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1 editorial ETIQUETA PROFISSIONAL Ricardo Pinto No confessionário, chega o pequeno Joãozinho e inicia sua confissão: - Padre, eu pequei. Fui seduzido por uma mulher casada que se diz séria. - É você, Joãozinho? – pergunta o padre. - Sou, Seu Padre, sou eu sim. - E com quem você esteve, Joãozinho? - Padre, eu já disse o meu pecado... Ela que confesse o dela. - Olha, mais cedo ou mais tarde eu vou descobrir, Joãozinho. Assim é melhor que me diga agora!... Foi a Isabel Fonseca? - Os meus lábios estão selados - disse Joãozinho, convicto. - A Maria Gomes? - Não vou contar... - Ah! A Sabrina, da farmácia? - Não direi nunca!!! - Então foi a Catarina, da pastelaria? - Padre, desculpe-me, mas da minha boca não sairá nada além do meu pecado. O Padre, enfim desiste, satisfeito com a bela demonstração de convicção do menino. - Você é um cabeça dura, Joãozinho, mas, no fundo do coração, admiro a sua discrição. Vai rezar 20 Pai-Nossos e dez Ave-Marias... Vá com Deus, meu filho! Joãozinho sai do confessionário e vai para um banco nos fundos da igreja. O seu amigo Maneco aparece e sussurra: - E então? Conseguiu a lista? Ao que Joãozinho prontamente responde: - Consegui sim. Tenho três nomes de mulheres casadas que dão para todo mundo. Etiqueta é sinônimo de boa educação e significa saber se comportar em qualquer situação, preservando sua imagem pessoal. Ela é imprescindível na vida, na atuação profissional e no mundo dos negócios. Dentre as várias regras da etiqueta profissional, uma é a de não se fazer fofocas, regra esta que o ingênuo padre da anedota não respeitou. São muitas as regras de etiqueta válidas para diferentes situações da vida corporativa. Assim, abaixo segue uma breve compilação das regras que acredito serem bem importantes para quaisquer profissionais: Muita atenção à primeira impressão. Por isso, comunique-se com todo o seu corpo: levante-se quando alguém entra, tenha um aperto de mão firme, apresente-se em 30 segundos sobre quem você é e o que faz. 2 Esquecer nomes é um problema comum. Uma dica para evitar constrangimentos é iniciar e terminar frases com o nome da pessoa recém-conhecida. A pontualidade deve ser um hábito tanto em encontros como em reuniões. Não se preste a fazer e nem divulgar fofocas. O que lhe for contado confidencialmente, mantenha em segredo. Sorria! Ninguém gosta de pessoas rabugentas e que só fazem reclamar. Use a abuse da simpatia e educação falando: “por favor”, “muito obrigado(a)”, “por gentileza”, “com licença” etc. Com relação ao vestuário, espelhe-se nos gestores e supervisores, usando o que eles usam. Evite roupas desbotadas, manchadas ou velhas. Em reuniões, coloque seu celular no modo silencioso. Se o assunto for urgente, desculpe-se com os colegas e saia da sala. Em almoços ou jantares de negócios, evite tomar muita bebida alcoólica e pedir o item mais caro do cardápio, bem como pratos complicados de se comer, como ostras, peixes com espinho e costelas. Escreva seus emails como escreveria cartas, sem abreviações, palavras sem acentuação, emoticons e outros que tais. Também tenha muito cuidado com “responder a todos” e copiar outras pessoas no seu email. Evite o envio de emails de correntes e de mensagens pessoais, especialmente para aqueles que não lhe são muito íntimos. Ouça as outras pessoas atentamente, não as interrompendo e nem monopolizando as conversas. Em reuniões e apresentações, evite usar notebooks, tablets e smartphones, a não ser que seja para anotar o que está sendo dito. Seja respeitoso com quem está falando. Humor é um tema complicado no ambiente de trabalho. Muito cuidado com comentários sobre religião, raça, gênero e preferência sexual. Mantenha um relacionamento cordial e profissional com seus colegas e superiores hierárquicos. Seja amigável e aberto, mas não divida detalhes íntimos de sua vida pessoal. É saudável manter um pouco de distância psicológica para te preservar. Quando telefonar para alguém, especialmente em celulares, primeiro pergunte se a pessoa tem tempo para atendê-lo. Ao deixar mensagem na caixa postal, diga seu nome, empresa, data , motivo da ligação e seu número de telefone. Retorne sempre todos os emails e ligações gravadas em sua caixa postal, de preferência em menos de 24 horas. índice “A nossa maior ilusão é acreditar que somos o que pensamos ser.” Henri Amiel “Na condução das questões humanas não existe lei melhor do que o autocontrole.” Lao Tsé “Os homens são como as estrelas. Alguns geram a sua própria luz enquanto outros refletem o brilho que elas recebem.” José Martí Especial 12 O que o setor sucroenergético pode esperar do governo Temer? Tecnologia agrícola 14 Nitrogênio em cana planta -parte 3 18 Cana de 3x3 dígitos 24 Traduzindo as imagens dos drones Tecnologia industrial 28 Uso de robôs para chapisco de moendas Conjuntura 33 Leilões online para setor agrícola se consolidam 38 Sugestões para a retomada do setor 39 A dicotomia entre o sucesso e o fracasso, ao longo do tempo, das ferramentas de gestão de pessoas edição 181 Ano 15 Julho de 2016 Gestão Diretor Geral Ricardo Pinto [email protected] Redação Natália Cherubin [email protected] Editora Natália Cherubin Jornalista Responsável Mtb 61.149 [email protected] [email protected] (16) 3602-0900 Estagiário da Redação Alisson Henrique dos Santos [email protected] Diretora Financeira Patrícia Nogueira Díaz Alves [email protected] Diretores Egyno Trento Filho [email protected] Antonio Zatonni Afférri [email protected] Gerente Comercial Marlei Euripa [email protected] fone: (16) 99191-6824, 98127-0984, 3602-0900 Fotografia Mikeli Silva Rogério Pinto Projeto Gráfico Rogério Pinto fone: 11 5686-9044 [email protected] Auxiliar de Design Marcelo Machioni [email protected] Diagramação Fernando Almeida [email protected] Administração Camila Garbino [email protected] Filipe Custódio [email protected] Executivas de Contas Bruna Balducci [email protected] (16) 99142-6840 / 3602-0900 Departamento de Marketing Mikeli Silva [email protected] Larissa Sousa [email protected] (16) 3602-0900 RPAnews é lida mensalmente por aproximadamente 35.000 executivos, profissionais e empresários ligados à agroindústria da cana-de-açúcar do Brasil. CTP e Impressão Gráfica SilvaMarts ISSN 1679-5288 Siga-nos no Facebook: Facebook/RevistaRPAnews CONSELHO EDITORIAL Ailton Antônio Casagrande Alexandre Ismael Elias Antônio Carlos Fernandes Antônio Celso Cavalcanti Antônio Vicente Golfeto Celso Procknor Egyno Trento Filho Geraldo Majela de Andrade Silva Guilherme Menezes de Faria Henrique Vianna de Amorim João Carlos de Figueiredo Ferraz José Pessoa de Queiroz Bisneto José Velloso Dias Cardoso Leonardo Mina Viana Luiz Custódio da Cotta Martins Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo Luiz Chaves Ximenes Filho Manoel Carlos Azevedo Ortolan Marcos Guimarães Landell Marco Antonio da Fonseca Viana Maurilio Biagi Filho Osvaldo Alonso Paulo Adalberto Zanetti Ricardo Pinto Rogério Antônio Pereira Assinatura anual (12 edições): R$ 170,00 - Número avulso: R$ 17,00. Para adquirir sua assinatura basta acessar nossa loja virtual em: www.revistarpanews.com.br ou enviar e-mail para: marketing@ revistarpanews.com.br. RPAnews não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e artes não serão devolvidas. É autorizada a reprodução das matérias, desde que citada a fonte Plantio de cana do futuro Fórum “Aqueles que podem é porque pensam que podem.” Virgílio “Um grande erro: crer-se mais importante do que se é e estimar-se menos do que se vale.” Johann Goethe 4 Atualidades jurídicas 41 Por dentro da usina 42 Dicas e novidades 43 Fora do expediente 44 A importância de ter um hobby para chamar de seu Executivo 46 Espírito de liderança Dropes 50 RPA Consultoria (16) 3237-4249 Revista RPAnews (16) 3602-0900 Rua Casemiro de Abreu, 950, Vila Seixas, Ribeirão Preto, SP, CEP 14020-193 www.revistarpanews.com.br 3 especial O que podemos vislumbrar para daqui dez anos? Teremos o plantio comercial de MPB? A tão esperada cana semente? Ou deveremos continuar com o plantio mecanizado convencional, só que com máquinas mais avançadas? 4 Mesmo com todas as atenções voltadas para a expansão e desenvolvimento da colheita mecanizada, acelerada graças à assinatura do protocolo ambiental, os últimos dez anos também foram marcados, sem dúvida, por grandes mudanças no sistema de plantio de cana, que agora começa a vislumbrar, num horizonte não tão distante, uma evolução ou quem sabe uma verdadeira revolução, não só na forma de se pensar o plantio, mas principalmente na forma de fazê-lo. Será o futuro do plantio o MPB? Ou teremos finalmente a tão esperada cana semente? Ou ainda vamos continuar o modelo de plantio mecanizado convencional de cana tolete, mas com máquinas mais avançadas? Qual é a sua aposta? Por volta de 2010, ao mesmo tempo em que as fabricantes de máquinas se esforçavam para evoluir os projetos de suas plantadoras, nasciam novos estudos e ideias sobre qual seria o modelo de cana ideal para o plantio. Em 2011, após quatro anos de estudos, surgia o Plene, método desenvolvido pela Syngenta e que preconizava o plantio de mini toletes previamente tratados com produtos químicos adicionados diretamente à gema da cana. Estes pequenos toletes tinham 4 cm e vinham tratados contra doenças e pragas, permitindo que fosse possível fazer um plantio com apenas 2 t de colmo por ha, uma enorme evolução diante do que até então era feito, plantio de colmos de 40 cm e com o gasto de, pelo menos, 12 t de colmos por ha (no método manual). O idealizador do projeto foi o pesquisador Antonio Carlos Nascimento que contou, em entrevista concedida na época do lançamento do Plene, que apesar da ideia de mini toletes já existir há mais de 20 anos, a inserção de produtos químicos na gema da cana com o objetivo proteger suas propriedades germinativas era algo que ainda não havia sido estudada. Depois de seu lançamento em 2011, a empresa chegou a vender R$ 400 milhões em Plene para grandes grupos do setor sucroenergético. A primeira a assinar contrato com a Syngenta para a aquisição do produto foi a Usina Guaíra, de Guaíra, SP. Depois vieram algumas usinas do Grupo Guarani, uma usina de EVOLUÇÃO DO SISTEMA MPB Apesar de ainda não existir um balanço concreto sobre o número de unidades produtoras de cana que já fazem o uso do MPB, depois de lançada no mercado em 2013, é perceptível, ao conversar com produtores e usinas, que a sua adesão foi enorme. Melhorar a qualidade das mudas, aumentando sua sanidade, facilitar a disseminação de novas variedades de cana e trazer aumento de produtividade eram algumas das premissas da tecnologia. Três anos se passaram e pergunto aos especialistas e produtores: isto de fato se cumpriu? Cristiano Peraceli, gerente de marketing para Cultura de Cana da Basf, avalia que a expansão da tecnologia está dentro do planejamento estabelecido e com resultados extremamente positivos em relação à produtividade da cana, que chega a aumentar em até 40%. “Vale destacar também que os plantios são mais uniformes e isentos de doenças, principalmente do sphenophorus levis, praga que tem um alto poder destruidor.” Para Erich Stingel, gerente de Supply Chain do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), o novo sistema traz, de fato, aumento nas taxas de multiplicação, se comparado ao sistema convencional de plantio, e tem sido uma oportuni- Tadeu Cury Moçambique, na África, o Grupo São Martinho e a usina Diana, que chegou a investir quase R$ 90 mil em 35 ha de sua área. A Syngenta também investiu pesado. Injetou R$ 119 milhões na construção de uma fábrica em Itápolis, SP, e em pesquisa e desenvolvimento da tecnologia, que chegou a ser disseminada em 600 ha comerciais até aquele ano, com previsão de, até 2015, ter pelo menos 350 mil ha em todo o País. Mas acabou não dando certo. Isto porque, o shelf-life (vida útil) do Plene, por ser muito curto, inviabilizou a sua produção em larga escala, fazendo com que a empresa retornasse o desenvolvimento para o laboratório em 2012 para reformulação. Um ano depois, em 2013, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) apresentava a Muda Pré-Brotada (MBP), uma técnica desenvolvida com o intuito de aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais, renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar, contribuindo para uma rápida produção de mudas, associando alto padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. Cury faz o plantio de MPB em método de Meiosi e, a partir de 2016, o fará também em Cantonsi na sua propriedade, localizada na região de Ituverava, SP dade interessante para disseminação rápida de novas variedades de cana, permitindo que os produtores usufruam mais rapidamente dos benefícios decorrentes do uso de variedades mais modernas em escala comercial. “A redução dos riscos de disseminação de pragas e doenças e a expectativa de ganhos de produtividade também tem despertado o interesse dos produtores. Contudo, é importante lembrar que, para que realmente haja um aumento de produtividade nos hectares plantados com mudas pré-brotadas, além da escolha de variedades de alto potencial genético, é necessário que o material utilizado na sua produção seja extraído de viveiros com alto vigor e qualidade fitossanitária”, adiciona. Ismael Perina, produtor de cana e presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal, faz uso do sistema de mudas pré-brotadas Agmusa e diz que fica emocionado ao falar sobre a evolução da tecnologia e sua contribuição para os canaviais. Ele começou a plantar MPB há três anos e, desde lá, a cada ano, tem se empolgado cada vez mais com os resultados e a melhoria dos canaviais que tem implantado em sua fazenda. “Durante um bom período fomos os grandes responsáveis por disseminar doenças, ervas daninhas e pragas através do transporte de colmos que serviriam como mudas, mas o sistema MPB acabou com isso. Um canavial formado com muda de qualidade e com isenção de pragas e doenças é insumo fundamental para produtividade.” Perina utiliza as mudas pré-brotadas basicamente em método Meiosi (Método Inter-rotacional Ocorrendo Simultaneamente) para a formação de áreas comerciais e afirma que os resultados têm sido surpreendentes. “O grande ganho é na redução do custo de plantio, que chega a ser de R$ 2.500 por ha. A sanidade e qualidade são premissas básicas para produtividade e o que posso adiantar é que em boa parte das áreas que tenho plantado desta forma, a produtividade superou 110 t/ha nos primeiros três cortes já realizados. Entendo isso como um ponto significativo. Não me passa hoje pela cabeça que algum produtor plante alguma área comercial sem que a base de sua formação não tenha vindo de viveiros de qualidade, com sanidade e verificações constantes de pureza. Aliás, no ‘bê-á-bá’ da produção agrícola, seja ela qual for, a semente tem que ser boa. E com a cana não pode ser diferente”, destaca. Tadeu Nascimento Cury, produtor de cana da região de Ituverava, SP, começou a fazer o uso de MPB na safra 2015/16, quando foi plantada uma área de 30 ha, e tem obtido bons resultados também. Suas mudas são compradas exclusivamente com a Syngenta porque, segundo 5 o produtor, além da empresa ter acumulando muito conhecimento ao longo dos anos com o desenvolvimento do Plene, também oferece mudas mais rustificadas e com substrato maior que o da concorrência, tornando-as mais resistentes no campo. “A escolha pelo uso das mudas provenientes de meristema, ao invés das mudas provenientes de uma seção do tolete (mini rebolo), se deram por conta não só da alta sanidade como também pelo maior perfilhamento. Se por um lado a muda proveniente de meristema tem maior sanidade, por outro, as mudas advindas dos mini rebolos são mais rústicas e garantem um mínimo de nutrição para a planta, conferindo uma maior resistência ao estresse hídrico. Mesmo assim, observamos que as mudas provenientes de meristema têm um maior perfilhamento em relação às plantas de MPB”, aponta o produtor, que nesta safra já programou o plantio de 35 ha de mudas pré-brotadas. Edivaldo Rio, professor e especialista em agronegócio da UEMG (Universidade Esta- dual de Minas Gerais), conta que nos experimentos e trabalhos acadêmicos realizados no campo da universidade, no qual se faz o uso das mesmas variedades de cana utilizadas nas usinas do Triângulo Mineiro, o sistema MPB, comparado ao sistema tradicional (plantio mecanizado ou semi-mecanizado), mostrou uma redução significativa da necessidade de replantio, que caiu para 0,04%. “Outro benefício observado foi a redução da necessidade de adubação no plantio, assim como a facilidade de se realizar um sistema de irrigação simples de gotejamento, que facilmente pode ser transformado para uma realidade comercial”, afirma o pesquisador. O Grupo Biosev produz e utiliza MPBs há várias safras, mas foi a partir de 2014 que o trabalho com esse sistema de plantio se intensificou na companhia. Segundo Ricardo Lopes, diretor Agrícola da Biosev, na última safra, a empresa plantou aproximadamente 3 milhões de mudas, o que é equivalente a uma área de 225 ha. “Atualmente, o plantio de MPB na Biosev tem como foco a formação de viveiros e introdução de variedades promissoras. Assim, temos conseguido garantir uma melhor sanidade das mudas e um plantio sem falhas e, em função dessa melhora, temos conseguido um avanço no rendimento das mudas, quando comparado ao plantio convencional. Cabe ressaltar que uma boa opção tem sido a prática do plantio em Meiosi também.” Após quatro anos de estudos, surgia o Plene, método desenvolvido pela Syngenta e que preconizava o plantio de mini toletes previamente tratados com produtos químicos adicionados diretamente à gema da cana. Estes pequenos toletes tinham 4 cm e vinham pré-tratados contra doenças e pragas, permitindo que fosse possível fazer um plantio com apenas 2 t de colmo por ha, uma enorme evolução diante do que até então era feito, plantio de colmos de 40 cm e com o gasto de, pelo menos, 12 t de colmos por ha (no método manual). 6 ENFRENTANDO DESAFIOS Um dos principais gargalos do sistema MPB apontados pelos produtores era a necessidade da irrigação e, principalmente, o alto custo das mudas, situação que vem, segundo Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste, sendo superada. “No plantio de MPB, a irrigação é necessária, com maior e menor frequência, respectivamente, nas fases de pegamento e desenvolvimento das mudas. Tem que ter umidade no solo para uma boa performance do material. Mas, caso o plantio seja realizado no período chuvoso e a chuvas forem bem distribuídas, a prática da irrigação pode até ser abolida. No caso do custo das mudas, atualmente temos no mercado mudas a preços mais acessíveis, mas preços estes que ainda podem melhorar, e muito! De qualquer forma, acredito que o importante é considerarmos o retorno a médio e longo prazo em produtividade agrícola e longevidade do canavial, desta forma, chegaremos à conclusão que todo o investimento inicial compensa, seja para a instalação de viveiros ou plantios comerciais. Outro ponto a ser analisado é a produção de MPB pelo próprio produtor, que diminui consideravelmente os custos”, afirma a gestora técnica da Canaoeste. De acordo com Dario William Sodre, diretor da D2G Consultoria, usinas e produtores que estão desenvolvendo seus viveiros e produzindo a MPB internamente têm conseguin- IAC lança a muda pré-brotada, um novo sistema desenvolvido com o intuito de aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais, renovação e expansão de áreas de cana, contribuindo para uma rápida produção de mudas, associando alto padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. A tecnologia permite redução no consumo de mudas, que cai de 18 a 20 t no plantio convencional para 2 t no sistema MPB. do custos na faixa de R$ 0,20 por muda, valor que no mercado chega a custar até R$ 1 por muda. “Tão logo seja difundida a tecnologia em maior escala, a tendência é que os custos adequem-se ao patamar, pois tecnicamente esse tipo de plantio apresenta as melhores condições geométricas de alocação de mudas, permitindo uma melhor utilização de água, nutrientes e luz para o desenvolvimento das plantas.” Cury diz que apesar de ser necessária quando o plantio é feito em meados de junho a outubro, a irrigação não precisa ser vista como um gargalo, pois é uma operação simples de ser feita. “De novembro a fevereiro, não vejo tanta necessidade de irrigação (com um regime normal de chuvas). No primeiro ano de plantio de MPB, fizemos em novembro no método de Meiosi, havendo a necessidade de irrigação, e obtivemos excelentes taxas de multiplicação. Mas daqui para frente (de 2016 a diante), plantaremos MPB em método Cantosi em dezembro, após dez meses desdobraremos em Meiosi com tolete, e novamente desdobramos as Meiosis de fevereiro a março. Desta maneira, acabamos com a necessidade de irrigação no plantio da Cantosi em dezembro com MPB, e na Meiosi de outubro usaremos o tolete (provenientes da Cantosi plantada em dezembro) que tem maior resistência à seca. Desta maneira, diminuiremos os riscos de perdas por falta de água.” Quanto o custo por muda, Cury afirma que quando se pensa em viveiro de mudas onde 1 hectare de MPB plantará 37 ha, o custo torna- -se extremamente acessível financeiramente e agronomicamente. “Os ganhos são muitos, sendo ganhos mensuráveis e não mensuráveis. Entre os mensuráveis destaco a diminuição do