tiaGo leifert

Transcrição

tiaGo leifert
Nonono
News
A revista do Grupo LET Recursos Humanos
N0 36 | Novembro / Dezembro | 2012 | Ano 6 | www.grupolet.com
AMILGUINHO
Uma interessante viagem
pela boa dobradinha
SAÚDE + EDUCAÇÃO Pág.14
PROGRAMA
TRAINEE
O valor diferenciado de
uma grande ferramenta
para o RH Pág.16
VOCÊ NÃO
TEM TEMPO?!
Venha então para o
JUNGLE GYM Pág.12
Tiago Leifert
jornalista da TV GLOBO e apresentador do THE VOICE BRASIL
O “Linguista da Ousadia” sugere: “Sejam diferentes
de tudo o que vocês já viram e acreditem!” – Pág.8
| 2012 | Novembro / Dezembro | 1
Entrevista
Foto: Army Agency / Renan Monteiro
Papo com o leitor
“Feliz Natal
com novas ideias!”
Caros leitores,
Em primeiro lugar, aos nossos leitores, em nome do Grupo LET Recursos Humanos, gostaria de desejar um Feliz Natal repleto de reflexões interessantes sobre a nossa postura pessoal e
profissional. E é precisamente seguindo esta linha que trazemos nesta edição de Papai Noel um
bate-papo para lá de bacana com o jovem Tiago Leifert, jornalista esportivo da TV Globo, destaque
no Central da Copa e âncora do programa The Voice Brasil, que se encerra neste mês em dezembro. A leitura desta entrevista nos dá belos insights do que pode ser considerado um profissional
moderno e bem quisto pela sua organização.
Até mesmo fazer exercícios de uma forma inovadora pode proporcionar a ginástica mental da
qual estamos precisamos para quebrar paradigmas. Conheça o Jungle Gym e se surpreenda pelo
que o treinamento funcional pode fazer por você. E não adianta dizer: “eu não tenho tempo!”.
Repensando modelos e práticas, o Instituto Capacitare oferece a possibilidade de as empresas
terem, cada vez mais, um formato dinâmico de programa trainee. Se você é gestor de RH ou líder
de empresa, saiba o que esta ferramenta pode fazer pelas suas pessoas. Se você é profissional,
saiba o que pode fazer pela sua carreira.
E o que a Amil faz pelo seu entorno social? Descobrimos os grandes diferenciais da dobradinha
Saúde-Educação embarcando em uma viagem com o Amilguinho. A variedade de temas que cobrimos passa também pela Terceirização, pelo trabalho de RH do Rio Scenarium e por apresentar
a você os postos de trabalho que estarão mais “quentes” em 2013! E, como você sabe, tem ainda
muito mais do que isto.
Boa leitura!
Joaquim Lauria
Diretor Executivo do Grupo Let Recursos Humanos
Dicas NewsLet - Livros
“Anderson Spider Silva”, de Anderson Silva (depoimento a Eduardo Ohata) – Primeira Pessoa Editora Sextante
Quem atua com pessoas gosta de usar grandes exemplos de superação como ferramentas para
o trabalho de desenvolvimento. Dono de carisma único, Anderson Silva é uma “ferramenta” ideal
para comprovar que precisamos “quebrar modelos mentais”. Seu estilo não tem nada de truculento e falastrão. Tranquilo e infalível, intimida os adversários com um olhar. Sua trajetória descreve como ele nocauteou o destino, passo a passo, e se tornou um campeão nos ringues e na vida.
“Aprendendo a Ser Golfinho em um mar de Tubarões – Crise, Mudança e Crescimento ”, de Fernando Sánches
Arias – Qualitymark Editora
O que, à primeira vista d´olhos parece um livro infantil, em uma análise mais calma revela lições
sobre valores morais, relacionamentos e conscientização ambiental capaz de tocar a todos em uma
empresa, do Auxiliar de Serviços Gerais ao Presidente. O livro nasceu de uma experiência em nadar
com esses animais, que maravilhou Fernando e o motivou a estudar sobre o comportamento deles.
E eles nos ajudam a entender como podemos fugir de qualquer armadilha e nos autorrealizarmos!
“Que Tipo de Líder é Você na Empresa ”, de Andre Tadeu Aguiar de Oliveira – Qualitymark Editora
O mergulho na leitura das crônicas bem-humoradas funciona como uma didática muito útil ao
aprimoramento de lideranças. Dramaturgo teatral, o autor, mostra com uma linguagem dinâmica e
criativa que, para um projeto dar certo, o líder tem que estar preparado para se adaptar a qualquer
circunstância. Ele é a cabeça que guia todo o corpo funcional envolvido e tem a capacidade de
levar o projeto ao êxito ou, como muitas vezes acontece por falta de conhecimento, ao fracasso.
“Jogos para Ativar o Cérebro – com Palavras e Números”, de Allen Bradgton e David Gamon – Qualitymark
Editora
Com muita diversão e desafios, esta obra propõe conscientizar as pessoas de que elas podem
controlar o que acontece em seus cérebros, através do desenvolvimento das funções cognitivas
deles: executiva, espacial, da memória, da linguagem, de cálculo e social/emocional. Os autores
oferecem exercícios suficientes para um treinamento no qual as células cerebrais serão fortalecidas, habilitando o indivíduo a solucionar um mesmo problema de diferentes formas.
Nonono
Foto: Alexandre Peconick
Entrevista Especial
Editorial
O Grupo Let Recursos Humanos
parabeniza o Rio de Janeiro
pela conquista do título
de Patrimônio Mundial da
Humanidade pela Unesco!
Expediente
Grupo LET
Recursos Humanos
Membro Oficial
Matriz
Centro Empresarial Barra Shopping
Av. das Américas 4.200, Bloco 09,
salas 302-A, 308-A, 309-A – Rio de
Janeiro – RJ – tel.: (21) 3416-9190
CEP – 22640-102
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Escritório LET – Rio de Janeiro (RJ)
Centro – Avenida Rio Branco 120,
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Conj.42, Centro – São Paulo – SP –
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ou (11) 5506-4299.
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Ed. Europa Central Tower, Centro Juiz
de Fora (MG) – Brasil, CEP: 36016-230
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Escritório Belo Horizonte (MG)
Rua São Paulo 900, Salas 806 e 807,
Centro, Belo Horizonte - Cep: 30170-131
Tel.: (31) 3213-2301
Diretor Executivo: Joaquim Lauria
Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria
Revista
Publicação bimestral
Novembro / Dezembro 2012
Ano 6 – Nº 36
Tiragem 1.500 exemplares
Jornalista responsável (redação e edição):
Alexandre Peconick
(Comunicação Grupo LET)
Mtb 17.889 / e-mail para
[email protected]
Diagramação e Arte:
Murilo Lins ([email protected])
Foto da Capa:
TV GLOBO / João Cotta
Oportunidades:
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com/vagas/candidato e boa sorte!
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Tel: (21) 2209-1717
Rejane Ribeiro
Gerente de RH do RIO
SCENARIUM
“Scenariuns”genuinamente sociais
O
brilho e a emoção estampados no olhar desta profissional de RH ao descrever os
trabalhos de capacitação de
recuperadores de mobiliários antigos e
de ensino da linguagem musical a crianças e jovens de baixa renda do entorno
do centro antigo do Rio mostram muita
coisa, como por exemplo: comprometimento, ética, obstinação. Desde 2009
como Gerente de RH do Rio Scenarium
– casa de música, espetáculos, teatro e
exposições que fica à Rua do Lavradio,
20, Centro antigo do Rio – Rejane Ribeiro
revela estar se realizando ao presenciar
a transformação de uma população de
rua, que não tinha horizonte, em pessoas com projetos de vida.
Com 28 anos “de janela” no RH, ela
já conhecia há algum tempo os proprietários do local: Plinio Froes e Nelson
Torzecki. Convidada para implementar
processos de RH, imaginava estar vindo
para realizar tarefas semelhantes às que
cumpriu à frente dos jornais O DIA e Lance, por exemplo. No primeiro, conduziu
um reposicionamento do perfil dos profissionais e no segundo montou equipes
inteiras no Rio, em São Paulo e em Belo
Horizonte. Graduada em Psicologia pela
Faculdade Salesiano (Lorena– SP) e no
Rio desde 1984, Rejane estava diante, no
entanto, de seu maior e mais prazeroso
desafio: conduzir trabalhos genuinamente sociais e interligá-los com a Gestão interna de Pessoas.
NEWSLET – Responsabilidade Social está no DNA da empresa?
Rejane Ribeiro – Sim. Vem de uma
vontade de preparar pessoas para
uma mão de obra que não existe mais
no mercado: os recuperadores de
móveis e objetos antigos. Primeiro foi
realizada uma oficina de artífices, que
incluiu pessoas com deficiências neurológicas. Este tipo de trabalho ajuda
as pessoas a desenvolver e a superar
estes problemas fazendo com que as
suas vidas sejam normais. Não somente por medo e preconceito, mas
sabemos que estas pessoas têm dificuldade até para estudar. Além disso,
cria-se em todos os recuperadores
uma consciência sobre a importância
de um passado histórico.
NEWSLET – E como é o Projeto
Scenarium Musical?
