participação do Instituto 5 Elementos no VII Fórum Brasileiro

Transcrição

participação do Instituto 5 Elementos no VII Fórum Brasileiro
PARTICIPAÇÃO DO INSTITUTO 5 ELEMENTOS NO
VII FÓRUM BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CENTRO DE CONVENÇÕES – SALVADOR/BA
28 A 31 DE MARÇO
Apresentação
Este material traz uma colheita da participação do Instituto 5 Elementos no VII Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, realizado no Centro de Convenções em Salvador, Bahia, entre os dias 28 e 31
de março de 2012.
As 24 principais notícias produzidas a partir da cobertura da programação do Fórum constam
neste documento e também estão disponíveis no blog do Instituto 5 Elementos, no link
http://5elementos.wordpress.com/.
Instituto 5 Elementos contribui com comunicação do VII Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental
Com equipe de 11 pessoas, Instituto participou da seleção de trabalhos para o encontro,
apresentou painéis, ministrou oficina de gestão participativa e cobriu inúmeras atividades nos
quatro dias de programação.
Ao reunir o coletivo nacional formado por mais de 45 redes de educadores ambientais que
compõem a REBEA, o VII Fórum Nacional de Educação Ambiental se constituiu numa relevante
partilha de conhecimentos, mobilizações, atos populares e uma programação norteada pelos
documentos de referência da área, como o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e a Carta da Terra. Cerca de 3,5 mil participantes se reuniram em oficinas, painéis,
mesas-redondas e rodas de conversa entre os dias 28 e 31 de março no Centro de Convenções de
Salvador/BA.
Envolvido desde o início com a organização do VII Fórum, o Instituto 5 Elementos, por meio da sua
coordenadora institucional, Mônica Borba, foi um dos responsáveis pela seleção de trabalhos a
serem apresentados no encontro. No total, foram inscritos 678 trabalhos, dos quais 84 foram
reprovados por não estarem alinhados ao campo da Educação Ambiental.
Para acompanhar a programação nos quatro dias de encontro, o Instituto levou a Salvador 11
integrantes da sua equipe, incluindo a coordenadora institucional, Mônica Borba, os
coordenadores de projetos, André Biazoti, Samuel Protetti, Gabriela Arakaki, Leila Vendrametto,
Fabiana Oliveira, Lilian Marques e Emanuela Alfieri, as assessoras de comunicação, Flávia Santana
e Heloisa Bio, e a assistente de coordenação, Juliana Belko. De acordo com Mônica, esse
investimento também se deu com o intuito de capacitar a equipe para atuar com Educação
Ambiental, bem como aproximar as pessoas de diversos atores de outras redes e instituições.
Integrantes da equipe do Instituto 5 Elementos que participaram das atividades e realizaram cobertura do VII Fórum.
Compartilhar conhecimentos, práticas e metodologias trabalhados nos projetos que integram os
nossos cinco Programas (Água, Cidades Sustentáveis, Consumo Sustentável, Espaços Educadores e
Políticas Públicas) foi um dos objetivos do Instituto 5 Elementos no VII Fórum.
A oficina “Gestão Participativa de Projetos Socioambientais e de Processos de Desenvolvimento
Local Sustentável”, ministrada por André Biazoti, Samuel Protetti, Lilian Marques e Emanuela
Alfieri, capacitou o público a aplicar metodologias de gestão participativa utilizadas no Programa
Energia Social para a Sustentabilidade Local, um projeto da ETH Bioenergia com facilitação do
Instituto 5 Elementos.
Três painéis de projetos pioneiros do Instituto também foram apresentados durante o encontro: o
Curso de Educação Ambiental e Dedo Verde na Escola em Itapevi/SP, o Centro de Educação
Ambiental de Caucaia do Alto em Cotia/SP e Construção Participativa do Desenvolvimento Local
Sustentável.
Além disso, apoiamos o Espaço Ecocine, levando a experiência na organização do Cineclube
Socioambiental Crisantempo de São Paulo para o Fórum, com títulos como “Energia na
Encruzilhada” e “O Mundo Segundo a Monsanto”.
A cobertura da programação do Fórum gerou cerca de 30 registros que permitirão sistematizar um
histórico dos conteúdos abordados, além de serem fundamentais para disseminar todo o
conhecimento produzido nesses quatro dias de encontro.
Para Mônica Borba, o VII Fórum trouxe muitos aprendizados e oportunidades de troca para toda a
equipe. As articulações tecidas com vários atores da cena ambiental presentes no encontro vão
nos permitir participar mais ativamente das Redes de Educação Ambiental do Brasil, como por
exemplo, a Comunidade das Águas coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente na plataforma
NING, além de abrir caminhos para inserirmos nossos projetos de desenvolvimento local
sustentável na Rede Brasileira de Agendas 21 Locais (REBAL).
O contato com iniciativas pioneiras de educomunicação e meio ambiente também foi
enriquecedor para a equipe do Instituto. As experiências compartilhadas por grupos atuantes em
todo o território nacional durante o Encontro Paralelo de Educomunicação servirão de inspiração
para inovarmos neste campo em nossos projetos.
Outro resultado relevante é a nossa aproximação, realização e planejamento da II Jornada
Internacional do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, que ocorrerá na
Cúpula dos Povos e poderá ser transmitida nos municípios onde o Instituto 5 Elementos atua por
meio do Programa Energia Social, levando a reflexão da Rio + 20 para todos os cantos do Brasil.
Conviver com pessoas atuantes na área de educação ambiental e compartilhar conhecimentos,
ideais e sonhos sem dúvida foi fundamental para toda a nossa equipe. Experiências como esta não
só contribuem para fortalecer laços com aqueles que optaram por trabalhar por um mundo mais
sustentável, como também enriquecem, individualmente, cada um que se envolveu nestes
processos de troca e aprendizado.
Lista de notícias
GERAIS
1. Procissão pela Educação Ambiental fecha programação de sexta-feira
2. VII Fórum Nacional de Educação Ambiental faz colheita de práticas de todo o país
ENCONTROS PARALELOS
3. Atuação do governo federal desmobiliza conquistas de processos participativos na gestão
ambiental
4. Grupo cria carta de compromisso para educação em UCs
5. Câmara Técnica de Educação Ambiental, Capacitação, Mobilização Social e Informação em
Recursos Hídricos do Conselho Nacional de Recursos Hídricos realiza encontro no VII Fórum
6. Troca de experiências pauta o Encontro das Comissões Interinstitucionais de Educação
Ambiental
7. Encontro de catadores e suas organizações revela situação da categoria no País
8. Fundo de Educação Ambiental traça linhas de financiamento
9. As redes de juventude e a articulação para a Rio + 20
10. Encontro Paralelo destaca o potencial transformador da educomunicação em iniciativas de
Educação Ambiental
11. Os rios da Educação Ambiental e da Gestão das Águas se encontram no VII Fórum Brasileiro de
EA
MESAS REDONDAS
12. Visões de mundo, filosofia e educação ambiental
13. Políticas Públicas em Educação Ambiental no Brasil dá exemplos de sucesso e aponta a
necessidade de mais atuação das gestões públicas juntos às comunidades
14. Intervenções socioambientais atingem o território dos resíduos sólidos
15. Rio + 20 é aqui e agora!
16. Gestão de resíduos sólidos, trabalho e inclusão social são temas interligados
17. Mudanças climáticas é oportunidade para uma educação ambiental emancipatória
18. O contexto da agricultura familiar nas políticas públicas brasileiras
19. Mesa discute economia verde, pobreza e governança local
OFICINAS
20. Instituto 5 Elementos ministra oficina de metodologias de gestão participativa no VII Fórum
Brasileiro de Educação Ambiental
21. Manifestações culturais brasileiras como ferramentas de sensibilização ambiental
PAINÉIS
22. As representações sociais por trás do conceito de desenvolvimento sustentável
ECOCINE
23. Um cinema que desperta para a educação ambiental política e ideológica
24. Último dia do VII Fórum de Educação Ambiental tem reflexão sobre temas polêmicos
GERAIS
Procissão pela Educação Ambiental fecha programação de sexta-feira
O encerramento das atividades do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental no dia 30 de março foi
diferenciado. Com o tema “Educação Ambiental Rumo à Rio +20”, uma procissão com mais de 300 pessoas
saiu do Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, em direção ao Pelourinho, com o intuito de mobilizar
a sociedade para participar dos debates sobre a Educação Ambiental na Rio + 20, evento que ocorrerá em
junho deste ano no Rio de Janeiro.
