Médicos vítimas da violência no trabalho em unidades de pronto

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Médicos vítimas da violência no trabalho em unidades de pronto
MÉDICOS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO1
Medical doctors victims of violence working at emergency units
Éber Assis dos Santos Júnior2, Elizabeth Costa Dias3
RESUMO
Esse estudo objetivou estudar a violência no trabalho entre médicos das Unidades de
Pronto Atendimento (UPA´s) da Prefeitura de Belo Horizonte. Cento e sessenta e dois
médicos (66,9% do total) responderam a um questionário sobre violência no trabalho.
Dentre esses, 135 (83,3%) relataram pelo menos um episódio de violência no trabalho
nos 12 meses anteriores ao preenchimento do questionário. Os acompanhantes e o
próprio paciente foram os perpetradores mais freqüentemente mencionados. A violência
no trajeto de ida ou volta das UPA´s foi mais freqüente em uma das unidades (UPA
Norte). Mais da metade dos médicos pensou em abandonar o trabalho ou pedir
transferência em virtude da violência no trabalho. Medidas preventivas não devem
tardar e devem enfocar os profissionais de saúde, o ambiente de trabalho e a comunidade.
Estudos que avaliem a situação de outros profissionais de saúde que trabalham nas
UPA´s devem ser realizados.
PALAVRAS-CHAVE
Violência no trabalho, saúde ocupacional, serviços médicos de emergência
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate violence against medical doctors working at
Emergency Units in the city of Belo Horizonte, Brazil. A hundred and sixty two
doctors (66,9% of all doctors) answered a questionnaire about workplace violence.
Among them, 135 (83,3%) reported at least one episode of workplace violence in the
previous 12 months. The companions of patients followed by the patients themselves
1
O artigo condensa os resultados da Dissertação de Mestrado intitulada “Vítimas da violência no
trabalho: o retrato da situação dos médicos das Unidades de Pronto Atendimento 24h da Prefeitura de
Belo Horizonte”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública - Área de Concentração
Saúde e Trabalho, da Universidade Federal de Minas Gerais, defendida em janeiro de 2004. Aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (Processo N o 105/03).
2
Mestrado (Faculdade de Medicina da UFMG) Unidade de Pronto Atendimento Norte / Secretaria
Municipal de Saúde / Prefeitura de Belo Horizonte - Rua Francisco Bicalho, 1593/301A – Caiçara /
Belo Horizonte-MG CEP: 30720-340 - Telefones: 31 91297902 / 31 30750604 Fax: 31 32776790
e-mail: [email protected]
3
Doutorado (Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP) Departamento de Medicina Preventiva e
Social / Faculdade de Medicina / Universidade Federal de Minas Gerais.
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were the more frequently mentioned perpetrators of the workplace violence. Violence
in the trajectory – goint to and coming from the Emergency Units – was more
frequently in one of the units (the North Emergency Unit). More than half of the
doctors had already thought of abandoning the job or asking for being transferred to
other Unit, due to the workplace violence. Preventive measures should not be delayed,
and must focus on the health professional, the environment and the community.
Studies to evaluate the situation among other professionals working in the Emergency
Units should be conducted.
KEY WORDS
Workplace violence, occupational health, emergency units
1. INTRODUÇÃO
O texto condensa os resultados de uma pesquisa sobre violência no trabalho de
médicos das Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s) 24h da Prefeitura de Belo
Horizonte (PBH). O interesse pelo tema surgiu da experiência do autor principal,
enquanto Diretor Técnico de uma UPA, de lidar com os problemas humanos e
administrativos decorrentes da violência no trabalho.
A revisão da literatura mostra que não existe uma visão bem estabelecida
sobre a violência relacionada ao trabalho, em que pese seu crescimento em âmbito
mundial. Apesar de ser reconhecida pela Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) da Organização Mundial
de Saúde, sob a rubrica de “causas externas”, a violência passou a chamar a
atenção das autoridades de saúde em virtude da mudança do perfil epidemiológico
de morbidade e mortalidade, particularmente no Brasil e em outros países das
Américas, onde as causas externas assumem o primeiro lugar entre as causas de
óbito entre os jovens (Agudelo, 1990; Yunes & Rajs, 1994; Wünsch Filho, 2003).