Rejane Ribeiro – Ele começou do desejo de transformar a comunidade do
nosso entorno: uma população desprovida de tudo. Eram moradores de
rua, sem cultura, preparo, e até mesmo saneamento básico. Não eram
absorvidos por nada. Ninguém olhava para elas. Depois do trabalho com
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Seguranca
Coluna Saúde e Segurança no Trabalho
Entrevista Especial
“...dar oportunidade
às pessoas apenas não
basta. É preciso saber
oferecer o carinho no
tratamento. Isto faz
a diferença!”
NEWSLET – O processo educativo
pela música é gradativo...
Rejane Ribeiro – Por isto temos uma
parceria com os pais, convidados
a acompanhar tudo, desde o início.
Não adianta a família não apoiar. É
um projeto que desenvolve amplamente as pessoas porque se aprende a música, o instrumento, a fluência verbal e a autoestima. Muitos não
conseguiam sequer se expressar. E
2010, no Centenário do Noel Rosa,
eles gravaram um CD com as músicas do Noel cantadas por eles, em
parceria com Áurea Martins e João
Sabiá. A partir deste CD o proprietário da casa abriu a possibilidade
do grupo de jovens fazer o primeiro show do Rio Scenarium (durante
a semana há uma programação de
shows). Esta possibilidade demandou extrema dedicação. Agora em
outubro de 2012 houve o primeiro
show deles. O retorno do público e
dos nossos funcionários foi maravilhoso! Não raro, observamos os garçons dando uma paradinha para ir lá,
com o sorriso nos olhos, prestigiar
os meninos. A equipe fica mais engajada.
NEWSLET – Fazer ação social, oferece um salto para o talento técnico, mas, sobretudo, um up grade no
comportamento...
Rejane Ribeiro – Sim. Temos a missão de torná-los responsáveis, com4 | Novembro / Dezembro | 2012 |
prometidos com o trabalho. Por isto
há o Instituto Scenarium, com a administradora, Natércia Rossi. Junto
com ela, realizamos todos os projetos. Hoje há um grupo trabalhando
na recuperação do imóveis, um no
Scenarium Musical e contamos ainda com uma parceria com o Sesi
para o ensino fundamental dos funcionários adultos.
NEWSLET – Que valores a MÚSICA
mais desperta em jovens?
Rejane Ribeiro – O mais importante é a confiança que eles passam a
ter em si mesmos, o que aprimora
a sociabilidade. Eles têm o contato
com outra realidade, conhecendo
autores, compositores, pensadores
e isto abre um mundo que não vivenciavam: o das artes. A música também desperta a responsabilidade e a
forma de tratar e valorizar a família. E
eles conquistam ainda a vontade de
crescer e se desenvolver.
NEWSLET – Para o negócio do RIO
SCENARIUM o que o “ser social”
agrega?
Rejane Ribeiro – Agir de forma social é um conceito de deve estar na
raiz do ser humano e, por consequência, das empresas. E este trabalho
transforma famílias inteiras, porque
os pais vão querer melhorar para
acompanhar os filhos, os irmãos se
estimulam a aprender pelo exemplo.
Isto muda a forma dessas pessoas
de encarar a vida.
Fotos: Site Sxc.hu
mobiliário, alguns músicos da casa
começaram, junto com o RH, o trabalho do projeto Scenarium Musical.
Convidamos crianças e adolescentes
da região para lhes ensinar música e
instrumentos, como violão, piano, cavaquinho e percussão. É tudo gratuito. Os professores eram voluntários;
hoje temos músicos contratados. Ao
todo já foram 45 crianças e jovens, na
faixa dos 10 aos 20 anos, que se desenvolveram muito, alguns continuam conosco. Outros saíram. Orgulhamo-nos em dizer que foram até para a
Escola de Música Villa Lobos.
NEWSLET – Conte uma história de
transformação de um jovem que estimule em outros a busca pela realização de um sonho...
Rejane Ribeiro – Buscamos proporcionar transformação a todos os jovens. Um deles, o Igor, hoje com 17
anos já está trabalhando, como funcionário, conosco. Atua como Técnico de Som. Ele chegou aqui aos 13
anos e começou cantando. Identificou-se demais com o ambiente. No
momento em que ele quis parar de
estudar, não o deixamos. A condição
para ele ser admitido, foi a de continuar estudando. A postura dele após
ter começado mudou muito. Hoje,
está muito feliz!
NEWSLET – Existe processo seletivo para o jovem que deseja participar?
Rejane Ribeiro – O jovem tem que
vir conversar conosco e demonstrar
que deseja realmente participar do
projeto que tem carga horária de 3
horas semanais ou duas sessões.
Não pode faltar, porque sempre tem
gente querendo vir.
NEWSLET – Que aprendizado um
profissional de RH ganha ao se envolver em ações sociais que envolvam a cultura?
Rejane Ribeiro – O aprendizado pessoal, em especial, é de extrema importância. É um processo que dá trabalho, mas é muito prazeroso; é o que
de melhor há para quem atua em RH,
sobretudo, se for graduado em Psicologia. Como é bom ver um diamante
bruto ser lapidado e estar pronto a
brilhar no mundo! Mas dar oportunidade às pessoas apenas não basta.
É preciso saber oferecer o carinho no
tratamento. Isto faz a diferença! Abrir a
porta é só o começo.
O que “pode” e o que “não pode” no
TRABALHO DOMÉSTICO
O
tema trabalho doméstico é
destaque na mídia e nos postos de atendimento do Ministério do Trabalho e emprego
(MTE). São considerados empregados
domésticos (as), pessoas maiores de 18
anos que prestam serviços de natureza
contínua e não lucrativa à pessoa ou à
família, no âmbito residencial. Integram
a categoria os seguintes trabalhadores:
cozinheiro(a), governanta, babá, lavadeira, faxineiro(a), vigia, motorista particular, jardineiro(a), acompanhante de
idosos(as), entre outras. O caseiro também é considerado empregado doméstico, quando o local onde exerce a sua
atividade não possui finalidade lucrativa.
Os jovens que trabalham nestas atividades estão sujeitos a esforços físicos
intensos; entre outros fatores, podendo
comprometer sua formação social e psicológica. Uma mudança na legislação: o
trabalho doméstico a partir de 16 anos
está autorizado em situações onde os
adolescentes não estejam expostos a
riscos à saúde, à segurança e à moral.
No posto de atendimento do MTE está
sendo distribuída a cartilha “Trabalhador
Doméstico – Direitos e Deveres”, onde
são passadas algumas informações sobre direitos e deveres dos trabalhadores.
O item “Condições Mínimas de Segurança, Saúde, Conforto e Alimentação”,
diz que a alimentação deve ser fornecida
em quantidade e qualidade compatíveis
com a necessidade nutricional e a atividade desenvolvida; a habitação deverá
ter capacidade dimensionada de acordo
com o número de moradores e possuir:
ventilação e iluminação suficientes; rede
de energia elétrica protegida; pisos, paredes e cobertura adequados; instalações sanitárias abastecidas por rede e
servidas por sistema de esgotos; portas
e janelas capazes de proporcionar vedação suficiente.
Ser empregado (a) doméstico (a)
também inclui riscos ambientais, onde o
trabalhador se expõe a microorganismos
presentes nas instalações sanitárias e
no lixo, produtos de limpeza, umidade e
calor. O empregador é responsável pela
adoção de medidas de proteção, como a
redução do tempo de exposição, e deve
disponibilizar equipamentos (calçados e
luvas impermeáveis) para reduzir o contato do trabalhador com os agentes ambientais. Nas atividades de higienização,
o empregador deve cuidar para que se
trabalhe apenas com produtos químicos
destinados ao uso doméstico.
Os trabalhadores domésticos estão
sujeitos ainda a acidentes, como: queimaduras, quedas, cortes e choques
elétricos. Para prevenir, sugerimos: 1)
exigir ritmo de trabalho compatível com
a natureza da atividade e a capacidade
do trabalhador; 2) fornecer material de
*Vanessa de Paula
trabalho adequado à tarefa a ser executada e em boas condições de uso; 3)
orientar permanentemente o empregado
sobre a tarefa e seus riscos; 4) manter
instalações elétricas e de gás em boas
condições de uso; 5) proibir trabalho em
altura com risco de queda.
De acordo com a legislação específica, a justiça concedeu mais direitos
sociais a essa classe, como: saláriomínimo; irredutibilidade salarial; repouso semanal remunerado; gozo de férias
anuais remuneradas com, pelo menos,
1/3 a mais do que o salário normal; licença à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com duração de 120 dias;
aposentadoria e integração à Previdência Social, entre muitos outros. Portanto,
caso esse colaborador sofra acidente
no trabalho, também estará assegurado
pelo beneficio da Previdencia Social.
*Vanessa
de Paula, é
a Técnica de
Segurança
no Trabalho
do Grupo
LET Recursos
Humanos
| 2012 | Novembro / Dezembro | 5
Sala de Visitas - Especial
“Desoneração da
folha não substitui
Terceirização”
Foto: Divulgação ASSERTTEM
Sala de Visitas - Especial
*Vander Morales
E
stão cada vez mais contraditórios os serviços de atendimento ao público. Um exemplo...