consumo de mudas por hectare, a diminuição do custo de plantio, por não utilizar caminhões e guinchos, e o aumento da produtividade devido à sanidade. Entre os fatores não mensuráveis, temos a prevenção contra o Sphenophorus na área, possibilidade de venda de mudas a terceiros e, devido ao alto custo de implantação, acabamos zelando melhor por nossos viveiros de mudas e ainda desenvolvemos uma cultura de planejamento”, salienta Cury. Mauro Alexandre Xavier, pesquisador do IAC, afirma que os desafios de custo e necessidade de irrigação são importantes, porém destaca ser necessário tratar as MPBs como uma engrenagem dentro de um sistema de produzir cana. Isso significa que é preciso rever e ajustar janelas de plantio e modelos e estratégias de produção de MPBs. “Certamente, dentro desta visão, haverá maiores possiblidades de tratar esses pontos considerados gargalos por alguns produtores.” MPB EM PLANTIO COMERCIAL: VIÁVEL? Alguns produtores e usinas têm testado pequenas áreas com MPB em plantio comercial. Este é o caso de Ismael Perina, que tem testado o sistema, no entanto, apenas com o intuito de gerar resultados. “Entendo ser a Meiosi Além de automatizado, o último modelo de plantadora de cana, até então lançado pelo mercado, vem equipado com uma esteira com ângulo invertido e com um encoder que permite calibrar a velocidade da mesma em RPM (rotação por minuto). Assim, a plantadora devolve para a caçamba o excesso de mudas da esteira, fazendo com que apenas os rebolos presentes nas taliscas sejam distribuídos nos sulcos de plantio. De acordo com a DMB, fabricante da tecnologia, com a automatização e as modificações é possível diminuir até 5 t de mudas por ha, dependendo da variedade e da idade da muda, o que significaria pular dos atuais 16 a 18 t/ha, para 12 t/ha. o ‘pulo do gato’ para termos sucesso com essa tecnologia. Os custos são reduzidos assustadoramente e a qualidade e sanidade agregados de forma muito simples. E estou falando de redução de custos da ordem de 25% a 30% na atividade de plantio. É muita coisa. Com isso, posso ter canaviais comerciais com características de viveiro primário.” Cury não faz plantio de MPB em áreas comerciais e crê que não seja viável devido ao alto custo de implantação. “Vejo a MPB no futuro exclusivamente para o replantio de falhas, onde, diga-se de passagem, ajudará, e muito, na questão da longevidade dos canaviais.” Stingel afirma que já existem projetos utilizando mudas pré-brotadas para plantios de áreas mais extensas em andamento e é provável que estas iniciativas se multipliquem nos próximos anos. Todavia, acredita que o uso deste sistema em larga escala pelo setor só acontecerá se houver redução significativa do preço das mudas, aumento dos rendimentos de plantio e redução da dependência de irrigação após o plantio. “Ainda hoje os custos de implantação de um canavial com mudas pré-brotadas são mais elevados, quando comparados ao plantio convencional, limitando o uso do sistema. Contudo, quando todos os critérios de qualidade são observados ao longo do processo de produção de MPB e o sistema é utilizado para acelerar o crescimento de variedades mais modernas, é possível verificar ganhos significativos de produtividade, o que justifica o investimento. Já a Com a reformulação do Plene, a Syngenta deverá trazer ao mercado a tão esperada cana semente já em 2017. O Plene Emerald promete substituir o sistema tradicional de plantio com colmos ou mudas por pequenas cápsulas que contém várias gemas, o que faz com que o volume de cana no plantio diminua drasticamente. Serão precisos apenas 150 kg de cápsulas por ha. Com isso, os equipamentos envolvidos no plantio poderão ser menores e mais leves, reduzindo a compactação do solo. Com vida útil significativamente mais longa em comparação ao Plene original, o novo conceito pode ficar alguns meses armazenado com resfriamento até 12°C. 7 necessidade de irrigação após o plantio, pode ser considerada uma barreira importante ao uso das mudas pré-brotadas em larga escala, uma vez que a irrigação com água não é uma técnica usual para grande parte dos produtores. Já existem estudos em andamento, que buscam reduzir a dependência de irrigação para o estabelecimento das mudas, mas até o momento não existe nada de concreto, fazendo com que os produtores concentrem os plantios de mudas pré-brotadas nos períodos chuvosos. Outro aspecto relevante para ampliar o uso deste sistema é o desenvolvimento de máquinas de plantio que proporcionem menor demanda de mão de obra e aumentem o rendimento da operação, reduzindo os custos do processo”, observa Stingel. Para Sodre é possível vislumbrar MPB em áreas comerciais, no entanto, isto dependerá do processo de transferência de conhecimento. “Se compararmos somente o custo da muda, a conta não fecha, mas tem que fazer o balanço total do ciclo. Esta proposta ainda irá contribuir para uma nova forma de plantio de cana nos próximos anos, no entanto, a tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento, principalmente em nível de plantios de larga escala.” Experimentos realizados na UEMG estão revelando que pode haver potencial para o plantio comercial de MPB que, segundo Rios, só não é viável hoje por aspectos como: mecanização do plantio, preparo de solo diferenciado, sistema de adubação não tradicional e sistema de irrigação por covas. “A maior deficiência encontrada nos experimentos, quando olhamos o lado comercial, é justamente a falta de tecnologia totalmente mecanizada em todas as etapas deste sistema, a começar com o preparo dos mini rebolos. Ainda não chegamos a um sistema automático que faça a leitura, por exemplo, da gema sem a interferência humana. Por consequência, esse processo ainda deve ser realizado de forma semi-mecanizado. Então, se os processos ainda precisam da interferência humana, não acho viável”, afirma. Mas já existem estudos, inclusive com expe- 8 rimentos, para o desenvolvimento de um tubete produzido com a palha da cana que deverá facilitar o sistema de plantio, eliminando duas ações no momento do plantio e da adubação. “Buscamos uma logística de plantio mais eficaz. A ideia é acabar com a necessidade de sacar as mudas de dentro do tubetes, como ocorre nos tubetes de PVC, e fazer a aplicação do adubo necessário para o primeiro ciclo de crescimento já no tubete. Ainda não temos nenhum resultado positivo ou mesmo perspectivas sobre a produção de uma plantadora ou guilhotina, o que achamos ser necessário, mas já temos a produção dos tubetes pré-adubados na qual usamos 100% da palha da cana para a sua fabricação e os resultados vem sendo testados e validados nos experimentos.” TECNOLOGIA EM TRANSPLANTIO: SOLUÇÃO PARA O AUMENTO DE ESCALA? Com o intuito de atender rapidamente ao plantio de MPB, várias empresas fabricantes de máquinas notaram que era possível fazer o plantio dos tubetes de cana com o uso de máquinas usadas em outras culturas como a do tomate, fazendo poucas ou até mesmo nenhuma adaptação. E deu certo. Várias máquinas transplantadoras de abacaxi e tomate rodam plantando MPB. No entanto, a busca atual por melhorias no rendimento e na redução de custos com mão de obra, tem feito com que algumas empresas busquem tecnologias específicas para a cana. A DMB iniciou um trabalho, em parceria com a Basf, para o desenvolvimento de uma transplantadora de mudas, entre 2012 e 2013, e trouxe ao mercado a primeira máquina voltada ao plantio de viveiros primários. “Nossa máquina para plantio de MPB tem tecnologia nacional e nasceu de um projeto específico para a cultura da cana, mas com alguns conceitos vindos de máquinas de outras culturas. Ela realiza todas as operações para o plantio das mudas, desde a sulcação, adubação, aplicação de defensivos, cobrição e transplantio das mudas, sem a necessidade de duas ou mais operações, como ocorre com a maioria das plantadoras adaptadas de outras culturas”, destaca Rodrigo Salgado de Carvalho, gestor de Negócios da DMB, que revela que a expansão desta tecnologia está caminhando em duas frentes para a empresa. Uma com o pensamento na formação de viveiros e outra, ainda em processo embrionário, pensando já na questão de plantios comerciais com uso do MPB. A Motoagro foi uma das empresas que descobriu um novo nicho de mercado com as mudas pré-brotadas. De acordo com Wagner Guidi, diretor comercial da Motoagro, a partir do modelo PMA1800, uma plantadora de mudas de abacaxi, a empresa identificou que poderia agilizar o plantio de outras culturas como a cana. “Hoje, este modelo de transplantadora de mudas da Motoagro já faz o plantio de mais de 1 milhão de mudas de MPB nas principais regiões produtoras do Brasil.” Segundo Guidi já existem alguns produtores fazendo plantio comercial no sistema Meiosi e Cantosi com a transplantadora da empresa, que apresenta um rendimento de até 42 mil mudas de MPB a cada oito horas trabalhadas. No entanto, para Cury, as transplantadoras de MPB ainda têm muito a evoluir. No ano passado, o produtor relata que fez o plantio de 15 ha com a transplantadora da empresa fornecedora das mudas e os outros 15 hectares foram plantados manualmente com matracas. “O que descobrimos, infelizmente, foi que o rendimento operacional e a qualidade foram muito melhores na operação manual do que com o uso da transplantadora. Mas de qualquer forma, nem mesmo a melhoria das transplantadoras de MPB trarão o plantio de MPB para as áreas comerciais. Não é possível por dois motivos: pelo alto custo das mudas e também pelo risco de falta de água para os MPBs plantados, sendo um alto risco para um custo alto de investimento.” Adiantando-se aos possíveis desdobramentos do plantio de MPB, a TMA, empresa fabricante de 9 plantadoras e distribuidoras de cana, já divulgou ao mercado o protótipo de uma transplantadora automatizada. A transplantadora, chamada TMPB, vem sendo desenvolvida desde 2013 e tem como principal destaque o pacote tecnológico da automação, que acaba com a necessidade de mão-de-obra para o transplantio das mudas. Segundo Márcio Leão, gerente comercial corporativo da TMA, os experimentos com cana já foram realizados em áreas da companhia, mas novos testes serão realizados nos canaviais da Usina São Martinho a partir de agosto. “Houve muita procura de outras usinas interessadas em conhecer na prática a máquina e vê-la trabalhando no campo, então acredito que conseguiremos testá-la em outras unidades.” A expectativa é que a máquina comece a ser comercializada no plantio de 2017. “Acreditamos que esta nova tecnologia poderá auxiliar num possível plantio comercial de MPB, pois é uma máquina que tem uma performance de plantio excelente, visando principalmente o alto rendimento com qualidade e sem falhas.” A Basf também está desenvolvendo dois modelos de transplantadoras, que atualmente encontram-se em fase de teste e validação, mas que devem sim colaborar com o uso de MPB em plantio comercial. Segundo gerente de marketing para Cultura de Cana da Basf, uma delas é automática e voltada para o plantio em duas linhas e a outra é semi automática para plantio em uma linha. CANA SEMENTE A Usina Guaíra, primeira unidade sucroalcooleira a investir no Plene, chegou a fazer o uso da tecnologia em 80 ha de sua unidade. Gustavo Villa Gomes, diretor agrícola da Usina Guaíra, que acompanhou todo o processo, conta que apesar do canavial pós-Plene ter apresentado falhas em algumas linhas de plantio, o que fez com que se deduzisse que existia algum problema no tratamento daqueles toletes, o projeto não foi abandonado. Mesmo com a Syngenta retornando com a tecnologia para o laboratório, Gomes conta que os 80 ha com o Plene permaneceram na unidade e já estão em seu quinto corte. No entanto, a cana da área experimental foi remanejada para mudas nos três primeiros cortes e agora, em seu quarto corte, partiu para a indústria. “Usei essa cana para muda durante muito tempo, porque o Plene tinha uma pureza genética e uma sanidade muito boa. Agora, em seu quarto corte ela foi para estágio comercial.” Gomes não tem dados atualizados sobre o 10 Perina revela que nas áreas de plantio de MPB em Meiosi a produtividade superou 110 t/ha nos primeiro três cortes já realizados canavial que foi para a indústria, mas confirma que o modelo de plantio reduz significativamente o uso de mudas por hectare, assim como prometia a Syngenta. “Usamos menos toneladas por ha. Na época, usamos de 6 a 8 mini toletes por metro, ou seja, muito menos do que se faz no plantio convencional mecanizado.” Com a reformulação do Plene, já divulgada em 2014, a Syngenta deverá trazer ao mercado a tão esperada cana semente a partir de 2017. O Novo Plene, ou Plene Emerald (esmeralda, referência à cor verde das cápsulas) promete substituir o sistema tradicional de plantio com colmos ou mudas por pequenas cápsulas que contem várias gemas. Segundo a empresa, que não quis se manifestar sobre a etapa atual em que a tecnologia se encontra até o fechamento desta edição, uma das vantagens será a grande redução no volume de material a ser movimentado nas áreas de formação dos canaviais. Além disso, com vida útil significativamente mais longa em comparação ao conceito original do Plene, o novo produto deve melhorar a logística e tornar a tecnologia amplamente disponível. O shelf-life do Plene Emerald tem uma performance superior: pode ficar alguns meses armazenado com resfriamento até 12°C, dando mais flexibilidade tanto à Syngenta quanto ao produtor, segundo informações divulgadas por Daniel Bachner, diretor de Cana-de-Açúcar e Novas Soluções Latino-América da Syngenta. “Em nossas comunicações sobre o Plene Emerald, temos afirmado aos produtores que a nova tecnologia do produto vai trazer uma mudança, não apenas no plantio, mas também no processo de comercialização e exportação.” O volume de cana no plantio também diminui drasticamente. Se no sistema conven- cional mecanizado são usadas 20 t de mudas por ha, no sistema desenvolvido pela Syngenta, serão precisos apenas 150 kg de cápsulas, de acordo com Bachner. Com isso, o equipamento de plantio pode ser menor e mais leve, reduzindo a compactação do solo. O menor volume também permitirá o uso de tratores de menor potência e o aumento no número de linhas, resultando em ganho de velocidade e eficiência do plantio. Será possível plantar até 90 ha por dia com uma máquina. A previsão ainda é de que a tecnologia dispense a necessidade de formação de áreas de viveiro nos canaviais, o que vai permitir com que essa parcela do terreno possa ser destinada ao plantio comercial, aumentando a produção de açúcar, etanol e energia. As sementes estão sendo produzidas em ambiente controlado e encontram-se em fase de adaptação às condições dos campos brasileiros nas principais regiões produtoras do Sudeste e do Centro-Oeste. O diretor agrícola da Usina Guaíra, uma das parceiras da Syngenta, revelou, em conversa com a RPAnews, que os testes com o Plene Emerald dentro da unidade devem começar ainda este ano. O acordo de licenciamento exclusivo com a canadense New Energy Farms para acesso à tecnologia CEEDS é o que permitirá a produção do Plene Emerald em escala comercial. O plano é tornar a tecnologia amplamente disponível, com a abertura de novas biofábricas no país. Existe também um modelo de maquinário que estará disponível para os plantios comerciais em 2017, mas a empresa ainda não definiu os preços das sementes de cana. O FUTURO Pedimos a todos os entrevistados que respondessem como eles viam, daqui dez anos, o futuro do plantio de cana. O CTC, de acordo com Stingel, acredita que, no longo prazo, uma tecnologia que irá revolucionar o mercado de plantio é a semente de cana. Por isso, está desenvolvendo um projeto inovador que pretende solucionar as grandes barreiras enfrentadas pelo setor atualmente, como logística, sanidade, elevada demanda de áreas de viveiro, entre outras. “As pesquisas estão em andamento, mas já é possível dizer que será uma tecnologia que deverá revolucionar o mercado.” O gestor de negócios da DMB, acredita que no médio prazo o plantio de cana deverá passar por algumas mudanças devido às novas tecnologias que estão chegando, mas o maior percentual ainda permanecerá com o plantio mecanizado convencional, principalmente devido às novas tecnologias empregadas nas plantadoras de cana automatizadas, que promovem consumo de mudas até 45% abaixo da média nacional que trabalha hoje com 20 t/ha. “Já o plantio de MPB, cana semente ou outra tecnologia semelhante, ainda requer muitos estudos e testes para comprovação de sua eficácia em plantios comerciais devido ás condições climáticas, cada vez mais adversas, profundidade de plantio, conformação dos sulcos, tipos de solos, declividade da área e das restrições do uso da água, que já encontramos nos dias de hoje.” Para Sodre o setor também deverá continuar, ainda por muitos anos, com o plantio convencional de toletes, mas com aumento e consolidação do plantio de MPB. “Ainda acredito que, nas próximas duas décadas, o plantio com toletes será utilizado e melhorado. Com relação à cana semente, particularmente não conheço todo estágio de evolução desse processo, mas é um target para o futuro sim.” Alessandra vê o MPB como parte deste futuro, assim como o plantio mecanizado convencional e a cana semente. “Vejo a operação de plantio totalmente mecanizada, sendo ela realizada com mudas convencionais ou com MPB ou com cana semente. O importante é que os custos sejam compatíveis com a realidade dos produtores e que a produtividade e longevidade do canavial sejam boas para que eles se mantenham na atividade.” De acordo com o professor e pesquisador da UEMG, o plantio mecanizado é o que temos hoje para suprir a demanda industrial do setor, porém, os custos, que já foram reduzidos, se comparados ao manual, vêm sendo questionados a todo instante diante dos novos sistemas. “Em minha opinião é o sistema MPB que vai revelar o futuro! Experimentos realizados por nossos discentes mostram viabilidades tanto para o sistema de plantio MPB, como no sistema de plantio direto de mini-rebolo (praticamente o sistema Plene) sem o uso de tratamento algum, que também tem se mostrando muito eficiente e com ótimos resultados.” “O plantio de MPB irá evoluir muito nos próximos anos, aja visto os investimentos de várias usinas no desenvolvimento de sua própria estrutura de produção e desenvolvimento dessas mudas. Porém, esta tecnologia não irá substituir o plantio mecanizado convencional, e sim complementar. Agora aguardamos a cana semente, que promete bastante também”, afirma o gerente comercial corporativo da TMA. O diretor agrícola da Usina Guaíra, que realiza 100% do seu plantio com o uso de plantadoras convencionais e distribuidoras de toletes, Espera-se que com o sistema Plene Emerald sejam precisos apenas 150 kg de cápsulas por ha, o que reduziria o tamanho dos equipamentos de plantio, minimizando a questão da compactação do solo diz que torce para um futuro em que exista cana semente. “O plantio atual convencional mecanizado tem gerado muito desgaste e falhas no plantio. Eu acredito que daqui dez anos tenhamos uma revolução. E que essa revolução seja a cana semente. Essa é a nossa aposta! Mas isso não vai ser de uma hora para a outra.” Enquanto a semente não chega, Gomes conta que única opção no momento será trocar, em pelo menos uma frente de plantio, as plantadoras antigas por modelos automatizadas, buscando redução do gasto de mudas. Já para o produtor da região de Ituverava, Cury, nos próximos dez anos o setor continuará “enterrando açúcar, etanol e energia no solo através do plantio via toletes, seja mecanizado ou manual. Mas em um horizonte maior que dez anos, confio que teremos o plantio de cana-de-açúcar através de sementes, onde os plantios serão feitos com máquinas de menor potência e maior agilidade. Inclusive, há empresas que pesquisam a semente de cana que dizem que o plantio poderá ser feito com plantadoras de grãos. Isso seria uma revolução no setor, onde a mesmas máquinas que fazem os plantios de grãos na rotação de cultura, também farão os plantios de cana-de-açúcar. Isso sim é um sonho para o produtor rural. Em resumo prevejo no futuro assim: a implantação do canavial via semente e MPB para reposição de falhas. Esse sim seria o casamento perfeito entre as tecnologias!” 11 fórum AGUARDANDO RECONHECIMENTO “Esperamos que governo possa dar o devido valor a cadeia sucroenergética. Desde a produção da cana-de-açúcar no campo até o consumidor final, o setor gera empregos, renda, inclusão social, oportunidades e contribui para o desenvolvimento das regiões produtoras pelo Brasil afora. Chegou o momento do governo incluir o etanol na política energética de uma vez por todas e garantir o fornecimento de combustível sustentável à população.” Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana BOAS PERSPECTIVAS “As expectativas são positivas. O novo governo chega atendendo o anseio popular e com uma boa base no legislativo federal. No entanto, há muito que ser feito. Não se pode perder o tempo e é preciso tomar de imediato as medidas e reformas necessárias para recuperar a economia do país.” Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul 12 REAJUSTE DA CIDE “Eu acredito que, se o novo governo deixar de atrapalhar o setor, como fazia o anterior, já estará de bom tamanho. Porém, creio que o governo Temer poderia ajudar o setor sucroenergético e, principalmente, ajudar o país se fizesse a alíquota da Cide dos combustíveis, que hoje está em R$ 100 por m3 de gasolina, ser de pelo menos metade do que foi em 2001, quando ela foi lançada (R$ 860/m3), sem obviamente mexer na alíquota do etanol. Isso faria com que o número atual de cinco estados, onde costuma ser mais vantajoso para o consumidor abastecer etanol nos carros flex (GO, MG, MT, PR e SP), crescesse para 12 estados, incorporando BA, DF, MS, PE, PI, RJ e TO. Esta Cide maior da gasolina substituiria parte da demanda prevista de recursos pela CPMF e ainda geraria maior demanda para o etanol hidratado, injetando ânimo numa cadeia produtiva que está em frangalhos.Outro ponto que afetou o fluxo de investimentos externos para o setor sucroenergético foi a restrição de venda de terras brasileiras a estrangeiros. Penso que este novo governo poderá rever o parecer dado pela Advocacia-Geral da União (AGU) em 2010. Além disso, todas as demais estratégias para auxiliar a retomada da produção industrial do Brasil, que deverão ser adotadas pelo governo Temer, ajudarão o ser sucroenergético, tais como a flexibilização nas leis trabalhistas, a maior abertura comercial, o retorno às privatizações e tudo que possibilitar tirar o país da recessão que se encontra.” Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria MAIOR ABERTURA PARA DISCUSSÕES “O presidente, ainda interino, Michel Temer, assumiu pregando o diálogo com a sociedade e com as forças políticas do Congresso Nacional. A expectativa do setor é, justamente, ter esse diálogo, uma abertura para a discussão de nossos pleitos. A formação de uma equipe econômica profissional e competente com a possibilidade de um maior diálogo, bem como os outros ministérios temáticos, nos faz acreditar que é possível o setor sucroenergético e o Brasil saírem dessa grande crise.” Mário Campos, presidente da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergétics de Minas Gerais) POLÍTICAS DE MÉDIO E LONGO PRAZO “Buscar o que o setor vem insistentemente tentando, que são políticas que deem condições as empresas e industrias de investirem para a expansão do setor e melhorar os seus negócios. Políticas especialmente de médio e longo prazo, porque até agora o setor viveu das incertezas e de políticas imediatistas. O que precisamos é inverter essa lógica e ter o etanol e a bioeletricidade na matriz energética em definitivo. Enfim, precisamos de medidas que garantam aos investidores o retorno do negócio. Que eles possam ter a visão do médio e longo prazo e, com isso, tomar a decisão de investir ou não.” Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste ESPERANÇA RENOVADA “Com um novo governo, sempre há renovações de mudanças e de esperanças. Tínhamos grandes expectativas positivas quando a presidente da CNA, Katia Abreu, assumiu o Mapa, e foi uma grande decepção para o setor produtivo. Teremos outra vez um ministro que é um grande produtor de soja e que conhece as dificuldades e gargalos do setor agrícola. A esperança se renova e precisamos que o governo aplique medidas que deem segurança para a volta dos investimentos e, consequentemente, dos empregos e que faça políticas de longo prazo para sinalizar a retomada deste desenvolvimento.” Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil) RETOMADA DA CONFIANÇA “O setor sucroenergético, como um todo, espera que o novo governo tenha uma visão muito mais realista quanto à sua importância e preservação, considerando seu valor estratégico enquanto parte importantíssima da matriz energética nacional, seja no que diz respeito ao etanol ou a bioeletricidade. Grande parte das recentes dificuldades enfrentadas pelo setor pode ser debitada na conta do governo federal, que provocou profundas mudanças nos rumos de nossa atividade econômica por diversos fatores, dos quais se destacam: a concorrência desleal do etanol com a gasolina, provocada pelo congelamento dos preços praticados pela Petrobras por quase cinco anos, a redução de adição de etanol anidro à gasolina durante um tempo muito longo e a retirada da Cide sobre os combustíveis fósseis. Agora, se o novo governo mantiver uma política responsável de gestão de preços da Petrobras (e, ao que tudo indica, pela qualidade da equipe econômica e pelo discurso governista de não deixar que a empresa seja utilizada como agente de políticas de controle de inflação, deve ser o que vai ocorrer), e houver políticas adequadas para projetos de cogeração de energia elétrica a partir de biomassa da cana, podemos entrar em um ciclo de recuperação e retomada de investimentos já em 2017. Em termos macroeconômicos, ainda considerando a excelência da equipe econômica capitaneada por Henrique Meirelles, é plausível um quadro de retomada de confiança ainda este ano, o que também deve contribuir de maneira altamente positiva para a volta de investimentos, geração de empregos e distribuição de renda. Naturalmente, é absolutamente crucial que a crise política se resolva definitivamente, permitindo que o foco do governo passe realmente a ser a recondução definitiva do país aos caminhos do desenvolvimento. É com isto que todos nós contamos.” Paulo Roberto Gallo, presidente do CEISE Br SETOR DEVERÁ SER PRIORIDADE “O setor sucroenegético já vem se mobilizando junto ao Governo Temer e está confiante que seus pleitos serão inseridos como prioridades na agenda governamental de curto prazo do novo presidente. Acreditamos na atualização e retomada da Cide sobre a gasolina como medida norteadora para a competitividade do etanol, ensejando o reconhecimento das externalidades positivas para o meio ambiente, saúde e redução do efeito estufa, proporcionado pela manutenção e desenvolvimento da produção do etanol no Brasil.” Pedro Robério, presidente do Sindaçúcar-AL (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas) 13 tecnologia agrícola Na última parte do artigo, o autor fala sobre a questão da lixiviação do nitrogênio no solo, adubação foliar em cana planta e soca, e também sobre a palha como fonte de N *José Luiz Ioriatti Dematte Apesar da preocupação em relação a transpiração da precipitação, encontrou-se fertilizantes passaram a ser utilizados em possíveis perdas de nitrogênio por lixivia- a lixiviação na faixa de 1 mm de NO3 trans- quantidade adequada no solo, começou-se ção no plantio da cana-de-açúcar, tal fato locado no solo/mm de chuva. Considerando a observar menores respostas à aplicação não parece ser significativo, pois trabalhos um saldo de 600 mm entre precipitação e aérea. Sendo assim, em 1992, Morelli et executados com 15 feitos em cana planta evapotranspiração, o lixiviado estaria a 60 al., trabalhou com um total de 22 grandes têm indicado ausência de perdas por lixivia- cm de profundidade do solo, ou seja, numa experimentos (parcelas com 4 repetições) ção do nitrogênio do adubo ou quando ocor- profundidade em que ainda é possível de nos anos agrícolas de 1992 a 1995 em ca- rido, indica perdas em pequenas quantida- ser absorvido pelas raízes da cana, porém na planta e soca, aplicando 13 kg de N na des (Padovessi, 1988; Salcedo, et al. 1988). o mesmo não se pode afirmar em relação às forma de ureia, 450 g/ha de molibdato de Tais autores atribuem esta pequena quanti- socas. amônio e 10 kg/ha de potássio no período N dade lixiviada à imobilização do nitrogênio realizada pelos organismos do solo. Oliveira et al. (2002) estudaram com ADUBAÇÃO FOLIAR EM CANA PLANTA E SOCA das águas. A aplicação do fertilizante foi feita em parcelas controladas através do auxílio de uma barra aplicadora com pressão lisímetros* as perdas de 15N provenientes Íons e moléculas, para serem absorvi- constante, a fim de garantir uniformidade da ureia em solo podzolizado (baixa ferti- dos pelas folhas da cana, devem ultrapassar de aplicação e a dose recomendada, sendo lidade) com 84% de areia na camada super- praticamente duas barreiras: a cuticular, pa- que no ano de 1995 aplicou-se uma dose ficial e doses de N de 0, 30, 60 e 90 kg/ha, ra entrarem no apoplasto em difusão livre em dezembro e depois se repetiu a mesma e precipitação total de 2.015 mm de água. (adsorção) e a plamalema, para passarem do dose em fevereiro. Eles notaram que durante o experimento apoplasto para o simplasto (absorção reque- Os resultados mostraram que não hou- não ocorreram perdas por lixiviação de N rendo energia da planta, portanto absorção ve respostas significativas para a adubação originário da ureia em nenhuma das doses ativa). Muito se tem comentado a respeito foliar em nenhum dos experimentos. Os au- aplicadas. As maiores perdas de N, princi- da aplicação aérea de fertilizantes na ten- tores, inclusive, concluíram que a quanti- palmente na forma de NO3, de 4,5 kg/ha, tativa de trazer aumento de produtividade. dade de N aplicada no plantio ou soca foi foram provenientes do solo e dos restos de Tal prática se iniciou nos anos 70, no Grupo suficiente para a demanda da cana. Do mes- cultura (Gráfico 1). Um cálculo aproxima- Zillo Lorenzetti, em Lençóis Paulista, SP, mo modo e também ao longo das safras de do da lixiviação é o sugerido por Reichardt com aplicações baseadas, principalmente, 1992 a 1995, foram aplicados os mesmos et al. (1982), onde, após deduzir a evapo- em N, K e Mo. Porém, à medida que os tratamentos em 11 experimentos na Usina 14 Quatá, que também não apresentaram re- não ao P e K, produtos hormonais, ácidos sultados significativos. Em 1995, nesta húmicos, aminoácidos, formas líquidas de mesma usina, quatro experimentos foram N com ou sem acompanhantes de outros montados tanto em cana planta como em nutrientes, capeados ou não com ácidos hú- soqueira, porém com reaplicações de N micos, entre outros. PALHA: FONTE DE NUTRIENTES E NITROGÊNIO Normalmente, 10% a 15% da palha fica no solo após o corte da cana. Este material a doses de 0, 13, 26 e 39 kg/ha (Tabela Com as informações de biometria tem- apresenta uma série de nutrientes macro e 1) e os resultados também não foram -se obtido aumento de produtividade na fai- micro, e que podem ser mineralizados ao significativos. xa de 4 a 8 t/ha e, eventualmente, valores longo dos cortes da cana, sendo o potássio o Resultados semelhantes foram obti- mais elevados. Dependendo do produto, o de maior liberação, logo após o corte e com dos por Penatti e Forti, (1995 e 2001). custo final tem ficado na faixa de 2 a 3 t as chuvas ou a irrigação. A relação C/N infe- Em 2005, os mesmos pesquisadores de cana, o que faz com que os usuários ar- lizmente é elevada (faixa de 95 na palha sem aplicaram adubo foliar contendo mi- risquem mais nas aplicações. Muitas das decomposição), indicando que o N, que esta- cronutrientes em cana planta e soca na empresas fabricantes destes produtos, utili- ria fazendo parte da celulose e hemi-celulo- Usina Catanduva (Tabela 2) e na Usi- zam-se de análises foliares para elaboração se, não pode ser rapidamente mineralizado, na Santa Adélia, ambas sem resultados das informações do que aplicar, porém com permanecendo no sistema por alguns anos. significativos. Praticamente logo após resultados analíticos duvidosos, colocando Entretanto, este N será, mais cedo ou mais 2005 e devido às modificações das ope- em descrédito os fornecedores. Dentro deste tarde, liberado e disponibilizado ao sistema. rações da área agrícola, principalmen- contexto, um fato tem chamado a atenção: Trabalhos preliminares do Cena (Centro te com os blocos de colheita, o corte no passado as variações de produtividade de Energia Nuclear na Agricultura) da Esalq/ mecanizado e a contenção de despesas, em aplicações foliares raramente davam USP de Piracicaba, SP, estão sendo comple- grande parte das usinas eliminaram as resultados e atualmente praticamente tudo tados para indicar o tempo de decomposi- parcelas controladas dos experimen- que se aplica tem dado resultados. Como ção desta palha e, em consequência, qual é tos e, com isso, perdeu-se, em muito, a explicar? a liberação de nitrogênio. Posteriormente, qualidade das informações. Atualmente, Eventualmente e, em determinadas si- teremos possíveis modificações em relação tem-se utilizado a biometria para ava- tuações, com uma cana menos nutrida, a a este tema, com reduções de N para cana liação dos experimentos com todas as aplicação aérea é positiva e deve ser man- planta, mas principalmente para as soqueiras. implicações relacionadas ao sistema. Ao tida. No entanto, uma vez que o solo esteja mesmo tempo, uma série de novos pro- adequadamente recuperado quimicamente, dutos tem sido oferecidos ao mercado inclusive com micronutrientes em doses para aplicação foliar, contendo comple- apreciáveis, tanto para cana planta quanto xos de micronutrientes associados ou soqueira, não se justifica a aplicação aérea. RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO DE N PARA O PLANTIO O nitrogênio é absorvido na forma mi- 15 que podem ser encontrados na literatura. O que posso dizer é que, a maioria dos trabalhos tem indicado a aplicação de 0 a 60 kg/ha de N no plantio sem se esquecer de, por segurança, usar o cálculo da mineralização. Outro fator que se deduz é que o fracionamento do N não se justifica assim como a lixiviação. Com relação a aplicação aérea de outros produtos, concluo que somente se justificaria se o solo estiver aquém da necessidade da cultura. O saldo do N aplicado via fertilizante, e não neral, NO3 ou NH4, sendo que o principal que a comunidade bacteriana é regida forte- aproveitado pela cultura no plantio, seria meio de translocação no solo é via fluxo de mente por tais fatores, afetando a composi- aproveitado na soqueira posterior. massa e a distância linear média percorrida ção microbiana do solo. Neste contexto, há A fixação biológica devido às bactérias pelo NO3 por dia (período úmido) é de 4,2 influência tanto das bactérias fixadoras de diazotrópicas, apesar de ocorrer no solo, mm/dia (Novais e Smith, 1999). Os traba- N como a mineralização pura e simples. O não tem apresentado o desempenho ne- lhos sobre recomendação de adubação têm ciclo interno de N no solo é o controlador cessário na fixação do N2 para suprir as indicado o seguinte: as doses de N estariam da disponibilidade de N para a nutrição das demandas da cultura, seja na cana planta na faixa de 0 a 60 kg/ha e na média 30 a plantas, independentemente de sua origem. ou soca. Por outro lado, a resposta positi- 40 kg/ha; a aplicação seria feita somente no A mineralização do N, apesar de sua va a inoculação de bactérias tem indicado fundo do sulco; no caso do uso de legumi- grande importância, ainda tem muito pouco que ela é dependente da variedade de ca- nosa como cultura secundária, não se deve estudo. Assim como pensa Victoria (1992), na, o que dificulta muito as aplicações em aplicar o N; e a torta de filtro supre todo o N. nas últimas décadas pouca atenção tem sido larga escala. Já a inoculação de bactérias Não há nenhuma contra indicação quanto ao dada aos estudos dos processos microbianos fixadoras de N em cana, não tem dado a uso das diversas formas de N, como ureia, de mineralização e transformação do N no segurança necessária aos usuários, ficando nitrato de amônia e sulfato de amônio, seja solo, principalmente no Brasil, sendo que a ainda este conhecimento, por enquanto, sólido ou fluído. maior parte dos esforços de pesquisas tem confinado na área de pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS sido voltadas para o estudo da fixação biológica de N2. De acordo com este autor, o procedimento mais aconselhável, no caso do Em um ambiente tão complexo quan- estudo da mineralização do N do solo, seria to o solo, onde fatores químicos e físicos o de enfocar conjuntamente, apesar das difi- interagem continuamente e influenciam as culdades, os processos de amonificação e ni- demais condições do solo, como tempera- trificação, sendo esta talvez a principal razão tura, umidade, reação etc, pode-se perceber pela qual poucos são os trabalhos específicos 16 *Lisímetro é utilizado para medir a evapotranspiração de referência (ETo) ou da cultura (ETc). *José Luiz Ioriatti Dematte é professor Titular e ex-chefe do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo) 17 tecnologia agrícola Enquanto os produtores e usinas de cana se esforçam para conquistar um canavial de três dígitos, algumas unidades já ultrapassaram as 300 t/ha. Mas como isso é possível? Diante da queda da produtividade dos canaviais nos últimos anos, o que mais tem sido discutido pelo setor canavieiro é como voltar a ter canaviais de três dígitos. Novas tecnologias, formas de manejo e novas variedades vêm sendo implementadas por produtores e usinas de cana e já têm mostrado bons resultados. Mas ainda não chegamos lá. Só para se ter uma ideia, o clima favorável de 2015 e a melhora do manejo dos canaviais, fez com que a produtividade do Centro-Sul do Brasil atingisse, no ano passado, o melhor resultado desde 2009, com 83 t de cana por ha. Em 2014, por exemplo, o rendimento havia sido de apenas 73,8 t por ha. Diversos são os fatores que contribuíram para a queda na produtividade e a consequente perda de rentabilidade do setor ao longo dos últimos anos. Segundo Mauro Violante, gerente de Desenvolvimento de Produto e Assistência Técnica do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), é evidente que fatores climáticos foram um dos maiores componentes para o impacto na produtividade, já que o setor tem sofrido com grandes variações climáticas entre nos últimos anos agrícolas. No entanto, ele destaca que a interação de fatores econômicos, tais como, redução do investimento em proteção 18 de cultivos (controle de pragas e plantas daninhas), nutrição insuficiente e o baixo índice de renovação dos canaviais, a partir de 2009, aliado a fatores técnicos como a redução da atenção no controle de sanidade das áreas comerciais e dos viveiros e, principalmente, a alta concentração de cultivo de variedades mais antigas, pouco adaptadas à mecanização e com potencial produtivo limitado, tem feito com que a competitividade se reduza a cada ano. Para Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, um dos principais fatores que impactaram na produtividade dos canaviais foi a agenda operacional no momento da grande expansão, ocorrida entre os anos de 2003 a 2009. Neste período, o setor praticamente dobrou a área cultivada de cana-de-açúcar no Brasil, um grande feito, no entanto, realizado sem princípios técnicos. “A qualidade de muda foi relegada a um segundo plano, quando se aproveitava o canavial mais próximo da área a ser plantada por questões de logística, sem a preocupação com a qualidade da muda. Muitas vezes, aquilo que se cha- Tabela 1 – Interação entre a temperatura e a cana-de-açúcar mou muda era, na realidade, um canavial de corte avançado, no terceiro, quarto ou quinto corte, por exemplo. Isto acabou comprometendo a saúde de nossos canaviais, principalmente com o raquitismo da soqueira interferindo de maneira significativa na produtividade. Essa prática de se aproveitar de canaviais mais próximos para a muda também acabou perpetuando, por mais um a três ciclos, variedades mais antigas, lançadas na década de noventa, em detrimento do uso de variedades mais recentes lançadas pelos programas brasileiros que, com certeza, apresentam maior potencial”, aponta Landell. Outro aspecto relevante, segundo ele, é que a expansão ocorreu, de maneira geral, para regiões com estresse hídrico mais pronunciado e solos de menor fertilidade ou com restrições físicas, o que deve ser levado em conta na redução da produtividade agrícola dos últimos quinze anos. Por fim, o cenário mudou radicalmente em 2000. Hoje, praticamente 100% dos canaviais são plantados e colhidos mecanicamente, trazendo o ambiente de cana crua como predominante, que trouxe pragas importantes, como a cigarrinha daa raízes e ampliou o Sphenophorus levis. “A mecanização impactou os nossos solos, pois introduziu equipamentos muito mais pesados nas lavouras, produzindo compactação e efeito negativo na brotação dos canaviais. O aparecimento de doenças importantes como a ferrugem alaranjada entre 2009 e 2010, também não pode ser esquecida, pois acabou por afetar a segunda varieda- não obteve retorno. Decidimos então reunir alguns especialistas e produtores para comentar e explicar como é possível alcançar altos níveis de produtividade. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS Porto Filho: “Os ótimos números são reflexo da visão empreendedora dos acionistas mediante oportunidades identificadas na área de produção, utilizando-se de alta tecnologia no processo produtivo” de mais plantada, a SP81-3250. Acredito que isso nos trouxe experiência para estabelecer uma nova canavicultura com instrumentos e estratégias novas, gerando uma perspectiva de aumento expressivo de produtividade a médio prazo”, destaca o pesquisador do IAC. O sonho dos três dígitos, porém, chega a ser até simples se pensarmos que existem algumas unidades e produtores de cana que têm chegado a canaviais que correspondem a três vezes as 100 t por ha. Sonho para alguns, realidade para outros. Uma unidade sucroalcooleira, localizada no Norte de Minas Gerais, conseguiu, em cana planta de 14 meses, atingir 310 t por ha, apresentando 149,2 kg de ATR por t de cana e 46,3 t de ATR por ha. Lá, a variedade que conseguiu expressar tamanho potencial foi uma RB 961003. Como eles chegaram a isso? A redação da RPAnews tentou contato com a unidade para saber como foi possível tais atingir números, mas até o fechamento da edição Antes de tudo, é preciso entender a ação do clima na produtividade da cana. De acordo José Luiz Ioriatti Dematte, professor Titular e ex-chefe do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo), os parâmetros climáticos que influenciam na produtividade são diversos, mas os principais seriam: - a quantidade de chuva no ano agrícola; - a evapotranspiração da planta; - o déficit hídrico; - as variações de temperatura; - e a radiação solar. Em relação à cultura da cana e as condições de temperatura, segundo Dematte, observa-se que o seu crescimento e consequente produtividade terão mais chances de ocorrer quando, após dez dias do plantio, as temperaturas permanecerem entre 30°C e 34ºC. Com temperaturas abaixo ou iguais a 18°C, por exemplo, a planta não absorve água e nutrientes e em situações de temperaturas abaixo de 18°C ou então acima de 38°C, há a paralização do seu crescimento, como é possível analisar na Tabela 1 Ainda é preciso analisar a taxa de crescimento da cultura, que ocorre em função da região, assim como na 19 temperatura e umidade ao longo dos meses. “Para um canavial em São Paulo com plantio em março, a taxa de crescimento é de 70% a 75% de setembro a abril, período quente e úmido, sendo que para outras regiões, como Goiás, a taxa é de 80% a 85%. Portanto, na maioria das regiões canavieiras sempre haverá um período de crescimento e desenvolvimento, e um período de maio a agosto onde as condições climáticas permitem pouco crescimento, sendo quente e seco (como em Goiás, MG, MT), frio e seco (como no Oeste de São Paulo), ou frio e úmido (como em MS, Ourinhos). No Nordeste a situação se inverte, com período úmido de abril a agosto, e período seco e quente de setembro a março. Portanto, em tais regiões, a taxa de crescimento não é total, isto é, durante todos os meses do ano. Sendo assim, a produtividade também não será máxima”, explica Dematte. Considerando que a cana precisa de água, qual então seria a quantidade ideal de água por t de colmo? De maneira geral, Dematte explica que há necessidade de 45 l de água para cada 1 kg de matéria verde, ou 4,5 mm/t de matéria verde. Considerando a quantidade de umidade num ciclo de cana de ano e meio de 2100 mm, a produtividade seria de 466,6 t/ha, sem considerar a evapotranspiração da cultura (EVP). “Apenas como exemplo e para a região de Ribeirão Preto, SP, em uma soqueira de segundo corte, no período maio a maio, agosto a agosto e outubro a outubro, a EVP aumenta neste sentido e, em consequência, há redução da toneladas de cana por hectare. Os dados da Tabela 2 detalham tais informações.” TRÊS X TRÊS DÍGITOS Chegar a mais de 300 t/ha é mais que possível, mesmo em áreas comerciais. De acordo com Landell, normalmente essas grandes produtividades são raras em áreas comerciais, mas podem ser atingidas em cana de primeiro ciclo (cana planta) e devem estar associadas à irrigação ou a ambientes com alto potencial produtivo e que apresentem grande disponibilidade de 20 De acordo com Landell, normalmente as grandes produtividades são raras em áreas comerciais, mas podem ser atingidas em cana de primeiro ciclo (cana planta) e devem estar associadas à irrigação ou a ambientes de alto potencial produtivo e que apresentem grande disponibilidade de água para a planta água para a planta. “O aumento de produtividade de maneira consistente se dará com um conjunto de fatores, dentre eles o uso de irrigação. Mas a adoção de variedades mais modernas, adaptadas a mecanização, com maior população de colmos por hectare, cultivadas com o uso de agricultura de precisão para reduzir os efeitos nefastos do pisoteio também poderão nos conduzir a patamares de produção expressivamente superiores”, afirma Landell. Novas tecnologias como a irrigação e o controle de qualidade e planejamento, são alguns dos fatores que têm contribuído para que a Agrovale, localizada em Juazeiro, BA, supere a marca média de 100 t por ha, chegando a 270 t de cana por ha em cana planta e 300 t por ha em 1 mil dos 17.500 ha da Companhia. Segundo Cid Eduardo Porto Filho, diretor Agrícola da Agrovale, isto foi possível por meio da introdução de novas tecnologias de produção com controle de qualidade de planejamento, desde o plantio até a colheita, passando pelo preparo de solo, espaçamento, controle de qualidade do plantio, fertirrigação adequada e demais tratos inerentes à cultura. “Os ótimos números são reflexo da visão empreendedora dos acionistas mediante oportunidades identificadas na área de produção, utilizando-se de alta tecnologia no processo produtivo.” Com áreas 100% irrigadas, a Agrovale tem conseguido aumentar, nos últimos cinco anos, em 25% a sua produtividade média, que saltou de 85 t por ha para 112 t por ha. Os sistemas de irrigação utilizados para produção de cana-de-açúcar no bioma Caatinga do sertão baiano são o sulco de infiltração, o pivô central e linear, e o gotejamento subterrâneo, sistema em expansão dentro da Agrovale. “O ambiente de produção foi um fator determinante para as boas produtividades e tem sido potencializada com a utilização de variedades responsivas a irrigação e ao manejo utilizado. Parte desse feito também se deve às técnicas utilizadas na irrigação do canavial, através do método de gotejamento subterrâneo. O incremento de TCH não se deve somente à irrigação empregada, mas está também associada à fertirrigação, a qual é manejada segundo as fases de crescimento da cultura”, afirma o diretor agrícola da Agrovale. O plano almejado pela companhia para os próximos 15 anos é bater produtividades acima das 100 t por ha em toda área da usina. Segundo Porto Filho, isto será realizado por meio da união da tecnologia de irrigação e fertirrigação, manejo varietal, espaçamento ideal e controle de qualidade em todas as operações. Dematte afirma que chegar a 320 t/ha na cana de 14 meses não seria possível em situações em que não há água, nutrientes e temperaturas favoráveis e que permitam um bom desenvolvimento do canavial durante praticamente todos os meses do ano. “Estes números, inclusive, são possíveis mesmo em um ambiente semi árido, com temperatura favorável e desde que não falte umidade. Neste caso, será inevitável em sistema de irrigação, aspersão ou gotejo. Há possibilidade de sistema de irrigação para determinados períodos, três a cinco meses, dependendo das condições de clima, como nas regiões de período quente e seco de maio a setembro, como no Centro-Sul, ou no período outubro a janeiro, no Nordeste.” “As condições do Nordeste, com temperaturas e insolação privilegiadas para o ganho de biomassa são excepcionais se associados à irrigação. Na região Centro-Sul podemos atingir grandes produtividades também como aquelas conseguidas nas condições do Centro Cana IAC, em Ribeirão Preto, que atingiu 355 t/ha em 12 meses”, conta Landell. Dematte explica que para atingir tais produtividades, o solo deve ser mantido em condições adequadas de fertilidade e nutrientes (Qt). A conta é a seguinte: Qt nutrientes= (fornecido pelo solo + fornecido pelo fertilizante) > = extraído pela planta. “Para solos de boa drenagem e no sistema de gotejo, a textura não tem ação. Temos obtido elevadas produtividades em solos extremamente arenosos ou argilosos”, comenta o pesquisador. MANEJO VARIETAL E as variedades? Podem ser determinantes? Sem dúvida alguma, segundo Dematte. “Os trabalhos relacionados a este tema têm indicado que entre as variedades há determinadas que reagem melhor ao sistema de irrigação, por exemplo.” Violante afirma que existem variedades com potencial genético para atingir 100 t/ha ou mais considerando a média de cinco cortes. Contudo, ele frisa a importância de se seguir o posicionamento correto de cada cultivar e a adoção das melhores práticas de manejo agronômico, tais como colheita no período adequado e realizada de maneira adequada, controle de pragas de forma eficiente, adotar práticas de manejo e conservação do solo, nutrição balanceada, entre outros fatores. “A irrigação é um dos fatores tecnológicos que podem contribuir muito com o aumento de produtividade. Contudo, é plenamente possível chegar a um alto nível de produtividade utilizando a variedade correta, no local certo, sem um investimento maior em outras tecnologias. A variedade de cana é hoje a tecnologia de mais baixo custo frente ao seu potencial em contribuir para o aumento de produtividade, propiciando o maior retorno econômico para o capital investido”, destaca o pesquisador do CTC. Ele acredita que há regiões no Centro-Sul que teriam o potencial de atingir até mesmo níveis mais altos de produtividade em condições ideais. Nas avaliações de produção e produtividade realizadas pela equipe do CTC, Violante afirma que é comum encontrar áreas comerciais com produtividades acima de 200 t por ha, como na região de Ribeirão Preto, Araçatuba, Triângulo Mineiro e no Mato Grosso do Sul. “Em área de validação pré-comercial do CTC, no ano de 2015, a cultivar CTC9005HP, na região de Ourinhos, SP, obteve produtividade em cana planta de 213 21 Tabela 2 – Taxa de crescimento de soqueira de segundo corte t/ha, por exemplo.” Landell acredita que as variedades podem contribuir, mas dependerão de um ambiente que proporcione expressão da produção da cana. “Em condições de plena irrigação e nutrição adequada aos níveis de produção, chegamos a obter 355 t/ha no primeiro ciclo (cana planta) em 12 meses de cultivo, em variedades de alto potencial produtivo e com responsividade a irrigação como as IACSP95-5094, IACSP95-5000 e IAC91-1099. Em condições de sequeiro, temos visto produtividades de mais de 120 t por ha na média de cinco cortes, quando bem conduzidas e com estratégias que reduzam a exposição das mesmas a um déficit hídrico exacerbado.” Todos programas de melhoramento de cana no Brasil têm disponibilizado variedades de maneira contínua aos produtores brasileiros, e as liberações feitas, principalmente na última década, têm trazido variedades de alto potencial biológico para a produção de colmos e açúcar. O que é preciso perceber, segundo Landell, é que o setor está inserido em um cenário de ampla mecanização, e tais variedades, apesar do alto potencial, podem apresentar interação com plantio mecânico e também com a colheita mecânica, fazendo com que mudem a sua expressão produtiva. “Normalmente, isso se dá pela redução da população de colmos que pode ser afetada de maneira mais significativa por ambas as práticas mais em algumas variedades do que em outras. Desta maneira, a informação obtida na rede experimental, apesar da preocupação dos pesquisadores reali- 22 zarem os ensaios de maneira mais próxima possível daquilo que ocorre na grande lavoura, pode não ter plena correlação com o cultivo das mesmas nas áreas comerciais, o que acaba frustrando a expectativa dos produtores e também dos pesquisadores”, conclui Landell. QUASE LÁ Antônio José Mendonça, engenheiro agrônomo e sócio do Condomínio Agropecuário José Paulo Mendonça, é fornecedor da Usina Colorado e produz em uma área 2.280 ha, localizada em Guaíra, SP. A média de produtividade de seu canavial nos últimos quatro anos é de 92,2 TCH, sendo que no ano de 2013 ele chegou aos 101 TCH. Apesar dos bons números, se comparado à média do Estado de SP, Mendonça diz que o desafio agora será ultrapassar as 100 TCH. A preocupação com correção e adubação do solo, realizada com o uso de tecnologias de agricultura de precisão desde 2010, tem sido primordial para que ele atinja a atual média de TCH. “Com o resultado das análises de solo faço a correção e a adubação corretamente. Faço a coleta de solo de três em três anos ou de dois em dois anos conforme a necessidade, sempre deixando o solo em boas condições para a cultura. A escolha das variedades é feita um pouco antes do plantio junto com a Usina Colorado.” O plantio é outra operação olhada com muita atenção pelo produtor, que tem um canavial com uma média de oito cortes. Nos últimos dois anos foi feito de forma mecanizada e manual, sendo 60% e 40% respectivamente. “O plantio mecanizado é feito com plantadoras e o manual é feito via esparrame das mudas no sulco de plantio. Faço o uso de fungicida, inseti- cidas e micronutrientes, como boro e zinco nos plantios tanto manual, quanto mecanizado.” A aplicação de herbicida em cana-planta é feita logo após o plantio, antes que a cana germine, e após o quebra-lombo. Se houver alguma nova infestação durante este período, Mendonça faz o controle pós-emergente de ervas daninhas para que o canavial feche limpo. Em cana soca é feito apenas se necessário, mas sempre em época chuvosa. “Em 2016 adquirimos um autopropelido e com essa ótima ferramenta pretendo fazer o controle de ervas daninhas apenas na época chuvosa. As bordaduras dos canaviais faço em toda a área após o corte e o controle de pragas e doenças é feito o ano todo, sendo que na nossa região, as pragas predominantes são a broca e a cigarrinha, e as doenças que predominam são as ferrugens alaranjada e marrom. Já a aplicação de inibidores de florescimento é feito nas variedades em que há a possibilidade de florescer e/ou isoporizar. Faço a aplicação do etephon na segunda quinzena de fevereiro”, detalha. O produtor conta que iniciou o teste de três produtos foliares para incremento de produção. As aplicações começaram na safra 2015/16 e continuarão este ano e nos próximos dois. “Um deles se destacou na safra anterior, então irei dar continuidade por pelo menos três safras para tirar melhores conclusões. Estou analisando melhorias no plantio da cana também. Neste sentido, este ano vou plantar 12 ha de MPB. Acho que a somatória de manejos bem feitos têm colaborado para que tenhamos uma boa produção. O manejo é básico, porém bem feito e eficiente. Tive um custo de R$ 1.205 com tratos culturais na safra passada”, finaliza o produtor. 23 tecnologia agrícola Como fazer a leitura das imagens capturadas pelos vants de forma que elas sejam relevantes para os produtores nas tomadas de decisões? 24 O uso de Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou drones já é considerado algo trivial nos canaviais brasileiros. Usinas e fornecedores de cana fazem seus voos, muitas vezes por conta própria e sem qualquer dificuldade, graças às tecnologias oferecidas pelo mercado, que são de fácil operação e manuseio. Mas hoje “o pulo do gato” é ter uma equipe que saiba fazer a análise e interpretação das imagens capturadas por estas aeronaves. Afinal, de nada adianta realizar o voo, coletar as imagens e depois não saber como extrair informações relevantes para a tomada de decisões no canavial. A ciência por trás do mapeamento aéreo é a fotogrametria, método já utilizado há mais de 150 anos através de sensores embarcados em plataformas aéreas, como em aviões tripulados. Porém, por possuir um alto custo de viabilidade, seus produtos eram restritos a órgãos públicos e grandes empresas de engenharia. A principal transformação com a chegada dos drones no mercado foi justamente a diminuição dos custos e a popularização desta ciência. Hoje, a partir das imagens captadas pelos vants é possível produzir mapas digitais georreferenciados e ortoretificados, identificação de falhas de plantio, estresse hídrico, verificação e monitoramento da sanidade do canavial (limpeza, ervas daninhas e pragas), informações para estimativa de produtividade, necessidade de replantio e áreas para reforma. “O vant funciona como um indicador de problemas. Através das imagens aéreas é possível identificar onde está ocorrendo problemas no plantio, qual a sua dimensão e qual a sua localização exata no terreno. De posse destas informações, o agrônomo vai até o campo, onde os problemas estão localizados, identifica a sua causa e quais medidas serão necessárias para reparar. Fazendo uma breve analogia, as imagens aéreas geradas pelos vants são como um raio-X e têm a mesma função que para um médico, ou seja, auxiliar a tomada de decisão do agrônomo e otimizar sua ação contra um problema”, destaca Manoel Silva Neto, engenheiro cartógrafo e sócio-fundador da DronEng. No mercado da cana-de-açúcar as soluções mais utilizadas hoje são: Topografia do terreno: por meio de imagens aéreas é possível realizar a topografia do terreno de maneira mais rápida e precisa, mapeando até 1.500 ha em um único voo e com um único operador em campo. Da forma tradicional, levantar a mesma área demoraria pelo menos dois meses e necessitaria de uma equipe muito maior. Levantamento de falhas no plantio: Em um primeiro momento, são geradas as imagens aéreas do plantio, através de um algoritmo de visão computacional que percorre toda área mapeada identificado as falhas do plantio. No final é possível produzir um relatório que mostra a porcentagem de falhas em cada talhão, o tamanho destas falhas e qual a sua localização no terreno. Assim, é possível saber onde é preciso fazer o replante. Mapa de saúde da vegetação: por meio de sensores que capturam informações via ondas infravermelhas, é possível medir a interação da vegetação com os raios solares no processo de fotossíntese. Com isso, é gerado um mapa de saúde da vegetação, no qual é possível identificar quais áreas estão saudáveis e quais não estão. Com este mapa, o agrônomo vai até o plantio e verifica a causa das deficiências e quais ações serão tomadas. Após as ações faz-se um novo voo e verifica-se se houve melhorias. Segundo George Alfredo Longhitano, diretor da G Drones, tais informações vão auxiliar o agricultor a reduzir gastos com insumos e defensivos e ainda aumentar a sua produtividade. Ou seja, em última instância, a tecnologia deve melhorar a rentabilidade das áreas de cultivo. “Além disso, a topografia da área pode ser utilizada para o planejamento do plantio e preparo da terra.” Juliano Leal, da JL Tecnologias, conta que, além disso, alguns serviços de identificação de mapeamento de ervas daninhas, encontrando reboleiras das plantas infestantes já começaram a ser realizados nas usinas. “O serviço de cálculo de volume de bagaço de cana também vem sendo muito solicitado pelas indústrias que desejam dimensionar o seu estoque.” MAPEAMENTO DE IMAGENS Um projeto de mapeamento aéreo é dividido em três etapas. No primeiro momento é realizado o planejamento do voo em escritório, nesta etapa é identificada a área que será mapeada e definidas as faixas de voo que o drone irá percorrer capturando as imagens do terreno. No segundo momento, de acordo com Neto, estas imagens capturadas são processadas em escritório juntamente com as informações do GPS e do sistema inercial (sensor que mede os ângulos de rotação da aeronave no momento da captura da imagem) e após este processamento, é gerada a base cartográfica do terreno, composta pelo mosaico de imagens georreferenciadas, o modelo digital da superfície e o modelo digital do terreno. “De maneira simples, a base cartográfica traz o terreno para dentro do escritório, onde são tomadas as decisões estratégicas.” Segundo Longhitano, ainda não existem softwares específicos para o setor canavieiro, pois a tecnologia e sua aplicação é relativamente nova. Entretanto, há bons softwares de geoprocessamento, inclusive gratuitos, que podem ser aplicados para o setor. É importante que os profissionais que realizam os serviços de mapeamento com drones tenham boas noções em cartografia, geoprocessamento, sensoriamento remoto e da cultura da cana-de-açúcar. Neto conta que já existe um algoritmo de busca de falhas no plantio desenvolvido a partir da demanda do setor canavieiro. “Este algoritmo percorre as imagens aéreas demarcando as falhas acima de 50 cm no terreno. Através deste algorit- Neto: “Fazendo uma breve analogia, as imagens aéreas geradas pelos vants são como um raio-X e tem a mesma função que para um médico, ou seja, auxiliar a tomada de decisão do agrônomo e otimizar sua ação contra um problema” mo é possível identificar, de maneira precisa qual a produção de cada talhão do plantio.” A Geo Agri desenvolveu uma série de algoritmos que permitem extrair informações das fotografias aéreas. Segundo Paulo Henrique Amorim da Silva, gerente de Soluções em Sensoriamento Remoto Geo Agri, a ideia não é só entregar um mosaico de fotografias para o produtor, mais sim relatórios com informações que sejam relevantes para os gestores. “As usinas e demais produtores que já possuem uma equipe e estrutura de geoprocessamento, têm adquirido os vants e extraído informações diretamente sobre as imagens. Já as usinas e clientes que não possuem esta estrutura para processamento, têm efetuado os voos e enviado os dados para serem processados. Nos especializamos em mapas específicos, como os de falha de plantio e mapeamento de linha de cana plantada, a fim de atender a demanda”, explica Silva. O Centro de Pesquisa da Embrapa Instrumentação de São Carlos trabalha, desde 1999, no desenvolvimento softwares que analisam com 25 SENAR OFERECE CURSOS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO Um dos grandes desafios da agropecuária brasileira é a falta de mão de obra profissional. E devido às inovações no campo e das novas necessidades de capacitação da mão de obra rural, o Senar vem investindo em quatro pilares de formação: a formação inicial continuada; a educação profissional de nível médio; a profissional de nível superior e a de pós-graduação. Rafael Diego Nascimento da Costa, engenheiro agrônomo e assessor técnico do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), afirma que pensando na expansão da Agricultura de Precisão o Senar começou, em 2012, um Programa Nacional de formação inicial continuada. Com carga horária de 120 horas, o curso é dividido em sete módulos nos temas: agricultura de precisão para todos; sistemas globais de navegação por satélites; piloto automático; semeadoras; distribuição; pulverizadores e monitor de colheita. Como só o curso não é suficiente para suprir toda a demanda, o Senar oferta também a capacitação à distância através do portal de EAD Senar (www.senar.org.br/ead), onde são oferecidos mais três cursos na área de Agricultura de Precisão. O Senar ainda não oferece cursos específicos para manipulação de drones, mas poderá fazê-lo em breve. “O uso de drones e vants tem tido grande repercussão e acreditamos que essa tecnologia pode e vai contribuir ainda mais para aumentar a eficiência produtiva nas lavouras. Porém, o setor ainda carece de uma regulamentação para o uso dessa tecnologia. Futuramente, havendo a determinação do que cabe como atividade do trabalhador rural, nós teremos interesse em ofertar cursos para que o mercado possa ter profissionais que saibam pilotar tais equipamentos, planejar missões, capturar, processar imagens e utilizar a tecnologia com segurança e de maneira correta.” 