Natação Paraolímpica
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Natação Paraolímpica
Manual de Orientação para Professores de Educação Física www.cpb.org.br Natação Paraolímpica Manual Orientação Manual de de Orientação para Professores os Professores para de Educação Física de Educação Física Natação Paraolímpica Autores: Gustavo Maciel Abrantes, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz e Murilo Moreira Barreto Brasília – DF 2006 COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO DIRETORIA EXECUTIVA: 2005/2008 VITAL SEVERINO NETO Presidente SÉRGIO RICARDO GATTO DOS SANTOS Vice-Presidente Financeiro FRANCISCO DE ASSIS AVELINO Vice-Presidente Administrativo ANA CARLA MARQUES TIAGO CORRÊA Assessora Especial para Assuntos Institucionais ANDREW GEORGE WILLIAN PARSONS Secretário Geral WASHINGTON DE MELO TRINDADE Diretor Administrativo CARLOS JOSÉ VIEIRA DE SOUZA Diretor Financeiro EDÍLSON ALVES DA ROCHA Diretor Técnico VANILTON SENATORE Coordenador-Geral do Desporto Escolar RENAUSTO ALVES AMANAJÁS Coordenador-Geral do Desporto Universitário Material produzido para o projeto “Paraolímpicos do Futuro” com recursos da Lei no 10.264/2001 para o desenvolvimento do esporte escolar. Distribuição dirigida e gratuita. Venda proibida. Manual de Orientação para Professores de Educação Física Natação Paraolímpica Autores: Gustavo Maciel Abrantes, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz e Murilo Moreira Barreto Autores: Gustavo Maciel Abrantes Licenciatura Plena em Educação Física, Universidade Federal de Uberlândia Especialização em Atividade Motora Adaptada, Universidade Estadual de Campinas Professor de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – Campus Araguari nas disciplinas: Educação Física Adaptada, Adm. e Organização de Programas, Projetos, Eventos e Natação Coordenador Técnico de Natação do Circuito Loterias Caixa de Atletismo e Natação Coordenador Técnico de Seleção Brasileira de Natação do CPB desde 2004 Técnico de Seleção Brasileira de Natação do CPB 2002/2003 Técnico de Seleção Brasileira de Natação para cegos e deficientes visuais pela Associação Brasileira de Desportos para cegos (ABDC) desde março de 2001 Luiz Marcelo Ribeiro da Luz Docente da Universidade Metodista de São Paulo Docente do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal Docente da Faculdade de Americana Coordenador da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos, Modalidade Natação Murilo Moreira Barreto Graduando em Educação Física FBSA Técnico da Seleção Brasileira Paraolímpica, Visa Paralympic Word CUP, Manchester, Inglaterra 2006. Técnico da Seleção Brasileira Paraolímpica, US Open US Paralympics Open Championships, Minneapolis, Minnesota, USA, 2005 Equipe de Coordenação do Circuito de Natação Paraolímpico Brasileiro, 2005, 2006 Integrante da Equipe Técnica da Paraolimpíada, Atenas 2004 Coordenador Técnico da Associação Baiana de Atletas Deficientes Coordenador da escola de natação e equipe de treinamento da Associação Atlética da Bahia, de 1995 a 2006 Diretor técnico da Federação Baiana de Desportos Aquátios (Natação Especial) Membro da Comissão Gerenciadora dos Recursos do Programa Faz Atleta Revisão: Sérgio Augusto de Oliveira Siqueira – e-mail: [email protected] Fotos: Mike Ronchi – Tel. (61) 8166-5257 – e-mail: fotossí[email protected] FICHA CATALOGRÁFICA A161n Abrantes, Gustavo Maciel Natação paraolímpica: manual de orientação para professores de educação física / Gustavo Maciel Abrantes, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz, Murilo Moreira Barreto. – Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. 48p. il. ISBN : 85-60336-07-09 978-85-60336-07-A 1. Natação. 2. Deficiente físico. 3. Educação física. 4. Metodologia do esporte. 5. Manual de orientação para professores de educação física. I. Título. II. Abrantes, Gustavo Maciel. III. Luz, Luiz Marcelo Ribeiro da. IV. Barreto, Murilo Moreira. CDU: 797.2 SUMÁRIO NATAÇÃO PARA DEFICIENTES FÍSICOS 1. ORIGEM E HISTÓRIA DA NATAÇÃO ......................................................................................................... 11 2. REGRAS GERAIS ........................................................................................................................................... 13 3. COMPETIÇÕES .............................................................................................................................................. 18 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 21 NATAÇÃO PARA DEFICIENTES VISUAIS 1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................ 25 2. A NATAÇÃO E O DEFICIENTE VISUAL ...................................................................................................... 27 3. REGRAS GERAIS ........................................................................................................................................... 28 4. CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................................................ 32 5. COMPETIÇÕES .............................................................................................................................................. 34 6. RESULTADOS ................................................................................................................................................. 36 7. TREINAMENTO DESPORTIVO ..................................................................................................................... 40 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 46 O FUTURO MAIS QUE PRESENTE O projeto Paraolímpicos do Futuro, que ora se inicia, faz parte de nossos anseios há um bom tempo. Mais precisamente desde 2001, quando foi sancionada a Lei Agnelo/Piva, verdadeiro divisor de águas na história do esporte brasileiro. A referida lei, que destina recursos para o fomento a diversas áreas da prática desportiva, atende também ao meio escolar. Sempre defendi que, antes de tomarmos qualquer iniciativa com relação ao desenvolvimento do esporte para crianças e jovens com deficiência na escola, precisávamos criar uma cultura do esporte paraolímpico no país. De fato, hoje, a sociedade está bem mais sensível a esta nobre causa. E, sem sombra de dúvida, o desempenho de nossos atletas na Paraolimpíada de Atenas, em 2004, muito contribuiu para a exposição e a conseqüente visibilidade do esporte de alto-rendimento para pessoas com deficiência. No contexto atual de escola inclusiva, na qual alunos com e sem deficiência estudam juntos, o Paraolímpicos do Futuro vem preencher importante lacuna: apresentar à comunidade acadêmica o esporte adaptado, torná-lo ferramenta de integração e, ainda, garimpar futuros talentos. Com uma estratégia de implantação gradativa, que se estenderá até 2008, o projeto tem, para 2006, ações programadas nas cinco regiões geográficas do Brasil: Santa Catarina (Região Sul), Minas Gerais (Sudeste), Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste), Ceará (Nordeste) e Pará (Norte). O trabalho tem cronograma de etapas diferenciadas prevendo a preparação do material didático e de divulgação e a sensibilização dos agentes envolvidos diretamente. A meta do ano é levar a informação para 3.000 escolas, média de 600 em cada uma das cinco unidades da Federação, e treinar 6.000 professores de educação física, dois em média por unidade escolar. Como fechamento do ano, o Comitê Paraolímpico Brasileiro realizará em outubro, em parceria com o Ministério do Esporte, o I Campeonato Escolar Brasileiro Paraolímpico de Atletismo e Natação. A competição possibilitará a criação de ranking dos jovens atletas, que poderão pleitear, em 2007, a Bolsa-Atleta, programa de incentivo do governo federal. O próximo passo será seguir o rumo de integração hoje existente entre Olimpíada e Paraolimpíada, bem como Pan-americano e Parapan-americano, competições indissociáveis, dentro de uma mesma estrutura organizacional. A idéia é aproximarmos os Jogos Paraolímpicos Escolares das já tradicionais Olimpíadas Escolares e Universitárias. Como pode ver, caro(a) professor(a), na qualidade de referência dos alunos, de formador de opinião, você só tende a alavancar a plena ambientação dos estudantes com deficiência na escola. De posse de nova capacitação e de compromisso sedimentado em bases éticas e humanas, sua participação é fundamental para o sucesso do projeto. VITAL SEVERINO NETO Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro Manual de Orientação para Professores de Educação Física Natação para Deficientes Físicos Autores: Gustavo Maciel Abrantes e Murilo Moreira Barreto Natação para Deficientes Físicos 1. ORIGEM E HISTÓRIA DA NATAÇÃO Desde a antiguidade, saber nadar era mais uma arma de que o homem dispunha para sobreviver. Os povos antigos eram exímios nadadores. O culto à beleza física dos gregos fez da natação um dos exercícios mais importantes, originando assim as primeiras competições da modalidade. A natação era um método de preparação física do povo romano. Estava incluída entre as matérias do sistema educacional da época e era praticada nas termas, local onde ficavam as piscinas. Muitos dos estilos que conhecemos hoje são oriundos dos estilos de natação praticados pelos indígenas da América e da Austrália. No âmbito mundial, quem controla a natação é a Federação Internacional de Natação Amadora, a FINA. Ela estabelece as regras gerais, de arbitragem, calendário de competições, cataloga os recordes e fiscaliza as entidades ligadas ao esporte. No Brasil, a natação foi introduzida oficialmente em 31 de julho de 1897, quando os clubes Botafogo, Icaraí e Flamengo fundaram, no Rio de Janeiro, a União de Regatas Fluminense, posteriormente chamada de Conselho Superior de Regatas e Federação Brasileira das Sociedades de Remo. Em 1914, o esporte passou a ser controlado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos – CBDA. Em 1935, as mulheres começaram a participar oficialmente das competições. NATAÇÃO PARAOLÍMPICA A natação está presente no programa oficial de competições desde a primeira Paraolimpíada, em Roma, 1960. A primeira participação brasileira no quadro de medalhas ocorreu em Stoke Mandeville/ 1984 com a conquista de uma medalha de ouro, cinco de prata e uma de bronze. Nos Jogos Paraolímpicos de Seul/1988, o país ganhou um ouro, uma prata e sete bronzes. Na Paraolimpíada de Barcelona, o esporte obteve para o Brasil três bronzes. Em Atlanta/1996, a performance foi exatamente igual à de Seul. Em Sydney, a melhora no desempenho foi significativa, rendendo aos brasileiros seis ouros, dez pratas e seis bronzes. O melhor desempenho ocorreu mesmo em Atenas, onde o país conquistou 33 medalhas – 14 de ouro, 12 de prata e sete de bronze. A entidade que controla a natação paraolímpica é o IPC - International Paralympic Committee, com atribuições semelhantes à FINA. Coordena as principais entidades esportivas internacionais que estabelecem as adaptações específicas para seus atletas: CP-ISRA (paralisados cerebrais), IBSA (deficientes visuais), INAS-FID (deficientes mentais), IWAS (cadeirantes e amputados). A prática da natação traz inúmeros benefícios. E não é diferente com os portadores de deficiência, pois, além dos benefícios físicos, nadar proporciona a integração social, a independência e o aumento da auto-estima nos atletas. Com um programa de treinamentos sério e a conseqüente profissionalização dos atletas portadores de deficiência, surge um novo cenário na natação paraolímpica. Sai de cena o esporte como forma de reabilitação e entra o esporte de alto-rendimento. Ciente da importância de se fomentar a prática esportiva entre os atletas brasileiros, o Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB estabeleceu uma nova estratégia de incentivos, que vão desde a divulgação e organização de competições até o envio de atletas para eventos no Exterior, proporcionando-lhes maior experiência esportiva. Em 2001, essas mudanças tornaram-se ainda mais visíveis. Pela primeira vez, um deficiente assumiu o comando da entidade: Vital Severino Neto, cego desde a infância, foi eleito presidente do CPB. Um ano depois, o CPB ganhou nova sede em Brasília. A transferência contribuiu para que a entidade máxima do esporte paraolímpico nacional ganhasse maior visibilidade e acessibilidade por estar na cidade considerada como centro das decisões políticas do Brasil. 11 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Tantas mudanças refletiram no desempenho dos atletas brasileiros. Com a natação não foi diferente. Há um salto qualitativo visível nos últimos anos em provas individuais e revezamentos. Recordes mundiais, medalhas, conquistas nacionais e internacionais fizeram e fazem do Brasil uma grande referência no paradesporto mundial na modalidade. Atualmente muitos atletas ganham destaque por meio da natação paraolímpica. Um deles é Clodoaldo Silva, um dos maiores medalhistas paraolímpicos em Atenas/2004 e eleito Atleta Paraolímpico do Ano de 2005. A partir das Paraolimpíadas de Sydney/2000 e Atenas/2004, o esporte tem recebido muitas pessoas interessadas em praticá-lo e em participar de competições da modalidade. Em 2005, um importante passo foi dado para a consolidação do movimento paraolímpico no País com a criação do Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico de Atletismo e Natação. Com um calendário fixo de competições, pela primeira vez os atletas puderam traçar um plano de treinamento adequado, visando às próximas competições. As seis primeiras etapas percorreram as principais capitais do País com recorde de público e de participantes. Os excelentes resultados confirmaram o grande potencial dos atletas brasileiros. A competição revelou ainda novos talentos nas pistas e piscinas. Na natação, o carioca André Brasil é um exemplo da importância de realização de competições nacionais. Descoberto na primeira etapa do circuito em Belo Horizonte, André é hoje uma das grandes promessas para Pequim/2008. 12 Natação para Deficientes Físicos 2. REGRAS GERAIS Na natação paraolímpica, as regras gerais são as mesmas da natação convencional com algumas adaptações, principalmente quanto às saídas, viradas e chegadas e à orientação dos deficientes visuais. As competições são divididas em categorias masculinas e femininas, respeitando os graus de deficiência de cada nadador, e as provas disputadas podem ser individuais ou em equipe de revezamento. Os trajes de todos os concorrentes devem ser apropriados para o esporte e não devem ser alterados e/ou modificados para ajudar ou realçar o desempenho dos nadadores. Alguns atletas podem requerer o auxílio da equipe de apoio na borda da piscina durante a competição para ajudar na sua entrada e retirada da água. Os protestos são possíveis se as regras e os regulamentos para condução da competição não forem observados e outras circunstâncias colocarem em perigo a competição e/ou os concorrentes. Os árbitros atuam como fiscais de prova e verificam se os estilos são respeitados, se as viradas são executadas de forma correta e contam o número de voltas realizadas. Qualquer irregularidade desclassifica o nadador. Na natação adaptada, como o próprio nome já diz, existem algumas adaptações que foram adotadas devido à incapacidade da execução de alguns movimentos. As principais adaptações da regra para a natação paraolímpica são: na largada, o atleta que apresentar problemas de equilíbrio poderá ter auxílio de somente um voluntário, para equilibrar-se sobre a plataforma de largada, ou seja, poderá receber apoio pelos quadris, mão, braço etc. É necessário que o formulário de solicitação de auxílio seja preenchido e submetido à aprovação do delegado técnico / delegado técnico assistente e/ou consultores técnicos; as classes S1, S2 e S3 têm autorização para manter seu(s) pé(s) encostado(s) à parede até que seja dado o sinal de largada. Não é permitido dar impulso ao nadador no momento da largada, pois isso resultará em largada falsa; no nado peito e borboleta, os nadadores com deficiência visual (S11 e S12) podem ter dificuldade de fazer o toque simultaneamente na virada e na chegada se estiverem muito próximos à raia. Desde que o nadador não ganhe vantagem injusta, o toque não simultâneo será permitido. O nadador não deve apoiar-se na raia para ganhar vantagem. O nadador irá mover-se, normalmente, para longe da raia com uma ou duas braçadas; atletas da classe S11 são obrigados a utilizar óculos opacos para que não passe a luz, assim como o auxílio dos tappers (batedores que tocam o atleta com um bastão para informar a proximidade da parede), um em cada extremidade da piscina. 13 Manual de Orientação para Professores de Educação Física A piscina olímpica, local onde se realizam as competições de natação, mede 50m x 22,8m e tem profundidade mínima de 1,98m. É dividida em oito raias de 2,5m de largura cada uma. O controle de tempo é feito por equipamento eletrônico com precisão de centésimos de segundo. O sistema começa a funcionar automaticamente com o disparo do juiz de partida e marca o tempo decorrido e as parciais sempre que os nadadores tocam sensores instalados nas paredes das piscinas (placares eletrônicos). Atualmente a natação, tanto a regular quanto a adaptada, é praticada em quatro estilos: crawl, costas, peito e borboleta, sendo o crawl, ou livre, o mais rápido, e a associação dos quatro estilos denominada de medley. Nado Crawl Este nado é o mais rápido. O nadador movimentase com o abdome voltado para a água (decúbito ventral), utilizando propulsão de perna em movimentos alternados assim como os dos braços. Quando um dos braços está fora da água, o nadador pode virar a cabeça para respirar desse lado. Porém muitas adaptações são feitas para o nadador paraolímpico, dependendo da sua capacidade de realizar alguns movimentos. Mesmo com estas adaptações, o nado não deverá ser descaracterizado. Durante a competição, além da arbitragem oficial da competição, classificadores funcionais deverão estar presentes para observar detalhes do nado. Nado de Costas Neste nado, o nadador permanece todo o percurso com o abdome voltado para fora da água (decúbito dorsal). Também utiliza propulsão de pernas e o movimento alternado dos braços semelhante ao nado crawl. Porém, as classes baixas (S1, S2 e S3) poderão nadar com braços simultâneos, ou utilizando a ondulação da cabeça e tronco. Normalmente classes baixas nadam costas e crawl com a mesma técnica. Nado de Peito Este é o estilo mais lento da natação. As pernas são trazidas para junto do corpo com os joelhos dobrados e abertos (posição da rã), enquanto os braços abrem-se e recolhem-se à altura do peito, projetando o corpo para frente. Na seqüência, as pernas são empurradas dando propulsão ao nadador, e os braços esticam na frente para a repetição do movimento. A inspiração de ar é feita no final da 14 Natação para Deficientes Físicos puxada do braço, quando se ergue a cabeça fora da água. Porém, como em todos os estilos, são feitas adaptações. Normalmente o nadador no estilo de peito é uma categoria inferior à de crawl, com mais bloqueios. Nado Borboleta O estilo é oriundo do nado de peito; os braços passam a ser lançados à frente do corpo por sobre a água e o movimento de perna é simultâneo. Também chamado de golfinho, pela semelhança de movimentos executados pelo animal. A respiração, assim como no nado de peito, é frontal quando o nadador ergue a cabeça após puxar os braços, também podendo ser realizada lateralmente. Não é muito comum que as classes baixas nadem neste estilo que requer muita exigência física. Só a partir da classe S8 é oferecido o 100m Borboleta; antes disso, somente 50m Borboleta. CLASSIFICAÇÃO Um nadador é considerado elegível se estiver dentro das exigências da classificação