Odontologia e Saúde Bucal no SUS-2
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Odontologia e Saúde Bucal no SUS-2
GOVERNO FEDERAL Presidência da República Ministério da Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) COORDENADOR GERAL E ORGANIZADOR Marco Aurélio de Anselmo Peres – Universidade Federal de Santa Catarina COORDENADORES João Luiz Dornelles Bastos - Universidade Federal de Santa Catarina Karen Glazer de Anselmo Peres - Universidade Federal de Santa Catarina Roger Keller Celeste - Universidade Federal do Rio Grande do Sul REVISORES Andreia Morales Cascaes - Universidade Federal de Pelotas Daniela Feu Rosa – Universidade Vila Velha Leandro Marques - Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri Luísa Jardim Corrêa de Oliveira - Universidade Federal de Pelotas Marcos Britto Correa - Universidade Federal de Pelotas Maria Letícia Ramos-Jorge - Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri Marta Liliana Musskopf –Universidade Luterana do Brasil - Campus Canoas Sara Cioccari Oliveira - Universidade Federal do Rio Grande do Sul EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Coordenação de Produção de Material: Andreia Mara Fiala Revião de Português: Kátia Cristina dos Santos Design Gráfico: Fabrício Sawczen Design de Capa: Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial: Fabrício Sawczen Ministério da Saúde. Financiamento pelo Fundo Nacional de Saúde. Convênio: 182/ 2011. Odontologia e Saúde Bucal no SUS baseada em evidências científicas Ministério da Saúde Fundo Nacional de Saúde O26 Odontologia e saúde bucal no SUS baseado em evidências científicas / Marco Aurélio de Anselmo Peres (Org.). - Florianópolis: Ministério da Saúde, 2014. 124p. Relatório Final de Pesquisa Inclui bibliografia ISBN: 1. Odontologia. 2. Saúde Bucal. 3. Evidencias e Recomendações. I. Ministério da Saúde. II. Peres, Marco Aurélio de Anselmo. III. Título. CDU: 616.31 SUMÁRIO 1. Protocolo para encontrar e definir níveis de evidência para as recomendações...................................................7 1.1 Força da recomendação das evidências (Strength of Recommendation Taxonomy - SORT).......8 1.1.1 Tipos de Desfechos................................................................................................................. 8 1.1.2 Níveis de Evidência................................................................................................................. 9 1.1.3 Quantidade e consistência entre estudos............................................................................... 11 1.1.4 Nível de recomendação SORT................................................................................................ 11 1.2 Processo de busca............................................................................................13 1.2.1 Processo de indexação..........................................................................................................13 1.2.2 Exemplo de indexação..........................................................................................................13 1.2.3 Fontes de resumos/abstracts para identificar trabalhos relevantes.......................................15 1.2.4 Recomendações para seleção dos termos de busca..............................................................15 1.2.5 Formulação de questão específica.........................................................................................16 1.2.6 Relatando a recomendação...................................................................................................18 Referências........................................................................................................... 22 2. Cárie Dentária...........................................................................22 3. Doença periodontal...................................................................38 4. Câncer de boca..........................................................................53 5. Traumatismos dentários............................................................63 6. Fluorese dentária......................................................................73 7. Edentulismo..............................................................................87 8. Má oclusão................................................................................95 Apresentação Em 2010 foi concluída a atualização da Agenda Nacional de Pesquisa, subagenda número 17, Saúde Bucal, desenvolvida sob os auspícios do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde - DECIT-MS. Para a atualização da subagenda, utilizou-se o método DELPHI, de maneira simplificada. Trata-se de um tipo de pesquisa que visa à obtenção de consenso entre especialistas sobre um cenário futuro, no caso as prioridades de temas de pesquisa na área de saúde bucal. Um total de 33 especialistas foram consultados incluindo docentes/pesquisadores de diferentes Universidades de todas as regiões do país, com exceção da região Norte. Todos os pesquisadores bolsistas em produtividade de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com pesquisa na área de saúde bucal coletiva, coordenadores do Grupo de Trabalho de Saúde Bucal da Associação Brasileira de Pós-Gradução em Saúde Coletiva (ABRASCO), pesquisadores com notória experiência em pesquisa em saúde bucal vinculada ao SUS, representantes da área de Odontologia na Cordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e CNPq também compuseram o grupo. Além desses, nove gestores de diferentes instituições como o Ministério da Saúde (COSAB-DAB, CGDANT-SVS, DEGETS), Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar e Secretarias Estaduais de Saúde foram convidados a participar. Foram elencados 43 itens/temas de pesquisa, baseados na Agenda de Pesquisa em Saúde Bucal então vigente e o item considerado prioritário pelos participantes foi “Práticas de Saúde Bucal Baseadas em Evidências Científicas”. Consoante com o definido como prioridade de pesquisa, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, decidiu pela produção de materiais instrucionais para formação de recursos humanos em Saúde Bucal/Odontologia em Atenção Básica baseada nas melhores evidências científicas disponíveis, a fim de licenciá-los para livre circulação com finalidades educacionais e não comerciais. Para tanto, um grupo de especialistas de diferentes áreas da Odontologia com experiência na condução de revisões sistemáticas e avaliação do nível de evidências científicas disponíveis analisou as recomendações expressas na segunda edição do “Cadernos de Atenção Básica – Saúde Bucal, número 17” , publicado em 2008 pelo Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. A primeira edição deste documento foi editada em 2006. O presente volume apresenta o protocolo de pesquisa que guiou a elaboração das revisões e recomendações para o enfrentamento, no âmbito da atenção básica, de cada um dos principais agravos em saúde bucal, tal como definido no “ Cadernos 17”, a saber: cárie dentária, doença periodontal, câncer de boca, traumatismos dentários, fluorose dentária, edentulismo e má oclusão. As revisões foram realizadas tendo como base publicações científicas disponíveis até o ano de 2013. Espera-se que esse material possa auxiliar na formação e aperfeiçoamento das práticas de saúde bucal e odontologia no âmbito da atenção básica e recomenda-se que o mesmo seja atualizado periodicamente considerando a dinâmica da produção do conhecimento científico e sua temporalidade. Protocolo para Encontrar e Definir Níveis de Evidência para as Recomendações 1.1 Força da recomendação das evidências (Strength of Recommendation Taxonomy - SORT) Diálogo entre dois meteorologistas: – Quais os resultados para a previsão do tempo, amanhã? – Bem, de acordo com nossos dados, a previsão de chuva é de 90%, mas temos apenas 10% de chance de que essa previsão esteja certa.” O diálogo acima evidencia a diferença entre a força de uma associação e o nível de evidência ou sua consistência. Um terceiro e importante aspecto é a implementação dessas incertezas em uma recomendação para a prática profissional. Afinal, as pessoas, ao ouvirem o diálogo dos meteorologistas enunciado acima, deveriam sair de casa com ou sem guarda-chuva? Na literatura em saúde, existem, aproximadamente, mais de 100 escalas publicadas para avaliação de níveis de evidência. Cada força-tarefa que se reúne para elaborar guias de recomendação tende a criar sua própria forma de recomendação. A maioria das escalas é semelhante em vários aspectos. Entretanto, muitas, internacionalmente reconhecidas, foram projetadas para pesquisadores, uma vez que avaliam a qualidade da evidência, usando critérios metodológicos, como o Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE)1, 2, os níveis de evidência do Center for Evidence-Based Medicine (CEBM) 3 ou as tabelas de risco de viés da Colaboração Cochrane4. Com o intuito de desenvolver sistemas de recomendações para os profissionais de saúde e propor guias clínicos, baseados em evidência, foram desenvolvidos sistemas, como a categorização do BMJ Clinical Evidence5 e o sistema do U.S. Preventive Services Task Force6. Por sua vez, a Associação Americana de Saúde da Família reuniu os editores de periódicos científicos da área para criar, em 2004, uma escala, a escala SORT, direcionada para profissionais clínicos, que atuam na área de Saúde da Família7. Para análise das evidências das recomendações que constam no Caderno 17 do Ministério de Saúde do Brasil, optamos pelo sistema SORT. Trata-se de um sistema prático para avaliadores gerarem recomendações que são relevantes para os profissionais que trabalham em unidades de atenção básica. Esse sistema é baseado em quatro critérios: • • • • Tipo de desfecho; Nível de evidência; Quantidade de estudos existentes; e Consistência entre os estudos existentes. A seguir, tratamos detalhadamente de cada um desses critérios. 1.1.1Tipos de Desfechos • Desfechos intermediários (Disease-oriented outcomes): são desfechos intermediários ou substitutos, como exames laboratoriais e histopatológicos. Incluem-se, também, outros desfechos, como pressão sanguínea, presença de placa coronária, nível glicêmico etc. Correspondem a desfechos, que podem não refletir melhoras, segundo a perspectiva dos próprios pacientes, mesmo que se tratem de padrões de diagnóstico para os profissionais da saúde. • Desfechos orientados para agravos (Patient-oriented outcomes a): são desfechos finais, orientados para o paciente e incluem avaliações, como aumento na expectativa de vida, redução de mortalidade, melhorias na qualidade de vida, redução de sinais e sintomas, como dor ou morbidade clínica. Também estão incluídos aqui desfechos relacionados aos custos com o tratamento. a Tanto o aumento na expectativa de vida, quando a redução da mortalidade não são, a rigor, perceptíveis pelos próprios pacientes. Entretanto, diferentemente dos “desfechos orientados para doenças ou agravos”, estes se referem a desfechos finais e não intermediários ou substitutos. Dessa forma, podem ser considerados “desfechos orientados para o paciente”, conforme proposto na tipologia apresentada. 8 1.1.2Níveis de Evidência Os níveis de evidência referem-se à avaliação de estudos, individualmente, em relação à qualidade metodológica destes, como sintetizada no Quadro 1 abaixo. Quadro 1 – Critérios para classificação da qualidade metodológica de um estudo, segundo o tipo de estudo (traduzida de Ebell7). Ver Figura 1 para algoritmos de classificação. Qualidade Diagnóstico/ Acurácia do estudo Nível 1: boa qualidade, evidência orientada para o paciente • • • • Nível 2: qualidade regular, evidência orientada para o paciente Nível 3: outro tipo de evidência • • Validação de decisão clínica em população relevante RS*/meta-análise de estudos de alta qualidade Estudo de coorte de alta qualidade para diagnóstico Diagnóstico clínico não validado RS/meta-análise de estudos de baixa qualidade ou inconsistentes Estudo de coorte de baixa qualidade ou estudo de caso-controle Propósito do estudo Tratamento, prevenção Prognóstico ou rastreamento • • • • • • • RS*/meta-análise de ECR* com consistência ECR alta qualidade Estudo de tudo-ou-nada** • • • RS*/meta-análise de ECR* de baixa qualidade ou inconsistentes ECR de baixa qualidade Estudo coorte Estudo de caso-controle • • • RS*/meta-análise de bons estudos de coorte Estudo de coorte prospectivo de alta qualidade RS*/meta-análise de ECR* de baixa qualidade ou inconsistentes Coorte retrospectiva ou prospectivas com pobre acompanhamento Estudo de caso-controle Série de casos Guias clínicos, confeccionados por grupos de especialistas; extrapolações de pesquisa de bancada; prática usual; opinião; evidência orientada para doença (desfechos intermediários ou fisiológicos); ou série de casos. Nota: detalhes sobre critérios para estudos de alta qualidade pode ser vista na figura 1. * RS: Revisão Sistemática, ECR: Ensaio Clínico Randomizado **Num estudo tudo-ou-nada, o tratamento causa uma mudança tão dramática no desfecho que se torna desnecessária a realização de um ensaio com grupo controle, como é o exemplo de meningite, ou cirurgia para apendicite. 9 O fluxograma da Figura 1 descreve os passos para identificação de um estudo específico. REVISOR ATENÇÃO 1: Quando os revisores estiverem procurando artigos, devem repassar o fluxograma para averiguar o nível de evidência de cada estudo selecionado. Trata-se de um importante estudo-chave sobre o assunto em discussão? não Sem recomendação não Nível de evidência 3 sim Nível de evidência 3 não Nível de evidência 2 sim Nível de evidência 1 sim O desfecho orientado é para o paciente? (i.e. dor, morbidade clínica, mortalidade, qualidade de vida) sim O tipo de estudo consiste em guias de consenso, pesquisa de bancada, prática usual, opinião, evidência orientada para doença, ou série de casos. sim Trata-se de algum tipo de estudo entre os relacionados abaixo? 1- Revisão sistemática/meta-análise de estudos de alta qualidade com resultados homogêneos 2- Ensaio Clínico (tratamento/prevenção): a. adequado tamanho amostra b. cegamento c. acompanhamento >80% d. randomização e sigilo de alocação e. análise por intenção de tratamento 3- Estudo de coorte de alta qualidade (prognóstico): acompanhamento >80% e prospectivo 4- Validação de decisão clínica em população relevante (diagnóstico) 5- Estudo de acurácia (diagnóstico): a. adequado tamanho amostra, b. cegamento c. amplo espectro de paciente d. padrão-ouro adequado Figura 1 – Algoritmo para identificação do nível de evidência de artigos específicos. Ver Quadro 1 para mais detalhes (adaptado de Ebell7). 10 1.1.3Quantidade e consistência entre estudos Não há referência sobre um número mínimo de estudos necessários para se constatar “consistência”, pois esse aspecto também é influenciado pelo número de participantes nos estudos. Assim, um estudo com 1000 indivíduos pode ser mais útil do que quatro estudos com 50 integrantes, cada. O Quadro 2, abaixo, descreve critérios para se avaliar a consistência. Quadro 2 – Definição de consistência de estudos para o sistema SORT (adaptado de Ebell7). Consistente Inconsistente Três estudos primários relatam resultados similares ou, ao menos, conclusões coerentes (i.e. diferenças entre eles são explicáveis); ou Há uma grande Revisão Sistemática (RS) de alta qualidade e atualizada ou meta-análise, oferecendo suporte à recomendação ou duas revisões sistemáticas incluindo poucos estudos (até quatro). Variação considerável entre os estudos e falta de coerência; ou Há alguma RS de alta qualidade e atualizada ou meta-análise, não relatando evidência em favor de uma recomendação específica. REVISOR ATYENÇÃO 2: Para o presente trabalho, propõe-se que os revisores encontrem o número mínimo de uma boa e atualizada RS. Na ausência desta, três ensaios clínicos ou três estudos de observação. Em caso da busca resultar em número maior do que três estudos devese identificar os três mais recentes que preencham os requisitos mínimos de qualidade metodólogica. 1.1.4Nível de recomendação SORT O sistema SORT apresenta três níveis de recomendação, aplicáveis basicamente para desfechos orientados para os pacientes. Quadro 3 – Níveis de recomendação para o sistema SORT (traduzida de Ebell7). Níveis de recomendação Definição A Evidência orientada para o paciente, com estudos consistentes de alta qualidade. B Evidência orientada para o paciente, com estudos inconsistentes ou de baixa qualidade C Evidência orientada para a doença, opinião, prática usual, ou consenso de especialistas; ou Evidência oriunda de série de casos para estudos de diagnóstico, tratamento, prevenção ou rastreamento. 11 REVISOR ATYENÇÃO 3: Após os revisores identificarem o nível de evidência de cada estudo, deverão elaborar o nível de recomendação, conforme descrição no Fluxograma 2. Trata-se de uma recomendação-chave para clínicos, sobre diagnóstico/ prevenção/tratamento? não Sem recomendação não Recomendação C sim Recomendação C não Recomendação B sim Recomendação A sim A recomendação é baseada em desfecho orientado para o paciente? (i.e. dor, morbidade clínica, mortalidade, qualidade de vida, ou custos) sim A recomendação está baseada em evidência tipo guias de consenso, pesquisa de bancada, prática usual, opinião, evidência orientada para doença, ou série de casos? sim A recomendação está baseada em um dos seguintes? 1) Revisão sistemática/meta-análise da Colaboração Cochrane com clara recomendação? 2) Recebeu nível máximo em avaliação de escala de internacionalmente reconhecida, como: a. BMJ‘s Clinical Evidence; b. GRADE; , c. Levels of Evidece CEBM; ou d. US Task Force. 3) Achados consistentes de, ao menos, dois bons ECR ou uma RS/meta-análise para terapias/prevenção 4) Achados consistentes de, ao menos, dois bons estudos de acurácia ou uma RS/meta-análise para diagnóstico 5) Validação de decisão clínica em população relevante Figura 2 – Algoritmo para determinar a força de recomendação, baseado no conjunto de evidências. Aplica-se a recomendações clínicas para diagnóstico, tratamento ou prevenção (adaptado de Ebell7). 12 1.2 Processo de busca A maior parte das fontes bibliográficas indexam livros e artigos. Compreender como isso é feito auxilia na elaboração das estratégias de busca e interpretação do material (títulos e resumos) recuperado no sistema das bibliotecas. 1.2.1Processo de indexação Classificação: • Corresponde à operação de descrição do conteúdo do documento, determinandose o assunto principal e um ou dois assuntos secundários. Tem por objetivo agrupar trabalhos semelhantes e finaliza-se com a elaboração de um número de chamada, utilizando a Classificação Decimal Universal – CDU - ou Classificação Decimal de Dewey - CDD (Ex: 61medicina - 614 saúde pública - 616 odontologia) da NLM, o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Bireme, e EMTREE do EMBASE. Vocabulário controlado (tesauro) de um sistema é “um conjunto estruturado de conceitos destinados a representar o conteúdo dos documentos e compreende organização lógica de tais conceitos em distribuições de classes e suas relações recíprocas e estáveis entre eles”8. As relações entre os termos podem ser conceituais ou semânticas, estruturadas de forma hierárquica e dinâmica. 1.2.2Exemplo de indexação A seguir, apresentamos um exemplo do PubMed, para conhecer o tesauro MeSH (Medical Subject Headings). Indexação: • Trata-se da operação de descrição do conteúdo, visando minimizar a interferência do autor no processo de recuperação da obra. Dependendo da política de indexação da biblioteca, pode ser mais genérica (próximo à classificação) ou mais profunda (usado em bibliotecas especializadas). A National Library of Medicine (NLM) de Washington (Estados Unidos) indexa artigos, em geral, com até 12 descritores. O processo de indexação é, geralmente, mais específico do que o processo de classificação e utiliza vocabulário de sistema organizado em um índice, denominado vocabulário controlado (em uso pela biblioteca). O principal representante dos vocabulários controlados é o tesauro. Exemplos: MeSH (Medical Subject Headings) 13 Conceito do termo Sinônimos Árvore de termos do Tesauro 14 } Termos usados para Indexação, em geral 12, desde o início do tesuaro. 1.2.3 Fontes de resumos/abstracts para identificar trabalhos relevantes • Obrigatória: MEDLINE via PubMed (inclui OLD-MEDLINE, com trabalhos publicados antes de 1960). • Caso o revisor não encontre trabalhos nesta primeira fonte bibliográfica ou encontre apenas evidência, cujo nível de recomendação seja insatisfatório, deve seguir, na seguinte ordem, todas as bases listadas. • SCOPUS; • EMBASE; • SCIELO; e • LILACS. • Para situações em que motivo da falta de evidência seja o fato de que a base não contém periódicos, pode-se utilizar bases espe- cíficas, como Psylit (psicologia,) Cancerlit (Oncologia) ou consultar Roger (roger. [email protected]) e/ou João Luiz (joao.luiz. [email protected]) para outras bases. 1.2.4 Recomendações para seleção dos termos de busca • Dê preferência ao uso de vocabulário controlado, ao invés de vocabulário livre; • Se um termo controlado não existir, utilize termos livres em título e resumo, evite usar qualquer campo (autor, instituição, etc.); • Escrutine as definições dos termos do tesauro para evitar buscas equivocadas, (exemplo, sexo versus gênero); • Use termos mais antigos; • Use os termos mais gerais da árvore de tesauro; 15 • Use operadores booleanos universais: AND, OR e NOT. Demais operadores costumam ser específicos de cada base. No PubMed, é útil o uso de um asterisco como operador de palavras livres. Por exemplo, adolescen* equivale a todas as palavras que iniciam com “adolescen”, independentemente da terminação. Portanto, é útil para distinguir masculino/feminino ou singular/plural; • Busque no tesauro de cada base uma combinação parcimoniosa de termos livres e controlados; • Evite usar qualquer tipo de limite como: ano, idioma, país de origem; e • Formule uma questão específica de busca, baseado no documento contendo os itens que necessitam de revisão, usando as estratégias PICO/PECOT detalhadas abaixo. 1.2.5Formulação de questão específica A seguir, demonstramos duas estratégias para a construção de chaves de busca nas fontes bibliográficas e apresentamos um exemplo prático. PICO A estratégia PICO é usada para formular uma questão passível de ser respondida por ensaios clínicos randomizados ou outro tipo de intervenção, e pode ser usada para ensaios terapêuticos, preventivos ou comunitários. A sigla significa: P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse é a ausência de qualquer terapia. O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/ prevenida”. Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: (P AND I AND C AND O) PECOT A estratégia PECOT é uma variação do PICO, para formulação de questões específicas que podem ser respondidas por estudos de observação ou outros tipos. P = tipo de paciente ou população com o problema, pode ser definido por características demográficas como faixa etária, sexo, etc. E = exposição ou fator de risco sob estudo; importante definir conceitualmente, pode se caracterizar pelo “programa” ou “política” sob estudo. C = comparação ou controle; muitas vezes não há termos para representar controle, o qual equivale a ausência do fator de risco. O = desfecho de interesse; muitas vezes é a própria doença em estudo, porém aqui o desfecho pode incluir questões como custo ou indicadores de qualidade de serviços. 16 T= definir o “timeframe”; por exemplo, um ano específico ao longo do tempo para estudos longitudinais. aborda: a) eficácia na prevenção da cárie dentária, e b) segurança da intervenção. Para o ponto “a” iremos formular uma questão PICO. Para cada componente, um conjunto de palavras chaves deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: P = qualquer participante (P AND E AND C AND O AND T) Mais detalhes e exemplo: http://www.cebm.net/index.aspx?o=1900 http://www.bodleian.ox.ac.uk/__data/assets/ file/0011/85196/Finding-the-Evidence-1.swf Tabela 1 – Extrato do Caderno de Atenção Básica 17, contendo item que necessita de revisão científica. Página 32, subitem 4.1.3.2, ações de promoção à saúde A fluoretação da água de abastecimento é considerada um método seguro e eficaz na prevenção da cárie dentária, que atinge toda a população com acesso à água tratada As sentenças extraídas dos Cadernos de Atenção Básica 17 podem conter vários aspectos diferentes de um problema. Foque todos os aspectos específicos, lembrando que, quanto mais bem definido o problema, mais fácil será a realização da busca. 1 OBSERVAÇÃO: o desfecho está dado pela sentença, portanto, se ele é orientado para o paciente ou não é algo fixo, que influencia no algoritmo da Figura 2. I= presença de fluoreto agregado entre 0,7 e 1 ppmb nas águas de abastecimento para consumo humano. C = ausência de flúor na água de abastecimento. O = prevenção de novas lesões de cárie dentária em raiz ou coroa. Questão específica: A presença de fluoreto agregado entre 0,7 PPM e 1 ppm nas águas de abastecimento para consumo humano previne novas lesões de cárie? Combinação de palavras usadas Partipantes: nenhuma palavra Intervenção: “Fluoridation”[Mesh] OR ((“water supply”[Title/Abstract] OR “pipe water”[Title/Abstract]) OR “drinking water”[Title/ Abstract]) AND fluor*[Title/Abstract]) Controle: nenhum Outcome: (“Dental Caries”[Mesh]) OR “DMF Index”[Mesh] A fluoretação das águas de abastecimento é uma intervenção (comunitária) e a sentença acima b Os valores acima se baseiam na Portaria 635/GM/MS DOU 1976 sobre concentrações ideais de flúor, em função de médias de temperatura para Sistemas de Abastecimento, e referenciada na Portaria MS Nº 2914 DE 12/12/2011. 17 REVISOR Para cada ponto que necessitar de revisão, o revisor deverá elaborar e apresentar ao coordenador a estratégia de busca, selecionando, primeiramente RS/meta-análises para usar como base para recomendação (conforme abordado anteriormente). Na ausência destas seguir o que está apresentado na caixa de “ATENÇÃO 2”. 1.2.6Relatando a recomendação Nas buscas realizadas, foram identificadas 32 publicações. Pela leitura dos títulos e resumos, nota-se que poucas, de fato, são pertinentes, pois muitas tratam de fluorose ou outros tipos de fluoretação (e.g. suplementos, sal, etc.). Selecionamos uma revisão sistemática ampla: • McDonagh MS, et al. Systematic review of water fluoridation. BMJ. 2000 Oct 7;321(7265):855-9. Pela leitura da referência acima, observamos que a fluoretação das águas é benéfica, prevenindo, em média, um aumento de 2,2 dentes no índice CPOD (Índice de dentes Cariados, Perdidos ou Restaurados por cárie). Porém, estudos incluíram apenas crianças e o efeito variou muito (0,5 a 4,4 dentes). Meta-regressão mostrou que a localização geográfica explicava muito da heterogeneidade. Considerando que houve inconsistência, é recomendável a busca por mais evidência, o que resultou na leitura do artigo: Este estudo mostrou que a fluoretação das águas também era benéfico para os adultos, mas que também havia heterogeneidade, explicada pelo ano de publicação. Considerando os achados dos dois estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para prevenção de cárie em crianças e adultos. A fluoretação da água de abastecimento é considerada um método seguro e eficaz na prevenção da cárie dentária, que atinge toda a população com acesso à água tratada (Nível B: McDonagh et al 2000; Griffin 2007). As referências usadas e as observações sobre os achados devem ser descritas porque serão utilizadas em uma caixa explicativa dentro do texto próximo à recomendação do Caderno de Atenção Básica. • Griffin SO, Regnier E, Griffin PM, Huntley V. Effectiveness of fluoride in preventing caries in adults. J Dent Res. 2007 May;86(5):410-5. 18 Primeiro busquei termos de vocabulário controlado na aba dos MeSH. Vamos clicar em Advanced para trabalhar com estratégias mais facilmente 19 Em segundo tentei encontrar termos livre que pudessem agregar ao vocabulário controlado Algumas tentativas frustradas Fiz uma busca por cárie e cruzei com a estratégia de fluoretação, rendeu 2458 artigos! Bom começo. 20 PubMed tem algumas ferramentas úteis, como adicionar limites para artigos considerados com o mais alto nível de evidência. Podemos iniciar vasculhando dentre os 32 artigos encontrados a melhor evidência para propor alguma recomendação, segundo o sistema SORT. 21 Referências 1. Atkins D, Best D, Briss PA, Eccles M, Falck-Ytter Y, Flottorp S, et al. Grading quality of evidence and strength of recommendations. BMJ. 2004;328:1490. 2. Phillips B. GRADE: levels of evidence and grades of recommendation. Arch Dis Child. 2004 May;89(5):489. 3. Center for Evidence Based Medicine. Oxford CEBM-Levels of Evidence. 2011 [cited 2012 September]; Available from: http://www.cebm.net/ 4. The Cochrane Collaboration. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.1.0. 2011 [cited 2012 Sep ]; Available from: www.cochrane-handbook.org. 5. BMJ Group. BMJ Clinical Evidence: Clinical Evidence efficacy categorisations. 2012 [cited 2012 Aug]; Available from: http://clinicalevidence.bmj.com/x/set/static/cms/efficacy-categorisations.html 6. Harris RP, Helfand M, Woolf SH, Lohr KN, Mulrow CD, Teutsch SM, et al. Current methods of the US Preventive Services Task Force: a review of the process. Am J Prev Med. 2001;20:21-35. 7. Ebell MH, Siwek J, Weiss BD, Woolf SH, Susman J, Ewigman B, et al. Strength of recommendation taxonomy (SORT): a patient-centered approach to grading evidence in the medical literature. Am Fam Physician. 2004 Feb 1;69(3):548-56. 8. Barité-Roqueta MG. Glosario sobre organización y representación del conocimiento: clasificación, indización, terminología. Montevideo: Escuela Universitaria de Bibliotecología y Ciencias Afines; 1997. 22 Cárie Dentária 2. Cárie Dentária Tabela 1 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica no 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Cárie dentária coronária Localização Sentenças Aspectos Estratégia de no trecho em análise a revisar revisão Página 32, subitem 4.1.3.2, ações de promoção à saúde Para controle e prevenção da cárie na população, destacam-se medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso a alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado. Página 32, subitem 4.1.3.2, ações de promoção à saúde São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida, do acesso à posse e uso dos instrumentos de higiene e estímulo à manutenção da saúde. Página 33, subitem 4.1.3.3, ações educativas e preventivas As crianças em idade pré-escolar e escolar podem ser alvo dessas ações [de educação em saúde bucal], pelo impacto de medidas educativas e preventivas nessa faixa etária e pela importância da atuação na fase de formação de hábitos. Efetividade de ações educativas e preventivas em crianças com idade pré-escolar e escolar e a ocorrência de cárie dentária em crianças. VER DOCUMENTO ANEXO Página 34, subitem 4.1.4.2, tratamento Controle da atividade de doença [em nível individual]: ações educativas para controle de placa; uso tópico de flúor; aconselhamento dietético; estímulo ao fluxo salivar. Efetividade (ou eficácia) das ações educativas para o controle da atividade de cárie em nível individual ou clínico. VER DOCUMENTO ANEXO Relação entre acesso a alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado e prevenção de cárie dentária. Relação das políticas públicas de saúde e prevenção da cárie. VER DOCUMENTO ANEXO VER DOCUMENTO ANEXO 24 25 As medidas intersetoriais e educativas de saúde previnem a cárie dentária na população? As políticas públicas de saúde previnem a cárie dentária na população? As ações educativas e preventivas de saúde bucal previnem cárie dentária em crianças com idade pré-escolar ou escolar? PICO: P = qualquer população ou faixa etária I = medidas intersetoriais e educativas de saúde C = ausência de medidas intersetoriais e educativas de saúde O = cárie dentária P = qualquer população ou faixa etária I = políticas públicas de saúde C = ausência de políticas públicas de saúde O = cárie dentária P = crianças em idade pré-escolar e escolar I = ações educativas e preventivas de saúde bucal C = ausência de ações educativas e preventivas O = cárie dentária Aspecto revisado: Revisar a relação entre acesso a alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado e prevenção de cárie dentária Revisar a relação das políticas públicas de saúde e prevenção da cárie Efetividade de ações educativas e preventivas em crianças com idade pré-escolar e escolar e a ocorrência de cárie dentária em crianças. P = nenhuma busca I = 104.834 C = nenhuma busca O = 44.084 P = 1.787.181 I = 978.561 C = nenhuma busca O = 44.084 P = “Child”[Mesh] OR “Child, Preschool”[Mesh] OR child*[Title/Abstract] I = “Health Education, Dental”[Mesh] OR “Models, Educational”[Mesh] OR “Oral Health Promotion”[Title/Abstract] OR “School Program”[Title/Abstract] C = nenhuma palavra O = “Oral Health”[Mesh] OR “Dental Caries”[Mesh] OR “DMF Index”[Mesh] P = nenhuma busca I = 171727 C = nenhuma busca O = 44.084 PICO: para cada item Resultados P = nenhuma palavra I = “Health Policy”[Mesh] OR “Public Policy”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “Oral Health”[Mesh] OR “Dental Caries”[Mesh] OR “DMF Index”[Mesh] P = nenhuma palavra I = “Health Promotion”[Mesh] OR “Health Education”[Mesh] OR “Intersectoral approach” [Title/Abstract] C = nenhuma palavra O = “Oral Health”[Mesh] OR “Dental Caries”[Mesh] OR “DMF Index”[Mesh] Combinação de palavras usadas Questão específica: na busca: Tabela 2 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. 