2007/2008: O Virar da Página - Escola Superior de Educação do

Transcrição

2007/2008: O Virar da Página - Escola Superior de Educação do
Nº 3
Junho de 2008
Edição bimensal
2007/2008: O Virar da Página
Foto: Denise Peleteiro
Boccia para Todos!
Objectivos de Desenvolvi-
Frente a Frente: a praxe
Mais uma iniciativa de
mento do Milénio.
na ESE em discussão.
inclusão.
Sabe mais sobre este
pg. 5
desafio!
pg.6
pgs. 10 e 11
EDITORIAL
EDITORIAL
2
A publicação Note-se é uma iniciativa do Centro de Recursos em
Conhecimento da Escola Superior de Educação do Porto e do
Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação,
e conta com o apoio do Conselho Directivo da ESE/PP.
NOTE-SE: para valorizar as dinâmicas
académicas
A vida no ensino superior pode constituir, para toda a comunidade académica e não apenas para os alunos, um tempo e um espaço fantástico de
aprendizagem. É uma oportunidade, que não devemos desperdiçar, para
consolidarmos saberes, atitudes e valores, desenvolvendo competências
que nos são fundamentais em termos de empregabilidade, mas sobretudo
de cidadania. Em toda a nossa vida temos que ser capazes de enlaçar
aprendizagem e labor científicos e técnicos, práticas de fruição e criação
culturais e exercício de cidadania, no quadro de um processo permanente
de formação pessoal e social.
O tempo vivido no ensino superior tem que ser encarado por todos nós
como um ensejo para vivermos tudo isto, um espaço em que se fortalecem
hábitos e convicções que nos acompanharão toda a vida. Ser estudante no
ensino superior – como professor ou outro funcionário - é, neste sentido,
uma imensa possibilidade, o que não significa que seja um tempo fácil: é um
“ofício” em que tem de haver o prazer e o convívio enriquecedor, mas que
exige também trabalho, rigor e uma curiosidade sempre insaciável.
Temos pois que multiplicar os motivos e os modos de nos associarmos e
de nos implicarmos na vida académica. Todos nós podemos contribuir para
a construção de espaços mais ou menos formais de diálogo, de trabalho e
de criação. E sempre que isso aconteça, sabemos que podemos contar com
mais esta plataforma de comunicação interna e externa. O que, NOTE-SE,
é evidentemente imprescindível!
por Luís Rothes
O conteúdo de cada artigo é da responsabilidade dos seus
signatários ou responsáveis pelos órgãos.
NOTÍCIAS
3
Workshop NAID
O Núcleo de Apoio à Inclusão
Digital realizou, no passado dia 16
de Abril, um workshop temático
direccionado para pessoas com deficiência visual sobre as potencialidades do software Supernova e da
máquina Braille eléctrica Mountbatten, conjuntamente com a Electrosertec, empresa importadora oficial
destes produtos em Portugal.
Nova versão do
Supernova, programa
que permite fazer a
ampliação e leitura de
ecrã
O workshop realizou-se na sala de exposições
da ESE durante todo o dia e contou com a presença de cerca de meia centena de pessoas que,
na primeira parte do evento, tomaram conhecimento da nova versão do Supernova, programa
que permite fazer a ampliação e leitura de ecrã,
além de permitir o acesso a Braille com a utilização de um terminal próprio.
Mountbatten, uma máquina
eléctrica de Braille
Na segunda parte, os participantes tiveram
também oportunidade de experimentar a
nova Mountbatten, uma máquina eléctrica de
Braille muito sofisticada que permite escrever,
imprimir e realizar trocas de ficheiros com o
computador. Foram também reveladas as po-
tencialidades da Mountbatten com
a utilização do Mimic, aparelho
que permite acompanhar “a negro” (em escrita normal) o que
o utilizador da Mountbatten está
a escrever em Braille, em tempo
real ou numa fase posterior.
Foram salientadas as potencialidades deste tipo de tecnologias
de apoio nos mais diversos contextos em que as pessoas cegas
ou amblíopes se movimentam,
com especial relevo para a sua
utilização nas Escolas, onde os
alunos com estas características
se debatem muitas vezes com
dificuldades de comunicação que,
em geral, se traduzem em insucesso escolar.
Os participantes deram, no final, um feedback
muito positivo dos resultados deste workshop,
quer em termos de organização, quer no que
respeita à relevância da informação transmitida,
ecos que fazem com que o NAID se sinta
cada vez mais motivado no seu trabalho pela
inclusão digital de pessoas com necessidades
especiais.
por Jorge Leite e Rui Teles
Queima das Fitas 2008
As festividades foram longas e
variadas, tendo havido actividades
e acontecimentos para todos os
gostos. A abrir as solenidades
tivemos a tradicional Serenata,
seguindo-se a missa da Bênção das
Pastas, que encheu a Avenida dos
Aliados, a Imposição de Insígnias,
que levou às instituições de ensino
superior estudantes, amigos e
familiares para testemunharem
esta cerimónia solene.
A Queima das Fitas 2008 fez mais uma vez parte
das agendas e da vida da cidade do Porto na
primeira semana do mês de Maio!
Este evento, cujo início no Porto está associado
à Faculdade de Medicina da UP, já desde 1920,
tem vindo a crescer e a marcar de forma cada
vez mais evidente a presença da comunidade
estudantil na cidade, sendo actualmente considerado por muitos a segunda maior festa da
Invicta – sendo que a primeira continua a ser o
tradicional S. João!
As Noites da
Queima foram
indubitavelmente as
mais mediatizadas
ticas tão próprias, marcadas sempre por muitos
espectáculos musicais, animação, diversão, cor,
alegria e por vezes também alguns excessos.
A componente de crítica social, económica e
política que tem estado sempre associada a
este evento ao longo dos anos também não foi
esquecida, marcando de forma mais ou menos
evidente todas as actividades inseridas neste
grandioso acontecimento.
Os estudantes da Escola Superior de Educação
do Porto marcaram também presença nesta
celebração nas diversas actividades, pautando
a sua presença pela animação e convívio salutar
entre colegas da ESEP e de outras
instituições.
A festa continuou pela semana fora, com outros
eventos, destacando-se o Cortejo, na terçafeira, que encheu as ruas da Baixa da cidade
para ver passar os estudantes, o Encontro de
Tunas Académicas, a Garraiada, entre outros.
