38 - Boas práticas em bovinocultura leiteira

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38 - Boas práticas em bovinocultura leiteira
PROGRAMA RIO RURAL
Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária
Superintendência de Desenvolvimento Sustentável
Alameda São Boaventura, 770 - Fonseca - 24120-191 - Niterói - RJ
Telefones: (21) 3607-6003 e (21) 3607-5398
E-mail: [email protected]
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral
Secretário de Estado de Agricultura e Pecuária
Christino Áureo da Silva
Superintendente de
Desenvolvimento Sustentável
Nelson Teixeira Alves Filho
Florião, Mônica Mateus
Boas práticas em bovinocultura leiteira com ênfase em
sanidade preventiva/Mônica Mateus Florião. -- Niterói: Programa
Rio Rural, 2013.
50 p.; 30cm. - (Programa Rio Rural. Manual Técnico; 38)
Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável em
Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro. Secretaria
de Agricultura e Pecuária.
Projeto:
Gerenciamento
Integrado
Hidrográficas do Norte-Noroeste Fluminense.
em
Microbacias
ISSN 1983-5671
1. Gado leiteiro. 2. Sanidade animal. 3. Ordenha. 4. Doença Controle. 5. Vacinação. I. Série. II. Título
CDD 636.2142
Editoração:
Coordenadoria de Difusão de Tecnologia
CDT/Pesagro-Rio
Fotos:
Mônica Mateus Florião
Sumário
1. Introdução......................................................................................................5
2. Boas Práticas em bovinocultura leiteira com ênfase
em sanidade preventiva..................................................................................8
Condições de bem estar animal, boas práticas na ordenha
e no manejo mãe-cria................................................................................8
Tecnologias de manejo preventivo para controle de parasitoses
e doenças infecciosas, por meio de vacinação preventiva
e controle estratégico de parasitos..................................................................34
3. Recomendações técnicas..............................................................................44
4. Vantagens e desvantagens das práticas........................................................44
5. Referências...................................................................................................45
6. Bibliografia recomendada..............................................................................49
Revisores Técnicos
- Carlos Wilson Gomes Lopes, Médico Veterinário, PhD, LD, Professor Titular
(Orientador) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ,
pesquisador 1A no CNPq.
- Maria do Carmo de Araújo Fernandes, Bióloga, Doutora em Ciências Biológicas,
pesquisadora da PESAGRO-RIO/Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura
Orgânica.
Colaboradores
-
Geovani
Pinheiro
Lima,
Técnico
Agrícola
da
PESAGRO-RIO,
setor
de
bovinocultura leiteira do Sistema Integrado de Produção Agroecológica - S.I.P.A.
- Aline Quintanilha de Freitas, Discente de Medicina Veterinária da Universidade
Estácio de Sá, estagiária bolsista da UFRRJ/S.I.P.A.
Agradecimentos
Aos funcionários Estevão, Marco Antônio, Clemil e Alberto, do setor de
bovinocultura leiteira do S.I.P.A.
Boas práticas em bovinocultura leiteira
com ênfase em sanidade preventiva
Mônica Mateus Florião1
1. Introdução
O Brasil detém o segundo maior rebanho bovino do mundo, com cerca de
200 milhões de cabeças, sendo esse tipo de criação animal um dos principais
segmentos do agronegócio brasileiro. A bovinocultura leiteira é uma das
atividades em destaque no setor agropecuário nacional e o monitoramento da
sanidade animal se faz necessário para assegurar os níveis de produtividade nos
rebanhos.
No Estado do Rio de Janeiro, essa atividade é predominantemente
realizada por pequenos produtores, que têm capacidade de produção em torno
de 50 litros de leite/dia, conforme dados divulgados pelo SEBRAE em 2010, no
Diagnóstico Estadual da Cadeia Produtiva do Leite. Esse público caracteriza-se
também pela ocupação de pequenas propriedades rurais e adoção de sistemas
de criação à base de pastagens de Brachiaria, sistema manual de ordenha, baixo
percentual de animais produtivos na composição do rebanho, ausência ou
deficiência no registro de índices zootécnicos e dados da propriedade. Essa
combinação de parâmetros culmina em baixo nível tecnológico e apresenta
correlação direta com a baixa taxa de remuneração do capital investido na
atividade.
A busca por melhores índices produtivos muitas vezes coloca a saúde do
rebanho em risco pelo estresse, que desfavorece o funcionamento do sistema
imunológico dos animais e resulta no desenvolvimento de doenças de diversas
naturezas: infecciosas, metabólicas, parasitárias, imunológicas, comportamentais
etc. exigindo o emprego de medicação sistemática para recuperar a sanidade do
rebanho.
Por outro lado, os fármacos terapêuticos (medicação/remédios) utilizados
na pecuária convencional resultam em resíduos na carne e no leite, e além de
causarem a contaminação do meio ambiente, trazem prejuízos socioeconômicos
e grandes agravos à saúde humana (SUAREZ, 2002). Esse modelo de tratamento
tem-se mostrado problemático, devido à resistência que os patógenos, em
especial parasitos, adquirem às drogas que estão disponíveis no mercado, e o
controle deles continua sendo um desafio.
1
Médica Veterinária, Mestre em Ciências Veterinárias, concentração em Parasitologia, discente do Programa
Binacional de Doutorado em Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro - UFRRJ. E-mail: [email protected]
5
Dentre as principais parasitoses que acometem os bovinos em seus
criatórios, causando significativas perdas, tanto de ordem produtiva quanto
econômica, estão a eimeriose ou coccidiose, as helmintoses e a dermatobiose.
A eimeriose ou coccidiose é uma doença comum e importante por estar
associada à diarreia em bovinos e é causada por espécies do gênero Eimeria
(ERNST; BENZ, 1986; REBOUÇAS et al., 1997; URQUHART et al., 1998; RIBEIRO
et al., 2000). Eimeria é um dos mais importantes protozoários que afetam o
trato gastrointestinal da espécie bovina, produzindo enterite contagiosa, que
proporciona o aparecimento de diarreia (RODRÍGUEZ-VIVAZ et al., 1996) (Fig. 1
e 2).
Figuras 1 e 2: Bezerros com coccidiose apresentando diarreia, que pode causar Síndrome da Má
Absorção, com perdas no ganho de peso e aumento da mortalidade.
A introdução de novas técnicas visando ao aumento da produtividade do
rebanho pode causar alterações de manejo ou de ambiente, o que favorece a
instalação e manutenção da coccidiose (KANYARI, 1993). Nas situações em que
a densidade animal é alta, há acúmulo de matéria orgânica, umidade excessiva e
promiscuidade de faixas etárias, determinando maior risco de contaminação dos
animais e maior probabilidade de ocorrência de surtos ou casos clínicos (FOREYT,
1990). A umidade existente nos bezerreiros e a má higienização do local
favorecem o desenvolvimento da infecção e, por conseguinte, o aparecimento de
oocistos nas fezes (CERQUEIRA, 1988).
As perdas econômicas referentes à doença se iniciam com a confirmação
do
parasitismo,
através
de
levantamentos
epidemiológicos
e
exames
laboratoriais, e se tornam maiores com a administração de fármacos, desinfecção
e custos com mudanças de manejo (FITZGERALD, 1980). Além disso, ocorre
redução alimentar, com perdas no ganho de peso e aumento da mortalidade de
animais (DAUGSCHIES; NAJDROWSKI, 2005), algumas vezes responsável por
síndrome de má absorção. Qualquer fator estressante, seja temperatura elevada,
mudança brusca de temperatura, deficiência nutricional, reagrupamento dos
animais, desmama precoce e outras doenças infecciosas, pode acarretar o
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aparecimento precoce da coccidiose clínica (REBHUN, 2000; NORONHA JÚNIOR;
BUZETTI, 2002). Os animais adultos são portadores e fontes potenciais de
infecção para os bezerros recém-nascidos, que podem contrair a infecção poucos
dias após o nascimento, enquanto estão com as mães (CERQUEIRA, 1988;
RODRIGUEZ-VIVAS et al., 1996).
Além desse problema, o controle dos helmintos de rebanhos leiteiros é
influenciado pelas variações sazonais de suas populações, que são reguladas,
principalmente, pelas condições climáticas, raça e susceptibilidade individual do
hospedeiro. E ainda pela interação entre hospedeiro e parasito, que pode ser
influenciada pela concentração de animais por área, faixa etária e índice
nutricional (CATTO, 1982).
