GEM - UFMT

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Caderno
de
Resumos
ISSN: 2236-314
Sumário
Eixo I.................................................................................................95
“A escola como casa de higiene”:
discurso biopolítico na legislação
educacional mineira de 1927............................................................................... 96
Eliane Vianey de Carvalho (UNICAMP)
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A avaliação de rendimento como um aspecto da política educacional de
Amaral Peixoto para o antigo estado Rio de Janeiro nas
décadas de 1940 e 1950....................................................................................... 97
Márcia da Silva Quaresma (UERJ-PROPED)
[email protected]
“A batalha da produção”: a escola de agronomia do
nordeste durante a interventoria de Ruy Carneiro (paraíba, 1940-1945)...... 99
Luiz Mário Dantas Burity (UFPB/PIBIC
Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB/PPGE)
A categoria inclusão no contexto da educação superior no
Brasil e na América Latina.................................................................................. 100
Uyguaciara Veloso Castelo Branco (UFPB)
[email protected]
A construção da escola primária da Bahia na primeira república:
relato de um projeto de levantamento e pesquisa e dos seus resultados.......101
Elizabete Santana (UNEB)
[email protected]
A educação profissional no Brasil:
os meandros de sua formação e a atuação do estado................................... 103
Desiré Luciane Dominschek Lima (Unicamp)
[email protected]
A efetividade do direito à
educação no Brasil na Primeira República:
um estudo das constituições estaduais............................................................. 104
Mário Márcio Negrão (UTP)
[email protected]
Heloísa H. D. Pereira (UTP)
[email protected]
A escola complementar paulista (1890-1911).................................................. 105
Tony Honorato
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A escola e a invenção das identidades nacionais............................................ 107
Luiz Eduardo Oliveira (UFS)
[email protected]
A escola nova em São Paulo e no Rio de Janeiro: propagação e apropriação
de modelos pedagógicos no Brasil do início do século xx.........................................108
André Luiz Paulilo (Unicamp/FE)
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A formação inicial dos professores fluminenses – a política de formação do
antigo estado do Rio durante o governo do comandante Amaral Peixoto
(1937 a 1945 / 1951 a 1954)................................................................................ 110
Márcia da Silva Quaresma (UERJ/PROPED)
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A formação dos professores do campo:
construções históricas na região do Araguaia (1950-1980)............................ 111
Terezinha de Jesus Aires Duarte
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A formação militar infantil na perspectiva da assistência aos desvalidos:
a companhia de aprendizes militares de Minas Gerais (1876-1891)............. 113
Felipe Osvaldo Guimarães (FaE/UFMG)
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A história da escola pública de instrução primária brasileira.
Província da Parahyba do Norte: 1822-1849.................................................. 114
Mauriceia Ananias [email protected]
A história da educação em Mato Grosso do Sul (1977-2007)......................... 116
Nilce A.S.F. Fedatto (DCR/UEMS/CNPq)
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A historicidade do conceito de formação continuada:
uma análise da visão de Paulo Freire sobre a formação permanente.......... 117
Andréia Nunes Militão (FAPESP)
A instrução pública no Brasil de 1808 a 1834 - levantamento e
análise da legislação........................................................................................... 119
Daniela Almeida Tonholli
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A nomeação da escola rural em Minas Gerais:
um estudo sobre representações e práticas (1889-1899)................................ 120
Gilvanice Barbodsa da Silva Musial (FAE/UEMG)
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A organização do ensino profissional no Distrito Federal (1892-1902):
poderes públicos e práticas sociais.................................................................... 121
Clarissa dos Santos Rego de Abreu Sant’ Anna
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Suzana Teixeira Pinto
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A política educacional do estado do
Paraná no Brasil republicano (1889 a 1900):
o debate sobre obrigatoriedade e liberdade de ensino................................. 123
Maria Cristina Gomes Machado (UEM/CNPq)
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A prática de composição de álbuns fotográficos escolares a partir da análise
do álbum do jornal “nosso esforço”, da escola Caetano de Campos-SP...... 124
Rachel Duarte Abdala (FEUSP/ UNITAU)
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A primeira lei de diretrizes e bases da educação nacional, na ótica dos
dirigentes de estabelecimentos particulares de ensino.................................. 126
Eduardo Norcia Scarfoni (UCS)
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A qualificação profissional no estado de Pernambuco
entre 1889 e 1930............................................................................................... 127
Ramon de Oliveira
[email protected]
A reforma do ensino no estado de São Paulo:
conflitos e disputas (1891-1892)........................................................................ 129
Lidiany Cristina de Oliveira Godoi (FE/ Unicamp/GEPH)
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A Revista de Educação e a escolarização da educação física no Espírito Santo:
autores, atores e editores (1934-1937)............................................................. 130
Omar Schneider (CEFD/ UFES/ Proteoria)
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Marcela Bruschi (CEFD/UFES/Proteoria)
[email protected]
Abrangência da escola mineira na
Revista Vida Escolar (1916-1926)....................................................................... 132
Sandra Maria Caldeira-Machado (USP/FE)
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Ampliação e modernização do sistema de
ensino primário no interior do Maranhão........................................................133
Mariléia dos Santos Cruz (UFMA/CCSST/ITZ)
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Anísio Teixeira e o sistema nacional de educação:
contribuições para o debate sobre as políticas educacionais no Brasil......... 134
Rosenery Pimentel do Nascimento (UFES)
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Aprendizes marinheiros, aprendizes de guardas-marinha no
ensino naval: educação para o trabalho.......................................................... 136
Guaraci Fernandes Marques de Melo (UERJ)
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As colônias de férias como objeto de pesquisa da história da educação na
América do Sul.................................................................................................... 137
André Dalben (PPG/ FE/UNICAMP)
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As escolas da colônia D. Pedro II em Juiz de Fora e acesso à educação
primária na transição do Império à República................................................. 138
Marco Aurélio Corrêa Martins (PPGE/ UFJF
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As propostas educacionais de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias):
uma análise da instrução rio-grandense do séc. XIX (1842-1846).....................140
Hardalla do Valle (PPGE/UFPEL/CEIHE)
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Eduardo Arriada (PPGE/FaE/UFPEL/CEIHE)
[email protected]
As propostas para educação do ensino médio no plano de
governo de 1956-61: os pronunciamentos oficiais e
a legislação federal de n.3552/59 vigente no período.................................... 141
Denise de Amorim Ramos (PIBID/ UFTO)
Educação para todos, modernidade e escola nova na
escola primária da Bahia em 1950................................................................... 142
Jaci Maria Ferraz de Menezes
[email protected]
As origens do ensino da língua inglesa no Brasil colônia............................... 144
Daniele Barbosa de Souza Almeida
[email protected]
As reformas educacionais e as mudanças no pensar e
fazer da escola normal em Sergipe (1911-1932)............................................ 145
Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso
[email protected]
Aulas de contar e aulas de comércio na formação do
estado moderno português............................................................................... 146
Thadeu Vinícius Souza Teles (UFSE)
[email protected]
Vera Maria dos Santos (UFSE)
[email protected]
Concursos públicos para o magistério primário na
Parahyba oitocentista (1837- 1864)................................................................... 148
Priscila Mikaelle Costa de Araújo (UFPB)
[email protected]
Rose Mary de Souza Araújo (UFPB)
[email protected]
Políticas de instrução pública e constituição das redes de ensino na região
Norte do Ceará a primeira metade do século XX – concepções e embates
envolvendo igreja, estado e sociedade no contexto republicano................. 149
José Edvar Costa de Araújo (UVA)
[email protected]
Controle estatal para nacionalizar a infância no
Paraná no início do século XX........................................................................... 150
Valquiria Elita Renk (PUCPR)
Cultura política republicana e educação profissional:
leituras das mensagens dos presidentes do estado de
Minas Gerais (1891-1930)........................................................................ 152
Irlen Antônio Gonçalves (CEFET/MG)
[email protected]
Hozana Penha de Souza (CEFET/MG)
[email protected]
Cultura política, Estado Novo e educação:
o ensino agrícola em Minas Gerais a partir da inauguração da
fazenda-escola de Florestal-MG........................................................................ 153
Bruno Geraldo Alves (UFMG)
[email protected]
Bernardo Jefferson de Oliveira (UFMG)
[email protected]
Milton Ramon Pires de Oliveira (UFV)
[email protected]
De criança a estudante:
por entre jogos, brinquedos e brincadeiras..................................................... 155
Márcia Cardoso da Costa do Nascimento
[email protected]
Democratização do acesso ao ensino superior:
análise dos dispositivos legais postos em vigência desde os anos de 1990.......156
Silvana Rodrigues de Souza Sato (UFSC)
[email protected]
Ione Ribeiro Valle (UFSC)
[email protected] / [email protected]
Desvelando os exames de admissão ao ginásio na educação paranaense.........158
Elisângela Zarpelon Aksenen (PUCPR)
[email protected]
Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUCPR)
[email protected]
Educação integral e ampliação do tempo escolar diário na cidade do
Rio de Janeiro: aproximações e diferenças entre o
projeto CIEP e o Programa Escolas do Amanhã.............................................. 159
Leonardo Nolasco-Silva (UERJ/ Instituto Infnet)
[email protected]
Lia Faria (UERJ)
[email protected]
Educação nacional: realidade brasileira e embates na década de 1910....... 161
Tereza Maria Trindade da Silva (UFMG)
[email protected]
Educação superior e o processo de formulação de políticas de avaliação
educacional: considerações sobre os exames de desempenho dos
cursos de graduação e de formação de professores na
recente história da educação no Brasil (1990-2012)........................................ 162
Regina Lúcia Ferreira Cravo (PUC-Rio/ UESá)
[email protected]
Entre hinos, bandeiras e heróis:
imigração européia, classe operária e a constituição da
nacionalidade nos grupos escolares da cidade de Santos.............................. 163
André Luiz Rodrigues Carreira (UCS)
[email protected]
Escola primária e formação para a “solidariedade social” no
Brasil (1946-1964)................................................................................................ 165
Flávio Anício Andrade
[email protected]
Escolas étnicas ucranianas e polonesas no Paraná:
entre a legalidade e a manutenção da identidade étnica........................... 166
Valquiria Elita Renk (PUCPR)
Estratégias e práticas culturais de um
colégio americano no interior paulista.................................................. 168
Cesar Romero Amaral Vieira
[email protected]
Thais Gonsales Soares
[email protected]
Expansão da escola primária no estado do Rio de Janeiro: 1930 a 1955......... 169
Irma Rizzini
[email protected]
Extensão na Universidade Federal do Paraná: constituição histórica........... 171
Nadia Gaiofatto Gonçalves (UFPR)
[email protected]
Carina Silva Vieira Santos (UFPR)
[email protected]
Formação docente no contexto dos acordos internacionais.......................... 172
Fátima Pacheco de Santana Inácio
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Gestão democrática: reflexões teóricas a partir da história.......................... 174
Adriana Mota de Oliveira Sidou (UECE)
Grupo Padre Luiz Gonzaga - Bragança-PA:
arquivos e fontes da História da Educação da Amazônia, no século XX.........175
Maria José Aviz do Rosário (UFPA)
[email protected]
Maria de Fátima Matos de Souza (UFOPA)
[email protected]
Governar é abrir escolas: estado, civilização industrial e a
expansão do ensino primário no Brasil (1946-1964)....................................... 177
Flávio Anício Andrade
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História da educação brasileira: como se constituiu a juventude na
legislação educacional do país (1940 – 2012)................................................... 178
Luani de Liz Souza (UDESC/PPGE)
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Celso João Carminati (UDESC/PPGE)
[email protected]
Ideias sobre instituições de ensino para a infância menorizada nos
congressos do centenário da independência do Brasil................................... 180
Fernando Rodrigo dos Santos Silva (PUC-Rio)
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Igualdade na fronteira: as escolas coloniais de Belo Horizonte no
início do século XX.............................................................................................. 181
Maysa Gomes Rodrigues (UFUMEC)
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Indicadores de qualidade da educação no B rasil: um estudo a partir
da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (1944/1971).................... 182
Berenice Corsetti (UNISINOS)
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Instituto Ferreira Vianna - escotismo e educação:
o projeto civilizador republicano no interior da escola (1929 – 1939).......... 184
Mariza da Gama Leite de Oliveira (PPGE/UFRJ)
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Inovação pedagógica na escola primária na década de 1960....................... 185
Cleonara Maria Schwartz
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Instrução elementar na província mineira de 1822 a 1834:
notas sobre o financiamento público............................................................... 187
Vania Rosaura de Lima Castro (FAPEMIG/ FAE/UFMG/UFSJ)
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Instrumento de civilidade e progresso:
instrucção primária em Santa Catharina e São Paulo (1920-1935)................ 188
Virgínia Pereira da Silva de Ávila (PPGEE/UNESP)
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Intelectuais, instrução e esfera pública no Brasil império:
uma análise do pensamento político e educacional de Tavares Bastos........ 190
Jean Carlo de Carvalho Costa (CE/ PPGE/ PPGS/UFPB)
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Ingrid Karla Cruz Bizerra (PIBIC)
Livros didáticos de história para o ensino médio:
abordagens e silêncios sobre as questões de gênero..................................... 191
Ana Maria Marques (UFMT)
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Memória e ideologia da sciência. Faculdade de medicina da
bahia e as ideias sobre progresso e desenvolvimento.................................... 193
Tânia Regina Braga Torreão Sá (PGMLS/UESB/ DCHL/UESB)
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Modernizar, instruir e civilizar:
princípios das reformas educacionais de Minas Gerais (1982-1928)...... 194
Carlos Henrique de Carvalho (UFU)
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O acervo bibliográfico do mestre Anton Dakitsch.......................................... 196
Wania Manso de Almeida (IFF)
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O acesso ao livro didático de história no programa nacional do
livro didático, dos anos finais do ensino fundamental, entre 1999 e 2008.........197
Magda Carvalho Fernandes (UFMS/UEMS/UNIGRAN)
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O Banco Mundial e a educação no estado de São Paulo............................... 199
Tatiana Silverio Kapor
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O currículo do ensino médio e da educação profissional no
Espírito Santo na década de 1970..................................................................... 200
Antonio Henrique Pinto (IFES)
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O currículo escolar e as avaliações em larga escala:
representação na produção científica nacional.............................................. 201
Carmem Lucia Albrecht da Silveira(UPF/RS)
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Rosimar Serena Siqueira Esquinsani (UPF/RS)
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O debate em torno da educação escolar primária no Piauí:
constituição, expansão e composição da rede escolar (1946 – 1961).......... 203
Antonio de Pádua Carvalho Lopes (UFPI)
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O decreto nº 2.208/97 e a reforma da educação profissional na
unidade Florianópolis da Escola Técnica Federal de Santa Catarina............. 204
Juçara Eller Coelho (IFSC/SC)
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O discurso educativo para a população na legislação da
saúde pública de Minas Gerais em 1927.......................................................... 205
Eliane Vianey de Carvalho( UNICAMP)
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O ensino secundário nas lentes do CRPE de Porto Alegre (1956-1964)........ 207
Fabiana Teixeira da Rosa (PPGE/UDESC)
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Norberto Dallabrida (PPGE/UDESC)
[email protected]
O impacto das mudanças de governo nas políticas de
formação continuada de professores............................................................... 208
Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR)
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O papel dos exames finais na configuração do currículo escolar do
ensino secundário paulista: um estudo do primeiro gymnasio da
capital na primeira república............................................................................. 210
Maria Aparecida da Silva Cabral (FFP-UERJ e PUC-SP)
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O Plano Nacional de Educação de 1936/1937.................................................. 211
Carlos Roberto Jamil Cury (PUC/MG)
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Os conhecimentos especializados sobre os problemas de
aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1969)............ 212
Ana Laura Godinho Lima (USP)
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Os homens cordiais na socialização dos pedrinhos de Lobato e Lourenço Filho:
o negro sabido, a excelente negra de estimação e o velho caboclo....................214
Raquel de Abreu (UFSC)
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Os 40 anos do curso de mestrado e o projeto Memória da Faculdade
de Educação da UFRJ: desafios e possibilidades de pesquisa......................... 215
Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro
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Gabriela de Castro Almeida de Oliveira Arosa
[email protected]
Os reformadores da instrução pública profissional mineira nos
primeiros anos republicanos (1891-1910)......................................................... 216
Raphael Ribeiro Machado
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Para uma genealogia da escola primaria rural:
entre o espaço e a configuração pedagógica (São Paulo, 1889 - 1947)...........218
Rosa Fátima de Souza (UNESP)
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Virgínia Pereira da Silva de Ávila (IFSRG)
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Política de formação docente no Brasil:
uma reflexão legal e histórica........................................................................... 219
Armindo Quillici Neto (FACIP/PPGE//UFU)
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Sônia Aparecida Siquelli (UNIVAS)
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Política educacional nos anos 2007-2011:
um balanço das produções acadêmicas ........................................................... 221
Melânia Mendonça Rodrigues (UFCG)
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Política educacional pombalina: a reforma dos estudos menores e
a mudança no método de ensinar.................................................................... 222
Sara Rogéria Santos Barbosa (FSLF/UFS-NEC)
[email protected]
Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho (FSLF/UFS-NEC)
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Políticas Públicas para a escola primária na Bahia expansão na
gestão Anísio Teixeira (1947 a 1951)................................................................. 224
Sara Martha Dick (UFBA)
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Por entre o império e a república: escolarização em Mato Grosso............... 225
Dimas Santana Souza Neves (UNEMAT)
Fernanda Taques de Oliveira Leite (UNEMAT)
Problemas de rendimento escolar no ensino elementar e atuação docente:
discurso oficial paulista na década de 1930..............................................................227
Luciana Maria Viviani (USP)
[email protected]
Produções cinematográficas de Mazzaropi e sua contribuição para
a história e a historiografia da educação brasileira........................................ 228
Juscimar Maria de Paula (UFU/MG)
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Produtivismo e pacto social: concepções da UNESCO para a educação e a
formação de professores no Brasil (1980)........................................................ 230
Angela Galizzi Vieira Gomide (UEL)
[email protected]
Projeto estratégico prioritário operação-escola: considerações sobre a
política educacional brasileira nos anos de 1968 – 1970................................ 231
Cecilia Neves Lima (PUC-Rio)
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Regimes de comparação nas escritas da história da
educação no Brasil e em Portugal..................................................................... 233
Roni Cleber Dias de Menezes
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Sentido novo da vida rural:
Abgar Renault e a política educacional em Minas Gerais.............................. 234
NEVES, Leonardo dos Santos Neves (FaE/UFMG-FAPEMIG)
[email protected]
Helder de Moraes Pinto (FaE/UFMG-FAPEMIG)
[email protected]
Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916:
o tema da repetência escolar............................................................................ 236
Fernanda Cristina Campos da Rocha (Belo Horizonte)
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Um caso muito especial: a educação de crianças com deficiência física na
cidade do Rio de Janeiro (1975 -1985).............................................................. 237
Leila de Macedo Varela Blanco (PROPED/UERJ)
[email protected]
Um gaúcho nos trópicos- a ação Drummoniana no ministério Capanema e os
enlaces entre educação, política e poesia (1934-1945)................................... 239
Geovani Lever de Mendonça (UERJ)
[email protected]
Um novo lócus de formação de professores no marco das políticas
neoliberais no Brasil na década 1990............................................................... 240
Letícia Carneiro Aguiar (UNISUL)
[email protected]
Uma escola na fronteira – entre a cidade e a vida rural................................. 242
Adriana de Fátima Bernaardes Rodrigues
[email protected]
Silvia Cassia da Costa Lima
[email protected]
Visionários de um novo tempo:
mentores da interiorização da universidade na Bahia (1950-1960).............. 243
Ana Maria Fontes dos Santos (UEFS)
[email protected]
Os conhecimentos especializados sobre os problemas de
aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1955)............ 245
Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
[email protected]
A repetência, a evasão e os serviços escolares do departamento de
educação do Distrito Federal entre 1933 e 1935............................................. 246
André Luiz Paulilo
Faculdade de Educação/Unicamp
[email protected]
Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916:
o tema da repetência escolar............................................................................ 248
Fernanda Cristina Campos da Rocha
Professora da Rede Municipal de Belo Horizonte
[email protected]
As reprovações na escola primária paulista (1936-1938)................................ 249
Natália Gil
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
[email protected]
Chaguismo e brizolismo: territorialidades políticas da escola fluminense.......251
Lia Faria – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Leonardo Nolasco-Silva – Instituto Infnet
[email protected]
A formação de professores para uma escola de tempo integral:
um estudo de caso.............................................................................................. 252
Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho
Professora UFRRJ
Doutoranda PROPEd / UERJ
[email protected]
Escola em tempo integral ou aluno em tempo integral – o papel dos
projetos nas escolas do amanhã........................................................................ 254
Leonardo Nolasco-Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Infnet
[email protected]
Lia Faria
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Renato Kehl, Victor Delfino e Alfredo Verano:
circulação de ideias eugênicas entre Brasil e Argentina................................. 256
Autora: Carolina Toshie Kinoshita
Faculdade de Educação/UNICAMP
[email protected]
Co-autora: Heloísa Helena Pimenta Rocha
Faculdade de Educação/UNICAMP
[email protected]
Eixo 2..............................................................................................258
A capoeira na revista Kosmos (1906):
cultura material, formação e informação ilustrada no Rio de Janeiro......... 259
Ricardo Martins Porto Lussac
PROPED – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
A educação escolar Pomerana: uma aproximação intercultural................... 261
Jandira Marquardt Dettmann
[email protected]
Laura Maria Bassani Muri Paixão
[email protected]
A escrituração escolar nas colônias italianas de Curitiba:
o que informam os mapas de frequência?...................................................... 262
Elaine Cátia Falcade Maschio (UNINTER)
[email protected]
A história da educação e a formação de professores para a
educação das relações étnico-raciais:
uma questão a pensar........................................................................................ 263
Dulcinea Benedicto Pedrada
[email protected]
A influência da cultura popular na produção de sentidos e
no engajamento de alunos para a preservação ambiental............................ 265
Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi [email protected]
Anarquismo e educação em Rio Grande (1918-1927):
educação de, para e pelos trabalhadores........................................................ 266
Francisco Furtado Gomes Riet Vargas
Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos
[email protected]
Elomar Antônio Callegaro Tambara
FaE/UFPel
[email protected]
Controvérsias no ensino do idioma nacional nas escolas elementares
públicas e privadas italianas localizadas na cidade de São Paulo
nos anos iniciais do século XX................................................. 268
Eliane Mimesse
UNINTER/ PUCSP
[email protected]
Educação e trabalho em escritos de Robert Owen (1771 – 1858):
uma análise de the life of Robert Owen (1967).............................................. 269
Cláudio Rodrigues da Silva
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
[email protected]
Educação popular em Tefé/AM: limites e possibilidades do
movimento de educação de base no período da ditadura militar............. 271
Leni Rodrigues Coelho
Universidade do Estado do Amazonas
[email protected]
Cristiane da Silveira
Universidade do Estado do Amazonas
[email protected]
Educação, saúde e resistência:
estudo de caso em serra Nova Dourada/MT nos anos de 1960 e 1970......... 272
Paulo Cesar Moreira Santos (UFMT)
[email protected]
Márcia dos Santos Ferreira (UFMT)
[email protected]
Escola nacional Florestan Fernandes (ENFF) – história imediata de
uma escola em construção................................................................................. 274
Carlos Bauer
[email protected]
João Elias Nery
[email protected]
Escolarização e profissionalização docente de
mulheres afrodescendentes em Santa Catarina (1950-80)........................... 275
Maria Aparecida Clemêncio
UDESC – Florianópolis - SC - Brasil
[email protected]
Sujeitos da educação no século XIX: experiências étnico- sociais de
discentes e docentes nas províncias de Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Parayba do Norte e Pernambuco..................................................................... 277
Marcus Vinícius Fonseca
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Etnia e gênero no pontal mineiro (1950-1960):
escolarização das migrantes nordestinas......................................................... 278
Daiane de Lima Soares Silveira (UFU)
[email protected]
Sauloéber Társio de Souza(UFU)
[email protected]
Hollanda Loyola e a ação integralista brasileira:
elaboração de um plano nacional de educação física na década de 1930.........280
Renata Duarte Simões (USP)
[email protected]
Silvana Vilodre Goellner (UFRGS)
[email protected]
Migrantes nordestinos e escolarização no
pontal mineiro (décadas de 1970 a 1990)........................................................ 282
Sauloéber tarsio de souza (ufu)
(CNPq/FAPEMIG)
[email protected]
Japoneses no Vale do Ribeira - formação da colônia e
educação nos anos de 1908 a 1943................................................................... 283
Rafael da Silva e Silva
[email protected]
Movimento estudantil no Pontal do Triângulo Mineiro:
união estudantil de Ituiutaba, 1952-1968........................................................ 285
Isaura Melo Franco
Universidade Federal de Uberlândia- UFU/CAPES
[email protected]
O colégio batista mineiro: fronteiras religiosas e
identidades étnicas em Belo Horizonte – MG (1918-1942).......................... 286
Hercules Pimenta dos Santos
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação - GEPHE
[email protected]
Operação amazônia nativa e os desafios da
formação indigenista.......................................................................................... 288
Maria Dolores Campos Rebollar
[email protected]
Mestranda do PPGE/IE/UFMT
Artemis Torres
[email protected]
PPGE/UFMT
Organizações indígenas no amazonas e
a luta por educação escolar............................................................................... 289
Marcos André Ferreira Estácio
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
E-mail: [email protected]
Prática pedagógica e o processo de escolarização da escola alemã como
elemento constituinte das relações sociais dos Teuto-brasileiros.................. 291
Alessandra Helena Wiederkehr
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC
[email protected]
Propagação e circulação de ideias sobre o negro em São Paulo no
início do século XX: o Clarim da Alvorada (1924-1940)................................. 292
Rosangela Ferreira de Souza
USP-UNIBAN
[email protected]
Registros de batismo da paróquia Nossa Senhora Penha de França:
uma fonte para o estudo dos processos educativos no cotidiano privado
das crianças negras livres na província de São Paulo (1871-188).
Desafios e possibilidades.................................................................................... 294
Daniela Fagundes Portela
Faculdade de Educação da USP.
[email protected]
Sociedade união operária e a educação em Rio Grande/RS (1893-1928)..... 295
Francisco Furtado Gomes Riet Vargas
Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos
[email protected]
Rita de Cássia Grecco dos Santos
PPGE-FaE/UFPel e Universidade Federal do Rio Grande
[email protected]
Elomar Antônio Callegaro Tambara
FaE/UFPel
[email protected]
Eixo 3..............................................................................................297
A categoria gênero no GT de História da
Educação da ANPED (2000-2010)...................................................................... 298
André Luiz Sena Mariano (UNIFAL-MG)
[email protected]
Romeu Adriano da Silva (UNIFAL-MG)
[email protected]
A história e memória da educação do Cariri cearense na
Revista Itaytera.................................................................................................... 299
Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA
[email protected]
Grupo de Trabalho: Fontes e Métodos em História da Educação
Agência Financiadora: CNPq, FUNCAP, URCA
A influência do marxismo na pesquisa em educação brasileira.................... 300
Amarilio Ferreira Jr.