A ação foi conduzida pela Rede da Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA) e contou com o apoio da
organização do Fórum, de outras redes e de participantes do encontro. O Instituto 5 Elementos também
participou da iniciativa.
Confira as fotos da procissão!
Crédito: Heloisa Bio
VII Fórum Nacional de Educação Ambiental faz colheita de práticas de todo o País
Por Heloisa Bio
Ao reunir o coletivo nacional de educadores ambientais brasileiros, o VII Fórum Nacional de
Educação Ambiental cumpre a missão de evento mais importante sobre o tema no país, e colhe
resultados estratégicos para a Cúpula dos Povos e a II Jornada Internacional de Educação
Ambiental na Rio+20, que acontece em junho de 2012. Foram cerca de 2,5 mil participantes e uma
rede de colaboradores, monitores, palestrantes e oficineiros em quatro dias de evento, entre 28 e
31 de março no Centro de Convenções de Salvador (BA).
O Instituto 5 Elementos protagonizou importante acompanhamento do processo do VII Fórum,
com uma equipe composta por 11 pessoas que criou relatos sobre as apresentações, conduziu
oficinas e painéis, fez parte da comissão de avaliação e sistematização do evento.
Do espaço da Tenda Sustentável, que reuniu atividades com diferentes grupos, tribos e povos, às
56 oficinas, 18 encontros paralelos e diversas mesas-redondas, os eixos de trabalho foram da
articulação em rede entre os educadores ambientais brasileiros, a contribuição da EA para a
Rio+20, até a revisão do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global. Filmes socioambientais e seis rodadas de debate para a construção de
ações compartilhadas no Open Space, complementaram a programação.
“As políticas públicas no âmbito do município, com o trabalho das Comissões Interinstitucionais de
Educação Ambiental (CIEAs) e os Conselhos locais, surgem como caminho apontado por todos
como fundamental, bem como a necessidade de enfrentarmos o ‘sequestro’ do discurso
ambientalista para a manutenção do status quo”, resumiu o educador ambiental Marcos
Sorrentino.
Segundo a coordenadora internacional da II Jornada Internacional de Educação Ambiental rumo a
Rio+20, Moema Viezzer, o VII Fórum permitiu o trabalho em redes que irão desembocar numa
rede planetária de educação ambiental, com um conjunto de grupos de vários países que se
apoiam rumo às sociedades sustentáveis.
“Entre os temas de destaque, está a busca por colocar a gestão da educação, que inclui o sistema
educativo, no centro do debate sobre a educação ambiental”, enfatizou Moema. Os saldos do
encontro também se fizeram sentir no compromisso do Ministério do Meio Ambiente com a
estratégia nacional para os resíduos sólidos, a entrega da Carta das Salas Verdes do Brasil e a
formação da comissão para o próximo Fórum de Educação Ambiental, com previsão de realização
em Belém, Pará.
ENCONTROS PARALELOS
Atuação do governo federal desmobiliza conquistas de processos participativos na gestão
ambiental
Por Mônica Pilz Borba
Aconteceu hoje, 28 de março, no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em Salvador/BA o
Encontro do GT – Grupo de trabalho de Educação Ambiental e Agenda 21 do FBONGs - Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais e REBAL – Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, onde
participaram aproximadamente 70 pessoas.
As lideranças do FBONGs, Doroty Martos, Carlos Frederico, Fidelis, Pedro Aranha e Adriano Wild
estiveram presentes e apresentaram questões referentes à situação do GT de EA e às Agendas 21,
a dificuldade de participação na Rio + 20, o desmonte do Ibama, a ausência de editais para dar
continuidade as Agendas 21 e o fortalecimento das Redes Socioambientais, além do processo de
discussão do Código Florestal.
No Encontro Nacional do FBONGs que aconteceu em 2011, definiu-se a importância de reunir
esforços dos GTs de EA e Agenda 21, pois os dois grupos discutiam os mesmos assuntos e
poderiam unir forças. O MMA fez dois levantamentos das Agendas 21 Locais no Brasil em 2006 e
2010, mas até hoje não disponibilizaram os dados para a sociedade. Recursos públicos foram
utilizados para esse levantamento de dados e a avaliação de 150 processos, mas até hoje essas
informações não foram divulgadas. A questão que paira no ar é: será que os resultados são tão
ruins assim? Segundo muitos depoimentos, os processos de Agenda 21 Locais tiveram apoio de
edital do MMA, caminharam bem e com muitos resultados, porém carecem de apoio para sua
manutenção ou continuidade.
Ao final deste encontro em 2011, o FBONGs encaminhou uma moção de repúdio em relação ao
desmonte da EA e da Agenda 21, que m sendo promovido pelo MMA por meio da gestão da
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania. A resposta não demonstrou interesse na
resolução da questão, demonstrando mais uma vez que a gestão do governo federal atual
desmobiliza conquistas de processos participativos na gestão ambiental do nosso país, indo na
contracorrente das orientações da ECO 92.
Outra questão relevante é que o documento oficial da ONU da Rio + 20 não contempla o tema da
EA nem das Agendas 21, ignorando tudo que foi orientado e realizado ao longo destes 20 anos. O
FBONGs exige que estes temas entrem na pauta, e desta forma, seja prioridade na Cúpula dos
Povos da Rio + 20. Segundo as lideranças do FBONGs, o Governo Federal não enxerga a questão da
mesma forma que as ONGs, e não tem dado a devida importância a este tema no processo de
organização das pautas da Rio + 20.
Todos nós Educ@dores sabemos que a construção de uma sociedade justa e sustentável se dá por
meio de um processo educativo contínuo, que forma cidadãos críticos e criativos com foco na
sustentabilidade e na visão sistêmica de mundo. Nós, Educadores Ambientais, devemos estar
atentos à ausência da EA e Agenda21, temas transversais e essenciais à mudança de pensamento
e comportamento, a serem inseridos no documento oficial da Rio + 20. A atual postura do
governo federal é inaceitável!
Grupo cria carta de compromisso para educação em UCs
Por Heloisa Bio
Aproximar o debate sobre a contribuição da educação ambiental nas Unidades de Conservação, e
seu papel no fortalecimento da participação social, foi o objetivo do Encontro Diálogos sobre
Educação Ambiental em UCs, em 28 de março, durante o VII Fórum de Educação Ambiental. A
iniciativa, que conseguiu reunir cerca de 120 pessoas, entre representantes de ONGs, governo,
instituições de ensino e empresa, foi organizado pela Diretoria de Educação Ambiental do ICMBio,
com a intenção de trazer os anseios da sociedade para a agenda da proteção ambiental.
O encontro resultou numa importante carta de compromisso com a educação ambiental nessas
áreas protegidas. “O documento será entregue à coordenação do VII Fórum para que seja
considerado nas discussões da Rio+20”, destacou Fabiana Prado, coordenadora da Diretoria de
Educação Ambiental do ICMBio.
Essencialmente, os participantes se reuniram em grupo na tentativa de responder às seguintes
questões que definiram o conteúdo da carta: quais as perspectivas para o fortalecimento da
educação ambiental nas Ucs, os desafios a serem enfrentados dentro e no entorno das unidades,
as propostas de fortalecimento da educação ambiental e como cada um pode se responsabilizar
por essas ações.
Para Célia Regina, representante da Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande Curuçá, no Pará,
“mobilizar e articular a população extrativista de toda a Amazônia é uma das estratégias para zelar
pelos recursos naturais e garantir o direito ao território”. Ela e os demais presentes vieram de
diferentes Estados, de Rondônia à Rio Grande do Sul, e de segmentos tão distintos quanto
Secretarias Municipais de Meio Ambiente, escolas rurais, organizações sociais e cidadãos
interessados no tema.
Ao final, a carta que está sendo fechada pela equipe do ICMBio trouxe demandas e questões
como: a busca por ampliar a gestão das UCs para o território do município e tornar as pessoas
protagonistas do processo decisório, o fortalecimento da educação ambiental como meio de
autonomia e participação social e a intenção de fazer a Encea (Estratégia Nacional de Comunicação
e Educação Ambiental em Unidades de Conservação) evoluir à luz das experiências e métodos já
existentes.