colocadas pelo IPC ou entidade reguladora do esporte. As referências a todo o procedimento da classificação e as exigências estão contidas no manual de classificação de cada entidade. Se o chefe da classificação acreditar que o nadador não executou o seu potencial verdadeiro durante a classificação ou mostrar-se de encontro às decisões do referente, poderá ser protestado. Entretanto, nenhum protesto será permitido às decisões do fato. Se um competidor não atender aos classificadores e/ou a um protesto da classificação, quando apresentado, ele pode ser desclassificado da competição ou proibido de competir. Para um atleta elegível competir, todas as circunstâncias médicas associadas devem ser declaradas. As circunstâncias que devem ser incluídas e que, no entanto, não são eliminatórias são: asma, epilepsia, diabetes, pressão de sangue baixa, anomalias cardíacas e uma tendência a hiperventilação. Se um nadador for julgado inelegível, não poderá participar das competições do paradesporto sejam oficiais ou não. O nadador portador de deficiência física que deseja participar de competições de natação precisa ser submetido a uma equipe classificadora formada por clínicos (fisioterapeutas, médicos) e classificadores técnicos, que o destinarão à classe compatível com suas incapacidades funcionais a fim de habilitá-lo para disputar com outros nadadores que possuem o mesmo grau de comprometimento físico. Os procedimentos adotados pela equipe classificadora são: testes clínicos e físicos (teste de força muscular, teste de coordenação motora ou de disfunção); teste de mobilidade articular, medição do membro amputado, medição do tronco e testes técnico-motores (realizados dentro da água). Para atletas com deficiência visual, existe a classificação oftalmológica, que é a formatação escolhida pela Federação Internacional de Esportes para Cegos - IBSA para legitimar, ou não, a 15 Manual de Orientação para Professores de Educação Física participação de uma pessoa nas competições oficiais para cegos e deficientes visuais regidas pela IBSA e por suas filiadas. Esta classificação só poderá ser feita por médicos oftalmologistas em clínicas ou consultórios especializados. Existe apenas uma diferença de nomenclatura entre a IBSA e o IPC, já que a primeira usa a letra B do inglês blind (cego) e a segunda utiliza o S de swimming (natação). A nomenclatura das classes ainda sofre uma diferença entre os nados; por exemplo, a letra S significa que o nadador competirá nas provas de nados livre, costas ou borboleta. O nado peito utiliza o SB, de breaststroke (nado peito), e no medley é utilizado o termo SM (medley). Na classificação do peito, não existe a classe SB10, ou seja, só existem nove classes oferecidas para deficientes físicos neste estilo (de SB1 a SB9). As classes são dividas em: S1 / SB1 / SM1 a S10 / SB9 / SM10 (deficiente físico / motor); S11 / SB11 / SM11 a S13 / SB13 / SM13 (deficiente visual); S14 / SB14 / SM14 (deficiente mental). Quanto menor o número dentro da classe, mais alto é o nível de comprometimento físico ou sensorial (visual) causado pela deficiência. Exemplos de padrões motores da classificação funcional da natação (Penafort, 2001, p.41): S1 – Lesão medular completa abaixo de C4/5, ou pólio comparado, ou paralisia cerebral quadriplégico severo e muito complicado; S2 – Lesão medular completa abaixo de C6, ou pólio comparado, ou PC quadriplégico grave com grande limitação dos membros superiores; S3 – Lesão medular completa abaixo de C7, ou lesão medular incompleta abaixo de C6, ou pólio comparado, ou amputação dos quatro membros; S4 – Lesão medular completa abaixo de C8, ou lesão medular incompleta abaixo de C7, ou pólio comparado, ou amputação de três membros; S5 – Lesão medular completa abaixo de T1-8, ou lesão medular incompleta abaixo de C8, ou pólio comparado, ou acondroplasia de até 130 cm com problemas de propulsão, ou paralisia cerebral de hemiplegia severa; S6 – Lesão medular completa abaixo de T9-L1, ou pólio comparado, ou acondroplasia de até 130cm, ou paralisia cerebral de hemiplegia moderada; S7 – Lesão medular abaixo de L2-3, ou pólio comparado, ou amputação dupla abaixo dos cotovelos, ou amputação dupla acima do joelho e acima do cotovelo em lados opostos; S8 – Lesão medular abaixo de L4-5, ou pólio comparado, ou amputação dupla acima dos joelhos, ou amputação dupla das mãos, ou paralisia cerebral de diplegia mínima; S9 – Lesão medular na altura de S1-2, ou pólio com uma perna não funcional, ou amputação simples acima do joelho, ou amputação abaixo do cotovelo; S10 – Pólio com prejuízo mínimo de membros inferiores, ou amputação dos dois pés, ou amputação simples de uma mão, ou restrição severa de uma das articulações coxofemoral. 16 Natação para Deficientes Físicos As classes visuais reconhecidas pela IBSA e pelo IPC são as seguintes: B1 ou S11 – De nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção. B2 ou S12 – Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão à acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a cinco graus. B3 ou S13 – Da acuidade visual de 2/60 à acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de cinco graus e menos de 20 graus. Todas as classificações deverão considerar ambos os olhos, com melhor correção. Isto é, todos os atletas que usarem lente de contato ou lentes corretivas deverão usá-las para classificação, mesmo que pretendam ou não usá-las para competir. 17 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 3. COMPETIÇÕES São oferecidos atualmente, no Brasil, campeonatos regionais, campeonatos estaduais e campeonatos brasileiros, todos esses gerenciados pelas confederações/associações nacionais por área de deficiência ou pelo CPB. Internacionalmente, são oferecidos, a cada quatro anos, os Jogos Paraolímpicos, campeonatos mundiais e jogos Parapan-americanos pelo IPC. As federações internacionais por área de deficiência (IBSA, IWAS, INAS-FID) também oferecem os mundiais que, assim como os outros eventos internacionais, se realizam de quatro em quatros anos, da seguinte forma: 10 ano: campeonatos regionais 20 ano: campeonatos mundiais 30 ano: campeonatos regionais 40 ano: Jogos Paraolímpicos As provas oferecidas dentro do programa paraolímpico são as seguintes: PROVA GÊNERO CLASSE 50m livre (M e F) De S1 a S10, de S11 a S13 e S14; 100m livre (M e F) De S1 a S10, de S11 a S13 e S14; 200m livre (M e F) De S1 a S5; 400m livre (M e F) De S6 a S10, de S11 a 13 e S14; 50m costas (M e F) De S1 a S5; 100m costas (M e F) De S6 a S10, de S11 a 13 e S14; 50m peito (M e F) De SB1 a SB3; 100m peito (M e F) De SB4 a SB9, de SB11 a SB13 e SB14; 50m borboleta (M e F) De S1 a S7; 100m borboleta (M e F) De S8 a S10, de S11a S13 e S14; 150m medley (M e F) De SM1 a SM5; 200m medley (M e F) De SM6 a SM10, de SM11 a SM13 e SM14. REVEZAMENTOS Os revezamentos, assim como na natação tradicional, são agrupados em quatro nadadores, utilizando os números de suas classes e somando-os para obter a sua composição. Existem revezamentos de deficientes físico/motor e visuais: o de físico/motor é dividido em dois tipos, mais conhecidos como revezamento baixo e revezamento alto que seguem, respectivamente, as pontuações máximas de 20 pontos e de 34 pontos. No revezamento de deficientes visuais, a pontuação máxima é de 49 pontos. Exemplo: quatro atletas deficientes físicos para formar um revezamento alto (S10, S10, S10 e S4 = 10 + 10 + 10 + 4 = 34 pontos). 18 Natação para Deficientes Físicos São oferecidos os seguintes revezamentos no programa paraolímpico: 4x50m livre, 20 pontos; 4x100m livre, 34 pontos; 4x100m livre, 49 pontos; 4x 50m medley, 20 pontos; 4x100m medley, 34 pontos; 4x100m medley, 49 pontos. RESULTADOS No site http://www.ipcswimming.org, são encontrados o ranking mundial e os recordes. Iniciação ao Esporte Para deficientes físicos, normalmente a iniciação na natação se dá pelo trabalho de reabilitação feito geralmente em hospitais, clínicas ou faculdades de educação física. O retorno físico e psicológico da natação para as pessoas deficientes pode ser notado, principalmente, na facilidade de o indivíduo locomover-se sem grandes esforços, pois sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase que total da gravidade, facilitam a execução de movimentos que, em terra, poderiam ser dificultosos ou impossíveis de serem realizados sem auxílio. Da reabilitação à prática da natação como esporte é uma questão de tempo e escolha. O processo de ambientação que resulta na execução do nado implica a passagem por vários níveis de aprendizado associados e seqüenciais. Embora as linhas gerais do processo estejam ligadas umas às outras, em ordem sucessiva, o professor ou instrutor deve analisar cada tipo de deficiência para aplicar a metodologia correta, visto que, em alguns casos, é impossível utilizar-se a ordem lógica. Para aqueles que desejam iniciar na natação adaptada, eis os seguintes passos: 1) desenvolvimento da habilidade de entrar e sair da piscina, de preferência sem ajuda de outra pessoa (mesmo que seja com auxílio da escada ou raia), porém com classes baixas o importante é colocar o nadador da forma mais confortável possível; 2) capacitação quanto à locomoção na piscina em diferentes profundidades (andando, pulando, boiando), até fazê-lo com água na altura do peito. Inicialmente o aluno pode dispor de bóias; 3) desenvolvimento da habilidade de manter-se equilibrado dentro d’água na melhor forma que a deficiência permita; 4) trabalho de controle da respiração; 5) trabalho de equilíbrio em posição de nado com mudança de decúbito (de barriga para baixo, para cima, lateral), podendo variar de acordo com a deficiência de cada aluno. O importante é encontrar uma posição em que o nado possa ser executado sem que ocorra a sua descaracterização; 6) movimentação dos membros exigidos pelo esporte (braços e pernas). Os alunos amputados, ou sem movimentos nos membros, podem nessa fase desenvolver outras técnicas de nado; 7) deslocamento em posição de flutuação (nado) ou com a movimentação dos membros ou do tronco seguido dos saltos, se possível. 