LOGÍSTICA APLICADA NAS COMPRAS DA FARMÁCIA
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LOGÍSTICA APLICADA NAS COMPRAS DA FARMÁCIA
LOGÍSTICA APLICADA NAS COMPRAS DA FARMÁCIA ESCOLA E AMBULATÓRIO CENTRAL DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL Marcelo Nichele Rejane Remussi Tania Craco Universidade de Caxias do Sul Resumo Com o crescimento do número de instituições de ensino no Brasil, há uma necessidade de melhoria contínua na educação e agregação de serviços. Como em qualquer empresa prestadora de serviços, as redes de ensino superior necessitam ter uma gestão eficiente de suprimentos. Tanto no que diz respeito a serviços como na sua própria manutenção. Este artigo apresentará um estudo de caso mostrando a realidade de dois setores da Universidade de Caxias do Sul, ligados ao setor da saúde, no que refere à gestão de seus estoques. Palavras chaves: gestão de suprimentos, compras, logística interna. Abstract With the growing number of educational institutions in Brazil, the need for continuous improvement in education and aggregation services. Because there any service provider networks of higher education need to have efficient management of supplies. Both with regard to services and in its own maintenance. This article will present a case study showing the reality of two sectors of the University of Caxias do Sul, linked to the health sector, as regards the management of their stocks. Key words: supply management, purchasing, inbound logistics. 1 - Introdução Analisando-se a sociedade atual, observam-se transformações que incitam mudanças profundas na vida humana individual e associada. O indivíduo nasce, educa-se, trabalha e passa a sua vida ligado as organizações, e estas, na realidade, são responsáveis pela consistência do destino social. A dinâmica e a velocidade cada vez maior das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade moderna caracterizam o que se convencionou chamar de novo milênio. A intensa competição nos mercados globais, a introdução de produtos com ciclos reduzidos e a grande expectativa dos clientes forçaram as empresas a investir e focar a sua atenção à cadeia de suprimentos. Nesta realidade podem-se inserir instituições de ensino que num constante crescimento, necessitam adaptarem-se as exigências de toda a comunidade. Hoje em dia é evidente que as administrações atuais procuram diferenciar-se o máximo possível. Com os diversos estudos e aplicações de novos conceitos, administrar instituições de ensino tornou–se um desafio. Instituições de ensino com o sistema de filantropia são acometidas de muitas exigências legais. No passado, a grande maioria das instituições privadas eram consideradas filantrópicas e/ou sem fins lucrativos, para efeitos fiscais, Schwartzman (2002). Segundo pesquisa realizada por Schwartzman (2002), ao Ministério da Educação(2010)1, a qualificação como filantrópica é mais estrita e menos vantajosa, e só um terço das instituições privadas assumem esta característica. O Censo do Ensino Superior, instrumento anual do Ministério da Educação, tem uma categoria especial de instituições “comunitárias, filantrópicas e confessionais”, mas não está claro como elas se enquadram para efeitos fiscais. Em suas considerações Schwartzman (2002), afirma que as questões da classificação das instituições de ensino superior como universidades, centros universitários ou instituições isoladas são de grande interesse para a comunidade e para os órgãos de educação, pois sua autonomia para criar novos cursos e decidir quanto à oferta de vagas nos seus diversos cursos fica garantida. Entretanto, é o Ministério da Educação (2010) que dá informações detalhadas sobre as características de cada um dos tipos de instituição, e suas prerrogativas. Assim as universidades são definidas como instituições de ensino superior que desenvolvem suas atividades acadêmicas com base em três pilares fundamentais: o ensino, a pesquisa e a extensão. 1 http://portal.mec.gov.br/index.php acessado em 15 de Agosto de 2010. Neste contexto educacional encontra-se a Fundação Universidade de Caxias do Sul, que como uma empresa necessita estar estruturada para o seu funcionamento. A descentralização dos seus serviços torna-se necessária juntamente com a constante inovação. Devido a sua estrutura ser de grande porte, com mais de 37.000 alunos, 1.200 professores e 2.000 funcionários (UCS, 2010)2 há sempre uma necessidade de inovar nos seus processos. Trabalhos com a comunidade, na área da educação e saúde, faz com que seja necessária uma estrutura de funcionamento diferenciado para cada setor, de acordo com as mais variadas necessidades. Pelo fato do tamanho da instituição, esse trabalho deverá ser focado em dois setores específicos e com produtos semelhantes, para, assim poder se analisar como a gestão eficiente de suprimentos pode proporcionar melhorias nos processos, visando uma maior eficiência na reposição de suprimentos para a Farmácia Escola e Ambulatório Central. Analisar o atual sistema de compra e distribuição e propor alternativas de melhorias e fazer uma avaliação das vantagens e desvantagens nas melhorias propostas. 