Tema 2: Proteção Costeira. - Centro de Gestão do Conhecimento

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Tema 2: Proteção Costeira. - Centro de Gestão do Conhecimento
Endereços para correspondência:
André Theron
Laurie Barwell
[email protected]
[email protected]
Tel: +27 21 888 2511/2400
Fax: +27 21 888 2693
PO Box 320
7599 Stellenbosch
South Africa
Director do Projecto: Joao Tiago MM Ribeiro
Coordenadora do Projecto: Barbara van Logchem
Coordenador Científico: Antonio J Queface
Tradução Técnica: Alberto Mavume
Tradução: Carlos Vaz
Relatório a ser referenciado como:
Theron, A.K. & Barwell, L. 2012. Respondendo as mudanças climáticas em Moçambique: Tema 2:
Proteção Costeira. Stellenbosch: CSIR.
Outubro 2012, p 1
S.1 CONTEXTO
Moçambique é reconhecido como um dos
países em África que é mais vulnerável às
mudanças climáticas. Perigos tais como secas
e cheias, precipitação variável e ciclones
tropicais têm afectado significativamente o
país.
A zona costeira do país é particularmente
vulnerável aos impactos esperados das
mudanças climáticas. Os factores que
contribuem para tal incluem:







Vastas planícies costeiras de terras
baixas tais como deltas costeiros;
Elevadas concentrações de população
nas proximidades do mar;
Pobreza;
Baixa capacidade para defender infraestruturas;
Susceptibilidade à actividade de
ciclones;
Estruturas Costeiras suavesde fácil
erosão; e
Defesas costeiras inadequadas e
envelhecidas.
Esta situação é agravada pela exposição
directa a regimes de energia de ondas
elevados em certas partes, um potencial
aumento do impacto de ciclones, e defesas
costeiras naturais afectadas tais como as
dunas, mangais e recifes de coral. Um elevado
número de indivíduos da população local
depende também fortecemente de bens e
serviços
e
benefícios
económicos
providenciados pela zona costeira.
Em relação a este assunto, o Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC)
iniciou dois estudos para definir e
contextualizar
localmente
importantes
factores geradores e impactos das mudanças
climáticas no país. A Fase I, finalizada em
2009, focalizou-se em determinar os impactos
das mudanças climáticas em Moçambique ao
nível macro. O projecto actual, a Fase II, focase quer no nível macro quer no micro, com
uma ênfase na implementação de medidas de
adaptação e em fornecer orientações
estratégicas
baseadas
em
evidências
científicas para apoiar a tomada de decisão.
Liderado pelo Governo Moçambique, o
objectivo geral do projecto da Fase II é de
ajudar a proteger o país contra os potenciais
impactos das mudanças climáticas, e planear
para e dar o arranque da prevenção através
da implementação de medidas de adaptação
à escala nacional, na base da ciência e em
favor do desenvolvimento sustentável.
Como tal, um grupo multi-disciplinar de
cientistas de Moçambique e de outras
instituições formulou 9 temas para agrupar os
desafios
de
pesquisa
enfrentados,
nomeadamente:



Tema 1: Aviso Prévio
Tema 2: Planeamento e adaptação
costeira para mitigar os impactos das
mudanças climáticas
Tema 3: Cidades preparadas para as
mudanças climáticas
Outubro 2012, p 2






Tema 4: Construindo resiliência em
parceria com o sector privado
Tema 5: Água – fazendo mais com
menos
Tema 6: Alimentação – suprindo as
necessidades
Tema 7: Preparando pessoas
Tema 8: Extremos nos Oceanos
Tema 9: Estratégia Nacional de
Redução do Risco de Desastres e
Adaptação as Mudanças Climáticas.
Embora este estudo esteja principalmente
relacionado com o Tema 2, está intimamente
alinhado com os Temas 3 e 4, e aborda as
seguintes questões:









Onde se localizam as áreas mais
vulneráveis ao longo da costa, aonível
local/micro?
Como é que estas áreas ficarão, com as
mudanças climáticas, no futuro?
Que infra-estruturas e planos de
investimento chave estão em risco
nessas áreas?
Que recomendações estão alinhadas
com os investimentos planeados ao
longo da costa, com ênfase na Beira e
Maputo?
Que medidas estruturais de protecção
costeira são necessárias para
compensar os potenciais efeitos das
mudanças climáticas?
Que planos de gestão da linha costeira
são os mais apropriados para estas
áreas?
Qual deve ser o quadro estratégico
sobre o qual todas as estruturas
costeiras e defesas marinhas podem ser
avaliadas?
O que deve ser considerado num
sistema de informação da zona
costeira?
Que contributos podem ser dados para
uma política de gestão costeira?
O INGC também enfatizou a necessidade de
uma abordagem proactiva para proteger vidas
e infra-estruturas, e simultaneamente
encontrar soluções sustentáveis que sejam
duradouras e de baixo custo.
O Âmbito do Trabalho é detalhado no Anexo 3
estando a resposta às perguntas chave e a
cada produto esperado do estudo listados,
juntamente com o lugar no documento onde
os resultados detalhados podem ser
encontrados.
No seguimento da introdução e informação
de enquadramento nos Capítulos 1 e 2, o
Capítulo 3 fornece uma visão geral da área de
estudo e dos locais de estudo que compõem o
foco do Tema 2. A abordagem de pesquisa e
as metodologias são discutidas no Capítulo 4.
Os factores físicos que influenciam o risco
para as infra-estruturas costeiras e o
desenvolvimento nos cenários climáticos
actual e futuro são discutidos no Capítulo 5
sob o título “Factores Geradores de Risco”. No
Capítulo 6 é feita uma avaliação dos perigos
costeiros associados a estes factores
geradores de risco.
Os resultados da pesquisa sobre estratégias e
medidas de adaptação juntamente com as
opções de protecção costeira relacionadas são
apresentados no Capítulo 7 seguidas de uma
discussão e recomendações específicas por
local no Capítulo 8. No Capítulo 9 são
disponibilizados os resultados da interacção
com líderes e funcionários técnicos municipais
e institucionais de alguns locais do estudo. As
conclusões e recomendações chave são
resumidas no Capítulo 10. É fornecida uma
lista completa de referências no Capítulo 11
seguida de um Glossário de Termos no
Capítulo 12.
O detalhe subjacente a certas secções foi
incluído nos Anexos.
Note-se que o Capítulo 10 pode ser extraído
como um documento isolado.
Outubro 2012, p 3
climáticas são:
S.2 CONSIDERAÇÕES E
CONSTATAÇÕES CHAVE

Níveis extremos de água do mar na
costa resultando em cheias e
inundações de áreas baixas.
Mudanças nas características dos
ciclones, ventos e regime local de ondas
resultando no impacto directo das
ondas
Erosão costeira e abrasãode fundações
e estruturas.
Complexidades, limites e nãolinearidades do sistema, por exemplo,
relacionadas com o transporte de areia.
Uma combinação de eventos extremos,
tais como tempestades marítimas
durante marés cheias mais a subida do
nível do mar terá os maiores impactos e
danificará cada vez mais a
infraestrutura existente à medida que
os factores relacionados com as
mudanças climáticas se posicionam no
tempo.
S.2.1 Factores Geradores de Mudança

No Tema 2 foram identificados os factores
físicos que influenciam o risco para a
infraestrutura costeira nos cenários climáticos
actuais e futuros. Os mesmos incluem a
análise da situação actual juntamente com a
dos cenários de subida do nível do mar de
0.5m, 1m ou 2m até 2100.



Estes
factores
são
adicionalmente
considerados tendo e não tendo em conta os
ciclones e considerando possíveis aumentos
na
“tempestuosidade”
como
outra
componente das mudanças climáticas.
Os principais perigos para as infra-estruturas
físicas (abióticas) costeiras relacionados com
as tempestades marítimas e mudanças
11
Zona de baixo perigo >= contorno dos 10m
10.3
10.3
9.9
10
9
8.9
8.7
8.5
8.4
8.9
8.8
Zonda de perigo intermédio >= contorno dos 8m
7.8
8
7.8
Elevation (m above MSL)
7.4
6.9
7
6.0
5.9
6
5
6.4
4.9
6.3
6.1
5.9
5.9
4.7
4.5
6.4
6.2
6.3
6.3
5.1 5.1
4.9
4.8
Zona de elevado perigo <= contorno dos 5m
4.4
4
4.4
3
2
Cenários de cheias:
1
- baixo
- médio
- alto
0
Ponta do
Cidade: Ouro
Maputo
Xai-Xai coast
Tofo
Inhambane Bazaruto
(Bazaruto)
(Vilanculo)
MHWS + wind, wave & barom setup + 1m SLR
Beira
Quelimane
Port
Moçambique
Nacala
Pemba
Note:
at+ Quelimane
MHWS
+ wind,No
waverun-up
& barom setup
1m SLR + 1.5m run-up
MHWS + wind, wave & barom setup + 2m SLR + 3.0m run-up
Níveis de cheias costeiras para 11 vilas/cidades (ver Figura
6.3 no Capítulo 6)
Outubro 2012, p 4
Os principais factores geradores de mudanças
relacionados com o acima exposto são
portanto as ondas e os níveis da água do mar
(e em menor grau os ventos e as correntes).
Uma discussão mais detalhada pode ser
observada nos capítulos 5 e 6.
A resposta na linha costeira e o impacto das
cheias é influenciado por parâmetros/
processos costeiros tais como: topografia,
geologia, acção das ondas na costa, nível do
mar (incluindo o estado das marés e a subida
futura), batimetria e volume das dunas
frontais.
Para uma maior utilidade na quantificação de
perigos e em última análise encontrar formas
de reduzir riscos e propôr medidas de
adaptação práticas, é necessário prever a
resposta costeira e a severidade dos
impactos. Para este fim, dada a falta de dados
e informações históricas ao longo da costa
Moçambicana, definiram-se três cenários de
inundações para determinar os níveis de
perigo em locais específicos em termos de
possíveis inundações devidas a vários factores
associados com factores meteorológicos
“normais” bem como os efeitos das mudanças
climáticas.
Estes três cenários de níveis de cheias foram
calculados para cada uma das vilas e cidades
tal como descrito na Figura abaixo (três barras
para cada vila/ cidade).
S.2.2 Avaliação da vulnerabilidade costeira
a uma escala menos apurada
Em termos genéricos, as áreas centrais em
forma de deltas costeiros (p.e. Beira) são
muito vulneráveis devido a sua baixa elevação
(ver a Figura abaixo). A região de maior
ocorrência de ciclones (ver perigo mais
elevado) é a parte central de Moçambique
atenuando para o Sul (aproximadamente a
partir do Tofo) e também acentuadamente
para o Norte (a partir da Ilha de
Moçambique).
Exemplo mostrando
4 de 9»parâmetros
Progressive increase inPemba
risk expected; no specific tipping point.
Baixo
Nacala
But, exponential increase
in impacts!
Ilha de Mozambique
Moderado
Elevado
Quelimane
Muito Elevado
Beira
Vilanculos
Inhambane,
Maxixe, Tofu
Xai-Xai
Maputo
Ponto do
Ouro
Perspectiva geral dos perigos e vulnerabilidade da Costa Moçambicana (ver FiguraFigura
6.21 no Capítulo 6)
Outubro 2012, p 5
S.2.3 Avaliação de vulnerabilidade costeira
à escala mais apurada
Foram realizadas análises para determinar a
vulnerabilidade de algumas cidades e vilas
costeiras (identificadas pelo INGC) em termos
do impacto de um conjunto de cenários de
mudanças biofísicas.
Foi avaliada a vulnerabilidade às forças do
mar de aproximadamente 10 km da linha da
costa em cada local através da avaliação de 14
parâmetros abióticos contra um conjunto
acordado de critérios (ver Tabela 6.1 no
Capítulo 6). A avaliação da vulnerabilidade foi
feita com e sem factores de mudanças
climáticas e também com e sem o efeito dos
ciclones.
Estão disponíveis mapas de vulnerabilidade
para cada um dos locais de estudo, para os 8
cenários que incluem ciclones (i.e. C1 a D4).
A Figura abaixo mostra a comparação
detalhada de vulnerabilidade costeira dos 12
locais de estudo da costa com a utilização do
cenário de mudanças climáticas mais
provável, C4. (O cenário C4 considera uma
subida do nível do mar de 1m até 2100 e
inclui tanto o efeito dos ciclones como o
aumento na tempestuosidade devido às
mudanças climáticas.
Os resultados mostram que as cidades mais
vulneráveis são: Ponta do Ouro, Maputo, XaiXai Litoral, Tofo, Vilanculos, Beira e Pemba.
Beira é identificada como a cidade mais
vulnerável.
Legenda: Secção Menos/ Média/ Mais vulnerávelUma comparação das vulnerabilidades de 12 locais
de estudo sob o cenário mais provável do futuro (C4) (Ver a Figura 6.36 no Capítulo 6)
Outubro 2012, p 6
S.2.4 Medidas de adaptação apropriadas
Uma profunda revisão bibliográfica levou à
identificação de um número de opções de
gestão e métodos baseados em “estruturas
suaves de protecção costeira (soft
engineering)”” e de “estruturas rígidas de
protecção costeira (hard engineering)””
disponíveis para proteger o litoral (ver
Capítulo 7). Através da consideração dos
processos costeiros e das características da
área de estudo, e factores que governam a
adequabilidade para os projectos de
desenvolvimento costeiro, foram identificadas
várias opções potenciais de resposta.
Com base nas considerações e critérios de
avaliação anteriores, e incluindo todas as
opções de adaptação apropriadas, foram
agrupadas as medidas de adaptação
prioritárias/ “sem arrependimento” de acordo
com o tipo e impacto, cobrindo as questões
mais relevantes de mudanças climáticas para
as vilas e cidades costeiras de Moçambique
(ver Capítulo 7)
Os resultados, juntamente com as
investigações nos locais permitiram aos
engenheiros costeiros determinarem as
opções de adaptação mais apropriadas de se
introduzir numa área particular dentro das
áreas de estudo. Seguindo uma abordagem
conservadora e cautelosa, recomendou-se
uma lista de acções prioritárias de adaptação
e resposta para cada vila e cidade (Capítulo
8).
S.3 RECOMENDAÇÕES CHAVE
S.3.1 Planeamento e gestão costeira
integrada
A adopção e implementação de princípios e
orientações estratégicas para planeamento e
resposta aos impactos costeiros e incluindo
especificamente impactos das mudanças
climáticas tal como discutido no Capítulo 7 é
visto como o primeiro e mais importante
ponto de acção.
A maior parte das opções de resposta são
propositadamente denominadas opções
“suaves” ou opções “naturais”. Seguindo uma
abordagem integrada de planeamento
costeiro está em linha com os princípios
estratégicos e orientações de boas práticas
em termos de gestão costeira e resposta às
mudanças climáticas. Esta decisão simples do
nível de gestão significará um avanço
significativo na redução da necessidade de
construir defesas costeiras dispendiosas em
muitos casos, especialmente no longo prazo.
As actividades são, entre outras:



Planear qualquer construção costeira de
modo a que esteja a uma distância
segura da marca mais elevada da água e
repor mecanismos naturais de defesa
com
as
devidas
autorizações
ambientais.
Realizar
um
planeamento
e
implementação holísticos através do
desenvolvimento e implementação de
Programas de Gestão Costeira que
incorporem Planos de Gestão da Linha
Costeira.
Definir uma linha limite de para o
desenvolvimento costeiro que seja
concebida para proteger o ambiente
natural de violação por edifícios bem
como
a
protecção
dos
empreendimentos frontais das praias
contra os efeitos das tempestades e
erosão costeira acelerada.
Outubro 2012, p 7



Usar opções naturais para proteger a
integridade de sistemas de dunas de
protecção, os quais devem ter uma
vegetação com espécies apropriadas de
acordo com as zonas naturais originais e
serem mantidas.
Manter ou melhor ainda, aumentar a
reserva de areia (volume) armazenada
no sistema de dunas.
Garantir a protecção, restauração e
manutenção de sistemas como mangais
e recifes de coral.
S.3.2 Opções de adaptação específicas por
local
A cidade da Beira é utilizada como exemplo
abaixo para ilustrar a abordagem de avaliação
e a forma como os resultados são
apresentados para cada local de estudo. Os
resultados para outros locais de estudo são
apresentados de uma forma semelhante no
Capítulo 8.
As medidas chave de adaptação consideradas
apropriadas para Moçambique são resumidas
no quadrado branco grande na Figura, as
quais incluem quatro “opções de gestão”
(classificadas A1 a A4), três medidas de
“Estruturas suaves de protecção costeira” /
Restauração (B1, B2 e B3), quatro opções de
“Estruturas rígidas de protecção costeira” &
blindagem (C1s, C1r, C2, C5), e duas opções
mais adequadas para locais de energia de
onda baixa/moderada (C11 e C12).
As três ou quatro opções ou combinação de
opções consideradas mais adequadas para
Opções de adaptação/ protecção costeira para a Beira com base nos
critérios gerais, características dos sítios locais e utilização/ “valor”
actual (Ver Figura 8.1 no Capítulo 8).
Outubro 2012, p 8
cada 0.5 km de secções ao longo da costa da
Beira são indicadas em blocos brancos
pequenos ao lado de cada marcador no mapa.
As marcas dentro de cada bloco pequeno (p.e.
A1 ou C5, etc) referem-se às opções
assinaladas descritas no quadrado branco
grande.
Os números grandes a vermelho (1 a 4) nas
Figuras indicam a ordem recomendada de
implementação das medidas de adaptação
costeira identificadas para a Beira. Por outras
palavras, a Figura 8.1 representa um “plano”
ou “mapa” resumindo as opções de
adaptação preferidas ao longo de cada secção
de 0.5 km da costa Oeste, Sul e Sudeste da
Beira.
Deve salientar-se que pormenores específicos
dos desenhos de engenharia e orçamentos
detalhados de cada opção só podem ser feitos
apenas quando se tiverem realizado pesquisas
ambientais e de engenharia específicas para
cada local. É absolutamente crucial envolver
profissionais de engenharia costeira e
avaliação ambiental com experiência no
planeamento detalhado, concepção e
implementação das opções escolhidas.
S.3.3 Procurar oportunidades para
parcerias público-privadas (PPP)
Em muitos casos pode ser implementado com
sucesso um planeamento sólido e futuros
projectos de desenvolvimento para fora do
alcance das forças do mar. Existem muitas
oportunidades para entrar num tipo de PPP
“conceber e construir” as quais têm o
potencial para co-financiar a implementação
de opções de adaptação mais caras - as
“estruturas rígidas de protecção costeira”
S.3.4 Continuar com o envolvimento e
comunicação activa de partes interessadas
para disseminar os produtos e facilitar a
assimilação
As observações por parte da equipa de estudo
durante a interacção com grupos de partes
interessadas a vários níveis de autoridade
levaram às seguintes recomendações
apresentadas para consideração:
As recomendações recaem em três
categorias, nomeadamente (a) aquelas
relacionadas com os vários decisores, (b)
aquelas que se situam a um nível mais
técnico/ científico, e (c) aquelas que se
relacionam com a disseminação do
conhecimento e tomada de decisão.
S4 REQUISITOS DE MONITORIA E
AVALIAÇÃO
S.4.1 Determinar uma linha de base
No seguimento do actual trabalho da Segunda
Fase, espera-se que exista uma fase de
implementação. Em qualquer fase de trabalho
de seguimento é essencial incluir como
prioridade uma recolha e monitoria adicional
de dados para colmatar a lacuna crítica de
dados e informação ao nível regional, nacional
e local para melhorar o nível de confiança nas
séries de informações chave, usadas comoas
base para as medidas de adaptação
identificadas neste estudo.
Os parâmetros e questões que devem ser
monitorados incluem os seguintes:
 Características dos ciclones – feito quando
for apropriado.
 Regime de ventos e de ondas locais (e
tempestades marítimas) – continuamente
 Níveis de água na costa (tendências das
marés e do nível do mar) - continuamente
Outubro 2012, p 9




Estabilidade e tendências da costa
(erosão/acumulação) – um estudo de
base o mais cedo possível seguido de
pesquisas repetidas cada três a cinco
anos e após cada ciclone severo.
Integridade das defesas/estruturas
costeiras construídas – um estudo de
base seguido de pesquisas repetidas a
cada três a cinco anos. Este deve ser um
contributo crítico para um plano eficaz
de manutenção de infra-estruturas.
Integridade das defesas naturais
costeiras (dunas, mangais, recifes de
coral, terras húmidas – um estudo de
base seguido de réplicas sempre que for
apropriado. Isto deve também ser um
contributo crítico para um plano eficaz
de manutenção e gestão integrada das
zonas costeiras.
É da maior importância recolher dados
topográficos e batimétricos suficientes
nas áreas prioritárias identificadas. Isto
pode ser essencialmente um trabalho
único de recolha de dados de base mas
deve ser repetido em intervalos mais
longos de aproximadamente 10 anos
para os dados topográficos, ou
imediatamente a seguir a qualquer
grande mudança causada, por exemplo
por um ciclone que depois formará a
nova linha de base.
Tanto quanto se pode determinar, os
primeiros três itens (assinalados por um
“visto”) estão a ser monitorados até um certo
ponto ou podem ser obtidos indirectamente a
partir de acções de monitoria existentes.
Contudo, os últimos quatro itens (indicados
por um ponto quadrado) não estão a ser
monitorados (tanto quanto se sabe).
Estes itens também são críticos para
quaisquer avaliações de projectos de
desenvolvimento e planos de gestão
integrada das zonas costeiras. Deste modo
recomenda-se fortemente que sejam tomadas
acções para assegurar que é realizada uma
monitoria eficaz de todos os parâmetros
acima mencionados.
Tal como indicado, apesar de alguns dos
parâmetros necessitarem de ser recolhidos
em intervalos de tempo curtos (p.e. dados de
vento em períodos inferiores a uma hora),
outros necessitam de ser recolhidos de pouco
em poucos anos (p.e. dados topográficos).
S.4.2 Monitoria, avaliação, disseminação e
resposta contínuas
Com base nas recomendações sobre o apoio à
decisão que surgiram através da interacção
com grupos de partes interessadas, considerase de importância estratégica e táctica a
implementação de um programa nacional de
monitoria e relato contínuos de indicadores
ambientais chave que são relevantes para os
parâmetros
de
mudanças
climáticas
identificados neste estudo.
O INGC possui uma rede bem estabelecida e
comprovada de recolha de informação,
avaliação e resposta quase em tempo real
durante a formação e em eventos de
emergência tais como ciclones, cheias,
incêndios, etc. Recomenda-se portanto a
criação de uma rede complementar para
recolha de dados, avaliação e disseminação de
informação relativamente aos efeitos das
mudanças climáticas, possíveis tendências nos
factores de perigo identificados, e os impactos
resultantes de modo a alimentar a base de
dados científica e conhecimentos sobre os
quais possam ser tomadas decisões
informadas o mais depressa possível.
Outubro 2012, p 10
1
INTRODUÇÃO
0
2
CONTEXTUALIZAÇÃO
2
2.1
2.2
2.3
INTRODUÇÃO
ALGUNS RESULTADOS DA 1ª FASE DO ESTUDO DO INGC
CONCLUSÃO DA 1ª FASE DO ESTUDO DO INGC
3
ÁREA DE ESTUDO
4
ABORDAGEM / METODOLOGIA
4.1
4.2
5
2
6
7
8
10
RESUMO DA ABORDAGEM
METODOLOGIA
10
10
FACTORES GERADORES DO RISCO
5.1
5.2
5.3
5.4
INTRODUÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FACTORES GERADORES DE RISCO
NÍVEIS EXTREMOS DE ÁGUA DO MAR NA COSTA
ANÁLISES DO CLIMA DAS ONDAS E DE EXTREMOS EM MOÇAMBIQUE
5.4.1
5.4.2
5.4.3
5.5
12
Análise das Ondas do Alto Mar em Moçambique
Tendências do clima das ondas e condições futuras
Modelação de ondas geradas por ventos ciclónicos
19
36
41
INUNDAÇÕES/ CHEIAS E EROSÃO COSTEIRAS
5.5.1
5.5.2
5.5.3
5.5.4
5.5.5
5.5.6
12
12
15
19
53
Conceitos básicos e abordagem
Previsão dos níveis elevados da água do mar na costa
Previsão da elevação máxima devida acção das ondas
Erosão costeira devido a mudanças climáticas
Modelo de Inundações Costeiras/inundação e Erosão
Cálculo da erosão potencial provocada pela subida do nível do mar na Beira e
em Maputo
Outubro 2012, p 11
53
53
56
58
62
64
5.6
6
QUANTIFICAÇÃO DE NÍVEIS DE INUNDAÇÃO PARA AS CIDADES COSTEIRAS
MOÇAMBICANAS
AVALIAÇÃO DE PERIGOS COSTEIROS
6.1
6.2
6.4
7.3
81
Aplicação do Método de Avaliação de Perigos Costeiros
Cenários avaliados para a vulnerabilidade costeira
Mapeamento dos produtos da avaliação detalhada de vulnerabilidade
Comparação de detalhe da vulnerabilidade costeira de 12
Moçambicanas
96
102
102
104
105
áreas
122
125
PRINCIPIOS ESTRATEGICOS E ORIENTAÇÕES DE BOAS PRÁTICAS
MEDIDAS POTENCIAIS DE ADAPTAÇÃO / OPÇÕES DE PROTECÇÃO COSTEIRA
7.2.1
7.2.2
7.2.3
75
75
75
81
83
OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
7.1
7.2
8
Níveis de perigo de inundação da água do mar
Perigo de elevação
AVALIAÇÃO GERAL DA VULNERABILIDADE PARA TODA A COSTA
MOÇAMBICANA
AVALIAÇÃO DETALHADA DA VULNERABILIDADE PARA AS CIDADES
COSTEIRAS SELECCIONADAS
6.4.1
6.4.2
6.4.3
6.4.4
7
75
Introdução
Métodos para avaliar vulnerabilidade das áreas e empreendimentos costeiros
Adaptação do método apropriado à área estudada
AVALIAÇÃO DETALHADA DO PERIGO DE INUNDAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA
VULNERABILIDADE DE ELEVAÇÃO
6.2.1
6.2.2
6.3
75
MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE PERIGOS COSTEIROS
6.1.1
6.1.2
6.1.3
69
Gama de potenciais soluções
Listagem e descrição potenciais de soluções
Lista resumo das soluções potenciais
125
130
130
131
151
CIRCUNSTÂNCIAS DE AVALIAÇÃO E CRITÉRIOS
152
REFLEXÃO SOBRE POSSÍVEIS OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO POR LOCAL DE
ESTUDO
159
8.1
ANÁLISE ESPECÍFICO DE SITIOS E ACÇÕES DE ADAPTAÇÃO PRIORITÁRIAS
RECOMENDADAS
8.1.1
8.1.2
8.1.3
8.1.4
8.1.5
8.1.6
8.1.7
8.1.8
8.1.9
8.2
Beira
Maputo
Inhambane e Maxixe
Tofo e Barra
Vilanculos
Quelimane
Ilha de Moçambique
Nacala
Pemba
159
159
168
175
178
180
182
184
185
187
DEVERÁ SER ENCORAJADA A REABILITAÇÃO DAS ÁREAS DE MANGAIS (B3)
PARA FORMAR ÁREAS EFICAZES DE AMORTECIMENTO NATURAL AO LONGO
DO INTERIOR DA BAÍA E PODERÁ SER UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE DE
CRIAÇÃO DE EMPREGO. CONCLUSÃO
Outubro 2012, p 12
189
9
INTERACÇÃO COM OS MUNICÍPIOS
9.1
9.2
10
190
OBJETIVO
PONTOS – CHAVE A CONSIDERAR
190
190
SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
10.1
10.2
192
CONTEXTO
CONSIDERAÇÕES-CHAVE E CONSTATAÇÕES
10.2.1
10.2.2
10.2.3
10.2.4
10.3
192
193
Propulsionadores de Mudanças
Avaliação da vulnerabilidade costeira a uma escala geral
Avaliação de vulnerabilidade costeira à escala local / micro
Medidas de adaptação apropriadas
RECOMENDAÇÕES CHAVE
10.3.1
10.3.2
10.3.3
10.3.4
10.4
200
Planeamento e gestão integrada costeira
Opções de adaptação específicas por local
Procurar oportunidades para parcerias público-privadas (PPP)
Continuar com o envolvimento e comunicação activa de partes interessadas
para disseminar os produtos e facilitar a assimilação
REQUISITOS DE MONITORIA E AVALIAÇÃO
10.4.1
10.4.2
193
196
197
199
200
201
202
203
205
Determinar uma linha de base
Monitoria, avaliação, disseminação e resposta contínuas
205
205
11
BIBLIOGRAFIA
206
12
GLOSSÁRIO DE TERMOS (DEAD & P, 2000)
213
13
ANEXOS
221
ANEXO 1:
ANEXO 2:
ANEXO 3:
DETECÇÃO REMOTA POR SATÉLITE DE ALTERAÇÕES COSTEIRAS
TEMA 2 MISSÃO PARA INTERAGIR COM MUNICÍPIOS
PROTECÇÃO COSTEIRA: ÂMBITO DO TRABALHO (FASE 2)
Outubro 2012, p 13
Figura 2.1.
Percursos de ciclones entre Novembro e Abril no Sudoeste do Oceano Pacífico de 1952 a
2007 (Mavume et al., 2009)
3
Exemplos de áreas costeiras vulneráveis existentes em Moçambique, que provavelmente se
tornarão mais vulneráveis devido aos efeitos das mudanças climáticas.
6
Figura 3.1:
A zona costeira de Moçambique (INGC, 2009)
8
Figura 3.2:
Áreas de estudo costeiras (Google Earth TM)
9
Figura 5.1:
Factores geradores, processos e actividades que afectam a “estabilidade” ou erosão da
costa.
14
Figura 5.2:
Comparação entre as estimativas mínimas e máximas para a subida global do nível do mar
para o ano de 2100 (USACE, 2011)
16
Desenho de definição das várias componentes que levam a níveis extremos de água de mar
na costa
18
Localização dos pontos da grelha do NCEP
19
Figura 2.2:
Figura 5.3:
Figura 5.4:
Figura 5.5a: Localização dos pontos da grelha do NCEP ao largo de Maputo
21
Figura 5.5b: Localização dos pontos da grelha do NCEP ao largo de Maxixe
22
Figura 5.5c: Localização dos pontos da grelha do NCEP ao largo de Vilanculos
23
Figura 5.5d: Localização dos pontos da grelha do NCEP ao largo da Beira
24
Figura 5.6:
Média e desvio padrão da altura das ondas com base nos dados do NCEP
27
Figura 5.7:
Diagramas anuais de Altura e Direcção de Ondas com base em 12 anos de dados de ondas
do NCEP
28
Figure 5.8:
Diagramas de dispersão de Hmo versus Tp para a estação de ondas do NCEP
29
Figura 5.9:
Alturas extremas de ondas (dados de ondas do NCEP) versus períodos de retorno no mar
alto de Maputo (esquerda) e da Beira (direita)
33
Figura 5.10: Condição locais das ondas, ao longo da costa Moçambicana, para um período de 100 anos
36
Figura 5.11: Picos de tempestades individuais ao longo dos últimos 14 anos – ao largo da Cidade do Cabo
(com base nos registos do CSIR em representação da TNPA - Transnet National Ports
Authority, África do Sul)
38
Figura 5.12: Alterações futuras no clima das ondas a partir de previsões de modelos de Mori et al. (2010)
39
Figura 5.13: Exemplo de altura das ondas determinado a partir da velocidade do vento através de um
modelo de vento/ondas
40
Figura 5.14: Localização das bóias de ondas ao largo da Beira, Moçambique
42
Figura 5.15:
43
Trajectória do ciclone tropical Lisette (a vermelho) sobre Moçambique (JTWC, 1997).
Figura 5.16: Imagem do escaterómetro a bordo do ERS-2, mostrando os vectores de vento ciclónico do
ciclone tropical Lisette (Fonte: ESA)
44
Figura 5.17: O domínio do modelo SWAN
45
Outubro 2012, p 14
Figure 5.18: Exemplo de campos de ondas geradas por ventos ciclónicos demonstrando a altura das
ondas no Canal de Moçambique e perto da Beira em etapas particulares do tempo. De notar
que são também apresentados os locais onde os dados das ondas foram colhidos.
46
Figura 5.19: Séries temporais da altura das ondas medida e simulada – para ambos os locais de
observação das ondas
48
Figura 5.20: Exemplo de modelação de ondas para determinar as condições costeiras em Maputo
(direcção das ondas do ciclone: este-nordeste)
50
Figura 5.21a, b e c:
Exemplo de modelação de ondas para determinar as condições na costa da Beira
(direcção das ondas do ciclone: Sudeste)
51
Figura 5.22a e b:
Exemplo de produto da modelação de ondas geradas por ventos ciclónicos para
Pemba; (a) ciclone no mar alto em direcção a Este; (b) ciclone na costa / sobre a baía.
52
Figura 5.23: Descrição (de parte) do modelo de elevação das ondas costeiras de Nielsen e Hanslow
(1991)
57
Figura 5.24: Ilustração esquemática do modelo de Bruun sobre o perfil de resposta à subida do nível do
mar, mostrando a erosão na parte alta da praia e deposição próxima da costa. (de DavidsonArnott, 2005).
59
Figura 5.25: Exemplo de aumento proporcional da altura das ondas versus aumento da velocidade do
vento, também indicando o aumento não linear resultante na energia e potência das ondas
(Modelo Kamphuis)
61
Figura 5.26: Descrição conceptual do modelo combinado de inundações/cheias costeiras e erosão por
SNM, com as relações funcionais entre os componentes. (SNM = Subida do Nível do Mar;
DEM = Modelo Digital de Elevação)
62
Figura 5.27: Exemplo de quantidades previstas de elevação das ondas na Beira
63
Figura 5.28: Mapa do potencial de erosão e linhas limite recomendadas para a SNM – Beira
66
Figura 5.29: Aumento da erosão potencial ao longo do tempo na Beira, devido a uma crescente SNM até
1 m em 2100
67
Figura 5.30: Mapa de erosão potencial e linha recuo para a SNM – Maputo
68
Figura 5.31: Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas na Beira.
69
Figura 5.32: Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas em Maputo
72
Figura 5.33: Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas em Pemba
73
Figura 6.1:
Grau de protecção/exposição à energia prevalecente das ondas (A – mais protegidas, D –
mais expostas)
77
Descrição conceptual do modelo de avaliação dos perigos costeiros com as relações
funcionais entre os componentes.
80
Figura 6.3:
Níveis de inundação costeira para 11 cidades/vilas
82
Figura 6.4a:
Linhas de contorno estimadas para Maputo
84
Figura 6.4b: Linhas de contorno estimadas para Maputo – Costa do Sol
85
Figura 6.4c: Linhas de contorno estimadas para Maputo / Matola
86
Figura 6.5:
Linhas de contorno estimadas para a Beira
87
Figura 6.6:
Linhas de contorno estimadas para a Ponta do Ouro
88
Figura 6.7:
Linhas de contorno estimadas para a Praia do Xai-Xai
88
Figure 6.8:
Linhas de contorno estimadas para o Tofo / Barra
89
Figura 6.9:
Linhas de contorno estimadas para Maxixe; Inhambane
90
Figura 6.2:
Figura 6.10: Linhas de contorno estimadas para Vilanculos
90
Figura 6.11: Linhas de contorno estimadas para Quelimane
91
Figura 6.12: Linhas de contorno estimadas para a Ilha de Moçambique
91
Outubro 2012, p 15
Figura 6.13: Linhas de contorno estimadas para a área do porto de Nacala
92
Figura 6.14: Linhas de contorno estimadas para a área da baía de Nacala
92
Figura 6.15: Linhas de contorno estimadas para Pemba
93
Figure 6.16: Estimated contours for Pemba port area
94
Figura 6.17: Mapeamento da tipologia base da geologia de Moçambique
97
Figura 6.18:
98
Mapeamento de vulnerabilidade baseada na classificação geológica.
Figura 6.19: Mapeamento de tipologia base da geomorfologia de Moçambique
99
Figura 6.20: Mapeamento de vulnerabilidade baseado na classificação geomorfológica.
100
Figura 6.22: Exemplo de Maputo – Localização dos pontos Costeiros (intervalos de 1 km)
102
Figura 6.23 (a) a (c):
Mapeamento de vulnerabilidade da Beira, evidenciando todos os 14 parâmetros
para 3 dos 16 cenários.
108
Figura 6.24a: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Beira: Cenários A & B
110
Figura 6.24b: Mapeamento do detalhe da vulnerabilidade da Beira: Cenários C & D
111
Figura 6.25: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Ponta do Ouro: Cenários C & D
112
Figura 6.26: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Matola / Maputo: Cenários C & D
113
Figura 6.27: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Maputo: Cenários C & D
114
Figura 6.28: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Praia do Xai-Xai: Cenários C & D
115
Figura 6.29: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Tofo e Barra: Cenários C & D
116
Figura 6.30: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Inhambane e Maxixe: Cenários C & D
117
Figura 6.32: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Ilha de Moçambique: Cenários C & D
119
Figura 6.33: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Nacala: Cenários C & D
120
Figura 6.34: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Pemba: Cenários C & D
121
Figure 6.36: Uma comparação das vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e cidades para o cenário
futuro mais provável (C4)
123
Figura 6.37: Uma comparação de vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e cidades para o pior cenário
(D4)
124
Figura 7.1:
Examplo de uma medida local de acomodação
132
Figura 7.2:
Restauração de uma praia através de “projecção” directa de areia de uma draga para a
costa (só é prático em certas áreas)
134
Restauração de uma praia através do bombeamento de areia para a praia através de um
sistema de tubagens
134
Exemplo de uma duna com vegetação, na Beira, com volume e altura suficiente para
proteger as áreas interiores contra erosão das tempestades ou erosão costeira.
135
Figura 7.5:
Exemplos de um revestimento (esquerda) e de um paredão (direita) em Moçambique
138
Figura 7.6:
Exemplo de um revestimento com rochas a proteger habitações (África do Sul)
138
Figura 7.7:
Exemplos de diques com vegetação (Alemanha)
139
Figura 7.8:
Praia elevada com uma estrutura de retenção parcialmente submersa
140
Figura 7.9:
Exemplo de mitigação da erosão através de estruturas paralelas à costa (Anglin et al 2001)
141
Figura 7.3:
Figura 7.4:
Figura 7.10: Exemplo de acréscimo da praia através de recifes artificiais submersos
142
Figura 7.11: Quebra-mares existentes ao longo da linha costeira de Maputo
144
Figura 7.12: Quebra-mar a proteger a entrada do canal de Richards Bay, na África do Sul (Fotografia de S
Pillay)
144
Figura 7.13:
Pilhas colocadas para formar uma barreira de ondas (cerca de 50 % reflectiva - PIANC,
2008)
Outubro 2012, p 16
146
Figure 7.14: Quebra-águas flutuantes patenteado (www.whisprwave.com)
147
Figura 7.15: Exemplos de revestimentos geotêxteis (sacos de areia) (Kwazulu-Natal, África do Sul)
149
Figura 7.16: Exemplo de uma estrutura em Gabião de parede de retenção (para proteger a área anterior
da praia).
149
Figura 8.1:
Beira. Opções de Adaptação / protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características dos locais e uso corrente/”valor.”
160
Beira Ocidental. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características dos locais, e “valor”/ uso corrente.
162
Sul da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
163
Sudoeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
165
Sudeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
166
Figura 8.6:
Sudoeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
167
Figura 8.7:
Este de Maputo. Opções recomendadas de adaptação /protecção costeira
170
Figura 8.8:
Maputo oriental. Opções recomendadas de adaptação /protecção costeira.
171
Figura 8.9 :
Padrões de transporte de sedimentos em Maputo (A Mather, pers com 2009)
173
Figura 8.2:
Figura 8.3:
Figura 8.4:
Figura 8.5:
Figura 8.10: Maputo ocidental. Opções recomendadas de adaptação/protecção costeira
174
Figura 8.11: Inhambane. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
177
Figura 8.12: Tofo & Barra. Opções de Adaptação / de protecção costeira recomendadas
179
Figura 8.13a: Vilanculos. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas.
180
Figura 8.13b: Vilanculos. opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas.
181
Figura 8.14: Quelimane. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
183
Figura 8.15:
184
Ilha de Moçambique. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
Figura 8.16: Nacala & Minguri. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
186
Figura 8.17: Pemba. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
188
Tabela 2.1:
Capacidade de adaptação regional, vulnerabilidade e principais preocupações
Tabela 5.1:
Pontos da grelha do NCEP (tal como mostrados na Figura 5.4)
20
Tabela 5.2:
Estatísticas gerais sobre a altura das ondas
26
Tabela 5.3:
Ciclones tropicais e tempestades tropicais (TS) que atingiram à costa de Moçambique no
período entre 1994 e 2008 (fonte: Relatório do INGC, 2009)
31
Tabela 5.4:
Análise de Ondas Extremas do NCEP para 9 locais ao largo da costa Moçambicana
32
Tabela 5.5:
Estimativa da intensidade máxima média da velocidade do vento para 100 anos em função
da latitude (Baseado em Rossouw, 1999)
34
Tabela 5.6:
Estimativa das condições locais das ondas, para o mar alto e próximo da costa em 100 anos
35
Tabela 5.7:
Principais parâmetros de inserção para o ciclone tropical Lisette (Março 1997)
45
Tabela 5.8:
Detalhes da simulação de ciclones para 3 locais em Moçambique.
49
Tabela 5.9:
Níveis de marés tendo por base os dados do UK Hydrographic Office (2007).
54
Tabela 5.10: Exemplo da quantificação do potencial de erosão e limite de erosão para a SNM
Outubro 2012, p 17
2
65
Tabela 6.1:
Indicadores de vulnerabilidade, limites de valores para cada um dos indicadores e as
amplitudes de classificação de vulnerabilidade, aplicados na avaliação da vulnerabilidade
costeira de Moçambique.
79
Tabela 6.2:
Exemplo de pontuação de vulnerabilidade (1 a 5 – Muito alta) para a Ponta do Ouro.
103
Tabela 6.3:
Resumo dos cenários avaliados para a vulnerabilidade costeira
104
Tabela 7.1:
Exemplos de Potenciais implicações e medidas de adaptação possíveis
130
Tabela 7.2:
Selecção de opções de gestão da linha costeira com base nos activos em risco (adaptado da
bibliografia)
152
Tabela 7.3:
Resumo das estimativas de custo para algumas opções de adaptação
153
Tabela 7.4:
Custos relativos, esperança de vida e potenciais impactos ambientais associados às opções
de gestão da linha costeira (adaptado de SNH, 2000)
155
Comparação de funcionalidade / adequação de algumas das medidas potencias de
adaptação
156
Tabela 7.6:
Medidas prioritárias de adaptação / “sem arrependimentos”
158
Tabela 8.1:
Resumo de custos de algumas opções de adaptação para a Beira – custo estimado de
investimento em construção costeira. (2011)
169
Resumo de custos de algumas opções de adaptação para Maputo – custo estimado do
investimento em construção costeira. (2011)
176
Tabela 7.5:
Tabela 8.2:
Outubro 2012, p 18
1 INTRODUÇÃO
Moçambique é reconhecido como um dos países em África que é mais vulnerável às mudanças
climáticas. Perigos tais como secas e cheias, precipitação variável e ciclones tropicais têm
afectado significativamente o país. No seguimento da primeira fase de investigação (INGC Fase I),
que teve como objectivo definir e contextualizar localmente os factores geradores importantes e
os impactos das mudanças climáticas em Moçambique, o Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC) em Moçambique procedeu à segunda fase de investigação. Enquanto a Fase
I do INGC se concentrou na determinação dos impactos das mudanças climáticas em
Moçambique a nível global, a Fase II do INGC focaliza-se tanto a nível global como a nível
particular, enfatizando a implementação da adaptação e fornecendo uma orientação estratégica.
O objectivo principal dos projectos da Fase II, orientados pelo Governo Moçambicano, é ajudar a
Moçambique a proteger-se dos potenciais impactos das mudanças climáticas e reforçar a
prevenção através da implementação de medidas de adaptação à escala nacional, na base da
ciência e em favor do desenvolvimento sustentável. Os projectos da Fase II focalizam-se numa
série de desafios de investigação temáticos que foram formulados e exigiram esforços
multidisciplinares. Neste sentido, o Tema 2: "Planeamento e adaptação costeira para mitigar os
impactos das mudanças climáticas" contribui para o objectivo "Protecção das Cidades Costeiras".
Considera-se que este tema está alinhado com a abordagem seguida no Tema 3: "Cidades
preparadas para as mudanças climáticas" e no Tema 4: "Resiliência com a participação do sector
privado". Como tal, a investigação incluiu uma série de áreas piloto ao longo da costa, situadas
em regiões com impacto elevado que foram seleccionadas à luz dos outros temas.
A ênfase dada às áreas piloto introduziu uma dimensão de escala que possibilitou aprofundar o
entendimento dos sistemas ambientais representados nas respectivas áreas. Para além disso,
graças à investigação realizada a esta escala, foi possível desenvolver intervenções com vista à
adaptação às mudanças climáticas, capazes de auxiliar na sua provável implementação. Isto
contrasta com as intervenções de adaptação generalizadas que teriam sido desenvolvidas ao
longo da investigação e implementadas a escalas mais abrangentes.
No Tema 2, analisaram-se as seguintes questões-chave:







Onde se situam as áreas mais vulneráveis ao longo da costa, ao nível local/micro?
No contexto das mudanças climáticas, que forma terão estas áreas no futuro?
Nestas áreas, que infra-estruturas chave e planos de investimentos futuros estão em
perigo?
Que recomendações são feitas relativamente aos investimentos planeados para a
região costeira, com ênfase na Beira e em Maputo?
Que medidas estruturais de protecção costeira são necessárias para compensar os
potenciais efeitos das mudanças climáticas?
Que planos de gestão da linha costeira são mais adequados para estas áreas?
Qual deverá ser o enquadramento estratégico à luz do qual todas as estruturas
costeiras e defesas marítimas podem ser avaliadas? Que elementos deverão integrar
um sistema de informação da zona costeira? Que contributos podem ser fornecidos
com vista a uma política integrada de gestão costeira?
Outubro 2012, p 0
Em resumo, pode dizer-se que o INGC pretende seguir uma abordagem pró-activa com vista a
proteger vidas e infra-estruturas ("Prevenir é melhor que Remediar "). Ao abordar esta tarefa,
dever-se-á aplicar o princípio do conservadorismo/acautelamento, a fim de se encontrarem
soluções sustentáveis de longa duração e de custos reduzidos para o município e/ou o Estado.
O Capítulo 2 realça os pontos essenciais relativos ao ambiente costeiro retirados do estudo INGC
Fase I, enquanto que o capítulo 3 apresenta um breve resumo da área de estudo e das
respectivas áreas piloto que estão no centro do Tema 2. As metodologias e a abordagem da
investigação são discutidas no Capítulo 4.
Os factores físicos que influenciam o risco a que as infra-estruturas costeiras estão sujeitas, bem
como as vidas e os meios de subsistência das comunidades costeiras, considerando os cenários
climáticos actuais e futuros, são discutidos no Capítulo 5 sob o título "Indutores do risco". O
Capítulo 6 apresenta uma avaliação dos perigos costeiros associados a estes indutores do risco.
Os resultados da investigação sobre as estratégias de adaptação e medidas previstas pelas
opções associadas de protecção costeira são apresentados no Capítulo 7, seguidos de uma
discussão e recomendações geográficas específicas no Capítulo 8. Os resultados da interacção
com os representantes dos municípios e institucionais e os oficiais técnicos em algumas das
localizações de estudo são fornecidos no Capítulo 9. As conclusões-chave, acompanhadas de
recomendações, são resumidas no Capítulo 10.
Os Anexos incluem os pormenores subjacentes das secções seleccionadas.
Outubro 2012, p 1
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1
O contínuo crescimento das concentrações atmosféricas dos gases produtores do "efeito de
estufa" conduziu ao aquecimento global e as mudanças climáticas. Os efeitos destas
concentrações crescentes já se fazem notar, especialmente em termos de variáveis térmicas e,
em particular, na temperatura global média do ar. O aumento das temperaturas de superfície
levou a um aumento no nível da água do mar através da interacção de vários processos, tais
como a expansão térmica dos oceanos e o degelo de glaciares. Prevê-se que as mudanças
climáticas possam igualmente causar tempestades de maior intensidade. Isto vulnerabiliza as
aglomerações costeiras, especialmente se tivermos em conta que vastas áreas da região costeira
se encontram densamente povoadas e em rápido crescimento. Estima-se que os recursos
costeiros sejam afectados por uma série de consequências das mudanças climáticas,
nomeadamente um aumento significativo do nível das águas do mar, temperaturas da superfície
do mar mais elevadas, alterações nos padrões de precipitação e dos fluxos sedimentares de rios,
condições oceânicas alteradas, bem como alterações nas trajectórias, na frequência e na
intensidade das tempestades.
Num relatório publicado em 2001, o Painel Inter-Governamental sobre as Mudanças Climáticas
(IPCC) avaliou a capacidade de adaptação de várias regiões do mundo, incluindo África e
pequenos estados insulares adjacentes (IPCC 2011b). Esta avaliação incluiu Moçambique e alguns
excertos do relatório são descritos na Tabela 2.1 abaixo.
Tabela 2.1:
Capacidade de adaptação regional, vulnerabilidade e principais preocupações
(Extraído do Resumo Técnico do IPCC, 2001b. Com secções relevantes do IPCC 2001b para cada
fonte: IPCC 2001b, retirado da tabela SPM-2).
exemplo dado nas caixas rectangulares)
Região
África (incluindo
Moçambique)
Pequenos
Estados Insulares
(também
Moçambique)
Capacidade de adaptação, vulnerabilidade e principais preocupações
A capacidade de adaptação dos sistemas humanos em África é baixa devido à
escassez de recursos económicos e tecnológicos e à vulnerabilidade elevada
resultante da forte dependência da agricultura de sequeiro, secas e inundações
frequentes e pobreza. [5.1.7]
O aumento de secas, inundações e outros eventos extremos poderá acrescer às
pressões nos recursos hídricos, segurança alimentar, saúde pública e infraestruturas, ao mesmo tempo que compromete o desenvolvimento em África
(alto grau de confiabilidade). [5.1]
As aglomerações costeiras, por exemplo, no Golfo da Guiné, no Senegal, na
Gâmbia, no Egipto e ao longo do Sudoeste da costa africana poderão ser
adversamente afectadas pela subida do nível do mar devido a inundações e
erosão costeira (alto grau de confiabilidade). [5.1.5]
A subida prevista do nível do mar de 5 mm por ano durante os próximos 100
anos poderá causar uma erosão costeira acrescida, perda de terras e
propriedades, evacuação de pessoas, risco acrescido de vagas tempestuosas,
resiliência reduzida dos ecossistemas costeiros, intrusão da água salgada nos
recursos de água potável e elevados custos de recursos com vista a reagir e
adaptar-se a estas alterações (alto grau de confiabilidade). [5.8.2 e 5.8.5]
Outubro 2012, p 2
Região
Capacidade de adaptação, vulnerabilidade e principais preocupações
Os recifes de corais poderão ser negativamente afectados pelo branqueamento
e pelas taxas de calcificação reduzidas devido aos elevados níveis de CO 2 (grau
de confiabilidade média); os manguezais, os leitos de algas marinhas e outros
ecossistemas costeiros, bem como a biodiversidade associada, poderão ser
adversamente afectados pelas crescentes temperaturas e pela subida acelerada
do nível do mar (grau de confiabilidade média). [4.4 e 5.8.3]
O turismo, uma importante fonte de rendimento e entrada de divisas para
muitas ilhas, poderá enfrentar uma grave perturbação resultante das mudanças
climáticas e da subida do nível do mar (alto grau de confiabilidade). [5.8.5]
Moçambique é portanto reconhecido como um dos países africanos mais vulneráveis às
mudanças climáticas (Tol, 2004). Perigos tais como secas e inundações, precipitação variável e
ciclones tropicais já afectam Moçambique de um modo significativo (p.ex. Figura 2.1). A zona
costeira de Moçambique é particularmente vulnerável aos impactos esperados das mudanças
climáticas (p.ex. Tabela 2.1 acima, extraída do IPCC 2001). Os problemas existentes exacerbam a
situação. Por exemplo, segundo relatórios da imprensa, o Governo Moçambicano anunciou em
2008 que precisava de US$18 milhões para resolver o problema da erosão na região costeira de
Maputo (Notícias, 2008).
Figura 2.1.
Trajectórias de ciclones entre Novembro e Abril no Sudoeste do Oceano Índico de 1952 a 2007
(Mavume et al., 2009)
Os factores que contribuem para tal incluem grandes planícies costeiras de baixa elevação, tais
como deltas costeiros; elevadas concentrações populacionais na proximidade imediata do mar;
pobreza; fraca capacidade para defender as infra-estruturas; susceptibilidade a actividade
ciclónica; costas frágeis e erodíveis; defesas costeiras inadequadas e obsoletas (Theron et al
2011). Esta situação é agravada pela exposição directa a elevados regimes de energia das ondas
em algum locais, pelo aumento potencial nos impactos causados por ciclones e nas defesas
costeiras naturais afectadas (p.ex. dunas, mangais e recifes de coral). Grande parte das
populações locais dependente também dos bens, serviços e das vantagens económicas
proporcionadas pela zona costeira (Theron et al 2011). Portanto, muitos Moçambicanos vivem
Outubro 2012, p 3
junto ao mar (e dos lagos e lagoas costeiras) para terem um acesso facilitado à pesca, sendo esta
a principal fonte de sustento para muitas pessoas pobres que vivem ao longo da costa.
Moçambique tem também inúmeros lagos ou lagoas costeiras separadas do mar apenas por uma
duna frontal. Os efeitos conjuntos da subida do nível do mar (SNM) e do aumento da
tempestuosidade do mar podem destruir algumas destas barreiras de dunas. Para além da
consequente perda de alguns destes sistemas de lagos e lagoas ecologicamente (e socialmente)
importantes, as margens interiores actualmente protegidas seriam, neste caso, directamente
expostas a condições muito mais graves (ondas, ventos e correntes) que teriam graves impactos
tais como a erosão da linha costeira, etc. (Theron & Rossouw, 2008).
As áreas mais vulneráveis ao longo da costa situar-se-ão quase invariavelmente onde os
problemas já se fazem sentir no presente. Na maior parte dos casos, trata-se de áreas onde o
desenvolvimento se aproximou demasiado da linha de água da maré alta ou a uma elevação
demasiado baixa acima do nível médio do mar (Theron, 2007). Alguns exemplos dos actuais
problemas em Moçambique são ilustrados na Figura 2.2 que se segue.
Exemplos de áreas costeiras vulneráveis existentes em Moçambique, que provavelmente se tornarão mais
vulneráveis devido aos efeitos das mudanças climáticas.
As áreas mais vulneráveis ao longo da costa irão, quase sem excepção, estar localizadas onde já se estão
a sentir problemas. Na maior parte dos casos são áreas nas quais o desenvolvimento já se aproximou
demasiado da linha de água da maré alta, ou estão numa elevação demasiado baixa relativamente ao
nível médio do mar (Theron, 2007).
Outubro 2012, p 4
Alguns exemplos dos actuais problemas em Moçambique são descritos na Figura 2.2. Em alguns casos
(especialmente nas vilas/cidades costeiras mais desenvolvidas) algumas das infra-estruturas construídas
estão em risco, enquanto que na maior parte das povoações costeiras urbanas e rurais existem
povoações muito próximas do mar.
Exemplos de áreas costeiras vulneráveis existentes em Moçambique, que provavelmente se tornarão mais
vulneráveis devido aos efeitos das mudanças climáticas.
Outubro 2012, p 5
Figura 2.2:
Exemplos de
áreas costeiras vulneráveis
existentes em Moçambique, que
provavelmente se tornarão mais
vulneráveis devido aos efeitos das
mudanças climáticas.
2.2
Os pontos que se seguem foram retirados dos resultados do relatório da 1ª Fase do Estudo do
INGC (INGC, 2009) e são incluídos no presente estudo como informação de fundo:



Como resultado das mudanças climáticas, a exposição ao risco de desastres naturais
em Moçambique aumentará significativamente nos próximos 20 ou mais anos. As
temperaturas em Moçambique poderão subir tanto quanto 2 a 2.5˚C em 2050 e 5 a
6˚C em 2090 (dependendo da região).
A variabilidade da precipitação aumentará; haverá provavelmente mudanças
respeitantes ao início das estações das chuvas com estações chuvosas mais húmidas e
estações secas mais secas. O risco de inundações aumentará significativamente no Sul.
As regiões centrais serão fortemente afectadas por ciclones mais intensos e pela
subida do nível do mar, bem como pelo risco de seca na área circundante de Cahora
Bassa.
Até aproximadamente 2030, ciclones mais severos constituirão o maior perigo para a
costa; depois de 2030, a subida acelerada do nível das águas do mar representará o
maior perigo, especialmente, quando combinada com marés astronómicas e vagas
tempestuosas. A cidade da Beira já se encontra numa situação muito vulnerável, com
protecção costeira inadequada relativamente aos eventos cíclicos anuais. Partes de
Outubro 2012, p 6