O
parasitismo
por
helmintos
é
responsável
por
elevadas
perdas
econômicas, ocasionando baixa eficiência reprodutiva, perda progressiva de
peso, redução na produção de leite e, em casos extremos, até morte dos animais
(Fig. 3 e 4). O controle de parasitos gastrintestinais em vacas de leite é de
grande relevância, já que são mantidas em pastejo contínuo, o que as torna
vulneráveis às reinfecções, assim como fontes de reinfestações das pastagens
(CHARLES; FURLONG, 1992).
Figuras 3 e 4: Bezerras apresentando pelos arrepiados e sem brilho e emagrecimento, aspecto característico
da infestação por helmintos.
Conforme Moya Borja (2004), Dermatobia hominis (Linneus Jr., 1781)
(Díptera: Cuterebridae), vulgarmente conhecida no Brasil como “mosca do
berne”, tem alta incidência no gado bovino criado em várias regiões do país.
Infesta um número relativamente grande de hospedeiros, sendo os bovinos os
mais acometidos. A larva desta mosca (Fig. 5), uma vez presente na pele dos
animais, causa a chamada miíase furuncular ou dermatobiose (Fig. 6), que se
caracteriza pela formação de nódulos no hospedeiro. A D.hominis se encontra
bem adaptada no Brasil, concentrando-se principalmente nas regiões de clima
quente e úmido, com vegetação abundante e altitudes inferiores a 1.000 metros.
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Figura 5: Larva (L3) de D.hominis.
Figura 6: Vaca apresentando dermatobiose.
Vem crescendo, principalmente dentro de comunidades mais esclarecidas,
uma forte conscientização de que a natureza não é infinita em sua capacidade de
absorver os impactos resultantes de todas as atividades humanas, no ritmo em
que vêm ocorrendo, sem que sejam alteradas as condições ambientais globais. E
ainda se observa mudança de paradigma no que se refere ao conceito de saúde e
doença, o que tem incentivado a execução de pesquisas sobre formas de
controle integrado e de alternativas terapêuticas (THAMSBORG et al., 1999).
Nesse contexto, Florião (2011) apresentou um novo conceito de manejo
de bovinos leiteiros em que priorizou o bem-estar animal, o controle estratégico
de parasitos e o uso de medicamentos homeopáticos. Essas experiências estão
sendo realizadas desde setembro de 2009 no rebanho bovino leiteiro do Sistema
Integrado de Produção Agroecológica - SIPA, Fazendinha Agroecológica - Km 47,
em cooperação técnica entre a Embrapa Agrobiologia, Embrapa Solos, a Empresa
de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO/Centro
Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica) e a Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (ALMEIDA et al., 2003; FLORIÃO, 2011). O SIPA localiza-se no
município de Seropédica, na região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
Assim sendo, o objetivo deste manual é divulgar tecnologias agroecológicas e
insumos adequados para o manejo de bovinos de leite de unidades de produção
convencional ou orgânica, aumentando não só a oferta de leite de melhor
qualidade como também promovendo a redução de custos e a melhoria dos
processos produtivos.
2. Boas Práticas em bovinocultura leiteira com
ênfase em sanidade preventiva
Condições de bem-estar animal, boas práticas na ordenha
e no manejo mãe-cria
Bem-estar animal
O conhecimento do comportamento animal e o uso de estratégias de
manejo racional podem assegurar o bem-estar dos animais e gerar ganhos
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diretos e indiretos de produtividade e na qualidade do produto final. Por outro
lado, o manejo inadequado, além de causar estresse e sofrimento desnecessário,
afeta diretamente a produtividade e a qualidade dos produtos de origem animal.
O bem-estar animal deve ser priorizado através da utilização de:
● Instalações seguras para os bovinos, ventiladas, com sombreamento adequado
que garantam funcionalidade higiene e conforto (Fig. 7, 8 e 9).
Para que o conjunto de operações dentro de uma propriedade de produção
leiteira seja bem sucedido, é de crucial importância que as instalações estejam
preparadas para tal e, para que isto ocorra, alguns requisitos básicos devem ser
atendidos, como localização, orientação e distribuição dos prédios envolvidos. O
terreno escolhido para a edificação das instalações deve, antes de tudo, ser de
fácil acesso, para que o escoamento da produção seja facilitado e não haja
dificuldades no suprimento de energia elétrica e água de boa qualidade, além de
permitir que o fluxo de pessoas e animais ocorra sem maiores transtornos.
(SOUZA, 2004).
Recomenda-se, nos trópicos, que as instalações destinadas ao manejo dos
animais, em seu eixo longitudinal, estejam orientadas no sentido Leste-Oeste,
para que, no verão, haja menor incidência de radiação solar no interior das
instalações e maior insolação da face Norte no inverno (CARVALHO FILHO et al.,
2002; SOUZA, 2004).
Pisos e paredes devem ser compostos por materiais duráveis e de fácil
higienização. O piso deve ter caimento suficiente para facilitar a drenagem da
água em direção aos ralos, e ainda ser áspero, de forma que garanta a
segurança no deslocamento dos animais. Os comedouros ou cochos, onde os
animais receberão a alimentação volumosa e concentrada diariamente, devem
ser amplos para que não ocorram disputas pelo acesso à comida e todos tenham
acesso à alimentação. Eles devem ter fundo liso e formato arredondado para
evitar o acúmulo de resíduos de comida e facilitar a higienização (BRITO, 2005).
Figura 7: Funcionalidade das instalações, piso de cimento
áspero (não liso), canzil simplificado e cocho para
alimentação.
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Figura 8: Funcionalidade das instalações; instalações do
bezerreiro têm comunicação com sala de ordenha,
facilitando o manejo.
Figura 9: Curral bem ventilado, recebendo luz solar, com
higiene adequada e divisões para evitar o contato de
animais jovens com os adultos.
● Água de boa qualidade, isenta de agentes químicos e biológicos que possam
comprometer a saúde e o vigor animal, em bebedouros adequados e limpos (Fig.
10).
Os bebedouros devem ser distribuídos nas pastagens de forma que os
animais não tenham que se deslocar por grandes distâncias para saciar sua sede.
Também é importante a utilização de um sistema de boias para que haja a
frequente renovação e reabastecimento de água.
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Figura 10: Bebedouros com água potável,
abastecimento controlado por sistema de boia.
com
● Piquetes com cercas de contenção seguras, com sombreamento suficiente para
garantir conforto térmico (Fig. 11 e 12).
Mesmo quando submetidos à temperatura ambiente amena, áreas de
sombreamento nas pastagens se fazem necessárias para reduzir o estresse
calórico dos animais nas horas mais quentes do dia. A arborização das pastagens
é um importante item na manutenção do bem-estar animal, pois minimiza o
gasto energético com a manutenção da temperatura corporal, que pode ser
direcionado para outros eventos produtivos (RODRIGUES et al., 2010).
Figura
11:
Cercas
de
contenção
eletrificadas
e
confeccionadas com arame liso, não oferecendo risco de
ferimento aos bovinos.
11
Figura 12: Sombreamento de pastagem com espécie de
leguminosa arbórea, garantindo sombra com penetração de
raios solares para melhor crescimento da forragem, e boa
ventilação.
● Corredores com espaço adequado para o trânsito de bovinos leiteiros (Fig. 13)
Figura 13: Os corredores, bebedouros e áreas de descanso
(com sombreamento) devem ser alocados de modo a
minimizar o esforço do animal.
● Alimentação nutritiva, saudável, de qualidade e em quantidade adequada, de
acordo com as exigências nutricionais da espécie bovina (Fig. 14 a 20).
Para que o bovino leiteiro seja efetivamente produtivo, sua alimentação
deve atender a todas as suas exigências fisiológicas (mantença, crescimento e
reprodução) e, então, o leite, subproduto da função reprodutiva do bovino, será
produzido. Em um sistema de produção de leite, os custos com a alimentação
podem chegar a 70% dos gastos totais, portanto, para que uma propriedade
leiteira seja considerada produtiva, a nutrição deve ser ajustada, sem excessos
ou faltas (CARVALHO et al., 2002).
