Cianotoxinas e outras intrigantes ocorrências em
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É requerida assinalar a autoria acima, para qualquer uso deste artigo em qualquer mídia, sendo assim autorizada a divulgação e reprodução de parte ou total do mesmo. –www.jundiai.com.br/abrappesq / www.setorpesqueiro.com.br / www.portalbonito.com.br / www.ruralnet.com.br O aqüicultor e mesmo alguns técnicos da área tem alguma dificuldade em apontar com rapidez e determinar com certeza a causa de certas ocorrências e mesmo mortandades de organismos aquáticos, quando do não derrame de substâncias suspeitas (inorgânicas ou orgânicas), da não alteração aparente nas variáveis físicas e químicas da água e da não presença de sinais de infestações e infeções possíveis, tanto em sistemas de criação convencionais, em lagos, represas, remansos de rios, em pesqueiros ou quando da utilização de tanques-rede em extensões maiores de água. Nessas ocasiões a atitude de quem vai investigar e diagnosticar o fator ou fatores, a causa ou causas de tais situações, deve ser sempre a mais prudente possível, não desprezando qualquer característica, sinal ou sintoma por mais comum ou corriqueiro que possa parecer. O intrigante é que ao compararmos os dados físicos e químicos da água analisada, verificamos que os seus valores se apresentam dentro das características normais para a região ou ainda de acordo ou próximos dos recomendados para criação de organismos aquáticos e mesmo assim continua ocorrendo situações e/ou morte dos organismos, com alguma freqüência ou esporadicamente. Discutiremos a seguir algumas dessas situações que podem ser apontadas como fatores e causadores dessas ocorrências nas criações convencionais e em especial quando o projeto de aqüicultura, em água doce, utiliza ou busca suas águas em sistemas já estabelecidos como: lagos, rios, represas de abastecimento e represas de contenção para geração elétrica. Tais sistemas para serem aproveitados nesses projetos devem estar classificados segundo Resolução CONAMA, nº 20, de 18/06/1986”, como “classe 1 e até na classe 2” ou seja, “com águas destinadas à proteção das comunidades aquáticas e à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana”. 1 ### Procuraremos, neste artigo, apontar alguns procedimentos desde: simples observações, aplicação de testes rápidos, amostragens e determinações, ações imediatas e identificações preliminares que possam ser realizadas por aqüicultores ou mesmo por profissionais quando de suas visitas técnicas. Pois bem, um dos fatores possíveis à investigar nesses quadros é a presença de “Algas Azuis ou verde-azuladas”, chamadas pelos botânicos de Cianofíceas e pelos microbiologistas de Cianobactérias. A origem das Cianofíceas-Cianobactérias foi estimada em cerca de 3,5 bilhões de anos, através da descoberta de fósseis em rochas sedimentares do noroeste da Austrália, provavelmente os primeiros produtores primários de matéria orgânica a liberarem oxigênio elementar na atmosfera primitiva. Vivem nos mais diversos meios, como em solos, rochas, água doce, salobra e salgada. No aspecto aqüicultura e abastecimento, os ambientes de água doce são bastante interessantes visto que a maioria das espécies apresentam um melhor desenvolvimento e presença em águas neutro-alcalinas, com pH de 5 a 9, temperatura a partir de 15ºC, (pode aparecer em ambientes com até 40ºC), e oxigênio dissolvido elevado. Águas com pH entre 5 a 7 e com temperatura elevada, apresentam maior predominância das “algas azuis” como Oscillatoria sp, Microcystis sp, Anabaena sp, etc., mas necessariamente com a presença maior de certos nutrientes, principalmente o nitrogênio e o fósforo. Algumas espécies dos gêneros Anabaena e Nostoc apresentam grande capacidade de retirar o nitrogênio do ar. Ambientes com tais nutrientes, (N e P) embora com concentrações, em geral, aparentemente normais para criação de organismos aquáticos, (tanques, lagos, represas) podem apresentar em certos momentos, considerável redução de oxigênio dissolvido, principalmente em dias nublados e no período noturno. Porém com a presença da luz (sol) a concentração desse gás sofre natural elevação através do processo fotossintético, mascarando qualquer diagnóstico quando feito apressadamente. Notar que após as horas medianas do dia, o pH dessas águas, as concentrações de oxigênio dissolvido e dos compostos de nitrogênio (amônia, nitrito, nitrato) se encontram dentro dos níveis permissíveis, principalmente com o aumento do gás oxigênio até o entardecer. As “Algas Azuis” ou cianofíceas-cianobactérias apresentam algumas diferenciações marcantes em relação aos outros grupos de algas, como as Algas Verdes, as Diatomáceas, os Cloroflagelados, as Algas Vermelhas, etc.. As “Algas Azuis apresentam organizações celulares demonstrando serem procariontes, portanto semelhantes às bactérias, embora sejam aeróbios fotoautotrófico, ou seja, vivem na presença de oxigênio, fabricando seu próprio alimento através da fotossíntese, portanto necessitando para isso da luz, do dióxido de carbono e substâncias inorgânicas. Não apresentam núcleo celular e seus pigmentos, entre outros como a ficocianina (pigmento azul) associada a clorofila, atuam na fotossíntese e se encontram espalhados pela massa celular (protoplasma). Quando a clorofila esta predominante dá-se uma falsa cor verde, embora possam se apresentar amareladas, pardacentas, avermelhadas, etc.. A reprodução é assexuada através da divisão de esporos formados; apresentam gotas internas dispostas no citoplasma contendo óleo como substância de reserva e quando envelhecidas apresentam pseudovacúolos gasosos no interior da célula, diminuindo sua 2 densidade, que quando do rompimento e/ou morte das células são liberadas ocasionando aspectos oleosos (manchas) na superfície da água e odores característicos. # Testes e observações úteis, “in locu”: Uma característica do grupo das “Algas Azuis” é que não apresenta o amido como substância de reserva e isso nos permite fazer o “teste do amido, in locu, rápido e prático” que leva a supor ou não da existência desses especiais organismos em uma amostra (gota) de água sobre uma lâmina plástica transparente ou de vidro, com a simples adição de 1 gota de solução diluída de lugol ou mesmo o iodo diluído. A composição da solução mãe de lugol é: 4 g de iodeto de potássio + 6 g de iodo/100 ml de H2O destilada, que deve ser posteriormente diluída antes da sua utilização, em água destilada na proporção de 1: 5 ou até 1:10. Caso na amostra