Pensar Contábil - Busca rápida
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Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ ISSN 1519-0412 vol. vol.XII XII nºnº48 48 maio/ago. mai./ago.2010 2010 Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos no Controle de Gestão Aspecto Humano e Cultural Aspecto humano cultural no de gestão O Papel da GestãoeContábil emcontrole Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira O Papel da Gestão Contábil em Microindústrias: um Estudo Empírico emInformación uma CapitalMedioambiental Brasileira La Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders A Informação Ambiental Divulgada pelas Empresas Turísticas de Alojamento: um Enfoque Segundo a Teoria dos Stakeholders 1 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Co ntábil Corpo Editorial Francisco José dos Santos Alves Rio de Janeiro – RJ Editor Doutor em Contabilidade e Controladoria – FEA/USP, professor da Universidade Estácio de Sá e professor da UERJ Antonio Miguel Fernandes Rio de Janeiro – RJ Mestre em Ciências Contábeis – UERJ, professor da Faculdade Moraes Júnior, da EPGE da FGV Management e do CPGE da UCAM Expediente Conselho Diretor do CRCRJ Diva Maria de Oliveira Gesualdi Diva Maria de Oliveira Gesualdi Presidente Rio de Janeiro – RJ Contadora, Pós-Graduada em Gestão Financeira pelo ISEP e em Contabilidade Empresarial pela UniverCidade e professora da Faculdade Moraes Júnior Mackenzie-Rio, da UniverCidade, do MBA de Perícia e de Auditoria e Compliance da Universidade Cândido Mendes Vitória Maria da Silva Vice-presidente João Antonio da Silva Cardoso Regina Célia Vieira Ferreira Vice-presidente Operacional Rio de Janeiro – RJ Contador, economista, advogado, mestre em Sistema de Gestão. Professor da FGV e da Faculdade Moraes Júnior Mackenzie-Rio. Francisco José dos Santos Alves Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional Florianópolis – SC Doutor em Contabilidade – USP e professor da UFSC José Alonso Borba João Bosco Lopes Vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina Josir Simeone Gomes Carlos Alberto do Nascimento Vice-presidente de Registro Lino Martins da Silva Rio de Janeiro – RJ Pós-doutorado em Controle de Gestão na Universidade Carlos III de Madrid e professor da UERJ Rio de Janeiro – RJ Graduação em Contabilidade pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas Moraes Júnior (1967) e em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1984). Livre-docência pela Universidade Gama Filho. Professor-adjunto da UERJ e coordenador-adjunto do Curso de Mestrado em Contabilidade. Claudio Vieira Santos Vice-presidente de Interior Maria Thereza Pompa Antunes Vicente de Paulo Muniz Vice-presidente de Ouvidoria São Paulo – SP Doutora em Controladoria e Contabilidade – USP e professora adjunta – Universidade Presbiteriana Mackenzie/FAAP Ana Cláudia Lima Corrêa Vice-presidente de Controle Interno Nahor Plácido Lisboa São Paulo – SP Doutor em Controladoria e Contabilidade – FEA/USP, professor da FEA/USP e pesquisador da FIPECAFI Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro Sandra Maria dos Santos Rua Primeiro de Março, 33 – Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP: 20.010-000 • tel.: (21) 2216-9595 • fax: (21) 2516-0878 www.crc.org.br Envio de artigos e assinatura: [email protected] Data de impressão: agosto/2010 Tiragem: 2.000 exemplares Fortaleza – CE Pós-Doutorado em Economia Regional e Urbana – UFPE/PIMES, doutora em Economia Industrial – UFPE/PIMES e editora-chefe da Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão Waldir Jorge Ladeira dos Santos Rio de Janeiro – RJ Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana-UERJ, Mestre em Contabilidade Financeira – UERJ, professor da UERJ, da Faculdade Moraes Júnior e da EPGE da FGV Management ISSN 1519-0412 Distribuição: por assinatura anual (R$ 16,00) Atendimento ao assinante •tel.: (21) 2216-9608 / fax: (21) 2516-9607 Consultores Ad Hoc “As opiniões emitidas em artigos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução de qualquer matéria, desde que citada a fonte.” Produção editorial: Cajá – Agência de Comunicação Dr. André Carlos Busanelli de Aquino, Dr. Antônio Lopes de Sá “in memorian”, Dr. Francisco Antonio Bezerra, Dr. José Maria Dias Filho, Dr. Marcelo Coletto Pohlmann, Dr. Natan Szuster, Dr. Poueri do Carmo Mário, Dr. Ricardo Lopes Cardoso e Dr. Vinícius Aversari Martins. Jornalista responsável: Leonardo Mancini - Mtb 18.296/84/40v Diagramação: Paulo Carvalho Impressão: Gráfica Sermograf Apoio administrativo: Maria de Fátima Gomes Bacelo, Alex da Silva Peccini e Patrícia Silva CONCEITO QUALIS/CAPES: B4 Esta revista é indexada na base Atena (www.atena.org.br) e no Catálogo Latindex (www.latindex.org) Ficha catalográfica 2 P418 Pensar Contábil, v. 1, n.1, ago. 1998-. - Rio de Janeiro: CRCRJ, 1998-. Quadrimestral ISSN 1519-0412 1.Contabilidade. I.Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro CDU – 657 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Editorial Senhores leitores, Informamos que, a partir desta edição, a periodicidade da revista Pensar Contábil passa a ser quadrimestral. Lembramos que até 15/09/2010 o CRCRJ estará recebendo trabalhos para concorrer ao Prêmio Contador Geraldo de La Rocque, edição 2010. Os trabalhos apresentados são analisados, também, para possível publicação nesta Revista. O Regulamento encontra-se disponível no site www.crc.org.br. Participe! Nesta edição, temos dois artigos classificados, respectivamente, em 2º e 3º lugares na última edição do Prêmio Contador Geraldo de La Rocque, quais sejam: “Aspecto Humano e Cultural no Controle de Gestão”, que oferece uma discussão de detalhes de modelo de controle de gestão; e o artigo “O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos”, que teve como objetivo analisar a atitude de estudantes da área contábil quando confrontados com questões antiéticas. Destacamos que todos os artigos referentes ao Prêmio passaram pelo processo de “revisão cega”. Além desses, constam também os artigos: “Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007”, que tem como objetivo avaliar o desempenho organizacional no agronegócio brasileiro, através da Sumário Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao Setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), a partir de informações contábil-financeiras dos anos de 2006 e 2007, utilizando indicadores de rentabilidade, alavancagem e imobilização; “O Papel da Gestão Contábil em Microindústrias: um estudo empírico em uma capital brasileira” analisa como as microindústrias avaliam a contabilidade e os serviços prestados pelo profissional contábil em relação à gestão de seus negócios; e “La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un enfoque según la teoría de los stakeholders” analisa a informação divulgada sobre questões ambientais pelas empresas turísticas de alojamento e o grau de desenvolvimento destas informações, seus conteúdos e em que medida responde a demanda dos stakeholders. É com orgulho que damos ciência que o Portal Atena já registrou 53.646 acessos, até julho de 2010. Deixamos aqui registrada in memorian a valiosa participação do Prof. Dr. Antonio Lopes de Sá, que muito contribuiu como avaliador de artigos para a revista Pensar Contábil, tendo nesta edição dois artigos por ele avaliados. Francisco José dos Santos Alves Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional Summary 5 Analysis of the Accounting and Financial Performance in the Brazilian Agribusiness: applying DEA to the Agroindustrial Sector in the years 2006 and 2007 Kátia de Almeida Kátia de Almeida Marcelo Alvaro da Silva Macedo Marcelo Alvaro da Silva Macedo O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos 22 31 The Human and Cultural Management Control 36 The Role of Management Accounting in Microindustries: an Empirical Study in a Brazilian Capital Adriana Luiza Rathke Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro Adriana Luiza Rathke Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro Edna Ghiorzsi Varela Parente Edna Ghiorzsi Varela Parente La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders (A Informação Ambiental Divulgada pelas Empresas Turísticas de Alojamento: um Enfoque Segundo a Teoria dos Stakeholders) 31 Agnaldo Machado Agnaldo Machado O Papel da Gestão Contábil em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira 22 Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho Aspecto Humano e Cultural no Controle de Gestão The Behavior of Future Accountants Facing Different Ethical Dilemmas 5 46 Environmental Information Disclosed by Companies Tourist of Accommodation: an Approach Under Theory of Stakeholders 36 46 Fabiana de Cássia de Araújo Silva Maria Victoria López Pérez Fabiana de Cássia de Araújo Silva Maria Victoria López Pérez Uma publicação do Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 3 - 4, maio/ago. 2010 3 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Orientações aos colaboradores da Revista Pensar Contábil Perfil temático e objetivos da publicação: A Revista Pensar Contábil é um periódico trimestral do Conselho Regional de Contabilidade, existente desde agosto de 1998 e tem como missão a divulgação de artigos relevantes na área de contabilidade, com o objetivo de fomentar a pesquisa. Mecanismo de avaliação de artigos: Podem encaminhar artigos para a revista colaboradores do Brasil e do exterior. Os artigos recebidos são avaliados pelo Corpo Editorial e consultores externos, através do sistema double blind review, não sendo conhecidos os autores durante a avaliação. Os artigos são apreciados e pontuados para uma edição específica da revista. Envio e regras para publicação de artigos: Os artigos deverão ser inéditos, podendo estar no idioma português, espanhol ou inglês. Devem ser encaminhados para o e-mail [email protected], nos prazos e características a seguir: Para publicação na Revista número 49 – set./dez. - 2010 50 – jan./abr. - 2011 Prazo para receber artigos 31/08/10 30/12/10 a) em folha de rosto, deverá constar: - o título do artigo; - identificação e qualificação do(s) autor(es) constando: o nome completo, número de registro (se for o caso), formação e qualificação profissional e/ou acadêmica (no caso de citar instituição de ensino, informar também o CEP, Cidade e UF correspondente); - endereço completo, telefone, fax e e-mail do(s) autor(es); b) a estrutura de apresentação do artigo deverá conter: título do artigo, resumo e palavras-chaves, assim como os mesmos tópicos em inglês (title, abstract, Key words), introdução, desenvolvimento e conclusão; c) a bibliografia completa deverá ser apresentada em ordem alfabética no fim do texto, de acordo com as normas da ABNT (NBR-6023 revisada); d) a formatação do artigo deve ser: - digitado em Word, tamanho A4, fonte Times New Roman; - fonte tamanho 12 para texto e tamanho menor para citações de mais de 3 linhas, notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas; - as folhas devem apresentar margem esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior de 2 cm; - entrelinhas simples; - alinhamento justificado; e) os artigos deverão estar redigidos em português. Os artigos de autores do exterior serão publicados em inglês, espanhol ou português, conforme o caso; f) os artigos deverão ter no mínimo 10 e no máximo 15 páginas; g) os artigos deverão ter sido completa e perfeitamente revisados; h) os direitos autorais dos artigos publicados nesta revista são dos autores, sendo concedidos pelos mesmos os direitos da primeira publicação ao Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro. 4 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 3 - 4, maio/ago. 2010 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: Aplicando DEA ao Setor Agroindustrial nos Anos de 2006 e 2007 Resumo A crescente necessidade de uma maior eficiência nos processos produtivos dentro do âmbito do agronegócio, devido, principalmente, ao aumento da concorrência, torna evidente a importância de possuir um sistema de controle que possa fornecer informações essenciais para o entendimento e aperfeiçoamento das atividades realizadas pelas empresas. Neste sentido, o objetivo deste estudo é avaliar o desempenho organizacional no agronegócio brasileiro, através da aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), a partir de informações contábil-financeiras dos anos de 2006 e 2007, utilizando indicadores de rentabilidade, alavancagem e imobilização. Através da aplicação da DEA, busca-se identificar o índice de desempenho multicriterial de cada empresa e fazer uma análise de benchmarking que mostra o quanto uma empresa ineficiente precisa mudar para se tornar eficiente. Os resultados mostraram que as melhores empresas são aquelas que melhor combinaram seus inputs (índices quanto menor melhor) na busca por output (índice quanto maior melhor). Além disso, as piores empresas são aquelas que necessitam de maiores mudanças em seus níveis de inputs e/ou output para alcançar a eficiência máxima. Por fim, a análise mostrou que as empresas líderes em desempenho não são necessariamente as maiores em termos de receita, evidenciando que não é o tamanho, mas o desempenho superior, o que gera competitividade. Palavras-chave: Agronegócio, Desempenho Organizacional, Eficiência, Índices Contábil-Financeiros, DEA. Kátia de Almeida Rio de Janeiro – RJ Mestre em Gestão e Estratégia em Negócios Professora do DCAC/ICHS/UFRuralRJ1 PPGEN/UFRuralRJ2 [email protected] Marcelo Alvaro da Silva Macedo Rio de Janeiro – RJ Doutor em Engenharia de Produção pela FACC/UFRJ Professor do Curso de Mestrado em Ciências Contábeis da FACC/UFRJ3 [email protected] Abstract The need of more efficiency productive processes in agribusiness sector, specially because of the increase of competition, evidences the importance to have a control system able to supply essential information in order to comprehend and develop the company’s activities. In this sense, the objective of this study is to evaluate the brazilian agribusiness organizational performance by the use of Data Envelopment Analysis (DEA), using accounting and financial information, of the 2006 and 2007 years. By the application of DEA, the purpose is to identify the multicriterial performance index of each company and make a benchmarking analysis, that permit to view how on inefficient company needs to change in order to be effi- DCAC/ICHS/UFRuralRJ – Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis , do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Cep.23890-000 - Seropedica - RJ 2 PPGN/UFRuralRJ – Programa de Pós-graduação em Gestão e Estratégia em Negócios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – CEP. 23890-000 – Seropedica – RJ 3 FACC/UFRJ - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro – CEP. 22.290-240 –Rio de Janeiro – RJ 1 Artigo recebido em 23/03/2010 e aceito em 22/06/2010. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 5 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo cient. The results showed that better ranked companies were those that best mixed its inputs (the lowest the best indexes) in the search of output (the greatest the best index). Further, worse ranked companies were those that required deep changes in its inputs and/or output levels in order to reach the maximum efficiency. Beside, this study showed that the performance leaders aren’t the sales leaders in all segments, evidence that is not the size, but superior performance, which generates competitiveness. Key words: Agribusiness, Organizational Performance, Efficiency, Accounting and Financial Ratios, DEA. um único indicador construído a partir de várias abordagens de desempenho diferentes. Portanto, como congrega diversas perspectivas, a técnica promove uma melhor percepção multicriterial da performance organizacional. O objetivo deste artigo é avaliar o desempenho organizacional no Agronegócio brasileiro, através da aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), a partir de informações contábil-financeiras dos anos de 2006 e 2007, utilizando indicadores de rentabilidade, alavancagem e imobilização. 2. Referencial Teórico 2.1 Agronegócio 1. Introdução Para Batalha et al. (2005) o crescimento previsto para o Agronegócio mundial nas próximas três décadas será de 1,46% ao ano. Além disso, o segmento que desfrutará de maior crescimento é o denominado “depois da porteira”, ou segmento de processamento e distribuição, que deverá duplicar sua participação no montante geral. Consoantes com o crescimento do setor, salientam Batalha et al. (2005), há profundas e visíveis mudanças que acabam tendo impacto decisivo no gerenciamento das empresas agroindustriais. Perante essas modificações, nas últimas três décadas, a atividade, em âmbito tanto nacional quanto mundial, tornou-se extremamente complexa e sensível, em um cenário de acirrada competição. Verifica-se assim que este novo ambiente exige das empresas uma capacidade de adaptação rápida, que demanda o desenvolvimento de novas habilidades e atitudes. Segundo Callado et al. (2006a), a crescente necessidade de uma maior eficiência nos processos produtivos dentro do âmbito do Agronegócio, devido principalmente ao aumento da concorrência, torna evidente a importância de possuir um sistema de controle que possa fornecer informações essenciais para o entendimento e aperfeiçoamento das atividades realizadas pelas empresas. Desta forma, num ambiente de competição globalizada a análise e avaliação do desempenho se tornam cruciais para a sobrevivência de qualquer organização. Os autores concluem dizendo que, verificando-se a qualidade da performance através da utilização dos indicadores de desempenho, os gestores podem tomar decisões mais eficientes sobre as estratégias da organização, uma vez que possuem informações específicas para fins gerenciais. São inúmeras as variáveis do mundo empresarial passíveis de mensuração. No entanto, a literatura não relata modelos de avaliação de performance únicos para todas estas variáveis. A solução normalmente encontrada pelos gestores é a utilização de uma série de metodologias de avaliação capazes de tratar os diferentes elementos da organização. Essas técnicas produzem resultados isolados, uma vez que não consideram a multiplicidade de fatores numa única análise. Neste sentido, a Análise Envoltória de Dados (DEA) apresenta-se como uma medida de desempenho capaz de comparar a eficiência de várias unidades operacionais similares mediante a consideração explícita do uso de suas múltiplas entradas para a produção de múltiplas saídas. Desta forma, esta metodologia faz com que a decisão fique orientada por 6 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Segundo Pereira et al. (2008), o conceito de Agronegócio ou o termo Agribusiness foi formulado por Davis e Goldberg (1957) como sendo a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Segundo Zylbersztajn (2000), desde que este conceito foi elaborado, as relações de dependência entre as indústrias de insumos, produção, agropecuária, indústria de alimentos e o sistema de distribuição não mais podem ser ignoradas. Lopes (2005) complementa que a compreensão do Agronegócio, em todos os seus componentes e interrelações, é uma ferramenta indispensável a todos os tomadores de decisão para obtenção de máxima eficiência. Por isso é fundamental compreender o Agronegócio dentro de uma visão de sistemas que engloba os setores pré-produção, produção e pós-produção. Segundo Roesler e Rippel (2005), Agronegócio é uma designação que está sendo cada vez mais utilizada pelas empresas e setores relacionados direta ou indiretamente com a atividade agropecuária. Isto não significa que a agricultura ou pecuária deixaram de existir, mas as referências a estes setores contemplam outras empresas, estratégias e formas de gestão, que são determinantes para a competitividade de todos, caracterizando, assim, a sua interdependência e inter-relacionamento. Para os autores, no conceito do Agronegócio abandonase a tradicional matriz insumo-produto para utilizar o conceito de estrutura-conduta-desempenho da organização industrial. Assim, é fundamental compreender a estrutura do mercado em que o produto se insere, assim como compreender a importância do enfoque sistêmico para a tomada de decisões empresariais. De acordo com Muller et al. (2006), a estrutura é caracterizada principalmente pela quantidade de vendedores e compradores, pela parcela de mercado desses elementos, pelo grau de diferenciação do produto e pela presença de barreiras à entrada de novos concorrentes. Já a conduta representa as estratégias adotadas pelos agentes e pelas políticas inerentes ao mercado (precificação, inovação, cooperações e rivalidade, entre outras). Por sua vez, o desempenho é o resultado da estrutura e das condutas tomadas dentro de dada indústria. Percebe-se, atualmente, de acordo com Callegaro (2005), entre os países em desenvolvimento um grande avanço na fase de liberação internacional do comércio agroalimentar. Os países estão cada vez mais conscientes de sua interde- Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 pendência global e reconhecem neste contexto oportunidades de expansão de mercados para países que apresentam limitações na produção agrícola. Já Batalha et al. (2005) apontam que questões relacionadas aos alimentos e à agricultura têm funções críticas na segurança e na sustentabilidade de um país. Por conta disso, países como o Brasil vêm no Agronegócio um grande potencial de autoafirmação no panorama mundial. Lourenzani e Lourenzani (2006) destacam que o Agronegócio se encontra hoje como o maior negócio da economia brasileira, sendo uma das principais locomotivas da economia brasileira, tendo contribuído nos últimos anos com entre 25% a 35% do total da produção nacional, gerado aproximadamente 40% de todos os empregos (ocupando cerca de 20% da População Economicamente Ativa) e respondendo por cerca de 40% das exportações (sendo assim uma das atividades mais importantes ao superávit da balança comercial). Tudo isso tem levado o Brasil a uma situação em que se obteve, nos últimos anos, um crescimento de produtividade agrícola de cerca de 80% e de produção agrícola de cerca de 110%. Dessa forma, se o Brasil souber aproveitar mais as suas potencialidades, ele poderá se consolidar como um dos líderes e grande potência mundial neste ramo (AGUIAR et al., 2006; PERSCH e BITENCOURT, 2005; RIBEIRO et al., 2005). De acordo com Zilli et al. (2005) e com Callado et al. (2006a), isso é corroborado pela consolidação do nosso país como campeão de exportações, com desempenho excepcional da soja, do tabaco, do café, sendo ainda o maior produtor de cana-de-açúcar e o maior exportador mundial de álcool (bicombustível), assumiu a liderança do mercado mundial de carne bovina. Ocupa, além disso, o primeiro lugar no ranking mundial de couro curtido e calçado de couro, é o primeiro lugar em venda de frangos no mundo e vende 82% do suco de laranja produzido no mundo. As atuais dinâmicas dos mercados e dos consumidores, no mundo globalizado, têm introduzido novos paradigmas e desafios para o ambiente dos negócios, indistintamente da natureza corporativa que as empresas possuam. 2.2 Desempenho e Agronegócio De acordo com Callado et al. (2006a e 2006b), todas as empresas necessitam de um sistema de avaliação de desempenho, uma vez que a realização contínua do processo de avaliação permite que a empresa conheça a eficiência de suas ações. A definição dos indicadores de desempenho, continuam os autores, a serem utilizados faz parte de uma sequência lógica de procedimentos para desenvolvimento e implementação de um sistema de mensuração e avaliação de desempenho. Assim sendo, determinar que medidas devem ser realizadas depende da complexidade do processo que se deseja avaliar, da sua importância em relação às metas estabelecidas pela empresa e da expectativa de uso gerencial posterior destes dados. Para Benites et al. (2005) a maneira mais concisa de mensurar o desempenho dos negócios é via análise de indicadores contábil-financeiros. Por esta óptica, o desempenho é medido através de dados objetivos, onde as principais fontes de recursos para as pesquisas são relatórios publicados con- Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 tendo as informações contábil-financeiras das empresas. Este conjunto de indicadores, quando bem construído, é capaz de abordar a questão do desempenho pela óptica mercadológica e pela óptica do uso dos insumos, ou seja, estes são capazes de justificar a competitividade de determinada empresa, já que mostra sua eficiência na utilização dos insumos para produção de produtos e serviços. Cabe ressaltar que isso só é válido quando o modelo de desempenho é relativo, ou seja, considera a eficiência de cada unidade sob análise como uma resultante de seus indicadores em relação aos das outras empresas (MACEDO, 2005). Para Benites et al. (2005) um modelo de medida de desempenho adequado para empresas que atuam em ambientes de alta competitividade deve traduzir a visão e a estratégia empresarial de forma a avaliar seus esforços de maneira integrada. Há, portanto, a necessidade da aplicação de medidas de desempenho não somente focada no controle, mas também em estratégia. A investigação do desempenho pode ser conduzida pela determinação de medidas de eficiência, que de acordo com Ferreira e Gonçalves (2006) são normalmente representadas por funções de fronteira, em que as firmas eficientes se posicionam necessariamente sobre a fronteira. No que se refere à óptica da produção, essas firmas conseguem produzir o máximo possível, diante de suas restrições. Assim, uma medida de ineficiência seria a distância a que uma unidade de produção se encontra da fronteira. No contexto do que foi abordado sobre performance, até este ponto, cabe destacar quatro características dos sistemas de análise e avaliação do desempenho organizacional: ter caráter relativo, utilizar variáveis financeiras, determinar funções de fronteira e trabalhar com a relação input-output. Estas são exatamente as principais características da modelagem que será utilizada neste estudo. O que se busca neste estudo é apresentar uma metodologia multidimensional, na qual seja possível avaliar o desempenho de empresas agroindustriais de modo multicriterial, ou seja, considerando de maneira integrada todos os vetores de desempenho apresentados. Isto é feito através da utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA), que mostra quão eficiente é uma empresa no tratamento de seus inputs e outputs, em relação às outras. Esta análise fornece um indicador que varia de 0 a 1 ou de 0 % a 100 %, sendo que somente as empresas que obtêm índice de eficiência igual a um é que são efetivamente eficientes, ou seja, fazem parte da fronteira eficiente. Em termos práticos, o modelo procura identificar a eficiência de uma empresa comparando-a com os melhores desempenhos observados. 3. Metodologia do Estudo Esta pesquisa pode ser caracterizada, de acordo com o exposto por Vergara (2004), como sendo descritiva e quantitativa, pois se procura, por meio da aplicação da Análise Envoltória de Dados às informações das empresas que fazem parte da amostra, expor características da performance destas. O processo de amostragem é não probabilístico, pois se parte de um universo naturalmente restrito, já que as empresas foram escolhidas a partir das que constavam na publi- 7 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo cação utilizada. Isso traz algumas limitações de inferência, mas não invalida os resultados da pesquisa, uma vez que as empresas desta listagem são, assumidamente, representativas de boas práticas gerenciais. A pesquisa foi feita a partir de dados secundários colhidos na edição de 2006 e 2007 do Anuário do Agronegócio da revista Exame. Para cada um dos segmentos tinha-se a seguinte situação em relação ao universo e amostra: Quadro 01 – Número de Empresas do Universo e da Amostra por Setor Setor Açúcar e Álcool Adubos e Defensivos Aves e Suínos Café Leite e Derivados Madeira, Celulose e Papel Óleos, farinhas e Conservas Têxtil e Vestuário Empresas excluídas por falta de informação 2006 2007 2006 2007 62 75 6 12 Universo Empresas excluídas por Amostra final problemas de informações 2006 2007 2006 2007 6 23 50 40 24 32 4 5 8 2 12 25 21 15 19 28 15 24 5 2 5 6 4 5 3 2 3 3 2 4 13 11 11 19 19 15 59 35 9 7 8 5 42 23 49 60 11 9 6 15 32 36 21 18 4 4 9 3 8 11 A metodologia DEA se propõe a analisar a relação recursos/produção, ou ainda, entradas/saídas, envolvida na avaliação do desempenho de unidades organizacionais, indicando os fatores que interferem positiva ou negativamente na eficiência destas. Logo os inputs são escolhidos por serem medidas de sacrifício para obter um resultado, e são do tipo quanto menor melhor. Os outputs são os resultados que devem ser maximizados, e por isso são do tipo quanto maior melhor. Nesta pesquisa, de cada uma das empresas selecionadas que fizeram parte da amostra de cada setor, foram coletadas informações disponíveis dos anos de 2006 e 2007 referentes aos seguintes indicadores: Rentabilidade do PL, Alavancagem e Taxa de Receita Imobilizada. O primeiro foi escolhido como output por ser um indicador do tipo quanto maior melhor, e os dois últimos foram escolhidos como inputs por serem indicadores do tipo quanto menor melhor. A seguir, tem-se uma descrição sucinta de cada índice: • Rentabilidade do PL – RPL (output 01): Representa o ganho dos proprietários, sendo obtido pela divisão do lucro líquido contábil pelo valor do patrimônio líquido. É um indicador do tipo quanto maior melhor. • Alavancagem – END (input 01): Representa o risco de capital de terceiros do negócio. É obtido pela divisão do passivo exigível pelo passivo total, representando o percentual de fontes de capital que estão relacionadas ao endividamento da empresa. Sendo assim, é um indicador do tipo quanto menor melhor. Logo é tratado na análise como um input. • Taxa de Receita Imobilizada – IMB (input 02): Representa a relação entre aplicação no imobilizado e nível de operação da empresa, medida pela receita bruta total, ou seja, representa o valor relativo da imobilização em relação ao faturamento, ou ainda, é o inverso do giro do ativo permanente em relação à receita. 