Adam Smith-PT.pub - European Liberal Forum

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Adam Smith-PT.pub - European Liberal Forum
ADAM SMITH
ADAM SMITH
ADAM SMITH
Publicado pelo European Liberal Forum asbl, com o apoio da Asociación Galega pola Liberdade e a Democracia
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Ficha Técnica:
Título: Adam Smith
Serie: Unidades Didáticas sobre Liberalismo. II. Autores Liberais.
Autor: Eduardo L. Giménez
Editor: European Liberal Forum asbl
Capa: Adam Smith.
Tradução: Mauro Giménez Fernández
Imprime:
Palabras chave: Adam Smith, liberalismo, liberal, economia, pensamento liberal.
ADAM SMITH
p. 1
p. 5
p. 7
p. 8
2.1.
Por qué não existiam “economistas” antes do século XVI-XVIII?
p. 8
2.2.
Um novo mundo despois da Idade Média
p.10
2.3.
O problema do pensamento social moderno
p.12
p.14
p.17
p.18
p.20
p.21
4.1.
Como é que faz a sociedade para sobreviver em harmonia?
p.21
4.2.
Para onde vai a sociedade? O maravilhoso mundo de Adam Smith
p.25
4.2.1. A divisão do trabalho
p.26
4.2.2. A acumulação de capital
p.29
4.3.
p.31
Comentários finais do livro
p.33
p.35
p.38
p.39
p.41
ADAM SMITH
ADAM SMITH
Adam Smith é geralmente reconhecido como o fundador da ciência económica. Hoje em dia é reclamado por muitos como o defensor do livre comércio, a eliminação de obstáculos nos mercados, a não
intervenção do Estado na economia, e o campeão do
e a liberalização económica. Por outros
é injuriado por apoiar o capitalismo selvagem, a exploração dos mais fracos da sociedade, e em geral ter
sido o responsável pelas consequências mais perniciosas do sistema capitalista. Mas... quem era Adam
Smith?
Adam Smith representa o arquétipo do professor universitário: meditativo e ensimesmado nas suas ideias e pensamentos, tinha sonhos dos que despertava nos lugares mais insuspeitados. Numa ocasião,
passeando com um amigo estava absorto na discussão que sustentavam e caiu num buraco, em outra,
numa das suas alucinações, saiu de sua casa em pijama e, após caminhar vários quilómetros, acordou com
o repenicar dos sinos à saída das pessoas da igreja. Ele tinha um problema nervoso, o que ocasionava uma
curiosa maneira de andar que um coetâneo chamou "vermicular" –como a dum verme–, e um involuntário movimento contínuo dos lábios. Isto não impedia que os seus colegas e amigos o admirassem e o respeitassem, e os seus alunos o venerassem.
A vida de Adam Smith girou principalmente em torno o mundo acadêmico. Nasceu em Kirkcaldy,
Escócia, em 1723. Começa os estudos de Filosofia Moral na Universidade de Glasgow em 1737, quando
contava com 14 anos que era a idade normal de acesso à Universidade naquela época. Foi aluno de Francis Hutcheson, um importante filósofo empirista escocês. Entre os anos 1740 e 1746 realizou uma estadia
na Universidade de Oxford com uma bolsa para estudar línguas clássicas e estrangeiras. Mas Oxford não
era o centro de saber que conhecemos hoje: os professores nem sequer faziam a tentativa de aparentar
que não davam aulas, e Smith passou todos esses anos sem mestres nem lições, entregado às leituras que
desejava. Em 1748 volta para a Escócia, e entre 1748 e 1751 dá aulas como professor em Edimburgo, uniADAM SMITH
Smith nasceu em Kirkcaldy em 1723, foi professor nas universidades de Edimburgo e Glasgow, nesta última foi aluno, ocupou a Cadeira de Filosofia Moral e ao
final da sua vida ocupou o posto honorífico de Reitor. Morreu em Edimburgo em 1790.
versidade em que coincidiu com o seu grande amigo David Hume, outro grande filósofo empirista escocês. Em 1750 obtém a cadeira de Lógica na Universidade de Glasgow, e em 1752 ocupa a cadeira de Filosofia Moral: quer dizer, Adam Smith não só não era um "
porque o componente do saber que hoje chamamos de "
”..., mas um
! Por que? Bem,
" estava integrado –mais ou menos–
na Filosofia Moral, que se dividia em quatro áreas: Teologia Natural, Ética, Jurisprudência e Economia Política. Em 1759 publica o livro
, um livro sobre ética, que se converteu
num best-seller da época mesmo no estrangeiro: na Alemanha, "O problema de Adam Smith" (
) tornou-se um tema favorito de discussão. Smith tornou-se uma celebridade. A gente parava-o na rua para debater o conteúdo do livro e perguntar pela sua opinião.
A sua fama chegou a Charles Townshend, um estudioso da filosofia e da política que até foi ministro britânico das Finanças. Townshend casou em 1754 com a condessa de Dalkeith, a viúva do Duque de
Buccleuch, e viu-se na obriga de procurar um tutor para o filho de sua esposa. A educação dum jovem da
ADAMADAM
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nobreza britânica consistia principalmente na
, uma visita à Europa continental onde com-
prar finura e refinamento. Townshend pensou que Smith seria o companheiro ideal para o jovem Duque,
e ofereceu 500 libras por ano, as despesas da viagem, e mais uma pensão vitalícia de 500 libras. Uma oferta muito tentadora para reacusá-la, depois que Smith ganhava um máximo de 160 libras anuais, que
era o pagamento que os professores recebiam directamente dos seus alunos em Glasgow. Assim, em
1764 renuncia à docência para ser o tutor do jovem Duque. Smith tentou devolver aos estudantes o dinheiro, mais –diz a história– estes recusaram o dinheiro indicando que já tinham sido mais do que compensados com as suas aulas.
Em 1764 o tutor e o jovem Duque partem para a França. A viagem permitiu-lhe conhecer a diferentes pensadores da época. Em Genebra visitou a Voltaire. Em Paris a Anne Robert Jacques Turgot –
quem chegaria a ser Ministro de Luís XV– e François Quesnay –doutor na corte do Rei Luís XV e médico
pessoal de Madame Pompadour–, ambos pertencentes a um grupo que se faziam chamar
("os economistas"). Em 1766 a viagem foi interrompida, pois o irmão do Duque falecera repentinamente.
Smith retorna com o seu discípulo às ilhas britânicas e aposentou-se em Kirkcaldy à casa da sua mãe, onde passa os seguintes dez anos trabalhando num livro que inicia na França. A maior parte do livro foi redigida de pé, esfregando nervosamente a cabeça contra a lareira até deixar uma nódoa escura, que ainda
pode ser observada hoje em dia.
Em 1776 durante a sua estância em Londres publica
um monumental trata-
do de economia, política e fiscalidade. A fama de Smith multiplicou-se de tal modo que em 1778 o cargo
de Comissário de Alfândegas de Edimburgo foi-lhe oferecido, no entanto ser um defensor do livre comércio implicou certa contradição, isso lhe permitiu retornar a Escócia e viver de novo com a sua mãe até que
faleceu aos 90 anos. Smith morreu em 1790 mandando queimar 16 volumes de trabalhos não publicados,
provavelmente de jurisprudência.
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. À volta da viagem pela
França, Smith voltou para viver com a sua mãe em Kirkcaldy, onde empregou os seguintes dez anos em
escrever
. (Foto. James Eaton-Lee, GNU Free Documentation Licence).
Por que é importante Adam Smith? O mundo mudou desde o medievo, e precisava-se duma explicação do que estava acontecendo. A importância de Smith reside não tanto na sua grande originalidade,
mas na apresentação duma explicação global e sistematizada na que outros autores apenas apresentavam anedotas (como os mercantilistas) ou explicações parciais (como os fisiocratas). Vamos estudar primeiro quais eram os grandes debates sobre a sociedade dos séculos XVI-XVII, para entender melhor por
que Adam Smith entra no debate para apresentar uma explicação daquele novo "mundo maravilhoso".
ADAMADAM
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é o nome que se atribui aos autores que tentaram explicar o mundo económico do
século XV até o início do século XVIII. Apesar de ser um grupo desconexo de autores que apresentavam
episódios ou casos particulares mais do que uma explicação sistematizada, tinham em comum a consideração de que a possessão e acumulação de ouro era a principal fonte de riqueza dum país. Assim, propugnavam um forte controle estatal na economia para conseguir esse fornecimento de metais preciosos.
Os mercantilistas possuem em comum os seguintes princípios fundamentais:
1.
Outorgavam uma grande importância ao poder nacional, propugnando um governo centralizado e
forte.
2.
Consideravam que o poder nacional dependia da acumulação de (barras) de ouro: os metais preciosos são as formas mais desejáveis de riqueza.
3.
Se o acto relevante para a riqueza do país for acumular ouro, consequentemente:
•
Propugnavam
com outros países onde as exportações foram incentivadas
e as importações oprimidas a fim de aumentar a oferta de ouro no país: a acumulação de ouro requeria superávits comerciais.
•
Apoiavam
para a autorização de importação de matérias-primas ne-
cessárias para o desenvolvimento do país e se restringia a exportação de matérias-primas para que outros países não produzissem bens que competissem com os nacionais, constituindo
taxas alfandegárias aos bens estrangeiros que também se produzissem no país.