26 precisão e rapidez as imagens captadas. O pesquisador Lúcio André de Castro Jorge, coordenador das pesquisas envolvendo vants, explica que o software SisCob permite ao agricultor treinar o sistema para reconhecer, por cor, as diferenças que existem na imagem fazendo com que o software determine a área ocupada, por exemplo, por nematoides, plantas invasoras, identificar falhas de plantio, medir porcentagem de cobertura vegetal, dentre outras ações. Outro software, que também é gratuito, é o GeoFielder, desenvolvido com o objetivo de coletar dados georreferenciados em campo. Castro Jorge explica que o programa permite mais precisão nos processos de vistoria, uma vez que as respostas são localizadas geograficamente. “Entre as aplicações estão à demarcação da propriedade, coleta de amostras georreferenciadas, aquisição de imagens e a inspeção e controle de operações. O GeoFielder versão Android e para uso em tablets, permite esta operação. Já a versão Windows, para uso em notebooks, deve ser usado como auxílio para coleta de contornos em campo e para programar missões dos drones ou vants. Ambos os softwares estão disponíveis para download gratuito no site http://labimagem. cnpdia.embrapa.br/.” Além das versões gratuitas, os programas foram licenciados para a empresa Stonway, que oferece cursos, serviços de customização e atualização dos sistemas. De acordo com Castro Jorge, a Embrapa tem investido no desenvolvimento de metodologias de processamento de imagens para drones capazes de operar em condições de campo adversas. “A utilização de drone na agricultura é bem mais barata e não tem volta.” CONHECIMENTO É ESSENCIAL Para traduzir as imagens é necessário que o técnico responsável pelo processamento tenha conhecimentos prévios em geoprocessamento, afinal, segundo Longhitano, a interpretação e extração de informações das imagens é parte essencial da aplicação da tecnologia. “O profissional que vai liderar isto deve aliar conhecimentos relativos ao cultivo e fisiologia da cana-de-açúcar, com os de geoprocessamento e sensoriamento remoto. As equipes das usinas já possuem um corpo técnico com conhecimentos em agronomia e geoprocessamento, caberá, entretanto, aos profissionais, uma busca por capacitação para operar corretamente os vants e drones. Já existem no Brasil cursos e treinamentos oferecidos para isso. A GDrones e a Escola Profissional de vant, por exemplo, oferecem treinamentos customizados e cursos.” Além da identificação e mapeamento de ervas daninhas, o serviço de cálculo de volume de bagaço de cana também vem sendo muito solicitado pelas indústrias que desejam dimensionar o seu estoque Qualquer pessoa pode se dedicar aos estudos e processar os dados gerados pelos vants. “Vai depender muito do posicionamento estratégico da usina. Se historicamente a unidade já investe em pesquisa e desenvolvimento e possui tecnologias próprias, provavelmente ela fará todo o processo, inclusive o processamento de imagens e geração de soluções, porém, existem algumas unidades que historicamente terceirizam suas tecnologias, recebendo apenas os relatórios prontos para a tomada de decisão”, afirma Neto. A DronEng também oferece cursos de capacitação para quem quer entrar neste novo mercado. São dois cursos online, um de mapeamento aéreo com drones e outro de processamento de dados. “Nós já temos mais de 850 alunos em nossa plataforma online EAD. E já começamos um curso presencial no qual oferecemos a experiência completa de trabalhar em um projeto de mapeamento aéreo com drones, todos com certificado de conclusão.” O produtor de cana da Agropastoril Campanelli, Victor Campanelli, acredita que a tecnologia é melhor operada por empresas especializadas e prestadores de serviço que entregarão a usina ou agricultor um relatório já processado e de mais fácil interpretação. “Colocar um vant para voar parece ser brincadeira de criança, mas o que vem depois é muito mais complicado. É preciso fazer os mosaicos das imagens e processá-los em softwares específicos. A análise ocular de imagem a imagem não é a mais eficiente. Quando usam-se softwares apropriados, eles tem o poder de fazer centenas de milhares de cálculos e entregar uma imagem processada com um realce de anomalias, facilitando a análise e interpretação dos dados”, opina. 27 tecnologia industrial Novas tecnologias de automação para soldagem de rugosidade têm surgido no mercado com o intuito de trazer redução de custos e maior segurança na operação Se você já entrou em uma indústria de açúcar e etanol e chegou bem perto do processo de moagem, deve ter avistado algumas pessoas equipadas com diversas EPIs bem próximas aos rolos das moendas produzindo um tipo de faísca. Estes são os chapiscadores de moendas, os quais têm como função, manter a superfície dos rolos das moendas, mais especificamente a parte superior dos flancos dos frisos, com rugosidade adequada para um melhor desempenho do processo de moagem. Em detalhes, o chapisco de moenda consiste em obter uma superfície com rugosidade uniforme para permitir uma aplicação mais efetiva da carga de compressão, preservar por um período mais longo da safra a integridade dos frisos dos rolos e, ainda, auxiliar na alimentação mais eficaz de cada moenda. Apesar da atividade ser realizada no setor há muitos anos desta forma, a figura do chapiscador pode estar com os dias contados, isto porque o mercado vem desenvolvendo opções mais econômicas e evoluídas de robôs para chapisco, que poderão acabar substituindo parte desta mão de obra dentro de alguns anos. Antonio Carlos Junqueira Rodrigues, en28 genheiro mecânico da EcoAlba, afirma que, antes de mais nada, é preciso valorizar o profissional que executa esta importante tarefa. “A soldagem por ele executada adere ao metal base na forma de gotículas, resultando em um aumento do coeficiente de atrito entre a cana desfibrada/bagaço e os frisos da camisa de um cilindro. O revestimento do eletrodo utilizado tem a capacidade de pulverizar o metal fundido sobre o metal base. Assim, a solda final nunca terá a forma de um cordão contínuo, que espera-se estar isento de mordeduras, poros e outros defeitos. Sem a soldagem de rugosidade sobre os frisos das camisas, as perdas na moenda são maiores”, explica. Ainda de acordo com Rodrigues, para apresentar alta eficiência, a moenda necessita de uma soldagem tipo spray sobre as faces dos frisos da camisa. Esta soldadura tem que ser executada por um soldador habilitado para tal, que deve ser qualificado em soldagem de manutenção, com ênfase em aço carbono. “É importante que todos na usina saibam que a possibilidade de aplicar taxas de água de embebição da ordem de 250% fibra, a temperaturas ao redor de 70° C, tendo, como consequência, uma pol % bagaço inferior a 2% e uma umidade % bagaço inferior ou igual a 50%, somente será possível se o soldador de rugosidade fizer muito bem o seu serviço”, ressalta. O chapisco atua na redução de um fenômeno que ocorre em todas as moendas do mundo, chamado reabsorção. Mas o que é isso? Segundo Rodrigues, Egeter foi o primeiro a observar que o volume de bagaço que passava pela abertura existente entre dois rolos, mais especificamente entre o rolo superior e o rolo de saída, era superior ao ‘volume descrito’ por aqueles rolos. A única possibilidade para explicar esta incongruência seria o bagaço passar por entre os dois rolos a uma velocidade superior à velocidade periférica dos rolos. Egeter observou então, que tal fenômeno sempre estava associado à ocorrência de esguichos de caldo pela abertura entre os dois rolos. E o pior, como esse caldo saia em maior velocidade que o bagaço, ele acabava sendo reabsorvido por aquele bagaço. “O fenômeno recebeu o nome de reabsorção e é medido pelo fator de reabsorção, ou fator de super velocidade. Matematicamente temos: K = (Volume de bagaço que passa entre os rolos) ÷ (Volume descrito pelos rolos). K sempre é maior que 1 e varia com a velocidade e o fator de atrito entre o bagaço e a camisa. Um terno em que a reabsorção é alta produzirá um bagaço com alta umidade e alta pol % bagaço, maximizando as perdas na moenda”, detalha Rodrigues. Além da umidade/Pol alto, a falta do chapisco pode causar redução de moagem, queda na extração, oscilação baixa e enchimento de shut, de acordo com Florindo Mateus Adão, da FMA Assessoria. ELETRODOS OU ARAMES? O chapisco no Brasil se iniciou e permaneceu por muito tempo sendo aplicado através de eletrodos, com base na experiência importada de outros países, notadamente da África do Sul, o que permitiu uma evolução rápida no uso desta tecnologia. A aplicação com arames se iniciou muito tempo depois e, além de não ter tido a mesma chance de desenvolvimento dos eletrodos, segundo os especialistas, tem limitações de quantidade de material depositado. Segundo Delfini, esta limitação impede que a granulometria e durabilidade do chapisco aplicado com arames Enquanto num processo de chapisco são necessárias de 4 a 18 pessoas, dependendo do tamanho da moenda, no processo automatizado este número cai para duas a três pessoas apenas tenha o mesmo resultado do chapisco aplicado com eletrodos. Além do uso do eletrodo para o chapisco, Adão afirma que é preciso ter alguns cuidados nesta operação como: - posicionar corretamente o eletrodo (ângulo de inclinação): altura do friso a ser chapiscado (2/3 da altura); - nunca chapiscar no fundo do friso, para evitar danos com os pentes e/ou encabelamento; - usar cabo de bitola mínima (70 mm) e com emendas adequadas; - usar porta-eletrodo adequado (800 a 1000 A); - recolher as pontas que sobram dos eletrodos com cuidado, para não jogá-los fora; - e manter o eletrodo em estufa e retirar somente o que será usado no dia; “Além disso, é preciso estar atento e evitar o chapisco muito compacto, baixo e fino porque ele desliza no bagaço, não dá pega na moenda, 29 Segundo Romão, a redução de custos com mão de obra chega a pelo menos 50%, isto porque, parte da mão de obra será formada com o objetivo de operar o sistema não oscila e acaba provocando enchimento de shut. É preciso ainda, observar a fixação dos cabos + e –, se o terra está preso corretamente no rolo, e se o chapisco está com a rugosidade correta. Por fim, não descuidar do rolo superior, onde o desgaste é mais rápido que nos demais”, esclarece Adão. RISCO AO TRABALHADOR O trabalho destes chapiscadores não é nada fácil. Isto porque, como a eficiência do processo de embebição tem uma ligeira melhora quando se utiliza água a temperaturas ao redor de 70°C, o soldador de rugosidade ou chapiscador tem que se posicionar de frente para a camisa que será soldada. Isto significa, no caso do rolo de saída, por exemplo, que ele terá de se posicionar entre o eixo traseiro do condutor intermediário e o rolo de saída. Nas instalações antigas, com ternos conjugados, acionados dois a dois, o espaço disponível é bem reduzido e, consequentemente, desconfortável. Pior ainda quando ele fica exposto aos vapores produzidos pela água de embebição. A tudo isso é preciso ainda adicionar a grande quantidade de fumos produzidos pela queima do revestimento especial do eletrodo de rugosidade. Segundo Rodrigues, é obrigação do supervisor de Extração, do supervisor de Segurança Industrial e do gerente Industrial, melhorarem as condições de trabalho dos soldadores de rugosidade. “É fato que o trabalho de soldadura está cercado por condições inseguras e a periculosidade cresce muito quando da execução da soldagem do rolo superior. Infelizmente, ainda é possível encontrar soldadores executando a 30 soldagem do rolo superior praticamente dentro do terno. Nesta posição, quando ocorre um acidente, ele é fatal. Tal possibilidade é inaceitável”, relata. José Darciso Rui, diretor-executivo do Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria), explica que existem normas regulamentadoras que protegem os trabalhadores das áreas industriais como o PPRA, LTCAT, LIP, Normas internas, Legislação Trabalhista, uso de EPIs adequados e fiscalização da Segurança do Trabalho. “Os riscos são inerentes à função, porém são amenizados com uso de EPIs ou de EPCs (Equipamento de Proteção Coletiva) como capacetes, luvas, roupas especiais, máscaras, óculos de segurança e botinas, em casos de EPIs, e passarela e grade de proteção peitoral, em casos coletivos. Acidentes de trabalho ocorrem em qualquer atividade, não é diferente no trabalho do chapiscador. Porém, eu, com décadas de usina, não me lembro de qualquer acidente grave com um destes profissionais.” Helio Teixeira Belai, vice-presidente do GEMEA (Grupo de Estudo para Maximização da Eficiência Agroindustrial), afirma que os riscos são muito baixos tendo em vista o sistema de segurança existente e leis específicas que gerem as indústrias sucroenergéticas. “Antigamente, os acidentes ocorriam devido à ausência de um sistema de segurança forte. Por isso existiam acidentes onde os rolos engoliam os trabalhadores, que, por descuido, pendiam para dentro dos mesmos. No entanto, eu mesmo, em 35 anos de usina, nunca evidenciei tais acidentes.” De acordo com o gerente técnico da Fronius, Ronaldo Romão, a solda em contato direto com o operário produz substâncias altamente tóxicas e traz como consequência uma série de doenças, como a pneumoconiose, a disfunção pulmonar, a febre de fumaça de solda, além dos efeitos sobre os olhos, pele e sistema nervoso. “O trabalho diário de manutenção dos rolos de moagem da usina ainda é realizado de forma muito artesanal, expondo os profissionais a riscos de acidentes graves. Por ser um ambiente muito agressivo, em alguns casos, podem sofrer até mutilações. As organizações de classe, o Ministério do Trabalho e os empresários aguardam uma solução efetiva para essa questão, com sistemas automatizados que permitam uma menor exposição dos profissionais aos riscos”, esclarece. Delfini acredita que a tecnologia de robôs para aplicação de chapisco ainda deixa a desejar, não pela sua funcionalidade, mas pelo resultado do chapisco aplicado, que trabalha com arame ROBÔS PARA CHAPISCO Mais conscientes sobre os riscos do ambiente de trabalho, as usinas têm investido cada vez mais na segurança dos trabalhadores. Pensando nisto, empresas do ramo de soldagem têm apostado em sistemas que automatizem a operação de chapisco. A Fronius do Brasil lançou recentemente o Arcing, voltado para o revestimento dos frisos dos rolos de moendas. “O Arcing é uma automação desenvolvida para executar a operação de chapisco. O equipamento conta com tecnologia digital de controle de soldagem, evitando que o operador tenha que interferir frequentemente na operação. É um sistema blindado à prova de água e vapor, e dispõe de posicionamento automático, atendendo assim, as normas vigentes de segurança do Ministério do Trabalho”, explica Romão. Por possuir um sistema moderno e seguro, não necessita de mão de obra humana e é simples de manipular. “Oferecemos duas opções: trabalhar com um ou dois arames. O de dois arames pode otimizar ainda mais o tempo de produção, mas ambos proporcionam total segurança na operação. Por ter tochas refrigeradas, o consumo do bico de contato (o que faz a solda) é menor, resultando em menos paradas e manutenção do sistema. Outra vantagem para o consumidor é poder utilizar a tecnologia para realizar reparos nos frisos durante a safra, ou seja, onde há desgastes contínuos (linhas de desgaste localizadas entre o material do friso e a camada da lateral aplicada – veias de desgaste que geram a quebra de pedações do friso),” ressalta Romão. O Arcing utiliza duas fontes de soldagens reguladas e monitoradas pelo microprocessador 31 de cada máquina. Sua ignição impede que o arame grude no rolo na hora de desligar o arco e, em caso de queda de energia, o equipamento não precisa ajustar ou ser reprogramado. Basta acessar o programa, referenciar e reiniciar a soldagem. Segundo Romão, a redução de custos com mão de obra chega a pelo menos 50%, isto porque, parte da mão de obra será formada com o objetivo de operar o sistema. Só para se ter uma ideia, dependendo das dimensões da moenda como, por exemplo, uma de 54” e 6 ternos, utiliza-se, em média, de 4 a 8 chapiscadores, já uma moenda de 90” precisa de 10 a 18 chapiscadores, isto considerando os processos manual e semi-automático. Já no processo automatizado, utilizam-se apenas dois colaboradores (1 supervisor e um operador) para moendas de 54” e três colaboradores (1 supervisor e dois operadores para operar dois robôs) para moendas de 90”. Contudo, Renato de Oliveira, diretor Industrial da Logtronic Tecnologia Industrial, frisa que os postos de trabalho normalmente não são extintos, pois os mesmos chapiscadores são relocados para ajudar na manutenção da moenda e realizar outras tarefas como a recuperação de faca, martelo, bagaceira, desembuchamento de rolos e troca de pente. Para atender a demanda do setor, a Logtronic desenvolveu o sistema Robotronic Cana, o qual é voltado especialmente para sanar as maiores dificuldades que esta aplicação impõe na moenda durante a safra. Os equipamentos são 100% automatizados, o que faz com que o operador não precise ligar ou desligar qualquer parte do sistema durante o chapisco automatizado; todas as partes sujeitas ao ataque direto do caldo são feitas em aço inox, com roldanas rolamentadas e protegidas contra o caldo e bagaço; eles têm memória de parâmetros para cada camisa, ou seja, o operador não precisa ajustar nenhum parâmetro para chapiscar qualquer rolo, porque quem faz isto, e apenas uma vez só durante toda a safra, é o supervisor, que tem a senha para ajustar os parâmetros do sistema; tem parada automática em caso de parada da moenda, de falha na fusão do arame e de conexão elétrica molhada; sensores com fim de curso eletrônicos de alta durabilidade e imunes ao ataque químico do caldo, garantindo que o sistema não se danifique por posicionamento errôneo; sistema sinérgico que não desperdiça pedaços de arame durante o chapisco; e chapisco com dupla tocha, reduzindo tempo. “Este sistema tem apresentando grandes benefícios às usinas, como retorno do valor 32 Todos os sistemas automatizados para chapisco hoje ofertados pelo mercado, utilizam arames ao invés de eletrodos investido já na primeira safra, extração alta e constante durante toda a safra, melhoria da imagem socioambiental, melhoria das condições de trabalho dos colaboradores, agilidade e rápido start up, e o mais importante, elevação da segurança operacional dos colaboradores da usina”, afirma Oliveira. Para Rodrigues, seria conveniente a utilização de robôs na soldagem dos rolos superiores durante a safra, desde que a soldagem de rugosidade desse rolo na entressafra tenha sido executada na usina por soldadores próprios e pelo processo de eletrodo revestido. Ele explica que são duas as soldagens de revestimento necessárias a uma camisa de moenda: o picote e o chapisco. O primeiro trata de manter o terno bem alimentado, sem engasgos e tem que durar toda a safra. “Esta vida útil mais longa depende de pelo menos dois fatores: o primeiro é uma soldadura de picote bem executada, e que resulta em picotes de boas dimensões e, o mais importante, muito bem fixados e ancorados na camisa. Isto se consegue somente executando o picote com eletrodo revestido. Um picote corretamente executado apresentará, após o passe final, uma dureza superficial igual ou superior a 58 RC.” Já para o chapisco, o teor de Cr do eletrodo não pode ser inferior a 27%, segundo Rodrigues. Os glóbulos depositados devem apresentar um diâmetro de 1,5 a 3 mm. E, o mais importante, a densidade por cm2 deve ser compatível com uma cobertura de pelo menos 50% da face do friso. “Para se ter uma ideia grosseira, e sempre falando de eletrodos, não se conseguirá uma boa densidade de glóbulos sobre um friso passo 2”, ângulo de 35°, se esta face não receber pelo menos 2,5 varetas de eletrodo!” Rodrigues salienta que as tecnologias estão melhorando, mas ainda precisam de preços mais competitivos e redução do peso para facilitar a sua movimentação de um terno para outro, e entre os rolos de um mesmo terno. “A vida útil das tochas também tem que ser aumentada. Além disso, a movimentação longitudinal e o seu posicionamento entre frisos vizinhos, bem como a movimentação da tocha da crista para o fundo do friso precisam ter a precisão e a acurácia melhoradas. E o consumível (arame) necessita de aprimoramentos no sentido de melhorar o rendimento da aplicação, a fixação e a dureza superficial dos glóbulos.” Delfini também acredita que a tecnologia de robôs para aplicação de chapisco ainda deixa a desejar, não pela sua funcionalidade, mas principalmente pelo resultado do chapisco aplicado, pois trabalha com arame. “Recentemente temos observado uma grande evolução na tecnologia dos robôs cuja operação esta sendo mais focada no controle dos parâmetros de soldagem, permitindo um melhor aproveitamento do insumo de soldagem e maior recurso para controle da granulometria resultante da aplicação. Existe também uma empresa trabalhando no desenvolvimento de um robô para aplicação de eletrodos, porém, os investimentos para esta finalidade são relativamente elevados e, ao contrário do desenvolvimento de robôs com arame, não há experiência prévia para suportar este desenvolvimento.” Para ele, os robôs ainda não devem substituir completamente o homem uma vez que, a cada operação, o robô precisa ser deslocado, reprogramado e ter sua operação supervisionada. “No que diz respeito a substituir a aplicação manual, sem que haja prejuízo da qualidade obtida, acredito que ainda serão necessários de cinco a dez anos para se atingir uma condição satisfatória. Uma questão importante precisa ser levantada: por que uma tecnologia que é tão avançada em outros tipos de indústria, como na automobilística, por exemplo, não encontra paralelo na indústria açucareira? A explicação desta enorme defasagem está no fato do uso intensivo e de alto investimento neste tipo de indústria, muito superior ao que seria investido na nossa, afugentando iniciativas mais intensas de desenvolvimento deste tipo de tecnologia para aplicação em nossas moendas”, conclui Delfini. conjuntura Utilizados como principal canal para venda e compra de ativos, os leilões virtuais vêm crescendo e já representam mais de 90% dos pregões realizados por usinas sucroenergéticas Uma mão se levanta e acena. “Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! Vendido!”