1.264 referências, sendo: - 1 Meta-análise - 13 Revisões sistemáticas - 47 Revisões - 76 Ensaios clínico-randomizado - 2 Guias 1.264 referências, sendo: - 1 Meta-análise - 13 Revisões sistemáticas - 47 Revisões - 76 Ensaios clínico-randomizado - 2 Guias 2.984 referências, sendo: - 4 Meta-análises - 52 Revisões sistemáticas - 194 Revisões - 109 Ensaios clinico-randomizado - 14 Guias Resultado final (P and I and C and O): 26 As ações educativas de saúde bucal em nível individual ou clínico previnem a cárie dentária? P = qualquer participante I = ações educativas em nível individual ou clínico C = ausência de ações educativas e preventivas O = cárie dentária Efetividade (ou eficácia) das ações educativas para o controle da atividade de cárie em nível individual ou clínico. P = nenhuma palavra I = “Health Education, Dental”[Mesh] OR “Patient Education as Topic”[Mesh] OR “Models, Educational”[Mesh] OR “Prevention and control”[Subheading] OR “Counseling”[Mesh] OR “Oral Hygiene”[Mesh] OR “Dietary Carbohydrates”[Mesh] OR “Dietary Sucrose”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “Oral Health”[Mesh] OR “Dental Caries”[Mesh] Combinação de palavras usadas na busca: Resultados P = nenhuma busca I = 1.083.584 C = nenhuma busca O = 44.084 PICO: para cada item DATAS: 03/09/12; 13/10/12 e 27/11/2012, 09/02/2013, 17/03/2013, 26-07-2013 (última atualização da busca). BASE DE DADOS = MEDLINE VIA PUBMED AGRAVO = CÁRIE DENTÁRIA (P AND I AND C AND O) Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/prevenida”. 17.099 referências, sendo: - 74 Meta-análises - 338 Revisões sistemáticas - 1803 Revisões - 617 Ensaios clínico-randomizado - 78 Guias Resultado final (P and I and C and O): C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse ausência de qualquer terapia. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. Questão específica: PICO: Aspecto revisado: Síntese dos resultados Tabela 3 – Item revisado. Página e subitem Página 32, subitem 4.1.3.2, ações de promoção à saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Para controle e prevenção da cárie na população, destacam-se medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso a alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado. B As medidas intersetoriais e educativas de saúde reduzem a cárie dentária na população? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos três revisões não sistemáticas da literatura mais abrangentes sobre o assunto: • Freire Mdo C, Balbo PL, Amador Mde A, Sardinha LM. Guias alimentares para a população brasileira: implicações para a Política Nacional de Saúde Bucal. Cadernos de Saúde Pública 2012; 28 Suppl: s20-29. Os autores revisaram e discutiram os dois guias alimentares do Ministério da Saúde disponíveis: o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 Anos e o Guia Alimentar para a População Brasileira, identificando aspectos que possam ser integrados às estratégias propostas na Política Nacional de Saúde Bucal. Esses guias buscam não só direcionar a população quanto a uma dieta saudável, mas também os profissionais de saúde, o governo e setor produtivo de alimentos, entre elas as recomendações sobre a redução do consumo de açúcar, fundamental na prevenção da cárie. Dentre os destaques das recomendações com maior impacto para saúde bucal, estão aquelas sobre o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses da crian- ça e a redução do consumo de açúcar. O acesso e utilização dos guias é considerada importante estratégia de promoção da saúde, concluindo que suas recomendações deveriam ser incorporadas às estratégias propostas na Política Nacional de Saúde Bucal. Contudo, é discutido que a efetividade de tais guias é pouco conhecida, ou seja, há poucas evidências se ocorre a adesão às recomendações alimentares por parte da população em geral. O nível desta evidência é 3. • Kumar J V, Moss ME. Fluorides in dental public health programs. Dental Clinics of North America 2008; 52(2): 387-401. Os autores revisaram e discutiram evidências sobre as diversas formas de utilização de fluoretos em programas de saúde pública. O acesso ao flúor na água de abastecimento público previne de 50% a 70% de cárie. Programas que usaram bochecho fluoretado em escolares mostraram redução de 20% a 50% de cárie. A redução da cárie em escolares que usaram suplementos fluoretados para serem mastigados e ingeridos variou entre 20% e 81%. Programas de escovação supervisionada em escolares mostraram redução de cárie entre 11% e 32%. O uso de verniz fluoretado é capaz de reduzir a incidência de cárie em aproximadamente 35%. Em relação 27 à prevenção da cárie, os autores concluem que em populações com baixo risco para cárie, o uso de fluoretação na água de abastecimento público e escovação com dentifrício fluoretado diário é suficiente para prevenção de cárie; aplicações de flúor tópico devem ser utilizadas criteriosamente em populações com alto risco para cárie; e programas de saúde pública alternativos que permitam acesso a alguma forma tópica de flúor devem ser considerados em populações sem acesso à água de abastecimento público. O nível desta evidência é 3. • Sheiham A, Watt RG. The common risk factor approach: a rational basis for promoting oral health. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2000; 28(6): 399-406. Os autores argumentam que a cárie, assim como outras doenças bucais, dividem fatores de risco em comum com outras doenças crônicas não transmissíveis e, por isso, abordagens intersetoriais e educativas teriam maior impacto na prevenção de doenças bucais. Dentre os fatores de risco mencionados, estão a dieta (ex.: consumo de açúcar), tabagismo, estresse, higiene, alcoolismo, acidentes por causas externas e prática de atividade física. A utilização de abordagens educativas isoladas e focadas exclusivamente em saúde bucal é criticada por serem consideradas não efetivas, podendo aumentar desigualdades em saúde. Por outro lado, defendem a utilização de abordagens intersetoriais para risco comum, uma vez que os potenciais benefícios são maiores do que a abordagem anterior. Alguns exemplos de medidas intersetoriais e educativas são mencionados no texto, tais como programas nutricionais que buscam melhorar a condição nutricional das crianças de uma maneira geral e programas para promoção da saúde em escolas, preconizados pela Organização Mundial de Saúde. O impacto do uso dessa abordagem por meio de estudos de intervenção não é apresentado pelos autores. O nível desta evidência é 3. Na busca por melhores evidências, selecionamos três ensaios clínicos randomizados controlados: • Al-Jundi SH, Hammad M, Alwaeli H. The efficacy of a school-based caries preventive program: a 4-year study. International Journal of Dental Hygiene 2006; 4(1): 30-34. Os autores investigaram a efetividade de um programa de base escolar para prevenção de cárie em crianças de 6 e 12 anos de idade, na Jordânia. Foram avaliadas 436 crianças no grupo de intervenção e 420 no grupo controle, durante um período de quatro anos. A intervenção consistiu em orientações de higiene bucal e escovação dentária supervisionada com dentifrício fluoretado. O grupo controle recebeu orientações de higiene bucal. Houve diferença significativa na ocorrência de cárie entre os grupos (p=0,001). Crianças de 6 e 12 anos de idade do grupo controle apresentaram uma ocorrência de cárie de 6,4 e 3,1 maior, respectivamente, comparadas ao grupo de intervenção. Os autores concluíram que o programa foi efetivo na redução da cárie. O nível desta evidência é 1. • Jackson RJ, Newman HN, Smart GJ, Stokes E, Hogan JI, Brown C, Seres J. The effects of a supervised toothbrushing programme on the caries increment of primary school children, initially aged 5-6 years. Caries Research 2005; 39(2): 108-115. O estudo avaliou a efetividade de um programa escolar de escovação dentária supervisionada com dentifrício fluoretado, implementado por professores na redução da cárie de crianças de 5 28 a 6 anos de idade, na Inglaterra. Participaram do grupo de intervenção 181 crianças e do grupo controle, 189, durante 21 meses. O incremento de cárie foi significativamente menor (p<0,001) nas crianças do grupo de intervenção (2.60) comparadas com grupo controle (2.92). Os autores concluíram que um programa de escovação supervisionada diário com uso de dentifrício fluoretado foi efetivo na redução da cárie. O nível desta evidência é 2. • Rong WS, Bian JY, Wang WJ, Wang JD. Effectiveness of an oral health education and caries prevention program in kindergartens in China. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2003; 31(6): 412-416. Considerando os achados dos estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para prevenção de cárie na população. Para controle e prevenção da cárie na população, destacam-se medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso a alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado (Nível de recomendação B: Freire et al. 2012, Kumar & Moss 2008, Sheiham & Watt 2000, Al-Jundi et al. 2006, Jackson et al. 2005, Rong et al. 2003) Os pesquisadores avaliaram o efeito de um programa em saúde bucal com crianças de três anos de idade em pré-escolas, na China. Foram analisadas 258 crianças no grupo de intervenção e 256 no grupo controle, durante 2 anos. A intervenção consistiu em atividades educativas em saúde bucal e escovação supervisionada diária, duas vezes ao dia com dentifrício fluoretado, implementadas por professores da escola. A média de incremento de cárie no grupo de intervenção foi 2,47 e no grupo controle foi 3,56, havendo uma redução significativa da cárie de 30,6% (p=0,009). Os autores concluíram que o programa foi efetivo na redução da cárie e também na melhoria dos comportamentos em saúde bucal. O nível desta evidência é 2. 29 Tabela 4 – Item revisado. Página e subitem Página 32, subitem 4.1.3.2, ações de promoção à saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida, do acesso à posse e uso dos instrumentos de higiene e estímulo à manutenção da saúde. C As políticas públicas de saúde previnem a cárie dentária na população? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos duas revisões não sistemáticas da literatura e um estudo observacional: • Baelum V. Dentistry and population approaches for preventing dental diseases. Journal of Dentistry 2001; 39 Suppl 2: S9-19 A autora revisa a literatura e discute as estratégias mais efetivas para prevenção da cárie dentária em nível populacional. São discutidas duas abordagens: a) focada em grupos e indivíduos de risco para na mudança pontual de comportamentos em saúde bucal, b) focada em aspectos estruturais, os quais afetam indiretamente os comportamentos dos indivíduos, por meio de políticas públicas, tais como a proibição de fumo, fluoretação das águas de abastecimento público, taxação no preço de produtos relacionados com a saúde. A primeira abordagem é baseada na suposição de que a doença se desenvolve na parcela da população sob risco, contudo, argumenta-se que mais de 50% dos novos casos de cárie são provenientes de pessoas livres de cárie inicialmente. A autora defende que a redução dos problemas de saúde bucal observados no mundo é decorrente da segunda abordagem. Argumenta que, embora a primeira estratégia seja útil para tratar daqueles que já sofreram com os problemas bucais, ela apresenta pouco impacto em nível populacional e, por isso, apoia a segunda estratégia como sendo a mais efetiva para prevenção de cárie e outras doenças bucais. O nível desta evidência é 3. • Watt R, Sheiham A. Inequalities in oral health: a review of the evidence and recommendations for action. British Dental Journal 1999; 187(1): 6-12. Os autores revisam evidências sobre redução dos agravos bucais e aumento das iniquidades em saúde bucal. Os autores discutem que as principais razões para a redução da cárie, nas últimas duas décadas, são o uso de dentifrícios fluoretados em larga escala, mudanças no padrão de alimentação das crianças, melhorias de higiene bucal e mudanças socioeconômicas e ambientais, como a fluoretação das águas de abastecimento público. Esses fatores explicam 65% da variação na redução da cárie, enquanto que a oferta de serviços para tratamentos odontológicos explica apenas 3%. Para haver redução de iniquidades, os autores recomendam intervenções nos principais determinantes sociais da cárie. O nível desta evidência é 3. • Celeste R K, Nadanovsky P. How much of the income inequality effect can be explained by public policy? Evidence from oral health in Brazil. Health Policy 2010; 97(23): 250-258. 30 Os autores investigaram a associação do índice de concentração de Gini e da escala de políticas públicas dos municípios (composta por uma combinação de educação, bem estar infantil, saneamento e infraestrutura e serviços públicos de saúde) com a presença de cárie dentária em indivíduos entre 15 e 19 anos, no Brasil. Após ajuste por fluoretação das águas e índice de Gini, as políticas públicas estiveram associadas com redução de dentes cariados e de perdidos devido à cárie, com risco relativo de 0,72 (IC95% 0,64;0,81) e 0,64 (IC95% 0,55;0,73), respectivamente. O efeito preventivo das políticas públicas sobre dentes cariados foi maior entre indivíduos com maior renda e escolaridade (38%) comparados com aqueles de menor renda e escolaridade (26%). O nível desta evidência é 2. Considerando os achados dos estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é C para prevenção de cárie na população. São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida, do acesso à posse e uso dos instrumentos de higiene e estímulo à manutenção da saúde. (Nível de recomendação C: Baelum 2011, Watt & Sheiham 1999, Celeste & Nadanovsky 2010). Tabela 5 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 33, subitem 4.1.3.3, ações educativas e preventivas As crianças em idade pré-escolar e escolar podem ser alvo dessas ações [de educação em saúde bucal], pelo impacto de medidas educativas e preventivas nessa faixa etária e pela importância da atuação na fase de formação de hábitos. B As ações educativas e preventivas de saúde bucal reduzem cárie dentária em crianças com idade pré-escolar ou escolar? Após as leituras dos títulos e resumos, selecionamos duas revisões sistemáticas: • Twetman S. Prevention of early childhood caries (ECC)--review of literature published 1998-2007. European Archives of Paediatric Dentistry 2008; 9(1): 12-18. A revisão avaliou a efetividade de métodos preventivos para cárie precoce, com intervenções implementadas antes dos três anos de idade das crianças. Os autores incluíram 22 artigos publicados entre 1998 e 2007 e concluíram que o uso de fluoretos é o método pessoal mais efetivo na prevenção da cárie precoce e a aplicação de verniz fluoretado semestral é o método profissional mais efetivo na prevenção de cárie precoce em crianças. Segundo a revisão, as evidências sobre as ações educativas, o uso de agentes antimicrobianos e as intervenções para reduzir o número de bactérias nas mães, com a finalidade de evitar 31 transmissão cruzada, são inconclusivas. Esses estudos foram avaliados pelos autores como sendo de qualidade baixa ou média e com resultados controversos, alguns apresentando efeito preventivo e outros efeitos nulos, razão pela qual não se pôde confirmar sua efetividade na prevenção da cárie. O nível desta evidência é 2. • Ammari JB, Baqain ZH, Ashley PF. Effects of programs for prevention of early childhood caries. A systematic review. Medical Principles and Practice 2007; 16(6): 437-442. A revisão avaliou a efetividade das intervenções preventivas de cárie precoce, em crianças de zero a cinco anos de idade. Foram incluídos sete ensaios clínicos randomizados controlados, publicados entre 1966 e 2003, que avaliaram a efetividade de programas de preventivo ou educativos em saúde bucal. Considerando a baixa qualidade de evidência dos estudos incluídos, os autores concluíram que o melhor método de prevenção não pode ser determinado. Contudo, sugerem que intervenções que usaram algum método de fluoreto tópico são as mais efetivas para crianças dessa idade. O nível desta evidência é 2. Na busca por melhores evidência, selecionamos três ensaios clínicos randomizados: • Tai BJ, Jiang H, Du MQ, Peng B. Assessing the effectiveness of a school-based oral health promotion programme in Yichang City, China. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2009; 37(5): 391-398. Os autores avaliaram um programa educativo e preventivo, baseado no conceito da Organização Mundial da Saúde para Promoção da Saúde em Escolas, na redução da cárie em crianças de 6 a 7 anos de idade, na China. Foram estudadas 661 crianças de sete escolas que receberam a intervenção e 697 crianças de oito escolas controle, em um período de três anos. A intervenção foi conduzida por professores treinados das escolas, que ofereceram às crianças e seus pais atividades educativas em saúde bucal regularmente, além de kits de higiene bucal e serviços de saúde bucal para tratamentos curativos e preventivos. Foi observada diferença significativa na redução da cárie no grupo de intervenção, comparado ao grupo controle. O índice de superfícies cariadas, perdidas e restauradas devido à cárie (ceo-s) foi de 0,22 no grupo de intervenção e 0,35 no grupo controle (p=0,013). Os autores concluíram que o programa foi efetivo em reduzir a ocorrência de cárie, além de melhorar higiene bucal e comportamentos relacionados à saúde bucal. O nível desta evidência é 1. • Hausen H, Seppa L, Poutanen R, Niinimaa A, Lahti S, Kärkkäinen S, Pietilä I. Noninvasive control of dental caries in children with active initial lesions. A randomized clinical trial.” Caries Research 2007; 41(5): 384-391. O estudo investigou a efetividade de um programa educativo e preventivo na redução de cárie em crianças de 11 e 12 anos de idade com alto risco para cárie, durante um período de 3,4 anos, na Finlândia. Foram randomizadas 250 crianças no grupo de intervenção e 247 crianças no grupo controle. O grupo de intervenção recebeu aconselhamento em saúde bucal e nutricional, além da distribuição de kits de higiene bucal e aplicações de fluoretos tópicos. Nenhuma ação foi introduzida pelo programa no grupo controle. A média do incremento de dentes cariados, perdidos e restaurados devido à cárie foi significativamente menor (p < 0,0001) no grupo intervenção (2,56; IC95% 2,07-3,05) comparado com o grupo 32 de controle (4,60; IC95% 3,99-5,21). A intervenção foi capaz de reduzir 44,3% (IC95% 30,2-56,4) da cárie. Os autores concluíram que o programa foi efetivo na redução da cárie. O nível desta evidência é 1. • Zanin L, Meneghim MC, Assaf AV, Cortellazzi KL, Pereira AC. Evaluation of an educational program for children with high risk of caries. Journal of Clinical Pediatric Dentistry 2007; 31(4): 246-250. O estudo avaliou a efetividade de um programa educativo e preventivo na redução de cárie de crianças de seis anos de idade, no Brasil. Foram alocadas 30 crianças no grupo controle e 30 crianças no grupo de intervenção. O grupo de intervenção recebeu um programa intensivo e estruturado de educação em saúde bucal, escovação supervisionada a cada três meses. O grupo controle recebeu apenas escovação supervisionada uma vez ao ano. Todos os parti- cipantes receberam aplicações tópicas de flúor. Houve diferença significativa na redução da cárie (p<0,05). O incremento de cárie foi de 16,6% nas crianças do grupo controle e 40,0% no grupo controle. Os autores concluíram que o programa foi efetivo na redução da cárie. O nível desta evidência é 2. Considerando os achados da revisão, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para prevenção de cárie em crianças. As crianças em idade pré-escolar e escolar podem ser alvo dessas ações [de educação em saúde bucal], pelo impacto de medidas educativas e preventivas nessa faixa etária e pela importância da atuação na fase de formação de hábitos. (Nível de recomendação B: Twetman 2008, Tai et al. 2009, Hausen et al 2007, Zanin et al. 2007) Tabela 6 – Item revisado. Página e subitem Página 34, subitem 4.1.4.2, tratamento Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Controle da atividade de doença [em nível individual]: ações educativas para controle de placa; uso tópico de flúor; aconselhamento dietético; estímulo ao fluxo salivar. As ações educativas de saúde bucal em nível individual ou clínico reduzem a cárie dentária? Após as leituras dos títulos e resumos, selecionamos duas revisões sistemáticas da literatura sobre efetividade de ações educativas para controle de placa ou uso de flúor tópico como meio de prevenção da cárie: B • Yevlahova D, Satur J. Models for individual oral health promotion and their effectiveness: a systematic review. Australian Dental Journal 2009; 54(3): 190-197. A revisão avaliou a efetividade de estudos que utilizaram modelos para mudança de comportamentos em saúde no âmbito clínico ou individual como base para promoção 33 da saúde bucal em nível individual. Os autores incluíram 32 artigos e concluíram que a abordagem de entrevista motivacional é a estratégia mais efetiva para mudanças de comportamentos em nível individual ou clínico. A revisão não incluiu artigos específicos de saúde bucal, não houve síntese quantitativa e estatística e não foram avaliados desfechos orientados para o paciente. O nível da evidência desta revisão é 3. • Bader JD, Rozier RG, Lohr KN, Frame PS. Physicians’ roles in preventing dental caries in preschool children: a summary of the evidence for the U.S. Preventive Services Task Force. American Journal of Preventive Medicine 2004; 26(4): 315-325. A revisão avaliou a evidência da efetividade de intervenções de médicos da atenção primária para prevenção de cárie de crianças em idade pré-escolar. Foram revisados 20 artigos publicados de 1966 a 2001 que investigaram a efetividade para: 1) rastreamento e avaliação de risco, 2) referência para dentistas, 3) prescrição de suplementos fluoretados, 4) aplicação de verniz fluoretado, 5) aconselhamento sobre dieta e orientações de higiene bucal. Dois estudos mostraram a sensibilidade de identificação de cárie variou de 82% a 100% e especificidade de 87% e 99%, nenhum estudo avaliou a acurácia para identificação de risco. Um estudo mostrou efetividade na referência para dentistas, as crianças referenciadas tiveram a probabilidade de duas vezes maior de consultar dentista comparada com aquelas que não o foram. A efetividade sobre recomendações sobre uso de fluoretos é limitada, sugerindo que muitas das decisões não levam em conta o risco e a exposição a outras formas de flúor, conforme 16 estudos revisados. Um estudo demonstrou não haver efetividade no aconselhamento de comportamentos relacionados à saúde bucal (uso de mamadeira e escovação dentária). Os autores concluíram que a evidências sobre recomendações tradicionalmente ofertadas por médicos da atenção primária é limitada e que a qualidade e quantidade dos estudos precisa ser ampliada. O nível desta evidência é 3. Na busca de mais evidência, selecionamos três ensaios clínicos randomizados controlados sobre efetividade de ações educativas para controle de placa ou uso de flúor tópico como meio de prevenção da cárie: • Ismail AI, Ondersma S, Jedele JM, Little RJ, Lepkowski JM. Evaluation of a brief tailored motivational intervention to prevent early childhood caries.” Community Dentistry and Oral Epidemiology 2011; 9(5): 433-448. O objetivo do estudo foi avaliar a efetividade de uma intervenção educativa em saúde bucal em nível individual com mães de crianças de zero a cinco anos de idade, acompanhadas por dois anos, nos Estados Unidos. Foram analisados 299 pares mãe-filho no grupo de intervenção e 300 no grupo controle. A intervenção consistiu na aplicação de entrevista motivacional sobre orientações personalizadas de higiene bucal e dieta, além de aplicação de um vídeo educativo. O grupo controle assistiu somente ao vídeo. Os autores não observaram diferenças significativas entre os grupos na redução da cárie, concluindo que uma única sessão de aconselhamento individualizado não foi capaz de promover mudanças significativas. O nível desta evidência é 2. 34 • Mohebbi SZ, Virtanen JI, Vahid-Golpayegani M, Vehkalahti MM.. A cluster randomised trial of effectiveness of educational intervention in primary health care on early childhood caries. Caries Research 2009; 43(2): 110-118. Os autores investigaram a efetividade uma intervenção educativa na prevenção de cárie em crianças de 12 a 15 meses de idade, que receberam vacinação em centros de saúde, no Irã. Foram randomizados 18 centros de saúde com 252 crianças, em um período de 6 meses. Os participantes foram alocados em três grupos: a) intervenção com distribuição de panfletos, informações verbais sobre saúde bucal durante cinco minutos e duas ligações telefônicas, b) intervenção com somente distribuição de panfletos, c) controle com nenhuma ação durante o estudo. Houve diferença significativa entre os grupos (p<0,005). Nenhuma cárie apareceu no grupo A, a média de incremento no grupo B foi de 0,2 e, no controle, de 0.4 (0, 14% e 26%, respectivamente). Os autores concluíram que educação em saúde bucal para mães de crianças menores de 15 meses é uma ferramenta efetiva na prevenção da cárie. O nível desta evidência é 2. • Plutzer K, Spencer AJ. Efficacy of an oral health promotion intervention in the prevention of early childhood caries. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2008; 36(4): 335-346. O estudo investigou a efetividade de um programa baseado em informações em saúde bucal voltadas para prevenção de cárie em crianças, em nível individual, com início na gestação e após 6 e 12 meses do nascimento da criança. O programa foi aplicado nas mães e teve duração de acompanhamento de um ano, tendo sido conduzido na Austrália. A incidência de cárie no grupo que recebeu as informações foi 1,7% e no grupo que não recebeu foi de 9,6%. O estudo concluiu que o programa baseado em informações preventivas em saúde bucal de crianças, iniciado na gestação, foi efetivo em reduzir cárie precoce em crianças com até 12 meses de idade. O nível desta evidência é 2. Sobre efetividade de ações educativas de aconselhamento dietético como meio de prevenção da cárie, selecionamos uma revisão sistemática e três ensaios clínicos randomizados controlados: • Harris R, Gamboa A, Dailey Y, Ashcroft A. One-to-one dietary interventions undertaken in a dental setting to change dietary behaviour. Cochrane Database Syst Rev. 2012;3:CD006540 A revisão avaliou a efetividade de intervenções de nível individual em qualquer idade na mudanças de comportamentos alimentares relacionados à saúde bucal. Foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados e somente cinco estudos foram selecionados. A maioria dos estudos buscou promover o consumo de frutas e verduras e menos a redução de açúcar. Quatro estudos mostraram mudanças significativas nos comportamentos alimentares e um deles mostrou prevenção da cárie. Os autores concluíram que há alguma evidência da efetividade das intervenções em nível individual para mudanças de comportamentos. Porém, há necessidade de mais estudos com melhor qualidade metodológica. O nível desta evidência é 2. 35 • Anttonen V, Seppä L, Niinimaa A, Hausen H. Dietary and oral hygiene intervention in secondary school pupils. International Journal of Paediatric Dentistry 2011; 21(2): 81-88. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito de uma intervenção para aconselhamento dietético em crianças do ensino médio na redução de cárie (remineralização de manchas brancas), em um período de um ano, na Finlândia. Foram randomizadas 12 escolas em três grupos: 1) recebeu a intervenção nutricional e orientações sobre higiene bucal, 2) recebeu somente a intervenção nutricional, 3) controle com nenhuma ação. Foram analisadas 140 e 220 crianças nos grupos de intervenção e 340 no grupo controle. Houve redução significativa de cárie no grupo que recebeu apenas a intervenção nutricional (p=0,024). Os autores concluíram que a intervenção nutricional foi suficiente para mostrar redução de cárie e também melhoria de hábitos alimentares. O nível dessa evidência é 2. • Feldens CA, Giugliani ER, Duncan BB, Drachler Mde L, Vítolo MR.. Long-term effectiveness of a nutritional program in reducing early childhood caries: a randomized trial. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2010; 38(4): 324-332. Os autores investigaram a efetividade do aconselhamento nutricional às mães de crianças durante o primeiro ano de vida na redução de cárie aos quatro anos de idade, no Brasil. Foram analisadas 141 pares mãe-filho no grupo intervenção e 199 no grupo controle. A intervenção consistiu de aconselhamento individual no domicílio mensalmente até o sexto mês de vida do bebê e aos 8, 10 e 12 meses de idade com base no guia nacional para crianças menores de 2 anos de idade “Dez passos para uma alimen- tação saudável”. A incidência de cárie foi significativamente menor no grupo de intervenção (53,9%) em comparação ao controle (69,3%). A intervenção reduziu a incidência de cárie precoce em 22% (RR 0,78, IC95% 0,65-0,93) e 32% (RR 0,68 IC 95% 0,50-0,92) de cárie precoce severa. Os autores concluíram que a intervenção foi efetiva na redução de cárie. O nível desta evidência é 2. • Kowash MB, Pinfield A, Smith J, Curzon ME. Effectiveness on oral health of a longterm health education programme for mothers with young children. British Dental Journal 2000; 188(4): 201-205. O objetivo foi conhecer a efetividade de um programa de educação em saúde bucal na redução de incidência de cárie em crianças de oito meses, durante visitas domiciliares, acompanhadas por três anos, no Reino Unido. Os pares de mãe-filho foram randomizados em quatro grupos: 1) foco no aconselhamento dietético (N=45), 2) foco em orientações de higiene bucal (N=47), 3) uso de fluoretos e breve orientação dietética (N=51), 4) foco em dieta e orientações de higiene bucal (N=36), 5) controle, sem ações (N=55). As mães dos três primeiros grupos de intervenção foram aconselhadas a cada três meses, durante dois anos. As mães do quarto grupo receberam aconselhamento uma vez ao ano. Somente duas crianças do grupo de intervenção (grupo 1) desenvolveram cárie, enquanto que no grupo controle 33% desenvolveram cárie. Houve redução significativa da ocorrência de cárie nos grupos de intervenção comparados ao controle (p<0,001). Os autores concluíram que o programa foi efetivo na prevenção de cárie precoce. O nível desta evidência é 2. 36 Não foram localizados estudos sobre efetividade de ações educativas para estímulo de fluxo salivar como meio de prevenção da cárie. Não foram identificadas evidências da aplicação de ações educativas individuais para adultos e idosos na prevenção da cárie. Considerando os achados dos estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para prevenção de cárie. Controle da atividade de doença [em nível individual]: ações educativas para controle de placa; uso tópico de flúor; aconselhamento dietético; estímulo ao fluxo salivar. (Nível de recomendação B: Yevlahova & Satur 2009, Bader et al. 2004, Ismail et al. 2011, Mohebbi et al. 2009, Plutzer & Spencer 2008, Harris et al. 2012, Anttonen et al. 2011, Feldens et al. 2010, Kowash et al. 2008). 