A grande variedade de cervejas especiais no
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A grande variedade de cervejas especiais no
COMES & BEBES A grande variedade de cervejas especiais no mercado SAÚDE & BEM-ESTAR Embarque na onda do Surf Bus Beach Tour ARTE & CULTURA Um roteiro das melhores opções para ouvir jazz no Rio EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO Uma vila de casas simples inspirada na arquitetura de Niemeyer PROMOÇÃO Vá ao Teatro com a FOLHA CARIOCA Inscreva-se em nosso site e concorra a 20 convites com acompanhante para assistir TIM MAIA - VALE TUDO, MÔNICA MUNDI e shows de MPB A FOLHA CARIOCA e o Theatro Net Rio levam você para os espetáculo mais quentes da temporada. Basta se cadastrar no site www.FolhaCarioca. com.br ou em nossa página www. facebook.com/folhacarioca para concorrer. “Tim Maia - Vale tudo, o Musical” é o maior sucesso da temporada nos palcos cariocas. O espetáculo que alçou o ator Tiago Abravanel a condição de grande revelação das artes cênicas em 2012, já ultrapassou a barreira das 300 apresentações, com um elenco superelogiado. Já o musical infantil “Mônica Mundi, uma volta ao mundo com a Turma da Mônica” estreou com grande sucesso e casa lotada. A peça comemora os 50 anos da personagem de Maurício de Souza, e com toda a turma em cena apresenta para a criançada a cultura de diferentes países. Além dos dois espetáculos serão sorteados pares de convites que poderão ser usados em shows da programação do Theatro Net Rio, a serem combinados entre os sorteados e a produção da FOLHA CARIOCA. A extensa programação de shows do Foto: Renan Bacellar Divulgação teatro pode ser vista no site (www.theatronetrio.com.br) e este mês contará com nomes como Amelinha, Dado Villa-Lobos, Rita Ribeiro e Ângela Maria. Serão dois sorteios de convites, o primeiro realizado no dia 20/03 e o segundo no dia 27/03, com 10 convites com acompanhante em cada sorteio. Entre agora em nosso site, cadastre-se e comece a torcer. FOLHA CARIOCA e Theatro Net Rio – uma parceria de muitos sucessos! Divulgação INSCREVA-SE JÁ! WWW.FOLHACARIOCA.COM.BR ou em nossa fanpage www.pommerland.com.br www.facebook.com/FOLHACARIOCA Leia o regulamento completo da promoção no site Realização: sumário sumário colunas & artigos www.folhacarioca.com.br [email protected] 4 Fundadora Regina Luz Conselho Editorial Paulo Wagner (editor executivo) Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo) Vlad Calado Arquimedes Celestino Fred Alves Jornalista responsável Fred Alves (MTbE-26424/RJ) Design e Criação www.Ideiatrip.com.br Projeto gráfico Vlad Calado Foto de capa Fred Pacífico Diagramação e Ilustração Yuri Bigio, Carlos Pereira, Olavo Parpinelli Fotografia Arthur Moura, Fred Pacífico Revisão Marilza Bigio e Carmen Pimentel Colaboradores Alexandre Brandão, Ana Flores, André Leite, Arlanza Crespo, Carmen Pimentel, Fred Alves, Gláucia Pinheiro, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta, Juliana Alves, Lilibeth Cardozo, Marilza Bigio, Oswaldo Miranda, Renato Amado, Sérgio Lima Nascimento , Suzan Hanson, Tamas 06 Arlanza Crespo Quem é Quem 07 Lilibeth Cardozo 08 Ana Flores 10 Samantha Quintans 14 André Leite Gastronomia 28 Carmen Pimentel Língua Portuguesa 30 Bijux in the Box 32 Oswaldo Miranda 33 Gisela Gold 34 Tamas 36 Haron Gamal [email protected] Quem gosta de antiguidades encontra no Rio de Janeiro um verdadeiro garimpo de oportunidades. Em uma cidade que acabou de completar 448 anos de idade e já foi a capital do Império, até os objetos são cheios de histórias. Seja em alguma agradável feira ao ar livre, famosos mercados de pulgas, visitando antiquários, brechós ou mesmo através de leilões pela internet, as oportunidades de aquisição de peças cheias de personalidade e história são preciosas para aqueles que sabem olhar ou gostam de procurar. 22 40 Alexandre Brandão No osso saúde & bem-estar Mídias Sociais Mary Scabora (21) 2253-3879 Garimpando estilo 37 Iaci Malta Desenvolvimento web Bruno Costa Distribuição Gratuita, veja os pontos na página 42 Publicidade Verônica Lima, Angela Bittencourt, Solange Santos capa 12 Bem- vindos ao Surf Bus Beach Tour COMES & BEBES 14 Cozinha criativa Uma publicação: 20 Cervejas www.arquimedesedicoes.com.br Av. Marechal Floriano, 38 / 705 Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20080-007 especiais editorial editorial Fred Pacífico EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO 38 Vila Niemeyer: uma curiosidade arquitetônica em Campo Grande ARTE & CULTURA 38 Um roteiro para curtir Jazz na noite carioca Uma cidade de relicários, carinho e estilo Relíquias são objetos de grande valor por serem raros, antigos e revelarem estilos de épocas. Mas quem faz o valor é que assim entende cada peça. A Folha Carioca foi garimpar pela cidade lugares que vendem peças cobiçadas por pessoas que buscam o estilo, passados que falam aos corações ou peças com histórias de uma época. A cidade é uma caixinha de coleções e colecionadores, um grande relicário. Nesta edição mostramos que as riquezas estão nos significados para cada pessoa que compra e adora buscar utilidades antigas ou tão somente estilos. No comércio, nas feiras, garagens, etc., o carioca faz uma viagem a épocas do Rio e os jovens consumidores animam os comerciantes. A Folha Carioca, uma publicação com 12 anos de vida circulando na zona sul, já é relíquia para os que prestam atenção àqueles que dão abrigo à história da cidade. Fieis a nossos princípios editoriais, de sermos leves e afetuosos, o leitor vai encontrar nos textos desta edição muito carinho com o povo carioca, seu jeito de ser “descolado”, mas sensível e amoroso. Iaci Malta escreve sobre a inclusão dos chamados “diferentes” nas escolas. O texto da Iaci é experiência de vida, maturidade e sobretudo amor. Samantha Quintans conta uma experiência de trabalho cheia de encantos e troca de sentimentos quando organizou coleções de uma casa junto com a dona da história. É o estilo alegre e amoroso da Samantha, que organiza dando leveza e harmonia ás relíquias das vidas de seus clientes. André Leite , escrevendo sobre gastronomia, coloca em seu texto o mais agradável dos ingredientes: sensações! Oswaldo Miranda, nosso representante maior do jornalismo, incansável na arte de perceber, é uma homenagem à vida e ao trabalho. Com mais de 90 anos, faz a Folha Carioca ficar mais leve e divertida. Biju achou uma relíquia lá em Campo Grande e nos mostra uma casa com arquitetura inspirada no Palácio da Alvorada. Pronto: um carinho enorme com Niemeyer! Alexandre Brandão, nosso querido colaborador, diverte a todos com sua literatura de qualidade. Alexandre é sempre delicado, mesmo quando os assuntos são polêmicos. Tem poesia na página do Tamas, tem leitura de qualidade feita pelo Haron para orientar leitores; texto sempre perolados de carinho por Gisela Gold. Tem sempre mais e mais carinho na Folha Carioca. Leia , divirta-se e acaricie sua cidade numa revista cheia de carioquismo carinhoso. É ou não é uma relíquia? 5 A rlanza Crespo | QUEM É QUEM [email protected] "Família que se retira vende..." Os sexagenários,como eu,hão de lembrar de um anúncio comum nos classificados, que dizia "família que se retira vende...". Eu ia sempre com meu pai, acabei me viciando em comprar coisas de segunda mão e continuo frequentando leilões até hoje.Nunca mais vi esse tipo de anúncio,pensei até que tivesse acabado,até que conheci a Beth. 6 Beth Borges é carioca, tem 64 anos, três filhos e quatro netos. Mora no Jardim Botânico, onde tem sua venda em garagem há 20 anos. Bibliotecária de formação (trabalhou 25 anos na UFRJ e também no laboratório Roche), acabou tendo que mudar sua vida por causa de falecimento de marido e mudanças econômicas no país. Ao vender sua casa de praia e sua casa na Serra viu-se diante de um problema: onde levar o recheio das duas casas? Acabou indo tudo para a casa onde ela mora até hoje,no Jardim Botânico. Lembra que às 11 horas da noite ainda tinha sobrado um piano. Surgia então a "Venda em Garagem". Beth já era conhecida no bairro por causa do seu pai que era farmacêutico." Eu era a filha do seu Pedro da farmácia,e com isso herdei a clientela dele,de três gerações.Deus sabe o que faz,a gente é que não entende!" Com a garagem superlotada abriu seu negócio no dia 12 de outubro, dia de N. Sra. Aparecida,que a protegeu e protege até hoje.Logo no dia da inauguração chegou um jornalista da Revista de Domingo, do Jornal do Brasil, para fazer uma matéria.O resultado foi uma loucura!Quem estava dentro não saía, quem estava fora não entrava! Um dia, em 1995,uma amiga lhe perguntou: "vendi o apartamento do meu avô, posso trazer as coisas pra cá?"Mas a Beth não tinha espaço.Foi quando ela lembrou do velho anúncio"família que se retira vende...",foi até o apartamento e fez a venda lá mesmo.Deu certo.Outras amigas pediram a mesma coisa,os pedidos foram aumentando, Beth chamou os filhos para ajudá-la e pronto, estão fazendo esse tipo de venda em residência até hoje. Beth encontrou a solução para um problema que muitos de nós vamos passar um dia. Imagina herdar um imóvel recheado de objetos comuns e tendo que alugá-lo para pagar o condomínio, IPTU, taxas ou mais o que seja enquanto não se resolve o inventário? Só que para alugá-lo você tem que esvaziá-lo correndo, mas não quer jogar as coisas fora, porque mal ou bem valem um dinheirinho. É aí que a Beth entra. Ela conversa com os herdeiros, faz o levantamento das peças, fotografa, marca a data, manda o convite para os clientes cadastrados (e isso é muito importante) e vende tudo num só dia. O trabalho da Beth é tão organizado que tem uma fila de apartamentos esperando para serem agendados. Atualmente ela faz de duas a três vendas por semana,e quem quiser ir é só se cadastrar. Cadastrado, você recebe o convite por e-mail,com endereço, fotos e preços das peças que estão à venda. Então é só comparecer no dia marcado,pegar a senha,entrar na fila,esperar a equipe abrir a porta e pronto... Tenho que certeza que você vai ficar freguês! E clientes um dia, quem sabe? l ilibeth cardozo [email protected] O que é ser humano? Ando meio tonta com esta pergunta. Navego na internet, frequento as redes sociais, converso, observo, sou bisbilhoteira, polêmica e mais um monte de coisas. Até prova em contrário, sou um ser humano e adoro gente. Atualmente ando bem perto de uma mulher que está preparando outra pessoa, outro ser humano. No útero da minha filha movimenta-se meu futuro neto, outro ser humano no mundo. Pra enfeitar mais um pouco um colar de alegrias, tem mais um ser humano crescendo no útero da minha nora. Avó duas vezes! Seres humanos, desde que a humanidade existe, são feitos assim! E o mundo tem bilhões de seres humanos. Mas, anda parecendo que essa coisa de ser humano, está meio fora de moda. Eu aprendi que seres humanos são feios ou bonitos, altos ou baixos, gordos ou magros, distintos tanto física como emocionalmente. Humanos são passíveis de erros, fazem maravilhas, fazem coisas horríveis, pensam, sentem , inventam , constroem e destroem. Têm inteligência, falam , argumentam,protestam , aplaudem, se desenvolvem , são estimulados, sorriem, choram, comem, defecam, ficam doentes, erram e acertam. Seres humanos, no mundo todo, nascem, crescem e morrem. Minhas questões com o que chamamos de seres humanos já datam de muitos anos. Quando eu andava por aí, pelo país, trabalhando com pesquisas sociais, fui muito além dos meus livros, dos ensinamentos acadêmicos: conheci muita gente diferente. Uma delícia de viver conhecendo seres humanos, ver e ouvir grandes revelações quando falavam de suas vidas. Comecei a ser socióloga de verdade, quando fui pro campo. Eu costumava dizer a alguns colegas de formação, estimulando-os a conhecerem os seres humanos: “parem de ler orelha de livro, saiam da praia de Ipanema e vamos conhecer este país”. Agora, já bastante vivida, ando questionando muito o que nos diferencia dos outros seres do mundo animal. Humanos de hoje, felizmente com muitas exceções, se refazem fisicamente em cirurgias estéticas, querem eternizar a juventude, banalizam emoções e não admitem tristezas. Sobre ser humano, existe, por exemplo, uma moda, que custa muito caro: a do parto que chamam de “humanizado”. Ué, mas parir não é humano? No Brasil , na classe média, parir é coisa de bicho. Dentre nossos recordes, dois deles chamam a atenção do mundo: taxas de cesarianas e cirurgias plásticas estéticas. Parir naturalmente virou coisa chique, que custa caro! (Tem médico que cobra R$ 25.000,00 para assistir um parto normal.) Humanizar não devia ser verbo, pois não foi Deus que humanizou parte dos animais? Outro exemplo de desumanização é a tristeza- no popular, “estar na fossa”, “de bode”, de luto, sofrendo muito. Não pode. Ser risonho, alegre, feliz (mesmo que seja fingimento) é que é o normal. Se for tristeza por doença, então, Virgem Maria, é execrado pelos felizes e saudáveis de plantão! Luto ? Tem prazo e o prazo é dos outros! E o exagero com os animais domésticos? Será que alguém acha sensato alguém dizer que prefere cachorros às pessoas, aos humanos? Êta, loucura! Quanta covardia! Gostar de animais é humano,mas, daí a preferir cachorrinhos e gatos a seres humanos é um pouco demais, né não?Alguém que prefere cachorros aos humanos vê criança colocar o rabinho entre as pernas e ficar quietinha quando o pai diz: “vai pro seu quarto”, como se diz pro cachorrinho “vai pro canil”? Alguém já viu cachorrinho argumen- tando, discutindo ideias, confrontando ordens com sólidos discursos que dão muito trabalho e geram novas ideias, feitos, realizações para a humanidade? E as inovações tecnológicas? Que coisa mais desumana excluir os não “digitais” ou dar uma tela pra distrair um bebê! Ainda tem outras, muito sérias, como, por exemplo, envelhecer! Parece que não é mais humano ficar velho! De que adianta tanto avanço científico, ciência médica inovando, se velho é feio e é estorvo na vida das pessoas? A longevidade é um fato e o que é o ser humano velho no mundo de hoje? Famílias que têm velhinhos em casa reclamam o tempo todo, ou, se não reclamam, falam sempre do “trabalho que dá”. Que saco! Já ouvi até gente dizendo que o ator que se matou recentemente, fez muito bem, pois “ia ficar dando trabalho aos outros”. Dizem os vigilantes da vida : “quando eu ficar velho, me coloquem num asilo!”