grupo fraternal adolfo bezerra de menezes turmas aeb de servidor

Transcrição

grupo fraternal adolfo bezerra de menezes turmas aeb de servidor
GRUPO FRATERNAL ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
TURMAS A E B DE SERVIDOR DA ESCOLA DE APRENDIZES DO
EVANGELHO
COMANDANTE EDGARD ARMOND E A ESCOLA DE APRENDIZES DO
EVANGELHO
São Bernardo do Campo
2015
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TURMAS A E B DE SERVIDOR DA ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO
COMANDANTE EDGARD ARMOND E A ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO
Projeto Final de Conclusão do Estágio de Servidor
apresentado ao Grupo Fraternal Adolfo Bezerra de
Menezes.
Orientadores: Luís Carlos Saran Moreno
Vitor de Jesus Bonifácio
São Bernardo do Campo
2015
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TURMAS A E B DE SERVIDOR DA ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO
COMANDANTE EDGARD ARMOND E A ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO
Projeto Final de Conclusão do Estágio de Servidor
apresentado ao Grupo Fraternal Adolfo Bezerra de
Menezes.
_____________________________________
Luís Carlos Saran Moreno
Facilitador da Turma de Servidor A
_____________________________________
Vitor de Jesus Bonifácio
Facilitador da Turma de Servidor B
_____________________________________
Claudio Augusto Rosa Lopes
Dirigente do Grupo Fraternal Adolfo Bezerra
de Menezes
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Dedicamos esse trabalho ao Grupo Fraternal
Adolfo Bezerra de Menezes que sempre nos
concedeu estrutura e apoio na Escola de
Aprendizes do Evangelho, aprimorando o
nosso espírito, e dando-nos a oportunidade de
retribuir um pouco do muito que recebemos.
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AGRADECIMENTOS
Aos Facilitadores, Secretários, Trabalhadores da Escola de Aprendizes do Evangelho, aos
Amigos do plano espiritual e principalmente a Deus.
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“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir
sempre, tal é a lei. ”
(Allan Kardec)
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RESUMO
Esse trabalho tem como propósito o estudo da vida do Comandante Edgard Armond e sua
contribuição para a doutrina espírita. Além de abordar aspectos de parte de sua vida pessoal e
profissional, tem o foco principal de abordar sua colaboração para os vários estudos
evangélicos ao longo da vida, a implantação da Federação Espírita do Estado de São Paulo,
suas obras literárias e principalmente a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho, um
processo de iniciação espiritual e reforma interior que veio dar cumprimento a previsão de
Allan Kardec sobre o surgimento de cursos de Espiritismo. Também é abordado nesse
trabalho a trajetória de vida do Comandante Edgard Armond, desde seus antecedentes
familiares, passando pela carreira militar até a criação de uma das três escolas iniciáticas da
Fraternidade dos Discípulos de Jesus, denominada Setor III. Por fim, relatar peculiaridades de
sua personalidade e sua jornada através de entrevistas realizadas com pessoas próximas de seu
convívio.
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SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... 7 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10 1.1 Pessoa e Família ................................................................................................................ 10 1.2 Personalidade .................................................................................................................... 11 2 TRAJETÓRIA PROFISSIONAL ...................................................................................... 13 2.1 Carreira Militar ................................................................................................................ 13 2.2 Construção da Rodovia Tamoios .................................................................................... 14 3 DOUTRINA ESPÍRITA ..................................................................................................... 15 3.1 Início .................................................................................................................................. 15 3.2 Atuação na Federação Espirita do Estado de São Paulo (FEESP) .............................. 16 3.3 Divulgação da Doutrina Espírita .................................................................................... 21 3.4 Criação da União das Sociedades Espiritas (USE) ........................................................ 22 3.5 Criação da Aliança Espírita Evangélica ......................................................................... 24 4 ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO (EAE) ............................................... 28 4.1 Criação da Escola de Aprendizes do Evangelho ............................................................ 28 4.2 Descrição da Escola de Aprendizes do Evangelho......................................................... 30 4.3 Centro de Valorização da Vida (CVV) ........................................................................... 34 5 OBRAS LITERÁRIAS ....................................................................................................... 35 5.1. As obras mais divulgadas no meio espírita ................................................................... 36 5.1.1 Exilados de Capela ........................................................................................................ 36 5.1.2 Livre Arbítrio................................................................................................................. 39 5.1.3 Práticas Mediúnicas ...................................................................................................... 40 5.1.4 Na Cortina do Tempo .................................................................................................... 43 5.1.5 Almas Afins .................................................................................................................... 47 5.1.6 O Redentor ..................................................................................................................... 50 5.1.7 Passes e Radiações ......................................................................................................... 55 5.2 O Hino dos Aprendizes do Evangelho ............................................................................ 55 5.3. As obras sobre a vida do Comandante Edgard Armond ............................................. 57 9
6 ENTREVISTAS ................................................................................................................... 57 6.1 Entrevista com Sr. Ismael Menezes Armond ................................................................. 57 6.2 Entrevista com Diógenes Brasilino - 78 anos – nascido em 05/05/1937 ....................... 62 7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 66 7.1 Recomendações para trabalhos futuros ......................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 67 10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Pessoa e Família
Edgard Pereira Armond nasceu em 14 de junho de 1894 em uma fazenda localizada na
cidade de Guaratinguetá, Vale do Paraíba, interior do estado de São Paulo, onde concluiu o
ensino fundamental e secundário. Filho de Leonor Pereira de Souza e Henrique Ferreira
Armond, tem sua origem em família humilde. Seus antepassados eram de origem francesa,
que fugidos de perseguição religiosa, migraram para Holanda, depois Portugal e finalmente
Brasil, onde por volta de 1700, na região de Minas Gerais, construíram a primitiva Fazenda
dos Moinhos.
Em 1912 foi para São Paulo e no mesmo ano seguiu para o Rio de Janeiro, onde
prosseguiu os seus estudos e ingressou no comércio.
Em 1914, ingressou na antiga Força Pública do Estado de São Paulo, atual Polícia
Militar, onde fez carreira militar, chegando até o posto de Comandante.
Em 1919 casou-se com Nancy Menezes, filha do Marechal Manuel Felix de Menezes,
com quem teve quatro filhos biológicos: Samuel Armond (1920), Myriam Armond (1922),
Magdalena Armond (1922) e Ismael Armond (1934), além de dois filhos adotivos: Edgard
Armond Filho e André Luiz Armond. Sua filha Magdalena foi uma grande colaboradora do
Espiritismo, fundando dois Grupos Socorristas em São Paulo, atuando como médium de
incorporação em diversas atividades mediúnicas realizadas por Armond. Já seu filho Ismael
Armond fundou o Centro Espírita Missionários da Luz, localizado na cidade de Lorena,
interior de São Paulo.
Em 1926 formou-se em Odontologia na Escola de Farmácia e Odontologia da
Universidade de São Paulo estabelecendo o seu consultório no Bairro do Brás. Segundo
informações do Sr. Jacques Conchon, fundador da Aliança Espírita Evangélica, o
Comandante Edgard Armond não cobrava pagamento pelas consultas que realizava.
Um dos locais frequentados pela família, era a pequena residência de veraneio, em São
Sebastião, litoral de São Paulo, construída pelo próprio Comandante Edgard Armond e seu
filho Ismael.
Desencarnou em 29 de novembro de 1982, aos 88 anos, em virtude de um câncer,
sendo sepultado no cemitério da Vila Mariana, em São Paulo.
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1.2 Personalidade
Era dotado de um caráter reto e firme, de moral elevada, detestava a maledicência,
bem como as conversas fúteis ou perguntas vulgares. Como espírita e cultor de bons
exemplos valorizava seu tempo com ocupações úteis e edificantes, sendo um exemplo de
disciplina, coragem e determinação.
Desde muito cedo interessou-se pelo espiritualismo e por volta dos 26 anos de idade
traduziu “Os Vedas” (1920), denotando-se daí seu alto grau de evolução espiritual.
Criterioso, recolhia-se nos momentos de reflexão para escrever em seu escritório, onde
costumava redigir textos para seus filhos com conselhos e orientações e não deixando de lado
os momentos em família.
Além de disciplinador, o Comandante Edgard Armond possuía características
marcantes sendo conhecido como um visionário, revolucionário, educador, aglutinador,
unificador, empreendedor e rigoroso.
Pesquisador, desbravador, apaixonado pelo conhecimento e com espírito de liderança,
chegou a ingressar na Maçonaria a fim de adquirir conhecimento.
Introvertido, dispensava qualquer tratamento cerimonioso mas costumava transitar
fardado, uma vez que era costume da época.
Como expositor, era detentor de um discurso persuasivo, acompanhado de uma
linguagem clara e objetiva, não deixando pairar qualquer dúvida sobre o tema em questão.
Homem criterioso, jamais se dava por satisfeito, em caso de dúvida ou suspeita em face da
informação mediúnica.
Segundo relatos do Sr. Jacques Conchon, o qual conviveu com o Comandante Edgard
Armond, era figura que impunha respeito e sobretudo serenidade. Foi um líder que tomava
suas decisões com imparcialidade, sempre objetivando o trabalho da doutrina. Tinha um
poder de síntese com palavras, as quais eram sempre bem colocadas e objetivas.
Quanto a sua introdução no espiritismo afirmou:
“Eu estudei desde pequeno o espiritismo em geral, mas nunca me
dediquei, assim, a nenhum setor dessa atividade até que viesse para o
espiritismo. De modo que, eu vim de fato, com uma bagagem grande
de conhecimento espiritualista, mas sem nenhuma prática, em nenhum
deles, a não ser como estudo e reforço de conhecimento teórico
através de fatos”.
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Como escritor espírita, era profundo estudioso dos fenômenos psíquicos e conhecedor
de largos recursos sobre o tema mediunidade. Gostava de produzir textos de todos os tipos e
traduzir livros. Quando estava em casa, seu lugar preferido era um escritório que mandou
construir em cima da garagem, onde se deixava ficar até altas horas estudando e escrevendo.
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2 TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
2.1 Carreira Militar
Em 1914, com o início da Grande Guerra, o Comandante Edgard Armond ingressou
na Força Pública de São Paulo, atual Polícia Militar, ingressando dois anos depois na Escola
de Oficiais como 1º Sargento e saindo como Aspirante em 1918, na qual liderou
destacamentos em Santos e São João da Boa Vista e Amparo.
Como 2º Tenente foi nomeado diretor da biblioteca da Força Pública e professor de
História, Geografia e Geometria da Escola de Oficiais.
Em 1922, com o objetivo de acabar com a República Velha e defender o sistema
democrático e eleitoral, atuou na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana no Rio de Janeiro.
De 1924 a 1925 combateu no Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, permanecendo
na Fronteira do Paraguai e Argentina. Serviu na Revolução de 1930 que foi um movimento
armado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou no Golpe
de Estado de 1930, retornando a lecionar Administração e Legislação Militar na Escola e no
curso de aperfeiçoamento de Oficiais.
Em 1932, quando explodiu a Revolução Constitucionalista, assumiu a defesa do litoral
do Rio de Janeiro a Santos. Essa revolta tinha o intuito de derrubar o governo provisório do
Presidente Getúlio Vargas, sendo considerada o maior movimento cívico da história paulista.
Com o fim do conflito, seguiu para as cidades de Itaí, Taquari e Avaré, sendo nomeado chefe
de Polícia do Estado de São Paulo, no período da Transição, passando em seguida a compor a
Casa Militar do Governo Militar do Estado.
Permaneceu na corporação mesmo após o acidente em 1938, que lhe deixou com
algumas limitações físicas para o exercício militar. Em 1940 finalmente conseguiu aposentarse dedicando-se mais ao Espiritismo.
Durante a sua carreira militar o Comandante Edgard Armond nunca feriu uma pessoa
sequer. Nesse tema chegou a mencionar: “Dei muito tiro no alto, nunca feri ninguém, nunca
matei ninguém. ”
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2.2 Construção da Rodovia Tamoios
Em 1931 após a elaboração de estudos, apresentou projeto de construção da estrada de
rodagem entre Paraibuna e São Sebastião, hoje conhecida como a rodovia de Tamoios,
visando ligar o litoral norte ao Planalto e ao sul de Minas. Sem recursos disponíveis, utilizou
praças da própria Força, prestes a serem desincorporados iniciando o trabalho no alto da serra
de Caraguatatuba. Como não se tratava de serviço próprio da corporação, tal projeto sofreu
fortes embargos, mas foi, afinal, aprovado, cabendo-lhe a direção pessoal desse
empreendimento ali trabalhando até o rompimento da revolução constitucionalista de 1932.
O trabalho foi interrompido em 1934 por ordem superior, entregando na época a
rodovia em estado adiantado para o Departamento de Estradas de Rodagem (D.E.R.), com
transito para veículos carroçáveis.
Essa iniciativa de caráter mais que particular, realizada com imensos sacrifícios e
dificuldades por carência de recursos, antecipou em 40 anos o progresso dessa região,
beneficiando as cidades de Paraibuna, Natividade, Salesópolis, Ubatuba, Caraguatatuba, São
Sebastião e Ilha Bela.
Enquanto figura pública, pelas suas obras, teve como homenagem seu nome atribuído
a uma rua em São Sebastião e a um Batalhão de Polícia Militar.
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3 DOUTRINA ESPÍRITA
3.1 Início
Começou os estudos relacionados a filosofia e religião em 1910 e 10 anos após, com
26 anos de idade, estudou e traduziu o livro “Os Vedas”. Em 1921 ingressou na Maçonaria
chegando ao grau de Mestre, além de manter contato com grandes líderes esoteristas,
ocultistas e espiritualistas, tais como: Krishnamurti, Krum Heler, Jenerajadasa, Raul Silva e
Carmine Mirabelli.
Visitou vários Centros Espíritas particulares, que se dedicavam exclusivamente a
trabalhos de efeitos físicos nos arrabaldes da capital, todos animados pelos resultados notáveis
obtidos pela família Prado, em Belém do Pará.
Em 1932, trabalhou também com o famoso médium Dr. Luiz Parigot de Souza, do
Paraná. A essa altura, lera grande parte da literatura espírita.
Em 1936, a convite de Silvino Canuto de Abreu, integrou o grupo de estudos e
práticas espiritistas. Entre os seus participantes, encontravam-se o Dr. Carlos Gomes de Souza
Shalders e o Sr. Antônio Carlos Cardoso, ambos diretores da Escola Politécnica da USP.
Em 1938, quando passava pela Praça João Mendes, foi abordado por um pedreiro que
lhe fizera, há tempos um pequeno serviço em casa, o qual se apresentou como frequentador de
um Centro Espírita Vila Mariana, dizendo tinha recebido um recado para o Comandante,
informando que em junho daquele ano, seria vítima de um sério acidente. Embora não tenha
dado importância para o recado, em 28 de junho, o Comandante Edgard Armond que estava
em companhia do seu filho Ismael com apenas 3 anos de idade, foi atingido por um caminhão
de água da Prefeitura de São Paulo, sendo hospitalizado e em estado de choque. Após o
acidente, foi procurado pelo pedreiro, o qual lhe informou que o acontecido era um aviso para
ele trabalhar para o Espiritismo.
Em 1939, um domingo à tarde, passando pela rua do Carmo, notou aglomeração à
porta da Associação das Classes Laboriosas e após indagação, soube que ali estava se
realizando uma homenagem à Allan Kardec. Entrou e assistiu parte dela, ali vendo e ouvindo
alguns líderes espíritas antigos, como por exemplo, o Sr. João Batista Pereira, Lameira de
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Andrade, o Sr. Américo Montagnini, estando também presente o médium Francisco Cândido
Xavier, que apenas iniciava sua tarefa mediúnica. Nessa reunião recebeu um livreto intitulado
Palavras do Infinito, de Humberto de Campos, contendo mensagens avulsas de entidades
desencarnadas, distribuído pela recém-formada Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Esta pequenina obra aumentou fortemente seu interesse pela doutrina.