As Noites da Queima foram indubitavelmente
as mais mediatizadas, devido às suas caracteríspor Teresa Martins
NOTÍCIAS
4
O Gabinete de Relações Internacionais – Actividades: Janeiro a
Maio de 2008
na organização dos respectivos
projectos.
Neste momento, o GRI está aberto
ao esclarecimento de dúvidas aos
colegas que desejem organizar
projectos no início do ano lectivo
2008/2009, dispondo para o efeito
de uma sinopse das respectivas
modalidades de candidatura europeias. A colaboração de todos
é fundamental para a prossecução
do objectivo estratégico de internacionalização da ESE nos anos
vindouros! Contamos convosco!
Desde o início de 2008, um dos objectivos
fundamentais do Gabinete de Relações Internacionais tem sido incentivar e apoiar o
lançamento e participação dos docentes da ESE
em projectos internacionais.
O GRI apresentou, durante
os meses de Fevereiro e
Março, quatro candidaturas
de projectos a programas
internacionais
Neste âmbito, o GRI apresentou, durante os
meses de Fevereiro e Março, quatro candidaturas de projectos a programas internacionais,
sendo estes:
1."HRM in VET: Attractiveness of Teaching
Professions", um projecto Leonardo Da Vinci,
coordenado pelo European Educative Projects,
Holanda. A ESE é parceira neste projecto, pela
coordenação do Dr. Rui Ferreira;
2."IP COMPASS – Comparison and Assessment: Quality in Primary Education in Europe”,
um Programa Intensivo Erasmus, coordenado
pela Hogeschool Utrecht, da Holanda. A ESEIPP é parceira neste projecto na pessoa da
Dra. Isabel Pereira Pinto e, apesar de ser coordenado pela Hogeschool Utrecht, o projecto
irá decorrer no Porto;
3."IP Millennium Development Goals (MDG):
Reproductive Health, a measure of equity.
Portugal is commited...what about you?", um
Programa Intensivo Erasmus, em que a ESEIPP é líder, pela coordenação da Dra. Carla
Serrão;
4."SMILE – Sign, Meaning and Identification:
(deaf) Learners in Europe”, um projecto
Comenius em que a ESE também é líder, pela
coordenação da Dra. Isabel Pereira Pinto e da
Dra. Susana Barbosa.
Está previsto pela Agência Executiva de Bruxelas que os resultados destas candidaturas
sejam publicados em meados de Junho/Julho.
Vamos torcer para que a ESE seja escolhida!
Gostaríamos de agradecer aos docentes acima
mencionados pelo esforço e colaboração
O GRI consolidou a
rede de escolas parceiras
estabelecidas no âmbito LLP/
Erasmus
Além destas candidaturas, o GRI também
consolidou a rede de parceiras estabelecidas
no âmbito LLP/Erasmus, estreitando assim as
relações existentes com outras universidades
estrangeiras.
Assim sendo, desde Janeiro até Maio, a ESE
contou com a visita de 13 professores de
universidades estrangeiras, de diversas áreas,
através da Mobilidade Erasmus de Docentes
(Teaching Mobility). Eis os docentes que nos
visitaram:
1.Em Janeiro, os professores Frøydis Hausmann
e Torbjørn Lundhaug (área de Educação Física)
da Universidade de Bergen, Noruega;
2.Em Fevereiro, a professora Montserrat Vargas (área de Matemática) da Universidade de
Cádiz, Espanha;
3.Em Abril, a professora Tiina Selke (área de
Educação Musical) da Universidade de Tallinn,
Estónia; os professores Paul Helmes e Maartje
Kniest (área de Educação Musical) da Universidade de Nijmegen, Holanda; os professores
Wojtech Bajorek, Anna Niziol, Marian Rezpko
e Pawel Król (área de Educação Física) da Universidade de Rzeszowski, Polónia e o professor
Robert Habich (área de Língua e Literatura
Inglesa) da Ball State University dos Estados
Unidos da América;
4.Em Maio, os professores Albin Waid e
Wilfried Scharf (área de Educação Musical) da
Universidade de Linz, Áustria.
Os docentes responsáveis por organizar o
programa de trabalho dos professores que
recebemos na ESE foram:
-Dr. Tiago Pereira, Dr. Miguel Nascimento
e Dr. António Cardoso (área de Educação
Física);
-Dra. Dárida Fernandes (área de Matemática);
-Dra. Graça Palheiros e Dr. Francisco Monteiro
(área de Educação Musical);
-Dra. Cristina Pinto (área de Estudos Franceses
e Ingleses).
Gostaríamos de agradecer a todos os docentes
da ESE que se prontificaram a organizar a visita
destes professores estrangeiros e os demais
envolvidos, que os acolheram com tanta simpatia e eficácia.
Durante o mês de Abril, a ESE teve ainda a
oportunidade de participar na Conferência
Anual da ETEN (European Teacher Education
Network), que este ano se realizou em Liverpool, Reino Unido, nos dias 23 a 27.
Os representantes da ESE nesta conferência
foram o Presidente da Escola, o Dr. Rui Ferreira e as docentes Dra. Dárida Fernandes, Dra.
Edite Orange, Dra. Cristina Pinto e Dra. Inês
Pinho, que apresentaram uma comunicação
nos TIGs “Mathematics Education”, “Myths and
Fairytales” e “Internationalisation”,
respectivamente.
por Inês Pinho
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NOTÍCIAS
Iniciativa Inédita do Politécnico do Porto
Sete Dias dedicados ao Corpo e à Mente
Palestras, workshops, SPA Emocional, relaxamento, passeios pedestres, demonstrações de
actividades desportivas e um Sarau Cultural
preencheram, entre os dias 12 e 19 de Abril,
o programa da I Semana Saúde e Bem-Estar do
Politécnico do Porto. Esta iniciativa, resultado
da colaboração entre o Gabinete do Estudante,
o Gabinete de Desporto e as Associações de
Estudantes das Escolas do Politécnico do Porto,
pretendeu promover estilos de vida mais saudáveis
e comportamentos preventivos na comunidade do
Politécnico do Porto. Durante sete dias foram realizadas actividades que contemplaram as diversas
áreas do bem-estar: saúde mental e emocional;
controlo de stress; nutrição saudável; sexualidade;
saúde ambiental; actividade física.
