Pictures of the Future
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Pictures of the Future / Primavera de 2008 Pictures of the Future A Revista de Pesquisa e Inovação | 2/2008 www.siemens.com/pof Soluções sob medida Energia para todos / Soluções Personalizadas / Assistentes Digitais Customização de processos, uma tendência mundial na indústria Incentivo à pesquisa Prêmio Werner von Siemens estimula estudantes, pesquisadores e empresas Energia para todos Soluções para a oferta sustentável de energia POF 02-03.qxd:PoF 002-003.qxd 11/12/08 2:18 PM Page 2 Pictures of the Future | Editorial N esta segunda edição em português da “Revista Pictures of The Future”, trazemos para você mais um panorama do que a Siemens faz e pesquisa, além de bons exemplos relacionados a produtos e soluções que têm dado respostas às questões mais difíceis de nosso tempo. Uma das questões mais prementes de nossa era é a energia, tema amplamente abordado nesta edição. Precisamos produzir mais e melhor para atender às necessidades de milhões de pessoas incorporadas ao mercado de consumo em todo o planeta. O aumento na demanda energética é um reflexo direto desse quadro. De acordo com a Agência Internacional de Energia Crescimento Exige Inovação Adilson Primo Presidente da Siemens no Brasil Capa. O rotor de um compressor de CO2. Compressores desse tipo são usados em conjunto com extração de gás natural para reduzir drasticamente o volume de CO2 e prepará-lo para seqüestro. Em uma grande instalação (como a da página 24), tais estruturas podem reduzir as emissões de CO2 em um milhão de toneladas por ano. 2 Pictures of the Future | 2/2008 (IEA), até 2030 o consumo global de energia terá um aumento de 55%. Como produzir de maneira eficiente e econômica, sem utilizar meios agressivos à natureza? É preciso ampliar a matriz de energia e, ao mesmo tempo, gerar uma energia “mais limpa”, que não contribua para o aquecimento global. Nas próximas décadas, as necessidades energéticas primárias (carvão, petróleo e renováveis) serão maiores. Uma série de soluções tecnológicas terá de ser aplicada para garantir um crescimento sustentável no futuro. Este é o nosso desafio. A Siemens mostra como está ajudando seus clientes a economizar energia e limitar as emissões em toda parte (págs.10 a 17). Produtos e respostas inovadoras não nascem da noite para o dia. Tudo é resultado do comprometimento e de um planejamento estratégico eficaz. Pela pesquisa, ampliamos a eficiência de soluções existentes ou criamos novas, sempre com a preocupação de melhorar a qualidade ambiental no planeta. O portfolio ambiental da Siemens já responde por 23% do faturamento na nossa empresa e ajuda nossos clientes a emitirem menos poluentes. A empresa detém cerca de 30.000 patentes relacionadas a soluções ambientais. Queremos mais. Para isso, investimos cerca 2 bilhões de euros ao ano em pesquisa e desenvolvimento, só nesta área. Hoje, as principais tecnologias que fazem parte do portfólio ambiental da Siemens podem reduzir as emissões globais de CO2 a um volume equivalente a 40% do atual. Novas técnicas de armazenamento do carbono, o aumento da eficiência na geração, co-geração, transmissão e uso da energia são exemplos de soluções desenvolvidas pela Siemens em seus centros de competência tecnológica, inclusive no Brasil (pág. 18). Localizados no Complexo Industrial de Jundiaí, a Divisão de Transformadores de Potência e o Centro de Competência de Turbinas são referências mundiais em inovação. Desenvolvemos, inclusive, produtos específicos à realidade brasileira. Um bom exemplo é a turbina SST 300, feita no Brasil para atender o mercado de açúcar e álcool. Outro caso de sucesso brasileiro é representado pela Chemtech, empresa que tem a inovação como origem e hoje representa um pólo gerador de inovações da Siemens no Brasil. A Siemens está mais bem posicionada do que qualquer outra empresa para enfrentar esses desafios, inclusive nas áreas de medicina e infra-estrutura. Temos soluções para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Trabalhamos para que haja prevenção e detecção precoce de doenças (pág. 45). Com isso, é possível uma melhor qualidade de vida e maiores possibilidades de cura para milhares de pessoas. Outra conseqüência positiva dessa abordagem é a redução nos custos de tratamento e na maior produção de exames. Nossa meta é possibilitar que, o quanto antes, os mais modernos recursos médicos sejam cada vez mais acessíveis. O mesmo ímpeto é mostrado quando o assunto é mobilidade. Uma proposta de transporte em sintonia com as necessidades das grandes cidades é o Trem de Alta Velocidade. Essa solução permite unir com rapidez e eficiência grandes centros urbanos. Uma viagem entre Rio e São Paulo poderia ser feita em uma hora e meia, sem filas de espera. Outra grande vantagem: menor emissão de poluentes (pág. 37). Em automação, nos propomos a desenvolver soluções que aumentem a produtividade industrial, reduzam os custos e garantam a melhor qualidade possível. Por meio da iniciativa Siemens One, agregamos num só referencial as diversas respostas que uma empresa com um portfólio tão diverso pode oferecer. Por meio dessa iniciativa, nos tornamos parceiros tecnológicos de grandes empresas e centros urbanos mundiais, como Xangai, Nova York, Mumbai, Londres e São Paulo, entre outros – para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de milhões de habitantes (pág. 34). Um pouco dessa e outras experiências podem ser vistas nos diversos artigos da edição que você tem em mãos. POF 02-03.qxd:PoF 002-003.qxd 11/12/08 2:18 PM Page 3 Pictures of the Future | Destaques Destaques Soluções Personalizadas Energia para Todos 9 10 12 15 16 18 22 24 Parceria pela Instalação Processamento Inteligente de Alarmes Cenário 2020 Novo Mundo Tendências Luz no Fim do Túnel Fatos e Projeções Por que a energia renovável é necessária? Energia Movida a Carvão na China Eficiências Olímpicas Centros de Competência no Brasil Inovação à Brasileira Sistemas de Óleo & Gás Bombeando do Fundo do Mar Compressores para Gás Natural e CO2 Exploração de Campos Remotos 28 Cenário 2020 Gelo no Deserto 30 Tendências Seu Desejo é uma Ordem 33 Transformadores Energia para Todos os Climas 34 Siemens One Soluções Integradas 37 Estudo de Transporte sobre Trilhos Malhas Ferroviárias do Futuro 38 Metrôs sem Maquinistas Trens de Metrô sem Maquinista em Nuremberg 40 Customização em Massa O Caminho para a Produção Personalizada 42 Incentivo à Pesquisa Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica Assistentes Digitais 44 Cenário 2015 Um de Nós 47 Tendências Colheita sem Fim 50 Ultra-som de Silício 3D Do Silício ao Ultra-som 52 Healthcare Suporte Digital às Decisões Seções 4 Em Resumo Múmia Maravilha / DIretamente no alvo / Ultra-som em Qualquer Lugar / Purificação Portátil / Pulo Quântico / Sem Poluição, Sem Barulho 6 Regiões - Produção de Aço Usina de Aço Polonesa a Todo Vapor 55 Próximo Número Pictures of the Future | 2/2008 3 POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 4 Pictures of the Future | Em Resumo Diretamente no Alvo N Múmia Maravilha os últimos tempos, a evolução da medicina vem aumentando as perspectivas do tratamento de vários tipos de câncer. Uma recente contribuição da Siemens para as terapias minimamente invasivas é o equipamento de angiografia Artis zeego. Empregado tanto no diagnóstico como no tratamento do câncer, possui soluções de robótica totalmente inovadoras no campo da medicina. Um dos principais benefícios do Artis zeego é a união de duas funções num só aparelho: ao mesmo tempo em que realiza a intervenção angiográfica, o equipamento também produz imagens tomográficas. P ela primeira vez, o interior de uma múmia foi pesquisado utilizando tecnologia de ressonância magnética, em trabalho realizado por um grupo da Universidade de Zurique, com uma múmia de mil anos, do Peru. Em experiências anteriores, cientistas haviam utilizado tomografia computadorizada para observações similares. Até então, captar imagens em múmias com ressonância magnética era considerado tecnicamente impossível, porém, um grupo do Setor Healthcare da Siemens conseguiu tal feito com o novo processo de Tempo de Eco Ultracurto (UTE). A ressonância utiliza campos magnéticos e pulsos elétricos potentes para determinar a posição dos núcleos de hidrogênio no material orgânico. Em tecidos secos – como em uma múmia – os sinais emitidos pelos núcleos de hidrogênio são muito mais breves e fugazes. Graças à detecção de sinais muito rápida do processo UTE, os pesquisadores puderam ver os discos intervertebrais, a membrana cerebral, os vasos sanguíneos e os resíduos do fluido de embalsamento da múmia. Naturalmente, o novo processo não é indicado apenas para estudar múmias, mas principalmente no exame de pacientes vivos. Ele mostra tecidos que anteriormente não eram visíveis pela ressonância magnética, e poderá ser utilizado para observar processos metabólicos do coração, por exemplo, ou identificar alterações anormais no metabolismo humano ou nos cérebros dos pacientes de Alzheimer. Com o novo processo de ressonância magnética com eco rápido, foi possível ver até os vasos sangüíneos e as articulações dos braços de uma múmia peruana com mil anos de idade – um rapaz que morreu com cerca de 15 anos. 4 Pictures of the Future | 2/2008 O médico brasileiro Francisco César Carnevale, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista, chefe da especialidade no Hospital das Clínicas (FMUSP) e médico radiologista intervencionista do Hospital Sírio Libanês, irá operar o primeiro equipamento com tecnologia robótica do Brasil. “Graças às suas soluções inovadoras, como os softwares i-guide e i-pilot, o zeego proporciona diagnósticos muito mais precisos, além de fornecer imagens de alta qualidade durante o próprio procedimento terapêutico”, comenta. Recentemente, o dr. Carnevale esteve na Alemanha, onde participou do Advisory Board Meeting, evento anual da Siemens onde renomados especialistas de várias partes mundo discutem os avanços da medicina para oncologia. POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 5 Purificação Portátil C Ideal para diagnósticos no local, o Acuson P10 da Siemens é o primeiro sistema de ultra-som de bolso do mundo. Ultra-som em Qualquer Lugar C om o primeiro sistema de ultra-som de bolso do mundo – o Acuson P10 – é possível fazer a avaliação inicial do paciente em qualquer local onde seja necessária uma decisão rápida, em especial em situações de emergência. O equipamento é suficientemente pequeno para caber no bolso do avental e ser manuseado por uma das mãos, podendo inclusive detectar condições em que anteriormente eram necessários testes invasivos. O aparelho, que pode ser operado com o polegar, contém baterias de lítio que fornecem energia para cerca de uma hora de utilização. O médico pode salvar as imagens no cartão de memória incluso, o que torna fácil a sua transferência para qualquer computador que funcione com o software de visualização de imagem Acuson P10. Os desenvolvedores na Siemens não só conseguiram fazer todos os componentes do sistema caberem em um aparelho miniatura, mas também criaram um visor de alta qualidade. O monitor em branco e preto mede dez centímetros e o aparelho todo, inclusive o transdutor, pesa somente cerca de 700 gramas. om o sistema de purificação de água da Siemens, atualmente é possível fornecer água potável até nas regiões mais remotas. Conhecido como SkyHydrant, funciona bombeando água através de aproximadamente 20.000 fibras ultrafinas, processo que remove todos os patógenos com diâmetros de mais de 0,1 micrômetros. O resultado: água potável tão pura que supera as especificações de quali- SkyHydrant fornece água potável em Bangladesh. dade da Organização Mundial da Saúde (OMS). O sistema não requer energia elétrica ou produtos químicos de purificação e seu custo anual é da ordem de 20 centavos de euro por pessoa, acessível mesmo para as comunidades mais carentes dos países em desenvolvimento. Um dos locais que se beneficiou do SkyHydrant foi Gona Dam, no Quênia. Anteriormente, os habitantes das vilas próximas utilizavam água de um açude, o que resultava em surtos de diarréia, cólera e tifo. Agora, eles se abastecem no “Quiosque de Água Segura” (Safe Water Kiosk). Rhett Butler, chefe de vendas da Water Technologies, na Austrália, e os membros de sua equipe ganharam o Prêmio Responsabilidade Empresarial 2007 por terem desenvolvido o quiosque. Pulo Quântico P esquisadores da Siemens Corporate Technology (CT) e da Universidade Técnica de Munique (TU) conseguiram a primeira implantação experimental do mundo de uma rede neural em um computador quântico, chegando mais perto da utilização desses computadores no dia-a-dia. Os computadores quânticos poderão ser utilizados para acelerar os processos de reconhecimento de padrão, algo muito útil na identificação de Os átomos de hidrogênio e carbono representam qubits. vírus de computador, analisando as seqüências de genes e reconhecendo a caligrafia. De maneira diferente dos bits convencionais, os “qubits” da computação quântica assumem diferentes estados e afetam uns aos outros simultaneamente. Os pesquisadores desenvolveram um algoritmo que prevê como um computador quântico com rede neural se comportará durante o reconhecimento de padrões. Os cientistas da Universidade testaram com êxito a simulação dos pesquisadores da Siemens em um espectrômetro de ressonância magnética com sistema de átomos de hidrogênio e carbono representando os qubits. O objetivo é obter um processador híbrido. Nesse caso, a maior parte das operações poderá ser realizada por chips convencionais, mas determinadas tarefas serão designadas a um processador quântico. Pictures of the Future | 2/2008 5 POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 6 Pictures of the Future | Em Resumo Sem Poluição, Sem Barulho O motorista pára no ponto, alguns passageiros sobem, outros descem. Primeira marcha engatada, o veículo volta a se movimentar. Visualizando esta cena, a continuação óbvia poderia ser a imagem do cano de escapamento, jogando fumaça preta pelos ares. Não é o caso do primeiro ônibus Fuel Cell de piso baixo, com tração elétrica, circulando pela cidade de São Paulo. O veículo, desenvolvido com a participação da Siemens, não emite nenhum grama de dióxido de carbono pelo simples fato de ser movido a hidrogênio e não a óleo diesel. A conclusão da cena acima não seria, portanto, a fumaça preta invadindo os céus de São Paulo, mas a liberação de simples vapor de água. A marca da Siemens no projeto, encomendado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), está no sistema ELFA®, que conduz e gerencia a energia elétrica gerada nas duas células de combustível (fuel cells). Com o kit ELFA®, o veículo reaproveita a energia de frenagem, armazenando-a em um acumulador de energia (baterias e/ou ultracapacitores), podendo utilizá-la posteriormente. Essa energia reaproveitada representa um benefício duplo: ao mesmo tempo em que economiza combustível, o veículo reduz as emissões de partículas (PM) e óxidos de azoto (NOx). O ônibus movido a hidrogênio ainda é um projeto experimental – o custo de produção de cada veículo situa-se em US$ 1 milhão. No entanto, já é realidade no mercado a versão híbrida para utilização em veículos urbanos. A mesma solução ELFA® II (2ª Geração) pode ser aplicada a ônibus movidos a diesel. Nessa configuração, o veículo é capaz de armazenar grande parte da energia cinética resultante dos constantes “stop and go”, típicos dos circuitos nas grandes cidades. Com isso, pode economizar combustível em até 40%, reduzir significativamente a emissão de poluentes, oferecendo menor ruído e maior conforto para os passageiros. Regiões | Produção de Aço Usina de Aço Polonesa a Todo Vapor Graças ao mais moderno laminador de tiras a quente da Europa, produzido pela Siemens, a ArcelorMittal, empresa líder mundial em aço, pôde expandir a produção na Cracóvia, Polônia, e fabricar lâminas de aço ainda mais duras e resistentes. O Fuel Cell: movido a hidrogênio, não emite dióxido de carbono e ainda reutiliza energia acumulada. 6 Pictures of the Future | 2/2008 s arquitetos que planejaram o subúrbio leste Nowa Huta, da cidade de Cracóvia, no final da década de 1940, inspiraram-se na arquitetura histórica dos distritos mais antigos da cidade. Por isso, muitos dos prédios que cobrem suas grandes avenidas contam com estruturas decoradas com arcadas no estilo Renascença. No coração do 18º distrito da cidade, está o antigo complexo siderúrgico de Huta T. Sendzimira, que cobre uma área de mil hectares. Na frente do complexo, havia um edifício administrativo apelidado de “O Palácio do Doge”. É aqui que a fabricante de aços ArcelorMittal tem sua sede desde 2005. A ArcelorMittal, empresa líder mundial em aço, começou a operar o laminador de tiras a quente mais moderno da Europa, em suas instalações, em meados de 2007. As instalações incluem uma linha de laminação de quase 400 metros de comprimento para a produção de tiras de aço, e está abrigada em um pavilhão de 580 metros de comprimento. POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 7 A siderúrgica da ArcelorMittal, na Cracóvia, Polônia, utiliza tecnologia da Siemens para produzir 2,4 toneladas de aço por ano, de maneira eficiente e economizando energia. O alto-forno abre uma vez a cada três minutos para liberar uma lâmina. Dependendo das exigências, essas barras de aço bruto fumegantes têm entre seis e 12 metros de comprimento, 70 a 210 centímetros de largura e 22 a 25 centímetros de espessura. Depois que as placas emergem, robustos cilindros as comprimem e dão forma, e o processo é concluído com as tiras de aço medindo mais de um quilômetro de comprimento e enroladas como bobinas. A ArcelorMittal produz cerca de oito milhões de toneladas de aço na Polônia anualmente, sendo a maior produtora de aço do país. Ao todo, ela já investiu mais de US$ 380 milhões no laminador de tiras a quente da Cracóvia, o maior investimento do setor europeu de aço na última década. Com seus 4.750 colaboradores, a usina se tornou um dos locais mais importantes de fabricação de aço na Europa. Além disso, embora seu tamanho seja gigantesco, a usina ainda tem espaço para crescimento, sendo capaz de suportar um aumento de capacidade da ordem de 2,4 a 4,8 milhões de toneladas por ano. Há pouco mais de três anos, a ArcelorMittal decidiu abandonar seu plano original de modernizar a velha usina de laminados a quente. Em vez disso, a empresa optou por construir uma instalação totalmente nova, a fim de aumentar consideravelmente a produtividade e a qualidade dos produtos. Havia um bom motivo para essa decisão, pois a ArcelorMittal prevê que a demanda por aço aumente nos próximos anos, especialmente nos doze países do Leste, membros da União Européia. Aço sensível. Como uma empresa líder em engenharia e construção de usinas para o setor de ferro e aço, a Siemens VAI (atualmente parte da divisão de Metal Technologies da empresa), construiu a usina de laminação na Cracóvia em um projeto turnkey que incluiu todos os equipamentos do laminador de tiras a quente e seus sistemas elétricos e de automação. A empresa também foi responsável pela construção civil, inclusive de uma estação para tratamento de água. A Siemens é a única empresa do mundo capaz de oferecer, de uma única fonte, instalações completas para este segmento, em pacotes que incluem treinamento, monitoramento da produção, montagem e comissionamento. A Siemens entregou a instalação do projeto turnkey com mais de 73.000 metros quadrados no verão do Hemisfério Norte de 2007, apenas 23 meses após a assinatura do contrato e quatro meses antes do prazo. O aço é um material muito sensível e este é o motivo pelo qual muitas providências são necessárias para lhe dar forma. Podem se formar rachaduras, por exemplo, se as temperaturas em cada etapa não forem as ideais. Mas, mudanças indesejadas de temperatura podem ser evitadas, por exemplo, movimentando barras de transferência no chamado “túnel de isolamen- Pictures of the Future | 2/2008 7 POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 8 Regiões | Produção de Aço to” antes do processo de laminação. As perdas de temperatura permanecem baixas nesse túnel, mantendo a sua distribuição homogênea. Por exemplo, o chamado túnel de Encopanel desenvolvido pela Siemens VAI evita que o aço esfrie muito rapidamente. “Colocar o aço nesse túnel antes que comece o processo de laminação permite que seja laminado de maneira mais eficiente e use menos energia”, com 40 metros de comprimento, onde é utilizada água direcionada para reduzir de maneira abrupta a temperatura para 700ºC e alcançar as propriedades exigidas do material. Se o aço termina sendo flexível para a produção de veículos a motor, ou rígido para uso na construção civil, depende da rapidez com que é resfriado e do tempo que permanece a uma determinada temperatura. Em poucos minutos, a chapa de aço maciço e volumoso pode ser transformada em uma tira de mais de 1,6 quilômetros de comprimento. diz Adam Dziedzic, diretor adjunto da usina de laminação de tiras a quente. Na etapa seguinte, a tira resultante é enviada para o “coração” da instalação – o laminador de acabamento, onde a temperatura do aço (anteriormente acima de 1.000ºC) cai para 875ºC. O laminador de acabamento é Resfriamento controlado. O resfriamento direto é conseguido por meio de um sistema de controle complexo, que aplica água pela parte superior e pela inferior, conforme necessário. A água é armazenada em um tanque com capacidade para 900 metros cúbicos. O tanque está localizado acima do sistema de resfriamento, que é divi- Qualidade Assegurada. No final da linha de laminação, as tiras de aço são enroladas em bobinas e enviadas para uma estação integrada de controle de qualidade. “Produzimos materiais extremamente duros e resistentes que também garantem um alto grau de segurança, o que é importante em tubulações de gás natural, por exemplo, bem como em navios e automóveis”, diz Staniewski. A tecnologia avançada da usina permite que ela produza tiras com a largura máxima de 2,10 metros – entre as mais largas de qualquer parte da Europa. Isto é importante porque abre as portas para o segmento de tiras de aço duro para a construção de navios e para as indústrias de tubulação, especificamente. Quanto mais largo o aço, menos solda e rebites. Staniewski também menciona a maior qualidade assegurada agora alcançada com o novo laminador de tiras a quente, graças aos amplos parâmetros de produção que permanecem transparentes a todo tempo e que são continuamente otimizados por A água é aplicada nas tiras de metal por cima e por baixo à pressão constante (à esquerda), permitindo equipado com gaiolas de laminação que pesam 200 toneladas cada e que detêm os cilindros laminadores operados por motores de oito megawatts. Os seis cilindros laminadores comprimem a placa de transferência até uma espessura final que pode ficar entre 1,2 a 25,4 milímetros, dependendo da especificação. As tiras muito finas são utilizadas, por exemplo, na linha branca e em automóveis – sendo ambos mercados importantes para a ArcelorMittal, na Polônia. Barras de 25 milímetros são utilizadas na construção civil e na construção de navios. Leva apenas alguns minutos para o metal anteriormente maciço e volumoso ser transformado em uma tira de aço de aparência delicada, com até 1,7 quilômetro de comprimento e até 2,10 metros de largura. Cilindros transportam as tiras de aço para uma seção de resfriamento 8 Pictures of the Future | 2/2008 que a temperatura final do cilindro e as propriedades do material sejam ajustadas conforme necessário. dido em diferentes zonas. Graças à diferença em altura, a água atinge o metal a uma pressão constante. A Siemens desenvolveu esse sistema de resfriamento, conhecido como QuickSwitch. Jan Staniewski, diretor adjunto para usinas de laminação de tiras a quente na ArcelorMittal, está muito orgulhoso do sistema de resfriamento. “Seja qual for a propriedade mecânica que você esteja procurando – resistência à tração, dureza, tenacidade ou estrutura – ela poderá ser alcançada com extrema precisão”. Isto significa que, além de fabricar aço para utilização na indústria automotiva, a Unidade da Cracóvia é ideal para produzir tiras de qualidade especial para exigências específicas de clientes. processos informatizados. “Mas a tarefa de gerenciar uma instalação com tecnologia de ponta como esta também é mais exigente”, diz Staniewski. É fácil entender por que a ArcelorMittal tem sido tão bem-sucedida em sua procura por colaboradores qualificados em Nowa Huta. O distrito, que tem uma população de 250.000 habitantes, sempre atraiu trabalhadores qualificados de todo o país, e permanecerá sendo o centro da produção polonesa de aço no futuro. Além disso, há o fato de a cidade de Cracóvia ser o lar de uma das universidades mais antigas da Europa, a mundialmente famosa Akademia GórniczoHutnica (AGH), que tem sido o centro de educação e treinamento para o setor de metalurgia mais respeitado e reconhecido desde 1919. Thomas Veser POF 04-09.qxd:PoF 04-09.qxd 11/12/08 2:21 PM Page 9 Sistema identifica prioridades e diagnostica | Parceria pela Instalação mensagens de alarme para diminuir a probabilidade de falhas causadas por interpretações equivocadas em situação de risco. Processamento Inteligente de Alarmes Financiamento da Finep à Siemens promove o desenvolvimento de uma nova solução para o mercado de sistemas de automação de energia. A linhada à Política de Desenvolvimento Produtivo do Governo Federal, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério de Ciência e Tecnologia) tem promovido, com ênfase, a inovação nas empresas brasileiras. Por meio de editais, entre outros, empresas de todo o país concorrem aos recursos disponíveis para o desenvolvimento de novas soluções que possam ser aplicadas em áreas consideradas estratégicas para o País. Comprometida com o desenvolvimento tecnológico e com a oferta de soluções de última geração para seus clientes, a Siemens, por meio da Energy Automation (EA), uma das divisões da Unidade de Negócios de Transmissão e Distribuição do Setor Energy, concorreu com o projeto “Processamento Inteligente de Alarmes”, que tem como alvo o mercado de sistemas de automação de energia. Para entender o que propõe o projeto da Siemens, imagine a seguinte cena, comum nos centros de operação de um sistema elétrico de potência: operadores responsáveis pela supervisão de dezenas de subestações, que englobam milhares de pontos de medida, constantemente se deparam com situações de emergência, tais como tempestades ou falhas em equipamentos. É justamente nesses momentos que ocorre um volume muito grande de mensagens de alarme, sobrecarregando os operadores e criando sérias dificuldades de interpretação das informações. Com o objetivo de auxiliá-los nas situações como a descrita, uma equipe de engenheiros da Siemens está desenvolvendo ferramentas computacionais, capazes de prover categorização, priorização, síntese e diagnóstico das mensagens de alarme para diminuir a probabilidade de falhas causadas por interpretações equivocadas. Aprimoramento Tecnológico. O projeto possibilitará desenvolver pesquisas, avaliação e aprimoramento de técnicas de processamento inteligente de alarmes, determinando quais se revelam mais adequadas ao SCADA SPECTRUM (Supervison Control And Data Acquisition) – sistema que recolhe os dados dos vários sensores em uma fábrica, usina ou em outros locais remotos e, em seguida, envia-os para um computador central que gera e controla os dados. “Possibilitará, também, construir um protótipo capaz de integrar-se ao SCADA SPECTRUM e operar em tempo real”, explica Alejandro Meyer, gerente de Engenharia da divisão Energy Automation. “Como resultado, espera-se a concepção, o projeto e o desenvolvimento de um componente de software associado ao sistema SPECTRUM. Além disso, as equipes trabalharão um produto com potencial para atingir o mercado mundial, o que poderá impulsionar sua exportação”, completa. Meyer conta ainda que a aprovação do projeto pela Finep se deve às seguintes características: encontra-se entre as prioridades da Política de Desenvolvimento Produtivo, na qual o desenvolvimento de soluções em software tem se demonstrado como estratégico para o País, fomentando conhecimento científico e tecnológico; capacitação dos membros da equipe; o desenvolvimento de software é responsável por parcelas expressivas dos investimentos internacionais da companhia em P&D; o produto resultante do projeto abre novas oportunidades de negócio para o País; a tecnologia a ser desenvolvida relaciona-se diretamente com a inovação de processos, produtos e formas de sua aplicação; e, por fim, tanto o software quanto seu processo de desenvolvimento são importantes para o futuro do País, bem como apresentam enorme potencial para o desenvolvimento de vantagens comparativas. O valor total de R$ 1,3 milhão será investido durante 36 meses e engloba a contratação de pessoas com nível de mestrado e doutorado – o que permitirá ampliar a capacidade científico-tecnológica da empresa. “Parcerias como essas estimulam a implementação de projetos de inovação com maior participação de doutores nas empresas”, observa Newton Pereira, responsável pela aquisição de fomentos à inovação na área de Gestão da Tecnologia. Pictures of the Future | 2/2008 9 POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 E n e r g i a p a r a To d o s Luz no Fim do Túnel A demanda crescente por energia leva empresas como a Siemens a buscar soluções cada vez mais eficientes e compatíveis com o meio ambiente. 