. Credo, isso é ser humano? O mundo é só dos belos, jovens, excelentes em tecnologia, orgulhosos de seus cachorrinhos, plastificados para serem esculturais, sem dor, sem doenças, sem tristezas, sem lutos? Quem é ser humano no mundo moderno? Quero nascer de novo e quero nascer humana. Será que dá?! 7 A na flores [email protected] Alguém viu por aí? 8 Primeiro, estranhei a overdose do verbo “colocar”, um verdadeiro curinga da língua portuguesa nos dias atuais. Não se põem mais os pingos nos ii, não se tampam as panelas, não se veste a camisa nem se calça a sandália, não se acrescenta o azeite à salada, não se adiciona um telefone à agenda do celular nem se guarda o dito cujo na mochila. E muito menos se publica uma notícia no jornal nem se apresenta uma opinião, porque agora tudo se coloca. Experimente acompanhar uma receita na TV ou dicas de maquiagem, de decoração, assista a conversas sobre cinema, futebol ou literatura servo-croata e poderá confirmar: o verbo colocar está lá, onipresente nas 11 posições. Depois, procurei nos noticiários de rádio e TV sinônimos para “complicado”. Em vão. A decisão polêmica, a situação delicada, o tráfego confuso, o problema difícil, a luta dramática dos moradores do município X a cada tempestade de verão, as trágicas consequências da omissão oficial em todos os setores... Nada disso, cara pálida. Por incrível que pareça, embora as situações sejam de importância e intensidade diferentes, liquidificaram todos esses adjetivos num só: agora, tudo é complicado... Resolvi, então, tentar saber por onde anda a preposição “a” em certas construções, já que volta e meia alguém diz que “O resultado do exame está pronto daqui 3 dias - ou daqui 2 semanas ou daqui 1 hora” (A expressão usual não era “daqui a”?); ou “Comecei fazer as provas ao meio-dia” (antigamente não se dizia “Comecei a fazer”?); ou “O gerente já respondeu seu e-mail?” (Nossa, como sou antiga, no meu tempo a pergunta seria se o gerente já respondeu ao seu e-mail). Enfim, não sei se penso “Ah, deixa pra lá”, isso acontece com línguas vivas, elas vão se modificando conforme o uso etc. ou se continuo comentando sobre esse sequestro generalizado de palavras do nosso idioma, nem que seja para ver se ainda estou, mesmo, falando Português ou se inventei outro para meu uso particular. Mas natural ou não, tudo indica que o vocabulário vigente dos brasileiros anda bem escasso e a relação entre eles e sua Língua, bem complicada, oops, bem precária. SAÚDE & BEm-ESTAR Publieditorial Estresse, VIVA! Chegar em casa cansado depois de um dia de trabalho, tendo enfrentado um trânsito congestionado, uma longa fila no banco ou um chefe de personalidade “difícil” é normal. Um certo desconforto faz parte da vida e nos permite apreciar os momentos agradáveis que nos ajudam a recompor as energias. Geralmente, um bom filme e uma noite de sono reparador bastam para deixar-nos em forma para o dia seguinte. Mas, o que para uns são “as pedras do caminho”, para outros, são “abismos intransponíveis”. Quando já acordamos sem disposição ou energia, sentindo-nos exaustos, irritamo-nos facilmente com tudo e com todos e consideramos sempre a possibilidade de “jogar tudo para o alto”, o diagnóstico pode ser outro: estresse! O que essa palavra caracteriza é um mecanismo fisiológico do organismo, basicamente, a liberação de uma série de mediadores químicos (entre eles a adrenalina), muito úteis aos nossos antepassados primitivos, para ajudá-los a enfrentar um perigo súbito, como por exemplo, o ataque de uma fera. Consciente ou não, desejando ou não, e por força do hábito ou da programação genética, ainda é comum para nós, os humanos modernos, procurarmos estímulos na vida. Por isso, alguns pulam de asa delta, outros têm filhos, andam de moto, acumulam funções, enfim, cada um encontra uma maneira de se desafiar e sentir aquele “friozinho” na barriga. No entanto, o tipo de estímulo, a continuidade e a impossibilidade de dosá-lo podem transformar este prazer em um sofrimento. Longos períodos de sofrimento podem afetar nosso organismo profundamente e podemos apresentar alguns sinais e sintomas como cansaço, aumento da pressão arterial, crises de angina, dores musculares, algumas infecções, ansiedade, depressão, alterações na pele etc. Podendo até ser o gatilho que faltava para o surgimento de doenças que até então estavam silenciosas. O que podemos fazer então? A primeira coisa é perceber se estamos ou não estressados. Às vezes, a angústia que sentimos é momentânea, apenas uma etapa para se alcançar um objetivo. Uma vez resolvido o assunto, superamos o mal-estar e tudo está ótimo novamente. Mas, se a situação for permanente, é necessário identificar as causas do estresse e se é possível afastá-las. Se não, é preciso criar mecanismos para amenizá-lo. Isso é bem fácil, basta cultivar as amizades, desenvolver hobbies, praticar seu esporte predileto, respirar bem, trabalhar no que gosta, ter momentos de pausa, trabalhar a espiritualidade, dar muitas gargalhadas, se alimentar com calma e adequadamente. Além de ter muitas horas de sono diário. Por favor, nada de pânico! O projeto “desestressar” pode e deve ser bem mais simples. O sucesso está em priorizar, separando um tempinho, todos os dias, para se cuidar e ter esse momento como prioridade. Isto pode ajudar a refletir sobre o restante do nosso dia e organizá-lo melhor. E para preencher bem esse tempinho a atividade física é uma grande aliada: 150 minutos de atividade física moderada por semana (ou 75 minutos de atividade física intensa por semana) é o que se recomenda para manter uma boa saúde e prevenir doenças. E, para aqueles que se estressam só em pensar em se mexer, entre as vantagens da vida numa grande metrópole está uma infinita oferta de opções para se cuidar da saúde do corpo. Encontre a que se adequa melhor ao seu estilo e sua mente também descansará. O que não pode é se automedicar. Quando chegamos ao ponto de procurar alívio no álcool, nos tranquilizantes, no fumo, no abuso da comida, nos antiinflamatórios e analgésicos, é porque não estamos conseguindo controlar sozinhos os níveis de estresse. Nesse caso, o mais indicado é procurar ajuda profissional. O fato é que problemas teremos sempre, nos mais variados graus. O que fará diferença é como estamos preparados para administrá-los e como podemos, até mesmo, nos divertir com eles. Os problemas têm solução. Às vezes não é a solução ideal, a que gostaríamos de alcançar, mas é a que podemos conseguir. E, se não pudermos ter um distanciamento para enxergar o ângulo mais amplo da situação, será mais difícil tirar proveito dos desafios que o estresse pode trazer. Afinal, ele mobiliza, impulsiona, modifica! Embora, a cada dia, a ciência nos ajude a entender melhor o que se passa, desvendando mais detalhes do nosso funcionamento, o que podemos fazer já é buscar o equilíbrio individual, usar todo o nosso potencial para viver o estresse de maneira positiva e poder dizer: VIVA, mais uma oportunidade para mudar! EMERGÊNCIA Tel.:2529-4505 Dr. Ralph Strattner é médico clínico geral e geriatra da Clínica São Vicente. GERAL Tel.:2529-4422 9 SAÚDE & BEm-ESTAR TUDONOVODENOVO BB, minha estrela Samantha Quintans* 10 Sou personal organizer: auxílio luxuoso para organização e harmonização da casa ou parte dela. A profissão que escolhi diz muito sobre minha personalidade: não gosto de tarefas rotineiras ou longas, realizar novos e diversos projetos me excitam e as pessoas de modo geral me inspiram. Mergulho na intimidade das famílias, transformo os ambientes onde vivem e ajudo no descarte de excessos. Como princípio, valorizo a história de cada um e respeito suas casas como a um templo. Quase sempre percebo que esse processo beneficia não só ao externo, mas principalmente ajuda as pessoas a enxergarem o que vai dentro de suas almas, cuidando também das tais “gavetinhas internas”. Claro que toda essa troca deixa marcas em mim, termino cada projeto enriquecida de novos hábitos, adquiro cultura, além de receber a gratificante recompensa de ajudar a reconstruir o porto seguro de cada um. Alguns desses laços, com o tempo, é natural que se desfaçam, outros, porém, não dão sinais de desgaste, transformam-se em amizade e admiração mútuas. Esse foi o caso de BB, minha estrela. O "mundo" de BB é recheado de arte, fantasia, raridade e beleza. Em meu último projeto, tive o privilégio de conhecer sua rica, perturbadora, amável e instigante personalidade. Foram quinze dias extasiada, transportada para sua casa e vida, atenta aos detalhes de cada objeto, curiosa sobre suas origens e sobre tudo fas- estilista, mãe, avó, colecionadora, amante das plantas e flores encontrava-se sufocada e perdida em meio a sua própria história. Sem saber por onde começar, buscou ajuda profissional para organizar e usufruir de seus tesouros. E aí, por um capricho do destino que fez de nós vizinhas, fui contratada e ainda cinada pela arte eternizada em suas telas que transbordam seus conceitos e sentimentos. A frente de seu tempo, BB, mulher revolucionária, pintora, vivo essa insólita aventura de trabalho. Nos descobrimos amantes do México e como não poderia deixar de ser, admiradoras da arte e fibra de Frida Kahlo, a quem rendemos as nossas mais sinceras homenagens. Juntas redecoramos a casa, arrumamos armários, arrastamos móveis, penduramos quadros, reviramos baús, gargalhamos e conversamos sobre filhos, amantes, direitos, deveres, alegrias e frustrações. A cada dia suas roupas coloridas, infinitas pulseiras, colares e chapéus consumiam mais e mais a minha atenção, modificando meu olhar sobre a vida que vivo hoje e a que pretendo viver futuramente. À medida em que encontrávamos lugar para as coisas e organizávamos o seu dia a dia, BB recuperou ânimo, saúde e patrimônio! O título desse texto externa a minha admiração. BB tornou-se minha estrela para além do brilho que toda estrela possui. BB guia, inspira, influencia. Atuar como organizadora em sua casa aguçou minha pré-disposição em aproximar-me do ser humano, sentir sua força e fragilidade. Misturar as aspirações do outro às minhas enriquece a ideia de que tudo pode ser novo de novo, basta desejar e colocar as mãos na massa. *Samantha Quintans é personal organizer [email protected] SAÚDE & BEm-ESTAR 11 SAÚDE & BEm-ESTAR Surfe sobre rodas Surf Bus Beach Tour percorre toda a orla carioca levando amantes das ondas até a Reserva, Macumba e Prainha TEXTO_JULIANA ALVES FOTOS_ARTHUR 12 MOURA Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, todas estas praias fazem parte da lista de destinos mais procurados pelos que estão no Rio de Janeiro. Além da beleza, a proximidade dos centros hoteleiros e o fácil acesso justificam a popularidade. E quando a vontade for dar “aquela esticada” até uma praia mais distante? Para isso, apresentamos aqui (para quem ainda não conhece) o Surf Bus Beach Tour, um veículo versátil com itinerário especial: do Largo do Machado até o Mirante da Prainha por toda a orla carioca. Desde 2002, Antônio Carlos Guanabara, empresário e idealizador do projeto, mantém o Surf Bus como uma alternativa prática e segura para milhares de pessoas desfrutarem as águas das praias da capital. Amante da