A grande variedade de cervejas especiais no

Transcrição

A grande variedade de cervejas especiais no
 COMES & BEBES
A grande variedade
de cervejas
especiais no
mercado
SAÚDE &
BEM-ESTAR
Embarque na
onda do Surf Bus
Beach Tour
ARTE &
CULTURA
Um roteiro das
melhores opções para
ouvir jazz no Rio
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
Uma vila de casas
simples inspirada
na arquitetura de
Niemeyer
PROMOÇÃO
Vá ao Teatro com a
FOLHA CARIOCA
Inscreva-se em nosso site e concorra a 20 convites com acompanhante
para assistir TIM MAIA - VALE TUDO, MÔNICA MUNDI e shows de MPB
A FOLHA CARIOCA e o Theatro
Net Rio levam você para os espetáculo
mais quentes da temporada. Basta se
cadastrar no site www.FolhaCarioca.
com.br ou em nossa página www.
facebook.com/folhacarioca para concorrer.
“Tim Maia - Vale tudo, o Musical”
é o maior sucesso da temporada nos
palcos cariocas. O espetáculo que alçou o ator Tiago Abravanel a condição
de grande revelação das artes cênicas
em 2012, já ultrapassou a barreira das
300 apresentações, com um elenco
superelogiado.
Já o musical infantil “Mônica Mundi,
uma volta ao mundo com a Turma da
Mônica” estreou com grande sucesso
e casa lotada. A peça comemora os 50
anos da personagem de Maurício de
Souza, e com toda a turma em cena
apresenta para a criançada a cultura de
diferentes países.
Além dos dois espetáculos serão
sorteados pares de convites que
poderão ser usados em shows da
programação do Theatro Net Rio, a
serem combinados entre os sorteados
e a produção da FOLHA CARIOCA.
A extensa programação de shows do
Foto: Renan Bacellar
Divulgação
teatro pode ser vista no site (www.theatronetrio.com.br) e este mês contará
com nomes como Amelinha, Dado
Villa-Lobos, Rita Ribeiro e Ângela Maria.
Serão dois sorteios de convites, o
primeiro realizado no dia 20/03 e o segundo no dia 27/03, com 10 convites
com acompanhante em cada sorteio.
Entre agora em nosso site, cadastre-se
e comece a torcer.
FOLHA CARIOCA e Theatro
Net Rio – uma parceria de muitos
sucessos!
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Realização:
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4
Fundadora
Regina Luz
Conselho Editorial
Paulo Wagner (editor executivo)
Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo)
Vlad Calado
Arquimedes Celestino
Fred Alves
Jornalista responsável
Fred Alves (MTbE-26424/RJ)
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Projeto gráfico
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Fred Pacífico
Diagramação e Ilustração
Yuri Bigio, Carlos Pereira,
Olavo Parpinelli
Fotografia
Arthur Moura, Fred Pacífico
Revisão
Marilza Bigio e Carmen Pimentel
Colaboradores
Alexandre Brandão, Ana Flores,
André Leite, Arlanza Crespo, Carmen
Pimentel, Fred Alves, Gláucia Pinheiro,
Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta,
Juliana Alves, Lilibeth Cardozo, Marilza
Bigio, Oswaldo Miranda, Renato
Amado, Sérgio Lima Nascimento ,
Suzan Hanson, Tamas
06 Arlanza Crespo
Quem é Quem
07 Lilibeth Cardozo
08 Ana Flores
10 Samantha Quintans
14 André Leite
Gastronomia
28 Carmen Pimentel
Língua Portuguesa
30 Bijux in the Box
32 Oswaldo Miranda
33 Gisela Gold
34 Tamas
36 Haron Gamal
[email protected]
Quem gosta de antiguidades encontra no Rio de Janeiro um verdadeiro garimpo de oportunidades. Em uma cidade que acabou de
completar 448 anos de idade e já foi a capital do Império, até os
objetos são cheios de histórias. Seja em alguma agradável feira ao ar
livre, famosos mercados de pulgas, visitando antiquários, brechós ou
mesmo através de leilões pela internet, as oportunidades de aquisição de peças cheias de personalidade e história são preciosas para
aqueles que sabem olhar ou gostam de procurar.
22
40 Alexandre Brandão
No osso
saúde &
bem-estar
Mídias Sociais
Mary Scabora
(21) 2253-3879
Garimpando
estilo
37 Iaci Malta
Desenvolvimento web
Bruno Costa
Distribuição
Gratuita, veja os pontos na página 42
Publicidade
Verônica Lima, Angela Bittencourt,
Solange Santos
capa
12 Bem- vindos ao
Surf Bus Beach Tour
COMES &
BEBES
14 Cozinha
criativa
Uma publicação:
20 Cervejas
www.arquimedesedicoes.com.br
Av. Marechal Floriano, 38 / 705
Centro – Rio de Janeiro – RJ
CEP.: 20080-007
especiais
editorial
editorial
Fred Pacífico
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
38 Vila Niemeyer:
uma curiosidade
arquitetônica em
Campo Grande
ARTE &
CULTURA
38 Um roteiro para
curtir Jazz na
noite carioca
Uma cidade
de relicários,
carinho e estilo
Relíquias são objetos de grande valor por serem raros, antigos e
revelarem estilos de épocas. Mas quem faz o valor é que assim entende
cada peça. A Folha Carioca foi garimpar pela cidade lugares que vendem
peças cobiçadas por pessoas que buscam o estilo, passados que falam
aos corações ou peças com histórias de uma época. A cidade é uma
caixinha de coleções e colecionadores, um grande relicário. Nesta edição mostramos que as riquezas estão nos significados para cada pessoa
que compra e adora buscar utilidades antigas ou tão somente estilos.
No comércio, nas feiras, garagens, etc., o carioca faz uma viagem a
épocas do Rio e os jovens consumidores animam os comerciantes.
A Folha Carioca, uma publicação com 12 anos de vida circulando na
zona sul, já é relíquia para os que prestam atenção àqueles que dão
abrigo à história da cidade. Fieis a nossos princípios editoriais, de sermos leves e afetuosos, o leitor vai encontrar nos textos desta edição
muito carinho com o povo carioca, seu jeito de ser “descolado”, mas
sensível e amoroso.
Iaci Malta escreve sobre a inclusão dos chamados “diferentes” nas
escolas. O texto da Iaci é experiência de vida, maturidade e sobretudo
amor.
Samantha Quintans conta uma experiência de trabalho cheia de
encantos e troca de sentimentos quando organizou coleções de uma
casa junto com a dona da história. É o estilo alegre e amoroso da Samantha, que organiza dando leveza e harmonia ás relíquias das vidas
de seus clientes.
André Leite , escrevendo sobre gastronomia, coloca em seu texto
o mais agradável dos ingredientes: sensações!
Oswaldo Miranda, nosso representante maior do jornalismo, incansável na arte de perceber, é uma homenagem à vida e ao trabalho.
Com mais de 90 anos, faz a Folha Carioca ficar mais leve e divertida.
Biju achou uma relíquia lá em Campo Grande e nos mostra uma casa
com arquitetura inspirada no Palácio da Alvorada. Pronto: um carinho
enorme com Niemeyer!
Alexandre Brandão, nosso querido colaborador, diverte a todos
com sua literatura de qualidade. Alexandre é sempre delicado, mesmo
quando os assuntos são polêmicos. Tem poesia na página do Tamas,
tem leitura de qualidade feita pelo Haron para orientar leitores; texto
sempre perolados de carinho por Gisela Gold. Tem sempre mais e
mais carinho na Folha Carioca. Leia , divirta-se e acaricie sua cidade
numa revista cheia de carioquismo carinhoso. É ou não é uma relíquia?
5
A rlanza Crespo | QUEM É QUEM
[email protected]
"Família que se retira vende..."
Os sexagenários,como eu,hão de lembrar de um anúncio comum nos classificados, que dizia "família que se retira vende...".
Eu ia sempre com meu pai, acabei me viciando em comprar
coisas de segunda mão e continuo frequentando leilões até
hoje.Nunca mais vi esse tipo de anúncio,pensei até que tivesse
acabado,até que conheci a Beth.
6
Beth Borges é carioca, tem 64
anos, três filhos e quatro netos. Mora
no Jardim Botânico, onde tem sua
venda em garagem há 20 anos. Bibliotecária de formação (trabalhou 25
anos na UFRJ e também no laboratório Roche), acabou tendo que mudar
sua vida por causa de falecimento de
marido e mudanças econômicas no
país. Ao vender sua casa de praia e
sua casa na Serra viu-se diante de um
problema: onde levar o recheio das
duas casas? Acabou indo tudo para a
casa onde ela mora até hoje,no Jardim
Botânico. Lembra que às 11 horas da
noite ainda tinha sobrado um piano.
Surgia então a "Venda em Garagem".
Beth já era conhecida no bairro por
causa do seu pai que era farmacêutico." Eu era a filha do seu Pedro da
farmácia,e com isso herdei a clientela
dele,de três gerações.Deus sabe o
que faz,a gente é que não entende!"
Com a garagem superlotada abriu
seu negócio no dia 12 de outubro, dia
de N. Sra. Aparecida,que a protegeu
e protege até hoje.Logo no dia da
inauguração chegou um jornalista
da Revista de Domingo, do Jornal
do Brasil, para fazer uma matéria.O
resultado foi uma loucura!Quem
estava dentro não saía, quem estava
fora não entrava!
Um dia, em 1995,uma amiga
lhe perguntou: "vendi o apartamento do meu avô, posso trazer as
coisas pra cá?"Mas a Beth não tinha
espaço.Foi quando ela lembrou do
velho anúncio"família que se retira
vende...",foi até o apartamento e fez
a venda lá mesmo.Deu certo.Outras
amigas pediram a mesma coisa,os
pedidos foram aumentando, Beth
chamou os filhos para ajudá-la e
pronto, estão fazendo esse tipo de
venda em residência até hoje.
Beth encontrou a solução para
um problema que muitos de nós
vamos passar um dia. Imagina herdar um imóvel recheado de objetos
comuns e tendo que alugá-lo para
pagar o condomínio, IPTU, taxas
ou mais o que seja enquanto não se
resolve o inventário? Só que para
alugá-lo você tem que esvaziá-lo
correndo, mas não quer jogar as
coisas fora, porque mal ou bem
valem um dinheirinho. É aí que
a Beth entra. Ela conversa com
os herdeiros, faz o levantamento
das peças, fotografa, marca a data,
manda o convite para os clientes cadastrados (e isso é muito
importante) e vende tudo num
só dia. O trabalho da Beth é tão
organizado que tem uma fila de
apartamentos esperando para
serem agendados. Atualmente
ela faz de duas a três vendas por
semana,e quem quiser ir é só se
cadastrar. Cadastrado, você recebe
o convite por e-mail,com endereço,
fotos e preços das peças que estão
à venda. Então é só comparecer no
dia marcado,pegar a senha,entrar
na fila,esperar a equipe abrir a porta
e pronto... Tenho que certeza que
você vai ficar freguês! E clientes um
dia, quem sabe?
l
ilibeth cardozo
[email protected]
O que é
ser humano?
Ando meio tonta com esta pergunta. Navego na internet, frequento as redes sociais, converso, observo, sou bisbilhoteira,
polêmica e mais um monte de coisas. Até prova em contrário,
sou um ser humano e adoro gente. Atualmente ando bem
perto de uma mulher que está preparando outra pessoa,
outro ser humano.
No útero da minha filha movimenta-se meu futuro neto, outro
ser humano no mundo. Pra enfeitar
mais um pouco um colar de alegrias,
tem mais um ser humano crescendo
no útero da minha nora. Avó duas
vezes! Seres humanos, desde que a
humanidade existe, são feitos assim!
E o mundo tem bilhões de seres
humanos. Mas, anda parecendo que
essa coisa de ser humano, está meio
fora de moda. Eu aprendi que seres
humanos são feios ou bonitos, altos
ou baixos, gordos ou magros, distintos
tanto física como emocionalmente.
Humanos são passíveis de erros, fazem
maravilhas, fazem coisas horríveis, pensam, sentem , inventam , constroem
e destroem. Têm inteligência, falam ,
argumentam,protestam , aplaudem,
se desenvolvem , são estimulados,
sorriem, choram, comem, defecam,
ficam doentes, erram e acertam.
Seres humanos, no mundo todo,
nascem, crescem e morrem. Minhas
questões com o que chamamos de
seres humanos já datam de muitos
anos. Quando eu andava por aí, pelo
país, trabalhando com pesquisas sociais,
fui muito além dos meus livros, dos
ensinamentos acadêmicos: conheci
muita gente diferente. Uma delícia de
viver conhecendo seres humanos,
ver e ouvir grandes revelações quando
falavam de suas vidas. Comecei a ser
socióloga de verdade, quando fui pro
campo. Eu costumava dizer a alguns
colegas de formação, estimulando-os
a conhecerem os seres humanos:
“parem de ler orelha de livro, saiam
da praia de Ipanema e vamos conhecer
este país”. Agora, já bastante vivida,
ando questionando muito o que nos
diferencia dos outros seres do mundo
animal. Humanos de hoje, felizmente
com muitas exceções, se refazem fisicamente em cirurgias estéticas, querem
eternizar a juventude, banalizam emoções e não admitem tristezas. Sobre
ser humano, existe, por exemplo, uma
moda, que custa muito caro: a do parto
que chamam de “humanizado”. Ué,
mas parir não é humano? No Brasil ,
na classe média, parir é coisa de bicho.