2 – Objetivo Principal: O presente trabalho tem como objetivo principal: analisar o processo de aquisição de materiais da Farmácia Escola da Universidade de Caxias do Sul e do Ambulatório Central da Universidade de Caxias do Sul. 2.1 – Objetivos Específicos: - Como objetivos específicos terão como foco a descrever o processo atual processo de compra, armazenagem e distribuição de remédios, - Descrever o atual sistema de distribuição de medicamentos, - Propor alternativas de melhorias no gerenciamento na aquisição de materiais, - Avaliar as vantagens e desvantagens do atual processo utilizado. 3 - Gestão da Cadeia de Suprimento Devido as constantes pesquisas e aplicações no setor logístico, a questão suprimentos tem abrangência em todos os setores empresariais. Faz-se cada vez mais necessário que estes estudos sejam aplicados e que possam propor resultados eficientes para as empresas, já que o resultado final deve ser além de redução de custos, mas também a satisfação dos clientes. Abaixo alguns conceitos de Gestão da Cadeia de Suprimentos: Ballou, Bowersox e Closs (2007), descrevem a gestão da cadeia de suprimentos como um ambiente de negócios, como uma ferramenta que permite ligar o mercado, a rede de 2 http://www.ucs.br/site acessado em 15 de Agosto de 2010. distribuição, o processo de produção e a atividade de compra de tal modo que os consumidores tenham um alto nível de serviço ao menor custo total, simplificando assim o complexo processo de negócios e ganhando eficiência. Gonçalves (2004) define que uma cadeia de suprimento consiste em fornecedores, centros de produção de bens, almoxarifados, centros de distribuição e comércio varejista, na qual temos um fluxo de materiais que começa com a matéria-prima, passa por produtos em processos e acaba com produtos acabados que fluem ao longo dos diversos pontos da cadeia, e, finalmente enviados aos varejistas e clientes. Dalledonne (2008), gestão da cadeia de suprimentos (ou gestão da disponibilidade) significa escolher e articular, no tempo certo, fornecedores e estoques para que seja obtida a máxima eficácia, com os custos sob controle. Chopra e Meindl (2003), uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos direta ou indiretamente, no abastecimento de um pedido de um cliente. O motivo principal para a sua existência é a satisfazer as necessidades do cliente em um processo gerador de lucros. O termo cadeia de suprimentos representa produtos que se deslocam ao longo de uma cadeia. Council of Logistics Management (1998), Gerenciamento da cadeia de suprimentos é a coordenação estratégica e sistêmica das funções de negócios tradicionais bem como as ações táticas que perpassam essas funções numa companhia e através de negócios dentro da cadeia logística com o propósito de aprimorar o desempenho de longo prazo das companhias individualmente e da cadeia de suprimentos como um todo. Para Bowersox, Closs, Cooper (2007), a gestão da cadeia de suprimentos consiste na colaboração entre empresas para impulsionar o posicionamento estratégico e para melhorar a eficiência operacional. Para cada empresa envolvida, o relacionamento na cadeia de suprimentos reflete uma opção estratégica. Pode-se perceber a importância da gestão de suprimentos em todos os processos e empresas. Verifica-se que em todas as descrições os autores, salientam da mesma maneira a importância da gestão na cadeia de suprimentos. Dando assim importância ao processo logístico como um todo. Evidencia a satisfação do cliente, pois se toda a cadeia trabalha para o seu sucesso todos serão beneficiados. O importante que cada empresa tem seus modelos de gestão e podendo todas trabalhar para um objetivo comum proporcionando além do lucro a satisfação. 4 - Logística Interna Sabe-se que a logística agrega valor quando o estoque é devidamente posicionado para facilitar as vendas ou, no caso interno em uma empresa, deve estar acessível o necessário. Logística no contexto interno de uma organização pode-se afirmar que está referindo-se ao aspecto do transporte interno de materiais, considerando sua disponibilidade aos setores ou áreas da empresas interessadas ou necessitadas dos materiais, bem como ao gerenciamento de estoques, Pereira, (2009 p.58). 