natureza e praticante de surf e voo livre, Guanabara desenvolveu a ideia de acordo com a necessidade da própria cidade. “Percebi que nem no Rio, nem em qualquer outro lugar do mundo tinha algo parecido para atender moradores, turistas e amantes dos esportes do mar. Florianópolis e Salvador são exemplos de locais que também têm potencial para receber o projeto. Quero trabalhar com empresários e as Secretarias de Esporte e Lazer, Educação, Meio Ambiente e Turismo desses lugares para expandir o Surf Bus”. Serviço diferenciado Rafael Henrique Schoch Vianna, trilíngue, pós-graduado em marketing e relações públicas do coletivo, está no projeto desde a sua fundação. Ainda que esteja um pouco longe da prática do surf devido à sua atribulada rotina, ele adora estar sempre próximo ao mar e interagir com os passageiros. “As pessoas telefonam a fim de marcar pontos de encontro ao longo da orla e também para saber as condições das ondas. Uma das nossas câmeras de segurança capta imagens das praias e estamos com um projeto para transmitir ao vivo, pela internet, o nosso percurso. Isso vai possibilitar consultas em tempo real”, empolga-se o RP. E é isso mesmo: por telefone, é possível marcar o ponto de embarque e desembarque; praticamente um táxi! Atualmente, o ônibus possui 36 lugares, televisão com sinal digital, caixas de som, frigobar com bebidas light para consumo e duas câmeras de segurança. Os equipamentos dos usuários também viajam confortavelmente em meio às adaptações almofadadas e tensores longos capazes de comportar 60 pranchas de surf, além das de body board, longboard, equipamentos para a prática de kitesurf e stand up surf. Motivação vem dos bons resultados A Oi Celular patrocinou o projeto por sete anos e, desde 2011, a Petrobrás é quem está com o Surf Bus. A adesivagem é recente e a identidade visual é anualmente alterada a fim de causar um impacto diferente sempre. Em 2007, o empresário concretizou parcerias com o Centro de Educação Ambiental Marapendi (CEA Marapendi) e as Secretarias do Meio Ambiente e da Educação que resultaram no projeto Surf Bus Ambiental. Todas as segundas-feiras, estudantes de colégios públicos e particulares viajam no ônibus com biólogos ministrando palestras que mostram os problemas ambientais da orla e as possíveis soluções para preservar a natureza. Alguns profissionais premiados do surf também passaram pela história do coletivo. “É muito bom poder ajudar atletas com poucos recursos. O surfista Simão Romão, por exemplo, começou a utilizar o ônibus desde garoto para treinar em ondas diferenciadas. Ele é um dos que merecem destaque por se tornar um atleta brasileiro campeão nacional e internacional da categoria contando com o nosso apoio. Queremos expandir o projeto para a Zona Norte devido ao grande número de solicitações: são quase três mil pranchas guardadas no Recreio”, afirma o empresário. Boas ideias devem ser multiplicadas. Confira. Surf Bus Beach Tour Antônio Carlos Guanabara, empresário e idealizador do projeto Tel.: 9799-5039/ 3546-1860 Tarifa: R$ 5,00 - Horários de saída (Largo do Machado): 07h, 10h, 13h, 16h. (Mirante da Prainha) 08h30, 11h30, 14h30, 17h30 A ndré leite | gastronomia [email protected] Cozinha criativa É comum um chef estar em algum evento social e virem pedir uma receita, uma dica de restaurante ou até para esclarecer dúvidas gastronômicas. Nesse aspecto, somos parecidos com médicos, pois a profissão está tão fortemente ligada à personalidade que cria essa sensação de disponibilidade aos outros. Tudo bem, ossos do ofício! 14 Recentemente fui inquirido, numa situação dessas, sobre um termo muito utilizado nos últimos tempos: cozinha contemporânea. Assim como todas as pessoas que já vi comentando o assunto, elaborei uma resposta cheia de reticências e termos incertos para tentar resumir uma ideia muito complexa e nova. Imagino que o interlocutor tenha ficado satisfeito, visto que não voltou a falar comigo sobre o assunto. Na mesma semana, numa dessas incríveis coincidências da vida, jantei em um genuíno restaurante dessa especialidade. Ao final da degustação o tal conceito ficou tão bem explicado para mim que precisei aproveitar para escrever a coluna dessa edição. E tentar me redimir daquela resposta nebulosa. Sem cair naquele obvio desfile de comidas asiáticas com ingre- dientes ocidentais caros, a refeição era ao mesmo tempo multicultural e claramente de terroir espanhol. Os ingredientes eram de excelente qualidade, no entanto não se tratava ali de gêneros não convencionais ou exóticos. As técnicas clássicas e modernas conviviam de forma muito elegante, todas executadas com perfeição. Inclusive um saudável distanciamento da gastronomia Molecular podia ser notado. Nos itens do menu degustação que provei havia espumas, emulsões e cocção a baixa temperatura, mas nada afetado, cada técnica era meramente uma forma de obter determinado resultado. Foi uma refeição realmente muito boa. Da forma como entendo, a questão central desse tema passa pela liberdade de poder usar a criatividade e a inovação! As grandes aglomerações humanas espalhadas pelo planeta es- tão cada vez mais parecidas, e trocando informações, mixando as culturas. Assim a forma como comemos fica cada vez mais cosmopolita. Por isso o inusitado é importante. Servir ingredientes caros, trazidos dos confins do mundo, e meramente misturados já não é garantia de sucesso. É monótono e fora de moda! As harmonizações mais satisfatórias emergem de estudos das culturas que utilizam essas iguarias. Mas talvez nossos descendentes venham a lembrar desse período como uma verdadeira revolução na maneira como utilizamos nossos sentidos na gastronomia. As experiências agora estão muito complexas, envolvendo não apenas contrastes de sabor, mas também combinações sensoriais, provocando verdadeiras apoteoses. Não basta que o comensal sinta os maravilhosos sabores de uma preparação, é desejável que texturas, temperaturas, e outras sensações sejam regidas como numa sinfonia, emocionando de uma forma mais completa. Alguma outra pergunta? Até a próxima! 15 G ASTRONOMIA CARIOCA 16 17 G ASTRONOMIA CARIOCA "Ilustres desconhecidas" Muito se fala sobre vinhos feitos com as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir entre outras. Apesar de estarem entre as mais conhecidas, vale lembrar que existem mais de 3.000 tipos de uvas espalhadas ao redor do mundo, sendo mais de 3/4 delas próprias para a produção de vinhos. Nesta edição vou falar de alguns vinhos elaborados com uvas pouco conhecidas, até mesmo por quem bebe vinho com certa frequência. A Vinícola Valduero, locaizada na região espanhola Ribera del Duero, produz o único vinho no mundo feito 100% com a uva branca espanhola Albillo. Com característica que mistura notas minerais e florais, é extremamente refrescante e elegante. A safra atual é a 2010 e custa cerca de R$ 60,00. Outra vinícola espanhola, a Medievo, produz o MDV com a uva tinta Graciano, na região de La Rioja, que encanta pela sutileza. Apesar deste vinho estagiar por 36 meses em barricas de carvalho francês, é bem "ma- 18 Anuncie no guia G ASTRONOMIA CARIOCA (21) 2253-3879 [email protected] cio" na boca, com notas de frutas negras e chocolate. A safra vigente é a 2007 e o preço gira em torno de R$ 70,00. Na região italiana Puglia, localiza-se a vinícola A-Mano, que produz o Gambero Rosso com a uva Negroamaro, muito conhecida na Itália. Equilibrado e de sabor persistente, este belo tinto apresenta aromas de cereja e pimenta. Na boca, é delicado e tem final longo. A safra 2010 custa, em média, R$ 50,00. Portanto, fica a dica: Amplie a sua gama de opções conhecendo vinhos feitos com uvas diferentes. Até a próxima! León Harte é sommelier consultor do Bistrô Villarino, Cafecito, Espírito Santa e do site InfoVINHO.com. 19 Comes & bebes Cervejas especiais TEXTO_ RICARDO LINDGREN 20 Tem sido bastante divulgado o impressionante crescimento do consumo da cerveja em todo o mundo. O Brasil não foge a à regra, e acompanha, nesta última década, o que aconteceu na Grã-Bretanha nos anos 70, e nos Estados Unidos, nos anos 90. De acordo com o Ministério da Agricultura, tanto a produção quanto a importação continuam quebrando recordes, e somos o 4° maior produtor mundial, na atualidade. Além das grandes marcas, temos perto de 1400 pequenas e médias cervejarias, espalhadas pelo território nacional, algumas produzindo excelentes cervejas. Completando o quadro da demanda, a importação cresceu 13 vezes, se medida em litros. As cervejas claras de linha seguem respondendo pela preferência do grande público brasileiro. Contudo, nos últimos anos, as cervejas especiais, artesanais ou não, vêm ganhando grande espaço entre os apreciadores do produto, e até mesmo invadindo o terreno dos vinhos e bebidas destiladas. O número de rótulos, nacionais e importados, triplicou nas prateleiras dos supermercados, bares, e restaurantes. Surgiram lojas especializadas e franquias dedicadas à cerveja. O aumento do poder aquisitivo da população explica, em parte, esse fenômeno, mas há outro motivo, de natureza comportamental. A MUDANÇA DE HÁBITOS – A cerveja padrão costuma ser a porta de entrada para os jovens que atingem a idade legal para beber, mas independente da idade, o grande público con- tinua bebendo as “louras geladas”, nos bares e botequins do mundo inteiro. Chega, contudo, uma hora em que o paladar clama por desafios! As gerações passadas não tinham, quando jovens, cervejas tão ricas quanto as de hoje, e acabaram migrando para o vinho e os destilados. Já os jovens de hoje, podem escolher, nas extensas cartas, a cerveja que melhor atende ao seu apelo. Fato é que todos, a despeito das gerações, têm demonstrado interesse crescente pelas cervejas especiais. AS ESCOLAS CERVEJEIRAS – São três, por definição: a ALEMÃ, a BELGA, e a INGLESA. A Escola ALEMÃ é rigorosa, tem muitos adeptos, e o perfil dos seus bebedores é conservador. A conhecida Lei da Pureza não desestimula a criatividade, mas entende que tudo deve ser feito em respeito aos ingredientes básicos: água, malte, lúpulo, e levedura. A Escola BELGA é inovadora e liberal. Além dos fiéis seguidores, vem arrastando multidões de apaixonados, ávidos por novas experiências. A Escola INGLESA é um meio termo entre a conservadora alemã e a eclética belga. Comporta tanto estilos robustos, quanto os de alta drinkabilidade. Costuma ser deixada por último no processo de descobrimento, mas depois, torna-se difícil abandonar os prazeres por ela proporcionados. A Escola NORTE-AMERICANA, não é reconhecida oficialmente, mas tem muitos entusiastas. Revogada a proibição da fabricação da cerveja artesanal, em 1978, por Jimmy Carter, os EUA deram inicio a uma revolução que os coloca entre os maiores produtores de cerveja do mundo. São mais de 2500 microcervejarias, e a inovação é a marca registrada dessa nova escola. O boom das cervejas especiais é uma consequência dessa revolução, em que se destaca o nome de Fritz Maytag, pai das modernas microcervejarias norte- -americanas. SUGESTÕES PARA UM BOM COMEÇO – Muita gente pode pensar que uma cerveja especial não é uma boa escolha para um bebedor iniciante, pois além das características complexas, elas são mais caras. Não é bem assim, mas, antes de bebê-las, os especialistas sugerem que os consumidores dispam-se de preconceitos e expectativas de sabor, aroma, e coloração. Nada de paradigmas! As cervejas podem ser classificadas em três grupos, de acordo com o processo de fermentação: LAGERS, ALES, e LAMBICS. As LAGER são as mais consumidas em todo o mundo. Sua levedura é de baixa fermentação, que ocorre em baixas temperaturas, e assim deve ser servida. Suas variações mais conhecidas são: As PILSNERS, as mais populares. A Colorado Cauim, por exemplo, é clara, semelhante às pilsners de linha, porém mais intensa em aroma e sabor. Guilherme e Ticiana recepcionam Sebastian, um amigo alemão, com as cervejas brasileiras. Produzida com malte holandês, e lúpulo tcheco, tem um toque brasileiro na fermentação com mandioca. As AMBER LAGERS são avermelhadas dos tipos Vienna e Märzen (Samuel Adams, Mistura Clássica Amber, Bamberg München). As DARK LAGERS comprovam que cervejas escuras não são necessariamente doces. Temos as levemente frutadas e amargas como a Dark American Lager (Bohemia Escura), as cremosas Munich Dunkel com sabores toffe ou nozes (Weltenburger Kloster Barock-Dunkel), ou as Schwarzbiers, negras, lembrando chocolate ou café (Bamberg Schwarzbier). As MUNICH HELLES são tradicionais de Munique. Sua cor vai do amarelo médio, ao ouro claro, límpida, mas diferente da Pilsner, parecendo mais com a Munich Dunkel. Tem sabores de cereais e malte pilsen predominantes. Não é doce, e seu amargor é baixo, com pequenas variações (Weihenstephaner Original, Hofbrau Original, e