Caderno de Resumos - Instituto de Educação de Angra dos Reis

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Caderno de Resumos - Instituto de Educação de Angra dos Reis
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 1
APRESENTAÇÃO
A cidade de Angra dos Reis é a terceira mais antiga do país. Em sua história, estão
presentes as lutas dos povos indígenas, afro-brasileiros, caiçaras e dos imigrantes
pobres. Questões de posse da terra, baixos salários, se juntam às condições de
moradia, situação das ilhas, meio ambiente e inúmeros outros problemas,
fundindo-se num mosaico de lutas que incluem a questão racial, indígena, de
gênero, sexualidades, acessibilidade, entre outras. A diversidade em Angra dos
Reis está na mesma proporção das reivindicações que ecoam historicamente.
Neste quadro, diversas instituições e entidades vêm tomando iniciativas de
combate às desigualdades. Nas últimas décadas, o Movimento Negro e o Grupo
de Consciência Negra Ylá Dudu encaminhou várias lutas antirracistas. A
Universidade Federal Fluminense criou cursos de extensão “Negros e Negras
em Movimento” e a pós-graduação “Diversidade Cultural e Interculturalidade:
matrizes indígenas e africanas na educação brasileira”. O Conselho Municipal de
Educação tem realizado cursos sobre a temática da inclusão e acessibilidade. A
Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis realiza
ações com o objetivo de oferecer a formação docente para a implementação das
leis
10.639/03 e 11.645/08, entre outras iniciativas. A Secretaria de Assistência Social
e Direitos Humanos desenvolve ações para o fortalecimento de vínculos com as
Comunidades Tradicionais. A Fundação de Cultura de Angra dos Reis – CULTUAR,
realiza diversas ações voltadas para a diversidade cultural. A Câmara Municipal de
Angra dos Reis tem fomentado discussões com a população sobre temáticas que
envolvem a diversidade. O Fórum EJA é um espaço de diálogo sobre Jovens e
Adultos, onde diferentes trajetórias se misturam com o cenário intercultural a
nível regional.
Anualmente, no mês de novembro, acontecem atividades promovidas por
diferentes atores na cidade de Angra dos Reis, relacionadas ao dia da Consciência
Negra. Em Agosto de
2015, alguns desses atores encontraram-se e resolveram unir esforços em prol da
elaboração de uma atividade coletiva. Foi criado um grupo de trabalho, que
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reuniu o Grupo de Consciência Negra – Ylá Dudu, o Conselho Municipal de
Educação de Angra dos Reis – CMEAR, o Instituto de Educação de Angra Dos Reis
– IEAR/UFF, o Núcleo de Ações e Políticas Interculturais da Secretaria Municipal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis – SECT, a Fundação de
Cultura de Angra dos Reis – CULTUAR, a Secretaria de CMAR, o Fórum EJA e o
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ.
Esse grupo, a partir de alguns encontros, elaborou uma proposta de forma a
contribuir para a formação de educadores, para a construção de políticas
públicas antirracistas e para ampliar a consciência do respeito à diversidade.
Desde o ano de 2010, a SECT vem valorizando as práticas educativas dos
profissionais da Rede Municipal Pública, principalmente voltadas para a
implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, por meio do Incentivo Zumbi dos
Palmares.
No
âmbito
do
1º Congresso de Diversidade Cultural e
Interculturalidade, a comissão organizadora, com caráter interinstitucional,
reafirma a importância de valorizar essas práticas, ampliando as parcerias e o
Incentivo Zumbi dos Palmares para outros segmentos da sociedade.
Neste sentido, o presente Congresso tem como objetivo proporcionar mais um
espaço de discussão e formação aos diferentes sujeitos que atuam no campo da
diversidade cultural e da educação, possibilitando o diálogo intercultural por meio
da participação efetiva desses sujeitos na contribuição da construção de políticas
públicas para a cidade de Angra dos Reis.
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PROGRAMAÇÃO
1º DIA: 12/11 (Quinta-Feira) – Casa Larangeiras
18h: Credenciamento
(Praça Zumbi dos Palmares,
18h30min às 19h: Abertura com autoridades Centro)
e representantes de instituições e entidades.
19h às 21h: Conferência de Abertura com a Prof.ª Dr.ª Iolanda de Oliveira (UFF) e o Cacique
Marcos dos Santos
2ª DIA: 13/11 (Sexta-Feira) – Instituto de Educação de Angra dos Reis/UFF – Jacuecanga
Tupã (Comissão Guarani Yvy Rupa)
8h: Credenciamento
(Av. do Trabalhador, 179 –
9h às 10h30min: Conferência “Religiões eJacuecanga)
Religiosidades na Educação”, Prof.ª Dr.ª Stela Caputo
(UERJ)
e
Pr.
João
Carlos
Araújo
21h às 22h: Atividades Culturais
10h30min às 12h30min: Comunicação Oral por Eixo Temático
12h30min às 14h: Almoço
14h às 16h: Comunicação Oral por Eixo Temático
16h às 17h: Apresentação de Pôsteres
17h às 18h30min: Conferência “Juventudes no Campo e na Cidade” com a Prof.ª Dr.ª Rosilda
Bennáchio (IEAR/UFF), Prof.ª Dr.ª Marília Campos (UFRRJ) e convidados.
18h30min às 21h: Atividades Culturais
3º DIA: 14/11 (Sábado) – Instituto de Educação de Angra dos Reis/UFF – Jacuecanga
8h: Credenciamento
(Av. do Trabalhador, 179 –
Jacuecanga)
9h às 12h: Mesa de Debate com Representantes
das Comunidades Tradicionais em Angra dos
Reis (Indígenas, Quilombolas, Caiçaras, Ciganos e demais representações); Representante do
Ministério da Cidadania; Representante Ministério Público Federal.
12h às 14h: Encerramento com Atividades Culturais
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas - IEAR/UFF
Prof. Dr. Augusto Lima - IEAR/UFF
Prof. Me. Délcio Bernardo - CULTUAR
Prof. Dr. Domingos Nobre - IEAR/UFF
Prof.ª Glauciane Soares Basílio - CMEAR
Prof.ª Jacqueline Máximo Moreira - Ylá Dudu
Prof.ª Ma. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho – Fórum EJA Sul Fluminense
Prof.ª Esp. Norielem de Jesus Martins - SECT
Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos - SECT
COMITÊ CIENTÍFICO
Prof.ª Ma. Adriana Manzolillo Sanseverino – IEAR/UFF
Prof.ª Dr.ª Aline Abbonizio – UFRRJ
Prof.ª Dr.ª Dagmar de Mello e Silva – IEAR/UFF
Prof. Me. Délcio Bernardo – CULTUAR
Prof. Dr. Domingos Nobre – IEAR/UFF
Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – PPGEDUC/UFF
Prof. Dr. Fabiano Avelino da Silva – SASDH
Prof.ª Franciane Torres – SECT
Prof.ª Jacqueline Máximo Moreira – YLÁ DUDU
Prof.ª Luciana Telles – SECT
Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro – IEAR/UFF
Prof.ª Dr.ª Luciana Requião – IEAR/UFF
Prof.ª Dr.ª Mirian Alves de Souza – IEAR/UFF
Prof.ª Esp. Norielem de Jesus Martins – SECT
Me. Rafael Ribeiro – Sociedade Angrense de Proteção Ecológica
Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF
Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos – SECT
Profª Ma. Sandra Cardoso – FORUM EJA Sul Fluminense
Prof.ª Esp. Teresinha Nascimento – Rede Pública Municipal de Angra dos Reis
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EIXOS TEMÁTICOS
1. Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Básica.
Coordenadores (as): Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos – SECT, Prof.ª Esp. Norielem de Jesus
Martins – SECT.
Ementa: A Lei 10639/03, que estabelece o ensino da História da África e da Cultura afro- brasileira nos
sistemas de ensino, significa o reconhecimento da importância da questão do combate ao preconceito, ao
racismo e à discriminação na agenda brasileira de redução das desigualdades. Posteriormente, a Lei
11645/08 nos dá a mesma orientação quanto à temática indígena.
Essas
leis
são
importantes
instrumentos de orientação para o combate à discriminação, pois são leis afirmativas, que promovem a
necessária valorização das matrizes culturais que fizeram do Brasil o país rico, múltiplo e plural que somos.
Este Eixo Temático espera receber trabalhos que tratem de pesquisas e projetos que promovam a
implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08 na Educação Básica, bem como ações de combate ao
racismo nas escolas e demais espaços educativos.
2. Mídia, Artes, Racismos e Políticas Públicas de Igualdade Racial.
Coordenadores (as): Prof.ª Jacqueline Máximo – Ylá Dudu e Prof.ª Dr.ª Luciana Requião –
UFF
Ementa: O presente eixo se propõe a discutir projetos e práticas que envolvam a produção das mídias,
artes, linguagens e literaturas realizadas em contextos educativos, que ofereçam contribuições para o
estudo das relações étnico-raciais e para a compreensão das identidades culturais negras, indígenas,
caiçara, cigana, dentre outras.
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3. Territorialidade, Sustentabilidade, Identidades e Comunidades Tradicionais.
Coordenadores (as): Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro – UFF, Me. Rafael Ribeiro – SAPÊ, Prof.ª
Franciane Torres, Prof.ª Dr.ª Mirian Alves de Souza – IEAR/UFF.
Ementa: As comunidades tradicionais têm assumido um protagonismo crescente na região da Costa Verde,
através de lutas e atividades que envolvem diferentes aspectos da vida social da região. Sendo assim, este
eixo discutirá as expressões destas comunidades e suas demandas em termos de territorialidade,
sustentabilidade e identidade, palavras-chave nesse processo, que tende a se manifestar de forma decisiva
na educação e na cultura local. Compreendemos que as territorialidades revelam a íntima relação entre a
resistência de povos e culturas, a defesa de suas terras e as formas de organização de seus territórios e
identidades, no qual as sustentabilidades aparecem também como um conceito em disputa seja na arena
ambiental, seja nos aspectos econômicos e sociais.
4. Gêneros, Sexualidades e Racismos.
Coordenadores (as): Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – PPGEDUC/UFF, Prof.ª Teresinha
Nascimento – Rede Pública Municipal de Angra dos Reis.
Ementa: Raça, gênero e sexualidade são conceitos social e historicamente construídos sobre o prisma das
diferenças biológicas e possuem complexas dimensões e interseções. Este eixo temático, portanto, se
propõe a receber relatos de práticas e estudos que abarquem a construção das identidades de
gênero, a sexualidade, o corpo, o impacto do racismo e seu intercruzamento com outras formas de
discriminação em nossa sociedade.
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5. Religiões e Religiosidades na Educação.
Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF, Me. Délcio Bernardo –
CULTUAR.
Ementa: Este eixo espera receber trabalhos que abordem as religiões e religiosidades enquanto
conhecimentos, que discutam o caráter laico da educação pública e as religiões, a
intolerância religiosa e a diversidade na escola, bem como experiências de ensino religioso nos currículos
escolares.
6. Juventudes, Direitos Humanos e Políticas de Acesso e Permanência aos Sistemas de
Ensino.
Coordenadores (as): Prof. Dr. Fabiano Avelino – SASDH, Profª Ma. Sandra Cardoso –
FÓRUM EJA Sul Fluminense, Leila Haddad - FÓRUM EJA Sul Fluminense.
Ementa: Este eixo temático se propõe a discutir projetos, trabalhos e práticas voltadas para a juventude,
juvenilização da EJA, juventude e escolarização, políticas públicas de acesso e permanência aos sistemas de
ensino e suas correlações com os direitos humanos.
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7. Educação no Campo, Indígena, Quilombola, Caiçara, Ilhas, Sertões, Populações
Itinerantes.
Coordenadores (as): Prof. Dr. Domingos Nobre (IEAR/UFF), Prof.ª Dr.ª Aline Abbonizio –
UFRRJ.
Ementa: Este eixo temático busca abordar as variadas formas de pertencimento sociocultural dos atores
que hoje lutam por políticas públicas específicas e universais de educação e cultura, que levem em conta e
respeitem os contextos locais, cosmovisão, religiões, línguas e linguagens destes diferentes grupos sociais.
Esperamos receber trabalhos que abordem, entre outros temas: a luta por direitos básicos em educação e
cultura, o fortalecimento das identidades étnicas, os pertencimentos culturais, o direito à educação
diferenciada, a luta pela terra, o respeito à diversidade cultural e religiosa, as manifestações culturais
locais, bem como projetos educacionais e culturais voltados para essas populações.
8. Diversidade Cultural, Inclusão e Acessibilidade.
Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Dagmar de Mello e Silva – IEAR/UFF, Prof.ª Ma. Adriana
Manzolillo Sanseverino – IEAR/UFF, Prof.ª Luciana Telles – SECT
Ementa: Este eixo espera receber trabalhos que discutam a diversidade cultural, processos de inclusão
social, as Políticas Públicas e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146, de 6 de
julho de 2015, bem como as práticas em educação especial e inclusiva. Abordaremos também questões
sobre o atendimento educacional especializado, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de
trabalho e a acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
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Carta da Comissão Organizadora
e Equipe de Colaboradores do
1º Congresso de Diversidade Cultural e
Interculturalidade de Angra dos Reis
Nos dias 12, 13 e 14 de em novembro de 2015, realizou-se o primeiro Congresso
de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis, na Universidade
Federal Fluminense.
A proposta desse Congresso foi a de reunir movimentos sociais e instituições
em prol da luta pela igualdade de direitos, de combate ao racismo e à todas as formas
de discriminação.
A comissão Organizadora e Equipe de Colaboradores entende que esse
movimento é um passo importante na construção de políticas públicas a nível local e
nacional.
Ressaltamos algumas discussões importantes que foram realizadas neste espaço
de aprendizagem:
A necessidade de valorizar e fortalecer referenciais das populações negras,
indígenas e de comunidades tradicionais na educação, garantindo a dignidade desses
sujeitos dentro da nossa sociedade na luta e conquista pelos seus direitos.
Reconhecer o protagonismo da juventude, desconstruindo estereótipos que os
definem como alienados das questões sociais, políticas, etc. Enfatizando a necessidade
de desenvolver políticas públicas que revertam o quadro de violência e descaso que têm
culminado com o extermínio dos jovens, principalmente da juventude negra.
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Possibilitar o acesso e permanência dos diferentes sujeitos nos sistemas de
ensino com respeito as suas especificidades culturais e a diversidade.
Respeitar a diversidade religiosa e a importância da escola enquanto espaço de
diálogo das diversas formas de ser e estar no mundo, combatendo a intolerância e o
racismo epistêmico.
Compreender e respeitar as diferentes formas de se relacionar com o ambiente e
garantir a terra para quem nela e dela vive.
Perceber os movimentos culturais como identidades em transformação, que são
construídos social e historicamente e precisam ser reconhecidos na sua diversidade para
que um único modelo de conhecimento não continue a ser imposto como o verdadeiro.
Valorizar o papel da mulher na sociedade como protagonista da sua própria
história e sujeito ativo das lutas sociais, combatendo as desigualdades de gênero e de
discriminação sexual e de identidade de gênero.
O Congresso propôs espaços para a formação continuada dos professores
possibilitando a reflexão sobre todas as questões aqui discutidas como parte dos
desafios cotidianos e das relações que nele se estabelecem.
Esperamos que fóruns como esse se multipliquem e sejam motivadores de ações
coletivas que possam cobrar do poder público mudanças nas posturas de descaso com a
educação de forma geral, que vêm sendo demonstradas nos últimos tempos, levando os
educadores a se sentirem desmotivados e desvalorizados enquanto profissionais e seres
humanos, atuantes em diferentes realidades.
Algumas propostas a partir das discussões do Congresso:

Grupos
de
estudos
sobre
as
questões
fundiárias
(territorialidade
e
sustentabilidade).

Fortalecimento do Fórum EJA Sul Fluminense.

Fortalecimento do Fórum Municipal de Educação para as Relações Étnico-
Raciais.

Ocupação do novo terreno da Universidade Federal Fluminense, no bairro do
Retiro, nesta cidade, através de parcerias com os movimentos sociais e culturais,
Secretaria Municipal de Educação, Sindicato dos Profissionais de Educação,
Movimento Estudantil etc.
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
Repúdio à PEC 215 e as demais emendas constitucionais que são contrárias
aos direitos dos povos indígenas e quilombolas.

Repúdio a situação de abandono da Educação Escolar Indígena no Rio de
Janeiro.

Fortalecimento de políticas públicas em educação que assegurem atendimento
digno aos indígenas da região.

Combate ao proselitismo religioso nas escolas.
Finalizamos, agradecendo a todos e todas que se dispuseram a discutir essas
temáticas, contribuindo de forma tão significativa para o fortalecimento desse
Congresso.
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SUMÁRIO
Pág.
RESUMOS DO EIXO 1
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
RESUMOS DOS TRABALHOS ...................................................................
14
RESUMOS DO EIXO 2
MÍDIA, ARTES, RACISMOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE RACIAL
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
33
RESUMOS DO EIXO 3
TERRITORIALIDADE, SUSTENTABILIDADE, IDENTIDADES E COMUNIDADES
TRADICIONAIS
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
41
RESUMOS DO EIXO 4
GÊNEROS, SEXUALIDADES E RACISMOS
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
46
RESUMOS DO EIXO 5
RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NA EDUCAÇÃO
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
56
RESUMOS DO EIXO 6
JUVENTUDES, DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS DE ACESSO E
PERMANÊNCIA AOS SISTEMAS DE ENSINO
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
62
RESUMOS DO EIXO 7
EDUCAÇÃO NO CAMPO, INDÍGENA, QUILOMBOLA, CAIÇARA, ILHAS,
SERTÕES, POPULAÇÕES ITINERANTES
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
68
RESUMOS DO EIXO 8
DIVERSIDADE CULTURAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE
RESUMOS DOS TRABALHOS .....................................................................
80
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RESUMOS DO EIXO 1
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Coordenadoras: Norielem Martins e Roseléa Oliveira
RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER DOS IRMÃOS BREVES ENTRE A ELITE E A
ESCRAVIDÃO
ANA MARIS DE FIGUEIREDO RIBEIRO
(SECT)
O artigo e projeto discute as relações políticas dos irmãos Breves entre a elite e a escravidão
que possibilitou através da obtenção de títulos de nobreza e casamentos entre parentes, o
domínio e a expansão de um espaço de poder que se perpetuou por quase um século. Os
Breves em especial, Joaquim José e José Breves serão os objetos de estudo deste trabalho. A
genealogia do poder presente até os dias atuais é também um dos objetivos deste artigo projeto.
PALAVRAS-CHAVE: História, relações, leis, escravos, Barões.
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VESTIMENTAS DE TUMBAS ENCONTRADAS NO SÍTIO INGOMBE ILEDE PRESERVADAS
COM AGENTE INORGÂNICO
WAGNER CÉSAR DA SILVA LOSSANO
JOCIVALDO DOS SANTOS
CALVIM COSTA
MARCELO FORNAZELLI
(UFRRJ)
Depois de uma revisão de literatura sobre os termos químicos do livro A Historia da África – vol.
IV – UNESCO (2010) constatamos um equivoco de nomenclatura referente à descrição da
substância, preservativa encontrada em túmulos de um sítio arqueológico localizado Ingombe
Ilede no país Zâmbia na África Subsaariana. Segundo o livro editado pelo famoso Historiador Dr.
Djibril Tamsir Niane a conservação da vestimenta de algodão e dos amuletos de madeira se dera
por meio deste acido, porém o mesmo não existe na natureza. No texto, o autor se refere à
existência do ácido cúprico como agente fungicida, que preservou alguns objetos desde o século
XI DC. Assim, após consultas bibliográficas sobre nomenclatura química concluímos que o cobre
metálico (Cuº) não sofre protonação (H+). Tal fato deve-se a menor reatividade do Cobre por ser
considerado um metal nobre, portanto, o termo químico correto referente ao acido cúprico citado
corresponde na verdade ao sulfato cúprico.
PALAVRAS CHAVE: Preservação, Sulfato Cúprico, Sítio Arqueológico, Zâmbia, África
Subsaariana.
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PROJETO DIVERSIDADE EM FOCO: O OLHAR FOTOGRÁFICO DOS ALUNOS DA ESCOLA
MUNICIPAL VILA FAZENDINHA SOBRE A DIVERSIDADE.
YOLE MARIA EVANGELISTA FERREIRA
ESCOLA MUNICIPAL VILA FAZENDINHA
Um dos princípios que norteiam o âmbito da educação integral, permeia a necessidade de
desenvolver cidadãos conscientes da valorização da sua identidade, do respeito aos seus
direitos bem como da coletividade.Sensível à proposta, através das diferentes formas de
abordagem que a fotografia permite, resolveu-se trabalhar a temática na oficina de fotografia do
Programa Escola Integrada.O Projeto visa oportunizar atividades para o autoconhecimento e a
autoaceitação, trabalhando a percepção da sua importância no mundo e exercitando o desejo do
conhecimento do outro.Consequentemente, pretende-se desenvolver a valorização da
diversidade étnico-racial e o respeito às diferenças através de um processo de construção da
capacidade de reconhecer as diversidades e combater o preconceito no espaço escolar.No final
de 2013 iniciou-se os trabalhos por um processo de sensibilização.Em 2014 aumentou-se os
debates e as atividades de contextualização.Durante as discussões surgiu a idéia de uma
exposição de fotos dos alunos afrodescendentes fotografados por seus colegas. Construiu-se um
estúdio fotográfico.A Exposição PELE envolveu alunos, monitores, coordenadores pedagógicos
e professores.Devido ao impacto positivo gerado resolveu-se construir uma nova exposição
denominada PELES com crianças brancas e afrodescendentes. As Exposições visitaram
diversos locais sendo expostas na Secretaria Municipal de Educação em comemoração ao Dia
Nacional da Consciência Negra.2015 iniciou-se com novos questionamentos e provocações.Por
meio de uma percepção coletiva dos depoimentos nas rodas de conversa e mudanças de
comportamento gerados, aprofundou-se a temática enriquecendo as atividades.A temática do
cabelo tornou-se alvo das atenções e dentre as atividades construiu-se uma terceira exposição
denominada SOL NEGRO tendo o cabelo como referência.A exposição participou de diversos
eventos.O projeto contou com a assessoria do Núcleo de Relações Étnico-raciais .No decorrer
do projeto observou-se os alunos fotógrafos satisfeitos ao verem o resultado do trabalho.Os
alunos modelos como protagonistas demonstraram alegria e orgulho.As exposições geraram um
grande impacto no público visitante.Percebe-se um caminhar no sentido da construção de
relações étnico-raciais e sociais positivas no ambiente escolar ampliando os olhares dos alunos
sobre a diversidade estimulando a continuidade dos trabalhos.
