Clique aqui - Paróquia de São Julião da Barra

Transcrição

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Senhora da Barra,
que corres ligeira sobre os montes:
vela por nós,
fica à nossa beira.
É bom ter a esperança
como companheira.
Dá-nos, ó Mãe,
um coração sensível e fraterno,
capaz de escutar
e de recomeçar.
Mantém-nos reunidos, Senhora,
à volta do pão e da palavra.
Ajuda-nos a discernir
os rumos a seguir
nos caminhos sinuosos deste tempo,
por Cristo semeado
e por Ele redimido.
Ensina-nos a tornar a tua Igreja
toda missionária,
e a fazer da nossa paróquia,
uma Casa grande, aberta e feliz,
átrio de fraternidade,
de onde se possa sempre ver o céu,
e o céu nos possa sempre ver a nós.
Amen.
1
Acolhendo os apelos de Bento XVI na Verbum Domini, partimos como
peregrinos à Terra Santa levando connosco a Palavra de Deus que é para nós
alimento da oração, formação da comunidade e sustento da missão. Essa Palavra
foi-nos revelada em Cristo. Ele é a Palavra definitiva e eficaz que saiu do Pai e
voltou a Ele, realizando perfeitamente no mundo a sua vontade.
A Palavra de Deus será para nós, também nesta peregrinação, por “luz para
a vida e farol para os nossos passos” (cf. Sal 119, 105). Será essa Palavra a guiarnos ao longo de oito dias e será essa Palavra, bem acolhida nos nossos corações,
que nos ajudará a redescobrir o rosto de Deus.
A peregrinação à Terra Santa começa por ser uma visita aos locais que Jesus
percorreu, sentiu e viveu: cidades, localidades, caminhos. Cheiros, sabores e
temperaturas. Cores, formas e pessoas. Pó, água e rochas. Profissões, hábitos,
refeições, etc.
Estes espaços humanos e materiais foram o santuário do encontro de Jesus
com os homens, foram a circunstância e muitas vezes o instrumento para a sua
acção de cura, de libertação e de salvação.
Estas foram as realidades humanas que o nosso Deus tocou e experimentou.
O extraordinário destes locais é que eles foram o local onde o nosso Deus Se
tornou humano, viveu humano e agiu humano.
Não são locais idealizados de um deus idealizado; não são representações de
um deus representado; não são palcos de uma qualquer acção simbólica: são a
crueza da peregrinação de Deus ao meio dos homens.
Sem fé na Encarnação do Filho de Deus, a peregrinação à Terra Santa é igual
à visita da civilização Inca no Peru, dos vestígios romanos em tantas partes do
mundo, da visita à muralha da China, etc... Não vamos a um museu de vida
humana: vamos a um santuário de vida divina entranhado na vida humana.
A fé na Encarnação implica a nossa compreensão que Deus Se humanizou
por amor do homem e tornou as realidades humanas linguagem e veículo para o
encontro connosco. Não são metáforas: são os canais para o encontro e para a
comunhão.
Por isso ao entrarmos na Terra Santa queremos entrar na peregrinação de
Jesus
A Encarnação do Filho de Deus implica reconhecer a sua peregrinação: que
Ele veio de junto do Pai e para Ele volta. Este não é o seu habitat natural mas um
trajecto por causa do seu amor salvador pela humanidade.
2
Jesus gosta de percorrer os caminhos dos homens: vive de uma urgência de
ir ao encontro de todos, onde eles estão. Pôr-se a caminho, para Jesus, é uma
urgência de encontro, uma iniciativa de amor, um estado permanente de salvação
e acolhimento.
Jesus vai às realidades humanas, aos caminhos dos homens do seu tempo,
dentro das suas vidas onde elas estão: dentro das cidades e fora delas, nos
caminhos e à beira deles, dentro das sinagogas e preferencialmente dentro das
casas, na solidão e no meio da multidão. É notória a preocupação de Jesus em
mostrar que o lugar do encontro de Deus com o homem não são simplesmente os
espaços religiosos mas preferencialmente os espaços humanos, ou melhor dito, a
vida humana na diversidade das suas matizes. Porque este é o espaço onde o
homem abre a sua intimidade e se mostra mais transparente...
Jesus percorre os espaços humanos porque se quer encontrar com pessoas,
tais como elas são e com a força do que elas podem ser. Pessoas com nome,
história, desejos, medos, segredos... Mesmo no meio das multidões demorava-se
a atender pessoalmente. Jesus peregrina no meio dos homens porque o deus
humanizado quer divinizar o homem.
Jesus tem uma meta muito clara para o seu itinerário: fazer a vontade do seu
Pai, salvar o homem e regressar ao Pai.
Vamos, sobretudo à Terra Santa para aprender a ser discípulos. Na
peregrinação de Jesus pelo meio das vidas dos homens do seu tempo, acontece
uma outra peregrinação que Ele provoca e conduz: a do discipulado.
No cruzar da vida e do coração de muitos homens e mulheres, Jesus como
experiência de fé e de amor, de conhecimento e adesão, pede que O sigam e
propõe um caminho (Lc 5, 11. 27-28). A experiência da fé resulta de um caminho
com Ele, conhecendo, experimentando e calcorreando todos os passos da sua
missão. Propor caminho é outra forma de dizer que a fé em Jesus acontece no
decorrer de uma vida que se entrelaça com a d’Ele. Mas acontece também na
experiência de Se deixar levar por Ele e de O ver em acção. É uma experiência de
escuta (em sentido bíblico) e de obediência amorosa.
Seguir Jesus, fazer esta peregrinação ao encontro d’Ele e da sua vida tem
condições muito exigentes (Lc 9, 23-27): significa unir-se ao destino e à forma de
viver do próprio Jesus. Significa penetrar o mistério da morte e da vida como
caminho de transformação ao encontro do amor eterno e salvador. Jesus há-de
chegar a dizer que “o discípulo não é maior do que o mestre”.
Aprender a ser discípulo tem critérios de uma nova liberdade (Lc 9, 57-62):
Ele é a maior riqueza que relativiza todas as outras, ou seja, que as coloca no seu
devido lugar. Seguir é um caminho de libertação em relação às coisas, às pessoas
e aos hábitos. Seguir é começar uma vida nova.
Que a Palavra de Deus revelada em Jesus encontre em nossos corações, ao
longo desta peregrinação, o terreno fértil que produza os frutos do Reino.
3
PALAVRA DE DEUS E TERRA SANTA
89. Recordando o Verbo de Deus que Se faz carne no seio de Maria de
Nazaré, o nosso coração volta-se agora para aquela Terra onde se cumpriu
o mistério da nossa redenção e donde a Palavra de Deus se difundiu até
aos confins do mundo. De facto, por obra do Espírito Santo, o Verbo
encarnou num momento concreto e num lugar determinado, numa orla de
terra situada nos confins do Império Romano. Por isso, quanto mais
contemplamos a universalidade e a unicidade da pessoa de Cristo, tanto
mais olhamos agradecidos para aquela Terra onde Jesus nasceu, viveu e Se
entregou a Si mesmo por todos nós. As pedras sobre as quais caminhou o
nosso Redentor permanecem para nós carregadas de recordações e
continuam a «gritar» a Boa Nova. Por isso, os Padres sinodais lembraram a
expressão feliz dada à Terra Santa: «o quinto Evangelho». Como é
importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar
das inúmeras dificuldades! A Igreja exprime profunda solidariedade a
todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no
Ressuscitado. Lá os cristãos são chamados a servir como «um farol de fé
para a Igreja universal e também como fermento de harmonia, sabedoria e
equilíbrio na vida duma sociedade que tradicionalmente foi e continua a
ser pluralista, multiétnica e multirreligiosa».
A Terra Santa continua ainda hoje a ser meta de peregrinação do povo
cristão, vivida como gesto de oração e de penitência, como o era já na
antiguidade segundo o testemunho de autores como São Jerónimo.
Quanto mais voltamos o olhar e o coração para a Jerusalém terrena, tanto
mais se inflama em nós o desejo da Jerusalém celeste, verdadeira meta de
toda a peregrinação, e a paixão de que o nome de Jesus – o único em que
se encontra a salvação – seja reconhecido por todos (cf. Act 4, 12).
4
Clara Luz do Cordeiro,
Já a noite me invade,
Mas fique em mim de vela
A tua claridade.
Enquanto os olhos dormem,
Vigie o coração;
Teu Anjo me acompanhe
E arrede a tentação.
Dia e noite, Senhor,
Teu braço me sustente:
Que todo o mal se afaste
E todo o bem se aumente.
Cai a noite; a tua graça
Nas trevas me alumia,
Até que venha a aurora
Trazer-me o eterno dia.
Salmodia
Ant. Do abismo profundo chamo por Vós, Senhor.
Salmo 129 (130)
Penitência e confiança em Deus
Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor: *
2 Senhor, escutai a minha voz.
Estejam vossos ouvidos atentos *
à voz da minha súplica.
3 Se tiverdes em conta as nossas faltas, *
Senhor, quem poderá salvar-se?
4 Mas em Vós está o perdão, *
para serdes temido com reverência.
1
Eu confio no Senhor, *
a minha alma confia na sua palavra.
6 A minha alma espera pelo Senhor, *
mais do que as sentinelas pela aurora.
Mais do que as sentinelas pela aurora, *
7 Israel espera pelo Senhor,
5
5
porque no Senhor está a misericórdia *
e com Ele abundante redenção.
8 Ele há-de libertar Israel *
de todas as suas faltas.
Glória ao pai e ao Filho e ao Espírito Santo
como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Ant. Do abismo profundo chamo por Vós, Senhor.
Leitura breve Ef
4, 26-27
Não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis
lugar ao demónio.
6
Responsório breve
(a partir daqui igual em todas as noites)
V. Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.
R. Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.
V. Senhor, Deus fiel, meu Salvador.
R. Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.
Cântico evangélico (a partir daqui igual em todas as noites)
Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos e guardai-nos quando
dormimos, para estarmos vigilantes com Cristo e descansarmos em paz.
Cântico Lc 2, 29-32
Cristo, luz das nações e glória de Israel
Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, *
deixareis ir em paz o vosso servo,
30 porque meus olhos viram a salvação, *
31 que oferecestes a todos os povos:
32 luz para se revelar às nações *
e glória de Israel, vosso povo.
29
Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos e guardai-nos quando
dormimos, para estarmos vigilantes com Cristo e descansarmos em paz.
Oração
Senhor Jesus Cristo, que sois manso e humilde de coração e ofereceis
aos que Vos seguem um jugo suave e uma carga leve, aceitai os desejos e
as acções deste dia que terminou, e fazei que possamos descansar durante
a noite, para continuarmos fiéis e constantes no vosso serviço. Vós que
sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.
V. O Senhor omnipotente nos dê uma noite tranquila
e no fim da vida uma santa morte. R. Amen.
Antífona de Nossa Senhora
7
Cântico
Ant. Proclamai em toda a terra: O Senhor fez maravilhas.
Cântico – Is 12, 1-6
Hino da redenção
Dou-Vos graças, Senhor, porque, estando irado contra mim, *
vossa ira se aplacou e me consolastes.
2 Deus é o meu Salvador, *
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor. *
Ele é a minha salvação.
3 Tirareis água, com alegria, *
das fontes da salvação.
4 E direis naquele dia: «Agradecei ao Senhor, *
invocai o seu nome.
Anunciai aos povos a grandeza das suas obras, *
proclamai a todos que o seu nome é santo.
5 Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas, *
anunciai-as em toda a terra.
6 Entoai cânticos de alegria e exultai, *
habitantes de Sião:
1
Ant. Proclamai em toda a terra: O Senhor fez maravilhas.
8
Leitura breve Rom
14, 17-19
O reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas é justiça,
paz e alegria no Espírito Santo. Quem serve a Cristo deste modo, agrada a
Deus e é aprovado pelos homens. Portanto, procuremos o que contribui
para a paz e a mútua edificação.
Preces
Bendigamos a Deus, nosso Pai, sempre pronto e generoso para ouvir a
súplica de seus filhos, e imploremos humildemente:
Iluminai, Senhor, os nossos caminhos.
Nós Vos damos graças, Senhor, porque iluminastes o mundo por meio de
Jesus Cristo:
— concedei-nos a sua luz ao longo de todo este dia.
Orientai-nos e fortalecei-nos com a vossa Sabedoria,
— para que andemos sempre pelos caminhos duma vida nova.
Ajudai-nos a suportar com amor e paciência as dificuldades,
— para que Vos sirvamos cada vez melhor na generosidade de coração.
Dirigi e santificai os pensamentos, palavras e acções deste dia
— e dai-nos um espírito dócil às vossas inspirações.
Pai nosso
Oração
Senhor, que sois a Luz verdadeira e fonte de toda a luz, humildemente Vos
pedimos: que, meditando fielmente a vossa lei, vivamos sempre no
esplendor da vossa verdade. Por Nosso Senhor.
Cântico
9
O DEUS QUE FALA
Maria «Mater Verbi Dei» e «Mater fidei»
27. Os Padres sinodais declararam que o objectivo fundamental da XII
Assembleia foi «renovar a fé da Igreja na Palavra de Deus»; por isso é
necessário olhar para uma pessoa em Quem a reciprocidade entre Palavra
de Deus e fé foi perfeita, ou seja, para a Virgem Maria, «que, com o seu
sim à Palavra da Aliança e à sua missão, realiza perfeitamente a vocação
divina da humanidade». A realidade humana, criada por meio do Verbo,
encontra a sua figura perfeita precisamente na fé obediente de Maria.
Desde a Anunciação ao Pentecostes, vemo-La como mulher totalmente
disponível à vontade de Deus. É a Imaculada Conceição, Aquela que é
«cheia de graça» de Deus (cf. L c 1, 28), incondicionalmente dócil à Palavra
divina (cf. L c 1, 38). A sua fé obediente face à iniciativa de Deus plasma
cada instante da sua vida. Virgem à escuta, vive em plena sintonia com a
Palavra divina; conserva no seu coração os acontecimentos do seu Filho,
compondo-os por assim dizer num único mosaico (cf. L c 2, 19.51).
No nosso tempo, é preciso que os fiéis sejam ajudados a descobrir melhor
a ligação entre Maria de Nazaré e a escuta crente da Palavra divina. De
facto, quando a inteligência da fé olha um tema à luz de Maria, coloca-se
no centro mais íntimo da verdade cristã. Na realidade, a encarnação do
Verbo não pode ser pensada prescindindo da liberdade desta jovem
mulher que, com o seu assentimento, coopera de modo decisivo para a
entrada do Eterno no tempo. Ela é a figura da Igreja à escuta da Palavra de
Deus que nela Se fez carne. Maria é também símbolo da abertura a Deus e
aos outros; escuta activa, que interioriza, assimila, na qual a Palavra se
torna forma de vida.