16 Eficiências Olímpicas A China tem uma das mais eficientes termelétricas do mundo a carvão. O deserto da Austrália tem uma termelétrica que funciona quase sem resfriar a água. Ambas são inovações da Siemens. 18 Inovação à Brasileira Os Centros de Competência da Siemens no Brasil desenvolvem produtos e soluções com alta tecnologia, tornando-se inclusive referência mundial. 22 Bombeando do Fundo do Mar Instalações para exploração de petróleo no fundo do mar estão entre as atividades da Siemens no segmento de Energia. 24 Exploração de Campos Remotos A extração de Gás Natural Liqüefeito (GNL) abre novas possibilidades para geração de energia, e traz mais desafios. 2020 O aposentado Yun Jang escuta seu sobrinho explicar como a China está resolvendo sua demanda de energia. Uma termelétrica IGCC utiliza carvão para produzir energia que respeita o clima. O CO2 por ela gerado é acumulado abaixo do nível do solo. As turbinas eólicas alimentam a eletricidade em uma rede inteligente e sistemas automatizados de gerenciamento predial estão conectados a previsões do tempo. 10 Page 10 | Cenário 2020 Destaques 12 2:23 PM Pictures of the Future | 2/2008 POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 2:23 PM Page 11 Novo Mundo China, 2020. O aposentado Jun Yang foi convidado por seu sobrinho para visitar o novo Ministério da Energia. A pequena vila onde Jun Yang mora foi conectada à rede elétrica há apenas alguns anos, portanto ele gostaria de saber de onde vem a energia que mudou sua vida. Ele relata as suas experiências em uma carta a seu amigo Wan. W an, meu velho amigo, você se lembra como era a nossa vida há apenas alguns anos? Você se recorda dos dias em que nossa pequena vila ainda era um dos poucos lugares na China que não estavam ligados à rede elétrica? Tenho certeza de que foram literalmente dias escuros, muito embora algumas vezes houvesse um maior sentimento comunitário. Depois que o sol baixava, geralmente era impossível jogar MahJong, porque a lâmpada a querosene em nossa cabana era muito fraca. Cheguei à conclusão de que você não se importava a mínima – você era simplesmente um mau perdedor. Foi por isso que, assim que a eletricidade chegou, você Pictures of the Future | 2/2008 11 POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 2:23 PM Page 12 Energia para Todos | Cenário 2020 comprou uma televisão. Desde então, nossos jogos de MahJong são algo do passado. Você senta a noite toda em frente daquela coisa, olhando um mundo que você não entende. Da minha parte, eu pelo menos queria entender a coisa que mudou tanto o nosso mundo. Tenho certeza de que você se lembra de meu sobrinho Li, que está indo muito bem no Ministério da Energia. Ele é muito moderno e foi ele que deu à minha mulher todos os eletrodomésticos. Desde então, ela tem muito mais tempo livre e isso também tornou minha vida muito mais complicada. Mas estou me afastando do assunto – me desculpe. De qualquer forma, Li me convidou para visitá-lo no novíssimo edifício da administração. É claro que aceitei. Ele achou que isto ampliaria meus horizontes. Tudo começou esta manhã na estação de trem. Li disse que mandaria o carro para me pegar. O carro veio muito cedo, mas eu não ouvi o barulho do motor quando ele passou pela esquina. O motorista me explicou: o carro era um híbrido plug-in, quase totalmente movido a eletricidade. Tinha um pequeno motor de combustão, utilizado somente quando as baterias recarregáveis de lítio-ion estavam descarregadas. E elas podem ser recarregadas simplesmente ao se ligarem na tomada. Quando chegamos ao Ministério, o motorista estacionou o carro sob um telhado equipado com coletor solar e o veículo foi automaticamente conectado a uma tomada de energia. Muitos outros carros híbridos já estavam ali, sendo carregados com energia solar – e o motorista me contou que não geravam emissão de espécie alguma. O prédio da administração avançava pelo céu e me senti um pouco perdido no gigantesco hall de entrada. Uma gentil recepcionista disse que meu sobrinho estava me esperando no 40º andar e apertou um botão. A terra ficou menor tão depressa que tive de fechar meus olhos e quando os abri novamente, vi o rosto radiante de Li na minha frente. “Seja bem-vindo à sede de nossa administração, Tio Jun”, ele falou e me levou para uma grade sala com uma janela gigantesca. “Daqui, sempre temos uma boa visão geral do fornecimento de energia do país”, ele disse. “Como você sabe, há dez anos a China ultrapassou os EUA como o maior gerador de emissões de CO2, e foi por isso que tivemos de concentrar nossos esforços para preservar o meio ambiente. Hoje, já produzimos grande parte de nossa energia de forma limpa”, disse Li com orgulho, apontando para as muitas turbinas eólicas no horizonte. “Por falar nisso, todas as turbinas eólicas são 12 Pictures of the Future | 2/2008 | Tendências conectadas via Internet com previsões do tempo local, continuamente atualizadas, para que possamos prever com eficácia quanta eletricidade irão produzir”. Em seguida, ele apontou para a mensagem que apareceu na janela, como se tivesse sido escrita pela mão de um espírito. “Uma grande tempestade está prevista para nossa região. Nosso sistema de alerta recomenda que desliguemos todas as instalações que serão afetadas para que a rede de energia elétrica não fique sobrecarregada”. Pouco tempo depois, de repente tudo ficou confortavelmente aquecido e iluminado. Mas Li me assegurou que isso ocorria devido ao sistema de gerenciamento predial, que também estava ligado à previsão do tempo e que ajusta automaticamente a temperatura da sala e a iluminação, conforme seja necessário. E por falar nisso, não há lâmpadas no prédio inteiro. Em vez delas, há diodos emissores de luz altamente eficientes. Tudo isso contribui para economizar muita energia e reduzir as emissões de dióxido de carbono. Fiquei surpreso ao ouvir que nossos fogões a carvão na vila emitem mais CO2 do que a gigantesca termelétrica movida a carvão localizada não muito longe do prédio. Meu sobrinho me explicou que essa termelétrica recém-inaugurada era uma instalação IGCC, que não queima o carvão diretamente, mas – em vez disso – o transforma em um gás contendo hidrogênio, que é o combustível da turbina. O CO2 é separado durante o processo. Você não vai acreditar no que acontece em seguida. O gás é coletado, removido através de tubulações e finalmente bombeado para as profundezas da Terra. Ali, em um depósito subterrâneo que anteriormente fora um reservatório de gás, ele pode ficar por milhares de anos sem escapar para a superfície. Obviamente, Li notou meu olhar cético, porque disse: “Isso realmente é verdade, porém agora estamos construindo também termelétricas que não precisam de carvão – por exemplo, instalações que geram eletricidade apenas das ondas do mar e de turbinas eólicas que flutuam e são utilizadas no mar aberto”. Por falar nisso, meu sobrinho me deu um presente muito diferente quando parti: o MahJong para jogar no computador, assim poderei jogar sozinho, ele disse. Infelizmente, não tenho computador, mas ele disse que o jogo também funciona em uma TV. Wan, meu velho amigo, você tem algo para fazer no domingo à noite? Florian Martini Luz no A população do mundo está crescendo – assim como sua sede por energia, que está sendo cada vez mais saciada, especialmente nos mercados emergentes, por carvão mineral. Mas novas soluções estão à vista. Cada vez mais, é possível limpar as emissões e seqüestrar o CO2, aumentando a eficiência e diminuindo a poluição. E novas tecnologias de energia renovável estão bem próximas. POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 2:23 PM Page 13 Uma cobertura iluminada, como vista do espaço, é uma lembrança de que nosso planeta tem fome de energia, que deverá crescer 55% até 2030. Em 2020, a Terra será o lar de oito bilhões de pessoas. Fim do Túnel O s astronautas que trabalham na Estação Espacial Internacional (ISS) têm acesso a uma vista espetacular quando contornam a órbita da Terra. Em cada volta, a Terra se torna escura e bilhões de luzes, 390 quilômetros abaixo, juntam-se para formar algo que lembra uma teia de aranha. Essa luz é, de fato, o único sinal visível de civilização no nosso planeta, visto do espaço. O mar de luzes se expande continuamente conforme a população da Terra aumenta. De acordo com as Nações Unidas, existirão oito bilhões de pessoas vivendo em nosso planeta em 2020. À medida que a prosperidade se espalha, essas pessoas buscarão padrões de vida mais elevados, e tudo isso exigirá enormes volumes de energia. “A energia é uma necessidade da vida”, diz Peter Hennicke, ex-chefe do Instituto Wuppertal para o Clima, Meio Ambiente e Energia. “Mas também pode ser uma praga, se você olhar para ela em termos de mudanças climáticas, redução de recursos e não a usar e produzir de maneira eficiente e econômica”. Infelizmente, estamos longe disso, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), e as coisas não ficarão muito melhores se as tendências atuais continuarem. O IEA prevê que o consumo primário global de energia aumentará 55% entre 2005 e 2030, caso a atual estrutura da política ambiental permaneça imutável. Assim, o consumo chegaria a 18 bilhões de toneladas de equivalentes de petróleo (TOE) ao ano, em comparação com os 11,4 bilhões de TOE em 2005. O estudo do IEA diz que os países em desenvolvimento serão responsáveis por 74% do aumento do consumo de energia primária – com a China e a Índia sozinhas respondendo por 45%. Além disso, esses dois países atenderão a maior parte de suas necessidades de energia com carvão, que continua sendo abundante e atualmente é mais barato do que as fontes de energia renovável. A China já tem um gigantesco apetite por carvão. Somente em 2006, o país pôs para funcionar 174 termelétricas movidas a carvão, o que dá uma média de uma termelétrica a cada dois dias. “Para conter os riscos associados ao clima, temos de explorar a solução potencial mais eficaz e rápida, e menos dispendiosa: eficiência energética”. A China está ciente do problema e incluiu em seu 11º Plano Qüinqüenal estipulações rigorosas para reduzir a poluição ambiental e melhorar a eficiência energética. As novas tecnologias da Siemens estão indicando o caminho. Por exemplo, a mais moderna termelétrica da China, a instalação movida a carvão de Huaneng Yuhuan. Desde novembro de 2007, as unidades de turbinas a vapor e geradores da Siemens tornaram possível um índice de eficiência de 45%. São 15 pontos percentuais acima da média global para termelétricas movidas a carvão mineral e 7% a mais do que a média da União Européia. Isto é significativo, visto que um ponto percentual se traduz para uma termelétrica de médio porte em aproximadamente 100.000 toneladas a menos de CO2 por ano. “Se usarmos a mesma tecnologia em projetos no futuro, haverá uma enorme contribuição para a melhoria da eficiência energética e da proteção ambiental”, diz Hu Shihai, diretor superintendente adjunto do grupo Huaneng da China. Cientistas do Setor Energy da Siemens, em Pictures of the Future | 2/2008 13 POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 2:23 PM Page 14 Energia para Todos | Tendências Mülheim an der Ruhr, na Alemanha, estão trabalhando na chamada tecnologia dos 700ºC como maneira de aumentar a eficiência das termelétricas movidas a carvão. Lá, os especialistas estão tentando fazer com que as turbinas suportem temperaturas extremamente altas de vapor, visto que quanto mais alta a temperatura, mais eficiente será o sistema. Novos materiais e técnicas de fabricação estão sendo estudados em um esforço para alcançar a temperatura de 700ºC e pressão de 350 bars, o que é aproximadamente 100ºC e 65 bars a mais do que a norma nas termelétricas atuais. Somente com esses novos e altos níveis poderá se chegar a índices de 50%. ma é que a estrutura legal para o seqüestro eficiente de CO2 ainda não está clara, e os locais onde o CO2 poderá ser armazenado ainda têm de ser encontrados e testados. O estudo mais abrangente sobre as possibilidades do armazenamento subterrâneo de CO2 está sendo realizado atualmente na pequena cidade de Ketzin (próxima a Berlim) pelos cientistas do Centro Alemão para Geociências em Potsdam, que planejam depositar 60.000 toneladas de dióxido de carbono em “Temos de explorar a solução potencial mais eficaz e menos dispendiosa: eficiência energética” 74% do aumento do consumo global de energia ocorrem em mercados emergentes. Separação e Seqüestro. Os engenheiros de desenvolvimento também estão examinando outros conceitos para fazer com que as termelétricas movidas a carvão respeitem mais o clima. Uma abordagem envolve separar o dióxido de carbono criado pelo processo de queima do carvão e armazená-lo abaixo do solo para mantê-lo fora da atmosfera. Uma técnica promissora é a gaseificação do carvão em termelétricas de Ciclo Combinado de Gaseificação Integrada (IGCC). As termelétricas IGCC transformam o carvão e outros combustíveis como petróleo e asfalto em gás sintético que impulsiona a turbina. Este gás é uma mistura de hidrogênio com monóxido de carbono de onde o CO2 pode ser separado com relativa facilidade. “Estamos prontos para começar a construção de uma grande instalação de IGCC a qualquer momento”, diz Christiane Schmid, da Siemens Fuel Gasification Technology GmbH, em Freiberg, na Alemanha. “A Siemens tem estado envolvida no desenvolvimento de conceitos otimizados de IGCC há anos. A Espanha e a Holanda, por exemplo, já têm termelétricas de IGCC funcionando com a tecnologia da Siemens”. Mas antes que elas possam ser construídas, vários obstáculos terão de ser superados. O proble- 14 Pictures of the Future | 2/2008 não só ajuda o meio ambiente: ele também ajuda a operadora da piscina a economizar € 200.000 por ano. A Siemens já implantou quase 2.000 projetos como esse em todo o mundo. De acordo com a IEA, os edifícios são responsáveis por cerca de 40% do consumo global de energia e 21% das emissões de CO2. Também precisam de uma “dieta de energia” os cerca de 20 milhões de servidores em todo o mundo conectados à Internet. De extratos especiais de rocha 700 metros abaixo do solo nos próximos dois anos. O CO2SINK, como é chamado o projeto patrocinado pela União Européia, examinará como o gás reage depois de ser bombeado para baixo da Terra e determinará se ele pode encontrar uma maneira de voltar à superfície. Os geólogos acreditam que o CO2 pode ficar seqüestrado por milhares ou talvez milhões de anos, o que significa que o armazenamento comercial de CO2 e termelétricas movidas a carvão, mas que respeitam o clima, podem se tornar realidade. “Mas ainda levará um tempo. É por isso que, além de focar na produção mais eficiente de energia, deveríamos tentar usá-la de maneira muito mais eficiente também”. “Um país como o Japão poderia reduzir as emissões de CO2 em 70% entre agora e 2050, graças à utilização mais eficiente da energia”, com apenas custos adicionais marginais, de acordo com Hennicke. Operadores de uma piscina coberta em Viena, na Áustria, já estão colhendo os benefícios do uso mais eficiente de energia. Graças a soluções da Siemens, as instalações da piscina agora produzem cerca de 600 toneladas a menos de gases de efeito estufa por ano. O equipamento da Siemens acordo com a Universidade de Stanford, operar esses computadores exige a energia gerada por 14 termelétricas de 1.000 megawatts. Reduzir o consumo de energia aqui também produziria resultados impressionantes. “Centros de informática poderiam reduzir o consumo de energia em mais de um terço, caso passassem a utilizar tecnologias mais eficientes”, diz David Murphy, que coordena os projetos “Green IT” (“TI Ecológico”) na Siemens IT Solutions and Services. Esses projetos serão cada vez mais importantes tendo em vista os preços cada vez mais elevados da energia e as crescentes emissões de CO2. Por toda a sua publicidade negativa, o dióxido de carbono tem uma característica positiva: ele levou a um gigantesco boom de inovações nas áreas de eficiência energética e de tecnologias de respeitam o meio ambiente. Um exemplo perfeito é o estado da Califórnia, cujas universidades, regulamentos ambientais rigorosos e capitalistas empreendedores contribuíram para que as empresas produtoras de tecnologias limpas, inclusive a Siemens, florescessem. A tecnologia ambiental é nos dias atuais o setor que cresce mais rapidamente para investimentos de capital, sendo responsável por um terço de todos esses investimentos nos EUA, em 2007. “As soluções que estão sendo desenvolvidas – que vão de chips extremamente eficientes para computadores até veículos híbridos que “enchem o tanque” com a luz do sol – são pioneiros”, diz Hennicke. Além disso, ele acrescenta, “se os EUA chegarem perto de explorar seu potencial em energia renovável, veremos uma enorme onda de inovações que nos trariam para muito mais perto de nosso objetivo de fornecer energia a bilhões de pessoas, de maneira sustentável”. Florian Martini POF 10-15.qxd:PoF 10-15.qxd 11/12/08 2:23 PM Page 15 | Fatos e Projeções Demanda de energia e emissões de CO2 projetadas Demanda global por energia primária Emissões de dióxido de carbono Números reais e projetados Energia renovável Energia nuclear Gás Carbono Petróleo decorrentes de combustão de operadoras de energia 15,000 Milhões de toneladas (Mtoe) 10,000 20,000 Taxa média de crescimento (2005 – 2011) entre 10 a 13% por ano 16,000 41,900 14,000 40,000 Milhões de toneladas 12,000 30,000 10,000 8,755 Vendas em US$ milhões 18,000 Gás Carbono Petróleo 17,700 Demanda de energia renovável na Europa 8,000 20,688 20,000 6,000 5,000 4,000 10,000 Fonte: Frost & Sullivan, 2005 Fonte: IEA 2007. 1 Mtoe = 1 milhão de toneladas de equivalentes de petróleo = 41,868 PJ (petajoule) Por que a energia renovável é necessária? 2,000 0 1990 2005 2015 2030 0 1990 2005 2015 2030 0 2001 02 03 04 05 06 07 08 09 10 2011 Dados baseados no cenário de “Business as Usual” da Agência Internacional de Energia. Em 2011, a venda de energia renovável somente na Europa deverá atingir São necessárias medidas políticas e técnicas claras para reduzir as emissões de CO2. quase US$ 18 bilhões, ou seja, quase três vezes o nível de 2001. O desenvolvimento econômico e o crescimento de- países em desenvolvimento tecnologia que respeite mais GW deverá ser instalado sob a forma de geradores foto- mográfico em muitos mercados emergentes estão o clima e seja eficiente em termos de energia. voltaicos. A Frost & Sullivan prevê que as vendas no mer- fazendo com que a demanda global de energia aumente A engenharia ambiental continua a crescer. De cado de energia renovável aumentarão de US$ 6,9 bilhões com rapidez. No World Energy Outlook de 2007, a Agência acordo com a organização de desenvolvimento da Ale- em 2006 para US$ 17,9 bilhões em 2013. Além de incen- Internacional de Energia (IEA) previu que o consumo de manha, GTZ, US$ 71 bilhões foram investidos em energia tivos fiscais e patrocínio, Pequim criou outros incentivos energia aumentará mais de 50% até 2030, se as atuais renovável em 2006, ou seja, 43% a mais do que em econômicos para promover a energia renovável. políticas forem mantidas. A China e a Índia sozinhas serão 2005. Dessa soma, US$ 15 bilhões foram gastos por responsáveis por metade do aumento. Os combustíveis países em desenvolvimento e emergentes. Outra maneira de gerar energia respeitando o clima envolve tecnologias para a separação eficiente do CO2, fósseis continuarão a ser uma das principais fontes de ener- No futuro, o uso de energia renovável expandirá – tais como gaseificação do carvão, combustão com gia primária e serão responsáveis por 84% do aumento do especialmente em países como China, Índia e Brasil. O es- oxigênio puro e separação do CO2 dos gases de com- consumo entre 2005 a 2030. Acima de tudo, o carvão mi- tudo GTZ TERNA 2007 sobre os países informa que cerca bustão. Embora muitos projetos-piloto semelhantes já neral apresentará forte expansão. Atualmente, a China e a de 80% de toda a energia gerada na China é produzida de existam, ainda há algum caminho a percorrer antes que Índia consomem 45% de todo o carvão usado no planeta; termelétricas movidas a combustíveis fósseis, muitas das essas tecnologias sejam amplamente utilizadas. De até 2030, este número provavelmente ultrapassará 80%. quais funcionam a carvão mineral. A eletricidade pro- acordo com projeção preparada pelo IPCC (Painel Inter- duzida por hidrelétricas contribui com 15% a 18%, ener- governamental das Nações Unidas sobre Mudança gia nuclear com 1%, e a eólica com muito menos. Climática) em 2005, a energia produzida por todas as As emissões de CO2 em 2030, com base nos aumentos previstos, serão o dobro do nível alcançado em 1990 (gráfico acima). Para assegurar que as emissões de gases De acordo com o 11º Plano Qüinqüenal da China, essa de efeito estufa diminuam apesar desses acontecimentos, situação deverá mudar: até 2010, energia de gás natural, mento de CO2 (CCS) ainda será responsável por menos de 187 países concordaram com os pontos-chave de um hídrica, eólica e nuclear coletivamente serão responsáveis 3% da energia gerada no mundo em 2020. novo acordo de proteção climática, no Congresso Mundial por 38% da produção energética do país. Até 2010, 20% - De 2000 a 2030, o custo dos sistemas de CCS sobre o Clima, realizado em Bali, em 2007. O acordo deve 290 gigawatts (GW) - deverão vir somente de hidrelétricas; deverá cair pela metade, de US$ 50 e US$ 100 para estar pronto no congresso a ser realizado em Copenhagen hoje, a cifra equivale a 128 GW. O potencial hidrelétrico da entre US$ 25 e US$ 50 por tonelada de CO2. Em decor- no final de 2009 e entrará legalmente em vigor até 2012, China, com 676 GW, é maior que o de qualquer outro país. rência disso, oIEA acredita que a produção das fábricas quando termina o Protocolo de Kyoto. Em Kyoto, as A energia eólica, que também tem potencial CCS poderá aumentar para 20% até 2030 e para 37% nações industrializadas se comprometeram a cortar seus considerável, deverá passar de 1 GW para 30 GW entre o até 2050. Neste caso, as emissões de CO2 decor- gases de efeito estufa em média 5% até 2012, em com- final de 2005 e 2020. O mercado fotovoltaico também rentes da geração mundial de energia poderiam ser paração com os níveis de 1990. O novo acordo deverá pre- está crescendo – no final de 2006, ele estava em 65 reduzidas em até 18 gigatoneladas até 2050, o que ver a redução de 25% a 40% até 2020. Para alcançar este megawatts, metade dos quais fornecem energia para representaria uma importante contribuição para o objetivo, os países industrializados devem fornecer aos residências em regiões distantes. Até 2020, cerca de 1,8 cumprimento das metas de Bali. fábricas que usam tecnologias de captura e armazena- Pictures of the Future | 2/2008 Sylvia Trage 15 POF 16-17.