não se formem glúmeros ou pontos azuis (negativo para o amido) após a adição do lugol, tem-se ai a possibilidade da presença desse grupo de organismos (Algas Azuis) na água. No teste, outras estruturas da célula poderão apresentar coloração castanha ou amarelada, portanto não sendo indicadoras da presença do amido. Atenção: as algas do grupo Diatomáceas e apenas pouquíssimas Algas Verdes também respondem negativamente ao teste, como as do gênero Tribonema, algas freqüentes em poças d’ água. Já outros grupos como a grande maioria das Algas Verdes e alguns Cloroflagelados respondem positivamente ao teste, formando glúmeros ou pontos azuis, por possuírem o amido como substância de reserva. Todas as algas do grupo Cloroflagelados quando submetidas ao teste com o lugol, apresentam seus flagelos evidenciados por uma coloração castanha. Também um sinal da possível existência dessas algas (cianofíceas-cianobactérias) é o fato da grande maioria se mostrar muito escorregadiça, pela presença de bainha mucilaginosa ou gelatinosa na membrana. Aglomeradas formam o que chamamos de limo em estruturas rígidas como pedras, astes, estacas, poitas, flutuadores, cercados, malhas, etc. A presença do limo funciona como abrigo ideal para bactérias como p.ex. do grupo Coliformes. # Para evidenciar a presença de gelatina, basta adicionar pequena gota de solução aquosa de tinta nanquim ou mesmo colocar-se a ponta de um lápis-tinta em contato com a amostra/gota de água, sobre uma lâmina plástica transparente ou de vidro. A amostra devera se tornar vermelha escura (púrpura). Obs.: As “Algas Azuis” do gênero Oscillatoria não apresentam bainha gelatinosa. Algumas poucas "Algas Verdes" (p.ex. Desmidiáceas) apresentam formação gelatinosa secretada nos poros da membrana celular. As filamentosas do genêro Batrachospermum do grupo de “Algas Vermelhas” formam ramificações como massas gelatinosas pardo-avermelhadas, semelhantes a ovos de anfíbios, presas às margens, confundindo-se com as desovas de rã ou sapo. Outra fácil observação quando da investigação e suspeita de Algas Azuis é a presença de evidentes manchas oleosas (aspecto oleoso) na superfície da água. Atenção: as Diatomáceas, alguns Cloroflagelados e raras Algas Verdes (Tribonema sp) apresentam 3 pequenos glóbulos de óleo no interior das células que com o rompimento marcam pontualmente a superfície da água. Porém, não se deve caracterizar, obrigatóriamente, como a presença dessas algas à formação de lâmina, filme ou espuma enrugada de cor esbranquiçada ou até de um marron claro, que se quebra ao menor toque ou movimentação. Tal aspecto pode ser encontrado em águas neutro alcalinas, (calcárias, magnesianas e/ou sódicas), com dureza elevada e pela manhã ou em intervalos de calmaria, nas áreas ou épocas de maior temperatura, em tanques de criação, na superfície da caixa d’água, do aquário ou mesmo na margem ou contorno de uma represa e lago. Essa formação é devido ao precipitado de hidróxido de cálcio-Ca(OH)2 ou de magnésio-Mg(OH)2, resultante da presença de carbonatos (de Ca ou Mg) mais o gás carbônico na água e mesmo do óxido de cálcio-CaO mais a água. Também, filme ou bloco de coloração amarronsada ou mesmo avermelhada em sistemas aquáticos, pode ser devido as partículas carreadas de terra ou solo ferroso, formando o Fe(OH)3 ou FeO. Essa água originalmente extraída (nascente) é incolor, mas que em contato com o ar turva-se com a formação de filme e/ou espuma na superfície de águas mais calmas ou remansos e nas curvas do percurso e que mais tarde produz um depósito ferruginoso devido ao processo de oxidação. Tal formação é então liberada em forma de glúmeros, particularizados em porções menores através da ação de qualquer movimento na massa d’água como velocidade de deslocamento, declives e quedas d’água, etc. Esses glúmeros além de servir de meio para cultura de certas algas e bactérias, também causam obstrução gasosa a nível dos filamentos branquiais dos peixes. Em todos esses casos acima, a depreciação ou morte de organismos como peixes, girinos, pode ocorrer pelo acúmulo de gases ou substâncias formadas na água, podendo alterar ou obstruir o processo de troca gasosa p. ex. pelos filamentos branquiais e mesma na própria interface água/ar. Tais filmes, lâminas, blocos, espumas, glúmeros, etc., podem reduzir o processo fotossintético ocasionando menor ou nenhuma disponibilidade do oxigênio na água. A predominância de Diatomáceas e de algumas Algas Azuis ocasionam coloração amarronsada com filmes ou manchas mais ou menos espessas ou curiosas espumas na superfície d’ água. # Na excessiva proliferação de Cianofíceas-Cianobactérias, “Algas Azuis”, que é a ocorrência do “bloom ou floração”, pelo aumento da concentração disponível de nutrientes, tem-se caracterizada a marcante presença na superfície da água, formando uma camada de células vivas e mortas, com centímetros variados de espessura, (ilha ou massa flutuante), com aspecto de nata de coloração desde o verde, verde-azulada, parda e até bastante avermelhada como a Oscillatoria rubescens e O. prolifica, o que impede a penetração e dispersão normal dos raios luminosos, dificultando a eliminação dos gases oriundos das reações ocorridas nesse sistema. Essas massas flutuantes, locomovendo-se pela ação do vento ou correnteza, podem ser notadas tanto em tanque de criação convencional como em lagos e represas, observando-se alterações comportamentais nos peixes e até significativas mortandades. Em sistemas com 4 tanques-rede, tais massas podem ser retidas por tempo maior na superfície d’água, presas às malhas e/ou estruturas. Tais ilhas ou massas flutuantes de Algas Azuis, quando de ruptura e/ou decomposição dos microrganismos causam odores desagradáveis, consomem o oxigênio da água no local, em ambientes maiores, formam as chamadas “manchas críticas localizadas” como pH e oxigênio dissolvido baixo (pode-se encontrar O.D. zero), entre outras variáveis, ocasionando a morte dos peixes por asfixia e/ou presença de toxinas. # Os odores e sabores presentes em sistemas aquáticos são formados a partir das inúmeras combinações sensoriais possíveis, essencialmente advindas das 4 categorias de gostos minerais ou orgânicos (ácido, amargo, doce e salgado) e dos odores produzidos por compostos orgânicos. Certas substâncias produzidas causam curiosas sensações na língua, como de adstringência, secura, metálica, etc. Pode-se dizer que a grande maioria das algas são capazes de formar odores e sabores, desde o início até após a morte, com