Osteopatia no tratamento da cervicalgia crônica

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Osteopatia no tratamento da cervicalgia crônica
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Osteopatia no tratamento da cervicalgia crônica
Paulo Tavares da Silva Filho¹
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Traumato-ortopedia com Ênfase em Terapia manual– Faculdade Ávila
Resumo
A cervicalgia é uma das doenças ocupacionais mais comuns e que mais afastam os
trabalhadores dos seus postos de trabalho e causam ônus aos empregadores. Portanto
faz-se necessário a realização de pesquisas que busquem alternativas e as melhores
formas de tratamento para esta síndrome. Neste estudo procurou-se testar a utilização
da Osteopatia como forma de tratamento para cervicalgias crônicas. Para tanto foi
feita triagem dos pacientes do Hospital Municipal de Monte Alegre- Ambulatório de
Fisioterapia, em seguida 10 pacientes foram selecionados e avaliados, submetidos a um
protocolo de atendimento osteopático por 5 sessões e posteriormente reavaliados. Nas
avaliações, além dos dados que são comuns a todas as avaliações musculoesqueléticas, deram-se ênfase, principalmente ao nível de dor cervical e a restrição de
Amplitude de Movimento (ADM) de flexão e extensão cervical. Após as 5 sessões todos
os pacientes do grupo foram reavaliados. Como resultado observou-se significativo
percentual de melhora no nível de dor e em ganho de ADM cervical, assim como a
relação entre a restrição de ADM e as dores na região cervical e que a Osteopatia
revelou-se como uma eficaz forma de tratamento nas cervicalgias crônicas.
Palavras-chave: Cervicalgia; Osteopatia.
1-Introdução
Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), (2009), Cervicalgia
é um problema comum em todo o mundo, pelo menos no mundo industrializado, e
constitui causa importante de incapacidade. O pescoço controla os movimentos da
cabeça em relação ao resto do corpo. Uma vez que os olhos e os órgãos vestibulares são
localizados na cabeça, informações vindas dos mecanorreceptores das estruturas do
pescoço são cruciais para interpretar os dados vestibulares e para controlar as funções
motoras que dependem das informações visuais. A cervicalgia pode, assim sendo, ter
profundas consequências.
De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), dor na
coluna cervical, com ou sem irradiação para o membro superior e outras estruturas, tem
prevalência relativamente alta na população, entre 28% e 34% das pessoas com mais de
25 anos (TEIXEIRA, 2003).
Segundo Goldenberg (2003), a cervicalgia acomete 55% da população adulta em
alguma fase da vida, com maior incidência no sexo feminino. Geralmente está
relacionada com a idade (mais comum em indivíduos idosos), atividade ocupacional e
grau de escolaridade. Quando torna-se crônica (12% das mulheres e 9% dos homens),
frequentemente associa-se a problemas psicológicos, sociais e trauma físico.
2-Anatomia e biomecânica
A coluna vertebral é uma série de ossos individuais, chamados vértebras que, ao
serem articulados, constituem o eixo central esquelético do corpo. A coluna vertebral é
_____________________
¹Pós-graduando em Traumato-ortopedia com ênfase em terapias manuais
²Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Graduada
em Fisioterapia.
2
flexível, porque as vértebras são móveis, mas a sua estabilidade depende principalmente
dos músculos e ligamentos (MOORE, 2001).
A coluna cervical é composta por 7 vertebras e entre cada uma delas um disco
intervertebral. sendo a primeira vertebra cervical chamada de Atlas, e a segunda de
Áxis, pois ambas apresentas características peculiares em relação as outras vertebras
cervicais. De acordo com Gray, Gardner, O’ Rahilly (1988), as vértebras cervicais
típicas apresentam processos espinhosos bífidos ou bifurcados e o forame vertebral
possui forma triangular. As vértebras C3, C4, C5 e C6 são semelhantes e apresentam as
características típicas das vértebras cervicais. A última vértebra cervical ou C7 possui
processo espinhoso não bifurcado e proeminente, sendo por este motivo conhecida
como vértebra proeminente.