– diz o leiloeiro. O lance foi feito e o item foi arrematado. É assim que por muitos de anos foram e ainda são realizados os leilões por todo o mundo. Agora, imagine um produtor ou usina sucroenergética que deseja adquirir uma propriedade, uma frota de caminhões, um trator, ou ainda que precisa colocar alguns ativos à venda para gerar caixa, mas não tem tempo e nem disponibilidade para organizar ou se deslocar até um leilão? Pois bem, estes têm sido alguns dos motivos que tem feito com que os leilões virtuais tenham tido crescimento expressivo nos últimos anos, principalmente dentro do agronegócio, onde já é possível, em um único clique, participar de leilões para compra de gado, imóveis, fazendas e de máquinas e equipamentos agrícolas e industriais. Para participar de um leilão presencial o comprador teria muitas das vezes que viajar longas distâncias para participar do chamado pregão. Hoje, um lance ou arremate pode ser feito na comodidade e conforto do sofá de casa, via smartphone e com apenas um clique, evitando trânsito, longas filas e possíveis desgastes causados por um mau atendimento. A maioria das empresas organizadoras de leilões ainda trabalha com a modalidade presencial e oferecem locais para a realização dos pregões físicos, mas a modalidade online vem predominando neste mercado. Pelo menos é o que tem acontecido com a Superbid, umas das principais empresas do ramo, a qual conclui 99,9% dos seus leilões via internet. DOU-LHE UMA, DOU-LHE DUAS, DOU-LHE TRÊS Ao invés de levantar as mãos, um clique no mouse. No lugar da conhecida martelada, um relógio virtual com a contagem regressiva para o final do pregão. O roteiro do leilão virtual é praticamente o mesmo dos presenciais, tanto que muitas empresas fazem ambos simultaneamente. Neste caso, os internautas disputam os bens em igualdade de condições com as pessoas que estão nos auditórios dos pregões e os lances aparecem nos telões instalados nos auditórios e são analisados como ofertas. Nos dois casos é preciso se cadastrar previamente. Para participar do leilão eletrônico, no entanto, a apresentação de documentos deve ser feita com antecedência. Gustavo de Oliveira Rossi, diretor de marketing da empresa Rossi leilões, explica que, além dos leilões simultâneos (online/presencial), existem os leilões eletrônicos, que têm um tempo pré-definido para os lances e finalização da venda. Neste caso, o comprador pode fazer quantos lances quiser durante o tempo de realização de cada lote, porém, o arrematante será o que apresentar o maior valor até o encerramento do tempo. “A diferença está no tempo limite para a realização do apregoamento. Também é necessário que a pessoa tenha um cadastro no site para que tenhamos informações seguras de que a compra ou a venda ocorrerá sem maiores problemas.” Pedro Suplicy Barreto, diretor comercial da Superbid, salienta que um dos maiores trunfos para o sucesso do leilão online é o fato de haver as mesmas condições seja para comprar presencialmente ou online, o que faz com que a maioria dos compradores opte pelo online. “Oferecemos igualdade de condições entre os compradores online e os presenciais. Vale destacar que os compradores podem agendar com a Superbid a visita aos lotes desejados de acordo com a sua disponibilidade e no dia do encerramento, podem participar de onde estiverem, sem ter que lidar com os inconvenientes dos tradicionais pregões físicos”, conta. De acordo com o produtor agrícola Wesley Castro, que costuma usar o site para vender os equipamentos que não utiliza mais em suas propriedades, a ideia de participar dos leilões online surgiu em 2013, depois que ele concluiu trabalhos em algumas de suas unidades e não tinha mais o que fazer com alguns dos seus equipamentos. “Não dava para bater de porta em porta e oferecer. Precisávamos de um meio mais ágil e a nível nacional. Foi então que 33 MacBook Pro PRESENCIAL Além de estar fisicamente presente no momento do leilão, é preciso fazer o lance através de um gesto, um aceno. O valor dos lances é definido pelo leiloeiro. Geralmente, são definidos intervalos de 1% do valor do bem, no mínimo. O leilão só se encerra com a saída do leiloeiro e da equipe do local do leilão. ONLINE O roteiro do leilão online é praticamente o mesmo dos presenciais, tanto que muitas empresas fazem ambos simultaneamente. Neste caso, os internautas devem primeiro fazer um cadastro e depois escolher o leilão que desejam participar. As disputas dos bens ocorrem em igualdade de condições com as pessoas que estão nos auditórios onde os pregões estão acontecendo. ELETRÔNICO Modalidade de leilão realizada através da internet com o envio de lances eletrônicos. Quem der o maior lance até o seu encerramento, já pré-estabelecido, arremata o bem. Para participar, o interessado deve primeiramente se cadastrar no site no qual se deseja arrematar algum bem e enviar a documentação necessária, conforme as condições específicas do leilão. São aceitos os lances que atenderem as normas e critérios de participação de cada leilão. 34 procuramos um site de leilões online para fazer o negócio.” Castro revela que a princípio houve receio e ansiedade em relação à modalidade de venda, que ainda não fazia parte do hábito de muitos produtores brasileiros naquela época. “Mas resolvemos arriscar devido ao conforto que a empresa nos deu em relação ao leilão”, explica ele, que na oportunidade, escolheu o Superbid para mediar às vendas de seus itens. No primeiro lote Castro conta que vendeu 60 tratores com preços satisfatórios. No segundo e terceiro leilão chegou a negociar lotes que ultrapassavam R$ 2 milhões em equipamentos. “A partir daí, identificamos que esse negócio de máquinas e implementos seria um sucesso e resolvemos continuar.” Em todos os leilões existe uma lista com todas as características dos bens que estão sendo vendidos, além de fotos que facilitam na hora do comprador avaliar e escolher ou não certos produtos. “É importante deixar claro que, em todo leilão, é possível visitar o lote pessoalmente para obter detalhes antes da compra”, relata Rossi. De acordo com Barreto, os itens vendidos com maior frequência pelo setor sucroenergético por meio do Superbid são as frotas leves e pesadas, incluindo carros de passeio, pick-ups, tratores, máquinas pesadas, caminhões e também carretas. “Podemos destacar também uma vasta gama de implementos e equipamentos de apoio, tal como pulverizadores, transbordos, arados, tubos e bombas para irrigação. Já na parte industrial, podemos citar os conjuntos de moendas, tanques, filtros, centrífugas, caldeiras e turbinas.” Os equipamentos vendidos com maior facilidade são os agrícolas, pois têm um público comprador mais amplo, segundo Barreto. Já os equipamentos industriais encontram boa liquidez, porém, com um número menor de potenciais compradores. “O público comprador é bastante variado, no entanto, tem havido uma presença crescente do consumidor final, aquele fazendeiro ou usina que quer realizar um bom negócio comprando produtos com descontos significativos, se comparados com a venda direta”, explica Barreto. Só em 2015, foram realizados mais de 114 leilões de usinas sucroenergéticas via Superbid. Em 2016, até o momento, já aconteceram 46, segundo a empresa. Usinas como Santa Adélia, São Manoel, Pedra Agroindustrial, Abengoa, Guaíra, Agroterrenas e grandes grupos como Guarani, Bunge, Raízen, São Martinho, Aralco, Noble Agri e NovAmérica, são algumas das empresas que colocaram à venda suas frotas de carros, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, máquinas pesadas, entre outros itens. LEILÕES JUDICIAIS Dentro do segmento existem ainda os leilões judiciais, caracterizados pelo fato dos bens leiloados terem sido levados a esta situação por determinação de um juiz para o pagamento de dívidas. No caso dos leilões da Justiça do Trabalho, por exemplo, estes são realizados para pagamentos de dívidas oriundas de processos trabalhistas. Já os realizados pela Justiça Federal e Estadual, geralmente são realizados por conta de tributos atrasados. A disputa pela compra pode ser eletrônica e presencial, tudo depende da regra específica do leilão, que pode variar. De acordo com Iamily Rodrigues, da Leilões Judiciais no Brasil, os valores dos bens levados a leilão são definidos pelo oficial avaliador, - que é nomeado pelo juiz que preside o processo, podendo ser indicado pelo credor-, e são compatíveis com os valores praticados no mercado. A grande vantagem dos leilões judiciais, segundo Iamily, são os descontos praticados, que podem chegar a até 70% do valor do item. Iamily explica que nos leilões judiciais o arrematante tomará posse do bem após a liberação da carta de arrematação. Com a carta em mãos, o comprador poderá ir direto ao endereço do fiel depositário e buscar o bem arrematado. “A carta de arrematação é liberada em, no mínimo, 30 dias, mas pode demorar um pouco mais dependendo do andamento do processo. Ela vale como nota fiscal do bem móvel, como o recibo de transferência do veículo ou como a escritura de um imóvel. Para saber se a carta está pronta, o comprador deve dirigir-se até a Justiça que realizou o leilão com o auto de arrematação em mãos”, explica. Perguntada sobre a possibilidade do dono do bem pedir a devolutiva do item arrematado, Iamily explica que o réu - pessoa física ou jurídica que tem seus bens leiloados para pagamento de dívida em favor do exequente/credor – pode sim, em até dez dias, contestar a arrematação. “O juiz não tem prazo para decidir isso. Pode demorar entre 2 e 12 meses. De qualquer forma, ou o dinheiro investido pelo comprador é devolvido ou o bem, conforme consta no edital. Após a expedição da carta de arrematação ou ordem de entrega, a invalidação da arrematação será pleiteada por ação autônoma”, conclui. Nos últimos anos o número de usinas sucroalcooleiras que participaram deste tipo de leilões aumentou. Entre as usinas que já passaram pela Leilões Judiciais, Iamily cita a Unialco S/A e a Usina Central do Paraná. Em processo de recuperação judicial desde 2014, a Usina Carolo, leiloou, em junho de 2015, via Superbid Judicial, a Usina Planalto, sua unidade produtiva localizada em Ibiá, MG, e a fazenda Manchúria, de 1.271 ha. A planta industrial tinha uma estrutura de produção composta por conjunto de moendas, caldeiras e destilaria para a produção de etanol com uma capacidade nominal de 300 m3/dia de combustível e armazenamento de 15 milhões de l. A venda foi determinada, na época, pela Juíza da 1ª Vara Cível da Comarca de Pontal/SP, Drª. Carolina Nunes Vieira. O lance inicial era de R$ 25 milhões, o equivalente a 45% do valor total das avaliações, mas pesquisas feitas pela equipe da RPAnews no site do Superbid Judicial mostram que o encerramento deste leilão, o qual obteve 14.826 visitas, ocorreu no dia 18/09/2015, após um último lance no valor de R$ 40.292.800. No entanto, o leilão fechou sem vencedores. De acordo com a Superbid, foram realizados, até o momento, 1.508 pregões judiciais. (Colaboração de Alisson Henrique) Nos leilões online, os internautas disputam os bens em igualdade de condições com as pessoas que estão nos auditórios dos pregões Só em 2015, 114 leilões foram realizados por usinas sucroenergéticas com a intermediação do Superbid, a qual finaliza 99,9% dos leilões via internet 35 36 37 conjuntura Diante das dificuldades enfrentadas pela cadeia sucroenergética ao longo dos últimos anos, o autor dá sugestões de medidas que poderiam fortalecer e alavancar o setor frente ao novo cenário político *José Américo Rubiano A contribuição do Governo Dilma para a destruição do setor sucroenergético, antes da percepção que estava destruindo o Brasil, é de tal monta que a retomada em um cenário de crise geral torna-se ainda mais difícil. O Brasil vive um momento paradigmático. Ainda que com boa parte dos atores de filme B da Câmara Federal, um novo governo se inicia. Desce a rampa aquela que jamais poderia ter subido, e sobe um político experimentado, intelectual e politicamente mais preparado e com experiência para conduzir com melhores resultados as necessárias tratativas com o Congresso Nacional. A policromia política brasiliense impõe um ajuste de expectativa. Ainda assim, haverá avanços. É nessa nova quadra da política nacional que o setor deve situar-se para buscar as conquistas necessárias para reencontrar-se crescentemente como provedor de empregos, de sustentabilidade, contribuinte de tributos e da balança comercial. Sem pretensão de esgotar o tema, vamos nomear algumas dificuldades e sugestões que contribuirão para o setor retomar o crescimento. Uma parte importante é o endividamento tributário. Acredito que uma ferramenta, já experimentada, mas que deve ser aperfeiçoada,seria a implementação de um novo PESA (Programa Especial de Securitização de Ativos). Afinal, como o governo contribuiu fortemente para as dificuldades, tem a obrigação de prover soluções. O endividamento bancário tem que ser resolvido e está sendo resolvido em negociações entre partes. Importante observar que os credores tenham real consciência das dificuldades, para não imporem negociações que inviabilizem a atividade e o recebimento de seus créditos. Juros e prazos compatíveis com a capacidade de pagamento são fundamentais nessa negociação. Estes dois aspectos resolvidos terão reflexos importantes nos balanços das empresas. A renovação da lavoura com a crise foi precarizada, com importante impacto no índice de produtividade. É necessário aumentar substancialmente os recursos do Prorenova, transformando-o em linha regular de financiamento pelo prazo de, no mínimo, dois ciclos da cana. Neste momento de dificuldades o BNDES pode buscar recursos no mercado internacional, disponibilizando financiamentos em moeda forte para as empresas que exportam produtos. Neste caso, a estruturação de garantias, além das usuais, considerando ainda a instabilidade do dólar, pode contar com instrumentos de mercado para mitigar o risco. Esta linha de financiamento com 38 mais recursos, permitirá que as empresas tenham melhores condições de comercialização dos seus produtos, não precisando antecipar a venda de quase toda a produção. Outra questão importante (aqui é uma questão de opinião), é a velha briga entre gasolina e etanol. Na data em que escrevo o preço do hidratado não paga o custo de produção. O anidro adicionado é vendido ao consumidor final por R$ 3,50. Não seria o caso de um combustível único onde se estabeleceria uma adição crescente de anidro? Neste caso, há espaço para um preço que remunere a produção. Outra alternativa seria o desenvolvimento de motores que tornassem o etanol mais competitivo com relação a gasolina, não pelo preço, mas pelo desempenho. O governo que sai, poderia ter condicionado o forte apoio ao setor automotivo para o desenvolvimento de novos motores, por exemplo. Outro aspecto da maior importância é a representação do setor. As instituições existentes têm feito um trabalho importante. Mudar a adição de etanol de 25% para 27% é importante. Mas é preciso avançar, ter uma presença mais forte nas instâncias decisórias de governo. A pauta de reinvindicação tem que ser com temas mais amplos, estruturantes e que resolvam os nós do setor. Por exemplo, carga tributária não considera as externalidades do etanol. Ainda que neste momento discutir a carga tributária e a forma de incidência dos impostos possa parecer pecado, não é. Estamos falando de colocar o tema em discussão, para buscar um novo modelo tributário para o setor, para quando o momento se fizer oportuno, este modelo esteja maduro para ser proposto. O setor deve atingir sua capacidade instalada nesta safra. Não seria o caso de se desenvolver um programa especial para recolocar em atividade as dezenas de empresas fechadas, seja nos locais onde estão instaladas ou a relocalização das indústrias, quem sabe até para uma nova fronteira do etanol? O setor produz energia limpa que ganha cada vez mais espaço no mercado internacional. É inacreditável que este problema não tenha solução. Para estes temas estruturais a representação do setor precisa aprender a articular com as forças políticas que fazem a regra do jogo. Recentemente foi instituído o Programa de Combustíveis e Tecnologias Veiculares e o setor nem se quer está representado nesta comissão! *José Américo Rubiano é proprietário da J.A Rubiano Consultores Associados gestão Afinal, esses dois polos estão nelas ou na imaturidade crônica das relações de trabalho? *Beatriz Resende Se existe um mercado fissurado em modismos, nha de pensamento que o nosso famigerado (e muito este é a área de RH. Depois que ela passou a ter pouco praticado, embora antigo) feedback, deve ser o caráter de área estratégica, isso ficou ainda mais abandonado porque não traz resultados (já foi ten- aflorado. Ela se sentiu na obrigação de entregar tado de verdade?), e que agora a solução para todos modelos e práticas pagos a custos altos no mercado os nossos problemas é o feedfoward. Se já era difí- para compensar ou confirmar a sua importância no cil falar, entender e praticar o primeiro, o que será âmbito do negócio e provar competência pela com- dessa atual versão? Esse novíssimo conceito prega plexidade em alta e não pela simplicidade bem feita, que o feedback tradicional não é positivo porque só sempre necessária e mais aderente. fala de passado e não olha para o futuro (?). E que Nos anos em que atuo na área, já vi conceitos, o feedforward parte do princípio de que as pessoas ferramentas e práticas saírem do patamar de heroínas são capazes de fazer mudanças positivas para o fu- para o de bandidas (exagero, Bia! Não achei palavra turo, pois ele oferece falas positivas e estimulantes melhor...), com postura blasé, como se nunca tivésse- para que a pessoa dê importância a esse olhar e não mos dado crédito um dia a esse, que hoje, tornou-se à necessidade de correção trazida pelo tradicional se o nosso atraso, o nosso atestado de incompetên- feedback. Nada contra a nova ferramenta, adoro e cia como área. Nem chegamos a aproveitar e incen- estimulo formas de facilitar a evolução e maturida- tivá-las da forma correta e construtiva, e já estamos de da relação chefia-subordinado que, a meu ver, é abrindo mão em nome das novas e recomendadas o foco do processo e não a ferramenta em si. Com boas práticas de mercado. velhos nomes complicados e /ou novos nomes para Vou trazer dois exemplos mais atuais do que eu velhas práticas, velhas de necessidade e ainda ten- estou falando nesse artigo. Um deles veio de uma li- tando resolver velhos problemas, mas pouco vividas, 39 acredito que nosso dever como área é treinar, estimular e pela insígnia de Avaliação de Desempenho, representando, dar exemplos, a começar de nós (raramente vejo um RH na maioria dos casos, a mesma coisa. E as reais avaliações que vive o que prega), para a prática construtiva do diálo- de desempenho, baseadas em métricas de desempenho opera- go entre as parcerias. Independente do nome e se é ou será cional e de gestão (setorial e corporativa), são praticadas de tendência global. Se o feedback não foi utilizado até hoje forma correta por poucos e ainda não entendida na íntegra. como deveria, a culpa é somente nossa: do RH, de mais Isso sem citar a onda da Avaliação 360º, que até ontem foi ninguém. Nós é que não soubemos utilizar de estratégias endeusada