Câmara Técnica de Educação Ambiental, Capacitação, Mobilização Social e Informação em
Recursos Hídricos do Conselho Nacional de Recursos Hídricos realiza encontro no VII Fórum
Por Leila Maria Vendrametto
Realizado no dia 28 de março, o encontro paralelo da Câmara Técnica de Educação Ambiental,
Capacitação, Mobilização Social e Informação em Recursos Hídricos (CTEM) teve como
palestrantes Suraya Modaelli, da CTEM e Franklin de Paula Júnior, da Secretaria de Recursos
Hídricos do Ministério do Meio Ambiente.
Suraya abordou o panorama brasileiro de recursos hídricos, a legislação das águas e o histórico do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos. A sua fala incluiu a criação da Lei de Recursos Hídricos em
1997 e da CTEM em 2004. A CTEM é uma das dez câmaras técnicas temáticas consultivas do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Resolução n° 39, de 26/03/2004. Ela tem
caráter consultivo, não sendo, portanto, deliberativa.
São realizados encontros anuais dos Comitês de Bacias Hidrográficas em âmbito nacional para
troca de experiências e capacitação dos membros dos comitês. Alguns materiais foram publicados
a partir das vivências destes encontros, como o livro “Política das Águas e Educação Ambiental:
processos dialógicos e formativos em planejamento e gestão de recursos hídricos”, organizado
pela Secretaria de Recursos Hídricos em 2012.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos conta, hoje, com mais de 180 comitês de Bacias
Hidrográficas estaduais e nove comitês de rios da União. Para capacitar todos os membros, foi
criado o Fórum Nacional, organizado pelas Agências de Bacia, com mini-cursos e oficinas voltadas
ao tema de recursos hídricos, para trabalhar a solução da questão das águas com o enfoque na
govenança via sociedade civil. O próximo Encontro Nacional Comunidade de Bacias Hidrográfias
será em Cuiabá, de 05 a 09 de novembro de 2012.
Neste ano, a CTEM conseguiu inserir, por meio de plenária do Conselho, o termo “Educação
Ambiental” à sua nomenclatura.
Durante o encontro ocorrido no VII Fórum, houve um relato de que o Conselho Estadual da Bahia
deixou de ser deliberativo e passou a ser consultivo. Atualmente, existe apenas um setor de
Educação Ambiental dentro da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
No âmbito nacional, a agenda de recursos hídricos encontra-se enfraquecida, com equipe enxuta e
recurso finaceiro reduzido no Ministério do Meio Ambiente.
No fechamento do encontro, o palestrante Franklin informou que ainda este ano haverá o grande
encontro do Centro de Saberes e Cuidados da Bacia do Prata, envolvendo cinco países, incluindo o
Brasil.
Troca de experiências pauta o Encontro das Comissões Interinstitucionais de Educação
Ambiental
Por Juliana Belko
No primeiro dia do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, o Ministério de Educação (MEC)
promoveu encontro envolvendo representantes das Comissões Interinstitucionais de Educação
Ambiental (CIEAs) de 16 Estados do país. Organizado por Neusa Helena, do Ministério da
Educação, e por Nilo Diniz, do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio
Ambiente, o encontrou teve como objetivo a troca de experiência das CIEAS dos 16 Estados
representados no encontro. Seus representantes apresentaram um panorama do funcionamento
das CIEAs e das Políticas Estaduais de Educação Ambiental.
Estiveram presentes representantes do Amazonas, Ceará, Paraíba, Alagoas, Rondônia, Acre,
Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, São
Paulo, Maranhão e Tocantins.
A representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) do Maranhão colocou que
embora tenha sido construída uma minuta da Política Estadual de Educação Ambiental com
participação da sociedade civil, por interesses políticos estavam passando por dificuldade em
regulamentar a lei.
Já para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, mesmo que o
Estado esteja realizando a regulamentação da CIEA, ainda não possui uma lei nem programa de
Educação Ambiental.
Com relação ao Estado de São Paulo, Claudete Canada, da Coordenadoria de Educação Ambiental
da Secretaria de Meio Ambiente, abordou o processo de regulamentação da Política Estadual de
Educação Ambiental que está em andamento com a participação da sociedade civil e do governo
estadual, federal e universidades. Dentro deste processo estão se construindo as diretrizes para a
implementação da CIEA no Estado.
Ao final, Nilo Diniz do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
sintetizou as necessidades das CIEA’s de funcionarem como consultivas e deliberativas, de acordo
com suas avaliações políticas. Também reforçou a importância de não deixarem de tomar decisões
vitais à Educação Ambiental por falta de quórum ou por suas composições e tempos de mandatos
definidos em leis e decretos.
Encontro de catadores e suas organizações revela situação da categoria no País
Por Gabriela Arakaki
O encontro, que aconteceu em 28 de março no VII Fórum de Educação Ambiental, teve como
objetivo coletar as contribuições de grupos de catadores do Brasil para a melhoria do processo de
coleta seletiva no país.
Realizou-se, assim, uma dinâmica de interação inicial, seguida de compartilhamento de sensações
e reflexões como a dificuldade em superar desafios. Os grupos também compartilharam
experiências sobre a coleta seletiva em sua cidade, quando se revelou a importante presença de
representantes de cooperativas de catadores da Bahia e do Movimento Nacional de Catadores
para trazer a realidade da situação deste setor no Brasil, como Maria Monica da Silva
(representante do Movimento Nacional de Catadores).
Com a socialização das informações, foi possível constatar pontos em comum sobre a situação da
coleta seletiva no Brasil e sobre as organizações de catadores de materiais recicláveis, além do
papel da educação ambiental para o setor, a exemplo de: os catadores já são capacitados para
realizar a educação ambiental e a gestão de suas organizações, mas ainda são vítimas de muito
preconceito; a educação ambiental é fundamental para apoiar a organização dos milhares de
catadores que ainda trabalham de forma independente; a educação ambiental é necessária para
orientar a população sobre consumo consciente, coleta seletiva e sobre conceitos e quesitos
técnicos relacionados a gestão dos resíduos sólidos.
Também foram constatadas diferenças regionais quanto ao grau de conscientização da população,
com a opinião de que moradores da região sul do país são mais conscientes para realizar a coleta
seletiva, diferente do ocorre no restante do Brasil. Lembrou-se a necessidade de um trabalho de
educação com as cooperativas para sanar o problema do analfabetismo, e para a formação de
novas lideranças aptas a fazer a gestão das associações e angariar mais parcerias.
Todas cooperativas enfrentam dificuldades para obtenção de recursos para subsidiar a logística e,
principalmente, os galpões para a triagem do material. O galpão é o grande problema dos
movimentos, pois não há uma linha de financiamento destinada a isso, que vai contra a legislação
brasileira para financiamentos públicos e por questões políticas. O preço pago pelo material
também varia muito e, na maioria dos casos é baixo. Outras problemáticas se relacionam aos
municípios terceirizarem o serviço de coleta de resíduos e rejeitos, e o pouco apoio dos governos
municipais e estaduais para as organizações. Deve-se ainda criar estruturas para evitar a alta
rotatividade das mulheres nas cooperativas causadas pela necessidade de criar os filhos, e neste
caso, a sugestão é criar projetos / reivindicar ou criar parcerias para a criação de creches, escolas e
projetos sociais para os filhos fora do período escolar.
Fundo de Educação Ambiental traça linhas de financiamento
Por Heloisa Bio
Importante mecanismo para a captação e aporte de recursos para projetos de educação ambiental
que costumam ter pouco espaço nos fundos públicos, o Fundo Brasileiro para a Educação
Ambiental (Funbea) que comemora seu primeiro ano de vida em 2012, teve seus objetivos
discutidos no Encontro do Fubea, em 28 de março, no VII Fórum de Educação Ambiental.
Com a intenção de trazer agilidade na operação dos recursos, capilaridade no maior número de
contextos socioambientais do país, e transparência na captação e utilização dos recursos, o Fundo
enfocará a educação ambiental popular e comunitária, a formação de professores, bem como os
espaços educadores e a educação ambiental em Unidades de Conservação. Com isso, espera
atingir pequenos projetos, com dificuldade em serem contemplados por grandes editais, mas
também projetos estruturantes relacionados à formação de pessoas e às políticas públicas
ambientais.