Entre 1992 e 1993, dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de
Atlanta (Estados Unidos) mostram que os homicídios já constituíam a primeira
causa de morte no trabalho entre mulheres e a terceira entre homens (Wünsch
Filho, 1995). Estudos de Krug et al. (2002a; 2002b) revelam uma taxa de 28,8
mortes/100.000 habitantes devido à violência no mundo, em 2000. Considerando
que a morte é o evento mais grave, é possível estimar que, para cada pessoa que
morre, inúmeras outras são feridas e sofrem agravos de natureza física, sexual,
reprodutiva e mental.
Minayo e Souza (1999) afirmam que a atitude da área da saúde diante da
violência foi, por muito tempo, a de “contador de eventos, um reparador dos estragos
provocados pelos conflitos sociais”. Golding (1996) considera que a violência é um dos
mais importantes problemas de Saúde Pública na atualidade, pelas conseqüências
sobre as próprias vítimas, o temor que espalha na comunidade e os custos
para sua prevenção.
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Sobre a violência relacionada ao trabalho, alguns autores distingüem a violência
do trabalho da violência no (ambiente de) trabalho (Machado & Minayo-Gómez,
1994; Ribeiro, 1997; Campos, 2002; Di Martino, 2002). Entretanto, neste estudo,
adotou-se o termo “violência no trabalho”, por ser mais utilizado na literatura,
abrangendo todos os tipos de episódios de violência que ocorrem na situação de
trabalho, considerando-a originada na organização do processo de trabalho.
A literatura técnica e científica registra inúmeros estudos de caso e
seccionais sobre o tema, manuais de prevenção, diretrizes e protocolos de
conduta de trabalhadores, elaborados principalmente nos Estados Unidos e
Europa. A Organização Internacional do Trabalho, em parceria com o Conselho
Internacional de Enfermagem, a Organização Mundial de Saúde e a agência
Internacional de Serviços Públicos (ILO/ICN/WHO/PSI) têm desenvolvido
um esforço conjunto no sentido de informar, padronizar conceitos e prevenir
a violência no trabalho, especificamente no setor saúde (Di Martino, 2002;
ILO/ICN/WHO/PSI, 2002; Cooper & Swanson, 2002).
Infelizmente, no Brasil, são ainda poucos os estudos sobre violência no trabalho.
Deslandes (2000; 2002) analisou, em uma perspectiva antropológica, a violência e
suas vítimas, em dois serviços de emergência de hospitais públicos da cidade do
Rio de Janeiro, apresentando relatos de conflitos entre pacientes, familiares e
profissionais de saúde, que denominou de “esquenta plantão”.
Carneiro (2000) avaliou a violência contra trabalhadores, durante a jornada
de trabalho, na Zona Norte da cidade de São Paulo, utilizando como fonte de
dados boletins de ocorrência policial.
Estudos realizados em Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário
Noroeste da PBH analisaram a violência contra os profissionais de saúde enquanto
um problema para a gerência e a prestação de serviços (Silva et al., 2002; 2003).
Campos (2002) aborda a questão da violência no trabalho a partir de uma
revisão teórica do tema, distingüindo o que considera violência do trabalho e
violência no trabalho.
O Sindicato dos Médicos de São Paulo patrocinou uma pesquisa sobre
violência no trabalho, entre 650 médicos domiciliados em São Paulo (SP), cujos
resultados estão registrados no livro: “Desgaste Físico e Mental do Cotidiano
Médico” (Oliveira et al., 2002).
Palácios et al. (2003) conduziram um estudo piloto sobre violência no
trabalho no setor saúde, na cidade do Rio de Janeiro, dentro do programa
conjunto ILO/ICN/WHO/PSI. Entre 1.569 trabalhadores que participaram
do estudo, 19,7% eram médicos.