Mistura Clássica Blues Etílicos Helles Bier). As RAUCHBIERS utilizam malte defumado (A Bamberg Rauchbier, é a nacional mais premiada). As BOCK LAGERS fecham este grupo. São mais alcoólicas e adocicadas que suas irmãs. Apresentadas na forma branda - Tradicional (Kaiser Bock) - ou mais forte - Doppelbock (Paulaner Salvator). As Cervejas ALE formam o grupo de maior variedade. Quase sempre mais alcoólicas e aromáticas que as lagers. A fermentação da levedura ocorre com temperatura mais elevada, conferindo sabor frutado devido aos ésteres. Sugere-se começar com uma cerveja menos amarga, lembrando ervas e frutas frescas, e não tão cara (Leffe ou Floreffe). As variações mais conhecidas são: PALE ALES: Boa drinkabilidade e aroma mais instigante que a maioria das lagers (Eisenbahn Pale Ale, Coopers Pale Ale). BROWN ALES: Um meio termo entre as Pale Ales e as Porters, apresentam um leve tostado do malte acompanhado de boa drinkabilidade (Brooklin Brown Ale, Newcastle Brown Ale, Devassa Negra). INDIA PALE ALES: A referência são os fortes amargos (Brew Dog Punk IPA, Invicta Velhas Virgens e Colorado Indica. Para amargos extremos, a Imperial India Pale Ale (Brew Dog Hardcore IPA). GOLDEN STRONG BELGIUM ALES: Mais alcoólicas, douradas, com malte e aromas intensos (Duvel, Dellirium Tremens, Lucifer). TRIPEL: Popular estilo belga de origem trapista. Apresenta o triplo de malte na fermentação, propicia teores alcoólicos de até 11, e um creme denso e aromático. (Westmale Tripel, Chimay Tripel, St. Feuillien Tripel). DUBBEL: Escuras, teor alcoólico entre 6% e 8%, alternando o doce e o amargo de forma discreta, corpo pesado, frutado pronunciado (Westmalle Dubbel e a brasileira Wäls Dubbel). DARK STRONG BELGIUM ALES: Como o nome diz, são escuras, muito ricas, frutadas e complexas. Um desafio para iniciantes e até mesmo para os mais experientes. Têm teor alcoólico elevado (Rochefort 10, Gouden Carolus, Chimay Blue, Gulden Draak). PORTERS: O termo inglês se refere aos trabalhadores do porto. É um estilo de muito corpo e de malte torrado lembrando café (Fuller´s London Porter, a russa Baltika 6 e a nacional Colorado Demoiselle, que incluiu café na sua fórmula). STOUTS: Sucessoras das Porters, robustas, com sabores secos que lembram o café (Guiness, Murphys, Rogue Shakespeare Stout, Baden Baden Stout). BARLEY WINE: Também conhecida como vinho de cevada (Brooklin Monster Ale, Old Tom Strong Ale, Anchor Old Foghorn). Encerrando, vamos às Ales feitas com acréscimo de malte de trigo: WEISSBIERS: Claras ou escuras, não costumam ser filtradas e daí a sua aparência turva. Têm grande densidade e aromas frutados de banana e canela (Weihenstephaner Hefe, Colorado Appia). WITBIER: Ou Bière Blanche é outra opção também turva e refrescante, mais suave que a Weissbier, que com acréscimo de sementes de coentro e casca de laranja apresentam um aroma Cevejas Lager Cevejas Ale Cevejas Lambic rico e instigante (Hoegaarden, Blanche de Bruxelles, Colomba). As Cervejas LAMBIC pertencem a um grupo muito particular. Diferente da Ale e da Larger, sua fermentação é espontânea. Seus componentes têm alguma acidez, azedo, e uma certa salinidade, bem como um aroma “animal”. A Lambic provéem de uma tradição de séculos. Pela sua raridade, excentriciade, e sabor exótico, são muito procuradas. Suas variações mais conhecidas são: Lambic (pure), Gueuze (blend of lambics) e Lambic Fruits (Kriek, Framboise, Fraise). Aí vão algumas sugestões: Lindemans Faro, Kriek Boon, Floris Kriek, Bacchus Framboise, Geuze Mariage Parfait. Colaboraram na matéria, o especialista em cervejas Luiz Fontenelle (luizaucar@ gmail.com) e o conhecedor Renato Figueiredo ([email protected]). Fotos cedidas por Guilherme e Ticiana Marques Camarão 21 capa Loucos por relíquias Eles circulam por feiras, shoppings, lojas e vendas de garagem garimpando estilos TEXTO E FOTOS_ Fred Pacífico 22 Quem gosta de antiguidades encontra no Rio de Janeiro um verdadeiro garimpo de oportunidades. Em uma cidade que acabou de completar 448 anos de idade e já foi a capital do Império, até os objetos são cheios de histórias. Seja em alguma agradável feira ao ar livre, famosos mercados de pulgas, visitando antiquários, brechós ou mesmo através de leilões pela internet, as oportunidades de aquisição de peças cheias de personalidade e história são preciosas para aqueles que sabem olhar ou gostam de procurar. Uma única peça interessante pode transformar a decoração de um ambiente. Uma casa com personalidade conta histórias, além de ser aconchegante para aqueles que a habitam ou visitam. É exatamente esta diferenciação que move pessoas de todas as idades a garimpar dentre antiguidades, em busca da apropriação de um passado que pode passar a ser seu. “Busco peças que me digam algo, que me atraiam por sua beleza e a possibilidade de resignificá-las em minha vida. Seja o passado direto a que a peça me remete ou uma interpretação que eu dê ao objeto fora do seu contexto original”, conta o designer Sérgio Peralta, que frequenta periodicamente feiras e brechós pela cidade. Peralta mora sozinho, tem 26 anos, e acha que peças antigas são uma boa maneira de ter uma decora- Na feira da Praça XV os apaixonados por relíquias encontram uma infinidade 23 de objetos, desde raridades valiosas até bugingangas das mais variadas ção criativa, bonita e, principalmente, que tenha condição de pagar. “Olho muito, sem pressa, passeando pelos objetos. Às vezes nem levo nada. Vou garimpando até achar algo interessante que caiba na minha vida. Quando encontro uma peça é como achar um tesouro”, diz. Suas peregrinações mais frequentes são pela Feira da Praça XV, no Centro, que acontece aos sábados pela manhã, e atrai pessoas de todos os lugares. “Gosto do clima dessa feira, só acho que tem ficado mais cara nos últimos anos, por isso passei a ir também a outra em São Cristóvão, a Feira do Lavradio, na Lapa, e brechós de outros cantos da cidade”. As opções não faltam e, procurando com atenção, há peças para todos os bolsos. Além da Praça XV e da Feira Rio Antigo, na Rua do Lavradio, na Lapa, que acontece no primeiro sábado de cada mês em ruas repletas de antiquários, a Feira da Gávea, aos sábados na Praça Santos Dumont, o Shopping dos Antiquários (www. shoppingdosantiquarios.com.br) e o Shopping Cassino Atlântico, o primeiro na Rua Siqueira Campos, e o outro no Posto 6, ambos em Copacabana, são outros pontos tradicionais para aquisição de objetos de época. Um dos expoentes no segmento é Paulo Scherer, que unificou seu próprio negócio, existente há 18 anos, à loja que herdou do irmão Pedro; juntos eram conhecidos mundialmente como os “gêmeos antiquários”), já com 56 anos em atividade no shopping. “Misturar um móvel ou uma peça de bom gosto dá personalidade à decoração do ambiente. Algo importante em uma época em que as casas têm ficado muito iguais, sem história. A clientela da loja é formada por apreciadores da boa arte, da qualidade dos objetos, ou das histórias a que as peças remetem”, comenta. Um passado para chamar de seu Para Scherer, é ótimo perceber o interesse dos jovens. “Todos que entram querendo saber descobrem informações sobre as peças. Isso me motiva estar todo dia aprendendo, me mantendo bem informado”. Nossa entrevistada da coluna Quem é Quem deste mês, Betty Borges, dona do brechó Venda em Garagem (www. vendaemgaragem.com), no Jardim Botânico, também aprecia o grande interesse dos jovens. “Quem tem idade avançada normalmente entra querendo vender e os mais novos para comprar algo que consigam pagar, sem que precise abrir mão do estilo ou da qualidade. Ter um objeto de época é uma forma de se diferenciar da homogeneização que encontramos nos padrões atuais. A juventude quer imprimir sua marca nos detalhes de sua vida. Jogos de prato e copos são O antiquário Paulo Scherer, com a foto ao lado de seu falecido irmão, Pedro, companheiro de uma vida no trabalho com as antiguidades 23 capa Arquivo pessoal Ana Maria Lameira incentiva a reciclagem e releitura de móveis antigos. A dupla de cadeiras ao lado (no detalhe, o estado delas antes da reforma) é destaque na sala da designer 24 Abaixo, o brechó Venda em Garagem, no Jardim Botânico, de peças de grande saída, pois o jovem não se prende às convenções de outras épocas, quando o belo era ter um jogo de louça completo, todos iguais. Eles perguntam ‘Por que preciso ter seis pratos de um tipo, se posso ter quatro que me atendam muito bem?’, assim compram um que o agrade, um que seja o estilo da namorada, outros dois a cara dos pais, para quando forem visitá-los e pronto. É mais do que o suficiente. E se quebrar, é só ir e escolher outro, simples assim”, explica. Reciclando histórias Betty comenta que a busca por objetos dos períodos pós-guerra é alta, principalmente por conta de suas cores fortes e design arrojado. “Outro fator que observo levar tantos jovens até a loja é a possiblidade de adquirir uma peça que tenha um estilo único. Às vezes procuram um objeto especial, para ser um destaque, ou que relembrem algo que tinha na casa de um ente querido. Os móveis atualmente são verdadeiros caixotes, por isso muita gente procura adquirir um móvel antigo, por conta da sua durabilidade e do estilo”, afirma. Além da busca por objetos e móveis de qualidade duradoura, há quem busque peças para renovar, dando outra cara à peça. A designer de interiores Ana Maria Lameira, da Caza Design (com Z mesmo), explica que restaurar ou trabalhar peças antigas é uma excelente alternativa para dar uma renovada na decoração, além do reaproveitamento ser ecologicamente amigável. Em sua sala de estar, Ana Lameira possui duas poltronas repaginadas que resgatou pela cidade. “Encontrei as peças destruídas, com todo o couro original do estofado apodrecido, mas com a estrutura em ótimo estado. As peças são excelentes, feitas de madeira maciça. Aproveitei um bom tecido que possuía e as renovei. Há muitos móveis ou objetos de outras épocas que podem ser readaptados para o nosso tempo. Um bom tecido estampado, gráfico, ou mesmo de uma cor interessante, quando usados em um móvel antigo, podem trazer muito estilo ao ambiente”, conta. A designer de interiores explica que misturar estilos é uma tendência atual e, no site da sua empresa (www. cazadesign.com.br) dá algumas dicas de boas ideias que podem ser aproveitadas. “Alguns móveis carregam uma Betty Borges, que também organiza vendas em residência para a clientela cadastrada história e tem que ser harmonizados com a decoração já existente na casa da pessoa. Quem deseja se aventurar tem que ter sempre em mente como funcionará o todo, antes de adquirir uma nova peça. Pensar em como ela, renovada ou não, se alinha com o resto do ambiente. Tem que saber misturar, mas aconselho a experimentar, pois a chance de dar certo é grande”, dá a dica. A mesa da vovó é minha Pegar uma poltrona, uma mesa da vovó, e dar uma cara contemporânea ao móvel foi o que fez Maria Helena Luzcruz e seu marido, o professor e pesquisador dos Institutos de Psicologia e de Economia da UFRJ, Murillo Florindo Cruz Filho. Os dois cresceram em meio a peças antigas e herdaram de suas famílias muitos móveis, além do gosto por objetos de épocas. Depois de sucessivas implicâncias dos filhos, principalmente da filha, que dizia que a casa dos pais “parecia um museu”, a dona da casa resolveu dar uma renovada no ambiente, sem abrir mão do estilo que tanto lhes agrada. “Tínhamos muitos móveis e, por conta de serem quase todos de madeira, nossa sala era escura e muito marrom. Não nos incomodava, mas pedia uma renovação. De tanto nossa filha falar, nos sentimos estimulados a mudar, o que foi muito positivo. Buscamos selecionar o que manteríamos e procuramos passar o que saiu para pessoas que fossem valorizar a qualidade e a beleza das peças”, relembra. Enquanto peneiravam o que manteriam, escolheram algumas para serem totalmente repaginadas. “Pegamos uma mesinha de madeira maciça que era da minha avó, que acho linda e tem muito valor sentimental, e mandamos laquear de amarelo vivo, para seguir a nova paleta de cores com que pintamos a nossa casa. Ficou tão linda, que nossa filha já mandou eu colar uma etiqueta embaixo avisando que aquela mesinha é dela”, se diverte Maria Helena. O casal Murillo Florindo e Maria Helena tenta equilibrar as coleções para evitar a poluição do espaço e deu novo colorido a alguns móveis antigos, como a mesinha "da vovó" (alto à esquerda). Entre as coleções favoritas estão a de latinhas de cerveja e a de Playmobil Outro desafio que o casal teve que adequar à nova proposta de decoração foram as coleções, que os dois possuem e valorizam. “Meu pai era um colecionador compulsivo e herdei essa paixão dele. Comecei colecionando plásticos de peças publicitárias quando criança. Mais tarde em minha vida, me interessei por máquinas de escrever, por conta de um livro que tinha. Mas o espaço passou a ser um problema e tive que abandonar. Depois, por volta de 1987, viajando a trabalho, comecei a me interessar pela iconografia de latas de cerveja de diferentes países e passei a colecionar, por conta de 4 latas que trouxe do Iraque, Jordânia e da Síria. Sempre fui apaixonado por história e acabei descobrindo um universo de colecionadores, com associações e clubes de pessoas que dividem o mesmo interesse”, conta o pesquisador que já chegou a ter 1700 peças em sua coleção e é membro do BCCA – Brewery Collectibles Club of America (www.bcca.com). Viciado em colecionar Um obstáculo que todo colecionador passa, uma hora ou outra, é a falta de espaço. “Colecionar é um hobby saudável, mas há também patologias ligadas ao acumulo que têm que ser observadas. Se as coleções não tiverem um foco, serão infinitas, e a Sempre fui apaixonado por história e acabei descobrindo um universo de colecionadores, com associações e clubes de pessoas que dividem o mesmo interesse” Murillo Florindo Cruz Filho 25 capa Maurício Martins, com o raro cartaz de Deus e Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, ao fundo, coleciona peças lúdicas, como a roda gigante de metal e as locomotivas, e peças relacionadas ao cinema, montando ambientes agradáveis de cinema e música, assim como objetos relacionados a estes universos, brinquedos feitos de lata e fotografias antigas do Rio, principalmente das corridas de baratinhas na Estrada da Gávea. Professor de geografia em algumas das melhores escolas da cidade e instrutor de vídeo-aulas, no projeto Descomplica, Martins montou boa parte da decoração de seu apartamento no Leblon garimpando pela cidade e tem orgulho de poder expor as peças de suas coleções. 