Trabalhará de duas formas: com o lançamento de editais para demanda induzida, e por demanda
espontânea, contemplando projetos já existentes. “Os valores ainda não foram definidos, mas
podem ir de pequenos projetos de cinco mil reais a projetos de médio porte, em torno de 100 mil,
e até grandes programas, de até 1 milhão, conforme a carteira de ações. Esperamos contemplar,
por exemplo, a produção de materiais didáticos, a formação de pessoas, a infra-estrutura”,
explicou Haydée de Oliveira, coordenadora da Comissão Diretora do Funbea.
O Fundo é uma iniciativa privada de interesse público, a exemplo do Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (Funbio), e possui associados do poder público, empresas, ONGs, Universidades e
cidadãos, inovando na participação sobre os rumos da iniciativa. “É preciso repensar os
mecanismos de fomento à educação ambiental em nosso país, hoje esquecida”, enfatiza
Semírames Biasoli, do Funbea.
As redes de juventude e a articulação para a Rio + 20
Por André Biazoti
O encontro “Olhares da Juventude sobre o Tratado de Educação Ambiental, Rio + 20 e Programa
Nacional de Juventude e Meio Ambiente (PNJMA)”, realizado durante o VII Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, reuniu cerca de 40 pessoas em dois dias de diálogos sobre o protagonismo
da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA) na articulação de
coletivos e grupos de jovens. A rede, conforme Diogo Damasceno, facilitador nacional, “foi criada
em 2003 em Luzitânia/GO na 1ª Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente e se configura
hoje como um espaço de articulação e sensibilização da juventude ambientalista”. Formada por
grupos, ONGs, coletivos, instituições e INGs (indivíduos não-governamentais), a REJUMA se
organiza de forma horizontal e valoriza a troca de experiências entre jovens que realizam
atividades em prol do meio ambiente por todo o Brasil.
Além da apresentação da REJUMA, o encontro também contou com a presença de integrantes da
rede europeia EYES (Empowering Youth in European Society) e participantes ativos da organização
do território da juventude na Cúpula dos Povos, que ocorrerá paralelamente ao evento oficial da
Rio+20. A experiência da rede europeia inspirou os presentes a pensarem em como articular a
juventude ambientalista em uma rede latinoamericana. Foi apresentada também a iniciativa
Juventude em Transição, que consiste em atividades locais protagonizadas por jovens que têm
como pauta a transição para uma sociedade ecológica.
Desde 2010, a REJUMA vem promovendo encontros com jovens por todo Brasil com o intuito de
articular propostas para o protagonismo juvenil na conferência da Rio+20. Integrante do grupo
articulador do comitê facilitador da sociedade civil para a conferência, a rede tem se focado na
organização do território da juventude na Cúpula dos Povos, que contará com atividades e
propostas dos jovens para uma sociedade mais justa e igualitária. Essa organização conjunta
ocorrerá por meio do Enlace da Juventude para a Rio+20, que ocorrerá nos dias 13, 14 e 15 de
abril. Para mais informações, visite o site da REJUMA (www.rejuma.org.br).
Encontro Paralelo destaca o potencial transformador da educomunicação em iniciativas de
Educação Ambiental
Por Flávia Santana
No primeiro dia de atividades do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, foi realizado o
Encontro Paralelo de Educomunicação, com o objetivo de reunir pesquisadores e profissionais
atuantes na área para trocar conhecimentos e experiências de educomunicação socioambiental.
Mediado pela integrante da Rede de Educação Ambiental da Bahia, Débora Menezes, o encontro
trouxe, na parte da manhã, um panorama da educomunicação na universidade, no governo e na
sociedade civil.
O professor Ismar de Oliveira, do Núcleo de Educomunicação da Escola de Comunicação e Artes da
USP, ressaltou a importância da universidade se debruçar sobre esta temática, com o intuito de
sistematizá-la, legitimá-la e, assim, poder compartilhar seus conceitos e metodologias.
A especialista em Recursos Hídricos da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Renata Maranhão, destacou o papel estratégico da
educomunicação nos programas do MMA voltados para a Educação Ambiental, Resíduos Sólidos,
Consumo Sustentável e Agricultura Familiar. Segundo Renata, a educomunicação integra os planos
de implementação destas políticas, sendo também fundamental para o fortalecimento das
mesmas.
Fundadora do Instituto Gens e docente da USP, Gracia Lopes Lima estimulou o público à reflexão,
abordando um tema polêmico: como equilibrar a preocupação em elaborar produtos midiáticos e
o processo educativo proposto pela educomunicação, quando o projeto é patrocinado e precisa
cumprir prazos/metas? Para a pesquisadora, quem deseja trabalhar com educomunicação em
projetos de educação ambiental deve se libertar da educação tradicional e dos entraves gerados
pela relação com o patrocinador, fatores que acabam engessando o processo educativo. Segundo
ela, é preciso existir um grande espaço de troca, de convivência e aprendizado mútuo em projetos
que envolvem educomunicação.
O biólogo Silvio Marchini, da Escola da Amazônia, afirmou que a educomunicação pode contribuir
para a resolução e prevenção de problemas ambientais, fazendo uso da informação para interferir
e mudar o comportamento humano.
Fechando a primeira parte do encontro, Lara Moutinho da Costa, da Superintendência de EA do
Rio de Janeiro, apresentou a experiência do Programa “Nas Ondas do Ambiente”, que
transformou a educomunicação em uma política pública de fomento à educação ambiental no
estado.
No período da tarde, o foco do encontro foi o compartilhamento de iniciativas pioneiras de
educomunicação socioambiental no Brasil e no exterior. Os oito projetos apresentados
evidenciaram o potencial transformador da educomunicação na área ambiental e a paixão dos
seus idealizadores pela temática e pelos resultados conquistados nas comunidades onde atuam.
Os rios da Educação Ambiental e da Gestão das Águas se encontram no VII Fórum Brasileiro de EA
Por Mônica Pilz Borba
Na manhã do dia 29 de março, no VII Fórum Brasileiro de EA em Salvador BA, aconteceu o Encontro de
Educação Ambiental e a Politica Nacional de Recursos Hídricos com participação de 120 pessoas de todas as
regiões do Brasil. No inicio da manhã, Franklin de Paula Junior, gerente de Políticas e Planejamento da
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA – Ministério do Meio Ambiente, apresentou
um panorama da política das águas e educação ambiental, divulgando a plataforma interativa
www.comunidadedasaguas.ning.com para que todos os interessados possam participar da rede. Também
liderou o encontro a técnica Andréa Carestiato Costa que atua no DEA – Departamento de Educação
Ambiental do SAIC – Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA.
Na segunda parte do encontro, surgiram relatos de todas as partes do Brasil com foco nos desafios de
aproximar a educação ambiental formal e não formal da gestão dos recursos hídricos. As recomendações
gerais caminham no sentido da necessidade de que as CIEAS – Comissões Interinstitucionais de Educação
Ambiental dos Estados, que tem como objetivo implantar as políticas públicas de EA, integremr o Conselho
Estadual de Recursos Hídricos, bem como seus Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH. Outra conclusão é a
necessidade de se construirem programas, planos e projetos de EA em espaços adequados como as
Câmaras Técnicas de EA dos CBH, com a participação de diversas instituições e atores do governo e da
sociedade civil. Os programas de EA nas Bacias Hidrográfias devem trazer os dados dos Planos de Bacias
Hidrográficas de forma interativa e interessante, para que estas informações se tornem públicas e auxiliem
nos processos participativos e de tomadas de decisão.
Para atuar em espaços de conflitos e de profusão de conhecimento, como são os comitês, é necessário ter
uma visão crítica e pró-ativa. A gestão participativa exige uma nova forma de educação e, segundo relatos,
o material educativo do MEC – Ministério da Educação o COM-VIDAS auxilia muito na formação de jovens
emancipando-os para atuar neste processo. Também foram apontadas diversas outras metodologias tais
como teatro, educomunicação, econovelas, sempre utilizando as linguagens regionais.
A necessidade de formação permanente de toda a sociedade em relação à temática da gestão das águas é
uma demanda essencial neste processo e em algumas localidades, as universidades vêm colaborando com
a formação de professores e técnicos, porém os tomadores de decisão parecem não estar atualizados em
relação aos temas ambientais. Até os dias de hoje se investe em canalização de córregos nas cidades, os
esgotos continuam indo para os rios e na Bahia há muitas pessoas sem águas, pois no interior estão
passando pela seca mais severa dos últimos 40 anos!