A primeira vértebra é o atlas ou C1 que se articula superiormente com o osso
occipital. O atlas apresenta o tubérculo anterior, o tubérculo posterior, o forame
vertebral e o forame do processo transverso, um arco anterior e um arco posterior. A
face posterior do arco anterior do atlas possui a fóvea do dente, que se articula com o
processo odontóide do áxis. A segunda vértebra, o áxis ou C2, possui anteriormente
uma projeção, o processo odontóide, que segue superiormente e se articula com a face
posterior do arco anterior do atlas, como já foi mencionado. O áxis possui processo
espinhoso, inexistente no atlas.
Segundo Bienfait (2000), a coluna cervical tem anatomia e fisiologia diferentes
da lombar e dorsal. Funcionalmente apresenta necessidades especiais que determinam
anatomia e fisiologia.
A posição da cabeça coordena todo o nosso equilíbrio.
Dentre as principais funções estáticas pode-se destacar a manutenção vertical e a
horizontalidade do olhar. A manutenção da verticalidade da cabeça é controlada pelo
sistema labiriíntico-vestibular e o circuito reflexo óculo-cefalo-podálico.
Referenciando as principais funções dinâmicas da cervical pode-se dizer que os
movimentos da cabeça e especialmente a orientação do olhar são a gênese de todos os
gestos. Por exemplo, a projeção anterior da cabeça cria um desequilíbrio anterior e
desencadeia marcha. O recuo da cabeça faz com que a marcha seja interrompida, já a
rotação da orienta para direita ou para a esquerda (BIENFAIT, 2000) .
A fisiologia cervical tem, assim, 2 funções: equilibrar a cabeça para proteger sua
verticalidade e realizar movimentos com a cabeça para dirigir a visão.
A coluna cervical adapta-se à verticalidade e aos movimentos da cabeça em um
sistema descendente e todos os movimentos da cervical originam ou acompanham
movimentos do tronco.
Isto tudo faz com que a cervical seja o compartimento mais móvel da coluna
vertebral.
A coluna cervical superior é constituída por 2 sistemas articulares: a articulação
accipito-atloidiana(C0-C1) e a articulação atlas-áxis(C1-C2). Cada articulação tem um
movimento principal: flexão e extensão para a articulação superior e rotação para a
articulação inferior. Cada articulação tem um movimento menor que controla o
movimento da outra. A rotação menor de C0-C1 controla a rotação maior de C1-C2; a
flexão e extensão menores de C1-C2 controlam a flexo-extensão maiores de C1-C2.
O primeiro compartimento (C0-C1) é a articulação responsável pelo “sim”, ou
seja, flexo-extensão; já o segundo compartimento (C1-C2) é responsável pelo “não”, ou
seja rotação.
De acordo com Kapanji (2000); Magee(2005), o conjunto formado coluna
vertebral cervical, disco articulares, cartilagens e ligamentos é resposavel por fornecer
estabilidade e flexibilidade a este seguimento. Desta forma a região cervical é
3
extremamente móvel, permitindo, a partir de suas mobilidades combinadas, grandes
amplitudes de movimentos de Flexão, Extensão, Flexão lateral (inclinação) e Rotação
direita e esquerda (DUTTON, 2006).
Esta grande amplitude de movimento da coluna cervical, se adequa às exigências
funcionais do cotidiano, e em função de uso intenso, via de regra, este compartimento
apresenta fortes dores inclusive com irradiação para MMSS e cabeça.
3-Cervicalgia
A cervicalgia (dor cervical) costuma ser insidiosa, sem causa aparente.
Raramente tem início abrupto, geralmente associam-se com posições viciosas,
movimentos exacerbados, longos períodos em posições de tensionamento ou
estiramento muscular e até mesmo alterações da ATM (articulação têmporomandibular).