Dentre nossos recordes, dois deles
chamam a atenção do mundo: taxas
de cesarianas e cirurgias plásticas estéticas. Parir naturalmente virou coisa
chique, que custa caro! (Tem médico
que cobra R$ 25.000,00 para assistir
um parto normal.) Humanizar não
devia ser verbo, pois não foi Deus que
humanizou parte dos animais? Outro
exemplo de desumanização é a tristeza- no popular, “estar na fossa”, “de
bode”, de luto, sofrendo muito. Não
pode. Ser risonho, alegre, feliz (mesmo
que seja fingimento) é que é o normal.
Se for tristeza por doença, então, Virgem Maria, é execrado pelos felizes e
saudáveis de plantão! Luto ? Tem prazo
e o prazo é dos outros! E o exagero
com os animais domésticos? Será que
alguém acha sensato alguém dizer que
prefere cachorros às pessoas, aos humanos? Êta, loucura! Quanta covardia!
Gostar de animais é humano,mas, daí
a preferir cachorrinhos e gatos a seres
humanos é um pouco demais, né
não?Alguém que prefere cachorros aos
humanos vê criança colocar o rabinho
entre as pernas e ficar quietinha quando
o pai diz: “vai pro seu quarto”, como
se diz pro cachorrinho “vai pro canil”?
Alguém já viu cachorrinho argumen-
tando, discutindo ideias, confrontando
ordens com sólidos discursos que dão
muito trabalho e geram novas ideias,
feitos, realizações para a humanidade?
E as inovações tecnológicas? Que coisa
mais desumana excluir os não “digitais”
ou dar uma tela pra distrair um bebê!
Ainda tem outras, muito sérias, como,
por exemplo, envelhecer! Parece que
não é mais humano ficar velho! De
que adianta tanto avanço científico,
ciência médica inovando, se velho é
feio e é estorvo na vida das pessoas?
A longevidade é um fato e o que é o
ser humano velho no mundo de hoje?
Famílias que têm velhinhos em casa
reclamam o tempo todo, ou, se não
reclamam, falam sempre do “trabalho
que dá”. Que saco! Já ouvi até gente
dizendo que o ator que se matou
recentemente, fez muito bem, pois “ia
ficar dando trabalho aos outros”. Dizem os vigilantes da vida : “quando eu
ficar velho, me coloquem num asilo!”.
Credo, isso é ser humano? O mundo
é só dos belos, jovens, excelentes
em tecnologia, orgulhosos de seus
cachorrinhos, plastificados para serem
esculturais, sem dor, sem doenças,
sem tristezas, sem lutos? Quem é ser
humano no mundo moderno? Quero
nascer de novo e quero nascer humana. Será que dá?!
7
A na flores
[email protected]
Alguém viu por aí?
8
Primeiro, estranhei a overdose
do verbo “colocar”, um verdadeiro
curinga da língua portuguesa nos
dias atuais. Não se põem mais os
pingos nos ii, não se tampam as panelas, não se veste a camisa nem se
calça a sandália, não se acrescenta o
azeite à salada, não se adiciona um
telefone à agenda do celular nem
se guarda o dito cujo na mochila.
E muito menos se publica uma
notícia no jornal nem se apresenta
uma opinião, porque agora tudo se
coloca. Experimente acompanhar
uma receita na TV ou dicas de
maquiagem, de decoração, assista
a conversas sobre cinema, futebol
ou literatura servo-croata e poderá
confirmar: o verbo colocar está lá,
onipresente nas 11 posições.
Depois, procurei nos noticiários
de rádio e TV sinônimos para “complicado”. Em vão. A decisão polêmica,
a situação delicada, o tráfego confuso,
o problema difícil, a luta dramática
dos moradores do município X a
cada tempestade de verão, as trágicas
consequências da omissão oficial em
todos os setores... Nada disso,
cara pálida. Por incrível que
pareça, embora as situações
sejam de importância e intensidade diferentes, liquidificaram todos
esses adjetivos num só: agora, tudo
é complicado...
Resolvi, então, tentar saber por
onde anda a preposição “a” em certas
construções, já que volta e meia
alguém diz que “O resultado do exame está pronto
daqui 3 dias - ou daqui 2
semanas ou daqui 1 hora” (A
expressão usual não era “daqui
a”?); ou “Comecei fazer as provas ao
meio-dia” (antigamente não se dizia
“Comecei a fazer”?); ou “O gerente já
respondeu seu e-mail?” (Nossa, como
sou antiga, no meu tempo a pergunta
seria se o gerente já respondeu ao
seu e-mail).
Enfim, não sei se penso “Ah, deixa
pra lá”, isso acontece com línguas vivas, elas vão se modificando conforme
o uso etc. ou se continuo comentando
sobre esse sequestro generalizado de
palavras do nosso idioma, nem que
seja para ver se ainda estou, mesmo,
falando Português ou se inventei outro
para meu uso particular. Mas natural
ou não, tudo indica que o vocabulário vigente dos brasileiros anda bem
escasso e a relação entre eles e sua
Língua, bem complicada, oops, bem
precária.
SAÚDE
& BEm-ESTAR
Publieditorial
Estresse, VIVA!
Chegar em casa cansado depois de um dia de trabalho, tendo
enfrentado um trânsito congestionado, uma longa fila no banco ou
um chefe de personalidade “difícil”
é normal. Um certo desconforto
faz parte da vida e nos permite
apreciar os momentos agradáveis
que nos ajudam a recompor as
energias. Geralmente, um bom
filme e uma noite de sono reparador bastam para deixar-nos em
forma para o dia seguinte.
Mas, o que para uns são “as
pedras do caminho”, para outros,
são “abismos intransponíveis”.
Quando já acordamos sem disposição ou energia, sentindo-nos
exaustos, irritamo-nos facilmente
com tudo e com todos e consideramos sempre a possibilidade de
“jogar tudo para o alto”, o diagnóstico pode ser outro: estresse!
O que essa palavra caracteriza
é um mecanismo fisiológico do
organismo, basicamente, a liberação de uma série de mediadores
químicos (entre eles a adrenalina),
muito úteis aos nossos antepassados primitivos, para ajudá-los a
enfrentar um perigo súbito, como
por exemplo, o ataque de uma
fera. Consciente ou não, desejando ou não, e por força do hábito
ou da programação genética, ainda
é comum para nós, os humanos
modernos, procurarmos estímulos
na vida. Por isso, alguns pulam de
asa delta, outros têm filhos, andam
de moto, acumulam funções, enfim,
cada um encontra uma maneira de
se desafiar e sentir aquele “friozinho”
na barriga. No entanto, o tipo de estímulo, a continuidade e a impossibilidade de dosá-lo podem transformar
este prazer em um sofrimento.
Longos períodos de sofrimento
podem afetar nosso organismo profundamente e podemos apresentar
alguns sinais e sintomas como cansaço, aumento da pressão arterial,
crises de angina, dores musculares,
algumas infecções, ansiedade, depressão, alterações na pele etc.
Podendo até ser o gatilho que faltava
para o surgimento de doenças que
até então estavam silenciosas.
O que podemos fazer então? A
primeira coisa é perceber se estamos
ou não estressados. Às vezes, a angústia que sentimos é momentânea,
apenas uma etapa para se alcançar
um objetivo. Uma vez resolvido o
assunto, superamos o mal-estar e
tudo está ótimo novamente.
Mas, se a situação for permanente, é necessário identificar as causas
do estresse e se é possível afastá-las.
Se não, é preciso criar mecanismos
para amenizá-lo. Isso é bem fácil,
basta cultivar as amizades, desenvolver hobbies, praticar seu esporte
predileto, respirar bem, trabalhar no
que gosta, ter momentos de pausa,
trabalhar a espiritualidade, dar muitas
gargalhadas, se alimentar com calma
e adequadamente. Além de ter muitas
horas de sono diário.
Por favor, nada de pânico! O projeto “desestressar” pode e deve ser
bem mais simples. O sucesso está em
priorizar, separando um tempinho,
todos os dias, para se cuidar e ter
esse momento como prioridade. Isto
pode ajudar a refletir sobre o restante
do nosso dia e organizá-lo melhor. E
para preencher bem esse tempinho
a atividade física é uma grande aliada:
150 minutos de atividade física moderada por semana (ou 75 minutos de
atividade física intensa por semana) é o
que se recomenda para manter uma
boa saúde e prevenir doenças. E, para
aqueles que se estressam só em pensar em se mexer, entre as vantagens
da vida numa grande metrópole está
uma infinita oferta de opções para se
cuidar da saúde do corpo. Encontre a
que se adequa melhor ao seu estilo e
sua mente também descansará.
O que não pode é se automedicar. Quando chegamos ao ponto
de procurar alívio no álcool, nos
tranquilizantes, no fumo, no abuso
da comida, nos antiinflamatórios e
analgésicos, é porque não estamos
conseguindo controlar sozinhos
os níveis de estresse. Nesse caso,
o mais indicado é procurar ajuda
profissional.
O fato é que problemas teremos sempre, nos mais variados
graus. O que fará diferença é
como estamos preparados para
administrá-los e como podemos,
até mesmo, nos divertir com eles.
Os problemas têm solução. Às
vezes não é a solução ideal, a que
gostaríamos de alcançar, mas é a
que podemos conseguir. E, se não
pudermos ter um distanciamento
para enxergar o ângulo mais amplo
da situação, será mais difícil tirar
proveito dos desafios que o estresse pode trazer. Afinal, ele mobiliza,
impulsiona, modifica!
Embora, a cada dia, a ciência
nos ajude a entender melhor o
que se passa, desvendando mais
detalhes do nosso funcionamento,
o que podemos fazer já é buscar
o equilíbrio individual, usar todo
o nosso potencial para viver o estresse de maneira positiva e poder
dizer: VIVA, mais uma oportunidade
para mudar!
EMERGÊNCIA
Tel.:2529-4505
Dr. Ralph Strattner
é médico clínico geral e geriatra da
Clínica São Vicente.
GERAL
Tel.:2529-4422
9
SAÚDE
& BEm-ESTAR
TUDONOVODENOVO
BB, minha estrela
Samantha Quintans*
10
Sou personal organizer: auxílio luxuoso para organização e harmonização
da casa ou parte dela. A profissão que
escolhi diz muito sobre minha personalidade: não gosto de tarefas rotineiras
ou longas, realizar novos e diversos
projetos me excitam e as pessoas de
modo geral me inspiram. Mergulho
na intimidade das famílias, transformo
os ambientes onde vivem e ajudo no
descarte de excessos. Como princípio,
valorizo a história de cada um e respeito
suas casas como a um templo. Quase
sempre percebo que esse processo beneficia não só ao externo, mas principalmente ajuda as pessoas a enxergarem o
que vai dentro de suas almas, cuidando
também das tais “gavetinhas internas”.
Claro que toda essa troca deixa marcas em mim, termino cada projeto
enriquecida de novos hábitos, adquiro
cultura, além de receber a gratificante
recompensa de ajudar a reconstruir o
porto seguro de cada um. Alguns desses laços, com o tempo, é natural que
se desfaçam, outros, porém, não dão
sinais de desgaste, transformam-se em
amizade e admiração mútuas. Esse foi
o caso de BB, minha estrela.
O "mundo" de BB é recheado de
arte, fantasia, raridade e beleza. Em
meu último projeto, tive o privilégio
de conhecer sua rica, perturbadora,
amável e instigante personalidade.
Foram quinze dias extasiada, transportada para sua casa e vida, atenta
aos detalhes de cada objeto, curiosa
sobre suas origens e sobre tudo fas-
estilista, mãe, avó, colecionadora,
amante das plantas e flores encontrava-se sufocada e perdida em meio a sua
própria história. Sem saber por onde
começar, buscou ajuda profissional para
organizar e usufruir de seus tesouros. E
aí, por um capricho do destino que fez
de nós vizinhas, fui contratada e ainda
cinada pela arte eternizada em suas
telas que transbordam seus conceitos
e sentimentos. A frente de seu tempo,
BB, mulher revolucionária, pintora,
vivo essa insólita aventura de trabalho.
Nos descobrimos amantes do México e
como não poderia deixar de ser, admiradoras da arte e fibra de Frida Kahlo, a
quem rendemos as nossas mais sinceras
homenagens. Juntas redecoramos a
casa, arrumamos armários, arrastamos
móveis, penduramos quadros, reviramos baús, gargalhamos e conversamos
sobre filhos, amantes, direitos, deveres,
alegrias e frustrações. A cada dia suas
roupas coloridas, infinitas pulseiras,
colares e chapéus consumiam mais e
mais a minha atenção, modificando
meu olhar sobre a vida que vivo hoje
e a que pretendo viver futuramente. À
medida em que encontrávamos lugar
para as coisas e organizávamos o seu
dia a dia, BB recuperou ânimo, saúde
e patrimônio!
O título desse texto externa a
minha admiração. BB tornou-se minha
estrela para além do brilho que toda
estrela possui. BB guia, inspira, influencia. Atuar como organizadora em sua
casa aguçou minha pré-disposição em
aproximar-me do ser humano, sentir
sua força e fragilidade. Misturar as aspirações do outro às minhas enriquece
a ideia de que tudo pode ser novo de
novo, basta desejar e colocar as mãos
na massa.
