | Mensal | Este jornal é gratuito, pelo que não pode ser comercializado | Diretora-geral: Ana Gaspar /saudexxi VIH/SIDA Os primeiros casos de SIDA foram diagnosticados em Portugal há 32 anos. Nestas três décadas muito mudou: hoje é uma doença crónica e a generalidade da população sabe quais são as vias de transmissão do VIH e as formas de o evitar. No entanto, anualmente surgem cerca de 1.400 novos casos. Igualmente importante é combater a descriminação que persiste. Pág.8 Iniciar as refeições com sopa ou salada é uma boa opção Manter o músculo ativo é essencial para o tratamento Bacalhau com natas, rabanadas e bolo-rei são algumas das iguarias mais apreciadas pelos portugueses no natal. Nesta altura é comum exagerar na alimentação e nas bebidas, sendo o aumento de peso, descontrolo dos valores de tensão arterial e má disposição as principais consequências. Pág.6 Desconhecida por grande parte da população, esta é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central. Surge habitualmente no adulto jovem, entre os 20 e os 40 anos, e deixa o portador dependente do seu cuidador. Pág.12 EXCESSOS ALIMENTARES NAS ÉPOCAS FESTIVAS PUB A ESCLEROSE MÚLTIPLA CAUSA INCAPACIDADE PRECOCE BREVES APLICAÇÃO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS AJUDA-A A AMAMENTAR O início do aleitamento materno pode ser complexo para algumas mães. A Medela, empresa líder no desenvolvimento e produção de produtos para o aleitamento, lançou uma aplicação para dispositivos móveis MyMedela, que orienta os pais antes, durante e depois do parto e lhes fornece um guia prático para tornar a experiência do aleitamento materno mais satisfatória. Os profissionais da Medela afirmam que, apesar de a mãe ter de regressar ao trabalho pouco tempo depois do parto, com planificação, é possível combinar com êxito trabalho e aleitamento. A nova aplicação ajuda a melhorar a qualidade de vida das mães de bebés lactantes. Subscreva o Jornal Saúde XXI e envie-nos as suas sugestões para /saudexxi FICHA TÉCNICA Esta edição é de distribuição gratuita, pelo que não pode ser vendida. PROPRIEDADE Quest 21, Lda Avenida Duque Dávila, nº 141 2º Dtº - Edifício OMNI 1050-081 Lisboa DIRETORA Ana Gaspar DESIGN | PAGINAÇÃO Carmen Murteira COORDENADORA EDITORIAL Catarina da Eira Ballestero JORNALISTAS Joana da Silva Vieira Teresa Frederico PUBLICIDADE Inês Cavazzini COLABORADORES Ana Santos, Maria João Lopes SEDE DA REDAÇÃO Avenida Duque Dávila, nº 141 | 2º Dtº Edifício OMNI / 1050-081 Lisboa Tel: + 351 21 1202 250 TIRAGEM 50 mil exemplares PERIODICIDADE Mensal ERC REGISTO 126481 Nº CONTRIBUINTE 508577861 DEPÓSITO LEGAL 375473/14 ISSN 2183-6809 IMPRESSÃO Funchalense – Empresa Gráfica, SA Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro As opiniões, notas e comentários são da exclusiva responsabilidade dos autores ou das entidades que produziram os dados. Nos termos da Lei, está proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos. Parcerias SUPERALIMENTOS ESTIMULAM A IMUNIDADE NATURAL DO ORGANISMO Existem alimentos que, pela sua riqueza nutricional, são excelentes aliados no reforço do sistema imunitário. Devido ao seu elevado teor em vitaminas, minerais e antioxidantes, o açaí, o camu camu, a erva de trigo ou goji, são eficazes no fortalecimento das defesas naturais do organismo, tornando-se especialmente úteis nesta época do ano para prevenir gripes e constipações. Introduzidos regularmente na alimentação, estes superalimentos aumentam a imunidade e previnem as infeções. Incluídos em batidos, iogurtes, leite ou misturados em sopas, tornam-se um complemento prático e saboroso que constitui uma opção saudável para a alimentação diária. AUTORIDADES DE SAÚDE ALERTAM PARA PROBLEMA DA RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS Utilizados para combater infeções bacterianas, os antibióticos contribuíram para a redução dramática da mortalidade. No entanto, a sua eficácia encontra-se hoje altamente ameaçada pela crescente presença de bactérias resistentes, que os tornam ineficazes. A resistência aos antibióticos tem um enorme impacto na saúde pública, causando maior mortalidade e infeções mais agressivas. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde calcula que um em cada dez doentes contraia uma infeção nas unidades de saúde nacionais, muito acima da média da União Europeia. Para estes números contribuem a má utilização dos antibióticos e as práticas de diagnóstico e profilaxia desadequadas. O problema deve-se essencialmente à prescrição, consumo excessivo e inadequado de antibióticos. PORTUGAL TEM TAC MAIS POTENTE DO MUNDO O Hospital Lusíadas Lisboa é o primeiro hospital do país a disponibilizar um aparelho inovador de TAC (tomografia computorizada) que permite um diagnóstico mais rápido e seguro de várias doenças. Este novo equipamento possibilita a realização de uma TAC em crianças sem necessidade de sedação, na maioria das vezes, e está adaptado a doentes com fibrilhação auricular, arritmias ou próteses. Para além de único em Portugal, este equipamento é o segundo na Península Ibérica (o primeiro está em Barcelona) e junta-se aos apenas 30 que existem em toda a Europa. Créditos: Thinkstock EDITORIAL | DEZEMBRO 2015 A INFEÇÃO POR VIH EM PORTUGAL E AS METAS PARA 2020 E 2030 Nos últimos anos, a epidemia de VIH em Portugal tem conhecido uma evolução francamente positiva traduzida, sobretudo, no menor número de novos casos e no diagnóstico mais precoce da infeção. Contudo, esta evolução ainda não é suficiente para, também em Portugal, alcançarmos as metas definidas pela ONUSIDA para 2020: diagnosticar 90% das pessoas infetadas, tratar 90% das pessoas diagnosticadas e assegurar que 90% das pessoas em tratamento têm a infeção controlada. Se o conseguirmos nos próximos cinco anos, então teremos condições para, até 2030 e de acordo com aquela organização, conseguirmos o segundo objetivo: eliminar a infeção por VIH como uma ameaça à saúde pública. É nesta perspetiva que, em Portugal, o PN VIH/SIDA tem impulsionado o diagnóstico cada vez mais precoce da infeção por VIH (em diferentes contextos e abrangendo quer a população em geral quer as populações chave), aprovou a indicação de tratamento de todas as pessoas infetadas, independentemente do seu estado imunológico e que começou a abordar, institucionalmente, novas perspetivas de prevenção da transmissão da infeção por VIH assegurando, simultaneamente, a todos que o solicitam, a distribuição gratuita de material preventivo da transmissão do VIH. “Prevenir sempre, diagnosticar cedo, tratar todos” foi o tema da Conferência realizada em Lisboa no mês de novembro mas tem de ser, sobretudo, o caminho a seguir para alcançar aqueles objetivos. Este caminho tem de ser percorrido com todos os que desenvolvem a sua atividade nesta área, envolvendo todas as pessoas infetadas ou afetadas pela infeção por VIH e sem deixar ninguém para trás porque assumimos que alcançar “zero discriminação” constitui um pilar da nossa atuação e um elemento crítico de sucesso em relação às metas acima referidas. Se procedermos desta forma, acredito que conseguiremos alcançar objetivos definidos para 2020 e, em 2030, Portugal também será um país onde a infeção por VIH já não constituirá uma ameaça à saúde pública. António Diniz | Diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA 4 2 DEZEMBRO SETEMBRO 2015 2014 OPINIÃO | MEDICAMENTOS DIABETES MELLITUS : A AVALANCHE QUE PARECE NÃO PARAR A Diabetes configura uma condição com importantes e graves implicações sociais, económicas e humanas. Considerando a população diabética diagnosticada em Portugal, os custos totais associados a esta doença ascenderam, em 2014, aos 862 milhões de euros. duas a quatro vezes superior para desenvolver doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e arteriais periféricas é por si só revelador da grandeza deste verdadeiro problema de saúde pública. No limite, caso todos os doentes diabéticos portugueses estivessem de facto diagnosticados e devidamente tratados, os custos totais associados à doença atingiriam a inimaginável soma de mil e quinhentos milhões euros, o que ascenderia a 0,9% do PIB português ou 10% da despesa total do país em Saúde. Não obstante, o subdiagnóstico representa uma muito maior preocupação. As complicações da Diabetes, apesar de potencialmente fatais e responsáveis por uma deterioração significativa o ilã oV rgi Sé Por Os dados recolhidos pelo Observatório Nacional da Diabetes contribuem para que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) conclua que Portugal é o país da Europa com a mais alta taxa de prevalência desta doença, estimando-se que esta mantenha uma tendência de crescimento durante os próximos anos. A Diabetes configura uma condição com importantes e graves implicações sociais, económicas e humanas. Considerando a população diabética diagnosticada em Portugal, os custos totais associados a esta doença ascenderam, em 2014, aos 862 milhões de euros. Para estes números tem contribuído não apenas o aumento da cobertura assistencial, com mais doentes diagnosticados e tratados, mas sobretudo um aumento significativo dos gastos com medicamentos nos últimos anos, em que foram disponibilizadas novas e mais dispendiosas opções farmacológicas para o controlo da doença. Efetivamente, o incremento dos custos dos antidiabéticos orais e insulinas tem sido muito significativo, observando-se um crescimento de 260% na última década. Em 2014, os encargos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) com fármacos antidiabéticos superaram os 200 milhões de euros, constituindo mesmo o subgrupo farmacoterapêutico com maiores encargos para o SNS. Perante estes dados, e especialmente considerando a tendência de crescimento da prevalência, facilmente se compreende que a Diabetes retenha sobre si por estes dias muitos dos holofotes mediáticos, não representasse pois uma das mais sérias ameaças à sustentabilidade financeira do SNS. Esta propalada ameaça é tão mais alarmante quando o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes nos revela que existirão aproximadamente 400 mil doentes por diagnosticar, calculando-se também que surjam em Portugal cerca de 55 mil novos casos de Diabetes por ano. Será ainda muito relevante referir que, em 2014, a hiperglicemia intermédia atingiu 27,2% da população portuguesa com idades entre os 20 e 79 anos, o que ultrapassa os dois milhões de pessoas que apresentam um risco elevado de desenvolver Diabetes. O facto de as pessoas que sofrem de diabetes apresentarem um risco |F ar ma cêu tico, M ed ica me nto Na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Diabetes Mellitus é uma condição que resulta de deficiências na secreção e/ou na ação da insulina que se caracterizam pela ocorrência de hiperglicemia crónica, com distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas. A doença representa um grave problema de saúde pública em Portugal, com uma prevalência estimada de 13,1% na população com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos. Quer isto dizer que, em 2014, o nosso país contava com mais de um milhão de doentes diabéticos. ee úd a S da Consultor na área do Créditos | Thinkstock; Oficiais da qualidade de vida dos doentes, podem evoluir de forma assintomática. A persistência de elevados níveis de glucose no sangue conduz a lesões nos tecidos de vários órgãos, as quais são mais evidentes nos rins, olhos, nervos periféricos e sistema vascular, podendo redundar em neuropatia, retinopatia, nefropatia e doença cardiovascular. Dados da OCDE indicam que a taxa de hospitalizações por descompensação/complicações da Diabetes observada em Portugal é bastante inferior à dos restantes países europeus, o que deixa transparecer que, embora pese o desafio acrescido que representa uma prevalência da doença tão elevada, o sistema de saúde português estará a “tratar bem” os doentes diagnosticados. A primeira parte do caminho está feita! Contudo, sabendo-se que os custos da gestão das complicações da diabetes crescem exponencialmente com a fase de diagnóstico da doença, é fundamental a adoção de medidas que promovam o investimento na sua deteção precoce, que estará necessariamente associada à prevenção da ocorrência de complicações, a face mais marcante do impacto económico que a diabetes aporta. Por outro lado, a capacitação do doente, a monitorização adequada dos parâmetros clínicos, a implementação de estratégias de prevenção (como campanhas educativas em ambiente escolar) ou a implementação do tratamento farmacológico mais indicado, constituem um grupo de medidas que embora associadas a um aumento direto da despesa, permitirão porventura alcançar benefícios significativos na saúde dos doentes e marcar um elevado impacto na redução dos custos globais associados à diabetes, travando assim a avalanche galopante que os números que caracterizam esta patologia têm vindo a transmitir. DEZEMBRO 2015 3 OPINIÃO | CARDIOLOGIA “DESMAIOS”: SINAIS DE ALERTA! A maioria dos “desmaios” são episódios síncopais: perdas de consciência resultantes de uma hipoperfusão (diminuição da circulação sanguínea) cerebral global e transitória. As síncopes caracterizam-se por serem episódios súbitos, de curta duração e com uma recuperação completa e espontânea. No entanto, é importante fazer uma avaliação médica de modo a verificar a presença da história familiar ou qualquer outra característica de risco. 4 DEZEMBRO 2015 outra “doença do coração” previamente diagnosticada) implica um risco acrescido. A síncope que surge no doente deitado; no contexto de esforços físicos (sobretudo durante, mas também logo após o esforço) ou que é precedida de palpitações (sensação do coração a bater descompassado e/ou rápido) implicam um risco acrescido. Os doentes com um episódio sincopal devem fazer um ECG. Este exame, simples e de rápida execução, pode em alguns casos determinar a causa da síncope, mas pode, sobretudo, ajudar na estratificação do risco de morte súbita em doentes com episódios sincopais. A presença de taquicardia ventricular não mantida, bloqueios bifasciculares; outras perturbações da condução intraventricular; bradicardia sinusal inadequada; bloqueio sino-auricular; pré-excitação; intervalo QT longo ou QT curto; padrão de Brugada ou alterações sugestivas de displasia arrtimogénica do ventrículo direito implicam um risco acrescido. Num doente com um episódio sincopal, a presença de qualquer uma destas características de risco é um sinal de alerta e deve motivar uma avaliação médica urgente. d al er g ria etá | Cardio ista e secr log a Re is Sa nto s AP AP E Os doentes com um episódio sincopal devem fazer um ECG. Este exame, simples e de rápida execução, pode em alguns casos determinar a causa da síncope, mas pode, sobretudo, ajudar na estratificação do risco de morte súbita em doentes com episódios sincopais. ya at rK Po As síncopes têm três grandes causas: 1. A síncope cardíaca resulta da presença de alterações estruturais (por exemplo, apertos valvulares) ou do ritmo cardíaco (demasiado rápido ou lento) que condicionam uma redução do volume de sangue bombeado pelo coração e consequente redução da pressão arterial, diminuição da perfusão cerebral e perda de conhecimento. 2. A síncope reflexa (ou neuromediada) inclui um conjunto heterogéneo de condições caracterizadas por uma desregulação intermitente dos reflexos cardiovasculares responsáveis pela manutenção da circulação sanguínea. Esta desregulação surge em resposta a um evento desencadeante e resulta numa dilatação do leito vascular (vasodilatação) e/ou redução da frequência cardíaca (bradicardia), com consequente queda da pressão arterial (por exemplo, a síncope que ocorre com a dor ou a tirar sangue). 