•
Achavam importante estabelecer
ADAM SMITH
que favoreciam a indústria nacional ou-
torgando monopólios. A fim de garantir a qualidade dos bens exportados chegou-se a uma
excessiva regulamentação das características dos bens produzidos.
•
Apoiavam
para conseguir uma grande população de trabalhadores
com salários baixos que permitisse aumentar as exportações, com o objetivo de aumentar o
ouro, e, portanto a riqueza do país.
•
Finalmente a acumulação de ouro estimulava a economia, pois aumentava a oferta de dinheiro e o crédito.
Estas ideias são resumidas nas citações de dois autores mercantilistas:
“O Comércio Exterior é o único meio para enriquecer este Reino." Roger Coque (1670)
.
“O comércio exterior produz riqueza, a riqueza poder e o poder preserva o nosso comércio e
a nossa religião." Josiah Child (1690)
A figura mais altiva do mercantilismo foi Jean Baptiste Colbert (1619-1683), Ministro das Finanças
de Luís XIV de França, que levou à prática as ideias mercantilistas. Por "interesse da França" foram constituídos monopólios, os dias feriados foram reduzidos, foi regulado o número de fios que tinham que ter os
panos produzidos, etc. Esta ideia francesa, ainda existente, de ter um Estado grande e forte e que ampare
a grandes empresas nacionais vem da época de Colbert.
Adam Smith, no seu livro IV d’
, demorou 200 páginas em "matar" o mercanti-
lismo. Porém, como indicava John Maynard Keynes, as ideias dos economistas nunca morrem completamente. Assim, considerar que um país é forte quando tem grandes superávits comerciais, a ideia de que é
importante para a nação ter grandes empresas nacionais que se devem subsidiar pelo Estado e manter os
salários baixos, isto tudo a fim de acumular mais e deste modo enriquecer o país, são ideias dos mercantilistas ainda existentes hoje.
ADAMADAM
SMITHSMITH
1.
Os governos dos países frequentemente promovem políticas comerciais que tentam proteger as
empresas nacionais, a fim de incentivar as exportações e oprimir as importações. O argumento é
que ter superávits comerciais aumentam a riqueza do país. São estas ideias dos mercantilistas? Debata a veracidade desta ideia.
2.
É mercantilista a ideia de que os governos devam promover as grandes empresas nacionais para
aumentar a riqueza dum país? Procure o exemplo duma grande multinacional do seu país e discuta
se a razão de que o país é rico é exatamente graças a ter essa grande multinacional.
3.
Debata na aula a ideia de que um país rico é aquele que tem muito ouro. É esta uma ideia dos mercantilistas? Procure um exemplo dum país rico e discuta se a razão de sua riqueza é a quantidade de
ouro que possui.
4.
Nos países do terceiro mundo, muitos empresários estão com o problema de que os trabalhadores
são bem pagados e estes em vez de vir trabalhar a semana toda (para ganhar mais) só voltam à fábrica quando gastam todo o dinheiro. Isto justifica uma política de salários baixos. Explique se a ideia é um conceito dos mercantilistas.
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Por que é que foram importantes as contribuições de Adam Smith? Para responder a esta questão
precisamos conhecer previamente qual era o ambiente social e intelectual que fizeram relevantes as suas
contribuições.
Vamos começar pelo começo. Cada sociedade –enxame de abelhas, uma manada de lobos, etc. –
precisa da organização para obter alimento, procurar abrigo, etc. Parte dessas operações é uma consequência genética –as operárias e o zângão desempenham diferentes tarefas na colmeia–, e parte da própria organização social –existe uma rainha, ou o chefe da manada seguidos pelos membros destas sociedades. No que respeita aos seres humanos, como é que são capazes de se organizar para obter os recursos que precisam para sobreviver? Surpreendentemente, essa questão não tinha importância alguma há
mil anos, nem na Idade Média. Por que? Porque os sistemas de organização social existentes então não
precisavam de explicação alguma.
Vamos explicar melhor. Existem três sistemas de organização para repartir os recursos e tarefas
necessários para a sobrevivência dos seres humanos. Os dois primeiros são os que prevaleceram desde a
pré-história até finais da Idade Média:
1.
O primeiro sistema de organização humana é baseado na
. Escolha qualquer necessidade
humana, por exemplo, pão para alimentar. Para fazer pão precisam-se padeiros e um forno. Uma
forma de conseguir que sempre exista alguém que produza pão é atribuir essa tarefa a alguém, é
continuar uma tradição, muitas vezes familiar. Como o meu pai era um padeiro e tinha um forno, eu
aprendi o ofício de padeiro e os meus filhos e netos também serão padeiros. Agora vamos estender
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essa organização a toda a sociedade: agricultores, ferreiros, soldados, marinheiros, alfaiates, etc.,
cujos filhos e netos serão, ferreiros, soldados, marinheiros, alfaiates, etc., e assim é desenvolvida
uma organização da sociedade em que está garantido que todas as tarefas necessárias para a sobrevivência são realizadas por alguém da comunidade.
2.
O segundo sistema de organização humana baseia-se no
. Neste sistema a
partilha de tarefas para sobreviver é realizada por alguém, como El-rei, o faraó, ou seus conselheiros. Por que é que foram construídas as pirâmides? Por que alguém com autoridade decidiram que
tinham que ser construídas e, como os padeiros eram necessários para alimentar os trabalhadores,
ele decidiu me converter em padeiro. Agora vamos desdobrar toda essa organização a toda a sociedade: alguém determina quem é agricultor, arquitecto, soldado, operário, etc., e também obtemos
uma organização da sociedade em que está garantido que todas as tarefas necessárias para a sobrevivência são realizadas por alguém da comunidade.
Note-se que não há nenhuma necessidade de explicar as atividades que realizam os membros das
comunidades humanas nestes dois sistemas de organização. Consequentemente, a explicação das acções
individuais é continuar uma tradição ou seguir os ditames de alguém com autoridade que tomou a decisão das tarefas que têm que fazer cada um dos membros da sociedade. Não há decisões que os economistas tenham que explicar (excepto a primeira decisão que estabeleceu uma tradição, ou a decisão da
autoridade que tomou as decisões de organização social). Eis a razão pela qual não existiam filósofos sociais ou economistas nem nos condados medievais portucalenses, nem na época medieval do Império Carolíngio, nem na época dos reinos suevos, nem no Império Romano, nem no Império de Alexandre o Grande... porque
se precisavam, nem eram necessários. Não havia nada que explicar.
Porém, entre os séculos XVI-XVIII aparece um novo sistema de organização humana:
O
, uma organização humana baseada na liberdade individual, onde cada pes-
soa decide livremente ser ou não um padeiro.
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Observe que há duas questões relevantes que devem ser rebatidas neste novo sistema de organização social:
(i)
Como é que muda a sociedade (em particular a europeia) para que se chegue a uma situação onde
a tradição e o mandato da autoridade perdem força e se permite a cada um dos membros da sociedade escolher a atividade que eles quiserem? E mais importante mesmo;
(ii)
Pode funcionar um sistema de organização social em que cada membro desta sociedade pode decidir realizar a atividade que eles próprios quiserem? Eu posso decidir ser padeiro ou não: de facto
qualquer pessoa poderia ser padeiro, ou talvez ninguém quer ser padeiro. Agora vamos estender
toda essa organização a toda a sociedade: se qualquer um pode escolher a atividade que desejar
dentro da sociedade, como é que pode estar garantido que todas as tarefas necessárias para a sobrevivência são realizadas por alguém da comunidade? O que é que acontece se ninguém quer ser
padeiro, ou médico? Ficamos sem pão e sem alguém que cure as pessoas?
Eis a necessidade de explicar como funciona o novo sistema de organização social baseado na liberdade individual e também saber se pode funcionar ou não: e esta é precisamente a missão dos economistas. Mas, previamente, foi preciso que uma pessoa for a primeira em esclarecer e apresentar uma explicação coerente e sistemática sobre o novo sistema: e este foi Adam Smith.
Vamos começar com a primeira pergunta. Como é que muda a sociedade (europeia) para que se
chegue a uma situação onde a tradição e o mandato da autoridade perdem força e se permite a cada um
dos membros da sociedade escolher a atividade que eles quiserem? Genericamente podemos dar cinco
razões que se foram consolidando na Europa ao longo da Idade Média até o século XVIII:
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SMITHSMITH
. O aparecimento de unidades políticas nacionais centralizadas que compartilhavam uma identidade comum significou uma mudança e uma ruptura das relações de vassalagem medievais.
(Mapas.
, Muir’s Historical Atlas: (1911), Internet Medieval Sourcebook.
, University of Texas at Austin a partir de The Public Schools Historical Atlas editado por C. Colbeck,
1.
que compartilhavam uma identidade nacional comum. Enfraquecem as relações de vassalagem com os senhores feudais, e aparece uma entidade
nacional, com a sua legislação, organização e exército sob o mandato de El-Rei.
. Na Europa a grande variedade do clima numa área tão pequena do
2.