37 Doença periodontal 3. Doença periodontal Tabela 7 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Localização do trecho no caderno Condições periodontais 17 Sentenças Aspectos Estratégia de em análise a revisar revisão Página 37, item 4.2, subitem 4.2.4, gengivite Monitoramento e controle dos fatores de risco como diabetes, gravidez, alterações hormonais, entre outros. Revisar a eficácia ou efetividade do monitoramento e controle de fatores de risco específicos (diabetes, gravidez e alterações hormonais) no tratamento de gengivite. Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Tratamento da Gengivite, como descrito anteriormente, incluindo as ações educativas Revisar a eficácia ou efetividade de tratamento da gengivite para tratamento da periodontite VER DOCUMENTO ANEXO Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Tratamento da periodontite, por meio do controle da placa subgengival. O controle da placa subgengival é feito através da raspagem e alisamento subgengival. Revisar a eficácia ou efetividade do controle (raspagem e alisamento) da placa subgengival no tratamento de periodontite. VER DOCUMENTO ANEXO VER DOCUMENTO ANEXO 39 40 Revisar a eficácia ou efetividade do tratamento da gengivite para tratamento da periodontite Revisar a eficácia ou efetividade do monitoramento e controle de fatores associados específicos (diabetes, gravidez e alterações hormonais) no tratamento da gengivite Aspecto revisado: A gravidez interfere no tratamento da gengivite? Alterações hormonais interferem no tratamento da gengivite? O tratamento da gengivite é importante para o tratamento da periodontite? C = não diabéticos, não-gestantes, ausência de alteração hormonal O = gengivite P = pacientes com gengivite I = tratamento da gengivite C = pacientes com saúde gengival O = periodontite Devo controlar o diabetes do meu paciente para obter mais sucesso no tratamento da gengivite? Resultados P = 1.034.454 I = nenhuma busca C = nenhuma busca O = 22.217 P = nenhuma busca I = 6.198 C = nenhuma busca O = 21.891 P = nenhuma palavra I = “Gingival treatment”[Title/Abstract] OR “Gingival therapy”[Title/Abstract] OR “Gingival debridment”[Title/Abstract] OR “Supragingival debridment”[Title/Abstract] OR “Supragingival prophylaxis”[Title/Abstract] OR “Supragingival plaque control”[Title/Abstract] OR “Dental prophylaxis”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “Periodontitis”[Mesh] OR “Periodontal attachment lost”[Title/Abstract] P = 682.609 I = nenhuma busca C = nenhuma busca O = 22.217 P = 331.394 I = nenhuma palavra C = nenhuma busca O = 10.368 PICO: para cada item P = “Hormones”[Mesh] OR “Gonodal hormones”[Mesh] I = nenhuma palavra C = nenhuma palavra O = “Gingival diseases”[Mesh] OR “Gingival inflammation”[Title/Abstract] P = “Pregnancy”[Mesh] OR “Pregnant women”[Mesh] OR “Gravidity” [Mesh] I = nenhuma palavra C = nenhuma palavra O = “Gingival diseases”[Mesh] OR “Gingival inflammation”[Title/Abstract] P = “Diabetes Mellitus”[Mesh] OR “Diabetic” [Title/ Abstract] OR “Diabetes patient” [Title/Abstract] OR “Insulin dependent” [Title/Abstract] I = nenhuma palavra C = nenhuma palavra O = “Gingivitis”[Mesh] OR “Gingival inflammation”[Title/Abstract] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: I = tratamento do diabetes, não-gestação, ausência de alteração hormonal P = diabéticos, gestantes, pacientes com alterações hormonais PICO: Tabela 8 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. 2.026 referências, sendo: - 32 Meta-análises - 72 Revisões sistemáticas - 193 Revisões - 582 Ensaios clinico-randomizado - 2 Guias 469 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 4 Revisões sistemáticas - 40 Revisões - 6 Ensaios clinico-randomizado - 0 Guias 502 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 2 Revisões sistemáticas - 57 Revisões - 14 Ensaios clinico-randomizado - 1 Guias 223 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 2 Revisões sistemáticas - 23 Revisões - 5 Ensaios clínicos randomizados - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): 41 P = qualquer participante I = raspagem e alisamento subgengival C = ausência de tratamento O = periodontite Revisar a eficácia ou efetividade do controle (raspagem e alisamento) da placa subgengival no tratamento da periodontite O controle do biofilme subgengival é importante para o tratamento da periodontite? P = nenhuma palavra I = “Subingival plaque control”[Title/Abstract] OR “Periodontal therapy”[Title/Abstract] OR “Periodontal treatment”[Title/Abstract] OR “Subgingival debridment”[Title/Abstract] OR “Subgingival calculus”[Title/Abstract] OR “Scale and root planing”[Title/Abstract] OR “Periodontal instrumentation”[Title/Abstract] OR “Periodontal debridment”[Mesh] OR “Root planing”[Mesh] OR “Subgingival curettage”[Mesh] OR “Dental scaling”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “Periodontal Diseases”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: Resultados P = nenhuma busca I = 7.272 C = nenhuma busca O = 67.394 PICO: para cada item DATAS: 03/09/12; 13/10/12 e 27/11/2012, 09/02/2013, 17/03/2013, 26-07-2013 (última atualização da busca). DATA: 13/03/2013 (última atualização da busca). BASE DE DADOS = MEDLINE VIA PUBMED AGRAVO = GENGIVITE e PERIODONTITE (P AND I AND C AND O) Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/prevenida”. C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse ausência de qualquer terapia. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. PICO: Aspecto revisado: 5.647 referências, sendo: - 56 Meta-análises - 176 Revisões sistemáticas - 803 Revisões - 794 Ensaios clinico-randomizado - 27 Guias Resultado final (P and I and C ans d O): Síntese dos resultados Tabela 9 – Item revisado. Página , item e subitem Página 37, item 4.2, subitem 4.2.4, gengivite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a eficácia ou efetividade do monitoramento e controle de fatores de risco específicos (diabetes, gravidez e alterações hormonais) no tratamento de gengivite. Devo controlar o diabetes do meu paciente para obter mais sucesso no tratamento da gengivite? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos três estudos observacionais: • Siudikiene J, Maciulskiene V, Dobrovolskiene R, Nedzelskiene I. Oral hygiene in children with type I diabetes mellitus. Stomatologija. 2005;7(1):24-7. Neste estudo transversal, uma amostra de 70 crianças (média 13,6 anos de idade, desvio-padrão 1,6) com diabetes tipo I e 70 controles, crianças não diabéticas, foi avaliada. De acordo com a hemoglobina glicosilada, o diabetes foi classificado como moderadamente controlado e precariamente controlado. Os resultados demonstraram que crianças diabéticas tiveram significativamente mais gengivite comparadas às crianças não diabéticas. Ainda, os indivíduos com controle precário do diabetes apresentaram higiene bucal significativamente menos satisfatória, quando comparadas às crianças com controle mais adequado da doença. • Salvi GE, Kandylaki M, Troendle A, Persson GR, Lang NP. Experimental gingivitis in type I diabetics: a controlled clinical and C microbiologic study. Journal of Clinical Periodontolology. 2005;32(3):310-6. Os autores investigaram achados clínicos e microbiológicos da gengivite experimental em indivíduos com diabetes tipo I, com bom/moderado controle de hemoglobina glicosilada, e indivíduos não diabéticos. Após 7 dias de acúmulo de biofilme dental resultando em gengivite, diabéticos apresentaram significativamente mais inflamação gengival comparados a não diabéticos. Além disso,diabéticos apresentaram percentual de sítios com sangramento gengival mais elevado significativamente. Após 21 dias, indivíduos diabéticos mostraram 16 vezes mais predispostos a terem sangramento gengival em mais de 35% dos sítios do que indivíduos não diabéticos. Ainda que ambos os grupos tenham desenvolvido gengivite, indivíduos jovens com diabetes tipo I apresentaram a condição mais rapidamente, bem como uma resposta mais elevada ao mesmo desafio bacteriano. • Cutler CW, Machen RL, Jotwani R, Iacopino AM. Heightened gingival inflammation and attachment loss in type II diabetics with hyperlipidemia. Journal of Periodontology. 1999;70(11):1313-21. 42 Neste estudo transversal, os autores avaliaram 35 participantes em 6 diferentes grupos de acordo com o estado de saúde sistêmica e periodontal: sistemicamente saudáveis e com ausência de doença periodontal, sistemicamente saudáveis e com presença de doença periodontal, diabéticos controlados e com ausência de doença periodontal, diabéticos controlados e com presença de doença periodontal, diabéticos não controlados e com ausência de doença periodontal e diabéticos não controlados com presença de doença periodontal. Participantes saudáveis ou com diabetes controlado com doença periodon- tal apresentaram mesmo grau de inflamação gengival, já participantes com diabetes não controlado e doença periodontal apresentaram índice gengival mais elevado. Os resultados demonstram que pacientes com diabetes não controlado apresentam aumento significativo de profundidade de sondagem, perda de inserção clínica e inflamação gengival. Desta forma, mesmo pacientes com ausência de doença periodontal que tenham higiene bucal precária e diabetes não controlado apresentam maior risco ao início ou à progressão de doença periodontal. Tabela 10 – Item revisado. Página , item e subitem Página 36, item 4.2, subitem 4.2.4, gengivite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a eficácia ou efetividade do monitoramento e controle de fatores de risco específicos (diabetes, gravidez e alterações hormonais) no tratamento de gengivite. A gravidez interfere no tratamento da gengivite? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos um estudo observacional, um estudo experimental e uma revisão da literatura: • Gürsoy M, Pajukanta R, Sorsa T, Könönen E.. Clinical changes in periodontium during pregnancy and post-partum. Journal of Clinical Periodontology. 2008;35(7):576-83. Este estudo longitudinal buscou avaliar alterações periodontais durante a gestação e o pós-parto. Os parâmetros clínicos mensurados após a lactação foram comparados com parâmetros clínicos em um grupo controle de mulheres não gestantes. No total, 21 mulheres foram exa- C minadas durante as primeiras 12-14 semanas de gestação, em 25-27 semanas e em 34-38 semanas. Estas participantes foram avaliadas entre 4-6 semanas após o parto e novamente após a lactação. No grupo controle, 22 participantes foram examinadas três vezes. Ambos os grupos, gestantes e não gestantes, representaram populações semelhantes no que concerne idade, etnia, hábitos de higiene bucal e fatores socioeconômicos. Os resultados deste estudo demonstraram uma diferença significativa relacionada à inflamação gengival durante a gravidez e o pós-parto, sugerindo que os tecidos periodontais sejam mais suscetíveis à inflamação durante o período gestacional. Os maiores níveis de inflamação gengival, juntamente com profundidades de sondagens elevadas, foram observados durante o segundo e terceiro trimestres, sendo 43 reduzidos após o parto e a lactação, aproximando-se aos valores encontrados no grupo controle. Portanto, a gestação não necessariamente resulta em colapso irreversível da condição periodontal, mas em gengivite reversível sem quaisquer perda de inserção. tenha sido objetivo dos autores de comparar o tratamento da gengivite em mulheres gestantes e não gestantes, sugere-se, com esses resultados, que o tratamento da gengivite pode ser realizado durante a gestação, a fim de promover saúde periodontal para esta população. • López NJ, Da Silva I, Ipinza J, Gutiérrez J. Periodontal therapy reduces the rate of preterm low birth weight in women with pregnancy-associated gingivitis. Journal of Periodontology. 2005;76(11):2144-53. • Laine MA.Effect of pregnancy on periodontal and oral health. Acta Odontologica Scandinavica. 2002;60(5):257-64. Os autores realizaram um ensaio clínico randomizado controlado para determinar o efeito do controle de placa e instrumentação nos desfechos gestacionais em mulheres com gengivite. As participantes foram alocadas em diferentes grupos. Um grupo composto por 580 gestantes recebeu tratamento para a gengivite antes de completarem 28 semanas de gestação. Outro grupo composto por 290 gestantes recebeu tratamento somente após o parto. O tratamento da gengivite consistia em controle de biofilme, instrumentação e bochecho diário com clorexidina 0,12%. O grupo que recebeu tratamento foi acompanhado a cada 2-3 semanas para manutenção através de remoção de biofilme presente e instrumentação quando necessária. Os resultados demonstram ausência de diferenças significativas em relação à condição periodontal entre os grupos no início do estudo. Todas as participantes apresentaram estado de higiene bucal precário e extensa inflamação gengival, com média de percentual de sangramento à sondagem maior que 50%. As participantes que receberam tratamento adequado durante a gestação apresentaram características compatíveis com saúde periodontal, e todos os parâmetros examinados mostraram-se significativamente mais altos no grupo controle. Ainda que não Este autor revisa a evidência acerca da interferência do período gestacional nos tecidos bucais. As alterações que ocorrem durante a gravidez são mais prevalentes na gengiva, acometendo principalmente a vascularização. Embora a gravidez não cause gengivite diretamente, parece agravar a doença pré-existente. Essa condição é revertida poucos meses após o parto. 44 Tabela 11 – Item revisado. Página , item e subitem Página 36, item 4.2, subitem 4.2.4, gengivite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a eficácia ou efetividade do monitoramento e controle de fatores de risco específicos (diabetes, gravidez e alterações hormonais) no tratamento de gengivite. Alterações hormonais interferem no tratamento da gengivite? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos três revisões da literatura: • Kinane DF, Podmore M, Murray MC, Hodge PJ, Ebersole J. Etiopathogenesis of periodontitis in children and adolescents. Periodontology 2000. 2001;26:54-91. Kinane et al. (2001) revisaram a literatura referente à etiopatogênese da doença periodontal em crianças e adolescentes. Os autores postularam que os hormônios sexuais estão relacionados à susceptibilidade da doença de acordo com o gênero. No entanto, a dimensão desta influência permanece desconhecida. Para o tratamento da gengivite em crianças e adolescentes na puberdade, uma vez que a susceptibilidade desses indivíduos está exacerbada devido às alterações inflamatórias oriundas da presença do biofilme, um rígido controle com ótimos níveis de biofilme deve ser instituído. C Bimstein & Matsson (1999) sugeriram que a tendência relativa à idade em desenvolver gengivite, a qual é evidente em crianças e adolescentes, é associada a alterações hormonais, entre outros fatores. A influência dos hormônios nos tecidos gengivais, bem como a composição do biofilme bacteriano, são de particular relevância na puberdade. • Sooriyamoorthy M, Gower DB. Growth and development considerations in the diagnosis of gingivitis and periodontitis in children. Journal of Clinical Periodontology. 1989;16(4):201-8. Sooriyamoorthy & Gower (1989) avaliaram a influência de alguns hormônios nos tecidos gengivais e demonstraram a relação desta influência na doença periodontal. As alterações notadas na gengivite induzidas pela presença de biofilme são acentuadas por níveis circulantes de diferentes hormônios, devido a mecanismos distintos, tais como aumento do exudato e estímulo de reabsorção óssea. • Bimstein E, Matsson L. Growth and development considerations in the diagnosis of gingivitis and periodontitis in children. Pediatric Dentistry. 1999;21(3):186-91. 45 Tabela 12 – Item revisado. Página , item e subitem Página 36, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a eficácia ou efetividade do controle (raspagem e alisamento) da placa subgengival no tratamento de periodontite. O controle do biofilme subgengival é importante para o tratamento da periodontite? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos uma revisão sistemática: • Van der Weijden GA, Timmerman MF. A systematic review on the clinical efficacy of subgingival debridment in the treatment of chronic periodontitis. Journal of Clinical Periodontology. 2002;29(3):55-71. A Nesta revisão sistemática, os autores avaliaram se há evidência suficiente que justifique o uso de raspagem e alisamento radicular para o tratamento de periodontite. Como conclusão do estudo, em pacientes com periodontite, o debridamento subgengival (em conjunto com controle de biofilme supragengival) é um tratamento efetivo na redução de profundidade de sondagem e melhoramento do nível de inserção. Tabela 13 – Item revisado. Página , item e subitem Página 36, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a eficácia ou efetividade do tratamento da gengivite para tratamento da periodontite. C O tratamento da gengivite é importante para o tratamento da periodontite? A partir da leitura de títulos e resumos, selecionamos três estudos observacionais: • Schätzle M, Löe H, Bürgin W, Anerud A, Boysen H, Lang NP. Clinical course of chronic periodontitis. I. Role of gingivitis. Journal of Clinical Periodontology. 2003;30(10):887-901. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da inflamação gengival permanente na perda de inserção periodontal. A partir de exames realizados ao longo de 26 anos, os resultados deste estudo de coorte puderam descrever o papel da gengivite na iniciação e progressão da periodontite da adolescência até a idade aproximada de 60 anos. No ano de 1969, quando do primeiro exame desta coorte, 565 homens de classe média foram avaliados. No último exame, em 1995, 223 homens desta amostra foram reexaminados. Verificou-se que sítios que 46 sangraram à sondagem (Índice Gengival = 2) tiveram significativamente mais cálculo que os outros sítios. Da mesma forma, sítios que sangraram à sondagem perderam cerca de 40-75% mais inserção por ano que sítios com pouca ou nenhuma inflamação. Além disso, sítios com inflamação gengival apresentaram um significativo aumento no número de bolsas com mais de 4mm. Na idade aproximada de 60 anos, sítios que sangraram à sondagem ao longo de 26 anos de observação tiveram 70% mais perda de inserção comparados a sítios que, consistentemente, mostraram-se saudáveis, atingindo uma razão de chances de 3.22 para sítios inflamados perderem inserção. Esses resultados apontam para o papel essencial que a gengivite exerce como pré-requisito para a periodontite, e, assim, sugere-se que para o tratamento da periodontite, deve ser tratada a gengivite. • Heitz-Mayfield LJ, Schätzle M, Löe H, Bürgin W, Anerud A, Boysen H, Lang NP. Clinical course of chronic periodontitis. II. Incidence, characteristics and time of occurrence of the initial periodontal lesion. Journal of Clinical Periodontology. 2003;30(10):902-8. Com a finalidade de elucidar a transição da gengivite para a periodontite, a incidência de perda de inserção inicial ao longo de 60 anos de acompanhamento foi avaliada. Pode-se demonstrar que em uma população que recebe avaliação regular de saúde bucal e pratica higiene bucal adequada, a incidência de destruição periodontal incipiente aumenta com a idade, sendo mais alta entre as idades de 50 e 60 anos. Esta redução no nível de inserção considerado normal é caracterizado por dois mecanismos patogênicos: a recessão gengival e a formação de bolsas periodontais. Nesta população, a recessão gengival mostrou-se a lesão preponderante entre 40 e 50 anos de idade. Já a formação de bolsa periodontal ocorre aproximadamente aos 50 anos e tem a incidência aumentada aos 60 anos. • Schätzle M, Löe H, Lang NP, Bürgin W, Anerud A, Boysen H. Clinical course of chronic periodontitis. IV. Gingival inflammation as a risk factor in tooth mortality. Journal of Clinical Periodontology. 2004;31(12):1122-7. Em outra análise da coorte da Noruega, avaliouse a influência da inflamação gengival na taxa de sobrevida de dentes de 487 participantes, 13.285 dentes. Destes 487 indivíduos, 412 (85%) não tiveram nenhuma perda dentária. O restante dos 75 participantes tiveram 126 dentes perdidos. Observou-se que a partir da idade de 20 anos, o grupo que apresentou maior severidade de inflamação gengival também apresentou significativamente mais perda dentária quando comparados aos dois grupos com menos gengivite. O grupo que nunca apresentou sangramento à sondagem ao longo dos exames, aos 51 anos de idade apresentou taxa de sobrevivência de dentes de 99.5%, demonstrando, com isto, que a gengiva clinicamente saudável é um fator de prognóstico para longevidade dentária. Verificou-se, ainda, que dentes envolvidos por gengiva saudável ou levemente inflamada tiveram 45.8 vezes menos chances de serem perdidos comparados a dentes envolvidos por gengiva consistentemente inflamada. Este estudo pode estabelecer claramente que a inflamação gengival é um fator de risco para perda dentária. Gengivite representa não somente o precursor da periodontite, mas também um fator de risco clinicamente relevante para a progressão da doença e a perda dentária. 47 Tabela 14 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Problemas Periodontais Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em análise a revisar revisão A raspagem e o alisamento subgengival funcionam independente da profundidade e devem ser realizadas sempre como primeira opção Revisar se raspagem e alisamento subgengival contribui para menor perda dentária, maior ganho de inserção e/ ou maior diminuição de profundidade de sondagem. VER DOCUMENTO ANEXO Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Em caso de periodontite crônica de evolução lenta, devem ser referenciados para cirurgia os casos onde houver insucesso na raspagem subgengival Revisar se em pacientes com periodontite crônica já submetidos a raspagem subgengival, o tratamento periodontal cirúrgico promove menor perda dentária, menor perda de inserção, maior redução de profundidade de sondagem VER DOCUMENTO ANEXO Página 39, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite É muito importante a manutenção preventiva dos usuários com periodontite. A frequência da consulta de manutenção deve ser determinada individualmente, de acordo com as diferentes variáveis relacionadas ao processo saúde/doença Revisar se consultas de manutenção periódica preventiva trimestral comparadas com outros intervalos de tempo prolongam a manutenção de dentes (reduz perda dentária, perda de inserção, profundidade de sondagem). VER DOCUMENTO ANEXO Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite 48 49 P =nenhuma palavra I = “periodontal flap surgery”[Title/Abstract] OR “modified Widman flap”[Title/ Abstract] OR “periodontal surgical treatment”[Title/Abstract] OR “surgical periodontal therapy” [Title/Abstract]) C = nenhuma palavra O = “periodontal attachment loss”[Mesh] OR “periodontal pocket”[Mesh] OR “periodontal diseases”[Mesh] P = nenhuma palavra I = “maintenance therapy”[Title/Abstract] OR “periodontal maintenance”[Title/Abstract]OR “supportive periodontal therapy” [Title/Abstract] C = nenhuma palavra O = “periodontal attachment loss”[Mesh] OR “periodontal pocket”[Mesh] OR “tooth loss”[Mesh] Em pacientes com periodontite crônica já submetidos a raspagem subgengival, o tratamento periodontal cirúrgico promove menor perda dentária, menor perda de inserção, maior redução de profundidade de sondagem? Consultas de manutenção periódica preventiva trimestral comparadas com outros intervalos de tempo (nenhuma, mensal, semestral,...) prolongam a manutenção de dentes (reduz perda dentária, perda de inserção, profundidade de sondagem). P = qualquer população ou faixa etária com periodontite refratária I = tratamento periodontal cirúrgico C = tratamento periodontal não-cirúrgico O = perda dentária, perda de inserção periodontal e profundidade de sondagem P = qualquer população I = consultas de manutenção periodontal C = diferentes intervalos O = perda dentária, perda de inserção OU profundidade de sondagem. 1. Revisar a relação entre profundidade da raspagem e do alisamento subgengival com o sucesso do tratamento da periodontite. 2. Revisar a necessidade de indicar tratamento cirúrgico para os casos de periodontite crônica, com insucesso no tratamento por raspagem subgengival 3. Revisar a eficácia ou efetividade de diferentes frequências de manutenção preventiva no tratamento da periodontite. P = nenhuma palavra I = “periodontal debridement” [Mesh] OR “dental scaling” [Mesh] OR “subgingival curettage” [Mesh] C = nenhuma palavra O = “periodontal attachment loss”[Mesh] OR “periodontal pocket”[Mesh] OR “tooth loss”[Mesh] Pacientes com periodontite (bolsas rasas, médias ou profundas) ao realizarem raspagem e alisamento subgengival tem menor perda dentária, maior ganho de inserção e/ ou maior diminuição de profundidade de sondagem)? P = qualquer população ou faixa etária I = raspagem e alisamento subgengival C= O = perda dentária, perda de inserção periodontal ou profundidade de sondagem Combinação de palavras usadas na busca: Questão específica: PICO: Aspecto revisado: Tabela 15 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. Resultados P = nenhuma busca I = 8.650 C = nenhuma busca O = 10.365 P = nenhuma busca I=? C = nenhuma busca O=? P = nenhuma busca I = 3.596 C = nenhuma busca O = 10.365 PICO: para cada item 208 referências, sendo: -0 Meta-análise - 4 Revisões sistemáticas - 46 Ensaios clínicos randomizados controlados 875 referências, sendo: - 09 Meta-análises - 22 Revisões sistemáticas - 149 Ensaios clínico randomizados controlados 1.119 referências, sendo: - 17 Meta-análises - 35 Revisões sistemáticas - 379 Ensaios clinicos randomizados controlados Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 16 – Item revisado. Página e subitem Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT A raspagem e o alisamento subgengival funcionam independente da profundidade e devem ser realizadas sempre como primeira opção. Pacientes com periodontite (bolsas rasas, médias ou profundas) ao realizarem raspagem e alisamento subgengival tem menor perda dentária, maior ganho de inserção e/ ou maior diminuição de profundidade de sondagem)? A busca retornou 17 metanálises, e foi escolhida a que abordou de forma mais direta e com melhor nível de evidência o tema em questão. • Heitz-Mayfield LJ, Trombelli L, Heitz F, Needleman I, Moles D. A systematic review of the effect of surgical debridement vs non-surgical debridement for the treatment of chronic periodontitis. Journal of Clinical Periodontology. 2002;29 Suppl 3:92-102; discussion 160-2. Nível de evidência: 3 C 0.38, 0.79) e ganho de inserção clínica (0.19 mm IC 95% 0,04,0.35). Pode-se concluir que ambas as formas de tratamento são efetivas, com diferenças que, apesar de estatisticamente significativas, não parecem ser clinicamente relevantes. Sendo assim, considerando outros fatores relacionados às terapias (por exemplo, morbidade do procedimento e conforto do paciente após o mesmo) a terapia com raspagem e alisamento subgengival parece ser o procedimento de primeira escolha para o tratamento da periodontite crônica. Resultado/conclusão: No tratamento de bolsas rasas (1-3 mm) a terapia não cirúrgica (raspagem e alisamento radicular) resultou em menor perda de inserção (-0.51 mm IC 95% -0.74, -0.29). No tratamento de bolsas médias (4–6 mm) a terapia não cirúrgica resultou em ganho de inserção clínica maior (0.37 mm IC 95% -0.49, -0.26 mm) e menor redução de profundidade de sondagem (0.35 mm IC 95% 0.23, 0.47). Para bolsas profundas (≥7 mm) a raspagem com acesso cirúrgico resulta em maiores reduções de profundidade de sondagem (0.58 mm IC 95% 50 Tabela 17 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 38, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Em caso de periodontite crônica de evolução lenta, devem ser referenciados para cirurgia os casos onde houver insucesso na raspagem subgengival. C Em pacientes com periodontite crônica já submetidos à raspagem subgengival, o tratamento periodontal cirúrgico promove menor perda dentária, menor perda de inserção, maior redução de profundidade de sondagem? A busca retornou 6 meta-análises e 23 revisões sistemáticas, mas nenhuma delas abordou diretamente o tema. Dentre os 149 ensaios clínicos que retornaram, novamente nenhum estudo avaliou diretamente a questão. Optou-se por escolher a metanálise: Heitz-Mayfield LJ, Trombelli L, Heitz F, Needleman I, Moles D. A systematic review of the effect of surgical debridement vs nonsurgical debridement for the treatment of chronic periodontitis. Journal of Clinical Periodontology. 2002;29 Suppl 3:92-102; discussion 160-2. Nesta meta-análise pode-se concluir que o tratamento não cirúrgico é a primeira opção para o tratamento da periodontite crônica, mas o tratamento cirúrgico também pode obter bons e até melhores resultados, principalmente em se tratando de bolsas mais profundas (>6mm), com maiores chances de insucesso na terapia não cirúrgica. Tabela 18 – Item revisado. Página e subitem Página 39, item 4.2, subitem 4.2.4, periodontite Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT É muito importante a manutenção preventiva dos usuários com periodontite. A frequência da consulta de manutenção deve ser determinada individualmente, de acordo com as diferentes variáveis relacionadas ao processo saúde/doença. Consultas de manutenção periódica preventiva trimestral comparadas com outros intervalos de tempo (nenhuma, mensal, semestral,...) prolongam a manutenção de dentes (reduz perda dentária, perda de inserção, profundidade de sondagem). B A busca retornou 4 revisões sistemáticas e foi escolhida a mais pertinente ao tema e com melhor nível de evidência. • Predictors of tooth loss during long-term periodontal maintenance: a systematic review of observational studies. Chambrone 51 L, Chambrone D, Lima LA, Chambrone LA. Journal of Clinical Periodontology. 2010 Jul;37(7):675-84. Nível de evidência: 2 Esta revisão sistemática de estudos observacionais teve como objetivo investigar fatores associados à perda dentária em indivíduos em manutenção periodontal por longo prazo (>5 anos). Os intervalos entre as consultas de manutenção variaram entre os estudos. Os autores concluem que a manutenção periodontal é um procedimento importante e que os fatores associados à perda dentária, que, portanto, deveriam receber atenção quando se planeja o intervalo entre as consultas de manutenção, foram: tabagismo, idade e prognóstico inicial do dente. 