3. A síncope secundária por hipotensão ortostática (queda da pressão arterial quando um indivíduo se coloca de pé) resulta de um defeito crónico dos reflexos cardiovasculares (por exemplo, nos doentes com diabetes e envolvimento neurológico) ou de uma redução marcada do volume intravascular (por exemplo, numa perda de sangue importante). Nestes casos, quando o doente se levanta verifica-se uma queda progressiva da pressão arterial e da perfusão cerebral até à perda de conhecimento. Nos doentes jovens com síncope reflexa, o prognóstico, em termos de mortalidade, é excelente e sobreponível à dos doentes sem episódios sincopaís. Na síncope por hipotensão ortostática existe uma duplicação da mortalidade. Estes doentes têm doenças graves associadas e pensa-se que o aumento da mortalidade deve-se não à síncope em sí, mas à presença destas patologias. Já a síncope cardíaca, que ocorre em doentes com alterações cardíacas estruturais ou doenças elétricas primárias, deve ser encarada como um possível prenuncio de morte súbita cardíaca, sendo extremamente importante detetar e tratar precocemente estes doentes de modo a minimizar o risco associado. Existem dados de fácil recolha referentes à história familar e pessoal do doente com síncope; ao contexto da síncope e no eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações que podem apontar para a presença de uma síncope cardíaca e, como tal, alertar para um risco acrescido de mortalidade. A presença de uma história familiar de paragem cardíaca reanimada com sucesso ou morte súbita cardíaca precoce (abaixo dos 45 anos) implicam um risco acrescido de morte súbita cardíaca nos doentes com síncope. A presença de doença cardíaca prévia (antecedentes de enfarte do miocárdio; problemas nas válvulas cardíacas; um coração que não “bombeia” eficazmente ou qualquer Créditos | Thinkstock; Oficiais OPINIÃO | PEDIATRIA TRATAMENTO REVOLUCIONÁRIO PARA A DOENÇA PILONIDAL SACROCOCCÍGEA Duas vezes mais frequente no sexo masculino, a doença pilonidal sacrococcígea afeta cerca de 0,7% da população mundial, sendo mais comum nos adolescentes. Independentemente da apresentação, causa significativa mobilidade, com perda de muitos dias de escola. A cirurgia minimamente invasiva da doença pilonidal sacrococcígea tem uma morbilidade muito reduzida com um excelente pós-operatório. A doença pilonidal parece ser mais frequente em pessoas com excesso de peso, com muito pelo corporal, que estão sentadas várias horas por dia, com falta de higiene e casos na família. as Co elh o Po rto o iag rT Po Descrita há mais de 200 anos, foi durante a Segunda Guerra Mundial que o termo “doença pilonidal” se generalizou, uma vez que causou milhares de hospitalizações entre os soldados, nomeadamente nos condutores dos jipes. A etiologia da doença pilonidal sacrococcígea continua por esclarecer. Inicialmente, pensava-se que teria uma origem congénita. Atualmente, a teoria mais aceite é a de que se trata de uma doença adquirida a partir da obstrução dos folículos pilosos da região sacrococcígea. A doença pilonidal parece ser mais frequente em pessoas com excesso de peso, com muito pelo corporal, que estão sentadas várias horas por dia, com falta de higiene e com casos na família. A doença pilonidal manifesta-se geralmente por dor e tumefação na área sacrococcígea, muitas vezes com aparecimento de um abcesso local. Nos casos crónicos, desenvolve-se uma fístula com secreção persistente que, por vezes, é dolorosa. Seja qual for a apresentação, é uma doença que causa significativa morbilidade, com perda de muitos dias de trabalho ou de escola. O tratamento é cirúrgico e reserva-se para os casos sintomáticos. A cirurgia tem como objetivos eliminar a drenagem, obter a cura o mais rapidamente possível e reduzir o risco da recidiva. No entanto, não há atualmente um consenso quanto à melhor cirurgia. As cirurgias clássicas incluem a exérese do quisto com ferida aberta ou com encerramento primário. A primeira opção terá como vantagem um menor risco de recidiva e a segunda opção poderá permitir um regresso mais rápido ao quotidiano (três ou quatro semanas), à custa de um grande risco de recidiva e de infeção. Há cerca de um ano, foi descrita uma abordagem cirúrgica revolucionária para a doença pilonidal sacrococcígea utilizando uma câmara de vídeo de reduzidas dimensões. De forma resumida, este instrumento de apenas meio centímetro, é introduzido no interior do quisto. Um pequeno canal de trabalho no seu interior permite a re- |C irurg ião pediátrico do íad us L l pita Hos Créditos | Thinkstock; Oficiais moção dos pelos, a excisão do quisto e dos seus trajetos laterais e a sua ablação por eletrocoagulação. Tudo isto é realizado utilizando apenas um pequeno orifício na pele. As vantagens desta técnica são enormes: permite um excelente resultado estético (quase sem cicatriz) é praticamente indolor, não há necessidade de cuidados de penso no pós-operatório e permite um regresso quase imediato às atividades do dia-a-dia. Ao contrário das técnicas cirúrgicas descritas anteriormente, a cirurgia minimamente invasiva da doença pilonidal sacrococcígea tem uma morbilidade muito reduzida com um excelente pós-operatório. DEZEMBRO 2015 5 INFORMAÇÃO | VIDA SAUDÁVEL EXCESSOS ALIMENTARES DAS FESTAS DE FINAL DE ANO Bacalhau com natas, bolo-rei, rabanadas e azevias são algumas das iguarias mais apreciadas pelos portugueses no natal. Nas épocas festivas é comum exagerar na alimentação e nas bebidas, sendo o aumento de peso uma preocupação. Luísa Trindade, nutricionista do Hospital Lusíadas Porto, deixa algumas dicas que podem ajudá-lo a superar ou a conter excessos. Por Joana da Silva Vieira Que alimentos devemos evitar e dar primazia nesta época? Na minha opinião podemos comer com moderação sem ter que evitar nenhum prazer da mesa. Devemos sim ter o cuidado de introduzir os produtos hortícolas e a fruta nas refeições, em forma de sopa, cozidos, grelhados, salteados ou assados, a fim de evitar excessos alimentares. Lembre-se que a apresentação da comida é o nosso primeiro estímulo. Assim sendo experimente colocar a fruta laminada ou em espetadas, torna-se mais apetecível do que inteira. Devemos ter o cuidado de introduzir os produtos hortícolas e a fruta nas refeições, em forma de sopa, cozidos, grelhados, salteados ou assados, a fim de evitar excessos alimentares. ad nd Tri sa Luí Que consequências podem ter os excessos alimentares cometidos nas festas de finais de ano? Aumento de peso, descontrolo dos valores de tensão arterial, descontrolo glicémico nos diabéticos, má disposição, enjoo e enfartamento. No caso dos doentes renais pode ser muito perigoso, por aumentar os níveis de fósforo e potássio. e Como se pode colmatar esses excessos? O exercício físico não deve ser descurado nesta altura e é preciso ter em conta que os dias festivos são apenas 24 e 25 de dezembro e 31 e 1 de janeiro, ou seja, não se deve fazer excessos durante todos os dias da semana. As refeições intercalares ajudam-no a sentir-se mais saciado e com menos fome ao almoço e ao jantar, por isso devem ser cumpridas rigorosamente. RECOMENDAÇÕES PARA A CEIA DE NATAL • Dê preferência ao bolo-rainha, em vez do tradicional bolo-rei, pois não tem as frutas cristalizadas, contendo menos concentração de açúcar e alimentos funcionais como as oleaginosas; • Inicie as refeições com uma boa entrada. Sopa ou salada são as melhores alternativas; • Opte por refeições mais saudáveis e tente reduzir o açúcar e a gordura das receitas originais; • Cozinhe apenas