Maputo, bem como outras áreas costeiras como Pemba e Vilankulos e ilhas vizinhas, já
estão também em risco.
Tabela classificativa do grau de "vulnerabilidade" das cidades costeiras:
o Beira: ameaça de ciclone, exposição da costa, terras de baixa elevação, defesas
em mau estado
o Inhambane: ameaça de ciclones, cheias fluviais, terras baixas
o Quelimane: ameaça de ciclones, cheias fluviais
o Maputo: terras altas, beira da praia em risco
o Vilanculos: protegida por ilhas
o Nacala: protegida contra a invasão das águas do mar, terras altas
2.3
Estão a ser feitos investimentos em áreas onde se verifica um aumento dos perigos e onde os
custos dos seguros estão a tornar-se muito pouco atractivos, mesmo quando apoiados pelo
governo.
Prevê-se que a vulnerabilidade aumente nas próximas duas décadas, uma vez que os impactos
climáticos reduzem os meios de subsistência das pessoas (saúde, água, infra-estruturas) e
interferem na produção de alimentos, comprometendo, assim, o objectivo global de
Moçambique de reduzir a pobreza absoluta. Contudo, saber até que ponto a vulnerabilidade de
Moçambique irá aumentar à medida que a exposição aumenta depende da sua capacidade de
adaptação. Isto, por sua vez, depende em grande parte do percurso evolutivo de Moçambique a
nível sócio-económico e tecnológico e das medidas de adaptação, i.e. da protecção e do
planeamento que serão implementadas ao longo dos próximos 5 a 10 anos.
Outubro 2012, p 7
3 ÁREA DE ESTUDO
Legenda:
INGLÊS
International Boundary
Province Boundary
National Capital
Railroad
Road
Figura 3.1:
PORTUGUÊS
Fronteira Internacional
Fronteira Provincial
Capital Nacional
Linha Férrea
Estrada
A zona costeira de Moçambique (INGC, 2009)
Outubro 2012, p 8
Tal como foi discutido no capítulo anterior, a zona costeira de Moçambique (Figura 3.1) é
particularmente vulnerável aos impactos esperados das mudanças climáticas e a sua capacidade
de adaptação é baixa. Os factores que contribuem para o efeito incluem grandes planícies
costeiras de baixa elevação, tais como deltas costeiros; alta densidade populacional nas
proximidades do mar; pobreza e fraca capacidade de defender as infra-estruturas. Esta situação é
agravada pela exposição directa a elevados regimes de energia das ondas em algumas partes e
um aumento potencial nos impactos causados por ciclones. Grande parte das populações locais
está dependente em grande medida dos bens, serviços e das vantagens económicas
proporcionadas pela zona costeira e estão portanto localizados perto do mar em áreas
vulneráveis.
Tal como especificado nos termos de referência e escolhido em concordância com o INGC, a
investigação concentrou-se nas seguintes cidades costeiras e áreas urbanas ilustradas na
Figura 3.2. Maputo / Matola; Praia do Xai-Xai; Maxixe; Inhambane / Tofo; Vilanculos; Beira;
Quelimane; Ilha de Moçambique; Nacala e Pemba.
Legenda:
INGLÊS
Northern Mozambique
Central Mozambique
Southern Mozambique
Figura 3.2:
PORTUGUÊS
Norte de Moçambique
Centro de Moçambique
Sul de Moçambique
Áreas de estudo costeiras (Google Earth TM)
Outubro 2012, p 9
4 ABORDAGEM / METODOLOGIA
4.1
Com base nas conclusões do estudo da 1ª Fase e recorrendo a técnicas de avaliação adequadas,
tais como a utilização de sistemas de teledetecção e observações aéreas e de campo,
identificaram-se áreas de risco elevado (incluindo áreas em risco de mudanças) com base nos
critérios acordados, descritos no Capítulo 6.
Desenvolveu-se um índice de vulnerabilidade costeira adaptado apartir das técnicas disponíveis
descritas na bibliografia (Capítulo 6) e os locais de estudo foram avaliados por meio de mapas,
dados de satélite e observações locais (in-situ). Os resultados foram inseridos num Sistema de
Informação Geográfica (SIG), graças ao qual foi possível criar mapas de vulnerabilidade que
incluíssem cenários realistas das condições futuras da costa (Capítulo 6).
Através da aplicação de cenários realistas das condições futuras da costa (p.ex. ondas, eventos
extremos e subida do nível do mar - SNM) sujeitas às mudanças climáticas, e investigando os
possíveis efeitos, foram identificadas medidas de adaptação específicas e opções de protecção
costeira para dez cidades Moçambicanas com vista à sua adaptação aos impactos físicos das
mudanças climáticas (Capítulos 7 e 8). Enquanto algumas destas medidas envolvem opções de
gestão directa, outras focalizam-se em intervenções de "estruturas suaves de protecção costeira"
ou recuperação e intervenções de "estruturas rígidas de protecção costeira" ou blindagem, como
defesas costeiras.
4.2
Segue-se uma lista das principais actividades e estudos realizados (por ordem):
1. Rever a literatura e os resultados da 1ª Fase e compilar os dados disponíveis relevantes
para o Tema 2 (Capítulos 2 e 3).
2. Identificar os factores geradores de perigos costeiros primários e secundários e
parâmetros de vulnerabilidade (Capítulo 5).
3. Criar cenários realistas das condições costeiras futuras.
4. Analisar o clima das ondas no mar alto e modelação de ondas provocadas por ciclones
(Capítulo 5).
5. Determinar e calcular: marés locais, elevação das ondas devida à acção dos ventos/ondas
e da pressão hidrostática, nível do mar esperado no futuro e níveis máximos de elevação
das ondas (Capítulo 5).
6. Desenvolver e adaptar uma metodologia adequada de indexação da vulnerabilidade
costeira (Capítulo 6).
7.
Levar a cabo uma avaliação geral da vulnerabilidade costeira para toda a linha costeira
de Moçambique (Capítulo 6)
Outubro 2012, p 10
8. Executar um reconhecimento aéreo da costa e uma investigação de campo em locais
específicos; inspeccionar e avaliar os processos costeiros locais, as características
espaciais, a vulnerabilidade e as opções actuais de protecção/adaptação (Capítulo 6).
9. Fazer análises detalhadas da vulnerabilidade costeira de 10 locais com base na
metodologia desenvolvida no ponto (6) acima. (Isto resultou na avaliação de 14
parâmetros físicos e de 5 classes para cada local, para 16 conjuntos de cenários de
mudanças climáticas e ciclones) (Capítulo 6).
10. Mapear as áreas vulneráveis à erosão causada pela subida do nível do mar (Capítulo 6).
11. Mapear as áreas vulneráveis: níveis de inundaçãoe elevação máxima das ondas
(Capítulo 6).
12. Identificar um conjunto de opções adequadas de planeamento e adaptação:
considerando os custos relativos, a esperança média de vida, os impactos ambientais
associados e a funcionalidade comparativa.
13. Aplicar os princípios gerais de engenharia costeira e identificar opções de adaptação
relevantes para as condições locais de Moçambique (Capítulo 7).
14. Determinar os custos preliminares das opções de adaptação: estimativas de
necessidades de investimento para a construção costeira (Capítulo 7).
15. Definir opções adequadas de protecção costeira/adaptação específica dos locais com
base em critérios gerais, características dos locais e utilização/"valor" actual da costa
(Capítulo 8).
16. Recomendar a ordem de implementação das opções de adaptação identificadas em cada
local de estudo (Capítulo 8).
17. Interagir com os funcionários dos municípios costeiros a fim de entender o grau de
conhecimento local sobre os factores das mudanças climáticas e se/e como os mesmos
são tidos em conta nas acções de planeamento actuais e futuras (Capítulo 9).
18. Preparar recomendações para agir a curto, médio e longo prazo (Capítulos 8 e 10).
19. Identificar os requisitos de monitoria para melhorar a tomada de decisões com base em
evidências (Capítulo 10).
Outubro 2012, p 11
5 FACTORES GERADORES DO RISCO
5.1
Compreender o risco potencial tanto para os seres humanos como para os elementos naturais da
zona costeira facilita o mapeamento de áreas vulneráveis. Existe portanto a necessidade de
determinar áreas de baixo risco (ou vulnerabilidade) que, por sua vez, exigem uma previsão da
vulnerabilidade futura quando sob a influência cenários futuros de mudança climática. Estudar os
riscos associados com os processos e dinâmica costeira, em particular relacionados com as
mudanças climáticas neste caso, irá auxiliar no planeamento e localização de áreas de baixo risco
de novas áreas de desenvolvimento e infra-estruturas. Tal conhecimento também ajudará na
identificação de opções de adaptação apropriadas para os empreendimentos existentes que são
considerados como estando em risco.
Neste capítulo é fornecida uma visão geral do clima de ondas ao longo da costa Moçambicana,
bem como possíveis tendências reflectidas nos dados regionais. O foco incide nos aspectos físicos
abióticos do litoral, que incluem factores associados à mudança climática.
5.2
Van Ballegooyen et al. (2003) identificaram todos os perigos marinhos significativos relevantes
para os segmentos da costa da África Austral. Um perigo é definido aqui como um evento ou
processo (natural ou antropogénico) que resulta num impacto potencialmente deletério num
status quo desejável. Os perigos marinhos podem ser resultado de circunstâncias naturais ou
actividades antropogénicas, mas são geralmente uma combinação destas duas causas. Van
Ballengooyen et al. (2003) destaca que a extensão do risco (por exemplo, perda de vidas e
prejuízos financeiros) nem sempre é totalmente
valorizada, e cita como exemplo as perdas
NOTA - definições e terminologia:
financeiras a longo prazo devido à erosão costeira,
que são muitas vezes mal compreendidas,
NOAA: Vaga de tempestade: "Um
sobretudo pelas autoridades locais. Pode dizer-se
aumento ou acumulação de água sobre
que todos os itens no inventário de perigos de Van
a costa, produzida por ventos fortes
Ballegooyen et al. (2003) resulta quer de erosão
que sopram em direcção ao continente.
e/ou abrasão de fundações e estruturas; cheias e
A vaga de tempestade é mais grave
inundações; vento directo e os impactos das
quando ocorre em simultâneo com uma
ondas (ocasionalmente correntes); e, em termos
maré alta."
gerais, a proliferação de algas e poluição.
Expansão pelos autores:
Na África Austral, as tempestades
Destacando os riscos abióticos causados às inframarítimas (ou seja, ondas altas com
estruturas e empreendimentos na zona costeira,
elevação máxima, impactos e abrasão)
os principais factores meteo-oceânicos geradores
também são um grande risco; estas
são, portanto, ondas e os níveis de água do mar (e
podem ser exacerbadas por ventos
em menor grau, ventos e correntes, em alguns
fortes e marés altas.
casos). Tal é geralmente confirmado pela análise
Outubro 2012, p 12
da literatura sobre métodos de avaliação da vulnerabilidade costeira (discutidos em detalhes no
Capítulo 6), onde os indicadores identificados são quase todos relacionados com os parâmetros
que afectam a vulnerabilidade/resiliência à erosão/abrasão, e inundações (Theron et al 2010). No
que diz respeito a perigos relacionados com o vento em Moçambique, é reconhecido que os
perigos primários para a infraestrutura costeira devem incluir os danos prováveis derivados dos
ventos fortes durante os ciclones. No entanto, este relatório debruça-se com os perigos
relacionados com as mudanças climáticas e água (costeira / marinha). Os danos que podem ser
provocados por ventos ciclónicos nas infra-estruturas e habitações não devem ser negligenciados,
mas são enquadrados no âmbito de outros Temas (“preparar cidades”). Deste modo, os
impactos dos ventos ciclónicos podem ser sentidos mais para o interior, sem qualquer influência
do mar e, portanto, o tratamento deste tipo de perigo deve ser incluído na avaliação do risco e
resposta para todas as áreas/cidades (não especificamente a costa).
Do mesmo modo, sublinha-se que o perigo e vulnerabilidade aos maremotos não são
considerados neste relatório. O risco de maremotonão está associado às mudanças climáticas
(que é o foco do Tema 2) e é também considerado como sendo um perigo de risco relativamente
baixo para a costa de Moçambique (Apesar deste aspecto estar para além do âmbito do Tema 2,
deve ser realizada, num futuro próximo, uma avaliação de risco focalizada em maremotospara a
costa Moçambicana, de forma a avaliar apropriadamente a vulnerabilidade e quantificar os riscos
/ impactos, para que possa ser apurada a necessidade de planeamento e adaptações específicas
para maremotos).
Finalmente, e considerando também outros perigos e impactos abióticos “não
costeiros/marinhos" na ampla zona costeira, é relevante salientar os perigos combinados de
elevados níveis de água do mar com inundações provenientes dos rios.É bem sabido que chuvas
fortes associadas aos ciclones provocam também inundações dos rios que podem ser
exacerbadas por elevados níveis da água do mar ao longo da costa. Se tais eventos extremos
acontecerem ao mesmo, a destruição nas infra-estruturas e serviços será ainda maior.Os estudos
de inundações de rios devem considerar os possíveis efeitos do elevados níveis de inundações
causadas pela água do mar. Este detalhe de níveis exacerbados de inundações de rios está para
além do âmbito deste estudo, mas deve ser considerado (possivelmente no Tema 3: Cidades
preparadas para as mudanças climáticas e/ou Tema 4: Construindo Resiliência). Deve ser
certamente prestada atenção ao impacto potencial da combinação de inundações nas cidades
onde os maiores rios desaguam no mar. No entanto, deve ser salientado que, uma vez que o
Tema 2 não incluiu os perigos originados por processos terrestres, as inundações ribeirinhas de
todas as áreas (incluindo as costeiras) devem ser tratadas num tema diferente.
A “estabilidade" do litoral, ou a probabilidade de erosão (e/ou abrasão das estruturas) é afectada
por muitas causas, processos e actividades, alguns dos quais naturais e outros devido a acções
antropogénicas. A maioria destas variáveis é enumerada e “definida/classificada" no diagrama
seguinte (Figura 5.1).
Outubro 2012, p 13
Figura 5.1:
Factores geradores, processos e actividades que afectam a “estabilidade” ou erosão da costa.
O estudo sobre “Vulnerabilidade e adaptação dos recursos naturais às alterações climáticas em
Moçambique”, um relatório preparado pelo MICOA no âmbito do United States Country
Programme em 1999 (MICOA, 1999), identifica a subida do nível do mar como sendo o principal
impacto das mudanças climáticas globais nas áreas costeiras de Moçambique. Conforme
observado no IPCC (2001) e resumido na Tabela 2.1, espera-se que as mudanças climáticas
venham a desencadear uma série de consequências que irão afectar negativamente os recursos
costeiros. Estas são, entre outras: níveis do mar mais elevados; temperaturas do mar mais
elevadas; mudanças nos padrões de precipitação e nos fluxos de sedimentos dos rios; mudanças
nas condições oceânicas; bem como alterações nas trajectórias de tempestade, suas frequências
e intensidades. O aparente aumento na ocorrência e intensidade de tempestades, será o impacto
mais visível e o primeiro a ser notado, uma vez que níveis do mar mais elevados vão requerer
eventos de tempestade menores para ultrapassar as medidas de protecção contra tempestades
existentes.
Outubro 2012, p 14
As alterações na forma dos litorais arenosos dependem de uma série de factores de entre os
quais o mais importante é a disponibilidade e a distribuição de sedimentos (areia). A areia ao
longo da costa é movimentada principalmente por ondas e correntes, enquanto que as ondas
que se aproximam da costa, por sua vez, são afectadas pela topografia do fundo do mar. À
medida que o nível do mar sobe as características topográficas existentes estarão localizadas em
águas mais profundas e terão um efeito diferente sobre as ondas que se aproximam da costa. As
características em direção ao continente a partir da zona de rebentação estarão em águas mais
profundas e terão um efeito quer ampliado quer reduzido sobre o clima das ondas, quando
comparado com a actual estrutura. As características em águas profundas poderão aprofundar-se
a um grau em que os seus efeitos sobre o clima das ondas se tornam insignificantes. Os pontos de
convergência e divergência da energia das ondas irão mudar. Os novos locais de convergência de
energia das ondas poderão sofrer um aumento da erosão, enquanto que os locais actualmente
objecto de convergência de energia poderão sofrer acreções, se forem expostos a menos energia
no futuro. As alterações na aproximação das ondas irão mudar as correntes no litoral e o
transporte de sedimentos no litoral.
Concluindo, os perigos primários para a infraestrutura física costeira (abiótica) relacionados com
as tempestades no mar e mudanças climáticas são:





Níveis de água do mar extremos ao nível da costa, resultando em cheias e inundações
das áreas baixas.
Alterações nas características dos ciclones, ventos e regime local de ondas, resultando
em impactos directos das ondas.
Erosão costeira e abrasão de, por exemplo, fundações e estruturas.
Complexidades dos sistemas, limites e não-linearidades, por exemplo, relacionadas
com o transporte de areia.
Uma combinação de eventos extremos, como tempestades do mar durante as marés
altas, mais a elevação do nível do mar, causarão os maiores impactos e irão cada vez
mais danificar a infraestrutura existente à medida que os factores relacionados com
mudanças climáticas se estabelecem no tempo.
Os principais factores geradores meteo-oceânicos relacionados com os factores supracitados são,
portanto, as ondas e os níveis de água do mar (e em menor grau, ventos e correntes). (Os
principais perigos listados acima são discutidos em detalhe nas Secções 5.3 a 5.6 e 6.2)
5.3
Os factors geradores mais significativos dos níveis de elevação extrema da água do mar na costa
são as marés, a elevação devida à acção do vento, a elevação devida ao efeito hidrostático, a
elevação devida a dissipação das ondas e, no futuro, a subida do nível do mar devido às
mudanças climáticas (Theron, et al 2010). Todos estes factores afectam o nível da água em
repouso na linha costeira.
Os factores geradores/componentes mais significativos do nível da água do mar extremo na costa
para o contexto da África Austral são as marés (as marés vivas na África do Sul atingem cerca de 1
m acima do nível médio do mar (NMM) enquanto que, em Moçambique, atingem mais de 3.7 m
acima no NMM), a potencial subida do nível do mar e elevação máxima devido a acção das
Outubro 2012, p 15
ondas. Theron (2007) estimou que no cenário da África do Sul, durante os eventos extremos,
estas componentes podem contribuir, cada uma, com elevações adicionais (de altura) de cerca
de 0.35 m a 1.4 m para o nível da água do mar na costa. De salientar que os potenciais impactos
adicionais das mudanças climáticas (por exemplo, mais eventos climáticos extremos) na elevação
associada ao vento, no efeito hidrostático e na dissipação das ondas não estão incluídos na faixa
de aumento acima. Estas componentes de elevação do nível da água do mar determinados para a
costa de Moçambique, são discutidos em detalhe na Secção 5.5.2
As recentes observações de satélite, muito cuidadosamente calibradas, mostramque a subida
global do nível do mar, ao longo da ultima década foi de 3.3 +/- 0.4 mm/ano (Rahmstorf et
al2007). O relatório AR4 do IPCC (IPCC 2007) conclui que o aquecimento antropogénico e a
subida do nível do mar continuarão ao longo de séculos devido às escalas temporais associadas
aos processos climáticos e mecanismos físicos de realimentação, mesmo que as concentrações
dos gases produtores do efeito de estufa estabilizem. Comparações de cerca de 30 anos de
registos de medições de marés da África do Sul, e registos de séries temporais mais longas de
outros locais, revelam uma substancial concordância. Uma análise recente do nível das águas do
mar em Durban confirma que a taxa local de aumento do nível das águas do mar está em
concordância com as tendências globais de variação (Mather 2008). As taxas actuais de subida do
nível do mar na África do Sul são: costa ocidental +1.87 mm/ano, costa sul +1.47 mm/ano, e costa
oriental +2.74 mm/ano (Mather et al 2009).
Figura 5.2:
Comparação entre as estimativas mínimas e máximas para a subida global do nível do mar para
o ano de 2100 (USACE, 2011)
(Note-se os estudos após 2007 fornecem uma variação geral de cerca de 0.5 m até 2 m)
Legenda:
INGLÊS
Maximum estimate
Minimum estimate
Sea Level Rise (meters)
PORTUGUÊS
Estimativa máxima
Estimativa mínima
Subida do nível do mar (metros)
Outubro 2012, p 16
A probabilidade de subidas maiores e repentinas no nível do mar (possivelmente de vários
metros) devido à queda catastrófica de grandes plataformas de gelo (p.e. Church e White 2006)
é ainda considerado improvável neste século, porém as ocorrências na Gronelândia (p.e. Gregory
2004, Overland, 2011) e na Antártida (p.e. Bentley 1997; Thomas et al 2004) podem em breve
forçar uma reavaliação dessa conclusão. A longo prazo, o derretimento em larga escala de
grandes massas de gelo é inevitável. A literatura recente (desde o IPCC 2007) fornece uma grande
variedade de cenários de subida do nível do mar, tal como indicado na Figura 5.2.
Algumas projecções e cenários são até maiores, mas a maioria das projecções “físicas/baseadas
em processos” (p.e. Nicholls e Cazenave 2010; Pfeffer et al 2008; Milne et al 2009; SWIPA 2011)
para 2100 variam entre 0.5 m e 2 m como também foi concluído em várias outras análises (p.e.
Theron e Rossouw 2009; Fletcher 2009). Conclui-se que a melhor estimativa (cenário médio) para
a subida do nível do mar para 2100 é de cerca de 1 m, com um cenário pessimista de 2 m, e um
cenário optimista de 0.5 m. Desta forma, a melhor projecção estimada para 2050 (“cenário
médio”) é de 0.3 m a 0.5 m.
Os factores que influenciam o nível da água na costa não devem ser confundidos com os efeitos
adicionais da elevação máxima devida à acção das ondas, as quais poderão alcançar alturas ainda
maiores. A elevação máxima devida à acção das ondas é a entrada abrupta de água pelo declive
da praia para além do nível de repouso da água na zona de rebentação (zona de espraio). Um
esboço com a definição das várias componentes que contribuem para o alcance dos níveis
extremos de água do mar na costa (identificando as componentes da maré elevação devida ao
efeito barométrico/hidrostático, elevação devida ao vento, elevação devida à dissipação das
ondas, elevação máxima devida à acção das ondas e subida do nível do mar) é apresentado na
Figura 5.3.
De acordo com as elevações pesquisadas (Smith et al 2010), os níveis máximos de elevação
devida a acção das ondas na costa aberta de Kwazulu-Natal (KZN), perto de Durban, durante a
tempestade de Março de 2007 (que coincidiu com a maior maré astronómica), atingiram cerca de
+ 10.5 m do nível médio do mar (NMM). De notar que a elevação devida a dissipação das ondas e
elevação máxima devida a acção das ondas estão ambos considerados nestes níveis. Estima-se
que, só, elevação máxima devida a acção das ondas durante a tempestade de 2007 em KZN,
tenha atingido cerca de 7 m (vertical), resultante de ondas próximas da costa com cerca de 8.5 m
(A distâncial horizontal que a linha da costa recuou devido à erosão costeira causada por esta
tempestade variou de uma ordem de 0 m a 100 m facto que depende das circunstâncias locais).
Em torno da África Austral, incluindo Moçambique, a elevação das ondas é portanto um factor
importante, que pode vir a ser consideravelmente exacerbado pelas marés e pela futura subida
do nível do mar (Theron et al 2010). O clima das ondas, as projecções de elevação das ondas, e o
impacto combinado das ondas, marés, e a SNM/mudançass climáticas, são abordados nas
secções seguintes deste capítulo.
Outubro 2012, p 17
Figura 5.3:
Desenho de definição das várias componentes que levam a níveis extremos de água de mar na
costa
Legenda:
INGLÊS
Sea
Sea Level Rise
Total water level
Waves approaching shore
Land
Beach profile (cross-section)
Future flooding level
Present storm flooding level
Run up level
Swash zone
Run down level
Set up
Set down
Water elevation due to waves
Hydrostatic and wind surge
High tide level
Reference: Mean Sea Level (MSL)
PORTUGUÊS
Mar
Subida do nível do mar
Nível total da água
Ondas aproximando-se da costa
terra (continente)
Perfil da praia (secção transversal)
Nível de inundação futura
Nível de inundação actual devido a tempestades
Nível de elevação máxima
Zona de rebentação
Nível de depressão
Elevação
Depressão
Elevação da água devido às ondas
Vaga hidrostática e do vento
Nível da maré alta
Referência: Nível Médio do Mar (NMM)
Outubro 2012, p 18
5.4
5.4.1
Análise das Ondas do Alto Mar em Moçambique
Introdução
Esta secção apresenta uma descrição do clima das ondas obtido para a costa Moçambicana.
Existem poucos dados de ondas registados sobre a costa Moçambicana. Grande parte da análise
de ondas é baseada nas informações disponíveis no WaveWatch III do National Centre for
Environmental Prediction (Centro Nacional para as Previsões Ambientais - NCEP), uma divisão do
NOAA, EUA. As informações sobre as ondas geradas por ciclones são também inferidas a partir de
dados de ciclones e outras fontes.
Informação sobre o vento e clima das ondas
Dados de ondas do alto mar
Fontes de dados
Os dados arquivados no NCEP disponíveis são desde Fevereiro de 1997 até Junho de 2009. Os
dados foram extraídos de 13 locais ao longo da costa, tal como é apresentado na Figura 5.4. O
produto final inclui medidas de alturas significativas de ondas (Hs), com intervalos de três em três
horas, período espectral do pico das ondas (Tp) e direcção do pico das ondas. Foram também
extraídas a velocidade e direcção do vento.
NCEP Positions
Figura 5.4:
Localização dos pontos da grelha do NCEP
Outubro 2012, p 19
A vantagem dos dados do NCEP está no facto de a série disponível possuir cerca de 12 anos. No
entanto, uma vez que os dados são obtidos apartir do modelo global WaveWatch III, que prevê as
condições das ondas numa resolução de 1 x 1.25 graus (aproximadamente 110 km x 125 km de
tamanho da grelha), as características dinâmicas e escala dos ciclones parece estar a ser
subestimada pelo modelo. Na Tabela 5.1 é apresentada uma lista dos pontos da grelha utilizados
neste estudo. Vale a pena salientar, no entanto, que ao largo da costa Sul da África do Sul, os
dados do NCEP comparam-se bem com as medições. Esta boa comparação pode ser atribuída,
mais provavelmente, aos diferentes mecanismos de geração de ondas, i.e. aos grandes sistemas
de baixa pressão ou frontais, que passam pela costa da África do Sul, que podem ser bem
definidos nos modelos atmosféricos numéricos.
Tabela 5.1:
NCEP ID
1302
1206
1108
1011
914
818
720
622
524
Pontos da grelha do NCEP (tal como mostrados na Figura 5.4)
Lat
Graus
26
24
22
20
18
16
14
12
10
Long
Min
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Graus
33
36
36
37
38
41
41
41
41
Min
45
15
15
30
45
15
15
15
15
Cidade/Vila
Maputo
Maxixe
Vilanculos
Beira
Pebane
Angoche
Memba
Ilha Macaloe
Mtwara
Note que os dados produzidos são só representativos apenas das águas oceânicas expostas
no mar alto, com profundidades de 100m ou mais.
Os pontos da grelha do NCEP no mar alto de Maputo, Beira, Maxixe e Vilanculos são fornecidos
com melhor detalhe nas Figuras 5.5a até à 5.5d.
Outubro 2012, p 20
Maputo
Figura 5.5a:
Localização
dos pontos da grelha do NCEP
ao largo de Maputo
Legenda: Mozambique Current
(see Note) – Corrente de
Moçambique (ver Nota)
100 m
200 m
600 m
Outubro 2012, p 21
Maxixe
Figura 5.5b:
Localização
dos pontos da grelha do
NCEP ao largo de Maxixe
2000 m
1000 m
200 m
600 m
100 m
Legenda: Mozambique
Current (see Note) – Corrente
de Moçambique (ver Nota)
Outubro 2012, p 22
Vilanculos
Figura 5.5c:
Localização
dos pontos da grelha do NCEP
ao largo de Vilanculos
200 m
600 m
1000 m
Legenda: Mozambique Current
(see Note) – Corrente de
Moçambique (ver Nota)
Outubro 2012, p 23
Beira
50 m
600 m
1000 m
Figura 5.5d:
Localização dos pontos da grelha do NCEP ao largo da Beira
Legenda: Mozambique Current (see Note) – Corrente de Moçambique (ver Nota); Sandwaves (see Note) – Ondas de Areia (ver Nota); Local Magnetic Anomaly (see Note) –Anomalia
Magnética local; Mozambique Channel – Canal de Moçambique; Lighthouse – Farol; Macúti Approach – Aproximação do Macúti.
Outubro 2012, p 24
Clima das Ondas
Na Tabela 5.2. é apresentado um resumo das estatísticas gerais por estação. Esta tabela
apresenta a média, o desvio padrão, mínimo e máximo, e percentis de excedência seleccionados.
Esta tabela indica que a altura das ondas diminui em direcção ao Norte de Moçambique. O
tamanho máximo das ondas registado no Sul foi 6.2 m, diminuindo para 4.2 m na parte Norte. No
entanto, as ondas parecem aumentar novamente na parte Sul da Tanzânia, possivelmente como
resultado da redução do efeito de protecção de Madagáscar.
A distribuição mensal da altura média das ondas e do desvio padrão da altura da onda em cada
estação são retratados na Figura 5.6. Deste modo, pode observar-se que as ondas de maior
amplitude ocorrem durante a estação de Inverno, enquanto que as condições mais calmas
ocorrem geralmente nos períodos de Novembro a Fevereiro. Observa-se uma menor variação
sazonal do na parte Sul do que na parte Norte da costa Moçambicana.
Tabela 5.2/
Outubro 2012, p 25
Tabela 5.2:
Estação
ML01
ML03
ML04
ML06
ML08
ML10
ML11
ML12
ML13
Lat
Grau
26
24
22
20
18
16
14
12
10
Min
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Long
Grau
33
36
36
37
38
41
41
41
41
Min
45
15
15
30
45
15
15
15
15
Estatísticas gerais sobre a altura das ondas
Cidade/Vila
NCEP ID
Média
Variância
Min
Max
0.01%
0.05%
0.10%
1%
5%
10%
25%
50%
75%
90%
Maputo
Maxixe
Vilanculos
Beira
Pebane
Angoche
Memba
Ilha Macaloe
Mtwara
1302
1206
1108
1011
914
818
720
622
524
1.8
1.9
1.7
1.6
1.4
1.4
1.1
1.1
1.4
0.5
0.5
0.5
0.5
0.4
0.4
0.2
0.2
0.3
0.5
0.5
0.4
0.4
0.3
0.3
0.2
0.2
0.3
6.2
6.0
5.4
5.3
5.3
5.3
4.2
4.2
4.2
6.0
5.9
5.3
5.3
5.2
5.2
4.1
4.1
4.3
5.7
5.6
5.0
4.9
4.8
4.7
3.8
3.7
3.8
5.4
5.4
4.9
4.8
4.6
4.3
3.5
3.6
3.7
4.2
4.2
3.9
3.8
3.6
3.4
2.6
2.6
2.8
3.2
3.3
3.0
3.0
2.8
2.5
2.0
2.0
2.3
2.8
2.9
2.6
2.6
2.3
2.2
1.8
1.8
2.0
2.1
2.2
2.0
1.9
1.7
1.6
1.4
1.4
1.7
1.7
1.8
1.5
1.4
1.3
1.2
1.0
1.0
1.3
1.4
1.4
1.2
1.1
1.0
1.0
0.8
0.8
1.0
1.2
1.2
1.0
0.9
0.8
0.8
0.6
0.6
0.8
Outubro 2012, p 26
NCEP - 1206 (Offshore of Maxixe): Signficant wave height
3.0
2.5
2.5
2.0
2.0
Hmo (m)
Hmo (m)
NCEP - 1302 (Offshore of Maputo): Signficant wave height
3.0
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Jul
Aug
Sep
Oct
Nov
Dec
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Month
Mean
Mean
3.0
2.5
2.5
2.0
2.0
1.5
Sep
Oct
Nov
Dec
Sep
Oct
Nov
Dec
Sep
Oct
Nov
Dec
Sep
Oct
Nov
Dec
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Jul
Aug
Sep
Oct
Nov
Dec
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Month
Mean
Jul
Aug
Month
Standard deviation
Mean
NCEP - 914: Signficant wave height
Standard deviation
NCEP - 818: Signficant wave height
3.0
3.0
2.5
2.5
2.0
2.0
Hmo (m)
Hmo (m)
Aug
Standard deviation
NCEP - 1101 (Offshore of Beira): Signficant wave height
3.0
Hmo (m)
Hmo (m)
NCEP - 1108 (Offshore of Vilanculos): Signficant wave height
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Jul
Aug
Sep
Oct
Nov
Dec
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Month
Mean
Jul
Aug
Month
Standard deviation
Mean
NCEP - 720: Signficant wave height
Standard deviation
NCEP - 622: Signficant wave height
3.0
3.0
2.5
2.5
2.0
2.0
Hmo (m)
Hmo (m)
Jul
Month
Standard deviation
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Jul
Aug
Sep
Oct
Nov
Dec
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Month
Mean
Jul
Aug
Month
Standard deviation
Mean
Standard deviation
NCEP - 524: Signficant wave height
3.0
Figura 5.6:
Média e desvio
padrão da altura das ondas com base
nos dados do NCEP
2.5
Hmo (m)
2.0
1.5
1.0
Legenda:
0.5
0.0
Jan
Feb
Mar
Apr
May
Jun
Jul
Aug
Month
Mean
Standard deviation
Sep
Oct
Nov
Dec
INGLÊS
Offshore of
Significant wave height
Mean
Standard deviation
PORTUGUÊS
Ao largo de
Altura significativa das ondas
Média
Desvio padrão
Outubro 2012, p 27
Na Figura 5.7 são apresentadas as distribuições anuais conjuntas da altura e direcção das ondas
para cada uma das estações na forma de rosas das ondas. Os diagramas indicam que na parte Sul
de Moçambique (desde a fronteira Sul até Vilanculos), existe uma direcção bi-modal das ondas,
cuja aproximação ocorre de S e SE/ESE. Na parte central (de Vilanculos até Angoche), torna-se
também proeminente uma componente de SSO, juntamente com a componente de SSE. No
entanto, a componente de SSO é mais proeminente em direcção à secção Norte. Na parte Norte
da costa Moçambicana, a direcção das ondas é predominantemente S. No entanto,
aparentemente na área costeira entre Moçambique e a Tanzânia, a direcção muda mais para E,
dado que o efeito de Madagáscar é menor.
NCEP: Annual wave roses
Figura 5.7:
Diagramas anuais de Altura e Direcção de Ondas com base em 12 anos de dados de ondas do
NCEP
Os dados de ondas do NCEP fornecem também informação sobre os períodos das ondas. A Figura
5.8 apresenta os diagramas de dispersão da altura significativa das ondas (Hmo) versus o período
de pico das ondas (Tp).
Outubro 2012, p 28
Figure 5.8:
Diagramas
de dispersão de Hmo versus
Tp para a estação de ondas
do NCEP
Outubro 2012, p 29
Os períodos de pico (Tp) das ondas de menor amplitude varia sobretudo entre 3 s e 20 s ao largo
da costa Moçambicana. O período das ondas de maior amplitude varia entre períodos de 8 s a
cerca de 18 s.
Informação de Ciclones
Os dados do NCEP são derivados a partir do modelo global Wavewatch III. Portanto, uma vez que
os ciclones tropicais são fenómenos atmosféricos relativamente pequenos e dinâmicos, as ondas
geradas por ciclones não estão bem representadas pelos dados do NCEP. Existem também
poucos dados calculados para verificar os dados de ondas geradas por ciclones. Foi, portanto,
necessário examinar a informação disponível sobre ciclones. Para este estudo, foram utilizados os
Relatórios Anuais do Centro Associado de Aviso de Ciclones Tropicais (JTWC) (JTWC 1997, 2009).
A partir destes relatórios, foram identificados quatro ciclones tropicais para verificação dos dados
do NCEP correspondentes. Durante o ciclone tropical Eline (Fevereiro de 2000), com ventos de
cerca de 200 km/h, o ponto da grelha mais próximo, ao largo da Beira, indicou ondas do mar alto
com cerca de 4 m. Durante o ciclone tropical Japhet (Março de 2003), o NCEP observou ondas de
cerca de 4 m ao largo da Beira e de cerca de 3 m ao largo de Vilanculos. O ciclone tropical Favio
passou sobre a região de Vilanculos com ventos superiores a 150 km/h. Foram observadas ondas
com uma altura de cerca de 2 m nas ondas do mar alto. Assim sendo, o modelo NCEP está
aparentemente a subestimar a magnitude destas ondas.
Neste estudo, foi extraída informação sobre os ciclones apenas a partir de 1997 (obtida a partir
do JTWC, 2009), de forma a coincidir com os dados do NCEP. Uma avaliação sobre as trajectórias
estimadas dos ciclones indicou que estes se deslocaram através do Canal Moçambicano durante
o período de Novembro a Abril. Com base nos dados do período de 1997 até 2008,
aproximadamente três ciclones moveram-se através do Canal de Moçambique numa base anual,
e presume-se que tenham tido impacto sobre as ondas.
Durante este período alguns ciclones tropicais de relevo afectaram a costa Moçambicana. Os
ciclones tropicais que atingiram a costa desde 1994, tal como resumidos no Relatório de
Mudanças Climáticas do INGC (Relatório da 1ª Fase, 2009), são apresentados na Tabela 5.3.
Infelizmente não foram prontamente disponibilizados dados de ondas para estes ciclones,
excepção feita às medições do CSIR realizadas ao largo da Beira, durante o ciclone tropical Lisette
em Fevereiro de 1997. A bóia de ondas colocada numa profundidade de 20 m, registou um pico
de cerca de 4 m (Hs) com um correspondente período pico de cerca de 10 s.
Vale a pena notar que estão disponíveis dados sobre as ondas, obtidos a partir da detecção
remota de satélite, para a área em questão. Estes satélites (p.e. Jason, Envisat) têm rastreios fixos
(isto é, geo-órbita). Portanto, podem ser realizados estudos mais detalhados para identificar os
rastreios de satélite que coincidem com a ocorrência de ciclones.
Outubro 2012, p 30
Tabela 5.3:
Ciclones tropicais e tempestades tropicais (TT) que atingiram à costa de Moçambique no período
entre 1994 e 2008 (fonte: Relatório do INGC, 2009)
Ano
1994
1995
1996
1997
1998
2000
2000
2003
2003
2004
2007
2008
Categoria e
Nome
(Cat 4) Nadia
(TT) Fodah
(Cat 4) Bonita
(Cat 1) Lisette
(TT)
(Cat 4) Eline
(Cat 4) Hudah
(Cat 4) Japhet
(TT) Atang
(TT) Delfina
(Cat 4) Favio
(Cat 4) Jokwe
1
Alcance em
terra firme
Norte
Centro
Centro
Centro
Norte
Centro
Centro
Sul
Norte
Centro
Sul
Norte
Data
24 Mar
22 Jan
14 Jan
2 Mar
17 Jan
22 Fev
8 Abrl
2 Mar
13 Nov
1 Jan
22 Fev
08 Mar
Intensidade
actual
Cat 1
DT
Cat 1
TT
DT
Cat 4
Cat 1
Cat 2
DT
TT
Cat 3
Cat 3
Velocidade do
vento
139 km/h
37 km/h
130 km/h
111 km/h
56 km/h
213 km/h
148 km/h
167 km/h
46 km/h
93 km/h
185 km/h
180 km/h
1
Ocorre quando o centro do ciclone tropical cruza a linha da costa
Análise de Ondas Extremas
Introdução
Uma vez que as condições locais das ondas são a causa principal dos níveis extremos da água do
mar e de potenciais inundações/cheias de áreas, é necessário quantificar as condições locais das
ondas extremas encontradas ao longo da costa. Foram aplicados dois procedimentos neste
estudo de forma a determinar as condições locais das ondas extremas. O primeiro procedimento
envolveu adequar uma distribuição estatística aos dados do NCEP, enquanto o segundo
procedimento centrou-se na determinação da altura das ondas geradas pelas condições extremas
de vento durante o ciclone.Ambas as abordagens foram aplicadas a toda a costa Moçambicana.
As secções seguintes fornecem uma visão global dos procedimentos e dos resultados. (Estes
resultados, em conjugação com outros factores geradores dos níveis de água extremos na costa,
foram considerados na avaliação das inundações costeiras nas Secções 5.5, 5.6 e 6.2)
Análise de Ondas Extremas do NCEP
O clima das ondas do NCEP foi analisado e foram testadas distribuições estatísticas apropriadas
(p.e. Fisher-Tippet e Weibull) de forma a encontrar as mais aplicáveis à costa Moçambicana. Um
artigo de Rossouw e Rossouw (1999) fornece uma descrição destas distribuições e a sua aplicação
às estatísticas de ondas. O procedimento final foi baseado no método de POT (Rossouw &
Rossouw, 1999) e na adequação das distribuições estatísticas Weibull e Gumbell a todos os dados
direccionais. Na Tabela 5.4 apresenta-se um resumo dos resultados. Note-se que o período de
pico correspondente (Tp) foi baseado na relação de Tp2 versus altura das ondas. Ao determinar a
média do períodos das ondas por conjunto de alturas das ondas (de 0.5 m), pôde ser assumida
uma relação linear.
O Tp derivado para cada altura da onda extrema é, portanto, uma estimativa do período
correspondente. Uma vez que são indicados períodos de ondas mais longos nos dados
(Figura 5.8) do que os apresentados na Tabela 5.4, será necessária uma análise mais detalhada
para cada local em particular. As ondas com períodos mais longos vão influenciar a energia das
ondas que chegará num determinado local.
Outubro 2012, p 31
Tabela 5.4:
Mtwara (M13)
Ilha Macaloe (M12)
Memba (M11)
Angoche (M10)
Pebane (M08)
Beira (M06)
Vilanculos (M04)
Maxixe (M03)
Maputo (M01)
Site
Dir
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
All
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
Return period
1
Hm0 [m]
Tp [s]
5.2
10.1
2.4
5.0
2.4
5.5
3.8
10.1
4.7
10.6
5.9
10.1
4.0
-
Análise de Ondas Extremas do NCEP para 9 locais ao largo da costa Moçambicana
5
Hm0 [m]
6.3
2.6
2.5
4.6
5.6
6.9
4.7
Tp [s]
10.7
5.2
5.6
10.8
11.3
10.4
-
10
Hm0 [m]
6.7
2.7
2.6
4.9
6.0
7.3
5.0
Tp [s]
11.0
5.2
5.6
11.0
11.5
10.5
-
20
Hm0 [m]
7.1
2.7
2.7
5.3
6.3
7.7
5.3
Tp [s]
11.2
5.3
5.7
11.3
11.8
10.6
-
30
Hm0 [m]
7.4
2.8
2.8
5.5
6.5
7.9
5.4
Tp [s]
11.3
5.3
5.7
11.4
12.0
10.7
-
40
Hm0 [m]
7.6
2.8
2.8
5.6
6.7
8.1
5.6
Tp [s]
11.4
5.3
5.7
11.5
12.1
10.7
-
50
Hm0 [m]
7.7
2.9
2.8
5.7
6.8
8.2
5.6
Tp [s]
11.5
5.3
5.7
11.6
12.2
10.7
-
100
Hm0 [m]
8.1
2.9
2.9
6.1
7.2
8.6
5.9
Tp [s]
11.7
5.4
5.8
11.9
12.4
10.8
-
2.3
5.3
3.5
3.6
4.5
5.1
5.7
4.7
5.0
11.2
7.3
8.3
9.2
10.0
11.5
12.7
2.5
6.5
4.0
4.2
5.5
6.3
6.8
5.4
5.1
12.1
7.8
8.9
9.7
10.7
12.0
12.7
2.6
7.0
4.2
4.4
5.9
6.7
7.2
5.7
5.1
12.4
8.0
9.2
9.9
11.0
12.1
12.7
2.7
7.5
4.3
4.7
6.3
7.2
7.6
6.0
5.1
12.8
8.1
9.4
10.2
11.3
12.3
12.7
2.7
7.7
4.5
4.8
6.6
7.5
7.8
6.2
5.2
12.9
8.3
9.5
10.3
11.4
12.4
12.7
2.8
7.9
4.5
4.9
6.8
7.7
8.0
6.3
5.2
13.1
8.3
9.6
10.4
11.6
12.5
12.7
2.8
8.1
4.6
5.0
6.9
7.9
8.1
6.4
5.2
13.2
8.4
9.7
10.4
11.6
12.5
12.7
2.9
8.6
4.8
5.3
7.4
8.3
8.5
6.7
5.2
13.5
8.6
9.9
10.7
11.9
12.7
12.7
4.8
3.1
3.3
3.8
4.5
5.5
3.5
10.3
6.9
7.4
9.0
9.5
10.3
-
6.0
3.5
3.9
4.5
5.5
6.6
4.2
11.1
7.4
7.9
9.7
10.1
10.4
-
6.4
3.7
4.2
4.8
5.9
7.1
4.5
11.5
7.6
8.2
10.0
10.3
10.5
-
6.9
3.9
4.4
5.1
6.2
7.6
4.7
11.8
7.8
8.4
10.3
10.5
10.5
-
7.2
4.0
4.6
5.3
6.5
7.9
4.9
12.0
7.9
8.5
10.4
10.7
10.6
-
7.4
4.1
4.7
5.4
6.6
8.1
5.0
12.1
8.0
8.6
10.5
10.8
10.6
-
7.5
4.2
4.8
5.5
6.7
8.3
5.1
12.2
8.0
8.6
10.6
10.8
10.6
-
8.0
4.4
5.0
5.8
7.1
8.7
5.4
12.5
8.2
8.8
10.9
11.1
10.7
-
4.5
3.0
3.3
3.3
4.4
4.9
4.1
10.6
6.6
9.0
7.2
9.4
10.9
-
5.4
3.5
3.9
3.8
5.0
5.7
5.0
11.3
7.0
9.9
7.7
9.9
11.2
-
5.7
3.7
4.2
4.0
5.3
6.1
5.4
11.5
7.2
10.3
7.8
10.1
11.4
-
6.1
3.9
4.5
4.3
5.6
6.4
5.8
11.8
7.4
10.6
8.0
10.3
11.5
-
6.3
4.0
4.7
4.4
5.8
6.7
6.1
12.0
7.5
10.8
8.1
10.4
11.6
-
6.4
4.1
4.8
4.5
5.9
6.8
6.2
12.0
7.6
10.9
8.2
10.4
11.6
-
6.5
4.2
4.9
4.6
6.0
6.9
6.4
12.1
7.6
11.0
8.3
10.5
11.7
-
6.9
4.4
5.1
4.8
6.2
7.2
6.8
12.4
7.8
11.4
8.5
10.7
11.8
-
4.3
1.7
2.6
2.8
3.8
4.5
3.9
11.4
4.4
6.4
7.5
8.4
11.5
-
5.1
1.8
3.0
3.3
4.4
5.4
4.9
12.2
4.5
6.8
8.2
8.8
12.2
-
5.5
1.8
3.2
3.6
4.7
5.7
5.3
12.6
4.5
6.9
8.5
9.0
12.4
-
5.8
1.8
3.3
3.8
5.0
6.0
5.8
12.9
4.5
7.0
8.7
9.2
12.7
-
6.0
1.8
3.4
4.0
5.1
6.2
6.0
13.0
4.5
7.1
8.9
9.3
12.8
-
6.1
1.8
3.5
4.1
5.2
6.4
6.2
13.2
4.5
7.2
9.0
9.4
12.9
-
6.2
1.9
3.5
4.2
5.3
6.5
6.3
13.3
4.5
7.2
9.0
9.4
13.0
-
6.6
1.9
3.7
4.4
5.6
6.8
6.8
13.6
4.6
7.3
9.3
9.6
13.2
-
4.1
2.9
2.6
3.1
2.6
4.3
3.4
11.7
6.8
6.2
7.2
6.9
11.9
12.8
5.2
3.4
3.0
3.7
3.0
5.2
4.0
12.8
7.2
6.5
7.7
7.2
12.8
12.8
5.6
3.6
3.2
4.0
3.1
5.6
4.2
13.3
7.3
6.6
7.9
7.3
13.1
12.9
6.0
3.8
3.4
4.3
3.3
5.9
4.5
13.7
7.5
6.7
8.1
7.4
13.4
12.9
6.2
3.9
3.5
4.5
3.4
6.2
4.6
13.9
7.5
6.7
8.2
7.5
13.6
12.9
6.4
4.0
3.5
4.6
3.4
6.3
4.7
14.1
7.6
6.8
8.3
7.5
13.7
12.9
6.6
4.0
3.6
4.7
3.5
6.4
4.8
14.2
7.6
6.8
8.4
7.6
13.8
12.9
7.0
4.2
3.8
5.0
3.6
6.8
5.1
14.6
7.8
6.9
8.5
7.7
14.1
12.9
3.2
3.0
2.0
2.6
2.5
3.5
9.1
7.4
6.8
7.4
7.1
9.3
3.9
3.5
2.3
3.2
2.9
4.2
9.8
8.0
7.0
8.0
7.5
9.5
4.2
3.7
2.4
3.4
3.0
4.5
10.0
8.2
7.1
8.2
7.6
9.6
4.5
4.0
2.6
3.7
3.2
4.8
10.3
8.4
7.2
8.4
7.7
9.7
4.7
4.1
2.6
3.8
3.3
5.0
10.4
8.6
7.3
8.5
7.8
9.8
4.8
4.2
2.7
4.0
3.4
5.1
10.5
8.6
7.3
8.6
7.9
9.8
4.9
4.3
2.7
4.0
3.4
5.2
10.6
8.7
7.3
8.7
7.9
9.9
5.2
4.5
2.8
4.3
3.6
5.6
10.8
8.9
7.4
8.9
8.1
10.0
3.3
3.0
2.0
2.1
2.5
3.7
7.8
7.2
7.8
8.0
6.9
7.6
4.0
3.5
2.4
2.6
2.9
4.4
8.3
7.8
8.2
8.3
7.2
7.6
4.4
3.7
2.6
2.9
3.1
4.7
8.4
8.0
8.3
8.4
7.3
7.5
4.7
3.9
2.8
3.1
3.3
5.0
8.6
8.2
8.5
8.6
7.5
7.5
4.8
4.0
2.8
3.3
3.4
5.2
8.7
8.3
8.6
8.7
7.6
7.5
5.0
4.1
2.9
3.4
3.4
5.3
8.8
8.4
8.7
8.7
7.6
7.5
5.1
4.2
3.0
3.5
3.5
5.4
8.8
8.4
8.7
8.8
7.7
7.4
5.4
4.4
3.1
3.8
3.7
5.7
9.0
8.6
8.9
8.9
7.8
7.4
3.5
3.0
2.3
2.5
3.0
4.0
8.1
6.8
8.1
9.2
6.9
8.0
4.2
3.5
2.7
2.8
3.3
4.7
8.5
7.3
8.5
9.5
6.9
8.2
4.5
3.8
2.8
2.9
3.4
5.0
8.6
7.4
8.6
9.6
6.9
8.3
4.8
4.0
3.0
3.0
3.6
5.3
8.8
7.6
8.8
9.7
7.0
8.4
5.0
4.1
3.1
3.1
3.6
5.5
8.9
7.7
8.9
9.7
7.0
8.4
5.1
4.2
3.2
3.1
3.7
5.6
8.9
7.8
8.9
9.8
7.0
8.5
5.2
4.3
3.2
3.2
3.7
5.7
9.0
7.8
9.0
9.8
7.0
8.5
5.5
4.5
3.4
3.3
3.9
6.0
9.1
8.0
9.1
9.9
7.0
8.6
Outubro 2012, p 32
Legenda:
INGLÊS
Extreme wave analisys based on
NCEP data
Site
Dir
Return Period
PORTUGUÊS
Análise de Ondas Extremas com base nos
dados do NCEP
Local
Direcção
Período de Retorno
Como se conclui na discussão anterior, os dados do NCEP não representam suficientemente ou
contêm as ondas geradas por ciclones, menos ênfase é colocada nos resultados das análises de
ondas extremas baseadas neste conjunto de dados (Tabela 5.4).
As alturas das ondas do mar alto correspondentes a períodos de retorno de 1 a 100 anos,
aplicáveis aos vários sectores da costa Moçambicana, são também indicadas na Tabela 5.4. Para o
mar alto ao largo de Maputo e da Beira, por exemplo, os períodos de retorno calculados para
várias alturas extremas de ondas podem ser apresentados graficamente, tal como indicado na
Figura 5.9.
Figura 5.9:
Alturas extremas de ondas (dados de ondas do NCEP) versus períodos de retorno no mar alto de
Maputo (esquerda) e da Beira (direita)
Legenda:
INGLÊS
offshore wave height
return period chart
Wave height
Return Period
PORTUGUÊS
Altura das ondas ao largo da costa
Gráfico do período de retorno
Altura das ondas
Período de retorno
A norma para os planos de engenharia de estruturas marinhas/costeiras é a condição periódica
de ondas de 1 em 100 anos. Pode argumentar-se que as estruturas residenciais ou outras
estruturas menos importantes podem ser planeadas para um período mais reduzido de, digamos,
50 anos. No entanto, com base nos períodos de retorno das ondas calculados (Figura 5.9) a
condição de 1 em 50 anos é apenas 5% inferior à condição 1 em 100 anos, tanto para Maputo
como para a Beira. Por esse motivo, os resultados para a altura das ondas de 1 em 100 anos (a
norma de planeamento) são mais aplicados.
Outubro 2012, p 33
Ondas extremas geradas por ciclones
Foi obtida informação sobre a intensidade extrema do vento dos ciclones tropicais de forma a
estimar as ondas extremas geradas por ciclones, como uma melhor alternativa aos dados de
ondas do NCEP. Calculando ou estimando as intensidades extremas dos ventos, pode ser
calculada a condição de ondas correspondente. Este procedimento foi também seguido uma vez
que não estavam disponíveis, para este estudo, medições de longo prazo nem dados históricos
de alta resolução, ao longo da costa Moçambicana.
Rossouw (1999) utilizou dados obtidos através da JTWC e aplicou as técnicas de Monte Carlo para
determinar o número e a intensidade média máxima dos ciclones tropicais esperada em 100
anos. Foram também obtidas estimativas para as condições extremas de vento para toda a costa
Moçambicana, em função da latitude. Estas estimativas estão apresentadas na Tabela 5.5.
Tabela 5.5:
Estimativa da intensidade máxima média da velocidade do vento para 100 anos em função da
latitude (Baseado em Rossouw, 1999)
Latitude
(Graus)
26.0
24.0
22.0
19.8
17.3
16.2
14.2
12.0
10.3
Cidade/Vila
Costeira
Maputo
Maxixe
Vilanculos
Beira
Pebane
Angoche
Memba
Ilha Macaloe
Mtwara
Vm (nós)
96
116
132
120
142
134
132
138
106
Utilizando as intensidades máximas estimadas, Rossouw (1999) aplicou o seguinte procedimento
para determinar a altura das ondas extremas. Note-se que a estimativa para a altura das ondas
significativas (Hs) e período de pico das ondas associado (Tp) está descrito no SPM (USACE. 1984).
Hs
5.03e
R P
4700
R P
Tp 8.6e 9400 1
1
0.29 V f
UR
0.145 V f
UR
{m}
(1)
{s}
(2)
Onde:
R (raio dos ventos máximos) = 11.671
0.014487 * Latitude *10 5 *Vm 3
{km}
Outubro 2012, p 34
(3)
Com Vm, a velocidade média do vento em 1-minuto, em m/s
∆P (inclinação da pressão) = e
1
Vm
ln
0.6797
4.4548
{mb}
(4)
Com Vm em nós
a = factor de movimento de avanço, estimado como sendo igual a 1.0
Vf= velocidade frontal do ciclone tropical {m/s}
UR=0.865*Vm+0.5Vf
(5)
Com Vm e Vfem m/s
Para os propósitos deste estudo, a velocidade frontal (Vf) considerou-se ser 7 m/s. Este valor foi
baseado em Rossouw (1999) e numa análise das trajectórias dos ciclones obtida a partir de
relatórios do JTWC. Na Tabela 5.6 apresentam-se os resultados deste procedimento. As
condições das ondas para os próximos 100 anos, representam as condições do mar alto nas
mesmas áreas tal como apresentados na Tabela 5.1. Um resumo das condições locais das ondas é
esquematicamente apresentado na Figura 5.10, dando a altura e período das ondas ao longo da
costa Moçambicana. Por exemplo, tendo por base a velocidade do vento que se espera vir a
ocorrer apenas uma vez em 100 anos como resultado da presença de um ciclone tropical, a altura
estimada das ondas ao largo da Beira seria da ordem dos 8.7 m. Estima-se que o período da onda
correspondente seja 12 s.
Tabela 5.6:
Cidade/Vila
Costeira
Maputo
Maxixe
Vilanculos
Beira
Pebane
Angoche
Memba
Ilha Macaloe
Mtwara
Estimativa das condições locais das ondas, para o mar alto e próximo da costa em 100 anos
Latitude
(Graus)
26.0
24.0
22.0
19.8
17.3
16.2
14.2
12.0
10.3
Condições locais
das ondas
em 100-anos
Hs
Tp
8.2
11
8.6
12
9.0
12
8.7
12
9.3
12
9.1
12
9.0
12
9.2
12
8.4
11
Profundidade da água = 14 m (a partir de 200 m);
Declive = 1:50
0 (ortogonal)
45 (ortogonal)
Hs
Dir
L
Hs
Dir
L
7.8
0.0
122.0
7.0
27.0
122.0
8.4
0.0
135.0
7.4
25.0
135.0
8.8
0.0
135.0
7.8
25.0
135.0
8.5
0.0
135.0
7.5
25.0
135.0
9.1
0.0
135.0
8.0
25.0
135.0
8.9
0.0
135.0
7.9
25.0
135.0
8.4
0.0
135.0
7.8
25.0
135.0
9.0
0.0
135.0
8.0
25.0
135.0
8.0
0.0
122.0
7.2
27.0
122.0
Além disso, uma vez que as ondas obtidas representam condições de águas profundas, foi
aplicada uma transformação linear de ondas de forma a estimar a altura das ondas a uma
profundidade de 15 m. Foram determinados duas alturas de ondas. A altura das ondas foi
determinada assumindo que as ondas se aproximam perpendicularmente à costa ou formando
um ângulo de 45°. Estes resultados estão igualmente apresentados na Tabela 5.6. Deste modo, a
condição de ondas no mar alto para 100 anos varia de 8.2 m a 9.3 m com uma média de 8.8 m de
Outubro 2012, p 35
altura. É interessante notar que o maior desvio da média é de apenas 7%. As estimativas das
condições de ondas extremas foram aplicadas na parte restante do estudo, excepto onde as
mesmas tiverem sido substituídas pela modelação de ondas, tal como é discutido na Secção
5.4.3.
Hmo1:100: 8.4 m
Tp:
11 s
Hmo1:100: 9.2 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 9.0 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 9.1 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 9.3 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 8.7 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 9.0 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 8.6 m
Tp:
12 s
Hmo1:100: 8.2 m
Tp:
11 s
Figura 5.10:
5.4.2
Condição locais das ondas, ao longo da costa Moçambicana, para um período de 100 anos
Tendências do clima das ondas e condições futuras
As constatações preliminares indicam que poderão existir tendências de longo prazo nos climas
marinhos (meteo-oceânicos) regionais, enquanto que a subida do nível do mar, só por si, vai
aumentar grandemente os riscos e impactos associados com ocorrências de tempestades
marítimas extremas (Theron 2007). A variação regional, no clima global das ondas foi
demonstrada por Mori et al. (2010), que previu que a altura média das ondas poderá aumentar
de forma geral nas regiões das latitudes médias (ambos os hemisférios) e no oceano Antárctico, e
diminuir no equador. O estudo destes autores foi baseado na simulação de tendências futuras.
Foram fornecidas por Wang et al. (2004) evidências adicionais acerca de um aumento geral da
altura das ondas no Atlântico Norte, assim como ao longo da costa Este da América do Norte.
Outubro 2012, p 36
Komar e Allan (2208) observaram igualmente um aumento na altura das ondas, gerado por
ciclones tropicais ao longo da costa Este dos Estados Unidos, utilizando dados de ondas,
provenientes de bóias de ondas, do National Data Buoy Center1(NDBC). Investigações realizadas
por Ruggerio et al. (2010) com dados de bóias, também indicaram um aumento na intensidade
das tempestades, tanto ao longo da costa Oeste como da costa Este da América do Norte.
Espera-se que tais alterações nos climas meteo-oceânicos regionais tenham impactos
significativos nas áreas costeiras locais. É desta forma importante investigar também possíveis
mudanças climáticas futuras, ao largo da linha costeira da África Austral, assim como os impactos
associados esperados.
Tal como previsto, um clima de ondas mais severo (ou indirectamente um clima mais severo dos
ventos oceânicos) vai ter um maior impacto nos níveis das ondas e das inundações, e será
necessário, deste modo, uma previsão das tendências futuras do clima das ondas. Realizou-se
uma análise preliminar, apesar de os registos de ondas disponíveis para a África Austral sejam
mais curtos do que o idealmente requerido para determinar tendências de longo prazo. Foi
observado que a altura média significativa anual das ondas (Hm0), e o correspondente desvio
padrão para o conjunto de dados de ondas recolhidos ao largo de Richards Bay (cerca de 230 km
a Sul de Moçambique) e a altura média anual das ondas (Hm0) para a definição de dados de longo
prazo, recolhidos ao largo da Cidade do Cabo (África do Sul), indicam que não há um aumento
real progressivo. Estes resultados podem aparentar contradizer as conclusõesdo IPCC tal como as
apresentadas em PIANC (2008). No entanto, os resultados da África do Sul podem reflectir um
aspecto regional do impacto das mudanças climáticas. Uma vez que não existem dados de longo
prazo para as águas de Moçambique, e dadas as diferentes condições meteorológicas, ou antes
os diferentes mecanismos geradores de ondas, os padrões ou tendências no clima das ondas
encontrado ao longo da costa este de África do Sul não pode ser transferido directamente para a
costa Moçambicana.
Apesar das médias dos dados da África do Sul aparentarem ser constantes, os dados individuais
das tempestades demonstram algumas variações. Por exemplo, tendo em consideração os picos
das tempestades individuais durante o período mais rigoroso do Inverno na África do Sul (de
Junho a Agosto), pode observar-se visivelmente um aumento de cerca de 0.5 m ao longo de 14
anos (Figura 5.11). Esta tendência pode ser potencialmente indicativa de um aumento
significativo na “tempestuosidade” ao longo das próximas décadas mas tal grande tendência é
considerada improvável nesta fase. Vale também a pena reparar que o oposto ocorre durante o
Verão: Existe uma tendência de diminuição geral ao longo dos últimos 14 anos no que diz
respeito às tempestades individuais.
1
Em Português, Centro Nacional de Dados de Bóias.
Outubro 2012, p 37
Offshore Cape Town - Winter
Individual storm above 5 % exceedance value (4.9 m)
12
10
Hmo (m)
8
6
4
2
n10
8
ec
-0
-D
1Ja
n08
31
1Ja
n06
n07
1Ja
4
ec
-0
-D
1Ja
n04
31
1Ja
n03
0
n02
1Ja
1Ja
ec
-0
-D
n99
n98
6
n00
31
1Ja
1Ja
1Ja
ec
-9
-D
n95
n96
31
1Ja
1Ja
1Ja
n94
0
Date
Figura 5.11:
Picos de tempestades individuais ao longo dos últimos 14 anos – ao largo da Cidade do Cabo
(com base nos registos do CSIR em representação da TNPA - Transnet National Ports Authority, África do Sul)
Legenda:
INGLÊS
Offshore Cape Town
Winter
Individual storm above 5%
exceedance value
Date
PORTUGUÊS
Ao largo da Cidade do Cabo
Inverno
Tempestade individual acima
dos 5% de valor de
excedência
Data
Se este registo de aumento for de facto indicativo de uma tendência, a tempestuosidade (em
termos de intensidade) pode estar a aumentar. (Apesar disto alguns dos aspectos necessitam de
um estudo mais aprofundado, incluindo rever as tendências de fluxo de energia e não apenas da
altura das ondas). No entanto, considera-se que uma extrapolação para o futuro dos anteriores
0.5 m de aumento da altura das ondas é irrealisticamente elevada. Em certa medida pode
afirmar-se que a tendência de subida (como possivelmente indicada pelos dados de ondas de
África do Sul), é suportada pelo modelo de previsões de Mori et al. (2010), que aparenta mostrar
um aumento no Sul do Oceano Índico de, grosso modo, 6% (com uma probabilidade de
excedência de < 10-5) (Figura 5.12).
Outubro 2012, p 38
Figura 5.12:
Alterações futuras no clima das ondas a partir de previsões dos modelos de Mori et al. (2010)
Legenda:
INGLÊS
Exceedence Probability
Southern Indian Ocean
Present
Near future
Future
PORTUGUÊS
Probabilidade de Excedência
Oceano Índico-Sul
Presente
Futuro próximo
Futuro
Em vez de um registo suficientemente longo de dados de ondas e, consequentemente, sobre
tendências do clima de ondas, o principal factor gerador das ondas, nomeadamente os ventos
oceânicos, pode ser examinado de forma a determinar possíveis tendências. O clima e as
condições das ondas são determinados pelos ventos oceânicos (através de parâmetros como p.e.
velocidade do vento, duração do vento, área sobre a qual o vento sopra, ocorrência das ondas,
dissipação das ondas, profundidade da água), tal como indicado na Figura 5.13. Está
presentemente a ser realizada (pelo CSIR) a modelação do clima meteo-oceânico para a África
Austral em termos de padrões barométricos e do vento presentes e futuros. Torna-se ainda
necessário analisar os resultados (em termos dos factores tais como estatísticas e tendências dos
ventos oceânicos) de forma a incorporar projecções futuras para o clima oceânico e condições de
ondas resultantes.
Outubro 2012, p 39
16
14
Graph of wave height vs. wind velocity.
Based on Kamphuis (1999)
Example for: fetch = 500 km & duration = 24 h.
Wave Height (m Hmo)
12
10
8
6
4
2
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Wind Velocity (m/s)
Figura 5.13:
Exemplo de altura das ondas determinado a partir da velocidade do vento através de um
modelo de vento/ondas
Legenda:
INGLÊS
Graph of wave height vs. wind
velocity
Based on Kamphuis
Example for
Fetch
Duration
Wave Height
Wind Velocity
PORTUGUÊS
Gráfico de altura das ondas vs.
velocidade do vento
Baseado em Kamphuis
Exemplo para
Área sobre a qual o vento sopra
Duração
Altura das Ondas
Velocidade do Vento
Apesar da possibilidade de ventos oceânicos mais fortes (p.e. IPCC 2007, Joubert and Hewitson
1997), ainda há muitas lacunas nas estimativas das alterações potenciais nos regimes de ventos
ao largo da região costeira da África Austral. Em face desta limitação, e de forma a permitir uma
avaliação dos impactos potenciais de ventos mais fortes, pode ser assumido um aumento
modesto de 10%. (Tal está também de acordo com os pressupostos assumidos para a costa
Alemã (Brinkmann, 2010)). A altura das ondas (no seu estado totalmente desenvolvido) é
proporcional ao quadrado do factor de pressão do vento (UA). O factor UA pode ser relacionado
com a velocidade do vento (U) de acordo com a seguinte expressão (US Army, Corps of Engineers,
1984): UA = 0.71 U1.23. Deste modo, o modesto aumento de 10% na velocidade do vento,
representa um aumento de 12% na pressão do vento e um aumento de 26% na altura das ondas
(Theron, 2007).
Alguns modelos climáticos globais parecem prever um aumento na frequência e na intensificação
de ciclones (e.g. Carter et al, 1994), mas aparentemente não existe consenso científico
generalizado sobre tais alterações / tendências ciclónicas futuras. Enquanto que actualmente
entram cerca de dois a três ciclones por ano no Canal de Moçambique, uma possível mudança
em direcção a Sul da posição do cinturão de ocorrência dos ciclones devido às mudanças
climáticas (ver o relatório do Tema 8), representaria um aumento na ocorrência de ciclones com
impacto nas regiões costeiras do Sul de Moçambique. No entanto, embora esta seja uma
projecção futura dos efeitos das mudanças climáticas, o grau de confiança estatístico destas
Outubro 2012, p 40
projecções é, nesta fase, baixa. Este efeito potencial das mudanças climáticas não se espera que
ocorra nas próximas décadas, mas é possível no longo prazo, talvez apenas depois de 2100.
Tendo como base a informação e a discussão acima, pode concluir-se que o principal cenário para
o clima futuro das ondas ao largo da costa de Moçambique, será um aumento de 6% a 10% na
altura das ondas, em 2100, sendo a melhor estimativa um aumento de 6%, tal como foi obtido a
partir de Mori et al, 2010. Este aspecto pode parecer insignificante, mas o efeito, por exemplo no
transporte de sedimentos, pode ser significativo, tal como discutido na Secção 5.5.4. No entanto,
apenas em termos da altura das ondas, é de facto algo insignificante, uma vez que a incerteza
das alturas previstas das ondas ciclónicas será provavelmente superior a 6%. Adicionalmente, foi
aumentada a profundidade da água na modelação de ondas ciclónicas de acordo com os cenários
previstos de SNM, tendo em consideração deste modo um possível efeito superior das alterações
climáticas nas ondas. Deste modo, o possível efeito adicional do pequeno aumento de 6% não foi
explicitamente incorporado na modelação de ciclones. (A medida que melhores dados de ondas
se tornarem disponíveis para a região de Moçambique, será importante reavaliar este aspecto.)
5.4.3
Modelação de ondas geradas por ventos ciclónicos
Abordagem e enquadramento da modelação de ondas geradas por ventos ciclónicos
A modelação numérica de ondas é uma ferramenta poderosa para compreender e determinar as
condições das ondas numa área onde não haja dados disponíveis. O CSIR tem utilizado o modelo
SWAN desde há muitos anos para simular a evolução de um campo de ondas desde o mar alto
até à costa. Tal inclui o desenvolvimento do Sistema de Bóias Virtuais do CSIR, que está
operacional na Table Bay e na Saldanha Bay (Rossouw et al, 2005). SWAN é o acrónimo para
Simulating Waves Nearshore (Simulação de Ondas perto da Costa - Booij et al. 1999). O SWAN
tem também a capacidade de considerar o vento local através da geração das ondas sobre o
domínio do modelo. Adicionalmente, o SWAN permite considerar a variabilidade espacial e
temporal do vento.
Nesta parte do estudo focalizou-se a variação do campo do vento e propagação devido aos
ciclones, e na consequente geração de ondas e sua propagação em direcção à linha costeira.
Deste modo, utilizando os ventos extremos estimados para 100 anos, podem ser determinadas as
condições das ondas correspondentes para locais específicos ao longo da costa. A aplicação do
SWAN neste estudo encontra-se descrita abaixo.
Enquadramento do modelo numérico de ondas SWAN
O modelo SWAN é baseado na equação de balanço de acção espectral discreta e é totalmente
espectral (em todas as direcções e frequências). Podem ser encontrados mais detalhes em
Deltares (2010). Sendo um modelo espectral, implica que neste podem ser simulados campos
aleatórios de ondas de baixa crista. Estes campos de ondas propagam-se simultaneamente a
partir de direcções diferentes (p.e. vento marítimo com uma ondulação sobreposta). Note que o
modelo SWAN representa os processos de geração de ondas pelo vento, dissipação por
rebentação parcial (white-capping), dissipação devido à rebentação induzida pelo fundo e
interacções não lineares entre ondas (triplas e quádruplas).
Outubro 2012, p 41
Verificação da modelação de ondas geradas por ventos ciclónicas
Para avaliar e verificar a habilidade da modelação de ondas geradas por ventos ciclónicos, foi
definido um caso de teste, onde foi modelado um ciclone tropical verdadeiro. O CSIR reuniu
dados de ondas, a partir das bóias de ondas ao largo da Beira, quando o ciclone tropical (CT)
Lisette passou na área em 1997. Esta ocorrência forneceu uma oportunidade única para simular
as ondas geradas por ciclone e comparar os resultados com os dados medidos. As posições das
duas bóias de ondas são mostradas na Figuras 5.14.
Figura 5.14:
Localização das bóias de ondas ao largo da Beira, Moçambique
Embora nas duas bóias houvesse informação disponível e suficiente sobre as ondas, pouca
informação havia sobre o ciclone tropical Lizette. A informação mais útil foi obtida a partir do
relatório Tropical Anual de 1997 do Joint Typhoon Warning Center (Centro Associado de Aviso de
Tufões - JTWC, 1997). Este centro utiliza observações e imagens de satélite para estimar a
magnitude e trajectórias dos ciclones. A trajectória do ciclone tropical Lisette, ao longo de
Moçambique, é mostrado na Figura 5.15. A intensidade máxima estimada da velocidade do vento
do ciclone foi de 39 m/s, a qual estava representada na velocidade média em 1 min.
Outubro 2012, p 42
Na Figura 5.16 é mostrada uma imagem do escaterómetro a bordo do satélite ERS-2, do ciclone
tropical Lizette, na manhã do dia 27 de Fevereiro de 1997, no Canal de Moçambique. O
escaterómetro fornece informação sobre a velocidade e direcção do vento. É mostrada a
estrutura do ciclone; em particular pode-se notar a sensibilidade para a direcção do vento, de
cada antena do escaterómetro. O olho do ciclone, onde a velocidade do vento cai
dramaticamente, é claramente mostrado pelos vectores de vento.
TC Lizette
Figura 5.15:
Trajectória do ciclone tropical Lisette (a vermelho) sobre Moçambique (JTWC, 1997).
Legenda:
INGLÊS
South Indian Ocean
Tropical Cyclones
JAN
MAY
FEB
MAR
Maximum Sustained
Surface Wind
Tropical Cyclone best
tracks for the South
Indian Ocean
PORTUGUÊS
Oceano Índico-Sul
Ciclones Tropicais
Janeiro
Maio
Fevereiro
Março
Vento Máximo Sustentado
Verificado à Superfície
Trajectórias optimizadas dos
Ciclones Tropicais sobre o
Oceano Índico-Sul
Outubro 2012, p 43
Cyclone Lizette
27 February 1997 (07:25:06 UTC)
Figura 5.16:
Imagem do escaterómetro a bordo do ERS-2, mostrando os vectores de vento ciclónico do ciclone
tropical Lisette (Fonte: ESA)
De forma a representar o ciclone (ou campo do vento) no tempo e espaço no modelo SWAN, foi
gerado um campo de vento usando sub-rotinas baseadas na linguagem de programação MatLab
(Matrix Laboratory = Laboratório de Matrizes) ao longo de todo o domínio do modelo. Foi
utilizada uma distribuição de vento esquematizada para descrever o ciclone tropical Lisette,
baseada na pouca informação sobre a estrutura do ciclone que pode ser obtida. O campo de
vento foi gerado em intervalos de tempo de 30 minutos, ao longo de um período de 2 dias.
Exemplos destes campos de vento, em certos intervalos de tempo, estão apresentados na Tabela
5.7. Estes campos de vento seguem a trajectória do ciclone ao longo do tempo. Note que foi
desenvolvida uma sub-rotina separada em MatLab para gerar a trajectória do ciclone.
Outubro 2012, p 44
Tabela 5.7:
Principais parâmetros de entrada para o ciclone tropical Lisette (Março 1997)
Pressão média estimada (MSLP):
Velocidade máxima do vento (média de 1 minuto):
Velocidade máxima do vento (média de 1 hora – dados do SWAN):
Raio da velocidade máxima do vento
Velocidade frontal do ciclone (estimada a partir das trajectórias do JTWC):
Nível da água (Tendo como base as medidas do nível da água do CSIR na Beira):
968 MB
39 m/s
31 m/s
12 km
5 m/s
+ 5.5 m até CD
Foi desenvolvido um modelo SWAN, para a costa Moçambicana ao largo da Beira, utilizando
estes campos de vento como dados de entrada. De forma geral, a configuração de um modelo
SWAN típico pode abranger uma área de cerca de 50 km por 100 km. Neste caso particular, o
domínio do modelo abrangeu uma área de cerca de 700 km por 800 km, a qual incluiu o Canal de
Moçambique. O domínio do modelo é mostrado na Figura 5.17. Esta é uma área muito grande e,
por conseguinte, de um exercício computacionalmente intensivo.
O modelo SWAN consistiu em dois domínios de modelo, nomeadamente o domínio de baixa
resolução mostrado na Figura 5.17 e outro de alta resolução. O domínio de alta resolução
abrangeu uma pequena área na Beira, tendo em conta a batimetria de profundidade variável.
ue
M
iq
mb
a
oz
Beira
M
ad
ag
as
ca
r
Model domain
Figura 5.17:
O domínio do modelo SWAN
Legenda:
INGLÊS
Mozambique
Model Domain
PORTUGUÊS
Moçambique
Domínio do Modelo
A simulação das ondas foi realizada utilizando estes domínios de modelo e a configuração do
campo de vento. Os campos de ondas geradas pelo vento, que correspondem ao campo de
ventos mostrado na Tabela 5.7, são apresentados na Figura 5.18. Os campos de ondas são
apresentados para uma área maior e para a área perto da Beira, onde foram colhidos os dados
das ondas.
Outubro 2012, p 45
Figure 5.18: Exemplo de campos de ondas geradas por ventos ciclónicos
demonstrando a altura das ondas no Canal de Moçambique e perto da Beira
em etapas particulares do tempo. De notar que são também apresentados
os locais onde os dados das ondas foram colhidos.
Outubro 2012, p 46
Outubro 2012, p 47
Na Figura 5.19 é mostrada uma comparação entre a altura simulada das ondas e os dados
medidos. Tendo em conta a escassa informação sobre o ciclone, e considerando que não foram
levadas em conta condições adicionais de fronteira nem as condições locais do vento, as
simulações do modelo equiparam-se bastante bem aos dados da altura das ondas medidas, em
ambos os locais de observação. (Note-se que os dados medidos da altura das ondas, registados
24 horas antes da ocorrência da tempestade ciclónica, foram subtraídos (por isso a linha rasa no
eixo do Y está a 0 m), uma vez que a ondulação do fundo e o histórico de ondas geradas pelo
vento não foram tomadas em consideração – apenas foram consideradas as ondas geradas pelo
ciclone.)
Figura 5.19:
Séries temporais da altura das ondas medida e simulada – para ambos os locais de observação
das ondas
Legenda:
INGLÊS
Model
Buoy
Time (hours)
PORTUGUÊS
Modelo
Bóia
Tempo (horas)
Os resultados do exercício de simulação indicaram que o modelo SWAN forneceu uma descrição
razoavelmente boa da ocorrência do ciclone em termos de condições de ondas. A metodologia
de modelação desenvolvida pode deste modo ser aplicada com um grau de confiabilidade
considerável para simular as condições de ondas e ventos ciclónicos.
Ondas extremas geradas por ventos ciclónicos ao longo da costa de Moçambique
As análises dos dados inseridos sobre o clima das ondas no mar alto, as condições extremas e
projecções futuras para a costa de Moçambique, foram consideradas nas secções anteriores. No
entanto, de forma a avaliar a elevação das ondas costeiras e os impactos relacionados com as
Outubro 2012, p 48
ondas, devem ser determinadas as condições das ondas na costa de forma a conceber as
condições das ondas no mar alto. Por esse motivo, tendo como base a informação batimétrica
disponível e os dados seleccionados das condições de ciclones no mar alto, foi realizada uma
modelação numérica de ondas para determinar as condições costeiras requeridas.
Foi realizada uma modelação limitada de ondas para três locais ao longo da costa Moçambicana,
nomeadamente para as áreas de Maputo, Beira e Pemba. Uma vez que um ciclone se pode
aproximar por uma grande variedade de direcções, foram estudadas várias direcções de
propagação seleccionadas. Os locais seleccionados determinaram, no entanto, quais as direcções
que foram simuladas com o SWAN. As três direcções de propagação de ciclones ao largo da costa
de Moçambique, que podem resultar nas mais severas condições de ondas ao longo da costa,
incluíram Sudeste, Este e Nordeste. De acordo com a norma para os desenhos de engenharia, foi
seleccionada a condição de ondas de 1 em 100 anos.
Na Tabela 5.8 apresenta-se um resumo dos detalhes de simulação para os três locais, tal como
aplicado neste estudo. Note-se que o raio para a velocidade máxima do vento (R) foi baseado no
procedimento apresentado em Rossouw (1999). O raio total o ciclone foi considerado como
sendo 150 km.
Tabela 5.8:
Detalhes da simulação de ciclones para 3 locais em Moçambique.
Parâmetro de simulção
Velocidade do vento – média horária (m/s)
Vf - velocidade frontal (m/s)
Raio para a velocidade máxima do vento (km)
Direcções de aproximação simuladas com o SWAN
Maputo
42
7
12
ENE & E
Local
Beira
48
7
12
E & SE
Pemba
56
7
12
NE & E
Nas Figuras 5.20 a 5.22 apresentam-se exemplos de campos de vento, tal como gerados por um
ciclone com uma condição de vento de 1 em 100 anos, para os três locais. Os campos de vento
são apresentados em termos dos contornos de altura das ondas (i.e. a variedade de cores) e
vectores de ondas. Estes vectores de ondas mostram a direcção média das ondas enquanto que a
altura das ondas é representada pelo tamanho do vector.
O campo de ondas retratado na Figura 5.20 é o resultado da aproximação do ciclone de EsteNordeste. As maiores ondas prevalecem em águas abertas (cor branca) e diminuem rapidamente
na proximidade da costa, como resultado da diminuição da profundidade da água.
Na Figura 5.21c é apresentado um campo de ondas semelhante para a área da Beira. As ondas
são maiores em águas abertas e mais pequenas na proximidade da costa. A Figura 5.21 também
apresenta o campo de ondas de todo o ciclone, enquanto este se desloca em direcção à costa
proveniente de Sudeste.
Na Figura 5.22 é mostrado o campo de ondas gerado por um ciclone aproximando-se de Pemba
proveniente de Este. A Figura 5.22a (lado esquerdo) mostra as ondas no momento em que o
ciclone está ao largo de Pemba. Note-se que o centro do ciclone está para Norte de Pemba, de
forma a assegurar o impacto máximo das ondas que se aproximam. A Figura 5.22b (lado direito)
mostra o campo de ondas no momento em que o ciclone está já sobre o continente.
Outubro 2012, p 49
Figura 5.20:
Exemplo de modelação de ondas para determinar as condições costeiras em Maputo (direcção
das ondas do ciclone: este-nordeste)
Outubro 2012, p 50
Figura 5.21a, b e c: Exemplo de
modelação de ondas para
determinar as condições na costa
da Beira (direcção das ondas do
ciclone: Sudeste)
Legenda:
INGLÊS
Cyclone waves
Direction
Axis
PORTUGUÊS
Ondas de ciclone
Direcção
Eixo
Outubro 2012, p 51
Figura 5.22a e b: Exemplo de produto
da modelação de ondas geradas por
ventos ciclónicos para Pemba; (a)
ciclone no mar alto em direcção a
Este; (b) ciclone na costa / sobre a
baía.
Legenda:
INGLÊS
Scenario
Constant wind
deg
Northing
Easting
PORTUGUÊS
Cenário
Vento constante
graus
Para Norte
Para Este
Outubro 2012, p 52
Talvez valha a pena notar que a determinação das ondas próximas da costa, com a utilização de
um modelo numérico, fornece uma estimativa mais realista para as ondas extremas do que a
mera determinação das ondas próximas da costa, a partir das ondas extremas estimadas para o
mar alto, com a utilização de uma equação simples de refracção / empolamento da onda. As
encostas / características batimétricas suaves têm um impacto significativo na dissipação das
ondas (e.g. através da atrito e empolamento) que pode ser melhor estimada com um modelo
numérico.
No seguimento das simulações com o SWAN, foram extraídos os parâmetros relevantes de ondas
em algumas posições para cada uma das três áreas. Estes parâmetros foram incorporados na
determinação dos níveis de inundação e erosão costeiras para as áreas específicas. As
abordagens / metodologias de cálculo e seus resultados estão descritos na secção seguinte.
5.5
5.5.1
Conceitos básicos e abordagem
De acordo com o constatado na revisão bibliográfica, provavelmente o factor mais significativo
gerador de impactos destrutivos na costa Moçambicana são as tempestades marítimas (p.e.
devido a ciclones) combinado com elevados níveis de água (Secção 5.2). Deste modo, a parte
restante deste capítulo é focalizada na quantificação destes aspectos/factores específicos dos
perigos costeiros. Actualmente, modelos baseados em processos são aplicados a estes factores
específicos os quais têm o maior efeito nos impactos costeiros.
A resposta da linha costeira e o impacto de inundações é influenciada por parâmetros / processos
costeiros, tais como: topografia, geologia, acção das ondas na costa, subida do nível do mar,
batimetria e volume das dunas frontais. Para tornar mais útil a quantificação dos perigos e, em
ultima instância, encontrar formas de reduzir os riscos, é necessário ser capaz de prever ou
projectar a reacção costeira e gravidade dos impactos. Este tema é abordado nas secções
seguintes.
5.5.2
Previsão dos níveis elevados da água do mar na costa
Tal como já foi mencionado, os factores mais significativos de influência dos elevados níveis da
água do mar na costa são as marés, a elevação devida ao vento, a elevação devida ao efeito
hidrostático, a elevação devida a dissipação das ondas e, no futuro, a subida do nível do mar
devido às mudanças climáticas. Todos estes factores afectam o nível da água calma na linha
costeira. Os factores / componentes mais significativos de níveis extremos da água do mar na
costa, no contexto da África Austral são as marés, o potencial de SNM e a elevação das ondas.
Consultar a Figura 5.3 para uma definição esquemática das várias componente referidas abaixo.
Marés
As marés vivas em Moçambique chegam até cerca de 3.7 m acima do nível do mar. Na Tabela
abaixo são fornecidos os níveis de marés, nas diferentes localizações ao longo da costa de
Moçambique.
Outubro 2012, p 53
Tabela 5.9:
Níveis de marés tendo por base os dados do UK Hydrographic Office (2007).
Localização
(de Sul para Norte)
Nível médio da maré alta de
águas vivas
(m em relação à SNM)
Richards Bay
1.1
Maputo
1.5
Inhambane
1.4
Bazaruto
1.9
Beira
2.9
Chinde
1.8
Quelimane
2.1
Maquivale
2.2
Pebane
1.9
Moma
1.4
Porto de Angoche
1.9
Porto de Moçambique
1.8
Nacala
3.3
Pemba
3.3
Mocímboa da praia
3.7
Palma
3.2
Elevação devida ao vento e dissipação das ondas
A elevação devida ao do vento é normalmente uma componente mais pequena de níveis
combinados extremos de água do mar na costa, e ao longo de costas abertas pode ser até
insignificante (a quantidade está dependente do formato da costa). É também difícil separar a
elevação devida ao vento da normalmente mais dominante elevação devida a dissipação das
ondas e, especialmente, da elevação máxima devida à acção das das ondas. Muitos autores não
distinguem claramente entre a elevação devida ao vento e outras elevações relacionadas com as
ondas, e alguns assumem que a determinação / cálculo combinado da elevação devida à
dissipação das ondas e da elevação máxima devida acção das ondas inclui a componente, na
maioria das vezes mais pequena, da elevação devida ao vento. Se for feita mais alguma
concessão específica à elevação devida ao vento, o total das elevações combinadas tende a ser,
de alguma forma, sobrestimada. Por esta razão a elevação devida ao vento está incluída no
cálculo da elevação devida a dissipação das ondas tal como abordado na secção 5.5.3.
A bibliografia providencia várias linhas de orientação para estimar a quantificar a elevação devida
a dissipação ondas na costa. De acordo com o FEMA (2000) a elevação é de 10 a 20% da altura
das ondas na rebentação. Karsten (2008) coloca a elevação em 20% da altura das ondas ao largo
da costa (Hmo). A WMO (1998) afirma que: “Como regra básica geral, a elevação devida a
dissipação das ondas na costa é cerca de quinze a vinte por cento da variância da altura incidente
das ondas.” O factor de elevação devida a dissipação das ondas (Ws), que é uma função da altura,
Outubro 2012, p 54
período e direcção das ondas, pode também ser estimado utilizando uma abordagem,
apresentada por Goda (2000), para a gama de períodos de ondas seguinte:
Ws
= 0.13
= 0.15
= 0.16
Onde Tp
para Tp ≤ 11 s
para 11 s < Tp ≤ 12 s
para Tp > 12 s
= Período da onda
Deste modo, tendo por base estas linhas de orientação publicadas e a distribuição dos períodos
das ondas versus a altura das ondas ao largo da costa de Moçambique (Secção 5.4), o factor de
elevação das ondas é considerado como 0.16.
Para estimar o aumento no nível das águas como resultado da elevação devida a dissipação das
ondas, é proposta a seguinte relação:
elevação devida a dissipação das ondas = H’0 * Ws
Onde: H’0
= Altura significativa das ondas “equivalente”, não refractada,
no mar alto
Ws
= Factor de elevação devida a dissipação das ondas (de acordo com Goda)
Para o propósito desta estimativa, a altura “equivalente”, não refractada, da altura significativa
das ondas ao largo da costa (H’0) está relacionada com a altura das ondas ao largo da costa
observadas, através da seguinte relação:
Onde:
H’0
Kr
Hsao largo da costa
= Kr * Hsao largo da costa
= coeficiente de refracção
= Altura significativa das ondas no mar alto
(a partir do p.e. NCEP ou modelação de ciclones)
O coeficiente de refracção é sobretudo uma função da direcção das ondas, período das ondas e
da orientação da linha costeira. Quase todos os coeficientes de refracção simplificados (Kr) para
as regiões próximas da costa da África Austral se situam entre 0.4 e 0.98 (Rossouw pers com). A
concepção para as condições das ondas ao largo da costa de Moçambique foram determinados
para variar entre 8.2 m e 9.3 m (Secção 5.4.3). Deste modo, a altura “equivalente”, não
refractada, das ondas significativas no mar alto (H’0) varia aproximadamente entre 3.3 m a 9.1 m.
Através da aplicação do factor de elevação devida a dissipação das ondas de Goda, estima-se que
a elevação devida a dissipação das ondas varie entre aproximadamente 0.5 m e 1.5 m, ou cerca
de 1 m em média. Em termos de diferenças regionais no clima de ondas ao largo da costa, tal
como indicado na Secção 5.4 e na Tabela 5.6, o maior desvio em relação à média da altura das
ondas (condições das ondas para 100 anos) é apenas cerca de 7%. Este aspecto resultaria apenas
num desvio de 7 cm da elevação média de 1 m, o qual é insignificante e, desta forma, significa
que as diferenças regionais no clima das ondas podem ser seguramente negligenciadas (no que
diz respeito a elevação). As maiores diferenças na elevação devida a dissipação das ondas
indicadas acima (com elevações a variar de 0.5 m a 1.5 m), são devidas à exposição às ondas e
aos efeitos de abrigo específicos dos locais (i.e. os coeficientes de refracção mencionados acima),
mas até mesmo estas diferenças são de 0.5 m, ou menos, da elevação média de 1 m. As
diferenças nas variações das marés, nos cenários de subida do nível do mar e na elevação devida
Outubro 2012, p 55
à acção das ondas (Secção 5.5.3) são maiores e consequentemente mais significativas. Uma
elevação devida a dissipação das ondas mais precisa, especifica para os vários locais, apenas pode
ser determinada através de uma modelação numérica de ondas, que requer dados batimétricos
detalhados para cada local, que não estão de todo disponíveis. Tendo todos estes factores em
perspectiva, é considerado aceitável utilizar a elevação média devida à dissipação das ondas de 1
m para todos os locais de estudo.
Elevação devida à acção hidrostática
Maiores níveis de água do mar na costa resultam dos efeitos da baixa pressão atmosférica local
ao longo do oceano. A elevação devida à variação da pressão pode ser estimada utilizando uma
aproximação barométrica inversa, que se reflecte num aumento de cerca de 1 cm no nível do
mar por cada diminuição de 1hPa na pressão atmosférica (Van Ballegooyen, 1996).As pressões
mínimas anuais ao largo da costa de Moçambique (devido a ciclones) são na ordem dos 100 hPa
abaixo do nível da pressão média no mar (estimada a partir dos dados do Centro Associado de
Aviso de Tufões; JTWC, 1997). Deste modo, a A elevação máxima anual devida ao à acção
hidrostática ao longo da costa Moçambicana é normalmente cerca de 1m. As estatísticas de
ocorrência de ciclones na região ao largo de Moçambique, no momento actual, mostram uma
ocorrência de menos 1/3 no Sul do país relativamente ao Centro (Fase 1 do INGC, 2009). Na
Secção 5.4.2 é mencionada a possibilidade de uma mudança para sul do cinturão de ocorrência
dos ciclones devido às mudanças climáticas (ver Fase I e relatório do Tema 8). Esta mudança
representaria um aumento relativo na ocorrência de ciclones com impacto nas regiões costeiras
do Sul de Moçambique. (Embora esta seja uma projecção futura dos efeitos das mudanças
climáticas, o grau de confiabilidade estatística considerado nestas projecções é, nesta fase, baixa.)
Em qualquer caso, foram registados ciclones muito fortes (com pressões centrais muito baixas)
ao longo da região Sul de Moçambique. Por estas razões, é considerado aceitável utilizar um valor
para a elevação devida à acção hidrostática ao longo de toda a costa Moçambicana, com o
máximo anual sendo normalmente cerca de 1 m.
Tendo por base estes cálculos, estima-se a combinação da elevação devida à dissipação das
ondas e da elevação devida à variação da pressão” seja cerca de 2 m (respectivamente 1 m cada).
Subida do Nível do Mar (SNM)
Na secção 5.3 concluiu-se que a melhor estimativa (ou estimativa “central”) para a subida do
nível do mar para 2100 é de cerca de 1 m, com um pior cenário possível de 2 m, e um melhor
cenário possível (estimativa baixa) de 0.5 m. (Desta forma, a melhor projecção estimada para
2050 (“cenário intermédio”) é de 0.3 m a 0.5 m.)
5.5.3
Previsão da elevação máxima devida acção das ondas
Um dos impactos da subida do nível do mar é que as ondas irão chegar mais ao interior da costa
do que actualmente, o que implica que as actuais linhas limites de protecção para o projectos de
desenvolvimento costeiro (das quais poucas existem) devem ser adaptadas. Uma linha limite de
protecção para o desenvolvimento costeiro deve ser uma linha para o interior da qual as infraestruturas fixas (p.e. casas, estradas, etc.) poderão ser construídas com uma razoável segurança
contra os impactos físicos dos processos costeiros (p.e. tempestades marítimas, erosão das ondas
e elevação máxima devida à acção das ondas). Os factores que co-determinam a localização das
Outubro 2012, p 56
linhas limite são as elevações das ondas tempestuosas e quão longe irá a linha costeira recuar
devido à erosão, sendo estas afectadas pelo aumento esperado da subida do nível do mar e pelos
aumentos projectados da tempestuosidade. Por esse motivo, foram determinados cenários
realistas da subida do nível do mar e aumento potencial da altura das ondas, e foram feitos
cálculos para estimar os efeitos resultantes na erosão e elevação máxima devida à acção das
ondas.
Tal como já mencionado, um passo importante no cálculo das linhas limite de protecção da costa
(isto é, faixas de recuo seguras adequadas para o desenvolvimento costeiro) é a determinação da
elevação máxima devida à acção das ondas, isto é, o ponto máximo que as ondas tempestuosas
podem atingir (Figura 5.3). A partir de uma revisão bibliográfica sobre métodos de previsão de
elevação máxima devida à acção das ondas, foram considerados 15 métodos, 7 dos quais foram
avaliados com maior detalhe. Estes foram: Battjes (1971); Nielsen & Hanslow (1991); três
formulações de Ahrens e Seelig (2001); duas formulações de Ruggiero et al (2001); Guza e
Thornton (1982); e Stockdon et al(2006).No que diz respeito às formulações mais empíricas,
Nielsen e Hanslow (1991) e Ruggiero et al. (2001) aparentam ser os mais adequados, sendo o
primeiro mais fácil de aplicar. O modelo de Nielsen e Hanslow (1991) requer a altura e período
das ondas, declive da praia e nível da água. O seu conjunto de formulações foi por esse motivo
utilizado na compilação de uma rotina informática, a qual foi posteriormente verificada e testada
contra um conjunto de dados de campo disponíveis sobre a África Austral. Os resultados foram
considerados surpreendentemente bons (R2 = 0.79) se tivermos em mente a quantidade
relativamente baixa de parâmetros incluídos na formulação. (Mais recentemente foi proposta
uma formulação promissora para África do Sul por Mather et al (2011), mas esta não estava
disponível no momento em que a modelação para Moçambique foi realizada.)
Figura 5.23:
Descrição (de parte) do modelo de elevação das ondas costeiras de Nielsen e Hanslow (1991)
Outubro 2012, p 57
Tendo considerado o modelo de Nielsen e Hanslow (1991) suficientemente válido e aplicável às
condições locais, foi aplicada a mesma metodologia para investigar o impacto da SNM nas
ocorrências e períodos de retorno da elevação máxima devida à acção das ondas.
Para ilustrar com clareza o grande efeito que a SNM tem, foi primeiramente aplicado um valor
baixo de SNM. O valor médio da previsão para o aumento da SNM, no Quarto Relatório de
Avaliação do IPCC, é de cerca de 0.4 m em 2100 (Relatório AR4, IPCC 2007). Utilizando esta
previsão sobre níveis futuros do mar, foi constatado que as mesmas elevações extremas das
ondas que ocorreram durante a tempestade de KZN em 2007 na África do Sul, poderiam ter sido
atingidos com ondas 10% mais baixas (Hm0) do que aquelas registadas durante o pico da
tempestade em 2007. Isto significa que, tendo por base o período de retorno calculado para a
tempestade de 2007 (e assumindo que a distribuição estatística das ondas extremas permanece a
mesma ao longo dos próximos 100 anos), o período de retorno para as mesmas elevações
extremas das ondas é, efectivamente, metade. Por outras palavras, a probabilidade de tais
condições extremas ocorrerem novamente é basicamente duplicada, ou estatisticamente, é
provável que tais situações ocorram com o dobro da frequência no longo prazo, para uma SNM
de apenas 0.4 m. (Note-se que, tal como se discute no parágrafo seguinte, uma SNM de 0.4 m
não é considerado um cenário de planeamento adequado para este relatório.)
Na secção 5.3 concluiu-se que a melhor estimativa (ou estimativa “central”) para a SNM em 2100
é de cerca de 1 m (com um cenário pessimista de 2 m e um cenário optimista (estimativa mínima)
de 0.5 m). Na perspectiva das novas previsões para a SLR (após IPCC 2007), os efeitos de 1 m de
SNM (melhor estimativa) nos níveis de elevação das ondas foram igualmente quantificados.
Deste modo calculou-se que uma altura das ondas 24% inferior às da tempestade de KZN em
2007, resultariam numa elevação máxima devida à acção das ondas semelhante se o nível do mar
tivesse aumentado 1 m. Os resultados são alarmantes, no aspecto que o período de retorno da
ocorrência de 2007 (em termos da grande elevação das ondas) fosse efectivamente sujeito a uma
redução de 6 vezes. Por outras palavras, a probabilidade de tais eventos extremos (em termos
das grandes elevações devidas à acção das ondas), como os sentidos durante 2007, ocorrerem
novamente, seria seis vezes maior, ou estatisticamente, é provável que tais impactos ocorram
com seis vezes mais frequência no longo prazo devido a uma SNM de 1 m.
Tal como ilustrado acima, é da maior importância tratar com seriedade a questão da elevação
máxima devida à acção das ondas quando se determinamos parâmetros de desenvolvimento das
linhas limite de protecção da costa .
5.5.4
Erosão costeira devido à mudança climática
Cálculo da erosão da linha costeira devido à mudança climática
Outro aspecto importante a prever é de que forma as áreas, que se encontram actualmente
vulneráveis à erosão, poderão, no futuro, tornar-se ainda mais propensas a danos, resultantes
dos efeitos das mudanças climáticas. É bem conhecido que o factor chave que levou a danos no
passado, e poderá conduzir a um aumento acrescido de riscos no futuro, são os
empreendimentos localizados muito perto do mar. Deste modo, existe a necessidade de
determinar áreas de baixa vulnerabilidade, o que requer a previsão da localização das linhas
costeiras no futuro. Estudar os riscos derivados das mudanças climáticas nas áreas costeiras, vai
ajudar a planear locais para novos projectos de desenvolvimentos e novas infra-estruturas em
Outubro 2012, p 58
áreas de baixo risco, e vai ajudar também a identificar outras opções de adaptação para os
empreendimentos existentes que estão em risco.
A linha costeira Moçambicana inclui muitas áreas arenosas, que quase não têm estruturas rígidas
de protecção (e onde as ondas geradas por ciclones poderão ter impacto). Este aspecto leva a
um grande potencial para a erosão destas linhas costeiras arenosas. A fórmula mais amplamente
conhecida (e aplicada) para estimar a erosão como resultado da subida do nível do mar foi
proposta por Bruun (Bruun, 1988; Figura 5.25). Os parâmetros principais que são tidos em conta
na regra pouco sofisticada de Brunn são a quantificação da subida do nível do mar e o declive da
costa. A precisão dos resultados obtidos através da utilização da regra de Bruun pode certamente
ser questionada mas a regra pode ser aplicada de forma a fornecer uma estimativa preliminar da
possível erosão das praias de areia solta. Em alguns casos, dunas amplas e praias largas podem
mitigar tal erosão até certo ponto. Em outros casos, praias mais estreitas suportadas por dunas
de areia consolidada irão resistir à erosão, resultando em menos erosão do que o previsto pela
regra de Bruun.
Figura 5.24:
Ilustração esquemática do modelo de Bruun sobre o perfil de resposta à subida do nível do mar,
mostrando a erosão na parte alta da praia e deposição próxima da costa.(de Davidson-Arnott, 2005).
Legenda:
INGLÊS
Quantification of potential erosion due to
sea level rise
S is the sea level rise in metres
L is the distance to the depth of closure
Hd is the depth of closure
Hb is the height of the beach berm
New SL
Old SL
New bottom level
Old bottom level
Eroded material
Deposited material
Landward coastal retreat
PORTUGUÊS
Quantificação da erosão potencial devido ao
aumento do nível do mar
S é o aumento do nível do mar em metros
L é a distancia até à profundidade de fecho
Hd é a profundidade de fecho
Hb é a altura da berma da praia
Novo nível do mar
Nível anterior do mar
Novo nível do fundo
Nível anterior do fundo
Material desgastado
Material depositado
Retiro da costa para o interior.
Outubro 2012, p 59
A regra de Bruun é sensível aos valores escolhidos para os parâmetros de inserção, e os valores
destes parâmetros são também por vezes difíceis de determinar (Theron 1994; Theiler et al
2000). Muitos outros factores, para além da quantificação da subida do nível do mar e o declive
da costa, precisam ser levados em linha de conta para prever correctamente a evolução costeira
futura em períodos e escalas de tempo mais longas. Aspectos específicos do local, tais como
geologia, hidrologia, sedimentologia, batimetria na costa e ao largo, exposição às ondas,
correntes, climatologia geral, características geográficas do local e influências humanas, devem
todos ser considerados. A regra de Bruun continua, no entanto, a ser útil para áreas costeiras
com poucos dados ou informações sobre mudanças morfológicas passadas e pode ser usado
como um indicador espacial muito útil para indicar onde os impactos futuros se podem tornar um
problema.
Efeitos das mudanças climáticas no transporte de sedimentos
A energia das ondas é proporcional ao quadrado da altura das ondas (o qual, no seu estado
totalmente desenvolvido é proporcional ao quadrado do factor da tensão do vento). A potência
das ondas é proporcional à energia e ao período das ondas. Por esse motivo, sendo o período das
ondas directamente proporcional ao factor de tensão do vento, um aumento de apenas 10% na
velocidade do vento pode representar tanto como 80% de aumento da potência das ondas
(Theron, 2007). (a potência das ondas, ou a energia das ondas, pode fornecer uma indicação geral
do potencial de transporte de sedimentos, em vez de cálculos ou modelos de transporte de
sedimentos específicos para cada local.) Isto significa que um modesto aumento de 10% na
velocidade do vento pode também resultar num aumento potencial significativo da taxa de
transporte de sedimentos costeiros e, consequentemente, ter impactos na linha costeira. (As
taxas de transporte de sedimentos costeiros são especialmente sensíveis a mudanças na direcção
das ondas/ tempestades.) Na Figura 5.26 são ilustrados o reflexo na altura das ondas (aumento)
versus aumento da velocidade do vento, bem como o resultante aumento não linear (lei da
potência) da energia das ondas e uma maior aceleração da potência das ondas.
Em substituição de uma modelação mais complexa / sofisticada de transporte de sedimentos
e/ou da morfologia das praias, a energia das ondas pode ser calculada para fornecer uma
indicação do potencial de erosão costeira. Deste modo pode ser, por exemplo, determinado, para
as diferentes condições de período de retorno das ondas (Secção 4.5), que as ondas 1-em-1 e 1em-50 anos têm respectivamente cerca de 10 a 20 vezes mais a energia da onda média. Por
outras palavras, o potencial de erosão das ondas de 1-em1 ou 1-em-50 anos é, respectivamente,
na ordem de 10 a 20 vezes maior do que o da condição média, o que representa uma mudança
significativa.
Dado que a actual geomorfologia costeira (especialmente das costas de areia solta) é um
resultado directo de processos costeiros de longo prazo (i.e. a condição média ao longo do
tempo) uma mudança no potencial de erosão das ondas pode alterar significativamente a
configuração da costa.
Outubro 2012, p 60
Figura 5.25:
Exemplo de aumento proporcional da altura das ondas versus aumento da velocidade do vento,
também indicando o aumento não linear resultante na energia e potência das ondas (Modelo Kamphuis)
Legenda:
INGLÊS
Graph of wave height, energy &
power vs. wind velocity increase
Based on Kamphuis
Example for
fetch
duration
for winds from 17 m/s & upwards
Wave Height
Increase in Wind Velocity
Wave height
Wave energy increase
Wave Power Increase
PORTUGUÊS
Gráfico de altura, energia e potência das
ondas vs. aumento da velocidade do vento
Baseado em Kamphuis
Exemplo para
área sobre a qual o vento sopra
duração
para ventos a partir de 17 m/s e superiores
Altura das Ondas
Aumento da Velocidade do Vento
Altura das ondas
Aumento da energia das ondas
Aumento da potênciadas ondas
Outubro 2012, p 61
5.5.5
Modelo Combinado de Inundação/Cheias e Erosão Costeira
Na Figura 5.26 abaixo é apresentada uma descrição conceptual do modelo combinado de
inundações/cheias costeiras e a erosão induzida pela SNM que explica as relações funcionais
entre componentes do modelo. (Note-se, a Figura refere-se a processos relacionados com
Mudanças Climáticas e não inclui qualquer consideração da erosão de longo prazo das praias
e/ou erosão de curto prazo devido a tempestades. As mesmas são também importantes e o
espaço para tal é dado no debate sobre as linhas de recuo da costa para a Beira e Maputo na
secção 5.5.6).
Figura 5.26:
Descrição conceptual do modelo combinado de inundações/cheias costeiras e erosão induzida
pela SNM, com as relações funcionais entre os componentes.(SNM = Subida do Nível do Mar; DEM = Modelo
Digital de Elevação)
(Note-se, a Figura relaciona factores de mudanças climáticas e exclui outros factores
de erosão. Estes deverão ser considerados nas linhas limite de protecção costeira)
Tendo determinado as condições de ondas na costa, (tal como descrito nas Secções 5.5.2 e 5.5.3),
podem ser utilizados os modelos de elevação das ondas e de erosão costeira para quantificar
impactos costeiros específicos. Deste modo, por exemplo, elevação máxima devida à acção das
ondas pode ser calculado em cada ponto costeiro ao longo da costa, para vários níveis de maré,
Outubro 2012, p 62
combinado com diferentes alturas das ondas. As marés-cheias vivas (ver Secção 5.5.2) ocorrem
uma vez de 14 em 14 dias ao longo da costa Sul e Oriental de África e são, por esse motivo,
seleccionadas como um cenário realista a considerar em conjugação com tempestades marítimas
seleccionadas. Os mesmos métodos podem ser empregues para prever e avaliar as condições e
impactos futuros, através da inclusão de efeitos das mudanças climáticas, neste caso asubida do
nível do mar e/ou o aumento da tempestuosidade. O clima extremo de ondas ao largo de
Moçambique foi previsto crescer cerca de 6% em 2100, tal como abordado na Secção 5.4,
enquanto a melhor estimativa para a SNM é de 1 m em 2100 (Secção 5.5.2).
Na Figura 5.27 é apresentado um exemplo do valor calculado para a elevação máxima devida à
acção das ondas em cada um dos pontos ao longo da linha costeira da Beira. Estes são os valores
previstos para a elevação máxima devida à acção das ondas, a partir das condições modeladas de
ondas geradas por ventos ciclónicos na costa.
Predicted runup elevations at Beira
for modelled inshore cyclone wave conditions
Predicted wave runup (m)
5
4
3
2
1
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Alongshore point number
Figura 5.27:
Exemplo de quantidades previstas de elevação das ondas na Beira
Legenda:
INGLÊS
Predicted runup elevations at
Beira
For modelled inshore cyclone
wave conditions
Predicted wave runup
Alongshore point number
PORTUGUÊS
Elevação máxima prevista das ondas na
Beira
Para as condições modeladas de ondas
geradas por ventos ciclónicos na costa
Elevação máxima prevista das ondas
Número do ponto ao longo da costa
A partir da Figura pode observar-se que o valor da elevação máxima devida à acção das ondas
varia entre cerca de 1 m até 4 m. As variações, ao longo da costa, nas previsões da elevação
máxima devida à acção das ondas, estão principalmente relacionadas com a diferente exposição
às ondas e o declive de cada local. (Note-se, no entanto, que nos locais em que o declive da praia
é mais raso que 0.1, consideraram-se como sendo 0.1. Isto foi feito por duas razões: (1) Foi
descoberto que o modelo de Nielsen e Hanslow é menos fiável para declives mais rasos que 0.1;
e (2) mais importante do que isso, as elevações extremas de ondas ocorrem durante
Outubro 2012, p 63
tempestades, o que significa que o perfil da praia é ao mesmo tempo alvo de erosão. O efeito é
que o declive da praia vai, de facto, tornar-se mais íngreme durante a tempestade, levando a uma
maior elevação das ondas na zona de perfil mais íngreme. Deste modo, assume-se ser provável
que os perfis de declive menos acentuados (<0.1) se tornem mais íngremes durante a
tempestade do que actualmente, sendo este um pressuposto conservador.
Foram feitas previsões similares da elevação máxima devida à acção das ondas para Maputo e
Pemba (incorporando deste modo uma vasta variedade de condições de ondas geradas por
ventos ciclónicos e de características da linha costeira). Constatou-se que o valor da elevação
máxima devida à acção das ondas varia entre cerca de 1 m até 6 m. Tendo em conta todas as três
áreas (e arredondando os valores para o decímetro mais próximo), foi constatado que para a
maioria dos dados de condições inseridos, na maior parte dos locais costeiros, a elevação máxima
devida à acçãodas ondas varia, de facto, entre cerca de 1.5 m até 3 m. (Numa primeira análise
esta conclusão pode aparentar menores quantidades de elevação máxima devida à acção das
ondas do que o esperado, mas a modelação de ondas mostra que isto se deve ao efeito
amortecedor das vastas áreas de água pouco profunda na costa, que existem em muitas partes
de Moçambique.)
Na Secção 5.5.6 são discutidas em detalhe as combinações apropriadas de componentes,
presentes e futuras, de níveis de água extremos na costa (incluindo a elevação máxima devida à
acção das ondas).
5.5.6
Cálculo da erosão potencial provocada pela subida do nível do mar na Beira e em
Maputo
Nesta Secção o enfoque será em Maputo e na Beira, uma vez que estas são as duas maiores
cidades costeiras de Moçambique com, a mais vasta infraestrutura e empreendimentos na área
costeira, potencialmente sujeitas aos impactos das mudanças climáticas. (As duas cidades são
igualmente as maiores fontes de rendimento para o Governo e contêm os principais portos
Moçambicanos.) Foi também aplicado, para cada uma das duas cidades, e para cada um dos
cenários e condições, o modelo de erosão costeira por SNM (Secção 5.5.4) para quantificar a
erosão potencial provocada somente pela SNM. Foi adicionada uma distância de 40 m à linha de
recuo de forma a permitir avariabilidade normal da linha costeira (p.e. erosão durante as
tempestade e o acréscimo da recuperação subsequente), para determinar uma distância da linha
limite de protecção totalmente aceitável, tal como indicado na última linha da tabela.
Por vezes são realizadas investigações abrangentes e detalhadas de forma a determinar melhor
as linhas limite de protecção requeridas para as variações da linha costeira, mas estas apenas são
realizadas para pequenas áreas de estudo ou então para locais onde existam muitos dados
disponíveis. Em estudos de maior escala (tal como este projecto), não é prático ou
financeiramente viável, realizar investigações tão detalhadas sobre as linhas limite de protecção
para cada local. A distância de 40 m é baseada na extensa experiência na África Austral e
adaptada para as condições médias de Moçambique. Esta é também a distância especificada em
alguns estados Australianos e Norte Americanos. Na Tabela 5.10 é fornecido um exemplo do
potencial de erosão calculado e da linha limite recomendada para cada um dos locais ao longo da
linha costeira da Beira. Alguns dos resultados para a previsão do potencial de erosão (devido à
subida do nível do mar) evidenciados neste exemplo (Tabela 5.10) são bastante baixos (Pontos
2451 a 2455). Estes resultados estão no entanto correctos, e são justificados pelo facto de estes
Outubro 2012, p 64
pontos estarem localizados em secções não erodíveis (rochas ou estruturas rígidas) e/ou em
secções com declive muito íngreme, da costa da Beira. Em locais onde a costa não pode erodir, a
linha de água-elevada simplesmente move-se directamente para cima e para o interior com o
declive, de acordo com a quantidade de SNM; a regra de Bruun não é aplicável nestes locais.
Tabela 5.10: Exemplo da quantificação do potencial de erosão e limite de erosão para a SNM
BEIRA - SUMMARY
PONTO
2440
2440
2440
2440
2444.5
2444.5
2444.5
2444.5
2450
2450
2450
2450
2451 to 2455
2451 to 2455
2451 to 2455
2451 to 2455
Subida do Nível do
Mar
(SNM)
0
0.5
1
2
0
0.5
1
2
0
0.5
1
2
0
0.5
1
2
Erosão devida à SLR
(m)
0
130
260
530
0
50
110
120
0
110
220
450
0
10
20
30
Faixas de Recuo da
Erosion incluindo
SNM (m)
40
170
300
570
40
90
150
260
40
150
260
490
40
50
60
70
Na Figura 5.28 é apresentado o mapeamento gráfico de todos estes resultados para cada ponto
costeiro na Beira. Assim a faixa limite total da erosão devida a SNM varia de 40 m a 570 m
dependendo da localização ao longo da costa. As variações ao longo da costa em termos do
potencial de erosão (devido à SNM) estão principalmente relacionados com a diferente exposição
às ondas, mas especialmente devido à inclinação e “grau de desgaste/dureza” de cada lugar.
Algumas destas distâncias de erosão potencial são muito grandes (p.e. em torno do Ponto 2440).
As mesmas podem ser consideradas algo irrealistas, já que deve-se recordar que a regra pouco
sofisticada de Bruun não consegue ter em consideração as mudanças das características e
processos na direcção terra adentro nos quais se prevêm potenciais níveis de erosão no interior.
(documentos Australianos recentes abordando orientações sobre áreas costeiras disponibilizam
uma metodologia modificada da Regra de Bruun a qual poderá dar distâncias menores de erosão
que poderão ser mais realistas, mas a aplicabilidade deste método ainda não foi verificada para
Moçambique. Deve também notar-se que a aplicação de tais métodos e todos os resultados está
dependente da precisão dos dados de inserção. Em particular, só estavam disponíveis dados
topográficos em certas cidades (e mesmo nos dados que estavam disponíveis, foram encontrados
alguns êrros significativos). Deste modo, as elevações, inclinações e distâncias horizontais na
direcção terra adentro foram calculadas ou interpoladas sobre estes dados relativamente gerais.
Nos casos em que a topografia é muito complexa e irregular ou onde ocorrem grandes mudanças
na realidade, os resultados podem ser afectados significativamente. Tal sublinha a necessidade
Outubro 2012, p 65
de bons dados topográficos de inserção caso se pretendam resultados mais detalhados ou
precisos. A potencial linha limite de protecção para a erosão por SNM na Beira, tal como é
mapeada na Figura 5.28, só pode ser apresentada como uma estimativa preliminar conservadora
a ter em consideração para o planeamento de longo prazo de novos ou em grandes
desenvolvimentos da faixa costeira.
―Potential erosion due to 2 m SLR by 2100
―Potential erosion due to SLR + 40m setback
―Possible detail terrain adjustment of setback line
Figura 5.28:
Mapa do potencial de erosão e linhas limite de protecção recomendadas para a SNM – Beira
Legenda:
INGLÊS
Potential erosion due to 2m SLR by 2100
Potential erosion by SLR + Setback
Detail terrain adjustment of setback line
PORTUGUÊS
Erosão potencial devido a 2m de SNM em 2100
Erosão potencial pelo SNM + limite de
protecção
Detalhe do ajustamento no terreno da linha
limite de protecção.
Na Figura 5.29 ilustra-se o aumento da erosão potencial ao longo do tempo, devido a um
crescente aumento da SNM. O impacto potencial adicional de um histórico de tendência
relativamente baixa de erosão (que poderá p.e. resultar de outros impactos humanos) está
também ilustrado nesta figura. Práticas medíocres de gestão da zona costeira (p.e. perturbação
do transporte de areia ou remoção de areia) podem facilmente conduzir a tais, ou ainda maiores,
taxas de erosão. (Note que não foi observada na Beira a existência desta tendência de erosão.)
Outubro 2012, p 66
180
Beira:
Potential coastal erosion (m) due to sea level rise (SLR)
(based on "Bruun erosion" rule and coastal parameters at Point # 2444.5),
as well as including additional erosion trend
160
140
Erosion potential (m)
120
SLR (1m by 2100) erosion (Bruun)
100
y = 0.0052x2 - 20.116x + 19512
R² = 0.9996
SLR + other erosion 0.3m/a
80
Poly. (SLR (1m by 2100) erosion (Bruun))
Poly. (SLR + other erosion 0.3m/a)
60
y = 0.004x2 - 16.931x + 16444.514
R² = 1.000
40
20
0
1950
1975
2000
2025
2050
2075
2100
Year
Figura 5.29:
Aumento da erosão potencial ao longo do tempo na Beira, devido a uma crescente SNM até 1 m
em 2100
Legenda:
INGLÊS
Potential coastal erosion (m) due to sea
level rise (SLR)
based on “Bruun Erosion” rule and coastal
parameters at Point #
as well as including additional erosion
trend
SLR
Erosion potential
Year
PORTUGUÊS
Erosão costeira potencial (m) devido à
subida do nível do mar (SNM)
baseado na regra de erosão de Bruun e
parâmetros costeiros no Ponto #
assim como incluindo tendências adicionais
de erosão
SNM
Erosão potencial
Ano
Tendo em consideração o exemplo descrito na Figura 5.30 (na localização da Beira #2444.5), para
o cenário de 1 m de SNM de 2100 e assumindo que não existem outras tendências de erosão
(“nos bastidores”), até 2050 (i.e. nos próximos ~40 anos) cerca de 30m (mais) da costa nesta
lugar poderão sofrer erosão (em compração com talvez não mais do que 10 m de erosão nos
últimos 40 anos). (Note-se, não estavam disponíveis bons dados sobre possíveis tendências
históricas de erosão). Não foram ainda observados grandes problemas devido a possível erosão
histórica na Beira. Contudo a erosão costeira devida à SNM é provável que se torne significativa
nas próximas décadas. O início de tal erosão costeira deve ser uma “bandeira vermelha”,
desencadeando uma reavaliação da probabilidade de mais cenários extremos de SNM, à medida
que os potenciais impactos (em conjugação com os impactos dos eventos extremos) se tornarem
severos na Beira. Tais reavaliações deverão considerar todas as áreas vulneráveis ao longo da
costa Moçambicana.
Seguindo o mesmo procedimento aplicado para a Beira, foi determinada a linha limite de
protecção da erosão potencial para Maputo (devido aos efeitos dasubida do nível do mar e
inconstância da linha costeira), tal como indicado na Figura 5.30.
Outubro 2012, p 67
N
↑
―Potential erosion due to
2 m SLR by 2100
―Potential erosion due to
SLR + 40m setback
―Possible detail terrain
adjustment of setback
line
Figura 5.30:
Mapa de erosão potencial e a linha limite de protecção para a SNM – Maputo
Legenda:
INGLÊS
Potential erosion due to 2m SLR by
2100
Potential erosion by SLR + Setback
Detail terrain adjustment of setback
line
PORTUGUÊS
Erosão potencial devido a 2m de SNM em
2100
Erosão potencial pelo SNM + limite de
protecção
ajustamento da linha limite de protecção
devido ao detalhe no terreno.
A erosão potencial e as linhas limite de protecção, indicadas nos mapas acima, não dão, contudo,
uma margem explícita para inundações costeiras. As áreas sujeitas a inundações extremas
podem, em vários casos, estender-se significativamente para o interior, para além das linhas
limite de protecção potenciais indicadas nos mapas acima (apesar de serem distâncias
consideráveis em algumas localizações deviso ao potencial de erosão indicado pela regra de
Bruun). As áreas sujeitas a inundações costeiras devem também ser consideradas na identificação
de áreas vulneráveis e no planeamento dos desenvolvimentos costeiros (e Gestão Integrada da
Zona Costeira = GIZC). Na Secção 6.4 são identificadas e discutidas em detalhe as áreas que estão
vulneráveis a inundações costeiras, para cada uma das 10 cidades.
Outubro 2012, p 68
Na Figura 5.31 abaixo a Beira é utilizada como exemplo de forma a ilustrar como foram calculadas
as componentes do nível da água do mar na costa, para cada local.
Pior cenário para costas totalmente expostas
Caso intermédio para costas parcialmente expostas
Caso de baixo risco para costas protegidas
Figura 5.31:
Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas na Beira.
Legenda:
INGLÊS
Still water elevation & wave runup
Elevation [m to MSL]
Wind & barometric set-up
Wave run-up
highest astronomical tide
Mean high water spring
Mean sea level
PORTUGUÊS
Elevação de água calma & elevação máxima devida
à acção das ondas
Elevação [m até ao NMM]
Elevação devida ao efeito barométrico e do vento
Elevação máxima devida à acção das ondas
Maré astronómica mais elevada
Média da maré alta de águas vivas
Nível médio do mar
Outubro 2012, p 69
A Figura mostra os níveis extremos de água do mar na costa, calculados para a Beira, devido à
combinação das várias componentes contribuintes. Deste modo, a Figura mostra o aumento dos
níveis de água relativamente ao Nível Médio do Mar (MSL), que está aproximadamente a 0 m de
elevação, para:







Média da Maré Alta de Águas Vivas (MMAAV), ocorrendo de 14 em 14 dias) = 2.9 m
acima do NMM.
A elevação da crista de estruturas costeiras existentes (segundo a Fase 1 do INGC,
2009) = 3.46 m acima do NMM.
Maré Astronómicamais Elevada (MAE, o maior nível que as marés normais podem
atingir em condições meteorológicas normais, que tem um ciclo de 19 anos) = 3.7 m
acima do NMM
A aproximação dm ciclone junto à costa resulta numa elevação adicional (aumento) do
nível do mar devido aos ventos fortes sobre a costa (ondas de vento) e baixa pressão
barométrica. A combinação de ondas com a variação barométrica estima-se em 2 m
adicionais. Deste modo, no momento presente, um ciclone que se aproxima da Beira
durante as marés vivas (as quais ocorrem cada 2 semanas) pode resultar em níveis de
inundação de cerca de 2.9 m (MMAAV) + 2 m (Elevação devida à acção do vento e ao
efeito barométrico) = 4.9 m acima do MSL.
O cenário intermédio (melhor estimativa) para uma subida do nível do mar (SNM,
devido às mudanças climáticas) é de 1 m para o ano de 2100. Deste modo, o cenário
extremo futuro (2100) para um ciclone a ocorrer durante marés vivas, pode resultar
em níveis de inundação de cerca de 4.9 m + 1 m (subida do nível do mar) = 5.9 m acima
do MSL. Em substituição de melhores dados sobre níveis de água extremos,
recomenda-se que este seja considerado o nível de cheias para o “concepção” de infraestruturas de baixo risco (< 50 anos de vida) em locais protegidos.
As elevações indicadas acima são relativas ao nível de “água calma” na linha costeira.
Estes pontos não devem ser confundidos com os efeitos adicionais da elevação das
ondas, o que pode provocar alturas maiores ao longo de linhas costeiras parcial e
totalmente expostas. (A elevação das ondas é a força da água na zona de rebentação a
entrar pelo declive da praia, acima do nível de água calma, Figura 5.3.). Um ciclone ao
aproximar-se da Beira causaria igualmente ondas, resultando em níveis ainda maiores
de elevação das ondas ao longo de linhas costeiras parcial e totalmente expostas.
Tendo como base a modelação da elevação das ondas, o nível adicional atingido pela
elevação das ondas ao longo de costas parcial e totalmente expostas seria de 1.5 mou
mais. Deste modo, a elevação total atingida pelas ondas ao longo de linhas costeiras
parcial ou totalmente expostas durante um ciclone e marés vivas é de 5.9 m + 1.5 m =
7.4 m acima do NMM ou mais.
Dependendo do local e circunstâncias específicas (p.e. perfil de inclinação, exposição a
ondas incidentes, etc), a elevação máxima devido à acção das ondas durante eventos
extremos poderá ser significativamente maior do que apenas 1.5 m adicionais,
podendo chegar a 3 m ao longo de costas totalmente expostas. O caso do pior cenário
para Subida do Nível do Mar (SNM, devido à Mudança Climática) é de 2 m até 2100.
Neste caso, a elevação total alcançada pelas ondas ao longo de costas totalmente
expostas durante um ciclone e marés vivas poderá ser cerca de 4.9 m + 2 m + 3 m = 9.9
m acima do NMM. Note-se, não se podem atribuir níveis precisos de recorrência para
tal combinação de eventos. A probabilidade conjunta de marés vivas elevadas
(ocorrendo por aproximadamente por total de 18h durante cerca de 14 dias) com um
ciclone de 1 em 100 anos (com possíveis efeitos extremos locais de por exemplo 3 dias)
e um cenário de 2 m de SNM até 2100, poderá ser mais severo e menos frequente de
Outubro 2012, p 70
que um evento verdadeiro cheias costeiras de 1:100 anos. Requerem-se registos
relativamente de longo prazo dos níveis da água, os quais incluam suficientes eventos
de ciclones e as elevações resultantes, para calcular eventos e ocorrências extremas de
forma estatisticamente precisa. Infelizmente tais dados são insuficientes para
Moçambique; portanto, no seguimento de uma abordagem cautelosa, foram aplicadas
de forma robusta combinações de cenários plausíveis, o que é considerada uma
aproximação de primeiro nível adequada.
Foram realizados cálculos semelhantes, dos componentes do nível da água do mar na costa, para
cada cidade costeira. Os exemplos para Maputo e Pemba estão indicados nas Figuras 5.32 e 5.33.
Outubro 2012, p 71
Pior cenário para costas totalmente expostas
Caso intermédio para costas parcialmente expostas
Caso de baixo risco para costas protegidas
Figura 5.32:
Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas em Maputo
Legenda:
INGLÊS
Still water elevation & wave
runup
Elevation [m to MSL]
Wind & barometric set-up
Wave run-up
Highest astronomical tide
Mean high water spring
Mean sea level
PORTUGUÊS
Elevação de água calma & elevação maxima devida à acção das ondas
Elevação [m até ao NMM]
Elevação devida ao efeito barométrico e do vento
Elevação máxima devida à acção das ondas
Maré astronómica mais elevada
Média da maré alta de águas vivas
Nível médio do mar
Outubro 2012, p 72
Pior cenário para costas totalmente expostas
Caso intermédio para costas parcialmente expostas
Caso de baixo risco para costas protegidas
Figura 5.33:
Níveis de inundações costeiras e de elevação das ondas em Pemba
Legenda:
INGLÊS
Still water elevation & wave runup
Elevation [m to MSL]
Wind & barometric set-up
Wave run-up
highest astronomical tide
Mean high water spring
Mean sea level
PORTUGUÊS
Elevação de água calma & elevação máxima devida à acção das ondas
Elevação [m até ao NMM]
Elevação devida ao efeito barométrico e do vento
Elevação máxima devida à acção das ondas
Maré astronómica mais elevada
Média da maré alta de águas vivas
Nível médio do mar
Outubro 2012, p 73
Os resultados dos cálculos para os níveis de inundação da água do mar, de todas as cidades
costeiras, estão resumidos e comparados na Secção 6.2.1 (e na Figura 6.3), onde são também
discutidas as respectivas implicações.
Da discussão acima pode concluir-se que:
1. As condições físicas (altura, direcção das ondas e nível da água do mar) que ocorrem na
costa durante um ciclone foram determinadas pela instalação de um modelo de ciclone
que foi calibrado utilizando dados medidos na Beira durante o Ciclone Tropical Lisette em
Março de 1997.
2. As condições das ondas de tempestades que se prevêm que venham a prevalecer no mar
alto de Moçambique foram determinadas para as condições actuais e também tendo em
consideração factores esperados de mudanças climáticas. Foi utilizada uma técnica
apropriada para determinar a distribuição esperada da altura das ondas e direcção das
ondas fora de cada um dos locais de estudo.
3. Os níveis das marés são diferentes devido à localização geográfica e batimetria local em
cada um dos locais de estudo. A influência de uma subida do nível do mar nos níveis de
maré mais elevados é portanto também diferente em diferentes áreas ao longo da costa.
4. Utilizando os resultados dos estudos acima e cálculos das alturas de elevação máxima
devida à acção das ondas, foram determinados os níveis de perigo Elevado, Médio e
Baixo de inundação da água do mar para três cenários seleccionados.
Os valores destes parâmetros são incorporados na avaliação de perigos costeiros discutida no
Capítulo 6.
Outubro 2012, p 74
6 AVALIAÇÃO DE PERIGOS COSTEIROS
5.6
5.6.1
Introdução
Neste capítulo é disponibilizado um resumo da avaliação de perigos ao longo da costa, bem como
de possíveis tendências reflectidas nos dados regionais. É disponibilizado adicionalmente um
nível de avaliação relativamente geral, com base num conjunto vasto de factores causadores de
perigo e factores de modificação da vulnerabilidade para a costa Moçambicana. Um nível mais
detalhado de avaliação, focalizando-se na melhor quantificação dos perigos primários é também
fornecido para as cidades e vilas costeiras seleccionadas.
5.6.2
Métodos para avaliar a vulnerabilidade das áreas e desenvolvimentos costeiros
Breetzke et al (2008), embora não tendo fornecido um método de avaliação da vulnerabilidade,
contém informação e linhas de orientação sobre os riscos e respostas para a erosão costeira, que
são particularmente relevantes para o caso de África Austral. O Índice de Vulnerabilidade Costeira
(IVC) elaborado pelo US Geological Survey e baseado em seis variáveis físicas, revelou-se útil para
avaliar a vulnerabilidade da linha costeira perante mudanças climáticas (Theiler & Hammar-Klose
2000). Estas seis variáveis são: geomorfologia; declive costeiro; alteração relativa do nível do mar;
erosão da linha costeira / taxa de crescimento; amplitude das marés; e altura das ondas. Outro
indicador, o Índice de Vulnerabilidade Social Costeira (IVSC) desenvolvido por Boruff et al (2005),
é utilizado para determinar a vulnerabilidade económico-social das áreas costeiras perante a
subida do nível do mar (SNM). Estes índices podem ainda ser combinados para fornecer um
índice de vulnerabilidade global, que aparenta ser uma abordagem apropriada à situação da
África Austral. Os métodos de Dutrieux et al (2000) são considerados mais úteis para uma gestão
integrada da área costeira, destinada à sustentabilidade e protecção/gestão do ambiente natural,
e são particularmente úteis para orientação em mapeamentos detalhados de vulnerabilidade de
áreas mais pequenas (p.e. ilhas).
Os métodos recentemente desenvolvidos e aplicados em Portugal e Espanha têm uma
abordagem prática e estão bem adaptados ao contexto da África Austral e Moçambique. Jimenez
et al (2009) desenvolveram bons métodos de avaliação de vulnerabilidade costeira a
tempestades, mas no entanto os requisitos de dados a inserir são considerados muito onerosos
para uma aplicação em larga escala no contexto Africano. Jimenez (2008) fornece uma boa
descrição sobre como a vulnerabilidade costeira pode ser avaliada perante variados perigos.
Contudo, a partir da revisão bibliográfica concluiu-se que o conjunto de parâmetros incluídos no
método desenvolvido por Coelho et al (2006) seriam pragmáticos e mais relevantes para uma
aplicação à área estudada.
5.6.3
Adaptação do método apropriado à área estudada
A primeira parte do método de Coelho et al (2006) é avaliar o grau de exposição e
vulnerabilidade a processos costeiros utilizando como base os nove indicadores seguintes:
Elevação da faixa litoral submergível; distância (p.e. da infra-estrutura) à costa; amplitude das
Outubro 2012, p 75
marés; altura das ondas no mar alto; histórico de erosão / taxa de crescimento; geologia (tipo de
rocha ou sedimento); geomorfologia (tipo: p.e. falésia rochosa ou foz de rio); cobertura do solo
(p.e. floresta / mangal ou urbanizado/ industrial); e acções antropogénicas (p.e. intervenções
para estabilização da linha costeira ou redução de fontes de sedimento). São definidos os limites
para os valores específicos associados a cada um dos indicadores, e a avaliação é feita, através da
selecção de um conjunto apropriado de valores para cada indicador. Obtém-se assim uma
classificação de vulnerabilidade de Muito Baixa (pontuação de vulnerabilidade =1) até Muito Alta
(pontuação = 5).
Foram identificados três indicadores adicionais que são relevantes para a área de estudo,
indicadores esses adicionados pelos autores à metodologia de avaliação de Coelho et al (2006):

Nível de protecção da energia prevalecente das ondas (localização do sítio,
configuração/ forma e orientação da linha costeira, batimetria). Seguindo um método
proposto por Barwell (2011), a pontuação é atribuída de acordo com a exposição às
ondas, tal como descrito abaixo e ilustrado na Figura 6.1, numa ordem de exposição
crescente:
o Sotavento de ilha grande ou de uma língua de areia extensa associada à corrente
de deriva litorânea no lado oposto das ondas incidentes (A);
o Sotavento do pontal, cabos ou penínsulas (A);
o Parcialmente protegido da energia das ondas do mar profundo (B);
o Directamente exposto às ondas, apenas um pouco protegido do mar alto (C); e
o Directamente exposto ao ataque das ondas tempestuosas, com uma zona de
rebentação estreita (D).
(Áreas amplas de densos mangais podem também providenciar alguma protecção das ondas mas
este factor já está considerado no indicador de “cobertura terrestre” mencionado previamente.)
Adicionalmente, se os locais estiverem próximos de um rio/ estuário, a vulnerabilidade é
pontuada com maior severidade devido ao risco de criação de meandros à entrada d estuário, por
exemplo. Portanto, este indicador contabiliza explicitamente as diferenças de vulnerabilidade a
ondas de tempestade incidentes devido à localização (e a outros factores de modificação de
ondas), variando de locais costeiros totalmente expostos e abertos a localizações bem protegidas,
por exemplo dentro de baías ou no lado protegido de promontórios.