Em Minas Gerais, as entidades de classe Associação Médica de Minas Gerais,
Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais, Sindicato dos Médicos
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de Estado de Minas Gerais e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Belo Horizonte têm mostrado preocupação com o problema da violência no
trabalho. Relatos de ameaças e agressões a profissionais médicos ou a trabalhadores
de unidades de saúde, especialmente da rede pública de serviços de Belo
Horizonte, têm sido noticiados e denunciados com freqüência (AMMG, 2002;
CREMEMG, 2002; SINMED-MG, 2002a; 2002b; 2002c; 2002d; 2003a;
2003b; SINDIBEL, 2003).
Não existe consenso na literatura sobre a definição de violência no trabalho:
que episódios devem ser caracterizados como atos violentos, quem são trabalhadores
e que abrangência deve ser dada ao ambiente/local de trabalho.
Buscou-se retratar a violência no trabalho de médicos das UPA’s 24h da
PBH, buscando tipificar os episódios de violência contra os profissionais e oferecer
subsídios para que gestores e órgãos representantes da classe médica possam
propor, normatizar e exigir cumprimento de condições adequadas de trabalho
médico em unidades de atendimento de urgências e emergências médicas.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo seccional, que buscou conhecer a prevalência de
episódios de violência no trabalho entre médicos que trabalham nas UPA´s 24h
da PBH, em um período de 12 meses. Foi utilizado um questionário semiestruturado adaptado do American Federation of State, County and Municipal Employees
Survey of Violence in the Workplace for Health Care Workers (AFSCME, 1998). A coleta
dos dados foi realizada entre janeiro e abril de 2003, nas quatro UPA´s 24h da
PBH (UPA Barreiro, UPA Norte, UPA Oeste e UPA Venda Nova).
Adotou-se a seguinte definição de violência no trabalho: todas as formas de
comportamento agressivo ou abusivo ou mesmo quaisquer atos, posturas e atitudes que possam
causar dano físico ou psicológico ou desconforto em suas vítimas ou dano ao patrimônio, praticados
por quem quer que seja (cliente/paciente, assaltante, colega de trabalho ou pessoa com a qual o
trabalhador mantenha alguma relação que não seja a profissional – cônjuge, amante, irmão, colega etc.),
estando o indivíduo (vítima) trabalhando, a serviço do trabalho ou indo para ou voltando do trabalho.
A análise estatística foi baseada na caracterização da população investigada e
na avaliação de possíveis associações entre os episódios de violência e fatores
potencialmente explicativos, utilizando o teste qui-quadrado, o teste exato de
Fisher e o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Em todos os testes estatísticos
utilizados foi considerado um nível de significância de 5%.
Optou-se por avaliar separadamente as ameaças, as agressões físicas, uma lista
de comportamentos que denominamos “outros tipos de violência no trabalho” e
a violência no trajeto indo para ou voltando da UPA. A análise dos fatores
associados aos episódios de violência no trabalho foi feita inicialmente comparando
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cada tipo de violência avaliada pelo questionário (ameaça, agressão física, outros
tipos de violência e violência no trajeto) com as variáveis de qualificação dos sujeitos
da pesquisa (local de trabalho, especialidade, gênero, vínculo de trabalho etc.).
Posteriormente, foram feitas análises comparando a prevalência de violência no
trabalho (sofreu algum tipo de violência no trabalho versus não sofreu nenhum tipo
de violência no trabalho) com as variáveis de qualificação dos sujeitos da pesquisa.
Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais.
3. RESULTADOS
A população estudada era constituída por cerca de 242 médicos. É importante
registrar que o número de médicos que trabalham nas quatro UPA’s 24h da PBH
não é fixo, em virtude das escalas de trabalho incompletas. Desse total, 162 (66,9%)
responderam, de modo voluntário, ao questionário. Dos 162 sujeitos da pesquisa, 83
eram do sexo feminino (51,2%) e a idade média era de 35 (24 a 60) anos. Os médicos
que responderam ao questionário possuíam, em média, 10 (0 a 32) anos de formados.
A Tabela 1 mostra o tempo de trabalho na UPA de 160 médicos que
responderam à pergunta do questionário.
Tabela 1
Tempo de trabalho (em anos) na UPA dos médicos que responderam ao questionário,
UPA´s 24h da PBH.
