buenos aires - Nuno Oliveira CMS

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P A S I Ó N
Quatro anos depois de a Argentina ter mergulhado num profundo buraco económico,
Buenos Aires revela-se uma das cidades mais vibrantes do mundo. Entre avenidas monumentais
e bairros boémios, sente-se o pulsar de uma terra de sangue quente, onde se vive com garra
e paixão. De pose altiva e perfume francês, a capital da Argentina pode ter caído, mas caiu
de pé… e cheia de novidades. Mais do que uma viagem, uma experiência que não se esquece.
E o tango? Não vou escrever sobre tango, vou escrever sobre amor.
POR CATARINA SERRA LOPES | FOTOS DE NUNO OLIVEIRA
LOJA MARIA ALLO
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PELAS RUAS DE MI P
ASIÓN
Sente-se o pulsar da vida nas ruas da capital argentina.
Todos os dias abrem novas lojas de designers nacionais, restaurantes de última vaga
e hotéis de puro charme. Tudo isto ao som do tango. Esse ritmo de sempre. Incontornável,
permanece como o acto de culto desta cidade
N
ão resisto. Tenho de confessar desde já que estou apaixonada.
Irremediavelmente, loucamente, sem sentido e sem razão,
sem porquês e sem respostas, como só se pode estar quando
se está verdadeiramente apaixonado. Foi assim, à primeira
vista e para sempre. Mal saí do avião e pisei terra firme, senti
um baque no coração, uma saudade daquilo que ainda não
tinha vivido e rendi-me à evidência: Buenos Aires. Afinal
não são precisas duas pessoas para nascer uma grande paixão.
Por isso, caro viajante, aviso já que este não será um relato
objectivo, uma descrição pormenorizada e cientificamente
comprovada do bom e do mau da capital argentina. Esta será sim a história de um amor
arrebatador, sem igual. Porque Buenos Aires é assim. Grande, latina, imponente, majestosa,
com garra e sangue quente. Com vida e com gosto por viver, sem tabus, sem conceitos nem
preconceitos, ao sabor do vento mas de passo firme, com orgulho em ser quem é. Porque sabe
que é bonita, interessante, culta e charmosa. Porque sabe, acima de tudo, que tem personalidade própria, que tem querer, que tem fibra. Sempre alcunhada de Paris da América
Latina, Buenos Aires é muito mais do que isso. É muito melhor do que isso. Deixem Evita,
Gardel e Che Guevara descansar em paz; não vale a pena um regresso ao passado. Buenos
Aires é presente. E que presente!
PARA UNS PASSOS DE TANGO
Aproveite a estada em Buenos Aires
e aprenda a dar uns passitos desta dança, que é alma
e sangue dos porteños. Até porque vai ouvir – e ver
dançar – o tango em todo o lado, a qualquer hora
Confiteria Ideal ■
Rua Suipacha 384
Para dançar, aprender a dançar ou apenas ver.
Todos os dias, à tarde e à noite.
Entrada €4
Faena Universe ■
Martha Salotti 445 Dique 2, Puerto Madero
Todas as noites das 21h às 23h.
Refeição e espectáculo por €90 por pessoa
Reserve com antecedência pelo Tel.: 40.10.90.00
>>>
DO PASSADO A PUERTO MADERO
Buenos Aires reinventa-se a cada minuto que passa. Da velha dança da paixão, ao novo símbolo da cidade – uma grande flor
que se abre ao sol e se fecha ao anoitecer. No canto inferior direito, Puerto Madero, a nova zona hip que nasceu nas antigas docas
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MARIA ALLO
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ALMA LATINA
Futebol, risos e cor, é assim a cidade
berço de Maradona, Evita e Carlos Gardel
DE PALERMO VIEJO À RECOLETA, o bairro elegante da capital,
entre cafés tradicionais e lojas fashion, DESCUBRA UMA CIDADE BOÉMIA
Por tudo isto, aqui estou eu a escrever estas linhas, sentada no Bar Uriarte, em
pleno Palermo Viejo – o Soho cá do burgo – que põe os Sohos de Nova Iorque e de
Londres a um canto. Ao som de um tango de batida hip-hop, à beira do jardim interior,
deliciada com o melhor brownie do mundo. Exagero? Venha até cá leitor, experimente e
vai ver se lhe apetece voltar para casa. Eu por mim fico por aqui. Para sempre. Ou
quase. Nem que seja só em desejo.