A principal manifestação clínica da cervicalgia é a dor do tipo choque, que segue
os trajetos radiculares, piorando com os movimentos que distendem a raiz, com o tórax
ou com a coluna vertebral. As parestesias podem ocorrer na parte distal da raiz.
Alterações dos reflexos, do tônus, da força ou alterações tróficas podem faltar ou serem
tardias. O quadro clínico compõem-se da região cervical dolorida, limitação dos
movimentos, cervicobraquialgia e diminuição da força dos membros superiores.
(PORTO, 1996).
É uma síndrome de causas diversas que se manifesta por dor e rigidez transitória
na região da coluna cervical. Esta síndrome, muitas vezes é relacionada a certas
profissões (serviços manuais e/ou pesados), Barros (1995), diz que a cervicalgia é uma
patologia insidiosa, sem causa aparente. Mais raramente se inicia de maneira súbita,
geralmente relacionada com movimentos bruscos do pescoço, extensa permanência em
posição forçada, esforço ou trauma. Melhora nitidamente com repouso e se exacerba
com a movimentação, com o aumento da pressão liquórica e compressão das apófises
espinhosas. Com frequência, há espasmo muscular e pontos de gatilho.
De acordo com Viscaíno (2009), os fatores etiológicos das cervicalgias podem
ser:
- Processos inflamatórios: artrite reumatoide ou espondilite anquilosante;
- Transtornos estáticos congênitos: costela suplementaria ou vértebra supernumeraria ou
cuneiforme situada bacia D1-D2-D3;
- Alterações da estática adquiridos: cifolordose ou dorso plano;
- Fatores mecânicos: traumatismos diretos ou indiretos, bruscos, movimentos que não
são executados com a coordenação precisa e posturas incorretas;
- Fatores fisiológicos: alterações vasculares.
- Fatores psíquicos: supervalorização desta dor.
4-Tratamento
Como forma de tratamento para cervicalgia utiliza-se uma gama de técnicas e
recursos, sejam eles “tradicionais” (eletro-termoterapia e cinesioterapia) ou terapias por
técnicas manipulativas. Assim, para esta pesquisa serão utilizadas técnicas
manipulativas, mais especificamente manobras osteopáticas.
A Osteopatia é um tratamento recente surgido nos Estados Unidos, cujo criador
foi o Dr. Andrew Taylor-Still (1828-1917), que apresentou os grandes princípios desta
medicina natural. Sua definição atual é: “É uma abordagem diagnóstica e terapêutica
4
das disfunções de mobilidade tissulares em geral, e articular, em particular, no quadro
de suas participações no aparecimento da doença”. (QUEF, 2003).
Segundo McCarthy (2001), Bolton (2006), As técnicas de manipulação fazem
parte de um conjunto de manobras que pertencem ao acervo da prática da terapia
manual, uma especialidade praticada por fisioterapeutas, em que os instrumentos de
trabalho são suas mãos. O uso destas no tratamento de traumatismos e doenças foi
praticado, inicialmente, pelos egípcios antigos e por outros povos. Até que, em meados
do século XIX, a modalidade passou por um grande desenvolvimento com o surgimento
da Osteopatia e da Quiropraxia, que empregam recursos físicos e técnicas manuais
como intervenção terapêutica. Diversas técnicas são utilizadas na prática manual
visando restaurar a mobilidade de um segmento, que incluem as manobras indiretas, que
são mais suaves e as manobras diretas, conhecidas como “thrust”(GREENMAN, 2001).
As técnicas de manipulação são, geralmente, uma forma de tratamento seguro, e
um número crescente de pacientes é tratado com manipulações, e a maioria expressa um
alto grau de aceitação e satisfação com tais procedimentos (SWENSON, 2003).
As lesões que podem ser tratadas com manipulações articulares são conhecidas
por “bloqueio articular”, “lesão osteopática” ou “desarranjos articulares”(CHAITOW,
2004).