19 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Na fase de iniciação do esporte, dá-se muita importância ao ensino por meio do lúdico (jogos aquáticos). Estes jogos estimulam o deslocamento dos alunos, bem como sua flutuação e superação, para atingirem as metas, assegurando que todos participem com as mesmas condições de sucesso, proporcionando meios (tapetes, bóias, espaguetes) para que cada um possa jogar adaptando suas condições funcionais. TREINAMENTO DESPORTIVO O treinamento consiste na preparação de atletas para atingir um objetivo ou resultado a curto, médio ou longo prazo. Essa fase de preparação apresenta etapas de desenvolvimento físico, técnico e psicológico. O desenvolvimento do atleta ocorre de maneira individual e progressiva, respeitando um plano de treinamento inicialmente básico que se torna cada vez mais específico com a proximidade do evento esportivo (competição). Para tal, é preciso que o treinador tenha conhecimento das limitações do nadador, do tempo disponível para o treinamento e das necessidades físicas e técnicas a serem desenvolvidas para atingir a maximização do resultado. Podem ser alternados trabalhos de resistência e velocidade, dependendo da prova que será disputada. O planejamento geral e detalhado do treinamento, respeitando os princípios científicos do exercício desportivo, é denominado periodização e pode ser dividido em: microciclo: menor fração do processo de treinamento. Combina fases de estímulo e de recuperação, criando condições necessárias a supercompensação, melhorando o rendimento do atleta; mesociclo: período de treinamento intermediário, que permite a homogeneização do trabalho executado (físico e técnico); macrociclo: é uma parte do plano que se compõe dos períodos de treino, competição e recuperação, executados dentro de uma temporada. Dentro do macrociclo, existem períodos que priorizam a preparação física, preparação técnica, período pré-competitivo e competitivo. 20 Natação para Deficientes Físicos 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS www.cpb.org.br www.paralympic.org www.ibsa.es www.cbdc.org.br BURKHARDT, R.; ESCOBA, M. O. Natação para portadores de deficiência. 1. ed. [s.l.]: Editor ao livro técnico, 1988. COSTA, A. M.; FREITAS, P. S. (Org.). Educação física e esporte para deficientes: coletânea. Uberlândia: UFU, 2000. p. 39-50. IPC SWIMMING. Swimming Rules 2005-2008. IBSA. Swimming Rules. 21 Manual de Orientação para os Professores de Educação Física Manual de Orientação para Professores de Educação Física Natação para Deficientes Visuais Autor: Luiz Marcelo Ribeiro da Luz Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual 1. APRESENTAÇÃO “Tudo indica que as origens da natação se confundem com as origens da Humanidade. Raramente por temeridade, mais freqüentemente por necessidade, às vezes, por prazer, o homem entrou em contato com o elemento líquido” (CATTEAU e GAROFF, 1990, p. 21). A prática de atividades motoras por pessoas com deficiência - como processo de habilitação, reabilitação e interação social - constitui-se num dos principais instrumentos para o desenvolvimento das potencialidades individuais e coletivas dessa parcela da população. Inegavelmente são muitos os ganhos decorrentes da participação em atividades de lazer e esporte, sejam eles no âmbito sensóriomotor e/ou psicossocial. A natação, dessa forma, tem sido de grande importância para o desenvolvimento global das pessoas com deficiência visual, pois pode ser praticada em qualquer idade e condição física, trazendo benefícios que influenciarão diretamente as suas atividades diárias, favorecendo e facilitando a inserção social dessas pessoas. Portanto, a utilização da modalidade natação como atividade motora para pessoas com deficiência visual é altamente recomendável, pois este é um esporte que possibilita independência e autonomia ao seu praticante, além de trazer vários benefícios que estão ligados à segurança e à qualidade de vida do aluno/aprendiz. É, sem dúvida, uma das modalidades esportivas mais adequadas para verificar-se o processo de inclusão do cego e do deficiente visual no esporte, pois tem características como regras, formas de aprendizagem, treinamento, competições, entre outros fatores que favorecem a inserção dessas pessoas no ambiente da atividade física voltada para a saúde, e também possibilita, por seu formato, o encaminhamento para o ambiente esportivo competitivo. A prática da natação por pessoas com cegueira e deficiência visual esteve inicialmente restrita a uma utilização terapêutica, porém, com a massificação e disseminação das práticas esportivas para pessoas com deficiência, a natação passou também a ser praticada como competição. A organização das competições para pessoas com deficiência em âmbito internacional é responsabilidade do Comitê Paraolímpico Internacional - IPC e da Federação Internacional de Esportes para Cegos – IBSA. O Comitê Paraolímpico Internacional, entidade máxima do desporto para pessoas com deficiência, congrega diversos tipos de deficiência em suas competições; a IBSA é responsável somente pelas competições esportivas de pessoas com cegueira e deficiência visual. No Brasil, a Confederação Brasileira de Desporto para Cegos – CBDC, entidade fundada em 1984, é a responsável pela prática desportiva de rendimento para pessoas com cegueira e deficiência visual. Como entidade nacional de administração do desporto para cegos e deficientes visuais, tem por finalidades: Congregar suas afiliadas e seus afiliados a: a) promover, apoiar e incentivar estudos e pesquisas, direcionados à obtenção de formas e mecanismos que melhor propiciem às pessoas cegas e com deficiência visual a atividade física e o ensino da prática do esporte; b) promover, apoiar e incentivar estudos e pesquisas, direcionados à obtenção de formas adequadas e inovadoras de treinamento esportivo para os atletas cegos e deficientes visuais; 25 Manual de Orientação para Professores de Educação Física c) promover, apoiar e incentivar estudos e pesquisas, que forneçam às pessoas cegas e com deficiência visual material e equipamento adequado para a prática esportiva. Dirigir o desporto de cegos e deficientes visuais: a) coordenando as ações das entidades a ela filiadas; b) organizando o calendário de competições regionais, nacionais e internacionais (quando houver); c) executando o calendário oficial das modalidades pela organização dos eventos em parceria com suas afiliadas; d) representando o Brasil nas respectivas competições internacionais. Difundir o ensino da prática esportiva e o desporto de cegos e deficientes visuais: a) divulgando a comunidade brasileira de cegos por meio de veículos de informação já existentes e que atinjam esse segmento; b) informando e conscientizando os órgãos municipais, estaduais e nacionais, dirigentes do desporto, as universidades brasileiras, as escolas superiores de Educação Física, as agências capacitadoras de recursos humanos, as confederações e federações do desporto paraolímpico e olímpico, clubes e associações esportivas; c) informando e conscientizando a sociedade em geral, por meio dos diversos meios de comunicação e informação; d) fomentando o ensino e a prática esportiva com incentivos e facilidades quanto à participação de atletas nas competições promovidas e/ou coordenadas pela ABDC. Tem ainda como objetivos: massificar a prática esportiva; fomentar e desenvolver o desporto escolar; contribuir na formação do atleta cidadão; envolver a família e a sociedade em geral; desenvolver o desporto de rendimento; garantir e exercer a representatividade nacional e internacional; qualificar profissionais das áreas técnicas e administrativas; divulgar o desporto praticado por atletas cegos e deficientes visuais. A CBDC é uma entidade filiada ao Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB, e é a única entidade nacional oficialmente reconhecida pela IBSA. Destaque-se que não somente CBDC, IBSA e IPC propiciam a prática da natação para pessoas com cegueira e deficiência visual, mas também os nadadores brasileiros beneficiam-se das competições organizadas pelo CPB, também responsával, em parceria com as Loterias Caixa, pelo Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico de Atletismo e Natação. 