*Samantha Quintans é personal organizer
[email protected]
SAÚDE
& BEm-ESTAR
11
SAÚDE
& BEm-ESTAR
Surfe sobre rodas
Surf Bus Beach Tour percorre toda a orla carioca levando
amantes das ondas até a Reserva, Macumba e Prainha
TEXTO_JULIANA ALVES
FOTOS_ARTHUR
12
MOURA
Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, todas estas praias fazem parte da
lista de destinos mais procurados pelos
que estão no Rio de Janeiro. Além da
beleza, a proximidade dos centros
hoteleiros e o fácil acesso justificam
a popularidade. E quando a vontade
for dar “aquela esticada” até uma praia
mais distante? Para isso, apresentamos
aqui (para quem ainda não conhece)
o Surf Bus Beach Tour, um veículo
versátil com itinerário especial: do
Largo do Machado até o Mirante da
Prainha por toda a orla carioca.
Desde 2002, Antônio Carlos Guanabara, empresário e idealizador do
projeto, mantém o Surf Bus como uma
alternativa prática e segura para milhares de pessoas desfrutarem as águas das
praias da capital. Amante da natureza
e praticante de surf e voo livre, Guanabara desenvolveu a ideia de acordo
com a necessidade da própria cidade.
“Percebi que nem no Rio, nem em
qualquer outro lugar do mundo tinha
algo parecido para atender moradores,
turistas e amantes dos esportes do mar.
Florianópolis e Salvador são exemplos
de locais que também têm potencial
para receber o projeto. Quero trabalhar com empresários e as Secretarias
de Esporte e Lazer, Educação, Meio
Ambiente e Turismo desses lugares
para expandir o Surf Bus”.
Serviço diferenciado
Rafael Henrique Schoch Vianna,
trilíngue, pós-graduado em marketing
e relações públicas do coletivo, está no
projeto desde a sua fundação. Ainda
que esteja um pouco longe da prática
do surf devido à sua atribulada rotina,
ele adora estar sempre próximo ao
mar e interagir com os passageiros.
“As pessoas telefonam a fim de marcar
pontos de encontro ao longo da orla
e também para saber as condições das
ondas. Uma das nossas câmeras de
segurança capta imagens das praias e
estamos com um projeto para transmitir ao vivo, pela internet, o nosso
percurso. Isso vai possibilitar consultas
em tempo real”, empolga-se o RP.
E é isso mesmo: por telefone, é
possível marcar o ponto de embarque e desembarque; praticamente
um táxi! Atualmente, o ônibus possui
36 lugares, televisão com sinal digital,
caixas de som, frigobar com bebidas
light para consumo e duas câmeras de
segurança. Os equipamentos dos usuários também viajam confortavelmente
em meio às adaptações almofadadas e
tensores longos capazes de comportar
60 pranchas de surf, além das de body
board, longboard, equipamentos para
a prática de kitesurf e stand up surf.
Motivação vem dos
bons resultados
A Oi Celular patrocinou o projeto
por sete anos e, desde 2011, a Petrobrás é quem está com o Surf Bus. A
adesivagem é recente e a identidade
visual é anualmente alterada a fim de
causar um impacto diferente sempre.
Em 2007, o empresário concretizou
parcerias com o Centro de Educação
Ambiental Marapendi (CEA Marapendi)
e as Secretarias do Meio Ambiente
e da Educação que resultaram no
projeto Surf Bus Ambiental. Todas as
segundas-feiras, estudantes de colégios
públicos e particulares viajam no ônibus
com biólogos ministrando palestras que
mostram os problemas ambientais da
orla e as possíveis soluções para preservar a natureza.
Alguns profissionais premiados do
surf também passaram pela história do
coletivo. “É muito bom poder ajudar
atletas com poucos recursos. O surfista
Simão Romão, por exemplo, começou
a utilizar o ônibus desde garoto para
treinar em ondas diferenciadas. Ele é
um dos que merecem destaque por
se tornar um atleta brasileiro campeão
nacional e internacional da categoria
contando com o nosso apoio. Queremos expandir o projeto para a Zona
Norte devido ao grande número de
solicitações: são quase três mil pranchas guardadas no Recreio”, afirma
o empresário. Boas ideias devem ser
multiplicadas. Confira.
Surf Bus Beach Tour
Antônio Carlos Guanabara, empresário e idealizador do projeto
Tel.: 9799-5039/ 3546-1860
Tarifa: R$ 5,00
- Horários de saída (Largo do Machado):
07h, 10h, 13h, 16h.
(Mirante da Prainha)
08h30, 11h30, 14h30, 17h30
A ndré leite
| gastronomia
[email protected]
Cozinha criativa
É comum um chef estar em algum evento social e virem pedir uma receita, uma dica de restaurante ou até para esclarecer dúvidas gastronômicas. Nesse aspecto, somos parecidos
com médicos, pois a profissão está tão fortemente ligada à
personalidade que cria essa sensação de disponibilidade aos
outros. Tudo bem, ossos do ofício!
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Recentemente fui inquirido, numa
situação dessas, sobre um termo
muito utilizado nos últimos tempos:
cozinha contemporânea. Assim como
todas as pessoas que já vi comentando o assunto, elaborei uma resposta
cheia de reticências e termos incertos
para tentar resumir uma ideia muito
complexa e nova. Imagino que o interlocutor tenha ficado satisfeito, visto
que não voltou a falar comigo sobre
o assunto.
Na mesma semana, numa dessas
incríveis coincidências da vida, jantei
em um genuíno restaurante dessa
especialidade. Ao final da degustação
o tal conceito ficou tão bem explicado para mim que precisei aproveitar
para escrever a coluna dessa edição.
E tentar me redimir daquela resposta
nebulosa.
Sem cair naquele obvio desfile
de comidas asiáticas com ingre-
dientes ocidentais caros, a refeição
era ao mesmo tempo multicultural
e claramente de terroir espanhol.
Os ingredientes eram de excelente
qualidade, no entanto não se tratava
ali de gêneros não convencionais
ou exóticos. As técnicas clássicas
e modernas conviviam de forma
muito elegante, todas executadas
com perfeição. Inclusive um saudável
distanciamento da gastronomia Molecular podia ser notado. Nos itens do
menu degustação que provei havia
espumas, emulsões e cocção a baixa
temperatura, mas nada afetado, cada
técnica era meramente uma forma de
obter determinado resultado. Foi uma
refeição realmente muito boa.
Da forma como entendo, a questão central desse tema passa pela liberdade de poder usar a criatividade e a
inovação! As grandes aglomerações
humanas espalhadas pelo planeta es-
tão cada vez mais parecidas, e trocando informações, mixando as culturas.
Assim a forma como comemos fica
cada vez mais cosmopolita. Por isso o
inusitado é importante.
Servir ingredientes caros, trazidos
dos confins do mundo, e meramente
misturados já não é garantia de sucesso. É monótono e fora de moda!
As harmonizações mais satisfatórias
emergem de estudos das culturas que
utilizam essas iguarias.
Mas talvez nossos descendentes
venham a lembrar desse período
como uma verdadeira revolução na
maneira como utilizamos nossos sentidos na gastronomia. As experiências
agora estão muito complexas, envolvendo não apenas contrastes de sabor,
mas também combinações sensoriais,
provocando verdadeiras apoteoses.
Não basta que o comensal sinta
os maravilhosos sabores de uma
preparação, é desejável que texturas,
temperaturas, e outras sensações
sejam regidas como numa sinfonia,
emocionando de uma forma mais
completa. Alguma outra pergunta?
Até a próxima!
15
G ASTRONOMIA CARIOCA
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17
G ASTRONOMIA CARIOCA
"Ilustres desconhecidas"
Muito se fala sobre vinhos feitos
com as uvas Cabernet Sauvignon,
Merlot, Malbec, Pinot Noir entre outras.
Apesar de estarem entre as mais conhecidas, vale lembrar que existem mais de
3.000 tipos de uvas espalhadas ao redor
do mundo, sendo mais de 3/4 delas
próprias para a produção de vinhos.
Nesta edição vou falar de alguns
vinhos elaborados com uvas pouco
conhecidas, até mesmo por quem
bebe vinho com certa frequência.
A Vinícola Valduero,
locaizada na região espanhola Ribera del
Duero, produz o único vinho no mundo
feito 100% com a uva branca espanhola
Albillo. Com característica que mistura
notas minerais e florais, é extremamente
refrescante e elegante. A safra atual é a 2010
e custa cerca de R$ 60,00.
Outra vinícola espanhola, a Medievo,
produz o MDV com a uva tinta Graciano,
na região de La Rioja, que encanta pela sutileza. Apesar deste vinho estagiar por 36 meses
em barricas de
carvalho
francês, é
bem "ma-
18
Anuncie no guia
G ASTRONOMIA CARIOCA
(21) 2253-3879
[email protected]
cio" na boca, com notas de
frutas negras e chocolate. A safra
vigente é a 2007 e o preço gira
em torno de R$ 70,00.
Na região italiana Puglia,
localiza-se a vinícola A-Mano, que
produz o Gambero Rosso com a
uva Negroamaro, muito conhecida na Itália. Equilibrado e de sabor
persistente, este belo tinto apresenta
aromas de cereja e pimenta. Na boca,
é delicado e tem final longo. A safra
2010 custa, em média, R$ 50,00.
Portanto, fica a dica: Amplie a sua
gama de opções conhecendo vinhos
feitos com uvas diferentes.
Até a próxima!
León Harte é
sommelier consultor do
Bistrô Villarino, Cafecito, Espírito Santa e do
site InfoVINHO.com.
19
Comes
&
bebes
Cervejas
especiais
TEXTO_ RICARDO LINDGREN
20
Tem sido bastante divulgado o impressionante crescimento do consumo da cerveja
em todo o mundo. O Brasil não foge a à
regra, e acompanha, nesta última década, o
que aconteceu na Grã-Bretanha nos anos
70, e nos Estados Unidos, nos anos 90.
De acordo com o Ministério da Agricultura, tanto a produção quanto a importação
continuam quebrando recordes, e somos
o 4° maior produtor mundial, na atualidade. Além das grandes marcas, temos perto
de 1400 pequenas e médias cervejarias,
espalhadas pelo território nacional, algumas
produzindo excelentes cervejas. Completando o quadro da demanda, a importação
cresceu 13 vezes, se medida em litros.
As cervejas claras de linha seguem
respondendo pela preferência do
grande público brasileiro. Contudo,
nos últimos anos, as cervejas especiais,
artesanais ou não, vêm ganhando
grande espaço entre os apreciadores
do produto, e até mesmo invadindo o
terreno dos vinhos e bebidas destiladas. O número de rótulos, nacionais
e importados, triplicou nas prateleiras
dos supermercados, bares, e restaurantes. Surgiram lojas especializadas
e franquias dedicadas à cerveja. O
aumento do poder aquisitivo da
população explica, em parte, esse
fenômeno, mas há outro motivo, de
natureza comportamental.
A MUDANÇA DE HÁBITOS – A
cerveja padrão costuma ser a porta de
entrada para os jovens que atingem a
idade legal para beber, mas independente da idade, o grande público con-
tinua bebendo as “louras geladas”, nos
bares e botequins do mundo inteiro.
Chega, contudo, uma hora em que o
paladar clama por desafios! As gerações
passadas não tinham, quando jovens,
cervejas tão ricas quanto as de hoje, e
acabaram migrando para o vinho e os
destilados. Já os jovens de hoje, podem
escolher, nas extensas cartas, a cerveja
que melhor atende ao seu apelo. Fato
é que todos, a despeito das gerações,
têm demonstrado interesse crescente
pelas cervejas especiais.
AS ESCOLAS CERVEJEIRAS – São
três, por definição: a ALEMÃ, a BELGA, e a INGLESA. A Escola ALEMÃ
é rigorosa, tem muitos adeptos, e o
perfil dos seus bebedores é conservador. A conhecida Lei da Pureza não
desestimula a criatividade, mas entende
que tudo deve ser feito em respeito
aos ingredientes básicos: água, malte,
lúpulo, e levedura. A Escola BELGA é
inovadora e liberal. Além dos fiéis seguidores, vem arrastando multidões de
apaixonados, ávidos por novas experiências. A Escola INGLESA é um meio
termo entre a conservadora alemã e a
eclética belga. Comporta tanto estilos
robustos, quanto os de alta drinkabilidade. Costuma ser deixada por último
no processo de descobrimento, mas
depois, torna-se difícil abandonar os
prazeres por ela proporcionados.
A Escola NORTE-AMERICANA,
não é reconhecida oficialmente, mas
tem muitos entusiastas. Revogada a
proibição da fabricação da cerveja artesanal, em 1978, por Jimmy Carter, os
EUA deram inicio a uma revolução que
os coloca entre os maiores produtores
de cerveja do mundo. São mais de
2500 microcervejarias, e a inovação é
a marca registrada dessa nova escola.
O boom das cervejas especiais é uma
consequência dessa revolução, em que
se destaca o nome de Fritz Maytag, pai
das modernas microcervejarias norte-
-americanas.
SUGESTÕES PARA UM BOM
COMEÇO – Muita gente pode pensar que uma cerveja especial não é
uma boa escolha para um bebedor
iniciante, pois além das características
complexas, elas são mais caras. Não
é bem assim, mas, antes de bebê-las,
os especialistas sugerem que os consumidores dispam-se de preconceitos
e expectativas de sabor, aroma, e
coloração. Nada de paradigmas! As
cervejas podem ser classificadas em
três grupos, de acordo com o processo
de fermentação: LAGERS, ALES, e
LAMBICS.
As LAGER são as mais consumidas
em todo o mundo. Sua levedura é de
baixa fermentação, que ocorre em
baixas temperaturas, e assim deve ser
servida. Suas variações mais conhecidas são:
As PILSNERS, as mais populares.
