O terceiro é que nosso espírito, pura e inteiramente, se ofereça, se

Transcrição

O terceiro é que nosso espírito, pura e inteiramente, se ofereça, se
AVISOS E OFICIOS – 14 A 21/04/2013
Catedral da Santíssima Virgem Maria
Rua Saint Roman 226, Copacabana - Rio de Janeiro – RJ
GRANDE QUARESMA
14/04/2013- (4º) DOMINGO DE SÃO JOÃO CLÍMACO (3º anterior à Páscoa).
21/04/2013- (5º) DOMINGO DA SANTA MARIA DO EGITO (2º anterior à Páscoa).
Todos os domingos: Ofício das Horas (Tercia e Sexta), às 9h 30min;
Sagrada Liturgia, às 10h.
LEITURAS: http://www.igrejaortodoxa.com/calendario.php
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DOS OFÍCIOS DA GRANDE
QUARESMA E SEMANA SANTA.
http://www.igrejaortodoxa.com/pdf/CALENDARIO2013/GQuaresma2013.pdf
QUARTA FEIRA, LEITURA DO GRANDE CÂNON DE SANTO
ANDRÉ DE CRETA.
Na quarta feira, 18/4, às 20h., haverá Matinas com a leitura completa do Grande
Cânon de Santo André de Creta. Não haverá Pré-Santificados.
SÁBADO, 20/4, HAVERÁ CELEBRAÇÃO DO ACATISTE DA
SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, A MÃE DE DEUS, ÀS 10h.
NO MESMO SÁBADO HAVERÁ UM ALMOÇO AGÁPICO E
ENSAIO DO CANTO PASCAL. E, ÀS 17h, CELEBRAÇÃO DE
MATINAS.
ANTONIO, PAI DE MARTA, ENCONTRA-SE NO CTI DO
HOSPITAL DA AERONÁUTICA, NA ILHA DO GOVERNADOR.
Após sofrer o atropelamento que divulgamos. Antônio apresentou anemia profunda e infecção que
afetou diversos órgãos, paralisando os rins. Foi internado no CTI, onde ficou em coma induzido.
Depois dessa situação crítica, seu estado de saúde vem melhorando, com a infecção sendo
dominada e os rins voltando a funcionar. Pedimos as orações de todos.
O restante do ‘Avisos e Ofícios’ vão em anexo
QUATRO NOVOS TEXTOS COLOCADOS À DISPOSIÇÃO NA
BIBLIOTECA DO SITE: http://www.igrejaortodoxa.com/teologiaindice.php
Abba José e o Demónio; Os Atributos da Mente e do Corpo;
Sobre a Vigilância e a Santidade; Uma História Sobre São Paulo o Simples
BOLETIM ORTODOXO – ABRIL DE 2013.
Publicação mensal da Eparquia do Rio de Janeiro e Olinda-Recife, da Igreja Ortodoxa da Polônia. Os que
quiserem comprar ASSINATURA SEMESTRAL VIA INTERNET devem fazer o depósito na conta abaixo, e
enviar um e-mail de identificação com nome, endereço, valor e data do depósito para:
[email protected]
Conta da Catedral:
Igreja Ortodoxa do Brasil
Caixa Econômica Federal
Agência: 0198
Conta Corrente: 001404-7 - Operação 003.
MODOS DE ASSINATURA SEMESTRAL
IMPRESSO/PDF
PDF
PERÍODO VALOR
Retirada na CATEDRAL
Inclui
6 MESES 30,00
Envio pelos CORREIOS
Inclui
6 MESES 37,50
Só PDF
6 MESES 24,00
A remessa do Boletim pelo correio é no prazo de uma carta comum.
A remessa do Boletim/PDF é via E-mail.
A assinatura do boletim impresso dá direito também ao modelo PDF - via Internet
CORAL FUNCIONAL ENSAIOS ÀS QUARTAS FEIRAS
O Coral funcional, que inclui todos os que cantam nos Ofícios e Liturgias, terá ensaios de
aperfeiçoamento às Quartas Feiras, às 19h, sob a orientação do subdiácono Pablo Emanuel.
ESCOLA DE TEOLOGIA SÃO JOÃO APÓSTOLO
Aula mensal: sábado dia 13/04, a partir das 9h.