em quantidades suficientes para as refeições desses dias, de modo a não sobrar comida; • Congele os restos dos bolos para evitar comer durante a semana inteira; • Pare de comer quando se sente satisfeito. Créditos | Thinkstock; Oficiais Aumento de peso, descontrolo dos valores de tensão arterial, descontrolo glicémico nos diabéticos, má disposição, enjoo e enfartamento, são algumas das consequências dos exageros cometidos nas festas de final de ano. 4 6 DEZEMBRO SETEMBRO 2015 2014 |N utr rto icio Po s nist a ad a do H ospital Lusí Que medidas devemos implementar para eliminar as toxinas do organismo? Atualmente, os batidos e sumos detox estão muito na moda. Constituídos por fruta fresca e produtos hortícolas, estes dão oportunidade da pessoa consumir alimentos saudáveis e ingerir líquidos com mais frequência, para que os filtros do nosso organismo, como o fígado e os rins, possam espoliar os excessos. No entanto, não nos podemos esquecer da importância de beber chás ou infusões quentes no final das refeições como, por exemplo, gengibre fresco com pau de canela ou chá preto com folhas de hortelã fresca. Estes são altamente digestivos e confortam o estômago. Que hábitos devem ser adotados para recuperar estes excessos? Recomendo que a pessoa se mexa e faça pequenas refeições, várias vezes ao dia, para evitar o “pecado da gula”, que todos temos quando estamos com fome e não resistimos às tentações. PUB ESPECIAL | VIH/SIDA A nível mundial, em 2014 a transmissão sexual correspondeu a mais de 90% dos casos DE EPIDEMIA A DOENÇA CRÓNICA Há 32 anos eram diagnosticados em Portugal os primeiros casos de SIDA, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, causada pelo vírus da imunodeficiência humana, VIH, que enfraquece o sistema imunitário, destruindo a capacidade de defesa em relação a muitas doenças. Francisco Antunes, Professor Catedrático Jubilado e membro do Conselho Científico da Liga Portuguesa Contra a Sida traça o quadro da doença na atualidade. Por Teresa Frederico de Lis boa O tratamento está facilmente acessível a todos em Portugal? O tratamento é universal e gratuito. Atualmente está recomendada a TARV a todos os infetados conhecidos e é fundamental para o controlo da infeção/doença e da epidemia (a transmissão da infeção por VIH é, substancialmente, reduzida num indivíduo com carga vírica, sempre indetetável, ao longo do tempo). A adesão é um fator crucial do sucesso, todavia persistem, ainda, barreiras que a dificultam ou perturbam, principalmente a necessidade de idas frequentes aos hospitais para levantamento da medicação e, mais recentemente, por razões não médicas, a substituição de regimes terapêuticos mais simples (por exemplo, de um comprimido/dia) por outros mais complexos. ci o sc lad o i b An Am u ida tun oJ bie es | átic ivers r d e t nta Professor Ca Un l/F da aculd ade de Medicina de Qual é, atualmente, a esperança média de vida de um paciente com SIDA? Nos países com bons níveis de cuidados de saúde e com acesso universal à terapêutica antirretrovírica (TARV), em que a expetativa de vida para a população em geral é de 80 anos, num infetado com boa adesão ao tratamento e com carga vírica indetetável sustentada calcula-se que a sobrevida seja idêntica ou um pouco menor, cerca de cinco anos. Como é hoje o tratamento? Já é possível tomar um número reduzido de fármacos diariamente? Houve uma evolução, fundamentalmente, no sentido da simplificação: de duas a três tomas de 12-28 comprimidos diários passou-se a uma toma de um comprimido/ /dia, podendo, no futuro, se a investigação em curso atingir os resultados esperados, simplificar-se ainda mais, com a administração de uma injeção em cada três meses. an Fr úde Sa de tuto Insti Hoje a SIDA é uma doença crónica. Que fatores contribuíram para isso? Os progressos registados com a terapêutica para o vírus da SIDA-VIH permitiram a supressão vírica mantida, com a consequente melhoria da função do sistema imunitário, redução dos novos casos de sida e da mortalidade que lhe estava associada. A terapêutica foi, assim, o fator de maior impacto na transformação de uma doença rapidamente mortal para uma doença crónica. No entretanto, a melhoria da profilaxia das infeções oportunistas, o aumento da experiência nos cuidados assistenciais aos infetados e o maior acesso aos cuidados de saúde tiveram, particularmente, nos primeiros tempos da epidemia, o seu papel, com impacto na sobrevida dos doentes. A generalidade da população já tem informação necessária sobre o VIH e a SIDA? A população já tem a informação suficiente. No entretanto, não é de mais insistir que a infeção por VIH é de transmissão sexual, devendo ser incluída nos programas de ensino sobre educação sexual, nas escolas, antes da puberdade. Nos mais idosos, em que o risco de transmissão se mantém, para além dos 50-60 anos, é necessário que se reforce o conhecimento sobre a transmissão, diagnóstico e prevenção. Dado tratar-se de uma doença estigmatizante, a discriminação é um obstáculo ao diagnóstico, pelo que no rastreio devem ser identificados locais discretos e métodos mais simples e fiáveis, permitindo a autoavaliação. Thinkstock Que testes devem ser feitos e como? Os testes rápidos de rastreio não permitem o diagnóstico definitivo. Um teste rápido positivo deve ser associado a uma referenciação hospitalar imediata, de preferência no próprio dia, por forma a assegurar a confirmação laboratorial da infeção e o seu acompanhamento numa unidade hospitalar. Deveria ser realizado, pelo menos, uma vez na vida e sempre que haja comportamentos de risco. O acesso aos testes rápidos de rastreio não se deve limitar aos centros de saúde ou aos hospitais, devendo ser expandidos a locais de proximidade, fixos ou móveis. Deste modo, a discrição e a confidencialidade Foto Francisco Antunes por Ricardo Gaudêncio 48 DEZEMBRO SETEMBRO 2015 2014 ESPECIAL | VIH/SIDA Thinkstock Acredita que, pelo facto de ser hoje uma doença crónica, algumas pessoas levam menos a sério as precauções a ter? A partir de 2000, um pouco por toda a Europa, particularmente em homo e bissexuais, verificou-se um crescente abandono das medidas de precaução recomendadas. As relações sexuais anais em determinadas condições – sem a proteção de preservativos, traumáticas, em grupo, sob o efeito de metanfetaminas e de drogas inaladas – têm aumentado o risco de transmissão da infeção por VIH e de outras infeções de transmissão sexual, incluindo a hepatite C. Estigma e discriminação são hoje os principais obstáculos? O estigma, a discriminação e outras violações dos direitos humanos, em infetados por VIH, limitam o acesso aos cuidados de saúde. Atitudes discriminatórias dificultam, também, o acesso aos testes voluntários de diagnóstico e ao tratamento. A discriminação é um obstáculo à entrada no mercado de trabalho – o desemprego é três vezes maior nos seropositivos para VIH do que é reportado nas taxas nacionais –, à segurança social, aos seguros, à educação e à habitação. Três décadas depois do registo dos primeiros casos de sida, os infetados por VIH continuam a ser estigmatizados e discriminados, com impacto na sua saúde física e mental, pior qualidade de vida, sendo marginalizados como membros ativos da sociedade. poderão ser melhor garantidas, levantando, assim, uma das barreiras à sua utilização. Em que grupos tem aumentado o VIH? Até 2013, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, foram diagnosticados 48.657 casos de infeção por VIH, tendo havido, a partir de 2000, decréscimo do número de novos casos diagnosticados e declínio consistente dos casos de SIDA. Do total dos novos casos, a transmissão heterossexual corresponde a 62%; entre homens que têm sexo com homens a 29%; mantendo-se a tendência de decréscimo