Planeta ocasionou que existissem muitas variedades de produtos agrícolas (isto contrasta com outras regiões do planeta, como a planície norte-americana). Esta variedade tem permitido às novas
entidades nacionais uma especialização na produção, incentivar o troco e entrar numa concorrência
comercial –inclusive bélica–, o que acelerou o processo de unificação nacional e a necessidade de
novas invenções, especialmente aplicadas ao campo militar, Por exemplo, os estudos de logística de
Leonardo Da Vinci (1452-1519), Galileu Galilei (1564-1642), etc.
ADAM SMITH
3.
e aparecimento
frequente de novas invenções. Com a criação e expansão das universidades surge a análise sistemática para estudar problemas de natureza, por exemplo, o livro de René Descartes
de 1637. Os cientistas buscam padrões naturais na realidade física, por exemplo, a descoberta
das leis de equilíbrio e da gravitação por Isaac Newton (1642-1727). Aparecem novas invenções como os mapas, a imprensa, o moinho de vento, a contabilidade, os contratos, etc.
4.
Surgimento da
. Antes deste período, as pessoas estavam vincula-
das a determinados papéis sociais e ocupacionais. Com o enfraquecimento das relações de vassalagem tornou-se possível para os indivíduos mudar o seu status social. A proposta acadêmica deste
individualismo é reflectido em diferentes obras de autores humanistas, como as de Erasmo de Rotterdam (1466-1536).
5.
Extensão da
. Na Idade Média o objectivo final que guiava as
pessoas era obter a salvação eterna e a avareza era considerada como um dos pecados capitais.
Lentamente, coincidindo com a reforma luterana (século XVI), iniciou-se a procura social do enriquecimento material.
Estes cinco elementos colocaram os alicerces do novo sistema.
Antes de passar a estudar se é possível que funcione um sistema de organização social em que cada membro da sociedade pode decidir realizar a atividade que ele próprio desejar, apresenta o debate
intelectual no qual aparecem as contribuições de Adam Smith.
O grande problema do pensamento social moderno era:
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A esta questão, diferentes pensadores do século XV
ao XVII, deram duas respostas diferentes.
Uma primeira resposta, devida a Niccolo Maquiavel (1469-1527) e Thomas Hobbes (1588-1679),
argumentava que o egoísmo natural do homem faz com que a vida em sociedade for impossível. Portanto, o Estado absolutista é necessário para a sobrevivência e a ordem social. Assim:
(i)
É justificado o princípio da autoridade, baseado no monopólio do poder, sem a necessidade de
legitimação e;
(ii)
É justificado o princípio da autoridade, baseado na violência como forma de garantir a obediência.
A alternativa à que se enfrenta a sociedade é a desmembração social e a lei da selva.
Uma segunda resposta, alternativa à anterior, provém dos empiristas e moralistas ingleses e escoceses, em especial de Francis Hutcheson (1694-1746) e David Hume (1711-1776). Estes autores partem
duma hipótese: a existência duma "benevolência" natural, os "sentimentos morais", que os humanos experimentam sobre outros. Os indivíduos, ao não serem egoístas por natureza, tendem espontaneamente
a se associar entre si. Esta é uma "ordem natural", pelo que não se precisa de intervenção externa na vida
em sociedade; nem de Deus, nem do Estado.
A explicação dos empiristas, porém, tem dois problemas. O primeiro problema é como justificar a
existência desta "benevolência" natural dos "sentimentos morais"; os empiristas escoceses directamente
a ignoram e aceitam como uma hipótese. O segundo problema é como ligar o egoísmo individual com o
bem-estar social.
Neste debate enquadram as contribuições de Adam Smith. Em 1759 publica o livro
que tenta dar uma resposta ao primeiro problema: por que é que existem sentimentos morais? En1776 publica o livro
, que trata de resolver o segundo problema e
assim resolver a questão que nos interessa: como funciona um sistema de organização social em que cada
membro da mesma decide egoistamente realizar as atividades que ele quer?
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“François Quesnay (1694-1774), filho dum advogado de sucesso moderado, era acima de tudo
um cirurgião-médico. A sua marcada carreira profissional absorveu a maior parte da sua energia e nunca deixou mais para a economia do que um homem qualquer é capaz de reservar para
um hobby apaixonadamente amado. Escreveu um tratado de medicina sobre o sangramento,
tornou-se Secretário-Geral da Academia de Cirurgia e editor da sua revista, cirurgião e médico,
eventualmente médico pessoal do rei. Na verdade, foi assessor médico de Madame de Pompadour, em quem encontrou uma protectora que era não só extremamente amável, mas também
inteligente, o que garantiu uma estratégica posição na vida intelectual de Versalhes e Paris e
assegurava à mulher a infinita gratidão dos economistas. Ele era pedante e doutrinário de tal
forma que devia ter sido um chato absolutamente insuportável." Joseph Alois Schumpeter
(1954, Parte II, Cap.4.3)
François Quesnay foi o fundador da primeira escola de economia conhecida como a Fisiocracia, que
em grego significa "o governo da natureza". Esta corrente dissentia completamente das ideias dos
e dos ministros do Rei (como Jean Baptiste Colbert, que tinha sido ministro de Luís XIV) que
afirmavam que a riqueza dum país estava na acumulação de prata e ouro e que um forte controle estatal
na economia apoiando grandes empresas estatais, especialmente a exportação, era necessário para acumular mais ouro e, portanto, aumentar a riqueza do país. Pelo contrário, os fisiocratas propugnavam a
superioridade da "ordem natural" sobre a regulamentação: quer dizer, a não intervenção do Estado na
economia –termo
que eles acunharam. Além disso, sugeriam que a riqueza era originada não
graças ao ouro dum país, mas sim à produção agrícola. Então, para aumentar a riqueza do país o que se
devia fazer era apoiar os agricultores.
Em analogia com o movimento circular do sangue, Quesnay imaginou um funcionamento análogo
da economia. Assim criou o
, uma simplificação impressionante face à complexidade
do mundo real, que consiste num pequeno modelo macroeconómico que descrevia classes sociais e os
ADAMADAM
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Quesnay propugnava a supremacia da agricultura como fonte de criação de riqueza num país. O Tableau apresenta esta ideia através das relações entre três grupos económicos: os agricultores (a classe produtiva), os latifundiários e a classe estéril (os comerciantes).
ADAM SMITH
fluxos entre as mesmas. Na verdade é a primeira apresentação explícita da natureza do equilíbrio económico, em que se apresenta a interdependência entre todos os agentes económicos. Nesta representação
os agricultores são os únicos que "criam" bens e, portanto a riqueza do país, espalhando como o sangue,
por toda a economia para outros grupos da sociedade: os latifundiários recebiam as rendas da terra que
depois podiam gastar em alimentos e outros produtos e os artesãos, comerciantes e a indústria, denominados “classe estéril", comercializavam e vendiam aos agricultores e aos latifundiários.
Na sua visita a Paris em 1765, Adam Smith ficou muito impressionado com o
, tan-
to que pensou em dedicar-lhe a Quesnay o livro que estava a escrever, que era fruto de anteriores discussões com o seu amigo Hume em Edimburgo e das suas aulas em Glasgow. Certamente teria sido assim,
caso o médico tivesse morrido antes de ter o livro concluído. O livro foi intitulado
ADAMADAM
SMITHSMITH
.
1.
Defina os fisiocratas e faça uma apresentação na aula das suas principais ideias.
2.
As épocas de crise económica levam as pessoas a perder o seu trabalho nas cidades e há uma tendência a voltar ao campo: pois é possível comer o que se produz. Então damos conta que "não podemos viver sem comer e a economia não pode sobreviver sem o seu sector básico: os fazendeiros
são as pessoas que alimentam a todos os cidadãos." É esta uma ideia dos fisiocratas? Acha verdadeira essa afirmação? Procure uma lista de argumentos, apresente-os na aula e depois discuta com
seus colegas.
3.
Discuta na aula se a ideia dum país rico é o que se fundamentar na agricultura. É esta uma ideia dos
fisiocratas? Procure um país rico e discuta se a razão da sua riqueza é ter um importante sector agrícola.
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Voltemos para a pergunta que apresentam os empiristas escoceses. O que é o que torna possível
para o homem viver em sociedade? A sua resposta é que existe uma "benevolência natural" que permite
aos seres humanos viver socialmente. Mas, por que existe essa "benevolência natural", esses
"sentimentos morais"? Por que nos preocupamos pelos outros?
Adam Smith propõe no seu livro
(The Theory of the Moral senti-
mento) uma resposta, não muito original, mas uma resposta: os seres humanos têm uma "simpatia" com
outros seres humanos. Quer dizer, possuem uma "capacidade empática" inata para entrar na circunstância doutros humanos e entender a sua situação e os seus sentimentos. Observe que isto distingue os humanos com os outros animais. Excepto no caso da própria família ou manada, os animais não se interessam os uns por os outros. O ser humano é racional, mas precisamente essa racionalidade permite imaginar os sentimentos ou sofrimentos de outros humanos e colocar-se no lugar dos outros. Recordemos a
visão popular e os estereótipos de Smith: um pensador que defende o capitalismo, que promove o egoísmo e o individualismo, que apoia deixar o mercado funcionar e a não intervenção do Estado na economia.