A Colorado Cauim, por exemplo, é
clara, semelhante às pilsners de linha,
porém mais intensa em aroma e sabor.
Guilherme e Ticiana recepcionam Sebastian, um amigo alemão,
com as cervejas brasileiras.
Produzida com malte holandês, e lúpulo tcheco, tem um toque brasileiro na
fermentação com mandioca.
As AMBER LAGERS são avermelhadas dos tipos Vienna e Märzen (Samuel Adams, Mistura Clássica Amber,
Bamberg München).
As DARK LAGERS comprovam
que cervejas escuras não são necessariamente doces. Temos as levemente
frutadas e amargas como a Dark
American Lager (Bohemia Escura), as
cremosas Munich Dunkel com sabores
toffe ou nozes (Weltenburger Kloster
Barock-Dunkel), ou as Schwarzbiers,
negras, lembrando chocolate ou café
(Bamberg Schwarzbier).
As MUNICH HELLES são tradicionais de Munique. Sua cor vai do amarelo
médio, ao ouro claro, límpida, mas diferente da Pilsner, parecendo mais com a
Munich Dunkel. Tem sabores de cereais
e malte pilsen predominantes. Não
é doce, e seu amargor é baixo, com
pequenas variações (Weihenstephaner
Original, Hofbrau Original, e Mistura
Clássica Blues Etílicos Helles Bier).
As RAUCHBIERS utilizam malte
defumado (A Bamberg Rauchbier, é a
nacional mais premiada).
As BOCK LAGERS fecham este
grupo. São mais alcoólicas e adocicadas
que suas irmãs. Apresentadas na forma
branda - Tradicional (Kaiser Bock) - ou
mais forte - Doppelbock (Paulaner
Salvator).
As Cervejas ALE formam o grupo
de maior variedade. Quase sempre mais
alcoólicas e aromáticas que as lagers. A
fermentação da levedura ocorre com
temperatura mais elevada, conferindo
sabor frutado devido aos ésteres.
Sugere-se começar com uma cerveja
menos amarga, lembrando ervas e frutas
frescas, e não tão cara (Leffe ou Floreffe).
As variações mais conhecidas são:
PALE ALES: Boa drinkabilidade e
aroma mais instigante que a maioria
das lagers (Eisenbahn Pale Ale, Coopers Pale Ale).
BROWN ALES: Um meio termo
entre as Pale Ales e as Porters, apresentam um leve tostado do malte
acompanhado de boa drinkabilidade
(Brooklin Brown Ale, Newcastle Brown Ale, Devassa Negra).
INDIA PALE ALES: A referência
são os fortes amargos (Brew Dog Punk
IPA, Invicta Velhas Virgens e Colorado
Indica. Para amargos extremos, a
Imperial India Pale Ale (Brew Dog
Hardcore IPA).
GOLDEN STRONG BELGIUM
ALES: Mais alcoólicas, douradas, com
malte e aromas intensos (Duvel, Dellirium Tremens, Lucifer).
TRIPEL: Popular estilo belga de
origem trapista. Apresenta o triplo de
malte na fermentação, propicia teores
alcoólicos de até 11, e um creme
denso e aromático. (Westmale Tripel,
Chimay Tripel, St. Feuillien Tripel).
DUBBEL: Escuras, teor alcoólico
entre 6% e 8%, alternando o doce e
o amargo de forma discreta, corpo pesado, frutado pronunciado (Westmalle
Dubbel e a brasileira Wäls Dubbel).
DARK STRONG BELGIUM ALES:
Como o nome diz, são escuras, muito
ricas, frutadas e complexas. Um desafio
para iniciantes e até mesmo para os
mais experientes. Têm teor alcoólico
elevado (Rochefort 10, Gouden Carolus, Chimay Blue, Gulden Draak).
PORTERS: O termo inglês se
refere aos trabalhadores do porto. É
um estilo de muito corpo e de malte
torrado lembrando café (Fuller´s London Porter, a russa Baltika 6 e a nacional
Colorado Demoiselle, que incluiu café
na sua fórmula).
STOUTS: Sucessoras das Porters,
robustas, com sabores secos que
lembram o café (Guiness, Murphys,
Rogue Shakespeare Stout, Baden
Baden Stout).
BARLEY WINE: Também conhecida como vinho de cevada (Brooklin
Monster Ale, Old Tom Strong Ale,
Anchor Old Foghorn).
Encerrando, vamos às Ales feitas
com acréscimo de malte de trigo:
WEISSBIERS: Claras ou escuras,
não costumam ser filtradas e daí a sua
aparência turva. Têm grande densidade e aromas frutados de banana e
canela (Weihenstephaner Hefe, Colorado Appia).
WITBIER: Ou Bière Blanche é outra opção também turva e refrescante,
mais suave que a Weissbier, que com
acréscimo de sementes de coentro e
casca de laranja apresentam um aroma
Cevejas Lager
Cevejas Ale
Cevejas Lambic
rico e instigante (Hoegaarden, Blanche
de Bruxelles, Colomba).
As Cervejas LAMBIC pertencem a
um grupo muito particular. Diferente
da Ale e da Larger, sua fermentação
é espontânea. Seus componentes
têm alguma acidez, azedo, e uma
certa salinidade, bem como um aroma
“animal”. A Lambic provéem de uma
tradição de séculos. Pela sua raridade,
excentriciade, e sabor exótico, são
muito procuradas. Suas variações
mais conhecidas são: Lambic (pure),
Gueuze (blend of lambics) e Lambic
Fruits (Kriek, Framboise, Fraise). Aí
vão algumas sugestões: Lindemans
Faro, Kriek Boon, Floris Kriek, Bacchus
Framboise, Geuze Mariage Parfait.
Colaboraram na matéria, o especialista
em cervejas Luiz Fontenelle (luizaucar@
gmail.com) e o conhecedor Renato
Figueiredo ([email protected]).
Fotos cedidas por Guilherme e Ticiana
Marques Camarão
21
capa
Loucos por relíquias
Eles circulam por
feiras, shoppings, lojas
e vendas de garagem
garimpando estilos
TEXTO E FOTOS_ Fred Pacífico
22
Quem gosta de antiguidades
encontra no Rio de Janeiro um verdadeiro garimpo de oportunidades. Em
uma cidade que acabou de completar
448 anos de idade e já foi a capital do
Império, até os objetos são cheios de
histórias. Seja em alguma agradável
feira ao ar livre, famosos mercados de
pulgas, visitando antiquários, brechós
ou mesmo através de leilões pela internet, as oportunidades de aquisição
de peças cheias de personalidade e
história são preciosas para aqueles que
sabem olhar ou gostam de procurar.
Uma única peça interessante
pode transformar a decoração de
um ambiente. Uma casa com personalidade conta histórias, além de
ser aconchegante para aqueles que
a habitam ou visitam. É exatamente
esta diferenciação que move pessoas
de todas as idades a garimpar dentre
antiguidades, em busca da apropriação
de um passado que pode passar a ser
seu. “Busco peças que me digam algo,
que me atraiam por sua beleza e a
possibilidade de resignificá-las em minha vida. Seja o passado direto a que a
peça me remete ou uma interpretação
que eu dê ao objeto fora do seu contexto original”, conta o designer Sérgio
Peralta, que frequenta periodicamente
feiras e brechós pela cidade.
Peralta mora sozinho, tem 26
anos, e acha que peças antigas são
uma boa maneira de ter uma decora-
Na feira da Praça XV os apaixonados por relíquias encontram uma infinidade
23
de objetos, desde raridades valiosas até bugingangas das mais variadas
ção criativa, bonita e, principalmente,
que tenha condição de pagar. “Olho
muito, sem pressa, passeando pelos
objetos. Às vezes nem levo nada. Vou
garimpando até achar algo interessante
que caiba na minha vida. Quando
encontro uma peça é como achar um
tesouro”, diz. Suas peregrinações mais
frequentes são pela Feira da Praça XV,
no Centro, que acontece aos sábados
pela manhã, e atrai pessoas de todos
os lugares. “Gosto do clima dessa feira, só acho que tem ficado mais cara
nos últimos anos, por isso passei a ir
também a outra em São Cristóvão, a
Feira do Lavradio, na Lapa, e brechós
de outros cantos da cidade”.
As opções não faltam e, procurando com atenção, há peças para todos
os bolsos. Além da Praça XV e da
Feira Rio Antigo, na Rua do Lavradio,
na Lapa, que acontece no primeiro
sábado de cada mês em ruas repletas
de antiquários, a Feira da Gávea, aos
sábados na Praça Santos Dumont,
o Shopping dos Antiquários (www.
shoppingdosantiquarios.com.br) e o
Shopping Cassino Atlântico, o primeiro na Rua Siqueira Campos, e o outro
no Posto 6, ambos em Copacabana,
são outros pontos tradicionais para
aquisição de objetos de época. Um
dos expoentes no segmento é Paulo
Scherer, que unificou seu próprio negócio, existente há 18 anos, à loja que
herdou do irmão Pedro; juntos eram
conhecidos mundialmente como os
“gêmeos antiquários”), já com 56 anos
em atividade no shopping. “Misturar
um móvel ou uma peça de bom gosto dá personalidade à decoração do
ambiente. Algo importante em uma
época em que as casas têm ficado
muito iguais, sem história. A clientela
da loja é formada por apreciadores da
boa arte, da qualidade dos objetos, ou
das histórias a que as peças remetem”,
comenta.
Um passado para
chamar de seu
Para Scherer, é ótimo perceber
o interesse dos jovens. “Todos que
entram querendo saber descobrem
informações sobre as peças. Isso me
motiva estar todo dia aprendendo, me
mantendo bem informado”. Nossa
entrevistada da coluna Quem é Quem
deste mês, Betty Borges, dona do
brechó Venda em Garagem (www.
vendaemgaragem.com), no Jardim
Botânico, também aprecia o grande
interesse dos jovens. “Quem tem
idade avançada normalmente entra
querendo vender e os mais novos para
comprar algo que consigam pagar,
sem que precise abrir mão do estilo
ou da qualidade. Ter um objeto de
época é uma forma de se diferenciar
da homogeneização que encontramos
nos padrões atuais. A juventude quer
imprimir sua marca nos detalhes de
sua vida. Jogos de prato e copos são
O antiquário Paulo Scherer, com a foto ao lado de
seu falecido irmão, Pedro, companheiro de uma
vida no trabalho com as antiguidades
23
capa
Arquivo pessoal
Ana Maria Lameira incentiva a
reciclagem e releitura de móveis
antigos. A dupla de cadeiras ao
lado (no detalhe, o estado delas
antes da reforma) é destaque na
sala da designer
24
Abaixo, o brechó Venda em
Garagem, no Jardim Botânico, de
peças de grande saída, pois o jovem
não se prende às convenções de outras épocas, quando o belo era ter um
jogo de louça completo, todos iguais.
Eles perguntam ‘Por que preciso ter
seis pratos de um tipo, se posso ter
quatro que me atendam muito bem?’,
assim compram um que o agrade, um
que seja o estilo da namorada, outros
dois a cara dos pais, para quando
forem visitá-los e pronto. É mais do
que o suficiente. E se quebrar, é só
ir e escolher outro, simples assim”,
explica.
Reciclando histórias
Betty comenta que a busca por
objetos dos períodos pós-guerra é
alta, principalmente por conta de
suas cores fortes e design arrojado.
“Outro fator que observo levar tantos jovens até a loja é a possiblidade
de adquirir uma peça que tenha um
estilo único. Às vezes procuram um
objeto especial, para ser um destaque,
ou que relembrem algo que tinha na
casa de um ente querido. Os móveis
atualmente são verdadeiros caixotes,
por isso muita gente procura adquirir
um móvel antigo, por conta da sua
durabilidade e do estilo”, afirma.
Além da busca por objetos e
móveis de qualidade duradoura, há
quem busque peças para renovar,
dando outra cara à peça. A designer de
interiores Ana Maria Lameira, da Caza
Design (com Z mesmo), explica que
restaurar ou trabalhar peças antigas
é uma excelente alternativa para dar
uma renovada na decoração, além
do reaproveitamento ser ecologicamente amigável. Em sua sala de estar,
Ana Lameira possui duas poltronas
repaginadas que resgatou pela cidade.
“Encontrei as peças destruídas, com
todo o couro original do estofado
apodrecido, mas com a estrutura em
ótimo estado. As peças são excelentes,
feitas de madeira maciça. Aproveitei
um bom tecido que possuía e as renovei. Há muitos móveis ou objetos de
outras épocas que podem ser readaptados para o nosso tempo. Um bom
tecido estampado, gráfico, ou mesmo
de uma cor interessante, quando usados
em um móvel antigo, podem trazer
muito estilo ao ambiente”, conta.
A designer de interiores explica
que misturar estilos é uma tendência
atual e, no site da sua empresa (www.
cazadesign.com.br) dá algumas dicas
de boas ideias que podem ser aproveitadas. “Alguns móveis carregam uma
Betty Borges, que também organiza
vendas em residência para a
clientela cadastrada
história e tem que ser harmonizados
com a decoração já existente na casa
da pessoa. Quem deseja se aventurar
tem que ter sempre em mente como
funcionará o todo, antes de adquirir
uma nova peça. Pensar em como
ela, renovada ou não, se alinha com
o resto do ambiente. Tem que saber
misturar, mas aconselho a experimentar, pois a chance de dar certo é
grande”, dá a dica.