entre os utilizadores de drogas injetáveis sendo, em 2013, de 6,9%. Como acontece a evolução de seropositivo para doente com SIDA? Após o contágio, num espaço de algumas semanas, em cerca de 50% dos casos, pode ocorrer um quadro clínico febril, que regride espontaneamente. Nesta fase a carga vírica é muito elevada e, por esta razão, o risco de transmissão de VIH é maior. O sistema imunitário reage à infeção e consegue controlar, em certa medida, a replicação vírica, mas revela-se incapaz de eliminar o vírus do organismo. Assim, na maioria dos casos, durante cerca de uma década, de infeção crónica, a replicação vírica mantida, num seropositivo para VIH sem TARV, provoca um desgaste no sistema imunitário que, há medida que os anos passam, é cada vez mais acentuado até ao ponto em que as infeções latentes no organismo, (contidas no indivíduo saudável pelo sistema imunitário), pela imunodeficiência grave se libertam e emergem como doenças oportunistas, causadoras da SIDA. O período de infeção crónica, que precede a SIDA é, em regra, silencioso do ponto de vista clínico, mas o risco de transmissão a um parceiro sexual mantém-se (ou através da partilha de agulhas e seringas, em utilizadores de drogas injetáveis). No entretanto, não é de mais insistir que a infeção por VIH é de transmissão sexual, devendo ser incluída nos programas de ensino sobre educação sexual, nas escolas. VIH/SIDA NO MUNDO E EM PORTUGAL • Segundo a UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ SIDA), a nível mundial, em 2014, dos 36,9 milhões de infetados por VIH e dos dois milhões dos novos casos, a transmissão heterossexual correspondeu a mais de 90% dos casos. • Em África são as mulheres jovens as mais afetadas; na Europa Ocidental os imigrantes e os homens que têm relações sexuais com homens; na Europa Oriental os utilizadores de drogas injetáveis; no Sudeste Asiático os trabalhadores de sexo; e nas Américas são, também, os homens que têm relações sexuais com homens. • No Mundo, em 2014, foram reportados 220 mil novos casos de infeções em crianças (até aos 15 anos), a maioria devido à transmissão mãe-filho, dos quais 86% na África Subsariana. • Em Portugal, cerca de 90% dos novos casos de infeção por VIH foram de transmissão sexual (hetero ou homossexual). • Em Portugal, o teste para VIH faz parte do painel de exames complementares de diagnóstico na mulher grávida, estando indicada a TARV para todas as seropositivas. De 2007 a 2013, foram diagnosticados 28 casos de transmissão mãe-filho resultantes, na maioria, do diagnóstico tardio, na altura do parto ou, ainda, por má adesão da grávida à TARV. • Em Portugal, as dádivas de sangue são rigorosamente controladas, sendo o risco de transmissão de VIH, por esta via, praticamente nulo, assim como pela utilização de agulhas e seringas, fora do contexto dos utilizadores de drogas injetáveis. O problema da partilha de escova de doentes e lâminas de barbear, como veículo de transmissão de VIH, não se põe em condições normais da sua utilização. DEZEMBRO 2015 9 ESPECIAL | VIH/SIDA Liga Portuguesa Contra a SIDA celebra 25 anos É PRECISO COMBATER O “VÍRUS SOCIAL” A Liga Portuguesa Contra a SIDA (LPCS) nasceu em 1990, “da sociedade civil para a sociedade civil e da necessidade de (in)formar e criar conhecimento sobre a problemática da infeção por VIH, combatendo o estigma e procurando ir ao encontro das necessidades dos seus utentes e do Programa Nacional para a Infeção VIH e SIDA”, lembra Maria Eugénia Saraiva, sua Presidente e psicóloga clínica. Este é, portanto, um momento de celebração mas há ainda muito a fazer. Por Teresa Frederico Trabalha na LPCS desde a fundação. Como foram estes 25 anos? Têm sido anos de muito trabalho e com a dedicação de todos, voluntários, sócios e colaboradores e, claro, os mecenas que nos têm ajudado a cumprir os objetivos estatutários que traçámos quando nascemos. Ao longo deste quarto de século, as iniciativas da LPCS e o seu próprio crescimento estão associados às necessidades identificadas nas áreas da formação, informação, apoio e prevenção na sociedade portuguesa face à problemática do VIH e SIDA e outras infeções sexualmente transmissíveis (IST). Com a criação, em 1991, da Linha SOS SIDA, fomos compreendendo melhor as necessidades das pessoas infetadas e afetadas e desenvolvendo novas valências de apoio à comunidade [ver caixa]. Ainda há descriminação? A população portuguesa revela já conhecimentos sobre as vias de transmissão do VIH, estando mais desperta para os comportamentos de risco e para como evitá-los. Mas temos que combater o desconhecimento porque muitas são as vezes em que nos deparamos não só com pessoas a dizerem que já existe vacina como também cura e aí está o grande desafio de adequar a mensagem a segmentos da população onde o contágio por VIH e SIDA tem aumentado (acima dos 50 anos), mostrando que todos somos vulneráveis, incluindo os jovens que muitas vezes julgam que já sabem tudo e que nos continuam a chegar com testes reativos. Apesar de estar associado desde o início à comunidade das artes, M a e sid ria ica S) n í en Eugé l C aC te nia S (LP da araiva | Psicólog A Liga SID Portuguesa Contra a e Pr Entretanto o VIH passou de “sentença de morte” a doença crónica. Em 1990, quando as pessoas chegavam à LPCS tinham, na maior parte dos casos, acabado de receber um diagnóstico que era encarado como uma notícia devastadora e destrutiva da sua vida. Hoje sentimos que, apesar de continuar a ser um diagnóstico devastador, as pessoas que vivem com a infeção por VIH e ou com SIDA, man- tendo o apoio psicossocial que a LPCS lhes proporciona, acabam por encarar a doença como algo limitador sim, mas que pode ser controlado desde que tenham boa adesão à terapêutica e se sintam apoiadas emocionalmente. Creio que o mais difícil, atualmente, será conseguir lidar com o estigma social ainda muito enraizado na sociedade face aos seropositivos para o VIH. E, é por este motivo que também temos vindo a trabalhar para combater este “vírus social” que, por vezes, é dramático. devido à enorme vaga de infeções nos anos 70 e 80, o vírus é totalmente “democrático” pois pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo, estrato social, cor, religião ou orientação sexual, desde que tenha comportamentos de risco. É nesse sentido que temos envolvido diversas comunidades para ajudar a diminuir o estigma social associado ao diagnóstico “seropositivo” para o VIH. Continuamos perante um “vírus social” e não nos cansamos de referir que é, ainda hoje, muito maior e mais “perigoso” que o vírus da infeção por VIH. A LPCS promove vários rastreios, não só ao VIH… Ao longo do tempo, a LPCS mudou a estratégia de atuação uma vez que notámos que, apesar de a população estar mais desperta para o VIH, não o está para outros vírus e infeções sexualmente transmissíveis potenciadoras de reinfeções e, como tal, optámos por trabalhar tam- O vírus é totalmente “democrático” pois pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo, estrato social, cor, religião ou orientação sexual, desde que tenha comportamentos de risco Em cima: foto de Nuno Coimbra Newsfarma® | Imagem de Maria Eugénia Saraiva: foto de Jorge Correia Luís/JAS Farma® 10 DEZEMBRO 2015 ESPECIAL | VIH/SIDA HISTÓRIA E ATIVIDADES DA LPCS • Foi fundada em 1990. • Em 1991 surgiu a Linha SOS SIDA 800 20 10 40, a única a funcionar atualmente em Portugal e que procura dar respostas às pessoas infetadas, afetadas e preocupadas com o VIH e SIDA, hepatites víricas e outras IST. Condecoração da LPCS como Membro Honorário da Ordem de Mérito bém para mudar este cenário. Desta forma, promovemos também o rastreio e diagnóstico precoce de outras infeções como as hepatites víricas, o vírus do Papiloma Humano (HPV) e