as mais variadas características, desde o simples odor e/ou sabor de alga (por associação), de menor ou maior sabor e gosto de peixe, passando pelo odor de gerânium, de violetas, de inseticidaBHC, até os mais estranhos como de remédio, do formol, de mofo e o terrível cheiro de esgoto. Na verdade a fonte de tais características são os lipídios totais e ácidos voláteis (gases) produzidos e acumulados durante a vida das células, associados ou não à outras substâncias e liberados quando da sua destruição por ruptura espontânea ou provocada ou quando no processo de decomposição pela ação de fungos ou bactérias. Portanto a intensidade desses odores e sabores depende do tempo, do ciclo de vida das células das algas e do meio que estejam, podendo ocorrer modificações de odor e sabor no decorrer e até pelas possíveis combinações. Acompanhamentos são feitas com intuito de se ter uma relação física, temporal e mesmo numérica desses odores, gostos e sabores, com as espécies de algas presentes no meio. Assim p. ex., as espécies de “algas azuis” a Microcystis aeruginosa, a M. flos-aquae e a M. toxica, reunidas por alguns autores em uma única espécie a Anacystis cyanae, que nas florações formam na superfície da água o característico caldo verde, de início apresentam gosto adocicado, produzindo odor de capim, quando vivas e odor séptico quando em decomposição. A “diatomácea” Synedra ulna p.ex. produz odor e sabor de capim quando em pouco número, mas modifica para o de terra ou mofo quando em quantidade maior. As “cloroflageladas” do gênero Synura possuem gosto picante metálico, (algumas espécies apresentam sabor e odor de peixe, ou de pepino ou mesmo séptico), e ocasionam à língua uma sensação de secura pegajosa. A ‘alga verde”, Staurastrum paradoxum, bem comum em lagos e represas, produz odor e sabor de capim. Algumas Algas Verdes como as Cladophora sp , p. ex., que embora sendo filamentosas e fixas no substrato, quando da morte, pela formação de gases no seu interior, também vão à superfície em forma de verdadeiras bolhas flutuantes que ao se romperem liberam sabores e odores sépticos, mesmo em águas não poluídas. No grupo dos Cloroflagelados, a espécie Uroglenopsis americana, p.ex., mesmo quando em pequeno número na água, liberam fortíssimo odor de peixe. p.ex. e algumas algas do gênero Synura apresentam desagradável odor séptico, com ou sem “bloom”. Todas essas algas dominam ou não em número e na diversidade e também podem aparecer como uma “não floração” por algum tempo, visto as dependências ambientais especificas. 5 Particularmente, tenho sido constantemente procurado por criadores e/ou pesqueiros, queixosos dos sabores e odores em seus peixes, ocasionando depreciação do produto abatido e mesmo vivo, com descartes dramáticos, principalmente em pesqueiros que recebem de outros criadores ou atravessadores, sem acompanhamento de procedência e qualidade. A seguir, no texto indicamos as atitudes e ações a serem tomadas. # Cianotoxinas: toxinas de algas azuis • O aspecto mais importante e particular das Algas Azuis, em água doce, é que certas linhagens ou cepas dos seus vários gêneros e espécies, produzem substâncias (cianotoxinas) mortais aos peixes e a outros organismos aquáticos, como também aos ♦ animais não aquáticos como o homem e aves, quando ingeridas. Essas substâncias formadas livremente no interior da célula, portanto dispersas no citoplasma (endotoxinas) e não em estruturas secretoras, atingem o meio aquático através da passagem pela membrana celular (substância dialisável) sem qualquer canal excretor, ou quando do rompimento e morte da célula, sendo altamente solúvel e ativa por algum tempo no meio aquático. • ### Atenção: Quando da mortandade de organismos com suspeita da presença de “Cianotoxinas”, esses exemplares devem ser descartados do comércio e da alimentação animal e humana. A despesca, a pesca ou mesmo abate dos exemplares ainda vivos só devera ser liberada após a segura constatação da não presença de tais toxinas na água e nos organismos. (ver itens sobre atitudes e ações a serem tomadas) • Tais endotoxinas apresentam graus tóxicos diversos, bem como características e ações diferentes, sendo agrupadas em: neurotoxinas e hepatotoxinas, podendo ser produzidas por diferentes gêneros e espécies ou pelo mesmo gênero ou espécie de algas. • Assim as chamadas neurotoxinas definidas como alcalóides ou organofosforados neurotóxicos, se caracterizam por sua ação rápida, causando a morte por parada respiratória após poucos minutos de exposição, antecedida por respiração ofegante, desequilíbrio, convulsões marcantes seguida de decréscimo nos movimentos. As neurotoxinas são produzidas por algumas cepas dos gêneros: Anabaena, Aphanizomenon, Oscillatoria, Trichodesmium, etc.. Essas neurotoxinas apresentam-se com ações diferenciadas, embora possam ser produzidas pelo mesmo gênero ou espécie de alga. • Já as endotoxinas chamadas de hepatotoxinas apresentam atuação menos rápida, causando a morte após horas e mesmo dias da sua ingestão, sendo identificadas como peptídeos ou alcalóides hepatotóxicos, presentes em algumas cepas dos gêneros: Microcystis, Anabaena, Nodularia, Oscillatoria, Nostoc e Cylindrospermopsis, p. ex.; são as mais comum, ocasionando diminuição dos movimentos, prostração, vômitos e aumento das excreções como diarréias e quando da verificação dos órgãos internos, notam-se hemorragias intra-hepática. *Os sinais e sintomas aqui apresentados podem ser observados em parte, em seqüência ou totalmente desde os peixes, anfíbios, aves e mamíferos, individualmente ou não, servindo para orientar possíveis diagnósticos e a tomada de atitudes. 