26 pessoa não para de juntar. Tive que fugir da ideia de entulhar a casa e, por isso, delimitei minha coleção a latas que tenham um diferencial estético que me agrade e passei a ser mais seletivo. Fotografei o que tinha e me desfiz de muita coisa”, explica. O casal mandou construir um móvel para poderem expor a coleção, integrando a estética, que tanto o agrada, com a repaginação da casa. Mas não só de latas alegra-se o colecionador. Em um cômodo de uso exclusivo do marido, “em comum acordo”, como ressalta Maria Helena, mantém seus livros e outros interesses, como a coleção de Playmobil. Já esta, Murillo limitou a motocicletas e personagens da guerra civil americana. Limitar a uma temática é uma tática muito comum entre colecionadores. Poder desfrutar de sua coleção e tê-la à vista, como pontos de atenção em suas casas, é motivo de orgulho. “Sempre gostei de cadeiras, mas como são objetos grandes, falta espaço para armazenar. Quem coleciona tem que focar, senão perde o controle”, aconselha Maurício Martins, de 33 anos, que atualmente coleciona pôsteres “É um prazer receber os amigos em casa e dividir com eles as histórias que sei, que coleciono. Há sempre alguma coisa interessante e é prazeroso para todos. Enriquece a vida”. Maurício Martins Enriquecendo a vida “Sempre curti objetos que me remetessem a outras épocas. Comecei apaixonado por livros antigos, até minha vida caminhar para uma sociedade no Sebo e Livraria Rio Antigo (antiga Kosmos) e conhecer o universo dos leilões, que organizávamos por lá. Virei frequentador assíduo de vários outros na cidade e comecei a construir coleções do que gostava”, relembra Martins. O professor passou quatro anos no negócio, mas, mesmo depois de se desvincular, continuou com seu garimpo. Suas paixões passaram a direcionar suas aquisições, além da necessidade prática por algum objeto, como uma luminária ou um móvel, que ele prefere que sejam antiguidades. “É possível montar uma casa com muita personalidade sem precisar gastar uma fortuna”, afirma. Em sua sala pôsteres de clássicos do cinema e da bossa nova, são iluminadas por lustres e abajures das mais variadas formas, harmonicamente posicionados. “É um prazer receber os amigos em casa e dividir com eles as histórias que sei, que coleciono. Há sempre alguma coisa interessante e é prazeroso para todos. Enriquece a vida”. V itrine DE RELÍQUIAS Tradição em cortinas, tapetes, estofados e muito mais Há 62 anos no mercado, sempre atualizando e acompanhando as transformações do design de interiores, a Kéramos traz uma grande variedade de produtos com alto padrão de qualidade. 21 2235-0079 / 2256-8557 / 2255-5029 Rua Barata Ribeiro, 625 - A Copacabana www.keramosdecoracoes.com.br [email protected] 27 Roupas de marcas famosas e com muito estilo, móveis e acessórios para casa. Tudo isso você encontra no coração de copacabana em Graça Brechó: Elegância por preços discretos. (21) 2547-4684 Galeria Real Av. N.s. de Copacabana, 959 - Loja E Copacabana - RJ Com uma magia latente o Espaço Brechicafé carrega em sua identidade o charme dos cafés e brechós ‘vintages’ europeus mesclado com o espírito alegre e democrático brasileiro. Um ponto cultural charmoso no bairro de Copacabana. R. Siqueira Campos, 143 – lj . 31 Shopping Cidade Copacabana www.espacobrechicafe.com.br facebook.com/espacobrechicafe C armen pimentel |Clíngua armenportuguesa pimentel | língua portuguesa [email protected] [email protected] Isso tem a ver com aquilo? Leitor assíduo de minha coluna, meu pai costuma dar sugestões sobre o que eu poderia abordar da próxima vez... Pois bem, aí vai! Ele me disse que recebeu um e-mail em que havia a expressão “ter a ver” escrita incorretamente: “ter haver”. Já vi outras vezes essa confusão. Afinal, qual a forma correta? As duas existem? 28 Ter a ver ou ter a haver? Ou, ainda, ter haver? Qual usar, quando usar? Vejamos as situações em que essas expressões costumam aparecer: Se duas pessoas estão conversando, e uma delas fala de um assunto totalmente diferente da temática da conversa, a outra diz: “Isso não tem nada a ver com o que estamos falando!!!” Muito bem! Usou a expressão correta! “Ter a ver” significa ter relação com, dizer respeito a. Outra situação: uma pessoa acha que recebeu seu salário faltando uma determinada quantia. Vai ao departamento que tem a ver com isso e reclama. O atendente diz a ela: “Desculpe, mas você não tem mais nada a haver.” Muito bem! Usou a expressão correta! “Ter a haver” significa ter a receber. Mais exemplos: “Maria não tem nada a ver com esse problema” (ou seja, o problema não diz respeito a Maria, não está relacionado com ela). “Marlene não tem nada a haver” (ou seja, Marlene não tem nada para receber). A confusão entre as duas expressões poderia ser evitada se em vez de “ter a ver” usássemos a expressão “ter que ver”. “Ter a ver” é um galicismo, isto é, uma expressão que importamos do francês e que cada vez usamos mais em vez da portuguesa “ter que ver”. Portanto, podemos usar sem susto: “Isso não tem nada que ver com aquilo”, quando quisermos dizer que isso não tem relação com aquilo. Mas e ter haver é errado? Sem a ou que fica difícil de aceitar. Se você quiser “tirar uma onda” e tornar a explicação mais imponente, diga que o problema acontece porque “haver” e “a ver” são expressões parônimas, ou seja, apresentam sentido diferente, mas têm formas semelhantes. E também são homófonas, pois produzem o mesmo som! Aí ninguém vai discordar de você! Mas com a palavra nada, pode acontecer. Vejamos: A expressão “nada haver” significa a inexistência de alguma coisa. Usamos quando queremos dizer que não existe nada em algum lugar. Por exemplo: “O marido chega a casa antes do horário de costume e tranquiliza-se ao perceber nada haver dentro do armário”. Tudo bem, o exemplo foi triste! Mas o marido ficou contente porque não havia nada, não existia ninguém dentro do armário. Vejamos outro exemplo: “Fiquei furiosa quando vi nada haver dentro da caixa de joias. Roubaram meu tesouro!” Na linguagem informal (e somente na fala! Na escrita, jamais!!), encontramos o “nadavê”. Geralmente acompanhado de um “aê”. Mas isso é outra história... não tem nadavê, aê, com essa coluna... Fiquemos com a música dos Engenheiros do Hawaii para encerrar. Pai, qual a próxima sugestão? Nada a Ver Engenheiros do Hawaii Um cão sem dono, uma árvore no outono O nono mês de gravidez Eu perco o sono, ao som de Yoko Ono E telefono pra vocês Às vezes eu acordo assustado (A gente não tem nada a ver) Mas quando eu te vejo do meu lado (A gente não tem nada a perder) De dia eu não te vejo nem desejo Eu vejo que não dá (A gente não tem nada a ver) Toda a noite, a noite inteira, eu penso em ti Eu penso em te encontrar (A gente não tem nada a perder) Nada a ver, nada a perder, Nada a fazer, nada não... Sinto tanto, sinto muito, no meu canto, Enquanto a noite cai (A gente não tem nada a ver) Sinto saudade, é verdade, nunca é tarde, Enquanto a chuva cai (A gente não tem nada a perder) Eu fico sem saber o que fazer, o que vai ser Amanhã de manhã (A gente não tem nada a ver) Eu sonho com elegância, arrogância, Extravagância do Duran Duran (A gente não tem nada a perder) Nada a ver, nada a perder, Nada a fazer, nada não... Às vezes eu acordo assustado !!!!!! Às vezes eu acordo do teu lado !!!!!!!! Às vezes eu fico acordado !!!!!!!! Às vezes eu te vejo... Às vezes eu te beijo... Às vezes eu te desejo... Às vezes eu... Nada a ver, nada a perder educação & conhecimento Niemeyer em Campo Grande Na Zona Oeste do Rio, há 50 anos, uma singela homenagem ao arquiteto abriga eternos admiradores de sua obra texto_MARILZA BIGIO FOTOS_ARTHUR MOURA A influência do arquiteto mais famoso do Brasil, Oscar Niemeyer, está presente em muitas edificações por todo o País. Cultuado em cerimônias e eventos, reportagens e entrevistas de especialistas, por ocasião de sua morte, aos 104 anos, no ano passado, certamente Niemeyer desconhecia a singela homenagem que lhe fizeram em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. No entanto, é essa homenagem, sob a forma da construção das casas da Vila Alexandrina, que mais combina com a personalidade e as ideias do arquiteto de Brasília. Ele que passou a vida defendendo o comunismo como forma de governo, com vistas à promoção de justiça social – tendo os pobres e oprimidos como alvo – inspirou um anônimo construtor, um admirador de sua obra. Foi no início da década de 60 que Rudah de Carvalho Tupper, cidadão brasileiro de origem inglesa, decidiu construir a primeira casa inspirada no Palácio da Alvorada. Era um admirador de Juscelino Kubitschek, JK, e de Nie- 29 meyer. E caprichou na sua cópia do estilo do arquiteto. Impressiona a precisão dos arcos – projetados em escala tal que permite a uma casa pequena, de cerca de 90 metros quadrados, apresentar a mesma harmonia de formas do Palácio. Quem conta essa história é Geraldo Pedrosa Caldas, 83 anos, que mora nesta casa desde que terminou a sua construção, em 1963. “Esta foi a primeira casa inspirada em Niemeyer – depois ele construiu no terreno outras 11 casas, mas aí em vez do Alvorada ele copiou o Palácio do Planalto” - diz Geraldo. A primeira casa foi construída para a filha do construtor, Olinda, que se casou com Geraldo. “Meu sogro era apaixonado por JK e Niemeyer”, diz, acrescentando que também ele admira o arquiteto: “As obras dele são um espetáculo!” A figura de Oscar é tão conhecida, que a empregada de Geraldo, ao atender a nossa reportagem, gritou para dentro da casa:”Seu Geraldo, é pra falar sobre o Niemeyer!” Geraldo conta que neste local – Estrada do Mendanha, 925 – na época não havia nada, apenas terrenos descampados, bois, cabritos e cavalos. Ele não se lembra do porquê do nome de Vila Alexandrina: “Acho que era o nome da mãe do meu sogro”. Hoje a Estrada do Mendanha é uma importante via do bairro. O pórtico da vila é uma construção que não lembra em nada o estilo Niemeyer, feita muito depois das casas, quando o construtor já tinha morrido. As “Casas do Niemeyer”, como são conhecidas na vizinhança, passam despercebidas em meio ao trânsito pesado dos veículos que vêm da Avenida Brasil. A vila fica entre o Clube dos Aliados, do Vasco da Gama, e uma moderna UPA inaugurada há um ano e meio. O dia-a-dia dos moradores fica evidente nas varandas com plantas, nas cadeiras de vime, nas roupas postas para secar, no sofá velho abandonado junto aos belos arcos de Niemeyer. Arquiteto que se destacou principalmente como grande artista criador de monumentos – como o Memorial JK em Brasília, o Museu de Niterói e o Memorial da América Latina, em São Paulo -, Niemeyer certamente nunca soube desta humilde homenagem em um bairro carioca. Mas para seu Geraldo, seus dois filhos e quatro netos, o orgulho de morar em pleno Palácio da Alvorada, cercado de vários Palácios do Planalto, e de fazer parte de uma homenagem viva ao grande Oscar Niemeyer... não tem preço! B ijux in the box [email protected] Como fugir da Globo Sei que