A mesa da vovó é minha
Pegar uma poltrona, uma mesa da
vovó, e dar uma cara contemporânea
ao móvel foi o que fez Maria Helena
Luzcruz e seu marido, o professor
e pesquisador dos Institutos de Psicologia e de Economia da UFRJ,
Murillo Florindo Cruz Filho. Os dois
cresceram em meio a peças antigas
e herdaram de suas famílias muitos
móveis, além do gosto por objetos de
épocas. Depois de sucessivas implicâncias dos filhos, principalmente da filha,
que dizia que a casa dos pais “parecia
um museu”, a dona da casa resolveu
dar uma renovada no ambiente, sem
abrir mão do estilo que tanto lhes
agrada. “Tínhamos muitos móveis e,
por conta de serem quase todos de
madeira, nossa sala era escura e muito
marrom. Não nos incomodava, mas
pedia uma renovação. De tanto nossa
filha falar, nos sentimos estimulados a
mudar, o que foi muito positivo. Buscamos selecionar o que manteríamos
e procuramos passar o que saiu para
pessoas que fossem valorizar a qualidade e a beleza das peças”, relembra.
Enquanto peneiravam o que manteriam, escolheram algumas para serem
totalmente repaginadas. “Pegamos uma
mesinha de madeira maciça que era da
minha avó, que acho linda e tem muito
valor sentimental, e mandamos laquear
de amarelo vivo, para seguir a nova
paleta de cores com que pintamos a
nossa casa. Ficou tão linda, que nossa
filha já mandou eu colar uma etiqueta
embaixo avisando que aquela mesinha
é dela”, se diverte Maria Helena.
O casal Murillo Florindo e Maria
Helena tenta equilibrar as coleções
para evitar a poluição do espaço
e deu novo colorido a alguns
móveis antigos, como a mesinha
"da vovó" (alto à esquerda). Entre
as coleções favoritas estão a de
latinhas de cerveja e a de Playmobil
Outro desafio que o casal teve
que adequar à nova proposta de
decoração foram as coleções, que
os dois possuem e valorizam. “Meu
pai era um colecionador compulsivo
e herdei essa paixão dele. Comecei
colecionando plásticos de peças
publicitárias quando criança. Mais
tarde em minha vida, me interessei
por máquinas de escrever, por conta
de um livro que tinha. Mas o espaço
passou a ser um problema e tive
que abandonar. Depois, por volta de
1987, viajando a trabalho, comecei
a me interessar pela iconografia de
latas de cerveja de diferentes países
e passei a colecionar, por conta de 4
latas que trouxe do Iraque, Jordânia
e da Síria. Sempre fui apaixonado
por história e acabei descobrindo
um universo de colecionadores, com
associações e clubes de pessoas que
dividem o mesmo interesse”, conta o
pesquisador que já chegou a ter 1700
peças em sua coleção e é membro do
BCCA – Brewery Collectibles Club of
America (www.bcca.com).
Viciado em colecionar
Um obstáculo que todo colecionador passa, uma hora ou outra, é a falta
de espaço. “Colecionar é um hobby
saudável, mas há também patologias
ligadas ao acumulo que têm que
ser observadas. Se as coleções não
tiverem um foco, serão infinitas, e a
Sempre fui apaixonado
por história e acabei
descobrindo um universo
de colecionadores, com
associações e clubes de
pessoas que dividem o
mesmo interesse”
Murillo Florindo Cruz Filho
25
capa
Maurício Martins, com o raro cartaz de Deus e Diabo na Terra do Sol, de Glauber
Rocha, ao fundo, coleciona peças lúdicas, como a roda gigante de metal e as
locomotivas, e peças relacionadas ao cinema, montando ambientes agradáveis
de cinema e música, assim como objetos relacionados a estes universos,
brinquedos feitos de lata e fotografias
antigas do Rio, principalmente das
corridas de baratinhas na Estrada da
Gávea. Professor de geografia em
algumas das melhores escolas da
cidade e instrutor de vídeo-aulas, no
projeto Descomplica, Martins montou
boa parte da decoração de seu apartamento no Leblon garimpando pela
cidade e tem orgulho de poder expor
as peças de suas coleções.
26
pessoa não para de juntar. Tive que
fugir da ideia de entulhar a casa e, por
isso, delimitei minha coleção a latas
que tenham um diferencial estético
que me agrade e passei a ser mais
seletivo. Fotografei o que tinha e me
desfiz de muita coisa”, explica.
O casal mandou construir um
móvel para poderem expor a coleção,
integrando a estética, que tanto o agrada, com a repaginação da casa. Mas
não só de latas alegra-se o colecionador. Em um cômodo de uso exclusivo
do marido, “em comum acordo”,
como ressalta Maria Helena, mantém
seus livros e outros interesses, como
a coleção de Playmobil. Já esta, Murillo
limitou a motocicletas e personagens
da guerra civil americana.
Limitar a uma temática é uma
tática muito comum entre colecionadores. Poder desfrutar de sua coleção
e tê-la à vista, como pontos de atenção
em suas casas, é motivo de orgulho.
“Sempre gostei de cadeiras, mas como
são objetos grandes, falta espaço para
armazenar. Quem coleciona tem que
focar, senão perde o controle”, aconselha Maurício Martins, de 33 anos,
que atualmente coleciona pôsteres
“É um prazer receber os amigos em casa e dividir
com eles as histórias que sei, que coleciono. Há
sempre alguma coisa interessante e é prazeroso
para todos. Enriquece a vida”.
Maurício Martins
Enriquecendo a vida
“Sempre curti objetos que me
remetessem a outras épocas. Comecei
apaixonado por livros antigos, até minha vida caminhar para uma sociedade
no Sebo e Livraria Rio Antigo (antiga
Kosmos) e conhecer o universo dos
leilões, que organizávamos por lá. Virei
frequentador assíduo de vários outros na
cidade e comecei a construir coleções
do que gostava”, relembra Martins.
O professor passou quatro anos
no negócio, mas, mesmo depois de
se desvincular, continuou com seu
garimpo. Suas paixões passaram
a direcionar suas aquisições, além
da necessidade prática por algum
objeto, como uma luminária ou um
móvel, que ele prefere que sejam
antiguidades. “É possível montar uma
casa com muita personalidade sem
precisar gastar uma fortuna”, afirma.
Em sua sala pôsteres de clássicos do
cinema e da bossa nova, são iluminadas por lustres e abajures das mais
variadas formas, harmonicamente
posicionados. “É um prazer receber
os amigos em casa e dividir com eles
as histórias que sei, que coleciono.
Há sempre alguma coisa interessante
e é prazeroso para todos. Enriquece
a vida”.
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acompanhando as transformações do design de
interiores, a Kéramos traz uma grande variedade
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Isso tem a ver com aquilo?
Leitor assíduo de minha coluna, meu pai costuma dar sugestões sobre o que eu poderia abordar da próxima vez...
Pois bem, aí vai! Ele me disse que recebeu um e-mail em
que havia a expressão “ter a ver” escrita incorretamente: “ter
haver”. Já vi outras vezes essa confusão. Afinal, qual a forma
correta? As duas existem?
28
Ter a ver ou ter a haver? Ou, ainda,
ter haver?
Qual usar, quando usar?
Vejamos as situações em que essas
expressões costumam aparecer:
Se duas pessoas estão conversando, e uma delas fala de um assunto
totalmente diferente da temática da
conversa, a outra diz:
“Isso não tem nada a ver com o
que estamos falando!!!”
Muito bem! Usou a expressão
correta! “Ter a ver” significa ter relação
com, dizer respeito a.
Outra situação: uma pessoa acha
que recebeu seu salário faltando uma
determinada quantia. Vai ao departamento que tem a ver com isso e
reclama. O atendente diz a ela:
“Desculpe, mas você não tem mais
nada a haver.”
Muito bem! Usou a expressão
correta! “Ter a haver” significa ter a
receber.
Mais exemplos:
“Maria não tem nada a ver com
esse problema” (ou seja, o problema
não diz respeito a Maria, não está
relacionado com ela).
“Marlene não tem nada a haver”
(ou seja, Marlene não tem nada para
receber).
A confusão entre as duas expressões poderia ser evitada se em vez de
“ter a ver” usássemos a expressão “ter
que ver”. “Ter a ver” é um galicismo,
isto é, uma expressão que importamos
do francês e que cada vez usamos mais
em vez da portuguesa “ter que ver”.
Portanto, podemos usar sem susto:
“Isso não tem nada que ver com
aquilo”, quando quisermos dizer que
isso não tem relação com aquilo.
Mas e ter haver é errado? Sem a
ou que fica difícil de aceitar.
Se você quiser “tirar uma onda”
e tornar a explicação mais imponente,
diga que o problema acontece porque
“haver” e “a ver” são expressões parônimas, ou seja, apresentam sentido
diferente, mas têm formas semelhantes. E também são homófonas, pois
produzem o mesmo som! Aí ninguém
vai discordar de você!
Mas com a palavra nada, pode
acontecer. Vejamos:
A expressão “nada haver” significa
a inexistência de alguma coisa. Usamos
quando queremos dizer que não existe
nada em algum lugar. Por exemplo:
“O marido chega a casa antes do
horário de costume e tranquiliza-se
ao perceber nada haver dentro do
armário”. Tudo bem, o exemplo foi
triste! Mas o marido ficou contente
porque não havia nada, não existia
ninguém dentro do armário. Vejamos
outro exemplo:
“Fiquei furiosa quando vi nada haver
dentro da caixa de joias. Roubaram
meu tesouro!”
Na linguagem informal (e somente na fala! Na escrita, jamais!!),
encontramos o “nadavê”. Geralmente
acompanhado de um “aê”. Mas isso é
outra história... não tem nadavê, aê,
com essa coluna...
Fiquemos com a música dos Engenheiros do Hawaii para encerrar.
Pai, qual a próxima sugestão?
Nada a Ver
Engenheiros do Hawaii
Um cão sem dono, uma árvore no
outono
O nono mês de gravidez
Eu perco o sono, ao som de Yoko
Ono
E telefono pra vocês
Às vezes eu acordo assustado
(A gente não tem nada a ver)
Mas quando eu te vejo do meu lado
(A gente não tem nada a perder)
De dia eu não te vejo nem desejo
Eu vejo que não dá
(A gente não tem nada a ver)
Toda a noite, a noite inteira, eu penso
em ti
Eu penso em te encontrar
(A gente não tem nada a perder)
Nada a ver, nada a perder,
Nada a fazer, nada não...
Sinto tanto, sinto muito, no meu
canto,
Enquanto a noite cai
(A gente não tem nada a ver)
Sinto saudade, é verdade, nunca é
tarde,
Enquanto a chuva cai
(A gente não tem nada a perder)
Eu fico sem saber o que fazer, o que
vai ser
Amanhã de manhã
(A gente não tem nada a ver)
Eu sonho com elegância, arrogância,
Extravagância do Duran Duran
(A gente não tem nada a perder)
Nada a ver, nada a perder,
Nada a fazer, nada não...
Às vezes eu acordo assustado !!!!!!
Às vezes eu acordo do teu lado !!!!!!!!
Às vezes eu fico acordado !!!!!!!!
Às vezes eu te vejo...
Às vezes eu te beijo...
Às vezes eu te desejo...
Às vezes eu...
Nada a ver, nada a perder
educação
&
conhecimento
Niemeyer em Campo Grande
Na Zona Oeste do Rio, há 50 anos, uma singela homenagem ao arquiteto
abriga eternos admiradores de sua obra
texto_MARILZA BIGIO
FOTOS_ARTHUR MOURA
A influência do arquiteto mais famoso do Brasil, Oscar Niemeyer, está
presente em muitas edificações por
todo o País. Cultuado em cerimônias
e eventos, reportagens e entrevistas
de especialistas, por ocasião de sua
morte, aos 104 anos, no ano passado,
certamente Niemeyer desconhecia a
singela homenagem que lhe fizeram
em Campo Grande, Zona Oeste do
Rio de Janeiro. No entanto, é essa homenagem, sob a forma da construção
das casas da Vila Alexandrina, que mais
combina com a personalidade e as
ideias do arquiteto de Brasília.
Ele que passou a vida defendendo
o comunismo como forma de governo, com vistas à promoção de justiça
social – tendo os pobres e oprimidos
como alvo – inspirou um anônimo
construtor, um admirador de sua obra.
Foi no início da década de 60 que
Rudah de Carvalho Tupper, cidadão
brasileiro de origem inglesa, decidiu
construir a primeira casa inspirada no
Palácio da Alvorada. Era um admirador
de Juscelino Kubitschek, JK, e de Nie-
29
meyer. E caprichou na sua cópia do
estilo do arquiteto.
Impressiona a precisão dos arcos
– projetados em escala tal que permite
a uma casa pequena, de cerca de 90
metros quadrados, apresentar a mesma harmonia de formas do Palácio.
Quem conta essa história é Geraldo
Pedrosa Caldas, 83 anos, que mora
nesta casa desde que terminou a sua
construção, em 1963.
“Esta foi a primeira casa inspirada
em Niemeyer – depois ele construiu
no terreno outras 11 casas, mas aí em
vez do Alvorada ele copiou o Palácio
do Planalto” - diz Geraldo. A primeira
casa foi construída para a filha do
construtor, Olinda, que se casou com
Geraldo. “Meu sogro era apaixonado
por JK e Niemeyer”, diz, acrescentando que também ele admira o arquiteto:
“As obras dele são um espetáculo!”