Actividade com maior
visibilidade e afluência de
participantes: rastreios
gratuitos
A actividade com maior visibilidade e afluência
de participantes foi a realização de rastreios inteiramente gratuitos, decorridos nas Escolas do
Politécnico, e que incluíram a avaliação de alguns
parâmetros - peso, altura, composição corporal,
perímetro de cintura, tensão arterial, colesterol
e glicemia – e consequente aconselhamento. Esta
acção concretizou-se com a indispensável cooperação dos estudantes voluntários, internos e
externos, ao Politécnico do Porto. A Associação
Portuguesa de Asmáticos esteve presente na
ESE/IPP, onde realizou rastreios relacionados
com a função respiratória. No total, mais de 400
estudantes tiveram a oportunidade de fazer uma
avaliação genérica das suas condições de saúde.
De salientar o convívio da manhã do dia 12 de
Abril, com a realização do city-pedal que contou
com a participação de estudantes e funcionários
que pedalaram num percurso iniciado nos Serviços
Centrais em direcção ao Parque da Cidade
onde foi realizado um pic-nic, e ainda do dia de
sexta-feira, 18 de Abril, com os simpatizantes
da natureza a completarem um autocarro com
destino à Aldeia de Póvoa Dão, em Viseu, onde
puderam realizar diversas actividades como slide,
teia de cordas, tiro ao arco, karaoke, orientação
nocturna, jogos de paintball, entre outras.
A I Semana Saúde e Bem-Estar do Politécnico
do Porto teve o apoio da Unidade Móvel do
Projecto Ambulatório de Saúde Oral e Pública
da Universidade Fernando Pessoa, Nestlé, Bicafé,
Farmácia Silveira, Laboratórios Menarini e Alter,
Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade
do Porto e da Escola Superior de Tecnologias da
Saúde do Porto.
A avaliação do evento revelou indicadores muito
positivos, encontrando-se já em estudo a viabilidade de uma segunda edição.
por Gabinete do Estudante do IPP
Boccia para todos
No âmbito da filosofia inclusiva do Centro de
Recursos em Conhecimento (CRC) realizouse, no passado dia 4 de Junho, um dia dedicado
ao desporto adaptado, nomeadamente ao
Boccia. O Boccia é uma prática desportiva que
surgiu em 1983 e foi inserido nos paralímpicos no ano seguinte. Inicialmente, definiu-se
como uma prática desportiva orientada para
indivíduos com deficiência neuromotora, na
sua maioria portadores de paralisia cerebral.
O jogo, que pode ser jogado em equipas, pares
ou individualmente, permite, através de um
momento lúdico-recreativo ou em situação
de competição, o «treino» das capacidades
neuro-motoras dos seus jogadores. A riqueza
deste desporto é visível no desenvolvimento
de pessoas portadoras de deficiência e também
naquelas cujas faculdades e destrezas físicas
sofreram algum declínio, como por exemplo a
população idosa. Assim, desde 1990, o Boccia
ampliou o espectro da população participante
aos idosos, sendo que a partir de 2000 o Boccia
Sénior ganhou visibilidade através da participação em torneios, encontros regulares e formação de equipas – apenas para maiores de 60! Na
iniciativa do CRC intitulada Boccia para Todos,
participaram três equipas, duas delas com
jogadores portadores de paralisia cerebral e
uma equipa sénior. Durante o dia, os jogadores
praticaram o Boccia no ginásio da ESE, perante
uma assistência estudantil bastante envolvida e
atenta. Através de vários jogos/demonstrações
e da própria experimentação desta prática
desportiva, os cerca de 40 estudantes que participaram neste evento conheceram o Boccia e
tiveram oportunidade de contactar com alguns
praticantes da modalidade.
No final do dia, assistiu-se à apresentação
teórica do Boccia realizada pela aluna de Educação Social Inês Braga, ela própria portadora
de paralisia cerebral e jogadora de Boccia.
Ao CRC resta agradecer a todos os participantes: comunidade da ESE, jogadores, auxiliares e treinadores da Associação do Porto de
Paralisia Cerebral, do Estrela Vigorosa Sport e
da Casa das Glicínias.
por Ana Fernandes
Aventur’Arte
Nos dias 28 e 29 de Maio desenvolveu-se o projecto Aventur´Arte, organizado pelos alunos do
4º ano de Educação de Infância nas instalações
da Escola Superior de Educação do Porto.
Através do presente projecto, aberto à comunidade educativa alargada, procurámos
promover uma educação pelo lúdico que
potenciasse o desenvolvimento da auto-estima
e da socialização alargada das crianças e das
equipas educativas. Apostámos na exploração
de um novo contexto através da aventura, onde
privilegiámos a criança enquanto sujeito activo
na comunidade. Nesse sentido, e explicitando
o trabalho desenvolvido na formação de Educadores, o projecto organizou-se em diversos
ateliês (Expressões Motora, Plástica, Musical
e Dramática e Conhecimento do Mundo) a
explorar pelas crianças dos vários centros de
estágio, no âmbito da prática pedagógica do
referido curso.
A partir do feedback imediato por parte das
crianças e equipas educativas, podemos inferir do sucesso do conjunto de actividades
propostas.
Alguns dos índices em que nos baseamos
referem-se ao empenhamento que reflectiu a
motivação das crianças, bem como o envolvimento numa lógica de cooperação por parte
das educadores e auxiliares da acção educativa.
Procederemos, num futuro próximo, à avaliação do projecto com base na reflexão escrita
dos diversos intervenientes, tendo em vista a
melhoria na organização e na dinamização do
projecto.
É de salientar que este projecto envolveu a colaboração de outros cursos, nomeadamente de
alguns alunos do curso de Educação Física dos
1º, 3º e 4º anos, dos 2º e 3º anos de Educação
de Infância, de TCAV e Educação Social e de
alguns elementos do pessoal docente e não
docente da ESEP. Agradecemos todo o apoio
prestado pelos diversos colaboradores. Gostaríamos de reforçar a importância da colaboração nas dinâmicas da ESEP e da potencialidade
da cooperação por parte da globalidade da
comunidade educativa nas próximas edições
do Aventur’Arte.
por 4º ano de Educação de Infânciae
6
(do Lat. agora < Gr. agorá, praça pública)
ÁGORA
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015
Objectivos… Desenvolvimento… Milénio… Termos que facilmente definimos, mais ou menos objectivamente, no nosso quotidiano. Mas será que
os reconhecemos quando se edificam num mesmo conceito?