28. Nesta ocasião, desejo chamar a atenção para a familiaridade de Maria
com a Palavra de Deus. Isto transparece com particular vigor no
Magnificat. Aqui, em certa medida, vê-se como Ela Se identifica com a
Palavra, e nela entra; neste maravilhoso cântico de fé, a Virgem exalta o
10
Senhor com a sua própria Palavra: «O Magnificat – um retrato, por assim
dizer, da sua alma – é inteiramente tecido de fios da Sagrada Escritura,
com fios tirados da Palavra de Deus. Desta maneira se manifesta que Ela
Se sente verdadeiramente em casa na Palavra de Deus, dela sai e a ela
volta com naturalidade. Fala e pensa com a Palavra de Deus; esta torna-se
Palavra d’Ela, e a sua palavra nasce da Palavra de Deus. Além disso, fica
assim patente que os seus pensamentos estão em sintonia com os de
Deus, que o d’Ela é um querer juntamente com Deus. Vivendo
intimamente permeada pela Palavra de Deus, Ela pôde tornar-Se mãe da
Palavra encarnada».
Além disso, a referência à Mãe de Deus mostra-nos como o agir de Deus
no mundo envolve sempre a nossa liberdade, porque, na fé, a Palavra
divina transforma-nos. Também a nossa acção apostólica e pastoral não
poderá jamais ser eficaz, se não aprendermos de Maria a deixar-nos
plasmar pela acção de Deus em nós: «A atenção devota e amorosa à figura
de Maria, como modelo e arquétipo da fé da Igreja, é de importância
capital para efectuar também nos nossos dias uma mudança concreta de
paradigma na relação da Igreja com a Palavra, tanto na atitude de escuta
orante como na generosidade do compromisso em prol da missão e do
anúncio».
Contemplando na Mãe de Deus uma vida modelada totalmente pela
Palavra, descobrimo-nos também nós chamados a entrar no mistério da
fé, pela qual Cristo vem habitar na nossa vida. Como nos recorda Santo
Ambrósio, cada cristão que crê, em certo sentido, concebe e gera em si
mesmo o Verbo de Deus: se há uma só Mãe de Cristo segundo a carne,
segundo a fé, porém, Cristo é o fruto de todos. Portanto, o que aconteceu
em Maria pode voltar a acontecer em cada um de nós diariamente na
escuta da Palavra e na celebração dos Sacramentos.
11
Ao leres a passagem de hoje, lembrar-te-ás naturalmente, de alturas em
que, depois de momentos de grande entusiasmo na tua vida com Deus,
caiste num extremo de cansaço e mesmo de depressão. E poderás
descobrir algumas “pistas” que te podem ajudar a sair dessas crises.
1 . Como é que explicas a depressão de Elias, aqui?
2. Quais são as necessidades do profeta que Deus responde primeiro?
3. Como é que Deus responde às acusações que Elias faz contra Israel?
4. Será que, quando passas por uma fase difícil na tua vida, isso pode ser o
prelúdio de uma mudança de vida ou de visão?
5. Vou estar atento aos sinais de Deus durante esta peregrinação?
6. Entra no silêncio da oração e abre a Deus o teu coração, fazendo os teus
propósitos para viver verdadeiramente como peregrino que segue as
pegadas de Jesus.
12
Luz terna, suave, no meio da noite,
Leva-me mais longe...
Não tenho aqui morada permanente:
Leva-me mais longe...
Que importa se é tão longe, para mim,
A praia aonde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara luz do teu olhar?
Esquece os meus passos mal andados,
Meu desamor perdoa e meu pecado.
Eu sei que vai raiar a madrugada
E não me deixarás abandonado.
Nem sempre Te pedi como hoje peço
Para seres a luz que me ilumina;
Mas sei que ao fim terei abrigo e acesso
Na plenitude da tua luz divina.
Se Tu me dás a mão, não terei medo,
Meus passos serão firmes no andar.
Luz terna, suave, leva-me mais longe:
Basta-me um passo para a Ti chegar.
Ant. O meu corpo descansará tranquilo.
Salmo 15 (16)
O Senhor é a minha herança
Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio. *
2 «Vós sois o meu Deus, sois o meu único bem».
3 Para os santos da terra, admiráveis em seu poder, *
vai todo o meu afecto.
1
Os que seguem deuses estranhos *
redobrem as suas penas.
Não serei eu a fazer-lhes libações de sangue, *
nem a invocar seus nomes com meus lábios.
4
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, *
está nas vossas mãos o meu destino.
6 Couberam-me em partilha terras aprazíveis: *
muito me agrada a minha sorte.
5
7
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado, *
até de noite me inspira interiormente.
13
8
O Senhor está sempre na minha presença, *
com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta *
e até o meu corpo descansa tranquilo.
10 Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, *
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção.
11 Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, *
alegria plena em vossa presença, †
delícias eternas à vossa direita.
9
Ant. O meu corpo descansará tranquilo.
Leitura breve 1
Tes 5, 23
O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser –
espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
(… Como nas Completas de 4ª-feira.)
Oração
Senhor nosso Deus, concedei-nos um descanso tranquilo que restaure
as nossas forças fatigadas pelo trabalho do dia, a fim de que, fortalecidos
pela vossa ajuda, Vos sirvamos sempre com generosidade de corpo e alma.
Por Nosso Senhor.
14
Cântico
Ant. Não desprezeis, meu Deus, um espírito humilhado e contrito.
Salmo 50 (51)
Súplica de compaixão
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade, *
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
4 Lavai-me de toda a iniquidade *
e purificai-me de todas as faltas.
3
Porque eu reconheço os meus pecados *
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
6 Pequei contra Vós, só contra Vós, *
e fiz o mal diante dos vossos olhos.
5
Assim é justa a vossa sentença *
e recto o vosso julgamento.
7 Porque eu nasci na culpa *
e minha mãe concebeu-me em pecado.
Amais a sinceridade de coração *
e fazeis-me conhecer a sabedoria no íntimo da alma.
9 Aspergi-me com o hissope e ficarei puro, *
lavai-me e ficarei mais branco do que a neve.
8
15
Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria *
e estremeçam meus ossos que triturastes.
11 Desviai o vosso rosto das minhas faltas *
e purificai-me de todos os meus pecados.
10
Criai em mim, ó Deus, um coração puro *
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
13 Não queirais repelir-me da vossa presença *
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
12
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação *
e sustentai-me com espírito generoso.
15 Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos *
e os transviados hão-de voltar para Vós.
14
Ó Deus, meu Salvador, livrai-me do sangue derramado *
e a minha língua proclamará a vossa justiça.
17 Abri, Senhor, os meus lábios *
e a minha boca anunciará o vosso louvor.
16
Não é do sacrifício que Vos agradais *
e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis.
19 Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido: *
não desprezareis, Senhor,
um espírito humilhado e contrito.
18
Ant. Não desprezeis, meu Deus, um espírito humilhado e contrito.
Leitura breve Ef
2, 13-16
Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes
d’Ele, graças ao Sangue de Cristo. Cristo é, de facto, a nossa paz. Foi Ele
que fez, de judeus e gentios, um só povo, e derrubou o muro da inimizade
que os separava, anulando, pela imolação do seu Corpo, a Lei de Moisés
com as suas prescrições e decretos. E assim, de uns e outros Ele fez em Si
próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz, reconciliou
com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo, levando em Si próprio a
morte à inimizade.
16
Preces
Adoremos a Jesus Cristo, que pelo Espírito Santo Se ofereceu a Deus como
sacrifício imaculado, para nos purificar das obras mortas do pecado; e
invoquemo-l’O de coração sincero:
Nas vossas mãos, Senhor, está a nossa paz.
Vós que nos destes a luz deste novo dia,
— iluminai a nossa consciência para vivermos a vida nova da fé.
Vós que tudo criastes com o vosso poder e tudo conservais com a vossa
providência,
— ajudai-nos a descobrir a vossa presença em todas as criaturas.
Vós que selastes com o vosso Sangue uma aliança nova e eterna,
— fazei que, obedecendo sempre aos vossos mandamentos,
permaneçamos fiéis à vossa aliança.
Vós que, suspenso na cruz, fizestes brotar do vosso Lado sangue e água,
— concedei que nesta fonte de vida se purifiquem os nossos pecados e se
alegre a cidade de Deus.
Pai nosso
Oração
Concedei, Deus todo-poderoso, que assim como cantamos os vossos
louvores nesta celebração da manhã, também os possamos cantar
plenamente na assembleia dos Santos por toda a eternidade. Por Nosso
Senhor.
Cântico
LITURGIA, LUGAR PRIVILEGIADO DA PALAVRA DE DEUS
A sacramentalidade da Palavra
56. Com o apelo ao carácter performativo da Palavra de Deus na acção
sacramental e o aprofundamento da relação entre Palavra e Eucaristia,
somos introduzidos num tema significativo: a sacramentalidade da
17
Palavra. A este respeito é útil recordar que o Papa João Paulo II já aludira
«ao horizonte sacramental da Revelação e, de forma particular, ao sinal
eucarístico, onde a união indivisível entre a realidade e o respectivo
significado permite identificar a profundidade do mistério». Daqui se
compreende que, na origem da sacramentalidade da Palavra de Deus,
esteja precisamente o mistério da encarnação: «o Verbo fez-Se carne» (Jo
1, 14), a realidade do mistério revelado oferece-se a nós na «carne» do
Filho. A Palavra de Deus torna-se perceptível à fé através do «sinal» de
palavras e gestos humanos. A fé reconhece o Verbo de Deus, acolhendo os
gestos e as palavras com que Ele mesmo se nos apresenta. Portanto, o
horizonte sacramental da revelação indica a modalidade histórico-salvífica
com que o Verbo de Deus entra no tempo e no espaço, tornando-Se
interlocutor do homem, chamado a acolher na fé o seu dom.
Assim é possível compreender a sacramentalidade da Palavra através da
analogia com a presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho
consagrados. Aproximando-nos do altar e participando no banquete
eucarístico, comungamos realmente o corpo e o sangue de Cristo. A
proclamação da Palavra de Deus na celebração comporta reconhecer que
é o próprio Cristo que Se faz presente e Se dirige a nós para ser acolhido.
Referindo-se à atitude que se deve adoptar tanto em relação à Eucaristia
como à Palavra de Deus, São Jerónimo afirma: «Lemos as Sagradas
Escrituras. Eu penso que o Evangelho é o Corpo de Cristo; penso que as
santas Escrituras são o seu ensinamento. E quando Ele fala em “comer a
minha carne e beber o meu sangue” (Jo 6, 53), embora estas palavras se
possam entender do Mistério [eucarístico], todavia também a palavra da
Escritura, o ensinamento de Deus, é verdadeiramente o corpo de Cristo e o
seu sangue. Quando vamos receber o Mistério [eucarístico], se cair uma
migalha sentimo-nos perdidos. E, quando estamos a escutar a Palavra de
Deus e nos é derramada nos ouvidos a Palavra de Deus que é carne de
Cristo e seu sangue, se nos distrairmos com outra coisa, não incorremos
em grande perigo?». Realmente presente nas espécies do pão e do vinho,
Cristo está presente, de modo análogo, também na Palavra proclamada na
liturgia. Por isso, aprofundar o sentido da sacramentalidade da Palavra de
Deus pode favorecer uma maior compreensão unitária do mistério da
revelação em «acções e palavras intimamente relacionadas», sendo de
proveito à vida espiritual dos fiéis e à acção pastoral da Igreja.
18
Jesus quis que o Seu reino se mostrasse principalmente na vida e nas
relações sociais, radicalmente transformadas, que iam caraterizar os Seus
discípulos. As instruções que deu são para serem aplicadas em todas as
áreas da nossa vida real e não só numa área restrita de devoção particular
ou da prática religiosa.
1. Como é que justificas o facto de Jesus chamar pobres, esfomeados,
tristes e perseguidos aos Seus seguidores (vs. 20-23)?
2. Como é que justificas o facto de Ele anunciar a condenação daqueles,
que têm muito, que se riem e que são bem vistos na sociedade? Pertences
a este grupo ou ao grupo dos seguidores genuínos?
3. Como é que achas que podes conseguir tratar bem as pessoas egoístas,
caluniadoras e maldosas? Lembras-te de alguma vez teres conseguido
fazer isso?
4. És feliz? Porquê?
5. Fecha os olhos e respira fundo. Aqui, neste lugar, Jesus indicou-nos qual
o caminho da verdadeira felicidade. Arrisca segui-lo. Di-lo abertamente a
deus na tua oração.
19
Hino
Senhor meu Deus, humildemente peço
O teu amor de Pai e o teu perdão,
Embora eu saiba que o não mereço.
Louvado seja Deus, minha esperança:
Ao cair sobre a terra a noite escura,
Renova em mim a paz e a confiança.
Defende e acolhe a humilde devoção,
Reforma sempre na verdade santa
O antigo pensamento errado e vão.
Louvor se dê ao Pai omnipotente,
Ao Filho, imagem sua e formosura,
E ao Espírito de ambos procedente.
Ant. Dia e noite clamo na vossa presença, Senhor.
Salmo 87 (88)
A oração dum homem gravemente enfermo
Senhor Deus, meu Salvador, *
dia e noite clamo na vossa presença.
3 Chegue até Vós a minha oração, *
inclinai o ouvido ao meu clamor.
2
A minha alma está saturada de sofrimento, *
a minha vida chegou às portas da morte.
5 Sou contado entre os que descem à sepultura, *
sou um homem já sem forças.
4
Lançastes-me na cova mais profunda, *
nas trevas do abismo.
8 Pesa sobre mim a vossa ira, *
todas as vossas ondas caíram sobre mim.
7
Afastastes de mim os meus conhecidos, *
fizestes-me para eles objecto de horror.
Estou preso e não posso libertar-me, *
10 meus olhos se apagaram de tanto sofrer.
Clamo a Vós, Senhor, todo o dia, *
estendo para Vós as minhas mãos.
9
20
Fareis Vós maravilhas pelos mortos? *
Irão levantar-se os defuntos para Vos louvar?
12 Haverá no sepulcro quem fale da vossa bondade, *
ou da vossa fidelidade no reino dos mortos?
13 Serão conhecidas nas trevas as vossas maravilhas, *
na terra do esquecimento a vossa justiça?