As medidas de desoneração da carga tributária gradativamente
adotadas pelo Governo Federal desde
2011 representam um esforço laudável
das autoridades para o incremento da
atividade econômica no Brasil. O País
ocupa o 48º lugar no ranking de competitividade global elaborado pelo Fórum
Econômico Mundial. Em uma lista de
144 países recentemente pesquisados,
é o que mais sofre com os impactos
negativos do excesso de regulação e
tributação, conforme análise feita pela
Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Abdib).
Nesse contexto, o emprego industrial
está desaparecendo a passos largos, o
que exige celeridade, planejamento e
estratégias acertadas por parte do Governo. Não há mais tempo a perder e, a
6 | Novembro / Dezembro | 2012 |
partir de 2013, 40 setores industriais e
de serviços, especialmente do segmento de Tecnologia da Informação, estarão
pagando entre 1% e 2% sobre o seu
faturamento em lugar dos 20% de contribuição previdenciária sobre a folha
de salários. O mecanismo começou a
valer neste ano para 15 desses setores,
injetando ânimo sobre determinados
parques produtivos. Por outro lado, entretanto, acabou gerando grande apreensão em outra área que tem contribuído enormemente para o emprego e o
ritmo positivo da atividade econômica:
a Terceirização de Serviços.
A perspectiva de desoneração da
contribuição previdenciária tem levado
as organizações privadas a reverem
suas políticas de Terceirização. Um
grande equívoco. Considerar que a desoneração da folha de salários elimina
a necessidade da Terceirização, ideia
agora expressa por alguns setores, re-
vela que o Brasil ainda não compreendeu que a Especialização dos Serviços
representa uma estratégia de gestão do
empreendimento econômico como um
todo e não um mero recurso de corte de
custos sobre o quesito mão de obra.
Quando uma empresa decide terceirizar, ela estabelece, na verdade,
uma parceria contratual com outra
organização privada. Esta lhe dá suporte e assume a execução de uma
importante atividade da cadeia produtiva ou de negócios da contratante,
respondendo pelo emprego e qualificação dos profissionais, pelo seu
treinamento, pelo fornecimento dos
equipamentos e de toda expertise
tecnológica necessária, e, fundamentalmente, pelos resultados. A Terceirização representa, portanto, solução
para o aumento de produtividade e,
em consequência, da competitividade
e sustentabilidade empresarial.
Desta maneira, ao se avaliar os resultados desta estratégia sobre os resultados globais de uma organização,
a conta a ser feita deve considerar não
apenas a economia direta em que essa
medida implica, bem como nos investimentos que foram realizados pela empresa de Serviços Especializados sobre
o gerenciamento de toda a atividade, ou
seja, sobre a qualificação, tecnologia,
treinamento, supervisão, orientação etc.
Nesse sentido, antes de se repensar a
estratégia da Terceirização, a pergunta
a ser feita é se a economia com a desoneração seria suficiente para cobrir
todo esse arco de gastos que voltaria
a incidir sobre as contratantes em caso
de rescisão dos negócios com a prestadora de serviços.
O que mais uma vez se identifica em
todo esse novo debate público é que
o Brasil não sabe, ainda, infelizmente,
trabalhar com planejamento de curto,
médio e longo prazo. No momento em
que o Governo Federal anuncia a disponibilidade de abrir mão de cerca de
R$ 60 bilhões de arrecadação com o
final da desoneração a esses 40 segmentos, prevê-se, obviamente, que as
autoridades tenham pensado em estratégias para repensar seus gastos e
investimentos futuros. De outro modo,
quando as organizações privadas se
veem mediante a possibilidade de di-
“A Terceirização
representa, na nova
economia global, a
oportunidade de as
organizações privadas
desenvolverem e/ou
fornecerem bens e
serviços inexistentes
até há pouco tempo”
minuição e/ou aumento de custos, devem estudar de que maneira isso irá
impactar em todas as suas metas, ao
longo do tempo.
“Ganhar” (desoneração) de um lado
para voltar “gastar” em outro (contratação direta dos trabalhadores), promover
uma mera transferência é medida que
passa muito longe da perspectiva do
planejamento, da gestão organizacional. Caso a Terceirização venha sendo
tratada dentro desse raciocínio curto, é
certo que a contratante não está sabendo empregá-la em toda sua potencialidade. A Terceirização é o caminho para
que se atinja a eficácia e a melhoria dos
resultados de uma dada etapa do sistema produtivo e/ou de negócios.
Ela representa, na nova economia
global, a oportunidade de as organizações privadas desenvolverem e/ou fornecerem bens e serviços inexistentes
até há pouco tempo, em áreas que vão
de suprimentos, inovação, tecnologia,
manutenção, segurança, manufatura,
estoque e logística à comercialização,
entre outros. A conta, para bancar tudo
isso, vai muito além da aritmética simples e exige que o empresário brasileiro comece a planejar de forma global,
perspectiva que envolve a contabilidade
do tempo, da relação custos e benefícios e de projetos alongados de sustentabilidade do empreendimento.
*Vander Morales é Presidente da
Federação Nacional dos Sindicatos de
Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) e do Sindicato das Empresas de
Prestação de Serviços Terceirizáveis e
de Trabalho Temporário do Estado de
São Paulo (Sindeprestem).
BATE-PAPO com VANDER...
Em relação ao tema desenvolvido
pelo nosso “convidado” NEWSLET o
questiona:
Que esforços vocês estão fazendo
para conscientizar o meio empresarial acerca da importância da
manutenção da TERCEIRIZAÇÃO?
Vander – Uma série de ações junto a
autoridades governamentais, o que inclui representantes do Legislativo e Judiciário, para que eles tenham a convicção sobre a importância da Prestação
de Serviços Especializados. No entanto, por conta de discussões acerca de
uma lei específica para regulamentar o
setor em descompasso com as ten-
dências mundiais para a Terceirização,
diariamente precisamos lembrar sobre
a importância que a atividade traz para
o empreendedorismo e para a empregabilidade formal. Temos feito isso por
meio da realização de eventos e congressos. Em parceria com a ABRH-Nacional lançamos recentemente um livro
informativo chamado “Fatos e Versões”
e anualmente divulgamos uma pesquisa setorial para demonstrar a grandeza
do segmento por meio dos números. Essa visão equivocada, sobre
a qual fala no artigo, não lhe
parece uma herança cultural
histórica do mercado brasileiro
complexa para mudar?
Vander – Estamos fazendo de tudo
para reverter injustiças cometidas com
a Terceirização. A herança histórica do
passado só permanece viva naqueles
que não compreenderam ou não querem
compreender a evolução das relações
de trabalho e os mecanismos eficientes
para a manutenção da competitividade,
já tão ameaça pela alta tributação praticada em nosso País, somada ao elevado
índice de informalidade na economia. A
Terceirização precisa ser reconhecida
como legítima propulsora do emprego
formal. Trabalhador com excesso de jornada, com salário atrasado e sem benefício garantido por lei, não é terceirizado,
é informal. A terceirização séria contrata
funcionários dentro da lei.
| 2012 | Novembro / Dezembro | 7
Personagem / Capa
Personagem / Capa
Foto: TV GLOBO / Alex Carvalho
em mim. Sempre procurei assistir a muita televisão e bastante cinema, sempre
como a postura de estar aprendendo.
Enquanto as pessoas estavam se divertindo, eu tentava entender como o diretor fez para passar aquela emoção. Meu
cérebro está há anos trabalhando 24h
buscando ideias, focando em APRENDIZADO. Eu leio muito também. Enfim,
fico cutucando meu cérebro o tempo
todo. Obviamente, isso sacrifica a saúde, como já aconteceu. Mas foi o jeito
que encontrei para “ser diferente”.
Tiago Leifert
NEWSLET – Mas o que agrega ao seu
trabalho ter cursado Psicologia e Jornalismo?
Jornalista e apresentador da TV GLOBO
Tiago Leifert – A Psicologia me ajuda
a entender as pessoas, o Jornalismo a
explicar as pessoas. Tem tudo a ver uma
área com a outra. A Psicologia me dá suporte também a ser chefe, perceber com
mais clareza as pessoas em seus egos,
vaidades e defesas. Auxilia-me, sobretudo, também a me entender melhor. E morar nos EUA foi a coisa mais importante
da minha formação, sem dúvida alguma!
Aprendi demais em uma faculdade excelente. Tive a chance, por exemplo, de
trabalhar em uma dos maiores canais da
TV americana, a Rede NBC.
NEWSLET – E o que significa “se reinventar todos os dias na TV”?
“The VOICE (RH) Brasil?!”
As lições do talento jovem para os gestores de pessoas
O
estilo ousado e o talento de
quem sabe improvisar não
revelam que Tiago Leifert
(lê-se “láifer”) é um dos profissionais que mais trabalha duro na TV
Globo. Chega sempre muito cedo, sai
sempre tarde, pesquisa muito e é apaixonado pelo que faz. Ao chamar a atenção
pelas tiradas sempre bem colocadas – “e
como é difícil fazer isso em TV ao vivo!”
– no Central da Copa 2010 seu carisma
ganhou o Brasil. Quem vai se esquecer
do “Libertem o Caio (comentarista de futebol)!”, bordão lançado por Tiago?!