MAS VAMOS POR PARTES. Afinal o que é que faz de Buenos Aires uma cidade
única? Tudo. Bem, vou tentar ser um pouco mais específica. E começo pelo melhor:
La Recoleta. O bairro mais chique da capital argentina, de avenidas largas, mansões
imponentes de arquitectura neoclássica, porteiros de fraque e cartola, lojas de topo de
marcas mundiais e designers nacionais.
MATE
É a bebida nacional. Semelhante a um chá
de ervas, mas bebe-se num chimarrão por uma boquilha.
Ligeiramente acre, mas muito, muito estimulante
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Do design hippie chic de Cat Ballou, a Ralph Lauren, passando pela Louis
Vuitton, a Armani ou a Cartier. Tudo isto ladeado por jardins imensos, onde os
porteños (nome pelo qual são chamados os habitantes da cidade) se passeiam aos fins-de-semana entre um gelado na Persicco (provavelmente a melhor geladaria do
mundo), um cappuccino no café mais histórico da cidade – o La Biela – e uma volta
pelo fantástico shopping Buenos Aires Design.
Rua Armenia 1637 (Palermo Viejo)
Roupa e acessórios exclusivos
de designers argentinos. De perder a cabeça.
Aberta de 2ª feira a sábado, das 10h às 20h
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GENTE DESTA AMÉRICA
Muitos os espaços da capital argentina
evocam os ícones sul americanos
que povoam o nosso imaginário
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“QUIERO TUS LABIOS PARA BESAR”, canta o galã, de abraço forte e olhar fatal
a música e a linguagem da alma. DEIXE-SE SEDUZIR PELA PAIXÃO DO TANGO
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A música segue-nos os passos pelas ruas da cidade.
“Estamos vivos”, dizem os argentinos.
“Não nos deitam abaixo de um dia para o outro”, garantem-nos.
E quem canta seus males espanta...
Não é possível falar da Recoleta sem falar do Alvear, considerado não
só o melhor hotel da cidade como um dos melhores hotéis do mundo. E
percebe-se porquê. Inaugurado em 1932 e desde então ponto de encontro
da alta sociedade porteña, o Alvear conserva até hoje o charme clássico, os
traços Luís XIV, os lustres imponentes, os elevadores com ascensorista de
luvas brancas, o serviço de chá Limoges... Pequenos detalhes que fazem
que este seja o hotel escolhido pelas famílias reais do mundo inteiro quando
de passagem pela cidade. Não estranhe se se cruzar com o rei Juan Carlos
ou George Bush no buffet do pequeno-almoço, ou com o imperador do
Japão no lobby. São coisas que, no Alvear, acontecem quase todos os dias.
Mas Buenos Aires, cidade de charme, capital da paixão, não é só a Recoleta. É mais, muito mais. É também Palermo Viejo, o grande bairro boémio da
capital, florescente de lojas de design, restaurantes eclécticos, galerias de arte, ruas
cheias de argentinas lindas. Por aqui sente-se o pulsar da movida porteña, com um
estilo muito trendy, mas sem perder a personalidade marcadamente latina.
POR PALERMO VIEJO, desde manhã até altas horas da madrugada, a vida corre
vibrante, original. Ao ritmo do último chill out, entre uma salada de salmão e
queijo brie ao almoço no Mark’s Deli, ou uma parrillada no La Cabrera, ao jantar, o dia prolonga-se pela noite fora. Não há o culto dos bares ou das discotecas,
há sim o culto da mesa, da conversa entre amigos ao sabor de um bom vinho.
Janta-se pelas onze, meia-noite, arrasta-se a sobremesa até às quatro da manhã e
segue-se para mais um copo de Filipe Rufini 1999 até o Sol raiar. E todos os dias
abrem novos restaurantes, cada vez mais originais. Ficamos com vontade de ir a
todos, tenhamos fome ou não, só para estar, para sentir o ambiente.