* Dois profissionais não responderam este item.
A distribuição da população por especialidade médica de trabalho na UPA
foi: 40,8% da Clínica Médica, 36,6% da Pediatria, 15,9% da Cirurgia, e 6,7% da
Ortopedia. Metade dos profissionais tinha vínculo de trabalho como “estatutário”,
35% como “contrato administrativo” e 15% recebiam por plantões através de
Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA).
Dos 162 médicos que responderam ao questionário, 135 (83,3%) relataram
que foram vítimas de algum tipo de violência no trabalho na UPA no último ano
que antecedeu a pesquisa. O percentual variou entre as UPA´s e foi maior entre
os profissionais da UPA de Venda Nova (91,2%) e menor na UPA Norte (76,8%).
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Desses 162, 74 (45,7%) registraram que foram vítimas de ameaças, no exercício
das atividades nas UPA´s, nos 12 meses anteriores ao preenchimento do mesmo.
Segundo esses médicos, os acompanhantes foram responsáveis pelas ocorrências em
83,8% das vezes, seguidos pelos pacientes em 50,0% das vezes, e pelos próprios
colegas de trabalho, em 9,5% das vezes.
Três médicos registraram que foram vítimas de agressões físicas, durante as
atividades nas UPA´s nos 12 meses anteriores ao preenchimento do questionário.
Um desses médicos teve que se afastar do trabalho em decorrência da agressão
física de que foi vítima. Dos médicos que relataram agressão física, todos eram
trabalhadores da UPA Norte (1,9% em relação ao total de sujeitos da pesquisa e
5,4% em relação aos médicos da UPA Norte que responderam ao questionário).
O acompanhante foi citado como agressor em duas dessas três agressões.
Ao ser apresentada uma lista de comportamentos classificados como “outros
tipos de violência no trabalho”, adaptada de Chappell e Di Martino (1999), apenas 29
médicos (18,0%) relataram não terem sido vítimas daqueles tipos de violência.
Dez médicos (6,3%) foram vítimas de violência no trajeto, indo ou voltando
do seu trabalho na UPA e, desses, um teve necessidade de afastar-se do seu
trabalho em virtude do episódio. Desses dez, seis trabalhavam na UPA Norte. Os
episódios descritos referem-se a assaltos ou tentativas de assaltos.
Sobre as conseqüências da agressão, entre os médicos que foram vítimas de
ameaças no nosso estudo, 36,5% referiram trauma psicológico como conseqüência
do ato violento.
Para 9,5% dos médicos que foram vítimas de ameaças e 9,8% dos médicos
que foram vítimas de “outros tipos de violência no trabalho” no nosso estudo, os
colegas de trabalho foram citados como os perpetradores das ameaças.
Considerando o instrumento utilizado na nossa pesquisa e o tipo de pergunta
constante no mesmo (Nos últimos 12 meses...?), é possível supor um viés de memória.
Outro fato que poderia contribuir para subestimar a prevalência dos episódios de
violência no trabalho é que 44 (27,2%) dos respondentes ainda não tinham um
ano de trabalho nas UPA´s quando responderam ao questionário. Observa-se
também o chamado “efeito do trabalhador sadio”, uma vez que alguns dos
profissionais que deixaram de trabalhar nas UPA’s o fizeram em decorrência da
constância da violência.
A Tabela 2 mostra os percentuais de relato de violência no trabalho nos 12
meses anterior à aplicação do questionário e alguns fatores potencialmente explicativos.
A especialidade médica ortopedia e o tempo de trabalho na UPA foram
significativamente associados com a ocorrência de ameaças. Pôde-se observar que,
dentre os médicos ortopedistas das UPA´s Norte e Oeste (apenas estas UPA´s têm
plantão de ortopedia), 81,8% relataram que foram vítimas de ameaças exercendo
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atividades na UPA. Esse percentual caiu para 43,3%, quando considerados os
médicos que não trabalham como ortopedistas nas UPA´s (p=0,013).
Tabela 2
Percentual de relato de violência, por episódios de violência no trabalho, e alguns fatores
potencialmente explicativos.