8 | Novembro / Dezembro | 2012 |
Confirmando o potencial polivalente
e interagindo com os candidatos e os
mestres da música no The Voice Brasil,
este jornalista de 32 anos consolidou-se
definitivamente como referência. Reconhecimento? Só no Twitter ele tem quase dois milhões de seguidores.
Ainda adolescente, aos 16 anos,
Tiago era repórter do “Desafio ao
Galo” na TV Gazeta. Anos mais tarde,
em 2004, após graduar-se em Jornalismo e Psicologia, pela Universidade
de Miami (EUA) e estagiar na rede
americana NBC, ancorou o “Vanguar-
da Mix” pela TV Vanguarda, afiliada à
Rede Globo. Erros na TV? Sempre os
tirou de letra, marcando “gols de placa”. Em 2009, depois de passagem
bem-sucedida pelo SporTV, chegou a
Editor-Chefe do Globo Esporte – SP.
Mas o que Tiago Leifert ensina aos
RHs? Muito! A começar por fazer tudo
diferente da “caixinha”. O restante, ele
mesmo nos conta...
NEWSLET – Você quebra padrões e
tem um jeitão que muitos profissionais
de RH buscam implementar nas em-
presas. Em sua formação e educação
o que foi decisivo para que este fosse
o Tiago? A graduação em Psicologia
e Jornalismo ajuda; ter morado nos
Estados Unidos, enfim, o que entra no
seu “pacote”?
Tiago Leifert – Obrigado pelas palavras! Fico feliz que vocês vejam isso em
mim. Tudo isso que você disse entra no
pacote. Mas vejo de outro jeito. Fui embora do Brasil para estudar fora quando
tinha 21 anos, no auge da balada. Eu
desisti de sair, me divertir, para investir
Tiago Leifert – Isto é conversa para
dias e dias. Mas vamos tentar um
exemplo prático: o uso de clichês. O
clichê é o fastfood da comunicação.
Você tem uma situação, ela acontece,
você solta o clichê, pessoas riem ou
não, e você vai para casa. Ele resolve a
vida do preguiçoso e cria um estilo. Eu
jamais conseguiria ser assim. Então,
o importante para se manter vivo: ser
autêntico, estar sempre descansado e
com a cabeça em dia para ter rapidez
de raciocínio na hora dos problemas.
Muito importante: saber que a cada fim
de programa você pode ter se tornado
um dinossauro e o meteoro está chegando para atingir a sua cabeça. O próximo programa tem de ser diferente, a
sacada tem de ser nova. NEWSLET – O estilo de quebrar expectativas conquistou os telespectadores,
com os quais você troca muitas mensagens. Isto te ajuda a se aprimorar?
Tiago Leifert – O papo no Twitter é
mais para diversão, uma continuação
das coisas. Não acho que existam grandes conselhos em redes sociais e nem
mesmo em critica de tv. Para me aprimorar, converso com meus “gurus” lá na TV
GLOBO, algumas pessoas que manjam
demais de televisão e podem me ajudar
de verdade. Meus gurus estão há muito
tempo na TV, já assistiram a todos os
tipos de programas, já ouviram as mais
variadas ideias. Eles têm uma visão
maior, a longo prazo. Conseguem me
inserir num contexto muito mais amplo,
me ajudam a enxergar a carreira daqui a
cinco, dez anos, não só o agora.
NEWSLET – Mas o seu “ser ousado”
é um baita facilitador para que seja
entendido e admirado pelas pessoas...
Tiago Leifert – Sempre tive facilidade
de relacionamento e gostei muito de
conversar, ouvir as pessoas. A espontaneidade ajuda a quebrar a “vitrine”
virtual que todo profissional de TV tem
em torno de si. As pessoas, às vezes,
têm vergonha de se aproximar, conversar, tirar foto. Acho que meu jeito na TV
acaba quebrando essa barreira. E eu
gosto muito!!!
NEWSLET – Em empresas profissionais com o estilo flexível e multifuncional podem atuar na gestão de conflitos.
Fazendo um comparativo – não que
tenha sido esta a intenção – em 2010
você ajudou o Galvão Bueno a amenizar a campanha “Cala a Boca Galvão”.
Com espontaneidade você “quebrou”
um pouco aquelas pessoas. Que lições
positivas tirou daquele episódio?
Tiago Leifert – Eu acho que prego o
espírito esportivo e, muitas vezes, ele é
útil nesse caso. Brincadeira não se leva
a sério, eu não me levo a sério. Aquele
episódio serviu para mostrar que nós do
esporte da TV GLOBO gostamos de nos
divertir! Fazendo uma transposição do
| 2012 | Novembro / Dezembro | 9
Direto ao Dire
NEWSLET – E nesse encantamento
com os participantes que valores eles
passam que você enxerga como bons
para qualquer tipo de profissional?
“o importante para se
manter vivo: ser
autêntico, estar sempre
descansado e com
a cabeça em dia para
ter rapidez de
raciocínio na hora
dos problemas”
Tiago Leifert – Todo mundo que foi
lá, venha de onde vier, é um mestre
em ouvir “Não”. E seguem em frente.
O “não”, que para muita gente é o “fim
do mundo”, para eles é apenas mais um
dia. O que mais me chama a atenção é
a facilidade com a qual a maioria deles
demonstra ter capacidade para digerir
a frustração de ser eliminado. Eles sofrem, claro; é ruim, mas eles aceitam até
com muita graciosidade!
NEWSLET – Conte uma história de
um personagem do “The Voice Brasil”
que tenha lhe trazido reflexões sobre a
grandeza do ser humano...
banda de primeira. Ele se sentiu escalado para a seleção brasileira, sabe?
Foi muito bonito ver a emoção dele. A
mãe de uma das participantes também
me marcou, dizendo “se minha filha vai
passar ou não, sei lá. O que importa é
que esse programa é um show, lindo e
bem produzido, com os melhores músicos do País, e hoje ela é uma estrela
desse show”. Achei sensacional!
NEWSLET – Lulu Santos, Claudia Leite, Carlinhos Brown e Daniel são mestres. Que passagem divertida você nos
conta sobre a convivência com eles?
Tiago Leifert – Eu gostei do Sidney
do Cerrado, que não passou nas audições às cegas. Ele estava genuinamente feliz de estar ali e de tocar por 90
segundos num estúdio lindo com uma
Tiago Leifert - Nós evitávamos tanto contato porque eu conhecia todos
os candidatos e não queria nem ter a
vontade de falar “aperta na música tal!”
(Risos). Mas,...vamos lá...costumava
10 | Novembro / Dezembro | 2012 |
Tiago Leifert
brincar muito com o Brown! Ele era o
técnico que mais sofria na hora de eliminar, ficava horas confabulando. Ele
me via e já começava a rir...”lá vem ele
me colocar pressão!”
NEWSLET – A sua trajetória comprova
que dizer palavras que atraem as pessoas, ter talento e um “rosto televisivo”
não é tudo. Assim como em qualquer
grande empresa, é preciso extrema
dedicação. O que significa DEDICAÇÃO para você?
Tiago Leifert - Trabalho no Globo Esporte pelo menos 12 horas, todos os
dias! Não existe milagre. Existe trabalho. Empenho. A sorte só aparece para
quem se esforça. Tudo o que aconteceu comigo é fruto disso. É um grande garimpo! Fico quase um dia inteiro
buscando uma imagem, umazinha...,
uma história que vá consagrar o Globo
Esporte do dia seguinte. E isso se repete nos fins de semana. Nos dias sem
evento esportivo, todo mundo quebra a
cabeça para achar uma história. Quando o programa vai para o ar, o jogo já
acabou há muitas horas. Talvez seja o
último programa a falar do assunto e,
mesmo assim, precisa ser novo e interessante. Como tudo o que se faz hoje
nas empresas de outros negócios. Tem
que encantar!
NEWSLET – Também somos lidos por
profissionais que buscam espaço no
mercado de trabalho. Daí vem a pergunta final: Vendo o seu novo estilo de
fazer jornalismo muitos jovens se estimulam. Imagine jovens que vão entrar
para a TV Globo daqui a 10 anos. O
que eles vão precisar ter, ser e fazer
para conquistar espaço? Tiago Leifert - Sejam diferentes
de tudo o que vocês já viram e acreditem! Toda mudança causa revolta.
Não existe revolução sem sangue e
sofrimento. Até chegar onde se quer,
demora e dói. Mas tudo vale a pena!
Nunca se inspirem em nada nem em
ninguém. Absorvam, aprendam e mudem o que acabaram de aprender! É
assim que se evolui.
O dano moral na
justiça do
trabalho
*Sérgio Queiroz Duarte
J
á faz parte, infelizmente, do cotidiano forense trabalhista, o ingresso exacerbado de reclamações com alegações totalmente
falsas de dano moral. Observa-se que
os petitórios incrementam fatos inverídicos para causar maior perplexidade
aos Magistrados, tendo como objetivo o de acrescentar certa dose de
sofrimento espiritual no empregado a
qualquer ato ilícito cometido pelo empregador; que, em tese, pode causar,
além dos danos materiais, o plus a título de indenização por danos morais.