11
Eu, porém, clamo por Vós, Senhor, *
de manhã, a minha oração sobe à vossa presença.
15 Porque então me afastais de Vós, Senhor, *
porque escondeis de mim o vosso rosto?
14
Infeliz de mim que agonizo desde a infância, *
já não posso mais suportar os vossos castigos.
17 Sobre mim passou a vossa ira *
e os vossos terrores me aniquilaram;
16
Como vagas me cercaram o dia inteiro *
e todos juntos caíram sobre mim.
19 Afastastes meus amigos e companheiros, *
só as trevas me fazem companhia.
18
Ant. Dia e noite clamo na vossa presença, Senhor.
Leitura breve Jer
14, 9
Estais no meio de nós, Senhor, e sobre nós foi invocado o vosso nome.
Não nos abandoneis, Senhor nosso Deus.
(… como nas Completas de 4ª-feira.)
Oração
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, permanecendo no descanso
da noite unidos a Cristo Jesus, que na morte repousou dos trabalhos da
sua paixão, possamos, ao surgir o novo dia, ressuscitar com Ele para uma
vida nova. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
21
Cântico
Ant. Proclamamos, Senhor, pela manhã a vossa bondade, e durante a
noite a vossa fidelidade.
Salmo 50 (51)
Súplica de compaixão
É bom louvar o Senhor *
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
3 proclamar pela manhã a vossa bondade *
e durante a noite a vossa fidelidade,
4 ao som da harpa e da lira *
e com as melodias da cítara.
2
Vós me alegrastes, Senhor, com as vossas maravilhas, *
exulto com a obra das vossas mãos.
6 Como são grandes, Senhor, as vossas obras *
e insondáveis os vossos desígnios!
5
O homem insensato não entende estas coisas *
e o ignorante não as compreende.
8 Ainda que os ímpios cresçam como a erva †
e floresçam todos os malfeitores, *
estão destinados à perdição eterna.
7
22
Vós, porém, Senhor, *
sois o Altíssimo por todo o sempre.
10 Vossos inimigos, Senhor, *
vossos inimigos hão-de perecer, †
serão dispersos todos os que praticam o mal.
9
Exaltastes a minha força como a do búfalo, *
ungistes-me com óleo puríssimo.
12 Os meus olhos fitam com desdém os meus inimigos *
e os meus ouvidos ouvem falar †
dos que se insurgem contra mim.
11
O justo florescerá como a palmeira, *
crescerá como o cedro do Líbano;
14 plantado na casa do Senhor, *
florescerá nos átrios do nosso Deus.
13
Mesmo na velhice dará o seu fruto, *
cheio de seiva e de vigor,
16 para proclamar que o Senhor é justo: *
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.
15
Ant. Proclamamos, Senhor, pela manhã a vossa bondade, e
durante a noite a vossa fidelidade.
Leitura breve Rom
12, 14-16a
Bendizei aqueles que vos perseguem, abençoai-os e não os amaldiçoeis.
Alegrai-vos com os que estão alegres, chorai com os que choram. Tende os
mesmos sentimentos uns para com os outros. Não aspireis às grandezas,
mas conformai-vos com o que é humilde.
Preces
Celebremos a bondade e sabedoria de Jesus Cristo, que quer ser amado e
servido nos nossos irmãos, especialmente nos que sofrem, e peçamos
insistentemente, dizendo:
Tornai-nos perfeitos na caridade, Senhor.
23
Recordamos esta manhã a vossa santa ressurreição
— e Vos pedimos que estendais os benefícios da redenção a todos os
homens.
Fazei, Senhor, que dêmos hoje bom testemunho de Vós
— e ofereçamos o nosso dia como oblação espiritual agradável ao Pai.
Ensinai-nos, Senhor, a descobrir a vossa imagem em todos os homens
— e a servir-Vos em cada um deles.
Cristo, verdadeira Vide de que somos os sarmentos,
— fortalecei a nossa união convosco, para darmos fruto abundante e
glorificarmos a Deus Pai.
Pai nosso
Oração
Glorifiquem-Vos, Senhor, as nossas palavras, o nosso coração e a nossa
vida; e, porque toda a nossa existência é puro dom da vossa liberalidade,
seja também cada uma das nossas acções plenamente consagrada à vossa
maior glória. Por Nosso Senhor.
Cântico
A PALAVRA DE DEUS NA VIDA ECLESIAL
Encontrar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura
72. Se é verdade que a liturgia constitui o lugar privilegiado para a
proclamação, escuta e celebração da Palavra de Deus, é igualmente
verdade que este encontro deve ser preparado nos corações dos fiéis e
sobretudo por eles aprofundado e assimilado. De facto, a vida cristã
caracteriza-se essencialmente pelo encontro com Jesus Cristo que nos
chama a segui-Lo. Expresso o vivo desejo de que floresça «uma nova
estação de maior amor pela Sagrada Escritura da parte de todos os
membros do Povo de Deus, de modo que, a partir da sua leitura orante e
fiel no tempo, se aprofunde a ligação com a própria pessoa de Jesus».
24
Não faltam recomendações dos Santos sobre a necessidade de conhecer a
Escritura para crescer no amor de Cristo. São Jerónimo, grande
«enamorado» da Palavra de Deus, interrogava-se: «Como seria possível
viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende a
conhecer o próprio Cristo, que é a vida dos crentes?». Estava bem ciente
de que a Bíblia é o instrumento «pelo qual diariamente Deus fala aos
crentes». Eis os conselhos que ele dava a Leta, uma matrona romana, para
a educação da filha: «Assegura-te de que ela estude diariamente alguma
passagem da Escritura. (…) À oração faça seguir a leitura, e à leitura a
oração. (…) Que em vez das jóias e dos vestidos de seda, ame os Livros
divinos». Permanece válido para nós aquilo que São Jerónimo escrevia ao
sacerdote Nepociano: «Lê com muita frequência as Escrituras divinas; mais
ainda, que as tuas mãos nunca abandonem o Livro sagrado. Aprende nele
o que deves ensinar». Seguindo o exemplo deste grande Santo que
dedicou a sua vida ao estudo da Bíblia, tendo dado à Igreja a tradução
latina chamada Vulgata, e de todos os Santos que colocaram no centro da
sua vida espiritual o encontro com Cristo, renovemos o nosso
compromisso de aprofundar a Palavra que Deus deu à Igreja; poderemos
assim tender para aquela «medida alta da vida cristã ordinária», desejada
pelo Papa João Paulo II no início do terceiro milénio cristão, que se
alimenta constantemente na escuta da Palavra de Deus.
Palavra de Deus e fiéis leigos
84. O Sínodo concentrou muitas vezes a sua atenção nos fiéis leigos,
agradecendo-lhes o generoso empenho com que difundem o Evangelho
nos vários âmbitos da vida diária: no trabalho, na escola, na família e na
educação. Tal obrigação, que deriva do baptismo, deve poder desenrolarse através de uma vida cristã cada vez mais consciente e capaz de dar
«razão da esperança» que vive em nós (cf. 1 Pd 3, 15). Jesus, no Evangelho
de Mateus, indica que «o campo é o mundo, a boa semente são os filhos
do Reino» (13, 38). Estas palavras aplicam-se de modo particular aos leigos
cristãos, que realizam a própria vocação à santidade com uma vida
segundo o Espírito que se exprime «de forma peculiar na sua inserção na
vida e na sua participação nas actividades terrenas». Precisam de ser
formados a discernir a vontade de Deus por meio de uma familiaridade
com a Palavra de Deus, lida e estudada na Igreja, sob a guia dos legítimos
25
Pastores. Possam eles beber esta formação nas escolas das grandes
espiritualidades eclesiais, em cuja raiz está sempre a Sagrada Escritura.
Palavra de Deus, matrimónio e família
85. O Sínodo sublinhou também a relação entre Palavra de Deus,
matrimónio e família cristã. Com efeito, «com o anúncio da Palavra de
Deus, a Igreja revela à família cristã a sua verdadeira identidade, o que ela
é e deve ser segundo o desígnio do Senhor». Por isso, nunca se perca de
vista que a Palavra de Deus está na origem do matrimónio (cf. Gn 2, 24) e
que o próprio Jesus quis incluir o matrimónio entre as instituições do seu
Reino (cf. Mt 19, 4-8), elevando a sacramento o que originalmente estava
inscrito na natureza humana. «Na celebração sacramental, o homem e a
mulher pronunciam uma palavra profética de doação recíproca: ser “uma
só carne”, sinal do mistério da união de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 31-32)».
A fidelidade à Palavra de Deus leva também a evidenciar que hoje esta
instituição encontra-se, em muitos aspectos, sujeita a ataques pela
mentalidade corrente. Perante a difundida desordem dos sentimentos e o
despontar de modos de pensar que banalizam o corpo humano e a
diferença sexual, a Palavra de Deus reafirma a bondade do ser humano,
criado como homem e mulher e chamado ao amor fiel, recíproco e
fecundo.
Do grande mistério nupcial deriva uma imprescindível responsabilidade
dos pais em relação aos seus filhos. De facto, pertence à autêntica
paternidade e maternidade a comunicação e o testemunho do sentido da
vida em Cristo: através da fidelidade e unidade da vida familiar, os esposos
são, para os seus filhos, os primeiros anunciadores da Palavra de Deus. A
comunidade eclesial deve ajudá-los a desenvolverem a oração em família,
a escuta da Palavra, o conhecimento da Bíblia. Por isso, o Sínodo deseja
que cada casa tenha a sua Bíblia e a conserve em lugar digno para poder
lê-la e utilizá-la na oração. A ajuda necessária pode ser fornecida por
sacerdotes, diáconos e leigos bem preparados. O Sínodo recomendou
também a formação de pequenas comunidades entre famílias, onde se
cultive a oração e a meditação em comum de trechos apropriados da
Sagrada Escritura. Os esposos lembrem-se de que «a Palavra de Deus é um
amparo precioso inclusive nas dificuldades da vida conjugal e familiar».
26
É caraterístico da maneira como Deus lida com o Seu povo e com seus
servos quando os chama, o facto de os conduzir a uma experiência no
deserto, a seguir a uma experiência elevada, em que Ele se manifesta.
Nessas ocasiões, o combate com as forças da oposição é travado com todo
o rigor.
1. Como é que, sendo Filho de Deus, Jesus podia ser susceptível aos
ataques de Satanás?
2. Analisa os termos da resposta de Jesus a cada uma das três tentações.
Como é que a Bíblia nos pode servir em situaçoes de combate com o
inimigo, com a tentação e na adversidade?
3. Que importância tem para ti saber que Jesus foi tentado, em tudo em
que tu também tentado, e venceu?
4. Faz uma séria revisão de vida. Como está a tua amizade com Deus? Há
quanto tempo não procuras a Reconciliação?
5. Recorda as maravilhas e os triunfos de Deus na tua vida. Pensa num
momento concreto em que te sentiste vencedor quando optaste por
seguir o caminho de Deus. Dá graças a Deus.
27
Hino
Esplendor que vem de Deus,
Luz da Luz, fonte de vida:
Brilhai sobre a humanidade
Nas trevas escurecida.
Vinde iluminar a terra
E abrasá-la em vosso amor:
Ó Luz plena e verdadeira,
Ficai connosco, Senhor.
Sois o Filho muito amado
Em quem o Pai Se compraz:
Sol da graça e da justiça,
Caminho da nossa paz.
Glória a Vós, Senhor Jesus,
E a Deus Pai omnipotente
E ao Espírito Paráclito.
Glória a Deus eternamente!
Salmodia
Ant. Compadecei-Vos de mim, Senhor, e ouvi a minha súplica.
Salmo 4
Acção de graças
Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça. *
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-Vos de mim *
e ouvi a minha súplica.
2
Até quando, ó homens, sereis duros de coração? *
Porque amais a vaidade e procurais a mentira?
4 Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos; *
o Senhor me atende quando O invoco.
3
Tremei e não pequeis, *
no silêncio dos vossos leitos falai ao vosso coração.
6 Oferecei sacrifícios de justiça *
e confiai no Senhor.
5
28
Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?». *
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face.
8 Dais ao meu coração uma alegria maior *
do que a deles na abundância de trigo e vinho.
9 Em paz me deito e adormeço tranquilo *
porque só Vós, Senhor, me fazeis repousar em segurança.
7
Ant. Compadecei-Vos de mim, Senhor, e ouvi a minha súplica.
Leitura breve Deut
6, 4-7
Escuta, Israel. O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as
tuas forças.
As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração. Hásde recomendá-las a teus filhos, e nelas meditarás, quer estando sentado
em casa quer andando pelos caminhos, quando te deitas e quando te
levantas.
(… como nas Completas de 4ª-feira.)
Oração
Guardai-nos, Senhor, durante esta noite, a fim de que, levantando-nos
por vossa graça ao romper da manhã, nos alegremos com a ressurreição
de Jesus Cristo, vosso Filho, Ele que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
29
Cântico
Ant. A Vós, Senhor, a glória e o louvor para sempre. Aleluia.
Cântico Dan 3, 57-88.56
O louvor das criaturas
Obras do Senhor, bendizei o Senhor, *
59 Anjos do Senhor, bendizei o Senhor.
60 Águas que estais sobre os céus, bendizei o Senhor, *
61 poderes do Senhor, bendizei o Senhor.
62 Sol e lua, bendizei o Senhor, *
63 estrelas do céu, bendizei o Senhor.
57
Luz e trevas, bendizei o Senhor, *
73 relâmpagos e nuvens, bendizei o Senhor.
74 Bendiga a terra o Senhor, *
louve-O e exalte-O para sempre.
75 Montes e colinas, bendizei o Senhor, *
76 tudo o que germina na terra bendiga o Senhor.
72
Fontes, bendizei o Senhor, *
77 mares e rios, bendizei o Senhor.
79 Monstros e animais marinhos, bendizei o Senhor, *
80 aves do céu, bendizei o Senhor.
81 Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, *
82 homens, bendizei o Senhor.
78
Sacerdotes do Senhor, bendizei o Senhor, *
85 servos do Senhor, bendizei o Senhor.
86 Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, *
87 santos e humildes de coração, bendizei o Senhor.
84
30
Bendigamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo; *
louvemo-l’O e exaltemo-l’O para sempre.
56 Bendito sejais, Senhor, no firmamento dos céus, *
a Vós o louvor e a glória para sempre.
Ant. A Vós, Senhor, a glória e o louvor para sempre. Aleluia.
Leitura breve Ez
37, 12b-14
Assim fala o Senhor Deus: Vou abrir os vossos túmulos e deles vos
farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel.
Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor, quando abrir os vossos
túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu povo. Infundirei em vós
o meu espírito e revivereis. Hei de fixar-vos na vossa terra, e
reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço – palavra do Senhor.
Preces
Santo para ser a luz santíssima de todos os fiéis, e digamos confiadamente:
Iluminai, Senhor, o vosso povo.
Nós Vos bendizemos, Senhor, luz dos homens,
— que para vossa glória nos fizestes chegar a este novo dia.
Vós que iluminastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho,
— fazei que a Igreja difunda entre todos os homens a alegria pascal.
Vós que ensinastes os discípulos de vosso Filho com o Espírito da verdade,
— enviai este mesmo Espírito à Igreja, para que permaneça sempre fiel à
vossa mensagem.
Ó luz de todos os povos, lembrai-Vos dos que vivem ainda nas trevas
— e abri os seus olhos, para que Vos reconheçam como único Deus
verdadeiro.
Pai nosso
Oração
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, meditando continuamente nas
realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que
Vos agrada. Por Nosso Senhor.
31
A MISSÃO DA IGREJA:
ANUNCIAR A PALAVRA DE DEUS AO MUNDO
Anunciar ao mundo o «Logos» da Esperança
91. O Verbo de Deus comunicou-nos a vida divina que transfigura a face da
terra, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5). A sua Palavra envolvenos não só como destinatários da revelação divina, mas também como
seus arautos. Ele, o enviado do Pai para cumprir a sua vontade (cf. Jo 5, 3638; 6, 38-40; 7, 16-18), atrai-nos a Si e envolve-nos na sua vida e missão.
Assim o Espírito do Ressuscitado habilita a nossa vida para o anúncio eficaz
da Palavra em todo o mundo. É a experiência da primeira comunidade
cristã, que via difundir-se a Palavra por meio da pregação e do testemunho
(cf. Act 6, 7). Quero citar aqui particularmente a vida do Apóstolo Paulo,
um homem arrebatado completamente pelo Senhor (cf. Fl 3, 12) – «já não
sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20) – e pela sua missão:
«Ai de mim se não evangelizar!» (1 Cor 9, 16), ciente de que em Cristo se
revela realmente a salvação de todas as nações, a libertação da escravidão
do pecado para entrar na liberdade dos filhos de Deus.
Com efeito, o que a Igreja anuncia ao mundo é o Logos da Esperança (cf. 1
Pd 3, 15); o homem precisa da «grande Esperança» para poder viver o seu
próprio presente – a grande esperança que é «aquele Deus que possui um
rosto humano e que nos “amou até ao fim” (Jo 13, 1)». Por isso, na sua
essência, a Igreja é missionária. Não podemos guardar para nós as palavras
de vida eterna, que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para
todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo – quer o saiba quer
não – tem necessidade deste anúncio. Oxalá o Senhor suscite entre os
homens, como nos tempos do profeta Amós, nova fome e nova sede das
palavras do Senhor (cf. Am 8, 11). A nós cabe a responsabilidade de
transmitir aquilo que por nossa vez tínhamos recebido.
32
Da Palavra de Deus deriva a missão da Igreja
92. O Sínodo dos Bispos reafirmou a necessidade de revigorar na Igreja a
consciência missionária, presente no Povo de Deus desde a sua origem. Os
primeiros cristãos consideraram o seu anúncio missionário como uma
necessidade derivada da própria natureza da fé: o Deus em quem
acreditavam era o Deus de todos, o Deus único e verdadeiro que Se
manifestara na história de Israel e, por fim, no seu Filho, oferecendo assim
a resposta que todos os homens, no seu íntimo, aguardam. As primeiras
comunidades cristãs sentiram que a sua fé não pertencia a um costume
cultural particular, que diverge de povo para povo, mas ao âmbito da
verdade, que diz respeito igualmente a todos os homens.
Também aqui São Paulo nos ilustra, com a sua vida, o sentido da missão
cristã e a sua originária universalidade. Pensemos no episódio do
Areópago de Atenas, narrado pelos Actos dos Apóstolos (cf. 17, 16-34). O
Apóstolo das Nações entra em diálogo com homens de culturas diversas,
na certeza de que o mistério de Deus, Conhecido-Desconhecido, do qual
todo o homem tem uma certa percepção embora confusa, revelou-Se
realmente na história: «O que venerais sem conhecer, é que eu vos
anuncio» (Act 17, 23). De facto, a novidade do anúncio cristão é a
possibilidade de dizer a todos os povos: «Ele mostrou-Se. Ele em pessoa. E
agora está aberto o caminho para Ele. A novidade do anúncio cristão não
consiste num pensamento mas num facto: Ele revelou-Se».
A Palavra e o Reino de Deus
93. Por conseguinte, a missão da Igreja não pode ser considerada como
realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial. Trata-se de deixar
que o Espírito Santo nos assimile a Cristo, participando assim na sua
própria missão: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a
vós» (Jo 20, 21), de modo a comunicar a Palavra com a vida inteira. É a
própria Palavra que nos impele para os irmãos: é a Palavra que ilumina,
purifica, converte; nós somos apenas servidores.
Por isso, é necessário descobrir cada vez mais a urgência e a beleza de
anunciar a Palavra para a vinda do Reino de Deus, que o próprio Cristo
pregou. Neste sentido, renovamos a consciência de que o anúncio da
33
Palavra tem como conteúdo o Reino de Deus (cf. Mc 1, 14-15), sendo este
a própria pessoa de Jesus. O Senhor oferece a salvação aos homens de
cada época. Todos nos damos conta de quão necessário é que a luz de
Cristo ilumine cada âmbito da humanidade: a família, a escola, a cultura, o
trabalho, o tempo livre e os outros sectores da vida social. Não se trata de
anunciar uma palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à
conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual
floresce uma humanidade nova.
Todos os baptizados responsáveis do anúncio
94. Uma vez que todo o Povo de Deus é um povo «enviado», o Sínodo
reafirmou que «a missão de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos
os discípulos de Jesus Cristo, em consequência do seu baptismo».
Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta
responsabilidade que deriva do facto de ela pertencer sacramentalmente
ao Corpo de Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família,
paróquia e movimento eclesial. Portanto toda a Igreja, enquanto mistério
de comunhão, é missionária e cada um, no seu próprio estado de vida, é
chamado a dar uma contribuição incisiva para o anúncio cristão.
Os fiéis leigos são chamados a exercer a sua missão profética, que deriva
directamente do baptismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária onde
quer que se encontrem. A este respeito, os Padres sinodais exprimiram «a
mais viva estima e gratidão bem como encorajamento pelo serviço à
evangelização que muitos leigos, e particularmente as mulheres, prestam
com generosidade e diligência nas comunidades espalhadas pelo mundo, a
exemplo de Maria de Magdala, primeira testemunha da alegria pascal».
Palavra de Deus e testemunho cristão
É indispensável dar, com o testemunho, credibilidade a esta Palavra, para
que não apareça como uma bela filosofia ou utopia, mas antes como uma
realidade que se pode viver e que faz viver. Esta reciprocidade entre
Palavra e testemunho recorda o modo como o próprio Deus Se comunicou
por meio da encarnação do seu Verbo. A Palavra de Deus alcança os
homens «através do encontro com testemunhas que a tornam presente e
viva».
34
Relatos paralelos do nascimento de João Baptista e de seu primo Jesus
revelam a extraordinária partcipação do Espírito Santo em situações que,
de outra forma, seriam impossíveis. As reacções extremamente positivas
de Maria, que irá ter o seu Filho sem conhecer homem, ensinam-nos muito
em relação à abertura ao Deus das surpresas.
1. Compara as respectivas reações de Zacarias e Maria perante a
mensagem o anjo.
2. Quais são as semelhanças e diferenças entre Maria e Isabel?
3. O que é que Maria terá que sofrer na altura de ter o seu Filho (cf.
Deuteronómio 22, 13-21)?
4. Como é que reages quando segues a orientação de Deus, mas te colocas
numa situação que as pessoas não entendem?
5. Maria aceitou os desafios e as surpresas de Deus. E tu? Estás disposto a
ser surpreendido por Deus?
35
Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo porque a Luz está comigo.
Se os descrentes me insultarem
E se os ímpios mortalmente me odiarem,
Nada temo porque a Vida está comigo.
Se me colhe a tempestade
E Jesus vai a dormir na minha barca,
Nada temo porque a Paz está comigo.
Se os amigos me deixarem
Em caminhos de miséria e orfandade,
Nada temo porque o Pai está comigo.
Se me perco no deserto
E de sede me consumo e desfaleço,
Nada temo porque a Fonte está comigo.
Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo porque a Luz está comigo.
Ant. Senhor, sois um Deus paciente e cheio de misericórdia.
Salmo 90 (91)
Sob a protecção de Deus
Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo *
e moras à sombra do Omnipotente,
2 diz ao Senhor: «Sois o meu refúgio e a minha cidadela; *
meu Deus, em Vós confio».
1
Ele te livrará do laço do caçador *
e do flagelo maligno.
4 Cobrir-te-á com suas penas, *
debaixo de suas asas encontrarás abrigo. †
A sua fidelidade é escudo e couraça.
3
Não temerás o pavor da noite, *
nem a seta que voa de dia;
6 nem a epidemia que se propaga nas trevas, *
nem a peste que alastra em pleno dia.
5
Podem cair mil à tua esquerda e dez mil à tua direita, *
que tu não serás atingido.
8 Com teus próprios olhos poderás contemplar *
e ver a paga dos pecadores.
7
36
Porque o Senhor é o teu refúgio, *
o Altíssimo a tua fortaleza.
10 Nenhum mal te acontecerá, *
nem a desgraça se aproximará da tua tenda,
9
porque Ele mandará aos seus Anjos *
que te guardem em todos os teus caminhos.
12 Na palma das mãos te levarão, *
para que não tropeces em alguma pedra.
13 Poderás andar sobre víboras e serpentes, *
calcar aos pés o leão e o dragão.
11
«Porque em Mim confiou, hei-de salvá-lo; *
hei-de protegê-lo, pois conheceu o meu nome.
15 Quando Me invocar, hei-de atendê-lo, *
estarei com ele na tribulação, †
hei-de libertá-lo e dar-lhe glória.
16 Favorecê-lo-ei com longa vida *
e lhe mostrarei a minha salvação».
14
Ant. Senhor, sois um Deus paciente e cheio de misericórdia.
Leitura breve Ap 22, 4-5
Verão a face do Senhor, e o nome do Senhor estará escrito nas suas
frontes. Nunca mais haverá noite, nem precisarão da luz da lâmpada nem
da luz do sol, porque brilhará sobre eles a luz do Senhor Deus, e reinarão
pelos séculos dos séculos.
(… como nas Completas de 4ª-feira.)
Oração
Humildemente Vos pedimos, Senhor, que, depois de termos celebrado
neste dia o mistério da ressurreição de vosso Filho, descansemos na vossa
paz, livres de todo o mal, e de novo nos levantemos na alegria da manhã
para cantarmos os vossos louvores. Por Nosso Senhor.
37
Cântico
Ant. Felizes os que moram na vossa casa, Senhor.
Salmo 83 (84)
A caminho do templo do Senhor
Como é agradável a vossa morada, *
Senhor dos Exércitos!
3 A minha alma suspira ansiosamente *
pelos átrios do Senhor.
O meu coração e a minha carne *
exultam no Deus vivo.
2
Até as aves do céu encontram abrigo *
e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, *
meu Rei e meu Deus.
5 Felizes os que moram em vossa casa: *
podem louvar-Vos continuamente.
4
Felizes os que em Vós encontram a sua força, *
os que trazem no coração os caminhos do santuário.
7 Ao atravessar o vale seco, transformam-no em oásis, *
que logo as primeiras chuvas cobrirão de bênçãos.
8 Vão caminhando com entusiasmo crescente, *
até verem Deus em Sião.
6
9
Senhor Deus dos Exércitos, ouvi a minha prece, *
prestai-me ouvidos, ó Deus de Jacob.
38
10
Contemplai, ó Deus, nosso protector, *
ponde os olhos no rosto do vosso Ungido.
Um dia em vossos átrios *
vale por mais de mil.
Antes quero ficar no vestíbulo da casa do meu Deus *
do que habitar nas tendas dos pecadores.
12 Porque o Senhor Deus é sol e escudo, *
Ele dá a graça e a glória.
11
O Senhor não recusa os seus bens *
aos que procedem com rectidão.
13 Senhor dos Exércitos, *
feliz o homem que em Vós confia!
Ant. Felizes os que moram na vossa casa, Senhor.
Leitura breve Tg
2, 12-13
Falai e procedei como pessoas que devem ser julgadas segundo a lei da
liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia para quem não usou de
misericórdia. Mas a misericórdia triunfa do juízo.
Preces
Invoquemos a Deus Pai, que colocou os homens no mundo para que
trabalhassem em harmonia para a sua glória, e peçamos com insistência:
Para louvor da vossa glória, ouvi-nos, Senhor.
Deus, Criador do universo, nós Vos bendizemos
— pelos benefícios que nos tendes concedido e pela vida que nos
conservastes até este dia.
Olhai benignamente para nós, ao iniciarmos o trabalho deste dia,
— e ajudai-nos a colaborar na vossa obra, agindo segundo a vossa
vontade.
Concedei que o nosso trabalho de hoje aproveite aos nossos irmãos
— e todos juntos edifiquemos um mundo mais agradável a vossos olhos.
A nós e a todos os que neste dia se encontrarem connosco
— concedei a alegria e a paz.
39
Pai nosso
Oração
Senhor Deus, Rei do céu e da terra, dirigi e santificai neste dia os nossos
sentimentos, palavras e obras segundo os vossos mandamentos, a fim de
alcançarmos, com a vossa ajuda, a salvação e a liberdade eternas. Por
Nosso Senhor.
Cântico
PALAVRA DE DEUS E COMPROMISSO NO MUNDO
Servir Jesus nos seus «irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40)
99. A Palavra divina ilumina a existência humana e leva as consciências a
reverem em profundidade a própria vida, porque toda a história da
humanidade está sob o juízo de Deus: «Quando o Filho do Homem vier na
sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, sentar-Se-á, então, no
seu trono de glória. Perante Ele reunir-se-ão todas as nações» (Mt 25, 3132). No nosso tempo, detemo-nos muitas vezes superficialmente no valor
do instante que passa, como se fosse irrelevante para o futuro.