nos acostumamos – a maioria de nós, telespectadores – a manter a TV ligada na Globo. É mais fácil, a gente já sabe o que vai ao ar, e a que horas. A gente confia porque, afinal, não há como negar a qualidade que, genericamente, caracteriza os programas globais. Mas sempre é bom saber que existem alternativas nas outras emissoras. Não são muitas, mas existem. tem uma vantagem adicional: seu jornal Fala Brasil nos salva do incrível Bem Estar, da Globo, uma das coisas mais chatas que já vi, e que se dedica demasiadamente a perscrutar as entranhas humanas – quando não apresenta ao vivo e em cores o resultado do trabalho de nossos intestinos. Se é que me entendem. Há outras opções também mais tarde. O CQC, da Band, nos salva do terrível Tela re-Quent-ada, com seus filmes velhos. O Datena, com seu programinha de respostas fáceis para perguntas bobas, era bem divertido, e o maior (literalmente) âncora da tarde continua diariamente a informar sobre São Paulo, sobre casos policiais nacionais, sempre dando bronca nas “otôridades”. O Danilo Gentili tem-se mostrado boa opção, se você não estranhar algumas cenas e linguagem, digamos, um tanto chulas. A Fazenda da Record é mais divertida do que o BBB. Mas nas novelas e no jornalismo a Globo é imbatível. No ar, rapá... Band Folia O Carnaval passou, já estamos no Ano Novo de 2013, mas não custa registrar: alguns dos melhores momentos da festa foram apresentados pela Band. Entre eles, destaco a verdadeira aula de frevo que deu a equipe em Recife – à frente a bela Nadja Haddad. Aula completa, direto do Marco Zero, com figuraças como o Maestro Formiga, e o auxílio luxuoso de Lenine e Zélia Duncan. Também a cobertura dos trios da Bahia foi competente e animadíssima. Valeu como contraponto ao carnaval carioca da Globo. Desfile do Rio Exemplo do bom jornalismo da Globo é o RJTV, que está comemorando 30 anos (!!!) com matérias históricas. Grande sacada foi a criação do “Parceiro do RJ”, que pôs pra trabalhar jovens de diversas localidades do Grande Rio. O acompanhamento das reclamações dos moradores, e das eventuais gestões das Prefeituras para sanar problemas fez – e faz, agora com novos “parceiros” - a diferença. Só dura tanto tempo o que é muito bom. Eu vi... Divulgação 30 Enquanto isso, no Hoje em Dia, três apresentadores dinâmicos e divertidos mostram assuntos variados, com bom humor e aquele sotaque paulista que, para nós, cariocas, é s u p e r- e n g r a çado. O ambiente é claro; os convidados não são obrigatoriamente da Record, ao contrário, há diversidade de pessoas a participar do programa. De manhã, a Record Por exemplo: no horário do programa da Fátima Bernardes é mais divertido ver o Hoje em Dia, da Record. Nada contra a Fátima, uma unanimidade nacional, competente, charmosa, elegante. Mas o formato do programa é que é assim meio chato. Contei dez pessoas nos grupinhos atrás de cada montinho de convidados – são, portanto, cerca de trinta pessoas que ficam ali atrás, no escurinho. É inevitável que alguma delas boceje, ou fique acariciando os cabelos, ou eventualmente se ponha a dormir mesmo. Sempre fico olhando aquelas desnecessárias testemunhas, tentando pegar alguma gafe. Sonho com o dia de Carnaval em que a Globo apresentará o desfile das Escolas de Samba do Rio sem ruídos. Explico: queremos ver o desfile e ouvir os sambas-enredo. Tá certo informar sobre o enredo, sobre cada ala etc, mesmo porque sem isso a maioria de nós não conseguiria entender nada. Mas deixar o samba rolar com legenda apenas uma vez, e ficar falando o tempo todo é terrível. E isso acontece todo santo Carnaval. *Bijux é Marilza Bigio, jornalista e telespectadora fiel 31 Apoio: Amagávea www.colegiostockler.com.br Rua General Rabelo, 56 - Gávea - RJ Tel.: 2274-1121 Oswaldo miranda [email protected] Lidia e Adalgisa Foi uma agradável convivência. Primeiro quero falar da atriz Lidia Mattos. Quando eu alavancava tudo para as comemorações do Dia das Mães, uma das promoções mais sim- 32 Lidia, nos idos da TV-Rio pática que fazia era a da mãe artista de TV. Ela foi a segunda, sucedendo a Heloisa Helena. Recebia no ar a medalha Stella Guerra Duval, fundadora da Pro Matre, e o diploma, elementos, que certamente, teria guardado entre as suas boas recordações, ela que brilhara em tantas novelas da TV Globo. Quando em Radiolândia, acertei uma permuta. Na TV-Rio, apresentando um programa de variedade, o Rio, cinco para as cinco, abordaria os principais assuntos de edição da revista, folheando-a diante das câmaras, e eu, em contrapartida, inseriria em destaque, boa chamada do programa, sua foto etc. Mais adiante, ainda na TV-Rio, ela conduziria o programa de minha produção do carnê do Erontex, com sorteio e entrega de prêmios. Foi, assim, uma relação gostosa, só interrompida mesmo quando o destino nos despachou para atividades outras, deixando gratas lembranças, agora muito bem evocadas por causa de sua morte. *** Adalgisa Colombo, uma das mais festejadas miss Brasil, também passou profissionalmente pela minha vida, em virtude do dia a dia no Programa Mauro Montalvão, na Rede Tupi. Produzia então a Copa das Cidades, duas, de cada vez, no palco, competindo na exibição de seus valores gerais, depois de filmadas e de apresentadas pelos prefeitos e pessoas de destaque, discorrendo sobre a história, a cultura, a produção, as tradições, enfim, um resumo a proporcionar aos jurados, elementos sobre o que lhes seria mostrado em seguida. Adalgisa compunha esse grupo incumbido de assistir e julgar os elementos que passariam pelo palco. Por ser quem era, ao se pronunciar, precisaria sempre aguardar um tempo para os aplausos se acalmarem. Desnecessário dizer que era uma pessoa de maior destaque na bancada, pela beleza, postura elegante, enfim, uma Miss Brasil, ora. Mas Mauro Montalvão pedia que ela o ajudasse ainda na obtenção de verbas para o programa – patrocínios, anunciantes, o bolo necessário para manter a produção no ar. E Adalgisa era o “abre te sésamo” nessa hora de captação de recursos. Os anunciantes potenciais se desmanchavam em mesuras diante daquela mulher extraordinária, alguns, até, nos convidando, ela, Mauro e eu, para almoços, mobilizando a família para fotografias, autógrafos, carinhos... Miss Brasil em pessoa, gente! E os contatos iam sendo assinados, para alegria do Mauro e nosso, também, pois o salário estava garantido, afinal. Com um trunfo assim! Adalgisa, miss Brasil 1958, partiu também, aos 73 anos. Vai ser por muito tempo lembrada como um modelo de beleza,charme e elegância, segunda mulher mais bonita do mundo naquela eleição em Long Beach, aos 18 anos... Lidia e Adalgisa... vida que segue... Adalgisa, sempre ela Ziraldo e um de seus onomatopaicos. Genial, não? Óbvio... G isela gold [email protected] TODA MÍDIA: “Meteoro de 10 mil toneladas explode na Rússia.” Mil e duzentos feridos, três mil prédios abalados, 361 escolas, janelas com vidros quebrados, energia 25 vezes maior do que a bomba de Hiroshima! 2013, hein? Há 65 milhões de anos um deles acabou com a raça dos dinossauros. Ainda há dinossauros por aqui? Brasília... MÍDIA MUNDIAL: “Papa Bento XVI renuncia.” Peso dos anos, 85, e outras 999 razões que o levaram a tomar a inesperada decisão. Multiplicam-se as especulações sobre o que pode acontecer com a Igreja daqui por diante. Só a morte leva um papa ao destino final: Deus. Então... SANTA MARIA: Boate Kiss. Meu beijo, minha lágrima para os jovens universitários que partiram antes da hora – a formatura, o anel, o diploma... Na rádio JB-FM, Cazuza está cantando: Faz parte do meu show... VALOR ECONÔMICO: “Petrobras vai dar prejuízo até 2020.” EXAME: Petrobras – Governo está – até agora – destruindo a nossa maior empresa.” Lembro do Lula, mãos sujas de petróleo, como Getúlio, brandando aos quatros: Estamos autossuficientes. CARNAVAL: É como já cantava Noel: A Vila não quer abafar ninguém / Só quer mostrar que faz samba também... ESPORTE: “Um dos maiores atletas dos tempos modernos, medalha de ouro, Oscar Pistourius, é acusado de matar a namorada, a modelo Reeva Steenkas.” Em Londres mostrou-se mau perdedor, ao criticar o brasileiro Alan Fonteles, que o venceu em sensacional arrancada. Fico com seu analista, Sanny Bertoldo: Até que tudo se esclareça, o melhor é guardar a imagem desse multicampeão. O GLOBO - Mundo: “Depois de mandar macaco ao espaço, Ahmadinejad também quer virar astronauta. “ O macaco foi e voltou bem. Já Mahmoud, que tem a mania da bomba atômica, se for mesmo, bem que podia ficar por lá... FANTÁSTICO: no final do programa cortou para o circo Voador, aonde um cantor, coro e banda apresentavam a marchinha vencedora do concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval. Total falta de apreço pelo evento, já que as letrinhas dos créditos rodavam por cima de tudo. Cabe ainda a pergunta: será que a comissão julgadora, depois de ouvir mais de mil marchinhas não teria coisa melhor para premiar do que “O vovô ampulheteiro” cujo título dá margem para duplo sentido, além de ser muito ruinzinha? O GLOBO: Flávia Oliveira em Negócios & Cia.: “Comércio perderá 36 bi em feriados este ano; o Rio, 1 bi e meio.“ Sim, mas por que o de rua tem feriado e o do shopping, não? Um papo aqui, um papo ali, não daria para evitar o rombo? O boneco de Beto Cada vez que a tia recolhia os desenhos, um em especial lhe chamava atenção. Aquele menino da última carteira a esquerda nunca desenhava o bonequinho de palito com o pé no chão. Tinha chão, mas o boneco estava sempre alguns palmos acima. Bernardo era Beto.Mas Beto não é apelido de Roberto? Beto roia unha, e sempre perdia o olho do quadro. Rumava para os sapatos, as meninas distraídas, o pilot destampado das mais afoitas. Com eles montava o que queria na cabeça. Tinha sempre uma história. Quando a tia perguntava pergunta fácil, não sabia. O que você quer agora, Beto, carrinho ou bola? Sonho, respondeu. Prefiro sonho. A vida tomou seu rumo, Beto se fez Dr. Bernardo, assinou papéis, já tinha número de identidade e firma reconhecida. Certo dia, Beto conheceu Rosana que lhe perguntou o que ele queria: beijo pra agora ou pra sempre? Começou a desconfiar o que queria. Encheu moça de beijos, dos quais nasceu Artur. O bonequinho já começava a ensaiar o dedo do pé na linha do desenho. Beto não vivia mais de sonho. Tinha a escola de Artur para pagar. Mas o preço de colocar o pé do boneco no chão era alto. Sem sonho, não sabia muito bem responder a pergunta da tia. O que queria mesmo? Foi uma segunda feira, Rosana estava atrasada e Beto levou Artur para a aula. A escola era a mesma que estudara, a sala de artes continuava a três salas da diretoria e Dona Kátia ainda dava seus berros com as crianças levadas. Beto não resistiu e observava Artur na fresta da porta. A tia estava atenta vendo os desenhos, quando colocou o dedo no papel de Artur. A fresta era suficiente para Beto perceber. Faltava pé no chão do boneco de Artur. Graças a Deus. 33 T AMAS De onde vem esse calor infernal? Estremeço e desidrato. Acordo mergulhado num lençol de suor, com sensações e imagens que desfilam sobre mim. Pesadelo, delírio ou realidade? No calor da febre vivo essa doença que me consome todo. Como o sol consome tudo na explosão multicolorida. Poderá alguém, apenas por um dia, continuar a viver por mim? Poeta Convidado 34 Luiz Paulo Serôa Miragens Te vejo olhares furtivos das ruas Estremeço a cada confusão que faço Entristeço com essa larga distância sua Enlouqueço a cada rosto, carícia que refaço Anuncie na (21) 2253-3879 [email protected] Pensamentos Pró-fundos Instante Fugaz [email protected] - Aprendi a nadar. Agora me afogo em papéis. - Repousa sobra a pele um odor de desejo. - Imaginar muito além do impossível. - Palavras arrumadas dissimulam ações equivocadas. - O amor anda com pernas próprias. E tortas. - Meu corpo é o palco. Dança sobre mim a bailarina. - O coração é um barco. A paixão é uma tormenta. Muitos barcos sucumbem na tormenta. - Sombras do passado obscurecem o despertar. - Um olhar azul me enche de céu. - Viver é apenas uma fração de segundo do tempo infinito. V itrine de Páscoa Boas ideias para a Páscoa Há 11 anos no mesmo endereço, a Villa90mix agora tem a parceria da doceira Andrea Mayer, oferecendo bombons, ovos e tudo de chocolate, além de enfeites para a mesa de Páscoa, como coelhos de pelúcia e outros. Também surpreende com bijuterias, acessórios, artesanato, e um completo atelier de costura. A Timbre Azul, agora parte da equipe, oferece material de papelaria personalizado. Não perca este verdadeiro show de presentes. Contato: (21) 2511-5942 | 2511-5942 Rua Marquês de São Vicente, 90, slj. B Restaurante Cidade do Porto Bacalhau já é tradição na Páscoa e uma boa chance para saborear as receitas do restaurante Cidade do Porto, que traz melhor da culinária portuguesa, incluindo as mais típicas receitas brasileiras. Tudo isto com um atendimento que faz toda diferença. Faça sua reserva: (21) 2580.9037 | 2580.9038 Rua Leonor Porto, 31 • Campo de São Cristóvão • Rio de Janeiro www.cidadedoportorestaurante.com.br 35 H aron Gamal [email protected] Peregrinação à montanha mágica Romance de Thomas Mann já antecipava visões do Holocausto “Um jovem singelo viajava, em pleno verão, de Hamburgo, sua cidade natal, a Davos-Platz, no cantão dos Grisões. Ia de visita por três semanas.” 