Esta acumulação de danos materiais com danos morais apesar de,
abstratamente, ser admitida, por ser
reiterada vezes ocorrida, passou a ser
chamada de: “batatas fritas, que vêm
como acompanhamento de ações na
justiça ”.
Salienta a ilustre advogada Nívea
Maria Santos Souto Maior, autora de
magnífico trabalho acerca do tema,
que “ao se comparar os danos morais
às batatas fritas, há na realidade uma
parábola de que os danos morais são
pleiteados muito mais por gula do que
propriamente por fome.”
Na maior parte das vezes, não há
prova do dano, do ato ilícito, e nem
mesmo do nexo causal. O pedido de
dano moral traduz em lide temerária,
disfarçado de direito de ação.
O Poder Judiciário vem, de forma
exemplar, rejeitando tais aventuras jurídicas que servem unicamente para
banalizar um instituto tão nobre quanto a responsabilidade civil por danos
extrapatrimoniais.
Deveria, entretanto, ser mais incisivo e, ao rejeitar o pedido de dano
moral, condenar o empregado na litigância de má-fé, nomeadamente nos
casos que se mostrem mais absurdos,
de forma a coibir e inibir tal prática.
Os Tribunais Regionais e também
o Tribunal Superior do Trabalho tem
sido bastante criteriosos nas decisões
quando se trata de condenação por
dano moral, ressaltando que o empregador só pode ser condenado quando
agir com culpa, nos casos de negligência ou imprudência, ou com dolo.
Para que haja reparação por danos morais é mister (imprescindível) a
apuração da conduta ilícita do empregador, o dano provocado e a relação
de causalidade entre uma e outra. Assim é porque a responsabilidade civil
do empregador pela indenização correspondente ao dano moral depende
de prova e não de mera alegação do
empregado.
*Sérgio Queiroz
Duarte é Advogado
da Queiroz Duarte
& Advogados
Associados (www.
queirozduarte.
com.br), Presidente
da Comissão de
Direito Esportivo,
Conselheiro
e Procurador
da OAB Barra
Fotos: Alexandre Peconick
Tiago Leifert – O que eu mais presto atenção é nas engrenagens da produção, na quantidade de gente. Como
eles escalam produtores? Como eles
fazem para ter todo mundo pronto no
horário? É uma maquina fantástica, tocada por gente genial. Eu estou mais
ligado nisso, nos bastidores, em como
eles fazem o programa. Já na interação
com os participantes, é impossível não
se emocionar com eles. É muito fácil entrar no clima. E eu amo música!
Foto: TV GLOBO/João Cotta
ambiente da TV para as empresas, penso que este estilo de rir de si mesmo,
saber errar e se corrigir é fundamental
para qualquer pessoa que se pretende
bem realizada. Se levar muito a sério só
leva, na verdade, à frustrações e inimizades.
NEWSLET – Certamente o talento
demonstrado em programas esportivos contribuiu para que a TV Globo
o convidasse a ancorar o “The Voice
Brasil”. Mas o The Voice te ensinou
muito não foi?
Fotos: Site Sxc.hu
Coluna Direto ao Direito
Personagem / Capa
| 2012 | Novembro / Dezembro | 11
Qualidade de Vida/Inovação
Jungle Gym Brazil
Fotos: Alexandre Peconick
O empresário Miguel Estephanio
mudou sua vida após o contato
com exercícios como o slack-line
(ao lado) e o jungle gym (baseado
nas argolas da ginástica - abaixo)
Um treinamento
FUNCIONAL e INTELIGENTE
para executivos
O
nome vem do Monkey bar
gym que remete a uma
imitação dos movimentos
livres de um macaco em
uma selva, com cipós, galhos (barras)
e qualquer recurso natural que lhe impulsione os movimentos. Inspirado por
esta visão e indignado com a mesmice de exercícios repetitivos que poucas novidades traziam para a saúde
geral, o americano Jon Hind fundou
esta prática há 25 anos entre os seres
humanos. Um de seus discípulos, por
meio de um curso no Brasil em 2009,
o professor de Educação Física, Saulo
Batista, adaptou a prática à nossa realidade e a rebatizou para Jungle Gym
Brazil, que na verdade, é uma variação
do treinamento funcional.
O visual em nada se assemelha
ao de muita gente “fazendo cara feia”
para redesenhar corpos nos pesados
aparelhos das academias de ginástica.
Ao contrário. Trata-se de pessoas sorrindo e brincando com exercícios que
utilizam cordas, meias-bolas, elásticos,
bola-suíça (“bolão”), barras, cintos de
tração, luvas de boxe, sacos de areia e
qualquer outro recurso natural que libere os movimentos no meio ambiente. O
popular slack-line, muito praticado nas
praias, é um dos exercícios possíveis
do Jungle Gym Brazil. “Existem cerca
de um milhão e meio de exercícios”,
12 | Novembro / Dezembro | 2012 |
diverte-se Saulo, ao relatar que em três
anos de condução de práticas nunca
repetiu uma sequência de exercícios.
Em poucas horas o Jungle Gym
Brazil traz benefícios mais completos
não somente para a musculatura, mas
para a mente e o bem-estar geral. Este
aspecto tem chamado a atenção de
muitos executivos, em geral, com pouco tempo disponível. Um deles é João
Miguel Stephanio, 51 anos, sócio-diretor da Brasil Serviços. Há cerca de
um ano e meio ele rompeu o tendão
de aquiles e seu médico o encaminhou para as sessões do novo treinamento funcional desenvolvido por
Saulo Batista. “Em apenas 12 sessões
consegui muito mais do que recuperar a perna, ampliei minha capacidade
aeróbica e conquistei um equilíbrio
que não conhecia; melhorando muito
o meu relacionamento com os meus
colaboradores e a minha dimensão
humana do que significa trabalho”,
constata João Miguel. O executivo revela que além de estar mais disposto
para o restante do dia – pratica o Jungle Gym Brazil de manhã cedo – ficou
bem mais simples cuidar da saúde e
organizar a agenda.
Além do desempenho no trabalho e
do relacionamento humano, a prática
do Jungle Gym Brazil deu a João Miguel mais arrancada e melhor capaci-
dade de se recuperar de um esforço,
atributos que ele usa na prática de tênis, uma paixão pessoal. “Só preciso
de uma hora por sessão de treinamento funcional para me condicionar e ter
energia para um dia de trabalho, que
é extremamente desgastante, ou um
extenso jogo de tênis”, conta.
Há sete meses Saulo Batista criou o
Estúdio Jungle Gym Brazil. Em um salão no terceiro andar de um sobrado,
no coração do Centro do Rio, dispôs os
aparelhos desta “selva” em um conceito
pioneiro de estúdio. Seu slogan é “preparamos você para viver nessa selva
que é a cidade”. O professor argumenta que, se refletirmos os momentos do
dia a dia, como uma viagem de metrô,
uma visita ao supermercado, dirigir um
automóvel em um engarrafamento ou o
subir e descer de escadas em um prédio, percebemos que, para tudo isso,
realizamos exercícios funcionais.
Ex-Massoterapeuta do futebol do
Fluminense F.C., Saulo admite que
antes de conhecer Jon Hind estava
desestimulado com tudo o que via em
sua atividade. “É comum ouvirmos
em uma academia “hoje vou malhar
o peitoral, amanhã o glúteo e o abdômen”; mas o ser humano é integral e
quando, por exemplo, sobe escadas,
não usa só as pernas, mas os braços,
o pescoço...”, explica. Nesta linha, o
treinamento funcional adapta a pessoa para lidar naturalmente com qualquer atividade de seu dia a dia.
Mas por que tamanho resultado?
De acordo com Saulo, o exemplo do
alto-executivo que vive sob influência
do estresse e passa horas em reuniões, é notório. Ele sugere a este líder o
trabalho com aparelhos que lhe façam
buscar o equilíbrio e tragam o desafio
de ter que se sustentar com o peso do
próprio corpo. “O x da questão é que
mais do que trabalhar apenas uma
parte do corpo, cada exercício do Jungle Gym Brazil trabalha um conceito
do corpo estar respondendo à mente”,
esclarece Saulo. Há exercícios que
trabalham com a memória, outros enfatizam, por exemplo, a concentração.
Mas este conceito de atividade física
precisa fazer sentido, mais: tem que ser
divertido para quem o pratica. Por isto
mesmo, assim como no RH, que busca
casar a vaga com o candidato, antes de
submeter qualquer pessoa aos treinos
de Jungle Gym Brazil, Saulo realiza uma
entrevista-diagnóstica. Pergunta-se da
vida pessoal ao trabalho, passando
pelo histórico de saúde. O objetivo é
adaptar os atributos de cada conjunto
de exercícios às necessidades de cada
pessoa. Na montagem de um treinaSaulo Batista (à frente,
de óculos) e a equipe do
Estúdio Jungle Gym Brazil
mento, pode-se variar na ordem dos
exercícios, na intensidade e no tipo de
movimento para cada aparelho.
