Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
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Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Programa Regional de Pós-Graduação Em Desenvolvimento e Meio Ambiente MESTRADO Sub-Programa UFPB/UEPB AÇUDE JATOBÁ I, PATOS-PB: COLONIZAÇÃO DE INVERTEBRADOS, USOS E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ATORES SOCIAIS DO SEU ENTORNO ARTUR HENRIQUE FREITAS FLORENTINO DE SOUZA JOÃO PESSOA - PB Fevereiro de 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Programa Regional de Pós-Graduação Em Desenvolvimento e Meio Ambiente MESTRADO Sub-Programa UFPB/UEPB AÇUDE JATOBÁ I, PATOS-PB: COLONIZAÇÃO DE INVERTEBRADOS, USOS E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ATORES SOCIAIS DO SEU ENTORNO Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA – Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Mestre em desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientador: Francisco José Pegado Abílio Artur Henrique Freitas Florentino de Souza João Pessoa – PB Fevereiro de 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Programa Regional de Pós-Graduação Em Desenvolvimento e Meio Ambiente MESTRADO Sub-Programa UFPB/UEPB AÇUDE JATOBÁ I, PATOS-PB: COLONIZAÇÃO DE INVERTEBRADOS, USOS E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ATORES SOCIAIS DO SEU ENTORNO Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA – Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Mestre em desenvolvimento e Meio Ambiente. Aprovado em _____/_____/________ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Francisco José Pegado Abílio – DME/CE/UFPB Orientador _____________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Rodrigues Viana Lima – CCEN/UFPB Membro Interno _____________________________________________ Prof. Dr. Ramiro Gustavo Valera Camacho – DECB/FANAT/UERN Examinador Externo _____________________________________________ Prof. Dr. José Etham Lucena Barbosa – DFB/UEPB Suplente DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todas as formas de vidas existentes no Cosmo, bem como a todos os organismos que foram sacrificados para a realização deste trabalho,bem como as pessoas que disponibilizaram seu tempo para conceder as entrevistas. Dedico a minha Família, Dr.Valdemar Florentino de Souza Irmão e Louraci Freitas de Souza, ao meu irmão, Luis Gustavo F.F. de Souza, Luana Souza (Cunhada) e “Gustavo Filho”. Dedico também a minha esposa, Maria do Céu Azevedo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao nosso grande arquiteto, o todo poderoso, o nosso DEUS, por ter me apresentado à vida da melhor maneira possível, aonde vem sempre colocando obstáculos para que eu possa superá-los e prosseguir em frente, aprendendo sempre com os erros e conquistas. Muito obrigado, DEUS! Agradeço também por todo apoio financeiro, moral e motivador que obtive dos meus pais Dr. SOUZA IRMÃO (“meu Véio”) e Dona “LOURA” (“minha Véia”) e ao meu Irmão LUIS GUSTAVO (que me acompanhou durante todas as coletas como motorista). Agradeço também a todos os estagiários, mestres e mestrandos, doutores e doutorandos que se encontram trabalhando ou já passaram pelo Laboratório de Ecologia. Agradecimentos a Larissa Rafael, do Rotaract Club Recife, pela confecção do mapa que está na minha dissertação. Muito obrigado pela ajuda e pela paciência! (risos!). O meu muito obrigado à professora Mestra Luciana, da UFCG campus de Patos, por ter me aceitado no Estágio Docência, um dos requisitos da CAPES, bem como aos professores Zanella, Graça, Rivaldo, Elenildo, e principalmente aos Professores Dr. Juarez e Dr. Paulo, por ter aberto as portas dessa Universidade com os seus contatos. Ao meu amigo Thiago Pereira Chaves (Tupan), por ter me conseguido documentos importantes para essa dissertação. Ao Thiago Ruffo (Xuxu), por ter me ajudado na dissertação nos momentos finais. Ao pessoal da Estação de tratamento da CAGEPA, nas pessoas de Dr. Messias, João, Adriana, Alexandre, Rossini e Juscelino, que me ajudaram muito no momento das análises semanais da água do açude Jatobá I. Bem como ao Hamintas, do laboratório de Águas e Solos da UFCG campus de Patos. Aos meus colegas do mestrado do PRODEMA, assim como agradeço muitíssimo a Pós Dra. CRISTINA CRISPIM, pela sua simplicidade ímpar que me proporcionou e proporciona um bem-estar quando trabalho no laboratório de ecologia, quase como se eu estivesse em casa! Aos motoristas: Edison (da UFPB), “Seu Dedé” (motorista do PELD),”Baleia” (taxista de Serra Branca), por terem me transportado muitas vezes para Serra Branca antes que eu mudasse o projeto para Patos. Ao diretor da Escola Agrícola de Patos, Everaldo, por ter dado a oportunidade de trabalhar na mesma. À minha mulher, MARIA DO CÉU AZEVEDO, por ter, em muitos momentos, me incentivado a progredir na busca de concluir trabalho, nos momentos de desespero. Aos meus colegas do Zobentos: Thiago (Xuxu), Hugo (Hugobel), Márcio (sem noção, Lutador de SUMÔ... rááááááá!), Antônio (Xuxa), Camila, por toda a força enquanto estava em Jampa! Ao Leonardo Leôncio Ribeiro por toda a ajuda na parte de estatística e traduções dos resumos. Ao meu orientador e excepcional amigo, FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO (CHICO PEGADO). E para aqueles que colaboraram em minha pesquisa e que não me lembrei porque é muita gente, mas o que vale é a boa intenção. EPÍGRAFE Tente Outra Vez Veja! Não diga que a canção está perdida/ Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez!... Beba! (Beba!) Pois a água viva ainda tá na fonte/ Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou! Queira! (Queira!) Basta ser sincero e desejar profundo/ Você será capaz de sacudir o mundo/ Vai! Tente outra vez! Tente! (Tente!) E não diga que a vitória está perdida/ Se é de batalhas que se vive a vida Tente outra vez!... (Raul Seixas) LISTA DE FIGURAS Figura 1. Relação do perceptor com o meio que o envolve e que com ele se relaciona. Retirado de Pinheiro (2004) ..................................................................................................... 20 Figura 2. Localização do município de Patos, Sertão do Estado da Paraíba, inserido na SubBacia Hidrográfica do rio Espinharas, destacando o Açude público Federal Jatobá I ............. 23 Figura 3. Vista panorâmica do Açude público Jatobá I, Patos-PB.......................................... 24 Figura 1.1. Idade e tempo de vivência dos entrevistados do entorno do açude Jatobá I, Patos – PB ............................................................................................................................................. 32 Figura 1.2. Nível de formação dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I entrevistados, Patos – PB entre abril a julho de 2008...................................................................................... 32 Figura 1.3. Concepções prévias dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, sobre Meio Ambiente ............................................................................................................... 34 Figura 1.4. Percepção dos atores sociais sobre a importância do açude Jatobá I pata a cidade de Patos e região ....................................................................................................................... 35 Figura 1.5. Percepção dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I sobre as atividades humanas existentes no local ..................................................................................................... 38 Figura 1.6. Agricultura familiar nas margens do açude público Jatobá I: (A) o cultivo de capim-elefante e hortaliças na faixa seca; (B) plantação dentro da faixa molhada do tipo vazante, onde são cultivadas hortaliças, acompanhando o decréscimo do nível da lâmina d’água (usando esterco e/ou NPK) ........................................................................................... 39 Figura 1.7. Limpeza do açude. (A) macrófitas retiradas e amontoadas na margem do açude para o plantio de capim. (B) queimada das macrófitas............................................................. 40 Figura 1.8. Cercas com arame farpado no açude Jatobá I: (A) antes das chuvas no mês de março/2008; (B) após as chuvas no mês de abril /2008. Os arames não foram removidos durante a época das chuvas ....................................................................................................... 41 Figura 1.9.: Atividades dos pescadores realizadas no açude Jatobá I, Patos-PB. (A) pesca de anzol; (B) outras fontes de alimentos, como por exemplo, o camarão ..................................... 42 Figura 1.10. Tipos de instrumentos utilizados pelos pescadores do entorno do açude Jatobá I, Patos-PB ................................................................................................................................... 43 Figura 1.11. Captura do “camarão miúdo”, usado como isca de peixe. (A) Coleta com o auxílio de um landuá; (B) camarão obtido, juntamente com os “aruás”, circulados de amarelo ..................................................................................................................................... 44 Figura 1.12. Covos de alumínio, confeccionados artesanalmente, utilizados para a captura do “camarão graúdo”. .................................................................................................................... 45 Figura 1.13. Percepção dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I sobre os problemas (impactos) ambientais existentes no local ................................................................................ 45 Figura 1.14. Efluentes domésticos despejados nas margens do açude Jatobá I, Patos PB. ..... 46 Figura 1.15. Atores sociais do açude Jatobá I realizando pescaria com o auxílio de tarrafas no período de chuvas (2008) ......................................................................................................... 49 Figura 1.16. Percepção de mudanças ocorridas no entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, no intervalo de 15 anos .................................................................................................................. 50 Figura 1.17. Construções particulares em áreas irregulares (área de proteção permanente) impedindo o livre acesso da população do entorno ao açude Jatobá I, na cidade de PatosPB ............................................................................................................................................. 53 Figura 1.18. Opinião dos atores sociais sobre a convivência no açude Jatobá I, se era melhor antigamente ou nos dias de hoje ............................................................................................... 54 Figura 1.19. Opinião dos atores sociais a respeito de quem deveria cuidar do açude Jatobá I, Patos-PB ................................................................................................................................... 56 Figura 1.20. Criação de animais no entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, no período de março, antes das chuvas............................................................................................................ 58 Figura 1.21. Consideração dos atores sociais entrevistados sobre se o açude Jatobá I se encontrava limpa ou suja .......................................................................................................... 60 Figura 1.22. Ator social do entorno do açude Jatobá I consumindo a água diretamente do açude, sem qualquer tratamento ............................................................................................... 62 Figura 1.23. Lista de animais aquáticos de açude Jatobá I, Patos-PB, percebidos pelos atores sociais do seu entorno ............................................................................................................... 64 Figura 1.24. Postura da Pomacea lineata (ova de aruá) incrustadas em estacas dentro do açude Jatobá I ........................................................................................................................... 66 Figura 2.1. Esquema de Substrato artificial utilizada em alguns experimentos para a captura de macroinvertebrados bentônico. (Fonte: Artur Henrique F.F. de Souza, 2009) ................... 78 Figura 2.2. Estações de coletas estabelecidas no açude Jatobá I, Patos – PB. Os números em destaque indicam as localidades: (1) Chácara do Pedro, próximo ao sangradouro; (2) Chácara Pedra do Meio; (3) Chácara Santa Francisca (próximo ao criatório de peixe do estado da Paraíba ...................................................................................................................................... 82 Figura 2.3. Localização da Sede da Escola Agrícola de Patos-PB, próximo ao açude público Jatobá I, na margem esquerda (sentido Patos -São José do Bonfim) da rodovia Estadual PB – 110 ............................................................................................................................................ 83 Figura 2.4. Cesto de polietileno contendo 1 Kg de brita 25 como substrato artificial. Acima do cesto destaca-se uma amarra de isopor para demarcar o local de instalação no açude Jatobá I ................................................................................................................................................. 84 Figura 2.5. – Pluviosidade mensal (mm) do município de Patos - PB entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ...................... 95 Figura 2.6 – Pluviosidade semanal (mm) do município de Patos - PB entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem).................... 96 Figura 2.7. Valores médios do pH do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril/2008 a junho (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ........... 97 Figura 2.8. Valores médios da Condutividade elétrica da água (µS/cm) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem)....................................................................................... 97 Figura 2.9. Valores médios da Temperatura da água (ºC) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) .............................................................................................................................. 98 Figura 2.10. Valores médios do Oxigênio Dissolvido (mgO2/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ............................................................................................................... 98 Figura 2.11. Valores médios do Total de sólidos dissolvidos (mg/L), do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ............................................................................................................. 100 Figura 2.12. Valores médios da Turbidez da água (unt) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ............................................................................................................................ 101 Figura 2.13. Valores médios da Dureza total (mgCaCO3/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ............................................................................................................. 101 Figura 2.14. Valores médios da Alcalinidade (mgCaO3/L), por ponto de coleta, do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem)..................................................................................... 102 Figura 2.15. Valores médios da Amônia (µg NH3/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem)................................................................................................................................. 103 Figura 2.16. Valores médios do Nitrito (µg NO2/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem)................................................................................................................................. 103 Figura 2.17. Valores médios do Nitrato (µg NO3/L), por ponto de coleta, do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem)..................................................................................... 104 Figura 2.18. Valores médios do Fósforo total (mgPO4/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem) ............................................................................................................................ 105 Figura 2.19. Hábitos alimentares dos invertebrados bentônicos obtido por substrato artificial do açude público Jatobá I, Patos-PB, no período chuvoso e de estiagem entre os meses de abril a setembro de 2008. *Desconsiderou-se a família Chironomidae, por esta possuir vários hábitos alimentares, de acordo com Souza e Abílio (2006) ................................................... 107 Figura 2.20. Diagrama de agrupamentos com base no índice de Bray-Curtis para as amostras dos experimentos de colonização de substratos artificiais no Açude Jatobá I (Patos-PB) nos períodos Chuvoso ou úmido (U) e estiagem ou seco (S) (os números associados às letras dos períodos indicam as coletas no experimento; as linhas pontilhadas indicam agrupamentos significativamente distintos, de acordo com o Simproof, com 1000 simulações) ................. 108 Figura 2.21. Alunos da 6º ano (A) e da 7º ano (B) da Escola Agrícola respondendo ao préteste aplicado no mês de abril de 2008 ................................................................................... 108 Figura 2.22. Porcentagens das respostas dos alunos da escola agrícola de Patos, segundo as categorias de Sauvé (1997 e 2005), sobre Meio Ambiente .................................................... 110 Figura 2.23. Porcentagens das respostas dos alunos da escola agrícola de Patos, segundo as categorias de Guerra e Abílio (2006), para as concepções em Educação Ambiental ............ 113 Figura 2.24. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre a importância do açude público Jatobá I ....................................................................................................... 114 Figura 2.25. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre as atividades humanas que ocorrem no açude público Jatobá I ................................................................... 115 Figura 2.26. Banho de açude Jatobá I, Patos-PB, como uma atividade humana percebida pelos educandos da escola Agrícola: (A) Festejos durante a sangria; (B) jovens saltando da “casinha”................................................................................................................................. 116 Figura 2.27. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre os Impactos Ambientais que ocorrem no açude público Jatobá I ............................................................... 117 Figura 2.28. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre os animais aquáticos que habitam o açude Jatobá I, Patos-PB ................................................................. 118 Figura 2.29. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre a importância dos animais aquáticos que habitam o açude Jatobá I .................................................................... 119 Figura 2.30. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre os animais aquáticos que apresentam perigo para o homem existente no açude Jatobá I ........................ 120 Figura 2.31. Reconhecimento dos invertebrados bentônicos através das ilustrações aplicadas aos educandos da escola agrícola de Patos ............................................................................. 121 Figura 2.32. Excursão didática desenvolvida com os alunos e professores da Escola Agrícola de Patos-PB, no mês de Agosto de 2008 ................................................................................ 123 Figura 2.33. Pomacea lineata (aruá) e Melanoides tuberculata (aruá-parafuso) encontrados durante as observações em campo no açude Jatobá I, Patos – PB ......................................... 123 Figura 2.34. Instalação dos substratos artificiais no açude Jatobá I, juntamente com alunos e professores da escola agrícola de patos, nas proximidades da sede educacional estudada .... 124 Figura 2.35. (A) Coleta de substrato artificial para a captura de zoobentos, no açude Jatobá I, com os educandos da escola Agrícola de Patos (B); mostrando, em campo, alguns animais capturados ............................................................................................................................... 125 Figura 1.36. Aula-palestra desenvolvida na Escola Agrícola de Patos-PB referente à importância do açude Jatobá I para a região, bem como aprofundar nos problemas ambientais existentes nos local devido às atividades humanas ................................................................ 126 LISTA DE TABELAS Tabela 1.1. Respostas sobre a percepção dos atores sociais sobre meio Ambiente e as respectivas categorias, de acordo com Sauvé (2005) .............................................................. 34 Tabela 1.2. Percepção dos atores sociais sobre animais existentes no açude Jatobá I que oferecem riscos para o ser humano........................................................................................... 68 Tabela 2.1. Abundância relativa e valores absolutos da fauna bentônica obtida dos experimentos de substrato artificial no açude público Jatobá I (Patos-PB), no período de abril a junho/2008, correspondente ao período chuvoso .................................................................. 89 Tabela 2.2. Abundância relativa e valores absolutos da fauna bentônica obtida dos experimentos de substrato artificial no açude público Jatobá I (Patos-PB), no período de junho a setembro/2008, correspondente ao período de estiagem ....................................................... 90 Tabela 2.3. Comparação entre as informações dos educandos e classificação de Sauvé (1997 e 2005) sobre as concepções de Meio Ambiente .................................................................... 110 Tabela 2.4. Comparação entre as informações dos educandos e classificação de Guerra e Abílio (2006) sobre as concepções de Educação ambiental ................................................... 113 SIGLAS AESA - Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba CAGEPA – Companhia de Água e Esgoto da Paraíba CMMA – Código Municipal do Meio Ambiente DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis MMA – Ministério do Meio Ambiente MME – Ministério das Minas e Energias PB – Estado da Paraíba UEPB – Universidade Estadual da Paraíba UFCG – Universidade Federal de Campina Grande UFPB – Universidade Federal da Paraíba SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO GERAL ..................................................................................................... 15 Zoobentos e qualidade ecológica .............................................................................................. 16 Percepção Ambiental ................................................................................................................ 18 2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 21 Geral ......................................................................................................................................... 21 Específicos ................................................................................................................................ 21 3. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................ 22 Açude Público Jatobá I ............................................................................................................. 22 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 24 CAPÍTULO I. PERCEPÇÃO AMBIENTAL E MULTIPLOS USOS DOS MORADORES E PESCADORES SOBRE O AÇUDE JATOBÁ I, PATOS-PB ................................................ 26 RESUMO ................................................................................................................................. 27 ABSTRACT ............................................................................................................................. 28 1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 29 1.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 30 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 31 1.4 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 71 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 72 CAPÍTULO II. COLONIZAÇÃO DE INVERTEBRADOS EM SUBSTRATOS ARTIFICIAIS E A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DA ESCOLA AGRÍCOLA NO AÇUDE JATOBÁ I, PATOS – PB ................................................................................... 75 RESUMO ................................................................................................................................. 76 ABSTRACT ............................................................................................................................. 77 2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 78 2.1.1 O zoobentos em Substrato Artificial ............................................................................... 78 2.1.2 Percepção e Sensibilização ambiental ............................................................................. 79 2.2 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................... 81 2.2.1. Área de Estudo ............................................................................................................... 81 2.2.2 Colonização do Zoobentos em Substrato Artificial ......................................................... 83 2.2.3 Índice Pluviométrico ....................................................................................................... 84 2.2.4 Variáveis Físicas e Químicas da Água ............................................................................ 85 2.2.5 Análise Estatística ........................................................................................................... 86 2.2.6 Percepção dos alunos da Escola Agrícola ....................................................................... 86 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 87 2.3.1 Colonização e Sucessão Ecológica de Invertebrados Aquáticos ..................................... 87 2.3.2 Variáveis Ambientais ...................................................................................................... 94 2.3.3 Hábitos Alimentares ...................................................................................................... 105 2.3.4 Diagnose Prévia dos Alunos .......................................................................................... 108 2.3.5 Concepções dos Educandos sobre Meio Ambiente e educação Ambiental .................. 109 2.3.6 Percepção dos educandos sobre a Importância do Açude Jatobá I................................ 114 2.3.7 Excursão Didática .......................................................................................................... 122 2.3.8 Educandos e o Substrato Artificial ................................................................................ 124 2.3.9 Atividades em Sala de Aula .......................................................................................... 125 2.4 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 127 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 128 RECOMENDAÇÕES............................................................................................................. 130 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 131 APÊNDICES .......................................................................................................................... 138 ANEXOS ................................................................................................................................ 145 15 1. INTRODUÇÃO GERAL O Brasil possui cerca de 11,6% da água doce disponível nos mananciais superficiais do planeta. Entretanto, sua distribuição é muito heterogênea. Dentro dessa distribuição, a região Nordeste é a que possui menor proporção de recursos hídricos (PHILIPPI JR, 2005). Essa Região brasileira apresenta mais da metade de sua área com predominância da zona semi-árida, e no Estado da Paraíba, possuindo mais de 90% de sua área total (DINIZ, 1995). Desse modo, as reservas hídricas do semi-árido são escassas em muitas localidades. Zonas úmidas, açudes, barragens e mananciais são, em geral, estratégicas, tendo em vista sua importância para a manutenção do homem no campo, para a manutenção da qualidade de vida da população humana, para a sustentabilidade dos projetos de desenvolvimento econômico e para as atividades produtivas agropecuárias. Segundo Abílio (2002), os corpos d’água dessa região são de extrema importância para a manutenção de suas populações, sendo seu estoque utilizado com o propósito de irrigação, produção de peixes, abastecimento de cidades e outros. Os açudes apresentam outra função além de fornecer água potável: eles também são locais de fornecimento de proteína animal para as populações locais através da obtenção de peixes (ESTEVES, 1998) e crustáceos, além de outros animais que vivem associados com o corpo hidráulico. Porém, no Nordeste brasileiro, há uma prática muito difundida pelos órgãos públicos que é o incentivo a introdução de peixes de origem exótica, mesmo sendo observada uma deterioração na qualidade da água. Estes vêm sendo cada vez mais pressionados pelas ações antrópicas e, paradoxalmente, são vitais para a produção de alimentos e manutenção do homem no campo e da cidade. Saber como os corpos aquáticos são utilizados e percebidos pelos seus usuários é primordial, uma vez que muitas atividades desenvolvidas podem alterar a qualidade da água, e causar sérios riscos para a saúde pública, principalmente quando esses ambientes são utilizados para o consumo humano. Esses fatores se agravam quando se tratam de açudes temporários, como os que existem no sertão paraibano. Moredjo (1998), estudando o açude São Gonçalo, na Paraíba, por exemplo, verificou que as atividades de irrigação às margens do açude, associadas com a temperatura e as características geoquímicas do solo, contribuiu para o aumento da condutividade elétrica no ambiente, e que a utilização de produtos químicos nas lavouras de 16 suas margens influenciava na qualidade da água e na dinâmica da comunidade zooplanctônica do açude. Segundo a resolução do CONAMA n.