4.1 – Compras A área de suprimento segundo Bowersox, Closs, Cooper (2007), preocupa-se com a aquisição e o arranjo da movimentação de recebimento de estoque de materiais, peças e/ou produtos acabados de fornecedores para fábricas ou montadoras, armazéns ou lojas varejistas. Dependendo da situação, o processo de suprimento normalmente é identificado por diferentes nomes. Na manufatura, o processo de suprimento é chamado de compras. Em círculos governamentais, a aquisição tradicionalmente é chamada licitação. No atacado e no varejo, compras é o termo usado com mais frequência e em muitos círculos é denominado logística de suprimentos. Segundo Gonçalves (2004), compra é um termo utilizado para definir o ato e a responsabilidade funcional para promover a procura dos materiais e serviços e então supre-los para serem utilizados pela empresa. Apesar da Fundação Universidade de Caxias do Sul ser uma instituição de ensino, seu funcionamento exige setores específicos e um desses é o setor de compras que tem um papel importante para seu funcionamento e manutenção. O setor de compras atende a toda a universidade e tem um importante papel em setores como o Ambulatório Central e Farmácia Escola, a mesma que além de fazer venda de medicamentos também tem o setor de manipulação e perfumaria; esta por sua vez faz toda a aquisição dos seus suprimentos, sem auxilio do setor de compras e inclusive fornece medicamentos para o Ambulatório Central, que faz uso de muitos medicamentos para atendimento ao público devido convênio com o governo no atendimento a pacientes pelo SUS, (Sistema Único de Saúde), necessitando de material de expediente, tanto na aplicação a pacientes como para consumo interno. Conforme Bowersox, Closs, Cooper (2007), em termos de gestão, as empresas tradicionalmente têm sido estruturadas em departamentos para facilitar o foco, o estabelecimento de rotinas, a padronização e o controle do trabalho. Todas as empresas possuem funções especificas, mas às vezes devido algumas dificuldades na aquisição de materiais específicos, o setor compras tem a autonomia de compartilhar certas atividades e responsabilidade com outros setores. Desta maneira caracterizam-se as Unidades Estratégicas de Negócios que segundo Oliveira (1999), representa o todo de um conjunto de atividades indivisíveis com perfeita interação com os vários fatores ambientais (externos), e que deve ser administrado proporcionando resultados como um negócio perfeitamente identificado. Toda a parte de apoio à estrutura da Universidade de Caxias do Sul esta concentrada a Pró Reitoria Administrativa, mas, através de diferentes setores: contabilidade, financeiro, orçamentário, recursos humanos, almoxarifado, prefeitura universitária, e suas áreas de apoio, núcleo de processamento de dados, procuradoria jurídica, assessoria de comunicação, assessoria de obras, Ambulatório da Cidade Universitária e compras. Pela sua natureza a UCS, adota o padrão de compras do setor público, seguindo os preceitos da Lei 8.666/93, também conhecida como lei das licitações. A exigência de materiais tanto para uso interno como para áreas de uso exclusivo é que torna compras um setor de suporte. Havendo a necessidade real de manutenção deste setor pode-se ter noção de sua importância para qualquer empresa. Compras é um setor de importância para toda a empresa é onde está concentrado responsabilidades para atendimento de toda a cidade universitária. Caracteriza-se pela diversidade de meios, havendo a necessidade de agilidade e logística na entrega de produtos tanto para expediente como utilização especifica em cada setor de trabalho, os mesmos devem ter prazos a serem cumpridos em cada caso, e em cada setor solicitante. A necessidade de facilitar compras para a manutenção de setores que trabalham na área da saúde é fundamental. De acordo com Bowersox, Closs, Cooper (2007, p88), “toda a organização, seja ela industrial, atacadista, ou varejista, compra materiais, serviços e suprimentos para apoiar as operações”. Dentro da Universidade há a necessidade de muitos serviços interligados, compras, transferência de medicamentos, manipulação, que são fundamentais por necessidades diárias e contínuas. 