6 • Alertamos da existência de cepas desses organismos geneticamente distintas, desde as não produtoras de toxina, as produtoras de toxina mais forte e/ou as produtoras de toxina mais branda e que fatores ambientais como luz, temperatura e nutrientes regulariam a síntese dessas substâncias. As florações dessas algas podem apresentar variações temporais, desde intervalos curtos de tempo até diferenças sazonais, anuais e também espacial, provavelmente com alterações na proporção de cepas mais tóxicas e até as não tóxicas. • Ensaios efetuados em camundongos demonstram que cepas ou linhagens de uma mesma espécie ou gênero, podem fabricar toxina extremamente forte, (VFDF = very fast death factor) produzida por exemplo pela espécie Anabaena flo-aquae que mata após 1 a 10 minutos da inoculação; ou podem fabricar uma toxina muito forte, (FDF = fast death factor) ocasionando a morte em apenas uma hora após a inoculação; ou menos forte (SDF = slow death factor) com ação menos rápida e morte só após 3 horas de inoculação; e até as que não produzem toxina alguma. A ocorrência irregular de tais toxicidades ainda não foi devidamente esclarecida, porém estudos recentes indicam que 50% das ocorrências de florações mostraram-se com certa toxicidade em bioensaios efetuados. Algumas espécies desses organismos, inclusive as que não apresentam toxina própria, podem ao entrar em decomposição, originar um ambiente anaeróbio, (sem oxigênio) propício ao desenvolvimento de bactérias tóxicas. Atualmente, alguns pesquisadores consideram que certas algas azuis, mesmo quando vivas, podem hospedar bactérias tóxicas. Também, sabe-se que as algas azuis constituem uma grande fonte de produtos naturais tóxicos e, embora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas da produção dessas toxinas, têm-se assumido que esses compostos tenham função protetora contra herbivoria, ou seja uma defesa natural. # Algumas correlações das variáveis físicas, químicas e biológicas; Outro aspecto a se considerar quando da presença de algas é que são esperados valores bem específicos e característicos para as variáveis como pH, OD, CO2, nitrogênio, fósforo, luminosidade, temperatura, profundidade, etc. e que podem, a princípio, vistos individualmente ou sem se fazer correlações comportamentais, nos levar a acreditar de “não causadores da mortandade” dos peixes, por exemplo. Porém, lembramos que são esses mesmos valores característicos que determinam a proliferação e morte de algas chamadas “tóxicas”, liberadoras de substâncias com odores e sabores desagradáveis e de ocasionadoras de processos químicos e físicos diversos. A presença das algas azuis é determinada p.ex. num intervalo de pH de 5,0 – 8,0 e a morte ocorre tanto em pH abaixo de 5,0 como acima de 7,5,- 8,0, na maioria ocasionando liberação de manchas oleosas características, gases, espumas ou natas de coloração esverdeada. Além disso, quando da morte das mesmas, os valores dessas variáveis sofrem alterações subsequentes, como no processo de oxidação ocorrido na decomposição da matéria orgânica ali acumulada. O oxigênio dissolvido na água sofre redução, predominância dos ions hidrogênio e queda do pH, tornando a água mais ácida ou menos alcalina, contribuindo ainda mais para o desaparecimento e possíveis mortes não só dessas algas, mas de outros organismos, desde bactérias até peixes. Tal quadro, ou seja, com pH mais ácido, p. ex., leva a uma alteração drástica no ciclo do nitrogênio pela não disposição adequada das bactérias nitrificantes (Nitrosomonas, 7 Nitrobacter), portanto com o acúmulo da forma inorgânica da amônia-NH4 na água, essa menos tóxica, porém com maior ação por apresentar maior capacidade de permanência na água, por ser menos volátil, etc. Lembramos que a amônia inorgânica é a primeira substância a ser formada na água a partir da amônia orgânica, assim: NH3 + H2O ←→ NH4+ + OH Quando em pH alcalino, p.ex., acima de 8,0 e, a medida que ocorra aumento dessa variável na água, temos percentagens mais eqüidistantes entre a amônia orgânica e inorgânica, ou seja, com a presença cada vez maior (%) da forma mais tóxica, a amônia orgânica-NH3,, porém mais volátil; a forma menos tóxica, a amônia inorgância-NH4, sofre diminuição em percentagem, mas por ser menos volátil, consegue permanecer disponível por mais tempo. então: pH NH3 NH+4 (%) (%) 7,0 1 99 7,5 2 98 8,0 5 95 8,5 15 85 9,0 36 64 9,5 64 36 10 85 15 ⇓ ⇓ + tóxica - tóxica + volátil - volátil As bactérias do “ciclo de nitrogênio” apresentam desenvolvimento mais adequado entre um pH de 5,0 a 8,0 e sem ou quase nenhum desenvolvimento em pH maior ou menor. São essas bactérias que oxidam a amônia inorgânica, ou seja, o NH4 + Nitrossomona, formando o nitrito-NO2 (tóxico) e este sob ação das Nitrobacter originando o nitrato-NO3 . Assim: Nitrosomonas spp 2NH4+ + 3O2 Nitrobacter spp 2NO2- + O2 → 2NO2- (menos solúvel) + 4H+ + 2H2O → 2NO3- (solúvel) obs.: o nitrato pode ser absorvido pelos organismos, até em relativa concentração, não ocasionando danos significativos. Portanto, sem dúvida alguma é melhor ter-se o nitrogênio em estado de nitrato-NO3, por ser de imediata assimilação pelos organismos, como as algas, a princípio não sendo tóxico, e também servindo como fonte alternativa de oxigênio e nitrogênio para a vida, durante períodos de baixa concentração de O2 , no caso, durante a noite. Em todo esse ciclo, não havendo quantidade suficiente de oxigênio, ocorre um processo completamente diferente, como a decomposição de proteínas, produzindo aminoácidos, estes parcialmente desdobrados em amônia, ácidos graxos e ácido carbônico. Alguns aminoácidos sofrem decomposição bacteriana (anaeróbia), produzindo hidrogênio sulfídrico, indol e escatol, exalando odores, resultantes do processo de fermentação (decomposição). A curto prazo e em grandes quantidades de indol e escatol, pode-se obter concentrações tóxicas de fenólis, entre outros, o que ocasiona a morte de organismos nem sempre diagnosticada pelo criador. Outra possibilidade, é a que o nitrato sofra redução para 8 nitrito e amônia, esses tóxicos. Na maioria dessas ocorrências, a determinação da presença de tais compostos é feita através de análises laboratoriais e nem sempre disponíveis ao aqüicultor. Sob condições quase anaeróbias, a forma NH4+ da amônia, (íons amônio), acumula-se rapidamente, quando de um aumento do grau de decomposição da matéria orgânica, combinada com a excreção dos organismos, podendo criar sérios problemas, dificultando a já ineficiente oxidação do nitrito em nitrato. Problemas respiratórios atingem os organismos, quando em concentração de 0,4 a 1 mg/l -amônia total, na água, sugerindo-se sempre que possível, que a concentração esteja abaixo que 0,2 mg/l, numa garantia total. A toxicidade da amônia varia não só de acordo com nível presente, mas também com o teor de oxigênio ou o excesso de anídrico carbônico (saturação de CO2). ** Na avaliação dos casos de mortandade ou florações deve-se lembrar que os íons fosfato e nitrato são normalmente nutrientes limitantes, atuando e interferindo juntamente com outros fatores como a turbidez, os sólidos em suspensão, a cor, a profundidade, o limite da capacidade de penetração da luz, o processo fotossintético e a produção de matéria orgânica. O ciclo do fósforo, diferente do ciclo de nitrogênio, não necessita de bactérias para ocorrer, sendo que sua circulação