A IMAGEM DO JUDEU NA LITERATURA BRITÂNICA: SHYLOCK
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A IMAGEM DO JUDEU NA LITERATURA BRITÂNICA: SHYLOCK
A IMAGEM DO JUDEU NA LITERATURA BRITÂNICA: SHYLOCK, BARRABÁS E FAGIN Celi Barbosa dos Santos* Silvio Ruiz Paradiso** Resumo O antissemitismo significa “ódio aos judeus”, sendo todo ato em palavra ou ação que ofende o povo semita, em especial o judeu. Este é um dos temas relevantes abordados, de forma explícita ou implícita, na literatura inglesa da Renascença. Este artigo, fundamentado em referencial teórico sobre antissemitismo, judaísmo, teoria literária e literatura britânica, pesquisou três obras que permitem a análise da imagem do judeu, com a finalidade de verificar a presença de discriminação e preconceito, através de três personagens judeus. Barrabás de O judeu de Malta (1590), de Christopher Marlowe; Shylock de William Shakespeare em O Mercador de Veneza (1600) e, por fim, Fagin, em Oliver Twist (1838), de Charles Dickens. Palavras-chave:Antissemitismo. Literatura Britânica. Estereótipo. Judeu. Considerações iniciais Os judeus sofreram perseguições em vários momentos históricos, precisando, assim, fugir das terras em que residiam. Essa fuga, chamada “diáspora”, oriunda de uma palavra grega, define-se como um deslocamento forçado. Ela ocorreu quando os judeus saíram de seu país após a queda de Jerusalém, em 70 d.C, e foram dispersos em vários países, em especial, europeus. Lá também foram caluniados, acusados falsamente, perseguidos e alvos de uma crueldade desenfreada. No século XX, durante a segunda guerra mundial, o mundo * Graduada em Letras anglo-portuguesa pelo Centro Universitário de Maringá – CESUMAR. Participante do grupo de pesquisa “Literatura, Pós-colonialismo e Estudos Culturais” (CESUMAR). ** Professor de Literatura em Língua Inglesa do CESUMAR. Doutorando em Estudos Literários da Universidade Estadual de Londrina – UEL. Líder do grupo de pesquisa “Literatura, Pós-colonialismo e Estudos Culturais”. E-mail : [email protected]. Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 213 presenciou como testemunha ocular, o grande massacre liderado por Adolf Hitler, chamado de Holocausto. Ravi Zacharias, prefaciando o livro “A cruz de Hitler” (2003), do teólogo Erwin Lutzer, em que expõe como a cruz de Cristo foi usada para promover a ideologia nazista, conta uma experiência que vivenciou ao visitar os campos de concentração em Auschwitz e Birkenau. Narrou que num dia desses, estava olhando para os retratos dos judeus mortos, quando um homem aproximou-se dele e lhe perguntou qual era a sua profissão. Respondeu que era ministro do evangelho. Então, o homem lhe observou que, por isso, deveria refletir muito sobre o que estava vendo ali. Em seguida, revelou-lhe que era um juiz e que também tinha por obrigação pensar nas cenas que estava vendo. Em outras palavras, ele afirmava: Onde estava a igreja, a justiça, a sociedade diante daquelas atrocidades sofridas pelo povo judeu naquele momento histórico? Assistia passivamente o ódio florescer contra este povo? A Igreja e a Lei permaneceram ausentes na defesa da soberania judaica e essa postura passiva favoreceu o incentivo ao antissemitismo. Na Inglaterra, por exemplo, apesar de os judeus contribuírem para enriquecer os cofres do governo através de pagamento de altas quantias de impostos, eles foram acusados da prática de usuras, infanticídios em rituais religiosos e perseguidos pela coroa. No reinado de Ricardo I, no século XII, a situação agravou-se e as comunidades judaicas foram alvos da caçada antissemita. Isto fez com que os judeus passassem a viver como refugiados, habitando secretamente no território britânico (HYAMSON, 1928). Somente em 1698, uma lei concedida a esse povo garantiu a sua livre permanência nesse país, bem como a liberdade de expressão de culto. O solo inglês, nos anos de 1930 a 1950, serviu de refúgio aos judeus que fugiam do facismo europeu. A literatura também pode ter contribuído para que esse ódio se alastrasse, propagando um estereótipo nefasto de tal grupo, porque ela é considerada um veículo de propagação de ideias e pensamentos, sendo assim utilizada implicitamente por governos, a fim de garantir e manter o poder da coroa/rei. Algumas literaturas inglesas deturparam a imagem identitária do judeu como povo ou indivíduo através da construção de seus personagens. O nosso objetivo foi analisar a imagem do judeu, com base nos seguintes textos britânicos: o Judeu de Malta, escrita entre 1589 e 1590, de Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 214 Cristopher Marlowe; O Mercador de