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MAIS DO QUE UM HOTEL, o Faena oferece aos seus hóspedes
a oportunidade de usufruir UM UNIVERSO DE EXPERIÊNCIAS
AS MELHORES LOJAS DA CIDADE
■
Maria Allo
Rua Armenia 1637 (Palermo Viejo)
Roupa e acessórios exclusivos de designers
argentinos. De 2.ª feira a sábado, das 10h às 20h
■
Cat Ballou
Avenida Alvear 1702 (Recoleta)
Roupa de festa, acessórios para todos os dias.
Tudo com um toque quase diáfano, num estilo
único. Aberto de 2.ª a 6.ª feira, das 11h às 20h,
e aos sábados das 10h30 às 16h30.
■
Un Lugar en el Mundo
Rua Defensa 891 (San Telmo)
Roupa e acessórios do mundo inteiro.
Aberta todos os dias das 10h às 20h
■
La Mercearia
Rua Armenia (Palermo Viejo)
Saias, missangas, candeeiros, écharpes,
almofadas, malas, chapéus e até vinhos.
Tudo com um design hippie-chic
■
Arte Étnico Argentino
Rua El Salvador 4600 (Palermo Viejo)
Para voltar para casa com um tapete das Pampas
ou uma escultura de madeira do Norte da Argentina
■
Buenos Aires Design
Avenida Pueyrrédon 2501 (Recoleta)
Um centro comercial inteiramente dedicado ao
design, onde não faltam lojas da Vivendi, Michael
Thoret, Okko ou Dogma. Um mundo para se perder.
■
Patio Bullrich
Avenida del Libertador 750 (Recoleta)
O mais antigo centro comercial de Buenos Aires.
Vale a pena só pelo próprio espaço, e tem algumas
das melhores lojas da cidade como a Etiqueta
Negra, Trosman, Jazmin Chebar
O 1914, um dos muitos restaurantes deste bairro, é um desses espaços onde apetece ficar,
ficar... Criado a partir de uma das típicas casas chorizo – muito estreitas, com dois andares e um
jardim interior –, resume em si próprio a história recente da Argentina. O dono, Gustavo
Barriel, trabalhou durante 2o anos no mercado financeiro, mas quando a crise económica
abalroou o país em Dezembro de 2oo1, foi um dos muitos milhares de pessoas que se viu sem
trabalho de um dia para o outro.
NÃO PAROU PARA CHORAR A SUA SORTE; arregaçou as mangas, esqueceu o passado e
decidiu abrir um restaurante em Palermo Viejo. Nasceu assim o 1914, em plena crise, mas sempre
cheio. Intrigante? Gustavo explica a que se deve o sucesso, e a euforia geral que se vive na cidade:
“Somos um povo feliz, podemos ter caído numa grave crise económica mas erguemo-nos, temos
a arte de nos reinventarmos, sempre, a cada dia que passa”, diz entre duas garfadas nuns raviolli de
salmão com molho de lima. “Não parece que estamos em crise, não é? As ruas estão cheias, os
restaurantes têm filas à porta, cada dia abrem novas lojas.... somos assim, felizes, gostamos de
viver, e viver na Argentina é sempre uma aventura. Estávamos tão bem em Novembro de 2oo1 e
de repente em Dezembro acordámos com a corda no pescoço. E o que é que fazemos perante
isso?”, pergunta com um sorriso trocista. “Não, não nos fechamos em casa, vamos para a rua,
saímos, vamos jantar fora, festejamos mesmo que não haja grandes motivos para tal. A diferença é
que, se antes íamos a um restaurante comer um bife, agora vamos na mesma, mas comemos um
ovo. Bebíamos vinho de cem pesos, agora bebemos de 5o, mas não paramos, não baixamos os
braços, não choramos”, salienta o antigo financeiro, de olhos brilhantes, cheio de orgulho.
E esta é a verdade, afianço-vos eu. Sem floreados. Quando os argentinos caem, caem de pé.
De sorriso na cara. E seguem caminho de passo firme, sem olhar para trás. Assim é fácil perceber
que, independentemente do buraco económico que se vive na Argentina, Buenos Aires tenha
sofrido uma grande revitalização nos últimos quatro anos. Mais com olho nos estrangeiros do
que nos locais, já que a moeda nacional está tão baixa que o turismo tem vindo a subir
estrondosamente. Nada de estranhar se tivermos em conta que qualquer um que chegue aqui
com euros, facilmente se sente um Donald Trump. E são cada vez mais os que chegam.
