compositor Fiesque

Transcrição

compositor Fiesque
Joinville/SC
No24. R$ 11
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ACIJ
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ACIJ
REVISTA 21
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AO LEITOR
A ÉTICA NA BALANÇA
Se o horizonte econômico já era nebuloso, as notícias
recentes da cena política deixaram os brasileiros ainda
mais atônitos – não por acaso, foi tanta gente às ruas
das principais cidades brasileiras, em março. No epicentro desse embate poucas vezes visto na história do Brasil
está a ética, princípio basilar de todos os relacionamentos humanos, que vem sendo agredido de parte a parte,
diariamente.
O público que assistiu à palestra do historiador e filósofo Leandro Karnal, por ocasião do 105º aniversário
da ACIJ e para marcar o lançamento do código de ética
da associação, foi instigado a refletir sobre várias implicações desta discussão tão produtiva acerca da ética.
Como disse o especialista, não raro, as pessoas cobram
atitudes retas dos políticos em Brasília mas se esquecem
de adotar a mesma régua em atitudes e práticas “menores” do seu dia a dia, em ambientes como o trânsito e a
empresa. “Quem é tolerante com o pequeno, é tolerante
com o grande”, advertiu Karnal. Andar no acostamento,
furar fila, comprar recibos para abater do imposto de
renda, pedir um jeitinho ao amigo que trabalha no órgão
público para avançar com um procedimento qualquer,
são exemplos de deslizes na microética que precisam ser
revistos com urgência, até por coerência de quem quer
um país melhor. A entrevista com o historiador e filósofo, à página 8 desta edição, discorre sobre o tema com
primazia.
Outro destaque da revista é a reportagem que apresenta o plano intitulado Join.Valle, que promete estimular a diversificação da matriz produtiva e de serviços relacionados, melhorando a qualidade de vida da população
e estimulando a competitividade. A proposta é criar um
novo paradigma de gestão do espaço urbano, dentro
do conceito de Cidades Produtivas e Inteligentes, levando a população a participar dos processos de inovação,
no mundo da economia criativa e dos negócios sociais,
criando soluções para suas necessidades. É um caminho
e tanto para se pensar na Joinville de amanhã.
NESTA EDIÇÃO
8 Leandro Karnal diz que uma vantagem da democracia é fazer a falta de ética aparecer 14 ACIJ: 105 anos de representatividade 18 Expogestão 2016 traz grandes nomes 24 Destaque para o que é feito em Joinville 28 Café para todos os
gostos 30 Clubes de assinaturas de produtos conquistam consumidores 40 Join.Valle propõe uma cidade mais criativa,
inteligente e humana 48 Prioridades para as indústrias catarinenses 52 Food trucks ganham lei 55 Varejo: como crescer na crise 58 Voo livre atrai quem gosta de aventura, adrenalina e belas paisagens 64 Visões sobre o marketing verde
72 Consultor garante que ser vendedor é ainda uma profissão atraente, demandada e necessária
DIVULGAÇÃO
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NOSSA ORIGEM SUÍÇA
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ACIJ
PENINHA MACHADO
Número 24. Março e Abril de 2016
Em alusão ao novo século, pleno de
desafios, a Revista 21, publicação
bimestral da Associação Empresarial
de Joinville (ACIJ), aponta, ao mesmo
tempo, para o momento atual e para o
futuro, para o contemporâneo e para o
que está por vir. Tem por objetivo levar
informação de qualidade ao leitor sobre
os grandes temas de interesse da classe
empresarial, sempre com visão local.
Corpo de Bombeiros de Joinville: 124 anos pelo bem da comunidade
VOLUNTÁRIOS, SIM!
A equação é bem simples – mas, ao que tudo indica, em política, o
que vale é mesmo o mais complicado. E caro. Os Bombeiros Voluntários de Joinville completam, em julho, 124 anos de atuação efetiva,
competente e eficaz. Além de, inegavelmente, mais barata que a do
Corpo de Bombeiros Militar.
Daí que repercutiu na comunidade a instalação da ampla sede
da corporação militar na Avenida Marcos Wehmuth – com chamativa placa sinalizando que ali funciona a Seção de Atividades Técnicas
(SAT). Reivindicando a si esse serviço, prestado com toda competência
e plena habilitação técnica pelos bombeiros voluntários, os militares
criaram mais um desconforto com o joinvilense.
A ACIJ reitera seu total apoio à corporação voluntária pioneira do
país, que tem prestado o melhor serviço e o mais dedicado atendimento às necessidades de Joinville. Como disse a corporação voluntária, em nota oficial, não existe lei estadual que resguarde aos militares as atividades de vistorias técnicas em hotéis, bares, postos de
combustíveis, revendas de gás ou outros estabelecimentos. Além disso, o serviço de análise técnica e vistorias, prestado pelos voluntários,
é realizado por profissionais, engenheiros e técnicos em edificações,
devidamente registrados pelo Crea/SC.
Ao abrir a reunião do Conselho Deliberativo que discutiu o problema da segurança pública em Joinville, o presidente da ACIJ, João
Martinelli, foi taxativo: “A comunidade deseja que o governador
mande para Joinville mais policiais civis e militares, e não bombeiros
militares, que vieram para a cidade munidos somente de blocos de
notificações e multas”.
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ACIJ
Conselho editorial
Ana Carolina Bruske (diretora financeira)
Débora Palermo Melo (ACIJ)
Diogo Haron (ACIJ)
Carolina Winter (Winter Comunicação)
Simone Gehrke (EDM Logos)
Jornalista responsável
Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS)
Produção/Edição
Mercado de Comunicação/Guilherme
Diefenthaeler/(reg. prof. 6207/RS)
Reportagem
Ana Ribas Diefenthaeler, Letícia Caroline,
Mayara Pabst, Marcela Güther, Karoline
Lopes
Projeto gráfico, diagramação,
ilustrações e infográficos
Fábio Abreu
Imagem da capa
Acervo Senai
Fotografia
Peninha Machado, assessorias
de imprensa
Impressão
Tipotil Indústria Gráfica
(47) 3382-2238
Tiragem
3,5 mil exemplares
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Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550
3461-3333
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facebook.com/acijjoinville
REVISTA 21
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SENAI-FIESC/DIVULGAÇÃO
A FOTO DA CAPA
Sinônimo de educação profissional,
o Senai/SC forma trabalhadores
para a indústria há mais de seis décadas. A instituição oferece oportunidades gratuitas de qualificação
para jovens a partir dos 14 anos
de idade, com atuação em todo o
Estado, por meio de 62 unidades
fixas e 23 móveis, totalizando 565
salas de aula e 923 laboratórios. A
foto da capa mostra uma turma de
aprendizes na oficina de marcenaria
do Senai Sul de Join­ville, na década
de 1950. À época, já havia cursos
disponíveis em áreas como elétrica,
mecânica e tornearia. O Senai exerce papel fundamental no desenvolvimento da indústria catarinense –
tema de reportagem na pagina 48.
Se você tem uma imagem que retrate algum período da história de Joinville, entre em contato com a redação pelo [email protected]. A
foto poderá ser publicada na capa em uma das próximas edições.
A REVISTA EM FRASES
"O lado positivo deste período
democrático que vivemos,
apesar de todos os problemas,
é que nunca discutimos tão
abertamente sobre ética"
Leandro Karnal, filósofo e historiador,
em palestra no lançamento do Código de
Ética da ACIJ
“O Join.Valle atua como
catalisador, multiplicando
e acelerando sua presença
no município. É um marco
na transição sociocultural
e econômica da cidade. O
passaporte para uma Joinville
forte, moderna, sustentável e
com ótima qualidade de vida. E
o Instituto Miguel Abuhab é um
agente proativo do ecossistema
da inovação”
Pompeo Scola, presidente do Instituto
Miguel Abuhab (IMA)
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ACIJ
“É fundamental que os líderes
sejam desafiados, e que também
desafiem seus gestores para
estimular políticas de apoio a
comportamentos saudáveis dentro
e fora do ambiente de trabalho"
Geysa Francisco Finilli, diretora da
Unidade Fiesc/Sesi Regional Norte/Nordeste
“O futuro é promissor,
mas o momento presente é
desafiador. Por isso, temos que
pensar em alternativas para
atender às novas demandas
e estar preparados para ter
um diferencial de atrativo
econômico e de desenvolvimento
sustentável”
Prefeito Udo Döhler, ao apresentar o
projeto Join.Valle na ACIJ
"O Brasil tem dez mil voadores
de parapente, mas o potencial é
o triplo disso. É um mercado em
crescimento”
Ary Carlos Prady, proprietário da Sol
Paragliders, de Jaraguá do Sul
“Infelizmente, a área ambiental
ainda é vista como despesa, e não
investimento, em muitos casos.
É uma realidade nacional, mas
Joinville pode, sim, ser pioneira na
mudança desse cenário”
“Aproveite todos os pontos de
contato e relacionamento para
criar um vínculo emocional
mais forte com os clientes e se
diferenciar da concorrência"
Nelson Libardi Junior, um dos
idealizadores da startup Biofractal
Raul Candeloro, consultor, palestrante e
diretor da Revista Venda Mais
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ABRE ASPAS
LEANDRO KARNAL
Reflexões sobre ética
no ambiente empresarial
Karoline Lopes
Violência policial, delação premiada e manobras políticas são temas que
vêm monopolizando as atenções dos brasileiros, dentro e fora das redes
sociais. Num turbilhão de informações, a palavra “ética” surge com diferentes pesos e medidas. Mas não só em Brasília a ética é colocada em
xeque. Furar filas, falsificar carteirinha de estudante e sonegar impostos
são pequenos desvios que, para muitos, podem parecer comuns.
Para discorrer sobre o conceito de ética e como aplicá-lo no dia a dia, o
filósofo e historiador Leandro Karnal esteve na ACIJ em fevereiro. Durante a primeira reunião plenária do ano, a entidade comemorou 105 anos
de história e lançou seu código de ética.
Graduado em história pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e
doutor pela Universidade de São Paulo, Karnal tem cinco livros publicados: “Estados Unidos: a Formação da Nação”, “Conversas com um Jovem
Professor”, “História na Sala de Aula”, “Teatro da Fé – Representação Religiosa no Brasil e no México do Século XVI” e “Pecar e Perdoar: Deus e
Homem na História”. Ele participou da elaboração curatorial do Museu
da Língua Portuguesa. Na televisão, colaborou com os programas Jornal
da Cultura e Café Filosófico.
Na palestra “Valores éticos nas organizações”, Karnal falou para conselheiros, associados e comunidade. Antes do evento, conversou com jornalistas. A seguir, a entrevista do historiador.
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FOTOS: MAX SCHWOELK
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Considerando o cenário político em
que vivemos, em que medida o sr.
entende que é necessário estimular a
reflexão sobre a ética?
Esta é a grande vantagem da democracia sobre a ditadura. Na ditadura, a falta de ética vai para
baixo do tapete, e na democracia
ela aparece. Tanto que as pessoas
cometem uma injustiça brutal: elas
acham que na ditadura há mais ética. Não há nenhuma denúncia de
falta de ética na Coreia do Norte,
por exemplo. Não há nenhum caso
envolvendo o ditador da Coreia do
Norte por falta de ética, obviamente. O lado positivo desse período
democrático que vivemos, apesar
de todos os problemas, é que nunca
discutimos tão abertamente sobre
ética. Recentemente, uma pesquisa
colocou ética acima da segurança,
da educação e da saúde como a primeira preocupação do eleitorado.
Mas o sr. concorda que essa
discussão ainda é nova no país?
Muito nova. Temos uma tradição
de não discutir ética em nenhuma
instância. Temos a tradição de aceitar desvios éticos com relativa tolerância. Existe ainda a ideia do “rouba, mas faz”, slogan associado a um
político de São Paulo, Adhemar de
Barros. Ele fez coisas que fariam
até Paulo Maluf empalidecer. Mas
quais as novidades? É a primeira vez
que prendemos corruptos ativos.
No passado, todos os governos investigavam escândalos do governo
anterior ou prendiam membros da
oposição. Pela primeira vez na história, estamos prendendo pessoas
que atuam no governo. O lado negativo é a dificuldade estrutural de
transmitir valores para as novas gerações. Esses valores eram transmitidos meio que por osmose familiar.
E qual a diferença que sinto, dando
aula há 33 anos? Sempre houve o
aluno colador, sempre houve um
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não-ético nessa microfísica do poder que é a sala de aula. Só que antes eles tinham vergonha, hoje têm
orgulho. Essa é a diferença, perdeu-se a noção de valor. Eu não fantasio de que tínhamos um período
de grande tranquilidade ética e entramos em um conturbado. Minha
avó, que era imigrante, dizia que
no tempo dela não havia violência.
Ela fugiu da Alemanha por causa
do nazismo. Criou uma mentira na
memória dela de um mundo perfeito, em que todo mundo se respeitava. Algumas pessoas dizem: “Havia
menos assassinatos na década de
1960”. É verdade. Em 1800, ainda
menos. Mas aí estamos falando da
falta de massa crítica da população,
não de um sistema ético. Temos
dificuldades de transmitir valores
éticos e estamos debatendo ética
nacionalmente. As empresas estão
aprendendo que ter seu nome associado à falta de ética diminui seu
valor agregado. Ou seja, o mercado
está ensinando ética. O mercado
está valorizando coisas, por exemplo, como responsabilidade ecológica, sustentabilidade, compromisso ético e combate ao preconceito,
como racismo, misoginia, homofobia. O mercado está respondendo.
Há empresas que passaram a valer
mais na bolsa de valores, não só
por sua produtividade, mas porque
conseguiram agregar valor à marca
com o discurso ético.
O sr. comentou que a preocupação
ética é uma tendência no ramo
empresarial, e a ACIJ acaba de
lançar seu próprio código. O que
muda, com o código, na relação
com colaboradores, fornecedores e
parceiros?
Mudam coisas muito interessantes.
Quando uma associação cria seu
código e mostra para os associados, ela está dizendo claramente
que a responsabilidade é de cada
um, e que não pode haver apenas a
cobrança da ética na classe política.
A associação está transmitindo um
recado fabuloso: ética não começa
em Brasília; em geral, ela morre lá.
A ética começa aqui em Joinville,
pelas nossas práticas. Atinge Florianópolis, Brasília, os grandes centros urbanos mundiais, mas começa aqui. Sempre insisto que temos
falhado também na microética. A
Presença do
historiador e
filósofo marcou
o lançamento do
código de ética
da ACIJ, em palestra
com casa cheia
questão do trânsito, do respeito etc. Claro que roubar merenda de criança é mais
grave do que andar no acostamento, mas
uma linha clara une as duas coisas. É muito
mais grave desviar dinheiro público do que
comprar um recibo de dentista para abater
do seu imposto. É muito mais grave mexer
com dinheiro público porque afeta mais
gente, mas é a mesma questão do desvio
ético. Em geral, quem é tolerante com o pequeno é tolerante com o grande.
Como isso se reflete em um âmbito
maior, do ponto de vista social?
Os países que ganham títulos de mais éticos
ou menos corruptos não são lugares onde
apenas o governo e os políticos são éticos. A
sociedade também é ética, e cobra que seus
representantes sejam assim. O governo não
é o fim ou início da ética. É apenas a ponta
de uma pirâmide que nasce na capacidade
de passar por cima da ética em pequenas
coisas. Em uma sociedade complexa, não
existe apenas bom-senso. Existe também
coerção. Os árabes dizem “confie em Alá,
mas amarre bem o seu camelo”. Nenhum
sistema é baseado apenas na coerção. Não
adiante multiplicar as regras de ética, se não
há um consenso sobre elas. E o consenso
está presente em pequenos grupos. Não há
regras judiciais na sua casa, há um consen-
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so do que é permitido. Quando o grupo vai
ficando mais complexo, é mais difícil se basear apenas nisso. Em uma sociedade como
a nossa, desigual, a ética em si serve para
respeitar o espaço alheio. É o primeiro ponto da ética, que as pessoas conhecem como
etiqueta, hoje confundido com normas de
classe média em ascensão sobre garfo e
faca. A etiqueta tem apenas um princípio:
o respeito ao espaço do outro. Eu não posso escutar música sem fone, pois nem todo
mundo vai gostar. Também não posso deixar de usar palavras como “por favor”, “obrigado” e “com licença”.
MUDANÇAS SOCIAIS
O senhor comentou sobre a interseção da
política, ética e corrupção. O cenário sempre
foi assim? Devemos esperar por mudanças
maiores nas próximas gerações?
Na história, tudo sempre muda. Dizer que
sempre foi assim não é um princípio histórico. Antes de 1932, do código eleitoral, era
um consenso que mulheres não deveriam
votar. A sociedade muda estruturalmente.
Vou dar um exemplo desanimador. A Itália
fez a maior campanha pela ética de toda a
Europa. O país passou uma década prendendo políticos, advogados, banqueiros, ele-
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Karnal, com Rodrigo Coelho e Udo Döhler: conscientização gradual
mentos ligados à igreja, jornalistas e profissionais de outros meios. Algo que
estamos longe de fazer, foi uma campanha nacional. Ao final desse processo, a democracia italiana elegeu o Silvio Berlusconi, famoso pelos desvios
éticos e morais. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Se imaginarmos
que a falta de ética está associada a um partido ou uma pessoa, seremos
ingênuos. Não estou desculpando ninguém. Mas a falta de ética não é apenas de um indivíduo ou de uma bandeira. Naturalizamos a falta de ética, e
é preciso desnaturalizar. É natural encontrarmos um dentista, por exemplo,
que passa uma hora reclamando do governo, dos desvios de Brasília, e ao final
da consulta pergunta se você quer recibo. Ele não vê qualquer relação entre
o deslize dele e o do governo. É claro que um recibo é menor que o roubo de
uma grande empresa, mas é o mesmo campo semântico. É fantasia supor
que um salvador virá mudar o país por completo. Espero que ele nunca venha,
pois, em geral, são desastres históricos. Não confio num salvador nacional,
confio no eleitorado que, lentamente, deve começar a mudar.
Este é um ano de eleições, na esfera dos municípios. O sr. acredita que haverá
uma maior conscientização na hora do voto, a partir desses episódios recentes?
Temos um movimento quase pendular na história do Brasil, de purificação
política. Quando Getúlio Vargas deu seu golpe, em 1930, ele dizia que estava derrubando uma república oligárquica. Em 1960, na campanha política,
a bandeira do candidato Jânio Quadros era a ética, o combate à corrupção. “Varre, varre, vassourinha” era o tema. O resultado da vitória dele foi
a renúncia e uma crise que resultou em 21 anos de ditadura. A ditadura
assumiu porque a inflação estava em 80% e a corrupção era generalizada.
Salvadores da pátria, sejam civis ou militares, de direita ou esquerda, são
uma má estratégia. Nós, imprensa, associações, líderes comunitários, fazemos um trabalho de formiga para conscientizar as pessoas sobre ética.
Acredito que isso trará mudanças, mas não vivemos um paraíso. Nunca
seremos uma nação onde anjos deslizem felizes, sempre haverá problemas
de desvios. Podemos fazer uma reflexão. Suponhamos que a ética seja um
problema por causa da tradição política. Vamos imaginar, numa espécie
de utopia, que consigamos eliminar todos os políticos brasileiros. No lu-
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ACIJ
gar, teríamos que colocar pessoas
como eu e vocês aqui presentes,
sem experiência. Em quanto tempo
a situação seria a mesma? Os otimistas vão dizer que em cinco ou
seis anos; os pessimistas, no mês
seguinte. Ao colocar pessoas novas,
elas vão com mais sede ao pote.
Partilho da opinião de Rousseau, de
que a democracia é o único sistema
que garante a punição da falta de
ética. É estrutural na espécie humana a busca do benefício para si. Só
existe um caminho para constituir
uma sociedade mais ética, a democracia, que deixa transparentes as
decisões e obriga a discussão.
ÉTICA NAS EMPRESAS
Na sua experiência como palestrante,
como vê o conceito de ética sendo
trabalhado no mundo corporativo?
Isso é muito animador. Ética era um
termo universitário, tema de prova. Nenhum empresário chamava
um filósofo ou historiador para debater um código de ética. Não era
próprio da atividade empresarial
o debate sobre o tema. Hoje, estamos discutindo o conceito filosófico-prático da ética em todo o país,
de empresas estatais a privadas.