Diversamente, o Evangelho recorda-nos que cada momento da nossa
existência é importante e deve ser vivido intensamente, sabendo que cada
um deverá prestar contas da própria vida. No capítulo vinte e cinco do
Evangelho de Mateus, o Filho do Homem considera como feito ou não
feito a Si aquilo que tivermos feito ou deixado de fazer a um só dos seus
«irmãos mais pequeninos» (25, 40.45): «Tive fome e destes-Me de comer,
tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu
e destes-Me de vestir; adoeci e visitastes-Me; estive na prisão e fostes ter
comigo» (25, 35-36). Deste modo, é a própria Palavra de Deus que nos
recorda a necessidade do nosso compromisso no mundo e a nossa
responsabilidade diante de Cristo, Senhor da História. Quando anunciamos
o Evangelho, exortamo-nos reciprocamente a cumprir o bem e a
empenhar-nos pela justiça, pela reconciliação e pela paz.
40
Palavra de Deus e compromisso na sociedade pela justiça
100. A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela
rectidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de
todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais
habitável. A própria Palavra de Deus denuncia, sem ambiguidade, as
injustiças e promove a solidariedade e a igualdade. À luz das palavras do
Senhor, reconheçamos pois os «sinais dos tempos» presentes na história,
não nos furtemos ao compromisso em favor de quantos sofrem e são
vítimas do egoísmo. O Sínodo lembrou que o compromisso pela justiça e a
transformação do mundo é constitutivo da evangelização. Como dizia o
Papa Paulo VI, trata-se de «chegar a atingir e como que a modificar pela
força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os
centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os
modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a
Palavra de Deus e com o desígnio da salvação».
Com este objectivo, os Padres sinodais dirigiram um pensamento
particular a quantos estão empenhados na vida política e social. A
evangelização e a difusão da Palavra de Deus devem inspirar a sua acção
no mundo à procura do verdadeiro bem de todos, no respeito e promoção
da dignidade de toda a pessoa. Certamente não é tarefa directa da Igreja
criar uma sociedade mais justa, embora lhe caiba o direito e o dever de
intervir sobre as questões éticas e morais que dizem respeito ao bem das
pessoas e dos povos. Compete sobretudo aos fiéis leigos formados na
escola do Evangelho intervir directamente na acção social e política. Por
isso o Sínodo recomenda uma adequada educação segundo os princípios
da doutrina social da Igreja.
101. Além disso, quero chamar a atenção geral para a importância de
defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa, que, como
tais, são «universais, invioláveis e inalienáveis». A Igreja aproveita a
ocasião extraordinária oferecida pelo nosso tempo para que a dignidade
humana, através da afirmação de tais direitos, seja mais eficazmente
reconhecida e promovida universalmente, como característica impressa
por Deus criador na sua criatura, assumida e redimida por Jesus Cristo
através da sua encarnação, morte e ressurreição. Por isso a difusão da
41
Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito
dos direitos humanos de cada pessoa.
A Palavra de Deus e a caridade activa
103. O compromisso pela justiça, a reconciliação e a paz encontra a sua
raiz última e perfeição no amor que nos foi revelado em Cristo. Ouvindo os
testemunhos proferidos no Sínodo, tornámo-nos mais atentos à ligação
que há entre a escuta amorosa da Palavra de Deus e o serviço
desinteressado aos irmãos; que todos os fiéis compreendam «a
necessidade de traduzir em gestos de amor a palavra escutada, porque só
assim se torna credível o anúncio do Evangelho, apesar das fragilidades
humanas que marcam as pessoas». Jesus passou por este mundo fazendo
o bem (cf. Act 10, 38). Escutando com ânimo disponível a Palavra de Deus
na Igreja, desperta-se «a caridade e a justiça para com todos, sobretudo
para com os pobres». É preciso nunca esquecer que «o amor – caritas –
será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. (…) Quem quer
desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto
homem». Por isso, exorto todos os fiéis a meditarem com frequência o
hino à caridade escrito pelo Apóstolo Paulo, deixando-se inspirar por ele:
«A caridade é paciente, a caridade é benigna, não é invejosa; a caridade
não se ufana, não se ensoberbece, não é inconveniente, não procura o seu
interesse, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. A caridade nunca acabará» (1 Cor 13, 4-8).
Deste modo o amor do próximo, radicado no amor de Deus, deve ser o
nosso compromisso constante como indivíduos e como comunidade
eclesial local e universal. Diz Santo Agostinho: «É fundamental
compreender que a plenitude da Lei, bem como de todas as Escrituras
divinas, é o amor (…). Por isso quem julga ter compreendido as Escrituras,
ou pelo menos uma parte qualquer delas, mas não se empenha a
construir, através da sua inteligência, este duplo amor de Deus e do
próximo, demonstra que ainda não as compreendeu».
42
Parece-nos estranho que, num contexto destes, os discípulos estejam a
dispu0r os primeiros lugares. Isso é, a~é pensarmos melhor sobre a
maneira como nós, multes vezes, nos comportemos: Por rnuíto que
queiramos pensar o contrano. nem sequer podemos anrmar, que remos fé
suncien~e para permanecermos a~é ao fm - a não ser que Jesus in~erceda
por nós.
1. mI. Qual é o teu conceíto de liderança cristã? Compara-o com o de Jesus
(v 26).
2. O que há para nos essuster e o que há para nos consolar, no
conhecrnero que Jesus tem do nosso fu~ro?
3. Alguma vez ~ra0s~e a oração como sendo a maneira de impores a luo
vonreoe a Deus? O que aprendes da experiência de Jesus no Mon~e das
Oliveiras?
43
Fica connosco, Senhor, porque anoitece.
De noite descia a escada misteriosa,
Junto da pedra onde Jacob dormia.
De noite celebravas a Páscoa com teu povo,
Enquanto, nas trevas, caíam os inimigos.
De noite ouviu Samuel três vezes o seu nome
E em sonhos falavas aos santos Patriarcas.
De noite, num presépio, nasceste, Verbo eterno,
E os Anjos e uma estrela anunciaram a tua presença,
À noite celebraste a primeira Eucaristia
No meio dos teus amigos na última Ceia.
De noite agonizaste no Jardim das Oliveiras
E recebeste o beijo frio da traição.
A noite guardou o teu Corpo no sepulcro
E viu a glória da tua ressurreição.
Na noite da nossa vida, com a luz da fé acesa,
Esperamos alegres a tua última vinda.
Ant. Senhor, sois um Deus paciente e cheio de misericórdia.
Salmo 85 (86)
Oração do pobre na adversidade
Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e atendei-me, *
porque sou pobre e desvalido.
2 Defendei a minha vida, pois Vos sou fiel, *
salvai o vosso servo, que em Vós confia, ó meu Deus.
1
Tende piedade de mim, Senhor, *
que a Vós clamo todo o dia.
4 Alegrai a alma do vosso servo, *
porque a Vós, Senhor, elevo a minha alma.
3
44
Vós, Senhor, sois bom e indulgente, *
cheio de misericórdia para com todos os que Vos invocam.
6 Ouvi, Senhor, a minha oração, *
atendei a voz da minha súplica.
7 No dia da minha aflição por Vós clamo, *
porque sei que me escutais.
5
Não tendes igual entre os deuses, Senhor, *
nada há que se compare às vossas obras.
9 Todos os povos que criastes virão adorar-Vos, Senhor, *
e glorificar o vosso nome,
10 porque Vós sois grande e operais maravilhas, *
Vós sois o único Deus.
8
Ensinai-me, Senhor, o vosso caminho, *
para que eu ande na vossa presença.
12 Louvar-Vos-ei de todo o coração, Senhor meu Deus, *
e glorificarei o vosso nome para sempre,
13 porque tem sido grande a vossa misericórdia para comigo *
e livrastes a minha alma das profundezas do abismo.
11
Vós, Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo, *
paciente e cheio de misericórdia e fidelidade.
16 Voltai para mim os vossos olhos *
e tende piedade de mim.
17 Dai-me um sinal da vossa benevolência, *
para que os meus inimigos, cheios de vergonha,
vejam que Vós, Senhor, me socorrestes *
e me consolastes.
15
Ant. Senhor, sois um Deus paciente e cheio de misericórdia.
Leitura breve 1
Tes 5, 9-10
Deus destinou-nos para alcançarmos a salvação por Nosso Senhor Jesus
Cristo, que morreu por nós, a fim de que, velando ou dormindo, vivamos
unidos a Ele.
(… como nas Completas de 4ª-feira.)
45
Cântico
Ant. Abençoastes, Senhor, a vossa terra, perdoastes a culpa do vosso povo.
Salmo 84 (85)
A salvação está próxima
Abençoastes, Senhor, a vossa terra, *
restaurastes os destinos de Jacob.
3 Perdoastes a culpa do vosso povo, *
esquecestes todos os seus pecados.
4 Aplacastes toda a vossa cólera, *
refreastes o furor da vossa ira.
5 Restaurai-nos, ó Deus, nosso Salvador, *
e afastai de nós a vossa indignação.
2
Estareis para sempre irritado contra nós, *
prolongareis a vossa ira de geração em geração?
7 Não voltareis a dar-nos a vida, *
para que em Vós se alegre o vosso povo?
8 Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia *
e dai-nos a vossa salvação.
9 Escutemos o que diz o Senhor: *
Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis †
e a quantos de coração a Ele se convertem.
6
A sua salvação está perto dos que o temem *
e a sua glória habitará na nossa terra.
11 Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, *
abraçaram-se a paz e a justiça.
12 A fidelidade vai germinar da terra *
10
46
e a justiça descerá do Céu.
O Senhor dará ainda o que é bom *
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
14 A justiça caminhará à sua frente *
e a paz seguirá os seus passos.
13
Ant. Abençoastes, Senhor, a vossa terra, perdoastes a culpa do vosso povo.
Leitura breve 1
Jo 4, 14-15
Nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou o Filho como
Salvador do mundo. Quem confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus
permanece nele e ele em Deus.
Preces
Adoremos a Jesus Cristo, que pelo seu Sangue redimiu o povo da Nova
Aliança, e supliquemos com humildade, dizendo:
Lembrai-Vos, Senhor, do vosso povo.
Cristo, nosso Redentor, ouvi o louvor da vossa Igreja no princípio deste dia
— e ensinai-a a glorificar continuamente a vossa majestade.
Colocamos em Vós toda a nossa confiança:
— não permitais que sejamos confundidos.
Olhai com bondade para a nossa fraqueza e vinde em nossa ajuda,
— porque sem Vós nada podemos fazer.
Lembrai-Vos dos pobres e dos abandonados,
— para que este novo dia não seja para eles um peso, mas consolação e
alegria.
Pai nosso
Oração
Deus todo-poderoso, de quem procede a bondade e a beleza de toda a
criação, fazei que comecemos este dia alegremente em vosso nome, e que
as nossas acções sejam realizadas por amor de Vós e dos homens, nossos
irmãos. Por Nosso Senhor.
Cântico
47
A palavra definitiva de Deus
121. Desejo uma vez mais exortar todo o Povo de Deus, os Pastores, as
pessoas consagradas e os fiéis leigos a empenharem-se para que as
Sagradas Escrituras se lhes tornem cada vez mais familiares. Nunca
devemos esquecer que, na base de toda a espiritualidade cristã autêntica e
viva, está a Palavra de Deus anunciada, acolhida, celebrada e meditada na
Igreja. A intensificação do relacionamento com a Palavra divina acontecerá
com tanto maior decisão quanto mais cientes estivermos de nos
encontrar, quer na Escritura quer na Tradição viva da Igreja, em presença
da Palavra definitiva de Deus sobre o universo e a história.
Como nos leva a contemplar o Prólogo do Evangelho de João, todo o ser
está sob o signo da Palavra. O Verbo sai do Pai e vem habitar entre os Seus
e regressa ao seio do Pai para levar consigo toda a criação que n’Ele e para
Ele fora criada. Agora a Igreja vive a sua missão na veemente expectativa
da manifestação escatológica do Esposo: «O Espírito e a Esposa dizem:
“Vem!”» (Ap 22, 17). Esta expectativa nunca é passiva, mas tensão
missionária de anúncio da Palavra de Deus que cura e redime todo o
homem; ainda hoje Jesus ressuscitado nos diz: «Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa Nova a toda a criatura» (Mc 16, 15).
Nova evangelização e nova escuta
122. Por isso, o nosso deve ser cada vez mais o tempo de uma nova escuta
da Palavra de Deus e de uma nova evangelização. É que descobrir a
centralidade da Palavra de Deus na vida cristã faz-nos encontrar o sentido
mais profundo daquilo que João Paulo II incansavelmente lembrou:
continuar a missio ad gentes e empreender com todas as forças a nova
evangelização, sobretudo naquelas nações onde o Evangelho foi esquecido
ou é vítima da indiferença da maioria por causa de um difundido
secularismo. O Espírito Santo desperte nos homens fome e sede da Palavra
de Deus e os torne zelosos anunciadores e testemunhas do Evangelho.
48
À imitação do grande Apóstolo das Nações, que ficou transformado depois
de ter ouvido a voz do Senhor (cf. Act 9, 1-30), escutemos também nós a
Palavra divina que não cessa de nos interpelar pessoalmente aqui e agora.
O Espírito Santo reservou para Si – narram os Actos dos Apóstolos – Paulo
e Barnabé para a pregação e a difusão da Boa Nova (cf. 13, 2). Também
hoje de igual modo o Espírito Santo não cessa de chamar ouvintes e
anunciadores convictos e persuasivos da Palavra do Senhor.
A Palavra e a alegria
123. Quanto mais soubermos colocar-nos à disposição da Palavra divina,
tanto mais poderemos constatar como o mistério do Pentecostes se está a
realizar ainda hoje na Igreja de Deus. O Espírito do Senhor continua a
derramar os seus dons sobre a Igreja, para que sejamos guiados para a
verdade total, desvendando-nos o sentido das Escrituras e tornando-nos
anunciadores credíveis da Palavra de salvação. E assim regressamos à
Primeira Carta de São João. Na Palavra de Deus, também nós escutámos,
vimos e tocámos o Verbo da vida. Por graça, acolhemos o anúncio de que
a vida eterna se manifestou, de modo que agora reconhecemos que
estamos em comunhão uns com os outros, com quem nos precedeu no
sinal da fé e com todos aqueles que, espalhados pelo mundo, escutam a
Palavra, celebram a Eucaristia, vivem o testemunho da caridade.
Recebemos a comunicação deste anúncio – recorda-nos o apóstolo João –
para que «a nossa alegria seja completa» (cf. 1 Jo 1, 4).