LA CATEDRAL
É assim que é conhecido o hall de entrada
do Faena hotel + Universe. Construído num antigo silo
de tijolo de 1900, conserva um pé-direito imponente,
com pesados reposteiros entre a cor de sangue
e os dourados. Não é preciso mais para se ficar rendido
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3 FAENA HOTEL+UNIVERSE
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Entre 85 quartos fantásticos, escolha o 502.
A vista da banheira sobre Buenos Aires é única.
Duplo a partir de €500
UM HOTEL ÚNICO em Puerto Madero veio requalificar a zona das antigas docas
o projecto é do estilista ALAN FAENA E DE PHILIPPE STARCK
PUERTO MADERO, À BEIRA-RIO, é um exemplo de uma nova zona da cidade, chamariz
de visitantes, que tem vindo a ser alvo de uma grande requalificação desde o final dos anos
9o. As antigas docas deram lugar a dezenas de restaurantes, entre os quais o Cabana de
Las Lilas, considerado o melhor restaurante da cidade para comer uma parrillada – as
famosas carnes grelhadas argentinas. Estivemos lá e aconselhamos vivamente. Embora seja
mais caro do que a média dos restaurantes de Buenos Aires (uma diferença de cinco a
dez euros), a carne é simplesmente irresistível; o ambiente não é propriamente
glamoroso, mas uma recriação de um estábulo antigo, com muitas madeiras, mesas
redondas e aquecedores na esplanada.
Para lá dos restaurantes, Puerto Madero é também o berço daquele que foi
considerado um dos 5o novos melhores hotéis do mundo: o Faena Hotel and
Universe. Uma combinação fantástica do génio francês do design, Philippe Starck, e
da arte empresarial do estilista argentino Alan Faena.
MAIS QUE UM HOTEL, a ideia é que quem por aqui passe tenha “uma experiência
artística e cultural”. Quem o diz é Ricardo Manetti, relações públicas do hotel. Em
pleno lobby de traços medievais, envolto em pesados reposteiros de veludo bordeaux,
Manetti, introduz-nos no conceito de que “tudo é possível no Faena Universe”.
TEATRO COLÓN – TEMPORADA 2006
Março/Abril ■
La Bohème, ópera de Giacomo Puccini
Abril ■
La Sylphide, de August Bournonville
Maio ■
I Vespri Siciliani, ópera de Giuseppe Verdi
Maio/Junho ■
Così fan Tutte, ópera de Mozart
Junho/Julho ■
Sonho de Uma Noite de Verão,
ópera baseada na obra de Shakespeare,
com música de Benjamin Britten
Julho ■
As Bodas, O Rouxinol e Petrushka,
bailados de Igor Stravinsky
Saiba mais em teatrocolon.org.ar
>>>
FAENA HOTEL+UNIVERSE
Com a decoração a cargo do génio do design francês Philippe Starck, todo o hotel Faena prima pelo requinte
das linhas simples, mas estilo vincado. Entre dois restaurantes de topo, um spa de luxo e quartos para sonhar,
este é mais do que um hotel, é um universo de prazer
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NO CABARET DO FAENA
Todas as noites são noites de tango.
A paixão vive-se das 21H às 23H, para jantar
ao compasso de uns passos de fogo
SABORES DO MUNDO
No Faena dois restaurantes a não perder: à direita
o Mercado, com cozinha argentina em forno de lenha.
Em cima, Bistro, cozinha francesa num ambiente requintado
CONCERTOS DE JAZZ, rock nacional ou bossa-nova, e exposições temporárias
fazem do Faena Hotel um PONTO DE ENCONTRO DA BEAUTIFUL PEOPLE
Por exemplo, pode fazer o check in à beira da piscina ou sentado no bar, já que o
Faena não tem recepcionistas nem balcão de entrada. Como substituição, tem
“experience managers” que se ocupam em personalizar os dias de estada, realizando os
sonhos de cada hóspede. Manetti explica que “este não é um hotel só para dormir. É
sim um ponto de encontro, um local para viver variadas experiências. Temos DJ
diferentes durante todo o dia, temos exposições, concertos de jazz experimental,
bossa-nova, rock nacional, realizamos festas e ainda temos dois restaurantes, um com
cozinha puramente argentina, outro mais requintado, chamado Bistro”. Não estamos
a falar de um hotel, mas de um pequeno mundo, onde nem sequer falta um cabaret,
recriado ao estilo de 19oo, onde o tango (sim, vou ter que falar de tango… e não, não é
kitsch, ou melhor, é kitsch, sim, mas é apaixonante, é vida, é sangue, é alma!) é recriado
desde os primórdios, num cenário de prostíbulo, onde não faltam todos os clássicos da
música nacional. Aqui, regressamos ao princípio do século passado.