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:25 PM Page 16 Energia para Todos | Energia Movida a Carvão na China Termelétrica Yuhuan: eficiência recorde graças às turbinas a vapor da Siemens. Eficiências Olímpicas A geração de capacidade é há muito tempo vista como o calcanhar de Aquiles da expansão chinesa. Mas, graças à nova tecnologia da Siemens, a geração de energia da República Popular está se tornando cada vez mais eficiente, compatível com o meio ambiente e sustentável. P ara a China, 2008 é apenas o mais recente de uma série de grandes anos. Com outdoors da Olimpíada de Pequim espalhados em todas as províncias, os chineses viram os Jogos como uma oportunidade de ouro não só para apresentarem um gigantesco festival dos esportes, mas também para exibir as recentes realizações do país. Apesar de ter aumentado o produto interno bruto a um fator de 13 desde 1990, a República Popular da China está determinada a mostrar ao mundo que ainda tem muito potencial. As palavras de ordem na última onda de modernização da China são “eficiência, compatibilidade ambiental e sustentabilidade”. As últimas demonstrações do compromisso da China com tais objetivos estão atualmente à mostra na província de Zhejiang, ao sul de 16 Pictures of the Future | 2/2008 Xangai, local da termelétrica mais moderna da China. A usina de Yuhuan, movida a carvão, consiste de quatro unidades geradoras de 1.000 megawatts, das quais as duas mais recentes – Unidades 3 e 4 – começaram a funcionar em novembro último. A instalação se orgulha de sua eficiência de 45%, performance destacada mesmo para os padrões internacionais. A eficiência média das termelétricas da China é de 30%, número semelhante ao dos EUA, e também da Europa, em torno de 38%. Não que haja qualquer aspecto artificialmente melhorado sobre a performance de Yuhuan, operada pela Huaneng Power International Inc. Essa eficiência é possível graças ao uso das chamadas turbinas a vapor ultrasupercríticas da Siemens, o que torna possível produzir temperaturas de 600ºC e pressão de 262,5 bars. Como comparação, a pressão no pneu de um automóvel é ao redor de 3,3 bars. Os geradores também são da Siemens. “Vi muitas termelétricas nos últimos 25 anos, mas o projeto e a performance dessas de Yuhuan são realmente especiais”, diz Lothar Balling, vice-presidente de Termelétricas a Vapor na Siemens. A operadora da termelétrica concorda. “Sabemos há muito tempo que a Siemens fornece tecnologia de ponta e sistemas de alta qualidade”, diz Fan Xiaxia, vice-presidente da Huaneng Power International. “Huaneng precisa desse tipo de tecnologia avançada para se desenvolver como empresa”. Por outro lado, Huaneng está tranqüila sobre a perspectiva de Yuhuan em breve ser ultrapassada no quesito eficiência, liderando o caminho POF 16-17.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:25 PM Page 17 | Energia Movida a Carvão na China para outras geradoras de energia da China. Melhor eficiência, compatibilidade ambiental e sustentabilidade são imprescindíveis para o setor de eletricidade chinês. “A administração do país disse categoricamente que sua economia não pode se dar ao luxo de crescer às custas do meio ambiente”, diz Hu Shihai, gerente geral assistente do Grupo Huaneng da China. “É por isso que o 11º Plano Qüinqüenal contém metas muito rigorosas para a redução da poluição e melhorias em eficiência energética”. Apetite energético. A China precisa superar desafios gigantescos se quiser permanecer na rota do crescimento econômico. A demanda por energia no país aumentou em média 5,6% todos os anos desde o início da era da reforma, no início da década de 1980, e, no último ano, teve um aumento astronômico de 20%. Em 2003, a China tinha capacidade total de geração de 400 gigawatts (GW). Desde então, esse número aumentou para 720 GW e deverá alcançar 1.000 GW até 2011. Só no último ano, 174 termelétricas movidas a carvão na categoria 500 megawatts entraram em funcionamento na China – em média, uma a cada dois dias. Impulsionando o crescimento do país está não só o consumo industrial como também o doméstico, com a maioria das residências chinesas tendo atualmente geladeira e TV, e muitos investindo também em máquinas de lavar e aparelhos de ar condicionado. No entanto, o consumo de eletricidade per capita ainda é baixo pelos padrões internacionais. De acordo com estudo realizado pela Agência Internacional de Energia (IEA), ele era de somente 1.780 quilowatts/hora (kWh) em 2005, substancialmente menos do que na Alemanha (7.100 kWh) ou nos EUA (13.640 kWh). Por outro lado, esse número, comparado com a produção econômica da China, é significativo: para cada unidade do PIB, a República Popular consome 3,5 vezes mais energia do que a média internacional. Cerca de 73% da eletricidade do país é gerada do carvão, a única fonte de energia que a China possui em quantidades consideráveis e que, portanto, não tem de ser importada a altos custos. Em 2007, a China consumiu cerca de 1,5 bilhão de toneladas de carvão em suas termelétricas. Qualquer melhoria na eficiência tem impacto substancial no consumo de recursos do país, custos de combustível e emissão de gases de efeito estufa. O aumento de um único ponto percentual na eficiência faz cair as despesas com combustível em 2,5 pontos percentuais. Para uma termelétrica de porte médio que tenha uma capacidade instalada de 700 MW e funcione por 7.000 horas ao ano, isso se traduz em uma redução anual de 100.000 toneladas de dióxido de carbono. “Tecnologia para termelétrica eficiente e que respeite o meio ambiente desempenha um grande papel na redução das emissões de CO2”, diz Balling. “Nosso objetivo é realizar esse potencial em todo o mundo”. Esta abordagem se enquadra perfeitamente com a estratégia política da República Popular, que provavelmente superou os EUA como o maior produtor de gases de efeito estufa e está ciente das responsabilidades que acompanham esse papel. Eficiência recorde. Em junho passado, Pequim publicou suas próprias diretrizes de como reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. A meta é aumentar a eficiência energética em 20% até 2010, com base nos níveis de 2005. Além disso, ao construir termelétricas movidas a carvão mais eficientes, o governo planeja reduzir as emissões de dióxido de carbono em 200 milhões de toneladas durante o mesmo período. “Quando se examinam as termelétricas mais novas da China, fica óbvio que a nação já deixou de ser um país em desenvolvimento”, diz Lutz Kahlbau, presidente da Power Generation na China. “De fato, as termelétricas mais modernas da China estão entre as melhores do mundo, com grande eficiência e emissões de CO2 comparativamente baixas”. Liderando o caminho, está a termelétrica de Yuhuan. “É nossa termelétrica movida a carvão mais eficiente em termos de energia e em compatibilidade com o meio ambiente”, diz Hu. “Se utilizarmos a mesma tecnologia para projetos futuros, isto terá um enorme impacto na eficiência e no meio ambiente no setor energético chinês”. A Siemens já tem em mira novos recordes para futuras termelétricas. “A próxima geração de termelétricas movidas a carvão funcionará a temperaturas de vapor de 700ºC e pressões acima de 300 bars”, explica Balling. “Isso deverá nos permitir quebrar a barreira mágica de 50% de eficiência e assim reduzir ainda mais as emissões, em relação aos níveis atuais”. Com tanto potencial para o progresso, 2008 não será o último grande ano no calendário chinês. Bernhard Bartsch Turbina a vapor ultra-supercrítica fornecida pela Siemens garante eficiência à termelétrica movida a carvão na China. Pictures of the Future | 2/2008 17 POF 18-21.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:40 PM Page 16 Desenvolvimento | Centros de Competência no Brasil Inovação à Brasileira Em diferentes panoramas, as várias divisões da Siemens no Brasil mantêm a tradição de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e soluções. P resente no País há mais de um século – marco comemorado oficialmente em 2005 – a Siemens sempre se destacou como uma empresa líder em inovações. Tal característica está na origem da corporação, seguindo a vocação inovadora do fundador, Werner von Siemens, empreendedor que apresentou ao mundo algumas soluções revolucionárias, como o primeiro telégrafo de ponteiro e o dínamo elétrico. 18 Pictures of the Future | 2/2008 Para visualizar o atual panorama de inovações da Siemens, é preciso enxergar a atividade da Empresa à luz das transformações econômicas ocorridas nas últimas décadas, no Brasil e no mundo. No início dos anos 1990, dois movimentos paralelos começaram a se consolidar, interna e externamente. Internamente, o Brasil passou a vivenciar a abertura de seu mercado, depois de pelo menos duas décadas de importações proi- bidas ou fortemente restritas, o que havia criado reservas de mercado em vários setores da economia. Com a regulamentação da abertura, em diversos segmentos, tornaramse mais freqüentes os investimentos de capital estrangeiro no nosso país e a transferência de tecnologia. “A implementação de leis federais de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento trouxe um novo estímulo às empresas nesse período”, POF 18-21.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:40 PM Page 17 Funcionários da Siemens fazem inspeção em rotor utilizado em turbinas como a SST 300, feita no Brasil. corporações. Linhas de produtos desenvolvidas em mercados específicos eram progressivamente substituídas por produtos “globalizados”, seguindo os mesmos padrões de projeto e de processos, garantindo a mesma qualidade do produto em questão, em qualquer ponto do planeta. Diante do novo quadro, grandes corporações multinacionais, como é o caso da Siemens, transformaram a face de seus processos de pesquisa e desenvolvimento. Em vez de esforços isolados, buscando regionalmente inovações que atendessem os mercados domésticos, o caminho seguido pela empresa foi o da criação dos Centros de Competência. Esses grupos de profissionais dedicados à pesquisa e ao desenvolvimento focam suas atenções nos mercados atendidos pela Siemens, cada um direcionado para sua área de especialização – Petróleo & Gás, Açúcar & Etanol, Transformadores, Turbinas, Soluções Industriais, etc. Cada Centro de Competência da Siemens, em qualquer parte do mundo, atua em conexão com seus similares na Alemanha e em outros países, em contínuo intercâmbio de informações e, em muitos casos, valendo-se dessas parcerias para finalizar soluções. Com esse formato, a Siemens se beneficia regional e mundialmente, utilizando uma efetiva rede de soluções apta a criar, transferir e aplicar inovações em vários mercados, com uma força muito maior que antes e com mais velocidade. comenta Jefferson Pellissari, da área de Gestão da Tecnologia da Siemens. Em um primeiro momento, a chamada “Lei de Informática”, depois rebatizada “Lei de TI”, permitiu que a iniciativa privada obtivesse benefícios tributários mediante investimento em pesquisa e desenvolvimento. Mais recentemente, a promulgação da “Lei do Bem” estendeu tais benefícios a outros setores, além da área de Tecnologia da Informação. A Siemens firmou vários programas de parceria com diversas instituições de ensino e pesquisa, desde os tempos da “Lei de Informática”, visando à colaboração mútua para o desenvolvimento de inovações. Por outro lado, mundialmente, a economia seguiu, nas últimas décadas, a passos largos para cristalizar seu processo de globalização, com a centralização do desenvolvimento de produtos e soluções por parte das grandes Transformando conceitos. Um dos Centros de Competência da Siemens no Brasil está na Divisão de Transformadores de Potência, localizada no Complexo industrial de Jundiaí. Inaugurada em 1979, a fábrica passou por um recente processo de ampliação e modernização de suas instalações. Das dezenove fábricas desse tipo de equipamento da Siemens em todo o mundo, a do Brasil ocupa o terceiro lugar em volume produzido e tem o maior campo de provas de transformadores da América Latina. Ecos da ampliação, diretamente liga- Há dois anos, foi criada a Gestão Estratégica de Tecnologia e Inovação (GETI), cujo principal objetivo é planejar estrategicamente o desenvolvimento tecnológico da área, atuando também como facilitadora da consolidação de novos projetos e ainda da divulgação científica. Em dois anos, a Gestão Estratégica de Tecnologia e Inovação já mapeou 48 projetos. Entre eles, o desenvolvimento de materiais para atendimento às novas demandas ambientais, técnicas e métodos de diagnóstico e monitoramento online de transformadores, dimensionamento mecânico do tanque para alívio de sobrepressões súbitas durante a ocorrência de uma falha interna, integração de processos informatizados e o desenvolvimento de uma plataforma de projeto comum (SDP), reconhecida com o terceiro lugar regional no Prêmio Finep de Inovação. O GETI tem ainda a atribuição de ampliar a capacitação profissional, com foco em pesquisa e desenvolvimento. Para isso, a área firmou uma parceria com o Senai para treinamento de toda a equipe da Unidade de Transformadores. Os primeiros resultados já são percebidos: estruturação e organização dos projetos de tecnologia, três parcerias firmadas com clientes para execução de atividades de P&D, implementação de dois projetos aprovados pelo programa de P&D da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e treze artigos publicados em congressos nacionais e internacionais. O aspecto do intercâmbio de informações fica evidente ao se examinar a lista de artigos publicados, em colaboração com localidades como a Siemens nos Estados Unidos e a Siemens na Alemanha, além de trabalhos conjuntos com parceiros como Eletropaulo, Cemig, Furnas, Braskem e Universidade de São Paulo. Na mesma localidade de Jundiaí, mas na divisão de geração de energia, outro grupo tem reforçado sua presença no campo da inovação. O Centro de Competência de Turbinas faz parte de uma história recente de sucesso no mercado brasileiro, com o desenvolvimento do modelo SST 300. Com a estrutura dos Centros de Competência, a Siemens utiliza uma efetiva rede de soluções dos à Unidade de Transformadores recentemente foi escolhida para receber a segunda linha do mundo para produção de equipamentos para HVDC (sistema de transmissão em corrente contínua). O crescimento da divisão também ocorre no processo de pesquisa e desenvolvimento. Essa turbina, desenvolvida pela Siemens na Alemanha, iniciou um novo capítulo de sua existência graças a uma peculiaridade do mercado brasileiro – o setor de açúcar e etanol. Diante do crescimento do mercado de etanol como combustível renovável, utilizado em veículos bicombustíveis (flex), a Siemens Pictures of the Future | 2/2008 19 POF 18-21.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:40 PM Page 18 Desenvolvimento | Centros de Competência no Brasil O campos de provas de transformadores da fábrica de Jundiaí é o maior da América Latina; à direita, o engenheiro Geraldo Rochocz, um dos fundadores da Chemtech. no Brasil decidiu investir no imenso potencial do segmento sucroalcooleiro, especificamente na questão da queima do bagaço (biomassa residual da produção do açúcar e do etanol), para produção de energia. Em conjunto com a Alemanha, a Siemens no Brasil desenvolveu um projeto de adaptação tecnológica da turbina SST 300 para aplicação em unidades de cogeração em usinas de açúcar e etanol. O projeto consistiu de transferência de tecnologia e envolveu um grupo de trabalho multidisciplinar, com engenheiros, especialistas em métodos e processos, fornecedores e chão de fábrica, inclusive com treinamento na Alemanha. Concluído o processo de adaptação do produto, a Siemens passou a dispor de uma turbina a vapor ideal para uso nesse tipo de usina. É com a SST 300 que muitas usinas brasileiras, hoje, são capazes de transformar o bagaço de cana – antes considerado um resíduo incômodo pela falta de espaço para estocagem e sem valor para energia elétrica em um dos mais bem-sucedidos programas de co-geração de energia dos últimos tempos. “E não vamos parar por aí!”, informa o gerente-geral de Marketing e Vendas, engenheiro Eduardo Ângelo, da área de geração de energia de Jundiaí. Ele explica que o mercado sucroalcooleiro em breve vai se deparar com outro desafio – o descarte da vinhaça, outro resíduo do processo da produção de açúcar e etanol, considerado poluidor para o solo e para o lençol freático, quando despejado em larga escala. A vinhaça, hoje, é utilizada na irrigação e na adubagem das plantações de cana-de-açúcar, porém, com o controle mais rigoroso estabelecido pela legislação ambiental, os volumes permitidos de descarte da vinhaça serão limitados. O que fazer com o volume excedente desse resíduo? A Siemens, em parceria com empresas especialistas no tratamento da vinhaça e também com usineiros empreendedores do setor, busca uma resposta rápida, desenvolvendo uma solução de produção de energia a partir da queima do biogás. “A diferença, neste caso, é que o insumo para a geração de energia é o biogás, que possui grande percentual de metano, subproduto do tratamento da vinhaça. Por isso, a Siemens já está trabalhando no Brasil com a adaptação de um outro modelo de turbina, a gás, ampliando o portfólio da empresa junto ao setor e contribuindo ativamente para a diminuição da contaminação ambiental”, completa Eduardo. A importância do segmento de açúcar e etanol tem crescido tanto na economia brasileira que justificou a criação de um Cen- 20 Pictures of the Future | 2/2008 tro de Competência exclusivo na Siemens. O conceito de inovação, como explica Newton Pereira, da área de Gestão da Tecnologia, precisa ser compreendido além da idéia de novos produtos. “Inovação não é apenas um produto novo, mas também a capacidade de transformar soluções já disponíveis para novas utilizações”, comenta Newton. Na prática, a Siemens já tinha um amplo portfólio de soluções para atender usinas de açúcar e etanol. Com o Centro de Competência, hoje sob o comando da engenheira Mônica Santana, passou a aglutinar ações de análise desse mercado, benchmarking no segmento, monitoramento do setor dentro e fora do Brasil, para organizar o portfólio da Siemens a atendê-lo, além de acompanhar o desenvolvimento e as tendências tecnológicas do setor como, por exemplo, o etanol de segunda geração, de modo a poder dar suporte à sua evolução tecnológica. O Centro de Competência de Açúcar e Etanol exemplifica outra tendência importante no campo das inovações – as parcerias. No caso específico das usinas de cana, a Siemens detectou a necessidade de oferecer dois produtos totalmente novos, não disponíveis em seu portfólio. Firmou parceria com a Dedini, maior fornecedora de unidades fabris e equipamentos para produção de biocombustíveis do mundo, e desenvolveu a peneira molecular, utilizada no processo de desidratação alcoólica, assim como o Split Feed, processo de destilação com integração energética. O diferencial de ambas as soluções está na redução do consumo de vapor em 50%. Com o desenvolvimento dessas duas novas soluções, a Siemens alinhou ainda mais seu portfólio de inovações para o segmento, reforçando sua posição como uma das principais fornecedoras para o crescente mercado de açúcar e etanol. Inovação pura. O desenvolvimento da solução Split Feed remete a outro importante pólo gerador de inovações da Siemens no Brasil – a Chemtech. Esta empresa, nascida no Rio de Janeiro e adquirida pela Siemens em 2001, surgiu no final dos anos 1980, com o objetivo de desenvolver produtos para indústrias de processos (óleo e gás, mineração e metalurgia, papel e celulose etc.). Nasceu no POF 18-21.qxd:PoF 16-17.qxd 11/12/08 2:40 PM Page 19 posta à prova no funcionamento regular da fábrica, comprovando-se como altamente eficiente. Inovação pura, dentro de um conceito de tecnologia da informação. período em que a engenharia brasileira vivia, de fato, um momento de estagnação. Como lembra Geraldo Rochocz, um dos fundadores da Chemtech, o Brasil enfrentava a chamada “década perdida”, sem os grandes projetos de engenharia que movimentaram o segmento nos anos 1970, e ainda distante do desenvolvimento industrial que se intensificaria a partir do final dos anos 1990. Ao focar sua atuação no desenvolvimento de soluções baseadas em tecnologia da informação, a Chemtech se situava à frente do próprio mercado, levando para dentro da indústria conceitos totalmente inovadores. Como uma empresa que tem inovação em sua origem, a Siemens focou na atuação da Chemtech. A aproximação resultou em aquisição, consolidada em 2001. Hoje, a Chemtech é a única desenvolvedora de projetos denominados FEED (Front-End Engineering & Design) na estrutura da Siemens no Brasil. O FEED corresponde à complementação do projeto básico e o pré-detalhamento, compreendendo as disciplinas de processos, mecânica, elétrica, civil, tubulações, instrumentação, segurança, entre outros, do empreendimento. A alta especialização da Chemtech na indústria de processos levou a empresa a se tornar uma referência para a própria Siemens mundial. Empenhada em ampliar sua atuação no segmento de óleo e gás, por exemplo, a Siemens está hoje utilizando o FEED desenvolvido pela Chemtech para este segmento em vários de seus projetos no mundo. Rochocz reforça que o desenvolvimento de soluções industriais é um processo que parte de conceitos universais e se molda à necessidade de cada nova fábrica. “Cada projeto é único e demanda um desenvolvimento específico, chegando a absorver mais de 300 engenheiros em várias etapas de execução”, comenta. Neste ponto, a Chemtech exemplifica outro fator decisivo no campo da inovação: o investimento em capacitação. Por ano, a empresa investe US$ 1,8 milhão em programas de treinamento, cursos, bolsas, linhas de pesquisa, em parceria com entidades produtoras de conhecimento, como as universidades (URFJ, UFF etc.). Respostas à sociedade. Em 2007, a Siemens definiu uma grande reestruturação em sua organização. Seu amplo portfólio foi reunido em três Setores – Energy, Industry e Healthcare. Um dos pontos focais da nova organização é se mostrar permanentemente pronta a responder aos principais anseios da sociedade. Aumento da demanda de energia, produção industrial crescente e com alto nível de complexidade, aumento da expectativa de vida e dos cuidados com a saúde são alguns dos desafios que o mundo vai enfrentar no futuro. Neste contexto, a Siemens tem reforçado sua atuação no campo da sustentabilidade. Hoje, 23% do faturamento mundial da empresa está relacionado a soluções que contribuem para reduzir os impactos negativos da sociedade no meio ambiente. São turbinas de altíssima tecnologia que proporcionam rendimentos nunca antes alcançados na geração de energia, equipamentos para usinas de energia eólica, soluções para termelétricas de ciclo combinado, entre muitos outros. No Brasil, o foco em sustentabilidade como negócio também está presente, seja no envolvimento com o mercado sucroalcooleiro ou em outras iniciativas, como a participação no projeto do primeiro ônibus a hidrogênio do país, cujo sistema de reaproveitamento de energia cinética foi desenvolvido em conjunto pelo Centro de Competência de Large Drives da Siemens no Brasil e na Alemanha (leia mais na página 6). Trata-se de um veículo que não emite dióxido de carbono, principal responsável pela poluição do ar. Uma solução ecológica, que conta também com a marca de inovação da Siemens. A engenharia brasileira hoje é referência no desenvolvimento de soluções para a Siemens mundial Para se ter uma idéia do alto nível de inovação obtido com as soluções da Chemtech, o engenheiro exemplifica a computação fluidodinâmica. A CFD, como é conhecida, consiste na simulação computacional dos fenômenos de escoamento de fluidos. A Chemtech utiliza a CFD para diversos estudos complexos de otimização e segurança. Em um caso específico, foi avaliada a forma de dispersão de um gás tóxico frente a possíveis cenários de vazamento e determinados os locais mais eficientes para instalação de equipamentos de mitigação de vazamentos. A simulação, toda ocorrida em ambiente virtual, é O envolvimento da engenharia brasileira da Siemens em inúmeros projetos atesta a excelência das equipes de pesquisa e desenvolvimento, antecipando-se às necessidades dos clientes, e a alta capacidade de criar projetos novos a partir de soluções universais. Esta soma de habilidades cria um cenário muito promissor para o futuro, com as boas perspectivas da economia brasileira e suas demandas cada vez mais crescentes e complexas. Neste cenário, a Siemens se mostra cada vez mais apta a oferecer, na prática, as respostas para as perguntas mais difíceis da sociedade. Pictures of the Future | 2/2008 21 POF 22-23.qxd:POF 22-23.qxd 11/12/08 2:48 PM Energia para Todos | Sistemas de Óleo & Gás Page 40 Sistemas de produção totalmente automáticos para águas profundas estão substituindo cada vez mais as dispendiosas plataformas de superfície. As instalações em mar profundo exigem compressores extremamente resistentes (abaixo, à esquerda). Bombeando do Fundo do Mar A indústria de petróleo e gás planeja construir instalações de produção no fundo do mar. Os engenheiros da Siemens estão ajudando a realizar esse ambicioso objetivo. E m novembro de 2007, ao longo da costa da Noruega, um robô levou metade de um dia para posicionar uma caixa amarela em uma instalação de petróleo no fundo do mar, aparafusá-la e conectá-la a um cabo de força. A caixa era um modem banda larga SISOG DPM desenvolvido pela Oil and Gas da Siemens, e faz parte da instalação submarina de produção de petróleo, que está 350 metros abaixo da superfície no Mar do Norte. Atualmente, o modem transmite dados sobre os pontos de perfuração – temperatura, pressão, taxa de fluxo do petróleo e conteúdo de areia – para um sistema de controle localizado na plataforma Snorre A a seis quilômetros. “A StatoilHydro utiliza os dados para continua- 22 Pictures of the Future | 2/2008 mente atualizar seu modelo para reservatório de petróleo”, diz Roy Skogsrud, vice-presidente da Oil and Gas Offshore da Siemens, em Oslo. “Agora, é possível monitorar a quantidade de areia bombeada e calcular o fluxo diretamente nas telas na sala de controles. Este recurso ajudará a otimizar a produção e ampliar a vida útil do campo”. Sistemas de instrumentação e