No mesmo ano, já licenciado para reforma do serviço ativo na Força Pública do
Estado de São Paulo (Polícia Militar), passou pela rua Maria Paula, notou à porta uma placa
com o letreiro "Casa dos Espíritas do Brasil" e adentrou na sede da Federação Espírita. Após
ser recebido pelo confrade Sr. João dos Santos, e por este apresentado a outros que ali se
encontravam, com os quais palestrou algum tempo, foi em seguida, convidado a colaborar nas
atividades da Casa, convite o qual aceitou, recebendo dias depois, um memorando, assinado
pelo Sr. Américo Montagnini, presidente recém-eleito da Federação Espírita do Estado de São
Paulo, comunicando haver sido eleito para o cargo de Secretário-Geral.
3.2 Atuação na Federação Espirita do Estado de São Paulo (FEESP)
O Comandante Edgard Armond teve significante atuação na difusão do Espiritismo
impulsionando as atividades da Federação Espirita do Estado de São Paulo, bem como
criando a Aliança Espirita Evangélica.
Como a Federação apenas se instalara naquele prédio, adaptado para sede própria,
nada encontrou organizado ou em funcionamento regular, estando tudo por fazer, em todos os
setores.
O Sr. João Batista Pereira, na eleição então realizada, deixara a presidência para o Sr.
Américo Montagnini e na sigla "Casa dos Espíritas do Brasil" se fundiram a Sociedade
Espírita São Pedro e São Paulo e a própria Federação. O maior interesse da época, como já foi
dito, eram os fenômenos de efeitos físicos, que não existiam na casa, mas eram assistidos em
vários lugares fora, para onde os diretores se trasladavam, às vezes em conjunto.
O primeiro contato mediúnico na Casa foi com o auxílio da médium particular Sra. N.
A., esposa de um tabelião capital, e foi por ela que Dr. Bezerra (na ocasião assumindo a
direção espiritual da Casa) transmitiu a frase conhecida: "No mundo, o Brasil; no Brasil, esta
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terra tem o nome do grande Apóstolo; e aqui está nossa casa, que será um farol a iluminar a
Humanidade".
Naqueles primeiros dias, predominavam por toda parte os efeitos físicos e era
marcante a falta de médiuns de confiança para o intercâmbio com o Plano Espiritual Superior.
Contudo, atendendo a pedidos, o espírito Dr. Bezerra de Menezes prometeu sanar essa lacuna.
Passados poucos meses, apareceu na Casa o Sr. Ary Casadio que se dizia graxeiro da
Estrada de Ferro Sorocabana e médium de incorporação, o qual dedicou-se inteiramente aos
trabalhos da Casa, prestando durante longo tempo ótimos serviços, tanto internos como
externos, seja em ocasiões solenes ou em trabalhos práticos. Teve participação significativa
nos acontecimentos históricos da Federação Espírita do Estado de São Paulo – FEESP,
sobretudo no Conselho Diretor da entidade, bem como foi integrante da famosa Caravana da
Fraternidade, evento que visou a unificação nacional do movimento espírita.
Essa carência inicial de médiuns já levara antes à formação do Grupo Razin (grupo
atuando dentro da FEESP), com sete membros, com o quê o intercâmbio melhorou
grandemente. Eis os nomes de seus membros primitivos, além do Comandante:
 Raul de Almeida Pereira, funcionário do IBC, médium de incorporação, vidência e
audição;
 José Quintais, mais tarde funcionário do departamento de projetos da Indústria
Villares: vidência, audição, psicografia e desenho mediúnico;
 Rubens Fortes, oficial reformado do Exército: incorporação consciente;
 Altair Branco, engenheiro;
 Luiz Verri, cabeleireiro de senhoras: vidência e audição; e
 Paulo Vergueiro Lopes de Leão, pintor, diretor da Escola de Belas Artes.
Durante as reuniões, duas coisas importantes aconteceram. A primeira delas foi a
manifestação, pela primeira vez, da entidade feminina designada pelo nome de "Castelã", que,
a partir de então, dispensou ao Grupo valorosíssima colaboração e 12 anos mais tarde, em
1953, pelo médium Divaldo Pereira Franco, identificou-se como protetora pessoal do
Comandante, tendo sido, na Itália papal, rainha de Nápoles, em 1481, como Margarida de
Médicis.
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A segunda foi que em uma de suas reuniões, em 1941, surgiu de improviso um
médium desconhecido, jovem, que se dizia médico e se chamava Élio. Sua trajetória foi
rápida, porém proveitosa. Acercou-se da reunião, no saguão do salão superior, sentou-se ao
lado do Comandante, ouviu durante alguns momentos uma mensagem que estava sendo
transmitida e interrompeu o trabalho, convocando o Comandante para uma reunião urgente.
Atendendo ao solicitado, a reunião foi decidida e feita na Escola de Belas Artes, à rua Onze
de Agosto, sem interrupções. Foi nesta imprevista reunião que foram feitos os primeiros
contatos com Ismael, o preposto de Jesus para a condução espiritual do Brasil, o qual,
incorporado no referido médium e sob controle do vidente Sr. Verri, transmitiu suas primeiras
instruções ao Comandante, investindo-o na tarefa de dirigir a Federação, estabelecendo a
prevalência do Espiritismo Evangélico e construindo, oportunamente, as bases para o êxito
desse transcendente empreendimento espiritual. Após alegação do Comandante que isso era
tarefa não para um, mas para muitos, Ismael respondeu dizendo: "Você foi o escolhido e aqui
será o chefe; e terá todo nosso apoio enquanto for fiel ao programa que estabelecemos, com
toda liberdade para realizá-lo". O comandante ponderou mais uma vez que estava apenas
iniciando a organização da Casa, estando quase que só, ao que Ismael respondeu, abrindo os
braços e mostrando ao vidente uma vasta planície a perder-se no horizonte e toda tomada por
guerreiros vestidos de armaduras antigas, cobertos de capacetes brilhantes: "Não estarás só;
terás o apoio de todos"; e repetindo energicamente a frase e entregando-lhe um montante
luminoso (espada antiga manejada com as duas mãos): "Aqui serás o chefe e esta é a espada
do comando". E rematou a conversa dizendo:
"Para te auxiliar nos primeiros dias como conselheiros e elementos
de ligação conosco, colocaremos junto a ti três companheiros
valorosos. Este, disse, apontando o primeiro deles, chamarás
Lorenense; este, mostrando o segundo, chamarás Luzitano, e este,
apontando o terceiro, chamarás Britânico".
Este último era na verdade Ricardo Coração de Leão, Rei da Inglaterra e comandante
da terceira Cruzada histórica, que permanece no posto até hoje.
Essa designação do Alto foi confirmada, a partir desse dia, várias vezes, em quase
todos os trabalhos da Federação e o Comandante deu conhecimento dela à diretoria da
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Federação e vários auxiliares, na própria ocasião, tendo recebido sempre o mais completo
apoio de todos os companheiros.
Com este precioso auxílio, que era dado quando necessário ou quando pedido, em
reuniões reservadas, a organização da Federação caminhou rapidamente, até a formação do
Conselho, em 1941, cuja constituição foi outro ato dramático das atividades iniciais da Casa.
Para essa formação, eram organizadas listas de nomes, que eram submetidas aos
assessores em reuniões especiais e ali se examinava a identidade pessoal e as possibilidades
de colaboração de cada um, como engenheiros, médicos, magistrados, professores, industriais,
militares etc. A lista era colocada na gaveta da secretaria e, no dia seguinte, os escolhidos
eram confirmados com uma cruz, sendo os confirmados convocados para reunião em data
definida. Na convocação, o Comandante assinava como Coordenador e dizia que se tratava de
importante acontecimento espiritual, do qual os convocados seriam participantes, caso o
desejassem.
No dia aprazado todos compareceram e o programa foi iniciado com a palavra do
comandante, presidente da reunião, explicando que a importância do acontecimento era toda
espiritual, não estava em coisas exteriores, mas nas consequências espirituais que decorriam
dela, pelo trabalho a realizar; nada havia de sobrenatural nem se tratava de promoção de
fenômenos físicos, tão em voga naqueles dias, mas sim da abertura de um período históricoreligioso, para maiores realizações de orientação espiritual para o nosso país; com a formação
de um Conselho destinado, a fornecer e consolidar uma mentalidade verdadeiramente cristã,
em todas as suas formas e consequências benéficas para as almas humanas.
Quando parou de falar, era visível um certo desagrado entre os presentes, que se
mantinham em expectativa e em silêncio. Foi anunciada, então, a segunda parte do programa
onde o Dr. Pacheco, veterano dirigente e lutador espírita, assumiria a presidência da reunião,
devendo ler e interpretar um texto evangélico à sua escolha, enquanto o comandante,
acompanhado de um secretário e um médium de confiança, retirar-se-iam para o saguão ao
lado, para receber do Plano Espiritual o que fosse do seu agrado ou conveniência transmitir
aos presentes.
O secretário escalado foi o Dr. Lopes de Leão, e escreveu a mensagem dada por Dr.
Bezerra, na qual este apelava para a boa vontade dos presentes e se referia, em imagens
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estimuladoras, aos grandiosos trabalhos a realizar, no presente e no futuro, para o bem da
humanidade e que exigiam a formação de um Conselho altamente credenciado.
Voltando ao salão, o Comandante reassumiu a presidência e mandou o secretário ler a
mensagem recebida, finda a qual iniciou-se entre os presentes, uma troca de exclamações de
estranheza, por limitar-se a reunião a tão pouco, como diziam, quando esperavam tanto e tão
diferente do que estava acontecendo, não havendo nem mesmo algum plano de realizações a
ser conhecido, examinado e discutido.
Nesse momento, o médium desconhecido, que, sem ser notado, estava assentado entre
os presentes, levantou-se em transe e, em voz clara e forte, declarou: "O comandante tem no
bolso interno do seu paletó um plano de realizações para ser discutido e votado.". Nesse
momento, levando a mão ao bolso interno, o Comandante verificou que realmente ali estava
um ligeiro esboço que fizera antes, das primeiras atividades e realizações administrativas após
a posse do Conselho e prontificou-se a expô-lo; mas as discussões continuaram crescendo de
vulto, havendo mesmo exclamações em voz alta, de evidente desagrado.
Percebendo o perigo de infiltrações negativas, e para dominar o vozerio, o
Comandante bateu na mesa, fortemente, e à sua vez: exclamou: "Apelo para o Espírito", findo
o que sentou-se em silêncio, concentrando-se. Então, o mesmo médium desconhecido
levantou-se de seu lugar, sempre mediunizado, e firme, ereto, olhos fechados, passando
rapidamente por entre as cadeiras, chegando até a mesa de direção e sobre ela abateu-se com
violência, de bruços e com voz forte e enérgica, dirigiu-se novamente aos presentes, dizendo,
em resumo três coisas principais; i) que não poderiam ignorar as finalidades daquela
convocação e a oportunidade de servirem à humanidade; ii) que a situação do mundo naquele
momento tendia a agravar-se e aquela dádiva não poderia ser amesquinhada e iii) que, se
ainda não fosse o bastante o que já havia sido esclarecido, que utilizasse o livre arbítrio para
aceitar ou recusar. No mais, também ressaltou:
“Se não vos bastam, para agir, a espada da fé e o escudo do
Evangelho, deixem a carga já, para que permaneçam somente os
possuidores
de
boa
vontade,
dispostos
a
colaborar
nesse
empreendimento de amor e redenção dos nossos semelhantes. ”
(Grifo nosso).
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Fez-se fundo silêncio, dentro do qual o Comandante perguntou se alguém desejava
fazer uso da palavra e, ninguém se manifestando, declarou que esperava a decisão final de
cada um em uma nova reunião, que convocava para daí a cinco dias, à mesma hora e local. E,
pronunciando a prece de encerramento, declarou terminada a reunião.
Na sala da secretaria geral, onde muitos se congregaram em seguida, o confrade
Pacheco o abraçou, lastimando não poder deixar de ser pedra de tropeço, ao que o
Comandante respondeu que, muito ao contrário, sua colaboração fora útil porque iria ajudar a
selecionar, com mais facilidade e segurança, os membros do futuro Conselho.
Na reunião ocorrida em 28 de setembro compareceram dois terços dos primeiros convocados,
sendo-lhes tomado o compromisso, ante Jesus, de se dedicarem, daí por diante
devotadamente, ao engrandecimento da Federação e do Espiritismo em nosso país. Foram
empossados e tomaram conhecimento mais detalhado da organização da Casa e do preparo da
gestão administrativa que se iniciava.
Estabilizando-se a administração e o funcionamento da Casa, a Secretaria Geral
propôs a dissolução do consórcio existente desde 1939, sob o título "Casa dos Espíritas do
Brasil", devendo-se, daí em diante, usar unicamente o nome de Federação Espírita do Estado
de São Paulo (FEESP).
Criou na FEESP uma série de cursos, como o “Curso de Passes”, “Escola de Médiuns”
e “Escola dos Aprendizes do Evangelho”.
3.3 Divulgação da Doutrina Espírita
Foi dado seguimento aos trabalhos organizativos com a elaboração das primeiras
instruções e publicações:
 "Contribuições ao Estudo da Mediunidade", em 1942;
 "Mediunidade de Prova", em 1943;
 "Desenvolvimento Mediúnico", e "Missão Social dos Médiuns", ambos em
1944.
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Em 1947, tais conteúdos foram reunidos em um tratado o qual deu base para o ensino
e prática da mediunidade.
Em 1950 foi publicada obra sobre "Passes e Radiações", visando a novas diretrizes
para os trabalhos iniciais de curas, além de vários outros opúsculos e livros, todos destinados
ao mesmo fim, no terreno didático, visando à criação de cursos e escolas especializadas.
Em março de 1944, foi apresentado um projeto de criação de um jornal, sob o título de
"O Semeador" para a difusão das novas diretrizes e movimento geral da Casa, onde o
Comandante Edgard Armond publicou 425 artigos de colaboração contínua.O registro do
jornal foi feito em nome do Comandante por exigência do Estado Novo revolucionário e
funcionou sob responsabilidade da confreira Sra. Marta Cajado de Oliveira, durante alguns
meses, prosseguindo a partir daí, até 1967, sob sua própria responsabilidade, quando deixou a
função administrativa da Casa, em virtude de doença.
Além do jornal, para incrementar a difusão da Doutrina e prestigiar a Federação,
propôs a criação de uma hora espírita, que foi contratada com a Rádio Tupi, aos domingos, e
dirigida pelo confrade João Rodrigues Montemor.
Para a tribuna da Casa eram trazidos oradores espíritas de renome, da capital e de fora,
como também líderes de outras religiões e filosofias, dando à Casa caráter liberal e fraterno,
de um espiritismo racional e universalista, o que redundou em grande prestígio público para o
Espiritismo em geral. As conferências públicas da manhã e noite dos domingos atraiam
grande assistência, e os programas eram publicados previamente em jornais de larga
circulação.
O Departamento Federativo foi desenvolvido amplamente e a secretaria geral
convidava mensalmente os centros, em rodízio, para reuniões conjuntas e festivais na
Federação, visando à fraternização e à sociabilização coletiva, e vários confrades dedicaram a
ele seus esforços.
3.4 Criação da União das Sociedades Espiritas (USE)
Em 5 de janeiro de 1946, o Comandante Edgard Armond, acompanhado de alguns
representantes da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), reuniu-se com os
23
representantes da Liga Espírita do Estado de São Paulo, da União Federativa e da Sinagoga
Espírita Nova Jerusalém, constituindo o Movimento de Unificação Espírita (MUE),
denominação posteriormente alterada para União das Sociedades Espíritas (USE).