52 Câncer de boca 4. Câncer de boca Tabela 19 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Câncer Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em análise a revisar revisão Página 39, subitem 4.3.1, aspectos conceituais e epidemiológicos O câncer de boca é uma doença que pode ser prevenida de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção de saúde (item1), ao aumento do acesso aos serviços de saúde (item 2) e ao diagnóstico precoce (item 3). Revisar se a ênfase na promoção da saúde é efetiva na prevenção do câncer de boca VER DOCUMENTO ANEXO Página 40, subitem 4.3.3, abordagem coletiva Desenvolver ações centradas na promoção de saúde, de prevenção, estimulando exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais para detecção precoce do câncer de boca. Revisar se o exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais da saúde é efetivo ou eficaz na detecção precoce do câncer de boca VER DOCUMENTO ANEXO Página 40, subitem 4.3.3, abordagem coletiva Realizar exames periódicos em usuários com maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de câncer de boca, possuindo mais de um dos seguintes fatores: ser do sexo masculino, ter mais de 40 anos, ser tabagista e etilista, sofrer exposição ocupacional a radiação solar sem proteção, ser portador de deficiência imunológica (congênita e/ou adquirida). Revisar o nível de evidencia científica sobre a acurácia da realização de exames periódicos em indivíduos com (ao menos 2) fatores de risco para o câncer de boca? VER DOCUMENTO ANEXO Página 41, subitem 4.3.4.1, abordagem individual Qualquer lesão dos tecidos moles da boca que não apresente regressão espontânea ou com remoção de possíveis fatores causais (como dentes fraturados, bordas cortantes em próteses etc.) em, no máximo, três semanas deve ser referenciada para diagnóstico. Revisar se a manutenção de lesões de tecido mole por três semanas ou mais aumenta o risco de câncer de boca VER DOCUMENTO ANEXO 54 55 1) Revisar a efetividade da ênfase na promoção à saúde (item 1), ao aumento do acesso aos serviços de saúde (item 2) e ao diagnóstico precoce diagnóstico precoce de lesões potencialmente cancerizáveis. (item 3) para a prevenção do câncer de boca. Aspecto revisado: Item 3 P = qualquer população ou faixa etária I = diagnóstico precoce de lesões potencialmente cancerizáveis C = ausência de tratamento O = câncer de boca Item 2 P = qualquer população ou faixa etária I = aumento do acesso aos serviços de saúde C = ausência de tratamento O = câncer de boca Item 1 P = qualquer população ou faixa etária I = promoção de saúde C = ausência de tratamento O = câncer de boca PICO: Item 3 O diagnóstico precoce de lesões potencialmente cancerizáveis é efetivo na prevenção (tratamento precoce) do câncer de boca? Item 2 O aumento do acesso aos serviços de saúde é efetivo na prevenção do câncer de boca? Item 1 A ênfase na promoção da saúde é efetiva na prevenção do câncer de boca? Item 3 P = nenhuma palavra I = “precancerous conditions”[MeSH Terms] OR “precancerous condition*” OR “leukoplakia, oral” OR “early diagnosis”[MeSH Terms] C = nenhuma palavra O = “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth Item 2 P = nenhuma palavra I = “dental health services”[MeSH Terms] OR dental health service* OR “health services accessibility”[MeSH Terms] OR “access to health care” OR “Mass screening”[MeSH] OR Screening* C = nenhuma palavra O = “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth Item 1 P = nenhuma palavra I = “health promotion”[MeSH Terms] OR “oral health promotion” OR “Preventive Health Services”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR (cancer of mouth) Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: Tabela 20 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. Item 3 P = nenhuma busca I = 51.910 C = nenhuma busca O = 61.560 Item 2 P = nenhuma busca I = 472.365 C = nenhuma busca O = 61.560 Item 1 P = nenhuma busca I = 403.423 C = nenhuma busca O = 61.560 PICO: para cada item Resultados Item 3 5.343 referências, sendo: - 10 Meta-análises - 58 Revisões sistemáticas - 618 Revisões - 66 Ensaios Clínico-randomizado - 4 Guias Item 2 1707 referências, sendo: - 6 Meta-análises - 53 Revisões sistemáticas - 274 Revisões - 22 Ensaios Clínico-randomizado - 5 Guias Item 1 898 referências, sendo: - 2 Meta-análises - 34 Revisões sistemáticas - 140 Revisões - 20 Ensaios Clínico-randomizado - 6 Guias Resultado final (P and I and C and O): 56 O exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais da saúde é efetivo ou eficaz na detecção precoce do câncer de boca? Qual a acurácia da realização de exames periódicos em indivíduos com ao menos 2 fatores de risco para o câncer de boca? A manutenção de lesões de tecido mole por três semanas ou mais aumenta o risco de câncer de boca? P = qualquer população ou faixa etária I = exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais da saúde C =ausência de tratamento O = detecção precoce do câncer de boca P- pessoas com fatores de risco para o Ca de boca E- exames periódicos C- ausência de tratamento O- câncer de boca T- P- qualquer população e faixa etária (lesões de tecido mole) I- manutenção de uma lesão de tecido mole por três semanas C- ausência de tratamento O- risco de câncer de boca 2) Revisar a efetividade de exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais para detecção precoce do câncer de boca 3) Revisar a efetividade (acurácia) de realizar exames periódicos em indivíduos que tenham pelo menos dois destes fatores de risco, como preditores de câncer de boca. 4) Revisar a relação entre a manutenção de uma lesão de tecido mole por período de três semanas e o risco de câncer de boca. P- nenhuma palavra I- “mouth mucosa”[MeSH Terms] OR “mouth mucosa” OR “oral mucosal lesion*” C- nenhuma palavra O- “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth P = “risk factors”[MeSH Terms] OR “risk factor*” OR (risk assessment) E = “diagnosis, oral”[MeSH Terms] OR “oral examination” OR “Mass screening”[MeSH] OR “Screening*” C = nenhuma palavra O “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth T- P = nenhuma palavra I = “diagnosis, oral”[MeSH Terms] OR “oral examination” OR “Mass screening”[MeSH] OR (Screening*) C = nenhuma palavra O = “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO: Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 21.904 C = nenhuma busca O = 61.599 P = 762.716 E = 388.545 C = nenhuma busca O = 61.599 P = nenhuma busca I = 389.720 C = nenhuma busca O = 61.560 PICO: para cada item 6.222 referências, sendo: - 3 Meta-análises - 14 Revisões sistemáticas - 363 Revisões - 31 Ensaios Clínico-randomizado - 0 Guias 294 referências - 0 Meta-análises - 17 Revisões sistemáticas - 39 Revisões - 2 ECRs - 3 Guias 2.049referências, sendo: - 4 Meta-análises - 40 Revisões sistemáticas - 201 Revisões - 18 Ensaios Clínico-randomizado - 7 Guias Resultado final (P and I and C and O): 57 A remoção de dentes fraturados reduz o risco de desenvolver câncer de boca? A remoção dos bordos cortantes em próteses reduz o risco de desenvolver câncer de boca? P- qualquer população e faixa etária I- remoção de dentes fraturados C- ausência de tratamento O-risco de desenvolver câncer de boca P- qualquer população e faixa etária I- remoção dos bordos cortantes em próteses C- ausência de tratamento O- redução do risco de desenvolver câncer de boca 5) Revisar a relação entre redução do risco de desenvolver câncer de boca e a remoção de dentes fraturados. 6) Revisar a relação entre redução do risco de desenvolver câncer de boca e a remoção de bordas cortantes em próteses. P- nenhuma palavra I- “dental prosthesis”[MeSH Terms] OR “dental prostheses” OR “denture repair”[MeSH Terms] OR “denture repair*”) C- nenhuma palavra O “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth P- nenhuma palavra I- “tooth fractures”[MeSH Terms] OR “dental trauma” OR dentin fracture* OR “enamel fracture*” C- nenhuma palavra O- “mouth neoplasms”[MeSH Terms] OR (mouth neoplasm*) OR (oral cancer*) OR (cancer* mouth) OR cancer of mouth Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO: Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 85167 C = nenhuma busca O = 61.599 P = nenhuma busca I =5.743 C = nenhuma busca O = 61.599 PICO: para cada item 792 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 8 Revisões sistemáticas - 41 Revisões - 2 Ensaios Clínico-randomizado - 0 Guias 12 referências - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 2 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizado - 0 Guidelines Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 21 – Item revisado. Página e subitem Página 39, subitem 3.1, aspectos conceituais e epidemiológicos Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT O câncer de boca é uma doença que pode ser prevenida de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção de saúde (item1), ao aumento do acesso aos serviços de saúde (item 2) e ao diagnóstico precoce (item 3). Item 1: C Item 2: B Item 3: B Item 1. A ênfase na promoção da saúde é efetiva na prevenção do câncer de boca? Não foram encontradas revisões sistemáticas com metanálise sobre a questão específica com foco na promoção de saúde. A maioria dos estudos refere-se a rastreamento do câncer de boca e avaliações de ações preventivas pontuais. Foi selecionada uma revisão sistemática que investiga a efetividade de intervenções de promoção de saúde (preventivas/educativas) para diversos tipos de cânceres, não apenas o de boca. Como essa revisão não é específica selecionou-se dois estudos de intervenção preventiva para o câncer de boca, embora o tema prevenção seja apenas uma parte do item promoção à saúde. ou comunitárias. Os critérios de inclusão e exclusão dos estudos estão bem definidos. Com relação às intervenções em nível individual, 5 estudos foram incluídos (1 para o câncer de boca- Boundouk et al 2004). A qualidade dos estudos foi de moderada a boa, mas estes são heterogêneos quanto ao tipo de intervenção, população e desfechos. As evidências quanto à efetividade de ações de promoção para aumentar a conscientização do câncer são limitadas. As ações individuais promovem conscientização em curto prazo, mas não há evidência de que promovam diagnóstico precoce. Campanhas educativas também podem levar a uma maior conscientização e ao diagnóstico precoce em curto prazo. • Austoker J, Bankhead C, Forbes LJL, Atkins L, Martin F, Robb K et al. Interventions to promote cancer awareness and early presentation: systematic review. British Journal of Cancer 2009; 101(52): 531-39. • Humphris GM & Field EA. An oral cancer information leaflet for smokers in primary care: results from two randomized clinical trials. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2004; 32:143-9. O objetivo dessa revisão foi verificar a efetividade das intervenções de promoção da saúde no aumento da conscientização sobre câncer e no diagnóstico precoce. Foram incluídos estudos de intervenção em qualquer população, exceto aqueles em que a população alvo era de pessoas com alto risco genético de desenvolver câncer. As intervenções poderiam ser individuais Este artigo traz os resultados de dois ensaios clínicos randomizados. O objetivo foi investigar se pacientes fumantes que receberam um folheto informativo sobre câncer de boca têm maior aquisição de conhecimento sobre câncer de boca em comparação com os pacientes não fumantes. Ambos os estudos confirmaram que os fumantes têm menor conhecimento sobre 58 câncer de boca que os não fumantes quando não recebem o folheto. Contudo, o conhecimento nos fumantes aumenta quando estes tem acesso ao folheto. Além disso, o folheto reduz a ansiedade dos fumantes quanto à realização do exame de rastreamento. • Boundouk G, Humphris G, Field A. Knowledge of oral cancer, distress and screening intentions: longer terms effect of patient information leaflet. Patient Education and Counseling 2004; 53:71-77. O objetivo desse estudo foi avaliar a influência de um panfleto informativo no conhecimento sobre o câncer de boca, redução da ansiedade e aumento na intenção de aceitar o exame de rastreamento. O delineamento foi ECR. O grupo que recebeu os panfletos apresentou benefício quanto ao conhecimento imediato. Os desfechos avaliados na RS e nos dois ECRs são intermediários (não orientados aos pacientes), assim o nível de recomendação para a ênfase na promoção da saúde para prevenção do câncer de boca é C. Item 2. O aumento do acesso aos serviços de saúde é efetivo no diagnóstico precoce do câncer de boca? Os estudos incluídos nessa chave de busca tratam, de forma geral, de estágios de diagnóstico do câncer de boca, e não de prevenção primária. Selecionou-se um artigo que aborda a relação entre estágio de diagnóstico com o tipo de serviço utilizado pelos pacientes (embora essa relação não responda diretamente a questão 1, item 2- aumento do acesso aos serviços). • Chen AY, Schrag NM, Halpern MT, Ward EM. The impact of health insurance status on stage at diagnosis of oropharyngeal cancer.Cancer 2007; 110(2):395-402. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre o status de seguro/convênio do paciente e o estágio do câncer no momento do diagnóstico. Foi feito um estudo retrospectivo na National Cancer Database de 1996 a 2003. Contemplaram os critérios de inclusão 40.487 pacientes que participaram do estudo. A análise multivariada mostrou que pessoas sem seguro ou conveniadas pelo Medicaid tiveram diagnóstico em estágios mais avançados, comparados com os pacientes de convênios privados. Além disso, geralmente apresentavam tumores maiores e com envolvimento de linfonodos. A recomendação é baseada em desfecho orientado para o paciente. Nível de recomendação B. Item 3. O diagnóstico precoce de lesões potencialmente cancerizáveis é efetivo na prevenção (tratamento precoce) do câncer de boca? • Mehanna HM, Tattay T, Smith J, McConkey CC. Treatment and follow-up of oral dysplasia: a systematic review and meta-analysis. Head & Neck 2009; 31(12):1600-9. Revisão sistemática com metanálise que avaliou o risco e o intervalo de progressão do câncer em pacientes diagnosticados com displasia bucal. Foi avaliado também o grau de alteração histológica, os fatores de riscos clínicos e as estratégias de tratamento. Os critérios de inclusão dos estudos para a revisão estão bem definidos. Não foram encontrados ECRs nem casos-controles. Foram incluídos na metanálise 14 estudos observacionais prospectivos e retrospectivos. No 59 total, 992 pacientes entraram nos critérios de inclusão. A avaliação da qualidade dos estudos selecionados está descrita. A heterogeneidade dos estudos foi significativa (funnel plot). A displasia bucal tem significativa taxa de transformação maligna (12.3%). Este aumento é consideravelmente maior para os graus maiores de diferenciação (displasia severa e carcinoma in situ). A excisão cirúrgica reduz o risco de transformação em mais da metade dos casos, mas não o elimina totalmente. As informações sobre o efeito dos fatores de risco clínicos na taxa de malignização são insuficientes. • Lodi G, Sardella A, Bez C, Demarosi F, Carrassi A. Interventions for treating oral leukoplakia. Cochrane Database of Systematic Review. Issue 6, ArtNo. C D001829. O objetivo dessa revisão foi avaliar a efetividade, segurança e aceitabilidade de tratamentos para leucoplasia, comparando pacientes com leucoplasias submetidos a tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos ou ambos, com placebo. O desfecho primário foi a transformação maligna das leucoplasias. Os desfechos secundários foram resolução clínica, modificação histológica, e frequência de efeitos adversos. Como resultado foi encontrado que os tratamentos testados, apesar de serem efetivos para tratar as leucoplasias, não inibem as recorrências nem a malignização das lesões. Mesmo que a remissão clínica das leucoplasias seja realizada, deve-se continuar o acompanhamento dos pacientes. Embora tenha sido utilizada uma revisão sistemática/metanálise da Colaboração Cochrane para responder a questão, a recomendação não é clara. Nível de recomendação B. Tabela 22 – Item revisado. Página e subitem Página 40, subitem 3.3, abordagem coletiva Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Desenvolver ações centradas na promoção de saúde, de prevenção, estimulando exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais para detecção precoce do câncer de boca. B O exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais da saúde é efetivo ou eficaz na detecção precoce do câncer de boca? • Brocklehurts P, Kujan O, Glenny AM, Oliver R, Sloan P, Ogden G et al. Screening Programs for the early detection and prevention of oral cancer. Cochrane Database of Systematic Review. Issue 6, ArtNo. C D004150. O objetivo dessa revisão foi avaliar os métodos de rastreamento atuais na redução da mortalidade por câncer de boca. Foram selecionados ensaios clínicos controlados randomizados sobre rastreamento para câncer de boca ou para lesões orais potencialmente pré-malignas com o uso de exame visual, azul de toluidina, imagem por fluorescência ou biópsia por escovação. Apenas um ECR de 9 anos foi incluído. Não houve diferença nas taxas de mortalidade por câncer de boca padronizadas por idade entre o grupo sub- 60 metido a rastreamento (21,2/1000000 pessoas/ ano) e o grupo controle (21,3/100000 pessoas/ ano). Não houve diferença estatisticamente significativa na redução das taxas de mortalidade por câncer de boca entre o grupo intervenção e o controle. Porém ouve uma redução estatisticamente significante de 43% na taxa de mortalidade entre os homens do grupo controle e do grupo intervenção para indivíduos de alto-risco (usuários de tabaco, álcool ou ambos). Nas mulheres, houve uma redução de 22%, mas essa não foi significante. A evidência para recomendar ou não a realização de rastreamento na população em geral é insuficiente. A revisão sistemática da Colaboração Cochrane não encontrou evidência da efetividade do exame de rastreamento na população em geral. Assim, repassando o algoritmo da Figura 2, conclui-se que o nível de recomendação é B. Tabela 23 – Item revisado. Página e subitem Página 40, subitem 3.3, abordagem coletiva Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Realizar exames periódicos em usuários com maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de câncer de boca, possuindo mais de um dos seguintes fatores: ser do sexo masculino, ter mais de 40 anos, ser tabagista e etilista, sofrer exposição ocupacional a radiação solar sem proteção, ser portador de deficiência imunológica (congênita e/ ou adquirida). A Qual a acurácia da realização de exames periódicos em indivíduos com (ao menos 2) fatores de risco para o câncer de boca? • Brocklehurts P, Kujan O, Glenny AM, Oliver R, Sloan P, Ogden G et al. Screening Programs for the early detection and prevention of oral cancer. Cochrane Database of Systematic Review. Issue 6, ArtNo. C D004150. relativa a essa questão. Assim, o nível de recomendação para a realização de exame visual periódico em pessoas de alto-risco de desenvolver câncer de boca é A. Para responder essa questão utilizou-se a mesma revisão sistemática do tópico anterior, já que uma das conclusões da mesma foi que a redução da taxa de mortalidade por câncer de boca foi significante no grupo intervenção para pessoas com alto-risco (homens, usuários de tabaco e/ ou álcool). Esse artigo entrou na chave de busca 61 Tabela 24 – Item revisado. Página e subitem Página 41, subitem 3.4.1, abordagem individual Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Qualquer lesão dos tecidos moles da boca que não apresente regressão espontânea ou com remoção de possíveis fatores causais (como dentes fraturados, bordas cortantes em próteses etc.) em, no máximo, três semanas deve ser referenciada para diagnóstico. Questão 4: C Questão 5: C Questão 6: C Questão 4. A manutenção de lesões de tecido mole por três semanas ou mais aumenta o risco de câncer de boca? A maioria dos estudos encontrados se refere ao tratamento das mucosites consequentes de tratamentos quimioterápicos e radioterápicos. Não foram encontrados artigos que tratam de transformação maligna em qualquer tipo de lesão de tecido mole, e sim das pré-malignas. Questão 5. A remoção de dentes fraturados reduz o risco de desenvolver câncer de boca? Apenas dois artigos que entraram na busca foram selecionados pelo título. • Abrams RA & Sadeghi EM. Local mechanical irritation. An aetiology for a lingual oral papiloma. Australia Dental Journal 1981; 26(2):86-8. Não está disponível (nem abstract). • Benhoud F, Torabian S, Zargaran M. Relationship between oral poor hygiene and broken teeth with oral tongue squamous cell carcinoma. Acta Medica Iranica 2011; 49(3):159-62. nica privada e referenciados para hospitais de Hamedan no Iran para remoção cirúrgica (entre os anos de 1990 a 2006). Como resultados eles encontraram que 76,6% dos pacientes com carcinoma de língua tinham dentes fraturados e 70.3% tinham dentes cariados. Nenhuma das diferenças foi estatisticamente significante. Por se tratar de um estudo de série de casos, o nível de recomendação de que a remoção de dentes fraturados reduz o risco de desenvolver câncer de boca é C. Questão 6. A remoção dos bordos cortantes em próteses reduz o risco de desenvolver câncer de boca? A maioria dos estudos encontrados na chave de busca se refere à reabilitação protética de pacientes com sequelas de câncer de boca ou estudos sobre a presença de lesões malignas ao redor de implantes osteointegrados. Um estudo investigou a relação entre o uso de próteses removíveis e câncer de boca na língua (não abordando a questão de se fazer reparo nas próteses para reduzir o risco de desenvolver câncer de boca). Foi realizada uma revisão de todos os 64 casos de carcinoma de língua atendidos em uma clí62 Traumatismos dentários 5. Traumatismos dentários Tabela 26 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em questão no caderno a revisar revisão VER DOCUMENTO EM ANEXO Traumatismos dentários Página 42, item 4.4.3 Abordagem coletiva, primeiro subitem Propor ações de promoção da saúde: ações intersetoriais e de educação em saúde que visem assegurar medidas de proteção e prevenção de acidentes e garantir comportamentos seguros Revisar a efetividade das ações intersetoriais para prevenção dos traumatismos dentários Revisar a efetividade de ações de educação em saúde para prevenção do traumatismo dentário Traumatismos dentários Página 42, item 4.4.3 Abordagem coletiva, segundo subitem. Os profissionais de saúde bucal devem integrar-se ao restante da equipe de saúde na abordagem de fatores de riscos comuns do tramatismo dentário e de outras lesões traumáticas Revisar a efetividade da abordagem de riscos comuns para a prevenção de traumatismos dentários VER DOCUMENTO EM ANEXO Página 42, item 4.4.4 Abordagem individual O cuidado ideal do trauma deve incluir os primeiros socorros (cuidado imediato com os dentes danificados para evitar contaminação bacteriana dos túbulos dentinários e possível inflamação pulpar, assepsia da área traumatizada, controle do sangramento e da dor, contenção), cuidado pré-hospitalar, atendimento clínico e acompanhamento Revisar a efetividade conjunta de Cuidado imediato ; assepsia da area traumatizada; Controle do sangramento; Controle da dor; Contenção como medidas que melhoram o prognóstico pos trauma dentário. VER DOCUMENTO EM ANEXO Traumatismos dentários 64 65 As medidas intersetoriais e educativas de saúde previnem o trauma dental na população? As ações de educação em saúde para a prevenção de acidentes previnem a ocorrência de trauma dental? P = qualquer população ou faixa etária I = medidas intersetoriais e educativas de saúde C = ausência de medidas intersetoriais e educativas de saúde O = trauma dental P = qualquer população ou faixa etária I = ações de educação em saúde para a prevenção de acidentes C = ausência de ações de educação em saúde para a prevenção de acidentes O = trauma dental Revisar a efetividade das ações intersetoriais para prevenção dos traumatismos dentários Revisar a efetividade de ações de educação em saúde para prevenção do traumatismo dentários P = nenhuma palavra I = (“Health education[MeSH]) AND accident prevention[MeSH Terms] C = nenhuma palavra O = “Tooth injury”[Mesh] OR “Multiple trauma”[Mesh] P = nenhuma palavra I = (“Health Knowledge, Attitudes, Practice”[Mesh] OR “Health Promotion”[Mesh] OR “Health Education”[Mesh] OR “Intersectoral approach”[Title/ Abstract]) C = nenhuma palavra O = “Tooth injury”[Mesh] OR “Multiple trauma”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO: Aspecto revisado: Tabela 26 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. Resultados P = nenhuma busca E = 1661 C = nenhuma busca O = 18.008 P = nenhuma busca I = 223.116 C = nenhuma busca O = 18.008 PICO: para cada item 3 referências, sendo: - 0 Meta-análise - 0 Revisão sistemática - 0 Revisão - 0 Ensaio Clínico randomizado - 0 Ensaios clínicos - 0 Guia 86 referências, sendo: - 0 Meta-análise - 0 Revisão sistemática - 2 Revisões - 3 Ensaios Clínicos randomizados - 4 Ensaios clínicos - 1 Guia Resultado final (P and I and C and O): 66 O cuidado imediato melhora o prognóstico do traumatismo dental? P = qualquer população ou participante I = cuidado imediato, assepsia da área traumatizada, controle da dor e contenção C = ausência de cuidado imediato O = prognóstico do trauma dental Revisar a efetividade da abordagem de riscos comuns para a prevenção de traumatismo dentários Revisar a efetividade conjunta de cuidado imediato; assepsia da área traumatizada; Controle do sangramento; Controle da dor; Contenção como medidas que melhoram o prognóstico pós traumatismo dental P = nenhuma palavra I = “First aid” OR “Emergency treatment” [Mesh] OR “Therapeutics” [Mesh] OR “Therapy” [Mesh] C = nenhuma palavra O = “Tooth injury”[Mesh] OR “Dental trauma”[Title/ Abstract] P = nenhuma palavra I = (“Common risk factor approach[Title/Abstract] C = nenhuma palavra O = “Tooth injury”[Mesh] OR “Multiple trauma”[Mesh] Resultados P = nenhuma busca I = 3.245.700 C = nenhuma busca O = 8.623 P = nenhuma busca I = 20 C = nenhuma busca O = 18.008 PICO: para cada item DATAS: 28/08/13; 09/09/13; 05/12/13 e 03-02-2014 (última atualização da busca). BASE DE DADOS = MEDLINE VIA PUBMED AGRAVO = TRAUMATISMO DENTÁRIO (P AND I AND C AND O) Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse ausência de qualquer terapia. O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/prevenida”. As medidas de abordagem de riscos comuns previnem o traumatismo dental? P = qualquer população ou faixa etária I = ações preventivas por meio da abordagem de risco comum C = ausência de ações preventivas por meio da abordagem de risco comum O = trauma dental Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO: Aspecto revisado: 907 referências, sendo: - 2 Meta-análises - 18 Revisões sistemáticas - 103 Revisões - 38 Ensaios Clínicos randomizados - 57 Ensaios clínicos - 10 Guias 0 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 0 Revisões - 0 Ensaios Clínicos randomizados - 0 Ensaios clínicos - 0 Guia Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 27 – Item revisado. Página e subitem Página 42, item 4.4.3 Abordagem coletiva, primeiro subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Os profissionais de saúde bucal devem integrar-se ao restante da equipe de saúde na abordagem de fatores de risco comuns do traumatismo dentário e de outras lesões traumáticas C As medidas intersetoriais e educativas de saúde previnem o trauma dental na população? Não existem evidências que atestem a influência de medidas intersetoriais e educativas sobre a prevenção do trauma dental na população.. As ações de educação em saúde para a prevenção de acidentes previnem a ocorrência de trauma dental? As evidências sobre o potencial de prevenção das ações de educação em saúde sobre o trauma dental são oriundas de estudos transversais e recomendações de especialistas. Além disso, avaliação crítica da literatura mostra que pouca atenção tem sido direcionada para a prevenção de injúrias que acometem a saúde bucal. • Malikaew P, Watt RG, Sheiham A. Prevalence and factors associated with traumatic dental injuries (TDI) to anterior teeth of 11-13 year old Thai children. Community Dental Health. 2006; 23(4):222-227. Os autores destacam que adoção de políticas de saúde e segurança, melhorias no ambiente físico e supervisão mais próxima das crianças representam medidas plausíveis de terem impacto positivo sobre a prevenção de injúrias dentárias traumáticas. Foram selecionados mais dois estudos transversais que mostraram que escolas que adotaram políticas de promoção de saúde possuíram escolares com menor prevalência de doenças bucais, incluindo trauma dental, em relação a escolas que não adotaram tais políticas. • Moysés ST, Moysés SJ, Watt RG, Sheiham A. Associations between health promoting schools’ policies and indicators of oral health in Brazil. Health Promotion International.2003; 18(3): 209-218. O objetivo desse estudo foi avaliar se a saúde bucal de crianças de 12 anos de idade em escolas onde as políticas de promoção da saúde foram desenvolvidas, era melhor do que a de crianças em escolas onde tais políticas não foram desenvolvidas. Uma amostra de 1.823 crianças de 12 anos de idade, em 33 escolas foi selecionada em áreas carentes de Curitiba, Brasil. As escolas que possuíam políticas de promoção de saúde tais como políticas de alimentação saudável, prevenção do fumo, do álcool, do uso de drogas, de doenças sexualmente transmissíveis, com ambiente físico seguro contra acidentes e violência, que fazem conexões com a família dos escolares e promovem o envolvimento dos pais, são mais propensas a ter uma maior percentagem de crianças livres de cárie e de trauma dental do que aquelas sem este perfil. Escolas compro- 67 metidas com a saúde e segurança tiveram 9,7% menos crianças com trauma dental (p < 0,001) do que aquelas sem esta política. O nível desta evidência é 3. • Cristina Gaio D, Jorge Moysés S, César Bisinelli J, Sotille França BH, Tetu Moysés S. Health promoting schools and their impact on the oral health of mentally disabled people in Brazil. Health Promotion International.2010; 25(4): 425-434. O objetivo deste estudo transversal foi investigar o impacto da promoção de saúde em termos de saúde bucal em escolas especiais para atendimento de alunos com deficiência mental no Brasil. O estudo adotou uma abordagem quantitativa e qualitativa. A amostra foi composta por 383 escolares de 2 a 19 anos de idade estratificada em sete escolas de Curitiba/Paraná/ Brasil. O trauma dental apresentou uma prevalência de 23,8% e foi associado com o nível de escolaridade da mãe. As escolas especiais para crianças com deficiência mental promovem saúde. No entanto, o perfil sócio-demográfico desta população parece ter maior influência sobre a vulnerabilidade que o contexto escolar considerando o estado de saúde oral. O nível desta evidência é 3. As medidas de abordagem de riscos comuns previnem o traumatismo dental? Não existem evidências das medidas de abordagem de riscos comuns como estratégia para a prevenção de traumatismo dental. Tabela 28 – Item revisado. Página e subitem Página 42, item 4.4.4 Abordagem individual Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a efetividade conjunta de cuidado imediato ; assepsia da área traumatizada; controle do sangramento; controle da dor; contenção como medidas que melhoram o prognóstico pós trauma dentário. C O cuidado imediato melhora o prognóstico do traumatismo dental? • Day P, Duggal M. Interventions for treating traumatized permanent front teeth: avulsed (knocked out) and replanted.” Cochrane Database Syst Rev. 2010; 20(1): CD006542. Os autores compararam os efeitos de uma série de intervenções para o tratamento da avulsão de dentes permanentes. Para a metanálise foram selecionados três ensaios clínicos rando- mizados envolvendo um total de 162 pacientes e 231 dentes. O primeiro estudo não mostrou diferença entre fazer a endodontia extra-bucal ou intra bucal para os dentes avulsionados que ficaram em meio seco por mais de 60 minutos. O segundo estudo mostrou que a imersão por 10 minutos em Timosina Alfa 1 antes do reimplante e a utilização diária de uma injeção gengival, durante sete dias, levaram à cura periodontal em 77% dos casos do grupo experimental. O grupo controle teve uma cura de 14%. O terceiro estudo investigou a imersão do dente avul- 68 sionado por 20 min em sulfato de gentamicina em ambos os grupos (experimental e controle) seguida pela utilização de oxigênio hiperbárico no grupo experimental por 80 minutos para os primeiros 10 dias (grupo experimental). Após 12 meses, verificou-se cura periodontal em 43% no grupo controle e 88% no grupo experimental. O nível desta evidência é 1. A Associação Internacional de Traumatologia Dental publicou guias para clínicos. Segundo a Associação, essa revisão representa a melhor evidência científica aliada ao julgamento de profissionais experientes. Os seguintes cuidados imediatos foram recomendados para as dentições decídua e permanente: Dentição decídua: • Malmgren B, Andreasen JO, Flores MT, Robertson A, DiAngelis AJ, Andersson L, et al.. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 3. Injuries in the primary dentition. Dental Traumatology. 