Cúpula Social do Mercosul quer Comissão Coletiva da

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Cúpula Social do Mercosul quer Comissão Coletiva da
Cúpula Social do Mercosul quer Comissão Coletiva da Verdade
Durante a Cúpula Social do Mercosul, iniciada no domingo (18) no Uruguai, especialistas e
pesquisadores de direitos humanos pediram a criação, no seio da organização, de organismos
especializados para coordenar e trabalhar de forma coletiva na busca da verdade sobre a
repressão durante as ditaduras que assolaram a região no século 20. Nesta segunda (19)
serão temas de debates questões como migrações, jovens, grupos de homossexuais,
educação, incapacitados ou voluntariado social, entre outros.
O encontro, que reúne agentes sociais, civis e políticos dos países que fazem parte do bloco é
realizado antes da cúpula de chefes de Estado que começa na terça-feira (20), e teve como
abertura o debate “Terrorismo de Estado no contexto da Operação Condor e os processos de
verdade e justiça no Cone Sul”.
Todos os expositores concordaram que a "Operação Condor" – a coordenação de tarefas de
repressão ilegal entre os governos de fato de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Peru
durante a década de 1970 – constituiu um tipo de "integração demoníaca" da região e que,
portanto, só o trabalho comum dos países que o sofreram pode proporcionar a verdade perante
o que ocorreu.
Comissão civil de direitos humanos
Participante do debate, o diretor da rádio de Associação das Mães da Praça de Maio, da
Argentina, Pedro Lanteri, disse que "este é o pontapé inicial" para a formação de "uma
comissão de direitos humanos formada pela comunidade civil".
"A história merece ser conhecida, investigada e julgada para que não se repita", acrescentou
Lanteri.
A jornalista e escritora argentina Stella Calloni disse que é fundamental que "o tema dos
direitos humanos seja uma coisa cooperativa, coletiva (...). Temos um montão de elementos
que, se juntarmos, podemos fazer grandes descobertas e chegar à raiz e aos autores
intelectuais" do Plano Condor, acrescentou.
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Segundo Víctor Abramovich, diretor do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do
Mercosul, esta "coordenação repressiva" sofrida por todos os países que hoje integram o bloco
constitui "um passado comum que de alguma maneira serve para construir identidades
coletivas".
"Ao construir esta memória é preciso partir da base que a repressão não se limitou a violar
direitos civis e políticos, mas buscou disciplinar os movimentos políticos de avanço social",
acrescentou Abramovich.
"Assim, pensar nos direitos humanos na região tem a ver com avançar no desenvolvimento dos
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, com uma memória social como garantia
de não repetição do passado", disse.
Movimentos sociais
O representante geral do Mercosul, Samuel Pinheiro, destacou a importância da participação
dos movimentos sociais na luta contra as desigualdades de todo tipo.
Pinheiro assinalou que a América é o continente mais desigual do mundo não por um processo
casual, mas pelas estruturas econômicas, sociais e políticas que se reproduziram por
mecanismos de concentração de poder.
Histórico
A primeira Cúpula Social da instituição ocorreu em dezembro de 2006 em Brasília, segundo
proposta do Brasil, com o objetivo de fortalecer a participação cidadã desde a integração
regional.
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Analistas indicaram que este propósito instigou os organismos sociais, culturais, sindicais e
estudantis do bloco, que desde então participam ativamente nas diferentes oficinas de trabalho.
Com informações de agências
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