26 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual 2. A NATAÇÃO E O DEFICIENTE VISUAL As competições de natação tiveram início, no âmbito das Paraolimpíadas, a partir dos jogos de 1960, na cidade de Roma, Itália. Porém, nesse período, as provas oferecidas destinavam-se apenas aos atletas com deficiência física. A primeira competição esportiva internacional para pessoas com cegueira e deficiência visual ocorreu na França no ano de 1970, sendo a deficiência visual inclusa nas Paraolimpíadas em 1976, na cidade de Toronto, Canadá. Somente em 1980, na cidade de Arnhem, Holanda, é que provas para nadadores com cegueira e deficiência visual foram oferecidas no programa paraolímpico. Em 1986, em Gothenburg, Suécia, ocorre o VIII Campeonato Mundial para Deficientes; neste evento, acontece a estréia brasileira em competições internacionais de natação, com o nadador cego Mário Júnior. O Brasil voltaria a participar de eventos internacionais em 1991, no campeonato pan-americano realizado pela IBSA na Argentina. Nas edições posteriores dos Jogos Pan-americanos realizados no México em 1998, nos Estados Unidos em 2001 e, no Brasil em 2005, a Seleção Brasileira de Natação obteve ótimos resultados, sagrando-se campeã nas duas últimas edições. Em mundiais, a primeira participação brasileira ocorreu no Campeonato Mundial do IPC/2002 na cidade de Mar Del Plata, Argentina. Neste evento, o Brasil conquistou suas primeiras medalhas com a atleta Fabiana Harumi Sugimori que se sagrou campeã e medalhista de ouro nos 50m e 100m livre. Nesta mesma competição, a equipe masculina do revezamento 4x100m medley – formada por André Meneghetti, Leandro Mendes, Pedro Braz e Mário Junior – conquistou a medalha de bronze, primeira da categoria masculina em mundiais. Os nadadores brasileiros voltariam a conquistar medalhas no ano de 2003, no II Campeonato Mundial da IBSA realizado na cidade de Quebec, Canadá. Os atletas André Meneghetti e Gilberto Neto conquistaram respectivamente medalhas de bronze nas provas de 800m livre e 200m medley. O Brasil esteve presente em três Paraolimpíadas com a natação de cegos: Atlanta/1996, com os atletas Fabiana Harumi Sugimori e Cláudio Panoeiro; Sydney/2000, com a atleta Fabiana Harumi Sugimori e Atenas/2004, com os atletas Fabiana Harumi Sugimori, André Meneghetti e Rodrigo Ribeiro. O destaque das participações brasileiras em paraolimpíadas fica com a atleta Fabiana Harumi Sugimori, medalha de ouro nos 50m livre em Sydney/2000. Nas Paraolimpíadas de Atenas/2004, ela voltaria a ganhar ouro nos 50m livre, conquistando o recorde paraolímpico e mundial da distância. Todos os resultados foram conquistados com muito empenho dos atletas e de seus respectivos técnicos e equipes, porém os esforços conjuntos da CBDC e do CPB propiciaram a criação e manutenção de centros de treinamento, onde foram realizados períodos de avaliação e treinamento que proveram os atletas e seus técnicos de informações pertinentes ao treinamento desportivo, proporcionando, assim, mudanças significativas nos resultados obtidos nas competições. 27 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 3. REGRAS GERAIS As regras apresentadas neste documento são as regras da IBSA, uma vez que esta é a entidade responsável pelas competições estritamente voltadas para o desporto para cegos. Ressalte-se que o Comitê Paraolímpico Internacional, em algumas situações, faz restrições às regras da FINA, assim como às regras da IBSA. Destacam-se apenas os principais tópicos do regulamento e as modificações relativas às regras do IPC, por serem mudanças mínimas. Poucas regras foram adaptadas para a prática de deficientes visuais. Elas se baseiam nas normas da FINA, e as provas disputadas são as mesmas: livre, costas, peito e borboleta para ambos os sexos, divididas por categorias de classificação oftalmológica (B1, B2 e B3). Os principais tópicos do regulamento O regulamento atual da FINA (Federation International de Natation Amateur) será aplicado, exceto nas modificações especificadas pela IBSA. Havendo qualquer dúvida sobre as modificações da IBSA em relação às regras internacionais citadas, prevalecerá a versão em inglês. Os oficiais deverão ser federados na FINA ou nas Associações Nacionais, de acordo com as exigências da FINA, e estarem familiarizados com as modificações da IBSA. Os nadadores cegos poderão participar em competições integradas com pessoas videntes e, caso haja recordes mundiais, esses podem ser solicitados se a prova for sancionada pela Associação Dirigente do Esporte Nacional e tiver sido comandada por oficiais federados (Veja 10.1) Óculos de proteção Exige-se dos nadadores classificados como B1 o uso de óculos de proteção opacos em todas as competições, incluindo as provas em que se combinam categorias, com exceção daquelas em que os atletas usem prótese em ambos os olhos, ou quando suas estruturas faciais não sustentem os óculos. Nadadores dispensados deverão ter essa dispensa registrada pelo oficial-médico da IBSA em seus cartões de classificação. Os óculos dos nadadores, ou suas dispensas médicas, serão checados no momento em que o nadador apresentar-se na sala de chamadas ou aos oficiais. Caso os óculos de natação saiam acidentalmente durante o mergulho, o nadador não será desclassificado pelas regras da IBSA; tal situação nas competições regulamentadas pelo IPC será punida com a desclassificação do atleta. Para garantir a segurança dos nadadores deficientes visuais, exigem-se piscinas que tenham raias coloridas, com um mínimo de 0,5m de largura para fora das raias 1 e 8. Caso isso não seja possível, então não se deve usar as raias externas da piscina para nadadores de qualquer categoria. 28 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual • Indicadores de virada do nado de costas: cordas afrouxadas deverão ter um tamanho adequado e cores contrastantes com o fundo da piscina a fim de facilitar para o deficiente visual. • Regras de Natação • Nados • Enquanto a intenção for executar todos os nados como descritos pela FINA, os nadadores deficientes visuais requerem algumas considerações devido à falta ou limitação da visão. O árbitro e os juízes devem usar de discrição. Alguns conselhos específicos são dados a seguir: Nado de Peito Um nadador cego B1 ou com pouca visão B2 podem ter dificuldades quando efetuarem um toque simultâneo, com os ombros permanecendo no plano horizontal, se o nadador estiver muito próximo à raia. Nesse caso, não ocorrerá à desclassificação do atleta. Nado Borboleta Os nadadores B1 ou com pouca visão B2 podem nadar muito próximos à raia e terão dificuldades em trazer ambos os braços simultaneamente para fora da água. Somente ocorrerá a desclassificação se o nadador ganhar propulsão com auxílio da raia. Da mesma forma, na virada ou ao finalizar a prova, o toque simultâneo pode ser algo impossível de ser conseguido. Largadas As largadas nos estilos livre, peito e borboleta podem ocorrer da plataforma de saída, ao lado da plataforma, ou na água, dentro da piscina. Um batedor auxiliará o nadador B1 na plataforma de largada e poderá passar, nesse momento, verbalmente informações necessárias ao nadador, de modo que o competidor possa ter uma imagem visual semelhante àquela que teria uma pessoa com visão. • Um nadador que sai de dentro da água deve ter uma mão em contato com a borda da piscina, ou plataforma de largada, até que seja dado o sinal de início da prova. 29 Manual de Orientação para Professores de Educação Física • O nadador deficiente visual pode requisitar um tempo extra do árbitro por ocasião do apito longo a fim de que se oriente na plataforma de largada antes do início da prova. • No caso de um competidor cego e surdo, o treinador deve indicar-lhe o sinal de largada por meio de um método não verbal. •Para assegurar uma largada bem-sucedida aos nadadores B1, deve-se requisitar dos espectadores da prova que mantenham silêncio até que os atletas tenham passado da corda de falsa largada (barulhos de cornetas e apitos, entre outros, podem ser confundidos com um falso sinal de largada). • Viradas • A batida é um método de indicar ao nadador que ele está se aproximando do fim da piscina. O “batedor” toca levemente no nadador com o auxílio de um bastão. Sugere-se uma vara com ponta de espuma firme. Já que o batedor funciona como os olhos do nadador, eles devem atuar como uma equipe. Embora não se permita que o batedor oriente o nadador, tolera-se que ele forneça instruções informativas. • Para a segurança do nadador, o cronometrista ou juízes não deverão interferir no processo de “tocar” os atletas. Para nadadores B1, exige-se dois batedores, um para cada extremo da piscina. • Nas viradas, ou no término da prova, um batedor ou aparelho eletrônico autorizado deve avisar o competidor que está se aproximando do fim da piscina. Esse método deverá estar à escolha do nadador. Enquanto o processo é obrigatório para os nadadores B1, também é permitido para os B2 e B3. Não será consentida qualquer forma de instrução verbal pelo batedor, uma vez solicitado pelo árbitro o posicionamento dos atletas para a largada. Exceção é feita a essa instrução verbal somente quando houver uma largada falsa. O batedor, então, poderá dar informações de direcionamento ao nadador. No caso de utilização de aparelho eletrônico para esse fim, ele não deverá atrapalhar o desempenho de outros atletas durante a prova. • Se um nadador cego inadvertidamente passar para uma raia diferente da sua, depois da largada ou da virada, e essa não estiver ocupada, permitir-se-á que ele cumpra a prova naquela raia. Se for necessário retornar à raia original, o batedor poderá dar instruções verbais, mas somente depois de assegurar-se da identidade do nadador (nome), a fim de evitar uma distração ou interferência em um outro nadador. • Não se permite nenhuma comunicação verbal ou orientação técnica do batedor tão logo a prova tenha se iniciado (aplaudir, indicar lugar etc.), exceto na situação especificada nos itens 9.4.2 ou 10.4. • Nadador prejudicado • Se um acidente de percurso comprometer o êxito de um nadador — causado por um atleta 30 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual cego que passou para a raia de outro competidor na largada, ou na virada, ou que está nadando muito próximo aos balizadores das raias —, o árbitro permitirá que um, ou ambos os nadadores, realizem a prova novamente. Se tais acidentes de percurso acontecerem em uma final, o árbitro poderá requisitar que a prova seja novamente realizada. • Revezamentos • Para uma equipe de revezamento, exige-se no mínimo um nadador B1 e um B2, ou dois nadadores B1. A categoria dos outros dois atletas é opcional. Pelas regras do IPC para o revezamento de deficientes visuais, a pontuação máxima é de 49 pontos. • Cada equipe de revezamento terá a escolha de competir em uma ou duas raias. Se a preferência por uma ou outra possibilidade não foi indicada no momento da inscrição da equipe, será separada somente uma raia. Serão também requisitados batedores para cada raia. • Se necessário, o batedor indicará ao nadador quando se preparar para o revezamento, e mesmo o momento de sua largada. Controles auditivos podem ser usados a fim de direcionar o revezamento, desde que não interfiram na atuação dos nadadores de raias adjacentes. 