outras infeções sexualmente transmissíveis. Como é a situação em Portugal? Dados da Direção-Geral da Saúde referem que, em 2013, foram diagnosticados 1.416 novos casos de VIH, o que representou um decréscimo de 13,7% face a 2012. Se analisarmos os dados desde 2002 verificamos que existe, quase todos os anos, uma tendência para o decréscimo de novos casos, o que é bom. Contudo, é necessário ter em conta dois aspetos importantes: cerca de 1.400 novos casos é um número bastante significativo face à informação de que dispomos hoje em dia e ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas diferentes entidades; e, considerando que os números apontam que é na faixa etária acima dos 49 anos que a percentagem de novos casos tem vindo a aumentar consideravelmente, temos de mudar a forma de comunicar também para este grupo vulnerável identificado e com o qual a LPCS tem vindo a trabalhar. Aguardamos com expetativa os novos números que serão apresentados em breve. A prevenção é o mais fundamental? Acreditamos que sim. É transversal a todos os projetos que desenhamos, sendo essencial que tenhamos pre- sente que todos somos vulneráveis ao VIH! Que dificuldades sente a LPCS atualmente para concretizar os seus objetivos? A não abertura de concursos públicos até à data, no sentido de a LPCS poder dar continuidade ao trabalho desenvolvido em Lisboa e Odivelas, através dos seus Centros de Atendimento e Apoio Integrado (CAAI) “Espaço Liga-te”, em Lisboa, e “Cuidar de Nós”, em Odivelas, é bastante preocupante. A maior dificuldade prende-se com questões financeiras e a escassez de recursos humanos. Enquanto IPSS funcionamos com uma base de voluntários mas as pessoas vivem tempos de grande precariedade e, por isso, falta-lhes tempo para o poderem dar. As motivações também mudaram e hoje a SIDA não está na “moda”. Nesse sentido, torna-se mais difícil a angariação de fundos. Como vão ser comemorados os 25 anos? Temos já algumas iniciativas definidas e outras em desenvolvimento. Por exemplo, vamos fazer uma campanha de sensibilização e preparar uma conferência sobre o VIH, as alterações ocorridas ao longo dos anos e a mudança de paradigma na terapêutica. Mas, acima de tudo, vamos continuar a trabalhar para dar Luta à SIDA porque o nosso lema é “há quem pense que ter SIDA significa perder o sentido da vida... e há quem acredite que há sempre novos sentidos a descobrir.” • Oferece apoios técnicos especializados (psicológico, social, jurídico, nutricional, etc.), integrados nos Centros de Atendimento e Apoio Psicossocial, em Lisboa e Odivelas, e promove ações de sensibilização e (in)formação. • Em 2012 surgiu a Unidade Móvel de Rastreios Saúde + Perto, com uma equipa de técnicos especializados (médica, enfermeira, psicóloga e mediadores) que realiza rastreios confidenciais e gratuitos ao VIH, hepatites víricas e outras IST. Abrange os concelhos de Lisboa, Odivelas e Loures e funciona em articulação com centros de saúde, hospitais, autarquias e outras associações. • Neste trimestre foi assinado um protocolo com o Instituto Português de Oncologia para iniciar o rastreio ao Vírus do Papiloma Humano, de transmissão sexual e que pode potenciar outras infeções. • Mais informações em www.ligacontrasida.org; www.facebook.com/ligacontrasida • Pode contribuir para a continuidade dos projetos através da Linha Solidária 760 50 10 30 (0,60€ + IVA). DEZEMBRO 2015 11 INFORMAÇÃO | ESCLEROSE MÚLTIPLA “Seria importante que as pessoas conhecessem melhor a doença e respeitassem mais os doentes” ESCLEROSE MÚLTIPLA: O QUE AINDA HÁ PARA MUDAR Desconhecida por grande parte da população, a Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central e causa incapacidade. A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) tem como principal missão melhorar a qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores, lutando diariamente pela sua integração na sociedade. Susana Protásio, membro da associação, caracteriza a evolução da doença nos últimos anos e apela à solidariedade dos portugueses. Por Joana da Silva Vieira Ao longo de 31 anos de existência, a missão da SPEM tem tido componentes distintas, “começámos com uma ausência de conhecimentos, medicação insuficiente e diagnóstico tardio. Hoje em dia as necessidades são totalmente diferentes, as valências aumentaram e estamos um passo mais à frente. Temos preocupações e prioridades que na altura não nos podíamos dar ao luxo de ter” explica Susana Protásio. Apesar de ser confundida com uma doença de terceira idade, a EM surge habitualmente no adulto jovem, entre os 20 e os 40 anos. “Gostávamos que as pessoas respeitassem mais os doentes e que os vissem como cidadãos, com os mesmos direitos e possibilidades. É muito importante acabar com o preconceito e fazer chegar esta mensagem aos decisores nacionais, para que integrem as necessidades das pessoas com esclerose múltipla nas suas decisões”, refere. O dia-a-dia da associação A SPEM é uma associação de âmbito nacional, feita essencialmente de voluntários. Tem 11 delegações espalhadas pelo país e, por isso, os seus serviços mudam conforme as necessidades das pessoas dessas zonas. A sede situa-se em Lisboa e tem uma rotina muito preenchida. “Proporcionamos apoio psicológico, jurídico e de neuro-reabilitação. Para além da fisioterapia, terapia da fala e de terapia ocupacional, temos também um serviço de apoio social de higiene ao domicílio e um serviço de transporte, que vai buscar as pessoas a casa para passarem o dia no nosso centro de atividades ocupacionais. Organizamos saídas com os voluntários e alguns eventos como, por exemplo, a festa de celebração do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, no dia 5 de dezembro, onde vão atuar algumas bandas e vai ser feita uma angariação de fundos. No final do mês preparamos a tradicional festa de natal com os doentes, seus familiares, vo- luntários e amigos”, explica. A associação pretende dar mais atenção aos cuidadores, porque apesar de não terem a doença, acabam por ter todo o impacto refletido na sua vida. Mudança de paradigma Como caracteriza a evolução da doença nos últimos anos? “Muita coisa mudou. Em particular, o número de doentes, a fase em que são diagnosticados e a informação disponível. A associação proporciona mais serviços e tem uma relação estreita com a classe médica (da qual faz parte um grupo de neurologistas dedicados à EM) e de enfermeiros. Tem-se verificado um esforço a nível internacional para encontrar soluções. De facto, já existem pistas de que estamos no caminho certo para encontrar algo para a versão progressiva da doença. Esta é uma mensagem de esperança extremamente importante. A indústria farmacêutica tem-se centrado em arranjar soluções mais fáceis e menos penosas. Passámos da injeção diária para uma série de alternativas mais fáceis e medicamentos de toma oral”, explica. A doença é detetada casa vez mais cedo e até já existem casos pediátricos, situação que causa grande impacto psicológico para a criança e para a família. “É complicado explicar a um adolescente entre os 12 e os 16 anos que tem uma doença crónica, potencialmente incapacitante. Alguns miúdos desenvolvem depressões gravíssimas. Hoje em dia, já não podemos dizer que esta é uma doença que aparece entre os 20 e os 30 anos”, revela. PE M De facto, já existem pistas de que estamos no caminho certo para encontrar algo para a versão progressiva da doença. Esta é uma mensagem de esperança extremamente importante. Susana Protásio da ro b m | Me S Ajudar: a palavra-chave Qual é a realidade dos doentes que não estão ao abrigo da associação? “Nem todas as pessoas que têm EM são associados. Sabemos que existem muitos doentes que, por diversas razões, não estão ligados à associação. No