º 01 de 23/01/86, o impacto ambiental pode ser definido como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultante de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. O uso dos recursos hídricos deve atender, então, a priori, à satisfação das necessidades básicas e à proteção dos ecossistemas aquáticos. Logo, parte-se do princípio de que a água é um recurso indivisível e que a interligação complexa dos sistemas de água doce exige um manejo holístico, fundamentado no exame equilibrado das necessidades da população e do meio ambiente e certificados através de parâmetros físicos, químicos e biológicos, como diagnóstico de sua qualidade e as atividades decorrentes destas práticas, devem envolver ações para proteção e recuperação dos mananciais (OLIVEIRA, 2005). Entretanto, o aumento expressivo da população humana e sua concentração formando as cidades e/ou bairros nas proximidades dos corpos hidráulicos têm contribuído para o quadro atual de degradação ambiental. Sendo assim, os que mais sentem com esses efeitos são os organismos que vivem na água. Dentre esses organismos aquáticos, os invertebrados bentônicos são os que melhores se adéquam para um diagnóstico ambiental associado com análises físicas e químicas da água. As informações sobre corpos aquáticos temporários da região semi-árida do Brasil ainda são escassas, não havendo muitas informações sobre a dinâmica sazonal desses ambientes e sobre os múltiplos usos que tradicionalmente vem sendo dados a esses ambientes. Essas áreas vêm sendo cada vez mais pressionadas pelas ações humanas e paradoxalmente são vitais para a produção de alimentos e manutenção do homem no campo. Zoobentos e qualidade ecológica Tratando-se de espécies pouco conhecidas, tanto pela ciência quanto pela população humana que habitam o semi-árido, destacam-se os macroinvertebrados bentônicos (zoobentos). Os macroinvertebrados bentônicos são animais visíveis a olho nu, que apresentam organismos adaptados a diferentes condições ambientais. Devido a esta característica, estes têm sido muito usados para indicar a qualidade das águas doces, ou seja, são usados como bioindicadores (SILVEIRA e QUEIROZ, 2006). 17 Esta fauna compõe um grupo de grande importância ecológica em ecossistemas aquáticos continentais, participando das cadeias alimentares, fluxo de energia para o sistema, biorrevolvimento e também sendo um dos elos principais da estrutura trófica do ecossistema (EATON, 2003). Além disso, a interação entre os fatores ambientais, tipo de substrato e sua biocenose determina a composição, riqueza taxonômica e a distribuição dos invertebrados nestes habitats (CARVALHO e UIEDA, 2004). Os invertebrados bentônicos vêm sendo amplamente estudados, devido ao papel relevante que desempenham no funcionamento do ambiente aquático, constituindo uma ferramenta útil em avaliações e monitoramento ambiental. A distribuição e abundância desses animais são alteradas pelas flutuações no nível da água causadas principalmente pela alta taxa de evaporação, altas temperaturas e irregularidade de precipitação, sendo, muitas vezes, utilizados como animais indicadores da qualidade da água junto com análises físicas e químicas destes corpos aquáticos. Desta forma, permite uma avaliação integrada dos efeitos ecológicos causados por múltiplas fontes de poluição. Esses organismos são considerados bioindicadores porque, em determinadas condições ambientais, os grupos mais resistentes podem se tornar numericamente dominantes, enquanto outros mais sensíveis podem se tornar raros ou ausentes (BRIGANTE et al., 2003). Embora se tenha um bom conhecimento sobre os invertebrados bentônicos Límnicos, as dificuldades na identificação de espécie, principalmente na forma imatura (a maioria), é devido à escassez de chaves de identificação, ainda se torna uma das barreiras para um resultado mais apurado (CULLEN JR. et al., 2003). Apesar destas dificuldades, o número de pesquisas na área de macroinvertebrados bentônicos vem aumentando na atualidade, o que a contribuir futuramente para mais ferramentas para a identificação de espécies. A carência de estudos sobre a biodiversidade e seus produtos, seja na forma de listas de espécies, de manuais de identificação ou de catálogos ilustrados são fatos preocupantes, porque muitas espécies que habitam variados ecossistemas correm sérios riscos de serem extintas antes mesmo de se tornarem conhecidas. Essa falta de estudos sobre espécies representativas da fauna e da flora nativas que são hoje exploradas pelo homem para obtenção de alimento, energia, medicamentos e outros produtos, demonstra o quanto é urgente à necessidade de se reverter esse quadro. Por falta de estudos sobre a composição de espécies, dinâmica, estratégias contra a dessecação, colonização e sucessão do zoobentos nestes ambientes, pretende-se fornecer, neste trabalho, dados bioecológicos desta comunidade aquática. Esse tipo de diagnóstico de curta duração, no açude Jatobá I, pode implicar em mais uma ferramenta para avaliar as 18 condições de qualidade ecológica, uma vez que o zoobentos, segundo a literatura especializada, pode ser bioindicador de qualidade de água. Todavia, se faz necessário uma interseção entre o conhecimento científico e o saber popular para que essas informações sejam bem assimiladas pelos atores sociais com o intuito de iniciar trabalhos futuros que abordem quanto a questão da interação homem x natureza, como uma forma de conservá-la.. Percepção Ambiental A percepção e leitura cognitiva da inter-relação do ser humano com o seu habitat ocorrem por meio de signos que estimulam e contribuem na formação de crenças, construindo os hábitos que asseguram seus costumes e os usos em relação ao meio ambiente. Esses costumes e usos do ambiente humanos com o seu meio levam ou não a alterações ecológicas, muitas vezes de modo significativo, produzindo impactos ambientais negativos (MUCELIN e BELLINI, 2008). A disponibilidade de água como um recurso essencial para a vida e atividades humanas faz com que as cidades ou aglomerados sejam edificados próximos ou sobre o leito de rios ou de reservatórios, como forma fácil de abastecimento (MUCELIN e BELLINI, 2008). Quanto à importância da percepção, é por ela que iniciamos o processo de elaboração de hipóteses (abdução), responsável pela construção das crenças que moldam os hábitos e que estão ligados aos nossos usos, caracterizando a forma de utilização do ambiente (MUCELIN e BELLINI, 2008). A percepção ambiental pode ser utilizada para avaliar a degradação ambiental de uma determinada região, pois o aporte da percepção fenomenológica pode proporcionar subsídios para a compreensão da realidade vivida pelos indivíduos. É através dessa compreensão que devem ser buscadas soluções para amenizar a situação caótica gerada pela precariedade das condições de vida, em especial pela falta de saneamento básico nos espaços onde os indivíduos são obrigados a lutarem pela sobrevivência. Assim dentro desse contexto, a maior preocupação é com relação à sobrevivência, pois, na maioria das vezes, a ações que praticam, tem motivação apenas econômica e não ambiental, onde, nesse caso, a necessidade supera a própria razão. 19 Percebe-se, que cada indivíduo tem sua interpretação de espaço, de acordo com a realidade em que vive. O espaço vivenciado é que será refletido nas percepções E esse parâmetro justifica a necessidade de compreender as ações de cada indivíduo, pois cada um tem uma percepção diferente. No entanto, não existe percepção errada ou inadequada, existem sim, percepções diferentes, condizentes com o espaço vivido. A UNESCO (1973), já advertia que a pesquisa da percepção ambiental era de grande importância para o planejamento do ambiente, proferindo: “uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes”. A relação do homem com o ambiente natural é uma preocupação pertinente ao quadro ambiental e social na atualidade, entretanto existem interesses e também conceitos distintos para o estabelecimento de parâmetros mediadores de tais relações (OLIVEIRA e CORONA, 2008). O homem sempre procurou expressar sua percepção sobre as relações e interações com o meio em que vive buscando fontes de inspiração nos mais diversos fenômenos, fossem climáticos ou decorrentes de suas ações sobre o ambiente. Através de seus registros ao longo dos tempos, contando sua história mostrava sua relação com a natureza, apropriando-se de seus recursos na fauna, flora e mineral para atender suas necessidades (PINHEIRO, 2004). Nos estudos da percepção são indissociáveis o sujeito e objeto, o perceptor e o que é vivenciado, sentido e construído, num processo contínuo, consciente ou subliminado, que vai do racional e simbólico, ao sensorial e emocional, levando a experiências individuais e únicas. Novos valores enriquecerão a “bagagem” cultural do indivíduo, originados de uma satisfação ou insatisfação com a integridade do ambiente no qual ele estiver interagindo. Diferentes comportamentos resultarão da compreensão, pelo perceptor, sobre sua relação com o ambiente (PINHEIRO, 2004). Nesse sentido, a Figura 1 mostra uma relação do perceptor com o meio que o envolve e que com ele se relaciona. O perceptor vivenciará o ambiente atrelado aos seus valores individuais e subjetivos, resultando em diferentes graus de satisfação ou insatisfação corelacionados ao estágio de integridade do ambiente com o qual se interage. Dessa interação é que entendemos levar à aplicação dos processos para sensibilização e conscientização, posterior ao processo racional da satisfação/ insatisfação. 20 Figura 1. Relação do perceptor com o meio que o envolve e que com ele se relaciona. Retirado de Pinheiro (2004). O estudo da percepção ambiental permite uma boa abrangência das inter-relações entre os humanos e o seu meio ambiente, seja ele natural ou modificada pelo homem, pois a produção do espaço resulta das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas que cada indivíduo possui acerca de si, de sociedade e do meio em que vive. Sendo assim, a percepção ambiental “se revela como poderoso instrumento para a interpretação da realidade e formação de sistemas de valores” (DEL-RIO, 1999). Já Palma (2005), diz que a Percepção Ambiental representa uma tomada de consciência do ambiente pelo indivíduo, tendo como objetivo principal compreender os fatores, processos e mecanismos que há em relação ao seu meio ambiente. Pode-se verificar, através de um instrumento de pesquisa, que a percepção ambiental de um público alvo poderá possibilitar projetos e atividades ambientais com base na realidade deste público, favorecendo a construção de metodologias para que as pessoas tomem consciência frente aos problemas ambientais. Aliando-se isso a educação ambiental, é possível realizar trabalhos com bases locais. Isto é, saber como os indivíduos os quais se trabalha percebem o ambiente em que vivem suas fontes de satisfações e insatisfações (PALMA, 2005). Saber como os corpos aquáticos são utilizados e percebidos pelos seus usuários é primordial, uma vez que muitas atividades desenvolvidas podem alterar a qualidade da água, e causar sérios riscos para a saúde pública, principalmente quando esses ambientes são utilizados para o consumo humano. 21 Enfim, a partir do acúmulo de conhecimentos sobre o perceber do ambiente pelo ator social, suas concepções e os modos de utilizá-lo, torna-se uma ferramenta necessária para que haja, futuramente, uma transposição do saber científico, buscando a melhor maneira de diminuírem prováveis impactos causados por suas atividades, melhorando as relações entre o homem e o seu meio. 2. OBJETIVOS Geral Avaliar a percepção ambiental de atores sociais do entorno do açude Jatobá I, com o intuito entender as relações entre estes com o ambiente, desenvolvendo atividades de sensibilização ambiental com educandos da Escola agrícola de Patos através das excursões didáticas e experimentos com colonização de invertebrados bentônicos em substrato artificial. Específicos • Avaliar a percepção ambiental dos moradores e pescadores que residem e atuam no entorno do açude Jatobá I; • Observar as diferentes formas de uso dos atores sociais na bacia hidráulica do Jatobá I. • Avaliar a percepção dos alunos sobre a importância da vida aquática no ecossistema em estudo, tomando como base a realização de experimentos da colonização de invertebrados em substratos artificiais. • Diagnosticar o ambiente quanto à qualidade ecológica através do substrato artificial com o zoobentos no açude Jatobá I; • Analisar os parâmetros físicos e químicos da água do Jatobá I para correlacionar com os dados biológicos. 3. ÁREA DE ESTUDO 22 O município de Patos, cuja área é de 506,5km2, se localiza na região Centro-Oeste do Estado da Paraíba, na meso-região do Sertão Paraibano, distando 300 Km da Capital João Pessoa. Limita-se ao norte com os municípios de São José do Espinharas e São Mamede, leste com São Mamede e Quixaba, ao sul com Cacimba de Areia, São José do Bonfim e Mãe D'Água, e, a oeste com Malta e Santa Teresinha (Figura 2). Ele possui um clima quente e úmido com chuvas de verão e outono, cuja pluviometria média anual é de 715,3mm. A vegetação é do tipo Caatinga e a temperatura média anual está entre 27 ºC e 28 ºC (BRASIL, 2005). A topografia dos terrenos do município de Patos revela cotas situadas entre 240m e 580m. O seu relevo é predominantemente ondulado à suavemente ondulado, possuindo vários inselbergs (Figura 3). Esse município se encontra nos domínios da bacia hidrográfica do rio Espinharas, principal tributário. É nessa Bacia hidrográfica que está localizado um dos primeiros corpos de acumulação a ser construído na região: o açude Jatobá I. Açude Público Jatobá I O Açude Público Jatobá I, situado na periferia sul e distando 3 km do centro da cidade de Patos-PB, foi construído pelo DNOCS, em 1953, sobre o Riacho dos Mares, e outros pequenos riachos que pertencem à sub-bacia do Rio Espinharas, esta sendo considerada como Tipo 3 (Bacia Média). Foi concluído em 1954, tendo a capacidade máxima de 17.516.000m3. Seu propósito foi abastecer a cidade de Patos e as cidades circunvizinhas com água potável (DNOCS, 1952 e 2004). A bacia Hidráulica inundou uma área de 4.123.500m2, sendo grande parte das terras inundadas pertencentes ao governo Federal constituído pelos Campos de Sementes Clarindo Gouveia, do Ministério da Agricultura, e a parte restante pertencente a diversos proprietários, onde foi demarcado e constou em desenho. Toda a barragem, na parte montante assenta sobre a rocha firme tendo sido para a parte jusante retirada apenas a camada superficial do terreno. À jusante, a barragem foi formada por um enrocamento de pedras secas arrumadas que serviu para facilitar o escoamento das águas de infiltração, baixar a linha de saturação, além de garantir maior estabilidade ao mássico (DNOCS, 1952). O volume calculado para o abastecimento daria para suprir 45.232 habitantes à base de 100 m3/habitantes. Anos. As principais características técnicas do açude Jatobá I, segundo o mesmo relatório do DNOCS supracitado, são: 23 Capacidade........................................17.516.000,00 m3 Profundidade máxima........................11,66 m Extensão máxima...............................4 km Barragem...........................................Terra Altura máxima...................................18,60 m Largura do sangradouro.....................110,00 m Descarga máxima...............................193,60 m3/s Figura 2. Localização do município de Patos, Sertão do Estado da Paraíba, inserido na Sub-Bacia Hidrográfica do rio Espinharas, destacando o Açude público Federal Jatobá I. Figura 3. Vista panorâmica do Açude público Jatobá I, Patos-PB. 24 REFERÊNCIAS ABÍLIO, F. J. P. Gastrópodes e outros invertebrados bentônicos do sedimento litorâneo e associado a macrófitas aquáticas em açudes do semi-árido paraibano, nordeste do Brasil. Tese de doutorado, Universidade Federal de São Carlos – SP. 2002. BRASIL. CPRM - Serviço Geológico do Brasil Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do município de Patos, estado da Paraíba/ Organizado [por] João de Castro Mascarenhas, Breno Augusto Beltrão, Luiz Carlos de Souza Junior, Franklin de Morais, Vanildo Almeida Mendes, Jorge Luiz Fortunato de Miranda. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005. 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MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Estudos da percepção em ecossistema urbano: uma contribuição para a educação, planejamento e gestão ambiental. Revista Brasileira de estudo Pedagógico, Brasília, 89 (221): 119-144. 2008. OLIVEIRA, G.S. Avaliação da qualidade da água do rio São Lourenço Matão - SP através das análises das variáveis físicas e químicas da água e dos macroinvertebrados bentônicos. Araraquara-SP. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação do Centro Universitário de Araraquara. 102p. 2005. OLIVEIRA, K. A. e CORONA, H. M. P. A Percepção ambiental como ferramenta de propostas educativas e de políticas ambientais. ANAP Brasil, Revista Científica, ano 1, 53 - 72 p. Junho de 2008. PALMA, I.R. Análise da Percepção Ambiental como Instrumento ao Planejamento da Educação Ambiental. Dissertação de Mestrado em Engenharia pela UFRGS, Porto Alegre, 2005. PHILLIPPI JR, A. Saneamento, Saúde e Ambiente: Fundamentos para um desenvolvimento sustentável. 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Paris: UNESCO. 104 p. 1973. 26 CAPÍTULO I _____________________________________________ PERCEPÇÃO AMBIENTAL E MULTIPLOS USOS DOS MORADORES E PESCADORES SOBRE O AÇUDE JATOBÁ I, PATOS-PB _____________________________________________ 27 RESUMO A maioria dos açudes no Nordeste do Brasil tem várias utilidades para a população, porém, a pressão humana nestes corpos aquáticos, muitas vezes, tem gerado problemas devido às suas atividades, sem a preocupação em conservá-los. Sendo assim, a percepção ambiental se revela como poderoso instrumento para a interpretação da realidade e formação de sistemas de valores de atores sociais que interagem com o meio em que vivem. Logo, objetivou-se avaliar a percepção dos moradores e pescadores que vivem no entorno do açude Jatobá I com relação à importância do açude público Jatobá I, além de verificar o modo como estes o utilizam. A pesquisa foi qualitativa e fenomenológica, onde se seguiu uma seqüência de perguntas abertas e gravadas com o consentimento do entrevistado. A investigação foi realizada com 11 moradores e 09 pescadores locais, totalizando um universo de 20 atores sociais com mais de 15 anos de vivência no entorno do açude Jatobá I. Os resultados mostraram que havia, entre os entrevistados, uma topofilia com o local onde vivem, entretanto, reclamam que os verdureiros estão vendendo suas terras por falta de condições. Todos os atores envolvidos na pesquisa disseram que o açude Jatobá I é importante, principalmente, para o abastecimento da cidade e sustento de muitas famílias que vivem no seu entorno, como pescadores e pequenos agricultores. Porém, estes afirmaram que os problemas existentes nesse corpo aquático foram atribuídos à poluição, a falta de zelo pelo açude Jatobá I e a falta de fiscalização por parte dos órgãos públicos, principalmente pela pesca predatória. Embora destacassem tais problemas, os entrevistados consideram a água do Jatobá I limpa para o consumo in natura. Estes atores sociais perceberam, ainda, vários animais aquáticos que vivem no local, mostrando a sua utilidade para as suas atividades, como, por exemplo, os Macrobrachium sp. (camarões de água doce) são utilizados como isca de peixes, além da postura da Pomacea lineata (aruá) que é usada para se fazer chá para doenças respiratórias infantis. A maioria dos entrevistados disse que a poluição afeta a fauna aquática. A busca da percepção e a sensibilização ambiental dos atores sociais que utilizam os recursos naturais de forma direta de uma bacia hidrográfica podem vir a contribuir, igualmente, para a prevenção da degradação, gestão e sustentabilidade dos recursos naturais a ela associadas. Palavras-chaves: Açude Jatobá I, percepção ambiental, moradores, pescadores 28 ABSTRACT Perception of the residents and fishermen of the around of the Jatobá I reservoir, Patos-PB Most of the dams in the Northeast of Brazil has several usefulness for the population, however, the human pressure in these bodies aquatic, a lot of times, it has been generating problems due to their activities, without the concern in conserving them. Being like this, the environmental perception is revealed as powerful instrument for the interpretation of the reality and formation of systems of social actors' values that you/they interact with the middle in that you/they live. Therefore, this study aimed to evaluate the perception of residents and fishermen who live at the nearby the Jatobá I reservoir, with respect to the importance of this public reservoir, and also verify how they use it. The research was qualitative and phenomenologic, askink and recording subject questions with the consent of the respondent. The investigate was carried on with 11 residents and nine local fishermen, reaching a total of 20 social actors with more than 15 years living at the surroundings of the Jatobá I reservoir. The results show that, among the respondents, there were a topofilia with the local they live, however they claim that vegetable sellers are selling their fields because of loss of conditions. Whole actors involved in the research told that the Jatobá I reservoir in important, mainly to city water supply, and the livelihood of several families who live at the reservoir as well , such as fishermen and small farmers. However, these ones state that existing problems in this waterbody are due to pollution, lack of zeal and supervision by the govenmets, and mainly by predatory fisheries. Although such problems raised, the respondents consider water from Jatobá I proper to consumption in natura. These social actors also percept several aquatic animals who live at that place, showing the usability to their activities: for example, Macrobrachium sp. (a freshwater prawn) is used as fish bait; and tea of Pomacea lineata’s (aruá) egg clusters are used as medicine to breath diseases in children. The majority of respondents told pollution affects the aquatic fauna. The search of the perception and the social actors' environmental sensitization that you/they use the natural resources in direct way of a hidrografic basin, they can come to contribute, equally, for the prevention of the degradation, administration and sustainability of the natural resources to her associated. Keywords: Jatobá I reservoir, environmental perception, residents, fishermen. 29 1.1 INTRODUÇÃO A maioria dos açudes no Nordeste do Brasil tem várias utilidades para a população, pois, geralmente, são as únicas fontes de água disponível nas regiões semi-áridas onde estão localizados. Devido ao emprego múltiplo destes recursos hídricos, certas atividades, muitas vezes, podem ocasionar problemas a outros usos, como por exemplo, a utilização de um açude para irrigação de áreas agrícolas próximas a estes ecossistemas aquáticos, onde são utilizados produtos químicos, que podem modificar a qualidade da água, tornando-os impróprios ao consumo humano (MOREDJO, 1998). O uso dos recursos hídricos deve atender, a priori, à satisfação das necessidades básicas e à proteção dos ecossistemas aquáticos. Logo, parte-se do princípio de que a água é um recurso indivisível e que a interligação complexa dos sistemas de água doce exige um manejo holístico fundamentado no exame equilibrado das necessidades da população e do meio ambiente. O estudo desse equilíbrio certifica-se através de parâmetros físicos, químicos e biológicos, como diagnóstico de sua qualidade e, as atividades decorrentes destas práticas, devem envolver ações para proteção e recuperação dos mananciais (OLIVEIRA, 2005). Esses problemas têm se agravado nos mananciais que abastecem as pequenas e médias cidades da região, porque o aumento excessivo da população humana e sua concentração desordenada têm contribuído para o quadro atual de degradação ambiental, quando os impactos antrópicos têm sido cada vez maiores e mais frequentes em função do grau de desenvolvimento e da falta de conscientização ambiental. O modelo da organização social humana, voltada para o consumo e a produção de bens, vem modificando, negativamente, as condições naturais. Logo os países com economias emergentes ou fortes e, conseqüentemente, agentes potencialmente poluidores precisam encontrar uma solução que concilie proteção ambiental com crescimento econômico. Por outro lado, a busca da percepção e a sensibilização ambiental dos atores sociais que utilizam os recursos naturais de forma direta de uma bacia hidrográfica, podem vir a contribuir, igualmente, para a prevenção da degradação, gestão e sustentabilidade dos recursos naturais a ela associadas. Merleau-Ponty (2006) diz que a percepção não é uma ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de posição deliberativa; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam e ela é pressuposta por eles. Nota-se que percepção, nessas afirmações, não é sinônima de conhecimento da realidade, mas é a base para a ação. Ela não é atitude, contudo 30 está inserida no ato. Para esse autor, a percepção se relaciona ao mundo sentido e vivido e não ao juízo ou à razão. Atualmente tem sido muito repensada a educação no semi-árido levando-se em conta que o estudo da percepção ambiental dos atores sociais pode ser o melhor caminho que engendrará tal proposta. Dias (2007), trabalhando em uma comunidade no semi-árido, disse que era preciso que o conhecimento ambiental das comunidades em geral, seja valorizado e aproveitado pelos responsáveis que tomam as decisões de políticas públicas, ao invés de serem ignorados e desperdiçados, o que comumente acontece. Assim sendo, objetivou-se neste trabalho analisar a percepção ambiental de moradores e pescadores do entorno do açude Jatobá I em relação a sua importância para a cidade de Patos e região, bem como conhecer as atividades humanas nele desenvolvidas e os possíveis impactos decorrentes dessas mesmas atividades. 1.2 MATERIAL E MÉTODOS A investigação se deu através de entrevistas semi-estruturadas junto aos diferentes grupos sociais, que fundamentaram os temas definidos como fios condutores. Para isso, utilizou-se elementos da pesquisa qualitativa utilizando-se como pré-supostos da Fenomenologia (SATO, 2001; GIL, 2005; MERLAUT-PONTY, 2006). Os sujeitos pesquisados pertenciam a dois grupos que residiam no entorno do açude Jatobá I: Grupo de moradores que residiam às margens – atores que desenvolvem atividades agrícolas convencionais de subsistência e/ou que desenvolve a pecuária. Compreendem 11 atores, todos residentes no entorno que, apesar de não serem concessionários, não foram proibidos de utilizarem a área. Grupo de Pescadores que residiam nos bairros do entorno – grupo que pratica (com cadastro no IBAMA) a pesca de subsistência tendo, geralmente, esta atividade como principal fonte de renda familiar. O universo desse grupo entrevistado foi de 09 amostras, sendo quatro do bairro do Mutirão, três do Bairro do Jatobá I e dois do Alto da Tubiba. Os critérios adotados na seleção dos grupos de moradores e pescadores foram: a) ser usuário da área; b) residir nos bairros ou propriedades rurais no entorno do açude Jatobá I há pelo menos 10 anos; c) ter significativo entrosamento no grupo e demonstrar características 31 essenciais à natureza da pesquisa (aspectos que se revelaram através da observação participante). Paralelamente, foi utilizada a metodologia "bola de neve" (BIERNACKI e WALDORF, 1981), a qual solicitava indicações de outros atores sociais os quais indicaram outros, repetindo-se o processo, seguindo-se os mesmos padrões exigidos. Foi escolhido um número amostral de atores sociais influentes, no que diz respeito ao convívio com a população local e com o modo de trabalho, respaldada na teoria de que, em pesquisa qualitativa (MINAYO, 1994), o critério não era numérico. Considerou-se que a amostra ideal foi aquela capaz de refletir a totalidade nas suas múltiplas dimensões, privilegiando os sujeitos sociais que detêm os atributos que o investigador pretende conhecer. As entrevistas semi-estruturadas foram construídas para investigar temas como: experiências de vida, possibilidades de uso da área e percepção sobre a importância do açude Jatobá I. Essa técnica de entrevista possibilitou que a fala fosse reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos. A pesquisa foi executada no período de fevereiro a julho de 2008. As técnicas de entrevistas gravadas em MP4, destinadas aos moradores e pescadores, foram aplicadas nas suas residências ou local de trabalho, de acordo com a disponibilidade dos mesmos. Na ocasião, todos os pesquisados foram informados de que suas identidades seriam mantidas em sigilo e que suas informações seriam usadas apenas para fins científicos, onde cada entrevistado recebeu um código, de acordo com o seu grupo: MA (Moradores nas margens do Açude) e MP (Moradores Pescadores residentes nos bairros do entorno do açude). A numeração após esse código revela simplesmente uma ordem. Para a observação participante, foram feitas visitas regulares ao açude Jatobá I, com o intuito de se registrar, em fotografias, as atividades humanas mais frequentes no local e os decorrentes impactos ambientais. 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os entrevistados, residentes no entorno do açude Jatobá I, têm suas idades variando entre 32 a 83 anos (média de 59,1) e o tempo médio de convivência no referido local foi de 38,2 anos. A Figura 1.1 mostra a idade dos entrevistados e o tempo de vivência no açude Jatobá I. 32 Figura 1.1. Idade e tempo de vivência dos entrevistados do entorno do açude Jatobá I, Patos – PB. Quanto à escolaridade dos entrevistados, estes apresentaram ter pouca instrução quando não fossem analfabetos, em número razoável, como mostrado na Figura 1.2. Entre os moradores do local o índice de analfabetismo atingiu 36,4%, enquanto que para os pescadores essa percentagem foi menor, com 22,2%. Para os que possuíam certo nível de escolaridade, 63,6% dos moradores e 33,3% dos pescadores afirmaram que tinham o ensino fundamental incompleto, enquanto que 44,5% dos pescadores o concluíram. Figura 1.2. Nível de formação dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I entrevistados, Patos – PB entre abril a julho de 2008. Os atores sociais envolvidos na pesquisa, no entanto, apresentaram, em sua totalidade, um forte sentimento de Topofilia, o que pode influenciar as suas crenças, seus hábitos, costumes e as formas de uso do ambiente. 