ATELIER SÃO LUCAS:
Encontros às quartas e sábados, das 13 às 18h.
ENCONTROS CATEQUÉTICOS DA GRANDE QUARESMA
ESCADA DE JOÃO CLÍMACO
O TERCEIRO DEGRAU – A PEREGRINAÇÃO
O terceiro degrau da escada é o contínuo desejo de união com Deus. Mas essa união não se
completa de forma estanque, pronta e acabada. Ela é um contínuo caminhar com Deus em direção a
Deus.
Caminhando nesse desejo de união, o monge se faz peregrino e estrangeiro a todas as
coisas do mundo. Em corpo, ele se torna peregrino em sua pátria. Em sua alma, ele se torna
estrangeiro para o amor desordenado que o ligava a todas as outras coisas.
“Grande coisa é haver modificado o apego às coisas passageiras, e a peregrinação é a mãe
desta virtude”.
Duplamente estrangeiro, o monge liberta o coração das amarras que o prendiam a tudo que
perece. Nesse estado de liberdade, ele volta sua face para Deus. O monge só deseja “unir-se a Ele e
repousar n’Ele sem que nada lhe tire deste repouso ou o desperte desse sonho. Tudo isso se faz
perfeitamente em glória, mas imperfeitamente nessa vida.”
“Peregrinação é o abandono constante e voluntário de todas aquelas coisas que nos
impedem de manter o propósito e o exercício da piedade, que é honrar e buscar a Deus.
Peregrinação é um coração vazio de toda a desconfiança, uma sabedoria desconhecida, uma
prudência secreta, uma vida retirada, um propósito secreto, amor ao desprezo, apetite de angústias,
desejo do amor divino, abundância de caridade, renúncia a vangloria, um abismo de silêncio.”
“Peregrino é aquele que, como homem de outra Língua que mora em outra nação
estrangeira entre gente que não conhece, vive só consigo, no conhecimento de si mesmo.”
“Os que são peregrinos por amor de Deus, têm de abandonar todos os seus apegos, e estar
como mortos para com todas as coisas, a fim de não estar em parte desligados do mundo, e pela
outra, enganados por seus laços.”
“Porque assim como é impossível mirar com um olho o céu e com o outro a terra, é
igualmente impossível, estando em corpo e com o ânimo ligados ao mundo, ter uma afeição pura
pelas coisas do céu.”
No entanto os que caminham nesse degrau podem encontrar muitas armadilhas que podem
jogar o monge em situação ainda mais baixa do que a que ele estava antes de ter começado a
subida.
“Com grande trabalho se alcança a virtude e se estabelecem os bons hábitos. Mas pode
ocorrer que aquilo que só se conseguiu através de muito trabalho e em muito tempo, se perca em
um instante.; pois “as más companhias corrompem os bons hábitos” (1 Cor.15,33)”. (As
lembranças do mundo são as piores companhias)
“Aquele que, depois de haver renunciado ao mundo quiser viver e relacionar-se com os
homens que vivem segundo o mundo, e morar acerca deles, há de cair, certamente, nos mesmos
perigos que eles e há de manchar seu coração com os mesmos pensamentos, e se assim não se
manchar, ao julgar e condenar aos que assim se mancham, se manchará a ele mesmo.”
O monge que se afastou do mundo sempre corre grande perigo quando volta a ter contato
com ele, “pois muitas vezes os vícios, longo tempo adormecidos, podem despertar ao seu contato”.
“Fuja, então, como de um grande castigo da proximidade dos lugares do mundo, pois
quando o fruto está ausente, menos move o coração”.
O monge deve buscar o seu lugar “nos lugares mais humildes, menos públicos e mais
apartados das consolações do mundo”. De outro modo, ele pode se ver envolto pelas paixões.
Ele deve ocultar a riqueza, o prestígio ou a nobreza de família e em nada mostrar essa
origem, “a fim de não parecer a um em tuas palavras e a outro em teus atos”.
Uma armadilha é tentar convencer as almas amigas a trilhar o caminho monástico. Ao tentar
convencer o preguiçoso e o negligente, pode o monge ter a sua própria chama divina enfraquecida e
apagada.