A Assembleia sinodal permitiu-nos experimentar tudo isto que está
contido na mensagem joanina: o anúncio da Palavra cria comunhão e gera
a alegria. Trata-se de uma alegria profunda que brota do próprio coração
da vida trinitária e é-nos comunicada no Filho. Trata-se da alegria como
dom inefável que o mundo não pode dar. Podem-se organizar festas, mas
não a alegria. Segundo a Escritura, a alegria é fruto do Espírito Santo (cf. Gl
5, 22), que nos permite entrar na Palavra e fazer com que a Palavra divina
entre em nós e frutifique para a vida eterna. Anunciando a Palavra de Deus
na força do Espírito Santo, queremos comunicar também a fonte da
verdadeira alegria, não uma alegria superficial e efémera, mas aquela que
brota da certeza de que só o Senhor Jesus tem palavras de vida eterna (cf.
Jo 6, 68).
49
«Mater Verbi et Mater laetitiae»
124. Esta relação íntima entre a Palavra de Deus e a alegria aparece em
evidência precisamente na Mãe de Deus. Recordemos as palavras de Santa
Isabel: «Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas
que lhe foram ditas da parte do Senhor» (L c 1, 45). Maria é feliz porque
tem fé, porque acreditou, e, nesta fé, acolheu no seu ventre o Verbo de
Deus para O dar ao mundo. A alegria recebida da Palavra pode agora
estender-se a todos aqueles que na fé se deixam transformar pela Palavra
de Deus. O Evangelho de Lucas apresenta-nos este mistério de escuta e de
alegria, em dois textos. Jesus afirma: «Minha mãe e meus irmãos são
aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (8, 21). E, em
resposta à exclamação duma mulher que, do meio da multidão, pretende
exaltar o ventre que O trouxe e o seio que O amamentou, Jesus revela o
segredo da verdadeira alegria: «Diz antes: Felizes os que escutam a palavra
de Deus e a põem em prática» (11, 28). Jesus manifesta a verdadeira
grandeza de Maria, abrindo assim também a cada um de nós a
possibilidade daquela bem-aventurança que nasce da Palavra acolhida e
posta em prática. Por isso, recordo a todos os cristãos que o nosso
relacionamento pessoal e comunitário com Deus depende do incremento
da nossa familiaridade com a Palavra divina. Por fim, dirijo-me a todos os
homens, mesmo a quantos se afastaram da Igreja, que abandonaram a fé
ou que nunca ouviram o anúncio de salvação. O Senhor diz a cada um: «Eis
que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo» (Ap 3, 20).
Por isso, cada um dos nossos dias seja plasmado pelo encontro renovado
com Cristo, Verbo do Pai feito carne: Ele está no início e no fim de tudo, e
n’Ele todas as coisas subsistem (cf. Cl 1, 17). Façamos silêncio para ouvir a
Palavra do Senhor e meditá-la, a fim de que a mesma, através da acção
eficaz do Espírito Santo, continue a habitar e a viver em nós e a falar-nos
ao longo de todos os dias da nossa vida. Desta forma, a Igreja sempre se
renova e rejuvenesce graças à Palavra do Senhor, que permanece
eternamente (cf. 1 Pd 1, 25; Is 40, 8). Assim também nós poderemos
entrar no esplêndido diálogo nupcial com que se encerra a Sagrada
Escritura: «O Espírito e a Esposa dizem: “Vem”! E, aquele que ouve, diga:
“Vem”! (…) O que dá testemunho destas coisas diz. “Sim, Eu venho em
breve”! Amen. Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 17.20).
50
Como uma igreja é uma associação de pessoas empenhadas na
colaboração, é fácil, em algumas alturas, os membros tentarem forçar os
outros a fazerem a sua vontade. Por este motivo,Paulo apela a um espírito
de serviço, do qual Jesus foi o melhor exemplo.
1. De que maneira os versículos 1 a 4 se rlacionam com o parágrafo
anterior?
2. Oual é o princípio básico envolvido aqui?
3. Relaciona com este princípio, a humilhação de Cristo (vs. 5-8) e a Sua
exaltação (vs. 9-11)
51
Nós Te louvamos, Senhor,
Ao terminar este dia.
Desce a noite sobre nós,
Mas a fé nos alumia.
Obrigado pela vida,
Tua dádiva paterna.
Que a apresentemos sem mancha
No esplendor da luz eterna.
Obrigado pelo muito
Que neste dia nos deste
E perdoa-nos o pouco
Que de nós Tu recebeste.
Porque és Pai e és amigo,
Sentindo-Te a nosso lado,
Damos ao sono da noite
O coração sossegado.
A Ti, Deus Pai de bondade
E a Jesus, Nosso Senhor,
E ao Espírito Paráclito,
Honra, glória e louvor!
Ant. Não me escondais, Senhor, a vossa face, porque em Vós confio.
Salmo 142 (143), 1-11
Oração do pobre na adversidade
Ouvi, Senhor, a minha oração, *
pela vossa fidelidade, escutai a minha súplica; †
atendei-me, pela vossa justiça.
2 Não chameis a juízo o vosso servo, *
porque ninguém é justo diante de Vós.
1
O inimigo persegue a minha alma, *
lançou por terra a minha vida,
atirou comigo para as trevas, *
como se há muito tivesse morrido.
3
Quebrantou-se-me o ânimo, *
gelou-se-me o coração dentro do peito.
5 Recordo os dias de outrora, *
medito em todas as vossas obras †
e considero as maravilhas que operastes.
4
6
Estendo para Vós as minhas mãos: *
52
7
como terra sem água, a minha alma tem sede de Vós.
Ouvi-me, Senhor, sem demora, *
porque se apaga a minha vida.
Não me escondais a vossa face: *
seria como os que descem ao sepulcro.
8 Fazei-me sentir, desde a manhã, a vossa bondade, *
porque em Vós confio.
Mostrai-me o caminho a seguir, *
porque a Vós elevo a minha alma.
Livrai-me dos meus inimigos, *
porque em Vós ponho a minha esperança.
10 Ensinai-me a cumprir a vossa vontade, *
porque sois o meu Deus.
O vosso espírito de bondade *
me conduza por caminho recto.
11 Por vosso nome, Senhor, conservai-me a vida, *
por vossa clemência, tirai da angústia a minha alma.
Ant. Não me escondais, Senhor, a vossa face, porque em Vós confio.
Leitura breve 1
Pedro 5, 8-9
Sede sóbrios e estai vigilantes: o vosso inimigo, o demónio, anda à
vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe
firmes na fé.
(… como nas Completas de 4ª-feira.)
Oração
Iluminai, Senhor, esta noite e concedei-nos um descanso tranquilo,
para que amanhã nos levantemos em vosso nome e possamos contemplar,
alegres e felizes, o nascer do novo dia. Por Nosso Senhor.
53
Cântico
Ant. Felizes os que moram na vossa casa, Senhor.
Salmo 83 (84)
A caminho do templo do Senhor
Como é agradável a vossa morada, *
Senhor dos Exércitos!
3 A minha alma suspira ansiosamente *
pelos átrios do Senhor.
O meu coração e a minha carne *
exultam no Deus vivo.
2
Até as aves do céu encontram abrigo *
e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, *
meu Rei e meu Deus.
5 Felizes os que moram em vossa casa: *
podem louvar-Vos continuamente.
6 Felizes os que em Vós encontram a sua força, *
os que trazem no coração os caminhos do santuário.
4
Ao atravessar o vale seco, transformam-no em oásis, *
que logo as primeiras chuvas cobrirão de bênçãos.
9 Senhor Deus dos Exércitos, ouvi a minha prece, *
prestai-me ouvidos, ó Deus de Jacob.
10 Contemplai, ó Deus, nosso protector, *
ponde os olhos no rosto do vosso Ungido.
7
54
Um dia em vossos átrios *
vale por mais de mil.
Antes quero ficar no vestíbulo da casa do meu Deus *
do que habitar nas tendas dos pecadores.
12 Porque o Senhor Deus é sol e escudo, *
Ele dá a graça e a glória.
O Senhor não recusa os seus bens *
aos que procedem com rectidão.
13 Senhor dos Exércitos, *
feliz o homem que em Vós confia!
11
Ant. Felizes os que moram na vossa casa, Senhor.
Leitura breve Deut 7, 6.8-9
O Senhor teu Deus escolheu-te para seres o seu povo, entre todos os
povos espalhados pela face da terra. O Senhor vos ama e quer ser fiel ao
juramento feito a vossos pais. Reconhece, pois, que o Senhor teu Deus é o
verdadeiro Deus, um Deus leal, que por mil gerações é fiel à sua aliança e
para com aqueles que amam e observam os seus mandamentos.
Preces
Dêmos graças a Deus Pai, que nos concede o dom de iniciar hoje o tempo
quaresmal. Supliquemos-Lhe que purifique os nossos corações e os
confirme na caridade. Digamos confiadamente:
Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo.
Ensinai-nos a saciar o nosso espírito
— com a palavra que sai da vossa boca.
Fazei que pratiquemos a caridade, nos acontecimentos importantes,
— mas também na nossa vida de cada dia.
Ajudai-nos a evitar o supérfluo,
— para podermos socorrer os nossos irmãos necessitados.
Ajudai-nos a trazer sempre em nossos corpos a paixão de vosso Filho,
— Vós que nos destes a vida no seu Corpo.
Pai nosso
55
Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Quaresma de 2012
«PRESTEMOS ATENÇÃO UNS AOS OUTROS, PARA NOS
ESTIMULARMOS AO AMOR E ÀS BOAS OBRAS»
(Heb 10, 24)
Irmãos e irmãs!
A Quaresma oferece-nos a
oportunidade de refletir mais uma vez
sobre o cerne da vida cristã: o amor.
Com efeito, este é um tempo propício
para renovarmos, com a ajuda da
Palavra de Deus e dos Sacramentos, o
nosso caminho pessoal e comunitário
de fé. Trata-se de um percurso marcado
pela oração e a partilha, pelo silêncio e
o jejum, com a esperança de viver a
alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns
pensamentos inspirados num breve
texto bíblico tirado da Carta aos
Hebreus: «Prestemos atenção uns aos
outros, para nos estimularmos ao amor
e às boas obras» (10, 24). Esta frase
aparece inserida numa passagem onde
o escritor sagrado exorta a ter
confiança em Jesus Cristo como Sumo
Sacerdote, que nos obteve o perdão e o
acesso a Deus. O fruto do acolhimento
de Cristo é uma vida edificada segundo
as três virtudes teologais: trata-se de
nos aproximarmos do Senhor «com um
coração sincero, com a plena segurança
da fé» (v. 22), de conservarmos
firmemente «a profissão da nossa
esperança» (v. 23), numa solicitude
constante por praticar, juntamente com
os irmãos, «o amor e as boas obras» (v.
24). Na passagem em questão afirma-se
também que é importante, para apoiar
esta conduta evangélica, participar nos
encontros litúrgicos e na oração da
comunidade, com os olhos fixos na
meta escatológica: a plena comunhão
em Deus (v. 25).
Detenho-me no versículo 24, que, em
poucas palavras, oferece um
ensinamento precioso e sempre atual
sobre três aspetos da vida cristã:
prestar atenção ao outro, a
reciprocidade e a santidade pessoal.
1. «Prestemos atenção»: a
responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a
«prestar atenção»: o verbo grego usado
é katanoein, que significa observar
bem, estar atento, olhar
conscienciosamente, dar-se conta de
uma realidade. Encontramo-lo no
Evangelho, quando Jesus convida os
discípulos a «observar» as aves do céu,
que não se preocupam com o alimento
e todavia são objeto de solícita e
cuidadosa Providência divina (cf. Lc12,
24), e a «dar-se conta» da trave que
têm na própria vista antes de reparar
no argueiro que está na vista do irmão
(cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido
56
verbo também noutro trecho da
mesma Carta aos Hebreus, quando
convida a «considerar Jesus» (3, 1)
como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote
da nossa fé. Por conseguinte o verbo,
que aparece na abertura da nossa
exortação, convida a fixar o olhar no
outro, a começar por Jesus, e a estar
atentos uns aos outros, a não se
mostrar alheio e indiferente ao destino
dos irmãos. Mas, com frequência,
prevalece a atitude contrária: a
indiferença, o desinteresse, que
nascem do egoísmo, mascarado por
uma aparência de respeito pela «esfera
privada».
Também hoje ressoa, com vigor, a voz
do Senhor que chama cada um de nós a
cuidar do outro. Também hoje Deus
nos pede para sermos o «guarda» dos
nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para
estabelecermos relações caracterizadas
por recíproca solicitude, pela atenção
ao bem do outro e a todo o seu bem. O
grande mandamento do amor ao
próximo exige e incita a consciência a
sentir-se responsável por quem, como
eu, é criatura e filho de Deus: o facto de
sermos irmãos em humanidade e, em
muitos casos, também na fé deve levarnos a ver no outro um verdadeiro alter
ego, infinitamente amado pelo Senhor.
Se cultivarmos este olhar de
fraternidade, brotarão naturalmente do
nosso coração a solidariedade, a justiça,
bem como a misericórdia e a
compaixão. O Servo de Deus Paulo VI
afirmava que o mundo atual sofre
sobretudo de falta de fraternidade: «O
mundo está doente. O seu mal reside
mais na crise de fraternidade entre os
homens e entre os povos, do que na
esterilização ou no monopólio, que
alguns fazem, dos recursos do
universo» (Carta enc. Populorum progressio,
66).
A atenção ao outro inclui que se
deseje, para ele ou para ela, o bem sob
todos os seus aspetos: físico, moral e
espiritual. Parece que a cultura
contemporânea perdeu o sentido do
bem e do mal, sendo necessário
reafirmar com vigor que o bem existe e
vence, porque Deus é «bom e faz o
bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo
que suscita, protege e promove a vida,
a fraternidade e a comunhão. Assim a
responsabilidade pelo próximo significa
querer e favorecer o bem do outro,
desejando que também ele se abra à
lógica do bem; interessar-se pelo irmão
quer dizer abrir os olhos às suas
necessidades. A Sagrada Escritura
adverte contra o perigo de ter o
coração endurecido por uma espécie de
«anestesia espiritual», que nos torna
cegos aos sofrimentos alheios.
O evangelista Lucas narra duas
parábolas de Jesus, nas quais são
indicados dois exemplos desta situação
que se pode criar no coração do
homem.