31 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 4. CLASSIFICAÇÃO Para Mattos (1998, p.19), no desporto para pessoas com deficiência, “classificar significa agrupar atletas com capacidades semelhantes com o propósito de competir”, e destaca que existem dois tipos de classificação: Classificação Médica – também chamada de modelo de abordagem clínica das ciências biológicas, procura dividir os atletas em grupos de acordo com suas limitações ou deficiências em relação a patologia de origem. Classificação Funcional – baseia-se no agrupamento dos atletas segundo seu potencial funcional remanescente em relação à modalidade a ser praticada. Os sistemas de classificação funcional ainda estão em fase de desenvolvimento e são baseados na filosofia da normalização. Explica Mattos (1998): “O sistema funcional de classificação esportiva propõe a criação de escalas ordinais qualitativas, que visam agrupar atletas com possibilidades semelhantes de obter sucesso através da prática. Não se importa mais com deficiência e sim com a possibilidade da eficiência” (p.19). A classificação utilizada para categorizar os cegos e deficientes visuais é baseada no modelo médico que leva em consideração acuidade e campo visual do atleta; esses fatores são verificados e medidos somente em uma situação clínica (estandardizada), desprezando a maneira como os atletas utilizam sua capacidade visual remanescente durante a prática da natação competitiva. Júnior (1995) ressalta que: “(...) alguns estudos denunciam a ausência de ligação entre as definições médico-legais quantitativas e as funcionais da deficiência visual. Destacamse estas informações, tendo em vista que a acuidade visual pouco informa a respeito da capacidade visual. O grau em que se faz uso da visão nem sempre pode ser determinado por medidas objetivas. (...) Crianças com acuidade visual idêntica podem fazer uso diferente da visão a ponto de uma necessitar do braile e a outra não” (p.5). Os atletas são divididos em três categorias - uma, para aqueles com falta total de visão, denominados como B1 e, duas, para atletas com baixa visão ou visão parcial, sendo estes chamados de B2 e B3. Essa classificação é determinada pela IBSA (1992) e também utilizada pela Confederação Brasileira de Desportos para Cegos. O atleta deve apresentar as seguintes características: B1 - de nenhuma percepção de luz em qualquer dos olhos a percepção de luz, mas incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância, ou em qualquer direção. 32 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual B2 - da capacidade de reconhecer o formato de uma mão à acuidade visual de 2/60 (pés) e/ou campo visual menor que cinco graus. B3 - da acuidade visual acima de 2/60 (pés) à acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de cinco graus e menos de 20 graus. Todos os deficientes visuais, considerando o melhor olho, com a melhor correção, ou seja, todos os atletas que utilizam lentes de contato ou lentes corretivas, deverão usá-las para enquadramento nas classes, quer pretendam competir usando-as quer não. Para Tolmatchev (1998), nos esportes em que a performance não seja influenciada pela deterioração da visão, a combinação de categorias e a fusão de classes mostram-se possíveis. Importante frisar que, nas competições tanto nacionais quanto internacionais, há uma insatisfação por parte de atletas e técnicos quanto à forma de classificação utilizada, o que acaba gerando um número significativo de reclamações e recursos para que sejam revistas e adequadas. Outro ponto a ser considerado para avaliar a possibilidade de performance do nadador é se a deficiência do indivíduo é congênita ou adquirida, e também quais as experiências motoras que essa pessoa recebeu ao longo de seu processo de desenvolvimento. Acreditamos que algumas situações, se corrigidas, possibilitarão a um nadador cego ou com deficiência visual atingir níveis excelentes de performance como os atletas que têm visão. A primeira delas é que a experiência e o tempo de treinamento de um atleta cego ou com deficiência visual são muito inferiores ao de um atleta convencional. Enquanto o nadador sem problemas visuais começa a nadar, em média, aos quatro/cinco anos de idade, os atletas com problemas visuais começam a nadar na adolescência ou, muitas vezes, já adultos. Quando optam pelo treinamento, os atletas cegos e com deficiência visual treinam menos horas que os atletas com visão e, na maioria das vezes, com professores/voluntários que desconhecem o processo de treinamento da natação, não propiciando continuidade e envolvimento dessas pessoas com o atleta e com a modalidade, realidade totalmente contrária à da natação convencional. Não estamos aqui afirmando que queremos técnicos especialistas no trabalho de treinamento da natação para cegos e deficientes visuais, mas é necessário que essa pessoa tenha conhecimentos técnicos suficientes para desenvolver um trabalho de treinamento de natação independentemente da característica do atleta. A segunda situação a ser destacada está relacionada às estratégias e metodologias de ensino da natação, baseadas, em sua maioria, em um modelo tecnicista que valoriza a repetição e não a interação do indivíduo com o ambiente líquido. Essa relação, indivíduo/meio líquido, deve ser altamente estimulada durante a aprendizagem da natação, para que o indivíduo cego ou com deficiência visual possa ter percepção e domínio das características desse novo ambiente. Essa aprendizagem deve valorizar e potencializar a riqueza de informações táteis e proprioceptivas que são propiciadas em função das características físicas da água. A falta de visão faz com que o indivíduo processe informações principalmente cinestésicas sobre como o movimento, ou tarefa motora, estão sendo executados. Não se pode esquecer da capacidade adaptativa que o ser humano apresenta. Sendo assim, acreditase que um trabalho multissensorial pode ser uma das formas de amenizar a falta de visão durante o processo de iniciação e treinamento da natação. 33 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 5. COMPETIÇÕES As principais competições para nadadores com cegueira e deficiência visual são as competições específicas para deficientes, porém não há nenhuma restrição pela regra ou aspectos técnicos que inibam sua participação nas provas com nadadores sem deficiência em campeonatos e/ou torneios regulares. A CBDC, por meio de um calendário próprio, propicia às entidades e aos seus atletas regularmente filiados festivais, jogos escolares e competições durante todo o ano. O calendário de competições é dividido em etapas classificatórias para uma Copa Brasil realizada com os melhores nadadores de cada prova, classe e sexo. A CBDC estabelece as regras gerais de arbitragem, calendário de competições, cataloga os recordes e fiscaliza as entidades ligadas à modalidade, além de verificar a elegibilidade do atleta para o esporte de cegos e deficientes visuais. O CPB atualmente, em seu calendário de competições, tem o Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico de Natação como principal evento para nadadores com deficiência, entre elas, a cegueira e a deficiência visual. Neste circuito, são oferecidas aos melhores índices técnicos premiações em dinheiro e também premiados as equipes e os técnicos. À IBSA cabe a responsabilidade de organizar as competições continentais e os campeonatos mundiais por modalidade. O IPC, além de organizar as Paraolimpíadas, é responsável pela organização também dos mundiais por modalidade que, mostram um diferencial: abrangem mais de uma deficiência, ao contrário dos mundiais da IBSA que atendem apenas aos deficientes visuais e cegos. PROGRAMAÇÃO Provas A IBSA reconhece as seguintes provas para competições e finalidades de recordes: Estilo Livre Costas Peito Borboleta Medley Ind. 50m 50m 50m 50m Estilo Livre Costas Peito Borboleta Medley Ind. 50m 50m 50m 50m Estilo Livre Medley HOMENS 100m 100m 100m 100m 200m 200m 200m 200m 200m MULHERES 100m 200m 100m 200m 100m 200m 100m 200m 200m REVEZAMENTOS 4 X 50m 4 X 50m 400m 400m 400m 400m 4 X 100m 4 X 100m NOTA: Todas as provas disponíveis incluirão nadadores das categorias B1, B2 e B3. 34 1500m 800m Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual • Em campeonatos paraolímpicos e mundiais, cada país poderá inscrever no máximo três competidores, por categoria e por sexo, em cada prova. Contudo, toda associação terá o direito de inscrever em cada prova um competidor que não possua o índice mínimo de participação. Nas provas em que mais de um atleta por país esteja inscrito, todos os competidores deverão encontrar um índice mínimo. • Todas as inscrições nas provas deverão indicar o tempo mais rápido do nadador a fim de facilitar a correta seleção dele. • Os dias e horários da competição, o modelo seletivo e a ordem das provas deverão ser publicados antes da data limite para a segunda Inscrição para a competição. O Comitê de Natação da IBSA deverá fornecer a ordem das provas e os critérios de participação. • Uma vez publicado, o programa padrão de provas diário não poderá ser alterado sem a autorização do diretor-técnico da IBSA, indicado pelo presidente do Comitê de Natação dessa Federação e, mesmo em caso positivo, somente sob circunstâncias excepcionais. Campeonatos Mundiais • Os campeonatos mundiais deverão ocorrer a cada quatro anos, sempre em anos pares e entre os campeonatos paraolímpicos de verão. Campeonatos Mundiais para Jovens • Os campeonatos mundiais para jovens deverão ser realizados em anos ímpares numerados. • Nadadores com até 17 anos de idade serão classificados para os campeonatos juvenis. • Haverá dois grupos: até 15 anos e 16/17 anos. A idade será determinada até dia 1o de janeiro do ano da competição. • Os critérios de participação para os campeonatos mundiais de jovens serão estabelecidos pelo Comitê de Natação da IBSA. • As provas deverão estar centradas em distâncias curtas, por exemplo, 50m ou 100m (todos os estilos), revezamento 4 X 50m e 200m medley individual. Campeonatos Paraolímpicos e Mundiais As provas oferecidas dentro do programa paraolímpico são as seguintes: PROVA GÊNERO CLASSE 50m livre (M e F) S11- S12 - S13 100m livre (M e F) S11- S12 - S13 400m livre (M e F) S11- S12 - S13 100m costas (M e F) S11- S12 - S13 100m peito (M e F) S11- S12 - S13 100m borboleta (M e F) S11- S12 - S13 200m medley (M e F) S11- S12 - S13 Estilo Livre Medley REVEZAMENTOS 4 X 100m 4 X 100m 49 Pontos 49 Pontos NOTA: Nas competições organizadas pela CBDC e pela IBSA, usa-se a letra B do inglês blind (cego), enquanto que em competições organizadas pelo CPC e pelo IPC utiliza-se o S de swimming (natação). 