Foi um ano exaustivo de contatos, visitas e de divulgação maciça de proposta de
junção, que no final, 512 Centros Espíritas aderiram à USE e o número de recenseados atingiu
47.785 espíritas. Em 1947, sob a coordenação do Sr. Herculano Pires, realizou-se a última
sessão ordinária da Comissão Central da USE, para encerramento de suas atividades
preparatórias para fundação oficial da USE, com a missão de disseminar as ideias da
unificação e reunir as sociedades espíritas que se encontravam dispersas em todo o Estado de
São Paulo para então convocá-las para o Congresso em que se traçaria as bases estruturais da
USE e a sua fundação.
Assim, o 1º Congresso Espírita do Estado de São Paulo realizou-se de 1 a 5 de junho
de 1947, com a abertura realizada sob a presidência do Dr. Jônatas Otávio Fernandes, MM.
Juiz da 5ª Vara Cível da Capital e, na presença do Comandante Edgard Armond, Sr. Carlos
Jordão da Silva, Sr.Antenor Ramos, Sr. Antoni J. Trindade, Sr. Stoll Nogueira, Sr. Caetano
Mero e Sr. Basílio Milano Neto. Além da presença de representantes da maioria das entidades
que aderiram, estiveram presentes personalidades importantes do movimento espírita
nacional, assim como o Bispo da Igreja Católica Apostólica Romana, Sr. Dom Salomão
Ferraz e sua comitiva.
Após análise de 34 teses recebidas, venceu a do Comandante Edgard Armond,
representando a FEESP, que estabelecia a estrutura e funções do novo órgão unificado. O
encerramento do 1º Congresso se deu no dia 5 de junho de 1947 no Ginásio do Pacaembu,
com cerca de 5 mil pessoas, tendo a presença de autoridades diversas, inclusive de
autoridades da Igreja Católica, representações das federações estaduais, imprensa leiga e
espírita. No dia 14 de junho do mesmo ano o Conselho Deliberativo eleito no Congresso,
votava a primeira Diretoria Executiva da então União Social Espírita, que mais tarde passou a
denominar-se União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, mantendo a sigla USE.
Os registros do 1º Congresso da União Espírita do Estado de São Paulo em 1947, apontam a
existência de 771.098 espíritas no Brasil e 733 sociedades espíritas organizadas. No ano de
2002, quando a USE completou 55 anos de existência, o Brasil contava cerca de 8 mil centros
espíritas, dos quais quase 3 mil encontram-se no estado de São Paulo e, ainda segundo
24
pesquisa realizada pela Datafolha há alguns anos atrás, 4% da população brasileira se declara
espírita, o que representa um contingente de mais de 6 milhões de adeptos da Doutrina
codificada por Allan Kardec.
Terminados os Congressos de unificação estadual e nacional, como não convinha ao
Comandante permanecer na presidência da antiga USE para não prejudicar a administração da
Federação, aconselhou aos companheiros da antiga diretoria que não concorressem à
renovação dos cargos em nova eleição, para que a legenda tivesse liberdade de ação e agisse
por si mesma no prosseguimento de sua importante tarefa, mas, infelizmente, nem todos se
afastaram e a nova diretoria, que então se formou, caminhou em sentido diferente,
transformando-se a legenda transitória em entidade competitiva com as Patrocinadoras da
iniciativa. Isso foi um erro grave, que redundou, senão em fracasso, pelo menos em grande
retardamento da unificação por mais de vinte e cinco anos, tentando-se novamente nestes dias
a malograda realização.
Não obstante essa alteração de rumos e de princípios organizativos, a Federação
jamais negou auxílio à nova entidade, que passou a chamar-se União das Sociedades Espíritas
e até hoje o fez, como é do conhecimento geral.
Em 1953, a Secretaria Geral concorreu grandemente à promoção, no Rio de Janeiro,
de uma enquete em vários jornais sobre Espiritismo e Umbanda, no qual manifestaram-se
vários representantes dessas correntes religiosas. Após uma série de artigos publicados no
Semeador, pelo Comandante, visando esclarecer o público sobre as diferenças entre uma e
outra, eliminando confusões e interferências de Umbanda nos Centros Espíritas, conseguiu
tornar a questão melhor ventilada e conhecida, inclusive, pelas autoridades públicas e
culturais do País.
3.5 Criação da Aliança Espírita Evangélica
A partir de 1970, o Comandante passa a orientar as atividades de companheiros
impulsionados ao trabalho evangélico nos moldes originalmente determinados pelo Plano
Espiritual Superior na década de 1950.
25
A Aliança Espírita Evangélica surgiu em 1973 decorrente de uma solicitação dos
dirigentes de oito1 Centros Espíritas de São Paulo os quais desejavam atuar de acordo com os
programas estabelecidos pelo Plano Espiritual, unindo esforços para fazer juntos tudo aquilo
que seria difícil fazer isoladamente e com a proposta de expandir a expressão do aspecto
religioso do Espiritismo. Na antiga sede do Grupo Espirita Razin, foram recebidas mensagem
elucidativas apontando com nitidez as diretrizes do novo trabalho.
Rapidamente, dezenas de outros Centros Espíritas perceberam que era proveitoso unir
forças. A Aliança cresceu descobrindo novos potenciais e novas frentes de trabalho. Para
conservar coerência entre esse crescimento e as propostas do Plano Espiritual, prosseguiu
combatendo tendências personalistas e elaborou frentes de trabalho com mais possibilidades à
participação de todos.
Durante os primeiros anos de organização da Aliança, o Comandante supervisionou a
produção de novas obras editoriais, tanto para uso das Escolas de Aprendizes nos Grupos
Integrados, que rapidamente se multiplicavam, como para formar o catálogo editorial da então
nascente Editora Aliança.
Graças a este vigoroso impulso, bem como sua serenidade e experiência no trabalho
espírita evangélico, a Aliança cresceu e expandiu-se tornando-se mais uma referência em
termos de trabalhos doutrinários em nosso País.
A partir de 1980, o Comandante também assessorou a formação do Setor 3 da
Fraternidade dos Discípulos de Jesus, reunindo diversos Grupos Espíritas, igualmente
vinculados à tarefa de expansão do Espiritismo Religioso através da imensa capacidade
renovadora de consciências e corações constituída pela Escola de Aprendizes do Evangelho.
Após 15 anos de sua criação, houve uma descentralização e regionalização da Aliança
Espirita Evangélica passando essa por novo ciclo de expansão sendo dirigida por um conselho
de quinze casas espíritas. Cada Centro Espírita passou a ser liderado por coordenadores
regionais que atuavam em grupos responsáveis por diversas áreas como: Mocidade,
1
C.E. Perseverança, Colônia Esp. Alvorada, Seara Bendita Instituição Espirita, G.E.Razin, Fraternidade Servos do Senhor,
C.E. Irmã Brasilina, C.E.Jesus no Lar e C.E.Aprendizes do Evangelho.
26
Evangelização Infantil, Cursos e reciclagens, e divulgação, entre outras, conforme as
necessidades.
Nesse mesmo momento, também foram criados o Conselho de Grupos Integrados, o
qual dava apoio a Casa da Aliança com grupos de trabalho organizados para estudo de
diversos assuntos relacionados a condução do movimento espírita, bem como o
estabelecimento de uma equipe de apoio para que as atividades não ficassem centralizadas
numa única pessoa, tendo em vista que o trabalho em equipe é considerado um caminho
seguro para o exercício da fraternidade.
Dessa forma, a Aliança Espirita Evangélica passou a trabalhar nos setores abaixo,
cujos programas foram revisados pelo Comandante Edgard Armond, sendo aberta a
possibilidade para qualquer Centro Espírita, que desenvolvesse ou tivesse a intenção de
desenvolver os trabalhos mencionados, a busca de apoio na Aliança:

Escola de Aprendizes do Evangelho a qual tem o intuito de promover um
processo de renovação moral aos alunos e a vivência do espiritismo religioso;

Curso de Médiuns o qual é oferecido aos alunos da Escola de Aprendizes do
Evangelho
e
aos
demais
frequentadores
portadores
de
mediunidade-tarefa
possibilitando a educação mediúnica; e

Assistência Espiritual, oferecida ao público em geral fornecendo tratamento
espiritual através de passes padronizados e radiações.
Após a criação dos programas considerados fundamentais, verificou-se a necessidade
da implantação de atividades destinadas a infância e a juventude sendo então criado em 1976,
o 1º Curso para Evangelização da Infância, bem como a 1ª Turma de Mocidade Espirita.
Os três anos seguintes foram marcados pelo desenvolvimento de atividades atinentes a
Fraternidade dos Discípulos de Jesus, bem como na expansão do programa a mais de 300
casas integradas e a grupos sediados no Exterior (Estados Unidos, África, América do Sul,
Suíça e Portugal). Nesse triênio, foi estabelecida as chamadas Caravanas de Integração
propiciando visitas de intercâmbio entre todos os grupos da América do Sul.
Em 1981 restou nítido o crescimento da Aliança sendo que pessoas interessadas no
espiritismo aproximavam-se para constituir novos grupos, enquanto outra parte até então
27
integrados, debandaram-se uma vez que não concordavam com os objetivos básicos da
renovação íntima.
O ano de 1983, foi considerado como o ano da consolidação e expansão das
atividades, sendo ministrados cursos voltados a evangelizadores, bem como encontros das
Mocidades Espíritas, dos dirigentes de Escolas de Aprendizes e de diversos expositores
vindos de todo o lugar do Brasil. O momento atual é de atividade intensa. O Conselho de
Grupos Integrados possui diversas frentes de atuação e as regionais estão fortalecendo suas
equipes de trabalho. Tudo indica que os modelos de trabalho evoluem quanto mais se
distanciam do individual e se focalizam na atuação em equipe. Mas isso não é uma
descoberta, não é uma novidade.
Desde a criação da Aliança, foi escolhido como lema a seguinte frase que reflete isso:
“confraternizar para melhor servir”.
28
4 ESCOLA DE APRENDIZES DO EVANGELHO (EAE)
Neste capítulo será tratada a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho.
4.1 Criação da Escola de Aprendizes do Evangelho
No final da década de 40, quando o Comandante Edgard Armond dava início ao
movimento de evangelização, após o receber uma orientação de Ismael, aval do Espírito do
Dr. Bezerra de Menezes e sob a direção e supervisão do Espírito de Razin, foi criada a Escola
de Aprendizes do Evangelho. O intuito da Escola é promover a evangelização da humanidade
através da reforma íntima. De acordo com uma mensagem recebida de Razin, após a Segunda
Guerra Mundial, o homem não havia compreendido a “Eterna Mensagem do Monte” sendo
necessário assim, apresentar Jesus à humanidade de forma que pudessem absorver mais seus
ensinamentos.
Segundo o Comandante a EAE é um programa que busca a renovação do homem em
seus sentimentos, pensamentos e atitudes proporcionando experiências de autoconhecimento e
o despertar de seus ideais divinos. Trata-se de um processo de iniciação espiritual baseado no
Evangelho de Jesus.
Em mensagem deixada por Emmanuel sobre as Escolas de Aprendizes do Evangelho,
Emmanuel diz:
“Aos aprendizes do evangelho:
Aprendizes do Evangelho, nãos vos esqueçais de que nos achamos na
Terra, ante o esplendor da nova era, carregando a sombra de velhas
necessidades.
Muitos dizem "os tempos são chegados", referindo-se aos avanços
científicos que nos assinalam a vantagem da inteligência, entretanto,
"os tempos são chegados" igualmente para que a nossa renovação
profunda, à frente da vida.
Sois os vexilários (porta bandeira) da verdade, chamados a
desfraldar-lhe a bandeira de luz. Nesse mister, não sereis
reconhecidos tão somente por vossas palavras, mas, acima de tudo,
por vossa própria orientação.
Com a vossa presença, ministrarei teoria e exemplo, ensino e rumo.
29
Para isso, é imperioso considerardes a transitoriedade de todos os
valores externos que vos cercam no mundo para serdes fiéis ao
apostolado que abraçastes no reino do espírito.
Onde estiverdes, servireis ao Senhor na pessoa dos semelhantes,
transmitindo a fé sobre o discernimento, a coragem nos alicerces do
equilíbrio, o otimismo no veículo da prudência e a fraternidade em
bases de ação que a realize.
Recordai, sobretudo, que o Senhor vos concita às fileiras da redenção
para ver com os vossos olhos, escutar com os vossos ouvidos, falar
com o vosso verbo e agir com as vossas mãos.
Indiscutivelmente, sofrereis na estrada críticas e ataques, injúrias e
insinuações...
Muitas vezes, dormireis acalentando sonhos de triunfo para acordar
no clima da derrota, atravessareis largas avenidas do ideal, rodeados
por legiões de seguidores, interessados em vantagens imediatas,
penetrando, logo após, nas veredas do testemunho em plena solidão!
.... Ainda assim, avançai destemerosos com o facho de amor que vos
brilha no entendimento e no coração, conscientes de que no vosso
exaustivo labor de hoje se edifica o mundo melhor amanhã!
Dignificai o estudo, submetei-vos ao trabalho, aprendei a obedecer
para saberdes dirigir, carregai valorosamente o fardo de vossas
responsabilidades preciosas e marchai adiante, auxiliando e
esclarecendo, abençoando e construindo! ...
E quando tempestades de incompreensão vos façam estremecer no
caminho, colocando em risco a vossa esperança ou ameaçando-vos
com a morte, volvei ao próprio refúgio íntimo e aí encontrareis, por
sustentáculo indestrutível, a palavra do Senhor a repetir-vos,
confiante: "Nada temais! Eu estou aqui! ...".
30
4.2 Descrição da Escola de Aprendizes do Evangelho
Como já dito anteriormente, a EAE é um “Sistema de Iniciação Espiritual” baseada no
Evangelho de Jesus com estágios ou etapas sucessivas de aproveitamento a saber: Aprendiz,
Aspirante e Servidor.
A vida por si só é uma fase de iniciação, contudo no âmbito religioso a iniciação
evangélica de base espírita tem o poder do autoconhecimento e conscientização, além de
purificação e preparação psíquica sendo imperativo o exercício do bem. Esta Escola não tem
um tempo de duração definido uma vez que está associada a conquista individual de cada um.
Para ser aluno da EAE é necessário inicialmente haver um comprometimento consigo
mesmo e com Jesus no sentido de:
 Promover um estudo aprofundado do Evangelho, colocando em prática as
possibilidades diárias de evolução;
 Relacionar os defeitos morais empenhando-se em extingui-los ou atenuá-los
através de um esforço contínuo;
 Realizar um trabalho contínuo e sincero de purificação do corpo e espírito;
 Fazer parte da congregação da Fraternidade dos Discípulos de Jesus no sentido
de auxiliar aos necessitados, seja encarnados ou desencarnados;
 Estar atento ao “vigiai e orai” permanecendo à disposição dos Espíritos
Superiores, auxiliares do Cristo, para a realização de tarefas planetárias; e
 Empenhar-se como Aspirante, Aprendiz e Servidor até que por seus próprios
méritos possa transformar-se em autentico Discípulo da Fraternidade dos
Discípulos de Jesus.
Além disso, para ingressar na EAE, o aluno ou candidato deve querer
espontaneamente cursar o Curso Preparatório da Escola de Aprendizes do Evangelho e ser
aprovado pelo Conselho de Ensino da Casa e pela Avaliação Espiritual. No mais, deve
eliminar vícios como fumo, álcool, drogas e jogo.
31
A avaliação para passagem de grau será realizada pelo Conselho de Ensino, sendo
levado em consideração a frequência mínima de 75%, posicionamento nos exercícios, temas e
caderneta (autoanálise), além de possuir um bom resultado na avaliação/autoavaliação. A
avaliação espiritual é realizada para os graus de Aspirante, Aprendiz e Servidor, as quais são
aplicadas pela própria Casa, ou na impossibilidade pela União Fraternal.