Potencial de erosão induzida pela subida do nível do mar (Factor “Bruun” em termos
do declive da costa, ver secção 5.5.4). A subida do nível do mar resultará
provavelmente em inundações e erosão costeira. No entanto, a vulnerabilidade às
inundações já foi tida em consideração na elevação e distância à costa. Deste modo,
necessita apenas ser avaliadoo potencial de erosão de Bruun: Para uma quantificação
específica da subida do nível do mar, a erosão está directamente relacionada com o
declive da costa. (alternativamente, o parâmetro para quantificar poderá ser tido como
a distância até às linhas do contorno de profundidade de 10, 15 ou 20 m; a escolha
depende do perfil “activo” de profundidade da costa mais próxima);

Altura relativa (idealmente o volume) da barreira de protecção das dunas frontais (isto
é, o reservatório de areia disponível). A importância da protecção da duna frontal
enquanto mecanismo natural de defesa costeira é discutido em Barwell (2011).
Outubro 2012, p 76
Island
Figura 6.1:
Grau de
protecção/exposição à energia
prevalecente das ondas (A – mais
protegidas, D – mais expostas)
Legenda:
INGLÊS
The Land
The Sea
Approaching Swells
Island
PORTUGUÊS
A terra ou continente
O Mar
Ondulações aproximando-se
Ilha
Nos trópicos (p.e. Moçambique) foram incluídos dois importantes indicadores adicionais pelos
autores: Ciclones (p.e. ocorrência por ano); e corais de protecção/ recifes costeiros de protecção
(extensão ao longo da da costa, como percentagem do total do comprimento da linha da costa).
(factores adicionais potenciais que podem ser considerados no futuro: Características dos ventos
(velocidades acima de 12km/h, que dominam durante a estação seca com uma componente
costeira superior a 20% do tempo); pressões derivadas de actividades humanas (sobre as dunas /
vegetação); e existência das praias perpendiculares à costa (p.e. para suportar a erosão das
tempestades ou a tendência de longo-prazo).)
No entanto, é importante lembrar qual a informação que está facilmente disponível para
quantificar um factor específico. Deve também ser evitada a “duplicação de contagem”, p.e. a
distância e a elevação já foram tidas em conta para o declive na costa, e desta forma, se a
distância e elevação forem avaliadas, não deve ser adicionado como factor o declive continental.
O declive em direcção ao mar é, no entanto, independente do declive em terra e é utilizado
especificamente para avaliar a vulnerabilidade à erosão provocado pela SNM.
Quase todos os 14 indicadores incluídos na Tabela 6.1 podem ser avaliados directamente, tendo
como base os dados de inserção disponíveis. Alguns dos indicadores requerem interpretações ou
análises adicionais dos dados de inserção de forma a avaliar correctamente a vulnerabilidade.
A erosão / acumulação (#5 na Tabela 6.1) é um dos indicadores mais difíceis de quantificar se não
estiverem disponíveis dados históricos, tal como aconteceu com virtualmente todas as áreas da
Outubro 2012, p 77
costa Moçambicana. A avaliação da erosão (ou acumulação) foi por esse motivo avaliada a partir
de detecção remota (imagens de satélite com detecção semi-automatizada de alterações). A
técnica de utilização de detecção remota para avaliar as alterações é descrita no Apêndice 1.
Foram identificadas quatro áreas de estudo para a avaliação por detecção remota por satélite,
nomeadamente Maputo, Maxixe, Vilanculos e Beira. Foram avaliados três métodos de detecção
de alterações na área de Maputo (Análise de Imagens Orientadas para o Objecto, Análise de
Alteração do Vector e Análise de Alteração de Espectro) enquanto que para as áreas de Maxixe,
Vilanculos e Beira foram utilizadas duas (Análise de Alteração do Vector e Análise de Alteração de
Espectro).
Tal como abordado no Anexo 1 os resultados mostram que as Análises de Alteração do Vector e
de Alteração de Espectro apresentam resultados consistentes enquanto que a Análise de
Imagens Orientadas para o Objecto produziram resultados inconsistentes. Os três procedimentos
de análise de imagens foram afectados por marés o que tornou muito difícil a diferenciação entre
o oceano, a praia e as águas pouco profundas. Este aspecto resultou em erros de comissão e de
omissão, dependendo da natureza das marés e das imagens utilizadas. A resolução espacial
também teve influência na qualidade dos resultados, considerando-se demasiado incorrecta uma
precisão de ± 60 metros. O estudo concluiu que no futuro, as imagens de alta resolução de
satélite como a fotografia digital aérea ou como a imagem 3-D obtida apartir dos feixes laser (p.e.
LIDAR), devem ser utilizadas para avaliar a estabilidade costeira. Se for possível obter fotografias
aéreas costeiras anteriores a 1980, tal poderá ser útil para quantificar mudanças históricas na
linha costeira durante um período mais longo.
Para complementar a técnica de detecção remota, foram utilizadas imagens do Google Earth
para orientação, observações aéreas (durante o voo costeiro de inspecção a baixa altitude em
Maio de 2010) e inspecções de campo in-situ.
Por exemplo na Beira, as imagens de detecção remota com fraca resolução não mostram
tendências de erosão significativas na área principal da cidade. As alterações mais evidentes são
derivadas da construção, enquanto as outras alterações evidentes são observadas nas áreas
naturalmente dinâmicas de mangal/areia/bancos de lama. Tanto as observações aéreas na Beira
como as investigações no terreno não identificaram indicadores óbvios de erosão significativa
(p.e. escarpas, muitas árvores rachadas, etc.); ao mesmo tempo foram encontradas estruturas
antigas (com mais de três décadas) bastante perto da linha de maré-alta, assim como antigos
quebra-mares que ainda subsistem. Deste modo, a conclusão é que não existe grande tendência
de erosão na Beira. (A erosão possível total desde 1950 poderá ser na ordem dos 10m).
Os outros locais costeiros foram avaliados da mesma forma. Em todas as circunstâncias foi
colocada maior ênfase na aplicação da experiência de engenharia costeira durante as
observações aéreas e nas inspecções no terreno, em vez da informação de detecção remota, que
é geralmente algo inconclusiva.
Resumindo, foram determinados, no total, 14 indicadores de vulnerabilidade, como sendo
apropriados e aplicáveis à costa de Moçambique (também em termos de dados/informação
requerida). Os 14 indicadores de vulnerabilidade, os limites específicos de valores associados a
cada um dos indicadores e as amplitudes de classificação de vulnerabilidade, encontram-se
resumidos na Tabela 6.1.
Outubro 2012, p 78
Tabela 6.1:
Indicadores de vulnerabilidade, limites de valores para cada um dos indicadores e as amplitudes de classificação de vulnerabilidade, aplicados na avaliação da
vulnerabilidade costeira de Moçambique.
#
Critérios de Vulnerabilidade
1
2
3
4
5
TE:Elevação (m)
DC: Distância à Costa (m)
AM: Amplitude das marés (m)
AO: Altura máxima das ondas (m)
EA: Taxa de erosão/ acumulação (m/ano)
6
GL:Geologia
7
GM:Geomorfologia
8
CS:Cobertura do Terreno
9
AA: Acções Antropogénicas
10
Grau de protecção contra a constante
energia das ondas
11
12
Ciclones (ocorrência)
Potencial de erosão de Bruun devida à subida
do nível do mar (Declive da costa)
Corais / Recifes de barreira (extensão ao
longo da costa, como % do
comprimentototal)
Altura relativa (m) das dunas frontais de
protecção
13
14
Classificação e Pontuação de Vulnerabilidade
M
3
VL
1
L
2
H
4
VH
5
>30
>1000
<1
<3
>0
(acumulação)
Rochas consistentes
(Magmáticas)
21 - 30
200 - 1000
1-2
3-5
-1 a 0
11 -20
50 -200
2–4
5-6
-3 a -1
6 -10
20 -50
4–6
6–7
-5 a -3
Sedimentos grosseiros não
consolidados
Praias abertas,
Planas
Rural urbanizado
Dunas, foz de rios, estuários
Terreno Vegetado,, Terreno
cultivado
Intervenção sem redução
das fontes de sedimentos
Rochas pouco
consistentes
(Sedimentares)
Falésias erosivas, Praias
confinadas
Terreno descoberto
<5
<20
>6
>7
< -5
(erosão)
Sedimentos finos não
consolidados
Rochas de constência média
(Metamórficas)
Montanhas
Falésias rochosas
Floresta/
Mangais
Intervenção para a
estabilização da linha
costeira
Lado protegido do vento
de uma grande ilha ou
extenso esporão no lado
oposto ao da incidência
das ondas
0
<0.1 (1/10)
Intervenção com redução
das fontes de sedimentos
Sem Intervenção ou redução
das fontes de sedimentos
Lado protegido do vento de
pontas rochosas ou
penínsulas
Parcialmente protegido
da energia das ondas do
mar profundo
Directamente exposto à acção
das ondas, apenas ligeiramente
refractado do mar profundo
Sem Intervenção mas com
redução das fontes de
sedimentos
Directamente exposto ao ataque
das ondas tempestuosas, com
uma zona de rebentação estreita
>0 <1
0.1– 0.029
1-2
0.03 – 0.014
>2-3
0.015-0.005
>3
>0.005
<10
10-30
30-50
50-80
>80
>20
10-20
5-10
0.5-5
<0.5
Urbanizado ou industrial
Outubro 2012, p 79
Na Figura 6.2 é apresentada uma descrição conceptual do modelo de perigos costeiros (baseado
no acima exposto), que explica os relacionamentos funcionais entre as componentes do modelo.
A abordagem do “Modelo de Avaliação dos Perigos Costeiros” pode ser sumariamente descrita
como uma análise especializada de respostas funcionais (relacionadas com a modelação baseada
em processos).
Tendo desenvolvido um método de avaliação apropriado para identificar as áreas costeiras em
perigo, cada perigo específico pode então ser mais profundamente investigado de forma a
quantificar o risco de ocorrência ou a determinar quais os locais mais expostos a um evento
específico numa dada área.
Figura 6.2:
Descrição conceptual do modelo de avaliação dos perigos costeiros com as relações funcionais
entre os componentes.
Outubro 2012, p 80
5.7
Um dos indicadores e das considerações de vulnerabilidade mais importantes no planeamento
dos empreendimentos costeiros, GIZC e na determinação das medidas de adaptação, é a
elevação (e deste modo a localização) das áreas costeiras em relação aos níveis de inundação por
água do mar. Desta forma, os dados disponíveis relacionados com estes aspectos são
quantificados e avaliados em detalhe para cada uma das cidades costeiras.
5.7.1
Níveis de perigo de inundação da água do mar
No seguimento da discussão do Capítulo 5.6, foram definidos três cenários de inundação, de
forma a estabelecer os níveis de perigo nos locais específicos, em termos de possíveis inundações
derivadas dos vários factores associados aos factores meteorológicos “normais”, tal como
descrito na Figura 6.3. Para além destes factores, são tidos em conta os efeitos das mudanças
climáticas. Os cenários de inundação evidenciados na Figura 6.3 são:



Áreas de BAIXA vulnerabilidade, relativamente protegidas do impacto directo das
ondas => Média da Maré Alta de Águas Vivas (MMAAV) + elevação devida à acção do
vento, à dissipação das ondas e ao efeito barométrico (um total de 2 m) + 1m SNM
(melhor estimativa de SNM até 2100). Este baixo nível de inundações é apropriado
para o planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo dos locais protegidos no
litoral, concebidos para uma vida útil de menos de 50 anos.
Áreas de vulnerabilidade MÉDIA, semi-expostas ao impacto directo das ondas =>
MMAAV + elevação devida à acção do vento, à dissipação das ondas e ao efeito
barométrico (2 m) + 1m SNM + 1.5 m de elevação (altura da elevação moderada). Este
nível intermédio de inundações é apropriado para o planeamento e gestão de infraestruturas ao longo dos locais semi-expostos, concebidos para uma vida inferior a 50
anos.
Áreas de ELEVADA vulnerabilidade, totalmente expostas ao impacto directo das ondas
=> MMAAV + elevação devida à acção do vento, à dissipação das ondas e ao efeito
barométrico (2 m) + 2m SNM + 2 m de elevação (elevação estimada para uma
tempestade relativamente severa). Este elevado nível de inundações é apropriado para
infra-estruturas importantes concebidas para uma vida de mais de 50 anos (tais como
portos e aeroportos) ao longo dos locais expostos. (Para áreas novas ou
subdesenvolvidas, é preferível conceder-se uma margem conservadora de 2m de
SNM.)
Outubro 2012, p 81
11
Zona de baixo perigo >= contorno dos 10m
10.3
10.3
9.9
10
9
8.9
8.7
8.5
8.4
8.9
8.8
Zonda de perigo intermédio >= contorno dos 8m
7.8
8
7.8
Elevation (m above MSL)
7.4
6.9
7
6.2
6.0
5.9
6
5
6.4
6.4
4.9
4.7
4.5
6.3
6.1
5.9
5.9
6.3
6.3
5.1 5.1
4.9
4.8
Zona de elevado perigo <= contorno dos 5m
4.4
4
4.4
3
2
Cenários de cheias:
1
- baixo
- médio
- alto
0
Ponta do
Cidade: Ouro
Maputo
Xai-Xai coast
Tofo
Inhambane Bazaruto
(Bazaruto)
(Vilanculo)
MHWS + wind, wave & barom setup + 1m SLR
Beira
Quelimane
Port
Moçambique
Nacala
Pemba
Note:
at+ Quelimane
MHWS
+ wind,No
waverun-up
& barom setup
1m SLR + 1.5m run-up
MHWS + wind, wave & barom setup + 2m SLR + 3.0m run-up
Figura 6.3:
Níveis de inundação costeira para 11 cidades/vilas
Legenda:
INGLÊS
Low hazard zone
Intermediate hazard zone
High hazard zone
Contour
Elevation (m above MSL)
Town
Wind, wave & barometric
setup
Run-up
SLR
PORTUGUÊS
Zona de perigo baixo
Zona de perigo intermédio
Zona de perigo alto
Contorno
Elevação (m acima do NMM)
Cidade
Elevação devida à acção do vento, à
dissipação das ondas e ao efeito
barométrico
Elevação máxima devida à acção das
ondas
SNM
Estes três cenários dos níveis de inundação foram calculados para cada uma das cidades
estudadas, tal como retrata a figura acima (3 barras para cada cidade). Pode observar-se que,
para a maioria das vilas e cidades, o cenário de inundação BAIXO (locais protegidos), varia de 4.4
a 6.3 m MSL, em média está a aproximadamente mais 5 metros do NMM, aqui definido como
“nível de perigo alto”. Deste modo, virtualmente todas as áreas (desde os locais protegidos até os
locais expostos) abaixo da linha de contorno dos 5m estarão já em risco, mesmo para o cenário
de inundação BAIXO. O cenário de inundação MÉDIO (aplicável ao longo de locais semi-expostos)
varia entre + 5.9 m até +7.8 m do NMM. Assim sendo, as áreas localizadas acima do contorno dos
+8 m do NMM (arredondado a partir de 7.8 m), definido como “nível de perigo intermédio”
(Figura 6.3), estarão, virtualmente em todas as instâncias,num baixo risco em termos do cenário
de inundação MÉDIO (aplicável aos locais semi-expostos).
Outubro 2012, p 82
Quase todos os cenários de inundação ELEVADO, sendo o pior cenário para locais expostos, estão
abaixo dos 10 m de elevação do NMM (os valores variam entre 6.1 a 10.3 m NMM), classificado
como “nível de perigo baixo” na Figura 6.3. O INGC promove uma abordagem proactiva (“a
prevenção é melhor que a cura”), implementando o “princípio da precaução” quando se
pretende a localização e desenho dos pontos-chave para as infra-estruturas nacionais (p.e.
estradas nacionais, linhas de caminhos de ferro, condutas e armazenamento de óleo/ petróleo,
infra-estruturas para portos e aeroportos, etc.). É por esta razão que é recomendado que tais
infra-estruturas, tão importantes e dispendiosas, sejam geralmente desenhadas para serem
localizadas a 10 m ou acima de 10 m do NMM (baixo perigo) ao longo de linhas costeiras
expostas. As infra-estruturas municipais “normais” e outras, deverão geralmente estar localizadas
acima do nível de +9 m do NMM ao longo de locais expostos. Ao longo de faixas costeiras semiexpostas recomenda-se que as infra-estruturas críticas geralmente sejam concebidas para
estarem localizadas a/ou acima dos +8.5 m do NMM, enquanto que infra-estruturas “normais”
deverão geralmente estar localizadas acima do nível +7.5 m do NMM ao longo de faixas costeiras
semi-expostas. Note-se que a actual exposição/ protecção em relação às ondas de cada local da
faixa costeira é devidamente considerada nas opções detalhadas de adaptação recomendadas
(incluindo níveis de “desenho”/elevações) para cada local (Capítulo 8). É como intuito de facilitar a
avaliação e comparação fácil de áreas vulneráveis, que apenas três linhas de contorno (5, 8 e 10
m SNM) obtidas a partir de imagens de satélite e associadas de forma geral com três cenários
generalizados de cheias são indicados para cada cidade/ vila, tal como discutido na secção
seguinte.
5.7.2
Perigo de elevação
Utilizando imagens de satélite (SRTM v4.1 (resolução de 90 m) e ASTER (resolução de 30 m), mas
sobretudo o SRTM porque, por exemplo, tem melhores algoritmos para detectar a fronteira entre
a terra e o mar), e dados topográficos disponíveis no local (limitados), as posições das linhas de
contorno associadas de um modo geral aos três níveis de perigo de inundação pela água do mar
foram estimadas e sobrepostas em imagens provenientes do Google Earth para cada uma das
cidades costeiras. Este processo permitiu um primeiro nível de identificação da vulnerabilidade
da linha costeira de Moçambique (parâmetro de vulnerabilidade #1 na Tabela 6.1) e a avaliação
do desenvolvimento actual e da infraestrutura em cada área em estudo (Exemplo para Maputo
mostrado nas Figuras 6.4a, b e c).
Reitera-se que tais resultados estão dependentes da precisão dos dados de entrada, o que
novamente sublinha a necessidade de bons dados de entrada topográficos e batimétricos caso se
necessitem resultados mais detalhados ou precisos. (Por outras palavras, os contornos não se
baseiam em dados topográficos precisos, e portanto só conseguem dar uma indicação geral de
onde a localização exacta do contorno se situa na realidade.) Também deve notar-se que, apesar
dos cenários generalizados BAIXO/ MÉDIO/ ALTO acima serem derivados de níveis correctos
teóricos de cheias para as diferentes combinações de eventos, a actual extensão para o interior
de áreas inundadas não deverá chegar aos contornos de +8 m ou + 10 m em muitas localizações,
visto que factores “no continente” tais como a dureza (devido a construções, árvores, etc)
reduzirão a real extensão da área inundada. (Tal não é contemplado pela maior parte dos
modelos de elevação máxima devida à acção das ondas incluindo o modelo Nielsen & Hanslow
aplicado neste projecto.) Em vez de uma modelagem tri-dimensional detalhada da elevação
máxima das ondas e de inundações para o interior, os locais de contorno estimados
Outubro 2012, p 83
providenciam uma indicação boa porém algo conservadora (i.e. de baixo risco) sobre a potencial
extensão de áreas inundadas. Este comentários são aplicáveis a todas as áreas de estudo.
Na Figura 6.4a pode observar-se que muitos dos portos existentes e áreas desenvolvidas
adjacentes, estão localizadas abaixo da posição estimada do contorno de +5m. Ao longo da linha
costeira protegida e semi-exposta de Maputo, descrita na Figura 6.4a, o nível de segurança para
as infra-estruturas nacionais importantes que se espera estarem em funcionamento até, e para
além, do ano de 2100 considera-se ser +8.5 m do NMM.
Figura 6.4a:
Linhas de contorno estimadas para Maputo
Legenda:
INGLÊS
NML.
PORTUGUÊS
NMM.
As áreas da Costa do Sol e Matola são descritas nas Figuras 6.4b e c. Note-se que pela sua
natureza os portos estão localizados tão perto da água quanto possível e portanto
frequentemente em áreas baixas. Ao recomendar-se que os portos, enquanto infra-estruturas
chave nacionais e concebidos para terem vidas úteis entre 50 e 100 anos, se localizem acima do
nível de 8.5 m NMM em Maputo e +10.0 m NMM na Beira, significa que, por exemplo, o desenho
da estrutura de fundação e da configuração deva permitir a elevação futura das plataformas de
cais e infra-estruturas adjacentes.
Outubro 2012, p 84
c
Figura 6.4b:
Linhas de contorno estimadas para Maputo – Costa do Sol
Legenda:
INGLÊS
NML.
PORTUGUÊS
NMM.
Grande parte da área próxima da Costa do Sol (antigamente área pantanosa e de alguns mangais)
é muito baixa e há já um risco considerável de inundação costeira (se por exemplo um ciclone se
aproximar desta área) visto estar também exposta aos efeitos da elevação máxima das ondas.
Na Figura 6.4c pode observar-se que muitas das principais estradas de acesso e estruturas de
estradas com portagens (e algumas áreas desenvolvidas), estão localizadas abaixo da linha de +5
m, sendo +7 m NMM considerado como o nível de baixo risco para infra-estruturas nacionais
importantes (e uma rota de evacuação/”fuga” principal, neste exemplo) nesta área relativamente
protegida sob um cenário de 1 m de SNM até 2100.
Perigo de elevação nos restantes locais de estudo
A Figura 6.5 mostra uma imagem da Beira extraída do Google EarthTM com as posições das linhas
de contorno +5 m, +8 m e +10 m (em relação ao NMM) obtidas por satélite. A partir dos pontos
acima, pode observar-se que todas as áreas abaixo da linha dos +5 m já se encontram vulneráveis
a inundações resultantes de um ciclone coincidindo com a Média da Maré Alta de Águas Vivas
(4.9 m em relação nível do mar) tal como retrata a Figura 6.3. Este aspecto exclui a altura
adicional que pode ser alcançada devido à elevação máxima devida à acção das ondas ao longo
dos diferentes locais semi-expostos e expostos da linha costeira.
Outubro 2012, p 85
Figura 6.4c:
Linhas de contorno estimadas para Maputo / Matola
Legenda:
INGLÊS
NML.
PORTUGUÊS
NMM.
A altura mínima futura a planear seria cerca de 8 m acima do NMM (excluíndo quaisquer medidas
de adaptação), o que permitiria uma combinação de um ciclone coincidindo com aMédia da
Maré Alta de Águas Vivas (4.9 m relativamente ao NMM), juntamente com um aumento de 1 m
de SNM, e uma elevação máxima devida à acção das ondas de 1,5 m. Isto aplica-se a quase toda a
linha costeira da Beira, visto que a maior parte dos locais estão ou totalmente expostos (todas as
faixas costeiras viradas para “Sul”), ou semi-expostos (faixa costeira Ocidental durante ondas de
ciclones aproximando-se obliquamente a partir de Sul-Sudeste).
Idealmente, para infra-estruturas críticas, a elevação futura a planear seria de 10 m acima do
NMM (excluíndo quaisquer medidas de adaptação), o que permitiria uma SNM de 2 m e uma
elevação das ondas de 3 m ao longo das linhas costeiras Sudoeste, Sul e Sudeste expostas.
Por implicação, o mapa mostra que a maior parte da Beira já se encontra sob risco extremo de
inundação e que apenas a zona alta, uns quilómetros para o interior (para o Norte), estaria
realmente num baixo risco no futuro. (Note-se que são inundações derivadas de elevados níveis
da água do mar, e não relacionadas com cheias nos rios resultantes de ocorrências extremas de
Outubro 2012, p 86
chuva.). Sempre que possível, os novos desenvolvimentos costeiros devem ser localizados acima
do nível dos 8 m, para infra-estruturas críticas, e idealmente acima do nível dos 10 m, mais uma
vez, na ausência de quaisquer medidas de adaptação.
Figura 6.5:
Legenda: MSL – NMM.
Linhas de contorno estimadas para a Beira
As Figuras 6.6 à 6.16 mostram os resultados para os restantes locais estudados.
Outubro 2012, p 87
Figura 6.6:
Linhas de contorno estimadas para a Ponta do Ouro
A Ponta Do Ouro está totalmente exposta a ondas do oceano, mas as marés elevadas são mais
baixas do que na maior parte da costa Moçambicana. Os níveis intermédios de inundações são de
+5.9 m do NNM, enquanto que o cenário extremo de inundação é de +8.4 m do NMM.
Figura 6.7:
Linhas de contorno estimadas para a Praia do Xai-Xai
A praia do Xai - Xai também está totalmente exposta com marés relativamente baixas, dando
origem a níveis de inundação de +5.9 m NMM e +8.4 m NMM para os cenários de inundações
Outubro 2012, p 88
intermédio e extremo. (O centro da vila do Xai-Xai está localizado a cerca de 10 km do interior da
costa, numa direcção Noroeste da área costeira mostrada na Figura 6.7. Portanto a cidade em si
não está vulnerável aos perigos do mar, além de ventos ciclónicos e possivelmente cheias devido
à precipitação.)
+10 m MSL
+ 8 m MSL
+ 5 m MSL
Figure 6.8:
Linhas de contorno estimadas para o Tofo / Barra
A maior parte da área do Tofo está totalmente exposta (Figura 6.8). A costa Norte na Barra está
geralmente menos exposta à acção das ondas, mas esta área está directamente exposta a ondas
induzidas por ciclones aproximando-se de NE. Deste modo, são aplicáveis para os cenários de
inundação intermédio e extremo níveis de inundação de +6,4 m MSL e +8,9 m MSL
respectivamente. A topografia costeira é relativamente inclinada com um terreno elevado
relativamente próximo do mar, excepto duas áreas vastas de pântanos baixos que são
susceptíveis de inundação pelo mar.
As linhas da costa de Maxixe e Inhambane estão apenas semi-expostas a ondas de ciclones
(aproximando-se de NE). Portanto não se espera que a elevação máxima devida à acção das
ondas exceda os 1.5 m. O nível de perigo de inundação intermédio de +5.9m do NMM é o mais
aplicável. As infra-estruturas críticas (horizonte de planeamento de 100 anos) deverá apenas
permitir mais 1 m de SNM (i.e. 2 m de SNM no total) até 2100, obtendo-se deste modo um nível
de “desenho” de +6.9 m NMM.
Outubro 2012, p 89
Figura 6.9:
Linhas de contorno estimadas para Maxixe; Inhambane
Figura 6.10:
Linhas de contorno estimadas para Vilanculos
Apesar de alguns bancos de areia de baixa profundidade e uma pequena ilha a este, Vilanculos
está relativamente exposta (a ciclones vindos de Este), com níveis de inundação de 6,4 m e 8,9 m
NMM para os cenários de inundação intermédio e extremo respectivamente.
Outubro 2012, p 90
Figura 6.11:
Linhas de contorno estimadas para Quelimane
Quelimane está localizada no interior e não está exposta aos efeitos das ondas. Exclusivamente
sob uma perspectiva de inundações costeiras/ marinhas (i.e. não considerando as cheias fluviais),
o nível intermédio de inundações é o mesmo do que o nível baixo de inundações a 5.1 m NMM.
Apenas as infra-estruturas críticas necessitam de considerar o cenário extremo de 2 m SNM até
2100, deste modo dando um nível de inundações de +6.1 m NMM.
Figura 6.12:
Linhas de contorno estimadas para a Ilha de Moçambique
Outubro 2012, p 91
Apesar de a Ilha de Moçambique estar semi-protegida por algumas ilhas, está exposta à
aproximação de ondas de ciclones específicas. Esta ilha é muito estreia, e é possível a passagem
de água do lado do mar para a ilha resultando em inundações nas áreas baixas durante os
eventos extremos. Deste modo, são aplicáveis à toda a ilha os níveis de inundações de 6.3 m e de
8.8 m NMM para os cenários intermédio e extremo respectivamente.
Figura 6.13:
Linhas de contorno estimadas para a área do porto de Nacala
Figura 6.14:
Linhas de contorno estimadas para a área da baía de Nacala
Outubro 2012, p 92
A maior parte da linha costeira de Nacala e de Minguri está relativamente bem protegida do mar
aberto (Figura 6.14). As ondas do oceano têm uma possibilidade de penetração muito limitada na
baía, a partir do Norte, e também a geração de ondas locais dentro da baía é moderada e
possível devido a limitada área sobre a qual o vento sopra (p.e. resultante de ventos ciclónicos
sobre a baía). Os níveis de “perigo de inundação pela água do mar” para as linhas costeiras das
baías de Nacala e Minguri (Figura 6.14) mostram que para uma subida do nível do mar de 1 m
(até 2100) incluindo marés vivas altas e subidas locais limitadas dos níveis de água (através da
variação barométrica e do vento), as áreas abaixo do contorno de +6.3 m estarão em perigo de
inundação. O nível intermédio de cheias de +6.5 m NMM (arredondado de +6.3 m NMM) é
apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo da linha costeira da baía
com uma vida planeada de menos de 50 anos. Tendo uma abordagem conservadora e cautelosa,
o cenário extremo de 2 m de SNM até 2100 deverá ser considerado para as infra-estruturas
críticas. Deste modo, o nível seguro de perigos para infra-estruturas importantes dentro da baía
tais como o porto (Figura 6.13) e o aeroporto com uma vida planeada de mais de 50 anos é de
+7.5 m NMM. Em relação aos portos de Maputo e Beira, esta recomendação não deve ser
interpretada como significando que o porto deve ser deslocalizado mais para dentro das linhas de
contorno de +7.5 m NMM, o que o tornaria inoperável. As recomendações são de que o porto de
Nacala seja melhorado para lidar com os riscos de mudanças climáticas na sua actual localização,
incluindo a elevação da infra-estruturas por etapas até estar, neste caso, acima do nível de + 7.5
m NMM. Apenas a linha costeira fora da Baía (a norte de Fernão Veloso, Figura 6.14) está
relativamente exposta a ondas induzida por ciclones aproximando-se de Noroeste ou do Norte.
Neste caso o nível intermédio de inundações para + de 8 m NMM é apropriado para o
planeamento e gestão de infra-estruturas concebidos para uma vida de menos de 50 anos
(permitindo o cenário de +1 m de subida do nível do mar juntamente com um nível de elevação
de ondas de tempestade de 1.5 m durante ciclones).
Figura 6.15:
Linhas de contorno estimadas para Pemba
Outubro 2012, p 93
Informal settlements
Figure 6.16:
Linhas de contorno estimadas para a área do porto de Pemba
As costas Este e Norte de Pemba fora da baía (Figura 6.15) estão expostas a ondas induzidas por
ciclones aproximando-se do Nordeste ou do Norte. Ao longo destas costas mais expostas fora da
Baía de Pemba, o nível intermédio de segurança contra perigos de +9 m NMM é apropriado para
o planeamento e gestão de infra-estruturas concebidos para uma vida inferior a 50 anos
(permitindo um cenário de +1 m de SNM juntamente com um elevação de ondas de tempestade
de 3 m durante os ciclones.)
À primeira vista pode parecer que a linha costeira da Baía está bem protegida da acção das
ondas. Contudo, é importante notar que, devido à grande extensão de água na Baía de Pemba
(i.e. área sobre a qual o vento sopra relativamente maior), a península de Pemba fornece apenas
protecção parcial de forças ciclónicas (ondas e inundação pela água do mar) quando um ciclone
se move para o interior através de Pemba. Tal tem implicações para o desenho da protecção
costeira em torno do porto e da linha de costa em torno de toda a baía no sentido de que
poderão ocorrer níveis significativos de acumulações de água local e de elevação de ondas locais.
Os povoados informais na área de Porto Amélia (Figura 6.16) estão muito baixos, a maior parte
está localizada entre a linha normal da maré cheia e menos de 5 m acima do NMM. Esta área está
particularmente vulnerável a cheias a partir do mar. Os níveis de “perigo por inundação pela água
do mar” para locais dentro da Baía de Pemba (Figura 6.15) mostram que para uma subida do
nível do mar de 1m (até 2100), mais uma elevação de +1.5 m durante eventos de ciclones, as
áreas abaixo do contorno de +8m NMM estarão em perigo de inundação. Este nível intermédio
de inundação de +8 m de NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas ao
longo da linha costeira da baíxa concebidos para uma vida inferior a 50 anos. Contudo, seguindo
uma abordagem conservadora e cautelosa, o cenário extremo de 2 m de SNM até 2100 deverá
Outubro 2012, p 94
ser considerado. Deste modo, o nível seguro contra perigos para infra-estruturas importantes
dentro da baía concebidos para uma vida de mais de 50 anos tais como o porto, é de + 9 m NMM
(Figura 6.16).
Conclusão sobre o perigo de elevação
A conclusão geral é que a zona costeira de Moçambique tem muitas infra-estruturas em zonas
baixas. Este aspecto representa um grande risco devido aos impactos esperados das mudanças
climáticas. Pode-se questionar se o risco de danos para as principais áreas costeiras aumenta
subitamente acima de um certo nível das águas do mar? Baseado na avaliação dos factores
causadores, perigos e impactos (Capítulo 5), é esperado que haja um aumento progressivo do
risco, sem destacar nenhum ponto de viragem. No entanto, é esperado que as consequências dos
impactos aumentem exponencialmente. A situação é séria mas não impossível de corrigir se
forem tomadas medidas atempadas (quanto mais cedo melhor), tal como evidenciado nos
Capítulos 7 e 8.
Reitera-se que os resultados em termos dos mapas indicando as áreas potencialmente
inundadas, estão dependentes da precisão dos dados de entrada, o que sublinha a necessidade
de dados de entrada topográficos e batimétricos de qualidade sempre que forem exigidos
resultados mais detalhados ou de maior precisão.
Também deve notar-se que, apesar dos cenários de inundações serem obtidos de níveis teóricos
aceitáveis, de inundações para as diferentes combinações de eventos, a actual extensão das
áreas inundadas para o interior não deverá chegar aos níveis obtidos em muitos locais, visto que
factores de continentalidade tais como a rugosidade (devido a construções, árvores, etc)
reduzirão a real extensão da área inundada. Em vez de uma modelagem tri-dimensional
detalhada da elevação máxima devida à acção das ondas e de inundações para o interior, os
locais de contorno estimados providenciam uma indicação boa porém, algo conservadora (i.e. de
baixo risco) da potencial extensão das áreas inundadas.
Outubro 2012, p 95
5.8
Uma avaliação de nível relativamente geral é apresentada para toda a linha costeira de
Moçambique, baseada num sub-conjunto de factores de perigo e factores de modificação da
vulnerabilidade. Foram seleccionados nove dos 14 factores de perigo e factores de modificação
de vulnerabilidade, de entre o conjunto ideal de 14 indicadores identificados na Secção 6.1.2,
devido ao facto de terem sido obtidos dados de apenas nove parâmetros em particular a nível de
todo o país. Apesar desta lacuna, a avaliação geral de perigos é ainda útil pois compara a
vulnerabilidade a um nível mais regional e fornece uma indicação geral sobre como alguns
perigos importantes estão espacialmente distribuídos. (O conjunto completo dos 14 parâmetros /
indicadores foi utilizado em avaliações de detalhe descritas na Secção 6.4.)
Foram comparados e incorporados dados espaciais nas seguintes nove camadas de SIG









Elevação topográfica
Distância á infra-estruturas urbanas
Geologia
Geomorfologia
Cobertura do terreno
Amplitude das marés
Altura máxima das ondas no mar alto (NCEP)
Erosão - acumulação
Ciclones (ocorrência ponderada inversamente em função da distância da costa)
Abaixo são apresentados exemplos de dados brutos espaciais de entrada e a classificação
derivada do mapeamento do risco/vulnerabilidade para a maior parte destes parâmetros.
Na Figura 6.17 apresenta-se uma visão geral do mapeamento de tipologia base da geologia
Moçambicana (http://139.191.1.96/projects/soter/index.htm (Souirji, 1997)).
Outubro 2012, p 96
Figura 6.17:
Mapeamento da tipologia base da geologia de Moçambique
Outubro 2012, p 97
O tipo de geologia das áreas costeiras (isto é consistência das rochas ou granulometria dos
sedimentos), fornece uma boa indicação sobre a resistência subjacente à erosão costeira ou
“grau de desgaste”. Na Figura 6.18 é apresentado um mapa da classificação da vulnerabilidade
geológica resultante, com classificação de 1 (vulnerabilidade muito baixa) a 5 (vulnerabilidade
muito alta).
Legenda
. Pontos de Vulnerabilidade
Vulnerabilidade baseada na Geologia
1 – Muito baixa: Rochas cristalinas (Magmáticas)
2 – Baixa: Rochas de consistência média (Metamórficas)
3 – Moderada: Rochas de baixa consistência (Sedimentares)
4 – Alta: Sedimentos grosseiros não-consolidados
5 – Muito Alta: Sedimentos finos não-consolidados
Sem dados e corpos de água
Figura 6.18:
Mapeamento da vulnerabilidade baseada na classificação geológica.
Outubro 2012, p 98
Na Figura 6.19 apresenta-se uma visão geral do mapeamento de tipologia base da geomorfologia
Moçambicana.
Figura 6.19:
Mapeamento da tipologia base da geomorfologia de Moçambique
Outubro 2012, p 99
As características geomorfológicas das áreas costeiras (isto é falésias rochosas ou praias
expostas), similarmente fornecem uma boa indicação sobre a resistência subjacente perante a
erosão costeira ou “erodibilidade”. Na Figura 6.20 é apresentado um mapa da classificação de
vulnerabilidade geomorfológica resultante, com classificação de 1 (muito baixa vulnerabilidade) a
5 (muito alta vulnerabilidade).
Figura 6.20:
Mapeamento da vulnerabilidade baseado na classificação geomorfológica.
Outubro 2012, p 100
Na Figura 6.21 é apresentado uma perspectiva geral dos perigos e vulnerabilidade da costa
Moçambicana, em termos de amplitude das marés, tamanho das ondas em mar alto, ameaça de
ciclones (em termos de ocorrência, categoria, e inversamente ponderada em função da distância
à costa) e vulnerabilidade de elevação.
Exemplo mostrando
4 de 9»parâmetros
Progressive increase inPemba
risk expected; no specific tipping point.
Baixo
Nacala
But, exponential increase
in impacts!
Ilha de Mozambique
Moderado
Elevado
Quelimane
Muito Elevado
Beira
Vilanculos
Inhambane,
Maxixe, Tofu
Xai-Xai
Maputo
Ponto do
Ouro
Copyright @ CSIR
Figura 6.21:
2011
www.csir.co.za
Perspectiva geral dos perigos e vulnerabilidade da costa Moçambicana
Conclusões sobre os perigos e vulnerabilidade de toda a linha costeira
Amplamente falando, as áreas centrais baixas de deltas costeiros (p.e. Beira) são muito
vulneráveis em termos de elevação. A maior ocorrência de ciclones (perigo muito elevado) é
registada ao longo das partes centrais de Moçambique, diminuindo gradualmente para o Sul
(aproximadamente a partir do Tofo) e também nitidamente para o Norte (a partir
aproximadamente da Ilha de Moçambique). Em termos de altura das ondas, com base nos dados
do NCEP e excluindo os ciclones, os perigos aumentam um pouco do Norte para o Sul, estando a
maior parte da costa sujeita a um ataque moderado de ondas de mar alto. Devido à batimetria
particular de Moçambique e (entre outros) à localização de nós de marés, a costa Norte (p.e.
Nacala e Pemba), assim como partes da costa Central (p.e. Beira), deparam-se com o maior
perigo resultante das marés (note-se que o perigo em Moçambique encontra-se classificado
como moderado, comparando com as linhas costeiras de outras partes do mundo onde as marés
extremas são bastante maiores).
Apesar de a avaliação geral de perigos ser útil para comparar a vulnerabilidade a um nível mais
regional, e fornecer uma indicação geral sobre como alguns perigos importantes estão
espacialmente distribuídos, requer-se uma avaliação bastante mais detalhada para identificar
medidas de adaptação apropriadas ao nível local, tal como descrito na Secção 6.4.
Outubro 2012, p 101
5.9
5.9.1
Aplicação do Método de Avaliação de Perigos Costeiros
Na secção anterior é fornecido um nível de avaliação relativamente geral para a linha costeira de
Moçambique. Um nível de avaliação mais detalhado é também fornecido, para as áreas
seleccionadas, baseado num conjunto mais abrangente de factores de perigo e de factores de
modificação da vulnerabilidade, focado numa melhor quantificação dos perigos primários. O
enfoque reside nos aspectos costeiros físicos e abióticos, que incluem factores relacionados com
as mudanças climáticas.
Foram definidos pontos costeiros ao longo de toda a costa Moçambicana, em intervalos de 1 km,
tal como indicado no exemplo da área de Maputo na Figura 6.22, abaixo apresentada. Os
resultados das avaliações de todos os riscos costeiros foram determinados para cada um dos
cerca de 10 pontos (isto é, 10 km), em cada um dos locais estudados.
Figura 6.22:
Exemplo de Maputo – Localização dos pontos Costeiros (intervalos de 1 km)
Outubro 2012, p 102
Foi realizada uma avaliação de vulnerabilidade costeira para cada um-dos locais estudados tendo
por base o método de avaliação de perigos / riscos costeiros descrito na Secção 6.1. Foram
obtidos ou deduzidos dados para cada um dos 14 parâmetros, para cada um dos pontos
costeiros. Foram recolhidas informações importantes através do reconhecimento aéreo a baixa
altitude de toda a costa Moçambicana (Maio de 2010), e complementadas por uma investigação
no terreno de 10 locais.
Estas observações e inspecções foram realizadas para avaliar processos costeiros locais,
características dos sítios, vulnerabilidade costeira, métodos existentes de protecção / adaptação,
e para auferir opções de resposta apropriadas. Foram comparados outros dados provenientes de
teledetecção, camadas de SIG e de informação disponibilizada através de colegas Moçambicanos
integrantes da equipa de projecto.
Os dados foram então avaliados de acordo com a classificação da vulnerabilidade, para cada
parâmetro tal como definido na Tabela 6.1. Na Tabela 6.2, a título de exemplo, é mostrado um
exemplo da pontuação para a área estudada “Ponta do Ouro”, para o Cenário A1. As pontuações
individuais foram posteriormente somadas e normalizadas, de forma a calcular a pontuação
global de vulnerabilidade para cada um dos pontos costeiros.
Tabela 6.2:
Exemplo de pontuação da vulnerabilidade (1 a 5 – Muito alta) para a Ponta do Ouro.
Indicador
Localização: Ponta do Ouro e Número de referência da
localização na linha costeira
4237
4236
4235
4234
4233
4232
4231
#1: TE:Elevação
3
3
4
5
4
4
4
#2: DC: Distância (p.e. infraestrutura) até à
1
2
3
4
3
3
3
costa
#3: AM:Amplitude das marés
3
3
3
3
3
3
3
#4: AO: Altura Máxima das Ondas
5
5
5
5
5
5
5
#5: ET: Erosão / taxa de crescimento
2
2
2
2
2
2
2
#6: GL:Geologia
5
5
5
5
5
5
5
#7: GM:Geomorfologia
5
5
4
4
4
4
4
#8: CS:Cobertura do solo
1
1
5
5
4
1
1
#9: AA:Acções Antropogénicas
4
4
4
5
4
4
4
#10: Grau de protecção da energia das
5
5
3
4
5
5
5
ondas dominante.
#11: Ciclones
2
2
2
2
2
2
2
#12: Potencial de eosão de Bruun pela
3
3
3
4
4
3
3
subida do nível do mar
#13: Corais / recifes costeiros
1
1
1
1
1
1
1
#14: Altura relativa da almofada de
1
1
3
4
3
3
2
protecção pelas dunas frontais (isto é, o
reservatório de areia disponível).
Nota: o exemplo de pontuação acima aplica-se a um cenário específico,
nomeadamente o “Cenário A1”. Os diferentes cenários são apresentados na secção
seguinte.
4230
4229
4
3
4
1
3
5
2
5
4
1
4
5
3
5
2
5
4
1
4
3
2
3
2
4
3
2
5
2
Outubro 2012, p 103
5.9.2
Cenários avaliados para a vulnerabilidade costeira
Foram realizadas avaliações detalhadas de vulnerabilidade, em 12 cidades costeiras, para 16
diferentes cenários de perigos. Tendo como base as projecções de SNM (Secção 5.3) a avaliação
dos perigos e as análises realizadas, foram considerados quatro níveis de subida do nível do mar,
nomeadamente 0 m, 0.5 m, 1 m e 2 m. Uma vez que os ciclones são um perigo tão grande ao
longo da costa Moçambicana, as avaliações foram realizadas tanto considerando como não
considerando os ciclones. Além da SNM, os efeitos das mudanças climáticas foram também
avaliados tanto incluindo como excluindo os aumentos na tempestuosidade (isto é, aumento da
altura das ondas levando a um acréscimo de ataque de ondas). O número total de combinações
de cenários, assim avaliados, chega a 16, tal como resumido na Tabela 6.3.
Tabela 6.3:
#
Incluindo as
mudanças
climáticas:
Sem mudanças
climáticas:
SLR =
0.5 m
SLR =
1.0 m
SLR =
2.0 m
Nota:
A
Resumo dos cenários avaliados para a vulnerabilidade costeira
Excluindo ciclones
Clima actual das
Tempestuosidade
Ondas
acrescida
1
2
Clima actual das
Clima actual das
Ondas
Ondas
Incluindo ciclones
Clima actual
Tempestuosidade
acrescida
5.9.3 das Ondas
3
4
Clima actual das
Clima actual das
Ondas
Ondas
Clima actual das
Tempestuosidade
Clima actual das Tempestuosidade
Ondas
acrescida
Ondas
acrescida
Clima actual das
Tempestuosidade
Clima actual das Tempestuosidade
C
Ondas
acrescida
Ondas
acrescida
Clima actual das
Tempestuosidade
Clima actual das Tempestuosidade
D
Ondas
acrescida
Ondas
acrescida
1 O cenário A1 é o mesmo que o A2, portanto o cenário A2 não esta incluído na pontuação
2 O cenário A3 é o mesmo que o A4, portanto o cenário A4 não esta incluído na pontuação
B
O efeito potencial de cada combinação de cenários (p.e. D4: SNM = 2 m; Tempestuosidade
acrescida; incluindo perigo de ciclone) foi avaliado para cada um dos 14 indicadores de
vulnerabilidade, em cada um dos pontos costeiros. Para considerar cada cenário, a pontuação de
cada indicador de vulnerabilidade foi mudada (p.e. a pontuação de vulnerabilidade aumenta em
1 para um cenário particular) ou o peso dado para esse indicado mudou (aumentou). Deste
modo, foram também aplicados ponderadores apropriados para a pontuação de modo a
contabilizar aqueles parâmetros que têm uma influência progressivamente superior na
vulnerabilidade à medida que os cenários mudam. As pontuações ou ponderações para
indicadores específicos de vulnerabilidade # 1, 2, 4, 5, 10 e 13 (Tabela 6.1) foram portanto
consistentemente adaptados para considerarem adequadamente cada um dos diferentes
cenários.
Por exemplo, à medida que o nível do mar sobe, tanto a elevação como a distância do mar
(Indicadores #1 e #2 na Tabela 6.1) diminuem relativamente. Deste modo a vulnerabilidade em
termos destes 2 indicadores aumenta com cada cenário de maior SNM. (especificamente para
todos os cenários C, i.e. SNM = 1m, as pontuações para os indicadores #1 e #2 são duplamente
ponderados; enquanto que para todos os cenários D, i.e., SNM = 2 m, as pontuações para os
indicadores #1 e #2 são triplamente ponderados.) A tempestuosidade crescente tem um efeito
directo na vulnerabilidade às ondas (Indicador #4 na Tabela 6.1). (Portanto, especificamente para
os cenários B2, C2, D2, B4, C4 e D4, i.e. aumento na tempestuosidade, as pontuações individuais
Outubro 2012, p 104
de cada localização para cada indicador #4 são aumentadas em uma classe de vulnerabilidade (=1
ponto).
Os ciclones, na maior parte dos casos, aproximam-se vindos do Este, com uma amplitude muito
grande na direcções de aproximação. Para além disto, devido ao seu campo de vento “circular”,
as maiores ondas incidentes podem aproximar-se da costa provenientes de uma variedade muito
grande de direcções. Deste modo, enquanto uma zona específica pode estar relativamente
protegida das grandes vagas de ondulação que se aproximam do Sudoeste, as ondas geradas por
um ciclone podem aproximar-se provenientes, p.e. do Nordeste, para as quais este local em
particular pode estar muito menos desprotegido, devido à configuração especifica da linha da
costa nesta área. Por esse motivo, a ocorrência de ciclones reduz o grau de protecção (Indicador
#10 na Tabela 6.1) de muitas zonas costeiras. (Por exemplo, sob os Cenários 1 e 2, uma
localização particular na costa poderá estar parcialmente coberta da ondulação normal do mar
aproximando-se de Sudeste e de acordo com os critérios de avaliação conferidos ter uma
pontuação de vulnerabilidade de 3 para os Indicadores #10. Sob os Cenários 3 e 4, i.e. incluindo
ciclones, esta localização costeira em particular poderá estar totalmente exposta a ondas geradas
por ciclones aproximando-se de Nordeste e é agora dada uma pontuação de vulnerabilidade de 5
para o Indicador #10.)
Estes exemplos foram apresentados para ilustrar a forma na qual cada um dos 14 indicadores de
vulnerabilidade foi avaliado, em termos de efeitos potenciais das 16 combinações diferentes de
cenários. No geral, a vulnerabilidade das zonas costeiras aumenta à medida que os cenários
“aumentam” de A para D e de #1 para #4 na Tabela 6.3, sendo o cenário D4 o pior caso possível.
Os efeitos dos diferentes cenários nas classificações da vulnerabilidade para cada zona podem ser
observados nos mapas de vulnerabilidade que são apresentados na secção seguinte.
5.9.4
Mapeamento dos produtos da avaliação detalhada de vulnerabilidade
As pontuações de vulnerabilidade para cada parâmetro, em cada ponto costeiro (representativo
de uma secção de 1 km) ao longo da área da Beira estudada, por exemplo, estão resumidas no
mapa retratado na Figura 6.23. A vulnerabilidade em cada ponto é indicada pelo código de cor,
variando de azul “muito baixo” (pontuação na banda 0 a 1), até púrpura “muito alto” (pontuação
na banda 4 a 5), tal como indicado na legenda. São mostrados exemplos para 3 dos 16 cenários
avaliados.
As pontuações de vulnerabilidade totais ou globais (combinando todos os parâmetros), em cada
ponto costeiro (representativo de uma secção de 1 km) ao longo da área estudada, para cada um
dos 16 cenários, estão resumidas nos mapas retratados na Figura 6.24. A vulnerabilidade em cada
ponto é mais uma vez indicada pelo código de cor, variando de azul “muito baixo” (pontuação na
banda 0 a 1), até púrpura “muito alto” (pontuação na banda 4 a 5), tal como indicado na legenda.
Apesar das diferenças na vulnerabilidade, derivadas dos diferentes cenários, importa notar que
quase todos os pontos estão classificados como tendo entre média (para os Cenários A1 a B4) até
alguns muito alta vulnerabilidade (nos Cenários D3 e D4).
Outubro 2012, p 105
(a)
Outubro 2012, p 106
(b)
Outubro 2012, p 107
(c)
Figura 6.23 (a) a (c):
Mapeamento da vulnerabilidade da Beira, evidenciando todos os 14 parâmetros para 3 dos 16 cenários.
(A vulnerabilidade é medida numa escala de 1 a 5 sendo 1 = a menor vulnerabilidade e 5 = a maior vulnerabilidade, tal como retratado na Tabela
6.1)
Outubro 2012, p 108
Legenda:
INGLÊS
Scenario
Elevation
Distance to infrastructure
Tida Range
Max Wave Height
Erosion/ Acretion Rate
Geology
Geomorphology
Groundcover
Anthropogenic Actions
Degree of Protection from Prevailing
Wave Energy
Cyclones
Sea-Level Rise
Coral/ Fringing Reefs
Relative Height of the Protective
Foredune Buffer
Total Vulnerability
PORTUGUÊS
Cenário
Elevação
Distância à infra-estrutura
Amplitude das marés
Altura máxima das ondas
Taxa de Erosão / Acumulação
Geologia
Geomorfologia
Cobertura do terreno
Acções antropogénicas
Grau de protecção da energia das
ondas prevalecente
Ciclones
Subida do nível do mar
Corais/ Recifes costeiros
Altura relativa da duna frontal de
protecção
Vulnerabilidade total
Outubro 2012, p 109
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed for coastal
vulnerability
Figura 6.24a:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos de
vulnerabilidade costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Beira: Cenários A & B
(mostrando uma classificação global da vulnerabilidade, quando os 14 parâmetros da Tabela 6.1 são combinados).
Outubro 2012, p 110
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed for coastal
vulnerability
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários avaliados
em termos de vulnerabilidade
costeira
Figura 6.24b: Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Beira: Cenários C & D
Location Key
(mostrando uma classificação global da vulnerabilidade, quando os 14 parâmetros da Tabela 6.1 são combinados).
Outubro 2012, p 111
Nas Figuras 6.25 a 6.34, abaixo, estão retratados mapas semelhantes, sobre a vulnerabilidade total para cada uma das áreas estudadas, para os 8 cenários
que incluem ciclones (isto é, C1 a D4).
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed for coastal
vulnerability
Figura 6.25:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de
vulnerabilidade
costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Ponta do Ouro: Cenários C & D
Outubro 2012, p 112
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed
for
coastal
vulnerability
Figura 6.26:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de
vulnerabilidade
costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Matola / Maputo: Cenários C & D
Outubro 2012, p 113
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed
for
coastal
vulnerability
Figura 6.27:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos de
vulnerabilidade costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Maputo: Cenários C & D
Outubro 2012, p 114
Legenda:
Figura 6.28:
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Praia do Xai-Xai: Cenários C & D
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed for coastal
vulnerability
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de
vulnerabilidade
costeira
Outubro 2012, p 115
Legenda:
INGLÊS
Summary of
scenarios assessed
for coastal
vulnerability
Figura 6.29:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de vulnerabilidade
costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Tofo e Barra: Cenários C & D
Outubro 2012, p 116
Legenda:
INGLÊS
Summary of
scenarios assessed
for coastal
vulnerability
Figura 6.30:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de
vulnerabilidade
costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Inhambane e Maxixe: Cenários C & D
Outubro 2012, p 117
Legenda:
INGLÊS
Summary of
scenarios assessed
for coastal
vulnerability
Figura 6.31:
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Quelimane: Cenários C & D
Outubro 2012, p 118
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos
de vulnerabilidade
costeira
Legenda:
INGLÊS
Summary of
scenarios assessed
for coastal
vulnerability
Figura 6.32:
PORTUGUÊS
Resumo dos
cenários avaliados
em termos de
vulnerabilidade
costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade da Ilha de Moçambique: Cenários C & D
Outubro 2012, p 119
Legenda:
INGLÊS
Summary of scenarios
assessed for coastal
vulnerability
Figura 6.33:
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Nacala: Cenários C & D
Outubro 2012, p 120
PORTUGUÊS
Resumo dos
cenários avaliados
em termos de
vulnerabilidade
costeira
Legenda:
INGLÊS
Summary of
scenarios assessed
for coastal
vulnerability
Figura 6.34:
PORTUGUÊS
Resumo dos cenários
avaliados em termos de
vulnerabilidade costeira
Mapeamento de detalhe da vulnerabilidade de Pemba: Cenários C & D
Outubro 2012, p 121
5.9.5
Comparação de detalhe da vulnerabilidade costeira de 12 áreas Moçambicanas
Na Figura 6.35 é apresentada uma comparação entre as vulnerabilidades de cada uma das 12
cidades, perante o Cenário A3 com o clima de ondas actualmente existente (i.e. no presente e
sem efeitos das mudanças climáticas).
Figura 6.35:
Comparação das vulnerabilidades de cada uma das 12 cidades (de Sul para Norte) para o
cenário presente (A3)
Legenda:
INGLÊS
Vulnerability score
Detail coastal vulnerability
comparison – present case
scenario
Least vulnerable section
Average vulnerability
Most vulnerable section
PORTUGUÊS
Pontuação da vulnerabilidade
Comparação de detalhe da
vulnerabilidade costeira – caso de
cenário presente
Secção menos vulnerável
Vulnerabilidade média
Secção mais vulnerável
Neste estudo a vulnerabilidade foi tipicamente avaliada ao longo de uma área total de cerca de
10 km para cada cidade. A vulnerabilidade foi então avaliada em detalhe em cada secção de
costa, tipicamente em secções de 1 km ao longo da costa, embora em algumas áreas as secções
tenham sido menores. As barras verdes na Figura 6.35 indicam a menor pontuação da
vulnerabilidade por secção, dentro do comprimento total da linha da costa avaliada para uma
dada cidade. As barras amarelas indicam a pontuação média da vulnerabilidade sobre o
comprimento total da linha da costa avaliada para uma dada cidade. As barras vermelhas indicam
a maior pontuação individual da vulnerabilidade, dentro do comprimento total da linha da costa
avaliada para uma dada cidade. Em geral, para o cenário actual (A3), as cidades mais vulneráveis
são a Ponta do Ouro, Maputo, Tofo, Vilanculos, Beira e Pemba.
As vilas menos vulneráveis para o cenário actual (A3) são geralmente a Praia do Xai Xai, Maixixe,
Quelimane e Nacala. Tal como indicado pelas barras amarelas, todas as cidades avaliadas têm em
Outubro 2012, p 122
média uma vulnerabilidade média aos impactos das mudanças climáticas. No presente (Cenário
A3) a Beira é a cidade mais vulnerável em termos de todas as três categorias (secção menos
vulnerável, média e mais vulnerável). (Note-se, outros factores socio-económicos tais como a
densidade populacional não estão contemplados nesta comparação relativa de vulnerabilidade
física abiótica a ameaças costeiras/marinhas e ameaças das mudanças climáticas.)
Na Figura 6.36 é apresentada uma comparação das vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e
cidades para o cenário futuro mais provável (C4) (o cenário futuro mais provável, C4, inclui uma
SNM de 1 m até 2100, vulnerabilidade aos ciclones e um aumento na tempestuosidade.)
Figure 6.36:
Uma comparação das vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e cidades para o cenário futuro
mais provável (C4)
Legenda:
INGLÊS
Vulnerability score
Detail coastal vulnerability
comparison – most likely future case
scenario
Least vulnerable section
Average vulnerability
Most vulnerable section
PORTUGUÊS
Pontuação de vulnerabilidade
Comparação de detalhe da
vulnerabilidade costeira –
cenário mais provável no futuro
Secção menos vulnerável
Vulnerabilidade média
Secção mais vulnerável
No geral, para o cenário mais provável futuro (C4), as vilas mais vulneráveis são novamente a
Ponta do Ouro, Maputo, Tofo, Villanculos, Beira e Pemba, mas desta feita também
acompanhadas pela Praia do Xai Xai. As cidades menos vulneráveis para o cenário futuro mais
provável (C4), são geralmente Maxixe, Quelimane and Nacala. Tal como indicado pelas barras
amarelas, algumas das cidades agora avaliadas têm em média uma elevada vulnerabilidade
(pontuação de 3 a 4) aos impactos das mudanças climáticas, enquanto, tal como indicado pela
barra vermelha, cada vila avaliada tem pelo menos alguma localização que é altamente
vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. No cenário futuro mais provável (Cenário C4),
a Beira é, de novo, a cidade mais vulnerável.
Outubro 2012, p 123
Na Figura 6.37 é apresentada uma comparação das vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e
cidades para o pior cenário (D4) (O pior cenário, D4, inclui uma SNM de 2 m até 2100,
vulnerabilidade a ciclones e um aumento na tempestuosidade.)
Figura 6.37:
Uma comparação de vulnerabilidades de cada uma das 12 vilas e cidades para o pior cenário
(D4)
Legenda:
INGLÊS
Vulnerability score
Detail coastal vulnerability
comparison – worst case scenario
Least vulnerable section
Average vulnerability
Most vulnerable section
PORTUGUÊS
Pontuação de vulnerabilidade
Comparação de detalhe da
vulnerabilidade costeira – pior
cenário
Secção menos vulnerável
Vulnerabilidade média
Secção mais vulnerável
No geral, para o pior futuro cenário (D4), as cidades mais vulneráveis são agora a Praia do Xai Xai,
Tofo, Beira, Ilha de Moçambique e Pemba. As vilas menos vulneráveis no piorfuturo cenário (D4),
geralmente continuam a ser Maxixe, Quelimane e Nacala. Tal como indicado na barra vermelha,
sob este cenário, cada cidade avaliada tem pelo menos uma localização cuja vulnerabilidade aos
impactos das mudanças climáticas é alta ou muito alta. No pior futuro (Cenário D4), a Beira
continua a ser a cidade mais vulnerável, e termos de vulnerabilidade média.
Nas três figuras acima (6.35 a 6.37), para os Cenários A3, C4 e D4 (presente, futuro mais provável
e pior futuro respectivamente), o eixo y foi propositadamente mantido no mesmo ponto de início
e fim, de modo a que as três figuras possam ser directamente comparadas. Os grandes aumentos
na vulnerabilidade às mudanças climáticas, desde o cenário presente ao cenário do futuro mais
provável até ao cenário do pior futuro respectivamente, são portanto claramente observados.
Por exemplo, as localizações mais vulneráveis na Praia do Xai-Xai, Tofo, Beira e Pemba todas
aumentam de uma vulnerabilidade média sob condições presentes (A3) para uma
vulnerabilidade muito elevada para o cenário do futuro pior (D4).
Outubro 2012, p 124
Os resultados da avaliação da vulnerabilidade foram utilizados para determinar opções de
adaptação apropriadas e também para priorizar as acções recomendadas. Estes aspectos são
abordados no próximo capítulo.
6 OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
Neste Capitulo são apresentados e resumidos os resultados de uma pesquisa bibiográfica
abrangente bem como a experiência interna sobre gestão e engenharia costeira.
6.1
Tal como debatido no Capítulo 5, na África Austral, incluindo Moçambique, os factores mais
importantes de risco para a infra-estrutura costeira, provenientes da erosão e inundações, são as
ondas, as marés e a subida futura do nível do mar. A combinação de ocorrências extremas
(tempestades marítimas que ocorram durante marés altas e conjugação com a subida do nível do
mar) é que terá de longe o maior impacto, e serão estas ocorrências que irão incrementalmente,
no futuro, oprimir as infra-estruturas existentes. Vários autores (p.e. Theron, 2007 e outros)
resumiram as opções básicas para responder ou adaptar a estes impactos previsíveis das
mudanças climáticas costeiras, da forma que se segue:




Não fazer nada;
Defender a posição existente da linha costeira;
Avançar a posição existente da linha costeira;
Recuar.
Cada uma destas opções tem um impacto diferente no risco. Além destas “opções básicas de
resposta às mudanças climáticas”, há outras acções que podem ser tomadas para reduzir o risco
resultante de perigos físicos costeiros/ marinhos (incluindo mudanças climáticas), tais como por
exemplo reduzir a pressão humana nas defesas naturais, tal como é descrito com maior detalhe
mais adiante neste capítulo. Nos capítulos anteriores, os principais cenários considerados para
alterações de risco no futuro estão relacionados com as mudanças climáticas, em particular com
a subida do nível do mar e com o acréscimo na tempestuosidade (originadas pela alteração /
aumento dos campos de vento oceânicos). Estes dois factores de mudança foram por esse
motivo incorporados directamente na criação de modelos e os resultados apresentados nos
capítulos anteriores. O Homem (e especialmente no que se refere ao domínio abiótico costeiro
Moçambicano) não tem virtualmente nenhum controlo regulamentar ou influência significativa
sobre estes factores. Apenas a longo prazo, e através de uma intervenção global forte e unificada,
poderão estes factores eventualmente vir a ser significativamente influenciados. Deste modo, em
termos de alterações globais ou outros cenários de mudança, temos de identificar opções de
mitigação / adaptação através das quais se poderá aumentar a resiliência da área costeira.
As acções / intervenções antropogénicas na zona costeira Moçambicana, que podem
potencialmente ser afectadas e que afectariam a vulnerabilidade, são:

Construções costeiras que resultem num perfil bastante íngreme (p.e. revestimentos de
gabiões ou paredões) ou que reduzam a rugosidade do perfil (p.e. superfícies suaves de betão
Outubro 2012, p 125



ou blocos), resultam numa relativamente maior elevação das ondas para as mesmas condições
de entrada das ondas. Tais construções normalmente também provocam pontos críticos de
erosão severa em áreas adjacentes às praias.
A degradação da vegetação das dunas ou destabilização das dunas e especialmente acções
que provocam a redução do volume das dunas (e a altura), levam a um aumento do risco de
erosão costeira. A areia das dunas (volume) constitui um amortecedor natural contra a erosão
durante as tempestades marítimas, evitando uma migração excessiva da linha costeira em
direcção ao continente, e permitindo a recuperação das praias entre tempestades, assumindo
que os processos naturais não são influenciados por actividades humanas.
O aumento do desenvolvimento humano na zona de perigo (isto é, normalmente muito baixo
ou muito próximo do mar) conduz directamente a um risco acrescido.
Quaisquer actividades humanas que reduzam a quantidade de areia dentro da zonas costeiras
(p.e., represas em rios ou a mineração de areias) ou aquelas que reduzem a taxa na qual a
areia é reabastecida na área (p.e. provocando um défice no abastecimento de sedimento à
costa), quase invariavelmente provocam uma progressiva erosão costeira (necessitando deste
modo de um aumento das distâncias de pontos críticos de erosão para os projectos de
desenvolvimento costeiro).
Considerando as intervenções acima, é obvio que estas estão todas relacionadas com acções que
exacerbariam os problemas ou aumentariam os riscos nas zonas costeiras. As mitigações /
adaptações chave ou oportunidades para melhorar a resiliência recaem, desta forma, na
prevenção ou redução de tais acções ou impactos (alinhadas com as acções Integradas de Gestão
das Zonas Costeiras).
Para o propósito deste documento é importante notar que nos programas de gestão costeira é
desejável, benéfico e uma boa prática, o desenvolvimento de um corredor de protecção costeiro,
com várias zonas, incluindo:



As Reservas Costeiras como sendo uma zona sem empreendimentos;
Uma faixa de amortecimento costeiro como sendo uma zona com empreendimentos
limitados, e
corredores de conservação, que incluam áreas no interior que requeiram protecção adicional.
Um planeamento apropriado pode muitas vezes eliminar a necessidade de medidas de protecção
que possam ser necessárias para futuros empreedimentos. Os seguintes pontos, adaptados de
vários guiões de gestão costeira, (incluindo Breetzke et al 2008) servem como orientação:
(1)
Evitar o perigo
Localizar o empreendimento de tal forma que o perigo não o possa afectar. Este
aspecto implica a definição de linhas limite e zonas tampão (Theron, 2000). Tal medida
será sempre um benefício financeiro e ecológico de longo prazo.
(2)
Prevenir a perda
Aceitar que ocorrências naturais extremas vão acontecer. Por esse motivo adoptar
medidas para minimizar os estragos ou perdas de propriedade causadas por estas
ocorrências.
(3)
não fazer nada, se apropriado, em vez de planos ou acções mal concebidos,
especialmente aqueles que ignoram todos (“triple bottom line – Pessoas, Planeta,
Outubro 2012, p 126
Rendimentos”) os custos / consequências de longo prazo. (Se, por exemplo, o principal
perigo numa área parece ser a erosão, poderá num caso especial ser discutido se que
tal erosão é cíclica e que a areia será reabastecida naturalmente ao longo do tempo. Em
tal instância em particular poderá ser apropriado não agir.)
As questões chave que devem ser consideradas no planeamento de empreendimentos próximos
da linha costeira são:









O risco de calamidades irá aumentar para a população vivendo perto/na área de intervenção?
Se sim,
O empreendimento é “dependente da localização”, ou seja, é mesmo necessário que tenha de
estar localizado na linha costeira ou imediatamente adjacente a ela?
Se o projecto de desenvolvimento tem de ser implementado na área dinâmica sensível, que
medidas de mitigação e manutenção serão implementadas?
Pode a movimentação de sedimentos e portanto a erosão ser alterados pelo investimento
proposto?
A protecção existente (p.e. barreira da duna frontal, mangais, etc serão afectados de alguma
forma?
O regime de águas subterrâneas será afectado de alguma forma? E o fornecimento de água
potável para os centros populacionais circundantes?
O empreendimento ou actividade proposta afectarão a costa em termos do seu valor para o
turismo/ entretenimento p.e. valores estéticos, para natação, para surfar ou para banhos de
sol?
O empreendimento ou actividade proposto afectará a costa em termos do seu valor de
conservação da natureza, ou afectar negativamente a ecologia p.e. criação de pássaros ou
outros organismos?
Foi identificado um órgão ou uma organização responsável por determinar as medidas de
mitigação e assegurar que tais medidas sejam implementadas de forma apropriada?
Estratégia para planear e “viver” com a erosão costeira:
Tomando em conta os eventos de erosão costeira de 2006 e 2007 o Departamento de Agricultura
e Assuntos Ambientais de KwaZulu-Natal compilou um Guião de Melhores Práticas para Viver
com a Erosão Costeira (Breetzke et al 2008). Os pontos seguintes são adaptados a partir do
documento de forma a garantir a relevância deste estudo:
“Viver com a erosão costeira” requer que os seguintes princípios sejam reconhecidos:





O constante aquecimento global causará provavelmente uma subida do nível do mar e uma
maior intensidade e frequência de tempestades costeiras;
Um aumento da erosão costeira levará a um maior e mais sustentado risco para a vida
humana e para os ambientes naturais e construídos;
Uma boa prática internacional, num contexto de subida do nível do mar e de alterações da
dinâmica costeira, consiste num recuo faseado da linha costeira;
Não é inconcebível que áreas ao longo da costa percam mais areia como resultado de
processos naturais;
A gravidade desta perda vai depender de fenómenos coincidentes tais como tempestades
(ventos e ondas), ocorrendo durante equinócios (maior amplitude anual), marés cheias em
altura de marés vivas e ciclones;
Outubro 2012, p 127




Qualquer construção muito próxima do mar/praia interfere com o movimento natural da areia
e pode impedir a recuperação das praias ou das dunas frontais após a ocorrência de uma
tempestade severa;
Remover areia das praias aumenta a gravidade da erosão;
Defesas do mar mal planeadas ou inapropriadas podem provocar posteriores perdas de areia,
resultando na degradação das praias no local e das propriedades mais ao longo da costa; e
Remover a vegetação das dunas desestabiliza estas barreiras de areia protectoras e reduz a
sua função como defesa natural do mar.
Os pontos seguintes são guiões de boas práticas para gerir a reacção humana perante a erosão
costeira:
Aceitar e viver com a erosão
 Planear quaisquer construções costeiras de tal forma que estejam a uma distância segura da
marca do nível de água da maré-alta e restabeleçam os mecanismos de defesa naturais, com
as autorizações ambientais necessárias.
Requer-se uma resposta colectiva
 O planeamento e a implementação holísticos pelas autoridades, em resposta à erosão
costeira, são críticos. São necessários Programas de Gestão Costeira, incorporando Planos de
Gestão da Linha Costeira, para reduzir os efeitos directos e associados à erosão.
 Os vizinhos necessitam instituir medidas de mitigação similares pela mesma razão. Esta
colaboração irá aumentar a eficácia da defesa e reduzir os custos.
Estabelecer uma linha limite de protecção
costeira
 Deve ser desenhada uma linha limite de protecção costeira, de forma a proteger tanto o
ambiente natural da invasão de edifícios como a proteger os empreendimentos nas zonas de
espraiamento dos efeitos das tempestades e erosão costeira acelerada.
 Os empreendimentos entre esta linha limite e o mar são considerados como estando em alto
risco da erosão costeira.
Trabalhar com processos naturais na
resposta à erosão (e cheias)
 Áreas costeiras com sedimentos soltos geralmente requerem soluções suaves
 As medidas de protecção preferenciais devem utilizar soluções baseadas em "estruturas
suaves de protecção costeira (soft engineering)" – por exemplo:
o Sacos geotêxteis de areia ou outros sacos de areia apropriados (que poderiam ser
cobertos com dunas e vegetação).
o Sistemas de dunas geridas, que devem ser cobertos de espécies de vegetação das
zonas originais, e posteriormente mantidas; manter, ou preferivelmente, aumentar a
reserva de areia (volume) armazenado no sistema de dunas.
o Protecção, restauração e manutenção de sistemas naturais tais como os mangais e os
recifes de coral.
Outubro 2012, p 128
Substituir a areia perdida com areia (i.e.
alimentação de areia)
 É importante que a areia utilizada seja de uma natureza similar àquela encontrada na praia.
 A utilização de areia de praia proveniente de outras fontes apenas deve ser considerada
seguindo a opinião de especialistas apropriados. (p.e. poderá ser necessário encontrar outra
fonte de areia no mar alto – tal é normalmente muito caro).
Considerar soluções baseadas em
“estruturas rígidas de protecção costeira”
apenas em casos excepcionais
 Recorrer a soluções baseadas em "estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)"
apenas em casos excepcionais e apenas após avaliações de impacto ambiental detalhadas e
obtidas as autorizações.
Estar preparado, monitorar e reagir:
Empregar sistemas apropriados de “aviso
prévio”
Reconstruir apropriadamente as infraestruturas e comodidades costeiras
 Os sistemas de aviso prévio (ou monitoria de longo prazo adequada) permitem que se
realizem planos para “lidar” com eventos extremos (p.e. tempestades marítimas) e reduzir os
riscos associados.
 A infraestrutura que é danificadas como resultado da erosão costeira não devem apena ser
substituída. Deve avaliar-se se tais infra-estruturas são apropriadas e devem ser feitos os
melhoramentos necessários. A médio e longo prazos devem preparar-se e implementar planos
para gerir uma retirada de tais infra-estruturas.