De acordo com Gibbons (2001), Fryer (2003), Couto (2007), Schiller (2001), a
utilização destas técnicas, produz um efeito indolor e promove o aumento da amplitude
de movimento (ADM) no segmento a ser manipulado, ao mesmo tempo em que atua
nos mecanismos neurofisiológicos da diminuição da dor, o que possibilita o ganho de
mobilidade em áreas restritas do sistema musculoesquelético, o que contribui para um
realinhamento postural.
O aumento de amplitude da articulação tem sido demonstrado por diversos
estudos, reportando que as técnicas de “thrust” estão associadas a um aumento
temporário da amplitude de movimento da coluna, (GIBBONS, 2001).
Segundo McCarthy (2007), uma das características significantes e principais
benefícios da manipulação articular na prática clínica é o seu efeito imediato sobre a
dor, ou seja, imediata hipoalgesia pós-manipulação.
Uma das características que mais se destaca na Osteopatia é a forma holística ou
global que esta técnica utiliza no tratamento de varias patologias osteo-mio-articulares,
dentre elas a cervicalgia. Desta forma não se busca tratar o sintoma de dor cervical e
sim o que influencia e causa estas dores cervicais, sejam fatores articulares, musculares,
viscerais, vasculares e até psicológicos.
Dentro do contexto, da necessidade de analisar o paciente como um todo,
Souchard (2004), relata ainda em sua obra que as técnicas globais como a psicoterapia,
acupuntura, homeopatia, reeducação postural, Osteopatia (terapia manual), são todas
técnicas que regulam aspectos particulares de afecções funcionais.
5-Metodologia
A pesquisa realizada foi do tipo exploratória e descritiva. Deu-se na cidade de
Monte Alegre, no ambulatório de Fisioterapia do Hospital Municipal de Monte Alegre,
no mês de setembro de 2011.
A amostra foi formada por 10 pacientes. Os pacientes foram triados a partir dos
critérios de inclusão e exclusão: Para os critérios de inclusão os pacientes tinham entre
20 e 40 anos, independente de sexo e ocupação, porém apresentaram os sintomas há
pelo menos 72 horas. Já para os critérios de exclusão, os pacientes não poderiam ter
5
passado por tratamento fisioterapêutico ou farmacológico nos últimos 30 dias, além
disso, não tinham histórico de doença neurológica, hérnia de disco, fratura de coluna
cervical, cirurgia na mesma área e deformidades esqueléticas
Após a triagem estes pacientes foram reunidos em um grupo de 10 (dez), que
foram submetidos a tratamento osteopático.
Inicialmente todos os participantes do grupo foram previamente avaliados. Nas
avaliações foram utilizadas fichas de avaliação padrão, porém se deu ênfase à amplitude
de Movimento (ADM) cervical de flexão e extensão, nível de dor através de escalas
visuais de dor e escala analógica de dor (anexo).
Após as avaliações os pacientes foram submetidos a cinco sessões de tratamento
fisioterapêutico, tendo um intervalo de 48hs de uma sessão para outra. Os componentes
do grupo receberam tratamento baseado em Osteopatia.
Para o tratamento foram utilizados protocolos de Osteopatia, sendo respeitado
cada paciente de acordo com as respectivas avaliações. No método idealizado por Still a
o tratamento sempre ocorrer de forma global, desta forma mesmo que o paciente tenha
apresentado dores cervicais as manipulações ocorreram, também, nas outras regiões da
coluna, na pelve, quadril, joelho e pé.
Da mesma forma a região do corpo que se iniciou cada tratamento, dependeu da
avaliação de cada paciente, se ele apresentou lesão ascendente ou descendente. Ainda
ressalta-se que foi utilizada, também, a Osteopatia visceral em alguns casos, quando se
fez necessário, como mostram as fotos no decorrer do texto.