Vamos ler de seguido o início do seu livro:
"Por muito egoísta que possa ser suposto que for o homem, há evidentemente alguns princípios na
sua natureza que fazem que se interesse pelo destino dos outros e a felicidade dos outros torna necessariamente para ele, embora com isso não consiga nada, excepto o prazer de vê-lo." Smith
(1759, Parte I, Cap. I, Sec. I)
A resposta de Smith pode explicar por que os seres humanos podem, em princípio, viver em sociedade, em harmonia numa ordem natural. Porém, indica Smith, às vezes a "simpatia" é insuficiente, pois
não podemos ter uma visão imparcial das nossas acções pessoais, ou seja, vamo-nos pôr no lugar dos outros, mas julgamos os outros com os nossos critérios subjectivos. Portanto, as sociedades precisam de
regras morais –generalizações de acções que contam ou não com aprovação. Ainda mais, às vezes, as re-
ADAMADAM
SMITHSMITH
Em 1759 Adam Smith publicou este livro de ética no que tentava explicar
Questão que preocupava aos pensadores da época. A sua
resposta foi que os humanos temos a capacidade de colocar-nos no lugar de outras pessoas, de compreender os
sentimentos e situações dos outros. (Foto. Biblioteca da Universidade de Glasgow).
gras morais também são insuficientes e são requeridas umas leis positivas.
A
é um livro interessante e que, com certeza, está subestimado. Esta
é uma obra não lida pelos economistas porque não aborda a economia e também não é lida por filósofos
precisamente porque foi escrita por Adam Smith. Porém, Smith tentou dar resposta a uma questão que
preocupava os pensadores da época e o seu livro cunha uma tradição em ética sobre a repercussão desta
resposta. Ainda mais, o interesse do livro também reside em que o pensamento ético de Smith sobre a
natureza humana que rege as relações sociais não entra em contradição com a sua visão do funcionamento das relações económicas, como veremos na próxima secção.
Resolvido o problema da justificação da existência da "benevolência" natural –dos "sentimentos
morais"– que explica por que os seres humanos podem viver em sociedade, Smith afronta o segundo problema:
A resposta ganha forma graças aos seus
debates com David Hume quando ainda era professor em Glasgow e começa a escrever estas ideias na
sua viagem à França. Mas ao seu retorno a Escócia em 1766 demorará dez anos em terminá-lo, sendo publicada em 1776 com o título
ADAM SMITH
.
A
apresentada por Isaac Newton no seu livro
(1687), na qual se especificam as leis que regulam o mundo físico teve um grande
impacto sobre outros ramos do saber e em especial nas que se referiam aos estudos sobre a sociedade. A
ideia do "equilíbrio entre forças" inspirou ao filósofo francês que viveu no Século das Luzes Charles Louis
de Secondat Barão de Montesquieu (1689-1755) a propor no seu trabalho
(1748) a
separação de poderes entre o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e o Poder Executivo a fim de
"equilibrar as forças" do Estado.
Esta ideia também vai influenciar a obra filosófica de Adam Smith através das ideias de ordem natural e do empirismo, em particular dos trabalhos de Francis Hutcheson (1694-1746) e David Hume (17111776) e dos escritos e ideias dos fisiocratas como François Quesnay (1694-1774). A
conce-
bia o mundo criado por Deus com umas leis que o regulam e manteve-se à margem da intervenção. Era
missão de o homem descobrir essas leis. Assim como Newton encontrou as leis naturais que explicavam o
mundo físico que observamos, as relações humanas tinham também que ser reguladas por leis mecânicas
objectivas, as quais devem ser descobertas. Esta pesquisa das leis naturais que regem as sociedades humanas, analogamente a da ordem natural do mundo físico, já era perseguida pelos fisiocratas –lembrar
que Fisiocracia significa "o governo da natureza". A sua proclama
frente ao in-
tervencionismo dos mercantilistas, não era senão um alegado à não intervenção do Estado, pois "altera"
a ordem natural criada por Deus.
ADAMADAM
SMITHSMITH
Em 1776 Adam Smith publicou o livro
(
um impressionante tratado
de economia, política económica e finanças públicas composto por 1282 páginas e dividido em cinco partes. A primeira coisa que devemos dizer é que não é um livro "original": o apresentam ideias que não foram já expostas por outros autores anteriormente. Mas onde outros apresentaram episódios ou explicações parciais dalgum aspecto da realidade, Smith proporciona um panorama geral e sistematizado do
funcionamento dum sistema de organização social em que cada membro da sociedade escolhe livremente as tarefas quer desenvolver.
Qual é o objetivo do livro? Smith na
1.
levanta duas questões:
Como é possível que, como resultado duma comunidade em que cada pessoa persigue activamente
o interesse próprio, não surja o caos?
2.
vai a sociedade?
Para responder à primeira pergunta Smith apresenta as leis que regem as relações económicas. A
segunda questão, como consequência da anterior resposta, Smith indica que a sociedade se encaminha
neste novo sistema de organização humana para um maior crescimento e um maior bem-estar dos membros da sociedade.
Vamos tratar a primeira pergunta: como é que faz a sociedade para conseguir que se realizem as
tarefas necessárias para a sua sobrevivência sem estar planificadas necessariamente por uma autoridade
ADAM SMITH
da edição de
de 1977 com prefácio de G. J. Stigler, a partir
da edição de Edwin Cannes de 1904. O livro trata de responder duas perguntas: como é possível que, como resultado duma
comunidade em que cada pessoa persigue activamente o interesse próprio, não surja o caos? E, para onde vai a sociedade?
central? Quer dizer,
Para responder a essa pergunta, em linha com a visão da existência duma ordem natural que rege o
mundo em geral e as relações sociais e humanas em particular, Adam Smith procura umas leis mecânicas
objectivas que guiam a sociedade. A resposta de Smith no livro é descrever as
. A pri-
meira lei do mercado está intrinsecamente ligada à natureza humana individual:
(i)
.O
guia as acções individuais de cada um dos membros
da sociedade, e cada um actua como força impulsora que leva as pessoas para qualquer trabalho
que a sociedade possa pagar.
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso
jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse. Dirigimo-nos não à
sua humanidade, mas à sua auto-estima, e nunca lhes falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens que advirão para eles.” Smith (1776 L.I Cap.II).
O padeiro não se levanta às 5 da manhã para vender pão quente recém-saído do forno porque gosta de nós, ou o cervejeiro tem preparada a cerveja fria porque gosta da nossa conversa. Não. Não é senão
ADAMADAM
SMITHSMITH
o seu egoísmo individual que permite, ao fazê-lo assim, obter maiores lucros e ganhar a vida para assim,
adquirir outros produtos. Então não é preciso preocupar-se por quem vai executar as tarefas necessárias
para a sobrevivência humana, pois o interesse egoísta e individual ocasionará que se alguém quiser um
bem ou serviço e está disposto a pagá-lo (um croissant quente ou uma cerveja fria) haverá alguma pessoa
disposta a fornecê-lo se isso lhe permite um lucro e ganhar a vida.
Mas, o interesse egoísta individual pode levar a excessos. O egoísmo individual levaria eventualmente ao padeiro e ao cervejeiro a querer vender muito caro o producto que precisamos para sobreviver.
É que este facto levará a distúrbios e lutas entre os membros da sociedade para conseguir os bens necessários para a sua sobrevivência? A segunda lei de mercado submete a possibilidade de tais excessos.
(ii)
.A
é o mecanismo regulador que limita os excessos do egoís-
mo individual.
Portanto, o egoísmo individual de tentar vender mais caro o pão ou a cerveja, ou de contratar mais
baratos os produtos encontra-se com um muro: a existência dum número elevado de concorrentes dispostos a servir pão quente e cerveja fria a um preço inferior. Os excessos de egoísmo individual, pois são
controlados pela concorrência.
E qual é o resultado destas leis do mercado? Smith o explicita claramente: a ordem natural leva à
.
“[Cada indivíduo] orientando sua atividade de tal maneira que sua produção possa ser de
maior valor, visa apenas a seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é
levado como que por mão invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas
intenções. […] Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo muitas vezes promove o
interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quando tenciona realmente promovê-lo.” Smith (1776 L.IV Cap.II).
Se meditarmos um momento, o resultado da "harmonia social" é completamente inesperado: temos muitos indivíduos que convivem numa sociedade, comportando interessadamente e procurando eADAM SMITH
goistamente o seu próprio interesse... e o resultado não só
social. Este é o único parágrafo n’
é a lei da selva, mas um maior bem-estar
em que Smith menciona a "
", mas é
muito ilustrativo. O egoísmo individual promove os interesses da sociedade (!): é uma espécie de altruísmo involuntário. Mas, quais são esses interesses da sociedade? Para Smith não é o interesse de El-Rei,
mas são os interesses de todos os indivíduos que integram a sociedade. O egoísmo do padeiro faz com
que o domingo de manhã qualquer de nós possamos desfrutar dum café da manhã com croissants recémfeitos e o egoísmo do cervejeiro faz com que quem quiser possa beber uma cerveja fria quando sai à noite. O egoísmo individual, limitado pela concorrência doutros padeiros e cervejeiros que nos querem servir
croissants quentes e cervejas frias, melhora o bem-estar dos membros da sociedade.