Universidade Federal de São Carlos
[email protected]
A legislação escolar como fonte de investigação............................................ 302
Elizandra de Siqueira (PPGE/UFMT)
Nicanor Palhares Sá (PPGE/UFMT)
A literatura do escritor Érico Veríssimo (1905-1975):
possibilidades de uso das fontes e de métodos para a História da Educação........303
Roselusia Teresa Pereira de Morais (FaE/UFPel)
[email protected]
A memória escolar como fonte documental:
o contributo da museologia para a História da Educação............................. 305
Vanessa Barrozo Teixeira
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
[email protected]
A perspectiva histórica transnacional como instrumental teórico para
análise da história da educação brasileira entre as décadas de 1950 a 1960......306
Daniel Ferraz Chiozzini
[email protected]
A pesquisa em história da educação (sul) mato-grossense e
seus indicadores de produção: base de dados e periódicos acadêmicos...... 308
Adriana Aparecida Pinto
[email protected]
A Revista Echos do Collegio Archidiocesano de São Paulo (1908-1963):
possibilidades para estudos em história da educação.................................... 309
Raquel Quirino Pinas
[email protected]
Ricardo Tomasiello Pedro
[email protected]
Acervo da escola estadual professor Leopoldo Miranda, Diamantina, MG:
fontes para história da educação...................................................................... 311
Gabriela Marquesi Sousa (UFVJM)
[email protected]
Flávio César Freitasii Vieira (UFVJM)
[email protected]
Alunos da Faculdade de Direito de Pelotas/RS em 1962 e 1964:
herdeiros de qual tradição?............................................................................... 312
Valesca Brasil Costa
[email protected]
Apontamentos sobre a produção do conhecimento científico e
a construção do conceito de historicidade....................................................... 314
Carlos Bauer
[email protected]
Apontamentos teórico-metodológicos para a investigação do
ensino da linguagem escrita em classes de alfabetização.............................. 315
Fernanda Zanetti Becalli
UFES/NEPALES/IFES
[email protected]
As contribuições de e. P. Thompson e o “fazer-se” da
Escola Profissional Visconde de Mauá.............................................................. 316
Isabella Paula Gaze
UNIRIO/CEMEF
[email protected]
As leituras de ciências empíricas em Caicó-RN (século XIX)............................ 318
Franselma Fernandes de Figueirêdo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
Cartas e educação jesuíticas: memórias da segunda vinda dos
jesuítas portugueses ao nordeste do Brasil...................................................... 319
Carlos Ângelo de Meneses Sousa (UCB)
[email protected] / [email protected]
Colégio metodista Izabela Hendrix (1904-1935):
resgate e organização dos documentos históricos.......................................... 321
Reginaldo Leandro Plácido
Plá[email protected]
Wesley Jesus dos Santos
[email protected]
Constituição de um catálogo fotográfico digital como ferramenta de
pesquisa em história da educação.................................................................... 322
Andreína de Melo Louveira
[email protected]
Maria Eduarda Ferro
[email protected]
Das ondas do rádio às páginas dos impressos: debates sobre linguagem
humorística, radiodifusão e educação no Brasil (anos 1930-1940)................ 324
Maria angela borges salvadori
[email protected]
Documentação camarária e história da educação em Minas Gerais:
algumas possibilidades....................................................................................... 325
Marileide Lopes dos Santos
FaE-GEPHE/UFMG,RME/BH
[email protected]
História da educação de Goiás: documentos em rede.................................... 327
Diane Valdez
[email protected]
Valdeniza Maria Lopes da Barra
[email protected]
Dos vestígios ao tema de estudo: o caminho percorrido na
pesquisa sobre a Escola Mixta da Imperial Fazenda de Santa Cruz.............. 328
Adriana Valentim Beaklini
[email protected]
É tempo de lembrar: a memória oral das normalistas no
Instituto de Educação de Pernambuco (1946-1955)........................................ 330
Ana Paula Rodrigues Figueirôa
[email protected]
José Luis Simões
[email protected]
Entre a determinação e a prática: a história da educação primária
impressa nos relatórios de professores e inspetores escolares paranaenses.......331
Etienne Baldez Louzada Barbosa (UFPR)
[email protected]
Franciele F. França (UFPR)
[email protected]
Ficha da vida escolar do alunado como fonte para a
história de instituições escolares: uma discussão............................................. 333
Vívia de Melo Silva (PPGE/UFPB)
[email protected]
“Folha do Norte” e “o Correio de São Felix” de 1930 a 1939:
o debate educacional em Feira de Santana e
Recôncavo Fumageiro na imprensa.................................................................. 334
Elizabete Pereira Barbosa (UEFS)
[email protected]
Sandra Nivia Soares de Oliveira (UEFS)
[email protected]
Fontes literárias contribuições do Bildungsroman para
estudos e pesquisas no campo da história da educação................................ 335
Léo Antônio Perrucho Mittaraquis
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Fontes para pesquisa e escrita da história da educação em
Dourados e região (1940-1990): mapeamento e inventário.......................... 337
Alessandra Cristina Furtado
Universidade Federal da Grande Dourados - MS
[email protected]
Inês Velter Marques
Universidade Federal da Grande Dourados - MS
[email protected]
Fronteiras entre dois campos: um estudo das
influências teóricas na história e na história da educação no século XX...... 339
Silvia Alicia Martínez
Universidade Estadual do Norte Fluminense
[email protected]
Fundamentos teóricos, áreas de comparação e
procedimentos investigativos: os estudos comparados e a
escrita de uma história curricular...................................................................... 340
Fabiany de Cássia Tavares SILVA
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
[email protected]
História da alfabetização em Minas Gerais:
as especificidades do município de Canápolis (1931 – 1971)......................... 342
Vanessa Ferreira Silva Arantes
Universidade de Uberaba-UNIUBE
[email protected]
Gustavo Araújo Batista
Universidade de Uberaba-UNIUBE
[email protected]
História da Educação “vista de baixo”:
abordagens, limites e possibilidades de pesquisa........................................... 343
Alexandra Lima da Silva
[email protected]
Marcelo Gomes da Silva
[email protected]
História e memória de uma instituição de ensino por meio de
seu acervo fotográfico: o caso da Escola Estadual de
Ensino Fundamental General Osório................................................................ 345
Maria Augusta Martiarena de Oliveira (UFPel)
[email protected]
História Oral: método de preferência na produção científica no Brasil....... 346
Maria do Socorro Pereira Lima
[email protected]
Imagens antijudaicas na Espanha inquisicional enquanto fonte para a
história da educação........................................................................................... 347
Sandra Regina Franchi Rubim (PPE/GTSEAM/UEM)
[email protected]
Terezinha Oliveira (DFE/PPE/GTSEAM/UEM)
[email protected]
Imigração e educação no Paraná: o que diziam as
mensagens oficiais dos governadores à Assembleia Legislativa,
da década de trinta à década de cinquenta.......................................... 349
Manuela Pires Weissbock Eckstein
Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO
[email protected]
Instrução pública primária na imprensa periódica mato-grossense
no início do século XX........................................................................................ 350
Marijane Silveira da Silva
[email protected]
Nicanor Palhares Sá
[email protected]
Leituras e leitores da Coleção Biblioteca das Moças. Pontos para uma
pesquisa a partir das marcas de leitura feitas por normalistas...................... 351
Cássia Aparecida Sales M. Kirchnerii
Faculdade de Educação – Unicamp – Grupo Civilis
[email protected]
Localização, identificação e catalogação de livros didáticos:
contribuições para a história das disciplinas escolares.................................... 353
Kênia Hilda Moreira(FAED/UFGD)
[email protected]
Mapas de frequência escolar: fontes para a história dos
processos de escolarização primária (1929-1949)............................................ 354
Amália Dias
[email protected]
Memória, história oral e narrativa: o encontro do possível na
multiplicidade de pontos de vista..................................................................... 356
Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira (UFPI)
[email protected]
Diálogos entre a micro-história e a história da educação.............................. 357
Eliana Gasparini Xerri
[email protected]
Narrativas autobiográficas como fonte de pesquisa para a
história da educação em Minas Gerais............................................................. 359
Leonardo dos Santos Neves
FaE/UFMG-FAPEMIG
[email protected]
Helder de Moraes Pinto
FaE/UFMG-FAPEMIG
[email protected]
O cinema como fonte para a história da educação:
o caso da sessão das moças (Florianópolis: 1943-1962).............................. 360
Alexandre Sardá Vieira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
[email protected]
O cotidiano de bacharéis na Universidade de Paris:
uma análise de cartas parisienses (1270-1274)................................................ 362
Terezinha Oliveira (DFE/PPE/UEM)
[email protected]
Pesquisa Financiada pelo CNPq – PQII
Ensino secundário ou educação secundária?
Controvérsias e singularidades na escrita de sua história.............................. 363
Stella Sanches de Oliveira
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
[email protected]
“O mensageiro de Nossa Senhora da Salette”: a ação educativa de
uma congregação religiosa através de uma revista (1917-1921)................... 365
Letícia Aparecida Mazochi (Universidade São Francisco - SP)
[email protected]
Paula Leonardi (Universidade São Francisco - SP)
[email protected]
O negro, da senzala para escola: a educação nos congressos agrícolas do
Rio de Janeiro e Pernambuco (1878)................................................................ 366
Maria Isabel Moura Nascimento
[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG
Os impressos para crianças como fonte de pesquisa em história da educação:
uma análise da coluna Lições do Vovô da Revista O Tico-Tico..............................368
Luciana Borges Patroclo (PUC-RIO)
[email protected]
Bolsista CAPES
Os testamentos setecentistas como instrumentos de
percepção do alfabetismo e letramento em Sergipe Del Rey....................... 369
Eugênia Andrade Vieira da Silvai
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Papéis velhos: a história do orfanato de São Cristóvão e da
Escola da Imaculada Conceição através de suas fontes.................................. 371
Josineide Siqueira de Santana (UFS)
[email protected]
Periódicos e imprensa como fontes para o estudo da educação dos
sentidos em Minas Gerais: o tempo livre como possibilidade de formação
(entre as décadas finais do século XIX e as décadas iniciais do século XX)..........372
Luísa Cecília Belotti Oscar– PIBIC/CNPQ
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Marcus Aurelio Taborda de Oliveira – CNPq
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Por uma estética escolar brasileira na década de 1950:
as imagens na Revista Atualidades Pedagógicas............................................. 374
Diogo Franco Rios
[email protected]
Marcos Villela Pereira
[email protected]
Primeiras Lições de Coisas na transição do Império para a República:
contribuições de Rui Barbosa............................................................................ 375
Enilda Fernandes (UEMS)
[email protected]
Produzindo fontes para a história da educação católica:
leituras, diálogos e caminhos entrecruzados................................................... 377
Evelyn de Almeida Orlando
[email protected]
Maria José Dantas
[email protected]
Ramon Llull e o livro da Ordem de Cavalaria:
tentativa de retomada dos ideais da cavalaria cristã...................................... 378
Paula Carolina Teixeira Marroni
GTSEAM - PPE/UEM – CAPES
Os conhecimentos especializados sobre os problemas de
aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1955)............ 380
Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
[email protected]
Eixo 4 .............................................................................................382
A concepção de infância no Compêndio de Pedagogia Prática
de Joaquim José de Araújo................................................................................ 383
Izabela Cristina de Melo Santos (UFAL)
[email protected]
Roseane Maria de Amorim (UFAL)
[email protected]
A concepção de infância nos pareceres da reforma do
ensino primário de Rui Barbosa........................................................................ 384
Amanda Sousa Galvíncio (PPGE/UFPB)
[email protected]
A constituição histórica da educação infantil no município de Aracruz – ES:
permanências e mudanças..........................................................................................385
Maria Lúcia de Resende Lomba (UFES)
[email protected]
A criança e a escola:
uma análise sócio-histórica...............................................................................387
Maria Aparecida Augusto Satto Vilela
[email protected]
A educação da criança desvalida em instituições de
assistência à infância (Curitiba, 1947-1957)...................................................... 388
Joseane de Fátima Machado da Silva (UFPR)
[email protected]
A educação da criança nas proposições de D. Antonio Joaquim de Melo
nas suas cartas pastorais (Diocese de São Paulo, 1852-1861)......................... 390
Juarez José Tuchinski dos Anjos (UFPR)
[email protected]
A história da escolarização da infância pobre em Minas Gerais:
desafios e perspectivas da pesquisa.................................................................. 391
Paula Cristina David Guimarães (UFMG)
[email protected]
A infância e sua educação na Bahia:
especificidades do Recôncavo Fumageiro........................................................ 392
Elizabete Pereira Barbosa (UEFS)
[email protected]
A máscara do ABC: a Cartilha da Infância nas práticas de
alfabetização de Aurélia de Souza Braga........................................................ 394
Kátia Maria Soares (UERJ/ProPEd)
[email protected]
A Revolução Francesa e as repercussões na educação de surdos.................. 395
Niédja Maria Ferreira de Lima (UFCG/UAEd)
ié[email protected]
Colégio João de Deus – Porto............................................................................ 396
Aires Antunes Diniz
Universidade de Coimbra- Portugal
[email protected]
Contexto histórico versus responsabilidade social:
a contribuição da UNIGRAN para a Educação de Jovens e Adultos.............. 398
Elizabete Velter Borges (UNIGRAN)
[email protected]
Crianças pequenas e adultos grandes:
trajetos históricos e discussões atuais sobre crianças e infâncias................... 399
Gislaine Azevedo da Cruz (UFGD/CAPES)
[email protected]
Magda Sarat (UFGD)
[email protected]
Crianças personagens da história da educação na Amazônia:
uma representação literária no conto Chão de Lobos.................................... 401
Maria do Socorro Pereira Lima (UFPA)
[email protected]
Criando órfãos – instrução e assistência na capitania do
Rio Grande do Norte (séc. XVIII) ....................................................................... 402
Muirakytan Kennedy de Macêdo (UFRG)
[email protected]
De aprendizes do Arsenal de Guerra (1842-1899) a Aprendizes da Escola
de Artífices (1909-1941): algumas observações sobre a educação
profissional de jovens e meninos na história da educação de Mato Grosso...... 404
Sílvio Takeshi Tamura (UFMT)
Discursos republicanos e governo da infância................................................405
Maria do Socorro Nóbrega Queiroga (UFPB)
[email protected]
Do amor ao casamento:
análise de um manual de preparação das moças para assumir os
deveres de esposa, mãe e dona-de-casa, em circulação no nordeste do
Brasil em meados do século XX......................................................................... 407
Patrícia Helena Carvalho Holanda (FACED-UFC)
[email protected]
Maria Juraci Maia Cavalcante (FACED-UFC)
[email protected]
Educação e vestimentas: infâncias pomeranas na Serra dos Tapes................... 408
Carmo Thum (Educamemória/IE/FURG)
[email protected]
Escolas isoladas: produção da precariedade e invisibilidade histórica (Minas
Gerais 1911-1930)................................................................................................ 410
Ellen Rose Fernandes Figueiredo(UFMG)
[email protected]
Henrique Dumont(UFMG)
[email protected]
Maria Cristina Soares de Gouvea ( UFMG)
[email protected]
Educar pelo jornal: o ABC em seis lições para infância pobre de Fortaleza.....411
Francisco Ari de Andrade
[email protected]
Escolas maternais em Santos (1902- 1930):
contribuição para a história da infância e da formação de professoras....... 413
Maria Apparecida Franco Pereira (UCS/SP)
[email protected]
“Filosofia para crianças” análise do projeto educação para o pensar implantado
nas séries inicias da rede municipal de São José – SC (2001-2008)............................414
Karine Rodrigues Ramos (UDESC)
[email protected]
Celso João Carminati (UDESC)
[email protected]
História da alfabetização: reflexões sobre as contribuições da
Companhia de Jesus........................................................................................... 416
Ayala de Sousa Araújo (UFS/NPGED)
[email protected]
Histórias de um passado não tão distante: políticas e práticas de
educação infantil no interior do Brasil............................................................. 417
Caroline M. Cortelini Conceição
Unisinos/Unioestei
[email protected]
Juventude e Escola Nova durante a era Vargas............................................... 418
Eliezer Raimundo de Souza Costa, (UFMG)
[email protected]
Localização, identificação e catalogação de livros didáticos:
contribuições para a história das disciplinas escolares.................................... 420
Kênia Hilda Moreira
FAED/UFGD
[email protected]
Na algazarra das brincadeiras e no acalanto das histórias e músicas: os
primeiros aprendizados de criança (Caetité-Ba, 1910-1930)...........................421
Giane Araújo Pimentel Carneiro (UFMG/UNEB)
[email protected]
O atendimento a criança pequena no Brasil (1870 – 1920)........................... 422
Rosemeire Messa de Souza Nogueira (UFGD)
[email protected]
O ensino de história para crianças nos livros de leitura:
a pátria brasileira e argentina na primeira metade do século XX................ 424
Diane Valdez
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Universidad Nacional de La Plata (UNLP)
[email protected]
O jovem dos clubes 4-S como elemento difusor da modernização das práticas
agrícolas em Minas Gerais nas décadas de 1950 e 1960................................. 425
Leonardo Ribeiro Gomes(FAE/UFMG)
[email protected]
O lugar da mulher e da criança na obra Casa-Grande & Senzala.................. 427
Msc. Ana Regina Ferreira de Barcelos UFSC
[email protected]
Msc. Júlia Siqueira da Rocha UFSC
[email protected]
Origem, prática educativa e evolução do Movimento de Educação de Base
(MEB) em Itacoatiara-AM................................................................................... 428
Fabricio Valentim da Silva [email protected]
Os alunos e a instrução pública em Cotia, província de São Paulo,
na segunda metade do século XIX.................................................................... 430
Fernanda Moraes dos Santos [email protected]
Percurso histórico do Cineduc: o fazer-se de seus protagonistas.................. 431
Aldenira Mota do Nascimento (Unirio)
[email protected]
Prática Pedagógica do Movimento de Educação de Base (MEB) em
Itacoatiara-AM.................................................................................................... 433
Fabricio Valentim da Silva
[email protected]
Sobre a educação feminina: o caso de Helena Morley (1893-1895).............. 434
Márcia Cabral da Silva (UERJ)
[email protected]
Eixo 5..............................................................................................436
(In) visibilidade das professoras de criança: feminização do
magistério no município de Dourados/MS (1980-2010)................................ 437
Gislaine Azevedo da Cruz
[email protected]
Magda Sarat
[email protected]
“Com quatorze anos comecei a ensinar”:
lembranças (quase) esquecidas do “ser” e “fazer” docente..................438
Joaquim Francisco Soares Guimarães
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
Rony Rei do Nascimento Silva
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
“Como aprendi, ensinei”:
modos de ser e constituir-se professora...................................................... 440
Joaquim Francisco Soares Guimarães
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
José Rodrigo Vieira Febrônio
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
“Quando crescer, vou ser doutora”: a história de vida da professora e
advogada Marlene Francisca do Carmo Procópio........................................... 441
Diogo Lisboa Ribeiro
[email protected]
Rodrigo Jose Vieira Febrônio
[email protected]
A Califasia na formação docente:
contribuições de Francisco Silveira Bueno....................................................... 443
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas
[email protected]
A construção do conhecimento pedagógico compartilhado:
reflexões sobre o papel do professor universitário na contemporaneidade......444
Dominick do Carmo Jesus1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
domini_nick@@hotmail.com
Ennia Débora Passos Braga Pires2
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
[email protected]
A Escola Normal de Natal/Instituto de Educação:
precursora da pesquisa educacional no Rio Grande do Norte (1958-1965)........446
Luciene Chaves de Aquino (UFPB)
[email protected]
A formação de professores na UNESP após a LDB 9394/96:
novas questões, velhos desafios........................................................................ 447
Julio Cesar Torres
[email protected]
Maria Dalva Silva Pagotto
[email protected]
A formação de professores para o ensino superior em Minas Gerais na
década de 1970: tornar-se especialista em (bio) mecânica?...........................449
Fernanda Cristina Dos Santos
EEFFTO-UFMG
[email protected]
A formação do docente primário entre continuidades e
rupturas – um estudo comparativo dos regulamentos de 1888 e 1890 na
capital da república........................................................................................... 450
Marina Natsume Uekane
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
A institucionalização da polivalência no trabalho docente da
escola primária em Pernambuco....................................................................... 452
Shirleide Pereira da Silva Cruz - UnB/NEPHEPE-GEPFAPe
[email protected]
Fabiana Cristina da Silva - UFPE/NEPHEPE
[email protected]
Margarete Maria da Silva UFPE/NEPHEPE
[email protected]
A produção social de uma escola popular de massa:
experiências de professores nas periferias da
cidade de São Paulo (1970 – 2000).............................................................453
João do Prado Ferraz de Carvalho
Universidade Federal de São Paulo
[email protected]
A profissionalização docente à luz do jogo de escalas................................... 455
Fábio Garcez de Carvalho
Universidade Federal do Rio de Janeiro / PPGE
[email protected]
As licenças médicas como indício de mal-estar docente no início do século
XX: o caso do Grupo Escolar Silveira Brum (1912-1930)................................. 456
Talitha Estevam Moreira Cabral
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
Denilson Santos de Azevedo
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
As mulheres e o magistério:
algumas contribuições para a história da educação....................................... 458
Valeria Pall Oriani
[email protected]
As orientações e representações da prática docente nos
manuais didáticos dos normalistas.................................................................... 459
Analete Regina Schelbauer
[email protected]
Shirlei Terezinha Roman Guedes
[email protected]
Auxiliar de sala é professor? Dilemas da profissionalização
docente na educação infantil............................................................................ 461
Luciana Mara Espíndola Santos
Prefeitura Municipal de Florianópolis
[email protected]
Condições de trabalho docente no estado do Rio de Janeiro no
contexto das reformas educacionais das últimas décadas............................. 462
Amanda Aoreira da Silva
[email protected]
Conferências Pedagógicas no século XIX: a circulação do modelo.............. 464
Daniel Cavalcanti de Albuquerque Lemos
[email protected]
Construindo o seu quadro docente:
as primeiras gerações de professores do Colégio de Pedro II........................ 466
Ana Waleska Pollo Campos Mendonça - PUC-Rio
[email protected]
Fernando Rodrigo dos Santos Silva (Doutorando – PUC-Rio)
[email protected]
Luciana Borges Patroclo (Doutoranda – PUC-Rio)
[email protected]
Renata dos Santos Soares (Doutoranda – PUC-Rio)
[email protected]
Representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 nos
manuais de história da educação publicados em coleções (1933-1945)..............467
Orlando José de Almeida Filho
[email protected]
Curso de especialização e aperfeiçoamento:
análise do decreto nº 2.539/1931 para a formação de
professores em Niterói................................................................................... 469
Ariadne Lopes Ecar
Universidade de São Paulo
[email protected]
Do “despreparo” à “recuperação”:
a identidade do professor primário em Mato Grosso na década de 1960......470
Márcia Santos Ferreira
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
[email protected]
Ensino mútuo no Brasil: circulação e permanência a partir de
um estudo de caso.............................................................................................. 472
Alcides Caetano da Silva Junior
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
[email protected]
Entre a religião e a laicidade:
incursão nas memórias de professores catarinenses dos anos 1960............. 473
Marilândes Mol Ribeiro de Melo
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Rafaela Azevedo de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Escola Normal de Caxias-MA: formação docente, práticas e
saberes de “Tia Miroca” a guardadora das memórias da princesa do sertão....475
Salânia Maria Barbosa Melo
Professora do Curso de História da UEMA-Caxias e da UESPI
Doutora em Educação pela UFC. Em Estágio Pós-Doutoral na UFPB.
Bolsista FAPEMA.
[email protected]
Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul:
modelo católico de formação docente............................................................ 476
Maria Irinilda da Silva Bezerra
Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
Heloísa de Oliveira Santos Villela
Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
Escolas Católicas e o Curso Normal:
um olhar sobre a formação das professoras.................................................. 478
Maria Nahir Batista Ferreira
Universidade Estadual do Ceará - UECE
[email protected]
Antonio Germano Magalhães Júnior
Universidade Estadual do Ceará - UECE
[email protected]
Experiência docente de uma mestra de meninas Paranaguá 1835-1851..... 479
Fabiana Garcia Munhoz - USP
[email protected]
Formação e atuação de normalistas Mato-grossenses:
a trajetória de Maria Constança Barros Machado........................................... 481
Gilberto Abreu de Oliveira
[email protected]
Ademilson Batista Paes
[email protected]
Formação identitária do professor alfabetizador na formação continuada:
uma análise histórico-sociológica...................................................................... 482
Fernanda Izidro Monteiro
(PPGE/LEDUC/UFRJ)
[email protected]
Wânia Cristina dos Reis José Balassiano
(PPGE/PROEDES/UFRJ)
[email protected]
Formando profissionais para a indústria:
os primeiros professores da Escola Técnica Nacional...................................... 484
Tereza Fachada Levy Cardoso
[email protected]
Fran Paxeco, Lenthe da revitalização pedagógica moderna e
organizador do 1º Congresso Pedagógico do
Estado do Maranhão em 1920.......................................................................... 485
Rosângela Silva Oliveira
Doutoranda em Educação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
História da formação de professores em São Paulo (1875-1894)................. 486
Tatiane Tanaka Perez
Universidade de São Paulo
[email protected]
História de vida de professoras migrantes na fronteira................................. 488
Maria das Graças Campos
UERJ/PPFH
Histórias de vida-formação:
interfaces com a história da educação na Bahia............................................ 489
Joselito Brito de Almeida
[email protected]
Histórias de vida e profissão docente:
quando engenheiros tornam-se professores.................................................. 490
Francisco das Chagas Silva Souza - PPGEP
[email protected]
Albino Oliveira Nunes
Professor do IFRN
[email protected]
Igreja católica e formação de professores em
São Paulo a Escola Normal Livre Sagrado Coração de Jesus (1943)............ 492
Leila Maria Inoue
[email protected]
Inscritas em linho branco: os concursos públicos para candidatas
as vagas das escolas mistas e femininas de São Paulo (1893 – 1897)........... 493
Rosiley A. Teixeira
Universidade Nove de Julho – SP
[email protected]
Mais escolas, mais professores: história da constituição do
corpo docente de ensino secundário no Piauí (1950 – 1970)........................ 495
Antonio de Pádua Carvalho Lopes
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Manuais didáticos formando professores de história..................................... 496
Antonio Simplicio de Almeida Neto
[email protected]
Movimento escolanovista e formação de professores no Espírito Santo:
Attílio Vivacqua, Deodato de Moraes e Adolphe Ferrière............................. 498
Regina Helena Silva Simões
[email protected]
Rosianny Campos Berto
[email protected]
Universidade Federal do Espírito Santo
Muitos fios e poucas opções: a profissão docente em
Araguari no Estado Novo.................................................................................. 499
Gilma Maria Rios
UNIPAC/Araguari- MG e CESUC/Catalão – Go
[email protected]
Mulheres negras no magistério da Bahia do século XIX - as aspirantes
ao Internato Normal.......................................................................................... 501
Ione Celeste Jesus de Sousa
[email protected]
O Conservatório Nacional de Canto Orfeônico como
instituição modelo e a experiência no Paraná................................................. 502
Wilson Lemos Junior (IFC / PUC-PR)
[email protected]
Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR)
[email protected]
Narrativas e representações de um percurso docente e de
um ideário educativo estrangeiro nas cartas de uma educadora................ 504
Silmara de Fatima Cardoso
[email protected]
O curso de férias para professoras leigas em Mato Grosso na
década de 1960................................................................................................... 505
Rômulo Pinheiro de Amorim
Universidade Federal de Mato Grosso
[email protected]
O curso de pedagogia da UFPR:
um pouco de sua história mediante a presença de seus paraninfos nas
cerimônias de colação de grau nas últimas três décadas............................... 507
Leziany Silveira Daniel
Universidade Federal do Paraná
[email protected]
O curso normal regional de Pau dos Ferros (RN):
a inauguração da formação docente no Alto Oeste Potiguar (1951-1961)........508
Luciene Chaves de Aquino (UFPB)
[email protected]
Olivia Morais de Medeiros Neta (IFRN)
[email protected]
O lugar do feminino no ensino de primeiras letras no século XVIII e XIX.......510
Vera Maria dos Santos
Universidade Federal de Sergipe – NPGED
[email protected]
Simone Silveira Amorim
Universidade Tiradentes/NPED
[email protected]
Os professores pioneiros do Distrito Federal:
história e memória da profissão docente....................................................... 511
Renata Souza Silva
Faculdade Projeção
[email protected]
Eva Waisros Pereira
Universidade de Brasília
[email protected]
Por uma história da profissão docente vista de baixo: modos de educar,
práticas escolares e cultura escolar no território Sul Sergipano (1930-1950)... 513
Raylane Andreza Dias Navarro Barreto -UNIT-PPED
[email protected]
Laísa Dias Santos - UNIT -PROBIC
[email protected]
Luzianne dos Santos - UNIT -PROVIC
[email protected]
Rony Rei do Nascimento Silva - UNIT –CNPQ
[email protected]
Professores inesquecíveis docência e prestígio no Instituto de
Educação do Rio de Janeiro dos anos 1950-60............................................... 514
Sonia de Castro Lopes
Faculdade de Educação
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
[email protected]
Professora Julia Wanderley,
um mito na feminização do
magistério paranaense (1874 - 1918)................................................................ 516
Silvete Aparecida Crippa Araujo – UFPR
[email protected]
Queixas de comportamento e desempenho das professoras da
Escola Primária de Minas Gerais (1889-1907): tensões sociais no
processo de feminização do magistério........................................................... 517
Talita Barcelos Silva Lacerda
Universidade Federal de Minas Gerais/FAE/GEPHE
[email protected]
Reflexões sobre a formação de professores do ensino secundário nos
anos 1920-30 no Brasil........................................................................................ 519
Maria Cristina Ferreira dos Santos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
Representações do bom professor primário nas memórias de
professores aposentados da rede Estadual de Ensino de
Santa Catarina década de 1970......................................................................... 520
Marilândes Mol Ribeiro de Melo
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Ione Ribeiro Valle
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Representações oficiais sobre os professores capixabas no Século XIX:
“oportunista, inábil, preguiçoso” (?)................................................................ 522
Karen Calegari dos Santos
Universidade Federal do Espírito Santo
[email protected]
Roberto Faria um lorde camponês na educação............................................. 523
Marilene Alves Maia
[email protected]
Saberes docentes nos relatos orais e a ressignificação do mito político:
Tancredo de Almeida Neves.............................................................................. 525
Raína de Castro Ferreira
[email protected]
Tiago Saraiva de Sabóia
[email protected]
Ser professor na província piauiense no período imperial............................. 526
Jose Carlos Souza Araujo
Ser professor normalista segundo os anais da
Conferência Interestadual de Ensino Primário de 1921................................. 528
Jose Carlos Souza Araujo
Tematizações de professores paulistas sobre a arte da leitura,
no século XIX....................................................................................................... 529
Franciele Ruiz Pasquim.
Mestranda em Educação (Bolsa FAPESP).
FFC-UNESP- Marília/SP
[email protected]
Trabalho docente, gênero e poder em denúncias e
defesas públicas da década de 1880................................................................. 531
Clarice Nascimento de Melo
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Trajetórias profissionais de diretoras................................................................ 532
Maria das Dores Cardoso Frazão
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Uma biblioteca para formação de professores, circulação de saberes
pedagógicos entre professores e alunos da Escola Normal........................... 534
Gizelma Guimarães Pereira Sales
[email protected]
Um pioneiro de múltiplas funções – Pelotas (1879-1898).............................. 535
Maria Angela Peter da Fonseca – UFPel
[email protected]
Elomar Antônio Callegaro Tambara – UFPel
[email protected]
Liceus e Escolas Normais em evidência no jornal “O fluminense” – 1894.......537
Ariadne Lopes Ecar
Universidade de São Paulo
[email protected]
Excursões escolares e formação de professores na primeira república......... 538
Carlos Augusto de Amorim Cardoso
(UFPB/UERJ)
[email protected]
A institucionalização do ensino primário em São João Del-Rei, MG:
escolarização e concepção de ensino (1898-1910).......................................... 540
Maria Aparecida Arruda
Universidade Federal de São João del-Rei/UFSJ
[email protected]
Aos leitores dos jornais da Paraíba e do Rio de Janeiro,
notícias sobre os professores dos Liceus no império....................................... 541
Fabiana Sena - UFPB
[email protected]
Eixo 6..............................................................................................543
“Associações auxiliares” - vestígios de apropriações escolanovistas em
grupos escolares de Florianópolis e Brusque - SC (1947 e 1951).................... 544
Fernanda Ramos Oliveira Prates – UDESC
[email protected]
Gladys Mary Ghizoni Teive – UDESC
[email protected]
“Cantando espalharei por toda a parte” – propostas para o
ensino da música nas escolas públicas, nas décadas de 1960 e 1970............ 545
Vera Lucia Gomes Jardim – UNIFESP
[email protected]
“Tão próximo e tão distante”: um estudo comparado do ensino secundário
nas cidades de Pelotas e Rio Grande/RS (décadas de 1870 a 1910)......................547
Giana Lange Do Amaral – UFPEL
[email protected]
Hardalla Santos do Valle – UFPEL
[email protected]
A “área” da geografia no curso de Geografia e História da
Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe (1951-1962)................................ 548
João Paulo Gama Oliveira – UFS
[email protected]
A cadeira de religião no
Curso Normal de Sergipe (1870-1900).............................................................. 550
Eva Maria Siqueira Alves – UFS
[email protected]
Simone Paixão Rodrigues – UFS
[email protected]
A cultura material escolar e as memórias de docentes de geografia entre
1960 e 1989 em Curitiba: vestígios da história das disciplinas escolares..............551
Márcio Willyans Ribeiro – PUC/PR
[email protected]
Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR
[email protected]
A disciplina de Biologia educacional no curso de magistério da
Escola Dom Bosco do Distrito de Indápolis, município de
Dourados (1977 a 2000).................................................................................... 553
Rozangela Soares Grangeiro Borges – UFGD
[email protected]
A disciplina economia doméstica e sua relação com a normalista dos
anos 1950 no Instituto Sagrado Coração de Jesus da
cidade de Estância-Sergipe................................................................................ 554
Rogério Freire Graça
[email protected]
A escolarização segundo Proust: distinção e modernidade........................... 556
Elisabete Zardo Búrigo – UFRGS
[email protected]
A matemática do colégio: livros didáticos e história de uma disciplina escolar........557
Francisco de Oliveira Filho – UNIBAN
[email protected]
A matemática na disciplina de Metodologia e Prática do Ensino na
Escola Normal Caetano de Campos.................................................................. 559
Adauto Douglas Parré – UNIFESP
[email protected]
Maria Célia Leme da Silva – UNIFESP
[email protected]
A produção científica acerca da história do ensino de
língua portuguesa no Brasil............................................................................... 560
Danilo Morais Lima – UEMS
[email protected]
Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS
[email protected]
A trajetória da ginástica no currículo do ensino público primário
paranaense (fim do século XIX e início do século XX).................................... 562
Diogo Rodrigues Puchta – UFMG
[email protected]
Análise da configuração textual de “linguagem nas classes adiantadas”,
de A. F. Proença (1880-1946) e a história da alfabetização no Brasil............ 563
Monalisa Renata Gazoli
[email protected]
As instruções públicas para os professores régios e o ensino de
língua latina durante o período pombalino.................................................... 564
Sara Rogéria Santos Barbosa – UFS
[email protected]
Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho – UFS
[email protected]
As múltiplas possibilidades que o processo educativo oportuniza nos
vários contextos, e muito além do espaço escolar.......................................... 566
Miriam Ferreira de Matos
[email protected]
As práticas curriculares e concepção de história no livro da série Braga:
um estudo do compêndio no início da república brasileira........................... 568
Roseane Maria de Amorim – UFAL
[email protected]
Aspectos teórico-metodológicos das pesquisas em história das disciplinas escolares:
um estudo preliminar para uma história das disciplinas de didática nas
instituições de formação de professores no Brasil (1827-2011)................................569
Rosane Michelli de Castro – UNESP
[email protected]
Elieuza Aparecida de Lima – UNESP
[email protected]
Avaliação na escola primária graduada: prescrições nas páginas dos
regimentos internos dos grupos escolares (Santa Catharina - 1911 e 1914).......571
Carolina Ribeiro Cardoso da Silva – UDESC
[email protected]
Breve panorama da língua inglesa na legislação imperial brasileira
(1809-1828).......................................................................................................... 572
Marcle Vanessa Menezes Santana – UFS
[email protected]
Cultura escolar e disciplina na formação de professores em Minas Gerais:
a Escola Normal de Montes Claros (1888-1903)............................................... 574
Wenceslau Gonçalves Neto – UFU
[email protected]
Ensino de história e educação moral: relações internacionais e
representações pacifistas no período entre guerras..................................... 575
Juçara Luzia Leite
Estatística educacional na Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras da U S P processos de consolidação de uma disciplina................... 577
Martha R. I. Santana da Silva – UNIFESP
[email protected]
Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP
[email protected]
História da Escola Geraldino Neves Correa do Distrito da Picadinha,
município de Dourados (1974-1996)................................................................. 578
Clovis Irala – UEMS
[email protected]
História do ensino de história no Brasil no século XXI:
mapeamento da produção acadêmica recente............................................... 580
Rodolfo Calil Bernardes – PUC/SP
[email protected]
Literatura Infantil: de saber comum à invenção como disciplina.................. 581
Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR
[email protected]
Gladiomar Saade de Castilhos – PUC/PR
[email protected]
Livros didáticos de espanhol publicados no Brasil (1920-1960)..................... 582
Anselmo Guimarães – UFS
[email protected]
Memórias da cultura estudantil tijucana:
Ituiutaba-MG (décadas de 1950 e 1960)....................................................... 584
Isaura Melo Franco – UFU
[email protected]
Sauloéber Tarsio de Souza – UFU
[email protected]
Missão pedagógica paulista em Goiás.............................................................. 585
Ana Maria Gonçalves – UFG
[email protected]
Selma Martines Peres – UFG
[email protected]
Modelos pedagógicos, formação docente e práticas escolares.