Por meio de uma balança de altíssima tecnologia que mede, entre outros
aspectos, o metabolismo basal, o percentual de massa magra, a quantidade de líquido no corpo e o percentual
de gordura, Saulo e sua equipe do Estúdio Jungle Gym Brazil têm estudado
cientificamente como pessoas tão distintas, de crianças a jovens, passando
por adultos, até idosos, evoluem muito em tão pouco tempo. Se em uma
academia o intuito é perder peso ou
ficar esbelto (a), para o treinamento
funcional sentir-se mais forte, ágil e
equilibrado vale mais e traz todo o restante a reboque, como mostram os números de seus praticantes na balança.
Pessoas com problemas crônicos
de saúde, tais como diabetes, pressão
alta, distúrbios cardíacos, gastrites e
úlceras também podem realizar o Jungle Gym Brazil ou treinamento funcional. “Para estes grupos o treinamento
é ainda mais adequado; mas, na entrevista, peço teste de esforço e liberação
do médico; o fundamental é o atendimento personalizado”, destaca Saulo.
O professor também explica que
apenas treinar não é o suficiente: a alimentação e o sono precisam ser adequados. É um tripé. Contudo, a prática
dos exercícios ajuda o corpo a “pedir
alimentos melhores” e a descansar
com mais correção. “Após a atividade física, os hormônios se regulam e
a qualidade do sono melhora naturalmente”, assegura.
Segundo a maioria dos depoimentos de praticantes, no Jungle Gym
Brazil ninguém fica olhando para o
relógio e contando os segundos para
acabar logo. “A sensação não é de
esforço, mas de divertimento”, confirma um dos integrantes da equipe da
Saulo. Mas os executivos que dizem
“ter ganho mais horas de vitalidade
para trabalhar” não são dignos de
parabéns. A ideia do Jungle Gym Brazil, como Saulo ressalta, não é esta.
“Aproveite estas horas a mais de energia para curtir a vida. Vá viajar, curtir a
mulher, o filho!”, dispara.
Fotos: Alexandre Peconick
Qualidade de Vida/Inovação
Eis apenas alguns
benefícios de
alguns exercícios
SLACK LINE – Gera equilíbrio aos
28 músculos que envolvem abdômen e região lombar e força aos
membros inferiores; além de ampliar
a concentração. Você aprende a cair
e a voltar. O exercício de voltar remete ao universo corporativo na questão da superação quando se está
diante de um obstáculo.
CORDA – A meta da corda é: sou
capaz de sustentar o peso do meu
próprio corpo. Progressão pedagógica de aprendizado e superação
de limites.
MEIA-BOLA – Ajuda a você manter
o batimento cardíaco menos pesado em uma situação, por exemplo,
de estresse.
JUNGLE GYM – Exercício de força
baseado nas argolas da ginástica
olímpica. Ajuda a pessoa a trabalhar
uma consciência corporal.
| 2012 | Novembro / Dezembro | 13
Responsabilidade Social
Foto: Alexandre Peconick
Os “tios” Tatiana e Daniel
posam ao lado de Kethlen,
Karina, Lara e Kethicieny
AMILGUINHO
A
criança entra em um ônibus
para fazer uma “viagem diferente”. Na entrada há uma salinha de espera, onde lê livros
infantis. Em seguida sobe na balança
para medir o peso e conversa com uma
psicóloga sobre hábitos de vida. Passo
seguinte: vai para a “doutora da vista”,
que checa a sua acuidade visual. Se
tiver algum probleminha que a impeça
de ler já ganha um presentinho: um par
de óculos. Em seguida, receberá os
cuidados do “tio dentista”, que, além
de checar toda a sua arcada dentária,
vai ensiná-la a usar fio dental, a escovar
corretamente os dentes, entre outras
dicas de higiene bucal. Antes de “dizer
tchau aos tios e tias”, cada criança ganha um kit de higiene bucal e uma cartilha com dicas de saúde e cidadania.
Esta descrição não chama a atenção de qualquer criança de classe média. Mas para alunos de rede municipal
14 | Novembro / Dezembro | 2012 |
Um parceiro mais
do que bacana para a
EDUCAÇÃO de base
do ensino infantil e fundamental, filhos
de moradores de comunidades carentes, trata-se de uma oportunidade oferecida pela Amil, por meio do projeto
Amilguinho, “filho-ilustre” da Universidade Corporativa da empresa. Em
cinco anos as visitas do Amilguinho já
atenderam a 24.760 crianças em quase
70 instituições de ensino. Realizado em
parceria com a Secretaria de Educação
da Prefeitura do Rio de Janeiro, beneficia, em cada visita, uma média de 80 a
100 crianças de dois a 12 anos.
O projeto se destaca por associar os
cuidados com a saúde, incluindo dicas
para evitar doenças, ao desempenho
escolar. “Todas as crianças que recebem
os óculos, por exemplo, são observadas
no período de três meses pelos professores e pela coordenadora pedagógica
da escola, que preenche relatórios de
acompanhamento escolar da criança;
após esse período é verificado nos rela-
tórios como elas melhoraram em relação
à sociabilidade, concentração, participação nas aulas e até nas notas; o índice
de melhora é bom; e não daria para ser
tão melhor porque, muitas vezes, não
há um acompanhamento em casa que
possa aproveitar as dicas que oferecemos”, analisa Tatiana Figueiredo, Psicóloga, Analista de Recursos Humanos
da Amil e Coordenadora do Amiguinho.
Acompanhamos a visita do Amilguinho
ao CIEP Governador Roberto da Silveira,
em Rio das Pedras, comunidade em Jacarepaguá. Cada grupo de seis crianças
fez o mesmo “circuito” descrito na abertura desta matéria em cerca de 10 a 15
minutos. Parece pouco? Não é. O resultado faz a diferença. “A volta das crianças
do dentista e oftalmo neste espaço lúdico oferecido a elas é sempre muito produtiva; elas faltam menos e aprendem
mais; afinal os profissionais da Amil sabem acolher e dar extrema atenção aos
nossos alunos, o que acrescenta demais
ao nosso trabalho educativo”, elogia Elizabeth Gomes, Coordenadora Pedagógica desta instituição que reúne cerca de
1400 crianças da educação infantil até o
5º ano do fundamental.
De acordo com os profissionais da
área de Saúde, em todo o Brasil, problemas de ordem visual e dentária estão, também, entre as principais causas
do baixíssimo desempenho escolar na
maioria das instituições da rede pública
de ensino. A primeira década deste século, ficou marcada pelo extremo foco
dado pelo RH à educação corporativa.
No início da segunda, este mesmo RH,
antenado, já descobre que precisa apoiar
logisticamente a educação fora dos muros de sua empresa. E não apenas nas
universidades. Organizações de visão,
como a Amil, já perceberam que as deficiências dos profissionais vêm da educação de base, desde a mais tenra idade. Mais: que estas deficiências não se
devem somente ao despreparo ou mau
aparelhamento de professores, mas,
sobretudo, a outras questões, como por
exemplo, falta de condições básicas de
saúde e saneamento às crianças que estão em idade escolar.
Em cada atendimento do Amilguinho orienta-se sobre o básico e os
problemas mais complexos são encaminhados aos hospitais.
Em plena era da Internet muita informação básica ainda não chega às
famílias de baixa renda. Por isto, a
cartilha “Dicas de Saúde do Amilguinho” inclui dados interessantes sobre
como se forma a visão humana, como
ler sem forçar a vista, como identificar
se você tem algum problema de visão.
A equipe do Amiguinho,
Tatiana, Daniel e Adriano: à procura de uma
nova oftalmologista.
Quem se habilita?
Fotos: Alexandre Peconick
Responsabilidade Social
O dentista Daniel Ribeiro
orienta uma das crianças
sobre a forma correta de
usar o fio dental
O material também oferece dicas
sobre a saúde dos ouvidos, calendários de vacinação, orientações em relação à saúde bucal e saúde geral, e até
mesmo sobre como evitar acidentes
domésticos e brincar com segurança.
Segundo Tatiana, uma dos procedimentos mais importantes da equipe
do Amilguinho, junto à direção das escolas, é o de dar o feedback sobre as
crianças atendidas pelo projeto. A escola recebe informação sobre o quanto cada criança evoluiu ao ganhar os
óculos e ao cuidar dos dentes. E também fica ciente daquelas que, mesmo
com o benefício de saúde, não alcançaram um desempenho satisfatório.
Viver a experiência do Amilguinho
está significando muito aprendizado para
a equipe envolvida no projeto. “O batepapo com as crianças é extremamente
rico em termos de conhecermos outras
realidades; são lições de vida”, sintetiza,
Tatiana. “Este projeto me dá um norte,
indica que não posso me fechar dentro
daquilo que consideramos a Odontologia de alto nível porque há coisas muito
básicas e simples de serem resolvidas
que não o são; com o Amilguinho ganho
uma visão mais ampla e desenvolvo mi-
nha capacidade de dimensionar corretamente os problemas”, afirma o dentista
da equipe Daniel Ribeiro, de 30 anos.
A equipe, que já contou com duas
oftalmologistas, Tânia Chaves e Anne
Liessen, está em processo seletivo
para buscar outra profissional nesta
expertise que tenha o mesmo perfil de Tatiana, Daniel e do motorista
Adriano, ou seja: um envolvimento
visceral, de coração e alma no projeto. Tanto Tatiana como Daniel têm
o voluntariado no sangue desde a
infância. Tatiana concretizou no Amilguinho o seu primeiro trabalho neste campo, enquanto Daniel já atuava
em projetos sociais na Faculdade de
Odontologia da UFRJ.