2012; 28(3): 174-82. O nível desta evidência é 3. A íntima relação entre o ápice radicular do dente decíduo e a coroa do germe do dente permanente pode levar este último à uma malformação, impactação e distúrbios de erupção durante o episódio traumático. Descoloração coronária e hipoplasia dos incisivos permanentes são as sequelas mais comuns que podem ocorrer após intrusão ou avulsão de dentes decíduos em crianças com 1 a 3 anos de idade. Um detalhado exame radiográfico deve ser realizado para estabelecer a extensão do trauma para os tecidos de suporte do dente, o estágio do desenvolvimento radicular e a relação com o sucessor permanente. Fratura de esmalte Nos casos de fratura envolvendo o esmalte, o tratamento imediato consiste do arredondamento das bordas cortantes. Fratura de esmalte e dentina Em fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar, o profissional deve realizar o selamento dos túbulos dentinários cobrindo a dentina exposta com cimento de ionômero de vidro. Porém, caso seja possível, deve-se realizar o tratamento restaurador definitivo com resina composta já no primeiro atendimento. Fratura de esmalte e dentina com envolvimento pulpar Em fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar, deve-se buscar a manutenção da vitalidade pulpar por meio de uma pulpotomia parcial e inserção de pasta de hidróxido de cálcio sobre a polpa. Em seguida, deve-se restaurar o dente com cimento de ionômero de vidro e resina composta. Diante da impossibilidade de cooperação da criança com o atendimento, a exodontia é o tratamento de escolha. Fratura coronorradicular O tratamento realizado para os casos de fratura coronorradicular dependerá se o dente apresentar ou não exposição pulpar. Em casos de ausência de exposição pulpar, o tratamento realizado em casos de pequeno envolvimento de raiz é a remoção do fragmento e estabilização do mesmo com resina composta. A exodontia deve ser realizada em todas as outras situações. 69 Fratura radicular Nos casos de fratura radicular, o fragmento coronário pode apresentar mobilidade e pode estar deslocado. Se o fragmento coronário não estiver deslocado, nenhum tratamento é necessário. Nos casos em que o fragmento coronário estiver deslocado, deve-se reposicioná-lo e realizar um splint. Outra opção de tratamento para os casos mais graves de acordo com o julgamento do profissional é extrair apenas o fragmento coronário, deixando o fragmento apical ser naturalmente reabsorvido. Fratura alveolar O profissional deve observar se existe mobilidade do segmento (dentes se movimentam em bloco). Se houver mobilidade do segmento e deslocamento, deve-se realizar o reposicionamento e splint por quatro semanas. Concussão Nenhum tratamento é necessário. Subluxação O tratamento deve consistir de orientar os pais a escovar os dentes da criança com escova de dentes macia e usar clorexidina 0,12% topicamente, na área afetada com cotonete duas vezes por dia, por uma semana. Luxação extrusiva A opção pelo tratamento irá depender do grau de deslocamento, mobilidade, formação radicular e capacidade da criança em cooperar nessa situação. Para extrusão menor que 3mm em um dente com desenvolvimento imatura, o repo- sicionamento cuidadoso ou deixar o dente se alinhar espontaneamente são as opções de escolha. A exodontia é o tratamento de escolha para extrusão severa (superior a 3mm) e em dentes com formação radicular completa. Luxação lateral O dente é deslocado usualmente na posição palatina/lingual ou vestibular. Apresenta-se com mobilidade. O tratamento. Quando houver interferência oclusal, deve-se realizar a reposição do dente. Em caso de deslocamento severo para a direção vestibular, a exodontia é o tratamento de escolha. Luxação intrusiva O dente é deslocado no sentido do osso vestibular ou no sentido do germe do dente permanente sucessor. Se o dente estiver deslocado no sentido do osso vestibular, o tratamento consistirá em aguardar a reabsorção espontânea do dente intruído. Se o dente estiver deslocado no sentido do germe do dente permanente, o tratamento ideal é a exodontia. Avulsão O reimplante de dentes decíduos não é recomendado. Dentição permanente • Diangelis AJ, Andreasen JO, Ebeleseder KA, Kenny DJ, Trope M, Sigurdsson A et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 1. Fractures and luxations of permanent teeth. Dental Traumatology. 2012; 28(1): 2-12. O nível desta evidência é 3. 70 Trinca de esmalte O tratamento da trinca de esmalte consiste no selamento com resina para prevenir dor e alteração de cor na linha da trinca. Fratura de esmalte O tratamento consiste em colagem de fragmento ou restauração com resina composta, dependendo da extensão e localização da fratura. Fratura de esmalte e dentina O tratamento de escolha é a colagem de fragmento. Diante da impossibilidade de realização desse tratamento imediatamente, o profissional deve realizar o selamento provisório da dentina exposta com cimento de ionômero de vidro ou uma restauração de resina composta. Se o profissional constatar uma proximidade da fratura com a polpa dental (0,5mm de espessura de dentina), deve realizar uma base de cimento de hidróxido de cálcio e cobrir com cimento de ionômero de vidro no tratamento imediato. Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar Em dentes imaturos (formação radicular incompleta), procura-se preservar a vitalidade pulpar por meio de capeamento pulpar ou pulpotomia. Em dentes com formação radicular completa, o tratamento endodôntico é usualmente o tratamento de escolha, embora o capeamento pulpar e a pulpotomia também podem ser considerados pelo profissional. Em seguida, deve ser realizada a colagem de fragmento ou restauração de resina composta. Fratura corono-radicular sem exposição pulpar Como tratamento de emergência, uma estabilização temporária do fragmento deve ser realizada até um plano de tratamento definitivo ser elaborado. Fratura corono-radicular com exposição pulpar O tratamento emergencial consiste em uma estabilização temporária do fragmento ao dente adjacente. Em dentes com ápice aberto, deve-se preservar a vitalidade pulpar realizando pulpotomia. Em dentes com desenvolvimento apical completo o tratamento endodôntico pode ser a escolha do profissional, mas a pulpotomia não deve ser descartada. Fratura radicular Durante o tratamento emergencial, o dente deve ser reposicionado o mais rapidamente por quatro semanas. Se a fratura radicular estiver próxima à área cervical do dente, a estabilização deve ser realizada por um período mais longo de tempo (superior a 4 meses). O profissional deve acompanhar a cicatrização por, pelo menos, um ano. Fratura alveolar Reposicionar o segmento deslocado e realizer o splint que deverá ser mantido por quatro semanas. Concussão Nenhum tratamento é necessário. A condição pulpar deve ser monitorada por no mínimo um ano após o trauma. 71 Subluxação Avulsão Geralmente nenhum tratamento é necessário, contudo um splint flexível para estabilizar o dente e melhorar o conforto do paciente pode ser utilizado por duas semanas. • Andersson L, Andreasen JO, Day P, Heithersay G, Trope M, Diangelis AJ et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 2. Avulsion of permanent teeth.”Dental Traumatology. 2012; 28(2): 88-96. Luxação extrusiva O tratamento consiste em reposicionar o dente extruído no alvéolo e estabilizar com um splint flexível por duas semanas. Luxação lateral O tratamento consiste em reposicionar o dente extruído no alvéolo e estabilizar com um splint flexível por quatro semanas. Luxação intrusiva O tratamento dependerá do estágio de formação radicular. Em dentes com formação radicular incompleta, o profissional deverá aguardar a erupção espontânea do dente intruído. Se nenhuma erupção ocorrer nas semanas seguintes, deve-se iniciar o reposicionamento ortodôntico. Em dentes com formação radicular completa, o profissional deve aguardar a erupção se a intrusão foi menor que 3mm. Se nenhum movimento de erupção ocorrer nas 2 a 4 semanas seguintes deve-se reposicionar o dente cirúrgica ou ortodonticamente. Se o dente estiver intruído mais de 7mm, o reposicionamento cirúrgico deve ser realizado. Após o resposicionamento do dente, cirúrgica ou ortodonticamente, um splint flexível deve ser empregado para estabilizar o dente por 4 a 8 semanas. Os primeiros cuidados diante de uma avulsão dentária são: Procurar o dente e segurá-lo pela coroa, devese evitar tocar na raiz. Se o dente estiver sujo, deve ser lavado com água fria corrente e reposicionado. O paciente ou o responsável deve ser encorajado a reimplantar o dente. Uma vez que o dente esteja no lugar, o paciente deve morder um lenço para manter o dente em posição. Caso o reimplante imediato não seja possível, o dente avulsionado deve ser imerso em um copo de leite ou outro meio de armazenamento adequado. O dente pode ser transportado na boca, mantendo-o no interior do lábio ou bochecha. Deve-se evitar o armazenamento em água. Se houver acesso a meios de armazenamento com pH balanceado como por exemplo, HBSS, esses devem ser preferencialmente utilizados. O paciente deve procurar cuidado odontológico imediatamente. O nível desta evidência é 3. 72 Fluorose dentária 6. Fluorese dentária Tabela 29 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Fluorose Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em questão no caderno a revisar revisão Página 44, item 4.5.3 Abordagem coletiva, subitem 4.5.3.1, organização das ações de vigilância à saúde com ênfase para prevenção e detecção de fluorose Vigilância, controle e orientação à população quanto às várias formas de utilização do flúor como medida necessária para controle de formas agudas e crônicas de intoxicação por flúor Revisar se os sistemas de vigilância são efetivos para o controle/prevenção das formas agudas de intoxicação por flúor. VER DOCUMENTO ANEXO Página 44, item 4.5.3 Abordagem coletiva, subitem 4.5.3.1, organização das ações de vigilância a saúde com ênfase para prevenção e detecção de fluorose Implementação de sistemas de vigilância dos teores de flúor nas águas de abastecimento público para melhoria da qualidade da fluoretação das águas, controle sistemático dos teores aplicados e qualidade do processo Revisar se a implementação de sistemas de vigilância do flúor nas águas de abastecimento público previne a fluorose dentária? VER DOCUMENTO ANEXO Página 45, item 4.5.4, abordagem individual, subitem 4.5.4.1 Tratamento das formas graves. ...este tratamento consiste em lixar o esmalte poroso externo até que a mancha, provocada pela impregnação do esmalte poroso por pigmentos da alimentação seja removida. Entre os produtos para a técnica de micro-abrasão destacam-se o acido clorídrico, o peróxido de hidrogênio e o acido fosfórico. Em casos mais graves, é necessária a confecção de coroas ou facetas. Revisar se a realização de micro-abrasão do esmalte com ácido clorídrico, peróxido de hidrogênio ou ácido fosfórico, ou a realização de coroas/facetas em casos severos, é eficaz no tratamento da fluorose VER DOCUMENTO ANEXO Página 45, item 4.5.4, abordagem individual, subitem 4.5.4.1 Diagnóstico O diagnóstico diferencial mais importante é com mancha branca decorrente de cárie e com outras opacidades. Revisar se as manchas brancas de cárie e opacidades em esmalte são o diagnóstico diferencial mais comum para fluorose dentária? VER DOCUMENTO ANEXO 74 75 Sistemas de vigilância são efetivos para o controle/prevenção das formas agudas de intoxicação por flúor? A implementação de sistemas de vigilância do flúor nas águas de abastecimento público previne a fluorose dentária? A verificação do teor de flúor em cremes dentais e produtos odontológicos previne a fluorose dentária? P = qualquer população ou faixa etária I = Sistema de vigilância epidemiológica C = ausência de sistema de vigilância epidemiológica O = intoxicação aguda ou crônica por flúor. P = qualquer população ou faixa etária I = sistema de vigilância de fluoretação das águas C = ausência de tratamento O = fluorose dentária P = qualquer população ou faixa etária I = verificação do teor de flúor nos produtos C = ausência de tratamento O = fluorose Aspecto revisado: Revisar a efetividade da vigilância para o controle (prevenção?) das formas agudas de intoxicação por flúor. Revisar a efetividade de implementação de sistemas de vigilância do flúor nas águas de abastecimento público para a prevenção de fluorose dentária Revisar a efetividade da verificação do teor de flúor nos referidos produtos para a prevenção de fluorose dentária. P = nenhuma palavra I = “Product Surveillance, Postmarketing”[mesh] OR “dentifrices”[mesh] OR “Mouthwashes” [mesh] OR “Toothpastes” [mesh] OR “Fluorides, topical” [mesh] C = nenhuma palavra O = “Fluorosis, Dental”[mesh] P = nenhuma palavra I = “Public Health Surveillance”[mesh] OR “Population Surveillance”[mesh] OR “Behavioral Risk Factor Surveillance System”[mesh] OR “Sentinel Surveillance”[mesh] OR “Epidemiological Monitoring”[mesh] OR “fluoridated water”[tiab] OR “External control” [tiab] C = nenhuma palavra O = “Fluorosis, Dental”[mesh] P = nenhuma palavra I = nenhuma palavra C = nenhuma palavra O = “Fluoride Poisoning”[mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO/ PECOT: Tabela 30 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. P = nenhuma busca I = 23.199 C = nenhuma busca O = 2.041 P = nenhuma busca I = 52.993 C = nenhuma busca O = 2.045 P = nenhuma busca I = nenhuma busca C = nenhuma busca O = 920 PICO: para cada item Resultados 262 referências, sendo: - 4 Meta-análises - 12 Revisões sistemáticas - 49 Revisões - 9 Ensaios Clínico-randomizados - 6 Guias 101 referências, sendo: -0 Meta-análises - 3 Revisões sistemáticas - 10 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizados - 2 Guias 920 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 1 Revisões sistemáticas - 63 Revisões - 2 Ensaios clinico-randomizados - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): 76 Revisar a eficácia do tratamento 1.com ácido clorídrico; 2. Com peróxido de hidrogênio; 3. Com ácido fosfórico; 4. Revisar quais casos indicados para confecção de coroas ou facetas. Revisar a assertiva de que o diagnóstico diferencial mais importante é com mancha branca de cárie e com outras opacidades. Aspecto revisado: P = qualquer população ou faixa etária I = tratamento para fluorose C = ausência de tratamento O = fluorose P = indivíduos com fluorose I=C=O = diagnóstico PICO/ PECOT: P = “Fluorosis, Dental”[mesh] I = nenhuma palavra C = nenhuma palavra O = “Diagnosis”[mesh] OR “Diagnosis, Differential”[mesh] P = nenhuma palavra I = “enamel microabrasion”[tiab] OR “dental veneers” [mesh] OR “dental restoration, permanent” [mesh] C = nenhuma palavra O = “Fluorosis, Dental”[mesh] As manchas brancas de cárie e opacidades em esmalte são o diagnóstico diferencial mais comum para fluorose dentária? A realização de micro-abrasão do esmalte com ácido clorídrico, peróxido de hidrogênio ou ácido fosfórico, ou a realização de coroas/facetas em casos severos, é eficaz no tratamento da fluorose? Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: Resultados P = nenhuma busca I = 35.085 C = nenhuma busca O = 2.041 P = 2.041 I = nenhuma busca C = nenhuma busca O = 6, 221.305 PICO: para cada item 71 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 1 Revisões - 1 Ensaio Clínico-randomizado - 0 Guias 286 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 8 Revisões - 5 Ensaios Clínico-randomizados - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 31 – Item revisado. Página e subitem Página 44, item 5.3 Abordagem coletiva, subitem 5.3.1, organização das ações de vigilância a saúde com ênfase para prevenção e deteção de fluorose Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Vigilância, controle e orientação à população quanto as várias formas de utilização do flúor como medida necessária para controle de formas agudas e crônicas de intoxicação por flúor Sistemas de vigilância são efetivos para o controle/prevenção das formas agudas de intoxicação por flúor? Através da busca realizada, não foi encontrado nenhum estudo que avaliou o efeito de sistemas de vigilância ou da orientação à população sobre as formas de utilização do flúor na prevenção de intoxicações agudas por flúor. Foram selecionados 3 artigos. Um estudo longitudinal retrospectivo de incidência de casos de intoxicação aguda por uso de produtos de higiene bucal e dois estudos de relato de intoxicações agudas por erro na fluoretação das águas de abastecimento público. • Shulman JD, Wells LM. Acute fluoride toxicity from ingesting home-use dental products in children, birth to 6 years of age. J Public Health Dentistry. 1997; 57(3):150-8. Este estudo analisou de forma retrospectiva os relatórios da Associação Americana de Centros de Controle de Envenenamento (AAPCC) com o objetivo de investigar os casos de intoxicação por ingestão excessiva de flúor em crianças de até seis anos de idade, entre os anos de 1989 e 1994. A AAPCC é um sistema de vigilância que cobria na época do estudo aproximadamente C 70% da população americana. Este sistema recebe ligações de toda a população (pais, profissionais da saúde, cuidadores) solicitando ajuda em casos de possíveis intoxicações por ingestão de qualquer substância. A incidência de eventos relacionados a intoxicação por flúor ingerido através de produtos odontológicos (dentifrícios e enxaguatórios), relatado pelos pais/cuidadores/profissionais de saúde, foi calculada de forma a ajustar os resultados para a população total dos Estados Unidos. Em relação ao dentifrício fluoretado, a incidência média de casos nos 5 anos foi de 9,6 por 100.000 e 9,8 por 100.000 quando consideradas somente crianças que utilizavam dentifrícios fluoretados como denominador. A incidência média de casos devido ao uso de enxaguatórios foi de 5,6 por 100.000, aumentando para 93,0 por 100.000 quando considerado como denominador crianças que utilizavam enxaguatórios. Ainda, em mais de 98% dos casos as crianças não apresentaram sintomatologia ou apresentaram sintomas leves (sintomas gastrointestinais). Os autores concluem que os pais e/ou responsáveis pelas crianças devem ser alertados sobre a potencial toxicidade dos produtos presentes em suas casas e tomar precauções para prevenir a ingestão acidental desses produtos por parte das crianças. Ainda, sugerem que os dentistas ensinem 77 aos responsáveis como cuidar das crianças, no sentido de passar informações sobre causas, sintomas e tratamento das intoxicações agudas por flúor. Por último, também é sugerido que a indústria de produtos de higiene bucal adote embalagens com limite de dispensa de produtos que contenham flúor, evitando a sobredosagem na utilização dos mesmos. • Penman AD, Brackin BT, Embrey R. Outbreak of acute fluoride poisoning caused by a fluoride overfeed, Mississippi, 1993. Public Health Reports. 1997;112(5):403-9. Esse artigo investigou a extensão e a causa de um surto de intoxicação aguda por flúor atribuída ao excesso de flúor na água de abastecimento público, ocorrida em 1993 em uma comunidade do Mississipi, EUA. O caso foi identificado após 34 pessoas (de um total de 62), terem se sentido mal, relatando náuseas, vômitos e dores abdominais, após jantarem em um restaurante local. Foi realizado um levantamento epidemiológico por telefone, em amostra aleatória, para avaliar a incidência de residências com casos de intoxicação aguda por flúor na cidade. Este levantamento foi realizado na semana no incidente. 33% das casas que utilizavam água de abastecimento público relataram possuir um ou mais residentes com relato de doença gastrointestinal aguda recente. Nenhum dos residentes procurou atendimento médico antes da ligação. Foi constatado que a água coletada da torneira no dia do incidente encontrava-se com 48 ppmF, muito acima do teor recomendado. Através das investigações, foi detectado que uma quantidade de flúor muito acima da normalmente utilizada foi despejada acidentalmente na rede pública de abastecimento de água, durante um reparo na estação de tratamento, chegando esta água a tingir a concentração de cerca de 200 ppmF. Os autores concluem que este tipo de evento, de grande prejuízo para a saúde pública, é facilmente prevenível através de sistemas de vigilância e controle dos sistemas de fluoretação das águas assim como do treinamento correto dos operadores destes sistemas. • Gessner BD, Beller M, Middaugh JP, Whitford GM. Acute fluoride poisoning from a public water system. The New England Journal of Medicine. 1994; 13;330(2):95-9. Este artigo relata um surto de intoxicação aguda por flúor causado por excesso de flúor em um dos sistemas de abastecimento público de uma pequena cidade no Alaska, em maio de 1992. Os residentes deste povoado foram examinados e entrevistados. Os casos de intoxicação aguda por flúor foram definidos quando os indivíduos relataram apresentar náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais ou formigamento na face ou extremidades no período onde ocorreu a superdosagem. Dos 47 indivíduos investigados, que haviam bebido água de abastecimento público, 41 apresentaram sintomas compatíveis com a definição de caso. Dos indivíduos abastecidos pelo outro sistema de abastecimento, que não recebeu superdosagem de flúor, apenas 2 de 94 relataram apresentar os sinais de intoxicação. Foi estimado que um total de 296 pessoas sofreram intoxicação aguda por flúor, tendo ocorrido uma morte. A superdosagem de flúor na água foi resultado de falta de manutenção e problemas elétricos e mecânicos na bomba responsável pela adição de flúor na água. A concentração chegou a 150 ppmF. Ainda, foi verificado que o operador do sistema não tinha preparo para comandar a unidade de fluoretação da água. Os autores concluem que o método de fluoretação das águas é extremamente seguro e efetivo na prevenção da cárie. Porém, o moni- 78 toramento e controle sistemático dos níveis de flúor na água devem ser realizados, assim como a manutenção do equipamento e o treinamento dos funcionários operadores do sistema. Tabela 32 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 44, item 5.3 Abordagem coletiva, subitem 5.3.1, organização das ações de vigilância a saúde com ênfase para prevenção e deteção de fluorose. [...]Implementação de sistemas de vigilância dos teores de flúor nas águas de abastecimento público para melhoria da qualidade da fluoretacão das águas, controle sistemático dos teores aplicados e qualidade do processo B A implementação de sistemas de vigilância do flúor nas águas de abastecimento público previne a fluorose dentária? Através das buscas realizadas, não foram encontrados estudos de intervenção ou observacionais que avaliassem o efeito de sistemas de vigilância de flúor na água de abastecimento público na prevenção da fluorose dentária. Foram selecionados os 3 artigos mais recentes que avaliaram, através de heterocontrole, o teor de flúor nas águas de abastecimento público em localidades com fluoretação das águas. • Moimaz SA, Saliba NA, Saliba O, Sumida DH, Souza NP, Chiba FY et al. Water fluoridation in 40 Brazilian cities: 7 year analysis. Journal of Applied Oral Science. 2013;21(1):13-9. Este estudo avaliou longitudinalmente o teor de flúor nas águas de abastecimento público de 40 cidades brasileiras, localizadas no estado de São Paulo. A avaliação foi realizada através de coleta mensal ao longo de 7 anos, totalizando 84 meses de análise. Para cada fonte de tratamento e abastecimento de água nas 40 cidades, foram selecionados 3 pontos de coleta das amostras. A análise do teor de flúor das amostras foi realizada em duplicata. Os autores classificaram o teor de flúor como adequado quando a concentração iônica de flúor variava entre 0,55 e 0,84 mg F/L. Em 62% das cidades avaliadas, a maioria das amostras apresentava o teor de flúor dentro da faixa desejada. Considerando as 19.533 amostras coletadas, níveis de concentração abaixo de 0,55 ppmF foram encontrados em 30,1% das amostras. Por outro lado, 18,5% das amostras avaliadas apresentaram teores de flúor acima de 0,84 ppmF. Os autores destacam que as amostras que apresentaram altas concentrações de flúor provinham de cidades que utilizam fontes subterrâneas de abastecimento, as quais contêm naturalmente maiores concentrações de flúor. Destacam ainda que nenhuma cidade apresentou níveis abaixo ou acima do desejado por longo período. Os resultados preliminares das análises foram divulgados ao longo do estudo para as prefeituras das cidades participantes, o que pode ajudar a corrigir o teor de flúor presente nas águas de abastecimento. Por fim, destaca-se 79 a importância do heterocontrole das águas de abastecimento público ao longo do tempo para assistir e garantir a manutenção dos níveis ótimos de concentração de flúor. deve ser implementado para melhorar a consistência da fluoretação e garantir o máximo benefício desta medida de saúde pública, aliado ao menor risco de desenvolvimento de fluorose. • Buzalaf MA, Moraes CM, Olympio KP, Pessan JP, Grizzo LT, Silva TL et al. Seven years of external control of fluoride levels in the public water supply in Bauru, São Paulo, Brazil. Journal of Applied Oral Science. 2013;21(1):92-8. • Moimaz SA, Saliba O, Chiba FY, Saliba NA. External control of the public water supply in 29 Brazilian cities. Brazilian Oral Research. 2012;26(1):12-8. Este estudo avaliou longitudinalmente, através de heterocontrole, os níveis de fluoreto presente na água de abastecimento público de Baurú, SP, Brasil, durante sete anos, entre 2004 e 2011. Foram coletadas amostras de água em 3 pontos de coleta (postos de saúde, escolas ou instituições públicas) para cada um dos 19 setores de abastecimento da cidade. O total de amostras analisadas no período totalizou 5.040. A concentração de flúor considerada ideal, por apresentar baixo risco de fluorose associado a máximo benefício para prevenir a cárie, foi de 0,55 a 0,84 mg/L. Ao final dos sete anos, 69% das amostras coletadas foram classificadas como de baixo risco à fluorose e máximo benefício para a prevenção de cárie. Ainda, 24% das amostras apresentaram concentrações entre 0,85 e 1,14, consideradas de risco moderado para ocorrência de fluorose e máximo benefício de prevenção contra a cárie. O heterocontrole na cidade de Bauru vem sendo realizado pela Universidade desde 1997, com os resultados sendo passados para a administração municipal. Observa-se que em 1997 somente 16,4% das amostras apresentavam níveis considerados ideais, em 2002 e 2003, esse percentual subiu para 56%, alcançando 69% no presente estudo. Os autores concluem que o heterocontrole da fluoretação das águas é fundamental como ação de vigilância e Este estudo longitudinal avaliou ao longo de 48 meses os níveis de fluoreto da água de abastecimento pública em 29 cidades da região noroeste do estado de São Paulo. Foram coletadas amostras de água de forma mensal em 3 pontos para cada fonte de água ou estação de tratamento da cidade. Os locais de coleta foram selecionados aleatoriamente, sendo sempre em locais públicos (escolas, parques). Assim como nos dois estudos anteriormente relatados, o intervalo de concentração de flúor considerado como ideal variou entre 0,55 a 0,84 mgF/L. Do total de 6862 amostras analisadas, 53,5% estavam dentro do parâmetro recomendado em relação a concentração de F, 30,4% apresentaram concentrações abaixo do recomendado e 16,1% concentrações maiores que a recomendada. Considerando os municípios isoladamente, a proporção de amostras dentro da faixa ideal variou de 13,7 a 95,7%. Essa grande variabilidade encontrada entre municípios e amostras reforça a necessidade do heterocontrole da fluoretação das águas de abastecimento público, para garantir o monitoramento, controle e manutenção dos níveis de concentração dentro de uma faixa satisfatória. 80 Tabela 33 – Item revisado. Página e subitem Página 44, item 5.3 Abordagem coletiva, subitem 5.3.1, organização das ações de vigilância a saúde com ênfase para prevenção e deteção de fluorose. Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Verificação do teor de flúor de cremes dentais e produtos odontológicos que contem flúor. C A verificação do teor de flúor em cremes dentais e produtos odontológicos previne a fluorose dentária? preventing dental caries in children and adolescents. Cochrane Database Syst Rev 1:CD007868, 2010.. A partir da chave de busca utilizada, não foram encontrados artigos que avaliassem o efeito da verificação da concentração de flúor em produtos odontológicos e dentifrícios na prevenção da fluorose. Foi selecionado um artigo que sintetiza duas revisões sistemáticas Cochrane e uma revisão crítica sobre os riscos e benefícios do uso de fluoretos para a saúde humana. Em relação à primeira revisão, foram selecionados 75 artigos, com resultados de 83 ensaios clínicos independentes. Todos os estudos eram ECRs ou Cluster ECRs. Os estudos selecionados deveriam realizar a comparação entre pelo menos duas concentrações de dentifrícios fluoretados, ou a comparação de um dentifrício com um placebo. Os estudos deveriam avaliar o incremento de cárie em um tempo de pelo menos 1 ano. Foi realizada a análise dos resultados através de “network” meta-análise. Os resultados mostraram que, em comparação com um dentifrício placebo, dentifrícios contendo concentrações de flúor de até 550 ppmF não mostraram efeito significativo na redução do incremento de cárie. Por outro lado, dentifrícios com 1000 a 1250 ppmF mostraram redução significante neste incremento, com aumento do efeito (efeito dose-resposta) quando comparadas concentrações maiores (até 2800 ppmF) à dentifrícios placebo. • Wong MC, Clarkson J, Glenny AM, Lo EC, Marinho VC, Tsang BW et al. Cochrane reviews on the benefits/risks of fluoride toothpastes. Journal of Dental Research. 2011; 90(5):573-9. Como citado, este artigo de revisão aborda duas revisões sistemáticas Cochrane, publicadas no ano de 2010. A primeira sobre a efetividade dos dentifrícios fluoretados (em diferentes concentrações) na prevenção de cárie em crianças e adolescentes e a segunda sobre a relação entre o uso tópico de fluoretos em crianças e o risco de desenvolvimento de fluorose. • Walsh T, Worthington HV, Glenny AM, Appelbe P, Marinho VC, Shi X. Fluoride toothpastes of different concentrations for • Wong MC, Glenny AM, Tsang BW, Lo EC, Worthington HV, Marinho VC. Topical fluoride as a cause of dental fluorosis in children. Cochrane Database Syst Rev 1:CD007693, 2010. 