4.2 – Distribuição Para Laverde (2003, P.351), deve-se entender distribuição por: Abastecimento e fornecimento a parte da logística que trata das atividades desenvolvidas para aquisição, a armazenagem e o fornecimento de medicamentos, alimentos e demais materiais e serviços ligados as áreas da saúde e administrativa, de maneira oportuna, nas quantidades exatas, com um nível ótimo de qualidade, e no local apropriado, de tal forma que um hospital ou farmácia possa suprir plenamente seus objetivos e metas quanto á prevenção ao diagnóstico, tratamento e a recuperação da saúde. Tendo o Ambulatório Central a necessidade de obtenção de medicamentos com prazos estabelecidos precisa suprir as necessidades de medicamentos para que o atendimento seja eficaz. Isso faz com que se ressalte a importância de logística de abastecimento efetiva, para que o diagnóstico seja atendido. Assim devem-se ter os recursos necessários para que se possa efetuar um serviço de atendimento satisfatório. Pereira (2008) salienta a importância nos sistemas de abastecimento, produção e distribuição, pois são organizadas segundo funções separadas que se reportavam a diferentes departamentos de uma empresa. Neste sentido, a área de compras busca atender às necessidades da linha de produção ou do sistema de operações por meio de ordens de compras ou pedidos de compra em uma empresa. Pode-se observar que muitos processos de distribuição de medicamentos nos setores em questão estudados ocorrem de maneira semelhante, onde se faz requisições, ordens de compras, transferências entre departamentos, que não é exclusividade de empresas industriais, mas também prestadoras de serviços. 4.3 – Gestão de Estoques Como cita Bowersox, Closs, Cooper (2007), o objetivo de uma estratégia de estoques é conseguir o desejado serviço ao cliente com o mínimo de investimento em estoques. O excesso de estoque pode compensar deficiências no projeto básico de um sistema logístico, mas acabará resultando em um custo logístico mais alto que o necessário. 4.3.1 – Curva ABC – Gráfico de Paretto Curva Abc ou Gráfico de Paretto é um instrumento de analise que faz uso do critério 80/20. A sistemática 80/20 indica que os chamados itens A (mais importante) totalizam 80% do valor total dos itens. Os itens B e C representariam apenas 20%. Essa sistemática é adotada, principalmente, pelos engenheiros. Conforme Dias (2002), a análise ABC é uma das formas mais usuais de se examinar e administrar estoques, para a definição de políticas de vendas e estabelecimento de prioridades. Essa análise consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo, em valor monetário ou quantidade dos itens de estoque, para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Aos itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor independente da quantidade, dá-se à denominação itens classe A, em geral são colocados os itens equivalentes a 70% do valor, normalmente correspondentes a cerca de 8% dos itens. Nos itens intermediários classe B normalmente representa 20% do valor e cerca de 30% dos itens, e aos menos importantes, itens classe C representam 10% do valor e o saldo da quantidade de itens do inventário da organização. O principal objetivo de análise ABC é identificar itens de maior valor de demanda e sobre eles exercer uma gestão mais refinada, especialmente porque representam altos valores de investimentos e seu controle mais apurado vai permitir grandes reduções nos custos de estoques. Gonçalves, (2004 p.136). Para fins desse artigo, será adotado a critério 80/15/5. O mais comum, nesse tipo de organização é que os itens A, que representam 80% do total do volume analisado, mas normalmente representam uma quantidade relativamente pequena de itens. No caso da UCS, o que se verifica é que os itens A compõe o grupo mais numeroso, indicando que não há uma concentração em poucos itens, mas a verdadeira pulverização da demanda dos itens. Assim, temos que a classe A, que representa 80% do valor comercializado/consumido, é composta por 773 itens, ou 44,89% do total. A classe de produtos B, que representa 15% do movimento soma 434 produtos ou 25,20% do total. Por fim os itens C representam apenas 5% do valor total, implicam em 515 produtos ou 29,91% do total. 4.3.2 - Acuracidade de Estoques Para Dias (2002), o objetivo básico do controle de estoques é evitar a falta de materiais sem que esta diligência resulte em estoques excessivos às reais necessidades da empresa. De forma semelhante, os níveis de estoques estão sujeitos à velocidade da demanda (out put) e das entradas (input) de material no almoxarifado. Conforme Fernandes (1987), com base nesse enfoque, devem ser considerados alguns princípios básicos para a área de controle de estoques na organização de seus controles físicos: 1) Determinar o que deve permanecer em estoque, número de itens; 2) Determinar quando deve repor os estoques, sua periodicidade; 3) Determinar quanto de estoque será mantido para um período predeterminado; 4) Acionar a área de compras para executar aquisição de estoque; 5) Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre a posição do estoque; 6) Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados e; 7) Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. 