Os sentimentos deles se casaram
com os da própria Amil, cujo DNA
traz a ação social já na biografia de
seu fundador, o Dr. Edson Bueno, que
em sua infância teve déficit de acuidade visual. Por demorar a descobrir o
problema, ele repetiu de ano algumas
vezes em sua fase escolar. Sonhador,
mas realizador por essência, o Dr. Edson consolidou no Amilguinho a sua
vontade de proporcionar benefício às
crianças. “Por tudo isto, o Amilguinho
materializa o que o Dr. Edson e o que
nós chamamos de Cultura de Atendimento: o valor do trabalho de equipe
bem feito proporciona qualidade de
vida às pessoas”, define Tatiana.
As crianças mais sadias, felizes e com
boas notas de hoje serão os tais “profissionais mais capacitados” dos quais tanto o mercado “tem fome” nos dias atuais.
Que o exemplo da Amil motive outras
empresas a entender que só teremos
grandes profissionais se tivermos crianças sadias de corpo e alma.
| 2012 | Novembro / Dezembro | 15
Por Dentro do RH
Programa trainee
O TALENTO SÓ VALE COM SUOR
Com muito EMPENHO, Fabiana Fioretti (à esquerda) aproveitou todo o aprendizado proporcionado
pelo Programa Trainee da Light e hoje é Gerente
de Meio Ambiente; sua lapidação passou pelas
orientações de Adriana Hasselman (à direita),
Gerente de Gestão de Talentos e Desempenho
16 | Novembro / Dezembro | 2012 |
A
s organizações buscam atualmente profissionais que possam transitar entre as várias
áreas e que tenham mérito
para ocupar posições distintas. É o chamado “entender o todo da empresa”.
Nesta direção, o Programa Trainee, um
curso on the job intensivo de informações específicas, que inclui também traços culturais daquele ambiente de trabalho, “cai como uma luva” para cobrir algo
que as universidades, normalmente, não
conseguirão realizar. “Alguém pode ser
muito bom no conhecimento teórico,
mas, no dia a dia da empresa, quando
terá que se relacionar com pessoas de
níveis distintos, a realidade é outra e o
aprendizado proporcionado pela ferramenta Programa Trainee é intenso”, destaca Débora Nascimento, Gerente Geral
do Instituto Capacitare, empresa parceira
do Grupo LET Recursos Humanos, que
tem como uma de suas especialidades
a montagem e condução de programas
trainees por meio de sua divisão Programa de Estágio e Trainees (PET).
Para que o lugar-comum “queremos
jovens que oxigenem os negócios” tenha validade prática, o Programa Trainee
instrumentaliza estes jovens para que
suas capacidades inovadoras jamais sejam gessadas. Ao contrário: que eles tenham prazer em mergulhar no negócio.
São os casos de Samuel do Amor, 24
anos, Engenheiro Eletricista da Technip
e de Fabiana Fioretti, 29 anos, atual Gerente de Meio Ambiente da Light.
Para Samuel, um dos 25 jovens formados pela primeira turma do Programa Futuro Engenheiro da Technip, o sentimento
obtido nos últimos dois anos foi o de enxergar muito além de sua área de formação.
“O aprendizado técnico cresce dentro da
gente em alta velocidade, ao mesmo tempo em que o contato com diversas práticas
me ajudou a entender o quanto é importante, primeiro, ser flexível comigo mesmo,
para depois agir assim com os outros”,
considera. Embora perceba que aprender
com os problemas de cada projeto é muito
construtivo para as suas competências, o
jovem engenheiro entende que o fato de,
como trainee, não ter a pressão de cumprir
meta o ajuda a melhorar sua capacidade
de comunicar melhor.
Foto: Alexandre Peconick
Conheça o real valor de um
Foto: Alexandre Peconick
Por Dentro do RH
PARCERIA
Esta é a grande qualidade da relação
entre os trainees como Samuel do Amor
e o negócio da Technip, para o qual
tem sido decisivo o suporte de gestoras
como Cristine Palma, Gerente de RH
“Uma grande lição aprendida por
Samuel com as equipes de trabalho na
Technip é a de que talvez não se exija do
profissional do futuro tanta excelência
técnica, mas ele deverá ser um exímio
comunicador; o fato de lidarmos, de três
em três meses, com pessoas diferentes,
ajuda demais a desenvolver esta capacidade”, assegura ele que passou por oito
job rotations dentro do programa.
No caso de Fabiana, da Light, outro
fator diferencial foi o extenso network
com a turma de trainees. “Além da amizade, a troca de ideias sobre projetos e
as informações das áreas com pessoas
das mais diversas formações, como advogado, engenheiro, administrador, entre outros, traz muito crescimento, nos
acostumamos a enxergar questões sob
os variados pontos de vista e isto ajuda
a tomar as melhores decisões”, ressalta.
Graduada em Biologia, Fabiana teve
na Light a sua primeira experiência profissional e revela que o programa trainee
da empresa superou em muito a sua
expectativa inicial. Para ela o treinamento de liderança foi marcante e ajudou a
aumentar nela a sede por buscar sempre
o novo. “A própria vivência como trainee
nos ajuda a lutar contra o conformismo,
a não entrar em uma zona de conforto”,
complementa. Outra vantagem de ter
sido trainee: em pouco tempo Fabiana passou a conhecer bem a todos na
empresa e aprimorou a sua capacidade
de entender e dialogar com as pessoas.
“Entrei querendo sugar toda informação
possível e o que obtive foi muito mais do
que simples informações”, conclui a atual Gerente de Meio Ambiente.
Na Light o programa trainee dura apenas 10 meses, pois a finalidade é formar
gente com “maturidade profissional” e
não, necessariamente, líderes, de acordo com Adriana Hasselman, Gerente de
Gestão de Talentos e Desempenho da Light. Em 2007 Adriana chegou à empresa
tendo como uma de suas missões criar
e implementar o programa, cuja primeiro turma, em 2008, teve 30 jovens. Em
2010, na terceira turma, o trabalho ganhou o suporte do Instituto Capacitare.
“O trainee também ajuda os outros profissionais a repensar a forma como estão
performando”, avalia Adriana. Na Light,
assim como na Technip, profissionais
com mais tempo de casa são treinados a
atuar como coaches dos trainees
Performar também é ponto chave para o sucesso do negócio, desde
cedo, na Technip, uma das gigantes do
segmento de óleo e gás e engenharia
onshore, offshore e submarina. Cristine
Palma, Gerente de RH, não gosta, contudo, do termo “trainee”, pois afirma que
o programa da Technip é “híbrido”. A
carência de Engenheiros com potencial
para serem bem treinados faz do Instituto Capacitare um parceiro estratégico para a Technip no sentido de captar
estes jovens nas melhores instituições
de ensino. “Além da parte técnica, do
coaching e mentoring, disponibilizamos
ao jovem orientações sobre como fazer
uma apresentação técnica; eles precisam saber como falar da empresa um
cliente, abordamos também dicas de
carreira, o papel deles na empresa e oferecemos bibliografia”, informa Cristine.
Os formatos dos programas variam
entre as empresas. Enquanto a Light
decide no início do programa para
qual área o jovem será encaminhado,
na Technip esta decisão é tomada ao
final dos dois anos de duração do Engenheiro do Futuro.
| 2012 | Novembro / Dezembro | 17
Por Dentro do RH
18 | Novembro / Dezembro | 2012 |
Foto: Alexandre Peconick
Mas como oferecer às empresas esse
jovem com talento para atuar sob pressão, vontade para aprender e prazer por
atuar com ousadia? Nem sempre é tão
simples. Dessa forma, o Instituto Capacitare estará em 2013 intensificando o
seu refinamento para esta busca, estando mais presente nas feiras de estágio
e trainees e estreitando relacionamento
com escolas e universidades, mapeando
todos os cursos. “Estamos também ligados nas redes sociais pela Internet, nos
blogs de ex-alunos e faremos parcerias
com sites, especializados em redes, para
aumentar a velocidade da nossa colheita de gente com talento”, revela Débora
Nascimento. Segundo a Gerente, é preciso se reinventar quando o assunto é divulgar algo para o jovem, “porque se dá
certo hoje, semana que vem, ou mesmo
amanhã, pode não surtir o mesmo efeito”, admite.
Depois de captar, o Programa de
Estágio e Trainees do Capacitare (PET)
estuda o perfil da empresa, podendo
oferecer um formato customizado de
programa trainee, no qual monta as diversas etapas. Somente o processo
seletivo pode chegar a quatro meses
dependendo da complexidade do perfil
de profissional demandado. “Este tempo
é realmente necessário porque há que
se fazer uma divulgação adequada, um
período de inscrição que contemple os
imprevistos e a primeira etapa, em geral,
com provas online”, explica Débora.
Após a prova online, em geral, acontecem as etapas presenciais: entrevista
por competência; prova de inglês (oral
e/ou escrita); dinâmica de grupo; os painéis, quando o candidato traz material
de casa para apresentar ou é colocado
em situações do dia a dia de empresa
para desenvolver um case.