Na parábola do bom Samaritano, o
sacerdote e o levita, com indiferença,
«passam ao largo» do homem
assaltado e espancado pelos
salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do
rico avarento, um homem saciado de
bens não se dá conta da condição do
pobre Lázaro que morre de fome à sua
porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os
casos, deparamo-nos com o contrário
57
de «prestar atenção», de olhar com
amor e compaixão. O que é que impede
este olhar feito de humanidade e de
carinho pelo irmão? Com frequência, é
a riqueza material e a saciedade, mas
pode ser também o antepor a tudo os
nossos interesses e preocupações
próprias. Sempre devemos ser capazes
de «ter misericórdia» por quem sofre; o
nosso coração nunca deve estar tão
absorvido pelas nossas coisas e
problemas que fique surdo ao brado do
pobre. Diversamente, a humildade de
coração e a experiência pessoal do
sofrimento podem, precisamente,
revelar-se fonte de um despertar
interior para a compaixão e a empatia:
«O justo conhece a causa dos pobres,
porém o ímpio não o compreende»
(Prov 29, 7). Deste modo entende-se a
bem- aventurança «dos que choram»
(Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes
de sair de si mesmos porque se
comoveram com o sofrimento alheio. O
encontro com o outro e a abertura do
coração às suas necessidades são
ocasião de salvação e de bemaventurança.
O facto de «prestar atenção» ao
irmão inclui, igualmente, a solicitude
pelo seu bem espiritual. E aqui desejo
recordar um aspeto da vida cristã que
me parece esquecido: a correção
fraterna, tendo em vista a salvação
eterna. De forma geral, hoje é-se muito
sensível ao tema do cuidado e do amor
que visa o bem físico e material dos
outros, mas quase não se fala da
responsabilidade espiritual pelos
irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos
não era assim, como não o é nas
comunidades verdadeiramente
maduras na fé, nas quais se tem a peito
não só a saúde corporal do irmão, mas
também a da sua alma tendo em vista o
seu destino derradeiro.
Lemos na Sagrada Escritura:
«Repreende o sábio e ele te amará. Dá
conselhos ao sábio e ele tornar-se-á
ainda mais sábio, ensina o justo e ele
aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O
próprio Cristo manda repreender o
irmão que cometeu um pecado (cf. Mt
18, 15). O verbo usado para exprimir a
correção fraterna - elenchein - é o
mesmo que indica a missão profética,
própria dos cristãos, de denunciar uma
geração que se faz condescendente
com o mal (cf. Ef 5, 11).
A tradição da Igreja enumera entre as
obras espirituais de misericórdia a de
«corrigir os que erram». É importante
recuperar esta dimensão do amor
cristão. Não devemos ficar calados
diante do mal. Penso aqui na atitude
daqueles cristãos que preferem, por
respeito humano ou mera comodidade,
adequar-se à mentalidade comum em
vez de alertar os próprios irmãos contra
modos de pensar e agir que
contradizem a verdade e não seguem o
caminho do bem. Entretanto a
advertência cristã nunca há de ser
animada por espírito de condenação ou
censura; é sempre movida pelo amor e
a misericórdia e brota duma verdadeira
solicitude pelo bem do irmão. Diz o
apóstolo Paulo: «Se porventura um
homem for surpreendido nalguma falta,
vós, que sois espirituais, corrigi essa
pessoa com espírito de mansidão, e tu
olha para ti próprio, não estejas
58
também tu a ser tentado» (GI 6, 1).
Neste nosso mundo impregnado de
individualismo, é necessário redescobrir
a importância da correção fraterna,
para caminharmos juntos para a
santidade. É que «sete vezes cai o
justo» (prov24, 16) - diz a Escritura -, e
todos nós somos frágeis e imperfeitos
(cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande
serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler
com verdade dentro de si mesmo, para
melhorar a própria vida e seguir mais
reta mente o caminho do Senhor. Há
sempre necessidade de um olhar que
ama e corrige, que conhece e
reconhece, que discerne e perdoa (cf.
Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com
cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da
reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos
outros contrasta com uma mentalidade
que, reduzindo a vida unicamente à
dimensão terrena, deixa de a
considerar na sua perspetiva
escatológica e aceita qualquer opção
moral em nome da liberdade individual.
Uma sociedade como a atual pode
tornar-se surda quer aos sofrimentos
físicos, quer às exigências espirituais e
morais da vida. Não deve ser assim na
comunidade cristã! O apóstolo Paulo
convida a procurar o que «leva à paz e
à edificação mútua» (Rm 14, 19),
favorecendo o «próximo no bem, em
ordem à construção da comunidade»
(Rm 15, 2), sem buscar «o próprio
interesse, mas o do maior número, a
fim de que eles sejam salvos» (1 Cor la,
33). Esta recíproca correção e
exortação, em espírito de humildade e
de amor, deve fazer parte da vida da
comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a
Cristo através da Eucaristia, vivem
numa comunhão que os liga uns aos
outros como membros de um só corpo.
Isto significa que o outro me pertence:
a sua vida, a sua salvação têm a ver
com a minha vida e a minha salvação.
Tocamos aqui um elemento muito
profundo da comunhão: a nossa
existência está ligada com a dos outros,
quer no bem quer no mal; tanto o
pecado como as obras de amor
possuem também uma dimensão
social.
Na Igreja, corpo místico de Cristo,
verifica-se esta reciprocidade: a
comunidade não cessa de fazer
penitência e implorar perdão para os
pecados dos seus filhos, mas alegra-se
contínua e jubilosamente também com
os testemunhos de virtude e de amor
que nela se manifestam. Que «os
membros tenham a mesma solicitude
uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) afirma São Paulo -porque somos um e o
mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do
qual é expressão a esmola - típica
prática quaresmal, juntamente com a
oração e o jejum - radica-se nesta
pertença comum. Também com a
preocupação concreta pelos mais
pobres, pode cada cristão expressar a
sua participação no único corpo que é a
Igreja. E é também atenção aos outros
na reciprocidade saber reconhecer o
bem que o Senhor faz neles e agradecer
com eles pelos prodígios da graça que
59
Deus, bom e omnipotente, continua a
realizar nos seus filhos. Quando um
cristão vislumbra no outro a ação do
Espírito Santo, não pode deixar de se
alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf.
Mt 5, 16).
3. «Para nos estimularmos ao amor e
às boas obras»: caminhar juntos na
santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus
(10, 24) impele-nos a considerar a
vocação universal à santidade como o
caminho constante na vida espiritual, a
aspirar aos carismas mais elevados e a
um amor cada vez mais alto e fecundo
(cf. 1 Cor 12, 31 - 13, 13). A atenção
recíproca tem como finalidade
estimular-se, mutuamente, a um amor
efetivo sempre maior, «como a luz da
aurora, que cresce até ao romper do
dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia
sem ocaso em Deus. O tempo, que nos
é concedido na nossa vida, é precioso
para descobrir e realizar as boas obras,
no amor de Deus. Assim a própria Igreja
cresce e se desenvolve para chegar à
plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4,
13).
É nesta perspetiva dinâmica de
crescimento que se situa a nossa
exortação a estimular-nos
reciprocamente para chegar à
plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a
tentação da tibieza, de sufocar o
Espírito, da recusa de «pôr a render os
talentos» que nos foram dados para
bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 2428). Todos recebemos riquezas
espirituais ou materiais úteis para a
realização do plano divino, para o bem
da Igreja e para a nossa salvação
pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os
mestres espirituais lembram que, na
vida de fé, quem não avança, recua.
Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o
convite, sempre atual, para tendermos
à «medida alta da vida cristã» (João Paulo
II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) . A
Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer
e proclamar a bem-aventurança e a
santidade de alguns cristãos
exemplares, tem como finalidade
também suscitar o desejo de imitar as
suas virtudes. São Paulo exorta:
«Adiantai-vos uns aos outros na mútua
estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que
exige dos cristãos um renovado
testemunho de amor e fidelidade ao
Senhor, sintam a urgência de esforçarse por adiantar no amor, no serviço e
nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este
apelo ressoa particularmente forte
neste tempo santo de preparação para
a Páscoa.
Com votos de uma Quaresma santa e
fecunda, confio-vos à intercessão da
Bem-aventurada Virgem Maria e, de
coração, concedo a todos a Bênção
Apostólica
Benedictus PP. XVI
60
1. Somos a Igreja de Cristo
17. Ubi caritas et amor
Somos a Igreja de Cristo,
as pedras vivas do templo do Senhor
Ubi caritas et amor (2)
Deus ibi est
Povo em marcha p'ra casa do Pai,
com Cristo amigo, com Cristo irmão
Abre caminhos na fé e na esp'rança
de mão nas mãos e um só coração.
4. Que alegria
2. Caminha Povo de Deus
Caminha Povo de Deus (2x)
O Senhor é teu caminho
O Pastor que te conduz.
Caminha Povo de Deus
Que Deus será a tua luz.
3. Em nome do Pai
Em nome do Pai, em nome do Filho,
Em nome do Espírito Santo,
Estamos aqui.
Para louvar e agradecer,
bendizer e adorar,
estamos aqui, Senhor, a teu dispor.
Para louvar e agradecer,
bendizer e adorar, te aclamar,
Deus trino de amor.
10. Adoramus Te, Domine
Oooh! Adoramus Te, Domine!
Que alegria quando me disseram:
“Vamos para a casa do Senhor!”
Os nossos passos se detêm
Às tuas portas Jerusalém.
Jerusalém edificada,
cidade bela e harmoniosa
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor!
5. Pai, eu Te adoro
Pai, eu Te adoro,
Te ofereço a minha vida.
Como eu Te amo!
Jesus Cristo, eu te adoro…
Espírito Santo, eu Te adoro…
Trindade Santa, eu Te adoro…
6. É nossa oferta
É nossa oferta: Recebei, Senhor!
Recebei, Pai Santo
Esta hóstia imaculada
O nosso pão e o nosso vinho
Para o Corpo e Sangue de Jesus.
61
7. Ao Teu altar
Ao Teu altar nós levamos Senhor
As nossas ofertas de pão:
O pão do nosso trabalho sem fim
E o vinho do nosso cantar
Será Senhor, nossa justa
inquietude
Amar a justiça e a paz.
Saber que virás, saber que estarás
Partindo aos pobres Teu pão.
8. Vede, Senhor
Vede, Senhor, quanta gente
nunca ouviu falar de Vós.
Quanta gente não sabe
que deve amar alguém;
Senhor, aceita-nos assim. (2x)
Vede, Senhor, nós chegámos
prontos a dar o que temos:
a vida alegre ou triste,
o amor que em nós existe,
Senhor, aceita-nos assim. (2x)
9. Vaso novo
Graças quero dar-Te
por me amares.
Graças quero dar-Te,
eu a Ti, Senhor.
Hoje sou feliz porque Te conheci,
graças por me amares a mim
também.
Eu quero ser, Senhor, amado
como o barro nas mãos do oleiro
toma minha vida, fá-la de novo
Eu quero ser, Eu quero ser
Um vaso novo
Te conheci e amei-Te,
Te pedi perdão e escutaste-me.
Se Te ofendi, perdoa-me, Senhor,
pois Te amo e nunca Te esquecerei
11. Entrega
Sei, Senhor, que na vida
Nem sempre temos tudo...
Tudo dado,
Por isso, aqui estou
Pronto para ser, ser ajudado.
Senhor, a Ti me entrego
Com todo o coração;
Eu nunca fui tão sincero,
Não sei mais o que fazer.
Sem Ti eu não sei viver!
Ouve a minha oração,
Senhor, dá-me a Tua mão.
Sei, Senhor, que não posso
Ter tudo o que quero
Ou que gosto.
Por isso, peço-Te, a Ti,
Que me leves sempre,
Sempre conTigo.
12. A bondade e o amor do Senhor
A bondade e o amor do Senhor
Duram para sempre,
Duram para sempre.
62
13. Formamos um só Corpo
Formamos um só Corpo
em Cristo Jesus
Todos nós que comungamos
o mesmo Senhor.
Formamos um só Corpo
em Cristo Jesus.
Há um só Corpo e um só Espírito;
Há um só Senhor, uma só fé,
um só baptismo.
Vós fostes chamados
a uma só esperança,
Um só Deus e Pai,
Qu’está acima de todos e em todos
1. O Pão de Deus é o que desce do
Céu, para dar a vida ao mundo
2. Isto é o Meu Corpo entregue por
vós, Este é o cálice da nova Aliança.
3. Se não comerdes a carne do Filho
do Homem, não tereis a vida em vós.
4. Se alguém comer deste Pão,
viverá para sempre.
5. A minha carne é verdadeira comida,
o meu sangue é verdadeira bebida.
6. Quem come a Minha carne e
bebe o Meu sangue, permanece
em Mim e Eu nele.
14. Hóstia Santa
16. Ilumina-me, Senhor
Hóstia Santa, manso Cordeiro
Amor primeiro do meu amor.
Hóstia Santa vou ter a dita
Duma visita do meu Senhor.
Ilumina-me, Senhor,
com o Teu Espírito. (3x)
Jesus está, eu creio assim.
Jesus está na Hóstia por mim.
Hóstia Santa, vem à minha alma
Trazer-lhe a calma, vem dar-lhe luz
Hóstia Santa, bem firme eu creio
Que no teu seio está Jesus!
Ilumina-me e transforma-me, Senhor.
E deixa-me sentir
Teu fogo de amor
aqui, no coração, Senhor. (bis)
Baptiza-me, Senhor,
com o Teu Espírito. (3x)
Baptiza-me e converte-me, Senhor.
15. Eu sou o Pão Vivo
18. Nada te turbe
Eu sou o Pão Vivo, descido do Céu
Quem dele comer, viverá eternamente
Tomai e comei!
Nada te turbe, nada te espante,
Quem a Deus tem nada lhe falta.
Nada te turbe, nada te espante,
Só Deus basta.
63
17. Ubi caritas et amor
Ubi caritas et amor (2)
Deus ibi est
19. O Senhor é a minha força
O Senhor é a minha força
Ao Senhor o meu canto.
Ele é nosso Salvador,
Nele eu confio e nada temo.
Nele eu confio e nada temo.
Que vivamos em amor
Sempre contigo Maria.
23. Coração Virginal de Maria
Coração Virginal de Maria (2x)
Sede luz e guia (2x)
Sede luz e guia no meu caminhar!
Ao chegar minha última hora (2x)
Vinde sem demora (2x)
Vinde sem demora levar-me ao Céu.
20. Magnificat
24. Ave Maria, gratia plena
Magnificat, Magnificat
Magnificat anima mea Dominum
Ave Maria, gratia plena
Dominus tecum,
Benedicta tu.
21. Quero ser como tu
Quero ser como tu, como tu, Maria,
Como tu, um dia, como tu, Maria.
Quero aprender a amar...