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Foto 01: Thrust cervical
6
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Foto02: Thrust dorsal
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Foto 03: Thrust lombar (lombar roll)
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Foto 04: liberação diafragmática e descongestão de figado
7
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Foto 05: Normalização de Articulação sub-talar
Todos os pacientes foram reavaliados imediatamente após cada sessão, e
finalmente após a quinta sessão se submeteram a última reavaliação.
A partir daí os dados foram sujeitos a análises. E os resultados discutidos.
6-Resultados
O primeiro paciente T. M. B. S., 34a, iniciou o tratamento com nível 10 de dor
na escala analógica de dor e com 35° de flexão e 60° de extensão cervical.
Ao final do tratamento, após a 5ª sessão apresentou-se sem dor ou nível 0 de dor
na escala analógica de dor, 60° de flexão e 70° de extensão cervical.
O segundo paciente, I. F. A., 47a, iniciou o tratamento com nível 9 de dor na
escala analógica de dor, com 40° de flexão e extensão cervical.
Ao final do tratamento, após a 5ª sessão apresentou nível 1 de dor, 50° de flexão
e 60º de extensão cervical.
O terceiro paciente C. C. S., 29a, apresentou nível 8 na escala analógica de dor,
40° de flexão e 50 ° de extensão no início do tratamento.
Ao final do tratamento, na 5ª sessão, apresentou nível de dor 0, 75° de flexão e
70° de extensão cervical.
O quarto paciente J. A. F. 28a, apresentou-se com nível 9 de dor cervical, 40° de
flexão e 55° de extensão cervical.
Ao final do tratamento apresentou nível 3 de dor cervical, 50° de flexão e 60° de
extensão cervical.
O quinto paciente E. M. S. 37a, apresentou nível de dor 5, 60° de flexão e 60° de
extensão cervical.
Ao final do tratamento relatou nível 4 de dor, 65° de flexão e 60° de extensão
cervical.
O sexto paciente M. L. C. O. 34a, apresentou nível 3 de dor cervical, 30° de
flexão e 40° de extensão.
Após a 5ª sessão relatou nível 0 de dor, 50° de flexão e 55° de extensão cervical.
O sétimo paciente M. L. S. 42a, iniciou o tratamento com nível 5 de dor cervical,
40° de flexão e 40° de extensão cervical.
8
Após a quinta sessão relatou nível 0 de dor, 50° de flexão e 55° de extensão
cervical.
O oitavo paciente afirmou quem apresentava nível 8 de dor e 43° de flexão e 50°
de extensão, no início do tratamento.
Ao final do tratamento apresentou melhora muito satisfatória, com nível de dor
1, 64° de flexão e 68° de extensão.
O penúltimo paciente tinha nível de dor 6, flexão de 50° e 55° de extensão. Após
o final do tratamento não apresentou queixa de dor, ADM de cervical com 60° de flexão
e 65° de extensão.
E por fim o último paciente apresentou grau 5 de dor cervical, 45° de flexão e
55° de extensão.
Após as cinco sessões relatou nível de dor 1, ADM de cervical com 50° e 60° de
extensão.
Ao final do tratamento (5sessões) todo o universo da amostra apresentou
melhora satisfatória dos parâmetros de dor e ADM.
Todos os pacientes da amostra (100%) obtiveram melhora dos parâmetros de dor
e ADM cervical imediatamente após o primeiro atendimento.
Todos os pacientes voltaram, na sessão seguinte, com o nível de dor maior do
que imediatamente após a sessão anterior, porém sempre com um nível de dor menor do
que na reavaliação antes da sessão anterior.
Ou seja, os pacientes sempre chegaram com um nível de dor abaixo do que o do
início da sessão anterior.
Metade dos pacientes da amostra (50%) ficou sem dor após a quinta sessão.
Após as sessões todos os pacientes ganharam ADM cervical, para flexão e
extensão.