81 Sobre a segunda revisão, foram selecionados ECRs, quasi ECRs, estudos de coorte, de casocontrole e estudos transversais que avaliaram o efeito do uso tópico de fluoretos (dentifrícios, enxaguatórios, géis, espumas e vernizes) desenvolvimento de fluorose dentária. Os participantes dos estudos foram crianças com menos de 6 anos de idade no período da utilização tópica do flúor. As intervenções incluíram a utilização desses produtos em qualquer concentração, quantidade, agente utilizado, duração e técnica de aplicação, devendo a frequência de uso ter sido no mínimo de uma vez ao ano. Os grupos de comparação foram formados por um tratamento alternativo (outro produto com flúor), tratamento placebo, ou ausência de tratamento (exceto para estudos que avaliaram escovação e uso do fio dental). Foram realizadas diferentes meta-análises para cada tipo de estudo. Foram incluídos 25 estudos (2 ECRs, 1 coorte, 6 casoscontrole e 16 transversais). Dentre estes, apenas um ECR foi considerado com baixo risco de viés. Os dois ECRs compararam dentifrícios com baixa concentração de flúor (550 e 440 ppmF) com dentifrícos fluoretados convencionais (1000 e 1450 ppmF). Ambos os estudos mostraram efeito significativo, indicando que maiores concentrações de flúor nos dentifrícios estiveram associadas a um maior risco de desenvolvimento de fluorose. Os estudos transversais não mostraram essa associação. Ainda, estudos observacionais mostraram associações inconsistentes da fluorose com a idade de início da escovação com dentifrício fluoretado, com a frequência de escovação e com a quantidade de dentifrício fluoretado utilizado. Os autores relatam que, apesar de estar no objetivo do estudo, esta revisão não encontrou estudos avaliando outros produtos fluoretados além dos dentifrícios. Destacam ainda, que são necessários mais estudos com baixo risco de viés para esclarecer as diferenças encontradas entre os resultados dos ECRs e dos estudos observacionais no que diz respeito ao efeito da concentração de flúor nos dentifrícios. Considerando ambos os estudos, os autores concluem que as evidências atuais indicam que dentifrícios com concentração de no mínimo 1000 ppmF devem ser utilizados para possuir efeito na prevenção de cárie. Por outro lado, em crianças muito pequenas, o uso de concentrações maiores de 1000 ppmF podem aumentar o risco do desenvolvimento de fluorose leve. Sendo assim, uma discussão de risco/benefício deve ser realizada com os responsáveis pelas crianças. • European Scientific Committee on Health and Environmental Risks (SCHER). Critical review of any new evidence on the hazard profile, health effects, and human exposure to fluoride and the fluoridating agents of drinking water. May, 2011. Esta revisão publicada pelo Scientific Committee on Health and Environmental Risks (SCHER), da União Europeia, avaliou entre outros tópicos relacionados ao uso de fluoretos, a segurança de sua utilização, considerando diferentes faixas etárias e localidades. Foram simulados diferentes cenários, considerando a utilização de dentifrícios fluoretados e o consumo de água fluoretada, estimando-se o total de flúor ingerido através destes meios e comparando com o limite de ingestão máximo tolerável. O SCHER conclui que para adultos e crianças maiores de 12 anos, a ingestão total de flúor advinda das principais fontes (dentifrício e água) é abaixo do limite máximo tolerável na maior parte da União Européia, inclusive nos países com água fluoretada, exceto nas regiões onde há presença natural do flúor na água em concentrações aci- 82 ma de 3,0 ppm F e frente ao consumo alto de bebidas com água. Em crianças de 6 a 12 anos, o limite máximo tolerável não é atingido consumindo até 1,0 litro de água fluoretada (até 1,5 ppmF) e fazendo uso regular de dentifrício fluoretado. Para crianças de 1 a 6 anos, o limite máximo tolerável somente é atingido se consumido mais de 0,5 litro de água fluoretada (até 1,5 ppmF) combinado ao uso de dentifrício fluoretado em quantidade maior que a recomendada. Tabela 34 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 45, item 4.5.4, abordagem individual, subitem 4.5.4.1 Tratamento das formas graves. ...este tratamento consiste em lixar o esmalte poroso externo até que a mancha, provocada pela impregnação do esmalte poroso por pigmentos da alimentação seja removida. Entre os produtos para a técnica de micro-abrasão destacam-se o ácido clorídrico, o peróxido de hidrogênio e o ácido fosfórico. Em casos mais graves, é necessária a confecção de coroas ou facetas. B A realização de micro-abrasão do esmalte com ácido clorídrico, peróxido de hidrogênio ou ácido fosfórico, ou a realização de coroas/facetas em casos severos, é eficaz no tratamento da fluorose? Através da chave de busca utilizada, não foram encontrados estudos clínicos randomizados de qualidade sobre a eficácia da micro-abrasão de esmalte (com qualquer agente) ou da realização de coroas ou facetas para o tratamento de casos mais severos de fluorose. Foram selecionados um artigo de revisão de literatura narrativa, um estudo clínico comparando o uso de diferentes ácidos na microabrasão de dentes com fluorose e um relato de caso. • Akpata ES. Occurrence and management of dental fluorosis. International Dental Journal. 2001; 51: 325-33. Nesta revisão narrativa, o autor sugere que a prevenção é a melhor estratégia para o controle da fluorose. Entretanto, destaca que em casos severos, em presença de grave prejuízo estético dos dentes, opções de tratamento restaurador podem ser indicadas. Ainda, o autor sugere que em casos mais leves de descoloração dentária, o tratamento clareador ou a micro-abrasão do esmalte podem trazer resultados satisfatórios. Sobre a micro-abrasão, a mesma é mais confiável para remoção de manchas em casos leves de fluorose, podendo trazer resultados positivos em casos moderados. O autor recomenda a aplicação de ácido hidroclorídrico a 18%, com o auxílio de espátula plástica ou instrumento rotatório de baixa rotação. Em casos moderados ou severos a melhora na estética não é tão boa quanto em casos leves. Ainda, com o aumento da severidade aumenta a possibilidade de presença de irregularidades residuais no esmalte, que poderiam novamente ser pigmentadas por manchamento extrínseco. O autor não menciona outras substâncias, como ácido fosfórico e peróxido de hidrogênio, como alternativas 83 para a realização da técnica de micro-abrasão do esmalte. Para casos severos, a realização de facetas pode ser indicada. O autor destaca, entretanto que não há disponível na literatura um ponto de corte que determine quais casos devem ser tratados com facetas. Por esse motivo, uma estratégia mais conservadora pode ser realizada previamente ao tratamento restaurador, que seria indicado caso o tratamento conservador com micro-abrasão não atingisse um resultado satisfatório. • Sinha S, Vorse KK, Noorani H, Kumaraswamy SP, Varma S, Surappaneni H. Microabrasion using 18% hydrochloric acid and 37% phosphoric acid in various degrees of fluorosis - an in vivo comparision. The European Journal of Esthetic Dentistry. 2013; 8(3):454-65. Este estudo clínico, não randomizado, avaliou a eficácia da microabrasão do esmalte com ácido hidroclorídrico a 18% ou ácido fosfórico a 37% em pacientes com fluorose. A unidade de análise foram os dentes incisivos centrais superiores (n=60), de 30 indivíduos. O dente 11 recebeu tratamento com ácido hidroclorídrico que variou o tempo de aplicação segundo a severidade da fluorose (5s para fluorose leve, 20s para moderada e 30s para severa). No dente 21 foi utilizada a aplicação de ácido fosfórico a 37%. Fotografias digitais foram realizadas antes, imediatamente após e um mês depois do término do tratamento. A avaliação do tratamento foi realizada através da análise das fotografias em software específico. Resultados significativos foram obtidos na redução das opacidades demarcadas, da intensidade do manchamento e da área total coberta pelas manchas para ambos os tratamentos, em dentes com fluorose leve e moderada. Em dentes com fluorose severa, os resultados variaram bastante, não sendo possível prever uma resposta aos tratamentos avaliados. Os autores concluem que ambas as substâncias avaliadas são efetivas no tratamento de casos de fluorose leve e moderada. • Pontes DG, Correa KM, Cohen-Carneiro F. Re-establishing esthetics of fluorosis-stained teeth using enamel microabrasion and dental bleaching techniques. European Journal of Esthetic Dentistry . 2012; 7(2):130-7. Este artigo apresenta um relato de caso clínico sobre o tratamento de uma paciente do sexo feminino, que apresentava fluorose moderada em seus dentes, com prejuízo estético. O tratamento aplicado consistiu na combinação da técnica de microabrasão do esmalte, utilizando produto a base de ácido clorídrico a 6% e micropartículas de sílica, e de clareamento dental de consultório, com peróxido de hidrogênio a 35%. A microabrasão foi realizada através de oito aplicações do produto, com o auxílio de espátula plástica (10s) e taças de borracha (10s). Ao final, os dentes passaram por polimento com discos de feltro. Uma semana após a microabrasão, a paciente passou por três sessões de clareamento dentário de consultório, cada uma com três aplicações do produto clareador, conforme instruções do fabricante. Os autores concluem relatando que o tratamento de microabrasão do esmalte com ácido clorídrico a 6% se mostrou seguro e eficiente para remover o manchamento proveniente da fluorose nesta paciente. O tratamento clareador foi utilizado com o objetivo de obtenção de uma coloração dentária uniforme, deixando a paciente satisfeita com o resultado estético final. 84 Tabela 35 – Item revisado. Página e subitem Página 45, item 5.4, abordagem individual, subitem 5.4.1 Diagnóstico. Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT O diagnóstico diferencial mais importante é com mancha branca decorrente de cárie e com outras opacidades. As manchas brancas de cárie e opacidades em esmalte são o diagnóstico diferencial mais comum para fluorose dentária? Através da chave de busca utilizada, a melhor evidência encontrada foram duas revisões de literatura sobre o diagnóstico diferencial de fluorose dentária. • Denis M, Atlan A, Vennat E, Tirlet G, Attal JP. White defects on enamel: diagnosis and anatomopathology: two essential factors for proper treatment (part 1). International Orthodontics. 2013;11(2):139-65. Esta revisão aborda as diferenças existentes entre lesões de cárie inicial (manchas brancas), fluorose e outras hipomineralizações do esmalte, a fim de possibilitar o correto diagnóstico dessas condições, uma vez que todas envolvem pigmentações esbranquiçadas no esmalte dentário. O aspecto esbranquiçado comum a essas condições deve-se a presença de hipomineraliação do esmalte em todas elas. Porém, a diferente etilogia dessas hipomineralizações permite que se estabeleça o correto diagnóstico de cada caso, possibilitando o correto tratamento. A fluorose caracteriza-se pela hipomineralização do esmalte causada pela excessiva incorporação de fluoretos durante sua formação. Essas alterações acontecem no perído pré-eruptivo, podendo ser observadas apenas após a erupção dentária. Como características próprias, as manchas brancas decorrentes da fluorose ocorrem de B forma simétrica, envolvendo dentes homólogos e grupos dentários específicos, de acordo com a cronologia da erupção. Essas manchas podem estar distribuídas em linhas horizontais, acompanhadas de pigmentações opacas mais irregulares. Em contrapartida, os autores destacam que as lesões brancas de cárie ocorrem especificamente em sítios de maior acúmulo de placa dentária, na cervical das superfícies livres e superfícies oclusais. Ainda, as lesões brancas de hipomineralização de origem traumática podem aparecer de diferentes formas, mas geralmente são puntiformes, localizadas no terço incisal de um ou mais dentes vizinhos. Por último, as hipomineralizações em incisivos e molares se apresentam como manchas opacas com os limites bem definidos, limitada a metade oclusal das coroas dentárias dos molares em associação ou não com lesões nos incisivos permanentes. Dentro deste grupo de lesões, as opacidades em dentes homólogos são assimétricas, diferentemente da fluorose. • Pendrys DG. The differential diagnosis of fluorosis. Journal of Public Health Dentistry. 1999; 59(4):235-8. Essa revisão aborda o diagnóstico diferencial de fluorose e defeitos de esmalte não-fluoróticos. O artigo reforça a necessidade de um correto diagnóstico da fluorose, visando a obtenção de estimativas populacionais confiáveis e a possibilidade de investigação de fatores de risco para esta condição. O autor destaca que a classificação de 85 defeitos de esmalte não fluoróticos como fluorose leva a subestimação das medidas de associação encontradas em estudos analíticos de fatores de risco para a fluorose. Desta forma, apresenta características diferenciais entre a aparência clínica dos dois tipos de defeitos de esmalte. 86 Edentulismo 7. Edentulismo Tabela 36 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Edentulismo Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em questão no caderno a revisar revisão [...]mudança do modelo de oferta dos serviços odontológicos, buscando a incorporação e a universalização das tecnologias preventivas das principais doenças bucais (cárie e doença periodontal) que causam o edentulismo. Revisar se a oferta de serviços odontológicos de acordo com o princípio da universalização, e que empreguem recursos preventivos de cárie e doença periodontal previne o edentulismo VER DOCUMENTO ANEXO Página 45, subitem 4.6.1, abordagem coletiva O índice mais utilizado para estimar o edentulismo é a avaliação do uso e Revisar se a implementação de sistemas de vigilância do flúor nas águas de abastecimento público previne a fluorose dentária? VER DOCUMENTO ANEXO Página 47, subitem 4.6.4, abordagem individual [...]universalização e acesso precoce da população da área de abrangência aos procedimentos de controle coletivo da cárie e doença periodontal, como por exemplo, Tratamento Restaurador Atraumático, tratamento clínico-restaurador básico e controle da doença periodontal Revisar se a aplicação de Tratamento Restaurador Atraumático (TRA), se a realização de Tratamento Restaurador de baixa complexidade e a realização de Tratamento e controle da doença periodontal previne o edentulismo VER DOCUMENTO ANEXO Página 46, subitem 4.6.3, abordagem coletiva 88 89 A oferta de serviços odontológicos de acordo com o princípio da universalização, e que empreguem recursos preventivos de cárie e doença periodontal previne o edentulismo? O indicador Uso e Necessidade de Prótese é efetivo na estimativa de Edentulismo na população? P = qualquer população ou faixa etária I = oferta de serviço (acessível e preventivo), com a utilização de recurso preventivos de cárie e doença periodontal C = não oferta de serviço odontológico, ou oferta de serviço não universal, sem o emprego de recursos preventivos O = edentulismo P = qualquer população ou faixa etária I = Uso e necessidade de Prótese C = ausência de tratamento O = edentulismo Revisar a efetividade da oferta de serviços odontológicos, organizados de acordo com o princípio da universalização e que empregam recursos preventivos de cárie e doença periodontal para prevenir o edentulismo. Revisar: evidência sobre efetividade de se estimar edentulismo através do uso e da necessidade de prótese total? P = nenhuma palavra I = “dental prosthesis”[mesh] OR “dentures”[mesh] OR “prosthetic status”[tiab] OR “prosthetic need”[tiab] C = nenhuma palavra O = “Mouth, Edentulous”[mesh] OR “Jaw, Edentulous, Partially”[mesh] OR “Jaw, Edentulous” [mesh] OR “Loss, Tooth” [mesh] P = nenhuma palavra I = “Dental Care”[mesh] OR “Dental Health Services”[mesh] OR “Universal Coverage”[mesh] OR “Preventive Dentistry”[mesh] OR “Primary Prevention “[mesh] OR”Health Education” [mesh] OR “Health promotion”[mesh] OR”Preventive Health Services” [mesh] C = nenhuma palavra O = “Mouth, Edentulous”[mesh] OR “Jaw, Edentulous, Partially”[mesh] OR “Jaw, Edentulous” [mesh] OR “Loss, Tooth” [mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO/ PECOT: Aspecto revisado: Tabela 37 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. Resultados P = nenhuma busca I = 84.723 C = nenhuma busca O = 9.509 P = nenhuma busca I = 457.459 C = nenhuma busca O = 9.509 PICO: para cada item 6396 referências, sendo: - 20 Meta-análises - 103 Revisões sistemáticas - 406 Revisões - 274 Ensaios Clínico-randomizados - 3 Guias 818 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 6 Revisões sistemáticas - 50 Revisões - 22 Ensaios clinico-randomizados - 1 Guia Resultado final (P and I and C and O): 90 A aplicação de Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) previne o edentulismo? A realização de Tratamento Restaurador de baixa complexidade previne o edentulismo? A realização de Tratamento e controle da doença periodontal previne o edentulismo? P = qualquer população ou faixa etária I = tratamento restaurador atraumático C = ausência de tratamento O = edentulismo P = qualquer população ou faixa etária I = tratamento restaurador de baixa complexidade C = ausência de tratamento O = edentulismo P = qualquer população ou faixa etária I = Controle da doença periodontal C = ausência de tratamento O = edentulismo Revisar a relação entre aplicação de tratamento restaurador atraumático e prevenção de edentulismo. Revisar a relação entre tratamento clínico-restaurador de baixa complexidade,na prevenção de edentulismo. Revisar a relação entre controle da doença periodontal e prevenção de edentulismo. P = nenhuma palavra I = “periodontal diseases”[mesh] OR “periodontitis”[mesh] OR “root planing”[mesh] OR “dental scaling”[mesh] C = nenhuma palavra O = “Mouth, Edentulous”[mesh] OR “Jaw, Edentulous, Partially”[mesh] OR “Jaw, Edentulous” [mesh] OR “Loss, Tooth” [mesh] P = nenhuma palavra I = “Dental Restoration, Permanent”[mesh] C = nenhuma palavra O = “Mouth, Edentulous”[mesh] OR “Jaw, Edentulous, Partially”[mesh] OR “Jaw, Edentulous” [mesh] OR “Loss, Tooth” [mesh] P = nenhuma palavra I = “Dental Atraumatic Restorative Treatment”[mesh] OR “atraumatic restorations”[Title/Abstract] OR “atraumatic restorative technique”[Title/Abstract] OR “atraumatic restorative treatment”[Title/Abstract] OR “atraumatic treatment”[Title/Abstract] C = nenhuma palavra O = “Mouth, Edentulous”[mesh] OR “Jaw, Edentulous, Partially”[mesh] OR “Jaw, Edentulous” [mesh] OR “Loss, Tooth” [mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO/ PECOT: Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 68.476 C = nenhuma busca O = 9.509 P = nenhuma busca I = 34.822 C = nenhuma busca O = 9.509 P = nenhuma busca I = 297 C = nenhuma busca O = 9.509 PICO: para cada item 1995 referências, sendo: - 6 Meta-análises - 31 Revisões sistemáticas - 136 Revisões - 110 Ensaios Clínico-randomizados - 3 Guias 545 referências, sendo: - 3 Meta-análises - 9 Revisões sistemáticas - 24 Revisões - 26 Ensaios Clínico-randomizados - 0 Guias 0 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 0 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizados - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 38 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 44, subitem 4.6.3, abordagem coletiva [...]mudança do modelo de oferta dos serviços odontológicos, buscando a incorporação e a universalização das tecnologias preventivas das principais doenças bucais (cárie e doença periodontal) que causam o edentulismo. B A oferta de serviços odontológicos de acordo com o princípio da universalização, e que empreguem recursos preventivos de cárie e doença periodontal previne o edentulismo? Através das buscas realizadas, não foram encontrados estudos de intervenção que compararam a oferta de serviços que utilizam tecnologias preventivas com serviços que não realizam esta oferta. Foram selecionados dois estudos observacionais, sendo um deles um estudo de análise sequencial de levantamentos populacionais. • Li KY, Wong MC, Lam KF, Schwarz E. Age, period, and cohort analysis of regular dental care behavior and edentulism: a marginal approach. BMC Oral Health. 2011;17;11:9. Este estudo analisou fatores associados ao edentulismo (autorreferido) em uma população adulta na Dinamarca, através de inquéritos transversais nacionais sequenciais (entre 1975 e 2005), utilizando em sua metodologia uma estratégia de análise por GEE, para considerar o possível efeito de aglomerado das coortes, presente em análises sequenciais deste tipo de estudo. A análise de edentulismo compreendeu apenas indivíduos com mais de 35 anos, incluindo 2505 indivíduos. Os achados mostraram que indivíduos que participaram do programa de atenção odontológica escolar dinamarquês em todos os anos do período escolar apresentaram um risco 40% menor para o edentulismo em comparação à aqueles que não usufruíram deste programa durante o mesmo período. A análise incluiu ajustes por fatores demográficos, socioeconômicos e uso atual de serviços odontológicos. É importante ressaltar que este programa tornou-se lei na Dinamarca em 1972, passando a oferecer, a partir de 1977, atenção à saúde bucal gratuita a todos os indivíduos desde o nascimento até os 18 anos de idade. Esta atenção compreende ações de prevenção e promoção da saúde bucal, exames periódicos e tratamento odontológico quando necessário. Os autores concluem que a atenção à saúde bucal no período escolar oferecida na Dinamarca está tendo efeito preventivo na ocorrência de edentulismo na população adulta do país. • Petersen PE, Kjøller M, Christensen LB, Krustrup U. Changing dentate status of adults, use of dental health services, and achievement of national dental health goals in Denmark by the year 2000. Journal of Public Health Dentistry. 2004;64(3):127-35. Este estudo observacional transversal realizado na Dinamarca utilizou como desfechos a 91 perda dental e o edentulismo em 3818 adultos, avaliando a associação dessas variáveis com a utilização de serviços odontológicos na infância e adolescência (participação em Programa Nacional de Saúde Bucal de atenção primária, que inclui ações preventivas e curativas no ambiente escolar) e com a visita regular ao dentista na idade adulta. Em relação ao desfecho edentulismo, considerando a análise ajustada por variáveis socioeconômicas, a participação dos indivíduos neste programa de saúde bucal na idade escolar foi fator de proteção em comparação àqueles que não tiveram acesso a serviços de saúde bucal na infância. Ainda, indivíduos que relataram não utilizar serviços de saúde bucal nos últimos 5 anos apresentaram maior Odds para edentulismo em comparação com aqueles que relataram fazer uso regular de serviços odontológicos. Os autores sugerem que a atenção odontológica recebida na infância e adolescência através de programa de atenção primária de saúde bucal é uma das principais responsáveis pela queda na prevalência de edentulismo na idade adulta. Entretanto, por ser um estudo transversal, sujeito a viés de memória, entre outros, os achados devem ser interpretados com cautela. Colaborando no mesmo sentido, o método de seleção das variáves no modelo multivariado não é apresentado, nem tampouco os intervalos de confiança dos Odds Ratio. Tabela 39 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 45, subitem 4.6.1, abordagem coletiva O índice mais utilizado para estimar o edentulismo é a avaliação do uso e necessidade de próteses. C O indicador Uso e Necessidade de Prótese é efetivo na estimativa de Edentulismo na população? O objetivo principal nesta revisão foi verificar a acurácia do indicador Uso e Necessidade de Prótese para estimativa de edentulismo. Através da estratégia de busca, não foram encontrados estudos que analisaram esta acurácia. Desta forma, foi selecionado um estudo observacional que apresenta por separado a análise do indicador Uso e Necessidade de prótese e a perda dentária. • Mamai-Homata E, Margaritis V, KoletsiKounari H, Oulis C, Polychronopoulou A, Topitsoglou V. Tooth loss and oral rehabilitation in Greek middle-aged adults and senior citizens. The International Journal of Prosthodontiscs. 2012;25(2):173-9. Este estudo transversal avaliou a prevalência de perda dentária e do uso e necessidade de prótese em uma amostra de base populacional de 1188 adultos (35 a 44 anos) e 1093 idosos (64 a 74 anos) na Grécia. Em relação aos adultos, a prevalência de edentulismo foi de 0,3%, a prevalência de uso de prótese total em ambos os arcos 92 foi de 0,3% e a necessidade de prótese total em ambos os arcos foi de 0,1%. Desta forma, a soma das prevalências de uso e necessidade de prótese foi de 0,4%, sendo 0,1% maior que a prevalência de edentulismo. No mesmo sentido, na população idosa, a prevalência de edentulismo em ambos os arcos foi de 31,5%, a prevalência de uso de prótese total em ambos os arcos foi de 30,2% e a necessidade de prótese total em ambos os arcos foi de 2,6%. Somando-se as prevalências de uso e de necessidade de prótese obtém o total de 32,8%, sendo 1,3% maior que a prevalência de edentulismo. Essas diferenças não são discutidas pelos autores, visto que esse não era objetivo do artigo. Desta forma, análise sobre o indicador uso e necessidade de prótese, presente no 4º manual para levantamentos epidemiológicos de saúde bucal da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 1997, faz-se necessária: • WORLD HEALTH ORGANIZATION/ FDI. Oral health surveys: basic methods. Genebra, 1997. 47p. De acordo com o manual da OMS, este indicador objetiva estimar o status protético da população, não a prevalência de perda dentária (ou edentulismo). As diferenças encontradas no artigo citado acima podem ser explicadas devido ao fato de que um indivíduo pode, ao mesmo tempo, estar usando e necessitando de próteses totais. Isto ocorre em casos nos quais as próteses que estão sendo usadas encontram-se defeituosas, como por exemplo, com ausência de elementos dentários, com falta de estabilidade/ adaptação ou fraturadas. Tabela 40 – Item revisado. Página e subitem Página 47, subitem 4.6.4, abordagem individual Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT [...]universalização e acesso precoce da população da área de abrangência aos procedimentos de controle coletivo da cárie e doença periodontal, como por exemplo, Tratamento Restaurador Atraumático, tratamento clínico-restaurador básico e controle da doença periodontal. C Pergunta 3.1. A aplicação de Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) previne o edentulismo? Através da estratégia de busca utilizada não foi encontrado nenhum estudo abordando o papel da realização de Tratamento Restaurador Atraumático na prevenção do edentulismo. Da mesma maneira, a inclusão do desfecho perda dentária na busca não apresentou nenhum artigo sobre o tema. Pergunta 3.2. A realização de Tratamento Restaurador de baixa complexidade previne o edentulismo? Nesta questão, nenhum dos estudos selecionados pela estratégia de busca avaliava o efeito do 93 tratamento restaurador de baixa complexidade na prevenção do edentulismo ou de perdas dentárias. Tampouco as revisões selecionadas abordavam esta relação, não havendo evidências sobre o tema. Pergunta 3.3. A realização de Tratamento e controle da doença periodontal previne o edentulismo? Não foram encontrados estudos verificando o efeito do tratamento e controle da doença periodontal na prevenção de edentulismo. Desta forma, a busca foi ampliada para artigos que incluíssem com desfecho a perda dentária. Foi encontrada uma revisão sistemática sobre o assunto: • Chambrone L, Chambrone D, Lima LA, Chambrone LA. Predictors of tooth loss during long-term periodontal maintenance: a systematic review of observational studies. Journal of Clinical Periodontology 2010; 37: 675–684. Esta revisão incluiu estudos longitudinais de no mínimo 5 anos de acompanhamento que avaliaram a perda dentária em pacientes com periodontite, após receberem tratamento periodontal e seguirem um programa de controle da doença. Somente foram encontrados estudos retrospectivos de séries de casos, totalizando 13 estudos. O risco de viés foi avaliado pela escala de Newcastle-Ottawa (NOS), sendo a qualidade metodológica dos estudos considerada média ou baixa. Do total de 41.404 dentes presentes após o tratamento periodontal, 3.919 foram perdidos durante o controle. A porcentagem de perda dentária por razões periodontais nesses estudos variou de 1,5 a 9,8%. A prevalência de pacientes que não perderam nenhum elemento dentário após o tratamento variou entre os estudos de 36,0 a 88,5%. Os autores reforçam que a heterogeneidade encontrada entre os estudos não permite o estabelecimento de conclusões definitivas sobre o efeito do tratamento periodontal na perda dentária. Mesmo, assim, concluem que o tratamento e controle periódico devem ser indicados, aliado a cessação do hábito de fumar, para pacientes com doença periodontal. Por fim, os autores ressaltam a necessidade por estudos longitudinais prospectivos acerca do tema. Foi encontrado comentário crítico sobre esta revisão no periódico Evidence-Based Dentistry: • Matthews D. Weak evidence to support benefit of periodontal maintenance therapy in prevention of tooth loss. Evidence Based Dentistry. 2010;11(3):75-6. Neste comentário, o autor destaca que a escala utilizada para avaliação do risco de viés (NOS) na revisão acima mencionada não é aplicável para estudos de séries de casos. Da mesma forma, ressalta a dificuldade de determinar com qualquer grau de certeza, através de séries de casos, a probabilidade de causalidade e prognóstico, principalmente devido ao risco de viés por possíveis fatores confundidores. Assim, atualmente a tomada de decisão sobre o tratamento e controle da doença periodontal para prevenção de perda dentária é pouco dependente da evidência disponível, sendo baseada em uma avaliação por parte do clínico dos riscos e benefícios das terapias disponíveis. 94 Má oclusão 8. Má oclusão Tabela 41 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Má oclusão Localização Sentenças Aspectos Estratégia de do trecho em questão no caderno a revisar revisão Ressalta-se que o acompanhamento dos problemas de má oclusão deve iniciar com o acompanhamento das gestantes e continuar por toda a vida. Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de acompanhamento por durante toda a vida os indivíduos com problema de oclusão sobre a manutenção deste tratamento. VER DOCUMENTO ANEXO Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Orientação mastigatória buscando corrigir pequenos desvios de posição Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade da correção da forma de mastigar para prevenção de má oclusão. VER DOCUMENTO ANEXO Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Hábitos bucais que favorecem a má oclusão por interposição de forças mecânicas como chupetas, sucção polegar roer unhas e interposição de língua Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de prevenir chupetas, sucção polegar roer unhas e interposição de língua na prevenção da má oclusão. VER DOCUMENTO ANEXO Esclarecimentos sobre a importância de manutenção dos dentes decíduos em perfeito estado para o desenvolvimento da face e da oclusão Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade dos dentes decíduos como mantedores do desenvolvimento da face e da oclusão para prevenção de má oclusão. VER DOCUMENTO ANEXO Execução de desgastes seletivos Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de desgastes seletivos na prevenção de má oclusão. VER DOCUMENTO ANEXO Página 50, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Página 51, item 4.7.4, subitem 7.4.2, Tratamento Página 51, item 4.7.4, subitem 7.4.2, Tratamento 96 97 A contenção ortodôntica em longo prazo é necessária para a manutenção dos resultados do tratamento? A orientação da mastigação é eficaz na correção da posição de pequenos desvios de posição dentária? P = qualquer população ou faixa etária I = contenção ortodôntica C = ausência de acompanhamento O = controle da estabilidade e recidiva do tratamento ortodôntico T = pós-tratamento ortodôntico P = qualquer população ou faixa etária I = orientação da mastigação C = mastigação sem orientação O = correção de pequenos desvios de posição dentária T = nenhum tempo específico 1-Revisar a evidência científica sobre a necessidade do acompanhamento durante toda a vida dos indivíduos com problema de oclusão para a manutenção deste tratamento 2-Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de orientação sobre correção da forma de mastigar para correção de pequenos desvios de posição dentária P = nenhuma palavra I = (“mastication”[ MeSH Terms] OR “chewing”[All Fields] OR “health education, dental”[MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O =(“malocclusion”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra P = nenhuma palavra I = (“orthodontics”[MeSH Terms] OR “orthodontic retainer”[MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O = (“treatment failure”[MeSH Terms] OR “recurrence”[MeSH Terms] OR “treatment outcome”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO Aspecto revisado: Tabela 42 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. P = nenhuma busca I = 22148 C = nenhuma busca O = 28745 T = nenhuma busca P = nenhuma busca I = 42.500 C = nenhuma busca O = 730.037 PICO: para cada item Resultados 9 referências, sendo: - 2 Coortes - 3 Estudos transversais - 4 Revisões de literatura 9 referências, sendo: - 2 Coortes - 3 Estudos transversais - 4 Revisões de literatura Resultado final (P and I and C and O): 98 O controle da instalação de hábitos deletérios não nutritivos é eficaz na prevenção das más oclusões? O tratamento ortopédico funcional dos maxilares é eficaz no tratamento más oclusões? A manutenção dos dentes decíduos é eficaz na prevenção das más oclusões? P = crianças I = controle/ prevenção da instalação de hábitos deletérios não-nutritivos C = ausência de prevenção/ manutenção dos hábitos O = prevenção da má oclusão T = nenhum tempo específico P = qualquer população ou faixa etária I = tratamento ortopédico funcional dos maxilares C = ausência de tratamento O = correção da má oclusão T = nenhum tempo específico P = qualquer população ou faixa etária I = manutenção dos dentes decíduos C = perda dos dentes decíduos O = prevenção má oclusão T = nenhum tempo específico 3- Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de evitar o uso de chupetas, sucção polegar, roer unhas e interpor língua na prevenção da má oclusão 4 - Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade do tratamento ortopédico Funcional dos Maxilares (da mandíbula e maxila) na correção de má oclusão 5- Revisar a evidência científica da eficácia/efetividade do aconselhamento sobre a importância dos dentes decíduos como mantenedores do desenvolvimento da face e da oclusão para prevenção de má oclusão P = nenhuma palavra I = (“dentition, primary”[MeSH Terms] OR “space maintenance”[MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O =(“malocclusion”[MeSH Terms] OR “orthodontics, preventive”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra P = nenhuma palavra I = (“orthodontic appliances, functional”[ MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O =(“malocclusion”[MeSH Terms] OR “orthodontics, corrective”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra P = nenhuma palavra I = (“finger sucking”[MeSH Terms] OR “nail biting” [MeSH Terms] OR “tongue habits”[MeSH Terms] OR “pacifiers” [MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O =(“malocclusion” [MeSH Terms] OR “orthodontics, preventive”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 1781 C = nenhuma busca O = 29494 T = nenhuma busca P = nenhuma busca I = 2402 C = nenhuma busca O = 39500 T = nenhuma busca P = nenhuma busca I = 1363 C = nenhuma busca O = 29494 T = nenhuma busca PICO: para cada item 20 referências, sendo: - 1 Revisão sistematica - 1 CCTs - 5 Coortes - 1 Estudo epidemiológico - 3 Estudos transversais - 8 Revisões de literatura - 1 relato de caso 73 referências, sendo: - 1 Revisão sistemática - 35 RCTs - 2 CCTs - 4 Coortes - 2 Estudos retrospectivos - 12 Estudos transversais - 6 Revisões de literatura - 11 Relatos de caso 43 referências, sendo: - 6 Coortes - 7 outro estudos epidemiológicos - 1 Caso-controle - 18 Estudos transversais - 8 Revisões de literatura - 3 Relatos de caso Resultado final (P and I and C and O): 99 P = qualquer população ou faixa etária I = desgastes seletivos C = ausência de desgastes O = prevenção da má oclusão T = nenhum tempo específico 6- Revisar a evidência científica sobre a eficácia ou efetividade de desgastes seletivos como tratamento preventivo de má oclusão Os desgastes seletivos são eficazes na prevenção das más oclusões? P = nenhuma palavra I = (“occlusal adjustment”[MeSH Terms]) C = nenhuma palavra O=(“malocclusion” [MeSH Terms] OR “orthodontics, preventive”[MeSH Terms]) T = nenhuma palavra Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: Resultados P = nenhuma busca I = 392 C = nenhuma busca O = 29494 T = nenhuma busca PICO: para cada item 10 referências, sendo: - 2 RCTs - 2 Coortes - 1 estudo retrospectivo - 1 Estudo transversal - 1 Revisão de literatura - 3 relatos de caso Resultado final (P and I and C and O): BASE DE DADOS = MEDLINE VIA PUBMED DATAS: 10/06/13; 13/08/13 e 29/10/2013, 11/12/2013, 17/02/2014, 02/03/2014 (última atualização da busca). AGRAVO = TRATAMENTO ORTODÔNTICO P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse ausência de qualquer terapia. O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/prevenida”. Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: (P AND I AND C AND O) PICO Aspecto revisado: Síntese dos resultados Tabela 43 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 50, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Ressalta-se que o acompanhamento dos problemas de má oclusão deve iniciar com o acompanhamento das gestantes e continuar por toda a vida. A A contenção ortodôntica em longo prazo é necessária para a manutenção dos resultados do tratamento ortodôntico? Nas buscas realizadas, foram identificadas 28 publicações de alta qualidade. Pela leitura dos títulos e resumos, observou-se que poucas, de fato, são pertinentes, pois muitas comparam os tipos de retentores utilizados ou tratam da estabilidade de um tipo de má-oclusão específica (exemplo, sobremordida profunda, casos com ou sem extrações, etc.). Inicialmente, foi selecionada a revisão sistemática, que relatou ter utilizado estudos homogêneos e de boa qualidade: • Burke SP, Silveira AM, Goldsmith J, et al. A meta-analysis of mandibular intercanine width in treatment and post retention. The Angle Orthodontist. 1997; 68(1):53-60. Pela leitura desta referência, uma meta-análise com 26 estudos homogêneos de boa qualidade, observou-se que a distância intercaninos tende a contrair de 1,2 mm a 1,9 mm no período de pós-contenção (desvio-padrão de 1,40 a 2,79 mm), caso nenhum aparelho de contenção seja instalado, independentemente da má oclusão inicial e do tipo de tratamento ao qual o paciente foi submetido. Considera-se a redução desta distância algo inerente ao tratamento, resultando no desalinhamento dos incisivos inferiores em longo prazo. Contudo, o tempo de acompanhamento pós-contenção não foi homogêneo nos 1.233 indivíduos incluídos na meta-análise. A variação no período de acompanhamento dos pacientes pós-remoção do aparelho ortodôntico não foi apresentada nos estudos incluídos na meta-análise. Por isso, é recomendável a busca por mais evidência que explicite as possíveis alterações que podem ocorrer na oclusão dos pacientes em períodos específicos de tempo depois que eles param de usar os retentores e são acompanhados, ou seja, como se comportam os dentes no período pós-contenção. Diante disso, buscou-se ler os trabalhos abaixo destacados: (O nível dessa evidência é 1) • B ooth FA, Edelman JM, Proffit WR. Twenty-year follow-up of patients with permanently bonded canine-to-canine retainers. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 2008;133(1):70-6. Este estudo mostrou que os pacientes que mantiveram seus retentores fixados apenas nos caninos, após 20 anos, tinham um índice de irregularidade dos incisivos inferiores menor do que 2mm. Por sua vez, os indivíduos que es- 100 tavam sem retentores apresentaram índice de irregularidade de até 4mm. (O nível dessa evidência é 2) • Al Yami EA, Kuijpers-Jagtman AM, van’t Hof MA. Stability of orthodontic treatment outcome: Follow-up until 10 years post retention. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 1999;115(3):300-4. Este estudo mostrou que 67% dos resultados obtidos com o tratamento ortodôntico são mantidos dez anos após a remoção dos aparelhos ortodônticos, apos a utilização e remoção dos aparelhos retentores e quando os pacientes param de ser acompanhados. Metade de toda a recidiva ocorre nos dois primeiros anos e estabiliza no quinto ano pós-remoção, com exceção do índice de irregularidade dos incisivos inferiores, que continua aumentando, podendo até mesmo exceder o que era observado na má oclusão inicial do paciente. (O nível dessa evidência é 2) Considerando os achados dos dois estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é A para o acompanhamento e contenção ortodôntica em longo prazo para a manutenção dos resultados do tratamento se nenhum grau de irregularidade pós-remoção for aceitável. Para controle e prevenção da recidiva do desalinhamento dentário deverá ser realizado um acompanhamento e contenção ortodôntica em longo prazo para a manutenção dos resultados do tratamento se nenhum grau de irregularidade pós-remoção for aceitável. (Nível de recomendação A: Burke et al. 1997, Booth et al. 2008, Al Yami et al. 1999). Tabela 44 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Orientação mastigatória buscando corrigir pequenos desvios de posição C A orientação da mastigação é eficaz na correção de pequenos desvios de posição dentária? Nas buscas realizadas, foram identificadas cinco publicações com artigos experimentais sobre o assunto. Pela leitura dos títulos e resumos, observa-se que apenas uma, de fato, é pertinente, pois as demais relatam o uso da mioterapia associado ao tratamento ortodôntico (exemplo, na correção da mordida aberta anterior em as- sociação com aparelhos extra-orais, etc.). Os estudos encontrados que abordam a mioterapia para tratamento de desvios de posição dentária estão descritos abaixo: • B enkert KK. The effectiveness of orofacial myofunctional therapy in improving dental occlusion. International Journal of Orofacial Myology. 1997;23:35-46. 101 Esse estudo retrospectivo avaliou 100 indivíduos, selecionados aleatoriamente de uma amostra de 3.500 pacientes tratados em uma clínica privada, no qual o autor realizou um tratamento de mioterapia. Esse tratamento foi individualizado para cada paciente e poderia incluir exercícios de fortalecimento para a musculatura da língua, dos lábios, e da face, remoção de hábitos deletérios, correção da postura de repouso da língua, lábios e mandíbula e correção dos padrões de mastigação e deglutição. Não houve grupo controle. O tratamento foi dividido em fase intensiva (12 a 28 visitas semanais, baseado no grau de necessidade de cada paciente), fase de habituação (duas a seis visitas mensais ou quinzenais) e fase de reavaliação (duas a quatro visitas anuais ou bianuais). Os autores concluíram que a mioterapia, adaptada às necessidades de cada paciente, foi capaz de movimentar os dentes, melhorando a mordida aberta e a sobressaliência dos pacientes que tenham desordens miofuncionais antes, durante ou depois da terapia ortodôntica, ou sem tratamento ortodôntico, independente de sua faixa etária. (O nível dessa evidência é 3) • Doto BVJr. Morphological changes of the hard palate and posterior dentition following myofunctional tongue therapy. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 1974;66(1):101. Esse estudo avaliou as alterações morfológicas na abóbada palatina (profundidade e largura) e na relação dentária transversa posterior obtidas com mioterapia, corrigindo a posição da língua durante a deglutição fisiológica, sem tratamento ortodôntico. Foram avaliados 38 pacientes, porém, não houve grupo controle. Os autores não observaram alterações morfológicas significativas na abóbada palatina. (O nível dessa evidência é 3) • Tallgren A, Christiansen RL, Ash MM, Miller RL. Effects of a myofunctional appliance on orofacial muscle activity and structures. The Angle Orthodontist. 1998;68(3):249-58. Esse estudo avaliou a utilização de um aparelho miofuncional para a correção da atividade muscular orofacial em crianças com disfunção de lábio e língua, durante as funções orais. Foram avaliadas nove crianças, entre sete e doze anos de idade, porém, não houve grupo controle. Após a instalação do aparelho, essas crianças foram avaliadas prospectivamente em 3, 6 e 12 meses. Após um ano de tratamento, não foram observadas alterações na sobremordida, tampouco na sobressaliência desses pacientes e, apesar de ter ocorrido uma pequena retração dos incisivos maxilares, essa alteração não foi significativa. (O nível dessa evidência é 3) Considerando os achados dos dois estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3 do protocolo, o nível de recomendação é C para a orientação da mastigação na correção da posição de pequenos desvios de posição dentária. Para a correção de pequenos desvios de posição dentária, a orientação da mastigação não apresenta resultados satisfatórios. (Nível de recomendação C: Benkert 1997, Doto 1974, Tallgren et al. 1998.) 102 Tabela 45 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Hábitos bucais que favorecem a má oclusão por interposição de forças mecânicas como chupetas, sucção polegar roer unhas e interposição de língua B A supressão de hábitos deletérios não nutritivos é eficaz na prevenção das más oclusões? Nas buscas realizadas, foram identificadas seis publicações de alta qualidade. Pela leitura dos títulos e resumos, nota-se que cinco, de fato, são pertinentes e tratam diretamente da prevenção de más oclusões. Esses cinco estudos de coorte foram avaliados: • Warren JJ, Bishara SE. Duration of nutritive and nonnutritive sucking behaviors and their effects on the dental arches in the primary dentition. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 2002;121(4):347-56. Os autores avaliaram prospectivamente 372 crianças, desde o nascimento até o período entre quatro anos e meio e cinco anos de idade. As crianças foram agrupadas pelo tipo de hábito: sução deletéria de dedo ou de chupeta; e pelo período de duração desses hábitos: menos de 12 meses, de 12 a 24 meses, de 24 a 36 meses, de 36 a 48 meses ou mais que 48 meses. As mães preencheram questionários acerca da presença dos hábitos, aleitamento materno e o desenvolvimento das crianças aos 3, 6, 9 ,12, 16, 20 e 24 meses e, em seguida, anualmente, até os cinco anos de idade, quando foi realizada uma moldagem para avaliação da oclusão das crianças. Hábitos prolongados de chupeta (24 a 36 meses) resultaram em uma maior prevalência de mordida cruzada posterior, mordida aberta anterior e aumento na largura do arco mandibular. Já os hábitos prolongados de sucção digital (36-48 meses) resultaram em um aumento da sobressaliência, da profundidade do arco maxilar, da prevalência da mordida aberta anterior e numa redução da largura do arco maxilar. Essas má-oclusões persistiram, mesmo após a remoção dos hábitos deletérios. Portanto, os autores concluíram que sua simples remoção ao final da dentição decídua pode não ser suficiente para a prevenção de má-oclusões, sendo necessárias intervenções mais precoces. (O nível dessa evidência é 2) • Warren JJ, Slayton RL, Bishara SE, Levy SM, Yonezu T, Kanellis MJ. Effects of nonnutritive sucking habits on occlusal characteristics in the mixed dentition. Pediatric Dentistry. 2005;27 (6):445-50. Os autores avaliaram prospectivamente 630 crianças desde o nascimento até os oito anos de idade, enviando questionários aos pais, com intervalos de 3-6 meses, para identificar se essas crianças possuíam algum tipo de hábito de sucção, qual seu tipo e duração. Aos oito anos, foram obtidos modelos de estudo de 524 dessas crianças, sendo que 444 apresentavam algum tipo de hábito de sucção não nutritivo. Mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior foram significativamente mais prevalentes nas 103 crianças com hábitos de sucção que duraram mais de 36 meses. No caso do hábito de chupeta prolongado (24-47 meses), houve um aumento significativo na prevalência da mordida cruzada posterior, da mordida aberta anterior e da má oclusão de Classe II de Angle. Já o hábito de sucção digital prolongado (acima de 60 meses) foi significativamente responsável por um aumento na prevalência de mordida aberta anterior. Os autores concluíram que a mordida aberta anterior e a mordida cruzada posterior podem ser prevenidas se os hábitos de sucção não nutritivos foram evitados. (O nível dessa evidência é 2) • L arsson E. Sucking, chewing, and feeding habits and the development of crossbite: a longitudinal study of girls from birth to 3 years of age. The Angle Orthodontist. 2001;71 (2):116-19. Os autores avaliaram prospectivamente 60 crianças, desde o nascimento até os três anos de idade para investigar o possível efeito causal dos hábitos de sucção deletério de dedo e chupeta no desenvolvimento de mordidas cruzadas posteriores, aplicando questionários e realizando avaliações intraorais. A primeira avaliação foi realizada entre um e cinco meses de idade e, posteriormente, foram feitas quatro avaliações. Os autores concluíram que, entre dois e três anos de idade, esses hábitos provocam interferências oclusais nos caninos decíduos, devido à atresia do arco superior e mordida cruzada posterior. Portanto, para os autores, os hábitos devem ser removidos nessa fase da vida. (O nível dessa evidência é 2) • Dimberg L, Lennartsson B, Söderfeldt B, Bondemark L. Malocclusions in children at 3 and 7 years of age: a longitudinal study. European Journal of Orthodontics. 2013; 35(1):131-7. Os autores avaliaram 457 crianças aos três anos de idade e, posteriormente, 386 dessas crianças foram reavaliadas aos sete anos de idade, para conhecer o possível efeito causal dos hábitos deletérios de sucção no desenvolvimento má-oclusões nessa faixa etária, realizando exames clínicos intraorais nas crianças e aplicando questionários nos pais para avaliar a presença de hábitos deletérios não nutritivos, e sua frequência, duração e tipo. Durante o período de observação, as crianças que apresentavam hábitos de sucção deletérios de dedo e chupeta demonstraram chances significativamente maiores de desenvolver mordida cruzada posterior e mordida aberta anterior, quando comparadas com crianças que não dispunham de hábitos de sucção. Do mesmo modo, as crianças que descontinuaram esses hábitos durante o período de observação tiveram chances significativamente maiores de autocorreção nos casos da presença de mordida aberta anterior e sobressaliência aumentada. Essa autocorreção não foi observada para a mordida cruzada posterior, independentemente da descontinuação do hábito preexistente no período de observação. (O nível dessa evidência é 2) • O vsenik M, Farcnik FM, Korpar M, Verdenik I. Follow-up study of functional and morphological malocclusion trait changes from 3 to 12 years of age. European Journal of Orthodontics. 2007; 29(5):523-9. 104 Os autores avaliaram prospectivamente 267 crianças selecionadas aleatoriamente dos três aos 12 anos de idade. Foram realizadas avaliações clínicas e foram aplicados questionários aos três, quatro e cinco anos de idade, verificando as funções orais e a presença de hábitos funcionais, como sucção de dedo, chupeta e mamadeira, correlacionando-as com a possível presença de má-oclusões aos 12 anos de idade. A presença de algum desses hábitos deletérios até os cinco anos de idade relacionou-se significativamente com o padrão de deglutição atípica e uma maior severidade de má-oclusões aos 12 anos de idade. Os autores concluíram que, aos 12 anos de idade, má-oclusões severas são resultado de funções orofaciais incorretas, como a presença de hábitos deletérios de sucção prolongados durante a dentição decídua. (O nível dessa evidência é 2) Considerando os achados dos cinco estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para o controle da instalação de hábitos de sucção deletérios não nutritivos como método de prevenção das má-oclusões. O controle da instalação de hábitos de sucção deletérios não nutritivos é um eficaz método para a prevenção das más-oclusões. (Nível de recomendação C: Warren et al. 2002, Warren et al. 2005, Dimberg et al. 2013, Ovsenik et al. 2007.) Tabela 46 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 50, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento A correção da má oclusão que não pode ser prevenida ou minimizada pode ser feita por meio de tratamento ortodôntico ou Tratamento ortopédico Funcional dos maxilares A O tratamento ortopédico funcional dos maxilares é eficaz no tratamento das má-oclusões? trinta e quatro estudos identificados, dois ensaios clínicos foram incluídos na avaliação final dessa revisão sistemática. Nas buscas realizadas, foram identificadas 42 publicações de alta qualidade, sendo uma revisão sistemática, trinta e cinco ensaios clínicos randomizados, dois estudos de caso-controle e quatro estudos de coorte. Pela leitura dos títulos e resumos, identificou-se que a revisão sistemática incluía estudos de alta qualidade com resultados homogêneos. Essa revisão incluiu trinta e quatro dos trinta e cinco ensaios clínicos randomizados encontrados em nossa busca. Desses Selecionei, inicialmente, a revisão sistemática de alta qualidade: • Marsico E, Gatto E, Burrascano M, Matarese G, Cordasco G. Effectiveness of orthodontic treatment with functional appliances on mandibular growth in the short term. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 2011;139(1):24-36. 105 Os autores realizaram uma meta-análise com quatro estudos de alta qualidade, que obtiveram resultados homogêneos, avaliando um total de 338 pacientes (168 pacientes tratados e 170 controles) na dentição mista precoce, avaliando os efeitos esqueléticos obtidos com o uso de aparelhos ortopédicos funcionais dos maxilares para o tratamento da Classe II de Angle (avaliados com análises cefalométricas). Os pacientes foram radiografados antes do início do tratamento e 14,5 meses após. Os resultados demonstraram que, com o uso desses aparelhos, houve um incremento do crescimento mandibular (comprimento mandibular medido cefalometricamente) de 1,79 mm por ano nos pacientes tratados em relação aos não tratados, o que foi estatisticamente significativo em curto prazo. Os autores questionam se, apesar de estatisticamente significativo, esse resultado pode ser considerado clinicamente significativo. Apesar de esse estudo ter resultados contundentes e ter alto nível de evidência, ele demonstrou evidência da eficácia dos aparelhos ortopédicos dos maxilares para o tratamento da má oclusão de Classe II de Angle, mas não avaliou o uso desses aparelhos para o tratamento da má oclusão de Classe III de Angle. Para uma análise mais completa, artigos específicos, foram procurados, tendo sido encontrado um ensaio clínico randomizado de alta qualidade. Portanto, a revisão sistemática serviu como base para a avaliação do tratamento ortopédico funcional dos maxilares para as más oclusões de Classe II, e o ensaio clínico randomizado para as más oclusões de Classe III: (O nível dessa evidência é 1) • S aleh M, Hajeer MY, Al-Jundi A. Shortterm soft- and hard-tissue changes following Class III treatment using a removable mandibular retractor: a randomized controlled trial. Orthodontics and Craniofacial Research. 2013;16(2):75-86. Os autores realizaram um ensaio clínico randomizado avaliando um total de 72 pacientes (36 pacientes tratados e 36 controles) na dentição mista precoce (até oito anos de idade), avaliando os efeitos esqueléticos obtidos com o uso do aparelho ortopédico funcional, denominado “Aparelho Removível Retrator da Mandíbula” (RMR) para o tratamento da Classe III de Angle (avaliados com análises cefalométricas). Os resultados demonstraram que, no grupo tratado, houve uma movimentação anterior do ponto A (crescimento maxilar) significativamente maior no grupo tratado (1,87mm) em relação ao grupo não tratado (0,40mm), o que também se refletiu nos tecidos moles, melhorando o perfil dos pacientes. Em relação ao crescimento mandibular, por outro lado, não foi observada diferença significativa no comprimento do ramo e nem do corpo mandibular, de forma que o menor movimento anterior do ponto B mandibular no grupo tratado foi explicado pela ocorrência de uma “rotação morfogenética anterior da mandíbula”, não tendo ocorrido restrição do crescimento mandibular. Os autores concluíram que, em curto prazo, o RMR produziu alterações favoráveis nos tecidos duros e moles de pacientes com má -oclusões de Classe III, apresentando relevância clínica no tratamento dessa má oclusão. (O nível dessa evidência é 2) Considerando os achados dos dois estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3 do protocolo, o nível de recomendação é A para o tratamento ortopédico funcional dos maxilares no tratamento de má-oclusões esqueléticas, durante o período 106 de crescimento (dentição mista precoce). O posicionamento dentário não foi avaliado. Além disso, a relevância clínica dos resultados estatisticamente significativos é questionada. O tratamento ortopédico funcional dos maxilares é eficaz no tratamento das más-oclusões esqueléticas de Classe II e Classe III. (Nível de recomendação A: Marsico et al. 2011,Saleh et al., 2013.) Tabela 47 – Item revisado. Página e subitem Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Esclarecimentos sobre a importância de manutenção dos dentes decíduos em perfeito estado para o desenvolvimento da face e da oclusão B A manutenção dos dentes decíduos é eficaz na prevenção das má-oclusões? Nas buscas realizadas, foram identificadas sete publicações de qualidade. Pela leitura dos títulos e resumos, identificou-se uma revisão sistemática de estudos prospectivos sobre a perda precoce dos primeiros molares decíduos. Dentre as seis demais referências de qualidade, foram analisados os estudos que avaliaram a perda precoce de outros elementos decíduos, como o segundo molar e o canino. Inicialmente, a revisão sistemática foi selecionada: • Tunison W, Flores-Mir C, El Badrawy H, Nassar U, El-Bialy T. Dental arch space changes following premature loss of primary first molars: a systematic review. Pediatric Dentistry. 2008;30(4):297-302. Os autores selecionaram três estudos para serem incluídos nessa revisão sistemática. Foram utilizados apenas estudos longitudinais que, apesar de os autores terem considerado metodologicamente limitados devido ao tamanho e seleção das amostras, foram os de melhor qualidade encontrados na literatura. Analisando esses estudos, os autores puderam concluir que a perda precoce do primeiro molar decíduo leva a uma perda imediata de espaço de 1,5mm por lado no arco mandibular e de 1mm por lado no arco maxilar. Nos casos de protrusão de incisivos, de lábio ou de falta de espaço entre as arcadas, os autores consideram que essas perdas e suas consequências serão piores. Tendo em vista que esse estudo avaliou apenas a perda precoce do primeiro molar decíduo, mais evidências, avaliando as consequências da perda precoce de outros elementos dentários decíduos foram necessárias, o que levou a seleção dos seguintes: (O nível dessa evidência é 2) • M acena MC, Tornisiello Katz CR, Heimer MV, de Oliveira e Silva JF, Costa LB. Space changes after premature loss of deciduous molars among Brazilian children. American 107 Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 2011;140(6):771-8. Os autores avaliaram uma amostra de 55 crianças com dentição mista precoce, ou seja, com os incisivos e primeiros molares permanentes erupcionados, entre seis e nove anos de idade que tiveram perda precoce unilateral de primeiros ou segundos molares decíduos. O hemiarco em que não houve perda precoce foi utilizado como controle, havendo, portanto, 55 hemiarcos “caso”e 55 hemiarcos “controle”, que foram avaliados em relação às alterações no comprimento e hemi-perímetro do arco. As avaliações foram feitas com exames clínicos, radiográficos e com modelos de estudo que foram medidos antes da extração, três meses, seis meses e 10 meses após a extração. Apenas no grupo de pacientes que perdeu os segundos molares decíduos houve perda de espaço, redução no perímetro e comprimento do arco, tanto nas arcadas maxilar e mandibular. A maior magnitude dessas alterações ocorreu nos primeiros três meses pós-extração. (O nível dessa evidência é 2) • Sayin MO, Türkkahraman H. Effects of lower primary canine extraction on the mandibular dentition. Angle Orthodontist. 2006;76(1):31-5. cadas no grupo controle. As avaliações foram feitas com modelos de estudo e radiografias cefalométricas que foram medidas antes da extração, e 12 meses depois da extração. No grupo teste, a única alteração significativa observada foi um aumento na retro-inclinação dos incisivos inferiores. O comprimento e o perímetro do arco não foram alterados, de modo que a alteração espacial ocorreu de mesial para distal. (O nível dessa evidência é 2) Considerando os achados dos três estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para a manutenção dos dentes decíduos na prevenção de alterações de espaço nas arcadas dentárias, que são fatores etiológicos das má-oclusões. A perda precoce do segundo molar decíduo é a que causa maiores alterações. A manutenção dos dentes decíduos, em especial do segundo molar decíduo, é indicada para prevenir más oclusões causadas pelas alterações de espaço nas arcadas dentárias. (Nível de recomendação B: Tunison et al. 2008, Macena et al. 2011, Savin e Türkkahraman 2006. Os autores avaliaram uma amostra de 32 crianças com dentição mista precoce, ou seja, com os incisivos e primeiros molares permanentes erupcionados, com média de idade de 8,9 anos. Dessas 32 crianças, 16 que possuíam mais de 1,6mm de apinhamento ântero-inferior foram alocadas no grupo teste e tiveram seus caninos decíduos extraídos; as outras 16, que possuíam menos de 1,6mm de apinhamento, foram alo- 108 Tabela 48 – Item revisado. Página e subitem Página 51, item 4.7.4, subitem 4.7.4.2, Tratamento Aspectos a revisar Execução de desgastes seletivos Desgastes seletivos são eficazes na prevenção das má-oclusões? Nas buscas realizadas, foram identificadas cinco publicações de alta qualidade. Pela leitura dos títulos e resumos, três, de fato, foram pertinentes. As outras duas publicações versavam sobre desgastes como auxiliares no tratamento ortodôntico da mordida aberta anterior em adultos. • Thilander B, Wahlund S, Lennartsson B. The effect of early interceptive treatment in children with posterior cross-bite. European Journal of Orthodontics. 1984;6(1):25-34. Os autores avaliaram uma amostra de 86 pacientes, selecionados dentre uma amostra de 1.046 crianças de cinco anos de idade que possuíam mordida cruzada posterior funcional. Essas crianças foram aleatoriamente divididas em um grupo em que 43 foram tratadas com desgastes seletivos aos cinco anos de idade e em um segundo grupo em que 43 foram tratadas aos 13 anos de idade com expansão ortodôntica. As 43 crianças que receberam os desgastes seletivos aos cinco anos de idade foram acompanhadas até os 13 anos, em cinco consultas realizadas em períodos variados, utilizando-se de exames clínicos, modelos de estudo, radiografias e fotografias. Após oito anos de acompanhamento, 33 crianças que receberam o tratamento precoce ainda estavam sendo acompanhadas. Dessas, apenas nove tiveram correção completa da mordida cruzada posterior após os desgastes Nível de recomendação SORT B e 17 necessitaram de expansão maxilar subsequente. Das que não receberam tratamento, seis apresentaram autocorreção espontânea do problema. Os autores indicam o uso dos desgastes seletivos na dentição decídua como tentativa inicial de correção do desvio funcional. Se não houver resultado, uma expansão ortodôntica deverá ser realizada no início da dentição mista. (O nível dessa evidência é 2) • Lindner A. Longitudinal study on the effect of early interceptive treatment in 4-year -old children with unilateral cross-bite. Scandinavian Journal of Dental Research. 1989 Oct;97(5):432-8. Os autores avaliaram clinicamente uma amostra de 76 pacientes de quatro anos de idade que possuíam mordida cruzada posterior funcional e dividiram essa amostra aleatoriamente entre um grupo que recebeu tratamento precoce com desgastes seletivos e um grupo que não recebeu tratamento. Tais crianças foram reavaliadas aos nove anos de idade. No grupo tratado, 50% não apresentavam mordida cruzada posterior verdadeira e 50% apresentavam. No grupo não tratado (controle), 17% tiveram correção espontânea do problema e no grupo tratado as más oclusões (mordida cruzada posterior funcional) foram corrigidas em todos os casos. Os autores recomendam o uso dos desgastes seletivos como tratamento da mordida cruzada posterior funcional durante a dentição decídua e ressal- 109 tam ter observado que, dentre os fatores que determinam o sucesso deste tratamento preventivo, o principal é a presença de interferências apenas na região de caninos. Desse modo, o desgaste seletivo de caninos decíduos apresentará maior chance de sucesso nessa modalidade de tratamento. (O nível dessa evidência é 2) • Tsarapatsani P, Tullberg M, Lindner A, Huggare J. Long-term follow-up of early treatment of unilateral forced posterior cross-bite. Orofacial status. Acta Odontologica Scandinavica. 