Veneza (1600), de William Shakespeare; Oliver Twist (1838), de Charles Dickens. A partir da análise dessas obras, investigamos a construção de personagens judeus pelos autores ingleses: ora como “vingativo e perverso”, ora “agiota”, ora “aliciador”. Essas construções foram propositais para servir politicamente a um governo ou país? Elas contribuíram para propagar o antissemitismo, especialmente contra o povo judeu? Elas serviram na construção da identidade social desse povo como indivíduo ou nação? Assim, analisaremos se a literatura britânica contribuiu para incitar o antissemitismo, visto que os autores ingleses pesquisados transmitiram uma imagem estereotipada do judeu. Esse estudo quer combater a propagação do racismo judaico, através da tomada de consciência da importância do respeito, tolerância e aceitação do outro. Para que o foco da pesquisa fosse concluído com êxito, alguns objetivos específicos foram aplicados, como: expor os conceitos antissemíticos, através da contextualização histórica dos judeus na Europa; descrever a fábula das três obras; analisar a construção da imagem do judeu quanto à identidade e às ações dos personagens Shylock, Barrabás e Fagin; verificar a presença de estereótipo e preconceito cultural, religioso e étnico, como marca evidente, nos textos analisados. Na realização deste trabalho, foi utilizada uma revisão bibliográfica, a fim de validar as asserções da pesquisa. Além da utilização de livros que abordam as questões histórico-culturais judaicas, investigamos nas três obras como os personagens foram construídos e, através de excertos que denotam características antissemíticas, realizamos uma análise contextual e dialética. Sob essa perspectiva, ao analisar as obras literárias supracitada, procuramos conhecer as leis que regiam a vida da sociedade, a prática social do homem das épocas em que elas foram escritas e encenadas, a fim de estabelecer uma realidade mais concreta. Conceitos e história: antissemitismo e identidade O preconceito contra os judeus, denominado de antissemitismo, Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 215 é milenar e alastrou-se para várias partes do mundo. Antissemitismo é definido “[...] como ato que direta ou indiretamente ofende o povo semita, mais especificamente o judeu e/ou o judaísmo” (PARADISO, 2008, p. 113). Esses atos podem ser ações ou falas depreciativas e estereótipos que se propagam sobre o judeu, inferiorizando sua identidade, religião e/ou etnia, advindos de “discursos políticos e culturais e de histórias particulares” (WOODWARD, 2008, p. 13-14,17). A construção da identidade se dá também pelo discurso linguístico. Pela linguagem, nós a criamos, no contexto de relações culturais e sociais (SILVA, 2008). Da presença milenar, o antissemitismo está fundamentado em ideologias, sejam de origem canônica, histórica ou política que foram repassadas oralmente ou por documentos oficiais. Preconceituosas e discriminadoras, em nada valorizam o ser humano, pelo contrário, provocam ou incitam à intolerância com o outro, o diferente. Por ser a identidade relacional e a diferença estabelecida por uma marcação simbólica relativamente a outras identidades (WOODWARD, 2008, p. 13-14-17), os judeus receberam durante a história vários signos que representavam para os outros a identidade deles. Na perseguição dos países europeus, em especial na Inglaterra, foco de nossa pesquisa, com a complacência de outras comunidades, da Igreja e da Magistratura, os signos marcavam a imagem do judeu, como um ser “sovina, avarento, soberbo, herege e deícida” (PARADISO, 2008, p.19). Quando definimos identidade, também usamos o princípio da diferença, ou seja, o que somos e que não somos que o outro é (SILVA, 2008). Foi exatamente o que fizeram com a imagem negativa do judeu. Ao usarem esses signos estavam diferenciando e fazendo a marcação de dois grupos: “nós e eles”. A permanência do judeu na sociedade inglesa, segundo Halfin (1984), estava estreitamente ligada à obediência e ao cumprimento das regras ditadas pela coroa. Nessa comunidade contribuíram para o enriquecimento dos cofres públicos, pois eram ótimos comerciantes e mantinham contatos internacionais com seus compatriotas. Houve momento na história em que os reis viram com bons olhos o sucesso deste povo, porém em outros momentos eles foram Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 216 perseguidos pelo governo e obrigados a deixar as riquezas materiais no país e fugir para não serem presos ou mortos. Isso confirma que a identidade está ligada a condições sociais e materiais. Por exemplo: [...] Se um grupo é