8 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Sendo assim, é um indicador do tipo quanto menor melhor. Logo, é tratado na análise como um input. Essas variáveis foram escolhidas por vários motivos. O primeiro deles foi que a escolha teve de se limitar aos índices divulgados pela revista Exame, ou seja, foi muito mais em função da disponibilidade de informações do que por qualquer outro motivo. A utilização de variáveis de endividamento, lucratividade e atividade se deu em função de estes três grupos de índices serem apontados por vários autores, tais como Matarazzo (2003), Perez Jr. e Begalli (1999) e Iudícibus (1998), como representativos de uma boa situação contábil-financeira. Eles conseguem oferecer, em conjunto, uma ampla e diversificada cobertura das diversas naturezas do desempenho contábil-financeiro. Como os outputs representam ganhos contábil-financeiro, nada mais lógico que escolher um índice de rentabilidade para representá-lo. Segundo Perez Jr. e Begalli (1999), os índices desse grupo têm o objetivo de demonstrar o retorno ou rentabilidade do capital investido e a eficiência de sua administração. Os ganhos contábil-financeiros são apontados como sendo os grandes indicadores de lucratividade, por diferentes perspectivas. Foi escolhido como output o índice de rentabilidade do patrimônio líquido, pois segundo Ross (2002) uma empresa é rentável no sentido econômico somente quando sua rentabilidade é maior do que aquela que os investidores podem conseguir por si mesmos nos mercados de capitais. Esse indicador relaciona diretamente o dinheiro dos proprietários com o lucro líquido. A utilização dos índices de endividamento é justificada, segundo Marques (2004), porque os índices desse grupo têm a finalidade de medir a composição e a estrutura de financiamento da organização. Essas medidas relacionam normalmente grupos patrimoniais associados às fontes de financiamento – passivos e patrimônio líquido. Segundo Perez Jr. e Begalli (1999), pode-se dizer, que quanto maior a participação de capital de terceiros, maior o grau de endividamento. Um índice desse grupo foi utilizado como inputs, que representam medidas de sacrifício em uma operação. Um dos inputs é o endividamento geral, já que segundo Iudícibus (1998) a participação do capital de terceiros na empresa, no longo prazo, não pode ser grande, pois isto irá progressivamente aumentando as despesas financeiras e deteriorando a posição de rentabilidade da empresa. Esse índice foi escolhido devido ao alto risco associado a ele para a empresa. O segundo input utilizado foi um índice que foi chamado de taxa de receita imobilizada. Seria, na realidade, a imobilização do nível de atividade, já que é o ativo permanente dividido pela receita. É o inverso do giro do ativo permanente em relação à receita, destacado no referencial teórico. Uma forma de comparar o nível de imobilização com a receita da empresa. Segundo Braga (1999), normalmente, o aumento desse indicador pressupõe uma situação de superinvestimento em imobilizações técnicas (ociosidade dos equipamentos, bens improdutivos, etc.), enquanto sua estagnação pode indicar situação de subinvestimento. Em outras palavras, a lógica é buscar o desempenho das empresas sob análise, utilizando um modelo de comparação Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 para cada setor, de modo a capturar quão eficientes as empresas são em utilizar seus ativos e suas dívidas na obtenção de rentabilidade para seus proprietários. Um grande número de diferentes variáveis, como as apresentadas acima, pode ser utilizado para avaliar a eficiência de unidades organizacionais, tais como empresas do Agronegócio, onde cada uma destas pode ser vista como um vetor de desempenho que representa um diferente aspecto da performance. Estes seriam modelos de avaliação de performance monocriteriais. O que se busca neste artigo é apresentar uma metodologia multidimensional em que seja possível avaliar o desempenho de empresas de diversos ramos do segmento agroindustrial de modo multicriterial, ou seja, considerando de maneira integrada todos os vetores de desempenho apresentados. Isto é feito através da utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA), que mostra quão eficiente é uma empresa no tratamento de seus inputs e outputs, em relação às outras. Esta análise fornece um indicador que varia de 0 a 1 ou de 0 % a 100 %, sendo que somente as empresas que obtêm índice de eficiência igual a um é que são efetivamente eficientes, ou seja, fazem parte da fronteira eficiente. Em termos práticos, o modelo procura identificar a eficiência de uma empresa comparando-a com os melhores desempenhos observados em seu setor. Lins e Meza (2000) ressaltam que um caminho intuitivo para introduzir DEA é por meio de forma de razão. Para cada DMU, procura-se obter uma medida de razão de todos os outputs sobre todos os inputs. Ou seja, a modelagem procura encontrar os pesos ótimos uj e vi para a resolução do seguinte problema de programação matemática: s j -1 m Max Ec = uj yjc vi xic i=1 s S.a.: j= m uj yjk 1,k = 1,2,...,c,...n vi xik i=1 uj vi j, 0, 0, i Neste modelo, que tem orientação para input, c é a unidade (DMU) que está sendo avaliada. O problema acima envolve a procura de valores para u e v, que são os pesos, de modo que maximize a soma ponderada dos outputs (output “virtual”) dividida pela soma ponderada dos inputs (input “virtual”) da DMU em estudo, sujeita à restrição de que esse quociente seja menor ou igual a um para todas as DMUs. Esta função está sujeita à restrição de que, quando o mesmo conjunto de coeficientes de entrada e saída (os vários vi e uj) for aplicado a todas as outras unidades de serviços que estão sendo comparadas, nenhuma unidade excederá 100% de eficiência ou uma razão de 1,00. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Segundo Coelli et al. (1998), este é um problema fracionário (não linear) de programação matemática de difícil solução, que pode ser facilmente resolvido transformando a relação em uma função linear, simplesmente considerando o denominador da função objetivo igual a um. De acordo com Charnes et al. (1994), os modelos DEA-CRS e DEA-VRS podem, então, ser apresentados da seguinte maneira: s j -1 m Max Ec = uj yjc CRS-1 vi xic i=1 s S.a.: uj yjk - j= vi xik 0,k = 1,2,...,c,...,n i=1 uj j, 0, s j -1 m Max Ec = m uj yjc + u’ VRS-1 vi xic=1 i=1 s S.a.: uj yjk - j= uj m vi xik +u’ 0,k = 1,2,...,c,...,n i=1 0, i, j, O modelo DEA-VRS-I é utilizado para a análise dos dados, pois se têm dois inputs e um output em cada modelo de análise. Logo, a modelagem, além de avaliar o desempenho das empresas, procura, em uma análise de benchmarking, melhorias nos níveis de imobilizado e alavancagem e de lucratividade. Em outras palavras, a análise procura, então, o incremento dos outputs (lucratividade) e/ou a redução dos inputs (imobilizado e alavacagem) necessários para a melhoria da performance. Em relação à modelagem utilizada, obteve-se a eficiência de cada DMU através do uso de um software de DEA, apresentado por Meza et al. (2003), denominado SIAD (Sistema Integrado de Apoio à Decisão). Depois de obtidos os indicadores de desempenho das empresas, realizou-se um teste de diferença de médias denominado Desigualdade de Chebyshev, com o intuito de testar se existia ou não relação entre tamanha da empresa (receita) e o desempenho da mesma. O teste consiste em comparar o desempenho das maiores empresas com o desempenho das menores. Este teste, segundo Kazmier (1982), é apropriado quando a amostra for pequena (n < 30) e não se fizer a hipótese de que os dados sejam normalmente distribuídos. A forma da desigualdade de Chebyshev, continua o autor, indica a probabilidade máxima de que a média da amostra esteja localizada a mais do que k unidades de erro-padrão da média da população. Para usar esta desigualdade, conclui o autor, simplesmente se determina a diferença entre as médias amostral e da população, em unidade de erro-padrão, ou seja, divide-se esta diferença pelo valor do erro-padrão. O inverso do quadrado deste valor é, então, comparado com o nível de significância 9 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo predeterminado para a análise. Caso o resultado seja maior que o nível de significância, aceita-se H0 (as médias são iguais). Caso seja menor, rejeita-se H0 e aceita-se, assim, H1 (as médias são diferentes). No caso deste trabalho, tem-se o objetivo de verificar se a média dos índices de desempenho das empresas agroindustriais maiores e menores, estratificadas por setor de atuação, são iguais ou diferentes que as médias de cada setor, nos níveis de significância de 5% e 10%. Em caso de diferenças encontradas, pôde-se observar se existia alguma dominância de um grupo sobre o outro, em função do intervalo de confiança (IC) construído. Este foi construído somando-se e subtraindo-se da média das empresas maiores e menores o valor do produto de k (utilizando o nível de significância) pelo erro-padrão. Se o valor da média setorial estiver dentro do IC, tem-se a igualdade ratificada. 4. Apresentação e Análise dos Resultados Em todas as análises, utilizou-se o modelo DEA-VRS, com orientação input, tanto para obter a eficiência de cada DMU quanto para analisar as mudanças nos níveis de inputs e outputs nas empresas ineficientes para que se tornassem eficientes. Como dito anteriormente, além da análise de eficiência, procedeu-se a uma análise de benchmarking, em que se procuraram os valores ideais para os inputs (alavancagem e imobilizado), mantendo-se os valores para o output (lucratividade) das DMU’s ineficientes, tendo como base de referência as empresas eficientes. Já em relação ao output, os valores ideais não são apresentados, mas podem ser obtidos dividindo o valor atual do output pelo índice de eficiência obtido. 4.1 Ano 2006 Os Quadros de 02 a 09 apresentam os dados e os resultados de eficiência em cada setor. Analisando-os, pode-se perceber que em cada setor se têm as seguintes empresas como eficientes para o ano de 2006: • Açúcar e Álcool: Virgolino de Oliveira, Usina Bela Vista, Usina Santa Adélia, Coprodia, Cevasa, Generalco e Branco Peres. • Adubos e Defensivos: Ultrafértil, Heringer, Fosfértil, Monsanto Nordeste, Nortox, Iharabras e Unifértil. • Aves e Suínos: Aurora, Nutrisa e Claine. • Café: Cacique, Cia Iguaçu, Real Café e Café São Braz. • Leite e Derivados: Garoto, Yakult e Bomgosto. • Madeira, Celulose e Papel: Internacional Paper-SP, Leo Madeiras, Todeschini S.A., Telasul e Samab. • Óleos, Farinhas e Conservas: Santa Amália, Moinhos Anaconda, Nutrella, Insol e Moinho Cearense. • Têxtil e Vestuário: Capricórnio. Os quadros de 02 a 09 mostram também os valores ideais para os inputs. Pela análise destes quadros, observase a necessidade de redução que cada input de cada DMU ineficiente precisaria ter, mantendo-se o nível de output, para que ela se tornasse eficiente. Desta análise verificase que as empresas de menor desempenho são aquelas que, em média, necessitam de maiores mudanças nos níveis de inputs. 10 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Na verdade, estas empresas foram as que melhor combinaram os input (menor) e output (maior). Assim sendo, estas não precisam melhorar em nada seu desempenho. Em relação aos piores desempenhos em cada setor, observam-se as seguintes empresas com baixas eficiências: • Açúcar e Álcool: Agronorte Empresa Agrícola e Açucareira Quatá. • Adubos e Defensivos: Integrada. • Aves e Suínos: Perdigão Agro-industrial S.A., Frangosul e Sadia. • Café: Cofercatu. • Leite e Derivados: Itambé. • Madeira, Celulose e Papel: Santher e Celulose Irani . • Óleos, Farinhas e Conservas: ABC Inco, Copacol, Yoki Alimentos e Nutrimental S.A.. • Têxtil e Vestuário: Estamparia. Na análise de benchmarking, notou-se, através da análise dos resultados do modelo, que em cada setor existia sempre uma empresa que aparecia mais vezes como benchmark. Essas empresas são abaixo discriminadas por setores: • Açúcar e Álcool: Usina Santa Adélia • Adubos e Defensivos: Monsanto Nordeste • Aves e Suínos: Nutrisa • Café: Realcafé • Leite e Derivados: Yakult • Madeira, Celulose e Papel: Todeschini • Óleos, Farinhas e Conservas: Moinhos Anaconda • Têxtil e Vestuário: Capricórnio Por fim, para o ano de 2006, observa-se que não há nenhuma relação entre eficiência e o tamanho das empresas (receita). Isso quer dizer que, nesta análise, empresas com maiores receitas não são necessariamente as mais eficientes ou as menos eficientes. O mesmo ocorre para as empresas com menores receitas. Logo, na análise das empresas agroindustriais no ano de 2006 pode-se inferir que outros fatores, como práticas de gestão, processos enxutos, entre outros, são decisivos para a eficiência de uma empresa. 4.2 Ano 2007 Os Quadros de 10 a 17 apresentam os dados e a eficiência em cada setor. Analisando-os, pode-se perceber que em cada setor se têm as seguintes empresas como eficientes para o ano de 2007: • Açúcar e Álcool: Usina Iracema, Coplana, Usina São Luiz, Cana, Álcoolvale, Usina Sonora e Cevasa. • Adubos e Defensivos: Syngenta, Fosfertil, Fertipar, Monsanto NE, Piratini, Fertigran, Fertipar Bahia e Celera. • Aves e Suínos: Aurora, Cooper A1, Copérdia, Nutriza e Cialne. • Café: Cooparaíso, Cia. Iguaçu, Cocam e Realcafé. • Leite e Derivados: Garoto, Embaré, Tangará, Yakult e Laticínios Jussara. • Madeira, Celulose e Papel: Duratex, Rigesa, Berneck Painéis e Serrados, Tedesco, Bragagnolo e Rigesa do Nordeste. • Óleos, Farinhas e Conservas: LDC Brasil, Moinhos Anaconda, Orlândia e Granfino. • Têxtil e Vestuário: Copasul, Dohler e Capricórnio. CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Na verdade, estas empresas foram as que melhor combinaram os input (menor) e output (maior). Assim sendo, estas não precisam melhorar em nada seu desempenho. Em relação aos piores desempenhos em cada setor, observam-se as seguintes empresas com baixas eficiências: • Açúcar e Álcool: Generalco, Açucareira Zillo Lorenzetti e Usina Colombo • Adubos e Defensivos: Produquímica e Coplacana. • Aves e Suínos: Superfrango, Frimesa e Coopavel. • Café: Cocapec e Cooxupé. • Leite e Derivados: Leitesol e Itambé. • Madeira, Celulose e Papel: Bahia Pulp , Klabin , Celulose Irani e Suzano. • Óleos, Farinhas e Conservas: Wickbold, Copacol, Granol e Quero. • Têxtil e Vestuário: Vicuinha Têxtil e Santista Brasil. Os quadros de 10 a 17 também mostram os valores ideais para os inputs. Pela análise destes quadros, observa-se a necessidade de redução que cada input de cada DMU ineficiente precisaria ter, mantendo-se o nível de output, para que ela se tornasse eficiente. Desta análise verifica-se que as empresas de menor desempenho são aquelas que, em média, necessitam de maiores mudanças nos níveis de inputs. Na análise de benchmarking, notou-se, através da análise dos resultados do modelo, que em cada setor existia sempre uma empresa que aparecia mais vezes como benchmark. Essas empresas são abaixo discriminadas por setores: • Açúcar e Álcool: Cevasa • Adubos e Defensivos: Monsanto Nordeste • Aves e Suínos: Nutrisa • Café: Cia. Iguaçu • Leite e Derivados: Tangará • Madeira, Celulose e Papel: Rigesa • Óleos, Farinhas e Conservas: Moinhos Anaconda • Têxtil e Vestuário: Capricórnio Para o ano de 2007, apenas um setor (Têxtil e Vestuário) mostrou diferença significativa na relação entre desempenho e tamanho. Neste setor, as três maiores empresas (Vicunha, Santista Brasil e Santarense) foram as de pior desempenho. Uma provável explicação para isso é que o setor vem atravessando sérias dificuldades, devido à valorização do Real, ao sucateamento do parque industrial, à competição com produtos importados (principalmente da China), entre outros fatores. Outro ponto relacionado a esta situação é que as empresas vêm tentando recentemente reagir, o que exigiu delas grandes investimentos que ainda não surtiram impacto positivo em seus desempenhos (na verdade, o aumento de capacidade através de investimentos que não deram resultados imediatos causam impacto negativo no desempenho pontual analisado neste trabalho). Ao analisar as empresas menos eficientes, em ambos os anos, verificou-se que, em alguns casos, apareciam empresas ditas “grandes”, listadas entre as de maiores receitas, com nomes consolidados no mercado, elevada receita, parque industrial de ponta, entre outros. Como foi dito, a eficiência foi medida através da relação entre input do tipo quanto menor melhor e output quanto maior melhor. Foram utilizadas como inputs as variáveis Endividamento e Taxa de Receita Imobilizada. Quando uma empresa está em processo de expansão Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 e crescimento, diversificação, entre outros, ela precisa se alavancar, ou seja, adquirir capital de terceiros, aumentando o endividamento. Além disso, nesses processos, muitas vezes acontecem aquisições, compra de imobilizado para construção de novas unidades, modernização do parque industrial, entre outros, o que gera, além do aumento da taxa de endividamento, aumento da taxa da receita imobilizada, sem que isso tenha relação ou provoque aumento de receita na mesma proporção. Quando algum desses fatores ocorre, a empresa, neste tipo de análise, tem redução da eficiência. Empresas que no ano de 2006 surpreenderam aparecendo como menos eficientes, como a Sadia e a Perdigão, não aparecem em 2007, confirmando, como mencionado, que políticas de expansão e aquisições, entre outros fatores, podem interferir neste tipo de análise, tendo como consequência imediata a redução da eficiência em determinado período. Apenas a Itambé aparece nos dois anos. 4.3 Comparação entre os anos 2006 e 2007 Com os dados de eficiência dos dois anos, é possível traçar paralelos e tecer alguns comentários referentes tanto aos setores quanto às empresas que se mostraram eficientes nos dois anos analisados. Em relação à média da eficiência de cada setor nos dois anos pesquisados, verificou-se que o setor de Café se mostrou o mais eficiente em 2006 e 2007. Em apenas dois setores nenhuma empresa foi eficiente em ambos os anos da análise: o setor de Madeira, Celulose e Papel e o Setor de Açúcar e Álcool, como explicado anteriormente. Os demais setores apresentaram empresas que foram eficientes em ambos os anos da análise, como descrito a seguir: • Adubos e Defensivos: Fosfértil e Monsanto Nordeste; • Aves e Suínos: Aurora e Nutrisa; • Café: Cia Iguaçu e Real Café; • Leite e Derivados: Garoto e Yakult; • Óleos, Farinhas e Conservas: Moinhos Anaconda; • Têxtil e Vestuário: Capricónio. Na análise de benchmarking, existia sempre uma empresa que aparecia mais vezes como benchmark. Analisando os dois anos, em alguns setores a mesma empresa apareceu como benchmark em ambos os anos. Foram elas: • Adubos e Defensivos: Monsanto Nordeste • Aves e Suínos: Nutrisa • Óleos, Farinhas e Conservas: Moinhos Anaconda • Têxtil e Vestuário: Capricórnio A única empresa que aparece como menos eficiente nos dois anos estudados foi a Itambé, que pertence ao setor de Leite e Derivados. Foi observado na análise que algumas empresas tiveram altas variações em seus índices de eficiência entre os anos de 2006 e 2007. Em três setores, Café, Aves e Suínos e Têxtil e Vestuário, não houve esse tipo de empresa, e, além disso, esses setores apresentaram grande estabilidade nos resultados. Cabe ressaltar que no Setor Têxtil e Vestuário não houveram grandes alterações no desempenho das empresas, visto que o setor vem atravessando um período de crise há alguns anos. 11 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo 5. Conclusão Este trabalho foi motivado pela necessidade, sempre presente nas organizações, de uma metodologia que avalie o desempenho das empresas e dos setores econômicos. A eficiência é um dos aspectos que vêm governando, em maior ou menor grau, dependendo da organização e do setor, a atuação de empresas no Brasil, principalmente nos últimos anos. O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho organizacional no Agronegócio brasileiro, através da aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), a partir de informações contábil-financeiras do ano de 2006 e 2007, utilizando indicadores de rentabilidade, alavancagem e imobilização. Este estudo teve várias limitações. São elas: a avaliação do desempenho organizacional foi feita focando apenas a perspectiva contábil financeira, e existem várias outras perspectivas para essa análise; as variáveis utilizadas na perspectiva contábil-financeira foram os indicadores de Rentabilidade do Patrimônio Líquido e de Alavancagem e a Taxa de Receita Imobilizada, que foram escolhidas muito mais em função da disponibilidade de informações do que por qualquer outro motivo; limitação tanto em termos temporais, — a pesquisa contempla a análise apenas aos anos 2006 e 2007, por terem sido os anos em que o Anuário do Agronegócio da revista Exame foi publicado com a mesma padronização dos setores — quanto ao objeto da análise — o estudo limita-se à população composta pelas empresas dos setores agroindustriais que cederam seus dados para o anuário de Agronegócios da revista Exame em ambos os anos da análise, já que esta foi a única fonte de coleta de dados; e, por fim, a distribuição dos setores, que foram descritos e analisados no estudo da mesma maneira que na publicação. A metodologia DEA mostrou ser uma metodologia consistente de análise de desempenhos relativos. Consequentemente, é um ferramental que pode ser muito útil em análises de inúmeros aspectos das atividades econômicas, ou até de utilização de recursos públicos. Ainda é muito restrita a sua utilização na avaliação da eficiência econômica, pois há muitas restrições à utilização de modelos não paramétricos à economia, dada a hegemonia ainda dos pressupostos neoclássicos. Para a correta utilização do método, é fundamental a disponibilidade das informações do que se pretende avaliar. São os dados que permitem inúmeras possibilidades de análises. Pôde-se perceber através do estudo que a modelagem DEA aplicada às empresas do setor de Agronegócio, mais especificamente ao segmento de agroindustrial, foi capaz de determinar o desempenho organizacional multicriterial, com base em indicadores contábil-financeiros. Além disso, a modelagem apresentou pontos ótimos para os inputs e outputs das unidades não eficientes, tendo como base de referência as unidades eficientes. 12 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Além disso, percebe-se que as empresas eficientes representam os benchmarks para todas as outras empresas em termos de melhoria nos níveis de input e output. As empresas com desempenho diferente de 100%, porém próximo da eficiência, necessitam de pequenas alterações, mas aquelas unidades com baixíssimo desempenho necessitam de grandes e profundas transformações para que saiam do status de não eficiente para o patamar de eficiente. Ao analisar as empresas menos eficientes, verificou-se que, em alguns casos, apareciam empresas ditas “grandes”, listadas entre as de maiores receitas, com nomes consolidados no mercado, elevada receita, parque industrial de ponta, entre outros. Como foi dito, a eficiência foi medida através da relação entre input do tipo quanto menor melhor e output quanto maior melhor. Foram utilizados como inputs as variáveis Endividamento e Taxa de Receita Imobilizada. Quando uma empresa está em processo de expansão e crescimento e diversificação, entre outros, ela precisa se alavancar, ou seja, adquirir capital de terceiros, aumentando o endividamento. Além disso, nesses processos, muitas vezes acontecem aquisições, compra de imobilizado para construção de novas unidades, modernização do parque industrial, entre outros, o que gera, além do aumento da taxa de endividamento, aumento da taxa da receita imobilizada, sem que isso tenha relação ou provoque aumento de receita na mesma proporção. Quando algum desses fatores ocorre, a empresa, neste tipo de análise, tem redução da eficiência. Logo, cabe ressaltar, que ações de longo prazo podem impactar a análise, afetando negativamente a eficiência. Percebe-se, então, que em cada setor as empresas líderes em desempenho não são necessariamente as maiores em termos de receita. Isso mostra que as instituições de pequeno e médio porte possuem totais condições de sobrevivência e de competição, pois não é o tamanho o que gera a competitividade, mas sim o desempenho superOs resultados deste estudo propõem uma nova percepção sobre a performance de empresas do Agronegócio que não se encontram disponíveis para os gestores e para o mercado em geral através dos balanços e tradicionais análises de índices contábil-financeiros. Ou seja, a partir de informações que não estariam disponíveis pelas técnicas convencionais, os resultados da Análise Envoltória de Dados podem proporcionar melhores condições de competitividade a estas empresas, principalmente quando interpretados e usados com os conhecimentos e julgamentos próprios da alta administração sobre suas operações. O assunto não se encontra encerrado, pois ainda há muito a ser explorado desta metodologia no Agronegócio. Este mesmo trabalho deve ter continuidade através de uma melhor visão dos vetores de desempenho que mais contribuem para uma mensuração mais apurada da eficiência organizacional, aplicando a metodologia aqui apresentada e discutida a outros segmentos do Agronegócio no Brasil. CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Referências AGUIAR, P. S.; BORBA, M. M. Z; SILVA, P. R. C. Evolução do Desempenho Econômico-Financeiro das Maiores Empresas do Agronegócio Brasileiro, 1990-2003. In: Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 44, 2006. Anais do XLIV SOBER. Fortaleza: SOBER, 2006, 1 CD. BATALHA, M. O.; MARCHESINI, M. M. P.; RINALDI, R. N.; MOURA, T. L. O Ensino Superior em Agronegócios no Brasil. 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Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 13 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo Anexos Quadro 02 – Dados e Resultados do Setor de Açúcar e Álcool – 2006 DMU ORDEM Empresa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 76 81 109 112 118 135 145 150 169 180 183 185 187 212 215 217 218 221 235 255 261 285 299 316 317 326 329 333 344 345 364 376 380 383 387 392 409 414 423 435 437 439 453 463 464 465 470 473 477 493 Usina Nova América Usina Caeté Usina Coruripe Santa Elisa Usina da Pedra Usaçúcar Lcd Bioenergia Grarani Virgolino de Oliveira Usinas Itamarati Tavares de Melo Usina Valo do Rosário Usina São Martinho Alta Mogiana Açucareira Zillo Lorenzetti Barra Grande Usina Bazan Usina São João Usina Batatais Usina Vale do Verdão Usina Itaiquara Usina Bela Vista Usina Santa Adélia Usina Nardini Usina São José da Estiva Grupo Colombo Usina Santa Cruz Agroarte Empresa Agrícola Aralco Clealco Usina São Luiz Barralcol Coprodia Usina Iracema Usina Ester Açucareira Quatá Usina Olho D´Água Unialco Usina São Manoel Usina Trapiche Cavasa Agrovale Usian Jacarezinho Agropecuária Boa Vista Alvorada Generalco Campo Alto Pioneiros Branco Peres Usian Roçadinho RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop 4.50 17.00 1.60 60.70 15.00 19.60 10.60 7.60 7.20 10.30 32.20 8.50 9.20 10.30 10.90 11.00 39.20 3.60 28.10 13.80 0.60 41.10 10.20 31.30 31.80 7.80 11.60 2.50 38.70 32.20 16.40 10.90 36.10 5.70 15.50 15.40 15.50 14.10 11.90 15.40 43.60 1.70 1.60 6.20 11.00 64.60 5.00 15.70 54.40 2.30 59.40 49.10 65.90 87.40 40.10 58.00 51.40 38.70 51.20 82.70 53.40 51.90 43.30 61.20 72.50 74.80 48.20 52.50 58.10 39.00 50.60 40.20 23.40 44.40 71.90 71.70 61.90 98.60 60.50 55.90 51.70 46.70 84.50 37.40 49.30 90.20 48.00 78.80 55.10 43.20 56.80 37.20 68.80 27.00 81.20 66.30 51.90 73.30 81.10 35.20 12.91 23.33 10.49 21.17 12.50 43.12 25.35 15.37 0.41 7.57 50.34 10.43 15.16 9.90 4.06 2.55 7.87 33.14 31.95 30.62 12.26 5.29 3.64 27.83 34.05 58.71 2.35 36.34 5.67 47.92 1.96 17.75 1.54 25.09 10.33 21.08 17.16 17.82 33.11 9.77 3.94 12.43 7.11 34.17 10.96 24.18 70.19 37.56 4.80 168.11 0.39 0.55 0.36 0.81 0.65 0.49 0.46 0.60 1.00 0.38 0.66 0.45 0.54 0.38 0.53 0.60 0.81 0.45 0.57 0.65 0.46 1.00 1.00 0.79 0.49 0.33 0.71 0.24 0.77 0.63 0.92 0.51 1.00 0.63 0.53 0.29 0.55 0.32 0.44 0.61 1.00 0.63 0.42 0.87 0.32 1.00 0.45 0.36 1.00 0.66 10.20 17.00 10.20 60.70 15.00 19.60 10.60 10.20 7.20 10.30 32.20 10.20 10.20 10.30 10.90 11.00 39.20 10.20 28.10 13.80 10.20 41.10 10.20 31.30 31.80 10.20 11.60 10.20 38.70 32.20 16.40 10.90 36.10 10.20 15.50 15.40 15.50 14.10 11.90 15.40 43.60 10.20 9.60 10.20 11.00 64.60 10.20 15.70 54.40 10.20 23.40 27.10 23.40 70.97 26.01 28.51 23.62 23.40 51.20 31.11 35.36 23.40 23.40 23.45 38.41 44.57 39.17 23.40 33.13 25.36 23.40 40.20 23.40 34.87 35.14 23.40 43.82 23.40 46.73 35.36 47.56 23.78 84.50 23.40 26.28 26.23 26.28 25.52 24.32 26.23 56.80 23.40 28.97 23.40 25.78 66.30 23.40 26.39 81.10 23.40 3.64 4.00 3.64 17.19 3.90 4.14 3.66 3.64 0.41 2.85 4.81 3.64 3.64 3.65 2.15 1.52 5.19 3.64 4.60 3.83 3.64 5.29 3.64 4.77 4.79 3.64 1.66 3.64 4.38 4.81 1.80 3.68 1.54 3.64 3.92 3.92 3.92 3.85 3.73 3.92 3.94 3.64 2.99 3.64 3.48 24.18 3.64 3.93 4.80 3.64 14 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Quadro 03 – Dados e Resultados do Setor de Adubos e Defensivos – 2006 DMU RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop 1 ORDEM 15 Bunge Fertilizantes EMPRESA 1.70 57.30 4.82 0.41 8.36 23.73 2.00 2 53 Ultrafértil 25.30 34.90 4.19 1.00 25.30 34.90 4.19 3 56 Heringer 19.10 72.20 0.89 1.00 19.10 72.20 0.89 4 72 Mosaic 10.80 42.10 0.47 0.97 10.80 40.81 0.46 5 97 Fosfertil 17.00 22.30 3.62 1.00 17.00 22.30 3.62 6 120 Integrada 2.30 69.20 3.91 0.36 8.54 24.75 1.40 7 128 Monsanto Nordeste 8.60 25.10 1.19 1.00 8.60 25.10 1.19 8 247 Nortox 6.40 12.40 8.65 1.00 6.40 12.40 8.65 9 275 Iharabras 7.50 37.70 0.27 1.00 7.50 37.70 0.27 10 283 Camda 13.80 74.60 1.34 0.56 13.80 41.66 0.75 11 320 Coplacana 23.10 65.50 7.34 0.52 23.10 33.74 3.78 12 346 Unifertil 15.60 47.00 0.62 1.00 15.60 47.00 0.62 ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop Quadro 04 – Dados e Resultados do Setor de Aves e Suínos – 2006 DMU ORDEM Empresa RPLatual 1 8 Sadia 14.70 63.40 12.63 0.55 14.70 35.07 6.99 2 11 Perdigão Agro-Industrial S.A 8.20 68.60 8.44 0.51 8.20 35.01 4.31 3 39 Aurora 13.80 63.00 0.99 1.00 13.80 63.00 0.99 4 57 Frangosul 7.30 67.80 6.90 0.53 7.30 36.24 3.69 5 89 C.Vale 2.40 66.20 1.06 0.95 13.74 62.80 1.01 6 162 Copavel 5.20 68.40 3.61 0.66 8.47 45.13 2.38 7 179 Frimesa 12.70 76.70 3.07 0.71 12.70 54.77 2.19 8 288 Copagrill 2.40 69.60 3.06 0.70 9.44 48.39 2.13 9 291 Cosuel 13.60 59.10 2.47 0.95 13.60 55.90 2.34 10 308 Languiru 1.50 60.40 2.69 0.80 9.38 48.17 2.15 11 312 Avipal Nordeste 1.00 53.50 2.79 0.85 8.54 45.35 2.36 12 421 Nutriza 2.20 24.10 4.02 1.00 2.20 24.10 4.02 13 480 Claine 17.10 31.10 8.78 1.00 17.10 31.10 8.78 RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop Quadro 05 – Dados e Resultados do Setor de Café – 2006 DMU ORDEM Empresa 1 93 Cooxupé 10.80 81.20 1.77 0.68 10.80 55.17 1.15 2 195 Melitta 9.80 65.30 1.04 0.85 9.80 55.67 0.89 3 219 Cacique 4.20 36.80 4.90 1.00 4.20 36.80 4.90 4 277 Coca Trel 6.80 56.80 0.88 0.99 10.07 55.96 0.87 5 301 Cia Iguaçu 8.20 40.60 3.90 1.00 8.20 40.60 3.90 6 313 Cooparaíso 6.10 89.40 0.71 0.79 17.50 62.80 0.56 7 362 Cocapec 11.10 80.20 2.00 0.68 11.10 54.45 1.36 8 433 Cofercatu 8.50 68.20 5.84 0.62 8.50 42.16 3.61 9 457 Realcafé 17.50 62.80 0.56 1.00 17.50 62.80 0.56 10 462 Café São Braz 3.70 50.10 1.13 1.00 3.70 50.10 1.13 11 500 Cocam 5.40 59.60 13.11 0.64 5.40 37.94 4.60 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 15 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo Quadro 06 – Dados e Resultados do Setor de Leite e Derivados – 2006 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ORDEM 60 67 113 201 245 284 322 325 334 360 411 Empresa Itambé Garoto Batávia Coperativa Batavo Leitbom Yakult Confepar Barry Callebaut Bom Gosto Ibituruna Laticinios Jussara RPLatual 3.60 30.40 15.60 11.60 5.10 7.70 4.50 11.90 71.80 14.90 42.80 ENDatual 71.30 56.50 46.20 61.00 56.60 21.70 68.90 37.60 87.50 54.40 73.10 IMBatual 5.29 0.73 7.30 5.00 3.31 1.92 2.62 3.70 3.16 1.62 8.56 EFF 0.34 1.00 0.65 0.42 0.51 1.00 0.53 0.69 1.00 0.76 0.79 RPLprop 9.57 30.40 15.60 