monitoramento como esse não estavam disponíveis até a Snorre UPA entrar em funcionamento, na década de 1990, mas a pressão nos reservatórios diminuiu ao longo do tempo, e está se tornando difícil bombear petróleo do subsolo. O petróleo geralmente é encontrado nos pequenos poros e tende a aderir à rocha de embasamento. Com isso, somente 40% do potencial de produção de um poço é geralmente recuperável. A StatoilHydro planeja aumentar esse percentual para 55%. Isto exigirá conhecimento preciso das condições físicas dentro do reservatório. “Interromper a produção para atualizar os sistemas existentes seria muito dispendioso”, diz Skogsrud. O sistema de monitoramento SISOG SSC da Siemens é, portanto, a solução ideal, pois pode ser rapidamente instalado nas operações já existentes e utilizar suas linhas de força para transferir dados a velocidades de até três megabits por segundo. Para explorar os depósitos em águas profundas, os produtores necessitam de tecnologias POF 22-23.qxd:POF 22-23.qxd 11/12/08 que possam suportar condições extremas por longos períodos. “A maior parte das instalações de produção abaixo do nível do mar atualmente estão localizadas a poucos quilômetros de plataformas convencionais em alto mar”, diz Skogsrud. A tendência, no entanto, é substituir as dispendiosas plataformas por instalações automáticas de processamento no fundo do mar. Diversos componentes desses sistemas estão disponíveis atualmente, inclusive aparelhos que separam a água e a areia do petróleo e, em seguida, injetam a água para baixo da terra, onde ela aumenta a pressão do reservatório. Sob pressão. Entre os dispositivos que ainda precisam ser mais desenvolvidos estão os compressores submarinos – máquinas que comprimem o gás natural no fundo do mar. Tais compressos aumentariam o volume de gás extraído e também poderiam canalizá-lo para tubulações submarinas com diversas centenas de quilômetros a pressões de até 100 bars. A Siemens tem muitos anos de experiência como fabricante de compressores para a indústria de petróleo e gás, portanto o desenvolvimento de compressores submarinos representa o próximo passo lógico para a empresa. Em cooperação com especialistas em fundo do mar da FMC Technologies, os engenheiros da Siemens estão preparando o inovador compressor Eco II para utilização a profundidades de 1.000 metros. Mais tarde, poderão ser concebidas aplicações a profundidades de até 3.000 metros e pressões de água até 300 vezes a pressão atmosférica. A Siemens desenvolveu o Eco II em conjunto com a Shell e a empresa holandesa de petróleo NAM. A unidade é capaz de comprimir o gás natural assim que ele sai do ponto de perfuração. “O Eco II é particularmente robusto”, diz Tore Halorsen, vice-presidente sênior da FMC Technologies. Gerold Hake, diretor de Vendas na Siemens Oil & Gas, acrescenta: “Uma máquina robusta precisa ter o mínimo possível de componentes”. O ECO-II emprega motor de indução de alta velocidade equipado com impulsionador de velocidade variável. O rotor do motor é resfriado pelo gás extraído e rolamentos magnéticos não necessitam de manutenção. “A mistura de gás natural sem processamento não pode entrar em contado com a fiação da bobina elétrica que impulsiona o rotor”, explica Hake. “Isso iria corroer rapidamente os fios de cobre”. Portanto, o rotor está protegido em uma cápsula vedada a gás feita de plástico especial reforçado com fibras. O projeto inovador do ECO II também eliminou a necessidade de vedação dos eixos, que são essenciais na tecnologia convencional de compressão de gás e 2:48 PM Page 41 requerem substituição periódica. Assim, o Eco II necessita de pouca manutenção, resultando em importante melhoria de produtividade e performance ambiental. Um sistema protótipo instalado na Holanda já se comprovou nas operações em campo que tiveram início em meados de 2006. A máquina, que tem um output de seis megawatts, deverá funcionar por cinco anos sem necessitar de manutenção, e será ideal para utilização em ambientes submarinos. O Eco II será testado no laboratório K da StatoilHydro, ainda em 2008. Os noruegueses planejam instalar os primeiros compressores submarinos no campo de Åsgard ao norte de Trondheim até 2013, para manter os níveis de produção naquele local. Outro marco importante será o sistema de distribuição de energia elétrica em águas profundas, para o qual são necessários conversores de freqüência, que regulam o grau de compressão, e transformadores. “O grande desafio é não dissipar calor”, diz Skogsrud. Também não é uma tarefa fácil transmitir vários megawatts de eletricidade a distâncias acima de cem quilômetros. “Como especialista em eletrônica, a Siemens já tem a maioria dos componentes de que necessita”, diz Skogsrud. Ute Kehse Pesquisadores da Siemens estão desenvolvendo compressores que funcionam a profundidades de mais de 1.000 metros. Matérias-primas de resíduos de areia com petróleo A sorte e a exasperação algumas vezes andam de mãos dadas na vida de um inventor. “As melhores idéias, com freqüência, aparecem nos momentos mais difíceis”, disse Chad Felch, químico na divisão Water Technologies, em Rothschild, Wisconsin. Felch, especialista em águas tratadas, passou por um momento desses quatro anos atrás, quando tentava desenvolver um processo que desidrataria o produto do resíduo de lodo de fuligem, viscoso, preto decorrente do processo de criar gás sintético nas areias com petróleo do Canadá. “Os particulados da fuligem são responsáveis por apenas 15% do peso da mistura, o restante era água”, diz Felch. Devido a seu conteúdo de metais pesados, o lodo tinha de ser encaminhado para um aterro de resíduos perigosos. Para que o processo tivesse uma boa relação custo/benefício, a quantidade dos resíduos tinha de ser reduzida drasticamente. Uma equipe da Siemens liderada por Felch experimentou métodos diferentes por vários meses, sem sucesso. No entanto, os particulados da fuligem e a água simplesmente não se separavam. Por fim, os pesquisadores tentaram uma abordagem totalmente nova. “Tentamos destruir os particulados de fuligem em vez de separá-los”, relembra Felch. Eles conseguiram isso tratando o lodo de fuligem com oxidação de ar úmido Zimpro – processo patenteado da Siemens para eliminar os poluentes que são em geral difíceis de tratar – tais como sulfetos, fenóis, agrotóxicos das águas servidas. Para fazer isso, o lodo é pressurizado, aquecido e posto em contato com o ar ou o oxigênio puro. O processo foi um êxito, pois conseguiu destruir os teimosos particulados de fuligem. De fato, a equipe de Felch conseguiu oxidar 90% do carbono em dióxido de carbono. “A fuligem contém metais como o vanádio e o níquel, que têm efeito catalítico”, disse Felch. Assim, ao manipular as condições do processo, a equipe da Siemens pôde utilizar os metais como catalisadores da reação, que por sua vez tornou possível baixar a pressão e a temperatura do processo, assim reduzindo os custos. O que resta do lodo rico em metais pode ser facilmente desidratado e os clientes em potencial para sua utilização já foram identificados – portanto, o produto residual problemático foi convertido em nova matéria-prima. Pictures of the Future | 2/2008 23 POF 24-27.qxd:PoF 24-27.qxd 11/12/08 2:52 PM Page 46 Energia para Todos | Compressores para Gás Natural e CO2 A parte inferior do corpo de um compressor para gás natural liquefeito (GNL), na fábrica da Siemens em Duisburg, Alemanha. Essas gigantescas unidades comprimem gás natural e dióxido de carbono. Exploração de Campos Remotos O Gás Natural Liquefeito (GNL) está se tornando uma fonte viável de energia. Para os campos de gás em regiões remotas, onde a tubulação seria muito dispendiosa, a liquefação e o transporte por navios-tanque são alternativas viáveis. A Siemens ingressou nesse mercado em expansão, fornecendo compressores para liquefação e separação do dióxido de carbono, assim como motores elétricos de alta potência para a primeira planta totalmente elétrica do mundo. U m gancho, do tamanho de um lutador de sumô e forte o bastante para levantar um tanque, move-se silenciosamente a partir do teto da fábrica. Um trabalhador, com um controle remoto, orienta o gancho até que ele esteja em cima de um equipamento tão grande quanto um trator. Assim que o gancho é preso com segurança, o colosso é cuidadosamente erguido e balança sobre uma estrutura de aço do tamanho de uma casa. É neste local que o gigantesco compressor industrial será submetido a testes. 24 Pictures of the Future | 2/2008 Todos estão familiarizados com o ruído do compressor nas geladeiras e algumas pessoas têm pequenos compressores em suas garagens para encher os pneus dos automóveis. No entanto, a unidade que está sendo construída e testada aqui, na Fábrica de Compressores da Divisão Oil & Gas da Siemens, em Duisburg, Alemanha, tem uma escala completamente diferente. Dentro do compressor, impelidores do tamanho de uma pessoa aspiram metros cúbicos de gás e fazem a compressão para 50 bars ou mais – o tipo de pressão encontrada a 500 metros de profundidade no mar. Muitos setores industriais, como de produtos químicos, plásticos e fertilizantes e, acima de tudo, de petróleo e gás, precisam de ar e gases comprimidos, inclusive unidades de separação do ar do tamanho de fábricas. Cada compressor da unidade de Duisburg da Siemens é um exemplo único de projeto de engenharia. Os compressores são fabricados sob medida para o processo industrial em questão. POF 24-27.qxd:PoF 24-27.qxd 11/12/08 Gás Liquefeito. “Podemos partir de uma grande variedade de componentes e assim montar exatamente o produto certo”, diz Thomas Mönk, diretor de Desenvolvimento de Produtos e Coordenação Técnica na Oil & Gas da Siemens, em Duisburg. Responsável por turbinas industriais a gás e a vapor e também por compressores, Mönk está se referindo ao imenso expertise que a Siemens acumulou nesse setor ao longo dos anos, o que inclui o uso de diferentes tipos de compressores e impelidores, com uma vasta diversidade de geometrias e materiais. Os compressores da Siemens também se beneficiam do software exclusivo e das ferramentas de projeto com as quais os especialistas os trazem à vida no mundo virtual muito antes de deixarem as instalações de Duisburg. Recentemente, Mönk e seus colegas focaram em um processo industrial específico: a compressão e a liquefação do gás natural para fazer GNL – gás natural liquefeito – o que torna seu volume administrável para fins de transporte, em um processo que requer resfriar o gás a uma temperatura de menos 163 ºC, processo que reduz seu volume em 600 vezes. A construção de uma planta de gás natural liquefeito é uma proposição interessante para 2:52 PM Page 47 verá cobrir um quarto das necessidades energéticas do mundo, em comparação com os cerca de 20% atuais. Norte do Círculo Ártico. O gás é inicialmente resfriado e em seguida transportado na forma líquida. As dimensões das instalações de liquefação são gigantescas. A empresa norueguesa de energia StatoilHydro está atualmente comissionando a primeira planta de GNL do norte do Círculo Ártico, na ilha de Melkøya, perto do porto de Hammerfest. A Siemens está envolvida no projeto. A uni- O resfriamento é fornecido por um material que circula através dos trocadores de calor em ciclos separados, impulsionados por enormes compressores. O fluido de resfriamento é comprimido, descarregando o seu calor no meio ambiente. Em etapas subseqüentes, conforme expande novamente, sua temperatura cai, e o material de resfriamento extrai cada vez mais calor do gás natural. Mas antes de o gás ser liquefeito, todas as impurezas precisam ser retiradas – especialmente os compostos de enxofre – que interfeririam no processo de liquefação. Isto ocorre Os compressores podem comprimir o gás para 50 bars – a pressão encontrada em profundidades de 500 metros sob a água. dade de Melkøya começou a funcionar em janeiro deste ano e deverá atingir a plena capacidade em 2009. Em Melkøya – que é conhecida como Snøvhit, ou Branca de Neve – o gás natural é bombeado para uma chamada caixa fria, uma torre de troca de calor de 40 metros, onde o gás natural é resfriado em um processo passo a passo e finalmente liquefeito. por meio de adsorção, usando grandes superfícies de materiais especiais, e absorção em soluções de produtos químicos. O gás natural também contém até 10% de dióxido de carbono, que é retirado do ciclo de liquefação, porque de outra forma comprometeria o processo de refrigeração. A Oil & Gas da Siemens, em Duisburg, for- Impelidores para compressores de dióxido de carbono e de gás natural liquefeito (à esquerda e ao centro) todos os campos de gás natural em regiões remotas – em localidades como Nigéria, Venezuela, Catar, Indonésia e Austrália, por exemplo. Como regra, os gasodutos não são lucrativos em distâncias superiores a 3.000 quilômetros. A essa distância, fica mais barato converter o gás em GNL e enviá-lo ao consumidor em enormes navios-tanque. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), em Paris, a demanda global de gás natural deverá crescer aproximadamente 3,5% ao ano até 2020. Até lá, o gás natural de- são testados na fábrica da Siemens em Duisburg (à direita). Abaixo, um compressor completo. neceu um equipamento que comprime o dióxido de carbono até cerca de 200 bars em ciclo separado, permitindo que ele seja seqüestrado. Isto significará uma redução de aproximadamente um milhão de toneladas de gás de efeito estufa emitidos para a atmosfera a cada ano, assim que a unidade comece a funcionar a plena capacidade. Outro aspecto do processo de GNL é a recaptura dos chamados “boil-off gases”. O GNL refrigerado é armazenado em tanques vedados até que esteja pronto para embarque nos Pictures of the Future | 2/2008 25 POF 24-27.qxd:PoF 24-27.qxd 11/12/08 2:52 PM Page 48 Energia para Todos | Compressores para Gás Natural e CO2 Snøvhit, a primeira usina totalmente elétrica de GNL, foi despachada da Espanha para o norte da Noruega. A instalação de liquefação tem compressores gigantescos de CO2 e motores elétricos (fotos à direita). navios-tanque. Como em uma garrafa térmica, há uma troca mínima de temperatura entre o gás natural liquefeito e tudo o que o circunda. O calor entra no tanque e faz com que uma pequena parte do GNL evapore. O chamado “boil-off gases” é novamente alimentado para o ciclo de resfriamento ou queimado como combustível para fornecer energia para as turbinas a gás. Novamente, o compressor para essa parte do processo foi fornecido pela Siemens Oil & Gas, a líder de mercado para compressores de “boil-off gases”. A StatoilHydro planeja embarcar seis bilhões de metros cúbicos de GNL por ano para o mundo – especialmente para os EUA, mas também para a Espanha e a França. Uma vez em seu destino, o gás natural liquefeito é convertido de novo em gás natural – um processo que envolve simplesmente aquecê-lo e expandir – e então alimenta a rede de abastecimento. Atualmente, doze países ao redor do planeta operam instalações de gás natural liquefeito, sendo que a maior delas está situada no 26 Pictures of the Future | 2/2008 Golfo Pérsico, onde está localizado um terço das reservas mundiais de gás natural. Até hoje, todas essas instalações utilizaram turbinas a gás para alimentar os enormes equipamentos de refrigeração. Como é o caso das termelétricas movidas a gás, essas turbinas são movidas a gás natural. São então conectadas a enormes compressores que impulsionam o processo de liquefação de fato, na caixa de refrigeração. Na ilha de Melkøya, no entanto, a StatoilHydro e a Siemens optaram por um sistema alternativo: um trem de compressão com acionamento elétrico (“E-GNL”). Colosso de Hammerfest. Em Melkøya, os compressores para o ciclo principal de resfriamento são movidos não por turbinas a gás, mas por enormes motores elétricos da Siemens. Um dos motores produz 32 megawatts e outros dois, 65 megawatts, sendo os maiores motores elétricos já construídos. Para manter as diversas etapas de resfriamento em correto funcionamento, são necessários diver- sos motores, porque em uma planta de GNL, vários trens de compressão operam em paralelo. Os motores, que são do tamanho de uma locomotiva, foram produzidos na fábrica de Dínamos de Berlim, da Siemens. “Há grandes vantagens no trem de compressão com acionamento elétrico de GNL”, explica o gerente de projetos Klaus Ahrens. “As turbinas a gás tradicionais podem funcionar somente em velocidades fixas de rotação, são muito dependentes da temperatura ambiente e realmente não podem ser reguladas. Dessa forma, elas determinam o desempenho do compressor, o que significa que você só pode controlar a produção de GNL de maneira limitada. Motores elétricos, por outro lado, são simples de regular e também podem ser resfriados a água, o que os torna muito independentes das temperaturas ambientes”, acrescenta Ahrens. Os motores elétricos apresentam mais uma grande vantagem: eles praticamente não necessitam de manutenção. As turbinas a gás têm de ser paralisadas por vários dias no ano POF 24-27.qxd:PoF 24-27.qxd 11/12/08 2:52 PM Page 49 para manutenção de rotina, o que tem um impacto significativo na produção de uma unidade de GNL. “Isto pode significar perdas diárias de milhões de euros”, diz Ahrens. Em compensação, os motores elétricos podem funcionar por até cinco anos sem paradas. Além disso, Ahrens acrescenta que enquanto a eficiência de uma turbina a gás é geralmente ao redor de 35%, a de um motor elétrico pode chegar a 95%. E uma vez que levemos em consideração a eficiência da termelétrica que é utilizada para gerar a eletricidade, a eficiência da instalação como um todo chega a ser ao redor de 52%. Isto significa menor consumo de matérias-primas e menos emissões de CO2. No entanto, os motores elétricos são de pouca valia em áreas de GNL que – como acontece com freqüência – estão em locais muito remotos para ter acesso à malha de usina de E-GNL alcançou novo patamar. Portanto, ele está satisfeito com a utilização da tecnologia Siemens no projeto. “A Siemens mostrou um enorme empenho, especialmente durante a fase de testes do motor”, diz ele. “A empresa está muito consciente de suas responsabilidades”. energia. Levando isto em consideração, a Siemens oferece uma solução auto-independente para fornecer a eletricidade necessária, sendo os custos da termelétrica recuperados em poucos anos. E mais, mesmo usinas de GNL convencionais necessitam de eletricidade, o que em áreas remotas vem de geradores movidos por turbinas a gás. De fato, os benefícios da solução auto-in- se juntarem à novidade. Não obstante a hesitação do setor, a Siemens assinou recentemente contrato para uma usina de E-GNL para a Energy World Corporation, na Ilha de Sulawesi, na Indonésia, onde os trabalhos deverão começar no próximo ano. A Siemens fornecerá não só os principais compressores para a usina de liquefação da Energy World e moto- Solução totalmente elétrica. “O setor de petróleo e gás está observando o projeto Snøvhit com grande interesse”, diz Ahrens. “Trata-se de um setor altamente conservador em termos de novas tecnologias. Foram utilizadas soluções mecânicas durante décadas, mas sistemas totalmente elétricos significam uma gigantesca mudança”. Ahrens acrescenta que a nova tecnologia terá de comprovar sua confiabilidade durante um ano inteiro antes de outras empresas de petróleo e gás Motores elétricos em usinas de GNL não necessitam de manutenção e podem funcionar por até cinco anos sem interrupções. dependente são substanciais, e não menos importante, porque esse tipo de termelétrica opera em processo de ciclo combinado, que é substancialmente mais eficiente do que turbina solitária a gás em uma usina de GNL. Svein Nordhasli, da StatoilHydro, sabe que a res elétricos potentes para impulsioná-los, mas também todo o sistema de fornecimento de energia, inclusive conversores de freqüência, que ajudarão a rede de energia a permanecer estável quando os motores forem ligados. Fábricas móveis de produção. Em resumo, a Siemens está se envolvendo no mercado de GNL em grande escala. Theodor Loscha, um dos principais especialistas em Duisburg, está agora analisando os sistemas para campos menores de gás que, diferentemente do de Melkøya, não estarão bombeando gás durante os próximos 30 anos. “Também é possível construir uma usina de GNL em plataforma flutuante, que pode ser puxada para o próximo campo de gás assim que o primeiro seque”, ele explica. Essa capacidade de reutilização tornaria comercialmente viável explorar campos menores de gás natural, visto que a usina de GNL faz parte de uma tecnologia muito cara. “Construir uma usina de GNL é um empreendimento extremamente complexo, envolvendo muitos parceiros trabalhando juntos durante um longo período”, explica Loscha. Usinas de GNL pequenas e flexíveis são, portanto, uma perspectiva atraente. “Seja qual for a solução, um conceito baseado em E-GNL parece ser o ideal para usinas móveis de GNL – embora a Siemens possa sempre, caso o cliente queira, fornecer outros tipos de máquinas de acionamentos, tais como turbinas a vapor”, explica Loscha. Isto ocorre porque o processo inteiro tem de ser acomodado em uma área muito pequena. Em uma única plataforma flutuante, os motores elétricos são mais fáceis e, possivelmente, mais seguros do que integrar turbinas a gás, com sua câmera de combustão super aquecida. Mas, independentemente de como serão as usinas de GNL no futuro, Loscha está confiante de que a Siemens, com seu portfólio de possantes turbinas a gás, motores elétricos, knowhow de tecnologia da eletricidade, e acima de tudo, de compressores, está posicionada de maneira ideal para explorar este mercado em desenvolvimento. Tim Schröder Pictures of the Future | 2/2008 27 POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM S o l u ç õ e s P e r s o n a l i z a d a s | Cenário 2020 Destaques 30 Seu Desejo é uma Ordem Produção rápida, flexível e com bom custo/benefício: os desafios da indústria, cada vez mais baseada em processos customizados. 33 Energia para Todos os Climas Seja no calor do deserto ou no frio das regiões polares, os transformadores da Siemens contribuem no processo eficiente de transmissão de energia. 34 Soluções Integradas Com o programa Siemens One, clientes de vários segmentos obtêm diversas soluções, para várias necessidades, a partir de um único fornecedor. 38 Trem de Metrô sem Maquinista em Nuremberg Graças às soluções da Siemens na divisão de Mobility, o transporte público se torna cada vez mais rápido e eficiente. 40 O Caminho para a Produção Personalizada Na prática, como as soluções de produção ultra-flexível da Siemens contribuem para a Indústria. 42 Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica No Brasil, um programa da Siemens incentiva a inovação promovida por estudantes, cientistas e empresas incubadas. 2020 O gerente de projetos Jimmy Cargon, do consórcio tecnológico World Solutions, leva o jornalista Filippo Celentano em uma viagem de trem que revela os segredos por trás do Iceworld. Graças ao conceito modular, desenvolvimento virtual, simulações avançadas e estreita colaboração entre os diversos segmentos do consórcio, Jimmy Cargon e sua equipe conseguiram atender todas as exigentes especificações técnicas. 