No último grau, de Servidor para o período de reflexão, o aluno deverá estar
consciente do que é a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, bem como de seus deveres e
responsabilidades. Além disso, deve: i) estar conectado ao Plano Espiritual; ii) não ter o lar
tumultuado a nível moral; iii) trabalhar na assistência espiritual e social; iv) não possuir
impedimentos familiares que dificultem o desempenho de seus deveres; v) ter atitudes
condizentes com a Lei de Deus, com a Doutrina Espirita, com a moral cristã e os preceitos da
Escola; e vi) vivenciar o cristianismo e testemunhá-lo quando preciso.
Após ser submetido ao Conselho de Ensino da Casa, os alunos aprovados são
encaminhados à avaliação espiritual para ingresso do período de reflexão, que abrange numa
verificação pelo aluno se realmente quer pertencer a uma fraternidade tornando-se discípulo
da Fraternidade dos Discípulos de Jesus.
Em caso de não aprovação o aluno permanecerá ao grau de Servidor, lembrando de
que não há prejuízo em retornar e permanecer na Escola. Há sim prejuízo se por ventura sair
antes de ter firmado em si próprio a certeza de que este é o caminho a seguir.
O postulante a discípulo não ingressa imediatamente na Fraternidade dos Discípulos
de Jesus, uma vez que, como um apêndice da Fraternidade do Trevo (existente no mundo
espiritual), é bastante rigorosa quanto a admissão de novos indivíduos. Nesse sentido, são
palavras de Edgard Armond: “Em matéria de Reforma Íntima, a Fraternidade dos Discípulos
de Jesus não admite meios-termos: ou o indivíduo é evangelizado ou não é”
A reunião da turma de alunos é realizada semanalmente sendo dirigida por um
dirigente (facilitador), um assistente e secretário, sendo que o facilitador deve ser Discípulo
integrante da FDJ, devido ao seu conhecimento e vivência conforme atividades da Escola.
As inscrições são abertas ao público em geral, não havendo qualquer tipo de restrição
seja de ordem religiosa, material ou pessoal. A idade mínima sugerida para ingresso é de 18
anos de idade.
32
Dentre os livros utilizados na Escola estão:
1- Livro dos Espíritos, de Allan Kardec;
2- Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec;
3- Bíblia (Velho e Novo Testamento);
4- Manual Prático do Espírita, Ney Prieto Peres;
5- Vida e Sexo, de Emmanuel/F. Xavier;
6- Guia do Aprendiz, de E. Armond;
7- Segue-me, de Emmanuel/F. Xavier;
8- Parábolas e Ensinos de Jesus, C. Schutel;
9- Sermão da Montanha, Rodolfo Cailigaris;
10- A Voz do Monte, Richard Simonetti;
11- O Evangelho segundo João, Nelson Lobo de Barros;
12- Palavras de Vida Eterna, de Emmanuel/FC.Xavier;
13- A Caminho da Luz, Emmanuel;
14- Génese, de Allan Kardec;;
15- Paulo e Estevão, Emmanuel/Chico Xavier;
16- Iniciação Espírita (Volumes I a IX);
17- O Redentor, de Comandante Edgard Armond;
18- Uma Fraternidade, de Dorival Sortino;
19- Boa Nova, de Humberto de Campos/F.C.Xavier;
20- Momentos de consciência, J.de Angelis / Divaldo;
21- Mensagem Viva do Cristo, - H.Rohden;
22- Você e a Renovação Espiritual, Carlos T. Rizzini;
23- Harpas Eternas, Hilarion/Josefa R.L. Alvarez;
33
24- A grande espera, Corina Novelino;
25- Sublime Peregrino, Ramatis/Hercílio Mães;
26- Filosofia e Religiões, C.E.Armond;
27- ... E a Bíblia tinha razão, Werner Kellen;
28- Paulo de Tarso, H. Rohden;
29- Evolução em dois mundos, André Luiz/F.C. Xavier;
30- Jesus, o Nazareno, Vols. I e II, H. Rohden;
31- Levantar e Seguir, Emmanuel/Chico Xaxier;
32- Primícias do Reino, Amélia Rodrigues/- Diyaldo;
33- As maravilhosas Parábolas de Jesus, P. Godoy;
34- Curso de Aprendizes do Evangelho, 1° e 2° FEESP;
35- Crónicas Evangélicas, P. Godoy;
36- Páginas do Espiritismo Cristão, Rodolfo Cailigaris;
37- Pelos Caminhos de Jesus, Amélia Rodrigues/Divaldo Pereira Franco;
38- Cumes e Planícies, Hilarion/Josefa R. L. Alvarez;
39- Sabedoria do Evangelho, C. T. Pastorino;
40- Cristo, O Avatar do Amor, H. Saraydarian. Ed. Pensamento;
41- Sermão da Montanha, H. Rohden;
42- Sermão do Monte, Prabhavanabda. Ed. Pensamento;
43- Bem-Aventuranças e Parábolas, Paulo Alves de Godoy;
44- Os Valores Humanos – Uma Viagem do "Eu" ao "Nós". António e Sylvie Craxi;
45- Aulas de Transformação, Marilu Martinelli;
46- Cristianismo - A Mensagem Esquecida, Herminio C. Miranda;
47- Os Essênios, Cristian D. Ginsburg. Ed. Pensamento;
34
48- Encontro com Jesus, Djalma Motta Argolo. Ed. Mnê-mio Túlio.
49- Sabedoria do Evangelho- Torres Pastorino
4.3 Centro de Valorização da Vida (CVV)
O CVV foi uma iniciativa de jovens espíritas oriundos da Federação Espírita de São
Paulo – FEESP – (7ª turma da Escola dos Aprendizes do Evangelho) inspirados por
Comandante Edgard Armond. Em pouco tempo se percebeu que não poderia continuar sendo
visto como iniciativa de um grupo de religiosos desta ou daquela denominação. Tornou-se,
assim, uma entidade supra religiosa.
Criada para viabilizar oportunidades de exercício da mais pura e simples
solidariedade, evoluiu, cresceu e hoje conta rede de abrangência nacional. Atualmente,
também atende por chat e e-mail, tornando-se um ponto certo para quem precisa conversar,
desabafar e não tem alguém por perto em quem confiar.
35
5 OBRAS LITERÁRIAS
1.
A dupla personalidade
2.
A hora do Apocalipse
3.
A questão do divórcio
4.
Almas Afins
5.
Amor e Justiça
6.
Aos discípulos de Jesus
7.
Às margens do Rio Sagrado
8.
Comentários Evangélicos
9.
Contribuições ao Estudo da Mediunidade
10. Curas Espirituais
11. Desenvolvimento Mediúnico
12. Enquanto é tempo
13. Escola de Aprendizes do Evangelho
14. Falando ao coração e textos selecionados
15. Guia do Aprendiz
16. Guia do Discípulo: A testemunhação
17. Hora do Apocalipse
18. Iniciação Espírita - Fraternidade dos Discípulos de Jesus
19. Lendo e aprendendo na semeadura I, II e III
20. Livro dos Salmos
21. Mediunidade
22. Mediunidade de Prova
23. Mediunidade e seus aspectos desenvolvimento e utilização
24. Mensagens e Instruções
25. Missão Social dos Médiuns
26. Na cortina do tempo
27. Na seara do evangelho
28. Na semeadura
29. O espiritismo e a próxima renovação
30. O estranho caso de Rose Ramires
31. O Livre Arbítrio
32. O Redentor
36
33. Os Exilados de Capela
34. Passes e Radiações: Métodos de Curas
35. Pontos das Escolas de Médiuns
36. Prática Mediúnica
37. Psiquismo e cromoterapia
38. Relembrando o passado
39. Religiões e Filosofia
40. Respondendo e esclarecendo
41. Salmos
42. Tiradentes Missionário
43. Trabalhos práticos de Espiritismo
44. Verdades e Conceitos I e II
45. Vivência do espiritismo Religioso
5.1. As obras mais divulgadas no meio espírita
5.1.1 Exilados de Capela
É um livro do Comandante Edgard Armond que foi editado pela primeira vez em
1951. Trata-se da imigração de espíritos vindos de outros orbes, especificamente uma grande
estrela da Constelação do Cocheiro que recebeu o nome de Capela ou também conhecida
como Cabra. Estrela essa muitas vezes maior que o Sol do Sistema Solar e de formação
gasosa e de matéria tão fluídica que parece o ar.
A humanidade terrestre é constituída de duas categorias, uma que veio evoluindo
lentamente desde as formas rudimentares da vida na Terra, deixando a inconsciência e
chegando a razão, vindo de raças primitivas. A outra categoria trata-se de seres mais
evoluídos que vieram exilados de Capela, com conhecimentos mais amplos que os habitantes
antigos do planeta, definindo o rumo da civilização
O livro indica três ciclos da história humana, sendo o primeiro tratado pela transição
entre os reinos animal e humano, sendo os corpos adequados às condições de vida no planeta
Terra. A evolução dos espíritos também se procede no plano astral dos espíritos que formaram
a primeira raça mãe. Vindo após a segunda raça mãe e seleção periódica e aperfeiçoamentos
37
etnográficos. Após vem a migração dos espíritos de Capela, gerando corrupção moral e
expurgo da Terra com os cataclismos. O segundo ciclo se dá após os cataclismos e as pessoas
sobreviventes atravessam anos até a vinda de Jesus. E após a morte do Cristo, iniciou o
terceiro ciclo que vem até os dias atuais e encerra no terceiro milênio, onde a humanidade
terrena passará por novo expurgo simbolizado pelo Apocalipse e confirmado por obras
espíritas. Com isso, se iniciará uma nova Terra com uma vida moral mais elevada.
Após o livro aborda a evolução do tipo humano no planeta e elucida o resumo
conforme abaixo:
 Primata (Símios)
 Tipo evoluído de primata (Proconsul) há 25 milhões de anos
 Homo Erectus (Pitecantropus e Sinantropus) há 500 mil anos
 Homo Sapiens (Solo, Rodésia, Florisbad, Neanderthal) há 150 mil anos
 Homo Sapiens Sapiens (Wescombe)
Nessa evolução mencionada no livro, é destacado que o elo entre o animal mais
evoluído e o homem primitivo não existe, exatamente na transição de Home Erectus para o
Homo Sapiens. Esse elo se deu no Plano Espiritual, sendo plasmados pelos Prepostos do
Senhor os atributos humanos, dando a possibilidades evolutivas impossíveis de existirem nos
animais, para atingir o complexo das nossas perfeições biológicas em face das novas
necessidades evolutivas do planeta.
A primeira raça no planeta, desde a chegada dos capelinos, era formada por espíritos
que não possuíam corpos materiais e não encarnaram na Terra. Após se apresenta por já
encarnados que desenvolveram forma. Em seguida vem a raça lemuriana com a descida dos
capelinos, resultando na estabilização do corpo, forma e eliminando a astralidade inferior. A
quarta raça é a de Atlante, que apresentou predomínio da materialidade inferior e poderio
material (toltecas, semitas e acádios, entre outros). A quinta raça é a ariana, com o predomínio
intelectual e chegando até a ordem europeia. Todas as evoluções de raça se dão de forma
gradual, por etapas, permanecendo parcelas das anteriores raças.
Durante o ciclo evolutivo da Terceira Raça, que tinha seu centro na Lemúria, foi
considerada a situação da Terra e a necessidade da imigração de seres de orbes mais
adiantados para esclarecimento e conquista da espiritualidade. E essa imigração foi de
espíritos rebeldes e que não se encaixavam mais nos padrões de Capela, dificultando a
38
consolidação das conquistas daquela humanidade. Essa permuta de populações entre orbes é
um acontecimento que ocorre de tempos em tempos, sucedendo a expurgos seletivos e acima
de tudo, de acordo com as leis divinas.
No plano etéreo de Capela, os milhares de espíritos escolhidos para esse expurgo
foram notificados dessa decisão e a necessidade de habitarem um planeta inferior. Reunidos
aquele grupo de infelizes, estiveram na presença de Jesus para receber os estímulos de
esperança como consolação e o Mestre mostrou os campos de lutas e a caminhada que fariam,
envolvendo a todos com sua misericórdia e caridade, fazendo-os sentir os triunfos do futuro.
As raças adâmicas foram as que vieram do Cocheiro, formando as gerações de Adão. As
encarnações dos capelinos se deu primeiramente nos Rutas, Lemuria e outras regiões do
Oriente.
“Exilados de Capela”, narra importantes acontecimentos da história da evolução da
humanidade com a chegada dos exilados. Faz uma análise de mitos e heróis confirmando
como símbolos da vivência desses espíritos e suas experiências. Também elucida a Gênese
Mosaica com a visão da descida dos capelinos e a significação simbólica de Adão e seus
descendentes.
O estudo continua e narra que os exilados encarnam como selvagens e acabam
deixando-se dominar pelos impulsos inferiores e costumes desregrados dos habitantes
primitivos. Não resistiram aos instintos animalizados da carne. Ao invés de elevarem o padrão
do planeta devido ao maior conhecimento que possuíam, acabaram saturando o mundo com
maldade, corrupção e paixões inferiores. Como consequência dessas escolhas, o continente
afundou-se nas águas. A Lemúria desaparece setecentos mil anos antes da Idade Terciária, e
com esse cataclismo a crosta terrestre sofreu grandes alterações.
A Quarta Raça, com a encarnação dos exilados na Grande Atlântida, se deu no
Ocidente onde os prepostos do Cristo haviam preparado o terreno. Porém mais uma vez as
forças inferiores triunfaram, existindo orgulhos e violência entre seus habitantes. E mais uma
vez ocorreu um grande cataclismo e a Atlântida submergiu. Após há o surgimento da Quinta
Raça, raça mais aperfeiçoada encarnada no orbe terrestre depois de um longo processo
evolutivo. Pertencemos a ela, apesar de existir no planeta representantes da Terceira e Quarta
Raças. Compete a nós o desenvolvimento intelectual e as futuras raças o desenvolvimento da
intuição e da sabedoria.
39
E chegamos aos dias atuais depois de dois mil anos que o Cristo nos deixou suas
lições. Vive-se um período de expectativa ansiosa e dolorosa, devido a não assimilação dos
ensinamentos do Cristo. Segue-se um caminho diferente do que o Mestre deixou, perdendo-se
em maldade e crime, caindo no mesmo erro de tentações e paixões. É chegado o momento de
um novo juízo onde se colherá o que foi plantado e assim como aconteceu em Capela, os que
não se enquadrarem na nova humanidade terrestre serão expurgados para mundos inferiores.
Seguirão o mesmo caminho dos capelinos e terão como tarefa a orientação de humanidades
mais atrasadas para contribuir com a evolução coletiva dessa humanidade. Ocorrerão
profundas mudanças com a verticalização do eixo da Terra, resultando em maremotos,
terremotos, degelos e enfim, alterações atmosféricas se darão. Mas após os dias tormentosos,
a vida humana será formada por espíritos mais evoluídos e mais sintonizados com o Cristo.
5.1.2 Livre Arbítrio
No esforço da evolução a liberdade é do homem, as leis são de Deus. O homem
usando dessa liberdade, traça seus rumos e Deus, pela providência, marca seus limites,
iluminando lhe os caminhos e ampara-o nas suas quedas se a faculdade do livre arbítrio não
existisse, a consciência própria, não teria razão de existir.
Determinismo, fatalismo, destino, acaso, para nós, espíritas, tudo se simplifica com o
simples conceito de que temos liberdade de fazer o que quisermos assumindo, é óbvio, a
responsabilidade de nossa ação.A revelação é progressiva, Deus se revela gradualmente à
humanidade. É necessário que cada coisa venha ao seu tempo. A verdade é como a luz: é
preciso habituarmo-nos a ela pouco a pouco, do contrário seremos deslumbrados.