5 - Estudo de Caso A Fundação Universidade de Caxias do Sul, que é uma instituição de caráter filantrópico, mas que funciona com princípios de empresa. Conforme consta no site da UCS3, a instituição foi fundada há 42 anos. Primeiramente como Associação Universidade de Caxias do Sul, e em 1974 transforma-se em Fundação que teve então a participação das três entidades fundadoras: Faculdades de Ciências Econômicas, de Filosofia, Direito, além das Escolas de Enfermagem e Belas Artes, mais o Ministério da Educação, o Estado do Rio Grande do Sul, a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e a representação dos municípios da região. Hoje, essas entidades constituem o conselho máximo da instituição, o Conselho Diretor, composto por seis entidades, representando nove votos, sendo que o setor público detém 44,4% das vagas e a sociedade civil com 55%. A FUCS executa suas atividades através do que denominamos unidades mantidas. Esta, na maior parte das vezes, tem infraestrutura física disposta em espaços diferentes. No entanto todas utilizam uma mesma estrutura administrativa, já citado no item 4.1. Preocupada com a formação de seus alunos a UCS iniciou no ano de 2002 a idealização da Farmácia Escola. Iniciando conjuntamente a implantação deste espaço para o curso de farmácia. A parte a ser analisada no presente trabalho, será os processos de compras da Farmácia Escola, qual seu papel na compra de medicamentos que não passam pelo setor de compras para atender suas necessidades e as do Ambulatório Central da Universidade. A Farmácia Escola atualmente trabalha com quantidade baixa de estoques o que faz necessário a compra diária de medicamentos, cosméticos e compra de matéria – prima para a manipulação. Os serviços que a Farmácia oferece no momento, são os de manipulação de fórmulas, homeopáticos, fitoterápicos, venda de medicamentos industrializados e perfumaria além da prestação de serviços a outros setores da Universidade através do fornecimento de kits de primeiros socorros. Também fornece medicamentos específicos para exames ginecológicos utilizados no ambulatório central medicamentos e perfumaria: diariamente no final de expediente a farmácia emite relatório de vendas onde consta a venda do dia. A partir do estoque informado é feita uma analise das necessidades de reposição imediata ou não dos produtos vendidos. Uma vez por mês é feito contato com representantes para uma possível programação de compras, onde é analisada detalhadamente a permanência de certos medicamentos no estoque 3 HTTP://www.ucs.br acessado em 22 agosto 2010. e a manutenção de um estoque mínimo. Caso sejam produtos de alta rotatividade é feito a programação com um maior número de unidades. Processos de compras: Nesta visita de representantes de laboratórios e perfumaria podem-se negociar percentuais de descontos e prazos maiores. O que não é possível ser comprado de representantes compra-se de distribuidoras, onde não existe negociação quanto ao preço e prazo. Desta maneira o custo da mercadoria aumenta. O controle de estoque é feito totalmente manual, a cada seis meses se possível é feito uma verificação de estoques, caso não, é feito somente um balanço anual. As empresas fornecedoras não têm acesso ao controle de estoques dos produtos vendidos, somente a farmácia pode fornecer estes dados para futuras compras. Principais fornecedores de medicamentos e perfumaria: - Distribuidoras: - Dimed S/A distribuidora de medicamentos; - Genésio A. Mendes e Cia &Ltda; - Profarma Distribuidora de Produtos Farmacêuticos S/A; - Laboratórios: - Medley; - Bayer Schering Pharfa - Pharmalink; - Marcoboni Indústria e Comércio Ltda. Matéria - prima para manipulação: o responsável técnico faz o levantamento dos produtos faltantes no almoxarifado, dentre eles os que mais se utilizam na manipulação e também faz a programação de novos itens de manipulação que serão utilizados em novas receitas, até então não captadas. O responsável de compras envia por e-mail a lista com os ativos e a quantidade para os fornecedores qualificados através de um programa chamado: Qualificação de fornecedores, sendo esta uma exigência da RDC 67 de 2007 (RDC – resolução da diretoria colegiada), pertencente à Vigilância Sanitária, esses fornecedores enviam a cotação com preço, prazo de pagamento, quantidade mínima e vencimento do produto. Feito um comparativo dos três itens para analisar as vantagens e desvantagens e efetua-se a compra que melhor condizer com os requisitos e necessidades da farmácia. Principais fornecedores de produtos para