mesmo por realidades que não tinham a mínima para “vender” aos líderes e gestores, de um lado, e às pes- condição e cultura de praticá-la. soas, de outro, a importância de usar a ferramenta no dia Nesse cenário, como podemos afirmar que avaliar pesso- a dia, para construção de manutenção de relações mais as não é mais eficaz, se ainda não chegamos num acordo em transparentes e maduras. Deixamos passar, mais uma vez, a como avaliar, utilizando o que? Se nem a área de RH entende oportunidade de ser importantes na prática de bons hábitos. claramente os conceitos e sua aplicabilidade, como vamos Portanto, não é que o feedback só olhe para o passado e os cobrar essa lucidez e competência do gestor? erros; que não estimule os pontos fortes; e que não tragam E ainda: precisamos de, uma vez por todas, desatrelar soluções conjuntas. É que ele foi mal praticado: sem boa o processo de avaliar pessoas e orientá-las a partir disso, vontade; pela metade; de forma inadequada; sem a venda de uma ferramenta periódica. Avaliar e orientar pessoas são necessária. Só isso. E tudo o que vier de novo pode cair práticas do dia a dia. Talvez sim, eu concordaria com esse na mesma armadilha, porque o problema é maior do que a novo discurso, se ele viesse propondo que saíssemos desse simples troca de ferramentas. formato que temos praticado (quando praticamos), para um Outro exemplo mais recente ainda, e que novamente processo mais consistente, desenhado a várias mãos, estimu- me causa angústia pela forma como as pessoas certamen- lado e envolvido, e amadurecido com, de novo, boa vontade, te interpretarão, vem de um discurso que as avaliações de competência e propósito da área de RH. É mais fácil criticar, pessoas (competências ou desempenho) estão chegando ao queimar, abandonar as práticas com a desculpa da sua inefi- fim. Ai, ai....lá vamos nós de novo! cácia, do que tentar aprimorar o que se tem e avaliar porque Assim como o feedback, e lembrando que elas andam motivos não temos visto resultados nelas. juntas, as avaliações também sofreram da síndrome do fra- Podemos falar ainda dos processos de coaching e mento- casso da prática por várias vezes. Nos anos 70, a avaliação ring, também exaltados nos últimos anos e já praticados, com de desempenho era moda e não tinha a característica que a outros nomes, técnicas ou de forma mais simples, com certe- repaginação dos anos 2000 à frente trouxe. Ela era mais tí- za, na busca dos mesmos resultados: desenvolver competên- mida em termos de ferramenta (formulário/tela), mas muito cias técnicas, comportamentais e de gestão nos profissionais. valorizada e utilizada na época. Depois de umas duas dé- Amadurecê-los em seus papéis e entregas. Isso é novo? Os cadas, ela foi derrubada com a pecha de que não era eficaz nomes com certeza sim, mas a necessidade não. por ser subjetiva, e ter conceitos tratados de forma mistu- Essas são minhas considerações, e as considero muito lú- rada (desempenho, conduta, requisitos pessoais e outros). cidas porque, além de conhecimentos e experiências sólidas, Na virada do milênio, um pouco antes disso, vivenciamos já vivenciei toda essa trajetória, com bons e maus resultados, a chegada da era das Competências, e aí passamos a bus- e também já errei muito como toda a minha geração, que na car o melhor modelo de avaliação de competências, numa ânsia de buscar reconhecimento e valor, como área, tam- sofisticação que pudesse encher os olhos dos dirigentes, bém acreditou na solução fácil, através de troca de receitas já que poderíamos, agora sim, provar que RH também se e formulários. Depois me certifiquei, e hoje patrocino a re- mostrava bom em métricas. E que as avaliações não eram comendação de que a gestão das relações de trabalho não se mais subjetivas. Enchemo-nos de orgulho por isso. Logo faz com fórmulas e métricas, mas sim com diálogo, mentoria, depois, atrelado a resultados, voltou-se a falar, com toda dedicação, disciplina e uma causa. A causa de contribuir pa- força, em desempenho. E que era este que valeria, já que ra a formação e evolução dos profissionais que passam pelas as empresas tinham que mostrar resultados e as pessoas nossas mãos. E isso não se compra: a gente pode, no máximo, também. Até porque precisamos buscar outras formas de tentar despertar ou estimular, mas é algo inerente ao posicio- remuneração e valorização e tais avaliações iriam subsidiar namento de vida e profissional de cada um. essa necessidade. A avaliação de competências, com esse nome, foi logo deixada de lado, e foi rapidamente trocada 40 *Beatriz Resende é consultora, palestrante e conselheira de Carreiras da Coerhência-Integrando Negócios & Pessoas. Atualidades Jurídicas DIREITO TRIBUTÁRIO STJ JULGARÁ EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS O STJ analisará, em sede de recurso repetitivo, a possibilidade de exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, cujo impacto econômico poderá ser de até R$ 250 bilhões, segundo relatório Riscos Fiscais, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016. A questão a ser discutida é antiga nos tribunais superiores, com o entendimento consolidado do STJ em sentido contrário aos contribuintes havendo, inclusive, duas súmulas editadas há mais de 20 anos por aquele tribunal, sendo que a discussão voltou à tona após manifestação do STF favoravelmente aos contribuintes. A discussão no STF foi proferida em 2014 após mais de 15 anos de debates e entendeu que a base de cálculo da Cofins abrange apenas valores obtidos nas operações de venda ou de prestação de serviços, excluindo, assim, o ICMS, uma vez que este tributo não reflete a riqueza obtida, constituindo ônus fiscal e não faturamento. Além dessa decisão, há outras duas ações no STF à espera de julgamento, uma dela inclusive em repercussão geral, razão pela qual há entendimentos de que a jurisprudência do STJ não poderá ser alterada sem o julgamento das ações em trâmite no STF. Outra questão acerca do tema diz respeito ao alcance da decisão que será proferida pelo STJ, uma vez que esta corte tem competência para analisar o caso até o limite da lei federal, e os argumentos principais para a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins são constitucionais, cuja competência para análise é do STF. A admissão do julgamento em sede de recurso repetitivo foi proferida monocraticamente pelo ministro Napoleão Nunes Maia Filho em recurso apresentado por empresa do setor automotivo do Estado do Paraná e será julgada pela 1ª Seção do STJ, ficando suspensos todos os processos que tratam da mesma matéria. DIREITO DO TRÂNSITO SANCIONADA A LEI QUE TORNA OBRIGATÓRIO O USO DO FAROL BAIXO DURANTE O DIA NAS RODOVIAS O presidente em exercício, Michel Temer, sancionou a lei nº. 13.290, de 23 de maio de 2016 que torna obrigatório o uso de farol baixo durante o dia nas rodovias. A lei sancionada e publicada no Diário Oficial da União em maio de 2016, altera dispositivo do Código de Trânsito Brasileiro, e determina que o condutor mantenha acesos os faróis do veículo, utilizando luz baixa, durante a noite e durante o dia, nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias. Atualmente, só é exigido o uso de farol durante a noite e em túneis, independentemente do horário do dia. A lei entrará em vigor em 45 dias contados da data da sua publicação, para que haja ampla divulgação da norma, por se tratar de medida com grande repercussão. A alteração resulta na previsão de nova infração de trânsito, sendo que em caso de descumprimento do comando estatuído, o motorista será autuado por infração média, com a penalidade de multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira de habilitação. DIREITO CIVIL MUDANÇA NO CNPJ FACILITARÁ COBRANÇA JUDICIAL A Instrução Normativa 1.634 da Receita Federal alterou o regulamento do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), passando a obrigar empresas estrangeiras a identificarem seus controladores ou beneficiários finais a partir de 2017. As informações deverão ser incluídas no chamado Quadro de Sócios e Administradores (QSA) da empresa. A medida deve facilitar cobrança de dívidas tributárias ou de natureza privada e evitar a blindagem patrimonial, impedindo que brasileiros usem empresas no exterior para esconder patrimônio. DIREITO DO TRABALHO OPERADOR É DISPENSADO POR JUSTA CAUSA APÓS TIRAR COCHILO E PARALISAR USINA Tribunal Regional do Trabalho do Paraná manteve a demissão por justa causa de um operador de pá carregadeira que provocou a paralisação total de uma usina de açúcar, após colocar a máquina em ponto morto para tirar um cochilo. A atitude deliberada do trabalhador fez com que as sobras de bagaço de cana entupissem as esteiras, desarmando o sistema e exigindo a paralisação das caldeiras por cerca de duas horas. Ao recorrer à Justiça, o trabalhador alegou que não havia motivo grave o suficiente para a demissão por justa causa. O pedido de reversão da dispensa foi negado. O trabalhador recorreu, argumentando que sempre trabalhou de forma exemplar e que o fato de ter dormido não colocou em risco de vida os empregados da ré e não gerou prejuízos. No entanto, para os desembargadores, a negligência do operador, além de causar prejuízo financeiro à usina, colocou a própria vida em risco e também a dos demais trabalhadores. Verificada a gravidade na falta cometida pelo empregado, não há rigor excessivo nem falta de proporcionalidade na dispensa imediata. EMPREGADO DEVE SER COMUNICADO SOBRE PERÍODO DE FÉRIAS COM PELO MENOS 30 DIAS DE ANTECEDÊNCIA Todo empregador deve comunicar ao empregado com antecedência de, pelo menos, 30 dias, qual será o período de suas férias, devendo o empregado dar recibo dessa comunicação. Já o pagamento das férias, com acréscimo de um terço, deve ser efetuado até dois dias antes do início do período de gozo (artigos 135 e 145 da CLT). Justamente em razão da inobservância dessas determinações legais que o coordenador de uma empresa pediu na Justiça do Trabalho o pagamento das férias em dobro. A empresa se defendeu, ao argumento de que a ausência do cumprimento desses prazos configura mera infração administrativa, incapaz de ensejar sanção em dinheiro em prol do trabalhador. Mas ao examinar a questão, o juiz deu razão ao coordenador. Explicando que caso a empresa descumpra essas determinações, concedendo as férias ou efetuando o pagamento fora do prazo legal, ainda que as férias tenham sido gozadas em época própria, a parcela deve ser paga de forma dobrada. Nesse sentido, a OJ 386 do TST, invocada pelo juiz, que refutou, assim, a configuração de mera infração administrativa suscitada pela empresa. Conforme observado, a empresa não comprovou a comunicação da concessão de férias, revelando os contracheques que o pagamento foi quitado fora do prazo, quando já em curso o descanso anual. A empresa recorreu, mas o TRT manteve a decisão de origem, por unanimidade. 41 41 Por dentro da Usina USINAS MANTÊM POSTURA CAUTELOSA EM 2016/17 Os principais grupos sucroenergéticos do país, Raízen, Tereos, Biosev e São Martinho, listadas na BM&FBovespa, têm mostrado uma postura mais cautelosa na safra 2016/17. Isto é o que mostram as divulgações dos resultados do exercício 2015/16, marcados por incrementos robustos nas respectivas receitas líquidas. Em contrapartida, a valorização do dólar em relação ao real até o início deste ano agravou o endividamento da maior parte das companhias, que só não foi mais preocupante porque, em geral, os ganhos operacionais suavizaram as relações entre dívida e Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização). Ainda que a maior parte das projeções indique déficit global de açúcar nesta e na próxima safra, e exista algum otimismo com a política de preços de combustíveis da Petrobras no Brasil, os grupos sucroalcooleiros prometem controlar seus gastos com rédea curta e continuar a reduzir a alavancagem, em alguns casos, com o alongamento de dívidas. USINA FLEX NO MT INTERROMPE FABRICAÇÃO DE ETANOL DE MILHO A Usina Porto Seguro, localizada em Jaciara, MT, interrompeu, desde janeiro, a sua produção de etanol a partir do milho. O preço da saca de 60 kg do cereal e a escassez do produto foram os principais motivos para a paralisação das atividades na indústria, que é flex (produz etanol a partir de milho e cana-de-açúcar). No último dia 15 de junho a empresa iniciou a produção do combustível através da cana-de-açúcar. A produção de etanol a base de milho é realizada pela Usina Porto Seguro durante a entressafra da cana-de-açúcar, que tem período de seis meses. Em 2015, a unidade moeu, em média, 500 t de milho por dia, o que significa uma produção de aproximadamente 200 m3 de etanol. O diretor da Usina Porto Seguro, Michael Hebert Matheus, explica que o mercado tem muitas nuances e que o custo de produção envolve não apenas a cotação do milho, mas insumos, que em sua maioria são cotados em dólar, e até mesmo do valor de mercado do próprio etanol. Mesmo diante do cenário, novos investimentos estão sendo realizados. “Estamos fazendo um investimento que deve chegar a R$ 5 milhões em novas dornas e outros equipamentos que permitirão separar a produção do etanol a partir do grão. Havendo viabilidade de mercado, será possível produzir etanol de grão 365 dias por ano”, diz Matheus. 42 NOVA ARALCO DESENVOLVE PROJETO DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS Colaboradores da Nova Aralco participaram do treinamento do Programa de Aplicação Responsável 2016, da Dow AgroSciences, realizado em parceria com a Unesp de Botucatu. O encontro aconteceu no Alojamento da Aralco, em Santo Antônio do Aracanguá e contou com a participação de 48 trabalhadores do setor de Tratos Culturais do grupo, que foram certificados pelo programa da Unesp. A capacitação tem intuito de transmitir a responsabilidade durante a aplicação de defensivos agrícolas e garantir a sustentabilidade do agronegócio. Os participantes tiveram a oportunidade de usufruírem de aulas teórica e prática, ministradas pelos profissionais Mateus Queiroz e Saulo Gomes, ambos da Unesp. Para o assistente de Formação e Colheita, Tiago Rodrigo Dossi, os benefícios do programa são vários como: atualização técnica de operadores, atualização da segurança do trabalho, diminuição de perdas, maior qualidade na operação, entre outros. “Esse tipo de treinamento é sempre importante para reciclagem dos colaboradores com mais experiência; e ao crescimento, amadurecimento dos colaboradores recém-contratados”, afirmou Tiago. USINAS ITAMARATI É A PRIMEIRA EMPRESA A INTEGRAR O PACTO EM DEFESA DAS CABECEIRAS DO PANTANAL A Usinas Itamarati passa a ser a primeira empresa a fazer parte do Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, movimento lançado em 2015 para recuperar nascentes e conservar rios da maior área úmida do planeta. Atualmente o projeto conta com a parceria do governo do Mato Grosso, 25 prefeituras da área das Cabeceiras do Pantanal, além do Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal e a ONG WWF-Brasil. A Usinas Itamarati se compromete em promover a troca de experiências em educação ambiental, planejar a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de nascentes, e ainda em participar na elaboração e na gestão do Plano de Bacia do rio Paraguai. “Nossa empresa tem forte preocupação com o meio ambiente e integrar o Pacto revela esse compromisso. É também uma oportunidade de cuidar das águas que não só alimentam os animais e plantas do Pantanal, mas que nos ajudam a promover o desenvolvimento sustentável de uma região onde vivem e produzem mais de 3 milhões de pessoas”, afirma Caetano Henrique Grossi, gerente de Meio Ambiente da Usinas Itamarati. NISSAN DESENVOLVE NOVO SISTEMA QUE SUBSTITUI HIDROGÊNIO POR ETANOL UNESP LANÇA APLICATIVO QUE IDENTIFICA QUALIDADE DE COMBUSTÍVEIS A Nissan divulgou que está desenvolvendo um novo tipo de célula de combustível para automóveis, o SOFC (Solid Oxide Fuel Cell), que ao contrário dos dispositivos que utilizam o hidrogênio, utilizará etanol. A tecnologia é chamada de e-Bio e utilizará o etanol comum, obtido através da cana-de-açúcar ou milho. A Nissan decidiu trocar o hidrogênio pelo etanol por conta da sua complexidade e por conta dos riscos que se tem com o hidrogênio, que exige a instalação de tanques pressurizados, tanto nos postos quanto nos automóveis. Em ambos os casos, tais tanques precisam ser feitos de fibra de carbono, aumentando muito os custos. Além disso, em relação aos automóveis, não há necessidade de tanques especiais e o sistema de células de combustível E-bio dispensa o uso de platina e outros materiais nobres no catalisador, que são muito caros. Isso porque, a tecnologia funciona em temperaturas mais altas que as dos carros movidos por hidrogênio. Com isso, um carro movido por células de combustível E-bio poderá ser abastecido com etanol em qualquer posto, sendo muito mais barato que um equivalente movido por hidrogênio. A previsão é que o primeiro modelo SOFC e-Bio da Nissan seja lançado em 2020. Desenvolvido pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), o aplicativo PostoFiel poderá ser um novo aliado na hora de abastecer. Com ele, é possível reconhecer e atestar a qualidade dos combustíveis comercializados nos postos participantes do programa. O objetivo é reforçar a credibilidade dos postos e trazer mais confiança para os usuários. O PostoFiel é um programa do Centro de Monitoramento e Pesquisa da Qualidade de Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (Cempeqc), laboratório de pesquisa e prestação de serviços da Unesp, sem fins lucrativos, que trabalha em prol do interesse público. Para usar basta baixar o aplicativo na AppStore ou na GooglePlay no celular, tablet ou pelo site www.postofiel.com.br. Depois, é só personalizar a busca com os tipos de combustíveis que mais usa, clicar em “farejar” e pronto. Vão aparecer somente os postos participantes que tiverem o tipo de combustível que escolheu e com a qualidade realmente comprovada. BIOSEV E RIDESA FIRMAM PARCERIA PARA MELHORAMENTO GENÉTICO NO NORDESTE A Biosev e a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), anunciaram um acordo para pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar com o objetivo de impulsionar o melhoramento genético no Nordeste. O projeto, chamado Núcleo Experimental, foi iniciado com o plantio de 25 mil seedlings (plantas oriundas de hibridação) em uma área de 2 ha em Arez, no Rio Grande do Norte. O Núcleo Experimental fará a seleção de clones na fase inicial, o que possibilita a identificação e seleção de materiais genéticos mais adaptados às condições de clima e solo da região. Segundo Ricardo Lopes, diretor Agrícola da Biosev, o incremento de novas variedades é um dos fatores que mais contribuem para o aumento de produtividade e sustentação do potencial produtivo da cultura. “E é esse um dos nossos objetivos com o projeto”, conclui. Atualmente, o acervo varietal da Ridesa conta com 94 variedades com aptidões de cultivo para diferentes regiões do País, sendo que sete delas correspondem a 60% da área total de cultivo. AGRONEGÓCIO MOVIMENTA TRANSAÇÕES EM NOVA PLATAFORMA ONLINE Os resultados do setor de agronegócios têm sido fundamentais para que a crise econômica do Brasil não seja ainda mais profunda. Segundo o Ministério da Agricultura, no primeiro semestre deste ano, somente a exportação cresceu 7,4%. Este resultado reflete no bom desempenho da área na XBW, plataforma de negócios destinada a intermediar o contato entre compradores e fornecedores de produtos e serviços de diversos segmentos. O portal reúne grandes nomes do setor como Bayer, Yara, John Deere, entre outros, que são responsáveis por uma fatia de mais de 25 mil acessos dentre os mais de 250 mil usuários cadastrados. Os contratos entre as empresas do segmento engrossam o montante de mais de R$ 2 milhões de negócios já firmados pelo portal em menos de três meses. No total, são mais de 6 mil empresas de diversos segmentos que podem ser acessadas com apenas um clique. “Os empreendedores de diversas frentes que englobamos no portal podem contar com a nossa ajuda para facilitar os trâmites de compra e venda de produtos no dia a dia. A XBW é uma plataforma simples, rápida, que conecta todas as pontas da cadeia de maneira efetiva, proporcionando uma otimização da produção, com redução de custos, já que você pode ter acesso a dezenas de orçamentos rapidamente”, explica Anderson Detogni, CEO da plataforma. 