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A arborização das pastagens, além de propiciar conforto térmico, confere
ao solo maior teor de minerais, que serão transmitidos às gramíneas, sendo
essenciais para a nutrição dos animais (PACIULLO; AROEIRA, 2012). A
distribuição uniforme das espécies arbóreas também é capaz de homogeneizar a
carga de esterco depositada naturalmente pelos animais durante o período de
permanência sobre as pastagens, contribuindo para a biociclagem de nutrientes
(BUSATO et al., 2009) (Fig. 14).
Figura 14: Esquema de biociclagem de nutrientes.
Fonte: Busato et al. (2009), adaptado pela autora.
A produtividade de vacas de leite também está atrelada à capacidade
produtiva da pastagem e ao seu valor nutricional. Porém, a produtividade e a
qualidade da pastagem estão diretamente ligadas à nutrição do solo e ao seu
manejo (CECATO et al., 2002). As pastagens e forragens picadas, bem como a
utilização de espécies vegetais para a suplementação volumosa no cocho, são as
formas mais econômicas de prover suplementação nutricional, e quando bem
manejadas podem compor até 100% da dieta do rebanho leiteiro. Os sistemas
de produção a pasto têm muitas vantagens sobre os sistemas de confinamento,
já que, quando maiores extensões de terra estão disponíveis, os custos com
instalações, mão de obra e manutenção são menores (PEREIRA; CÓSER, 2010).
A introdução de leguminosas forrageiras em associação com gramíneas é
indicada, pois tal associação melhora significantemente a qualidade de matéria
orgânica do solo, aumentando a disponibilidade de nitrogênio nas pastagens.
Esse fato ocorre porque as leguminosas exercem o papel de biofixadoras do
nitrogênio atmosférico, aumentando a fertilidade do solo, e ainda servem como
fonte de proteína para a alimentação animal (URQUIAGUA et al., 1998).
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Quando se garantem boas condições de pastoreio ao rebanho, está-se, por
conseguinte, investindo em produtividade e longevidade dos animais (Fig. 15 a 20).
Figuras 15 e 16: Pastagens com espécie de leguminosa arbórea, Gliricidia sepium.
Figura 17: Muda protegida de leguminosa arbórea Albizia sp,
para sombreamento de pastagem e fixação de Nitrogênio no
solo.
Figura 18: Plantio de muda de Albizia sp e início de montagem da proteção da muda em pasto para bovinos
leiteiros.
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Figura 19: Piquete de pastagem para bovinos com mudas
protegidas de Albizia sp, já implantadas e incorporadas ao
pastoreio.
Figura 20: Fornecimento de suplementação volumosa para bovinos leiteiros com leguminosa (fonte de
fibra e proteína) no período da seca para composição da dieta e feno de Gliricidia sp (à direita).
● Manutenção da higiene e saúde em todo o processo criatório.
● O estresse psicológico deverá ser evitado (maus tratos, isolamento, pressa na
condução dos animais), uma vez que se trata de um dos principais causadores
de redução na produção leiteira e predisposição a quedas de imunidade nos
animais (Fig. 21 e 22).
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Figura 21: O estresse psicológico é evitado, facilitando o
contato e manejo dos animais, que se tornam dóceis.
Figura 22: A condução de vacas leiteiras deve ser feita
sempre ao passo e com tranquilidade.
Boas práticas na ordenha - os conhecimentos sobre o comportamento
das vacas leiteiras e das técnicas corretas para a realização da ordenha são
pontos chaves para a implantação de práticas adequadas de manejo na ordenha
e para a obtenção de leite com alta qualidade. Também é necessário que o
responsável pela ordenha seja capaz de perceber as necessidades das vacas sob
seus cuidados, que goste dos animais e de seu trabalho.
Para a obtenção de um leite de boa qualidade, é fundamental que as vacas
estejam saudáveis. O ordenhador deve estar sempre atento a alguns sinais
exibidos pelas vacas, como olhos fundos, pelos arrepiados e sem brilho,
diminuição da ingesta, parada da ruminação, diminuição da produção de leite e
alterações na urina ou nas fezes (muito mole, ou muito seca, ou com sangue),
que podem ser indicativos de problemas de saúde.
Para que a ordenha seja executada de forma correta, é necessário que os
responsáveis por ela conheçam o seu trabalho, realizando-o de forma adequada,
paciente e cuidadosa, evitando estressar as vacas.
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As vacas leiteiras estabelecem rotinas, sendo fundamental a definição de
horários específicos para alimentação e descanso, e também para a ordenha.
Elas devem ser conduzidas ao local da ordenha com zelo, preferencialmente nos
mesmos horários e pelas mesmas pessoas. São de responsabilidade do
ordenhador: o cumprimento dos horários de ordenha, a preparação das
instalações, o acompanhamento da saúde das vacas, a realização da ordenha e o
acompanhamento da qualidade do leite. Além de cumprir suas responsabilidades,
o
responsável
pela
ordenha
deve
demonstrar
paciência,
habilidade
e
sensibilidade no manejo das vacas. Também é importante que esteja bem
preparado fisicamente para o desempenho do seu trabalho.
O local onde é realizada a ordenha deve ser projetado de forma que o
ordenhador tenha segurança e os animais estejam confortáveis. As instalações
devem ser bem ventiladas para se evitar a proliferação de patógenos (Fig. 23 e 24).
Figura 23: Sala de ordenha bem arejada, ampla e com
calha no piso para escoamento de umidade, facilitando a
limpeza e evitando a proliferação de patógenos.
Figura 24: A rotina estabelecida deve ser seguida
criteriosamente pelo ordenhador, garantindo conforto para
as vacas e evitando acidentes e riscos para os animais e
ordenhador.
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Linha de Ordenha - a ordem em que as vacas são ordenhadas é chamada de
linha de ordenha (Fig. 25), que geralmente é definida com base no diagnóstico
de mastite. A ordenha é realizada na seguinte sequência:
- Vacas primíparas (de primeira cria), sem mastite.
- Vacas pluríparas, que nunca tiveram mastite.
- Vacas que já tiveram mastite, mas que foram curadas.
- Vacas com mastite subclínica.
- Vacas com mastite clínica.
Figura 25: Exemplo de quadro informativo para sala de ordenha,
contendo a sequencia da linha de ordenha com a ordem em que as
vacas deverão ser ordenhadas.
Este é um esquema lógico que deve ser aplicado com a finalidade de evitar
a transmissão da mastite contagiosa no momento da ordenha. Ao esquematizar
a linha de ordenha, lembre-se de respeitar a individualidade das vacas, não
misturando, na mesma bateria, animais que não são companheiros.
Situações especiais - vacas recém-paridas passam por um período de estresse
natural. Assim, devem receber atenção especial durante a ordenha. Isso é
importante principalmente em vacas de primeira cria (primíparas), pois elas
geralmente ficam mais estressadas e reativas devido à falta de contato prévio
com o ordenhador e com a sala de ordenha.
É recomendado condicionar com antecedência as primíparas, conduzindoas à sala de ordenha a partir de trinta dias antes do parto. Isso deve ser feito ao
final da ordenha e de forma tranquila. Nos primeiros dias, elas devem ficar soltas
na instalação e o ordenhador deverá caminhar entre elas e falar suavemente.
Depois de alguns dias, é recomendado prendê-las no canzil de ordenha e
estimulá-las com toques suaves nas pernas e no úbere.
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Vacas com problemas de saúde deverão ficar por último na linha de
ordenha para que o ordenhador possa lhes dar atenção especial. Essa prática
também reduz o risco de transmissão de doenças às outras vacas.
É importante lembrar que vacas com problemas de casco, mastite ou com
outras enfermidades, geralmente sentem dor e desconforto e caminham mais
lentamente que as demais. É importante que se respeite o tempo de locomoção
de cada vaca para evitar que elas se acidentem.
Tipos de ordenha - a ordenha pode ser realizada de forma manual ou
mecanizada. A escolha do tipo de ordenha depende de vários fatores, dentre
eles: o número de vacas em lactação, a capacidade de investimento do produtor,
a disponibilidade de pessoas capacitadas para realizar a ordenha e, por fim, o
nível de produção das vacas.