manipulação: - ALL Chemistry do Brasil Ltda; - Deg Importação de Produtos Químicos Ltda; - Simoquimica Produtos Químicos Ltda; - Elyplast Embalagens Plásticas. A Farmácia Escola utiliza o setor de compras da UCS somente quando não consegue certos medicamentos diretamente com seus fornecedores qualificados, para compra de equipamentos e vidraria, usados no consumo interno, nunca para a comercialização individual de tais produtos, mas os mesmos vão agregar valor nos produtos de manipulação. Com sua estrutura estando de acordo com a legislação vigente de Boas Práticas de Manipulação em Farmácia, implicou sua estrutura física particular, a presença de equipamentos específicos e também em uma dinâmica de trabalho programada. As formulações são manipuladas por acadêmicos do curso de farmácia, sempre supervisionadas por farmacêutica responsável. Na Farmácia Escola são manipulados diversos produtos, como cremes, loções, xampus, óleos, sabonetes, cápsulas, entre outros. Atualmente não manipula medicamentos controlados, que são aqueles listados na portaria 344 da vigilância sanitária. A análise dos processos de compras da Farmácia Escola terá ênfase na aquisição de compra de medicamentos que não passam pelo setor de compras para atender suas necessidades e as do Ambulatório Central da Universidade. Mas devido a não separação por códigos examinouse de forma geral a aquisição de mercadorias, sua rotatividade e estoques. A análise para melhor fornecer dados foi feita pela Curva ABC, para se ter certeza de itens que são comercializados, seu estoque e o valor do mesmo. A Farmácia Escola possui 2272 itens cadastrados entre medicamentos, produtos de beleza e produtos para manipulação, sendo que dentre os mesmos são 774 itens que estão classificados nos itens A da curva ABC, neles acentua-se mais produtos de higiene pessoal e beleza. Na classificação B encontram-se 434 itens que representam os intermediários que tem menos estoques, mas que representam uma cota alta de itens, e por fim tem-se 515 itens representando o grupo C. Os itens restantes nesta lista num total de 549 não possuem giro de estoques, estão cadastrados compondo a lista de produtos comercializados. Curva ABC - Farmácia Escola 40000 Valor dos itens 35000 30000 25000 20000 15000 28202,97 33490,27 35251,302 10000 5000 0 0 0 A B C Classificação dos itens Gráfico 1 – Curva ABC da Farmácia Escola. Fonte: Autora. Já o Ambulatório Central por fazer em média atendimento diário de 300 a 500 pessoas, e tendo um efetivo entre funcionários da UCS e médicos em torno de 1200 pessoas, tratando cada paciente com enfermidades e medicamentos específicos. A necessidade de reposição é constante. O Ambulatório central possui procedimentos diários e semanais que são cumpridos rigorosamente, a falta de medicamentos para o uso da área médica pode acarretar problemas no atendimento às pessoas. São estabelecidos nas rotinas que sejam efetuados formulários manuais para a requisição de medicamentos ou produtos utilizados para a higienização da área utilizada diariamente por médicos e enfermeiras. O ambulatório central necessita de apoio da farmácia escola, almoxarifado central e o setor de compras, pois há uma mescla de processos que facilitam o seu funcionamento. Sendo que os materiais para reposição vinda do Ambulatório Central são efetuados por transferência e codificados, possíveis de medição, os que são pedidos compra por intermédio também do Almoxarifado, estes não possuem no estoque do almoxarifado, mas os que Ambulatório necessita comprar são codificados e podem ser medidos, os materiais de consumo também podem ser medidos, são codificados e chegam também via almoxarifado. Mas os materiais e medicamentos que somente o Ambulatório utiliza, não são codificados e o controle é manual de um funcionário. Não tem cadastro para que possa ter um controle adequado. Também tem a situação que alguns medicamentos específicos, que tem grande rotatividade no Hospital Geral, são cedidos para o Ambulatório para a utilização nos consultórios, estes não são codificados e tem somente controle visual. Para poder fazer compra dos mesmos é necessário uma demanda elevada e o Ambulatório não possui esta demanda. Assim pode-se caracterizar uma troca de favorecimento entre ambos. Os produtos hospitalares são comprados pelo setor de compras, a farmácia fornece produtos manipulados e medicamentos comerciais. Setor de compras fornece para ambulatório somente quando forem quantidades grandes, mesmo assim é estocado no almoxarifado central, onde após tal processo trabalha somente com transferência e tem um controle mais rígido por normas estabelecidas pela vigilância sanitária. Possui, atualmente, um