Sempre que houve ganho de ADM também houve melhora do nível de dor. 7-7-
7-Tabelas
Pacientes
Percentual
Melhora da Dor
100%
Ganho de ADM
100%
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Tabela 1- Percentual de pacientes que melhoraram nível de dor e ganharam ADM
Pacientes
Paciente 01
Paciente 02
Paciente 03
Paciente 04
Paciente 05
Paciente 06
Nível de dor 1ª
sessão
10
9
8
9
5
3
Nível de dor ao final do tratamento
0
1
0
3
4
0
9
Paciente 07
Paciente 08
Paciente 09
Paciente 10
5
8
6
5
0
1
0
1
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Tabela 2- Nível de dor no início e final do tratamento
Pacientes
Grau de flexão
1ª sessão
Paciente 01
Paciente 02
Paciente 03
Paciente 04
Paciente 05
Paciente 06
Paciente 07
Paciente 08
Paciente 09
Paciente 10
35°
40°
40°
40°
60°
30°
40°
43°
50°
45°
Grau de flexão
última sessão
60°
50°
75°
50°
65°
50°
50°
64°
60°
50°
Grau de
extensão 1ª
sessão
60°
40°
50°
55°
60°
40°
40°
50°
55°
55°
Grau de
extensão última
sessão
70°
60°
70°
60°
60°
55°
55°
68°
65°
60°
Fonte: Hospital Municipal de Monte Alegre (2012)
Tabela 3- Graus de flexão e extensão cervical no início e no fim do tratamento
8-Análise e discussão dos resultados
A partir dos resultados obtidos nas avaliações e no tratamento pode-se suspeitar
as seguintes hipóteses:
Atividades regulares que exigem esforço em flexão, extensão, rotação e torção
cervical provocam dores do tipo crônica nos pacientes da pesquisa.
Atividades de vida diária associados com hábitos posturais errados podem ter
provocado, a médio e em longo prazo, cervicalgia crônica no grupo de amostra. Dentre
estes hábitos cotidianos mencionados acima se pode citar: o uso do computador, assistir
TV, posição de dormir.
Pode-se afirmar que para os pacientes analisados, as dores cervicais estão
intimamente relacionadas com as restrições de ADM, uma vez que todos os pacientes
apresentaram restrição de ADM e dor na avaliação inicial, e após as sessões sempre que
apresentaram aumento da ADM também apresentaram redução na escala da dor.
Todos os pacientes obtiveram melhora com redução no quadro álgico. Isto
permite dizer que o uso de técnicas manipulativas osteopáticas, no tratamento de
cervicalgia crônica, foi eficaz e eficiente para os pacientes do grupo em questão.
Em um estudo retrospectivo Rosa (2007), analisou 552 prontuários de uma
clínica de Quiropraxia de uma Instituição de Ensino Superior, de pacientes que
iniciaram tratamento no período de julho de 2006 a julho de 2007, nos quais foram
encontrados 96 prontuários de pacientes com algia cervical. Ao final da pesquisa,
observou-se que há redução estatisticamente significativa do quadro de cervicalgia após
cinco consultas.
10
Em outro estudo Pacheco, (2007), realizou pesquisa de revisão bibliográfica
sobre estudos que comprovam a eficácia de técnicas de terapia manual no tratamento de
cervicalgias. Nesta pesquisa o autor concluiu que as técnicas manuais apresentam um
bom e eficiente recurso para o tratamento desta recorrente patologia, e que
imediatamente após as manipulações os pacientes já relatam melhora no quadro álgico.
De acordo com outras pesquisas sobre tratamento manipulativo em pacientes
com cervicalgias apresentaram amostras significativas em relação a melhora e eficácia
dos métodos, porém outras formas de tratamento também apresentaram amostras
significas de melhora como se vê abaixo.
Sobral,; Silva,; Vieira,; Siqueira, (2010), realizaram um estudo analítico,
intervencional e randomizado, composto por dois grupos de dez indivíduos cada, um
intervencional e um controle, formados por pacientes com diagnóstico de cervicalgia
que estiveram em atendimento na clínica-escola da ASCES, com o objetivo de
comprovar a efetividade da terapia de liberação posicional (TLP) em pacientes com
cervicalgia. Diante dos resultados obtidos evidencia-se que a TLP é uma técnica eficaz e
benéfica, podendo ser aliada aos tratamentos já existentes na disfunção músculo
esqueléticas em pacientes com cervicalgia.