35 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 6. RESULTADOS As informações quanto a regras completas, regulamentos, ranking, recordes e índices podem ser encontradas nos sites: http://www.cbdc.org.br http://www.cpb.org.br http://www.ibsa.es http://www.ipcswimming.org INICIAÇÃO AO ESPORTE Historicamente, os precussores da iniciação esportiva dos cegos e deficientes visuais foram os profissionais dos institutos, entidades, escolas e associações que realizam atendimentos às pessoas com deficiência. Porém, com ênfase atual na educação inclusiva (educação esta que praticamos e em que acreditamos), muitos alunos com deficiência visual e cegueira têm participado das aulas de educação física no ensino regular. Com as modalidades esportivas não tem sido diferente, cada vez mais vemos as pessoas com deficiência participando de atividades esportivas em ambientes regulares. Desta forma, a pedagogia que apresentamos é aquela que propicia ao cego e ao deficiente visual inserir-se em aulas de natação regulares sem a necessidade de turmas específicas. Para isso, acreditamos que pequenas modificações são necessárias. Uma fundamental é a mudança de atitude do professor em face do aluno com deficiência O professor não deve enxergar seu aluno com base em sua deficiência, mais sim nas suas potencialidades, que estão muito além da sua incapacidade de enxergar perfeitamente. Outro passo importante é ouvir seus alunos. São eles que necessariamente vivem o problema e, muitas vezes, também são eles que dão soluções para nossas dúvidas e dificuldades. Caso isto não seja possível, lembre-se de procurar apoio no ensino especializado e na família da pessoa com deficiência. A natação, independentemente de ser praticada em um ambiente segregado ou regular, traz ao deficiente visual a possibilidade de: aproveitar melhor o tempo livre de forma sadia e divertida, evitando o sedentarismo; ampliar as relações interpessoais por meio de atividades em grupos; melhorar a condição física geral; melhorar a coordenação e orientação espacial; superação pessoal e melhora da auto-estima; evitar e prevenir doenças secundárias. O enfoque, quanto à metodologia e pedagogia de ensino a serem utilizadas, dependerá dos objetivos que se pretende atingir e da idade do aluno, pois partimos do pressuposto de que os objetivos gerais da natação podem ser muito diversos, tais como: reabilitador; utilitário; educativo; recreativo; 36 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual social; competitivo. Antes de iniciar um trabalho de natação com alunos com cegueira e deficiência visual, o professor deve obter respostas para algumas questões básicas, além de realizar também uma avaliação para determinar o nível atual de desempenho do aluno. 1. O que o aluno consegue enxergar? 2. Quando (com que idade) ocorreu a perda da visão? 3. Durante que período ela evoluiu? 4. Continua evoluindo? 5. Qual é a patologia? 6. Como eu posso estimular e utilizar o resíduo visual? 7. Existe alguma atividade física contra-indicada? 8. Já praticou a modalidade? 9. Pratica ou praticou alguma outra atividade física? 10. Qual o objetivo que o aluno busca atingir com a prática da natação? Outra etapa muito importante do processo de iniciação está ligada ao uso correto dos materiais e instalações a serem utilizadas. Antes, contudo, de descrever tais características, devem-se considerar dois fatores: 1. Quando um cego ou deficiente visual choca-se ou cai, estabelece-se uma relação de medo e insegurança para com o ambiente e para com o professor. 2. Grande parte da informação que o cego recebe chega a ele pelo canal auditivo e tátil–cinestésico. Para que se faça um bom uso dos principais canais de informação e que se previnam possíveis acidentes, tanto alunos quanto professores devem estar familiarizados com as técnicas de orientação e mobilidade, entre elas, as técnicas de locomoção com guia vidente e de autoproteção: Técnicas com a utilização do guia vidente Básica Mudança de direção Troca de lado Passagens estreitas Subir e descer escadas Passagem por portas Sentando-se Assentos perfilados Técnicas de Autoproteção Proteção inferior Proteção superior 37 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Rastreamento com a mão Enquadramento e tomada de direção Método de pesquisa – localização de objetos Método de pesquisa – familiarização com ambientes O conhecimento do espaço físico, onde serão realizadas as atividades, é o ponto essencial para que as aulas desenvolvam-se com segurança e independência. O mapeamento do local visa a dar ao aluno percepção adequada do tipo de borda da piscina, modelo de escada, nível de profundidade, colocação e tipos da raia e forma geométrica da piscina. Dicas para o bom uso das instalações As portas das instalações deverão estar totalmente abertas ou fechadas. Não se devem deixar objetos e materiais jogados e espalhados pela piscina e pelos vestiários e demais espaços de uso comum. Caso haja portas ou portões em escadas, devem sempre permanecer fechados. Os espaços que oferecem risco ou que demandem informações aos nadadores devem ser indicados com referências táteis e com cores contrastantes. Na medida do possível, os espaços devem possuir poucas colunas. As informações quanto a profundidade das piscinas devem ser acessíveis. Deve-se evitar objetos fixos no solo principalmente se forem pontiagudos. As raias devem estar em bom estado de conservação, não apresentando partes ressecadas e quebradiças que possam cortar ou arranhar os nadadores. O ensino da natação para cegos e deficientes visuais tem muitas semelhanças com o ensino das pessoas sem deficiência, salvo pequenas modificações. A seqüência de aprendizagem passa pelas etapas de familiarização ou adaptação, desenvolvimento das habilidades básicas e específicas. Na etapa de familiarização, deve-se trabalhar: o domínio espacial; as percepções de equilíbrio, resistência e empuxo; as técnicas de respiração e bloqueio; as flutuações e deslizamentos; nado submerso; saltos elementares; nados de sobrevivência. Na etapa de desenvolvimento das habilidades básicas, busca-se a fixação das técnicas: deslocamentos: o aluno, de qualquer maneira e utilizando qualquer estilo de nado, consegue deslocar-se apresentando trocas de sentido e direção para qualquer plano; saltos: o aluno deve dominar mergulhos e saltos de pé e de ponta, partindo de fora e de dentro d’água; 38 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual giros: o aluno deve conseguir girar sobre os três eixos do corpo (longitudinal, transversal e anteroposterior) e sobre qualquer plano. Também com combinações de salto; a aprendizagem dos nados. Na etapa de desenvolvimento das habilidades específicas, trabalha-se a fixação dos nados e dos seus fundamentos técnicos, tais como: saídas; viradas; coordenação de pernas, braços e respiração; coordenação Geral de Nado; posição do Corpo. Utiliza-se, neste processo, os métodos parcial, global e misto, mesclando-os conforme a habilidade e técnica a serem desenvolvidas. O professor deve utilizar-se de toda a gama de conhecimento que a Educação Física contém para solucionar possíveis dificuldades de aprendizagem. Pequenas estratégias que podem facilitar o processo de iniciação na natação: Faça uso do aluno tutor, lembrando que deve existir um rodízio da função entre os alunos. Propicie ao seu aluno o total reconhecimento das áreas, implementos e materiais a serem utilizados nas aulas de natação. Ao aluno cego, dê o tempo necessário para que ele possa reconhecer o ambiente da piscina por completo. E imprescindível que o professor saiba o nome dos alunos por questões afetivas e de segurança. A verbalização é sempre o ponto de partida para as explicações do movimento e do exercício. Caso não propicie a compreensão da tarefa e/ou movimento, faça uso da demonstração com ajuda física e da percepção cinestésica. No auxílio à compreensão do movimento, faça uso também de bonecos articulados. Delimite claramente os espaços de trabalho. Crie rotinas motoras consistentes. Utilize dicas e pistas auditivas (Exemplo: apitos, assobios, palmas, bips etc.) para assinalar as mudanças e espaços a serem nadados. Estimule experiências de movimento numa variedade de formas (Exemplo: lenta, rápida etc). Não demonstre excesso de proteção ao seu aluno cego ou deficiente visual inserido em uma turma de não deficientes. Lembre-se que ele, antes de qualquer coisa, quer ser tratado com igualdade. Antes de aplicar os conteúdos e as estratégias apresentados, verifique se estas informações são possíveis de serem adaptadas e aplicadas às necessidades e realidades de trabalho de sua região, local e grupo de trabalho. 