PALAVRAS CHAVE: Fotografia, Autoaceitação, Autoconhecimento, Preconceito
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DIVERSIDADE NA ESCOLA: IDENTIDADES E ESTEREÓTIPOS NUMA TURMA DO 3º ANO
DO ENSINO FUNDAMENTAL
ANA VICENTE VELASCO
ROSANGELA HONÓRIO DOS SANTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O presente trabalho trata de uma contribuição de duas bolsistas do PIBID - Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – às pesquisas referentes à diversidade na
escola, tendo por objetivo relatar uma experiência ocorrida durante a oficina “Estereótipos e
Literatura Infantil”, elaborada para uma turma do terceiro ano do Ensino Fundamental, inserida
na Escola Municipal Monteiro Lobato, no município de Queimados, RJ. A proposta foi
apresentada à turma com o objetivo de promover atividades exploratórias, favorecendo o
reconhecimento de si e do outro, além de promover o diálogo acerca dos estereótipos
construídos socialmente. A oficina aconteceu em duas etapas e iniciou-se com a contação da
história africana “O cabelo de Lelê”. O livro apresenta a história de uma menina que não gostava
de seus cabelos cacheados, mas que após uma pesquisa sobre seus antepassados, descobriu a
beleza que herdara, e passou a amá-los. Após a história, as bolsistas do PIBID falaram sobre as
várias identidades, as maneiras de olharmos para nós mesmos, e as imposições que sofremos
nesse processo. Posteriormente, as crianças receberam, em grupos de cinco pessoas, algumas
fichas que correspondiam a identificações pessoais, contendo tipos de cabelo, cores dos olhos e
cores de pele. Dessa forma, eles iniciaram um difícil processo de reconhecimento de si, pois
numa turma de maioria negra, poucos foram os que escolheram a cor preta para sua
identificação, sendo a cor “morena” preponderante. Na segunda etapa, pedimos que eles se
dividissem em grupos e distribuímos alguns cartazes em branco para serem preenchidos. No
cartaz, eles procuravam características comuns e diferentes ao grupo no qual fazia parte, ou
seja, eles escolheriam uma determinada característica, por exemplo, a cor da pele, e colocaria o
sinal de igual se todos do grupo tivessem a mesma cor, ou sinal de diferente se tivesse pelo
menos um integrante com essa característica diferente. Ao final, vimos que as características
diferentes excedem muito às características semelhantes, explicando que somos diferentes e
que isso é natural dos seres humanos, e que, por mais que sejamos semelhantes em alguma
característica, somos diferentes em tantas outras.
PALAVRAS CHAVE: identidades - estereótipos - escola - educação - diversidade
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MORADA DO BRACUHY RESPIRA" QUILOMBOLADAMENTE"
ROSILENE BARBOSA DOS SANTOS
E.M. MORADA DO BRACUHY
A cidade de Angra Dos Reis possui um rico patrimônio cultural que se constitui como reflexo da
resistência do povo negro contra as mazelas da escravidão. O Quilombo do Bracuí é um reflexo
deste patrimônio e percebemos que muitos alunos da nossa escola, que são moradores desta
comunidade, não tem ciência desta importância histórica e cultural. Sendo assim o objetivo deste
trabalho é resgatar e valorizar os traços da cultura negra presente em nosso cotidiano,
entendendo as relações de poder e resistência que fazem parte da história do nosso país. O
desenvolvimento deste trabalho nos mostrou que sendo abordada de forma crítica, a educação
pode ser um valioso instrumento para minimizar desigualdades históricas do nosso país.
PALAVRAS CHAVE: Cultura, Educação, e Resistência.
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QUESTÕES RACIAIS E DE IDENTIDADE – TRABALHANDO O RACISMO COM OS ALUNOS
DO SEXTO ANO DA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR LEOPOLDO MACHADO
ALINE DE ALMEIDA HOCHE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA
COLÉGIO PEDRO II
No decorrer do ano de 2015, durante as aulas de história nas turmas de sexto ano do ensino
fundamental, percebemos que os alunos de uma escola localizada no município de Queimados,
realizavam brincadeiras preconceituosas com os colegas e que muitos daqueles que praticavam
os atos racistas eram também negros. A prática recorrente dessas brincadeiras em aula
incomodavam e ainda incomodam, não só pelas ações preconceituosas, mas pela falta de um
conhecimento identitário por parte desses alunos e da não valorização da etnia da qual fazem
parte, fazendo com que não se enxerguem integrantes dessa cultura, chegando ao ponto de
olharem de forma pejorativa as características físicas e culturais do seu grupo étnico.
A partir de uma situação problema vivenciada pela professora durante suas aulas de história
surgiu o projeto de trabalho baseado na Lei 10639/03, tendo como objetivo identificar, trabalhar e
minimizar os discursos e as práticas racistas no contexto escolar. Dessa forma, um plano de
ação foi traçado, culminando no projeto Questões raciais e de identidade – trabalhando o
racismo com os alunos do sexto ano da Escola Municipal Professor Leopoldo Machado, aplicado
durante o ano letivo de 2015, contendo algumas etapas e tendo como oficina a confecção de um
jornal pelos alunos abordando temas diversos sobre raça e racismo. As etapas formadoras do
projeto foram as aulas de história sobre os reinos africanos antigos, a exibição do documentário
Vista a minha pele, a elaboração de uma redação sobre o documentário e o racismo existente na
sociedade brasileira, debates e conversas sobre o tema ao longo das aulas e a confecção do
jornal temático. Tendo como ponto norteador o conceito de afrocentricidade, que defende o
estudo das questões étnico-raciais pelos próprios negros, buscou-se despertar nos alunos uma
tomada de consciência da importância do conhecimento de sua história e de sua identidade e o
reconhecimento de sua etnia e raça pertencentes.
PALAVRAS CHAVE: Afrocentricidade; Práticas Racistas; Questões étnico-raciais.
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NO BRASIL NÃO HÁ NEGROS
SAMIRIS FRAGA PEIXOTO
UFRRJ
Apesar de o Brasil ser um país em que sua identidade cultural seja marcada por uma mistura de
raças, inclusive a cultura negra, é muito comum que a as raízes negras não sejam reconhecidas
pelo povo brasileiro. É inimaginável pensar que no Brasil, apesar dessa miscigenação de povos
é possível que uma raça seja tratada de maneira segregativa. Sim! No Brasil não há negros. Há
morenos. Em uma experiência como bolsista do PIBID, em participação de um subprojeto
PEDiversidade em uma turma de 4º ano, um aluno negro se descrevia como “moreno” depois de
ficar muito surpreso com minha pergunta sobre a sua cor. Após se descrever, eu que por sua vez
não possuo uma cor de pele de tom muito escuro e muito menos branco, esse mesmo aluno
afirmou muito confiante: “Você é branca né, tia!”. A partir desse diálogo surge o presente trabalho
que busca contribuir para uma reflexão desses alunos sobre suas raízes culturais com o intuito
de desconstruir concepções racistas que permeiam nossa sociedade propondo a valorização de
uma beleza “branca”. Este trabalho é fruto de uma atividade proposta pelo subprojeto
PEDiversidade que nos permitia trabalhar uma sequência didática com as crianças com um tema
que tratasse sobre diversidade. A identidade negra no Brasil é negada por um povo que está
preso a cultura estereotipada e discriminatória, e por mais que sua história caracterize um povo
mestiço de singularidade própria, essa mesma sociedade assume uma identidade padronizada
por um conceito racista, e foi pensando nisso que me sensibilizei com aquelas crianças que
desde tão cedo já possuem em suas representações uma valorização da raça branca.
PALAVRAS CHAVE: Brasil, negro, identidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 20
PEDAGOGIA TEATRAL DE EDUCAÇÃO INTERCULTURAL AFRO - BRASILEIRA
DAYSE ANGELA DO NASCIMENTO AZEVEDO
ESPRESSARTBRASILE
O projeto, “Pedagogia Teatral de Educação Intercultural,” é fruto das experiências desenvolvidas,
nesta área do conhecimento - Artes Cênicas, em Roma - Itália e no Rio de Janeiro - Brasil, nos
últimos 25 anos, em diferentes escolas publicas do ensino formal. Tal projeto foi também
resultado da pesquisa de mestrado “Pedagogia Teatral Afro – brasileira” entre 2009 e 2011, pelo
Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas - PPGAC – UniRio. São laboratórios, artístico –
cultural, interetnico e interdisciplinar sob o tema - Corpo: memória imagem e identidade,
destinado à formação de professores do curso de magistério do Colégio Estadual Mario Moura
Brasil do Amaral – CEMBRA, Paraty – RJ. Percursos de ‘ações físicas’ e orgânicas em processo
de desconstrução e construção do corpo em Arte, a partir dos estudos e das pesquisas do
pedagogo Grotowski - organicidade africana, da tradição oral - Griot, África ocidental e, das
culturas tradicionais presentes na localidade da Costa Verde, Estado do Rio de Janeiro,
evidenciando-se a quilombola e indígena. Busca-se aproximar a relação entre o professor
enquanto corpo performer, o aluno enquanto corpo participativo e, a mediação cultural,
entendendo-se o programa performativo como a elaboração, adaptação e aplicação de novas
metodologias, a partir da conscientização do corpo em movimento no espaço, destacando o
fluxo, o ritmo, o tempo, a respiração em relação a si mesmo, ao outro e, sobretudo ao entorno de
seu ambiente. Na tentativa de suprir a carência de material referente às metodologias de ensinoaprendizagem do teatro contemporâneo na educação voltadas às temáticas afro – indígena
brasileira nas escolas, percorre-se trilhas do conhecimento de Pedagogia Teatral Afro-brasileira,
pois acredita-se que a partir do encontro com essas matrizes, surgem novos olhares e maneiras
de repensar a educação brasileira. Diretrizes essas, que sustentadas por reflexões democráticas,
tornam-se sólidas, acessíveis a todas as crianças jovens e adultos no exercício da cidadania e
dos direitos humanos. A escola abraça o local da cultura. Assume projetos com propostas
pedagógicas voltadas ao desenvolvimento das habilidades humanas e de sustentabilidade a vida
do planeta, preenchendo assim, novos espaços para a experimentação do saber – fazer –
teatral, nas escolas.
PALAVRAS CHAVE: Educação, Cultura e Arte
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 21
“TIA, VOCÊ É UMA BRUXA ?”
O SILENCIAMENTO DA IDENTIDADE NEGRA ATRAVÉS DO CABELO.
ARIANE ADÃO LOPES TEIXEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Muito embora minhas próprias narrativas enquanto crespa já respondessem a inúmeras
reflexões e perguntas sobre os reflexos de um padrão de beleza eurocêntrico dentro de uma
sociedade tão diversa em etnias, como é a sociedade brasileira esse trabalho nasce na minha
experiência como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),
no subprojeto Pedagogia-Diversidade, a partir da sensibilidade do olhar despertada por uma
criança quando me entrega uma carta dizendo que assim que me viu achava que era uma bruxa
e explica a afirmação através do volume do meu cabelo. Só então começo a me sensibilizar em
relação àquelas crianças pretas que não se enxergam como tal e mesmo sem intenção criam
formas de negar suas raízes negras na tentativa de assumir um padrão de beleza eurocêntrico e
imposto que silencia e atrofia a identidade delas através de discursos tomados de racismo,
estereótipos e até de violência simbólica. Pela minha opção de permanecer com o cabelo
crespo, ser crespa, já passei e passo diversas situações de dor e desconforto, na infância a tão
famosa “juba” gerou muitos apelidos e até mesmo dor física, aos quinze anos ganhei duas
chapinhas pra dar um jeito no cabelo porque agora era uma mocinha precisava me cuidar
melhor, e ainda hoje é constante o discurso de meus familiares e amigas já alisadas quanto ao
dar um jeito no cabelo. Hoje norteada por minhas posições políticas e ideológicas tenho plena
consciência do que o meu cabelo crespo e minha estética negra representam minha identidade.
Para Nilma Lino Gomes, Construir uma identidade negra positiva em uma sociedade que,
historicamente, ensina ao negro, desde muito cedo, que para ser aceito é preciso negar-se a si
mesmo, é um desafio enfrentado pelos negros brasileiros. (GOMES, 2003,p171) e é justamente
essa negação de si mesmo que encontramos dentro dos discursos docentes, que com praticas e
discursos naturalizados mostram as crianças o quanto é “errado ser” negro ou ainda na simples
naturalização de brincadeiras racistas, preconceituosas e que reproduzem estereótipos,
omitindo-se diante das relações étnico- raciais, colaborando para a manutenção e reprodução do
racismo.
PALAVRAS CHAVE: Relações étnico-raciais, educação básica, Pibid, Cabelo, identidade negra,
racismo.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 22
RELIGIOSIDADE DE MATRIZ AFRICANA NA ESCOLA E RACISMO EPISTÊMICO.
KATIA ANTUNES ZEPHIRO
UFFRJ/PPGEDUC
Todos sabemos que a escola é laica, nesse caso não deveria haver espaço para proselitismo
religioso, contudo a religião está na escola. Onde? Em seus conteúdos escolares. Não há como
abordar determinados conteúdos sem tocar nas questões religiosas que as influenciam. A
religião ocupa um grande espaço na escola mesmo quando essa instituição segue as
determinações de uma escola laica. Entendendo que a religião está nos conteúdos escolares,
em quais momentos essa abordagem incomoda? Gera conflitos? Quando são conteúdos que se
relacionam as religiosidades de matriz europeia, em geral, não há conflitos. Todos adoram saber
quais foram os deuses gregos, a influência da religião no período Medieval, as Reformas
Religiosas, etc. Mas e quando trazemos a África para sala de aula? Quando trazemos sua
religião, seus tambores, sua música, sua dança, sua cultura? Nesse momento há incômodo e
conflitos, pois a cultura e religião africana estão muitas vezes associadas ao mal, ao negativo.
Segundo Grosfoguel (2007) houve a “partir da colonização da América, uma consagração e
normalização de um privilégio epistêmico, caracterizando todo conhecimento ou saber não
cristão como produto do demônio”, levando a crer que o único conhecimento válido é o ocidental.
Apresentar no currículo conteúdos que levem os estudantes a perceberem que essa não é uma
verdade e mostrar formas “outras” de construção do conhecimento, da vida, da religião deve ser
uma forma de decolonizar esse currículo e interferir no processo de inferiorização de
determinadas culturas e religiões levando ao reconhecimento e respeito a diversidade e o fim do
racismo. O preconceito religioso, com relação as religiões de matriz africana, também é racismo
a medida que ele tem uma raiz étnico-racial e surge de uma construção histórica de dominação
de um povo sobre outro, no qual tentou-se tornar tudo que vinha do povo dominado como algo
inferior, menor, negativo. Não falar sobre esses assuntos na escola colabora para o que
chamamos de racismo epistêmico, ou seja, uma organização teórica que, por meio da tradição
de pensamento e pensadores ocidentais (seculares e religiosos) privilegiou e ainda hoje
privilegia a afirmação de serem estes os únicos sujeitos legítimos para a produção do
conhecimento e os únicos com capacidade de acesso a universalidade e a verdade
(GROSFOGUEL, 2007)
PALAVRAS CHAVE: EDUCAÇÃO, RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS, RACISMO EPISTEMICO
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 23
PROJETO AFRO- INDÍGENA: VALORIZANDO A IDENTIDADE CULTURAL BRASILEIRA.
IRACILDA LUCIVÂNIA BATISTA DE PAULA
MARIA CLÁUDIA DE ALMEIDA RIBEIRO
LEONÁLIA BOECHAT DOS SANTOS
MARILENE RODRIGUES DA SILVA RIBEIRO
E.M. ALMIRANTE TAMANDARÉ
A falta de conhecimento sobre a cultura afro-brasileira e indígena traz consequências
desastrosas para estas etnias que compõem a população brasileira. Pensando na realidade local
da escola, notamos a necessidade de um currículo mais dinâmico, interdisciplinar e democrático
que se proponha a discutir questões importantes como o multiculturalismo, e os aspectos
históricos destas etnias que são desvalorizadas. Devido a este fato consideramos necessário
conhecer, preservar, incentivar e valorizar as contribuições das ditas “minorias”. Para além de se
cumprir a exigência legal, o desenvolvimento deste trabalho pedagógico tem nos possibilitado
perceber características singulares, proporcionando práticas pedagógicas, que viabilizam uma
reflexão mais ampliada do nosso currículo.
PALAVRAS CHAVE: Diversidade, identidade e Currículo.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 24
SUBJETIVIDADE DA FACES
ELIANE SOARES ANDRADE
E.M. MORADA DO BRACUHY
Em nossa sociedade percebemos que características físicas que determinadas etnias são
valorizadas em detrimento de outras. O Brasil se constitui como um dos países mais
miscigenados do mundo, porém esta riqueza e beleza étnica não é respeitada em sua
singularidade. Sendo assim o objetivo deste trabalho é entender que em meio a diversidade, e
percepções diferenciadas do que é belo, os traços étnicos que nos identificam não podem nos
condenar. O desenvolvimento deste trabalho pedagógico nos mostrou que muitos alunos
apresentam dificuldades em reconhecer a beleza natural de traços físicos da ditas “minorias”,
porém acreditamos que esta ação tem possibilitado uma reflexão sobre os fatos pelos quais esta
inverdade tem sido propagada em nossa sociedade e como isto influencia a percepção das
pessoas.
PALAVRAS CHAVE: Beleza, Diversidade e Etnia.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 25
VIVA AS DIFERENÇAS! "NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM"
LUCIANA DO SACRAMENTO MOREIRA
E.M. SANTOS DUMONT
O projeto de trabalho está sendo realizado com turma de pré-escolar com enfoque dado a
questão da Diversidade cultural aliado com o projeto pedagógico da E. M. Santos Dumont (
Inspirar / Valores ). Inicialmente foi pensado em trazer aos alunos o conhecimento sobre a
realidade de outros grupos sociais diferentes do seu. Porém, mediante situação-problema
ocorrida na sala de aula onde um aluno fez o seguinte comentário: "Nossa, a prima da Jaqueline
é muito preta" resolvi enfatizar sobre a questão da cor da pele com toda a turma. Após algumas
falas percebi que mesmo havendo boa convivência entre os colegas porém a questão do
preconceito em relação à diferença dos outros é algo cultural e infelizmente internalizado desde
a Infância. A proposta deste trabalho com a turma é levá-los a refletir sobre diferentes tipos de
preconceito existentes na sociedade e suas consequências. Além de buscar com que possam
agir respeitosamente com todas as pessoas na sociedade independente do jeito que ela seja,
fale, se vista, dance, creia, viva ou aja de maneira diferente da sua. O desenvolvimento ocorrerá
através da sensibilização, reflexão e ação por meio de histórias, músicas, atividades artísticas e
filme de animação. A culminância será realizada no dia 28/11/15 com toda escola.
PALAVRAS CHAVE: RESPEITO - DIVERSIDADE - UNIÃO
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 26
REVISITANDO A "FÁBULA DAS TRÊS RAÇAS" NOS LIVROS DIDÁTICOS: AS
REINVENÇÕES DA TRADIÇÃO NOS CONTEÚDOS E EM SALA DE AULA
FABIANO DIAS MONTEIRO
IEAR/UFF
A presente comunicação tem como objetivo a apresentação dos resultados parciais do projeto de
pesquisa Ethos Escolar: Gestão da Qualidade de Ensino, coordenado pela professora Yvonne
Maggie (PPGSA/UFRJ), com apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa
(FAPERJ), onde atuei como Bolsista de pós-doutorado (PDR). A abordagem em curso visa
mapear os discursos de brasilidade e “raça” presentes em livros didáticos voltados para o ensino
de História e Estudos Sociais (ensino fundamental e médio), publicados entre os anos de 1952 e
2012, usados pela rede pública e privada do estado do Rio de Janeiro. Os materiais didáticos
estão divididos esquematicamente a partir de sua aproximação com dois discursos altamente
difundidos no pensamento social brasileiro e nos estudos sobre relações raciais que permearam
a ciências sociais no Brasil, ao longo do século XX. O primeiro deles (base dos livros que defino
como “de abordagem tradicional”), de inspiração freyreana, remete à imagem do Brasil como
uma experiência singular da cultura ocidental, marcado pela composição genética e social de
três elementos: o índio autóctone; o negro africano trazido para o Brasil na condição de escravo
e o colonizador português. Esses materiais têm como perspectiva a experiência da miscigenação
como elemento de composição da "nação", para além dos conflitos inerentes ao processo da
colonização. O segundo (marcante nos livros que defino como “de abordagem revisionista”),
inspirado na produção sociológica pós-Projeto UNESCO, observa a constituição da sociedade
brasileira a partir das diversas contradições que a entrecortam, tendo como centro de gravidade
o impacto destas sobre a disseminação (ou não) de práticas democráticas e sobre a afirmação
(ou negação) de direitos a grupos historicamente estigmatizados, como negros e indígenas.
Além da análise dos conteúdos, a pesquisa buscou se debruçar sobre os usos e abordagens
feitas por professores do ensino fundamental e médio, em um contexto político de revisão (ou
reversão) do discurso tradicional da brasilidade, sustentado, sobretudo, na denúncia da
democracia racial como farsa voltada para a obliteração da organização política da população
não-branca e sintetizada em leis, como a Lei 10639/03 – que regulamenta o ensino de História e
Cultura
Afro-Brasileira.
PALAVRAS CHAVE: Livros didáticos, brasilidade, relações raciais
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 27
FELIT – DESPERTANDO SENTIDOS, DESCOBRINDO TALENTOS: TRABALHANDO COM E
NA DIVERSIDADE
ENILZE ALVES FERREIRA DE LUCENA
SECT-E.M. PROFA. TANIA RITA O. TEIXEIRA
Foi diante do desafio de formar alunos capazes de escrever, com eficácia, textos coerentes e
coesos que a E. M. Profª. Tânia Rita de Oliveira Teixeira resolveu criar a FELIT – Feira Literária
da Tânia Rita – com o objetivo de desenvolver um projeto de produção de textos que envolvesse
toda a escola durante todo o ano letivo. No início do ano, escolhe-se um tema e um ou mais
autores/personalidades como ponto de partida para a leitura e a produção textual em todas as
suas possibilidades. Em relação ao tema trabalhado anualmente, é relevante o fato de que a
escola viu nesse projeto uma oportunidade de discutir e refletir sobre a diversidade presente na
sociedade brasileira, em especial sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana cujo ensino
é obrigatório nos currículos das escolas públicas e particulares da Educacão Básica, conforme a
lei 10.639/2003, o Parecer 003/2004 do Conselho Nacional de Educacão e da Resolucão
CNE/CP 01/2004. Em 2010, o tema “A África que está em nós”, serviu para incentivar o aluno a
conhecer e a valorizar a cultura africana e sua influência na formação do povo brasileiro
refletindo sobre sua existência como sujeito imerso em uma cultura plural, exercitando a
valorização das diferenças, o respeito mútuo e a solidariedade. É nesse ano que a literatura afrobrasileira começa a se fazer presente na feira como proposta coletiva. Em 2011, ano do
afrodescendente no Brasil, trabalhamos com textos e biografias de várias personalidades negras
do Brasil, objetivando valorizar e divulgar a obra e a história de negros e afrodescendentes
brasileiros. O homenageado foi Abdias do Nascimento, incansável na luta para preservar e
valorizar a cultura negra. No ano de 2013, a homenageada foi Ruth Rocha e, com o tema
Diversidade, procuramos levar os alunos a refletirem sobre as diferenças que existem ao nosso
redor e que formam a comunidade onde vivemos e a sociedade onde estamos inseridos. Neste
ano de 2015, o tema é “Direitos Humanos em Educação” e a escola escolheu homenagear
Nelson Mandela que defende a educação como “a arma mais poderosa para mudar o mundo.”