A figura de Oscar é tão conhecida, que a empregada de Geraldo, ao
atender a nossa reportagem, gritou
para dentro da casa:”Seu Geraldo, é
pra falar sobre o Niemeyer!” Geraldo
conta que neste local – Estrada do
Mendanha, 925 – na época não havia
nada, apenas terrenos descampados,
bois, cabritos e cavalos. Ele não se
lembra do porquê do nome de Vila
Alexandrina: “Acho que era o nome
da mãe do meu sogro”.
Hoje a Estrada do Mendanha é
uma importante via do bairro. O pórtico da vila é uma construção que não
lembra em nada o estilo Niemeyer,
feita muito depois das casas, quando o
construtor já tinha morrido. As “Casas
do Niemeyer”, como são conhecidas
na vizinhança, passam despercebidas
em meio ao trânsito pesado dos veículos que vêm da Avenida Brasil. A
vila fica entre o Clube dos Aliados, do
Vasco da Gama, e uma moderna UPA
inaugurada há um ano e meio.
O dia-a-dia dos moradores fica
evidente nas varandas com plantas, nas
cadeiras de vime, nas roupas postas
para secar, no sofá velho abandonado
junto aos belos arcos de Niemeyer.
Arquiteto que se destacou principalmente como grande artista criador de
monumentos – como o Memorial JK
em Brasília, o Museu de Niterói e o
Memorial da América Latina, em São
Paulo -, Niemeyer certamente nunca
soube desta humilde homenagem em
um bairro carioca. Mas para seu Geraldo, seus dois filhos e quatro netos,
o orgulho de morar em pleno Palácio
da Alvorada, cercado de vários Palácios
do Planalto, e de fazer parte de uma
homenagem viva ao grande Oscar
Niemeyer... não tem preço!
B ijux in the box
[email protected]
Como fugir da Globo
Sei que nos acostumamos – a maioria de nós, telespectadores – a manter a TV ligada na Globo.
É mais fácil, a gente já sabe o que vai ao ar, e a que horas. A gente confia porque, afinal, não há
como negar a qualidade que, genericamente, caracteriza os programas globais. Mas sempre é
bom saber que existem alternativas nas outras emissoras. Não são muitas, mas existem.
tem uma vantagem adicional: seu
jornal Fala Brasil nos salva do incrível Bem Estar, da Globo, uma das
coisas mais chatas que já
vi, e que se dedica
demasiadamente
a perscrutar as
entranhas humanas – quando não apresenta ao vivo e
em cores o resultado do trabalho
de nossos intestinos.
Se é que me entendem.
Há outras opções também
mais tarde. O CQC, da Band, nos
salva do terrível Tela re-Quent-ada,
com seus filmes velhos. O Datena,
com seu programinha de respostas
fáceis para perguntas bobas, era
bem divertido, e o maior (literalmente) âncora da tarde continua
diariamente a informar sobre São
Paulo, sobre casos policiais nacionais, sempre dando bronca nas
“otôridades”. O Danilo Gentili
tem-se mostrado boa opção, se
você não estranhar algumas cenas
e linguagem, digamos, um tanto
chulas. A Fazenda da Record é mais
divertida do que o BBB. Mas nas
novelas e no jornalismo a Globo
é imbatível.
No ar, rapá...
Band Folia
O Carnaval passou, já estamos no
Ano Novo de 2013, mas não custa registrar: alguns dos melhores momentos da
festa foram apresentados pela Band. Entre
eles, destaco a verdadeira aula de frevo
que deu a equipe em Recife – à frente a
bela Nadja Haddad. Aula completa, direto
do Marco Zero, com figuraças como o
Maestro Formiga, e o auxílio luxuoso de
Lenine e Zélia Duncan. Também a cobertura dos trios da Bahia foi competente e
animadíssima. Valeu como contraponto
ao carnaval carioca da Globo.
Desfile do Rio
Exemplo do bom jornalismo da Globo é o RJTV, que
está comemorando 30 anos
(!!!) com matérias históricas.
Grande sacada foi a criação do
“Parceiro do RJ”, que pôs pra
trabalhar jovens de diversas
localidades do Grande Rio.
O acompanhamento das reclamações dos moradores, e
das eventuais gestões das Prefeituras para sanar problemas
fez – e faz, agora com novos
“parceiros” - a diferença. Só
dura tanto tempo o que é
muito bom.
Eu vi...
Divulgação
30
Enquanto isso, no Hoje em
Dia, três apresentadores dinâmicos
e divertidos mostram assuntos
variados, com bom humor e aquele sotaque
paulista que, para
nós, cariocas, é
s u p e r- e n g r a çado. O ambiente é claro;
os convidados
não são obrigatoriamente da
Record, ao contrário, há diversidade
de pessoas a participar do
programa. De manhã, a Record
Por exemplo: no horário do
programa da Fátima Bernardes é
mais divertido ver o Hoje em Dia, da
Record. Nada contra a Fátima, uma
unanimidade nacional, competente,
charmosa, elegante. Mas o formato
do programa é que é assim meio
chato. Contei dez pessoas nos grupinhos atrás de cada montinho de
convidados – são, portanto, cerca de
trinta pessoas que ficam ali atrás, no
escurinho. É inevitável que alguma
delas boceje, ou fique acariciando os
cabelos, ou eventualmente se ponha a
dormir mesmo. Sempre fico olhando
aquelas desnecessárias testemunhas,
tentando pegar alguma gafe.
Sonho com o dia de Carnaval em
que a Globo apresentará o desfile das
Escolas de Samba do Rio sem ruídos.
Explico: queremos ver o desfile e
ouvir os sambas-enredo. Tá certo
informar sobre o enredo, sobre
cada ala etc, mesmo porque sem
isso a maioria de nós não conseguiria
entender nada. Mas deixar o samba
rolar com legenda apenas uma vez, e
ficar falando o tempo todo é terrível.
E isso acontece todo santo Carnaval.
*Bijux é Marilza Bigio,
jornalista e telespectadora fiel
31
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Oswaldo miranda
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Lidia e Adalgisa
Foi uma agradável convivência.
Primeiro quero falar da atriz Lidia
Mattos. Quando eu alavancava tudo
para as comemorações do Dia das
Mães, uma das promoções mais sim-
32
Lidia, nos idos da TV-Rio
pática que fazia era a da mãe artista
de TV. Ela foi a segunda, sucedendo a
Heloisa Helena. Recebia no ar a medalha Stella Guerra Duval, fundadora
da Pro Matre, e o diploma, elementos, que certamente, teria guardado
entre as suas boas recordações, ela
que brilhara em tantas novelas da
TV Globo. Quando em Radiolândia,
acertei uma permuta. Na TV-Rio,
apresentando um programa de variedade, o Rio, cinco para as cinco,
abordaria os principais assuntos de
edição da revista, folheando-a diante
das câmaras, e eu, em contrapartida,
inseriria em destaque, boa chamada
do programa, sua foto etc. Mais
adiante, ainda na TV-Rio, ela conduziria o programa de minha produção
do carnê do Erontex, com sorteio
e entrega de prêmios. Foi, assim,
uma relação gostosa, só interrompida mesmo quando o destino nos
despachou para atividades outras,
deixando gratas lembranças, agora
muito bem evocadas por causa de
sua morte.
***
Adalgisa Colombo, uma das
mais festejadas miss Brasil, também passou profissionalmente
pela minha vida, em virtude do
dia a dia no Programa Mauro
Montalvão, na Rede Tupi. Produzia
então a Copa das Cidades, duas,
de cada vez, no palco, competindo na exibição de seus valores
gerais, depois de filmadas e de
apresentadas pelos prefeitos e
pessoas de destaque, discorrendo sobre a história, a cultura, a
produção, as tradições, enfim,
um resumo a proporcionar aos
jurados, elementos sobre o que lhes
seria mostrado em seguida. Adalgisa
compunha esse grupo incumbido de
assistir e julgar os elementos que passariam pelo palco. Por ser quem era,
ao se pronunciar, precisaria sempre
aguardar um tempo para os aplausos
se acalmarem. Desnecessário dizer
que era uma pessoa de maior destaque na bancada, pela beleza, postura
elegante, enfim, uma Miss Brasil, ora.
Mas Mauro Montalvão pedia que ela
o ajudasse ainda na obtenção de verbas para o programa – patrocínios,
anunciantes, o bolo necessário para
manter a produção no ar. E Adalgisa
era o “abre te sésamo” nessa hora
de captação de recursos. Os anunciantes potenciais se desmanchavam
em mesuras diante daquela mulher extraordinária, alguns, até, nos
convidando, ela, Mauro e eu, para
almoços, mobilizando a família para
fotografias, autógrafos, carinhos...
Miss Brasil em pessoa, gente! E os
contatos iam sendo assinados, para
alegria do Mauro e nosso, também,
pois o salário estava garantido, afinal.
Com um trunfo assim!
Adalgisa, miss Brasil 1958, partiu
também, aos 73 anos. Vai ser por
muito tempo lembrada como um
modelo de beleza,charme e elegância, segunda mulher mais bonita
do mundo naquela eleição em Long
Beach, aos 18 anos...
Lidia e Adalgisa... vida que segue...
Adalgisa, sempre ela
Ziraldo e um de seus
onomatopaicos. Genial, não?
Óbvio...
G isela gold
[email protected]
TODA MÍDIA: “Meteoro de 10 mil toneladas explode na Rússia.”
Mil e duzentos feridos, três mil prédios abalados, 361 escolas, janelas
com vidros quebrados, energia 25 vezes maior do que a bomba de
Hiroshima! 2013, hein? Há 65 milhões de anos um deles acabou
com a raça dos dinossauros. Ainda há dinossauros por aqui? Brasília...
MÍDIA MUNDIAL: “Papa Bento XVI renuncia.” Peso dos anos,
85, e outras 999 razões que o levaram a tomar a inesperada decisão.
Multiplicam-se as especulações sobre o que pode acontecer com a
Igreja daqui por diante. Só a morte leva um papa ao destino final:
Deus. Então...
SANTA MARIA: Boate Kiss. Meu beijo, minha lágrima para os
jovens universitários que partiram antes da hora – a formatura, o
anel, o diploma... Na rádio JB-FM, Cazuza está cantando: Faz parte
do meu show...
VALOR ECONÔMICO: “Petrobras vai dar prejuízo
até 2020.” EXAME: Petrobras – Governo está – até
agora – destruindo a nossa maior empresa.” Lembro do
Lula, mãos sujas de petróleo, como Getúlio, brandando
aos quatros: Estamos autossuficientes.
CARNAVAL: É como já cantava Noel: A Vila não
quer abafar ninguém / Só quer mostrar que faz samba
também...
ESPORTE: “Um dos maiores atletas dos tempos modernos, medalha de ouro,
Oscar Pistourius, é acusado de matar a namorada, a modelo Reeva Steenkas.” Em
Londres mostrou-se mau perdedor, ao criticar o brasileiro Alan Fonteles, que o venceu
em sensacional arrancada. Fico com seu analista, Sanny Bertoldo: Até que tudo se
esclareça, o melhor é guardar a imagem desse multicampeão.
O GLOBO - Mundo: “Depois de mandar macaco ao espaço, Ahmadinejad também
quer virar astronauta. “ O macaco foi e voltou bem. Já Mahmoud, que tem a mania
da bomba atômica, se for mesmo, bem que podia ficar por lá...
FANTÁSTICO: no final do programa cortou
para o circo Voador, aonde um cantor, coro e banda
apresentavam a marchinha vencedora do concurso
Nacional de Marchinhas de Carnaval. Total falta de
apreço pelo evento, já que as letrinhas dos créditos
rodavam por cima de tudo. Cabe ainda a pergunta:
será que a comissão julgadora, depois de ouvir mais
de mil marchinhas não teria coisa melhor para premiar
do que “O vovô ampulheteiro” cujo título dá margem
para duplo sentido, além de ser muito ruinzinha?
O GLOBO: Flávia Oliveira em Negócios & Cia.: “Comércio perderá 36 bi em feriados este ano; o Rio,
1 bi e meio.“ Sim, mas por que o de rua tem feriado e o do shopping, não? Um papo aqui, um papo ali, não
daria para evitar o rombo?
O boneco
de Beto
Cada vez que a tia recolhia os desenhos,
um em especial lhe chamava atenção. Aquele
menino da última carteira a esquerda nunca
desenhava o bonequinho de palito com o pé
no chão. Tinha chão, mas o boneco estava
sempre alguns palmos acima. Bernardo era
Beto.Mas Beto não é apelido de Roberto?
Beto roia unha, e sempre perdia o olho
do quadro. Rumava para os sapatos, as meninas distraídas, o pilot destampado das mais
afoitas. Com eles montava o que queria na
cabeça. Tinha sempre uma história. Quando
a tia perguntava pergunta fácil, não sabia. O
que você quer agora, Beto, carrinho ou bola?
Sonho, respondeu. Prefiro sonho.
A vida tomou seu rumo, Beto se fez Dr.
Bernardo, assinou papéis, já tinha número de
identidade e firma reconhecida.
Certo dia, Beto conheceu Rosana que lhe
perguntou o que ele queria: beijo pra agora
ou pra sempre? Começou a desconfiar o que
queria. Encheu moça de beijos, dos quais
nasceu Artur.
O bonequinho já começava a ensaiar o
dedo do pé na linha do desenho. Beto não
vivia mais de sonho. Tinha a escola de Artur
para pagar. Mas o preço de colocar o pé do
boneco no chão era alto. Sem sonho, não
sabia muito bem responder a pergunta da tia.
O que queria mesmo?