Então, as pessoas altruístas, os santos que dedicam a sua vida aos outros, não lutam pelo interesse
dos membros da sociedade e, de facto, melhoram a sociedade? Smith não nega este ponto: na verdade
não há nenhuma contradição para ele. Recordemos o livro
que referi-
mos na secção anterior. Smith indica que uma característica da natureza humana é que somos capazes de
nos preocupar e interessar pelos outros: sofrer com o sofrimento de outros e desfrutar da felicidade de
outros.
Smith não se refere a isso. Um Adam Smith cético previne-nos daqueles que nos querem fazer crer
que se fazem as coisas "pelo interesse nacional" (por colocar exemplos modernos: impedir manifestarmos
"pela segurança nacional", restringir o acesso à Internet "para evitar calúnias dos cidadãos na rede", etc.).
A citação acima d’
é seguida da cínica afirmação:
“Nunca ouvi dizer que tenham realizado grandes coisas para o país aqueles que simulam
exercer o comércio visando ao bem público.” Smith (1776 L.IV Cap.II).
Observe que é um ataque frontal aos mercantilistas e à sua ideia de que a intervenção estatal, regulando
a vida dos membros duma sociedade é boa e necessária "pelo interesse geral" (!). Então, se não podemos
confiar naqueles que (supostamente) atuam no interesse geral, devemos confiar nos empresários e pessoas de negócios? -Também não! -comenta Smith, não menos cinicamente:
ADAMADAM
SMITHSMITH
“As pessoas da mesma profissão raramente se reúnem, mesmo que seja para momentos
alegres e divertidos, mas as conversações terminam em uma conspiração contra o público, ou em algum incitamento para aumentar os preços.” Smith (1776 L.I, Cap.X, Parte 2).
Então, se não podemos confiar nos que falam do bem comum, nem dos empresários... em quem
podemos confiar para garantir o bem-estar dos membros uma sociedade? A resposta de Smith está nas
leis do Mercado: (i) em garantir que os membros da sociedade tomem as suas decisões egoístas livremente e (ii) em garantir a concorrência entre essas decisões egoístas individuais. A liberdade individual limitada pela concorrência é a que promove o bem-estar social.
E este novo sistema regido pelas leis do mercado, qual é a sua finalidade? Para onde vai a sociedade? Smith argumenta que a evolução da sociedade vai encaminhada ao crescimento económico, mas um
crescimento económico para quem? Para os mercantilistas o bem-estar dum país e o seu crescimento tinham como objectivo aumentar a riqueza de El-Rei. Para Smith não: o crescimento económico deve redundar em benefício de toda a sociedade:
“Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz, se a grande maioria de seus membros
forem pobres e miseráveis.” Smith (1776 L.I Cap.VII).
E quais são as chaves para esse crescimento económico que redundará no bem-estar de todos os
membros da sociedade? Para Smith as chaves são duas:
i)
A
ii)
A
Isto ocasiona um
, que é o que dispara o crescimento;
, que é o que guia o crescimento económico.
: quanto maior divisão do trabalho, mais especializados são os pro-
dutos, o que expande o tamanho dos mercados e ocasiona maior produtividade do trabalho; isto leva,
ADAM SMITH
novamente a uma maior especialização (maior divisão do trabalho). Vamos reparar neste círculo virtuoso
mais detalhadamente.
Vamos lembrar o título do livro "
". Por que os países são ricos? Quais são a natureza e as causas da riqueza dos membros dessas
sociedades ricas?
Os mercantilistas –aquele grupo desconexo de autores que tentaram explicar o mundo económico
do século XV até o início do século XVIII– respondiam que um país era rico quando tinha acumulado muito
ouro e metais preciosos. Como a quantidade de ouro estava fixa, a riqueza dum país ocasionava a pobreza doutro. A resposta de Smith é completamente diferente. N’
vro 1 intitulado
, no capítulo 1 do Li-
, Smith aponta:
“O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado,
parecem ter sido resultados da divisão do trabalho.” Smith (1776 L.I Cap.I).
Pois, que é isso da divisão do trabalho? Por que é a causa do crescimento económico? O mesmo
Smith nos oferece um exemplo na manufactura mais simples:
.
“Tomemos, [...] um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a
divisão do trabalho muitas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário
não treinado para essa atividade [...] nem familiarizado com a utilização das máquinas ali
empregadas [...] dificilmente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho
todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores,
dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial.
Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz
as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer
uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é
uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes
também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar
ADAMADAM
SMITHSMITH
um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes. [...] Vi uma pequena manufatura
desse tipo, com apenas 10 empregados. [...] Mas, embora não fossem muito hábeis, e
portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1
libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10
pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já
que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que
cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamente. Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo
de atividade, certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia,
e talvez nem mesmo 1” Smith (1776 L.I Cap.I).
Portanto, 1 pessoa a trabalhar a eito apenas poderia ter produzido 10 alfinetes num dia, talvez 20
alfinetes. Porém, 10 pessoas não é que cheguem a produzir no máximo 200 alfinetes num dia, mas conseguem produzir 48.000 alfinetes!! De onde vem esse grande monte de alfinetes? A divisão do trabalho dispara a produtividade do mesmo. Por que? Porque ao especializar as tarefas do operário aparecem as vantagens da divisão do trabalho:
(i)
: ao realizar uma atividade repetidamente o operário adquire perícia na sua realização e converte-se num especialista.
(ii)
. Se um trabalhador realizar muitas atividades, movendo-se duma atividade para outra, demora muito tempo. Especializar poupa tempo.
(iii)
. Quando uma pessoa se especializar numa atividade pode pensar como melhorar a atividade que realiza quer, inventando novas máquinas quer, descobrindo novos processos
para produzir melhor. A especialização permite a observação e análise sistemática dos problemas
que, como vimos na secção 2.2, é uma característica distintiva do novo mundo depois da Idade Média.
Se isto é o que acontece numa pequena fábrica de alfinetes, podemos chegar a imaginar a magnitude ao nível de toda a economia. Assim, Adam Smith considera a economia como uma gigantesca fábrica
onde a divisão do trabalho ao longo de todas as atividades desenvolvidas na mesma proporcionam a especialização e, portanto, a maior produtividade do trabalho. Assim, a divisão do trabalho leva a uma ecoADAM SMITH
nomia interconectada.
Mas ao se especializar cada membro da sociedade –por exemplo, ao tornar-se radiólogo–, precisa
de outros membros da sociedade, os quais realizam outras atividades especializadas –por exemplo, produzir pão– com quem realizar trocas mutuamente vantajosas. Eis, a divisão do trabalho não é o único elemento do que se precisar para o crescimento económico. Aqui surge o segundo elemento, imanente na
natureza das pessoas: a tendência humana ao comércio. No seguinte capítulo ao acima referido,
, Smith escreve:
“Essa divisão do trabalho, da qual derivam tantas vantagens, não é, em sua origem, o efeito de uma sabedoria humana qualquer, que preveria e visaria esta riqueza geral à qual dá
origem. Ela é a conseqüência necessária, embora muito lenta e gradual, de uma certa
tendência ou propensão existente na natureza humana[…]: a propensão a intercambiar,
permutar ou trocar uma coisa pela outra.[…]
Essa propensão encontra-se em todos os homens, não se encontrando em nenhuma outra raça de animais, que não parecem conhecer nem essa nem qualquer outra espécie de
contratos. […] Ninguém jamais viu um animal dando a entender a outro, através de gestos
ou gritos naturais: isto é meu, isto é teu, estou disposto a trocar isto por aquilo. Quando
um animal deseja obter alguma coisa, de uma pessoa ou de outro animal, não dispõe de
outro meio de persuasão a não ser conseguir o favor daqueles de quem necessita ajuda.”
Smith (1776 L.I Cap.II).
Em resumo, a divisão do trabalho –esta especialização combinada com a troca– põe em marcha o
crescimento económico duma sociedade: é a fonte de crescimento económico. Na verdade, como indica
Schumpeter "a divisão do trabalho [para Smith] é praticamente o único factor de progresso económico"
(1954, Parte II, cap. 3.4).
Observe que novamente voltamos para a harmonia social resultante das leis do mercado. A liberdade individual que permite aos membros duma comunidade dedicar às tarefas que eles consideram mais
adequadas ocasiona que o egoísmo individual aboque às pessoas a se especializar. E essa especialização
permite aumentar o bem-estar individual dos membros dessa sociedade através da troca. Eis a necessidade da liberdade de trocar os bens que produzimos fruto da livre especialização para melhorar o bem-estar
social.
ADAMADAM
SMITHSMITH
Para Smith a sociedade enfrenta-se a um contínuo crescimento económico que redundará no bemestar de todos os membros da sociedade. Como é possível que esse crescimento económico for indeterminado? Acabamos de descrever a primeira chave de Smith para explicar a natureza da riqueza dum país:
a
que permite aos membros duma comunidade se especializar e aumentar a sua pro-
dutividade; além disso, uma característica da natureza humana aboca às pessoas que se especializaram a
.
Nesta secção vamos centrar-nos na segunda chave: para produzir mais, para permitir maior especialização da sociedade que resulte em maior produtividade e maior crescimento, precisa-se que partes desses ganhos, fruto da divisão do trabalho, se acumulem sob a forma de novas máquinas, quer dizer, é preciso a acumulação de capital. Quem acumula capital numa sociedade?