setor de estoques de medicamentos não muito apropriado, mesmo que o giro de medicamentos seja pequeno, o local não é adequado para tal função. O espaço utilizado é restrito e não tem sistema que possa dar baixa de recebimentos ou pedidos no local onde estão armazenados os mesmos. Num dia especifico da semana cada setor entrega ao responsável o lista de materiais necessários para o uso na semana seguinte, produtos com maior giro são os que sempre têm um estoque maior para que não haja falta dos mesmos. Após o recebimento desta requisição via formulário manual um funcionário faz o trabalho de digitação, como cada material tem um código especifico a não conformidade acarreta no recebimento de material que não há necessidade. Há medicamentos que são adquiridos por intermédio da farmácia escola, alguns que não são perecíveis ou que não tenham problemas com a questão da validade são requisitados via almoxarifado. Qualquer medicamento ou produto de utilização do ambulatório deve obrigatoriamente passar pelo almoxarifado central para fins de cadastro dos mesmos. Mas há produtos que não têm o cadastro no almoxarifado, pelo fato de que se estabeleceu não haver necessidade de cadastro o que pode acarretar problemas futuros. Medicamentos que não podem ser adquiridos pela farmácia nem mesmo há estoque no próprio almoxarifado são feitos por intermédio de compras, mas com antecedência de dias, para que não seja com prejudicado o atendimento. Curva ABC - Ambulatório Central 80000 Valor dos itens 70000 60000 50000 40000 30000 53.974,41 63658,4 67307,9 20000 10000 0 0 0 A B C Classificação dos itens Gráfico 2 – Curva ABC do Ambulatório Central. Fonte: Autora Que se pode analisar no ambulatório central quanto ao número de itens este possui menos variedades por ser mais específico quanto a sua utilização, mas sua rotatividade por ser diária utiliza a principio os mesmos itens básicos. Por não ter um cadastro separado entre itens de expediente e medicamentos fez-se uma analise de custos e estoques totais. Juntando itens sua classificação de itens ficou totalizada em 182 itens, sendo que 33 estão nos itens A da curva, 41 itens na B e 108 itens compõem os itens C da curva. Procedimentos utilizados quanto a medicamentos e perfumaria com validade próxima ao vencimento iniciam a partir da constatação visual, no momento que se constata são retirados das prateleiras. No caso de medicamentos é recolhido um mês anterior ao vencimento, e são separados e identificados com data de vencimento. Em função dos tratamentos para certas doenças, serem maiores que trinta dias não é apropriado à comercialização dos mesmos assim retira-se os mesmos da prateleira. Mensalmente é feito a baixa destes tirando-se uma nota fiscal M1 dando à baixa nos estoques, onde o medicamento é constato como perda, e encaminham-se estes medicamentos para a distribuidora Genésio a Mendes que se responsabiliza pela incineração. Também se podem utilizar estes como sugestões de encaminhamento para utilização dos mesmos para o zôo, com a devida comprovação de não causar danos aos animais que utilizarem os mesmos. Este encaminhamento de medicamentos efetua-se para uma empresa fora do estado o que proporciona problemas, pois não é possível fazer nota de perdas dos mesmos para fora do estado, buscando-se assim alternativas para tal. Quanto à matéria prima procede-se da seguinte maneira, no seu vencimento é retirado do almoxarifado da farmácia escola, é feito relação dos produtos com nome e quantidade e enviado pelos professores responsáveis para que eles assinalem as necessidades. Após a escolha dos produtos são encaminhados para os laboratórios que os alunos utilizam. O custo dos materiais vai para os laboratórios devido à transferência ser interna. 6 – CONCLUSÃO Segundo Dias (2002), os itens A representam, normalmente, 8% do total dos itens. Entretanto o que se verifica no caso da UCS é uma situação diferente. No caso do Ambulatório Central os itens A representam 18,13% dos itens, enquanto que os itens B representam 22,52% dos itens. Portanto os itens A alcançam mais que o dobro do valor estipulado como referência por Dias (2002). Já na Farmácia Escola os itens A representam 34,06% dos itens, enquanto que os itens B representam 19,10% dos itens. Assim os itens B e C ficam realmente nos padrões preconizados por Dias (2002), mas a pulverização dos itens nos dois setores analisados faz com que os itens A alcancem valores entre 100 e 400% a mais do que os citados pelo autor. Como foi utilizado o parâmetro 80/15/10, pode-se perceber que o estoques do item A é muito pulverizado pela própria natureza dos setores. Uma estratégia eficiente de giro de estoque