Nosso objetivo é fomentar a discussão e a reflexão sobre a igualdade de direitos entre povos,
culturas e pessoas, a ética nos relacionamentos, o respeito, a amizade, a solidariedade.
PALAVRAS CHAVE: Literatura Afro-brasileira, Personalidades Negras, Diversidade, Direitos
Humanos.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 28
EDUCAÇÃO, ÉTICA E CULTURA: UMA REFLEXÃO A RESPEITO DAS PRÁTICAS DE
BULLYING NAS ESCOLAS
WILLIAM DE GOES RIBEIRO
IEAR/ UFF
Discutir educação hoje nos convida a um universo complexo, no qual há múltiplas disputas de
sentido. Diante disto, levar em apreço uma abordagem da “cultura” e da “ética” para articulá-las
na atual conjuntura não é algo simples, pois existem contribuições acadêmicas, mas igualmente
percursos sinuosos. Somam-se ao desafio do estudo, as lacunas na produção do conhecimento,
uma vez que o debate sobre valores vem sendo construído com base em uma racionalidade em
crise em nossos dias. No entanto, esses aspectos não impedem alguns pressupostos.
Organizações cujos fins são pedagógicos trilham caminhos pela intencionalidade de se construir
visões de mundo, ou seja, interferem em concepções éticas, seja negando, afirmando ou
contribuindo para a revisão delas. Conforme La Taylle (2012), a escola é uma “usina de
sentidos”, na qual crianças não são matriculadas para saírem inalteradas. Embora não seja o
único espaço de legitimação, pressupõe tratar de uma ambiência privilegiada. O tempo investido
na escola influencia, inexoravelmente, a vida de quem por ela passa (MOITA LOPES, 2002).
Nesse sentido, em uma sociedade multicultural, como tem sido conduzida a negociação das
diferenças a partir da prática de bullying nas escolas? Quais significados e sentidos estão em
jogo nesse debate proliferado nos variados espaços sociais? Como modificar opiniões
cristalizadas em uma cultura etnocêntrica e intransigente? Até que ponto é factível promover,
através da educação escolar, um processo de afirmação positiva da alteridade?
O objetivo do estudo foi verificar o andamento das pesquisas no Brasil a respeito do assunto.
Teço algumas articulações teórico-metodológicas que conduziram a leitura atual dos textos.
Articulo alguns fios de análise no que tange à discussão. Finalizo a proposta com considerações
provisórias a respeito da temática, salientando as lacunas que permanecem em aberto.
PALAVRAS CHAVE: educação, ética, cultura, violência.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 29
UMA EXPERIÊNCIA DE ATENDIMENTO ÀS LEIS 10.639/2003 E 11.645/2008 NUMA ESCOLA
RURAL
NATALIA VASCONCELLOS DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS
Visando atender as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tratam da obrigatoriedade do Ensino da
História e Cultura Afro-brasileira e Africana, bem como da História e Cultura dos Povos Indígenas
no Brasil, relatarei uma experiência de sua aplicação numa escola localizada na área rural,
através de um Projeto de Ensino “Trabalhando com materiais didáticos alternativos para
atendimento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008”. Este teve por base a utilização de materiais
alternativos que auxiliassem o nosso trabalho acerca da temática étnico-racial. A pequena
quantidade de material disponível que tratasse da temática foi um fator instigante para iniciarmos
o trabalho em 2011. O projeto foi desenvolvido numa escola multisseriada na área rural, com
alunos oriundos, majoritariamente, da Comunidade Quilombola do Alto da Serra localizada em
Lídice (Rio Claro-RJ). Com este dado, acabamos nos atentando, no primeiro momento, mais
para a questão do negro do que a do indígena. A referida comunidade é pentecostal, o que
trouxe uma complexidade a mais para lidarmos com alguns elementos da cultura afro-brasileira.
Levando em consideração a localidade da escola, suas características e os sujeitos ali
presentes, fomos trabalhando em cima de materiais didáticos alternativos com o intuito de
proporcionar aos alunos, professores e a nós participantes do projeto, possibilidades de
aprendizagens que superassem estereótipos, preconceitos. Partimos então de uma perspectiva
de intervenção através da pesquisa-ação (Thiollent, 2000). Percebemos ao longo do processo,
que houve algumas mudanças. Como por exemplo, a elevação da auto-estima dos estudantes e
a maneira como as professoras passaram a organizar suas salas e murais. Contudo, não foi (e
não é) um processo fácil. Alguns aspectos e condições que foram se modificando ao longo do
tempo, mostraram a importância de se está em parceria a todo o momento. Partindo disso,
resultaram reflexões sobre práticas pedagógicas que combatem diretamente o preconceito racial,
assim como a importância da formação de professores para essas questões que estão
relacionadas em trabalhar a diversidade em seus mais variados aspectos.
PALAVRAS CHAVE: Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, Material didático alternativo, Formação de
Professores
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 30
Literaturas Africanas e Afro-brasileiras:estudos, reflexões e propostas pedagógicas
Janice Rosane Silva Souza
Jane Rose Silva Souza
Faculdades Integradas Campo-Grandenses-PIBID/Capes
O acesso à história e às culturas africanas e afro brasileira são elementos essenciais paras a
compreensão da identidade e formação do povo brasileiro e deve ser garantido no cotidiano
escolar. Esta temática é obrigatória nos currículos da educação Básica e nos Cursos de
Licenciatura, conforme determinam as Leis 10.639/03 e 11.645/08 e as Diretrizes Curriculares
para as Licenciaturas. Uma das formas de isto ocorrer com sucesso, desde os primeiros anos
escolares, é a utilização de livros de Literatura que abordem a identidade, a cultura, a História e
as histórias dos africanos e afro brasileiros, promovendo a construção da identidade do povo
brasileiro através do resgate de aspectos da raiz cultural africana como importante matriz
geradora da história e cultura brasileiras. Os principais objetivos do subprojeto interdisciplinar
são: investigar como as literaturas africanas e afro-brasileiras têm sido trabalhadas na Educação
Básica; construir alternativas metodológicas para o trabalho com as literaturas nos diversos
segmentos da Educação Básica e capacitar os futuros docentes (alunos bolsistas e alunos do
Ensino Médio) para o desenvolvimento de práticas pedagógicas, utilizando as literaturas
africanas e afro-brasileiras. Para seu desenvolvimento, foram selecionados 25 bolsistas das
Faculdades Integradas Campo-Grandenses, alunos dos Cursos de Letras, Pedagogia ,História e
Ciências Sociais, através de edital e entrevistas. Os graduandos são preparados para trabalhar
junto aos Normalistas do Instituto de Educação Sarah Kubitschek(campo Grande/RJ) como
desenvolver práticas pedagógicas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
que desenvolvam tal temática. Para tal, realizam pesquisas bibliográficas e estudos de textos ,
oficinas, palestras, análise de vídeos, debates, apreciação e análise de contos, poesias e
romances de autores africanos e Afro brasileiros. É incontestável a importância da Literatura
como fonte de ampliação de conhecimentos (sociais, históricos e culturais) e do desenvolvimento
de valores e sentimentos. A escola, através de praticas pedagógicas que utilizem livros de
Literatura africana e afro-brasileira, pode contribuir efetivamente para a ressignificação da
identidade brasileira e a formação de cidadãos que lutem contra o preconceito e a discriminação
racial.
PALAVRAS CHAVE: Relações Étinico-Raciais. Diversidade Cultural.Preconceito e
Discriminação.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 31
CARTAS DE UMA CULTURA AFRICANA
ANA CRISTINA DE PONTES CAVALCANTE
DANIELLA FRANCISCA
MARILEIDE PROCÓPIO DE FREITAS
FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES-PIBID/CAPES
O Subprojeto PIBID Interdisciplinar “Literaturas Africanas e Afro-brasileiras :Estudos, reflexões e
práticas pedagógicas” visa contribuir para a elaboração de práticas pedagógicas, que
possibilitem trabalhar no espaço escolar, principalmente os docentes, a formação humana,
combatendo qualquer tipo de preconceito e discriminação racial. Nesta didática, na Festa
Literária Internacional de Paraty de 2015 – FLIP, foram apresentadas atividades que
evidenciavam como é possível utilizar a Contação de História para trabalhar as Leis nº 10.639/03
e 11.645/08 na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. foi realizada a
Contação das histórias “Os tesouros de Monifa” e “O aprendizado de Maria”, trabalhando as
tradições culturais dos povos africanos e suas influências na formação do povo brasileiro e
desenvolvendo valores étnico-raciais. Foram relacionadas às histórias a realidade do nosso país
(possibilitando o entrelaçamento entre as culturas brasileiras e africanas) além de
disponibilizados livros infanto-juvenis sobe a temática. A partir da Contação, foram oferecidas
oficinas de dramatização, de confecção dos personagens de cada livro, de máscaras.O público
que participou das atividades demonstrou sensibilidade ao que foi trabalhado e seus relatos
agregaram aos contos imaginação e emoção. Ao final do projeto, atingimos o objetivo de
trabalhar conhecimentos sobre a riquíssima cultura africana sob a ótica da contação de histórias,
estimulando no público o interesse pelas Literaturas Africanas e Afro-brasileira.
PALAVRAS CHAVE: Contação de Histórias. Relações Étnico-Raciais.Diversidade Cultural
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 32
RESUMOS DO EIXO 2
MÍDIA, ARTES, RACISMOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE RACIAL
Coordenadoras: Jaqueline Máximo e Luciana Requião
CINEMA E ESCOLA PELA CONTRANARRATIVA E INSPIRAÇÕES DECOLONIAIS
JESSYCA HELEN ROMÃO OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO
Reconhecer a riqueza de possibilidades e aprendizagens fornecidas pelas vivências nos
ambientes formais e informais, virtuais ou reais e o cotidiano escolar como um espaço-tempo de
encontro entre culturas em conflito com a expressão do passado colonial nos dias atuais,
introduz o seguinte desafio: como nós, sujeitos múltiplos, e as culturas que nos pertencem
podem não só conviver, mas dialogar e assumir os diferentes espaços, em especial a escola, de
forma justa e democrática? Buscando caminhos possíveis de atuação para esse desafio, o
presente texto reúne as estratégias encontradas para o trabalho com estudantes normalistas em
um Colégio Estadual do Rio de Janeiro através do subprojeto Ensino Médio do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UNIRIO). O Projeto Cineclube
desenvolvido na instituição, e que consiste na combinação da experiência cinematográfica ao
cotidiano escolar, é o ambiente privilegiado neste documento. O desenvolvimento e análise do
projeto dialogam com os estudos sobre educação intercultural e pedagogias decoloniais, sendo
nosso objetivo é potencializar a escola como um espaço democrático de lazer, reflexão e
participação. Assim, buscamos romper com quaisquer meios de dominação instigando os
sujeitos e questionando avidamente as relações pautadas em tais processos. Nossa intenção é
sensibilizar e desestruturar, apresentar e debater, e partir desses movimentos dialógicos instigar
planos de ação. Dessa forma, reconhecemos a multiplicidade do ato educativo que não cabe
dentro dos muros da escola. O mote é valorizar o cinema como produto cultural, explorando seu
potencial educativo e experimentando-o como campo de interação simbólico, sendo este
portador de narrativas diversas que refletem ideologias, crenças e valores. Ainda sim,
valorizamos as produções que se apresentam como contra-narrativa, isto é, contrahegemônicas, uma narrativa permeada das vozes subalternizadas. Essa forma de trabalho
mostra-se relevante uma vez que nos momentos de debate, pós-filme, os estudantes tornam-se
essas vozes através das conversas e de relatos pessoais. Considerar tais movimentos dentro
dos muros da escola permite-nos caminhar em sentido a uma educação que nos capacite para a
luta, para o empoderamento e exercício da cidadania, como indica Gohn (1992).
PALAVRAS CHAVE: escola pública, cinema, contra-narrativa, educação intercultural,
pedagogias decoloniais
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 33
NEGATIVA DE ANGOLA CONTRA O CAPITAL: A CAPOEIRA COMO TERRITÓRIO DE
PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES RESISTENTES
INÊS CHADA RIBEIRO
CAROLINA SALOMÃO CORRÊA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE / PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA
Estruturada em duas etapas, a presente investigação propõe uma abordagem teórica do estágio
atual do capitalismo reconhecendo a centralidade da subjetividade nos seus processos de
acumulação e reprodução. Se há um domínio sem precedentes do capital sobre a vida, há
também novas formas de resistir e divergir dos seus valores dominantes. Esse trabalho investiga
a possibilidade da capoeira constituir-se como espaço de resistência e produção de
subjetividades alternativas às produzidas pelo capitalismo. A partir da experiência narrada por
praticantes de capoeira, a pesquisa busca entender como a capoeira se configura como uma
prática resistente na medida que produz uma subjetividade contra hegemônica. Destacando
valores éticos e estéticos da capoeira, os conceitos de resistência e biopotência são mobilizados
para pensar os valores e as dimensões expressivas enunciadas pelos capoeiristas. Michel
Foucault, Felix Guattari, Suely Rolnik, Antonio Negri e Michael Hardt compõem o arcabouço
teórico que auxilia na compreensão dos conceitos, ao mesmo tempo em que se apresentam
como potentes interlocutores no diálogo com os capoeiristas. Em um segundo momento, o
trabalho propõe uma análise das políticas culturais recentes voltadas à capoeira. Para tanto,
traça um breve mapeamento de iniciativas de amparo e fomento à prática da capoeira a partir de
2003. A pesquisa compreende a gestão de Gilberto Gil, no Ministério da Cultura, como
paradigmática no campo das políticas culturais pelo seu caráter democrático e descentralizado,
representado sobretudo pelo programa Cultura Viva. Os avanços e limitações das iniciativas
implementadas nesse período são objeto de análise dessa investigação. Por fim, este trabalho
traça uma compreensão dos aspectos da capoeira que apontam para a construção de realidades
pautadas em outros valores, reconhecendo os impasses e contradições que práticas culturais
enfrentam em contextos institucionais. A pluralidade do cenário da capoeira evidencia a tensão
entre o risco de reprodução de valores dominantes e a possibilidade de afirmação da potência
política da prática. Nesse sentido, a participação e empoderamento de todos os envolvidos - dos
praticantes, aos mestres, aos formuladores de políticas públicas – parece um bom ponto de
partida.
PALAVRAS CHAVE: Capoeira, subjetividade, resistências e políticas culturais.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 34
SAIU NO JORNAL: É BRANCO PARA UM LADO, PRETO PARA OUTRO
ELLEN APARECIDA DE ARAUJO ROSA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O empreendimento busca evidenciar a partir da apreensão de jovens que se dirigiam à praia
dentro do ônibus 474 - Jacaré x Jardim de Alah, como os mecanismos de exclusão operam
cotidianamente e incidem sobre as vidas precarizadas que transitam na sociedade figurando
inúmeros papéis, ou transitariam, no caso dos jovens oriundos da periferia na zona sul do Rio de
Janeiro que foram apreendidos pela polícia militar do Estado do Rio de Janeiro. A arbitrariedade
da ação da polícia representando no contexto político um poder de soberania, no qual atua se
sobrepondo aos direitos dos cidadãos somada a condição de sujeição desses jovens pobres ao
racismo institucionalizado, são sintomas latentes de um panorama político de exclusão que
merece atenção pela lógica genocida que sua sistemática engendra. Ler uma notícia como essas
no jornal, indica a existência um apartheid contemporâneo e, nos motiva a revisitar a história,
voltando-nos para o que aconteceu na África do Sul e nos Estados Unidos da América para que
nos alarmemos a respeito da completa incapacidade de reparação da implementação de tais
políticas. Trataremos da questão ontológica no que tange a alteridade que a sociedade nega a
esses jovens para que possamos pensar em termos biopolíticos o que significa esse tipo de
restrição de acesso e a recepção popular do ocorrido. Passaremos ainda pelo viés do olhar
crítico sobre a segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, o poder da polícia e sua
desenvoltura em agir acima da lei que, por presunção, deveria fazer valer. A questão racial e de
pobreza tende a ser mascarada sob pretexto de contenção da violência e o esforço visa mostrar
que trata-se de uma questão política e, na concepção apreendida nos cursos de política do
Collège de France ministrados por Michel Foucault, literalmente racial. Há de se salientar que a
abordagem escolhida é filosófica, trazendo para o debate uma nova perspectiva de pensamento
acerca de como o Estado opera, de como a população se submete ao seu controle e de como a
mídia atua acentuando reações tanto populares quanto estatais.
PALAVRAS CHAVE: biopolítica- exclusão- genocídio- polícia militar- racismo
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 35
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: UM INSTRUMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
MONIQUE LEITE DE ALMEIDA
MARILÉIA SILVA DE PAULA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O presente texto tem por finalidade compreender a contribuição da contação de história no
processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil e Ensino Fundamental nas escolas do
campo de Nova Iguaçu/RJ. As histórias representam situações que fazem parte da vivencia dos
estudantes, fortalecendo vínculos sociais, afetivos e educativos. Tem como finalidade a
valorização da identidade de cada indivíduo, promovendo a inclusão e contribuindo na prática
pedagógica do corpo docente. Assim, é importante que cada educador dê continuidade às
atividades propostas, utilizando a ferramenta contação de histórias para o desenvolvimento de
todos os sujeitos envolvidos em tais atividades. Nossa intenção é despertar e estimular a
imaginação com os sujeitos do campo, vivenciando suas histórias de luta, especificidades,
direitos, memórias e identidades. Na contação de histórias, além de reforçarmos os conteúdos
dados em sala de aula, trabalhamos com igualdade racial, inclusão e a valorização do território
camponês. Indo nas escolas, conseguimos presenciar na prática as dificuldades para se chegar
à escola; a perda da identidade; a luta por espaços de qualidade na produção emancipadora do
conhecimento; as dificuldades dos professores compreenderem as realidades do campo e da
sala de aula. Usamos bonecos, fantoches, músicas e teatro para falarmos aos alunos da
Educação Infantil e Ensino Fundamental até o 5º ano. Nesta fase as crianças têm muita
facilidade de serem inseridas no mundo através das diversas linguagens. Trabalhamos com o
lúdico, a expressão corporal, musical e artística. Do 6º ao 9º ano fazemos debates a partir de
temas geradores. Como diz Paulo Freire: “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta,
que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. Nessa conjuntura, estamos inseridos na
busca por uma educação de qualidade para o campo.
PALAVRAS CHAVE: Contação de História, Processo ensino-aprendizagem, Prática Pedagógica,
Educação do Campo.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 36
"QUANDO TOCA, NINGUÉM FICA PARADO": A JUVENTUDE DE PERIFERIA E O FUNK
COMO CULTURA DE RESISTÊNCIA.
MATEUS MARCÍLIO DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
A apresentação deste texto visa evidenciar, primeiramente, a relação de um já conjunturado
imaginário cultural liminar de periferia e uma de suas expressões mais demonizadas da
atualidade: o Funk. Desta forma, tratarei o Funk como um fenômeno expansivo e resistente que
engendra um falar, dançar, cantar e vivenciar característico. Para além dos debates de
criminalização, a figura do liminar que perpassa a obra de Loic Wacquant e as características
próprias da manifestação, o debate se debruça principalmente sobre o Funk enquanto cultura
jovem e negra periférica, com base nos escritos de Stuart Hall.
PALAVRAS CHAVE: Funk, juventude, cultura, preconceito, periferia.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 37
NÓS - DIVERSIDADE HUMANA
KÁSSIO MOTTA
ANA CORRÊA
JOÃO PAULO COELHO
BMBG
Repórter: – Você se lembra da primeira vez que você sofreu racismo? Emicida: – Que eu fui
entender mesmo que eu estava sendo discriminado? Você não entende o racismo. No começo,
na infância, você não entende o racismo. (...) entrei na escola com seis anos de idade, escola de
favela, né, mano?! (...) E você não entende isso”. O rapper deu essa resposta a uma entrevista
que abordava a discriminação racial na Brasil. A fala do músico revela o grau de negligência com
relação à questão racial no Brasil – crianças que ficam completamente a mercê de atos racistas,
dentro e fora das escolas. Vítimas que não compreendem a situação discriminatória a que são
submetidas. Como reverter o quadro? na busca por respostas construímos uma proposta de
trabalho sobre a diversidade humana e cultural, junto a docentes e discentes dos Ensinos
Fundamental e Médio.Em suma, a proposta está estruturada em três momentos: (1) Jornada
Teórica – aproximar academia e escola, explorando com educadores(as) conceitos que
permitam construir novos entendimentos sobre a diversidade a partir da História Natural; (2)
Olhar Criativo - promover o protagonismo de educadores(as) e educandos(as) durante as
atividades propostas, além de intensificar a comunicação e, consequentemente, as relações
entre docentes e discentes; (3) Leitura Crítica - refletir sobre conteúdos cotidianos, em diversas
linguagens, evidenciando a urgência em se abordar o tema em sala de aula – oportunidade de
aplicar e articular os conceitos da Jornada Teórica com o Olhar Criativo. Apresentamos a
proposta a educadores(as) e educandos(as) do Programa de Pós-graduação sobre o Negro na
Sociedade Brasileira (PENESB/UFF), do Instituto Municipal de Educação de Rio das Ostras
(IMERO) e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SEMED). A recepção foi
muito positiva, com contribuições a nossa ações, que visam retirar o véu que faz de crianças e
jovens vítimas ignorantes do contexto em que estão inseridos. Esperamos assim formar
cidadãos preparados psíquica, filosófica e politicamente para situações de preconceito e
discriminação, seja contra quem for – mulher, negro(a), indígena, cigano(a), estrangeiro(a),
idoso(a), LGBTT. Compreendemos o I Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de
Angra dos Reis com oportunidade para socializar a iniciativa e aprimorá-la com as contribuições
dos presentes.