Há pouco tempo, estive em Brasília,
no subsolo do Banco Central, com
todos os presidentes das estatais
brasileiras discutindo ética, inclusive com integrantes da comissão de
ética da Presidência da República.
Apesar de ser um momento delicado para empresas como a Petrobras, as pessoas continuam acordando cedo, pegando ônibus e indo
para o trabalho. A base continua
trabalhando. Nós temos um erro
de julgamento ao supor que o país
está afundando eticamente. O que
afunda é um tipo de elite podre.
Para que alguns roubem, é preciso
que muitos trabalhem.
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ACIJ
REVISTA 21
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O QUE A ASSOCIAÇÃO FAZ E PENSA
Uma das principais pautas da ACIJ sempre foi a
segurança pública: luta por mais policiais e
câmeras de vigilâncias nas ruas de Joinville
ACIJ 105 ANOS
História de
representatividade
A trajetória da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ) se tornou emblema
do associativismo em Santa Catarina. Fundada no dia 16 de fevereiro de 1911,
é referência no Sul do país, tendo como objetivo o fortalecimento das empresas da região. Muita gente não sabe, mas a ACIJ foi fundada por um grupo de
empresários que se reuniram para protestar contra o aumento de impostos.
“Com o tempo, a questão, apesar de sempre constar na pauta, migrou para
outros assuntos de interesse da comunidade, e o principal centro de discussão
passou para os assuntos de Joinville e suas reivindicações”, ressalta o atual
presidente, João Joaquim Martinelli. Segundo ele, a atuação da entidade perante o poder público tem sido muito importante: “Essa ‘mistura’ da ACIJ com
a cidade é histórica e permanente. Sempre estivemos envolvidos em tudo o
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ACIJ
que ocorreu em Joinville, desde o aeroporto, abertura de vias, duplicação
de rodovias etc”.
Com 105 anos de história, a
casa coleciona bandeiras e conquistas. Entre as mais recentes, Martinelli destaca o debate sobre segurança: “Trouxemos autoridades
para analisar a situação join­vilense
e conseguimos as câmeras de vigilância. Deveriam ser 400, mas ainda
estamos rumando às 200. Outro fator importante foi a duplicação da
Avenida Santos Dumont, que está
em andamento, bem como o avanço para a duplicação das vias Hans
Dieter Schmidt, Edgar Nelson Meister e Dona Francisca”, pontua.
DIVULGAÇÃO
No alto, registro da campanha “Eu Abraço o São José”. Ao centro,
o plantio da muda de Jequitibá que marcou o centenário da casa.
Acima, o lançamento do selo comemorativo dos 100 anos
Apesar da avaliação positiva, João Martinelli aponta algumas frustrações: “A
UFSC, por exemplo. Não conseguimos avançar devido à alegada falta de recursos.
Também lutamos pela construção de um novo hospital, mas só conseguimos a reforma do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Entendemos que precisamos de
mais uma unidade na Região Norte. Nossa luta continua, espero que meu sucessor
continue com essas e as demais bandeiras”, avalia.
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ACIJ
LINHA DO TEMPO
1911
l Fundação oficial da ACIJ
1915
l Intervenção pelo Conselho Municipal
para a promoção de transações
comerciais em Santa Catarina por
meio de políticas de incentivo
1923
l Comissão formada por um
representante de cada entidade
empresarial conquista o direito do
ressarcimento de valores pagos a mais em
impostos
1942
l Primeira sede própria, onde depois seria
construído o Edifício Manchester
1944
l ACIJ contribui para a instalação do
Senac, Sesc, Senai e Sesi no município
1973
l Convênio com a Udesc para implantar
cursos noturnos de engenharia mecânica
e metalurgia em Joinville
1975
l ACIJ propõe ao governo do Estado a
construção de um Hospital Regional em
Joinville
1984
l Criação do departamento de
microempresas
1994
l A Acij lidera a campanha “Vote Certo,
Vote por Joinville”
2003
l ISO 9001:2000. A certificação foi inédita
em SC e uma das primeiras no Brasil
2006
l Inauguração oficial da nova sede
2007
l Conquista do campus da UFSC para o
Norte de Santa Catarina
2011
l Centenário da ACIJ
2013
l Lançamento da campanha “Eu Abraço
o São José”, cujo objetivo foi atender às
demandas emergenciais.
l Lançamento da Revista 21
2016
l Implementação do código de ética
REVISTA 21
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ACIJ 105 ANOS
O ALCANCE DA ENTIDADE
Com pouco mais de um século, associação exibe
números que mostram sua força junto ao empresariado
1.900 associados
Serviços60%
Comércio21%
Indústria19%
21 sindicatos patronais
1 Conselho das Entidades (Consep)
25 núcleos setoriais, multissetoriais e temáticos
1 Conselho de Núcleos
4 programas do gestão compartilhada
24 funcionários
157 cargos voluntários*
*ENTRE DIRETORES, CONSELHEIROS E GRUPOS ORGANIZADOS
PRINCIPAIS SERVIÇOS
Boa Vista
A Boa Vista Serviços administra a
mais completa e tradicional base de
dados do país para crédito e apoio a
negócios: o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Soluções e
plataformas são disponibilizadas por
todos os meios eletrônicos.
Certificado de origem
Associados podem utilizar o documento que comprova a origem brasileira da mercadoria a ser exportada.
O certificado permite a obtenção de
benefícios tarifários em acordos comerciais internacionais.
Certificado Digital
Identidade eletrônica que carrega
os dados de identificação da empresa, pessoa ou site, em que realiza
a validação digital do cadastro do
empresário, atribuindo segurança
digital e validade jurídica em documentos assinados eletronicamente.
Capacitação empresarial
Empresários de Joinville e região podem participar de cursos, seminários
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ACIJ
e palestras nas áreas técnicas, de gestão, liderança e comportamento.
Programa de Energia
Consultoria gratuita aos associados.
O objetivo é auxiliar as empresas a
economizar energia elétrica. Iniciado
em 2007, o programa já colaborou
com 115 empresas.
Sessão de Negócios
Tem a finalidade de criar uma rede de
relacionamento e propiciar novos negócios ou parcerias, por meio de um
evento organizado em formato de
reuniões comerciais.
Util Card
Cartão criado pela Facisc para facilitar
a gestão de benefícios. O serviço traz
benefícios para o colaborador, para
a empresa e, por extensão, para o
comércio local. O sistema é informatizado e on-line, facilitando o controle
dos setores Financeiro e de Recursos
Humanos. Beneficiários podem utilizar o cartão para comprar nos estabelecimentos credenciados, como
farmácias, postos e mercados.
BANDEIRAS COMUNITÁRIAS
"A ACIJ vem atuando no combate
aos fatores que oneram e tiram
a competitividade das empresas,
produtos e serviços. A elevada
carga tributária, por exemplo, já
era tema dos debates quando a
diretoria da entidade se reunia
na casa do empresário Hermann
August Lepper, seu primeiro
presidente. Ao longo desses
105 anos de luta em favor do
desenvolvimento social e da
competitividade, a entidade
empunhou inúmeras bandeiras
regionais (como a do campus
da UFSC) e estaduais (como a
duplicação da BR 101), nesta
última ao lado da Fiesc"
Glauco José Côrte, presidente da Fiesc
RECONHECIMENTO
l Prêmio Facisc de Entidade
Destaque pela Excelência na Gestão –
Categoria Grande Porte
l Iso 9001:2008
l Entidade é reconhecida de
Utilidade Pública
REENGENHARIA
ACIJ promove mudanças internas
2016 é ano de mudanças na ACIJ. Em fevereiro, a casa lançou seu primeiro Código de Ética, e agora se prepara para uma reformulação interna, que consiste
em três etapas: reavaliação da estrutura funcional, revisão de processos e alinhamento do quadro de funcionários. No primeiro passo, o organograma foi
refeito, com a estruturação em áreas de negócio (serviços e relacionamento
com o cliente e mercado), institucional (núcleos, sindicatos, gestão compartilhada e projetos especiais) e apoio (administrativo, financeiro e eventos).
A reconstrução dos principais processos, principalmente nas atividades de compras, eventos e pós-vendas, foi feita na segunda etapa. Por último, a equipe está
sendo alinhada de acordo com a experiência e qualificação de cada funcionário
na atividade que exerce.
“Entidades são como empresas, em constante movimento, especialmente,
neste momento delicado da economia. O equilíbrio em seus processos, atividades e ambientes é importantíssimo para manter a saúde do negócio e garantir não somente a sua existência, mas novos horizontes”, pondera o diretor
executivo Diogo Haron. Há algum tempo, diz ele, a associação percebeu que
sua missão vai além de representar os interesses das empresas, abrangendo
DIVULGAÇÃO
uma atuação forte com serviços de
ponta, para que os associados possam crescer e evoluir em seus negócios. “E esses resultados só se tornam
possíveis quando as pessoas, os processos e a estrutura, são adequados,
e seguem o mesmo direcionamento
das metas estabelecidas.”
As mudanças têm como objetivo
aprimorar o portifólio de serviços. A
expectativa é aumentar a capacidade para que a entidade possa atender até 3 mil empresas, com elevado
padrão de qualidade. “Na prática,
o associado terá um atendimento
mais presente, mais personalizado.
O funcionário vai vender aquilo em
que acredita, com base em uma organização que procura atender às
demandas do mercado. O brilho nos
olhos de cada um vai fazer da ACIJ
o melhor lugar para se trabalhar”,
afiança o diretor executivo.
CAPACITAÇÃO
Com a proposta de experimentar
atividades ao ar livre e transformá-las
em soluções personalizadas, a ACIJ
realizou um treinamento vivencial
com o Conselho dos Núcleos.
A interação teve como objetivo
promover o desenvolvimento da
comunicação efetiva, da colaboração,
do trabalho em equipe, de técnicas
de liderança e superação de conflitos.
Fabiano Dell Agnolo, presidente do
Núcleo de Jovens Empreendedores,
destaca a importância do
alinhamento entre os grupos: “A
ação possibilitou o desenvolvimento
das lideranças e fortaleceu o
engajamento”.
ERRATA
Diferente do que foi informado na edição 23, na reportagem “Novas diretrizes”, Julio Franco, assessor de imprensa da
ACIJ, não integra o Comitê de Ética da entidade. O grupo é composto por André Chedid Daher, diretor de relacionamento
com o associado, Cícero Gabriel Ferreira Filho, presidente do conselho dos núcleos, e Juliana Silva, assessora jurídica.
17
ACIJ
REVISTA 21
17
OS PALESTRANTES
DIA 4, quarta
Eduardo Giannetti
da Fonseca
DIA 5, quinta
Claudio Luiz
Lottenberg
Diógenes
Lucca
Eric
Acher
Romeo
Busarello
Guilherme
Telles
EXPOGESTÃO 2016
Evento traz ícones do mundo corporativo
Tradicional no calendário do empresário catarinense,
a Expogestão chega mais cedo em 2016: de 4 a 6 de
maio. A 14ª edição anuncia temas como estratégia,
busca de resultados, gestão de alto impacto, investimentos e novos modelos de negócios. Segundo a
comissão organizadora – presidida pelo executivo
Fernando Schneider, diretor operacional da Franklin
Electric –, o objetivo é munir os executivos com recursos para enfrentarem os desafios diários e focarem na
gestão com busca de mais resultados e produtividade,
em ambientes de grande pressão.
Seguindo o modelo do ano passado, as palestras
de quarta e quinta-feira serão realizadas nos período
sda tarde e da noite. Já na sexta-feira haverá palestras
durante todo o dia. Os participantes também poderão
aproveitar mais de 50 workshops gratuitos, organizados por patrocinadores, apoiadores, expositores da
feira, entidades representativas e convidados. Destaca-se ainda a Feira de Negócios e Relacionamentos,
Programação de ponta
Um dos nomes confirmados é o do palestrante internacional Mark Gottfredson, coautor do livro “Administração de Alto Impacto”, publicação resultante de décadas
de intercâmbio com os maiores líderes em negócios
do mundo. Ele fala sobre os fundamentos necessários
para sobreviver e prosperar em uma economia exigente como a atual. Outro destaque é Tony Fratto, assessor de gabinete do ex-presidente americano George W.
Bush, que vem comentar sobre a inserção de empresas
brasileiras no exterior.
Abordando o tema inovação disruptiva, o presidente
18
ACIJ
que deve atrair 36 expositores. A expectativa é que
mais de 7 mil pessoas visitem o ambiente durante os
três dias.
Como sempre, a ACIJ marca presença com um estande institucional, em parceria com a Federação das
Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). O
espaço tem como objetivo promover uma aproximação ainda maior com os empresários.
Além de suporte às empresas associadas, serão oferecidos os
benefícios e serviços da casa, como o Util Card e o Boa Vista
SCPC. Sheila Regina Cota Caset, coordenadora de marketing
e eventos, avalia a relação com a Facisc de maneira positiva:
“Prestamos serviços em conjunto. É sempre uma oportunidade de alinhar nossas ações em favor da classe empresarial
de Joinville e de Santa Catarina”. Para mais informações sobre a Expogestão, ligue (47) 3481-8830 ou envie e-mail para
[email protected].
do Uber Brasil, Guilherme Telles, apresenta o modelo de
negócio da empresa, considerado como “unicórnio”. As
startups “unicórnio” são as raras empresas que, em pouco tempo, recebem avaliação de US$ 1 bilhão. Com 10
mil motoristas parceiros no Brasil, já são mais de 800 mil
usuários desde a chegada ao país, em 2015.
Entre os palestrantes nacionais também está Eric
Acher, co-fundador e sócio-diretor da Monashees Capital,
o maior fundo de investimentos em tecnologia do Brasil,
que capitalizou empresas como 99 Táxis, Conta Azul, Pet
Love, Viva Real, Eduk e Meus Pedidos. Ele discorre sobre
inovação sob a ótica do investidor.
Falando de sua bem-sucedida experiência à frente
DIA 6, sexta
José Rizzo
Hahn Filho
Valsoir
Tronchin
de um dos mais respeitados hospitais do país, Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo,
aborda o tema cultura de inovação
e gestão, com a palestra “Einstein
e o desafio de trazer o futuro ao
presente”. Mestre e doutor em oftalmologia, Lottenberg estudou na
Escola Paulista de Medicina e foi secretário municipal de Saúde na gestão do prefeito José Serra. Em 2013,
foi indicado como um dos líderes de
melhor reputação pela Revista Exame e eleito, em 2014 e 2015, o “Executivo de Valor” na área da saúde,
pelo Valor Econômico.
Quem volta à Expogestão é o economista e cientista social Eduardo
Giannetti da Fonseca, professor no
Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa, conhecido antes como Ibmec São
Paulo – Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais), para falar sobre
o amanhã e o Brasil diante de um
grande desafio civilizatório. Membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp, Giannetti já recebeu
o prêmio Jabuti por Vícios Privados,
Benefícios Públicos? (1993) e As Partes & O Todo (1995).
Para tratar de estratégias de negociação em situações extremas, a
Expogestão traz Diógenes Lucca, tenente-coronel da Reserva da Polícia
Militar, um dos fundadores do Gate
(Grupo de Ações Táticas Especiais da
Polícia Militar de São Paulo).
19
ACIJ
Mark
Gottfredson
Samuel
Pessôa
Cláudio
Frischtak
Tony
Fratto
PAINEL A agenda da Expogestão
DIA 4, QUARTA-FEIRA
l Eduardo Giannetti da Fonseca, economista, professor e escritor
TEMA: comportamento
PALESTRA: “Pensando o amanhã – o Brasil diante do desafio civilizatório”
l Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein
TEMA: inovação
PALESTRA: “Einstein e o desafio de trazer o futuro ao presente”
l Diógenes Lucca, tenente-coronel da Reserva da PM e cofundador do GATE
TEMA: negociação
PALESTRA: “ Como transformar a pressão em sucesso de negociação”
DIA 5, QUINTA-FEIRA
l Eric Acher, sócio cofundador e CEO da Monashees Capital
TEMA: investimentos & negócios
PALESTRA: “Investimento em inovação – análise de risco, gestão e retorno”
l Romeo Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa,
professor e escritor, e Guilherme Telles, presidente da Uber Brasil
TEMA: inovação
PALESTRA: “Inovações disruptivas”
DIA 6, SEXTA-FEIRA
l José Rizzo Hahn Filho, presidente da Pollux Automation, e Valsoir
Tronchin, vice-presidente de Vendas e Inovação da SAP Brasil
TEMA: futuro e tendências
PALESTRA: “Internet industrial, a quarta revolução”
l Mark Gottfredson, sócio e líder global da Bain & Company
TEMA: estratégia
PALESTRA: “Administração de alto impacto – a chave para resultados extraordinários”
l Samuel Pessôa, chefe do Centro de Crescimento Econômico do IBRE,
professor e escritor, e Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria
Internacional de Negócios, diretor do International Growth Center
TEMA: cenários econômicos, planejando o futuro
PALESTRA: “Posicionamentos estratégicos e boas práticas”
l Tony Fratto, sócio da Hamilton Place Strategies, colaborador da CNBC e
ex-vice-secretário de imprensa da Casa Branca
TEMA: competitividade
PALESTRA: “O espaço das empresas brasileiras na economia mundial”
REVISTA 21
19
VISÃO ACIJ
GEYSA FRANCISCO FINILLI
Saúde corporativa:
uma conta que não fecha
O mundo corporativo sofre, cada vez mais, o impacto dos elevados custos
relativos à saúde do trabalhador. Investimento em planos de saúde, visto
no passado como benefício atraente e retentor de trabalhadores, deixou de
ser diferencial para maioria das empresas, além de ter se tornado uma conta que cresce, em média, o dobro da inflação. Para agravar a situação, tal
investimento, frequentemente, gera alto uso do plano pelos beneficiários,
resultando em excesso de consultas e exames que contribuem com o descontrole e a baixa previsibilidade de custos.
No extremo oposto à decisão de aderir ou manter um plano, há o serviço
público de saúde e suas limitações históricas. Se, por um lado, há a vantagem de ter um serviço que se apresenta como “gratuito”, por outro, a demora no tempo de atendimento e de espera por exames causa um elevado
absenteísmo e, consequentemente, perdas consideráveis de produtividade.
Enquanto esse problema permanecer sem solução, causando afastamentos prolongados do trabalhador, a empresa corre o risco de ser também penalizada em seu seguro acidente de trabalho, que pode
O modelo precisa ser repensado.
chegar a 6% da folha de pagamento. As opções mais
Vamos continuar tratando a
comuns em nossas empresas, ter ou não um plano de
saúde, precisam ser mais discutidas.
saúde como custo ou como
Fácil perceber que o modelo precisa ser repensainvestimento? Muitas empresas
do. Vamos continuar tratando a saúde como custo
dão sinais do caminho que
ou como investimento? Muitas empresas dão sinais
claros do caminho que desejam trilhar e já fazem indesejam trilhar e fazem
vestimentos efetivos em programas de qualidade de
investimentos em programas
vida, acompanhamento de doentes crônicos e benefícios complementares, iniciativas que ajudam a frear
de qualidade de vida.
a escalada dos custos que afetam a cadeia produtiva
e ameaçam a sustentabilidade.
O Sesi atua neste cenário como promotor da saúde para os trabalhadores, apoiando a indústria no
processo e oferecendo soluções em saúde e serviços, a exemplo de academias, clubes de atividades físicas, reforço muscular, atenção nutricional,
controle de estresse, álcool e drogas, entre outros.
A indústria catarinense tem exemplos de programas bem-sucedidos,
com retorno expressivo do investimento, mas é importante ressaltar que o
caminho para reduzir o impacto negativo do adoecimento na qualidade de
vida dos trabalhadores e em sua produtividade está no engajamento de lideranças empresariais, acadêmicas, políticas e sociais. É fundamental que os
líderes sejam desafiados, e que também desafiem seus gestores para estiGeysa Francisco
mular políticas de apoio a comportamentos saudáveis dentro e fora do amFinilli
biente de trabalho. Somente com bons exemplos a prevenção à saúde será
Diretora da Unidade
considerada como um diferencial indispensável à produtividade e ao alcance
Fiesc/Sesi Regional
da competitividade requeridas pela indústria no mundo globalizado.