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, foi o nome determinado pelos
Estados Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas num encontro
em Nova Iorque no ano de 2000, para designar as metas/desafios que todos,
numa perspectiva de cooperação, devem tentar alcançar. Porque o mundo é
de todos nós, Estados, países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento,
organizações, ou simples cidadãos devemo-nos organizar de modo a lutar
contra a pobreza, a iliteracia, a violência, as desigualdades e a degradação
ambiental promovendo a educação, as condições de acesso à higiene, saúde
e água potável. Posto isto, entre outros compromissos, na Declaração
das Nações Unidas positivada então, estão congratulados 8 Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio a serem cumpridos até 2015:
Portugal comprometeu-se a assumir uma postura activa neste projecto global.
Assim, têm-se desenvolvido diversas iniciativas no nosso país, desde a formação de «agentes ODM» – jovens motivados para participar em acções de
promoção dos ODM –, a projectos sociais organizados por instituições ou
cidadãos envolvidos, e ainda ajuda pública para o desenvolvimento através da
doação de uma percentagem do Rendimento Nacional Bruto.
Muito mais há a fazer, e, tal como explicitam os banners das campanhas ODM:
Sozinhos pouco podemos, mas Juntos mudamos o mundo!
por Ana Fernandes
D’ESEnvolvimento
A Escola Superior de Educação do Porto é uma instituição empenhada
na promoção, e acima de tudo na contribuição para a concretização dos
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Por este motivo têm vindo
a acontecer algumas actividades neste âmbito, podendo-se destacar nos
passados dias 19 a 21 de Maio de 2008 o Ciclo de Formações D’ ESEnvolvimento, promovido pelo Gabinete de Educação para o Desenvolvimento
e Cooperação. O Dia Mundial para a Diversidade Cultural, pelo Diálogo
e Desenvolvimento – dia 21 de Maio – foi o mote para a realização deste
evento.
As formações inseridas neste Ciclo foram asseguradas por instituições
nossas parceiras, como o ACIDI - Alto Comissariado para a Imigração
e Diálogo Intercultural, IP - Educação Intercultural (Sensibilização para
o Diálogo Intercultural); a Rede Nacional de Consumo Responsável Consumo(s) e Desenvolvimento; a Fundação Gonçalo da Silveira – Os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio; o ISU Gaia - Voluntariado
e Desenvolvimento ; e a Inducar - O Potencial da Educação Não-formal
para o Diálogo, Mudança e Desenvolvimento.
Nestes dias decorreu também no Átrio junto ao Auditório uma mostra
e venda de produtos alimentares e artesanato do Comércio Justo, aqui
representado pela Associação Reviravolta. Os princípios deste movimento
estão também intimamente relacionados com alguns pressupostos do Desenvolvimento Sustentável: a promoção de trocas comerciais mais justas; a
protecção e o respeito pelo trabalho e pela garantia de condições de vida
dignas dos produtores (maioritariamente residentes nos chamados países
em vias de desenvolvimento); e a defesa e promoção de práticas agrícolas
e de manufactura ecologicamente sustentáveis. Para esta mostra/venda, o
GEDC contou com a parceria com a Associação Reviravolta e, acima de
tudo, contámos com a adesão da nossa comunidade educativa.
Obrigada a todos os que quiseram e puderam envolver-se nas várias iniciativas que vos propusemos nestes dias, apesar da escassez de tempo que
esta etapa do ano lectivo impõe. Aos que não puderam estar connosco,
prometemos que haverão mais oportunidades!
por GEDC
TRIP fora de portas, mundo
adentro
Escrevemos esta notícia com um convite – convite a partilharem connosco
as experiências da mais desafiante aventura em que o TRIP jamais embarcou! Imaginem que o teatro é dança, que os dançarinos são actores e que
dançamos a 9 vozes. Que A Menina dos Fósforos se passeia entre a ESE e
o pavilhão do Estrela Vigorosa Sport, que os corpos que lhe dão vida(s) se
unem nas suas diferenças quando sonham, que o palco dos sonhos se enche
de sons e silêncios, luz e sombras, vozes e movimentos. E venham ver como
fazemos acontecer!
Nos dias 7 e 8 de Julho, na ESE, o TRIP e a Secção de Desporto Adaptado
do Estrela Vigorosa Sport apresentam uma outra Menina dos Fósforos, que
a partir do conto de Hans Christian Andersen e de textos de Gonçalo M.
Tavares, pela mão do Manuel Neiva e do Paulo Magalhães, ganha vozes de
bailarinos e corpos de actores. E enche-nos a alma do mundo sonhado em
que queremos viver!
por Liliana Lopes
ÁGORA
NOTE-SE75
B.I.: Serviços e Colaboradores da ESE
Designação: Serviço de Auxiliares e Manutenção
Funções do serviço:
> Serviços externos;
> Serviços internos;
> Supervisão da limpeza;
> Correios.
Quem compõe o serviço:
> Maria Emília Fonseca da Rocha Benídio – Auxiliar de manutenção.
Comentário pessoal:
Tenho 23 anos de serviço cá na ESE. Já estive como funcionária de limpeza e agora estou com o serviço de auxiliar administrativa.
Gosto de trabalhar aqui. Gosto dos professores, dos colegas e dos alunos.
Fico feliz quando encontro os alunos que já cá estiveram, só tenho que dizer bem deles.
Espero que a Escola continue a progredir.
Designação: Serviço de Atendimento Telefónico
Funções do serviço:
> Atendimento telefónico;
> Informações;
> Consultar a Intranet da escola;
> Marcação de reuniões;
> Atendimento ao público.
Funcionários do serviço:
> Maria da Conceição Saraiva Rodrigues Freitas – telefonista;
> Rui Fernando Melo – Técnico profissional principal.
Comentários pessoais:
Maria da Conceição Saraiva Rodrigues Freitas:
Fui a primeira funcionária desta escola. Faço 26 anos de serviço na ESE em Outubro.
No início trabalhei na secretaria uns 3 anos e depois vim para o telefone. Gosto do serviço que faço, apesar de ser bastante cansativo.