MESAS REDONDAS
Visões de mundo, filosofia e educação ambiental
Por Gabriela Arakaki
Na mesa que se realizou na manhã do dia 29 de março no VII Fórum Nacional de Educação Ambiental, os
palestrantes buscaram estabelecer relações entre a educação ambiental e questões espirituais e sutis que
diferentes religiões e correntes filosóficas apresentam.
Mãe Conceição, representante das matrizes religiosas africanas, relatou o quanto a mata, a terra e a água
são importantes para a realização dos rituais. Para ela, ao se escolher um caminho espiritual ou uma
religião, a pessoa precisa buscar cada vez mais sabedoria para o cuidado com esses elementos naturais.
Marcos Arruda, do PACS, mencionou que a civilização capitalista enfrenta uma crise alicerçada no
individualismo, na competição e na arrogância na relação com a natureza. Daí a necessidade da tomada de
consciência para a transição rumo a uma sociedade baseada na cooperação e na colaboração.
Marcos Terena, importante liderança indígena do país, revelou diferentes facetas da relação entre os
indígenas e a natureza, e traçou um panorama da influência dos não indígenas na transformação de alguns
costumes. Mencionou, por exemplo, a transformação na forma de se relacionar natureza e espiritualidade,
em que se abandonou uma postura de agradecimento às forças naturais, para dar lugar ao “pedir” a Deus,
trazido pelos ocidentais.
Terena acredita que os indígenas têm a ensinar aos ocidentais a cultura do compromisso com a mãe Terra e
a espiritualidade. “A questão ambiental não é mais uma discussão sobre a defesa do verde, mas sim sobre
o combate ao consumismo para redução da produção de lixo ou da exploração ilimitada dos recursos
naturais”, comentou Terena. Segundo ele, há dificuldade dos indígenas compreenderem a ideia de
valoração ambiental e da venda de créditos de carbono, pois para estas pessoas não existe “dono do ar” e
não é possível se valorar a natureza.
Celso Marques, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), reforçou que vivemos
não apenas uma crise ambiental, mas uma crise de civilização, mais ampla que um problema ocidental,
dizendo respeito ao planeta como um todo e ao mundo oriental. Afirmou que a crise de civilização vem no
bojo da lógica capitalista, a qual gera uma violência que não se quer discutir. “Estamos vivendo uma
alucinação coletiva criada pelo sistema educacional, baseado nas mídias de grande alcance. Há um
desconhecimento da população sobre a votação do Código Florestal e sobre o desastre de Fukushima”,
exemplificou.
Michele Sato (UFMT), mediadora da mesa, fez um convite aos palestrantes para refletirem sobre uma
tendência da educação ambiental em defender a harmonia, o amor e a paz, mas que não insere e não
prepara os educandos para lidar com conflitos socioambientais.
Políticas Públicas em Educação Ambiental no Brasil dá exemplos de sucesso e aponta a
necessidade de mais atuação das gestões públicas juntos às comunidades
Por Juliana Belko
Na tarde de 29 de março a mesa de Políticas Públicas do Fórum reuniu em torno de 2000 pessoas
no auditório Oxalá Pleno para as apresentações de José de Freitas (CGEA/MEC), Nilo Diniz
(DEA/MMA), Haydée Torres de Oliveira (UFSCAR), Maria Henriqueta (Prefeitura Municipal de
Suzano-SP) e Vânia Marcia Guedes Cesar (SEMA/MT) com a mediação de Marcos Sorrentino
(ESALQ/USP).
Durante as apresentações José Vicente apontou como primeiro desafio em Políticas Públicas em
Educação Ambiental procuramos ou fazemos que elas sejam concebidas e executadas dentro dos
Estados e como perspectiva de que as Políticas Públicas sejam construídas com a sociedade e não
para ela considerando ser falsa a separação da educação formal e da não formal.
Nilo Diniz apresentou um panorama da Educação Ambiental desde 1981 enfatizando o Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, o Programa
Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
Além de apontar as dificuldades de fontes de financiamento em função de vetos à Lei 9795 de
1999, a escala de aplicação nacional da PNEA e ações continuadas.
Vânia Cesar apresentou o cenário Mato-grossense de Educação Ambiental e Maria Henriqueta o
cenário de Suzano que conta atualmente com 4 eixos de atuação sendo estes uma Comissão
Intersetorial de Educação Ambiental que envolve os departamentos da Prefeitura Municipal de
Suzano, uma Comissão Interinstitucional Municipal de Educação Ambiental que envolve as esferas
pública e sociedade civil do município e a Educação Ambiental Formal e Não Formal.
Maria Henriqueta enfatizou que os municípios precisam se inserir e materializar as Políticas
Estaduais e Federal de Educação Ambiental tendo nos gestores públicos os enraizadores destas
políticas.
Haydée apresentou um panorama da Educação Ambiental em São Carlos abordando o papel da
universidade na continuidade das ações independente das trocas de gestões públicas municipais.
Posteriormente Nilo Diniz apontou o lançamento do Programa de Educação Ambiental para a
Agricultura Familiar que ocorrerá no Fórum e a Conferência Nacional de Meio Ambiente.
Ao final a plateia se manifestou abordando questões pontuais que dificultam a execução de ações
de políticas públicas em Educação Ambiental como a vontade política de algumas prefeituras e a
necessidade de mais diálogo com os catadores de materiais recicláveis.
Intervenções socioambientais atingem o território dos resíduos sólidos
Por Samuel Protetti
O tema dos resíduos sólidos é um desafio para o planeta, mas mais instigante é refletir sobre o
papel do ser humano frente à geração de resíduos e as intervenções socioambientais necessárias a
essa relação. No colóquio “Intervenção socioambiental nos territórios e resíduos sólidos”,
realizado no dia 29 de março no VII Fórum de Educação Ambiental, a coordenadora geral do
Fórum, foram geradas provocações como o que é lixo, que impacto gera e quem é o responsável,
o sujeito que consome ou o sistema que produz esses resíduos.
O representante da Faculdade do México, apresentou uma investigação orientada a solução de
problemas, lembrando que o que buscamos é a participação ativa das pessoas na gestão, já que
não existem problemas ambientais e sim processos sociais e culturais com problemas, uma
verdadeira engenharia comportamental.
Angela Baeder, do Centro Universitário Fundação Santo André, falou sobre o projeto de Gestão
Participativa e Sustentável de Resíduos Sólidos, que durou 7 anos para fortalecer a associação dos
catadores e melhorar sua qualidade de vida. Os desafios passaram pela organização para
fortalecer o grupo e a criação de políticas públicas para inclusão dos catadores, ações de gestão,
formação, diálogo (entre os grupos e entre governos), transversalidade (pesquisa e sistema de
informação).
Maria Mônica, representante do Movimento Nacional dos Catadores contou sua experiência,
reforçando o quanto resistiu até se engajar neste processo, quando se descobriu como uma
liderança no projeto Brasil – Canadá. Enfatizou que a metodologia participativa empodera pessoas
e, isso sim, é a verdadeira transformação, trabalhar em conjunto para o funcionamento do
coletivo, por meio de uma rede de comercialização.
Ronalda Barreto, representante da Universidade Estadual da Bahia, apresentou o projeto Ecofolia
Solidário, que visa organizar o sistema de coleta seletiva durante as festividades do carnaval. Ela
relatou a situação precária das cooperativas de Salvador e salientou o quanto a luta pela
sobrevivência gerou sustentabilidade política para os catadores. O projeto é organizado em cinco
centrais de apoio ao catador onde ele recebe uniforme e 3 refeições diárias. O ganho educativo é
reforçado, pois todos os serviços oferecidos nesse projeto são provenientes de empreendimentos
de economia solidária, além do ganho no combate ao trabalho infantil, muito comum nessa época
do ano.
Rio + 20 é aqui e agora!
Por Mônica Pilz Borba
Integrantes da mesa redonda “Estado da Arte da Organização da Rio + 20.
Um dos destaques do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental foi a articulação dos educadores
ambientais para participar com mais peso e organização da Rio + 20, na Cúpula dos Povos, pois os
temas Educação Ambiental e Agenda 21 estão fora das pautas do evento oficial e do documento
da ONU, que orienta o evento.
Na manhã do dia 30 de março, ocorreu a mesa redonda “Estado da Arte da Organização da Rio +
20”, sendo iniciada pela fala de Rubens Harry Born, do Instituto Vitae Civilis: “por mais que a
participação e a perspectiva de sucesso da Rio + 20 esteja difícil, nós temos que fazer a diferença,
pois é uma oportunidade”. Desta forma, temos que nos organizar e transmitir a Rio + 20 da Cúpula
dos Povos para todas as partes do Brasil e do planeta.