33 Para Tuan (1980), o termo, Topofilia, significa o elo entre o indivíduo e o lugar ou ambiente físico em que vive e o arraiga a sentimentos de amor à terra quase sempre difíceis de remover. No caso em foco - atores sociais em estudo - tal sentimento pode ser explicado, em parte, pelo tempo médio - 38 anos- que ali convivem sentindo-se satisfeitos . Melazo (2005) diz que o ambiente natural, assim como os ambientes construídos são percebidos de acordo com os valores e as experiências individuais dos homens onde são atribuídos valores e significados num determinado grau de importância em suas vidas. Desse modo, as diferentes percepções do mundo estão relacionadas às diferentes personalidades, à idade, às experiências, aos aspectos sócio-ambientais, à educação e à herança biológica. Quanto ao sentimento topofílico, de acordo com as respostas aos questionamentos feitos pelo pesquisador, não houve diferença perceptiva entre os grupos de atores sociais entrevistados com relação ao bem-estar no ambiente em que convive como se pode observar nas respostas dos próprios moradores abaixo: “Pra mim é o céu, porque é um lugar tranqüilo, não tem zuada e eu fico a vontade, eu gosto de ficar dentro do roçado, crio uma galinha, crio uma cabra, uma vaquinha pra tirar leite. Pra mim não tem lugar melhor do que esse. Não quero rua. Tem o açude pra a gente trabalhar, né. Produzir”. (MA1 - vive a 46 anos no local). “Gosto daqui, porque é na beira do açude, e eu acho bom aqui, porque bem dizer, fui nascida e criada aqui” (MA3 – convive a 57 anos no local) “Acho bom, porque aqui é bom. Porque é onde sobrevivo, eu pesco e vivo aqui mesmo”. (MP2 - convive a 48 anos no local) “Gosto, com certeza. Porque eu moro aqui perto das águas onde eu pesco e isso favorece o meu lado. Então por isso que eu gosto daqui”. (MP3 convive a 21 anos no local). O contato com a natureza e as condições favoráveis para as respectivas profissões foi algo benéfico identificado por estes atores sociais. Tuan (1980) trata a vinculação enraizada dos atores sociais ao seu meio como se estivesse havendo uma intimidade física do contato diário com os elementos da natureza e na dependência material do usufruto deste ambiente. Diante do tempo em que esses atores sociais convivem no entorno do Jatobá I e a experiência que lhes conferem no dia a dia, foi questionada aos mesmos, a respeito da idéia que estes tinham sobre Meio Ambiente. A maioria dos moradores o percebe como Natureza (36,4%), seguido da percepção como biosfera (18,2%), enquanto que os pescadores perceberam como Natureza e como lugar para viver, ambos com 22,2%. Outras categorias, segundo Sauvé (1997 e 2005) são 34 apresentadas na Figura 1.3. A seguir, a Tabela 1.1 exemplifica as respostas dos pescadores e moradores. Figura 1.3. Concepções prévias dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, sobre Meio Ambiente. Tabela 1.1. Respostas sobre a percepção dos atores sociais sobre meio Ambiente e as respectivas categorias, de acordo com Sauvé (2005). Citações dos educandos Classificação de Sauvé (2005) “Todas as coisas do mundo da natureza” (MA1 convive a 46 anos no local) Meio Ambiente como Natureza “É a natureza” (MP1 - convive a 34 anos no local) “É onde nós vive, o que Deus criou” (MA 18). Meio Ambiente como Lugar para se viver “É o lugar onde a gente sobrevive” (MP4 convive a 49 anos no local) “É pra deixar as coisas mais limpas, as coisas no canto” (MA4 - CONVIVE A 32 ANOS NO Meio Ambiente como Problema LOCAL). “É não desmatar, se vê derrubando uma árvore você defender”(MP9 - convive a 22 anos no local). “É onde a gente sobrevive da natureza” (MP6 - Meio Ambiente como Recurso convive a 44 anos no local) “É onde a gente tira o sustento da terra” (MA8convive a 38 anos no local) “é tudo o que é vivo” (MP7 - convive a 50 anos Meio Ambiente como Biosfera no local) “Vida!” (MA6 - convive a 15 anos no local) 35 Os atores sociais apresentaram uma visão utilitarista para o ambiente, uma vez que a natureza é algo que é de utilidade para plantas e para os animais, onde o homem está dissociado do ambiente. Ruskeinsky (2001), entrevistando os moradores da comunidade saco da Volta da Mangueira, Rio Grande-RS, constatou que o meio ambiente está relacionado a lugar em que se vive e em alguns casos como um lugar ideal, livre de degradação ambiental, ou seja, ligado a natureza preservada. Houve respostas de atores sociais que indicaram o açude Jatobá I como meio ambiente a qual viviam as famílias que dele dependem, mostrando-se uma concepção de meio ambiente como recurso. De acordo com Pinheiro (2004), o homem sempre procurou expressar sua percepção sobre as relações e interações com o meio em que vive, buscando fontes de inspiração nos mais diversos fenômenos, fossem climáticos ou decorrentes de suas ações sobre o ambiente. Através de seus registros ao longo dos tempos, mostrava sua relação com a natureza, apropriando-se de seus recursos no reino animal, vegetal ou mineral para atender suas necessidades. Foi proposto aos entrevistados falar sobre a importância do açude Jatobá I para a cidade de Patos-PB e região. As respostas dos entrevistados mostraram diversas concepções, as quais foram destacadas da Figura 1.4. Figura 1.4. Percepção dos atores sociais sobre a importância do açude Jatobá I pata a cidade de Patos e região. A maioria dos atores sociais entrevistados entende que a importância do açude em questão está destinada ao abastecimento, tanto para a cidade de Patos, como para os residentes da região do entorno, atingindo 39,1% para os moradores e 42,1% para os pescadores. De acordo com o projeto do DNOCS (1952) a construção do açude Jatobá I estava destinado principalmente para o abastecimento da cidade de Patos e cidades circunvizinhas. 36 No entanto, devido ao desenvolvimento da cidade de Patos, esse reservatório sozinho não atende a demanda de água da população, sendo o abastecimento local complementada pelos açudes de Capoeira, Farinha e Coremas-Mãe D’água. Os entrevistados também responderam que o Jatobá I serve de fonte de renda para as famílias que vivem no seu entorno, seja para a agricultura, criação de animais ou a pescaria, obtendo-se um percentual de 34,8% e 36,8%, respectivamente, para moradores e pescadores. Dentre algumas respostas, foram destacadas: “Primeiramente para a Cidade água de beber, que é uma água especial. E em segundo lugar, nós que vive aqui como posseiro arranjar o pão de cada dia”. (MA1 - convive a 46 anos no local) “Serve muito para o pessoal que gosta de plantar, de viver sobre isso, de plantação, de principalmente verdura e outras coisas, criar uns animal como eu crio assim, tem vaca, é bom demais. O meio ambiente também é muita água, bastante água para a gente, pra população, e assim vamos vivendo”. (MA4 - convive a 32 anos no local) “Aff Maria, sem esse açude nós estamos mortos, porque vem água de toda região, mas quem sustenta o tombo é o Jatobá I. Nós sem o Jatobá I não temos água! Nós não temos sobrevivência sem o Jatobá I! Porque aí dá uma verdura, uma batata, um capim, dá um peixe para a gente escapar, a gente não tem condições de sair para outro canto todo tempo, devido a transporte, custo de vida para fazer feira para levar pra fora. Tudo isso é difícil para nós, então tudo tem que ser daí”. (MP4 - convive a 49 anos no local) “Ele dá muito tempo de vida para o povo, o povo planta verdura, pra sustentar a família, pro pescador, abastece a cidade”. (MP5 - convive a 24 anos no local) Entretanto, 13% dos moradores enxergam o referido açude como um bem a ser cuidado, mencionando-se os descasos da população local para com esse ambiente. Esses reconhecem a importância da água do Jatobá I como destinada ao abastecimento, porém, seus relatos destacam os problemas diários observados. Abaixo, seguem duas citações a esse respeito de dois antigos moradores do entorno: “Serve para se tomar água, isso é pra ser um açude muito limpo, mas o povo não liga. Tomam banho dentro, sou contra o banho. Esse açude aqui era para ser um açude muito limpo, que é aonde a gente bebe, tem que ter zelo, zelar, limpar. Porque somos pedaço de carne podre, que nós para morrer, morre ligeiro, toda seboseira faz mal a pessoa. O povo pensa que 37 medicina dá cura a pessoa, quem cura é DEUS e a pessoa tem que ser limpa”.(MA2 – convive a 48 anos no local) “Muito importante o açude Jatobá I, porque é uma água boa, aliás, era uma água boa, agora não é mais por causa da imundice que tem, mas o jeito que tem é a gente se virar com ela mesmo. Tem outra, para a gente tomar um banho, para a gente lavar uma roupa é tudo dele, né! Sobre banho, lavam roupa dentro, lava carro, faz cocô dentro, vem uns homens mais umas mulhé ficam tudo aí dentro. Eu vi com meus olhos fazendo cachorrada dentro do açude (sexo). Era um açude famoso, mas hoje o açude Jatobá I está um caos”. (MA4 - convive a 32 anos no local) Na percepção dos atores investigados, houve uma compreensão utilitarista do açude, pois a maioria o reconhece como um recurso hídrico o qual o homem sempre poderá utilizá-lo da forma que lhe for conveniente. Os autores Mucelin e Bellini (2008), em estudo da percepção ambiental com moradores da cidade de Madianeira-PR, observaram que os entrevistados também tinham uma visão utilitarista do rio Alegre, percebendo-o como um recurso hídrico. Para 4,3% dos moradores e 5,2% dos pescadores, a importância desse açude representa um alto valor histórico, primordial. Estes relataram que todos os problemas da cidade foram resolvidos com a construção do Jatobá I. Sobre tal valor, foram destacadas abaixo as citações de um morador e um pescador: “Jatobá I, vou dizer uma coisa: é o pai de Patos. Serve pra pescar, pra plantar, pra verdura, pra fazer vazante, criar, Jatobá I é o pai de Patos. Eles começaram o Jatobá I em 1953. Começaram. Quem socorria Patos era só o Jatobá I que só tinha ele. Jatobá I sustenta 3.000 famílias” (MA6 – convive a 48 anos no local). Geralmente o berço dos mananciais iniciou com o Jatobá I, depois veio a Farinha e posteriormente a Capoeira, mas ele é o berço. É aquela área fundamental, é a história, é o eixo, é o elo de tudo é o Jatobá I. Hoje ele abasteça assim mesmo, simplesmente com Coremas, que coloca uma faixa de 30%. Se não fosse capoeira, farinha e o complemento do Jatobá I, a população levava sufoco. Foi um dos primeiros que foram levado a água, que saiu nas torneiras da população chama-se Jatobá I. É o coração. Eu conheci o Jatobá I ele sendo retirado bastante verdura. Hoje não tem mais esse produção de verdura como antigamente. Produção de peixe, sem dúvida. Ninguém sabe quantas pessoas que tiram o sustento nesse açude, plantando verdura, pescando. (MP6 - convive a 44 anos no local). Para os atores sociais mais antigos na região, a construção do açude Jatobá I trouxe novas expectativas de vida para a população, dando-lhes oportunidades de viverem com mais 38 dignidade, tirando o sustento dos recursos oferecidos por ele. Para esses entrevistados foi ele quem trouxe o desenvolvimento e a qualidade de vida para a cidade de Patos-PB. Baseado nisso, foi questionado aos entrevistados se estes poderiam citar quais as principais atividades humanas existentes no entorno dessa bacia hidráulica, e em seguida, quais os principais problemas (impactos ambientais) que se observam no açude Jatobá I. Sobre as atividades humanas no açude em questão, houve diferenças de percepção entre os pescadores e moradores. Para o grupo de moradores, a resposta mais abundante foi a plantação de verdura, com um percentual de 27%, enquanto que para o grupo de pescadores, a pesca alcançou 28%. Outras atividades foram citadas, conforme mostra a Figura 1.5, abaixo mostra que os moradores perceberam mais atividades humanas (no total de 10), em relação ao grupo de pescadores. Figura 1.5. Percepção dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I sobre as atividades humanas existentes no local. A agricultura familiar, praticada nas margens do açude, embora não seja de larga escala, está espalhada ao redor desse corpo aquático, onde existe a plantação de vazante, geralmente com hortaliças, e o cultivo de capim-elefante (Figuras 1.6). 39 Figura 1.6. Agricultura familiar nas margens do açude público Jatobá I: (A) o cultivo de capim-elefante e hortaliças na faixa seca; (B) plantação dentro da faixa molhada do tipo vazante, onde são cultivadas hortaliças, acompanhando o decréscimo do nível da lâmina d’água (usando esterco e/ou NPK). Este tipo de agricultura foi definido por Moreira (2006) como aquela que cultiva sua terra (própria ou arrendada) com a ajuda de sua família, contratando mão-de-obra externa apenas para complementar o trabalho familiar (se for o caso, para a colheita, por exemplo). A autora ainda complementa dizendo que esse tipo de agricultura segue uma lógica, opondo-se ao capitalismo no que diz respeito à propriedade (considerado patrimônio familiar a ser cuidado para ser transferido aos filhos) e a mão-de-obra (membro familiar, nãoexplorados). Segundo as observações participantes no açude Jatobá I e perguntas realizadas aos moradores entrevistados, 18,2% deles utilizam fertilizante químico como o NPK (ocorrendo um pedido de dinheiro de um dos posseiros do entorno para a aquisição desse produto, antes da entrevista), e 45,5% usam o esterco como fertilizante natural (mais comum e de fácil aquisição), enquanto 36,3% não utilizam nenhum tipo de produto para as suas plantações, justificando que a terra é boa para as plantas. Abaixo segue as citações feitas pelos moradores: “Quando eu tinha meu plantio na beira d’água, quando ele ia baixando eu ia acompanhando com a rama da batata, feijão, milho, melancia, gerimum, pense que essa terra aí dá! Quando a gente já estava terminando de tirar, aqui o inverno chegava e a gente ia subindo e acompanhando de novo até cobrir tudo, só colocava adubo para o coentro crescer. Era como uma areinha que a gente colocava nas carreirinhas e em três dias o coentro, ó!” (MA4 - convive a 32 anos no local) 40 “Quando dá, eu planto uns negócio aqui. Planto batata, coentro. Alface. Coloco um estrume para pegar bem as planta. E vou acompanhando a faixa molhada”. (MA2 - convive a 48 anos no local). Dos moradores do entorno, 9,1% responderam que outras atividades realizadas no açude eram as queimadas nas suas margens, devido ao cultivo de capim-elefante, seja para alimentar seus próprios animais, seja para a venda como uma forragem para o gado de terceiros. Essa prática esteve associada com a “limpeza do açude” a qual, em épocas em que o Jatobá I estivesse secando, havia a retirada das macrófitas aquáticas (Figura 1.7), sendo estas substituídas pelo capim-elefante. Abaixo, segue ma citação de um morador, revelando essa prática no açude: “As plantas é ruim porque tem que tirar para fora e queimar, pra poder plantar. Tem que tirar e queimar lá mesmo. Tem umas coivaras, no período da seca, que não tiver planta ali por perto a gente queima para não ficar seboso o açude”. (MA10 – convive no local há 50 anos) Figura 1.7. Limpeza do açude. (A) macrófitas retiradas e amontoadas na margem do açude para o plantio de capim. (B) queimada das macrófitas. Apenas (9,1%) se referiu que a remodelagem de cercas dentro do açude Jatobá I como uma atividade, que acontece quando o açude começa a secar. Nas observações participantes nesse corpo hídrico, constatou-se que em muitos casos, as cercas não foram retiradas da água no período chuvoso, o que oferece perigo para os banhistas e pescadores que desse ecossistema aquático depende, como observado na Figura 1.8. 41 Figura 1.8. Cercas com arame farpado no açude Jatobá I: (A) antes das chuvas no mês de março/2008; (B) após as chuvas no mês de abril /2008. Os arames não foram removidos durante a época das chuvas. De acordo com os moradores, existe um acordo entre os proprietários para que ocorra a divisão dos terrenos, sendo as águas quem definem os lotes de cada posseiro. Abaixo, segue um depoimento sobre isso: “Que aqui é assim, a gente vai plantando capim quando ta pouca a água. Quando encher cobre tudo. Bota uma cerca de arame, quando enche vai tirando o arame. Tem as divisões de terreno é por cerca ou por riacho. O riacho é quem decide quem vai estender a propriedade. E tem acorde entre nós”. (MA1 - convive a 46 anos no local). Todos os moradores que realizam essa atividade para delimitar suas propriedades no entorno do Jatobá I, sabem que devem tirar os arames dos seus cercados à medida que o açude vai aumentando seu nível d’água, uma vez que é proibido por lei. Contudo, no ano de 2008, notou-se durante as entrevistas que havia um consenso entre dizendo que não haveria mais chuvas, pois até o mês de março não havia precipitações pluviométricas. Com as chuvas, estes foram surpreendidos com a rapidez que o açude Jatobá I elevou seu nível, impedindo-os de retirarem os arames dos respectivos cercados. Abaixo, um depoimento de um morador revelou tal acontecimento: “...ali mesmo quando o açude estava enchendo, era para eles ter tirado logo os arames com as estacas, mas eles não confiam muito em DEUS e aí dizem que não vai cobrir não. Olha agora, está tudo coberto d’água. Daqui que essa água seque...” (MA4 - convive a 32 anos no local). Alguns moradores, por sua vez, se mostraram um pouco mais desconectados a cerca dessa questão, mesmo convivendo diariamente no seu entorno. Disseram não saber quais as atividades realizadas nesse açude (7,7%). Estes se justificam dizendo “não prestar atenção à 42 vida alheia”, ou “que estavam concentrados demais nas suas labutas diárias”, o que os impediu de relatarem algo sobre quaisquer atividades humanas no açude Jatobá I. Embora os pescadores, que possuam um maior acesso às diversas propriedades rurais no entorno do açude Jatobá I, se translocando de um ponto a outro com o auxílio de uma canoa, pudessem perceber outros tipos de atividades existentes, estes, no entanto, relataram sobre o que mais se observava: a pesca e a agricultura. Outra prática bastante frequente no açude Jatobá I, segundo as respostas dos entrevistados (7,7% entre os moradores e 28% entre os pescadores) e as observações participantes, foi a pesca (Figura 1.9), que ocorre tanto no período de estiagem quanto no chuvoso. Tal atividade é bastante importante para esses atores sociais do entorno que exercem essa profissão como principal fonte de renda, visto que grande parte deles que ali residem utilizam tal pescado para própria alimentação e sustento da família, afinal, um elevado número de entrevistados revelou vender peixes para sobreviver. Figura 1.9.: Atividades dos pescadores realizadas no açude Jatobá I, Patos-PB. (A) pesca de anzol; (B) outras fontes de alimentos, como por exemplo, o camarão. De acordo com a época do ano e o nível do açude Jatobá I, existem os tipos de instrumentos de pescas mais apropriados: a rede de espera, o anzol e a tarrafa. O preferido pelos pescadores, segundo seus relatos, seria a “pesca de linha”, como mostra a Figura 1.10 abaixo. 43 Figura 1.10. Tipos de instrumentos utilizados pelos pescadores do entorno do açude Jatobá I, Patos-PB A pesca de anzol, segundo os relatos dos pescadores, pode ser praticada durante quase todo o ano, salvo exceções e não existe nenhuma restrição para realizá-la. Dependendo do peixe a qual se queria capturar, a pesca com esse tipo de equipamento, seria apropriada para a obtenção do tucunaré (Cichla spp.) e/ou a traíra (Hoplias malabaricus), por serem carnívoros. A prática com o anzol, segundo os relatos dos pescadores que usam esse tipo de equipamento, é realizada durante o dia, para obter o tucunaré. Para captura da traíra, a pesca se faz mais entre o final da tarde e durante a noite. Os pescadores entrevistados utilizam como iscas, para esse fim, o camarão (Macrobrachium sp.), a piaba (Astyanax sp.) e o aruá (Pomacea lineata). Para a obtenção do “camarão miúdo”, os entrevistados disseram que utilizam o landuá (conhecido também como gerereu), uma espécie de peneira que se arrasta dentro da água, junto às macrófitas aquáticas, cujo local seria o esconderijo dele. Para a captura do aruá, utiliza-se o mesmo processo descrito acima, uma vez que esse animal seria muito encontrado entre as macrófitas aquáticas. A Figura 1.11 mostra o processo de captura dessas iscas em uma das observações participantes. 44 Figura 1.11. Captura do “camarão miúdo”, usado como isca de peixe. (A) Coleta com o auxílio de um landuá. (B) camarão obtido, juntamente com os “aruás”, circulados de amarelo. Para a captura da piaba, utiliza-se uma garrafa PETI, com um pequeno corte no meio, cujo interior esteja cheio de farelo de “pão-de-bóia” (pão que fica exposto ao sol durante dias). Coloca-se esta armadilha em um local tranquilo, onde se espera por 15 a 30 minutos, o tempo para que estes entrem na garrafa em uma considerável quantidade. Para a pesca de linha, os pescadores utilizam malhas de acima 09 cm, o que seria permitido de acordo com o artigo 7º, inciso I da instrução normativa no- 3, de 21 de fevereiro de 2005 nas bacias hidrográficas do Nordeste, em açude da união (ver anexos). De acordo com o relato dos pescadores, a pesca de linha e a tarrafa teriam melhores resultados quando o açude estivesse secando, pois o mesmo cheio se torna ineficiente, pois há muito espaço para os peixes. Quando se torna adequada a realização dessa pesca, os horários costumam ir do final da tarde ao início da manhã. Abaixo, seguem o depoimento de dois pescadores entrevistados: “Pesco de linha, ou rede de espera. A malha teve época que era de 10 a 16 cm, (...) A gente usa tarrafa também, mas é na época que o açude está mais baixo. Fazer com muita água, é perdido”. (MP1 - convive a 34 anos no local). “Uma de linha, rede de espera. Costumo colocar de 4 horas, cinco horas de tarde e pego no outro dia de cinco horas da manhã (MP2 – convive no local há 48 anos). Para a obtenção do “camarão graúdo” os pescadores mais especializados nesse tipo de pesca utilizam um tipo de armadilha, conhecida como covo, cujo interior seria preenchido de bolinhos de pó-de-arroz ou resto de comida. Estas armadilhas seriam colocadas durante a 45 madrugada , a uma distância de 15 metros da margem e, novamente, capturadas após 24 horas no local (concomitantemente à retirada dessas, novos covos eram colocados no local, continuando o ciclo da pesca desse animal). A Figura 1.12 mostra um dos tipos de covos encontrado frequentemente entre os pescadores do entorno do açude Jatobá I. Figura 1.12. Covos de alumínio, confeccionados artesanalmente, utilizados para a captura do “camarão graúdo”. Sobre a questão dos problemas ambientais mencionados pelos atores sociais entrevistados (Figura 1.13), a poluição foi percebida como o maior problema existente por parte dos pescadores (20%) e moradores (13,5%). Figura 1.13. Percepção dos atores sociais do entorno do açude Jatobá I sobre os problemas (impactos) ambientais existentes no local. 46 A coleta residual no entorno do açude Jatobá I ocorre duas vezes por semana nos bairros do Mutirão e Alto da Tubiba (os mais próximos desse reservatório), não atendendo as propriedades rurais no entorno desse corpo aquático. Entretanto, nos relatos dos entrevistados, a poluição adveio principalmente dos efluentes domésticos lançados no açude, do óleo proveniente de lavagens de carros, de atos sexuais praticados, diariamente, além do lixo jogado ou esquecido, dentro do açude, pelos banhistas. Contudo, dentro das propriedades também foram encontrados lixo e efluentes domésticos, proveniente das residências dos entrevistados (Figura 1.14) ou de ação de pescadores, a procura de iscas. Figura 1.14. Efluentes domésticos despejados nas margens do açude Jatobá I, Patos PB. Dessa maneira, os entrevistados percebem que os problemas ambientais existentes no açude seria algo em que os mesmos estariam isentos de culpa, atribuindo esta para os demais atores sociais ou dos governantes. Segundo o código municipal do meio ambiente (PREFEITURA MUNICIPAL DE PATOS-PB, 2006), o dever de fiscalizar os efluentes domésticos é competência da Secretaria do Meio Ambiente de Patos. Porém, esta se encontra ainda em estruturação, não podendo ainda realizar as inspeções nas propriedades do entorno do Jatobá I. A falta de fiscalização por parte dos órgãos públicos competentes também foi apontado tanto por pescadores e quanto moradores, como causador de problemas no referido açude, como mostrados nas citações abaixo: 47 “Os problemas mesmo são esses daí mesmo que estou te falando! É porque o Jatobá I não tem que olhe para ele, e ele está problemático por causa da imundice. Aliás, todos os problemas do mundo está no Jatobá I, porque não tem limpeza nessa água, não tem quem zele”. (MA3 - convive a 54 anos no local) “Problema tem, mas o pessoal não toma de conta. Não tem guarda, não tem ninguém. Está abandonado”. (MA6 - convive a 48 anos no local) “No açude falta o órgão competente quando ele seca para fazer uma limpeza, por causa da sujeira, que é uma tristeza para a cidade de Patos a gente tem o açude e a gente vê dentro do açude lavagem de carro, banho em animais, pessoas que vão para lá fazer coisas ilícitas, por exemplo, fazer sexo dentro d’água, é um absurdo. E não pode deixar de falar da pesca predatória, porque os próprios pescadores eles contribuem para a sujeira do açude Também. Eles pescam batendo buia, faz muito tipo de pesca predatória, mas a gente sempre pede aos órgãos competentes. As famílias correm risco por causa da poluição, por muitas coisas”. (MP1 - convive a 34 anos no local) “É a poluição que não deveria existir, devia ter uma fiscalização, a vigilância sanitária de saúde só olha por centro. Esse esgoto aqui é o maior problema”. (MP3 - convive a 21 anos no local) “Dentro da pesca a fiscalização, deixa muito a desejar. Fiscalização federal, a colônia apenas ajuda na fiscalização. E outra coisa, é o problema de banho no qual não poso reclamar porque a promotora que atua na cidade de patos cortou o esse determinado ponto, porque era imoral, porque na proporção que você tem um manancial da forma do Jatobá I, abastece a cidade, e tem gente tomando banho, lavando carro, animal dentro e a gente consumindo a água, eu acho errado isso. E no qual ela corrigiu. Isso é recente, não tem nem um ano”. (MP2 - convive a 48 anos no local) Com a falta de fiscalização e com o descaso popular a respeito desse açude, acarretou uma série de problemas, gerando conflitos entre os profissionais da pesca, cadastrados pelo IBAMA, e os pescadores clandestinos. Um dos problemas revelados pelos atores sociais do açude Jatobá I foi a pesca predatória, com uma maior porcentagem entre os moradores (13,5%) do que com os próprios pescadores (5%). Os entrevistados afirmaram que, se não houver fiscalização mais rígida, urgentemente, pode diminuir e/ou até acabar com a atividade pesqueira. Houve também quem relatasse que a urbanização próxima ao açude tenha causado tal diminuição. Abaixo seguem alguns trechos das entrevistas que revelam tais preocupações: “Tem gente que pega mais de 100 Kg de peixe. Se ele não “bate a buia”, no normal ele pega 15, 20, 25 peixes, no final de semana ele ta com um mói de peixe. Mas não, o pescador tem olho grande e quanto mais pegar ele trás 48 tudo de uma vez. Até tilápia que a gente nunca costumava pegar de anzol, tinha tanto no açude que onde a gente pescava pegava. Hoje em dia você não vê isso mais. (MP4 - convive a 49 anos no local).” “Quando não tinha o mutirão você podia amarrar uma linha na mão assim, você enchia o saco de peixe, mas depois que fizeram esse mutirão é tarrafa, é buia, aí acaba a produção de peixe. (MP5 - convive a 24 anos no local)” Problemas com a pesca predatória e da falta de uma constante fiscalização também foi constatado por Feitosa (2000), analisando a percepção dos atores sociais ligados ao Parque Ecológico de Engenheiro Ávidos, no Município de Cajazeiras - PB, onde os depoimentos de pescadores afirmavam que pessoas não-cadastradas pelo IBAMA invadiam o local e realizavam a tal pesca, com equipamentos proibidos no açude Engenheiro Ávidos. Ruskeinsky (2001) verificou que os entrevistados da comunidade Saco da Mangueira, na Lagoa dos Patos, Rio Grande, RS, associaram a pesca predatória com a ineficiência dos órgãos fiscalizadores. Entretanto, um dos pescadores cadastrados pelo IBAMA revelou que usa um tipo de malha abaixo do permitido pela lei para poder sobreviver, uma vez que a pesca no Jatobá I não estava satisfazendo as suas necessidades básicas, evidenciando não ser um problema restrito aos pescadores clandestinos. De acordo com Pinheiro (2004), os indivíduos são obrigados a lutarem pela própria sobrevivência, pois assim, dentro desse contexto, a maior preocupação é com relação à sobrevivência, porque, na maioria das vezes, a reciclagem que praticam, tem motivação apenas econômica e não ambiental. A necessidade (sobrevivência) fala mais alto que a própria razão (reciclagem). Em observações participantes realizadas no entorno do açude Jatobá I, verificou-se um grande intervalo de tempo entre uma inspeção e outra realizada pelo IBAMA (órgão fiscalizador), principalmente contra a pesca predatória. Um respeitado membro da Colônia de Pescadores Z-19, identificado neste trabalho como MP6, disse: “a colônia de pescadores ajuda na fiscalização, mas não pode fazer nada quando o referido órgão fiscalizador não está presente, pois não podemos prender ninguém”. O IBAMA, na portaria nº 8, de 1º de fevereiro de 2008 (Anexo), proibiu a pesca nos açudes públicos do estado da Paraíba devido ao período do Defeso, correspondente a 15 de dezembro de 2007 a 15 de março de 2008, para que haja a reprodução de algumas espécies de peixes, como o Piau (Pseudoplatystoma sp.) e a Curimatã (Prochilodus sp.) Nesse período, os pescadores receberam indenizações do Governo Federal para não praticarem a sua 49 profissão. Abaixo, seguem as citações de dois pecadores sobre a proibição do IBAMA na época das chuvas: “Não só o Jatobá I, mas em todos os açudes da união. Que é o defeso. Do dia 15 de dezembro a 15 de março”. (MP6 - convive a 44 anos no local). “Do dia 15 de dezembro a 15 de março (...) Eles proíbem por causa da época do defeso, época da reprodução do piau, da curimatã. Peixes que desovam em água corrente. Quando não tinha o defeso, na época que o açude Jatobá I sangrava, enchia de gente, era carro, era moto, bicicleta, tinha gente de todo jeito pegando o peixe e carregando pra rua, queriam saber se pegavam”. (MP1 – convive a 34 anos no local). Entretanto, segundo as observações participantes em questão, foi observado e registrado em fotografias que no período em que o açude Jatobá I estava transbordando (início de abril de 2008), havia atores sociais utilizando tarrafas e rede de arrasto como mostra a Figura 1.15. Figura 1.15. Atores sociais do açude Jatobá I realizando pescaria com o auxílio de tarrafas no período de chuvas (2008). De acordo com as designações impostas pelo IBAMA, estes atores sociais não estavam infringindo a lei. Todavia, de acordo com o pescador MP6, esse órgão fiscalizador deveria rever as suas leis para açudes do sertão: “Estamos tentando até prolongar para o dia 01 de janeiro até o final de abril, porque o peixe produz normalmente sem problema. Não fizeram uma correção, a gente perdeu um mês e a pesca começa quando o peixe está desovando (MP6 - convive a 44 anos no local). “Mas tem um projeto aí que eles estão querendo aumentar pra 4 meses. A gente só sabe quando a portaria chega”. (MP1 – convive a 34 anos no local). 