11.60 12.28 7.70 17.59 11.90 71.80 20.69 42.80 ENDprop 24.56 56.50 29.81 25.70 28.72 21.70 36.86 26.01 87.50 41.61 57.73 IMBprop 1.82 0.73 2.07 2.00 1.68 1.92 1.40 2.00 3.16 1.24 2.60 Quadro 07 – Dados e Resultados do Setor de Madeira, Celulose e Papel – 2006 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 ORDEM 19 21 23 33 41 44 82 84 106 107 111 153 158 188 194 204 222 232 239 248 262 264 294 303 307 319 335 374 377 378 395 398 399 428 434 444 461 467 475 488 490 499 EMPRESA Klabin Suzano Vcp Aracruz Duratex Ripasa Internacional Paper-Sp Cenibra Veracel Santher Rigesa Eucatex Placas Trombini Voith Paper Pesa Celulose Irani Pisa Penha Berneck Agromerados Leo Madeiras Mile Adami Todeschini S.A Giroflex Brasilgráficas Inpa Embalagens Flexíveis Diadema Móveis Carraro Plantar Tedesco Miforte Única Facepa Maden Rigesa do Nordeste Cyklop Telasul Bragagnolo Samab Duraflora Canoinhas RPLatual 17.60 11.00 11.60 21.40 15.20 9.60 34.80 18.00 1.50 13.40 12.00 6.90 9.60 5.00 24.30 19.00 1.00 15.70 0.80 26.30 23.60 8.70 2.20 18.50 3.60 13.60 3.00 4.30 9.00 19.10 2.10 2.30 17.10 1.30 6.30 6.50 10.70 26.10 3.90 17.50 6.00 8.70 16 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 ENDatual 58.60 57.80 42.70 46.90 37.60 45.10 55.40 61.20 50.20 79.90 16.40 55.30 60.30 34.00 68.40 71.00 71.90 49.90 60.80 45.20 34.10 61.60 45.40 11.80 58.90 49.10 63.60 36.40 46.90 45.90 49.90 68.30 23.30 48.60 36.00 19.40 49.50 51.60 55.70 50.10 15.90 53.70 IMBatual 21.69 54.34 17.67 28.00 2.33 9.99 21.02 43.80 33.04 2.86 10.01 15.07 6.09 7.49 4.36 5.50 10.26 4.31 3.07 16.96 0.19 3.08 8.42 0.47 1.05 1.29 7.43 2.41 0.79 8.35 0.97 3.64 2.99 1.28 3.39 2.17 4.74 0.41 5.89 0.18 31.80 3.01 EFF 0.20 0.20 0.28 0.42 0.31 0.26 1.00 0.19 0.24 0.16 0.72 0.21 0.20 0.35 0.50 0.19 0.16 0.24 0.19 0.72 1.00 0.19 0.26 1.00 0.35 0.32 0.19 0.32 0.45 0.29 0.39 0.17 0.51 0.33 0.33 0.61 0.24 1.00 0.21 1.00 0.74 0.22 RPLprop 18.50 18.50 18.50 21.40 18.50 18.50 34.80 18.50 18.50 18.56 18.50 18.50 18.50 18.50 24.30 19.00 18.50 18.50 18.50 26.30 23.60 18.50 18.50 18.50 20.45 19.44 18.50 18.50 20.61 19.10 20.22 18.50 18.50 19.44 18.50 18.50 18.50 26.10 18.50 17.50 18.50 18.50 ENDprop 11.80 11.80 11.80 19.56 11.80 11.80 55.40 11.80 11.80 12.06 11.80 11.80 11.80 11.80 34.52 13.23 11.80 11.80 11.80 32.66 34.10 11.80 11.80 11.80 20.35 15.92 11.80 11.80 21.03 13.40 19.32 11.80 11.80 15.89 11.80 11.80 11.80 51.60 11.80 50.10 11.80 11.80 IMBprop 0.47 0.47 0.47 4.13 0.47 0.47 21.02 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 2.20 1.03 0.47 0.47 0.47 10.30 0.19 0.47 0.47 0.47 0.36 0.42 0.47 0.47 0.35 1.23 0.38 0.47 0.47 0.42 0.47 0.47 0.47 0.41 0.47 0.18 0.47 0.47 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Quadro 08 – Dados e Resultados do Setor de Óleos, Farinhas e Conservas – 2006 DMU 1 ORDEM Empresa RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop 18 Kraft Foods 13.20 58.70 1.55 0.54 13.20 31.74 0.84 2 25 Lcd Brasil 16.50 58.70 1.61 0.63 16.50 9.05 1.01 3 30 Coamo 15.10 46.90 2.36 0.40 15.10 18.60 0.94 4 105 Cocamar 22.50 54.40 1.61 0.96 22.50 25.80 1.55 5 108 Bianchini 3.00 50.30 1.39 0.41 5.60 20.79 0.57 6 132 Comigo 2.50 36.00 3.31 0.28 14.03 9.93 0.91 7 142 Yoki Alimentos 12.30 57.90 5.75 0.16 14.47 9.37 0.93 8 144 Coperalfa 8.80 54.20 4.35 0.20 13.22 10.97 0.88 9 151 Copacol 3.70 52.20 6.58 0.15 15.71 7.78 0.98 10 196 Marilan 29.30 66.80 2.47 0.88 29.30 48.44 2.17 11 198 Quero 4.70 57.00 4.07 0.21 12.49 11.92 0.85 12 202 Clarion 2.80 74.90 0.83 0.54 2.80 32.93 0.45 13 226 Abc Inco 6.70 60.30 20.85 0.11 16.70 6.50 1.02 14 229 Santa Amália 1.00 26.70 0.39 1.00 1.00 26.70 0.39 15 244 Parati 1.20 55.20 4.50 0.20 13.32 10.85 0.88 16 250 Selmi 27.50 51.00 5.05 0.75 27.50 38.43 3.81 17 254 Moinhos Anaconda 16.70 6.50 1.02 1.00 16.70 6.50 1.02 18 263 Piraquê 15.60 19.90 7.28 0.33 16.70 6.50 1.02 19 267 Orlândia 0.70 50.30 2.09 0.33 8.69 16.81 0.70 20 306 Agropalma 3.30 11.50 2.34 0.57 16.70 6.50 1.02 21 314 Nutrimental S.A. 5.10 67.50 5.39 0.16 13.19 11.01 0.88 22 367 Kowalski 23.90 61.00 1.88 0.89 23.90 30.46 1.68 23 384 Ocrim 3.90 18.60 2.22 0.44 15.44 8.12 0.97 24 401 Nutrella 31.20 47.20 5.73 1.00 31.20 47.20 5.73 25 406 Coplana 0.80 67.70 3.64 0.21 10.57 14.39 0.77 26 413 Moinho do Nordeste 13.90 69.20 1.73 0.50 13.90 34.36 0.86 27 417 Insol 12.10 65.10 0.73 1.00 12.10 65.10 0.73 28 436 Tondo 4.30 54.30 1.74 0.36 6.72 19.34 0.62 29 442 Moinho Cearense 29.80 50.10 2.22 1.00 29.80 50.10 2.22 30 476 Santa Helena 16.10 39.80 4.17 0.24 16.10 9.46 0.99 31 498 Prodasa 20.50 73.70 5.77 0.26 20.50 18.90 1.48 32 63 Fábrica Fortaleza 11.70 43.00 3.34 0.26 13.02 11.23 0.87 Quadro 09 – Dados e Resultados do Setor de Têxtil e Vestuário – 2006 DMU 1 ORDEM 49 Empresa São Paulo Alpargatas RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop 15.70 33.60 6.90 0.72 21.30 24.30 0.79 2 256 Paramount Texteis 1.60 46.60 4.65 0.52 21.30 24.30 0.79 3 272 Santanense 4.20 46.70 4.37 0.52 21.30 24.30 0.79 4 310 Aunde 19.80 39.60 3.42 0.61 21.30 24.30 0.79 5 311 Capricórnio 21.30 24.30 0.79 1.00 21.30 24.30 0.79 6 363 Copasul 11.40 48.10 3.75 0.51 21.30 24.30 0.79 7 441 Toyobo Do Brasil 9.10 30.60 3.54 0.79 21.30 24.30 0.79 8 482 Estamparia 10.00 81.30 5.01 0.30 21.30 24.30 0.79 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 17 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo Quadro 10 – Dados e Resultados do Setor de Açúcar e Álcool – 2007 DMU 1 ORDEM 44 Empresa Usina da Barra RPLatual ENDatual IMBatual EFF RPLprop ENDprop IMBprop 16.80 64.70 12.58 0.56 16.80 35.96 6.99 2 47 Cosan 20.50 58.90 18.25 0.64 20.50 37.54 11.63 3 63 Usina Nova América 13.40 64.10 9.13 0.52 13.40 33.28 4.74 4 80 Usina Coruripe 3.10 52.10 23.16 0.49 7.41 25.41 11.30 5 82 Ldc Bioenergia 8.90 61.50 81.64 0.37 8.90 22.50 29.87 6 85 Guarani 19.50 50.30 18.00 0.71 19.50 35.66 12.76 7 98 Usaçúcar 13.00 56.50 32.92 0.50 13.00 28.32 16.50 8 127 Usina da Pedra 11.60 39.90 30.91 0.66 11.60 26.45 20.49 9 132 Usina São Martinho 6.10 39.40 22.70 0.62 7.06 24.55 14.14 10 144 Usina Colombo 8.60 74.90 18.17 0.36 8.60 27.27 6.62 11 154 Santelisa 11.70 77.00 19.68 0.38 11.70 29.55 7.53 12 156 Usina São João 11.20 62.70 61.58 0.40 11.20 25.24 24.79 13 157 Usina Cerradinho 0.50 69.70 22.26 0.38 7.77 26.29 8.40 14 158 Equipav 2.10 66.40 40.22 0.37 6.98 24.36 14.76 15 160 Virgolino de Oliveira 7.50 61.70 4.35 0.63 11.60 38.96 2.75 16 202 Usina Batatais 17.90 59.50 54.06 0.50 17.90 29.61 26.91 17 209 Barra Grande 6.50 72.90 3.11 0.63 13.34 46.06 1.96 18 211 Clealco 22.40 59.10 70.85 0.55 22.40 32.65 27.87 19 214 Unialco 33.40 90.20 8.91 0.64 33.40 57.86 5.72 20 218 Açucareira Zillo Lorenzetti 6.60 73.80 21.03 0.36 7.87 26.54 7.56 21 223 Usina Bazan 2.30 42.80 26.87 0.57 6.92 24.22 15.21 22 228 Alta Mogiana 23.10 67.10 56.91 0.50 23.10 33.24 27.43 23 264 Usina Mb 13.10 61.10 12.08 0.52 13.10 31.96 6.32 24 266 Usina Nardini 2.40 45.20 47.76 0.48 5.95 21.84 23.07 25 276 Jalles Machado 13.10 51.00 40.36 0.54 13.10 27.30 21.60 26 278 Usina Iracema 3.90 16.80 39.66 1.00 3.90 16.80 309.66 27 281 Coplana 0.20 71.00 1.39 1.00 0.20 71.00 1.39 28 288 Usina São Manoel 26.30 57.30 44.18 0.63 26.30 36.05 25.40 29 303 Usina São Luiz 13.30 44.80 2.06 1.00 13.30 44.80 2.06 30 322 Cana 26.20 35.90 25.45 1.00 26.20 35.90 25.45 31 327 Usina Ester 5.40 55.60 30.11 0.45 7.15 24.77 13.41 32 330 Campo Alto 11.40 58.20 71.35 0.42 11.40 24.31 29.81 33 335 Alcoovale 58.80 85.40 8.02 1.00 58.80 85.40 8.02 34 350 Agropecuária N. S. do Carmo 7.60 49.20 51.65 0.46 7.60 22.83 23.97 35 357 Usina Olho D´Água 2.90 56.90 14.43 0.47 7.96 26.78 6.79 36 383 Usina Sonora 13.40 47.70 1.84 1.00 13.40 47.70 1.84 37 384 Japungu 0.70 62.50 9.91 0.44 8.27 27.51 4.36 38 388 Usina Roçadinho 1.80 36.80 5.89 0.75 8.26 27.50 4.40 39 392 Generalco 4.70 79.70 18.00 0.34 8.05 26.99 6.10 40 393 Cevasa 8.30 27.60 4.08 1.00 8.30 27.60 4.08 18 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Quadro 11 – Dados e Resultados do Setor de Adubos e Defensivos – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 ORDEM 8 9 24 28 31 35 41 66 79 90 92 94 114 179 187 189 226 235 238 246 260 305 309 325 340 Empresa Bunge Fertilizantes Basf Syngenta Heringer Yara Brasil Fertilizantes Mosaic Ultrafértil Fosfertil Copebrás Milenia Fertipar Coopercitrus Monsanto Ne Produquímica Iharabras Camda Piratini Coplacana Unifértil Fertigran Sipcam Isagro Brasil S.A. Buschle & Lepper Fertipar Sudeste Fertipar Bahia Celera RPLatual 2.90 14.40 7.10 15.20 13.60 22.60 23.10 26.40 36.20 5.00 33.10 8.70 12.30 10.90 11.40 14.10 29.00 11.90 15.30 37.10 12.50 12.60 32.40 24.20 32.50 ENDatual 60.80 53.50 25.60 61.70 62.50 56.20 46.60 29.40 72.60 68.80 49.40 66.70 23.00 76.40 41.00 74.60 42.50 64.60 59.40 68.80 82.60 33.40 57.90 63.03 75.30 IMBatual 2.64 2.78 0.67 4.65 3.06 0.76 6.01 3.26 6.21 0.86 0.55 0.57 0.71 4.73 0.51 0.87 0.88 3.13 0.53 0.49 1.23 0.95 2.08 0.20 0.36 EFF 0.38 0.45 1.00 0.39 0.38 0.76 0.60 1.00 0.89 0.57 1.00 0.70 1.00 0.30 0.95 0.54 1.00 0.36 0.77 1.00 0.43 0.73 0.89 1.00 1.00 RPLprop 12.30 14.40 7.10 15.20 13.60 22.60 23.10 26.40 36.20 13.74 33.10 17.00 12.30 12.30 13.78 14.34 29.00 12.30 16.63 37.10 12.50 12.60 33.40 24.20 32.50 ENDprop 23.00 23.95 23.60 24.32 23.59 39.46 27.90 29.40 64.44 39.01 49.40 46.57 23.00 23.00 39.11 40.40 42.50 23.00 45.73 68.80 35.57 24.34 50.86 63.30 75.30 IMBprop 0.71 1.09 0.67 1.23 0.95 0.57 2.66 3.26 0.50 0.49 0.55 0.40 0.71 0.71 0.49 0.47 0.88 0.71 0.41 0.49 0.53 0.69 0.55 0.20 0.36 Quadro 12 – Dados e Resultados do Setor de Aves e Suínos – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 ORDEM 5 6 27 30 46 50 67 102 119 159 196 200 219 225 241 270 307 329 380 Empresa Sadia Perdigão Agroindustrial Eleva Aurora Doux C. Vale Diplomata Copavel Frimesa Copagril Cooper A1 Cosuel Copérdia Coperguaçu Superfrango Nutiza Auriverde Cialne Avivar RPLatual 22.00 13.40 1.00 25.20 4.20 8.20 20.40 13.40 5.90 19.20 19.80 8.50 13.40 3.70 2.40 15.50 14.70 22.40 0.60 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 ENDatual 61.60 60.70 67.40 67.70 67.80 66.00 81.30 74.00 78.50 72.80 65.10 60.80 61.40 82.10 72.10 27.90 63.20 26.20 68.00 IMBatual 9.84 9.92 4.91 5.44 7.75 2.59 2.53 8.52 8.80 2.58 0.87 3.66 0.34 0.85 13.88 7.16 0.61 33.86 4.39 EFF 0.85 0.58 0.69 1.00 0.60 0.80 0.78 0.54 0.52 0.81 1.00 0.80 1.00 0.73 0.45 1.00 0.97 1.00 0.70 RPLprop 22.00 15.06 14.34 25.20 14.72 13.93 20.40 14.72 14.70 19.20 19.80 14.20 13.40 13.49 15.22 15.50 14.70 22.40 14.25 ENDprop 52.08 34.99 46.45 67.70 40.39 52.88 63.29 40.29 40.67 58.73 65.10 48.68 61.40 60.02 32.42 27.90 61.39 26.20 47.89 IMBprop 8.32 5.72 3.38 5.44 4.62 2.08 1.97 4.64 4.56 2.08 0.87 2.93 0.34 0.62 6.24 7.16 0.59 33.86 3.09 19 Pensar Contábil Kátia de Almeida CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Marcelo Alvaro da Silva Macedo Quadro 13 – Dados e Resultados do Setor de Café – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 ORDEM 59 150 184 192 220 259 334 368 377 EMPRESA Cooxupé Cacique Cooparaíso Cocatrel Cia. Iguaçu Cocapec Café São Braz Cocam Realcafé RPLatual 10.60 1.90 18.30 8.00 12.70 13.20 3.30 20.70 12.00 ENDatual 75.70 40.20 88.50 54.70 39.90 79.30 52.00 62.60 55.40 IMBatual 0.42 6.11 0.42 0.77 4.72 2.14 2.42 11.05 0.27 EFF 0.73 0.99 1.00 0.98 1.00 0.71 0.93 1.00 1.00 RPLprop 12.01 12.70 18.30 12.08 12.70 13.20 12.31 20.70 12.00 ENDprop 55.27 39.90 88.50 53.71 39.90 56.41 48.48 62.60 55.40 IMBprop 0.31 4.72 0.42 0.76 4.72 1.52 2.26 11.05 0.27 Quadro 14 – Dados e Resultados do Setor de Leite e Derivados – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 ORDEM 39 48 83 100 118 140 174 186 199 208 263 279 321 337 387 EMPRESA Itambé Garoto Batávia Vigor Cooperativa Batavo Embaré Tangará Confepar Bom Gosto Yakult Laticínos Jussara Ibituruna Leitesol Leite Betânia Cooprata RPLatual 16.80 37.30 16.80 1.70 31.60 41.90 18.20 27.70 23.20 11.00 41.20 18.60 10.30 28.00 21.80 ENDatual 74.30 59.70 51.90 72.90 55.90 77.90 38.90 64.20 49.50 23.30 58.90 53.40 66.40 61.30 55.00 IMBatual 0.83 1.27 1.45 0.66 1.22 7.42 0.05 2.20 2.47 2.49 1.88 0.71 3.36 5.73 2.30 EFF 0.49 1.00 0.66 0.51 0.91 1.00 1.00 0.70 0.78 1.00 1.00 0.71 0.45 0.71 0.69 RPLprop 17.14 37.30 16.80 17.36 31.60 41.90 18.20 27.70 23.20 11.00 41.20 18.60 13.92 28.00 21.80 ENDprop 36.61 59.70 34.50 37.07 50.69 77.90 38.90 44.89 38.66 23.30 58.90 37.94 29.63 43.34 38.13 IMBprop 0.41 1.27 0.96 0.34 1.11 7.42 0.05 1.54 1.93 2.49 1.88 0.50 1.50 2.15 1.59 Quadro 15 – Dados e Resultados do Setor de Madeira, Celulose e Papel – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 ORDEM 15 17 22 25 32 36 52 58 86 88 108 122 126 148 166 217 253 256 285 297 299 343 353 EMPRESA Suzano Klabim Vcp Aracruz Duratex International Paper Ripasa Cenibra Rigesa Veracel Eucatex Placas Satipel Celulose Irani Berneck Painéis e Serrados Adami Bahia Pulp Plantar Tedesco Duraflora Miforte Bragagnolo Rigesa do Nordeste RPLatual 11.80 20.50 14.10 17.30 18.80 5.20 2.80 23.30 11.50 0.10 14.30 15.80 8.80 13.90 99.60 4.00 2.30 27.10 11.20 10.90 0.30 16.30 6.20 20 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 ENDatual 59.20 64.60 35.60 48.20 33.60 25.50 40.50 55.30 14.10 34.90 48.80 54.30 46.20 77.60 33.20 53.50 74.60 41.70 55.90 32.30 36.00 52.50 20.70 IMBatual 30.69 47.21 17.32 41.41 3.06 15.35 16.05 13.62 6.67 25.04 11.97 16.88 30.69 22.68 42.52 5.36 381.77 8.87 0.73 81.99 2.60 0.94 0.92 EFF 0.27 0.25 0.44 0.32 1.00 0.55 0.37 0.53 1.00 0.40 0.43 0.38 0.31 0.25 1.00 0.37 0.19 0.85 1.00 0.44 0.56 1.00 1.00 RPLprop 11.80 20.50 14.10 17.30 18.80 11.50 10.76 23.30 11.50 11.50 14.30 15.80 11.50 13.90 90.60 7.14 11.50 27.10 11.20 11.50 6.68 16.30 6.20 ENDprop 14.17 16.27 15.55 15.50 33.60 14.10 15.02 29.13 14.10 14.10 21.23 20.49 14.10 19.56 33.20 19.53 14.10 35.47 55.90 14.10 20.10 52.50 20.70 IMBprop 6.91 10.84 7.59 9.39 3.06 6.77 5.95 7.17 6.77 6.77 5.21 6.37 6.77 5.72 42.52 1.96 6.77 7.55 0.73 6.77 1.45 0.94 0.92 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Análise do Desempenho Contábil-Financeiro no Agronegócio Brasileiro: aplicando DEA ao setor Agroindustrial nos anos de 2006 e 2007 Quadro 16 – Dados e Resultados do Setor de Óleos, Farinhas e Conservas – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 ORDEM 13 16 18 37 45 60 68 69 72 79 87 89 91 99 104 106 136 139 168 173 177 180 191 194 206 234 282 284 290 293 294 339 365 375 386 394 EMPRESA Ldc Brasil Kraft Foods Coamo Amaggi M. Dias Branco J. Macêdo Lar Bianchini Cocamar Integrada Comigo Granol Cooperalfa Abc Inco Copacol Yoki Alimentos Quero Marilan Selmi Parati Moinhos Anaconda Brasfigo Orlândia Cra Dori Alimentos Wickbold Nutrella Tondo Moinho do Nordeste Insol Moinho Cearense Santa Helena Prodasa Granfino Baldo Moinho Santa Clara RPLatual 32.20 21.50 15.60 17.20 8.10 4.90 14.90 4.80 3.40 7.20 7.50 2.70 17.70 10.60 11.20 4.00 5.10 11.40 9.40 1.70 15.50 10.20 0.90 0.90 14.00 5.30 18.70 15.20 4.90 17.40 17.30 17.90 13.90 16.20 9.40 18.90 ENDatual 65.10 69.10 47.20 75.90 39.50 59.60 65.70 60.60 56.70 68.40 43.70 52.90 54.80 76.00 57.90 60.10 59.10 66.20 42.00 57.30 8.60 20.70 51.40 19.20 68.70 51.90 50.00 57.70 67.20 68.60 45.40 49.00 77.30 62.60 18.90 33.90 IMBatual 1.09 1.76 2.06 5.15 1.60 1.34 3.79 0.54 2.01 1.56 3.30 7.31 3.23 5.27 8.99 6.22 7.00 2.72 3.33 4.33 1.77 10.77 0.32 60.67 3.47 11.37 2.84 3.33 4.97 5.28 2.70 7.85 1.39 0.63 6.37 2.54 EFF 1.00 0.66 0.63 0.30 0.70 0.61 0.37 0.85 0.52 0.54 0.43 0.23 0.46 0.26 0.19 0.25 0.23 0.43 0.43 0.33 1.00 0.42 1.00 0.45 0.38 0.17 0.52 0.42 0.28 0.30 0.55 0.34 0.61 1.00 0.46 0.63 RPLprop 32.20 21.50 15.60 17.20 8.98 5.96 14.90 4.80 8.29 7.20 12.01 14.35 17.70 11.62 14.72 13.31 13.82 11.40 12.22 12.01 15.50 15.50 0.90 15.50 14.00 15.50 18.70 15.20 11.91 17.40 17.30 17.90 13.90 16.20 15.50 18.90 ENDprop 65.10 45.47 29.84 22.43 27.71 36.57 24.29 51.26 29.73 37.26 18.84 11.98 25.10 19.97 10.90 15.01 13.53 28.77 18.22 18.83 8.60 8.60 51.40 8.60 26.27 8.60 26.22 24.41 19.12 20.43 24.77 16.72 47.46 62.60 8.60 21.39 IMBprop 1.09 1.16 1.30 1.52 1.12 0.82 1.40 0.46 1.05 0.85 1.42 1.66 1.48 1.38 1.69 1.55 1.60 1.18 1.44 1.42 1.77 1.77 0.32 1.77 1.33 1.77 1.49 1.41 1.41 1.57 1.47 1.67 0.85 0.63 1.77 1.60 Quadro 17 – Dados e Resultados do Setor de Têxtil e Vestuário – 2007 DMU 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ORDEM 49 101 201 210 239 240 250 265 301 389 400 EMPRESA Vicunha Santista Brasil Santanense Karsten Copasul Santo Antônio Dohler Capricórnio Cataguases Fiação São Bento Fiesa RPLatual 0.10 4.30 3.60 10.80 17.20 2.00 0.30 10.40 11.70 6.00 0.50 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 5 - 21, maio/ago. 2010 ENDatual 63.60 59.60 41.70 50.70 44.60 56.10 22.20 20.20 55.10 27.50 28.10 IMBatual 1.92 3.60 2.31 1.64 0.57 2.09 0.37 1.07 8.64 2.88 13.73 EFF 0.34 0.34 0.48 0.52 1.00 0.37 1.00 1.00 0.45 0.73 0.72 RPLprop 4.29 10.40 10.40 10.80 17.20 6.26 0.30 10.40 11.70 10.40 10.40 ENDprop 21.41 20.20 20.20 26.50 44.60 21.02 22.20 20.20 24.86 20.20 20.20 IMBprop 0.65 1.07 1.07 0.86 0.57 0.78 0.37 1.07 0.97 1.07 1.07 21 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Trabalho classificado em 2º lugar no X Prêmio Contador Geraldo de La Rocque O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos Resumo De forma frequente atos antiéticos vêm sendo evidenciados na imprensa. Muitos são os profissionais envolvidos nestes atos, entre os quais os profissionais da classe contábil. Por estarem os contabilistas eventualmente envolvidos nesses escândalos e pela importância da informação contábil para diversos usuários, há maior preocupação e exigência no que tange à transparência e à confiabilidade das informações por eles prestadas. Dessa forma, torna-se importante analisar a disposição de agir antieticamente desses profissionais e futuros profissionais perante diferentes dilemas éticos. O presente estudo teve como objetivo analisar a atitude de estudantes da área contábil quando confrontados com questões antiéticas. Foram considerados alguns fatores individuais apresentados por outros autores como capazes de influenciar o posicionamento ético de um indivíduo ao proporem modelos de tomada de decisão no campo da Ética em Negócios. Utilizando um design de pesquisa apoiado em cenários projetivos, foi aplicado um questionário a uma amostra de conveniência composta por 96 estudantes. A influência de quatro variáveis indicadas na literatura especializada foi testada através de testes estatísticos não paramétricos. Os resultados demonstraram que três das quatro variáveis independentes influenciaram a Disposição de Agir, em um ou mais dos quatro cenários propostos. Palavras-chave: Ética; Tomada de Decisão no campo da Ética em Negócios; Contabilidade; Estudantes. Abstract In a frequent way unethical acts have been highlighted in the press. Many are the professionals involved in these acts, among them the grade book professional. Because the accountants eventually may be involved in these scandals and for the importance of accounting information for different users, there is more concern and demands with respect to transparency and reliability of information provided by them. Thus, it is important to analyze these professionals and future professionals’ willingness to act unethically within different ethical dilemmas. This study aimed to analyze the attitude of students of the accounting department when faced with unethical issues. We considered some individual factors shown Melissa Christina Corrêa de Moraes Rio de Janeiro – RJ Mestre em Ciências Contábeis pela FAF/UERJ1 [email protected] Aline Moura Costa da Silva Rio de Janeiro – RJ Mestre em Ciências Contábeis pela FAF/UERJ1 [email protected] Frederico Antonio Azevedo de Carvalho Rio de Janeiro – RJ Doutor em Ciências Econômicas pela Univerisdade Católica de Louvain- Bélgica/UCL2 [email protected] by others authors as capable of influencing the ethical tone of an individual when proposing models of decision making in the field of Business Ethics. Using a survey design supported by projective scenarios, we applied a questionnaire to a convenience sample consisting of 96 students. The influence of four variables listed in the literature was tested by non-parametric statistical tests. The results showed that three of the four independent variables influenced the willingness to act in one or more of the four proposed scenarios. Key words: Ethics; Decision Making in the field of Ethics in Business; Accounting; Students. 1. Introdução Nos últimos anos denúncias sobre casos de fraudes têm sido correntes. Muitos profissionais, sobretudo da área contábil, encontram-se envolvidos nesses casos. Os escândalos contábeis, principalmente os mais famosos, como, por exemplo, os que envolveram as empresas Enron e WordCom, provocaram um aumento nos debates sobre a conduta ética desses profissionais. A contabilidade possui como objetivo básico a elaboração de informações úteis que capacitem seus usuários na escolha FAF/UERJ – Faculdade de Administração e Finanças da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEP 20.550-013 – Rio de Janeiro – RJ Univerisdade Católica de Louvain- B-1348 - Louvain-la-Neuve - Bélgica - UCL 1 2 Artigo recebido em 30/09/2009 e aceito em 22/06/2010. 22 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho das melhores decisões. Logo, são vários os atores sociais que dependem de informações contábeis, tais como executivos e administradores, entidades governamentais, jornalistas, entre outros. Desta forma, justifica-se a crescente preocupação com a conduta ética dos profissionais da área contábil. Por estarem diretamente relacionadas com as escolhas de diversos agentes econômicos, as informações contábeis e as decisões referentes à política contábil terão consequências diretas sobre a atividade econômica. A propósito, Beaver (1981, p. 50) afirma textualmente que existem diversas implicações econômicas relevantes que decorrem das informações contábeis: A informação contábil pode afetar a distribuição de riqueza entre investidores. Essa consequência decorre o fato de que os investidores mais bem informados podem aumentar a sua riqueza às custas de investidores menos informados; [...] pode afetar a percepção dos coeficientes de risco e sua distribuição entre os agentes econômicos; [...] pode afetar as taxas de investimentos e consumo em toda a sociedade; [...] pode afetar a forma pela qual os investimentos são alocados entre as empresas. É importante que a classe contábil tenha consciência das consequências que pode provocar em diversos níveis de atividade, além de modificações na política econômica. Portanto, a exigência da transparência e da fidedignidade das informações prestadas pelo profissional da área contábil tem aumentado em ritmo acelerado no cenário mundial. Essa preocupação visa criar e cultivar a confiança da sociedade em geral no que diz respeito à responsabilidade civil, fiscal, social e ética do contador, periodicamente denegrida pelo envolvimento em fraudes. Dentre as responsabilidades citadas, a conduta ética é considerada essencial para a conservação das profissões. De acordo com o Fipecafi (2007, p. 11): Não há sociedade que progrida com firmeza por muito tempo, que se mantenha politicamente consistente, que ofereça bem-estar social a seus membros, nem profissão que se imponha pelo produto de seu trabalho, que angarie respeito a todos, que se faça reconhecer por seus próprios méritos, sem que esteja a Ética a servir de cimento a fortalecer sua estrutura, de amarras a suportar as tempestades, de alicerce a suportar o crescimento e de raízes e seiva para garantir a sobrevivência dessa sociedade ou dessa profissão. Sem ética a sociedade não se estrutura de forma permanente; e uma profissão também não. Cabe ressaltar que a categoria contábil, visando ao aumento da credibilidade de sua profissão, constituiu o Código de Ética Profissional do Contabilista (CEPC), através da Resolução CFC nº. 803. De acordo com o artigo 1º, este “Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os Contabilistas, quando no exercício profissional”. Através de suas regras e normas o Código de Ética Profissional do Contabilista auxilia a classe contábil no exercício da profissão, incluindo as situações que representam confronto com dilemas éticos. Segundo Alves (2005, p. 13), “(a) classe contábil, de maneira majoritária, deve concordar em seguir tais regras, para que todos se sintam obrigados a cumprir o Código”. Pode-se, então, afirmar que a Contabilidade constitui uma área profissional e acadêmica fundamentadas por Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 código de ética e princípios. No entanto, apesar de ser uma profissão amparada, cabe ainda um questionamento de ordem empírica: a classe contábil segue uma conduta ética ao confrontar-se com dilemas éticos em situações práticas? Como já foi mencionado, na vida diária têm ocorrido muitos eventos relacionados às questões éticas. Os comportamentos antiéticos prejudicam em alto grau os profissionais que dependem das informações prestadas pelos contadores, causando prejuízos para a sociedade em geral. Por isso, e também pela quase inexistência, no Brasil, de pesquisas nessa área, torna-se extremamente importante obter conhecimento sobre a percepção dos estudantes, futuros profissionais, em relação à ocorrência de um conflito ético e também sobre sua atitude diante desses conflitos. Pelo considerável envolvimento da classe contábil em procedimentos antiéticos, o presente artigo visa analisar o comportamento dos estudantes de contabilidade, futuros profissionais, quando se defrontam com esse tipo de situações. Desta forma, neste estudo investiga-se o seguinte problema de pesquisa: como o estudante de contabilidade se posiciona perante situações que podem ser caracterizadas como dilemas morais? 2. Referencial Teórico Nesta seção expõem-se os fundamentos teóricos do estudo. Primeiro abordam-se muito brevemente os conceitos de Ética e Moral. A seguir discorre-se sobre o campo da Ética em Negócios (ou Ética Empresarial). Finalmente são revistos os principais modelos de tomada de decisão no campo da ética empresarial. 2.1. Ética e Moral A palavra Ética decorre do grego ethos e significa “modo de ser” ou “caráter”. A palavra Moral deriva do latim mores e significa “relativo aos costumes”, sugerindo o conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito e aceitas pelas comunidades humanas durante determinados períodos de tempo. Por este motivo, e apesar de existirem estudiosos que afirmam que os dois termos possuem significados diferenciados, usualmente essas palavras são empregadas como sinônimos. Neste estudo, Ética e Moral apresentam o mesmo significado, e referem-se a um conjunto de costumes e comportamentos habituais em uma sociedade, exprimindo-se através de valores e obrigações que orientam e normatizam a conduta de seus membros (CHAUÍ, 1994, p. 340). Em outras palavras, em linguagem pouco rigorosa, esses termos são empregados como sinônimos, evocando e representando um conjunto de regras e normas que devem ser adotadas. Segundo alguns estudiosos, embora haja correlação quanto ao conteúdo originário, os termos foram progressivamente adquirindo diferentes significados. Para Vasquez (2007, p. 23), a ética “é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano”. Esta definição exalta, pois, o caráter científico do conceito. Mais adiante, o mesmo autor afirma que, por ser um conhecimento científico, a Ética deve almejar à racionalidade e objetividade. Assim sendo, os princípios e normas éticos possuem validade universal, não considerando necessidades e interesses 23 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos específicos ocorridos em problemas exclusivos ou particulares. Por isso, a ética é caracterizada por sua generalidade, distinguindo-se, então, da moral. “A moral possui, em sua essência, uma qualidade social. Isso significa que se manifesta somente na sociedade, respondendo às suas necessidades e cumprindo uma função determinada” (VASQUEZ, 2007, p. 67). A moral está relacionada ao comportamento humano pertinente a questões da vida real, ou seja, aos problemas práticos dos quais ninguém se pode eximir. Além disso Vasquez (2007, p. 17) garante que, para resolver essas questões práticas, “os indivíduos recorrem a normas, cumprem determinados argumentos ou razões para justificar a decisão adotada ou os passos dados”. A moral refere-se a “um conjunto de regras de conduta assumidas pelos indivíduos de um grupo social com a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal” (ARANHA E MARTINS, 1998, p.117). Assim, segundo Alves (2005), enquanto a Ética se dedica ao estudo dos princípios morais que orientam os grupos humanos em diferentes contextos, a Moral corresponde a um conjunto de regras assumidas pelos membros de um determinado grupo social. Pode-se concluir, portanto, que o comportamento do indivíduo diante de um problema ou situação real constitui um problema prático-moral e não teórico-ético. 2.1.1 Tipos de Filosofia Moral Pesquisadores da área de Ética estudaram tipos de filosofias morais, objetivando identificar a forma de a humanidade pensar sobre a temática ética. Dentre os tipos de filosofias morais existentes, destacam-se duas: Teoria Deontológica e Teoria Teleológica. (a) Teoria Deontológica A teoria deontológica tem origem na filosofia de Immanuel Kant. Esta teoria, também conhecida como Ética de Princípio, determina que a atitude de um indivíduo é sustentada sempre em princípios morais, independentemente das consequências. O que se deve fazer é independente dos desejos, mas dependente dos princípios morais. A Ética de Princípio “se atém rigorosamente às normas morais estabelecidas, num deliberado desinteresse pelas circunstâncias, e cuja máxima sentencia: ‘Respeite as regras, haja o que houver’” (SROUR, 2000, p. 51). “O termo natureza é de importância fundamental para os deontologistas. De modo geral, eles consideram a natureza dos princípios morais permanente e estável e acreditam que observá-los define o que é ético” (FERREL, FRAEDRICH E FERREL, 2000, p. 55). Logo, para determinar um comportamento como ético, torna-se necessário, segundo essa teoria, confrontá-lo com os princípios morais. (b) Teoria Teleológica A teoria teleológica, segundo Ferrel, Fraedrich e Ferrel (2000, p.52), considera um ato “moralmente certo ou aceitável se produzir algum resultado desejado, como, por exemplo, prazer, conhecimento, progresso profissional, realização de interesse próprio ou utilidade”. Esta teoria analisa uma situação em relação às vantagens ou desvantagens de uma ação, visando a melhor tomada de 24 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 decisão. É denominada, por alguns estudiosos, conseqencialismo, visto que primeiramente se analisa a consequência dos atos para, posteriormente, considerá-los éticos ou antiéticos. Inicialmente faz-se uma análise do custo/benefício a fim de analisar dilemas éticos. Dois exemplos de filosofia teleológica são: egoísmo e utilitarismo. O egoísmo ético abrange a relação entre o benefício e as consequências negativas que um indivíduo recebe do agir. O indivíduo comporta-se de uma maneira que produza o maior ganho no longo prazo. O utilitarismo é também uma abordagem ética de custo/benefício para avaliar situações; no entanto, neste o indivíduo age de uma maneira que produza o maior bem para todos, em vez do autointeresse individual (DECONINCK E LEWIS, 1997). Enquanto os deontologistas julgam um comportamento como ético ou antiético, ao confrontá-los com os princípios morais, os teleológicos verificam as implicações que os atos irão provocar. Para alguns autores, existem quatro princípios ou teorias éticas fundamentais: — teoria da utilidade (em que as decisões éticas são tomadas exclusivamente em função das consequências), — teoria dos direitos ou da moralidade (que está preocupada com o respeito e a proteção das liberdades individuais e dos privilégios), — teoria da justiça (para a qual todos são tratados da mesma forma, de acordo com as normas legais e regulamentares), e — teoria do contrato de integração social (que propõe que as decisões éticas devem abordar maneiras aceitáveis de comportamento de acordo com uma comunidade (ZGHEIB, 2005, p. 69). 