Segundo Rubens Born, as principais polêmicas na Rio + 20 são: falta de informação, desconfianças,
preconceito, oportunismo e greenwashing, protecionismo, visão de curto prazo, interesses
entrincheirados, desemprego ou transição justa, dilema de crescimento, disparidade de produção
e consumo, comodismo, consumismo dos desenvolvidos, desenvolvimento dos emergentes,
carências dos menos desenvolvidos. Os debates devem acontecer a partir dos temas: governança
ambiental X governança econômica X governança do desenvolvimento sustentável. Um dos
destaques dos debates deve girar em torno do PNUMA e OMMA, pois mais de 100 países apoiam
o fortalecimento do PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que seria o
embrião natural de uma agência ambiental nova. Vários países sugerem a criação da WEA ou de
órgão similar. O surgimento da agência poderia ser forte chamariz para atrair grande número de
líderes para a Rio+20 e garantir o êxito do evento. Mas a criação da Organização Mundial do Meio
Ambiente (OMMA, na sigla em português) tem fortes opositores. Os Estados Unidos não querem
nem ouvir falar dela. Historicamente, os EUA costumam não aceitar acordos ou organizações
internacionais que possam interferir em suas próprias decisões internas. E a resistência americana
é um grande obstáculo à ideia. Ironicamente, mas por razões outras, os EUA estão alinhados nesta
oposição com Venezuela, Cuba e Bolívia. Os latinos temem que uma agência do gênero sirva para
encobrir ações comerciais protecionistas de países ricos.
Jacqueline Guerreiro, articuladora da mobilização da REBEA na Cúpula dos Povos e da II Jornada
Internacional do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis de
Responsabilidade Global anuncia que está difícil conseguir espaço no Comitê de organização para
o Tratado e outras atividades da área socioambiental. Neste comitê, quem participa são as Redes
e, desta forma, há uma grande necessidade de fortalecer ainda mais nossas redes para
protagonizar espaço da Rio + 20 para a Educação Ambiental, e o VII FBEA cumpriu este papel.
Segundo Carlos Frederico da REBAL – Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, não podemos
abandonar a história, pois já construímos e o governo não quer monitorar a construção da agenda
ambiental. Continua a luta entre pobres e ricos, ou seja, o capitalismo e uma nova forma de
desenvolvimento que inclua a todos. Qualquer uma destas discussões tem que incluir a questão
ecológica, independente de ser socialismo ou capitalismo. A crise civilizatória está na mesa da Rio
+ 20!
Doroty Marttos, articuladora da REBAL, explica que dentro do FBONG (Fórum Brasileiro de ONGs)
o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental e Agenda 21 se uniu para fortalecer as ações comuns,
bem como a participação na Cúpula dos Povos. Segundo ela, “precisamos de estratégias locais
para pensar e executar o DSL – Desenvolvimento Sustentável Local”. Ela questiona porque alguns
processos de Agenda 21 no Brasil foram paralisados e o Governo Federal não vem apoiando a
implantação desta política.
A Rio + 20 está difícil sim, mas quem sabe a Cúpula dos Povos pode reverberar e fazer a diferença,
com manifestações o mobilizações no mundo todo, para mostrar aos governantes o que de fato
precisa ser efetivado nas políticas de sustentabilidade de todos os países do nosso planeta Terra,
pois somos todos UM!
Gestão de resíduos sólidos, trabalho e inclusão social são temas interligados
Por Samuel Protetti
O painel “Gestão dos resíduos sólidos, trabalho e inclusão social”, realizado no dia 30 de março no
VII Fórum Nacional de Educação Ambiental, trouxe como questionamento principal o quanto a
educação ambiental vem contribuindo para a gestão dos resíduos sólidos.
Fabio Cidrin, do WWF apresentou a experiência da instituição no processo de inclusão dos
catadores nas gestões municipais de resíduos, e informou que estão desenvolvendo trabalhos nos
municípios de Natal, Caxias do Sul, Pirinópolis, Belo Horizonte e Rio Branco, a partir do Plano de
Educação Ambiental e Comunicação. A experiência se dá com a produção e caracterização dos
resíduos, a partir dos quatro tipos de recicláveis, compostáveis, perigosos e rejeitos, com a
abordagem de não se misturarem os orgânicos com os demais.
Ronaldo Hipólito, do Ministério do Meio Ambiente, informou que o Plano Nacional de Resíduos
Sólidos já está sendo apreciado pelos Conselhos do Meio Ambiente, da Saúde, das Cidades, entre
outros, e ressaltou que a educação ambiental é contemplada como instrumento fundamental para
o sucesso da implantação do Plano. Hipólito destacou algumas iniciativas de educação ambiental
que o Plano traz com foco em consumo sustentável, segregação dos resíduos na fonte geradora
nos setores público e privado, sociedade civil e lideranças comunitárias. Comentou também sobre
capacitações nas três esferas de governo, para catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
como um processo decisivo para a inclusão social. E apresentou as principais ações de
planejamento para 2012: publicação do Plano, capacitação de gestores, implementação da
logística reversa e construção da estratégia nacional do educação ambiental do Plano.
Tarcísio Pinto, consultor do Ministério do Meio Ambiente, falou sobre Gestão de Resíduos Sólidos
– Trabalho e Inclusão Social. Ressaltou que estamos num momento único da história, pois apesar
do tema ser debatido há mais de 30 anos, agora o Plano está sendo implantado. Falou sobre a
importância da presença dos catadores na gestão dos resíduos e apresentou e caso da cidade de
Londrina que tem alta taxa de recuperação de material reciclável e um custo muito baixo para a
gestão, fato este devido à inclusão dos catadores. Destacou também a importância da participação
dos agentes de saúde na promoção da coleta seletiva.
A representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis destacou a
importância da profissionalização dos catadores para não sairem perdendo para o setor privado,
bem como da utilização de maquinário para auxiliar o trabalho dos catadores, a necessidade de
formação contínua, e que o conceito de inclusão social de catadores deve considerar o apoio às
pessoas que sofrem de dependência química e problemas psicológicos.
Andréa Carestiato, diretora de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente falou sobre
os subsídios para uma estratégia nacional de educação ambiental para o Plano Nacional de
Resíduos Sólidos. Destacou o momento econômico que o país está vivendo, a ascensão das classes
sociais, com destaque para o grande aumento da classe C, além da busca pela responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de produto, e o papel do consumidor na destinação e coleta de resíduos.
Comentou também que as diretrizes para o PNRS serão amplamente debatidas, devendo-se
garantir uma ampla participação das pessoas interessadas e envolvidos na temática por meios
virtuais ou propícios a absorção de grandes demandas.
Mudanças climáticas é oportunidade para uma educação ambiental emancipatória
Por Heloisa Bio
A mesa-redonda sobre Mudanças Climáticas, Justiça Social e Ambiental, ocorrida em 30 de março
no VII Fórum de Educação Ambiental, trouxe ao debate a relação entre as mudanças no clima, a
contribuição da espécie humana para isso, e como os educadores podem compreender esse
fenômeno para contribuir com a construção de um desenvolvimento mais sustentável.
A educadora Rachel Zacaria, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), desenvolveu
importante crítica sobre mecanismos de mercado que acabam por transformar a natureza em
mercadoria, defendendo que as causas das mudanças climáticas são de responsabilidade da lógica
destrutiva do capital, fundada na acumulação e exploração dos recursos naturais. “A crise
ambiental traz soluções como o comércio de carbono e o pagamento por serviços ambientais,
instrumentos que continuam se baseando nos valores do mercado”, criticou Rachel.
Nesse sentido, ações práticas de educação ambiental devem se articular com questões políticas,
econômicas, sociais e culturais, e partirem da compreensão da crise climática como um conflito de
interesses de classes, o qual será superado pela emancipação da ordem econômica vigente. “O
conflito ambiental não expressa só divergências superficiais, pode ser o ponto de partida para uma
educação crítica e emancipatória”, disse.
Conceitos da psicologia social foram trazidos por Maria Carolina da Silveira, do Conselho Federal
de Psicologia, que atuou por longos meses com as populações atingidas por eventos climáticos
extremos em Santa Catarina, a exemplo do tornado de 2007. “Situações de vulnerabilidade
demandam construir conjuntamente com a comunidade uma nova realidade, trabalhar seu
protagonismo social para enfrentar os desastres naturais, buscando olhar e escutar esse
sofrimento invisível”, enfocou Maria Carolina.