focaria o alto giro nos itens A, por serem os de maior impacto no valor total dos estoques, conforme podemos ver na Tabela 1. O ponto importante na estratégia é o giro dos produtos do grupo A, entre os dois setores temos um total de 2.455 itens. Na metodologia de Dias, seriam 196 itens, mas aqui temos 807 itens, que teriam que serem repostos semanalmente (por isso um estoque médio de 4 dias conforme é apresentado na tabela 1), o que, por si só, demonstra a complexidade de se aumentar o giro de estoque dos setores analisados. CLASSE VALOR (%) ESTOQUE (dias) MÉDIO GIRO DE ESTOQUE RELATIVO (valor X dias) A 70 4 2,8 dias B 20 15 3,0 dias C 10 60 6 dias TOTAL 100% - 11,8 dias Tabela 1 – Estratégia de giro de estoque. Fonte: Elaborado pela autora. Analisando-se os dois setores pode-se observar que a quantidade de itens em estoque é elevada, conforme comentado no texto há a preocupação de completar pedido com itens desnecessários. Pode-se perceber a falta de pessoal especializado para analisar e efetuar as compras do setor. Sendo que se houvessem melhorias nestes itens poderia haver melhoria no fluxo de caixa dos mesmos. Desta forma pode-se constatar a importância no gerenciamento de compras e estoques, observando que com um controle efetivo há a possibilidade melhorias. Tanto a Farmácia Escola como o Almoxarifado Central necessitam de técnicas de controle mais apuradas. A Farmácia tem um grande número de itens que diferenciam em marcas e se fosse reduzida as mesmas colocando menos itens semelhantes obteriam um custo menor para o controle dos mesmos. A composição de seu estoque está centrada em produtos de higiene pessoal, medicamentos não estão em graus de importância nem mesmo nos itens A da curva ABC. Os medicamentos encontram-se nos itens C da curva mesmo em pouca quantidade, e sua maior parte esta centrada em produtos com estoque zerado com pouca movimentação. A classe mais importante a ser analisada é a classe A, as políticas de reposição de estoques, para estes itens, deve ser mais aprimoradas, apesar da relativa grande quantidade de itens, mas ainda é compensador para controle logístico envolvido, pois acompanhamento de cerca de 45% dos itens, tem-se o controle de 80% do movimento financeiro dos estoques. Esses itens devem ter o monitoramento sistematizado e uma maior atenção pelos responsáveis pela gestão logística envolvida, pois são decisivos para o sucesso da organização. Se esses itens ficarem acumulados em estoque, impactarão fortemente nos resultados da organização principalmente em termos de fluxo de caixa. Já os itens B e C, que representam 55% dos total de produtos, mas apenas 20% do valor do estoque. Essas duas classes de produtos podem ser controladas apenas por registros automatizados. Mesmo que ocorra um eventual acúmulo de saldo de alguns desses itens em estoque, o impacto deles para o resultado da organização é mínimo, especialmente para os itens C. Em resumo, os itens A devem ter um maior giro de estoque, se possível com reposições semanais e devem ter atenção dos controladores logísticos para evitar tanto a falta com acúmulo dos estoques. Já os itens B e C podem ser comprados a cada 30 dias ou mesmo, por períodos maiores, sem impactarem significativamente nas finanças da organização. Já o Ambulatório Central por não possuir uma codificação diferenciada entre produtos de expediente, e produtos utilizados nos consultórios, fica numa grande mescla e com dificuldades de controle. Pois quando os materiais requisitados chegam ao ambulatório os mesmos são dadas baixas manuais, assim verifica-se a necessidade de técnicas de controle informatizada mais apurada. Sempre há dentro dos consultórios e salas estoques que já não são controlados pela central do ambulatório, havendo a necessidade do encarregado verificar visualmente para não haver excesso de estoques nos locais. As melhorias para controle e requisição de materiais do Ambulatório são necessárias, desde a codificação, requisição online, modo de controle e requisição informatizado, baixa dos mesmos através um programa adequado. Há também a necessidade de haver um local mais apropriado para a localização do estoque, pois o mesmo se encontro numa área restrita, sem ventilação, não informatizada havendo a necessidade de ser feito um controle manual, visual para após ser repassado a um computador em salas próximas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU, RONALD H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos - Planejamento, Organização e logística Empresarial. 4ª edição, São Paulo, Bookman, 2002. BOWESOX, DONALD J; CLOSS, DAVID J; COOPER, M. BIXBY. 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