O ensino de Educação Física na cidade de Belo Horizonte (1947-1977)...........587
Meily Assbú Linhales – UFMG
[email protected]
O carvalho para a sombra e os frutos do amanhã:
as aulas de matemática no ginásio Mairi (1967 – 1975)............................... 588
Joubert Lima Ferreira – UFBA/UEFS
[email protected]
O corpus africano na história e no ensino da matemática:
práticas e sentidos da/na operação historiográfica......................................... 590
Gustavo Henrique Araújo Forde – UFES/IFES
[email protected]
O ensino da disciplina didática na formação de
professores no curso normal em Paranaíba/MS (1964- 1971)........................ 591
Noely Costa Dias Garcia – UEMS
[email protected]
Milka Helena Carrilho Slavez – UEMS
[email protected]
O problema da disciplina filosofia ou onde, quando e como ensiná-la:
reflexões sobre o seu lugar no currículo da escola moderna......................... 593
Gilson Ruy Monteiro Teixeira – UESB
[email protected]
Os cadernos MEC de história e matemática: dispositivos pedagógicos e
constituição da cultura escolar.......................................................................... 594
Juliana Miranda Filgueiras – UNIFESP
[email protected]
Os Congressos Brasileiros de História da Educação e as culturas escolares:
tessituras dos eixos temáticos e suas produções (2000-2011)........................ 596
Olivia Morais de Medeiros Neta – IFRN
[email protected]
Marlúcia Menezes de Paiva – UFRN
[email protected]
Permanências e descontinuidades na matemática da
escola primária do Paraná (1940-1960)............................................................ 597
Mariliza Simonete Portela – UNESPAR
[email protected]
Poesia na escola e educação da sensibilidade - o papel dos
livros didáticos..................................................................................................... 599
Suzete de Paula Bornatto
[email protected]
A presença norte-americana na constituição do projeto formador das
associações cristãs de moços brasileiras (1893-1929)....................................... 600
Anderson da Cunha Baía – UFV
[email protected]
Saberes elementares matemáticos no curso primário nos
estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe................................ 602
Ivanete Batista dos Santos
[email protected]
Maria Célia Leme da Silva
[email protected]
Neuza Bertoni Pinto
[email protected]
Wagner Rodrigues Valente
[email protected]
Saberes para formar mulheres em professoras:
na Escola Normal da Bahia entre 1890 a 1914................................................. 603
Debora Magali Miranda Vieira – UFBA
[email protected]
Sara Martha Dick – UFBA
[email protected]
Trajetória histórica da disciplina “história da educação” nos cursos normais
mineiros: da institucionalização a fragmentação (1928 a 1963)........................... 605
Rosângela Maria Castro Guimarães – UFU [email protected]
Décio Gatti Junior – UFU [email protected]
Um estudo sobre a disciplina “teoria e prática da escola primária” no
curso de pedagogia (1962-1969)....................................................................... 606
Viviane Lovatti Ferreira – PUC/SP
[email protected]
Laurizete Ferragut Passos – PUC/SP
[email protected]
Eixo 7..............................................................................................608
“A preencher cabalmente os fins a que foi creada”:
formulação e constituição da caixa escolar em Minas Gerais (1879-1911)......609
Priscilla Nogueira Bahiense – FAPEMIG/UFMG
[email protected]
“A voz de Santa Teresa”: periódico de orientação pedagógica.................... 610
Tania Maria Rodrigues Lopes – FACED/UFC
[email protected]
“Nenhum bicho barbado se atreveu a manter a disciplina”:
o debate sobre a indicação de Esther Pedreira de Mello para a
direção da Escola Normal do Distrito Federal (1920-1923)............................ 612
Heloisa Helena Meirelles dos Santos – UERJ
[email protected]
“Um meio de vida decente para os futuros dias”:
a Companhia de Aprendizes Marinheiros de Sergipe.................................... 613
Solyane Silveira Lima – UFMG
[email protected]
A conquista do ensino superior em Mato Grosso: história e memória......... 614
Renata Neves Tavares de Barros Freitas – UFMT
[email protected]
A constituição do sujeito em gênero escolar de leitura da década de 50........616
Raimunda Dias Duarte – UFP
[email protected]
A criação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-SP:
resgate por meio das notícias da imprensa do
Estado de São Paulo (1975-1976)...........................................................................617
Édison Trombeta de Oliveira - FCT/UNESP
[email protected]
Arilda Inês Miranda Ribeiro - FCT/UNESP
[email protected]
A Educação dos Sentidos e a concepção de educação dos irmãos
maristas entre os anos de 1865 a 1931: O Guide des Ècoles como
instrumento metodológico................................................................................ 619
Paula Maria de Assis – PUC/SP
[email protected]
A educação em São Félix do Araguaia:
Ginásio Estadual do Araguaia - GEA (1968 - 1973)..................................................620
Maria Teresinha Fin – SEDUC/MT
[email protected]
A educação escolar de Aprendizes de Artífices
(Rio Grande do Norte, 1910-1936).................................................................... 621
Francisco Carlos Oliveira de Sousa – PPGED/UFRN
[email protected]
A educação feminina nos colégios religiosos e
as leituras aconselháveis e desaconselháveis para a mulher.......................... 623
Miguel André Berger - UNIT
[email protected]
A educação na congregação das filhas de Santa Teresa de Jesus:
um resgate histórico das Instituições Teresianas na Região do Cariri........... 624
Ivaneide Severo Goiana – SEE/PE
[email protected]
Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA
[email protected]
A educação promovida pelas filhas do amor divino em Caicó
(1925 - 1941)........................................................................................................ 626
Alexandre Remo Miranda de Araújo – UFRGN
[email protected]
A educação universitária da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Natal (Rio Grande do Norte, 1957-1967)......................................... 627
Isaac Terciano Mendonça Ferreira – PPGED/UFRN
[email protected]
A escola Azevedo Sodré no contexto dos anos 1920:
tempos e espaços educativos na modernização da capital............................ 629
Pedro Paulo Hausmann Tavares – UFRJ
[email protected]
A Escola Industrial de Natal e a constituição do
seu quadro docente (1942-1968)....................................................................... 630
Maria da Guia de Sousa Silva – IFRN
[email protected]
A escola Normal da Província do Grão-Pará no império................................ 632
Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França – UFEP
[email protected]
A escolarização e a profissionalização como prática educativa na
“ressocialização” de jovens em conflito com a lei privados de liberdade.......633
Lia Machado Fiuza Fialho – UFC
[email protected]
A estrutura administrativo-burocrática da instrução pública paulista
instituída no final da década de 1890.............................................................. 635
Marco Antonio Rodrigues Paulo – UFGD
[email protected]
A experiência do SENAI na formação de técnicos de nível secundário........ 636
Wojciech Andrzej Kulesza – UFP
[email protected]
A formação da mão de obra para o trabalho agrícola:
os ofícios na Escola Agrícola de Urutaí-GO (1960 - 1976)............................... 638
Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG
[email protected]
A formação do cidadão: moralidade laica nas práticas educativas do grupo
escolar “João dos Santos” (São João Del-Rei, Minas Gerais, 1930-1946) ............639
Adélia Carolina Bassi
[email protected]
Christianni Cardoso Morais
[email protected]
A história do CAIC Paulo Dacorso Filho a educação integral em Seropédica.....640
Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho – UFRRJ
[email protected]
A implantação da Escola Confessional Presbiteriana em
Chapada dos Guimarães (1923-1948)............................................................... 642
Lucas Paulo de Freitas – UFMT
[email protected]
Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT
[email protected]
A implantação e expansão da Escola Normal no
sul do Mato Grosso (1930-1970)........................................................................ 643
Caroline Hardoim Simões – UFMS
[email protected]
Luciana Belissimo de Carvalho – UFMS
[email protected]
Margarita Victoria Rodríguez – UFMS
[email protected]
Silvia Helena Andrade de Brito – UFMS
[email protected]
A inserção do rádio educativo na modernidade brasileira:
a Universidade do Ar em questão..................................................................... 645
Maria Helena Cicci Romero – UFU
[email protected]
A invasão aérea da capital carioca:
esforços para a legitimação do recenseamento escolar de 1927.................. 646
José Cláudio Sooma Silva – UFRJ
[email protected]
A organização do trabalho escolar da Escola Estadual Nilza de
Oliveira Pipino na década de 1970.................................................................... 647
Josiane Brolo Rohden – UFMT
[email protected]
Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT
[email protected]
A política higienista no Pará da Belle Époque e
a proteção à infância pobre em 1912............................................................... 649
Laura Maria Silva Araújo Alves – UFP
[email protected]
A prática educativa em instituições primárias (Santa Catarina, 1911-1945):
“tradicional” ou “escolanovista”?..............................................................................650
Ana Paula da Silva
[email protected]
Joseilma Lima Coelho – UFSC
[email protected]
A presença dos ideais educacionais de John Dewey na
antiga Escola Normal Secundária de São Carlos – SP...................................... 652
Adélia Carolina Bassi – UFMG
[email protected]
Christianni Cardoso Morais – UFMG
[email protected]
A produção acerca da história das instituições educacionais em Sergipe........653
João Paulo Gama Oliveira
[email protected]
A reconstrução da história de uma instituição de educação superior a
partir de relatos dos colaboradores.................................................................. 654
Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira – PUCPR
[email protected]
A relação do ensino técnico na vida dos alunos da
Escola Rosa Perrone Scavone – Itatiba/SP..................................................... 656
Anderson Wilker Sanfins
[email protected]
A relação do público e do privado na gênese da Escola Rotary no
interior das geraes no município de Ituiutaba – MG (1950-1960)................. 657
Josiane Aparecida Marçal – UFU
[email protected]
A socialização religiosa de um colégio católico no
Rio de Janeiro dos anos 1950: as razões da distinção.............................................659
Miriam Waidenfeld Chaves – UFRJ
[email protected]
A Universidade de Coimbra reformada............................................................ 660
Cristiane Tavares Fonseca De Moraes Nunes
[email protected]
Alimentação escolar e Educação Física num colégio interno masculino na
década de 40: um remédio universal capaz de eliminar muitos males............662
Roseli Bilobran Klein – UNICAMP
[email protected]
Analfabetismo e precariedade da escola pública nos anos 50:
um estudo da gênese escolar no interior das geraes...................................... 663
Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – UFU
[email protected]
Fernanda Coelho Peres – UFU
[email protected]
Análise histórica da influência da Faculdade Triângulo Mineiro (FTM) na
formação de bacharéis em Administração e Contabilidade:
décadas de 1970 a 2000..................................................................................... 664
Marli Auxiliadora da Silva – UFU
[email protected]
Análise histórica das práticas educativas da
Escola Rivadávia Corrêa de 1913 a década de 1950........................................ 666
Angela Maria Souza Martins – UFRJ
[email protected]
As ações de associativismo estudantil para assistência ao
estudante pobre na Universidade de Minas Gerais (1912-1936)................... 667
Alice Conceição Christófaro – UFMG
[email protected]
As associações estudantis no Atheneu sergipense do século XIX.................. 669
Simone Paixão Rodrigues – UFS
[email protected]
As contribuições de Peter Ramus à escola moderna....................................... 670
Patricia Aparecida Bioto Cavalcanti – PUC/SP
[email protected]
As mudanças no estatuto e regimento geral da UFRRJ no
período de 1970-2011: novas políticas e novos rumos para a instituição..... 672
Aline Nunes Ferreirinha de Souza – UFRRJ
[email protected]
Celia Regina Otranto
[email protected]
Os órfãos sociais dos Colégios das Irmãs:
as escolas gratuitas nos colégios confessionais católicos no século XX............673
Samara Mendes Araújo Silva
[email protected]
As práticas educativas na Escola de Aprendizes Artífices de
Minas Gerais (1910-1942)................................................................................... 675
Bernadetth Maria Pereira – UNICAMP
[email protected]
As raízes do ensino secundário público na
província das Alagoas......................................................................................... 676
Ivanildo Gomes dos Santos
[email protected]
Aspectos do americanismo no ensino ginasial brasileiro:
os Ginásios Polivalentes...................................................................................... 678
Nilton Ferreira Bittencourt Junior
[email protected]
Aspectos históricos do ensino superior em Mato Grosso............................... 679
Luiz Rodrigues – UFMT
[email protected]
Vanusa Aparecida Almeida – UNEMAT
[email protected]
Biblioteca Municipal de Feira de Santana – 1890 – 1962............................... 681
Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima
[email protected]
Grupo Escolar Modelo Augusto Severo (Natal/RN, 1908-1920):
história e práticas................................................................................................ 682
Francinaide de Lima Silva
[email protected]
Casa de ciência, casa de educação:
ações educativas do Museu Nacional (1818 – 1935)....................................... 684
Paulo Rogério Marques Sily – UERJ
[email protected]
Casa, armazém e escola: “civilizar o rural”– memórias de práticas em
torno da aula pública municipal no Morro dos Bois/RS (1933-1952)............ 685
José Edimar de Souza – UNISINOS
[email protected]
Catequese e instrução:
na fronteira das possibilidades para índios e desvalidos................................ 687
Daiane Gomes De Oliveira – UNEMAT
[email protected]
Dimas Santana Souza Neves – UNEMAT
[email protected]
Cem anos de vida, vinte e seis de docência: entre a escola,
reformas educacionais e resistências................................................................ 688
Ilka Miglio De Mesquita
[email protected]
Laisa Dias Santos
[email protected]
Luzianne dos Santos
[email protected]
Raylane Andreza dias Navarro Barreto
[email protected]
Centro de memórias da Escola Técnica Estadual Sylvio de Mattos Carvalho:
uma contribuição historiográfica...............................................................................690
Carlos Alberto Diniz
[email protected]
Colégio Estadual da Polícia Militar da Bahia:
formando brasileiros e soldados (1957-1972).................................................. 691
Andréa Reis de Jesus – UFBA
[email protected]
Colégio Estadual de Olinda (CEO) – alguns fragmentos de
sua história nos anos 1960................................................................................. 692
Cristiane Souza de Menezes – UFPE/UFPB
[email protected]
Colégio Metodista Izabela Hendrix (1904-1935):
resgate e organização dos documentos históricos.......................................... 694
Reginaldo Leandro Plácido – CEUNIH
}Plá[email protected]
Wesley Jesus dos Santos – CEUNIH
[email protected]
Colégio Regina Coeli: de escola confessional à escola comunitária.............. 695
Marina Matiello – UCS
[email protected]
Colégio salesiano e escola estadual Santa Teresa em Corumbá:
o convênio celebrado entre os salesianos e o estado de
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (1972-1987)............................................. 697
Celeida Maria Costa de Souza e Silva – UCDB
[email protected]
Colégio São Carlos: história de uma instituição escolar feminina em
Caxias do Sul, RS (1936 – 1971)........................................................ 698
Valéria Alves Paz
Universidade de Caxias do Sul
Como se deveria fazer e como era feito:
os manuais de ensino mútuo e a prática cotidiana nas escolas de
primeiras letras na Bahia (1836- 1852)............................................................. 699
José Carlos de Araujo Silva – UEBA
[email protected]
A companhia de Jesus e a pedagogia da vigilância:
um estudo da prática pedagógica jesuítica a partir de
documentos raros da América portuguesa do século XVI............................. 701
Marcos Roberto de Faria – UNIFAL
[email protected]
Corpo e educação no escotismo: um estudo a partir do
pensamento de Baden-Powell (1908-1941)..................................................... 702
Carlos Herold Junior – Unicentro/Guarapuava/PR
[email protected]
Cuidar e educar: o CEIM Maria de Nazaré de
Dourados-MS de 1983 a 2010............................................................................ 704
Maria de Lourdes dos Santos – UFGD
[email protected]
Cultura escolar e modernidade educacional na
escola doméstica de Natal-RN (1914-1945)...................................................... 705
Andréa Gabriel Francelino Rodrigues
[email protected]
Da prescrição à realização: os colégios elementares como um
novo modelo de escola primária no Rio Grande do Sul (1909 – 1927)......... 706
Terciane Ângela Luchese – UCS
[email protected]
Das aulas avulsas ao Lyceu provincial: as primeiras configurações da
instrução secundária na província da Parahyba do Norte (1836-1884)........ 708
Cristiano De Jesus Ferronato
[email protected]
Das escolas isoladas ao grupo escolar: a organização da educação no
município de Ituiutaba, Minas Gerais (1889-1910).......................................... 709
Ana Emília Cordeiro Souto Ferreira – UFU
[email protected]
Carlos Henrique de Carvalho – UFU
[email protected]
Nicola José Frattari Neto – UFU
[email protected]
De Escola Normal a Instituto de Educação Sarah Kubitscheck:
memória e monumentalização no sertão carioca (1959-1974)...................... 711
Luciana Felippe Cardoso – PUC/RIO
[email protected]
Diplomacia e história da educação:
o caso do Institute of International Education (1919-1946)........................... 712
Márcio Mello Pessoa
[email protected]
Diretrizes para o uso pelos senhores professores do
“Método Português” de Antônio de Castilho................................................. 714
Cesar Augusto Castro
[email protected]
Disseminando saberes:
o Grupo Escolar de um bairro operário............................................................ 715
Valdelice Borghi Ferreira – Uniso/SP
[email protected]
Dissensão, imbricação e convergência nas propostas de
educação integral de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro..................................... 717
Edilson de Souza – UERJ
[email protected]
Do Museu da Quinta da Boa Vista ao Museu do Palácio do Ipiranga:
a invenção do museu social republicano nas experiências de
geração de Edgard Roquette-Pinto e Affonso E. Taunay (1917-1939).......... 718
Jorge Antonio Rangel Fidel – NIPHEI/UERJ
[email protected]
E, tudo começou alí, naquela salinha de chão batido! – considerações
sobre a história da primeira instituição escolar de Sinop-MT (1973-1979)......720
Josiane Brolo Rohden – UFMT
[email protected]
Educação católica em Goiás (GO):
irmãs dominicanas e a instrução de meninas no Colégio Sant´anna............ 721
Kênia Guimarães Furquim Camargoi – UFMS
[email protected]
Ademilson Batista Paes – UFMS
[email protected]
“Educação em foco”: a Escola 20 de Julho nas páginas do
Álcalis Jornal no período de 1969 a 1974 – uma retrospectiva na
história da educação de Arraial do Cabo (RJ).................................................. 723
Márcia Simões Mattos – UCP/RJ
[email protected]
Educação protestante: debate e repercussão na
imprensa no final do século XIX........................................................................ 724
Thais Gonsales Soares – UMP
[email protected]
Educação secundária confessional e laica no sul de Mato Grosso:
Colégio Imaculada Conceição e Liceu campograndense................................ 726
Stella Sanches de Oliveira – UFMS
[email protected]
Em nome da ordem: as escolas municipais de primeiro grau na
cidade de São Paulo na época da ditadura militar (1964-1985).................... 727
Helenice Ciampi – PUC/SP
[email protected]
Alexandre Pianelli Godoy – UNIFESP
[email protected]
Ensino Comercial no Vale do Mamanguape – PB:
o olhar sobre duas instituições educativas de ensino contábil (1958-1997)........729
José Jassuipe da Silva Morais – UFPB/CCAE/GHEC
[email protected]
Luiz Antônio Felix Júnior – UFPB/CCAE/GHEC
[email protected]
Escola Complementar do Comércio de Sete Lagoas:
uma instituição educativa criada para a formação do
trabalhador do comércio................................................................................... 730
Fabio Vasconcelos Lima Pereira – CEFET/MG
[email protected]
Irlen Antônio Gonçalves – CEFET/MG
[email protected]
Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa:
limites e possibilidades na formação de profissionais de
enfermagem em Mato Grosso (1952-1975)..................................................... 732
Lidiana Laura Campos Borralho – UFMT
[email protected]
Escolas isoladas rurais londrinenses (PR):
primeiras reflexões.............................................................................................. 733
Thais Bento Faria – UEL
[email protected]
Escolas profissionais femininas no estado do Rio de Janeiro:
a gênese da “Nilo Peçanha” de Campos (1919-1929)..................................... 735
Silvia Alicia Martínez
[email protected]
Espaços e tempos de grupos escolares capixabas na cena republicana do
início do século XX: arquitetura, memórias e história............................................736
Andrea Brandão Locatelli – PROTEORIA/UFES
[email protected]
Esquerda e folha acadêmica compondo a história do ensino
superior do Maranhão: impressos estudantis lugares de memória..................738
Márcia Cordeiro Costa – UFMA
[email protected]
Estratégias de escolarização: o lugar da escola na sociedade rioclarense...........739
Daniela Cristina Lopes de Abreu – FE/USP
[email protected]
Experiências inovadoras de escolas primárias rurais no
estado de São Paulo: grupos escolares rurais, granjas escolares e
escolas típicas rurais (1933-1968)....................................................................... 741
Agnes Iara Domingos Moraes – UNESP
[email protected]
Explorando o oeste paulista: expansão das escolas primárias isoladas e
a civilização da população da “zona de sertão”............................................. 742
Angélica Pall Oriani – Unesp/Marília
[email protected]
Gênese do atendimento as crianças em instituições infantis no
município de Tubarão/SC (1950-1990).............................................................. 744
Marlise de Medeiros Nunes de Pieri – UNISUL/FUMDES
[email protected]
Grupos Escolares e Escolas Reunidas: a implantação da
escola graduada em Mato Grosso (1927-1945)............................................... 745
Elton Castro Rodrigues dos Santos – UFMT
[email protected]
Higiene e educação física nos projetos da
associação brasileira de educação (1924-1937)................................................ 746
Liliane Tiburcio de Oliveira
[email protected]
História da Universidade Estadual do Piauí: origem e expansão.................. 748
Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira – UFPI
[email protected]
Maria do Amparo Borges Ferro – UFPI
[email protected]
História de uma instituição escolar de ensino secundário no sul de
Mato Grosso: a escola presidente Vargas de Dourados (1958-1971)............ 749
Inês Velter Marques (UFGD)
[email protected]
História e cultura escolar da Escola Rural Mista de Serraria (1956-1970) 751
Maria José dos Santos Provásio – UEMS
[email protected]
Maria Eduarda Ferro – UEMS
[email protected]
História e práticas pedagógicas das professoras:
o Colégio Nossa Senhora das Vitórias em Assú/RN (1927-1937).................... 752
Silvia Helena de Sá Leitão Morais Freire – UERGN
[email protected]
Histórias de instituições educativas, Diamantina/MG:
supressão e reabertura da escola normal oficial de Diamantina (1938-1951).....753
Layane Camposi Soares – UFVJM
[email protected]
Flávio César Freitasi Vieira – UFVJM
[email protected]
Imagens de civismo: os desfiles cívicos em região de colonização recente de
Mato Grosso, em tempos de ditadura militar.................................................. 755
Carlos Edinei de Oliveira – UNEMAT/Barra do Bugres
[email protected]
Implementação e expansão de instituições auxiliares do ensino nos
grupos escolares paraibanos durante o Estado Novo (1937-1945)............... 756
EvelyanneNathaly Cavalcanti de Araújo Silva – PIBIC/UFPB
[email protected]
Antonio Carlos Ferreira Pinheiro – PPGE/UFPB
[email protected]
Indícios da cultura escolar no sudeste goiano: práticas, normas e métodos.758
Aparecida Maria Almeida Barros – PPGEDUC/UFG/Catalão
[email protected]
Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – PPGEDUC/UFG/Catalão
[email protected]
Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG/Catalão
[email protected]
Indícios de leituras na formação de uma normalista:
um olhar ao arquivo de Maria Eulália Cantalice Cavalcanti.......................... 759
Tatiana de Medeiros Santos – PPGE/UFPB
[email protected]
Maria Lúcia da Silva Nunes – PPGE/UFPB
[email protected]
Instituições escolares e práticas educativas:
memórias de imigrantes italianos (1915-1950)................................................ 761
Jordana Wruck Timm – UCS
[email protected]
Milena Cristina Aragão Ribeiro de Souza – UFS
[email protected]
Lúcio Kreutz – UCS
[email protected]
José Aloísio de Campos: um reitor e o surgimento de um campus (1976-1980)...762
Patrícia Francisca de Matos Santos
[email protected]
Justificativas pedagógicas para a invenção dos recreios nas
escolas primárias Paranaenses: o lugar da educação do corpo,
dos sentidos e das sensibilidades no currículo escolar a partir da
experiência de professores................................................................................. 764
Sidmar dos Santos Meurer – UFPR
[email protected]
Marcus Aurélio Taborda de Oliveira – UFMG/CNPq
[email protected]
Leitura das fontes: caracterização da clientela e do espaço instrucional de
primeiras letras na província alagoana.................................................................765
Suzana Lopes de Albuquerque – UFAL
[email protected]
Liceu do Ceará: o retrato das práticas avaliativas........................................... 766
Antonio Germano Magalhães Junior – UECE
[email protected]
Maria de Lourdes da Silva Neta – UVA/UECE
[email protected]
Karolynne Barrozo de Paula – UECE
[email protected]
Vitória Chérida Costa Freire – UECE
[email protected]
Liceu Francês do Rio de Janeiro: o olhar para a escola do outro.................. 768
Ana Luiza Grillo Balassiano – USP
[email protected]
Luiz Antonio dos Santos Lima sob a perspectiva educacional:
higiene mental e educação nas primeiras décadas do séc XX....................... 769
Karoline Louise Silva da Costa – UFRN
[email protected]
Maria Arisnete Câmara de Morais – UFRN
[email protected]
Marinha e império no Brasil: o ensino naval................................................... 771
Simone Vieira de Mesquitai – UFC
[email protected]
Memórias de docentes e discentes:
vivendo a e na escola......................................................................................... 772
Silvânia Santana Costa – PUCRS/UNIT
[email protected]
Meninas órfãs: educação no orfanato “Antonio Lemos” no
Pará no final do século XIX e início do XX....................................................... 774
Antonio Valdir Monteiro Duarte [email protected]
Modelando corpos: a vestimenta escolar na cultura da
escola doméstica de Natal-RN (1914-1945)...................................................... 775
Andréa Gabriel Francelino Rodrigues – IFRN
[email protected]
Na transição rural-urbana, a passagem da escola mista do
Bairro Felipão na história da educação pública campineira.......................... 776
Eliana Nunes da Silva [email protected]
No caminho da roça: o processo de expansão da escola rural em
Mato Grosso (1927-1945)................................................................................... 777
Marineide de Oliveira da Silva – UFMT
[email protected]
Nos impressos pedagógicos: a circulação de práticas de ensino de leitura......779
Neusa Balbina de Souza – UFES
[email protected]
Fernanda Zanetti Becalli – UFES
[email protected]
Novas práticas educativas da Escola Rosa da Fonseca (1938)......................... 780
José Carlos X. Bonfim – UERJ
[email protected]
O campo escolar e a cultura escolar de Pilar do Sul e
a imigração japonesa (1934-1976).................................................................... 782
Adriana Aparecida Alves da Silva – UNISO
[email protected]
Wilson Sandano – UNISO
[email protected]
O Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas:
um vôo para além do céu Pan-americano (1958-1964).................................. 783
Fernando César Ferreira Gouvêa – UFRRJ
[email protected]
O corpo docente e o processo de nacionalização da
Escola Alemã de Vila Mariana em São Paulo................................................... 785
Renan Gonçalves Bressan [email protected]
O debate sobre os grupos escolares nos Congressos Brasileiros de
História da Educação no período de 2000 a 2011........................................... 786
Lidiane Picoli Lima – UFES
[email protected]
Andrea Brandão Locatelli – UFES
[email protected]
O ensino de História no contexto da História da Educação brasileira:
práticas de professores de história no ensino fundamental.......................... 788
Miriã Lúcia Luiz – UFES
[email protected]
O ensino ministrado aos considerados “menores em risco social” no
instituto de preservação e reforma do estado da Bahia (1939 -1947)..............789
Jerusa da Silva Gonçalves Almeida – UESB
[email protected]
O ensino profissional nas mensagens dos presidentes da Paraíba:
1922 -1930........................................................................................ 791
Rosângela dos Santos Silva – UFPB
[email protected]
Rose Mary de Souza Araújo – CE/UFPB
[email protected]
Suenya do Nascimento Costa – UFPB
[email protected]
Patrícia de Oliveira Magalhães – UFPB
[email protected]
O grupo escolar de Itaúna: constituição, trajetórias e memórias.................. 792
Vânia de Araújo Silva – USF
[email protected]
O Grupo Escolar em Lages/Santa Catarina: o discurso da modernidade na
escolarização da infância da Serra Catarinense............................................... 794
Tania Cordova – UDESC
[email protected]
O Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão e
os ideais republicanos - (1930-1950)................................................................. 795
Rosa Maria De Sousa Martins [email protected]
O hospital de crianças de Curitiba. Educação e saúde no
Paraná no início do século XX........................................................................... 796
Claudinéia Maria Vischi Avanzini – UFPR
[email protected]
O instituto disciplinar de Mogi Mirim ou uma história de
violência e abandono do menor....................................................................... 798
Izalto Junior Conceição Matos – UNICAMP
[email protected]
O internato que se tece: dísticos de uma congregação
católica belga em Pernambuco (1894-1945).................................................... 799
Ramsés Nunes e Silva
[email protected]
O jardim de infância em Goiás: educação e civilidade................................... 801
Lara Cariny Celestino Fonseca [email protected]
Selma Martines Peres [email protected]
O lugar do grupo escolar César Bastos no contexto
histórico-educacional de Rio Verde (1947-61)................................................. 802
Maria Aparecida Alves Silvai – UFU
[email protected]
O movimento abolicionista niteroiense, o clube dos libertos e
o projeto de uma creche para filhos de escravos e ex-escravos..................... 803
Heloísa de Oliveira Santos Villela – UFF
[email protected]
O museu escolar na revista A Escola Primaria (1918-1938)............................ 805
Josy de Almeida Santos [email protected]
O percurso da educação de surdos retratado nas
histórias de três instituições públicas de ensino da Paraíba........................... 806
Eleny Gianini – UFCG
[email protected]
O processo educativo das crianças negras no Paraná..................................... 808
Lucia Mara de Lima Padilha – UEPG
[email protected]
Maria Isabel Moura Nascimento – UEPG
[email protected]
Ofícios do diretor: o Instituto de Educação a partir das
correspondências de Lourenço Filho e Anísio Teixeira................................... 809
Anaise Cristina da Silva Nascimento – UERJ
[email protected]
Ordenar e regular a vida da escola:
as ações da inspetoria da instrução no Maranhão (1840-1889).................... 810
Cesar Augusto Castro [email protected]
Organização da escola primária em Paranaíba/MS (1935-1975)................... 811
Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS
[email protected]
Os álbuns de fotografias dos alunos do curso primário do Colégio
Farroupilha (Porto Alegre/RS 1948-1966)......................................................... 813
Alice Rigoni Jacques – PUCRS
[email protected]
Os espaços educativos do Ginásio Paranaense e
Escola Normal (1904-1949)................................................................................. 814
Mariana Rocha Zacharias – UFPR
[email protected]
Os métodos de ensino propostos no livro curso prática de
pedagogia de Jean Baptiste Daligualt e sua relação com a organização
das escolas de primeiras letras em Santa Catarina na década de 1860........ 816
Leonete Luzia Schmidt [email protected]
Olivia Rochadel
[email protected]
Os Programas de Pós-graduação em Educação do norte do Paraná:
algumas considerações....................................................................................... 817
Simone Burioli Ivashita – UEL
[email protected]
Páginas de História do Brasil: Um estudo dos livros escolares de
Manoel Bomfim e Olavo Bilac e Afrânio Peixoto............................................ 819
Gisele dos Santos Oliveira – UERJ
[email protected]
Para além das salas de aula: vivências em um internato masculino nas
memórias de educandos e educadores............................................................ 820
Rita de Cássia de Souza – UFV
[email protected]
Para além do ensino religioso: as práticas religiosas católicas no
interior da escola................................................................................................. 822
Rosana Areal de Carvalho – UFOP
[email protected]
Karla Karoline Pereira – UFOP
[email protected]
Janaína Maria de Souza – UFOP
[email protected]
Wanessa Costa Rodrigues – UFOP
[email protected]
Postos de puericultura: educação e saúde de mães e filhos
(Curitiba 1940 -1942).......................................................................................... 823
Jaqueline dos Santos Rodrigues – UFPR
[email protected]
Práticas de castigos escolares: a palmatória como
símbolo em salas de aula sergipanas................................................................ 825
Milena Aragão – UFS
[email protected]
Práticas educativas no colégio Cajurú em Curitiba (1957- 1972):
a revista Família Cristã como instrumento de inculcação do
ideário ultramontano francês............................................................................ 826
Heloísa Helena Daldin Pereira – UTP/PR
[email protected]
Ariclê Vechia – UTP/PR
[email protected]
Práticas educativas no universo feminino:
a função materna na formação do clero.......................................................... 828
Kelly Lislie Julio – UFMA/UFMG
[email protected]
Processos de ensinar a cuidar:
práticas para civilizar?........................................................................................ 829
Elizabeth Jeanne Fernandes Santos Santana [email protected]
Público e privado:
práticas educativas dos órfão “mais abastados” da
comarca do Rio das Velhas. (1750-1800).......................................................... 830
Talítha Maria Brandão Gorgulho – UFMG
[email protected]
Quem foram os alunos do primeiro grupo escolar de Campinas?