Atendo as pessoas com educação e não respondo mal às pessoas quando são desagradáveis. Tento estar com tom agradável a falar com as pessoas e
cumpro sempre com as minhas obrigações.
Rui Fernando Melo:
Estou cá há 20 anos. Quando vim para cá estive a trabalhar num Gabinete de Educação Especial (Centec) em que dava apoio em termos de “Optacon”
(aparelho que possibilitava aos cegos ler a negro através do tacto).
Depois passamos para as novas tecnologias e passei a dar apoio ao trabalho com computadores, trabalhando com uma colega normovisual.
Desde 2000 vim para este serviço e de há um ano a esta parte tenho estado também no NAID.
Tenho facilidade em me adaptar a qualquer coisa e estou sempre disponível para ajudar dentro das minhas possibilidades. Tento sempre ser o mais correcto possível e dar o meu melhor.
Dou-me bem com toda a gente, gosto de ajudar e ser prestável a todos.
8
ÁGORA
Designação: Biblioteca
Sobre o Serviço:
Criada em 1986 e reorganizada em 1989 a Biblioteca da Escola Superior de Educação do Porto, integrou a biblioteca da antiga Escola do Magistério
Primário de Penafiel e o ex-Centro de Documentação do Magistério Primário do Porto. Rege-se pelo "Regulamento de Consulta/Leitura - Despacho IPP/
PR-013/2001, de 1 de Fevereiro".
Funcionárias do serviço:
> Delfina Jagundo
> Rosário Dominguez
> Mónica Laureano
Comentários pessoais:
Delfina Jagundo:
Estou na ESE desde 1991. Colaborei no Projecto “Oficina de Formação e Interacção Cultural para uma Escola Europeia”. Quando este projecto, subsidiado
pela Fundação Calouste Gulbenkian, terminou em 1993, passei para o Gabinete de Formação Contínua e para o secretariado do CIP.
De Dezembro de 1996 a 1998 fiz o secretariado do Conselho Científico. No ano lectivo de 1997/1998 frequentei o Curso de Técnicos Adjuntos de
Biblioteca e Documentação e fiz na Biblioteca da ESE o estágio do curso. No final deste curso fui contratada para os serviços da biblioteca e aí permaneço
até hoje. Continuo, no entanto, e com muito gosto, a fazer o secretariado do CIP (uma manhã por semana)!
As minhas funções na Biblioteca, resumidamente, são as seguintes: serviço de leitura (acolhimento e apoio, a alunos, professores e outros utentes da biblioteca, através do empréstimo domiciliário e local, através de pesquisas ou de outras informações pedidas pelos utentes); manutenção da sala de leitura
de forma a facilitar o acesso rápido aos documentos; catalogação retrospectiva; elaboração das estatísticas do serviço de leitura; pequenos restauros.
Rosário Dominguez:
Comecei a trabalhar na ESE em Novembro de 1985. Primeiro estive no telefone e depois na reprografia e só depois vim para a biblioteca, que começou
a funcionar em 1986 nas actuais salas 1, 2, 3, e 4. Quando a Biblioteca abriu tínhamos poucos livros, mas o facto de estarmos dentro do edifício da ESE
proporcionava um melhor e maior contacto com alunos e docentes. Apesar de a actual biblioteca ser relativamente perto, nos primeiros anos de mudança
notou-se uma menor afluência. Contudo, eu penso que a ESE só beneficiou com essa mudança porque se passou também a ter disponível o espaço da
Biblioteca Central e as salas de estudo. Para além disso, os alunos podem também usufruir das salas de Multimédia para fazerem os seus trabalhos.
Actualmente como faço a catalogação do material da biblioteca não tenho tanto contacto com as pessoas desta Escola. No entanto, e com muita tristeza
minha, já deu para notar que o ambiente “família” que tínhamos já não existe.
por Teresa Martins
CIPEM organiza Seminário da Comissão de Investigação da
ISME
De 13 a 18 de Julho, terá lugar na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do
Porto, um Seminário de Investigação em Educação Musical organizado pelo CIPEM – Centro
de Investigação em Psicologia da Música e Educação Musical. A ISME – International Society
of Music Education, realiza uma conferência
mundial, de dois em dois anos, em diferentes
países, já tendo sido realizada em cada um
dos cinco continentes. Como já é tradição, na
semana que precede a conferência mundial,
realiza-se um seminário de investigação noutro
país. Este ano a conferência decorrerá em Bolonha, Itália e o seminário de investigação no
Porto, na ESE-IPP.
O formato deste seminário inclui a participação de 27 especialistas de origem geográfica
diversificada e também inclui a presença de
vários observadores. Neste seminário, o olhar
do observador será guiado progressivamente
através de elucidativas apresentações, feitas
por investigadores experientes mas também
por novos investigadores.
Os temas em debate formarão uma complexa
teia de conhecimentos e perspectivas sobre os
vários pontos da investigação em educação musical. Serão versados vários conteúdos relacionados com: educação musical; aprendizagem e
ensino instrumental e relação da neurociência e
das funções cognitivas com a educação musical.
Todas as comunicações serão seguidas de debate em plenário e de discussões aprofundadas
em pequenos grupos, pretendendo-se criar um
espaço reflexivo para que seja possível conjugar
de forma transversal os conceitos de música,
inovação, ensino, desenvolvimento cognitivo,
aprendizagem e pedagogias musicais.