simbolicamente marcado como inimigo ou como um tabu, isso terá efeitos reais porque o grupo será socialmente excluído e terá desvantagens materiais (WOODWARD, 2008 p.13-14-17). Diante de tantas fugas e perdas materiais, só restava a eles o acúmulo de riquezas móveis. Assim, se dedicaram ao empréstimo de dinheiro, pois precisavam custear o sustento porque muitas vezes lhes fora negado trabalho onde residiam e se fosse necessária uma fuga, ela não os impediria de levar o que possuíam. Esse tipo de trabalho foi cunhado pelos europeus de prática de usura, o que era condenado pela igreja, mas para o judeu foi uma tomada de posição diante dos momentos de inconstância dos governos nos países em que viviam. Pela marcação simbólica, damos sentido àquilo que fazemos e aos nossos relacionamentos, definindo, por exemplo, quem vamos excluir e quem vamos incluir. Assim, é por meio dessa diferenciação social que classificamos as experiências vividas nas relações sociais (WOODWARD, 2008, p. 13-14, 17). Foi exatamente o que eles fizeram, ao se prepararem para migrarem se fosse preciso, estabelecendo metas de relacionamento com outros, de forma que não trouxessem mais a eles prejuízos materiais, físicos, emocionais ou morais, provenientes das constantes perseguições. Durante a Idade Média, sofreram com as Cruzadas, sendo muitos judeus mortos pelo caminho. Sofreram várias perseguições e, por conveniência da monarquia, foram expulsos da Inglaterra em 1290 por Edward I, pois para a coroa eles eram “hóspedes indesejáveis e já desnecessários” (HALFIN, 1984, p. 18). Autores e fábulas: do drama ao romance O dramaturgo Christopher Marlowe (1564-1593) nasceu no mesmo ano que Shakespeare e destacou-se desde o início de sua Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 217 escolarização, estudando posteriormente em Cambridge, uma universidade protestante, onde o seu discurso foi fortemente influenciado pelas leituras que lá realizara. Halfin (1984, p. 36) diz que a personalidade dele era “[...] marcada por temperamento ardente, vibrante, e uma profunda rejeição de abstrações estéreis”. Ele participou do serviço secreto no reinado da rainha Elizabeth I, mas envolveu-se em confusões e acusações que o levariam à cadeia e à morte precoce não esclarecida, aos quase trinta anos numa taverna, em meio a uma briga. Era tido como ateísta, pois rejeitou as três religiões: Judaísmo, Islamismo e Cristianismo, atacando a fé em seus escritos e celebrando o período renascentista, o qual exaltava o homem e não Deus. Segundo Burgess (2001, p. 83) sua produção literária resume-se a “[...] cinco peças: Tamberlão, Doutor Fausto, O judeu de Malta, Eduardo II e Dido, Rainha de Cartago[...]” e também “O massacre de Paris, um melodrama sanguinolento. Na peça O judeu de Malta, escrita entre 1589 e 1590, Marlowe inicia o primeiro ato com Barrabás contando o tesouro que possuía no momento em que recebe a notícia de seus compatriotas judeus de que devem se apresentar a Ferneze, governador de Malta. Ele se revolta porque os bens dos judeus serão retirados para pagar “donativos” ao governo maltês que devia, por dez anos, uma grande quantia aos turcos. Ferneze pede um tempo a Calymath para saldar a dívida e retira a mansão de Barrabás para fazer um convento para as freiras. Vinga-se de Ferneze, provocando a morte de seu filho Ludovico e seu amigo Matias. Continuando com os seus planos de vingança, compra um escravo por nome Ithamore e recupera a posição financeira que perdera por causa do confisco sofrido. Sua filha, triste torna-se freira, o que acirra o ódio de seu pai que envenena todas as freiras do convento, inclusive ela. Percebendo ter sido descoberto pela morte de Ludovico e seu amigo, simula uma falsa conversão e posteriormente mata os frades Bernardino e Jácomo, por pressioná-lo à confissão, e Ithamore, Bellamira e Pilia Borza, por tê-lo delatado a Ferneze. Recebendo a sentença de morte pelo governador, alia-se a Calymath, ajudando o turco a conquistar a cidade, porém tem a ideia de ajudar Ferneze que está preso, já que não desejava sofrer perseguições por parte dos malteses e colocar a Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 218 sua vida em perigo pelo infortúnio ocorrido à ilha. Ele arquiteta o plano de libertação de Ferneze e um banquete a Selim Calymath num mosteiro próximo. Barrabás prepara uma cilada ao turco, mas é ele quem cai no caldeirão fervente. Com gritos de desespero e esbravejando pela omissão de socorro, morre queimado e o governador recupera o controle da ilha, fazendo Calymath prisioneiro. O dramaturgo William Shakespeare (1564-1616) nasceu