Conceitos dos funcionários da Unioeste (Reitoria)
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Conceitos dos funcionários da Unioeste (Reitoria)
CONCEITOS DOS FUNCIONÁRIOS DA UNIOESTE (REITORIA) SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS NO DESENVOLVIMENTO DE UM TRABALHO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 SILVA, Fabíola Barbosa B; 1 CARNIATTO, Irene; 1 PILOTTO, Anyele Liann; 1 GONZALEZ, Aline Costa & 1VICENTE JR., 1Donizete José 1 UNIOESTE INTRODUÇÃO Na intenção de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades, o desenvolvimento humano e tecnológico acelera a geração de grandes volumes de resíduos sólidos urbanos. Resíduos que antes eram considerados não-reutilizáveis, e que até passado recente, eram denominados “lixo”. A coleta seletiva é o processo de separação adequado do lixo, possibilitando o aproveitamento de grande quantidade do material dispensado como “lixo”. No início do ano 2000, teve início a implantação da coleta seletiva no município de Cascavel, oportunizando a geração de emprego (como catadores) às famílias carentes, que fazem do lixo, uma fonte de renda. Cascavel está localizada no Oeste do Estado do Paraná, possuindo uma área de 2.016,305 Km2 com um perímetro urbano de 75 Km2, está a 24 graus e 58 minutos de latitude sul e 53 graus e 26 minutos de longitude Oeste de Greenwich, com uma altitude média de 800 metros. A população é formada principalmente pelas etnias italianas e alemã, com significativa representação de ucranianos, poloneses e portugueses. Pessoas que vieram de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, contribuindo com sua vocação agrícola para o desenvolvimento da cidade (PREFEITURA DE CASCAVEL, 1995). Destacam-se em Cascavel seus recursos naturais representados por suas nascentes, cursos de água, rios e córregos que banham Cascavel. Só no perímetro urbano somam-se 1.272 nascentes geoprocessadas, pertencentes a 3 (três) bacias hidrográficas: Bacia do Paraná, Bacia do Iguaçu e Bacia do Piquiri, ao que lhe foi atribuído o título de “Cascavel: a Cidade das Águas” (VALDAMERI; CARNIATTO, 2009). Ao longo dos anos, Cascavel vem apresentando crescimentos econômicos expressivo, que se reflete na concentração e expansão urbana. Tal concentração populacional nas áreas urbanas vem gerando implicações sobre a disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos, sobre tudo na bacia hidrográfica do rio Cascavel, visto que muitas de suas nascentes encontram-se no perímetro urbano da cidade (TOSIN, 2005). No bairro Universitário em Cascavel, próximo ao Rio Cascavel, é possível observar que muitos catadores selecionam os materiais que podem ser reutilizados ou reciclados e que, portanto, possuem um valor econômico. Porém, aqui em Cascavel ocorre o mesmo que observado por Santos (2008), estes trabalhadores descartam os rejeitos de duas formas: fazendo a incineração do material, o que provoca um forte cheiro além de uma quantidade grande de fumaça, muitas vezes tóxica; e/ou os jogam diretamente no leito do rio, contaminando a água com os mais diversos tipos de materiais, matando a flora e a fauna aquática. Visando a melhora na qualidade de vida dos moradores do bairro Universitário, contribuindo para a conservação dos recursos naturais como o rio Cascavel, um dos principais mananciais de abastecimento de água da cidade de Cascavel - PR, o qual, exibe vários pontos de poluição por deposição de lixo, este trabalho teve como meta buscar nas informações já preestabelecidas sobre a Educação Ambiental com enfoque nos resíduos sólidos, avaliar os diferentes conceitos e atitudes dos adultos que trabalham e reside no bairro Universitário, Cascavel – PR. Porém, não podendo ser visto como a principal solução para os problemas ambientais do local, mas como um elemento colaborador, dentro de um conjunto de soluções. OBJETIVO O objetivo do trabalho foi investigar os conhecimentos e conceitos adquiridos pelos adultos à respeito da temática resíduos sólidos e observar se os conceitos apresentados por eles estão mais aproximados aos conceitos científicos apresentado na literatura. METODOLOGIA Foi empregada a Metodologia da Investigação Narrativa, na qual os conceitos e significados expressos pelos participantes se constituem em elementos e dados da pesquisa, segundo apresentado por Carniatto (2007), quando esclarece que os principais elementos e dados utilizados na educação ambiental são as narrativas e as interações, usadas como recursos no sentido de possibilitar o ensino, aprendizagem e conhecimento, ocorridos em diversas situações do vivido. Sabendo que funcionários da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Reitoria, além de trabalhar e residir no bairro Universitário, podem contribuir na melhoria das condições ambientais do local, é que foi realizada uma pesquisa qualitativa, através de questionários, cuja intenção foi permitir uma visão da percepção ambiental dos mesmos. Nos questionários, respondidos individualmente, foram levantados os dados sócio-econômicos, percepção e atitudes ambientais demonstrados pelos participantes. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os questionários foram entregues aos funcionários, que responderam voluntariamente, com um total de 50 voluntários. Destes, 13 pessoas são do sexo masculino e 37 do sexo feminino, com idades médias de 32 e 40 anos, respectivamente. Quanto às respostas na primeira pergunta (Você mora no bairro Universitário?), 32 funcionários responderam que não moram, 17 responderam que sim, e 1 não respondeu. Questionados o que eles entendiam por Educação Ambiental, obtivemos as seguintes respostas: “É o ensino repassado à sociedade sobre a necessidade de zelar pela natureza, visto que este é um bem essencial para a vida econômica e social.” “É o processo pelo qual constroem-se valores sociais, conhecimento, habilidades, etc. Voltadas para a preservação do meio ambiente. A Educação Ambiental é um processo permanente.” “Conviver em harmonia com o ambiente.” “Respeito à natureza.” “Fazendo reciclagem.” “É ser responsável pelo lugar em que se vive.” “Aprender a conviver na natureza sem causar danos ao meio ambiente.” “Cuidar dos lixos, nascentes e evitar queimadas.” Com estas respostas, entre outras semelhantes, foi observado que muitos ainda possuem um conceito errado sobre o que realmente é a Educação Ambiental. Segundo Ranche e Talamoni (2005) apud Miranda, É. S. et al (2007), é necessário compreender que a educação ambiental é, antes de tudo, educação. Portanto, um processo educativo intencional, contínuo e participativo, que articula teoria e prática nas dimensões sócio–econômicas, políticas, culturais, ecológicas e históricas, objetivando a formação de cidadãos participativos na busca de ações planejadas. Os participantes foram questionados se, no dia-a-dia, eles achavam que causavam algum dano ao meio ambiente. Dos 50 questionários respondidos, apenas 1 funcionário não respondeu a questão, 4 responderam que não sabiam, 12 responderam que não causava dano e 33 responderam que sim. Nesta mesma questão, foi perguntado: se eles causavam danos, que danos seriam estes. Assim, obtiveram-se as seguintes respostas: “Uso de automóvel e gerando lixo.” “Não faço corretamente a coleta do lixo em minha residência.” “Gerando lixo e não seleciono para reciclagem.” Como em muitas outras respostas semelhantes a estas, observou-se que a maioria dos participantes tem consciência dos danos que causam ao meio ambiente, porém ainda há muitos que não possuem essa consciência. Questionados se eles se incomodavam com algum problema, que pudesse estar ocorrendo na instituição de ensino ou bairro que freqüentava 12 participantes não responderam a questão. Foram citados os seguintes problemas: aglomeração de lixo (13), a falta de coleta seletiva (8), desperdício de água, energia e papel (6), poluição do ar e dos córregos (4), falta de esgoto (2), o restante citou a falta de arborização (1), a proliferação de insetos (1), e a ausência de políticas públicas para preservação dos recursos naturais (1). Conforme podemos observar na Figura 1, nota-se que a maioria cita problemas relacionados aos resíduos gerados pela população. Figura 1: Resultados obtidos na questão, perguntando se os funcionários se incomodavam com algum problema, que pudesse estar ocorrendo na instituição de ensino ou bairro que freqüentava, e que problema seria esse. Na questão 7, perguntamos o conceito de lixo para eles. E foram obtidas as seguintes respostas: é o conjunto de restos de diferentes materiais (31), é algo que não se pode aproveitar (18) e não soube responder (1). Foi perguntado na questão 9 qual o conceito que eles tinham sobre reciclagem, 47 pessoas assinalou a seguinte alternativa: reciclagem é o reaproveitamento de certos materiais como papel, latas, vidros, etc., sendo que, dentre estas, uma pessoa assinalou uma segunda resposta: aproveitar restos, e uma segunda pessoa acrescentou a seguinte fala: “O reaproveitamento de resíduos para a reutilização ou transformação em outro objeto com destinação correta.” Duas pessoas, responderam que é aproveitar