Se a empresa desejar, o Capacitare
pode ajudá-la a construir os diferentes módulos de um programa trainee,
definindo estratégias, tempos de circulação entre as áreas, avaliações de
desempenho (situando seus momentos de aplicação), rodadas de feedback
dos gestores e dos próprios trainees.
“Trabalhamos a capacidade de o RH
envolver outras áreas; se necessário,
oferecemos palestra sobre as nuances
Especial - Pesquisa
QUEM SABE, FAZ SEMPRE DIFERENTE
A equipe do Capacitare responsável pela
implementação de programas trainees: da esquerda para a direita Alexandra Faller, Sandro
Sousa, Marcelo Nunes Débora Nascimento
(Gerente Geral) e Camila Frances
do programa trainee, que os ajude a enfatizar junto aos colaboradores que estes precisam entender o seu papel vital
na formação e motivação dos trainees”.
Segundo Débora, nem todas as empresas têm seus funcionários mais antigos
preparados para ouvir frases como “se
você fizer desse outro jeito poderá conseguir um resultado melhor”.
Conforme apuramos, um trainee, de
forma geral, é avaliado pela sua capacidade de absorver, interpretar e transformar o conhecimento em práticas inovadoras. Mas não apenas por isto: também
é qualificado nele a sua capacidade de
trazer fatos novos independente do conhecimento que receba. É muito valioso
também o feedback que o trainee dá aos
gestores para que o programa possa
ser aperfeiçoado: às vezes o rodízio de
área não foi o ideal, ou o tempo em que
ele ficou em determinada área não foi o
suficiente; ou ainda o desempenho dos
mentores não foi, na visão dele, agregadora de valor. Todos estes dados são
planilhados e avaliados.
Por sua vez, o profissional de RH também precisa estar habilitado corretamente para lidar com um trainee. Segundo
Alexandra Faller, Coordenadora da Divisão Programa de Estágios e Trainees do
Capacitare, esse RH precisa ter capacidade de tomar rápidas e acertadas decisões, saber definir um bom planejamento estratégico e relacionar-se muito bem.
Esta visão estratégica ajuda, por
exemplo, ao profissional entender a
importâncias da orientação também
daqueles que, por algum motivo não
foram aproveitados pela empresa após
a experiência como trainees. É raro
acontecer, mesmo porque o trainee
já é admitido como um funcionário da
empresa, com os mesmos direitos e
deveres, mas acontece. “E agora?! Eu
não fiquei...o que fazer?!” As empresas
devem investir no que o mercado cha-
ma de outsourcing, precisa orientar o
jovem para o seu direcionamento de carreira independente dele ficar ou não no
quadro. “O jovem deve encarar este período, independente do resultado, como
extremamente valioso para as situações
que ainda vai viver, como, por exemplo,
fazer uma boa negociação ou visualizar
o negócio sob um ângulo diferenciado”,
pontua Débora, do Capacitare.
Ângulo, aliás, muito bem descrito pelo
Samuel, da Technip em uma analogia
que ele faz da experiência trainee com
o aprendizado de inglês: “É diferente
aprender inglês em um curso do que ir
morar nos EUA por seis meses; quando
você vivencia, o aprendizado é mais natural e intenso; em uma sala de universidade não vivo um projeto de uma empresa de forma tão dinâmica”.
5 PASSOS para uma
montagem de
PROCESSO SELETIVO
do PROGRAMA TRAINEE
1º - Entender e estudar a cultura da
empresa, o cenário econômico no qual
ela se insere e até a faixa etária das
pessoas que trabalham lá.
2º - Mapeamento das vagas e cargos
da empresa verificando quais áreas necessitam de um ou mais trainees, quais
geram projetos, precisam renovar suas
equipes etc.
3º - Traçar o perfil do trainee – um desenho macro para a cultura e os valores
daquela empresa, levando em consideração as suas competências, depois o
perfil por área e cargo.
4º – Montagem do processo seletivo –
que etapas deve ter e como deve ser
cada etapa
5º – Divulgação – Como deve ser – que
universidades devemos priorizar, quanto tempo deve durar.
Empregos QUENTES
no Estado do Rio para 2013
M
ais um final de ano recheado de sonhos. Um deles
será realidade em 2013:
muitas ofertas de emprego
em todas as regiões do Estado do Rio
de Janeiro e para diversos segmentos,
alguns deles estagnados na década passada. É o que aponta recente pesquisa
realizada pela área de Planejamento Estratégico da Universidade Unigranrio que
considerou 72 áreas de conhecimento.
Engenharia, por exemplo, continuará
tendo um crescimento acentuado com
grande procura em Mecânica, Química,
Meio Ambiente, Naval, Petróleo & Gás
e Civil por conta dos grandes projetos
e obras. Em serviços, serão muito valorizados os Profissionais de TI, Mídia e,
sobretudo, os Psicólogos (as), que se
empregam em diversos setores, do RH
à área de Educação.
Volta também a “era de caça” aos
Geólogos, Arquitetos, Nutricionistas,
Gestores Ambientais, Gastrônomos e
Turismólogos. Embora as especificidades de cada profissão aumentem a cada
dia (Direito, por exemplo) e exijam profissionais com pós-graduação, o maior número de vagas ainda será para as posições “operacionais”, que pedem o nível
médio, o técnico, ou ainda o tecnólogo.
“Os resultados da pesquisa nos ajudam
a adequarmos as questões de conteúdo,
tempo de formação, e quantidade de
profissionais formados em nossos cursos às demandas de cada região do Estado”, aponta Ana Marçal, Assessora de
Planejamento Estratégico da Unigranrio.
Ana destaca que ainda é grande a dificuldade em preencher muitas das vagas
O que está faltando e onde
médio paraíba
(Duque de Caxias,
Guapimirim, Nova Iguacu...):
• Engenheiro Mecânico
• Engenheiro Civil
• Administrador
• Arquiteto
• Técnico de Construção
• Mestre de Obra
• Operário
serrana
Baixada
Litorânea
baixada
fluminense
metropolitana
costa verde
(Angra dos Reis,
Paraty, Itaguaí):
• Gerente Hoteleiro
• Recepcionista
• Turismólogo
• Administrador
Fontes: Secretaria do Estado,
PWC e seis centros de ensino
(Rio de Janeiro – Capital):
• Gerente Financeiro
• Gerente hoteleiro
• Recepcionista
• Turismólogo
• Supervisor de Vendas
• Gestor Ambiental
• Biólogo
• Administrador
• Arquiteto
• Engenheiro Florestal
• Geólogo
• Mestre de Obra
• Engenheiro Civil
• Operário
noroeste
fluminense
(Petrópolis, Teresópolis, Miguel Pereira,
Nova Friburgo...):
• Administrador de marketing
• Advogado
• Assistente Social
• Engenheiro de Segurança no Trabalho
• Nutricionista
• Professor de Contabilidade
• Psicólogo Social
• Gerente Hoteleiro
• Recepcionista
• Turismólogo
• Administrador
Saiba, por região, o profissional que
o Estadodo Rio está precisando.
(Volta Redonda, Resende, Valença,
Porto real, Piraí, Vassouras...):
• Engenheiro Metalurgista
• Engenheiro Civil
• Farmacêutico
• Gerente de Logística
• Gestor Público
• Nutricionista
• Prof. de Educação Física
• Prof. Inglês
• Prof. de Espanhol
• Prof. de Informática
• Supervisor Comercial
• Técnico de Controle de Produção
• Administrador
procuradas e a pesquisa ajudará a Unigranrio a direcionar esforços no sentido
de atender ao meio empresarial. “Muitas
profissões oferecidas se repetem em várias sub-regiões, mas o perfil de profissional buscado é distinto”, avalia.
Tudo indica que em 2013, não apenas
o Estado do Rio, mas o País terá muitos
frutos em sua economia e dará muito trabalho aos RHs. A executiva alerta, no entanto, para um aspecto preocupante: se
não conseguirmos, em pouco tempo, os
profissionais que o gráfico abaixo mostra há grande risco de o Brasil perder
esta curva de crescimento.
metropolitana
fluminense
(Niterói-Itaboraí, São
Gonçalo):
• Engenheiro Mecânico
• Secretária Bilíngue
• Gestor Ambiental
• Géologo
• Mestre de Obra
• Engenheiro Civil
• Administrador
• Arquiteto
• Técnico em Metalurgia
• Supervisor de Vendas
(Saquarema, Búzios,
Cabo Frio...):•
Gerente Hoteleiro
• Recepcionista
• Turismólogo
• Administrador
(Lajes de Muriaé, Itaperuna,
Itaocara, Miracema...):
• Engenheiro de Petróleo e Gás
• Administrador
• Operário
• Geólogo
• Mestre de Obras
• Arquiteto
• Engenheiro Civil
norte
(Carapebus, Macaé, Campos ,
Quissamã...):
• Gestor Ambiental
• Engenheiro de Petróleo e Gás
• Administrador
• Operário
• Geólogo
• Mestre de Obras
• Arquiteto
• Engenheiro Civil
Atividades
Indústria
Petróleo
Construção civil
Serviço
| 2012 | Novembro / Dezembro | 19