50 Esse relato requer uma reavaliação por parte do IBAMA a respeito das datas estabelecidas para a proibição da pesca em regiões do semi-árido, onde as irregularidades das chuvas são constantes. No caso, no ano de 2008, as precipitações pluviométricas ocorreram já no final de março, logo após a data limite imposta pelo órgão fiscalizador sobre a proibição da pesca para os que estavam cadastrados na colônia de pescadores. Dessa forma, o verdadeiro período de desova não foi respeitado, permitindo que pescadores profissionais e amadores atuassem no açude Jatobá I, sob os auspícios da Lei. Outro problema também observado pelos atores sociais e não encarado como um tal pelos agricultores familiares foi a substituição das macrófitas aquáticas pelo cultivo de capimelefante. Observou-se que quem desenvolve esse tipo de atividade não associa a um impacto ambiental no açude Jatobá. Para eles, isso não causaria nenhum tipo de prejuízo para o ambiente em que se vive. A percepção dos moradores sobre as plantas aquáticas foi que estas deixam o referido corpo aquático sujo, o que estimulava a sua “limpeza”. A substituição das macrófitas aquáticas pelo capim-elefante ou qualquer outro cultivo, infelizmente, não é pontual. Assim, a questão do valor econômico também pode imperar nas ações humanas no meio ambiente. Quando questionados sobre a ocorrência de mudanças nos últimos 15 anos no entorno do açude Jatobá I, os entrevistados relataram sobre as diferenças entre o passado e o presente. Dentre os moradores, 100% contaram mudanças durante as duas décadas passadas, as quais são mostradas na Figura 1.16. Figura 1.16. Percepção de mudanças ocorridas no entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, no intervalo de 15 anos. 51 Dentre as mudanças positivas percebidas pelos moradores (45,5%), houve melhorias decorrentes do desenvolvimento da região (condições de uso do ambiente e eletrificação). Abaixo, seguem algumas citações dos atores sociais que relataram que houve mudanças no local: “Mudou muito. Mudou que não tinha morada, não tinha energia. O governo eletrificou o redor do açude, deu esse direito de nós trabalhar plantando fruteira, planta capim, planta roçado, mudou muito a convivência na vida do Jatobá I que era só a cascata de terra seca. Mudou para muito melhor, é o céu”. (MA1 - vive a 46 anos no local). “Mudou um pouco, porque muitas granjas que tem, muitas chácaras aí ao lado e outras pessoas aí. Muitas, plantas, plantações de coqueiro... é bom, né?”. (MA4 - convive a 32 anos no local) Segundo Bergmann (2007), com relação às mudanças ocorridas, os entrevistados de Giruá-RS, disseram que o ambiente havia melhorado, referindo-se a infra-estrutura e construção de novas casas, porém, poucas pessoas tinham o conhecimento de que esse desenvolvimento se refletia na qualidade de ambiente aquático, no que diz respeito aos múltiplos usos por parte de seus moradores do entorno. Para Scatena (2005), a valoração da paisagem pode estar associada a afetividade em relação ao lugar. Muitas vezes, locais com fortes indicativos de baixa qualidade ambiental, como falta de água encanada, rede de esgoto, coleta de lixo, podem assumir um alto valor pela população local. Já para os moradores que perceberam mudanças ocorridas no entorno desse ecossistema aquático e associaram como um fator negativo (54,5%), um dos principais argumentos foi o descaso com o açude em questão, atingindo além da falta de condições de muitos antigos moradores do seu entorno. Abaixo, segue uma citação de dois moradores que resumem sobre tais mudanças no Jatobá I: “Mudou é que aqui só viviam os verdureiros, né. Plantando a verdura para sobreviver, aí os verdureiros safados foi vendendo aos barão, os barão foi comprando e foram levantando seus prédios de luxo, fazendo suas galerias correndo para dentro do açude Jatobá e lá ficou só tem barão. Você conta os flagelados plantando para sobreviver. Mudou muito por isso! Mudou para pior, porque não tem quem queira trabalhar na beira do açude, querem fazer ‘malvadia’ pra fazer galeria e os cocô deles correr para dentro do açude”. (MA3 - convive a 54 anos no local) 52 “Mudou o escândalo que eles fazem. Não atendem. Pra você vê, naquele tempo, se tivesse uma mulher lavando roupa, eu chegava e pedia e ela saía e não vinha mais, se tivesse alguém lavando carro, pedia e ele saía. Hoje não tem quem faça isso. Você chega e faz o que quiser ali dentro. Não tem mais guarda como tinha antigamente. A noite eles vinham, mas se não desse jeito a gente chamava a polícia. No tempo que eu trabalhava como vigia, quando o açude enchia, as cercas eram tiradas. Agora ele botam até no meio do açude, e os animais mijam, cagam tudo dentro do açude. Hoje piorou”. (MA6 - convive a 48 anos no local) Dentre os pescadores, registrou-se um percentual de mesma equivalência, tanto para os que perceberam as mudanças como positivas quanto negativas, com 44,4%, obtendo-se apenas um pescador que não as percebeu (11,2%). A respeito das mudanças positivas, as condições de pesca, com a criação da colônia de pescadores Z 19 e a fiscalização do IBAMA na área foram os fatores que favoreceram a profissão da pesca no açude. Abaixo, segue uma citação de um pescador do açude Jatobá I: “Mudou, porque logo quando a gente fez esse açude e a gente chegamos aqui pra pescar, a gente não podia nem pescar porque os proprietários não aceitavam, né. Esse povo que foram indenizadas as terras ficaram como donos. Aí a gente chegava pra pescar e eles não queriam aceitar, né. A gente pescava, mas oculto né, quando era bem cedinho, ninguém tava mais dentro d’água, todo mundo tinha tirado o peixe e vendendo na rua. Hoje não, hoje está uma liberdade total porque esse negócio do IBAMA está muito diferente. Depois dessa associação a gente tem direito de pescar não só no Jatobá I, mas em qualquer açude do governo e ninguém diz mais nada, a gente entra em toda a propriedade, sai e ninguém fala mais nada. Mudou tudo”. (MP2 - convive a 48 anos no local). Com a criação da Colônia de pescadores, houve uma melhoria nas condições de pesca e uma padronização dos equipamentos necessários para o desenvolvimento da pesca nos açudes da região, principalmente do açude Jatobá I. Foi com essa Colônia que os pescadores foram instruídos sobre os cuidados com o meio em que atuam, recebendo portarias que determinam ou não a proibição da pesca no local. Percebeu-se que, além disso, os pescadores se sentem mais orgulhosos com sua profissão, que vem se tornando cada vez mais reconhecida com a criação da Colônia. Como mencionado pelos moradores, os pescadores também relataram, como uma mudança negativa que ocorreu durante pelo menos os últimos 15 anos, foi que a venda de terrenos às margens do açude Jatobá I, transformando-se em áreas de laser, nos finais de semana. 53 “De um ano pra cá, a coisa mudou, um não, depois que essa promotora entrou, a coisa mudou no Jatobá I. Porque se via colocar um carro lá dentro do açude, lavava ele lá, chegava com um animal lavava, todo mundo tomando banho, e nós consumindo a água do Jatobá I. Isso é uma das coisas negativas. Aqui também havia umas plantações de fumo, era logo aqui no bar da mangueira e ao lado da ilha do Antero, faz mais ou menos uns 15 anos que pararam. Os produtores de verduras começaram a vender os terreninhos para as pessoas mais recursosas, para transformar em área de laser. Isso é uma coisa que mudou e continua mudando. Para o açude mudou para pior. Para quem comprou, tem uma área de laser, quer divertir brincar, ta bom. Mas não deixa de jogar um copo descartável, uma garrafa e outras coisas mais”. (MP6 - convive a 44 anos no local) Esse fato vem ocorrendo devido às pressões econômicas ou faltas de incentivos, tornando a vida dos agricultores pobres, muitas vezes no limite da sobrevivência, difícil, impedindo que estes continuem em suas propriedades, pois muitos deles não encontrando condições suficientes para manter suas famílias nas propriedades rurais, vendem a terra à procura de melhores oportunidades, muitas vezes nas cidades. Os antigos proprietários, que há muito tempo convivem uns com os outros em prol das plantações e criações de animais, vivendo de ajuda mútua, não aceitaram com empatia os antigos posseiros que decidem vender suas propriedades no entorno do açude. Assim, os novos proprietários que adquiriram as terras para transformá-las em áreas de lazer, para os antigos moradores que ali permaneceram, não são considerados como igual, o que inicia uma relação de antipatia entre os antigos e os novos moradores do entorno do açude. A Figura 1.17 mostra o que vêm acontecendo nos últimos anos nas margens do açude Jatobá I. Figura 1.17. Construções particulares em áreas irregulares (Área de Proteção Permanente - APP) impedindo o livre acesso da população do entorno ao açude Jatobá I, na cidade de Patos-PB. 54 Assim, foi questionado aos entrevistados, em relação à vivência e a sua profissão nesse açude, se estes gostavam mais do açude Jatobá I antigamente ou nos dias atuais. Dentre as respostas dos pescadores, 55,5% disseram que gostavam mais antigamente e 11,5% nos dias de hoje, enquanto que os moradores o percentual atingiu 36,6% tanto para os que afirmaram gostar do açude nos dias de hoje, quanto antigamente. Já os atores sociais que responderam “tato faz”, estes disseram “gostar do açude da mesma maneira”, onde o percentual dos moradores e pescadores alcançou 27,3% e 33,3%, respectivamente (Figura 1.18). Figura 1.18. Opinião dos atores sociais sobre a convivência no açude Jatobá I, se era melhor antigamente ou nos dias de hoje. Uma das respostas mais freqüentes fornecida pelos pescadores que disseram que gostavam mais do açude nas épocas passadas, a “Batida de Buia” (uma prática de pesca predatória proibida por lei, que consiste em cercar uma área com redes de malhas, geralmente em locais de grande concentração de macrófitas aquáticas, e promover uma pancadaria na água, provocando a fuga dos peixes dos esconderijos, por ficarem atordoados com o barulho, forçando-os a ficarem presos na malha), seguido pelo aumento do número de pescadores (cadastrados) atuando no açude Jatobá I, implicando na diminuição de peixes. Abaixo, segue um relato de um pescador a respeito desse assunto: “Gostava mais antigamente, porque não tinha esse mutirão não, o mutirão o pessoal bate buia e acaba a produção. Quando fizeram o mutirão aí acanalharam mesmo. Quando não tinha o mutirão você podia amarrar uma linha na mão assim, você enchia o saco de peixe, mas depois que fizeram esse mutirão é tarrafa, é buia, aí acaba a produção de peixe”. (MP5 convive a 24 anos no local) 55 Corroborando com a informação acima, Pinheiro (2004), observou nas respostas fornecidas pela população ribeirinha do rio Piraí, Joinville-SC, com relação a conhecimentos práticos com a Ictiofauna, que onde havia atividade antrópicas nesse ambiente lótico, percebeu-se uma diminuição de peixes por parte dos entrevistados. Sendo assim, foi perguntado aos pescadores se aumentou ou diminuiu a quantidade de peixes no açude Jatobá I de um tempo para cá. O número de pescadores entrevistados que afirmaram que aumentou a quantidade de peixes foi de 55,5%. Entretanto, os que afirmaram um aumento de cardume no açude Jatobá I, justificaram que, embora tivesse muito peixe, pois foram introduzidos vários tipos de alevinos pelos próprios pescadores, não estavam sendo capturados devido à “frieza” da água, como mostrado no depoimento abaixo: “Tem aumentado ultimamente, porque o pessoal sempre solta e esse ano foi muito bom de inverno então vem peixe de todo canto. No momento não ta dando devido a frieza da água, mas tem muito peixe tem. O peixe no tempo frio não sai não. A água estando gelada, o peixe não anda”. (MP3 - convive a 21 anos no local) Em análises físicas e químicas da água realizadas no açude Jatobá I, constatou-se que no período de estiagem, entre julho a setembro de 2008, a temperatura chegou ao valor médio de 24,6 ºC, devido às fortes ventanias que ocorriam. Mas para 44,5% dos pescadores, a pesca predatória estava acabando com o estoque de peixes do açude Jatobá I, mesmo com a introdução de alevinos. Isso mostra que existe uma competição desleal entre os pescadores clandestinos e os cadastrados pelo IBAMA. Abaixo, segue um relato de um pescador entrevistado: Diminuiu, e muito, porque através dessa buia. O peixe não cai porque ele é para cair... ele é empurrado. Faz um cerco num canto lá e desce o cacete. É claro que o peixe vai correr. Tem gente que pega mais de 100 Kg de peixe. Se ele não bate a buia, no normal ele pega 15, 20, 25 peixes, no final de semana ele ta com um mói de peixe. Mas não, o pescador tem olho grande e quanto mais pegar ele trás tudo de uma vez. Até tilápia que a gente nunca costumava pegar de anzol, tinha tanto no açude que onde a gente pescava pegava. Hoje em dia você não vê isso mais. (MP9 - convive a 22 anos no local). Outro problema encontrado no açude Jatobá I, embora não tenha sido relatado pelos atores sociais, diz respeito à introdução de espécies exóticas, como a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus). Apesar dos benefícios sócio-econômicos que a introdução desta espécie pode trazer para a região, esta pode causar também inúmeros problemas ambientais. 56 Cardoso (2006) e Marinho et al., (2006), ambos estudando os açudes do Cariri paraibanos, dizem que a introdução da tilápia nos ambientes aquáticos do Nordeste acarreta a extinção de espécies nativas e alterações na qualidade do habitat. A respeito disso, foi questionado quem deveria cuidar do açude Jatobá I. A maioria das respostas, tanto pelos pescadores quanto dos moradores atingiu 63,6% cada, diz que os órgãos públicos ou governantes são responsáveis pela integridade do corpo hídrico, onde esta não se incluía na responsabilidade por participar de tal fiscalização. Enquanto que 36,4% dos moradores e 9% dos pescadores afirmaram que todos deveriam ter consciência e cuidar do açude Jatobá I, sejam a população, os órgãos públicos competentes e os governantes (Figura 1.19). Figura 1.19. Opinião dos atores sociais a respeito de quem deveria cuidar do açude Jatobá I, Patos-PB. Algumas citações foram destacadas: “Acho que todo esse povo que mora aqui, os da cidade, os de fora, os fiscais do governo. Todos têm que ter a responsabilidade”. (MA1 - convive a 46 anos no local) “Os Governantes. Porque os governadores que entram não olham para açude Jatobá I. Você vai num baldo do açude que você vê que não é um baldo”. (MA3 - convive a 54 anos no local) “O IBAMA e o pessoal que usa o Jatobá I. Todo mundo, porque se não for assim, ninguém sai ganhando”. (MP9 - convive a 22 anos no local) “Todo mundo tem que ter a consciência de que esse açude deve se cuidado, porque ele serve para todos. Mas seria bom se os órgãos do governo intensificassem a fiscalização aqui”. (MP2 - convive a 48 anos no local) Os entrevistados cujas respostas incluem que somente os órgãos públicos devem fiscalizar e cuidar do açude Jatobá I, inserem a estes toda a responsabilidade de zelar pela 57 integridade desse ambiente aquático, excluindo-se de qualquer responsabilidade, não tomando nenhuma providência a esse respeito. Alda e Rodrigues (2005) também constaram essa visão unilateral quando questionaram a comunidade ribeirinha pelo destino do rio Magu, no Estado do Maranhão, onde as respostas indicavam que os órgãos públicos ou governo deveria cuidá-lo. Segundo a lei nº 9433 de 8 de janeiro de 1997 capítulo I, inciso VI, a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do poder Público, dos usuários e das comunidades. Já o artigo 162 do Código do meio ambiente de Patos diz que qualquer pessoa pode denunciar a prática de infração ambiental ou dirigir representação por escrito a SEMADS, para efeito do exercício do seu poder de polícia, cabendo aos seus servidores apurar de imediato as denúncias que chegarem ao seu conhecimento, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade nos termos da lei. Sendo assim, boa parte dos atores sociais entrevistados desconhece sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH), pois não se sente responsável por ajudar na fiscalização do açude Jatobá I. Os pescadores, ao contrário, por estarem relativamente organizados pela Colônia Z 19, e por terem o IBAMA como principal parceiro, estes conhecem, em sua maioria sobre tais políticas. Pinheiro (2004), estudando a percepção ambiental da população ribeirinha do rio Piraí, Município de Joinville, Santa Catarina, constatou que os moradores criticam e fiscalizam quando há problemas relacionados com irregularidades com a pesca no local, indicando uma preocupação para com a conservação da ictiofauna. Nesse trabalho, foi verificado um indício da existência de uma etnoconservação local, pois muitas vezes, pescadores amadores eram abordados com violência por estarem usando equipamentos proibidos. Zitzke (2002) diz que o conhecimento do ambiente em sua totalidade (biológico, político, social, cultural, econômico, estético, educacional, paisagístico, sanitário, religioso, etc.) e dos problemas que estão associados a ele e da presença da humanidade nele, é fundamental para que os indivíduos e grupos sociais obtenham uma responsabilidade crítica. Isto leva a uma análise do próprio comportamento, a uma mudança de atitude, de procedimentos individuais ou coletivos, ou seja, uma ação, e não se restringir a um “conformismo social”, substituindo a ação pelo comportamento, como vêm fazendo a sociedade contemporânea. Durante a realização da observação participante, registrou-se em quase todo o entrono do açude que a criação de animais, principalmente a bovina, estava presente, como mostrado na Figura 1.20. 58 Figura 1.20. Criação de animais no entorno do açude Jatobá I, Patos-PB, no período de março, antes das chuvas. Sendo assim, quanto à questão da criação de animais, foi questionado aos moradores e pescadores se estes achavam que de alguma forma prejudicam as águas do Jatobá I. Das respostas fornecidas, houve dois grupos de representações, tanto para pescadores quanto moradores: os que dizem que acarretaria problemas, uma vez que todos os dejetos desses animais seriam, direta ou indiretamente, misturados com a água; e os que dizem que não faz mal algum para a qualidade da água. Entretanto, apenas dois atores sociais, equivalente a 10% das respostas não souberam responder sobre o assunto. A seguir, os depoimentos transcritos por alguns do atores sociais: “É claro, porque só a urina, o esterco, quando chove corre tudo pra dentro, né”. (MA2 – convive a 48 anos no local) “Preciso dizer? É o cocô e os xixi das vaca tudo indo pra dentro do açude. É uma imundice”. (MA3 - convive a 54 anos no local) “Um pouco, por exemplo na Universidade o gado come dentro d’água. Faz todo trabalho ali. O gado mija, caga, porque entra em contato com a água e de todo jeito polui. A poluição é mínima porque é muita água, mas se fosse menos água...” (MP3 - convive a 21 anos no local) “Não, não prejudica porque o seguinte, o gado que vive ao redor do Jatobá I todos tem cuidado nos seus gadinhos. Se alguma sai, na mesma hora eles vão buscar. Às vez, tem algumas que bebem água, mas sai logo. Não vou informar você sobre mentira. Eles mesmo tem higiene no Jatobá I, eles usam a água, mas não deixa os bichos fazer de jeito nenhum seboseira ao redor d’água não”. (MA1 - convive a 46 anos no local8) “Não, porque não sou contra a ninguém, cada qual cuida de sua vida. Não porque esse gado não vai para dentro d’água, só fora, e pra prejudicar é aquelas águas que vem das roças, desses pés-de-serra, e animal do mesmo jeito”.(MP2 - convive a 48 anos no local) 59 Inclusive, um dos moradores entrevistados afirmou que o gado evitaria doenças para a cidade, o que para ele, a presença desse animal no Jatobá I é algo de útil não só para o dono, como para as populações vizinhas. Abaixo, segue a sua citação: “De jeito nenhum. O estrume de gado serve até de remédio. O bafo de gado se o cara fizer uma casa pra morar e faça um curral para sentir o bafo do gado serve até de remédio. Aqui em Patos teve um tempo que trouxeram o gado de fora para curar a bexiga. Urina de gado, quando eu morava no sítio, quando tinha conjuntivite e amanhecia com os olhos pregados a gente lavava com urina de gado. O estrume serve de adubo para a terra”. (MA9 convive a 43 anos no local) Ribeiro (2004), diz que perceber, todavia, não é um ato que depende apenas do ambiente em si, pois o que o indivíduo percebe nem sempre é o que o ambiente é, mas o que seus sentidos apreendem a partir de seu filtro cultural. Ou seja, que a percepção do ambiente está estreitamente ligada com a história e a cultura que fora impregnado. Do ponto de vista limnológico, Moredjo (1998) diz que a pecuária, apesar de ser exercida em pequena escala, também pode influenciar negativamente a qualidade da água através da defecação dos animais que circulam livremente nas margens do ambiente aquático. No presente trabalho, foram feitas análises da água realizadas no açude Jatobá I demonstrando os níveis das variáveis Amônia, Nitrito, Nitrato e Fósforo total (141,59 µg NH3/L, 6,88 µg NO2/L, 43,21 µgNO3/L e 99,84 mgPO4/L, respectivamente) as quais não ultrapassaram os índices recomendados pelo CONAMA para açudes destinados ao abastecimento (ver Apêndices e Anexos), indicando que, mesmo com a criação de animais nas margens do açude, não ofereceu grande risco para a qualidade ecológica do açude em questão. Após essas perguntas, para saber em qual o grau de qualidade em que o açude Jatobá I se encontrava, na percepção dos entrevistados, foi questionado se o mesmo ambiente aquático era considerado limpo ou sujo. Na Figura 1.21, mostram, em porcentagem, as respostas dos moradores e pescadores. 60 Figura 1.21. Consideração dos atores sociais entrevistados sobre se o açude Jatobá I se encontrava limpa ou suja. Das respostas obtidas pelos moradores, 54,5% obteve-se que o açude se encontrava limpo, enquanto que os pescadores (33,3%) afirmaram que a água estava igualmente limpa. Dentre as respostas dos atores sociais entrevistados, MA1 mereceu destaque devido a sua argumentação, como mostrado abaixo: “O açude mais limpo da região e do estado é o açude Jatobá I. Falam em poluição, mas é o açude mais limpo é o Jatobá I. Qual é o açude que não tem poluição? Que o açude de Coremas tem 35 cidades despejando todo desperdício pra dentro de Coremas. Jatobá I é o açude mais limpo que tem porque tem o bairro do alto da Tubiba, um pedaço do São José do Bonfim, e das fazendas dos fazendeiros da região”. (MA1 - convive a 46 anos no local). Verificou-se, no entanto, que as respostas mais freqüente com relação a qualidade da água, por parte dos pescadores, foram enquadradas na categoria “meio termo” pois estes justificaram que “dependendo do local onde eles estivessem, a água era limpa ou suja”. Isso pode ser devido a estes profissionais percorrerem, em suas canoas, uma grande distância de um ponto a outro do açude, o que os faz perceber uma realidade, embora não cientificamente comprovada: de que haja locais mais e menos poluídos. Para os moradores, ao contrário, eles que se ajustam aos seus meios de subsistência em função de suas propriedades e/ou negócios, onde muitas vezes ficam limitados, mostramse mais generalistas com relação aos problemas do seu ambiente. Sendo assim, se suas propriedades estiverem inseridas dentro de lugares bastante impactados ou não, a sua 61 percepção, restrita àquele lugar, tende a crer que todos os outros locais estão igualmente impactados ou não. A “crendice” entre os atores sociais é de que a água do Jatobá I é boa. Isso motiva a que muitos pescadores e moradores do seu entorno a ingeriram in natura, sem qualquer tipo de tratamento ou receio de contrair doenças. Baseado nisso, foi questionado se os entrevistados bebem água do próprio açude, sem nenhum tratamento. As respostas foram que os pescadores consomem água como uma última alternativa, caso a sua água trazida de casa para o seu consumo, durante o trabalho, tenha se esgotado ou os mesmos tenham esquecido de levá-las. Assim, muitos pescadores afirmaram que, sem quaisquer constrangimentos ou temor captam a água diretamente do açude para consumi-la, como verificado em depoimentos: “Quando a gente ta pescando, a gente bebe água do açude mesmo. As vezes a gente esquece de levar a água de casa”. (MP1 - convive a 34 anos no local) “Bebo. Sempre faço isso quando saio na canoa”. (MP4 - convive a 49 anos no local) “Às vezes eu pego uns gole d’água quanto tou na pescaria. Quando dá a sede, eu tomo. Só num tomo quando ele ta secando muito”. (MP2 - convive a 48 anos no local) “Só quando a água que eu levo para beber de casa não dá, aí é que eu pego a água do açude Jatobá I. Mas prefiro minha água gelada”. (MP2 - convive a 48 anos no local) Já para os moradores, o consumo in natura da água do açude é menos frequente, encontrando-se apenas cinco moradores (45,5%) que disseram que beberiam água sim, enquanto que a maioria deles (54,5%) respondeu que preferia água tratada (da CAGEPA). Embora as respostas negativas fossem as mais frequentes entre esse grupo, não houve um forte argumento para justificar esse fato. Abaixo, seguem algumas citações dos moradores sobre essa questão: “Não, porque só gosto de água tratada”. (MA1 - convive a 46 anos no local) “Não e nem quero. Porque esse açude é uma imundice”. (MA3 - convive a 54 anos no local) 62 “Ah, quando tou passeando pelo açude e dá vontade de tomar água, eu bebo ali mesmo e não só sou eu que faço isso não”. (MA7 - convive a 15 anos no local) “Bebo sim. Aqui ela é limpa e só cato água onde tem goife (ninféias)”. (MA9 - convive a 46 anos no local) Durante uma entrevista realizada com o morador identificado neste trabalho como MA7, na margem do Jatobá I, no momento em que foi questionado se este beberia água do próprio açude, o mesmo fez uma pausa nos seus relatos, entrou no açude e, justificando que estava com sede, começou a ingerir a água na zona litorânea. Essa atitude foi registrada, como mostra a Figura 1.22, no mês de fevereiro de 2008, uma semana antes das primeiras chuvas, momento em que o corpo aquático estava com 35% da sua capacidade (ver anexos). Figura 1.22. Ator social do entorno do açude Jatobá I consumindo a água diretamente do açude, sem qualquer tratamento. Lemos e Guerra (2004), estudando a percepção ambiental no meio rural em MaquinéRS, verificou que a grande maioria da população da localidade ainda utilizava a água sem nenhum tipo de tratamento. Os autores disseram que o consumo de água in natura por grande parte dos seus entrevistados pode ser considerado um grave problema de saúde pública. Os mesmos ainda afirmam que as doenças relacionadas com a água, e que afetam a saúde do homem, são muito difundidas e abundantes nas áreas rurais dos países em desenvolvimento e sua incidência depende de diversos fatores, dentre eles a distribuição, a quantidade e qualidade da água de abastecimento. No presente trabalho, foram realizadas análises da água do açude Jatobá I, verificando-se que as variáveis ambientais Alcalinidade, Dureza Total e Salinidade Total (ver Capítulo II e Apêndices) atingiram valores médios de 11,2 mg CaCO3/L, e 43,8 mg 63 CaCO3/L e 0,1 mg/L, respectivamente, indicando que, principalmente quanto a terceira variável, estava dentro dos limites estabelecidos pela resolução do CONAMA, sendo classificada como água doce esse corpo aquático, comprovando-se, assim, as afirmações dos entrevistados (ver Anexos). Entretanto, neste trabalho não foram realizadas análises de coliforme fecal e total, o que ainda pode oferecer riscos a saúde humana. Foi perguntado aos entrevistados sobre a percepção da fauna aquática no açude Jatobá I. A maioria dos atores sociais teve dificuldade em lembrar os nomes de animais que vivem na água do ambiente em questão, exceto quando se tratava de peixes, cujas respostas atingiram 70,3% entre os pescadores e 45,1% para os moradores do entrono do Jatobá I. Abaixo, estão destacadas os grandes grupos de animais (Figura 1.23). Observa-se que para os moradores, estes perceberam os animais que foram mais visíveis fora da água, como aves, anfíbios e invertebrados. Ao contrário, o mais perceptível para os pescadores foi a fauna aquática propriamente dita ou que vive boa parte do tempo debaixo d’água. Muitas vezes, os entrevistados constantemente percebiam outros organismos aquáticos no seu dia a dia, mas, ou não eram lembrados por entenderem que tais animais eram insignificantes, comercialmente falando, ou por não saberem o nome vulgar do animal. Os pescadores foram mais precisos lembrar-se da fauna aquática em relação aos moradores. Isto, sem dúvidas, pode estar associado ao tipo de contato que estes profissionais da pesca possuem em relação ao ambiente. Acostumados a não só da pesca no açude Jatobá I, mas de outros corpos aquáticos, os pescadores passam a perceber que esses tipos de animais são comuns na maioria dos ecossistemas aquáticos. Dentre os animais aquáticos listados pelos atores sociais, o Tucunaré foi o mais representativo, tanto para os pescadores (11,2%) quanto para os moradores (8,3%). A tilápia e o piau foram também muito comentados pelos pescadores, atingindo 10% cada, do total de respostas. Já para os moradores, a traíra e a piaba alcançaram cada uma, o percentual de 6,9%. 