2.2. Ética Empresarial Diante do avanço de casos de fraudes ocorridos nos últimos anos, a conduta ética tem gerado preocupações nas empresas. Além de fraudes, no mundo dos negócios existem muitos outros aspectos sensíveis, tais como a desejável conciliação, por parte da empresa, entre a busca do lucro e a consistência com as necessidades da sociedade. Com a finalidade de amenizar esses aspectos, foram estabelecidas algumas regras visando à ética no ambiente empresarial. De acordo com Ferrel, Fraedrich e Ferrel (2000, p. 7), a ética empresarial “compreende princípios e padrões que orientam o comportamento no mundo dos negócios”. A ética nos negócios consiste, de forma resumida, em um padrão de conduta e de moral válidos no meio empresarial, que admitam a distinção entre o correto e o errado, o aceitável e o inaceitável (GASKI, 1999; SROUR, 2000; FERRELL, FRAEDRICH E FERRELL, 2001). Alguns estudiosos afirmam que “ética” e “empresa” são termos que, dificilmente, chegarão a consenso. “A empresa se rege pela racionalidade estratégica, enquanto que a ética se atém à comunicativa, [...]. Só se superarmos tais obstáculos expondo as razões pelas quais a ética empresarial é possível e necessária, poderemos continuar com nossa tarefa” (CORTINA, 2005, p. 75). Ainda que alguns estudiosos não acreditem na conformidade entre ética e empresa, no ambiente empresarial o que não falta são conflitos éticos. Assim, o requisito de uma conduta ética por parte das empresas torna-se essencial. Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho No ambiente empresarial, normalmente as questões éticas surgem devido aos conflitos entre os valores do indivíduo, os da sociedade em que ele habita e os da empresa em que ele trabalha. É comum e compreensível que os empregados sigam diferentes padrões éticos no trabalho e em sua vida particular. Esse conflito se agrava quando eles acham que a empresa está incentivando uma conduta antiética, ou exercendo pressões sobre eles para que a pratiquem (FERREL, FRAEDRICH E FERREL, 2000). Os conflitos de interesses podem ser amenizados se a empresa adotar um Código de Conduta Ética Empresarial, visando sempre à ética na tomada de decisão de seus funcionários. Gellerman (1989) acredita que uma vantagem dos códigos de ética é que eles fornecem transparência aos preceitos que devem orientar a conduta ética. O uso frequente de um código de ética, ou pelo menos o conhecimento de tais normas, pode ajudar a diminuir práticas antiéticas. A ética torna-se pouco a pouco uma preocupação mundial, principalmente nos ambientes empresariais. Muitos estudiosos, objetivando verificar os aspectos fundamentais da tomada de decisão dos indivíduos, elaboraram alguns modelos teóricos de tomada de decisão no campo da ética em negócios. 2.3. Principais Modelos Teóricos de Tomada de Decisão no Campo da Ética em Negócios Diversos são os modelos teóricos propostos para identificação dos principais aspectos referentes ao processo de tomada de decisão ética. Entre os modelos existentes, merecem destaque os modelos de Rest, de Ferrel e Gresham, de Hunt e Vitel, de Trevino e de Alves, todos identificados mais adiante, na seção de referências bibliográficas. Antes da apresentação destes modelos, pode ser útil discorrer, ainda que de forma concisa, sobre a contribuição de Kohlberg, bem como apresentar, também brevemente, o modelo desenvolvido por Jones. Ao longo da história do pensamento, muitos estudiosos tentaram desvendar, analisar e prever o processo de desenvolvimento do raciocínio moral dos indivíduos. Com o mesmo objetivo, o psicólogo Lawrence Kohlberg, utilizando suas observações clínicas e uma pesquisa desenvolvida por Piaget (1932), elaborou um modelo que propõe uma hipótese explicativa para o processo de desenvolvimento cognitivo moral. Segundo Rest, a Teoria do Desenvolvimento Cognitivo Moral (CMD), proposta por Lawrence Kohlberg (1969), descreve o desenvolvimento do julgamento moral baseado em seis etapas; nessa teoria, os indivíduos avançam através dessas etapas em direção a uma melhor compreensão das obrigações morais (FRAEDRICH, THORNE E FERREL, 1994, p. 830). Para os mesmos Ferrel, Fraedrich e Ferrel, os seis estágios podem ser reduzidos a três níveis distintos de preocupação ética: pré-convencional, convencional e pósconvencional. Primeiramente, o indivíduo se preocupa com seus interesses imediatos e com recompensas ou castigos externos. Posteriormente, define o certo como conformação às expectativas de bom comportamento de algum grupo de referência importante. No terceiro nível, o nível dos “princípios”, o indivíduo estende a vista para além das normas, leis Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 e autoridades de grupos ou pessoas (FERREL, FRAEDRICH e FERREL, 2001). Apesar de algumas pesquisas evidenciarem que a qualidade ética do grupo de trabalho é a consideração mais significativa para definir o comportamento de um indivíduo na empresa, a maioria dos estudiosos afirma que o desenvolvimento cognitivo moral possui um significativo papel no modo como valores altos são moldados no ambiente de trabalho. Segundo Alves (2005), Rest expandiu o modelo proposto por Kohlberg, desenvolvendo uma adaptação do processo de julgamento moral com base em casos que requerem do indivíduo uma decisão a respeito de um dilema moral em que ele venha a ser envolvido no seu dia a dia (p. 43). Ainda segundo Alves, o modelo elaborado por Rest considera que o processo decisório ético ocorre em quatro etapas: (1) reconhecimento da questão ética – o indivíduo deve reconhecer que determinado fato possui uma questão ética envolvida para iniciar o processo de tomada de decisão; (2) julgamento – o indivíduo irá julgar a conduta mais correta; (3) intenção – o indivíduo irá decidir agir ou não de acordo com o seu julgamento; (4) comportamento – refere-se à ação efetiva que o indivíduo terá em relação ao dilema ético. No modelo desenvolvido por Ferrel e Gresham (1985), os indivíduos não possuem percepções éticas idênticas; logo, irão adotar formas distintas para a tomada de decisão. Segundo esses autores, a maior preocupação não está relacionada ao julgamento de um ato como ético ou não, mas sim com os determinantes do comportamento no processo de tomada de decisão. Para Ferrell e Gresham (1985) os determinantes consistem, entre outras, nas seguintes variáveis: experiência profissional; idade; gênero; fatores pessoais e negociais; e influências internas e externas. Nesse modelo cada determinante deve ser avaliado, pois poderá influenciar, individualmente ou em conjunto, o processo de decisão ética do indivíduo. Hunt e Vitell (1986) destacam, em seu modelo, que a filosofia moral constitui um fator determinante no processo de tomada de decisão ética. Segundo os autores, após identificar um dilema moral, o indivíduo poderá adotar duas avaliações alternativas, baseadas nas teorias da filosofia moral (teoria deontológica e teoria teleológica). Se adotar uma postura deontológica, o indivíduo irá avaliar o comportamento a partir de princípios universais. Na postura teleológica o indivíduo irá optar pela decisão que acarretar melhores consequências para si ou para seu(s) grupo(s) de referência mais relevante(s). Trevino (1986), em seu modelo, afirma que a reação individual perante um dilema ético ocorrerá em consonância com o estágio de desenvolvimento moral em que o indivíduo se encontrar. No entanto, Trevino reconhece que fatores individuais e situacionais também podem influenciar a tomada de decisão individual. Os fatores individuais evocados pela autora foram (a) força interior (convicções do indivíduo), (b) campo de dependência (referências externas), e (c) locus de controle (percepção do indivíduo quanto ao controle sobre ocorrências em sua vida). Já os fatores situacionais por ela considerados foram (a) estrutura normativa (normas que possuem capacidade de conduzir o comportamento); (b) os outros como referência (influência do comportamento dos colegas do trabalho, por exemplo); (c) obediência à autoridade (relações de autoridade e responsabilidade); (d) responsabilidade pelas consequên- 25 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos cias (sentimento de responsabilidade); (e) reforços eventuais (influenciar com prêmios ou punições); e (f) outras pressões externas (recursos escassos ou competições). De acordo com Jones (1991) todos os modelos anteriores contribuem para o entendimento do processo de tomada de decisão ética. No entanto, Jones afirma que, ao apresentarem o processo de tomada de decisão e a conduta dos indivíduos nas organizações, esses estudiosos consideram que tais decisões e condutas são independentes das questões morais envolvidas. Em seu modelo, Jones (1991) considerou, então, que o processo de tomada de decisão é baseado em um construto formado por seis componentes, a saber: magnitude das consequências (o julgamento resulta das consequências que um ato pode trazer), consenso social (corresponde ao nível de concordância da sociedade quanto ao julgamento de um ato), probabilidade do efeito (a intensidade de uma questão moral depende dos malefícios ou benefícios que o indivíduo supõe que possa vir a ter), proximidade temporal (refere-se ao tempo decorrido entre o momento presente e ao início das consequências geradas pelo ato), proximidade (decorre da relação social, cultural, psicológica ou física do indivíduo que fez o ato, ético ou antiético, com as suas vítimas) e concentração do efeito. Segundo Alves (2005), com relação ao último componente, quanto menor for o número de indivíduos atingidos por um ato antiético, maior será a concentração de efeitos que esse ato trará. Alves (2005) argumentou que os modelos anteriores se tornam deficientes quando se trata de investigar o comportamento de um indivíduo cujo exercício profissional seja regulamentado por lei. Assim, o modelo de Alves (2005, p.109) se diferencia dos demais modelos apresentados pelos seguintes aspectos: a. b. c. d. e. f. Considera o profissional de contabilidade que exerce suas atividades como autônomo ou como profissional assalariado, em qualquer segmento da profissão contábil, não se limitando ao ambiente organizacional de uma empresa; Ressalta a característica coercitiva das normas de conduta profissional, inclusive o CEPC [...]; Amplia o papel do CEPC no processo de tomada de decisões éticas de profissionais vinculados a Conselhos de Classe, deixando de ser incluído como restrições ou moderadores situacionais; Destaca a gravidade como conceito importante que deve ser considerado no processo de tomada de decisão do indivíduo; Altera o modelo de Jones, embora considere suas variáveis, ao propor que a ética deontológica, a ética teleológica e os fatores individuais interfiram no processo de tomada de decisão ética; Desconsidera o processo cognitivo, nos termos proposto por Rest, como elemento central no processo de tomada de decisões éticas. Resumindo, em todos os modelos citados, apesar de algumas diferenças, os fatores individuais constituem importante instância explicativa para o comportamento ético ou antiético. 2.3.1. Os Fatores Individuais Sob a denominação “fatores individuais” estão incluídos todos os fatores associados exclusivamente ao responsável 26 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 pelas decisões individuais. De acordo com Ford e Richardson (1994, p. 206) os fatores individuais compreendem “aquelas variáveis resultantes do nascimento (por exemplo, nacionalidade, sexo, idade, etc.), assim como aquelas resultantes do processo humano de desenvolvimento e de socialização (por exemplo, personalidade, atitudes, valores, instrução, religião, emprego, etc.)”. De acordo com Jones e Hiltebeithel, ao focalizarem os profissionais da área contábil, “[...] o processo decisório dos contadores é influenciado [...] pela idade, sexo e educação” (ALVES, 2005, p. 34). Com base nisso, estes são os fatores individuais a serem analisados no presente artigo, a saber: - Gênero: O gênero, normalmente, não representa um fator de influência na tomada de decisão do indivíduo. No entanto, normalmente, as pesquisas demonstram que as mulheres possuem inclinações mais éticas do que os homens (O’FALLON e BUTTERFIELD, 2005; COHEN, PANT e SHARP, 2001; COLE e SMITH, 1996; CALLAN, 1992; RUEGGER e KING, 1992). - Idade: A idade, de forma geral, não representa um fator influente na tomada de decisão dos indivíduos. No entanto, quando se identifica alguma influência, percebe-se que os mais velhos possuem atitudes mais éticas do que os mais novos (EMERSON, CONROY e STANLEY, 2006; CALLAN, 1992; RUEGGER e KING, 1992). - Formação Educacional e Experiência Profissional: Os fatores individuais Educação e Experiência Profissional “incluem o tipo de educação, tempo de escolaridade, assim como o tipo e tempo de serviço” (ALVES, 2005, p. 38). Normalmente as pesquisas elaboradas para testar a influência desses fatores na conduta dos indivíduos não apresentam resultados coerentes. Algumas pesquisas demonstram uma influência positiva destes fatores, outras não. A presente pesquisa investiga, pois, a influência dos fatores individuais no processo decisório ético dos estudantes de contabilidade, quando se deparam com dilemas morais. 3. Metodologia da Pesquisa Inicialmente elaborou-se uma revisão da literatura sobre os itens mais importantes relacionados ao tema. Segundo Cooper (1988, p. 170), uma inspeção da literatura procura descrever, sintetizar, avaliar, esclarecer e/ou integrar o conteúdo dos documentos básicos escritos sobre o assunto pesquisado. O tipo de pesquisa empregada neste artigo classifica-se como descritiva. Para Collis e Hussey (2005, p. 24) a pesquisa descritiva consiste em uma “pesquisa que descreve o comportamento dos fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as características de um determinado problema ou questão”. Em relação ao processo de pesquisa, a presente investigação pode ser classificada como quantitativa, visto que “procura quantificar os dados e, normalmente, aplica alguma forma de análise estatística” (MALHOTRA, 2006, p. 154). Finalmente, este estudo pode, ainda, ser classificado como formal. Cooper e Schindler (2003) ressaltam que esse tipo de estudos normalmente designa pesquisas apoiadas em hipóteses explicativas ou em perguntas de pesquisa declaradas de forma bem precisa. “Uma hipótese é uma Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho ideia ou proposição que pode ser testada para associação ou causalidade usando estatística” (COLLIS E HUSSEY, 2005, p.122). A propósito, o presente estudo se apoia nas seguintes hipóteses de pesquisa: Hipótese 1: A disposição de agir de forma ética difere conforme o gênero. Hipótese 2: A disposição de agir de forma ética difere conforme a idade. Hipótese 3: A disposição de agir de forma ética difere conforme a experiência profissional. A Hipótese 3 pode ser decomposta nas seguintes subhipóteses: Sub-hipótese 3.1: A disposição de agir de forma ética difere conforme o tempo de trabalho. Sub-hipótese 3.2: A disposição de agir de forma ética difere conforme a área profissional de trabalho. Com o propósito de alcançar os objetivos quantitativos do artigo, pode-se propor a seguinte hipótese nula como representação estatisticamente testável das hipóteses anteriores: H : Não existe diferença na disposição de agir entre 0 indivíduos de gênero, idade e experiência profissional distintos. Os dados utilizados para a elaboração do presente estudo podem ser classificados como primários, dado que foram coletados diretamente junto a uma amostra de conveniência composta por 96 estudantes da área contábil, abrangendo estudantes de uma universidade pública e de outra privada situadas no Estado do Rio de Janeiro. O instrumento de coleta de dados foi um questionário especialmente elaborado para a presente pesquisa. Para configurar a “situação prática de dilema ético”, foram empregados quatro cenários, reproduzidos no apêndice A deste trabalho. Cenários são comumente utilizados para examinar julgamentos e intenções éticas em diferentes áreas. Os três primeiros cenários foram extraídos da pesquisa de Emerson, Conroy e Stanley (2007) e adaptados ao contexto existencial e profissional dos respondentes desta pesquisa. O último cenário (cenário D), também contextualizado à experiência dos respondentes, foi retirado da pesquisa de Ruegger e King (1992). Em todos os cenários existem questões éticas envolvidas. Em todos os cenários, para avaliar a intenção de agir dos entrevistados na situação simulada, utilizou-se a Escala de Likert (escala de concordância) de 5 pontos, que varia entre ‘1 – Discordo Totalmente’ e ‘5 – Concordo Totalmente’. Segundo Aaker (2001, p.324) “as perguntas sobre atitudes invariavelmente possuem posições intermediárias. [...] como regra geral, o espectro de opiniões pode ser mais bem capturado, na maioria dos casos, com cinco a sete categorias de respostas”. As perguntas elaboradas na pesquisa buscaram avaliar as respostas dos entrevistados em relação à disposição de agir ao depararem com dilemas éticos. Uma vez compilados e digitados, os dados foram tratados e analisados através de um software de análise estatística denominado Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) – versão 16.0. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 Com a finalidade de testar se existe associação entre os fatores individuais (ou seja, gênero, idade, tempo de trabalho e serviço na área contábil) e a disposição de agir ao defrontar-se com dilemas éticos, a análise estatística dos dados foi executada através de três testes, de acordo com a natureza das variáveis envolvidas. As variáveis “gênero” e “atuação na área contábil” foram testadas através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, por se tratar de variáveis nominais (representadas pela dummy apropriada). As variáveis “idade” e “tempo de trabalho” foram analisadas por meio dos testes não paramétricos dos Coeficientes de Correlação de Kendall e de Spearman. Para Siegel (1975, p. 34) dentre as principais vantagens existentes relacionadas à utilização de testes não paramétricos pode-se indicar que: — não é necessário especificar condições sobre os verdadeiros parâmetros da população da qual se extrai a amostra; — não se exigem mensurações tão restritas quanto o que ocorre no caso paramétrico; e — as suposições básicas feitas no caso não paramétrico são em menor número e mais fracas do que no caso paramétrico. 4. Descrição e Análise dos Dados A amostra foi composta por 96 estudantes de contabilidade, dos quais 53 (55,2%) correspondem ao gênero feminino e 43 (44,8%) ao masculino. A faixa etária dos pesquisados situa-se entre 20 e 55 anos, com uma média de 28,20 e desvio-padrão de 7,78. Aos estudantes, também foi indagado se eles trabalham ou não. O período de tempo varia de 0 a 34 anos, com uma média de 5,38 anos. Dos estudantes que responderam que trabalham, 55 (57,3%) trabalham na área contábil. Conforme abordado anteriormente, cada uma das variáveis Gênero, Idade, Tempo de trabalho e Serviço na área contábil foi correlacionada com a variável Disposição de Agir. Os resultados numéricos, apresentados nas tabelas abaixo, são analisados logo após. Tabela 1 – Teste Mann-Whitney Variáveis Serviço na Significância N área contábil Gênero Significância N A 0,546 87 0,794 93 Cenários B C 0,278 0,136 88 0,022** 94 0,45 89 D 0,333 0,852 90 Tabela 2 – Teste Spearman Variáveis Coeficiencia de Idade correlação Significância N Coeficiencia de Tempo de correlação Trabalho Significância N A -348** 0,001 93 -,277* 0,023 67 Cenários B C -0,306 0,003 0,003 0,98 94 89 0,098 0,182 0,426 0,154 68 63 D -253* 0,016 90 0,001 0,992 64 27 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos Tabela 3 – Teste Kendall Cenários Variáveis A B C D Idade Coeficiencia de correlação Significância N -2,77** 0,001 93 -,241 0,003 94 0,001 0,98 89 -201* 0,014 90 Tempo de Trabalho Coeficiencia de correlação Significância N -,205* 0,03 67 -0,075 0,436 68 0,139 0,169 63 0,008 0,937 64 Hipótese 1: A disposição de agir de forma ética difere conforme o gênero. Nos cenários A, C e D a variável gênero não apresentou influência na disposição de agir dos estudantes entrevistados. No entanto, no cenário B o gênero demonstrou ser uma variável significativa (a 5%) ao relacionar-se com essa disposição de agir. Para a amostra pesquisada, pode-se concluir que o gênero é um fator de influência no que tange à disposição desses entrevistados a agir da mesma forma que o agente do cenário B. Também se pode interpretar que as mulheres declaram inclinações mais éticas do que os homens. O resultado obtido está de acordo com a literatura apresentada no referencial teórico. Hipótese 2: A disposição de agir de forma ética difere conforme a idade. A variável idade apresentou relação com a disposição de agir dos respondentes nos cenários A (significativa a 0,1%) e B (significativa a 1%). A correlação entre as variáveis apresentou-se negativa. (Cenário A: - 0,348 – Spearman e - 0,277 – Kendall; cenário B: - 0,306 – Spearman e - 0,241 – Kendall). Este sinal decorre da forma verbal usada para definir as escalas e não constitui dificuldade de interpretação. O resultado obtido mostra que a idade está significativamente associada ao posicionamento ético dos entrevistados, tal como manifestado na disposição de agir. Além disso, constatou-se que os estudantes mais velhos tendem a escolher atitudes mais éticas do que os mais novos. Pode-se concluir que os resultados referentes à hipótese 2 estão em consonância com as descobertas que aparecem nas pesquisas listadas no referencial teórico. Hipótese 3: A disposição de agir de forma ética difere conforme a experiência profissional. Conforme explicado antes, a hipótese 3 foi dividida em duas sub-hipóteses, analisadas a seguir. Sub-hipótese 1: A disposição de agir de forma ética difere conforme o tempo de trabalho. O tempo de trabalho apresentou relação significativa com a disposição de agir dos entrevistados apenas no Cenário A (significâncias de 5% – Spearman e Kendall). A correlação entre as variáveis é negativa (- 0,277 – Spearman; - 0,205 Kendall), conforme explicado acima. Dessa forma, quanto maior o tempo de trabalho, menos os entrevistados tendiam a concordar com a atitude antiética do agente do cenário A. 28 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 A literatura revisada não apresenta resultados coerentes para este tipo de variável, já que a influência dessa variável algumas vezes foi constatada, mas em outras não. Sub-hipótese 2: A disposição de agir de forma ética difere conforme a área de atuação (área contábil ou não). Esta variável não demonstrou associação significativa com a disposição de agir dos respondentes em nenhum dos cenários apresentados. 5. Conclusões O presente estudo abordou o tema da Ética. Seu objetivo geral consistiu em verificar se e como o estudante de contabilidade se posiciona, do ponto de vista ético, ao deparar com dilemas morais de ordem prática. Para cumprir o objetivo, a literatura especializada foi empregada para identificar alguns fatores que poderiam influenciar o posicionamento ético de um indivíduo. Inicialmente, realizou-se a revisão da literatura – tanto brasileira quanto estrangeira – para levantar diversos aspectos importantes relacionados aos temas em questão. Em seguida, foram formuladas e testadas algumas hipóteses e subhipóteses de pesquisa. Foram consideradas quatro variáveis independentes, a saber, gênero, idade, tempo de trabalho e serviço na área contábil. Uma escala para a variável Disposição de Agir foi considerada e foi utilizada como medida da atitude diante do dilema ético. Após a coleta, realizada através de questionário específico, os dados foram compilados e tratados estatisticamente por meio de software especializado. Os resultados obtidos indicaram que, das quatro variáveis independentes, três influenciaram a disposição de agir dos estudantes em pelo menos um dos cenários apresentados. O Gênero no cenário B, a Idade nos cenários A, B e D, e o Tempo de serviço no cenário A. Observou-se, ainda, (a) que os homens tendem a agir de forma mais antiética do que as mulheres; (b) os mais velhos tendem a possuir um posicionamento mais ético do que os mais novos; e (c) os respondentes com mais tempo de trabalho tendem a discordar de atos antiéticos mais do que aqueles que possuem menos tempo. Em resumo, pode-se afirmar que o gênero, idade e tempo de trabalho influenciaram o posicionamento ético dos estudantes de contabilidade entrevistados nesta pesquisa, em relação aos dilemas éticos apresentados. Estes resultados sugerem que aqueles segmentos de profissionais sejam tratados e motivados diferentemente para tornar mais eficaz a revitalização ética do ambiente profissional e organizacional de atuação dos contabilistas. Considerando os resultados apresentados, o avanço de atos antiéticos envolvendo profissionais da classe contábil e a pequena quantidade de estudos desenvolvidos nesta área no Brasil, pode-se recomendar mais atenção da área acadêmica em relação ao processo de tomada de decisão envolvendo questões éticas – não somente no caso dos estudantes da área contábil, mas também no que se refere às percepções e atitudes dos profissionais da área. Esta pesquisa possui diversas limitações, tais como o tamanho da amostra e sua restrição a apenas duas universi- Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Melissa Christina Corrêa de Moraes Aline Moura Costa da Silva Frederico Antonio Azevedo de Carvalho dades no Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, a fim de prosseguir e expandir as pesquisas referentes ao tema em questão, recomenda-se ampliar o número de respondentes e a filiação acadêmica dos respondentes. Por fim, vale ressaltar que, uma vez que atos e comportamentos antiéticos podem provocar efeitos destruidores para a sociedade em geral, torna-se importante que os pesquisadores, professores e profissionais da área contábil contribuam para reverter esse avanço de casos antiéticos envolvendo os contabilistas. Nunca é demais recordar que “Sem a ética a sociedade não se estrutura de forma permanente; e uma profissão também não” (FIPECAFI, 2007, p. 11). Referências AAKER, David A..Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 2001. ARANHA, Maria Lúcia A.; MARTINS, Maria Helena. Temas de Filosofia. 2ª edição, São Paulo: Ed. Moderna, 1998. ALVES, Francisco José dos Santos. Adesão do Contabilista ao código de ética da sua profissão: Um estudo empírico sobre percepções. São Paulo, 2005. BEAVER, W.H..Financial Reporting: An Accounting Revolution. Prentice Hall, 1981. CALLAN, V.J.. Predicting Ethical Values and Training Needs in Ethics. Journal of Business Ethics. 1992. 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Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 29 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Comportamento dos Futuros Contabilistas Perante Diferentes Dilemas Éticos Anexo A Parte I – Perfil socioeconômico Complete com a opção que corresponda ao seu perfil: 1. Idade: _______ anos 3. Você trabalha? ( ) Sim ( 2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino ) Não Em caso afirmativo, há quanto tempo? ____________. O seu estágio ou trabalho é na área contábil? ( ) Sim ( ) Não Parte II – Cenários da Pesquisa Para cada um dos cenários abaixo, marque apenas uma única resposta. Não existe resposta certa ou errada. Cenário A A fim de aumentar os lucros da empresa, um diretor geral utilizou um método de produção que excedeu os limites legais para a poluição ambiental. 1 – Dependendo do motivo, eu posso agir da mesma forma que o Diretor. ( ( ) 5 Concordototalmente ) 2 Discordo totalmente ( ( ) 4 Concordo parcialmente ) 1 Discordo parcialmente ( ) 3 Indiferente Cenário B Um executivo preferiu promover um amigo à posição de vice-presidente do que promover o mais qualificado gerente da empresa, com quem não teve nenhum laço pessoal. 1 – Dependendo do motivo, eu posso agir da mesma forma que o executivo. ( ( ) 5 Concordototalmente ) 2 Discordo totalmente ( ( ) 4 Concordo parcialmente ) 1 Discordo parcialmente ( ) 3 Indiferente Cenário C Lucas trabalha no departamento de Contabilidade de uma empresa. Ele está precisando selecionar um profissional contábil para o cargo de Chefe de Departamento. Para este cargo existem dois candidatos, uma mulher e um homem. Lucas resolve contratar o homem, pois na empresa não costumam colocar mulheres nos cargos de Chefe. 