“Portanto, quando sentires em ti essa chama e essa divina inspiração, corre pressuroso, pois
não sabes em que momento há de apagar-se, deixando-te às escuras. Nem todos são chamados a
salvar os outros, porque, como disse o Apóstolo: ‘Cada um dará a Deus conta por si’. (Rom.14,12),
e em outro lugar: ‘Tu, em suma, que ensinas a outros, como não ensinas a ti mesmo?’.
(Rom.12,21). Como se dissesse: No que concerne aos demais, não sei. Mas, cada qual responderá,
seguramente, por si mesmo”.
Outra armadilha é “o demônio da vagabundagem e do amor aos prazeres, pois a
peregrinação pode dar ocasião a este demônio”.
Outra armadilha é a vaidade, pois “os demônios começarão a combater-nos, gerando em nós
pensamentos de vaidade e incitando-nos a retornar a nossa pátria para edificação e exemplo de
todos aqueles que antes nos viram viver desordenadamente no mundo. E se por ventura temos
alguma graça no falar, então nos empurram fortemente rumo ao mundo, para que nos
transformemos em mestres e salvadores de almas. Tudo isto a fim de que a herança de nosso
trabalho, adquirida no porto, venha a ser perdida em alto mar”.
-Nenhum profeta é honrado em sua terra (Jn.4,44), tem dito o Senhor, devemos velar, não
obstante, afim de que nosso exílio voluntário não se transforme em ocasião para a vanglória,
porque a peregrinação verdadeira é o perfeito afastamento de todas as coisas com a intenção de que
nosso pensamento jamais se aparte de Deus.
O demônio sabe ser sutil em suas manipulações do ego. Em vez de combater, ele pode fingir
elogiar o exílio e a peregrinação do monge para dessa maneira fazer crescer a vaidade.
“Quando os demônios, e os homens, nos louvam por nosso exílio e por alguma virtude,
devemos recorrer com grande atenção a recordação daquele Senhor que peregrinou do céu até a
terra por nós, e falaremos que ainda que vivendo em todos os tempos, não poderíamos imitar a
pureza de seu exílio”.
Outra armadilha são os laços familiares que nos chamam de volta para o mundo. “Mais
vale entristecer a nossos pais que a nosso Senhor, porque Ele nos Criou e redimiu”, enquanto que
“os parentes muitas vezes destroem aos que amam”.
“Tem cuidado! Não estejas secretamente atado por amor dos teus, pois arriscas, ao vê-los
andar naufragando no dilúvio das misérias e trabalhos deste mundo a tratar de socorrê-los e padecer
junto com eles nesse mesmo dilúvio. Não te deixes comover, então, pelas lágrimas de teus pais e
dos amigos que choram tua saída do mundo, para não terdes que chorar por ti mesmo, por toda a
eternidade”.
“Os nossos, que de fato não são nossos, nos prometem muitas vezes enganosamente, que
todas as coisas se farão segundo nossa vontade e que não impedirão nossos bons propósitos. Mas,
eles, deste modo, tratam de desviar-nos de nosso curso para lograr seus próprios fins”.(É a
tendência de muitos pais de quererem se realizar através da vida dos filhos).
“Peregrino é aquele que sempre aparta de si a memória e o afeto, tanto dos parentes como
de estranhos”.
Que ninguém pense que nos separamos de nossos parentes porque os desprezamos (nunca
queira Deus que tal seja nossa intenção), sim para evitar o dano que de sua parte podem causar-nos.
Nesse ponto, como em tudo o mais, tenhamos a nosso Salvador por Mestre e exemplo, o
qual muitas vezes se afastou da Virgem e de São José. E quando lhe disseram: “Tua mãe e teus
irmãos te buscam” (Mt.12,47), nosso bom Mestre nos ensinou esse santo ódio e esta liberdade do
coração, ao responder: “Minha mãe e meus irmãos são os que fazem a vontade de meu Pai, que está
nos céus.”(Mt.12,50)
“Tenha por pai, então, aquele que pode e quer trabalhar contigo para ajudar-te a
descarregar o fardo de teus pecados; seja teu pai a compunção, que tem o poder de lavar a sujeira
da tua alma; seja teu irmão aquele que trabalha e luta a teu lado em teu curso face ao céu; seja a
memória da morte tua mulher e companheira, sempre ao teu lado; sejam os teus filhos bem amados,
os gemidos do coração; que teu servo seja teu corpo e teus amigos as santas potências que te serão
de utilidade na hora da morte, sim tu cultivarás agora sua amizade. Esta é a família espiritual
daqueles que buscam a Deus.”