43 Não importa se você é um corretor da Para Beatriz Rossi Resende de Olivei- mo hobby ou prática incorporada na rotina bolsa de valores ou então um executivo do ra, coaching e consultora Organizacional de cuidados da saúde, têm mais energia e mais alto escalão de uma empresa, um pes- da Coerhência, o fato das pessoas terem disposição para encarar os desafios que quisador científico ou ainda um motorista outras atividades e fontes que visam uma a vida profissional condiciona, ou pelo de caminhão. Independentemente da pro- busca de energia, prazer, complementação menos, consegue lidar com mais humor fissão que você escolheu para a sua vida, ou outro objetivo é muito positivo. “Pes- e vitalidade. ter atividades extracurriculares é sempre soas que trabalham muito, ainda mais em João Henrique de Andrade, diretor fundamental para a boa saúde do corpo e atividades intelectuais/mentais, precisam Financeiro Administrativo e Industrial da mente. Seja fazendo exercícios físicos buscar o equilíbrio através de algo que da Usina Pitangueiras, revela que mes- regularmente ou tendo algum hobby como, faça a mente se esvaziar. Até para depois mo com uma rotina agitada, consegue ter por exemplo, andar de moto, a cavalo ou ter mais capacidade para trabalhar com o uma vida balanceada. “Sempre encontro ainda jogar vídeo game, é tão importante foco, criatividade e arejamento, necessá- um tempo para conciliar trabalho e ati- quanto trabalhar. rios às nossas atuações.” vidades extras. Jogo tênis praticamente Segundo a psicóloga Ana Ficher, o Se a sua desculpa é a falta de tempo, todos os dias, faço pilates duas vezes por hobby é uma atividade feita por livre es- apenas entenda que o que você precisa é semana e academia três vezes. Costumo colha de um indivíduo que busca satisfa- de disciplina! Os especialistas são unâni- praticar tiro ao prato aos finais de semana zer necessidades, sendo essas, outras que mes em dizer que para conseguir conciliar também”, conta. não àquelas meramente financeiras, nor- trabalho e os hobbies, organização e disci- Cargos de gestão e chefia nas empre- malmente feitas fora do horário de traba- plina são fundamentais. Sem organização sas acabam exigindo um pouco mais das lho. “Pode ser um esporte, como andar de para ajustar compromissos e, principal- pessoas. E para suportar as exigências, o bicicleta, correr, jogar, treinar karatê ou mente, sem muita disciplina e esforço para profissional precisa ter não só os atribu- ter uma coleção de miniaturas, aeromo- aguentar o tranco, a façanha de conciliar tos intelectuais necessários, mas também delismo ou ainda tirar fotografias, fazer atividade física, por exemplo, e vida pro- precisa de saúde para trabalhar por horas, scrapbooks, colecionar itens e outras mui- fissional não é possível. muitas vezes sentado, e estar “pronto para tas atividades que proporcionem prazer a quem pratica”, explica. 44 Segundo Beatriz, estudos comprovam que pessoas que buscam os esportes co- outra” no dia seguinte. Marcio Sumay, empreendedor e mas- ter coach afirma que, “quando você tra- o executivo, que acredita balha muito, mudar a chave é essencial. que ter atividades fora do E a pratica de algum hobby faz com que trabalho é essencial. “Ter você obtenha uma espécie de relaxamento algo para distrair a mente mental. Quando você consegue equilibrar relaxa e prepara o executivo auto performance profissional com estas para os momentos de reflexão práticas, você muda de foco. E daí, quando e decisão que terão que ser tomados você volta para o trabalho, há um ganho de no dia a dia”, adiciona. produção e atenção muito maior.” Trabalho + atividade física regular = Isto é exatamente o que acredita João sucesso na carreira. É o que acredita Su- Henrique, que relata que as atividades ex- may, que explica que a escolha por uma tras que ele pratica trazem um ganho enor- atividade fora do trabalho deve buscar o me, não só para o dia a dia no trabalho equilíbrio, sobretudo com o que a pessoa como também para a vida pessoal. “Ajuda faz no seu dia a dia profissional. A escolha tanto na vida pessoal, quanto na profissio- pela atividade vai sempre depender muito nal, pois precisamos ter concentração e do ambiente de trabalho da pessoa. determinação se quisermos ter resultado. “O lado direito do cérebro é usado Se eu for jogar uma partida de tênis ou por nós para a execução da criatividade, atirar em pratos sem estar focado no que enquanto o esquerdo é encarregado pela estou fazendo, com certeza não irei colher razão. Por exemplo, se é uma pessoa bons resultados.” que tem muita competitividade no seu Todos que conhecem o diretor Comer- trabalho, provavelmente, ela precisa cial da Usina Alta Mogiana, Gustavo Jun- se reequilibrar com atividades mais queira Figueiredo, sabem que ele tem um relaxantes, como pintura, canto e outras hobby um tanto quanto inusitado. Sua pai- atividades artísticas. Isso porque estas xão é pilotar aviões, mais especificamente pessoas usam muito o lado esquerdo do o seu monomotor Beech Bonanza. Picado cérebro, o racional. Agora se o oposto pelo “aerococus”, como ele mesmo diz, é acontece, naturalmente, a parte que deve isso que o ajuda a relaxar e deixar de lado ser estimulada é a esquerda. Neste caso, o estresse do dia a dia. as atividades recomendadas são aquelas “Além de ter a pratica de dirigir aviões que estimulam competição, como corrida, como hobby, também costumo jogar tênis, futebol, tênis, entre outras, que podem ouvir música e brincar com meus filhos. aumentar seu grau de disputa”, detalha Durante a semana também vou a acade- o master coach. (Colaboração Alisson mia, corro e ando de bicicleta”, afirma Henrique) 45 executivo Paulo Sérgio de Marco Leal Naturalidade Cambará, PR Idade 64 anos Estado Civil Casado, tem dois filhos e três netos Formação Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de São José dos Campos, SP Cargo Vice-presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil) Hobbies Correr e curtir momentos ao lado da família Filosofia de vida Saber conviver com as diferenças Mesmo tendo nascido dentro de uma fazenda e de carregar em suas veias a tradição agrícola, herdada do pai e avô, produtores de café, soja, milho e cana-de-açúcar, o executivo deste mês, Paulo Sérgio de Marco Leal, hoje vice-presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil) - entidade na qual atuou como presidente durante seis anos -, saiu aos 14 anos da pequena cidade de Cambará, no Paraná, para estudar e só retornou quando já era formado em Engenharia Civil. A escolha pela Engenharia Civil foi influência da família, que apesar de ter raízes no campo, não tinha como tradição formar engenheiros agrônomos. “Meu pai era advogado e não tinha formação agrícola alguma e eu, como tinha na família outras pessoas que eram engenheiros, acabei sendo influenciado.” Entre os anos de 1966 e 1985, Leal morou longe da família e da cidade Cambará até que, após receber uma proposta para trabalhar em uma petroquímica em Camaçari, na Bahia, resolveu voltar a sua cidade natal. O intuito, segundo ele, era reaproximar-se de sua família, principalmente porque ele já estava casado e tinha dois filhos adolescentes. “Na época eu já tinha meus dois filhos e havia acabado de receber uma proposta de trabalho para montar outro projeto de uma petroquímica. Eu ficaria mais uns dez anos longe da minha família. Foi ai que eu e minha esposa decidimos voltar a Cambará. Imediatamente abri meu escritório de engenharia e comecei tudo de novo”, relembra. Ao voltar à terra natal, Leal começou a acompanhar o dia a dia da propriedade do pai, que na época já começava a cultivar cana-de-açúcar. “Os baixos preços do café estimularam o início do cultivo de cana em nossas propriedades. Logo que comecei a me envolver mais no dia a dia da fazenda, também acabei me tornando um associado da Canapar (Associação dos Fornecedores e Plantadores de Cana do Paranapanema), onde me encontro 46 Leal ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros, em encontro da Feplana Leal e o atual presidente da Repúlica, Michel Temer, em encontro realizado no último mês de junho até hoje. Inclusive, durante este período também cheguei a gresso Federal, fizeram de seu nome o mais cotado para assumir fazer parte da sua diretoria”, relembra Leal. o importante cargo, que perdurou por dois mandatos, até 2016. Após a morte dos pais, ele assumiu de vez a propriedade “Pela primeira vez, assumi uma entidade de conotação na- e começou a ser cada vez mais atuante dentro das associações cional, atendendo às demandas tanto do Centro-Sul, quanto do do setor. “Na Canapar comecei como um associado bastante Nordeste. Demandas que, por muitas vezes, eram até mesmo colaborativo e cheguei até a sua diretoria.” antagônicas, mas que eram analisadas em separado para serem Este, digamos assim, “espírito associativo”, como ele mes- atendidas. Demandas do Nordeste não serviam ao Sul e vice- mo descreve, era tão grande que acabou o levando a assumir -versa, fazendo com que cada decisão tivesse que ser detalhada- a presidência de uma cooperativa de produção de cana de mé- mente estudada. Os conflitos de interesses foram equacionados dio porte no Norte do Paraná, e também a diretoria de uma com o diálogo. Nestes dois mandatos em que estive à frente da cooperativa de crédito da região. Desde então, ele se tornou presidência, minha maior atribuição foi reestabelecer o peso da um dos líderes dos produtores de cana do Estado e do Brasil. Feplana a nível nacional, de modo a torná-la reconhecida na- Leal assumiu a presidência do Sindicato Rural de Cam- cionalmente, afinal, ela é a única entidade nacional legalmente bará por duas vezes, onde hoje atua como vice-presidente, e estabelecida e que tem a legitimidade para a defesa jurídica do também a diretoria geral da Santa Casa de Misericórdia da produtor de cana”, salienta. cidade, após a morte do pai, que era provedor do hospital. Em Em março deste ano, Leal deixou a presidência, mas foi 2010 outro desafio surgiu em suas mãos. Diante de sua forte requisitado pelo então novo presidente da Feplana, Alexandre atuação durante quatro anos como vice-presidente da Fepla- Lima, para auxiliá-lo novamente na vice-presidência. Lima, in- na, Leal foi convidado a assumir a presidência da entidade, clusive, só aceitou dirigir a entidade com a condição de poder no lugar de Antonio Celso Cavalcanti, que estava há mais de contar com a colaboração e atuação de Leal, dividindo com ele dez anos a frente da federação. as responsabilidades e atribuições que o cargo requer. “A Feplana estava há quase 20 anos sem um novo presidente. Então a diretoria já estava cansada e a entidade, há tem- PRODUTOR E PORTA-VOZ pos, não participava mais das decisões políticas importantes e Analisando o cenário sob o ponto de vista dos produtores que impactavam os produtores. Na última gestão de Antonio agrícolas, Leal afirma que um dos maiores desafios têm sido Celso Cavalcanti em que fui vice, comecei a colocar a enti- equacionar o custo de produção não só da cana-de-açúcar co- dade onde ela realmente deveria estar. Viramos uma entidade mo também da soja. Neste sentido, ele conta que tem procurado de classe mesmo. Iamos a todos os encontros e eu cheguei a investir em novas tecnologias agrícolas e no melhoramento dos visitar todos os Ministérios. O intuito era aumentar o o diá- solos da sua propriedade. logo com o governo federal”, conta Leal. Os custos de produção também têm sido outro desafio. “Pen- Com sua entrada na presidência, Leal revelou que conse- sávamos que a implementação do plantio e colheita mecani- guiu ouvir e dar igual atenção aos interesses tanto dos pro- zada de cana seria a nossa tábua de salvação e que nos traria dutores do Nordeste, quanto dos produtores de São Paulo e redução nos nossos custos de produção, contudo, não foi esse Paraná. Inclusive, a sua conduta reta, as relações próximas e a o resultado. Adicionado a isso, a falta de sistematização das tramitação fácil na Câmara dos Deputados e também no Con- áreas e de variedades aptas à mecanização fez com que a lon47 Ao lado do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em encontro recente Ao lado de Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), durante encontro em Brasília gevidade do canavial diminuísse pela metade, havendo também ados pelo agente regulador no qual conseguimos vender ener- um aumento significativo de doenças, o que elevou ainda mais gia de biomassa a preços que variavam entre R$180 e R$200. os nossos custos de produção”, relata. Nestes mesmos leilões, a energia advinda das termoelétricas Leal analisa que apesar do valor do ATR no final do ano de foram adquiridas por valores entre R$800 a R$1.000 por Mwh, 2015 ter sido alto, fato que ocorreu devido ao aumento do con- ou seja, um valor muito acima se comparado a biomassa. No sumo de etanol hidratado por parte dos consumidores, por outro início deste ano, se falava em venda de energia de biomassa a lado, com a entrada da nova safra e o endividamento industrial, valores entre R$80 e R$100, ou seja, fica praticamente impos- as usinas colocaram um grande excedente de etanol a disposição, sível investir em recursos e desenvolvimento diante da falta o que fez com que os preços despencassem. “A salvação para de valor que se dá a energia renovável no Brasil”, destaca. nossos fornecedores não é exatamente o valor do ATR e sim a Esta e outras reivindicações da Feplana junto aos Poderes quantidade de oferta e demanda do produto, isto sim fará com Executivo e Legislativo constam nas finalidades principais da que o etanol suba ou desça de preço. Portanto, temos que conti- entidade, inclusive, a Feplana tem como objetivo reivindicar nuar buscando baixar os custos de produção, ter uma cana rica e colaborar com os poderes públicos nos assuntos ligados à em açúcar e agora também em fibras”, opina. política da produção e comercialização da cana, açúcar, eta- EQUILÍBRIO FINANCEIRO E POLÍTICO nol e de quaisquer subprodutos da cana. E também colaborar com projetos, emendas e sugestões nas leis e outros atos normativos referentes à agricultura da cana no governo e no A recuperação do setor depende de sua reestruturação finan- Congresso Nacional. “No início de junho estivemos em uma ceira. Este pelo menos é um dos pleitos importantes da Feplana reunião junto com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado que, segundo Leal, vem junto ao governo federal, tentando criar de São Paulo), em Brasília, e pudemos levar alguns pleitos ao um PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao For- atual presidente da República e para o ministro da fazenda, talecimento do Sistema Financeiro Nacional) voltado tanto para Henrique Meirelles. Reivindicamos a desoneração tributária, indústria como para o fornecedor de cana. a diminuição dos juros e recursos para novos investimentos. Outro ponto para a alavancagem do setor seria, segundo o Conversei com o presidente Michel Temer brevemente sobre executivo, o desenvolvimento de um projeto que prevê a utiliza- o setor e deixei claro que queremos um Brasil diferente e que ção da bioenergia ao longo de, pelo menos, dez anos. A Feplana estamos prontos para colaborar com ele e realizar todas as já iniciou um projeto com o auxílio da Associação de Lençóis mudanças necessárias.” Paulista, a qual vem se destacando no recolhimento da palha da cana-de-açúcar. “A meu ver, os maiores desafios do setor estão POUCO TEMPO concentrados na solução econômica da indústria e do fornecedor. A primeira coisa que faz ao acordar é ir à academia. Se E isto se dará quando o setor souber qual será o papel do etanol e ele não pode ir por algum motivo, opta por correr. São pelo da bioenergia na matriz energética brasileira. Para exemplificar menos duas corridas de 6 km por semana. Depois as energias tomo como base o ano de 2014, quando houveram leilões efetu- são canalizadas para gerenciar a Santa Casa de Misericórdia, 48 da qual ele é diretor geral há quase dez anos, desenvolver os projetos do escritório de engenharia e ainda resolver as pendências do Sindicato Rural, onde é vice-presidente. A tarde ele se dedica à administração agrícola da sua propriedade e faz o despacho administrativo da Feplana. “Nesse dia a dia resta pouco tempo para outras coisas, a não ser o tempo necessário para a esposa, filhos e netos. Leal é casado e tem dois filhos, Rafael Leal, 36, Ana Paula Leal, 34 anos e três netos.” Seu espírito de liderança é tão grande que por onde Leal passa coisas boas acontecem. Muito além do seu comprometimento e consequente sucesso como gestor da Feplana, a Santa Casa de Misericórdia de Cambará, sob sua direção há 10 anos, foi reconhecida como um dos exemplos de boa gestão para outras Santas Casas do Brasil, e até já recebeu prêmios de re- No início do ano, Leal assumiu a vice-presidência da Feplana a pedido de Alexandre Lima, atual presidente conhecimento por isso. “Existem diversas Santas Casas pelo dente de uma cooperativa de produção, assumi um passivo de Brasil e a de Cambará é umas das mais bem administradas. mais de 140 ações trabalhistas e, durante o período em que fui Não devemos nada, nem um tributo ou passivo”, conta Leal, presidente (dez anos), não tive sequer uma ação na Justiça do que ainda afirma que o trabalho na Santa Casa é árduo, mas Trabalho. Por estas e outras razões, posso dizer que a melhor muito prazeroso e gratificante. lição que tirei destes últimos anos foi aprender a conviver com “Encerrando, gostaria de enfatizar que, quando fui presi- a diferença”, concluiu. O resultadO dessa qualidade aparece na sua prOdutividade. Calcário Itaú. Mais fino, mais puro, mais eficiente, mais econômico. www.vcimentos.com.br | SAC: 0800 701 9895 | F: (16) 3019 8110 | [email protected] 49 JULGAMENTO DO CASO ABENGOA-DEDINI É ADIADO A disputa entre a espanhola Abengoa e a brasileira Dedini Agro vai se arrastar por mais tempo. A expectativa era de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) completasse o julgamento em junho, mas a corte ministerial adiou a análise para agosto. O processo já foi retardado por um pedido de vistas em abril. Por ora, dois dos 15 ministros indeferiram a homologação de decisão de uma corte arbitral internacional que determinava à Dedini o pagamento de R$ 150 milhões à Abengoa, em um caso que envolve a compra, em 2007, de usinas de cana-de-açúcar. A Abengoa adquiriu em 2007 o controle da Dedini Agro por R$ 1,3 bilhão e assumiu R$ 730 milhões em dívidas. Na negociação estavam unidades de processamento de cana localizadas em Pirassununga e São João da Boa Vista, ambas no interior paulista. O conglomerado espanhol, entretanto, afirma que teve prejuízos por causa de números superestimados de moagem divulgados pela Dedini e cobra ressarcimento. As duas usinas da Abengoa têm capacidade instalada para quase 7 milhões de t de cana por temporada. No ciclo 2016/17, que começou em abril, a expectativa da companhia é de processamento em torno de 5,8 milhões de t. apresentando bons resultados preliminares com impactos diretos positivos, como aumento de rendimento de conversão de carboidratos em biocombustível e aumento do poder calorífico do biocombustível. Atualmente, o grupo finalizou a prova de conceito dessa rota e procura parceiros para o desenvolvimento completo do produto. Sendo complementar ao etanol, com potencial de substituição e baseado na biomassa da cana-de-açúcar, o novo combustível possui estrutura química que aumenta a sua afinidade a hidrocarbonetos. Os testes iniciais mostram que a rota tecnológica adotada, que é uma rota híbrida, pois tem passos bioquímicos e passos de catalise química heterogênea, apresentou uma vantagem imediata: muito baixa produção de gás carbônico quando comparada à produção de etanol. BALANÇO MUNDIAL DE AÇÚCAR APONTA PARA MAIOR DÉFICIT NA SAFRA 2016/17 No final do mês de junho, dia 26, faleceu, em grave acidente de carro, o empresário do setor sucroalcooleiro, Luiz Guilherme Zancaner. Ele tinha 59 anos de idade. Zancaner, que era presidente da Unialco Açúcar e Álcool, nasceu e foi criado em São Paulo, formando-se economista pela Universidade Mackenzie. Agropecuarista no Mato Grosso do Sul desde 1978, ajudou a fundar as usinas Unialco (Guararapes), em 1983, e Alcoolvale (Aparecida do Taboado/MS), em 2000. Desde 1995 presidia o Grupo Unialco. Ele também foi presidente da UDOP entre 1997 e 2006. O balanço mundial de açúcar na safra 2016/17, que acontecerá nos meses de outubro e setembro, deverá apresentar um déficit de 7,10 milhões de t, valor cru, de acordo com a estimativa da Datagro. Como resultado, a relação entre estoque e consumo mundial no final da temporada de 2016/17, deve atingir 39,8%. Na previsão anterior, o déficit era estimado em 6,09 milhões de t. Esta revisão veio em linha com a expectativa de que a queda na oferta de açúcar na Ásia compense maior produção no Brasil. Outro motivo é que, na Índia, mesmo que as chuvas de monções voltem ao normal em 2016, os efeitos do El Niño já causaram danos nos canaviais a serem colhidos em 2016/17. A longa estiagem também afetou a rebrota e o desenvolvimento na cana na Tailândia, Paquistão e na China. A estimativa de um maior déficit em 2016/17 também é resultante do aumento da taxa de crescimento do consumo mundial, de 1,5% em 2015/16 para 1,7% em 2016/17, fruto da esperada melhora do crescimento do PIB mundial. PESQUISADORES TESTAM NOVA ROTA DE PRODUÇÃO DO ETANOL MOAGEM 2016/17 PODE SER MENOR QUE O ESPERADO ACIDENTE TIRA A VIDA DE LUIZ GUILHERME ZANCANER Um grupo de pesquisa do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) propõe uma nova rota tecnológica para a produção de biocombustíveis oxigenados (álcool alifático de cadeia maior que o etanol) a partir da biomassa da cana-de-açúcar. O processo permite o alongamento da cadeia carbônica do etanol, conferindo maior afinidade com combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. O novo desenvolvimento é base do projeto Eureka, que vem 50 50 A moagem de cana no Centro-Sul do Brasil pode ficar menor que o esperado na temporada 2016/17, devido a um regime de chuvas inferior ao necessário em alguns meses, como em abril. A opinão é do diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz. “Acho que a uma safra será menor que o esperado, pois o regime de chuvas não foi tão bom”, disse ele, após participar de evento anual de agribusiness da BM&FBovespa, sem entrar em detalhes sobre volumes. 51 51 52