* Teste qui-quadrado e Teste exato de Fisher; Teste de Mann-Whitney.
Outro achado interessante e previsível foi a diferença observada na ocorrência
de ameaças entre os profissionais recém-chegados na UPA (menos de um ano) em
relação aos demais. Dos profissionais com menos de um ano na UPA, 27,3%
relataram que foram vítimas de ameaças exercendo atividades na UPA. Esse valor
aumentou para quase 50,0%, quando o médico tem mais de um ano de exercício
de atividades na UPA (p=0,031).
Em relação às agressões físicas, somente o fato de trabalhar na UPA Norte
mostrou estar associado a esse tipo de violência no trabalho (p=0,040).
Em relação aos “outros tipos de violência no trabalho”, nenhuma das variáveis
investigadas mostrou estar associada de forma significativa à sua ocorrência.
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Observou-se também que o tempo de trabalho na UPA estava associado à
ocorrência de violência no trajeto para ou na volta da UPA. O percentual de
profissionais, com mais de 10 anos de trabalho na UPA, que foram vítimas de
violência no trajeto, foi de 42,9%, enquanto apenas 4,0% dos profissionais com
menos de 10 anos de trabalho na UPA foram vítimas desse tipo de violência (p=0,011).
Em relação à prevalência da violência no trabalho, detectou-se na análise
estatística um fator associado, relacionado com o vínculo de trabalho na UPA
Norte, como pode ser observado na Tabela 3.
Tabela 3
Prevalência da violência no trabalho, por UPA, e fator potencialmente explicativo.
* Teste qui-quadrado e Teste exato de Fisher; Teste de Mann-Whitney.
(1) Apenas as UPA´s Norte e Oeste têm plantão de Ortopedia.
Dos médicos que possuíam vínculo empregatício por contrato administrativo
com a UPA Norte, 53,3% foram vítimas de algum tipo de violência. Esse percentual
aumentou para 87,2%, quando considerados os médicos que possuíam outro tipo
de vínculo empregatício (p=0,012).
As respostas à última questão do questionário – Você já pensou em abandonar o
emprego ou solicitar transferência em virtude de episódios de violência no trabalho em que você
esteve envolvido, testemunhou ou tomou conhecimento? – estão registradas na Tabela 4.
Observou-se que, em média, mais da metade dos médicos já pensou em abandonar
o emprego na UPA ou pedir transferência por causa da violência no trabalho.
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Tabela 4
Número de médicos que pensaram em abandonar o emprego ou pedir transferência em
virtude da violência no trabalho, UPA´s 24h da PBH, janeiro a abril de 2003.
* Percentual referente àqueles que responderam à questão.
4. Discussão
Em virtude da falta de consenso sobre a definição de violência no trabalho, a
comparação dos resultados obtidos nesse estudo com observações registradas na
literatura fica prejudicada. Assim, não identificamos na literatura referências à
prevalência de comportamentos específicos, como os listados na Tabela 1. Os
comportamentos que denominamos “outros tipos de violência no trabalho”,
juntamente com as ameaças, têm sido englobados sob a denominação de violência
psicológica e diferenciados da agressão física.
Hobbs e Keane (1996) citaram um inquérito realizado em 1995 com 250
médicos que trabalhavam em hospitais, onde 55% destes já haviam sido ameaçados
ou foram vítimas de violência no trabalho. Relataram também dados de um estudo
sobre violência no trabalho, realizado em um seminário no Reino Unido, onde
41% dos médicos presentes haviam experimentado agressão física no trabalho, e
citaram um estudo realizado com 126 médicos generalistas de Londres, que
mostrou que 79% tinham experimentado agressão nos 12 meses anteriores.
Arnetz et al. (1998), em pesquisa conduzida em um hospital sueco, onde 357
médicos responderam a um questionário, relataram que 140 foram vítimas de
algum episódio de violência nos 12 meses anteriores ao estudo, prevalência
encontrada (39,2%) de pouco menos da metade da encontrada no nosso estudo.