Norte/Nordeste
20 ACIJ
ANDRÉ SILVA
Para conter a onda de
violência em Joinville
A violência no Brasil é crescente e atinge a todos. Joinville não foge à regra
de assaltos, roubos e assassinatos que fazem o cidadão refém. No município, que até 15 anos atrás era tranquilo e com poucos incidentes violentos,
os assaltos a residências e ao comércio se tornaram diários e criam uma
sensação generalizada de insegurança.
Existem casos que, de tão absurdos, beiram a comédia de mau gosto: postos de combustíveis assaltados mais de uma vez ao mês, ou duas vezes no
mesmo dia. Supermercados arrombados com veículos roubados pela “gangue
da marcha à ré” e furtos em estabelecimentos feitos por meio de um buraco
na parede de tijolos. Sem falar dos assassinatos decorrentes da briga entre
criminosos rivais. Isso pode parecer longe do cidadão comum, mas qualquer
um corre risco de ser a próxima vítima de uma bala
perdida ou o alvo de um engano nessa guerra.
“O que eu tenho a ver se a empresa foi assaltada ou arrombada?” Tudo. O empresário vítima
dessa violência perde o ânimo de investir e ampliar, passa mais tempo preocupado com a própria
segurança do que com o negócio em si. Deixa de
O empresário vítima de assalto
gerar empregos e renda. Os postos de combustíou roubo perde o ânimo de
veis não têm mais caixas eletrônicos, pois é desencorajante oferecer esse tipo de comodidade
investir. Passa mais tempo
ao cliente frente aos riscos. Quase nenhum posto
preocupado com a própria
fica aberto após as 22h e isso se reflete em outros
segurança do que com o negócio
setores (supermercados, padarias, farmácias etc.).
Em vez de contratar um funcionário para melhor
em si. Em vez de contratar
atender o cliente, o empresário contrata um seguum funcionário, contrata um
rança para dar “tranquilidade” aos que trabalham.
E essas são as maiores vítimas: pessoas que trabasegurança.
lham na linha de frente, que são ameaçadas com
facas e armas por assaltantes covardes que não
respeitam nada. O trauma causado em um funcionário é, por vezes, o maior prejuízo da empresa,
que perde uma pessoa qualificada.
E o que podemos fazer contra isso? Em primeiríssimo lugar, devemos
fazer o Boletim de Ocorrência (BO) de qualquer assalto ou roubo, por menor que seja. A segurança pública é pautada por estatísticas e essas são
alimentadas pelos BOs. Se não for registrado o BO, o fato não conta nas
estatísticas, e isso se reflete em menos recursos e efetivo para a região.
Em segundo lugar, exigir do seu candidato (vereador, prefeito, deputados e
senador) mais recursos para a segurança. Pode ser por carta, e-mail ou até
André Silva
nas redes sociais. Só com recursos é possível contratar mais policiais e ter
Presidente do
um atendimento digno nas delegacias e rápido nas ruas. Penso que é papel
Núcleo de Postos
da Acij levar mais longe a voz dos associados e buscar, junto ao secretário
de Combustíveis
de Segurança Pública e ao governador, o devido retorno dos impostos gerados aqui.
21
ACIJ
REVISTA 21
21
ACIJ NA MÍDIA
A NOTÍCIA, 29/02/2016
Startup Weekend Joinville
“A ideia vencedora do Startup Weekend, evento de empreendedorismo que ocorreu em Joinville no fim de semana, promete resolver um problema que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas com deficiência
auditiva: a dificuldade de se comunicar ou ouvir música pelo celular. O aparelho auditivo não é capaz de vencer o
desafio porque provoca interferência, gerando um ruído que impede a comunicação. Durante a fase de validação,
em uma das dinâmicas do evento realizado na Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), a solução foi testada em
outras três pessoas com deficiência auditiva, e todas tiveram sucesso.”
MAX SCHWOELK
Integrantes da startup Listen, que compuseram o
grupo vencedor do evento, realizado na ACIJ
A Notícia, Blog do Loetz, 2 de fevereiro
“Só em janeiro deste ano, aconteceram dez assaltos a
supermercados em bairros de diferentes regiões de Joinville.
No ano passado, foram 25 ocorrências do gênero, segundo o
Núcleo de Supermercados da ACIJ. O dado alarmante do começo
de 2016 assusta e traz intranquilidade social. Residências de
sócios de estabelecimentos também foram arrombadas. Esse
clima de insegurança provocou reunião de emergência, na ACIJ,
nesta segunda-feira, com presença de 28 pessoas. O encontro foi
coordenado pelo núcleo e pelo sindicato patronal da categoria.”
Notícias do Dia, 15 de fevereiro
“Nesta terça (16) a ACIJ (Associação Empresarial de Joinville)
completa 105 anos, e em comemoração ao aniversário a entidade
está lançando o seu código de ética, o que, para o atual presidente,
João Joaquim Martinelli, é um importante passo na consolidação
da governança corporativa da associação. ‘É uma crença pessoal
minha de que a ética garante a perenidade das empresas, e a
empresa que não é ética pode até ir bem no curto prazo, mas não
se estende por muito tempo’, afirmou Martinelli.”
Fabiola Bernardes, 15 de fevereiro
“A ACIJ acaba de dar mais um importante passo na consolidação
de sua governança corporativa. A implantação de um sistema
22
ACIJ
de ética e a elaboração do Código de Ética Acij, um importante
instrumento para a comunicação dos princípios, valores e
missão da entidade, para seus colaboradores e demais públicos
com os quais se relaciona. Organizações sustentáveis estão
muito conscientes de que sua reputação corporativa é fruto da
comunicação e fortalecimento público de seus valores e ideais.”
RICTV Joinville, 23 de fevereiro
“A ACIJ tem sido firme na cobrança por mais segurança. Mesmo
com toda a ação desenvolvida no final de semana, a direção da
entidade chamou os comandantes das polícias civil e militar para
uma conversa na sede da entidade. Os empresários querem mais
investimento do governo e também mais atuação dos agentes
para acabar com os crimes não só de homicídio, mas também de
roubo e furto, que têm atingido diretamente os comerciantes”.
Notícias do Dia, 28 de fevereiro
“A ACIJ voltou a se manifestar. Em nota com o título ‘Um erro
estratégico’, critica que em plena crise da segurança, no momento
em que a cidade vive a maior onda de crimes de sua história, os
militares implantam em Joinville uma unidade munida de um
bloco de notificações e outro de multas, para fiscalizar empresas
que já vem sendo fiscalizadas pelos bombeiros voluntários, em
cumprimento a um convênio com o município.”
CURSOS & EVENTOS
DIVULGAÇÃO
5 a 7 de abril
Curso: Redação empresarial com novo
acordo ortográfico
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
13 a 17 de abril
Home Art Joinville
Expoville, Joinville
(47) 3029-0699
26 e 27 de abril
Curso: Liderança situacional
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
27 de abril
Palestra: Gestão consciente do tempo
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
Feira será no Expocentro Edmundo Doubrawa:
presença de autores convidados e preços especiais
FEIRA DO LIVRO 2016
Juarez Machado será homenageado
De 1o a 10 de abril, o Expocentro Edmundo Doubrawa recebe a 14ª edição da Feira do Livro de Joinville. Entre os autores confirmados estão
Luciana Costa, Graciela Mayrink, Luís Pimentel, Eleonora de Medeiros
e Lira Vargas. O autor homenageado será Juarez Machado. Além de títulos com preços especiais, o evento também conta com bate-papos,
contação de histórias, recitais e espetáculos. Mais informações: (47)
3422-1133 ou www.feiradolivrojoinville.com.br.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Prêmio Ciser abre inscrições
Estimular o tema da inovação no meio acadêmico e reconhecer jovens talentos são objetivos do 5o Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica. Até 31 de
maio, universitários, alunos de cursos técnicos e estudantes de mestrado
e doutorado podem inscrever seus projetos, voltados a novos produtos ou
melhorias em processos de produção de elementos de fixação. Prêmios em
dinheiro, troféus e certificados serão entregues aos contemplados. Mais informações e regulamento no site www.premiociserdeinovacao.com.br.
23 ACIJ
11 e 12 de maio
Curso: Gestão de conflitos no trabalho
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
19 de maio
Palestra: Foco e resultados em tempos
de crise, você está preparado para este
desafio?
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
24 de maio
Curso: Departamento pessoal para
iniciantes
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
30 de maio a 9 de junho
Curso: Administração de Recursos
Humanos completa
ACIJ, Joinville
(47) 3461-3344
[email protected]
REVISTA 21 23
FEITO EM JOINVILLE
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Além das comidas tradicionais, clientes podem aproveitar boa música
DI MINAS
Tempero mineiro
Frango com quiabo, tropeiro, leitão
à pururuca e torresmo. Apreciadores da autêntica comida mineira
podem visitar o Di Minas Bar e Cozinha. O restaurante existe há pouco
mais de dois anos, fruto da primeira
empreitada de Anderson Geraldo
da Cruz no mundo dos negócios.
“Sou de Minas Gerais e moro aqui
há 13 anos. Trabalhei muito tempo
Sistema fotovoltaico instalado no Tureck Garten Hotel, em Corupá
ECOA ENERGIAS RENOVÁVEIS
Um novo negócio
Presente em Joinville desde 2014, a Ecoa Energias Renováveis atua em um
ramo relativamente novo no município: a empresa gera energia elétrica
por meio de fontes renováveis. “Trabalhamos com dois serviços. O primeiro
tem como foco a energia solar. Utilizamos placas fotovoltaicas que geram
energia para toda a casa ou áreas de uma empresa. O segundo é a assessoria em eficiência energética, em que nossa equipe faz uma análise para
avaliar onde é possível deixar de gastar”, explica Fábio Luciano Chaves, um
24 ACIJ
na indústria automotiva e resolvi
abrir o Di Minas por sentir falta da
comida de casa”, relata.
O lugar oferece serviços de buffet – livre e por quilo –, à la carte e
buffet de petiscos: “São alternativas para aumentar o faturamento.
Abrimos justamente no período da
crise, mas estamos lutando para reverter esse quadro”.
Para o proprietário, o mercado joinvilense também é instável.
“Nos primeiros meses do ano, a
cidade para. O fluxo é bastante sazonal, mas tentamos driblar com
promoções e investimentos em
mídia”, comenta.
Di Minas Bar e Cozinha
Rua Ottokar Doerffel, 569
Atiradores, Joinville
(47) 3028-4192
www.diminasbar.com.br
dos proprietários.
Parceira da Acij no programa de
eficiência energética, a Ecoa tem
como objetivo a redução do consumo e dos custos: “A Resolução 482 da
Agência Nacional de Energia Elétrica
permite a micro e mini geração de
energia. Esse serviço é destinado a
qualquer público, o que diferencia é
a quantidade das placas instaladas
para compensação de energia da unidade consumidora”.
Segundo Fábio, só no ano passado, a empresa vendeu mais de 100
mil watts em energia. “Acreditamos
que o potencial da região é muito
grande. Nossa previsão de crescimento é de 200%, em 2016. Queremos solarizar a cidade”, finaliza.
Ecoa Energias Renováveis
Rua Dálcio Bortoluzzi, 7
Sala 103
Vila Nova, Joinville
(47) 3025-2700
www.ecoaenergias.com.br
BANCO DE IMAGENS
POR QUE ACIJ
PRINTE
Proteção intelectual
Você já conhece o Programa de Proteção Intelectual
(Printe)? O serviço, disponível para os associados à
ACIJ, foi desenvolvido para facilitar o acesso à proteção do capital intelectual das empresas. A propriedade
intelectual (marcas, patentes, direito de autor, desenho industrial, domínios de internet, direitos conexos
e outros) tornou-se grande fator de competitividade
no atual mundo empresarial, diferenciando produtos
e serviços e determinando a permanência ou não das
empresas no mercado. O programa disponibiliza um
corpo jurídico especializado em propriedade intelectual, preparado para atender os empresários. “Com o
Printe, o associado tem consultoria e assessoria completa no âmbito das marcas, inovações e segurança
da informação”, esclarece Fernando Müller, agente da
propriedade industrial, advogado e diretor da Cerumar
Propriedade Intelectual.
Para saber mais:
(47) 3461-3370 ou [email protected].
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25 ACIJ
REVISTA 21 25
CONSULTORIA
TRIBUTOS
Para não cair nas
garras do leão
No Brasil, cerca de 28,5 milhões de contribuintes têm que declarar o Imposto de Renda – neste ano, vale lembrar, o prazo vai até 29 de abril. A
declaração funciona como um alerta aos empresários para ficarem atentos aos tributos. Até o início de 2011, a empresa que não cumpria esse
compromisso e sofria ações penais podia até negociar suas dívidas sem
muitos problemas, suspendendo-se o processo criminal, mesmo depois
de recebida a denúncia pelo juiz. Mas o quadro mudou com a modificação introduzida pela Lei 12.382, naquele ano. Agora, no caso de a empresa não recolher determinados tributos devidos, presidente e diretores
passam a responder por ações criminais tributárias, sem a possibilidade
de suspender os processos.
Motivos para o não pagamento de tributos na gestão de uma empresa são diversos. Entre eles, dificuldades financeiras, aplicação dos
recursos em investimentos no processo produtivo, erros contábeis, planejamentos tributários malsucedidos, divergência nas interpretações da
legislação tributária, fraude fiscal e até mesmo, nas palavras do advogado Evanildo Silva Lins Jr, “o intencional inadimplemento dos tributos para
enriquecimento dos sócios”.
O advogado detalha as penas. Para crimes contra ordem tributária, a reclusão
é de seis meses a dois anos e multa, como é o caso do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) declarado e não pago, ou de dois a cinco anos
e multa, como é o caso da apropriação indébita previdenciária e da fraude fiscal
com o intuito de suprimir ou reduzir tributo.
“É comum que essas penas restritivas de liberdade sejam convertidas em
restritivas de direitos, como a prestação de serviços à comunidade. Mas nem
sempre pode ser feita a substituição, como ocorre quando o administrador da
empresa já tem uma condenação pelo mesmo crime”, adverte Evanildo, que
integra o Núcleo Jurídico da Acij.
Pode ocorrer que, em meses de
dificuldades financeiras, o empresário não consiga recolher o ICMS. Ou
que faça transações de compra e
venda com recolhimento equivocado
de algum tributo. “O problema maior
está relacionado à continuidade do
negócio e aos vários períodos em que
haja sonegação fiscal ou apropriação
indébita tributária. Com isso, inúmeros processos criminais podem ser
distribuídos em face dos gestores e
com possibilidade de condenações
independentes, levando o empresário ao risco de ser preso”, reforça
o advogado Richard Abecassis, também participante do Núcleo Jurídico.
Segundo Abecassis, em um período de crise, esse tipo de ocorrência é
mais frequente, pelas dificuldades na
obtenção de recursos, na diminuição
de vendas e no aumento do custo
do capital. Tendo em vista as dificuldades em bancar pontualmente os
seus custos e despesas, as empresas
mantêm como prioridade o seu funcionamento e, para tanto, o empresário destina os recursos a salários,
matérias-primas, energia elétrica e
outros insumos essenciais – tributos não estão na lista. Os problemas
tributários se relacionam à própria
falta de “caixa” e um dos principais
agravantes são as multas quando os
tributos não são recolhidos.
Como evitar atrasos?
Evanildo Silva Lins Jr. frisa que toda empresa que deseja reduzir sua carga
tributária deve manter, no setor fiscal-contábil, profissionais qualificados,
comprometidos e que conheçam a fundo a operação e o mercado no qual
está inserida. “Não adianta investir fortunas em sistemas de informação e
consultorias se as pessoas que fazem isso tudo funcionar não recebem a
mesma atenção”, ressalta o advogado. Outra dica é, com o objetivo de analisar se há alternativas mais baratas tributariamente, rever procedimentos
na produção, vendas, faturamento e compras. Existem, ainda, benefícios
fiscais e regimes especiais de tributação beneficiada para determinadas
atividades – é importante ter certeza de que a empresa está aproveitan-
26 ACIJ
do todas as possibilidades. Evanildo
sublinha que manter uma boa integração dos setores administrativo-financeiro, contabilidade, jurídico
e produção, com a implementação
de princípios de governança tributária, também pode reduzir os
custos fiscais sem a necessidade de
realizar novas despesas com os serviços de terceiros.
5 TOQUES
Um tributo não liquidado dentro do
prazo, mesmo que o atraso seja de
apenas um dia, em geral, já é adicionado de 20% de multa, além de juros
Selic – daí ser mais difícil de resolver
quando há atrasos, gerando uma
bola de neve. “Os reflexos da inadimplência tributária também envolvem
a não concessão de certidões de
regularidade fiscal, apontamentos
a protesto em cartório, inscrição no
Cadin, perda de benefícios fiscais,
impedimento à contratação com
órgãos públicos, e, consequentemente, a restrição ou encarecimento do
crédito”, elenca Evanildo Silva Jr. O
empresário, para minimizar os riscos de ações penais, deve priorizar os
tributos que geram essas demandas,
como o ICMS, a contribuição previdenciária descontada do empregado
e demais tributos retidos na fonte,
que a empresa deveria recolher em
nome de terceiros.
Uma boa consultoria jurídica
pode ser útil. A partir do momento em que a Justiça Criminal atua
sobre o processo, é necessário verificar a responsabilidade de todo o
elo da empresa. “Em muitos casos,
envolvem-se até empregados de
setores em que haja poder de gestão pelos pagamentos e apurações
de tributos”, informa Abecassis. Nas
situações em que a ausência de recolhimento do tributo ocorreu em
razão das dificuldades financeiras, é
essencial que o empresário consiga
demonstrar a carência de recursos e
as causas que o levaram a não manter o compromisso em dia. “Também
se avalia o número de processos que
o empresário possui, se é devedor
contumaz e se há outros processos
criminais. Convém demonstrar que
não foi só o tributo que o empresário não conseguiu pagar, mas que
atrasou outros compromissos, como
fornecedores e empregados, outros
tributos, aluguéis etc”, reforça.
27
ACIJ
FÁBIO ABREU
5 TOQUES
O caminho das franquias
Abrir uma franquia é excelente opção para quem quer ter seu próprio negócio. Um dos motivos é a estrutura de suporte e treinamento oferecida,
a fim de operar uma marca reconhecida no mercado. O franqueado pode
contar com o apoio de quem já dispõe de plano de expansão e conhece
o perfil dos clientes e de seus produtos, além de deter informações sobre
o processo de produção, distribuição e venda. É importante pesquisar e
buscar o máximo de informações possível antes de optar pela melhor
franquia para o seu perfil. Para auxiliar a escolha, a Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios listou algumas dicas.
1
Pesquise. Ao conhecer uma franquia e avaliá-la como boa oportunidade, não deixe de procurar mais informações sobre a trajetória
da empresa. Pesquise sobre o histórico dos criadores da rede: eles
têm experiência no franchising e no ramo de atuação de suas empresas?
Se não, talvez seja melhor pensar duas vezes.
2
3
4
5
Converse com franqueados. Fale com quem investiu na rede que
está nos seus planos. Pergunte o que acham do ramo de atuação,
do mercado como um todo, da quantidade de trabalho e, principalmente, se a franquia rende o que foi prometido.
Escolha filiados à Associação Brasileira de Franchising. A ABF é
uma das principais entidades do franchising, mas as redes só se filiam se quiserem. A associação só aceita franquias que obedecem
a determinados parâmetros qualitativos, jurídicos e éticos.
Procure quem cobra menos taxas. O investimento inicial engloba a taxa de franquia e os custos para encontrar e reformar um
imóvel, ter um estoque, entre outros detalhes. No entanto, uma
parte das redes isenta o empreendedor da taxa.
Escolha setores promissores. Segundo a ABF, os mercados mais
promissores das são os de educação (com negócios de reforço
escolar, por exemplo), cuidado com idosos, serviços (como os de
limpeza e reforma) e estética.