1 – Dependendo do motivo, eu posso agir da mesma forma que o Lucas. ( ( ) 5 Concordototalmente ) 2 Discordo totalmente ( ( ) 4 Concordo parcialmente ) 1 Discordo parcialmente ( ) 3 Indiferente Jorge, funcionário de uma empresa líder de mercado, vê Daniel, seu colega de trabalho, consumindo bebida alcoólica durante o expediente. Jorge sabe que sua empresa não admite este ato, e por isso resolve, anonimamente, denunciá-lo. 1 – Dependendo do motivo, eu posso agir da mesma forma que o Jorge. ( ( ) 5 Concordototalmente ) 2 Discordo totalmente ( ( ) 4 Concordo parcialmente ) 1 Discordo parcialmente 30 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 22 - 30, maio/ago. 2010 ( ) 3 Indiferente Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Trabalho classificado em 3º lugar no X Prêmio Contador Geraldo de La Rocque Aspecto Humano e Cultural no Controle de Gestão Resumo O objetivo deste trabalho é discutir o aspecto humano e cultural no sistema de controle de gestão oferecendo uma discussão apropriada dos detalhes dos modelos de controle de gestão. A análise de diferenciados aspectos empresariais e humanos que afetam as decisões e a determinação do modelo de controle de gestão a ser implantado na organização são algumas das responsabilidades compartilhadas por contadores e administradores. O conhecimento dos padrões de comportamento traz esclarecimentos úteis e fundamentais para o planejamento e o controle das atividades a curto e longo prazo. Ao desenvolver a pesquisa bibliográfica exploratória, esta consistiu de uma revisão da literatura. A discussão das análises a que se procede neste estudo poderá possibilitar a análise do comportamento humano na organização e a determinação do controle adequado aos problemas de gestão, mostrando-se crítica para a administração e sobrevivência de empresas. Palavras-chave: Controle de gestão; cultura organizacional, aspecto humano. Abstract The objective of this work is to discuss the human aspect and the cultural system of management control area offers a proper discussion of the details of the models of management control. The analysis of different aspects of business and human decisions that affect the determination of the type of management control to be implemented in the organization are some of the responsibilities shared by accountants and administrators. Knowledge of patterns of behavior provides useful information, as fundamental to the planning and control activities in the short and long term. In developing a bibliographical research, this consisted of a literature review. The preceding discussion of the analysis performed in this study may enable the analysis of human behavior in organization and determination of the proper control of management problems, being critical to the management and survival of businesses. Key words: Management control; organizational culture, human aspect. Introdução Elaborar um sistema de controle da gestão adequado e eficaz para uma organização requer a análise diferenciada de variados aspectos, em particular o aspecto humano que estará envolvido na gestão, fator que poderá auxiliar nas Agnaldo Machado Rio de Janeiro – RJ Mestrando em Ciências Contábeis pela FAF/UERJ1 [email protected] decisões corretas e na determinação do melhor caminho a ser trilhado. Estas são algumas das responsabilidades primordiais compartilhadas por contadores e administradores. O conhecimento dos aspectos humanos e culturais da organização e a determinação dos controles necessários trazem esclarecimentos úteis e fundamentais para o planejamento e o controle das atividades a curto e longo prazo. O objetivo deste trabalho é discutir o aspecto humano e cultural no sistema de controle de gestão oferecendo uma discussão apropriada dos detalhes dos modelos de controle de gestão. A análise de diferenciados aspectos empresariais e humanos que afetam as decisões e a determinação do modelo de controle de gestão a ser implantado na organização são algumas das responsabilidades compartilhadas por contadores e administradores. Ao desenvolver a pesquisa bibliográfica exploratória, esta consistiu de uma revisão da literatura. A discussão das análises a que se procede neste estudo poderá possibilitar a análise do comportamento humano na organização e a determinação do controle adequado aos problemas de gestão, mostrando-se crítica para a administração e sobrevivência de empresas. 2. Referencial Teórico 2.1 A Gestão e as pessoas No decorrer do tempo, as mudanças tecnológicas por que tem passado o mundo têm proporcionado mudanças no cenário socioeconômico e cultural, impulsionando outras mudanças e influenciando as características mais profundas de indivíduos e da coletividade. A revolução na gestão, na informação e na produção surge de forma dinâmica. Este movimento originou a preocupação com a força de trabalho, bem como com outros agentes envolvidos nas atividades organizacionais que passaram a ser chamados muitas vezes de clientes internos, conforme relatado na obra de Monica Carvalho Alves Cappelle e Mozar José de Brito (2006) intitulada como: Trabalho, Gestão e Poder – Disciplina e autorregulação humana, da editora FGV. “O desenvolvimento de uma cultura organizacional que promova a identificação das pessoas que fazem parte da FAF/UERJ – Faculdade de Administração e Finanças da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEP 20550-013- Rio de Janeiro – RJ 1 Artigo recebido em 30/09/2009 e aceito em 22/06/2010. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 31 - 35, maio/ago. 2010 31 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aspecto Humano e Cultural no Controle de Gestão organização pode possibilitar o aumento da coesão interna e, como consequência, atuar como mecanismo eficaz de controle de gestão, ao aumentar a probabilidade de que os comportamentos individual e organizacional sigam na mesma direção. Assim, os valores de uma organização podem facilitar a congruência entre os objetivos comuns a todos elementos da organização” (GOMES e SALAS, 2001, p. 155). Estes autores destacam que a força de trabalho passaria a ter as suas ideias também valorizadas e originaria novos métodos de gestão de pessoas, que defendem formas de medição das relações de trabalho com o intuito de intensificar o laço entre a organização e seus membros. A gestão da empresa sofre a influência dos mais variados aspectos técnicos, e, por mais isolada e fria que tente ser, ela também estará sujeita ao aspecto humano, pois a organização no seu dia a dia fomenta uma série de relacionamentos entre os indivíduos relacionados ou não ao controle da gestão. O relacionamento das pessoas que estão envolvidas no decorrer das atividades da empresa opera-se através de diversas relações sociais e pela geração de vínculos que podem representar os modelos da cultura organizacional. Ao elaborar a análise sobre o tema, Gomes e Salas (2001) enfatizam que a visualização e identificação dos valores de uma organização podem facilitar a congruência entre os objetivos comuns a todos elementos da organização e refere-se à interiorização dos valores por parte de seus membros e à sua transmissão no comportamento cotidiano. “A identificação com a organização está muito ligada ao grau em que as expectativas pessoais sejam satisfeitas nos planos elaborados. Neste sentido, há uma série de fatores que podem facilitar a identificação das pessoas com a organização: • A existência de um líder carismático que gera ilusão e segurança aos demais membros da organização; • Uma atividade em que o componente criativo é importante e se experimenta o sentimento de que se contribui para uma tarefa que tem elevado conteúdo ético e social; • A personalidade dos próprios indivíduos (a necessidade e as expectativas que tenham de identificar-se com ela e que pode estar ligadas à idade, à experiência anterior em outras organizações e a aspectos que levam as pessoas a serem flexíveis para adaptar-se a uma nova cultura); • O estilo de resolução dos conflitos e das crises que se apresentam; • As características da cultura da organização (se é compatível com pessoais); • As características da atividade que se realiza e dos sistemas de concorrentes (se são adequados para satisfazer as expectativas pessoais); • A transparência da cultura e a coerência com que elas manifestam-se no comportamento cotidiano” (GOMES e SALAS, 2001, p. 156). Vários autores têm se dedicado ao estudo e a análise dos mais variados aspectos que podem envolver a relação que se estabelece entre os aspectos pessoais e a evolução da gestão. Poder-se-ia destacar o artigo de Ahrens (2007) intitulado “A prática cultural no controle organizacional”. O artigo individualiza o objeto de estudo efetuado em uma 32 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 31 - 35, maio/ago. 2010 siderurgia na Inglaterra, e no campo de estudo do controle da gestão e da contabilidade a tendência a estudar o significado dos atos de gestão através de práticas organizacionais. Constata-se a identificação de três vertentes de investigação sobre a prática e influência do controle organizacional, a saber: • Governança; • Atuação de redes; • Prestação de contas. Ainda segundo Ahrens (2007), há de ser proposta uma quarta vertente, que estaria relacionada à prática cultural existente na organização, que seria baseada na observação que conceberia a cultura como conhecimento prático. Representaria um conceito organizacional de que o controle, as ações e as idéias dos membros organizacionais sejam levados para além das fileiras de gestão para assim alargar o velho e empírico conceito. A respectiva análise também faz o estudo do estado estacionário das organizações ser o mais atraente, pois abriria assim a possibilidade de que as reuniões de diferentes pessoas, de variados propósitos, e variadas tecnologias, que dão origem a específicas formas de controle da organização. Como, Gomes e Salas (2001), destacam que: “... em uma organização em que exista identificação de seus membros, teremos uma série de sinais que se manifestam visivelmente, como os seguintes: • Relações pessoais muito estreitas, que ultrapassam o horário de trabalho e os aspectos profissionais ligados à atividade que se desenvolve na empresa; • Compromisso a longo prazo com o êxito e desenvolvimento futuro da organização; • Sentimento de orgulho de pertencer à organização, a sua história e tradições; • Profundo respeito pelos superiores e os empregados mais antigos, que são percebidos e sentidos como modelos de comportamento a imitar por seus subordinados e pelas pessoas recentemente incorporadas; • Pressão informal dos membros da organização para que os valores e o comportamento individual se mantenham e se manifestem de acordo com a cultura; • Ênfase em iniciativas de caráter coletivo que prevalecem sobre as de caráter individual, que, embora possam ser mais eficazes, podem ser contrárias a valores da organização; • Ênfase na utilização de mecanismos não formalizados para regular o funcionamento da organização em detrimento da utilização de elementos formais e impessoais.” Ao abordar o tema, Ahrens (2007) evidencia a maioria dos estudos relacionados com as práticas de controle de gestão, relatam planos de gestão em que para mudar as práticas de controle, muitas vezes, possui poucas informações sobre as respostas dos empregados, destacando que é possível efetuar na prática uma excelente investigação do controle da gestão, mesmo que se proíba o acesso da investigação aos trabalhadores, conforme demonstrado pelo Mouritsen (1999), por exemplo. Mouritsen (1999) em seu artigo aponta como um dos principais problemas teóricos nesta matéria a relação entre as ambições e as atividades de muitos diferentes profissionais e as suas práticas, e que a noção de prática como uma ação CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil Agnaldo Machado coletiva salienta o significado de atividades ordenadas ao longo da presença de fatos idênticos, ou da rotina das atividades. “... a ideia é de que os profissionais contribuam para uma prática, utilizando os seus conhecimentos e a experiência para orientá-los no decorrer de mais contribuições. Isto significa que profissionais devem ser capazes de aplicar determinadas regras, mas, acima de tudo, na persecução dos objetivos relacionados com a sua prática, pois entendo que eles devem saber como usar o seu poder discricionário para decidir quando dobrar ou abandonar certas regras. Através da utilização da descrição de práticas para permanecer adaptável a novas ideias, materiais, pedidos, etc., sem ter de alterar rótulos” (Ahrens (2007), “A prática cultural no controle organizacional”). Há aspectos difíceis de ser formalizados no sistema de controle de gestão que podem ser amenizados através do compromisso pessoal, pois, segundo Gomes e Salas (2001), em uma organização formal não há como prever todas as formas de comportamento humano e as mais variadas possibilidades situações que poderão ocorrer no decorrer da sua atividade organizacional. Através de uma abordagem simples, Ahrens (2007) lembra que há estudos sobre a governança, em particular, que salientaram a natureza efêmera das assembleias de seres humanos e não humanos, que dão origem às espécies de práticas de controle. Segundo o autor, esta pode ser uma característica geral do controle da organização, mas a sua importância pode também ser consequência do estudo das práticas do controle no contexto da mudança organizacional. O estudo do controle como uma prática cultural pode identificar, pelo menos, alguns elementos de práticas de controle que apresentam continuidades, tais como as alienações culturais, classes, educação, etc. Não há de excluir-se a mudança organizacional a partir da agenda de uma prática cultural e estudos de controle, especialmente desde a mudança, que é, em certa medida, endêmica para a organização, mas simplesmente se salienta que a mudança não deve ser a prioridade. Conforme evidenciam Davel e Melo (2005), uma das formas mais recorrentes de caracterizar o trabalho gerencial é pensá-lo a partir dos comportamentos e das atividades cotidianas dos gerentes. Esta linha de pensamento surgiu com o intuito de aprofundar a concepção teórica desenvolvida por Fayol em 1949, que propôs os conceitos de planejamento, organização, comando, coordenação e controle como forma de concepção teórica do trabalho gerencial que permanece bastante abstrata até os dias atuais. 2.2 A Cultura e o Controle. O artigo de Ahrens (2007) utiliza uma abordagem segundo a qual a cultura tem dois importantes efeitos no processo do sistema de controlo de gestão, que podem afetar a escolha dos estímulos para que a pessoa os atenda, ou pode afetar por qualquer forma de valor de julgamento e estímulo. Ahrens (2007) destaca que há pesquisas desta natureza que procederam das definições de controles organizacionais genéricos e subsistemas de contabilidade, informando que antigos estudos, pelo contrário, tentaram descobrir as formas Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 31 - 35, maio/ago. 2010 pelas quais a contabilidade constituía raramente processo organizacionais específicos e que tenha abordado o conceito de cultura da organização, pois a literatura contábil sobre a cultura tem, em geral, adotado uma postura objetiva e longe de desenvolver uma compreensão etnográfica da contabilidade, não deixando de abordar que estudos de governança tem teorizado o conceito de uma prática enraizada no poder disciplinar da contabilidade. Segundo Langfield (1995) a cultura em si foi reconhecida como um mecanismo de controle nas organizações onde o conhecimento do processo de transformação é imperfeito e onde a capacidade de medir o resultado é baixa. Isto é compatível com as pré-condições para os grupos de controle de Ouchi (1980). Cultura passa a ser a fonte de controle através de mensagens contidas nos rituais, histórias e cerimônias que retransmitem para os membros da organização os comportamentos desejáveis. Assim, cultura não é apenas um contexto para a concepção de sistemas de controle, mas, em certas organizações, poderá ela própria ser um mecanismo de controle. Langfield (1995) levantou também a questão de culturas nacionais sobre as culturas organizacionais, sem porém fechar o assunto, pois não é possível garantir que modelos japoneses irão prosperar ou fracassar em empresas nacionais, sendo preciso tomar cuidado ao importar estes modelos. Da mesma forma, é possível que empresas multinacionais consigam manter a cultura de suas sedes, mas deverão observar a influência da cultura local em seus processos e sistemas de controle. Cappelle e Brito (2006) indicam que as especificidades das políticas de gestão da força de trabalho nas organizações situadas no Brasil promovem uma percepção mais fidedigna das relações de poder envolvidas nas composições das subjetividades individuais e coletivas nas organizações nacionais. Preconizando a discussão de cultura organizacional, Kim Langfield-Smith inicia a abordagem com o estreitamente relacionado com a consideração da ideia de clãs. Dentro de um quadro das operações de custo, Ouchi (1979) descreveu três diferentes mecanismos de controle organizacional: mercados, burocracias e clãs. Posto isto, apontou casos em que a imposição de controles burocráticos pode levar determinados grupos a assumir que não são corerentes como as metas e objetivos organizacionais. Nestes casos, os grupos de controles são utilizados com mais eficácia, conseguido o controle de maneira implícita. Importante aspecto sobre a relação existente entre o controle e as pessoas são evidenciados por Gomes e Salas (2001), que enumeram como um importante mecanismo de autocontrole a identificação com a organização e que esta pode completar ou suprir as limitações que evidenciem um sistema de controle financeiro, permitindo inclusive a orientação da direção e do comportamento esperado ou desejado. “Este mesmo fator é evidenciado como especialmente importante quando os sistemas de controle financeiro são insuficientes.” Ahrens (2007) relata que ainda se sabe pouco das discussões sobre as maneiras pelas quais as subculturas or- 33 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aspecto Humano e Cultural no Controle de Gestão ganizacionais podem ser caracterizadas através de práticas culturais especificas, das quais as medições técnicas e econômicas estão sob comunicação, e os processos de gestão do trabalho são negociados. Como parte desses processos, diversos cálculos, estimativas, etc., tornam-se mobilizados através da forma cultural das práticas em uma organização. A utilização de números e medidas tem efeitos especiais nas organizações e nas suas culturas. Sendo desta forma um elemento suplementar, como os mesmos autores destacam em particular, isto se manifesta quando os objetivos são ambíguos, quando não existe um modelo preditivo sobre o efeito de uma decisão no resultado ou quando o resultado é difícil de ser medido. Nestas condições, são necessários elementos complementares que possibilitem o controle, e um deles é a identificação. “A identificação é um importante mecanismo de autocontrole e pode complementar ou suprir as limitações que apresenta um sistema de controle financeiro para orientar em direção ao comportamento esperado ou desejado. Isto é especialmente importante quando os sistemas de controle financeiro são insuficientes. Em particular, isto se manifesta quando os objetivos são ambíguos, quando não existe um modelo preditivo sobre o efeito de uma decisão no resultado ou quando o resultado é difícil de ser medido. Nestas condições, são necessários elementos complementares que possibilitem o controle, e um deles é a identificação. A identificação fomenta a responsabilidade e o autocontrole e possibilita que uma pessoa se oriente na direção dos objetivos esperados, complementando, assim, o controle financeiro Sua existência es imula o comprometimento das pessoas com sua atividade e seu departamento e, em particular, o controle direto de suas tarefas e a de seus subordinados. Além disso, dado que grande parte da informação é obtida mediante sistemas pessoais e espontâneos, estar envolvido na gestão estimula uma ati (GOMES E SALAS, 2001, p. 157). Ahrens (2007) aponta como de fundamental importância para levar a investigação organizacional em um nível que surgiu ao longo de décadas de estudos antropológicos, ou seja, que a cultura não é determinista, mas, é antropológica e a descrição de variadas cosmologias e não priva aqueles que partilham de ação pragmática, mas, pelo contrário, as suas soluções práticas são interpretadas através dos seus esquemas culturais, assim como, os esquemas culturais são realizados através de ação pragmática. O modelo de mercados, burocracias e clãs é dominado pela natureza das relações econômicas entre as partes dentro de uma organização. Em especial, a condição de confiança, ou de reciprocidade, de um clã é baseada nas crenças dos membros de que a cooperação do comportamento é uma boa maneira de conseguir o aumento da produção, o que pode, em última instância, resultar a longo prazo em resultados financeiros próprios. Desta forma, segundo o estudo, a utilização de regimes cosmológicos e culturais tem sido criticada como motivadora de uma pesquisa para o aspecto superior, como a estratégia 34 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 31 - 35, maio/ago. 2010 do coletor explicativo que pode abordar e ignorar a exposição de potencial poder, gênero, biologias, tecnologias e modalidades materiais, etc. Está assim de acordo em que todas estas fontes de ordenações sociais podem exercer poderosa influências sobre os sistemas simbólicos da organização. Os membros da organização tendem a aprovar a subcultura organizacional através da combinação de práticas de controle, utilizando arranjos espaciais, tecnológicos, materiais, bem como outros elementos não humanos que mantenham o homem centrado nos simbolismos dos seus agentes e na identificação do grupo. Conforme Cappelle e Brito (2006) destacam, “As exigências sociais de um clã dependem, em grande medida, da existência de valores e crenças, organização e empenho, que também são características de culturas organizacionais. A ideia de cultura organizacional aumentou em popularidade durante a década passada. No entanto, é complexa e problemática a causa dos diferentes entendimentos sobre a natureza da construção desta. gama de definições.” A manipulação do imaginário é baseada no conhecimento acerca dos empregados, e a obtenção deste conhecimento tem sido efetuada através da gestão de pessoas, para aumentar sua dominação sobre os indivíduos, a organização também se modifica que demonstra o movimento dinâmico das relações de poder no espaço organizacional, e o papel da gestão da força de trabalho como um mecanismo estratégico de que a organização lança mão para exercer mais poder (CAPPELLE e BRITO, 2006). A prática das subculturas de natureza organizacional é revelada através da forma com que os seus membros ativamente reconstituem as práticas de controle, partilhando os recursos, fato este, destaca Thomas Ahrens, que considera, em particular, a organização formal dos membros que possuíam o acesso às informações da contabilidade, conforme o caso da empresa britânica estudada em seu artigo. As exigências sociais de um clã dependem, em grande parcela, da existência de valores e crenças, da organização e do empenho, que também são características de culturas organizacionais. A ideia de cultura organizacional aumentou de popularidade durante a década passada. No entanto, é complexa e problemática a causa dos diferentes entendimentos sobre a natureza da construção desta, fato apontado por Kim Langfield-Smith (1995). 3. Considerações Finais O conceito de cultura organizacional (e subculturas) possui grande potencial para a compreensão em maior detalhe dos elementos da organização controle e seus funcionamentos prático. Ao conceber a cultura como um conjunto de valores que são meramente complementar ao longo das estruturas sociais, a complexidade e dinamismo da cultura, que permite a organização de diversos membros da empresa. O estudo das práticas culturais subjacentes na organização em face das suas diferentes formas, e nas quais os trabalhadores e o controle são concebidos, evidencia que tanto Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Agnaldo Machado o trabalho quanto o seu controle são estruturados levando-se em conta o fator da identificação de aproximaçãoa determinados grupos dentro da empresa. Para Ahrens (2007), os limites dos grupos não seguem ordenadamente a gestão demarcada entre as subunidades organizacionais e dentro dos departamentos, e assim variadas subdivisões poderão ser observadas. As subdivisões coincidiram com o simbolismo que surgiu a partir de subcultura das tarefas dos trabalhadores da organização. Os membros da organização em face da concepção de cultura organizacional, tornando-se dependentes na prática, cujo significado de ordenação da organização é subcultural e de sistemas simbólicos, sendo chamada a atenção para as relações diversificadas entre formais e informais, práticas e conceituais, elementos de controle humanos e nãohumanos. Culturas organizacionais são perpetuadas por mitos ou histórias que agem para reforçar os valores culturais. Estas histórias podem ser uma série de eventos memoráveis na história da empresa que se tornam parte do “folclore organizacional”. As exigências sociais de um clã dependem, em grande medida, da existência de valores e crenças, da organização e do empenho, que também são características de culturas organizacionais. A discussão das análises a que se procedeu mostrou a ampla possibilidade de ressaltar-se que a compreensão do comportamento do controle de gestão em resposta às mudanças nos ambientes organizacionais em face dos aspectos culturais se mostra como fator crítico para a implantação do controle, a administração e a sobrevivência de empresas. Referências ABNT. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. AHRENS, Thomas, Organisational control as cultural practice - A shop floor ethnography of a Sheffield steel mill, Accounting, Organizations and Society, 2007 – Pag. 305 a 331 BERRY, A. J., BROADBENT, J. and OTLEY, D. . Management Control: Theories, Issues and Practices. 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Acessos de janeiro a julho de 2010 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Total 1.053 7.175 7.457 12.099 8.992 11.184 5.982 53.942 Acesse você também www.atena.org.br ! Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 31 - 35, maio/ago. 2010 35 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Papel da Gestão Contábil Em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira Resumo O presente estudo tem como objetivo analisar como as microindústrias avaliam a contabilidade e os serviços prestados pelo profissional contábil em relação à gestão de seus negócios. Dessa forma, iniciou-se o estudo com a utilização da pesquisa bibliográfica e posteriormente foi realizada uma pesquisa de campo, através da utilização de questionários que foram aplicados a uma amostra composta por 64 microindústrias de todos os ramos de atividades localizadas no município de Florianópolis, em Santa Catarina. A pesquisa caracteriza-se como exploratório-descritiva, de natureza quantitativa e qualitativa, tendo em vista que foram utilizados métodos de estatística descritiva, triangulação e análise de conteúdo para a análise dos dados coletados pela pesquisa. A partir da análise das respostas obtidas, identificou-se que os microempresários valorizam as informações geradas pela contabilidade, buscando utilizá-las na tomada de decisão, por considerarem a contabilidade como uma importante ferramenta de apoio à gestão da empresa. Ressalta-se também que os serviços prestados pelo profissional contábil são vistos pela maioria dos respondentes como relevantes para a continuidade da empresa. Concluise, portanto, que as microempresas estão buscando embasamento na contabilidade e nos serviços prestados pelo profissional contábil para a gestão de seus negócios e para gerar melhores resultados. Palavras-chave: Contabilidade. Profissional Contábil. Gestão de Microempresas. Gestão Industrial. ABSTRACT With the completion of this study aimed to analyze and evaluate the microindustries accounting and professional services provided by accounting for the management of their business. Thus began the study with the use of literature and was later made a field survey, using questionnaires that were applied to a sample of 64 microindustries in all bran- Adriana Luiza Rathke Florianópolis – SC Faculdades Barddal1 [email protected] Aline Botelho Schneider Florianópolis – SC Profa. de Ensino Superior nas Faculdades Barddal1 [email protected] Marcelo Lopes Carneiro Florianópolis – SC Prof. de Ensino Superior nas Faculdades Barddal1e SENAI/SC2 [email protected] Edna Ghiorzsi Varela Parente São José – SC Profa. de Ensino Superior do IESFASC3 [email protected] ches of activities located in Florianópolis in Santa Catarina. The research is characterized as exploratory, descriptive, quantitative and qualitative, in order that we used descriptive statistical methods, triangulation and content analysis to analyze the data collected by the survey. From the analysis of the responses, it was found that micro-entrepreneurs value the information generated by accounting, seeking to use them in decision-making by considering accounting as an important tool to support management. We also emphasize that the services provided by professional accounting are seen by most respondents as relevant to business continuity. It follows therefore that micro-enterprises are seeking grounding in accounting and professional services provided Faculdades Barddal – CEP. 88036-500 - Florianópolis - SC SENAI/SC – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina – CEP 88036-000 – Florianópolis – SC 3 IES FASC – Instituto de Ensino Superior da Grande Florianopolis – CEP 88101260 – São Jose – SC 1 2 Artigo recebido em 05/04/2010 e aceito em 22/06/2010. 36 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Papel da Gestão Contábil Em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira by accounting for the management of their business and generate better results. Key words: Accounting. Professional Accounting. Management of Microenterprises. Industrial Management. 1 Introdução A competitividade existente no mundo dos negócios faz com que as empresas dependam cada vez mais de informações confiáveis para estabelecer estratégias que possibilitem a tomada de decisões com menor risco. Com isso, a contabilidade passou a ser um instrumento indispensável para a gestão, principalmente das microempresas, pois estatísticas publicadas em 2007 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelam que, apesar de ter diminuído consideravelmente, ainda existe um alto índice de fechamento dessas empresas devido à falta de planejamento, falta de conhecimentos gerenciais e dificuldades econômicas. A partir daí, a Contabilidade e o profissional contábil tornam-se um importante aliado das microempresas, pois ele detém dados que podem produzir informações pertinentes e relevantes que visam dar suporte à gestão de seus negócios e, consequentemente, às decisões realizadas no dia a dia das empresas, além de controle e planejamento necessários para a sua sobrevivência. Conforme Ricarte (2005, p.15) “a contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa, sendo suas informações indispensáveis para aferir o resultado das decisões administrativas e para orientar os planos e políticas a serem seguidos”. De acordo com Veiga (2003), a contabilidade gerencial é um importante instrumento no processo de decisão das organizações e deve ser utilizada no processo de gestão estratégica, como elemento de suporte para a competitividade. Os dados contábeis são matérias-primas de informações, que devem ser tratados para que gerem informações úteis e representem um instrumento gerencial para o processo decisório de forma a alcançar uma vantagem competitiva sustentável. As informações geradas pela contabilidade gerencial podem auxiliar os gestores a melhorar a qualidade das operações, reduzir custos operacionais e aumentar a adequação das operações às necessidades dos clientes. A gestão de empresas é foco de grande quantidade de estudos científicos, que visam melhorar a forma como as organizações utilizam os seus recursos. Porém estudos científicos realizados em pequenas empresas ainda são escassos, seja pela sua capilaridade, que ocasiona dificuldade em conseguir dados primários, seja pela sua falta de compreensão das melhorias práticas que tais estudos lhes trazem. Pior ainda é o cenário das microempresas, responsáveis de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por 92,6% do número de empresas e 47% em média dos empregos formais gerados no Brasil; elas são de extrema relevância para o contexto econômico do país, ao passo que são pouco estudadas no meio acadêmico. Com a realização deste trabalho, busca-se responder à seguinte pergunta norteadora: como microempresários industriais avaliam a contabilidade e os serviços prestados Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 pelo profissional contábil em relação à gestão de seus negócios? Para isso utilizou-se de pesquisa de campo, exploratório-descritiva, de natureza quantitativa e qualitativa. A presente pesquisa encontra-se estruturada em seis seções, sendo que a primeira trata da Introdução ao tema e a justificativa da pesquisa. A segunda traz a fundamentação teórica; a terceira trata do enquadramento do método utilizado; a quarta traz a análise dos dados apurados; a quinta faz as considerações finais, e a seção final traz as referências bibliográficas do trabalho. 