Yamamura,; Shan,(2000),desenvolveram uma pesquisa com o finalidade de
analisar o efeito do tratamento pelos Canais de Energia Distintos do Xin Bao Luo
(Circulaçäo-Sexo) e do Sanjiao (Triplo Aquecedor) na cervicalgia, cervicobraquialgia e
dorsalgia alta. Material e método: Foram estudados 93 pacientes com queixas de
cervicalgia, cervicobraquialgia e dorsalgia alta, sem tratamento prévio com acupuntura,
com o diagnóstico de acometimento de Canais de Energia Distintos do Xin Bao Luo
(Circulaçäo-Sexo) e do Sanjiao (Triplo Aquecedor). Com os resultados obteve-se os
seguintes dados: Dos 93 pacientes tratados, 38 (40,9 por cento) melhoraram 100 por
cento das dores relatadas, 55 (59,1 por cento) tiveram melhora superior a 50 por cento,
dos quais 45 (48,4 por cento) entre 80 e 90 por cento de melhora.
Moraes, L.; Monteiro, P,(2007), constataram no seu estudo que a utilização de
TENS e corrente interferencial auxiliam na redução do quadro doloroso da osteoartrose
cervical, apresentando como benefícios, a melhora da amplitude articular de movimento
e diminuição da irradiação para membros superiores, e consequentemente facilita a
realização das atividades de vida diária.
Para afirmar que as técnicas manipulativas são eficazes em qualquer tipo de
paciente com cervicalgia crônica, se deve realizar uma pesquisa mais ampla e
abrangente, nas quais sejam incluídos casos de pacientes sem tantos critérios de
exclusão como foi o caso desta.
Pode-se constatar ainda que a outras técnicas também apresentam um bom
resultado no tratamento de cervicalgias crônicas, sendo necessário a conhecimento
abrangente para eleger o melhor método para tratamento.
9-Conclusão
A fisioterapia vem se solidificando cada vez mais como ciência, fato que se deve
ao avanço das pesquisas científicas e às práticas clínicas baseadas em evidencias, o que
por sua vez faz com que os tratamentos sejam muito mais eficazes e eficientes.
Neste estudo constatou-se que a cervicalgia é uma das doenças ocupacionais
mais comuns do nosso cotidiano e é necessária a realização de um número cada vez
maior de pesquisas, para auxiliarem e para encontrar as melhores maneiras de tratar esta
patologia.
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Além disso, concluiu-se também que a Osteopatia teve excelente resultado no
tratamento dos pacientes do grupo em questão. Apresentando níveis de melhora no
quadro álgico rapidamente.
Observou-se também que as dores na região cervical estão intimamente
relacionadas à restrição de mobilidade (redução de ADM), uma vez que sempre que os
pacientes relataram melhora do quadro álgico também observou-se aumento
significativo da ADM cervical.
Assim em função dos resultados obtidos, nesta pesquisa, e as relações
encontradas, pode-se afirmar que a Osteopatia foi eficiente e eficaz no tratamento de
cervicalgia crônica nos pacientes do grupo. Podendo-se inferir que também poder-se-á
utilizar a Osteopatia de forma satisfatória em outros pacientes com o mesmo perfil da
pesquisa.
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YAMAMURA, Ysao; Shan, Tsai. Tratamento da cervicalgia, cervicobraquialgia e
dorsalgia pelo canal de energia distinto do Xin Bao Luo (circulaçäo-sexo) e do Sanjiao
(triplo aquecedor) no pronto atendimento de acupuntura. Rev. paul. acupunt;6(2):69-72,
2000. tab.