se passa de um meio para outro, ou seja do solo para a água e vice-versa. Na água a sua imediata incorporação é iniciada pela ingestão pelo plâncton, na forma livre, podendo ser incorporado a outros organismos através de simples ingestão dos diversos alimentos. Pode apresentar-se sob diferentes formas na solução aquosa, como: ortofosfato (mais disponível e utilizada pelos microorganismos); como polifosfato, como metafosfato e como fósforo orgânico. A análise para a concentração do fósforo na água, deve ser através da determinação da forma de fosfato total -PO4, visto ocorrer flutuações das várias formas de fósforo em viveiros, sendo conseqüência da solubilização das formas contidas no sedimento, nos primeiros centímetros da sua superfície. É um nutriente disponível e presente na massa líquida, pelas várias formas apresentadas. Aumentos ligeiros e mesmo temporais de nitratos e fosfatos levam, freqüentemente, a fenômenos de florações com à elevação do número de organismos, em especial, das espécies de “algas azuis”. Esses minerais se encontram normalmente em concentrações próximas e limítrofes no meio aquático, provenientes p. ex. da atividade de bactérias nitrificantes, da decomposição da matéria vegetal ou animal, do solo e da água drenada como N e P minerais, ou mesmo da atmosfera pela ação de certa bactéria (Azotobacter) e algumas algas cianofíceas (Anabaena, Nostoc, p.ex.) que apresentam capacidade de fixar o nitrogênio do ar. O fósforo, por sua vez pode provir de rochas fosfáticas, apatitas que pela atividade de certas bactérias, ainda pouco conhecidas, são capazes de reduzir suas formas mais complexas. Métodos de remoção ou limitação desses nutrientes podem ser utilizados. Ainda não se conhece com certeza qual a relação de maior importância de um desses elementos que pode ser considerado como fator limitante para os microrganismos fotossintetizantes. O que se sabe é que, quando de florações de algas, o nitrogênio inorgânico se encontra em relação ao fósforo inorgânico na proporção de 30:1-C:N. 9 Em estudos incluindo o gás carbônico-CO2, a relação se apresenta como 370:20:1 -C:N:P para a maioria dos grupos de algas, com exceção para as “algas azuis” que é de 160:20:1 C.N.P, indicando que estas últimas são menos exigentes à presença desse gás. Pode-se então afirmar que o gás carbônico-CO2 torna-se um importante fator limitante para a ocorrência e domínio de “algas azuis”, ou seja, quando da redução do acesso de carbono na água, tornando-a mais alcalina, limita-se e diminui-se a diversidade de grupos de algas, favorecendo a presença das algas azuis; se elevarmos a sua concentração, resultando uma água menos alcalina, pode-se até certo ponto considerar como benéfica, por favorecer a presença de outros grupos de algas menos nocivas, auxiliando a competitividade entre as mesmas, não permitindo o domínio das “algas azuis” . Então, aparentemente, tanques convencionais da aqüicultura nacional, por terem pequenas profundidades (0,70cm – 1,50 cm), favoreceriam o acesso de CO2 às outras algas, pela proximidade entre o sedimento, lodo orgânico e a zona fotossintética, apontando assim `a uma maior diversidade dos grupos desses organismos e não predomínio de “algas azuis”. Por outro lado, alertamos do risco quando do processo de desestratificação térmica, (convecção p. ex.), com o movimento das águas do fundo para a superfície, e o imediato, fenômeno de ocorrência freqüente em regiões onde a diferença das temperaturas ambiente se apresentam com valores marcantes, principalmente entre o dia e a noite. Outros elementos e/ou substâncias potencialmente nocivas (tóxicas) passam a disponibilizar-se na água, ocasionando mortandades, desta vez não pela presença das cianotoxinas. Esse movimento das massas d’ água, também podem disponibilizar formas de nutrientes, como o N e P, contribuindo por sua vez, para o a ocorrência de mais outras florações com grupos diversos. # Atitudes e ações a serem tomadas ♦ Em situações com odores e sabores nos organismos e nas águas dos tanques de criação, lagos, represas, etc., orienta-se à aplicação imediata da correta renovação d’água do sistema de criação e expurgo da água do fundo, sem antes procurar identificar quais grupos, gêneros ou espécies de algas presentes e caracterizar a qualidade das águas, seguido da aplicação de seguro algicida (ver itens e quadro abaixo). ♦ Nos sistemas de abate visando a comercialização do produto: preventivamente deve-se manter instalado processo (tanques) de depuração com alta concentração de oxigênio ou ozonização e grande renovação de água, antecedido da passagem das águas de abastecimento, por canais contendo “carvão ativado”, disperso desde 5mg/l até 300500mg/l, dependendo do tipo e do grau dos odores e sabores a serem removidos. Tal procedimento além de prevenir a presença de sabores marcantes, aumenta a qualidade do produto a ser comercializado. ♦ Em lagos de pesqueiro, aconselha-se manter previamente os exemplares suspeitos e recém chegados em tanques ou lagos de depuração, com água de boa qualidade, grande renovação e alta oxigenação. * Quando da ocorrência de florações e/ou da mortandade com suspeita de Cianotoxinas; descartar os organismos (peixes, etc.) mortos e suspender a pesca, a despesca e o abate dos 10 exemplares ainda vivos. Quando de florações com suspeita ou não da presença de algas azuis em ambientes de criação de organismos (aqüicultura) de água doce, deve-se: a) recolher de imediato amostras dos organismos criados, separando para análise biológica e toxicológica, apenas os exemplares recentemente mortos e exemplares ainda vivos, identificando-os; b) recolher de imediato amostras d’água para análise e identificação hidrobiológica; c) promover a imediata e correta renovação das águas; d) a aplicação de algicidas/bactericidas só deve ser efetuada após a renovação, visto ter-se a possibilidade da liberação de toxinas, com a morte desses organismos. O fator que orienta também o quadro e a extensão da ação dessas substâncias é a concentração disponível na água. # Renovação correta = consiste em: ♦ aumentar o volume de entrada da água nova (vazão da água de origem); ♦ manter aberto o sistema de extravasamento (saída superior da água), para que seja liberada a camada superior que abriga os elementos/substâncias e mesmo os organismos suspeitos; ♦ expurgar (liberar) a água do fundo do tanque ou sistema; o expurgo total da camada inferior rente ao solo é necessário pois ali se dispõem os possíveis nutrientes ou substâncias