EXERCÍCIO DE ESTILO
Alan Faena, o estilista e empresário argentino
por detrás do Faena Hotel+Universe, o hotel que já
se tornou num ícone da cidade
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Uma sala pequena, fumo espesso, um ar misterioso embrulhado em veludos encarnados, cadeiras de talha dourada, um piano de cauda a um canto, um balcão corrido.
Cantam-se velhos tangos com voz sofrida, trocam-se passos com fulgor. “Quiero tus
labios para besar”, canta o galã da noite e eu rendo-me. Já não saio daqui antes de as
cortinas se fecharem. Nesta língua quente as palavras ganham outra intensidade.
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BAR URIARTE
O CULTO DA MESA, da conversa entre amigos que se prolonga pela noite dentro
marque mesa no restaurante Sucre, UM DOS PREFERIDOS DE VALERIA MAZZA
LA BIELA
Em pleno bairro da Recoleta, em frente
ao Buenos Aires Design, é um marco histórico
da cidade, e um dos preferidos de Fangio
Saio com as mãos a arder de tanto bater palmas. Saio com o coração na garganta. Depois de
um serão destes, impomo-nos uma ceia fenomenal e rumamos ao bairro de Belgrano. Até ao
Sucre, o restaurante do momento. Ou como diz o enólogo residente Fernando Ferraro, “vir ao
Sucre é como ir a Paris e ir ver a Torre Eiffel”. Na “Time Out” local este aparece como o
restaurante onde se deve ir se só tiver uma noite em Buenos Aires. Isto caso consiga uma mesa.
Não é fácil, garantimos (é obrigatório reservar antecipadamente). Chegámos por volta da uma da
manhã e mesmo assim tivemos de esperar cerca de meia hora. Mas valeu a pena, sem dúvida.
Desde o design neo-industrial, ao beautiful people que se reúne aqui diariamente – Valeria Mazza é
uma das presenças assíduas –, passando pela cozinha a cargo do talento de Fernando Trocca, o
Sucre não é só o restaurante da moda. É “o” restaurante. Todos os pratos são feitos num forno a
lenha, a garrafeira tem mais de dez mil garrafas de Mendoza a Bordeaux, a cozinha é de bases
latinas mas com inspirações orientais, os pratos são confeccionados à nossa frente como se de um
espectáculo se tratasse, onde no fim o espectador em vez de bater palmas, come. E nós comemos.
E bebemos. E queremos repetir.
>>>
SUCRE
O restaurante do momento. Toda Buenos Aires passa por aqui. Pelas mãos do chef Fernando Trocca, experimente
o confit de pato Mulard com pêra assada ou o risotto con langostinos y aceite de trufa. Jantar a partir de €15 por pessoa
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MARK’S DELI
GUSTAVO BARRIEL TROCOU A BOLSA, onde trabalhou durante 20 anos,
por outra forma de estar na vida e PELA COZINHA DO 1914
MAS BUENOS AIRES NÃO É SÓ COMIDA, embora esta seja dos deuses. Também é festa, e
quando se fala em festa é impossível não falar em San Telmo, o bairro onde nasceu o tango
(não há como fugir, a Argentina é música, e música é... tango). Aos domingos, durante o dia,
a movida porteña passa por aqui. Mais propriamente pela feira de San Telmo. Começamos em
plena Plaza Dorrego, onde se cruza o fashion e o retro, o avant garde e o romântico. Aqui,
abandone-se ao prazer de vasculhar bancas e mais bancas onde se pode encontrar de tudo,
desde calendários de parede de 1951 a rádios alemães de 1957, passando por bobines, meias
rendadas, jogos de facas, capacetes da I Grande Guerra, os LP dos primeiros discos dos
Beatles ou a edição da revista “Life” de Julho de 1954.