Um percurso pelos livros de matrícula escolar, atas de exames,
registros de notas e promoções nas primeiras décadas do século XX.......... 832
Silvia Regina Cason – Unicamp
[email protected]
Regras de civilidade da Companhia de Jesus e manuscrito da Provincia
Portugueza em circulação na escola apostólica de Baturité-Ceará:
o uso do tempo e a conformação da conduta de jovens noviços................. 833
Maria Juraci Maia Cavalcante – UFC
[email protected]
Romper com a tradição e instalar o ensino intuitivo de matemática:
os documentos dos arquivos da pioneira Escola Americana.......................... 835
Nara Vilma Lima Pinheiro – UFSP
[email protected]
Wagner Rodrigues Valente – UFSP
[email protected]
Sala de aula à sombra da magnólia:
precariedade da escolarização pública em Ituiutaba, MG (1940-60)............ 836
Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – FACIP/UFU
[email protected]
Elizabeth Farias da Silva – UFSC
[email protected]
Sanear pela educação. Teses da Faculdade de
Medicina e Cirurgia de São Paulo, início dos anos 1920................................. 838
Liane Maria Bertucci – UFPR
[email protected]
Sobre as modalidades de ensino nos regimentos da
escola primária do Rio Grande do Norte (1925).............................................. 839
José Mateus do Nascimento – IFRN
[email protected]
Rachel Ribeiro de Oliveira Alves – UFRN
[email protected]
Sociabilidade das práticas educativas e culturais em
Mato Grosso colonial (1748-1822)..................................................................... 841
Nileide Souza – UFMT
[email protected]
Tempo e história: o curso normal do Instituto Estadual de
Educação/SC - década de 1960........................................................................... 842
Karin Sewald Vieira – UDESC
[email protected]
Tornando-se “doutor”: o lugar e o papel das insignias nas
tradições acadêmicas da Universidade de Coimbra........................................ 843
Márcia Terezinha Jerônimo Oliveira Cruz – UFS
[email protected]
Traços da cultura escolar e história do educandário Nossa Senhora Aparecida
(Ipameri- GO-1935 a 1969)...........................................................................................845
Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – UFG/Catalão
[email protected]
Transformações materiais e pedagógicas no Instituto Profissional João
Alfredo (IPJA): Rio de Janeiro -1902-1922........................................................ 846
Maria Zélia Maia de Souza [email protected]
“Um poderoso estímulo de soerguimento nacional”: a realização
do “Projeto Brasil” na escola de educação física da UFMG, 1974................. 848
Fernanda Cristina dos Santos – UFMG
[email protected]
Uma educação para o progresso: narrativas sobre a instalação da
Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, em Mossoró....................... 849
Francisco Das Chagas Silva Souza [email protected]
Uma escola para meninas órfãs e desvalidas em São Cristóvão - SE no
início do século XX.............................................................................................. 851
Josineide Siqueira de Santana – UFS
[email protected]
Uma leitura da inserção do presbiteranismo de origem norte americana
no Brasil na segunda metade do século XIX e início do XX e sua proposta
educacional como estratégia de expansionismo planetário.......................... 852
Ivanilson Bezerra da Silva – USP
[email protected]
Uma narrativa histórica acerca da escola complementar e
da primeira escola normal de Rio Grande/RS (1930-1975):
o prestigioso Colégio Santa Joanna D’arc........................................................ 854
Rita de Cássia Grecco dos Santos - UFRN
[email protected]
Francisco Furtado Gomes Riet Vargas
Colégio Estadual Lemos Júnior
[email protected]
Universidade popular de Piracicaba: a vulgarização do ensino..................... 855
Ana Clara Bortoleto Nery – UNESP
[email protected]
Cesar Romero Amaral Vieira – UNIMEP
[email protected]
Vadiagem, ociosidade e crime: a casa de detenção da corte como espaço
para reeducação de “vadio(a)s” (1870-1889).................................................. 857
Jailton Alves de Oliveira – UERJ
[email protected]
“Vamos à caça”: o Colégio Izabel de Dumbazinho e
a Companhia de Aprendizes Militares em Goiás............................................. 858
Karla Alves Coelho Tertuliano de Barros [email protected]
Wolney Honorio Filho [email protected]
Vestígios da Escola de Educação Física de Minas Gerais nas
práticas educativas em escolas estaduais mineiras (1961-1974).................... 860
Guilherme de Souza Lima Oliveira – FaE/UFMG
[email protected]
Vou à escola ou vou ao ginásio? A Escola Normal de Feira de Santana e
o Ginásio Santanópolis nas páginas do Jornal Folha do Norte (1918 - 1940).....861
Daiane Silva Oliveira
[email protected]
Ione Celeste Jesus De Sousa [email protected]
Wilhelm Von Schaumburg-lippe:
um notável pedagogo militar............................................................................ 863
Maria Luiza Cardoso – UNIFA
[email protected]
A educação da juventude no Colégio Atheneu de Natal
(Rio Grande do Norte, 1835-1889).................................................................... 864
Marta Maria de Araújo – UFRN
[email protected]
Educação doméstica e escolaridade formal no Rio de Janeiro oitocentista.......866
Maria Celi Chaves Vasconcelos – UERJ/UCP
[email protected]
As escolas primárias rurais da Colônia Hansa: Santa Catarina(1897-1930)......867
Ademir Valdir dos Santos – UFSC
[email protected]
A Deutsche Schule de Curitiba de 1867 a 1889:
do evangelho à germanidade........................................................................... 869
Ariclê Vechia – UTP
[email protected]
O ensino secundário e a formação das elites na Morada do Sol
(Araraquara - SP, 1911 - 1950)............................................................................ 870
Rosa Fátima de Souza – UNESP/Campus Marília
[email protected]
A incorporação de modelos e referências externos à prática da
assistência à infância em Ribeirão Preto (1917-1952)..................................... 871
Sérgio César da Fonseca – USP
[email protected]
Sociedade em movimento ou revolução burguesa em curso?
Educação, civilização e implementação capitalista no interior paulista....... 873
Marcelo Augusto Totti – Unesp/Marília
[email protected]
Por uma história dos Congressos Brasileiros de
História da Educação (2000-2011)..................................................................... 874
Kilza Fernanda Moreira de Viveiros – UFRN
[email protected]
Gênero e mulheres nos Congressos Brasileiros de
História da Educação (2000-2011)..................................................................... 875
Iran de Maria Leitão Nunes – UFMA
[email protected]
Experiências de escolarização de negros na província de Santa Catarina.... 877
Graciane Daniela Sebrão – UERJ
[email protected]
História da Educação de negros em tempo de escravidão............................. 878
Mariléia dos Santos Cruz – UFMA/CCSST/ITZ
[email protected]
O não dito: história da escola primária rural nas páginas da revista Escola
Portuguesa (Portugal, 1934 a 1939).................................................................. 880
Sandra Cristina Fagundes de Lima – UFU/MG
[email protected]
Práticas educativas e organização do ensino rural em
Minas Gerais (1899 - 1911)................................................................................. 881
Josemir Almeida Barros – FaE/UEMG /PPGEd/UFU
[email protected]
Educação secundária profissionalizante:
economia rural doméstica em Uberaba/MG (1953-1962)............................... 882
Nilce Vieira Campos Ferreira – IFMT/PPGEd/UFU
[email protected]
O retorno dos jesuítas na Bahia e a reação de grupos republicanos............ 884
Jaci Maria Ferraz de Menezes – UNEB
Grupo Memória da Educação na Bahia
Do exílio dos jesuítas portugueses em outra República:
cartas, histórias e educação jesuíticas e os primeiros anos do
Colégio Nóbrega em Recife-Pernambuco (1917-1920)................................... 885
Carlos Ângelo de Meneses Sousa – PPGE/UCB
[email protected] /[email protected]
A volta da companhia de Jesus ao Nordeste do Brasil e
a civilidade católica das instituições educativas dos jesuítas portugueses
no Ceará entre a primeira República e o Estado Novo................................... 887
Maria Juraci Maia Cavalcante – UFC
[email protected]
Gabriel Malagrida e os clássicos latinos:
um itinerário de formação................................................................................. 888
Maria das Graças de Loiola Madeira - UFAL
[email protected]
Interfaces disciplinares dos regulamentos gerais da
Instrução na Parahyba do Norte (1849-1886).................................................. 890
Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB
[email protected]
Castigos escolares oitocentistas:
alinhavando discursos, legislações e práticas................................................... 891
Milena Aragão – PPGE/UFS/ FAPITEC
mi.aragã[email protected]
Técnicas diciplinares - correlação corpo e gesto na
formação das meninas do oratório festivo São João Bosco........................... 892
Nadja Santos Bonifácio – UNICAMP/MEMÓRIA
[email protected]
Práticas disciplinares em instituições de ensino:
relações históricas entre normas e cotidiano................................................... 894
Milena Aragão – PPGE/UFSE/ FAPITEC
mi.aragã[email protected]
Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB
[email protected]
Nadja Bonifácio – PPGE/UNICAMP
[email protected]
Jeová Silva Santana – UNEAL
[email protected]
Eixo 8..............................................................................................896
A “luz sobre as trevas”: debates sobre a relação disciplina-civilização na
província da Parahyba do Norte....................................................................... 897
Itacyara Viana Miranda – PGE/UFPB
[email protected]
A apropriação das concepções educacionais de John Dewey na
educação infantil brasileira (1934-1971).......................................................... 898
Michele Varotto – UFSCar
[email protected]
Alessandra Arce – UFSCar
[email protected]
A Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF) e
suas ações de incentivo à leitura (1933-1937).................................................. 900
Maria Lúcia da Silva Nunes
[email protected]
Charliton José dos Santos Machado – UFPB/Campus I
[email protected]
A campanha pela sobrevivência da escola primária superior em
Portugal no final da Primeira República.......................................................... 901
Luiz Carlos Barreira – Universidade Católica de Santos
[email protected]
A circulação das ideias de Heloísa Marinho em Florianópolis e
sua presença no “projeto núcleos de educação infantil”, de 1976............... 903
Patrícia Regina Silveira de Sá Brant – Udesc
[email protected]
Gladys Mary GhizoniTeive – Udesc
[email protected]
A circulação de ideias da escola nova: perspectiva da
vertente católica sobre a prática de ensino (1946-1961)................................ 904
Manuela Priscila de Lima Bueno
Unesp – Campus Rio Claro
[email protected]
A defesa da língua nacional em Nossa Senhora do Desterro no século XIX:
discursos do jornal O Cacique......................................................................................906
Suzane Cardoso Gonçalves Madruga
PPGE – UDESC
[email protected]
A difusão da educação nova por meio dos impressos de
um bandeirante do ensino paulista: José Scaramelli...................................... 907
Débora Alfaro São Martinho da Silva – UFSCar
[email protected]
Alessandra Arce Hai – UFSCar
[email protected]
A disseminação da pedagogia moderna por Rui Barbosa............................. 909
Mariângela Dias Santos
Universidade Tiradentes
[email protected]
A infância no horizonte médico paulista (1918-1929):
uma análise das propostas relacionadas à infância e
sua educação no âmbito da higiene e da eugenia......................................... 910
Paulo Ricardo Bonfim – USF
[email protected]
MoysésKuhlmann Jr. – USF
Fundação Carlos Chagas
[email protected]
A influência de Heloísa Marinho para a educação dos
menores de 06 anos no Brasil entre as décadas de 50 e 70............................ 912
Mariana de Oliveira Faria
[email protected]
Alessandra Arce Hai – UFSCar
[email protected]
A intendência municipal e a educação na cidade de Santos (1889 – 1908):
palco de disputas................................................................................................ 913
Anderson Manoel Caleffi – USP
[email protected]
A obra da escravidão:
instrução para o trabalho e educação para o trabalhador............................ 915
Dalva Regina A. da Silva – PPGE/UFPB
[email protected]
A organização da Instrução Pública de Patos de
Minas Gerais no contexto republicano de 1892 a 1928.................................. 916
Andréa Fabiane Machado Diniz
Luciana Beatriz de Carvalho
Universidade de Uberaba – UNIUBE
A questão da autoria e as gramáticas de
língua inglesa dos séculos XVIII e XIX............................................................... 918
Elaine Maria Santos – UFS
[email protected]
Rodrigo Belfort Gomes – UFS
[email protected]
A renovação escolar: ditos e significados em
João Craveiro Costa............................................................................................ 919
Iane Campos Martins
Elione Maria Nogueira Diógenes
A representação da mulher portuguesa no jornal O Beija-flor (1838)......... 921
Charliton José dos Santos Machado
PPGE/UFPB
Fabiana Sena
PPGE/UFPB
A revista Careta e a educação das mulheres:
uma dispersão discursiva para a normalização feminina no
contexto urbano (1914-1918)............................................................................ 922
Fernanda C. Costa Frazão – UFSJ
[email protected]
A Revista de Educação da Sociedade Amazonense de Professores:
contribuições para a história da educação no Amazonas.............................. 924
Lucia Regina de Azevedo Nicida – UEAM
[email protected]
Marcos André Ferreira Estácio – UEAM
[email protected]
A Revista Educação como estratégia de implementação das
políticas educacionais do regime militar na década de 1970........................ 925
Maria Rita de Almeida Toledo – Unifesp
[email protected]
Daniel Revah –Unifesp
[email protected]
A tradução de John Dewey publicada na
coleção Biblioteca da Educação......................................................................... 927
Maria Rita de Almeida Toledo – UFSP
[email protected]
Marta Maria Chagas de Carvalho – USP/ UFSP
[email protected]
A universidade nas “notas e informações” de O estado de São Paulo (1947-1962):
a militância Uspiana de Laerte Ramos de Carvalho....................................................928
Bruno Bontempi Jr.
FEUSP
Ana Beatriz Feltran Maia
FEUSP
Ações intelectuais de formação da memória: a produção de materialidade
pedagógica sobre a história da cidade de Campina Grande, 1948-1998............930
Vanessa Costa de Macêdo – UFMG
[email protected]
Antonio Garcia Filho (1941-1999), um intelectual engajado......................... 931
Patrícia de Sousa Nunes Silva
Universidade Tiradentes
[email protected]
Apropriações ou táticas?:
estudo historiográfico sobre circulação de ideias pedagógicas..................... 933
Norberto Dallabrida
[email protected]
Armanda Álvaro Alberto, Edgard Roquette-Pinto e Jonathas Serrano:
censores da comissão de censura cinematográfica de 1932.......................... 934
Ana Gabriela Saba de Alvarenga – UFF
[email protected]
Arthur Ramos e Durval Marcondes: higiene mental, psicanálise e
medicina aplicadas à educação nacional (1930-1950)................................ 936
Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia
Secretaria de Estado da Educação/SP
[email protected]
As imagens de Mato Grosso nos livros escolares (1889 – 1930)..................... 937
Aparecido Borges da Silva – UFMT
[email protected]
Nicanor Palhares Sá – UFMT
[email protected]
As prescrições de Lourenço Filho, na década de 1950,
para o ensino da literatura infantil nos cursos normais Paulistas................. 939
Fernando Rodrigues de Oliveira
UNESP/ Campus de Marília-SP
[email protected]
As reinações de Monteiro Lobato: do projeto editorial ao
projeto literário infantil..................................................................................... 940
Lucilene Rezende Alcanfor – EHPS/ PUC/SP/ CNPq
[email protected]
As representações da educação da mulher veiculadas na
revista “Violeta – MT” (1916-1950)................................................................... 941
Linet de Sá Santos – UFMT
[email protected]
As sensibilidades na história: uma questão de educação.
O caso da Revista Brasileira de Folclore (1961-1976)...................................... 943
Jenifer Lourenço Borges Vieira – PPGEL/ EEFFTO/UFMG
[email protected]
Boletim Catequético: produção e circulação de
um ideário pedagógico católico moderno....................................................... 944
Evelyn de Almeida Orlando
[email protected]
Cecília Meireles: uma cronista no cenário cultural e educativo (1930-1933)......945
Patricia Vianna Lacerda de Almeida – UERJ/PROPED
[email protected]
Céu cinzento... mar revolto: os artigos do intelectual
Anísio Teixeira no jornal Folha de São Paulo em 1968................................... 947
Fernando César Ferreira Gouvêa – UFR/RJ
[email protected]
Ciência, fé e Noções de História da Educação no Brasil.................................. 948
Aline de Morais Limeira
[email protected]
Fátima Aparecida do Nascimento
[email protected]
Circulação da cultura letrada e a comunidade de
leitores em Caetité-BA (1897-1930)................................................................. 950
Joseni Pereira Meira Reis
[email protected]
Círculos Bíblicos e a Comunidade Eclesial de Base na
Diocese de Guarapuava (1978-1992)...............................................................951
Janete Queirós – UEPG
[email protected]
Névio de Campos – UEPG
[email protected]
Considerações sobre os impressos literários
publicados pela Impressão Régia (1808-1821).............................................. 953
Anelise Martinelli Borges de Oliveira
[email protected]
Constituição da Faculdade de Filosofia de Ponta Grossa:
entre uma abordagem da história intelectual e
da história dos intelectuais................................................................................ 954
Névio de Campos – UEPG
[email protected]
Contribuições da educadora Eglantine do Rêgo Barros à
expansão do ensino médio em Pernambuco................................................... 956
Cristiane Souza de Menezes – UFPE/UFPB
[email protected]
Da unificação a federalização: a Universidade do Paraná nas
páginas da imprensa paranaense (1946-1950)................................................ 957
Eliezer Felix de Souza – UEPG
[email protected]
Névio de Campos – UEPG
[email protected]
Debates e impasses no processo de produção da legitimidade da escola
pública elementar obrigatória na vila de São João Del Rei (1827-1839)...... 959
Eliane de Lourdes Calsavara Lima
[email protected]
Discursos da pedagogia moderna em impressos não pedagógicos do
Rio de Janeiro (1920 -1930)............................................................................... 960
Giselle Baptista Teixeira – UFF
[email protected]
Discursos, estratégias, “jogos de verdade”:
a imprensa de Juiz de Fora como instrumento educativo, cultural e político....962
Cíntia Borges de Almeida – UERJ
[email protected]
Doutor em C iências Sociais e Jurídicas:
cultura jurídica, formação do intelectual e da
elite política do império do Brasil (1850 - 1889).........................................963
Ilka Miglio de Mesquita
[email protected]
Educação e analfabetismo na primeira república:
a crítica do intelectual paraibano Carlos Dias Fernandes............................... 965
Amanda Sousa Galvíncio – PPGE/UFPB
[email protected]
Jean Carlo de Carvalho Costa – PPGE/PPGS/UFPB
[email protected]
Educação e modernização: Mário Casasanta e a
indissociabilidade entre a ação política e a renovação pedagógica........... 966
Maria do Carmo Xavier
[email protected]
Maria do Carmo de Matos
[email protected]
Ana Amélia Borges de Magalhães Lopes
[email protected]
PUC/MG
Educação e socialismo: notas sobre Charles Fourir, Saint Simon e
Pierre-Josep Proudhon....................................................................................... 968
Jose Damiro De Moraes
[email protected]
Educação estética na Revista do Ensino (1925-1940)...................................... 969
Ismael Krishna de Andrade Neiva
Centro de Pesquisa em Historia da Educação – FaE /UFMG
[email protected]
Educação na imprensa: elementos para a escrita da
história da escola primária do Maranhão no século XIX..............................970
Joseilma Lima Coelho – PPGE/UFSC
[email protected]
Ana Paula Silva – PPGE/UFSC
[email protected]
Educação, pedagogia e psicologia no pensamento educacional de
Carlos da Silveira................................................................................................. 972
Camila Maria Chiari – UFSCar
[email protected]
Hemetério José dos Santos:
homem de letras e de cor e sua obra...............................................................973
Tadeu Luis Maciel Rodrigues
Dep. de Educação II/UFMA
Curso de História/Bolsistas/GHICERER/UFMA
Entre páginas e práticas: a influência do jornal Expositor Cristão para
a efetivação da obra missionária no sul de Mato Grosso............................... 975
Rodrigo dos Reis – UFGD
[email protected]
A campanha pela sobrevivência da escola primária superior em
Portugal no final da Primeira República.......................................................... 976
Luiz Carlos Barreira
Universidade Católica de Santos/ PPGE
[email protected]
Escrita feminina: a concepção de infância na obra de escritoras de
literatura infanto juvenil (1858 – 1945)............................................................ 978
Priscila Kaufmann Corrêa – Unicamp
Rede Municipal de Educação de Vinhedo/SP
[email protected]
Gramsci e a educação: uma leitura das cartas de
Gramsci aos seus filhos (1935-1937)..............................................................979
Jarbas Mauricio Gomes – UEM
[email protected]
Guiando “almas femininas”: um olhar sobre a educação evangélica na
Revista Estrela (Porto, 1925-1930)..................................................................... 981
Sandra Cristina da Silva
[email protected]
Gustavo Capanema: a organização do ensino primário brasileiro no
período de 1934-1945........................................................................................ 982
Raquel dos Santos Quadros
[email protected]
História dos intelectuais, educação e civilidade:
uma análise da atuação política de Antônio Alfredo da Gama e Mello
(1896-1900).......................................................................................................... 983
Suenya do Nascimento Costa – CE/UFPB
[email protected]
Patrícia de Oliveira Magalhães – CE/UFPB
[email protected]
Histórias de vida e formação:
os “amados” intelectuais de Sergipe............................................................... 985
Alice Angela Thomaz
Universidade Tiradentes
[email protected]
Imprensa espírita e elite letrada no Brasil oitocentista.................................. 986
Alessandro Santos da Rocha – UEM
[email protected]
Cézar de Alencar Arnaut de Toledo – UEM
[email protected]
Imprensa pedagógica, circulação de
modelos educacionais no Brasil e na França (1925-1930):
Revista do Ensino e L’École et La Vie................................................................. 988
Maurilane de Souza Bicas
[email protected]
Impressa especializada em educação e ensino: produção e circulação de
identidades para a criança-aluno - (1964 a 1976).........................................989
Elaine Rodrigues – PPE/UEM
Líder do Grupo de Pesquisas HEDUCULTES
[email protected]
Impressos católicos e o debate educacional:
conexões com a modernidade na década de 1930......................................... 991
Adriana Duarte Leon – UFMG/CNPq
[email protected]
Impressos e circulação de modelos pedagógicos:
a difusão da pedagogia de Francis Parker na
imprensa educacional paulista.......................................................................... 992
Marta Maria Chagas de Carvalho – USP/UFS
[email protected]
Impressos raros e preciosos para a história da educação no Brasil:
o acervo da Biblioteca histórica do Colégio Pedro II....................................... 994
Elisabeth Monteiro da Silva
[email protected]
Infância de Graciliano Ramos: educação pela pedra na
“civilização do couro”........................................................................................ 995
Jorge Garcia Basso – EHPS/PUC-SP/CNPq
[email protected]
Instituições educadoras: imprensa, biblioteca e
universidade popular no governo Castro Pinto na
Parahyba (1912-1915)........................................................................................ 996
Maíra Lewtchuk Espindola
[email protected]
Intelectuais e discursos educacionais veiculados pelo jornal O Matto-grosso
(1910-1930)................................................................................................................998
Marijâne Silveira da Silva – PPGE/UFMT
[email protected]
Nicanor Palhares Sá – PPGE/UFMT
[email protected]
Intelectuais na faculdade de filosofia do Paraná:
confluências e confrontos (1951-1971)............................................................. 999
Névio de Campos – UEPG
[email protected]
Intelectuais e a imprensa: a contenda entre Sud Mmennucci e
Renato Jardim................................................................................................... 1001
Henrique de Oliveira Fonseca – GEPHE/ UFMG
[email protected]
José Curvelo Soares e o ensino secundário em Propriá-Sergipe:
a implantação do curso ginasial para o sexo masculino............................... 1002
Simone Silvestre Santos Freitas – UFS
[email protected]
José Ricardo Pires de Almeida e a instrução primária no
império brasileiro (1822-1889): um estudo sobre a
obra História da Instrução Pública no Brasil (1889)....................................... 1003
Cristiane Silva Melo – UEM
[email protected]
Maria Cristina Gomes Machado – UEM
[email protected]
José Rollemberg Leite: professor de matemática do
Atheneu sergipense durante a Reforma Francisco Campos......................... 1005
Suely Cristina Silva Souza – UFSE
[email protected]
José Veríssimo (Brasil) e Andrés Bello (Venezuela):
um estudo comparado do pensamento educacional latino-americano
no século XIX..................................................................................................... 1006
Sônia Maria da Silva Araújo – UFPA
[email protected]
Júlio Ribeiro: uma leitura sobre a trajetória de um intelectual maçon e
protestante na cidade de Sorocaba na segunda metade do século XIX.... 1008
Ivanilson Bezerra da Silva – USP
[email protected]
Leituras de Cuore: discursos sobre a família em um livro escolar do
programa do ensino primário de Minas Gerais (1927)................................. 1009
Kamila Amorim
[email protected]
Laerthe de Moraes Abreu Junior
[email protected]
Liga Pró-Língua Nacional e a construção da nacionalidade no
jornal escolar A Criança Brasileira (Santa Catarina, 1942-1950).................. 1011
Cristiani Bereta da Silva – UDESC
[email protected]
Malhadas e remalhadas: Raul Gomes e o uso da imprensa em
prol da educação e da cultura (1920-1970).................................................... 1012
Dulce Regina Baggio Osinski – UFPR
[email protected]
Anna Carolina Brandalise – UFPR
[email protected]
Modernidade e tradição na crítica cultural e política nos
primeiros escritos de Sergio Buarque de Holanda:
questões para a história da educação no Brasil............................................. 1014
Marcus Vinicius Corrêa Carvalho
[email protected]
Na arquitetura de um impresso: a história de uma livraria no Boletim
Bibliographico e Commercial do Ao Livro Verde (1934)............................... 1015
Valéria Maria Neto Crespo de Oliveira Lima – PROPED/UERJ
[email protected]
No archéion da história da educação: a presença dos
manuais para a formação de professores...................................................... 1017
Roberlayne de Oliveira Borges Roballo – UFPR
Secretária Municipal da Educação de Curitiba
[email protected]
Noções de psicologia da criança:
estudo sobre um manual didático de Theobaldo Miranda Santos............. 1018
Rodrigo Augusto de Souza – UFPR
[email protected]
Notícias de uma guerra surda: o embate entre autores de um compêndio
de gramática, os professores primários e a imprensa na corte imperial........... 1019
Angélica Borges – NIEPHE/USP/CNPq
[email protected]
Giselle Baptista Teixeira – UFF
[email protected]
O caráter educativo do jornal O Dezenove de Dezembro na
província do Paraná, (1854-1855).................................................................... 1021
Celina M. Murasse Mizuta
[email protected]
O educador brasileiro João Roberto Moreira (1912-1967) e
os métodos de comparação dos sistemas de ensino..................................... 1022
Leziany Silveira Daniel – UFPR/Brasil
[email protected]
O impresso escolar no ensino religioso brasileiro do século XIX................. 1024
Fábia Liliã Luciano – UFSC
[email protected]
O jornal Correio Mercantil e a circulação de livros didáticos na
Bahia oitocentista............................................................................................. 1025
Nelson de Jesus Teixeira Júnior – UEBA
[email protected]
O jornal o universal e a educação do tempo livre na
província de Minas Gerais (1825-1842).......................................................... 1027
Sarah Teixeira Soutto Mayor – UFMG
[email protected]
O mecenato pombalino na gramática inglesa de Teles de Menezes........1028
Elaine Maria Santos – UFS
[email protected]
Ana Lúcia Simões da Fonseca – UFS
[email protected]
O educador Luiz Antonio dos Santos Lima e o personagem Simão Bacamarte,
do escritor Machado de Assis, numa mesma sintonia de pensamento............ 1030
Juliana da Rocha e Silva – UFRGN
[email protected]
O país, a ciência e o engenheiro nos anuários da
escola politécnica de S ão P aulo (1900-1947).......................................... 1031
Bruno Bontempi Jr – FEUSP
O papel dos pais na educação dos filhos: o discurso dos médicos e
educadores no início do século XX no Brasil.................................................. 1032
Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
[email protected]
O papel político e pedagógico do manual didático “Lições de Coisas”..... 1034
Mariângela Dias Santos
Universidade Tiradentes
[email protected]
O posicionamento do jornal “O Fluminense” em relação aos
conflitos interoligárquicos e as políticas educacionais entre
Rio de Janeiro e Niterói (1918 – 1923)............................................................ 1035
Vivian Machado Dutra
[email protected]
O professor Adolpho Avila Lima e a inspeção escolar em Sergipe.