que abastecem as camadas superiores da água, através do processo de convecção ou qualquer outro movimento. Os meios mais rápidos e eficientes quanto ao manejo das águas e aplicação do expurgo são: • • • • dispor na canaleta de abastecimento, no tubo ou caixa, algum meio ou artifício de regulagem do volume (abre/fecha) da água de entrada; manter aberta a calha ou cano para extravasamento da camada de água superior; possuir sistema de expurgo tipo monge ou tubo inferior com saída em cotovelo; tais sistemas permitem o controle do volume de saída, ou seja da vazão da água de lançamento e da altura ou nível da água do tanque; • aconselha-se dispor sacos de ráfia/aniagem, com carvão ativado na canaleta de lançamento dessas águas, antes da sua chegada à qualquer outro sistema como córrego, riacho, lago ou represa. É o carvão vegetal poroso, (poro com cerda de 20 angstrons ) previamente submetido a um tratamento especial, apresentando suspensão e dispersão maior, alto poder de adsorsão (retenção) e baixa densidade. obs.: quando da não existência desses artifícios, outro meio que deve estar sempre a disposição é o sistema de sifonamento das águas da superfície e do fundo. ## Atenção: reprovamos a prática infelizmente fartamente observada em pesqueiros, de liberarem suas águas apenas por simples transbordamento, sem retirar a água do fundo (a pior água) e apresentando interligações entre os seus vários lagos de pesca. 11 ## Nas criações convencionais, (aqüicultura em tanques externos), só após a correta renovação, é que se deve fazer uso de qualquer algicida ou bactericida. Lembrar que com a lise e morte das algas ocorre a liberação da toxina. O “sal grosso” (sal para pecuária-gado) pode ser utilizado como um seguro bactericidaalgicida, lançado na proporção segura de 25-30 kg para cada 50 metros de margem, quando em tanques de criação convencionais, de 0,70 cm a 1,50 cm de profundidade. É recomendável a aplicação posterior do calcário dolomítico/calcário duplo Ca-MgCO3 (calcário agrícola) na mesma proporção, visando a maior adsorsão e decantação das partículas dos dissolvidos, obtendo-se também a relação de tamponamento na água, com o equilíbrio do pH, estabilidade dos carbonatos/bicarbonatos e equilíbrio nos ciclos de nitrogênio e fósforo. Um outro algicida bastante utilizado é o “sulfato de cobre - CuSO4” numa concentração de 0,1 a 0,3mg CuSO4/litro para águas com alcalinidade de 25 a 50mg CaCO3 /l ; em maiores alcalinidades, a dosagem de “sulfato de cobre” deve ser maior (0,5 a 1,0mg CuSO4/l). Pode-se usar o sulfato de cobre em conjunto com o calcário dolomítico em casos especiais de presença excessiva de algas com a finalidade de acelerar a floculação e decantação, com imediato expurgo ou retirada da água de fundo. Cuidado: A aplicação do “sulfato de cobre” deve ser feita sob orientação técnica. Não aplicar o sulfato de cobre -CuSO4 em águas com alcalinidade abaixo de 20/25mg CaCO3/l, com o risco de morte dos peixes por um processo ou fenômeno de natureza coloidal, ou seja, com a coagulação do muco branquial e conseqüente asfixia. Também sabe-se que em águas altamente alcalinas ou excessivamente duras (acima de 100 – 150 mg CaCO3/l) ricas em carbonatos de cálcio, o sulfato de cobre combina-se a este, formando composto insolúveis, precipitando como carbonato básico e hidrato de cobre, ineficientes como algicida, porém podendo ser tóxico e letais aos peixes quando a concentração de cobre excede à 0,25 mg Cu/l. # Recomenda-se a forma de “cristais de sulfato de cobre” distribuídos pelo viveiro em sacos de ráfia/aniagem, flutuantes ou semi mergulhados, de maneira que os cristais se dissolvam gradualmente, misturando à água. É interessante dispor alguns sacos com esses cristais ou mesmo o próprio “sal grosso” como algicida em locais onde que pela ação do vento ocorra acúmulo de massa flutuante de fitoplâncton. Essa forma de aplicação permite a retirada imediata dos sacos, quando de alterações comportamentais dos peixes e possível morte pela ação de qualquer um dos algicidas utilizados. Outros algicidas-bactericidas são conhecidos e utilizados, porém suas aplicações devem ser orientadas por um técnico, visto os possíveis efeitos adversos ao ambiente e aos organismos em geral. ### No mercado já existe alguns produtos que se apresentam com composição adequada para aplicação, em conjunto ou não com o sulfato de cobre, em sistemas aquáticos, desde à simples prevenção, desinfeção, tratamento contra excesso de algas, até como corretivo. Neste caso seguir rigorosamente a orientação do fabricante. Quanto à “remoção ou limitação do fósforo” em ambientes com crescimento maior de fitoplâncton pode-se utilizar fontes de ferro, (cloreto de ferro), de alumínio, (sulfato de 12 alumínio/coagulante), ou mesmo fontes de íons de cálcio como o gesso, o cal virgem, o cal hidratada e o calcário agrícola, que reagem com o ferro, precipitando no ambiente aquático, formam insolúveis, arrastando para o fundo e passando a fazer parte do solo. O fósforo assim combinado permanecerá fixado e indisponível para o plâncton. Em águas com pH alto (alcalinas), deve-se utilizar uma fonte acidificante como o sulfato de alumínioAlSO4, de 20 a 30 mg/l, facilmente encontrado no comércio à preço acessível. Já em águas ácidas ou de baixa alcalinidade, o melhor é usar o gesso, nome comercial do sulfato de cálcio, de melhor solubilidade que o calcário agrícola, cal virgem ou mesmo o cal hidratado, comentados anteriormente, numa dosagem de 100-200 mg/l. Cuidados na dosagem e permanência dos mesmos devem ser tomados, como p.ex. lança-los acondicionados em sacos tipo estopa/ráfia, mantidos amarrados à margem. Também, em sistemas de maior dimensão como represas de abastecimento ou lagos de criação, a aplicação de precipitadores/fixadores-algicidas-bactericidas deve ser acompanhado por técnico especializado, assim como a ação de expurgo e renovação da água. Atualmente, com incentivo governamental, vemos que estão utilizando as grandes áreas hídricas (represas, lagos, rios, estuários, etc.) para aqüicultura, (abastecimento de tanques e/ou disposição de tanques-rede), porém lembramos que cuidados, caracterizações e monitoramento da qualidade dessas águas devam obrigatoriamente fazer parte do projeto, influindo na capacidade produtiva, sanitária e econômica desses sistemas. Atenção: a constatação da presença de possíveis substâncias tóxicas (cianotoxinas, p. ex.), na água, só pode ser feita através de análises químicas e ensaios toxicológicas, porém