PALAVRAS CHAVE: História Natural, Teoria social, Representação, Mídia, Educação
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 38
CURSO DE ICONOGRAFIA DA ARTE MARAJOARA – CONEXÕES ENTRE
ANCESTRALIDADE E CONTEMPORANEIDADE
GILDASIO MIRANDA DO CARMO
UFRRJ
O presente trabalho apresenta os resultados de um curso de extensão denominado: CURSO DE
ICONOGRAFIA DA ARTE MARAJOARA – Conexões entre ancestralidade e contemporaneidade
que se realizou entre os meses de agosto de 2014 a janeiro de 2015 na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), nas instalações do Prédio de Aulas Praticas do Departamento
de Artes (DArtes),em parceria com a Pró-reitoria de Extensão da UFRRJ (PROEXt) e o Grupo de
Estudos da Amazônia (GEA). O curso teve como objetivo principal proporcionar uma formação
prática e teórica aos discentes da UFRRJ, comunidade local e demais interessados, sobre os
princípios da arte indígena ancestral e seus desdobramentos na arte contemporânea,
apresentando vários aspectos da historia e cultura dos povos indígenas, com destaque especial
para a chamada Arte Marajoara e suas reinvenções no decorrer do tempo. Considerou-se
especialmente os utensílios cerâmicos dos habitantes da Ilha de Marajó, datados da c. 400-1350
da nossa era. Essa cultura produziu uma cerâmica de grande requinte e detalhamento, fruto de
uma sociedade avançada e com fortes traços de estratificação social, instalada em aterros
artificiais denominados tesos. Procurou-se estabelecer o conhecimento do grafismo marajoara e
sua estética, de seus usos no cotidiano familiar indígena, das relações de hierarquia e conexões
de gênero e poder. Além disso, estabelecemos comparações entre a cultura Marajoara ancestral
e a cultura contemporânea produzida por artesãos de Icoaraci, distrito de Belém do do Pará,
através da criação de ambientes socioeducativos através da convivência com os artesãos e
incentivando a pesquisa acadêmica a partir de ações de ensino e extensão.
PALAVRAS CHAVE: Arte Marajoara, Temática Indígena, Arte ancestral
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 39
UNIVERSIDADE E ESCOLA : REFLETINDO A LEGISLAÇÃO E A DIVERSIDADE NA
LITERATURA INFANTIL
VANIELE DE OLIVEIRA SILVA
MARIA LUCIENE DO SANTOS RANGEL
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Este trabalho é fruto de experiências possibilitadas pelo Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID), projeto desenvolvido na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ) no Instituto Multidisciplinar (IM), Campos de Nova Iguaçu/RJ, dentro do
subprojeto PEDiversidade intitulado “Práticas de Ensino na Diversidade”, em parceria com uma
escola da rede pública do Município de Queimados/RJ, especificamente, em uma turma de 5º
ano do Ensino Fundamental. O perfil desta turma revelou muitos desdobramentos relacionais,
dentre eles a questão ligada à identidade racial, tema bastante discutido e atual. Tal demanda foi
crucial para o desenvolvimento da pesquisa, respeitando os critérios legais como a Lei
10.639/03, alteração da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), que incorporou a
diversidade etnicorracial nas práticas docentes, buscando, dessa forma, observar como as
crianças se auto-reconhecem. O objetivo deste trabalho foi abordar com alunos/as aspectos
relacionados à beleza negra, fazendo com que essa beleza seja reconhecida e admirada e
apresentar através da literatura infantil e de forma lúdica um pouco da história dos negros.
Utilizamos o método dinâmico que consistiu em três momentos: primeiramente foi realizada a
leitura do livro “O cabelo de Lelê”, seguido de uma conversa informal com as crianças acerca do
contexto apresentado, convidando os/as ouvintes a participarem ativamente da proposta. Logo
após, os/as estudantes fizeram seu autorretrato, o que permitiu saber se eles transmitem
características correspondentes em seus desenhos, como cor de pele, cabelo etc. Finalmente,
foi realizada uma brincadeira chamada “Quem é esse”, em que cada aluno pôde ter contato com
o desenho do colega após ser embaralhado e tentou identificar o/a autor da produção. As
considerações feitas por esse grupo revelam a importância do que é fomentado na academia e
do que é vivenciado no cotidiano escolar, bem como das múltiplas praticas docentes que podem
ser exploradas. Ao término da atividade foi nítida a alegria nos olhos dos/as estudantes
principalmente por sentirem-se valorizados e respeitados.
PALAVRAS CHAVE: Diversidade,identidade, racismo,lúdico e legislação.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 40
RESUMOS DO EIXO 3
TERRITORIALIDADE, SUSTENTABILIDADE, IDENTIDADES
E COMUNIDADES TRADICIONAIS
Coordenadores: Rafael Ribeiro, Franciane Torres, Lício Monteiro
PRAIAS LIVRES, MENTES ABERTAS: O DIREITO À CIDADE E A JUSTIÇA TERRITORIAL
IRENE CHADA RIBEIRO
SAPÊ (SOCIEDADE ANGRENSE DE PROTEÇÃO ECOLÓGICA)
UFF (PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA)
No Brasil, a legislação declara as praias como “bens públicos de uso comum do povo”, é proibido
restringir ou dificultar o acesso à praia. Alguns autores consideram as praias “espaços públicos”,
embora seja problematizado como as pessoas vêm estabelecendo relações privativas com a
praia. O espaço público é composto por uma base física e pelas práticas sociais, essas
associadas à vida pública, ao exercício da política. Entretanto, a vida política vem sendo
“esvaziada” com um crescente individualismo na nossa sociedade. Na graduação investigou-se o
tipo de acesso à praia em um trecho da orla marítima de Angra dos Reis/RJ que abriga 55
praias. As praias com acesso privatizado ou controlado somam 65% e apenas 24% das praias
tem acesso público, com uma relação direta entre a ocupação da orla marítima e o tipo de
acesso à praia. Com quase 50% das praias mapeadas com acesso privatizado pergunta-se
como é a reação do público, das pessoas, se a privatização gera conflitos, se há dominação, se
há resistência. Dando continuidade à pesquisa, agora no mestrado, tem-se como objetivo geral
problematizar a desigual produção social do espaço em Angra dos Reis na perspectiva dos
"bens comuns" e da Justiça Territorial. E como objetivos específicos: 1) Identificar os atores do
processo de privatização do acesso à praia na produção social do espaço no município de Angra
dos Reis a partir da década de 1970, analisando suas estratégias e práticas espaciais; 2)
Investigar os conflitos socioambientais, as práticas de resistência e seus repertórios de ação no
processo de privatização do acesso à praia; 3) Refletir sobre as categorias espaço público e
bens comuns e suas potencialidades políticas na luta pelo direito à cidade. A produção do
espaço é material, como os condomínios, espaços de auto-segregação que privatizam o acesso
à praia, mas é também imaterial, subjetiva, com valores legitimando a “ordem” estabelecida, logo
invisibilizando a relação de dominação. A privatização se insere numa série de cercamentos dos
elementos essenciais à vida do ser humano, elementos ofertados pela Natureza, bens comuns
que podem ser reapropriados pela perspectiva da Justiça Territorial. A luta pelo direito do acesso
à praia se insere na disputa pelo direito à produção do espaço e à cidade.
PALAVRAS CHAVE: Produção social do espaço, espaço público, bens comuns, Justiça
Territorial.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 41
CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS E NÓS
ÉRICA PEREIRA MOTA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS
Uma cultura tradicional necessita do espaço físico pra se fazer existir com propriedade. Ela está
tão atrelada a ele, quer seja a terra, quer o mar, que sua economia, história e temporalidade são
neles forjados. A Ilha Grande já passou por algumas economias, porém, sem a participação ativa
daqueles que aqui foram classificados como caiçaras, ou seja, a comunidade tradicional por
excelência, depois do extermínio indígena, é claro. A expropriação territorial e o adulamento
maquiavélico por parte do capital é o grotesco que nos chama atenção. Sorte nossa, que a
prática educativa por nós intentada, faz com que as próprias crianças se apropriem da realidade
social hora em curso. O que nos traz ao caso é uma análise, comparativa, de imagens
fotográficas, feita pelas crianças a partir de uma das nossas práticas pedagógicas frenetianas, a
saber, a aula-passeio. “A fotografia não remonta ao passado (não há nada de proustiano em
numa foto). O efeito que ela produz em mim não é o de restituir o que é abolido (pelo tempo, pela
distância), mas o de atestar que o que vejo de faro existiu. (... )” Nesse sentido, o que este
trabalho ora apresenta, desvelado por desdobramentos após a aula-passeio, é um espólio não
só do passado, mas que continua no presente: invasões territoriais por parte do capital
crescente, tirando caminhos (quando o caiçara não tem mais a beira do mar, e precisa dar voltas
para chegar ao destino) e brinquedos (quando crianças não podem mais subir nas pedras ou
comer frutas frescas) daqueles cuja condição material, se comparada com a modernidade
consumista, é ética e economicamente incomparável.
PALAVRAS CHAVE: territorialidade; invasão portuguesa & capitalismo selvagem; escola
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 42
O USO LITÚRGICO DAS ERVAS
RICARDO LAGE DE OLIVEIRA
DIOGO BUENO KANOUTÉ
UFRRJ
No Brasil, o conhecimento sobre plantas medicinais é uma das riquezas da herança indígena e
afro-brasileira passada através da oralidade até os dias atuais. Através da observação
participante e da oralidade, pretendeu-se observar as estruturas simbólicas que
compõem a tradição de alguns Terreiros de Candomblé no que se refere às ritualísticas com
folhas e se constatou uma cosmologia que entrelaça os elementos da natureza, o ser humano e
as divindades. As plantas utilizadas nos ritos, cerimônias e oferendas das religiões afrobrasileiras, que também podem ser chamadas de ervas, estão, como tudo na matéria, ligadas às
vibrações dos Orixás. Neste artigo, selecionaram-se algumas dessas ervas ou plantas sagradas
para as religiões afro-brasileiras, para conhecermos alguns de seus aspectos botânicos,
etnobotânicos e sagrados, fazendo a ligação entre ciência e religião.
PALAVRAS CHAVE: Etnobotância, Antropologia da Religião, Candomblé.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 43
GESTÃO CULTURAL: TERRITÓRIO, ECONOMIA CRIATIVA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
ANNA MARGARETH DOS SANTOS OLIVEIRA
BRUNO LEONARDO RAMOS DE OLIVEIRA
FUNDAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
O relato fala da experiência na gestão pública da cultura no sentido de criar e consolidar
instrumentos de democratização do acesso ao conhecimento e promoção da cidadania. A gestão
cultural, hoje, está comprometida com conceitos e noções sobre território, diversidade e
participação social. É necessário pensar a organização para que canais de comunicação entre
governo e sociedade civil sejam eficientes na efetivação de políticas culturais e de seu
financiamento, identificando cadeia produtivas de economia criativa. A economia criativa baseiase no capital simbólico da sociedade e no desenvolvimento de atividades, produtos ou serviços
oferecidos do conhecimento existente visando a geração de trabalho e renda. Foca no
desenvolvimento social que potencializa o bem estar, a autoestima e a qualidade de vida com o
reconhecimento dos saberes e fazeres de uma comunidade. Pensar território é pensar a cidade
sem perder de vista suas identidades e subjetividades. A CULTUAR, a partir de 2013, com sua
nova gestão e de sua Assessoria de Fomento e Captação de Recursos, criou bases para o
avanço da cultura em três linhas de atuação: Criação do Sistema Municipal de Cultura; Gestão
do Incentivo à Cultura; e, Criação e Gestão de Mecanismos de Participação Social.
O Sistema Municipal de Cultura é a organização do campo para garantir legalmente a existência
de um órgão gestor específico para a pasta, conselho de política cultural atuante e fundo de
recursos disponível para investimentos nas atividades culturais da cidade. Gerir o incentivo à
cultura, proporcionou a revisão da atual Lei Municipal que, à exemplo da Lei Federal, não atende
às demandas da sociedade e sim reproduz vícios do mercado capitalista que expropria do saber
e do fazer popular para obter lucros. A criação do Programa Municipal de Financiamento à
Cultura objetiva diversificar as fontes de recursos ampliando os canais de transferências e
assumindo que os atores sociais são os produtores, cabendo ao Estado colaborar com o
financiamento. A ampliação da participação social, na visão do fomento e da captação da
recursos, está ligada à divulgação do conhecimento geradas pelas práticas culturais no território.
Para transparência e eficiência, trabalha-se na criação de editais de estímulo às artes e ao
patrimônio histórico e, como braço de diálogo com a sociedade, do Escritório de Apoio à
Produção de Projetos.
PALAVRAS CHAVE: Gestão Cultural, Política Pública, Economia, Criatividade, Alteridade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 44
POR UMA NOVA CULTURA POLÍTICA:
O DIREITO À CIDADE E À MEMÓRIA EM ANGRA DOS REIS
MARTHA MYRRHA RIBEIRO SOARES
FUNDAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS/UFF
Democratizar a Democracia. Reconhecer direitos e afirmar diferenças significa reconhecer o
princípio democrático de soberania popular que torna possível uma participação política guiada
por uma determinação da vontade autônoma de cada individuo. Sem isto, um Estado não pode
chamar-se liberal. O direito à cidade revela que, para além de direito individual, é um direito
comum totalmente associado aos modos de vida nela estabelecidos, de sua relação com a
natureza às suas projeções de desenvolvimento. Território de contrários, a cidade é tensa e
diversa. A cidade como protagonista reivindica mudanças por uma nova governança na qual a
cultura desempenha papel central na formulação de políticas públicas e soluções criativas. A
memória, como direito fundamental e tratada como política pública, contribui para a ampliação do
exercício da cidadania. É importante tratar, brevemente, da relação entre memória e história a
fim de entendermos como, hoje, narrativas polifônicas apresentam a questão da alteridade como
fator a ser considerado na construção de qualquer modelo de desenvolvimento. Para Pollok,
discutir a construção de uma Memória Oficial e a subversão promovida pela emergência das
memórias subterrâneas, nos coloca diante dos desafios que, através da história oral, nos levam
a pensar, como sugere Nora, em como tratar a dialética da lembrança e do esquecimento. Ao
definir o que é comum a um grupo e o que diferencia dos outros, a memória coletiva fundamenta
e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras sócio-culturais. Segundo Halbwachs, a
comunidade afetiva acentua as funções positivas desempenhadas pela memória comum, a
saber, de reforçar a coesão social, não pela coerção, mas pela adesão afetiva ao grupo,
enquanto, a Memória Oficial acentua o caráter destruidor, uniformizador e opressor da memória
coletiva nacional. É preciso pensar a reviravolta e não a reforma. Uma nova cultura política é
necessária para Angra dos Reis. A cidade precisa refletir e agir considerando seus aspectos
simbólicos, sem distorcer seus potenciais econômicos e sem negar que um modelo de
urbanização capitalista expropria não só terras, mas, cobre com um manto de invisibilidade a
história crítica desta cidade. “O silencio sobre o passado não significa esquecimento, é a
resistência que uma sociedade civil impotente opõe ao excesso de discursos oficiais”, afirma
Pollok.
PALAVRAS CHAVE: Cidade, Cultura, Política, Memória, Política Pública
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 45
RESUMOS DO EIXO 4
GÊNEROS, SEXUALIDADES E RACISMOS
Coordenadores: Eliana Teixeira e Teresinha Nascimento
DEBRET E OLHARES SOBRE O COTIDIANO: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES
ANA CRISTINA MENEGAZ DOS SANTOS CARPI
COLÉGIO PEDRO II
O presente relato refere-se a experiência vivida em turma de 4º ano do Colégio Pedro II, Campus
São Cristóvão I, no ano de 2009. Faz parte das atividades de Estudos Sociais do colégio o
estudo da cidade do Rio de Janeiro. Um dos princípios orientadores deste componente curricular
afirma que “reconhecemos que a criança possui uma bagagem própria de conhecimentos, da
qual fazem parte todas as experiências por ela vivenciadas. [...] E é nela que a criança vai
encontrar subsídios para construir sua noção de identidade, sendo capaz de realizar a leitura da
sociedade em que vive tornando-se seu agente participante e transformador”.
Como forma de atender a esse princípio e enriquecer as experiências dos(as) alunos(as), foramlhes apresentadas gravuras de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), especialmente aquelas que
retratam o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX.
Como preconiza o “Projeto Político-Pedagógico”, os(as) alunos(as) foram instigados(as) a
conhecer histórias de outros tempos relacionadas ao espaço em que vivem, possibilitando a
compreensão de si mesmo e da vida coletiva de que fazem parte; a perceber que existem
permanências e transformações de costumes e hábitos, nos diferentes grupos e na dinâmica da
vida social ao longo do tempo; a reconhecer que certos costumes e hábitos familiares são
oriundos dos modos de viver dos locais de origem dos membros da família e/ou dos seus
antepassados; a analisar relações estabelecidas entre grupos construtores do povo brasileiro,
identificando processos de confronto e dominação cultural; a valorizar a diversidade cultural
brasileira; a constatar as diversas formas de discriminação (étnica, etária, física, de gênero,
econômica etc.); a formular algumas explicações para questões presentes e passadas; a
valorizar a memória individual e coletiva; e a perceber que é no exercício dos direitos e deveres
de cidadania que acontece a participação efetiva na vida social. Como culminância desse
processo de conhecimento, reflexões, debates, estudos e pesquisas, os(as) alunos(as)
elaboraram releituras de gravuras do artista, seguidas de texto nos quais expressaram suas
visões acerca de permanências e transformações referentes aos seus cotidianos, no que tange
aos seus diversos aspectos, tais como: a condição da mulher, do negro, do índio, do trabalhador,
além de práticas e costumes institucionais e sociais.
PALAVRAS CHAVE: Educação; Construção da identidade; Diversidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 46
CINEMA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DA MOSTRA DE CINEMA “GÊNERO,
SEXUALIDADE E CULTURA” PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA NO INSTITUTO
MULTIDISCIPLINAR DA UFRRJ
GETSEMANE DE FREITAS BATISTA
UFRRJ/IM
O presente trabalho tem como objetivo identificar as contribuições da Mostra de Cinema
“Gênero, Sexualidade e Cultura” para a comunidade acadêmica do Instituto
Multidisciplinar/UFRRJ. Este projeto realizou quatro ciclos de filmes desde o ano de 2014, com a
exibição de 17 obras e participação de aproximadamente 350 pessoas; e está vinculado à linha
de pesquisa “Gênero, sexualidade, infância e educação” do GRUPI’s (Grupo de Pesquisa
Infância até os 10 anos). A pesquisa tem caráter qualitativo, a partir do levantamento das ações
que foram desenvolvidas por discentes do IM e que guardam estreita relação com a mostra de
cinema aqui objeto de investigação. Os filmes foram selecionados em conjunto pelos integrantes
e coordenador do grupo de pesquisa responsável pela realização da atividade; estando aberta a
todos/as (comunidade ruralina e extra-rural) e suscitando discussões sobre pedofilia/violência
sexual infantil, aborto, adoção de crianças por casais homoafetivos, poliamor,
homossexualidade, AIDS, papel da mulher na sociedade, transexualidade, entre outros. Dentre
as contribuições da Mostra de Cinema “Gênero, Sexualidade e Cultura” para a formação
acadêmica no Instituto Multidisciplinar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, podem ser
apontadas: a) publicação de artigos com temas relacionados aos apresentados e discutidos nas
mostras; b) participação em eventos acadêmicos de estudantes que trabalham com eixos ligados
a gênero e sexualidade; c) as exibições dos longas têm se mostrado espaços de discussão de
temas ainda considerados tabu socialmente; d) possibilidade de obtenção de carga horária para
as atividades complementares. Portanto, a partir dos resultados apresentados, podemos afirmar
que a Mostra de Cinema “Gênero, Sexualidade e Cultura” tem contribuído de forma significativa
para a formação acadêmica da comunidade universitária do Instituto Multidisciplinar,
considerando tanto sua possibilidade de espaço de discussão quanto de fomento do
desenvolvimento das atividades acadêmicas, cumprindo assim seu papel numa formação
superior que estimula a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento crítico, com especial atenção para as reflexões sobre gênero e sexualidade.
PALAVRAS CHAVE: Educação, cinema, gênero, sexualidade, extensão universitária.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 47
DESEMBARALHANDO OS PAPÉIS SOCIAIS:
ATRAVESSAMENTOS DE GÊNERO NA COSTRUÇÃO DAS "ESCOLHAS" INFANTIS
LÍVIA MACHADO OLIVEIRA
ELAINE DA CONCEIÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O presente trabalho é resultado da parceria firmada entre a Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro/Instituto Multidisciplinar com a Escola Municipal Monteiro Lobato, situada em
Queimados/RJ, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). O
relato de experiência que fundamenta este trabalho foi extraído da atividade realizada com a
turma do 1° ano do ensino fundamental. A proposta inicial consistiu na confecção de um livro de
histórias, com a autoria dos alunos, após a leitura de um livro que abordava a perspectiva de
construção de estereótipos. No decorrer da elaboração do livro, foi possível observar que, ao
oferecermos às crianças etiquetas das mais diferentes cores para que elas escrevessem seus
nomes em suas histórias, houve uma predominância da escolha das cores azul e rosa, baseadas
nas justificativas de preferências que eram fortemente atravessas pelas relações de gênero. A
construção do que é ser menina ou menino se faz presente na fala dos alunos diariamente. Tal
fato é evidenciado intensamente nas “escolhas” de brincadeiras e modos de agir diante das mais
diversas situações. Qualquer tipo de tentativa de “fuga” de seus lugares sociais é visto como
inapropriado, rechaçado e questionado por esse grupo social. Constatamos, então, que ao
possibilitarmos que os alunos escolhessem suas cores, as meninas optavam pelo rosa,
justificando a escolha com falas do tipo: “porque é bonita”, “é de menina” e “eu gosto”. Já com
relação aos meninos, as possibilidades de escolhas foram ampliadas para as cores verde e azul,
tendo como predominância esta última. Apenas um menino fugiu das padronizações
estabelecidas pela classe e escolheu a cor rosa. Instantaneamente as questões de gênero foram
atravessadas pelo campo da sexualidade, com falas do tipo: “ele é mulherzinha”, “rosa é cor de
menina”. No mesmo momento, o menino respondeu que não havia cor de homem ou de mulher
e que ele só havia escolhido porque gostava. Diante dessa situação, torna-se relevante ressaltar
o quanto das “escolhas” das crianças são atravessadas por concepções estereotipadas de
funções sociais. Ser homem e ser mulher demanda padronizações de comportamento, que são
legitimadas como atitudes “naturais”, porém tal argumento é questionável através de
problematizações críticas acerca das construções de papéis sociais.