entanto, temos feito um esforço para chegar a todos e o grupo de voluntariado “Energias Múltiplas” procura as pessoas que estão mais isoladas, visita-as e proporciona-lhes um dia diferente”, garante. Susana Protásio considera que “os portugueses são pessoas preocupadas com as pessoas, mas às vezes, faltam-nos o pragmatismo dos nórdicos. Nós temos algo muito bom que é a parte emocional, mas em termos de reprodutibilidade as coisas falham. Seria importante que conhecessem melhor a doença e respeitassem os doentes. Muitos deles têm dificuldades de locomoção, mas só pedem apoio quando precisam, pois gostam de gerir o seu modo de andar. Temos de estar disponíveis e ajudar apenas quando a pessoa pede. O tratamento da EM passa muito pelo esforço, por manter o músculo e a cabeça a funcionar, por isso não devemos protegê-los excessivamente, de forma a estimular a sua atividade”. INCENTIVO À SOLIDARIEDADE Susana Protásio, membro da SPEM, deixa uma mensagem aos portugueses, onde realça a importância da disponibilidade e do voluntariado. “As pessoas são muito solidárias com acontecimentos dramáticos do momento e a sua solidariedade também acaba por ser momentânea. Deviam manter-se solidárias ao longo do processo que cada situação necessita, assim teríamos mais voluntários a trabalhar connosco a título regular. Normalmente, as pessoas oferecem-se para ajudar em situações pontuais e não querem ser voluntários a tempo inteiro.” Créditos | Thinkstock; Oficiais 12 DEZEMBRO 2015 INFORMAÇÃO | ESCLEROSE MÚLTIPLA Manter o músculo ativo é essencial para o tratamento LUTAR CONTRA UMA DOENÇA IMPREVISÍVEL Lúcio Ribeiro foi diagnosticado com Esclerose Múltipla (EM) em julho de 2006, com 30 anos de idade, mas foi aos 27 que a doença começou a dar os primeiros sinais. Realizado e bem-sucedido profissionalmente, tinha uma vida ativa e uma empresa própria de equipamentos para betão. A EM mudou o percurso dos seus projetos e deu-lhe a oportunidade de conhecer a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), onde hoje faz parte da direção. Tenta aproveitar cada momento ao máximo, porque nunca sabe de que forma vai acordar no dia seguinte. Por Joana da Silva Vieira Créditos | Thinkstock; Oficiais Comecei a sentir um cansaço fora do normal, parecia que estava a haver uma falha na ligação do cérebro com a parte motora. Eu sentia vontade de fazer mais, mas o corpo não conseguia acompanhar. Naquela noite não se conseguiu levantar para ir à casa de banho. A esposa apercebeu-se que não estava bem e levou-o ao hospital. Na triagem perguntaram-lhe se tinha bebido álcool ou consumido algum tipo de drogas, porque não se conseguia manter em pé. O médico pôs a hipótese que a situação se devesse a um problema no ouvido interno, devido ao desequilíbrio que sentia. No dia seguinte continuou fraco e ao almoço não conseguia movimentar os braços para segurar os talheres. Voltou ao hospital e, depois de vários exames de despistagem, deu-se o veredito do diagnóstico. “O Lúcio tem aqui uma esclerosezinha múltipla”, foi desta forma que recebeu a notícia pelo médico. Percebeu logo que dali não vinha nada de bom, mas não fazia a mínima ideia em que consistia a doença. Os três primeiros meses de adaptação foram os mais complicados e ficaram marcados pela pesquisa incessante na internet e pela necessidade de compreender a patologia. M últ ipl a Viver com Esclerose Múltipla “No início não se sabia de que tipo de EM se tratava, só depois de alguns exames se chegou à conclusão que tinha a forma primária progressiva da doença. Não tenho surtos, mas sinto a incapacidade a piorar de ano para ano. Para estes casos não existem grandes tratamentos e confesso que não tenho notado grandes melhorias, antes pelo contrário, noto um desenvolvimento cada vez se ro e l c Es Lúc de r o io Rib d a eiro | Port maior. O ano passado não precisava de recorrer às canadianas e este ano já tenho o prémio de andar acompanhado por elas. Quando descobri que era portador de EM tinha 30 anos, uma vida ativa, empresa própria, fazia muito desporto e tinha planos futuros. O que tinha programado até àquela data tinha conseguido e foi a isso que me agarrei. A verdade é que a doença foi progredindo e as coisas foram-se complicando”, desabafa. A incapacidade de controlar a doença Lúcio é portador de EM há nove anos e quisemos saber como descreve a evolução da patologia até agora. “Começou por afetar a parte do equilíbrio, parece que estamos sempre embriagados e, para levar as coisas na brincadeira, às vezes até dizia que o vinho do almoço andava estragado. Depois houve um atrofio ao nível da marcha e tive que abrandar o ritmo. Na altura corria cerca de dez a 12 quilómetros, andava de bicicleta, praticava surf e pesca submarina. Comecei a sentir um cansaço fora do normal, parecia que estava a haver uma falha na ligação do cérebro com a parte motora. Eu sentia vontade de fazer mais, mas o corpo não conseguia acompanhar”, refere. Durante algum tempo tentou esconder a doença das pessoas que o rodeavam, mas hoje considera imprescindível o apoio da família e dos amigos. “As pessoas normalmente incentivam-me bastante, enviam-me mensagens privadas no facebook a perguntam como estou. O apoio da minha família tem sido a 100%, acompanham o desenvolvimento da doença e mostram alternativas. Sempre fui muito autónomo e ao início era difícil aceitar ajuda, mas agora já estou mentalizado que sou dependente dos outros”, revela. Ultrapassar as dificuldades do dia-a-dia “Em casa consigo andar sem canadianas, porque já conheço todos os pontos estratégicos, mas na rua a situação é diferente. Das coisas que mais detesto ver são pessoas a ocuparem os lugares para deficientes. A nível arquitetónico temos a situação dos passeios e escadas altas, que dificultam a nossa mobilidade.” Lúcio tenta manter-se ativo e tem noção da importância da fisioterapia em casos como o seu. “Eu não faço por erro meu, mas treino em casa. Comprei um ginásio completo e faço alguns exercícios de musculação. Tento sempre estar ativo e há dias com mais e menos dificuldade. Esta é daquelas doenças em que uma pessoa nunca sabe como acorda amanhã.” A doença traz- lhe dias melhores e piores, mas tenta sempre manter-se positivo. Vive um dia de cada vez e tem como maior prioridade as suas filhas. “Independentemente de todos os treinos que faça sinto que a minha incapacidade está a progredir. Tento não me martirizar com isto, mas tenho plena noção que um dia vou parar à cadeira de rodas. Já estou mentalizado para quando chegar a altura, vejo a evolução e não antecipo uma coisa muita boa. Só peço que a parte mental se mantenha intacta para aguentar o que aí vem”, desabafa o portador de EM. A doença traz- lhe dias melhores e piores, mas tenta sempre manter-se positivo. Vive um dia de cada vez e tem como maior prioridade as suas filhas. DEZEMBRO 2015 13 OPINIÃO | FARMÁCIA COMO PREPARAR UM NATAL SAUDÁVEL E ECONÓMICO À medida que o natal se aproxima, vamos sendo aliciados com propostas de presentes e iguarias pelas quais esperamos tanto tempo! Só neste mês, só naqueles dois dias (ou até semanas) conseguimos compensar todo um ano sem bolo-rei, fatias douradas, sonhos, filhoses, broas, azevias e demais doçarias tradicionais desta época. A quem cabe a tarefa de organizar a noite da consoada ou o dia de natal, sabe que terá de proporcionar uma noite perfeita e bem recheada, que encha as medidas e as papilas gustativas de toda a família e amigos. É nesta altura que começa a preocupação com o orçamento familiar e em como fazer crescer aquilo que não se semeia. A decoração, a logística do jantar, as prendas e o menu podem tornar-se uma verdadeira dor de cabeça se não forem planeados com a devida antecedência. Mas não se preocupe, um natal recheado