A Sociedade Internacional para a Educação
Musical (ISME) é resultado de uma conferência
da UNESCO. Remonta a 1952, quando ao longo
dessa conferência um grupo de especialistas resolveu seguir o objectivo de incluir a Educação
Musical na educação em geral. Actualmente, a
ISME está representada em mais de 70 países
e é uma rede mundial de educadores musicais, de todos os graus de ensino, estudantes
e musicoterapeutas. O pressuposto da ISME
respeita todas as culturas e acredita que todos
os indivíduos têm o direito a receber educação
musical. Através do debate sustentado dos
resultados das várias investigações, procuramse as âncoras e os pontos de referência que
façam vigorar os saberes que emergem destes
espaços de reflexão.
por Liliana Abreu, Bolseira de Investigação do CIPEM
NOTE-SE95
VOX POPULI
Mais uma vez, e sob a filosofia da inclusão social e digital, o CRC prestou apoio ao desenvolvimento do sub-projecto das alunas de Educação Social a estagiar no Programa Viva +, da Legião da Boa Vontade. O sub-projecto visava recordar as competências pessoais de TIC das
idosas participantes, uma vez que já haviam desenvolvido tais competências nos dois anos precedentes ao presente, com outros grupos
de estágio, no NAID. Desta feita, em grupos de dois elementos, as idosas redigiram pequenos textos onde expressaram a avaliação das
acções levadas a cabo nos dois dias que estiveram na ESEP. Ipsis verbis:
D.ª Maria Emília Barbosa Pinto ficou muito
emocionada com todas as actividades em
que participou. Nunca teve oportunidade
de estudar quando criança e para ela tudo
isto foi uma novidade muito boa.Gostou
muito da forma como foi tratada na Escola
Superior de Educação e do respeito e
carinho que lhe dispensaram. Gostou também da aula de ginástica que nunca tinha
tido oportunidade de praticar e aprendeu
rapidamente para poder continuar a fazer
os exercícios em casa. Ficou muito emocionada com o grupo de estudantes que
foram cantar em conjunto com as Seniores
do Programa Viva+ porque se lembrou do
tempo em que esteve internada no Hospital de São João e eram os estudantes, que
iam cantar para os doentes oncológicos,
que alegravam os seus dias.
A D.ª Balbina gostou muito de todas as actividades, sobretudo da aula de informática.
Gosta muito de participar no Programa
Viva + da Legião da Boa Vontade através
do qual tem tido oportunidade de obter
conhecimentos e visitar locais que de
outro modo não poderia ter feito. Ambas
tiveram uma actividade de canto e música
com alunas da Escola Superior de Educação
e outros trabalhos manuais. Vão continuar
com aulas de informática na Legião da Boa
Vontade no Programa Viva +.
Gostaram muito de todas as actividades
e agradecem todas as oportunidades de
aprender que têm tido e assim como
todo o carinho dos estudantes da Escola
Superior de Educação, das suas colegas
do Programa Viva+ e das Monitoras do
Programa Viva+.
Os idosos do programa Viva+ da L.B.V.
vieram à Escola Superior de Educação do
Porto fazer várias actividades.
Fizemos uma visita pela escola, fomos convidar a turma a visitar a nossa exposição,
estivemos a fazer alguns trabalhos manuais
e a ensinar os alunos que nos visitaram,
fomos ainda participar numa aula de música
que gostamos muito porque dançamos,
cantamos e tocamos instrumentos.
No segundo dia tivemos actuação da
Cantuna que adoramos muito, pusemos
as capas e fizemos o curso em cinco
minutos!
Agradecemos ás nossas queridas doutoras
Susana e Sofia, ás nossas meninas estagiárias Cristiana e Pamela e a toda a escola
muito obrigada.
por Maria Berta e Maria Rosa
Nós somos um grupo do programa Viva+
e estivemos dois dias na ESE.
As estagiárias arranjaram-nos autorização
para vir fazer uma exposição nesta escola.
Estamos a gostar deste convívio, gostamos
muito da aula de música. Tivemos ginástica
e recordamos os computadores que já passamos por aqui há 2 anos. Deu-nos muita
alegria e fomos muito bem recebidas por
todos, principalmente pelas Doutoras e
estagiárias que nos deram muita atenção.
Gostaríamos muito que acontecesse mais
vezes.
Então por isto agradecemos as estagiárias que nos tem ajudado muito. Até à
próxima.
Estou muito contente
Por estes 2 dias de alegria
Chamo-me Laura Mendes
E a minha colega Maria
por Laura Mendes e Maria
por Maria Emília Barbosa Pinto
Maria Balbina Ramos
Redigido por Isabel Silva
(Voluntária do Programa Viva +)
por Ana Fernandes
Convite aos leitores: Este espaço é vosso! Enviem os vossos textos para o endereço de e-mail [email protected]
DUAS DE LETRA
10
A Praxe na ESE em discussão
Frente a Frente: dois reversos da mesma medalha
Maio, mês de tradições académicas:
cortejo, queima, benção das pastas...
Simbolismos que para muitos têm
elevada importância e, para outros,
representam opressão de liberdades
individuais.
O Note-se quis saber o que ambas
as partes pensam...Dois reversos da
mesma medalha: a medalha da integração no ensino superior.
Catarina: Tu não aderiste à praxe quando
entraste na ESE. Há algum motivo que justifique
essa opção?
Levou-me a ponderar se o
sentido da praxe seria mesmo
a integração (...) ou se seria
mais uma questão de poder
(Vítor)
Vítor: Tenho vários, mas se calhar o principal
motivo é o facto de antes de entrar na ESE já
tinha estado noutra faculdade e lá aderi à praxe.
A determinada altura, mais concretamente no
julgamento, aconteceu uma situação que me
levou a ponderar se o sentido da praxe seria
mesmo a integração, a questão das pessoas
se conhecerem e se darem a conhecer, ou se
seria mais uma questão de poder, ou seja, de
se poder exercer poder sobre outras pessoas
que não tinham grande conhecimento do que
era o meio académico. Assim, quando vim para
a ESE, achei que não valeria a pena estar na
praxe e por isso é que não aderi.
Catarina: E na altura como é que reagiste à
situação que te aconteceu e que não estava de
acordo com as tuas expectativas, com aquilo
que achavas que devia ser a praxe?
Vítor: Eu posso até explicar como foi a
situação: na faculdade em que eu estudava era
escolhido um caloiro de cada curso para ir a
julgamento, e nessa altura o escolhido fui eu. A
determinada altura mandaram-me pôr a cabeça
no balde onde estava sentado – que tinha lá
dentro tudo e mais alguma coisa. Disse que
não ia fazer isso, e o «doutor» respondeu-me
que se não o fizesse iria ser castigado e que
ficava avisado que no dia seguinte iam cortar o
cabelo aos restantes caloiros. Aí fiquei a pensar que se eu é que me estava a recusar fazer
aquilo não faria sentido isto interferir com as
outras pessoas. Mandaram-me embora a dizer
que tinha representado mal o meu curso! No
dia seguinte fui falar com os colegas e com um
representante do curso, o «colher de pau», que
disse para não me preocupar, que aquele julgamento nem sequer tinha sido válido. Tudo ficou
resolvido, mas a partir daí fiquei muito reticente
em relação à praxe e há falta de coerência que
muitas vezes a acompanha, e por isso achei que
não fazia sentido ser novamente praxado.