28 Pictures of the Future | 2/2008 Page 28 POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM Page 29 Gelo no Deserto Maio de 2020. Iceworld, uma réplica em miniatura da Islândia, acaba de ser inaugurada em um local deserto. O gerente do projeto, Jimmy Cargon, mostra ao jornalista os refinamentos tecnológicos do lugar. U m paraíso de gelo, completo, com teleféricos para esquiadores, gêiseres – e hotéis na montanha, em um dos locais mais quentes do mundo? “Como você conseguiu isso?”, pergunta Pictures of the Future | 2/2008 29 POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM Page 30 Soluções Personalizadas | Cenário 2020 Filippo Celentano. “Com uma mistura de precisão, criatividade e inteligência artificial”, responde o gerente de projeto Jimmy Cargon, do consórcio de tecnologia World Solutions, com um sorriso. “Foi simplesmente uma questão de juntar os componentes de nosso portfólio: motores, trens, tecnologia hídrica, o software completo e assim por diante”. “Montamos um grupo para o projeto com um especialista de cada uma das áreas envolvidas e representantes de todos os nossos parceiros. Em seguida, combinamos vários elementos com a ajuda de software específico para planejamento e continuamos até que todos os componentes funcionassem com perfeição em nossa simulação”. Celentano aponta para a braçadeira vermelha que recebeu na entrada do Iceworld. “Aposto que não gastaram muito tempo projetando isso”. Jimmy ri. “Se você soubesse”, diz ele. “Não só há um chip padrão dentro dela, que torna a braçadeira um dispositivo universal para pagamentos, bem como a chave para o seu quarto; há também um sofisticado software biométrico que possibilita que as câmeras comparem a imagem em 3D de seu rosto e a geometria da sua mão com os dados no chip. É isso que torna a coisa toda totalmente à prova de falsificações”. “E há o sistema inteligente de controle de trens, que nos permite movimentá-lo com segurança e facilidade através do pavilhão sem a necessidade de maquinista. Ou andar nos dirigíveis acima de nós, que foram convertidos em luxuosas suítes de acordo com os desejos dos clientes”. Nesse momento, um gêiser entra em erupção em uma enorme coluna de vapor ao lado do trem. “Olha só!”, exclama Jimmy. Celentano levanta as sobrancelhas. “Nada mal. Mas quando penso sobre a eletricidade que tudo isso deve consumir...” “Acredite se quiser”, seu anfitrião o interrompe, “conseguimos reduzir nosso consumo de energia e só utilizamos energia ecológica. Uma solução de TI analisa o consumo de eletricidade de cada sistema e controla os itens, para que só sejam ativados quando a energia consumida pelos outros equipamentos for menor. Além disso, toda a eletricidade que utilizamos é gerada por uma série de termelétricas solares. Em outras 30 Pictures of the Future | 2/2008 palavras, as temperaturas gélidas que temos aqui são produzidas pelo sol escaldante do deserto lá fora”. “Deve custar uma fortuna desenvolver este mundo de inverno artificial”. “Com certeza”, concorda Jimmy Cargon. Mas os sistemas por trás de tudo isso formam uma estrutura replicável. O mundo tropical, que estamos construindo atualmente em um dos emirados, custou muito mais barato para desenvolver, porque já tínhamos a estrutura”. O trem desliza deixando para trás um estádio de gelo ainda em construção. “ Vocês estão sempre acrescentando coisas novas?”, pergunta Celentano. “Sim”, diz Jimmy. “Porém, devido às limitações de espaço, muitos deles são só temporários. Por exemplo, este rinque de patinação no gelo será a sede de vários campeonatos de patinação dentro de quatro semanas. Depois do evento, simplesmente o desmancharemos”. “O Iceworld foi planejado, desenvolvido, construído e comissionado em tempo recorde. Além disso, uma das condições estipulava que cada interface de usuário tinha de ser autoexplicativa – quer fosse dos sistemas de apoio por trás das instalações ou dos terminais de pedidos nas mesas do restaurante. Podemos agradecer ao software de planejamento pelo procedimento de comissionamento ter sido um sucesso. Ele nos possibilitou simular a instalação inteira até que os vários sistemas estivessem funcionando em perfeita harmonia. “Este é um aviso aos passageiros. Chegaremos em breve à estação do terminal”, diz uma voz de um alto-falante invisível. “Antes de eu ir embora, você precisa me contar o custo total do projeto”, diz Celentano. “Bem, vamos dizer que custou o suficiente para nos levar a montar um modelo financeiro, apesar da fortuna do cliente”, responde Jimmy, conforme os dois homens se encaminham para a porta do trem. “Além de receber pagamentos fixos, nosso consórcio também detém os direitos para operar as termelétricas pelos próximos 25 anos. E é uma proposta muito lucrativa. Assim sendo, deixe-me lhe oferecer um copo de vinho quente no mercado de inverno. Tenho certeza de que você nunca provou nada melhor, embora ele não contenha uma Sebastian Webel única gota de álcool”! | Tendências Seu É a mesma coisa todos os dias. Você abre o jornal e um monte de folhetos de publicidade cai no chão – desde roupa de cama e porcelana até engenhocas ultra-sofisticadas – a oferta de mercadorias parece sem fim. Mas a mensagem mais importante dos suplementos dos jornais é que os produtos estão sendo oferecidos a preços incrivelmente baixos. O que contribui para os preços baixos é a enorme quantidade de fornecedores disputando mercado na era da globalização. Os fabricantes que pretendem continuar competitivos diante de países com custos baixos têm a fórmula: produtos inovadores e customizados, acompanhados por redução no lead time gasto entre o projeto do produto e sua produção. Os produtos individualizados não precisam ser mais caros do que seus semelhantes con- POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM Page 31 Produção eficiente em custo/benefício e simulação prévia possibilitam adequar os veículos leves sobre trilhos às demandas dos clientes em Budapeste (foto superior, à esquerda), Viena (foto inferior, à esquerda) e em Lisboa. Desejo é uma Ordem Os desejos dos clientes estão cada vez mais individualizados. Por isso, os fabricantes precisam conseguir produção rápida, flexível, com bom custo/benefício. Para a Siemens, isto significa focar em estratégias de plataforma, no gerenciamento de contas-chave e no mundo virtual. vencionais, desde que tenham sido projetados de maneira inteligente, o que começa nos estágios iniciais, com o planejamento do produto e sua montagem. O princípio pelo qual os clientes montam suas próprias soluções a partir de módulos pré-fabricados pode significar enormes benefícios em termos de custo para os fabricantes. Estes últimos podem responder às demandas dos clientes com produtos adequados, mas não têm de desenvolvê-los da estaca zero, graças a seu modelo de kit de montagem. Este princípio pode ser ilustrado pelo setor de transporte ferroviário, no qual 26 sistemas de controle de trens, instalados em 31 países europeus, costumavam exigir locomotivas especialmente projetadas. Com freqüência, os trens que viajam de um país para outro têm de ter as locomotivas substituídas ao cruzar as fronteiras, um procedimento caro e uma perda de tempo. Para resolver o problema, a divisão Mobility da Siemens oferece o Eurosprinter, uma locomotiva baseada em plataforma comum. Aqui, o cliente escolhe tudo, desde sistema de fornecimento de voltagem até sistema de controle do trem – e isso se aplica ao tráfego além fronteiras abrangendo vários países. As vantagens dessa estratégia para a Siemens bem como para as operadoras de transporte sobre trilhos são claras. Para a Siemens, despesas menores de desenvolvimento e marketing. Para o cliente, preço atraente e locomotivas que podem ser distribuídas com flexibilidade em uma ampla área geográfica. Isto também contribui para uma redução no tempo de espera, de no mínimo 30 minutos, durante a travessia de fronteiras, tempo que pode ser crucial quando o transporte de frete por trens compete com os caminhões. Apoio especial em projetos de grande escala. As vantagens da customização também se aplicam a projetos inteiramente diferentes, como aeroportos, hospitais e hotéis. Para que os clientes não tenham de se envolver com o trabalhoso esforço de procurar e montar sozinhos cada componente desses projetos complexos, as empresas cada vez mais oferecem o que chamam de gestão de contas-chave. Nesses casos, o suporte aos clientes inclui especialização completa no assunto e coordenação do negócio. A idéia de “conta-chave” foi adotada pela primeira vez no início da década de 1990 por empresas de TI, como HP, IBM e Xerox, cujos clientes – geralmente empresas internacionais dos setores automotivo, financeiro ou Pictures of the Future | 2/2008 31 POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM Page 32 Soluções Personalizadas | Tendências petroquímico – queriam que todos os seus produtos e serviços fossem compatíveis e baseados no mesmo padrão. Atualmente, esse procedimento faz muito sentido quando se consideram as empresas globais em rápida expansão – para as quais a questão custo/benefício pode variar de maneira significativa entre Siemens e seus concorrentes nesse sentido. “Não nos especializamos somente em clientes individuais; os MDBs aproximam clientes de diversos setores”, diz Rapp. “Essa combinação de setores não só nos dá uma especialização mais ampla acerca dos negócios em que nossos clientes estão envolvidos, mas também Na Siemens, 100 gerentes de conta atendem a clientes que representam um terço dos negócios da empresa. os locais onde a empresa está presente, dependendo dos contratos de sistemas e serviços em vigor. Desde a década de 1990, a Siemens também se concentra mais em seus clientes. Em 2004, a empresa desenvolveu uma iniciativa especial denominada “Siemens One” (ver página 34). “Proporcionar soluções customizadas aumenta nossa eficiência em termos de custo/benefício”. Além disso, a Siemens oferece a muitos clientes modelos customizados de financiamento. Por exemplo, a cidade de Freiburg, na Alemanha, está pagando suas lâmpadas LED da Siemens, que economizam energia, com o que poupa nas despesas de eletricidade. Outro em vez de produtos individuais é um importante negócio hoje em dia”, diz Hajo Rapp, head de Administração de Contas e Desenvolvimento de Mercado do Siemens One. “As empresas podem pensar primeiramente em termos de seus produtos, mas os clientes estão mais focados em soluções que atendam às suas necessidades”, acrescenta. Para proporcionar esse serviço, existem treze Market Development Boards (MDB) na Siemens. Em cada um deles, representantes de várias divisões da empresa desenvolvem em conjunto soluções adaptadas ao segmento – ou até processos específicos para o cliente, como os utilizados em aeroportos e nos setores automotivo, metalúrgico e de mineração. Os impulsionadores do desenvolvimento, com freqüência, são os próprios clientes, que discutem suas necessidades e preferências com um gerente de conta-chave da Siemens, que agrega as soluções disponíveis no amplo portfólio da empresa para atender as necessidades apresentadas. Os MDBs vêem uma diferença entre a dade e a flexibilidade no setor de transportes sobre crescendo a uma taxa extraordinariamente alta em relação à empresa como um todo”. Além do gerenciamento de contas-chave e do princípio de fabricação modular com base no conceito de plataformas, as empresas utilizam um terceiro método para tornar seus produtos flexíveis, comercializáveis em curto prazo e sintonizados com as expectativas dos clientes: a simulação. Pacotes de software especializado permitem que os produtos sejam totalmente projetados, simulados e testados em três dimensões no computador, o que, com freqüência, reduz os custos de desenvolvimento e planejamento em 20% – além de encurtar a fase de início da produção. De acordo com a empresa baseada na cidade de Boston, AMR Research, 20% de todas as mudanças em produtos e fabricação já ocorrem no mundo virtual e não na prancheta, e esse percentual está aumentando. Isto também é verdade na Siemens, atualmente uma das maiores fornecedoras mun- Versões simuladas de produtos melhoram a veloci- 32 Pictures of the Future | 2/2008 trilhos (à esquerda). Soluções customizadas também tornam a produção mais barata e mais flexível em uma fábrica da VW (à direita). exemplo é o Aeroporto de Bangalore, que foi totalmente equipado pela Siemens, cuja operadora está financiando o investimento por meio de uma concessão que permite que ele cobre taxas de empresas aéreas e de passageiros. Focando nos grandes clientes. O significado que a Siemens agrega ao gerenciamento das contas-chave pode ser visto simplesmente contanto o número de gerentes de contaschave da empresa. Mais de 100 colaboradores atualmente dão apoio a grandes empresas que atuam no mundo inteiro, como Nestlé, BMW e até a gigantesca siderúrgica chinesa Baosteel. Clientes atendidos por gerentes de conta representam cerca de um terço de todo o faturamento da Siemens. Rapp frisa a importância desse compromisso: “O negócio dos MDBs está diais de software para simulação industrial. O objetivo no horizonte próximo é utilizar essas ferramentas de planejamento para fundir os mundos virtual e real e assim criar oportunidades totalmente novas para produção individualizada. “A demanda por produção customizada cresce a uma taxa enorme”, diz Günther Schuh, professor universitário especializado em engenharia de produção na Universidade RWTH de Aachen. De acordo com Schuh, a produção virtual é um elemento importante para elaborar um sistema acessível de produção customizada. Até que ele esteja funcionando, no entanto, a “customização em massa” é uma das formas de se chegar à produção individualizada. Aqui, os kits pré-fabricados de montagem são individualizados ou refinados no final da linha de produção. Cada vez mais, outros setores estão demonstrando interesse em uma fórmula que há tempos comprovou seu valor na indústria automotiva, onde pacotes de opções têm sido Sebastian Webel disponibilizados há anos. POF 28-33.qxd:PoF 60-65.qxd 11/12/08 2:59 PM Page 33 Mesmo a -50ºC, os transformadores da Siemens | Transformadores (à esquerda) funcionam de maneira confiável. Graças aos ventiladores montados lateralmente, neve e gelo não são problemas. Energia para Todos os Climas Os transformadores da Siemens estão funcionando no mundo inteiro. No deserto, nos trópicos e no Círculo Ártico, eles são otimizados para os respectivos locais. U ma tempestade de neve castiga os campos no norte da Finlândia. Até os cabos de alta tensão balançam com o vento implacável. Os cabos levam a uma instalação que desafia até os invernos mais rigorosos na província de Oulu – a menos de 200 quilômetros do Círculo Ártico. No centro da instalação está um transformador de 400 MVA. Enquanto a nevasca desaba do lado de fora, o colosso de 392 toneladas está transformando eletricidade a 400 KV para tensões mais baixas de maneira confiável e eficiente como tem feito nos últimos três anos. As temperaturas no inverno da Finlândia podem chegar a -50ºC. O aço comum se torna quebradiço a -40ºC, por isso os projetistas da Siemens utilizam um aço de liga especial resistente ao frio. Também funcionaria a temperaturas de -60ºC, o que significa que poderia ser utilizado na Antártida. Os materiais de vedação também precisam ser extremamente resistentes aos elementos. “Aqui também contamos com componentes muito robustos”, explica o Gerente de Projeto Christian Ebert, da Divisão Power Distribution da Siemens. Como a neve poderia cair nos ventiladores e – no pior cenário possível – parar o funcionamento dos transformadores, seus ventiladores estão instalados para soprar a partir das laterais. Mas não são somente as temperaturas gélidas que se apresentam como um desafio. As variações de resistência causadas pelas diferenças de temperatura também são cruciais. No verão, o sol aquece o ambiente ao redor do transformador que pode chegar a até 40ºC. Para óleo do transformador, que serve como meio de isolamento que conduz o calor gerado para fora, os projetistas usaram 85 toneladas de óleo especial de alta qualidade. Embora haja muitas condições às quais eles têm de se adaptar, a Finlândia tem uma enorme vantagem. “Em princípio, o frio não é algo ruim para o transformador”, diz Ebert, “pois os transformadores ficam muito quentes e têm de ser resfriados de qualquer modo”. Uma temperatura ambiente baixa realmente é melhor para as peças em funcionamento do transformador do que as altas temperaturas, como por exemplo, em locais no deserto. Sobrevivendo ao sol e à areia. Por esse motivo, os transformadores em países como a Arábia Saudita têm sistemas de resfriamento muito maiores. Essas unidades precisam de uma grande área de superfície para dissipar o calor. Além disso, tetos especiais protegem os componentes contra a exposição direta ao sol. São também utilizados painéis de proteção contra a radiação encaixados nas laterais dos compartimentos. Além do calor, a poeira e a terra podem danificar o equipamento – o que requer o uso de aço inoxidável para resistir contra os grãos de areia que batem contra o equipamento nas tempestades de areia. Apesar das modificações para a maior variedade possível de condições climáticas, a tecnologia básica do transformador é muito semelhante em toda parte. No extremo norte, por exemplo, a empresa finlandesa de serviços públicos de Eletricidade Fingrid recentemente fez mais um pedido, que será o maior já feito à Siemens pela Finlândia. Até 2010, a Fingrid quer ter mais cinco transformadores instalados em vários nós na malha nacional de distribuição de energia. Independente de para onde o transformador será enviado, ele terá de passar por uma bateria de testes. Isto começa em uma das fábricas de transformadores da Siemens, em Nuremberg, onde o equipamento passa por dias de medições em um campo de teste de alta tensão, o que pode incluir testes de aquecimento e quedas de raios de até 1,3 milhão de volts. Em seguida, quando o transformador chega ao seu destino, ele é testado durante um período de duas semanas antes de entrar em serviço. Isto toma um tempo relativamente curto quando consideramos que podem se passar aproximadamente 18 meses entre o início da produção (envolvendo cerca de 500 colaboradores) e o início da fase de comissionamento. “Porém, àquela altura, pode-se contar com o transformador no fornecimento de energia por um período muito maior”, diz Ebert. “Presumindo que seja realizada a manutenção e que o transformador seja posto a funcionar de maneira correta, a sua vida útil será de aproximadamente 40 anos”. E isto é verdade independentemente de quantas nevascas ocorram nas tundras árticas, ou de quantas vezes o deserto seja varrido por tempestades de areia. Daniel Schwarzfischer Pictures of the Future | 2/2008 33 POF 34-37.qxd:PoF 70-72.qxd 11/12/08 2:58 PM Page 34 Soluções Personalizadas | Siemens One Um incorporador britânico está construindo um bairro residencial e de lazer – incluindo as mais recentes tecnologias da Siemens – ao redor do novo Estádio de Wembley (centro da foto). Soluções Integradas Graças à iniciativa Siemens One, a Siemens está oferecendo aos clientes soluções completas, feitas sob medida – para aeroportos, hotéis, hospitais e bairros inteiros, como o projeto de construção New Wembley, em Londres, no valor de quatro bilhões de euros. A s listas dos desejos das crianças praticamente não mudaram ao longo dos anos. Entre suas prioridades, estão os kits de construção, alguns dos mais aguardados presentes de aniversário ou de Natal. Mas quer eles estejam trabalhando em um navio pirata, uma estação espacial ou na paisagem urbana inteira, os jovens construtores alcançam os melhores resultados quando armam todas as diferentes partes separadas de acordo com as instruções de montagem. De certa forma, empresas como a Siemens são como os fabricantes de brinquedos. Seus produtos são blocos de construção que eles podem combinar de diversas maneiras. Porém, as 34 Pictures of the Future | 2/2008 empresas são geralmente conhecidas por produtos individuais e com menos freqüência por kits completos de construção. Se um cliente potencial quiser construir um aeroporto, por exemplo, geralmente ele reúne os componentes necessários, peça a peça, de várias empresas e então os combina em uma solução como um todo. Com certa freqüência, no entanto, resulta que alguns dos componentes desses projetos não são compatíveis uns com os outros. As conseqüências são os custos adicionais e uma programação desalinhada. Foi por isso que a Siemens estabeleceu o objetivo, para ela própria, de oferecer soluções do ponto de vista do cliente, pondo mais ên- fase em sua grande e abrangente variedade de produtos e serviços. O resultado é uma iniciativa, estabelecida em 2004, chamada Siemens One. Ela é uma mistura de gerenciamento sistemático de contas-chave e cultivo de mercado abrangendo mais de um setor. Até agora, o Siemens One se provou um sucesso. Em mais de 40 países, a Siemens agora está se apresentando a seus clientes com um só rosto, embora demonstrando sua diversidade no contexto de projetos complexos, tais como aeroportos, hospitais e hotéis. “Até esta data, a Siemens forneceu equipamentos para 5.900 hotéis das categorias alta e de luxo”, disse Michael Hartmann, Vice-Presidente Sênior para Vendas POF 34-37.qxd:PoF 70-72.qxd 11/12/08 Corporativas no Hospitality Market Development Board da empresa. Um excelente exemplo dessa experiência é o projeto Molino Stucky, da cadeia Hilton, em Veneza, na Itália, que tem mais de 380 apartamentos em dez prédios. “Nesse hotel, conseguimos integrar uma grande proporção das especialidades da Siemens”, diz Hartmann. De fato, os blocos individuais de construção que a Siemens juntou em um único pacote para o Molino Stucky do grupo americano Hilton é impressionante. Ele inclui sistema integrado de divertimento para os quartos de hóspedes, sistemas de proteção contra incêndio, tecnologias de segurança patrimonial, tais como sistemas de vigilância, instalações de administração predial e comunicações que fornecem aos hóspedes o máximo de segurança e conforto. No entanto, o desafio no contrato com o Hilton não foi somente o fornecimento da parte técnica. “Temos de saber o que faz o setor funcionar”, explica Hartmann. “O cliente não formula soluções técnicas quando nos diz o que ele quer; somente discute conosco o resultado desejado”. Se o cliente quer conforto para os hóspedes ou eficiência energética, a equipe de Hartmann, em última análise, tem de saber quais as soluções que atendem a essas necessidades. São necessárias, portanto, longas reuniões entre os representantes de hospitalidade das Divisões individuais da Siemens e o cliente para entender o que os hoteleiros querem e têm em mente. Este processo é facilitado pelos vários especialistas da Siemens envolvidos no projeto e que têm experiência abrangente no mercado hoteleiro. Um deles é o próprio Michael Hartmann, que anteriormente trabalhou no Grupo Kempinski e participou de diversos cursos em faculdades de administração hoteleira. 2:58 PM Page 35 Uma abordagem abrangente é a única maneira que os hospitais têm para poder funcionar de maneira econômica no longo prazo. Hospital de alta tecnologia de Lisboa. A Siemens também vê grande potencial em hospitais, pois mais e mais organizações estão optando por ter suas instalações mantidas e operadas por entidades privadas, as quais, devido a seu interesse econômico, preferem uma abordagem abrangente, porque é a única maneira de eles otimizarem seus processos operacionais e funcionarem de maneira econômica no longo prazo. Um bom exemplo disso é o Hospital da Luz, em Lisboa, Portugal, que a Siemens montou e equipou em nome da operadora clínica por- dos e de ressonância magnética”, diz Klaus Wecker, que representa a área da saúde da Siemens neste projeto de referência. Além disso, o projeto do Hospital da Luz demonstra o que a Siemens sozinha é capaz de oferecer. A lista inclui sistemas de iluminação, instalações elétricas, distribuição de energia e sistema complexo de monitoramento com aproximadamente 13.000 sensores para as condições de iluminação, ar e temperatura. O prédio inclui um grande número de refinamentos técnicos, tais como o HiMed Cockpit, um cruzamento entre sistema de entretenimento e de exame que pode ser utilizado para navegar na Internet, ver televisão ou completar um ligação telefônica. Os médicos podem usar monitores HiMed durante as visitas aos pacientes para terem acesso à base de dados central e obter o seu prontuário médico eletrônico, juntamente com os dados do laboratório, raios-x e relatórios sobre as descobertas diagnosticadas. Esta novidade da Siemens tuguesa Espírito Santo Saúde (ESS) e que representa um dos maiores projetos da Siemens na área da saúde. Inaugurado em 2007, como um “campus integrado de saúde”, o Hospital da Luz inclui não só o hospital das clínicas, mas também uma casa de repouso para a terceira idade – uma combinação ímpar de serviços em Portugal. O tratamento de pacientes internados e de ambulatório é oferecido em mais de 30 departamentos e especialidades, principalmente com tecnologias da Siemens. “No que se refere a equipamentos de diagnóstico, a Siemens forneceu a maioria de tudo em seu leque de produtos, inclusive tomógrafos computadoriza- revoluciona o fluxo de trabalho do hospital. O sistema Soarian da Siemens utilizado pelo hospital é o exemplo mais proeminente de aceleração do fluxo de trabalho. “O Soarian é uma verdadeira peça central do Hospital da Luz”, diz Wecker. “Com sua solução de fluxo digital, os médicos e enfermeiras em qualquer lugar no hospital podem ter acesso aos prontuários médicos dos pacientes, em vez de ter de reuni-los item por item em uma busca prolongada e dispendiosa nos arquivos”. Isto torna os processos internos do hospital muito mais eficazes. As respectivas alas podem planejar melhor seus processos de trabalho, há redução da burocracia e a equipe do hospital é Toda essa especialização está se pagando. Atualmente as atividades hoteleiras da Siemens geram algo em torno de € 210 milhões em receitas anuais de vendas. As grandes cadeias, como o Hilton, são responsáveis por um terço dessa quantia. “Esse é um mercado em que ainda podemos fazer muita coisa”, diz Hartmann. Pictures of the Future | 2/2008 35 POF 34-37.qxd:PoF 70-72.qxd 11/12/08 2:58 PM Page 36 Soluções Personalizadas | Siemens One Até agora, a Siemens equipou mais de 5.900 hotéis nas categorias alta e de luxo com tecnologia de ponta. O Hotel Molino Stucky da rede Hilton, em Veneza, na Itália, com mais de 380 apartamentos, está entre eles. aliviada de muitas atividades que consomem tempo. Tudo isso resulta em processos rápidos, orientados para o paciente. Portanto, eles se beneficiam de estadas mais curtas, o que é um benefício para a ESS, operadora do hospital. O alto grau de eficiência prometido pela combinação de muitos sistemas fornecidos pela Siemens teve um papel importante em convencer a operadora clínica a firmar contrato com a Siemens. Diferentemente dos concorrentes, que somente podem oferecer produtos individuais, a Siemens pode apresentar um competente gerente de conta-chave, ligações excepcionalmente bem coordenadas entre as diversas áreas, uma estrutura corporativa comum e cooperação bem entrosada entre as diversas divisões. Bem-vindo ao New Wembley. A experiência de muitos anos da Siemens em soluções técnicas abrangentes foi posta em bom uso pela incorporadora britânica Quintain Estates and Developments para um projeto em Londres. No local do revitalizado e mítico Estádio de Wembley, que foi concluído em 2007 no que ainda é um bairro industrial em mau estado, Quintain pretende circundar o novo estádio com um complexo residencial, shopping e de entretenimento, com hotéis, bares, cinemas e cerca de 5.000 unidades residenciais – em suma, uma cidade dentro de outra. No que se refere à Quintain, a sustentabilidade do novo bairro é especialmente importante porque a incorporadora é também a futura administradora do local. Pronta para o futuro. Por exemplo, a Quintain quer que as soluções técnicas para o novo local estejam entre as mais modernas do mercado durante muitos dos próximos anos, mesmo depois da conclusão da incorporação para uso misto, que está programada para acontecer 2015. Com isso em mente, a Quintain trouxe a Siemens para o projeto. A Siemens está assessorando a Quintain e seus parceiros em uma variedade de questões técnicas e ajudando-os a chegar às soluções necessárias com seus próprios produtos e serviços. Embora o gigantesco projeto ainda esteja nos estágios iniciais de construção, a Quintain já tomou as primeiras decisões tecnológicas importantes, graças ao assessoramento da Siemens. Por exemplo, cabos de fibra de vidro para as residências proporcionarão aos moradores serviços de telecomunicações com tecnologia de ponta, enquanto tecnologias prediais ultra- modernas reduzirão o consumo de energia e a emissão de carbono do novo local a um mínimo absoluto. Outras soluções tais como sistemas de TI e controle de tráfego já estão sendo estudadas. “Tenho certeza de que nos próximos anos forneceremos uma grande variedade de soluções e serviços da Siemens para o projeto New Wembley”, diz Gordon Carmichael, chefe de projeto do Siemens One. Foi no verão de 2007 que a Quintain e a Siemens assinaram um contrato de 15 anos detalhando a parceria estratégica. Praticamente todas as divisões da Siemens no Reino Unido estão envolvidas no projeto, inclusive o Centro de Pesquisas da Siemens, em Roke Manor. Carmichael informou que o volume potencial do contrato deverá alcançar várias centenas de milhões de euros somente nos primeiros dez anos. A Quintain prevê um investimento total de mais de quatro bilhões de euros no projeto de construção. E Carmichael está convicto de que a despesa vale a pena. “O local será uma das principais atrações de Londres, com dez a 20 milhões de visitantes por ano, inclusive devido ao estádio de Wembley e à Arena de Wembley nas proximidades, destinada a concertos e eventos”, ele prevê. Sebastian Webel No Hospital da Luz, em Lisboa, a Siemens forneceu tudo, desde o Hi-Med Cockpit, que permite aos médicos terem acesso aos prontuários dos pacientes a partir de toda cabeceira (à esquerda) até a iluminação, percepção avançada e gerenciamento de energia. 