2 Revisão da Literatura 2.1 MICROEMPRESAS É notável o crescente número de microempresas existentes no Brasil. De acordo com o Sebrae (2005), a quantidade de microempresas evoluiu de 2.956.749 para 4.605.607 entre os anos de 1996 e 2002, com crescimento acumulado de 55,8% e com uma participação percentual no total de empresas de 93,6%. Além disso, a pesquisa realizada pelo Sebrae (2005, p.21) apontou que: Os resultados da evolução real dos rendimentos médios no período, segundo os portes de empresas, indicam que ocorreu acréscimo real somente no segmento de microempresas (nos setores da indústria e no comércio), caindo o rendimento médio percebido nos demais portes. Atualmente, para definir o conceito das microempresas, são utilizados diversos tipos de critérios, entre os quais a quantidade de funcionários, o capital investido, o faturamento e a quantidade produzida. No Brasil, este conceito é respaldado por legislações específicas, com o objetivo de assegurar às microempresas tratamento jurídico diferenciado e simplificado no que diz respeito às áreas administrativa, tributária, previdenciária, trabalhista, creditícia e de desenvolvimento empresarial (PEREIRA et al., 2009). Dessa maneira, verifica-se que a falta de homogeneidade na classificação das empresas como de micro ou pequeno porte decorre principalmente das diferentes finalidades a que se destinam tais informações. Ressalta-se, entretanto, que as microempresas exercem uma função muito importante para a economia nacional, pois se trata de um segmento que faz a economia “girar”, empregando uma grande quantidade de mão de obra. Conforme o Sebrae (2009, p. 3), as micro e pequenas empresas brasileiras representam 39% da massa salarial nacional e 20% do Produto Interno Bruto (PIB), totalizando 51% da força de trabalho urbana empregada no setor privado, o que equivale a 13,2 milhões de empregos com carteira assinada. Diante disso, verifica-se que as micro e pequenas empresas vêm alcançando uma participação cada vez maior na economia, destacando-se como fonte geradora de ocupação e renda no país e contribuindo de maneira considerável para o aumento do produto interno bruto (PIB). Devido a este fato, é fundamental que os gestores das indústrias de pequeno porte utilizem as informações da contabilidade como base para a gestão de seus negócios na busca de um desenvolvimento econômico ainda maior que 37 Pensar Contábil Adriana Luiza Rathke CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro se refletirá tanto no ambiente interno quanto no externo à empresa. Nesse contexto, o presente estudo aborda a seguir o processo de gestão aplicado às microempresas. 2.1.1 O processo de gestão aplicado às microempresas Diante da competitividade existente no contexto empresarial, torna-se vital para a sobrevivência, principalmente das microempresas, uma melhor organização e estruturação de seus processos, mediante a utilização de mecanismos de controle e planejamento no gerenciamento de suas decisões. O conceito de gestão deriva do latim gestione, que quer dizer gerir, gerência, administração. A pessoa que gerencia, denomina-se gestor, e é aquela pessoa que toma decisões para que as coisas aconteçam e para que a empresa atinja seus objetivos. O ato de gerir pode ser definido como um conjunto de atividades capaz de conduzir a organização ao cumprimento da sua missão (ROMANOWSKI, 2005, p. 50). Dessa forma, pode-se afirmar que a gestão define os rumos que os gestores devem seguir e a forma como devem planejar a estratégia da empresa, prestando-lhes orientações seguras e possibilitando o controle das atividades da organização, o que assegura sua continuidade na medida em que busca atingir melhores resultados. De acordo com Ricarte (2005, p. 14), a gestão é um processo pelo qual se leva a empresa de uma situação atual para uma situação futura desejada. Gerir um negócio é fazer as coisas acontecerem. Gerir com eficiência proporciona o desenvolvimento e a melhoria das atividades da empresa, ocasionando melhores resultados. Para atender a tais propósitos, o processo de gestão envolve planejamento, execução e controle de todas as operações da empresa, visando gerar resultados. Conforme define Nóbrega (2004, p. 15), a gestão pode ser caracterizada como “um conjunto de conhecimentos codificados – cujo foco é a obtenção de resultados”. A partir daí, verifica-se a importância do processo de gestão nas microempresas, tendo em vista que a maioria das empresas desse porte não possui planejamento e controle formal de suas operações e desenvolve suas atividades com base na experiência de seus gestores, normalmente seus proprietários, o que pode acarretar sérios problemas no direcionamento estratégico da empresa, pois dificulta a identificação de possíveis falhas ocorridas na gestão (OLIVEIRA, 2001). Portanto, para que uma empresa atinja seus objetivos e obtenha resultados, há a necessidade de que suas atividades sejam planejadas e controladas. Assim, o processo de gestão serve de suporte aos processos de tomadas de decisão, sendo que o processo de gestão ideal deve ser estruturado nas seguintes etapas: planejamento, execução e controle (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2004). A etapa de planejamento compreende as ações voltadas para a tomada de decisão, como afirmam Figueiredo e Caggiano (2004, p. 43): o “Planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a ação e é dirigido para a tomada de decisão”. Com isso, verifica-se que na fase de planejamento os gestores devem determinar antecipada- 38 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 Edna Ghiorzsi Varela Parente mente que objetivos pretendem atingir e qual a melhor maneira para alcançá-los. Na etapa de execução, serão colocadas em prática as ações definidas no planejamento, visando atender aos objetivos e metas estipulados. Este processo abrangerá todas as tarefas que serão realizadas; portanto, deverá ser decidido pela empresa quem irá executá-las, como serão feitas, ou seja, formadas, e a quem o responsável pela execução deverá prestar contas sobre as decisões tomadas. E, por último, a etapa de controle que tem por finalidade monitorar o desempenho das outras etapas do processo de gestão, assegurando que tudo aquilo que foi planejado está sendo executado de acordo com os objetivos previamente estabelecidos. Segundo Peleias apud Romanowski (2005, p. 46), [...] é a etapa do processo de gestão, contínua e recorrente, que avalia o grau de aderência entre os planos e sua execução; analisa os desvios ocorridos, procurando identificar suas causas, sejam elas internas ou externas; direciona as ações corretivas, observando a ocorrência de variáveis no cenário futuro, visando alcançar os objetivos propostos. Dessa forma, percebe-se que a etapa de controle realiza a verificação das etapas de planejamento e execução, se elas estão cumprindo com seus propósitos ou se existem falhas no processo. Assim, o controle permite a comparação entre as ações executadas com as estabelecidas no planejamento, possibilitando a tomada de ações corretivas. Com isso, verifica-se a necessidade de utilizar as ferramentas da contabilidade na gestão das microempresas, tendo em vista que o processo de gestão, em toda a sua extensão, representa um importante processo de controle das operações da empresa e a contabilidade pode servir como suporte a esse processo (CATELLI et al., 2001). 2.2 A Contabilidade e o Profissional Contábil no Apoio à Gestão das Microempresas O surgimento da contabilidade decorreu da necessidade de ter informações econômico-financeiras mais apuradas a respeito dos negócios, capazes de expressar, direcionar e alavancar os resultados das empresas. Além disso, os constantes avanços tecnológicos, aliados às mudanças econômicas, geraram inúmeros desafios a todo e qualquer tipo de organização, independentemente de seu porte, área de atuação ou classificação econômica. A Contabilidade constitui-se instrumento de gestão imprescindível, principalmente no Brasil, onde o pequeno empreendedor, enfrentando um cenário econômico de oscilações frequentes, de altas taxas de juros e uma carga tributária próxima dos 35% do PIB, precisa se valer de todas as alternativas possíveis para se manter de portas abertas e seguir gerando emprego e renda (SILVA et al., 2002, p. 9). Assim, torna-se visível a importância de se utilizarem informações geradas pela contabilidade na gestão das microempresas, tendo em vista que empresas deste porte enfrentam maiores dificuldades para competir com as demais e se manter no mercado. Além disso, as informações geradas pela contabilidade, na visão de Marian (2008, p. 34), Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Papel da Gestão Contábil Em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira [...] agregam valor para o usuário. Entretanto diante da rapidez com que os eventos estão ocorrendo elas precisam ser relacionadas aos eventos econômicos, financeiros e políticos, internos e externos à entidade e projetadas visando absorver os impactos que as decisões venham a causar. Diante disso, mais do que produzir informações que tratam das operações normais das empresas, é preciso que a contabilidade esteja em sintonia com as constantes mudanças ocorridas nas áreas econômicas, financeiras e até mesmo políticas para reportar informações mais seguras aos gestores nos momentos de tomar decisões. Assim, verifica-se que a contabilidade deve apresentarse de maneira clara e ser voltada para os gestores, especialmente os microempresários, devido a sua resistência a utilizar as informações da contabilidade, até mesmo por não entenderem o propósito de tais informações, pois, como afirma Müller apud Marian (2008, p.28), a “utilidade da informação contábil depende diretamente da contribuição que ela possa oferecer aos usuários, enquanto instrumento de apoio ao processo decisório”. Portanto, quanto maiores os benefícios trazidos por elas, maiores serão os interessados em utilizá-las. Apesar disso, Oliveira, Müller e Nakamura (2000) afirmam que a contabilidade ainda tem sido assimilada, principalmente nas microempresas, como uma área responsável pelo atendimento único e exclusivo às exigências fiscais, sendo deixada de lado nos momentos de tomada de decisões. Nesse sentido, Marion (2006, p.24) afirma que: Observamos com frequência que várias empresas, principalmente as pequenas, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos, etc., fatores estes que, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo ao fundo de nossas investigações, constatamos que, muitas vezes, a “célula cancerosa” não repousa nessas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis. Por fim observamos, nesses casos, uma contabilidade irreal, distorcida, em consequência de ter sido elaborada única e exclusivamente para atender às exigências fiscais. Portanto, para que as microempresas adquiram maiores expectativas de sobrevivência é imprescindível que os microempresários comecem a perceber que o campo de atuação da contabilidade vai muito além do atendimento exclusivo às questões fiscais e pode servir como um importante instrumento de apoio à gestão de seus negócios se for elaborada com dados reais acerca da empresa. Além disso, para que a contabilidade possa gerar relatórios contábeis que expressem informações úteis, transparentes, claras e objetivas é essencial a colaboração do microempresário, repassando informações que reflitam a realidade da empresa e buscando o auxílio do profissional contábil para sanar suas dúvidas. Conforme o CFC (2003, p.24), [...] a contabilidade é considerada como uma das profissões mais antigas do homem e evoluiu junto com a Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45,maio/ago. 2010 sociedade, estando, atualmente, entre as mais requisitadas; tem o objetivo de prover informações e orientações aos diversos usuários, destacando-se pelo seu papel de proteção à vida da riqueza das células sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial. A internacionalização dos mercados tem provocado transformações no cenário em que a contabilidade atua; o que se observa é uma exigência por informações claras e transparentes. Neste contexto, o profissional de contabilidade torna-se uma peça-chave desses novos conceitos e posturas. Dessa forma, percebe-se que o profissional contábil possui grande responsabilidade na disseminação das informações contábeis, tendo em vista que a contabilidade pode servir de apoio à gestão das microempresas, através da geração de informações úteis, objetivas e transparentes que visem atender as necessidades dos gestores, e consequentemente à obtenção de melhores resultados. O profissional contábil gerencia todo o sistema de informações, os bancos de dados que propiciam tomada de decisões tanto dos usuários internos como externos. Toda a sociedade espera transparência dos Informes Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas, simultaneamente, de postura ética (Marion, 2006, p.27). Com isso, para atender as exigências impostas pelo mercado, o profissional de contabilidade, além de buscar cada vez mais conhecimento, deve assumir uma postura ética diante de seus clientes e da sociedade, a fim de demonstrar o quanto a contabilidade pode auxiliar os gestores a tomar decisões. Além disso, cabe ressaltar que o profissional contábil deve buscar cada vez mais conhecer melhor as necessidades dos microempresários, interagindo dessa forma com o ambiente em que eles estão inseridos e possibilitando uma troca de conhecimentos, além de impulsionmesma-los a se interessar pela utilização das informações contábeis na gestão de seus negócios. O profissional de contabilidade, além dos conhecimentos técnicos necessários ao desempenho da atividade, deve conhecer o ambiente interno e externo das organizações e suas relações de comportamento humano, social e econômico devem ser conscientes e responsáveis, pois as informações emanadas pela contabilidade impactam profundamente a vida econômica e social o país [...] (FIGUEIREDO; FABRI, 2000, p. 24). Diante do exposto, verifica-se a responsabilidade do profissional contábil na geração e transmissão das informações contábeis, tendo em vista que podem acarretar mudanças significativas tanto no ambiente empresarial quanto na situação econômica e social do país. Além disso, conforme Faraco (2009, p.1): Devido à crise e às grandes transformações por que passa a economia mundial, cada vez mais se exige transparência e visibilidade nas transações, quer sejam elas na área pública ou privada. Nesse sentido, o registro dos fatos, o controle e os direcionamentos contábeis assumem uma importância fundamental em todos os tipos de organização. 39 Pensar Contábil Adriana Luiza Rathke CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro Dessa maneira, destaca-se a importância do profissional de contabilidade em auxiliar e assessorar todos os tipos de empresas, em especial, as micro, buscando tornar as informações compreensíveis e úteis aos gestores das microempresas, a fim de que eles utilizem tais informações no processo de gestão de seus negócios. Nesse sentido, Cavalcante e Schneiders (2008, p. 74) ressaltam que surge nas micro e pequenas empresas um vasto campo de trabalho para o contador como assessor ou consultor ajudando na orientação, elaboração de relatórios úteis e simplificados facilitando e aumentando o conhecimento do funcionamento da sua atividade, o controle e planejamento das operações econômicas e financeiras destas empresas. Neste contexto, o profissional de contabilidade tem a responsabilidade de demonstrar aos microempresários a importância de ambos trabalharem em conjunto na busca de gerar melhores resultados, pois assim o gestor poderá transmitir ao profissional contábil seus conhecimentos em relação ao ramo de atividade no qual está inserido, bem como as suas necessidades, anseios e objetivos, e, em contrapartida, o profissional contábil poderá transmitir seus conhecimentos contábeis e averiguar que informações serão úteis para suprir as necessidades dos gestores, dirimir seus anseios e atingir seus objetivos. 3 Procedimentos Metodológicos Nesta seção pretende-se apresentar os métodos utilizados para a realização da pesquisa a fim de torná-la mais clara e possibilitar aos leitores o correto entendimento de como se proceu à elaboração da pesquisa. Quanto à abordagem do problema, a pesquisa pode ser classificada como qualitativa e quantitativa, pelo fato de que buscou compreender as informações obtidas e demonstrá-las através de gráficos e tabelas, visando ao atendimento dos objetivos propostos. Para Beuren (2006, p.92), “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”. Já a abordagem quantitativa “caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta como no tratamento dos dados”. Em relação aos objetivos, pode-se classificar a pesquisa como exploratório-descritiva, tendo em vista que buscou verificar as características dos integrantes do ambiente dentre o qual se objetiva encontrar respostas, de maneira que explorou esse ambiente e o descreveu ao mesmo tempo. No que diz respeito aos procedimentos adotados, foi bibliográfica, tendo em vista que foi fundamentada através de materiais já publicados, e também pesquisa de campo, pelo fato de que foram distribuídos questionários entre as microempresas industriais localizadas em Florianópolis. A população e a amostra foram obtidas através de uma busca definida pelo porte das empresas e sua localização, existentes no Guia Web das Indústrias de Santa 40 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 Edna Ghiorzsi Varela Parente Catarina, um banco de dados virtual elaborado pelo Centro das Indústrias do Estado de Santa Catarina (CIESC), entidade pertencente ao Sistema FIESC — Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. No total, a busca gerou um relatório contendo uma população de 158 empresas que atendiam aos critérios previamente estabelecidos para a coleta de dados, ou seja, microempresas industriais localizadas em Florianópolis (baseando-se na classificação do SEBRAE, ou seja, 19 funcionários ou menos). O cálculo do tamanho da amostra (n) foi associado a um nível de confiança equivalente a 95%. A partir da realização deste cálculo, obteve-se uma amostra correspondente a 64 microempresas, selecionadas de forma probabilística, a serem pesquisadas. Para a coleta de dados foram utilizados questionários que foram aplicados entre os meses de outubro e novembro de 2009. Por esse aspecto, o questionário foi elaborado com base em pesquisas já realizadas pelo Sebrae (2007), Cavalcante e Schneiders (2008) e Both (2005), sendo composto por 16 perguntas voltadas para: (i) identificar o perfil do respondente; (ii) identificar o perfil da empresa; (iii) averiguar a percepção dos microempresários acerca da contabilidade e dos serviços prestados pelo profissional contábil em relação à gestão da empresa. Considerando-se que a maioria das microempresas cadastradas no banco de dados da FIESC possuía email em seu cadastro, a pesquisa foi realizada inicialmente através de correio eletrônico. No e-mail enviado aos microempresários, apresentaram-se os objetivos da pesquisa e se anexou uma planilha em Excel contendo o questionário, sendo que, dos 146 e-mails enviados, 18 voltaram com notificações de falhas no envio e somente 19 foram respondidos. Diante disso, partiu-se para o contato telefônico com os microempresários ou responsáveis pela empresa através dos telefones contidos no cadastro das empresas, completando-se então a quantidade de 64 questionários respondidos, condizente com o valor exigido pelo cálculo da amostra. A análise dos dados da presente pesquisa utilizou-se tanto do procedimento quantitativo, por triangulação e análise de conteúdo, quanto do qualitativo, por análise estatística descritiva. Nesse sentido, verifica-se que “a triangulação implica na utilização de abordagens múltiplas para evitar distorções em função de um método, uma teoria ou um pesquisador (GÜNTHER, 2006, p.206)”. Além da triangulação, utilizou-se o método de análise de conteúdos. 4 Apresentação e Análise dos Resultados Iniciou-se a pesquisa a partir da análise do perfil dos microempresários participantes, através de 3 perguntas que dizem respeito ao sexo, idade e escolaridade. Assim, com base nos dados coletados na pesquisa, observou-se que 41% dos respondentes são do sexo feminino, enquanto aproximadamente 60% são do sexo masculino. Já quando perguntados sobre a idade, uma quantidade considerável de respondentes, de ambos os sexos, possui idade superior a 31 anos, compreendendo 57% dos Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Papel da Gestão Contábil Em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira respondentes com idade entre 31 a 50 anos e 23% com idade superior a 51 anos. Em relação à escolaridade, percebe-se que um significativo número de respondentes se enquadra no nível superior, seja ele incompleto, completo ou ainda pósgraduado, o que sugere que os microempresários estão buscando uma maior qualificação. A coleta de dados apontou que a maioria das microempresas participantes da presente pesquisa pertence ao ramo de atividade editorial e gráfica, com um total de 22%, e ao ramo da construção civil, que corresponde a 19%, seguido pelo ramo de produtos alimentares e de processamento de dados, ambos com 16%. Em relação ao tempo de atuação, observou-se que aproximadamente 80% dessas empresas estão atuando há mais de 10 anos no mercado. Além do perfil dos microempresários e das microempresas industriais, analisou-se como os microempresários avaliam a contabilidade em relação à gestão de seus negócios, buscando-se: (i) identificar se as informações contábeis são utilizadas na gestão das microempresas; (ii) averiguar a percepção dos microempresários sobre tais informações e sua contribuição para a tomada de decisões; e (iii) evidenciar o papel da contabilidade e do profissional contábil enquanto facilitadores no processo de gestão das microempresas. De acordo com Silva et al. (2002) a contabilidade é um instrumento de gestão imprescindível, principalmente para as empresas de micro e pequeno porte, tendo em vista os problemas econômicos e financeiros que enfrentam. Diante de tal afirmação, buscou-se averiguar se os microempresários integrantes da pesquisa consideram a contabilidade como uma ferramenta de apoio à gestão da empresa e como eles avaliam as informações contábeis, conforme Tabela 1. Tabela 1 – Informações sobre a contabilidade no apoio à gestão da empresa. QUESTÕES FREQUÊNCIA (%) MÉDIA DESVIOPADRÃO SIM NÃO A contabilidade como ferramenta de apoio à gestão 83 17 32 29,70 Avaliação da realidade expressada nas informações contábeis 61 39 32 9,90 Entendimento das informações contábeis 62 38 32 11,31 Informações contábeis x melhorias nos resultados 56 44 32 5,66 Fonte: Dados primários, 2009. Analisando-se a Tabela 1, percebe-se que mais de 80% dos respondentes consideram a contabilidade como uma ferramenta importante para a gestão da empresa. Tal resultado pode ser corroborado com o cálculo da mé- Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 dia e desvio-padrão, podendo-se inferir que a contabilidade é considerada pela amostra pesquisada uma das ferramentas utilizadas para embasar as decisões tomadas pelos gestores, mesmo que não utilizem todas as possibilidades de informação que a área tem para fornecer à empresa. Os dados coletados também demonstraram que, quando questionados sobre a realidade expressa nas informações contábeis, 61% dos microempresários afirmaram que a contabilidade reflete totalmente a realidade da empresa e 39% disseram que as informações contábeis refletem somente em parte a realidade da empresa. Além disso, a coleta de dados evidenciada na Tabela 1 aponta que um maior número de respondentes afirma entender as informações passadas pela contabilidade. Contudo, acredita-se que o alto nível de escolaridade identificado entre os respondentes também pode contribuir para a tal resultado. Um estudo realizado por Santos e Ferreira (2004) evidenciou que microempresas que utilizam as informações contábeis e dão ênfase à contabilidade tiveram um desempenho maior do que aquelas que não utilizam as informações advindas da contabilidade. Sendo assim, averiguou-se se os respondentes atribuem a utilização de tais informações a possíveis melhorias nos resultados da empresa. A partir da frequência das respostas obtidas, nota-se que uma maior parcela de microempresários afirma que as informações geradas pela contabilidade podem auxiliar na geração de melhores resultados para a empresa, porém o cálculo da média e do desvio-padrão demonstrou pouca diferença entre as respostas afirmativas e as negativas. Diante disso, não se pode afirmar que a maioria os microempresários atribuam às informações contábeis a geração de melhores resultados para a empresa, talvez pelo fato de utilizarem outros tipos de suporte para a tomada de decisões econômico-financeiras. De acordo com Marion (2006, p. 23), a contabilidade “coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões”. Dessa forma, os microempresários foram questionados sobre os tipos de demonstrativos ou relatórios contábeis utilizados nos momentos de tomar decisões, verificando-se que, apesar de aproximadamente 30% dos respondentes não utilizarem nenhum tipo de demonstrativo e/ou relatório contábil para a tomada de decisões, grande parte dos microempresários utilizam os mais diversos tipos de demonstrativos/ relatórios contábeis, destacando-se o controle de contas a pagar/receber e o balancete de verificação. Com isso, as informações fornecidas pela contabilidade permitem que os gestores tomem os mais diversos tipos de decisões, abrangendo todas as áreas da empresa (IUDÌCIBUS, 1998). Portanto, além de indagar os microempresários sobre os demonstrativos e relatórios contábeis mais utilizados para a tomada de decisões, perguntou-se sobre a visão deles acerca da utilidade das informações geradas pela contabilidade para as áreas 41 Pensar Contábil Adriana Luiza Rathke CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro administrativa, financeira, trabalhista, de vendas, gerencial e outras, identificando-se através das respostas obtidas que os microempresários atribuem uma maior utilidade das informações geradas pela contabilidade à área trabalhista, alcançando uma frequência de 42% das respostas obtidas. Contudo, em segundo lugar, com 22% de frequência, nota-se que os microempresários associam utilidade às informações contábeis para quatro áreas: administrativa, financeira, trabalhista e gerencial. Sendo assim, realizou-se o cálculo da média e do desvio-padrão, o qual remeteu à confirmação de que a área trabalhista é vista pelos respondentes como a área em que as informações geradas pela contabilidade têm maior utilidade. De acordo com Marian (2008, p. 32), “[...] os gestores das micro e pequenas empresas não têm um modelo de gestão formal. Os proprietários, que geralmente administram as empresas, utilizam como base de decisões sua intuição e conhecimento do mercado”. Assim, buscou-se verificar quais os tipos de suportes mais utilizados pelos microempresários no momento de tomar decisões econômico-financeiras. Ressalta-se que 19% dos respondentes se baseiam apenas na experiência no momento de tomar decisões econômico-financeiras, 17% aliam a experiência à busca de auxílio profissional e 16% tomam decisões a partir da experiência e da intuição. Tais resultados foram submetidos ao cálculo da média e do desvio-padrão, com a finalidade de identificar os possíveis desvios ocorridos nas frequências obtidas, identificando-se que a experiência aliada à busca de auxílio profissional prevalece. Relacionado a esta questão, uma pesquisa do Sebrae (2007, p. 32) revela que “mais da metade dos empresários vem buscando assessoria e/ou auxílio para o gerenciamento da sua empresa [...]