64 Figura 1.23. Lista de animais aquáticos de açude Jatobá I, Patos-PB, percebidos pelos atores sociais do seu entorno. Os peixes mais lembrados pelos pescadores podem estar associados ao valor econômico atrelados a estes, uma vez que a sua procura é freqüente no mercado, por serem 65 muito apreciados pela população local, principalmente em bares e restaurantes especializados nessa culinária. Já a Piaba e o camarão, comumente utilizados como isca para a obtenção de peixes como o tucunaré ou da traíra, (peixes carnívoros), não possuem o mesmo valor atrelado aos dois primeiros, por ser apenas um instrumento para a obtenção daqueles. Constatou-se, durante as observações participantes realizadas nas entrevistas, que todos dos pescadores consideram o camarão como se fosse mais uma espécie de peixe, embora a aparência fosse totalmente diferente. Dentre as aves mais percebidas, o Marreco e a galinha d’água foram os mais comentados, o que também se associa ao valor atribuído a esses animais, uma vez que são alvos da caça no açude Jatobá I. Para os invertebrados aquáticos, a percepção dos atores sociais foi relativamente baixa em relação a outros animais. Dentre esses, o “cachorrinho-d’água” foi o mais comentado, com 4,1% do total de respostas, onde foi observado que havia um equívoco no reconhecimento desse animal, pois na verdade, os entrevistados estavam se referindo às Náiade (ninfas) de Odonata (libélulas) ou às suas exúvias (exoesqueleto mudado), muito comuns nas margens do açude. A Pomacea lineata (aruá) e o Melanoides tuberculata (aruá-parafuso), embora muito visíveis no açude, foram pouco comentado pelos entrevistados, onde se alcançou 1,4% para moradores e 1,2% para pescadores, respectivamente. Diante de tantos animais percebidos, propôs-se aos entrevistados expor a sua opinião sobre a importância dessa fauna aquática para o açude Jatobá I ou para o homem. Para os atores sociais, houve dois grupos de representações: os que conheciam sobre os animais aquáticos e o grupo que nada sabia a respeito. A maioria dos moradores não sabia ou não associaram a importância desses animais aquáticos (incluindo até os peixes) para o açude Jatobá I ou para o homem atingindo um percentual de 54,5%, enquanto que 45,5% souberam. Já entre os pescadores, a maioria (66,6%) sabia sobre a importância desses animais para o ambiente aquático e para o ser humano, enquanto que 33,4% não souberam responder. Um dos entrevistados, pertencente ao grupo de pescadores, comentaram a respeito da banha de traíra e de cágado como remédios de grande importância contra certas doenças adquiridas pelo homem. As citações abaixo mostraram um conhecimento de alguns atores sociais em relação aos animais aquáticos: 66 “Para o homem é um alimento bom. O peixe se você está doente, sai da carne vermelha e come a carne branca. O caldo do peixe cura a gastrite. E o camarão também! A importância deles para o açude Jatobá I é com que eles comem muita porcaria, eles fazem uma limpeza muito boa eles comem. Só não comem tudo porque tem demais, né”. (MA4 - convive a 32 anos no local). “Não. A gente sabe da banha do cágado, que é muito remédio para a garganta, a banha da traíra para moquisse, dor de ouvido. Foi um médico mesmo que ensinou pra a gente. É muito procurado a banha da traíra. Quer dizer, tem sim, o camarão pra pescar e comer”. (MP1 - convive a 34 anos no local) “Acho que é para alimentar outros animais. Fora o camarão e peixe, para o homem nenhuma utilidade”. (MA4 - convive a 32 anos no local) “Tem sim, o aruá se alimenta muito desses micróbio como mucuim, acho que não tem mais mucuim por causa do aruá. As tilápias que morrem a traíra comem. Tem e não tem, porque eles limpam o açude para nós. Como muito os mucuins e muitos insetos dentro d’água, como a barata-d’água que a gente tem mede demais” (MP5 - convive a 24 anos no local). “Alguns insetos servem de alimento para outros. Muitas mariposas e mosquitos, com o abrir do sol cai na água, quer dizer, aquilo é alimento para o peixe. Tem pescadores que se aproveitam daquele momento. Tem alguns que servem de isca, né, o aruá mesmo tem gente que faz de isca dele. Outros a ova do aruá serve para remédio” (MP3 - convive a 21 anos no local). Foi perguntado aos atores sociais a respeito de uma massa rosada que fica incrustada nas estacas ou pedras no meio do açude Jatobá I, mostrada na Figura 1.24. Figura 1.24. Postura do gastrópode Pomacea lineata (popularmente conhecida como “ova de aruá”) incrustadas em estacas dentro do açude Jatobá I. 67 Das respostas obtidas, 100% dos atores sociais (moradores e pescadores) reconheceram ser a “ova de aruá” ou do “lolô”, informando esses ovos macerados serviam de remédio para dor de cabeça, doenças respiratórias e “gastro” (feridas que surgem na boca de crianças de colo). Estes ainda afirmam que as pessoas mais velhas vêm ao açude coletar essas posturas os respectivos tratamentos. As respostas de alguns moradores foram destacadas a seguir: “O aruá nunca se acaba não. Quando o açude vai baixando na parede do sangradouro fica aquelas ovinhas tudo pregadinha na parede, eles gostam muito. Para gastro de criança. Usa pra fazer o chá. Machuca ela, aí coloca água morna dentro, côa e dá a criança para aquele gastro intestinal da criança e cura até tuberculose”. (MA4 - convive a 32 anos no local) Para os pescadores, o conhecimento sobre a importância da fauna aquática obteve um percentual de 66,6%, associando principalmente o valor econômico dos peixes no comércio ou na alimentação humana. Com relação à mesma fauna existente no Jatobá I, foi questionado aos atores sociais se os problemas como poluição na água, criação de animais na beira desse açude, entre outros problemas, poderia prejudicá-la, pedindo-se para que eles justificassem suas respostas. Dentre as respostas, 80% dos entrevistados disseram que sim, à fauna seria prejudicada; 10% responderam que não prejudicava e os outros 10% não responderam sobre o assunto. As justificativas mais freqüentes estão destacadas nos depoimentos a seguir. “Enquanto tiver muita água acho que não, mas quando a água for diminuindo, pode prejudicar sim, porque a água está poluída. Um animal tem o mesmo intestino do ser humano... do jeito que você se prejudica com uma coisa que não presta... o animal também se prejudica”. (MA4 - convive a 32 anos no local) “Pode, porque contaminar né. Vamos dizer assim, se tiver um bocado de saco plástico, quer dizer, entra um camarão, entra um peixe, entra piaba, entra inseto, esses bichinhos da água né, não sai, morre. Porque a água fica presa, não tem que movimentar? Se vai enchendo de peixe, os peixes morre, apodrece tudo, porque o peixe quando morre solta um gás da carne, fica quando ta podre. Fica aquele oleozinho boiando por cima na água do gás. Isso aí se acumular muito apodrece. Que eu já vi açude secando e os peixes morrendo e a gente não chega nem perto. Junta urubu”. (MA7 - convive a 15 anos no local). “Sim, porque de todo jeito eles se alimentam na água, vive na água. Aquilo através da sujeira pode prejudicar. Pode ir afetando o oxigênio da água e acabando com aqueles animais”. (MP1 - convive a 34 anos no local) 68 “Eu creio que prejudica, por causa da sujeira. Já teve época que tinha cachorro morto dentro d’água, aquele bicho tando em cima, já ta comendo a sujeira mesmo. Mas, na minha opinião prejudica”. (MP9 - convive a 22 anos no local) Com base nas respostas dos entrevistados, observou-se que estes tinham noções básicas dos efeitos que a poluição poderia causar para os animais, o que leva a crer que os atores também estão integrados com os animais no ambiente, associando a falta de oxigênio e a decomposição da matéria orgânica na água. Foi proposto aos atores sociais citar e justificar algum animal aquático que apresentassem um potencial risco para a saúde humana. Os resultados obtidos indicaram que 58,3% dos moradores e 15,4% dos pescadores não sabiam ou disseram que não existia tais animais no açude Jatobá I. Dentre os que apresentavam perigo para o homem, a cobra foi a mais citada entre os pescadores (30,7%), enquanto que para os moradores o “aruá” e a “barata-d’água” representaram 16,6% para ambos. A Tabela 1.2 mostra as respostas obtidas. Tabela 1.2. Percepção dos atores sociais sobre animais existentes no açude Jatobá I que oferecem riscos para o ser humano. Animais potencialmente perigosos Aruá Barata - d’água Sanguessuga Cobra Sapo Cangati Não sabe Moradores (%) 16,6 16,6 8,3 58,3 Pescadores (%) 23 30,7 15,4 7,7 7,7 15,4 Como mostrado nos resultados, a cobra foi o animal mais apontado pelos pescadores. Isso pode ser explicado devido a grande quantidade de capim elefante e herbáceas existente nas margens do açude Jatobá, principalmente na época das chuvas, associado ao horário de trabalho de muitos pescadores, que geralmente iniciam a pescam na madrugada ou no final da tarde, horários que favorece o animal. Contudo, outros atores sociais disseram que antigamente esse animal era o mais perigoso do açude jatobá, mas devido às atividades humanas no entorno do açude, as cobras desapareceram. Abaixo, segue o depoimento desse ator social: 69 “Não, a beira d’água aqui é mansa, é tranqüila. Até para as cobras é tranqüila, é muito difícil as cobras pica aqui na beira d’água.acho que é porque vive desmatando direto que elas procuram sair, não tem apoio para eles, Hoje eles fazem uma limpeza, vive queimando, bota fogo ma beira d’água, acho que mata, né”. (MP4 - convive a 49 anos no local) As respostas indicam que existe um mito de que o corte da concha do molusco Pomacea lineata, vulgarmente conhecido como “aruá”, entre os moradores e pescadores, pode transmitir um verme que causa um tipo de doença para o homem. Esse tipo de informação equivocada foi muito comum entre os entrevistados. Além disso, o corte dessa concha, segundo pode causar profundos corte para banhistas ou pescadores que entram descalços no açude Jatobá I. Abaixo, segue um depoimento de um pescador sobre o assunto: “O aruá, quando a gente pisa em cima a se corta, pra cicatrizar dá trabalho e não vou me aprofundar nessa área, mas diz que ele transmite uma doença, quando você sofre um corte, diz que transmite uma doença”. (MP6 - convive a 44 anos no local) A barata-d’água também foi um dos animais apontados, pelos moradores e pescadores, que oferecem perigo ao homem, devido a sua picada que pode ocasionar fortes dores, como também causar doenças. Um dos pescadores até descreve o que pode causar a doença, como a citação abaixo: “A barata d’água, dá logo febre e dor de cabeça na hora quando pica a gente. O aruá quando morre porque se você andar descalço e pisar nele ele faz um estrago feio no seu pé, é que nem uma navalha. ela tem um ferrão, o grande, mas não é o ferrão dela não, ela joga no cabra é a urina. É como um ácido. Ai pega no cabra e queima feito a moléstia. Uma vez peguei uma e disse:”vou saber mesmo se é a urina dela mesma. Espremi e joguei na minha testa, fui no céu e voltei. É a urina”. (MP5 - convive a 24 anos no local) A “urina” designada pelo ator social, na verdade é uma substância que sai do seu aparelho picador-sugador. Segundo Epler (2006), diz que esses os Heteropteras (como por exemplo, a barata-d’água) possuem digestão extracorpórea, liberando suas enzimas digestivas em suas presas. Também foi identificado um mito cultural entre os pescadores, pois estes acreditam que o osso do sapo (Buffo sp.) pode apresentar um potencial risco a saúde dos atores sociais que entram desprotegidos no açude Jatobá I, como em outros açudes. Segundo a sua 70 “crendice”, o osso desse animal pode aleijar e/ou até matar àquele, como segue a citação abaixo: “Alguns. Sapo vive dentro d’água, em contato com a água. O sapo morre e se a gente pisar no osso do sapo aí é fatal, sem ver né. Aleja, isso prejudica. O sapo é um dos piores insetos que é capaz de matar com uma furada” (MP3 - convive a 21 anos no local). Um peixe, vulgarmente conhecido como “cangati” também foi apontado como um animal que oferece perigo ao ser humano, uma vez que sua nadadeira dorsal apresenta um espinho. Para os banhistas que entram no Jatobá I desprotegidos, pisar nesse animal significa muitas dores, como a citação do pescador entrevistado abaixo: “O cangati também, ele tem uma asas assim. Ele tem um esporão, na hora que ele pega você ele trava sangra na hora” (MP3 - convive a 21 anos no local). Apenas 8,3% dos moradores disseram que as Sanguessugas (também chamado por eles de Xamixugas) apresentavam perigo para o homem, pois estes se alimentam do sugando o sangue, como o próprio nome sugere. Entretanto, houve um contra-senso entre os atores sociais, pois determinados relatos destes afirmaram que existem sanguessugas no açude Jatobá I (45,5% e 33,3% para moradores e pescadores, respectivamente), enquanto que o outro (54,5% e 66,7%, também respectivo aos moradores e pescadores) afirmam que não existe esse animal no Jatobá I. Foram realizadas análises de invertebrados aquáticos no referido açude, e foi constatada, de acordo com a metodologia utilizada, que não houve registro da presença do animal. 71 1.4. CONCLUSÕES Os atores sociais entrevistados apresentam uma forte topofilia no local onde residem, devido ao tempo médio de convivência no açude Jatobá I, onde oferece recursos e contato com a natureza. Dos entrevistados, boa parte vive somente do que o açude Jatobá I oferece, tornando-se um local/recurso para a sobrevivência de muitas famílias. A maioria dos atores sociais do entorno desse açude percebe mudanças no ambiente decorrente das atividades humanas, porém, não se articulam para que haja mudanças no panorama em que o açude Jatobá I se encontra, esperando sempre que os órgãos públicos atuem no local. Os moradores e pescadores reconhecem que alguns impactos causados no açude Jatobá I podem comprometer, direta ou indiretamente, a fauna aquática que coabitam no mesmo, reconhecendo que alguns deles são importantes para o açude e para o homem. Embora a quantidade de peixes tenha aumentado, devido à introdução de alevinos no açude Jatobá I por parte dos pescadores, estes reclamam que a pesca predatória tem contribuído para a escassez desses animais. Apesar de a percepção ser uma linha de pesquisa recente, acredita-se que esta possa contribuir nos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos públicos e educadores que poderão aplicar os métodos utilizados nesta pesquisa com o intuito de compreender melhor o dia-a-dia dos atores sociais de baixo poder aquisitivo, e, de uma forma mais concreta, fazer algo para amenizar os problemas sócio-ambientais. 72 REFERÊNCIAS ALDA, A L R.; RODRIGUES, M S. Avaliação da percepção ambiental: estudo de Caso da comunidade ribeirinha da Microbacia do Rio Magu. In: Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 15. Jul/Dez p181-195, 2005. BERGMANN, M. Análise de percepção ambiental da população ribeirinha do rio Santo Cristo e estudantes e professores de duas escolas públicas, município de Giruá-RS. Dissertação de Mestrado apresentado à Pós-Graduação em Ecologia/UFRS, Porto Alegre, 104f, 2007. BIERNACKI, P.; WALDORF, D. 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As coletas foram realizadas durante a estação chuvosa (abril a junho/2008) e de estiagem (julho a setembro/2008), sendo acompanhadas, algumas vezes, por estudantes e professores daquela escola, onde foram utilizados como substrato 1 kg de brita 25 para cada cesto de polietileno (no total de 35 para cada ponto) por dez semanas em cada estação e concomitantemente foram determinadas algumas variáveis ambientais para correlacionar com os dados biológicos. Ao longo do estudo, registrou-se uma riqueza máxima de 37 táxons, destacando-se: Insecta, Gastropoda, Annelida e Crustacea, sendo estes apresentados - in vivo para os estudantes em campo. As análises da taxocenose dos invertebrados indicaram diferenças temporais entre os dois períodos sazonais, com variações na composição faunística e nas variáveis ambientais. Constatou-se também uma maior riqueza do zoobentos na estação chuvosa quando comparados com o período seco, porém a maior quantidade desses animais foi registrada nos meses sem chuva. Portanto, faz-se necessário enfatizar que o uso de substratos artificiais pode caracterizar a estrutura e a dinâmica de biocenoses que se constituem numa eficiente ferramenta no monitoramento da comunidade zoobentônica e na qualidade ambiental em corpos aquáticos do semi-árido paraibano.Essa ferramenta é de grande importância para se ministrar aulas de campo para alunos da escola em referencia, cujo convívio ambiental diário se dá no entorno de um açude. Isso contribui para uma maior conscientização ecológica e, consequentemente, para a conservação desta biocenose no açude Jatobá I, uma vez que estes animais são desconhecidos, porém muito importantes para o equilíbrio do ecossistema aquático. Palavras-chaves: Substrato Artificial, zoobentos, Açude Jatobá I, percepção, alunos 77 ABSTRACT COLONIZATION AND ECOLOGICAL SUCCESSION OF ZOOBENTHS IN ARTIFICIAL SUBSTRATA IN THE JATOBÁ I RESERVOIR, PATOS - PB This study aimed to investigate the colonization process and ecological succession in artificial substrates in the Jatobá Reservoir, Patos-PB, to understand this biocenose dynamics in the Caatinga aquatic water bodies. At the same time, to show this fauna to the Escola Agrícola de Patos’ students through didactic excursions, to they realize the importance of these animals to that water body, and so to mankind. Samples were taken along the wet (April to June/2008) and dry (July to September/2008) seasons, being sometimes accompanied by students and teachers from that school, where polyethylene baskets with 1kg of pebble 25 (35 baskets at each point) during ten weeks in each station, and some environmental variables were taken concomitantly. Along the study, we registered a maximum richness of 37 taxa, with emphasis on Insecta, Gastropoda, Annelida, Crustacea, and these animals were presented in vivo to the students, in the field. The taxocenosis analysis of the invertebrates indicates temporal differences between the two seasonal periods, wuth variations in faunistic composition an environmental variables. We also observed higher zoobenthic richness at the wet but the dry season, nevertheless the higher abundance was registered at the rainless months. Therefore, it is necessary to emphasize that artificial substrates can characterize the biocenose’s structure and dynamics, beindg an efficient tool in monitoring zoobenthic community and environmental quality in water bodies in semiarid of Paraíba. This tool is very important to teach classes in the field to students of the refered school, which daily environmental conviviality happens at the surroundings of the reservoir. This contributes to improve the ecological awareness and, consequently, to the conservation of this biocenose in the Jatobá I Reservoir, for instance these animals are unknown, but very important to the ballance of aquatic ecosystems. Keywords: Artificial substrates, zoobenthos, Jatobá I reservoir, students’ perception 78 2.1. INTRODUÇÃO 2.1.1. O Zoobentos em Substratos Artificiais De acordo com o tipo de localização no habitat, o zoobentos pode ser classificado como: Endobentônico, que vivem enterrados no sedimento aquático; ou Epibentônico, que estão associados à superfície desses. (BICUDO e BICUDO, 2004). Segundo Henry (2003) e Bicudo e Bicudo (2004), a comunidade de invertebrados bentônicos de águas continentais é composta por grande variedade de grupos taxonômicos (Protozoários, crustáceos, moluscos, anelídeos e insetos adultos ou imaturos, entre outros), geralmente maiores que 0,2mm. Esses organismos são considerados bioindicadores porque, em determinadas condições ambientais, os grupos mais resistentes podem se tornar numericamente dominantes, enquanto outros mais sensíveis podem se tornar raros ou ausentes (BRIGANTE et al. 2003), permitindo, desta forma, uma avaliação integrada dos efeitos ecológicos causados por múltiplas fontes de poluição. Os substratos artificiais são artefatos que procuram imitar, as características do ambiente a ser amostrado, contendo material disponibilizado para a colonização por organismos bentônicos (BICUDO e BICUDO, 2004). A Figura 2.1 mostra um exemplo de substrato artificial para a colonização de sucessão ecológica do zoobentos e alguns exemplos de componentes desta biocenose aquática. Figura 2.1. Esquema de Substrato artificial utilizada em alguns experimentos para a captura de macroinvertebrados bentônico. (Fonte: Artur Henrique F.F. de Souza, 2009). 79 A utilização desses artefatos padronizados tem sido usada como uma forma de amenizar os problemas de variabilidade dos substratos naturais nos diferentes locais a serem estudados, sendo uma técnica empregada desde o início do Século XX (GUERESCHI, 2004). Os substratos artificiais, originalmente, servem para as coletas de macroinvertebrados bentônicos quando não há possibilita o uso de equipamentos tradicionais no ambiente desejado. As vantagens da utilização dos substratos artificiais são: a redução da variabilidade entre as amostras; maior controle das variáveis sobre o estudo; amostragens não-destrutivas no ambiente estudado; amostradores baratos e de fácil confecção; unidade amostral com menor quantidade de material estranho, permitindo uma triagem mais rápida (BICUDO e BICUDO, 2004). Segundo os autores, existem algumas desvantagens, como por exemplo: podem ser seletivos para certos organismos; não fornecerem informações sobre o substrato local; requerem tempo de colonização relativamente longo para que seja alcançado o equilíbrio da comunidade, o que os torna inadequados para o estudo de curta duração; sujeito à perdas ou alterações de eficiência em razão de vandalismo, sedimentação, enchentes ou secas; possibilidade de perder organismos durante o recolhimento dos substratos. Sendo assim, tais experimentos de colonização permitem conhecer a fauna de invertebrados presentes numa área, como também possibilitam a análise das mudanças que ocorrem na composição da comunidade ao longo do tempo (LIMA, 2002; CARVALHO e UIEDA, 2004; GUERESCHI, 2004). Contudo, o uso de substratos artificiais pode atuar como ferramenta indispensável no monitoramento dos corpos aquáticos e/ou grau de degradação dos ecossistemas, o que leva a produzir subsídios que elaboram estratégias de manejo na conservação de sistemas aquáticos continentais. Isso resultaria em previsões mais precisas do que aquelas feitas com os métodos tradicionais. 2.1.2. Percepção e Sensibilização Ambiental Como cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio, faz-se necessário o estudo da percepção ambiental para que possamos compreender as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas para que possamos aprender a protegê-los e cuidá-lo da melhor forma (GUERRA e ABÍLIO, 2006). 80 A percepção, de acordo com Tuan (1980): “A percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como a atividade proposital, no qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados”. Desta forma, compreender as questões ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas, enquanto questões sócio-políticas são uma das alternativas de complementar a conservação do ecossistema como um todo, pois exigem a formação de uma sensibilização ambiental e a preparação para o pleno exercício da cidadania, fundamentadas nos conhecimentos prévios dos atores sociais que se utilizam dos ecossistemas do seu entorno. Assim sendo, o estudo da percepção ambiental permite uma boa abrangência das interrelações entre os humanos e o seu meio ambiente, seja ele natural ou modificada pelo homem, pois a produção do espaço resulta das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas que cada indivíduo possui acerca de si, de sociedade e do meio em que vive. Sendo assim, a percepção ambiental “se revela como poderoso instrumento para a interpretação da realidade e formação de sistemas de valores” (DEL RIO, 1999). Para Palma (2005), a percepção ambiental representa uma tomada de consciência do ambiente pelo indivíduo, tendo como objetivo principal compreender os fatores, processos e mecanismos que há em relação ao seu meio ambiente. Através de um instrumento de pesquisa, pode-se verificar que a percepção ambiental de um público alvo poderá possibilitar projetos e atividades ambientais com base na realidade deste público, favorecendo a construção de metodologias para que as pessoas tomem consciência frente aos problemas ambientais. Aliando-se isso a educação ambiental, é possível realizar trabalhos com bases locais. Isto é, saber como os indivíduos os quais se trabalha percebem o ambiente em que vivem suas fontes de satisfações e insatisfações (PALMA, 2005). Mas a necessidade de se ir além da transmissão de novos conceitos atrelados ao meio ambiente, uma vez observados a ineficiência em gerar mudanças comportamentais a partir desse paradigma dominante (capitalismo), é que se aplica o termo sensibilização. Portanto, a sensibilização traz a proposta de transposição do enfoque racional na prática educativa e a busca de se atingir as dimensões emotivas, espirituais da pessoa humana na sua interação com a natureza (MARIN et al.,2003). Segundo os mesmos autores, ao fazermos uma análise das práticas desenvolvidas em vários contextos onde um futuro processo de educação ambiental se faz necessária, observamos que representam minoria das ações aquelas que conseguem atingir essa complexidade e despertar a contemplação, a interatividade nostálgica, a reflexão e a emoção. 81 Assim, promover excursões de campo com os educandos, no ambiente por eles experienciados, estimulam-nos a observarem e perceberem o ambiente por uma nova óptica, diante de novas situações ou conhecimentos. Sendo assim, o conhecimento mais aprofundado do espaço em que se vive, associado ao conhecimento da biota existente nesse meio, torna-se de fundamental importância, uma vez que as práticas de sensibilização nas escolas, estimulam influir para que os atores repensem no modo de atuar com o ambiente, abrindo espaços para que ocorra mudanças nos seus comportamentos. Aprimorar os conhecimentos sobre o valor da fauna aquática, em especial o zoobentos, nas escolas pode ser uma ferramenta para uma melhora na conservação destes animais o ecossistema dulcícola, importantes para o ambiente e para as atividades humanas. Objetivou-se estudar a colonização e a sucessão ecológica de zoobentos em substratos artificiais no açude Jatobá I, Patos - PB, com o intuito de diagnosticar esse ambiente aquático quanto à qualidade ecológica em detrimento às atividades humanas no seu entorno. E após esse procedimento, avaliar a percepção dos discentes de Escola Agrícola de Patos e, posteriormente, mostrar a realização e os resultados desses experimentos para os mesmos, desvendando informações acerca da importância desses animais no ecossistema aquático e na vida humana. 2.2. MATERIAL E MÉTODOS 2.2.1. Área de Estudo No açude Jatobá I, os pontos foram situados de acordo com a Figura 2.3, sendo o primeiro ponto de coleta localizava-se próximo ao sangradouro do açude, na chácara do Sangradouro, onde havia uma pequena criação de animais e plantação de capim-elefante. Este ponto situava-se mais próximo ao bairro do Mutirão. O segundo ponto estava situado na chácara Pedra do Meio, onde havia plantação de hortaliças, presença de banhistas e pescadores da região. O terceiro ponto foi estabelecido na chácara Santa Francisca, visinho ao criatório de alevinos do Estado da Paraíba, como também está próxima a escola agrícola de Patos. Nesse ponto, houve a influência da criação de gado, irrigação, plantação de capim-elefante e de pescadores da região, além dos efluentes oriundos dos tanques de piscicultura sem nenhum tratamento. 82 Figura 2.2. Estações de coletas estabelecidas no açude Jatobá I, Patos – PB. Os números em destaque indicam as localidades: (1) Chácara do sangradouro; (2) Chácara Pedra do Meio; (3) Chácara Santa Francisca (próximo ao criatório de peixe do estado da Paraíba. A Escola Agrícola de Patos fica situada na margem da Rodovia Estadual PB – 110, que ligam as cidades de Patos a Teixeira-PB, como mostrado na Figura 2.2. É uma Escola municipal, de ensino fundamental e técnico, que funciona somente no turno matutino e dista do centro da cidade de Patos em 6 Km. A sede dessa escola é a mais próxima do açude público Jatobá I, atendendo principalmente os alunos vindos dos bairros do seu entorno, como Jatobá I, Mutirão e Alto da Tubiba, além das demais propriedades rurais da sua periferia. A escolha dessa instituição de ensino foi devida, principalmente, à grande maioria dos discentes morarem no entorno do Jatobá, onde o seu convívio com esse corpo aquático é mais intenso. No ano de 2008, havia o registro de matrículas de apenas 54 alunos, sendo trinta e quatro deles cursando o 6ª ano, oito alunos no 7º, enquanto que no 8ª e 9ª ano havia seis discentes matriculados cada, totalizando um universo de 54 educandos entrevistados. 83 Figura 2.3. Localização da Sede da Escola Agrícola de Patos-PB, próximo ao açude público Jatobá I, na margem esquerda (sentido Patos - São José do Bonfim) da rodovia Estadual PB – 110. 2.2.2. Colonização do Zoobentos em Substratos Artificiais O experimento ocorreu em duas etapas: uma no período de abril a junho de 2008 (Chuvoso) e outra no período de julho a setembro de 2008 (estiagem). Todas as amostras foram coletadas no mesmo horário estabelecido. Para isso, foram utilizados cento e dois cestos de polietileno de abertura de malha 1,5cm x 1,5cm, com capacidade total de 2000 cm3 (dimensões de 20 x 20 x 5 cm). Para cada cesto, foi necessário 1 kg de “brita” de nº 25 para servir como substrato artificial. Colocaramse 34 cestos em cada ponto de coleta, onde foram alocados a uma distância de 2 m de uma para outro, entre 6 m a 15 m da margem, a uma profundidade entre 60 a 80 cm, marcados com uma amarra de isopor (Figura 2.4). 84 Figura 2.4. Cesto de polietileno contendo 1 Kg de brita 25 como substrato artificial. Acima do cesto destaca-se uma amarra de isopor para demarcar o local de instalação no açude Jatobá I. Duas semanas após a instalação dos substratos no ambiente (em cada estação), foram iniciadas as coletas, semanalmente, sendo amostradas três réplicas em cada ponto, onde esse procedimento se repetiu por dez semanas. Os cestos, resgatados com o auxílio de uma rede de malha de 500µm, foram alocados em sacos plásticos e em seguida transportados para o laboratório, onde foram triados e fixados em álcool etílico absoluto e, posteriormente, conservados em frascos de acrílico contendo álcool a 70%. A identificação dos organismos bentônicos, realizada em laboratório, foi feita através do auxílio do estereomicroscópio binocular de Zeis, e de chaves de identificação especializadas, tais como: Merrit e Cummins (1984); Epler (1996 e 2006); Milligan (1997); Richardson (2003); Pescador e Richard (2004); Pescador et al., (2004). 2.2.3. Índice pluviométrico Os dados de pluviosidade, diários e em milímetros (mm) da região foram obtidos na EMATER de Patos – PB, no setor da EMBRAPA (oficial para o município de Patos-PB). O pluviômetro de precisão de 0,1mm, fora alocado em um lugar aberto de 20m2, sem obstáculos, a uma altura de 1,5 m do chão, com medições diárias as 7:00 horas da manhã. 