Aqui entramos na
da riqueza entre as classes sociais. Os fisiocratas acredita-
vam que as classes económicas se distinguiam entre agricultores, latifundiários e comerciantes, e consideravam que os agricultores eram os que criavam riqueza na economia. Adam Smith discordava dos fisiocratas em que os comerciantes, artesãos e manufactureiros não criam riqueza. Resultava difícil acreditar que
os comerciantes da sua terra, a Escócia, ou da Inglaterra –país dos tendeiros, como ele cunhou– não criaram riqueza na sua atividade. Porém, encontrou útil a distinção das classes sociais da sua época e foram
agrupadas em três grupos:
•
Os
, que eram os donos das terras e não possuíam capital e com uma propensão nula
à poupança;
•
Os
, que só possuem força de trabalho e, como compensação à mesma, um salário
próximo aos níveis de subsistência e, portanto, também com uma propensão nula à poupança.
•
Os
ADAM SMITH
, que são os donos das máquinas, armazéns industriais, fábricas, etc., quer dizer, são
os donos do capital produtivo e, consequentemente, têm uma alta taxa de poupança.
Note-se que se o bem-estar dos membros duma sociedade depende do crescimento económico e
este depende da contínua acumulação de capital, então para melhorar o bem-estar duma sociedade deve-se velar pelos interesses daquela classe económica que acumula capital. Assim, o interesse geral duma
nação que busca um maior crescimento económico e por este motivo um maior bem-estar, deve favorecer os interesses da classe capitalista. Porem, devemos ser cautelosos: os interesses dum país devem levar a "favorecer" os interesses da classe capitalista, mas isto não significa que devam "coincidir" com os
interesses da classe capitalista. Recordemos que o egoísmo individual mais a concorrência é o que rege as
decisões humanas e que leva ao bem-estar da sociedade. Os interesses dos capitalistas não são os interesses do país, como surgimos anteriormente, mas os deles mesmos. O importante é permitir maior liberdade para que os capitalistas possam exercer a sua iniciativa e desenvolver a sua atividade para aumentar
a acumulação de capital e o crescimento do país.
A ideia da liberdade económica baseia-se em facilitar a iniciativa empresarial que, juntamente com
a promoção da concorrência, redundará no bem-estar do país. Esta conclusão do livro de Smith chocava
com o que acontecia na realidade da sua época. Eram os membros da classe dos latifundiários –os Lordes,
Duques, etc. – os que pertenciam ao Parlamento, os quais aprovavam leis que favoreciam a eles próprios,
algumas delas "no interesse nacional". O exemplo mais patente foi a redação das Leis dos Cereais (Corn
Laws) que foram aprovadas em 1815, pouco depois de morrer Smith. Diante da queda dos preços dos cereais depois das Guerras com Napoleão, os latifundiários decidiram que o Estado tinha imposto contingentes e taxas alfandegárias às importações de grão proveniente do Continente. Isto ocasionava que os
cereais provenientes das explorações agrícolas dos latifundiários mantivessem um preço alto. Mas ao subir o preço dos cereais, subiam os preços dos bens e, portanto, dos salários que tinham que ser pagos aos
trabalhadores. Estas Leis dos Cereais, pois, prejudicavam aos capitalistas: parte do lucro dos capitalistas
pelo seu esforço acabava nas mãos dos latifundiários pelo maior preço que pagavam os trabalhadores
ADAMADAM
SMITHSMITH
pelos cereais. A luta dos capitalistas pela eliminação das Leis dos Cereais estendeu-se além da vida de
Smith ou David Ricardo (1772-1823) activo opositor, e neste debate as contribuições de Smith entram
com toda a sua força. Entre os argumentos de Ricardo estarão os fornecidos por Smith referentes à que
as Leis dos Cereais entorpeciam a acumulação de capital e, portanto, o crescimento económico e o bemestar dos membros da sociedade.
O livro de Smith é um exemplo de honestidade acadêmica. Origina um problema, formula uma
questão e provê "uma" resposta. Vale a pena ler o livro porque Smith evita paradigmas, é franco e não é
doutrinário. Frente aos que o reivindicam como protector implacável do mercado e a não intervenção do
Estado na economia –como se for um dogma acima de qualquer discussão–, o estilo de Smith é propor
questões difíceis e fazer frente a elas com tranquilidade sem tentar ocultar nenhum dos problemas com
que se vai encontrando no seu caminho. Já comentamos seu ceticismo a confiar nos empresários para
melhorar o bem-estar social, e como as reuniões familiares acabam conspirando contra o mercado. De
seguido apresentamos outros exemplos.
Smith descreve que o sistema de mercado possui mecanismos autorreguladores, nos quais o Estado
não desempenha nenhum papel. A questão é saber qual o papel do Estado. Frente à visão dos mercantilistas, Smith defende a não intervenção do Estado que altera a harmonia social, não é necessário que alguém vele pelo "interesse público". Mais Smith não é exactamente um crente obstinado do
:
não é verdade que não tenha que jogar nenhum papel. Para Smith o governo só deve fazer aquilo que a
gente não pode individualmente. Por exemplo, prover justiça –ou seja, proteger os direitos de propriedade–, prover a segurança e a defensa, manter trabalhos públicos e instituições que não poderiam ser mantidos por falta dum motivo lucrativo (o que hoje conhecemos por bens públicos).
ADAM SMITH
Devemos confiar então no Estado? Uma vez indicado que o Estado pode ter um papel, Smith tornase novamente cético. Qualquer interferência contra a liberdade dos indivíduos duma comunidade resulta
ser prejudicial para o bem-estar da sociedade e qualquer interferência sobre a concorrência, especialmente aquela que agrava ao "interesse da comunidade" também é prejudicial para o bem-estar da sociedade. Smith detesta o apoio do Estado aos monopólios –profissionais, sociais, políticos, etc.– como apoiavam os mercantilistas, pois atentam contra o bem-estar dos membros da sociedade.
Outro exemplo do estilo de Adam Smith pode-se observar na maravilhosa explicação de que a divisão do trabalho, a especialização, promove o crescimento económico. Porém, reconhece os problemas:
“Com o avanço da divisão do trabalho, a ocupação da maior parte daqueles que vivem do
trabalho, isto é, da maioria da população, acaba restringindo-se a algumas operações extremamente simples, muitas vezes a uma ou duas. Ora, a compreensão da maior parte
das pessoas é formada pelas suas ocupações normais. O homem que gasta toda sua vida
executando algumas operações simples, cujos efeitos também são, talvez, sempre os
mesmos ou mais ou menos os mesmos, não tem nenhuma oportunidade para exercitar
sua compreensão ou para exercer seu espírito iventivo no sentido de encontrar meios para eliminar dificuldades que nunca ocorrem. Ele perde naturalmente o hábito de fazer isso, tornando-se geralmente tão embotado e ignorante quanto o possa ser uma criatura
humana. O entorpecimento de sua mente o torna não somente incapaz de saborear ou
ter alguma participação em toda conversação racional, mas também de conceber algum
sentimento generoso, nobre ou terno. […]Assim, a habilidade que ele adquiriu em sua
ocupação específica parece ter sido adquirida à custa de suas virtudes intelectuais, sociais
e marciais. Ora, em toda sociedade evoluída e civilizada, este é o estado em que inevitavelmente caem os trabalhadores pobres — isto é, a grande massa da população — a menos que o Governo tome algumas providências para impedir que tal aconteça.” Smith
(1776, Libro V, Cap.1, Artigo III)
A divisão do trabalho é boa... mas Adam Smith identifica um problema: a especialização embrutece
a pessoa que repete a mesma operação na linha de montagem durante toda a jornada de trabalho, todas
as semanas do ano. Isto é um problema e Smith oferece uma solução em que o Governo deve tentar impedir o embrutecimento das pessoas. Como detalhe, o texto é extraído do Artigo III intitulado
.
ADAMADAM
SMITHSMITH
de Adam Smith, publicado em 1776, é um impressionante e grandioso tratado de economia, política económica e finanças públicas, formosamente escrito, com um profundo interesse pela natureza humana e cheias de detalhes minuciosos. Porém, tentar lê-lo completamente pode
ser um esforço titânico. Não só porque tem 1.282 páginas, mas porque está escrito na prosa da época:
enciclopédico, chato de ler, cheio de "digressões" que se afastam da linha de argumentação introduzindo
questões "que não são certamente o ponto" –por exemplo, no Livro I aparece a "Digressão sobre a Variação no Valor da Prata durante os últimos Quatro Séculos" em que estica o assunto durante perto de 90
páginas (!), ou no Livro IV em que se indicam as estatísticas das capturas de arenque desde 1771–, para
depois retomar o argumento no ponto em que o deixou. Não é um livro de texto para os seus alunos, mas
um livro "acadêmico" escrito para convencer aos outros acadêmicos e aos pensadores da época. Como
qualquer trabalho acadêmico: gera um problema, formula uma questão e provê "uma" resposta. A obra é
dividida em cinco livros:
1.