em Stratford-upon-Avon. Conforme Halfin (1984) e outros escritores, ao contrário de Marlowe, Shakespeare nunca frequentou uma universidade, porém lia muito a Bíblia e escritos em latim. Sua produção literária mais proeminente ocorreu com as peças que escreveu para serem encenadas no teatro, um divertimento em alta para a corte elizabetana, estudantes, trabalhadores e para os pobres da época. Muitos afirmam que apesar de escrever poemas, o gosto pelo drama aflorou por necessidades financeiras: e via fonte de renda nas peças encenadas no teatro; esse fato, porém, não desmerece o encantamento que sentia por esta arte. Sua produção literária voltada à dramaturgia é dividida em duas fases. Cevasco e Siqueira (1999, p. 24) expõem que na primeira fase o dramaturgo escreve peças sobre a história inglesa e que elas “[...] vem de encontro a um sentimento comum às diversas classes sociais que compõem ... a platéia Shakesperiana [...]” e que “[...] não devem ser pensadas apenas como simples recriações históricas, com o mérito adicional de exaltar o sistema monárquico vigente”. A segunda fase foi voltada para a escrita e encenações de tragédias, um período de pessimismo para o autor em relação à vida humana. Sobre a relação dele com a plateia, Burgess (2001) salienta que ele sabia agradar a todas as classes e gostos, colocando ação e sangue em seus dramas, humor e palhaçada, bem como assuntos amorosos, canção e dança e, como ninguém usar a linguagem para encantar e convencer. Na peça O Mercador de Veneza (1600), Shakespeare inicia com a cena de um diálogo entre os amigos e Antônio. Neste momento, Bassânio, seu grande amigo, o procura e confidencia seus problemas financeiros e pede ao amigo que lhe empreste dinheiro para conquistar Porcia, uma dama de Belmont e herdeira de grande fortuna. Antônio, desejoso de ajudar o seu amigo Bassânio conquistar a sua amada, empresta Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 219 dinheiro de Shylock e lhe promete pagar com os lucros advindos de seus navios mercantes. Shylock impõe condições para a quebra do contrato: o não pagamento custaria aAntônio uma libra de sua carne. Sem contar com o infortúnio, Antônio firma o pacto e entrega o dinheiro a Bassânio, que parte para a conquista da sua amada em Belmont. Nesse ínterim, Jéssica, a única filha de Shylock, foge com o namorado, abandonando o pai e deixando-o extremamente triste. Antônio recebe a notícia de que seus navios naufragaram e, sem condições de pagar a sua dívida, vai a juízo. Durante o julgamento, Shylock mostra-se irredutível quanto ao pagamento de uma libra de carne de Antônio; Pórcia, disfarçada de um falso Doge, através do seu discurso leva a corte a libertar Antônio do pagamento com a sua carne e condena Shylock. Ele perde todos os seus bens e para não morrer, converte-se, por imposição, à religião de Antônio, saindo destruído daquele julgamento. O romancista do século XIX Charles Dickens (1812-1870), na era vitoriana, foi considerado o maior escritor da época. Escrevia seus romances em fascículos mensais, que eram publicados em folhetins. Terminava cada capítulo em forma de suspense, deixando em delírios o seu público burguês. Segundo Cevasco e Siqueira (1999), ele fora muito criticado por considerar o gosto do público nas suas produções, mas também prezou pela crítica social em suas obras, pois experimentara o lado sombrio da prosperidade da era vitoriana, já que fazia parte da classe média baixa. Os autores afirmam: “Quem leu Dickens sabe que, ao lado da impressão da vida como ela é, há em seus romances melodrama, pieguice, moralismo e improbabilidades” (CEVASCO; SIQUEIRA, 1999, p. 56). No romance Oliver Twist (1838), Charles Dickens escreve sobre as aventuras vividas pelo órfão Oliver, o qual fora supostamente aliciado por um judeu chamado Fagin. Embora essa obra tenha sido escrita séculos depois, não deixou de propagar a cultura antissemítica. No início, a trama ocorre num orfanato, na Inglaterra, com o nascimento de Oliver e a morte pós-parto da sua mãe. O garoto, sem identidade conhecida permanece aos cuidados da Senhora. Corney e do Senhor. Bumble. O órfão não é bem tratado por eles e após lhe Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 220 arrumarem um serviço numa funerária, ele foge para Londres. Lá conhece Fagin, um velho judeu que comanda um bando de garotos que furta nas ruas de Londres. Fagin e seu aliado Sikes tentam transformar Oliver em um ladrão. Na primeira tentativa de roubo, ele é mal sucedido e capturado, mas depois é perdoado pela vítima, o Senhor Brownlow, que o leva para sua casa e lá se convence