A praxe aqui (na ESE) (...) é
muito diferente das outras
instituições, vivemos a praxe
de uma forma saudável
(Catarina)
Catarina: Acho legítimo que quando uma
pessoa tem uma situação que a traumatiza por
algum motivo, depois fique mais reticente em
aderir a uma nova experiência que possa ser
semelhante. Daquilo que vivi na ESE sempre
achei que a praxe aqui é feita de uma forma
muito diferente das outras instituições, vivemos a praxe de uma forma saudável. Das
experiências que tive, acho que a praxe foi das
melhores coisas que podia ter tido cá na ESE
em termos de integração, e acho que a praxe
da ESE se pode orgulhar disso, de criar um
grupo de coesão.
Vítor: Achas que se não houvesse praxe na
ESE te terias integrado tão bem?
Catarina: Acho que não seria tão fácil, sem
dúvida alguma! Quando vim no 1º dia para a
ESE vim para a semana de recepção ao caloiro,
para conhecer as pessoas com quem ia lidar.
Entretanto algumas até acabaram por desistir
da praxe e continuei a relacionar-me com elas.
Na semana de recepção ficamos a conhecer o
que é a praxe, e podemos logo ter uma noção
para decidir se queremos ou não queremos
aderir e se estávamos ou não dispostos a entrar
na brincadeira.
Vítor: A partir daquela situação também reflecti em relação a muitas outras coisas. Uma
das coisas em que pensei foi que quando passas
do 1º para o 2ª ciclo também mudas de escola e
acontecem outras mudanças. Nessa altura não
há praxe e uma pessoa consegue integrar-se na
mesma, tal como vai acontecendo em outros
níveis de ensino. Acham que se fosse feito o
mesmo processo de quando fomos mudando
de graus de ensino não poderia resultar na
mesma?! No meu caso concreto, vim para
a ESE e integrei-me perfeitamente! Aqui há
bem pouco tempo estava a ler qualquer coisa
relativa à faculdade de Arquitectura e percebi
que promovem outras formas de integração
que não implica o “Põe-te de quatro, rasteja,
deita!”. Há aqui um certo abuso de poder, ainda
que consentido.
Catarina: Acho que isso depende das pessoas. Mas aqui o mais importante nem é a
nossa integração em relação aos «doutores»,
até porque aqui na ESE, segundo as regras da
praxe, a relação entre «doutores» e caloiros
não é autorizada, excepto a relação académica,
de superioridade.
O grande objectivo é estares com as pessoas
que estão na mesma posição que tu, que vão
contigo às aulas, é a relação entre caloiros que
tem mais significado. Sempre achei que a praxe
era mesmo para uma pessoa se divertir, quando
ultrapassa o limite da diversão e do convívio já
está a ultrapassar os limites razoáveis. As pessoas têm que saber quais são os seus limites e
dá-los a entender aos outros.
Quem está hierarquicamente acima, segundo
as normas da praxe, tem que saber aceitar
isso. Se acontecessem coisas que me marcassem e fossem contra os meus princípios virava
as costas.
Vitor: Tocaste agora num ponto que também
me parece muito importante que é a questão da
relação hierárquica, da relação de poder que se
cria. Acho que é completamente desnecessário
criar esse tipo de relações. Se quando entramos somos todos estudantes acho que não faz
sentido fazermos essa demarcação, evidenciar
essa desigualdade.
Muitas das vezes, ouvi as pessoas dizerem
que isso vai ser importante para a vida futura,
porque existem sempre hierarquias. Isso é
DUAS DE LETRA
verdade mas, em termos de relacionamento
humano, evidenciar deste modo a hierarquia
não me parece positivo.
Joana: Essa questão da hierarquia é pertinente.
Isso foi uma coisa em que pensei quando entrei
para a ESE. Que moral têm estas pessoas que
andam aqui e que são tanto quanto eu para se
evidenciarem como superiores?!
Entretanto percebi que um dos pressupostos
básicos da praxe é a hierarquia, e que se alguém acredita que a praxe lhe vai dar alguma
coisa de positivo e se adere a ela, tem que
aceitar os pressupostos. Quanto ao facto de
a hierarquia te ensinar muita coisa, ensina!
Aprende-se a respeitar o superior, o que pode
ser uma preparação importante para enfrentar
situações futuras.
Catarina: Eu fui sempre inferior hierárquica
em todas as etapas por que passei – era a caloira
mais nova, a «doutora» mais nova e agora sou
a veterana mais nova, não tinha ninguém, no
meu nível hierárquico, abaixo de mim. Contudo nunca me senti inferiorizada, e sempre
arranjei maneira de mostrar que apesar de ser
a última do meu patamar, somos todos iguais
e há que saber lidar com isso, respeitando-nos
mutuamente.
As pessoas mais velhas e mais experientes
têm uma responsabilidade maior sobre os que
vêm de novo, e isso é determinante. Quando
há alguma falha na hierarquia as coisas correm
mal! Ou por abuso de poder ou por os mais
velhos se desleixarem.
Vitor: Mas acho que de alguma forma isso
também não autonomiza as pessoas, porque
se estás habituada a ter uma hierarquia, que te
diz o que deves ou não fazer, habituas-te a essa
hierarquia. Uma coisa que me custa a entender
é como é que existe uma hierarquia em que a
pessoa que está no topo é a pessoa que tem
mais matrículas, e não a pessoa que foi eleita!
Catarina: Isso depende das situações. Em relação à praxe na ESE, a pessoa hierarquicamente
superior é o chamado DUX, que é a pessoa
que tem mais matrículas. Pode ser por eleição,
pode ser por delegação de poder, por uma infinidade de coisas. Em relação à autonomização
das pessoas, no nosso grupo académico uma
coisa importante que aprendemos é a tomar
uma atitude, a responder por ela e é ai que
te autonomizas, porque tomas a atitude à tua
responsabilidade e depois logo se vê. Praxe é
desenrasque!
11
Vitor: Quais são as responsabilidades dos
académicos?