PALAVRAS CHAVE: Gênero, Sexualidade, Esteriótipos
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 48
MOSTRA DE CINEMA: PELÍCULAS NORTEADORAS DE DEBATES SOBRE GÊNERO,
SEXUALIDADE E CULTURA
SANDRA REGINA DE OLIVEIRA FAUSTINO
JONAS ALVES DA SILVA JUNIOR
SAIONARA CORINA PUSSENTI COELHO MOREIRA
UFRRJ
A I Mostra de Cinema Gênero, Sexualidade e Cultura realizada no Instituto Multidisciplinar (IM)
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é uma atividade de extensão
vinculada ao Grupo de Pesquisa Infância até os 10 anos (GRUPI’s/UFRRJ/CNPq), via linha de
pesquisa Gênero, sexualidade, infância e educação (GESIED), que elegeu a linguagem artística
para debater temas relacionados a gênero, sexualidade e cultura entre a comunidade e a
universidade. Os filmes podem ser utilizados como uma preciosa ferramenta pedagógica para a
aprendizagem de conteúdos de diversas disciplinas e criam a possibilidade de promover o
acesso à inclusão, formação, produção e reflexão do universo audiovisual. Assim, as 4 projeções
foram: Patrick 1,5 (Suécia, 2008) é uma comédia/drama que trata da questão da
homoparentalidade; Eu, tu, eles (Brasil, 2000) é um drama/comédia/romance sobre o poliamor,
abordando a prática de união concomitante com pleno consentimento dos envolvidos; Hoje eu
não quero voltar sozinho (Brasil, 2014) é um drama que aborda a homossexualidade juvenil,
envolvendo um adolescente cego e tendo como pano de fundo as relações sociais tecidas na
escola; Minha Vida em Cor-de-Rosa (Ma Vie en Rose, França, 1997) é um drama sobre
transexualidade na infância e os decorrentes preconceitos na sociedade. Após a projeção dos
vídeos, foram realizados debates entre os participantes e os organizadores. A pesquisa adotou o
método qualitativo, distribuindo em todas as exibições questionários aos participantes para que
estes opinassem sobre as temáticas abordadas nos filmes. Os dados coletados informaram
também a quantidade de expectadores e suas respectivas faixas etárias, sexo, religião,
escolaridade e opiniões a respeito da película. Cremos que os cine-debates possibilitaram a
reflexão sobre ética, respeito, diversidade e inclusão, contribuindo para a desconstrução de
preconceitos, além da promoção da inclusão de todos em diversos ambientes sociais, em
especial, na escola.
PALAVRAS CHAVE: Cinema; Gênero; Sexualidade; Extensão universitária
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 49
REFLEXÕES SOBRE DIVERSIDADE E IDENTIDADES EM UMA CLASSE HOSPITALAR DA
BAIXADA FLUMINENSE
PAULO OGG DOS SANTOS
UFRRJ / IM
O presente texto busca contribuir com a comunidade acadêmica acerca de um olhar para a ação
pedagógica, na classe hospitalar, comprometida com a mediação e o desenvolvimento do
educando, mesmo em situações de limitação, por conta de doença(s) e sua consequente
internação no hospital. Este trabalho é fruto do estágio obrigatório do curso de licenciatura plena
em Pedagogia, realizado na classe hospitalar do Hospital Geral de Nova Iguaçu, uma referência
na baixada fluminense. O ensino pouco se assemelha a uma escola regular, pois as crianças são
atendidas no mesmo espaço, independente da série ou idade, exigindo assim que o educador
seja mais perceptivo e tenha um planejamento mais flexível. É neste contexto, de um hospital
público, que seguem as reflexões sobre: 1) A ação pedagógica na classe hospitalar e sua
ressignificação; 2) As implicações de gênero; 3) Reafirmação da identidade. Desta forma, o
quadro de internação não pode desviar o educador das provocações do cotidiano, dos temas
que enfatizam o combate à discriminação de gênero, preconceitos e estereótipos da população
negra e marginalizada, evidenciando que o enfrentamento ao racismo e ao sexismo faz-se
fundamental para a construção de identidades étnicas e de gênero positivas e autônomas. Em
decorrência disso, a prática pedagógica deve mobilizar educador e educando com atividades que
sejam significativas, com autonomia e com as marcas de um sujeito criador, capaz de
ressignificar a beleza, a cultura e as normas na valorização do ser em construção. A difícil
convivência e aprendizagem sobre diversidade, e os modelos que as crianças representam de
suas identidades, como resultado de seu capital social e cultural, podem, de forma equivocada,
alimentar a discriminação e exclusão em uma sociedade longe de ser homogênea, mas, sim,
complexa e múltipla. O estágio também fez perceber a figura masculina como um paradigma a
ser quebrado também na classe hospitalar, que se percebia nos comentários das crianças que
estranhavam a figura do “professor”. Conclui-se que o enfrentamento destas questões deve ser
uma prática pedagógica para a conscientização desses sujeitos em formação, quer seja o
educando ou esse educador, que aprende ao ensinar.
PALAVRAS CHAVE: classe hospitalar, gênero, identidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 50
PROFESSORAS OPRIMIDAS X OPRESSORAS:
UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS
LUCIANA IZIS SILVA DE ABREU
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Este trabalho tem como propósito debater as problemáticas do trabalho docente como baixa
renumeração e condições precária de trabalho e controle do trabalho docente numa perspectiva
de relações de gênero pensando numa lógica de professoras oprimidas que (talvez) possuem
práticas opressoras.Entendo que o trabalho docente tem como sua grande maioria mulheres,
compreendemos que não podemos analisá-los sem pensarmos nas desigualdades que nossa
sociedade machista impõe as mulheres.Segundo Apple(1987) a proletarização docente não pode
ser vista apenas numa perspectiva de classe,mas também sobre uma perspectiva de gênero
pois as mulheres, devido ao sexismo , estão mais sujeitas a terem piores condições no mercado
de trabalho .Contudo, mesmo neste cenário adverso temos a impressão de que uma grande
parte das professoras não percebem suas salas de aula como um local de resistência, à primeira
vista, percebemos que as docente apresentam discriminações em suas salas de aula ,tendo
práticas sexistas e homofóbicas. Louro (2000) nos diz que a escola é um ambiente que percebe
a identidade sexual hegemônica como natural e o que a escola investe na heterossexualidade,
pensamos em nossa pesquisa como as professoras se relacionam com os alunos não que se
apresentam no gênero e na orientação sexual esperados para sem sexo biológico. Uma de
nossas indagações é buscar aproximações de respostas para perguntas como: ‘Por que uma
mulher que sofre machismo em seu ambiente de trabalho o reproduz em sua sala de aula?’ ‘Se
há estas práticas homofóbicas nas escolas, como as professoras se posicionam ?’ ‘, ‘Se há
opressões como seria aproximações de uma educação não sexista e não-homofóbica?’ . A
pesquisa está localizada no município de Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro com
professoras de três escolas municipais sendo realizada por meio de observações em sala de
aula e entrevistas com as professoras regentes. Este trabalho está referenciado numa
perspectiva dos Estudos Culturais que nos permitem compreender as relações de poder que
naturalizam certos comportamentos esperados para os gêneros e orientações sexuais, também
nos apoiamos nos Estudos Feministas que compreendem como o gênero se constituiu como
categoria de análise a partir dos conceitos e reivindicações dos movimentos feministas.
PALAVRAS CHAVE: Relações de gênero, professoras, opressões, sexismo
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 51
GÊNERO E SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS: UM OLHAR SOBRE AS
INSTITUIÇÕES, PROFESSORES E PAIS.
LETICIA BASTOS PINHEIRO
INFES UFF
Este trabalho discute a desmistificação de estereótipos por parte das instituições, pais e alunos,
buscando uma resposta de como ensinar educação sexual para as crianças. Partindo da
premissa que o gênero e sexualidade ainda e um grande tabu pela sociedade, pois e transmitido
e passado para as crianças. Esta pesquisa buscará conhecer os interesses colocados nas
escolas pelas classes populares e pela mídia, pois os contatos fora dos muros da escola
influenciam muito na organização e na estrutura escolar. Apontarei nesse trabalho uns dos
objetivos propostos para um melhor desempenho e qualificação de todos que e incentivar a
formação continuada e investir em cursos na área de gênero e sexualidade, regularizar os
planos, currículos e projetos escolares a fim do desenvolvimento do grupo escolar e outros. Para
a coleta de dados foi utilizado um questionário de 5 perguntas aplicado em uma escola do
município de Santo Antônio de Pádua e as suas respostas foram analisadas e colocadas em
gráficos e seus dados elevou à conclusão de que as instituições e professores tem conhecimento
sobre o ensino de educação sexual em seus currículos.Com base nos conhecimentos obtidos
através da pesquisa realizada, referencial teórico, dados da pesquisa elaborada, estudo de
casos e relatos pessoais conclui-se que a Educação Sexual e o gênero estão presentes nas
escolas e permeiam os caminhos das crianças, onde os professores devem sempre estar
atentos e preparados para o conhecimento das questões e enriquecer sua preparação
profissional com a melhor qualidade e, assim, fazer com que as crianças estejam bem mais
orientadas sobre a sexualidade. Assim sendo, é primordial para as crianças que o tema em
questão seja trabalhado bem no início de seus amadurecimentos e com isso eles poderão estar
preparadas para os diferentes atributos da sociedade. Em vista disso, foi percebida a
possibilidade de uma modificação de mudança de paradigmas, sejam em relação aos pais,
professores e alunos. Desta forma aos poucos irá desconstruir esse processo construído pela
sociedade. Visto que as condutas de ser masculino e feminino influenciam na formação de
valores, traços, habilidades e em seus papéis desempenhados, pois formam as características
entre os sexos.
PALAVRAS CHAVE: Sexualidade, Gênero, Escola.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 52
DESENHOS ANIMADOS: REPENSANDO GÊNERO E ESTÉTICA.
ANDRÉ LUIZ BERNARDO STORINO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO - FEBF/EURJ
O trabalho é um relato de experiência que teve como base discutir a (des) construção do gênero
e dos padrões de beleza midiático a partir dos desenhos animados com alunos do ensino médio
em uma escola do bairro Xerém – Duque de Caxias-RJ. Na inquietação com a temática, ao
lecionar filosofia para alunos e alunas do ensino médio, pude constatar a urgência de uma
abordagem mais sistemática, repensando e problematizando as relações de poder que
determinam lugares demarcados para ambos. Escolhi partir dos desenhos animados para
analisar esta relação – gênero e padrão de beleza midiático – pois funcionam como
demarcadores de lugares e não tão ingênuo como se faz crer. Juntamente com o núcleo familiar
e a escola, configuram-se como fonte de formação e informação. Eles funcionam propondo as
regras de como se deve ser e agir, realizam a manutenção dessas mesmas regras, no viés
heteronormativo, os quais predominam as representações do branco e heterossexual, em
detrimento das identidades que não se configuram com esta “norma”, ou seja, a estética negra e
as orientações sexuais não heterossexuais. Naturalizam construções e as propagam fazendo
valer como verdades irrefutáveis produzindo mecanismos que mantem os discursos acerca do
gênero e do padrão de beleza como postulados da natureza e não da cultura. Propôs-se
construir e proporcionar um lugar privilegiado de reflexão. Balizando a discussão, a partir dos
vídeos, textos, desenhos entre outros, acerca da construção do gênero e dos padrões de beleza,
permitir-se-ia uma reflexão das associações construídas e alimentadas pelos meios de
comunicação de massa, sobretudo nos desenhos animados infantis.
PALAVRAS CHAVE: Gênero; Beleza Midiática; Desenhos Animados.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 53
REFLEXÕES UNIVERSITÁRIAS SOBRE HOMOSEXUALIDADE E POLÍTICA
NIKOLAS BIGLER DE AZEVEDO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O presente trabalho visa explorar dados e subjetividades de graduandos do Instituto
Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, coletados durante a exibição do
filme Milk – a voz da igualdade; exibido na 3° Mostra de Cinema sobre Gênero, Sexualidade e
Cultura da UFRRJ/IM. A Mostra de Cinema é um projeto de extensão organizado pela linha de
pesquisa “Gênero, sexualidade, infância e educação”, que está vinculada ao GRUPI’s (Grupo de
Pesquisa Infância até os 10 anos); no qual busca enaltecer a linguagem artística e a reflexão
como elementos norteadores de uma possível aproximação entre a comunidade e a
universidade. O filme em questão retrata a história do ativista Harvey Milk, que nos anos 70
proporcionou um debate e representação dos direitos da comunidade LGBTT, em São Francisco,
nos Estados Unidos. Para se discutir sobre essa temática, foi realizada uma pesquisa, utilizandose do método qualitativo, pois atende de forma mais ampla as pretensões que evidenciam a
relevância desse estudo. Para tal, utilizamos dados coletados durante o filme na qual os/as
participantes fizeram considerações sobre o filme, de forma anônima, evidenciando opiniões e
discussões enriquecedoras sobre esse tema. Participaram da sessão do filme 48 estudantes,
nos quais 30 responderam o questionário, representando 62,5% dos participantes. As
considerações feitas pelo grupo exaltam a discussão dessa temática no ambiente universitário,
sendo este um viés de suma relevância na formação acadêmica e social. Os/as entrevistados/as
sinalizam a necessidade de direitos sociais à comunidade LGBTT que, ao longo de sua trajetória,
principalmente no Brasil, foi privada de representatividade política. Outro fato comum relatado
são as comparações do panorama político apresentado no filme com o cenário da câmara
legislativa do Brasil contemporâneo, compreendendo o Deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ) como
defensor dos direitos dessas identidades historicamente segregadas, assim como foi Harvey
Milk.
PALAVRAS CHAVE: Homossexualidade, Política, Cinema, Universidade.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 54
MEDIAÇÃO DE LEITURA:
DESCONSTRUINDO PARADIGMAS SOCIAIS POR MEIO DA LEITURA
LUIZ FELIPE JESUS DE BARROS
JOSÉ LUIZ COSTA SOUSA GONÇALVES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
O trabalho apresenta a mediação de leitura como ação auxiliadora na formação social do
indivíduo. Compreende esta como uma atividade social e interativa voltada à construção de uma
compreensão coletiva por meio das relações sociais, autor-texto-mediador-ouvinte, o acesso à
informação e o incentivo à leitura. Demonstra a Mediação de Leitura, também, como uma
ferramenta potencial no que tange tratar de temáticas como gênero e preconceito, possibilitando
a desconstrução desses paradigmas por intermédio do diálogo e contato com literaturas que
abarquem essas temáticas. Problematiza a falta de literatura que compreenda essas temáticas e
a falta de diálogo sobre essas questões sociais. Utiliza como processos metodológicos uma
análise dos livros: Cada um com seu jeito, cada jeito é de um, da autora Lucimar Rosa Dias;
Uma bola na barriga, da autora Lucia Fidalgo; O fado padrinho, o bruxo afilhado e outras coisas
mais, da autora Anna Claudia Ramos. Além de revisar o que já foi publicado sobre a temática de
Mediação de Leitura, associando-a com as questões de gênero e preconceito. Verifica a
mediação de leitura como ação diretamente efetiva na construção cultural, social e identitária do
indivíduo. Ressalta que atividades de leitura, bem como a mediação de leitura, sejam ações
necessárias para abordar temáticas sociais, atuando e inferindo nas mais diversas faixas etárias
e grupos sociais. Evidencia a medicação de leitura como atividade de incentivo à leitura, que
possibilita o acesso à informação e a cultura. Conclui que a mediação de leitura seja uma ação
prática e lúdica necessária para se estabelecer o diálogo e o contato com questões socais que
quase sempre se tornam intocáveis, e que o acesso e o incentivo à leitura de livros que tratem
de temáticas sociais como gênero e preconceito, seja vital para uma construção social mais
coletiva, sendo a mediação de leitura uma ação que possibilita essa construção.
PALAVRAS CHAVE: Mediação de leitura, Incentivo à leitura, Paradigmas sociais
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 55
RESUMSO DO EIXO 5
RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NA EDUCAÇÃO
Coordenadores: Délcio Bernardo e Renata Silva Bergo
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO PROTESTANTE
FABIO SALU VIANA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS
Os Imperadores e as Perseguições. A primeira perseguição contra os cristão deu-se no ano 67
d.C, sob o domínio de Nero, o sexto imperador de Roma. Durante os cinco primeiros anos de
seu reinado, o monarca agiu de forma tolerante. Depois, porém, deu vazão às mais atrozes
barbaridades. E assim a as perseguições continuaram com requinte de tortura as quais eram
jogados no Coliseu aos leões, crucificados, decapitados e esfolados para diversão da plateia
pelos imperadores Trajano, Adriano, Marco, Aurélio Severo, Maino, Décio Valeriano, Diocleciano.
Em 260 d.C, assumiu Qallieno, filho de Valeriano, e durante seu reinado (exceto por alguns
poucos mártires) a Igreja gozou paz. O primeiro Papa e a Reforma. Ainda assim sobre
perseguição os numero de cristão continuavam a crescer de forma exorbitante, sendo
Constantino l ou Constantino, o grande (272-337), entrou para a história romana como o primeiro
imperador romano a se converter ao cristianismo. Com a criação da Igreja Romana cessa a
perseguições começa a inquisição no qual a bíblia era a bíblia era pregada de costas para os
fiéis e em latim sendo ainda proibido citar versos da bíblia em público, ter a bíblia se não fosse
padre ou tivesse alguma função religiosa na igreja, dentre as coisa mais graves da seria a venda
da salvação por terras. A forma de como o cristianismo estava sendo praticado, trazendo a
insatisfação de varias pessoas, mesmo entre os que trabalhavam na Igreja Romana. Com o
tempo surge Martinho Lutero que estudando a bíblia, percebeu que era o oposto o que a igreja
católica fazia, criando então as suas 95 teses no qual ele as colava na porta da igreja para que
os fiéis lessem. Surge então a reforma protestante, dentre os princípios da doutrina Luterana
foram: Salvação pela fé. Presença da verdade somente na Bíblia. Livre Interpretação da Bíblia,
sem a necessidade de pregadores ou padres ou outros intermediários. Uso do alemão nos cultos
religiosos (não mais o latim como única língua).
PALAVRAS CHAVE: Protestante, Perseguições, Romana
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 56
ENTRE O TERREIRO E A SALA DE AULA
– O PEDAGOGO NA CORRELAÇÃO RELIGIÃO-ESCOLA
NEVALDO LEOCÁDIA BASTOS JÚNIOR
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - UFF
Os casos de agressão contra crianças adeptas das religiões de matriz africana são rotineiros nos
veículos midiáticos. Tratados como incidentes pontuais, tais eventos não são novidade para
esses alunos, que muitas vezes tem sua voz silenciada, sendo culpabilizados, julgados e
condenados pela crença que manifestam. Tendo em mente o que promulga a Constituição
Federal em seu artigo 205, sendo a educação como direito de todos e dever do Estado e da
família, o presente trabalho tem por objetivo problematizar as práticas coercitivas de violência
física e simbólica em que as crianças adeptas das religiões de matriz africana são submetidas ao
manifestar sua crença religiosa no ambiente escolar e, principalmente, questionar o papel do
professor enquanto mediador nesse processo. A relevância desse trabalho ainda em fase
exploratória se justifica no fato da mesma Constituição Federal assegurar liberdade de credo e
sua livre manifestação. Desta maneira, se faz necessário reafirmar e assegurar o caráter público
e laico dos estabelecimentos oficiais de ensino, sobretudo em tempos de recrudescência de
ideais preconceituosos. A problematização do tema em um ambiente de formação de
professores se faz necessária, afinal são estes futuros profissionais que estarão em contato com
essa realidade escolar. A metodologia se divide em dois momentos. No primeiro foi feita uma
observação participante nos ambientes de formação oferecidos pelo Instituto de Educação de
Angra dos Reis como palestras, disciplinas, seminários, dentre outros. A segunda parte consiste
em um clipping onde recolhi reportagens de grandes jornais a fim de apontar as práticas de
violência sofridas por estas crianças no ambiente escolar. A análise se sustenta em conceitos
chave da obra sociológica de Pierre Bourdieu, como o Campo, Habitus, a Violência Simbólica e a
Reprodução Cultural. Em base do observado, considero que as faculdades de formação de
professores são insuficientes para formar plenamente o futuro professor para lidar com essas
crianças. Por mais que ofereça instrumentos técnicos para atuação em ambientes escolares, tais
instituições falham em despertar em sua totalidade a consciência crítica destes futuros
profissionais que acabam por reproduzir velhos preconceitos naturalizados socialmente.
PALAVRAS CHAVE: Violência
Religiosidades na Educação
Simbólica,
Estado
Laico,
Formação
de
Professores,
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 57
RELIGIOSIDADES E EDUCAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIAS
PATRÍCIA SOUZA GERMANO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE- IEAR
Minha curiosidade para tal tema surgiu quando, Já na faculdade na minha graduação em
pedagogia, pude conhecer algumas disciplinas como Antropologia, Educação étnico racial,
disciplina tópicos especiais sobre religiões, entre outras que me fizeram refletir sobre a relação
entre religião e sociedade. Esta relação me fez perceber a minha própria condição social e
religiosa. Quando criança, passei por algumas situações em minha vida escolar, que me
deixaram em situações constrangedoras por conta de minha religião e também por ser negra .
Minha família é evangélica, e antes de sermos evangélicos minha mãe costumava freqüentar
terreiros de candomblé, umbanda. Passei um tempo também morando com minha avó que era
católica praticante, e possuía muitas imagens de Santo dentro de sua casa. Com 9 ou 10 anos
minha família foi para a igreja evangélica e comecei a viver os costumes deste meio, mas sem
esquecer das pessoas que conheci e das coisas que vivi nas outras duas religiões. Ao entrar
para a faculdade tive muitas experiências de conflitos religiosos, e de embates quanto a
necessidade ou não de se ter uma religião. No terceiro período da faculdade entrei para um
grupo de pesquisa que tratava da questão étnico racial e suas aplicações na escola. As
atividades eram feitas em uma escola em terras quilombolas, e a maioria das pessoas eram
evangélicas. Foi uma experiencia muito enriquecedora, onde eu pude ver de perto conflitos de
credos e de cor (raça). Hoje tenho um olhar aberto para estas religiões, um olhar de uma
alteridade próxima, como se eu pudesse enxergar no outro parte do que eu sou, como se o outro
tivesse construído em mim a consciência da existência legitima da necessidade da vela para a
minha avó e da necessidade da saia rodada para os amigos da minha mãe. Esta visão me fez
perceber que somente quando você conhece algo, mas não um conhecer didático, um conhecer
que te toque, um conhecer respeitoso, um conhecer que te possibilite enxergar- se no outro, e
neste conhecimento é que a tolerância religiosa nasce, perceber as semelhanças que existem
dentro das várias religiões. Perceber que não é a negação do outro que te fortalece, mas sim
viver a tolerância ao outro. Somente quando um se reconhecer pertencente do outro é que
poderemos promover uma relação de pluralidade religiosa igualitária dentro da escola.
PALAVRAS CHAVE: Religião,Pluralidade,Tolerância,Intolerância,educação
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 58
EPISTEMICÍDIO CONTRA OS SABERES E CONHECIMENTOS DAS SAGRADAS MATRIZES
RELIGIOSAS DE ORIGEM AFRICANA: O CASO DO JONGO DE SANTA RITA DE BRACUÍ –
ANGRA DOS REIS/RJ
JALBER LUIZ DA SILVA
GPMC/UFRRJ
Sou professor, pesquisador pelo GPMC/UFRRJ e recentemente defendi a dissertação de
Mestrado em Educação intitulada Epistemicídio contra os saberes e conhecimentos das
sagradas matrizes religiosas de origem africana: o caso do Jongo de Santa Rita de Bracuí –
Angra dos Reis/RJ, onde investiguei a “morte” dos saberes dos mestres jongueiros fundadores e
mantenedores da religiosidade africana que deu origem ao Jongo, hoje praticado apenas como
folguedo ou dança folclórica. Minha imersão se deu na comunidade quilombola de Santa Rita do
Bracuí, neste município, onde pude constatar as causas do silenciamento dessa religiosidade
[demonizada pelo catolicismo e afastada da realidade coletiva] e de sua ressemantização para
uma simples manifestação cultural. Procurei os rastros dos mestres cumbas, os jongueiros que
guardam essas epistêmes míticas nos pontos cantados de jongo e outras práticas. Após três
anos de imersão no território e colaborando no projeto “Redescobrindo o Bracuí”, proposta de
inscrever a EM Aurea Pires da Gama como escola quilombola, o que ainda está em curso, pude
constatar as diversas formas de discriminação que ainda sofrem as origens culturais e místicas
trazidas de África, assim como episódios velados de racismo religioso no âmbito daquela escola.