Nem sempre o que mais agrada aos sentidos alimenta o espírito. Tocado pelo desejo
de conhecer a verdade, como Deus dentro de nós, como força primordial que busca revelar-se
em toda sua grandeza. Provas referentes ao mundo das formas, provas referentes ao mundo do
espírito, provas referentes ao mundo de Deus. Ao fim da luta, integrar-se no conjunto das
coisas.
O espírito é um ser vivente, criação mental de Deus, quando é posto no mundo
material começa a agir numa outra direção, tecendo assim o drama do seu destino. O mundo
da forma desorienta o espírito e o deslumbra. Muito tempo leva para compreender a
verdadeira vida e que a matéria é unicamente uma aliada, uma auxiliar para o espírito
40
exteriorizar-se no mundo da forma, até que se aperfeiçoe. O que mais aproveita nesta vida não
é o que ela oferece de bem-estar, conforto e prazeres que alimentam os sentidos, mais os
sofrimentos, que apuram os sentimentos e engrandecem o espírito.
O uso mais proveitoso e justo que o homem encarnado pode nesta vida fazer do seu
livre arbítrio, é decidir e realizar a sua reforma interior.
5.1.3 Práticas Mediúnicas
O livro reúne seis obras que abordam detalhes e informações sobre a prática
mediúnica e traz orientações sobre o aperfeiçoamento dos processos de intercâmbio com os
espíritos. Podemos considerar este trabalho como legítimo registro de nascimento da Nova
Era do Espiritismo.
Apresentando a descrição dos trabalhos desenvolvidos a partir de 1940: Histórico dos
Trabalhos de Curas Espirituais na FEESP; Curas Espirituais - Métodos Espíritas de Curas;
Trabalhos Práticos de Espiritismo; Mediunidade de Prova; Mediunidade – Tarefa; Novos
Processos de Intercâmbio e Aperfeiçoamento para Curas Espirituais. Estes trabalhos de certa
forma registram a evolução das pesquisas e a descrição dos trabalhos realizados pelo autor.
Esta obra foi editada em 1968 logo após se afastar dos trabalhos por motivos de saúde.
Iniciado em 1940, dentro da organização geral da Casa, as curas espirituais tiveram amplo
crescimento, por se tratar de setor obrigatório das realizações evangélicas do Espiritismo. Os
atendimentos, nos primeiros três anos, foram feitos pelo processo clássico, com preces,
leituras e interpretações da doutrina, entretanto, logo depois, essas sessões se tornaram
insuficientes, por serem adequadas a pequenas sessões, por esta razão em 1944, procederam a
uma organização mais ajustada, com trabalhos independentes, um para cada gênero de
atendimento. Para trabalho de consultas espirituais foi constituído um pequeno grupo de
médiuns que serviu de núcleo. Em 1947 foi criada a câmara de passes, em 1949, foram
criados os trabalhos 1 e 2, o primeiro para atendimento de perturbações ligeiras de 1° grau e o
segundo de perturbações mais graves de 2° grau. Em 1950 a Escola de Aprendizes do
Evangelho foi fundada e logo após criada a Escola de Médiuns.
Em 1957, os atendimentos já bem numerosos, somaram 285.924, esta experiência
demonstrou muitos casos de perturbação material e espiritual não se resolviam com os
41
trabalhos existentes, exigindo doutrinação de Espíritos influenciadores, seja por efeito de
resgate e outros motivos. Em consequência criaram os trabalhos Pasteur3, com especialização
adequada que se destaca por atender números reduzidos de doentes. Em 1959, o movimento
subiu para 263.155 atendimentos.
Todos esses trabalhos foram projetados em entendimento com o Plano Espiritual
Diretor da casa, a cuja frente se encontra, o venerável mentor Bezerra de Menezes.
Em 1967 deixou o cargo de secretário geral, por moléstia e velhice, e com organização
funcionando em plenitude e ótimos resultados.
Curas Espirituais – Métodos de Curas Espirituais: Esta obra foi editada em 1965,
revisada e aumentada pela editora LAKE. Ao tratar de curas, não se refere ás perturbações
que se beneficiam dos processos utilizados pela neurologia, mas sim do setor doutrinário mais
direto e ligado ao espiritismo. Dois fatores relevantes acentuam esse caráter: o número
crescente de reencarnações e a crescente incidência de perturbações principalmente na
população mais pobre, tais fatos acarretam a FEESP a necessidade de uma série de medidas
destinadas a oferecer ás massas sofredoras do povo o agasalho e o atendimento mais amplo,
por meio de seus departamentos de assistência material, médica, odontológica, farmacêutica,
espiritual e intelectual, cujas atividades vêm sendo desdobradas, há vários anos de forma
metódica e progressiva.
As curas espirituais não incluem apenas doenças “espirituais”, também as que tendo
origens espirituais e atingem o corpo orgânico, são doenças orgânicas de fundo espiritual. Na
antiguidade estes dois campos estavam fundidos num só, religião-ciência, desligaram-se; hoje
coexistem e são até mesmo complementares, a ciência acadêmica já admitiu o setor espiritual,
e é quase certo que em um futuro próximo, voltarão a se fundir em um só.
As curas espirituais ocorrem em três campos distintos que devem ser, desde o inicio,
considerados:
1 - Fluidos pesados, de baixo teor vibratório: Naturalmente este campo é o mais amplo
e movimentado no que diz respeito às curas por que os afins se atraem e se completam e
também porque, no mundo espiritual tudo é equilibrado e regulado por leis sábias e justas,
que estabelecem o regime dessas afinidades.
42
2 - Fluidos finos, de uso mais corrente: Emitidos por entidades de maior evolução,
fluídos calmantes, confortantes, curadores vitalizadores com ação ampliada em várias esferas
e liberdade de penetração nas esferas inferiores, pois estes fluídos penetram facilmente nos
ambientes baixos, produzindo alterações benéficas.
3 - Fluidos purificados, de alto teor dinâmico e potencial: Estes fluídos são próprios de
espíritos superiores e de ocorrência mais restrita, estes fluídos não encontram resistência na
matéria densa e produzem nela as alterações anatômicas ou fisiológicas que são necessárias.
Jesus operou cura dessa espécie.
Tratamentos: A medicina oficial limita suas atividades ao campo físico objetivo e
material, mas os estudos e tratamentos sugeridos se referem ao campo da vida espiritual. No
entanto no fundo os dois campos se integram na mesma unidade dinâmica, o corpo espiritual
supera, antecede e independe do corpo físico. Esta obra trata de curas realizadas nas matrizes
do períspirito e que somente depois se reproduzem no corpo denso.
Cromoterapia: No campo das curas o tratamento pelas cores ocupa lugar destacado e é
muito utilizado no plano espiritual. No campo físico, da matéria ou da energia, tudo tem
forma, som e cor e há uma escala vibracional. Em nosso plano material a escala oscila entre o
infravermelho (ondas vibratórias longas na superfície do campo anatômico) e o ultravioleta
(ondas curtas mais profundas)
Mediunidade – Tarefa: O médium é focalizado nos compromissos e responsabilidades
da execução das tarefas e deve preencher os seguintes requisitos:
Ter sido aceito antes da reencarnação para ser posto com desprendimento a serviço
dos semelhantes;
Ser exercício como sacerdócio sobrepondo-se aos preconceitos religiosos e sociais;
Os médiuns que preenchem estas condições são aqueles que executam as tarefas e
desde os primeiros passos manifestam espontânea capacidade de renuncia e sacrifício,
possuem as sublimes virtudes da humildade. Somente os mais amadurecidos espiritualmente
compenetram-se de seus deveres e executam as tarefas com amor, desprendimento e
perseverança.
A tarefa do médium possui três aspectos fundamentais e complementares, que são:
43
1 – Intercâmbio com os mundos espirituais para recebimento de instruções, conselhos
e diretrizes e revelações destinadas a auxiliar a evolução da humanidade;
2 – Orientação das massas humanas em ação intensa no meio social, para a
espiritualização dos seres humanos com a difusão do Evangelho;
3 – Serviço em bem do próximo, como agente do consolador prometido por Jesus.
Nas diferentes esferas dos mundos espirituais menos elevados, as atividades e
movimentos são limitados por diferenças vibratórias, por isso, o intercambio entre habitantes
destes mundos e os espíritos encarnados só se pode dar mediante ajustamentos, com os
primeiros baixando seu teor vibratório até a condição vibratória dos médiuns e estes, elevando
o seu, até atingir a dos espíritos desencarnados. Portanto a menor ou maior capacidade
vibratória dos médiuns depende de suas condições morais, sua purificação e de sua
espiritualização.
5.1.4 Na Cortina do Tempo
Livro que detalha um conjunto de acontecimentos que caracterizaram os últimos dias e
exílio da civilização de Atlântida demonstrando também, como civilizações se propagam e se
perpetuam durante o tempo, entre nações, povos e raças.
Foi focado o aspecto espiritual, sendo narrado os fatos ocorridos nos tempos préhistóricos nos dias que antecederam ao afundamento daquele continente, dando foco ao meio
pelo qual realizou-se a transferência para a região sul da Europa das tradições religiosas e dos
acontecimentos que formaram a civilização atlante e que foram o legado da Quarta Raça Mãe
para as gerações que vieram depois.
Os primeiros agrupamentos humanos tiveram lugar em dois continentes desaparecidos
e cuja existência é até mesmo contestada pela História contemporânea, sendo um chamado de
Lemúria localizada ao sul da Ásia onde encarnou a Terceira Raça, a qual foi a primeira a
habitar a Terra e o outro, a Atlântida, situada no oceano Atlântico, entre a Europa, África e
América atual, onde encarnou a Quarta Raça já mais evoluída que a primeira, apresentando a
constituição humana já completada, tanto na forma física como na psíquica.
44
Os seres humanos da Terceira Raça não possuíam conhecimento religioso, uma vez
que estavam na fase constitutiva de si mesmo, apurando e consolidando as formas do corpo
físico e, somente em circunstancias criticas desencadeado por fenômenos naturais voltavamse a ideia da existência de algo invisível, maior que aquele que tinham sob as suas vistas.
Remanescentes desses povos ainda existem na Índia, África, Austrália e Polinésia, mas em
estado primitivo e incompatível com a civilização do planeta. São considerados bárbaros que
em matéria de religião ainda se encontram na fase primária do totemismo2. A civilização
Atlante adorava o Sol, os astros, os animais e a natureza formando cultos politeístas que os
Protetores Espirituais toleravam até certo limite, conquanto que também existia o culto a um
Deus Único – Átman, chamado de Grande Espírito, divulgado através do trabalho de
Missionários que ali encarnaram por duas vezes: Anfion que criou a fraternidade dos Profetas
Brancos e Antulio, que fundou Escolas de Sabedoria em vários lugares.
Os atlantes multiplicaram-se e estabeleceram-se sobretudo em colônias no leste, as
quais após o desaparecimento do continente, desenvolveram-se e expandiram-se com a massa
de refugiados na zona do atual Mediterrâneo, ao norte da África e ao sul da Europa, formando
núcleos de povos antigos como portucalenses, iberos, celtiberos, vascos, geriontes, os quais
mais tarde, mesclados com os pelasgos (gregos) concorreram com a formação da Europa atual
como também deram raízes etnográficas aos berberes, tuaregues, líbios, núbios e etíopes.
Nos últimos tempos de Atlântida, os conhecimentos espirituais e a crença de um Deus
Único ficou obscurecida pelas práticas de magia negra, por cultos de deuses mitológicos e por
interesses de ordem puramente material. A mediunidade naquela época não surtiu efeito e sua
meta desviou-se para caminhos errados e de perdição. O ódio se multiplicava com ambições
desvairadas, com o uso imoderado de poderes das trevas. Era corrente disputas entre famílias,
tribos, assassinatos e vinganças. Os povos de diversas províncias passaram a aniquilar-se em
guerras de extermínio por influencia de poderes terríveis os quais visavam desviar os homens
dos caminhos retos da evolução espiritual.
2Totemismo é um conjunto de ideias e práticas baseadas na crença da existência de um parentesco místico entre seres
humanos e objetos naturais, como animais e plantas. O conceito refere-se a uma ampla variedade de relações de ordem
ideológica, mística, emocional, genealógica e de veneração entre grupos sociais ou indivíduos específicos e animais ou outros
objetos naturais, que constituem o totem. O termo deriva da palavra ototeman, do idioma dos índios algonquinos, do leste dos
Estados Unidos. A raiz gramatical ote indica uma relação de sangue entre irmãos e irmãs, filhos da mesma mãe, que não
podem se casar entre si. 45
Os sacerdotes do Deus Supremo, julgavam-se impotentes para impor novo rumo as
multidões, ficando muitos deles mancomunados com essas forças de corrupção, passando a
competir uns com os outros pela posse de poderes sempre maiores e assim se entregaram
definitivamente aos poderes das trevas.
Desprezando as advertências do Plano Espiritual, lançaram-se as praticas de atos
condenáveis que abriram caminho a conquista dos templos pelas forças do mal. E quando
enfim, crescendo o perigo, quiseram voltar atrás, já não o puderam fazer, verificando que sua
influencia sobre o povo havia desaparecido.
O fim dessa situação foi o afundamento do Grande Continente, de cujos habitantes 60
milhões morreram no mar e alguns milhares alcançaram as terras que se elevaram a oeste na
América formando os povos maias, astecas, toltecas, incas e outros. Outra parte alcançou a
região norte do globo, mais tarde transformada em zona glacial, a outra refugiou-se nas
colônias atlantes já existentes a leste, e a última parte, salvou-se incólume na província centro
oriental do continente, que não submergiu e que veio a formar-se a Pequena a Atlântida.
No afundamento do Grande Continente um enorme cometa entrou na atmosfera da
Terra, provocando erupções vulcânicas, abrasamentos, incêndios, maremotos, atraindo a
massa oceânica de água a alturas de centenas de metros sobre o nível normal. Tal fato é
conhecido na tradição egípcia antiga como “Mito de Typhon” e na grega, do Faetonte.
Essas ordens de fenômenos que produziram cataclismos fatais não foram ocorridos por
acaso, mas como programação do Plano Diretor Cósmico, o qual visou o afundamento do
continente e o extermínio de grande parte daquela humanidade, pelos motivos anteriormente
expostos.
Efetivado o primeiro afundamento, os seres remanescentes seguiram com a vida,
retomando o seu curso, apagando lembranças, emoções e terror coletivo gerado pela
catástrofe. A Pequena Atlântida sobreviveu e se refez tornando-se o habitat de um grande
povo, tornando-se poderoso e influente no mundo do seu tempo.
Após vários milênios passados desde o primeiro afundamento do Grande Continente, a
Pequena Atlântida aos poucos se tornara uma reprodução exata do que fora a antiga nação,
com os mesmos vícios, os mesmos instintos de violência, dominação, ambições materiais que
pressagiaram o mesmo fim doloroso e inglório.
46
Fenômenos naturais começaram a surgir, como o cessamento de chuvas, aumento de
calor com período de secas terríveis, além do esgotamento de fontes publicas de água, as
quais começaram a sumir a olhos vistos. E então surgiu no céu um cometa que se aproximou
gerando fenômenos oceânicos e ventos ásperos. O disco solar se mostrava sangrento, hostil e
aterrorizador, e nas manhãs notava-se que ele tinha uma cor amarelada com uma luz mortiça e
queimava como fogo.