que Oliver é um garoto bom e tenta transformá-lo num garoto decente . Contudo, Fagin não descansa, até reaver o menino de volta. Nas mãos de Fagin novamente, é obrigado a participar dos assaltos. Faz amizade com Nancy, namorada de Sikes, que procura ajudá-lo a se livrar dessa condição porque percebe que ele corre perigo de vida. Então, procura a senhorita Maylie; para contar-lhe sobre os planos de Monks contra a vida de Oliver, mas é seguida a mando de Fagin e Sikes que, ao descobrir sua traição a mata e foge. O Senhor Brownlow prepara uma emboscada a Monks e descobre que na verdade, ele é Eduardo Leeford e irmão de Oliver por parte de pai. Pede a Monks a herança de Oliver e que ele suma dali para bem longe. Escapando da polícia para não ser pego, Sikes enrosca-se na corda que usava para a fuga e morre estrangulado. Fagin é preso e após pedir clemência ao garoto para tirá-lo dali, sem ser atendido, é enforcado. Oliver é adotado pelo Senhor Brownlow. Construção e análise dos personagens: Barrabás, Shylock e Fagin Aconstrução de personagens judeus pelos autores ingleses ora como “vingativo e perverso”, ora “agiota” ou “aliciador” pode ter provocado grandes problemas ao povo judeu. Essas construções foram propositais, a fim de servir politicamente a um governo ou país? Elas contribuíram para propagar o antissemitismo, especificamente contra o povo judeu? Elas serviram na construção da identidade social desse povo como indivíduo ou naçãonolugaremqueescolherampararesidir após adiáspora? Após a diáspora, os judeus da Inglaterra, quando expulsos pelo rei Ricardo Coração de Leão, em 1290, encontraram refúgio na França, Alemanha e Espanha setentrional. Diferentemente do governo inglês, que buscava o benefício próprio e cerceava a liberdade religiosa e financeira, os judeus mantiveram ótimas relações de trocas comerciais Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 221 com o governo otomano no século XV, permitindo que “[...] laços de identidade se solidificassem com o tempo, em convivência de mútuo e duradouro respeito” (OS JUDEUS..., 2005, p. 56). Somente no ano de 1657, os judeus foram readmitidos na Inglaterra e em 1685 e anos subsequentes foi dada a eles a liberdade de culto e práticas religiosas. No século XIX, eles alcançaram neste país melhores condições de vida, conquistaram a autonomia e liberdade, desenvolvendo-se política e culturalmente (ALGAZI, 2011). Assim, nesse momento histórico os judeus não estavam presentes na Inglaterra quando as peças de Marlowe e Shakespeare foram lançadas (HYAMSON, 1928, p.12), contudo, as marcas históricas ficaram impregnadas na mente dos escritores ao ponto de influenciá-los na escrita e provocarem, na plateia, risos e divertimento das falas e ações dos ou sobre os personagens. Vigotski, (2009) um dos mais importantes teóricos da Teoria Histórico Cultural e professor de Arte Literária, num de seus ensaios sobre a produção ficcional diz que um autor não cria algo do nada e que o contexto apreendido ou vivenciado por ele é um fator relevante no seu processo criativo. Quanto ao contexto literário das peças do século XV, o Renascimento que aflorava na Europa contribuiu para a humanização do personagem, mostrando o lado emocional do vilão (HALLIDAY, 1964, p. 311-312). Há uma atitude humanizadora em Shakespeare em relação aos personagens que criava: apesar de denegri-los, tentava compreender a alma e as razões deles, enquanto Marlowe concentra em Barrabás toda “[...] a vilania, o poder satânico, a intelectualidade perversa, criando uma marionete a serviço do mal” (HALFIN, 1984, p. 67). No século XIX, na era vitoriana, a crescente preferência pelo romance fez com que escritores ingleses se dedicassem a esse tipo de narrativa; além disso, foi um período em que se enfatizava o puritanismo e a moralização. Dickens e sua filosofia cabiam dentro desses ideais: “[...] tudo o que, na vida social impede a solidariedade e a generosidade é condenado,” e “[...] horror a um tipo de vida que destrói o que há de melhor no homem” (CEVASCO; SIQUEIRA, 1999, p. 56). Foi com essa visão que criou o personagem Fagin; apesar de ter altos ideais e fazer uma crítica social no seu romance, separou os personagens em dois Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 222 grupos distintos, os bons e os maus. Além da importância do contexto, é possível analisar o estabelecimento da relação de poder instituído através do discurso, da ação e do conflito dramático e o peso do que isso gerou àquela sociedade. Podemos questionar por que alguns significados são preferidos relativamente a outros. Todas as práticas de