1913-1935........................................................................................................... 1037
Cristina de A. Valença C. Barroso – UFS/NMS
[email protected]
O Sítio do Pica-Pau-Amarelo na produção de Therezinha Casasanta......... 1038
Isabel Cristina Alves da Silva Frade – Ceale/ FaE/UFMG
[email protected]
Tatiane Elza Maria Pessoa – Fapemig/ FaE/UFMG
[email protected]
Os livros de Dewey e Thorndike:
análise da circulação por meio das bibliotecas nacionais............................. 1040
Rafaela Silva Rabelo – USP
[email protected]
Os manuais escolares utilizados para o ensino de
filosofia no secundário brasileiro (1836-1881)........................................... 1041
Gilson Ruy Monteiro Teixeira
[email protected]
Os periódicos científicos eletrônicos como fonte de
pesquisa para a história da educação: novos desafios.................................. 1043
Karina Klinke
[email protected]
Os programas experimentais para o ensino primário:
entre a idealidade e a realidade pedagógica................................................ 1044
Rossano Silva – UFPR
[email protected]
Para além do engajamento, a criação:
a produção literária de Antonio Garcia Filho.......................................... 1046
Patrícia de Sousa Nunes Silva
Universidade Tiradentes
[email protected]
Para continuar uma vivência estética: publicações de Liddy Chiaffarelli
Mignone para a formação de professores de iniciação musical.................. 1047
Inês De Almeida Rocha
[email protected]
Para despertar no coração da mocidade o sentimento de amor à pátria:
o livro Seleta Literária, do professor Francisco Ferreira Vilhena Alves........ 1049
Maricilde Oliveira Coelho
Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará
[email protected]
Pensamento católico de Ruy de Ayres Bello, uma vertente tradicional..... 1050
Andrea Carla Agnes E Silva Pinto
[email protected]
José Carlos Souza Araujo
[email protected]
Pensamento educacional de Theobaldo Miranda......................................... 1052
Jaqueline de Andrade Calixto – UFU
[email protected]
Armindo Quillici Neto – UFU
[email protected]
Perfis de crianças leitoras na história da educação em
artigos de periódicos........................................................................................ 1053
Fernanda Alves da Silva
[email protected]
Karina Klinke
[email protected]
Pioneiros da rádioeducação: os intelectuais e a implementação da
radiofonia educativa no Brasil ( 1920-1930).................................................. 1054
Patrícia Coelho – PUC-Rio
[email protected]
Professoras de música: o impresso como dispositivo estratégico de
inclusão no campo intelectual (Brasil, 1ª metade do século XX)............... 1056
Susana Cecilia Almeida Igayara de Souza
[email protected]
Professores em revista: a Revista de Filosofia Kriterion e
sua interlocução no debate educacional mineiro......................................... 1057
Lucimar Lacerda Machado – PUC/MG
[email protected]
Maria do Carmo Xavier – PUC/MG
[email protected]
Quando poderemos ler o nosso livro?
Villa-Lobos e a educação musical entre cartas e (auto) biografia............... 1059
Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti – UERJ
[email protected]
Recuperação econômica e formação dos trabalhadores:
debates das elites produtoras mineiras nos primeiros anos do século XX.1060
Carolina Mostaro Neves da Silva – USP
[email protected]
Reflexões sobre a formação de professores do
ensino secundário nos anos 1920-30 no Brasil............................................... 1061
Maria Cristina Ferreira dos Santos
[email protected]
Reforma educacional de 1965 en Chile:
participación de Mario Leyton Soto................................................................ 1063
Jaime Caiceo Escudero
Universidad de Santiago de Chile
[email protected]
Representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de
1932 nos manuais de história da educação publicados em
coleções (1933-1945)......................................................................................... 1064
Orlando José de Almeida Filho – UFSJ
[email protected]
Representações tecidas por Monteiro Lobato sobre a
História de seu tempo...................................................................................... 1066
Cássia Aparecida Sales M Kirchnerii – FE/Unicamp/Grupo Civilis
[email protected]
Reflexões sobre a produção intelectual de Carvalho Neto e
a história da educação em Sergipe................................................................. 1067
Maria do Socorro Lima
[email protected]
Romances para meninas e moças:
entre os discursos moralizantes e as tradutoras de renome........................ 1069
Mariana Elena Pinheiro dos Santos de Souza – IC/FAPERJ/ UERJ
[email protected]
Rubem Alves e o pensamento educacional liberal: aproximações.............. 1070
Denise Camargo Gomide
[email protected]
Saberes em foco:
diálogos de M. B. Lourenço Filho na Série de
Leitura Graduada Pedrinho (1953 – 1970)..................................................... 1072
Marlene Neves Fernandes – UDESC
[email protected]
Série Currículos – as práticas de leitura e escrita como distinção social nos
impressos pedagógicos do laboratório de currículos da SEEC/RJ................ 1073
Regina Márcia Gomes Crespo – PPGSPUENF
[email protected]
Ser-professor, ser-aluno-infantil, prescrições de identidade(s) em
circulação na revista “Pátio Educação Infantil (2003 a 2009)....................... 1074
Rosimari Bueno Barbosa
[email protected]
Elaine Rodrigues – UEM
[email protected]
Tavares Bastos e os manuscritos sobre a instrução no império (1861 – 1875)......1076
Juliana Cesário Hamdan – Ufop
[email protected]
Mila Araújo – Ufop
[email protected]
Tobias Barreto e a defesa da educação feminina no séc. XIX...................... 1077
Ronaldo Antonio Pereira da Silva
[email protected]
Um entusiasta da educação:
sujeitos, projetos e instituições na História do
Estado do Rio Grande do Norte, de Rocha Pombo....................................... 1079
Alexandra Lima da Silva – UERJ
[email protected]
Um estudo sobre a revista O Estimulo da
Escola Normal da Capital (1906-1927)............................................................ 1080
Áurea Esteves Serra – FATEB/Birigui/SP
[email protected]
Um intelectual e sua trajetória: contribuições do estudo sobre Aurélio Pires,
seus escritos e suas memórias para a história da
educação - Minas Gerais (1878-1936)...................................................................... 1082
Luísa Marques de Paula – UFMG
[email protected]
Um olhar para além das fronteiras: análise do Fronstispício da revista
“A Galeria Illustrada” (1889-1889).................................................................. 1083
Iriana Nunes Vezzani – PPGE/UFPR
Um tempo novo para a instrução pública de Minas Gerais? Críticas de
Estevam de Oliveira à reforma João Pinheiro de 1906................................. 1084
Cristiane Oliveira de Souza – PPGE/UFJF
[email protected]
Uma análise do discurso sobre os negros no livro escolar de história do
Brasil “Nossa Pátria” de Rocha Pombo, editado de 1917 a 1970................ 1086
Cristina Carla Sacramento – UFSJ/MG
[email protected]
Laerthe de Moraes Abreu Jr
Visionários de um novo tempo:
mentores da interiorização da Universidade na Bahia (1950-1960)........... 1087
Ana Maria Fontes dos Santos – UEFS/BA
[email protected]
O impresso estudantil e as práticas culturais e de sociabilidade na
Cuiabá das décadas de 20 e 30........................................................................ 1089
Simone Ribeiro Nolasco – PPGE/UFMT
[email protected]
O jornalzinho escolar: orientações para as educadoras na
Revista do Ensino/RS (1950-1960).................................................................... 1090
Tatiane de Freitas Ermel
Escola Monteiro Lobato/Porto Alegre/RS
[email protected]
O crisol: o periódico das alunas do Colégio Americano (1945 -1964)......... 1091
Dóris Bittencourt Almeida – FE/UFRGS
[email protected]
O ideário feminino e a educação da mulher nos jornais “A Reforma”
(1901-1912) e “A Federação” (1901-1915)..................................................... 1093
Dilza Porto Gonçalves – SEDUC/RS
[email protected]
Eixo 9............................................................................................1095
A arte e o Ensino de História da
Educação Brasileira........................................................................................... 1096
Fátima Maria Neves – UEM/PR
Rosimara Albuquerque Mello – UEM/PR
A inclusão da História da Educação na formação de professores primários de
Cuiabá/MT.......................................................................................................... 1097
Maria Teresinha Fin
[email protected]
Educação e instrução na 5ª comarca
de São Paulo...................................................................................................... 1099
Fátima Maria Neves – UEM/PR
[email protected]
[email protected]
Fazer Pedagógico e Ensino de História da Educação: experiências, reflexões e
possibilidades.................................................................................................... 1100
José Roberto Gomes Rodrigues – UEBA
[email protected]
História da Educação: a disciplina e o ensino em análise, a experiência do
Curso de Pedagogia da UEL/PR....................................................................... 1102
Marta Regina Gimenez Favaro
[email protected]
Lições do passado para o presente: a história da educação na Revista do
Ensino/RS (1951-1963)....................................................................................... 1103
Maria Helena Camara Bastos – PPGE/PUCRS
O Ensino de História da Educação com filmes............................................... 1105
Jocyléia Santana dos Santos – UFT
[email protected]
O manual escolar Noções de História da Educação (Theobaldo Miranda Santos)
como material pedagógico no ensino da História da Educação do
Colégio Normal Nossa Senhora do Patrocínio
(Patrocínio – Minas Gerais, 1947 – 1971)................................................................ 1106
Geraldo Gonçalves de Lima – UFU/FAPEMIG
[email protected]
[email protected]
Panorama e perspectivas do ensino de
História da Educação no Centro-Oeste....................................................... 1108
Reinaldo dos Santos – PPGE/UFGD/MS
[email protected]
Um roteiro de leituras para professores presente nos manuais de
História da Educação: problematizando as ideias pedagógicas de
Pestalozzi e Rousseau....................................................................................... 1109
Roberlayne de Oliveira Borges Roballo
[email protected]
Mister é tornar “o presente mais inteligível”:
a história da Educação por Thomas R. Giles................................................... 1111
Aline de Morais Limeira
Fundação Biblioteca Nacional
[email protected]
Entre Europa e América: a escrita da História da Educação na
Argentina por Lorenzo Luzuriaga.................................................................. 1112
Jorgelina Mendez – UNCPBA/UNLP
[email protected]
Um curso breve de História da
Educação por Paul Monroe.............................................................................. 1114
Marta Regina Gimenez Favaroi – UEL/PR
[email protected]
Narrativas ibero-americanas: trânsito e recepção de História da
Educação e da Pedagogia de Lorenzo Luzuriaga no Brasil.......................... 1115
Roni Cleber Dias de Menezes – ProPEd/UERJ
[email protected]
Tróia e a guerra de tróia:
releituras da Ilíada de Homero........................................................................ 1117
Sauloéber Tarsio de Souza – UFU
[email protected]
Guerra do fogo:
um conto da modernidade ou quem conta um conto,
esconde muitos pontos.................................................................................... 1118
Profa. Elizabeth Farias da Silva – UFSC
[email protected]
Escritores da liberdade:
memória da barbárie ou vidas na barbárie?.................................................. 1120
Luciana Beatriz Carvalho – UNIUBE
[email protected]
Eixo 10..........................................................................................1122
A carta circular do Ginásio Santa Rita (1949):
vestígios da formação da moça virtuosa........................................................ 1123
Francymara Antonino Nunes de Assis – UFPB
[email protected]
A cartilha - O Método rápido para aprender a ler:
um estudo sobre o tortuoso processo de adoção da
primeira cartilha escolar de João Köpke pelas escolas
públicas da província de São Paulo (1875 -1879)........................................... 1124
Claudia Panizzolo – UNIFESP
[email protected]
Marco Antonio Rodrigues Paulo – UFGD
[email protected]
A História da Educação da região de
Diadema através de arquivos escolares:
o caso da E. E João Ramalho........................................................................... 1126
Reginaldo Alberto Meloni – UNIFESP
[email protected]
Giseli de Oliveira Cardoso – UNIFESP
[email protected]
Mara Regina Prata Walério – UNIFESP
[email protected]
Arquivos escolares: Grupo Escolar Joaquim Salles
(Rio Claro – 1900-1930)......................................................................................1127
Daniela Cristina Lopes de Abreu – FE/USP
[email protected]
As línguas vivas em uma escola para meninas:
tecendo a história do currículo nas entrelinhas das
materialidades escolares (1934-1961)............................................................. 1129
Marta Banducci Rahe
[email protected]
Eurize Caldas Pessanha – UFMS/PPGE
[email protected]
As transformações urbanas em Cuiabá-MT na gestão de Júlio Müller e
a formação do cidadão cuiabano para a modernidade (1937-1945).......... 1130
Gino Francisco Buzato – PPGE/UFMT
[email protected]
Circulação de livros, compêndios e artefatos escolares na
Parahyba do Norte do oitocentos................................................................... 1132
Cláudia Engler Cury
[email protected]
Cultura e práticas escolares: formas do ensinar e
do aprender de velhos mestres no sertão mineiro (1937-44)...................... 1133
Maria Zeneide Carneiro M. de Almeida
PUC-Goiás/PPGE/EDU
[email protected]
Discursos educacionais e ações arquiteturais:
o espaço Escolar na “Atenas Mineira” (Juiz de Fora 1907-1927)................ 1135
Marina Fernandes Braga
[email protected]
Entre a história e a arquivística:
organização dos acervos do CEMEF/UFMG............................................... 1136
Adalson de Oliveira Nascimento – UFMG
[email protected]
Escola experimental da lapa: a cultura material revelando uma
experiência curricular renovadora.................................................................. 1137
Laurizete Ferragut Passos – PUC/SP
[email protected]
Viviane Lovatti Ferreira – PUC/SP/FAPESP
[email protected]
Cecília Hanna Matte – USP
[email protected]
História nas imagens arquitetura de duas instituições escolares para
crianças pequenas em Florianópolis............................................................... 1139
Adriana de Souza Broering - UDESC
[email protected]
Inovação material e formação de professores:
o lugar do museu escolar nos currículos da Escola Normal e
Grupos Escolares de Santa Catarina (1900-1950)......................................... 1140
Marilia Gabriela Petry - PPGE/UDESC
[email protected]
Vera Lucia Gaspar da Silva - PPGE/UDESC
[email protected]
Memória arquivada: acervo documental do Movimento de
Educação de Base no município de Tefé/AM................................................. 1142
Leni Rodrigues Coelho - UEAM
[email protected]
Cristiane da Silveira - UEAM
[email protected]
Memória e História da Educação brasileira nos
periódicos científicos (1990-2012)................................................................... 1143
Thabatha Aline Trevisan
[email protected]
Memória e patrimônio científico e tecnológico:
o Centro de Memória da Engenharia da UFMG............................................ 1145
Patrícia Carla Oliveira Carneiro - CEFET/MG
[email protected]
Carla Simone Chamon - CEFET/MG
[email protected]
O modelo anatômico humano da Maison Deyrolle:
as viagens de um “homem esfolado” pelas escolas do mundo.................. 1146
Katya Mitsuko Zuquim Braghini
[email protected]
O uso de animais taxidermizados como materiais didáticos em fins do
século XIX e começo do século XX.................................................................. 1148
José Maurício Ismael Madi Filho
PPGE: História, Política e Sociedade – PUC/SP
[email protected]
Olha o passarinho! Luzes e poses na dinâmica urbana e
educacional paranaense no olhar do fotógrafo Guilherme Glück............. 1149
Ederson Prestes Santos Lima - IFPR/UFPR
[email protected]
Organização do acervo histórico do CEFET- MG:
fontes para história da educação profissional no Brasil............................... 1151
Carla Simone Chamon – CEFET/MG
[email protected]
Adalson Nascimento – UFMG
[email protected]
Os espaços provisórios de ensino:
elementos da cultura material escolar da escola de
engenharia industrial da cidade do Rio Grande/RS (1954-1960)................. 1152
Vanessa Barrozo Teixeira – UFPel
[email protected]
Elomar Antonio Callegaro Tambara – UFPel
[email protected]
O que se deve observar para “observações bem feitas” das coisas?.......... 1154
Kazumi Munakata
[email protected]
A escola como lugar privilegiado de memórias:
o caso do Instituto de Educação de Vitória-ES.............................................. 1155
Rita de Cássia Oliveira Pessanha da Costa – UFES/PPGE
[email protected]
Planejamentos de aula de alfabetizadoras:
‘escritas ordinárias de natureza profissional’ como objeto e
fonte de pesquisa em História da Alfabetização (1972-2010)..................... 1157
Gisele Ramos Lima – PPGE/Fae/UFPEel
[email protected]
Um professor em dois mundos:
a viagem do professor Luiz Augusto dos Reis a Europa (1891)................... 1158
Inára de Almeida Garcia Pinto [email protected]
Representações do cotidiano escolar:
uma leitura da memória por meio da imagem (1890/1940)........................ 1159
Maria de Fatima da Silva Costa Garcia de Mattos
Centro Universitário Moura Lacerda/Ribeirão Preto/SP
[email protected]
Os livros escolares nas instituições de ensino no Maranhão imperial......... 1161
Samuel Luis Velázquez Castellanos – UFMA
[email protected]
A propagação dos modernos preceitos pedagógicos:
materiais, métodos e práticas nas escolas paulistas em fins do século XIX...... 1162
Claudia Panizzolo – UNIFESP
[email protected]
As aulas de leitura e escrita em Sergipe para meninas,
na passagem do século XIX e XX..................................................................... 1164
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas – UFSE
[email protected]
Eixo I
Caderno de Resumos - Eixo I
“A escola como casa de higiene”:
discurso biopolítico na legislação
educacional mineira de 1927
Eliane Vianey de Carvalho (UNICAMP)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é evidenciar manifestações de
discurso biopolítico presentes no Regulamento e nos Programas
do Ensino Primário de 1927 em Minas Gerais. Estes documentos
resultaram da reforma do ensino empreendida durante o Governo
Antonio Carlos (1926-1930) pelo Secretário dos Negócios do
Interior Francisco Campos. Nos documentos analisados aparecem
explicitamente propostas biopolíticas voltadas para a educação dos
hábitos higiênicos e cuidados com a saúde no espaço escolar mineiro.
Para Foucault, “a biopolítica lida com a população, e a população
como problema político, como problema a um só tempo científico
e político, como problema biológico e como problema de poder”
(FOUCAULT, 1999, p. 292-293). A preocupação com a saúde,
principalmente, do aluno, mas também a do professor aparece de
forma alastrada nas determinações do Regulamento, sobretudo, no
que tange os serviços de inspeção e assistência médica e dentária
escolar; os exames de saúde de alunos e professores; os testes para
classificar os indivíduos em normais e anormais; e as incumbências
de diferentes profissionais para as atividades ligadas à saúde. A
Higiene era umas das disciplinas que deveriam ser obrigatoriamente
ministradas no ensino primário, partindo da concepção do
“exemplo permanente da escola como casa de higiene, que ela deve
ser” (MINAS GERAIS, 1928, V. 3, p. 1698). O discurso presente
deixa explícita a preocupação do Estado com a saúde dos alunos
ao citar medidas criadas pelo Regulamento do Ensino, como por
exemplo, o pelotão de saúde (composto por alunos) e ao especificar
os objetivos de seus “alvos” no ensino de higiene correspondente
a cada ano escolar. A preocupação não é apenas com a saúde de
cada aluno, mas também com a “saúde pública, da qual depende
96
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
aquela” (MINAS GERAIS, 1928, V. 3, p. 1698). As propostas de
ensino evidenciam o objetivo de alcançar a saúde dos escolares e
generalizá-la para a sociedade por meio da divulgação dos hábitos
de higiene pela escola. Seu papel nesse “projeto de saúde” é ser
um dispositivo de poder relacionado a um saber sobre o que é
verdadeiro quanto à saúde. Portanto, percebe-se por meio da análise
do discurso desses documentos que há uma tentativa de moldar os
indivíduos no ensino primário por meio de determinações para
as práticas de saúde e prescrições no ensino de higiene permeadas
por apelos morais. Este estudo permite compreender a tentativa
de normalizar a sociedade mineira utilizando-se de dispositivos
educacionais vigentes no período.
A avaliação de rendimento como um aspecto
da política educacional de Amaral Peixoto
para o antigo estado Rio de Janeiro nas
décadas de 1940 e 1950
Márcia da Silva Quaresma (UERJ-PROPED)
[email protected]
Esta comunicação pretende analisar a avaliação do rendimento
dos alunos da rede estadual de ensino do antigo Estado do
Rio de Janeiro na década de 1940, como um dos aspectos da
política educacional implantada pelo interventor federal Ernani
do Amaral Peixoto que esteve à frente do governo do Estado
durante o período de 1937 a 1945 e depois no período de 1951
a 1954 quando retorna então, ao comando do Estado como
governador eleito. A avaliação de rendimento dos alunos da rede
estadual do Rio de Janeiro foi aplicada pela primeira vez em
1942 e considerada por Lourenço Filho, à época diretor do INEP,
como “(...) a mais extensa, no gênero, já realizada entre nós,
(...)”. Podemos dizer, hoje, que foi uma avaliação de larga escala
tendo em vista que foi aplicada à toda rede estadual com certa
frequência. Esta avaliação consistia de provas objetivas aplicadas
97
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
aos alunos estaduais e, entre outras finalidades, pretendia verificar
as dificuldades apresentadas pelos programas oficiais que estavam
sendo utilizados, assim como revisar o julgamento realizado pelos
professores da rede. Esta avaliação era analisada pela divisão de
pesquisas educacionais e gerava dados estatísticos em termos
de aprovação e reprovação; produzia “scores” por regiões do
estado e por inspetorias, possibilitando perceber as dificuldades
e especificidades de cada região ou inspetoria, facilitando,
segundo o chefe do Departamento de Educação no período de
1942, Rubens Falcão, ajustar as políticas educacionais do Estado
às especificidades que se apresentavam através da avaliação do
rendimento, buscando oferecer uma melhor qualidade de ensino
aos alunos. Analisaremos a influência da escola nova e de Anísio
Teixeira e suas ações nesta prática educacional da avaliação do
rendimento, pois, Anísio Teixeira já havia realizado a avaliação
de rendimento dos alunos da rede escolar do Distrito Federal. As
fontes utilizadas para esta pesquisa são o Diário Oficial do Estado
do Rio de Janeiro que publicava à época os ofícios e circulares do
Departamento de Educação destinados às escolas e inspetorias,
além dos “scores” das avaliações, bibliografia específica sobre o
estado do Rio de Janeiro, documentos do período em que Amaral
Peixoto esteve à frente do Estado do Rio de Janeiro, entre outros.
Compreender a importância da avaliação do rendimento para a
rede estadual do Rio de Janeiro nas décadas de 40 e 50 é essencial
para refletirmos sobre as mudanças e inovações implantadas
pelo interventor Amaral Peixoto e também compreender de que
forma elas possibilitaram que o antigo Estado do Rio de Janeiro
participasse do momento politico, econômico e cultural que
o país passava. Propomos ainda recuperar um período pouco
estudado da educação fluminense, revendo e analisando os
discursos oficiais, as memórias das escolas e professores, que
proporcionam um conhecimento específico sobre a educação
fluminense e sua relação com o projeto de nação do Brasil e seu
ideário republicano.
98
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
“A batalha da produção”: a escola de
agronomia do nordeste durante a interventoria
de Ruy Carneiro (Paraíba, 1940-1945)
Luiz Mário Dantas Burity (UFPB/PIBIC
Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB/PPGE)
Este trabalho apresenta resultados parciais de um projeto que se
encontra em andamento intitulado: Educação Estadonovista na Paraíba:
escolarização para a profissionalização, o civismo e o nacionalismo (19401945), parcialmente financiado pelo – CNPq/UFPB. Parte significativa do
levantamento foi realizado no Arquivo Público Waldemar Bispo Duarte,
situado na Fundação Espaço Cultural – FUNESC, em João Pessoa, PB. Entre
outras fontes levantadas nos detemos, todavia, mais particularmente, nas
notícias publicadas do Jornal A União. Efetuamos a análise da documentação
realizando um intercruzamento com leituras críticas acerca da historiografia
relacionada ao período estadonovista, procurando observar a maneira como
as políticas educacionais acabaram por incentivar o desenvolvimento de
novas atividades didático-pedagógicas na Escola de Agronomia do Nordeste.
Para tanto, utilizamos o referencial teórico propugnado por Hobsbawm
(1998) no que concerne as mudanças e permanências, processadas tanto
pela política local, no seu sentido mais amplo quanto àquelas que atingiram
mais diretamente o funcionamento da Escola de Agronomia do Nordeste.
Fundada em 1936, a referida Escola, localizada na cidade Areia, interior do
Estado da Paraíba teve os seus primeiros anos de existência em um regime
de exceção, qual seja: o Estado Novo. Assim sendo, na condução da política
local estiveram os interventores Argemiro de Figueiredo (1937-1940) e
Ruy Carneiro (1940-1945). No entanto, foi no mandato de Ruy Carneiro
que observamos a implementação de novas práticas sócio-escolares que
marcaram o desenvolvimento das atividades da referida Escola. Para além
do objetivo de desenvolver o ensino técnico-profissional agrícola, ou seja, o
de promover discussões acerca das melhores práticas para o aproveitamento
agrícola e, sobretudo, transmitir os novos conhecimentos aos fazendeiros
bem aos médios e, menor proporção aos pequenos agricultores paraibanos,
a Escola foi envolvida na “Batalha da Produção”, que em poucas palavras
99
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
verteu-se no sentido de conduzir à criação de pelo menos uma granja-modelo
em cada município paraibano e ao mesmo tempo em se autotransformar
em um dos principais centros de produtos horte-frute-grangeiros, visando
contribuir no Esforço de Guerra contra os inimigos da Pátria, abastecendo,
não somente o mercado interno, mas principalmente a Base Militar norteamericana, localizada no Estado do Rio Grande do Norte. Nesse sentido,
a Escola perdeu a sua função, primordialmente, educativa e passou a ser
espaço destinado à produção agrícola.
A categoria inclusão no contexto da educação
superior no Brasil e na América Latina
Uyguaciara Veloso Castelo Branco (UFPB)
[email protected]
O presente trabalho objetiva fornecer fundamentos teóricometodológicos para os estudos e pesquisas desenvolvidas na área de
História da Educação, tendo como foco a Educação Superior no Brasil e
nos países latino-americanos. Para tanto, foi realizado um levantamento
bibliográfico, análise crítica e síntese de conteúdo em periódicos de
circulação internacional, que enfatizem a temática inclusão na Educação
Superior. O estudo se insere dentro da temática abordada no Projeto
intitulado Inclusão, Equidade e Excelência Acadêmica nas Políticas de
Educação. O acesso ao Ensino Superior no contexto da globalização e é
parte integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior
e Movimentos Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGE/UFPB). Foram catalogados os artigos da Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos (RBHE), Revista Lusófona de Educação, Revista
de Educación Inclusiva, no período de 2000 a 2012. Os artigos foram
identificados por ano, autores, título, tema e conteúdo resumido, sendo
feita uma análise crítica e síntese do conteúdo dos artigos encontrados
nos periódicos indicados, traçando um perfil temático para cada um
dos periódicos analisados. Os dados apontam, sinteticamente, que os
estudos desenvolvidos no Brasil enfocam a temática de inclusão ainda
como tentativa de garantia de acesso à educação superior de minorias, a
100
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
exemplo da população negra, das pessoas com deficiência, e dos alunos
oriundos de escolas públicas, através de cotas sociais e/ou raciais e das
Políticas de Inclusão ou Compensatórias executadas pelo Governo Federal
Brasileiro, enfocando as duas últimas décadas (anos 1990 e 2000) e os
governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Em
nível latino-americano, a inclusão é tratada como temática mais ampla
de garantia de direitos cidadãos à população em geral, incluindo
as minorias, sem enfocar diretamente o acesso à educação superior,
mas o acesso a qualidade da educação. Segundo González (2012, p.1), a
temática da inclusão deverá ser tratada levando em conta o aumento de
alunos de culturas diferentes, na perspectiva do desenvolvimento de uma
educação multicultural, repensando os seus objetivos e considerando
como condição fundamental o “complexo fenômeno da diversidade
humana”. Desta feita, o tema inclusão aborda a criação de sistemas de
orientação e de apoio para alunos “diferentes”, assegurando a “igualdade
de oportunidades”, através de ações compensatórias feitas por medidas
que facilitem o acesso aos estudantes cujas diferenças os impedem de
participar dos “recursos disponíveis para todos”.