REVISTA 21 27
OBJETOS DE DESEJO
Nesta edição, o aroma aconchegante do café
em produtos charmosos e elegantes para
deixar esse hábito ainda mais prazeroso
ESPRESSO À MÃO
A cafeteira Handpresso é
perfeita para quem não
consegue ficar longe de um
bom café. Faz um espresso
(uma xícara de 50ml) com
pressão de 16 Bar, igual a uma
cafeteira espresso elétrica. A
pressão é feita manualmente
por uma bomba. Depois de
atingir a marca de 16 Ba, é
só colocar a água quente,
em seguida o sachê espresso
de sua preferência, travar
adequadamente e soltar o
botão da pressão.
Compacta, a
Handspresso pode ser
levada em qualquer
mala ou bolsa
CHARME ITALIANO
Em 1933, com a invenção da Moka Express, a Bialetti revolucionou
o estilo italiano de fazer café. Com toda experiência absorvida
durante os anos, desenvolveu a Moka Express Glossy com
materiais finos e acabamento de alto padrão. Com visual
renovado e mais sofisticado, a cafeteira foi construída em
alumínio polido em corpo de oito lados, com pintura de verniz de
alta resistência. Não utiliza filtro de papel, é leve, prática e deve
ser usada diretamente no fogão.
Altura: 17,2 cm
Largura: 15,8 cm
Comprimento: 08,5 cm
Peso:0,40 Kg
Valor: R$ 320
www.lojahotcoffee.com.br
28 ACIJ
Dimensões do produto:
(C x A x P) 355 x 115 x 145 mm
Valor: R$ 390
www.cafeculturabrasil.com
A Moka Express Glossy tem cabo
e puxador anatômicos, feitos em
“Grilamid”, material nobre com
efeito de vidro resistente ao calor
FOTOS: DIVULGAÇÃO
CAFÉ TURCO
O café turco é um método de preparação
utilizado na maioria dos países do Oriente
Médio. Para isso, é preciso de um Ibriq
(como o da foto), um recipiente de latão
com cabo, dentro do qual é servido o café.
Produzido pela Ceraflame, este Ibriq é
100% resistente a choques térmicos, não
trinca e não risca.
A composição cerâmica pode ser
submetida diretamente ao fogo,
pois resiste às temperaturas mais
elevadas sem sofrer quaisquer
danos estruturais
Valor: R$ 79,80
www.cafedomercadocuritiba.com.br
www.ceraflame.com.br
Os materiais
inclusos são o
suporte de metal,
o fogareiro de
alumínio e o sifão
de vidro
VIDRO DE ALTA QUALIDADE
Em japonês, Hario significa “O Rei
do Vidro”. Desde a sua fundação,
em 1921, esta empresa japonesa
tem sido referência mundial
na fabricação de vidro de alta
qualidade, chamados de “cycleware”, pois podem ser resfriados
e aquecidos, mantendo as
características da sua composição
(acidez e alcalinidade). O sifão Hario
é uma modernização da tecnologia
existente há mais de 50 anos.
PRÁTICO E SIMPLES
Com o moinho Hario Colonial,
moer os grãos de café é prático
e simples: basta adicionar os
grãos no copo na parte superior,
ajustar o nível de moagem e
girar a manivela.
Capacidade: 17g
Valor: R$ 289,60
www.lighthousecafe.com.br
Com capacidade de 600 ml
Valor: R$ 854
www.cafestore.com.br
KIT PARA VIAGEM
A StumpTown Coffee Roasters vende lindos kits para os
amantes do café. A marca oferece um especial para os
gostam de viajar, aliando funcionalidade, qualidade e boa
aparência. O kit “Rambler” (ao lado) inclui uma bolsa, uma
cafeteira Aeropress com filtros, duas canecas, moedor
e um saco de café Hair Bender – de mistura complexa,
alia textura rica da Indonésia com o equilíbrio de sabores
clássicos da América Latina e África, e é ótimo para todos
os tipos de fermentação.
Valor: R$ 185
www.stumptowncoffee.com
Dicas para os “Objetos de desejo” da próxima edição? Escreva para [email protected]
29 ACIJ
REVISTA 21 29
BRIEFING
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Kit com livros e
outros mimos é
a oferta da TAG
Experiências
Literárias
30 ACIJ
CLUBES DE ASSINATURA
Uma surpresa por mês na caixa de correio
Com o corre-corre dos dias atuais, receber
uma caixa repleta de produtos selecionados na porta de casa parece cada vez mais
atraente. É assim que os clubes de assinatura
vêm crescendo no Brasil, oferecendo artigos
para clientes que desejam conhecer mercadorias novas ou simplesmente ter acesso aos
seus itens preferidos sem sair do conforto do
lar. De acordo com pesquisas, já são mais de
1 mil empresas no país, que, em 2015, faturaram em torno de R$ 1 bilhão.
Tomás Susin dos Santos se juntou a mais
dois amigos e resolveu empreender nessa
área. Foi assim que surgiu a TAG Experiências
Literárias, em 2014. Todos os meses, a empresa entrega aos 4.500 associados ativos um kit
com livros e outros mimos. Para se diferenciar,
a curadoria do material é feita por nomes de
referência no cenário intelectual e literário do
país. A TAG já contabiliza associados em todos
os Estados, com destaque para as regiões Sul
e Sudeste, sendo São Paulo a origem do maior
número de assinantes.
Para Tomás, o mercado de clubes de
assinaturas é promissor, mas, ao mesmo
tempo, complicado, principalmente por
conta da concorrência. “A TAG tem uma boa
legião de fãs, que adoram o nosso produto
e o atendimento que prestamos. Isso foi
conquistado com empenho para oferecer o
melhor serviço aos membros do clube”, relata.
De acordo com Tomás, o público é formado
pelos leitores “à moda antiga”, que não é
adepta dos e-books e aprecia a experiência
de pegar um livro, sentir seu cheiro, virar cada
página e colocá-lo em sua biblioteca. Entre as
novidades de 2016, estão o lançamento de um
box colecionável, para o associado guardar o
livro enviado, além de um canal no Youtube
para ampliar a discussão sobre os livros de
cada edição.
A HealthyBox, por sua vez, lançada em 2013, pretende
atrair as pessoas com hábitos saudáveis, apresentando
opções práticas de alimentação. Os produtos são analisados e aprovados pela equipe de nutricionistas. Os kits vão
acompanhados de informações sobre os benefícios de
cada produto, além de dicas de como cuidar da saúde por
meio da alimentação, com receitas saudáveis para utilizar
os produtos de diferentes formas.
São 400 associados espalhados por todo o país,
concentrados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. No
total, já foram enviados 22 kits. “O mercado de clubes
de assinaturas no Brasil vem crescendo, devido às demandas iminentes ao dia a dia e à facilidade de receber
em casa produtos previamente selecionados, seja qual
for o segmento”, afirma Ana Rachel Alvarenga, diretora da HealthyBox. A empresa passou a garantir frete
grátis para todo o país. Junto a essa ação, está o plano de expansão e disseminação do produto. A ideia é
enviar mais receitas para os assinantes e buscar novos
parceiros e produtos.
Já o Club da Cerveja está no mercado desde 2011 e
foi o pioneiro em cerveja por assinatura no Brasil. Natasha
Menéndez, uma das sócias-fundadoras, explica que a
ideia surgiu dos leiteiros de antigamente. “Se existia o leiteiro, por que não poderia existir alguém que entregasse
cerveja em vez de leite?”, perguntou-se. A maior parte dos
associados se concentra na Região Sudeste.
O Club da Cerveja já ofereceu 60 rótulos distintos aos
clientes. “O clube permite que o brasileiro tenha acesso a
boas cervejas de forma fácil, principalmente em cidades
onde não existem lojas especializadas”, afirma Natasha.
Gabriel Ribeiro e a proposta do BistroBox, clube
de assinatura de alimentos: mercado gigantesco
Potencial a ser explorado
Club da Cerveja foi o primeiro do gênero
no país e já trabalhou com 60 rótulos
31
ACIJ
Depois que lançou o BistroBox, um clube de assinatura de
alimentos, Gabriel Ribeiro percebeu os desafios da gestão
desse tipo de negócio e a dificuldade de muitas pessoas
em entender a atuação. Foi assim que surgiu a Associação
Brasileira dos Clubes de Assinatura, que conta com 30 clubes atuantes. A atuação envolve a troca de informações
sobre melhores práticas por meio online e por telefone. A
partir da associação, pelo menos três clubes de assinatura
foram lançados. “Essa troca de informações também está
sendo importante para ajudar as empresas a enfrentar a
crise”, justifica. Para o presidente da associação, o setor
está resistindo bem aos problemas, com consumidores
leais. “O mercado de assinaturas é gigante nos Estados
Unidos e acredito que no Brasil ainda tem um potencial
enorme não explorado”, ressalta.
REVISTA 21
31
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Mais Pipoca: 550
pontos em vários
Estados, deve
chegar a 20 locais
em Joinville
MÁQUINAS AUTOMÁTICAS
Tem até guarda-chuva e brinquedo
Seja para comprar salgadinho, refrigerante ou até brinquedo para as crianças, a maioria dos brasileiros já deve ter tido contato com uma máquina de vendas automática. O mercado de vending
machines no país ainda está em expansão. A Associação Brasileira de Vendas Automáticas (ABVA)
calcula que existam 45 mil máquinas, gerando faturamento anual de R$ 250 milhões. Desde 2015,
Joinville tem percebido esse crescimento com a instalação de equipamentos que comercializam
guarda-chuvas e pacotes de pipoca em diversos pontos da cidade.
O projeto de uma máquina que vendesse guarda-chuvas e capas surgiu durante disciplinas
de empreendedorismo e matemática financeira da Universidade do Estado de Santa Catarina
(Udesc). Depois de seis meses, três sócios deram vida à Save Time V-Machine. O equipamento
está instalado em três pontos, em shoppings e terminais de ônibus. No final de 2015, a equipe
resolveu romper as divisas da cidade da chuva, chegando a Curitiba, nos shoppings Palladium e
Mueller. “O mercado de vending machines é muito desenvolvido em países da Europa, Estados
Unidos e Japão, mas no Brasil ainda é pequeno e apresenta pouca variação de produtos”, afirma Vinicius Bassani Camargo, um dos sócios da Save Time V-Machine. Para ele, o crescimento
do setor, na ordem de 10% ao ano, indica uma tendência de forte expansão, com o objetivo de
aliar praticidade a uma boa experiência de compra.
A Almeida Technology, de Itapema, já trabalhava com máquinas automáticas para venda de bolinhas de
silicone para crianças, espalhadas por todo o Brasil. Buscando um equipamento com grande aceitação no
mercado e custo-benefício relativamente alto, chegou-se à Mais Pipoca, que em Joinville está presente no
Terminal Central. Ruy Medeiros, gerente comercial, explica que a ideia era atender a todos os públicos e
faixas etárias com um produto saudável que não estivesse relacionado ao mercado financeiro nacional e
suas oscilações. “Crise não é uma palavra conhecida em nosso segmento”, ressalta.
A Mais Pipoca vende pipoca salgada e sem gordura. A máquina está espalhada em 550 pontos
distribuídos pelo país, com presença em todos os Estados do Sul, Centro-Sul, Sudeste, Centro-Oes-
32
ACIJ
ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
te. Algumas cidades das regiões Nordeste e Norte
ainda devem ser exploradas. Para Joinville, 20 máquinas já foram vendidas e devem ser instaladas
em breve. No total, são 28 colaboradores diretos
e 50 indiretos, os fornecedores. A Almeida Technology espera difundir a marca Mais Pipoca, com a
implantação de 2 mil unidades. “Também pretendemos lançar uma máquina de pipoca doce, uma
de bolinha repaginada e uma de batatas fritas sem
gordura e fritas na hora”, anuncia Ruy.
Diversificação
de produtos
Além da venda, a equipe da Save Time V-Machine descobriu potencial para produção de guarda-chuvas personalizados para eventos e empresas.
Uma das novidades para este ano é o lançamento
do guarda-chuva do Joinville Esporte Clube (JEC).
Alguns modelos serão disponibilizados na máquina e outros em uma loja virtual. A empresa conta
com uma consultoria de marketing estratégico, a
cargo da Lab 34. Neste ano, outra novidade foi a
inauguração da sede na empresa, na incubadora
Softville. “Nosso objetivo é desenvolver tecnologicamente novos modelos de máquinas, aprimorando a máquina de guarda-chuva com sistemas
de monitoramento e novas formas de pagamento”, conta Vinicius Camargo.
Ainda está entre os planos a implantação de mais
10 máquinas, em Joinville e Curitiba, além do início
de testes em locais como São Paulo e Florianópolis.
“Também estamos criando uma nova marca para
a máquina de guarda-chuva para desenvolver
franquias para o mercado nacional”, revela Vinicius.
Os sócios da Save Time e os guarda-chuvas
33 ACIJ
José Rizzo, da Pollux: solução com vantagens
AUTOMAÇÃO
Empresas oferecem robôs
para locação, com suporte
e atualização permanente
Nova modalidade de serviços e locação em robótica à disposição da indústria brasileira – que ainda precisa investir
muito para chegar aos patamares do Japão, onde há 400
robôs para cada dez mil trabalhadores. No Brasil, hoje,
são apenas 10. A iniciativa da Pollux e Universal Robots,
apresentada na Acij em março, busca ajudar na automatização das linhas, proporcionando mais produtividade e
competitividade. Presidente da Pollux, José Rizzo Hahn Filho garante que a estratégia de usar robôs alugados, com
início imediato nas linhas fabris, traz resultados muito antes do esperado pelos empresários.
Ele lembra que, para tentar chegar a patamares
europeus ou americanos, de 250 robôs por 10 mil trabalhadores, o Brasil teria de instalar pelo menos 170
mil robôs, o que parece algo distante – em 2015 foram
apenas 1.500. E a ideia do aluguel persegue, justamente, essa meta. Em vez de desembolsar R$ 400 mil para
comprar um robô, a empresa paga cerca de R$ 12 mil
mensais para ter o equipamento, com manutenção
e suporte de atualização tecnológica permanente. E
mais: terá maior velocidade de implantação e captura
imediata de resultados, não precisará de equipe interna de especialistas e nem de manutenção de estoque
de peças de reposição, além de reduzir custos com tributos e, ainda liberar o caixa para investimentos no
core business.
REVISTA 21 33
SAÚDE
Zika vírus mobiliza entidades
e pode ter reflexos na economia
Transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, mesmo vetor da dengue, o Zika
vírus já atingiu 19 Estados brasileiros, e os números só fazem crescer, o que
vem preocupando entidades empresariais. A Fiesc, por exemplo, lançou
campanha estadual de combate ao mosquito, com apoio das federações de
trabalhadores. A ação levou esclarecimentos sobre o tema para fábricas em
todo o Estado e se integrou a um mutirão que já envolveu instituições como
o Exército Brasileiro e a Vigilância Sanitária, atuando na eliminação de potenciais criadouros do Aedes Aegypti. O tal vírus foi identificado pela primeira
vez em 1947, em macacos de uma floresta da Uganda. Em 1952, foi isolado
pelo ser humano. “Desde então, tivemos alguns surtos na Micronésia e na
Polinésia Francesa”, explicou Márcio Leyser, pediatra em desenvolvimento e
comportamento da Rede Sarah, durante simpósio sobre a doença promovido
pelo Hospital Dona Helena, em Joinville.
Para a professora e economista Annemarie Dalchau, a falta de planejamento do setor público é tão grave quanto a crescente contaminação:
34 ACIJ
“Faltam remédios, especialistas,
vigilância mais efetiva e um plano
de conscientização mais consistente. Precisamos utilizar estratégias
de guerra, se necessário, atuação
de polícia junto à Vigilância Sanitária”. Segundo ela, ainda é cedo para
avaliar o impacto do Zika vírus nos
cofres públicos. Com os Jogos Olímpicos se aproximando, outro ponto
a ser considerado é a preparação
para a vinda de turistas do mundo todo. “A saúde pública de cada
município tem que estar preparada. Tudo isso requer dinheiro extra,
que, neste momento de crise, terá
que sair de algum lugar. As autoridades competentes precisam tratar
a saúde como investimento, definindo como e onde as verbas serão
empregadas”, finaliza
MIRANTE
ROGÉRIO D SILVA/SECOM
No dia de seu aniversário, Joinville
recebeu de volta um presente. Depois
de seis anos, foi liberada a visitação à
estrutura do Mirante. O equipamento
permite visão panorâmica de Joinville,
da Baía da Babitonga e de parte da
Serra do Mar, contando com trilha
elevada e janela de contemplação.
O Mirante tem altura de 14,5 metros
e área de 70 metros quadrados.
Já a janela de contemplação, com
10 metros de altura, oferece visão
diferenciada do bairro América e de
pontos das regiões Norte e Oeste da
cidade. As pessoas que pretendem
visitar o Mirante do Boa Vista podem
se deslocar até o local com uma linha
exclusiva de ônibus. O transporte sai
diariamente do Terminal Central.
VIAGENS
Volta da tributação sobre
remessas ao exterior
Quem planeja embarcar para o exterior a turismo, negócios, treinamento
ou missões oficiais pode até não saber, mas desde janeiro deste ano viajantes com esse perfil estão pagando mais caro para gastar fora do país. Até
dezembro de 2015, as operações eram isentas do Imposto de Renda Retido
na Fonte (IRRF), mas neste ano a taxa voltou. No início de março, o governo
publicou medida provisória que estipulou a cobrança de 6% sobre o valor
desembolsado em viagens dessa natureza. “Quando houver a remessa de
dinheiro para o exterior para a cobertura de tais serviços, o banco reterá
6% de IRRF. Ou seja, ao remeter os recursos, será necessário acrescentar 6%
de IRRF, que serão descontados pelo banco”, explica o advogado Gleidson
Henrique Karnopp, da Lins Karnopp Advogados.
Pela lei, o contribuinte do imposto de renda é aquele que aufere a renda, ou
seja, quem presta os serviços. Como é difícil fiscalizar e exigir o pagamento do
contribuinte, utiliza-se do artifício da retenção na fonte. Dessa forma, quem
remeter o dinheiro já paga antecipadamente o imposto que seria devido pelo
prestador. No final das contas, cidadão e empresas brasileiras deverão arcar com
esse custo, salvo os casos de remessas feitas a empresas com sede em países com os
quais o Brasil mantenha acordos para evitar a bitributação.
O cenário impacta diretamente no setor turístico nacional, na opinião da
gerente de marketing da Olimpiatur, Simone Kalbusch. “Mais do que nunca,
35 ACIJ
fica a ideia de que é mais caro consumir por aqui. Sabemos que não é
bem assim, mas essa visão contribui
para o desaquecimento do setor turístico como um todo. A tributação,
agora, ficou equiparada à taxa do
IOF. De todo modo, ainda precisamos
avançar mais nessa área”.
A simples movimentação de
recursos, não relacionada ao pagamento de serviços, assim como os
pagamentos feitos diretamente com
cartões de crédito, não são tributados pelo IRRF. A pessoa física está sujeita apenas ao IOF de 6,38% sobre a
operação de câmbio no cartão quando adquire esses serviços diretamente. Continuam isentas da cobrança as
remessas ao exterior para fins educacionais, científicos ou culturais, bem
como as destinadas ao pagamento
de taxas escolares, de inscrição em
congressos, seminários e de exames
de proficiência. Remessas por pessoas físicas, residentes no Brasil, para
despesas médico-hospitalares com
tratamento de saúde no exterior,
também permanecem isentas.
REVISTA 21 35
EM NÚMEROS
Nem com o dólar alto
Esperança para recuperar as exportações – em Joinville, superadas desde 2012 pelas importações – a alta
do dólar não surtiu o efeito desejado: os 12 meses de 2015 se apresentaram favoráveis às importações. Para
completar o cenário, nossas compras sofreram forte queda em relação a 2014, e 2016 não promete melhora.
IMPORTAÇÕES
VALORES EM US$ MILHÕES.
VALORES EM MILHÕES DE KG.
EXPORTAÇÕES
353,9
94,1
O desempenho em 2016
Os gráficos ao lado mostram o
desempenho da balança comercial
em Joinville nos dois primeiros
meses de 2016, em comparação
com o mesmo período de 2015.
Enquanto as exportações tiveram
pequena baixa, Joinville comprou
em 2016 quase a metade do que
em 2015.
Pelo peso dos produtos,
compramos pouco mais e
vendemos bem menos em 2016.