. Os contadores continuam sendo procurados por significativa parcela desses empresários”. Assim, tendo em vista a abrangência da pesquisa realizada pelo Sebrae com microempresas, acredita-se que, quando questionados sobre a busca de auxílio profissional, os microempresários se reportam principalmente ao auxílio do profissional contábil. Entretanto, percebe-se que, dos microempresários que participaram da presente pesquisa, poucos são os que buscam suporte apenas no auxílio profissional, o que indica que eles procuram assegurar suas decisões de caráter econômico-financeiras, aliando dois ou mais tipos de suporte. Tendo em vista que a contabilidade ainda tem sido assimilada, principalmente nas microempresas, como uma área responsável pelo atendimento único e exclusivo às exigências fiscais, sendo pouco consultada nos momentos de tomada de decisões (OLIVEIRA; MÜLLER; NAKAMURA, 2000), perguntou-se aos microempresários sobre os tipos de informações que o profissional de contabilidade lhes fornece, identificando-se que 35% dos microempresários afirmam que recebem somente informações fiscais e sobre a folha de pagamento, o que pode ser corroborado pela pesquisa de Oliveira, Müller e Nakamura (2000). Se recebem somente tais tipos de informações, 42 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 Edna Ghiorzsi Varela Parente possivelmente continuarão assimilando a contabilidade ao atendimento único e exclusivo das questões fiscais e legais. Apesar disso, os dados coletados na presente pesquisa indicam que 57% dos microempresários afirmam receberem do profissional contábil outros tipos de informações além das informações fiscais e da folha de pagamento. Assim, realizou-se o cálculo da média e do desvio-padrão, evidenciando-se que o profissional contábil fornece às microempresas informações que vão além das exigidas pelo fisco. O profissional contábil tem a responsabilidade de repassar informações úteis e relevantes para que os gestores possam tomar decisões (MARION, 2006). Dessa forma, ressalta-se a importância da utilização das informações fornecidas pelo profissional de contabilidade, principalmente nas microempresas devido aos problemas que enfrentam (RICARTE, 2005). Portanto, os microempresários foram questionados sobre a frequência com que utilizam as informações passadas pelo profissional contábil na tomada de decisões, apurando-se que os respondentes utilizam frequentemente as informações fornecidas pelo profissional contábil, o que foi corroborado pelo cálculo da média e do desvio-padrão. Tal resultado também foi verificado por Cavalcante e Schneiders (2008), que afirmam em sua pesquisa que o contador está se tornando um profissional de confiança dos micro e pequenos empresários, pois estes estão buscando cada vez mais informações e o apoio do contador nos momentos de tomar decisões. Acerca dessa questão, Stroeher e Freitas (2008) destacam em seu estudo que os empresários procuram o profissional contábil para tomar decisões nas mais diversas áreas, compreendendo os mais variados assuntos, que vão desde questões relacionadas à tributação, negociações com a fiscalização, formação do preço de venda, lucratividade e até conselhos em geral. Também se averiguou junto aos microempresários sobre o recebimento de orientações do profissional de contabilidade a respeito das informações contábeis. Os dados coletados apontam que 42% dos respondentes sempre recebem orientações do profissional de contabilidade sobre a utilização das informações contábeis, e que aproximadamente 30% recebem às vezes. Portanto, realizou-se o cálculo da média e do desvio-padrão sobre os dados coletados, através do qual se pode inferir que a maioria dos microempresários recebe frequentemente orientações acerca das informações contábeis. Tal resultado pode remeter à ideia de que o profissional contábil está cumprindo com seu papel, transmitindo informações aos microempresários, e estes, por sua vez, estão utilizando tais informações na tomada de decisões. Segundo Stroeher e Freitas (2008) o profissional contábil oferece aos micro e pequenos empresários principalmente os serviços de escrita fiscal e folha de pagamento, indicando que são oferecidos basicamente serviços voltados para o atendimento das obrigações legais e fiscais. Nesse sentido, quando perguntados se os serviços prestados pelo profissional contábil atendem Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ O Papel da Gestão Contábil Em Microindústrias: um Estudo Empírico em uma Capital Brasileira somente questões tributárias, 45% dos microempresários responderam que sim e 55% disseram que os serviços não atendem apenas a questões tributárias, resultado corroborado pelo cálculo da média e do desvio-padrão, conforme Tabela 2. Tabela 2 – Avaliação dos serviços prestados pelo profissional contábil. Questões Frequência (%) Média Desvio Padrão SIM NÃO Serviços do profissional contábil no atendimento exclusivo das questões tributárias 45 55 32 4,24 Relevância dos serviços do profissional contábil para a continuidade da empresa 80 20 32 26,87 Auxílio do profissional contábil à gestão das microempresas 67 33 32 15,56 de ambas as partes, é imprescindível que os microempresários estejam satisfeitos com os serviços prestados pelo profissional contábil. Por fim, a pesquisa abordou o grau de satisfação dos microempresários em relação aos serviços prestados pelo profissional contábil, percebendo-se que 40% dos microempresários classificam os serviços prestados pelo profissional de contabilidade como bom e somente 3% como ruim, de acordo como Gráfico 1. Gráfico 1 – Grau de satisfação dos microempresários em relação aos serviços prestados pelo profissional contábil. 3% Ótimo Bom Satisfatório Regular Ruim 25% 40% Fonte: Dados primários, 2009 Já quanto à sua relevância para a continuidade da empresa, identificou-se que 80% dos microempresários acreditam que os serviços prestados pelo profissional contábil são relevantes para a continuidade da empresa e somente 20% disseram que os serviços não são relevantes para a continuidade da empresa. Assim, realizou-se o cálculo da média e do desvio-padrão, inferindo-se que a maioria dos microempresários veem os serviços prestados pelo profissional contábil como relevantes para a continuidade da empresa. Dessa forma, pode-se acreditar que boa parte dos microempresários que participaram da presente pesquisa está utilizando os serviços prestados pelo profissional de contabilidade na tomada de decisões. Outro fato abordado foi em relação à percepção dos microempresários com respeito ao auxílio proporcionado pelos serviços do profissional contábil quanto à gestão da empresa, e a frequência das respostas indica que a maioria dos microempresários afirma que os serviços prestados pelo profissional de contabilidade auxiliam na gestão da empresa. Tal resultado pode ser confirmado através do cálculo da média e do desvio-padrão, conforme Tabela 2. A respeito do apoio recebido do profissional contábil para a gestão da empresa, Cavalcante e Schneiders (2008, p. 72) ressaltam que: o empresário que pode contar com este apoio do contador certamente também trará retorno ao contador tendo a documentação toda organizada, evitando pagamento de juros em impostos e empréstimos, sem contar com o nível de conhecimento sobre a estrutura econômicofinanceira da empresa, o qual pode ser melhorado com conhecimentos novos. Portanto, ressalta-se a importância de haver a interação entre o profissional de contabilidade e os microempresários na busca de agregar melhorias à gestão das empresas. Além disso, acredita-se que, para se atenderem as necessidades Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 16% 16% Fonte: Dados primários, 2009. Tabela 3 – Cálculo da média e desvio padrão do gráfico 1. Grau de satisfação dos microempresários em relação aos serviços prestados pelo profissional contábil Média 12,80 Desvio-padrão 8,90 Fonte: Dados primários, 2009. Tais resultados foram submetidos ao cálculo da média e do desvio-padrão, conforme Tabela 3, confirmando que a maioria dos microempresários avalia como bom os serviços prestados pelo profissional de contabilidade. Dessa forma, pode-se inferir que, apesar das respostas anteriores indicarem que o profissional contábil está cumprindo com seu papel na geração de informações para as microempresas, possivelmente deve estar ocorrendo alguma falha no processo de comunicação existente entre os profissionais de contabilidade e microempresários, impedindo assim que o grau de satisfação dos microempresários em relação aos serviços prestados pelo profissional contábil seja considerado ótimo. Diante do mesmo resultado em sua pesquisa, Cavalcante e Schneiders (2008) afirmam que “o contador precisa aperfeiçoar seus trabalhos para atingir uma satisfação maior. [...] Tornar práticos seus serviços, adaptados à re- 43 Pensar Contábil Adriana Luiza Rathke CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Aline Botelho Schneider Marcelo Lopes Carneiro alidade do dia a dia da empresa”. Portanto, verifica-se a importância de haver a interação entre os microempresários e o profissional de contabilidade, a fim de melhorar a satisfação para ambas as partes. 5 Considerações Finais Com a realização do presente estudo, verificou-se que os microempresários estão buscando respostas às constantes mudanças impostas pelo mercado, implementando ferramentas da contabilidade a fim de adquirir vantagem competitiva em relação às demais empresas. Diante disso, destaca-se que um número considerável dos respondentes possui um alto nível de escolaridade, o que pode ser um dos fatores que contribuíram para a obtenção de tais resultados. Assim, em resposta aos objetivos propostos, identificouse que as microempresas localizadas em Florianópolis/SC e que compuseram a amostra pesquisada estão utilizando as informações geradas pela contabilidade no apoio à gestão de seus negócios, ressaltando-se que a maioria dos respondentes considera a contabilidade e os serviços prestados pelo profissional contábil como importantes ferramentas de apoio à gestão da empresa. Dessa maneira, na averiguação da percepção dos microempresários em relação às informações contábeis e sua contribuição para a tomada de decisões, identificou-se que, entre os tipos de demonstrativos contábeis ou relatórios mais utilizados para a tomada de decisões, os microempresários destacam o balancete de verificação e o controle de contas a pagar e/ou receber. Apesar disso, ainda atribuem maior utilidade das informações contábeis à área trabalhista. Tais informações refletem a realidade da empresa e são de fácil entendimento. Entretanto, não se pode afirmar que a maioria dos microempresários atribui à utilização das informações contábeis a geração de melhores resultados para a empresa. Em relação aos tipos de suporte mais utilizados pelos microempresários nos momentos de tomar decisões econômico-financeiras, verificou-se que eles buscam embasar suas decisões principalmente na experiência aliada à busca de auxílio profissional, o que pode indicar que o profissional contábil está sendo procurado pelos microempresários nos momentos de decidir qual o melhor caminho a ser seguido. Ainda quanto à percepção dos microempresários em relação às informações contábeis, destaca-se que grande parte dos microempresários respondeu que o profissional de contabilidade lhes fornece informações fiscais, gerenciais, econômico-financeiras e sobre a folha de pagamento, inferindose, assim, que as informações prestadas pelo profissional contábil vão além das exigidas pelo fisco. Edna Ghiorzsi Varela Parente Nesse contexto, um número considerável de microempresários afirmou que utiliza frequentemente as informações fornecidas pelo profissional contábil, o que pode estar relacionado ao fato de ressaltarem que frequentemente recebem orientações por parte do profissional de contabilidade. Assim, acredita-se que o profissional contábil está cumprindo com seu papel, transmitindo informações aos microempresários, e, estes por sua vez, estão utilizando tais informações na tomada de decisões. Ressalta-se que a maioria dos microempresários não vê os serviços prestados pelo profissional de contabilidade como úteis apenas ao atendimento das questões tributárias, atribuindo relevância dos serviços para a continuidade da empresa e, consequentemente, para sua gestão. Tais fatores podem estar ligados ao fato de que grande parte das microempresas pesquisadas atua há mais de 10 anos no mercado, podendo-se inferir que a contabilidade e os serviços prestados pelo profissional contábil contribuem sobremaneira para a gestão dessas empresas. Outra questão abordada na pesquisa foi o grau de satisfação dos respondentes em relação aos serviços prestados pelo profissional de contabilidade, revelando que os microempresários avaliam seus serviços como bons, o que pode indicar que há a necessidade de uma maior integração entre os profissionais contábeis e os microempresários. Dessa forma, acredita-se que o presente trabalho contribui para o estreitamento da relação existente entre os profissionais de contabilidade e os microempresários, tendo em vista que analisou como os microempresários avaliam a contabilidade e os serviços prestados pelo profissional contábil no apoio à gestão de seus negócios. Nesse sentido, para o meio acadêmico, a pesquisa possibilita aos futuros profissionais da área contábil que reflitam sobre o atendimento aos microempresários, auxiliando assim na definição de melhorias nos serviços prestados aos seus clientes, em especial às microempresas, tendo em vista a relevância que exercem para a economia brasileira. Já para os microempresários, a pesquisa contribui para evidenciar o papel da contabilidade e do profissional contábil, enquanto facilitadores no processo de gestão das microempresas. Além disso, acredita-se que, a partir do momento em que foram questionados, os microempresários foram instigados a refletir sobre as informações geradas pela contabilidade e sua contribuição para a tomada de decisões no dia a dia da empresa. Finalmente, referente ao tema apresentado neste trabalho, sugere-se que sejam realizadas pesquisas mais abrangentes que se proponham a analisar microempresas existentes na Grande Florianópolis, estabelecendo um comparativo entre elas e os profissionais de contabilidade. Referências BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2006. BOTH, Ligiane. A qualidade da informação contábil no processo decisório: um estudo de caso no comércio varejista de automóveis. 2005. 73p. Monografia – Curso de Ciências Contábeis – Centro de Educação Superior IV, Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu.SC. CATELLI, Armando; et al. Sistema de Gestão Econômica - GECON. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica - GECON. 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Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 36 - 45, maio/ago. 2010 45 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders Resumo O foco deste trabalho é determinado pela importância que tem o setor turístico em diversas economias, e pela relevância que adquiriu a preocupação ambiental nos últimos anos. Nesse ambiente, as empresas de turismo podem desempenhar um papel significativo na formação de uma cultura ambiental na sociedade e nos lugares em que operam, tendo certo papel na preservação do ambiente natural. As teorias apresentadas fornecem o marco teórico para a análise da divulgação da informação ambiental das empresas turísticas de alojamento. As teorias aportadas são a teoria dos stakeholders, a teoria da legitimidade e o enfoque dos recursos e capacidades. Faz-se uma análise mais aprofundada da teoria dos stakeholders, na medida em que este marco teórico pode explicar as razões pelas quais as empresas turísticas de alojamento implantam um sistema de gestão ambiental e divulgação dessas informações. O objetivo deste trabalho é analisar a informação divulgada sobre questões ambientais pelas empresas turísticas de alojamento e ver o grau de desenvolvimento destas informações e seus conteúdos e em que medida responde à demanda dos stakeholders. Para atingir o objetivo deste trabalho, o método de pesquisa utilizado foi a análise de conteúdo, considerado adequado para conhecer inicialmente a informação divulgada. A amostra utilizada são os relatórios divulgados pelas cadeias hoteleiras, onde era mais provável que houvesse algum tipo de divulgação de questões ambientais, principalmente porque a maioria cotiza em mercados de capitais. Palavras-chave: Informes de Sustentabilidade, Stakeholders, Responsabilidade Social Corporativa. Fabiana de Cássia de Araújo Silva João Pessoa – PB Doutoranda pela Universidad de Granada – España Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales. Universidad de Granada1 Departamento de Economía Financiera y Contabilidad [email protected] Maria Victoria López Pérez Granada – España Doctora pela Universidad de Granada – España Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales. Universidad de Granada1 Profesora de la Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales Departamento de Economía Financiera y Contabilidad. Despacho A-315 [email protected] Resumen El interés de este trabajo viene determinado por la importancia que tiene el sector turístico en las diversas economías, y la relevancia que ha adquirido la preocupación medioambiental en los últimos años. En este entorno, las empresas turísticas pueden jugar un papel significativo en la formación de una cultura medioambiental en la sociedad y, por los parajes en los que desarrollan su actividad, tener un cierto protagonismo en la preservación del medio natural. Universidad de Granada – C.P. 18071 – Granada – Espanha 1 Artigo recebido em 13/03/2010 e aceito em 22/06/2010. 46 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders Las teorías presentadas sirven de marco teórico para el análisis de la divulgación de la información de carácter medioambiental por las empresas turísticas de alojamiento. Las teorías principales sobre las que se apoya la literatura son la teoría de los stakeholders, la teoría de la legitimación y el enfoque de recursos y capacidades. Se hace un análisis más detenido de la teoría de los stakeholders en la medida que este marco teórico permite explicar los motivos por los cuales las empresas turísticas de alojamiento implantan un sistema e gestión ambiental y divulgan tales informaciones. El objetivo de este trabajo es analizar la información divulgada en materia medioambiental por empresas turísticas de alojamiento y ver el grado de desarrollo de este tipo de información y sus contenidos y en qué medida responde a la demanda de los stakeholders. Para alcanzar el objetivo de este trabajo el método de investigación utilizado es el análisis de contenidos, que resulta adecuado para conocer de modo inicial la información divulgada. La muestra utilizada son los informes divulgados por las cadenas hoteleras, donde era más probable que hubiera algún tipo de divulgación sobre cuestiones medioambientales, principalmente porque la mayoría cotizan en mercados de capitales. Palavras clave: Informes de Sostenibilidad, Stakeholders, Responsabilidad Social Corporativa. Abstract The focus of this work is determined by the importance of the tourism sector in many economies, and the relevance in that it has acquired the environmental concern in recent years. Then, tourism businesses can play a significant role in the formation of an environmental culture in society and in places where it operates, taking a role in preserving the natural environment. The theories presented provide a theoretical framework for the analysis of disclosure of environmental information of the companies’ tourist of accommodation. The theories are to stakeholder theory, the theory of legitimacy and the resources and capabilities. Make a detailed analysis of stakeholder theory, that can explain the reasons why the companies tourist of accommodation deploy a system of environmental management and disclosure this information. The objective of this study is to analyze the information disclosed by companies tourist of accommodation, about environmental and see the degree of development of this information and its contents, and to what extent answers the demands of stakeholders. To achieve the objective of this study the research method used was content analysis, initially considered adequate to know the information disclosed. The sample reports are reports published by hotel chains, where it was most likely had some sort of disclosure on environmental issues, mainly because the most paid contributions in capital markets. Key words: Sustainability Reports, Stakeholders, Corporate Social Responsibility. Introducción La información de carácter económico financiero que divulgan las empresas tiene como objetivo satisfacer las necesidades informativas de los diversos usuarios para que pue- Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 dan tomar sus decisiones. En los últimos años, los diversos escándalos financieros, la fuerza que ejercen los stakeholders y la mayor presión legal ha llevado a las diversas empresas a mejorar en transparencia informativa, aumentando tanto la cantidad como la calidad de la información divulgada. En este contexto se ha producido un aumento en la divulgación de información medioambiental por parte de las empresas, mostrando las estrategias seguidas y las medidas tomadas para gestionar el impacto de su actividad. Las empresas turísticas, concretamente el sector hotelero, también se ha visto afectado por estas exigencias que llevan a una mayor transparencia informativa sobre la gestión y los efectos de la actividad que desarrollan, también en materia medioambiental. La actividad turística afecta al medio ambiente en menor grado que otras actividades más contaminantes, pero la proliferación de su actividad sin una adecuada política de gestión y respeto al medioambiente puede tener un fuerte impacto medioambiental y deteriorar el medio en el que desarrolla su actividad empresarial. Las empresas turísticas de alojamiento necesitan de los recursos naturales para su supervivencia; las buenas prácticas que llevan al ahorro de recursos como agua, energía o residuos pueden suponer un ahorro de costes para estas empresas. Ello puede impulsar a los hoteles a implantar herramientas o fomentar actitudes dirigidas a una gestión que tenga en cuenta los aspectos medioambientales. Estas prácticas, políticas y sistemas de gestión medioambiental pueden ser insuficientes para satisfacer las demandas de los diferentes partícipes. Ante la demanda de los stakeholders sobre cuestiones medioambientales, la divulgación externa de la información de carácter medioambiental, puede ser el vehículo más propicio para informar al público sobre las acciones medioambientales desarrolladas por estas empresas. Se trata de valorar si esta información puede satisfacer las demandas de los stakeholders de acuerdo con las exigencias que, según la literatura, éstos le requieren a las empresas. El objetivo de este trabajo es, en primer lugar, analizar el grado de divulgación existente en la actualidad de la información de carácter medioambiental por parte de las empresas hoteleras y ver de este modo el desarrollo que ha alcanzado este tipo de información en el sector en concreto en el que nos hemos centrado. En segundo lugar, se trata de analizar el contenido de la información divulgada desde la perspectiva de los stakeholders, es decir, una vez determinados los grupos de interés en la actividad hotelera, el objetivo es delimitar, en la medida de lo posible, los stakeholders a los que se dirige la información y precisar los objetivos que persigue la empresa en la divulgación de la información. En este trabajo, se realiza el análisis y discusión de los contenidos de la información de carácter medioambiental divulgada por las cadenas hoteleras de la muestra y se exponen las conclusiones. Al ser información de carácter voluntario, no existe un modelo o patrón que las empresas tengan que seguir obligatoriamente. Por ello, se emplea el análisis de contenidos para determinar los aspectos medioambientales que las cadenas divulgan más, las guías de sostenibilidad que siguen y las certificaciones o ecoetiquetas de uso más generalizado. En definitiva, se analiza la política medioambiental de estas cadenas. 47 Pensar Contábil Fabiana de Cássia de Araújo Silva CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Maria Victoria López Pérez Las Teorías Organizacionales y la Información Medioambiental: Un Enfoque Stakeholders Las diferentes teorías que se aportan en este trabajo constituyen principalmente el marco teórico que habitualmente se emplea en el análisis de la divulgación de la información de carácter medioambiental presentada por las empresas hoteleras. Estos marcos teóricos son la teoría de los Stakeholders, la teoría de la legitimación y el enfoque de recursos y capacidades. Según Adams (2002), la capacidad explicativa de estas teorías en el campo de la divulgación de la información social y medioambiental presenta limitaciones, en la medida que no es fácil, a partir de la información divulgada, poner de manifiesto las actitudes u objetivos de los individuos que elaboran la información. A pesar de ello, nos van a servir para analizar el resultado final de ese proceso de elaboración de información - el informe medioambiental - en la medida que en el informe se expresan los objetivos que se persigue en este ámbito, las estrategias y prácticas desarrolladas, lo que constituye el objeto de estudio en este trabajo. La Teoría de los Stakeholders Para el desarrollo de las estrategias medioambientales es necesario que los directivos o gestores de las organizaciones conozcan las prioridades de los grupos de interés para los que se divulga la información medioambiental. En realidad las organizaciones, a través de esta acción, buscan un diferencial competitivo en el mercado, que consecuentemente, podrá llevar a estas empresas a obtener de alguna manera ventajas competitivas en relación a otras que no desarrollan este tipo de acción. En este trabajo, teniendo en cuenta los objetivos que se plantean, seguiremos la teoría de los stakeholders. Un stakeholder es cualquier actor (persona, grupo, entidad) que tenga una relación o intereses (directos o indirectos) con o sobre la organización (Donaldson y Preston, 1995). Son stakeholders los empleados, gerentes, proveedores, propietarios o accionistas y clientes, es decir, personas que tienen intereses y expectativas sobre la organización y sin los cuales la organización no sería posible (Savage et al., 1991; Hill y Jones, 1992). La teoría de los stakeholders analiza los beneficios que se derivan de la gestión de los stakeholders o grupos de interés. Este enfoque resulta apropiado en la medida que el informe medioambiental que divulgan las empresas trata de responder a las demandas sociales de los diferentes grupos de interés, más que a las exigencias impuestas por la legislación. Así, se busca encontrar en la teoría de los stakeholders el marco teórico principal de referencia, que explique la implantación y divulgación de las prácticas medioambientales. Apoyándose en esta teoría, este trabajo intenta poner de manifiesto los objetivos de las entidades hoteleras en materia medioambiental, los usuarios a los que se dirige la información divulgada y los contenidos principales en los que fijan sus estrategias y si, de algún modo, estas empresas reconocen que la divulgación de la información medioambiental puede llevar a la obtención de ventajas competitivas. De esta manera la diferencia de la teoría económica clásica que considera como único objetivo de la empresa la creación de valor para los accionistas o shareholders, la teoría de los stakeholders propone un marco descriptivo, instrumental y normativo para las estrategias corporativas que consideran los 48 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 objetivos de los múltiples grupos de interés (Donaldson y Preston 1995). En este sentido, podría decirse que la teoría de los stakeholders provee un marco teórico adecuado para analizar la gestión medioambiental (Fineman y Clarke 1996; Fernández 2002), en la medida que los aspectos medioambientales constituyen objetivos para algunos stakeholders tales como ONG’s, sociedad en general y, últimamente, también son objetivos en cierta forma para inversores, trabajadores, etc. De acuerdo con Ayuso (2003), desde la perspectiva de la teoría de los stakeholders, la importancia que cada grupo de interés conceda a las cuestiones medioambientales influirá en la estrategia medioambiental que adopte la empresa. Esta influencia será mayor cuanto más importante sea el grupo de interés. La importancia otorgada a los diferentes grupos por parte de la empresa refleja el potencial o importancia que la compañía le asigna a estos grupos para afectar las actividades de la organización (de forma negativa o positiva). La empresa puede prestar atención a estos grupos, en primer lugar, por considerar que sus demandas tienen un valor intrínseco (enfoque normativo), de manera que asumirlas supone su respuesta a su compromiso ante la sociedad. En segundo lugar, porque prestar atención a las reclamaciones de los grupos de interés puede mejorar la rentabilidad de la empresa (enfoque instrumental) (Donaldson y Preston, 1995). En la literatura sobre temas medioambientales, el enfoque de los stakeholders se ha centrado en el análisis de los grupos de interés que podrían afectar a las empresas y de este modo determinar el tipo de informes que deberían elaborar para explicar su impacto en el medio ambiente (Azzone et al. 1997; Grafe-Buckens y Hinton 1998). En el ámbito del sector turístico existen aportaciones que toman como marco teórico la teoría de los stakeholders (Cheyne y Barnett 2001, Álvarez et al. 2001b, Llull 2001). Los grupos de interés más relevantes para las empresas turísticas de alojamiento son los accionistas, la administración pública, las agencias de viaje y tour operadores, la cadena hotelera a la que pertenecen, los clientes, los proveedores, los competidores, y personal de la entidad como pueden ser el director del hotel, o los empleados. Por último, también se consideran stakeholders las ONG’s (asociaciones de vecinos, grupos ecologistas, etc.) (Álvarez et al., 2001a). Figura 1: Los stakeholders de la empresa hotelera, según Álvarez et al. (2001a). Empleados Asociación cadena Acionistas Competidores Proveedores Agencias de viaje e tour operadores Hotel Adminitración pública Clientes ONG Director del hotel CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders De hecho, las empresas se implican más en la gestión medioambiental, según el nivel de conciencia de su clientela al respecto. Determinados estudios ponen de manifiesto que depende en gran parte de la nacionalidad de origen de la clientela y del grado de concienciación respecto a los aspectos medioambientales (Llull, 2001). Hay que destacar que los hoteles de sol y playa también trabajan en mayor medida con tour operadores para canalizar la demanda de los clientes, lo que también puede incidir en la exigencia de estos últimos a las empresas y no ser directamente una exigencia de los clientes. Los clientes y los tour operadores son los stakeholders que pueden demandar que el hotel inicie actuaciones medioambientales. Los clientes disponen de pocos conocimientos sobre los problemas gestionables por el hotel y los sistemas certificables como las ecoetiquetas y los certificados sobre los sistemas de gestión. Los tour operadores disponen de más conocimientos y, por su papel de intermediarios, tienen la posibilidad de influir tanto en los hoteles como en los turistas, y pueden jugar un papel importante en la promoción y comunicación de información relevante. Otros stakeholders que demandan o ejercen cierta presión para que el establecimiento implante medidas de gestión medioambiental son los propios trabajadores, es decir, los directores y los empleados. Los directores del hotel desempeñan una función clave tanto por ser los que deben coordinar, y en determinados casos iniciar, la gestión de los aspectos medioambientales, como por ser los que generalmente pueden liderar el necesario cambio organizativo hacia la cultura de la sostenibilidad. Generalmente los empleados responden de forma positiva a las iniciativas tras un período de sensibilización y formación, especialmente si se trata de actuaciones concretas y resultados tangibles. Otro grupo que presiona a las empresas hoteleras es el formado por los propietarios y accionistas. La presión ejercida por los propietarios puede explicarse por la situación específica del sector hotelero, en el que muchas veces la empresa explotadora de la actividad no coincide con la empresa propietaria del establecimiento, pero ambas tienen que ponerse de acuerdo para la implantación de medidas medioambientales. También es importante para entender su estrategia medioambiental, la cadena a la que pertenece el hotel (Álvarez et al., 2001a y Llull, 2001). Este hecho parece obvio, ya que algunas cadenas adoptan estrategias medioambientales comunes para todo el colectivo. Si los stakeholders ven en el desempeño medioambiental de las empresas una fuente de satisfacción de sus demandas, es razonable pensar que los gestores proactivos vean en ellas una fuente de ventajas competitivas (Husillos et al., 2007). La aplicación de instrumentos voluntarios de gestión medioambiental por parte de las empresas turísticas responde, por una parte, a la demostración pública del compromiso medioambiental, mediante la elaboración de un código de conducta o la divulgación de indicadores medioambientales aplicados. Por otra, a la búsqueda del reconocimiento oficial que otorgan las ecoetiquetas y los sistemas de gestión medioambiental certificados como los que se emiten a partir del Reglamento EMAS (Ayuso, 2003) de modo que se asegura que se están aplicando unas normas