Fernandes et al. (1999) estudaram a violência no trabalho em uma unidade de
atendimento de urgências e emergências médicas de Vancouver (Canadá), que
atendia 55.000 pacientes/ano. Dos 163 trabalhadores da unidade, 106 responderam ao questionário e, desses, 90% relataram terem sido ameaçados no último
ano, 57% foram vítimas de agressão e 100% testemunharam ameaça ou agressão
física no mesmo período. Apesar do desenho do estudo ser semelhante ao nosso,
a população é diferenciada, já que englobou todos os trabalhadores da unidade.
Nesse mesmo estudo, 68% dos trabalhadores relataram aumento da freqüência
da violência e 60% relataram aumento da intensidade da violência.
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Oliveira et al. (2002) relataram que 41,0% de 650 médicos domiciliados em
São Paulo (SP) foram vítimas de pelo menos uma ocorrência de violência no local
de trabalho, sem especificar o local de trabalho e definir o tempo da ocorrência.
Os tipos mais freqüentes de violência foram: ameaça (48,4%), assalto (26,2%),
agressão física (14,9%) e outros (10,6%). Entre os tipos de violência de menor
ocorrência (“outros”), a agressão verbal foi responsável por 65,5% das ocorrências.
Os acompanhantes foram os perpetradores mais freqüentemente citados (81,1%),
seguidos dos pacientes (56,8%) e dos colegas de trabalho (9,8%). A violência
deixou marcas em 39,0% dos médicos (25,9% com o que os autores chamaram
de seqüelas de natureza mental/psicológica; 2,9% com seqüela de natureza
física e 10,3% com seqüelas de ambas as naturezas). A não especificação do
local de trabalho e a não definição do tempo do estudo dificultaram a comparação
com o nosso estudo.
Estudos de caso realizados em vários países com trabalhadores da área da
saúde, patrocinados pelo programa conjunto ILO/ICN/WHO/PSI, registram
a prevalência de pelo menos um episódio de violência física ou psicológica no
ano anterior: 75,8% na Bulgária; 67,2% na Austrália; 61,0% na África do Sul;
60,0% em Portugal; 54% na Tailândia; e 46,7% no Brasil. Na análise da violência
contra médicos, os seguintes achados foram observados: na Bulgária, 50,0%
deles experimentaram agressão verbal no último ano e 40,0% experimentaram
assédio moral; na África do Sul, 40,6% relataram agressão verbal; na Austrália,
62,5% relataram agressão verbal, 45,0% relataram ameaças, 17,5% relataram
agressão física, 15,0% relataram assédio moral e 5,0% relataram algum outro
tipo de violência; em Portugal, 58,0% relataram que foram vítimas de pelo
menos um episódio de violência no trabalho e no Brasil, 5,7% relataram agressão
física, 45,6% agressão verbal e 14,9% assédio moral (Di Martino, 2002; Palácios
et al., 2003). A prevalência global desses estudos também não pôde ser comparada
com o nosso, já que a população foi de trabalhadores da saúde. Quando os
médicos foram analisados em separado, alguma comparação pôde, em parte,
ser realizada com os dados da Austrália (ameaças e agressões físicas), de Portugal
(qualquer tipo de violência no trabalho) e do Brasil (agressões). Desse modo,
observamos que a prevalência das ameaças a médicos na Austrália foi muito
semelhante à do nosso estudo, porém as agressões foram quase dez vezes mais
freqüentes no estudo Australiano. A prevalência global da violência no trabalho
contra médicos em Portugal foi pouco mais de dois terços da encontrada no
nosso estudo e, no Brasil, especificamente na cidade do Rio de Janeiro, a
prevalência de agressões foi três vezes maior que a encontrada no nosso estudo.
Os acompanhantes, seguidos dos pacientes, foram os perpetradores dos
episódios de violência no trabalho mais freqüentemente citados no nosso estudo.
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A metodologia utilizada não nos permitiu inferir o significado desse achado, mas
sabemos que uma parte (senão a maioria) dos episódios de violência praticados
por acompanhantes e pelos próprios pacientes ocorreram em virtude da insatisfação
destes com o atendimento prestado pelas UPA´s 24h da PBH. Não estamos falando
da qualidade do atendimento, falamos, principalmente, do acolhimento que os
pacientes receberam quando procuraram essas Unidades.