13
11- ANEXOS
APÊNDICE 1- Termo de consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Ao assinar este documento estou consentindo formalmente em participar da
pesquisa a ser realizada pelo Fisioterapeuta e pós-graduanda do curso de Traumatoortopedia com Ênfase em Terapia Manual da Faculdade Ávila, Paulo Tavares da Silva
Filho, orientanda da professora Mestre Dayana.
Dentre as linhas de atuação no tratamento de pacientes com cervicalgia crônica,
esta pesquisa será realizada a partir de um estudo que irá verificar os efeitos da
Osteopatia em relação a esta patologia. As informações coletada, serão utilizadas para
proporcionar conhecimentos teóricos-práticos aos profissionais e estudantes de
Fisioterapia e demais membros do corpo de saúde, contribuindo para a atuação destes
profissionais nas áreas de Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual,
em especial a Osteopatia.
Recebi do pesquisador as seguintes orientações:
1. Minha participação na pesquisa iniciará após a leitura e esclarecimento de
dúvidas e do meu consentimento.
2. Serei esclarecido sobre os procedimentos metodológicos e informações
relativas ao meu quadro clínico.
3. Os procedimentos realizados comigo durante a pesquisa não acarretarão riscos
para minha saúde.
4. Minha participação na pesquisa envolverá as seguintes fases: inicialmente será
realizada uma avaliação, após será aplicado o tratamento proposto pelo pesquisador e
seu orientador e no final será realizada uma reavaliação.
5. Minha participação na pesquisa será voluntária. Terei liberdade para
concordar ou não em participar da pesquisa, podendo interrompê-la a qualquer
momento com solicitação prévia.
6. Terei garantido o direito à minha privacidade e confidencialidade.
7. Minha participação em todos os procedimentos da pesquisa não implicará no
pagamento de qualquer taxa.
8. Necessitando de quaisquer esclarecimentos sobre minha participação na
pesquisa, entrarei em contato pessoal com a pesquisadora pelo telefone (93) 91366468 e
(93) 91540938.
Data:___/___/___
Nome do Colaborador:_______________________________________
Assinatura do Colaborador:____________________________________
Pesquisadora Responsável:____________________________________
14
APÊNDICE 2 – Ficha de Avaliação
FICHA DE AVALIAÇÃO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
DATA AVALIAÇÃO: ____/____/____.
NOME:__________________________________________________________.
IDADE: ________. SEXO: ( )M ( ) F TELEFONE: (___)_________________.
ESTADO CIVIL:_______________.
PROFISSÃO:________________.FILHOS:___.
ENDEREÇO:_______________________________________________________
- DIAGNÓSTICO CLÍNICO:____________________________________________.
QP:______________________________________________________________.
HDA:______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
______________________.
HF:_______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________.
MEDICAMENTOS:___________________________________________________
__________________________________________________________________
_______________.
- ATIV. FÍSICA ( ) NÃO ( )
SIM:_______________________________________________.
- ATIV. PROFISSIONAL ( ) NÃO ( ) SIM_________________________________.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO:
TIPO DE DOR: ( ) Episódica ( ) Constante ( ) Unilateral ( ) Bilateral
LOCAL DA DOR NA CERVICAL:
( ) Região Posterior ( ) Região Anterior ( ) Região Lateral ( ) Toda a Cabeça
DOR NA MOVIMENTAÇÃO DO PESCOÇO: ( ) Sim ( ) Não
QUAL MOVIMENTO:
( ) Flexão ( ) Inclinação D ( ) Rotação D
( ) Extensão ( ) Inclinação E ( ) Rotação E
AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ADM) CERVICAL
Goniometria: flexão:
Extensão
15
APÊNDICE 03- escala analógica de Dor
ESCALA ANALÓGICA DA DOR
Paciente:________________________________ Data:___/___/___
VIEL, Eric. O Diagnóstico Cinesioterapêutico. São Paulo: Manole, 2001.
----------------------------------------------------------------------0
5
10
DOR AUSENTE
DOR INSUPORTÁVEL

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