"O amor de Deus exclui o amor desordenado dos pais – se engana aquele que pretende
possuir os dois ao mesmo tempo -, pois Ele tem dito: Ninguém pode servir a dois senhores”.
(MT.6,24)
“‘Não cuideis que vim trazer a paz, sim a espada’. (Mt.10,34) – disse o Senhor em outra
parte – porque vim apartar os amantes de Deus dos amantes do mundo, e aos terrenos e ambiciosos
dos espirituais, e aos ambiciosos dos humildes. Porque o Senhor se regozija dos conflitos e
separações quando eles se dão por amor a Ele”.
O monge que alcança o degrau da peregrinação que é o caminho da união com Deus, não
deve olhar para trás sob o risco de ficar inerte e estéril como uma estátua de sal.
“Esforcemo-nos para imitar a Lot, e não a mulher de Lot; porque a alma que retornar ao
lugar do qual saiu, há de transformar-se em sal e permanecerá imóvel como uma estátua.
(Gn.19,24)”
No entanto, tal como Moisés, alguns monges devem exercer a função de pastores de homens
(esse é o caso dos bispos ortodoxos). Esses monges, sem perder a condição de estrangeiro e
peregrino, devem voltar para o meio do mundo. Pois “não é mau para aqueles que no princípio de
sua conversão deixaram a pátria e todas as coisas com ela, por conservar-se na infância de sua
profissão e a fim de cerrar as portas a tudo quanto poderia danifica-los, que depois de confirmados
e adiantados na virtude e perfeitamente purificados, voltem a ela para fazer partícipes a outros da
salvação que eles mesmos alcançaram.”
“Entre todos os peregrinos nenhum foi como aquele Patriarca a quem lhe foi dito: ‘Sai de
tua terra e de entre teus parentes, e da casa de teu pai’ (Gn.12,1), sendo por esta via chamado a
marchar entre gente bárbara e de língua desconhecida.”
O próprio Deus, Filho e Verbo divino, quando tomou a carne e se fez homem, foi peregrino
e estrangeiro em sua própria Terra.
O PERCURSO DA GRANDE QUARESMA
QUINTO DOMINGO
(Encontros Catequéticos de 2012)
No quinto Domingo da Grande Quaresma festeja-se Santa Maria do Egito.
João Clímaco ensinou o essencial do que pode ser humanamente transmitido e ensinado a
respeito da ascese. Ele organizou esse conhecimento na forma de um processo representado por
uma escada composta por 30 degraus. No ambiente do mosteiro, os monges sempre contam com
disciplinas específicas e com um diretor espiritual que os orientam no caminho da ascese.
No entanto, o último Domingo da Quaresma é dedicado a Santa Maria do Egito, cuja ascese
até a santidade vai fugir desse modelo monástico. Vivendo sozinha e sem receber qualquer tipo de
orientação, Maria do Egito realiza na prática, tudo aquilo que está exposto nos ensinamentos da
Escada de São João Clímaco.
Maria do Egito era uma jovem bonita que aos 12 anos foge de casa e vai para Alexandria,
que na época era a capital cultural do mundo. A sua beleza chama a atenção dos homens. Ela se
sente feliz por despertar o interesse e a cortesia dos homens e durante 17 anos vai viver
despreocupadamente, entregando seu corpo em troca de favores e presentes.
Quando ela estava no seu vigésimo nono ano de vida, uma movimentação de alexandrinos
que pretendiam ir para Jerusalém participar da Festa da Exaltação da Cruz chama a sua atenção.
Ela, atraída pelo clima festivo, resolve ir também.
Sem se preocupar com dinheiro para pagar a passagem de barco, Maria do Egito
alegremente oferece seu corpo para a tripulação como forma de pagamento pela passagem.
Quando chega a Jerusalém, ela se mistura com a multidão que se dirige à Igreja. No entanto,
ela não consegue passar pela porta da Igreja. Ela acompanhava a multidão, mas quando pensava
que estava prestes a entrar, via-se novamente distante. Ela faz várias tentativas, mas uma barreira
invisível a mantêm do lado de fora.