LA CABAÑA DE LAS LILAS
Em Puerto Madero, é o melhor sítio da cidade
para saborear uma parrillada
Pelas ruas em redor o espectáculo são as pessoas, de todo o género e feitio, que se passeiam
despreocupadamente entre bandas de rock e comédia, teatros de marionetas ou bailarinos de tango
entrelaçados num abraço fogoso. Aqui dança-se a qualquer hora, em qualquer lugar...
>>>
1914
Depois de 20 anos a trabalhar no mercado financeiro, Gustavo Barriel resolveu dedicar-se à cozinha a partir da crise
económica de 2001. “Os argentinos têm a capacidade de se reinventar a cada dia”, comenta, e foi isso mesmo que ele fez.
O restaurante fica em Palermo Viejo
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FEIRA DE SAN TELMO
Aos domingos, para vasculhar
as bancas de velhos discos de vinil,
números antigos de uma
qualquer revista, posters, acessórios
e todo o tipo de curiosidades...
se existe está lá
O GLAMOUR DE OUTROS TEMPOS sobrevive em cada esquina de Buenos Aires
a par de novas zonas da cidade, marcadas pelo traço da ARQUITECTURA CONTEMPORÂNEA
BOAS REFEIÇÕES
■
Sucre
Sucre 676, Belgrano
Tel.: 47.82.90.82, sucrerestaurant.com.ar
O sítio mais in do momento em Buenos Aires.
Com um design neo-industrial, um chef
de cozinha famoso – Fernando Trocca – e uma
garrafeira com mais 437 rótulos. A cozinha
é de fusão, algo oriental, algo latino-americana,
mas cozinhada em forno de lenha. Tenha em
conta que é impossível conseguir uma mesa sem
reserva prévia. €10
■
Cabaña Las Lilas
Alicia Moreau de Justo 516 (Puerto Madero)
Tel.: 43.13.13.36, laslilas.com
Tem fama de ter a melhor parrillada da cidade,
e nós confirmamos. As carnes são deliciosas,
fica à beira-rio e tem esplanada aberta durante
todo o ano. €15
■
1914
Rua das Honduras 4770 (Palermo Viejo)
Tel.: 48.32.23.18
Experimente o Lombo au Malbec ou a Polenta
grelhada com tomates confitados. Não se esqueça
de guardar espaço para o vulcão de chocolate. €8
CRUZAMO-NOS COM LORENZO BATINA, velho argentino de cara esculpida a
espátula, fato branco e lacinho preto, enquanto recria Carlos Gardel numa esquina
da praça central. Mais adiante, Laura Santino, brasileira de S. Paulo, trauteia a
“Garota de Ipanema” de viola em punho. Cecilia Mellot, uma manequim francesa
em digressão pela América Latina, veio à procura de um colar de pérolas e prepara-se para voltar para casa com um vinil de tangos de 1972. Parece que aos domingos, o
mundo inteiro passa por aqui.
Acabamos na varanda do El Balcón de La Plaza, a beber umas Quilmes – a cerveja
nacional – e a petiscar umas empanadas. Daqui goza-se uma ampla vista sobre San
Telmo. Deixamo-nos ficar a observar um casal vestido a rigor, num último tango ao
cair da noite.
Sopra uma brisa quente, e uma saudade infinita invade-nos a alma. Já vos disse?
Estou apaixonada. É assim Buenos Aires, uma grande senhora de perfume francês e
decote generoso, lábios quentes e pose altiva. É assim Buenos Aires, terra de mi
pasión, onde o glamour latino se mantém intacto Partimos amanhã. Digo até já para
não dizer adeus.
VENHA CONNOSCO NA PÁG. 116
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Oviedo
Rua Beruti 2062 (La Recoleta)
Tel.: 48.22.54.15
Um clássico de Buenos Aires. Prove o Lombo de
corvina com caviar de pimentos e espinafres. €15
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PUENTE DE LA MUJER
Um projecto de Santiago Calatrava. Inaugurada em Dezembro
de 2001, é uma homenagem às mulheres e um brinde à cidade.
Acima de tudo, uma obra de arte a não perder