significação envolvem relações de poder – o poder para definir quem é incluído e quem é excluído. A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as várias identidades possíveis, por um modo de subjetividade, seja através do discurso, da ação ou das escolhas. Um personagem, no drama, dá para ser conhecido por aquilo que faz ou fala, expressando uma ilusão da não participação de um narrador, mas há forte presença do autor neste processo de construção, quando o personagem a si mesmo descreve ou é descrito por outros que o veem e julgam as ações no conflito dramático, formando consequentemente uma identidade sobre ele. A despeito da pretensa autonomia da personagem dramática, há por trás de sua criação uma voz autoral responsável atento pelo o que ela diz quanto o que dizem dela. Há dramaturgos que escolhem uma personagem como porta-voz ou então fazem de toda uma situação dramática e do diálogo uma forma de expressão de sua visão de mundo [...] Ou seja: o teatro torna-se um espaço de discussão de idéias e difusão de filosofias (PASCOLATI, 2009, p.105). Da mesma forma, na narrativa, o uso do discurso direto expõe mais o personagem e o aproxima do leitor, bem como o foco narrativo de um autor onisciente intruso ou dramático revela muito sobre o personagem criado. Portanto, mobiliza “intelectual e emocionalmente o leitor, manipulando-o para aderir às ideias e valores que veicula ao contar a história” (FRANCO JUNIOR, 2009, p. 42). Na construção do personagem judeu, nas três obras o contexto histórico e religioso teve grande relevância, tais como: o processo migratório, os mitos religiosos quanto à prática da usura, o Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 223 enriquecimento do judeu e o modo escolhido por ele para a sua sobrevivência financeira; sua crença e valores sobre o que comer; seus valores quanto ao casamento misto etc. Baseados nisso, os autores escolheram construir o personagem judeu tendo em foco a sua identidade, sua vida material e suas crenças. Christopher Marlowe, inspirado nas peças de vingança, na época elizabetana, cria em O judeu de Malta, escrita entre 1589 e 1590, o personagem Barrabás, um judeu de caráter vingativo e cruel. Paradiso (2008, p. 115) referindo-se ao personagem Barrabás, criado por Marlowe, diz que o autor gerou “uma caricatura grotesca”, “um ser demoníaco e perverso, que ao mesmo tempo dedica a sua vida à acumulação material do ouro, ao roubo, a práticas de fornicação etc”. Em relação à identidade, o discurso do clero, do governo e das pessoas comuns para descrever Barrabás foram marcantes, revelando o judeu com uma imagem pervertida, um ser desprezível, corrupto e maquiavélico, o que agradava em cheio a plateia (HALFIN, 1984, p. 41), tais como: a fala de Ferneze quando precisava recorrer à ajuda financeira dos judeus disse que deveriam pagar o preço pela “tolerância de suas vidas odiosas” (MARLOWE, Ato I, Cena 2). Enumeram-se os vícios de Barrabás por seu escravo Ithamore: [...] ele come insetos em conserva e cogumelos ao molho; Nunca vestiu camisa limpa desde o dia de sua circuncisão; O chapéu que usa, Judas o deixou quando enforcou-se; Maltratar um judeu é uma caridade, não um pecado (MARLOWE,Ato IV, Cena 4). Há outras citações das próprias falas e ações de Barrabás: um ser interesseiro, traidor, desprovido de amor, frio e sem afeto pela própria filha e pelos outros ao ponto de matá-los sem piedade: E assim correm os negócios; E eu, sem amar nenhum, viverei com ambos; Tirando proveito da minha política; E aquele que mais vantagens oferecer será meu amigo; Esta é a vida que nós, judeus, costumamos levar; e com razão, pois os cristãos fazem o mesmo (MARLOWE,Ato V, Cena 2). Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 224 Sobre sua vida material, já no primeiro ato, na primeira cena aparece falando da sua riqueza e o quanto isso valorizava e lhe dava poder, prestígio e influência: “Ora, quem dentre eles não conhece Barrabás? Quem é valorizado agora, senão por sua riqueza?” Também demonstra avareza quando vai comprar um escravo: “Preciso de um com aspecto doentio, ainda que apenas para economizar na alimentação” (MARLOWE,Ato II, Cena 3). Quanto à crença, Marlowe não tem preferência por nenhuma e por ser ateu ataca a todas, principalmente o clero. A fala de Barrabás a Ferneze: “É o roubo a base de sua religião?”, Ferneze retruca ironicamente sobre o perigo de excesso de riqueza: “E a cobiça, Ó, é um crime monstruoso” (MARLOWE,Ato I, Cena 2). Em O mercador de Veneza, inspirado na peça de Marlowe, Shakespeare usa principalmente o discurso entre os personagens para julgar, condenar