não tem de significar um fim de ano estragado! Para que tudo corra bem, deixo-lhe algumas sugestões de como poupar, com sabor e saúde. Comprar com antecedência À medida que se aproxima a época natalícia vamos observando a subida dos preços. O ideal é começar a criar o cabaz de natal com alguns meses de antecedência, visto que alguns produtos, como os frutos oleaginosos, o bacalhau e o peru aguentam alguns meses devidamente embalados e armazenados. Se este ano não conseguiu antecipar as suas compras de natal, então prepare o papel e o lápis e comece a planear: • Faça uma lista de compras com tudo o que necessita para completar o seu natal, desde os ingredientes para a refeição, assim como para as sobremesas; • Dê uso aos folhetos de supermercado que diariamente lhe chegam à caixa do correio e procure os produtos em promoção; • Compare os preços, organize as compras por supermercado e veja se a deslocação compensa a diferença de valor que vai pagar. Alimentos frescos vs conservas O tradicional bacalhau com couves vem com tudo a que tem direito, inclusive o grão-de-bico como acompanhamento. Substitua as leguminosas de conserva pelo grão seco e cozinhe por 20 minutos, na panela de pressão, após a demolha de 12h. Este processo ajuda a eliminar parte dos componentes anti-nutricionais, como por exemplo os fitatos, saponinas e lectinas, que reduzem o seu valor nutricional por inibirem a absorção de diversos minerais como o cálcio, magnésio e ferro. Este processo também promove uma melhor digestibilidade, reduzindo a sua fermentação no intestino. No que toca a frutas, prefira as frescas e da época às enlatadas e opte por romãs, maçãs, laranjas ou até mesmo o ananás. Pode incorporá-las em saladas de legumes, adornadas com bagos de romã ou um puré de maçã reineta aromatizado apenas com canela, como acompanhamento do prato de carne. Se preferir deixar para mais tarde, sirva maçã assada com pau de canela e gotas de limão, sem adição de açúcar. a m Ra ipa Fil Por Planear o menu Pode começar por criar uma lista de convidados e estipular o valor máximo a gastar por cada pessoa. Dependendo do orçamento estabelecido, opte por refeições que rendam e que sejam apelativas. Comece com um creme de legumes e se tiver muitos comensais experimente, por exemplo, uma refeição de bacalhau escondido no forno, com batatas, couve e broa de milho no topo. Se, por outro lado, a sua preferência recair na carne, opte pela perna de peru desossada no forno, marinada em sumo cítrico e acompanhada de um delicioso arroz de açafrão. Na hora da confeção reduza o sal e o azeite que adicionar. lh o |N utr icio olon nista nas Farmácias H Sobremesas e aperitivos São muitos os doces que nos aliciam e tantos os salgados que aproveitamos para juntar à festa. Pense nos doces de natal de que mais gosta e crie uma outra lista com as sobremesas que gostaria de ter na mesa e que agradam a toda a família. Juntamente com os seus convidados, esclareça o que cada um leva. O restante opte por fazer em casa. Não só irá ter menos tentações na hora da sobremesa, como conseguirá reduzir custos e melhorar o valor nutricional, ao reduzir o teor de açúcar e gordura adicionados na confeção. Ainda ficaram alguns doces por orientar? Então pare para refletir um pouco sobre a verdadeira necessidade de os incluir ou se, pelo contrário, passaria bem sem essas calorias extra. Por fim, prove e aprecie cada dentada da sua sobremesa e modere as quantidades. No final da festa distribua as sobras para que no dia seguinte não haja tentações. A sua saúde e a sua carteira agradecem! Mais importante de tudo, usufrua da companhia e tenha um bom natal! Pode começar por criar uma lista de convidados e estipular o valor máximo a gastar por cada pessoa. Dependendo do orçamento estabelecido, opte por refeições que rendam e que sejam apelativas Créditos | Oficiais; Thinkstock 14 DEZEMBRO 2015 HIPOGLICEMIA NOS ANIMAIS Os sinais clínicos iniciam-se de acordo com a velocidade da descida do valor da glicose no sangue e, geralmente, manifestam-se quando a glicemia é inferior a 45 mg/dl. Desde que os sintomas sejam reconhecidos a tempo, a hipoglicemia é fácil de ser tratada, sendo sempre importante a avaliação do médico veterinário. Créditos | Oficiais; Thinkstock a rM Po A glicose é a principal fonte de energia dos seres vivos animais e vegetais. Trata-se de um monossacarídeo proveniente do produto final dos carbohidratos, não sendo encontrado em frutas e vegetais. Para que ocorra aproveitamento desta fonte energética, é necessário que haja uma interação hormonal (Insulina e Glucagon), para que esta seja absorvida e transformada em energia. A glicose é o principal substrato para a produção de energia na maioria dos tecidos, sendo a única fonte energética para as células do cérebro. A hiperglicemia pós-prandial, isto é, o aumento dos níveis de açúcares após uma refeição, induz a secreção de insulina e a diminuição de glucagon. A insulina estimula a captação de glicose pelo tecido muscular, no qual a glicose é convertida num composto mais simples e de possível utilização pelas células. O efeito da insulina é favorecer a conversão do excesso de glicose sanguínea em duas formas: glicogénio (no fígado e músculo) e triacilgliceróis (no tecido adiposo). A insulina é secretada pelo pâncreas. A hipoglicemia, “baixa de açúcar no sangue”, é definida quando a concentração de glicose sanguínea se encontra inferior a 60 mg/dl. Tal evento resulta no uso excessivo de glicose por células normais (hiperinsulinismo) ou neoplásicas, anormalidades no metabolismo da glicose, deficiências hormonais, captação dietética inadequada de glicose, ou ainda, pela combinação destes mecanismos. Já a hipoglicemia iatrogénica (efeito colateral ou um resultado indesejável rta o nt spit en al eg ro Por Marta Pinto, Médica Veterinária - Hospital Veterinário Montenegro | Tânia Rocha de Sousa, Médica Veterinária - Hospital Veterinário Montenegro –H Pi ria Mo nto á n i | Médica veter rio iná Veter O Tratamento de Emergência da Hipoglicemia passa pela imediata administração oral de solução de glicose ou mel. rem auxiliados rapidamente e, se tiverem diabetes, precisarão de tratamento médico. Geralmente, desde que os sintomas sejam reconhecidos a tempo, a hipoglicemia é fácil de ser tratada, mas é sempre importante a avaliação do médico veterinário. O Tratamento de Emergência da Hipoglicemia passa pela imediata administração oral de solução de glicose ou mel. Animais em colapso não devem ter grandes volumes de fluido forçado na boca, pois isso pode resultar em pneumonia por aspiração. Aqui, é preferível esfregar uma pequena quantidade de solução de glicose ou mel na gengiva do animal, ou sob a sua língua. Este tratamento pode ser efetuado pelo proprietário, mas não dispensa avaliação pelo Médico Veterinário. Habitualmente os sintomas são fome, inquietação, tremor, ataxia, desorientação, convulsões e coma. causado por um tratamento) é uma complicação comum resultante da administração excessiva de insulina em cães e gatos. Os sinais clínicos de hipoglicemia iniciam-se de acordo com a velocidade da descida do valor da glicose no sangue e, geralmente, manifestam-se quando a glicemia é inferior a 45 mg/dl, em ordem crescente de gravidade, são fome, inquietação, tremor, ataxia, desorientação, convulsões e coma. Alguns animais podem ficar apenas muito quietos e apáticos. À medida que o seu batimento cardíaco e a sua respiração ficam mais lentos, os animais com baixa de açúcar no sangue tornam-se fracos, sonolentos, desorientados e cambaleantes. Podem começar a estremecer ou a sacudir-se, pender a cabeça, ter convulsões e, no pior dos casos, perder a consciência e entrar em coma. Os animais podem morrer se não fo- DEZEMBRO 2015 15 PUB