36 Desse modo começa a viagem de Hans Castorp aos Alpes suíços, no romance “A montanha mágica”, de Thomas Mann. O personagem, um jovem recém-formado em engenharia naval, tem como objetivo visitar o primo, Joachim Ziemssen, que sofre de tuberculose e está hospedado num sanatório (uma espécie de hotel, como são os sanatórios da época) da pequena cidade. A narrativa situa-se na primeira década e em meados da segunda, do século 20. O início do romance, ao descrever as agruras da viagem de Castorp, contrasta com o que vamos encontrar durante todo o texto, que situa a história num lugarejo da Suíça. Narrações e descrições fora dali existirão apenas na lembrança dos personagens. E não são muitas. A narrativa avançará sem movimentos bruscos, privilegiando o aparecimento dos personagens, seus pensamentos, suas ideias e o que eles nos têm a dizer. Assim, desde o começo, será possível constatar, além do movimento e do aparente desconforto para se chegar à montanha, sobretudo devido aos vagarosos transportes da época, a oposição entre subida e promessa, uma vez que toda escalada cria a perspectiva de algum tipo de revelação. O título “montanha mágica”, que poderia soar estranho, permite também análises diversas. A primeira delas esgota-se no que pouco a pouco nos é revelado, um local onde a permanência pode levar os enfermos à cura; a segunda, como aponta Antônio Cícero no prefácio dessa edição, remonta a uma citação de Nietzsche em “O nascimento da tragédia”: “Agora a montanha mágica do Olimpo como que se nos abre e mostra as suas raízes. O grego conheceu e sentiu os pavores e os horrores da existência: para poder não mais que viver, precisou conceber a resplandecente criatura onírica dos olímpicos.” Nesse sentido, não teremos no romance deuses olímpicos, mas seres humanos que vivem, estes sim, um novo aprendizado. Ele pode estar numa nova maneira de compreender o passar do tempo (se é que o tempo, ali, passa), ou, uma vez que não se tem aonde ir porque os passeios são sempre os mesmos, na viagem pelo mundo das ideias. Portanto, a montanha mágica torna-se mística não apenas por curar alguns de seus enfermos, mas por proporcionar ao nosso personagem central revelações sobre a vida e sobre a morte. Na verdade, o romance de Mann acaba por tornar-se um romance de formação. E para a transformação desse jovem engenheiro, que se preocupava apenas com a técnica, num homem de pensamento, a montanha mostra-se promissora. Tentativa bem sucedida do autor em revelar, num princípio de século tomado por intensa febre tec- nológica (um mundo futurista), que as ideias jamais podem ser abandonadas. Há uma história curiosa sobre Thomas Mann. Conta-se que, um dia, ao voltar à Alemanha após uma de suas inúmeras viagens, ele foi convencido por um dos seus próprios empregados que fora recebê-lo na estação de trens a abandonar imediatamente o país, pois o avanço do nacional-socialismo colocava em risco a sua segurança e a de sua família. Mann demorou a se deixar convencer. Mas, enfim, partiu para o longo exílio que viveria nos Estados Unidos. Após algum tempo, descobriu que o empregado era agente do regime e, naquele momento, não se sabe por que motivo, tentou livrar a barra do patrão. Em “A montanha mágica”, vemos desfilar uma série de adoráveis personagens, cada um representando uma ideia, ou um modo de vida. Um deles é Setembrini, a quem o autor nomeia de literato da civilização, isto é, um intelectual herdeiro do humanismo e da ilustração. Outro é o jesuíta Naphta, que trava com o italiano Setembrini um tumultuado embate intelectual. Ambos visam conquistar o espírito de Hans Castorp e tê-lo como discípulo. Há também Mynheer Peeperkorn, um holandês grandioso nos gestos e inconcluso na eloquência, mas cujas palavras revelam-no um tenaz conquistador. Mann o criou baseando-se num famoso escritor alemão do período, ganhador do prêmio Nobel de literatura. Desfila também a russa Mme. Chauchat, cujos olhos quirguizes seduzem o personagem central e o fazem lembrar uma paixão da época de colégio. Atente-se aqui para o tipo de paixão. Espalham-se pelo romance muitas informações acerca da medicina da época e da psicanálise, esta ainda no seu estágio de fundação, representada no romance pelo Dr. Krokowski. A estada de três semanas de Castorp junto ao primo, em Davos-Platz, acaba demorando-se um pouco mais. As pessoas, praticamente todas enfermas, vivem um microcosmo da humanidade do período. Thomas Mann, como todo grande autor, adianta-se ao seu tempo quando diz pela voz de Naphta: “o segredo e a existência da nossa era não são a libertação e o desenvolvimento do eu. O que ela necessita, o que deseja, o que criará é: o terror”. O livro, publicado em 1924, muito antes da Segunda Guerra Mundial, dos campos de extermínio e dos atuais homens-bomba, mostra, ao contrário do apelido que carinhosamente Setembrini dá a Castorp, que os “filhos enfermiços da existência” estão muito além da montanha. “A montanha mágica” Thomas Mann (tradução de Herbert Caro) Editora Nova Fronteira, 957 páginas i aci malta [email protected] Sobre a inclusão dos “diferentes” Pensando na “volta às aulas” por sugestão da nossa editora Lilibeth, eu resolvi escrever sobre um tema que me é muito próximo: a inclusão das crianças com necessidades especiais nas turmas regulares das escolas. Digo muito próximo porque tenho um neto nessa condição e pude ter a experiência de perceber o quanto a inclusão é importante para todos, é uma conquista no desenvolvimento social. Esse processo de inclusão nas escolas vem ocorrendo desde 2001, devagar, mas sem se interromper, principalmente no ensino público. No meu entender, seguir na direção da inclusão foi uma das decisões mais importantes na esfera do ensino básico. E, vejam bem, não só porque é melhor para as crianças com deficiência, mas sim porque é o gerador de uma transformação da subjetividade do ser social no que concerne às pessoas com deficiência, os diferentes. Para a maioria das pessoas, só a convivência na infância pode mudar a forma como vemos os diferentes. Pode verdadeiramente nos levar a ver as pessoas com deficiências simplesmente como diferentes. Eu sou do tempo em que, por um lado, as pessoas tinham reações de medo quando em contato com alguma pessoa com deficiência e, por outro, familiares tinham vergonha de seu “diferente” e o iso- lavam do convívio social. Felizmente, esse tempo já passou para muitos e, certamente, cada vez mais pessoas perceberão que uma criança, quando tem a oportunidade de conviver com os diferentes, se desenvolve com essa experiência e se torna um ser social melhor. Mas, para aqueles que têm seu diferente, a inclusão começa em casa, nas experiências pessoais com esse ser diferente que chega para todos da família. No princípio, somos acometidos por várias emoções, principalmente o medo, o medo do desconhecido, o medo de como o mundo vai receber nosso diferente, o medo dos nossos medos e, para as mães, as possíveis culpas que surgem pela possibilidade de serem responsáveis pelas deficiências de seu filho. Porém, quando aceitamos integralmente esse presente, podemos começar a conhecê-lo em suas diferenças. Podemos ver que muitas dificuldades são superadas com os cuidados e estímulos adequados. Podemos ver que eles não sofrem mais do que os outros. Podemos descobrir que, muitas vezes, as deficiências em nada afetam a inteligência intelectual, pelo contrário, muitos são na verdade, superdotados intelectualmente. E, quando os aceitamos integralmente, podemos perceber que são muito alegres e criativos, e descobrir o prazer especial que é conviver com nosso diferente. Além do mais, poucas experiências são tão gratificantes quanto a de nos percebermos aceitando, amando e admirando os diferentes. 37 arte & cultura ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL Improvisos em harmonia Boêmios apreciadores do jazz têm cada vez mais opções pela cidade 38 texto E FOTOS_FRED PACÍFICO Se o samba fundou na cidade o seu terreiro, o jazz vem cada vez mais se espalhando por aqui. Tudo na maior harmonia graças a nossa bendita antropofagia, diga-se de passagem. Vale ressaltar que o relacionamento é antigo. Os amantes das improvisações da beira do Mississipi nem precisam forçar muito a massa cinzenta para recordar os excelentes redutos do ritmo que já passaram pelo Rio. Muitos órfãos saudosos relembram os clássicos Mistura Fina, o Ouviram do Ipiranga, fora festivais que marcaram época, com o Festival Monterey Jazz, em 1980 no Maracanãzinho, e aqueles que levavam no nome marcas famosas de cigarro, antes da fumaça se tornar inimiga pública número um e serem proibidos os patrocínios dessa indústria. Se a história comprova o público fiel do ritmo entre os cariocas, os eventos mais recentes continuam conquistando cada vez mais público a cada edição. Normalmente acontecem a partir do meio do ano, como o Bourbon Street Fest, que já vai para sua 11ª edição lotando o Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, ou o Leblon Jazz Festival, que com seis edições na bagagem, já se espalhou para além da Zona Sul, desdobrando-se em evento homônimo em Niterói. Mas os amantes do ritmo não precisam esperar tanto. Cada vez mais casas na cidade têm aberto suas portas e dedicado ao jazz ao menos uma noite da semana, quando não mais. Na triangulação Lapa, Glória e Santa Tereza, se for o desejo do boêmio, todo dia é dia de som, no melhor do estilo de um Jazz à Carioca. O destaque fica a cargo do TribOz (triboz-rio.com) na Rua Conde de Lages, quase esquina com a Rua Taylor e divisa com a Glória. O agradabilíssimo espaço, abrigado em um casebre colonial renovado, é dedicado exclusivamente ao estilo, trazendo semanalmente atrações nacionais e internacionais de alto nível, de quinta a sábado. Vale a pena checar sua programação. Seu dono, o músico e pesquisador australiano Mike Ryan, abriu a casa para ser muito além de um bom palco do ritmo, fundando ali o CCBA – Centro Cultural Brasil-Austrália que realizará, dentre os projetos que desenvolve, a criação da RFO – Rio Fusion Orchestra, continuando o conceito desenvolvido por ele em sua terra natal. A ideia do RFO é apresentar fusões de jazz de alta qualidade, por uma formação de orquestra composta por Coisa boa a gente gosta 12 instrumentos, entre sopros, percussivos e cordas. “Finquei raízes para colaborar com a música no Rio que tanto amo. Há algo interessante no ar e mudei para cá decidido a fazer parte deste momento. Pretendemos já estar com a orquestra funcionando em maio, apresentando uma fusão do world jazz com o que há de melhor nos ritmos brasileiros. E há muita coisa”, explica Ryan. O jazzista australiano é um PhD em etnomusicologia pela University of Sydney, Austrália, apaixonado pelo estilo e pela musicalidade brasileira, que encontrou na Lapa seu refúgio e onde fundou seu templo. “Fundar o TribOz foi ir contra todas as previsões. Não houve qualquer apoio e ninguém acreditava no potencial, por conta dessa área ser um tipo de off-Lapa. Mesmo assim, fui em frente e agradeço por ter seguido. A casa tem uma energia própria e tocar nesse palco é uma experiência quase espiritual que mexe com quem tem a oportunidade. Não existe isso de área ruim, pois as coisas se transformam. E a verdade é que coisa boa a gente gosta. Não tinha como dar errado”, conta. Gostamos mesmo. É só fuçar pela região para perceber que o jazz definitivamente tem seu espaço garantido. Ali pertinho tem o espaço Pica-Pau Cultural (Rua da Lapa, 141) que abriga de tempos em tempos o Jazz do Sobrado, que vale uma conferida na sua próxima edição. Percorrendo a Lapa, encontramos também o Santo Scenarium (santoscenarium.blogspot.com. br), outro endereço que se firmou com apresentações do ritmo, tendo inclusive sediado o Lavradio Jazz Fest, festival muito agradável que toma as ruas da área em fevereiro no melhor estilo Bourbon Street. A casa divide a noite entre o jazz e o choro, mas sempre priorizando uma programação baseada em instrumental. Fora que bom som, santos e relicários pendendo do teto e cobrindo paredes é uma combinação estética no mínimo abençoada. Vale a visita. Sem falar que ali ao lado fica a Praça Albino Pinheiro, local de muita beleza e importância histórica, entre o Real Gabinete Português de