62,8
50,2
189,9
157,3
150,0
JAN/FEV
JAN/FEV
JAN/FEV
JAN/FEV
2015
2016
2015
2016
Os 20 maiores: de quem Joinville comprou nos dois primeiros meses de 2016.
China se mantém no topo, mas apresentou queda de 53,4% em relação ao mesmo período de 2015
VALORES EM US$ MILHÕES.
China
Estados Unidos
Alemanha
Chile
Colômbia
Taiwan (Formosa)
México
Itália
Coreia do Sul
Peru
Africa do Sul
Reino Unido
Argentina
França
Cingapura
Índia
Japão
Malásia
Espanha
Bélgica
36 ACIJ
73.342.858
16.409.986
15.385.472
15.371.815
9.482.153
7.079.375
6.078.296
5.471.603
5.453.844
3.761.490
3.627.061
3.266.240
3.002.524
2.825.666
1.874.442
1.664.380
1.540.989
1.523.876
1.402.737
914.645
54,4
Onde fica
Favorável às
importações
808,4
563,3
Saldo da balança
comercial em
2014 e 2015
Queda já em 2015
2014
A partir de 2012, as
importações ultrapassaram
as exportações em Joinville.
VALORES EM US$ MILHÕES.
2.500
A partir daí, o cenário
se tornou mais agudo,
com queda contínua
das exportações e
crescimento consistente das
importações.
Em 2015, nem a alta do
dólar serviu de estímulo: a
queda nas exportações se
manteve, e já preocupava
a desaceleração das
importações, com queda de
27,9% em relação a 2014.
Esse recuo colocava as
importações joinvilenses
nos níveis de 2011.
2015
2.080,0
2.000
1.626,2
1.500
1.272,0
1.062,9
1.000
600,3
500
156,7
0
2000
2005
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Os 20 maiores: para quem Joinville vendeu nos dois primeiros meses de 2016
EUA e México responderam por 40,8% das vendas da cidade
VALORES EM US$ MILHÕES.
Estados Unidos
México
Argentina
Alemanha
Reino Unido
Itália
Paraguai
Japão
Colômbia
China
África do Sul
Tailândia
Turquia
Bolívia
Egito
França
Chile
Bélgica
Equador
Uruguai
35.359.629
25.969.874
10.971.050
10.290.628
6.625.019
6.265.684
4.957.455
3.969.511
3.915.516
3.724.211
3.561.008
3.465.452
3.141.031
2.742.611
1.974.409
1.843.475
1.763.865
1.520.669
1.507.462
1.481.523
Onde fica
FONTE: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO - SECRETARIA DO COMÉRCIO EXTERIOR
37
ACIJ
REVISTA 21 37
38 ACIJ
39 ACIJ
REVISTA 21 39
PROJETO JOIN.VALLE
Uma cidade mais criativa,
inteligente e humana
Na véspera da apresentação do projeto batizado de Join.Valle, Joinville sediava,
pela primeira vez, o Startup Weekend. Iniciativa do projeto Startup SC, do Sebrae em Santa Catarina, o evento transcorreu entre 26 e 28 de fevereiro, na Acij.
Três projetos inovadores foram premiados. O campeão foi o Listen, uma solução
de correção auditiva para smartphones. Em segundo lugar, ficou o Colete.me,
plataforma para coleta e destinação de lixo reciclável, e em terceiro, o Voluntei,
plataforma para ajudar médias e grandes empresas a resolver a necessidade de
responsabilidade social. Ao todo, o Startup Weekend reuniu 120 empreendedores que formularam 14 startups.
Os resultados sinalizam que Joinville tem grande potencial para desenvolver
um ecossistema criativo, pela via do estímulo ao empreendedorismo, fomento à
capacitação e inovação tecnológica. E esse é justamente um dos objetivos do Join.
Valle, que pretende estimular a diversificação da matriz produtiva e de serviços relacionados, melhorando a qualidade de vida da população e reforçando a competitividade. Concebido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Join­ville
(Side), propõe um novo paradigma de gestão do espaço urbano dentro do princípio
de Cidades Inteligentes e Humanas (Human Smart Cities). O conceito surgiu na
Europa e virou tendência mundial relativa ao emprego de práticas de sustentabilidade, ao uso da Internet das Coisas e à aplicação de soluções intensivas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) como instrumentos para tornar cidades
mais inteligentes, otimizando os aspectos da vida urbana. “O futuro é promissor,
mas o momento presente é desafiador. Por isso, precisamos pensar em alternativas para atender às novas demandas e estar preparados para ter um diferencial
de atrativo econômico e de desenvolvimento sustentável”, disse o prefeito Udo
Döhler, em apresentação do projeto na Acij.
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BANCO DE IMAGENS
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ACIJ
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De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Danilo
Conti, dois caminhos acabaram
convergindo para que o projeto
nascesse. O prefeito apresentou a
proposta da implantação do Parque
Tecnológico do Norte Catarinense,
que ficará localizado numa área de
1,2 milhão de metros quadrados,
anexa ao futuro campus da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), às margens da BR 101, na
Zona Sul de Joinville. O secretário
sugeriu que se criasse, primeiro, um
ecossistema de inovação, com a
elaboração de um programa municipal. Consequentemente, o parque
teria maior aderência. “O segundo
fator foi a aproximação da prefeitura com a Rede Brasileira de Cidades
Humanas e Inteligentes. O prefeito
esteve em um seminário internacional, em Portugal, e observou que
poderia ser aplicado esse conceito
em Joinville. Cidades Humanas e
Inteligentes são o futuro da gestão
pública municipal, onde todos – população, setor público e privado –
trabalham e participam juntos para
o desenvolvimento de soluções”,
ressalta Conti.
No Join.Valle, a população participaria diretamente no processo
de inovação, no mundo da economia criativa e dos negócios sociais,
criando novas soluções para suas
necessidades – o que transformaria
as pessoas em cocriadoras com o
poder público, setores empresariais
e acadêmicos. As soluções seriam
voltadas a todos os aspectos da vida
urbana de qualidade: economia,
educação, energia, meio ambiente, recreação, segurança, resíduos
sólidos, saúde, emergências. A fórmula para apoiar a transformação
se baseia nos seguintes princípios:
infraestrutura tecnológica, democratização do acesso à internet e
criação de um ecossistema criativo.
Essas metas seriam atingidas por
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meio da promoção do desenvolvimento econômico sustentável do município, o fomento ao empreendedorismo criativo, o incentivo a atividades de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) de novos produtos, processos e modelos de negócio, atração de empresas de base criativa e geração
de emprego e renda de alto valor agregado, a fim de ampliar a competitividade da matriz econômica atual.
O Join.Valle propõe um diálogo profundo entre poder público, iniciativa privada
e universidades, visando estabelecer um entendimento amplo da população
sobre o movimento para garantir apoio e aderência. A Secretaria de Integração
e Desenvolvimento Econômico (Side) vai mobilizar entidades de classe para que
participem das plataformas que serão difundidas nesse programa e contribuam com
ideias e ações para colocar em prática ações de desenvolvimento voltados à economia
criativa, principalmente via startups. Essas bases demandam a criação de laboratórios
e parques tecnológicos, como também o investimento em processos de gestão e na
educação. “Em Joinville, existem grupos informais, que trabalham isoladamente.
Muitas vezes, não têm força para mudança. A ideia é convidá-los para as reuniões de
nossa agenda de trabalho, tornando o espaço forte e intenso”, explica Conti.
FOTOS DIVULGAÇÃO
Pompeo Scola, presidente do Instituto Miguel Abuhab (IMA), aponta
que Joinville tem tamanho e complexidade para viabilizar o projeto. “Novas
cadeias relacionadas à economia criativa crescem e o Join.Valle atua como
catalisador, multiplicando e acelerando sua presença no município. Representa um marco na transição sociocultural e econômica. É o passaporte
para uma Joinville forte, moderna, sustentável e com ótima qualidade de
vida”, ressalta. De acordo com Scola, há uma via de duas mãos: o instituto
é parceiro valioso do projeto, enquanto articulador, mentor e curador, ao
mesmo tempo em que o sucesso do Join.Valle potencializará os objetivos
da entidade. “O IMA é agente proativo do ecossistema da inovação em Join­
ville. Atua articulando e conectando os demais atores desse ecossistema,
como fundos, anjos, mentores, aceleradoras, poder público, academia, entre outros. Nossos conhecimentos, experiência, visibilidade nessa área e
networking serão úteis para o projeto”, justifica.
O Join.Valle traz uma política de desenvolvimento pautada em quatro
linhas de atuação: o Join.Valle.Money, com a criação do ISS Criativo para
estimular iniciativas que participam dos setores estratégicos do programa, fomentando o empreendedorismo criativo; o Join.Valle.Lab, um “Hub
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À esq., o Instituto Miguel Abuhab,
parceiro do Join.Valle; no alto, a
apresentação do projeto na Acij;
acima, o Startup Weekend Joinville
de Inovação Aberta” destinado a
co-criar uma cidade ou uma empresa em seus diferentes espaços
a partir de inovações por eles acelerados; o Join.Valle.Digital, plataforma de promoção e atração de
investimentos e de valorização do
potencial da inovação e da economia criativa no município; e finalmente o Join.Valle.Free, plataforma
de apoio às iniciativas que ofereçam um ambiente adequado e relevante aos setores incentivados.
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A Linx, com filial em Joinville, fornece softwares de gestão para varejo, incluindo moda e acessórios
Tecnologia da informação e
comunicação: uma nova cultura
O Join.Valle visa à melhor utilização de dados e informações gerados – o Big
Data – para promover a melhoria na vida das pessoas, aumentando a oportunidade econômica daqueles ainda não conectados à internet. A ideia é
oferecer infraestrutura tecnológica para a democratização do acesso e o
uso de plataforma de código aberto na nuvem, de maneira a permitir que
dados possam ser disponibilizados abertamente para toda a população,
por meio de APIs (Interfaces de Programação de Aplicações) públicas para
construção de aplicativos inteligentes. Selecionou-se a plataforma FIWARE, criada pela União Europeia, a fim de construir um ecossistema sustentável, aberto ao público, com normas de plataforma de software orientada
à implementação livre de royalties. Em teoria, tudo estará disponível ao
público para que vários prestadores de serviço, alunos, pesquisadores e
outros possam emergir mais rapidamente com suas soluções na Cidade
Inteligente e Humana, com proposição de baixo custo.
ionei Domingos, presidente do Núcleo de Desenvolvedores de Software da Acij, espera
D
que o Join.Valle seja um divisor de águas para o mercado de TI em Joinville. “O projeto é
sustentado por software: as integrações dos diversos agentes se darão via software, e o
modelo proposto de co-criação permitirá às nossas empresas participar com propostas
de demandas e soluções. Outro ponto é que diversas informações (coletadas até em
fornecedores de serviços públicos) serão acessíveis a um número muito maior de
empreendedores, o que tende a incentivar o surgimento de startups”, esclarece. “Para
o mercado de software em Joinville, esperamos que o projeto consiga alavancar novos
negócios que também alterem o perfil atual, hoje bastante concentrado em softwares
de gestão”, analisa o profissional.
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Dionei Domingos ressalta a
importância do segmento para a
economia de Joinville, seja pelos impostos arrecadados (direta e indiretamente), seja pelos postos de trabalho qualificados, como também
pelas soluções distribuídas por todo
o Brasil e exterior. “Excluindo as que
comercializam hardware e de serviços técnicos, Joinville tem registro
de mais de 700 empresas, que na
sua esmagadora maioria são de pequeno porte”, evidencia, justificando que um dos fatores determinantes para esse cenário é a qualidade
e disponibilidade de mão de obra.
Berço da maior desenvolvedora de
software de gestão do Brasil, a Totvs, o mercado de software no município, segundo Domingos, passa
pela consolidação e fortalecimento
de pequenas e médias empresas,
aliada ao surgimento de prósperas
startups, que deixam suas marcas.
“Além disso, há uma movimentação
extremamente saudável de várias
entidades – além da Acij, com seu
núcleo de empresas de software,
temos diversos agentes locais prio-
rizando suas ações com vistas à TI,
a incubadoras, sindicatos, entidades
patronais, associações de empresas,
universidades, prefeitura etc”, lembra o presidente do núcleo.
Uma das empresas de ponta
no setor é a Linx, líder no fornecimento de softwares de gestão desenvolvidos especificamente para
o varejo. Com 39 mil clientes, está
há cerca de 30 anos no mercado e
soma 2.800 funcionários – distribuídos na matriz em São Paulo e
em filiais, como a de Joinville, além
de representantes e franquias de
outros Estados.
“Joinville sempre foi polo de
desenvolvimento de tecnologia e está
representada por várias empresas de
ponta. Precisamos pensar no futuro:
onde estaremos nos próximos 20 ou
30 anos? As hipóteses se multiplicam:
biotecnologia, Internet das Coisas,
mobilidade. E temos diferenciais na
região, universidades formando mão
de obra cada vez mais qualificada
e empresas ávidas por tornar esse
futuro o mais próximo possível”,
reflete William Santos, diretor
comercial da Linx para a Região Sul.
A Linx trabalha com software de
gestão para o varejo, em ramos como
moda e acessórios, postos e lojas de
conveniência, farmácias, estética e
saúde, perfumaria e cosméticos. As
soluções vão da gestão empresarial
à automação comercial completa,
integradas com meios de pagamento, e-commerce, mobilidade, entre
outros. “O varejo tem alta rentabilidade, capilaridade e um potencial
de crescimento grande. O JoinValley
virá ajudar com o conhecimento,
acelerando processos e mostrando
ao mundo nosso diferencial competitivo no desenvolvimento de tecnologias, atraindo um número maior de
profissionais e investimentos ainda
maiores para a região”, avalia.
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Localizada no Inovaparq, a startup Biofractal é voltada para engenharia e
biotecnologia ambiental, com foco em tratamento de efluentes
Impulso para a biotecnologia
Além de promover a ampliação da competitividade dos setores tradicionais da região de Joinville – metalmecânico, plástico, eletroeletrônico, têxtil, confecção, químico, automobilístico, serviço e comércio –, o projeto Join.
Valle visa inovar em setores estratégicos como a Economia Criativa, Economia Verde, Life Sciences (saúde, fármacos, biotecnologia), Logística (mobilidade), Materiais e TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). “Os
setores foram mapeados a partir de um estudo que a Fundação Certi fez
dentro do Parque de Tecnologia do Norte Catarinense. São os chamados
‘setores portadores de futuro’”, explica o secretário Danilo Conti.
A área de biotecnologia, por exemplo, ainda é pouco desenvolvida
em Joinville. Mas o problema é nacional – o setor ainda é caracterizado
por empresas estrangeiras que dominam o mercado mundial. “A biotecnologia, principalmente na área ambiental, precisa popularizar suas
aplicações para que seu escopo se amplie. De nada adianta desenvolver um produto muito bom com um preço de venda elevado, ninguém
vai pagar por isso. Infelizmente, a área ambiental ainda é vista como
despesa, e não investimento, em muitos casos. É uma realidade na-
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cional, mas Joinville pode, sim, ser
pioneira na mudança desse cenário”, analisa Nelson Libardi Junior,
engenheiro ambiental, mestre em
Engenharia de Processos e um dos
idealizadores da Biofractal, startup
operacional de engenharia e biotecnologia ambiental, que atua no
desenvolvimento produtos, processos e serviços para aplicações
ambientais, com foco em tratamento de efluentes.
Contemplada com a primeira
colocação na categoria Micro Empresa no 3° Prêmio Joinville de Inovação, em 2015, a Biofractal tem
por objetivo auxiliar seus clientes
a reduzir seus impactos ambientais, lançando efluentes dentro
do padrão exigido pela legislação.
A startup propõe uma mudança de conceito que busca alterar
o status dos processos de tratamento de efluentes de obrigação
legal para interesse econômico.
“Lançar o efluente tratado é uma
consequência secundária de um
processo por meio do qual é possível fabricar produtos. Pesquisas
estão em desenvolvimento, como
a produção de biopolímeros em
uma Estação de Tratamento de Esgoto. Ou seja, num futuro próximo
será possível viabilizar a produção
de bioplásticos a partir de esgoto”,
conta Nelson. Os principais clientes da startup são indústrias, municípios, construtoras e administradoras de condomínios. “Nosso
trabalho também envolve parcerias com universidades e centros
de pesquisa. O objetivo é envolver
a região e contribuir com o meio
ambiente local.”
O negócio nasceu em 2014, em
uma sociedade entre Libardi e Fabiano Pontes Mendonça, engenheiro ambiental, pós-graduado em
Engenharia Sanitária e Ambiental,
técnico em Eletrônica e professor
da Universidade da Região de Join-
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Os idealizadores da Biofractal, startup que se
destacou no 3º Prêmio Joinville de Inovação
ville (Univille). A equipe da Biofractal conta com especialistas, mestres e
doutorandos nas áreas de química, engenharia ambiental e biotecnologia.
Mantém parceria com a Univille, que proporciona compartilhamento de
laboratórios e estrutura. Os bolsistas envolvidos nos projetos são alunos
ou egressos do curso de engenharia ambiental. A empresa se encontra
alocada no Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região (Inovaparq), espaço situado no Perini Business Park que visa apoiar empresas na
tomada de decisões e antecipar tendências para negócios com estudos
realizados por professores e alunos. “O Inovaparq pemite que estejamos
estrategicamente próximos à universidade, que é o local onde há formação de pessoal que vem sendo absorvido pela empresa e favorece nossas
parcerias estabelecidas”, frisa Nelson.
Em 2016, a Biofractal objetiva o desenvolvimento de novos produtos e processos e
expansão do número de clientes. “O investimento em P&D tente a aumentar cada
vez mais. A Biofractal quer se consolidar como referência na área de biotecnologia
ambiental da região”, expõe o engenheiro ambiental. Para ele, o investimento neste
setor se torna interessante quando o benefício retorna para a sociedade. “Investir
em saneamento tem retorno direto para a sociedade, em aspectos como a saúde
da população. Investir em biotecnologia para saneamento é investir em soluções
avançadas e eficientes. Há necessidade de investimento nos pequenos, e não
simplesmente o tradicional apoio a multinacionais. O Join.Valle deve estar
ao lado dos pequenos empreendedores que nascem na cidade.”
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REVISTA 21 47
FERNANDO WILLADINO/DIVULGAÇÃO FIESC
CONJUNTURA
Pilares da indústria
Documento foi entregue em mãos
ao vice-presidente da República:
bases para o horizonte necessário
ao aprimoramento do setor
Fiesc aponta prioridades para o desenvolvimento das
empresas catarinenses, com ênfase em infraestrutura
“Condições para trabalhar, investir e gerar empregos” – é, em síntese, o
que a indústria pleiteia ao governo, na expectativa de vislumbrar o horizonte necessário ao crescimento sustentado da economia. O recado
foi dado pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina
(Fiesc), Glauco José Côrte, ao entregar, em mãos, ao vice-presidente da
República Michel Temer, o documento batizado de “15 Ações Prioritárias para a Indústria Catarinense”. Em três páginas, o material aponta as
demandas mais significativas para o desenvolvimento do setor, na perspectiva do empresariado. Entre outros aspectos, defende “a transferência de ativos, concessões e parcerias” para a iniciativa privada, sublinha
que políticas públicas devem ter foco no aumento da produtividade e
da competitividade, e prega a modernização das relações de trabalho.
Na abertura, Glauco Côrte lembra que Santa Catarina é a sexta maior
economia do país, o quarto Estado em número de indústrias e o quinto em trabalhadores, argumentando para a necessidade premente de
se criar um ambiente econômico estimulante, a partir da cooperação
entre setor público e privado. O presidente da Fiesc detalhou a importância desse documento em entrevista à Revista 21.