Quero dizer meu sim...
Quero levar Jesus...
Quero me consagrar...
22. Nossa Senhora do Sim
Nossa Senhora do Sim,
Maravilha, Virgem Mãe,
Cuida, Senhora, de mim
E que eu diga Sim também.
Hoje é dia do Senhor,
Hoje é dia de alegria.
Eis-me aqui, Maria,
eis-me aqui em oração.
Aceita este dia, é para Ti
E dá-me o Teu amor.
27. Vim aqui, ó Virgem Mãe
Vim aqui, ó Virgem Mãe
Sem saber o que dizer
Eu olhava a tua imagem
Não a conseguia ver.
Sentei-me e assim fiquei
Em silêncio a pensar
Senti descer, ó Mãe
Sobre mim o teu olhar
Foi então que eu comecei
Com alegria a rezar
64
28. Maravilhas fez em mim
31. Ide por todo o mundo
Maravilhas fez em mim
Minh’alma canta de gozo
Pois em minha pequenez
Se detiveram seus olhos
E o Santo e Poderoso
Espera hoje por meu sim
Minha alma canta de gozo
Maravilhas fez em mim
Ide por todo o mundo
E anunciai a Boa Nova. (2x)
Maravilhas fez em mim
Da alma brota o meu canto
O Senhor me amou
Como aos lírios do campo
E por seu Espírito Santo
Ele habita hoje em mim
Que não pare nunca este canto
Maravilhas fez em mim
O Amor de Deus repousa em mim,
O Amor de Deus me consagrou.
O Amor de Deus me enviou,
A anunciar a Paz e o bem. 2x
30. Maria de Nazaré
Maria de Nazaré, Maria me cativou
Fez mais forte a minha fé
E por filho me adoptou
Às vezes eu paro e fico a pensar
E sem perceber me vejo a rezar,
E meu coração se põe a cantar
P’ra Virgem de Nazaré
Menina que Deus amou e escolheu
P’ra Mãe de Jesus, o Filho de Deus,
Maria que o povo inteiro elegeu,
Senhora e Mãe do céu
Ave Maria, Ave Maria,
Ave Maria, Mãe de Jesus.
Os céus proclamam a glória de Deus
E o firmament’anuncia a obra das suas mãos
O dia transmite ao outro esta mensagem
E a noite a dá a conhecer à outra noite.
32. O Amor de Deus repousa
33. Coração Santo, Tu reinarás
Coração Santo, Tu reinarás;
Tu nosso encanto sempre serás. 2x
Como soldado vela a seu rei,
Assim meu sangue por Tí darei. 2x
Se o mundo iniquo me combater,
Sempre a Teu lado hei-de vencer.
34. Coração Santo, aqui nos tens
Coração Santo, aqui nos tens prostrados
És nosso Rei, vimos render-te preito.
Livra do mal os filhos resgatados
Com tanta dor no sangue do teu peito.
Protege, ó Cristo, o nosso Portugal.
Que é seu brasão a chaga do teu lado,
e sempre quis por timbre seu real,
Ser filho teu, teu mais fiel soldado.
65
A ti pertence a terra portuguesa.
Nossa rainha é Tua Mãe bendita.
Somos cristãos não há maior nobreza
Teu coração de amor por nós palpita.
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.
35. Senhor, tu fixaste meus olhos
37. Senhor, Tu nos chamaste
Tu que nas margens do lago
Não buscaste nem sábios nem ricos,
Mas só quiseste que eu Te seguisse.
Senhor, Tu nos chamaste
e nós vamos a Ti.
A Tua palavra alegra a nossa vida.
Senhor, tu fixaste meus olhos,
Ternamente meu nome disseste.
Nesse lago eu deixei minha barca,
Pois em Ti encontrei outro mar.
Vamos para a Tua mesa,
vamos para o Teu altar.
Respondendo ao Teu apelo,
vamos a cantar.
Tu sabes bem o que eu tenho
Queremos viver Contigo,
ao longo de cada dia.
Dá-nos, Senhor, Teu amor,
dá-nos a alegria.
Em meu barco: nem ouro, nem armas,
Somente as redes e meu trabalho.
Tu minhas mãos requisitas;
Meu trabalho, que a outros descanse;
Minha amizade, que ao mundo abrace.
36. Saboreai e vede
Saboreai e vede
Como o Senhor é bom. (2x)
A toda a hora bendirei o Senhor,
Seu louvor estará sempre na minha boca
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
37. Tua palavra
1. Eu vim para escutar.
Tua Palavra, Tua Palavra,
Tua Palavra de Amor (2x)
2. Eu gosto de escutar.
3. Eu quero entender melhor.
4. O mundo ainda vai viver.
5. Eu quero viver melhor.
6. Queremos compreender.
7. Aos homens vamos dizer.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.
66
67
Jaffa / Jope
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
2 Cro 2, 15 – Preparativos para a construção do templo
Esd 3,7 – Reconstrução do templo
1 Mac 12,33 – Campanha de Jónatas e Simão
Act 9, 36s – A cura de Tabitá
Act 10, 1-23 – Visão de Pedro em Jope
Cesareia
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
Act 8, 40 – Filipe evangeliza pela zona costeira e chega a Cesareia.
Act 10, 1-48 – Pedro batiza Cornélio e família (batismo dos primeiros
pagãos)
Act 23, 12-35 – Paulo, preso, é conduzido a Cesareia
Act 9,30 - Cesareia é porta de saída do cristianismo (Paulo embarca para
Tarso)
Act 18,22 – Paulo regressa de Éfeso
Act 12,19-23 – Morte de Herodes Agripa
Act 23, 23-35 – Paulo conduzido a Cesareia
Act 24 – Paulo é acusado perante o governador
Act 25 – Paulo apela para César
Act 26 – Discurso de Paulo perante Agripa
Haifa


Jos 12,22 – Cidade da tribo de Isacar
Is 33,9; 35,2 – Cantada na Bíblia pela sua beleza (Jr 50,19; Cant 7,6; Am
9,3)
Monte Carmelo

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
1 Rs 18, 19-40 – Duelo espiritual entre Elias e os profetas de Baal
1 Rs 19, 9-14 – Elias no Horeb (Mt 17,1-4)
2 Rs 2,25 e 4,25 – Refúgio do profeta Eliseu
Cant 7,6 – Outras referências
Caná



Jo 1,45 e 21,2 – Terra de Natanael
Jo 2,1-11 – Bodas de Caná, 1º milagre de Jesus
Jo 4,46-54 – Cura do filho do funcionário real
68
Cafarnaum
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Mt 4, 12-16 e 9, 1-8 – A cidade de Jesus
Mt 4, 17 – Início da pregação (Mc 1,14-15; Lc 4,14-15)
Mt 4, 18-22 – Chamamento dos primeiros discípulos (Mc 1,16-20; Lc 5,111; Jo 1,35-51)
Mt 5, 1-26 – As Bem-Aventuranças (Lc 6, 20-26)
Mt 5, 43-48 – Amor aos inimigos (Lc 6,31-36)
Mt 6, 1-15 – A esmola, a oração e o Pai Nosso
Mt 11, 20-24 – Cidade descrente do Mestre
Mt 15, 29-31 – Curas junto do lago (Mc 7,31-37)
Mt 17, 24-27 – O tributo do templo
Mt 28, 16-20 – Aparição na Galileia. Missão universal (Act 1,6-8)
Mc 1, 29-31 – Cura da sogra de Pedro (Lc 4, 38-41)
Mc 1, 35-39 – Jesus retira-se para orar (Mt 4,23; Lc 4,42-44)
Mc 1,21-28 – Discurso na Sinagoga
Mc 2, 1-12 – Cura de um paralítico. Perdão dos pecados (Mt 9,1-8; Lc
5,17-26; Jo 5,1-9)
Mc 2, 13-17 – Chamamento de Levi (Mt 9,9-13; Lc 5,27-32)
Mc 3, 1-6 – Cura do da mão atrofiada (Mt 12,9-14; Lc 6,6-11)
Mc 3, 7-12 – Jesus e a multidão junto do lago (Mt 4,24-25; Lc 6,17-19)
Mc 3, 31-35 – Jesus é procurado pelos familiares
Mc 4, 35-41 – A tempestade acalmada (Mt 8,23-27; Lc 8,22-25)
Mc 5, 21-43 – A filha de Jairo e a mulher com fluxo de sangue (Mt 9, 1826; Lc 8, 40-56)
Mc 9, 37 – Formação dos discípulos
Lc 5, 1-11 – Pesca milagrosa e chamamento dos primeiros discípulos (Mt
4, 18-22; Mc 1, 16-20; Jo 1, 35-51; 21, 1-11)
Lc 7, 1-10 – Cura do servo do Centurião
Lc 10, 12-16 – Lamentação sobre as cidades do lago (Mt 11,21-24)
Jo 6, 1-16 – Multiplicação dos pães e dos peixes (Mt 14,13-21; 15,32-38;
Mc 6,34-44; 8,1-9; Lc 9,10-17)
Jo 6, 17-21 – Jesus caminha sobre as águas (Mt 14,22-33; Mc 6,45-52)
Jo 6, 22-71 – Discurso do Pão do Céu e reação dos discípulos
Jo 21 - Aparição na margem do lago (Lc 5,1-11) e missão pastoral de
Pedro
Ain Karen
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Lc 1, 5-25 – Anúncio do nascimento de João Batista
Lc 1, 39-80 – Visita de Maria a Isabel
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Monte Tabor
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Jz 4, 5-16 – Vitória de Barak ao tempo de Débora
Jz 6, 2 – Refúgio dos Israelitas perseguidos pelos Madianitas
Jz 7 – Batalha de Gedião.
1 Cr 6, 62 – Era uma cidade dos levitas
Jer 46, 18 – Jeremias compara-o ao Carmelo
SaI 89, 12 – Alusão no salmo
Os 5, 1 – Oseias trata o Tabor como um “Lugar Alto”
Lc 7,11-17 – Do Tabor pode-se admirar a aldeia de Naim
Mt 17, 1-9 – Transfiguração de Jesus (Mc 9,2-10; Lc 9,28-36; 2 Pe 1,16-18)
Nazaré
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Mt 2, 19-23 – Ele será chamado Nazareno
Lc 1, 26-38 – Anúncio do nascimento de Jesus (Mt 1,18-25)
Lc 2, 41-52 – Jesus entre os doutores
Lc 4, 15-30 – Jesus em Nazaré (Mt 13,53-58; Mc 6,1-6; Jo 4,44)
Mar Morto
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Gn 13,10-13; 14; 18,19 – Alusão a Sodoma e Gomorra
Gn 14, 3 – Mar Salgado (Jos 3, 16)
Dt 3, 17 – Mar de Arabá (2 Rs 14, 25)
Joel 2, 20 – Mar Oriental (Zac 14, 8)
1 Sam 24 – David e Saul na zona de Engedi em luta pelo poder
Ez 47,8-12 – Ezequiel alude às águas que jorram do templo e dão vida ao
oásis de Engedi
Mc 6,17-29 – Martírio de João Batista em Maqueronte (Transjordânia)
Mt 3, 1-12 – Pregação de João Batista (Mc 1,2-8; Lc 3,1-18, Jo 1,19-28)
Mt 4, 1-11 – Jesus tentado no deserto (Mc 1,12-13; Lc 4,1-13)
Belém
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Cf. Jos 15 – Propriedade da tribo de Judá
1 Sam 16, 1-4 – Aqui se deslocou Samuel para ungir David
2 Cro 11, 6 – Fortificada por Roboão
Esd 2, 21 – Os seus homens constam da lista dos regressados do Exílio
Miq 5, 1 – É a pátria do Messias
Mt 1, 18-25 – Anúncio do nascimento de Jesus (Lc 1,26-38)
Mt 2, 1-12; Lc 2, 1-7 – Local do nascimento de Jesus
Lc 2, 21-40 – Circuncisão e apresentação de Jesus no templo
Lc 2, 8-20 – Campo dos Pastores (Beit Sabur)
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Jerusalém
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Gn 14, 18 – Cidade de Salérn, de Melquisedek
2 Sm 5, 6-9 – Tomada por David aos Jebuseus
1 Cr 15, 25-29 – A Arca é levada para Jerusalém
1 Cr 29, 26-30 – Morte de David (1 Rs 2,10-12)
1 Rs 2, 11 – David fez dela a capital do reino
1 Rs 6 – Edificação do templo (2 Cr 3,1-17)
2 Rs 22-23 – Local da reforma de Josias
2 Rs 18 – Cercada por Senaquerib
2 Rs 25 – Tomada por Nabucodonosor
Ne 2, 1-4,16 – Reconstruída por Esdras e Neemias
Mt 23, 37 – É uma cidade que não acolhe os profetas
Lc 2, 22.41-43 – Cidade central do Novo Testamento
Lc 2, 41-52 – Jesus entre os doutores
Lc 19, 28 – Jesus subiu a Jerusalém (Jo 2,13)
Mt 21, 1-10 – Jesus é aclamado como Messias (Zc 9,9; Mc 11,1-11; Lc
19,29-40; Jo 12,12-19)
Mt 21, 12-16 – Jesus expulsa os vendedores do Templo
Mt 24, 1-2 – Anúncio da destruição do templo (Mc 13,1-2; Lc 21,5-6; Jo
2,19-22)
Mt 26, 17-19 – Jesus celebrou a sua última Páscoa
Lc 19, 41-44 – Jesus chora sobre Jerusalém (13, 34-35; Mt 23,37-39)
Lc 22, 7-13 – Preparação da Ceia Pascal (Mt 26,17-19; Mc 14,12-16)
Lc 22, 14-20 – Instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Jo
6,51-59; 1 Cor 11,23-27)
Mc 13, 3-8 – Sinais precursores (Mt 24,3-8; Lc 21,7-8)
Lc 21, 37-38 – Últimos dias de Jesus no templo
Jo 13, 1-20 – Jesus lava os pés aos discípulos (atitude de serviço com
paralelos em Mt 20,20-28; Mc 10,35-45; Lc 22,24-27)
Jo 18-19 – Paixão e morte de Jesus (Mt 26-27, Mc 14-15, Lc 22-23)
Jo 20, 1-10 – O túmulo vazio (Mt 28,1-10; Mc 16,1-8; Lc 24,1-12)
Jo 20, 11-18 – Aparição a Maria Madalena (Mc 16,9-11)
Jo 20, 19-31 – Aparição aos discípulos (Mt 28,16-20; Mc 16,9-18; Lc
24,36-49; 1 Cor 15,3-8)
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