Leitura, o Teatro João Caetano e o O músico e pesquisador australiano Mike Ryan é proprietário do TribOZ uma das excelentes opções para ouvir jazz no Rio de Janeiro Carioca da Gema, que desde 2011 tornou-se palco de apresentações de jazz abertas ao público. Quem fez ali este bom furdunço, conseguindo reunir até 2000 mil pessoas no centro, em plena quartas-feiras, foi a banda Nova Lapa Jazz (novalapajazz.blogspot.com). Grupo que surgiu com a proposta de democratizar o jazz no Rio de Janeiro e ganhou terreno desde que começou a botar as improvisações na rua. Curiosamente o grupo começou sua empreitada nas calçadas da Rua da Lapa, a menos de um quarteirão do palco do australiano, mas foi realocado pela Subprefeitura do Centro, devido ao grande número de frequentadores. Com certeza vale ser citado e ficar de olho onde essa turma irá novamente botar o bloco na rua. Alto e bom som Subindo as ladeiras as opções também se apresentam sedutoras. O Santa Saidera (www. santasaideira.com.br) também abre algumas noites aos jazzistas, valendo a pena ficar de olho na programação. Outro canto que ecoa o ritmo pelas ladeiras de Santa Teresa é o agradável Bar e Restaurante Marcô (Rua Almirante Alexandrino , 412), no conhecido Largo dos Guimarães. Perfeito para ouvir um som e beber uma boa cerveja ‘de garrafa’ por um preço bem razoável para os padrões atuais. Aproveitando o alto das ladeiras, outro ponto certo na cidade para ouvir um jazz e de quebra curtir um maravilhoso visual é o The Maze (www.jazzrio.com). A casa dedica duas sextas por mês ao estilo e entrou, no último ano, na lista de melhores clubes de jazz do mundo, pela revista americana Downbeat. Seguindo a proposta de jazz na comunidade, a ladeira Saint Roman, no número 20, na subida do Pavão-Pavãozinho por Copacabana, abriga o Rio Jazz Club, no albergue Pura Vida Hostel (puravidahostel.com.br). Um endereço que tem agradado os amantes do ritmo. Botafogo também não fica para trás. O Bar Clube da Esquina 3 (R. Rodrigo de Brito, 1) tem acertado na programação jazzísticas, se firmando como mais um bom palco do estilo na cidade. Se você for, assim como eu, adepto e apreciador de um bom jazz, sente, se sirva e fique à vontade. Pode ficar tranquilo que o samba não ficará chateado. 39 a LEXANDRE brandão | no osso [email protected] Arranjos fresquinhos para uma velha cantiga pornográfica e outra antipatriótica Mariquinha do Fubá 40 Ô, Mariquinha do Fubá, se eu pedir você me dá a mão e me consola. Diz pra mim: “Menino, não tenha medo, o escuro dura um segundo, passa logo”. Lá de trás da bananeira, é, Mariquinha do Fubá, a gente pode mirar o resto do mundo e rir dos que levam tudo tão a sério. O prefeito carrancudo, a dona de casa para quem, se a roupa não seca, a vida acaba. O professor que não entende a ironia do Joãozinho lá da classe dele. Se eu pedir você me dá, Mariquinha do Fubá, a misericórdia por eu me assustar tanto com a fanfarrice dos dias que nascem mansos, passam em tempestades pela hora do almoço e dormem de lua cheia? Se você me dá mão e misericórdia, vou andar de bonde com meus sustos. Em cada susto, rabisco um desenho. Em cada susto, alinhavo um poema. Em cada susto, em vez de envelhecer, fico eterno — ou tento. Você me dá, ô, Mariquinha do Fubá? Da Independência Japonês tem quatro filhos, todos quatro nascidos no lajeado. O primeiro é filho de búlgara, o segundo de uma que quase transformou o japa num desgraçado. O terceiro nasceu prematuro e o quarto foi adotado. Vivendo sua terceira viuvez, depois de crescidos os filhos, o japonês largou as beiras do lajeado, berço de pedra de sua prole, e se mandou pra capital. Tentou ser meganha, a idade não permitiu. Arriscou-se como compositor, suas rimas não caíram no gosto da plateia. Foi boxeador até levar o primeiro soco. Acabou, como muitos, no informal; no caso dele, no ilegal. Passou a contrabandear. No circuito Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela, tirou seu ganha-pão. Dali trazia um cadinho da felicidade guarani, outro da felicidade dos descendentes de Tupac Amaru, outro da cota dos guerrilheiros da selva amazônica e até mesmo um pouco daquela que persiste no coração dos descontentes com Hugo Chavez. Distribuía gotas de felicidade nos quatro cantos do Brasil. Para trabalhar, corrompeu. Escondeu-se. Um dia foi preso. Em defesa do réu, o rábula, contratado por alguns clientes desacorçoados com a abstinência forçada, não poupou palavras: “Esse homem, ceteris paribus, compôs o hino de nossa independência, posto que, sem felicidade, não há nação”. Talvez por não compreenderem o latim e o português da defesa, todos no Palácio da Justiça fecharam os olhos diante de tal argumento. O japa percebeu que, estando cega a justiça, bastava andar na ponta dos pés, porta afora, aeroporto afora, Brasil afora. No debate que se seguiu à fuga, jornalista armado de ironia bradou em sua coluna: “Ficou a pátria livre sem que ele (o contrabandista, bem entendido) morresse pelo Brasil”. Especula-se que hoje o japonês, que tem quatro filhos, todos quatro nascidos no lajeado, é monge tibetano numa terra de homens coxos nas barbas do Arzeibaijão. arte & cultura Arte que nasceu na Espanha e cresceu carioca Pilar Domingo expõe um pequeno pedaço de sua grande produção em nova exposição: “Sombras e Reflexos entre o Sagrado e o Urbano-A vida no DNA dos tempos” Pilar Domingo é uma artista nascida e criada no meio de arte. Filha de um grande artista espanhol que exaltou o Rio e fez carnavais cariocasBenet Domingo(1914-1969), e de Dona Conchita, hoje com 94 anos, que sempre foi ligada às artes literárias, riscos, rabiscos, cores e luzes. Pilar resistiu bravamente a outros títulos e crivos e sempre se disse artista. Professora concursada em Universidades Federais (RJ e MG) deixou a vida acadêmica, trocando os quadros negros pelas telas brancas para colorir. Pilar não se importou com títulos que enchem de purpurina os grupos de professores universitários. Doutora pela Universidade Complutense de Madri, suas obras estão espalhadas pela cidade e pelo mundo. Pilar, movida pela arte, reuniu todo o acervo de seu pai, em uma casa na Urca, onde vivem três gerações de artistas. Na Casa Benet Domingo*, num ambiente de energia acolhedora, se faz arte e se estimula saber e criação. Além da Pilar, a casa abriga Pedro Benet, seu irmão, também grande artista plástico e sua filha, Maria Matina jovem artista que aos 25 anos já tem uma produção de fazer inveja a nomes de expressão no meio das artes plásticas. A residência da família foi feita com espaços dedicados à arte e promover eventos ligados à expressão humana que vão desde conversas alegres e inteligentes em volta de uma mesa, até exposições de artistas convidados, passando pela poesia, teatro, dança, musica e cursos que falam á alma e ao corpo. A partir de 11 de março a artista estará expondo um pequeno pedaço de sua grande produção em nova exposição: “Sombras e Reflexos entre o Sagrado e o Urbano-A vida no DNA dos tempos”. Helena Cidade Moura,acadêmica da área de psicologia, portuguesa vivendo no Brasil desde 1979,comenta: “A pintura de Pilar Domingo sempre nos proporciona uma nova reflexão e, diante desta exposição, minha mente parou hesitante por não saber se seria capaz de abranger a dimensão de “A vida no DNA dos tempos”, que, numa expressão plástica simples e enérgica, me envolvia completamente.Olhei, admirei cada obra e, lentamente, a força, a profundidade, a coerência das diferentes linguagens plásticas começavam a construir um sentido para “A vida no DNA dos Tempos”.Fiquei com a alma e o olhar em silêncio e em harmonia com o tempo desconhecido. Em cada obra, a matéria com que Pilar nos transporta ao DNA dos tempos, as cores da Vida que pulsam energicamente nos agarram como parte da própria vida da obra, sombras que pairamos entre o sagrado eterno e o quotidiano/ urbano que despimos de passado e espessura”. Helena acompanha a obra de Pilar Domingo desde os finais dos anos 70 e ressalta: “Da força gráfica da gravura em grandes dimensões dessa época aos sucessivos projetos artísticos, sempre notáveis pela intensidade, renovação e profundidade com que são trabalhados e concluídos, Pilar busca nas matérias e materiais a expressão da verdade do viver e do sentir dos seus diálogos interiores com a Vida, com o Mundo.” No mês de março os cariocas podem apreciar o trabalho da artista e absorver a energia e o imaginário de seu sangue e cultura catalãs que dão alma e forma à força, energia, sensibilidade e profundidade que sempre nos impressionam e questionam na sua arte.Esta exposição é mais um presente de impressões e questionamentos e sempre bem-vindos. Os cariocas agradecem a Pilar. *Av. São Sebastião, 135 - Urca Tel.: 8538-1175 41 O nde encontrar BOTAFOGO Budha Spa Botafogo Av. Lauro Sodré, 445/G3 – Shopping Rio Sul Livrarias • Bancas • Cafés • Restaurantes Espaços Culturais • Lojas cadastradas • Academias OX Fitness Club Mourisco Praia de Botafogo 501 OX Fitness Club Praia Praia de Botafogo, 488 21 2295-2211 COPACABANA Banca do Babau Rua Inhangá esquina c/ NSC Banca Tia Vânia Rua Xavier da Silveira, 45 Banca Xavier da Silveira Rua Xavier da Silveira, 40 Empório Occhiali Rua Siqueira Campos, 143 – Loja 141-142 42 Espaço Brechicafé R. Siq. Campos 143 - loja 31 Tel: 2497-5041 Farmácia do Leme Av. Prado Jr.,237 – A Graça Brechó Av. N.S.Copabana 959 - Loja E Ao lado do Cine Roxy Le Chic Optique Av. N.S.Copa., 267 Livraria Nobel Rua Barata Ribeiro, 135 Tel.: 2275-4201 Helena's Studio R. Siqueiro Campos, 143/lj 25 Quiosque de Inf. Turísticas Av. Atlântica, Posto 3 Rest. Príncipe de Mônaco Rua Miguel Lemos, 18- Loja A Shopping 195 Av. N.S.Copacabana, 195 Sorveteria Lopes Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A Theatro Net Rua Siqueira Campos - N° 143 - 2º Piso. Copacabana CENTRO (Saara) Ateliê Cortiço Rua Buenos Aires, 282/sobrado Tel: (21) 2567-9464 FLAMENGO República Animal R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B Tel.: 2551-3491 / 2552-4755 GÁVEA 15ª DP – Gávea R. Major Rubens Vaz, 170 Tel.: 2332-2912 Banca da Bibi Shopping da Gávea 1º piso Tel.: 2540-5500 Banca do Renato Rua Teixeira de Mello, 30 Budha Spa Ipanema Rua Visconde de Pirajá, 365 B, Sobreloja 201 Centro Cultural Laura Alvim Av. Vieira Solto, 176) Mundo Verde Rua Visconde de Pirajá, 35 Supervídeo Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D 21 2522-6893 Via Verde R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C Wash Club Visconde de Pirajá, 12, loja D Banca do Mário Rua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446 Banca Top Rua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General Urquisa Tel.: 2239-1874 Chaveiro Pedro e Cátia R. Mq. de São Vicente, 429 Tels.: 2259-8266 JARDIM BOTÂNICO Carlota Portella Rua Jardim Botânico, 119 Tel: 2539-0694 Le pain du lapin Rua Maria Angélica, 197 Tel: 2527-1503 Posto Ypiranga Rua Jardim Botânico, 140 Tel:2540-1470 Supermercado Crismar Rua Jardim Botânico, 178 Tel: 2527-2727 Igreja N. S. da Conceição R. Mq.de São Vicente, 19 Tel.: 2274-5448 LAGOA Bistrô Guy Rua Fonte da Saudade, 187 Banca da Gávea R. Prof. Manoel Ferreira, 89 Tel.: 2294-2525 Banca Dindim da Gávea Av. Rodrigo Otávio, 269 Tel.: 2512-8007 Banca Feliz do Rio Rua Arthur Araripe, 110 Tel.: 9481-3147 Banca New Life R. Mq. de São Vicente,140 Tel.: 2239-8998 Banca Planetário Av. Vice Gov. Rubens Berardo Tel.: 9601-3565 Banca Speranza Praça Santos Dumont, 140 Tel.: 2530-5856 Banca Speranza Rua dos Oitis esq. Rua José Macedo Soares Casa da Táta R. Prof. Manoel Ferreira,89 Tel.: 2511-0947 Menininha Rua José Roberto Macedo Soares, 5 loja C Tel.:3287-7500 Posto BR – loja de conveniência Rua Mq. São Vicente, 441 Restaurante Villa 90 Rua Mq. de São Vicente, 90 Tel.: 2259-8695 HUMAITÁ Banca do Alexandre R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim Tel.: 2527-1156 IPANEMA Armazem do Café Rua Maria Quitéria, 77 LARANJEIRAS Casa da Leitura Rua Pereira da Silva, 86 Mundo Verde Rua das Laranjeiras, 466 – loja D 3173-0890 LEBLON Armazém do Café Rua Rita Ludolf, 87 Tel.: 2259-0170 Banca Café Pequeno Rua Ataulfo de Paiva, 285 Banca Canto Livre Rua Gen. Artigas, s/nº Tel.: 2259-2845 Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509 Banca Luísa Rua Cupertino Durão, 84 Tel.: 2239-9051 Banca Rainha R. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352 Banca Scala Rua Ataulfo de Paiva, 80 Tel.: 2294-3797 Budha Spa Leblon Rua Gal. Urquiza, 102 - Leblon Café com Letras Rua Bartolomeu Mitre, 297 Café Hum Leblon Rua Gen. Venâncio Flores, 300 Tel.: 2512-3714 Central de Compras do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 556 Centro Empresarial Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 204 Cidade do Leblon Av. 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