os valores da cultura judaica e impor regras inglesas e religiosas para o judeu, num desenfreado abuso de poder. Ele constrói estereótipos negativos sobre o povo judeu quando narra as ações de um “agiota” por nome Shylock. Paradiso (2008, p. 117) cita que apesar de os judeus estarem ausentes da Inglaterra na época, o pensamento inglês sobre a imagem estereotipada do judeu Shylock estava presente na peça de Shakespeare. Em vez do mocinho, era ele que mais chamava atenção como o vilão, “[...] criado para dar um tom cômico à peça”. Quanto à identidade de Shylock, Paradiso (2008, p. 120) cita que os comentários depreciativos foram desde “cão ordinário” (SHAKESPEARE, 1981, p. 319), “cão judeu” (SHAKESPEARE, 1981, p. 320) até “feroz judeu” (SHAKESPEARE, 1981, p. 352) .Na fala de Bassânio a Antônio durante o julgamento para ajudar o amigo, ele o denomina de diabo: “[...] Tudo sacrificarei, tudo perderei para libertar-te desse diabo” ( SHAKESPEARE, 1981, p. 352). Sobre a vida material do judeu, novamente, como na peça de Marlowe, a questão do dinheiro é retomada, mas agora o empréstimo do dinheiro a juros por Shylock é confundido e condenado pela igreja como a prática de usura. Paradiso (2008, p.119), ao falar da citação de Shylock do Pentateuco para justificar o lucro não roubado como uma Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 225 bênção, diz que ele é criticado por Antônio: “Notai isso Bassânio, o diabo pode citar as Escrituras para justificar seus fins. Uma alma perversa que apela para testemunhas sagradas [...]” (SHAKESPEARE, 1981, p. 299). Outro fato que denigre a imagem do judeu é falar coisas que o colocam como mesquinho. A fala de seu escravo: [...] Meu amo é um perfeito judeu. [...] Estou morrendo de fome ao serviço dele. Podeis contar todos os meus ossos que tenho nas costelas [...] (SHAKESPEARE, 1981, p. 307). Esta avareza também foi colocada na peça de Marlowe pelo próprio Barrabás. Em relação à sua crença, sua religião é atacada quando recebe a ofensa de “raça pagã” (SHAKESPEARE, 1981, p. 311). A sua postura quanto ao que comer, seguindo as instruções dadas aos judeus no Pentateuco, também foi motivo de ataque; mas o ataque mais impiedoso a Shylock se encontra no final da peça. A revista “Veja” (Edição 1930, 11/2005) reacende o debate sobre o antissemitismo de Shakespeare numa versão de O Mercador de Veneza para o cinema, ao escrever as falas do diretor Michael Radford e Al Pacino sobre “Shylock, no filme, exige sua libra de carne como quem cobra por séculos de perseguição e segregação. A clemência estendida a ele no fim do julgamento não é caridade, mas opressão deliberada, um último e doloroso prego no caixão do judaísmo”. Sobre o drama, Mirian Halfin (1984, p. 38) diz: Projetando todos os seus anseios e desejos sobre aquela criatura odiada e invejada, os espectadores exorcizam o pecado de seus corações e condenam, no palco, um personagem que, há muito, a história vem condenando. Já a prosa, em especial o romance, a construção dos personagens sempre é realizada prezando pelos bons e castigando os vilões por seus atos maus, satisfazendo assim, o homem burguês. Em Oliver Twist, Fagin, um judeu, é descrito no romance por Dickens como um homem aliciador que tenta transformar Oliver, um jovem órfão, de boa índole num ladrão. A nominalização do termo “judeu” ao personagem Fagin associa a tudo o que era de ruim e à Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 226 produção de estereótipos através do discurso. O termo judeu, dito pelo narrador aparece por cinquenta vezes aproximadamente na obra. É como se ele dissesse: “Ele é judeu e não um inglês como nós!” Outros termos por ele citados, tais como: “velho judeu”, “velho avarento insaciável”, “velho miserável”, “patife”, “judeu repelente” etc, confirmam o pensamento do autor sobre o personagem e suas ações. Outra observação é a descrição feita pelo escritor do local em que residia, denotando o destaque do autor para o tipo de vida obscura e suja que Fagin levava: “As paredes e o teto da peça em que acabavam de entrar estavam negros de sujeira e de velhice. Salsichas crepitavam ao fogo, numa frigideira, ao cuidado de um velho judeu engelhado, de rosto antipático, meio coberto pelos cabelos ruivos” (DICKENS, 1994, p. 27). “Noé Claypole deitou a correr em direção ao antro do judeu” (DICKENS, 1994, p. 85). Também retratou o velho judeu como alguém que amava o ouro, a riqueza, pois em alguns momentos ele está mexendo nas joias roubadas e, em outros, fica furioso quando seus planos de roubo não dão certo. Não houve na narrativa um ataque claro à fé judaica, talvez