Foi quando as ultimas fontes de água secaram em todo o país, sobreveio o terror e
desespero e as multidões convergiram a um mosteiro chamado de Astlan o qual encheu-se de
ponta a ponta de homens, mulheres, crianças, sedentos, sujos, desvairados, os quais estavam
assustados com o desconhecido e pelas moléstias que se espalhavam sem haver remédio ou
possibilidade de socorro, morrendo centenas de pessoas por dia. Não havia lugar algum onde
pudessem se refugiar a fim de livrar-se daqueles males. A mais franca anarquia predominou
imperando-se o salve-se quem puder. As vezes que lembravam de realizar preces coletivas,
passando a fazê-las ao ar livre, clamando aos deuses, pedindo socorro, mas blasfemando e
amaldiçoando-os quando não tinha resposta.
Todavia, dentro desse cenário o Mosteiro de Astlan se mantinha em pé, incólume,
funcionando mais ou menos como de costume, atendendo a todos dentro do limite do
possível, oferecendo o consolo da orientação para o significado espiritual e punitivo dos
acontecimentos e recomendando o abandono dos falsos deuses, a volta para o Deus Supremo,
cuja misericórdia era infinita.
Depois de várias invocações vibrantes e incisivas ao Plano Espiritual foi passada a
mensagem através da materialização de um espírito desencarnado estando o sacerdote na
condição de médium doador de ectoplasma, revelando acerca de fatos terríveis como
calamidades dolorosas como castigo da maldade, dos erros, da degeneração dos costumes e do
desprezo do povo as advertências do Pai. Foi revelado acerca do novo afundamento e dando
instruções para ao todo 200 homens para que em determinada data se dirigirem a 7 barcos,
embarcando alimentos iniciando então, a viagem de salvação. Também foi orientado levar os
manuscritos guardados no mosteiro os quais resumem a doutrina religiosa que o Senhor
determinou ser cultuada, mas que até então, estava sendo desprezada. Alguns escaparão das
calamidades, mas foi incumbido a aquele grupo de pessoas preservar o patrimônio espiritual a
47
qual deveria ser transmitida a outros povos, homens e raças em outros lugares do vasto
mundo.
Os arquivos (documentos) retirados do mosteiro de Astlan continham o resumo dos
conhecimentos das coisas sagradas como a origem do mundo, a história da Quarta Raça, as
regras e os ritos do culto atlante, conhecimento sobre arte, agricultura, a fundição de metais,
fabrico de objetos uso, construção de naves, levantamento de edifícios e monumentos, o giro
dos astros, enfim todos os conhecimentos até aquela data incorporados pela humanidade
terrestre.
E assim a orientação foi seguida à risca, assim como outras instruções durante o
decorrer da viagem com base nas situações ou intempéries que apareciam. Através da
orientação do Espíritos também souberam acerca do afundamento e desaparecimento do
continente onde os homens da Quarta Raça tinham nascido e vivido. Também receberem
instruções acerca da direção que deveriam tomar a fim de serem conduzidos a novas terras
aonde deveriam espalhar as sementes da verdade eterna para novos homens.
Cada raça gera uma civilização determinada que com ela passa, sendo substituída por
outra mais evoluída. Contudo, quando o choque entre duas raças se torna inevitável, os
dirigentes planetários interveem, como sempre o fazem, quando a ação dos homens cria
embaraços ou ameaças a evolução da humanidade.
5.1.5 Almas Afins
Esse livro elucida que utilizando convenientemente a mediunidade, estabelecemos
contato com entidades de origem remota, que desempenharam papel destacado na vida social,
religiosa e política de vários países, e reconstituímos suas vidas em determinados períodos ou
épocas, conforme este livro o demonstra.
Ao empreender esta narração, tem-se em vista, além do conhecimento da pré-história,
documentar um dos mais fascinantes aspectos da Lei da Reencarnação, nos seus
entrosamentos com o Carma, que é o nome oriental pelo qual é conhecida a Lei de Causas e
Efeitos.
Os nomes atribuídos aos agentes dos fatos aqui narrados nem sempre são apócrifos:
quando apontam personagens históricas, são verdadeiros e, somente quando se referem a
48
Espíritos conhecidos, com atividades definidas em nosso País, nestes nossos dias difíceis, são
supostos e fictícios.
Do ponto de vista histórico-doutrinário, cabe-nos também focalizar o fato inegável de
que, por mais poderosos que sejam os homens, jamais conseguem impor às massas populares
cultos estranhos ou contrários à sua própria mentalidade ou sentimentos.
Até nos dias de hoje vemos isto. Nos países comunistas, por exemplo, onde governos
totalitários proíbem ou substituem cultos populares antigos por outros, oficializados, não são
estes recusados pelo povo, que se conserva fiel aos do passado, familiares e costumeiros, que
rebentos em terra ressequida, após as mais ligeiras chuvas. Este livro refere-se
particularmente ao velho Egito da 18ª Dinastia.
Um dos acontecimentos que mais profundamente influíram na política interna desse
país, com poderes reflexos no seu prestígio no exterior, como também na sua unidade
nacional, foi aquele que ocorreu no ano de 1383 a.C. _ nos quais se envolveram os Espíritos
Nut, Hrihor, Harneth, Actaor e Aquenaton. O Egito era então um império poderoso, que
estendera seu domínio sobre todas as regiões vizinhas.
Havia uma tríade de deuses. Osíris, Ísis e Hórus, deuses regionais, e um deus nacional,
que era Amon. Este, com o tempo, absorveu o deus Ra, de Heliópolis, formando a dupla
Amon-Ra, culto solar primitivo, exercido por uma poderosa classe sacerdotal, cujo chefe
oficial era o faraó reinante, conquanto o verdadeiro, realmente, fosse o sumo sacerdote, com
assento no Templo de Tebas.
No reinado de Amenhotes III- que antecede um pouco a nossa história__ este
transportou para Tebas o culto solar de Aton, deus considerado secundário, cultuado na tribo
síria, à qual pertencia a rainha Thiy, com quem o faraó se casara e, no décimo ano de seu
reinado, instituiu em Karnac uma festa ritual dedicada a esse deus intruso.
Com sua morte, seu filho Amenhotes IV subiu ao trono, com 17 anos de idade, e levou
ainda mais longe a iniciativa; para neutralizar hostilidades sacerdotais do culto oficial de
Amon, mandou construir no interior do país, em Tel-Amarna, uma nova capital, mudou-se
para ali com a corte, retirou de Tebas o caráter de capital nacional que detinha há mais de 20
séculos e, na nova capital, mandou entronizar Aton como deus nacional, fundando, na mesma
época, o templo de Abidos.
49
Seu intuito era popularizar o culto ao deus Sol, democratizar a vida social, extinguir o
predomínio das classes ricas, sobretudo a sacerdotal, que retinham em suas mãos quase um
terço do território do país, e aniquilar o politeísmo, criando assim o culto de um deus único.
Foi um governante de elevados conhecimentos espirituais. Tinha o nome egípcio de
Anek ao qual, ao oficializar o culto solar, incorporou o sufixo Aton, passando a ser conhecido
como Anek-Aton, transportado para Aquenaton.
O culto que introduzira, na realidade, era o das tradições da antiga sabedoria herdada
da Atlântida, acumuladas em templos antigos e já adotado anteriormente no próprio Egito, em
Heliópolis.
Nesse culto o Sol era uma representação do Deus Supremo, conquanto houvesse uma
hierarquia de deuses populares formando autêntico politeísmo, justamente aquele que
Amenhotes IV visava eliminar e estabelecer o culto verdadeiro.
Não tendo logrado êxito, foi envenenado por interessados poderosos.
Amenhotes era uma reencarnação de Misrain de Tanis, descendente de um dos
fundadores pré-históricos da nação egípcia, exilado da Atlântida por ocasião da morte de
Antúlio, pouco antes do grande afundamento.
Sua decisão, como era natural, desencadeou hostilidades terríveis, com profunda
repercussão na massa do povo, e rebelião de países vassalos que se aproveitam da confusão
reinante para readquirir sua liberdade.
Na sua nova capital, semi-abandonado, Amenhotes IV reinou 12 anos e ali, em
completo ostracismo, morreu com 29 anos de idade, sendo substituído por seu filho Tut,
imberbe, que governou pouco tempo, sendo substituído a seu turno, pelo general Horemhet,
que logo consolidou o culto anterior de Amon, restaurou o prestígio nacional abalado e o
imenso poder do Império no Exterior
As tradições religiosas, herdadas da Lemúria e da Atlântida, foram perpetuadas na préhistória pela fraternidade Kobda e concorreram a produzir as civilizações formadas pelos
povos: sumérios, acádios, egípcios, sardos, samoíedos, dáctilos e outros que habitaram o sul
da Europa, norte da África, Ásia Menor e toda a bacia da Mesopotâmia.
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O culto popularizado dessas tradições era o Sol, que representava o Deus supremo e
único-Aton-palavra da língua tolsteca que se traduzir por “altura”.
O Faraó Amenhotes IV foi no seu tempo o último defensor desse culto que, enquanto
viveu, permaneceu e floresceu no Egito.
Este livro narra acontecimentos sucedidos primeiramente nos continentes afundados
da Lemúria e Atlântida, aos quais são feitas somente ligeiras referências porque o que se tem
em vista, realmente, é focalizar a reencarnação dos mesmos personagens através do tempo, no
Egito, e que hoje sob a bandeira do cristianismo puro, realizam preciosa colaboração
evangélica.
5.1.6 O Redentor
Esta obra do Comandante Edgar Armond nos traz informações acerca da vida,
personalidade, doutrina e os fatos mediúnicos que marcaram a trajetória do Cristo na Terra.
Nos faz compreender ainda mais a importância de Jesus como guia espiritual da humanidade
terrena, reconhecendo o Espiritismo como sendo o próprio Cristianismo redivivo através de
uma pesquisa histórica e uma análise imparcial dos Evangelhos empreendida pelo autor que
nos transporta aos tempos do Cristianismo nascente e nos faz reviver os lugares, a gente e os
costumes onde Jesus viveu, dissertando desde a criação até o calvário.
Já no prólogo, o autor menciona que escrever sobre Jesus trata-se de uma tarefa difícil,
visto que Ele nada escreveu sobre sua passagem na Terra e que, portanto, da totalidade de
informações que existiam, muitas se perderam e dentre as que restaram e foram codificados
pelo erudito Jerônimo, designado por papa Damaso I, somente foram aceitos os evangelhos
que constavam terem sido escritos pelos apóstolos. A estes documentos somente foram
acrescentados detalhes e complementos idôneos para maior compreensão e lógica do
conjunto, sobretudo quando vindos pela mediunidade. Uma condensação deste livro foi
incluída pelo autor na série Iniciação Espírita, sob o título A vida de Jesus com as alterações
que se tornaram necessárias para a adaptação da matéria ao programa da EAE. Muitos foram
os evangelhos considerados não-autênticos denominados apócrifos.
51
Iniciando pela criação, a tradição espiritual do mundo subordina-se aos seguintes
princípios espirituais: O princípio criado gerante, o principio criado criante e o princípio
criado imanente.
Nas religiões: o primeiro princípio é Deus, o segundo é o Filho (são os Cristos) e o
terceiro é o Espírito Santo (o pensamento divino derramado na criação como vida,
inteligência e amor.
Quanto ao nascimento do Messias, as profecias cumpriram-se em quase todos os
detalhes. E o próprio Jesus nos três anos de vida pública fazia questão de enfatizá-las
(profecias), pois deixava claro que elas antecediam sempre acontecimentos relevantes para a
vida da humanidade. O pressentimento dos Reis Magos, o nascimento através de uma virgem,
no caso Maria, sendo que este gerou controvérsias doutrinárias, bem como a natureza de seu
corpo.
Quanto à concepção, se sobrenatural ou natural, conclui-se ou pelo menos aceita-se a
natural, na concordância implícita dos cinco apóstolos: Pedro, João, Tiago, Judas e Marcos. A
respeito do corpo, o próprio Paulo de Tarso, em sua epístola aos Romanos 8:3, diz: “que Deus
enviou Seu Filho em semelhança de carne”. Tratava-se de um corpo de consistência diferente,
densidade menor, de matéria mais pura, de vibração mais alta, adequada a conter um Espírito
de Sua elevada hierarquia. Após a morte física, apresentou-se em corpo fluídico.
Para fugir de Herodes que se via ameaçado pelo Messias nacional, a família de Jesus
inicia um exílio no estrangeiro, havendo versões a respeito do fato, sendo que uma delas foi à
ida para o Egito, com auxílio dos essênios e a outra de que eles o levaram para a Fenícia, onde
permaneceram durante cinco anos. Desde sua infância, Jesus demonstrava ser diferente, com
uma inteligência fora do comum e uma seriedade que constrangia e irritava a todos. No
Templo local causava escândalo, pela pouca idade e atrevimento, quando esclarecia os
ouvintes como uma autoridade sapiente, fugindo as regras de conduta da época ou
esclarecendo e corrigindo interpretações da Tora. Tomado de imensa compaixão por todos
que necessitavam, sempre deixava claro que a fé e o amor eram os ingredientes principais das
curas.
Naquela época, existiam diferentes seitas que influenciavam na vida da Nação: os
Fariseus (criam na imortalidade da alma e na ressurreição, eram considerados os verdadeiros
judeus e melhores cultuadores e interpretes da Tora), os Saduceus (negavam a imortalidade da
52
alma e a ressurreição, ricos assumiam os mais altos postos da administração e da sociedade),
os Zelotes (tinham influencia ocasional) e os Essênios. Estes viviam afastados do mundo,
exigiam a reversão dos bens pessoais à ordem, por parte de quem desejasse ingressar nela.
Praticavam a caridade e tinham como premissa amar a verdade e jamais criticar ou
acusar alguém, mesmo sob ameaça de morte. Nesta obra, cogitasse a possibilidade de Jesus
ter vivido parte da sua juventude aprendendo e tendo a proteção dos essênios, num período
que vai dos doze aos trinta anos.
João Batista, reencarnação de Elias, confirmado por Jesus e que de acordo com as
escrituras, precederia o Messias. Este batizava e pregava a palavra de Deus, sendo corajoso e
preparando as multidões para a chegada do Mestre. A aproximação de João em Betabara era o
sinal para Jesus de que sua hora também chegara, abandonando sua casa em Nazaré e partindo
ao encontro dele. Este foi batizado como todos os outros para que se cumprissem as escrituras
e deste momento em diante tornou-se integralmente apto para a realização de sua tarefa na
Terra. Dar-se a partir de então a formação dos doze discípulos que correspondiam o número
de tribos de Israel.
Aos 31 anos, após o milagre de Caná, Jesus resolveu peregrinar com seus discípulos
até Jerusalém. Já como rabi, depara-se no Templo com o escândalo das contravenções
sacerdotais e se mostra contra aquela situação chamando a atenção de todos ao expulsar os
traficantes com uma corda sendo agitada no ar.
Os Rabis eram os verdadeiros condutores do povo e detinham em suas escolas a maior
quantidade de discípulos, que além de os servirem se instruíam, aprendendo sobre as regras e
normas ditadas pela ciência daquela época. Nicodemo foi o único rabi de maior projeção que
defendeu Jesus.
Repudiado na Sinagoga de Nazaré após ter mencionado ser o ungido a qual as
escrituras se referiam, Jesus abandona a cidade indo para Cafarnaum, que se tornou o centro
de suas andanças e pregações. Na sequencia, ocorre a morte de João Batista que acusava de
adultério Heródes e Herodíades, sua cunhada além de pregar sobre a vinda do Messias e a
pedido dela foi preso e após dois anos, decapitado. João Batista resgatava com sua morte as
culpas de Elias cometidas há séculos antes.
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Os trabalhos de cura realizados por Jesus na Galiléia eram regados energias. Quando
Jesus realizava suas curas um halo de luz ou de fluídos fortíssimos o envolvia. Grande poder
magnético irradiava dele e se expandia ao seu redor e muitos se curavam somente ao entrar
em contato com sua áurea poderosa ou tocando em suas vestes.