A construção da escola primária da Bahia na
primeira república: relato de um projeto de
levantamento e pesquisa e dos seus resultados
Elizabete Santana (UNEB)
[email protected]
A necessidade de uma história da construção da escola primária
na Bahia que inclua de modo abrangente e articulado os diferentes
aspectos do seu funcionamento deu origem ao projeto “Mudanças
curriculares na construção da escola primária na Bahia: os currículos
prescritos nas reformas do ensino e suas relações com o currículo em uso
nas escolas (1889-1930)”. Ao tomar como eixo para a estruturação das
atividades de levantamento e sistematização de dados os conceitos
de currículo, currículo prescrito e currículo em uso, o projeto
contemplou temas que, estando presentes no funcionamento e
101
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
no cotidiano da escola, estão de algum modo relacionados com os
conteúdos escolares. As bases teóricas e metodológicas da pesquisa
foram construídas a partir do aporte teórico encontrado em,
Johnson Jr. (1980), Giroux (1986) Sacristán (2000) Faria Filho
e Vidal, (2000), e outros. Reconhecendo que o conhecimento
da legislação oferece pistas para buscar outras peças e elementos
que permitam uma aproximação e uma interpretação da história,
o projeto privilegiou em um primeiro momento os documentos
legais. Buscou-se construir uma base para o conhecimento das
medidas oficiais que estiveram presentes no processo de estruturação
do sistema público de ensino primário. Daí surgiu o “GUIA DE
REFERÊNCIAS TEMÁTICAS NAS LEIS DE REFORMA E
REGULAMENTOS. 1890-1930” organizado em torno daqueles
temas ou itens relevantes para o estudo do currículo e da escola
primária os quais, geralmente, são objeto de regulamentação no
conteúdo dos documentos legais. Entre eles, estão: as matérias
de estudo, métodos, organização pedagógica e administrativa da
escola, rotinas escolares, materiais didáticos, sistema de exames,
etc. No curso das atividades de levantamento e de leitura inicial
dos documentos levantados tomamos conhecimento da passagem,
em 1895, da administração das escolas estaduais do município da
Capital para a órbita da Intendência Municipal de Salvador,
decisão que se manteve até a gestão de Anísio Teixeira, iniciada no
ano de 1924. Daí surgiu um levantamento no Arquivo Histórico
Municipal de Salvador sobre a escola primária na administração da
Intendência Municipal, do qual resultou um arquivo com fotografias
dos manuscritos localizados organizado de acordo com os 17 temas
que serviram de base para a coleta. Os documentos levantados estão
apoiando o estudo de questões que foram levantadas no percurso
da pesquisa. O tratamento dessas questões em articulação com
os documentos localizados e com outros complementares está
possibilitando a elaboração de livros, artigos, monografias de TCC
e dissertações de mestrado. Portanto, novos conhecimentos sobre
a construção da escola primária da Bahia, na Primeira República,
estão se tornando disponíveis.
102
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A educação profissional no Brasil:
os meandros de sua formação e a atuação do estado
Desiré Luciane Dominschek Lima (Unicamp)
[email protected]
Neste trabalho, dedico-me a apresentar alguns elementos necessários
para a compreensão e análise da história do ensino profissional no Brasil.
Para tanto, apresento algumas características concernentes aos trabalhos
de caráter manual que eram realizados no país a partir da República,
bem como as relações e atuações do Estado na modalidade do ensino
técnico e profissional. Para esta análise utilizaremos as bases teóricas dos
autores - Mészáros, Cury, Weistein, Cunha, Sanfelice. Nos primórdios
do Império, permaneceu a mentalidade conservadora desenvolvida ao
longo dos três séculos de duração do período colonial. Tal mentalidade
pautava-se em destinar o ensino dos ofícios manuais aos humildes, pobres
e desvalidos, continuando, portanto, o processo discriminatório em
relação às ocupações antes atribuídas somente aos escravos. A humanidade,
durante os primeiros estágios da civilização, considerava a aprendizagem
de ofícios como inteiramente dissociada dos processos de educação,
encarando-a como simples forma de trabalho, sem nenhuma expressão
educativa. A transmissão dos conhecimentos profissionais ainda estava
situada fora dos estabelecimentos escolares. Considerei importante iniciar
trazendo neste momento contribuições da historiografia da educação
brasileira para a discussão da educação profissional, objetivei compreender
a concepção de ensino das escolas profissionais, sobretudo amparandome na análise documental de “O Escudo”. O Escudo era uma publicação
semestral preparada pelos alunos do SENAI-PR, constituindo uma fonte
de informação significativa quanto às percepções discentes. A análise deste
periódico, enquanto uma fonte histórica sugere que se lancem outras
perspectivas sobre o processo de formação para o trabalho no Paraná, bem
como revela nuances do ensino profissional no Estado, indicando alguns
elementos da educação profissional emanada pelo SENAI no período de
1940 á 1960. A abordagem foi no sentido de pensarmos os tentáculos
do Estado sobre a organização do ensino em todas as modalidades e
103
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
especificamente no ensino profissional. Percebemos que o Estado desde a
segunda metade do século XIX vai se consolidando como responsável pela
educação do povo, e que no ensino profissional esta articulação também
é presente mesmo nas escolas que não formam a “rede pública” de ensino.
A efetividade do direito à
educação no Brasil na Primeira República:
um estudo das constituições estaduais
Mário Márcio Negrão (UTP)
[email protected]
Heloísa H. D. Pereira (UTP)
[email protected]
A efetividade do Direito à Educação no Brasil tem sofrido empecilhos
persistentes apesar de declarada na Constituição de 1988 como direito de
todos e dever do Estado onde leis, decretos e outros dispositivos obrigam
o Poder Público a garantir esse direito. Tais instrumentos normativos
são fruto de um longo caminho trilhado dentro da evolução dos direitos
sociais no Brasil, assim sendo há espaço para a análise das circunstâncias
onde foram construídos recursos semelhantes que possam ter servido
como antecessores desses instrumentos jurídicos atuais. Tendo em vista
que a promulgação de uma constituição nacional acarreta a necessidade de
alterações significativas nas constituições estaduais e que é possível levantar
hipóteses de que essas preparam o caminho para inovações jurídico-legais,
este estudo tem por objetivos analisar comparativamente a Constituição
Estadual do Paraná de 1892 e a Constituição Estadual da Bahia de 1891,
bem como verificar as concepções de normatização do ensino adotadas em
ambas. Constata-se que, na primeira, o ensino primário é declarado como
um direito universal e gratuito (Tit. VIII cap. único art. 131), e que cabe
aos poderes da Assembleia Legislativa legislar sobre o ensino público (Tit.
III art. 26 §8) porém não estão claros os dispositivos para uma política de
justiça distributiva do ponto de vista financeiro. Representa um recuo em
relação ao decreto n.31 de 29 de janeiro de 1890, o primeiro regulamento
de organização da instrução pública do Estado do Paraná da 1ª Republica,
104
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
que propõe gratuidade, obrigatoriedade e laicidade para o ensino, mas
carece elementos garantidores de efetividade, de tal forma que o mesmo foi
revogado logo a seguir, com a justificativa de que sua implementação excedia
as verbas disponíveis. Já a Constituição Estadual da Bahia de 1891, no Tit.
II, cap. IV, art 36 §7 permite à Assembléia Legislativa legislar sobre o ensino
primário secundário e superior além do ensino técnico e profissional. De
especial interesse é o Tit.V art. 409 §1 estabelecendo que os fundos virão
de multas, taxas e outras fontes. O estudo comparativo desses documentos
revela nítidas diferenças entre a concepção de normatização do ensino, sendo
que o Paraná contraria o silêncio sobre gratuidade e universalidade presente
na Constituição Republicana enquanto que o Estado da Bahia segue as
tendências da Carta Magna Federal de 1891. Também notável é que o
Estado da Bahia normatiza as fontes de financiamento do ensino enquanto
o Estado do Paraná segue com uma linha mais tímida a esse respeito. As
fontes utilizadas são compostas por fac-símiles eletrônicas dos documentos
originais encontrados na internet. O quadro teórico está embasado em
Norberto Bobbio (2004), sobretudo na relação dialética entre liberdades e
poderes, sendo adotadas as seguintes categorias de análise: formal, política,
ética e normativa dos princípios constitucionais.
A escola complementar paulista (1890-1911)
Tony Honorato
[email protected]
A proposta é compreender a instalação das escolas complementares
como alternativa republicana para disseminar a formação de professores
no Estado de São Paulo (1890-1911). Como fonte assumiu a legislação
da instrução pública e debates registrados nos Anais da Câmara dos
Deputados de São Paulo. A periodização justifica seu início em razão
da reforma de 1890, conhecida como Caetano de Campos, e o término
em razão da reforma de 1911, conhecida como Oscar Thompson. A
auspiciosa reforma de 1892 regulou a instrução pública do Estado de
São Paulo nas primeiras décadas republicanas e os reformadores do
ensino enfrentaram entraves para implementar suas propostas, haja
vista o caráter audacioso da Lei n°. 88 se considerarmos o perfil do
105
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
quadro docente existente na época para as instituições almejadas. O
Deputado Gabriel Prestes, em discurso proferido em 1893 na Câmara
dos Deputados, desenhou o quadro docente paulista composto por
professores normalistas formados em diferentes épocas e programas de
ensino, professores habilitados por um exame elementar conforme Lei
de 1869, professores chamados de concursos de acordo regulamento
de 1882 e pelos professores formados pela a Escola Normal da Capital
já no período republicano. Com esse desenho, o reformador Prestes
diagnosticou que a formação do professorado era mais heterogênea
possível, e inutilmente se tentaria por em execução um só programa
de ensino em todo o Estado. (PRESTES. In: ANAIS, 1893, p. 186).
A questão evocada por Prestes pode ser interpretada da seguinte
forma: como é possível a instrução pública republicana garantir o
progresso da educação do povo, sem garantir um forte alicerce – a
formação do professor? De outro lado a reforma de 1892 em seu artigo
1º estabelecia três níveis de ensino: primário, secundário e superior.
Para esta organização de ensino demandaria um alto coeficiente de
professores. A demanda maior situava-se no ensino primário, pois em
toda localidade onde houvesse de 20 a 40 alunos uma escola preliminar
seria fundada. O ensino primário era compreendido pelos cursos
preliminar e complementar. O preliminar teria suas aulas regidas
por professores normalistas, era obrigatório, destinava à educação
de crianças de 07 a 12 anos e ofertado em escolas preliminares ou
nas auxiliares intermédias e provisórias. As escolas intermédias seriam
regidas por professores habilitados conforme os regulamentos de 1869
e 1887, e as escolas provisórias deveriam ter professores interinos
examinados pelos inspetores de distrito ou pelas comissões nomeadas
pelos municípios. Havia ainda possibilidade de escolas ambulantes para
aquelas localidades com baixa densidade populacional. (DECRETO
n°218, de 27 de novembro de 1893, p. 20-22). O fato é que a questão
sobre a demanda de professores era muito acentuada. Por isso, dentre
outras razões, os legisladores republicanos paulistas precisariam
encontrar uma solução para formação/diplomação de professores. Foi
neste sentido que a proposta de escola complementar colaborou para
solução paliativa do problema a partir de 1896.
106
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A escola e a invenção das identidades nacionais
Luiz Eduardo Oliveira (UFS)
[email protected]
O nacionalismo, em função de uma língua e uma literatura nacional
que apaga as diferenças étnicas, sociais, linguísticas e culturais que
não se encaixam no projeto nacional de que o Estado e os homens de
letras são os principais representantes, estabelece o padrão necessário
para a produção de dicionários, gramáticas, antologias, parnasos e,
principalmente, histórias literárias, os quais, institucionalizando-se nos
sistemas de educação nacionais, serão uma instância preponderante,
no século XIX, para a legitimação das identidades nacionais. Estas
constituem-se discursivamente, em confronto com uma alteridade que
pode ser representada pelo colonizador ou pelas nações concorrentes,
em relação às quais, ou em decorrência das quais, suas narrativas vão
sendo produzidas. Nesse sentido, o processo de institucionalização
do ensino das línguas nacionais, seja como instância legitimadora do
Estado-Nação, seja como disciplina escolar e acadêmica, encontrase indissoluvelmente associado ao da configuração das identidades
nacionais. A maioria dos preâmbulos das peças legislativas pombalinas
assume um caráter de recuperação – econômica, política, literária
etc. – de um tempo perdido, filiando-se assim à mitologia do eterno
retorno da Idade de Ouro. Um tempo na verdade mítico, uma vez que
perde suas origens nos próprios mitos do tempo. O período eleito é o
século XVI: época, como se sabe, da formação dos Estados europeus,
da revolução científica, das reformas religiosas, da colonização, da
ascensão dos vernáculos, da gramatização e da escolarização. Não por
acaso, é o período eleito pela historiografia ocidental para demarcar
e fundamentar o conceito de “modernidade”. A grande inovação da
legislação pombalina, especialmente aquela voltada para a instrução
pública, de modo geral, e ao ensino das línguas, em particular, foi
a ênfase dada à institucionalização do ensino da língua portuguesa,
desde então assumida como língua nacional. Embora as motivações
da Lei do Diretório, de 1757, fossem de ordem muito mais políticoeconômica do que propriamente linguística, uma vez que visavam o
107
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
aumento da Fazenda Real e o incremento do “commercio do Sertão”,
tal documento foi de fundamental importância para a consolidação
da língua portuguesa como língua nacional em Portugal e no Brasil,
principalmente por consolidar o papel do catecismo como o dispositivo
principal no processo de escolarização e como método do ensino das
primeiras letras. Desse modo, se Luís Antônio Verney (1713-1792),
já em 1747, mostrava-se preocupado com a valorização da “índole”
da língua vernácula, e se em 1757 a Lei do Diretório enfatizava a
necessidade da imposição da “Língua do Príncipe”, proibindo que
meninos e meninas usassem “da língua própria das suas Nações”, já
em 1827, alguns anos depois de o Brasil ter negociado, por intermédio
da Inglaterra, sua independência, a Lei de 15 de outubro, mandando
criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais
populosos do Império, estabelecia, em seu artigo sexto, a “gramática
da língua nacional” – isto é, da língua portuguesa – entre as matérias a
serem ensinadas pelos professores.
A escola nova em São Paulo e no Rio de
Janeiro: propagação e apropriação de modelos
pedagógicos no Brasil do início do século xx
André Luiz Paulilo (Unicamp/FE)
[email protected]
Este comunicação se propõe apresentar os resultados parciais
do projeto A escola nova em São Paulo e no Rio de Janeiro cujo
escopo é a investigação das estratégias de apropriação e difusão
dos métodos da chamada escola nova na atuação de Fernando de
Azevedo e Lourenço Filho em São Paulo e no Distrito Federal.
Trata-se de um esforço de compreensão de algumas das maneiras
das suas administrações na Diretoria de Instrução empreenderem
reformas nesse período. Assim, o principal problema de pesquisa
tem sido discutir as diferenças entre São Paulo e o Distrito Federal
no que diz respeito à propagação e recepção das ideias educacionais
e das práticas pedagógicas do início do século passado. A partir
108
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
do círculo social em que Azevedo e Lourenço Filho se moviam
em São Paulo e no Distrito Federal notam-se as possibilidades
de elaboração de uma reflexão acerca das manobras e artifícios
utilizados para garantir a recepção de suas estratégias de reforma.
Ao fundo dessa discussão, também há uma discussão sobre as redes
de sociabilidade que permitiram a apropriação de certas concepções
de Escola Nova, assim como a produção de uma leitura própria do
que essa nova escola deveria ser ou não. Nesse sentido, importou
ainda à pesquisa procurar conhecer tanto quanto os ambientes
em que Azevedo e Lourenço Filho se moviam, as formas como
organizaram seus espaços de mando e produção intelectual. Por
essa razão, a pesquisa propõe a investigação das estratégias que
utilizaram para construir suas redes de sociabilidade fundamental
e, desse modo, os desdobramentos políticos e sociais das suas
interpretações para o que se entendia e desejava postular como
escola nova. O modo de proceder da pesquisa tomou como ponto
de partida a análise dos relatórios administrativos, os textos oficiais
e a produção bibliográfica dos administradores dos sistemas de
ensino da então capital do país e de São Paulo entre as décadas
de 1920 e 1930. Ele partiu assim da recolha e do tratamento
de referências buscadas junto ao que Anísio Teixeira (1935),
Fernando de Azevedo (1929; 1931) e Lourenço Filho (1930;
1963) escreveram sobre a administração dos serviços educacionais
em São Paulo e no Rio de Janeiro. Reuniu-se e se vem analisando
esta bibliografia sobre a administração escolar para em seguida
consultar os arquivos pessoais de Fernando de Azevedo, sob guarda
do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), e de Lourenço
Filho e Anísio Teixeira, localizados no Centro de Documentação de
História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC).
A partir desse conjunto de referências vem sendo elaborado um
quadro de considerações com o qual se pretende evidenciar a forma
como diversos intelectuais circularam pelos gabinetes de Azevedo e
Lourenço Filho e as principais estratégias de apropriação e difusão
de práticas, modelos e objetos culturais que então se realizou em
suas reformas do ensino.
109
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A formação inicial dos professores
fluminenses – a política de formação do
antigo estado do Rio durante o governo do
comandante Amaral Peixoto
(1937 a 1945 / 1951 a 1954)
Márcia da Silva Quaresma (UERJ/PROPED)
[email protected]
O objetivo desta comunicação é investigar e analisar a formação inicial
oferecida aos futuros professores do antigo Estado do Rio de Janeiro
durante o período de intervenção do Comandante Amaral Peixoto (1937
a 1945) e depois no seu retorno ao governo do Estado como governador
eleito (1951 a 1954). Este estudo tem como base documental a legislação
do Estado do Rio de Janeiro referente à educação neste período, arquivos
do Comandante Amaral Peixoto e de análise bibliográfica dos estudos
feitos sobre o antigo estado do Estado do Rio de Janeiro, além de estudos
de história da educação brasileira. A comunicação se desenvolverá
a partir do período de intervenção de Amaral Peixoto que começa
em novembro de 1937. Nesta época, o antigo Estado do Rio possuía
duas Escolas Normais oficiais, a Escola Normal de Niterói e a Escola
Normal de Campos, além de algumas Escolas Normais particulares.
Em 1938 o governo do estado do Rio de Janeiro faz a união do Liceu
Nilo Peçanha com a Escola Normal de Niterói criando assim o Instituto
de Educação do Estado do Rio de Janeiro e realiza o mesmo com o
Liceu de Humanidades e a Escola Normal de Campos que passa a se
chamar Instituto de Educação de Campos. Veremos que a criação dos
Institutos de Educação engloba a implantação em cada um deles, de um
curso secundário fundamental e complementar, um curso de formação
de professores com a denominação de Escola de Professores, um curso
primário e pré-primário que se constituiriam numa Escola de Aplicação.
Esta organização está claramente baseada na transformação da antiga
Escola Normal do Distrito Federal em Instituto de Educação, realizada
por Anísio Teixeira em 1932. A partir desta constatação, faremos uma
110
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
reflexão de como o escolanovismo e as politicas educacionais aplicadas
no Distrito Federal influenciaram a politica educacional para a formação
do professor fluminense. Quando Amaral Peixoto retorna ao governo do
Estado do Rio como governador em 1951, logo no segundo mandato cria
o Curso Normal Rural de Cantagalo que, com um curso de 18 meses, em
regime de internato, tinha como objetivo formar professores habilitados
para os municípios que não possuíam cursos para a formação ou ficavam
distantes dessas escolas oficiais ou equiparadas. Continuava, portanto,
a preocupação com a formação inicial para o magistério fluminense
e a influência do escolanovismo e seus ideais. Paralelamente também
abordaremos as Escolas Normais equiparadas – escolas particulares para
a formação de professores neste período no estado do Rio de Janeiro.
Compreender estas politicas de formação inicial para os professores
fluminenses, as influências que elas sofreram e em que condições que
elas aconteceram, fazem parte da proposta deste estudo.
A formação dos professores do campo:
construções históricas na região do Araguaia
(1950-1980)
Terezinha de Jesus Aires Duarte
[email protected]
O ensino escolar, presentes nos textos constitucionais, foi
contemplada nos mais de 200 anos de história educativa do Brasil.
No entanto, o alcance desta politica pública foi se constituindo
como questão emblemática. Com essa reflexão, a intenção deste
texto foi propor uma discussão em torno da história da formação
do ensino em Mato Grosso e a especificidade da “Educação do
Campo” enquanto exigência da sociedade para formação de
professores e melhoria da qualidade do ensino. Por esse ângulo, a
formação de professores foi desconsiderada nos textos prescritivos
legais enquanto política de Estado. Dai a necessidade de conhecer
os aspectos de formulação legal e organização da escola do campo,
em especial a potencialização da modalidade com a qualificação
111
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
de professores. Com a análise de documentos, depoimentos orais
e relatórios pessoais, conhecemos as artimanhas do poder para
realização da educação do campo no Araguaia. O que significa
dizer que as constituintes acentuaram-se em negatividade,
estabelecendo tratamento para a “Educação do Campo” como
extensão do modelo de escolarização e de ensino urbano. Até
porque nessa tessitura o Estado desresponsabilizava das obrigações
deixando ao setor privado assumir o papel de subsidiar a educação
no campo. Com apoio na historia cultural de Foucault, Chartier
e com teorias de educadores brasileiros como Vidal, Gondra,
Caldart e Munarim conseguimos analisar aspectos dessa situação.
Nesse sentido, compreendemos que os professores da “Educação
do Campo” tinham a função de reprodutores do modelo de ensino
urbano. Tanto que ao final do século XX, os movimentos sociais do
campo fortaleceram o protagonismo do direito de terem educação
de acordo com os interesses que incluísse os povos do campo como
sujeitos de direito, como cidadãos diferentes, mas que não deveriam
ter tratamento desigual. Essa situação somente teve visibilidade
com a constituinte de 1988 que considerou a educação como
direito de todos. Com a aprovação da Lei LDB 9394/96 garantiuse a educação o direito de pensar e fazer ensino pelos movimentos
educativos da educação do campo. Essa contextualização histórica
e principalmente tratando das formações dos professores na região
do Araguaia também foi pouco contemplada por politicas públicas
na realidade brasileira. Tanto que, na década final de 70 em nível
de região do Araguaia, expressava a força e sensatez de setores da
igreja católica e esforços de Casaldáliga para fazer protagonismo
dos sujeitos da educação na região. Fatos estes que fortaleceram os
movimentos sociais da educação e organismos governamentais na
busca de subsidiar qualificação aos docentes, visto que a maioria
tinha apenas o ensino fundamental, às vezes o mesmo nível de
aprendizagem dos seus alunos. Essa semente foi plantada mais
especificamente em São Felix do Araguaia-MT, terra de Pedro, e
que disseminou frutos para outros municípios.
112
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A formação militar infantil na perspectiva da
assistência aos desvalidos: a companhia de
aprendizes militares de Minas Gerais (1876-1891)
Felipe Osvaldo Guimarães (FaE/UFMG)
[email protected]
O trabalho se propõe a analisar um projeto de formação militar voltado
especificamente para crianças pobres no século XIX, tendo como base
documental as fontes relacionadas à Companhia de Aprendizes Militares de
Minas Gerais durante a existência dessa instituição. Nas décadas finais do
século XIX, ganhou força no Brasil o processo de escolarização do ensino de
ofícios a partir da iniciativa do Estado, que começa nesse período a assumir um
maior protagonismo na criação de instituições de assistência aos “desvalidos
da fortuna” e, em especial, à infância pobre ou abandonada. Com a atuação
estatal adquirindo maior peso frente a outros atores, como a filantropia
particular e a caridade religiosa, essa perspectiva assistencial é tomada como
um elemento importante para a manutenção da ordem social e para a
formação de cidadãos “úteis a si mesmos e à pátria”. O Exército, como parte
do Estado, insere-se nesse processo através da criação de várias instituições com
fins assistenciais, mas que também manifestam um esforço modernizador
da formação dos quadros inferiores da corporação, especialmente após
a Guerra do Paraguai. Nesse contexto, o Ministério da Guerra determina
em 1874 a criação de uma Companhia de Aprendizes Militares em Minas
Gerais, instalada em 1876 na cidade de Ouro Preto. Com capacidade para
40 aprendizes, a instituição admitia especificamente meninos entre 7 e 14
anos órfãos, pobres, ingênuos e filhos de soldados. Os aprendizes recebiam
fardamento, diárias e alojamento, passando a frequentar aulas de disciplinas
como primeiras letras, ginástica, música e instrução militar. A perspectiva
teórica que norteia a pesquisa tem a contribuição de autores como Julio Ruiz
Berrio e Félix Santolaria, vinculados à História da Educação Social, que
estuda iniciativas educacionais voltadas especificamente para o combate à
marginalização e exclusão social, especialmente de crianças e jovens. Outros
autores que também embasam o trabalho são Norbert Elias, com o estudo
da produção do estigma de outsider por grupos estabelecidos, e Maria Luiza
113
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Marcílio com a definição de marcos temporais da assistência à infância pobre
e abandonada. As fontes empregadas na análise da companhia abarcam as
leis e regulamentos que criam e normatizam a instituição, além dos relatórios
e correspondências trocados entre o Ministério da Guerra, a Presidência da
Província e o comando da companhia. Portanto, a criação de companhias para
a formação militar teria sido pensada pelo Estado imperial brasileiro como
uma das formas de se educar e profissionalizar jovens e crianças desvalidas,
mas dentro das especificidades de uma instrução militar que formasse “bons
soldados e cidadãos”, afastados do ócio e da criminalidade. Além disso, esses
estabelecimentos teriam constituído um caminho alternativo de alfabetização
e escolarização a centenas de jovens que, do contrário, dificilmente teriam
acesso à educação em escolas de ensino regular.
A história da escola pública de instrução
primária brasileira. Província da
Parahyba do Norte: 1822-1849
Mauriceia Ananias [email protected]
A narrativa de pesquisa, ora apresentada, sobre a história da escola
pública de instrução primária brasileira, tem a intenção de reconstruir
o processo de escolarização ocorrido na província da Parahyba do Norte
entre os anos de 1822 a 1849. Para tanto, terá como mediação a análise
acerca das propostas de instrução pública primária, referenciadas como
aulas, cadeiras, escolas de primeiras letras e/ou elementares decretadas
pela legislação provincial e, oficialmente, oferecidas para uma parte
da população livre da então província paraibana. Para tal construção,
a análise considerou que as relações de poder estabelecidas entre as
ações do governo central, provincial e local foram fundamentais para
compreender o processo de escolarização da província paraibana. A
legislação será compreendida como mediadora da construção de um
arranjo institucional de acomodamento das elites brasileiras para
organizar as diversas esferas do Estado Nacional, inclusive a instrucional.
Para a Parahyba do Norte, no ano de 1835, com a inauguração da
114
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Assembleia Legislativa provincial, iniciou-se, dentre todas as demais,
as atividades legais para a instrução. A partir dessa ação legislativa,
os anos de 1835 a 1849 foram compreendidos como significativos
para a organização e normatização da instrução pública primária, em
especial com a promulgação das leis e dos dois regulamentos de 15 e
20 de janeiro de 1849, fontes e objetos de análise dessa investigação.
A perspectiva analítica utilizada optou pela compreensão geral de que
as tentativas de criação e manutenção de um modelo organizado de
instrução na então província da Parahyba do Norte acompanharam os
percalços da construção do Estado Nacional e das várias tentativas de
constituição de uma identidade pátria para a Nação brasileira. Notou-se
que os temas presentes nas leis e regulamentos, na maioria das vezes,
eram objetos de descontentamentos ou de reclamações dos próprios
professores e das câmaras municipais que passavam aos deputados e,
em última instância, aos presidentes da província a responsabilidade de
solucionar- através da elaboração de leis, ordens, ofícios e requerimentosessas questões. Por outro lado, afirmamos, também, a iniciativa do
governo provincial em instituir escolas de primeiras letras como
espaços para o cumprimento da instrução elementar como parte da
defesa de um projeto civilizatório para a redenção dos povos ignorantes.
Dessa forma, demonstrou-se que as ações do Estado no campo da
instrução pública foram constituídas não sem conflitos, mas, através
de um arranjo entre o que era solicitado pelos professores e pelas
câmaras municipais e o que era concedido pelo governo provincial
numa dinâmica de atuação estatal que passava pela concepção da
escola como redentora dos males sociais, pela necessidade de controle
e formação dos professores e das aulas públicas. Os concursos públicos,
o deslocamento, o fechamento e a reabertura das aulas em diversas
localidades da província eram anunciados como tentativas de reformas,
numa associação à necessidade de formação dos professores, para a
instrução. Nessa perspectiva, pretendemos desvendar mais claramente
as ações para a instrução pública primária a partir dessa proposta de
normatização oficializada pelos governos provinciais utilizando-nos de
um lugar privilegiado: as próprias aulas, numa tentativa de demonstrar
o processo de escolarização da Província da Parahyba do Norte.
115
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A história da educação em
Mato Grosso do Sul (1977-2007)
Nilce A.S.F. Fedatto (DCR/UEMS/CNPq)
[email protected]
O estudo da história da educação é fundamental para se
compreender as relações de poder e os mecanismos de relação entre
Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade,
o modelo educacional para os trabalhadores e o modelo desenvolvido
para as elites, além de possibilitar o entendimento de que a
educação não é uma atividade neutra, mas se desenvolve no sentido
de atender às necessidades de determinados grupos. As reflexões
ora apresentadas é resultado de três anos de pesquisa cuja proposta
surgiu da necessidade de sistematizar e recuperar o percurso da
história da educação em Mato Grosso do Sul como uma esfera do
fazer social inaugurado com a divisão do Estado de Mato Grosso,
que resultou em um “estado novo”, em termos legais. O recorte
temporal é balizado pelo ano de 1977 no qual se deu a criação
do estado de Mato Grosso do Sul e pelo ano de 2007, por razões
óbvias, dentre elas, os primeiros anos do novo milênio e quando
o estado completa trinta anos de criação. A intenção foi realizar
uma pesquisa de cunho qualitativo, com a abordagem histórico/
documental e de conteúdo orientada por princípios buscados no
método dialético. Quanto à educação, foco central dessa investigação,
a pesquisa revelou que a administração central que se configura
a Secretaria de Educação, seus órgãos e o Conselho Estadual de
Educação sentiu o impacto da divisão, do Estado de Mato Grosso,
de modo contundente. Primeiro porque o nível central não existia,
então cabia aos profissionais da área montar toda a estrutura. E
na sequência, a falta de experiência no trato com as questões da
educação no nível executivo estadual, a seguir a fragmentação da
documentação recebida e por fim, a falta de normatização. Por
seu lado, a rede escolar permaneceu alheia. Aliás, para a escola, a
divisão de Mato Grosso não significou ruptura, porque enquanto se
estruturava o sistema estadual de ensino em Mato Grosso do Sul, a
116
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
legislação a ser seguida era a mesma. Considerando que o principal
objetivo da escola é o ensino e a aprendizagem, que se cumpre pelas
atividades pedagógicas, curriculares e docentes que são viabilizados
pela e na própria escola, nos parece coerente que a divisão do estado
tenha importado pouco. Todavia é certo que estabeleceu um clima
de instabilidade nos trabalhadores da educação no nível escolar,
pois as informações eram fragmentadas e contraditórias. Em termos
conclusivos é possível afirmar a importância de estudos e pesquisas
como o trabalho que ora nos ocupa como contribuição para que
Mato Grosso do Sul firme-se como um estado da federação e não
como “parte” de Mato Grosso. Por último alertar para a perda
de documentos fundamentais para a compreensão da história da
educação e num período tão recente, trinta anos!
A historicidade do conceito de formação
continuada: uma análise da visão de Paulo
Freire sobre a formação permanente
Andréia Nunes Militão (FAPESP)
O presente trabalho é parte integrante de pesquisa de
doutorado que investiga a ação do gestor enquanto articulador
do desenvolvimento profissional dos professores. Neste trabalho
pretende-se abordar a formação continuada no contexto atual
da educação brasileira e a partir das ideias de Paulo Freire. A
metodologia que percorre a construção do presente trabalho
centra-se em pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo, buscando
apreender a concepção de formação permanente de Freire ao
se referir aos processos de formação continuada efetivados no
interior da escola. Partimos da constatação de que nas últimas
décadas a formação de professores assumiu novo significado, em
especial, com regulação dada a partir da LDB (lei nº 9394/96) e
pelo FUNDEF/FUNDEB. No entanto, ainda prevalece tanto na
esfera federal, na estadual como na municipal, políticas públicas
centradas em ações format ivas de caráter individualizado
117
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
e com reduzido impacto sobre a qualidade da educação,
desconsiderando o que os estudos acadêmicos vêem sinalizando
como políticas mais eficazes, ou seja, a formação centrada na
escola e abrangendo toda a equipe escolar. Temos, portanto, um
movimento em que se opõe e convivem diferentes concepções sobre
a formação docente, ora na perspectiva de reflexão sobre a prática,
ora na perspectiva de treinamento e, ainda, na visão tradicional
de suprir possíveis falhas e lacunas da formação inicial. Neste
trabalho problematiza-se esta realidade a partir do pensamento
de Paulo Freire, destacando o lugar da formação continuada nas
políticas públicas atuais. Freire teoriza e experiência a formação
de professores, denominada pelo autor de ‘formação permanente’.