observações corriqueiras e testes de campo (teste do lugol, teste da tinta nanquim, kit-teste p/ amônia e nitrito), podem e devem ser realizados rotineiramente pelo criador de organismos aquáticos, alertando-o e evitando-se assim a ocorrência de eventos desagradáveis e mortandades aparentemente inexplicáveis. # Amostragem A amostragem é o passo mais importante para a caracterização de microconstituintes nas águas, devendo ser realizada com calma e precaução, evitando-se ao máximo as perdas e contaminações possíveis, com critérios na escolha dos locais de coleta, com o uso de equipamentos mais adequados e uma correta preservação da amostra, embora sabendo-se das alterações que ocorrerão inevitavelmente após separar-se a amostra das suas condições originais. Quando da necessidade de análises químicas (série de nitrogênio, fosfato total, etc.), identificação hidrobiológica (algas) e/ou ensaios toxicológicos, deve-se proceder a amostragem correta da água, com identificação do local, preservação adequada, análise rápida através de kit/teste de campo e/ou envio rápido para um técnico ou laboratório especializado. Os exemplares dos organismos criados que forem recolhidos para os exames biológicos e análises toxicológicas, deverão ser acondicionados em frasco, bem limpo, de vidro neutro (boca larga) ou envoltos em papel de alumínio, identificando-os. Manter sobre refrigeração e nunca congelar. Enviar de imediato ao técnico ou ao laboratório especializado. 13 Mesmo para os testes simples aqui apresentados, como o do lugol/iodo para o amido, tinta nanquim/lápis tinta para a gelatina, etc., deve-se, se possível, amostrar água de vários pontos e profundidades, de preferência de superfície, meio e fundo. Deve-se também recolher amostras através da raspagem das superfícies duras e fixas (pedras, laterais e fundo das canaletas dos tanques ou lagos, etc.), nos locais suspeitos; essas amostras devem ser misturadas a água de contato do local, em frascos de 300 ml, previamente semi cheios, (½ a 2/3). • Na coleta de amostra da água de superfície, usa-se: um frasco ou balde (4 litros) de material plástico (polietileno) previamente limpo, que deve ser lavado várias vezes na própria água antes da amostragem propriamente dita. Introduzir o frasco na água com a boca para baixo até uma profundidade de ± 30 cm (de 15 a 30 cm) e então virá-lo contra a correnteza, completando-o. Caso necessite-se um maior volume de água amostrada, lançar o frasco coletor tantas vezes o necessário, em pontos próximos ao local da primeira amostragem. Misturar e subdividir a amostra em 4 frascos (análise química = 2 frascos de 1 litro, cada.; exame hidrobiológico = 1 frasco de 500 ml.; ensaio toxicológico = 1 frasco de 1litro ou mais) ou segundo orientação do laboratório de análise. O frasco para exame hidrobiológico (algas) deve estar semi cheio, ou seja sem preenchimento total (*). • * Na coleta da amostra de profundidade o artifício mais simples e que pode ser montado pelo próprio criador, é a: Garrafa de Meyer = garrafa comum (de 2 até 5 litros) de vidro ou plástico (polietileno), com peso externo fixado no fundo ou envolvendo-a. Fechando a sua boca mantém-se uma rolha de borracha resistente e presa a uma corda principal, se possível graduada. Dois cordéis resistentes, (20 cm cada), devem estar amarrados ao gargalo da garrafa, paralelos e lateralmente, sendo fixados na corda principal a uma altura de 10 cm da extremidade-boca da garrafa. Essa garrafa deve ser imergida até a profundidade desejada quando então por um simples golpe para cima, puxa-se a corda principal presa á rolha, abrindo assim a garrafa e deixando-a encher totalmente. Verter a água amostrada para outros 4 frascos limpos, (análise química = 2 frascos de 1 litro, cada.; exame hidrobiológico = 1 frasco de 500 ml.; ensaio toxicológico = 1 frasco de 1 litro ou mais) ou segundo orientação do laboratório de análise. Caso necessite-se um maior volume de água amostrada, lançar o frasco coletor, tantas vezes o necessário, em pontos próximos ao local da primeira amostragem , misturando-se antes de subdividir pelos frascos próprios. O frasco para exame hidrobiológico (algas) deve estar semi cheio, ou seja sem preenchimento total (*). * Caso tenha-se que obter amostra concentrada, usa-se a chamada “Rede de plâncton”, artifício de fácil confecção, em formato de cone (coador-filtro) e que retém organismos pequenos. Para amostras de superfície, a rede é mergulhada na água pela abertura maior, tantas vezes o necessário, deixando a água recolhida, escorrer internamente. Pode-se também fazer passar (coar) volumes de água pelo seu interior, amostrando-a em local e na profundidade de interesse, através do uso de um balde ou de um frasco coletor ou garrafa de Meyer. O artifício, “Rede de plâncton”, é composto por um tecido especial, tipo seda, com abertura de malha da ordem de 0,064 mm, cortado em trapézio, costurado em forma de cone, com 16 cm de diâmetro na boca superior, (abertura maior), 3 cm de diâmetro na abertura inferior e altura de 30 ou 40 cm. A extremidade maior da panagem do cone deve estar reforçada externamente por um tecido de algodão com 5 cm de largura e costurada em 14 volta de um aro de metal não oxidável, (15 cm de diâmetro). Amarrados neste aro de metal, tem-se 3 cordéis laterais de 30 cm; as outras extremidades dos cordéis devem estar unidas a um pequeno anel preso à uma corda suficiente para sofrer tração na água. Na abertura inferior deste cone (boca de menor abertura) prender, temporariamente, um frasco coletor de vidro ou polietileno de 7 cm de altura e 2,5 cm de diâmetro) ou de 300 ml. Nesse pequeno frasco é que os organismos (plâncton de rede) vão se acumular, coados e impedidos de passar pela malha do cone. Lavar toda a panagem do cone por esquichamento, no sentido de fora para dentro e de cima para baixo, utilizando a própria água do local da amostragem. O frasco coletor, não totalmente cheio.,(*)com a amostra já coada, devera ser retirado do cone. Nem todos organismos planctônicos são retidos pelo artifício; organismos de tamanho menor que 0,064 mm, poderão não ficar retidos neste coador. (*) Todas as amostras devem ser identificadas e mantidas em local fresco ou sob refrigeração (4 ºC) e escuro. Envolver os frascos com papel escuro, folha de alumínio ou usar frascos escuros ou âmbar, até a chegada ao local de análise. (*) Quando a amostra for para o exame hidrobiológico (algas) e o período entre a amostragem e o exame for de mais que 24 horas, deve-se preserva-la com uma solução lugol, (1 ml de lugol por litro de amostra ou cerca de 18-20 gotas /litro). Outro preservante com especiais vantagens para as algas é o composto de mertiolato e lugol (1:1) 1%, adicionada à amostra de água na proporção de 33ml/l. Para os ensaios toxicológicos, a amostra deve ser mantida em frasco completamente cheio e fechado, preservado sempre sob refrigeração por 24 horas ou até excepcionalmente no máximo 36 horas da coletagem. A amostra para análise química (série de nitrogênio e fosfato total) pode ser mantida sob refrigeração, sem preservação, num prazo de até 12 h. (*) Todos os artifícios ou aparelhos utilizados na amostragem, deverão ser lavados previamente por várias vezes, com a própria água da área ou local de coletagem. Essa água de lavagem, não deverá retornar ao sistema. ♠ Existe, no comércio especializado, kit para testes ou análises químicas em campo; ♠ - seguir a orientação de amostragem e análise indicada pelo fabricante. 