restos e uma colocou outra definição: “Entendo a reciclagem como sendo o reaproveitamento de todo o lixo. Mesmo o lixo orgânico pode ser reciclado e tornar-se adubo.” A análise da questão nos mostra que os participantes tem o conhecimento sobre o que é a reciclagem. Pois, segundo Paraná (2006) reciclagem é quando os materiais ora rejeitados são coletados, tratados e processados para a fabricação de novos produtos. Questionados se eles selecionavam o lixo em casa (questão 12), 18 pessoas responderam que não selecionavam, sendo que uma delas acrescentou que não selecionava, por que no bairro onde morava, não havia nenhum meio de coleta dos resíduos, o que o desanimava em efetuar tal atividade. 30 pessoas responderam que faziam a seleção, separando o lixo reciclável do não reciclável ou lixo seco do lixo molhado, ou mesmo, lixo orgânico do reciclável. E 2 pessoas não responderam a questão. Perguntado se na instituição de ensino, a qual eles freqüentavam, havia coleta seletiva (questão 13). 40 funcionários responderam que sim, sendo que 4 deles não souberam responder como era feita essa coleta, e o restante relatou que a coleta era feita em lixeiras espalhadas pela universidade e que as mesmas seguiam a padronização de cores recomendada na Resolução nº 275 de 25 de abril de 2001 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 3 pessoas não responderam a questão e 7 pessoas responderam que não havia coleta seletiva na instituição, esse número demonstra a falta de conhecimento e interesse que os mesmos possuem quanto à presença de lixeiros padronizados, para a coleta seletiva, que ficam espalhados na instituição de ensino superior. Na questão 14, foi perguntado se eles tinham conhecimento do local para onde eram enviados os lixos não recicláveis da cidade. 30 pessoas responderam que sabiam o local, sendo que 18 citaram o aterro sanitário, 9 disseram lixão, 2 citaram aterro e lixão e 1 não citou o local apenas disse que sabia para onde era enviado. 2 funcionários não responderam a questão e 18 disseram que não sabiam. As respostas demonstram que a maioria desconhece a presença de aterro sanitário no município de Cascavel. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos no decorrer deste projeto, pode-se concluir que os adultos, na sua grande maioria tem conhecimentos sobre os conceitos relacionados aos resíduos sólidos e a importância de se ter um destino correto para estes materiais. Entretanto, muitos, ainda ignoram estes conhecimentos e não adquire atitudes que possam minimizar os problemas causados pelos resíduos sólidos. Muitos ainda vêem os problemas ambientais causados pelo lixo, como algo distante da sua realidade, não se importando e adquirindo um sentimento de indiferença. Tais resultados apontam para a necessidade de programas efetivos, continuados, que coloquem em pauta os conceitos ambientais considerados atualmente adequados e que os mesmos sejam trabalhados, discutidos e assumidos no sentido de contribuir para a sensibilização da população. Os objetivos da Educação Ambiental enquanto ferramenta que possibilita a aquisição de conceitos e mudanças de atitudes é uma meta que deve ser um horizonte que se busque no trabalho com a comunidade, transformando a ação cotidiana e a relação da mesma com o ambiente. REFERÊNCIAS CARNIATTO, I. Subsídios para um Processo de Gestão de Recursos Hídricos e Educação Ambiental nas Sub-Bacias Xaxim e Santa Rosa, Bacia Hidrográfica Paraná III. Tese de Doutorado (Ciências Florestais), Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. 249 p. MOHR, A. J. Contratação da Cooperage – Cooperativa dos Agentes Ecológicos – Para Coleta Seletiva do Lixo no Município de Cascavel – Problemas e Desafios. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/article/viewFile/6974/4952. Acesso em: 28 de Jan. de 2009. PARANÁ (Estado). Prefeitura de Cascavel. Recuperação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Cascavel. Cascavel, 1995. 163 p. SANTOS, D. V. C. dos. Educação Ambiental Para Preservação do Ambiente Florestal do Jardim Universitário, Nas Nascentes Do Rio Cascavel – Pr. Cascavel. 2008. Monografia (Licenciatura) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2008, 43 p. TOSIN, G. A. S. Caracterização Física do Uso e Ocupação da Bacia Hidrográfica do Rio Cascavel. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2005. 40 p. VALDAMERI, A. J.; CARNIATTO, I. Ong e Educação Ambiental: Um novo olhar para a transformação. Disponível em: <http://www.educarefoz.com.br/eventos/trabalhos/266.doc>. Acesso em: 3 de Nov. de 2009.