Joana: As pessoas que não pertencem às
comissões de praxe (CP), os académicos em
geral, têm a responsabilidade específica de
praxar os caloiros, havendo directrizes que
são dadas pelo conselho de veteranos e pelo
Dux.
Vitor: Se bem percebi, qualquer doutor tem
margem para praxar como quiser, dentro
das directrizes estipuladas. Aqui permitem-se
praxes individuais?
Catarina: Desde que o caloiro aceite e isso
não fira a sua susceptibilidade, podem-se fazer
praxes individuais.
Não me fazia sentido estar na
praxe para trajar, para praxar
e fazer parte da hierarquia
(Vitor)
Vitor: No meio disto tudo há uma questão
curiosa: apesar de não ter sido praxado, nem
ter participado em nada, no fim da primeira
semana também já conhecia mesmo muita
gente. Fui percebendo mais ou menos como
era a praxe, como os meus colegas estavam
nela, mas quis-me demarcar porque não me
fazia sentido estar na praxe para trajar e para
praxar, e fazer parte da hierarquia. Isso não me
interessava de todo.
Vitor: Isso também acontece noutras universidades, e de alguma forma permite alguns
abusos de poder...
Catarina: E assim fazes as coisas que gostas
de fazer e não participas naquilo com que não
concordas, só vais até onde achas que deves
ir…Quem interpreta a praxe da maneira
saudável, percebe que só deve ir até onde se
sente bem, independentemente de quem o
está a praxar.
Joana: Mas isso é outra coisa. A praxe pessoal,
ou seja, quando tens alguma quezília com a pessoa e tentas descarregar os teus problemas em
cima dela, não pode acontecer!
Aqui na ESE (...) e não há
aquela diferenciação entre
Praxe e Anti-praxe (Joana)
Catarina: Mas acontece, vai acontecendo
algumas vezes….
Joana: Aqui na ESE diz-se muito que na praxe
tem que haver bom senso, e por isso quem
não está também tem que o ter! Mas acho que
aqui as pessoas têm respeito umas pelas outras,
e não há aquela diferenciação entre Praxe e
Anti-praxe.
Vitor: De facto é tudo muito pessoal, mas acho
que para aquelas pessoas que não conhecem
nada quando cá chegam, que estão sozinhas,
num sítio novo, onde não conhecem nada, não
será bem assim. Tudo isto pode levar a que se
agarrem ao que lhes é dado, e muitas das vezes
não estão a participar por gosto, mas porque
têm receio de ser excluídos.
Joana: É uma espécie de instinto de sobrevivência, acabas por não racionalizar o que está
a acontecer. Aconteceu-me por acaso uma
situação engraçada – ao 2º dia da recepção ao
caloiro disse que não poria cá mais os pés, que
ia para casa, não queria saber mais disto, porque
saí daqui a chorar. Pensei: mas afinal porque
estou eu aqui? Não sou obrigada a fazer isto, e
para a semana vou às aulas, conheço as pessoas
na mesma e corre tudo da mesma forma. No
entanto pensei que podia não desistir da praxe,
mas ir com outra postura e levar as coisas de
forma mais descontraída, porque estava a levar
as coisas muito a peito.
Catarina: Uma questão importante nesta
relação é o cortejo. Algumas pessoas que
nunca foram praxistas, que sempre criticaram
a praxe e que questionavam a nossa opção em
pertencer, no final do curso acham bonito usar
a cartola. Para quem nunca esteve na praxe isto
é a mesma coisa que não ser polícia e vestir
uma farda. Acho que não faz sentido, e para
nós é uma ofensa.
Joana: O cortejo é a celebração do final de
um curso, mas também, e sobretudo, de um
percurso que fizemos a nível académico que
os outros não fizeram.
O que representa a finalização do curso é o
diploma que a ESE nos dá no final, são coisas
bem distintas. O cortejo, e tudo o que lhe está
agregado, é o simbolismo que nos identifica
enquanto académicos.
por Ana Fernandes e Teresa Martins
NOTE-SE QUE...
12
Agenda da ESE
SUGESTÕES
> Festival Sudoeste TMN - de 7 a 10 de Agosto
> ISME – 22nd International Seminar on Research in Music Education - de 13 a 18 de Julho no Edifício
de Música e Drama da ESEP;
na Herdade da Casa Branca na Zambujeira
do Mar;
> Seminário Final do Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores do 1º e 2º
ciclo do Ensino Básico - 2 de Julho no Fórum da Maia;
> Menina dos Fósforos (peça de Hans Christian Andersen) - interpretada pelo TRIP em associação
> Super Bock Surf Fest - 14 e 15 de Agosto à
Praia do Tonel no Algarve;
com a Secção de Desporto Adaptado do Estrla Vigora Sport; 7 e 8 de Julho na ESE.
> Paranormal (Teatro) – 5 a 29 de Junho no
ÚLTIMA NOTA
Mestrados disponíveis na ESE no próximo ano
lectivo:
Rivoli Teatro Municipal
> Taichi - pratique este desporto de 1 de Junho
a 31 de Julho, gratuitamente, nos Jardins do
Palácio de Cristal ou no Monte Aventino;
> Ensino de Educação Musical no Ensino Básico;
> Ensino de Inglês e Francês no Ensino Básico;
> Domingos de Yoga - todos os domingos
> Didáctica do Português, Língua Não Materna;
até ao final de Setembro no Monte Aventino,
> Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico
Palácio de Cristal ou Parque da Cidade;
> Super Bock Super Rock - 4 e 5 de Julho no
O Note-se deseja a todos os leitores um reenergizante Verão, pois esta publicação terá, até
Setembro, um momento de descanso e lazer! A
todos os que concluem agora as Licenciaturas na
Escola Superior de Educação do Porto, ficam os
votos de feliz ingresso no mercado de trabalho. Aos
que ainda voltam como discentes no próximo ano e
aos trabalhadores da ESE, docentes e não docentes,
deixamos aqui um “Até à próxima edição”.
Contamos sempre convosco para que a nossa/
vossa publicação interna seja um reflexo das
sinergias da ESE.
Parque da Cidade
JOGOS
Esperamos pelos vossos
contributos para o
Ficha Técnica
próximo número através
Redactoras: Ana Fernandes, Liliana Lopes,
Teresa Martins, Teresa Pereira
do e-mail:
Designer gráfico: Rui Reisinho
Editores: Todos
[email protected]