Uma análise diferenciada das mudanças climáticas em relação à comunicação e à educação, foi
feita pelo professor da Universidade de Compostela (Galícia, Espanha), Pablo Cartea, que lembrou
o quanto o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) se ocupa da dimensão
biofísica do clima e da dimensão econômica, ignorando o fator social. Neste caso, atuar sobre a
crise ambiental dependerá de como a sociedade entende e atua sobre o problema, a partir das
representações sociais que desenvolve. “A comunicação e a educação para a questão climática
envolvem problemas complexos, abstratos e pouco sentidos como ameaças diretas. Assim, a
ciência deve se transformar para se converter em parte cotidiana da sociedade humana”,
defendeu Cartea.
Cerca de 70 pessoas participaram do debate, e os interessados podem saber mais sobre o tema no
site www.educatumundo.com.
O contexto da agricultura familiar nas políticas públicas brasileiras
Por André Biazoti
“Há necessidade de mais espaços para o envolvimento e o controle social nas políticas públicas de
agricultura familiar no Brasil”, afirmou Jazon Ferreira Primo Junior, representante da
Superintendência da Agricultura Familiar da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
(SUAF/SEAGRI), durante as discussões que pautaram a mesa-redonda “Sustentabilidade da
Agricultura Familiar e Soberania Alimentar”, realizada em 30 de março. Se políticas públicas criadas
pelo governo federal, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de
Arrecadação de Alimentos (PAA), impulsionaram diversos produtores familiares a gerarem renda,
de outro lado ainda encontram diversos desafios burocráticos para sua execução. Na Bahia, por
exemplo, cerca de 250 mil reais foram devolvidos pelas escolas que não conseguiram comprar os
alimentos dos produtores familiares por entraves burocráticos, conforme expôs Valdemiro
Conceição, moderador da mesa.
Outros desafios apresentados pelos participantes da mesa trataram da dificuldade de se trabalhar
com um modelo de Assistência Técnica Governamental (ATER) baseado nos princípios da revolução
verde, além da insustentabilidade gerada pela perda da identidade camponesa. Mas nesse
aspecto, Jazon lembrou da capacitação de agentes técnicos dos programas de assistência em
agroecologia, por meio das redes temáticas da ATER, e da formação de agentes comunitários,
realizada em grande parte por movimentos sociais. A agroecologia foi colocada como modelo ideal
para a agricultura familiar, que valoriza a biodiversidade local na produção, a saúde do trabalhador,
a qualidade do produto e toda a cadeia produtiva. Jazon ainda apresentou uma chamada pública
de assistência técnica com foco na agroecologia realizada no estado da Bahia.
A mesa também contou com a apresentação do projeto Nutre Nordeste, realizado pela ONG
Agendha e financiado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), que objetiva prestar serviços de ATER a cooperativas e associações nordestinas com
foco na comercialização dos produtos para a merenda escolar. Segundo Ednalva Aroucha,
representante da Agendha, apenas 20% dos produtores nordestinos possuem a Declaração de
Aptidão do Pronaf (DAP Jurídica), documento essencial para comercialização dos produtos à
escola. Dentre os desafios citados, pode-se destacar a resistência dos gestores à implementação da
legislação, a burocracia que não dialoga com a realidade das associações de produtores, as
dificuldades de logística e de local de entrega dos produtos, o atraso no pagamento dos
agricultores e a dificuldade de emissão das declarações. As discussões também incluíram a
temática dos agrotóxicos na produção familiar, em que o Instituto 5 Elementos se posicionou
fortemente contra e apresentou a Campanha Contra o Uso de Agrotóxicos e pela Vida.
Mesa discute economia verde, pobreza e governança local
Por Gabriela Arakaki
Em 30 de março, durante o penúltimo dia do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, ocorreram mesas
redondas que visavam conferir contribuições da Educação Ambiental para a Rio + 20 através de diálogos
com especialistas.
Na mesa que debateu o tema Economia Verde, erradicação da pobreza e governança global, Ladislau
Dowbor, economista – PUC-SP, e Rubens Harry Born, engenheiro civil – Vitae Civilis, apresentaram o
cenário sobre os debates entorno do conceito da temática, além de traçar uma visão crítica a seu respeito.
Dowbor defende um modelo de governança baseado em sistemas descentralizados participativos, como o
que presenciou na Suécia. Criticou o atual modelo econômico que acredita no crescimento indefinido da
produção e do consumo, argumentando, por exemplo, que o PIB é uma conta errada, pois mede o ritmo de
uso dos recursos e não mede os resultados de sua utilização (questão ética) nem considera a redução de
seu estoque. Mostrou como esta lógica gera contradições e perversidades ao mencionar, por exemplo, que
a atuação da Pastoral da Criança é uma iniciativa que contribui para a redução do PIB, já que atua na
prevenção e gera queda no consumo de medicamentos. Enquanto isso, de 10 a 11 milhões de crianças
morrem, todos os anos no mundo, de fome ou por problemas relacionados à água. Outra contradição
mencionada foi que, em 2011, o montante referente ao lucro do Banco Itaú, que beneficia seis sócios, foi
maior do que todo o dinheiro investido no Programa Bolsa Família.
Rubens Born afirmou que não há um consenso sobre o conceito de Economia Verde, o que gera
controvérsias e polêmicas, como o uso do termo “marketeiro” esvaziado por empresas, o chamado
greenwashing. Apesar disso, comentou que o escopo do conceito de economia verde foi amplamente
discutido (ver http://radarrio20.org.br/index.php?r=conteudo/view&id=12&idmenu=20).
Born explicou que os instrumentos econômicos para erradicação da pobreza não se restringem a
mecanismos de mercado, pois há instrumentos fiscais, selos e certificações, sistema de poluidor-pagador,
entre outros. Ao ser questionado sobre como devem ocorrer as mudanças na economia e como as
discussões sobre economia verde, no âmbito da Rio + 20, ocorrerão apenas entre grupos privilegiados,
Born concordou que a ONU discutirá no nível dos interesses nacionais, o que, no Brasil, pode representar o
interesse dos ruralistas, empreiteiros e indústria automobilística em detrimento de 16 milhões de pobres.
Ainda assim, exaltou que todos nós devemos assumir nossa governança e tentar influenciar este debate.
Para finalizar Rubens explicou que temos que usar os processos educacionais para acelerar as mudanças
almejadas, ao passo que Dowbor afirmou que somente os ambientalistas não conseguirão “carregar esse
piano” sozinhos.
OFICINAS
Instituto 5 Elementos ministra oficina de metodologias de gestão participativa no VII Fórum
Brasileiro de Educação Ambiental
Por Flávia Santana
“Gestão participativa de projetos socioambientais e de processos de desenvolvimento local
sustentável” foi o tema da oficina ministrada no dia 30 de março por Samuel Protetti, André
Biazoti, Emanuela Alfieri e Lílian Marques, coordenadores de projetos do Instituto 5 Elementos no
Programa Energia Social para a Sustentabilidade Local, durante o VII Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental.
O Café com Prosa foi uma das metodologias apresentadas na oficina.
A atividade teve como objetivo apresentar aos participantes metodologias aplicadas em processos
de gestão participativa envolvendo projetos de sustentabilidade. As dinâmicas selecionadas foram
Investigação Apreciativa, Café com Prosa e Aquário.
A abertura da oficina se deu com a Investigação Apreciativa, na qual os participantes foram
divididos em grupos de três pessoas, sendo que cada uma delas tinha a função de entrevistar um
colega, responder a perguntas pré-estabelecidas pelos oficineiros e registrar as respostas. Ao final
da atividade, aqueles que se sensibilizassem com histórias de vida contadas no grupo tinham
espaço para compartilhá-las com todos os presentes. A investigação apreciativa é uma
metodologia muito utilizada para aproximar e engajar pessoas que trabalharão em processos de
gestão participativa, por meio da troca de experiências de vida.
Em seguida, foi proposto um Café com Prosa, com o seguinte questionamento: Como a Educação
Ambiental pode ser trabalhada no processo de desenvolvimento local? Os participantes foram
divididos em três grupos para debater e formular propostas de ações que respondessem a essa
pergunta. Nessa metodologia, cada grupo tinha um anfitrião, responsável por colher as ideias
sugeridas pelos demais e sistematizá-las num único documento. Ao final da atividade, os anfitriões
apresentaram um quadro geral das construções de cada grupo.