Partindo da análise da obra Educação na Cidade, entendemos que
Freire se antecipa ao debate intelectual, ao implementar durante o
período que exerceu a função de secretário municipal (1989-1991),
a ‘formação permanente’ no interior das escolas, considerando
os saberes dos professores numa relação reflexiva junto com
intelectuais de diferentes universidades paulistas. Na perspectiva
freiriana, é preciso romper com os modelos tradicionais de cursos
de férias e com práticas de formação que obliteram as situações de
formação do cotidiano da escola, tornando-se necessário que os
sistemas de ensino criem condições para a formação permanente
dos professores e dos demais funcionários. Assim, a função
daqueles que ocupam cargos administrativos, seja na secretaria de
educação, seja no interior da escola, deve ser assumida como uma
tarefa pedagógica e ao mesmo tempo política, rompendo-se assim
com a imputação ao professor de toda a responsabilidade pela sua
própria formação. A partir dessa análise, defendemos que Freire
antecipa-se ao debate acadêmico ao tratar da formação, pois no
final dos anos 1980 e início da década de 1990 já defendia a
formação centrada na escola e com ênfase no processo de reflexão
sobre a prática, posicionamento que só ganhou maior aceitação
na última década.
118
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A instrução pública no Brasil de 1808 a 1834 levantamento e análise da legislação
Daniela Almeida Tonholli
[email protected]
Foi realizada pesquisa a partir do levantamento e leitura
de toda a legislação disponível nos órgãos oficiais brasileiros
entre 1808 e 1834, especificamente relacionada à instrução
pública. Buscou-se a consolidação de bases legais seguras para
a compreensão do desenvolvimento da educação no Brasil no
período pesquisado. A pesquisa revisitou a legislação do período
considerado possibilitando nos seus achados uma leitura sobre
uma das raízes da educação brasileira focando-a na instrução
pública em todos os seus níveis, bem como a figura do professor.
A organização e reunião das normas existentes no período em
questão constituíram, de um lado, a definição de uma metodologia
de pesquisa e, de outro, a compreensão do processo de formação
dessas normas, resultando na reunião de um material de consulta
que passou a integrar este trabalho. Todas as normas disponíveis
nos arquivos oficiais foram consideradas tendo sido realizada a
leitura completa e transcrição do conteúdo de todas elas, o que
trouxe novos elementos quanto ao desenvolvimento da instrução
pública, conceitos e interpretações. Foi possível verificar, entre
outras observações, que não houve um abandono generalizado
quanto à instrução pública, fosse por parte de D. João VI, fosse
por parte de D. Pedro I. A liberdade de ensino dada aos cidadãos
em 1821 pretendia ser irrestrita, revelando que em verdade, é
necessária uma fiscalização por parte do governo. Existiu um
sistema nacional de educação, nos moldes próprios daquela
época, que se manteve até a reforma da Constituição de 1824
ocorrida em 1834 e que era dividido em dois níveis: estudos
menores e estudos maiores.
119
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A nomeação da escola rural em Minas Gerais:
um estudo sobre representações e práticas (1889-1899)
Gilvanice Barbodsa da Silva Musial (FAE/UEMG)
[email protected]
O referido trabalho apresenta parte dos resultados de uma
pesquisa intitulada “As representações sobre a educação das
populações rurais em Minas Gerais: os debates no congresso
mineiro e na imprensa de Ouro Preto (1889 - 1892)” que teve
sua origem nos resultados da tese de doutorado “A emergência da
escola rural em Minas Gerais (1892 -1899): quando a distinção
possibilita a exclusão”, defendida na Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Minas Gerais – FAE/UFMG. Tem
como objetivos: identificar e analisar as representações e práticas
produzidas por diferentes sujeitos sociais sobre as populações
rurais e que produziram a especificidade da escola rural no final do
século XIX. Ao longo do período Imperial e nos primeiros anos da
República, a escola destinada ao povo não recebeu denominações
diferentes de acordo com sua localização geográfica. A partir da Lei
41 de 1892, apareceu pela primeira vez na legislação educacional,
em Minas Gerais, a denominação escola rural. Além de criar a esta
denominação a referida Lei estabelece uma hierarquização
entre escola rural, distrital e urbana. Sendo assim perguntamos,
quais foram os argumentos utilizados pelos legisladores mineiros
para o estabelecimento da distinção entre escola rural,
distrital e urbana, no final do século XIX? Quais práticas foram
produzidas a partir de tal nomeação? A distinção entre escola
rural, distrital e urbana foi justificada por parte dos deputados
e senadores mineiros, pela necessidade de adequação da escola
de instrução primária ao grau de desenvolvimento e civilização
das populações rurais, distritais e urbanas. Ela possibilitou uma
classificação, uma delimitação, uma visibilidade e a construção
de uma política específica de melhoria das edificações de escolas
distritais e de escolas urbanas. Consequentemente, percebeu-se
120
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
uma progressiva distinção entre as escolas de instrução primária
sob responsabilidade do governo do estado e a representação da
escola rural como precária, esburacada, em ruínas. No âmbito da
pesquisa trabalham os com os pressupostos da História Cultural,
especialmente, com as formulações teórico -metodológicas de
Roger Chartier. Para a apreensão das representações e práticas
produzidas sobre as populações rurais e a escola rural em Minas
Gerais, no período de 188 9 a 1899, trabalhamos com os debates
no Congresso Mineiro em torno do projeto que deu origem à lei
n.41 de 1892, com a legislação escolar, com relatórios de Inspetores
Escolares, Secretários do Interior, Presidentes do Estado e jornais.
A organização do ensino
profissional no Distrito Federal (1892-1902):
poderes públicos e práticas sociais
Clarissa dos Santos Rego de Abreu Sant’ Anna
[email protected]
Suzana Teixeira Pinto
[email protected]
O presente trabalho, ainda em andamento, é fruto de reflexões
suscitadas a partir da participação no Projeto “Centro de Memória
Ferreira Vianna: Documentação, Ensino e Infância Trabalhadora
no Rio de Janeiro (1888 - 1942)”, desenvolvido no Centro de
Memória da Escola Técnica Estadual Ferreira Viana, em parceria
com a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. O objetivo é analisar as disputas e tensões políticas em
torno dos projetos sobre a instrução pública e ensino profissional
da então Capital Federal, entre os anos de 1892 e 1902,
enfatizando os esforços de organização do ensino profissional
que culminaram na aprovação do Decreto nº 282, de 27 de
fevereiro de 1902 - primeiro regulamento do ensino profissional
do Distrito Federal. Busca-se compreender como os conflitos
121
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, protagonizado no
Conselho Municipal, interferiram nas práticas escolares da Casa
de São José, internato oficial dedicado à iniciação de crianças
entre seis e doze anos ao mundo do trabalho manual. Para
tal, têm-se como fontes de pesquisa: os Anais e Boletins da
Intendência Municipal e os documentos da Casa de São José,
que se encontram sob a guarda do Centro de Memória Ferreira
Viana, tais como, correspondências e relatórios de professores e
diretores. Dessa forma, o recorte temporal compreende os anos
de 1892, a partir da organização municipal do Distrito Federal
(Lei nº 85, de 20 de setembro de 1892) até a aprovação do
Decreto nº 282, em 1902. Esse primeiro decênio, conforme
revelado pela pesquisa, permitiu consolidar o campo político
institucional e, ao mesmo tempo, estabelecer os delineamentos
da organização política administrativa da instrução pública, na
Capital Federal. No que diz respeito aos referenciais teóricos,
o presente trabalho desenvolveu-se a partir das contribuições
de Faria Filho (1998, p. 106) ao entender “a lei como prática
ordenadora e instituidora, voltada para as relações sociais”
em que, ao mesmo tempo, representa um lugar de expressão e
construção de conflitos e lutas sociais. Além disso, são utilizadas
as análises de Magalhães (2004) sobre a atuação do campo
político carioca, no Conselho Municipal, no período de 1892
a 1902. Por fim, recorre-se ao trabalho de Torres (2010, p. 11)
que assinala nos debates do Conselho Municipal a importância
da instrução pública como meio de prover o “Progresso”, a
“Civilidade” e a “Ordem”. Os resultados parciais da pesquisa
têm nos levado a estabelecer três eixos ordenadores em torno
das disputas e tensões entre os intendentes e o prefeito, no que
diz respeito à instrução pública: a) aqueles que defendem uma
formação voltada exclusivamente para o mercado de trabalho;
b) os que vinculam a extensão da obrigatoriedade da instrução
primária para a constituição e participação da cidadania
política; e c) aqueles preocupados com os gastos públicos e,
consequentemente, com o seu impacto no orçamento.
122
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A política educacional do estado do
Paraná no Brasil republicano (1889 a 1900):
o debate sobre obrigatoriedade e liberdade de ensino
Maria Cristina Gomes Machado (UEM/CNPq)
[email protected]
Neste texto estudamos a política educacional do Estado do Paraná
– Brasil – para a organização da escola pública primária republicana
no período de 1889 a 1900, com ênfase nas temáticas relacionadas à
obrigatoriedade e liberdade de ensino. O Paraná é um dos estados
federados do Brasil, criado em 1854 como província, no período
imperial, deixando deste modo de ser a Quinta Comarca pertencente à
Província de São Paulo. Na segunda metade do século XIX, os debates
em torno da necessidade de educar as classes populares e de que a escola
pública seria fundamental para a formação do cidadão e para a formação
para o trabalho tornava uma questão central nos debates políticos. Essa
ideia se acirrara na Europa e, pari passu, ela, também, se manifestava no
Brasil e no Paraná. Os homens de Estado – Governadores – procuravam
disseminar a escola nos diferentes estados, em especial, no Estado do
Paraná, apoiando-se no Constituição de 1891 que adotava o regime
de federação. Esta determinava que o Governo Central tinha como
responsabilidade a difusão do ensino secundário e superior em toda a
federação e do primário apenas no Distrito Federal. Assim, cada estado
responsabilizava-se pela criação e manutenção da escola primária. As
ações estaduais aconteceram em tempos e espaços diferenciados. No
campo historiográfico têm crescido os estudos regionais, compreendidos
como manifestação do movimento nacional e internacional de modo
que este estudo se justifica por inserir-se nesse cenário. Desta
forma, acompanhamos as políticas educacionais explicitadas no estado
paranaense, tomando como fonte primária a Carta Constitucional
Estadual de 1892, bem como o debate constituinte que precedeu à sua
aprovação, a legislação educacional publicada no estado, os relatórios de
governadores escritos no período de 1889 a 1900, artigos de jornais, entre
outras. Estas tomavam como ponto de partida a necessidade da adoção da
123
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
gratuidade do ensino. Temas como laicidade, obrigatoriedade e liberdade
de ensino provocavam polêmica, provocando a aprovação de diversas
leis estaduais que fornecessem as diretrizes para o ensino primário. Para
essa análise considera-se o contexto econômico, político, social e cultural
que gestou as proposições referentes à educação. Este estado possuía
uma economia predominantemente agrícola, voltada para a produção
de erva-mate e de café, com alguns centros urbanos em desenvolvimento
impulsionados pela entrada de imigrantes de diferentes nacionalidades.
Verificamos que a população reivindicava a criação e a manutenção
de escolas em diferentes municípios, esta era discutida na Câmara dos
Deputados estadual e pelos governantes. Esse debate provocou várias
tentativas de regulamentar e reformar o ensino paranaense, contudo tais
iniciativas não coincidiam com ações concretas que pudessem provocar
mudanças significativas no incipiente cenário educacional republicano,
esbarrando-se em questões financeiras que impediam a ampliação do
número de escolas, entre outras.
A prática de composição de álbuns
fotográficos escolares a partir da análise do
álbum do jornal “nosso esforço”, da escola
Caetano de Campos-SP
Rachel Duarte Abdala (FEUSP/ UNITAU)
[email protected]
Ao analisar a série composta pelos 23 álbuns fotográficos
do acervo do Arquivo da Escola Caetano de Campos (AECC),
perceberam-se especificidades, recorrências e a potencialidade de
refletir, a partir desse significativo conjunto documental, sobre as
características do álbum fotográfico e sobre a série de elementos
que o compõem. Além dessa questão, pretendeu-se estudar a
função e a composição do álbum fotográfico escolar. O conjunto
de álbuns analisado pode ser dividido sob o critério de elaboração:
profissional e artesanal. Nesse estudo o foco foi a composição dos
álbuns artesanais realizados, nas dependências da própria escola,
124
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
por funcionários, professores e alunos. A escola promovia a prática
de composição de álbuns fotográficos e esses álbuns eram temáticos,
englobando os seguintes assuntos: efemérides que a escola promovia
e as promovidas na cidade de São Paulo, das quais a escola participava;
aspectos da cultura escolar, como a puericultura; unidades da
escola, como o Jardim da Infância e iniciativas da comunidade
escolar, como o jornal produzido na escola. Como são assuntos
específicos e particulares da escola, a confecção artesanal dos álbuns,
devido à familiaridade com a temática tratada, permite garantir
a caracterização detalhada e adequada das legendas. Além disso,
registra e preserva aspectos da própria cultura escolar. O Álbum
do Jornal “Nosso Esforço” foi constituído com a participação da
bibliotecária da escola, de professores e dos alunos envolvidos na
elaboração do jornal escolar, que foi denominado pelos próprios
alunos de “Nosso Esforço”. Criado em 1936, o jornal parece, pela
análise do álbum fotográfico e das legendas nele apresentadas, ter
alcançado grande prestígio na escola. É composto de fotografias,
de recortes do próprio jornal e de outros jornais que se referem
a ele em notícias específicas, A análise suscitou questões que
ultrapassaram sua materialidade e incidem sobre suas condições de
produção e sobre a própria cultura escolar. Um álbum caracteriza-se
primordialmente pela sua completude e sua lógica organizacional.
Compõe uma narrativa sobre determinado assunto e articula
imagens e textos. Observa- se que há um padrão na organicidade
dos álbuns fotográficos escolares e, no álbum analisado, em especial
procurou-se registrar cronologicamente todo o processo de criação
e execução do jornal escolar, desde a escolha de seu nome pelos
próprios alunos até a comemoração de seu jubileu, em 1961. Nesse
sentido, foi possível verificar uma clara intenção de registro dessa
iniciativa da escola para preservação da memória desse trabalho e
daqueles que o promoveram. Esse álbum fotográfico representa,
assim, um artefato de memória escolar de uma atividade realizada
– o jornal “Nosso Esforço” – e de uma prática desenvolvida na
Escola Caetano de Campos – a produção de álbuns fotográficos de
modo artesanal.
125
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A primeira lei de diretrizes e bases da
educação nacional, na ótica dos dirigentes de
estabelecimentos particulares de ensino
Eduardo Norcia Scarfoni (UCS)
[email protected]
Este trabalho é parte de uma dissertação de mestrado que está sendo
desenvolvida e visa contribuir com o debate sobre a privatização do
ensino no Brasil. Assim, será destacada a visão dos proprietários de
estabelecimentos particulares de ensino que, desde 1944, se reuniam
em congressos destinados ao ensino privado no Brasil. Esses congressos
eram heterogêneos, reunindo pessoas de diversas correntes religiosas
e não religiosos. A Federação Nacional de Estabelecimentos de
Ensino – FENEN era a entidade responsável pela organização
desses congressos. A Associação de Escolas Católicas – AEC era uma
das organizações presentes nesses congressos, tendo um papel de
destaque em sua organização, já que grande parte do ensino secundário
particular estava nas mãos de estabelecimentos católicos. Além dessa
associação, diversos sindicatos de estabelecimentos particulares de
ensino se reuniam nesses congressos, que, após 1948, viriam a ter
representantes de todos os estados brasileiros. Os Congressos Nacionais
de Estabelecimentos Particulares de Ensino – CONEPE eram fóruns
de acalorados debates, onde se discutiam teses sobre variados temas
da educação nacional, com o objetivo de fazer uma frente única dos
empresários de ensino para a defesa de seus interesses. O foco desse
trabalho será a tese “Análise da Lei de Diretrizes e Bases” debatida no
8.º CONEPE, tentando identificar os diversos grupos sociais presentes
nesse debate, analisando a construção de sua hegemonia na educação
acional. Muitas autoridades estavam presentes nesse congresso
como governadores, prefeitos, deputados, juízes e generais. O corpus
documental da pesquisa tem como uma de suas principais fontes os
Anais do 8º Congresso Nacional dos Estabelecimentos Particulares de
Ensino e, fonte secundária, toda a documentação relativa ao assunto
reunida por Roque Spencer Maciel de Barros como no livro Diretrizes
126
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
e Bases da Educação Nacional. Esse oitavo congresso ocorreu de 5 a
12 de julho de 1964, na cidade de Salvador no estado da Bahia e
tinha como um de seus objetivos analisar a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional - LDBEN aprovada em 1961. A tese que aqui
será destacada analisa a LDBEN no que se refere a sua redação, a
aspectos de sua aplicação nos estados e os recursos que deveriam ser
revertidos para a educação nacional. Cada um desses tópicos ficou a
cargo de um sindicato distinto, sendo subdividida em três tópicos. O
primeiro tópico “Analise da Lei de Diretrizes e Bases” ficou a cargo
de Lourenço de Almeida Prado, do sindicato dos estabelecimentos de
ensino da Guanabara, o segundo tópico “Alguns aspectos da aplicação
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, ficou a cargo de
Samuel de Barros, do sindicato dos estabelecimentos de ensino de
Minas Gerais, e o terceiro tópico “Recursos para a educação nacional”,
que ficou sob a responsabilidade de José Roberto Lopes, do sindicato
dos estabelecimentos de ensino de São Paulo.
A qualificação profissional no estado de
Pernambuco entre 1889 e 1930
Ramon de Oliveira
[email protected]
A pesquisa financiada com recursos do CNPQ analisou os
mecanismos de qualificação profissional desencadeados por
parte do Estado visando atender às necessidades da economia
pernambucana entre 1889 e 1930. Analisou-se documentos
de governo versando sobre o desenvolvimento econômico do
estado de Pernambuco e de suas ações na instrução pública, mais
especificamente na educação profissional. Foi de fundamental
importância também a análise de todos os principais periódicos
nacionais que tem como tema central a história da educação. A
pesquisa parte do pressuposto que há uma lacuna nos estudos
historiográficos sobre a educação profissional nos estados fora do
eixo Sul-Sudeste, mais particularmente o estado de Pernambuco.
127
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Ao direcionar-se para a investigação sobre o ocorrido neste estado
durante o final do século XIX e início do XX, constatou-se que
Pernambuco apresentava um dos maiores índices populacionais do
Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e “Baía”.
Na cidade do Recife, o inchaço era visível, sobretudo, decorrente
da migração de pessoas da zona rural para zona urbana. O processo
de industrialização ocorreu de forma lenta em Pernambuco, pois
em 1900 existiam 113 indústrias e em 1930, esse total era de
apenas 345. Talvez por esse lento crescimento industrial, não
tenha havido uma ação expansionista do governo estadual na
formação de mão-de-obra. No entanto, foi possível constatar
a presença de um discurso em defesa de maior investimento
em educação, bem como o interesse e a construção de espaços
voltados ao processo de instrução profissional. Constatou-se que
a educação profissional passou a atender a uma parcela maior
da sociedade de forma lenta e gradual. Entre 1910 e 1933,
triplicou o quantitativo de matrículas em educação profissional.
No entanto, essa expansão mostrava-se extremamente dicultada,
em virtude da ausência de recursos para o investimento do
governo estadual na instrução pública. Destaca-se nesse período
a construção do Instituto Benjamin Constant, A Escola Normal,
a Escola de Engenharia de Pernambuco e a escola industrial
Frei Caneca, a Escola de Agronomia. Também chama atenção
a ajuda estatal para a criação de Escolas agrícolas criadas pelos
sindicatos regionais nos municípios de Garanhuns, Goiana e
Escada. Em 1928 foram criadas mais duas escolas profissionais:
uma masculina e outra feminina. De qualquer forma, o que mais
se destaca na historiografia da educação profissional, sobre esse
período, embora não tenha sido ação do governo estadual, foi a
inauguração da Escola de Aprendizes de Artífices – criada por
Nilo Peçanha pelo Decreto 7.566, em setembro de 1909. Vale
salientar que no momento de criação dessa escola, já existia em
Pernambuco, mais doze mil operários, talvez, em boa parte,
demandantes de instrução profissional.
128
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A reforma do ensino no estado de São Paulo:
conflitos e disputas (1891-1892)
Lidiany Cristina de Oliveira Godoi (FE/ Unicamp/GEPH)
[email protected]
Desde meados do Império, a educação escolarizada torna-se
objeto de debates, artigos na imprensa e conferências diversas,
assumindo, em grande medida, um valor social. É nesse contexto
que se inscreve a Primeira Reforma da Instrução Pública Paulista
(1892-1896). A reforma instituiu, além da obrigatoriedade
escolar no nível primário e da profissionalização do corpo
docente, inspetorias de distrito para a fiscalização do ensino, um
modelo de aprendizagem com base na racionalização do tempo,
o método intuitivo, o ensino graduado e simultâneo e adotou
materiais didáticos considerados inovadores à época: elementos
que passaram a se constituir como símbolos da modernização da
escola e de propaganda da jovem República. A visão corrente na
historiografia da educação tem sido a de que a reforma paulista
resultou de um consenso entre o Estado e uma elite intelectual
e política, sendo um projeto inspirado em modelos educacionais
estrangeiros que não correspondiam à realidade brasileira. Não
seria incorreto afirmar que esta visão põe sob penumbra questões
importantes a respeito de um período histórico marcado por
muitas transformações no cenário nacional e sobre o papel de São
Paulo nesse panorama, tais como a definição de um arcabouço
jurídico, a adoção do federalismo ou do centralismo, as soluções
para as crises econômicas e para os conflitos ideológicos que se
acirravam entre os diferentes grupos que se uniram no momento
da Proclamação da República. Com base nesse quadro, uma análise
dos debates ocorridos na Câmara e Senado do Estado de São Paulo
entre os anos de 1891 e 1892 permite novas possibilidades de
interpretação sobre a reforma da instrução pública. Desde
o ano de 1891, quando o primeiro projeto é apresentado pelo
Deputado Bueno de Andrada, sendo preterido a um substitutivo
e obstado por outro projeto vindo do Senado, já no ano de 1892,
129
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
temas como a obrigatoriedade do ensino no nível primário, a
ênfase neste ou no nível secundário, o currículo a ser adotado,
a criação ou não de ginásios, a adoção de um conteúdo clássico
ou científico, entre outros, foram objeto de debates polêmicos,
gerando posicionamentos fortemente contrários entre os
parlamentares. Divididos entre as concepções que defendiam
nos tempos do Império, onde se opunham à associação entre o
Estado e a Igreja no campo da escolarização (em apoio, portanto,
ao ensino livre), incertos quanto ao papel do primeiro, pois a
obrigatoriedade feria os princípios do liberalismo e de alguns
positivistas, e, ainda, procurando responder a problemas concretos
de seu tempo, como a demanda cada vez maior pelo uso social
da leitura e da escrita, os debates que resultaram na elaboração
da reforma do ensino estavam distantes de um consenso e se
inscreviam num contexto em que a educação passa a fazer parte
de um conjunto de políticas públicas do Estado de São Paulo
que visavam garantir sua autonomia frente à União nesses anos
turbulentos que correspondem ao final do século XIX.
A Revista de Educação e a escolarização da
educação física no Espírito Santo: autores,
atores e editores (1934-1937)
Omar Schneider (CEFD/ UFES/ Proteoria)
[email protected]
Marcela Bruschi (CEFD/UFES/Proteoria)
[email protected]
O estudo é parte da investigação “História e memória da
Educação Física e do esporte no Espírito Santo: autores, atores
e instituições (1931-1961)”. Objetiva analisar as representações
sobre a Educação Física, veiculadas na Revista de Educação (do
Espírito Santo) (REES), impresso produzido na cidade de Vitória,
entre os anos de 1934 e 1937, como dispositivo que buscava
difundir a política educacional de Getúlio Vargas no Estado do
130
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Espírito Santo. Objetiva compreender o papel desempenhado
pelos editores na veiculação dos saberes pedagógicos da Educação
Física e os modos pelos quais se busca significar essa disciplina
no contexto da escolarização capixaba. Utiliza, como referência,
os pressupostos da história cultural, como a noção de lutas de
representações, estratégias e dispositivos, para compreender as
formas pelas quais a realidade é construída por atores. O estudo dos
impressos faz-se relevante na construção de uma história cultural
dos saberes pedagógicos, pois a análise da Revista possibilita uma
aproximação com as peculiaridades da realidade de sua época, bem
como o estudo de seus usos, de práticas que dela se apoderaram,
de suas condições de produção e circulação, identificando
concepções e aspectos das representações de uma época. O corpus
documental do estudo é o conjunto de textos que circularam na
REES e que tratou da Educação Física, assim como os discursos
que lhe davam suporte como aqueles relacionados com os cuidados
com o corpo, com a saúde, com a higiene, com a ginástica e com
a prática dos esportes. A REES serviu como um dispositivo que
buscava externar a política educacional do interventor federal João
Punaro Bley, na qual a Educação Física é apresentada como uma
disciplina escolar que objetivava a formação das novas gerações
para a sociedade que é organizada após a Revolução de 1930. A
Educação Física estava associada ao curso de Educação Sanitária
Escolar e aos dispositivos denominados como Serviço Médico
Escolar, Bandeirantismo e Escotismo, compreendidos como
práticas essenciais na formação do professorado capixaba, aptos
para uma nova prática pedagógica, entendida como moderna.
Conclui a REES, impresso produzido sob a intenção do interventor
Bley e de sua equipe de governo, que à Educação Física é dada
bastante evidência, pois se acreditava que essa disciplina deveria
fazer parte de uma educação integral, física, moral e intelectual,
necessária à formação de uma sociedade moderna Pós-Revolução
de 1930, a qual essa disciplina proporcionaria o fortalecimento
da juventude e a sua capacitação para a fase industrial que se
esperava desenvolver em solo capixaba.
131
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Abrangência da escola mineira na
Revista Vida Escolar (1916-1926)
Sandra Maria Caldeira-Machado (USP/FE)
[email protected]
Este trabalho pretende analisar a produção dos diagnósticos e dos
quadros estatísticos referentes à escolarização mineira entre os anos de
1916 a 1926 nas cinco edições da Revista Vida Escolar, uma publicação
oficial da quarta seção da secretaria do interior de Minas Gerais produzida
de 1916 a 1926. Objetiva-se compreender como a escola é nomeada e
dada a ler e a ver no referido periódico tanto nos diagnósticos quanto
nos quadros estatísticos. As formulações de esquema para demonstrar
os cômputos referentes à escola graduada mineira sugerem um
esquadrinhamento efetivado pela administração pública estadual criando
um modo e um espaço próprio à leitura do ensino mineiro, bem assim
um local específico de manejo destes dados, a quarta seção da secretaria
do interior. A publicação dos discursos sobre os dados escolares levanta
alguns questionamentos: o que significa os dados escolares dispostos
em quadros estatísticos em uma Revista composta eminentemente
por dados numéricos? De que modo a recorrência dos números de
matrícula e de frequência pode revelar questões como o analfabetismo,
a evasão e a repetência nas escolas mineiras? Estas questões constituem
um problema digno de uma razão numérica? O que dizem (ou não)
sobre a abrangência da escola mineira? Ao que tudo indica a criação
de uma seção específica para tratar os dados educacionais não ocorreu
somente para demonstrar o número de matrícula e frequência nas
escolas mineiras, o que poderia ser feito nos relatórios da administração
pública como nos relatórios da secretaria do interior ou nos relatórios
do presidente de Minas Gerais. Essa ação visou a necessidade de
quantificar a capacidade de atendimento do sistema escolar verificando
a ocupação de espaços, a regularidade de funcionamento, o rendimento
dos alunos observando seu aproveitamento ou não, além de evidenciar,
por vezes, a persistente falta de atendimento da escola para uma parcela
da população. Observamos ainda que a Revista Vida Escolar funcionou
especialmente como evidência propositiva do governo, além de espaço
132
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
de explicitação das impossibilidades de alcance de escolarização a toda
população em idade escolar. A Revista Vida Escolar é tomada como
fonte de investigação das categorias enquanto formas de consolidação
de uma racionalidade pautada pelos números escolares. Analisa-se o
conteúdo do periódico na perspectiva proposta por Catani e Sousa
(1999), além da análise sobre a instituição do par criança-aluno a partir
do “raciocíonio contábil” realizada por Sousa (2004). As principais
fontes mobilizadas para a pesquisa constam de 5 números da Revista
Vida Escolar, relatórios da secretaria do interior e relatórios do governo
mineiro do período de 1916 a 1926.
Ampliação e modernização do sistema de
ensino primário no interior do Maranhão
Mariléia dos Santos Cruz (UFMA/CCSST/ITZ)
[email protected]
O presente trabalho visa caracterizar o processo de ampliação e
modernização do sistema de ensino primário no interior do Maranhão,
no período de 1905 a 1950, a partir da análise de relatórios e
mensagens de governadores, relatórios da Instrução Pública, e coleções
de leis e decretos do período. Nos primeiros cinquenta anos do século
XX o Maranhão passou por uma fase de massificação da escola pública
que no afã de ser reproduzida para alcançar o maior número possível
de estudantes, originou um sistema de ensino primário composto
por um conjunto variado de tipos ou modalidades de escolas. Assim,
podem-se visualizar dois extremos entre os modelos escolares em
vigência no período: o primeiro, da escola isolada, de um só mestre,
sem classes, bastante difundida desde o século XIX; e o segundo, o
do tipo graduado, que representando a modernização do ensino se
materializou com a implantação dos grupos escolares. A implantação
dos grupos escolares se iniciou na capital, em 1903, pela lei nº. 323
de 26 de março e no interior do Estado, em 1905, pela lei nº. 363 de
31 de março. Após a análise sobre a implantação e modernização da
educação no interior do Maranhão pode-se concluir que tal processo
133
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
se deu de forma muito lenta e que, apesar do governo maranhense
reconhecer a necessidade de ampliar e modernizar o sistema de ensino
primário no interior permaneceu, durante os primeiros trinta anos do
século XX, reafirmando o passado, oficializando o que acontecia por
fatalidade, e contribuindo assim para a permanência do modelo de
escola isolada, por considerar que as modernas pedagogias tornavamse impraticáveis na extensa região do interior, face às dificuldades
financeiras do Estado. Do período de trinta a cinquenta pode-se
perceber maior ampliação da escola primária no interior, embora que
ainda não correspondessem às reais demandas. Nesse contexto, os
tipos escolares com características da forma graduada como as escolas
agrupadas ou reunidas se ampliaram numericamente no interior. Apesar
disso, a implantação do tipo ideal de escola graduada que era o
grupo escolar não se concretizou no interior numa perspectiva de
massificação do acesso às classes subalternizadas; mas sim, como uma
ação de vitrine no cenário de determinadas administrações. Por outro
lado, as escolas isoladas (singular ou rural) sob a regência de professores
leigos e desprovidas de edifícios e utensílios representou o tipo escolar
mais ofertado para as populações herdeiras do analfabetismo.