A ordenha manual é o sistema mais antigo de ordenha, e ainda muito
frequente,
principalmente
em
pequenos
rebanhos.
O
investimento
em
equipamentos é baixo, o que exige maior esforço do ordenhador.
A ordenha mecanizada possibilita a extração do leite mais rápido do que a
ordenha manual e, quando bem realizada, tem menor risco de contaminação.
Preparação para a ordenha - as vacas devem ser conduzidas à sala de
ordenha de forma tranquila e paciente, calmamente, tocando-as e chamando-as
pelos nomes. Quando a contenção for feita através de canzil (Fig. 26) ou
corrente (Fig. 27), eles devem estar abertos antes da chegada dos animais na
sala de ordenha e, após o posicionamento dos animais, devem ser fechados sem
movimentos bruscos. Para evitar acidentes, pode ser necessário o uso de peias.
Neste caso, as pernas traseiras das vacas devem ser amarradas calmamente.
Figura 26: Contenção das vacas na sala de ordenha por meio
de canzil.
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Figura 27: Contenção das vacas na sala de ordenha por meio
de correntes.
Sempre que o ordenhador se aproximar das vacas deve, se possível,
chamá-las pelos nomes, e encostar a mão na perna ou no úbere da vaca antes
de pegar em seu teto. Isso é muito importante para que a vaca não se assuste
com a sua presença, reduzindo o risco de coices (Fig. 28).
.
Figura 28: Abordagem adequada da vaca antes da ordenha.
Quando houver muita sujidade sobre os tetos, será necessário lavá-los,
porém o jato d’água deve ser direcionado apenas para os tetos, sem molhar o
úbere. Com isso, evita-se que sujidades escorram do alto do úbere para dentro
da teteira, contaminando o leite.
Na fase de lactação, deve-se ter atenção especial com a mastite, doença
que causa grandes prejuízos para a atividade leiteira. Conforme o tipo de
microorganismo causador da mastite, ela pode ser classificada em contagiosa e
ambiental (Quadro 1).
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Mastite contagiosa: causada por micróbios que estão presentes no úbere e são
transmitidos pelas mãos do ordenhador e equipamentos de ordenha. Esses
micróbios entram no canal do teto e causam a infecção. Esse tipo de mastite é
facilmente transmitido de um animal para outro durante a ordenha, por isso a
importância da adoção de boas práticas de higiene e desinfecção.
Mastite ambiental: causada por micróbios presentes no ambiente (solo, camas,
material vegetal, pisos dos currais etc.), ocorrendo com maior frequência em
períodos quentes e úmidos. O maior risco de contágio é logo após a ordenha,
quando os esfíncteres (orifícios) dos tetos ainda estão abertos e a vaca deita
sobre solo ou material contaminado, facilitando a entrada de micro-organismos
no canal do teto, o que leva à infecção (Fig. 29 e 30).
Figura 29: Esquema da morfologia da glândula mamária das vacas e a “porta de entrada”
para os agentes causadores de mastite.
Figura 30: Tetas em contato com sujidades do solo logo após a
ordenha significa risco iminente de contaminação e mastite.
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Quadro 1: Características gerais das mastites contagiosa e ambiental em função do
indicador utilizado.
MASTITES
Indicadores
Contagiosa
Ambiental
% vacas CMT ++/+++
Maior que 15%
Menor que 15%
% mastite clínica
Variável
Maior que 3%
Ocorrência dos casos
Durante a lactação
Geralmente, ao parto e
início da lactação
Principais vetores
Mãos do ordenhador,
panos, esponjas, teteiras e
moscas
Solo, fezes, lama e camas
orgânicas
Microrganismos
envolvidos
Streptococcus agalactiae
Staphylococcus aureus
Corynebacterium bovis
Escherichia coli
Klebsiela sp.
Enterobacter sp.
Streptococcus uberis
Streptococcus dysgalactiae
Serratia sp.
Incidência de infecção
Alta: casos subclínicos
Baixa: casos clínicos
Alta: casos clínicos
Baixa: casos subclínicos
Fonte: Fonseca; Santos (2001), adaptado pela autora.
Quanto ao diagnóstico, a mastite pode ser classificada como clínica e subclínica.
Mastite clínica: é mais fácil de ser percebida, pois geralmente causa diminuição
na ingestão de alimentos, a vaca fica com o úbere inflamado (com aumento de
volume, avermelhado e quente) e o leite com grumos, pus ou sangue. Para
melhor controle desse tipo de mastite, deve-se fazer o teste da caneca de fundo
preto em todas as vacas e em todas as ordenhas. Além do teste da caneca, pode
ser feita a palpação do úbere nos casos de suspeita de mastite; úbere mais
rígido que o normal, quente e avermelhado é sinal de mastite.
Vacas com mastite clínica podem apresentar o úbere inchado e dolorido,
por isso, aproxime-se suavemente e toque o úbere com delicadeza. Tire três
jatos de leite de cada um dos tetos, acondicione na caneca de fundo preto e
confira um por um se há alguma alteração, como grumos (Fig. 31) ou pus e se
há sangue ou coloração alterada. Caso haja alteração no leite de algum dos
tetos, limpe a caneca antes de continuar o teste. Ao deixar o leite contaminado
na caneca, corre-se o risco de contaminação dos tetos sadios.
22
Figura 31: Teste da caneca de fundo preto com resultado positivo
para mastite clínica.
Mastite subclínica: é mais difícil de ser percebida, pois a vaca não apresenta
sintomas claros do problema, a não ser pequena queda na produção de leite. A
mastite subclínica pode ser detectada pelos testes de contagem de células
somáticas no leite - CCS ou pelo Califórnia Mastite Teste - CMT (Fig. 32).
Figura 32: Raquete para Califórnia Mastite Teste e detecção da
mastite subclínica.
A preocupação com a higiene pessoal é fundamental, devendo-se lavar as
mãos antes e durante as ordenhas, lavar as mãos após ir ao banheiro, manter
cabelo preso e unhas cortadas e usar roupas, aventais e botas limpos. Tudo isso
contribui para melhorar a saúde das vacas e a qualidade do leite.
23
Deve-se realizar o teste de CMT ou CCS pelo menos duas vezes por mês.
Os resultados devem ser utilizados para planejar a linha de ordenha.
O CMT é o teste mais comum por ser de fácil execução. É necessário
utilizar uma raquete própria e a solução CMT para realizá-lo, materiais que
podem ser adquiridos em lojas agropecuárias (Fig. 33). Para executá-lo
corretamente, coleta-se o leite de cada teto em cada um dos compartimentos da
raquete; em seguida, inclina-se a raquete até que o leite atinja a marca inferior
(indicada no compartimento da raquete e que corresponde a 2 ml de leite);
depois,
adiciona-se
a
solução
CMT
até
atingir
a
marca
superior
(aproximadamente 2 ml de solução). Feito isso, devem-se realizar movimentos
circulares com a raquete para promover a mistura do leite com a solução CMT
para, em seguida, fazer a leitura do teste.
A leitura do CMT leva em conta a reação do leite com a solução CMT e o
diagnóstico deve ser sempre realizado por pessoa capacitada, mediante
orientação de um médico veterinário.
Figura 33: Diagnóstico de mastite subclínica com o Califórnia Mastite
Teste, utilizando-se a raquete própria e a solução reagente CMT.
O pré-dipping é um método de desinfecção dos tetos antes da ordenha e
seu objetivo é a prevenção da mastite ambiental. Consiste no mergulho dos tetos
em solução desinfetante, podendo ser empregada solução de iodo (0,25%),
solução de clorexidine (de 0,25 a 0,5%) ou ainda de cloro (0,2%) (Fig. 34). O
pré-dipping deve ser aplicado em todas as vacas, inclusive nas que apresentam
mastite clínica. Nestes casos, devem-se tomar cuidados específicos para evitar
contágios, realizando a troca ou a desinfecção do copo aplicador. Dê preferência
ao uso de copo aplicador sem retorno, em que o desinfetante aplicado no teto
não se mistura com a solução que será aplicada nos outros tetos. Inicie a
aplicação pelos tetos que ficam mais distantes para os mais próximos. Depois da
aplicação, deixe a solução agir por 30 segundos e, então, seque os tetos com
papel toalha (Fig. 35).
24
Figura 34: Pré-dipping.