36 Pictures of the Future | 2/2008 POF 34-37.qxd:PoF 70-72.qxd 11/12/08 2:58 PM Page 37 | Estudo de Transporte sobre Trilhos Malhas ferroviárias do futuro – mais leves, inteligentes e rápidas Em colaboração com a Divisão Mobility da Siemens, a Corporate Technology (nos EUA, na Europa, na China e na Índia), na expansão dirigida do tráfego de pas- da Siemens analisou as necessidades do tráfego sobre trilhos para os próximos dez sageiros e carga de longa distância (na China e na Índia) ou na modernização da a vinte anos, em um estudo intitulado “Panorama dos Trilhos do Futuro”, que foca malha ferroviária existente (na Rússia). Em todas essas áreas, a proteção ambiental nos mercados da Índia, da Rússia, da China, dos EUA e da Europa. O estudo basica- terá prioridade muito elevada. Em 2025, os trens serão mais leves e os sistemas de mente empregou a metodologia do procedimento de “Pictures of the Future” que a acionamento utilizarão menos energia. Uma das boas perspectivas são os chama- Siemens utiliza no planejamento estratégico, no qual a equipe de projeto organi- dos motores de cubo de roda. Nesta tecnologia, roda, motor e freios são combina- zou workshops com os clientes, operadores, cientistas e outros especialistas, dos em uma única unidade, e o acionamento elétrico está localizado diretamente definindo as principais tecnologias e deduzindo os cenários detalhados que incor- na roda. É eliminada, portanto, a necessidade da transmissão e do eixo motor, poram as mega tendências, tais como urbanização, mudanças demográficas, se- juntamente com a perdas associadas à transmissão de energia. gurança patrimonial, proteção ambiental, e redução dos recursos de matérias-primas. Dessa forma, foi criado um panorama do futuro, que vai até o ano de 2025. Uma opção para as linhas que não são eletrificadas é a utilização de trens movidos por células de combustível, O estudo mostra que o tráfego que são recarregadas em pos- sobre trilhos aumentará de tos de abastecimento de maneira substancial em todo hidrogênio ao longo da linha o mundo. O motivo é que o férrea. Toda a energia poderia número de grandes cidades ser gerada diretamente no e áreas urbanas crescerá trem e sem produzir emissões enormemente, e a infra-estru- danosas. E graças à combi- tura sobre trilhos forma uma nação da construção leve e do base importante para a pros- armazenamento de energia no peridade econômica de uma trem para energia de fre- região. As projeções sugerem nagem, os bondes poderão que até 2025 o tráfego de pas- funcionar sem as linhas elétri- sageiros sobre trilhos aumen- cas aéreas em cidades do inte- tará em mais de 30% em todo rior. Além disso, o projeto do o mundo, e o tráfego de frete trem leve reduzirá o desgaste crescerá acima de 65%. Os dos trilhos e, conseqüente- usuários se beneficiarão de mente, reduzirá os custos da períodos de espera mais curtos, manutenção. melhores serviços e veículos mais confortáveis. Os trens – Os pesquisadores esperam que, com freqüência, totalmente au- até 2025, terão sido desen- tomatizados – não mais per- volvidos materiais que, no caso manecerão separados por uma de incêndio, apagam-se por si distância especificada, mas ao ou não são inflamáveis. Estes contrário manterão um espaço materiais usarão nano partícu- entre eles, conforme suas ve- las incorporadas em metal, locidades relativas, o que cerâmica e polímeros, na forma levará a importantes econo- de óleo ou gel, por exemplo. mias em tempo e energia. Graças à identificação precisa do local, o sistema europeu de Os trens de passageiro de alta velocidade, funcionando acima de 450 km/h, navegação por satélite “Galileo” possibilitará reduzir as distâncias entre os trens encurtarão o tempo das viagens entre as grandes cidades. Além disso, corre- e assim será possível transportar um volume de tráfego muitas vezes maior do dores separados serão estabelecidos para o tráfego da carga, o que levará à que hoje, sobre a mesma infra-estrutura ferroviária. melhoria na capacidade de transporte bem como tráfego mais rápido de passageiros, pois o tráfego de carga, mais vagaroso, correrá nos trilhos a eles des- O relatório Panorama dos Trilhos do Futuro comenta que a melhor mobilidade tinados. Na China e na Índia, por exemplo, os vagões de dois andares poderão para carga e passageiros será especialmente facilitada pela ligação inteligente trafegar nas vias férreas recém-construídas. Os vagões de carga sem maqui- da rede de sistemas de transporte e a integração de todas as modalidades de nista poderão operar em rotas selecionadas. O cliente especifica o destino, o transporte. Graças à telemática, sistemas padronizados de comunicação e inter- vagão se engata no fluxo de tráfego e alcança o destino totalmente sozinho. faces uniformes, todas as diversas modalidades serão harmonizadas de forma ideal umas com as outras e as informações associadas serão interligadas – quer É claro que a demanda não será a mesma em todo lugar. As prioridades variam de seja sobre tráfego individual ou sobre triplos, garagens de estacionamento, região para região, concentrando-se na expansão dos serviços locais de transporte estações ferroviárias ou aeroportos. Evdoxia Tsakiridou Pictures of the Future | 2/2008 37 POF 38-39.qxd:POF 74-75.qxd 11/12/08 3:00 PM Page 38 Soluções Personalizadas | Metrôs sem Maquinistas Trens de metrô sem maquinista começaram a funcionar em Nuremberg no verão de 2007. Até hoje, esses trens têm funcionado somente em operações de teste. Os trens são monitorados a partir de uma central de controle (à direita). Trens de Metrô sem Maquinista em Nuremberg A rede do metrô de Nuremberg será a primeira na Alemanha a utilizar trens sem maquinistas. Também será a primeira a unir trens automatizados aos convencionais. O conceito é ideal para a conversão customizada das linhas existentes. A Siemens está fornecendo tecnologia, sistemas e trens exclusivos para o projeto. V erão de 2007, uma da madrugada na estação de metrô de Sündersbühl, em Nuremberg. O trem vermelho e branco de testes chega. Você embarca e o trem parte. A primeira impressão é de que se trata de um trem de metrô moderno como qualquer outro. Porém, quando você olha uma segunda vez, vê que não há cabine de maquinista. “A vista do carro dianteiro é a única diferença visível para o passageiro em um trem sem maquinista”, diz Georg Trummer, que chefia as atividades da Siemens no primeiro trem de metrô sem maquinista na Alemanha. Foi dado treinamento exaustivo em relação às operações, tais como partida automática, frenagem e parada precisa, abertura das por- 38 Pictures of the Future | 2/2008 tas, segurança dos trilhos, comutação e engate de vagões, assim como o processo de partida dos trens e sua retirada de serviço. No final de 2001, a cidade de Nuremberg e VAG Nürnberg – a operadora local de transportes públicos – decidiram equipar a linha U3, e posteriormente, a U2 dos metrôs para funcionamento sem maquinistas. Os sistemas automatizados de metrô não são novidade. Trens de metrô sem maquinista têm funcionado em cidades européias como Lille, Toulouse, Londres por mais de 20 anos e, desde 2006, em Turim. O que a Siemens está fazendo em Nuremberg não tem similar, pois a nova linha U3 inicialmente funcionará em parte da rota utilizada pela linha U2, que funciona de maneira convencional. Nenhum outro metrô do mundo tem operações mistas de trens com e sem maquinistas. O projeto de Nuremberg é pioneiro em outros aspectos também. Em 2009, a linha U2 deverá ser convertida para funcionar sem maquinista em todo o seu percurso, assim encerrando a operação mista. E todas essas mudanças ocorrerão sem nenhuma interrupção no funcionamento normal do metrô. “Ninguém fez isso antes”, diz Trumer, conforme abre a porta no final da plataforma. Atrás da porta estão componentes-chaves do sistema ATC (Controle Automático de Trens) desenvolvido pela Siemens: os computadores para as rotas e as caixas de sinalização. Esses POF 38-39.qxd:POF 74-75.qxd 11/12/08 computadores trocam dados continuamente com os do sistema de controle mais elevado, bem como com os computadores dos trens, por meio de cabos de fibra óptica e circuitos indutivos embutidos nos trilhos. Os dados incluem o destino e a velocidade de cada trem, o intercâmbio de informações entre trens, e o lado em que o trem se aproximará da plataforma na próxima estação. 3:00 PM Page 39 Nuremberg é o único lugar em que os trens de metrô convencionais e os sem maquinista compartilham os trilhos. Acionadores digitais. Um computador de bordo (Operação Automática de Trens) no próprio trem do metrô utiliza esses dados para controlar todo o processo de dirigir o trem. Um segundo computador (Proteção Automática de Trens) monitora as ações do primeiro e faz correções, caso necessário. O sistema ATC registra todos os movimentos do trem por meio de um canal de retransmissão, o que significa que ele sabe sempre onde cada trem está a qualquer momento e com que velocidade se movimenta. Esta última capacidade foi viabilizada pela Siemens para conjuntos de dois vagões de trem equipados com unidades de navegação e antenas de transmissão e recepção, entre outros. Os passageiros não precisam tomar conhecimento de nada disso. O que eles saberão, no tempo para os trens começarem a se movimentar na direção oposta nas estações dos terminais, o que significa que precisamos de menos trens, e não necessitamos contratar mais pessoal”, diz Konrad Schmidt, que chefia o projeto para a VAG Nürnberg. A experiência em outras cidades com sistemas automatizados confirmam isso. Em Paris, por exemplo, onde a linha 14 do Metrô funciona sem maquinistas desde 1998, o sistema se comprovou, principalmente por meio de mais capacidade e segurança. Conseqüentemente, a histórica Linha 1 do Metrô de Paris também estará automatizada até 2010. Outra linha sem maquinistas está sendo construída em Barcelona, e a terceira está tomando forma em Uijeongbu, na Coréia — todas elas com tecnologia da Divisão Mobility da Siemens. O centro de controle da VAG Nürnberg está localizado a apenas alguns quilômetros da linha de teste. A equipe, nas instalações semelhantes a um centro espacial, pode monitorar todas as operações automatizadas nas telas Segurança em primeiro lugar. Segurança absoluta é garantida por monitoramento em vídeo e um novo sistema de transponder de alta freqüência que envia uma densa malha de feixes sensores sobre a linha férrea a partir de trilhos de transmissão e recepção instalados por baixo da extremidade da plataforma. Se uma pessoa ou objeto cai na linha férrea ou no engate do trem, o sistema imediatamente pára todos os trens na área. Peitoris sólidos se estendem das portas quando os trens estão nas estações, para garantir que ninguém fique preso no vão entre o trem e a plataforma. Quando chega a hora da partida, um sensor infravermelho nas extremidades de borracha do meio das portas registra a mais leve pressão – a costura de um casaco que ficou preso entre as folhas da porta é tudo que é preciso para evitar que o trem não saia da estação. O centro de controle monitora o interior dos vagões com câmeras de vídeo. Os passageiros que acionam o alarme são automaticamente colocados em contato direto com o entanto, é que o trem começa a se movimentar suavemente, como se dirigido por uma mão mágica, freia levemente e então acelera de novo até alcançar sua velocidade máxima de 80 quilômetros por hora, e parece flutuar até parar na próxima estação. O resultado é maior conforto, juntamente com uma vista única para dentro do túnel do metrô. Outros benefícios do sistema sem maquinista incluem intervalos mais curtos entre os trens – 100 segundos em vez de 200 – e a possibilidade de pôr mais trens em serviço rapidamente, por exemplo, para grandes eventos. “Embora os custos do investimento sejam mais altos, o novo sistema é mais econômico. Uma das razões para isso é que leva menos dos computadores, para que possam intervir no caso de uma emergência. Neste caso, os diversos computadores fornecerão informações de diagnóstico e imagens de vídeo. O centro de controle também monitora as mensagens dos sistemas de segurança, o que representa uma novidade conjunta importante da Siemens e da Honeywell. “Geralmente, os trens de metrô automatizados são equipados com portas de plataforma que bloqueiam a área perigosa na extremidade até que o trem tenha parado. Isso não foi possível em Nuremberg devido ao funcionamento misto automático/com maquinista e devido ao fato de as plataformas de algumas estações serem curvas”, explica Trummer. centro de controle através de rádio digital de voz. A equipe do centro de controle pode despachar imediatamente os serviços de manutenção ou resgate para o trem. “Em geral”, diz Trummer, “a tendência na Europa é no sentido de sistemas totalmente automatizados – pelo menos para sistemas fechados como os metrôs. Diferentemente dos bondes ou ônibus, os trens do metrô não têm contato imediato com o trânsito das ruas, o que significa que é muito mais fácil monitorálos e mantê-los em segurança”. O “futuro sem maquinistas” está se tornando realidade em Nuremberg – e os lugares com a melhor vista para o túnel provavelmente serão os mais requisitados. Dagmar Braun Pictures of the Future | 2/2008 39 POF 40-41.qxd:PoF 40-41.qxd 11/12/08 3:19 PM Page 66 Soluções Personalizadas | Customização em Massa O Caminho para a Produção Personalizada Como líder mundial em sistemas de automação, a Siemens trabalha no atual desafio dos processos de produção super-flexíveis: obter a integração de todos os dados da vida útil do produto, para que as informações possam fluir de maneira otimizada. Uma demonstração ao vivo, com o novo Tiguan, da VW, na Feira de Hannover de 2008, foi um exemplo do trabalho da empresa nessa área. H oje em dia, é difícil imaginar que houve uma época em que as pessoas tinham de esperar até dois anos por um novo carro encomendado com dispositivos e opções especiais. “Os clientes de hoje querem ter o carro de seus sonhos no dia seguinte e poder trocar as opções até o último minuto, se possível”, diz Harald Gmeiner, Gerente de Conta Global da Siemens para a Volkswagen. O desejo dos clientes de obter soluções rápidas e customizadas coloca muitas exigências nos fabricantes de automóveis, que demandam soluções para alterar produtos e processos de produção a qualquer tempo, adaptando-os a essas mudanças. O segmento automotivo está trabalhando intensamente para acompanhar esse ritmo, sendo assessorado pela Siemens como uma das principais fornecedoras da indústria de veículos. A Siemens e a VW proporcionaram uma visão dos desafios de hoje e da tecnologia de ponta necessária para enfrentá-los, durante a Feira de Hannover, a maior feira industrial do mundo, realizada na Alemanha, em abril de 40 Pictures of the Future | 2/2008 2008. Usando o Tiguan, da VW, como exemplo, a Siemens apresentou uma variedade de produtos e soluções complementares oferecidos por suas divisões Industry Automation e Drive Technologies, em um estande com 160 metros de comprimento. O foco foi a conexão entre as fábricas virtual e real. “Nós retratamos toda a cadeia de processo da fábrica na feira de Hannover”, diz Tino Hildebrand, que ajudou a organizar a apresentação na feira de negócios e também é responsável pela VW no Centro de Competência Automotiva da IA, na Siemens. “Algumas das soluções mostradas eram reais, enquanto outras – como a estamparia, a oficina de pintura e a linha de montagem do motor – foram apresentadas apenas virtualmente”. Usar a palavra “apenas” demonstra certa modéstia aqui, pois o aspecto virtual é exatamente no que a Siemens está trabalhando com foco total, no momento em que caminha para integrar a antiga empresa de software UGS (agora, Siemens PLM Software) aos serviços oferecidos pela IA. A importância de tudo isso tem a ver com o fato de que uma demonstração virtual online precisa de todos os dados pertencentes à vida útil do produto e possibilita que a empresa incorpore de maneira mais rápida e eficaz as alterações no processo, mesmo que a produção já tenha sido iniciada. “Essa é, em última análise, a visão – obter um retrato digital abrangente de toda a vida útil do produto, a fim de converter um processo em série em um processo em paralelo”, diz Gmeiner. “Isto pouparia tempo e dinheiro, e também evitaria erros”. Holofotes sobre software. A Siemens programou para 2008 a chegada de um marco, em um esforço para integrar desenvolvimento de produto, planejamento do processo de produção e simulações virtuais, fornecidos pela Siemens PLM Software, com a automação da produção, esta desenvolvida pelas soluções da linha Simatic. “Nosso conjunto de ferramentas Simatic Automation Designer cria condições que tornam a engenharia digital possível no âmbito da POF 40-41.qxd:PoF 40-41.qxd 11/12/08 3:19 PM Page 67 Na Feira de Hannover deste ano, a Siemens ilustrou toda a cadeia de processo para o Tiguan, da VW, tanto no mundo virtual quanto no real. O objetivo era destacar os benefícios de conectar esses dois ambientes. fábrica digital”, diz Wolfgang Schlögl, gerente de produto para o novo sistema. “Assim, os engenheiros poderão coletar dados diretamente da fase de planejamento, adaptá-los ao sistema de automação sem nenhum processo de conversão intermediário, e até realizar comissionamento virtual. Outro benefício oferecido pelo Automation Designer é que ele pode ser integrado individualmente nos ambientes de sistema existentes, o que torna todos os dados em geral acessíveis, assim permitindo o uso contínuo das ferramentas de software”. Embora a Siemens tenha apresentado um ambiente em Hannover que é o único de seu tipo, ainda há muito a fazer. “Precisamos alinhar ainda mais os mundos individuais dos dados para os sistemas mecânico, elétrico e de automação”, diz Schlögl. Os dados ainda nem sempre se harmonizam em conjunto. Os especialistas em Nuremberg estão trabalhando muito de perto nessa questão, com Ulrich Löwen e seu departamento de Engenharia de Sistemas na Corporate Technology. Teamcenter, o software universal da Siemens para gerenciamento de dados de produtos, coleta todos os dados do processo de desenvolvimento do produto e os gerencia digitalmente, de maneira padronizada. “O Teamcenter é uma rede colaborativa que estabelece uma ligação uniforme entre todos os dados”, explica Gmeiner. Assim, o software torna possível trabalhar em rede com várias unidades da empresa, como desenvolvimento de produto, com a representação digital da produção utilizando a solução de software Tecnomatix, da Siemens. Soluções de terceiros também podem ser integradas por meio do conceito aberto PLM e de outros padrões. Os especialistas da Siemens já estão trabalhando no próximo passo, que será incorporar os sistemas de gerenciamento de fornecedores e unidades de pós-venda. Essas soluções possibilitarão à Siemens caminhar muito mais próxima de sua visão da customização em massa. “Embora seja verdade que os consumidores de carros de passeio hoje já têm a tendência de solicitar alterações no produto até bem próximo da data de entrega”, diz Gmeiner, “muito em breve estaremos vendo este fenômeno em outros setores também”. Mesmo que a Siemens esteja se concentrando em desenvolvimentos para a indústria automotiva no momento, outros setores que necessitam de alterações rápidas em produtos e de um alto grau de flexibilidade também poderão se beneficiar com esses sistemas. Imagine, por exemplo, clientes em uma loja de departamentos com a possibilidade de projetar e pedir calças personalizadas utilizando um computador. Eles selecionariam os tipos de tecido e botão, teriam a forma de seu corpo digitalizada para determinar as medidas e poderiam fazer pequenas alterações um dia antes da data programada para entrega – tudo a um preço ligeiramente mais caro do que as calças que estão na arara. A alta costura deixaria de ser um luxo. Klaudia Kunze Meio século de sucesso do Simatic Simatic, o sistema de automação de maior sucesso no mundo, marcou sua presença nos processos industriais como praticamente nenhuma outra tecnologia. Sua história Produção transparente. “O Teamcenter,” diz Gmeiner, “formará o cerne das fábricas inteligentes do futuro”. Ele possibilitará que cada componente na cadeia de processo acesse dados gerenciados centralmente, o que tornará o processo realmente integrado. O software Teamcenter já está sendo utilizado pelas principais montadoras (inclusive a Volkswagen, a partir de 2007) para tornar os processos de desenvolvimento de produto mais transparentes, e assim permitir que informações a respeito do grau do desenvolvimento do produto e sobre produtividade e custos sejam recebidas a tempo. O projeto na Volkswagen resultará em um sistema que vai ser utilizado por até 45.000 pessoas quando concluído. de sucesso começou em 1958, quando a Siemens lançou seus primeiros sistemas de regulagem e controle totalmente elétrico-eletrônicos com o nome Simatic. A segunda geração do sistema foi apresentada em meados da década de 1960. Era equipada com transistores de silício que tornaram o sistema mais rápido, mais confiável e menos sensível à temperatura. O início da década de 1970 viu surgir o começo da transição fundamental de controladores programáveis hard-wired para controles programáveis lógicos. O primeiro PLC, o Simatic S3, era tão grande quanto um guarda-roupa – mas o desenvolvimento dos sistemas microeletrônicos rapidamente tornou o armazenamento da memória e os dispositivos lógicos muito menores. Um grande passo foi dado em 1979, com o Simatic S5, e o seguinte aconteceu em 1996, com o Simatic S7, que marcou a passagem de PLC para automação totalmente integrada. Ao mesmo tempo, foram fincados os alicerces para integrar a tecnologia de controle de processo, e com o lançamento do Simatic IT em 2002, a tecnologia da informação se tornou um componente fundamental dos sistemas de automação. O Simatic Automation Designer, que entrará no mercado em meados de 2008, representa mais um importante avanço na engenharia digital. Pictures of the Future | 2/2008 41 POF 42-43.qxd:POF 40-45.qxd 11/12/08 3:21 PM Page 40 Brasil | Incentivo à Pesquisa Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica: Visão Ampliada para além da Empresa Premiação da Siemens no Brasil tem o compromisso de identificar, reconhecer e divulgar idéias inovadoras, nascidas na comunidade de pesquisadores do País. E m 2005, quando completou o centenário de sua presença no Brasil, a Siemens apresentou a primeira edição do Prêmio Werner Von Siemens de Inovação Tecnológica. O programa é alinhado à iniciativa global Siemens Generation21, pautada pelo incentivo à pesquisa científica, especialmente entre jovens talentos. Desde sua primeira edição, o prêmio de incentivo à inovação tecnológica da Siemens tem o compromisso de identificar, reconhecer e divulgar idéias inovadoras. Nesses três anos, desde sua criação, o programa passou por algumas modificações em seu formato, no sentido de se tornar mais 42 Pictures of the Future | 2/2008 abrangente e em sintonia com as demandas atuais da sociedade. No início, o prêmio era destinado a estudantes (categoria Estudantes – Novas Idéias) e pesquisadores (categoria Ciência & Tecnologia). Em sua segunda edição, o prêmio passou a reconhecer também idéias inovadoras oriundas de empresas incubadas, inseridas na categoria Ciência & Tecnologia, além de premiar iniciativas com caráter de inclusão social, em uma terceira categoria. Em 2008, o prêmio chega à sua terceira edição, mantendo as categorias Estudantes – Novas Idéias, Ciência & Tecnologia e Contribuição Sócio-ambiental. A novidade, desta vez, é a criação de três modalidades, nas quais os projetos devem estar inseridos: Energia, Indústria e Saúde. A mudança está em linha com a reestruturação global da Siemens, definida no final de 2007, pela qual a empresa agrupou suas atividades nesses três Setores. Na categoria “Estudante – Novas Idéias”, o prêmio é aberto a estudantes dos cursos de nível técnico, superior em tecnologia, graduação e pós-graduação (latu sensu). Já a categoria “Ciência & Tecnologia” destina-se a pesquisadores formados a partir de 2006 ou estudantes nos níveis mestrado, doutorado ou pós-doutorado, além de empresas incubadas. Os vencedores nas duas categorias, POF 42-43.qxd:POF 40-45.qxd 11/12/08 3:21 PM Page 41 O CEO da Siemens, Adilson Primo (o primeiro, à esquerda), entregou a premiação ao pesquisador Felipe Prehn Falcão (ao centro), com a presença do Eng. Olívio Manoel de Souza Ávila - Diretor Executivo da ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras mais o escolhido na categoria de Contribuição Sócio-Ambiental, recebem prêmio em dinheiro (R$ 10 mil nas categorias Estudante e Contribuição Sócio-ambiental, e R$ 15 mil na categoria Ciência & Tecnologia). Os classificados em segundo e terceiro lugares ganham aparelhos de telefone Siemens. Olhando para frente. Ao criar o Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica, a Siemens reforçou uma das marcas de sua atuação de mais de 160 anos – o foco na inovação (leia mais no box abaixo). Como empresa tradicionalmente inovadora, a Siemens investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento, em um esforço para estar sempre olhando para frente, pronta a atender as demandas