Para encerrar, foi aplicada a dinâmica Aquário, na qual a equipe que ministrou a oficina se reuniu,
na presença dos participantes, para debater os principais pontos e resultados das atividades
realizadas. O interessante desta metodologia é que as pessoas acompanham esse processo como
observadoras, mas, caso sintam necessidade ou tenham alguma dúvida a respeito do que está
sendo levantado, podem interferir, fazendo perguntas sobre as questões abordadas na reunião.
O impacto da oficina foi muito positivo, pois além da apreensão das metodologias, os 28
participantes destacaram características relevantes a serem consideradas para o sucesso de uma
gestão participativa, tais como a busca do diálogo, envolvimento, não preconceito, construção de
vínculos sociais, abertura a novas ideias e aprender a ouvir o outro.
Manifestações culturais brasileiras como ferramentas de sensibilização ambiental
Por Gabriela Arakaki
A oficina “A prática cultural como prática educativa” realizada na tarde de 30 de março durante o
VII Fórum de Educação Ambiental, teve como proposta instrumentalizar os participantes para
utilizar a cultura popular, por meio da dança e da música, como ferramenta de sensibilização e
educação ambiental. O Instituto 5 Elementos segue em seus projetos de educação para a
sustentabilidade a busca por valorizar a cultura local como um de seus princípios, e nesse sentido,
a oficina enriquecerá o repertório da equipe que atua em escolas e comunidades por todo o Brasil.
A professora Ciranda dos Reis Ferrari Oliveira apresentou danças e canções que abordam mais
diretamente a relação do homem com a natureza, permitindo conhecer o vocabulário, hábitos
alimentares, crenças, animais e seus habitats, entre outros aspectos de culturas regionais de
diversos cantos do país.
A ciranda, manifestação tradicional das comunidades caiçaras do Nordeste brasileiro, aborda
muito a relação do homem e o mar e apresenta elementos do cotidiano da vida caiçara. É dançada
em roda e seus movimentos imitam o vai-e-vem das ondas do mar. No caso da oficina, foram
apresentadas cirandas tradicionais de Pernambuco:
“Eu tava na beira da praia
Ouvindo as pancadas das ondas do mar
Essa Ciranda quem me deu foi Lia
Que mora na Ilha de Itamaracá
Mandei fazer uma casa de farinha
Bem maneirinha que o vento possa levar
Oi passa Sol, oi passa chuva, oi passa vento
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar”.
As letras do cacuriá, tradicional do Maranhão, abordam a temática dos animais. Isso se reflete nos
gestos da dança que imitam o movimento dos bichos e seu comportamento. Além disso, estimula
muito a interação entre os participantes em forma de brincadeira, por isso, mesmo no Maranhão,
a dança se destina principalmente a crianças.
“Eu sou, eu sou, eu sou
Eu sou jacaré poiô (2x)
Sacode o rabo, jacaré
Sacode o rabo, jacaré
Eu sou jacaré poiô (2x)
Formiga me mordeu, formiga me mordeu
Formiga me mordeu no canaviá
O que foi fazer, o que foi buscar
Fui cortar cana pra nós chupar”
O coco, também de Pernambuco, valoriza a relação com a natureza através do trabalho das
colhedoras de coco. Com passos bem marcados pela pisada dos pés e pelos instrumentos –
pandeiro, ganzá, caixa – a dança é intensa e trabalha a resistência e o molejo do corpo. É brincada
em roda, em que uma pessoa ou um par dançam no centro.
“Oi, nesse coco vou até de manhã
Danço côco, quebro côco como pirinã (2x)
Deu cupim no coqueiro e o coqueiro não morreu (2x)
Os coquim ficaram verde e ninguém colheu
Na hora de quebrar o côco, quem quebra o côco sou eu (2x)
Sobe no côco, tiro o côco, pega o toco, quebra o côco
Abre o côco pra gente côco comer (4x)”
“Foi uma oportunidade de levar esse conhecimento para o projeto Dedo Verde no CEMEB
Governador André Franco Montoro, desenvolvido pelo Instituto 5 Elementos, município de
Itapevi. Deste encontro, surgiu a ideia de ensinar o conteúdo vivenciado na oficina para todos os
professores da escola como forma de propiciar aos alunos uma vivência diferenciada para a festa
junina e demais festejos realizados na escola”, expressa Gabriela Arakaki, educadora do projeto.
PAINÉIS
As representações sociais por trás do conceito de desenvolvimento sustentável
Por Fabiana Oliveira
O painel “Representações sociais do conceito de desenvolvimento sustentável entre alunos de um
curso técnico em meio ambiente de Ribeirão Pires (SP)” foi apresentado no VII Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, com o objetivo de transmitir a importância de se realizar uma conceituação
prévia ou aproximação conceitual do tema, antes mesmo de referenciais teóricos, que vão
sendo desenvolvidos ao longo do ano letivo.
Apresentado por meio de relato auto-biográfico, o painel procurou enfatizar as representações
sociais do conceito de "desenvolvimento sustentável" entre os alunos do curso técnico em meio
ambiente do Colégio São José (Ribeirão Pires-SP). O principal ganho desse esforço foi a busca por
respeitar o conhecimento, cultura e paradigma que cada educando levou para dentro da sala de
aula e como esse conhecimento foi sendo construindo de forma mais concreta coletiva e
participativa até o final do curso.
ECOCINE
Um cinema que desperta para a educação ambiental política e ideológica
Por Heloisa Bio e Fabiana Oliveira
Estamira, falecida em 2011 e personagem do premiado filme que leva seu nome, viveu mais de 20
anos no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Sua vida projetada nas telas, não
espelha somente as dificuldades frente ao distúrbio mental, mas acima de tudo a visão lúcida de
quem entende a natureza como um sistema de fenômenos interligados. “Toda coisa que enche
transborda, a natureza controla tudo”, dispara a personagem logo no início sobre o excesso de
resíduos descartados no lixão carioca.
Esse e outros filmes de caráter socioambiental estão sendo exibidos no Espaço Ecocine do VII
Fórum de Educação Ambiental, com apoio do Instituto 5 Elementos, que há anos realiza o
Cineclube Socioambiental em São Paulo e enxerga o cinema como um meio de educação sensível
dos indivíduos.
Hoje, 30 de março, foi a vez do público assistir Estamira, do diretor Marcos Prado, e Boca do Lixo,
de Flavio Frederico, que retrata a atmosfera do lixão Itaoca, onde várias famílias ainda sobrevivem
retirando dos resíduos sólidos sua fonte de sobrevivência em meio à precariedade local. “O
catador vive na exclusão, mas deve se incluir socialmente, o que dizem que é lixo para nós é
trabalho e recurso de cidadania”, colocou o catador Anderson da Conceição, que também atuou
no Jardim Gramacho, no debate após o filme.
Cerca de 70 pessoas passam por cada sessão do Ecocine, que conta ainda com a projeção de
“Energia na Encruzilhada”, de Christofer Falchere, filmes do Circuito Tela Verde do Ministério do
Meio Ambiente, a “Mostra ambiental na escola – Que ambiente temos? Que ambiente queremos
ter?” e o documentário “Em busca da terra sem veneno”, todos nesse dia 30 de março.
Último dia do VII Fórum de Educação Ambiental tem reflexão sobre temas polêmicos
Por Gabriela Arakaki
Jardim das Folhas Sagradas é um longa de ficção construído a partir de Bonfim, um bancário bem sucedido,
negro e bissexual, casado com uma mulher branca e de crença evangélica. Ele vive na Salvador
contemporânea e recebe a incumbência de montar um terreiro de candomblé no espaço urbano. Para isto,
enfrentará a especulação imobiliária numa cidade de crescimento vertiginoso, o preconceito racial e a
intolerância religiosa.
Este homem, embora questione a tradição da própria religião, tem a missão de montar um ambiente
sagrado e de respeito à natureza, superando as contradições e conflitos trazidos pela modernidade.
Esta é a sinopse do filme apresentado na manhã do dia 31 de março, no VII Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental, que foi seguida de uma conversa com o diretor Pola Ribeiro. O público presente destacou que
os temas, muitos deles polêmicos, são abordados com muita beleza e sensibilidade.

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