Figura 35: Secagem do teto com papel toalha.
Logo após a ordenha, é recomendado soltar os bezerros junto às mães,
permitindo que mamem até que parem naturalmente, e só depois apartá-los de
suas mães (Fig. 36). Isto será fundamental para a ingestão de leite pelo bezerro
e esvaziamento completo do úbere.
Figura 36: Após a ordenha, os bezerros devem ficar em contato com suas mães
para mamarem completamente o leite do úbere, evitando o leite residual e
impedindo que as vacas deitem logo após a ordenha, predispondo a mastite.
25
Sequência das ações até a ordenha propriamente dita
A. Contenção das vacas no canzil de ordenha (Fig. 37).
Figura 37: Após a entrada no canzil de ordenha, as vacas devem ser contidas com peias.
B. Pré-dipping ou desinfecção dos tetos antes da ordenha (Fig. 38).
Figura 38: Desinfecção de tetos com solução desinfetante, pré-dipping.
C. Secagem das tetas com papel toalha (Fig. 39).
Figura 39: Secagem de todos os tetos com papel toalha.
26
D. Higiene das mãos do ordenhador com sabão neutro (Fig. 40)
Figura 40: Higienização das mãos do ordenhador
com sabão neutro, antes de iniciar a ordenha.
E. Abordagem da vaca antes de iniciar a ordenha, utilizando-se o dorso da
mão com afagos para evitar que a mesma se assuste (Fig. 41).
Figura 41: Aproximação suave do ordenhador para
evitar que a vaca de leite se assuste.
F. Ordenha propriamente dita (Fig. 42).
Figura 42: Com a vaca adequadamente contida, o
ordenhador procede à ordenha.
27
Em ordenhas mecanizadas, em que vacas e bezerros ficam presos no
canzil de ordenha, aconselha-se abrir o portão de saída e estimulá-los a sair,
batendo palmas e falando com eles, permitindo que mãe e filho mantenham
contato durante pelo menos 20 minutos.
O pós-dipping é a imersão dos tetos em solução desinfetante glicerinada,
sendo geralmente utilizada solução de iodo (0,5%), de clorexidine (de 0,5 a
1,0%) ou de cloro (de 0,3 a 0,5%). Esse procedimento tem o objetivo de
proteger os tetos contra a infecção por microrganismos causadores da mastite.
O alimento deve ser fornecido para a vaca assim que ela sair da sala de
ordenha. Ao fazê-lo, diminui-se a probabilidade de ela se deitar. É importante
que ela fique de pé por no mínimo 30 minutos, tempo necessário para que o
esfíncter do teto se feche, diminuindo o risco de mastite ambiental.
Limpeza e desinfecção da sala de ordenha e equipamentos - a remoção
das fezes do ambiente de ordenha deve ser feita cuidadosamente para minimizar
o risco de contaminação, devendo ocorrer entre uma bateria e outra de animais.
Utilize um rodo ou uma pá para empurrar (ou puxar) a maior parte das fezes
para a calha de drenagem e utilize água para remover o restante de fezes e/ou
urina, lavando o local.
Não se deve fazer uso de mangueira de água para empurrar as fezes, pois
esse procedimento aumenta o risco de contaminação (Fig. 43).
Figura 43: Na higiene da sala de ordenha, é importante a
remoção das fezes e urina após a ordenha e entre as baterias
de ordenha, utilizando-se rodo e pá e, posteriormente,
mangueira d’água para lavagem.
Imediatamente após a ordenha, deve-se realizar a limpeza das instalações
e dos equipamentos. Para a lavagem e desinfecção de equipamentos de ordenha
mecanizada, siga as instruções do fabricante.
28
Na ordenha manual, os baldes e os utensílios deverão ser lavados com
água corrente e detergente. Depois de lavados, coloque-os virados para baixo
em local limpo para secarem naturalmente. Após cada ordenha, deixe as
instalações e todos os equipamentos, materiais e utensílios preparados para o
início da próxima.
Manejo mãe-cria - para garantir que a atividade produtiva torne-se lucrativa, é
necessário que o índice de reprodução dos animais seja elevado. Quando se
alcança a meta de uma parição/ano/vaca, assegura-se a lactação da mesma,
assim como a produção de novilhas e tourinhos que garante renda adicional ao
produtor. Para que isso aconteça, o zelo com a saúde da mãe e da cria é
indispensável.
Os cuidados com a saúde do bezerro começam com o manejo adequado de
suas mães. Ainda antes da cobertura, é fundamental proteger o feto contra as
doenças
que
podem
causar
sua
expulsão,
ou
seja,
o
abortamento.
É
recomendável a realização do exame ginecológico das matrizes e, em certos
casos, exame laboratorial complementar para identificar se são acometidas por
doenças como Brucelose, Leptospirose, Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e
Diarreia Bovina a Vírus (BVD), entre outras que causam o aborto e até
infertilidade.
Manejo no período pré-parto - nos sessenta dias que antecedem o parto,
deve-se estabelecer o período seco, que tem o objetivo de garantir a boa
recuperação do tecido mamário, desgastado pelo período de lactação anterior e o
bom acúmulo de colostro, além de assegurar o desenvolvimento fetal e
recuperar as reservas corporais da vaca.
Nesse período, devem cessar as ordenhas e as vacas devem ser
acondicionadas em instalações especiais, denominadas piquetes maternidade.
Esses
piquetes
devem
oferecer
pastagens
de
boa
qualidade,
cochos
e
bebedouros amplos, ambiente limpo, sombreado, bem ventilado, espaçoso e de
fácil acesso, de preferência próximo à maternidade (Fig. 44).
O local deve ser calmo, pois no momento do parto, vaca e bezerro passam
por um processo de reconhecimento mútuo. Os estímulos externos podem
prejudicar o reconhecimento entre mãe e filhote. Sabe-se que, em locais
agitados, as vacas geralmente interrompem o contato com o bezerro, deixando
de cuidar dele para ficar em vigilância. Com isso, aumenta o tempo que os
bezerros levam para levantar e mamar.
29
Figura 44: Piquetes maternidade devem ser, de preferência,
planos e próximos ao curral, além de garantirem conforto e
segurança para a vaca no pré-parto.
Até 70% das enfermidades de vacas leiteiras se manifestam ou têm início
no período pré-parto, sendo que a maioria se manifesta no imediato pós-parto.
Os fatores predisponentes são a diminuição da resposta imunológica, dificuldade
em manter o metabolismo em seu correto funcionamento, alterações hormonais
do fim da gestação e grandes alterações nutricionais.
A adoção de técnicas alimentares corretas, específicas para essa fase, tem
grande influência na incidência de desordens metabólicas e enfermidades
infecciosas. O escore corporal é um parâmetro que pode ser utilizado para
controlar os riscos de desordens metabólicas, visto que tanto vacas muito
gordas, quanto vacas muito magras, são pré-dispostas a padecerem por tais
desordens.
O manejo de vacas prenhes, especialmente ao final da gestação, deve
ocorrer apenas quando for realmente necessário. Nesses casos, o manejo deve
ser muito calmo, conduzindo as vacas sempre ao passo, evitando aglomerações
(curral, corredor), agressões e uso de choque. Submeter vacas prenhes a
situações estressantes pode induzir abortos.
Parto - o período de gestação da vaca chega ao fim por volta de 285 dias após a
cobertura. E para que se possa auxiliar, caso necessário, é de extrema
importância que os tratadores sejam treinados para saber identificar quando o
momento do parto se aproxima.
Um pouco antes de parir, as vacas ficam inquietas, geralmente se
afastando do rebanho em busca de local para o parto. Esse período pode durar
de 4 a 24 horas. Vacas muito gordas ou muito magras apresentam maior risco
de problemas de parto; as gordas por apresentarem contrações mais fracas e as
magras por poderem não ter a energia necessária para o trabalho de parto. A
maioria das vacas que parem facilmente permanece deitada até o nascimento do
30
bezerro, finalizando o parto ao se levantar, o que resulta no rompimento do
cordão umbilical. O fato de a vaca parir em pé pode estar relacionado às causas
ambientais (presença de cães ou urubus no pasto), à dificuldade de parto
(bezerro fraco, muito grande, condição corporal não adequada da vaca) e à
inexperiência da vaca (novilhas).