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ORIGEM DO DOCUMENTO
O que é apresentado no documento
é fruto de intensos debates internos
e externos, contando com a participação dos diversos agentes ligados aos temas, inclusive o governo
e as universidades. O Programa de
Desenvolvimento da Indústria Catarinense (PDIC 2022) é a grande
fonte de informações, por fomentar
e resultar de debates setoriais importantes sobre a realidade industrial do Estado, assim como estudos
recentes sobre custos de logística,
produtividade, entre outros. A Fiesc
é o grande fórum de defesa dos interesses da indústria. Nesse contex-
to, as prioridades foram levantadas
em pesquisa de opinião junto aos
industriais, realizada para produção
da Carta da Indústria Catarinense,
nas últimas eleições. Esse trabalho é
atualizado nas reuniões de diretoria,
das câmaras setoriais e dos fóruns
estratégicos e consolidado pelos
especialistas que compõem o corpo
técnico da Federação.
DEMANDAS ESSENCIAIS
A principal intenção da Fiesc é
apresentar formalmente ao governo e autoridades as demandas
essenciais para que o potencial pleno da indústria seja alcançado. A
indústria reconhece a necessidade
de evoluir como setor produtivo. A
lógica competitiva moderna exige
esforços contínuos de inovação,
agregação de valor, adequações
dos produtos às demandas. Mas só
isso não basta, pois grande parte
das questões ligadas à competitividade está fora das fábricas. Assim,
explicitar as necessidades da indústria é um passo fundamental para
articular as forças promotoras das
mudanças necessárias ao aumento
da sua competitividade.
MOMENTO DESAFIADOR
O momento econômico atual é
desafiador e exige ações diferentes das anteriores, tanto do setor
público quanto do privado. De
maneira inédita, temos uma crise econômica, política, social, de
governança e, sobretudo, ética, o
que a torna peculiar e complexa. O
setor público precisa encaminhar
reformas que favoreçam a produtividade do setor privado, além de se
alinhar à lógica da competitividade.
Muitos dos objetivos amplamente
preconizados pelo setor público,
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sendo o desenvolvimento social
o principal deles, apenas ocorrerão com a existência de um setor
privado produtivo e competitivo.
Por outro lado, o setor privado não
pode se aliar ao setor público para
práticas ilegais. Deve, sim, esperar
e depender menos do governo e
enfrentar os desafios da crise para
se fortalecer. Do setor público, deve
exigir, sim, essa é a palavra certa,
menos governo e mais governança.
Os entraves visíveis escondem as
oportunidades que direcionarão a
economia, novamente, para uma
rota de crescimento.
AGENDA CONVERGENTE
Muitas das prioridades apresentadas são de caráter sistêmico e
englobam a realidade nacional. O
PDIC 2022 contribui na articulação
e conjugação de uma agenda convergente e coloca a indústria como
centro da estratégia de desenvolvimento. No tocante ao ambiente
institucional, Estado e governança,
ajuste fiscal, política monetária e
industrial e relações trabalhistas, a
grande maioria das ações deve ser
realizada em âmbito nacional, fomentando assim desdobramentos
estaduais. Em relação ao sistema
tributário, Santa Catarina pode ser
exemplo, principalmente, na simplificação das obrigações acessórias e
implementação de plataformas de
e-governo. O Estado já conta com
alguma estrutura nesse sentido,
porém, ainda há muito a ser implementado. Tratando-se da inserção
externa da indústria, Santa Catarina conta com indústria robusta
e produtos reconhecidos por sua
qualidade. A atual reversão cambial
tem favorecido a exportação, o que
traz estímulos em direção a uma
melhor inserção externa. Em âmbito nacional, é necessário avançar
na abertura comercial, por meio da
formalização de acordos bilaterais
de comércio exterior.
TRANSPORTE,
LOGÍSTICA E PORTOS
Santa Catarina tem quatro dos
dez melhores portos do Brasil, mas
apresenta carências na interconexão de sua estrutura produtiva. O
Oeste sofre devido aos custos de
transporte para abastecimento e
escoamento da produção, o que
seria resolvido com o investimento
na melhoria das rodovias e implantação de sonhada ferrovia. As BRs
do Estado estão em precária condição e com sua utilização próxima
da sua capacidade ou saturadas, o
que aponta a necessidade de ampliação. Os portos precisam de modernização para suprir a demanda
existente, que advém, inclusive,
dos outros Estados brasileiros. Os
dois últimos temas dessa agenda, energia e meio ambiente, são
importantes para o Brasil e para
Santa Catarina. A simplificação
da legislação ambiental deve ser
executada para dar celeridade aos
processos industriais. Energia é o
insumo básico da indústria e Santa
Catarina apresenta condição superior à média do Brasil, mas precisa
fazer com que esse diferencial se
reflita no custo da energia que recebe e na qualidade. A política para
o carvão mineral deve representar
não só uma estratégia na geração
de energia, como também fomento
deste setor no Estado. O aumento
do suprimento de gás natural tem
que ser solucionado.
VALORIZAR A
INICIATIVA PRIVADA
O principal resultado desejado pela
REVISTA 21 49
indústria é o desenvolvimento socioeconômico, com maior geração
de emprego e renda e melhor qualidade de vida para as famílias. Para
isso, é necessário valorizar a iniciativa
privada. A indústria tem muito a oferecer para a sociedade. O fomento
de um setor produtivo robusto eleva
as condições de qualidade de vida e
desenvolvimento humano, mas isso
depende do suporte e cooperação
dos diversos agentes. É preciso colocar a indústria no centro da estratégia nacional. O desenvolvimento
passa por maior competitividade
industrial. Ser mais competitivo significa inovar, agregar valor, ampliar a
capacidade de encaminhar as diversas dinâmicas setoriais, e é assim que
a indústria precisa estar posicionada
daqui para a frente. Sem indústria,
não teremos desenvolvimento.
Portos são qualificados, mas há carências na conexão da estrutura produtiva
MÁRIO CÉZAR AGUIAR
A infraestrutura jogando a favor
Quinto Estado brasileiro com maior
produção industrial, Santa Catarina
sofre há décadas com infraestrutura
precária e defasada. Faltam ferrovias
e hidrovias, nossas rodovias e aeroportos operam muito além de suas
capacidades e a demanda por gás
natural já é superior à oferta. Infelizmente, as perspectivas não são das
mais animadoras. A quase totalidade de obras públicas no Estado sofre
com problemas como demora no
licenciamento, contingenciamento
de verbas, desapropriações lentas e
descumprimento de prazos.
Para impulsionar uma mudança
nesse cenário, a Fiesc, com base em
estudos e debates, elaborou o documento que foi entregue ao vice-presidente Michel Temer no começo
deste ano, contendo demandas do
setor produtivo de Santa Catarina.
50 ACIJ
Algumas das ações propostas focam
na resolução dos principais gargalos
de infraestrutura, que inibem o crescimento econômico do nosso Estado.
Está ali exposta a necessidade
de construção de ferrovias para
atender diversas regiões do Estado, facilitando a ligação de nossos
eficientes portos com a malha ferroviária nacional e reduzindo os
custos logísticos e a sobrecarga
das rodovias. No modal rodoviário,
que concentra 62% da matriz de
transportes, foram cobradas a adequação da capacidade de trafego e
o aumento da segurança das estradas que atravessam o Estado, como
as BRs 101, 116, 163, 280, 282 e
470, entre outras.
Na questão energética, destacam-se a ampliação do gasoduto
Bolívia-Brasil, que hoje não conse-
gue atender a toda a demanda, a
expansão da malha de transporte
dutoviário do governo federal e o
incentivo à construção de usinas termelétricas movidas a carvão mineral, que é abundante na Região Sul.
Essas e outras questões apresentadas no documento formam um
desafio aos orçamentos e à gestão
dos poderes públicos: apenas em infraestrutura, são necessários R$ 14,9
bilhões. Em razão da escassez de
recursos públicos, faz-se imperativa
a participação da iniciativa privada,
seja por intermédio de concessão ou
parcerias público-privadas, as PPPs.
A participação do setor privado
requer, no entanto, um ambiente
jurídico estável e uma taxa de retorno atrativa, buscando o equilíbrio entre os interesses dos usuários e dos investidores. Assim, os
AÇÕES PRIORITÁRIAS
Proposições levantadas pela Fiesc
vão da política monetária à
energia e ao meio ambiente
POLÍTICA MONETÁRIA
Iniciar o processo de redução da
taxa básica de juros, melhorando
as condições de retomada dos
financiamentos e empréstimos pela
indústria.
POLÍTICA INDUSTRIAL
Aumentar o prazo de carência
para os empréstimos contratados
pela indústria junto ao sistema
financeiro nacional e, em face da
crise, autorizar a renegociação da
postergação de sua amortização,
utilizando como garantia os
depósitos compulsórios.
FERNANDO WILLADINO/DIVULGAÇÃO FIESC
SISTEMA TRIBUTÁRIO
Simplificar o sistema tributário
e as exigências das obrigações
acessórias.
projetos terão continuidade e
o usuário terá a nítida sensação
de que o beneficio obtido com
a maior eficiência e segurança
supera o seu dispêndio.
É preciso, ainda, ir além dos
investimentos pontuais. Deve
ser adotada uma visão sistêmica, que inclua a intermodalidade.
Isso permitirá a diversificação da
matriz de transporte e levará a
uma melhoria da logística, contribuindo definitivamente para o
aumento da competitividade dos
produtos catarinenses.
Mário Cézar Aguiar
Primeiro vicepresidente da Fiesc
51
ACIJ
INSERÇÃO EXTERNA DA INDÚSTRIA
Ampliar a inserção da indústria
brasileira no comércio internacional,
com maior abertura comercial
e busca de acordos bilaterais de
comércio em todas as economias
relevantes – Estados Unidos, União
Europeia e Ásia.
DIVULGAÇÃO
163 e 116, investir na adequação da
BR 101 no sentido norte, manter e
restaurar a BR 153, 158 e finalizar as
obras do trecho da BR 285.
PORTOS
Adequar e manter as bacias de
evolução e canais de acesso
compatíveis para navios com 366
metros de comprimento, 52 metros
de boca e 15,5 metros de calado
operacional, em qualquer condição
de tempo e maré.
RELAÇÕES TRABALHISTAS
Promover a modernização e
adequação das relações de trabalho
à nova realidade produtiva e às
exigências da competitividade,
fortalecendo a negociação
coletiva entre os sindicatos dos
trabalhadores e dos empregadores.
ENERGIA
Ampliar o Gasoduto Bolívia-Brasil
e construir novos gasodutos de
transporte: inclusão no Plano
Decenal de Expansão da Malha de
Transporte Dutoviário do Governo
Federal (Pemat). Implantar política
para o carvão mineral, visando
incentivar a construção de usinas
termelétricas movidas com este
energético na Região Sul.
TRANSPORTE E LOGÍSTICA
Implementar os eixos ferroviários:
Corredor Ferroviário Catarinense
(Leste-Oeste), Ferrovia Norte/Sul
e Ferrovia Litorânea. Ampliar a
capacidade das BRs 280, 282, 470,
MEIO AMBIENTE
Conferir maior racionalidade
à legislação ambiental, que
atualmente conta com mais de 27
mil normas federais e estaduais de
meio ambiente.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Hermanos Street Food, que oferece sanduíches especiais, comemorou publicamente a aprovação da lei
AGORA É LEI
Food trucks regulamentados
O que muda com o
novo modelo de
negócio em Joinville
Marcela Güther. Cozinha móvel, de
dimensões pequenas, sobre rodas,
que transporta e vende alimentos
de forma itinerante. O termo e a
ideia dos chamados food trucks
remontam ao Texas, nos Estados
Unidos, em meados do século 19.
Charles Goodnight adaptou um
caminhão militar para transportar
alimentos e refeições aos que viajavam milhas para manejar gado.
Com o tempo, surgiram alternativas
52 ACIJ
e complementações ao modelo de negócio, mas a maioria oferecia alimentos prontos ou de fácil finalização. Depois da crise econômica de 2008, muitos chefs norte-americanos investiram na ideia para salvar seus restaurantes, sofisticando a velha tradição. A tendência, que tomou fôlego mundial,
está sendo regulamentada em Joinville, onde a modalidade se popularizou
a partir de eventos realizados em finais de semana na Expoville.
Como qualquer outro negócio, o empreendimento de um food truck requer planejamento, conhecimento do mercado, análise de demanda, concorrência e vários outros fatores. Em outubro de 2015, a prefeitura sancionou lei
municipal, normatizando a atividade. A Lei Complementar 443, de autoria do
vereador Fábio Dalonso, tem o objetivo de regulamentar o comércio de alimentos em vias e espaços públicos e particulares nos food trucks. A Associação Joinvilense de Food Trucks aguarda a efetiva regulamentação, que visa à
sadia exploração do setor e proporciona ganhos compatíveis, atraentes e permanentes, sem prejudicar outros estabelecimentos fixos ou ambulantes, de
forma a manter o equilíbrio no mercado e viabilizar o incremento da atividade
econômica. “Na regulamentação, constará a maneira de distribuição dos pon-
tos controlados pela administração municipal e os valores que os carros deverão pagar
mensalmente”, aponta Rogério Dioti, vice-presidente da associação, sócio proprietário
do Food Truck La Pasta Nostra e empresário
no ramo de eventos.
Entre as deliberações que a lei prevê, está
o tamanho dos food trucks (permitido,
no máximo, 6,3 metros de comprimento
e 2,20 metros de largura, fechado). Os
que atuarem em locais públicos devem
ser, obrigatoriamente, itinerantes. Já os
que ficarem em áreas privadas podem
ser estacionários, desde que tenham a
autorização dos órgãos competentes,
como todo o comércio regular, cumprindo
a legislação. Os itinerantes devem ter
cozinhas fixas. A lei ainda determina
alvarás, como de funcionamento,
localização e sanitário. Cada veículo deve
trabalhar com um segmento alimentício –
o tipo mais comum são as hamburguerias
– e as franquias podem ter, no máximo,
duas unidades em espaços públicos. No
processo de regulamentação, também
estão sendo solicitadas as vistorias
de órgãos como Corpo de Bombeiros
Voluntários de Joinville, Vigilância
Sanitária, Secretaria do Meio Ambiente
de Joinville (para a licença ambiental) e
da Polícia Civil (para licença de venda de
bebidas alcoólicas).
O Comitê Permanente de Desburocratização de Joinville auxiliou o projeto,
sugerindo regras específicas. Milena Zimmermann de Freitas, suplente do comitê e
analista de atendimento do Sebrae/Norte,
lembra que várias capitais e cidades de
grande porte, como Florianópolis, já dispõem de legislação específica para os food
trucks. “A princípio, não se poderia montar
um food truck na cidade, os empreendedores não sabiam como proceder. A legislação foi importante para orientá-los. Regula a questão de uma franquia ter mais
de um local de atuação, os que só atuavam
em eventos e tinham interesse de colocar
mais uma unidade agora sabem o que fazer. Ajudou muito.”
53 ACIJ
Nova lei regula o comércio de alimentos em vias
e espaços públicos e privados pelos food trucks
Eventos gastronômicos
incentivaram empreendedores
Odair Figueiredo, empresário e organizador de eventos gastronômicos de food trucks, principalmente na Expoville e Joinville
Square Garden, ressalta que essas promoções foram sucesso de
público, atraindo de 20 a 30 mil pessoas. Ele participou da organização do Sabor Joinville, em comemoração ao 165° aniversário
da cidade, nos dias 8 e 9 de março. A primeira edição contou com
trucks e barracas de Joinville e região e ofereceu espaços gastronômicos para os chefs joinvilenses – além da presença de seis
cervejarias artesanais. “Joinville é carente desse tipo de evento,
sempre lota. Antes, o food truck era novidade, muitos vinham
experimentar e conhecer o negócio. Agora, deixa de ser a atração
principal dos eventos, então temos que investir em outras atividades no mesmo local”, aponta.
O empresário participou da articulação da lei dos food trucks.
Ele observa que a regulamentação tende a ocorrer após os primeiros eventos, já que muitos empreendem no ramo ao conhecer a
nova modalidade. “É uma onda, que também passou por cidades
como São Paulo e Curitiba. Depois do segundo evento em Joinville, foi criada a Associação Joinvilense de Food Trucks, levando
a regulamentação a ser discutida com outras entidades”, explica.
“Com a lei, a prefeitura determina os locais públicos onde os food
trucks podem ficar. Esse é o grande ganho. Em Joinville, existem
muitas praças abandonadas – com um food truck, pode-se atrair
mais público para esses lugares”, aponta.
REVISTA 21 53
Muita gente pensou que os
tais caminhões seriam um fenômeno passageiro. “Mas nos surpreendemos, o público joinvilense
comprou a ideia, o pessoal gosta de comida de rua”, diz Renato
Stoklosa, sócio do irmão Rodrigo
no Hermanos Street Food, um
food trailer especializado em sanduíches. O Hermanos começou a
participar de eventos em Joinville
e região e hoje circula por outras
cidades. O food trailer, diferentemente do truck, é puxado por
outro veículo. “Nosso food trailer
é diferenciado, temos uma tenda ao redor, com churrascaria a
carvão. É inspirado nos Barbecue
Smokers, dos Estados Unidos”, ressalta. Por enquanto, o Hermanos
só participa de festivais. “Estamos
avaliando a abertura de franquias
em Chapecó, Blumenau e Jaraguá
do Sul. Em Joinville, pretendemos
criar outro food trailer, extensão
de nossa matriz, para fazer um
teste de mercado”, expõe. Segundo Renato, a lei dos food trucks
tirou o negócio da informalidade.
“Com a regularização, passamos a
Sanduíche de Costela 30 Horas, o mais famoso do Hermanos
ter um CNPJ, podemos regularizar os impostos, deixar tudo em dia. Isso
fortaleceu a categoria.”
Apesar do novo cenário, Rogério Dioti afirma que há muitos obstáculos para a
consolidação dos food trucks em Joinville, com dificuldades que vão da situação
econômica à falta de planejamento para os carros. “Muita gente concebeu seus
veículos pensando nos eventos específicos de food truck. Porém, a tendência é de que
esses eventos diminuam em número e público, pois apenas os adeptos passarão a
frequentá-los”, avalia o vice-presidente da associação. Ele ressalta que é preciso tempo
de maturação para que empreeendedores e clientes tenham a oportunidade de
aperfeiçoar suas relações com a atividade.
Quer orientação?
Vá ao Sebrae
O Sebrae Norte fornece orientação
para quem quer pilotar um negócio do gênero e garantir seu êxito.
“Ajudamos a fazer um plano de
negócios para saber se é um bom
investimento e se é viável. Procuramos esclarecer tudo que é necessário sobre o local, o caminhão, as
exigências legais. Podemos fazer
planejamentos e pesquisas”, frisa
a consultora Milena Zimmermann.
O food truck segue as normas de microempresa – empresas que faturam
anualmente valor menor ou igual a
54 ACIJ
Milena, analista do Sebrae/Norte, dá suporte para abertura do negócio
R$ 360 mil – e empresa de pequeno porte, com faturamento anual na faixa de
R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões. Para microempresas, o Sebrae dispõe do Sebraetec, que promove o acesso à inovação e a serviços tecnológicos. Com o pacote,
é possível reduzir custos, otimizar processos e aumentar vendas. Já o Na Medida, focado nas necessidades do microempresário, prepara o empreendedor
para agarrar oportunidades e lidar com situações difíceis.
PENINHA MACHADO
Empreendimento da Rede Condor, em construção, visa atender à demanda de clientes da Região Sul de Joinville
VAREJO
O bolso aperta, mas
o setor se expande
Em um cenário de instabilidade, o consumidor
não compra como antigamente. Mesmo assim,
o varejo joinvilense prevê investimentos
crescentes, que ultrapassam os R$ 130 milhões,
apenas em três projetos já confirmados
A crise econômica pegou pesado com o varejo. Na região central de Joinville e em alguns bairros, é cena comum ver endereços comerciais cerrando
as portas. Há poucas semanas, a imprensa divulgou um dado eloquente:
o total de lojas funcionando em Santa Catarina caiu 13,8% de 2014 para
2015. “A queda na renda da população e a restrição ao crédito contribuíram para que o varejo tivesse, em 2015, o pior desempenho dos últimos
15 anos no Estado”, escreveu o colunista Cláudio Loetz, do jornal A Notícia. “O resultado fraco das vendas e o fechamento de lojas são reflexo de
uma série de fatores que provocaram a desaceleração no consumo das
famílias, interrompendo um ciclo de crescimento do mercado”, disse, na
imprensa, o presidente da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio/SC), Bruno Breithaupt.