objetivas que pueden ser conocidas por los diferentes usuarios. Además, el principal factor de mo- Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 tivación para aplicar buenas prácticas medioambientales, ecoetiquetas y/o los certificados es la conciencia personal de los directivos de la empresa (Álvarez et al., 2001a y Llull, 2001). En ocasiones los directivos toman estas medidas por propia iniciativa (Ayuso, 2003), pero, en la práctica, es muy difícil distinguir las motivaciones éticas (conciencia personal) de otras motivaciones más estratégicas (ventajas competitivas o respuesta a presiones de grupos de interés). Las empresas prestarán una mayor atención a aquellos grupos de interés que hacen más patentes sus reivindicaciones y valorarán la capacidad de respuesta que obtienen (Fineman y Clarke, 1996). Así, la falta de atención a las reivindicaciones importantes o a las críticas de los grupos de interés puede dar lugar al descontento o insatisfacción de los mismos, pudiendo pasar éstos a tener una actitud menos colaboradora con la empresa, disminuir, retrasar, suspender o anular sus relaciones con la organización, e incluso desencadenar un enfrentamiento con la misma, ejerciendo su poder o buscando aliados que puedan ejercerlo (Hill y Jones, 1992). En la industria hotelera, Céspedes et al. (2003) afirman que los clientes tienen cada vez más mayor responsabilidad en el consumo de recursos y la generación de gasto, por esta razón los hoteles buscan implicarlos en sus prácticas de protección del medio ambiente, aunque suelen ser reacios a pagar los excesos de gastos que suponen las prácticas de protección al medio ambiente (Gustin y Weaver, 1996). Esta situación de conflicto hace de la industria hotelera un ejemplo interesante para examinar la extensión de los esfuerzos a nivel de gerencia para equilibrar las presiones contradictorias de los involucrados en los procesos de adopción de prácticas de gestión medioambiental. Por ejemplo, la gerencia del hotel tiene que tratar de reconciliar la demanda de alto nivel de comodidad y el alto consumo de agua de clientes con la solicitud de los socios de disminuir gastos en el consumo de agua, así como la demanda de la opinión publica de emplear procedimientos que incorporen prácticas amigables con el medioambiente (Céspedes et al., 2003). Un modo que tienen las empresas de justificar sus actuaciones es, según hemos visto, la divulgación de información específica de estos aspectos. Esto supone un incremento de la transparencia de sus estrategias y actuaciones ante los principales stakeholders: puede mejorar su imagen, dar muestras de una disminución del riesgo empresarial y/o de una gestión más eficiente (Al-Tuwaijri et al., 2004 o Hasseldine et al., 2005). Así, la divulgación de la información social y medioambiental servirá de vínculo entre las actuaciones medioambientales y sociales de las firmas y la percepción de sus principales stakeholders, influyendo positivamente en la opinión que éstos tienen de la organización y mejorando su relación con ellos (Hasseldine et al., 2005). Siguiendo esta idea, se puede considerar que las firmas pueden obtener una ventaja competitiva en relación a las empresas que no publican tales informaciones. Sin embargo, Mitchel et al. (1997) consideran que no basta analizar el poder de los stakeholders para predecir consistentemente su capacidad para influir sobre el comportamiento empresarial. Tras estudiar las construcciones teóricas que, desde las principales teorías económicas y sociológicas han sido calificadas como claves para explicar la influencia de los stakeholders en la supervivencia y desarrollo de las organiza- 49 Pensar Contábil Fabiana de Cássia de Araújo Silva CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Maria Victoria López Pérez ciones, concluyen que, si se desea predecir la prioridad que los gestores otorgarán a las demandas de los stakeholders, junto a su poder, se ha de estudiar también la legitimidad de sus reclamaciones y la urgencia de las mismas. La legitimidad de las demandas de los stakeholders se constituye en determinante a la hora de explicar el comportamiento de las organizaciones (Mitchell et al., 1997). Sostienen que existe una relación positiva entre estos tres atributos (el poder del stakeholder, la legitimidad de sus reclamaciones y la urgencia de las mismas) y la prioridad otorgada por los gestores a sus demandas competitivas. Para una correcta caracterización de las respuestas estratégicas de las empresas puede no ser suficiente estudiar la percepción que el gestor tiene, bajo el filtro de sus valores y características cognitivas, del poder y legitimidad de los stakeholders (Neville et al., 2004). También es necesario considerar en el análisis la disponibilidad de recursos para hacerlas realidad. El volumen de recursos a los que el gestor tiene acceso condicionará la posibilidad de que aún siendo “proactivo” y deseando satisfacer las demandas de los stakeholders que él considera lo suficientemente importantes pueda o no hacerlo. La Teoría de la legitimación Tomando un enfoque estratégico de la noción de legitimación corporativa (Suchman, 1995), la teoría de la legitimación analiza cómo las empresas, en su comportamiento y en sus prácticas de divulgación de información, buscan el mantenimiento del estatus de legitimidad. La legitimidad es una condición o situación que surge de la conciliación entre el sistema de valores de una corporación y el de la sociedad de la que forma parte. Afirman Dowling y Pfeffer (1975) que, cuando una disparidad actual o potencial aparece entre los sistemas de valores de una corporación y el de la sociedad de la que forma parte, es decir, entre lo que la sociedad espera de la firma y lo que percibe, la legitimidad de la organización y, por tanto, su supervivencia se verá amenazada. La información divulgada por las empresas puede considerarse como una fuente legitimadora que tienen las organizaciones para legitimar su actuación frente a sus grupos de interés y, en general, tratará de explicar que su actividad se ajusta a normas o guías establecidas. De acuerdo con De Fuente (1993), queda de manifiesto que el emisor interactúa con su entorno. Cuando nos referimos al entorno externo podemos considerar que básicamente está compuesto por las empresas de la competencia, el Gobierno o la Administración, y la sociedad con los que interactúa. Este entorno externo va a condicionar al emisor, el cuál deberá legitimar su actuación a través de la información divulgada. De acuerdo con Deegan et al. (2002), la teoría de la legitimidad es una teoría que, según lo que aparece en la literatura de divulgación social y medioambiental, es algo simplista pero, sin embargo, parece ser la base teórica usada más frecuentemente en los intentos de explicar la política social y medioambiental corporativa al ser la más objetivable, ya que se trata de verificar unas actuaciones respecto a unas normas o guías con amplio respaldo social. Podría decirse que la información medioambiental presentada por las empresas turísticas de alojamiento responde a las presiones de toda sociedad con el objetivo de legitimar 50 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 sus acciones. Esto implicaría que, en general, esas empresas facilitarían informaciones de carácter positivo, mientras que evitarían informar sobre aspectos negativos. Para tener una visión global y fiable de la información medioambiental, habría que completar la información con notas de prensa y otro tipo de información. Cuando la condición de legitimidad de una corporación está amenazada, ésta se ve obligada a comportarse estratégicamente con el fin de mejorar, mantener o reparar dicho estatus si no quiere ver peligrar su supervivencia (O’Donovan, 2002; Suchman, 1995). Así, la alineación por parte de la firma de sus objetivos con lo que espera su público relevante con respecto a ella, puede dar lugar a la formulación de diferentes estrategias (Dowling y Pfeffer, 1975). Según Husillos (2004), las estrategias podrán ir encaminadas como: Informar a su público relevante (los stakeholders) de los cambios en las actividades y comportamientos de la empresa o cambiar la percepción del público relevante explicando y justificando su actuación y, por lo tanto, sin cambiar su actual comportamiento, entre otras estrategias. Lo que se puede afirmar es que, desde esta perspectiva, se considera que la divulgación de la información responde a presiones del entorno y tienen la función de legitimar las acciones de la organización. Teoría de Recursos y Capacidades El elemento central de análisis y estudio para esta teoría es la dotación que posee la empresa de recursos y capacidades. Los recursos son los factores disponibles que posee o controla una empresa y las capacidades se refiere a la facultad de gestionar los recursos para llevar a cabo una determinada tarea dentro de cualquier organización (Monfort, 2002). Por tanto, las capacidades hacen referencia a la gestión de recursos, normalmente combinando diversos elementos y procesos organizativos, de modo que se llegue a los resultados esperados (Amit y Schoemaker, 1993). Dentro de los factores, los recursos intangibles considerados más importantes, por su potencial estratégico de generación de ventajas competitivas en las empresas, son la reputación de la empresa, la reputación del producto, el capital humano, la cultura organizativa, la propiedad industrial o las patentes, diseños industriales, contratos, licencias, secretos comerciales, entre otros (Hall, 1992). Son activos intangibles potenciales generadores de ventajas competitivas. El producto hotelero, objeto de estudio de esta investigación, surge a partir de un sistema abierto en el que se pueden diferenciar varios subsistemas dentro del proceso productivo. Así, hablamos del subsistema de aprovisionamiento, el de producción, el financiero, el comercial, y el administrativo. Asimismo, el producto hotelero se caracteriza por ser intangible y porque la manera en la que se presta un servicio adquiere un papel fundamental (Martín, 2000). Para valorar la posición competitiva de las empresas en los destinos turísticos se puede acudir a la teoría de recursos y capacidades (Amit y Schoemaker, 1993). De acuerdo con sus postulados se entiende la empresa compuesta por un conjunto organizado de recursos y capacidades que se consideran necesarios para competir en un mercado concreto (Monfort, 2004). La heterogeneidad de cada empresa podrá mantenerse a largo plazo y en la medida que los recursos, de Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders acuerdo con Barney (1991), resulten ser valiosos, duraderos, raros y escasos, difíciles de transferir, imitar y adoptar por la competencia, socialmente complejos y carentes de sustitutos perfectos, podrán ser origen de ventajas competitivas. Actualmente, los hoteleros deben centrar sus esfuerzos en incrementar la calidad del servicio percibida por el turista. Esta calidad vendrá determinada por dos vías: las instalaciones físicas del hotel y los servicios intangibles prestados por los empleados. Los hoteleros, conscientes de la importancia de la calidad y centrándose en los intangibles, están muy interesados en implantar sistemas de calidad, pues les puede permitir reducir sus costes, aumentar la productividad de los empleados, mejorar su motivación, mejorar su entorno laboral, estandarizar el servicio prestado, que los clientes perciban esa calidad, que estén más satisfechos y que sean más leales al establecimiento o a su marca. Es decir, mediante una correcta gestión de los recursos, principalmente humanos, los hoteleros son capaces de aumentar la calidad percibida por el cliente durante su estancia y fidelizarlo (Claver et al., 2006). Este mismo pensamiento debe ser considerado por los hoteleros respecto a la implantación de prácticas medioambientales en los hoteles, que llevaría a estas empresas a obtener una ventaja competitiva, respecto a las que no las implantan. La gestión de los recursos intangibles, principalmente humanos, es la que llevaría a estas empresas a obtener un diferencial en el mercado, ya que los recursos físicos son fácilmente imitables. Desde el punto de vista de este trabajo, en la gestión del factor medioambiental se considera fundamental la colaboración de stakeholders importantes como clientes, tour operadores, administración pública, proveedores y subcontratistas, para asegurar el éxito de la implantación de los instrumentos voluntarios medioambientales. En este sentido, aunque los tres enfoque teóricos son empleados en la literatura, una gestión activa de las relaciones con los stakeholders se refiere a mejorar la comunicación con los grupos que ya muestran un interés por la estrategia medioambiental o sostenible del establecimiento (directores, clientes y tour operadores), y con todas las partes interesadas (Ayuso, 2003). En este sentido es la teoría de los stakeholders la que mejor se adecua a los objetivos de este trabajo. Metodología Método de Investigación El método de investigación utilizado para este estudio es el análisis de contenidos, que resulta adecuado para conocer de modo inicial la información divulgada y satisfacer las necesidades primarias del trabajo que se quiere desarrollar. De hecho las empresas hoteleras no están obligadas a seguir un formato concreto, ni unos contenidos específicos en la divulgación de la información medioambiental, ya que es información de carácter voluntario. Eso dificulta el análisis y la comparación interempresarial, pero presenta la ventaja de una mayor flexibilidad a la hora de informar, lo que favorecerá conocer los aspectos que cada empresa considera más relevantes, las políticas en materia medioambiental que siguen, etc. Krippendorff (2002) define el análisis de contenido como “una técnica de investigación destinada a formular, a par- Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 tir de ciertos datos, inferencias reproducibles y válidas que puedan aplicarse a su contexto”. El elemento que añade esta definición es el “contexto” como marco de referencias donde se desarrollan los mensajes y los significados, con lo cual, cualquier análisis de contenido debe realizarse en relación con el contexto de los datos y justificarse en función de éste. En definitiva, el significado de una información sólo es entendible situándolo en el contexto social, en este caso de la organización empresarial y de las presiones a las que está sometida, obligaciones morales que ésta se plantea o simplemente como imitación de lo que otras empresas del sector realizan. Para la creación de la base de datos revisamos la información medioambiental divulgada en las páginas web de los hoteles individuales, pero apenas encontramos información, salvo, en ocasiones, los logotipos de las certificaciones, fundamentalmente de carácter regional o nacional, que habían sido concedidas a los diversos hoteles. Debido a la escasez de esta información medioambiental en las empresas consideradas aisladamente, nos dirigimos a la información divulgada por las cadenas hoteleras, donde era más probable que hubiera algún tipo de divulgación de tal información, principalmente porque algunas cotizaban en mercados de capitales, otras por fuertes vinculaciones con los tour operadores, o por política de la empresa. Generalmente está elaborada de acuerdo con los requisitos de algún tipo de certificación o guía de sostenibilidad aunque suelen incorporar una mayor cantidad de información. A la información accedimos a través de las propias páginas web de las cadenas hoteleras, de la información disponible en la página del GRI y en páginas especializadas, concretamente, la página Corporateregister. com. Para elegir el horizonte temporal analizamos los datos disponibles, viendo que no se disponían de datos de los mismos ejercicios de las empresas consideradas. La mayoría de las empresas presentaron información medioambiental para el ejercicio 2006. Además de la disponibilidad de información, decidimos tomar este ejercicio por el hecho de que las exigencias sobre la divulgación de información medioambiental, en la mayoría de los países, data de los primeros años del siglo XXI, y en 2006 ha transcurrido un tiempo suficiente para que exista una cierta práctica en la divulgación de información. Podemos decir, además, que estos primeros años del milenio se han caracterizado por el crecimiento económico y una situación de beneficios crecientes. Caracterización de la muestra y presentación de los aspectos analizados en los Informes Medioambientales. 1) Caracterización de la muestra Las cadenas hoteleras que analizamos en nuestro estudio son Sol Meliá, NH Hoteles, Accor, Hilton Hoteles, Marriott, Starwood, Intercontinental Hoteles Group, The Rezidor Hotel Group, City Lodge Hotels Limited, Scandic Hotel y Shargri-La Hotels and Resorts. Se trata de empresas de alto rendimiento y líderes en el sector y, la mayoría de ellas, cotizan en mercados de capitales en diferentes países. Según hemos podido comprobar, el grado de divulgación de las prácticas medioambientales en el sector de alojamiento es mayor en 51 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Fabiana de Cássia de Araújo Silva Maria Victoria López Pérez las grandes cadenas hoteleras, lo que nos ha llevado a centrarnos en ellas en el trabajo. Los países con mayor desarrollo turístico o mejores políticas sectoriales, como España en Europa, Canadá en América Anglosajona, Costa Rica en América Latina han avanzado en la divulgación de este tipo de información. A través de la información divulgada se pone de manifiesto que el medio ambiente se ha incorporado como factor de competitividad y de diferenciación frente a otros destinos. En el siguiente cuadro se clasifican las cadenas hoteleras por el tamaño, atendiendo al número de empleados. Cuadro 1 - Tamaño de las cadenas analizadas (según el número de empleados) países con diferente legislación en materia medioambiental, donde las pautas que se han marcado a raíz de la aparición de la “Agenda 21” son distintas y donde cada empresa puede tener unos objetivos distintos. Los principales aspectos analizados en los Informes Medioambientales: Cuadro 3 - Aspectos analizados en los Informes Medioambientales presentados por las cadenas 1) Certificaciones más utilizadas por las empresas turísticas de alojamientos 2) Guías de sostenibilidad utilizadas por las cadenas 3) La justificación de la implantación de una gestión medioambiental por las cadenas hoteleras en la divulgación de los informes medioambientales. Tamaño por empleados Número de cadenas Cantidad en% 3.000 – 5.000 2 18% De 5.000 a 10.000 1 9% 4) Evaluación de la calidad de la información medioambiental divulgada por las cadenas hoteleras y de los aspectos divulgados sobre la gestión medioambiental. Más de 10.000 8 73% 5) La estrategia considerada prioritaria por las cadenas hoteleras para disminuir el impacto medioambiental. Localización de la información medioambiental divulgada por las cadenas hoteleras. Esta información es esencial porque sobre ella se realizará el trabajo de análisis. De ella se ha extraído la información objeto de estudio en este trabajo. Los datos se refieren al ejercicio 2006. Cuadro 2 - Informes de carácter medioambiental divulgados por las cadenas Cadenas Información medioambiental Sol Meliá Memoria Anual Sol Meliá Nh hotels Memoria de Responsabilidad Corporativa Accor Informe Anual y Carta Ambiental de los Hoteles Accor Hilton Hoteles Informes de gestión sobre cuestiones ambientales Marriott Informe Corporativo Starwood Informe Corporativo IHG (InterContinental Hoteles Group) Informe de Responsabilidad Corporativa The Rezidor Hotel Group Informe de Sostenibilidad City Lodge Hotels Limited Informe Annual Scandic Hotels Informe Corporativo Shangri-La Hotels and Resorts Informe de Responsabilidad Social Corporativa En un primer análisis se observa que la información medioambiental divulgada se recoge en diversos documentos y con distinto formato, lo que puede dificultar la comparación entre ellos. Esto responde a que muchas cadenas operan en 52 Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 12, n. 48, p. 46 - 54, maio/ago. 2010 6) Estrategias de uso de edificios verdes o construcción respetuosa. 7) Preservación del patrimonio natural y cultural 8) Las estrategias respecto a las energías renovables desarrolladas por las cadenas hoteleras 9) Las estrategias utilizadas por las cadenas para el ahorro en el consumo hídrico 10) Estrategias empleadas para disminuir el consumo de la electricidad 11) Estrategias de emisión de CO2 – cambio climático 12) Actuaciones y compromisos medioambientales continuos implantados por los hoteles: el reciclaje de residuos y la reutilización y reducción de desechos y elementos contaminantes, etc. 13) Estrategias utilizadas en relación con los tour operadores Discusión de los resultados En primer lugar, podemos hablar del crecimiento exponencial en los contenidos informativos divulgados por las empresas, aunque son muchas las que se limitan a divulgar lo estrictamente obligatorio de acuerdo a normas de certificación concretas y muchos aspectos relacionados con la Responsabilidad Social Corporativa son de carácter voluntario. Desde los primeros años del siglo XXI se ha producido un aumento generalizado en la divulgación de información y esta situación también ha afectado a las cadenas hoteleras de gran tamaño. En general, la información medioambiental que se divulga está muy resumida, si se compara con la información referida a aspectos sociales y financieros de las cadenas hoteleras. En el caso de las empresas turísticas de menor dimensión hemos constatado la falta de divulgación de información de carácter medioambiental. Quizás, al no se un sector muy contaminante, las empresas no sientan la necesidad de divulgar este tipo de información. El grado de desarrollo de marcos institucionales, medidas de certificación, guías de orientación ha alcanzado un grado de desarrollo notable. A pesar de ello la divulgación de la Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ La Información Medioambiental Divulgada por las Empresas Turísticas de Alojamiento: un Enfoque Según la Teoría de los Stakeholders información medioambiental no se ha desarrollado todavía con la misma intensidad. Salvo las empresas que cotizan en Bolsa, podemos apreciar una falta de regularidad en la publicación de esta información, lo que dificulta el estudio de la evolución de la gestión en este ámbito. Podría decirse que las empresas que divulgan información son líderes en el mercado y desarrollan políticas innovadoras no solo en gestión medioambiental, sino en otros muchos aspectos. Entre las motivaciones que llevan a las empresas turísticas de alojamiento a divulgar tal información está la demostración pública del compromiso medioambiental, el intento de integrar a varios de los stakeholders (trabajadores y clientes) en las medidas adoptadas y la comunicación de sus acciones medioambientales a los diferentes stakeholders que estén interesados en esta información. Es indudable que una de las finalidades de la elaboración de la información es la de ofrecer una determinada imagen corporativa a los diferentes stakeholders y de este modo diferenciarse de otras organizaciones que operan en el mismo sector. Vemos necesario completar la información suministrada con otros datos, como los procedentes de los medios de comunicación, que nos sirvan para matizar o reafirmar la información contenidas en las memorias de sostenibilidad. En los informes no se detalla o concreta los stakeholders hacia los que se dirige la información. En cualquier caso se aprecia que en general la información se dirige a los accionistas o posibles nuevos inversores, como el resto de la información de carácter económico-financiero. A la vez la información divulgada trata de cubrir los intereses de otros stakeholders como clientes, empleados, proveedores, tour operadores o administraciones públicas. Puede decirse que la legitimación de la información sobre cuestiones medioambientales viene dada por las acreditaciones que la empresa posee, a través de las ecoetiquetas y certificaciones medioambientales. Los stakeholders sobre los que más descansa el éxito de las medidas medioambientales son principalmente los clientes y los recursos humanos (gestores, directores y empleados). Para la gestión medioambiental sea eficiente y eficaz es necesaria la participación de los clientes y empleados. Los tour operadores son considerados un grupo importante por los hoteles, ya que realizan la elección de los destinos en función de una serie de criterios que han de ser cumplidos por los hoteles. En la medida que un criterio de elección puede ser la preservación del entorno pueden influir en las estrategias medioambientales de las empresas. Sin embargo, en el análisis de las informaciones no se ha encontrado apenas referencias específicas y concretas para este stakeholder sobre los aspectos medioambientales. Al final de este estudio, se observa que el objetivo principal de la gestión medioambiental implantada por las empresas turísticas de alojamiento tiene como objetivo a corto plazo el ahorro de costes. Por otra parte, la divulgación de la información de carácter medioambiental es voluntaria para las empresas hoteleras, lo que puede suponer un diferencial en un mercado competitivo respecto a otras empresas del sector. La mayor parte de las inversiones en materia medioambiental en las empresas turísticas se realizan en el campo energético, tanto para la adquisición y desarrollo de tecnologías para producir energías renovables, como el control del consumo de las no renovables y reducción de emisiones de CO2. Este tipo de estrategia, aunque supone un coste inicial, supondrá una aportación a la cuenta de resultados a medio o largo plazo, por el ahorro de costes. Conclusiones Lo que podemos concluir en este trabajo es que la información de carácter medioambiental que presentan es muy heterogénea, lo que ha dificultado la comparación interempresarial; otro aspecto que dificulta la comparación es el hecho de que la información sea más de carácter cualitativo que cuantitativo, ya que hace más subjetivo la valoración de indicadores. De los informes consultados podemos concluir que aquéllos que contienen una mayor cantidad de información son los que mejor pueden satisfacer la necesidad de los diversos grupos de interés. Los informes están elaborados para ser leídos en un contexto de protección del medio ambiente y no en un contexto de transacción económica. De hecho, las actuaciones medioambientales no se expresan en términos de repercusión económica. Por ese motivo puede pensarse que los gestores hoteleros ven en esta divulgación un posible diferencial respecto a la competencia en un mercado competitivo, en la medida que proporciona una buena imagen de la empresa que puede repercutir en la fidelización de los clientes identificados con este tipo de cultura medioambiental o mejorar la relación con los diferentes stakeholders, entre otros aspectos. Se observa que aunque muchas empresas siguen guías de sostenibilidad generales, la adopción de una guía de sostenibilidad que contenga los aspectos específicos aplicables al sector turístico facilitaría el análisis y la comparación de la información por parte de los stakeholders interesados. Referências ADAMS, C. (2002): “Internal organisational factors influencing corporate, social and ethical reporting: beyond current theorising”. Auditing, Accounting and Accountability Journal, vol. 15 (2), pp. 223-250. AL-TUWAIJRI, S.A.; CRISTENSEN, T.E. y HUGHES, K.E. (2004): “The relations among environmental disclosure, environmental performance, and economic performance: a simultaneous equations approach”. Accounting, Organizations and Society. 29, pp. 447-71. ÁLVAREZ, M. J.; DE BURGOS, J. y CÉSPEDES, J. J. (2001a): “Un análisis exploratorio de las estrategias medioambientales y el contexto organizativo de los hoteles españoles”. Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, nº 8, pp. 5-32. 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CONTABILIDADE CONTADOR REGISTRO NO CRC Nº ESTUDANTE IDENTIDADE Nº OUTROS UF ÓRGÃO EMISSOR CPF RAZÃO SOCIAL PESSOA JURÍDICA CONTATO CATEGORIA INSTIT. DE ENSINO ESCRIT. CONTÁBIL CNPJ EMPRESA INSCRIÇÃO MUNICIPAL OUTROS INSCRIÇÃO ESTADUAL ENDEREÇO PARA A REMESSA BAIRRO CAIXA POSTAL TELEFONE FAX CEP UF CIDADE RESID COM E-MAIL Forma de pagamento DEPÓSITO BANCÁRIO Em nome do CRCRJ - Banco do Brasil - Agência 1769-8 (Candelária) - Conta Corrente nº 347.729-0 - CNPJ 33.287.806/0001-61 Enviar a ficha e o comprovante de depósito pelo FAX (21) 2216-9607 ou via correio para o CRCRJ CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional Rua Primeiro de Março, 33 – Centro – CEP 20.010-000 – Rio de Janeiro – RJ – Tel.: (21 ) 2216-9544 e 2216-9545 e-mail: [email protected] – home-page: www.crc.org.br 57 CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Demonstrações Contábeis: Estrutura, Análise e Interpretação Autor Hugo Rocha Braga Adaptado à nomenclatura contábil implantada no país com a Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07, e atualizado segundo os mais recentes padrões da análise financeira, este livro objetiva proporcionar aos professores da área entendimento adequado da ciência contábil, que lhes permita utilizar as informações de maneira diferente. Dividido em três partes, dedica a primeira delas ao exame da estrutura das demonstrações contábeis e do significado de seu conteúdo, possibilitando o conhecimento da empresa a ser analisada. A segunda parte trata de métodos e procedimentos para análise completa da situação da empresa, seu desempenho passado e suas perspectivas futuras. A terceira apresenta as diversas aplicações das técnicas estudadas. Editora Atlas www.editoraatlas.com.br IFRS Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Nabil Ahmad Mourad e Alexandre Paraskevopoulos IFRS Normas Internacionais de Contabilidade para Bancos 320 páginas | R$ 60,00 Esta obra cobre com um excelente nível de detalhes diversos aspectos técnicos e práticos para as áreas de hedge accounting, baixa de ativos financeiros e contabilização de provisão para devedores duvidosos. IFRS IFRS Normas Internacionais de Contabilidade para Instrumentos Financeiros IAS 32, IAS 39 e IFRS7 Introdução às Normas Internacionais de Contabilidade 192 páginas | R$ 39,00 240 páginas | R$ 49,00 Regras de impairment de ativos financeiros baixa de ativos e passivos financeiros, e outros aspectos importantes trazidos pelo IFRS 7, IAS 32 e IAS 39. Ferramenta prática de auxílio na aplicação dos princípios elementares do IFRS (International Financial Reporting Standards). 18 e 19 de Próximo curso com os autores agosto IFRS Instrumentos Financeiros - CRC/RJ Livro : IFRS - NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PARA INSTRUMENTOS FINANCEIROS IAS 32, IAS 39 E IFRS7 Mensuração e Divulgação - IAS 32, IAS 39 e IFRS 7 Outros cursos em setembro, outubro e novembro. 50% de desconto para professores Inscrições www.ifrs4all.com 40% de desconto para contabilistas registrados no CRC - RJ www.EditoraAtlas.com.br 59 Pensar Contábil CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