Em condições normais, o parto tem duração de 30 minutos a 4 horas. A
expulsão da placenta ocorre de 4 a 5 horas após o parto, não devendo
ultrapassar 24 horas, o que é indicativo de retenção de placenta. Em geral a
vaca ingere a placenta (Fig. 45).
Figura 45: Após um parto normal com expulsão completa da
placenta, a vaca ingere a placenta.
O ideal é que o bezerro mame pela primeira vez em até três horas após o
parto. Esse tempo é geralmente maior em casos de novilhas, que são mais
sensíveis ao estresse do parto e inexperientes no cuidado com os filhotes,
resultando em movimentos que dificultam o acesso dos bezerros ao úbere ou
atos agressivos (coices e cabeçadas) dirigidos aos mesmos. Geralmente, esses
comportamentos ocorrem nas primeiras horas após o parto, diminuindo ou
cessando à medida que se acostumam com os bezerros.
No momento do parto os seguintes cuidados são recomendados:
- Utilizar luvas descartáveis, que protegem todo o braço (luva de inseminação).
- Lavar bem com água e sabão o posterior da vaca, principalmente a região do
reto e da vulva.
- Caso seja necessário amarrar os membros do bezerro para auxiliar a retirada,
utilize material limpo e desinfetado.
- A retirada do bezerro deve ser feita com cautela e segurança (quando for
necessário ajudar). Não utilize força demasiada.
- Após a retirada do bezerro, observe se o mesmo consegue respirar
normalmente e, se necessário, retire as secreções placentárias da sua boca e
31
narinas e faça movimentos cadenciados com as duas mãos, massageando o seu
tórax.
- Deixe o bezerro e a mãe sozinhos, mas fique por perto para observar se a vaca
consegue se levantar e se o bezerro vai conseguir mamar.
Não se deve permitir que outros animais, como cães e galinhas, tenham
acesso às vacas recém-paridas, pois sua presença pode levá-las a reagir com
movimentos bruscos que podem causar acidentes com os bezerros (Fig. 46).
Figura 46: Após o parto, deve-se permitir que vaca e bezerro
permaneçam juntos para que ocorra um reconhecimento mútuo.
Cuidados
indispensáveis
para
a
saúde
do
bezerro,
logo
após
o
nascimento - em dias frios, principalmente nos partos que ocorreram no início
da manhã, os bezerros ficam mais lentos e, portanto, mais sujeitos a atrasos ou
falhas na primeira mamada. Lembre-se sempre disso. Dê atenção especial aos
bezerros que nascerem sob essas condições, principalmente em dias de chuva. A
contenção do bezerro deve ser feita de maneira calma e gentil.
Quando se percebe que o bezerro não mamou, aconselha-se conduzi-lo
com a vaca ao curral, procedendo à apartação e contenção da vaca no tronco
para, em seguida, amarrar suas patas de trás. Quando a vaca estiver bem
contida, massageie levemente o úbere, tirando 2 ou 3 jatos de leite de cada teto.
Logo em seguida, posicione o bezerro próximo ao úbere e, com dois dedos, alise
o céu de sua boca até que ele comece a chupá-los. Então, com a outra mão,
comece a espirrar leite em sua boca para, pouco a pouco, aproximar sua boca de
um dos tetos até que o abocanhe e mame. Caso o bezerro perca o teto, repita o
processo. O ideal é deixar o bezerro mamar até que fique satisfeito,
apresentando a barriga cheia (Fig. 47).
32
Figura 47: Manejo mãe-cria, colostragem do recém-nascido nas
primeiras 3 horas de vida.
O tratamento do cordão umbilical também é medida a ser realizada com
presteza
após
o
nascimento
do
bezerro.
A
desinfecção
deve
ser
feita
mergulhando-se o coto umbilical em solução alcoólica iodada a 5%, duas vezes
ao dia, durante dois ou três dias seguidos (Fig. 48). A cura do umbigo previne
infecção e disseminação bacteriana para outros órgãos.
Figura 48: Manejo mãe-cria, curativo do umbigo do recém-nascido.
A condução de vacas e bezerros deve ser realizada apenas quando os
bezerros já apresentarem boa agilidade e resistência, o que ocorre com uma a
duas semanas de vida (Fig. 49). Caso o deslocamento tenha que ser feito antes,
assegure-se de que vacas e bezerros já se conheçam para evitar risco de
abandono.
33
Figura 49: Aconselha-se que a condução de vacas e bezerros
seja feita após os recém-nascidos apresentarem boa agilidade,
evitando-se o risco de abandono por parte da vaca.
Em relação aos bezerros, aconselha-se registrar o número de identificação,
seu peso (ou tamanho) e vigor (bom, fraco, morto). Registre também qualquer
ação executada que não faça parte da rotina (por exemplo, ajudar a mamar,
aplicação de medicamento etc.).
As principais enfermidades enfrentadas pelos bezerros são diarreia,
tristeza parasitária e pneumonia, que estão relacionadas ao manejo inadequado
e à falta de higiene ambiental e alimentar.
Tecnologias de manejo preventivo para controle de parasitoses e doenças
infecciosas, por meio de vacinação preventiva, controle estratégico de
parasitos e terapêutica homeopática
● Imunização vacinal preventiva - em qualquer tipo de manejo dos bovinos,
deve-se enfatizar a boa relação entre o homem e o animal. A vacinação é uma
ação necessária na criação animal, quer seja pela obrigatoriedade de leis que
visam à prevenção ou erradicação de algumas doenças, quer para assegurar
boas condições de saúde aos animais, minimizando riscos de doenças e
consequentes prejuízos econômicos.
Vacinas são substâncias que, ao serem introduzidas no organismo de um
animal, induzem uma reação do sistema imunológico (sistema de defesa)
semelhante à que ocorreria no caso de infecção por determinado agente
(micróbio), tornando esse animal imune (protegido) a esse agente e às doenças
por ele provocadas.
É importante ressaltar que, para uma boa resposta do sistema de defesa,
o animal deve estar em perfeita condição de saúde e nutrição. Mesmo assim,
alguns indivíduos não são capazes de responder à vacinação. Sendo assim,
pode-se dizer que em um grupo de animais vacinados adequadamente, em
média, 5% dos animais não ficarão protegidos.
34
No Quadro 2, encontra-se o Quadro Geral de vacinação dos bovinos.
Quadro 2: Quadro Geral de vacinação de bovinos
Doenças
Época de vacinação
Sexo dos
animais
Fêmeas
Brucelose Bovina - infecção
ocasionada pela bactéria Brucella
abortus, que pode causar o aborto
e/ou infertilidade das fêmeas.*
Entre três e oito meses de vida.
Clostridiose - dentre as doenças
mais comuns causadas pela bactéria
do gênero Clostridium, citam-se:
carbúnculo sintomático, gangrena
gasosa, enterotoxemia, morte súbita
e tétano, que podem levar à morte
dos bovinos. Deve-se observar na
bula da vacina contra quais doenças
ela protege, uma vez que existe
grande variedade de vacinas
polivalentes no mercado.
A partir dos três meses de vida.
Machos e
fêmeas
Botulismo - intoxicação causada pela
toxina botulínica, que é produzida
pelo microrganismo Clostridium
botulinum.
A partir dos três meses de vida.
Machos e
fêmeas
Febre Aftosa - protege o bovino
contra infecção pelo vírus da febre
aftosa, que causa lesões ulcerativas
nos membros e boca, podendo levar
os animais à morte.
Seguir a orientação do órgão de
defesa agropecuária da região.
Machos e
fêmeas
Leptospirose - protege contra
infecção pelos micro-organismos do
gênero Leptospira, que podem causar
infertilidade, aborto, mastite e até a
morte.
A partir dos três meses de vida,
com dose de reforço após 30
dias para os animais vacinados
pela primeira vez.
Machos e
fêmeas
Raiva dos herbívoros - protege
contra infecção pelo vírus da raiva,
que causa a morte e pode contaminar
o ser humano.
Seguir a orientação do órgão de
defesa agropecuária da região.
Machos e
fêmeas
Fonte: http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal
* É importante assinalar que os humanos podem contrair a brucelose.