Meu objetivo nesta oportunidade é exatamente dar “voz” aos mestres cumbas amordaçados pela
discriminação e cujos conhecimentos se perdem nas estratégias de ressignificação e
sobreposição de outras epistêmes religiosas. Mas também demonstrar como a pesquisa cotribui
para o atual debate sobre etnocentrismo europeu, racismo e intolerância elogiosa no âmbito das
escolas do município de Angra dos Reis. A metodologia para a apresentação será a exposição
oral dos conteúdos, além de cópias de resumo da dissertação para os participantes.
Considero importante para a pesquisa, que prossegue, submeter minhas constatações para
colegas e professores das redes de ensino locais, para ouví-los naquilo que têm a acrescentar,
dando objetividade e consubstacialidade ao meu trabalho, escrito exatamente para ser debatido
na sala de aula.
PALAVRAS CHAVE: Jongo - religiosidade de matriz africana - epistemicídio - racismo
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 59
PRECONCEITO RELIGIOSO NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
IOLANDA TAKIGUTI
INSTITUTO DE ENSINO DE ANGRA DOS REIS/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Ao matricular o meu filho na Escola Municipal Tereza Pinheiro de Almeida, para cursar o terceiro
ano das séries iniciais, acreditei que assim facilitaria meu dia a dia. Buscava uma vaga no turno
da manhã, para que eu pudesse trabalhar, e por não haver vaga na Escola Municipal Santos
Dumont, no período da manhã onde o meu filho estava matriculado desde o C A. Na Escola
Municipal Tereza Pinheiro de Almeida, em conversa com seus colegas de classe o meu filho
comentou que eu distribuía doces no dia de São Cosme e São Damião, por que eu era
umbandista. A professora começou a perseguir o meu filho.Ela dizia que: “se a sua mãe serve o
diabo você também serve”. A diversidade religiosa existente em nosso país coloca a questão do
tema “preconceito religioso”. O que me fez levantar esse questionamento e compreender como a
instituição de ensino convive com esta questão na sala de aula. O preconceito religioso na
educação me incomoda pelo fato de meu filho ter passado por essa experiência nas séries
iniciais do ensino fundamental. O objetivo desta pesquisa é investigar a relação entre o
preconceito religioso na escola e a religiosidade africana. O método que utilizarei consiste em
relatar minha experiência vivida com o tema em questão e procurar respostas para alguns
questionamentos tais como: Até onde a escola brasileira é laica? Em que medida a religião
interfere na introdução da historia e cultura afro-brasileira no currículo da escola?.Espero que
esses questionamentos contribua para a educação brasileira.Com isso se abra um leque de
informações para que as religiões de matriz africana passe a ter voz no âmbito escolar para que
as crianças seguidoras dessas religiões não continuem vendo sua religião como uma coisa feia
ou errada tendo que esconder de sua religião e possam dizer sem medo sua crença assim como
os católicos e evangélicos. A marca que fica em quem é vitima de um preconceito fica na alma
pois apesar de passar tanto tempo esse fato muito me incomoda.
PALAVRAS CHAVE: Religiosidade, Religiões africana, Preconceito.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 60
AS ÁGUAS DE MARÇO LEVANDO O VERÃO... LOUVANDO A RAINHA DO MAR YEMONJÁ.
Israel Evangelista Santos
Ofarere Movimento Afro Religioso
Este Projeto tem sua motivação inicial a partir da indignação dos representantes da Associação
de Pescadores da Barra da Tijuca – APELABATA, em função do ato de vandalismo que a
imagem desta divindade instalada no quebra-mar do Posto 01 da Avenida do Pepê, na Barra da
Tijuca/RJ sofreu após a realização da procissão de Yemonjá no ano de 2012. Na ocasião, a
imagem cultuada pelos homens do mar daquela região, como uma protetora dos seus trabalhos
e símbolo da relação destes com a natureza. foi completamente destruída.
http://oglobo.globo.com/eu-reporter/vandalos-destroem-estatua-de-iemanja-na-praia-da-barra4405546#ixzz2NdWlJc4L). Assim, através de parceria entre o Grupo Ofarerê de Comunicação
Cultural - que defende os signos da cultura negra - e a APELABATA foi organizado este Projeto
que, para além de outras atividades, buscarão instalar no local (Píer do Posto 01 da Barra da
Tijuca) uma imagem de Yemonjá em tamanho natural restabelecendo de forma apropriada o
espaço de louvação dos pescadores da região à sua protetora. Esta homenagem também
deverá ser efetivada em associação com a Subprefeitura de Barra da Tijuca e Jacarepaguá de
modo que a sociedade civil e o poder público possam contribuir para evitar-se que a nova
imagem seja alvo de vândalos ou intolerância religiosa. Cabe destacar que já o Prêmio Ações
Locais - Edição Rio450 reconheceu o Projeto “Yemonjá: louvando a Rainha do Mar” enquanto
uma ação local que representa a contribuição dos povos tradicionais da pesca e matriz africana
para a valorização das manifestações culturais no Município e Estado do Rio de Janeiro.
www.youtube.com/watch?v=cZPbdmwJHPE. A presente proposta objetiva a realização de um
evento político e cultural nos dias 24, 25 e 26 de março de 2016 para a celebração da divindade
Yemonjá com a finalidade de instalar no píer do posto 01 Barra da Tijuca - RJ a imagem da
rainha do mar. PROGRAMAÇÃO DIA 24/09 ÁS 17h. CINELANDIA XIRE A YEMONJÁ - SEÇÃO
SOLENE NA CÂMARA MUNICIPAL – RJ - DIA 25/09 ÁS 09h. SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO
CULTURA E RELIGIOSIDADE – UERJ - 18 h. XIRÉ EM LOUVOR A RAINHA DO MAR. - DIA
26/09 ÁS 10h. XIRÉ EM LOUVOR A RAINHA DO MAR IMPLANTAÇÃO DA IMAGEM DE
YEMONJÁ NO PÍER DO POSTO 01 DA BARRA DA TIJUCA - PRAIA DOS AMORES -RJ.
PALAVRAS CHAVE: RELIGIOSIDADE, FÉ, PESCADORES, INTOLERÂNCIA,YEMONJA
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 61
RESUMOS DO EIXO 6
JUVENTUDES, DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA
AOS SISTEMAS DE ENSINO
Coordenadores: Leila Haddad, Fabiano Avelino, Sandra Cardoso
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO OU PADRONIZAÇÃO NO SISTEMA DE ENSINO?
ADRIANO VARGAS FREITAS
CLARISSA BASTOS CRAVEIRO
UFF/IEAR
Este trabalho apresenta recortes de duas pesquisas desenvolvidas no campo da Educação com
o intuito de contribuir para o melhor conhecimento a respeito da avaliação da docência, sua
formação e atuação em diferentes modalidades, e diversidades culturais e sociais. Entendemos
que essas temáticas de pesquisa fazem parte das políticas de acesso e permanência de
profissionais nos ambiente educacionais. As pesquisas destacam como um dos objetivos
centrais a apresentação de um olhar panorâmico sobre a área da educação com foco sobre a
docência, privilegiando a metodologia do estado da arte. Partem de um grupo de pesquisa do
campo do currículo desenvolvido na unidade de Angra dos Reis da Universidade Federal
Fluminense e dialogam com temáticas relacionadas à formação de professores. A primeira
pesquisa destaca sentidos da formação docente a partir de análises de projetos políticos
curriculares que tem sido utilizados para o crescente processo de legitimação dos discursos em
prol de avaliação institucionais externas. A segunda busca focar a avaliação sobre a formação e
atuação do docente que atua em uma modalidade de ensino ainda entendida como inferior às
demais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em comum, dentre outros pontos, a verificação
da grande influência das avaliações sobre a formação e o fazer docente no Brasil marcado por
políticas que buscam padronizar perfis idealizados que possam “contribuir” com o mundo
globalizado.
PALAVRAS CHAVE: Políticas, Currículo, Formação de Professores, Estado da Arte
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 62
OS SUJEITOS DA EJA: UM ESTUDO EM UMA ESCOLA DE ANGRA DOS REIS
MERLIN DIAS GOMES
IEAR/UFF
Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa em andamento desenvolvida no interior do
Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do Instituto de Educação de Angra dos Reis da
Universidade Federal Fluminense, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para
conclusão do Curso de Pedagogia. A pesquisa nasce de experiência de estágio na modalidade
de ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em escola da rede municipal de Angra dos
Reis. Buscamos conhecer quais as histórias de vida desses estudantes, seus desejos,
perspectivas e receios, e principalmente, quais os motivos que os levaram a retornar aos bancos
escolares. Em busca dessas respostas, fizemos incialmente leituras sobre o assunto que nos
serviram de referenciais orientadores tanto para coleta de dados - obtidos via entrevistas e
aplicação de questionários - quanto para a análise das informações obtidas. Como a pesquisa
ainda não está concluída temos apenas dados preliminares que apontam para a necessidade de
repensarmos esta modalidade como importante forma de inclusão de cidadãos, assim como a
necessidade de reavaliarmos a formação dos professores e suas práticas de letramento para a
EJA, de modo que ela promova mais oportunidades.
PALAVRAS CHAVE: Educação de Jovens e Adultos, sujeitos, histórias de vida, inclusão social,
formação de professores
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 63
AVANÇOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DO PLANO JUVENTUDE VIVA
HUGO RAFAEL RUFINO VILELA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS / UNIVERSIDADE FEDERAL
FLUMINENSE
O Plano Juventude Viva surge a partir do resultado das demandas da I Conferência Nacional de
Juventude, realizada em 2008, e tem como principal objetivo reduzir os índices de homicídios de
jovens negros do sexo masculino, no Brasil. Ele nasce a partir da denúncia de diversos
segmentos organizados da sociedade civil que têm parte de sua pauta embasada na
desconstrução
da
cultura
de
banalização
de
violência
física.
Relatórios anuais de diversas organizações têm comprovado que os maiores índices de
vulnerabilidade aos homicídios estão justamente entre pessoas que possuem esse estereótipo. E
Desde então o governo Federal tem promovido uma série de ações coordenadas pela SNJ –
Secretaria Nacional de Juventude e a SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial, em conjunta diversas ações já promovidas por 11 ministérios, que visam
ampliar direitos e políticas públicas nos territórios dos 142 municípios brasileiros – entre eles o
de Angra dos Reis – que juntos são os responsáveis por mais de 70% dos homicídios de jovens
negros em todo o país; que em sua maior parte são ocasionadas pela disputa do controle das
vendas de drogas ilícitas dentro dos territórios urbanos, e pela Polícia Militar. O tema passou a
ter maior relevância e importância devido às discussões de matérias que surgiram durante esse
período no congresso nacional, como: a apresentação do PL 4.471/12 de autoria do deputado
federal paulo Teixeira do PT/SP, que pede o fim dos autos de resistência, da CPI da Câmara dos
Deputados criada esse ano para apurar a violência e causas das mortes de jovens negros, de
autoria do deputado federal Reginaldo Lopes, PT/MG, e da CPI do Senado para tratar do mesmo
tema, que é de autoria do Senador Lindberg Farias, do PT/RJ. A proposta que eu quero
apresentar nessa exposição de trabalhos é a de fazer um balanço preliminar dessas ações
oferecidas pelos diversos órgãos do Governo Federal, de modo, a reduzir a mortalidade dos
jovens negros nesses municípios nesses últimos 3 anos, desde que o Plano foi criado, através
da apresentação dos dados obtidos por esses relatórios e dos resultados das intervenções
provocadas pelo poder público dentro desses territórios.
PALAVRAS CHAVE: juventude, viva, extermínio, homicídio, negro
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 64
CONSTRUÇÃO DOS SABERES MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
MARIA APARECIDA MOREIRA DE ALENCAR PIRES
IEAR/UFF
Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa
em Educação Matemática do IEAR/UFF, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas
para conclusão do Curso de Pedagogia. Analisamos a construção do conhecimento matemático
na Educação de Jovens e Adultos, tomando por base que ele está inserido em nosso cotidiano, e
o usamos todos os instantes. Esta modalidade de ensino é voltada para jovens, adultos e idosos,
e visa pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. A questão que norteou nossa pesquisa foi: Como está sendo
desenvolvido o processo de ensino e aprendizagem na EJA em matemática? A metodologia
envolveu revisão bibliográfica e entrevista com uma professora de uma escola municipal de
Angra dos Reis. Dentre os resultados obtidos, verificamos que a construção do conhecimento
matemático do aluno da EJA deve envolver sua experiência de vida, e sua vivência do cotidiano,
de forma a diminuir suas dificuldades nesta área. Estas dificuldades tem influenciado diretamente
a permanência ou evasão desses estudantes do processo escolar, por isso é necessário que
atentemos para a necessidade de motivá-los e buscarmos formas de envolvê-los neste
processo, especialmente na área de matemática, que tem sido vista como uma das grandes
causas de grande número de reprovações e abandonos. Além disso, a percepção de que os
conhecimentos prévios influenciam nessa construção, pois, de uma forma geral, os alunos
trabalham, tem acesso a mídia, fazem compras, cuidam das despesas diárias, aprendem com a
vida a reconhecer o valor do dinheiro, entre tantas outras atividades que envolvem contagem e
quantificação. Como referência de nossas análises, optamos pelo Programa de Etnomatemática,
que, de acordo com D´Ambrosio (2007), envolve reconhecer a matemática como área que se
organiza de acordo com as necessidades dos indivíduos, auxiliando-os a lidar com o ambiente,
para sobreviver e tentar explicar o visível e o invisível.
PALAVRAS CHAVE: conhecimentos matemáticos, educação de jovens e adultos, programa de
etnomatemática
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 65
A INCLUSÃO DOS EXCLUÍDOS - O INGRESSO NA EJA DE JOVENS CADA VEZ MAIS
JOVENS
AMANDA GUERRA DE LEMOS
UNIRIO
Nos últimos anos, intensificou-se a entrada de jovens “cada vez mais jovens” no Programa de
Educação de Jovens e Adultos (PEJA-SME/RJ). O PEJA vem recebendo alunos oriundos da
própria rede, cursando o Ensino Fundamental, transferidos ao completar 17 anos. Não é raro o
Programa receber alunos ainda mais novos, de 15 anos, também transferidos da própria rede,
sem histórico de evasão, embora apresentando defasagem idade/série. Muitos desses alunos
relatam motivos parecidos para ingressar no Programa: expulsão da escola. Embora saibamos
que, formalmente não existe tal procedimento, é muito perceptível a sensação de não
acolhimento nas suas escolas de origem, seja pelo “mau comportamento” ou por dificuldade de
aprendizagem. O ingresso na EJA seria visto como um “castigo”, uma forma de retirá-los da
escola em que não se “enquadram”, mantendo-os no “sistema”. Se a Resolução CNE/CEB nº 03,
de junho de 2010 institui a idade de 15 anos como mínima para o ingresso na EJA de Ensino
Fundamental, legaliza a transferência, esta mesma Resolução também expõe a necessidade de
pensar políticas próprias de atendimento a esses alunos.Ouvimos que a EJA se descaracteriza
com a entrada desses jovens, pois não se integram com os mais velhos, vistos como os
verdadeiros detentores do direito à EJA, causando conflitos intergeracionais. No entanto, sendo
a EJA em sua essência plural, é urgente discutir o lugar deste jovem: se a escola seriada do
ensino fundamental não o quer e nem a EJA o inclui, qual a escola desse/para esse aluno?
Quem é esse jovem aluno? Qual a juventude que está sendo excluída? Investigação das
trajetórias escolares dos jovens que ingressam à EJA oriundos de transferências de escolas da
rede, através de uma pesquisa qualitativa tendo como foco uma escola com o PEJA (SME/RJ)
que apresente número significativo de jovens na condição apresentada.Acredito que a
investigação que conduzirá no caminho de tentar responder a esses questionamentos pode
ajudar a pensar uma escola verdadeiramente inclusiva, onde as relações sejam construídas no
diálogo, partindo dos seus próprios atores e entendendo os jovens como sujeitos desse
processo.
PALAVRAS CHAVE: EJA, Juvenilização, Sujeitos da EJA
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 66
NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS E PESQUISAS SOCIOAMBIENTAIS E EM
DIREITOS HUMANOS COMO FERRAMENTA PARA A DISCUSSÃO E CONSTRUÇÃO
AFIRMATIVAS EM RELAÇÃO A DIVERSIDADE E A SUSTENTABILIDADE.
FERNANDO MENDES GUERRA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO UNIVERSITÁRIO
Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Socioambientais e em Direitos Humanos- Espaço
institucional presencial e permanente, no âmbito acadêmico, de caráter didático-pedagógico,
cultural, artístico, tecnológico e de interação com a sociedade, que tem por princípio contribuir
para a construção e promoção de uma cultura dos direitos humanos e de ações afirmativas
socioambientais. Objetivos: 1. Assumir compromisso de defesa dos princípios de justiça,
liberdade, bem estar social e respeito ao reconhecimento da dignidade humana; estimular a
incorporação dos Direitos Humanos e demais temas afins a nível curricular na graduação e pósgraduação; Metodologia - Todo o desenvolvimento de ações do Núcleo está fundamentada na
construção de ações colaborativas intra e interinstitucionais, Cine debates, visitas técnicas e
ações afirmativas junto à comunidades. Considerações finais: A complexidade das atuais
questões socioambientais e de direitos humanos vem estimulando as instituições de ensino a
construir processos pedagógicos que promovam a superação da perspectiva disciplinar. Através
do Núcleo temos conseguido sucesso na construção de projetos interdisciplinares e inserção dos
graduandos em questões ligadas aos direitos humanos e diversidade.
PALAVRAS CHAVE: Direitos Humanos, sustentabilidade, currículo, Diversidade e Participação
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 67
RESUMOS DO EIXO 7
EDUCAÇÃO NO CAMPO, INDÍGENA,QUILOMBOLA, CAIÇARA, ILHAS, SERTÕES,
POPULAÇÕES ITINERANTES
Coordenadores: Domingos Nobre, Aline Abbonízio
CIGANOS E POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO DA EDUCAÇÃO EM ANGRA DOS REIS,
RIO DE JANEIRO
MARIANA REGINA BEZERRA GUERREIRO
BRUNO ANTONIO CERCHI
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - IEAR - UFF
O projeto de pesquisa “Ciganos e políticas públicas em Angra dos Reis, Rio de Janeiro”, que
informa esta comunicação, tem como objetivo geral a produção de relatos etnográficos sobre a
identidade cigana na esfera pública. Pretende-se pesquisar as formas pelas quais a identidade
cigana é construída e negociada, como ela se transforma e é manipulada dentro do contexto
definido por políticas públicas e práticas burocráticas. A coleta dos dados se estrutura a partir de
trabalho de campo antropológico envolvendo observação direta em acampamentos ciganos do
Perequê, Parque Mambucaba, Angra dos Reis, e observação participante na Secretaria
Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis
PALAVRAS CHAVE: Ciganos, educação, etnografia, políticas.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 68
ESCOLAS NAS TEKOA GUARANI: ENTRE O PROCLAMADO E O REAL
LUIZA HELENA MARTINS DE CARVALHO
UFRRJ - PPGEDUC
Este trabalho tem como objetivo principal analisar algumas questões que envolvem as recentes
mudanças propostas para a Educação Escolar Indígena no país, tendo como foco, identificarmos
junto aos sujeitos envolvidos, as questões que se apresentam no momento em que as
comunidades Guarani enfrentam um importante desafio: se apropriar desse aparelho Juruá, que
é a escola, com seus instrumentos educativos formais e específicos, utilizando-se dela para
garantir que o trabalho desenvolvido no mundo escolar alcance os resultados esperados por todo
o seu grupo. A princípio, esses educadores apresentam o desejo de fortalecer, através da
escola, os hábitos e os saberes tradicionais, sem que isso lhes traga perdas culturais. A proposta
metodológica para nos ajudar a refletir sobre os impactos que a educação escolar tem sobre a
vida tradicional Guarani, é a da pesquisa-ação participante, com base na análise de relatos de
experiências vivenciadas por educadores Guarani M’Byá do Sul /Sudeste do Brasil,
considerando as expectativas das famílias e das lideranças comunitárias nesse período. Para tal,
além das observações da autora, foram recolhidos relatos e depoimentos em diversos trabalhos
publicados em vídeos produzidos a partir de importantes projetos de pesquisa acadêmica. As
considerações a respeito do que aqui proponho refletir, nos levam a perceber que, se há um
campo em que a educação brasileira avançou a ponto de nos apontar caminhos que “incitam a
esperança e a humanização ” nas escolas, esse campo é o da educação escolar para os povos
indígenas. No entanto, percebemos também que estamos longe de ter, na prática, o ideal
concretizado no real. Para aproximarmos a realidade vivenciada na educação escolar para essas
comunidades dos ideais proclamados pelos papéis oficiais, teremos que rever nossa história e
suplantar o que vem sendo perpetuado ideologicamente.
PALAVRAS CHAVE: Educação, escola, tradição, interculturalidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 69
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA COMUNIDADE GUARANI: A
CONSTRUCÃO DE UM CURRÍCULO INTERCULTURAL EMERGENTE DE SITUAÇÕES DAS
ALDEIAS INDÍGENAS DE MARICÁ E ITAIPUAÇÚ
CLARA DOS SANTOS BAPTISTA
CAROLINA ALVES DE OLIVEIRA
CELSO SANCHEZ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A aldeia Guarani de Maricá, formada há dois anos e meio e a aldeia Guarani de Itaipuaçú,
formada há um ano, ambas localizadas no município de Maricá, possuem um projeto de escola
diferenciada que surgiu através de demandas da própria comunidade. As escolas da região não
possuem um sistema para acolher as crianças da aldeia por isso a importancia de se pensar
escolas diferenciadas que atendam as crianças das comunidades indígenas que se instalaram
recentemente em Maricá. Nesse contexto, professores e alunos da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade
Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) se uniram
no sentido de contruir um currículo intercultural em apoio as iniciativas dos membros das
comunidades indígenas e apoiar o poder público. O projeto aqui apresentado tem como objetivo
pensar uma educação ambiental e ensino de ciências contextualizada à realidade das aldeias, e
visando a produção de um currículo construído junto com os Guarani das aldeias de Maricá e
Itaipuaçú que emerja de situações concretas vividas pela comunidade e valorize seus
conhecimentos e saberes. Este projeto toma forma através de visitas periódicas para reuniões
nas duas comunidades com o intuito de discutir temas geradores de ciências pertinentes ao
grupo de professores indígenas. As visitas às comunidades evidenciam que os saberes Guarani,
desde o modo de cultivo até a relação com o território e com as pessoas, são riquíssimos. Com
esta iniciativa junto aos membros das comunidades esperamos contribuir para construção de um
sistema de educação indígena diferenciado, que possa, inclusive, servir de inspiração para
outras aldeias em outras áreas.