Esse fato a deixa muito perturbada. Sentindo-se rejeitada, Maria do Egito chora diante do
ícone da Virgem e a própria Virgem diz que ela precisava se arrepender. Maria do Egito finalmente
sente uma profunda dor espiritual que decorria diretamente do tipo de vida que até então ela levara,
uma vida completamente distante de Deus. Suas lágrimas passam a traduzir um verdadeiro
arrependimento.
Maria do Egito, então, se dirige novamente para a Igreja, mas, dessa vez, nenhuma barreira
ou força invisível a impede de entrar.
No fim da festa, ela se dirige para o deserto e lá vai ficar vivendo sozinha durante 47 anos.
Até o dia que São Zózimo a encontra.
São Zózimo se assusta quando encontra aquela figura queimada de sol e sem roupas. No
entanto, a pedido do Santo, Maria do Egito conta sua história. O Santo se comove e se propõe a
trazer a comunhão para ela.
Quando São Zózimo volta com a comunhão, Maria do Egito estava na outra margem do
Rio. Acontece, então, que ela caminha por sobre as águas em direção a ele. Ele, então, tenta se
prostrar diante dela, mas Maria do Egito não aceita, porque ele estava portando o sacramento da
comunhão. Nem um dos dois se prostra e Maria do Egito toma a comunhão.
São Zózimo promete voltar um ano depois para novamente trazer a comunhão.
Passado um ano, São Zózimo, cumprindo o que prometera, retorna ao deserto trazendo a
comunhão para Maria do Egito. No entanto, Maria do Egito já estava morta quando ele a encontra.
E na areia havia uma inscrição dizendo QUE ELA MORRERA NO MESMO DIA EM QUE
COMUNGARA. Apesar de estar morta a tanto tempo, o seu corpo permanecia íntegro. Santo
Zózimo enterra o corpo e divulga a sua história.
A vida de Maria do Egito é um exemplo de arrependimento e conversão fulminante que
contrasta com a ascese progressiva de São João Clímaco. Surge o questionamento: “Os 47 anos de
deserto foram necessários para que ela se purificasse de sua vida promíscua?”. “Foram necessários
47 anos de deserto para que ela obtivesse a salvação?”
D Chrisóstomo esclareceu que não existe proporção matemática entre pecado e
arrependimento. Toda uma vida de pecados é lavada num único instante de arrependimento. A
penitência existe porque ajuda a aliviar a culpa e a dor espiritual que acompanha o movimento da
alma no processo de conversão. Ela também ajuda a fortalecer a vontade para que ela se mantenha
fiel a essa conversão.
O processo de ascese que se inicia depois da “conversão pelo arrependimento” é uma
questão de coerência e não um pré-requisito para a salvação.
Não há proporção entre os anos de deserto e os pecados. A ascese não é meritória. A
intensidade com que Maria do Egito se lança em sua ascese traduz a intensidade do temperamento
daquela mulher. Da mesma forma como foi intensa no pecado, Maria do Egito também foi intensa
em sua entrega a Deus. A vida no deserto foi a forma que ela encontrou de viver toda a intensidade
do amor que a conversão despertou em seu ser.
No último domingo da Grande Quaresma nós estamos no final do período da penitência
preparatória para vivermos a Semana Santa. Exatamente por isso, nesse domingo a Igreja Ortodoxa
festeja a Santa Maria do Egito, pois que sua conversão e ascese é um ícone da penitência.
Embora São João Clímaco tenha escrito para monges e Maria do Egito seja um exemplo de
ascese solitária, baseada unicamente na intensidade da conversão e da penitência, ambos sempre
despertaram grande interesse do povo ortodoxo. A ascese mística está presente na vida em Igreja e
pode ser vivenciada por todos em diferentes medidas.
Nesse Sábado, véspera do Domingo da Santa Maria do Egito, chega ao fim os encontros
quaresmais. Com eles aprendemos que a Grande Quaresma além de propiciar que o povo atual
reviva a grande travessia do deserto em direção a “Terra Prometida”, que se revela como sendo o
próprio Reino de Deus, já presente em Cristo. Ela também propicia que o povo reviva a trajetória
da ortodoxia que se desenvolve através da Veneração dos Ícones, da Teologia das Energias
Incriadas e da Tradição da Ascese Mística, esta última representadas por São João Clímaco e por
Santa Maria do Egito.

Documentos relacionados