25.04.03 / 09:23:26 • Bibliografias consultadas: ABRACOA, São Paulo. -Herbicidas, algicidas e sulfato de cobre. Texto extraído de: Water Quality Management in Pond Fish Culture, Research and Development Séries nº22, Auburn University (Claude E. Boyd) - São Paulo/SP: Informativo ABRACOA, 2000. (1) 19 ALFA TECNOQUÍMICA, Florianópolis. -Manual de Qualidade de Água para Aqüicultura. Testes para análises de água. Florianópolis/SC; J.L. Química da Água, s/d. 12 p. : il. BRANCO, S.M. , 1930 -Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária / Samuel Murgel Branco. – 3 ed. –São Paulo/SP : CETESB/ACETESB, 1986. 640 p. : il. ; 22 cm 15 BRASIL, Leis, decretos, etc.. -Resolução CONAMA nº20, de 18/06/1986. Classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Diário Oficial/Rep.Fed.do Brasil,Brasília-Br.: 11356-11361, 30/07/ 1986. Secção 1. CARMICHAEL, W.W. -Cyanobacteria secondary metabolites – The Cyanotoxins. J.Appl.Bact., 72: 445-459, 1992. ---------- , -The toxins of Cyanobacteria. Scientific American. 270(1): 78-86, 1994. CARMICHAEL, W.W. & GORHAM, P.R. -The mosaic nature of toxic blooms of cyanobacteria. In The Water Environment – Algal Toxins and Health. New York, Plenum Press.1981. CARMICHAEL, W.W. & SCHWARTZ, L.D.-Preventing livestock deaths from bluegreen algae poisoning. Farmers Bulletin 2275, Washington, DC: US Dept. of Agriculture, 1984. CETESB, São Paulo. -Guia de coleta e preservação de amostras de água / Coord. Edmundo Garcia (et al.). – São Paulo-SP : CETESB, 1987. 150 p.: il.; 22 cm COSTA, S.M. & AZEVEDO, S.M.F.O. -Implantação de um Banco de Culturas de Cianofíceas Tóxicas. Iheringia - Série Botânica, 45: 69-74, 1994. MACÊDO, J. A B. de , -Águas & Águas / Jorge Antônio Barros de Macêdo – Juiz de Fora-MG: Ortofarma, 2000. 505 p. : il. ; 2 cm PÁDUA, H. B. de , -Conhecimento e utilização das variáveis físicas, químicas e biológicas na aqüicultura dulcícola brasileira. - Biodiversidade na aqüicultura. IV Simp. Bras. sobre cultivo de camarão - I Cong. Bras. de Aqüicultura-Feira Tec,. e Produtos para Aqüicultura (Anais) João Pessoa-Pb, v.1, único, 315-357,1993. ---------- , -Sabores e odores em sistemas aquáticos. São Paulo, Rev. UNIb, (2): 84 -86, l994. ---------- , -Teores recomendados para manutenção de organismos aquáticos de água doce. Rio de Janeiro-RJ, Revista: Panorama da aqüicultura, (4); 21: 8-9,1994. ---------- , -Principais variáveis físicas e químicas na aqüicultura. 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Luís Dias, 48 – Itaim Bibi/SP e.mail: [email protected] [email protected] 25.04.03 / 09:23:26 hbpádua tel.0xx11-9568.0621 ALGAS - Testes e observações úteis “in locu” - que o próprio aqüicultor pode fazer (#) **** Algas Azuis - Algas Verdes - Diatomáceas - Cloroflagelados Montado pelo (Dinoflagelados) prof. Helcias s ------------------------------------------------------------------------------------------------Amido (grande maioria) (alguns) (pingar 1 gota de lugol - na Lâmina utilizada em microscopia, c/amostra d’ água) = fica Azul ? negativo positivo negativo positivo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Mucilagem t (grande maioria) (grande maioria) (grande maioria) (pingar 1 gota de nanquim - na lâmina utilizada em microscopia, c/amostra d’ água) = fica Púrpura ? positivo negativo positivo negativo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Flagelo u (pingar 1 gota de lugol - na lâmina utilizada em microscopia, c/amostra d’ água) Evidencia negativo negativo negativo positivo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Mancha (grande maioria) (alguns) Oleosa v na água positivo negativo positivo positivo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Filme w (grande maioria) lâmina ou espuma x negativo positivo negativo amarronsada(*)negativo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Sílica y alguns) (pressionada) (só hbpádua 17 Áspera negativo negativo positivo positivo ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------obs.: Quadro montado baseado em : a) BRANCO, S.M. , 1930 -Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária / Samuel Murgel Branco. – 3 ed. –São Paul o / SP : 1986. 640 p. : il. ; 22 cm . b) observações de Pádua, H.B. de . zCETESB/ACETESB, {}|~\D| Cloroflagelados, as algas do gênero Synura apresentam espinhos silicosos e todas as algas do grupo Diatomáceas apresentam carapaça silicosa dando uma sensação } \Dde aspereza quando pressionadas. Algas Vermelhas, algumas se apresentam positivas para o teste do nanquim,(formação gelatinosa = torna-se púrpura ). Pingar 1 gota na lâmina de vidro com Pode-se aDamostra. @ ¡ B¢£'¡¤ usar a ponta do lápis tinta encostando-a na amostra. ão gelatinosa na bainha da célula ou, na matriz da colônia de algas ou, secretada nos poros da membrana celular. ¥ ¦§¨©¡ª«f¨¬©¡§D®°¯²± ³µ´¶¸·D¹Dº¡»¡´¼D½'¹D¾»U¿D»DÀ branca na superfície da água = formação ¹ ³ amarronsada = partículas hidróxido de cálcio ou de magnésio. Com coloração Á¡Â de solo ferroso, ou presença de Diatomáceas ou de alguns gêneros de Algas Azuis. ❋ Lugol: Solução mãe de lugol : 4 g de iodeto de potássio + 6 g de iodo/100 ml de H2O dest., posteriormente diluída antes da sua utilização, em água destilada na proporção de 1: 5 ou até 1:10. Pingar 1 gota na lâmina de vidro com a amostra. # Confirmar as identificações obtidas, (testes e as observações de campo), através do exame hidrobiológico/fitoplâncton e.mail:[email protected] H.B.P. Assessoria Técnica [email protected] Aqüicultura & Qualidade das Águas hbpádua 25/04/2003 09:23:26 18