85 2.2.4. Variáveis Físicas e Químicas da Água Amostras de água da superfície foram coletadas no mesmo dia, hora e local de coleta do substrato artificial. As mesmas foram, imediatamente, transportadas em uma caixa térmica contendo gelo e transferidas para um freezer. No laboratório da Estação de Tratamento da CAGEPA, próximo ao açude Jatobá I, foram processaram-se as seguintes amostras: As variáveis determinadas em campo foram: Temperatura da água (ºC) – determinada utilizando-se um termômetro de mercúrio, com 0,2 °C de precisão nos pontos determinados de coleta. pH – determinado através de um medidor de pH portátil Waterproof Pen pH tester da marca Instrutemp. As variáveis determinadas no laboratório da CAGEPA foram: Total de sólido dissolvido (TSD mg/L). Verificado, em ppm, através de uma aparelho de bancada da marca; Condutividade Elétrica (µS/cm) através de um condutivímetro de bancada; Turbidez (unt) – através de um Turbidímetro digital microprocessado DL 350 da marca Del lab.; Alcalinidade (mg CaCO3/L) determinada por titulação, através do método descrito no Standard Methods (EATON et al., 1995); Dureza Total da Água (mg CaCO3/L) – foi determinada por titulação, através do método descrito no Standard Methods (EATON et al., 1995); Oxigênio Dissolvido (mg O2/L) determinado pelo método clássico de Winkler, descrito em Golterman et al.,. (1978). As variáveis abaixo, foram realizadas no laboratório de UEPB, seguiram as metodologias segundo (EATON et al., 1995): Nitrito (µg NO2/L-) O nitrito foi analisado através do método colorimétrico, onde este reage com sulfanilamida diazotizada e dicloridrato de N-(1-naftil)-etilenodiamida em meio ácido, produzindo uma coloração púrpura-avermelhada, cuja absorbância é registrada (l = 543 nm) e comparada com uma curva-padrão; Nitrato (µg NO3/L) O nitrato foi analisado pelo método da coluna redutora de cádmio. O NO3 - presente na amostra é reduzido a NO2 - na presença de cádmio; Amônia (µg NH3/L) A amônia foi analisada pelo método do fenol. Neste procedimento, a amônia reage com o fenol e hipoclorito em uma solução alcalina catalisada 86 por nitroprussiato para formar indofenol azul, cuja intensidade é proporcional ao teor de NH3. A absorbância é medida em espectrofotômetro (l = 635 nm) e comparada com uma curva padrão; Fósforo total (µg PO4/L) A leitura foi obtida através da extinção luminosa num espectrofotômetro a 880nm. 2.2.5. Análise Estatística Como as variáveis não seguiram uma distribuição normal (teste de Shapiro-Wilk), foram utilizados testes não-paramétricos. O teste U de Man-Whitney foi empregado para a comparação entre os períodos de chuva e de estiagem de cada variável física e química da água, bem como estes dados focam correlacionados com as abundâncias dos organismos da comunidade bêntica através do índice de correlação de Spearman. Estes testes foram calculados através do software Statistica for Windows (STATSOFT, 2004). As similaridades da comunidade zoobentônica, entre cada semana de estudo, bem como entre os períodos de chuva e estiagem, foram acessadas através do índice de BrayCurtis, que considera tanto a incidência quanto a abundância dos táxons nas amostras comparadas. Uma análise de agrupamentos também foi realizada com a média não-ponderada dos grupos pares (Unweighted Par-Group Mean Average - UPGMA) como distância de amalgamação, cujos dados foram previamente padronizados e transformados em log(x+1). Para o teste de significância da análise de agrupamento, foram utilizadas 1000 simulações com o teste Simprof, onde a plataforma Primer (PRIMER-E, 2004) foi utilizada para a execução destes testes. 2.2.6. Percepção dos alunos da escola agrícola Utilizou-se a metodologia qualitativa baseado na percepção e fenomenologia de acordo com Sato (2001), Merlaut-Ponty (2006), como também a observação participante de acordo com Gil (2005). O trabalho na Escola Agrícola de Patos-PB foi iniciado em abril de 2008 e teve seu término em dezembro do mesmo ano. Para isso, foram aplicados em todas as turmas, questionários semi-estruturados, com questões subjetivas para que fossem analisadas as percepções e concepções prévias dos mesmos sobre Meio ambiente e Educação Ambiental, 87 analisando-se os resultados pelos critérios estabelecidos em Sauvé (1997 e 2005) e Guerra e Abílio (2006), a importância e os problemas existentes no açude e dos animais aquáticos, em especial o zoobentos. Após esse questionário, foram realizadas excursões de campo nos pontos estabelecidos no açude Jatobá I, juntamente com os docentes e os educandos, para que se acompanhassem os respectivos experimentos com substrato artificial para a colonização e sucessão ecológica do zoobentos. O propósito disso foi diagnosticar o ambiente aquático em questão, através desses animais e, apresentá-los para os educandos da escola, desvendando-se a importância dessa fauna tanto para o ecossistema aquático quanto para o homem. Estes experimentos tiveram a duração de quatorze semanas, sendo metade para o período chuvoso (abril a junho/2008) e a outra metade para o período seco (agosto a outubro/2008). No caso, no dia da instalação de substrato em cada período, foram realizadas juntamente com todas as turmas da escola, sendo as suas coletas realizadas semanalmente após 14 dias das respectivas instalações. Ao término dessas atividades em campo, o tema foi novamente abordado em sala de aula, com o auxílio de um data show, apresentando-se os resultados do experimentos e das observações realizadas no açude Jatobá I, de forma sucinta, ao mesmo tempo mostrando a importância do açude e os múltiplos usos praticados pela população do entorno do Jatobá I. 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1. Colonização e Sucessão Ecológica de Invertebrados Aquáticos Foram capturadas, no total, utilizando-se os substratos artificiais, 37 UTOs (Unidades Taxonômicas Operacionais) de invertebrados bentônicos do açude público Jatobá I. Os representantes foram: Gastropoda (Ampullariidae, Planorbidae, Ancylidae e Thiaridae); Insecta (Coleoptera, Diptera, Heteroptera, Homoptera, Odonata, Ephemeroptera, Trichoptera, Hymenoptera e Collembola); Crustacea (Ostracoda, Malachostraca, Copepoda e Cladocera); Annelida (Oligochaeta), Aranea e Hydracarina. Embora em toda a estação chuvosa tenha sido capturado um maior número de táxons, foi na estação de estiagem que a riqueza de táxons foi maior na segunda coleta do período seco (quarta semana), com 21 UTOs, como mostrado nas Tabelas 2.1 e 2.2. Os insetos foram os mais freqüentes na colonização do substrato artificial, principalmente na fase de chuvas. Segundo Correia e Trivino-Strixino (2005), a maioria dos 88 insetos aquáticos apresenta uma íntima associação com o substrato, pelo menos, durante uma fase de sua vida, pois esses exercem grande influência sobre estes animais, podendo afetar seu crescimento e sobrevivência, pois lhes fornecem hábitat, alimento e proteção. Durante o período de estudo nesse corpo aquático, foi constatado que houve mudanças de dominância de táxons de zoobentos, tanto na estação chuvosa quanto na estiagem. Os dípteros Chironomidae foram os mais representativos durante os experimentos na estação chuvosa, tendo a freqüência máxima registrada de 64,2% na oitava coleta do período chuvoso, seguido da quanta semana do mesmo período, com 63,3%. Entretanto, durante a estiagem, os mesmos não foram tão abundantes, tendo uma freqüência máxima registrada de 9% na quarta coleta, seguido de 7,5% de freqüência na primeira coleta. Os oligoquetos também foram muito representativos, onde se registrou a maior abundância na época de estiagem, atingindo na sexta coleta, com 86,1%, seguido por 73,9% na sétima coleta. Já durante a estação de chuvas, sua freqüência máxima atingida foi de 48,1% na terceira coleta (quinta semana). 89 Tabela 2.1. Abundância relativa e valores absolutos da fauna bentônica obtida dos experimentos de substrato artificial no açude público Jatobá I (Patos-PB), no período de abril a junho/2008, correspondente ao período chuvoso. Táxons Coleta 1 Coleta 2 Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta 6 Coleta 7 Coleta 8 (Semana 3) (Semana 4) (Semana 5) (Semana 6) (Semana 7) (Semana 8) (Semana 9) (Semana 10) COLEOPTERA - - - - 2(0,5%) - 2(0,6%) - 2(3%) - - - 1(0,2%) - 3(1%) - Belostomatidae (CP) - - - - - - 1(0,3%) - Corixidae (CP) - - - - 1(0,2%) - 1(0,3%) - Notonectidae (CP) - - - - 1(0,2%) 1(0,2%) - - Mesoveliidae (CP) - - - 3(0,7%) 1(0,2%) - 1(0,3%) 2(1,8%) Hydrometridae (CP) - - - - 1(0,2%) - - - Não identificado (CP) - - - - 2(0,5%) 1(0,2%) - - HOMOPTERA (HP) - 1(0,55%) - - 1(0,2%) - - - Dytiscidae (CE) Hydrophilidae (CE, DC) HETEROPTERA ODONATA - - - 2(0,4%) 2(0,5%) 1(0,2%) - - Libellulidae (CP) 1(1,5%) - 4(1,3%) 21(6%) 15(6,6%) 8(2,1%) 29(9,5%) 6(5,5%) Gomphidae (CP) 1(1,5%) - - - - - - Ceratopogonidae (CE) - - - 1(0,2%) 1(0,2%) 1(0,3%) 1(0,3%) 1(0,9%) Chaoboridae (CE) - - - 1(0,2%) - - - - Chironomidae ** 37(55,2%) 73(40,35%) 119(40%) 266(63,3%) 191(47,8%) 219(58,1%) 156(51,4%) 70(64,2%) Culicidae (DC) - - - - 2(0,5%) - - - Tabanidae (CE) - - - - - - - 1(0,9%) Baetidae (DC) - 1(0,55%) - 1(0,2%) 1(0,2%) - 1(0,3%) - Caenidae (DC) - - - - - - - 1(0,9%) Limnephilidae (DC) 1(1,5%) - - 2(0,4%) - - - - HYMENOPTERA - - - - - 1(0,2%) - - 1(1,5%) - - - - 1(0,2%) - - Pomacea lineata (HR) 1(1,5%) - - - - 2(0,5%) 1(0,3%) 1(0,9%) Biomphalaria sp. (HR) - - 1(0,3%) - - - - - Melanoides tuberculata (ON) - 1(0,55%) - 1(0,2%) - 2(0,5%) - 2(1,8%) Coenagrionidae (CP) DIPTERA EPHEMEROPTERA TRICHOPTERA COLLEMBOLA GASTROPODA DECAPODA Macrobrachium sp. (DC) 12(18%) 22(12,1%) 26(9%) 19(4,5%) 24(6%) 17(4,5%) 12(4%) 4(3,6%) OSTRACODA (DF) - - - 8(1,9%) 37(9,3%) 1(0,2%) 9(3%) 2(1,8%) CONCHOSTRACA (DF) - 1(0,55%) 1(0,3%) 1(0,2%) - - - - COPEPODA (DF) - 1(0,55%) 2(0,7%) 6(1,4%) 1(0,2%) 1(0,2%) - - CLADOCERA (DF) - 1(0,55%) - - - - - - Tubificidae (DC) 9(13,3%) 79(43,7%) 143(48,1%) 81(19,3%) 112(28%) 121(32,1%) 85(28%) 18(27,7%) HYDRACARINA (CP) 1(1,5%) 1(0,55%) 1(0,3%) 6(1,4%) - - 1(0,3%) - - - 1(0,3%) - - - - - OLIGOCHAETA ARANEA (CP) 1(1,5%) - - 1(0,2%) 3(0,7%) 1(0,2%) - 1(0,9%) Total de indivíduos 67 181 297 420 399 377 303 109 Riqueza de táxons 11 10 9 16 19 15 14 11 Táxon Não-Identificado *DC – detritívoro coletor; DF – detritívoro filtrador; DRe – detritívoro retalhador; HR – herbívoro raspador; HRe – herbívoro retalhador; HM – herbívoro minerador; HP – herbívoro perfurador-sugador; CE – carnívoro engolidor; CP – carnívoro perfurador e/ou sugador; ONonívoro. ** Mais de dois grupos funcional de alimentação na família. 90 Tabela 2.2. Abundância relativa e valores absolutos da fauna bentônica obtida dos experimentos de substrato artificial no açude público Jatobá I (Patos-PB), no período de junho a setembro/2008, correspondente ao período de estiagem. Táxons Coleta 1 (Semana 3) Coleta 2 (Semana 4) Coleta 3 (Semana 5) Coleta 4 (Semana 6) Coleta 5 (Semana 7) Coleta 6 (Semana 8) Coleta 7 (Semana 9) 1(0,2%) 1(0,1%) - - 1(0,1%) - - - 3(0,7%) 9(1,5%) 2(0,3%) Coenagrionidae (CP) 2(0,5%) Libellulidae (CP) 4(0,9%) 5(0,8%) 7(1,2%) Gomphidae (CP) 2(0,5%) 2(0,3%) Coleta 8 (Semana 10) 2(0,8%) - 1(0,3%) - - 1(0,2%) - - 1(0,5%) 3(1,3%) 1(0,2%) 2(0,5%) - 7(1,2%) 15(7,5%) 3(1,3%) 5(1%) 9(2,4%) - 13(3,8%) 10(5%) 3(1,3%) 2(5,4%) 9(2,4%) 10(3%) - 1(0,5%) - - 1(0,3%) 2(0,6%) 1(0,3%) COLEOPTERA Dytiscidae (CE) Hydrophilidae (CE, DC) HETEROPTERA Corixidae (CP) ODONATA DIPTERA - - 1(0,1%) - - 2(0,4%) - Chaoboridae (CE) 1(0,2%) - - - - - - - Chironomidae ** 31(7,5%) 43(7,3%) 13(2,3%) 18(9%) 16(7%) 5(1%) 5(1,3%) 21(6,4%) - - - - - 1(0,2%) - - Ephemeroptera adulto 1(0,2%) 2(0,3%) - - - - - - Baetidae (DC) 3(0,7%) 6(1%) - 1(0,5%) - - - - Caenidae (DC) 4(0,9%) 7(1,2%) 7(1,2%) 10(5%) - 1(0,2%) 1(0,3%) 22(6,7%) 2(0,5%) 3(0,5%) 2(0,3%) 5(2,5%) 6(2,6%) 3(0,6%) 2(0,5%) 2(0,6%) - 1(0,1%) - - - - - - Melanoides tuberculata (ON) 3(0,7%) - 13(2,3%) 8(4%) 11(4,8%) 14(2,9%) 10(2,6%) 23(7%) Gundlachia sp. (HR) 1(0,2%) 3(0,5%) 2(0,3%) 10(5%) - 1(0,2%) 1(0,3%) 4(1,2%) 41(9,9%) 262(63,4%) 52(8,8%) 319(54%) 32(5,6%) 419(73,4%) 12(6%) 9(4,5%) 35(15,4%) - 14(2,9%) 29(6,1%) 34(9%) 28(7,4%) 15(4,6%) 5(1,5%) - 1(0,1%) - - - 1(0,2%) - - COPEPODA (DF) 10(2,4%) 5(0,8%) 3(0,5%) - - - - - CLADOCERA (DF) 2(0,5%) 4(0,6%) 2(0,3%) - - - - - Tubificidae (DC) 39(9,4%) 119(20,1%) 53(9,2%) 116(58 %) 147(64,7%) 410(86,1%) 278(73,9%) 222(67,9%) ARANEA (CP) 1(0,2%) 1(0,1%) - - - - - - - - 1(0,1%) 1(0,5%) 1(0,4%) - - - Total de indivíduos 413 590 571 199 227 476 376 327 Riqueza de táxons 20 21 17 16 8 17 14 11 Ceratopogonidae (CE) Stratiomyidae (CE) EPHEMEROPTERA GASTROPODA Pomacea lineata (HR) Biomphalaria sp. DECAPODA Macrobrachium sp. (DC) OSTRACODA (DF) CONCHOSTRACA (DF) OLIGOCHAETA Táxon Não-Identificado *DC – detritívoro coletor; DF – detritívoro filtrador; DRe – detritívoro retalhador; HR – herbívoro raspador; HRe – herbívoro retalhador; HM – herbívoro minerador; HP – herbívoro perfurador-sugador; CE – carnívoro engolidor; CP – carnívoro perfurador e/ou sugador; ONonívoro. ** Mais de dois grupos funcional de alimentação na família. Entre os colonizadores, geralmente a família Chironomidae é dominante, já que suas características eurióicas, somadas ao seu comportamento de dispersão pela deriva, conferem a ela condições de pioneirismo (LOT, 2006). Isso explica os resultados obtidos no presente estudo, uma vez que os Chironomidae foram dominantes no início da colonização no período chuvoso, associada as suas adaptações morfológicas para ambientes hostis, seguido dos Oligochaeta. 91 Ribeiro e Ueda (2005), também utilizando substrato artificial no riacho da Quinta (Itatinga-SP) registrou uma abundância de 66% de Chironomidae, nos períodos de grande e pequeno fluxo de água, De acordo com Strixino e Trivinho-Strixino (2006), as larvas de Chironomidae e os Oligochaeta têm uma importância no papel de converter matéria orgânica em alimento disponível para outros consumidores, além de serem parcialmente responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Segundo os autores Higuti et al., (2005) e Trivinho-Strixino e Strixino (2005), os Chironomidae têm sido potencialmente utilizados como ferramenta em estudos sobre avaliação de qualidade ambiental. Peli (2001) e Piedras et al., (2006), classificaram tanto dos Oligochaeta quanto dos Chironomidae como os animais bentônicos que mais toleram a poluição, onde grande quantidade desses invertebrados é indicadora de elevado teor de matéria orgânica. Já no período de estiagem, o táxon Chironomidae reduziu a sua freqüência e abundância na colonização do substrato. Caso semelhante foi observado na lagoa Serrote, por Albuquerque (2008). Este resultado entra em contradição com Aburaya e Callil (2007), que dizem que a assembléia de Chironomidae tende a aumentar no período de estiagem. Os crustáceos Ostracoda também contribuíram para a sucessão ecológica nesses experimentos, onde foram dominantes nas três primeiras coletas da estação seca, com abundância relativa, da primeira a terceira, de 63,4%, 54% e 73,4%, respectivamente. Porém, estes animais não foram tão expressivos durante a época das chuvas. Já os decápodes Macrobrachium foram freqüentes nos dois períodos estudados, chegando a 18% na primeira coleta (terceira semana) da estação chuvosa. Entretanto, os Ostracoda durante as três primeiras coletas da estiagem foram os mais dominantes, enquanto que os Oligochaeta passaram a dominar no restante desse experimento. Em relação aos Ostracoda, de acordo com Monkolski et al.,(2006), corresponde a um grupo tipicamente bentônico, que apresenta certa tolerância a estresses por baixa concentração de oxigênio, podendo se sobressair nestas condições. Porém, Souza e Abílio (2006), dizem que os Ostracoda geralmente são comuns em ambientes temporários e são influenciados pelo teor de oxigênio dissolvido e temperatura da água, também constatado por Ruffo (2008) na lagoa Panati (Taperoá-PB), e Albuquerque (2008) na lagoa Serrote, (Boa Vista-PB), ambos no Cariri do Estado. Embora não tenha apresentado nenhuma correlação, a presença desses animais coincidiu com elevados valores de oxigênio dissolvido e baixas temperaturas na estação seca. 92 Dentre os Gastropoda registrados no açude Jatobá I, os mais abundantes foram as espécies Melanoides tuberculata, com freqüência máxima de 7% registrada na oitava coleta da estação de estiagem, e Gundlachia sp., com 5% na quarta coleta da mesma estação. Os Melanoides tuberculata (Thiaridae), espécie de gastrópode Afro-asiática resistente à dessecação, não foram tão expressivos no período de chuva, sendo estes mais freqüentemente registrados na época de estiagem, o que leva a crer que a população desse animal sofre uma diminuição com o aumento do nível da lâmina d’água. O resultado deste presente trabalho mostrou que houve uma correlação negativa significativa do M. tuberculata com as precipitações pluviométricas. Abílio (1997), Abílio (2002) e Abílio et al., (2006), em Taperoá-PB e Santana (2006), em São João do Cariri-PB, também obtiveram os mesmo resultados em relação à mesma situação com a referida espécie de gastrópode. No açude Jatobá I, tanto na estação chuvosa quanto a seca, o gastrópode planorbídeo Biomphalaria sp. foi registrado na terceira coleta do período chuvoso, com um percentual de 0,3% e na segunda coleta da estação de estiagem, com 0,1%. De certa forma, a presença da Pomacea lineata e do M. tuberculata explica a população reduzida do planorbídeo na colonização dos substratos artificiais. Abílio (1997), trabalhando com a bio-ecologia dos moluscos em corpos aquáticos para o Estado da Paraíba, também encontrou no açude Jatobá I com uma população reduzida da Biomphalaria sp. Segundo Pamplim (2004), o registro da espécie M. tuberculata em todo o mundo indica uma forte e rápida dispersão, sendo introduzido em muitos ambientes como um controlador biológico contra a Biomphalaria sp., hospedeiro intermediário da Schistosoma mansoni, que causa a esquistossomose. Porém, aquela espécie pode ser hospedeira intermediária de vermes que causam doenças para o homem. Com relação aos heterópteros, estes tiveram uma maior riqueza taxonômica durante a realização dos experimentos na fase chuvosa, sendo registradas quatro famílias, cada uma com 0,2% na quinta coleta, e um táxon não-identificado dessa ordem de inseto atingindo na mesma coleta 0,5% do total da fauna. Foram obtidas três famílias de Odonata, sendo os Libellulidae e os Coenagrionidae as mais abundantes, com um percentual máximo respectivo de 9,5% na sétima coleta da estação chuvosa e 7,5% na quarta coleta da estiagem. Os Ephemeroptera foram freqüentes durante a realização do diagnóstico de curta duração, sendo apenas registradas duas famílias: Baetidae e Caenidae. A primeira obteve seu maior percentual na segunda coleta do período seco, com 1%, enquanto que os Caenidae tiveram um percentual máximo de 6,7% na oitava coleta da mesma estação. 93 Também houve raros registros de alguns táxons de invertebrados bentônicos em substrato artificial no açude Jatobá I, como é o caso dos Trichoptera, sendo a família Limnephilidae obtida somente no período chuvoso, com um percentual de 1,5% na primeira coleta e 0,4% na quarta coleta. Os chamados bioindicadores, de acordo com Roland et al., (2005), são organismos que refletem a integridade ecológica dos ecossistemas onde vivem, respondendo a diferentes agentes estressantes. Estes organismos são sensíveis à poluição orgânica e são os primeiros a sofrerem interferências nas suas populações devido a mudanças bruscas no ambiente aquático (SILVEIRA e QUEIROZ, 2006). Como animais sensíveis, muitas dessas espécies são as primeiras a serem eliminadas do habitat com o aumento do processo de eutrofização, sendo, portanto, bioindicadores de qualidade ambiental (ABÍLIO, 2002). Dentre os animais sensíveis a mudanças no ambiente, estão os efemerópteros e os tricópteros. Sendo assim, pode-se tentar explicar uma rara freqüência desses organismos no açude Jatobá I durante o período de estudo, sendo registrada somente no período chuvoso. Outra possível explicação foi que em muitos locais do açude Jatobá I estava desmatado, com o solo exposto ao intemperismo. Segundo Egler (2002), a erosão do solo pode comprometer a qualidade física, química e biológica da água, pois o aporte de silte para dentro do corpo aquático (decorrente de práticas agrícolas que não conservam o solo) pode danificar as brânquias dos animais aquáticos, interferindo na respiração, eliminando muitos desses organismos, entre eles os mais sensíveis, em caso de lixiviação. Além disso, a presença de óleo pode também prejudicar a respiração de muitos organismos aquáticos, podendo reduzir bastante a riqueza e a densidade de espécies (QUEIROZ et al., 2008). Registrou-se em campo, no açude Jatobá I, na época das chuvas, a presença de óleo na superfície da água. Durante essa época, é freqüente o aumento de lanchas e jetski passeando no local, além de barcos improvisados a motor utilizados pelos moradores rurais que tem o acesso as suas propriedades cobertas pelas águas. Além disso, muitas outras práticas foram observadas em campo, como despejo de efluentes advindos de criatório de peixes de um órgão do estado da Paraíba, ás margens do açude Jatobá I, efluentes domésticos, lavagens de carro e motos, retiradas de macrófitas aquáticas para o plantio de capim-elefante. Moredjo (1998), diz que devido à utilização múltipla deste recurso hídrico, certas atividades, muitas vezes, podem ocasionar problemas a outros usos, por exemplo, para 94 irrigação de áreas agrícolas próximas a estes ecossistemas, onde são utilizados produtos químicos, pode modificar a qualidade da água. Já em relação aos Ephemeroptera, a presença da família Caenidae foi relativamente expressiva durante a fase seca, na ultima semana. Resultados parecidos também foram obtidos por Florentino e Abílio (2006), onde essa família esteve presente no período seco com uma abundância relativa máxima de 23,31% no açude Namorados, São João do Cariri-PB. Segundo Melo, (2006) referenciou que a família Caenidae tem hábitos alimentares de raspar algas do substrato. Embora não se tenha analisado o biofilme (perifíton) no presente trabalho, foi constatado em campo que, ao ser retirado do ambiente, o substrato artificial estava repleto de biofilme, principalmente nas ultimas coletas do período de estiagem. Florentino (2008), também atribuiu a grande abundância de Caenidae com o perifíton incrustado no substrato artificial em seus experimentos. Outros animais, como os dípteros Culicidae (0,5% na quinta coleta da estação chuvosa), Tabanidae (0,9% na oitava coleta da mesma estação) e Stratiomyidae (0,2% na sexta coleta da estiagem) também foram raros em abundância, sendo registrados apenas em uma coleta. Já os Chaoboridae foram obtidos apenas com um espécime em cada experimento, chegando a 0,2% tanto na quarta coleta da estação chuvosa como na primeira coleta da estiagem. 2.3.2. Variáveis Ambientais O açude Jatobá I apresentou características próprias e pode ter sido influenciado por fatores ambientais como a precipitação pluviométrica, alteração na qualidade física e química da água. Segundo Abílio (2002) e Souza e Abílio (2006), os fatores ambientais como a precipitação pluviométrica propiciam alterações das condições físicas, químicas e biológicas dos corpos aquáticos. No município de Patos-PB, no ano de 2008, foi observado que no período úmido (do mês de março ao mês de junho), registrando-se um acumulado pluviométrico de 627,1 mm nesse período. O mês de março foi registrado a maior precipitação de chuvas, com 489,5 mm. Enquanto isso, no mesmo ano, o período de estiagem, o acumulado pluviométrico atingiu 12,7 mm de julho até o mês de setembro do mesmo ano (Figura 2.5). Nesse período chuvoso (úmido), durante a primeira fase de experimento de substrato artificial, os maiores acumulados semanais de chuvas foram obtidos na terceira e quarta semana após a instalação dos cestos, com 130,6mm e 170,2mm, respectivamente. 95 Já no período de estiagem, o valor máximo de chuvas foi registrado na primeira semana de instalação, com 9,7mm, permanecendo sem precipitações durante o resto do experimento, exceto na penúltima semana de estudo, com 3,7 mm de chuva, como mostrado na Figura 2.6. O resultado deste presente trabalho mostrou que houve uma correlação negativa significativa do Thiaridae Melanoides tuberculata com as precipitações pluviométricas (r = 0,77, p≤ 0,05 – ver Apêndices). Resultados semelhantes sobre a influência da pluviosidade sobre aquele gastrópode também foram obtidos em Abílio (1997), Abílio (2002) e Abílio et al., (2006), ambos no açude “Taperoá” (Taperoá-PB) e Santana (2006), no riacho Aveloz, em São João do Cariri-PB. Figura 2.5. – Pluviosidade mensal (mm) do município de Patos - PB entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). Figura 2.6 – Pluviosidade semanal (mm) do município de Patos - PB entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). O pH da água do açude Jatobá I mostrou-se ligeiramente ácida no início do experimento no período chuvoso, obtendo-se o valor médio mínimo de 5,74 na semana 1 (semana de instalação) no mês de abril. Entretanto, na semana de instalação do período seco, 96 o pH se tornou ligeiramente alcalino, chegando ao valor médio máximo de 8,45. A variação do pH do açude Jatobá I foi de 2,71 (Figura 2.7). O pH foi ligeiramente mais elevado no período seco (U = 11600, p < 0,01). Essa variação indicou que o aumento das precipitações pluviométricas alterou os valores desta variável ambiental, uma vez que as águas das chuvas podem lixiviar o solo introduzindo no sistema aquático material alóctone com um considerável percentual de íons que podem alterar tais valores. De acordo com Esteves (1998), a maioria das bacias hidráulicas continentais apresentam valores de pH oscilando de 6,0 a 8,0. Já Leite (2001) e Oliveira (2005) consideraram que a natureza geológica da bacia hidrográfica onde está situado o corpo hidráulico também pode influenciar na mudança de valores dessa variável ambiental, bem como da condutividade elétrica da água. A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006),estabelece que o pH dos açudes classe II esteja na faixa entre 6,0 a 9,0. Com exceção da primeira semana do período chuvoso (instalação), cujo valor médio estava abaixo de 6,0, o pH do açude Jatobá I estava dentro dos limites estabelecidos (ver Anexo). Uma provável explicação para o fato de o pH ter sido registrado abaixo do que estabelece o CONAMA pode ter sido as fortes precipitações pluviométricas que inundaram as plantações de capim-elefante que existiam nas margens, promovendo-se assim, uma decomposição e liberação de ácidos na água, além de materiais oriundos da lixiviação. Como se pode verificar na Figura 2.7 abaixo, os valores dessa variável foram um pouco mais elevados durante o período de estiagem, possivelmente devido ao acúmulo de carbonato de cálcio e a forte evaporação do corpo aquático. O pH influenciou negativamente a Gundlachia sp. (r = -0,83, p≤ 0,05). Isso pode ser explicado devido à fragilidade da concha desse molusco, a qual a acidez da água pode interferir na sua produção. 97 Figura 2.7. Valores médios do pH do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril/2008 a junho (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). A condutividade elétrica da água do Jatobá I foi mais elevada no período seco (U = 2356; p < 0,01), apresentando uma pequena variação durante o período estudado, chegando a 50,8 µS/cm. Dentre as médias dessa variável, o maior e o menor valor registrados, respectivamente, foram obtidos na quinta semana da estiagem, com o valor de 218,6 µS/cm e na oitava semana da mesma estação, com 167,8 µS/cm (Figura 2.8). Figura 2.8. Valores médios da condutividade elétrica da água (µS/cm) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). A temperatura foi mais elevada no período úmido do que no seco (U = 81; p < 0,01), apresentando uma variação média de 6,5 ºC. Os valores médios mínimos e máximos obtidos foram, respectivamente, 24,6ºC da quarta semana da estação seca e 31,3ºC na segunda semana da estação chuvosa (Figura 2.9). 98 Uma possível explicação para o fato de no período de estiagem a temperatura da água do referido açude estar mais baixa pode ter sido relacionada com a grande quantidade de ventos na região, além do céu estar parcialmente encobertos por nuvens. Figura 2.9. Valores médios da Temperatura da água (ºC) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). Observou-se uma forte variação nas concentrações de oxigênio dissolvido no açude Público Jatobá I durante os experimentos, cuja diferença foi de 8,15 mgO2/L. Essa variável foi maior no período de estiagem ao período úmido (U = 265,5; p < 0,01) (Figura 2.10) onde o maior e menor valor médio, respectivamente, foram obtidos nas semanas de instalação de cada experimento, com 10,39 mgO2/L (período seco) e 2,24 mgO2/L (período chuvoso). Figura 2.10. Valores médios do Oxigênio Dissolvido (mgO2/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). 99 Autores como Lima (2002) e Guereshi (2004) afirmam que a temperatura da água é uma variável de grande importância, pois estes influenciam, direta ou indiretamente, as propriedades físicas e químicas em toda a coluna d’água, desempenhando um importante papel na duração do ciclo de vida dos animais bentônicos. Os resultados mostraram que a temperatura influenciou negativamente o M. tuberculata (r = -0,82, p≤ 0,05 – ver Apêndices). Já os insetos da família Caenidae e Coenagrionidae também apresentaram correlação negativa com a temperatura (r = -0,75 e 0,73, p ≤ 0,05, respectivamente).Em geral, à medida que a temperatura se elevava, os níveis de oxigênio diminuíam no açude Jatobá I. O contrário ocorreu na estação seca, no mesmo açude, onde as condições de fortes ventanias favoreceram o decréscimo da temperatura, aumentando-se assim, o oxigênio dissolvido na água. Esteves (1998) diz que a temperatura é inversamente proporcional ao oxigênio dissolvido, devido às condições de solubilidade dos gases. Segundo Pamplin (2004), o oxigênio dissolvido é considerado uma das variáveis ambientais imprescindíveis no ecossistema aquático porque pode determinar a duração do ciclo de vida de insetos e muitos outros animais nesse ambiente. A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006) não permite uma concentração de OD, em qualquer amostra inferior a 5 mg/L O2 (ver Anexo). Exceto na semana 1 da estação chuvosa, onde a concentração média dessa variável não estava dentro dos limites permitidos pela Resolução anteriormente mencionada, o Oxigênio dissolvido encontrou-se no restante do estudo dentro de tais limites. No entanto, Monkolski et al., (2006) diz que alguns organismos apresentam adaptações morfofisiológicas que permitem a sobrevivência em ambientes hostis, ou em outras palavras, com déficit em oxigênio dissolvido, onde os anelídeos Oligochaeta e os dípteros Chironomidae dispõem de estratégias como a presença de pigmentos respiratórios semelhantes à hemoglobina, mecanismos de desintoxicação e ventilação ondulatória do abdômen. Quanto ao Total de Sólidos Dissolvido (TSD), houve uma variação de 28,8 mg/L durante o estudo, sendo o maior e o menor valor médio, respectivamente, registrados durante o período de estiagem, na oitava semana (84,13 mg/L) e décima semana (113 mg/L), como mostrada na Figura 2.11. A concentração dos sólidos totais dissolvidos foi mais elevada no período seco (U = 2353; p < 0,01 – ver Apêndices). 100 Figura 2.11. Valores médios do Total de Sólidos Dissolvidos (mg/L), do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). A Turbidez da água do açude Jatobá I apresentou uma variação de 5,59 unt em todo o período de estudo. O maior valor médio foi obtido na semana de instalação dos experimentos do período úmido, registrado-se 7,69 unt, enquanto que o menor valor médio da turbidez foi de 2,10 ntu, na terceira semana dos experimentos da estação seca, e as diferenças observadas entre as estações foram significativas (U = 2019; p < 0,01) (Figura 2.12). No período inicial do experimento, o qual se registrou um elevado índice pluviométrico no município, foi marcado pelo elevado valor da turbidez no açude Jatobá I. Segundo Esteves (1998), os fatores principais para o aumento desta variável são as partículas suspensas. Entretanto, não foi o que se verificou neste trabalho, uma vez que o total de sólidos dissolvidos foi mais elevado na estação seca. Já Freitas (2004) referenciou que os valores crescentes da turbidez estavam relacionados com as atividades antrópicas ao longo do rio Manguaba, em Alagoas. No açude Jatobá I, as atividades mais presentes foram a agricultura e a criação de animais, o que favoreceu a retirada da cobertura vegetal em muitas partes do seu entorno. A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006) permite uma turbidez até 100 unt (ver Anexo). Logo, o açude Jatobá I encontrou-se dentro dos limites estabelecidos. 