O balanço não parece assustar os players do setor em Joinville, que
55 ACIJ
anunciaram recentemente planos
de investimento superiores à casa
dos R$ 130 milhões, considerando
apenas projetos já confirmados. O
primeiro destes marca a chegada
a Santa Catarina da rede de supermercados Condor, a sétima no ranking nacional, com faturamento de
R$ 3,6 bilhões em 2014, 10 mil funcionários e 41 lojas no Paraná, onde
foi fundada em 1971. A filial joinvilense, no bairro Itaum, Zona Sul
da cidade, exigiu aporte de R$ 50
milhões e vai oferecer um mix do
40 mil itens, viabilizando 700 empregos diretos, com 35 lojas anexas
e praça de alimentação.
A escolha do endereço foi precedida
de um estudo de mercado que
apontou o potencial da região.
“O nome do jogo é sobreviver às
dificuldades e perenizar”, analisa
Cláudio Loetz, comentando o
panorama do setor. Segundo
ele, isso vale tanto para grandes
empreendimentos comerciais
quanto para lojas de rua.
REVISTA 21 55
Garten Shopping investe
R$ 70 mi em expansão
Apesar do cenário econômico pouco amigável, o Joinville Garten Shopping apresentou crescimento em 2015, comparando com o ano anterior.
E ao longo de 2016 planeja continuar avançando. O Grupo Almeida Junior anunciou planos de expansão do shopping, que prevê ampliação de
8 mil metros quadrados e investimentos de R$ 70 milhões. Além disso, o
empreendimento aposta em novas operações e na ampliação do mix de
serviços, atividades e eventos voltados à família.
“Temos um time comercial prospectando e apresentando oportunidades. O shopping está completando seis anos de fundação, com uma obra
de expansão prevista e novos negócios chegando para ampliar o mix de
opções de compra nos setores de gastronomia, moda e calçados. Com
certeza, este ano é o melhor momento para as operações investirem e
crescerem junto com o shopping”, relata Rafael Boettner, que assumiu em
fevereiro a superintendência do Garten Shopping.
Um dos empreendimentos de destaque que vai chegar à unidade é o
Supermercado Belem, loja com conceito de empório e produtos do segmento premium, que também promete apresentar itens do dia a dia a
preço competitivo. Segundo Boettner, hoje o consumidor procura mais
que bom produto e bom preço: quer uma experiência diferenciada que o
motive a retornar àquele local, e se a premissa vale para estabelecimentos
SÉRGIO TORMES/DIVULGAÇÃO
Garten Shopping vai ampliar
área em 8 mil metros quadrados
56 ACIJ
consolidados é mais imprescindível
ainda para novos negócios, instalados dentro ou fora de centros comerciais.
Já o Shopping Mueller ampliou
sua abrangência com 11 novas
operações, além de estabelecimentos que passaram por expansão e
renovação. “Temos compromisso
e obrigação com esta expectativa.
Para isso, trabalhamos com planejamento estratégico alinhado com
nossos lojistas empreendedores e
com novos visionários, que aproveitam momentos de crise para
desenvolver negócios inovadores
aproveitando as oportunidades
deste cenário”, relata a superintendente Áurea Raquel Pirmann.
Para este ano, o Mueller espera
crescer 10% e prevê prospecções
de novos empreendimentos em
segmentos como tecnologia,
serviços, moda e gastronomia. O
investimento deve ficar em torno de
R$ 11,5 milhões, para atualização
e reforma de uma das importantes
âncoras do shopping, projetos
de sustentabilidade, incluindo a
eficiência energética e meio ambiente
e projetos especiais, como segurança,
informações e serviços aos clientes.
Em um cenário de retração, é
anda mais importante que o cliente seja compreendido e tratado de
maneira particular, para que tenha
contempladas suas expectativas
e necessidades. A superintendente do Mueller reitera que, nesse
contexto, as experiências com as
marcas passarão a ser ainda mais
relevantes, já que o ato de compra
está se tornando mais utilitário e
menos impulsivo: “A venda deverá
mais inteligente, estratégica e sedutora. Ou seja, cada detalhe vai
contar para a conquista da venda,
em um processo que precisa fazer
sentido para o consumidor”.
ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
Supermercado, shopping e nova
loja da Havan estariam nos planos
Outras notícias recentes falam em possíveis investimentos do varejo mirando
no longo prazo, para quando se espera maior estabilidade na economia. Um
dos projetos envolveria o Grupo Carrefour, que, segundo a imprensa, estaria à
espera de licença ambiental para iniciar os procedimentos de compra de um
terreno na Avenida Santa Catarina, Zona Sul do município. No ano passado,
o grupo inaugurou 12 novas lojas no país. Além da instalação de grupos supermercadistas, estaria sendo estudada a instalação de uma terceira unidade
da Havan em Joinville e a prospecção para a vinda de um shopping-center na
Zona Sul. A informação é de que se trata de um empreendimento com 200
lojas, além de âncoras, para atender às necessidades da população da região e
de cidades próximas, como Barra do Sul e São Francisco do Sul.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Joinville e Região (Sindilojas), Raulino Esbiteskoski, os empreendimentos citados terão
sua parcela significativa no cenário do varejo joinvilense, cada qual com sua
peculiaridade. Um dos fatores importantes, para ele, é a geração de empregos, peça que move o comércio em todos os sentidos. Contudo, o clima
ainda é de cautela, principalmente para pequenos varejistas. Esbiteskoski
observa que houve, sim, uma queda de operações no município, com a
retração do consumo, e foram poucos os lojistas que fecharam suas metas. “Os consumidores estão receosos, não há dúvidas. As datas festivas e
horários diferenciados do comércio, assim como um bem elaborado plano
57 ACIJ
Shopping Mueller
espera crescer 10%
e investe R$ 11,5 mi
de marketing, auxiliam nas vendas,
mas muitos clientes estão na defensiva e mudaram seu comportamento de consumo, reduzindo gastos”.
Uma dica valiosa para lojistas é
se reinventar, modernizar e criar alternativas para o cliente. E uma ferramenta pode estar nas redes sociais,
com público amplo e mídia a baixo
custo. Essa é uma das estratégias
do empresário José Manoel Ramos,
proprietário da Victhoria Magazine,
em Joinville. Para ele, a fórmula faz
diferença na hora do atendimento
rápido e eficiente. “Percebemos que
o consumidor se informa muito mais
antes de comprar qualquer produto.
Muitas vezes, antes de vir à loja, já viu
o produto e conversou com nossa
equipe de casa mesmo”.
Para chamar a freguesia, também
é preciso caprichar nas vitrines, em
campanhas publicitárias eficientes,
além de investir em formação e
motivação. “Não podemos fugir
da responsabilidade de apresentar
novidades ao consumidor. Muitas
empresas estão equacionando suas
operações para esta nova realidade
econômica. É diante da crise que
se cria oportunidades, e a chegada
de novas empresas com grandes
investimentos proporcionará a
geração de mais empregos, o que
aquece a economia e não deixa a
cidade parar. É preciso ser criativo e se
reinventar para aumentar as vendas
e cativar ainda mais os clientes”,
resume Esbiteskoski, do Sindilojas.
REVISTA 21 57
HAPPY-HOUR
Para quem gosta
de viver nas alturas
Voo livre atrai praticantes oferecendo
aventura, adrenalina e belas paisagens
Letícia Caroline. Ser levado pelo vento, a mais de 2 mil metros de atitude, com a oportunidade de contemplar a natureza intocada, as construções da área urbana e toda beleza
que só quem voa bem alto pode enxergar. A experiência
pode causar medo em muita gente, mas em uma parcela
que cresce cada vez mais a prática de voo livre, seja por meio
de parapente ou paramotor, provoca as melhores sensações, trazendo adrenalina, empolgação e relaxamento.
São pessoas como Cristian Dalçóquio, sócio da Cordaville em Joinville, que sempre praticou esportes e chegou
ao voo livre há quase um ano. Ele procurou a escola NoAr
para se capacitar e tirar sua licença. “Depois de um dia intenso de reuniões, só de vir à escola e abrir o parapente,
já fico feliz. É um ponto de escape para o estresse diário”,
afirma. Seu primeiro voo, em parceria com o instrutor,
foi na Praia Vermelha, em Penha. Da experiência, ficou a
sensação de unir duas paixões: o voo e o mar — Cristian
também já foi velejador de oceano.
Há 10 anos em Joinville, a escola NoAr vê o interesse dos
alunos aumentar a cada ano. Diangelo Stolfi assumiu o
empreendimento em 2015 e tem trabalhado para integrar
as turmas, fazendo com que o vínculo rompa os limites das
aulas, de maneira que todos possam continuar praticando voo
livre juntos. Na escola, é possível se capacitar para piloto de
paramotor, voo livre e voo duplo.
A Sol Paragliders, de Jaraguá do Sul,
tem uma das mais completas linhas de
produtos para voo livre no mundo
58 ACIJ
FOTOS: DIVULGAÇÃO
59 ACIJ
REVISTA 21 59
As turmas da NoAr são formadas por 15 alunos, que se reúnem às
quartas-feiras para as aulas teóricas e
aos sábados e domingos para encontros práticos. São 30 horas de curso,
em que o candidato se prepara para
voar de maneira segura, com instrutores homologados, que repassam
informações sobre navegação, clima
e relevo. Para voar sozinho, em qualquer lugar do Brasil, é preciso tirar
uma licença de piloto nível 1.
Diangelo afirma que a prática
é muito importante. Só assim o
aluno pode sentir o equipamento
e aprender, de fato, a decolar, voar
e pilotar. No voo livre, a pessoa
precisa inclinar o corpo para ganhar
velocidade. No paramotor, é preciso
empurrar, mas sem um desnível, para
a decolagem, já que o equipamento
tem motor. “A acessibilidade do voo
livre é muito grande. Só quem sofre
de labirintite não deve praticar,
mas é indicado para pessoas com
deficiências e até idosos”, garante.
Trabalhando com idosos e praticando voo livre desde 2006, Edson
Roberg sonha em levar as pessoas
da terceira idade para aproveitar as
belezas nas alturas. Edson foi um
dos primeiros alunos da NoAr e hoje
já faz voo duplo com a esposa e os
amigos. “É uma sensação indescritível, de total liberdade”, conta. Seus
voos preferidos são em Gaspar e na
praia, já que é possível aproveitar
duas paisagens diferentes: o interior e o litoral. Também já fez várias
expedições para voar. Essas viagens
são conhecidas pelo pessoal do meio
como “barcas”. Uma expedição para
Minas Gerais, por exemplo, é realizada todos os anos. “Temos público
bom em Joinville e nosso objetivo
é formar uma equipe interessante,
sempre com novas pessoas, dispostas a formar um contato forte de
amizade”, afirma Diangelo.
60 ACIJ
Demanda reprimida
Presidente da Associação Joinvilense de Voo Livre (AJVL), Félix Dias
começou a voar em 2007 e já se interessou em organizar a área para
crescer cada vez mais. A AJVL tem 85 inscritos e seu objetivo maior
é promover o esporte na cidade e região. Para o presidente, um dos
principais problemas é a estrutura. A associação aguarda a liberação
para a construção de uma rampa no Paranaguamirim. Enquanto isso
não se concretiza, eles praticam em Pirabeiraba, na Praia Vermelha e
em Jaraguá do Sul, locais com condições mais acessíveis para quem
está aprendendo. “Desde 2014, vemos que o desenvolvimento da área
vem aumentando. Isso porque investimos mais em divulgação. Acreditamos que há uma demanda reprimida, que vai aparecer quando a
rampa sair do papel”, destaca.
Na página anterior, ao centro,
Cristian Daçoquio, sócio da
Cordaville; em seguida, Edson
Roberg, praticante do esporte; mais
abaixo, Ary Carlos Prady, da Sol
Paragliders. Ao lado, registros da
decolagem de parapente em Jaraguá
do Sul: voo livre é um mercado em
franco crescimento
Cadeia de negócios
O voo livre movimenta toda uma
cadeia de negócios, incluindo o turismo, já que existem 28 rampas
espalhadas pelo Estado. Em 1988,
o empresário Ary Carlos Prady resolveu juntar a paixão pelo voo ao
empreendedorismo e montou a
Sol Paragliders, em Jaraguá do Sul.
“Meu primeiro contato com o voo
livre se deu em 1979, com a asa
delta. Depois, conheci o parapente,
por meio dos primos Walter e Wer-
61
ACIJ
ner Weege. Então, decidi ir para a
Alemanha estudar e aproveitar que
Jaraguá já era um polo têxtil para
começar a produção”, conta.
A Sol Paragliders tem uma das
mais completas linhas de produtos
para voo livre no mundo, fabricando todos os equipamentos utilizados no esporte, exceto os eletrônicos. Atualmente, 90% dos modelos
de parapente utilizados no mundo
são fabricados pela empresa ca-
tarinense, que emprega 130 funcionários diretos e por volta de 30
indiretos.
A Sol Paragliders exporta seus
produtos desde 1993. São 72 países atendidos, representando mais
de 35% da produção. “O Brasil tem
dez mil voadores de parapente,
mas o potencial é, no mínimo, o triplo disso. As atividades ao ar livre
estão em plena disseminação e o
voo livre é um mercado em crescimento”, afirma.
Para Ary, o Brasil é um paraíso
mundial para o voo livre, com
ambiente propício aos voos
competitivos e de lazer. Além disso,
garante que Santa Catarina é um
Estado privilegiado, com lugares
fáceis e acessíveis para voar, sem
contar as paisagens que envolvem
praias, serras, campos e cânions.
REVISTA 21 61
18
51
DIÁRIO DE VIAGEM
A região que ajudou
a fazer Joinville
Nesta edição, a proposta não é visitar apenas um lugar – mas,
também, um outro tempo. Vamos a Siblingen, a localidade
suíça que faz fronteira com a Alemanha e de onde vieram
75 dos 125 passageiros da Barca Colon, a pioneira a chegar à
Colônia Dona Francisca, em março de 1851. Hoje, com pouco
mais de 800 habitantes – ou exatos 834, em 2014 –, a cidade
segue tendo na agricultura a sua principal atividade.
À época das imigrações, a Suíça, como toda a Europa, passava por dificuldades econômicas – e atravessar o Atlântico
em busca de novas oportunidades foi uma alternativa para
muitos agricultores e profissionais de várias outras áreas. Entre 1850 e 1856, exatos 739 suíços vieram para Joinville.
Integrante do Estado – ou cantão – de Schaffhausen, no
Extremo Norte, a área total de Siblingen não chega a 10 quilômetros quadrados. Cerca de 90% é formada por áreas de
agricultura e florestas. A cidade tem, hoje, dois restaurantes e
um hotel e sua culinária, típica do interior, é muito prestigiada.
Imagem de 1896 mostra a terra que os
colonos deixaram, para morar no Brasil
62 ACIJ
Três imagens de um paraíso.
Um lugar se mantém pequeno
e agrícola, está na origem e no
coração de parte expressiva dos
suíços que vieram para Joinville
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Perto de 90% da área
total da cidade é formada
por agricultura e florestas.
Sem grandes tradições
turísticas, tem apenas um
hotel e dois restaurantes,
mas a culinária típica do
interior é muito prestigiada
Desde aquele tempo do final do século 19, até hoje,
Siblingen se mantém um encanto de cidade do interior
63 ACIJ
Siblingen,
Suíça
REVISTA 21 63
CONTRAPONTO
FÁBIO ABREU
Para além do
marketing verde
ALBANO SCHMIDT
Compromisso, diretriz e estratégia
Ser referência em sustentabilidade
é um dos objetivos estratégicos da
Termotécnica, inserido em todos os
negócios e processos da empresa.
Basta dizer que a Termotécnica é
responsável por aproximadamente
30% de todo o EPS reciclado no Brasil.
Com investimentos em tecnologia
e inovação, a empresa desenvolve
soluções que atendem às necessidades de clientes e do mercado. Nossas
soluções conferem benefícios únicos
aos clientes, seja nas edificações, para
conservação de energia, entre outras
vantagens econômicas e ambientais,
ou nas embalagens que garantem a
integridade dos produtos em toda a
cadeia de consumo, com a vantagem
adicional de que o material pode ser
reciclado, possibilitando novos usos.
64 ACIJ
Essas ações envolvem todo o ciclo de vida do produto, desde a produção de matéria-prima, processos
de transformação, disponibilização
no mercado, e, por meio da logística
reversa e da reciclagem, retornando
como novas soluções e aplicações.
Para ampliar e conscientizar a sociedade sobre a viabilidade econômica,
social e ambiental da reciclagem desse material, há quase duas décadas,
a Termotécnica desenvolve o Programa Reciclar EPS e lidera o Desenvolvimento da Cadeia de Logística
Reversa que tem, atualmente, participação de mais de 710 agentes. São
varejistas, cooperativas, gerenciadores de resíduos, indústrias e importadores em todo o país, além de mais
de 100 colaboradores da Termo-
técnica, envolvidos diretamente no
recolhimento do EPS pós-consumo,
contando ainda com cerca de 1.200
pontos de coleta. E, por meio do site
www.reciclareps.com.br, qualquer
pessoa, em todo o Brasil, pode saber
onde há um ponto de coleta ou reciclagem mais próximo.
A constância, consistência e relevância vêm sendo reconhecidas pelo
mercado com inúmeros prêmios
ao longo dos anos, culminando em
2015 com a nossa presença no Guia
Exame de Sustentabilidade como a
empresa mais sustentável do setor
químico do país e destaque nacional
em gestão de resíduos.
Albano Schmidt
Presidente da
Termotécnica e expresidente da ACIJ
RODRIGO COUTINHO
Transparência e ética
O conceito do marketing verde ganhou força no Brasil nos anos 90,
após a Rio Eco 92, quando as empresas passaram a dar mais atenção à
importância da preservação ambiental, não só pelo fato de colaborar com
a natureza, mas pela necessidade
de associar sua marca ao conceito
da sustentabilidade, fortalecendo a
confiança do consumidor, que despertou de vez para as questões ambientais após o grave cenário de mudanças climáticas.
Com o aumento dos consumidores conscientes, cresce a desconfiança sobre a transparência das
empresas com relação ao serviço
ou “produto verde” que está sendo
oferecido ao mercado. O marketing
ambiental precisa ser trabalhado de
forma transparente, caso contrário
a marca corre sérios riscos de ter a
credibilidade comprometida. Primeiro, é necessário fazer o dever de casa,
que é ter uma sólida gestão ambiental voltada para o desenvolvimento
sustentável. Depois, identificar quais
ações ambientais podem ser potencializadas pelo setor de marketing,
para elaboração de uma identidade
que agregue valor à marca e confiança nas informações apresentadas.
Uma das categorias do Prêmio
Expressão de Ecologia, maior premiação ambiental do Sul com reconhecimento do Ministério do Meio
Ambiente, é chamada de “Marketing
Ecológico”, e tem registrado diminuição de projetos nas últimas edições.
Apesar de várias empresas utilizarem
THEREZINHA DE OLIVEIRA
Não é história da carochinha
Em uma época de descrédito em
pessoas e instituições conhecidas
como a que estamos vivendo, falar
em “marketing verde” pode parecer
história da carochinha. Mas, a partir
do entendimento de que o conceito
de marketing está fortemente relacionado com a responsabilidade que
uma empresa possui diante da sociedade, o “marketing verde” traria para
os clientes informações sobre como
se dá a sua responsabilidade ambiental ou a sua gestão para a sustentabilidade, tanto relacionada ao processo
produtivo quanto ao produto.
A forma como as empresas
atuam frente às questões ambientais é uma informação importante
para uma parte crescente da população, que vem manifestando suas
65 ACIJ
preocupações com a sustentabilidade do planeta, especialmente, no
momento do consumo.
Na era da comunicação e das
redes sociais, em que a velocidade
da informação é imensa, mostrar
um produto ou processo e falar
bem dele pode parecer tarefa fácil.
No entanto, não se pode negar que
qualquer problema nesse produto
ou processo também virá à tona de
forma fácil e rápida. Assim, é grande
o risco para as empresas que promovem campanhas de marketing
calcadas nas questões ambientais
e de sustentabilidade sem agir, verdadeiramente, de forma responsável com o meio ambiente, podendo
gerar perda irreparável de confiança
por parte de seus clientes.
o marketing em sua gestão ambiental, poucas ressaltam sua importância em um projeto. Pioneiro na
neutralização de carbono na comunicação brasileira, o Grupo RIC SC conquistou a premiação nessa categoria.