“Das Causas do Aprimoramento das Forças Produtivas do Trabalho e a Ordem Segundo a qual
sua Produção é Naturalmente Distribuída Entre as Diversas Categorias do Povo,” que estuda a
produção e distribuição com especial referência ao trabalho.
2.
“Da Natureza, o Acúmulo e o Emprego do Capital,” que estuda capital e acumulação.
3.
“Da Diversidade do Progresso da Riqueza nas Diferentes Nações,” que estuda o desenvolvimento
económico e as políticas que o .
4.
“Dos Sistemas de Economia Política,” que estuda os diferentes sistemas de economia política; e,
5.
“Da Receita do Soberano ou do Estado,” um tratado de finanças públicas.
Para nos orientar melhor sobre quais são exatamente os conteúdos de cada parte do livro o melhor
ADAM SMITH
guia é Schumpeter:
"São cinco livros. O quinto e mais longo –que ocupa o 28,6% do espaço total– é um tratado
practicamente independente de Finanças Públicas e convertera-se na base de todos os tratados do século XIX na matéria até a imposição, especialmente na Alemanha, do ponto de vista
"social" –que considera a tributação como um instrumento de reforma. O comprimento do
livro é devido à grande quantidade de material que contém: o tratamento da despesa pública, arrecadação e a dívida pública é
histórica. [...] O Livro quarto, aproxi-
madamente da mesma extensão, contém a famosa condenação do "sistema comercial ou
mercantil" –a condescendente e benevolente crítica da doutrina fisiocrata no nono e no último capítulo, não precisa comentário algum–, das suas cinzas nasce, como fénix, o sistema
político de Smith. Mais uma vez o leitor se enfrentar com massas de factos meticulosamente
ordenados, com muito pouca teoria e muito simples. [...] O Livro III, que ocupa menos de
4,5% do espaço total, pode-se descrever como o prelúdio do Livro IV, cheio de considerações
gerais de natureza histórica principalmente quanto ao "progresso natural da opulência", o
auge e o comércio de cidades, deformado –inibido ou promovido– por políticas seguidas de
interesses diversos. Neste Livro terceiro não atraia a atenção que parece merecer. Com a sua
sabedoria um pouco seca e pouco atraente, poderia ter resultado um bom ponto de partida
para uma sociologia histórica da vida económica, nunca até agora escrito. Os Livros I e II, que
alcançam respectivamente o 25% e o 14% do total, também desbordando com factos ilustrativos, apresentam os elementos essenciais do esquema analítico de A. Smith. Podem certamente ser examinados pormenorizadamente como um texto autocontido. Mas o leitor que,
mais interessado pela teoria que a "aplicação", negue seguir com a leitura, perderá muitos
elementos indispensáveis para a compreensão plena da teoria mesma." Joseph Alois
Schumpter
ADAMADAM
SMITHSMITH
(1954, Parte II, Cap. 3.4.(e))
A obra de Adam Smith iluminou a nebulosa paisagem das relações sociais e da organização naquele
novo mundo que surgiu após o medievo e desconcertava os pensadores e filósofos dos séculos XV ao XVIII. Smith explicou não só como funcionava o novo sistema de organização humana baseada na liberdade
individual, em que cada membro da sociedade decide livremente as atividades que acha mais adequadas.
Em primeiro lugar, também mostrou que esse sistema poderia funcionar muito melhor do que outros sistemas de organização alternativa. A resposta imediata, de "bom senso", à pergunta:
? Seria provavelmente um
. Que se tenha reclamado uma resposta bas-
tante diferente como certa, não só a partir da ciência económica, mas também desde o ponto de vista
dum grande número de filósofos e pensadores fora desta tradição, deve-se principalmente às contribuições de Smith. Em segundo lugar, Smith viu que neste novo sistema de organização social em que a sociedade vai encaminhada para o
, deve redundar em benefício de
os membros da sociedade.
É que funciona realmente o sistema de organização social que Smith ilustrou? É que o sistema organizacional descrito por Smith move-se para o maior crescimento e maior bem-estar dos membros da sociedade? Se imaginarmos que Smith escreveu no terceiro quarto do século XVIII, na época da incipiente Revolução Industrial em que os trabalhadores eram tratados como gado, a jornada de trabalho durava 14 ou
16 horas e as crianças trabalhavam como os maiores, não podemos senão mostrar a nossa perplexidade
pelo facto de Smith contemplar um maravilhoso mundo em que o crescimento económico reproduziria o
maior bem-estar para os cidadãos. Maior liberdade individual para as eleições da vida dos cidadãos e garantir a concorrência entre os agentes económicos são as receitas de Smith para melhorar a qualidade de
vida de qualquer país. As iniciativas para liberalizar os mercados, eliminar os monopólios e barreiras à en-
ADAM SMITH
25.000
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O novo sistema
de organização humana –o
, sistema em que cada membro da sociedade escolhe livremente o
, tem ocasiotrabalho que quer desenvolver– que Adam Smith explicou em 1776 no seu livro
nado a maior explosão de crescimento económico e bem-estar da história da humanidade.
. Elaboração própria a partir da base de dadas de Angus Maddison
ADAMADAM
SMITHSMITH
trada, diminuir a interferência dos Estados na vida dos cidadãos por um lado, bem como a necessidade
dum Estado que vele pela defesa de tais liberdades, garantias de dita concorrência e garantir a igualdade
de oportunidades de qualquer cidadão, são ideias que vão nessa linha. O extraordinário crescimento económico das economias e a riqueza gerada a partir do século XVIII (ver Figura 5) não parece outra coisa
que nos amossar aquele maravilhoso mundo que Adam Smith avistava.
São precisamente os economistas –na
apontada por Smith– os que se especiali-
zaram para explicar esse novo sistema de organização: Quando Adam Smith tinha razão... E quando não.
Do profundo impacto que teve o trabalho de Smith, especialmente na ciência económica, podemos ressaltar da Conferência Coase por receber o Prémio Nobel de Economia em 1991:
“Durante os dois séculos desde a publicação d’
, a principal atividade
dos economistas, acho eu, tem sido cobrir os buracos no sistema de Adam Smith, corrigir os
seus erros e fazer a sua análise infinitamente mais exacta.” Ronald Coase (1991) “The Institutional Structure of Production”
Considerar que é um livro escrito em 1776, há mais de duzentos anos, é uma afirmação muito significativa.
ADAM SMITH
•
Para saber um pouco mais de Adam Smith, um livro introdutório muito interessante é
de Robert L. Heilbroner, traduzido para o português como
(Editora Nova Cultural Ltda., 1996). É recomendável o capítulo 2 intitulado O maravilhoso mundo de Adam Smith. Na verdade, é recomendável ler todo o livro, mormente às últimas edições em que se inclui a vida e ideias de autores como Schumpeter.
•
Baseando-se no livro de Heilbroner, Timothy Taylor preparou umas conferências introdutórias muito interessantes em formato áudio sobre os grandes economistas intituladas
para
. A segunda conferência foi intitula
("Adam Smith e o nascimento da Economia"). É claro a nossa recomendação de ouvir
todas as palestras.
•
Finalmente, podemos ler directamente o livro de Adam Smith
. Schumpeter
recomenda ler os dois primeiros livros... mais aconselha não parar aí ou perderemos parte da essência das suas contribuições. Em português há pelo menos três boas edições d’
: as brasileiras da colecção
e da Editora Martins Fontes e a excelente edição
portuguesa da Fundação Calouste Gulbenkian.
ADAMADAM
SMITHSMITH
Em esta unidade didáctica fizemos quatro perguntas:
1.
Smith nasceu em Kirkcaldy em 1723. Foi professor nas universidades de
Edimburgo e Glasgow, das que foi aluno, ocupou a Cadeira de Filosofia Moral e, ao final de sua vida,
ocupou o posto honorífico de Reitor. Morre em Edimburgo em 1790. As suas duas obras mais altivas foram
e
(
(
) publicada em 1759
) publicada em 1776.
2.
?O
grande problema do pensamento social moderno era: Como pode ser possível a vida em sociedade
não guiada pela autoridade, a fé e o costume? A esta pergunta diferentes pensadores do século XV
ao XVII deram duas respostas diferentes. A primeira resposta argumentava que o egoísmo natural
do homem faz com que a vida em sociedade seja impossível. Portanto, o Estado absolutista é necessário para a sobrevivência e a ordem social. A segunda resposta, com base na hipótese da existência
duma "benevolência" natural, que os humanos experimentam sobre os outros, argumentava que os
indivíduos, ao não serem egoístas por natureza, tendem espontaneamente a associar-se entre si.
Esta explicação tinha dois problemas. O primeiro problema é como justificar a existência desta
"benevolência" natural dos "sentimentos morais". O segundo problema é como "ligar" o egoísmo
individual com o bem-estar social.
3.
Adam Smith entra neste debate e assim, em 1759
publica o livro
e em 1776 publica o livro
4.
que tenta dar uma resposta ao primeiro problema
no que trata de resolver o segundo problema.
Smith argumenta que os seres huma-
nos têm uma "simpatia" com outros seres humanos. Quer dizer, possuem uma "capacidade empática" inata para entrar na situação doutros humanos e entender a sua situação e os seus sentimentos. A resposta de Smith permite explicar por que os seres humanos podem, em princípio, viver em
sociedade em harmonia numa ordem natural.