101 Figura 2.12. Valores médios da Turbidez da água (unt) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). O valor registrado da Dureza total da água foi mais elevado no período seco (U = 1350, p < 0,01). Esta apresentou uma baixa heterogeneidade temporal, com uma diferença de 5,5 mgCaCO3/L. O maior valor médio obtido foi no final do experimento, precisamente na oitava semana da estação de estiagem, onde essa variável atingiu 47 mgCaCO3/L, enquanto que o menor valor mínimo foi na terceira semana da estação chuvosa (Figura 2.13). De acordo com a classificação de Dussart (1976) a classificação dos ambientes em relação a dureza podem ser: águas de dureza média (>30 mgCaCO3/l) a duras (> 80 mgCaCO3/l). Para o açude Jatobá I, foi considerada de dureza média. Figura 2.13. Valores médios da Dureza total (mgCaCO3/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). A Alcalinidade também não variou temporalmente no tempo estudado, porém foram observadas diferenças significativas entre os períodos seco e úmido (U = 365; p < 0,01). Os valores médios variaram entre 9,78 mgCaCO3/L na semana de instalação e terceira semana na 102 estação de chuvas, a 13,33 mgCaCO3/L na semana final do experimento (oitava semana da estação de estiagem), como mostrado na Figura 2.14. Figura 2.14. Valores médios da Alcalinidade (mgCaO3/L), por ponto de coleta, do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). Durante os experimentos, na época das chuvas, a Alcalinidade e a Dureza Total da água se mostraram com valores relativamente baixos. Tal fato pode ser explicado pelas chuvas ocorridas no município de Patos. Além disso, fatores como o tipo de solo e das rochas presente na bacia hidráulica também podem contribuir para baixos níveis dessas variáveis. Tanto a Alcalinidade quanto a Dureza total são importantes para os moluscos, uma vez que estes animais utilizam o carbonato de cálcio para a construção de suas conchas. No presente trabalho, a correlação de Sperman mostrou que houve uma correlação positiva significativa (R = 0,85 e 0,88, p ≤ 0,05 – ver Apêndices), para alcalinidade e Dureza respectivamente. Abílio (1997) em seu trabalho em três corpos aquáticos no Estado da Paraíba, constatou que tais variáveis também influenciaram a referida espécie. Com relação aos níveis de Amônia, houve uma heterogeneidade temporal, sendo o maior valor médio registrado na sexta semana durante a estação chuvosa, com 141,59 µg NH3/L. Os menores valores médios de amônia foram registrados com maior freqüência na estação chuvosa, da sétima semana a décima, e na primeira semana (semana de instalação) da época de estiagem, com valores variando de 0,01 a 0,03 µg NH3/L, como mostrado na Figura 2.15. As diferenças entre os períodos foram significativas (U = 1637,5; p < 0,01 – ver Apêndices). Para as águas brasileiras classificadas dentro da classe 2, a resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006) determina uma concentração máxima de 1,0 103 mgN/l (1.000 µg/l) para amônia total (ver Anexo). Neste caso, os três ambientes estudados encontram-se dentro desse limite. Figura 2.15. Valores médios da Amônia (µg NH3/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). Os valores de nitrito não apresentaram diferenças entre os períodos amostrais (U = 2884,5; p = 0,34), porém ocorreram variações temporais, sendo o maior valor médio registrado na quinta semana de experimento da estação chuvosa, com 6,88 µg NO2/L. Contudo, os menores valores médios obtidos foram a partir da sétima semana da estação chuvosa e da primeira semana do período de estiagem, cujos valores oscilaram na faixa entre 0 a 0,02 µg NO2/L. A Figura 2.16 mostra os resultados de Nitrito. Com relação a esta variável, o açude Jatobá I apresentou valores dentro do limite estabelecido pela resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006), onde o máximo para Classe 1 a 3 é de 1,0 mg/l (1000 µg/l) (ver Anexo). Figura 2.16. Valores médios do Nitrito (µg NO2/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). 104 Os valores médios de Nitrato, da mesma forma que os demais nitrogenados, houve menor diferença temporal durante a estação seca, como mostra a Figura 2.17. Durante a realização dos experimentos na estação chuvosa, a partir da sétima semana, o valores de nitrato oscilaram entre 0,01 a 0,02 µgNO3/L. Porém, o maior valor médio foi registrado durante a época da estiagem, na terceira semana de experimento, onde se obteve 43,21 µgNO3/L. As concentrações de nitrato foram significativamente mais elevadas no período seco (U = 2321,5; p < 0,01). A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006) permite uma concentração de nitrato até 10 mg/l (10.000 µg/l) para as Classes 1 a 4 (ver Anexo). Portanto, o ambiente estudado se encontra dentro desse limite. Figura 2.17. Valores médios do Nitrato (µg NO3/L), por ponto de coleta, do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). Tratando-se do fósforo total, houve forte heterogeneidade temporal, onde os maiores valores médios dessa variável ambiental foram registrados durante a primeira metade dos experimentos realizados na estação chuvosa, como mostrado na Figura 2.18, com o máximo obtido na sexta semana, com 99,84 mgPO4/L. Entretanto, os valores decresceram abruptamente da sétima a décima semana de experimentos da estação chuvosa, com valores variando entre 0,02 a 0,04 mgPO4/L e permanecendo relativamente baixos no período de estiagem, sendo nesta obtido o menor valor de fósforo total, com 0,01 mgPO4/L na semana de instalação (semana 1). Os valores de fósforo total foram mais elevados na estação úmida (U = 1468,5; p < 0,01 – ver Apêndices). A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2006) permite uma concentração de fósforo total de até 0,03 mg/l (300 µg/l) para ambientes lênticos Classes 2 (ver Anexo). Logo, o açude Jatobá I se encontra dentro desse limite. 105 Figura 2.18. Valores médios do Fósforo total (mgPO4/L) do açude público Jatobá I, Patos – PB, entre os meses de abril e junho/2008 (período chuvoso) e julho e setembro/2008 (período de estiagem). As concentrações de nitrogenados e fosfatados podem determinar a abundância de insetos aquáticos e de acordo com Pelli e Barbosa (1998), várias espécies de insetos aquáticos apresentaram uma correlação positiva com a concentração de nutrientes, a de Chironomidae com o nitrogênio na forma de amônia. Abílio (1997) para o M. tuberculata mostrou em seus estudos uma forte correlação positiva com a concentração de amônio e nitrato na água. No entanto, no presente trabalho realizado no açude Jatobá I, esses animais não apresentaram nenhuma correlação com nitrogenados e fosfatados. 2.3.3. Hábitos Alimentares Com relação aos hábitos alimentares do zoobentos do açude Jatobá I, destacou-se as seguintes categorias durante todo o período estudado: Carnívoros, Herbívoros, Detritívoros e Onívoros (Figura 2.19). Os Detritívoros foram os mais representativos durante todo o estudo, sendo o percentual máximo obtido na segunda coleta da estação chuvosa, com 96,3% do total da fauna na segunda coleta, seguida do um elevado percentual de detritívoros registrado na mesma estação, com 96% na terceira coleta. O menor registro desse grupo ocorreu na oitava coleta da estação chuvosa, com a freqüência de 64,8% na sétima coleta da estação de chuvas. Os carnívoros foram expressivos durante todo o estudo, oscilando o seu percentual principalmente na época de chuvas, onde as suas maiores abundâncias foram obtidas na sétima coleta, atingindo 26,5%, e na oitava coleta, com 27%. 106 Os onívoros, durante a fase de chuvas, houve certa representatividade, principalmente na oitava coleta, tanto estação chuvosa quanto da seca, atingindo um percentual de 5,4% e 7,5%, respectivamente. Dos grupos alimentares do zoobentos, a representatividade dos Herbívoros foi relativamente a mais baixa, principalmente durante os experimentos da estação chuvosa, onde atingiram um percentual máximo de 3,7% na primeira coleta. No entanto, ocorreu um leve aumento em sua representatividade no período de estiagem, aonde chegou a um máximo de 7,5% na quarta coleta. A disponibilidade de alimentos e o tipo de substrato contribuem para fortes flutuações tanto na riqueza taxonômica de grupos quanto na abundância e dinâmica populacional dos invertebrados bentônicos. (LIMA, 2002). Os resultados obtidos neste trabalho concordam com os de Peiró e Alves (2006), que, em estudos com invertebrados da represa do Ribeirão das Anhumas (SP), verificaram que mais de sessenta por cento do total da fauna foi composta de organismos detritívoros, valor um semelhante do registrado no presente estudo. Em estudos com a comunidade de insetos aquáticos do Ribeirão do atalho, distrito de Itatinga-SP, Motta e Uieda (2004) e Florentino (2008), na Paraíba também registraram a predominância de organismos detritívoros. Segundo Strixino e Trivinho-Strixino (2006), muitos invertebrados bentônicos são detritívoros, alimentando-se de matéria orgânica produzida na coluna d’água. Rinaldi (2007), diz que o acúmulo de detritos fornece aos macroinvertebrados uma maior quantidade de recursos alimentares. Já Correia e Trivino-Strixino (2005), diz que os substratos artificiais funcionam como uma mini-barreira capazes de reter detritos quando presentes em quantidade suficientemente para se tornar atrativo à fauna bentônica. Já os herbívoros foram os menos representativos, e esta baixa representatividade também foi registrada por Souza (2006), em estudos na lagoa Panati (Taperoá-PB) durante o período de 2003-2004 e por Florentino e Abílio (2006) no açude Namorados (São João do Cariri-PB) Porém, no início do estudo estes apresentaram uma boa porcentagem, podendo estar associado com grande quantidade de plantas que foram submersas no período de chuvas. Foi observado que na maioria das vezes em que a porcentagem de carnívoros se elevou, também se elevou a porcentagem de herbívoros. Segundo Ricklefs (2003), os predadores em um determinado local tende a controlar a população de organismos dominantes, abrindo espaço para que outras espécies colonizem o lugar, aumentando a 107 diversidade. Isto foi verificado no açude Jatobá I, onde a presença de predadores pode ter influenciado no aumentou da riqueza de táxons, diminuindo a abundância dos táxons dominantes. Figura 2.19. Hábitos alimentares dos invertebrados bentônicos obtido por substrato artificial do açude público Jatobá I, Patos-PB, no período chuvoso e de estiagem entre os meses de abril a setembro de 2008. *Desconsiderou-se a família Chironomidae, por esta possuir vários hábitos alimentares, de acordo com Souza e Abílio (2006). As análises de similaridade mostraram haver diferenças significantes entre as comunidades zoobentônicas que colonizaram os substratos artificiais no açude Jatobá I. Houve uma nítida diferença entre os agrupamentos dos experimentos da estação chuvosa (úmida), representado pela letra “U”, e dos experimentos da estação seca, representado pela letra “S”, evidenciando que cada fase da experiência teve suas peculiaridades. A Figura 2.20 evidencia a presença de quatro agrupamentos significativamente distintos, onde as três primeiras semanas mostram-se distintas das demais, tanto no período seco como no período úmido. No entanto, as diferenças entre os períodos climáticos são maiores que as diferenças internas de cada período. 108 Figura 2.20. Diagrama de agrupamentos com base no índice de Bray-Curtis para as amostras dos experimentos de colonização de substratos artificiais no Açude Jatobá I (Patos-PB) nos períodos Chuvoso ou úmido (U) e estiagem ou seco (S) (os números associados às letras dos períodos indicam as coletas no experimento; as linhas pontilhadas indicam agrupamentos significativamente distintos, de acordo com o Simproof, com 1000 simulações). 2.3.4. Diagnose prévia dos Educandos Os questionários foram aplicados as turmas de 6º a 9º ano, sendo o universo da pesquisa de 51 alunos. Estes possuem entre 10 a 21 anos de idade, sendo a maioria do sexo masculino, com 26 educandos (50,9%) e 25 alunas (49,1%). A Figura 2.21 mostra o momento em que um questionário pré-teste foi aplicado em uma das turmas dessa escola. Figura 2.21. Alunos da 6º ano (A) e da 7º ano (B) da Escola Agrícola respondendo ao pré-teste aplicado no mês de abril de 2008. 109 Os educandos, em sua maioria, são residentes do bairro do Alto da Tubiba , com 37 alunos (72,5%), localizado próximo a essa instituição de ensino, enquanto que 08 alunos (15,6%) moram no bairro do Mutirão, 04 alunos (7,8%) moram na zona rural do entorno do açude e 02 alunos (3,9%) residem no bairro do Jatobá I. Quanto à profissão dos pais, boa parte dos educandos não respondeu a pergunta, correspondendo a 15 alunos (29,4%). Para aqueles que responderam, a profissão de maior freqüência foi a de pescador, informado por 07 alunos (13,7%) e agricultor por 05 alunos (9,8%). As outras profissões informadas pelos educandos, 7,8% (04 alunos) foram para motorista (taxista, moto-taxista); 7,8% foram para vendedores ambulantes; 7,8% para pedreiro; 5,8%, correspondente a 03 alunos, para donas de casa; 5,8% para sapateiros; 02 alunos (3,9%) para vaqueiro, e 7,8% para outras profissões (um aluno para cada profissão respectiva: agente de saúde, vigia noturno, lavadora de roupas e serviços gerais). A freqüência que os educandos vão ao açude Jatobá I foi questionada, obtendo-se as seguintes respostas: 35 deles (68,6%) responderam que vão pelo menos uma vez por semana; 5 dos discentes (9,8%), disseram que vão pelo menos uma vez por mês; 2 estudantes (3,9%) responderam que vão ao açude de seis em seis meses; 3 alunos (5,8%) freqüentam o açude pelo menos uma vez por ano, enquanto que 15,6% (correspondente a 8 educandos) não freqüentam o açude. Como esses educandos são também moradores dos bairros ou de propriedades rurais do entorno do açude Jatobá I, e a maioria mantém certa freqüência nesse corpo hídrico. Sendo assim, foram questionadas quais as atividades praticadas por eles quando freqüentavam o corpo aquático referido. Dentre as respostas obtidas, somente tomar banho no açude correspondeu a 68,7% do total, seguido da pesca e banho, com 9,8%, só passear de canoa correspondeu a 3,9%, enquanto 17,6% responderam não realizar nenhuma atividade no açude Jatobá I. Embora haja educandos nessa escola que sejam moradores do entorno do açude em questão e que convivem em um ambiente escolar próximo do mesmo açude, uma pequena parte não exerce nenhuma atividade neste corpo aquático. 2.3.5. Concepções dos Educandos sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental Com relação às concepções que os educandos possuíam em relação ao Meio Ambiente, a maioria dos educandos não quiseram responder, atingindo um percentual de 62,7%. Dentre os que responderam o quesito, a categoria de meio ambiente como natureza foi 110 a mais freqüente, com 17,6%, (Figura 2.22), seguidos da categoria de resposta como lugar onde se vive, com 11,7%. O meio ambiente como problema obteve um percentual de 7,8% e apenas 1 educando (1,9%) na mesma citação foi incluída em duas categorias: como lugar para se viver e como Natureza. A Tabela 2.3 mostras as respostas dos educandos que mais se enquadram nas categorias sobre Meio Ambiente. Figura 2.22. Porcentagens das respostas dos alunos da escola agrícola de Patos, segundo as categorias de Sauvé (1997 e 2005), sobre Meio Ambiente. Tabela 2.3. Comparação entre as informações dos educandos e classificação de Sauvé (1997 e 2005) sobre as concepções de Meio Ambiente. Citações dos educandos Classificação de Sauvé (1997 e 2005) “É importante porque se concentra as árvores e os animais” (discente do 8º ano) “É uma floresta, muito grande chamada Meio Ambiente como Natureza Amazônia... Nessa floresta tem pedras, riachos, lagos, açudes e também um grande rio chamado Amazonas” (discente do 6º ano) “Meio em que vivemos” (discente do 6º ano) Meio Ambiente como Lugar para se viver “Acho que nosso meio ambiente pode ser metade de um ambiente se a gente não cuidar dele” Meio Ambiente como Problema (discente do 9º ano) 111 Os educandos, em sua maioria, perceberam o Meio Ambiente como natureza, ao qual se deve apreciar e respeitar, reforçando a idéia de que o ser humano está dissociado do mesmo, apenas como um observador, expondo assim um aspecto utilitarista dos atores sociais. Segundo Sato (2001), o sentido atribuído à natureza, seja como objeto externo ao ambiente ou como espaço de apropriação do ser humano, está ligado a valores ideológicos construídos socialmente. Resultados semelhantes foram obtidos por Guerra e Abílio (2006) e Bonifácio (2008), que constataram para os alunos de cinco escolas públicas do Município de Cabedelo-PB, e três escolas públicas de João Pessoa-PB no entorno do rio Jaguaribe, respectivamente, ambos no Estado da Paraíba, uma concepção de Meio Ambiente como natureza, em sua maioria, e como lugar para se viver. Candiani et al., (2004), encontrou na maior parte dos estudantes no município de Cruzeiro e no município de São José dos Campos, ambos no Estado de São Paulo, se referiram a percepções ligadas a conteúdos conceituais, nos quais o Meio Ambiente estava ligado à natureza, apresentando, portanto, o que se chama de visão naturalizada do ambiente. Almeida e Suassuna (2005) verificaram que entre os estudantes de uma escola pública do Distrito Federal o meio ambiente significava como um meio natural em que vivemos; Cunha e Zeni (2007) pesquisando estudantes de Ciências e Biologia de escolas públicas do Município de Blumenau, Santa Catarina, observaram que estes tiveram uma noção de meio ambiente como natureza preservada. Observou-se, portanto, que essa idéia de Meio Ambiente como Natureza revelou para os alunos uma visão imaginária, harmônica e perfeita de uma Natureza considerada como distante de seu convívio, rebuscada em outros biomas, como a Amazônia: “É uma floresta, muito grande chamada Amazônia... Nessa floresta tem pedras, riachos, lagos, açudes e também um grande rio chamado Amazonas” (discente do 6º ano). Sobre isso, Bach-Junior (2007) diz que a percepção que o ser humano tem do ambiente e da natureza é profundamente marcada pelo imaginário, o que pode ser confirmado na constatação de suas construções míticas elaboradas a partir de uma vivência nos lugares habitados ou contemplados, e por sua identificação com as múltiplas imagens que a natureza revela. Tamaio (2002), no entanto, diz que o sentido atribuído a natureza, seja como objeto externo ao ambiente ou como espaço de apropriação e usufruto do ser humano está ligado á valores ideológicos construídos socialmente. Percebeu-se também, em respostas dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB, a categoria “como lugar para viver”, sendo simplesmente reduzido a uma dimensão geográfica, 112 ou seja, compreendem o espaço natural sem considerar as interações e a dinâmica dos seres que fazem parte do ambiente. Segundo Sauvé (2005) esta concepção do meio ambiente impede que o ser humano perceba os problemas ambientais de forma mais ampla, fomentando uma visão reducionista, imediatista e até egocêntrica, por que a preocupação se restringe a sua casa, seu trabalho e talvez ao seu bairro, impossibilitando a formação de uma consciência planetária. Para os que se enquadraram na categoria “como um problema”, o ser humano aparece como aquele que destrói e polui, mas que tem a obrigação de cuidar dela. Sauvé (1997) diz que esse é o ambiente biofísico pertencente a todos, o sistema de suporte da vida que está sendo ameaçado pela poluição e pela degradação, onde se deve aprender a preservar e a manter a sua qualidade. Quanto à questão das concepções dos discentes sobre a educação ambiental, as respostas revelaram que a maioria dos educandos desconhece o tema, sendo registrado um percentual de 80,4% (41 alunos) que não responderam o quesito. Esse fato pode ser relacionado a dois tipos de explicações: ou os discentes não estavam cientes de que se tratava o assunto, não querendo se arriscar em expor sua opinião, ou os mesmos não estavam com disposição em escrever no questionário. Dentre os que responderam 3,9% (dois educandos) se enquadraram na categoria Preservacionista, mostrando uma preocupação com a preservação do meio ambiente, 9,8% se enquadram na categoria Generalista, pois demonstraram uma ampla e confusa visão sobre conteúdos e/ou atividades de educação ambiental (5 educandos); 1,9% (1 educando) foi enquadrado na categoria Prática educativa Interdisciplinar, enquanto que 3,9% (2 educandos), como mostrado na Figura 2.23. 113 Figura 2.23. Porcentagens das respostas dos alunos da escola agrícola de Patos, segundo as categorias de Guerra e Abílio (2006), para as concepções em Educação Ambiental. Abaixo, na Tabela 2.4, estão listadas algumas das respostas fornecidas pelos alunos. Tabela 2.4. Comparação entre as informações dos educandos e classificação de Guerra e Abílio (2006) sobre as concepções de Educação ambiental. Citações dos educandos “É a pessoa que organiza as outras para não jogar lixo” (discente da 7ª série) “É muito bom” (discente da 7ª série). Classificação de Guerra e Abílio (2006) E.A. como Generalista “É a educação do muito ambiente onde nós vivemos” (discente da 7ª série). “Muito importante” (discente do 9º ano) “Para todos” (discente de 8ª série) “Não jogar lixo e nem desmatar” (discente da 6ª série). E.A. como preservacionista “Preservação” (discente da 6ª série) “É tudo o que os professores e outras pessoas E.A. como prática de ensino interdisciplinar nos ensina sobre a nossa educação no ambiente” (discente da 7ª série). “É importante que ensina as pessoas a preservar o meio ambiente” (discente do 9º ano). E.A. como Sensibilização e conscientização “É a gente se educa respeitando o meio ambiente” (discente da 7ª série) 114 Almeida e Suassuna (2005), por meio de questionário revelaram que a maioria dos estudantes da escola pública acreditava que a educação ambiental seria um importante tema a ser estudado e a associação à preservação do meio ambiente e que apenas uma pequena parcela deles disse não ver importância na educação ambiental e demonstraram desconhecimento a seu respeito. Fonseca et al., (2005) observou que na visão da maioria dos alunos em uma escola federal do Rio de Janeiro, a educação ambiental significava proteger e preservar o meio ambiente. Percebeu-se que houve certo distanciamento entre a realidade social dos sujeitos e as questões que envolvem a educação ambiental. Segundo Reigota (2001), “A educação ambiental não deve estar baseada na transmissão de conteúdos específicos, já que não existe um conteúdo único, mas sim vários, dependendo das faixas etárias a que se destinam e dos contextos educativos em que se processam as atividades. (...) O conteúdo mais indicado deve ser originado do levantamento da problemática ambiental vivida cotidianamente pelos alunos e que se queira resolver. Esse levantamento pode e deve ser feito conjuntamente pelos alunos e professores”. 2.3.6. Percepção dos Educandos sobre a Importância do Açude Jatobá I Todo reservatório público tem a finalidade de suprir as necessidades hídricas de uma população local. Por este motivo, os educandos foram questionados sobre a importância do açude Jatobá I para Patos e região, sendo obtidos os seguintes dados: a resposta mais freqüente foi o Jatobá I servir de abastecimento de água, correspondendo a 24,5% e como fonte de renda para muitas famílias. A Figura 2.24 mostra as categorias sobre a importância do açude Jatobá I de acordo com as respostas obtidas pelo educandos. Figura 2.24. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre a importância do açude público Jatobá I. 115 Quando os educandos responderam sobre o açude ser importante como fonte de renda, se tratava de pessoas que dele dependiam deste corpo aquático, como citado por um aluno da 7º ano: “É importante pois ajuda as pessoas ganharem a vida” (discente do 7º ano). É importante elucidar que 39,6% dos alunos não responderam sobre a importância desse açude para a cidade e para moradores do entorno, onde muitos deles residem. Houve um aluno que informou que tal açude não tinha nenhuma importância. Ao contrário desta, houve respostas interessantes sobre essa questão: “Que é uma riqueza para todo o povo da cidade e também abastece a cidade e água é vida para todos nós” (discente do 9º ano) “Importante para equilíbrio ecológico e o ambiente fica um ar mais puro” (discente da 9º ano). Os educandos, principalmente da 9ª série, perceberam o referido ecossistema aquático como algo mais de equilíbrio ecológico, a qual, implicitamente, refere-se como importante para todos s serem vivos que dele depende. Questionaram-se os educandos sobre as atividades humanas existentes no açude Jatobá I. De acordo com o que eles perceberam e/ou vivenciaram, obteve-se o banho de açude como a resposta mais freqüente, com 29,4%, seguido da prática da pescaria, com 21,5% . O número de alunos que não responderam ou não sabiam sobre esse quesito atingiu 31,3%. A Figura 2.25 mostra as respostas dos alunos dessa escola em relação à questão acima. Figura 2.25. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre as atividades humanas que ocorrem no açude público Jatobá I. 116 Nas respostas dos educandos sobre o banho de açude, houve comentários a respeito de que a população de Patos durante os festejos realizados na sangria do açude Jatobá I leva as pessoas exagerarem nas suas comemorações e morrerem afogados, ou para aqueles jovens que saltam da “casinha”. Abaixo, está uma citação de um dos educandos sobre essa atividade, e em seguida, a Figura 2.26 mostrando essa atividade percebida pelos alunos: “Sim, porque os homens bebem, ficam pulando na sangria, os jovens e outras pessoas pode causar acidente grande, pode até morrer” (discente do 7º ano). Figura 2.26. Banho de açude Jatobá I, Patos-PB, como uma atividade humana percebida pelos educandos da escola Agrícola: (A) Festejos durante a sangria; (B) jovens saltando da “casinha”. A segunda atividade mais freqüente, na percepção dos alunos, foi a pescaria nesse açude. Como existem educando matriculados nessa escola cujos pais são pescadores, seria evidente que tal atividade fosse mencionada nesse quesito, aliado ao fato de que estes profissionais são freqüentemente observados realizando suas atividades. Em relação aos impactos ambientais (no questionário colocado como problemas ambientais existentes no açude) decorrentes das atividades humanas, percebidos pelos educandos em suas experiências vividas no entorno do Jatobá I, a poluição foi a resposta dominante, atingindo um percentual de 27,4%. Entretanto, houve, por parte dos educandos dessa escola, um equívoco em relação ao entendimento sobre tais impactos ou problemas ambientais, onde muitas dessas estavam em desacordo com a proposição da pergunta. Dentre essas respostas, os mosquitos, Barata d’água, Cobra, Morte, Correnteza, Caracol, Plantas aquáticas e Brigas foram informados. A Figura 2.27, mostra as respostas obtidas pelos educandos sobre os impactos ambientais no Jatobá I. 117 Figura 2.27. Percepções dos educandos da Escola Agrícola de Patos-PB sobre os Impactos Ambientais que ocorrem no açude público Jatobá I. Segundo Guerra e Abílio (2006) em estudos com estudantes de escolas públicas do município de Cabedelo-PB, a maioria destes atores sociais apresentam facilidade em dar exemplos de problemas ambientais, e mencionam a poluição, as queimadas, o desmatamento, como aspectos que prejudicam o meio ambiente. Dentre as maiores preocupações com o meio ambiente, o grupo de estudo se referiu à poluição em geral e, num segundo plano, o lixo. Entretanto, esse mesmo grupo pouco questiona os seus valores consumistas e não tem o hábito de separar o lixo para vendê-lo ou doá-lo (FONSECA et al.,2005). Os alunos elucidam que a morte (neste caso, refere-se às pessoas que exageram em bebidas alcoólicas e imprudências, morrendo afogados ou levados pela correnteza no sangradouro) como um problema freqüente, principalmente durante a época das chuvas. Nesse período de chuvas, os educandos também comentaram que havia muita discórdia entre os banhistas, sendo aqui também relacionado como um problema ambiental encontrado no açude. Já os alunos que são residentes no bairro do Mutirão perceberam que havia lavagem de carros naquele local (preferido por estes devido ao fácil acesso ao açude Jatobá I). Para esse 118 educandos, observar tais impactos se torna constante, uma vez que estas atrocidades ocorrem quase todos os dias. Observou-se um elevado percentual de educandos que não respondeu, não soube informar ou mencionou que não havia problemas no açude (27,1% no total). Isso deve ser explicado pelo número de alunos que não freqüentam o açude Jatobá I com tanta intensidade. Porém, revela que a Escola não realiza atividades práticas de Educação Ambiental na realidade vivida pelos educandos, uma vez que estes são todos residentes de bairros ou propriedades do entorno do açude Jatobá I. Foi questionado aos discentes da escola se estes percebiam os animais aquáticos existentes nesse açude e se estes poderiam citá-los pelo menos cinco deles. As Respostas sobre a fauna existente no açude Jatobá I foi listado na Figura 2.28. Figura 2.28. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre os animais aquáticos que habitam o açude Jatobá I, Patos-PB. Os grupos de animais que foram informados pelos educandos foram: peixes, aves, répteis, anfíbios, moluscos e artrópodes (inseto e crustáceo). O peixe, genericamente, foi a resposta mais freqüente entre todas, atingindo um percentual de 16,5%. Dentre os peixes, os mais comentados foram o Tucunaré, o Piau e a Piaba, cada um com 3,4%. 119 Já para os répteis, a cobra atingiu 9,5% do total de respostas, sendo a segunda mais freqüente, seguido do cágado, com 6,1%; Já os moluscos, o aruá ou caramujo atingiu 5,1%; dentre as aves, a galinha d’água (marreco) foi a terceira mais freqüente, atingindo 8,7% das respostas; Para os artrópodes, o camarão (3,4%) e a barata-d’água (2,6%). Educandos que não responderam ou não souberam, obteve-se um percentual de 17,3%. Observou-se que os educandos, de acordo com os seus valores, indicaram os animais de estima econômico (peixe), ou de potencial perigo (cobra), sendo assim mais notável de ser percebido. Quanto à importância desses animais aquáticos para o açude Jatobá I e/ou para o homem, os discentes, em sua maioria, não souberam ou não responderam o quesito, atingindo-se 47,4%. Para os que informaram sobre a importância dos animais citados, a que mais se destacou foi que essa fauna servia para a alimentação humana, como no caso o peixe, camarão e marreco, atingindo 28%. Abaixo, a Figura 2.29 mostra a importância desses animais na percepção dos educandos. Figura 2.29. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre a importância dos animais aquáticos que habitam o açude Jatobá I. Houve resposta em que os animais aquáticos promovem a limpeza do açude Jatobá I, indicando que as sujeiras lançadas pelo homem podem ser facilmente removidas por estes organismos. A citação abaixo mostra esse tipo de associação: “Multiutilidades, é que os peixes comem as sujeiras que nós trazemos de casa”. (discente do 9º ano). 120 “Sim, eles servem de alimento para seres humanos, servem para limpar o açude de diversos Métodos” (discente do 9º ano). Os alunos ainda foram questionados sobre a existência de algum animal aquático no açude Jatobá I que fosse potencialmente perigoso para o ser humano. As respostas mostraram que houve uma relação a cobra como o animal mais perigoso do açude Jatobá I %, atingindose um percentual de 30,5% entre os educandos. A barata-d’água foi a segunda mais freqüente, com 6,7%, enquanto que o caramujo (aruá) obteve-se 5,1%. Apenas 1,7% foram atribuídas ao mosquito. A Figura 2.30 mostra as respostas sobre essa questão. Figura 2.30. Percepção dos educandos da Escola Agrícola de Patos sobre os animais aquáticos que apresentam perigo para o homem existente no açude Jatobá I. Embora não houvesse justificativa por parte dos educandos, a relação de perigo com a cobra pode estar associada ao fato de que o açude em questão estar repleto de capim-elefante e vegetação rasteira o que poderia oferecer condições propícias para a acomodação desses animais nas margens desse corpo aquático, justificando-se pelo perigo potencial da cobra no Jatobá I. Dentre os poucos alunos que justificaram as suas respostas, o aruá (Pomacea lineata) oferece perigo por essa maneira: “Corte nos pés pelo aruá causa doença” (discente do 8º ano). Para alguns educandos, havia o mito de que se cortar com a concha do “aruá” (Pomacea lineata) poderia causar além do corte no pé, uma doença. Porém, tal doença não foi especificada por aqueles. 121 A respeito da barata-d’água (Belostoma sp.), observou-se que os alunos, em sala de aula, comentaram que a picada desse animal é muito dolorida e que causa lesões consideráveis no local da picada. Segundo Epler (2006), diz que esses animais possuem digestão extracorpórea, liberando suas enzimas digestivas em suas presas. Embora o ser humano não seja uma presa para esses animais, isso não impede uma eventual picada por esse. Sobre os animais aquáticos que oferecem risco a saúde humana, o percentual de educandos que não respondeu, não soube, que informaram que não existe tais animais no açude ou que as informações foram consideradas desconexas, atingiu 55,8%. Isso mostra que a maioria dos discentes não conhece a respeito desses animais que podem ser hospedeiros intermediários de agente causadores de doenças ou que possam ferir o ser humano. Para concluir, foi aplicado aos educandos quinze ilustrações de invertebrados bentônicos, [(Melanoides tuberculata, Oligochaeta, Belostomatidae (barata-d’água), Naiada de Odonata (libélula), larva de coleóptera, Nepidae, Dytiscidae, Chironomidae, Aedes egipti, Baetidae, Hirudínea (sanguessuga), Pomacea lineata (aruá), Biomphalaria sp., Bivalvia, Macrobrachium (camarão)], propondo-se para os mesmo que respondessem sim ou não para os animais conhecidos, informando o nome deles. As respostas foram representadas na Figura 2.31. Figura 2.31. Reconhecimento dos invertebrados bentônicos através das ilustrações aplicadas aos educandos da escola agrícola de Patos. 122 Dentre os animais das ilustrações, 67% dos educandos reconheceram o gastrópode P. lineata, seguido do pulmonado Biomphalaria sp. (56%). O Macrobrachium sp. foi o terceiro mais reconhecido (44%), a barata-d’água (39%). A explicação foi que a maioria dos educandos que visitam o açude Jatobá I, supostamente observaram esses animais, tão comuns nesse ambiente aquático, além de serem fáceis de serem percebidos devido ao seu tamanho e ao valor a estes atrelados, seja positivo (fator econômico, como o camarão) ou negativo (apresentam perigo ao homem, como o aruá). As respostas também indicam que os educandos reconheceram o Melanoides tuberculata, conhecido também como aruá-parafuso (36,5%) e as sanguessugas (15%). Porém, os alunos mostraram conhecer alguns animais que vivem no referido açude, uma vez que foi registrado nos questionários, ao lado da ilustração do Bivalvia, que “esse não tem no açude”. 2.3.7. Excursão Didática Como se trata de uma escola cujo ensino era de nível técnico-fundamental, a maioria dos discentes já conhecia alguns conceitos básicos, como lixiviação, erosão, o que facilitou bastante a linguagem usada na situação. Todas as turmas estiveram presentes durante a realização da excursão didática, cujo objetivo foi apontar, na prática, as belezas e os problemas existentes no açude Jatobá I. Nesse contato com o ambiente vivenciado pelos alunos, foram sendo evidenciadas, com a ajuda dos professores da escola, a influência do ciclo hidrológico no açude Jatobá I e as atividades humanas existente na área. A Figura 2.32 mostra as aulas de campo experienciadas pelos alunos nas margens do açude Jatobá I, nas proximidades da escola agrícola. 123 Figura 2.32. Aula de campo desenvolvida com os alunos e professores da Escola Agrícola de Patos-PB, no mês de Agosto de 2008. À medida que foi sendo explorado o ambiente, às margens da bacia hidráulica do Jatobá I, um dos professores solicitou uma explicação sobre as doenças transmitidas por moluscos, apontando para um gastrópode vulgarmente conhecido como “aruá” (Pomacea lineata). Baseado nas respostas dos alunos sobre a periculosidade dos animais aquáticos, onde foram falados do risco no corte por conchas deste animal, foram mostrados para os educandos exemplares encontrados no local de animais que apresentam perigo para o ser humano, quebrando-se, naquele momento, qualquer mito. A Figura 2.33 abaixo mostra os animais P. lineata (aruá) e Melanoides tuberculata (aruá-parafuso) que foram mostrados para os educandos em observações de campo. Figura 2.33. Pomacea lineata (aruá) e Melanoides tuberculata (aruá-parafuso) encontrados durante as observações em campo no açude Jatobá I, Patos – PB. 2.3.8. Educandos e o Substrato artificial Foi realizado também com todas as turmas da escola Agrícola, um acompanhamento dos experimentos com substrato artificial para a captura de invertebrados aquáticos. Durante essa fase do experimento, realizou-se uma breve explicação sobre a importância desses animais para o ambiente, o porquê da captura dessa fauna no açude e como ocorreria a colonização dos invertebrados nos substratos. A Figura 2.34 mostra o momento em que o substrato artificial estava sendo instalado, com as devidas explicações e cuidados. 124 Figura 2.34. Instalação dos substratos artificiais no açude Jatobá I, juntamente com alunos e professores da escola agrícola de patos, nas proximidades da sede educacional estudada. Percebeu-se que as turmas participavam das atividades com grande interesse, uma vez que os educandos estavam assistindo às aulas em plena margem do açude Jatobá I, em contato direto com a natureza. As coletas ocorreram duas semanas após a instalação, o qual apenas um cesto foi coletado para que fossem mostrados os animais capturados no açude Jatobá I aos educandos, inferindo sobre as características do mesmo no ambiente. Os invertebrados capturados foram: ninfas de Odonata (libélulas), moluscos (Pomacea lineata) além de camarão (Macrobrachium sp.) e besouro-d'água (Dytiscidae). A Figura 2.35 ilustra um dos momentos de captura de animais em substrato artificial, onde em campo foram revelados para os educandos, que anotavam as informações sobre o ambiente no momento da coleta. Figura 2.35. (A) Coleta de substrato artificial para a captura de zoobentos, no açude Jatobá I, com os educandos da escola Agrícola de Patos (B); mostrando, em campo, alguns animais capturados. 125 2.3.9. Atividades em Sala de Aula Após as aulas de campo e a realização de um curto diagnóstico do açude Jatobá I através dos experimentos com substrato artificial com zoobentos, foram desenvolvidas, na sede da escola, aulas voltadas para a questões sobre o açude Jatobá I. Na primeira aula, foi trabalhado com os alunos, através de pergunta e respostas (aulas participativa) a respeito do que foram vistos pelos educandos nas aulas de campo. Estes, por sua vez, lembravam-se do que foram mostrados durante as aulas de campo, reconhecendo-se diversas áreas e pessoas presentes nas fotografias expostas, despertando o interesse nas aluas. Monteiro (2004), estudando as escolas municipais de ensino fundamental e médio de São José dos Ausentes-RS, disse que as fotografias poderiam ser aplicadas, abrangendo suas questões teórico-filosóficas, suas interferências no desenvolvimento de maiores estágios das percepções, leitura e críticas às questões ambientais, priorizando a exposição de fotografias como vetor principal de apoio à educação ambiental. Abordou-se, também na mesma aula, sobre a poluição, atividades humanos e impactos no ambiente, meio Ambiente e uma breve apresentação sobre os resultados obtidos na pesquisa com substratos artificiais, mostrando alguns dos animais capturados no substrato artificial, como ninfas de libélulas, besouros d’água, camarão, larvas de mosquitos, oligoquetas e as quatro espécies de moluscos existentes no açude Jatobá I. Aproveitou-se a oportunidade para apresentar o perigo que alguns animais bentônicos poderiam oferecer para a saúde humana, explicando-se o ciclo de uma doença comum no Nordeste brasileiro, a Esquistossomose (vulgarmente conhecida como “barriga-d’água”), como mostrado na Figura 2.36. Figura 1.36. Aula-palestra desenvolvida na Escola Agrícola de Patos-PB referente à importância do açude Jatobá I para a região, bem como aprofundar nos problemas ambientais existentes nos local devido as atividades humanas. 126 Em outro momento, por fim, houve uma explanação sobre o objetivo da educação ambiental para as escolas e comunidade em geral, mostrando-se casos práticos vivenciados pelos educandos da escola agrícola de Patos. De acordo com Oliveira (2003), a Educação Ambiental (EA) se apresenta como uma estratégia que promove a busca de soluções das questões relacionadas ao meio ambiente e nos leva a repensar o mundo enquanto espaço de convivência dos seres humanos entre si e deles com a natureza. 127 2.4. CONCLUSÕES Os Chironomidae e Oligochaeta foram os grupos dominantes durante o período de chuvas, enquanto que os Ostracoda e os Oligochaeta dominaram o período de estiagem no açude Jatobá I. A dominância de Chironomidae e Oligochaeta no açude Jatobá I, durante o estudo com substrato artificial, pode indicam alterações geradas pela ação antrópica no ambiente, embora os valores físicos e químicos da água analisadas se mostrassem dentro dos limites estabelecidos pelo CONAMA. A presença do Macrobrachium sp., um animal de origem exógena, foi marcante no açude, principalmente entre as plantações de capim-elefante que foram plantadas dentro da faixa úmida no Jatobá I. De uma maneira geral, a maioria dos educandos da Escola Agrícola de Patos convive com o problema que assola o açude Jatobá I (principalmente a poluição), porém, não se sentem como agentes capazes de melhorar o seu ambiente. As concepções atribuídas ao meio ambiente e ao problema ambiental abordam elementos que se encontram mais presentes no cotidiano desses educandos, não fugindo da visão naturalista (referindo a Meio Ambiente), como também a elementos que incomodam o bem-estar individual, a sujeira e poluição, por exemplo (referindo a Problema Ambiental). Quanto à compreensão do que seja Educação Ambiental, este precisa ser melhor trabalhado nas referidas Escolas e de forma urgente e interdisciplinar, uma vez que, é algo que deve está na base das relações dos seres humanos. Com relação aos experimentos com substratos, notou-se um grande interesse por parte dos discentes para com os animais aquáticos, despertando a curiosidade em conhecê-los melhor. 128 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise de zoobentos em substratos artificiais, como um diagnóstico de curta duração para avaliar a qualidade ecológica do açude Jatobá I, Patos-PB, demonstrou que existem alterações no ambiente devido a atividades humanas no seu entorno. Entretanto, tais alterações não são consideradas como um risco a saúde pública, uma vez que os valores médios de nutrientes (nitrogênio e Fósforo total) estão dentro dos parâmetros recomendados pelo CONAMA para o abastecimento de água. Mesmo assim, o estudo poderia ser mais prolongado, pois diagnóstico ambiental utilizando-se o zoobentos em substrato artificial, embora seja mais prática em relação aos métodos tradicionais, exige muito esforço amostral durante os experimentos em um prazo curto de tempo para processar as amostras. Além disso, o tempo estabelecido nesse trabalho seria de três meses de análises para cada estação (chuvosa e seca), porém a ação de vândalos e/ou curiosos no local, associado ao fácil acesso aos experimentos, destruiu ou deslocou boa parte dos cestos de polietileno, inutilizando-as para as análises. Outro transtorno ocorrido neste trabalho foi a demora do documento de autorização do IBAMA para a realização de coletas de invertebrados bentônicos no local, o que provocou o atraso da instalação dos experimentos. Além disso, contou-se que seria um período sem grandes chuvas na região, o que ocasionou a instalação dos experimentos no mês de março/2008, pois se contava com as precipitações pluviométricas para iniciar a instalação dos substratos artificiais sem problemas (nesse período, o açude Jatobá I estava com 35% da sua capacidade). Porém, uma semana depois da instalação dos cestos, o referido açude estava com 95% da capacidade total, ocasionando a inacessibilidade de todos os pontos já determinados, tendo que refazer tudo novamente, desde à aquisição do material, confecção de cestos, bóias e substrato. Para os trabalhos realizados na Escola Agrícola de Patos, os problemas ocorridos foram com relação à burocracia exigida pela Secretaria de Educação do município e pela instituição de ensino, e pela justificativa fornecida pela diretoria da escola dizendo que os alunos precisariam de aulas de recuperação, impedindo boa parte das atividades a serem realizadas com os educandos em sala de aula, inclusive o questionário pós-teste. Com relação às entrevistas realizadas pelos moradores e pescadores, houve problemas com relação ao universo da pesquisa. Muitos atores sociais se recusavam ser entrevistados por associarem o tipo de trabalho o entrevistas políticas, devido ao ano eleitoral para prefeito, 129 mesmo sendo indicados por pessoas influentes do local e fosse mostrado a finalidade da pesquisa. Porém, observações e entrevistas realizadas com os moradores do entorno utilizam formicida na época de vazante para proteger as plantações, além de lançamento de efluentes domésticos sem nenhum tratamento no açude, sendo necessária uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes para conter esse tipo de poluição, pois estes efluentes podem percolar e atingir os lençóis freáticos, enriquecendo a água subterrânea, uma vez que estas águas são utilizadas em momentos de seca na construção de cacimbas para atenderem as demandas hídricas do local. Também é necessária uma maior intervenção dos órgãos públicos com a questão de informações a respeito da participação popular na fiscalização contra atrocidades ocorridas no açude Jatobá I. 130 RECOMENDAÇÕES É necessária uma maior intervenção dos órgãos públicos com a questão de informações a respeito da participação popular na fiscalização contra as influências antrópicas negativas ocorridas no açude Jatobá I. Que haja maiores esclarecimentos para a população sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos, informando principalmente os moradores sobre a questão das atividades nas suas propriedades, como queimadas, efluentes domésticos, impedimento da população ao livre acesso ao açude Jatobá I, além da construção de cercas dentro da faixa úmida da bacia hidráulica, oferecendo riscos para os banhistas e pescadores. Deve-se promover com os estudantes atividades voltadas para a percepção do meio ambiente como um elemento constituinte do seu dia a dia e também incorporar a visão do ser humano como elemento transformador do seu meio e um dos principais elementos causador de problemas ambientais. Atividades educacionais, mais voltadas para o campo (de preferência, no lugar de convívio), também devem ser estimuladas, uma vez que os educandos dessa escola técnicafundamental apresentaram mais interesse em conhecer mais sobre o seu ambiente de convivência. É recomendado também se trabalhar a parte de coliforme fecal e total e matéria orgânica no sedimento do açude Jatobá I, em locais onde haja a presença de criação de animais. Embora não tenha sido analisado nenhum desses parâmetros, observou-se em muitos desses locais um aspecto de decomposição. Isso é necessário, pois se evidenciou que muitos atores sociais ingerem a água in natura do açude. Recomenda-se em não realizar trabalhos de pesquisa em anos eleitorais, uma vez que se perde muita no universo da pesquisa ou nas respostas dos entrevistados por estes acharem que estão sendo abordados por pessoas envolvidas em campanhas políticas. É necessário que haja mais estudos aprofundados em taxonomia e ecologia desses invertebrados bentônicos regionais, para futuramente promover uma maior confiabilidade de índices bióticos, ale, de confecção de chaves de identificação mais apurada para o semi-árido brasileiro. 131 REFERÊNCIAS ABÍLIO, F.J.P. Aspectos Bio-Ecológicos da Fauna Malacológica, com Ênfase a Melanoides Tuberculata Müller, 1774 (Gastropoda: Thiaridae) em Corpos Aquáticos do Estado da Paraíba. Dissertação de Mestrado apresentado à Coordenação de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, UFPB, João Pessoa, 150p. 1997. ABÍLIO, F.J.P. 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São Paulo: Difel, 1980. 138 APÊNDICES _____________________________________________ 139 APÊNDICE A – Questionário semi-estruturado aplicado aos alunos da Escola Agrícola de Patos-PB. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente MESTRADO Sub-Programa UFPB/UEPB QUESTIONÁRIO PARA O(A) ALUNO(A) Turma (série): ____________________ Idade: ______ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 1.Você mora em qual bairro da cidade de Patos?___________________________________ 2.Profissão do pai dou da mãe?____________________________________________ 3. Na sua opinião, qual a importância do açude Jatobá I para a cidade de Patos? 4. Você costuma ir ao açude Jatobá I pelo menos: ( ) Uma vez por dia; ( ) Uma vez por semana; ( ) uma vez a cada mês; ( ) uma vez por ano; ( ) Nenhuma vez. 5. O que você costuma fazer quando vai ao açude Jatobá I? (pode marcar mais de uma opção). ( ) Pescar; ( ) Tomar banho/ nadar ( ) Praticar esporte nas margens’ ( ) Colocar os animais para pastarem ( ) Buscar grama para os animais ( ) Buscar água para consumo da casa ( ) Andar nas margens ( ) Passear em canoas ( ) Ajudar ou acompanhar parentes em bares ou restaurante nas margens ( ) Outras atividades: ___________________________________________________________________________ 6. Você pode dizer quais as principais atividades humanas que você observa no açude Jatobá I e no seu entorno? 7. Quais os principais problemas (impactos ambientais) encontrados no açude Jatobá I? 8. No seu ponto de vista, esses impactos que você mencionou anteriormente podem causar problemas para as pessoas da cidade de Patos? Por quê? 140 9. E para os organismos (outros seres vivos) aquáticos do açude Jatobá I, tais problemas podem prejudicá-los? Por quê? 10. Você pode listar pelos menos 5 (cinco) animais aquáticos do açude Jatobá I? 11. Você sabe alguma utilidade dos animais aquáticos possam ter no açude Jatobá I? Qual(is)? E para o Homem, esses animais têm utilidade (Ver última folha com as figuras dos animais). 12. Tem algum animal que vive dentro do açude Jatobá I que pode ser perigoso para o Homem? Qual(is)? 13. Você conhece alguém que tenha adoecido por causa de algum animal aquático do açude Jatobá I? Qual doença? 14. Mapa de Conceitos: apresente um conceito (o que você acha sobre) para os seguintes termos: MEIO AMBIENTE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL: 15. Você já viu algum desses animais no açude Jatobá I (na última folha)? Se já viu, marque sim, caso contrário, marque não. E circule aquele animal que pode transmitir doença? 141 142 APÊNDICE B – lista de Questionário aplicado aos Atores sociais do entorno do açude Jatobá I, Patos-PB. 1. Você mora em qual bairro da cidade de Patos? 2. Há quanto tempo mora aqui? E há quanto tempo vive no açude Jatobá I? 3. Você gosta de morar/viver aqui? Por quê? 4. Na sua idéia, para que serve (qual a importância) do Açude Jatobá I para Patos e região? 5. Mudou muita coisa aqui no açude Jatobá I, de 20 anos para cá? O quê? Mudou para melhor ou para pior? 6. Gostava mais do açude Jatobá I antigamente ou gosta dele nos dias de hoje, em relação a sua profissão? 7. O que você acha do aumento do número de casas que estão sendo construídos nas margens do açude Jatobá I? Por quê? 8. E quando o açude está secando, como vocês se apropriam do terreno? O que costumam fazer? 9. Você pode dizer quais as principais atividades humanas que você observa no açude Jatobá I? 10. E quais os principais problemas encontrados no açude Jatobá I, na sua opinião? 11. Você acha que alguma casa lança diretamente o esgoto no açude Jatobá I? E você acha que isso é problema? 12. Quanto à questão das vacarias, você acha que de alguma forma prejudicam as águas do Jatobá I? Por quê? 13. Você acha que de alguns anos para cá, tem aumentado ou diminuído a quantidade de peixes no açude Jatobá I? Por quê? 14. Você considera o açude limpo ou sujo? Por quê? 15. Você costuma beber água do açude Jatobá sem nenhum tratamento? Por quê? 16. Quem você acha que deve cuidar do açude Jatobá I? 17. Você poderia me falar alguns nomes de animais aquático do açude Jatobá I? 18. Fora os peixes, você poderia me dizer outros animais (bichos) que vivem dentro d’água? 143 19. Alguma vez você já viu saindo “mariposas” da água do Jatobá I? Quando? É freqüente? 20. Sabe me dizer se no açude Jatobá I há sanguessugas? 21. Aquela massa rosada que está grudada nas canoas, estacas ou postes dentro do açude Jatobá I, você sabe o que é? Se fosse na sua canoa, você tiraria aquilo? Você acha que prejudicaria sua canoa? Sabe se alguém usa aquilo para alguma coisa, como cura de doença, por exemplo? 22. Você já comeu ou conhece alguém que come “Aruás” ou “Lolôs”? Ou usa para a pesca? 23. E para os seres aquáticos do açude Jatobá I, os problemas como poluição, criação de animais, lavagem de carros, entre outros, podem prejudicá-los? Por quê? 24. Você sabe alguma utilidade que esses animais aquáticos possam ter no açude Jatobá I? Qual(is)? E para o Homem, esses animais têm utilidade? De que forma, na sua opinião? 25. Tem algum desses animais que vivem dentro do açude Jatobá I que possam ser perigosos para o Homem? Qual(is)? 26. Quando você pega os camarões miúdos, onde você costuma ir pegá-los? O que você usa e que horas você coleta? Costuma vir mais algum bicho, fora os peixes? O quê? 27. Há quanto tempo é pescador? 28. Quantas vezes vêm pescar no açude Jatobá I? 29. Que tipo de pesca costuma fazer? Usa Tarrafa? Qual a malha? Armadilha? Rede de Arrasto? 30. A que horas você costuma pescar? Dia? Noite? 31. Você passa quanto tempo para pescar? 32. O que você costuma usar como isca? 33. Você sabe quantos tipos de peixes tem no açude Jatobá I? 34. Qual a melhor época para Tarrafa; Vara de pescar; armadilha? 35. Dá para viver somente com o pescado do açude Jatobá I? 36. Qual a época que o IBAMA proíbe a pesca no açude Jatobá I? Pr quê? O que você costuma fazer nessa época? 144 APÊNDICE C. Teste U das variáveis ambientais do açude Jatobá I, Patos-PB, nos períodos de Chuva e de Estiagem. 145 APÊNDICE D. Correlação não-paramétrica de Sperman das variáveis ambientais do açude Jatobá I e a sua fauna bentônica, Patos-PB, nos períodos de Chuva e de Estiagem do ano de 2008. 146 ANEXOS _____________________________________________ 147 ANEXO A. Pluviosidade Diária de Patos - PB do ano de 2008, Local da coleta: EMBRAPA/Patos Meses Março Abril Dias 26,2 42,2 01 0 2,8 02 0 18,1 03 11,5 17,5 04 4,2 52,4 05 0,2 0 06 0 1,5 07 8,4 0 08 3,3 7,3 09 9,2 3,1 10 0 0 11 0 19,5 12 6,3 0 13 83,5 5,2 14 4,4 2,8 15 2,9 0 16 0 0 17 78,8 0 18 9,6 0 19 25 0 20 2,7 0 21 4,2 0 22 1,5 0 23 35 32,4 24 33 6,2 25 15,4 0 26 26,3 0 27 42,8 0 28 11,6 0 29 6,1 0 30 37,4 31 TOTAL 489,5 211 Fonte: EMATER de Patos – PB. Maio 0 0 0 0 0 57,8 0 1,0 1,3 103 6,8 0 0, 0 0 0 0 2,3 0 0 0 4,8 0 0 0 0 0 6,0 0 0 0 183 Ano de 2008 Junho Julho 0 0 0 0,8 8,6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13,8 0 5,6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7,0 Agosto Setembro 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,7 148 ANEXO B. A tipologia das concepções sobre o Ambiente (retirado de SAUVÉ, 1997). AMBIENTE RELAÇÃO Como natureza Para ser apreciado e preservado Como recurso Para ser gerenciado Como problema Para ser resolvido Como lugar para viver Educação ambiental, sobre e no para cuidar do ambiente Como local para ser dividido Como biosfera Como projeto comunitário Para ser envolvido CARACTERÍSTICAS Natureza como catedral, ou como um útero, pura e original. Herança biofísica coletiva, qualidade de vida. Ênfase na poluição, deteriorização e ameaças. A natureza com seus componentes sociais, históricos e tecnológicos. Espaçonave Terra. “GAIA” a interdependência dos seres vivos com os inanimados A natureza como foco na análise crítica, na participação política da comunidade 149 ANEXO C. Concepções e categorias para caracterizar os tipo de estudos com educação ambiental (GUERRA e ABÍLIO, 2006). EDUCAÇÃO AMBIENTAL CARACTERÍSTICAS Generalista Demonstra uma visão ampla e confusa sobre conteúdos e/ou atividades de educação ambiental. Valorizam “em excesso” o processo de preservação de recursos naturais (manutenção de recursos naturais intocáveis ou para gerações futuras); Valoriza o processo de conservação dos recursos naturais (estes podem ser explorados desde que seja utilizados de forma racional) Processos de formação do indivíduo crítico e reflexivo quanto aos problemas ambientais e utilização dos recursos ambientais de forma racional. Preservacionista. Conservacionista Sensibilização e conscientização Desenvolvimento sustentável Promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro do limite das possibilidades ecológicas a que todos podem, de modo razoável, aspirar, minimizar impactos diversos sobre os recursos naturais, a fim de manter a integridade global do ecossistema. Ecologista-ecossistêmico Demonstra uma confusão com a ciência Ecologia ou seus conceitos com quando se verifica que apenas n ecossistema onde se deve desenvolver atividades de educação ambiental. Prática educativa interdisciplinar Demonstra que haja interações entre disciplinas, através de um planejamento integrado das experiências de aprendizagem, para se desenvolver atividades e/ou práticas educativas da Educação ambiental. Sócio-ambiental-cultural Considera o meio social e o cultura inserido no ambiente natural; processo de formaçãoinformação e o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais com a participação das comunidades na conservação e manutenção do equilíbrio ambiental. 150 ANEXO D.. Médias das variáveis físicas e químicas da água do açude Jatobá I entre o período de abril a setembro de 2008. Chuvoso Estiagem Dias das coletas 10/04/2008 24/04/2008 01/05/2008 08/05/2008 15/05/2008 23/05/2008 29/05/2008 05/06/2008 12/06/2008 23/07/2008 07/08/2008 13/08/2008 20/08/2008 27/08/2008 03/09/2008 10/09/2008 17/09/2008 24/09/2008 Média total pH 5,74 7,43 7,59 7,67 7,55 8,06 7,86 7,99 8,23 8,45 7,95 7,93 8,22 8,19 8,23 8,26 8,40 7,56 7,86 CE 189,16 188,74 185,46 182,51 178,47 180,43 171,47 184,61 199,30 177,31 179,41 172,89 218,67 209,20 193,25 167,82 218,11 224,67 189,43 Turbidez 7,69 3,61 2,92 2,40 4,07 3,21 2,38 3,99 3,52 3,26 2,10 3,07 2,45 2,79 2,63 2,73 2,45 3,96 3,28 Sal. total 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,09 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 TDS 94,51 94,36 92,74 91,14 89,23 90,18 85,72 92,28 99,60 88,60 89,64 86,59 109,00 104,31 96,51 84,13 109,44 113,00 94,72 TºC 29,62 31,28 31,17 30,69 27,66 29,17 28,82 27,93 26,93 26,16 25,33 24,60 26,20 26,13 25,77 26,13 26,57 25,35 27,57 OD 2,24 4,99 5,55 5,80 3,96 4,93 6,83 6,22 6,53 10,39 7,72 8,31 8,89 7,35 8,06 8,73 8,14 7,70 6,78 Alcal 9,89 10,00 9,89 9,78 10,00 10,00 10,00 10,00 12,00 11,89 12,00 11,89 13,00 12,00 12,00 12,00 12,78 13,33 11,21 Dureza Total 45,11 41,56 42,00 42,00 42,00 42,11 42,89 44,00 42,00 42,89 42,67 43,78 44,22 44,00 44,00 44,00 45,78 47,00 43,38 Amônia 27,70 14,19 21,41 16,04 141,59 0,01 0,01 0,01 0,02 0,01 43,44 37,70 36,59 54,93 45,80 38,44 52,15 34,28 31,30 Nitrito 7,12 4,50 3,31 6,33 6,88 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 3,31 4,26 3,63 2,67 3,15 4,74 1,64 1,64 2,98 Nitrato 37,33 29,87 28,31 29,88 18,14 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 43,21 28,59 25,34 22,43 23,95 31,14 12,35 24,69 19,65 Fósforo Total 59,69 72,51 66,29 52,73 99,84 0,04 0,04 0,02 0,03 0,01 9,09 3,44 2,69 6,87 4,78 4,33 1,93 0,23 21,76 151 ANEXO E. Volume dos açudes Monitorados pelo DNOCS em janeiro de 2008. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS - DNOCS COORDENADORIA ESTADUAL DA PARAÍBA – CEST/PB Nº 21 21 21 21 21 AÇUDE Jatobá I ( 1 ) Jatobá I ( 1 ) Jatobá I ( 1 ) Jatobá I ( 1 ) Jatobá I ( 1 ) LOCALIZAÇÃO Patos Patos Patos Patos Patos RIO / RIACHO R. dos Mares R. dos Mares R. dos Mares R. dos Mares R. dos Mares CAPACIDADE ( m³ ) 17.515.000 17.515.000 17.515.000 17.515.000 17.515.000 VOLUME ( m³ ) 6.175.716 5.455.524 5.455.524 17.515.000 17.515.000 VOL. PRECIP. % (mm) * 35 31 35 100 100 DATA INFORMAÇÃO 28/12/2007 31/01/2008 27/02/2008 31/03/2008 30/04/2008 152 ANEXO F. Condições e padrões estabelecidas pelo CONAMA para água doce classe 2. *Válidos também para água doce classe 2 competente; III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; IV - turbidez: até 100 UNT; V - DBO 5 dias a 20°C: até 5 mg/L O2 VI - OD, em qualquer amostra: não inferior a 5 mg/L O2 VII - clorofila a: até 30 µg/L; VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e, IX - fósforo total: a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e, b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico. 153 ANEXO G. Diário Oficial de União, de 22/02/2005. 154 155 ANEXO H. Diário Oficial da União número 24, fevereiro de 2008.