PALAVRAS CHAVE: Educação indígena, Guarani Mbyá, Interculturalidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 70
PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO EM ENSINO DE LÍNGUA GUARANI
ALGEMIRO DA SILVA KARAI MIRIM
DOMINGOS BARROS NOBRE
ESCOLA INDÍGENA ESTADUAL GUARANI KARAI KUERY RENDA / IEAR/UFF
As escolas indígenas guarani ressentem-se da falta de materiais didáticos em língua materna
adequados para o Ensino de Língua Guarani do 6º ao 9º Anos. O trabalho relata a experiência
de produção de livro didático multimídia para ensino de língua indígena que prioriza a leitura e
produção textual, com exercícios de gramática textual e enfoque temático na cultura Guarani
Mbya, numa perspectiva crítica de preservação e fortalecimento da cultura e língua Guarani. O
relato se insere no âmbito de um Projeto de Pesquisa e Extensão do IEAR/UFF.
PALAVRAS CHAVE: Produção de Material Didático, Ensino de Língua Guarani, Material Didático
Bilingue e Intercultural
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 71
A LUTA POR EDUCAÇÃO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS DE PARATYRJ: O CASO DA PRAIA DO SONO
ROBERTA ROCHA BASTIANINI
MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA
LICIO CAETANO DO REGO MONTEIRO
DOMINGOS BARROS NOBRE
IEAR/UFF
Este trabalho busca apresentar alguns resultados preliminares do Projeto Diagnóstico
Socioeducacional para a Elaboração de Projetos de Educação Diferenciada na Zona Costeira de
Paraty-RJ, desenvolvido no âmbito do IEAR/UFF, com apoio do Edital Fopin 2015. O projeto visa
atender uma necessidade das comunidades tradicionais de formular uma política pública que
possibilite ampliar o acesso ao ensino fundamental na Zona Costeira de Paraty-RJ para atender
a alunos de 6º ao 9º ano. A Zona Costeira é um recorte administrativo da Secretaria Municipal de
Educação de Paraty, que agrega as comunidades cujo acesso à sede do município só pode ser
feito por trilha ou barco. Corresponde também a territórios de comunidades tradicionais caiçara.
Nessa Zona Costeira existem oito escolas de 1º ao 5º ano. Ao concluírem o 5º ano, as crianças
não têm acesso a escolas de 6º ao 9º, resultando em diversos problemas de não conclusão do
ensino fundamental. Num contexto de mobilização das comunidades tradicionais em torno da
educação diferenciada e da discussão do novo Plano Municipal de Educação, nosso diagnóstico
pretende fazer um levantamento preliminar da demanda existente na Zona Costeira e dos
projetos educacionais em desenvolvimento. O caso da Praia do Sono foi o primeiro a ser
estudado pela equipe e se destaca como uma das escolas previstas para ampliação no ano de
2016.
PALAVRAS CHAVE: Comunidades tradicionais caiçaras; Educação diferenciada; Diagnóstico
socioeducacional
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 72
DISPUTAS PELA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DIFERENCIADA NAS
COMUNIDADES CAIÇARAS DE PARATY-RJ COMO POLÍTICA PÚBLICA ESTRUTURANTE
LEANDRO BULHÕES DOS SANTOS
LICIO CAETANO DO REGO MONTEIRO
DOMINGOS BARROS NOBRE
MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA
IEAR/UFF
A partir do Projeto Diagnóstico Socioeducacional para a Elaboração de Projetos de Educação
Diferenciada na Zona Costeira de Paraty-RJ, desenvolvido no âmbito do IEAR/UFF, com apoio
do Edital Fopin 2015, este trabalho busca aprofundar alguns dilemas políticos e pedagógicos
relacionados às atuais disputas em torno da implantação das séries finais do Ensino
Fundamental nas comunidades tradicionais caiçaras de Paraty-RJ. Esse processo de ampliação
das escolas na Zona Costeira tem ocorrido dentro de um contexto de forte mobilização das
comunidades em torno de suas demandas historicamente reprimidas por educação. No ano de
2015, essa luta culminou com as discussões no Plano Municipal de Educação, aprovado em
conferência em 2015, e no compromisso da Secretaria Municipal de Educação com a
implantação do Ensino Fundamental II em duas comunidades caiçaras. Ao longo do segundo
semestre de 2015, foram realizadas diversas reuniões, das quais participaram diversos atores
envolvidos no processo: Secretaria Municipal de Educação, Fórum de Comunidades
Tradicionais, professores da rede municipal, universidades públicas e ONGs. As discussões
expressam os dilemas, dificuldades e tensões em torno da construção de uma política pública
estruturante de educação diferenciada que está sendo elaborada já para o ano de 2016.
PALAVRAS CHAVE: Comunidades tradicionais caiçaras; Educação diferenciada; Política pública
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 73
A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA GUARANI (KIRINGUE'I)
ALGEMIRO DA SILVA
COLÉGIO INDÍGENA ESTADUAL KARAI KUERY RENDÁ
Desde a partir da contação da lenda da criação do mundo e da linda lenda do sol e da lua, o
povo guarani vem falando de que a criança é um algo especial em nossa vida. Porque para o
povo guarani, o sol e alua eram crianças, eram dois irmãos que viviam na terra como qualquer
criança. Sendo assim então nós acreditamos que a criança guarani é, realmente são especiais.
Crianças em guarani é Kiringue’i. Kiringue’i traduzindo em português é os pequeninos. Neste
sentido nós povo guarani sempre cuidamos, gostamos e respeitamos as nossas crianças, aliás
cuidamos muito antes do nascimento, desde a partir da gestação. Nós acreditamos que quando
a criança guarani nasce ela deve ser adorada e precisa receber o nome em guarani, porque para
nós o nascimento de uma criança é um anúncio de uma nova vida. Quando nasce a criança
Deus (Nhanderuete) manda espírito descer junto (alma=nhe’ê)...
Educando a Criança
(Kiringue’i) - Nesta fase a educação de educação da criança precisa de acompanhamento dos
pais. Para o povo Guarani educar a criança, mostrando alguma coisa, mostrar a criança aos
filhos a importância de conviver junto. Nessa fase o pai não pode abandonar o filho, assim pode
se dedicar melhor a seu filho e cumprir algumas regras, por exemplo: o casal não pode separar,
dando o bom exemplo ao seu filho, a criança deve acompanha-los em todas as atividades que os
pais fazem. Como a criança guarani aprende? A criança Guarani aprende a partir dos 3 anos
pela observação, exemplo: tecendo cestarias, reunião da comunidade, festas cerimoniais, nas
danças e cânticos. Em todas as atividades, crianças guarani é sempre bem vinda. Na sala de
aula, nas classes de 1º a 5º ano, é sempre visto algumas crianças, sendo algumas meninas leva
sua irmã par a escola por isso elas participam das aulas mesmo sem estar matriculada na
classe. Assim cuidamos de nossas crianças, na aldeia todos somos responsáveis dos nossos
filhos (Kringue’i).
.
PALAVRAS CHAVE: Educação Indígena; Criança Guarani; Educação diferenciada
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 74
ETNOMATEMÁTICA E O PRINCÍPIO EDUCATIVO DO TRABALHO
CLAUDIO FERNANDES DA COSTA
IEAR/UFF
Esta comunicação se propõe a refletir centralmente sobre o Trabalho como princípio educativo,
destacando, sobretudo, o seu viés onto-histórico na perspectiva do materialismo histórico e
dialético. Adotamos como perspectiva empírica o contexto sócio-histórico-cultural de jovens e
adultos agricultores, indígenas, quilombolas e caiçaras, bem como de outros grupos sociais
habitantes de ilhas, Sertões, etc. Neste sentido, buscaremos relacionar o princípio educativo do
Trabalho com o conhecimento matemático desenvolvido a partir desses diversos contextos, ou o
que Ubiratan D`Ambrosio define como Etnomatemática. Neste sentido nos aproximamos do
"Programa Etnomatemática", como concebido por D´Ambrósio: instrumentos de reflexão, de
observação, instrumentos materiais e intelectuais (ticas), para explicar, entender, conhecer,
aprender para saber fazer (matema), como resposta a necessidades de sobrevivência e de
transcendência, ao longo da história, em diferentes ambientes naturais, sociais e culturais
(etnos). Ou seja, destacamos que as diversas culturas humanas realizam, em cada momento
histórico, atividades, inclusive matemáticas, relacionadas à necessidade e ao modo de produção
da sua existência. D`Ambrosio, afirma, como vimos, que decorrem na necessidade de existência
e transcendência, e Marx que vinculam-se às necessidades do estômago e da imaginação.
Assim sendo, trabalhamos com a hipótese de que, nesta perspectiva, tal atividade (o Trabalho)
como princípio educativo, constitui-se como princípio do núcleo firme da própria Etnomatemática.
Propomos, assim, abordar o Trabalho, considerando que é fonte de humanização e ao mesmo
tempo objeto de exploração e expropriação. Neste caso, adotamos metodologicamente as
categorias totalidade e contradição, que em sua complementaridade, segundo Kosik, tanto nos
servem para analisar as possibilidades onto-históricas do Trabalho, quanto para problematizá-las
no contexto das formas atuais de reprodução da vida sob a égide do capital.
PALAVRAS CHAVE: Etnomatemática, Ontologia, História, Educação, Trabalho
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 75
VIDAS CIGANAS
FABIANO RANGEL DE ANDRADE
PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
Com o perceptível aumento de ciganos na região de Mambucaba – Angra dos Reis – surgiu a
vontade e necessidade de entender melhor essa cultura tão mistificada. Percebendo tal
realidade tão presente no espaço escolar e no bairro a E.M. Nova Perequê resolveu criar o
projeto Vida Cigana, que visa emergir a realidade cigana desmistificando uma barreira social
presente entre tais comunidades e os moradores da região Ao invés de se trazer os ciganos pra
escola, fomos um pouco mais ousados, inicialmente fizemos contatos com os lideres dos
acampamentos e resolvemos levar a escola para dentro da realidade cigana. Visitas foram
marcadas e grupos de estudantes visitaram os diversos tipos de moradia para perceber as
diferenças e igualdades entre as culturas. Após essa preparação foi se feito a grande noite
cigana onde a escola preparou a maior união dos acampamentos da região já ocorrida e como
estudo ficou voltado no que mudou nos alunos na percepção dos ciganos e dos ciganos na
escola. O trabalho a ser apresentando visa demostrar desde a organização das visitas até o
momento de feedback dos alunos diante das concepções de mudanças de opiniões
paradigmas em relação a cultura, suas crenças, religiões, hábitos e costumes. Perceber que na
verdade o povo cigano e tão humano como nós e tem hábitos e costumes tão parecidos
surpreendeu todos. Desde alunos até professores. Ver que eles tem um modo de viver e gostos
diferentes como cada diversidade que conhecemos. A liberdade como tema e a experiência de
ter corrido o mundo e ainda guardar tais histórias de forma oral é de se admirar que esta tão
rica cultura não tenha se perdido ao longo dos tempos.
PALAVRAS CHAVE: cigano ,cultura, sociedade, mambucaba, misticismo
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 76
ANÁLISES DE PRÁTICAS LABORAIS DE PESCADORES DA PRAIA DE PROVETÁ
GUSTAVO MARTINS
IEAR/UFF
Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa desenvolvida no interior do Grupo de
Pesquisa em Educação Matemática do Instituto de Educação de Angra dos Reis da
Universidade Federal Fluminense, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para
conclusão do Curso de Pedagogia. Nos propomos a analisar e descrever os conhecimentos
matemáticos envolvidos nas práticas laborais dos pescadores e redeiros da comunidade da
praia de Provetá, na Ilha Grande, Angra dos Reis. Surge daí nossa questão de pesquisa: quais
são os conhecimentos matemáticos envolvidos nas práticas laborais da pesca da comunidade
caiçara da praia de Provetá, Ilha Grande? Dentre estas práticas, destacamos o manejo manual
das redes de pesca, o trabalho cotidiano no mar e a partilha dos resultados, cujos
conhecimentos são passados de gerações a gerações de pescadores, em uma tentativa de
manter a cultura e a sobrevivência dessa comunidade. Como metodologia, utilizaremos revisão
bibliográfica sobre o tema, entrevistas semi-estruturadas com rendeiros e pescadores da
comunidade de Provetá para coletarmos experiências envolvendo conhecimentos matemáticos,
e coletar imagens dessas práticas laborais. Como referencial teórico, destacamos o Programa
de Etnomatemática que entende os conhecimentos matemáticos atuando em um contexto
multicultural, facilitando o entendimento dos processos de geração e transmissão de
conhecimentos, no fazer ciências de cada grupo identificável, com propósito de utilizar esses
conhecimentos para beneficio do próprio grupo, na manutenção de seus valores e práticas
culturais/sociais/religiosas/profissionais/políticas.Dentre os resultados já verificados, a
percepção de que a falta de incentivo a estas práticas de remendo e armação de rede tem
trazido preocupações aos pescadores na atualidade, pois os jovens não vêm nisso interesse e
não há qualquer mobilização para que esta cultura permaneça nas mãos dos caiçaras.
PALAVRAS CHAVE: práticas laborais de pesca e remendo de redes, comunidade caiçara,
programa de etnomatemática, conhecimentos matemáticos
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 77
CONSTRUINDO UMA IDENTIDADE DE ESCOLA DO CAMPO EM DUQUE DE CAIXAS/ RJ
MICHELLE PESSANHA CABRAL
ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO PRESIDENTE VARGAS
Construindo uma identidade de Escola do Campo em Duque de Caxias/ RJ. O presente
resumo, materializado num relato de experiência, apresenta o protagonismo docente numa
Escola do Campo situada no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Rio de
Janeiro. O processo de esvaziamento da Escola Municipal Presidente Vargas, localizada na
área rural do município, foi a motivação dessa pesquisa realizada pela Orientadora Pedagógica
Michelle Pessanha, que acredita na concepção progressista na qual a Escola não é uma
instituição isolada dos problemas sociais que circundam o seu território. Ainda, segundo
Freire(1989) “ As escolas estão inserida num mundo de relações afetivas, políticas,
pedagógicas, constituem um espaço fundamental da prática e reflexão pedagógica”. Essa
investigação esbarra numa política local que não reconhece a especificidade do território rural
e, por conseguinte, ignora a particularidade pedagógica existentes em suas treze Escolas do
Campo. O Projeto Político-Pedagógico será o instrumento de construção de uma Cultura da
Escola realçando seu caráter instituinte (Libâneo,2011) pois sintetizará os interesses, os
desejos e as propostas dos sujeitos sociais que dialogam nessa instituição educativa. A
investigação histórica através de leituras da historiadora Marlúcia Santos de Souza, a
observação de mapas locais e dados censitários, a análise documental do Plano Municipal de
Educação serão as fontes de dados que contextualizarão esse diagnóstico social local. O
currículo que se materializa nessa escola está sendo construído por seu grupo docente e
praticado através da metodologia de Pedagogia de Projetos no qual a centralidade será o
Projeto “Horta Escolar” e “Criando e Reciclando”. Dialogar com as demais escolas do município
e com o Estado através da Secretaria Municipal de Educação, tem sido uma constante que
reforça a concepção ideológica construída coletivamente pelos sujeitos sociais que compõem
essa escola reforçada no cotidiano de uma “Escola Rural que sonha ser uma Escola do
Campo” na qual se defende que “Educação do Campo é um direito nosso e dever do Estado”.
PALAVRAS CHAVE: Palavras-chave: Baixada Fluminense, Currículo, Educação do Campo,
Identidade, Projeto Político Pedagógico.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 78
METODOLOGIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA
ANA PAULA ARAUJO DA SILVA TREVA
ANNA BEATRIZ ALBUQUERQUE VECCHIA
CAROLINA MIRANDA DE OLIVEIRA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS / UNIVERSIDADE FEDERAL
FLUMINENSE
O objetivo deste trabalho é capacitar professores não indígenas para atuarem no segundo
segmento da Educação Escolar Indígena do Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Kuery
Renda, numa perspectiva curricular diferenciada, intercultural e bilíngue. O trabalho baseia-se
no acompanhamento pedagógico do curso Formação Continuada de Professores do 6º ao 9º
ano Guarani e das aulas ministradas por esses professores na aldeia Sapukai. A metodologia
consiste em filmagem, edição e análise didática dos conteúdos das aulas, tal análise se dá no
curso e no grupo de pesquisa (CNPQ): "Espaços Educativos e Diversidade Cultural". Esta ação
integra pesquisa, extensão e ensino tendo como componentes do grupo bolsistas de Iniciação à
docência, iniciação cientifica (PIBID, PIBIC e FOPIN).
PALAVRAS CHAVE: Formação de professores; Educação escolar indígena
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 79
RESUMOS DO EIXO 8
DIVERSIDADE CULTURAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE
Coordenadoras: Dagmar de Melo e Silva, Luciana Telles e Adriana Sanseverino
A CRIAÇÃO DE PERSONAGEM AUXILIANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA
MEDIAÇÃO.
FÁTIMA VALÉRIA OLIVEIRA CAMPOS
PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
O presente trabalho aponta a importância da construção do conhecimento do aluno,
especialmente o aluno com autismo, tendo a participação direta do professor e de seus pares
competentes, no ambiente da sala de aula. Essa forma especial de interação professor-aluno e
aluno-aluno é caracterizada por alguns aspectos fundamentais diretamente relacionados à
qualidade do processo de aprendizagem. Vygotsky entende que o ser humano nasce apenas
com recursos biológicos, mas é através da interação social, da sua inserção na cultura e da
intencionalidade dos processos de mediação que ele é capaz de superar funções meramente
primárias ou elementares para o desenvolvimento de funções superiores, notadamente
históricas e marcadas pela cultura. Nesse entendimento o projeto “A criação de personagem
auxiliando a prática pedagógica através da mediação” possui o objetivo de desenvolver a
capacidade nos alunos de expressar livremente suas ideias, experiências e emoções através
da mediação. Essa ação pedagógica primeiramente foi realizada no Atendimento Educacional
Especializado e posteriormente foi levada para a escola regular, onde o aluno está incluído,
possibilitando um trabalho colaborativo entre a professora da escola regular e a professora do
Atendimento Educacional Especializado. É preciso ressaltar que os resultados obtidos na
escola regular foram mais significativos, pois observamos uma maior interação e mediação dos
alunos com seus pares competentes, desta forma a intervenção da professora é de colaborar
para as trocas entre o aluno com autismo e os demais alunos, promovendo a inclusão. Nessa
perspectiva, a escola inclusiva deve estar disposta a adaptar seu currículo e seu ambiente
físico às necessidades de todos os alunos, propondo-se a realizar uma mudança de paradigma
dentro do próprio contexto educacional com vistas a atingir a sociedade como um todo. Neste
espaço, a relação professor-aluno com deficiência deve influenciar a auto imagem desse aluno
e o modo como os demais o veem, trazendo benefícios tanto para ele quanto para o seu grupo
com base em um suporte que facilite a todos obter sucesso no processo educacional. Dessa
forma, a escola para ser considerada inclusiva deve promover as possibilidades e
potencialidades de todo e qualquer sujeito, sobretudo aquele com deficiência.
PALAVRAS CHAVE: Educacional Especializado,Inclusão , Mediação
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 80
A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA E SUAS
METODOLOGIAS PARA A FORMAÇÃO SUPERIOR
ISABEL SANTANNA SANTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Participo do Programa PIBID desde fevereiro de 2014, interagindo ativamente nas vivências
educacionais da E. M Monteiro Lobato localizada na cidade de Queimados, RJ. Uma das
metodologias utilizadas para que as bolsistas interajam nas salas de aula são as sequências
didáticas, que nos possibilita auxiliar o aluno na leitura interpretativa, trabalho em equipe, com
conteúdos diversos, fomentando questionamentos livres. Dentro da prática de elaboração das
sequências didáticas percebo uma gama de discursos aos quais devemos manter olhos e
ouvidos bem sensíveis, pois são por eles que fazemos uma análise de como está o censo
crítico das crianças e professores sobre os temas de diversidades em geral. Na aplicação da
sequência sobre o livro de José Saramago, “A Maior Flor do Mundo” o intuito foi a descontração
e ouvir a voz de cada aluno/a, de modo a saber em que consistiam seus sonhos para o futuro.
Por se tratar de uma cidade da periferia e de pouco acesso a recursos de necessidades
básicas para manutenção de uma vida saudável, muitos alunos acabam passando por
situações de risco, tais como: violência urbana e doméstica, insalubridade e falta de
assistencialismo familiar. O livro de Saramago foi escolhido justamente para tentar trazer um
fôlego de esperança para as crianças e demonstrar que acreditando em seus sonhos e
deixando o medo de lado (assim como o personagem principal do livro) elas podem alcançar
um futuro melhor, que talvez fosse visto como impossível. Mas assim que mostramos para elas
que poderiam sentir-se à vontade para falar e participar sem se preocuparem com algum tipo
de repressão as mesmas começaram a agir e se expressar como se estivessem falando com
os colegas de sala.. As sequências didáticas aplicadas reduz o distanciamento. e traz uma
visão mais ampla e libertária.Fazendo desta uma grande oportunidade para romper com os
muros da intolerância e adentrar o mundo das possibilidades mediando múltiplas experiências
no plano da diversidade cultural, étnica e de gênero.