Iniciado em 2011, com o plantio de
8 mil mudas de espécies nativas, o
projeto conquistou a certificação carbononeutro®, mediante a compra de
créditos de carbono para neutralizar
um volume de 858 tCO2e. O case demonstra que até as empresas de comunicação podem executar projetos
visando à gestão ambiental e ao controle da poluição, além de promover
ações ecoeficientes.
Rodrigo Coutinho
Coordenador executivo
da Editora Expressão e
do Prêmio Expressão de
Ecologia
A palavra sustentabilidade tem
se tornado comum nas campanhas
de marketing de muitas empresas
que, às vezes, sequer entendem seu
significado e não se posicionam nem
em questões básicas como reciclagem e reaproveitamento de resíduos,
reuso de água e consumo sustentável, quanto mais em uso de tecnologias limpas, química verde, análise de
ciclo de vida de produtos, ecoeficiência etc. Se todas se colocam como
sustentáveis, as que, de verdade, são
ambientalmente responsáveis devem lançar mão do “marketing verde” para se diferenciar por meio de
informações claras e consistentes.
Therezinha de Oliveira
Coordenadora da PósGraduação em Saúde
e Meio Ambiente da
Univille
REVISTA 21 65
CABECEIRA
ANDRÉ KOPSCH
DESTAQUE
Empreendedorismo em meio à fantasia
Autor do livro “A Batalha do Apocalipse” e da trilogia
“Filhos do Éden”, Eduardo Spohr, compartilha sua
experiência junto à literatura de entretenimento
Quando criança, Eduardo Spohr, filho de um piloto de aviões e de uma
comissária de bordo, viajava o mundo conhecendo diferentes culturas e
países. Talvez tenha partido daí o interesse de levar milhares de pessoas
a uma viagem única, a partir das histórias retratadas em suas obras literárias. Nascido no Rio de Janeiro, desde pequeno, o escritor produzia
contos. A partir de 2002, resolveu se dedicar a escrever seu primeiro livro. Também professor, blogueiro e podcaster, Spohr estudou comunicação social, dedicando-se, primeiro, à publicidade, mas voltando-se mais
tarde ao jornalismo.
No ano de 2010, o autor lançou sua primeira obra. De lá para cá, vem
cativando cada vez mais fãs no mercado literário. Mergulhando o leitor no
66 ACIJ
universo fantasioso de suas obras,
Spohr acaba de lançar o terceiro
livro da saga “Filhos do Éden”, intitulado “Paraíso Perdido”, que veio
divulgar em Joinville, quando conversou com a Revista 21 sobre sua
trajetória empreendedora no ambiente literário da fantasia.
INTERESSE PELA LITERATURA
Parece que o interesse pela literatura esteve sempre comigo. Desde
criança, sempre escrevi. Quando
fiquei desempregado, em 2002,
resolvi que iria tirar um tempo
para a produção de um livro, que
era uma vontade antiga. Já havia
escrito alguns relatos, mas nada
muito sério, no caderno mesmo,
até como contos. Aí peguei a história que tinha em mente, escrevi
o livro e tentei publicá-lo por intermédio de editoras. Após algumas
recusas, resolvi fazer uma produção independente da obra. Por
meio de uma iniciativa no Rio de
Janeiro, consegui fazer 30 livros.
Participei de um concurso, no qual
ganhei 100 livros, e logo vendi
esses exemplares. Adiante, vendi
mais 500, e cada vez mais pessoas
procuravam a edição. Em 2009,
consegui uma nova tiragem, com
4 mil exemplares, e depois de todo
esse processo finalmente veio a
proposta para contrato com uma
editora. Penso que a editora é uma
empresa que busca o lucro, não
há nada de errado nisso. Errado é
quando você é paralisado pelas recusas. O pulo do empreendedorismo é você não desistir, tentar por
conta própria, aos poucos, no começo. Vale para o lançamento de
livros ou qualquer outro cenário
no qual se planeja investir.
PUBLICAÇÕES DE FANTASIA
NACIONAL E INTERNACIONAL
Acho que, atualmente, para o leitor,
não existe muito mais essa diferenciação. Claro que a livraria precisa categorizar o material e criar
os gêneros literários, mas acredito
que para os leitores não há muita
percepção dessa diferença. O leitor
não tem preconceitos referentes à
literatura nacional ou internacional, independentemente do tema.
Acho que a literatura brasileira está
crescendo em qualquer área, seja
partindo de temas relacionados à
fantasia ou não.
67 ACIJ
DIVULGAÇÃO
Trilogia do autor,
nascido no Rio de
Janeiro e jornalista
de profissão
PÚBLICO-ALVO
GANHANDO O MUNDO
Nunca escrevi pensando no público infantojuvenil, apesar de essa
faixa etária representar grande
parcela de meus leitores. Sempre
pensei na leitura ser classificada
como adulta, até porque trato de
temas pesados ou polêmicos em
minhas obras, como holocausto,
escravidão, além dos trechos de
batalhas e violência. Escrevo, na
verdade, sem me ater muito a essa
questão, buscando cativar os leitores de maneira geral.
Já foram lançados exemplares de
meus livros na Alemanha, Portugal, Turquia e Holanda. Agora, estou
tentando ir para esses lugares, fazer
eventos, porque valorizo muito o contato mais próximo com os leitores.
Gostaria muito de fazer e lançar também exemplares em outros lugares,
traduzir para o inglês e expandir.
ESTÍMULO À LEITURA
A literatura que pega a formação
de leitores (conheço pessoas que
começaram a gostar de ler com
35 anos) acontece com livros de
entretenimento, livros que você lê
para se divertir. Citando gêneros, a
literatura policial apresenta obras
que propõem um jogo ao leitor,
para que ele tente descobrir o que
se passa em meio à trama. Vejo a
literatura de entretenimento como
grande responsável pela formação
de leitores em todo o mundo.
PARA QUEM PENSA EM
ESCREVER O PRÓPRIO LIVRO
Tenho duas dicas rápidas: uma
delas é criativa. Escreva seu livro!
Parece bobo, mas muitas pessoas
falam que querem lançar uma obra
literária, mas não têm o esboço
da história e não vão adiante. Ter
a disciplina de escrever e terminar
é muito importante. Já na hora de
lançar a obra, cada um precisa encontrar o seu caminho. Não existem duas trajetórias iguais, assim
como não há escritores iguais. Não
há uma fórmula mágica, você precisa batalhar muito até que encontre um caminho confortável para
seguir adiante.
REVISTA 21 67
CAMPANHA
Livros para todos
Espalhar conhecimento e cultura por intermédio da leitura. Duas iniciativas
em Joinville têm esse objetivo em comum. São elas o projeto JoinvilLê, da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), e o “Ler é viajar sem sair do lugar”, organizado
pela professora Mariza Schiochet. O JoinvilLê, lançado em 2013, consiste em
uma biblioteca móvel acoplada a uma bicicleta, que fica no Terminal Central.
Nas prateleiras, são disponibilizados livros para empréstimo gratuito, sem prazo para devolução. Doações para a campanha de arrecadação de livros podem
ser feitas nas unidades da FCJ, como museus e Casa da Cultura Fausto Rocha
Junior. Há também caixas para depósito de livros na Udes, Univille e Unisociesc
do Boa Vista e da Marquês de Olinda.
Já o segundo projeto consiste na distribuição de “Caixas de Leitura” em 11
pontos da cidade, como escolas, instituições sociais e comunidades carentes. A
professora Mariza procura, com ajuda de parceiros, desenvolver momentos de
socialização nos locais, tais como contação de histórias e apresentações teatrais e musicais. Os livros são doados por escritores, amigos, alunos, familiares
e vêm até mesmo da própria coleção da professora. A agência Mercado de Comunicação, voltada para assessoria de imprensa e publicações corporativas,
é parceira do projeto. Quem se interessar em mandar doações, pode entrar
em contato pelo telefone (47) 3025-5999 ou encaminhar os materiais para o
endereço da agência: Rua Uruguai, 253, bairro Itaum.
LANÇAMENTO
Efeitos da
escassez sobre
as pessoas
Restrições limitam as pessoas – em
sua capacidade cognitiva, principalmente. Seja pela fome, falta de
dinheiro ou de tempo, dois pesquisadores criam polêmica ao afirmar
que privações prolongadas afetam
a produtividade, o autocontrole e a
criatividade. Mas propõem formas
de lidar melhor com a inexistência
de recursos. Escrito por Sendhil Mullainathan, professor da Faculdade de
Economia de Harvard, e Eldar Shafir,
professor de psicologia de Princeton,
o livro aponta uma lógica comum a
68 ACIJ
todos os tipos de “Escassez”, o tema
que dá nome à obra. Seus autores são
os fundadores da Ideas42, empresa
sem fins lucrativos que busca soluções para problemas sociais por meio
de estratégias baseadas em comportamento.
Na obra, eles criam um conceito
novo, que chamam de “largura de
banda” – ou a capacidade de tomar
decisões mantendo o foco e resistindo às tentações. Quando chega a
escassez, a largura de banda se reduz
bastante, quase como quando se entra em um túnel e se perde a visão
periférica.
E ilustram isso com o exemplo
da eficácia no tratamento do diabetes – a negligência dos pacientes que,
premidos pelos demais compromissos diários, esquecem da medicação,
ainda provoca mortes por uma doen-
ça que seria bem mais administrável.
Para ajudar nisso, uma empresa criou
o GlowCap, frasco de comprimidos
que brilha se deixa de ser aberto o
número correto de vezes por dia – e
envia mensagem de texto ao usuário.
Ao citar esse exemplo, os pesquisadores explicam que a intenção é
mostrar que é possível usar a tecnologia barata, discreta e eficiente para
tratar dos problemas de largura de
banda. E utilizam outros exemplos
emblemáticos, como a crise econômica de 2008, como referencial.
Escassez
Sendhill Mullainathan e
Eldar Shafir
384 páginas
R$ 44,90
Editora Best Business/
Grupo Editorial Record
ROGÉRIO DA SILVA/SECOM
Campanha “JoinvilLê”, da Fundação
Cultural: biblioteca móvel no terminal
de ônibus, com acesso gratuito
NEGÓCIOS
Sustentabilidade
é palavra de
ordem
Anemarie Dalchau, economista e
professora da Univille
Quero destacar que o livro, escrito
há 17 anos, em tempos em que o
assunto sustentabilidade e meio
ambiente permeia toda a economia, mantém-se atual. É apresentado como uma obra para executivos
que queiram “reinventar”, ou “fazer
a diferença”, numa economia cada
vez mais competitiva. Sustentabilidade é palavra de ordem nesta
obra de 15 capítulos. Os autores já
69 ACIJ
começam falando sobre a próxima
Revolução Industrial que deve levar
em conta a valorização do capital
natural e uma mudança de atitude,
relacionada a quatro estratégias
desse modelo de capitalismo.
Na sequência, discorrem sobre
a eficiência e eficácia de alguns setores econômicos, como o automobilístico e do refrigerante Coca-Cola. O desperdício é a tônica de toda
a obra, levando ao questionamento
sobre “crescimento versus progresso”, entre outros, numa fabricação
mais eficiente no uso de energia e
água. Destacam sua preocupação
com os custos marginais, relacionando-os ao melhor aproveitamento dos benefícios de uso sustentável dos recursos disponíveis e
eliminando desperdícios.
Os ganhos de capital têm des-
taque, numa visão de que o tributo
deve ser sobre o desperdício e não
sobre o trabalho, onde o meio ambiente é a fonte de qualidade principal no processo produtivo. Assim, definem Capital Natural não como um
conceito em si, mas como “a soma
total dos sistemas ecológicos que
sustentam a vida”. Finalizam com
uma reflexão sobre nosso planeta e
a necessidade urgente de revermos
nossas ações sobre ele. Todo o capital tem valor. Inclusive e, principalmente, o natural.
Capitalismo Natural
Paul Hawken, Amory
Lovins, Hunter Lovins
362 páginas
R$ 57,50
Editora Cultrix, 199
REVISTA 21 69
3 LIVROS
Decifrando o mercado econômico
A seleção desta edição apresenta um trio de títulos para quem quer entender
o atual cenário econômico. As indicações são de Marcel Junkes, assessor de
investimentos da Manchester Investimentos. Marcel é graduado em engenharia
mecânica pela UFSC e tem MBA em gestão empresarial.
Crescemos menos Política social,
do que podemos mas com receita
Os autores tentam explicar os
motivos pelos quais o Brasil cresce abaixo de seu potencial. Em 15
capítulos com títulos pouco usuais,
como “O Elefante na Sala” e “A Tia
Doida”, Giambiagi e Schwartsman
enumeram problemas que hoje
atrapalham a economia. Entre eles,
o aumento dos gastos públicos, o
baixo avanço da produtividade e a
falta de reformas.
Complacência – Entenda
Por que o Brasil Cresce
Menos do que Pode
Fabio Giambiagi e
Alexandre Schwartsman
Editora Elsevier – Campus
70 ACIJ
A obra faz uma análise detalhada dos
riscos da profusão desenfreada de
direitos aos cidadãos sem a devida
previsão de receita para cobrir esses
investimentos sociais. O “governo
grátis” se caracteriza por ser um fenômeno político que promete distribuir vantagens e ganhos para todos,
sem custos para ninguém. Ou pelo
menos sem discriminar claramente
quem paga a conta e de que forma.
O Mito do Governo Grátis
Paulo Rabello de Castro
Editora Edições de Janeiro
Combinação
perversa
Mendes utiliza seu conhecimento
teórico e sua experiência no setor público para explicar ao leitor o motivo
do baixo crescimento econômico ser
uma escolha nossa, uma decisão que
se traduz na perversa combinação de
altos gastos públicos, elevada carga
tributária, baixo investimento público, baixa qualidade dos serviços de
educação, insegurança jurídica e baixa poupança do setor público.
Por que o Brasil Cresce
Pouco?
Marcos Mendes
Elsevier –Campus
DIVULGAÇÃO
Ana Paula, em atuação na peça teatral “Árida Coragem”: artista
polivalente e produtiva, completa duas décadas de carreira neste ano
DICA 21
A raiz forte da música joinvilense
Raiz Forte, novo CD
de Ana Paula, será
distribuído pela Tratore
no Brasil e vai estar nas
plataformas de música
pela internet
Uma das mais ativas expressões da música joinvilense, compositora, intérprete e produtora, Ana Paula da Silva completa 20 anos de estrada em 2016 – e tira do forno seu sexto
CD. “Raiz Forte” tem show de lançamento marcado para 17 de junho, no Teatro Juarez
Machado. Um gostinho do novo trabalho foi compartilhado com o público em encontros
musicais no modelo voz-e-violão, ao longo do mês de março, em espaços como o Museu
da Imigração e a Biblioteca Pública, dentro de projeto bancado pelo Sistema Municipal de
Desenvolvimento pela Cultura (Simdec).
“Mais senhora do ouro de sua arte do que nunca, Ana Paula fez um disco conciso,
preciso, personalíssimo”, conceitua o pesquisador musical Osmar Günther, no texto de
apresentação do álbum. No CD, que sai cinco anos após o trabalho anterior, composições
da artista, com algumas parcerias e duas faixas do compositor e violonista Chico Saraiva,
ao lado de Juliano Holanda e Kiko Dinucci, além de uma releitura da chilena Violeta Parra,
na música “Casamiento de Negros”. O caprichado encarte é ilustrado pelo artista plástico
Humberto Soares. O disco conta com o piano de Davi Sartori, Willian Goe na bateria e
percussão, Robertinho Silva também na percussão, mais a participação vocal da filha de
Ana, Clara, e de um coro de cantoras de Itajaí.
Ana Paula da Silva não para quieta. Escolhida melhor cantora do ano, em 2015, pelo 3º Prêmio da
Música Catarinense, ao longo de poucos meses, participou de um circuito de shows pelo interior
do Paraná, promoção do Sesc, esteve no elenco da peça teatral “Árida Coragem” e produziu dois
espetáculos distintos, além de assinar a realização do festival “Aldeia de Todos os Cantos”, que
chegou à terceira edição.
71
ACIJ
REVISTA 21
71
3 PERGUNTAS
ELTON COSTA/DIVULGAÇÃO
tamento de oportunidades (treinamento + indicadores de
performance + incentivos). Aumente o número de contato com clientes (marketing de conteúdo e educativo) para
fortalecer relacionamentos (não apenas para vender).
Aprimore processos internos (diminua erros, retrabalho,
torne-se mais ágil e eficiente). Vire referência para os seus
clientes – quando eles lembrarem de algo na sua área ou
setor, precisam necessariamente pensar em você como
número 1. Eduque seus clientes para comprarem melhor
e a reconhecerem qualidade e diferenciais. Enfim, atitude
positiva e iniciativa. Não fique parado, teste muita coisa e
aprenda: o que funciona, faça mais. O que não funciona,
aprimore ou descarte.
2
RAUL CANDELORO
Consultor, palestrante e diretor da revista VendaMais
Reconhecido especialista nas áreas de vendas e gestão,
formado em administração, com MBA pela Babson College (EUA), Raul Candeloro esteve em Santa Catarina para
falar a corretores de imóveis, em evento da construtora
Rôgga. Conversou com a Revista 21 sobre como garantir
a eficiência de uma equipe de vendas em um contexto de
crise econômica.
1
Ser vendedor ainda é uma profissão atraente,
nestes tempos em que o consumidor segura os
gastos o quanto pode?
Sim, ser vendedor continua sendo atraente, demandado e necessário. Pergunte para qualquer empresário se ele tem vaga para um excelente vendedor ou
vendedora. Todos dirão “sim, com certeza”. Um bom vendedor é um investimento, e quanto mais gente competente na área comercial, mais oportunidades de superar
desafios e crescer a empresa tem. E como vender em um
contexto de crise econômica? Algumas recomendações:
foco na fidelização de clientes, peça indicações e estimule
as recomendações e o marketing boca a boca, teste novas formas de prospecção (primeiro, lembre-se de definir
bem seu público-alvo). Aproveite todos os pontos de contato e relacionamento para criar um vínculo emocional
mais forte com os clientes e se diferenciar da concorrência. Melhore a eficiência da equipe comercial no aprovei-
72
ACIJ
O varejo tem reclamado sobre queda brusca
nas vendas, até mesmo em datas especiais
como Natal e Dia das Mães. Em que isso se
reflete na motivação das equipes?
Como a maior parte dos vendedores é comissionada, é
natural que uma queda nas vendas se reflita em desmotivação, já que os ganhos caem e os vendedores ficam
com tempo livre. O segredo é canalizar essa frustração de
maneira produtiva, para ações que tragam resultados. Especificamente, recomendo três áreas para fazer isso: atração de clientes, percentual de aproveitamento de oportunidades (de cada 100 contatos/clientes, quantos fecham
uma compra?) e valor médio de compra ou ticket médio:
quanto cada cliente que compra está gastando em média? E como podemos melhorar esse número?
3
O que é mais difícil vender hoje, bens de valor
mais expressivo, como imóveis e carros, ou
objetos de consumo diário?
Alguns setores da economia sofrem menos no
começo das recessões. Artigos de luxo, por exemplo. Pessoas de alta renda geralmente têm mais flexibilidade e
“sobra” no orçamento mensal. Já produtos de consumo
diário, sem grandes diferenciais, sofrem mais e precisam
de atenção extra. O segredo aqui é encontrar um posicionamento que trabalhe algum dos motivadores psicológicos de compra do cliente: busca do ganho, lucro ou
benefício; medo da perda ou do prejuízo; evitar incômodo
ou desconforto; status, reconhecimento, destaque social;
realização pessoal. Um posicionamento que reforce um
desses motivadores têm muito mais chance de sucesso do que um produto/serviço genérico qualquer, que o
cliente encare como commodity. Onde não existe diferenciação, o cliente define preço como fator preponderante
de decisão. Então precisamos entender quais dos pontos
psicológicos podemos trabalhar, via posicionamento, para
não sermos “mais um”.
73 ACIJ
REVISTA 21 73
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