Foi uma segunda feira, Rosana estava atrasada e Beto levou Artur para a aula. A escola
era a mesma que estudara, a sala de artes
continuava a três salas da diretoria e Dona
Kátia ainda dava seus berros com as crianças
levadas. Beto não resistiu e observava Artur na
fresta da porta. A tia estava atenta vendo os
desenhos, quando colocou o dedo no papel
de Artur. A fresta era suficiente para Beto perceber. Faltava pé no chão do boneco de Artur.
Graças a Deus.
33
T AMAS
De onde vem
esse calor infernal?
Estremeço e desidrato.
Acordo mergulhado
num lençol de suor,
com sensações e imagens
que desfilam sobre mim.
Pesadelo, delírio ou realidade?
No calor da febre
vivo essa doença
que me consome todo.
Como o sol consome tudo
na explosão multicolorida.
Poderá alguém, apenas por um dia,
continuar a viver por mim?
Poeta Convidado
34
Luiz Paulo Serôa
Miragens
Te vejo
olhares furtivos das ruas
Estremeço
a cada confusão que faço
Entristeço
com essa larga distância sua
Enlouqueço
a cada rosto, carícia que refaço
Anuncie na
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Pensamentos Pró-fundos
Instante Fugaz
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- Aprendi a nadar.
Agora me afogo em papéis.
- Repousa sobra a pele
um odor de desejo.
- Imaginar muito além do impossível.
- Palavras arrumadas
dissimulam
ações equivocadas.
- O amor anda com pernas próprias.
E tortas.
- Meu corpo é o palco.
Dança sobre mim a bailarina.
- O coração é um barco.
A paixão é uma tormenta.
Muitos barcos sucumbem na tormenta.
- Sombras do passado
obscurecem o despertar.
- Um olhar azul
me enche de céu.
- Viver é apenas
uma fração de segundo
do tempo infinito.
V itrine de Páscoa
Boas ideias para a Páscoa
Há 11 anos no mesmo endereço, a Villa90mix agora tem a parceria da
doceira Andrea Mayer, oferecendo bombons, ovos e tudo de chocolate,
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portuguesa, incluindo as mais típicas receitas brasileiras.
Tudo isto com um atendimento que faz toda diferença.
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35
H aron Gamal
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Peregrinação à
montanha mágica
Romance de Thomas Mann já antecipava visões do Holocausto
“Um jovem singelo viajava, em pleno verão, de Hamburgo, sua cidade
natal, a Davos-Platz, no cantão dos Grisões. Ia de visita por três semanas.”
36
Desse modo começa a viagem de
Hans Castorp aos Alpes suíços, no
romance “A montanha mágica”, de
Thomas Mann. O personagem, um
jovem recém-formado em engenharia naval, tem como objetivo visitar o
primo, Joachim Ziemssen, que sofre
de tuberculose e está hospedado
num sanatório (uma espécie de hotel,
como são os sanatórios da época) da
pequena cidade. A narrativa situa-se
na primeira década e em meados da
segunda, do século 20.
O início do romance, ao descrever
as agruras da viagem de Castorp,
contrasta com o que vamos encontrar
durante todo o texto, que situa a
história num lugarejo da Suíça. Narrações e descrições fora dali existirão
apenas na lembrança dos personagens. E não são muitas. A narrativa
avançará sem movimentos bruscos,
privilegiando o aparecimento dos
personagens, seus pensamentos, suas
ideias e o que eles nos têm a dizer.
Assim, desde o começo, será possível
constatar, além do movimento e do
aparente desconforto para se chegar
à montanha, sobretudo devido aos
vagarosos transportes da época, a
oposição entre subida e promessa,
uma vez que toda escalada cria a
perspectiva de algum tipo de revelação.
O título “montanha mágica”, que
poderia soar estranho, permite
também análises diversas. A primeira delas esgota-se no que pouco
a pouco nos é revelado, um local
onde a permanência pode levar os
enfermos à cura; a segunda, como
aponta Antônio Cícero no prefácio
dessa edição, remonta a uma citação
de Nietzsche em “O nascimento da
tragédia”: “Agora a montanha mágica
do Olimpo como que se nos abre
e mostra as suas raízes. O grego
conheceu e sentiu os pavores e os
horrores da existência: para poder
não mais que viver, precisou conceber a resplandecente criatura onírica
dos olímpicos.” Nesse sentido, não
teremos no romance deuses olímpicos, mas seres humanos que vivem,
estes sim, um novo aprendizado.
Ele pode estar numa nova maneira
de compreender o passar do tempo
(se é que o tempo, ali, passa), ou,
uma vez que não se tem aonde ir
porque os passeios são sempre os
mesmos, na viagem pelo mundo das
ideias. Portanto, a montanha mágica
torna-se mística não apenas por curar
alguns de seus enfermos, mas por
proporcionar ao nosso personagem
central revelações sobre a vida e sobre a morte. Na verdade, o romance
de Mann acaba por tornar-se um
romance de formação.
E para a transformação desse jovem
engenheiro, que se preocupava apenas com a técnica, num homem de
pensamento, a montanha mostra-se
promissora. Tentativa bem sucedida
do autor em revelar, num princípio de
século tomado por intensa febre tec-
nológica (um mundo futurista), que as
ideias jamais podem ser abandonadas.
Há uma história curiosa sobre Thomas Mann. Conta-se que, um dia, ao
voltar à Alemanha após uma de suas
inúmeras viagens, ele foi convencido
por um dos seus próprios empregados que fora recebê-lo na estação
de trens a abandonar imediatamente
o país, pois o avanço do nacional-socialismo colocava em risco a sua
segurança e a de sua família. Mann
demorou a se deixar convencer.
Mas, enfim, partiu para o longo exílio que viveria nos Estados Unidos.
Após algum tempo, descobriu que o
empregado era agente do regime e,
naquele momento, não se sabe por
que motivo, tentou livrar a barra do
patrão.
Em “A montanha mágica”, vemos
desfilar uma série de adoráveis personagens, cada um representando uma
ideia, ou um modo de vida. Um deles
é Setembrini, a quem o autor nomeia
de literato da civilização, isto é, um intelectual herdeiro do humanismo e da
ilustração. Outro é o jesuíta Naphta,
que trava com o italiano Setembrini
um tumultuado embate intelectual.
Ambos visam conquistar o espírito de
Hans Castorp e tê-lo como discípulo.
Há também Mynheer Peeperkorn,
um holandês grandioso nos gestos e
inconcluso na eloquência, mas cujas
palavras revelam-no um tenaz conquistador. Mann o criou baseando-se num famoso escritor alemão do
período, ganhador do prêmio Nobel
de literatura. Desfila também a russa
Mme. Chauchat, cujos olhos quirguizes seduzem o personagem central
e o fazem lembrar uma paixão da
época de colégio. Atente-se aqui para
o tipo de paixão. Espalham-se pelo
romance muitas informações acerca
da medicina da época e da psicanálise,
esta ainda no seu estágio de fundação,
representada no romance pelo Dr.
Krokowski.
A estada de três semanas de Castorp
junto ao primo, em Davos-Platz,
acaba demorando-se um pouco
mais. As pessoas, praticamente todas
enfermas, vivem um microcosmo da
humanidade do período. Thomas
Mann, como todo grande autor,
adianta-se ao seu tempo quando diz
pela voz de Naphta: “o segredo e
a existência da nossa era não são a
libertação e o desenvolvimento do
eu. O que ela necessita, o que deseja,
o que criará é: o terror”.
O livro, publicado em 1924, muito
antes da Segunda Guerra Mundial,
dos campos de extermínio e dos
atuais homens-bomba, mostra, ao
contrário do apelido que carinhosamente Setembrini dá a Castorp, que
os “filhos enfermiços da existência”
estão muito além da montanha.
“A montanha mágica”
Thomas Mann
(tradução de Herbert Caro)
Editora Nova Fronteira, 957 páginas
i aci malta
[email protected]
Sobre a inclusão dos “diferentes”
Pensando na “volta às aulas” por sugestão da nossa editora Lilibeth, eu resolvi escrever sobre um
tema que me é muito próximo: a inclusão das crianças com necessidades especiais nas turmas
regulares das escolas. Digo muito próximo porque tenho um neto nessa condição e pude ter a
experiência de perceber o quanto a inclusão é importante para todos, é uma conquista no desenvolvimento social.
Esse processo de inclusão nas
escolas vem ocorrendo desde 2001,
devagar, mas sem se interromper,
principalmente no ensino público.
No meu entender, seguir na
direção da inclusão foi uma das
decisões mais importantes na
esfera do ensino básico.
E, vejam bem, não só porque
é melhor para as crianças com
deficiência, mas sim porque é o
gerador de uma transformação
da subjetividade do ser social
no que concerne às pessoas
com deficiência, os diferentes.
Para a maioria das pessoas, só
a convivência na infância pode
mudar a forma como vemos os
diferentes. Pode verdadeiramente nos levar a ver as pessoas com
deficiências simplesmente como
diferentes.
Eu sou do tempo em que,
por um lado, as pessoas tinham
reações de medo quando em contato com alguma pessoa com deficiência e, por outro, familiares tinham
vergonha de seu “diferente” e o iso-
lavam do convívio social. Felizmente,
esse tempo já passou para muitos e,
certamente, cada vez mais pessoas
perceberão que uma criança, quando
tem a oportunidade de conviver com
os diferentes, se desenvolve com
essa experiência e se torna um ser
social melhor.
Mas, para aqueles que têm seu
diferente, a inclusão começa em
casa, nas experiências pessoais com
esse ser diferente que chega para
todos da família. No princípio, somos
acometidos por várias emoções,
principalmente o medo, o medo do
desconhecido, o medo de como o
mundo vai receber nosso diferente,
o medo dos nossos medos e, para
as mães, as possíveis culpas que
surgem pela possibilidade de serem
responsáveis pelas deficiências
de seu filho.
Porém, quando aceitamos
integralmente esse presente,
podemos começar a conhecê-lo
em suas diferenças. Podemos ver
que muitas dificuldades são superadas com os cuidados e estímulos
adequados. Podemos ver que eles
não sofrem mais do que os outros.
Podemos descobrir que, muitas
vezes, as deficiências em nada afetam a inteligência intelectual, pelo
contrário, muitos são na verdade,
superdotados intelectualmente.
E, quando os aceitamos integralmente, podemos perceber
que são muito alegres e criativos,
e descobrir o prazer especial que
é conviver com nosso diferente.
Além do mais, poucas experiências
são tão gratificantes quanto a de nos
percebermos aceitando, amando e
admirando os diferentes.
37
arte
&
cultura
ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL
Improvisos em harmonia
Boêmios apreciadores do jazz têm cada vez mais opções pela cidade
38
texto E FOTOS_FRED
PACÍFICO
Se o samba fundou na cidade
o seu terreiro, o jazz vem
cada vez mais se espalhando
por aqui. Tudo na maior harmonia graças a nossa bendita antropofagia, diga-se de
passagem. Vale ressaltar que o
relacionamento é antigo. Os
amantes das improvisações
da beira do Mississipi nem
precisam forçar muito a massa
cinzenta para recordar os excelentes redutos do ritmo que
já passaram pelo Rio.
Muitos órfãos saudosos relembram os clássicos Mistura Fina, o
Ouviram do Ipiranga, fora festivais
que marcaram época, com o Festival
Monterey Jazz, em 1980 no Maracanãzinho, e aqueles que levavam no
nome marcas famosas de cigarro, antes
da fumaça se tornar inimiga pública
número um e serem proibidos os
patrocínios dessa indústria. Se a história
comprova o público fiel do ritmo entre
os cariocas, os eventos mais recentes
continuam conquistando cada vez mais
público a cada edição. Normalmente
acontecem a partir do meio do ano,
como o Bourbon Street Fest, que já vai
para sua 11ª edição lotando o Parque
Garota de Ipanema, no Arpoador, ou
o Leblon Jazz Festival, que com seis
edições na bagagem, já se espalhou
para além da Zona Sul, desdobrando-se em evento homônimo em Niterói.
Mas os amantes do ritmo não precisam
esperar tanto.
Cada vez mais casas na cidade
têm aberto suas portas e dedicado ao
jazz ao menos uma noite da semana,
quando não mais. Na triangulação
Lapa, Glória e Santa Tereza, se for o
desejo do boêmio, todo dia é dia de
som, no melhor do estilo de um Jazz
à Carioca. O destaque fica a cargo
do TribOz (triboz-rio.com) na Rua
Conde de Lages, quase esquina com
a Rua Taylor e divisa com a Glória.
O agradabilíssimo espaço, abrigado
em um casebre colonial renovado,
é dedicado exclusivamente ao estilo,
trazendo semanalmente atrações
nacionais e internacionais de alto nível,
de quinta a sábado. Vale a pena checar
sua programação. Seu dono, o músico
e pesquisador australiano Mike Ryan,
abriu a casa para ser muito além de
um bom palco do ritmo, fundando
ali o CCBA – Centro Cultural Brasil-Austrália que realizará, dentre os projetos que desenvolve, a criação da RFO
– Rio Fusion Orchestra, continuando
o conceito desenvolvido por ele em
sua terra natal.