PALAVRAS CHAVE:Discursos na infância, Vivências escolares, Crianças, Sequências
didáticas e Diversidade
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 81
ACESSIBILIDADE: OMITIR, RENEGAR OU PROMOVER? UMA ANÁLISE SOBRE OS
EQUIPAMENTOS CULTURAIS DE ANGRA DOS REIS
FERNANDA FERREIRA CAMARGO DOS SANTOS
POLÍTICAS PÚBLICAS IEAR UFF
A origem da ideia deste artigo tem vida a partir de uma diligência que recebi do Ministério da
Cultura, ao apresentar um projeto cultural, via Salicweb, que seria captado através da Lei
Rouanet. Na ocasião, a ausência de políticas de acessibilidade atrasou a aprovação daquele
projeto, quase me fazendo perder um patrocínio de Hum Milhão de Reais já captado. A
situação transformou meu entendimento sobre o tema levando-me a refletir sobre o respeito à
Acessibilidade Cultural como prática cotidiana. Tendo Angra dos Reis como objeto de pesquisa,
volto o olhar para os equipamentos culturais dessa senhora cidade, histórica no sentido da
idade ( 513 anos) e que não dispõe de acessibilidade cultural em cinco de seis dos seus
equipamentos públicos de cultura: Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, Casa Laranjeiras,
Convento São Bernardino de Sena, Museu de Arte Sacra e Centro Cultural Constantino
Cokotós. Tendo apenas o Centro Cultural Theophilo Massad, excluído dessa triste realidade,
com acessibilidade parcial. O presente trabalho além de um problematizador sobre a questão
da acessibilidade em Angra dos Reis, também ausente nas Igrejas Históricas do Centro da
Cidade, visa contribuir para o avanço das Políticas Públicas para as pessoas com deficiência, já
que há uma negação desse público nas atividades, manifestações e apresentações em tais
espaços. Nesse sentido, entendendo que acessibilidade é uma forma de concepção de
ambiente que considera o uso de todos os indivíduos, independente de suas limitações físicas,
sensoriais e intelectuais, apresentamos os porquês da importância da não negação da
acessibilidade, ouvindo, lendo e sentindo as necessidades que apenas a pessoa com
deficiência pode exprimir. Como resultado a pesquisa apresenta propostas de alternativas,
legislação vigente e modelos de cidades históricas, bem como, sugestões de posturas para que
os espaços sejam plenamente acessíveis com a oferta de serviços que possam ser acessados,
utilizados e compreendidos por qualquer pessoa. Visualizar o panorama das pessoas com
deficiência nos permite perceber a luta empreitada por elas, seus pais, filhos e militantes em
geral. Essa é a nossa busca. Busca pela cidadania de pessoas que foram condenadas a uma
invisibilidade secular. Promover acessibilidade não é um favor, é um dever!
PALAVRAS CHAVE: Acessibilidade cultural, cultura, UFF, iear
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 82
COMPREENDENDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DA ARTE
MARIA ONETE LOPES FERREIRA
AMANCIA RENATA COELHO
JANAINA KINDA DA SILVA DIAS
UFF
Projeto que visa proporcionar ao(s) bolsista(s) a ele integrado(s) um estudo crítico do itinerário
da República brasileira, especialmente no seu nascedouro. Esta viagem pelo passado não será
pelo curso das vias tradicionais, tais como manuais ou livros didático. Aqui as fontes que
servirão como guia de navegação pelo mar republicano serão fontes culturais, tais como
literatura, música, contos, crônicas, cordel; Revista de História da Biblioteca Nacional. Serão
também priorizados arquivos originais preservados sobre dados alusivos à época em relevo no
projeto, qual seja a República Velha desde a fase de transição mais ou menos uma década
antes de sua “proclamação” e Era Vargas. O bolsista deverá, a partir de um plano de trabalho
previamente definido ir descobrindo, analisando e escrevendo a por ótica própria uma
compreensão da obra e da história. Assim sendo, o objetivo principal do projeto consiste em
relacionar história e cultura visando compreender que a atividade criadora é produzida
mediante uma relação dialética em que ambas se influenciam e deixam suas marcas. Conceber
a história como legado da atividade produtiva e criadora humana, visando a aquisição de um
modo de pensar que reivindica o direito ao acesso a toda riqueza social
PALAVRAS CHAVE: história, arte, formação crítica
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 83
INCLUSÃO DE VERDADE
CAROLINE CRISTINE SILVA SANTOS
CEDERJ/UERJ
Eu sou monitora de educação especial, na rede municipal de Angra dos Reis. Esse trabalho
vem regado de desafios, pois lidar com a inclusão de forma tão direta, faz nos enxergar os
erros e os acertos da inclusão. Pude ver que a inclusão, quando não é feita em parceria, família
- escola, é prejudicial a todos, família, criança com deficiência, escola e os pares. A criança
deve estar minimamente preparada para isso, não somente a criança, como também a escola e
família. A pouco tempo conclui um curso chamado Pela Luz dos olhos teus, que é ministrado
pelo CAP (centro de apoio pedagógico), que é maravilhoso. Nele foi relatado a uma coisa
experiência maravilhosa que deveria ser copiada, fazendo este curso comigo tinha a professora
de uma escola que no ano de 2016 irá receber uma aluna cega. Bom pode parecer óbvio uma
professora receber uma capacitação mínima pra receber uma aluna cega, mas não é uma
realidade. A realidade são crianças são "jogadas" nas salas de aula, onde professores muita
das vezes sem o mínimo de capacitação pra receber crianças autistas, cegas, surdas, enfim
das mais diversas deficiências. A rede adota a adaptação curricular como medida na inclusão,
o que facilita muito o trabalho do professor, e a vida da criança. Infelizmente, não são todos os
profissionais da educação que conseguem lidar com a inclusão. Faço a mediação de um aluno
autista a 2 anos, no ano passado tive grande dificuldade com a professora regente da turma
que ele estava incluído, pois ela não conseguia lidar com o comportamento dele, que era uma
caixinha de surpresas. Além dele ser um menino barulhento, o que a encomodava muitíssimo,
bom, aquele foi um ano difícil para todos nós. Já esse ano ele está em uma turma em que a
professora lida muito bem com seu comportamento. Mas, ainda é um grande desafio, quando
ele se torna agressivo, por exemplo, ter que manter a integridade física dele, das outras
crianças e nossas. As vezes, me pergunto se a inclusão existe de fato!
PALAVRAS CHAVE: Inclusão, família, deficiência, erros, acertos
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 84
TÍTULO E RESUMO:
A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM
AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
SADANHA DEMENEZES
MÁRCIA ELEOTÉRIO DA SILVA
PATRÍCIA BLASQUEZ OLMEDO
ADRIANA RODRIGUES SALDANHA DE MENEZES
PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
Introdução: Uma das características sempre presente nos Transtornos do Espectro do Autismo
(TEA) é o prejuízo na comunicação. Os distúrbios sociocomunicativos observados nestas
crianças apresentam diversas manifestações, podendo aparecer em menor ou maior grau,
afetando a comunicação oral e não oral, a habilidade de iniciar e manter uma conversa e a
reciprocidade no diálogo. 2.Objetivos:O objetivo geral do relato é apresentar a experiência do
atendimento educacional especializado e do trabalho com a comunicação alternativa oferecido
pela UTD-Tea ( Instituição criada em 2007 no Município de Angra dos Reis-RJ- visando o
atendimento educacional a alunos com transtorno do espectro autista). 2.Objetivos:O objetivo
geral do relato é apresentar a experiência do atendimento educacional especializado e do
trabalho com a comunicação alternativa oferecido pela UTD-Tea. Os objetivos específicos são
analisar a importância do atendimento educacional especializado para crianças com autismo na
educação infantil e o uso da comunicação alternativa no processo de inclusão desses alunos.
3.Metodologia:Esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa. Para compor a base de dados
utilizamos o procedimento de observação participante e entrevista aberta e semi-estuturada. A
nossa ação no ambiente e os efeitos dessa ação foram, também, materiais relevantes para a
pesquisa. Os sujeitos eleitos para esse estudo foram 05 alunos, na faixa etária de 02 a 05 anos
de idade, apresentando autismo infantil. Frequentam uma mesma classe de atendimento
educacional especializado, duas vezes por semana com duas horas de duração e estão
incluídos em creches e escolas do ensino regular . 4.Conclusões :Os dados colhidos mostraram
que investir na estimulação precoce em crianças com autismo na faixa etária de 2 a 5 anos tem
evitado a instalação de atrasos significativos no processo evolutivo das crianças.Os dados
mostraram também que o uso da comunicação alternativa mostrou-se um mecanismo eficaz
para estimular a iniciativa de comunicação de alunos com autismo no espaço escolar.
PALAVRAS CHAVE: Autismo,Comunicação Alternativa,inclusão,educação infantil.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 85
A EQUOTERAPIA ESCOLAR COMO PRÁTICA COLABORATIVA INCLUSIVA NA
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
FRANCELINA DE QUEIROZ FELIPE DA CRUZ
JOSÉ RICARDO DA SILVA RAMOS
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
A Equoterapia está relacionada com a interação do cavalo como mais um elemento
colaborativo na construção do ensino, aprendizagem e do desenvolvimento da criança autista
como um todo, onde o trabalho equoterápico foi se organizando a partir das experiências
efetivadas, na cultura escolarizada, com ações pedagógicas de inserir crianças autistas num
tipo de Equoterapia Escolar Inclusiva em que se formassem a partir da vivência coletiva com
outras crianças neurotípicas nos diferentes tempos e espaços da escola. Assim, o objetivo
deste trabalho é descrever, observar e analisar as contribuições do Programa de Equoterapia
Educacional da UFRRJ no CAIC – Paulo Dacorso Filho, com crianças Autistas como mediação
do processo de ensino e aprendizagem na significação da cultura escolarizada apoiando-se na
abordagem colaborativa entre todos os agentes educativos da escola e o cavalo. Desta forma,
nessa primeira fase do projeto os iniciais resultados obtidos indicam avanços comportamentais,
afetivos e significativos dessas crianças, rompendo com as perspectivas conservadoras
baseadas na limitação de aprendizagem, sendo aos poucos desfeitas nas interações
transdisciplinares que equoterapia passou a proporcionar entre atividades lúdicas, inclusivas
baseadas em jogos e ações motrizes com e sobre o cavalo. Favorecendo a superação para a
expectativa transformadora da aprendizagem desvendando novos saberes e práticas
educativas, trazendo novos significados pedagógicos com a aproximação da escola e os
diferentes cursos graduação e pós-graduação da UFRRJ e a unidade escolar efetivando a
perspectiva da Educação Inclusiva e a perspectiva sócio-histórica, representada pelos estudos
de Glat (2011), Vygotski (2007) reafirmando que as interações dos estabelecidas na vida dos
sujeitos com necessidades educacionais especiais se constituem no importante papel da
mediação educacional nos processos intercedidos no ensino, aprendizagem e no
desenvolvimento da criança autista.
PALAVRAS CHAVE: Equoterapia, TEA, Inclusão Escolar
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 86
OFICINAS PEDAGÓGICAS PARA JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL: ENFRENTAMENTO PARA UMA VIDA POSSÍVEL
KELLY MAIA CORDEIRO
ALESSANDRA MOREIRA SILVA
NILCÉIA GALINDO TEIXEIRA
RODOLFO DE ALMEIDA SANTOS
PREFEITURA MUNCIPAL DE ANGRA DOS REIS
O presente texto é um breve relato da experiência de trabalho realizado no projeto de Oficinas
Pedagógicas para Jovens e Adultos com Deficiência Intelectual pós-escolarização, iniciado em
2014 na Unidade de Trabalho Diferenciado (UTD-DI). O público que está matriculado é
diversificado, residentes em diferentes bairros do município de Angra dos Reis, com idades
variando entre 21 e 44 anos, de ambos os sexos. O projeto em questão procura pelo
alinhamento às Políticas da Educação Inclusiva (Brasil, 2010) e compreende o conceito de
deficiência intelectual como “limitações significativas tanto no funcionamento intelectual como
na conduta adaptativa e está expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais.” (AADID,
2010, p.31). O trabalho é realizado em formato de Atendimento Educacional Especializado
(AEE) e não tem o caráter de escolarização.A base pedagógica de sustentação das oficinas
procura constituir-se sobre três perspectivas: a teoria histórico-social do desenvolvimento
Vygotsky, (apud Oliveira, 2005), o Currículo Funcional Natural (Suplino, 2009) e na aplicação
do Plano de Desenvolvimento de Ensino Individualizado (PDEI). Tem como objetivo de
trabalho, contribuir no processo de vida e cidadania dos jovens e adultos com deficiência
intelectual, enfatizando que são indivíduos produtivos e participativos nos planos pessoal,
familiar e social. Atualmente o atendimento oferece aos jovens e adultos, 2 oficinas (PEVI e
Horta Escolar) e 7 projetos de trabalho (Culinária pra mim; Meu quarto, meu cafofo; Rótulos e
Embalagens: embalando a comunicação; Ato criativo; Mexa-se; Curta: Eu desejo... e
Arteterapia), os quais visam estimular atitudes, habilidades e técnicas no desenvolvimento de
atividades para vida prática e independente, envolvendo ações relacionadas à alimentação, à
higiene, à saúde, à arte, ao vestuário e à vida doméstica. Temos a disciplina de Educação
Física que promove o desenvolvimento das habilidades motoras, psicomotoras, afetivas e
sociais. E o apoio às famílias dos jovens e adultos com deficiência intelectual, ocorre através do
acompanhamento da área da psicologia educacional. Para o ano de 2016 esperamos que, o
atendimento seja transferido para um espaço físico mais adequado e mais equipado, para que
possamos ampliar o número de jovens e adultos atendidos e desenvolver melhor a proposta
das oficinas pedagógicas.
PALAVRAS CHAVE: Deficiência Intelectual, Jovens e Adultos, Oficinas Pedagógicas,
Atendimento Educacional Especializado, Educação Inclusiva.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 87
TÍTULO E RESUMO:
Considerações sobre a inclusão no ensino médio profissional
Tatiana Henrique Brives de Oliveira
Fundação de Apoio à Escola Técnica- Faetec
Apresentação: Este trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento e pretende-se abordar
questões que buscam entender o papel da inclusão como uma política pública na educação
profissional, percebendo as demandas específicas que a perpassam, considerando a dinâmica
das escolas e as peculiaridades dos alunos com deficiência. A educação inclusiva está contida
em diversos instrumentos normativos em nosso país e as orientações destes documentos
pressupõem o envolvimento da comunidade escolar para que seja respeitado o princípio da
educação para todos. Objetivo: Refletir sobre a inclusão de alunos com deficiência na educação
profissional de nível médio, compreendendo as implicações das políticas de educação inclusiva
na educação profissional agrícola e as diversas situações que perpassam o cotidiano escolar a
partir desse referencial. Metodologia: Iremos utilizar como método a pesquisa-ação, que busca
articular a produção de conhecimentos com a ação educativa, isto é, por um lado, investigar,
produzir conhecimentos sobre a realidade a ser estudada e, por outro e ao mesmo tempo,
realizar um processo educativo para o enfrentamento dessa mesma realidade. A partir da
experiência vivenciada na educação profissional agrícola no município de Magé, na Baixada
Fluminense, pretende-se compreender os diversos olhares sobre a inclusão à luz dos atores
sociais envolvidos nesse processo. Considerações: Tendo por base uma determinada
realidade, percebeu-se que o acesso das pessoas com deficiência à educação profissional de
nível médio ainda é baixo, se comparado ao ensino médio na modalidade da formação geral.
Desta forma, faz-se necessária uma problematização desses dados para compreendermos o
afastamento desse público nesta modalidade educacional. Além disso, é preciso analisar as
demandas inerentes à realidade das pessoas com deficiência. Entendemos que a questão da
inclusão no ensino médio profissional deve abarcar a heterogeneidade presente na escola e
contemplar as especificidades de cada aluno, contribuindo para a sua inclusão no ambiente
escolar e transpondo-se as barreiras impeditivas à sua participação.
PALAVRAS CHAVE: Inclusão, educação profissional, ensino médio.
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 88
TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
JOELMA FABIANO DE SOUZA
KÁTIA GONÇALVES PEREIRA DA SILVA
UNIDADE DE TRABALHO DIFERENCIADO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
Apresentação: Para tornar a prática pedagógica mais condizente com o estágio de
desenvolvimento, a UTD-TEA (Unidade de Trabalho Diferenciado - Transtorno do Espectro do
Autismo) tem como proposta o Projeto de Transição para a Vida Adulta. A idéia é que
profissionais e familiares em ação de parceria traçar uma proposta para os alunos não incluídos
na rede regular de ensino, com idade de 11 a 18 anos. Os alunos passarão a receber
atendimento domiciliar. A equipe está organizada de forma a oferecer uma visita da professora
especializada e da psicóloga. Objetivos: Na intervenção domiciliar, além das adaptações
ambientais, pode-se treinar as atividades de vida diária (AVD) e atividades de vida prática
(AVP). As AVD's incluem as atividades relacionadas à higiene pessoal e vestuário. Atividades
essas que buscam a independência, autonomia e integração do indivíduo na sociedade. É
sempre importante a estimulação da independência na realização das atividades, mesmo que
isso demande um tempo maior para a realização dessas tarefas. AVP's são todas aquelas
relacionadas à organização e limpeza do ambiente. Tais como: lavar , secar e guardar a louça;
arrumar a mesa; tirar o pó dos móveis e do chão; cuidar da roupa: lavar, estender e passar;
arrumar a cama e etc. Metodologia: Executar as seguintes etapas: (1) Identificação do contexto;
(2) Linhas de base; (3) Capacitação; (4) Intervenção; (5) Tarefa da Família; e (6) Follow-up.
Resultados: Uma prática pedagógica de acordo com os estágio de desenvolvimento desses
alunos, pais e profissionais atuando como parceiros para melhoria de autonomia e qualidade de
vida e traçar um plano para a vida adulta. Considerações Finais: Todos os indivíduos com
autismo são diferentes, portanto cada adolescente exigirá suportes e serviços diferentes
durante o processo de transição. É de fato importante começar cedo, avaliar gostos o que a
criança gosta e o que ela não gosta, os pontos fortes e as fraquezas, e fazer um plano para
ajudar a tornar a vida mais independente e agradável possível para ela.
PALAVRAS CHAVE: Vida Adulta, Autismo, Inclusão Social
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 89
OBSERVAÇÕES ACERCA DA INCLUSÃO ATRAVÉS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
EMANUELLE MONTEIRO SANTIAGO
FERNANDA ESTEFANI FERREIRA COSTA
RAQUEL PAULINO DA SILVA COSTA
UFRRJ
Este trabalho teve sua base a partir do Programa Institucional de Iniciação à Docência, no qual
passamos a interagir com as turmas do Ensino Fundamental I da Escola Municipal Monteiro
Lobato, localizada em Queimados/RJ, que atende 34 alunos com necessidades educativas
especiais, e para o apoio dos mesmos conta com 7 cuidadores e 2 intérpretes de Libras. A
prefeitura de Queimados, passou a investir em políticas de inclusão em consonância com a
LDB, Lei 9.394/96, em seu artigo 58, § 1º que afirma que “haverá, quando necessário, serviços
de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de
educação especial”. Sendo assim, nos aprofundamos em saber qual seria a qualidade desses
profissionais e se o município estaria disposto a investir verdadeiramente na sua preparação.
Observamos o trabalho de inclusão que ocorre na instituição, e nos empenhamos em saber
qual o papel do Governo, seja Federal ou Municipal, para o desenvolvimento das práticas
político-pedagógicas que abrangem os indivíduos com necessidades especiais. Conhecemos a
sala de recursos e as atividades realizadas com cada educando, por meio de duas professoras,
divididas em dois turnos, e nos inteiramos que elas participam de formação continuada,
oferecida pela prefeitura, uma vez ao mês, junto com cuidadores e intérpretes. Neste ano de
2015, foi enviada para a instituição uma verba do Governo Federal para investimentos em
acessibilidade, utilizada para implementação de rampas de acesso, pisos antiderrapantes,
alargamento de portas, entre outras melhorias voltadas para o público especial existente na
escola. Tais melhorias estão de acordo com a Lei 13.146/15. Porém essa verba enviada foi a
primeira e única recebida em anos de funcionamento da escola. Durante esse período de
análise, percebemos as melhorias ocorridas nas políticas públicas de inclusão, mesmo que
ainda distantes do ideal. Como consta no Plano Nacional de Educação, em que a quarta meta
seria universalizar a educação de 4 a 17 anos de sujeitos com deficiência, faz-se importante
fomentar a formação continuada que, segundo os professores da rede de Queimados, não
ocorre, pois a formação recebida por eles ainda está longe de abranger o que se vivencia na
escola. Contudo, é notória a criatividade e compromisso que esses profissionais carregam para
tornar a inclusão algo possível.
PALAVRAS CHAVE: Educação especial, inclusão, políticas públicas
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 90
INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO
MÁRCIA GONZAGA DOS SANTOS
CLEIDE TAVARES DE OLIVEIRA ARARIPE
CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO
A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho foi ratificada pelas Leis nº
8.213/91 e em Caraguatatuba pela Lei municipal nº 539/96. Segundo o Decreto nº 3.956/01 a
deficiência é conceituada como “uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que
incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida e que, em razão dessa
incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção social”. O objetivo deste trabalho é
conhecer e descrever o programa de empregabilidade da pessoa com deficiência no mercado
de trabalho de Caraguatatuba. A pesquisa descritiva fará o levantamento de dados disponíveis
na Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso, mensurando os
encaminhamentos da SEPEDI ao mercado de trabalho, mediante solicitação de empresas
empregadoras. Espera-se com este trabalho reconhecer a inclusão como o início de uma
conscientização da sociedade quanto à importância das pessoas com deficiência no mercado
de trabalho e não apenas o atendimento às leis, bem como, conhecer o índice de
empregabilidade do trabalhador com deficiência em Caraguatatuba.
PALAVRAS CHAVE: Inclusão, empregabilidade, deficiência, legislação
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 91
NA MINHA ESCOLA TODO MUNDO É IGUAL
ELANIA DA CONCEIÇÃO DE PAIVA MARTINS
KÁTIA BERNARDO DO NASCIMENTO SILVA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Este trabalho é o resultado das atividades desenvolvidas por duas integrantes do grupo
PEDiversidade, que é um subgrupo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/IM (UFRRJ) localizada na
cidade de Nova Iguaçu/ RJ. Por meio do PIBID, uma sequência didática que foi elaborada a
partir do livro de literatura infantil “Na minha escola todo mundo é igual”, de Rossana Ramos e
Priscila Sanson, e apresentada e desenvolvida na Escola Municipal de Queimados, parceira do
projeto. O trabalho tem como objetivos analisar questões referentes à educação especial,
pensar no conceito de igualdade, observar questões que nos aproxima e nos afasta um do
outro dentro da escola; promover a leitura entre o público escolar, relacionando o aspecto
lúdico da atividade ao conhecimento da realidade das pessoas portadoras de necessidades
especiais fazendo uma reflexão sobre a atual situação, estimulando as crianças a aprenderem
a conviver com as diferenças e se tornarem cidadãs solidárias. Apresentando, através da
Literatura Infantil a realidade das pessoas com necessidades especiais, despertando a
sensibilização e experiências, vivenciando o lugar do outro refletindo sobre o preconceito e
aceitação social e pessoal desses indivíduos. As metodologias utilizadas foram leitura
dramatizada, para apresentar o livro, uma roda de conversa para compartilharmos nossas
experiências, e uma atividade para registro (desenhos e texto) e avaliação do nosso encontro.
Como resultados, podemos destacar sistematização da sequência didática, a participação dos
alunos durantes as atividades, as trocas de experiência através dos relatos das crianças sobre
o tema, entendendo os cuidados e atenção que devemos ter com os amigos e amigas com
necessidades especiais, compreendendo essas necessidades e suas próprias dificuldades e
habilidades e que para conviver melhor com os conflitos e as diferenças é necessário um
diálogo.
PALAVRAS CHAVE: educação especial, Igualdade, Diversidade, Inclusão
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 92