1999;57(2):97-104. Os autores avaliaram uma amostra de 29 pacientes aos 20 anos de idade que possuíam uma mordida cruzada posterior funcional e foram tratados ou com desgastes seletivos ou com expansão maxilar para remover os contatos prematuros e prevenir a instalação de uma mordida cruzada posterior verdadeira. Dos 18 indivíduos que foram tratados apenas nessa faixa etária, 57% foram tratados com os desgastes seletivos. Aos 20 anos de idade, esses indivíduos não apresentavam mordida cruzada posterior, tinham desempenho e força mastigatória similar do lado tratado e do lado normal e eram simétricos. Os pacientes que necessitaram de uma segunda fase de tratamento na dentição mista apresentavam respiração bucal crônica. Os autores concluíram que tanto os desgastes seletivos quanto a expansão maxilar dento-alveolar são eficientes no tratamento das mordidas cruzadas posteriores funcionais. Considerando os achados dos três estudos, e, aplicando o algoritmo da Figura 2 e a classificação do Quadro 3, o nível de recomendação é B para o uso de desgastes seletivos na dentição decídua no caso de mordidas cruzadas posteriores funcionais como prevenção das más oclusões (mordidas cruzadas posteriores verdadeiras) na dentição mista. O uso de desgastes seletivos na dentição decídua no caso de mordidas cruzadas posteriores funcionais é indicado como prevenção das más oclusões (mordidas cruzadas posteriores verdadeiras) na dentição mista. Os autores sugerem que as interferências na região de caninos decíduos, tratadas com os desgastes seletivos, são as que apresentam maiores chances de sucesso. Esse tratamento preventivo não parece excluir a necessidade de acompanhamento dessas crianças até a dentição mista precoce, verificando a necessidade de um tratamento adicional com expansor ortodôntico. (Nível de recomendação B: Thilander et al. 1984, Lindner 1989, Tsarapatsani et al. 1999.) (O nível dessa evidência é 3) 110 Tabela 49 – Revisão científica das recomendações e protocolos sugeridos no Caderno de Atenção Básica nº 17, Saúde Bucal, 2008. Agravo Localização Sentenças Aspectos Estratégia de em questão no caderno a revisar revisão Página 49, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde À semelhança de outros problemas abordados anteriormente, propõem-se ações de promoção, tratamento e proteção para os fatores de risco, com ênfase em medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à informação sobre os fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão. Revisar a eficácia ou efetividade de medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à informação sobre os fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão VER DOCUMENTO ANEXO Página 49, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida, do acesso aos programas que reconheçam a importância de se tratar a má oclusão Revisar: que políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida e políticas públicas de saúde podem prevenir a má oclusão VER DOCUMENTO ANEXO Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Prevenção da cárie dentária e da doença periodontal Revisar a relação entre prevenção da cárie dentária e da doença periodontal e prevenção de má oclusão VER DOCUMENTO ANEXO Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Integrará a equipe de saúde bucal nos programas de aconselhamento e acompanhamento de gestantes para evitar uso de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais Revisar a relação entre uso de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais, e prevenção de má oclusão VER DOCUMENTO ANEXO Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção à saúde Aconselhamento e acompanhamento de gestantes sobre os cuidados durante o parto e período puerperal, estimulando a amamentação no peito, por período mínimo de seis meses. E, na impossibilidade desta, esclarecimento sobre as possibilidades de uso de bicos ortodônticos, que minimizem os problemas de desenvolvimento das estruturas da face Revisar a associação entre aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses, e prevenção de má oclusão. Revisar a efetividade/eficácia da recomendação do uso de bicos ortodônticos para a redução do dano para a oclusão na prevenção de má oclusão comparado com os bicos convencionais VER DOCUMENTO ANEXO Aconselhamento sobre a importância da respiração nasal e da manutenção da boca fechada de repouso, para um melhor desenvolvimento da face Revisar a evidência científica sobre a relação entre respiração nasal e prevenção de má oclusão Revisar a evidência científica sobre a relação entre boca fechada em repouso e prevenção de má oclusão VER DOCUMENTO ANEXO do trecho no caderno Má oclusão 17 Página 50, item 7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde 111 112 As medidas intersetoriais e educativas de saúde pública, que envolvem o acesso à informação sobre fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão, previnem a ocorrência do agravo na população? As políticas públicas de saúde relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas e qualidade de vida previnem a má oclusão na população? P = qualquer população ou faixa etária I = medidas intersetoriais e educativas de saúde C = ausência de medidas intersetoriais e educativas de saúde O = má oclusão P = qualquer população ou faixa etária I = políticas públicas de saúde para melhoria socioeconômica e qualidade de vida C = ausência de políticas públicas de saúde para melhoria socioeconômica e qualidade de vida O = má oclusão Revisar a eficácia ou efetividade de medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso a informação sobre os fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão Revisar: que políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida e políticas públicas de saúde podem prevenir a má oclusão. P = nenhuma palavra I = ((“Health Policy”[Mesh] OR “Public Policy”[Mesh] OR “Policy Making”[Mesh]) OR “Socioeconomic Factors”[Mesh]) / (((“Health Policy”[Mesh] OR “Public Policy”[Mesh] OR “Policy Making”[Mesh])) AND “Quality of Life”[Mesh]) C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] P = nenhuma palavra I = “Health Policy”[Mesh] OR “Public Policy”[Mesh] OR “Health Education, Dental”[Mesh] OR “Oral Health Promotion” C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO Aspecto revisado: Tabela 50 - Resultado da chave de busca, usando estratégia PICO. P = nenhuma busca I = 4231.36/1.235 C = nenhuma busca O = 28.529 P = nenhuma busca I = 110.866 C = nenhuma busca O = 28.529 PICO: para cada item Resultados 280/01 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 5 Revisões sistemáticas - 5 Revisões - 3 Ensaios Clínico-randomizado - 7 Ensaio clínico - 2 Guias 84 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 2 Revisões sistemáticas - 1 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizado - 3 Ensaios clínico - 2 Guidelines - 3 Estudos populacionais Resultado final (P and I and C and O): 113 As medidas de prevenção da cárie dentária e doença periodontal previnem a má oclusão? A não utilização de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais, previne a má oclusão? P = qualquer população ou faixa etária I = medidas de prevenção da cárie dentária e doença periodontal C = ausência de medidas de prevenção da cárie dentária e doença periodontal O = má oclusão P = qualquer população ou participante I = uso de drogas teratogênicas durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais C = ausência do uso de drogas teratogênicas durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais O = má oclusão Revisar a relação entre prevenção da cárie dentária e da doença periodontal e prevenção de má oclusão Revisar a relação entre uso de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais, e prevenção de má oclusão P = nenhuma palavra I = (“Teratogens”[Mesh]) C = nenhuma palavra O = “Maxillofacial Abnormalities”[Mesh] OR “Malocclusion”[Mesh] P = nenhuma palavra I = (((“Dental Caries”[Mesh]) OR “DMF Index”[Mesh]) AND “Periodontal Diseases”[Mesh] AND “preventive health services”[mesh] / (((“Dental Caries”[Mesh]) OR “DMF Index”[Mesh]) AND “Periodontal Diseases”[Mesh] AND “prevention and control”[subheading] C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 2.653 C = nenhuma busca O = 49.406 P = nenhuma busca I = 475/1.258 C = nenhuma busca O = 28.529 PICO: para cada item 28.765 referências, sendo: - 35 Meta-análises - 221 Revisões sistemáticas - 1362 Revisões - 319 Ensaios Clínico-randomizado - 701 Ensaio clínico - 15 Guias 36/72 referências, sendo: - 0/0 Meta-análises - 2/3 Revisões sistemáticas - 0/7 Revisões - 1/0 Ensaios Clínico-randomizado - 1/0 Ensaio clínico - 2/3 Guias Resultado final (P and I and C and O): 114 O aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses, previne a má oclusão? A recomendação do uso de bicos ortodônticos é mais efetiva/ eficaz para a redução do dano para a oclusão na prevenção da má oclusão comparado com os bicos convencionais? A respiração bucal ocasiona má oclusão? P = qualquer população ou participante I = aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses C = ausência do aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses O = má oclusão P = qualquer população ou participante I = recomendação do uso de bicos ortodônticos C = ausência de recomendação do uso de bicos ortodônticos O = má oclusão P = qualquer população ou participante I = respiração nasal C = ausência de respiração nasal O = má oclusão Revisar a associação entre aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses, e prevenção de má oclusão. Revisar a efetividade/ eficácia da recomendação do uso de bicos ortodônticos para a redução do dano para a oclusão na prevenção de má oclusão comparado com os bicos convencionais Revisar a evidência científica sobre a relação entre respiração nasal e prevenção de má oclusão P = nenhuma palavra I = “(“Mouth breathing”[Mesh]) C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] P = nenhuma palavra I = “Pacifiers”[Mesh] C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] P = nenhuma palavra I = (“Breast Feeding”[Mesh]) C = nenhuma palavra O = “Malocclusion”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: PICO Aspecto revisado: Resultados P = nenhuma busca I = 1.064 C = nenhuma busca O = 28.529 P = nenhuma busca I = 291 C = nenhuma busca O = 28.529 P = nenhuma busca I = 24.631 C = nenhuma busca O = 28.529 PICO: para cada item 364 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 31 Revisões - 1 Ensaios Clínico-randomizado - 4 Ensaio clínico - 0 Guias 50 referências, sendo: - 1 Meta-análises - 3 Revisões sistemáticas - 3 Revisões - 1 Ensaios Clínico-randomizado - 2 Ensaio clínico - 0 Guias 63 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 3 Revisões sistemáticas - 7 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizado - 0 Ensaio clínico - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): 115 P = qualquer população ou participante I = boca fechada em repouso C = ausência de boca fechada em repouso O = má oclusão PICO Manter a boca fechada em repouso previne a má olcusão? P = nenhuma palavra I = (((“Mouth”[Mesh]) OR “Lip”[Mesh]) AND “Rest”[Mesh]) C = nenhuma palavra O = “Occlusion”[Mesh] Questão específica: Combinação de palavras usadas na busca: Resultados P = nenhuma busca I = 51 C = nenhuma busca O = 18.210 PICO: para cada item DATAS: 05/03/13; 21/06/13 e 30/01/14 (última atualização da busca). BASE DE DADOS: MEDLINE VIA PUBMED AGRAVO: MÁ OCLUSÃO (P AND I AND C AND O) P = tipo de paciente ou população com o problema que você pretende estudar; pode ser definido pelo diagnóstico por faixa etária, localização, sexo, etc. I = intervenção a ser testada; se necessário inclua detalhes sobre dosagem, abordagem clínica e modo de administração. C = intervenção usada como comparação ou controle; algumas vezes não há termos para representar controle, pois o interesse ausência de qualquer terapia. O = desfecho a ser obtido pela intervenção; muitas vezes é a própria doença a ser “curada/prevenida”. Para cada componente, um conjunto de palavras-chave deve ser formulado e a chave de busca deve combinar essas questões da seguinte forma: Revisar a evidência científica sobre a relação entre boca fechada em repouso e prevenção de má oclusão. Aspecto revisado: 5 referências, sendo: - 0 Meta-análises - 0 Revisões sistemáticas - 0 Revisões - 0 Ensaios Clínico-randomizado - 0 Ensaio clínico - 0 Guias Resultado final (P and I and C and O): Síntese dos resultados Tabela 51 – Item revisado. Página e subitem Página 49, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT À semelhança de outros problemas abordados anteriormente, propõem-se ações de promoção, tratamento e proteção para os fatores de risco, com ênfase em medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à informação sobre os fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão. C As medidas intersetoriais e educativas de saúde pública, que envolvem o acesso à informação sobre fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão, previnem a ocorrência do agravo na população? Não foram encontrados estudos que forneçam evidências comprovando a efetividade de medidas intersetoriais e educativas de saúde pública como formas de prevenção da má oclusão na população. Existe uma demanda em relação a estudos de intervenção sobre o efeito de diferentes métodos de abordagem dos fatores de risco para a prevenção da má oclusão na população. Tabela 52 – Item revisado. Página e subitem Página 49, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas, da qualidade de vida, do acesso aos programas que reconheçam a importância de se tratar a má oclusão C As políticas públicas de saúde relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas e qualidade de vida previnem a má oclusão na população? Foram selecionados para leitura artigos que abordaram condições socioeconômicas e demográficas como fatores associados à má oclusão. Estudos transversais foram desenvolvidos com o objetivo de se investigar possíveis associações entre condições socioeconômicas e má oclusão, bem como o impacto da má oclusão na qualidade de vida. Nenhum estudo investigou a melhoria das condições socioeconômicas e da qualidade de vida na prevenção da má oclusão. Os estudos desenvolvidos com crianças pré-escolares são controversos quanto à associação entre má oclusão e aspectos socioeconômicos. Porém, 116 essa diferença tem sido observada em estudos realizados com adolescentes e adultos jovens. Quanto à associação entre má oclusão e qualidade de vida, os resultados são controversos em estudos com crianças pré-escolares e escolares. Por outro lado, observa-se uma forte associação entre a ocorrência de má oclusão e pior qualidade de vida em adolescentes. Não foram encontrados estudos que forneçam evidências atestando a influência de políticas públicas de saúde relacionadas à melhoria das condições socioeconômicas e qualidade de vida na prevenção da má oclusão na população. Tabela 53 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4 7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Prevenção da cárie dentária e da doença periodontal C As medidas de prevenção da cárie dentária e doença periodontal previnem a má oclusão? Os artigos abordam a cárie dentária como um fator de risco para o apinhamento dental devido à perda precoce de dentes decíduos e diminuição do diâmetro mesiodistal dos dentes, o que leva a uma redução do perímetro dos arcos dentários. Assim, selecionou-se um artigo referente a esse tema. • Al-Nimri K, Al-Jundi S, Kharashgah G. The effect of a four-year caries prevention programme started at six-years of age on crowding in the early permanent dentition. European Journal of Paediatric Dentistry. 2010; 11(1): 6-8. Os autores desenvolveram uma pesquisa para verificar o efeito de um programa de prevenção de cárie dentária, realizado em escolas, sobre o apinhamento na dentição mista. Para isso, compararam o apinhamento presente em crianças que receberam tratamento preven- tivo com crianças do grupo controle, que não tinham recebido tratamento preventivo para a cárie dentária. A largura mesiodistal dos dentes das crianças de ambos os grupos foi semelhante. Porém, a presença e a gravidade do apinhamento foi significativamente maior no grupo controle, em ambos os arcos. Assim, os autores concluíram que programa preventivo para cárie dentária reduz o apinhamento dental. Medidas de prevenção da cárie dentária influenciam positivamente o desenvolvimento da oclusão, reduzindo a ocorrência de apinhamento dentário. (Nível de recomendação C: Al-Nimri et al. 2010). Entretanto, não foram encontrados estudos associando as medidas de prevenção da doença periodontal e prevenção da má oclusão. 117 Tabela 54 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Integrará a equipe de saúde bucal nos programas de aconselhamento e acompanhamento de gestantes para evitar uso de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais A A não utilização de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais, previne a má oclusão? Existe número significativo de pesquisas, porém, desenvolvidas em animais. A maioria dos estudos aborda o efeito de substâncias teratogênicas sobre o desenvolvimento de fissura de lábio e/ou palato. Foram selecionadas 3 metanálises de estudos de coorte e caso-controle que investigaram os efeitos de determinadas drogas sobre o desenvolvimento de fissura de lábio e/ ou palato: • Molina-Solana R, Yáñez-Vico RM, Iglesias -Linares A, Mendoza-Mendoza A, Solano -Reina E. Current concepts on the effect of environmental factors on cleft lip and palate. International Journal of Oral Maxillofacial Surgery. 2013; 42(2): 177-84. Os autores investigaram o efeito de fatores ambientais, como tabaco, álcool, ingestão de ácido fólico, obesidade, eventos estressantes, baixo níveis sanguíneos de zinco e febre durante a gravidez, sobre a incidência de fissura de lábio e/ou palato (CL ± P). Dentre 372 artigos inicialmente recuperados, 28 estudos foram selecionados. Muitos estudos foram classificados como de baixa qualidade, devido à inconsistência metodológica associada a ausência de amos- tra suficiente, perda amostral e cegamento das medidas. Os fatores ambientais mais associados com o desfecho foram: fumo (OR 1,48), álcool (OR 1,28), ingestão de ácido fólico (OR 0,77), obesidade (OR 1,26), eventos estressantes (OR 1,41), baixos níveis de zinco no sangue (OR 1,82) e febre durante a gravidez (OR 1,30 ). Ingestão de ácido fólico pela mãe reduziu o risco de CL ± P na prole (OR 0,77). • Park-Wyllie L, Mazzotta P, Pastuszak A, Moretti ME, Beique L, Hunnisett L et al.. Teratology.2000; 62(6): 385-92. Os autores investigaram se a exposição das gestantes a corticosteroides aumentava o risco de anormalidades faciais nos bebês. Os resultados mostraram um risco maior de desenvolvimento de malformações após a exposição da gestante aos corticosteroides no primeiro trimestre de gestação. O resultado para a metanálise de estudos de caso-controle também foi significativo (3,35 IC 95% 1,97, 5,69). Concluíram que o uso de corticosteroides aumenta em torno de 3,4 vezes o risco de fissura labiopalatina. • D olovich LR, Addis A, Vaillancourt JM, Power JD, Koren G, Einarson TR. Benzodiazepine use in pregnancy and major malformations or oral cleft: meta-analysis of cohort and case-control studies. British Medical Journal. 1998; 317(7162): 839-43. 118 Com o objetivo de determinar se a exposição a benzodiazepínicos durante o primeiro trimestre da gravidez aumenta o risco de fissura de lábio e/ou palato, os autores realizaram uma metanálise. Dentre mais de 1.400 estudos revisados, 74 foram recuperados e 23 incluídos. Na análise de estudos de coorte, a exposição fetal ao benzodiazepínico não se associou com fissura de lábio e/ou palato. Na análise de estudos de caso-controle, verificou-se uma associação entre a exposição às benzodiazepinas e desenvolvimento de malformações (OR 3,01; IC 95% 1,32-6,84) e fissuras orais (OR 1,79 ; IC 95%1,13-2,82). Evidências consistentes confirmam que a não utilização de drogas teratogênicas, especialmente durante o período embrionário de formação da face e estruturas bucais, previne a má oclusão. (Nível de recomendação A: Molina-Solana et al. 2013, Park-Wyllie et al. 2003, Dolovich et a. 1998) Tabela 55 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Aconselhamento e acompanhamento de gestantes sobre os cuidados durante o parto e período puerperal, estimulando a amamentação no peito, por período mínimo de seis meses. E, na impossibilidade desta, esclarecimento sobre as possibilidades de uso de bicos ortodônticos, que minimizem os problemas de desenvolvimento das estruturas da face B O aleitamento materno, pelo período mínimo de seis meses, previne a má oclusão? Os estudos sobre o tema apresentam ponto de corte variável relacionado ao tempo de duração da amamentação exclusiva. Assim, foram selecionados quatro estudos: • P eres KG, Barros AJ, Peres MA, Victora CG. Effects of breastfeeding and sucking habits on malocclusion in a birth cohort study. Revista de Saúde Pública 2007; 41(3): 343-50. Nesse estudo transversal, aninhado a uma coorte de nascimento, as informações sobre os há- bitos de sucção não nutritiva e amamentação foram coletadas no nascimento, no primeiro, terceiro, sexto e 12 º meses de vida, e aos seis anos de idade. Os autores verificaram que a amamentação por um período inferior a 9 meses associado ao uso frequente de chupeta entre a idade de 12 meses a 4 anos, foram fatores de risco para a mordida cruzada posterior. • K obayashi HM, Scavone H Jr, Ferreira RI, Garib DG.. Relationship between breastfeeding duration and prevalence of posterior crossbite in the deciduous dentition. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. 2007; 137(1):54-8. 119 Este estudo transversal verificou se o tempo de duração da amamentação estava associado com o desenvolvimento de mordida cruzada posterior na dentição decídua. A amostra, composta por 1.377 crianças de escolas públicas de São Paulo, foi dividida em quatro grupos: 1. Nunca amamentaram, 2. Amamentaram por tempo inferior a 6 meses, 3. Amamentaram por 6 a 12 meses e 4. Amamentaram por mais de 12 meses. A prevalência de mordida cruzada posterior entre os grupos foi: 31,1%, 22,4%, 8,3% e 2,2%, respectivamente. Houve uma diferença significativa entre a duração da amamentação exclusiva e a prevalência de mordida cruzada posterior. Crianças que foram amamentadas por mais de 12 meses, tiveram 20 vezes menor risco de desenvolver mordida cruzada posterior quando comparadas com crianças que nunca amamentaram e 5 vezes menor risco quando comparadas com aquelas que amamentaram entre 6 e 12 meses. • Romero CC, Scavone-Junior H, Garib DG, Cotrim-Ferreira FA, Ferreira RI. Breastfeeding and non-nutritive sucking patterns related to the prevalence of anterior open bite in primary dentition. Journal of Applied Oral Science. 2011; 19(2): 161-8. Este estudo avaliou a associação entre amamentação e padrões de sucção não nutritivos e a prevalência de mordida aberta anterior na dentição decídua. A amostra composta por 1.377 crianças de escolas públicas de São Paulo foi dividida em quatro grupos: 1. Nunca amamentaram, 2. Amamentaram por tempo inferior a 6 meses, 3. Amamentaram por 6 a 12 meses e 4. Amamentaram por mais de 12 meses. A prevalência de mordida aberta anterior entre os grupos foi: 31,9%, 26,1%, 22,1% e 6,2% entre os grupos 1 a 4, respectivamente. Crianças que nunca amamentaram tiveram 7 vezes mais chance de ter mordida aberta anterior. A duração da amamentação por mais de 12 meses esteve associada com 3,7 vezes menos chance de ter mordida aberta anterior. • Caramez da Silva F, Justo Giugliani ER, Capsi Pires S. Duration of breastfeeding and distoclusion in the deciduous dentition. Breastfeeding Medicine. 2012;. 7(6): 464-8. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre aleitamento materno e ocorrência de distoclusão em crianças com dentição decídua. Apresenta desenho transversal aninhado a um estudo de coorte conduzido no Brasil, envolvendo 153 crianças aleatoriamente selecionadas. Os dados relativos à dieta e hábitos de sucção foram coletados (examinador cego para a exposição) aos 7, 30, 60, 120 e 180 dias e na época da avaliação odontológica realizada quando as crianças tinham entre 3 e 5 anos de idade. A prevalência de distoclusão foi 47,7%. O aleitamento materno foi um fator de proteção contra distoclusão após controle para possíveis fatores de confusão, como uso de chupeta e de mamadeira. As crianças amamentadas por 12 meses ou mais tiveram uma chance 56% menor de apresentar distoclusão aos 3-5 anos, quando comparadas com aquelas amamentadas por menos tempo (RP= 0,44; IC 95% 0,23; 0,82). As evidências mais consistentes sobre o tema demonstram que a prevalência de má oclusão em crianças que amamentaram por um período mínimo de 6 meses é menor do que as crianças que não amamentaram. Porém, a duração da amamentação por até 12 meses possui um efeito protetor mais pronunciado em relação à ocorrência de má oclusão. (Nível de recomendação B: Peres et al. 2007, Kobayashi et al. 2007, Romero et al. 2011, Caramez da Silva et al. 2012) 120 Tabela 56 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Aconselhamento e acompanhamento de gestantes sobre os cuidados durante o parto e período puerperal, estimulando a amamentação no peito, por período mínimo de seis meses. E, na impossibilidade desta, esclarecimento sobre as possibilidades de uso de bicos ortodônticos, que minimizem os problemas de desenvolvimento das estruturas da face C A recomendação do uso de bicos ortodônticos é mais efetiva/eficaz para a redução do dano para a oclusão na prevenção da má oclusão comparado com os bicos convencionais? Para esse tópico, foi selecionado um estudo de revisão que discutiu quatro estudos. As evidências relativas ao benefício da chupeta ortodôntica em relação à convencional são frágeis, uma vez que os estudos são transversais, apresentam amostra insuficiente e vieses. • N elson AM. A comprehensive review of evidence and current recommendations related to pacifier usage. Journal of Pediatric Nursing. 2012;;27:690-9. Teoricamente, a forma de chupeta pode afetar a incidência de má oclusão dentária. Entretanto, pouca evidência suporta essa premissa. Essa revisão incluiu quatro estudos: em um estudo descritivo, Adair et al. (1992) examinaram oclusões dentárias em crianças de 24 a 59 meses de idade: Grupo 1 (usuárias de bico ortodôntico); Grupo 2 (usuárias de bico convencional); Grupo 3 (sem hábito ou apresentavam sucção digital). As más oclusões investigadas foram overbite, overjet, relação de caninos, relação molar e mordida cruzada posterior. Os usuários de bicos ortodônticos tiveram overjet mais acentuado e os usuários de bicos convencionais tiveram uma proporção maior de mordida aberta. Essas diferenças não foram clinicamente significativas. O segundo estudo Adair et al. (1995 ) estudaram a mesma faixa etária e não verificaram diferenças significativas entre os dois grupos de bico (ortodôntico e convencional) em relação à má oclusão. Da mesma forma, Zardetto et al. (2002) não encontraram diferenças estatisticamente significativas na ocorrência de má oclusão entre os grupos de crianças usuárias de bico convencional e bico ortodôntico. Por outro lado, um estudo prospectivo revelou resultados ligeiramente diferentes. Zimmer et al. (2009 ) observaram um grupo de recém-nascidos por 16 meses para testar a eficácia de um bico recém projetado. Os autores descobriram que um número significativamente menor de crianças desenvolveu mordida aberta usando o novo bico, quando comparado com aqueles que utilizaram o bico ortodôntico. Não existem evidências conclusivas que respondem se os bicos ortodônticos são mais efetivos/eficazes para a redução do dano para a oclusão e prevenção da má oclusão comparado com os bicos convencionais. (Nível de recomendação C: Nelson AM 2012) 121 Tabela 57 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a evidência científica sobre a relação entre respiração nasal e prevenção de má oclusão C A respiração bucal ocasiona má oclusão? Um número de estudos em animais de laboratório, primatas não humanos e humanos tem mostrado uma associação entre a obstrução das vias aéreas nasais e alteração do crescimento facial. Foram selecionados dois estudos que respondiam a essa pergunta: um caso-controle e um transversal. • Góis EG, Ribeiro-Júnior HC, Vale MP, Paiva SM, Serra-Negra JM, Ramos-Jorge ML et AL. Pordeus IA. Influence of nonnutritive sucking habits, breathing pattern and adenoid size on the development of malocclusion. Angle Orthodist. 2008; 78(4): 647-54. Os autores investigaram, por meio de um estudo de caso-controle, (caso= crianças de 3 a 6 anos de idade com má oclusão e controle= crianças de 3 a 6 anos de idade sem má oclusão) a associação entre padrão respiratório e tamanho da adenóide com o desenvolvimento de má oclusão na dentição decídua. Crianças respiradoras bucais tiveram 10,9 vezes mais chance de ter má oclusão que crianças respiradoras nasais. Os autores determinaram os efeitos da respiração bucal no desenvolvimento craniofacial e dentofacial em 55 crianças que apresentavam obstrução nasal. Essas foram comparadas com 61 crianças respiradoras nasais. As crianças respiradoras bucais apresentavam a mandíbula rotacionada para trás e para baixo, estreitamento dos arcos superiores e inferiores. A prevalência de mordida cruzada posterior foi significativamente mais frequente no grupo de respiradores bucais (49%) do que de respiradores nasais (26%). A associação entre respiração bucal e má oclusão é controversa. Grande parte da discussão refere-se à falta de critérios metodológicos precisos para quantificar a respiração bucal bem como à ausência de dados longitudinais. (Nível de recomendação C: Góis et al. 2008, Harari et al. 2010) • Harari D, Redlich M, Miri S, Hamud T, Gross M. The effect of mouth breathing versus nasal breathing on dentofacial and craniofacial development in orthodontic patients. Laryngoscope. 2010; 120(10): 2089-93. 122 Tabela 58 – Item revisado. Página e subitem Página 50, item 4.7.3, subitem 4.7.3.2, ações de promoção a saúde Aspectos a revisar Nível de recomendação SORT Revisar a evidência científica sobre a relação entre boca fechada em repouso e prevenção de má oclusão C Manter a boca fechada em repouso previne a má oclusão? Os estudos sobre este tema são transversais e apresentam deficiências metodológicas, como pequeno tamanho amostral e amostra de conveniência. Foram selecionados três estudos: • Ueda K, Motegi E, Yata R, Torikai T, Harasaki M, Yamaguchi H. Lip seal study of Japanese adults with malocclusion. The Bulletin of Tokyo Dental College. 2002; 43(2):89-93. O objetivo desse estudo foi identificar os fatores que afetam o vedamento labial passivo de adultos japoneses com má oclusão. Sessenta e três pacientes com má oclusão, idades entre 20 e 27 anos, foram selecionados e comparados com quatorze controles com oclusão normal, idades entre 22 e 26 anos, de forma aleatória. Os indivíduos foram divididos em 1- apresentando vedamento labial satisfatório e 2- apresentando vedamento labial insatisfatório, observando a distância entre o lábio superior e inferior em repouso. Indivíduos com oclusão normal não apresentaram vedamento labial insatisfatório. • Yata R, Motegi E, Ueda K, Torikai T, Harazaki M, Isshiki Y. A lip seal study of Japanese children with malocclusion. Bulletin of Tokyo Dental College. 2001; 42(2): 73-8. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre vedamento labial e má oclusão em crianças japonesas. Cinquenta e três pacientes com má oclusão e idade entre 7 e 14 anos (média de 10,24 + / - 1,93 ) foram selecionados aleatoriamente e comparados com 20 indivíduos com oclusão normal com idade entre 7 e 14 anos (média de 10,50 + / - 2,56 ) . Os indivíduos foram divididos em: Grupo 1 - vedamento labial satisfatório e Grupo 2 – vedamento labial insatisfatório. Não houve diferença estatística entre indivíduos com má oclusão e aqueles com oclusão normal em relação ao vedamento labial. Entretanto, dentro do grupo com má oclusão, houve diferenças significativas na sobremordida (p < 0,01) , sobressaliência (p < 0,01) e força muscular (p < 0,05) quando comparados indivíduos com e sem vedamento labial. • Gross AM, Kellum GD, Hale ST, Messer SC, Benson BA, Sisakun SL et al. Myofunctional and dentofacial relationships in second grade children. Angle Orthodist. 1990; 60(4): 247-53. Os autores conduziram um estudo com 133 escolares para determinar se variáveis miofuncionais estavam associadas com o desenvolvimento dentofacial. Significantes associações foram observadas entre ausência de vedamento labial e estreitamento do arco superior e altura facial 123 aumentada. Padrão atípico de deglutição e de repouso do lábio e da língua foram também associados com pobre função da musculatura bucal, mas não foi relatada relação com a oclusão. Poucas evidências suportam a afirmativa de que manter a boca fechada em repouso previne a má oclusão. (Nível de recomendação C: Ueda et al. 2002, Yata et al, 2001, Gross et al.1990) 124