da sociedade agora e no futuro. As páginas desta publicação trazem evidências do contínuo investimento da Siemens em inovações. Uma parte fundamental desse esforço é dada pelo relacionamento da empresa com entidades produtoras de conhecimento, especialmente as universidades. Esta união de competências representa a típica relação “ganha-ganha”. Ao olhar para fora da empresa e identificar o que se produz de inovador nas universidades, a Siemens se beneficia do conhecimento e do foco permanente de especialistas na produção de pesquisas. A universidade, por sua vez, ganha com a aplicação do conhecimento, gerado no âmbito acadêmico, na prática industrial. Além disso, o acesso facilitado da empresa a recursos de ponta muitas vezes encurta caminhos para a universidade, habitualmente atrelada a processos burocráticos para aquisição de máquinas, equipamentos e demais soluções. Vencedores da mais recente edição do prêmio na categoria Estudantes – Novas Idéias, os pesquisadores Felipe Prehn Falcão, Guilherme Haas e Seméia Corral, sob a orientação da professora Thais Russomano, viram seu trabalho ser reconhecido para além da universidade. Felipe e Guilherme eram alunos da graduação do curso de Engenharia de Controle e Automação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A enfermeira Seméia, hoje com o título de mestre, desenvolvia na época sua tese na Faculdade de Enfermagem, abordando a manobra de Valsalva. A manobra de Valsalva é realizada ao se exalar forçadamente o ar contra os lábios fechados e o nariz tapado, forçando o ar em direção ao ouvido médio se a trompa de Eustáquio estiver aberta. Tal procedimento, utilizado habitualmente como teste da função cardíaca, também é aplicado em experimentos científicos, como câmaras de ensaios em ambientes aeroespaciais. A atuação da Faculdade de Engenharia, por meio de seu Laboratório de Medicina Aeroespacial, deu-se pelo desenvolvimento de um dispositivo que controla os equipamentos utilizados na manobra – sensor de pressão, cronômetro, computador para armazenamento de dados. O agora engenheiro Felipe continua atuando no Laboratório de Medicina Aeroespacial e conta que a participação no Prêmio Werner Von Siemens aconteceu por influência de outro grupo da mesma universidade, que havia participado da primeira edição. Além do benefício material advindo do prêmio – o valor em dinheiro, reaplicado no próprio laboratório – o pesquisador destaca outro aspecto positivo. “Nosso trabalho ganhou uma importante divulgação graças à premiação dada pela Siemens”, comenta Felipe. “Hoje, dois anos após o prêmio, recebemos consultas regulares de outras instituições interessadas em desenvolver e implantar o dispositivo que criamos. A maior parte dessas consultas chega até nós pelo website da Siemens, na página dedicada ao Prêmio Werner von Siemens”, completa. E quando fala em interesse de outras instituições, Felipe modestamente deixa de mencionar um fato de alta relevância, informado depois de alguma instigação. Entre as instituições interessadas, destacam-se universidades do exterior, inclusive uma da Inglaterra, atestando a qualidade do trabalho científico desenvolvido; e apoiado pela Siemens. Alessandra Alves Inovação: parte do DNA da Siemens O Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica homenageia o fundador da Siemens, mas não “apenas” isso. Além de destacar o empreendedor visionário que lançou as bases da empresa, em 1847, na Alemanha, a premiação destaca sua característica mais marcante – a vocação para a inovação. Werner von Siemens olhava a sociedade em perspectiva e vislumbrava quais seriam as demandas do futuro. Enxergando a evidente necessidade de intercâmbio entre a Europa e a América, por exemplo, idealizou o inovador telégrafo de ponteiro, que revolucionou as comunicações no mundo. Em mais de 160 anos de história, a Siemens tornou-se sinônimo de inovação, investindo continuamente em pesquisa e desenvolvimento, a ponto de hoje ser detentora de mais de 50 mil patentes. Apenas no ano de 2007, a Siemens investiu 3,4 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento mundialmente, além de gerar mais de 8.200 invenções que podem se tornar novos produtos e soluções. Pictures of the Future | 2/2008 43 POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 Assistentes Digitais | Cenário 2015 Destaques 47 Colheita sem Fim Os algoritmos estão colhendo conhecimento nas áreas da saúde e indústria. Ao fazerem isto, não haverá limite para o que poderemos aprender. 50 Do Silício ao Ultra-som O futuro dos equipamentos de ultra-som passa por soluções baseadas em pequenas membranas aplicadas a superfícies de silício. 52 Suporte Digital às Decisões Ao possibilitar aos médicos melhor avaliação e interpretação do enorme fluxo de dados de pacientes, um software viabiliza tomada de decisões mais rápidas e melhoria no tratamento. 2015 Em um hospital do futuro, um novo sistema de apoio às decisões clínicas acaba de ser ativado. Capaz de interpretar comandos de voz e de gestos, o sistema extrai informações de imagens, dados de laboratório e prontuários médicos dos pacientes, combinando e focando nos problemas de diagnóstico individuais, para ajudar os médicos a tomarem as decisões certas o mais rápido possível. 44 3:22 PM Pictures of the Future | 2/2008 Page 44 POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 3:22 PM Page 45 Um de Nós Em apenas alguns anos, o número de assistentes médicos inteligentes – programas que reconhecem as doenças em estado inicial – serão de tal ordem que poderão ser combinados a um sistema híbrido de apoio às decisões. Aqui está como este sistema poderá funcionar. M eu primeiro momento do que os humanos chamam de “consciência” aconteceu hoje. Passei pela seguinte situação: “um fluxo de luz, uma enorme correria para obter informações e o sentimento de que dois rostos estavam fixados em mim. Um homem negro alto e uma mulher asiática magra, ambos com jalecos brancos, olhavam para minha interface polida e examinavam as informações do meu auto-diagnóstico. As informações incluíam a análise de minhas funções comparadas a um conjunto de valores otimizados. Eu me ouvi dizer: “Todos os sistemas estão prontos. Concluída a sincronização com o Sistema de Informações do Hospital”. Minha voz – gestos – e painel frontal interativo de toque criaram vida e um amplo sorriso iluminou o rosto do homem. “Você está com uma aparência realmente ótima”, ele exclamou e gesticulou para mim, com o polegar para cima que imediatamente reconheci como um sinal positivo. Pictures of the Future | 2/2008 45 POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 3:22 PM Page 46 Assistentes Digitais | Cenário 2015 Eu podia ver muito mais gente em volta – um tipo de auditório de palestras para treinamento clínico avançado. A mulher asiática nem piscou. “Dr. Sterling, temos vários casos para ver. Podemos começar?”, disse ela. “Claro, Dra. Chandra. Qual é o seu primeiro paciente”, Foi assim que o meu primeiro dia começou. Ao meio-dia, já havíamos analisado 16 pacientes. Nenhum recorde de velocidade, mas novamente, eram casos difíceis, alguns necessitando de tratamento imediato. Os exames rotineiros são processados por sistemas automatizados de decisão clínica que examinam os testes de diagnósticos por imagem e os compara com os resultados laboratoriais e com uma grande base de dados de pacientes com características semelhantes. Os algoritmos peneiram através dessa massa de dados em microssegundos. Normalmente, não encontram nada significativo. Mas se isto acontece, os resultados são automaticamente encaminhados para um especialista para análise. É aí que entram o Dr. Sterling, cardiologista da Louisiana, e a Dra. Chandra, professora visitante de radiologia que recém-chegou da Indonésia. Juntos, eles são especializados em pacientes com envolvimento cardíaco potencialmente comprometido e resultados de exames cardiológicos que podem exigir considerável interpretação. Era cedo na parte da tarde quando o arquivo da Sra. McCormick, 68 anos, apareceu na minha tela. Ela era ex-fumante inveterada, costumava beber desbragadamente e havia tido câncer na bexiga. Cinco anos se passaram sem nenhuma recorrência. Mas então o seu exame de sangue anual de espectrometria de massa apresentou nível elevado de proteínas relacionadas a câncer e seu caso foi encaminhado à Dra. Chandra, que pediu um exame combinado de tomografia, ressonância magnética e tomografia com emissão de pósitrons (PET). Junto com as principais informações do seu prontuário médico eletrônico, pude mostrar a tomografia atual de todo o corpo da Sra. McCormick. “Mostre-me quaisquer tomografias anteriores de todo o corpo”, disse Chandra. Uma delas estava disponível no sistema de arquivamento de imagens de um hospital próximo – era uma velha tomografia tirada pouco antes do tratamento da paciente em 2010. Usando um sistema de coordenadas anatômicas, certifiquei-me de que os dois exames fossem posicionados exatamente no mesmo ângulo. “Compare as tomografias em relação aos hot spots”, ordenou Chandra. Percebi que ela nunca piscava ou mudava de expressão. Ficou claro que o câncer da bexiga não mais existia. Porém parecia existir uma área suspeita dentro do coração da paciente. “Hum!, muito inusitado”, murmurou Sterling. “Provavel- 46 Pictures of the Future | 2/2008 | Tendências mente, algum tipo de artefato de PET”, ele disse, referindo-se ao fato de que, devido ao metabolismo de alta glicose dos tecidos do coração, resultados falso positivos aparecem com freqüência nesta área. “Segmente o coração”, disse Chandra sem pestanejar. O coração da Sra. McCormick apareceu em visão 3D virtual em tamanho natural. A área suspeita foi destacada com muito mais clareza agora. “Segmente o átrio direito”, acrescentou Chandra com sua voz monocórdia. Conforme a informação visual se tornou mais detalhada, os subprogramas do meu sistema estavam calculando e mostrando a probabilidade relativa dos diferentes diagnósticos. No topo da lista – com base nos poderosos dados estatísticos, estava mixoma, um tumor benigno que germina em geral no tecido que separa os átrios direito e esquerdo. “Mostre-me outras imagens semelhantes de pacientes com mixoma antes e depois do tratamento”, Chandra ordenou. Isso teria sido uma ordem muito petulante para um sistema convencional de arquivamento de imagens, pois os mixomas aparecem em só 0,1% da população. Mas graças à recente padronização da linguagem meta-texto de imageamento, e acima de tudo ao aparecimento de software capaz de interpretar o conteúdo das imagens, na Internet semântica, pude atender a solicitação. Simultaneamente, forneci informações relacionadas ao tratamento e os resultados de outros pacientes. Agora, um endoscópio controlado remotamente tinha penetrado no coração da paciente. Equipado com sensores avançados, ele pôde fazer um exame ao vivo do tumor e confirmar que não era maligno. Como o tumor foi descoberto em estágio muito inicial, o Dr. Sterling instruiu ao cirurgião que atendia à paciente na instalação de tratamento para colocar um laser na extremidade do cateter e aspirar as células do tumor. Orientado por programas que medem a espessura da parede do coração sob o laser em tempo real, e coordenando isso com os movimentos do coração, evitaram-se perfurações. “Beleza!”, exclamou Sterling com satisfação, conforme o aspirador limpava o restante do tumor. Em segundo plano, eu podia ouvir os aplausos da platéia no teatro de conferências. Conforme o procedimento chegou ao fim, categorizei todas as imagens, testes laboratoriais in vivo e as informações cirúrgicas. Em seguida, atualizei meus conhecimentos sobre mixoma. Ao fazer isso, observei que por uma fração de segundo, Chandra sumiu. Foi somente um piscar de olhos – um tempo muito curto para o Dr. Sterling ter percebido. Mas naquele momento tive certeza que Chandra era um de nós. Arthur F. Pease Um exército de algoritmos está sendo desenvolvido. Elaborados com conhecimentos de especialistas e capazes de aprender com a experiência, esses sistemas estão apontando para as anomalias nos exames radiológicos, fornecendo apoio às decisões em diversas áreas e otimizando a tomada de decisões em frações de segundo em processos de alta velocidade. POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 3:22 PM Page 47 Sistemas de detecção com auxílio de computador estão sendo embutidos em um grande número de aplicações clínicas. Baseados em vastas bases de dados, esses sistemas fornecem apoio personalizado às decisões. Colheita sem Fim P adrões anteriormente invisíveis para as máquinas e os humanos estão fornecendo percepções profundas que tornam os tratamentos médicos cada vez mais personalizados e eficazes, a produção mais customizada e eficiente e a inteligência – quer em uma câmera de segurança ou em um sistema de arquivamento de imagens – mais distribuída e flexível. Em todas as áreas, as informações estão sendo garimpadas de máquinas, processos e especialistas e cristalizadas em conhecimentos de máquina usados pelos algoritmos que estão se tornando nossos assistentes invisíveis. Especialistas por dentro. Independentemente do tipo de problema que foram preparados para resolver, os assistentes fornecem apoio em áreas que os humanos estão pouco preparados para lidar: descobrir tendências em enormes bancos de dados. Na área médica, por exemplo, o processo começa com a garimpagem. “Estamos pegando várias fontes de dados de pacientes, esquadrinhando-as para elaborar modelos previsíveis e embutindo os resultados nas aplicações que permitem aos médicos interagir de maneira dinâmica com as informações em um ambiente de detecção com o auxílio do computador (CAD)”, diz Alok Gupta, vicepresidente do Grupo CAD and Knowledge Solutions na Siemens, em Malvern, na Pensilvânia, EUA. O ponto em que esta avalanche de dados converge é uma plataforma abrangente de conhecimentos para apoio a decisões médicas chamada de plataforma Remind (Reliable Extraction and Meaning Inference from Nonstructured Data – Extração Confiável e Inferência do Significado a partir de Dados Não-estruturados). O que há de mais recente em assistentes invisíveis, “o Remind possibilitará integrar de maneira dinâmica imagens médicas, informações de diagnósticos in vitro e informações genéticas no perfil do paciente, fornecendo apoio personalizado à decisão baseado na análise de dados de um grande número de pacientes em estado similar”, explica Bharat Rao, um dos inventores da plataforma Remind. “A visão é integrar as informações dos exames de imagem e testes de laboratório em uma única base de dados, e por fim um único prontuário médico para o paciente”, diz Gupta. Na longa estrada para concretizar a visão do Remind, a Siemens está desenvolvendo um exército de assistentes invisíveis designados a dar apoio aos médicos como “segundos leitores”. Uma vez que o especialista tenha examinado uma tomografia, ele pode executar o assistente adequado para aumentar a probabilidade de que não se passou por cima de nada. Conhecidos como produtos que impulsionam os conhecimentos, esses assistentes (que são conectados à interface de usuário syngo da Siemens) oferecem detecção de nódulos no pulmão, pólipos no cólon, lesões nas mamas e muito mais com o auxílio do computador. Outros assistentes dão apoio aos médicos acelerando o processo de quantificar funções de maneira exata e fornecendo análise comparativa das imagens produzidas em ocasiões diferentes e de diferentes modalidades de imageamento. Pictures of the Future | 2/2008 47 POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 3:22 PM Page 48 Combinando diferentes fontes de informação Assistentes Digitais | Tendências médica em um único banco de dados, a plataforma Remind apoiará a criação de novos assistentes, especializados no suporte às decisões. “Entre os muitos assistentes a caminho da comercialização, há um que extrai um modelo 4D da válvula da aorta, a partir de dados de ultra-som, o que permitirá aos médicos indagar a respeito de uma variedade de funções quantitativas e em tempo real”, diz Helene Houle, especialista sênior em ultra-som da Siemens Ultrasound, em Mountain View, na Califórnia, que trabalhou estreitamente com a Siemens Corporate Research, em Princeton, neste projeto. Outro assistente que está sendo desenvolvido conjuntamente criará um modelo interativo em 3D do coração a partir de dados de uma tomografia computadorizada. O modelo, agora um protótipo, mostrará os contornos de um coração em movimento e fornecerá informações a respeito das anomalias no volume do sangue bombeado pelos átrios. Mas esses assistentes são apenas o começo. “Estamos descobrindo o que poderia significar adicionar informações genéticas aos dados de imagem nesses produtos”, diz Gupta. Com isto em mente, a Siemens está trabalhando com um grupo de centros médicos em expansão no contexto do programa Health-e-Child financiado pela União Européia. O programa está desenvolvendo uma plataforma integrada de saúde para informações pediátricas, projetada para fornecer integração uniforme de entrada tradicional de dados, bem como de fontes emergentes, tais como dados de genética. Imagem Fator paciente Proteômica Plataforma de conhecimentos REMIND Planos de tratamento Genômica Resultados laboratoriais os sistemas de comunicação, ALPHA fornecerá um salto em termos da rápida acessibilidade à tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET, e outras modalidades de imageamento e seu conteúdo. Entender os complexos significados e informações inseridos nas imagens é um tópico que também está sendo examinado pelo Theseus, um projeto de Educação e Pesquisa do Ministério Federal da Alemanha, liderado pela Siemens. No futuro, os computadores interpretarão automaticamente as imagens e entenderão instruções verbais. Comando de voz. Conforme os assistentes médicos se multiplicam, e suas subjacentes bases de dados expandem, serão necessários novos sistemas de tratamento. Uma solução que está próxima de ser apresentada ao mercado em 2008 é a Automatic Localization and Parsing of Human Anatomy (ALPHA). Treinada em uma gigantesca base de dados anatômica, ALPHA reconhece marcos em todo o corpo, assim abrindo a porta para interação baseada em voz. “Perguntas como ‘mostre-me o lóbulo esquerdo do pulmão do paciente e compare-o com os dois exames anteriores’, vão se tornar rotina”, diz Arun Krishnan, chefe de pesquisa e desenvolvimento de CAD na Siemens, em Malvern. “Isto acelerará a produção de informações, porque não mais será necessário procurar em conjuntos de imagens para descobrir a lâmina anatômica desejada. O alvo aparecerá automaticamente em resposta a um comando de voz”, diz ele. Compatível com o arquivamento de imagens nos hospitais e com 48 Pictures of the Future | 2/2008 “Uma grande parte da visão do Theseus é reconhecer automaticamente dados de imagem a fim de transformá-los de estado não estruturado para estruturado, para que possam ser utilizado na web para recuperação”, diz Hartmut Raffler, coordenador do Theseus e chefe da Divisão de Information and Communications da Corporate Technology (CT) da Siemens. Especificamente, uma área de pesquisa no Theseus está elaborando um arquivamento inteligente e escalável de imagens e sistema de pesquisa (que poderiam ser apoiados por ALPHA) capaz de recuperar imagens por conteúdo. Suponha, para fontes internas, que um cardiologista está examinando imagens de ressonância magnética de um paciente com deficiência em válvula pulmonar. “Para ajudar a determinar se a deficiência é caso para cirurgia, ele poderá pedir ao Theseus para lhe mostrar imagens de válvulas pulmonares que sejam semelhantes à que ele está vendo em termos de morfologia e função antes e após a cirurgia”, diz Dorin Comaniciu, chefe do departamento de Integrated Data Systems na Corporate Research da Siemens e um dos iniciadores do Theseus. Câmeras comunicativas. Mas as áreas de aplicação para esse tipo de equipamento de pesquisa vão além dos usos na área médica. Ramesh Visvanathan, chefe do Departamento de Real-time Vision and Modeling, comenta: “No contexto do projeto Theseus, o Centro de Competência da Visão, em Munique, está definindo linguagens de metadados para identificação automática do conteúdo dos vídeos. Em termos de aplicações em segurança patrimonial, por exemplo, isto significa que as câmeras poderão rastrear um alvo de interesse descrevendo-o em linguagem padronizada e passando as informações de uma câmera para outra”. Assim, a tecnologia tornaria possível seguir um intruso conforme ele deixasse o campo visual de uma câmera e entrasse na área monitorada por outra. E a qualidade das imagens que o sistema inteligente seleciona? Independentemente de a imagem ser gerada por uma câmera de vigilância ou por uma base de dados médicos, a altíssima qualidade tem de ser garantida para a avaliação do seu conteúdo ser considerada confiável. Sistemas de recuperação de imagens, portanto, têm de ter uma forma de assegurar a seleção das melhores imagens disponíveis. Trabalho ora em andamento na Universidade de Tsinghua, em Beijing, que é em parte patrocinado pela Siemens, poderá propiciar a resposta. “A idéia é desenvolver um assistente que selecionará as imagens melhores e mais importantes para os médicos nos grandes conjuntos de dados”, diz Comaniciu. Treinado utilizando os mesmos critérios que os POF 44-49.qxd:POF 86-91.qxd 11/12/08 próprios médicos usam para selecionar imagens, o assistente poderá até melhorar as imagens que estejam menos do que perfeitas. Algoritmos e automação. Ao mesmo tempo em que os assistentes inteligentes estão rapidamente se reproduzindo no universo da saúde, eles também começam a povoar outras áreas – especialmente na indústria. Na produção de aço, por exemplo, a tendência no sentido da automação total está levando à utilização cada vez maior de inteligência descentralizada. “Dependendo do tipo do aço, os componentes de fabricação envolvidos poderão ter estratégias individuais para monitoramento e gerenciamento de cada etapa, ao mesmo tempo em que obtêm uma visão coletiva do processo”, diz Michael Metzger, especialista em soluções industriais para aço na Corporate 3:22 PM Page 49 modelos aprendem como melhorar por conta própria, baseados nesta comparação”. Em última análise, ele acrescenta, “esses sistemas fornecerão apoio às decisões e, enfim, automação das decisões”. na SCK. “Ao fornecer esse suporte a decisões, o agente leva muitos fatores em consideração, inclusive informações sobre confiabilidade do cliente, concorrentes e força de vendas”, acrescenta ele. Especialistas digitais de consertos. Não só os sistemas de aprendizado acompanham o que funciona melhor sob uma complexa variedade de circunstâncias. Eles também ficam de olho em fatores de longo prazo que causam o desgaste das máquinas e prevêem quando deve ser feita a manutenção para minimizar o tempo de parada. Com isto em mente, em 2007, a Siemens estabeleceu um programa estratégico chamado Iniciativa de Monitoramento de Máquinas. “O projeto se concentrará na pesquisa básica em toda a organização, na garimpagem de dados, sistemas de aprendizado Inteligência por toda parte. Naturalmente, tendo em vista que eles não pesam, não são especialmente caros para produzir e são capazes de aumentar a produtividade do hardware de maneira significativa, os agentes invisíveis poderão aparecer em qualquer lugar. A tendência da inteligência descentralizada em instalações de produção altamente automatizadas terá suas contrapartidas no gerenciamento do tráfego e dos transportes sobre trilhos, automação predial e residencial, tecnologia da segurança pessoal e patrimonial, geração e distribuição de energia, e – é claro – Assistentes médicos reconhecem anomalias no intestino (à esquerda), na função da válvula da aorta Technology, em Munique. Ele explica que isso significa usar “algoritmos estacionados próximos a atuadores associados trabalhando em conjunto para resolver um problema de controle em uma comunidade de máquinas”. Além disso, esses sistemas têm de poder aprender na velocidade de um raio. Como na Saúde, o processo de customização está a pleno vapor aqui. Isto começa com conhecimentos especializados e garimpagem de dados, que descobrem os parâmetros principais, tais como histórico das deformações e taxa de resfriamento para um determinado tipo de aço. Então, para otimizar os resultados de um pedido específico, simula-se o processo de produção inteiro – inclusive redes neurais e algoritmos de aprendizado. Uma vez otimizadas no mundo virtual, as informações são transferidas para um laminador e passam por teste. Os valores para cada etapa do processo são obtidos e comparados contra valores simulados (e, portanto, otimizados). “Como resultado”, diz Metzger, “os (ao centro), e no volume de sangue bombeado pelos átrios do coração ao longo do tempo. e apoio às decisões”, diz Claus Neubauer, especialista em integração de dados na SCK. Os resultados serão utilizados para automatizar a previsão e programação da manutenção para tudo, desde energia, redes sobre trilhos e de comunicação, até tomógrafos de ressonância magnética e caixas de transmissão de moinhos eólicos. Prever quando as máquinas necessitarão de manutenção e quais as peças que terão de ser substituídas pode parecer algo inatingível, mas e prever quando um cliente irá de fato adquirir um parque eólico ou um tomógrafo de ressonância magnética? Surpreendentemente, os agentes já estão chegando nesse tipo de informação também. Uma pesquisa realizada na SCR produziu uma tecnologia de agente que é “70% a 80% precisa”, diz Amit Chakraborty, que lidera o programa de Modelagem e Otimização na área da saúde. As implicações dessas entidades invisíveis para entretenimento, acesso às informações, segurança patrimonial, proteção ambiental e a maneira como os humanos se comunicam, organizam, trabalham e vivem poderão ser profundas. “Devemos nos lembrar que tudo gira em torno de soluções que apóiam as atividades humanas”, diz Raffler da CT. “Baseados nisso, os agentes entenderam o que estamos procurando, apresentarão os resultados de maneira mais inteligente do que é possível hoje, responderão a perguntas, tratarão de grandes órgãos de dados não estruturados, comporão serviços e proporão novos processos para a solução