seja esta a grande diferença entre o romance e as duas peças. As consequências finais sofridas por eles na trama foram frutos de uma construção estereotipada dos personagens, bem como finais esperados pela sociedade naquela época. A Barrabás, a morte no caldeirão fervente, o qual preparara para o inimigo; a Shylock, não a morte como punição, um final comum aos dramas da época, mas o preço foi mais alto, pois ele perdeu a família representada pela única filha, os bens materiais e o mais importante: a sua identidade étnica e religiosa, o que para um judeu é como a morte; a Fagin coube o enforcamento. Não podemos isentar os personagens das escolhas feitas, grande parte devido ao contexto em que viviam, mas podemos elencar alguns argumentos sobre a maneira como cada autor conduziu toda a trama ficcional na construção desses personagens. Eles fizeram a marcação simbólica através do uso de signos e do discurso linguístico, promovendo uma visão estereotipada da identidade judaica; deixaramse influenciar pelos discursos políticos, culturais e religiosos presentes Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 227 na sociedade da época, seja para agradarem o público ou por questões financeiras; durante o desenrolar das peças ou do romance, permitiram a demarcação de dois grupos: “Nós e eles” ao realçarem o nome “Judeu” ; construíram o conflito dramático, considerando as condições materiais dos judeus como empecilho social e algo deplorável. Por isso, certamente podem ter aflorado atitudes de exclusão e a propagação de ideias antissemíticas aos espectadores e ao público leitor. Considerações finais Ao final deste estudo, pontuamos o aprendizado que ele gerou durante o desenvolvimento das leituras, das trocas discursivas entre orientador e a acadêmica, dos períodos de análise e reflexão sobre as obras estudadas. Além disso, algumas considerações são importantes neste momento. A limitação de tempo e espaço para estender-se na questão da identidade de um povo ou minoria étnica pode conduzir a novas pesquisas na área dos estudos culturais. Não objetivamos descaracterizar ou desmerecer as obras literárias em foco, pois sua construção ficcional prezou pelo gênero literário escolhido. O que esteve em análise foi a construção preconceituosa e estereotipada da identidade de personagens judeus. O fato é que, ao final de toda a análise sobre a construção do personagem judeu, percebemos, através dos argumentos contextuais, teórico-literários e motivacionais dos autores ingleses, a influência ao público e o ataque desmoralizador contra os judeus em sua época. Eles, de forma implícita ou explícita, contribuíram para a propagação do antissemistismo nas suas produções literárias e não cooperaram para a estabilização identitária desse povo perseguido. Que esta reflexão venha contribuir para diminuir e esclarecer o quanto é maquiavélica a disseminação do preconceito e da discriminação de raça, através de atitudes antissemíticas, mais especificamente contra o povo judeu, bem como a outros grupos ou minorias étnicas e cumpra o seu propósito de relevância social diante de sociedades intolerantes àquele que é diferente, o outro. Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 8, n. 1, p. 213-231, 2012 228 Abstract THE IMAGE OF THE JEW IN BRITISH LITERATURE: SHYLOCK, BARABBAS AND FAGIN Anti-Semitism means "hatred against the Jews" and being the entire act in word or action which offends the Semitic people, especially Jews. This is one of the important issues addressed, explicitly or implicitly, in the Renaissance English literature. This paper, based on theoretical reference about anti-Semitism, Jewish, literary theory and British literature, searched three works that allow the analysis of the image of the Jew, in order to verify the presence of discrimination and prejudice, through three Jewish characters: Barabbas from The Jew of Malta (1590), by Christopher Marlowe; William Shakespeare's Shylock in The Merchant of Venice (1600) and finally, Fagin, in Oliver Twist (1838), by Charles Dickens. Keywords: Anti-Semitism; British Literature; Stereotype; Jew. Referências ALGAZI, I. S. Breve história do povo judeu. Trad. Ruth Iusim. 2011. Disponível em: <http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro2.htm>. Acesso em: 9 out. 2011. ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1995. BURGESS, A. A literatura inglesa. Trad. Duda Machado. São Paulo: Ática, 2001. CEVASCO, M. E.; SIQUEIRA, V. L. Rumos da literatura inglesa. 5. ed. São Paulo: Ática, 1999. DICKENS, C. Oliver Twist. Trad. 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