Evitar e reduzir o risco
Este aspecto inclui factores de risco que advêm de “processos não marítimos ou não
costeiros”, p.e. as águas da tempestadedo escoamento das ruas, áreas de estacionamento e
valas de drenagem:
Os donos de propriedades costeiras são responsáveis pela manutenção do escoamento das
águas das tempestades e podem ser responsabilizados por qualquer erosão ou impacto
negativo que tal escoamento possa ter nas dunas frontais ou na praia.
Nos casos em que a água das tempestades tenha de ser dispejada em cima de uma duna ou
praia, tal escoamento deve ser feito longe do sopé da duna. O escoamento deve ser feito
preferencialmente em cima de uma área saliente como uma pequena península rochosa.
A maior parte das opções de resposta descritas nesta secção (7.1) são propositadamente o que se
pode denominar opções “suaves” ou “trabalhar com a natureza”. Tal está alinhado com os
princípios estratégicos e orientações de boas práticas em termos de gestão costeira e resposta às
mudanças climáticas. A seguinte secção (7.2) tem um foco mais específico em locais e inclui todas
as medidas de adaptação apropriadas e opções de protecção costeira, “suaves” e “rígidas”.
Outubro 2012, p 129
6.2
6.2.1
Gama de potenciais soluções
Podem ser encontradas na literatura muitas publicações úteis que abordaram as implicações
potenciais das medidas de adaptação e protecção costeira, p.e. UNCTAD (2008) – Tabela 7.1.
Outros exemplos incluem: NCCOE (2004), Stive et al (1991), Breetzke et al (2008), FEMA (2000),
USACER (2004), SNH (2000), Van Rijn (2011), e outros.
No entanto, devido a vários factores, os estados da África Austral têm efectivamente uma
capacidade adaptativa muito baixa e a sua capacidade de parar os impactos costeiros em larga
escala é virtualmente inexistente (Theron 2011). De acordo com Tol (2004), a adaptação reduziria
os impactos por um factor de 10 a 100, e os custos de adaptação seriam ínfimos comparados com
os prejuízos evitados.
Este é um imperativo claro para definir e implementar medidas de adaptação mais cedo em vez
de mais tarde. De forma a mitigar impactos prejudiciais resultantes das mudanças climáticas, tem
de haver um entendimento das opções de adaptação disponíveis para as nações africanas em
vias de desenvolvimento, sendo estas consideravelmente diferentes de algumas abordagens
tradicionais utilizadas nos países desenvolvidos. Moçambique também não é um país rico e tem
pouco dinheiro disponível para construções costeiras; requerem-se opções de resposta mais
baratas.
Tabela 7.1:
Factor de Mudanças
Climáticas
Exemplos de Potenciais implicações e medidas de adaptação possíveis
Potenciais Implicações
Medidas de Adaptação
Níveis do mar em crescimento
• Inundações e cheias
• Erosão de áreas costeiras
• Danos a infraestruturas, equipamentos e carga
(infraestruturas costeiras, estruturas relacionadas
com portos, ligações com o interior)
• Aumento nos custos de construção e manutenção,
erosão e sedimentação
• Realocação e migração de pessoas e negócios,
escassez de trabalho e encerramento de estaleiros
navais
• Variação na procura e oferta de serviços de
transportes marítimos e portuários (p.e.
Deslocalização)
• Mudanças nos níveis de água nos portos
• Deslocalização, redesenho e construção de esquemas de
protecção costeira (p.e. Levees, paredões, diques, elevação
de infraestruturas)
• Seguros
• Elevação de estruturas de quebra-mar existentes para
contrapor transposições adicionais
• Elevação do nível de cais e molhes existentes
Condições de clima extremas
• Ciclones Tropicais
• Tempestades
• Cheias
• Ventos
• Danos a infraestruturas, equipamentos e carga
(infraestruturas costeiras, estruturas relacionadas
com portos, ligações com o interior)
• Danos acrescidos a navios como resultado da
interacção corrente com ondas
• Erosão e sedimentação,
subsidência
e
deslizamento de terras
• Deslocalização e migração de pessoas e negócios
• Diminuição da segurança e condições de
navegabilidade, desafios à fiabilidade dos serviços
• Modalidade de turnos, variação na procura e
oferta de serviços de transportes marítimos e
portuários
• Mudanças na estrutura e direcção do comércio
• Mudanças no clima de ondas (ndulação e ondas
de períodos longos) nos portos
• Montar barreiras e estruturas de protecção
• Deslocalizar infraestruturas, assegurar o funcionamento de
rotas alternativas
• Elevação de estruturas de quebra-mar existentes para
contrapor transposições adicionais
• Aumentar a monitoria das condições das infraestruturas (pe.
Programa de Monitoria dos Quebra-mares do CSIR)
• Restringir o desenvolvimento e povoamento em áreas baixas
• Reforçar fundações, elevar níveis de docas e molhes
• Tecnologias inteligentes para a detecção de eventos anormais
• Novos desenhos para navios mais robustos
• Desenhar novos portos
• Rever programas de manutenção de dragagem; programas
de alimentação de praias corrigidos
• Revisão de operações e equipamento de blindagem de navios
nos portos
• Alterações aos portos para compensar a acção adicional das
ondas (ondulação induzida ou longos períodos de ondas)
(adaptado de UNCTAD, 2008)
Outubro 2012, p 130
6.2.2
Listagem e descrição de potenciais soluções
Várias respostas potenciais podem ser formuladas considerando os processos e características
costeiras da área estudada, assim como os factores que regem a adequabilidade para o
empreendimento costeiro. Estão disponíveis um número significativo de opções de gestão e
métodos de engenharia costeira “suave” e “rígida” para proteger a linha costeira. As opções aqui
descritas não incluem todas as possíveis medidas / opções de protecção costeira; no entanto, as
opções listadas incluem as medidas potencialmente mais apropriadas:
A
“Opções de gestão”
A1
“Aceitar e recuar.” Esta medida envolve reposicionar a infra-estrutura em risco para
que não volte a estar em perigo de ser afectada pela erosão ou inundações. Este
aspecto requer zoneamento (através de linhas limite de protecção) e retirada das
comunidades e infra-estruturas para o interior da linha limite de protecção, e
possivelmente criar uma zona tampão. Em última instância isto representa melhor
planeamento e melhor gestão, tanto do ambiente construído como dos recursos
naturais, especificamente para melhorar a resiliência ao clima dos actuais planos de
desenvolvimento, sendo neste caso específico, infra-estruturas e empreendimentos
costeiros. O governo deve estar directamente envolvido no realojamento das
populações para áreas de menor risco (esta é também uma boa opção para projectos
de habitação de baixo custo). No entanto, muito mais pode ser adicionalmente
alcançado através do encorajamento, incentivo e viabilização da migração “privada”
para áreas de menor risco. São muitos os custos envolvidos no reposicionamento de
infra-estruturas de serviços (energia, estradas, rede de abastecimento de água,
tratamento de água, escoamento de águas de tempestades e telecomunicações), mas
estes podem ser compensados de certa forma, p.e. através de mais oportunidades de
turismo e investimento, ou ajuda externa.
Esta opção “aceitar e recuar” vai permitir a erosão contínua da costa pelo mar. Esta
opção é frequentemente uma escolha sensata no longo prazo nos locais em que a linha
costeira ainda não está significativamente desenvolvida (existindo pouco valor em infraestruturas), tal como é o caso de grande parte da costa Moçambicana, e cuja causa e
efeito do problema da erosão é de larga escala, (p.e. Theiler et al 2000). Está também
bastante de acordo com os princípios estratégicos e linhas de orientação de boas
práticas enumeradas anteriormente. Esta opção implica abandonar e remover as
infrae-struturas existentes localizadas perto do mar. Todas as infra-estruturas e
empreendimentos teriam de ser localizados para o interior, dentro de uma linha limite
correspondente pelo menos a 50 anos de empreendimento costeiro, enquanto os
grandes projectos de desenvolvimento, bem como aqueles com uma vida útil longa,
deveriam ser localizados no interior da linha limite de protecção correspondente a 100
anos. Contudo, esta opção não fornece protecção para empreendimentos/ infraestruturas estratégicas ou de grande valor, já existentes, que provavelmente são
consideradas áreas que devem ser defendidas.
A2
“Abstenção” envolve a opção “nada fazer". Esta opção pode ser exequível se o risco de
perda de propriedade ou vidas humanas for considerado mínimo. Com esta opção, o
Outubro 2012, p 131
A3
status quo actual vai prevalecer, isto é, a erosão da linha costeira actual e potencial
e/ou as inundações vão continuar, com as consequências associadas para a área.
Empreendimentos costeiros “alternativos”. Fornecer bons acessos e desenvolver
áreas costeiras alternativas (incluindo fornecer serviços tais como drenagem de água
das tempestades e idealmente sistemas de rede de esgotos), que não sejam propensos
a impactos tais como inundações ou erosão.
Recomenda-se que enquanto forem fomentadas as intervenções dentro das áreas
desenvolvidas existentes, o desenvolvimento destas áreas alternativas deve progredir
em paralelo.
A4
“Acomodação”. A intenção aqui não é a defesa ou protecção directa contra a subida do
nível do mar ou contra as ondas tempestuosas, mas sim aumentar a resiliência ou
acomodar melhor os impactos associados na infra-estrutura. Esta opção inclui
“medidas à prova de clima ou inundação”, tais como elevar as propriedades, ter
edifícios mais robustos e ter melhores sistemas de aviso de perigos climáticos como
tempestades extremas. A acção relevante é planear a construção de infra-estruturas de
acordo com padrões mais elevados de design de forma a resistirem a uma maior
frequência dos impactos de ondas tempestuosas, inundações e erosão subterrânea.
Algumas destas medidas podem ser empregues por donos de propriedades e
operadores privados (Figura 7.1). Nos portos a fundação deverá ser fortalecida para
permitir a elevação futura dos cais e molhes à medida que a SNM ocorra.
Figura 7.1:
Exemplo de uma medida local de acomodação
(Fotografia: Holland Herald, KLM, Setembro de 2011)
Outubro 2012, p 132
B “Estruturas suaves de protecção costeira (soft engineering)” ou Restauração (intervenções
“semi-naturais” nas zonas litorais)
B1
Reposição de areia: Projectos discretos, localizados, ou projectos regulares / contínuos
de reposição de areia; de forma a mitigar problemas de erosão costeira existentes ou
esperados no futuro, ou até construir uma maior área de praia, o que também vai
reduzir o possível impacto das ondas e potencial de inundações Stive et al (1991),
defendem que a restauração da costa é um mecanismo eficaz para prevenir o recuo da
costa devido ao aumento a longo prazo do nível do mar, devido às incertezas e à
flexibilidade que a restauração da costa fornece. Partindo do princípio de que estão
disponíveis suficientes fontes de areia adequada, esta é uma boa estratégia adaptativa
“suave”, muitas vezes melhor que as abordagens “rígidas” (p.e. estruturais) a longo
prazo. No entanto, o reabastecimento de areia é dispendioso (assim como as soluções
“rígidas”) e a necessidade de um eventual restauração, embora prevista e planeada, é
muitas vezes percebida como um “falhanço” pelo público.
A área da praia pode muitas vezes ser criada ou expandida através do fornecimento
artificial de areia numa dada área (restauração da praia). Para maximizar os rácios
custo/benefício, o tempo decorrido entre momentos de reastauração (intervalos de
manutenção) normalmente varia entre os 6 e os 12 anos. No entanto, a falta de fontes
suficientes de areia pode inviabilizar esta opção nessas áreas. Normalmente um
projecto individual de restauração de uma praia é bastante exequível em áreas onde as
taxas de erosão precedentes chegam até 0.9 m por ano; são marginalmente viáveis em
áreas onde as taxas de erosão precedentes andam entre 0.9 m até 1.5 m por ano; e
normalmente inviáveis economicamente se as taxas são superiores a 1.5 m por ano
(valores dos EUA - Dean, Davis e Erickson 2006). No entanto, os valores de
propriedades anteriores à costa dos EUA são muito elevados, enquanto a maioria dos
valores Moçambicanos serão bastante mais baixos. Isto implica que a taxa de erosão
passada aceitável, para as áreas desenvolvidas da costa Moçambicana, é
provavelmente inferior a 0.9 m por ano.
Com um custo de talvez $ 10/m3 um projecto de 2 milhões de m3 custaria na ordem de
$ 20 milhões. Se os custos forem comparados numa base de custo unitário por metro,
esta opção é na verdade muito competitiva. Fornecer um volume médio de por
exemplo 300 000 m3/ano, pode custar na ordem dos $3 milhões por ano, ou talvez $
500/m de linha costeira. Se não existirem opções para a partilha de custos das
operações actuais de dragagem de portos, poderá ser empregue ajuda externa para
financiar tais projectos.
Outubro 2012, p 133
Figura 7.2:
Restauração de uma praia através de
“projecção” directa de areia de uma draga para a costa (só é
prático em certas áreas)
Figura 7.3:
Restauração de uma praia através do
bombeamento de areia para a praia através de um sistema
de tubagens
B2
Dunas geridas (com vegetação e/ou
reforçadas). Construir / restaurar e/ou
gerir áreas tampão compostas por dunas
com vegetação. Se apropriado, pode ser crucial manter um mecanismo de defesa
costeira, financeiramente comportável e eficaz, baseado em “estruturas suaves de
protecção costeira (soft engineering)”, que preserve os serviços do ecossistema que
protegem as áreas anteriores de dunas naturais e infra-estruturas feitas pelo homem
contra as forças do mar.
Podem ser colocadas protecções rochosas ou gabiões por debaixo das dunas (com
vegetação normal). Durante uma tempestade a duna será alvo de erosão, mas a rocha
/ gabião vai evitar erosão excessiva. Após a tempestade a duna pode recuperar
naturalmente, mas em alguns casos poderá requerer reabilitação e gestão activa.
As dunas são geralmente as protecções naturais das costas de sedimentos nãoconsolidados contra as tempestades marítimas e marés-cheias em altura de marés
vivas. A areia retida num sistema de dunas é armazenada e pode retornar à praia,
evitando deste modo a erosão da praia. As dunas com vegetação protegem as casas, as
estradas e as instalações recreativas contra a pulverização corrosiva do marrajadas de
vento com areia e das inundações com areia vinda da praia, uma vez que as dunas com
vegetação funcionam como uma armadilha natural para a areia. As dunas devem ter
uma altura de cume de aproximadamente + 6 m a +10 m relativamente ao NMM
(dependendo das circunstancias locais), enquanto a largura da base deve ser
idealmente no mínimo de 60 m. Em termos da secção transversal, o declive da duna
voltado para o mar deve ter aproximadamente 1:6. O custo total estimado de uma
Outubro 2012, p 134
duna, incluindo reforço, é na ordem dos $ 240 000 por cada 100 m ao longo da costa. A
duna deverá estar alinhada aproximadamente em paralelo com a linha costeira.
O custo estimado para construir uma duna não reforçada é na ordem dos $ 1400 /m.
Os itens seguintes devem ser considerados na orçamentação: Definição do local,
trabalhos de movimentação de terras, definição da forma e arrumação, sistema de
irrigação, fertilizantes, cobertura morta, colheita das espécies pioneiras, plantação da
vegetação da duna, vedação, caminhos pedestres, sinalização e consultas restritas. O
custo estimado para colocação de reforço com rochas é cerca de $ 100/m3, sendo os
custos adicionais relativos ao reforço estimados em cerca de 75% do custo da rocha.
Tal reforço seria apenas requerido se houvessem razões muito importantes para
reduzir a inconstância da linha costeira numa dada localização. A utilização de mão-deobra local em projectos de trabalho intensivo poderá reduzir o custo da construção ou
de manutenção de sistemas de dunas.
Figura 7.4:
Exemplo
de uma duna com
vegetação, na Beira,
com volume e altura
suficiente para proteger
as áreas interiores
contra erosão das
tempestades ou erosão
costeira.
Pode ser colocada uma vegetação (p.e. plantação de relva), estruturas de palha e
vedações para reter ou deter a areia da praia. Em alguns casos a vegetação pode
reduzir a erosão uma vez que segura a areia. Foram plantadas árvores Casuarina em
algumas áreas costeiras de Moçambique (p.e. Tofo e Maputo). No entanto, estas
árvores Casuarinas não foram eficazes na prevenção da erosão do solo. A utilização de
vegetação adequada às dunas e ervas apropriadas pode ser mais eficaz. A vegetação e
ervas apropriadas para dunas têm tipicamente um sistema de raízes finas que chegam
a mais de 2 metros de profundidade, são tolerantes ao sal e não podem ser facilmente
arrancadas. A vegetação é normalmente capaz de tolerar rajadas de vento com areia e
segura a areia trazida pelo vento, contribuindo assim para o desenvolvimento da duna.
Plantando estrategicamente esta vegetação e fixando grandes volumes de areia em
períodos calmos, pode criar-se um amortecimento por diversos anos, que pode ser
Outubro 2012, p 135
levado pela erosão nos períodos tempestuosos, reduzindo assim a erosão das áreas
anteriores à praia.
A utilização de vegetação não invasiva pode ser vantajosa em relação a outras
alternativas, porque é mais barata e pode ter um valor estético mais elevado. Para
além disso, não tem efeitos negativos na costa adjacente, como várias estruturas de
engenharia têm. Pode por esse motivo ser utilizada se houverem recursos financeiros
limitados, e podem ser implementadas pelos donos das propriedades ao longo da
praia. Deste modo esta é uma intervenção relativamente “barata”, com baixo impacto
ambiental e quase natural, que promove o crescimento natural do volume da duna.
Por outro lado, é difícil ter a certeza que o grau de protecção seja adequado para taxas
de erosão acima da baixa, em especial os ciclones recorrentes, frequentemente
resultam em taxas de erosão relativamente altas. Não fornece protecção imediata e
requer alguma manutenção para estabelecer. Deste modo, tem frequentemente pouco
potencial para fazer uma grande diferença, especialmente se for utilizada isoladamente
e não conjugada com outras acções / intervenções de gestão ou medidas de protecção.
De forma geral pode concluir-se que a plantação de ervas, estruturas de palha e cercas
são intervenções relativamente baratas, com baixo impacto ambiental e quase
naturais, que promovem o crescimento natural do volume da duna, tendo no entanto
por vezes pouco potencial para fazer uma grande diferença.
B3
Mangais, corais e áreas pantanosas
Os mangais não são apenas ecologicamente importantes (especialmente para a pesca)
mas também, se ocorrerem de forma suficientemente densa, com uma extensão
suficiente através da costa, comportam-se estruturalmente como uma barreira semipermeável (principalmente devido ao seu sistema de raízes, grande parte do qual se
encontra acima do nível do solo). A energia é dissipada e os sedimentos podem até
acumular-se em circunstâncias apropriadas, reduzindo desta forma o potencial de
inundação / erosão das ondas / ciclones, demonstrada alguma protecção costeira às
áreas interiores. As áreas pantanosas podem ter um efeito de amortecimento
semelhante e, se foram suficientemente extensas, podem ajudar a dissipar as águas de
inundações e o impacto das ondas em áreas interiores. Uma reabilitação bem planeada
de áreas de mangais danificadas é muito prática e pode ser utilizada como uma
iniciativa local de criação de emprego, muitas vezes em colaboração com empresas
privadas.
As ondas tempestuosas que se aproximam à costa (p.e. resultantes de ciclones) são
afectadas pela topografia do fundo, e os recifes de coral pouco profundos, que
provocam a quebra das ondas, dissipam muita da energia incidente das ondas. No
entanto, com a subida do nível do mar, as características topográficas existentes,
incluindo recifes de coral, irão localizar-se em águas mais profundas e vão ter um efeito
mais reduzido nas ondas que se aproximam da costa. As áreas no interior da zona de
recife vão sentir um clima de ondas mais acentuado, comparado com a situação
presente. Com baixas taxas eustáticas de subida global do nível do mar, poderão
crescer corais saudáveis de forma a corresponder a esta SNM, e assim manter o seu
efeito protector. As características de águas profundas, incluindo recifes de corais,
Outubro 2012, p 136
podem ficar mais profundas até ao ponto em que o seu impacto na energia das ondas
na linha costeira seja negligenciável.
No entanto, as áreas de recife de coral em Moçambique são muito vulneráveis ao
impacto das mudanças climáticas (MC), através do branqueamento dos corais (p.e.
Obura 2005), em termos de efeito directo na biota e também nos sectores sócioeconómicos muito importantes a eles relacionados (p.e. turismo). Tal como
mencionado, os recifes de coral servem outras funções importantes, tais como
proteger a costa da acção das ondas e fornecer materiais de construção de praias.
Deste modo, a perda de coral devido às mudanças climáticas (MC) vai também ter um
impacto negativo nestas funções, com resultados prejudiciais na costa (p.e. erosão).
Da mesma forma, podem ser encontrados recifes costeiros ao longo de algumas áreas
em Moçambique. Estes recifes, barras revestidas de algas compostas maioritariamente
de cascalho de coral, contituem uma protecção resistente contra o ataque das ondas,
às áreas costeiras e à areia das praias susceptíveis de erosão (Arthurton 2003). Se a
costa for sujeita à subida prevista do nível do mar, o papel protector das barras de
recife será diminuído se o seu crescimento em altura não conseguir acompanhar o
rítmo de subida (Theron and Rossouw, 2008).
Os mangais, os corais e as áreas pantanosas têm por esse motivo algum potencial de
“protecção costeira” e podem, até certo ponto, mitigar o impacto das mudanças
climáticas na costa. Desta forma, as oportunidades recaem na protecção e na gestão
destas defesas naturais, ou em aumentar / expandir os seus efeitos positivos através do
aumento de tais áreas, nos locais onde tal for adequado, ou reintroduzindo estes
sistemas naturais em locais onde tenham desaparecido ou sido danificados.
C “Estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)” & blindagem (medidas de
construção de protecções da costa)
C1
Paredões (na sua maioria estruturas de betão verticais ou curvadas) e revestimentos
(incluindo revestimentos inclinados de rocha e betão), envolvem a construção de
estruturas de protecção “rígidas” que são colocadas ao longo da linha costeira de
forma a agirem como uma barreira distintiva entre a terra e a água, prevenindo
directamente desse modo a erosão e/ou inundações das áreas adjacentes à costa. O
nível do terreno (natural ou aumentado), no lado da estrutura voltado para terra, é
normalmente de elevação idêntica ou superior à aquela do topo da estrutura.
Existem muitos tipos de revestimentos e paredes de retenção. Os materiais em que
consistem (rocha, madeira ou betão), bem como as suas características (p.e.
permeabilidade), resultam em diferenças nos custos, longevidade e impacto ambiental.
Sem ter pesquisas topográficas detalhadas dos locais do projecto, e possíveis fundações
da rocha subterrânea, é muito difícil estimar quantidades e deste modo os custos de
construção. Os custos de desenho e supervisão da construção podem atingir cerca de
10% do custo total. Os custos estimados apresentados mais adiante neste Capítulo e no
Capítulo 8 servem apenas para propósitos comparativos, sendo que custos mais
exactos podem apenas ser determinados assim que os desenhos detalhados forem
efectuados. A disponibilidade de rocha adequada, estradas de acesso e uma pedreira
Outubro 2012, p 137
têm todos grandes impactos no custo total do projecto. A extensão do trabalho pode
também ser adaptada de forma a corresponder ao orçamento disponível, sendo que
quanto maior for o número de fases, maior será o custo do projecto, isto é, devido a
requerer-se uma supervisão mais longa da construção e a custos adicionais de
restabelecimento de um empreiteiro no local.
Figura 7.5:
Exemplos de um revestimento (esquerda) e de um paredão (direita) em Moçambique
Figura 7.6:
C2
Exemplo de um revestimento com rochas a proteger habitações (África do Sul)
Diques, à semelhança de C1, agem como uma barreira distintiva ao longo da costa
entre a terra e a água, mas frequentemente consistem em areia solta empilhada ou
construções de terra amontoada massivamente inclinadas (mesmo com
enquadramento paisagístico e com vegetação). Podem ser blindados (p.e. por um
revestimento), no lado voltado para o mar, ou deixados desprotegidos, mas poderão
nesse caso requerer uma manutenção significativa ou reabilitação após grandes
tempestades. A sua natureza massiva e os grandes requisitos de espaço fazem com que
Outubro 2012, p 138
esta seja uma opção dispendiosa e difícil de aplicar em áreas congestionadas ou com
muita construção. No entanto, estas podem ser uma opção quando for absolutamente
necessário proteger infra-estruturas actuais, imóveis vitais (p.e. áreas potencialmente
apropriadas associadas aos portos e cidades da Beira e Maputo, desde que haja espaço
suficiente disponível), mas deve ser evitado o desenvolvimento de novas infraestruturas directamente adjacentes aos diques. Para serem eficazes contra as
inundações, têm de ser contínuos ou relacionados com outras defesas. É essencial
também planear para a dispersão de águas de inundações retidas dentro do dique
resultantes do escoamento de precipitação ou de inundações dos rios.
Figura 7.7:
C3
Exemplos de diques com vegetação (Alemanha)
Praias elevadas ou estruturas de escadaria), que procuram manter artificialmente a
parte superior do perfil da praia mais para o mar do que ela naturalmente estaria. A
energia das ondas é dissipada na praia, o que reduz a elevação das ondas.
A área de praia disponível pode ser estendida significativamente através da construção
de uma “praia elevada”. Esta é uma estrutura simples que permite que uma praia seja
formada num nível elevado na parte superior da praia e evita uma erosão significativa
pelas ondas. A estrutura consiste em alguma forma de parede de retenção
parcialmente submersa, divisória ou talude de fortificação e está geralmente alinhado,
de grosso modo, paralelamente à linha costeira. É requerido um substrato de rocha
dura de forma a fornecer boas condições para as fundações, uma vez que a estrutura
terá de resistir a uma acção significativa das ondas.
Outubro 2012, p 139
Figura 7.8:
Praia elevada com uma estrutura de retenção parcialmente submersa
Legenda:
INGLÊS
PORTUGUÊS
Mangroves
High water level
Mean water level
Low water level
Sill
Retained sediment forming new
beach
Mangais
Nível alto da água
Nível médio da água
Nível baixo da água
divisória
Sedimentos retidos formando
uma nova praia
A falta de boas fundações de rocha tornará esta opção uma construção ainda mais
dispendiosa. Algumas estruturas são desenhadas para suportar o perfil junto à costa
mais para dentro do mar do que onde este deveria de outra forma estar. Foram
desenhados protótipos de sucesso de tais estruturas, destinados a reter uma praia
“elevada” artificial, mas são raros. As duas desvantagens principais são talvez que a
praia elevada pode facilmente originar condições de banho perigosas (devido a p.e. a
presença de uma estrutura rígida na zona de rebentação, à queda súbita e à potencial
geração de correntes superficiais de retorno (up rip currents) e que uma intervenção
local (isto é, uma pequena área de projecto) não responderia a possíveis problemas
existentes, mais graves e abrangentes, de erosão costeira.
C4
Estruturas paralelas à costa (p.e. zonas de recifes artificiais de rebentação, paredões
separados da costa, bermas de rocha, etc.). Estas estruturas são normalmente
construídas paralelamente à linha costeira, sendo que algumas não estão mesmo
ligadas a esta. As estruturas são principalmente desenhadas para induzir a rebentação
da onda e podem tanto estar submersas como acima da água. (Estas podem também
incluir piscinas de maré, com ou sem praias, como estruturas multifuncionais.) Estes
Outubro 2012, p 140
tipos de estruturas são normalmente caras de implementar, requerem instalações
pesadas e estradas de acesso e poderão necessitar de transporte quer das instalações
de construção como o material rochoso por longas distâncias caso não estejam
localmente disponíveis (tal como em algumas partes de Moçambique), o que tudo
somado torna esta opção cara.
Figura 7.9:
Exemplo de mitigação da erosão através de estruturas paralelas à costa (Anglin et al 2001)
Outubro 2012, p 141
Figura 7.10:
Exemplo de acréscimo da praia através de recifes artificiais submersos
Uma estrutura de retenção da praia no mar é uma característica não-relacionada àcosta que age para reter uma praia maior do que existiria na sua ausência. A maior
parte destas estruturas desempenham esta função afectando as ondas, reduzindo a
energia da onda no seu sotavento, ou uma alteração de ondas no alinhamento nos
seus sotaventos, mantendo uma saliência da linha costeira. Estas estruturas são
categorizadas como perfuradoras da superfície, paredões submersos no mar (ou
distanciados) e recifes artificiais. Cada uma delas tem vantagens no que diz respeito a
reter uma praia. Por outro lado, existem desvantagens relacionadas com cada uma
delas, incluindo em algumas circunstâncias, a praia manter-se vazia continuando a
erosão, ter impactos adversos de erosão em praias adjacentes e falha da estrutura. As
estruturas dentro do mar mais bem sucedidas têm sido aquelas que são paredões
altos, perfuradores da superfície, impermeáveis e “bidimensionais”. A complexidade no
processo funcional de desenho aumenta à medida que a altura da estrutura é reduzida.
Adicionalmente aos efeitos de difracção, deve ser considerada a energia das ondas que
passa através, ou sobre, os paredões bidimensionais submersos.
Deste modo o conceito de um recife artificial é fazer com que as ondas, que no
momento presente evitam que a praia aumente de tamanho, quebrem neste recife.
Através da suficiente dissipação de energia, vai-se formar uma praia ao longo da costa,
a sotavento da estrutura. A elevação e largura do topo deste recife tem de ser
suficiente para provocar tal quebra da onda e dissipação de energia. Este efeito é
similar ao que ocorre naturalmente e várias áreas onde são encontradas tômbolas a
sotavento dos recifes naturais. Se o topo for muito alto, o recife será mais visualmente
proeminente. Por outro lado, se o topo for muito baixo, o recife não será eficaz na
redução da energia das ondas, com a consequente acumulação de areia na área a
sotavento. O topo do recife terá de ter provavelmente +2 m a +4 m relativamente ao
nível do mar, ou ainda mais (dependendo da área da costa Moçambicana em que é
considerado).
Outubro 2012, p 142
O topo deverá ter provavelmente pelo menos 4 m de largura (também para efeitos
práticos de construção). O recife deve ser construído de uma armadura rochosa com
peso suficiente para ser estável sob as condições de ondas esperadas. O recife deve
estar alicerçado se possíveis em rocha firme, e as encostas laterais devem ser
provavelmente uma em duas (ou seja, uma vertical e duas horizontais). O recife deverá
estar alinhado, aproximadamente em paralelo com a linha costeira e deverá ter um
comprimento unitário de pelo menos 150 m. Uma desvantagem será talvez do recife
artificial localizado não responder a possíveis problemas mais vastos existentes de
erosão costeira. Adicionalmente, podem ser geradas correntes de retorno
potencialmente perigosas perto das extremidades do recife, especialmente durante as
marés cheias.
À semelhança do recife artificial de praia, o conceito de um recife de zona de
rebentação artificial ou paredão ao longo da costa, serve também para provocar o
rebentamento da onda para permitir que a praia se forme a sotavento da estrutura. A
diferença é que o recife na zona de rebentação não está localizado numa praia
existente, mas significativamente mais distante, na direcção do mar, na zona de
rebentação (ou até ainda mais além). Isto significa que o recife da zona de rebentação é
menos indiscreto do que o recife de praia e também uma menor obstrução entre a
praia e a área interior de rebentação. Por outro lado, o recife da zona de rebentação
será obviamente muito mais dispendioso devido ao maior volume de rocha (com uma
maior área transversal e comprimento do recife) e ao maior tamanho de rochas
necessárias para se manter estável, sob condições das ondas incidentes, em águas
profundas. O recife de zona de rebentação teria um comprimento unitário de cerca de
200 m ou mais, incluindo as lacunas necessárias no recife. À medida que o nível do mar
aumenta com o tempo, a eficácia será reduzida e poderá ser necessária uma
reconstrução ou um acréscimo. Esta reconstrução/acréscimo deve ser incorporado no
projecto.
C5
Quebra-mar (direito, encurvados, em forma de T, em forma de L, etc.). Os quebramares construídos perpendicularmente ou a um certo ângulo em relação à linha
costeira, podem reter sedimentos e providenciar protecção.
Os quebra-mares podem reter a areia e ajudar na formação de uma praia junto à sua
base. De forma geral, vai haver tendência a para um acréscimo juntono lado da contra
a corrente do quebra-mar, com uma praia mais pequena directamente do lado a favor
da corrente , a sotavento do quebra-mar. Normalmente forma-se uma área de erosão
localizada ligeiramente no lado a favor da corrente do quebra-mar. Prolongar o quebramar até depois da zona de rebentação irá aumentar a área da praia, mas a um custo
muito mais elevado. Os quebra-mares originam padrões muito complexos de correntes
e ondas. A orientação, o comprimento, a altura, a permeabilidade e o espaçamento dos
quebra-mares determinam, de acordo com as condições naturais, os efeitos actuais nas
condições de rebentamento das ondas, correntes locais, transporte de areia e
alterações na configuração do fundo. Por vezes surgem problemas com os quebramares devido às perdas de areia transversais à costa, durante tempestades, ou devido
à formação de correntes fortes paralelas à estrutura.
Outubro 2012, p 143
Figura 7.11:
Figura 7.12:
Quebra-mares existentes ao longo da linha costeira de Maputo
Quebra-mar a proteger a entrada do canal de RichardsBay, na África do Sul (Fotografia de S
Pillay)
C6
Uma praia de quebra de ondas de areia muito grosseira, gravilha ou pedras pode ser
utilizada para dissipar a energia das ondas e reduzir a erosão. A erosão provocada pelas
tempestades numa praia destas seria muito menor do que numa praia de materiais
naturais de grão fino. Requer-se uma fonte grande de tais materiais relativamente
perto do local onde se vai aplicar, de forma a tornar esta opção economicamente
viável. (Não foram identificados depósitos óbvios deste tipo de materiais durante o
reconhecimento do terreno em Moçambique)
C7
Instalação de um mecanismo de remoção de água da praia (e da duna). A
“estabilidade” dos sedimentos pode ser melhorada através da redução da pressão dos
poros de água.
Outubro 2012, p 144
As avaliações geotécnicas das áreas costeiras de Kwazulu-Natal (Theron, 2008)
indicaram que a superfície freática e a emergência de fugas água ao longo da linha
costeira, influenciam a estabilidade do declive. Aparentemente este é o único
parâmetro geológico que pode potencialmente ser manipulado em certos locais. O
conceito básico consiste numa diminuição na pressão dos poros de água da areia da
praia / duna, de tal forma que a areia da praia não seja fluidificada pelas ondas e/ou os
lençóis freáticos na duna são puxados para baixo para melhorar a estabilidade do
declive. O sistema consiste numa rede de tubagens (com pontos de extracção de água
relativamente próximos uns dos outros), que são colocados a alguma distância abaixo
do nível normal de areia (digamos 1 m), aos quais é aplicada sucção.
Embora não seja uma tecnologia nova, este conceito foi implementado em aplicações
de engenharia costeiras no final dos anos 1980 e inicio dos anos 1990 (p.e. Jenkins e
Bailard, 1989, Parks, 1991, Ogden e Wiesman, 1991, e Wiesman e outros autores,
1995) tendo sido garantidas patentes a Vesterby em 1987 e a Parks em 1991 (Parks,
1992). Em teoria, este conceito é promissor mas na prática teve um sucesso limitado
nas aplicações de engenharia costeira. As publicações mais recentes (p.e. Turner e
Leatherman, 1997, Bruun, 1989, e Bruno, 1999) são de certa forma críticas sobre
reivindicações anteriores de que esta é uma tecnologia de sucesso. Os problemas
mencionados incluem o lado prático da implementação (por vezes agravado pelas
condições severas e dinâmicas nas zonas costeiras). As dificuldades variam entre a
manutenção do fornecimento eléctrico, motores e bombas que extraem a água do
sistema, até à robustez e durabilidade da rede de tubagens. A posição inicial das
tubagens e a taxa de fluxo através do sistema são também parâmetros críticos no
desenho do mesmo, mas devido à natureza dinâmica da zona costeira é muito difícil
assegurar o sucesso em todas as condições. Por exemplo, se as tubagens forem
colocadas a demasiada profundidade, ou se a taxa de fluxo for demasiado baixa, a areia
não será convenientemente drenada. Por outro lado, se as tubagens forem colocadas
demasiadamente à superfície, podem ficar expostas à lavagem resultando em estragos.
Existe também um risco considerável de que o sistema possa ficar exposto à lavagem e
ser danificado pela acção das ondas, especialmente se a linha costeira estiver a sentir
uma fase de erosão (ou se esta for uma tendência de longo prazo) ou se estiver num
ponto de elevada erosão.
Esta opção não é recomendada por causa dos demasiados problemas técnicos e
práticos associados a esta opção, os elevados custos de manutenção, juntamente com
um historial de sucessos por comprovar.
C8
Portões de controlo de cheias em áreas “fechadas” (p.e. foz de rios ou pequenas
baías).
Alguns exemplos bem conhecidos incluem componentes dos trabalhos em Deltas na
Holanda e a barreira para inundações do Tamisa no Reino Unido. Estas defesas contra
inundações têm tendência a ser projectos muito grandes e dispendiosos (tal como nos
dois exemplos enunciados), relacionados com sistemas de defesas de diques mais
amplos. Idealmente requerem-se condições adequadas para as fundações, o que é
uma grande restrição na foz dos rios e áreas de delta, com grandes depósitos de argila /
Outubro 2012, p 145
silt. Por estas razões esta opção é considerada muito desadequada para uma aplicação
prática em Moçambique.
Em ambientes com baixa a moderada energia das ondas:
C9
Pilhas ou vedações de ondas com uma distância curta entre elas para dissipar a energia
das ondas.
Tais estruturas podem ser bem sucedidas em dissipar a energia das ondas em
ambientes com baixa a moderada energia das ondas. No entanto, não têm qualquer
efeito na subida do nível do mar, e as áreas costeiras continuarão a ser alvo de um
maior risco de inundação com este aumento. Deste modo, esta é normalmente
considerada uma medida de adaptação pouco adequada para os propósitos desta
investigação.
Figura 7.13:
Pilhas colocadas para formar uma barreira de ondas (cerca de 50 % reflectiva - PIANC, 2008)
Outubro 2012, p 146
C10
Estruturas flutuantes ancoradas do tipo quebra-água “pontão”
Figure 7.14:
Quebra-águas flutuantes patenteado (www.whisprwave.com)
Tais estruturas podem ser bem sucedidas a dissipar a energia das ondas em ambientes
com baixa a moderada energia das ondas. No entanto, não têm qualquer efeito na
subida do nível do mar, e as áreas costeiras continuarão a ser alvo de um maior risco de
inundação com este aumento. Estes tipos de estruturas requerem também uma
manutenção considerável, com custos significativos. Deste modo, esta é normalmente
considerada uma medida de adaptação pouco adequada para os propósitos desta
investigação.
C11
Protecção costeira "geotêxtil",normalmente sacos geotêxteis recheados de areia.
As formas tradicionais de protecção da costa, tais como, quebra-mares separados, ou
revestimentos têm vindo a ser dispendiosos de construir e manter (especialmente se
não forem bem projectados ou construídos. Este aspecto potenciou outras concepções
de protecção costeira a baixo custo. Estas medidas de protecção podem precisar de
substituição em intervalos relativamente curtos mas podem, mesmo assim, ser menos
dispendiosas e mais económicas a longo prazo, do que os métodos convencionais. Os
métodos de protecção da costa de baixo custo são especialmente apropriados quando
são tomadas medidas urgentes para evitar a erosão das praias.
O CSIR realizou revisões bibliográficas abrangentes de forma a aprender com as
experiências internacionais. Foram identificadas medidas promissoras e foram
desenvolvidas novas medidas de protecção da costa de baixo custo (Theron e outros
autores, 1994). Estes conceitos foram então testados, inicialmente em laboratório e
mais tarde em protótipo (em Strandfontein, Hermanus e False Bay na África do Sul e
em Oranjemund na Namíbia). Estes testes em protótipos possibilitaram que esta nova
tecnologia fosse aplicada com sucesso e com eficiência de custos aos projectos (Theron
e outros autores, 1999).
Outubro 2012, p 147
De seguida apresentam-se algumas aplicações possíveis das protecções, de baixo custo,
da costa:
 Protecção da linha costeira contra a erosão.
 Defesa dormente por baixo da duna para proteger contra erosão extrema da
praia.
 Prevenir a erosão das estruturas costeiras/marítimas .
 Limitar o custo de pontões ou quebra-mar.
Apesar de os geotêxteis serem duráveis, devem ser encarados como medidas
temporárias uma vez que ainda não se provou que possam ter uma vida útil superior a
uma década. Tempestades sucessivas poderão abrir brechas na protecção se a mesma
não for alvo de manutenção. Será necessário fazer a manutenção após cada
tempestade mais agressiva, para substituir os sacos de areia que tenham sido movidos
ou danificados. Se forem utilizados como estruturas de “defesa dormente” contra
eventos extremos e cobertas por areia suficiente (dunas), os custos de manutenção
rotineiros poderão ser substancialmente reduzidos. O custo do material geotêxtil
durável é alto. O trabalho deve ser realizado sob a supervisão de um empreiteiro
experiente. Para a construção de um quebra-mar de sacos de areia o preço normal é de
$ 200/saco para sacos de 0.75m3, incluído a colocação. Um revestimento de sacos de
areia deverá ter um volume mínimo de 11 m3 por metro de linha costeira. Desta forma,
para um revestimento de 100 metros o preço total será cerca de $ 300 000. As actuais
medidas de protecção da costa de baixo custo podem não ser apropriadas para
soluções permanentes para os problemas mais graves de erosão, possivelmente
encontrados em algumas áreas, ou esperados no futuro. São também geralmente
inadequados para uma utilização como estrutura do tipo “quebra-mar” em águas mais
profundas.
Outubro 2012, p 148
Figura 7.15:
C12
Exemplos de revestimentos geotêxteis (sacos de areia) (Kwazulu-Natal, África do Sul)
Gabiões e/ou colchões & cestos de arame recheados de rochas
Na Figura 7.16 é apresentado uma estrutura em Gabião de parede de retenção.
Figura 7.16:
Exemplo de
uma estrutura em Gabião de
parede de retenção (para
proteger a área anterior da
praia).
Outubro 2012, p 149
Avaliações de estruturas de Gabiões a partir da bibliografia e de experiências práticas:
 “Em locais onde havia acção significativa das ondas, desgaste e forças de
impacto, os cestos em gabião tinham tendência a romper-se rapidamente. A
corrosão foi também um problema significativo na maior parte dos locais,
mesmo tendo utilizado cestos revestidos a PVC… O perigo colocado pelos cestos
assim que começa a deterioração restringe a sua utilização apenas em locais
pouco utilizados pelo público.” (Combe e outros autores 1989, página 61-62).
 Um relatório do Reino Unido (Welsby e Motyka, 1984) analisou o desempenho
de estruturas de Gabião ao longo da costa do Reino Unido: “A opinião sobre a
vida útil dos Gabiões de metal à beira-mar está dividida, mas o consenso geral é
que em áreas sujeitas a grande actividade das ondas, os gabiões irão sucumbir a
um desgaste rápido e, como resultado, a sua vida útil pode ser tão curta como 2
ou 3 anos. Em praias planas sujeitas a uma actividade das ondas baixa ou
moderada a vida útil poderá ser uma década ou até mais. Nas áreas adjacentes
à praia para o interior, onde as estruturas de gabião não estão sujeitas a uma
actividade regular das ondas, é esperado que tenham uma vida útil
consideravelmente superior.” O relatório evidencia ainda que o desempenho do
Gabião sob acção das ondas depende frequentemente de quão bem foi
construído (Powell, pers com. 2011).
 Se houver quaisquer detritos na água ou pedras na praia, os cestos estão mais
propensos a falhar (Tanski, 2011 pers com.).
 Em todos estes tipos, o método de construção é critico, especialmente no que
diz respeito ao à calibragem e empacotamento das pedras para resistirem à
autodestruição (McGehee, 2011 pers com.).
Os Gabiões podem também ser utilizados como estruturas de “defesa dormente”
contra eventos extremos e cobertos por areia suficiente (idealmente dunas com
vegetação), o que reduzirá os custos de manutenção rotineiros. Apesar das estruturas
gabiões poderem ser duradouras e relativamente de baixo custo, devem
provavelmente ser encaradas como medidas temporárias, com base na análise acima.
As estruturas de colchões / cestos de arame cheios de pedra aplicadas como medidas
de protecção da costa podem não ser apropriadas para soluções permanentes para
os problemas mais graves de erosão, possivelmente encontrados em algumas áreas,
ou esperados em mais áreas no futuro.
D
Opções combinadas
São possíveis muitas combinações das opções apresentadas acima. Por exemplo, para
reduzir a grande taxa de perda de areia num projecto de alimentação numa praia
isolada, pode ser acrescentado em ambos os lados (e até dentro) da área de
alimentação um quebra-mar (provavelmente em forma de L ou T). No entanto,
continuarão a verificar-se as desvantagens associadas aos quebra-mares.
Em áreas onde a praia esteja artificialmente alargada, pode ser necessária a construção
de uma duna de amortecimento com vegetação, para gerir a areia levada pelo vento e,
desse modo, também manter a areia dentro do sistema praia-duna.
Outubro 2012, p 150
6.2.3
Lista resumo das soluções potenciais
Foram identificadas, para as áreas estudadas, as seguintes opções potenciais para responder e
adaptar aos impactos das alterações climáticas.
A
A1
A2
A3
A4
“Opções de gestão”
“Aceitar & Recuar”: reposicionar a infra-estrutura em risco; zoneamento; linha limite de
protecção; reassentamento; etc.
“Abstenção” envolve a opção “nada fazer". (se o risco de perda de propriedade e vidas humanas
for mínimo.)
Desenvolvimentos costeiros “alternativos”: desenvolver áreas costeiras alternativas “seguras”,
incluindo serviços.
“Acomodação”: Aumentar a resiliência e acomodar os impactos sobre a infra-estrutura p.e.
elevando a propriedade.
B
“Estruturas suaves de protecção costeira (soft engineering)” ou restauração
(intervenções “semi-naturais” nas zonas litorais)
B1
B2
B3
Alimentação da areia: bombear areia adicional para a praia para a reforçar e assim reduzir o
impacto das ondas e das inundações.
Dunas geridas (com vegetação e/ou reforçadas). Construir / restabelecer e/ou gerir áreas de
dunas com vegetação.
Mangais, corais e áreas pantanosas. Expandir / restabelecer e gerir / proteger estas defesas
naturais.
C
“Estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)” & blindagem (medidas de
construção de protecções da costa)
C1
C2
C3
C4
C5
C6
C7
C8
Paredões & revestimentos: Estruturas inclinadas, verticais ou curvas, feitas de betão ou rocha.
Diques: areia solta empilhada ou construções de terra amontoada massivamente inclinadas
(mesmo com enquadramento paisagístico e com vegetação)
Estruturas de elevação ou suspensão da praia: Manter artificialmente no lugar a parte
superior do perfil da praia
Estruturas paralelas à costa (p.e. zonas de recifes artificiais de rebentação, paredões
desprendidos da costa, bermas de rocha, etc.).
Quebra-mares (direito, em curva, em forma de T, em forma de L, etc.) colocado
perpendicularmente ou a um certo ângulo da linha costeira, pode prender os sedimentos
Uma praia de quebra de ondas de areia muito grosseira, gravilha ou pedras: dissipa a energia das
ondas e a erosão.
Mecanismos de remoção de água da praia (e da duna). Pode ser aumentada a “estabilidade” dos
sedimentos
Portões de controlo de cheias em áreas “fechadas” (p.e. foz de rios ou pequenas baías).
Em ambientes com energia das ondas baixa a moderada:
C9
C10
C12
Pilhas ou vedações de ondas com uma distância curta entre elas para dissipar a energia das
ondas.
Estruturas flutuantes ancoradas do tipo “quebra-mar” C11
Protecção costeira "geotêxtil",
normalmente sacos geotêxteis preenchidos de areia.
Gabiões & colchões preenchidos de rochas
D
Combinação de opções
Pode requerer-se uma combinação de duas ou mais opções de solução identificadas.
Outubro 2012, p 151
6.3
As circunstâncias ou critérios utilizados para avaliar as diferentes opções focam-se principalmente
nos aspectos práticos e técnicos. A principal consideração técnica é se a solução vai corresponder
adequadamente aos objectivos do projecto. Outro aspecto crítico é o custo esperado. Outros
aspectos práticos incluem temas como por exemplo a solução recomendada idealmente ir ao
encontro de possíveis problemas de erosão costeira já existentes. As soluções devem ser também
as mais amigas possíveis do ambiente. No entanto, considerações ecológicas (ou seja, impactos
na fauna e na flora) devem ser levadas em linha de conta; similarmente as questões sociais
devem ser apropriadamente consideradas. Ao mesmo tempo os impactos estéticos devem
também ser considerados. Deste modo, as principais considerações, ao escolher entre as opções,
são a eficácia na adaptação aos impactos esperados resultantes das alterações climáticas (p.e.
aumento da largura da praia), aspectos ambientais, custos e possivelmente se a opção tem um
propósito duplo indo também ao encontro de possíveis problemas de erosão costeira já
existentes. Também deve ser ponderada a utilização de praias danificadas (e possivelmente áreas
rochosas entre marés) e os impactos estéticos.
Foram publicadas linhas de orientação úteis (SNH, 2000) que ajudam o processo de tomada de
decisão no que diz respeito à abordagem a seguir, tal como resumido na Tabela 7.2 abaixo:
Tabela 7.2:
Selecção de opções de gestão da linha costeira com base nos activos em risco (adaptado da
bibliografia)
Bens
Abordagens recomendadas
Substituível (p.e.
caravanas, campos de
golfe, parques de
estacionamento, edifícios
de amenidades, etc.)
Mover ou reconstruir os bens no interior (gestão adaptativa), acrescido de
pequenos trabalhos temporários para atrasar o início da mudança (isto é,
cercas, plantações, reciclagem de praias, sacos de areia ou revestimentos
com gabiões). Os custos totais tipicamente variam de muito baixos a $ 90
000 por cada 100 m ao longo da costa.
Valor económico
moderado ou vida residual
média (5 a 25 anos*) (zona
de habitação com baixa
densidade, estradas,
grandes parques de
caravanas instalações
militares, etc.)
Séries de pontões perto da costa
Quebra-mares de rocha (em praias de sedimentos mistos onde a corrente do
litoral está activa e a erosão a favor da corrente não é problemática)
Restauração da praia (com acréscimos futuros e, possivelmente,
revestimentos de rocha enterrados)
Revestimentos de rocha
Os custos totais tipicamente variam de $ 150 000 a $ 750 000 por cada 100
m ao longo da costa.
No entanto deve-se realçar que, se a erosão for de longo prazo, os activos
em áreas interiores adjacentes à praia não devem ser melhorados ou
substituídos, permitindo desse modo, em ultimo caso, o abandono.
* Nota: estas orientações úteis foram adaptadas da bibliografia, a qual inclui uma variedade de respostas
incluindo opções de curta vida útil, apesar de o principal período de planeamento considerado neste relatório
ser geralmente de 50 a 100 anos.
Uma consideração crítica ao avaliar as diferentes opções é o custo esperado. Na tabela abaixo
apresenta-se um resumo de alguns dos custos estimados. (Estas estimativas foram
principalmente adaptadas a partir da experiência Sul Africana, mas foram melhoradas com
algumas experiências em outros países Africanos e com algumas informações internacionais.)
Outubro 2012, p 152
Tabela 7.3:
Resumo das estimativas de custo para algumas opções de adaptação
Descrição
Alimentação de areia nova
(a um ritmo de 300 000 m3 para 10 anos)
Manutenção da alimentação de areia
Revestimentos e paredões
Dunas com vegetação
Contentores de areia geotêxteis, geosacos
(locais semi-protegidos)
Gabiões (locais semi-protegidos)
Quebra-mares de rocha
Vedações de ondas (locais semiprotegidos)
Pontões flutuantes (locais semiprotegidos)
Estruturas de quebra-mar de montes de
terra situados em terra
Estruturas de quebra-mar de montes de
terra situados no mar
Paredão de folhas empilhadas (paralelo à
costa)
Custos
Mínimos
Aproximados
(excl impostos)
para 1 km
Custos
Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 1 km
Custos Mínimos
Aproximados
(excl impostos)
para 10 km
Custos Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 10 km
4 000 000
60 000 000
40 000 000
600 000 000
400 000
2 300 00
750 000
7 780 000 (?)
24 000 000
7 200 000
23 000 000
7 500 000
240 000 000
72 000 000
1 100 000
23 000 000
11 000 000
230 000 000
600 000
1 000 000
7 000 000
29 200 000
6 000 000
10 000 000
70 000 000
292 000 000
2 300 000
40 000 000
23 000 000
400 000 000
2 250 000
31 600 000
22 500 000
316 000 000
1 500 000
15 100 000
15 000 000
151 000 000
2 900 000
42 800 000
29 000 000
428 000 000
2 700 00
36 000 000
27 000 000
360 000 000
Uma proporção significativa dos custos da maioria dos materiais para protecção da costa diz
respeito ao transporte e colocação. Os trabalhos nos sistemas de dunas podem trazer custos
adicionais devido às preocupações com a destruição da forma do terreno e dos habitats, e aos
problemas de trabalhar em locais de difícil acesso. Muitas vezes é preferido o fornecimento a
partir do mar dos materiais em bruto (rochas e sedimentos da praia) uma vez que minimiza os
estragos nas áreas interiores adjacentes à praia, embora tenha de ser, de qualquer forma,
providenciado acesso a terra para trazer plantas, mão-de-obra e os restantes materiais. Algumas
partes da costa Moçambicana estão muito expostas ou têm áreas de água muito pouco
profundas; Deste modo o acesso por mar é também muito difícil (caro e arriscado). Têm de ser
construídas picadas através das dunas a não ser que o acesso possa ser feito através de caminhos
já existentes. (O fornecimento de rocha, a disponibilidade de instalações e o acesso são os
grandes factores de custo especialmente relevantes para partes de Moçambique.) Assim sendo,
existem muitos factores locais e outros detalhes, tais como preços dos fornecedores locais, que
terão um grande impacto nos custos do projecto. (Esta é a explicação para o facto de a diferença
entre as estimativas de custo máximas e mínimas, na Tabela 7.3 ser tão grande, de forma a
assegurar, dentro do possível, que os custos reais deverão estar entre estes limites.) Este aspecto
apenas pode ser devidamente avaliado através do desenho detalhado de cada projecto
específico. Para além dos custos directos de capital, é crucial considerar os custos de manutenção
e esperança de vida da opção. As soluções devem ser sustentáveis, o que significa que as opções
recomendadas devem também ser duradouras e financeiramente comportáveis para os
Municípios e / ou Estado (ou a autoridade responsável).
Outubro 2012, p 153
Ao escolher as opções de adaptação é também muito importante considerar os impactos para o
habitat, forma do terreno, paisagem, processos costeiros, etc. Devem ser tidos em consideração
todos os impactos ambientais nas formas de vida, das intervenções / operações de gestão
propostas. A autoridade gestora / responsável deve considerar não apenas o impacto de curto
prazo do projecto, mas também os seguintes aspectos (adaptados da literatura):
O impacto nas áreas que serão fontes dos materiais (áreas de dragagem no mar,
pedreiras, etc.)
O impacto de transportar para o local (congestionamento de estradas, danos na
superfície, níveis de barulho, risco de acidentes no mar ou nas estradas, acesso através
das dunas, etc.)
O impacto dos materiais estragados, ou já depois da sua vida útil, na linha costeira
(materiais sintéticos das cercas, sacos de areia geotêxteis, cestos de gabiões e as rochas
de enchimento, madeiras, betão, rochas, etc.)
A evolução a longo prazo da praia e das dunas e a eficácia das estruturas ao longo da sua
vida.
Os planos de gestão devem incluir estes impactos ambientais durante o processo de tomada de
decisão, particularmente quando os custos estiverem a ser passados para as gerações futuras. As
medidas de mitigação e boas práticas de trabalho, para minimizar os impactos, devem ser
compiladas em planos, acordadas com os empreiteiros e monitorizadas rigorosamente durante
toda a operação.
Uma comparação e uma avaliação pertinentes da maior parte das opções tem sido reportado na
literatura, tal como resumido na Tabela 7.4, abaixo:
Outubro 2012, p 154
Tabela 7.4:
Custos relativos, esperança de vida e potenciais impactos ambientais associados às opções de
gestão da linha costeira (adaptado de SNH, 2000)
(* = baixo, ***** = elevado)
(1)
Opção
Habitat
Impactos
Forma do
Paisagem
terreno
Custos
Processos
Capital
(5)
Manutenção
(2)
Vida Útil
**
**
**
*
Dependente
dos activos
*
*****
*
*
*
*
*
***
*
**
**
**
**
**
*
**
*
**
*
*
*
*
**
*
***
***
**
***
*
**
***
***
***
***
***
**
***
**
**
**
**
***
***
***
***
***
***
*
*
***
***
Paredões Costeriros
***
**
****
***
***
*
***
Quebra-mares
Revestimentos de
(4)
rocha
Revestimentos de
(4)
madeira
Paredões &
revestimentos
impermeáveis
1.
2.
3.
4.
***
***
***
***
***
*
***
****
****
*****
****
****
*
*****
***
***
****
***
****
*
***
****
*****
*****
****
*****
*
****
Gestão adaptativa
Plantação de ervas,
estruturas de palha
colocação de cercas
nas dunas
Estruturas de sacos de
areia
Drenagem da praia
Restauração da praia
Revestimentos de
(4)
Gabiões
Penínsulas artificiais
Recifes artificiais
5.
(3)
Impactos ao longo de toda a vida útil da opção
Custo de manutenção em relação ao custo de capital (de forma a reter os benefícios)
Esperança de vida dos benefícios sem manutenção
Se enterrado dentro da face da duna os impactos associados a estas abordagens são reduzidos e a
vida útil aumentada; Os custos de capital podem ser mais elevados mas os custos de manutenção
serão menores.
Estas indicações de custos são mais aplicáveis na Europa e possivelmente menos em Moçambique
Nota, a Tabela 7.4, tal como retirada da bibliografia, não inclui todas as opções consideradas para
Moçambique. Uma avaliação adicional feita pelos autores (com base na experiência Sul Africana)
de algumas das opções é resumida na Tabela 7.5, abaixo:
Outubro 2012, p 155
Tabela 7.5:
Comparação de funcionalidade / adequação de algumas das medidas potencias de adaptação
Critério de
adequação
Alternativa de
adaptação
Estabilidade Potencial de
da linha
atenuação
costeira
das ondas
Potencial de
mitigação de
inundações
provocadas
pela SNM
Impacto
ambiental e
social
Custo
relativo
Vida
relativa
Custo de
Frequência de
do
manutenção manutenção
desenho
Não fazer nada
Baixo
Nulo
Nulo
Nulo a elevado
Nulo
-
-
-
Restauração da
linha costeira
Médio a
elevado
Baixo
a elevado
Baixo
a elevado
Baixo
Médio a
elevado
Curto a
Médio
Médio
Médio
Revestimento
Elevado
Elevado
Elevado
Elevado
Elevado
Longo
Elevado
Baixo
Paredões
separados da
costa
Limitado
Limitado
Nulo
Médio
Médio a
elevado
Longo
Elevado
Baixo
Divisória
Médio a
elevado
Médio
Baixo
Médio
Médio
Longo
Médio
Baixo
Paredões
submersos
Limitado
Limitado
Nulo
Baixo a Médio
Médio a
elevado
Longo
Médio
Baixo
Barreiras de ondas
Médio
– totalmente
a elevado
reflectoras
Elevado
Nulo
Médio a
elevado
Baixo a
Médio
Médio
Baixo
Elevado
Barreiras de ondas
– parcialmente
reflectores
Médio
Elevado
Nulo
Médio
Baixo a
Médio
Médio
Baixo
Médio
Pontões
flutuantes
Médio
Médio
Nulo
Baixo a Médio
Médio
Médio
Médio
Elevado
Nota: A eficácia, os impactos e os custos podem variar significativamente devido às características
do local, disponibilidade de materiais, acesso e custos de transporte
Na Tabela 7.5 a são avaliadas e comparadas a funcionalidade e adequação de algumas das
medidas costeiras de adaptação às alterações climáticas (CC):