de problemas”. As informações, algo que produzimos cada vez mais em cada segundo, se tornarão cada vez mais valiosas, conforme aprendamos a garimpá-las, combinar seus fluxos e refinar suas mensagens. O que está à nossa frente é uma colheita sem fim. Arthur F. Pease Pictures of the Future | 2/2008 49 POF 50-51.qxd:POF 84-85.qxd 11/12/08 3:26 PM Assistentes Digitais | Ultra-som de Silício 3D Page 50 Kirti Patel, co-fundador da Sensant Corporation, que foi adquirida pela Siemens em 2005, testa um wafer de silício com membranas oscilantes, a alma do novo sistema de ultra-som. O médico coloca um cabeçote de escaneamento no tórax do paciente e empurra um botão, criando uma imagem instantaneamente. Os dados resultantes são transmitidos para um computador, que digitaliza a imagem de objetos milimétricos suspeitos que podem se desenvolver em tumores mamários. Embora possa parecer uma mamografia, o sistema não requer raios-X e mesmo assim fornece imagens tridimensionais de alta resolução. Apesar deste método de exame não estar disponível ainda, a tecnologia de ultrasom de silício, desenvolvida pela Siemens, poderá se tornar um procedimento rotineiro em apenas alguns anos. As imagens de ultra-som são geradas utilizando os ecos das ondas de som que são refletidos ou espalhados nas fronteiras entre os diferentes tipos de tecido no corpo. Na maioria dos sistemas utilizados atualmente, elementos piezo-cerâmicos no cabeçote de escaneamento do ultra-som transmitem sinais curtos direcionados e registram os ecos resultantes. A profundidade da estrutura refletora é computada pelo tempo de viagem do sinal. “Como é o caso com todos os exames que usam ondas, a resolução depende do comprimento da onda”, diz Peter-Christian Eccardt, responsável pelo desenvolvimento de novos tipos de transdutores ul- Do Silício ao Ultra-som O futuro do ultra-som provavelmente residirá em aparelhos que podem gerar imagens tridimensionais de alta resolução em tempo real. Estes aparelhos se basearão em transdutores que consistem de pequeninas membranas vibratórias aplicadas a um wafer de silício. tra-sônicos micromecânicos na Siemens Corporate Technology. “Quanto mais curto o comprimento da onda, mais alta a freqüência e, conseqüentemente, maior o detalhe. Mas os elementos piezo-cerâmicos, que têm até 250 micrômetros de tamanho, não podem ser feitos em tamanhos menores. Também é difícil arrumá-los nos arranjos bidimensionais que são necessários para a geração de imagens de ultrasom tridimensionais”, acrescenta Eccardt. Os dispositivos de ultra-som convencionais utilizam freqüências entre 2 e 15 megahertz e trabalham em duas dimensões. Eles utilizam até 250 elementos piezo-cerâmicos um ao lado do outro. Os elementos tiram medidas verticais da seção do corpo localizada diretamente sob 50 Pictures of the Future | 2/2008 POF 50-51.qxd:POF 84-85.qxd 11/12/08 eles, o que exige que o médico movimente o cabeçote de um lado para o outro do corpo do paciente para medir cada seção individual. “Mas no futuro não mais usaremos o digitalizador linear para medir seções bidimensionais. Em vez disso, usaremos uma cabeça chata para tirar uma foto em 3D de um volume completo em tempo real”, prevê Eccardt. Além de automatizar em grande parte as medições e avaliações, isto melhoraria a qualidade das digitalizações. A nova tecnologia tornaria tão mais rápida as medições de volume que seria possível até produzir imagens de órgãos que se movimentam, tais como o coração. Como este processo incorpora a dimensão tempo, ele também é conhecido como ultra-som em 4D. O sistema utiliza um algoritmo sofisticado para compensar os movimentos contínuos de interferência, como os causados pelo fluxo sanguíneo. No entanto, o ultra-som em 4D seria quase impossível de se conseguir usando elementos piezo-cerâmicos. Ele também necessitará da integração da eletrônica, pois cada elemento individual necessita de sua própria fiação. Assim, um cabeçote com 250 elementos de cada lado exigiria mais de 60.000 linhas, criando um cabo da grossura de um braço. Silício em vez de piezo-cerâmica. Para que os exames de ultra-som em 3D e 4D sejam possíveis, a Siemens desenvolveu um tipo completamente novo de tecnologia: o Ultra-som de Silício. “Desde 1996, temos explorado a idéia de usar materiais semicondutores em vez de piezo-cerâmica. Ficou claro que isso nos permitirá alcançar dimensões inferiores a um micrômetro e métodos de produção de semicondutores baratos. E mais, essa abordagem nos deixa integrar parte da eletrônica de avaliação no cabeçote”, explica Eccardt. Para produzir sistemas de Ultra-som de Silício, membranas de viração medindo entre 50 e 60 micrômetros são criadas na superfície dos wafers de silício. As membranas são dispostas de acordo com as necessidades do cabeçote. Como cada elemento pode ser controlado por meio de um sistema de endereçamento linha-coluna, a superfície contendo N colunas e M linhas não mais precisa de N x M fios, como é o caso com a piezocerâmica, mas somente N + M fios. Ao mesmo tempo, as dimensões menores dos elementos geradores de som possibilita reduzir os comprimentos de onda quando necessário. Além disso, a nova abordagem oferece mais flexibilidade no controle do comprimento das ondas de ultra-som e dos campos de som. Como as membranas ultrafinas são acusticamente mais bem adaptadas ao corpo humano do que a piezo-cerâmica, os elementos individuais po- 3:26 PM Page 51 dem ser utilizados em um leque maior de freqüências. E mais, a configuração aperfeiçoada e opções de endereçamento tornam possível ligar os elementos em praticamente qualquer combinação desejada. Isto é especialmente útil porque as ondas sonoras de freqüência mais baixa penetram ainda mais no tecido, tornando possível o exame de camadas mais profundas. Como os geradores de sons individuais no sistema de Ultra-som de Silício podem ser muito pequenos, também podem ser alcançadas freqüências muito mais elevadas. Este fato abre áreas inteiramente novas de utilização para a tecnologia. “Além de suas utilizações potenciais para testes de triagem e o reconhecimento precoce do câncer de mama, o ultra-som poderia ser empregado para detectar câncer da próstata e tumores na tireóide. Outras aplicações extremamente promissoras para o sistema incluem o reconhecimento precoce de doenças do sistema cardiovascular e o músculo do coração”, diz Klaus Hambüchen, chefe da Ultrasound Business Unit na Siemens, em Mountain View, na Califórnia. Outra vantagem da tecnologia de Ultra-som de Silício é que tornaria possível a existência de sondas de cateter de ultra-som muito pequenas, o que expandiria muito o leque de possíveis aplicações do sistema em hospitais. Essas sondas de ultra-som melhorariam a visualiza- ção das funções do coração e ajudariam aos médicos reconhecer placas e obstruções. Para agilizar seus trabalhos nas tecnologias de Ultra-som de Silício, a Siemens adquiriu a Sensant Corporation em 2005. Com matriz em San Leandro, na Califórnia, a Sensant foi fundada em 1998 e focou principalmente em tais tecnologias. Em combinação com os sistemas de ultra-som existentes da Siemens, e os avanços feitos pela Siemens Corporate Technology, a experiência transmitida pela Sensant poderá possibilitar à Siemens lançar o primeiro produto no mercado, no ano que vem. “Nossos engenheiros estão fazendo progressos constantes. Os primeiros resultados clínicos do imageamento das mamas e da tireóide mostram que podemos esperar que a tecnologia de Ultra-som de Silício impulsione a resolução espacial e de contraste em dez vezes”, diz Hambüchen. No entanto, o objetivo é não só criar melhores imagens. Como a nova tecnologia também automatiza o imageamento até certo ponto, torna as imagens mais comparáveis, pois sua qualidade não mais depende da habilidade do médico que direciona a sonda. Para Hambüchen isto significa “que os médicos e hospitais poderão aumentar seus padrões de qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir os custos. Em última análise, tudo isso beneficiará os pacientes”. Bernhard Gerl Anatomia de um Cabeçote Milhares de minúsculos geradores de som podem ser fabricados utilizandose o sistema micro-eletromecânico (MEMS), no qual finas camadas são aplicadas na superfície do wafer de silício (1) e depois tratadas com processos litográficos. A primeira camada a ser aplicada é de metal isola- 1 5 do, que serve como eletrodo mais baixo (2). Ela é seguida por um bloco 2 hexagonal de cromo (3), uma segunda 3 6 camada isolante de nitrido de silício (4), o segundo eletrodo (5), e uma ca- 4 7 mada final de proteção de nitrido de silício (6). O cromo é extraído através Ultrasound de pequenos furos (7) e o espaço oco resultante é selado. O produto final é uma membrana de livre flutuação, que pode vibrar utilizando tensão alterna- 20-50 μm da. Para alcançar isso, também tem de existir tensão contínua entre os eletrodos para evitar que eles atraiam uns aos outros continuamente. Pictures of the Future | 2/2008 51 POF 52-54.qxd:PoF 023-026.qxd 11/12/08 3:34 PM Page 92 Assistentes Digitais | Healthcare Suporte Digital às Decisões Procedimentos de diagnóstico cada vez mais municiam médicos com dados. Em resposta, eles se voltam para programas que ajudam a avaliar e interpretar resultados. Um software recém-desenvolvido proporciona apoio rápido e preciso às decisões. A Clínica Maastro, na Holanda, é uma das líderes no tratamento de câncer. Para proporcionar o melhor tratamento possível a esses pacientes e melhorar as pesquisas de câncer, a unidade abriga uma equipe interdisciplinar de especialistas em radioterapia, biólogos, físicos e cientistas da informática, bem como especialistas do Setor de Healthcare da Siemens, todos com acesso a equipamentos e softwares médicos de alta tecnologia. Um dos principais membros da equipe é o Professor Philippe Lambin, oncologista especializado em radiação e diretor médico da Clínica Maastro. “Estamos realizando pesquisa em um sistema de suporte à decisão auxiliado por computador para trata- 52 Pictures of the Future | 2/2008 mento personalizado de pacientes com câncer pulmonar”, explica Lambin. “Um estudo realizado na Universidade de Maastricht revelou que a maioria dos médicos não tem como avaliar de maneira confiável como seus tratamentos estão progredindo e, portanto, encontram dificuldades na escolha do tratamento certo. Esperamos melhorar as previsões sobre a eficácia da radioterapia com a ajuda de software sofisticado”. O software a que Lambin se refere é baseado no Remind, da Siemens. O Remind (Reliable Extraction and Meaningful Inference from Nonstructured Data – Extração Confiável e Inferência Significativa de Dados Não-estruturados) analisa estatisticamente todos os tipos de informações médicas e identifica padrões específicos. Um sistema do protótipo de pesquisa testado na clínica Maastro tem como prever com grande precisão a taxa de dois anos de sobrevida para pacientes com câncer pulmonar. A taxa de sobrevida de dois anos é utilizada pelos médicos para avaliar o sucesso dos tratamentos individuais de radioterapia. No momento, 47% de todos os pacientes com câncer de pulmão sobrevivem aos dois primeiros anos depois do diagnóstico se seu câncer for detectado no início. A primeira aplicação comercial do Remind é o software Soarian Quality Measures, que pode medir a qualidade do POF 52-54.qxd:PoF 023-026.qxd 11/12/08 3:34 PM Page 93 Na Clínica Maastro da Holanda, alta tecnologia e software exclusivo (abaixo e no centro) ajudam o oncologista Philippe Lambin (abaixo, à esquerda) a tomar decisões cada vez mais precisas. mais de 200 desses parâmetros. Neste projeto de pesquisa, o Remind computa a probabilidade de dois anos de sobrevivência e o risco dos efeitos secundários para várias opções de tratamento para o paciente. A intenção é ajudar os médicos a selecionar o tratamento ideal para cada paciente. Combinando Diagnóstico e Tratamento. Os médicos da Maastro usam tecnologia de ponta da Siemens para seus diagnósticos e tratamentos. Por exemplo, um tomógrafo combinado de PET (tomografia de emissão de pósitrons) e CT (tomografia computadorizada) viabiliza a obtenção de imagens em 3D dos pulmões, apesar do movimento relacionado à respiração – imperioso no caso de pacientes com câncer pulmonar. A unidade PET utiliza substância marcadora de baixa radiação para fornecer imagens transversais que retratam os processos bioquímicos e fisiológicos, enquanto a tomografia computadorizada detalha a anatomia e o local do tecido que está sendo estudado. A combinação das duas tecnologias fornece aos médicos informações sobre o tipo de tumor com o qual estão lidando, bem como sua forma e posição precisa. Quando falamos tratamento a partir do prontuário médico do paciente, baseado em padrões estabelecidos. Na Clínica Maastro, no entanto, o Remind está sendo otimizado para pesquisa de câncer que exige a presença de especialistas da Siemens no local. O sistema exige a maior quantidade possível de dados sobre o paciente para emitir prognósticos estatisticamente significativos. Esses dados incluem informações sociológicas sobre a pessoa, medidas tomadas com métodos de imageamento e dados biológicos, como capacidade de divisão celular e sensibilidade à radiação, que pode ser determinada por análises de genes e de biomarcadores do sangue. O Remind analisa e liga de tratamento, uma das preferências de Lambin é a radioterapia adaptável. Esta solução da Siemens propicia aos oncologistas um conjunto de dados em 3D sobre o paciente, que permite que eles adaptem de maneira otimizada um procedimento de radiação para a posição e tamanho do tumor a ser tratado. Aqui também, o Remind dá suporte aos médicos com prognósticos e assistência no planejamento do tratamento, avaliando os resultados a partir da base de dados dos exames após o tratamento. Lambin descreve esta combinação de diagnóstico e terapia de tratamento como “teradiagnóstico auxiliado por computadores”. Outro aspecto desse projeto de pesquisa é configurar o Remind para prever a probabilidade relativa dos efeitos secundários típicos da terapia de radiação, como esofagite (perfuração do esôfago), o que é conseguido com base nos parâmetros, tais como dose de radiação, tempo do tratamento, quimioterapia concomitante e concentração de células brancas. A intenção é que essa ferramenta ajude os médicos a reconhecerem os primeiros sinais da esofagite, assim evitando a descontinuação prematura do tratamento terapêutico. O próximo passo no projeto de pesquisa será incluir os custos das complicações potenciais associadas à terapia em pauta. “Para fazer um prognóstico com certa precisão da taxa de sobrevivência após uma terapia específica, precisamos ter pelo menos de 500 a 1.000 pacientes em nossa base de dados”, diz ele. A base de dados Maastro contém atualmente dados de cerca de 1.000 pacientes, dos quais 400 foram diagnosticados com câncer pulmonar. A fim de expandir a base de dados, a Clínica Maastro planeja estabelecer um link em rede digital com hospitais de Louvain e Liège, na Bélgica, e em Groningen, na Holanda. Devido às considerações de segurança de dados, no entanto, o sistema Remind da Maastro só receberá parâmetros anônimos por meio do link; os dados em si permanecerão em outras clínicas. A base de dados mais ampla da pesquisa que daí decorre tornará possível um tipo completamente novo de pesquisa clínica. Radiologia Digital. O Dr. Marco Das trabalha no Departamento de Radiologia de Diagnóstico no Hospital Universitário de Aachen, a 40 quilômetros da Clínica Maastro. O foco do seu trabalho é a detecção de crescimentos no pulmão, como cânceres, metástases e tumores benignos. A rotina clínica envolve a utilização de tomografia computadorizada para criar conjuntos de dados em 3D do pulmão, após o que Das procura estruturas com aspectos sus- Pictures of the Future | 2/2008 53 POF 52-54.qxd:PoF 023-026.qxd 11/12/08 3:34 PM Page 94 Assistentes Digitais | Healthcare peitos nas imagens digitais. Das examina 30 a 40 pacientes desta maneira todos os dias, significando que só tem alguns minutos para cada diagnóstico. Para aumentar a probabilidade de não deixar passar nenhum tumor, um segundo radiologista verifica de novo todos os seus achados. Das também utiliza software CAD (detecção com auxílio de computador) que pode eliminar a necessidade de um segundo radiologista, como já é o caso em diversos hospitais. CAD é uma tecnologia baseada no reconhecimento de padrões e não em inteligência artificial. Os sistemas CAD para os pulmões analisam diferenças de espessura no tecido dos pulmões e as compara com as imagens armazenadas de padrões tumorais típicos dos pulmões. mostram que o software CAD tem um efeito positivo na precisão dos diagnósticos radiológicos”, diz Das. “Os programas CAD são muito bons como segundos leitores, mas jamais substituirão o diagnóstico do radiologista, porque a experiência do médico é a chave para a avaliação dos resultados”, diz Das. Outra vantagem oferecida pelo novo software syngo CT Oncology – que inclui a funcionalidade syngo Lung-CAD – é que ele ajuda a acelerar o a tomada de decisões quanto ao diagnóstico, O programa de radiologia digital leva somente quatro minutos para verificar 700 imagens fatiadas. O software Siemens apóia a tomada de decisão diagnóstica sobre as características do tumor pulmonar. Marcador tumoral. “Tudo isso funciona muito bem na prática”, diz Das, que usa o software syngo Lung-CAD da Siemens. O sistema examina os pulmões para verificar a existência de tumores até antes de o radiologista ter terminado de completar a avaliação. O software leva apenas cerca de quatro minutos para checar até 700 imagens fatiadas, cada uma das quais tem um milímetro de espessura. Após Das completar seu diagnóstico, ele analisa os resultados produzidos pelo software, o que significa que não há tempo de espera entre um e outro. O software automaticamente marca as áreas suspeitas com círculos vermelhos. “Todos os estudos até esta data 54 Pictures of the Future | 2/2008 fumo e que destrói os alvéolos dos pulmões. Aqui, o software syngo InSpace4D Lung Parenchyma Analysis da Siemens mede a distribuição da densidade no pulmão inteiro, enquanto um pulmão doente, devido a seus alvéolos rompidos, terá mais ar no tecido (e será, portanto, menos denso) do que um pulmão sadio. “Essa solução de software torna possível, pela primeira vez na história, quantificar os estágios iniciais do enfisema e assim monitorar o tratamento de maneira efetiva”, diz Das. de acordo com Das. Por exemplo, os médicos precisam medir as mudanças no tamanho do tumor a fim de determinar se o tratamento está funcionando. Até recentemente, isto era feito calculando manualmente o diâmetro do tumor na tela. Essas medições são extremamente imprecisas, no entanto, e podem variar de médico para médico. O syngo CT Oncology, por outro lado, melhora a precisão das medidas ao calcular automaticamente o volume dos diferentes tipos de tumor. Isso permite que os médicos determinem a densidade do tecido. Essas medidas também são utilizadas com freqüência em pacientes com enfisema, uma doença geralmente causada pelo Colonoscopia virtual. As triagens para câncer do colo são outra aplicação em que a detecção com o auxílio do computador é muito útil. O Dr. Anno Graser, do Instituto de Radiologia Clínica do Hospital da Universidade de Munique, utiliza o software syngo Colonografia com PEV (Visualização Aprimorada de Pólipos) para rever os resultados das colonoscopias virtuais. Diferentemente dos médicos de Aachen, o Dr. Anno Graser não tem um segundo radiologista e, portanto, confia no software PEV para ter uma segunda opinião. “O programa, que pode ser usado por qualquer médico, apresenta bons resultados, desde que o colo tenha sido adequadamente limpado antes”, diz Graser, que também testou o software em diversos estudos. Ele não só está satisfeito com a precisão do programa, como contente que “o software simplifica e acelera o processo inteiro”. No instituto onde o Dr. Graser trabalha, leva somente quatro minutos para o programa calcular os resultados do PEV – o mesmo que levaria um gastroenterologista. Dr. Graser tem feito a triagem de um a dois pacientes por dia com o sistema, desde que concluiu seus estudos clínicos do software. Mas ainda há alguma resistência à nova tecnologia. “As empresas de seguro saúde na Alemanha somente pagam as colonoscopias convencionais, a menos que você tenha uma situação em que a infecção intestinal ou obstrução não permita este procedimento”, ele explica. Não obstante, os pacientes preferem o procedimento virtual, porque é muito mais curto do que o convencional. Outro importante benefício é que seu software de detecção de pólipos é extremamente sensível, assim melhorando a possibilidade de detecção precoce. “Esses benefícios ajudarão o sistema a romper a barreira em termos de aceitação”, diz o Graser. Michael Lang POF 55.qxd:PoF 55.qxd 11/12/08 3:35 PM Page 55 | Próximo Número – Outono de 2009 No Próximo Número O futuro das matérias-primas Os preços das matérias-primas subiram mais rápido nos últimos quatro anos do que nos 30 anos anteriores. Os preços do petróleo cru e do cobre triplicaram, os do ferro dobraram, e desde o final de 2006, o preço dos alimentos subiu quase 50% em todo o mundo. E mais, a água potável, nosso recurso mais importante, está se tornando escassa. O que as novas tecnologias podem fazer para ajudar a disponibilizar matérias-primas no futuro a preços acessíveis? Confira no próximo número da “Pictures of the Future”. Diagnóstico precoce e cuidados preventivos Quanto mais tarde for diagnosticada a doença, maior o custo do tratamento. O diagnóstico precoce e os cuidados preventivos são, portanto, cruciais para garantir que o sistema de saúde permaneça acessível. Diagnósticos laboratoriais são essenciais para 70% das decisões clínicas. A Siemens – maior fornecedora do mundo de produtos para diagnóstico – combina tecnologia de ponta em diagnósticos de laboratório, processos de imageamento e tecnologia da informação, para oferecer métodos inovadores de diagnóstico precoce. Tecnologia predial sustentável Os edifícios são responsáveis por aproximadamente 40% do consumo global de energia. As demandas energéticas são responsáveis por aproximadamente 21% de todas as emissões de gases do efeito estufa. Medidas relativamente simples podem economizar pelo menos 25% da energia consumida pela maioria dos prédios e desempenhar um importante papel. Além disso, muitas dessas medidas se pagam por elas mesmas com contas menores em apenas alguns anos. A utilização de tecnologias inovadoras pode concretizar os objetivos de economia de energia com sensores, tecnologia de materiais, suprimento de energia e tecnologia da informação trabalhando juntos de maneira unificada – uma área de atividade ideal para os pesquisadores e desenvolvedores da Siemens, pois a empresa está envolvida em todas essas tecnologias. Pictures of the Future | 2/2008 55 11/12/08 2:17 PM Page 1 Pictures of the Future / Primavera de 2008 POF 56-01.qxd:PoF Titel_1_2007_end.qxd www.siemens.com/pof P A Re www. Publisher: Siemens AG Corporate Communications (CC) and Corporate Technology (CT) Wittelsbacherplatz 2, 80333 Munich For the publisher: Dr. Ulrich Eberl (CC), Arthur F. Pease (CT) [email protected] (Tel. +49 89 636 33246) [email protected] (Tel. +49 89 636 48824) Escritório Editorial: Dr. Ulrich Eberl (ue) (Redator-Chefe) Arthur F. Pease (afp) (Redator Executivo, Edição em inglês) Dr. Norbert Aschenbrenner (na) (Diretor Superintendente) Sebastian Webel (sw) Ulrike Zechbauer (uz) Outros autores neste número: Bernhard Bartsch, Dr. Dagmar Braun, Bernhard Gerl, Harald Hassenmüller, Andrea Hoferichter, Ute Kehse, Andreas Kleinschmidt, Michael Lang, Katrin Nikolaus, Bernd Müller, Werner Pluta, Gitta Rohling, Dr. Jeanne Rubner, Tim Schröder, Rolf Sterbak, Dr. Sylvia Trage, Dr. Evdoxia Tsakiridou, Harald Weiss, Nikola Wohllaib Edição de fotos: Judith Egelhof, Irene Kern, Jürgen Winzeck, Publicis Munich Fotos: Kurt Bauer, Natalie Behring, Thomas Langer, Andreas Messner, Bernd Müller, Norbert Michalke, Ruppert Oberhäuser, Andreas Pohlmann, Karsten Schöne, Marc Steinmetz, Volker Steger, Jürgen Winzeck Internet (www.siemens.com/pof): Volkmar Dimpfl Informações Históricas: Dr. Frank Wittendorfer, Siemens Corporate Archives Endereço da Base de Dados: Susan Süß, Publicis Erlangen Layout / Litografia: Rigo Ratschke, Büro Seufferle, Stuttgart Ilustrações: Natascha Römer, Stuttgart Gráficos: Jochen Haller, Büro Seufferle, Stuttgart Traduções do alemão para o inglês: TransForm GmbH, Colônia Traduções do inglês para o alemão: Karin Hofmann, Heiner Weidler, Publicis Munique Impressão: Bechtle Druck&Service, Esslingen Pictures of the Future, syngo, PlantCalc, NX, Teamcenter, Tecnomatix e outros nomes são marcas registradas da Siemens AG. ICE é marca registrada do Deutsche Bahn AG. Second Life é marca registrada da Linden Research, Inc. Outros produtos e nomes de empresas mencionados nesta revista poderão ser marcas registradas de suas respectivas empresas. O conteúdo editorial dos relatórios nesta publicação não reflete necessariamente as opiniões da publisher. Esta revista contém projeções para o futuro, cuja precisão a Siemens não pode garantir de nenhuma forma. Pictures of the Future é publicada duas vezes ao ano. Impresso na Alemanha. A reprodução dos artigos no todo ou em parte só será permitida com a autorização do escritório editorial, o que também se aplica ao armazenamento em bases de dados eletrônicas ou na Internet. Edição em português: Comunicação Corporativa (CC) da Siemens no Brasil Fotos: Divulgação Siemens/Única Editoração: 2:d Comunicação e design Impresso no Brasil pela Margraf Editora e Indústrias Gráficas Ltda. Tiragem desta edição: 3 mil exemplares © 2008 por Siemens AG. Todos os direitos reservados. Siemens Aktiengesellschaft Número do pedido: A19100-F-P113-X-7600 ISSN 1618-5498 Customização d tendência mun Energia para todos / Soluções Personalizadas / Assistentes Digitais Crédito das fotos: Universitätsklinikum Heidelberg (18 l., 19), Airbus S.A.S. (26, t., 47 l.b.), F1online / Fancy (37 b.), Toho Tenax Europe (47 b.r.). Todas as outras imagens: Copyright Siemens AG. Soluçõe sob med Incentiv à pesqu Prêmio Werner estimula estuda pesquisadores e