A ideia do RFO é apresentar fusões
de jazz de alta qualidade, por uma
formação de orquestra composta por
Coisa boa a gente gosta
12 instrumentos, entre sopros, percussivos e cordas. “Finquei raízes para colaborar com a música no Rio que tanto
amo. Há algo interessante no ar e mudei para cá decidido a fazer parte deste
momento. Pretendemos já estar com
a orquestra funcionando em maio,
apresentando uma fusão do world jazz
com o que há de melhor nos ritmos
brasileiros. E há muita coisa”, explica
Ryan. O jazzista australiano é um PhD
em etnomusicologia pela University
of Sydney, Austrália, apaixonado pelo
estilo e pela musicalidade brasileira,
que encontrou na Lapa
seu refúgio e onde fundou seu templo. “Fundar
o TribOz foi ir contra
todas as previsões. Não
houve qualquer apoio e
ninguém acreditava no
potencial, por conta dessa área ser um tipo de
off-Lapa. Mesmo assim,
fui em frente e agradeço
por ter seguido. A casa
tem uma energia própria
e tocar nesse palco é
uma experiência quase
espiritual que mexe com
quem tem a oportunidade. Não existe isso
de área ruim, pois as
coisas se transformam.
E a verdade é que coisa
boa a gente gosta. Não
tinha como dar errado”,
conta.
Gostamos mesmo. É só fuçar pela
região para perceber que o jazz definitivamente tem seu espaço garantido.
Ali pertinho tem o espaço Pica-Pau
Cultural (Rua da Lapa, 141) que abriga
de tempos em tempos o Jazz do Sobrado, que vale uma conferida na sua
próxima edição. Percorrendo a Lapa,
encontramos também o Santo Scenarium (santoscenarium.blogspot.com.
br), outro endereço que se firmou
com apresentações do ritmo, tendo
inclusive sediado o Lavradio Jazz Fest,
festival muito agradável que toma as
ruas da área em fevereiro no melhor
estilo Bourbon Street.
A casa divide a noite entre o jazz e
o choro, mas sempre priorizando uma
programação baseada em instrumental.
Fora que bom som, santos e relicários
pendendo do teto e cobrindo paredes
é uma combinação estética no mínimo
abençoada. Vale a visita. Sem falar que
ali ao lado fica a Praça Albino Pinheiro,
local de muita beleza e importância histórica, entre o Real Gabinete Português
de Leitura, o Teatro João Caetano e o
O músico e pesquisador australiano Mike Ryan é proprietário do TribOZ
uma das excelentes opções para ouvir jazz no Rio de Janeiro
Carioca da Gema, que desde 2011
tornou-se palco de apresentações de
jazz abertas ao público.
Quem fez ali este bom furdunço,
conseguindo reunir até 2000 mil
pessoas no centro, em plena quartas-feiras, foi a banda Nova Lapa Jazz (novalapajazz.blogspot.com). Grupo que
surgiu com a proposta de democratizar
o jazz no Rio de Janeiro e ganhou terreno desde que começou a botar as
improvisações na rua. Curiosamente
o grupo começou sua empreitada
nas calçadas da Rua da
Lapa, a menos de um
quarteirão do palco do
australiano, mas foi realocado pela Subprefeitura do Centro, devido
ao grande número de
frequentadores. Com
certeza vale ser citado e
ficar de olho onde essa
turma irá novamente
botar o bloco na rua.
Alto e bom som
Subindo as ladeiras
as opções também se
apresentam sedutoras.
O Santa Saidera (www.
santasaideira.com.br)
também abre algumas
noites aos jazzistas,
valendo a pena ficar de
olho na programação.
Outro canto que ecoa o ritmo pelas
ladeiras de Santa Teresa é o agradável
Bar e Restaurante Marcô (Rua Almirante Alexandrino , 412), no conhecido Largo dos Guimarães. Perfeito
para ouvir um som e beber uma boa
cerveja ‘de garrafa’ por um preço bem
razoável para os padrões atuais.
Aproveitando o alto das ladeiras, outro ponto certo na cidade
para ouvir um jazz e de quebra
curtir um maravilhoso visual é o
The Maze (www.jazzrio.com). A
casa dedica duas sextas por mês
ao estilo e entrou, no último ano,
na lista de melhores clubes de jazz
do mundo, pela revista americana
Downbeat.
Seguindo a proposta de jazz na
comunidade, a ladeira Saint Roman,
no número 20, na subida do Pavão-Pavãozinho por Copacabana, abriga
o Rio Jazz Club, no albergue Pura
Vida Hostel (puravidahostel.com.br).
Um endereço que tem agradado os
amantes do ritmo. Botafogo também
não fica para trás. O Bar Clube da
Esquina 3 (R. Rodrigo de Brito,
1) tem acertado na programação
jazzísticas, se firmando como mais
um bom palco do estilo na cidade.
Se você for, assim como eu,
adepto e apreciador de um bom
jazz, sente, se sirva e fique à vontade. Pode ficar tranquilo que o samba
não ficará chateado.
39
a LEXANDRE brandão
| no osso
[email protected]
Arranjos fresquinhos para uma
velha cantiga pornográfica e
outra antipatriótica
Mariquinha do Fubá
40
Ô, Mariquinha do Fubá, se
eu pedir você me dá a mão e me
consola. Diz pra mim: “Menino,
não tenha medo, o escuro dura um
segundo, passa logo”. Lá de trás da
bananeira, é, Mariquinha do Fubá, a
gente pode mirar o resto do mundo
e rir dos que levam tudo tão a sério.
O prefeito carrancudo, a dona de
casa para quem, se a roupa não
seca, a vida acaba. O professor que
não entende a ironia do Joãozinho
lá da classe dele.
Se eu pedir você me dá, Mariquinha do Fubá, a misericórdia por eu
me assustar tanto com a fanfarrice dos
dias que nascem mansos, passam em
tempestades pela hora do almoço e
dormem de lua cheia?
Se você me dá mão e misericórdia,
vou andar de bonde com meus sustos.
Em cada susto, rabisco um desenho.
Em cada susto, alinhavo um poema.
Em cada susto, em vez de envelhecer,
fico eterno — ou tento.
Você me dá, ô, Mariquinha do
Fubá?
Da Independência
Japonês tem quatro filhos, todos
quatro nascidos no lajeado. O primeiro é filho de búlgara, o segundo de
uma que quase transformou o japa
num desgraçado. O terceiro nasceu
prematuro e o quarto foi adotado.
Vivendo sua terceira viuvez, depois
de crescidos os filhos, o japonês
largou as beiras do lajeado, berço
de pedra de sua prole, e se mandou
pra capital. Tentou ser meganha, a
idade não permitiu. Arriscou-se como
compositor, suas rimas não caíram
no gosto da plateia. Foi boxeador até
levar o primeiro soco. Acabou, como
muitos, no informal; no caso dele, no
ilegal. Passou a contrabandear. No
circuito Uruguai, Paraguai, Argentina,
Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela,
tirou seu ganha-pão. Dali trazia um
cadinho da felicidade guarani, outro da
felicidade dos descendentes de Tupac
Amaru, outro da cota dos guerrilheiros da selva amazônica e até mesmo
um pouco daquela que persiste no
coração dos descontentes com Hugo
Chavez. Distribuía gotas de felicidade
nos quatro cantos do Brasil. Para
trabalhar, corrompeu. Escondeu-se. Um dia foi preso. Em defesa
do réu, o rábula, contratado por
alguns clientes desacorçoados com
a abstinência forçada, não poupou
palavras: “Esse homem, ceteris
paribus, compôs o hino de nossa
independência, posto que, sem
felicidade, não há nação”. Talvez
por não compreenderem o latim
e o português da defesa, todos
no Palácio da Justiça fecharam os
olhos diante de tal argumento. O
japa percebeu que, estando cega
a justiça, bastava andar na ponta
dos pés, porta afora, aeroporto
afora, Brasil afora. No debate que
se seguiu à fuga, jornalista armado
de ironia bradou em sua coluna:
“Ficou a pátria livre sem que ele (o
contrabandista, bem entendido)
morresse pelo Brasil”. Especula-se que hoje o japonês, que tem
quatro filhos, todos quatro nascidos
no lajeado, é monge tibetano numa
terra de homens coxos nas barbas
do Arzeibaijão.
arte
&
cultura
Arte que nasceu na Espanha e
cresceu carioca
Pilar Domingo expõe um pequeno pedaço de sua grande produção em nova exposição:
“Sombras e Reflexos entre o Sagrado e o Urbano-A vida no DNA dos tempos”
Pilar Domingo é uma artista nascida e criada no meio de arte. Filha
de um grande artista espanhol que
exaltou o Rio e fez carnavais cariocasBenet Domingo(1914-1969), e de
Dona Conchita, hoje com 94 anos,
que sempre foi ligada às artes literárias,
riscos, rabiscos, cores e luzes. Pilar
resistiu bravamente a outros títulos
e crivos e sempre se disse artista.
Professora concursada em Universidades Federais (RJ e MG) deixou a
vida acadêmica, trocando os quadros
negros pelas telas brancas para colorir.
Pilar não se importou com títulos que
enchem de purpurina os grupos de
professores universitários. Doutora
pela Universidade Complutense de
Madri, suas obras estão espalhadas
pela cidade e pelo mundo. Pilar, movida pela arte, reuniu todo o acervo de
seu pai, em uma casa na Urca, onde
vivem três gerações de artistas. Na
Casa Benet Domingo*, num ambiente
de energia acolhedora, se faz arte e se
estimula saber e criação. Além da Pilar,
a casa abriga Pedro Benet, seu irmão,
também grande artista plástico e sua
filha, Maria Matina jovem artista que
aos 25 anos já tem uma produção de
fazer inveja a nomes de expressão no
meio das artes plásticas. A residência
da família foi feita com espaços dedicados à arte e promover eventos
ligados à expressão humana que vão
desde conversas alegres e inteligentes
em volta de uma mesa, até exposições
de artistas convidados, passando pela
poesia, teatro, dança, musica e cursos
que falam á alma e ao corpo.
A partir de 11 de março a artista
estará expondo um pequeno pedaço
de sua grande produção em nova
exposição: “Sombras e Reflexos entre o Sagrado e o Urbano-A vida no
DNA dos tempos”. Helena Cidade
Moura,acadêmica da área de psicologia, portuguesa vivendo no Brasil
desde 1979,comenta: “A pintura de
Pilar Domingo sempre nos proporciona uma nova reflexão e, diante
desta exposição, minha mente parou
hesitante por não saber se seria capaz
de abranger a dimensão de “A vida
no DNA dos tempos”, que, numa
expressão plástica simples e enérgica,
me envolvia completamente.Olhei,
admirei cada obra e, lentamente, a
força, a profundidade, a coerência
das diferentes linguagens plásticas começavam a construir um sentido para
“A vida no DNA dos Tempos”.Fiquei
com a alma e o olhar em silêncio e
em harmonia com o tempo desconhecido. Em cada obra, a matéria com
que Pilar nos transporta ao DNA dos
tempos, as cores da Vida que pulsam
energicamente nos
agarram como parte da própria vida
da obra, sombras
que pairamos entre o sagrado eterno e o quotidiano/
urbano que despimos de passado e
espessura”. Helena
acompanha a obra
de Pilar Domingo
desde os finais dos
anos 70 e ressalta:
“Da força gráfica da
gravura em grandes dimensões
dessa época aos
sucessivos projetos
artísticos, sempre
notáveis pela intensidade, renovação e profundidade
com que são trabalhados e concluídos,
Pilar busca nas matérias e materiais a
expressão da verdade do viver e do
sentir dos seus diálogos interiores com
a Vida, com o Mundo.”
No mês de março os cariocas
podem apreciar o trabalho da artista e
absorver a energia e o imaginário de
seu sangue e cultura catalãs que dão
alma e forma à força, energia, sensibilidade e profundidade que sempre
nos impressionam e questionam na
sua arte.Esta exposição é mais um
presente de impressões e questionamentos e sempre bem-vindos. Os
cariocas agradecem a Pilar.
*Av. São Sebastião, 135 - Urca
Tel.: 8538-1175
41
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R. Major Rubens Vaz, 170
Tel.: 2332-2912
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Shopping da Gávea 1º piso
Tel.: 2540-5500
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R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C
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Visconde de Pirajá, 12, loja D
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Tel.: 2274-9446
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Tel.: 2239-1874
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R. Mq. de São Vicente, 429
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Rua Maria Angélica, 197
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R. Mq.de São Vicente, 19
Tel.: 2274-5448
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Rua Fonte da Saudade, 187
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R. Prof. Manoel Ferreira, 89
Tel.: 2294-2525
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Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
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Tel.: 9481-3147
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Tel.: 2239-8998
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Av. Vice Gov. Rubens Berardo
Tel.: 9601-3565
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Praça Santos Dumont, 140
Tel.: 2530-5856
Banca Speranza
Rua dos Oitis esq. Rua José
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Casa da Táta
R. Prof. Manoel Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
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Rua José Roberto Macedo
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Tel.:3287-7500
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Rua Mq. São Vicente, 441
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Rua Mq. de São Vicente, 90
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Tel.: 2527-1156
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Rua Maria Quitéria, 77
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Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466 – loja D
3173-0890
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Rua Rita Ludolf, 87
Tel.: 2259-0170
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Rua Ataulfo de Paiva, 285
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Rua Gen. Artigas, s/nº
Tel.: 2259-2845
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Rua Gen. Artigas, 114
Tel.: 9256-9509
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Tel.: 2239-9051
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R. Rainha Guilhermina,155
Tel.: 9394-6352
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Tel.: 2294-3797
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Café Hum Leblon
Rua Gen. Venâncio Flores, 300
Tel.: 2512-3714
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Av. Ataulfo de Paiva, 556
Centro Empresarial Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 204
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Av. Ataulfo de Paiva, 135
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Largo dos Guimarães, 143
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