Cuidados importantes no processo de vacinação - vacinas são produtos
bastante delicados, principalmente em relação à temperatura em que devem ser
guardadas. No momento da compra, certifique-se de que as vacinas estão bem
armazenadas e que o cuidado será mantido durante o transporte e na
propriedade até o momento da aplicação. Devem estar protegidas do sol e em
ambiente refrigerado, de 2º a 8ºC (Fig. 50). Além desses cuidados, é importante
verificar a validade das vacinas, descartando, de forma segura para o ambiente
(incinerar), as que estiverem vencidas. Tenha cuidado também para que a
vacina não congele, o que pode causar nódulo no local da aplicação, além de
falta de eficácia.
35
Ao planejar a vacinação, verifique a dosagem a ser aplicada (indicada pelo
fabricante) e compre a quantidade que será usada. Considere perdas em torno
de 3%. Leia as recomendações de uso da vacina (no rótulo ou na bula), pois em
alguns casos deve-se agitar o frasco antes de carregar a seringa.
Figura 50: Imunização vacinal preventiva; as vacinas
sempre devem ser mantidas em refrigeração.
Aplique a vacina na tábua do pescoço do animal. Para aplicação
subcutânea, posicione a seringa na posição paralela ao pescoço do animal, puxe
o couro, introduza a agulha e aplique a vacina. Para vacina intramuscular,
mantenha a seringa na posição perpendicular ao pescoço do animal, introduza a
agulha e injete a vacina.
Controle estratégico de parasitos - para o controle preventivo de parasitoses,
a higiene dos currais, instalações para bezerros e bebedouros será sempre fator
fundamental, além da associação de práticas como manejo de pastagens visando
à redução da infestação e infecção por parasitos e nutrição adequada do
rebanho.
Deve-se salientar que a prevenção será sempre o tópico mais importante
em relação ao tratamento. Além da utilização de raças menos sensíveis às
parasitoses e bem adaptadas ao ambiente (aumento do sangue zebuíno) (Fig.
51), constituem práticas fundamentais: remover sempre as fezes das instalações
(Fig. 52 e 53); evitar o acúmulo de água nos piquetes, proximidades dos currais,
instalações para bezerros e no entorno dos bebedouros; impedir que os animais
jovens tenham contato com o acúmulo de fezes dos animais adultos, uma vez
que os adultos são mais resistentes às infecções por parasitos e tornam-se
portadores
assintomáticos,
liberando
formas
infectantes
de
parasitos
no
ambiente, os quais irão infectar os animais jovens que são mais susceptíveis e
provavelmente adoecerão. Assim, constitui medida preventiva dividir o rebanho
em lotes de animais jovens e adultos (Fig. 54, 55 e 56).
36
Figura 51: Rebanho mestiço Zebu x Europeu (Gir
leiteiro x Holandês).
Figuras 52 e 53: Na sala de ordenha, curral de espera e bezerreiro, a remoção das fezes com pá e rodo
e posterior lavagem com água.
Figura 54: Lote de bezerros em aleitamento; instalações
separadas dos animais mais velhos.
37
Figura 55: Lote de bezerras desmamadas (dos 7 meses
aos 330 kg de peso vivo), separadas dos adultos.
Figura 56: Lote das vacas adultas e touro, separados dos
animais jovens.
Os métodos de manejo racional de pastagens baseiam-se em reduzir a
fonte de parasitos e minimizar ou impedir o contato dos parasitos com animais
sensíveis. Entre as possibilidades estão: a utilização de áreas anteriormente
empregadas em outros cultivos para o pastejo dos animais; a alternância anual
de ovinos e bovinos nas pastagens; pastejo alternado entre bovinos adultos e
pequenos ruminantes; pastejo alternado ou misto entre animais da mesma
espécie, porém de diferentes idades, e pastejo rotacionado. A rotação de
pastagens é uma prática zootécnica, normalmente empregada para garantir a
qualidade nutricional das forrageiras, podendo também ser utilizada com o
interesse de controlar o parasitismo, tendo como princípio a descontaminação
através do descanso da pastagem. A prática determina o repouso da pastagem
durante certo tempo, determinado, de acordo com a ação das condições
climáticas da região, as fases de vida livre dos parasitos.
Uma nutrição adequada, em quantidade e qualidade, permite compensar,
ao menos parcialmente, a má absorção dos nutrientes provocada pela presença
38
dos helmintos nos animais parasitados. Uma alimentação equilibrada determina,
também, melhor resistência do hospedeiro às infecções, ocasionando redução da
instalação e da fertilidade dos parasitos.
Para controle das infestações por carrapatos, devem ser adotadas práticas
de manejo visando reduzir o nível de infestação do ambiente (pastagens). Dentre
as medidas mais eficazes, destacam-se o rodízio de pastagens com descanso de
pelo menos 30 dias por piquete, ou tempo suficiente para inviabilizar as formas
imaturas do carrapato presentes no ambiente. A utilização de raças resistentes
ao carrapato e bem adaptadas também contribui para o controle, sendo os
bovinos com maior grau de sangue indiano (Zebu) mais resistentes a
ectoparasitas (Fig. 57).
Figura 57: Touro Gir leiteiro (Zebu), reprodutor em serviço
no Projeto SIPA - Fazendinha Agroecológica Km 47.
A pastagem tem grande influencia no controle de carrapatos. Pastagens
mantidas altas, ou de folhas largas, permitem melhor desenvolvimento e
sobrevivência de carrapatos (Fig. 58). Além disso, permitem maior lotação dos
animais, que encontram facilmente as larvas e produzem mais carrapatos. É
necessário maior cuidado para que não se tornem altamente infestadas, pois
será difícil limpá-las. A rotação ou vedação por períodos superiores a 30 dias,
durante os meses quentes do ano, faz com que se tornem mais limpas, pois
grande parte das larvas morre de fome caso não encontrem os bovinos. Na volta
ao pasto vedado, os animais devem estar limpos de carrapatos para que não se
perca a limpeza conseguida. Por fim, equinos e bovinos devem ser mantidos em
pastos separados, pois os carrapatos dos equinos (carrapato-estrela) podem
infestar os bovinos.
39
Figura 58: Pastagem com forrageira de folha larga
infestada por carrapatos.
Para controle da infestação por bernes, algumas práticas de manejo são
muito importantes, como: reduzir a presença de moscas nos estábulos através
do manejo correto de composteiras e do esterco nas proximidades das
instalações; buscar selecionar, entre os animais do rebanho, aqueles que se
apresentem resistentes ou menos susceptíveis à infestação por bernes, sem
deixar de levar em consideração, é claro, o potencial produtivo desses animais.
Em estudo recente desenvolvido na Fazendinha Agroecológica Km 47, Florião et
al. (2011) observaram que, no rebanho composto por animais mestiços Zebu
com Europeu (Gir Leiteiro x Holandês), a pelagem com maior ocorrência de
infestação por bernes foi a preta pintada de branco (Fig. 59 e 60), enquanto a
pelagem com menor propensão para o referido parasitismo foi a pelagem bovina
marrom em tonalidades típicas e a branca pintada de preto (Fig. 61 e 62).
Figura 59 e 60: Pelagem preta pintada de branco e preta respectivamente.
40
Figuras 61 e 62: Pelagem castanho em tonalidades típicas e branca pintada de preto.
A associação de animais de diferentes espécies na mesma instalação, por
vezes empregada em sistemas agropecuários, deve ser considerada com cautela
sob os aspectos sanitários, devido às diferenças entre as espécies em relação à
susceptibilidade a determinados agentes patogênicos. Por exemplo, em relação à
associação de bovinos e suínos, a presença do nematóide Ascaris suum,
normalmente encontrado no intestino de suínos sem comprometer a saúde deles,
pode determinar doença pulmonar grave em bovinos.
O uso de “vassoura de fogo” para desinfecção das instalações está
recomendado, já que, além da eficiência, trata-se de opção não geradora de
resíduos ambientais.
No manejo do rebanho bovino leiteiro na Fazendinha Agroecológica Km 47,
utiliza-se enxofre para a alimentação animal (400g/mês), como parte da
formulação do suplemento mineral oferecido ao rebanho, para auxiliar no
controle parasitário dos bovinos (custo do enxofre pecuário: saco de 25 kg em
torno de R$ 42,00).