A forma como Jesus conduzia seus seguidores incomodava o Sinédrio que o tratava
com hostilidade. Daí surge a passagem onde não oferecem água para higiene de suas mãos e
pés, e Jesus parte o pão assim mesmo, escandalizando a todos onde o Mestre diz: “Não é o
que entra pela boca que faz dano, mas o que sai dela! ” Sempre utilizando as situações como
ensinamentos, eis que nesse momento adentra o recinto Maria de Magdala, hetária mais
influente de toda a palestina, que repudiando o ato com Jesus pelo Sinédrio, lava seus pés com
um frasco de óleo perfumado e limpa-os com seus cabelos, fazendo com que os presentes
divulgassem entre si que estava sendo homenageado por uma prostituta, aumentando os
rumores de que curava por inspiração de Satã. Julgado como transgressor da lei, muitos
discípulos se afastaram. Sabendo disso, Maria sua mãe foi com alguns de seus filhos atrás de
Jesus com o intuito de trazê-lo de volta e chegando, Ele foi avisado de sua chegada e
estendendo o braço aos que o escutavam respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles
que fazem a vontade de meu pai. Que creem em mim e seguem meus ensinamentos”,
querendo dizer que as únicas ligações verdadeiras e permanentes, são as que ligam as almas
entre si e não os corpos físicos.
Os seguidores de Jesus ”Os quinhentos da Galiléia”, quando a situação tornou-se
perigosa, reduzida para setenta e dois e por fim, a doze que Jesus consagrou.
Comandante Edgar Armond narra a cena do Tabor onde Jesus sobe para orar e pede
que Pedro, Tiago e João permaneçam ali, e eles viram quando um grande esplendor envolveu
Jesus, o qual mostrou-se acompanhado de Moisés e Elias, um de cada lado.
Quanto às parábolas, forma esta que Jesus utilizava para grande parte de seus
ensinamentos, chama a atenção não ter feito nenhuma a respeito de pesca e peixes, de que
vivia rodeado, exceto referências feitas na pregação.
Como Jesus sabia que se aproximavam os dias derradeiros, dedicou-se mais
diretamente a instrução pessoal dos discípulos. Saindo da Galiléia, foi para Cesaréia, e por ser
pobre e rodeado de pobres, não era considerado o Messias. Assim retorna a Jerusalém onde
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seria morto pela mão dos homens e aqueles que desejassem serem seus discípulos, que
renunciassem a si mesmos, tomassem cada um à sua cruz e o seguissem.
Do capítulo 38 ao 44 (final), o autor nos relata o enceramento da tarefa planetária de
Jesus, realizando a última ceia com os discípulos, sendo preso, condenado a morte e toda a
trajetória de seu sofrimento até o calvário, onde em agonia, pede perdão a Deus aos seus
algozes, pois não sabiam o que estavam fazendo.Percebe sua mãe, Maria de Magdala, Maria
Cleofas, além de João e Tiago. Sentindo que o momento final chegara, Jesus exclamou: “–
Pai, faça-se a tua vontade e não a minha”. Em um último esforço ergue a cabeça e murmura:
“Tudo está consumado”.
Conforme havia dito, ao terceiro dia ressuscitaria e assim aconteceu, ficando quarenta
dias entre eles. O livro narra que o sábado foi transcorrendo lentamente, mas a noite, um
grupo de essênios chefiados por Arimatéia, seguiu secretamente para o horto, penetrou na
gruta por uma abertura existente nos fundos e foi então iniciado um estranho cerimonial:
preces apenas murmuradas e prolongadas concentrações, até que aos poucos, o sepulcro foi
sendo envolvido por uma névoa leitosa, dentro do qual, brilhou violenta fulguração vinda de
cima, que desceu sobre o corpo e o consumiu, restando ali sobre a laje de pedra somente o
lençol que o envolvia. Apareceu para Maria, ainda na forma fluídica, onde pede para não ser
tocado. Para dois discípulos (dos setenta e dois que consagrou em Jericó) apareceu
materializado, bem como, por duas vezes, a vários dos doze, onde autoriza Tomé tocá-lo para
confirmar que ressuscitara.
Antes de retornar a pátria espiritual, deu-lhes novas instruções, recomendando que se
espalhassem pelo mundo difundindo seus ensinamentos, e prometendo que jamais os
abandonaria. Em seguida, levitou-se para o céu e desapareceu. Para esclarecimento dos
discípulos que estavam assombrados, dois anjos disseram que Jesus retornaria e permaneceria
conosco para sempre.
João Evangelista encerra a narrativa dizendo que se tudo o que Jesus fez fosse escrito,
nem no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevesse, porque as consequências morais
do que Ele fez como Messias, quando aceitas, encherão o mundo de felicidade.
Na conclusão desta obra, temos as considerações do autor acerca da negação dos
materialistas a respeito da morte de Jesus na cruz. O Mestre não permanece em templos de
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pedra, mas sim onde o Evangelho é testemunhado com renúncia e sacrifício. Também faz
questão de deixar reverências as figuras dos discípulos, na pessoa de Nicodemo, os apóstolos
e principalmente aos essênios que nem foram santificados pela simples lembrança nos
evangelhos. Assim dizendo: “.... Por isso aqui lhes deixamos nossa modesta, mas reverente
homenagem”.
5.1.7 Passes e Radiações
Este livro escrito em 1950 com métodos espíritas de cura, foi escrito depois de uma
decisão no Congresso de Unificação da Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1947 e
tem como objetivo esclarecer e padronizar a aplicação de passes e rotina dentro das casas
espíritas.
Não diminuindo o valor e utilidade de passes aplicados até então sem esta
padronização, o livro traz a importância do esclarecimento do médium no que diz respeito ao
conhecimento da anatomia do corpo humano, as influencias cósmicas e primarias, e a
responsabilidade de ser um bom intermediário neste intercambio.
Com informações básicas e fundamentais sobre a estrutura física do corpo humano e
seus plexos, do corpo etéreo e seus centros de força, da energia primaria vinda do centro da
terra, da energia cósmica, fluídos e radiações, mostra de maneira simples a importância deste
conhecimento para um trabalho com mais eficiência.
Esclarecendo o que são os passes, seus diferentes nomes, movimentos e utilidades,
mostra a importância de sua padronização.
O livro também instrui como o médium pode ser mais útil utilizando estas
informações, tendo um bom comportamento moral e cuidado de seu corpo físico e ainda
mostra como deve ser a rotina de funcionamento padrão dentro de uma casa espírita.
5.2 O Hino dos Aprendizes do Evangelho
O Hino dos Aprendizes do Evangelho, obra do Comandante Edgard Armond, é
utilizado nas Escolas de Aprendizes do Evangelho. Segue abaixo o Hino:
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“Pai Celeste, Criador
Fonte eterna de Bondade
Auxilia-nos Senhor
A conquistar a Verdade
Abençoa o nosso esforço
Para o Teu reino atingir
Dá-nos Pai a luz que aclara
Os caminhos do porvir
És a Glória deste mundo
És a Paz e a Esperança
És a Luz que não se apaga
És o Amor que não se cansa
Dá-nos forças para sermos
Os arautos do Teu Amor
Testemunhos verdadeiros do
Evangelho Redentor
Testemunhos verdadeiros do
Evangelho Redentor. ”
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5.3. As obras sobre a vida do Comandante Edgard Armond
Segue abaixo a relação de obras que abordam a vida do Comandante Edgard Armond:
 Edgard Armond, meu pai
o Autor: Ismael Armond – Editora Aliança
 Edgar Armond, um trabalhador da Seara Espírita
o Autor: Ismael Armond – Editora Aliança
 No tempo do Comandante - Edgard Armond e o espiritismo em época de
revolução
o Autor: Edelso da Silva Junior – Editora Radhu
6 ENTREVISTAS
Neste capitulo serão apresentadas as entrevistas realizadas com pessoas que tiveram
contato com Edgard Armond durante sua encarnação, contendo as perguntas realizadas e as
respostas dadas.
6.1 Entrevista com Sr. Ismael Menezes Armond
Ismael Pereira Armond, filho caçula do Comandante Edgar Pereira Armond, hoje com
81 anos, casado com Dona Maria Luiza. Foi companheiro do pai em sua infância,
acompanhando-o junto ao quartel e a Federação Espirita do Estado de São Paulo (FEESP).
Teve exemplos maravilhosos do pai, que marcaram sua vida. Em 2000, fundou o Centro
Espírita Missionários da Luz, na cidade de Lorena, interior de São Paulo, onde é servidor do
Cristo até hoje.
1) Bom Senhor Ismael conte-nos sobre sua relação com o Comandante?
Ismael: “Essa é uma relação que eu até hoje eu não entendi muito bem, porque afinal
de contas foi um merecimento muito grande de nascer nessa família, afinal de contas
participar da vida dele, acompanha-lo durante o tempo que vivi com ele, e aprender o que
aprendi com ele, é algo que foi uma dádiva, e eu ate agora não consegui entender muito bem
de onde é que veio este merecimento para esta oportunidade, de modo que o aprendizado com
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ele foi uma coisa fantástica. Meu pai nunca me obrigou a fazer nada, sempre mostrou o
caminho, decisão sempre coube a mim , desde a minha formação, eu estudei em colégio
católico, depois passei fiz o ginásio em Colégio Protestante, Colégio Batista Brasileiro,
porque ele foi escolhendo diretamente os pontos de onde achava que era necessário que eu
tivesse conhecimento, para poder depois tomar decisão que eu quisesse, as escolhas das coisas
sempre foi minha, ele sempre me dizia, “olha você pode fazer assim ou pode fazer de outra
maneira”, mas a decisão sempre era minha , a recomendação ele dava , o conselho ele dava,
mas a decisão era minha e as consequências quem assumia era eu . Nada mais do que aquilo
do que a nossa doutrina nos ensina como meio de vida, é isso. Ele trabalhava muito, tinha os
períodos que ficava praticamente isolado, quando ele escrevia a gente sempre procurava não
atrapalhar, mais estava sempre à disposição nossa, para o que precisava. Eu tive um período
de infância muito ligado a ele, acompanhei a ele durante muitos anos, em todas as idas dele
para a Federação para trabalhar, no período de férias também estava sempre com ele, depois a
própria idade faz com que a gente vai se afastando, foi um período em que eu perdi a
oportunidade de estar junto dele, mais que o tempo que eu tive junto com ele foi um grande
aprendizado”.
2) Qual o perfil que o senhor falaria dele para nós?
Ismael: “Uma pessoa extremamente disciplinada, que nunca vi meu pai
desequilibrado, nunca, ficar nervoso, se aborrecer, essas coisas assim, eu nunca vi, ele sempre
estava equilibrado, ele sempre estava tranquilo, sempre com cabeça no lugar, tendo a palavra
certa, em todos os momentos por isso que eu digo foi uma dádiva muito grande conviver com
ele”.
3) Qual era a postura dele diante da vida?
Ismael: “Eu nunca vi meu pai reclamar de nada, eu me lembro que na época ele estava
doente, com câncer, que a gente revezava, eu e meu irmão para dormir com ele, a minha mãe
passava o tempo todo com ele, então a gente tinha que revezar pelo menos a noite, para ela
poder dormir, e ele tentava enganar a gente para não tomar o remédio da dor, e a gente
enganava ele dando o remédio da dor dizendo que era para outra coisa, porque a gente via que
ele na hora que não conseguia mais ficar acordado, ele dormia, ele gemia, foi as únicas horas
que a gente via ele gemer de dor, ele gemia quando estava dormindo, então os primeiros dias
a gente percebeu, e ai passamos escondido a dar remédio pra dor, para que ele pelo menos
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pudesse dormir , descansar, então por ai você vê, como era o tipo de pensamento que ele tinha
da vida, uma pessoa que realmente conseguiu colocar em pratica os ensinamentos do Mestre
com certeza”.
4) Na sua opinião como era a dedicação do Comandante na Federação, na Escola?
Ismael: “Na Federação, ele desde que começou a trabalhar na Federação, isso eu me
lembro eu era garoto devia ter meus 07 , 08 anos ele ia para a Federação passava a tarde
inteira lá, dedicação era exclusiva a Federação, que de manhã ele estava em casa, e a noite
também, a não ser quando a noite ele tinha algum trabalho na Federação, que precisasse ir
para lá, mas a dedicação especifica a Escola, maior exemplo é que desde que a Escola foi
criada ele participou a primeira turma como aluno e como expositor ao mesmo tempo, que
alias todos os que foram alunos foram expositores da EAE na Federação, de quando da
criação da Escola todos eram alunos também, então, a dedicação para a Escola foi uma as
coisas , das grandes criações no período em que ele teve como Secretario Geral na Federação,
foi trabalho desenvolvido por ele com orientação do plano espiritual, Dr. Bezerra que era o
mentor dirigente espiritual
da Federação, de todo o período que ele esteve lá, dava
orientações seguidas para que como as coisas deveriam ser conduzidas, como as orientações
no sentido de fazer qualquer tipo de alteração que se fizesse necessário, então, ele seguia
religiosamente de dentro da disciplina que sempre norteou a vida dele, conduzia aquilo com
muito amor”.
5) Como era a rotina dele? O senhor participou de algum projeto junto com ele?
Ismael: “Não participei de nenhum projeto junto com ele, porque nós não tínhamos
nem condições, primeiro que era garoto na época, que já tinha mais idade ele também já
estava mais doente se afastando da Federação , mais o trabalho dele em casa de manhã, ele
ajudava e cuidava das coisas da casa, nos momentos que ele tinha de descanso, momentos
sem atividade , ele ia escrever, e a tarde era na Federação o tempo todo, e a noite quando ele
não estava na Federação, ele ia em casa também para escrever, era um rotina bem sempre a
mesma. Porque, além dos livros ou antes até de escrever os livros, ele começou a redigir os
opúsculos, que era impressos e distribuídos na Federação, porque naquela época quando ele
começou na Federação em 1940 , na época não existiam obras espíritas para serem adquiridas,
o Chico tava começando ainda a publicar as obras, raros eram os livros que a gente conseguia
encontrar, tinha a dificuldade difundir o conhecimento da doutrina, era exatamente esta falta
60
de textos que pudessem ser distribuídos para o povo que ia para a Federação, então ele
começou a redigir esses opúsculos, que no fim depois foram agrupados e participaram dos
livros, que depois foram impressos. Mais que naquela época inicial esses opúsculos eram
impressos e distribuídos gratuitamente para os frequentadores da Federação, nos domingos ou
nos dias de tratamento através do passe”.
6) Qual virtude que o senhor citaria como destaque da personalidade do
Comandante?
Ismael: “É difícil selecionar uma virtude que eu, ele era extremamente sincero e
humilde, não tinha nenhuma aparência de orgulho, de vaidade, uma pessoa extremamente
simples, é difícil de falar”.
7) O senhor compartilhou algum momento decisivo na vida do Comandante?
Ismael: “Eu compartilhei um momento decisivo na vida dele, porque enquanto ele
ainda estava trabalhando na Força Pública, eu já naquela época, eu o acompanha mesmo
quando ele ia no quartel, muitas vezes ele me levava, e nos sofremos um acidente de carro
juntos, em que ele perdeu o movimento das duas pernas, e eu sofri quase que uma degola,
quebrei o para-brisa do carro com a cabeça e cortei a língua, e fomos juntos para o hospital e
foi dai, a partir dai que ele foi aposentado em consequência da incapacidade física, que
permitiu que ele se dedica-se a vida integralmente a Doutrina Espírita”.
8) O senhor recorda de alguma passagem que nos demonstre o comprometimento do
Comandante com a Doutrina?
Ismael: “Olha, a vida dele era a Doutrina, é difícil saber um ponto onde algum
acontecimento especifico, a vida dele era a Doutrina”.
9) O senhor participou de alguma aula da EAE ministrada por seu pai?