A 1a coluna lista 9 opções/alternativas de adaptação. As colunas 2 a 4 avaliam a funcionalidade
de cada opção, respectivamente em termos de: “Estabilidade da linha costeira” (isto é, quão
eficazmente a linha costeira ficará “fixada” no local), “potencial de atenuação das ondas” (isto
é, quão eficazmente a energia das ondas será dissipada) e potencial de mitigação das
inundações provocadas pela subida do nível do mar (isto é, quão eficazmente serão
prevenidas as inundações provocadas pela subida do nível do mar). A medida de eficácia mais
directa para responder ao objectivo de reduzir o impacto na costa provocado pelas mudanças
climáticas (MC) é “Potencial de mitigação das inundações provocadas pela subida do nível do
mar”. Desta forma, uma pontuação de “Nulo” deveria quase eliminar estas opções.
As colunas 5 a 9 avaliam a adequação de cada opção, respectivamente em termos de:
“Impactos ambientais ou sociais” adversos, custo relativo de cada opção, vida relativa do
Outubro 2012, p 156




desenho (ou durabilidade), custo de manutenção necessário para cada opção e frequência de
manutenção exigida.
De forma a facilitar uma comparação rápida sobre as diferentes opções, todas as “boas”
avaliações de funcionalidade / adequação foram coloridas a verde, enquanto avaliações
desfavoráveis estão coloridas a vermelho. Desta forma, em geral, quanto “melhores” ou “mais
adequadas" forem as opções terão relativamente mais blocos verdes e poucos blocos
vermelhos. Das 9 opções listadas, “restauração da linha costeira” e “revestimentos” são desta
forma as geralmente preferidas. Note, no entanto, que a eficácia, os impactos e os custos
podem variar significativamente devido às características do local, disponibilidade de
materiais, acesso e custos de transporte.
Quatro das opções foram identificadas como geralmente inadequadas à maioria das áreas
estudadas em Moçambique (em termos de eficácia para cumprir o objectivo de reduzir os
impactos na costa provocados pelas mudanças climáticas (MC); foram desenhadas linhas
vermelhas através destas opções na Tabela 7.5.
Todas as opções estruturais teriam impactos ambientais significativos, incluindo maior erosão
costeira a favor da corrente.
Algumas das melhores opções disponíveis servem para responder às causas da erosão
existente (isto é, para Maputo: utilizar a areia dragada do canal de entrada no porto para
restaurar as áreas de praia principais, com areia grosseira apropriada, ou fazendo restaurações
em larga escala ad-hoc). É provável que todos os grandes projectos de reposição de areia
beneficiem uma extensão (ao longo da costa) muito maior no longo prazo. Desta forma, as
oportunidades apresentadas por projectos futuros de dragagem, para expansão de portos,
devem ser totalmente exploradas. Mesmo que uma grande percentagem do material dragado
seja considerado menos adequado ou desapropriado (sedimento muito fino) para uma
alimentação “ideal" das praias, este aspecto deve ser criticamente reanalisado. Na perspectiva
dos impactos presentes e futuros provocados pela erosão, e pelo estado propenso a perigos
do ambiente costeiro, os impactos ambientais negativos (provavelmente temporários),
provocados pelo bombeamento de materiais muito finos nas praias, são provavelmente
consideravelmente menores que o bem ambiental (e sócio-económico) ultimo que resultaria
da restauração das praias, mesmo com uma proporção muito menor, que o normalmente
aceite, de sedimento grosseiro.
As medidas prioritárias de adaptação “sem arrependimento” foram agrupadas de acordo com o
tipo e impacto, com base nas considerações e critérios de avaliação mencionados anteriormente,
e incluindo todas as opções apropriadas, abrangendo as questões mais relevantes de alterações
climáticas para as cidades costeiras de Moçambique, tal como resumido na Tabela 7.6 abaixo. As
medidas foram avaliadas em termos de exequibilidade geral, aplicabilidade custo/ beneficio
(CBA), adequação / eficácia e área de aplicabilidade. Consequentemente, as prioridades gerais
para a implementação foram identificadas e a ordem preferida de implementação foi
determinada, tal como também é indicado na tabela.
Outubro 2012, p 157
Tabela 7.6:
Medidas prioritárias de adaptação / “sem arrependimentos”
Medidas sem arrependimentos
Viabilidade
CBA
Adequabilidade/ Eficácia
Área de
aplicabilidade
Novo zoneamento, “aceitar e retirar”, etc
Média/ Alta
Média
Opções
de
gestão
“obrigatórios”,
mas
necessitam um impulso
socio-económico
e
político
Todas as
cidades
costeiras
Ordem e prioridades de
implementação
1. As opções de gestão
“obrigatórias”
mitigam
perigos presentes e futuros
e permitem um melhor
desenvolvimento
socioeconómico
Desenvolvimentos em áreas alternativas
seguras
Alta
Alta
Acmoodação: elevar propriedades, etc
Média
Média
Com infraestrutura de
elevado valor e defesas
marinhas
Locais
específicos
4. Gerir/ adaptar quando for
inevitável
para
protegerinfraestruturas de
elevado valor
Alimentação de areia
Alta
Alta
Bom em Maputo e na
Beira com dragagem do
porto
Local
2. Uma oportunidade ideal
Dunas geridas reforçadas/ com vegetação
Alta
Alta
Mangais/ pantanais reabilitados
Alta
Alta
Paredões (betão vertical/ curvo)
Média
Média
Revestimentos (rocha inclinada)
Média
Média
Diques (montes de areia/ terra)
Baixa
Quebra-mares separados/ recifes artificiais
Melhores
“ambientais”
opções
Todas as
cidades
costeiras/
locais
Sobretudo onde existirem
desenvolvimentos
de
elevado valor e o espaço /
areia forem limitados
Locais
específicos
Baixa
Alternativa de
recurso” a dunas
Locais
específicos
Baixa
Baixa
Pode ser bom
grandes
desenvolvimentos
Quebra-mares (rocha/ betão)
Média
Média
Sobretudo
com
alimentação de areia
Locais
específicos
“Geotêxteis” recheados de areia
Média
Média
Gabiões e colchões recheados de rochas
Média
Média
Apenas com energia de
ondas baixa/ moderada –
médio prazo
Locais
específicos
“último
para
Locais
específicos
de “engenharia suave”/
restauração quando se
aplicarem as condições
locais
3.
Implementar
“engenharia
dura”
ou
blindagem quando
for
inevitável para proteger
desenvolvimentos/
infraestruturas de elevado
valor.
(Note-se, um elevado CBA (Avaliação de Custo/Benefício) é considerada como um indicador positivo, o que
significa que de facto os benefícios são superiores aos custos, e poderiam deste modo talvez ser colocados como
BCA (Avaliação de Benefício/ Custo) em termos de uma métrica positiva. Contudo, para manter a consistência
com a terminologia utilizada noutros temas, conservou-se aqui o CBA.)
Outubro 2012, p 158
8 REFLEXÃO SOBRE POSSÍVEIS OPÇÕES DE
ADAPTAÇÃO POR LOCAL DE ESTUDO
Antes de se avançar para as recomendações de adaptação detalhadas para cada vila/cidade, é
importante reiterar que os princípios estratégicos e orientações sobre planeamento e resposta
aos impactos costeiros incluindo especificamente os impactos das mudanças climáticas, como
discutido na Secção 7.1, devem ser adoptadas e implementadas de imediato. Será percorrido um
longo caminho para reduzir a necessidade de se construir defesas costeiras caras em muitos
casos, especialmente a longo prazo.
A derivação das recomendações finais para medidas de adaptação “sem arrependimento” para
sítios específicos consistiu nas seguintes tarefas/ acções:





Uma pesquisa bibliogáfica ( Capítulo 7)
Apreciação sobre circunstâncias de avaliação e critérios (Secção 7.3)
Utilização de práticas e experiência de engenharia costeira
Observações e pesquisas no local durante a missão em Maio do ano 2010
Consenso entre uma equipa multi-disciplinar de especialistas costeiros
Seguindo uma abordagem conservadora e de precaução com o objectivo de ser proactiva e
prevenir ou diminuir o riscos de vidas, meios de subsistência e infra-estruturas, foi elaborada uma
lista de medidas de resposta prioritárias para cada vila e cidade, sendo fornecido em formato de
diagramas anotados nas imagens do Google-Earth (Figuras 8.1 a 8.17). Os detalhes específicos
do desenho de engenharia e custos exactos de cada opção só podem ser feitos no local uma vez
as investigações e estudos específicos de engenharia e estudos ambientais tenham sido levadas a
cabo.É absolutamente crítico envolver profissionais de engenharia costeira e de ambiente
costeiro no planeamento detalhado, desenho e implementação das opções seleccionadas.
A cidade da Beira é utilizada como exemplo na Secção 8.1.1 de forma a ilustrar a abordagem e a
forma como os resultados são apresentados em cada local de estudo. Os resultados dos outros
estudos são apresentados de maneira semelhante a este.
8.1.1 Beira
Grandes áreas em redor da cidade da Beira localizam-se a baixa altitude (Figura 6.5) e são,
portanto, vulneráveis às forças do mar. As áreas principais poderiam ficar inundadas se um
ciclone chegasse à Beira ao mesmo tempo que a maré estivesse ao nível da média da maré alta
de águas vivas (MMAAV). Devido à subida projectada na frequência de ciclones sob um cenário
de mudança climáticas (Capítulo 5) esta situação ocorrerá com mais frequência à medida que o
nível das águas do mar suba ao longo do tempo.
Outubro 2012, p 159
Na Figura 8.1 é mostrada uma imagem Google-EarthTM com marcadores de localização amarelos
numerados com intervalos de 0.5 km ao longo da zona costeira.
Figura 8.1:
Beira. Opções de Adaptação / protecção costeira baseadas em critérios gerais, características
dos locais e uso corrente/”valor.”
Legenda:
INGLÊS
Beira preliminary adaptation/ coastal protection
options based on general criteria, local site
characteristics, current use/”value”
The red numbers indicate possible order of
implementation
Key adaptation measures
“Accept & retreat”: zoning, etc.
“Abstention” do nothing
“Alternative developments” in safe areas
“Accommodation” e.g. raising property
“Soft engineering”/ restoration
Sand nourishment
Managed (vegetated & reinforced) dune
Managed/ rehabilitated mangrove/wetland areas
“Hard engineering” & armouring
Seawalls (vertical/ curved concrete
Revetments (sloping rock)
Dikes (sand/earthen mound)
Groynes (rock/concrete)
Low/ moderate wave energy
PORTUGUÊS
Opções preliminares de adaptação/ protecção
costeira da Beira com base em critérios gerais,
características dos locais, utilização actual/“valor”
Os números vermelhos indicam uma possível
ordem de implementação
Medidas chave de adaptação
“Aceitar e recuar”: zoneamento, etc
“Abstenção” nada fazer.
”Empreendimentos alternativos” em áreas seguras
“Acomodação” p.e. elevar as propriedades
“Estruturas suaves de protecção costeira (soft
engineering)”” / restauração
Reposição da areia
Duna gerida (com vegetação e reforçada)
Áreas de mangais/pantanais geridas/reabilitadas
“Estruturas rígidas de protecção costeira (hard
engineering)”” e blindagem
Paredões (verticais/ encurvados de betão
Revestimentos (rocha inclinada)
Diques (montes de terra/ areia)
Quebra-mares (rocha/betão)
Energy de ondas baixa/ moderada
Outubro 2012, p 160
“Geotextiles” sand filled
Gabions & mattresses
“Geotêxteis” recheados de areia
Gabiões e colchões
Utilizando como base a informação discutida no Capítulo 7, a lista breve de medidas chave de
adaptação consideradas apropriadas para Beira (resumidas no quadrado branco grande na figura
8.1), inclui quatro “opções de gestão” (classificadas A1 a A4), três medidas baseadas em
“estruturas suaves de protecção costeira (soft engineering)””/ restauração (B1, B2 e B3), quatro
opções de “estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)”” e blindagem (C1s, C1r,
C2, C5), e duas opções mais adequadas para locais de energia de ondas baixa/ moderada (C11 e
C12). (Note-se que o foco deste projecto é em medidas de adaptação de longo prazo tais como
aquelas recomendadas aqui. Contudo, as opções/ acções de resposta a emergências, tais como
marcar rotas de evacuação de cheias e manter as mesmas abertas são também acções de
resposta crítica. Aparentemente o INGC tem tido sucesso na aplicação destas medidas.)
As três ou quarto opções ou combinação de opções consideradas mais adequadas para cada
secção de 0.5 km ao longo da costa encontram-se indicadas no pequeno espaço branco
adjacente a cada marcador no mapa. Os rótulos dentro de cada bloco pequeno (por exemplo. A1
ou C5, etc.) referem-se às opções dos rótulos descritos no espaço branco grande.
Os grandes números vermelhos (1 à 4) nas figuras indicam a ordem recomendada de
implementação das medidas de adaptação identificadas na zona costeira da Beira. Por outras
palavras, a Figura 8.1 representa o “plano” ou “mapa” que resume as opções de adaptação
preferidas ao longo de cada secção de 0.5 km. No Oeste, Sul e Sudeste da costa da Beira.
Em referência às discussões nos Capítulos 5 e 6, os níveis de “perigo da inundação pela água do
mar” para a Beira (Figuras 5.32 e 6.3) mostram que ao longo dos locais semi-expostas e expostas,
referenciados 2440 a 2455 na Figura 8.1, para uma subida do nível do mar de 1m (por volta de
2100) mais uma elevação de +1,5 m durante eventos ciclónicos, as áreas abaixo de +7,4m NMM
estarão em perigo de serem inundadas. Como alternativa a melhores dados topográficos e a
modelagens detalhadas de inundações por cheias, o contorno de 8 m NMM é tido como a linha
geral até à qual a água do mar poderia potencialmente chegar em tal evento. (Note-se que tal
como indicado anteriormente na Secção 6.2.2, apesar de este ser o nível correcto teórico de
cheias para esta combinação de eventos, a actual extensão para o interior de áreas inundadas
não deverá chegar em toda a extensão ao contorno de +8 m em muitos locais, visto que factores
“terrenos” tais como a irregularidade (devido a construções, árvores, etc) reduzirão a real
extensão da área inundada. Tal não é contemplado pela maior parte dos modelos de elevação
incluindo o modelo Nielsen & Hanslow aplicado neste projecto. Adicionalmente, os contornos
não se baseiam em dados topográficos detalhados e portanto podem apenas dar uma indicação
geral de onde a localização precisa do contorno se situa na realidade. Estes comentários são
aplicáveis a todas as áreas de estudo.) Este nível intermédio de inundação é apropriado para o
planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo de locais semi-expostos #2451 a 2455 na
Figura 8.1, ou com um desenho estrutural para uma vida de menos de 50 anos ao longo dos
locais expostas # 2440 a 2450.
O nível de baixo perigo ao longo dos locais expostas # 2440 a 2450 para infra-estruturas
importantes desenhados para uma vida de 50 anos ou mais (tais como portos e aeroportos) é de
9.9 m NMM, assumindo-se de uma forma geral o contorno de +10 n NMM (com base no cenário
Outubro 2012, p 161
extremo de +2 m de subida do nível do mar juntamente com uma elevação de tempestade de 3
m durante ciclones).
As opções de adaptação recomendadas ao longo da zona costeira da Beira são apresentadas e
debatidas com mais detalhe nas páginas seguintes.
Figura 8.2:
Beira Ocidental. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características dos locais, e “valor”/ uso corrente.
Legenda:
INGLÊS
Beira preliminary adaptation/ coastal
protection options based on general
criteria, local site characteristics, current
use/”value”
The red numbers indicate possible order
of implementation
In wetland areas
Construct 1.9 km of
Construct 3.5 km of
PORTUGUÊS
Opções preliminares de adaptação/
protecção costeira da Beira com base
em critérios gerais, características dos
locais, utilização actual /“valor”
Os números vermelhos indicam uma
possível ordem de implementação
Em áreas pantanosas
Construir à 1.9 km de
Construir à 3.5 km de
A opção preferida para a área de pântano/mangais e de assentamento informal do lado ocidental
da Figura 8.2 entre os marcadores 2449 e 2451 (a área da Ponta Gea – Cabedelo) são acções de
gestão tais como empreendimentos alternativos nas áreas consideradas “seguras”, zoneamento
e “aceitar e recuar”. Esta área é de muito baixa elevação, é altamente vulnerável às inundações e
Outubro 2012, p 162
erosão, com investimentos de infra-estruturas muito limitados, e de preferência deve ser gerida
mais como uma área natural, pois partes desta área ainda estão presentemente em
funcionamento. A zona húmida natural também oferece um filtro natural e um “serviço ao
ecossistema” de habitat de incubação que é impactado pelas actividades informais.
O limite interior desta área de mangais/pântanos (no limite do empreedimento formal
existente), como indicado pela linha tracejada laranja na Figura 8.2, deverá eventualmente ser
protegido de preferência com um revestimento de rocha (ou um paredão em betão que seja de
preço acessível). (Note-se que isto requer uma fonte adequada de material rochoso, incluindo
uma reserva adequada de material para reparações atempadas após danos resultantes de
eventos extremos.) Dado que este local é relativamente protegido, o revestimento também pode
ser construído com recurso a gabiões (em colchões de rochas ou mesmo com preenchimento de
areia em estruturas geotêxteis, no caso das rochas não estarem disponíveis.). Tais construções
podem ser significativamente mais económicas do que a construção de revestimentos de rocha
tradicionais, mas poderão precisar de mais manutenção.
Detalhe: Opções preliminares de adaptação / protecção costeira para a Beira baseadas
em critérios gerais, características do local, utilização / “valor” actual
Mais tarde possivelmente
adicionar B2 Dunas geridas (com
vegetação / reforçadas) de ~3km
quando a praia tiver crescido o
suficiente
Mais tarde possivelmente
adicionar B2 Dunas geridas (com
vegetação / reforçadas) de ~3km
quando a praia tiver crescido o
suficiente
B1 Alimentação de areia pela drenagem
da entrada do canal do porto
Mais tarde possivelmente
adicionar C5 Groyne (rocha /
cimento 300-600 m)
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Figura 8.3:
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Sul da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
Paredes de cais, molhes, áreas de armazenamento, infra-estruturas de transportes, etc
localizadas na vizinhança das infra-estruturas de portos existentes terão que ser elevadas por
etapas até ao nível estimado de pelo menos +7.4 m NMM até 2100, mas este nível deverá ser
revisto (por exemplo em intervalos de 10 anos) à medida que se for disponibilizando no futuro
projecções mais precisas de SNM. Os paredões de protecção terão também que ser elevados
quando tal for possível ou construídas novas paredes. A infra-estrutura existente é actualmente
Outubro 2012, p 163
demasiado baixa (i.e. excluindo a SNM) e necessita ser melhorada e conservada urgentemente
(Prioridade # 3 da Beira). (Note-se, esta recomendação significa que a infra-estrutura portuária
deverá ser melhorada para lidar com riscos de MC na sua localização presente incluindo a
elevação da infra-estrutura por etapas, até chegar acima do nível de +7.4 m NMM, e não que o
porto deva ser deslocalizado para o interior da linha de contorno de +7.4 m NMM, o que o
tornaria inoperável. A mesma interpretação é aplicável a outros portos, p.e. Beira e Nacala.)
A Figura 8.3 mostra com mais detalhe as opções de adaptação recomendadas ao longo da Costa
Sul da Beira.
A opção preferida aqui é a de restauração da praia, i.e. aumentando o volume e a largura da praia
com a colocação de areia adicional. A fonte de alimentação desta areia deverá idealmente ser
areia adequada dos sedimentos dragada da entrada do canal do porto (dragagem de
manutenção para manter o acesso de/para o porto). Em alguns locais ao longo do canal de
acesso, a areia tem declaradamente características semelhantes às da areia na linha costeira
(Achimo, pers.com 2012). Isto resultará numa redução dos custos (comparativamente a
dragagens alternativas de outras fontes de sedimentos marinhos), e também devolverá
sedimentos fluvais/costeiros) para a zona da costa para onde uma grande proporção dos mesmos
teria sido naturalmente transportados se não tivessem sido artificialmente removidos da área por
via da dragagem.
O transporte de sedimentos ao longo da costa é geralmente feito de Este para Oeste ao longo
desta área (como pode ser comprovado pela acumulação de areia na área Este dos quebra-mares
existentes). Portanto a alimentação de areia deve ser feita na parte Este do sector litoral (na área
da seta verde sólida na Figura 8.3). Desta forma, a areia pode ser transportada em direcção ao
Oeste pela acção natural das correntes e das ondas e assim nutrir naturalmente toda a areia
costeira no Sul da Beira (indicado pelas setas verdes tracejadas). (As fotos pequenas mostram os
dois principais meios de reabastecimemto de areia, denominados bombagem directamente da
draga – também ver a Figura 7.1 – ou por meio de bombagem e espalhando-a através de
condutas – também ver a Figura 7.2.) Quando a baixa profundidade das áreas impedir a draga de
se aproximar da costa, tal como certas áreas de Maputo e Beira, poderá ser necessária a
bombagem através de condutas, o que provavelmente aumentará o custo.). Actualmente a praia
ao longo desta área é muito estreita para acomodar uma duna suficientemente larga e alta para
proteger adequadamente os emreendimentos em terra. No entanto, após a aplicação do método
de reposição de areia de praia em curso, a largura da praia deverá aumentar de forma a permitir
a gestão de dunas suficientemente largas e altas. Uma duna de volume suficientemente grande
reforçará a resiliência natural da costa contra os impactos das mudanças climáticas. A área das
dunas é indicada com a linha dupla verde (tracejada).
Para posteriormente aumentar a largura da praia acrescida ou potencialmente “reter” uma
porção de areia transportada ao longo da costa, poderão mais tarde serem acrescentados
quebra-mares se necessário. A areia adicional da praia desta forma “assegurada” assim como as
estruturas multifuncionais (por exemplo, cais/quebra-mars), poderão proporcionar um potencial
empreendimento costeiro alternativo , e ao mesmo tempo o planeamento para potenciais
efeitos de erosão a favor da corrente. (Novamente, isto requer uma fonte adequada de material
rochoso.)
Outubro 2012, p 164
Os grandes números vermelhos nas Figuras 8.3 e 8.4 indicam a possível ordem de implementação
de medidas de adaptação costeiras. Portanto é preliminarmente recomendado que o regime de
provisão de areia seja a 2ª medida de adaptação costeira a ser implementada. (As outras 4 de 5
medidas a serem implementadas encontram-se indicadas nas restantes figuras relacionadas com
a Beira).
Adaptações da Beira – Prioridades 4 & 5
Construir 1,9 km de
C1s Paredões (betão)
/ C1r Revetments (rocha inclinada)
/ C11 “Geotêxteis” recheados de areia
/ C12 Gabiões & colchões
Em áreas húmidas:
A3 Desenvolvimentos “alternativos” em áreas seguras
A1 “Aceitar e retirar”: zoneamento, etc.
Construir 0,4 km C1r Revetment (rocha inclinada)
Construir C5
Groyne Terminal
(rocha / betão
300-600m)
B1 Alimentação de areia “natural” a partir de fontes para Este
Mais tarde possivelmente
adicionar C5 Groyne
(rocha / betão 300-600m)
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Figura 8.4:
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Sudoeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
A Figura 8.4 mostra com mais detalhe as opções de adaptação recomendadas ao longo da zona
Sudoeste da Beira.
O esquema de restauração da praia do lado Oriental (Figura 8.4) continuaria até a zona ocidental
ao longo da zona costeira (ao longo da costa) até à área da Ponta Gea (adjacente à Rua do
Comandante Gaivão). Neste local, um quebra-mar terminal relativamente longo (por exemplo, o
“final” ou o “último” quebra-mar num campo de quebra-mares) deverá ser adicionado. Esta
estrutura terá de ser construída em betão ou pedra se houver disponibilidade, conforme vem
indicado na figura com o “4” em vermelho. O propósito deste quebra-mar será aumentar a
largura da praia e reduzir a quantidade de areia que poderia, potencialmente, ser transportada
para dentro do canal na entrada do porto (ao “capturar” uma porção de areia ao longo da costa).
Portanto, a área adicional da praia desta forma “segura” assim como uma estrutura multifuncional (por exemplo, cais/quebra-mar), poderão proporcionar uma possibilidade alternativa
de empreendimento costeiro, possivelmente como uma iniciativa de PPP associada a um
complexo hoteleiro.
Outubro 2012, p 165
Para proteger a área norte do quebra-mar, assim como para prevenir os efeitos de erosão a favor
da corrente (no lado ocidental do quebra-mar), deverá ser construído um revestimento de 400 m
de comprimento, em betão ou de preferência em pedra se disponível, como vem indicado no “5”
vermelho na Figura 8.4. Encontra-se actualmente nesta área um pequeno revestimento em
pedra.
Detalhe: Opções preliminares de adaptação / protecção costeira para a Beira baseadas
em critérios gerais, características do local, utilização / “valor” actual
B2 Dunas geridas (com vegetação &/ reforçadas)
com ~5,3km (ou C2 Diques – areia/ montes de
terra)
E / OU
A1 “Aceitar & retirar”: zoneamento, etc. &
A3 “Desenvolvimentos alternativos” em áreas seguras
B2 Dunas geridas (com vegetação &/ reforçadas)
com ~5,3km (ou C2 Diques – areia/ montes de
terra)
E / OU
A1 “Aceitar & retirar”: zoneamento, etc. &
A3 “Desenvolvimentos alternativos” em áreas seguras
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Figura 8.5:
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Sudeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
Outubro 2012, p 166
Figura 8.6:
Sudoeste da Beira. Opções de adaptação/ protecção costeira baseadas em critérios gerais,
características do local, uso corrente / ”valor”.
As Figuras 8.5 e 8.6 mostram com mais detalhe as opções de adaptação recomendadas ao longo
da zona Sudeste da Beira. A opção preferida aqui é uma duna gerida (por exemplo, com
vegetação e manutenção). (Eventualmente, à medida que o nível da água do mar subir, a duna
poderá ser ampliada ou expandida até ser uma medida de defesa tipo “dique”.) “Gerida” significa
implementar e manter mecanismos eficazes de controlo das pessoas tais como o providenciar
suficientes (muitos) caminhos formais de acesso através da duna frontal assim como a
informação sinalética. Tal é necessário para prevenir os danos e percas da vegetação da duna
com a consequente perda de volume devido à acção do vento sobre a areia. A extensão inicial da
área da duna encontra-se assinalada com dupla linha verde (tracejada).
A construção de dunas (e reforço da duna existente em direcção a Este) deverá ser efectuada
conjuntamente com acções de gestão tais como linhas limite de empreendimentos costeiros,
zoneamento e empreendimentos alternativos em áreas “seguras”.
Estimativas dos custos para medidas prioritárias de adaptação na Beira
Foram feitas estimativas de custos para os dois locais que terão os maiores custos de adaptação
(sendo as áreas onde se verificam a maior parte das infra-estruturas e empreedimentos),
Outubro 2012, p 167
nomeadamente Maputo e Beira. Com base no referido, os custos foram calculados de forma
geral para a implementação das medidas de adaptação prioritárias conforme vem resumido no
Quadro 8.1 abaixo. No entanto, a nossa primeira prioridade recomendada para a Beira é
"desenvolvimento alternativo em local seguro" do assentamento informal presentemente
existente na zona pantanosa, e re-zoneamento desta área (sem empreendimentos e reabilitação
dos mangais e zonas pantanosas; ver Figura 8.2). Não foi feita uma estimativa de custos para esta
medida de adaptação uma vez que existem muitos factores externos e socioeconómicos que irão
determinar o custo da implementação destas recomendações, versus os benefícios directos ou
indirectos (e “futuras poupanças”); tal só poderá ser adequadamente ponderado num estudo
socioeconómico aprofundado.
8.1.2 Maputo
A lista breve de medidas chave de adaptação consideradas apropriadas para Maputo, inclui
quatro “opções de gestão” (classificadas A1 a A4), três medidas baseadas em “estruturas suaves
de protecção costeira (soft engineering)””/ restauração (B1, B2 e B3), quatro opções de
“estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)”” e blindagem (C1s, C1r, C2, C5), e
duas opções mais adequadas para locais de energia de ondas baixa/ moderada (C11 e C12). (Tal
como mencionado anteriormente, o foco deste projecto é em medidas de adaptação de longo
prazo tais como aquelas recomendadas aqui. Contudo, as opções/ acções de resposta a
emergências, tais como marcar rotas de evacuação de cheias e manter as mesmas abertas são
também acções de resposta crítica em Maputo e em todas as outras cidades costeiras.
Aparentemente o INGC tem tido sucesso na aplicação destas medidas.)
Em referência às discussões nos Capítulos 5 e 6, os níveis de “perigo por inundação pela água do
mar” para a área de Maputo e Matola (Figuras 5.33 e 6.3) mostram que ao longo dos locais semiexpostos e expostos para uma subida do nível do mar de 1m (por volta de 2100) mais uma
elevação de +1,5 m durante eventos ciclónicos, as áreas abaixo do contorno +6 m NMM estará
em perigo de inundação. Este nível intermédio de cheias é apropriado para o planeamento e
gestão de infra-estruturas ao longo de localizações semi-expostas na linha costeira Sudoeste de
Maputo, ou concebidos para uma vida inferior a 50 anos ao longo da linha costeira Sudeste de
Maputo exposta. Tendo uma abordagem conservadora e cautelosa, o nível baixo de perigo ao
longo da linha costeira exposta de Maputo a Sudeste para infra-estruturas importantes
concebidas para uma vida de mais de 50 anos (tais como portos e aeroportos) é de +8.5 NMM,
(com base no cenário extremo de +2 m de subida do nível do mar juntamente com um nível de
elevação por tempestades de 3 m durante ciclones).
As opções de adaptação recomendadas ao longo de partes da costa de Maputo são apresentadas
e discutidas com maior detalhe nas páginas seguintes.
Outubro 2012, p 168
Tabela 8.1:
Possível ordem
de
implementação
Resumo de custos de algumas opções de adaptação para a Beira – custo estimado de investimento em construção costeira. (2011)
Descrição
Custos Mínimos
Aproximados (excl
impostos) para 1
km
Custos Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 1 km
Comprimento
aproximado (ou
número de )
proposto para a
Beira (km)
Custos Mínimos
Aproximados (excl
impostos) para 10
km para a Beira
Custos Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 10 km para a
Beira
2
Alimentação de areia nova*
(a um ritmo de 300 000 m3/a para 10 anos)
$4 000 000
$60 000 000
1.0
$4 000 000
$60 000 000
5
Revestimentos e paredões
$2 300 000
$24 000 000
2.3
$5 290 000
$55 200 000
4
Quebra-mares de rocha**
$1 000 000
$29 200 000
1.0
$1 000 000
$29 200 000
3
Paredão de folhas empilhadas (paralelo à costa)
$2 700 000
$36 000 000
3.5
$9 450 000
$126 000 000
3
Elevação de paredes de cais, ancoradouros e outras infraestruturas portuárias
$2 000 000
$25 000 000
3.5
$7 000 000
$87 500 000
$26 740 000
$357 900 000
Potencial custo total para implementar tudo acima ($)
NB
O custo das opções de "gestão" (A1 a A4) não está incluído, p.e., deslocalização, desenvolvimento alternativo de infraestrutura, etc.
*Alimentação actual a um ponto por meio de condutas com bombas a partir de cais de dragas ou possivelmente distribuídos por meio de projecção da draga fora das praias
** Estimativa de custo para um quebra-mar comprido ou dois quebra-mares curtos
Outubro 2012, p 169
Figura 8.7:
Este de Maputo. Opções recomendadas de adaptação /protecção costeira
Legenda:
INGLÊS
Maputo preliminary adaptation/ coastal
protection options based on general criteria, local
site characteristics, current use/”value”
The red numbers indicate possible order of
implementation
Key adaptation measures
“Accept & retreat”: zoning, etc
“Abstention” do nothing
“Alternative developments” in safe areas
“Acommodation” e.g. raising property
“Soft engineering”/ restoration
Sand nourishment
Managed (vegetated & reinforced) dune
Managed/ rehabilitated mangrove/wetland areas
“Hard engineering” & armouring
Seawalls (vertical/ curved concrete
Revetments (sloping rock)
Dikes (sand/earthen mound)
Groynes (rock/concrete)
Low/ moderate wave energy
“geotextiles” sand filled
Gabions & mattresses
PORTUGUÊS
Opções preliminares de adaptação/ protecção costeira da
Maputo com base em critérios gerais, caracteristicas dos
locais, “valor”/ utilização actual
Os números vermelhos indicam uma possível ordem de
implementação
Medidas chave de adaptação
“Aceitar e recuar”: zoneamento, etc
“Abstenção” “nada fazer".
Empreendimentos alternativos em áreas seguras
“Acomodação” p.e. elevar as propriedades
“Estruturas suaves de protecção costeira (soft
engineering)””/restauração
Reabastecimento de areia
Duna gerida (com vegetação e reforçada)
Áreas de mangais geridas /pantanais reabilitados
“Estruturas rígidas de protecção costeira (hard
engineering)”” & blindagem
Paredões (de betão verticais/ encurvados)
Revestimentos (rocha inclinada)
Diques (montes de terra/ areia)
Quebra-mares (rocha/betão)
Energy de ondas baixa/ moderada
Sacos “geotêxteis” preenchidos de areia
Gabiões e colchões
Outubro 2012, p 170
Tal como anteriormente, as três ou quatro opções ou combinação de opções consideradas mais
adequadas para cada secção ao longo da costa são indicadas no mapa nos blocos de texto
pequenos adjacentes a cada secção na costa. As marcas dentro de cada bloco pequeno (p.e. A1
ou C5, etc) referem-se às opções assinaladas descritas no quadrado branco grande.Os números
grandes a vermelho (1 a 4) nas figuras indicam a ordem recomendada de implementação das
medidas de adaptação costeira identificadas para Maputo. Por outras palavras, a Figura 8.7 e as
Figuras seguintes 8.8 a 8.10 representam planos/mapa resumindo as opções de adaptação
preferidas ao longo de cada secção da costa de Maputo.
Como foi visto nas Figuras 8.7 e 8.8, existem uma série de áreas ao longo da zona costeira de
Maputo que são de baixa altitude, sendo portanto vulneráveis aos efeitos das mudanças
climáticas. A zona mais vulnerável a curto prazo é a faixa de aproximadamente 6 kms ao longo da
estrada costeira até à Costa do Sol. As opções de tomada de decisão de gestão (A1,A3 e A4) são,
principalmente, as opções mais sustentáveis e em última análise menos onerosa conjuntamente
com um número de opções baseadas em "estruturas suaves de protecção costeira (soft
engineering)” tal como indicado nas Figuras 8.7 e 8.8.
Figura 8.8:
Maputo oriental. Opções recomendadas de adaptação /protecção costeira.
Para combater os problemas de erosão existentes, a ênfase deve ser colocada em determinar as
causas fulcrais do problema. (Esta será a melhor forma de garantir que as potenciais soluções
serão bem sucedidas, e possam também vir a ser mais rentáveis, mais ecológicas e sustentáveis.)
Outubro 2012, p 171
A solução prática contra a erosão desta importante secção costeira é a colaboração com o Porto
de Maputo. O canal localizado na entrada do porto é regularmente dragado para o manter
suficientemente profundo. As nossas investigações indicam que é provável que a dragagem de
manutenção que é realizada para facilitar o acesso do transporte para o porto desempenhe um
aspecto importante na erosão. Os sedimentos costeiros são transportados para o canal de
navegação por correntes sendo depositados nesta “armadilha” relativamente profunda.
O canal é ocasionalmente dragado e os sedimentos são dispostos (despejados) em águas
profundas longe da costa (Figura 8.9; Mather pers com 2009). Parece muito provável que se os
sedimentos adequados dragados pudessem ser devolvidos à costa, isto poderia aliviar os
problemas de erosão.
Uma recente investigação por um especialista em engenharia costeira (Dr. Andrew Mather) do
Município de Ethekwini chegou às mesmas conclusões. Num quadro mais amplo das coisas,
ambas partes beneficiariam significativamente com a ligação das Operações Portuárias
(especialmente a dragagem de manutenção) com a protecção costeira municipal. Os sedimentos
teriam que ser descontaminados e de um tamanho apropriado de grão (não demasiado fino),
enquanto se necessitariam de meios adequados para colocar a areia na costa (p.e. “projecção” na
qual a draga se possa aproximar o suficiente da linha costeira e/ou bombagem – Figuras 7.1 e
7.2).
Tem também sido recentemente anunciado que o porto será modernizado no futuro próximo e
que tal provavelmente envolverá a dragagem de mais áreas do canal. A fracção adequada de
areia do material dragado durante os trabalhos de manutenção bem como uma eventual
expansão poderia ser colocada na frente da praia através de meios adequados (opção B1), deste
modo restaurando o processo natural de reabastecimento de sedimentos. (a maior parte do
material dragado é declaradamente composto por sedimentos muito finos, os quais poderão não
ser adequados para a alimentação das praias (Achimo, pers. com. 2012.) contudo, a utilização
selectiva da fracção adequada de sedimentos ou áreas de deposição mantém esta opção como
algo atractivo, que deve ser investigado em detalhe.) Um reservatório alternativo de areia
adequada poderá ser a área adjacente à Ilha Xefina. Contudo, apesar de não ser um requisito de
dragagem de acesso ao porto, esta opção seria provavelmente mais dispendiosa. (considerando
os volumes de areia necessários para a restauração da praia, entregues por meio de camiões é
considerado impraticável em termos de congestão da estrada, danos e manutenção da estrada,
etc.). Combinar a opção de alimentação de areia com a gestão activa de dunas (Opção B2)
restaurará a protecção natural na área.
Outubro 2012, p 172
Area of sand starvation
DREDGED
SPOIL
AREAS
Dredged spoil
reenters the channel
Sediment input
Port channel
Sediment flow
Figura 8.9 :
Padrões de transporte de sedimentos em Maputo (A Mather, pers com 2009)
Legenda:
INGLÊS
Area of sand starvation
Dredgred spoil areas
Dredged spoil reenters the channel
Sediment input
Port channel
Sediment flow
PORTUGUÊS
Área de défice de areia
Áreas de entulho de dragagem
O entulho da dragagem reentra no canal
entrada de sedimentos
Canal do porto
Fluxo de sedimentos
Outubro 2012, p 173
Figura 8.10:
Maputo ocidental. Opções recomendadas de adaptação/protecção costeira
Como se pode observar na Figura 8.10, a actual infra-estrutura portuária é vulnerável aos
impactos esperados das mudanças climáticas. As opções C1s a A4 são as únicas opções práticas
para esta área. As paredes do cais, pardões, áreas de armazenamento, infra-estruturas de
transporte, etc localizadas na vizinhança das actuais infra-estruturas do porto terão que ser
elevadas por etapas. Os paredões de protecção terão também que ser elevados quando possível,
ou construídas novas paredes. Recomenda-se que o desenho de futuras obras de expansão do
porto ou reabilitação da infra-estrutura existente deve incluir a opção de elevação futura das
estruturas (por etapas) a pelo menos +6 m do NMM e idealmente a +8,5 m NMM até 2100. A
porção Oeste da área portuária (a Oeste do Ponto #3977 na Figura 8.10) e a linha da costa do rio
mais para o interior (# 3978 to # 3980), não são vulneráveis à disposição e elevação das ondas.
Potencialmente, o nível de concepção das cheias ao longo destas áreas poderá ser tão baixo
como + 4,5 m NMM para eventos de inundações do “mar”. Contudo, os efeitos combinados de
uma cheia extrema de um rio (que não está no âmbito do Tema 2) juntamente com níveis
elevados de água do mar na costa (ambos resultantes de um ciclone) poderão provavelmente
resultar em níveis mais elevados de cheias. É também mais prático ter toda a infra-estrutura
portuária ao mesmo nível do “terreno” sempre que possível. Deste modo, o nível de desenho a
+6 m NMM é recomendado também para estas áreas. Este nível deverá ser revisto à medida que
níveis mais precisos de cheias dos rios e projecções mais precisas de SNM se tornam disponíveis
no futuro. Com base na informação disponível parece que a infra-estrutura existente está já
demasiado em baixo no presente (i.e. excluindo a SNM) e necessita de ser melhorada e
conservada com urgência (Prioridade # 2 para Maputo).
Outubro 2012, p 174
Estimativa dos Custos para as medidas prioritárias de adaptação em Maputo
Tal como mencionado anteriormente, foram feitas estimativas de custos para as duas
localizações as quais terão os custos de adaptação mais elevados (devido à maior parte da infraestrutura/ desenvolvida), nomeadamente Maputo e Beira. Estas grandes cidades devem também
ter relativamente mais recursos disponíveis para protecção costeira, e tal como afirmado
anteriormente, isto deve ser relacionado com a gestão/ manutenção portuária. Com base nas
recomendações anteriores, os custos foram geralmente estimados para a implementação das
medidas de adaptação prioritária tal como resumido na Tabela 8.2 abaixo.
Note-se, no entanto, que os custos das opções de "gestão" (A1 a A4) não são inclusas (por
exemplo
relocalização, empreendimento alternativo da infra-estrutura, etc.) e
consequentemente os custos estimados para estas medidas de adaptação não foram inclusas na
Tabela 8.2. Existem muitos factores externos e sócio - económicos que irão determinar os custos
da implementação destas recomendações, em função dos benefícios directos e indirectos (e
“poupanças futuras”); o que somente poderá ser convenientemente considerado num estudo
sócio económico aprofundado.
8.1.3 Inhambane e Maxixe
Relativamente às reflexões nos Capítulos 5 e 6, os níveis de “perigo de inundação pela água do
mar” nas áreas de Inhambane e Maxixe (Figura 6.3) mostram que para uma subida de 1 m do
nível do mar (por volta 2100) acrescido de uma elevação das ondas de +1.5 m durante eventos
ciclónicos, as áreas abaixo dos +6 m na costa estarão em perigo de inundação. Os vastos bancos
de areia no mar de Inhambane e Maxixe fornecem uma protecção natural da total extensão dos
impactos das ondas tais como níveis de inundação extremos. Deste modo, o nível intermédio de
inundações de +6 m NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas ao
longo da linha da costa desenhados para uma vida de menos de 50 anos. Devido à parcial
protecção das ondas, não se espera que a elevação extrema das ondas exceda os 1,5 m já
contemplados no nível de inundações de +6 m NMM. Contudo, seguindo uma abordagem
conservadora e cautelosa, deverá ser considerado o cenário extremo de 2 m de SNM por volta de
2100. Deste modo, o nível de baixo perigo para infra-estruturas importantes desenhadas para
uma vida de mais de 50 anos tais como aeroportos, é de +7 m NMM (no seguimento de um
cenário extremo de +2 m de subida do nível do mar juntamente com um nível de elevação de
tempestade de 1,5 m durante ciclones).
Outubro 2012, p 175
Tabela 8.2:
Possível ordem
de
implementação
Resumo de custos de algumas opções de adaptação para Maputo – custo estimado do investimento em construção costeira. (2011)
Descrição
Custos Mínimos
Aproximados (excl
impostos) para 1
km
Custos Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 1 km
Comprimento
aproximado (ou
número de )
proposto para a
Maputo (km)
Custos Mínimos
Aproximados (excl
impostos) para 10
km paraa Maputo
Custos Máximos
Aproximados
(excl impostos)
para 10 km para a
Maputo
2
Alimentação de areia nova*
(a um ritmo de 300 000 m3/a para 10 anos)
$4 000 000
$60 000 000
1.0
$4 000 000
$60 000 000
5
Revestimentos e paredões
$2 300 000
$24 000 000
2.7
$6 210 000
$64 800 000
4
Dunas com vegetação
750 000
$7 200 000
6.0
$4 500 000
$43 200 000
3
Paredão de folhas empilhadas (paralelo à costa)
$2 700 000
$36 000 000
8.7
$23 490 000
$313 200 000
3
Elevação de paredes de cais, ancoradouros e outras infraestruturas portuárias
$2 000 000
$25 000 000
6.0
$12 000 000
$150 500 000
$50 200 000
$631 200 000
Potencial custo total para implementar tudo acima ($)
NB
O custo das opções de "gestão" (A1 a A4) não está incluído, p.e., deslocalização, desenvolvimento alternativo de infraestrutura, etc.
*Alimentação actual a um ponto por meio de condutas com bombas a partir de cais de dragas ou possivelmente distribuídos por meio de projecção da draga fora das praias
Outubro 2012, p 176
Opções de adaptação/ protecção costeira de Inhambane
Prioridades 1 a 6
#1: Implementar zoneamento – não fazer novos desenvolvimentos para o lado do mar
da estrada marginal
Fazer novos desenvolvimentos (alternativos) em áreas segurasdo new (alternative)
developments in safe areas.
#2: Retirada faseada das relativamente poucas propriedades & estruturas para o lado
do mar da estrada marginal
#3: Reabilitar a área entre a estrada & o mar, reestabelecer manguezais, também do
lado do mar.
Com o elevado nível de subida do mar e uma atenuação inadequada dos manguezais, a estrada poderá ser
posteriormente protegida por revestimentos caso necessário.
#6: Erguer molhes,
paredes de cais, calçadas,
estradas de acesso
#5: Erguer (reforçar/construir) 1.4 km de paredões (betão)
(poderão também ser construídas secções curtas de revestimentos
individuais a Sul do cais para proteger as poucas infraestruturas do lado
do mar da estrada as quais tenham valor suficiente de conservação)
#1: Implementar zoneamento – não fazer novos desenvolvimentos para o lado do mar da
estrada mais próxima do mar, fazer novos desenvolvimentos (alternativos) em áreas seguras.
#3: Retirada faseada de propriedades & estruturas entre o mar & a estrada formal mais
próxima do mar
#4: Reabilitar a área entre esta estrada & o mar, reestabelecer manguezais, também do lado
do mar
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Figura 8.11:
2011
www.csir.co.za
Inhambane. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
Como podemos observar na Figura 8.11, a única opção financeiramente suportável a longo prazo
para adaptação aos efeitos das mudanças climáticas é assegurar que os empreendimentos se
encontram localizados fora do alcance dos processos naturais (A1). Isto pode ser conseguido
através da implementação de zoneamento para prevenir que se façam empreendimentos abaixo
do contorno de + 7 m NMM (Prioridade #1). (Para projectos novos ou áreas subdesenvolvidas, é
recomendado este nível mais conservador de 2 m de SNM). O realojamento gradual (A3) dos
empreendimentos existentes para áreas alternativas (prioridades #2 e #3) deve ser incluso no
Plano de Estrutura. A reabilitação activa (B3) das áreas de mangais (Prioridades #3 e #4) irá
formar uma barreira natural contra as ondas de tempestades e vagas (inundações).
Grande parte da área histórica a Norte da cidade é de muito baixa altitude e encontra-se em sério
risco de ficar inundada devido a factores das mudanças climáticas. Além de retirar-se da área (A1
& A3) à medida que as vagas tempestuosas se tornarem mais ameaçadoras com o passar do
tempo, a única solução a longo prazo serão as opções baseadas em "estruturas suaves de
protecção costeira (soft engineering)" (C1s, C1r e/ou C2). Opções para a formação de tipos de
empreendimentos como Parcerias Público-Privadas (PPP) poderão ser consideradas e novos
empreendimentos devem ser desenhados para enfrentar os factores das mudanças climáticas e
também ajudar o Município com as obras de adaptação necessárias.
Outubro 2012, p 177
Embora o actual cais tenha sido recentemente melhorado, o aumento ou reforço das áreas pode
vir a ser necessário num futuro distante (A4).
A maior preocupação é o facto de que o actual aeroporto se encontra numa área de baixa
altitude, e deverá ser incorporada uma adequada protecção da pista bem como nas outras infraestruturas em eventuais planos de remodelação ou actualização futuros. (Possivelmente C2
apoiado por B3 e A4).
Na região da grande Inhambane, existem muitos lagos costeiros em torno dos quais as pessoas
vivem, nalguns casos em localizações vulneráveis. Porém, tal vai para além do âmbito da actual
investigação a qual se concentra em centros urbanos e redondezas específicos localizados ao
longo e perto da influência de forças do mar).
8.1.4 Tofo e Barra
Os níveis de “perigo de inundação pela água do mar” na área do Tofo/Barra (Figura 6.3) mostram
que para um 1 metro de SNM (por volta de 2100) acrescido de uma elevação de ondas de +1.5 m
durante eventos ciclónicos, as áreas abaixo do contorno de +6.5 m do NMM estarão em perigo
de inundação. Este nível intermédio de inundações de +6,5 m NMM é apropriado para o
planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo da linha costeira desenhados para uma vida
de menos de 50 anos. O perigo de baixo nível para infra-estruturas importantes é de +9 m NMM
(arredondado a partir de 8,9 m NMM) dado o cenário extremo de +2 m de subida do nível do mar
juntamente com um nível de elevação por tempestades de 3 m durante ciclones.
Outubro 2012, p 178
Opções de adaptação/ protecção costeira do Tofo/ Barra
Prioridades 1 a 4
#1: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (zoneamento)
#2: Gerir áreas de vegetação & dunas para aumentar a
protecção natural
#3: Algumas estruturas (p.e. “lodges”) estão demasiado baixo
/ perto do mar
– desenvolver uma estratégia para retirada /
desenvolvimentos altenrativos em área segura
#4: Para reter a totalidade do valor recreativo da praia e
ajudar a proteger as propriedades do lado da terra, poderá
ser implementada esporadicamente a alimentação da praia
(requererá uma realimentação ocasional)
Estas áreas não são adequadas para desenvolvimento
no longo prazo
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Figura 8.12:
2011
www.csir.co.za
Tofo & Barra. Opções de Adaptação / de protecção costeira recomendadas
Como pode ser observado na Figura 8.12, a única opção realmente financeiramente suportável a
longo prazo para adaptação aos efeitos das mudanças climáticas é assegurar que os
empreendimentos sejam localizados fora do alcance dos processos naturais (A1 & A3). O que
pode ser conseguido através da implementação de zoneamento para prevenir que o
empreendimento venha a acontecer numa zona de perigo (Prioridade #1). Na costa aberta do
Tofo, a qual está exposta a uma grande elevação de ondas, esta “zona sem empreendimentos”
encontra-se tipicamente acima da curva de nível de + 9 m sobre o nível do mar e no mínimo a
100 m da marca do nível alto da água. (Para áreas verdes ou não-desenvolvidas, recomenda-se
este nível mais conservador permitindo 2m de SNM)
Considera-se que a Prioridade #2 é a reabilitação das dunas frontais danificadas e a conservação
da vegetação e volume das dunas (B2) que garantirá uma barreira natural contra as tempestades
e inundações. A deslocalização gradual dos empreendimentos existentes para áreas alternativas
consideradas de baixo risco (A1 & A3) deve ser inclusa no Plano de Estrutura (Prioridade #3).
Outubro 2012, p 179
8.1.5 Vilanculos
Os níveis de “perigo de inundação pela água do mar” para Vilanculos (Figura 8.13a) mostram que
para 1 m de SNM (por volta de 2100) acrescido de uma elevação de ondas de +1.5 m durante
eventos ciclónicos, as áreas abaixo do contorno dos +6.5 m estarão em perigo de inundação. Este
nível intermédio de cheias de +6,5 m NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infraestruturas ao longo da linha costeira concebidos para uma vida inferior a 50 anos. O nível de
perigo baixo para infra-estruturas importantes tais como aeroportos é de +9 m NMM dado o
cenário extremo de + 2 m de subida do nível do mar juntamente com uma elevação por
tempestades de 3 m durante ciclones.
Opções de adaptação/ protecção costeira para Vilanculos
Prioridades 1, 2 & 3
#2: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (i.e. zoneamento), áreas de
dunas geridas / vegetação costeira (conservar o
volume de areia/dunas)
#1: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (zoneamento) (+ realizar
desenvolvimentos alternativos em áreas seguras)
#3: Construir paredões (/revestimentos)
Apenas onde propriedade de elevado valor
justificar (betão/rocha, ou gabiões no médio prazo)
N
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Figura 8.13a:
2011
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Vilanculos. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas.
Outubro 2012, p 180
Opções de adaptação/ protecção costeira para Vilanculos
Prioridades 1, 2 & 3
Harbour
#2: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (i.e. zoneamento), áreas de
dunas geridas / vegetação costeira (conservar o
volume de areia/dunas)
#1: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (zoneamento) (+ realizar
desenvolvimentos alternativos em áreas seguras)
#3: Construir paredões (/revestimentos)
Apenas onde propriedade de elevado valor
justificar (betão/rocha, ou gabiões no médio prazo)
N
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Figura 8.13b:
2011
www.csir.co.za
Vilanculos. opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas.
Conforme se pode observar nas Figuras 8.13a e b, a única opção realmente acessível a longo
prazo para adaptação aos efeitos das mudanças climáticas é assegurar que o desenvolvimento se
encontra localizado fora do alcance dos processos naturais (A1 & A3). O que pode ser conseguido
através da implementação de zoneamento para prevenir que o desenvolvimento venha a
acontecer na zona de perigo (Prioridade #1). Para a costa relativamente aberta de Vilanculos, a
qual pode estar exposta a uma grande elevação de ondas, esta “zona sem desenvolvimento”
encontra-se tipicamente acima dos + 8 metros sobre o nível do mar e no mínimo a 100 metros da
marca do nível alto da água. (Para áreas novas ou não-desenvolvidas, recomenda-se este nível
mais conservador permitindo 2m de SNM)
A reabilitação activa das dunas frontais danificadas (B2) e a conservação da vegetação e volume
das dunas (Prioridade #2) irá garantir a manutenção de uma barreira natural contra as ondas de
tempestades e inundações. A deslocalização gradual de empreendimentos existentes a baixa
altitude para áreas alternativas consideradas seguras (A3).deve ser inclusa no Plano de Estrutura
Outubro 2012, p 181
Opções para a formação de desenvolvimentos do tipo Parcerias Público-Privadas (PPP) poderão
vir a ser consideradas e novos empreendimentos devem ser desenhados para enfrentar os
factores das mudanças climáticas e também para auxiliar o Município com a implementação de
"estruturas rígidas de protecção costeira (hard engineering)"nas obras de adaptação requeridas
(possivelmente C1s, C1r, C5 juntamente com B1) . (As ilhas ao longo da costa e a Península de São
Sebastião são importantes para os rendimentos do turismo e devem ser incorporados em
eventuais estudos futuros com um âmbito para além das actuais áreas de estudo.)
A actual área de pesca do porto precisa de remodelação e recomenda-se que novos desenhos
permitam a criação e protecção da infra-estrutura. (A4). Idealmente, o porto deverá formar parte
da infra-estrutura e de empreemdimentos turísticos como parte de uma PPP, tal será
provavelmente uma opção apropriada.
É importante verificar a actual estimativa de que a pista de aterragem existente no Aeroporto
Internacional de Vilanculos, que se encontra localizada acima do nível relevante de perigo de
inundação (Figura 6.3) onde uma opção de adaptação ao longo do tempo é possívelmente C2.
8.1.6 Quelimane
Quelimane encontra-se localizada longe do mar ao longo de um rio (Rio dos Bons Sinais),
portanto as forças e elevação de ondas tempestades marítimas podem ser ignoradas. No entanto
devem ser considerada a erosão, inundações e outras forças vindas dos fluxos do rio.
O único efeito das mudanças climáticas é, portanto, a subida do nível do mar entre 1 ou 2 metros.
Os níveis de “perigo de inundação pela água do mar” para Quelimane (Figura 6.3) mostram que
para uma subida do nível do mar de 1 metro (por volta de 2100) durante eventos ciclónicos, as
áreas abaixo da curva de nível dos +5.5 metros estarão em perigo de inundação. O nível
considerado seguro para empreendimentos considerados “normais” é recomendado que seja a
mais de +6.5 metros acima do NMM e para infra-estruturas importantes tais como portos e
aeroportos o nível de risco considerado baixo é de +8 metros acima do NMM.
Outubro 2012, p 182
Figura 8.14:
Quelimane. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
A Figura 8.14 mostra a primeira acção prioritária recomendada (#1) como sendo a
implementação das opções de adaptação A1, A2 e B3. A médio e longo prazos as opções C1r, C1s
e C2 poderão ser necessárias. A segunda prioridade (#2) é para garantir a protecção das infraestruturas do porto através da implementação das opções de adaptação C1s e A3.
É de extrema importância reforçar e manter o amortecimento natural que os mangais
proporcionam à área portuária da cidade, e a prioridade #3 é proteger (A1) e reabilitar (B3) a
área. Com o decorrer do tempo, o paredão existente terá de ser reconstruído e/ou elevado (C1s e
A3). Poderão ser consideradas oportunidades de criação de emprego tais como uma PPP para a
reabilitação e reintegração activa das áreas dos mangais (possivelmente financiados por
Mecanismos de Comércio de Carbono – tal deve ser pesquisado).
Outubro 2012, p 183
8.1.7 Ilha de Moçambique
Figura 8.15:
Ilha de Moçambique. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
Apesar da Ilha de Moçambique se encontrar parcialmente protegida por ilhas no mar alto, as
áreas de baixa elevação na ilha são extremamente vulneráveis aos efeitos das mudanças
climáticas. Os pontos de acção prioritária encontram-se na Figura 8.15 embora as opções de
adaptação mais sensíveis sejam A2 e A3. O desenho de eventuais actividades de reconversão
ou reabilitação na ilha deverá contemplar condições extremas de mudanças climáticas.
(Muitas das outras ilhas são também especialmente vulneráveis aos impactos das mudanças
climáticas, e são importantes para o turismo, etc, por exemplo o Arquipélago das Quirimbas
localizado a Norte de Pemba. As mesmas devem ser incorporadas em estudos futuros com um
âmbito para além das actuais áreas de estudo.)
Outubro 2012, p 184
8.1.8 Nacala
A maior parte da linha costeira de Nacala e de Minguri está relativamente bem protegida do mar
aberto (Figura 8.16). Uma parte limitada de penetração das ondas para dentro da baía é apenas
possível a partir do Norte, enquanto a geração moderada de ondas locais dentro da baía é e
possível devido ao movimento limitado (p.e. resultante de ventos ciclónicos sobre a baía). Os
níveis de “perigo de inundação pela água do mar” para as linhas costeiras das baías de Nacala e
Minguri (Figura 6.3) mostram que para uma subida do nível do mar de 1m (por volta de 2100)
mais marés altas vivas e subida local limitada do nível da água (através de barométricos e do
vento), que as áreas abaixo do contorno de +6.5 m (arredondado de +6.3 m NMM) estarão em
perigo de inundação. Este nível intermédio de cheias de +6.5 m NMM é apropriado para o
planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo da linha costeira da baía com uma vida
planeada de menos de 50 anos. Contudo, assumindo uma abordagem conservadora e cautelosa,
o cenário extremo de 2 m de SNM por volta de 2100 deve ser considerado. Deste modo, o nível
baixo de perigos para infra-estruturas importantes dentro da baía tais como o porto e o
aeroporto com uma vida planeada de mais de 50 anos é de +7.5 NMM.
Somente a linha costeira fora da Baía ( a Norte de Fernão Veloso) está relativamente exposta a
ondas de ciclone aproximando-se do Nordeste ou do Norte. Aqui, o nível intermédio de
inundações de +8 m NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas
costeiras desenhadas para uma vida de menos de 50 anos (permitindo um cenário de +1m de
subida do nível do mar juntamente com nível de elevação máxima induzida pela tempestade de
1.5 m durante ciclones).
Outubro 2012, p 185
Opções Preliminares de adaptação/ protecção costeira de Nacala
Prioridades 1 & 2
#1: Implementar protecção de segurança de
desenvolvimentos (i.e. zoneamento), + fazer
desenvolvimentos novos (alternativos) em áreas
seguras
Port
Cement
factory
#2: Construir (erguer)~2km de paredões (betão)
+ erguer paredes de cais, molhes, infraestruturas de transporte,
armazenamento, etc (os paredões poderão ser expandidos para
a linha vermelha tracejada caso a infraestrutura nessa zona (p.e.
linha de comboio) seja suficientemente valiosa & o custo de
movê-la seja demasiado elevado)
Copyright @ CSIR
Figura 8.16:
2011
www.csir.co.za
Nacala & Minguri. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
Como pode ser observado na Figura 8.16, a única opção realmente sutentável a longo prazo para
adaptação aos efeitos das mudanças climáticas é assegurar que os empreendimentos se
localizem fora do alcance dos processos naturais. Tal pode ser conseguido através da
implementação de zoneamento para prevenir que os empreendimentos ocorram numa zona de
risco (Prioridade #1). A zona “zona sem empreendimento” recomendada para a área da linha
costeira da baía encontra-se tipicamente acima dos +7.5 m sobre o NMM e no mínimo a 100
metros da marca do nível mais alto da água. (Para áreas novas ou não-desenvolvidas,
recomenda-se este nível mais conservador admitindo 2m de SNM)
Apesar de não estarem disponíveis dados topográficos precisos, a actual infra-estrutura existente
no porto e na fábrica de cimento parece ser algo vulnerável ao impacto das esperadas mudanças
climáticas. As opções C1s e A4 são as únicas sugestões práticas para esta área. Recomenda-se
que a futura remodelação ou expansão do porto inclua a opção de elevação das estruturas (por
fases) pelo menos até +7.5 mts acima do NMMpor volta de 2100. Poderão vir a ser consideradas
opções para a formação de empreendimentos do tipo Parcerias Público-Privadas (PPP) e os novos
empreendimentos deverão ser projectados para enfrentar os factores das mudanças climáticas e
também para auxiliar o Município com a implementação dos trabalhos de engenharia de
estruturas rígidas de adaptação.
Outubro 2012, p 186
8.1.9 Pemba
As costas leste e Norte de Pemba fora da Baía (Figura 8.17) estão expostas a ondas de ciclones
aproximando-se de Nordeste ou do Norte. Numa primeira impressão poderá parecer que a linha
costeira da baía está bem protegida da acção das ondas. Contudo, é importante notar que,
devido à grande extensão de água na Baía de Pemba (i.e. uma cobertura relativamente larga do
vento), a península de Pemba fornece apenas uma protecção parcial das forças ciclónicas (ondas
e inundação pela água do mar) quando um ciclone se move para o interior através de Pemba. Tal
tem implicações para o desenho da protecção costeira em torno do porto e da linha de costa em
torno de toda a baía no sentido de que poderão ocorrer níveis significativos de acumulações de
água local e de elevação de ondas locais. Os níveis de “perigo por inundação pela água do mar”
para locais dentro da Baía de Pemba (Figura 6.15) mostram que para uma subida do nível do mar
de 1m (cerca 2100), mais uma elevação de +1.5 m durante eventos de ciclones, as áreas abaixo
do contorno de +8m NMM estarão em perigo de inundação. Este nível intermédio de inundação
de +8 m de NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas ao longo da linha
costeira da baía concebidos para uma vida inferior a 50 anos. Contudo, seguindo uma abordagem
conservadora e cautelosa, o cenário extremo de 2 m de SNM por volta 2100 deverá ser
considerado. Deste modo, o nível seguro contra perigos para infra-estruturas importantes dentro
da baía concebidos para uma vida de mais de 50 anos tais como o porto, é de + 9 m NMM.
Ao longo das costas mais expostas a Este e a Norte fora da Baía de Pemba, o nível de perigo
intermédio de +9 m NMM é apropriado para o planeamento e gestão de infra-estruturas
concebidas para uma vida inferior a 50 anos (permitindo um cenário de subida do nível do mar de
+1 m juntamente com uma elevação de 3 m devido a tempestades durante ciclones.
Outubro 2012, p 187
Figura 8.17:
Pemba. Opções de adaptação/ protecção costeira recomendadas
Como pode ser observado na Figura 8.17, a única opção realmente acessível a longo prazo para
adaptação aos efeitos das mudanças climáticas é assegurar que os empreendimentos se
encontrem localizados fora do alcance dos processos naturais. O que pode ser conseguido
através da implementação de zoneamento (A1) para prevenir que os empreendimentosvenham a
acontecer na zona de perigo (Prioridade #1). A “zona sem empreendimentos” para a área da
linha costeira da Baía (#522 a #528) encontra-se tipicamente no contorno acima dos + 8 metros,
enquanto que fora da Baía de Pemba (Porto Amélia a #544), o nível de +9m NMM é apropriado, e
no mínimo a 100 metros da marca do nível alto da água em todas as instâncias.
A reabilitação activa das dunas frontais danificadas (opção de adaptação B2) é também uma
forma prática e barata de prevenção de danos ao longo das costas Norte e Este de Pemba.
Poderão vir a ser consideradas opções para a formação de empreendimentos do tipo Parcerias
Público-Privadas (PPP) e os novos desenvolvimentos deverão ser projectados para enfrentar os
factores das mudanças climáticas e também para auxiliar o Município com a implementação dos
trabalhos necessários. Esta é uma opção particularmente prática para gerir a área altamente
vulnerável localizada a Noroeste da cidade onde a aldeia de Paquite é regularmente ameaçada
Outubro 2012, p 188
por inundações pelo mar. O desenvolvimento do porto na baía profunda também poderá
aumentar o rendimento de modo a compensar os custos de protecção costeira.
Apesar de à primeira vista não parecer, a infra-estrutura existente no porto é relativamente
vulnerável ao impacto esperado das mudanças climáticas em conjugação com um ciclone
movendo-se sobre a baía. As opções C1s e A4 são as únicas sugestões práticas para esta área.
Recomenda-se que o desenho das obras futuras de expansão ou remodelação da infra-estrutura
existente incluam a opção de elevação das estruturas (por fases) para o nível de +9 mts acima do
NMM até 2100. (Este nível deve ser revisto (por exemplo em intervalos de 10 anos) à medida que
projecções mais precisas da SNM forem disponibilizadas no futuro).
Além das recomendações de que os princípios estratégicas e orientações sobre o planeamento
para e resposta aos impactos climáticos e incluindo especificamente os impactos das mudanças
climáticas tal como discutido na secção 7.1, deve ser adoptado e implementado de imediato,
uma análise específica de local e recomendadas as opções prioritária de adaptação para cada um
dos locais de amostragem apresentados.
Deve salientar-se que os pormenores específicos dos desenhos de engenharia e orçamentos
detalhados de cada opção só podem ser feitos apenas quando se tiverem realizado pesquisas de
engenharia e ambientais específicas para cada local. É absolutamente crítico envolver
profissionais de engenharia costeira e avaliação ambiental com experiência no planeamento
detalhado, concepção e implementação das opções escolhidas.
Na maior parte dos casos pode ser implementado com sucesso um planeamento sólido e futuros
projectos de desenvolvimentos fora do alcance das forças do mar. Existem muitas oportunidades
para entrar em PPP as quais têm o potencial para co-financiar a implementação de opções de
adaptação mais caras de engenharia “rígida”.
Outubro 2012, p 189
9 INTERACÇÃO COM OS MUNICÍPIOS
De acordo com a conferência/seminário formal organizada(o) pelo INGC em Junho de 2011, os
pesquisadores juntamente com um representante sénior do INGC, visitaram os Municípios nos
locais-chave de amostragem e contactaram diversos funcionários municipais e actores
responsáveis pelos aspectos técnicos e / ou de aspectos das áreas costeiras nas áreas municipais
específicas abrangidas e no Porto de Maputo.
6.4
O propósito da interacção com os Municípios foi alcançar o seguinte:





Debater os resultados preliminares do Estudo Tema 2 com os funcionários Municipais
relevantes.
Conseguir um entendimento relativamente às implicações das mudanças climáticas e a
necessidade de introduzir e implementar as recomendações nos planos de acções presentes e
futuros.
Comentar os planos das infra-estruturas e estruturas actuais e futuras, caso estejam
disponíveis. Isto foi realizado durante a reunião. Foram identificadas áreas que necessitam um
acompanhamento em aspectos relevantes.
Identificar estudos especializados existentes sobre mudanças climáticas, de forma a
harmonizar as recomendações na medida do possível.
Investigação no terreno, de actividades de protecção costeira em curso e fornecer
observações caso seja relevante.
As explicações e notas da interacção são apresentadas no Anexo 2.
6.5
–
Foram identificados os seguintes pontos importantes e observações:

Os actuais planos de estrutura dos municípios incorporam questões ambientais em geral mas
não consideram especificamente as questões relacionadas com as mudanças climáticas.