39 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 7. O TREINAMENTO DESPORTIVO O professor/técnico, que pretende aprofundar-se no treinamento da natação para pessoas com cegueira e deficiência visual, deve como qualquer outro técnico conhecer profundamente a modalidade, suas técnicas, regras e formas de ensino e correção. Deve também dominar os princípios do treinamento desportivo, os diversos mecanismos de avaliação e seus processos de periodização. Porém, não sendo possível desenvolver o treinamento com seus alunos, busque encaminhar seus atletas a clubes, ou associações esportivas, dando assim aos interessados a possibilidade de desenvolverem-se no esporte de competição. O atleta, na fase de treinamento, busca a performance por meio da excelência da técnica e de resultados em competições. Para obtenção destes objetivos, é necessário, entre muitos outros fatores, aprimorar: técnicas de saídas e viradas; a relação entre comprimento e freqüência de braçada; a velocidade nas recuperações de braço; a potência de tração das puxadas; os ritmos de nado; os gestos técnicos altamente especializados; as capacidades físicas. Técnica de Virada com o uso do Tapper A técnica do tapping (golpe suave) foi introduzida por um casal canadense (Welf e Audrey Strom) em meados da década de 80. Por sua simplicidade e importância, foi adotada em todo o mundo. Quem realiza o toque (golpe) no nadador recebe o nome de tapper. O tapping é o aviso que se dá ao nadador quando de sua aproximação da parede da piscina. Sem atrapalhar o desenvolvimento do nado, o tapper alerta o nadador com um toque na cabeça, costas, peito ou mão (isto dependerá da preferência do nadador e do estilo a ser nadado), comunicando-lhe que é o momento de parar ou realizar uma virada. O tapping permite ao nadador um melhor aproveitamento da técnica ao executar suas viradas, garantindo também sua segurança. Equipamentos utilizados para realizar o toque O equipamento utilizado para realizar o toque deve ser um bastão flexível, mas que possibilite um contato firme com o corpo do nadador. Tendo em vista que o nadador ou parte dele pode estar submerso, o bastão deve ser suficientemente resistente e longo para penetrar a profundidade d’água requerida. 40 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual As regras não fazem restrições a modelos ou comprimentos, porém é necessário que a extremidade do bastão seja recoberta por algo macio. Entre os materiais possíveis de serem utilizados na confecção do bastão, a vara de pescar mostrouse como o mais adequado por suas características físicas, durabilidade e baixo custo. Um objeto indeformável, tal como uma vara de madeira, pode causar ferimentos e não deve ser utilizado. Responsabilidades do Tapper Os nadadores cegos e deficientes visuais devem continuar dependendo da habilidade e do treino de seu tapper até que um sistema automático de aviso para retornar esteja disponível. O toque é realmente um fundamento importante a treinar, pois o tapper é responsável não apenas pela performance, mas também pela segurança e integridade do nadador. Tendo em vista a importância da missão, o tapper deve dedicar total atenção à sua tarefa. O nadador com cegueira e deficiência visual fará a manobra de retorno rapidamente apenas se ele confiar totalmente em seu tapper. O nadador e o tapper deverão treinar em conjunto, de maneira que o tapper tenha plena consciência dos hábitos do nadador e este esteja habituado com os métodos de toque do tapper. O ideal seria que ele estivesse sempre disponível para treinar com o mesmo nadador. Regras Gerais do Tapping O tapper deve manter o equipamento de batida sempre pronto, próximo à superfície da água. Para evitar danos ao tímpano do nadador, o tapper deve tocar sempre no topo da cabeça e nunca ao lado. No caso de uma batida falha, o tapper deve rapidamente colocar a extremidade acolchoada entre a cabeça do nadador e a parede da piscina, evitando possíveis ferimentos na face. Durante uma competição, o tapper pode dar ao nadador instruções sobre a direção, mas não sobre a técnica, já que esta última é estritamente proibida. Nado Livre - Virada Simples Para realizar a virada simples, o tapper simplesmente toca a cabeça, costas ou mão do nadador no momento que ele realiza o alongamento da braçada que irá atingir a parede. 41 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Nado Livre - Virada com Cambalhota A distância necessária para realizar uma cambalhota, pode variar de acordo com o tamanho do nadador, sua velocidade de aproximação e habilidade para girar. Para cada nadador, o tapper deve determinar com precisão o espaço necessário para a manobra, de acordo com essas variáveis. Quando o nadador atinge a distância estabelecida, o tapper realiza o toque, possibilitando que se façam os ajustes necessários para virada. Sendo que alguns nadadores realizarão a virada imediatamente após toque, ao passo que outros estabelecerão uma contagem de ciclos de braço para efetuar a virada. Nado de Costas – virada de cambalhota O tapper deve buscar tocar as costas, cabeça ou braço do nadador quando este se aproxima da parede da piscina. Após o toque, o nadador pode manter seu braço estendido até que sua mão toque a parede, ou também realizar uma contagem de braçadas para efetuar a cambalhota. Ainda que os técnicos ensinem o nadador a virar para ambos os lados após o toque em seus braços, alguns nadadores preferem usar o mesmo braço para girar. Neste caso, o toque deve ser dado com tempo suficiente para que o braço preferido coloque-se na posição mais favorável à realização do movimento. Nado de Peito Na virada do nado de peito, o toque deve ser dado na cabeça quando o nadador executa a fase final da propulsão e início da recuperação. Ao sentir o toque, o nadador completa a recuperação e impulsiona-se, atingindo com suas mãos a parede. É preferível tocar muito antes do momento ideal do que muito depois. Se o tapper permite que se inicie outro ciclo de braçadas, sem espaço para a finalização, o nadador corre o risco de ferir-se. 42 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual Nado Borboleta O nado borboleta é o que apresenta mais dificuldade para a ação do tapper. O nadador deve ser tocado na cabeça na fase final da braçada, antes que seus braços tenham iniciado a fase de recuperação. Para evitar ferimentos, o tapper deve permitir espaço e tempo para os braços retornarem e estenderem-se na direção da parede. Um tapper experiente pode tocar na mão quando esta está na fase de recuperação da braçada, contudo não há margem para erro. Novamente, se o toque for incorreto, o tapper deve imediatamente colocar a almofada entre a parede e a cabeça do nadador, protegendo seu aluno de ferimentos no rosto. Técnica de Chegada A técnica de chegada do nadador cego ou deficiente visual não se difere em nada da utilizada pelos nadadores sem problemas visuais. Os procedimentos empregados nas viradas são os mesmos para os nados peito e borboleta. Já os nadadores de crawl e costas devem ser tocados com maior proximidade. 43 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Técnica de Chegada e Virada sem o uso do Tapping A utilização do tapper de forma constante durante os treinamentos é algo muito improvável de acontecer, pois demandaria uma quantidade muito grande de auxiliares. Para evitar acidentes e não trazer prejuízos na execução da técnica de virada e chegada dos nadadores com cegueira e deficiência visual, é necessário recorrer a algumas estratégias: protetores acolchoados nas bordas da piscina; uso de elásticos ou extensores; contagem de braçadas; toque com os dedos na parede da piscina facilitando a informação do espaço de virada; uso de jatos de água. Estas estratégias devem ser incorporadas pelo atleta e cobradas pelo treinador durante os treinamentos. 44 Natação para Pessoas com Cegueira e Deficiência Visual Técnica de Orientação durante o Nado Para uma boa organização dos treinamentos e um melhor rendimento nas competições, os nadadores cegos devem ser orientados a nadar utilizando-se das raias, isto servirá para uma melhor orientação e direcionamento do nado. Contudo, devem evitar o contato excessivo com as bóias, o que causaria um aumento do atrito, conseqüentemente perda de velocidade. O atleta deve evitar nadar de uma raia a outra, pois estas trocas aumentam significativamente a distância e o tempo do nadador. Os nadadores que possuam resíduo visual devem orientar-se pelas linhas e por outras pistas visuais que sejam acessíveis a eles. Técnica de Nado No programa de treinamento dos nadadores cegos e deficientes visuais, os exercícios educativos, formativos e corretivos devem compor grande percentual do trabalho desenvolvido, pois a incapacidade da visão acarreta grandes prejuízos à técnica de nado. 45 Manual de Orientação para Professores de Educação Física 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J. J. G. de. Estratégias para a aprendizagem esportiva: uma abordagem pedagógica da atividade motora para cegos e deficientes visuais. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 1995. ARAÚJO, P. F. Desporto adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade. 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A natação, o cego e o deficiente visual: a inclusão e suas implicações no desporto de rendimento. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 2003. MATTOS, E. Classificação, você sabe o que é isso? Brasil Paraolímpico. Rio de Janeiro. Ano 1, n. 3, p. 19, Julho/Agosto, 1998. MELLO, M.T. de. Paraolimpíadas Sydney 2000: avaliação e prescrição do treinamento dos atletas brasileiros. São Paulo: Atheneu, 2002. MAZARINI, C. A criança portadora de deficiência visual e a alegria de aprender a nadar. 1. ed. São Paulo: Santos, 2006. Natação para Pessoas Portadoras de Deficiência Visual, Manual do Instrutor. CETEFE. SD. 1 Vídeo, son., color. Reglamento de Natación. IBSA. 2005-2009. Swimming Rules. IPC Swimming. 2005-2008. TOLMATCHEV, R. A classificação desportiva dos cegos e deficientes visuais: possibilidades e limites. Brasil Paraolímpico. Rio de Janeiro. Ano1, n. 5, p. 19, novembro, 1998. WINNICK, J.P. Educação física e esportes adaptados. 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