5.
ADAM SMITH
Smith tenta responder duas perguntas neste livro: (i) Como é possível que, como resultado duma
comunidade em que cada pessoa persigue activamente o interesse próprio, não surja o caos? E (ii),
para onde vai a sociedade?
6.
A resposta de Smith é identificar as leis do mercado. O resultado é que o egoísmo individual limitado pela concorrência promove o bem-estar social. É a mão invisível de Adam Smith. "Ao perseguir os seus próprios interesses o indivíduo muitas
vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do que realmente tenta promover." Smith (1776 L.IV Cap. II).
7.
A resposta de Smith é que a sociedade neste sistema de organização
social em que cada membro da sociedade decide as tarefas que quer desenvolver vai encaminhada
para o
que deve redundar em benefício de todos os membros
da sociedade.
8.
Smith identifica as duas chaves: (i) A
, que é o que dispara o crescimento, junto com a propensão humana a comerciar e (ii)
, que é o que guia o crescimento económico.
9.
? Smith explicou não só como funcionava um sistema
de organização humana baseada na liberdade individual, mas também mostrou que esse sistema
poderia funcionar muito melhor do que outros sistemas de organização alternativa. Por fim, viu que
o novo sistema de organização social em que a sociedade vai encaminhada para o
deve redundar em benefício de todos os membros da sociedade.
ADAMADAM
SMITHSMITH
1.
Adam Smith conheceu a Voltaire em Genebra. Procure informações sobre Voltaire e
faça uma apresentação de transparências na aula com as seguintes epígrafes: (i) Quem era Voltaire?
(Realmente era este o seu nome? Em que anos viveu? Onde viveu? Quando e onde morreu?) (ii) Por
que foi um personagem importante? (iii) Quais as obras que escreveu? Explica muito brevemente
de que tratavam as suas obras (iv) Existe algum legado das suas ideias actualmente?
2.
O grupo deve realizar uma lista de autores mercantilistas (para isso o professor pode usar uma ferramenta Wiki). Cada aluno deve escolher um autor, procurar informações sobre ele na internet e realizar uma breve apresentação com transparências na aula com as seguintes epígrafes: (i) Quem era? (Quando nasceu, onde viveu, qual a sua profissão, onde e quando morreu). (ii) quais foram as suas obras? Indicar muito brevemente o conteúdo de cada uma. (iii) Principais ideias, enumerar as que apresenta na sua obra. (iv) Crítica (onde se
critica o fundamento ou não de cada uma das ideias do autor).
3.
Edwin Cannan distingue dois tipos de mercantilistas: os bulhionistas –autores até finais do século
XVI– e mercantilistas –autores entre o século XVII e princípios do século XVIII. Procure a diferença
entre os dois e faça uma explicação na aula.
4.
Quem eram os cameralistas?
ADAM SMITH
1.
Explique aos seus parceiros o funcionamento do
de Paul M. Sweezy (1942)
. (Pista: No Apêndice A do livro
pode encontrar um trabalho de
Shigeta Tsuru "Sobre os esquemas de reproducção" uma explicação muito simples do Tableau).
2.
Sobre as contribuições dos autores fisiocratas. O grupo deve realizar uma lista de autores fisiocratas
(para isso o professor pode usar uma ferramenta Wiki). Cada aluno deve escolher um autor, procurar informações sobre ele na internet e realizar uma breve apresentação com transparências em
aula com as seguintes epígrafes: (i) Quem era? Quando nasceu, onde viveu, qual a sua profissão,
onde e quando morreu? (ii) Quais foram as suas obras? (Indicando muito brevemente o conteúdo
de cada uma). (iii) Principais ideias (enumerando as ideias que apresenta na sua obra). (iv) Crítica
(onde se criticar o fundamento ou não de cada uma das ideias do autor).
1.
N’
Smith identifica a divisão do trabalho como fonte de criação de riqueza.
Escolha uma atividade económica entre todos os colegas da aula (por exemplo, dar aulas num colégio ou instituto, uma oficina de algum tipo). Enumere todas as atividades que se realizam nessa atividade e indique se as podem realizar pessoas diferentes. (O professor pode usar um wiki para esta
atividade colaborativa.)
2.
Smith, n’
, disse que a causa da riqueza das Nações é precisamente a divisão
do trabalho. Discutir na aula se os países mais desenvolvidos são aqueles nos quais as tarefas que
desenvolvem os membros da sociedade são mais especializadas. Procure vários exemplos para ilustrá-lo.
ADAMADAM
SMITHSMITH
1.
A división do traballo implica a especialización.
2.
Adam Smith cria que o ben-estar do cosumidor lográbase a través do mecanismo impersoal do mercado.
3.
Adam Smith estaba favorábelmente predisposto cara as clases empresariais e desfavorábelmente contra as clases traballadoras.
4.
A riqueza das nazóns combate a idea do monopolio.
1. A principal implicação da noção de Adam Smith de uma
é que
a) a maioria das pessoas estão motivadas principalmente pelo bem-estar social.
c) a procura individual do interesse próprio deve ser controlada.
d) a maioria das pessoas esquece que é bom para a sociedade.
2. A
de Adam Smith refere-se aos efeitos combinados de
a) a democracia e da liberdade.
b) os tributos e a regulação do governo.
d) o monopólio e o altruísmo.
3. A conhecida referência de Adam Smith
significa que
a) existem conspiradores não conhecidos pelo público que ditaram a maioria das políticas do governo.
b) o governo deveria regular os monopólios.
c) a pura concorrência é uma estrutura de mercado de inspiração divina.
4. A discussão de Adam Smith da fábrica de alfinete centrou-se no aumento de produtividade associado com
a) o livre comércio internacional de acordo com as vantagens relativas.
c) a certeza referente ao nível de preços que possam gerar no fundamento do padrão-ouro.
d) o livre comércio internacional de acordo com as vantagens absolutas.
5. Adam Smith, na sua obra
, opinava que a produtividade do trabalho depende principalmente de
b) a apropriada taxa de salários.
c) a educação dos trabalhadores
d) a maquinaria tecnologicamente avançada.
ADAM SMITH
6. Adam Smith identificou três vantagens que surgem da divisão do trabalho que levariam a uma maior riqueza económica, a
qual
a ideia de que a divisão do trabalho
a) reduzia a quantidade de trabalho requerido para a produção.
b) ajudava a cada trabalhador a perfilar conhecimentos especializados.
d) provia invenções de nova maquinaria.
7. Na obra
Adam Smith argumenta que a verdadeira riqueza duma nação está na sua capacidade de:
a) apoiar as suas empresas de manufacturas na exportação de bens e serviços.
c) adquirir estoques de capital financeiro.
d) inspirar a coragem e a diligência aos seus cidadãos.
e) colocar taxas aos cidadãos, reinvestir a arrecadação de impostos e causar superávits no seu Tesouro.
8. Adam Smith escreveu o seu livro
em grande parte como uma refutação das doutrinas de:
a) a fisiocracia.
b) o utilitarismo.
c) o liberalismo clássico.
d) o capitalismo
.
9. Adam Smith argumentava que a riqueza duma nação fica não no ouro que possui, mas em:
a) o seu poder militar.
b) o número de habitantes.
d) o capital financeiro nacional.
e) o investimento externo.
10. A teoria do crescimento económico de Adam Smith baseia-se em ........ para iniciar o processo, e então em ......... para continuá-lo.
a) maiores salários / o fundo salarial.
b) a divisão do trabalho / maiores salários.
d) o crescimento explosivo da população / as economias em escala.
11. No trabalho de Adam Smith
proporcionou uma descrição de como
a) o processo económico funciona numa sociedade comunitária.
b) o investimento em edifícios e imóveis é um caminho seguro para a riqueza.
c) o sistema ditatorial é mais eficiente do que a democracia.
ADAMADAM
SMITHSMITH
12. Entre as atividades próprias que deve realizar um governo, na visão de Adam Smith,
a) actuar como um meio para garantir o império da lei e da justiça.
b) regular os preços para garantir que não existam "acordos de preços".
c) manter as instituições públicas e os serviços públicos.
d) fazer respeitar os contratos.
e) proteger a sociedade de invasões externas.
13. A
é
a) a mão de Deus.
c) a manipulação de especuladores localizados atrás do cenário.
d) nenhuma das anteriores.
14. A palavra
na expressão
refere-se a:
a) qualquer lugar onde se foi.
c) os mercados das feiras medievais.
d) uma sociedade em que os bens são vendidos em mercados.
15. Smith considerava que a sociedade avançava com:
b) o aumento dos conhecimentos.
c) a crescente perfeição do homem.
d) nenhuma das anteriores.
16. Que problema
preocupava a Adam Smith?
b) descobrir as leis da sociedade sob o caos aparente.
c) o bem-estar dos consumidores.
d) a divisão do trabalho.
17. Smith olhava com simpatia principalmente a:
a) a empresa.
c) a mão-de-obra.
d) os latifundiários.
18. Smith diferia dos fisiocratas em que não acreditava que a riqueza fosse derivada principalmente de:
a) o ouro.
c) a prata.
d) as colónias.
ADAM SMITH
que o governo deva
ADAM SMITH
ADAM SMITH
ADAM SMITH