Terapêutica homeopática - atualmente, o tema bem-estar animal tem papel
central nas discussões sobre produção animal sustentável.
A demanda por novas formas de criação que busquem respeitar o
comportamento natural dos animais, utilizar manejo voltado para a prevenção de
doenças e que preconize o uso de terapêuticas mais suaves contrapõe-se ao
modelo convencional de criação.
Dentre essas terapêuticas, destaca-se a homeopatia, por ser considerada
alternativa aos medicamentos alopáticos, em função de seu menor custo, sua
mais fácil aplicabilidade e também por não eliminar resíduos de medicamentos,
possibilitando que o leite e seus derivados possam ser consumidos sem riscos à
saúde humana e ao ambiente. A prática homeopática contempla o bem-estar
animal, uma vez que o medicamento pode ser fornecido na água, na ração ou
sob a forma de diluições, não havendo necessidade de contenção dos animais, o
que é um fator altamente gerador de estresse. Contempla o bem-estar também
41
por enfatizar o olhar mais atento ao indivíduo e a suas particularidades, visando
restabelecer o equilíbrio do organismo como um todo.
A adoção da homeopatia está associada a alterações na rotina de manejo
e na percepção das pessoas em relação aos animais e à propriedade como um
todo.
Atualmente,
tanto
animais
de
companhia
como
de
produção,
principalmente na produção orgânica, têm sido tratados com a medicina
homeopática. São tratadas doenças agudas ou crônicas (EUROPEAN COUNCIL
FOR CLASSICAL HOMEOPATHY, 2003).
Na medicina de rebanhos, é muito importante a aplicação de princípios
preventivos para minimizar ou eliminar doenças infecciosas. Por isso, tem havido
aumento na demanda de veterinários que utilizem a homeopatia (DAY, 1992).
Portanto, apesar de a homeopatia ser descrita como uma medicina que só pode
ser prescrita com base nos sintomas individuais do paciente, alguns estudos têm
sido feitos para validar sua aplicação no tratamento de grupo. Pesquisas em
homeopatia na criação animal têm enfatizado seus efeitos sobre a saúde do
úbere em vacas leiteiras (FOSSING, 2003) e também no controle de nematódeos
gastrintestinais de ruminantes naturalmente infectados (ALBERTI, 2005) e
ectoparasitas em rebanho bovino (MENDONÇA, 2000).
É imprescindível, porém, que se esclareça que o processo de cura pelo
“sistema homeopático” é diferente do convencional, portanto, resultados como
aumento nos valores de CCS (Contagem de Células Somáticas) em vacas de
leite, nos primeiros meses de uso dos medicamentos homeopáticos, são comuns
e até esperados, em função da reação do organismo que antecede a cura
(MITIDIERO, 2004).
Grande parte dos contatos entre o tratador ou ordenhador e seus animais
está relacionado a estímulos negativos, como vacinações, tratamento veterinário
ou transporte. No gado leiteiro, existe ainda o contato diário devido à ordenha,
que pode ser positivo ou negativo, dependendo do ambiente da ordenha,
incluindo aí o ordenhador. Vários estudos demonstraram correlação desfavorável
entre medo de humanos e aspectos da produtividade de bovinos leiteiros, como
a produção de leite ou a taxa de concepção após inseminação artificial (BREUER
et al., 2000; RUSHEN, 1999).
Além das condições de saúde dos animais, a escolha por diferentes opções
terapêuticas deve ser feita também pelos seus efeitos na saúde humana e no
ambiente. Souza (1998), em uma pesquisa sobre resíduos de antibióticos no
leite comercializado para consumo humano, em Santa Catarina, encontrou
50,52% das amostras positivas, 44,01% suspeitas e somente 5,46% negativas.
Considerando-se os efeitos danosos à saúde humana e ao ambiente causados
pelos resíduos de tratamentos convencionais, principalmente para endo e
ectoparasitos
e
mastites
(piretróides,
ivermectinas
e
antibióticos),
os
42
medicamentos alternativos, como os homeopáticos, devem ser utilizados como
principal opção terapêutica para tratamento de animais de produção.
A terapêutica homeopática é oficialmente uma especialidade veterinária
oficialmente amparada pela resolução n° 625, de 16 de março de 1995, do
Conselho Federal de Medicina Veterinária, que dispõe sobre o registro de título
de especialista no âmbito dos conselhos regionais (BRASIL, 1995).
Atualmente, o crescente interesse pelo uso de homeopatia na produção
animal, associado – mas não exclusivamente – ao interesse pela produção
orgânica, confronta-se com uma incipiente experiência tanto por parte de
extensionistas como de produtores. Para garantir o sucesso da adoção da
terapêutica
homeopática,
especialmente
no
período
de
transição,
faz-se
necessário conhecer a sua efetividade a campo, as suas limitações, as
motivações e restrições dos agricultores para o seu uso e os efeitos da transição
para essa forma terapêutica nas relações dos agricultores com os animais e a
propriedade rural como um todo. Essas informações podem ser utilizadas para
construir uma base confiável para a transição para sistemas de produção
agroecológica.
Como já foi mencionado anteriormente, um novo conceito de manejo
proposto por Florião (2011) para a Fazendinha Agroecológica do Km 47, baseado
no
bem-estar
animal,
controle
estratégico
de
parasitos
e
terapêutica
homeopática está em utilização desde setembro de 2009: o esquema terapêutico
homeopático preventivo consistiu na administração mensal (Fig. 63) dos
medicamentos Calcarea carbonica 6cH, exceto para os jovens desmamados que
receberam C. phosphorica 6cH e Sulphur 6cH, separadamente. Os jovens
lactentes receberam ainda Silicea terra 6cH uma vez por mês. Os medicamentos
foram administrados por aspersão, na dose de 2ml, por via vaginal para as
fêmeas adultas e via nasal para os jovens e o touro (Fig. 64 A, B e C). O
esquema foi eficiente em manter a saúde do rebanho bovino leiteiro (rebanho
mestiço Gir Leiteiro x Holandês).
Figura 63: Frascos com medicamentos homeopáticos e acondicionamento dos medicamentos em borrifadores
para administração no rebanho.
43
A
B
C
Figura 64: Medicamentos administrados por aspersão, via vaginal, em fêmeas adultas (A) e via nasal em
jovens e touro (B e C).
3. Recomendações técnicas
A utilização do “protocolo de boas práticas” é uma necessidade para o
controle dos riscos na manutenção da saúde de rebanhos bovinos.
Os medicamentos homeopáticos não devem ser colocados próximo a
aparelhos que emitam radiação ou ondas eletromagnéticas (celulares e forno
micro-ondas, por exemplo), nem próximo a substâncias com odor forte, como
perfumes ou medicamentos convencionais.
4. Vantagens e desvantagens das práticas
O respeito às condições de bem-estar animal e o manejo sanitário
preventivo reduzem significantemente a incidência de doenças que possam
acometer os bovinos, portanto, mesmo que os pontos de vista humanitário e
sanitário não sejam levados em consideração por alguns produtores, a redução
de gastos com medicamentos e o aumento da produtividade tornam essas
práticas indicadas economicamente em qualquer tipo de produção animal.
Por outro lado, essas práticas exigem maior atenção por parte das pessoas
que lidam diretamente com os animais, uma vez que a higienização das
instalações e equipamentos deve ser constante, o bem-estar deve sempre ser
preconizado em qualquer etapa da produção e o monitoramento da condição de
saúde do rebanho deve ser intensivo. Portanto, faz-se necessária a afinidade
com o trabalho, a sensibilidade na lida com os animais e o compromisso com a
rotina do manejo por parte dos ordenadores, dos encarregados e de todos os
envolvidos na produção.
44
Indicadores com estimativas de custos
Tabela 1: Quantidade de medicamento homeopático* (do esquema preventivo) para
cada animal, dividida por classe do rebanho, por mês e por período de um ano.
Classes do rebanho
Medicamento homeopático: esquema preventivo
Período de um mês
Período de um ano
Vacas
4 ml
120 ml
Bezerros em aleitamento
6 ml
180 ml
Bezerras desmamadas
4 ml
120 ml
*Custo do medicamento homeopático, frasco de 60 ml, em torno de R$ 20,00. Os medicamentos podem ser
adquiridos em farmácias homeopáticas.
5. Referências
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