Ismael: “Infelizmente não”.
10) Quais as lições ele ensinou na pratica sobre o viver cristão?
Ismael: “Você diz isso dando, nas aulas da escola”?
11) Não, mesmo na família.
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Ismael: “Era a vida era um ensinamento, a vida é um ensinamento, a maneira da gente
se conduzir, a maneira da gente enfrentar as dificuldades antes todos, os conselhos eram
realmente orientações de uma vivencia cristã”.
12) Qual o senhor acredita ter sido a grande contribuição do Comandante com a
Doutrina Espirita?
Ismael: “Foi exatamente realizar as alterações que a Doutrina precisava sofrer segundo
as orientações do Plano Espiritual Superior, que aconteceram a partir de 1940, visando a
prevalência do espiritismo”.
13) Tem algum detalhe do Comandante que o senhor gostaria de contar, além do que
esta no seu livro?
Ismael: “Tem uma passagem interessante que aconteceu depois do desencarne dele, e
a minha mãe sempre dizia para ele que tinha duvidas que tudo aquilo que ele falava realmente
iria acontecer, que era verdade, e ele disse a ela que um dia iria dar uma prova desse
acontecimento, que as coisas eram como ele dizia. E passado não sei quanto (tempo), uns dois
ou três anos, Malu (esposa) diz que passou uns 03 anos. Três anos depois do desencarne dele,
ela morava em um apartamento, e nesse apartamento que ele tinha, ultimo lugar que ele
morou também, quando ele desencarnou tinha saído desse apartamento para o hospital, é
lógico foi de ambulância, porque ele estava passando muito mal, e foi de pijama, e ele
desencarnou neste hospital, e ela pediu para meu irmão viesse pegar roupas para que fosse
colocado no corpo dele para o enterro, e ele veio no armário pegou cabide que teria um terno,
só que quando chegou lá no hospital foram ver que a calça tinha caído do cabide e só estava o
paletó , para não perder tempo eles cobrem de flor ele foi enterrado com a calça de pijama
coberta de flores, o paletó, camisa, gravata tudo direitinho. Nesse armário logo depois que ele
desencarnou a minha mãe pegou todos os ternos, as coisas dele e doou, e viu que realmente no
chão do armário tinha caído uma calça, e meu irmão pegou e levou para o quarto dele.
Passados alguns anos houve um problema na parte superior deste armário embutido, e tinha
um boiler do aquecimento central do apartamento, e deu um vazamento, e ela teve que tirar
tudo de dentro do armário, no tirar tudo de dentro do armário, ela encontrou um cabide com o
paletó ai chamou meu irmão e pediu ir ver se a calça batia, foi lá pegou a calça, era a calça do
paletó, ai ligou para todo mudo feliz da vida, “ele se lembra de mim”, foi a grande alegria
dela , lembrou dela e cumpriu a promessa . Esse é o fato.
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14) Agradeço muito ao Senhor, por sua hospitalidade, por ter recebido a gente, o grupo
Bezerra de Menezes agradece junto com a gente, assim que tiver tudo pronto a
gente manda tudo para o senhor muito obrigada.
Ismael: “Eu é que agradeço vocês, principalmente por estarem ainda lembrando da
personalidade do meu pai, realmente ele, o trabalho que ele realizou, e que a gente admira
hoje, não pelo trabalho em si, pela consequência que e são os frutos que a gente encontra, isso
é uma demonstração vocês vieram de São Bernardo do Campo lembrando dele, eu estou aqui
em Lorena fazendo o trabalho de coisas que ele criou para a Doutrina, e para nós encarnados
que estamos aqui aprendendo as custas e trabalhando, daquelas orientações que corresponde a
dedicação dele, então eu agradeço vocês de se lembrarem dele.
6.2 Entrevista com Diógenes Brasilino - 78 anos – nascido em 05/05/1937
1) Conte-nos sobre sua relação com o Comandante Edgard Armond?
Diógenes: “Eu comecei a frequentar a Federação Espirita em 1960, quando cheguei do
interior de SP e morava em uma rua paralelo ali a rua Maria Paula, onde estava instalado o
primeiro prédio da FEESP e ai ali perto eu olhei, nossa, aqui é a Federação, e eu tinha um
irmão mais velho que ate hoje tenho ele vivo ainda, ele era filiado ao circulo exotérico
comunhão do pensamento, e ele recebia mensalmente a revistinha do pensamento, e eu nesta
idade eu tinha 16 para 17 anos, eu ia até o quarto dele e começava a folhear aquelas revistas e
gostar daquelas mensagens espíritas aquelas coisas toda, ai vim para SP conforme já disse no
endereço ali perto da Federação, eu falei não, Federação é aqui? Puxa deixa eu ir lá visitar.
Comecei a ir lá aos domingos assistir as palestras que era as 10h30 ate as 11h30, e ali
conheci ate pessoas que era do interior, que era amigo do meu pai, e com isso dai dei
continuidade.
Durante a semana tinha reuniões as quartas feiras que era dirigido pelo Dr. Luiz
Monteiro de Barros, um que era médico alopata do Hospital das Clinicas, alopata não
homeopata do Hospital das Clinicas, e era junto do orador Dr. Ari Lex que era neurocirurgião
também do Hospital das Clinicas, e lá nas quartas tinha esta reunião que era de doutrinação e
o médium incorporava e era um incorporador do Dr. Comandante Edgard Armond. E com
isso daí no final da palestra havia a incorporação a doutrinação, e passei a amar aqueles
63
trabalhos de quarta-feira, e passei a frequentar todas as quartas feiras junto a FEESP, e com
isso daí fui me integrando mais, conheci grupos de trabalho voluntario, essas coisas até que
passei a frequentar, que era a Campanha Auta de Souza, que era realizado aos domingos, era
uma folga por mês; ai então encontrei aquelas pessoas de mais idade, admirava com a idade
nova eu estar no meio deles, perguntavam que estava fazendo aqui, você é tão jovem ,o que é?
Você não tem família? É difícil a gente ver uma pessoa assim. Eu gosto, eu quero fazer, e
passei a fazer a campanha Auta de Souza, para angariar fundos para levar para a assistência,
lá no início da Casa Transitória, situado na ponte da Vila Maria, na rodovia Presidente Dutra,
no início ali, e com isso daí me inteirei dentro dos trabalhos da FEESP, assim foi, e conheci
de perto as palestras Dr. Comandante Edgard Armond, e passei admira-lo, e ia nas reuniões,
depois que acabava a palestra, eu aproximava dele, admirava ele, super ídolo para mim.
Gostava demais de ouvir os comentários, ele incentivar precisa ter conhecimento do
que se faz, e não pode ser assim, pular de cabeça nas leituras, nos livros, e ter conhecimento
da doutrina, e foi ai que ele começou, e já vinha na década de 50 organizando as escolas,
para o curso de evangelização, e conhecimento do evangelho e ai começou, bom
nos
precisamos ter curso, precisamos programar direitinho, fazer a iniciação, depois a preparação
depois do inicio da escola do evangelho primeiro ano, segundo e assim por diante. Eu passei
a frequentar na época, de depois com o tempo eu me afastei da Federação, e bom tempo fora,
com o tempo senti falta de voltei, aí comecei, dei início a fazer curso de espiritismo, lá na
federação na Rua Santo Amaro, na rua Maria Paula e assim foi, fiz um tempo, e com o tempo
desapareci de novo”.
2) O Senhor lembra quando, onde e quais as circunstancias que o Senhor conviveu
mais com ele?
Diógenes: “Foi no início de 60 até 65, 66 por aí, foi aonde não, só nas palestras de
domingo, nas reuniões nas quartas-feiras, era onde eu mais integrava ali, era uma maravilha
para mim assistir aqueles encontros ali”.
3) Qual era o perfil dele?
Diógenes: “Eu o admirava muito, porque era uma serenidade era uma, não rejeitava
uma pessoa que vinha até ele tirar informação, aquelas coisas toda, eu ficava de boca aberta
admirando isso, dai ele era muito simpático demais, embora esse período que ele viveu na
Força Pública de SP, que ele batalhou na construção da Rodovia dos Tamoios, ligando
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Ubatuba com Caraguá, aquele litoral Paulista quase chegando o RJ, nesta época ele não
frequentava ainda o espiritismo, ate que um determinado tempo ele foi chamado por um
amigo dele para uma reunião espírita, onde ele começou a ter o conhecimento, eu não se isso
foi por volta de 49 mais ou menos por ai, conforme o próprio filho dele já acertou isso em
livros que ele escreveu, ai então que ele começou a gostar e passou a trabalhar na Doutrina”.
4) Qual era a postura dele diante da vida?
Diógenes: “Era muito firme demais, ele tinha vasto conhecimento, amigos também de
outra educação que gostava de diálogo com ele, aquela coisa toda, então essa parte aí foi
excelente”.
5) Na sua opinião como era a dedicação do comandante?
Diógenes: “Ele era incansável, um batalhador mesmo, eu ficava pasmado de ver o
trabalho dele, a dedicação dele, querendo de qualquer maneira o pessoal tem que saber o meio
que ele esta lidando, então ele começou a batalhar em cima desses cursos aí, conhecimento
geral do que era o espiritismo, e não ir lá assistir o trabalho, sair de lá com dúvidas, aquela
coisa toda, essa foi a base do ensinamento do curso espírita”.
6) Como era rotina dele, participou de algum projeto junto com ele?
Diógenes: “Não participei”.
7) E como ele era como líder, era um bom líder?
Diógenes: “Era, sempre foi um bom líder, mesmo tendo outro dirigindo, ele fazia
questão de participar e dar a orientação em conjunto com aquelas pessoas que liderava
mesmo, participava de um trabalho com eles”.
8) Qual a virtude você citaria com destaque da personalidade do Comandante Edgard
Armond?
Diógenes: “E isso que eu tenho dito, ele era incansável na batalha do espiritismo, para
que o povo tomasse ciência, e conhecimento real, que vinha ser esse, conforme disse, que
viria um Consolador que iria explicar para melhor a nossa vida aqui na terra, os melhores
ensinamentos por exemplo”.
9) O Senhor compartilhou algum momento decisivo na vida do Comandante?
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Diógenes: “Não participei”.
10) O senhor se recorda de alguma passagem de nos demonstre o comprometimento
do comandante com a doutrina?
Diógenes: “Não, é que nesta época muito jovem, ficava mais vivenciar aquele lado
meu da juventude, e não encarava firmemente como hoje já encaro o espiritismo”.
11) Como eram as aulas do comandante, o senhor chegou a ter aulas com ele?
Diógenes: “Não. Só mesmo palestras e os trabalhos de incorporação”.
12) Quais as lições ele ensinou na pratica, sobre o viver cristão?
Diógenes: “Muitos trabalhos”.
13) Qual você acredita ser a grande contribuição do comandante com a Doutrina
Espírita?
Diógenes: “Para mim o Comandante a contribuição dele foi relevante não tem outra,
porque até mesmo quando ele deleitava alguns livros espíritas, ficava meio indeciso, meio no
ar os ensinamentos que ele falava, que devemos aprender, que devemos ter um curso, que
pudesse orientar mais o pessoal que frequentava a doutrina, aí então eu não tinha outra saída,
isso aí que eu sempre admirei nele foi onde ele batalhou mais tinha que ter isso”.
14) Era só isso que a gente queria, o senhor tem alguma coisa para acrescentar sobre
o Comandante?
Diógenes: “Com o tempo eu mudei daqui de SP para o interior, e afastei, não tomei
mais conhecimento de nada, quando chegou que eu nem soube da passagem dele daqui da
terra para o lado espiritual, depois com o tempo, fiquei sabendo junto daqueles amigos que eu
tinha na época , que foram poucos que quando voltei, encontrei esporadicamente lá dentro da
salão na Federação aquele grupo, aquela coisa, aconteceu isso o Comandante faleceu em tal
época assim, assim, foi aonde tendo o conhecimento não cheguei a acompanhar de perto isso
ai”.
15) Está bom, então é só isso. Obrigada.
66
7 CONCLUSÃO
É percebido nesse trabalho, a grande contribuição que o Comandante Edgard Armond
ofereceu ao Espiritismo.
Recebeu uma missão, através da Espiritualidade, que lhe pediu energia e disciplina e
lhe garantiu apoio sempre, na edificação do bem.
Com seu trabalho e esforço, foi possível criar um caminho de maior divulgação do
Espiritismo, através da estruturação da Federação Espírita do Estado de São Paulo, das
Alianças formadas para compartilhar e padronizar as atividades espíritas, e na grande proposta
de transformação interior, intuito maior da Escola dos Aprendizes do Evangelho.
Para o Comandante Edgard Armond, a grande Transição para a Vida Maior
provavelmente significou tão somente a continuidade de uma extensa folha de serviços ao
Divino Mestre, pois o comandante permanece em plena atividade no trabalho redentor.
Desencarnado, 10 anos mais tarde, recebeu a direção da Fraternidade dos Discípulos de Jesus
no Plano Espiritual, tornando-se o seu venerável.
7.1 Recomendações para trabalhos futuros
Um estudo sobre o Comandante Edgard Armond com foco em sua atuação no Plano
Espiritual.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARMOND, Edgard. Guia do Aprendiz, São Paulo: Editora Aliança 1971
ARMOND, Edgard. Métodos Espiritas de Cura, São Paulo: Editora Aliança
ARMOND, Edgard. Na Cortina do Tempo, São Paulo: Editora Aliança,1962
ARMOND, Edgard. O Livre Arbítrio, São Paulo: Editora Aliança,1979
ARMOND, Edgard. O Redentor, São Paulo: Editora Aliança,1950
ARMOND, Edgard. Os Exilados de Capela. São Paulo: Editora Aliança, 1951.
ARMOND, Edgard. Passes e Radiações: Editora Aliança,1950
ARMOND, Edgard. Praticas Mediúnicas, São Paulo: Editora Aliança
ARMOND, Ismael. Edgard Armond, meu pai. São Paulo: Aliança, 2015.
Blog
da
Casa
Espírita
Edgard
Armond.
Edgard
Armond.
Disponível
em:
http://edgardarmondabc.blogspot.com.br.
Caminhos Luz. Bibliografia de Edgard Armond. Disponível em:
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EAE - Escola dos Aprendizes do Evangelho, Iniciação Espiritual: Casa Editorial Maluhy &
Co
Editora Aliança http://aliancalivraria.segurancanacompra.com.br
Fonte: Livro "No Tempo do Comandante Edgard Armond e o Espiritismo em Época
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GUARIENTE,
Marcio.
Blog
do
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Disponível
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http://blogdomarcioaugustoguariente.blogspot.com.br. Acesso em: 21 jul.2015
http://planetaazul.ning.com/m/blogpost?id=6441502%3ABlogPost%3A1067334
Jornal O Semeador – FEESP http://feesp.com.br/revista-o-semeador
Jornal O Trevo – Aliança Espirita Evangélica e Fraternidade dos Discípulos de Jesus
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JUNIOR, Edelso. Entrevista com Jacques Conchon – Memorias de Edgard Armond.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=OfAK-Tmqo0g. Acesso em: 22 jul.2015
Mensagem de Bezerra de Menezes para Edgard Armond (em 12 de maio de 1958) na qual
revela como a Federação
Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) era organizada no Plano Espiritual
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Monteiro, Eduardo Carvalho / Natalino D’Olivo, USE 50 anos de Unificação, edições USE,
1997.
USE, Anais do 1º Congresso Espírita do Estado de São Paulo, de 1 a 5 de junho de 1.947.
Retirado do site / link http://useregionalsp.com.br/portal/about-joomla
O Sentido místico das Escolas de Aprendizes do Evangelho
Origens da Aliança = www.acasadoespiritismo.com.br
SILVA JUNIOR, Edelso da. No Tempo do Comandante: Editora Radhu 2010

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