Em todas as reuniões a equipa técnica do Município considerou a informação como sendo
relevante para os actuais e futuros planos de estrutura e estão disponíveis para utilizar os
resultados do estudo para este propósito.

Um aspecto comum a todas as interacções foi o de disseminar os resultados do estudo a uma
base mais ampla de partes interessadas.

Existe a necessidade de obter autorização por parte do Estado e das Províncias antes que a
implementação seja efectuada. Existe, portanto, a necessidade de se envolver com as
autoridades mais elevadas no Município assim como com outros tomadores de decisão de
modo a facilitar com sucesso a incorporação das conclusões e recomendações nos planos de
estrutura actuais e futuros.
Outubro 2012, p 190

Foi salientada em todos os casos a escassez crítica de habilidades e de capacidade de gestão, a
nível técnico e administrativo, bem como a necessidade de desenvolvimento activo e de
transferência de tecnologia e habilidades.

Vários estudos e iniciativas coincidentes decorrem na área de estudo, e os funcionários
municipais destacaram a necessidade de coordenar e alinhar as mesmas a fim de evitar
confusões e duplicação de esforços bem como recomendações contraditórias.

Algumas das acções de adaptação às mudanças climáticas necessárias podem ter custo
elevado, podendo não ser suportáveis pelo Município. Foi indicada a existência de um elevado
potencial para parcerias público-privadas (PPP) em todos os Municípios do litoral sendo que
esse tipo de parcerias deve ser considerado na avaliação ou solicitação de propostas de
projectos de desenvolvimento. Isto faz parte do Tema 4: Construindo resiliência em parceria
com o sector privado.
Outubro 2012, p 191
7 SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1
Moçambique é reconhecido como um dos países em África que é mais vulnerável às mudanças
climáticas. Perigos tais como secas e cheias, precipitação variável e ciclones tropicais têm afectado
significativamente o país.
A zona costeira do país é particularmente vulnerável aos impactos esperados das mudanças
climáticas. Os factores que contribuem para tal incluem:
Vastas planícies costeiras de terras baixas tais como costas de delta;
Elevadas concentrações de população em estreita proximidade ao mar;
Pobreza;
Baixa capacidade para defender infra-estruturas;
Susceptibilidade à actividade de ciclones;
Costas de sedimentos soltos erodíveis e
Defesas costeiras inadequadas e envelhecidas.
Esta situação é agravada pela exposição directa a regimes de energia de ondas elevada em certas
partes, um potencial aumento do impacto de ciclones, e defesas costeiras naturais afectadas tais
como as dunas, mangais e recifes de coral. Um elevado número de indivíduos da população local
depende também fortemente de bens e serviços e benefícios económicos providenciados pela
zona costeira.
Em relação a este assunto, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) iniciou dois
estudos para definir e contextualizar localmente importantes factores condutores e impactos das
mudanças climáticas no país. A Fase I, finalizada em 2009, focalizou-se em determinar os
impactos das mudanças climáticas em Moçambique ao nível macro. O projecto actual, a Fase II,
foca-se tanto no nível macro como no micro, com uma ênfase na implementação de medidas de
adaptação e em fornecer orientações estratégicas baseadas em evidências científicas para apoiar
a tomada de decisão.
Liderado pelo Governo Moçambique, o objectivo geral do projecto da Fase II é de ajudar a
proteger o país contra os potenciais impactos das mudanças climáticas, e planear para e dar o
arranque da prevenção através da implementação de medidas de adaptação à escala nacional, na
base da ciência e em favor do desenvolvimento sustentável.
Como tal, um grupo multi-disciplinar de cientistas de Moçambique e de outras instituições
formulou 9 temas para agrupar os desafios de pesquisa enfrentados, nomeadamente:
Tema 1: Aviso Prévio à diferente escala
Tema 2: Planeamento e adaptação costeira para mitigar os impactos das mudanças
climáticas
Tema 3: Cidades preparadas para as mudanças climáticas
Tema 4: Construindo resiliência em parceria com o sector privado
Outubro 2012, p 192
Tema 5: Água – fazendo mais com menos
Tema 6: Comida – enfrentando a demanda
Tema 7: Preparando pessoas
Tema 8: Extremos
Tema 9: Estratégia Nacional: “Estratégia Nacional de Redução do Risco de Desastres e
Adaptação as Mudanças Climáticas”
Embora este estudo esteja principalmente relacionado com o Tema 2, está intimamente alinhado
com os Temas 3 e 4, e endereça as seguintes questões:
Onde estão as áreas mais vulneráveis ao longo da costa, num nível local/micro?
Como é que estas áreas irão parecer, com as mudanças climáticas, no futuro?
Que infra-estruturas e planos de investimento chave estão em risco nessas áreas?
Quais são as recomendações para os investimentos planeados ao longo da costa, com
ênfase na Beira e Maputo?
Que medidas estruturais de protecção costeira são necessárias para compensar os
potenciais efeitos das mudanças climáticas?
Que planos de gestão da linha costeira são os mais apropriados para estas áreas?
Qual deve ser o referencial estratégico sobre o qual todas as estruturas costeiras e defesas
marinhas podem ser avaliadas?
O que deve entrar num sistema de informação da zona costeira?
Que contributos podem ser dados para uma política de gestão costeira?
O INGC também enfatizou a necessidade de uma abordagem proactiva para proteger vidas e infraestruturas, e simultaneamente encontrar soluções que sejam duradouras e de baixo custo.
Note-se que o Âmbito de Trabalho é detalhado no Anexo 3 estando a resposta às perguntas chave e a
cada produto esperado do estudo alistados, juntamente com o lugar no documento onde os resultados
detalhados podem ser encontrados.
7.2
7.2.1
Propulsionadores de Mudanças
No Tema 2 foram identificados os factores físicos que influenciam o risco à infra-estrutura costeira
e às vidas e meios de subsistência das comunidades costeiras nos cenários climáticos actuais e
futuros. Os mesmos incluem a apreciação da situação actual juntamente com cenários de subida
do nível do mar de 0.5 m, 1 m ou 2 m por volta 2100. Estes factores são em diante considerados
tomando em conta e não tomando em conta os ciclones e a consideração do possível incremento
em tempestuosidade como outro componente das mudanças climáticas. .
Os principais perigos às infra-estruturas físicas (abióticas) costeiras relacionados com as
tempestades marítimas e mudanças climáticas são:
Outubro 2012, p 193
Níveis extremos de água do mar na costa resultando em cheias e na inundação de áreas
baixas.
Mudanças nas características dos ciclones, ventos e regime local de ondas resultando no
impacto directo das ondas
Erosão costeira e erosão subterrânea de fundações e estruturas.
Complexidades, limites e não-linearidades de sistema, por exemplo, relacionadas com o
transporte de areia.
Uma combinação de eventos extremos, tais como tempestades marítimas durante marés
cheias mais a subida do nível do mar terá os maiores impactos e destruirá cada vez mais a
infra-estrutura existente à medida que os factores relacionados com as mudanças
climáticas se posicionam no tempo.
Os principais propulsionadores de mudanças relacionados com o acima exposto são portanto as
ondas e os níveis da água do mar (e num menor grau os ventos e as correntes).Uma discussão mais
detalhada pode observar-se nos capítulos 5 e 6.
Diagrama de definição das várias componentes que levam a níveis extremos de água
do mar na costa (ver figra 5.3 no Capítulo 5)
A resposta na linha costeira e o impacto das inundações é influenciado por parâmetros/ processos
costeiros tais como: topografia, geologia, acção de ondas na costa, nível do mar (incluindo o
estado das marés e a subida futura), batimetria e volume das dunas frontais.
Os vários componentes que levam a níveis extremos da água do mar estão apresentados no
diagrama acima.
Para uma maior utilidade na quantificação de perigos e em última análise encontrar formas de
reduzir riscos e derivar medidas de adaptação práticas, é necessário prever a resposta costeira e a
severidade dos impactos. Para este fim, dada a falta de dados e informações históricos ao longo da
Outubro 2012, p 194
costa Moçambicana, definiram-se três cenários de inundações para determinar os níveis de perigo
em locais específicos em termos de possíveis inundações devido a vários factores associados com
factores meteorológicos “normais” bem como os efeitos das mudanças climáticas.
A Beira é utilizada como um exemplo para ilustrar como é que as componentes dos níveis do mar
na costa foram calculados para cada localização, na figura abaixo.
Pior cenário para costas totalmente expostas
Cenário de Risco Intermédio para Costas parcialmente expostas
Cenário de baixo risco para costas protegidas
Níveis de inundações costeiras e de elevação do nível devido às ondas na Beira
(ver Figura 5.32 no Capítulo 5).
Estes três cenários de níveis de inundações foram calculados para cada uma das vilas e cidades tal
como descrito na figura abaixo (três barras para cada vila/ cidade).
Outubro 2012, p 195
Níveis de inundações costeiras para 11 vilas/cidades
(ver figura 6.3 no Capítulo 6)
7.2.2
Avaliação da vulnerabilidade costeira a uma escala geral
Falando de uma forma geral, as áreas centrais de costas de delta (p.e. Beira) são muito vulneráveis
em termos de elevação (ver a figura abaixo). A ocorrência mais elevada de ciclones (perigo mais
elevado) encontra-se nas partes centrais de Moçambique atenuando-se para o Sul
(aproximadamente a partir do Tofo) e também concretamente para o Norte (a partir da Iha de
Moçambique).
Em termos de altura das ondas (excluindo ciclones) o perigo aumenta ligeiramente do Norte para
o Sul, com a maior parte da costa sujeita a um ataque moderado de ondas de mar alto. Devido à
batimetria específica fora de Moçambique e (entre outros aspectos) à localização de nódulos de
marés, a Costa Norte (p.e. Nacala e Pemba) bem como partes da costa central (p.e. Beira)
enfrentam o maior perigo de marés (note-se que o perigo aqui está ainda classificado como
moderado em relação a linhas costeiras noutras partes do mundo nas quais os extremos de
marés são muito maiores).
A avaliação geral de perigos é útil na comparação da vulnerabilidade a um nível mais regional e
efectivamente fornece uma indicação de como alguns perigos importantes são distribuídos
espacialmente.
Outubro 2012, p 196
Perspectiva geral dos perigos e vulnerabilidade da Costa Moçambicana
(ver figura 6.21 no Capítulo 6)
7.2.3
Avaliação de vulnerabilidade costeira à escala local / micro
Foram realizadas análises para determinar a vulnerabilidade de cidades e vilas costeiras
(identificadas pelo INGC) em termos do impacto de um conjunto de cenários de mudanças
biofísicas.
Foi avaliada a vulnerabilidade às forças do mar de aproximadamente 10 km de costa em cada
local através da avaliação de 14 parâmetros abióticos contra um conjunto acordado de critérios
(ver Tabela 6.1 no Capítulo 6). A avaliação de vulnerabilidade foi feita com e sem factores de
mudanças climáticas e também com e sem o efeito dos ciclones.
A figura abaixo resume os resultados das avaliações a uma escala micro de extensões de 1km de
costa da Beira sob os vários cenários (C1 a C4 e D1 a D4) mostrando a classificação global de
vulnerabilidade quando os 14 parâmetros da Tabela 6.1 são combinados.
Outubro 2012, p 197
Mapeamento detalhado da vulnerabilidade da Beira: Cenários C& D
(ver figura 6.24b no Capítulo 6)
Estão disponíveis mapas de vulnerabilidade total para cada um dos locais de estudo, para os 8
cenários que incluem ciclones (i.e. C1 a D4).
A figura abaixo mostra a comparação detalhada da vulnerabilidade costeira dos 12 locais de
estudo da costa com a utilização do cenário de mudanças climáticas mais provável, C4. (O cenário
C4 considera uma subida do nível do mar de 1m até 2100 e inclui ambos efeitos dos ciclones e um
aumento na tempestuosidade devido às mudanças climáticas.
Outubro 2012, p 198
Uma comparação das vulnerabilidades de 12 locais de estudo sob o cenário mais
provável do futuro (C4) (Ver a figura 6.36 no Capítulo 6)
Os resultados mostram que as cidades mais vulneráveis são a Ponta do Ouro, Maputo, XaiXai
Beach, Tofo, Villanculos, Beira e Pemba. Beira é identificada como a cidade mais vulnerável.
7.2.4
Medidas de adaptação apropriadas
Uma profunda revisão bibliográfica levou à identificação de um número de opções de gestão e
métodos baseados em "estruturas suaves de protecção costeira (soft engineering)" e “"estruturas
rígidas de protecção costeira (hard engineering)"” disponíveis para proteger o litoral (ver Capítulo
7). Através da consideração dos processos costeiros e das características da área de estudo, e
factores que governam a adequabilidade dos projectos de desenvolvimento costeiro, foram
identificadas várias opções potenciais de resposta.
As opções identificadas não incluem todas as medidas/ opções de protecção costeira. Os
resultados, juntamente com as investigações no local permitiram aos engenheiros costeiros
determinarem as opções de adaptação mais apropriadas de se introduzir numa linha de costa em
particular (0.5 km a 1km) em cada uma das áreas de estudo.
Com base nas considerações e critérios de avaliação anteriores, e incluindo todas as opções de
adaptação apropriadas, foram agrupadas as medidas de adaptação prioritárias/ “sem
arrependimento” de acordo com o tipo e impacto, cobrindo as questões mais relevantes de
mudanças climáticas para as vilas e cidades costeiras de Moçambique, tal como se resume na
tabela abaixo.
Outubro 2012, p 199
Medidas prioritárias de adaptação/ sem arrependimentos
(ver Tabela 7.6 no Capítulo 7)
Medidas sem arrependimentos
Viabilidade
CBA
Adequabilidade/ Eficácia
Área de
aplicabilidade
Novo zoneamento, “aceitar e retirar”, etc
Média/ Alta
Média
Opções
de
gestão
“obrigatórios”,
mas
necessitam um impulso
socio-económico
e
político
Todas as
cidades
costeiras
Ordem e prioridades de
implementação
1. As opções de gestão
“obrigatórias”
mitigam
perigos presentes e futuros
e permitem um melhor
desenvolvimento
socioeconómico
Desenvolvimentos em áreas alternativas
seguras
Alta
Alta
Acmoodação: elevar propriedades, etc
Média
Média
Com infraestrutura de
elevado valor e defesas
marinhas
Locais
específicos
4. Gerir/ adaptar quando for
inevitável
para
protegerinfraestruturas de
elevado valor
Alimentação de areia
Alta
Alta
Bom em Maputo e na
Beira com dragagem do
porto
Local
2. Uma oportunidade ideal
Dunas geridas reforçadas/ com vegetação
Alta
Alta
Mangais/ pantanais reabilitados
Alta
Alta
Paredões (betão vertical/ curvo)
Média
Média
Revestimentos (rocha inclinada)
Média
Média
Diques (montes de areia/ terra)
Baixa
Quebra-mares separados/ recifes artificiais
Melhores
“ambientais”
opções
Todas as
cidades
costeiras/
locais
Sobretudo onde existirem
desenvolvimentos
de
elevado valor e o espaço /
areia forem limitados
Locais
específicos
Baixa
Alternativa de “último
recurso” a dunas
Locais
específicos
Baixa
Baixa
Pode ser bom
grandes
desenvolvimentos
Locais
específicos
Quebra-mares (rocha/ betão)
Média
Média
Sobretudo
com
alimentação de areia
Locais
específicos
“Geotêxteis” recheados de areia
Média
Média
Gabiões e colchões recheados de rochas
Média
Média
Apenas com energia de
ondas baixa/ moderada –
médio prazo
Locais
específicos
para
de “engenharia suave”/
restauração quando se
aplicarem as condições
locais
3.
Implementar
“engenharia
dura”
ou
blindagem quando for
inevitável para proteger
desenvolvimentos/
infraestruturas de elevado
valor.
(Note-se, um elevado CBA (Avaliação de Custo/Benefício) é considerada como um
indicador positivo, o que significa que de facto os benefícios são superiores aos
custos, e poderiam deste modo talvez ser colocados como BCA (Avaliação de
Benefício/ Custo) em termos de uma métrica positiva. Contudo, para manter a
consistência com a terminologia utilizada noutros temas, conservou-se aqui o CBA.)
Os resultados, juntamente com as investigações nos locais permitiram aos engenheiros costeiros
determinarem as opções de adaptação mais apropriadas de se introduzir numa área em particular
dentro das áreas de estudo. Seguindo uma abordagem conservadora e cautelosa, recomendou-se
uma lista de acções prioritárias de adaptação e resposta para cada vila e cidade (Capítulo 8)
7.3
7.3.1
Planeamento e gestão integrada costeira
A adopção e implementação de princípios e orientações estratégicas para planeamento e resposta
a impactos costeiros e incluindo especificamente impactos das mudanças climáticas tal como
debatido no Capítulo 7 é visto como primeiro e mais importante ponto de acção. A maior parte das
Outubro 2012, p 200
opções de resposta são propositadamente o que se pode de denominar de opções “suaves” ou
“trabalhar com a natureza”. Seguir uma abordagem integrada de planeamento costeiro está em
linha com os princípios estratégicos e orientações de boas práticas em termos de gestão costeira e
resposta às mudançasclimáticas. Esta decisão simples do nível de gestão significará um avanço
significativo na redução da necessidade de construir defesas costeiras dispendiosas em muitos
casos, especialmente no longo prazo. As actividades são, entre outras:
Planear qualquer construção costeira de modo a que esteja a uma distância segura da marca
do nível mais alto da água e repor mecanismos naturais de defesa com as devidas
autorizações ambientais.
Realizar um planeamento e implementação holísticos através do desenvolvimento e
implementação de Programas de Gestão Costeira que incorporem planos de gestão da
linha costeira.
Definir uma linha limite de protecção para os projectos de desenvolvimento costeiro que
seja concebida para proteger o ambiente natural de violação por edifícios bem como a
protecção de empreendimentos nas praias dos efeitos das tempestades e erosão costeira
acelerada.
Trabalhar com a natureza através da protecção da integridade de sistemas de dunas de
protecção, os quais devem ter vegetação com espécies apropriadas para as dunas de
acordo com as zonas naturais originais e serem mantidas.
Manter ou melhor ainda, aumentar a reserva de areia (volume) armazenada no sistema de
dunas.
Protecção, restauração e manutenção de sistemas como mangais e recifes de coral.
7.3.2
Opções de adaptação específicas por local
A cidade da Beira é utilizada como exemplo abaixo para ilustrar a abordagem de avaliação e a
forma como os resultados são apresentados para cada local de estudo. Os resultados para outros
locais de estudo são apresentados de uma forma semelhante no Capítulo 8
As medidas chave de adaptação consideradas apropriadas para Moçambique são resumidas no
quadrado branco grande na figura, as quais incluem quatro “opções de gestão” (classificadas A1 a
A4), três medidas baseadas em “estruturas suaves de protecção costeira (soft engineering)””/
restauração (B1, B2 e B3), quatro opções de “estruturas rígidas de protecção costeira (hard
engineering)”” & blindagem (C1s, C1r, C2, C5), e duas opções mais adequadas para locais de
energia de ondas baixa/ moderada (C11 e C12).
As três ou quatro opções ou combinação de opções consideradas mais adequadas para cada 0,5
km de secções ao longo da costa da Beira são indicadas em blocos brancos pequenos ao lado de
cada marcador no mapa. As marcas dentro de cada bloco pequeno (p.e. A1 ou C5, etc) referem-se
às opções assinaladas descritas no quadrado branco grande.
Outubro 2012, p 201
Opções de adaptação/ protecção costeira para a Beira com base nos critérios gerais,
características dos sítios locais e utilização/ “valor” actual
(Ver figura 8.1 no Capítulo 8)
Os números grandes a vermelho (1 a 4) nas figuras indicam a ordem recomendada de
implementação das medidas de adaptação costeira identificadas para a Beira. Por outras palavras,
a figura 8.1 representa um “plano” ou “mapa” resumindo as opções de adaptação preferidas ao
longo de cada secção de 0.5 km da costa Oeste, Sul e Sudeste da Beira.
Deve salientar-se que os pormenores específicos dos desenhos de engenharia e orçamentos
detalhados de cada opção podem ser feitos apenas quando se tiverem realizado pesquisas de
engenharia e ambientais específicas para cada local. É absolutamente crítico envolver profissionais
de engenharia costeira e avaliação ambiental com experiência no planeamento detalhado,
concepção e implementação das opções escolhidas.
7.3.3
Procurar oportunidades para parcerias público-privadas (PPP)
Em muitos casos pode ser implementado com sucesso um planeamento sólido e futuros projectos
de desenvolvimento fora do alcance das forças do mar. Existem muitas oportunidades para entrar
num tipo de PPP “conceber e construir” as quais têm o potencial para co-financiar a
implementação de opções de adaptação mais caras de engenharia “ estruturas rígidas”.
Outubro 2012, p 202
7.3.4
Continuar com o envolvimento e comunicação activa de partes interessadas para
disseminar os produtos e facilitar a assimilação
As observações por parte da equipa de estudo durante a interacção com grupos de partes
interessadas a vários níveis de autoridade levaram às seguintes recomendações apresentadas para
consideração:
As recomendações recaem em três categorias, nomeadamente (a) aquelas relacionadas com os
vários tomadores de decisão, (b) aquelas a um nível mais técnico/ científico, e (c) aquelas que se
relacionam com a disseminação de conhecimento e tomada de decisão.
(a) Aspectos de Liderança
As seguintes acções podem ser implementadas imediatamente e mantidas numa base contínua:
1. Os líderes locais (autoridades bem como tradicionais) devem ser encorajados a respeitar o
facto que as mudanças climáticas poderão levar a ameaçar a vidas, meios de subsistência
e infra-estruturas.
2. Os líderes devem ser encorajados a apoiar a adopção e a aplicação de princípios
estratégicos e orientações de boas práticas de medidas de adaptação (Secção 7.1) em toda
a Gestão Integrada de Zonas Costeiras, governação costeira e planeamento de
empreendimentos costeiros.
3. Os líderes devem ser encorajados a implementar as medidas de adaptação prioritárias
“sem arrependimento” o mais cedo possível. Na maior parte dos casos isto significa aderir
a princípios sólidos de planeamento e concepção.
4. Os líderes devem ser encorajados a incorporar os resultados dos estudos nos planos
actuais e futuros tais como planos de estrutura municipais e planos de desenvolvimento
com financiamento público e privado.
5. Os líderes devem ser encorajados a considerar a adopção de uma abordagem PPP para
obter co-financiamentos para as medidas de adaptação mais caras mas de importância
crítica.
(b) Aspectos técnicos e científicos
Os seguintes aspectos técnicos e científicos são recomendados para implementação imediata ao
longo dos próximos 6 a 12 meses:
1. Devido à importância de saber a actual elevação das áreas de risco identificadas, é da
maior importância realizar estudos topográficos detalhados da faixa costeira em todas as
vilas e cidades.
Outubro 2012, p 203
2. Os actuais planos de estrutura municipais e outros planos de desenvolvimento ao longo da
linha da costa devem ser actualizados para incorporar os factores de mudanças climáticas
identificados.
3. Os planos de desenvolvimento costeiro aprovados devem ser revistos para assegurar que
os factores relevantes de mudanças climáticas sejam considerados e que os
empreendedores privados estejam conscientes do risco potencial de não seguirem uma
abordagem cautelosa. (O Turismo poderá ser uma das fontes de rendimentos para a
implementação de medidas de adaptação).
4. Deve ser montado um sistema formal para monitoria, avaliação, e relato dos parâmetros
chave identificados neste estudo e mantido por uma autoridade competente.
(c) Disseminação do conhecimento e apoio à decisão
Para permitir uma tomada de decisão informada, baseada em evidências, podem ser
implementadas as seguintes acções dentro dos próximos 12 a 24 meses:
1. Desenvolver ferramentas de suporte à decisão tais como mapas, base de dados SIG,
relatórios e linhas de orientação práticas baseadas em regras para utilização pela
comunidade de gestão costeira nos níveis Nacional, Provincial e Municipal.
2. Realizar um processo para disseminar eficazmente os resultados deste estudo nos níveis
Nacional, Provincial e Municipal. Também, empreender um processo de informação e
educação para consciencializar a população local em geral.
3. Criar um serviço regional de extensão/ aconselhamento. Tal poderá ser possivelmente
feito através dos escritórios regionais do INGC criar um serviço regional de extensão/
aconselhamento. Poderá ser feito eventualmente utilizando os escritórios regionais do
INGC apoiados por conhecimento especializado relevante científico, de engenharia e
tecnológico localizado nas Universidades, Ministérios relevantes e em parceria com
prestadores de serviços regionais e internacionais até que seja estabelecida capacidade
nacional.
4. Introduzir programas formais de desenvolvimento de habilidades de adaptação às
mudanças climáticas em todos os níveis de tomada de decisão (Gestão, Administração e
Técnico).
(Sistemas de aviso prévio (p.e. através de telefones celulares), planos de resposta às emergências e
medidas para eventos extremos tais como ciclones, não são o foco desta pesquisa, mas são
obviamente de importância crítica. O INGC tem demonstrado boa capacidade de antecipação e de
implementação em relação a este aspecto.)
Outubro 2012, p 204
7.4
7.4.1
Determinar uma linha de base
No seguimento do actual trabalho da Fase II, espera-se que haja uma fase de implementação. Em
qualquer fase de seguimento do trabalho, é essencial incluir como prioridade a recolha adicional
de dados e a monitoria para endereçar a lacuna crítica de dados e informação a nível regional,
nacional e local, necessários para aumentar o nível de confiança nos conjuntos chave de
informação sobre os quais se baseiam as medidas de adaptação identificadas neste estudo.
Os parâmetros e questões que devem de ser monitorizados incluem o seguinte:






Características dos ciclones – feito quando for apropriado.
Regime de ventos e de ondas locais (e tempestades marítimas) – continuamente
Níveis de água na costa (tendências das marés e do nível do mar) - continuamente
Estabilidade e tendências da costa (erosão/ acumulação) – um estudo de base o mais cedo
possível seguido de pesquisas repetidas cada três a cinco anos e após grandes ciclones.
Integridade das defesas/ estruturas costeiras construídas – um estudo de base seguido de
pesquisas repetidas a cada três a cinco anos. Este deve ser um contributo crítico para um
plano eficaz de manutenção de infra-estruturas.
Integridade de defesas naturais costeiras (dunas, mangais, recifes de coral, pantanais – um
estudo de base seguido de repetições padrão sempre que for apropriado. Isto deve
também ser um contributo crítico para um plano eficaz de manutenção e gestão integrada
de zonas costeiras.
Tal como indicado, apesar de alguns dos parâmetros necessitarem de ser recolhidos em intervalos
curtos de tempo (p.e. dados do vento em períodos inferiores a uma hora), outros necessitam de
ser recolhidos de poucos a poucos anos (p.e. dados topográficos).
7.4.2
Monitoria, avaliação, disseminação e resposta contínuas
Com base nas recomendações sobre o suporte à decisão que surgiram através da interacção com
grupos de partes interessadas, considera-se de importância estratégica e táctica a implementação
de um programa nacional de monitoria e relato contínuos de indicadores ambientais chave que
são relevantes para os parâmetros de mudanças climáticas identificados neste estudo.
O INGC possui uma rede bem estabelecida e comprovada de recolha de informação, avaliação e
resposta quase em tempo real durante a formação e em eventos de emergência tais como
ciclones, cheias, incêndios, etc. Recomenda-se portanto a criação de uma rede complementar para
recolha de dados, avaliação e disseminação de informação relativamente aos efeitos das
mudanças climáticas, possíveis tendências nos factores de perigo identificados, potenciais limites
de mudanças (ou “pontos de viragem”) e os impactos resultantes de modo a alimentar a base de
dados científica e conhecimentos sobre os quais possam ser tomadas decisões divulgadas o mais
depressa possível.
Outubro 2012, p 205
8 BIBLIOGRAFIA
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Outubro 2012, p 211
CAPÍTULO 12: GLOSSÁRIO DE TERMOS
(DEAD & P, 2010)
Acumulação
(Accretion)
Formação de detrito rochoso ou sedimento (de praia), depositado por
processos naturais de fluxo de fluídos.
Ao longo da costa
(alongshore; mesmo
que longshore)
Paralelo à, e perto da linha da costa.
Maré astronómica
(astronomical tide)
Níveis e carácter das marés que resultam de efeitos gravitacionais, e.g. da
terra, sol e lua, sem qualquer interferência atmosférica.
Barra (bar)
Cordilheira ou monte de areia, cascalho ou outro material não consolidado,
localizado ao largo da costa, que esta submerso (pelo menos na maré cheia),
especialmente na foz ou estuário de um rio, ou paralelo à praia e a uma curta
distancia desta.
Batimetria
(bathymetry)
Medição das profundidades da água nos oceanos, mares e lagos; é também a
informação derivada de tais medições.
Baía (bay)
Reentrância ou entrada na costa de um mar ou lago, entre dois cabos ou
pequenas penínsulas, não tão grande como um golfo, mas maior que uma
enseada.
Praia (beach)
(1) Depósito de material solto (e.g. areia, cascalho) situada na junção entre a
terra e o mar (ou outras grandes extensões de água) e activamente
“trabalhada” por processos hidrodinâmicos do momento presente (i.e. ondas,
marés e correntes) e por vezes por ventos. (2) a zona de material não
consolidado que se estende por terra, a partir da linha de água pouco
profunda, até ao local onde existe uma mudança evidente no material ou na
forma fisiográfica, ou até à linha de vegetação permanente. O limite da praia
em direcção ao mar – a não ser que especificado de outra forma – é a linha
média de água pouco profunda. Uma praia inclui uma área à beira-mar
(foreshore) e uma área interior adjacente (backshore). (3) (smp) a zona de
material não consolidado que é movido pelas ondas, vento e correntes de
maré, estendendo-se em direcção a terra, a partir da linha costeira.
Erosão da praia (beach
erosion)
Desaparecimento de materiais da praia, levados pela acção das ondas,
correntes de maré, correntes litorais ou vento.
Perfil da praia (beach
profile)
Secção transversal tirada perpendicularmente a um dado contorno da praia; o
perfil pode incluir a face de uma duna ou um paredão, estender-se sobre a
área interior adjacente à praia (backshore), através da beira-mar (foreshore) e
em direcção ao mar, por baixo de água, até à zona próxima da costa
(nearshore).
Leito (bed)
Fundo de um curso de água, ou qualquer corpo de água.
Outubro 2012, p 212
Benefícios (benefits)
Valor económico de um esquema, normalmente medido em termos do custo
dos estragos evitados pelo esquema, ou a valorização de uma amenidade
percebida ou melhoramentos ambientais.
Área de
amortecimento (buffer
area)
Parcela ou faixa de terra que é desenhada e designada para permanecer com
vegetação permanente, numa condição imperturbada e natural, para proteger,
um local aquático ou pantanoso adjacente, dos impactos da região
montanhosa do interior, para providenciar habitat para as espécies selvagens e
para garantir acesso publico limitado.
Ilhéu (cay)
Ilha pequena e baixa composta em grande parte por coral ou areia.
Penhasco (cliff)
Parede de rocha alta e íngreme.
Mudanças climáticas
(climate change)
Tendência de variação de longo prazo (décadas ou mais) no nível médio do
mar, altura das ondas, velocidade do vento, etc., decorrentes tanto de causas
naturais ou de actividades humanas.
Costa (coast)
Faixa de terra de comprimento e largura indefinidos (poderá ser dezenas de
quilómetros) que se estende da beira-mar até às primeiras mudanças
significativas nas características do terreno.
Gestão costeira
(coastal management)
Desenvolvimento de uma política estratégica, de longo prazo e sustentável de
utilização da terra, por vezes também denominada gestão da linha costeira.
Processos costeiros
(coastal processes)
Termo genérico que abrange a acção das forças naturais na linha costeira e no
solo oceânico próximo da costa.
Zona costeira (coastal
zone)
Zona de interface terra-mar-ar, que circunda os continentes e ilhas, que se
estende desde o extremo interior de uma barreira de praia, ou linha costeira
de uma baía costeira, até à extensão exterior da plataforma continental.
Linha costeira
(coastline)
(1) Tecnicamente, é a linha que forma a fronteira entre a costa e a beira da
água. (2) geralmente, é a linha que forma a fronteira entre a terra e a água. (3)
(smp) é a linha onde os processos terrestres dão lugar aos processos marinhos,
correntes de maré, ondas de vento, etc.
Conservação
(conservation)
a protecção de uma área, ou de um elemento particular dentro de uma área,
aceitando a dinâmica natural do ambiente e, portando, permitindo a mudança.
Plataforma continental
(continental shelf)
Zona que contorna um continente, estendendo-se da linha de imersão
permanente até ao fundo, normalmente cerca de 100 m a 200 m, onde existe
um declive bem definido ou bastante íngreme que desce para as grandes
profundidades.
Linha de contorno
(contour line)
Linha que liga pontos, numa superfície de terra ou fundo do mar, com igual
elevação. É denominada isóbata quando liga pontos da mesma profundidade
Perpendicular à costa
(cross-shore)
Perpendicular à costa.
Linha de detritos
(debris line)
Linha próxima do limite da zona de influência das ondas tempestuosas, que
marca o limite de deposito de detritos na terra.
Água profunda (deep
water)
No que diz respeito a ondas, onde a profundidade é maior do que metade do
comprimento da onda. Diz-se que existem condições de água profunda quando
a rebentação das ondas não é afectada pelas condições no fundo.
Outubro 2012, p 213
Ondas de água
profunda (deep water
waves)
Onda em água cuja profundidade é superior a metade do comprimento da
onda.
Profundidade (depth)
Distância vertical do nível da água calma (ou ponto de referência como
especificado) até ao fundo.
Projecto de
tempestade (design
storm)
Estruturas de protecção costeira serão frequentemente projectadas de forma a
resistir ao ataque das ondas pelo desenho de tempestade extrema. A dureza
da tempestade (i.e. período de retorno) é escolhida em perspectiva do nível
aceitável de risco de estragos ou falha. Uma tempestade projectada consiste
numa condição de ondas projectada, num nível de água projectado e numa
duração.
Onda projectada
(design wave)
No desenho de portos, trabalhos de portos, etc., é o tipo ou tipos de ondas
seleccionadas como tendo as características contra as quais é desejada uma
protecção.
Direcção das ondas
(direction of waves)
Direcção a partir da qual as ondas chegam.
Direcção do vento
(direction of wind)
Direcção a partir da qual o vento sopra.
Dunas (dunes)
(1) Acumulações de areia trazida pelo vento, nas áreas interiores adjacentes à
praia (backshore), normalmente na forma de pequenos montem ou
cordilheiras, estabilizados por vegetação ou estruturas de controlo. (2) um tipo
de forma de leito que indica transporte significativo de sedimentos ao longo de
um fundo marinho arenoso.
Duração (duration)
Nas previsão de ondas, é o intervalo de tempo em que o vento sopra
essencialmente na mesma (direcção).
Ecossistema
(ecosystem)
Interacção entre os organismos vivos e o ambiente não-vivo numa dada área.
Erosão (erosion)
Desgaste da terra por forças naturais. (1) Numa praia, o desaparecimento de
materiais da praia, levados pela acção das ondas, correntes de maré ou por
esvaziamento. (2) Desgaste da terra pela acção de forças naturais.
Estuário (estuary)
(1) Corpo costeiro semi-incluso de água que tem uma ligação livre com o mar
aberto. A água do mar esta normalmente diluída até certo ponto com água
doce. (2) a parte do rio que é afectada pelas marés.
Ocorrência (event)
Evento que reúne condições especificas, e.g. danos, uma altura limite de ondas
ou um nível limite de águas.
Extensão (fetch)
Comprimento da superfície de mar aberto, desobstruída, ao longo da qual o
vento pode gerar ondas (área de geração).
Comprimento da
extensão (fetch lenght)
(1) Distância horizontal (na direcção do vento) sobre a qual um vento gera
marés ou causa elevação. (2) a distância horizontal, no mar aberto, sobre a
qual o vento sopra e gera ondas.
Gabião (gabion)
Cesto de rede de arame em aço, que serve para segurar pedras ou rochas
partidas, para proteger da erosão um banco ou um fundo.
Outubro 2012, p 214
Geologia (geology)
Ciência que trata da origem, história e estrutura da Terra, tal como são
retratadas nas rochas; conjuntamente com as forças e processos que operam
no momento actual para modificar rochas.
Georeferenciação
(georeferencing)
(1) Processo dimensionamento, rotação, tradução e de inclinação da imagem
de forma a corresponder a um tamanho e posição específicos (2) estabelecer a
localização de uma imagem em termos de projecções de mapas ou sistemas de
coordenadas.
Água alta (high water)
Altura máxima alcançada por uma maré a subir. A altura pode ser apenas
devida às forças periódicas de marés ou pode ter sobreposto os efeitos das
condições meteorológicas prevalecentes. De forma não técnica pode também
ser denominada a maré-alta.
Marca de água alta
(high water mark)
Marca de referência numa estrutura ou objecto natural, indicando a altura
máxima da maré ou inundação.
Média da maré alta de
águas vivas (mean high
water spring)
Altura média da água alta que ocorre em altura de marés vivas.
Nível médio do mar
(mean sea level)
Altura média da superfície do mar, em todas as fases da maré, ao longo de um
período de 19 anos, normalmente determinado a partir de leituras horárias da
altura.
Oceano (ocean)
Grande corpo de água salgada que ocupa dois terços da superfície da terra, ou
uma das suas principais subdivisões.
Ao largo da costa
(offshore)
(1) Na terminologia da praia, é a zona comparativamente mais plana, de
largura variável, que se estende da ante praia (shoreface) até ao extremo da
plataforma continental. Está continuamente submersa. (2) a direcção, da costa
para mar alto. (3) A zona, para além da zona próxima da costa (nearshore),
onde a movimentação de sedimentos, induzida unicamente pelas ondas, cessa
efectivamente e onde a influência do leito do mar na acção das ondas é
pequena em comparação com o efeito do vento. (4) A zona de rebentação
directamente após a linha de maré baixa, em direcção ao mar.
Vento em direcção ao
largo da costa (offshore
wind)
Vento que sopra em direcção ao mar alto, a partir da terra firme, na área
costeira.
Afloramento (outcrop)
Exposição da superfície de rocha nua, não coberta por solo nem vegetação.
Transposição
(overtopping)
Água transportada sobre o topo de uma defesa costeira, devido à elevação das
ondas ou acção das ondas excedendo a altura do cume.
Período pico (peak
period)
Período da onda determinado pela inversão da frequência na qual o espectro
de energia das ondas alcança o seu máximo.
Fotogrametria
(photogrammetry)
Ciência de dedução das dimensões físicas de objectos a partir de medições em
imagens (normalmente fotografias) dos objectos.
Porto (port)
Local onde os navios podem carregar ou descarregar carga.
Braço (reach)
(1) Braço do oceano que se estende para dentro de terra. (2) Uma secção em
linha recta, de caminho de água de extensão considerável; pode ser similar a
um estreito, mas bastante mais longo em extensão.
Outubro 2012, p 215
Recuo (recession)
Movimento continuo da linha costeira para o interior. (2) Um movimento
liquido da linha costeira para o interior, ao longo de um período especifico.
Refracção (refraction)
Processo pelo qual a direcção de uma onda, movendo-se em águas pouco
profundas, a um certo ângulo em relação aos contornos do fundo, muda. A
parte da onda que se move em direcção à costa em águas pouco profundas
desloca-se mais lentamente do que a porção que se desloca em águas
profundas, provocando a viragem ou curva da onda, ficando paralela aos
contornos.
Período de retorno
(return period)
Período médio de tempo entre ocorrências de um dado evento.
Revestimento
(revetment)
(1) Face de pedra, betão, etc., para proteger uma represa, ou estrutura
costeira, contra a erosão pela acção das ondas ou correntes. (2) Uma parede
de retenção. (3) (smp) uma face de pedra, betão, etc., construída para proteger
uma escarpa, represa ou estrutura costeira contra a erosão por ondas ou
correntes.
Rochas (rocks)
Agregado de um ou mais minerais, bastante grande em área. As três classes de
rochas são as seguintes: (1) Rochas ígneas (igneous) – rochas cristalinas
formadas a partir de material fundido. Exemplo: granito e basalto. (2) Rochas
sedimentares – uma rocha resultante da consolidação de sedimentos soltos
que se acumularam em camadas. Exemplos: arenito/grés (sandstone), xisto
(shale) e calcário (limestone). (3) Rochas metamórficas – rochas que se
formaram a partir de rochas pré-existentes como resultado de calor ou
pressão.
Nível de elevação máx
da água devido às
ondas (run-up)
Avanço de água, sobre uma estrutura ou praia, na quebra de uma onda. A
quantidade de elevação é a altura vertical acima do nível de água calma, que o
avanço da água alcança.
Areia (sand)
Mistura não consolidada (geologicamente) de solo inorgânico (que pode incluir
conchas e corais desintegrados), consistindo em pequenos, mas facilmente
distinguíveis, grãos variando em tamanho entre cerca de 0.062 mm e 2.0 mm.
Protecção contra
erosão (scour
protection)
Protecção contra a erosão do leito do mar, na frente do sopé da duna
Defesas do mar (sea
defences)
Trabalhos para prevenir ou aliviar as inundações do mar.
Subida do nível do mar
(sea level rise)
Tendência de aumento de longo prazo no nível médio do mar.
Peredão (seawall)
(1) Estrutura construída ao longo de uma porção de costa, primeiramente para
prevenir a erosão e outros danos provocados pela acção das ondas. Retém a
terra contra a sua face voltada para a costa. (2) (smp) uma estrutura que
separa as áreas de terra e água, primeiramente para prevenir a erosão e outros
danos provocados pela acção das ondas. É geralmente mais massivo e capaz de
resistir a maiores forças das ondas do que uma antepara (bulkhead).
Transporte de
sedimentos (sediment
Principais actividades pelas quais os materiais sedimentares se movem são:
gravidade (transporte por gravidade); água corrente (rios e fluxos); gelo
(glaciares); vento; o mar (correntes e arraste ao longo da costa). A água
Outubro 2012, p 216
transport)
corrente e o vento são os agentes de transporte mais generalizados. Em ambos
os casos operam três mecanismos, embora o tamanho das partículas dos
materiais transportados seja bastante diferente, devido às diferenças na
densidade e viscosidade do ar e da água. Os três processos são: rolando ou
deslocando, em que as partículas se movem ao longo do leito mas são
demasiado pesadas para serem levantadas; aos saltos; e em suspensão, no
qual as partículas permanecem permanentemente acima do leito, mantidas lá
pelo fluxo turbulento do ar ou da água.
Limite de protecção
(setback)
(smp) Espaço aberto requerido, especificado em programas mestres da linha
costeira, medido horizontalmente para o interior, a partir de uma
perpendicular à marca ordinária de água alta.
Água pouco profunda
(shallow water)
Água de tal profundidade que as ondas de superfície são notoriamente
afectadas pela topografia do fundo. Tipicamente implica uma profundidade de
água equivalente a menos de metade do comprimento da onda.
Banco (shoal)
(1) (nome) Área destacada, de qualquer material excepto rocha ou coral. As
profundidades sobre esta são um perigo para a navegação à superfície.
Características semelhantes de plataformas continentais ou insulares, de
maiores profundidades, são normalmente denominadas bancos. (2) (verbo)
tornar-se gradualmente menos profundo. (3) provocar superficialidade /
tornar-se menos profundo (4) avançar de uma maior para uma menor
profundidade de água.
Costa (shore)
Faixa de terra que contorna qualquer corpo de água o qual esta
alternadamente exposto, ou coberto por marés e / ou ondas. Uma costa de
material não consolidado é normalmente denominada praia.
Altura significativa das
ondas (significant wave
height)
Altura média do terço das ondas mais altas, para um intervalo de tempo
definido.
Período significativo
das ondas (significant
wave period)
Período médio do terço das ondas mais altas, para um intervalo de tempo
definido.
Defesas suaves (soft
defences)
Normalmente referem-se a praias (naturais ou desenhadas) mas podem
também estar relacionadas com estruturas de absorção de energia e controlo
de praias, incluindo aquelas construídas de rocha, onde estas são utilizadas
para controlar ou redireccionar os processos costeiros em vez de se oporem a
eles ou de os prevenirem.
Maré viva (spring tide)
Maré que ocorre no momento, ou próximo do momento, de lua nova ou lua
cheia, e que sobe até à mais elevada e desce até à mais baixa, em relação ao
nível médio do mar (NMM).
Nível de água calma
(still water level)
Superfície da água se todas as ondas e acção do vento cessasse. Em águas
profundas este nível aproxima-se do ponto médio da altura das ondas. Em
águas pouco profundas é mais próximo da depressão que da crista. É também
denominado o nível de água imperturbada.
Zona de rebentação
(surf zone)
Zona próxima da costa, ao longo da qual as ondas rebentam à medida que se
aproximam da costa.
Zona de rebentação
Zona em que a acção das ondas se estende a partir da linha de água (que varia
Outubro 2012, p 217
(surf zone)
com a maré, vaga, disposição inicial, etc.), até ao ponto mais para o largo da
zona (zona de quebra), na qual as ondas que se aproximam da costa começam
a quebrar, tipicamente em profundidades de água entre 5 m e 10 m.
Vaga (surge)
(1) Variações de intervalo longo na velocidade e pressão no fluxo de fluidos,
não necessariamente periódicos, talvez mesmo de natureza transitória. (2) O
nome atribuído ao movimento das ondas com um período intermédio entre
aquele de uma onda de vento ordinária e aquele da maré. (3) Mudanças no
nível da água, como resultado de um parámetro meteorológico (vento e alta ou
baixa pressão barométrica) provocando uma diferença entre o nível de água
registado e aquele previsto, utilizando análises harmónicas, que podem ser
positivas ou negativas.
Estudo de controlo
(survey, control)
Estudo que fornece coordenadas (horizontais e verticais) de pontos aos quais
são ajustados os mapas suplementares.
Estudo hidrográfico
(survey, hydrographic)
Estudo que tem como propósito principal a determinação das características
geométricas e dinâmicas de corpos de água.
Estudo fotogramétrico
(survey,
photogrammetric)
Estudo em que os monumentos são colocados em pontos que foram
determinados fotogramétricamente.
Estudo topográfico
(survey, topographic)
Estudo que tem, como propósito principal, a determinação da configuração da
superfície da terra e a localização de objectos naturais e artificiais existentes
sobre ela.
Zona de espraiamento
(swash zone)
Zona de acção das ondas sobre a praia, que se move à medida que os níveis de
água variam, estendendo-se a partir do limite do movimento de descida até ao
limite do run-up.movimento de subida.
Ondulação (swell)
Ondas que viajaram uma longa distância, desde a área onde foram geradas, e
que foram organizadas, pela viagem, em longas ondas com o mesmo período
aproximado.
Sopé (toe)
(1) a parte mais baixa do mar – e do declive de quebra de água na zona dos
portos, formando geralmente a transição para o leito. (2) O ponto de quebra
em declive entre a duna e a face da praia.
Mapa topográfico
(topografic map)
um mapa no qual são evidenciadas as elevações através de linhas de contorno.
Contra a corrente
(updrift)
Direcção pela qual se aproxima o movimento predominante de materiais da
praia, ao longo da costa.
Crista da onda (wave
crest)
(1) Parte mais alta da onda. (2) A parte da onda acima no nível de água calma.
Direcção da onda
(wave direction)
Direcção a partir da qual as ondas se aproximam.
Altura da onda (wave
height)
Distância vertical entre a crista (o ponto mais alto da onda) e a base da crista
da onda depressão (o ponto mais baixo).
Características
históricas de ondas
(wave hindcast)
Cálculo, a partir de gráficos meteorológicos sinópticos históricos, das
características das ondas que provavelmente ocorreram em algum momento
passado.
Outubro 2012, p 218
Comprimento de onda
(wave lenght)
Distância, em metros, entre pontos equivalentes (cristas e depressão) em
ondas.
Período da onda (wave
period)
(1) Tempo requerido para duas cristas, de ondas sucessivas, passarem por um
ponto fixo. (2) O tempo, em segundos, requerido para uma crista de onda
atravessar uma distância igual a um comprimento da onda.
Diagrama de direcção e
altura das ondas (wave
rose)
Diagrama que mostra a distribuição a longo prazo da altura e direcção das
ondas.
Elevação devida a
rebentação das ondas
(wave set-up)
Elevação, a partir do nível de água calma, provocada pela rebentação das
ondas.
Declividade da onda
(wave steepness)
Rácio da altura da onda em relação ao seu comprimento. Não é a mesma coisa
que o declive entre a crista da onda e a sua depressão adjacente.
Cadeia de ondas (wave
train)
Série de ondas provenientes da mesma direcção.
Depressão da onda
(wave trough)
Parte mais baixa da forma da onda entre cristas. É também aquela parte da
onda abaixo do nível de água calma.
Variabilidade das
ondas (wave
variability)
(1) Variação de alturas e períodos, entre ondas individuais, num comboio de
ondas. Os comboios de ondas não são compostos por ondas de iguais alturas e
períodos, mas sim de alturas e períodos que variam de forma estatística. (2) A
variabilidade na direcção do percurso da onda quando abandona a área de
geração. (3) A variação em altura ao longo da crista.
Diagrama de
velocidade e direcção
do vento (wind rose)
Diagrama que mostra a distribuição a longo prazo da velocidade e direcção do
vento.
Elevação devida ao
vento (wind set-up)
(1) A subida vertical no nível de água calma, a sotavento de um corpo de água,
provocado por pressões do vento na superfície da água. (2) A diferença nos
níveis de água calma a barlavento e a sotavento de um corpo de água,
provocado por pressões do vento na superfície da água. (3) Sinonimo de maré
de vento e vaga de tempestade. Vaga de tempestade esta normalmente
reservada para utilização no oceano e em grandes corpos de água. Disposição
do vento esta normalmente reservada para utilização em reservatórios e
corpos de água mais pequenos.
Ondas de vento (wind
waves)
(1) Ondas formadas, e a aumentar em altura, sob a influência do vento. (2) De
forma genérica, qualquer onda gerada por vento.
Sistema Geodésico
Global [World Geodetic
System, 1984 (revisto
em 2004)]
Moldura de referência global, fixada na terra, utilizada para definir as
coordenadas durante a realização de plantas, e por sistemas de GPS.
Outubro 2012, p 219
Outubro 2012, p 220
ANEXO 1: DETECÇÃO REMOTA POR SATÉLITE DE
ALTERAÇÕES COSTEIRAS
Detecção Remota por Satélite de
Alterações Costeiras: Caso de Estudo de
Moçambique.
Dr. Wesley Roberts ([email protected])
Drª Melanie Lück-Vogel ([email protected])
CSIR
Recursos Naturais e o Meio Ambiente
Grupo de Pesquisa de Observação dos Ecossistemas da Terra
Pretória/Stellenbosch 14 de Fevereiro de 2011
Outubro 2012, p 221
Índice
1.0 INTRODUÇÃO
223
1.1 Satélite de Detecção Remota para estudos de detecção de alterações – Landsat TM
223
1.2 Métodos utilizados
225
2.0 RESULTADOS
231
2.1 Análise Orientada para Objectos
231
2.2 Análise de Vector de Mudança
233
2.3 Análise de Mudança Espectral
239
3.0 DISCUSSÃO
241
4.0 CONCLUSÃO
243
Figuras
Figura 1 Localização dos locais de estudo
224
Figura 2 Representação Gráfica da AVM: A parte superior mostra a magnitude do vector de
mudança, enquanto que a parte inferior mostra a direcção.
228
Figura 3 Visão esquemática do fluxo de trabalho de mudança espectral
230
Figura 4 Resultados da Análise de Imagem Orientada para Objectos (Maputo)
231
Figura 5 Resultados da Análise de Imagem Orientada para Objectos (Beira)
232
Figura 6 Resultados da Análise de Imagem Orientada para Objectos (Vilanculos)
233
Figura 7 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Maputo)
234
Figura 8 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Beira)
235
Figura 9 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Maxixe)
236
Figura 10 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Vilanculos)
238
Figura 11 Análises de Mudança Espectral para Maputo (A: 1986 - 2009; B: 1986 - 1999; C: 1999 2003; D: 2003 - 2009)
240
Outubro 2012, p 222
SUMÁRIO EXECUTIVO
A vulnerabilidade costeira perante grandes eventos de tempestades e/ou a subida do nível do
mar está dependente do estado da costa e dos processos morfológicos que actuam sobre essa
costa. Nas análises actuais os dados obtidos de detecção remota através de satélites foram
avaliados em termos da sua capacidade para identificar processos erosivos e/ou de acumulação.
O litoral de Moçambique está sujeito a grandes tempestades associadas com sistemas de baixa
pressão no Oceano Índico. As grandes vagas geradas por tempestades estão geralmente
associadas a estes eventos colocando populações e infra-estrutura costeiras sob ameaça.
Identificar zonas de potencial alteração crítica ajudaria largamente a determinar onde poderiam
ser usadas infra-estruturas costeiras para proteger as comunidades costeiras. Um passo vital
neste processo passa por determinar onde estão a ocorrer os processos erosivos e de
acumulação ao longo da costa, começando pelas áreas povoadas. Quatro áreas de estudo foram
identificadas com o intuito de serem avaliadas pela detecção remota por satélite: Maputo,
Maxixe, Vilanculos e Beira.
Foram avaliados três métodos de detecção de mudança em Maputo (Análise de Imagens
Orientadas para o Objecto, Análise de Vector de Mudança e Análise de Mudança Espectral),
enquanto dois foram utilizados para a Maxixe, Vilanculos e Beira (Análise de Vector de Mudança
e Análise de Mudança Espectral). Os resultados apresentados neste relatório mostram que as
Análises de Vector de Mudança e de Mudança Espectral relatam resultados consistentes,
enquanto a Análise de Imagens Orientadas para o Objecto devolveu resultados inconsistentes.
Todos os três procedimentos de análise de imagem foram afectados pelas marés, o que tornou o
processo de diferenciação entre oceano, praia e águas rasas muito difícil. Tal resultou em erros
por defeito e por excesso, dependendo da natureza das marés e das imagens utilizadas.
A resolução espacial também desempenhou um papel importante na qualidade dos resultados,
com uma precisão de ± 60 metros a ser considerada muito imprecisa. Embora o arquivo do
Landsat 5 Thematic Mapper (TM) e do 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) forneçam
gratuitamente e com fácil acesso dados via satélite, este relatório sugere que a escala de
mapeamento destes sensores é adequada apenas para estudos costeiros contextuais.
No futuro deverão ser usadas imagens quer de satélite de alta resolução quer por fotografia
aérea digital para avaliar a estabilidade costeira. Os autores reconhecem que estes dados nem
sempre estão facilmente disponíveis, no entanto, quando o acesso a fotografia aérea histórica é
possível, todos os meios deverão ser usados para adquirir e usar estes dados. Além disso, sugerese que o radar de abertura sintética interferométrico de alta resolução (InSAR) seja explorado
para a identificação tanto dos processos erosivos como dos de acumulação que estão activos ao
longo da costa.
1.0
1.1
INTRODUÇÃO
Detecção Remota por Satélite para estudos de detecção de alterações – Landsat TM
Esta componente do projecto procurou usar o arquivo Landsat para monitorizar a erosão e/ou
acumulação costeira em locais específicos ao longo da costa moçambicana. As imagens de
satélite de detecção remota foram identificadas há muito como uma ferramenta adequada para
Outubro 2012, p 223
detecção de alterações, uma vez que a escala sinóptica de muitos sensores em particular permite
a análise de grandes áreas dentro de uma imagem. As plataformas de detecção remota por
satélite também permitem uma monitoria directa de uma superfície de terreno em intervalos
regulares. Esta característica de observação da Terra por satélite significa que um sensor especial
multiespectral pode (dependendo da largura da faixa e da resolução espacial) recolher várias
cenas por ano da mesma área. No entanto, especialmente em regiões tropicais, a aquisição de
imagens livres de nuvens é geralmente desafiante. O arquivo de resolução média de dados de
satélite há mais tempo em funcionamento é a séria Landsat Thematic Mapper (TM), propriedade
de e operado pela United States Geological Survey (USGS). O arquivo remonta a 1980,
fornecendo uma panóplia de informações para o acompanhamento tanto de mudanças naturais
como antropogénicas da cobertura da terra. A Figura 1 mostra os locais onde foram realizadas
análises de detecção de alterações no âmbito deste projecto.
Figura 1 Localização dos locais de estudo
Foram escolhidos dados Landsat TM para este estudo uma vez que o sistema tem um arquivo
abrangente para a região de interesse, que remonta ao início dos anos 80. A tarefa passou por
monitorizar a localização da linha de costa em intervalos regulares (± 5 anos), sempre que
possível. Além disso, todo o Arquivo Landsat é disponibilizado gratuitamente através do Global
Land Cover Facility (http://www.landcover.org) e o Visualizador de Visualização Global da United
Outubro 2012, p 224
States Geological Survey (http://glovis.usgs.gov/). Também foram retirados dados provenientes
do Satellite Applications Centre (SAC) do CSIR. Os dados são directamente transferíveis a partir da
Global Land Cover Facility e do Visualizador de Visualização Global da USGS. O objectivo da
análise de detecção de alterações foi identificar as áreas ao longo da costa (dentro das nossas
áreas de interesse) que demonstrasse alterações incomuns tanto em termos de acumulação
como de erosão. Em particular, as áreas que apresentam grande erosão podem ser identificadas
e sinalizadas como zonas de potencial alteração crítica.
A costa moçambicana é susceptível a eventos climáticos que resultam em grandes vagas
causadas por tempestades ameaçando a infra-estrutura pública e o bem-estar daqueles que
vivem em estreita proximidade com as áreas costeiras. Foi, portanto, necessário investigar se e
onde a costa está a sofre erosão e tentar entender porque tal está a acontecer, com vista à
apresentação de um plano de adaptação a futuras ameaças relacionadas com as condições
climáticas costeiras. Por outro lado a acumulação é um sinal de alterações à morfologia costeira
resultante quer de influências naturais como de antropogénicas. O mapeamento de zonas de
acumulação ajudaria a planear as alterações futuras.
Vários estudos têm demonstrado a utilidade do mapeamento da erosão e/ou da acumulação
através da utilização de vários satélites Landsat. Alesheikh et al. (2007) empregou técnicas de
racionamento por histograma e linearização de banda para monitorizar a costa de um lago
salgado no noroeste do Irão. Os autores foram capazes de determinar, através do uso de imagens
Landsat e de métodos de detecção de alterações, que a área do lago havia diminuído até 20%
num período de cinco anos. As avaliações de precisão indicaram que a sua metodologia proposta
foi precisa a um grau de 1,3 pixéis (± 39m). Chen et al. (2005) empregou imagens Landsat MSS e
TM para medir a recuperação da linha de costa na Baía de Lingding no Sul da China. As suas
análises foram capazes de identificar e mapear acumulação costeira na ordem dos 3,6 a 6 km em
direcção ao mar devido à expansão urbana e projectos de recuperação do litoral. Similarmente
Vanderstraete et al. (2006) fez uso de imagens Landsat TM e dados ETM+ para mapear zonas de
acumulação e de erosão resultantes de actividades de uso de terra em mudança. O seu estudo foi
capaz de mapear definitivamente zonas de alterações e incorporá-las nas actividades futuras de
planeamento.
Embora todos os três estudos indiquem que o satélite de detecção remota se mostrou útil para
estudos de alterações costeiras, Boak e Turner (2007) indicam que um factor limitativo quando se
utiliza dados multi-espectrais prende-se com a resolução de pixéis e o custo. O arquivo Landsat
recentemente publicado é gratuito, no entanto, qualquer análise realizada usando imagens
Landsat é limitada a uma precisão de ± 60m no caso do Landsat TM e ETM+ e ± 120m para os
sensores MSS mais antigos.
1.2
Métodos utilizados
Conforme mencionado acima foram empregadas técnicas de detecção de alterações para
analisar alterações na localização da linha de costa, ao longo do período de estudo pré-definido,
nos seguintes locais: Maputo, Beira, Maxixe e Vilanculos. As imagens Landsat foram
descarregadas do arquivo GLOVIS e SAC, contendo várias datas para cada localidade. A Tabela 1
mostra as datas e locais para os quais foram recolhidos dados (Nem todos os dados foram
utilizados em qualquer um dos três métodos de detecção de alterações).
Outubro 2012, p 225
Tabela 1 Imagens utilizadas (fontes: CSIR SAC & USGS GLOVIS)
Maputo
Beira
Maxixe
Vilanculos
15/03/1984
01/06/1984
05/22/1992
27/02/1987
18/03/1986
13/12/1988
03/02/1995
31/05/1992
27/03/1991
20/05/1991
01/06/2001**
21/03/1995
09/07/1992
04/06/1996
13/05/2000**
18/06/1996
01/09/2000**
01/06/2004
14/01/2000**
24/06/2004
31/08/2008
14/09/2003
07/09/2008
30/05/2009
10/07/2004
07/09/2008
Landsat 7ETM ** (Todos os outros são Landsat 5 TM)
A USGS distribui imagens Landsat corrigidas para o nível 1T, que indica que uma correcção
geométrica foi aplicada às imagens, removendo erros geométricos de sensor e específicos do
terreno. Como tal não é necessário realizar correcções geométricas às imagens, enquanto o SAC
distribui os seus dados com nível 1G, que geralmente requer alguma correcção para efeitos do
terreno. Portanto os dados SAC foram corrigidos usando um modelo de elevação digital (MED) de
Topografia de Radar em Vaivém Espacial (Shuttle Radar Topography-SRTM- no original), com
registo final imagem a imagem a empregar dados USGS. Foram necessárias correcções
radiométricas uma vez que ambas as fontes de dados são distribuídas como números escalados
digitalmente. Utilizando o software ATCOR os valores DN foram convertidos para aferir a reflexão
à superfície com base nos ganhos e desvios e outros parâmetros solares derivados a partir dos
arquivos de metadados que acompanham as respectivas imagens utilizadas.
Foi empregado controlo de qualidade por meio da análise de assinaturas espectrais de superfícies
características dentro de cada uma das imagens de reflectância resultantes e por comparação
com assinaturas de referência. Após a conclusão do pré-processamento foram empregados três
métodos de detecção de alterações. O primeiro método utilizou análise de imagens orientadas
para objectos (AIOO) para extrair o litoral de cada uma das imagens e depois parcelar estas linhas
dentro de um sistema de informação geográfica. O segundo método utilizou análise de vector de
mudança (AVM) para identificar pixéis ao longo da costa que exibissem alterações fora da faixa
normal esperada. Finalmente foi utilizada uma técnica de mudança espectral para analisar as
mudanças nos espectros por pixel. Foram empregados três métodos distintos uma vez que tal
proporcionou aos pesquisadores a oportunidade de explorar plenamente a aplicação da detecção
remota por satélite de média resolução para estudos de alterações costeiras. Com fim à
interpretação das imagens, para todas as datas de aquisição, também foi avaliado o estado da
maré no momento da aquisição das imagens utilizando a ferramenta WXTide40.
Análise de Imagens Orientada para Objectos (AIOO)
O primeiro método de análise de alterações no litoral utilizado foi a AIOO que, conforme descrito
acima, procurou identificar a costa, que foi definida como a interface entre o oceano e a massa
de terra. Em contraste com os classificadores baseados em pixéis a AIOO realiza a sua
classificação em objectos de imagem em vez de pixéis individuais. Estes objectos são definidos
utilizando um algoritmo de segmentação, que procura identificar as regiões homogéneas dentro
Outubro 2012, p 226
da imagem com base em parâmetros pré-definidos. O presente projecto fez uso de um algoritmo
de Segmentação Multiresolução desenvolvido pela Baatz e Schäpe (2000) e implementado no
âmbito do software de análise de imagem Definiens Developer 7. Os parâmetros necessários
para a segmentação incluem a forma e compacidade que controlam tanto o tamanho e forma
dos segmentos com base no conteúdo da imagem. Não existe regra definitiva para a selecção da
forma ideal e valores de compactação. Pelo contrário, os analistas de imagens usar um sistema
de tentativa e erro para determinar a selecção ideal para cada imagem. O resultado da
segmentação é um número de objectos de imagem. Cada um destes objectos de imagem tem
certas características, dependendo do pixéis que contém. As características destes pixéis são
então atribuídas ao objecto e usados para particionar ainda mais os objectos em classes prédefinidas. É realizado uma partição adicional utilizando uma técnica de delimitação, bem como a
cor, forma do objecto e adjacência do objecto.
A utilização de adjacência espacial como uma medida de associação de classe permite a
classificação de objectos de imagem com base na sua proximidade a uma classe ou função dentro
da imagem. Na presente análise AIOO foi usada para localizar a interface entre a terra e o oceano
e, de seguida, converter esta área num vector que designa o litoral. A definição do litoral mudou
dependendo da cobertura do solo que estava presente. Em alguns casos o litoral foi a interface
entre a área urbana e o oceano, noutros locais a interface entre a vegetação e o mar e noutros
ainda a interface entre a areia branca e a vegetação, contribuindo para a complexidade das
análises. Os resultados do procedimento AIOO são apresentados na secção 2.1.
Análise de Vector de Mudança (AVM)
O segundo método de detecção utilizado foi a técnica de Análise de Vector de Mudança (AVM)
(Johnson e Kasischke, 1998). A técnica utiliza a distância euclidiana para calcular a magnitude da
mudança entre dois pixéis espacialmente coincidentes a partir de duas imagens da mesma área,
capturadas em datas diferentes. Em contraste com a técnica AIOO a AVM tenta quantificar a
quantidade de mudança que ocorre entre duas imagens ao nível do pixel. Além disso, o método
também oferece a oportunidade de determinar a direcção da mudança com base em
coordenadas cartesianas. A equação 1 descreve o cálculo da magnitude M de mudança entre
pixéis, onde ya é a banda 1 da imagem da primeira data e yb é a banda 1 da segunda imagem e xa
e xb são bandas 2 da primeira e segunda imagem respectivamente (a equação 1 é adequado para
estudos de detecção de alterações que introduzam duas faixas por data de imagem)
(1)
Utilizando esta equação a AVM quantifica a extensão do vector de mudança entre dois pixéis
espacialmente coincidentes. Além disso a AVM apresenta a oportunidade de quantificar a
direcção particular do vector de mudança. Se fôssemos desenhar o espaço de mudança num
plano cartesiano e traçar a localização dos pixéis na data 1 e a localização dos pixéis na data 2
(com base em coordenadas x e y) veríamos não só a magnitude da mudança, mas também a
direcção da mudança. Vide a figura 2 para uma explicação gráfica.
Outubro 2012, p 227
Figura 2 Representação Gráfica da AVM: A parte superior mostra a magnitude do vector de mudança, enquanto
que a parte inferior mostra a direcção.
A metade inferior da Figura 2 ilustra graficamente que, dependendo do tipo de alteração, a
direcção dessa alteração pode ser utilizado para deduzir certas características sobre a alteração.
Na actual análise foram utilizadas duas bandas derivadas para cada data, ou seja, a banda quasiinfravermelho (IV) e o primeiro componente de uma Análise de Componentes Principais (ACP).
Estas duas bandas foram escolhidas porque, em primeiro lugar, a radiação electromagnética
quasi-infravermelho é fortemente absorvida pela água e largamente reflectida por superfícies
não-aquosas, tornando esta banda sensível às mudanças entre terra e água, enquanto o primeiro
componente de um ACP exibe as informações que são comuns entre todas as bandas
introduzidas, ou seja, reflectância e absorção similares. Tal significa que áreas de mudança são
exibidas por aumentos ou diminuições na reflectância espectral, conforme quantificado pelas
bandas aplicadas. Quando combinadas, a banda quasi-IV e a primeira ACP criam uma ferramenta
eficaz para monitorizar as alterações costeiras, uma vez que ambos são sensíveis a mudanças na
reflectância da terra e na absorção de água. Por exemplo, no presente estudo um pixel particular
foi considerado como acumulação se tanto o quasi-IV como o primeiro ACP aumentassem de
brilho entre duas datas. Um aumento no brilho indica que o pixel passou de um pixel
predominantemente de água para um pixel de terra. Da mesma forma, se o brilho diminuísse
Outubro 2012, p 228
então o pixel passaria de um pixel de terra para um pixel de água, indicando erosão. Esta é a base
para a análise AVM com o resultado da análise a ser uma imagem a retractar a magnitude das
alterações, bem como a direcção, quer fosse o quadrante 1, 2, 3 ou 4, com o 1 e o 3 a ser o foco.
Em consequência desta análise foram executados diversos ensaios no que diz respeito à selecção
e limiar adequado de magnitude. Os autores estabeleceram o percentil 90 como representando
uma alteração significativa de uma data para a seguinte. De seguida os pixéis que apresentaram
mudanças maiores do que o percentil 90 foram seleccionados e utilizadas para mascarar a
direcção, onde apenas os quadrantes 1 e 3 foram retidos. Foi realizada uma AVM para cada
parelha de datas, em cada local. Os anos de aquisição das imagens comparadas na análise do
vector de mudança são apresentados na tabela 2 abaixo.
Maputo
Tabela 2 Parelhas de datas da AVM
Beira
Maxixe
Vilanculos
1992 - 1996
1991 - 1996
1992 - 1995
1987 - 1995
1996 - 2004
1996 - 2000
1992 - 2001
1995 - 2000
2004 - 2008
2000 - 2004
1995 - 2001
2000 - 2009
As alterações para a totalidade do período de tempo foram então determinadas usando
matemática raster, com os pixéis a apresentarem consistentemente erosão e acumulação a
serem identificados como zonas críticas de alteração. Os resultados são ilustrados na secção 0.
Análise de Mudança Espectral (AME)
O terceiro método de detecção de alterações empregado para a região de teste de Maputo
envolveu o uso de Análises de Mudança Espectral (AME). Como com todos os algoritmos de
detecção de alterações, a Análise de Mudanças Espectrais exigiu uma correcção geométrica
meticulosa dos dados introduzidos, dado que qualquer falha poderia resultar numa falsa
detecção de alterações. Para detectar mudanças espectrais ao longo do tempo foi realizada uma
comparação bitemporal dos dados geométricos e atmosféricos pré-processados. Para tal efeito
foi realizada uma diferenciação de imagens, subtraindo-se a imagem respectiva mais recente à
imagem respectiva mais antiga.
A partir do compósito de 6 bandas resultante foi calculada a relação da banda 3/banda 4, sendo a
banda 3 a diferença das bandas 3 Landsat TM: REDold – REDnew e a banda 4 representam a
diferença de quasi-infravermelhos NIRold – NIRnew.
Usando esta relação banda3/banda4 e as bandas de diferença 3 e 4 por si próprias foi
desenvolvido um classificador de decisão em árvore, com base em valores limite derivados da
análise de imagens, para essas três bandas.
Foram derivadas as seguintes classes de alteração:
0: sem alteração,
1: vegetação em imagem antiga mudou para solo nu na imagem nova,
2: solo nu mudou para vegetação,
3: vegetação para água,
4: água para vegetação,
5: solo nu para água, e
6: água para solo nu.
Outubro 2012, p 229
Figura 3 Visão esquemática do fluxo de
trabalho de mudança espectral
Foram apenas relevantes para este
trabalho as classes 1 e 2, indicando uma
mudança na orla entre vegetação costeira
(dunas) e praia, e as classes 5 e 6,
indicando uma mudança na linha de água.
A fim de evitar erros de classificação na
mudança da linha de água, devido a
variações de maré das imagens
comparadas, foram utilizadas apenas
imagens com maré alta para esta
abordagem. O estado de maré das
imagens Landsat em causa no momento
de aquisição de imagens foi avaliado
usando a ferramenta WXtide40. Em
consequência, as seguintes imagens
Landsat TM e ETM+ para a região de
Maputo foram comparadas:
1986-11-14 – 2009-12-23,
1986-11-14 – 1999-07-05,
1999-07-05 – 2003-09-02,
2003-09-02 – 2009-12-23.
Outubro 2012, p 230
2.0
2.1
RESULTADOS
Análise Orientada para Objectos
Foi realizada uma Análise de Imagem Orientada para Objectos (AIOO) em todos os locais, excepto
um. Devido a irregularidades nos dados não efectuado uma AIOO na Maxixe. Conforme
mencionado na secção 1.2.1 foi utilizado o software Definiens eCognition para mapear a
localização da linha de costa que foi definido como a interface entre o oceano e a terra. A Figura 4
mostra os resultados da AIOO em torno da capital Maputo. As análises foram realizadas em
vários intervalos temporais, incluindo 1984, 1986, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008. As costas
extraídas
são
mostradas na Figura
4, onde não foi
identificada uma clara
identificação
de
erosão
ou
acumulação costeira.
Embora o algoritmo
tenha
conseguido
identificar
a
localização geral das
tendências
determinantes
do
litoral e/ou mudança
sistemática é, em
grande parte, um
procedimento
quantitativo que é
muito
limitativo
quando comparada
aos métodos usados
pelos
engenheiros
costeiros.
Figura 4 Resultados da Análise
de Imagem Orientada para
Objectos (Maputo)
Outubro 2012, p 231
Embora os dados possam ser difíceis de interpretar pode-se ver claramente que existiram poucas
mudanças catastróficas associadas quer a inundações quer a circunstâncias perigosas. As
alterações na foz do rio, vistas no lado superior esquerdo da figura 4, destacam os problemas
continuados encontrados no que diz respeito à definição exacta da costa. Em algumas imagens a
maré estava alta enquanto noutras a maré estava claramente baixa. Dada a pouca profundidade
da baía de Maputo as imagens de maré baixa mostraram um litoral muito mais extenso do que
uma imagem de maré alta. Após a análise do estado de maré das imagens Landsat utilizadas,
concluiu-se que essas alterações estavam claramente relacionadas com as diferenças no estado
de maré e foram excluídos da análise de alterações.
A Figura 5 apresenta uma análise semelhante para a região da Beira, onde foram empregados
procedimentos AIOO para mapear as mudanças costeiras. Infelizmente, devido a limitações de
tempo, não foi possível realizar a AIOO para todas as imagens introduzidas.
Figura 5 Resultados da Análise de Imagem Orientada para Objectos (Beira)
Outubro 2012, p 232
A Figura 5 também destaca as questões da
amplitude das marés em torno da Beira. As águas
costeiras rasas exibem uma tonalidade branca
brilhante em contraste com as águas costeiras
profunda que aparecem escuras. Especialmente
durante as maré baixa, as áreas costeiras rasas de
areia tornam-se frequentemente espectralmente
indistinguíveis das praias sem água. Tal significa que,
durante os ciclos de maré baixa, torna-se muito
difícil estabelecer uma localização precisa do litoral
(usando imagens Landsat TM) com uma tendência
para a identificação de acumulação em oposição a
eventos de erosão. Devido a problemas técnicos não
foi possível executar a AIOO no local de estudo da
Maxixe. No entanto a Figura 6 mostra a área de
Vilanculos e as suas costas, extraídos em 1992 e
2004. Da mesma forma, a análise dos dados foi
prejudicada por variações inconsistentes de marés
entre as datas de captura de imagem. As duas costas
apresentadas na figura 6 mostram uma pequena
quantidade de acumulação na cena de 2004,
quando comparada com a imagem de 1992. Esta
acumulação é provavelmente resultado de variações
inconsistentes das marés entre as duas cenas. Além
disso, o método empregue pode muito bem ser
capaz de identificar acumulação ou erosão costeira,
mas quantificar o quanto tem ocorrido e identificar
eventuais tendências significativas é muito difícil
utilizando um método bidimensional tão preciso
quanto o AIOO.
Figura 6 Resultados da Análise de Imagem Orientada
para Objectos (Vilanculos)
2.2
Análise de Vector de Mudança
Também foi realizada uma Análise de mudança de
vector utilizando os mesmos dados de imagem. Nas
análises foram analisadas parelhas de imagens
usando o método AVM. A Tabela 2 mostra as datas
das análises, enquanto a Figura 7 mostra os
resultados para a análise de Maputo. Embora
tenham sido realizadas até três comparações nem
todos os vectores de mudança puderam ser
mapeados num único mapa. Alternativamente
foram mantidos apenas os pixels que demonstraram
Outubro 2012, p 233
alterações consistentes no mesmo sentido e identificados como zonas de alteração crítica
potencial. A Figura 5, onde a erosão é representada a amarelo e a acumulação em ciano, mostra
que, em áreas em redor da cidade e até em toda a baía, está a ocorrer uma pequena quantidade
de acumulação ao longo da costa, com a presença de pouca ou nenhuma erosão.
A interpretação dos resultados focou-se nas áreas costeiras dado que esta é a área de interesse e
não nas zonas interiores. Embora mudanças espectralmente semelhantes possam ter ocorrido no
interior, estas alterações são provavelmente o resultado de mudanças no uso/cobertura da terra
durante os períodos em análise. A Figura 8 mostra os resultados da análise AVM da região da
Beira. Mais uma vez, a erosão é representada a amarelo com a acumulação a ser representada
em castanho-avermelhado. A análise AVM realizada entre 1991 e 2004 demonstra erosão e
acumulação persistente em vários locais. À direita da imagem um delta de um rio/pântano
parece altamente dinâmico, com ambos os processos erosivos e de acumulação a ocorrer em
mais de duas das parelhas de imagens, enquanto os mangais na região demonstram o que
aparentam ser processos erosivos. Ao interpretar estes resultados deve-se relembrar que a
região da Beira experiencia flutuações entre marés de ± 6 metros (faixa entre as marés alta e
baixa) portanto, qualquer alteração identificada deverá ser confirmada através de métodos
tradicionais.
Figura 7 Resultados
da Análise de Vector
de Mudança
(Maputo)
Outubro 2012, p 234
Figura 8 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Beira)
A Figura 9 apresenta os resultados da análise AVM para a Maxixe, onde ambos os processos
erosivo e de acumulação foram detectados. Os processos de acumulação no canto superior
direito da imagem são o resultado da cobertura de nuvens. A norte da Maxixe a análise AVM
demonstra processos erosivos consistentes, a norte da cidade, enquanto as áreas costeiras
adjacentes à Maxixe parecem estar em processo de acumulação. Mais a sul, são evidentes
processos erosivos, especialmente no interior das baías, onde pelo menos duas das três análises
AVM demonstraram uma diminuição no brilho espectral, indicando uma mudança dos anteriores
pixéis predominantemente baseados em terra (que reflectem mais luz do que os baseados em
água) para pixéis mais escuros de água. Nenhuma mudança significativa é avistada mais a sul,
mas várias regiões menores dentro da baía/estuário demonstram processos erosivos
consistentes. Interpretar o processo erosivo, mais uma vez, deverá ser feito com o conhecimento
de que as variações das marés desempenham um papel importante na dinâmica da morfologia
costeira. A presente análise identifica muitas áreas que poderiam estar potencialmente em
erosão e poderão, no futuro, apresentar um problema para as infra-estruturas e pessoas da zona.
Outubro 2012, p 235
Figura 9 Resultados da Análise de Vector de Mudança (Maxixe)
Outubro 2012, p 236
A Figura 10 mostra os resultados para a área de estudo Vilanculos, onde foram detectados
processos erosivos. De entre todos os locais de estudo Vilanculos parece ser o mais afectado
pelos problemas das marés acima mencionados. O problema é melhor ilustrado ao largo da
costa, a sul da cidade, onde a água rasa é identificada como tendo processos erosivos que são
obviamente impossíveis. Os mesmos processos que conduzem à “erosão ao largo da costa”
podem muito bem-estar a acontecer em toda a costa. Ao largo da costa a mudança óbvia de um
pixel brilhante para um pixel escuro (erosão) é o resultado de alterações de maré, em que a
imagem inicial foi capturada na maré baixa e a segunda imagem foi capturada nas maré alta. O
resultado é que em muitos casos, os erros por excesso (tanto para a erosão como para a
acumulação) são aparentes, dependendo de quando as imagens das maré alta e baixa ocorrem
no âmbito das análises AVM. A natureza dinâmica do litoral, em especial no interface entre o
oceano e a terra torna os estudos de alterações costeiras muito difíceis, quando dados de
detecção remota por satélite são usados sem dados auxiliares sobre o estado da maré no
momento de aquisição da imagem.
Figura 10/…
Outubro 2012, p 237
Figura 10 Resultados da Análise de Vector de
Mudança (Vilanculos)
Outubro 2012, p 238
2.3
Análise de Mudança Espectral
A análise de mudança espectral só foi aplicada para o local de estudo de Maputo e foi concebida
como uma avaliação de uma abordagem alternativa de detecção de alterações. A Figura 11
mostra os resultados de detecção de alterações para as imagens utilizadas. A, B, C, D relatam os
resultados de detecção de alterações para cada parelha de imagens mencionadas no ponto 1.2.3.
A Imagem A debruça-se sobre o período entre 1986 e 2009 e fica claro imediatamente que as
diferenças entre as imagens das marés são vistas em classe 5 (Solo Nu para Água: Azul). O mesmo
padrão é visto na Imagem B, que abrange o período de 1986 a 1999. É, portanto, fácil deduzir que
a cena de 1986 foi capturada durante uma maré baixa quando comparada com as imagens de
1999 e 2009. A outra classe importante é a da vegetação para solo nu (classe 1). Uma Imagem A
classe 1 pode ser vista dentro da zona costeira a norte e a sul do centro da cidade. A mudança de
vegetação para solo nu é uma indicação de mudança na cobertura do solo normalmente
associada com a degradação da vegetação. Quando encontrada nas proximidades de uma praia
ou costa esta poderia ser interpretada como a praia a deslocar-se para o interior como resultado
da erosão costeira, degradação da vegetação costeira (por exemplo, dunas) ou outros processos
relacionados.
Por outro lado, a alteração de solo nu para vegetação é vista em todas as quatro parelhas de
imagem. Normalmente este tipo de mudanças na cobertura da terra é proeminente em áreas
onde a vegetação foi introduzida para substituir o solo nu ou quando iniciativas de conservação
e/ou de reabilitação são bem-sucedidas, ou, dependendo do tipo de vegetação, que reflectem
simplesmente a sazonalidade da vegetação. Nas actuais análises a classe 2 poderá ser associada a
processos de acumulação quando encontrados nas proximidades da costa. Todas as quatro cenas
demonstram possíveis processos de acumulação em estreita proximidade com o litoral. Em
particular, a classe 2 é proeminente na porção sul da baía de Maputo. As Imagens A, C e D
destacam um problema adicional associado com imagens recentes no âmbito do arquivo Landsat.
Em maio de 2003 o Landsat 7 ETM+ sofreu uma falha do mecanismo corrector de captura a
bordo. Tal levou a que as imagens fossem distribuídas com lacunas na linha de captura, o que faz
com que dados não estejam disponíveis. As linhas resultantes que se vêem são devido a esta falta
de dados. Os resultados de alterações em A, C e D deverão portanto ser validados recorrendo a
trabalho de campo e ou dados aéreos fotográficos auxiliares.
Outubro 2012, p 239
Figura 11 Análises de Mudança Espectral para Maputo (A: 1986 - 2009; B: 1986 - 1999; C: 1999 - 2003; D: 2003 2009)
Outubro 2012, p 240
3.0
DISCUSSÃO
Os métodos de avaliação da morfologia costeira e/ou as tendências das alterações costeiras
foram discutidos neste relatório. Foram avaliados e utilizados três métodos, com vista a
determinar a aplicabilidade da resolução média de dados Landsat TM para estudos de alterações
costeiras. As análises e o relatório não procuraram identificar as zonas de mudanças críticas
potenciais, mas, ao invés, reportar a aplicabilidade dos três métodos utilizados. O conceito
experimental foi semelhante para cada um dos métodos avaliados. Para cada local (Maputo,
Beira, Maxixe e Vilanculos) foram descarregadas uma série de imagens Landsat TM a partir quer
do arquivo GLOVIS quer do SAC. As imagens foram então pré-processadas e analisadas.
As experiências foram concebidas para determinar qual método poderia mapear e identificar
com precisão quer os processos erosivos quer os de acumulação. O procedimento AIOO foi de
longe o mais inconclusivo dos três. Os litorais extraídos utilizando análises baseadas em objectos
foram inconsistentes e fortemente influenciadas pela natureza da maré no momento da captura
da imagem. A abordagem também foi minada por irregularidades quando aplicado o mesmo
algoritmo para duas imagens diferentes. Os limiares de banda entre as imagens nunca foram os
mesmos, resultando num dispêndio de tempo para actualizar os parâmetros do algoritmo. Os
parâmetros precisaram de ajustes quando aplicados a locais diferentes, bem como para datas
diferentes no mesmo local. Como tal a ideia de criar um algoritmo AIOO que possa ser
universalmente aplicado às imagens do mesmo sensor não foi possível. O segundo (AVM) e
terceiro (AME) métodos foram contudo padronizados e puderam ser aplicados a todas as cenas,
independentemente dos dados e/ou local. Tal apresentou-se como uma vantagem, uma vez que
poupou ao analista uma grande quantidade de tempo em termos de execução e avaliação da
qualidade dos dados. Os métodos AVM e AME também compararam imagens do mesmo dia, em
anos diferentes, que foram então usadas para identificar as tendências com base na localização e
frequência da ocorrência. Identificar processos erosivos e/ou de acumulação usando estes dois
métodos foi muito mais fácil, pois as análises individuais focaram-se na mudança ao nível do
pixel, em oposição a alterações ao nível do objecto (AIOO).
Embora o AVM e o AME fossem mais centradas na identificação de mudança, compreender a
natureza dessa mudança foi muito mais difícil. Os mecanismos que apuraram os resultados
mencionados acima são de natureza complexa e referem-se aos métodos em si, às imagens
seleccionadas e à natureza das áreas em estudo. A AIOO é uma abordagem altamente precisa
quando se tenta seleccionar ou identificar a localização exacta do litoral num conjunto temporal
de imagens recolhidas em diferentes épocas do ano, sob condições variáveis. A natureza
dinâmica do litoral significa que embora o algoritmo tenha o desempenho esperado, é provável
que a localização da linha de costa se altere com base nas condições de maré no momento.
Essencialmente a abordagem AIOO é demasiado precisa, despoletando resultados altamente
imprecisos. Os métodos AVM e AME, por outro lado, não tentam localizar o litoral real, ao invés
procuraram identificar mudanças significativas na região costeira e tentam explicar essa
mudança. Os métodos AVM e AME baseiam-se na mudança no espectro entre duas imagens com
datas diferentes e são, portanto, mais fiáveis do que um simples vector extraído de uma única
imagem. Também deverá ser realçado que o método AVM é mais sensível às tendências de
mudança costeira do que a abordagem AIOO, no sentido em que as áreas finais identificadas
como erosão ou acumulação foram seleccionadas com base no facto de que pelo menos duas
parelhas de imagens devolveram os mesmos resultados (direcção do vector de mudança).
Outubro 2012, p 241
Análises semelhantes poderiam ser realizadas para o método AME, no entanto, para efeitos
deste relatório é importante ilustrar a natureza da mudança entre parelhas de imagem.
Infelizmente, conforme os pontos 2.1 e 2.2 demonstraram, embora ambas as abordagens (AVM e
AME) tenham os seus méritos, são susceptíveis à influência da periodicidade das marés. Em
muitos casos (dependendo de qual imagem foi capturada quer em maré baixa quer em alta)
tanto os processos de acumulação como os erosivos que foram identificados não foram o
resultado de processos erosivos ou de acumulação reais, mas o resultado de mudanças de maré.
Retrospectivamente, uma análise das marés de todos os dados de imagem disponíveis para o
estudo teria reduzido o impacto das variações das marés, mas não eliminaria os efeitos na
totalidade.
A análise histórica de alterações para uma costa tão longa e complexa como a de Moçambique
não é de forma alguma fácil. O uso de dados de detecção remota para tal estudo é a escolha
óbvia. Observações sinópticas do litoral a grande escala em intervalos regulares poderiam
fornecer ao pesquisador informações suficientes para avaliar o estado geral do litoral (em termos
de erosão e/ou acumulação). No entanto, a única fonte de dados disponível para esta área é o
arquivo Landsat que, embora abrangente, de fácil acesso e gratuita, é limitado pela resolução
espacial do sensor. A resolução de 30m é muito imprecisa para identificar pequenas mudanças
relevantes para os engenheiros costeiros. Por exemplo, em alguns procedimentos os engenheiros
costeiros requerem dados com uma precisão de centímetros e/ou metros. A precisão do Landsat
é na melhor das hipóteses de 30 e 45 metros. É, portanto, semelhante a medir a largura de um
cabelo humano usando uma régua escolar de 30cm. As alterações em larga escala (>60 metros)
são obviamente detectáveis juntamente com as tendências, resultando em alterações
morfológicas costeiras em larga escala. No entanto, os engenheiros envolvidos neste projecto
exigiram precisões muito maiores do que os dados de detecção remota puderam fornecer.
Como sempre os projectos que trabalham em países em desenvolvimento sofrem com a falta de
bases de dados disponíveis. A análise descrita neste relatório poderia ter sido realizada tanto com
fotografia aérea digital como analógica. A costa moçambicana foi vistoriada em várias ocasiões,
no entanto, estes dados não estão facilmente acessíveis aos pesquisadores do CSIR. Além disso,
quando foram localizados dados apropriados encontravam-se num formato inadequado para
análise imediata. A burocracia também tornou muito difícil obter os dados de alta resolução
necessários para tal estudo. O pré-processamento adicional de fotografias aéreas analógicas
também foi demorado e não foi considerada uma opção para o presente estudo. A falta de dados
adequados prontamente disponíveis para o estudo faz com que seja muito difícil estabelecer uma
linha de base costeira, a partir da qual medir a mudança. Uma alternativa à monitoria óptica
passiva, usando detecção remota por satélite e/ou fotografia aérea é o uso de um radar
interferométrico de abertura sintética de alta resolução (InSAR).
O InSAR é usado para gerar mapas de elevação da superfície, bem como de deformação,
utilizando uma diferenciação do sinal de fase em imagens de radar de abertura sintética (RAS)
capturadas em diferentes épocas do ano. Os aparelhos InSAR de alta resolução, tais como os que
circulam no sistema de satélites TerraSAR-X, que podem medir a deformação do solo entre duas
imagens com uma precisão de até 3m, seriam adequados para estudos de deformação costeira.
Obviamente, um estudo histórico que utilize estes dados não é possível, mas uma ferramenta de
monitoria fiável poderá ser desenvolvido para monitorizar as alterações na morfologia costeira,
numa base anual ou a cada cinco anos.
Outubro 2012, p 242
4.0
CONCLUSÃO
Os métodos de detecção remota por satélite utilizados durante este projecto geraram uma
panóplia de informações interessantes. Descobriu-se que um estudo histórico das mudanças
costeiras para a costa moçambicana requer dados com uma maior resolução espacial do que os
dados de 30m do Landsat 5 e 7 (TM e ETM+) que foram utilizados. Identificar mudanças de
pequena escala utilizando o Landsat TM é possível, no entanto, a precisão do sensor torna os
mapas resultantes da erosão/acumulação inúteis quando se trata de avaliar os rácios de
alterações e a identificação de zonas de alteração crítica potencial. As questões relacionadas com
as marés, bem como a disponibilidade de dados, tornaram difícil identificar alterações em grande
escala que poderão levar à perda de vidas e danos às infra-estruturas. No âmbito do contexto da
vulnerabilidade costeira às mudanças climáticas os estudos futuros poderão utilizar o Landsat
TM, no entanto esta informação só deverá ser usada para estabelecer parâmetros contextuais
costeiros. Deverão ser usados dados de alta resolução por satélite e a fotografia aérea digital,
juntamente com dados históricos analógicos, para estudos mais precisos de alterações costeiras
induzidas pelo clima. Além disso, seria prudente que as autoridades costeiras/pesquisadores
explorassem a utilização de dados InSAR para a identificação de deformações costeiras
resultantes de processos erosivos.
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Vogel, M. (2006) Publização online da tese de doutoramento "Erfassung von Vegetationsveränderungen in
Namibia mit Hilfe von Fernerkundungs-Change-Detection-Verfahren und unter Berücksichtigung
rezenter Niederschlagsereignisse (Avaliação de alterações na vegetação na Namíbia utilizando
detecção de alterações por detecção remota e tendo em consideração dados de precipatação
recentes)”. Resumo em Inglês e versão completa em alemão em https://www.opusbayern.de/uni-wuerzburg/frontdoor.php?source_opus=1717&la=de
Outubro 2012, p 243
Weiers, S., Mielby, S., Groom, G., Stjernholm, M., Wissen, M., Bock, M., Schade, B., Tschach, E. (1999).
Monitoring of Changes in Biotope and Land Use Inventory in Denmark and Schleswig-Holstein by
means of Satellite Image Analysis and GIS Technology. MoBio. EC-FP4-Final Report.
Outubro 2012, p 244
ANEXO 2: TEMA 2 MISSÃO PARA INTERAGIR COM
MUNICÍPIOS
Participantes
INGC- Figueiredo Araújo
UEM- José Rafael
CSIR- Laurie Barwell
Objecto
 Discutir os resultados preliminares do estudo Tema 2 com as autoridades municipais
relevantes.
 Chegar a um entendimento sobre as implicações das mudanças climáticas e a necessidade de
influenciar e incorporar as recomendações em planos actuais e futuros.
 Comentar os planos actuais e futuros de infra-estrutura e estrutura, se disponíveis. A ser
efectuado in loco durante a reunião e seria necessário efectuar uma nota sobre os aspectos
relevantes.
 Identificar estudos especializados existentes sobre mudanças climáticas a fim de harmonizar
as recomendações, se possível.
 Investigação no local das actuais actividades de protecção costeira e fornecer observações, se
relevantes.
Estrutura de interação (Agenda)
Bem-vindos (Município)
Objecto e introdução (INGC)
Contexto técnico (UEM)
Discussão (CSIR)
Caminho a seguir (UEM)
Encerramento (INGC)
Outubro 2012, p 245
Notas das reuniões
Data
25 de Agosto de 2011
Local
Maputo
Representante municipal:
Raul Chilaule
Posição:
Director: Gestão Ambiental
Informações para contacto:
+258 826532810
Planos disponíveis Actual
Relatório geral sobre a protecção costeira da Cidade de Maputo
na reunião
Futuro
Relatório detalhado do projecto e planos não disponíveis
Problemas
Conforme descrito no relatório
Soluções
Conforme descrito no relatório
Caminho a seguir
Obter detalhes sobre os planos de infra-estrutura
Observações de Grande parte da infra-estrutura Municipal está localizada dentro da área de alto risco.
campo
Existem muitas oportunidades de PPP para apoiar o município na preparação para o impacto
das Mudanças climáticas
Comentários
Em espera até que possam ser obtidos planos detalhados
Data
21 de Setembro de 2011
Local
Matola
Representante municipal (1):
Abel Ricotze (tel. + 258 82 3988720)
Posição:
Director de planeamento urbano e ambiental
Representante municipal (2):
Aurélio Salomão (tel. +258 82 9109930)
Posição:
Planeamento Superior
Planos disponíveis Actual
Plano Estrutural aprovado em 2010 (cópia digital fornecida)
na reunião
Futuro
Grande desenvolvimento à beira-rio/beira-mar (não foram tidos em conta
factores de mudanças climáticas (AC))
Problemas
1. Inundação de águas pluviais em zonas pantanosas
2. Inundação por parte do rio das áreas baixas na planície aluvionar
Soluções
Nada identificado
Caminho a seguir
1. Os representantes municipais compreenderam os conceitos técnicos e a importância
de levar seriamente os resultados do Tema 2.
2. O Município está ciente de que os seus planos actuais não consideram todos os
factores de mudanças climáticas.
3. Os funcionários de nível técnico no município estão cientes da importância de
incorporar os efeitos das mudanças climáticas nos planos actuais e futuros, no
entanto os decisores de nível superior terão de ser também convencidos a fim de
efectuar quaisquer alterações.
4. Pedido de outra apresentação ao Presidente do Concelho Municipal e ao Concelho
Observações de Algumas infra-estruturas estão localizadas em áreas identificadas como vulneráveis, incluindo
campo
por exemplo a nova praça de portagens. Algumas infra-estruturas comerciais também estão
em risco (fábricas, por exemplo) e infra-estrutura pertencente ao Porto da Matola é vulnerável
em alguns locais.
Comentários
1. O Município não experienciou inundações ou vagas anormais mar até à data (apenas
inundações causadas pelo rio)
2. A expansão planeada do Porto da Matola oferece uma oportunidade para o
desenvolvimento da futura zona ribeirinha como um projecto de Parceria PúblicoPrivada, que poderá pagar acções de engenharia de adaptação (conforme
demonstrado conceptualmente nos resultados do Tema 2).
3. Observado que o novo projecto de desenvolvimento do porto está associada
principalmente com Maputo, por isso o Município da Matola não foi directamente
envolvido ou consultado.
Outubro 2012, p 246
Data
29 de Agosto, 2011
Representante municipal:
Posição:
Informações para contacto:
Planos disponíveis Actual
na reunião
Futuro
Problemas
Soluções
Caminho a seguir
Observações de
campo
Comentários
Local
Inhambane (Tofo)
Eugénio José
Director: Infra-estrutura e urbanização
+25 82 4288890
Paredão do Tofo; Estudo de mudanças climáticas do INGC/Banco Mundial
O plano estrutural municipal é em grande escala e conceptual, onde são
apresentadas três alternativas para expansão futura.
Realizado por Consultores: Arcus Consultants (Maputo). Pessoa de contacto:
Arquitecto Nhachungue +258 823263720
Listados no desenho, com fotos, encontram-se os seguintes:
1. Destruição da vegetação na duna primária
2. Degradação de protecção natural de rocha
3. Desconsideração de medidas de proibição existentes (sinalização)
4. Tráfego de veículos nas praias
5. Falta de instalações sanitárias (não relevantes para o Tema 2)
6. Corte/destruição dos mangais
7. Falta de manutenção das infra-estruturas costeiras
8. Demasiados edifícios no Tofo (relacionado com o ordenamento do território)
9. Gestão de resíduos sólidos (despejo ilegal em zonas sensíveis)
10. Destruição de edifícios, devido à erosão
11. Queda devido à erosão
12. Dunas a desaparecer
Nenhuma solução para além do paredão no Tofo foi apresentada.
Medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para resolver os problemas.
Transferência de conhecimento para o Município para capacitá-los a questionar os consultores.
O projecto do paredão precisa de ser ajustado para responder aos impactos das mudanças
climáticas (por exemplo, subida do nível do mar (SNM), marés de tempestade e energia das
ondas). Grande erosão das dunas frontais a norte do Clube Náutico. Tentativas inadequadas de
protecção da base das dunas.
1. O Município está ciente de que os seus planos actuais não consideram todos os
factores de mudanças climáticas.
2. O Município está disposto a aceitar as alterações recomendadas relevantes aos
projectos actuais.
3. O Município está agora ciente da importância de incorporar os efeitos das mudanças
climáticas nos planos actuais e futuros.
4. Existe uma necessidade de garantir o alinhamento das recomendações de diferentes
estudos, como por exemplo, o do Banco Mundial e o presente estudo Tema 2
Outubro 2012, p 247
Data
30 de Agosto de 2011
Representante municipal (1):
Posição:
Representante municipal (2):
Posição:
Representante municipal (3):
Posição:
Informações para contacto:
Planos disponíveis Actual
na reunião
Problemas
Soluções
Caminho a seguir
Observações
campo
Comentários
de
Local
Vilanculos
Jeremias Macubele (844651706)
Director: Administração, Finanças e Desenvolvimento Económico Local
André Mavitice (846849560)
Director: Planeamento urbano, Habitação e Meio Ambiente
Nélio Nhamutabe (828398320 / 848399390
Técnico: Engenharia Civil
(Conforme descrito acima)
Antigo Plano Director (11 anos): Três áreas de expansão. Precisa de
se actualizado (Foi obtida uma cotação no valor de 200 000 USD).
Não teve as AC em consideração.
Planeamento e projecção de nova Estrada Costeira, paredão e
rampa de acesso de barcos. (Não tem as AC em consideração ou
processos costeiros originados pelas correntes e aspectos da
energia das ondas). Encomendado pelo Ministério do Turismo.
Também tem planeada a concepção de um logótipo do Ministério
das Obras Públicas e Habitação.
Mencionou um plano de Gestão de Resíduos Sólidos (2010).
Futuro
Plano Director precisa de ser actualizado (ver acima)
1. Erosão costeira
2. Erosão de encostas íngremes de areia devido à água das chuvas (principalmente no
centro da cidade)
3. Erosão de encostas íngremes de areia devido à água das chuvas (principalmente no
centro da cidade)
4. Nenhum sistema de drenagem presente em estradas pavimentadas (indirectamente
associado ao Tema 2)
5. Gestão de resíduos sólidos (não para o Tema 2)
Novo projecto de Estrada Costeira (ver acima)
Plano de gestão de resíduos sólidos (ainda não implementado - em fase final de
aprovação)
As medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para resolver os problemas.
Transferência de conhecimento para o Município para capacitá-los a questionar os consultores.
Projectos de estrada, paredão e rampa de acesso de barcos precisam de ser ajustados
para responder aos impactos das mudanças climáticas (ANM, marés de tempestade,
energia das ondas).
Incerteza sobre o Nível do ponto de referência para o projecto da estrada (consultar o
Consultor para esclarecimentos). Isto é importante para permitir o alinhamento entre
os resultados do estudo Tema 2 e o projecto de engenharia.
Levantamento Aéreo de Vilanculos (Outubro de 2000). Obter nível do ponto de
referência de “Cunha de ferro em betão' Vill 1 (739.030,72; 7.563.494,32; WG84
UTM, Zona 36 - M 33 graus) Altura = 12,52 m (não é certo de MSL precisa de
confirmação)
1. Os representantes municipais compreenderam os conceitos técnicos e a importância
de levar seriamente os resultados do Tema 2.
2. O Município está ciente de que os seus planos actuais não consideram todos os
factores de mudanças climáticas.
3. O Município está disposto a aceitar as alterações recomendadas relevantes aos
projectos actuais.
4. O Município está agora ciente da importância de incorporar os efeitos das mudanças
climáticas nos planos actuais e futuros.
5. Estudo existente de Projecto de Protecção Costeira concluído e assinado (não é
Outubro 2012, p 248
6.
7.
possível um maior envolvimento do Consultor). Município à procura de
financiamento para implementar, no entanto precisa de ter as AC (Tema 2
recomendações) e a prática de Engenharia Costeira em consideração antes da
implementação final.
Existe uma oportunidade para um projecto de Parceria Público-Privada na área da
zona hoteleira de Vilanculos que poderá pagar as obras de engenharia de protecção
costeira e obras de beneficiação da praia (conforme demonstrado conceptualmente
nos resultados do Tema 2).
É importante para o INGC (e Tema 2) interagir com o Ministério do Turismo o mais
rapidamente possível.
Data
31 de Agosto de 2011
Local
Quelimane
Representante municipal (1):
Silva Mário (825772876)
Posição:
Director: Planeamento e Desenvolvimento
Representante municipal (2):
Santiago Marques (825845440)
Posição:
Director: Infraestrutura e Habitação
Representante municipal (3):
Iria Mvunguabe (827415740)
Posição:
Técnico: Urbanismo e Construção
Informações para contacto:
Conforme descrito acima
Planos disponíveis Actual
Plano estrutural antiquado (2002)
na reunião
Futuro
Sem planos futuros disponíveis
Problemas
Nenhum apresentado
Soluções
Nenhuma apresentada
Caminho a seguir
Informações e medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para informar e
apoiar o futuro plano estrutural.
Transferência de conhecimento ao Município para capacitá-los para incluir aspectos das AC no
Termos de Referência para planos futuros.
Observações de
Trabalhos a serem executados na rampa de acesso de barcos (abaixo do nível máximo de água
campo
- sem problemas) e a remoção das embarcações naufragadas na área de mangal (Bom).
Oferece oportunidade para o restabelecimento dos mangais.
Comentários
1. Os representantes municipais compreenderam os conceitos técnicos e a importância
de levar seriamente os resultados do Tema 2.
2. O Município não é claro sobre o futuro desenvolvimento económico de Quelimane,
por isso não consegue fazer planos.
3. O Município está agora ciente da importância de incorporar os efeitos das mudanças
climáticas nos planos actuais e futuros.
4. Abastecimento de água potável a partir de recursos hídricos subterrâneos (sem
problemas de salinidade para o abastecimento de água da cidade).
5. Ideias para o desenvolvimento futuro da zona ribeirinha (por exemplo, brasileiros
e/ou chineses) oferecem uma oportunidade para um projecto de Parceria PúblicoPrivada, que poderá pagar as acções de engenharia de adaptação (conforme
demonstrado conceptualmente nos resultados do Tema 2).
Data
1 de Setembro de 2011
Representante municipal (1):
Posição:
Representante municipal (2):
Posição:
Informações para contacto:
Planos disponíveis Actual
na reunião
Local
Nacala
Crisanto Paulo (+258 82 859 7423)
Director: Planeamento Urbano
Adelino Cobre (+258 84 398 8239)
Técnico: Engenharia Civil
(Conforme descrito acima)
Plano Director aprovado recentemente (2011). Não teve as AC em
consideração.
Outubro 2012, p 249
Futuro
1.
Problemas
Soluções
Caminho a seguir
Observações
campo
Comentários
de
Implementação do Plano Director
Erosão de encostas íngremes de areia devido à água das chuvas (não associado ao
Tema 2)
2. Sistema de drenagem inadequado (indirectamente associado ao Tema 2)
3. Habitações informais em encostas íngremes (não associado ao Tema 2)
4. Falta de capacidade (competências, etc.) e financiamento para implementar o Plano
Estrutural (não associado ao Tema 2)
5. As empresas e os empresários locais não se voluntariam em parceria com os
municípios para enfrentar os problemas ambientais.
6. Falta de depósito formal de resíduos (não associado ao Tema 2)
7. Sem capacidade para controlar a possível poluição causada pelos transportes (não
associado ao Tema 2)
Procurar parcerias privadas para ajudar a financiar e resolver os problemas
Negociação financiamento com o Banco Mundial para implementar acções
priorizadas.
As medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para resolver os
problemas. Transferência de conhecimento para o Município para capacitá-los a
questionar os consultores.
Os resultados do Tema 2 deverão ser simplificados para apresentação e discussão ao
nível superior dentro do município, para garantir a aceitação como um componente
crítico do Plano Estrutural.
O município não está a aproveitar a oportunidade para definir condições de aprovação que
incluam parcerias com os promotores para melhorar (e financiar) a infra-estrutura municipal.
1. Os representantes municipais compreenderam os conceitos técnicos e a importância
de levar seriamente os resultados do Tema 2.
2. O Município está ciente de que os seus planos actuais não consideram todos os
factores de mudanças climáticas.
3. Os funcionários de nível técnico no município estão cientes da importância de
incorporar os efeitos das mudanças climáticas nos planos actuais e futuros, no
entanto os decisores de nível superior terão de ser também convencidos a fim de
efectuar quaisquer alterações.
4. É importante para o INGC facilitar a divulgação dos resultados para os níveis mais
altos de tomada de decisão.
5. Todos os ministérios comentaram e assinaram o Plano Estrutural aprovado. Portanto,
é importante para o INGC (e Tema 2) interagir com o Ministério do Turismo o mais
rapidamente possível.
Data
2 de Setembro de 2011
Local
Pemba
Representante municipal (1):
Mikas Muianga (+258 826699093)
Posição:
Director: Serviços Urbanos
Representante municipal (2):
Abel Aluar (+258 826401980)
Posição:
Ponto Focal Municipal para as Mudanças Climáticas
Representante municipal (3):
José Tavale (+258 82 2581 370)
Posição:
Representante técnico
Informações para contacto:
(Conforme descrito acima)
Planos disponíveis Actual
Plano Estrutural desactualizado (ano desconhecido). Não teve as
na reunião
AC em consideração.
Futuro
Nenhum
Problemas
1. Inundação por parte do mar em Paquite e Chibuabare
2. As áreas críticas de erosão costeira são Chabane e Ruela
3. Erosão de encostas íngremes de areia devido à água das chuvas (não associado ao
Outubro 2012, p 250
Tema 2)
Habitações informais em áreas vulneráveis (não associado ao Tema 2)
Mineração de areia nas dunas costeiras reduz a zona de tampão
Falta de gestão de resíduos sólidos (despejo ilegal) - (não associado ao Tema 2)
Falta de capacidade (competências, etc.) para avaliar e tomar decisões críticas de
gestão ambiental
Não está a ocorre qualquer actividade actual de construção ou de implementação
relacionada com aspectos de Mudanças climáticas.
Conscientes de que as pessoas em Paquite precisam de ser realojadas, mas não foram
mencionados planos específicos.
As medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para resolver os
problemas. Necessidade de transferir conhecimento para o Município para capacitálos a questionar os consultores.
Os resultados do Tema 2 deverão ser simplificados para apresentação e discussão ao
nível superior dentro do município, para garantir a aceitação como um componente
crítico do Plano Estrutural.
Foi mencionado que o Ministério do Turismo identificou uma área para desenvolvimento do
turismo no futuro (ARCO-NORTE).
4.
5.
6.
7.
Soluções
Caminho a seguir
Observações
campo
de
Algumas infra-estruturas estão localizadas muito perto do mar (por exemplo, as dunas frontais)
Comentários
O local de mineração de areia está a reduzir os lados das dunas frontais e está em risco de ser
inundado se as dunas frontais se erodirem com marés de tempestade.
1. Os representantes municipais compreenderam os conceitos técnicos e a importância
de levar seriamente os resultados do Tema 2.
2. O Município está ciente de que os seus planos actuais não consideram todos os
factores de mudanças climáticas.
3. Os funcionários de nível técnico no município estão cientes da importância de
incorporar os efeitos das mudanças climáticas nos planos actuais e futuros, no
entanto os decisores de nível superior terão de ser também convencidos a fim de
efectuar quaisquer alterações.
4. É importante para o INGC para facilitar a divulgação dos resultados aos níveis mais
altos de tomada de decisão para que possam obter validação e aprovação para
facilitar a implementação dos planos actuais e futuros.
Outubro 2012, p 251
MISSÃO DO TEMA 2 PARA INTERAGIR COM O MUNICÍPIO DA BEIRA
20-22 DE SETEMBRO DE 2011
Participantes
INGC- Figueiredo Araújo
UEM- José Rafael
CSIR-Andre Theron
Objecto
 Discutir os resultados preliminares do estudo Tema 2 com as autoridades municipais
relevantes.
 Chegar a um entendimento sobre as implicações das mudanças climáticas e a necessidade de
influenciar e incorporar as recomendações em planos actuais e futuros.
 Comentar os planos actuais e futuros de infra-estrutura e estrutura, se disponíveis.
 Identificar estudos especializados existentes sobre mudanças climáticas a fim de harmonizar
as recomendações, se possível.
 Investigação in loco das actuais actividades de protecção costeira e fornecer observações.
Estrutura de interacção (Agenda)
Bem-vindos (Município)
Objecto e introdução (INGC)
Contexto técnico (UEM)
Discussão (CSIR)
Caminho a seguir (UEM)
Encerramento (INGC)
Outubro 2012, p 252
Notas da reunião
Data
20 de Setembro de 2011
Local
BEIRA
Representante Municipal:
Mario José Guina
Posição:
Director: Planeamento físico
Informações para contacto:
82 43 88 540
Representante municipal:
Augusto Manhoca
Posição:
Director: Saneamento
Informações para contacto:
+25 82 56 49 390
Planos disponíveis Actual
Plano Estratégico aprovado em Fevereiro de 2010, que tem a protecção
na reunião
costeira como assunto principal
Futuro
Implementação contínua do plano estratégico
Problemas
O Município identificou os seguintes problemas:
1. Destruição da vegetação na duna primária
2. Desrespeito das medidas de proibição existentes
3. Tráfego de veículos nas praias
4. Corte/destruição dos mangais
5. Falta de manutenção das infra-estruturas costeiras
6. Erosão costeira
7. Destruição de edifícios, devido à erosão
8. Queda devido à erosão
9. Dunas a desaparecer
10. Habitação informal em áreas de risco ao longo da costa
11. Inundação
Soluções
O Município identificou as seguintes soluções:
Protecção das dunas, restauração de dunas, 3km do plantio de árvores ao longo da costa,
protecção da vegetação das dunas, protecção e restauração dos mangais, áreas específicas
para o tráfego de veículos na praia, paredão, quebra-mares.
Caminho a seguir
As medidas de adaptação propostas pelo Tema 2 são relevantes para resolver os problemas.
Transferência de conhecimento para o Município para capacitá-los a questionar consultores e
verificar a implementação das medidas de adaptação.
Observações de Existem oportunidades de Parcerias Público-Privadas para resolver os problemas identificados
campo
ao longo da interface costeira.
Comentários
1. A estratégia actual do município tem em consideração factores de mudanças
climáticas.
2. O Município está agora mais ciente da importância de incorporar os efeitos das
mudanças climáticas nos planos actuais e futuros.
3. Em 2010, o Município criou um Departamento de Gestão de Risco de Calamidades,
Mudanças Climáticas e Protecção Costeira.
4. Existe uma necessidade de garantir o alinhamento das recomendações de diferentes
estudos e dos actuais estudos Tema 2.
5. Existe uma necessidade de replicar o estudo para outras áreas críticas, tais como a
área de expansão da Munhava para Cerâmica.
6. Existe uma necessidade de ter os resultados finais do estudo o mais rapidamente
possível para que possam ser usados, tendo em conta que já existem actividades que
estão a ser implementadas e outras que serão implementadas.
7. O Município está ciente da necessidade de maximizar as PPP
Outubro 2012, p 253
MISSÃO DA TEMA 2 PARA INTERAGIR COM O DIRECTOR EXECUTIVO DO
PORTO DE MAPUTO, 25 DE NOVEMBRO DE 2011
Participantes
INGC- Figueiredo Araújo
CSIR- Laurie Barwell
Objecto
 Discutir os resultados preliminares do estudo Tema 2 com as autoridades municipais
relevantes.
 Chegar a um entendimento sobre as implicações das mudanças climáticas e a necessidade de
influenciar e incorporar as recomendações em planos actuais e futuros.
 Comentar os planos actuais e futuros de infra-estrutura e estrutura, se disponíveis. A ser
efectuado in loco durante a reunião e era necessário seguido de uma nota sobre os aspectos
relevantes.
 Identificar estudos especializados existentes sobre mudanças climáticas a fim de harmonizar
as recomendações, se possível.
 Investigação no local das actuais actividades de protecção costeira e fornecer observações, se
relevantes.
Estrutura de interacção (Agenda)
Bem-vindo (CFM)
Objecto e introdução (INGC)
Contexto técnico (UEM)
Discussão (CSIR)
Caminho a seguir (UEM)
Encerramento (INGC)
Outubro 2012, p 254
Notas da reunião
Data
25 de Novembro de 2011
Local
MAPUTO
Representante dos CFM:
Marta E. N. Mapilele
Posição:
Directora do Conselho Executivo
Informações para contacto:
e-mail: [email protected]
Tel.: 00 258 21 31 33 62
Representante dos CFM:
António Bié
Posição:
Director Executivo
Informações para contacto:
e-mail: [email protected]
Telemóvel: 00258823273120
Representante dos CFM
Miguel José Matabel
Posição:
Inspector-Geral
Informações para contacto:
e-mail:
Telemóvel: 00258823199460
[email protected]
Planos disponíveis Actual
NENHUM
na reunião
Futuro
NENHUM
Problemas
Nenhum mencionado
Soluções
Nenhuma mencionada
Caminho a seguir
O conselho dos CFM irá partilhar a apresentação com a equipa técnica do Porto e discutir os
resultados do estudo. O INGC será contactado caso haja dúvidas ou necessidade de mais
discussões.
Observações de É importante determinar a elevação real (para o nível médio do mar) da infraestrutura
campo
portuária em curso por forma a identificar as áreas de risco.
Estão em curso importantes planos de renovação para um novo desenvolvimento ribeirinho
(incluindo um novo terminal de cruzeiros). Tal oferece a oportunidade de assegurar que os
factores de AC serão tidos em conta no projecto.
Comentários
1. As actividades e projectos dos CFM não têm em consideração questões de mudanças
climáticas;
2. As actividades e projectos dos CFM têm em consideração questões de impacto
ambiental. Existe incerteza se as questões de AM são consideradas nos estudos
especializados;
3. Os CFM estão agora mais cientes da importância de incorporar os efeitos da mudança
climática nos planos actuais e futuros.
4. Os CFM acharam o estudo relevante e estão dispostos a usar os seus resultados e
sublinharam que o estudo foi feito em boa hora, uma vez que existem actividades
planeadas que não tiveram em conta questões de mudanças climáticas;
5. Os CFM sugerem que o INGC deverá contactar o Ministério dos Transportes e
Comunicações, a fim de organizar um seminário nacional, que reúna partes
interessadas, públicas e privadas que trabalham com CFM para que todos possam
estar cientes e chegar a um acordo sobre como e quando começar a usar os
resultados do estudo;
6. A opinião dos CFM é de que os resultados do estudo deverão ser partilhados entre
diferentes instituições dentro do governo e harmonizadas com outros estudos, de
modo que as recomendações surjam de um só canal.
Outubro 2012, p 255
ANEXO 3: PROTECÇÃO COSTEIRA: ÂMBITO DO TRABALHO (FASE 2)
Perguntas-Chave
Q1. Onde estão as zonas mais
vulneráveis ao longo da costa,
ao nível micro?
Q2. Qual será a aparência destas
zonas, com as mudanças
climáticas, no futuro?
Q3. Quais infraestruturas chave
e planos futuros de
investimento estão em risco
nessas zonas?
Pacotes de Trabalho
PT1. Gerar cenários realistas das condições
costeiras futuras sob a influência das mudanças
climáticas;
PT2. Determinar os efeitos potenciais das
mudanças climáticas sobre o potencial do
transporte de sedimentos e erosão costeira em
Maputo;
PT3. Pesquisar os efeitos potenciais das mudanças
climáticas nos níveis das marés de tempestade e
desenvolvimento das linhas de recuo;
Entregas
E1.Índice de vulnerabilidade costeira; [CAPÍTULO
2]
E2. Detecção de alterações do litoral em pontos
representativos nos locais-chave (Maputo, Beira,
Maxixe, Inhambane e Vilanculos);
[ANEXO 1]
E3. Avaliação de Risco Geral das Mudanças
Climáticas para a Zona Costeira de Moçambique;
[CAPÍTULO 6]
E4. Descrição de cenários realistas de futuras
condições costeiras após mudanças climáticas
para Maputo;
[CAPÍTULO 5]
Pressupostos
P1. Futuros cenários de condições
costeiras limitados apenas a factores
relacionados com o transporte
potencial de sedimentos, erosão
costeira, marés de tempestade e
desenvolvimento de linhas de recuo;
P2. Avaliação apenas com base em
informações disponíveis (sem
realização de medições de campo
detalhadas);
P3. Visita curta a Maputo a fim de
verificar os aspectos relacionados
com o índice de vulnerabilidade;
E5. Definição de potenciais efeitos das mudanças
climáticas sobre o transporte (potencial) de
sedimentos e erosão costeira para Maputo;
[CAPÍTULO 5]
E6. Definição dos efeitos potenciais das mudanças
climáticas nos níveis das marés de tempestade e
desenvolvimento das linhas de recuo para
Maputo;
[Capítulos 5 e 6]
Outubro 2012, p 256
Perguntas-Chave
Para os 10 locais-chave
identificados:
Q4. Que estratégias de gestão
costeira são mais apropriadas
(Não fazer nada; Reforçar a
linha existente; Avançar a linha
existente; Recuar)?
Q5. Que medidas estruturais de
protecção costeira são
necessárias para compensar os
efeitos potenciais das mudanças
climáticas?
Pacotes de Trabalho
PT4. Determinar os efeitos potenciais das
mudanças climáticas sobre o transporte potencial
de sedimentos e erosão costeira nos locais-chave;
PT5. Com base nos resultados dos PT 1, 2, 3 e 4,
os 10 locais-chave serão analisados utilizando a
informação disponível (investigações de campo
específicas especializadas estão fora do âmbito
deste estudo);
Entregas
E7. Definição de efeitos potenciais das mudanças
climáticas sobre os transportes (potencial) de
sedimentos e erosão costeira nos locais-chave;
[CAPÍTULO 5]
E8. Definição dos potenciais efeitos das mudanças
climáticas nos níveis das marés de tempestade e
desenvolvimento conjunto de linhas de recuo nos
locais-chave;
[Capítulos 5 e 6]
PT6. A carteira de medidas relevantes e prática de
protecção costeira (adaptação e mitigação) será
definida utilizando as conclusões das práticas de
engenharia costeira e experiência da Equipa de
Peritos de Referência, seguindo avaliações
específicas no local (Visitas de campo);
E9. Estratégias de gestão costeira definidas para
os 10 quilómetros de litoral em cada um dos 10
locais-chave;
[CAPÍTULO 8]
PT7. Serão identificadas abordagens de gestão
apropriadas a partir das melhores práticas
publicadas e conforme aconselhado pela Equipa
de Referência de Peritos na sequência das visitas
aos locais;
E10. Projectos conceptuais, incluindo o
funcionamento e disposição de localização/geral,
se forem o caso. Fornecimento de estimativa
bruta de custo.
[CAPÍTULO 7]
E11. Identificados tipos de gestão/acções de
manutenção/abordagem para cada uma das
medidas conceptuais de protecção. Fornecimento
de estimativa bruta de custo.
[CAPÍTULO 8]
Pressupostos
P4. Visita curta aos locais-chave para
verificar os aspectos relacionados
com o índice de vulnerabilidade e
identificar possíveis opções de
protecção/adaptação;
P5. Conclusões sobre os cenários
futuros projectados de mudanças
climáticas exigidas pelo Tema 8
(Extremos)
P6. Um projecto detalhado de
engenharia, por exemplo, análises de
estabilidade hidráulica ou
dimensionamento estrutural não é
apropriado nesta fase.
P7. Projectos específicos dos locais e
especificações de construção que
seriam executados numa fase final ou
directamente a par com a construção.
P8. O âmbito da entrega é limitado a
um relatório de possíveis opções de
adaptação/mitigação para protecção
costeira nos 10 locais-chave.
Outubro 2012, p 257
Perguntas-Chave
Q6. Qual deverá ser o quadro
estratégico em que todas as
estruturas costeiras e defesas do
mar poderão ser avaliadas?
Pacotes de Trabalho
Entregas
Pressupostos
PT8. Estudo bibliográfico para definir critérios de
avaliação adequados.
E12. Critérios de avaliação adequados para avaliar
estrategicamente propostas de estruturas
costeiras e defesas do mar;
[CAPÍTULO 7]
P9. Os critérios serão limitados aos
mecanismos de defesa costeira e
abordagens.
Q7. Que recomendações
deverão ser feitas para os
investimentos previstos ao
longo da costa, com ênfase na
Beira e Maputo?
PT9. Ter em consideração as oportunidades e
constrangimentos no que diz respeito às
possibilidades de investimento na Beira e
Maputo.
Q8. O que deverá ser tido em
conta num sistema de
informação da zona costeira?
PT10. Identificar informações espaciais e não
espaciais relevantes que possam ser
disponibilizadas através da proposta de um
sistema de informação da zona costeira;
Q9. O que poderá ser fornecido
para uma política de gestão
integrada das zonas costeiras?
E13. Em geral para os vários tipos de costa e
especificamente relacionadas as várias
oportunidades de desenvolvimento/investimento
em Maputo e Beira;
[CAPÍTULO 7]
E14. Metadados de vários conjuntos de
informação disponíveis.
[EM CD]
PT11. Fornecer os dados e as informações
recolhidos no formato exigido para alimentar um
sistema de comunicação previsto no Tema 1,
tanto quanto possível.
E15. Os dados e informações obtidas e
desenvolvidas no Tema 2 serão disponibilizados
para fins de comunicação através do sistema de
comunicação relevante prestado via Tema 1.
[EM CD]
PT12. Serão identificadas informações adequadas
sobre políticas de Gestão Costeira Integrada (GCI)
a partir das melhores práticas publicadas e
conforme aconselhado pela Equipa de Referência
de Peritos
E16. Serão providenciadas conclusões relevantes
para a Protecção Costeira ao abrigo das Mudanças
Climáticas para definir uma política integrada das
zonas costeiras de Moçambique;
[CAPÍTULO 10]
P10. Necessária interacção com os
Temas 3 e 4.
P11. Avaliação com base em
informações a serem fornecidos pelas
partes interessadas de Moçambique;
P12. Pressupõe-se que será
disponibilizado um sistema de gestão
de conteúdos através de um sistema
de portal adequado.
P13. As conclusões serão limitadas
apenas ao âmbito do Tema 2. O
desenvolvimento ou a elaboração de
um documento de Política de GCI
está além do âmbito do contrato.
Outubro 2012, p 258