Outro achado preocupante foi o fato de que em quase 10,0% dos episódios
de ameaças e do que chamamos de outros tipos de violência no trabalho o
perpetrador foi um colega de trabalho. O achado do nosso estudo assemelhou-se
ao do estudo conduzido por Palácios et al. (2003) na cidade do Rio de Janeiro
(RJ), onde 11% dos médicos relataram que a violência foi praticada por colega de
trabalho e ao de Oliveira et al. (2002), com médicos domiciliados em São Paulo
(SP), já mencionados acima.
Essa situação tem sido crescentemente estudada sob a denominação de
hostilidade no trabalho, psicoterror, bullying, mobbing ou assédio moral (termo que
tem sido mais freqüentemente utilizado na língua portuguesa). O assédio moral é
apenas uma faceta da violência no trabalho, muitas vezes oculta ou velada. Pode
acarretar graves conseqüências para a saúde das vítimas e gerar altos custos para
os empregadores (Quine, 1999; 2002; Cusak, 2000; ILO/ICN/WHO/PSI, 2002).
Di Martino (2002) afirma que existe uma dificuldade em estabelecer um
perfil dos perpetradores de violência no trabalho no setor saúde e chama a atenção
para os riscos de qualquer generalização. Os pacientes e os colegas de trabalho
foram os principais perpetradores dos episódios, nos estudos de caso realizados
pelo programa conjunto ILO/ICN/WHO/PSI, observando-se diferenças
dependendo do país e do tipo de violência.
Mais de um terço dos médicos das UPA´s que foram vítimas de ameaças
afirmaram algum tipo de trauma psicológico como conseqüência do ato violento.
A literatura registra que as possíveis conseqüências da violência no trabalho
dependem da intensidade ou gravidade com que é percebida, da freqüência e da
vulnerabilidade individual da vítima. Quadros como insônia, medo, ansiedade,
depressão, agorafobia, reação aguda ao estresse, estado de estresse pós-traumático,
baixa na produtividade e insatisfação com o trabalho têm sido citados como
conseqüência dos episódios de violência no trabalho (Hobbs & Keane, 1996;
Quine, 1999; Hofeldt, 2001; Oliveira et al., 2002).
Como já discutido acima, em relação às agressões físicas, os achados do nosso
estudo, felizmente, não acompanham o observado na literatura estrangeira. Hobbs
(1991) relatou que 63% de 1.093 médicos de família de Londres experimentaram
abuso ou violência nos 12 meses anteriores à realização do estudo, 3,0% sofrendo pequenas lesões e 0,5% sofrendo lesões graves.
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A análise dos dados dos National Crime Victimization Surveys dos EUA, de 1992 a
1996, mostrou que os médicos tiveram uma média anual de cerca de 10.000
ocorrências de violência não fatal no trabalho, perfazendo um taxa de 15,7/1.000
médicos (Warchol, 1998).
Apesar de Wilkinson (2001) afirmar que a maioria das agressões sofridas por
profissionais de saúde não tem maior gravidade, há relatos de mortes de profissionais
de saúde e de médicos que sofreram violência no trabalho. Goodman et al. (1994)
relataram que 26 médicos foram vítimas de assassinatos relacionados com o
trabalho, na década de 80 do século passado nos EUA.
A ocorrência mais freqüente de agressões a médicos na UPA Norte pode ser
explicada, em parte, pela localização da unidade, nas proximidades de uma favela
onde se observa o comércio de drogas e assaltos à luz do dia, confirmando registros
da literatura (Beato Filho et al., 2001).
Em relação aos fatores estatisticamente associados com a ocorrência dos
episódios de violência no trabalho, não encontramos na literatura referências à
especialidade médica ortopedia como especialidade com maior risco de ameaças ou
de qualquer outro tipo de violência no trabalho, como observado no nosso estudo.
Nosso estudo também mostrou, e era esperado, que os médicos que trabalhavam
há menos de um ano na UPA foram menos ameaçados que os que trabalhavam há
mais de um ano.
O tempo de trabalho na UPA também pode ser o fator que explica a maior
prevalência da violência no trabalho na UPA Norte entre estatutários, que são
profissionais com maior estabilidade no emprego. Os outros vínculos (contrato
administrativo e RPA) são temporários e permanecem, às vezes, apenas alguns
meses no emprego.
Em relação à pergunta do questionário sobre abandono do emprego ou
solicitação de transferência em virtude da violência no trabalho, apenas no estudo
de Fernandes et al. (1999) há um questionamento parecido, onde 38% dos
trabalhadores consideraram a possibilidade de abandonar o trabalho na área da
saúde em decorrência da violência. Essa porcentagem é próxima à encontrada na
UPA Barreiro (37,0%), porém inferior à média no nosso estudo (50,9%).
Sabendo que as escalas de trabalho médico das UPA´s 24h da PBH são,
freqüentemente, incompletas, é possível supor que a violência no trabalho seja
um dos fatores contribuintes, causando grandes transtornos para a gestão e para
a prestação de serviços de saúde.
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Sintetizando as observações, 162 médicos que trabalhavam nas UPA´s 24h
da PBH, no período de janeiro a abril de 2003, responderam ao questionário
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utilizado nessa pesquisa e, desses, 135 (83,3%) relataram pelo menos um episódio
de violência no trabalho nos 12 meses anteriores ao momento de resposta ao
questionário. As variáveis: local de trabalho, especialidade de trabalho na UPA,
vínculo de trabalho e tempo de trabalho na UPA foram, em algumas análises
estatísticas, consideradas fatores potencialmente explicativos (estatisticamente
significantes) para a ocorrência dos episódios de violência no trabalho. Não
houve diferença estatisticamente significativa em relação a gênero, idade e
tempo de formado.
As agressões físicas relatadas foram de pequena gravidade e, quantitativamente,
não acompanham os índices registrados na literatura. É importante destacar que
a ocorrência de incidentes e acidentes leves guarda uma relação direta com os
acidentes graves e fatais. Assim, os achados desse estudo reafirmam a importância
da prevenção antes que uma tragédia ocorra.
Os acompanhantes, seguidos pelos pacientes, foram os perpetradores dos
episódios de violência no trabalho mais freqüentemente citados. A metodologia
utilizada no estudo não permite inferir o significado desse achado, mas os resultados
indicam que a maioria dos episódios de violência praticados por acompanhantes
e pelos próprios pacientes ocorrem em virtude da insatisfação destes com o
atendimento prestado pelas UPA´s 24h da PBH, principalmente do acolhimento
que os pacientes recebem quando procuram essas Unidades.
Outro achado preocupante e que deve merecer atenção dos gestores da
PBH é o de que em quase 10% dos episódios de ameaças e do que denominamos
“outros tipos de violência no trabalho” o perpetrador foi um colega de trabalho.
Medidas preventivas (que não são simples e nem podem ser pontuais) não
devem tardar. Essas medidas devem considerar o profissional de saúde, o processo
de trabalho e a comunidade como um todo. Iniciativas como o acolhimento
efetivo e resolutivo dos pacientes, uma triagem com classificação de risco e a
humanização do atendimento podem ter grande impacto na diminuição dos
episódios de violência no trabalho.
Outra conclusão desse estudo é a necessidade de avaliar a situação dos outros
profissionais que trabalham nas UPA´s da PBH, particularmente dos profissionais
que estão na linha de frente do atendimento (porteiros, vigilantes, seguranças,
recepcionistas, auxiliares de enfermagem e enfermeiros). Em tese, esses trabalhadores
estão mais expostos do que médico, geralmente “protegido” dentro do consultório
ou em outro setor da UPA, enquanto ocorre tumulto na recepção e/ou sala de
espera das Unidades.
Mas, para uma mudança real do quadro de violência que assola a sociedade,
são necessárias mudanças mais profundas na sociedade, que incluam o respeito, a
dignidade e a presença da ternura humana.
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