Anísio Teixeira e o sistema nacional de
educação: contribuições para o debate sobre
as políticas educacionais no Brasil
Rosenery Pimentel do Nascimento (UFES)
[email protected]
Trata-se de uma pesquisa teórica, que traz como ponto de partida
a análise do conceito de Sistema Nacional de Educação em Anísio
Teixeira, situando essa discussão no cenário histórico e político da
Educação brasileira. O recorte escolhido investiga as concepções
de Sistema Nacional de Educação nas obras de Anísio Teixeira, a
fim de compreender com base em quais argumentos defendia a
organização nacional da educação. Identifica em que medida os
argumentos produzidos circulavam e ainda circulam em meio aos
134
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
debates e tensões que se estabelecem na discussão em torno da
constituição de um Sistema Nacional de Educação, colocando em
evidencia as contribuições do educador no campo das políticas
educacionais. Nessa pesquisa utilizamos como aporte teórico os
seguintes autores: Dermeval Saviani, Clarice Nunes, Luís Viana
Filho, Jorge Nagle, Jamil Cury, Hemes Lima, Diana Vidal, Celso
de Rui Beisiegel. Para tanto, utilizamos a análise documental e
bibliográfica de 12 obras de Anísio Teixeira: Aspectos Americanos
da Educação & anotações de viagem dos EUA em 1927de 1928;
Pequena Introdução à Filosofia da Educação: a escola progressiva ou
a transformação da escola de 1934; Em marcha para a democracia: à
margem dos EUA de1934; Educação para a democracia: Introdução
à administração educacional de 1936; A educação e crise brasileira
de1956; Educação não é privilégio de 1957; Educação é um direito
de 1968; Educação no Brasil de 1969; Educação e o mundo moderno
de 1969; Ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua
evolução até 1969 de 1969; Diálogos sobre a lógica do conhecimento
sem data; Educação e universidade póstuma de 1998. A fim de
analisar sua concepção de Sistema Nacional de Educação e como
esta concepção circulou e ainda circula socialmente. A análise
se pautou em três grandes categorias: qualidade e quantidade,
público e privado e a centralização e descentralização. Nesse
percurso a sua produção e ação marcaram o direcionamento de
políticas públicas para educação o que fez com que algumas dessas
diretrizes e princípios estivessem presentes em nossa organização
atual. Suas ideias atuaram e atuam em um campo permanente de
ação, afirmando a contemporaneidade de suas obras como um
instrumento de luta para a consolidação de um projeto nacional
de educação que se move ainda hoje em um terreno de imprecisões
e disputas. Nas considerações finais destacamos que em suas obras
Anísio Teixeira definiu os desafios para a organização da educação
nacional, como um problema político, financeiro e profissional.
Desse modo, a sua percepção identifica para a nossa atualidade
a necessidade de aprimoramento do nosso modelo federativo
para a consolidação de um Sistema Nacional de Educação.
135
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Aprendizes marinheiros, aprendizes de
guardas-marinha no ensino naval: educação
para o trabalho
Guaraci Fernandes Marques de Melo (UERJ)
[email protected]
A Academia de Marinha se constitui como a primeira instituição de nível
superior desde quando foi transportada de Portugal para o Brasil em 05 de
maio de 1808. Instalada inicialmente no hospício anexo ao Convento de
São Bento com “todos os instrumentos, livros, modelos, máquinas, cartas e
planos da mesma Academia de Lisboa” segundo Primitivo Moacyr (18671942), em artigo no Jornal do Comércio (1942). As disciplinas propostas
para o curso eram formadoras de uma cultura acima dos padrões escolares
que se verificava nas instituições brasileiras. Em 1833 a Regência revoga
o decreto que incorporava a Academia de Marinha à Academia Militar,
transferindo seu corpo instrumental para bordo de um navio de guerra
seis anos depois. Moacyr, nesse artigo, descreveu a trajetória da Instituição
até a criação do Colégio Naval, tempo em que a formação incorporou
um corpo de saberes diferenciados. Entre as normas do Colégio Naval
encontrava-se a exigência de somente admitir e alunos internos “com
praça e soldo preferencialmente aos filhos de oficiais da marinha e do
Exército”. O ensino elementar e profissional passara a funcionar na Escola
de aprendizes marinheiros (antigas companhias). A partir das reflexões sobre
o artigo Instabilidade da legislação do ensino: ensino naval (1942), proposta
por Moacyr, em concomitância com a historiografia disponibilizada pela
instituição Escola Naval brasileira (Revista Villegagnon) pretendo pensar
quem eram esses sujeitos-alunos formados por sujeitos-professores no
contexto os qualificava para a formação dos alunos-aprendizes. O artigo
não indica, inicialmente, quem eram os discentes que seriam admitidos
para a formação profissional da Academia, requisita apenas para tal “regras
de matemática” e “versão da língua francesa” e quanto aos docentes informa
apenas que haveria “três lentes de matemáticas e dois substitutos, um
lente de artilheria, um mestre de aparelho e outro de construção naval e
prática de desenho”. É possível pensar que inicialmente a coroa portuguesa
136
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
sediada na colônia abria as portas da formação profissional naval a fim
de reforçar seu contingente e guarnecer a costa brasileira, seu domínio e
lugar de governo. Com o passar do tempo, consolidada a força marítima,
a instrução naval vai se tornando exclusiva para as famílias dos oficiais,
e à ‘gente miúda’ ficava reservado à formação técnica ou às caldeiras do
navio. Assim, pretendo compreender esses sujeitos em seu próprio tempo
e necessidades educacionais na consolidação do Estado Imperial Brasileiro,
já que neste regime o ensino naval foi remodelado por dez vezes.
As colônias de férias como objeto de pesquisa
da história da educação na América do Sul
André Dalben (PPG/ FE/UNICAMP)
[email protected]
No ano de 1954 o pesquisador francês, Philippe-Alexandre Rey-Herme,
publicou a obra Les colonies de vacances: origines et premiers développements
(1881-1906), a qual seria largamente ampliada em 1961 pela série de três
tomos intitulada Les Colonies de vacances en France de 1906 à 1936. Estas
obras podem ser consideradas como um dos primeiros grandes estudos que
tomaram as colônias de férias como objeto de pesquisa histórica. Este tema
seria novamente abordado em 1989 pelo diretor dos serviço francês de
colônias de férias e professor em ciência da educação Jean Houssayer,
responsável também por uma série de simpósios realizados nos anos 2000.
Alain Vulbeau, doutor em sociologia e atual professor de ciências da
educação, publicou em 1993 o livro Du gouvernement des enfants, no qual
reservou um amplo espaço para análise das colônias de férias francesas. Mais
recentemente, no ano de 2002, a historiadora inglesa Laura Lee Downs
publicou sua tese de doutoramento sob o título Childhood in the promised
land: working-class movements and the colonies de vacances in France, 1880–
1960. De modo geral, estas obras listadas podem ser consideradas como
as principais pesquisas que centralizaram suas investigações na história das
colônias de férias francesas. É certo que inúmeros outros estudos também
abordaram estas instituições, no entanto não como objeto central de análise
histórica. As colônias de férias foram implantadas não apenas na França,
mas também em diversos outros países europeus, asiáticos e americanos.
137
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
A América do Sul contou com diversas instituições deste tipo, espalhadas
em diferentes países, no entanto, poucas foram as pesquisas realizadas
que tomaram as colônias de férias sul-americanas como objeto de estudo
histórico, não havendo nenhuma tese substancial que tenha centralizado
suas análises nestas instituições sob as perspectivas da história da educação.
A comunicação que ora se apresenta têm por objetivo investigar as políticas
de criação e gestão de colônias de férias escolares organizadas nos países
do Cone Sul-Americano entre as décadas de 1910 e 1940. As principais
fontes utilizadas foram os anais de congresso e periódicos oficiais sulamericanos nos quais foram debatidas questões relacionadas à educação e
saúde infantil. Em análise da documentação levantada foi possível verificar
que havia entre profissionais da educação e da saúde um consenso quanto
à importância da criação de colônias de férias na América do Sul. Seus
discursos embasaram políticas de implantação destas instituições em países
do Cone Sul-Americano. No caso do Brasil, Argentina e Uruguai, as colônias
de férias foram implantadas sob a supervisão de diferentes instâncias de seus
sistemas educativos oficiais, geralmente sob a classificação de instituições
extra-escolares. Já no caso chileno, as colônias de férias foram criadas e
geridas majoritariamente por uma associação filantrópica.
As escolas da colônia D. Pedro II em Juiz
de Fora e acesso à educação primária na
transição do Império à República
Marco Aurélio Corrêa Martins (PPGE/ UFJF
[email protected]
Em Juiz de Fora, meados do século XIX, foi fundada a Colônia de
D. Pedro II pela Cia. União e Indústria, responsável pela construção
de uma estrada de rodagem entre a cidade e Petrópolis. A empresa, por
força de contrato, criou duas escolas primárias oferecidas aos imigrantes
“alemães”: uma para os católicos, outra para os protestantes. Essa pesquisa
procurou compreender o processo de criação e manutenção dessas
escolas e de como elas se transformaram em outras escolas no século XX.
Infelizmente, a escolarização não repercutiu na integração dos imigrantes
138
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
à estrutura social e econômica do município àquela época. Alguns poucos
dados estatísticos disponíveis permitem avaliar a boa oferta de vagas
em relação ao número de crianças vindas pela migração. As escolas da
Colônia eram étnicas, usavam uma das línguas dos imigrantes e eram
escolas religiosas, já que segregavam por confissão, no entanto, não eram
estratificadas por sexo. Mantiveram-se como escolas étnicas, religiosas e
mistas até o início do século XX, mesmo após a liquidação da Cia União
Indústria, em 1872, responsável por sua manutenção, ocasião em que
foi criado o “Culto Católico”, associação mantenedora das escolas e do
respectivo culto. Passaram a escolas religiosas católicas, não mais mistas,
mantidas pelo Curato da Glória e religiosas de Santa Catarina a partir
de 1901, embora ainda vinculadas ao “Culto Católico”. Em 1908, os
padres redentoristas, curadores da jurisdição, iniciaram uma ação judicial
de retomada de bens eclesiásticos contra a associação “Culto Católico”.
Por isso, houve separação entre Escolas Paroquiais e escola do “Culto
Católico” sendo a segunda vinculada à escola do “Culto Protestante”,
não abordado pela pesquisa. Além dessas escolas paroquiais, o estado
de Minas Gerais e o município de Juiz de Fora criaram algumas outras
escolas na região. As escolas da Colônia contribuíram para uma tradição
de escolarização primária na cidade de Juiz de Fora a qual remonta o
início da Vila de Santo Antônio de Paraibuna. As escolas paroquiais,
incentivadas pelo Concílio Plenário Latino Americano realizado em
Roma em 1899, buscavam rivalizar com as escolas chamadas a-católicas
como as protestantes, o Granbery, no caso de Juiz de Fora, e as públicas.
Já a política pública mineira para a imigração desejava a aculturação do
colono com assimilação de alguns de seus valores europeus, mas sem a
manutenção de colônias que se isolassem da população local original.
De sorte que o serviço de inspeção passou a se opor às escolas que
não usavam o português conforme denúncias do Inspetor Estevam de
Oliveira. A pesquisa teve uma abordagem hermenêutica que procurou
encontrar nas ações humanas e sociais as temporalidades que marcaram
seus projetos, crises e ações. Para tanto, as fontes foram bibliográficas,
entre livros e teses, e periódicos locais disponíveis na base de dados do
Grupo de Pesquisa em História da Educação (GPHE) da Universidade
Federal de Juiz de Fora.
139
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
As propostas educacionais de Luiz Alves
de Lima e Silva (Duque de Caxias):
uma análise da instrução rio-grandense
do séc. XIX (1842-1846)
Hardalla do Valle (PPGE/UFPEL/CEIHE)
[email protected]
Eduardo Arriada (PPGE/FaE/UFPEL/CEIHE)
[email protected]
Luiz Alves de Lima e Silva. Filho, neto, irmão de militares, e cadete desde
os cinco anos, fez carreira no exército comandando as tropas que reprimiam
os levantes regionais contra o Império. Resultado dessas batalhas foram seus
títulos de Barão, Conde, Marquês e Duque. Como Presidente da Província
de São Pedro do Rio Grande do Sul se mostrou um administrador tático e
astuto. Com efeito, a educação não foi um ponto esquecido. Assim sendo,
propôs reformas educacionais significativas para esse setor. Cumpre ressaltar
que a rebelião farroupilha deflagrada em 1835, que duraria até 1845, abalou
profundamente a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, sendo seus
efeitos bastante nocivos, pois tanto o seu desenvolvimento material como
o seu progresso cultural e educacional ficaram quase paralisados. Ao fim
da guerra, mesmo apresentando boas perspectivas de desenvolvimento, a
Província ainda não apresentava condições de propiciar aos seus habitantes
espaços de lazer e de educação bancados pelo poder público, afora pequenas
diversões, que no geral eram de foro privado, caso dos saraus. As autoridades
públicas somente estavam responsabilizadas por poucas escolas de primeiras
letras, inexistindo qualquer iniciativa para a implantação de uma instrução
secundária. Somente com o término da Guerra dos Farrapos, por iniciativa
do Duque de Caxias, seria apresentada a proposta de criação de um Liceu,
bem como medidas para melhorar o funcionamento da instrução primária e
secundária. A partir disso, o presente artigo almeja discorrer acerca da trajetória
política e administrativa de Luiz Alves de Lima e Silva e, especificamente, sobre
suas ações e propostas educacionais na Província de São Pedro do Rio Grande
do Sul. O recorte temporal utilizado será de 1842 até 1846, período em que
140
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Caxias assumia a posição de Presidente dessa Província. Nessa perspectiva,
apresentamos as seguintes inquietudes como norteadoras desse trabalho:
Que fatores motivaram as propostas educacionais de Caxias para Província
de São Pedro? Quais eram essas propostas? Elas chegaram a ser efetivadas? O
meio escolhido de nos aproximarmos dessas respostas foi, primeiramente, a
metodologia da pesquisa bibliográfica, que auxilia na escolha de um método
apropriado, assim como no conhecimento das variáveis e autenticidade da
pesquisa. Bem como, a pesquisa histórica documental desenvolvida por esses
articulistas a partir de atas, ofícios, jornais e outras fontes relevantes sobre o
cenário do recorte temporal escolhido. Dado o exposto, será apresentado
primeiramente o ator social em questão: Luiz Alves de Lima e Silva. Logo
após, discorreremos sobre sua inserção na Província de São Pedro e seu
perfil administrativo. Por último será discutido o panorama educacional riograndense e suas propostas educacionais. Assim sendo o intuito fomentar
uma reflexão acerca da História da educação rio-grandense do século XIX,
especificamente nos anos de 1842 a 1846.
As propostas para educação do ensino
médio no plano de governo de 1956-61:
os pronunciamentos oficiais e a legislação federal
de n.3552/59 vigente no período
Denise de Amorim Ramos (PIBID/ UFTO)
O objetivo desse trabalho é apresentar as propostas para a educação por via
dos pronunciamentos oficiais e da Legislação Federal de n.3552/59 nos anos
de 1956 a 1961 referenciadas ao ensino médio. O motivo para abordarmos o
tema acima esboçado foi o de percebermos no âmbito da sociedade brasileira
uma política econômica de caráter desnacionalizante que convivia de forma
contraditória, com a ideologia nacional desenvolvimentista. E, também
verificarmos no sistema educacional ênfase crescente à profissionalização
do ensino brasileiro. Nesse contexto, surgiram, as discussões sobre a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as quais tomaram todo o cenário das
questões referentes à educação. Portanto, a propostas apresentadas em plano
de governo, nos anos de 1956 a 1961 para o ensino médio esteve apagada em
141
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
razão das discussões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, estruturada
na 4.024/61. Para a execução deste trabalho buscamos, primeiramente, a
análise do fenômeno educacional não como uma dimensão autônoma da
estrutura econômica, política e social, mas como fenômeno do produto
da prática social historicamente realizada pelos homens. As condições
materiais de vida em cada época e suas consequências na estrutura social
faz refletirmos sobre as transformações histórico-sociais que ocorriam na
sociedade brasileira no momento em que o governo Kubitschek, de 195661 trouxe uma proposta de educação. Este trabalho vem nos apresentar
quais as propostas no plano de governo, nos anos de 1956 a 1961 para
o ensino médio, por via dos pronunciamentos oficiais e da Legislação
Federal de n.3552/59.Os resultados que apresentamos são passíveis de
afirmarmos que no período de 56-61, as propostas educacionais mediante
os pronunciamentos e a legislação oficial de n.3552/59 procuraram fazer a
junção do ensino humanístico ou da educação propedêutica com o ensino
profissionalizante apresentando informações específicas sobre o ensino
médio e propondo a articulação desse ramo do ensino á questão do ensino
profissionalizante. A análise estrutural das condições econômicas, políticas e
sociais da sociedade brasileira foram a base para captar os reflexos do processo
de desenvolvimento no sistema educacional e, dessa forma, compreende-se
que as realizações políticas adotadas pelo governo de Juscelino Kubitschek
para o desenvolvimento econômico e social trouxeram consequências para
organização do ensino médio no sistema educacional brasileiro.
Educação para todos, modernidade e escola
nova na escola primária da Bahia em 1950
Jaci Maria Ferraz de Menezes
[email protected]
O trabalho toma o Centro Educacional Carneiro Ribeiro como escolaícone da proposta da Escola Nova, da Educação para Todos, na República
brasileira. Projeto e experiência tombados como Patrimônio (material
e imaterial) pelo Governo do Estado da Bahia, a sua presença articula
proposta pedagógica, planejamento urbano, arte e arquitetura modernas,
numa experiência realizada em articulação à escola do Centro Regional de
142
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Pesquisas Educacionais do INEP na Bahia – o CRINEP. Serviu de modelo,
também, ao sistema público implantado para Brasília nos anos 1960,
proposta de Anísio Teixeira; e para os Centros Integrados de Educação
Primária, CIEPS, do Rio de Janeiro, do governo de Leonel Brizola, no
início dos anos 1980. Foi acompanhada, na Bahia, de uma articulação
entre proposta educacional, pesquisa e desenvolvimento científico e
tecnológico, pela criação em 1950 da Fundação para o Desenvolvimento
da Ciência na Bahia, através de um convênio com a Universidade de
Colúmbia para o estudo das relações sociais na Bahia, em três de seis
regiões ecológicas delimitadas no Estado no bojo do próprio projeto de
pesquisa; nelas, estudos que utilizavam métodos das nascentes Ciências
Sociais (Antropologia, Sociologia e Psicologia Social), tais como estudos de
Distância Social e Estudos de Comunidade. O trabalho estudava a tensão
entre Tradição e Modernidade naquelas comunidades. O estudo que
vamos relatar analisou documentação da escola, guardada na Secretaria da
Escola Parque; textos de Anísio Teixeira e de outros autores sobre a escola;
resultados de pesquisas sobre as famílias dos alunos, realizadas nos anos
1950 e outros textos publicados pela Revista do INEP. Sobretudo, usou
jornais da época, plantas, fotografias, registro em imagens, depoimentos
orais de ex-alunos e ex-professores; registros das comemorações dos 60
anos do CECR, em 2010. Procura-se, por isso, a explicitação de uma
articulação com o Modernismo nas artes visuais e na arquitetura no projeto
de Anísio Teixeira; apresenta uma nova faceta do educador, articulando
sua proposta para educação com mudanças culturais. O uso de fotos,
imagens e de relatos orais, bem como da análise do debate expresso através
da imprensa, além de abre espaço à participação de outros atores no
registro das experiências, ampliando o arsenal metodológico de coleta;
permite a experiência da inter-relação pesquisador – depoente, e a captação
das opiniões se completa com os gestos, o movimento, o contraditório.
No centro da proposta, a articulação entre artes e ofícios; o domínio das
linguagens artísticas e dos materiais – metais, madeira, tecidos, casado
com um uso do objeto produzido que junta beleza e utilidade, vinda
do movimento de “Arts and Crafts”, que forma o artista, o artífice, o
trabalhador e o cidadão.
143
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
As origens do ensino da língua inglesa no
Brasil colônia
Daniele Barbosa de Souza Almeida
[email protected]
Uma análise do ensino de língua inglesa no Brasil colônia permitenos inferir que a aprendizagem deste idioma no território brasileiro
esteve intimamente relacionada às suas finalidades práticas, uma vez que
o ensino não só do inglês, como também do Francês, fora considerado
parte fundamental das Aulas de Fortificações, iniciadas em 1710. A
coroa portuguesa demonstrou preocupação com a proteção de seus
domínios contra ataques estrangeiros através da criação, em 1699,
de uma escola de Arte e Edificações Militares na Bahia, e em 1739,
de uma aula de artilharia no Rio de Janeiro. Em 1738, uma Ordem
Régia tornou a instrução militar obrigatória para todos os oficiais,
que a partir de então só poderiam ser nomeados ou promovidos após
a aprovação na Aula de Artilharia e Fortificações. O maior entrave à
implementação destas aulas foram os livros teóricos da época, escritos
em grande parte em inglês e francês, o que impunha a habilitação dos
alunos em ambos os idiomas. A Academia Real Militar do Rio de
Janeiro foi inaugurada algum tempo depois, através do Decreto de
4 de dezembro de 1810, com a nomeação de Professores de Línguas
Vivas que fossem capazes de ensinar, pelo menos, as línguas Francesa,
Inglesa e Alemã, pensando na necessidade de possíveis substituições.
Ainda no século XIX, através do Alvará de 15 de julho de 1809, as Juntas
e Aulas de Comércio também foram criadas no Brasil, e mais uma vez
o ensino das línguas vivas foi considerado fundamental. Assim, este
artigo tem como objetivo delinear o processo de institucionalização do
ensino de inglês na colônia brasileira, através da análise da legislação
dos séculos XVIII e XIX e a instauração das aulas de fortificações e
de comércio, detalhando as orientações principais no que se refere
ao início de funcionamento dessas instituições, pré-requisitos para
que os jovens pudessem ingressar, professores nomeados, bem como
compêndios utilizados para que a língua inglesa pudesse ser ensinada.
144
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Para o melhor entendimento deste processo, torna-se necessário fazer
uma descrição dos principais pensamentos do Projeto Pedagógico do
Marquês de Pombal, do processo de centralização do ensino sob a
égide do Estado e do ideário que estava por trás das ações educacionais
que ocorreram durante o reinado de D. José I, apoiado nos ideais
iluministas que afloravam por toda a Europa e que se faziam sentir
em Portugal e em suas colônias, mais especificamente, no Brasil.
As reformas educacionais e as mudanças no
pensar e fazer da escola normal em Sergipe
(1911-1932)
Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso
[email protected]
A Pedagogia Moderna, como plano idealizado das políticas públicas
para educação durante a primeira República, escreveu seu itinerário a partir
das reformas educacionais. Neste caminho, o presente estudo tem como
objetivo analisar a implantação de políticas públicas pelos envolvidos com
a instrução visando a difusão dos princípios da Pedagogia Moderna em
Sergipe. Buscou-se compreender o alcance dessas reformas educacionais no
campo educacional analisando as mudanças geradas nas formas de pensar
e do fazer pedagógico da Escola Normal, instituição que formava o quadro
dos professores que iriam atuar no magistério primário sergipano. O
referencial teórico- metodológico selecionado para o estudo relaciona-se à
‘História Cultural’, mais precisamente as categorias analíticas estabelecidas
por Bourdieu de campo, capital e a noção de civilização de Norbert Elias.
A pesquisa norteia-se através da seguinte questão: Como as reformas
educacionais e os intelectuais da educação promoveram a difusão da
Pedagogia Moderna em Sergipe? O panorama das reformas educacionais
possibilitou a compreensão da forma com a qual os intelectuais da
educação inscreveram sobre o campo educacional sergipano o processo de
apropriação dos princípios da Pedagogia Moderna. As reformas, pensadas
como estratégias de consolidação do ideal republicano de instaurar a ordem
e o progresso assumiram ao longo da primeira República perspectivas
145
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
diferenciadas, tendências também presente nas reformas implantadas em
outros estados. As perspectivas estavam desenhadas de acordo com o discurso
que determinadas reformas adquiriam ao longo dos anos, ora defendiam a
regeneração e a civilização social, ora a uniformização e a racionalização do
ensino. Apesar disso, esses discursos se entrelaçavam em um único objetivo,
instituir a modernização do ensino. Para compreender esse processo de
modernização do ensino sergipano foi preciso não só investigar o que
defendiam essas reformas e como elas foram elaboradas, mas entender quem
foram seus autores e quais eram suas pretensões ao instituí-las. Analisadas
mais detidamente durante os anos de 1911 a 1931, as reformas foram
determinantes para a consolidação da modernização pedagógica no campo
educacional sergipano, principalmente na Escola Normal. A implantação
dos métodos intuitivo e o de leitura analítica, a inclusão nos programas
curriculares de disciplinas como Pedologia, Psicologia Experimental,
Biologia, Metodologia e Noções de Higiene, a adoção de livros, criação
de laboratórios, gabinetes, museus e bibliotecas para a formação das
futuras professoras primárias foram algumas das ações que mudaram
a conformação do ensino normal sergipano.
Aulas de contar e aulas de comércio na
formação do estado moderno português
Thadeu Vinícius Souza Teles (UFSE)
[email protected]
Vera Maria dos Santos (UFSE)
[email protected]
A discussão apresentada neste artigo procura entender a
conformação das aulas de contar e das Aulas de Comércio, no século
XVIII e início do XIX, frente ao processo de modernização do
Estado português. Essa análise tem como marco temporal inicial as
Reformas Pombalinas da Instrução pública no século XVIII e como
marco final o surgimento das aulas de contar e de comércio no século
XIX. A necessidade desse artigo está circunscrita no embasamento
encontrado nas pesquisas bibliográficas de dois trabalhos de pós146
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
graduação da Universidade Federal de Sergipe: “A mulher de posses
e a instrução elementar na capitania de Sergipe Del Rey nos anos
setecentos” e “O papel do ensino da língua inglesa na formação do
perfeito negociante (1759-1846)”. A partir do método indiciário
(GINZBURG, 1986), foram desenvolvidas pesquisas bibliográfica
e documental, que apresentaram valiosos registros acerca do objeto.
A discussão foi fundamentada nas pesquisas de Oliveira (2010),
Carvalho (1978), Boto (1996), Teles (2012), Santos (2012),
Fernandes (1994), Adão (1997). Para desenvolver esta análise,
foi importante considerar a realidade do Iluminismo português,
implementada pelas Reformas Pombalina da instrução pública,
concretizada a partir da expulsão dos jesuítas e da consequente
substituição daquela concepção educativa por uma nova educação
considerada racionalista, que respeitava a hierarquia eclesial e ainda
se subordinava ao Estado. Observamos que as habilidades de ler,
escrever e contar, antes da Reforma Pombalina, eram geralmente
passados de pai para filho e associados às culturas profissionais que
tinham a necessidade de anotar seus estoques e suas contas. Com
a Reforma Pombalina dos Estudos Menores (1772) e a instauração
de novas práticas culturais e pedagógicas, viu-se a necessidade de
padronizar a instrução e, desse modo, incluir o ensino daquelas
habilidades consideradas imprescindíveis ao recurso humano
português. Para a capacitação de tal recurso, foram criadas
através do Alvará de 19 de maio de 1759, as Aulas de Comércio,
conforme a ascendente burguesia comercial ansiava. As Aulas de
Comércio consistiram então basicamente em aulas de aritmética,
câmbio, pesos, medidas, seguros e escrituração mercantil. Dentro
do conjunto das Reformas Pombalinas, as Aulas de Contar e as
Aulas de Comércio tinham o principal intuito de assegurar a (re)
formação do Estado português através da formalização da prática
mercantil. Assim compreendido, a Coroa portuguesa julgou
prudente que os comerciantes dominassem tais saberes, para que os
mesmos pudessem controlar o seu caixa, fazer compra e venda de
mercadorias e ainda cobrar suas dívidas, e desse modo, contribuir
com a prosperidade e a modernização de Portugal.
147
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Concursos públicos para o magistério primário
na Parahyba oitocentista (1837- 1864)
Priscila Mikaelle Costa de Araújo (UFPB)
[email protected]
Rose Mary de Souza Araújo (UFPB)
[email protected]
O trabalho trata dos resultados de uma investigação histórica acerca
dos concursos públicos que foram efetivados na Parahyba do Norte, na
temporalidade de 1837 a 1864. O objetivo primordial da pesquisa foi
analisar o processo de efetivação dos concursos públicos para o magistério
primário no contexto do movimento e constituição da formação de
professores na Escola Normal da Parahyba do Norte oitocentista. Em
outro momento, observou-se que os concursos vinham sendo realizados ao
mesmo tempo em que intelectuais e gestores públicos locais preconizavam
a necessidade de se implantar uma escola normal com vistas à preparação
de um quadro de docentes qualificados para melhorar a qualidade do
ensino primário. Toma-se os referenciais de Edward Thompson (1981) e
Antonio Gramsci (1989) para dialogar, realizar o procedimento de análise
das fontes documentais disponibilizadas. Estas foram: 1. As leis, decretos e
regulamentos produzidos e publicados no período em estudo que tratam da
educação escolarizada, mais especificamente sobre os concursos públicos
tanto locais como nacional; 2. Os discursos e mensagens elaborados pelos
presidentes da Província da Parahyba do Norte que foram encaminhados
à Assembléia Legislativa; 3. Os relatórios produzidos pelos diretores da
instrução pública dirigidos aos presidentes provinciais: 4. Produção
jornalística local. O mergulho nessa documentação permitiu perceber
que houve esforço do poder público paraibano em normatizar o ingresso
dos professores no magistério primário pela via do concurso público.
Entretanto, as evidências apontaram que a prática dos concursos para o
magistério na Parahyba do Norte oitocentista esteve articulada com os
interesses de grupos políticos locais – patronato e protecionismo político
– e assumiu o caráter de “habilitação” ao mesmo tempo em que se discutia
a necessidade da profissionalização docente numa escola normal.
148
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Políticas de instrução pública e constituição
das redes de ensino na região Norte do Ceará
a primeira metade do século XX – concepções
e embates envolvendo igreja, estado e
sociedade no contexto republicano
José Edvar Costa de Araújo (UVA)
[email protected]
Os professores pesquisadores e estudantes de graduação vinculados
ao MEDUC - Grupo de Pesquisa História e Memória Social da
Educação e da Cultura desenvolveram nos últimos cinco anos um
conjunto de estudos de natureza exploratória tendo como referência
temporal o século XX. Articulados atualmente no projeto Produção
de fontes para a pesquisa educacional na Região Norte do Ceará –
digitalização de documentos e gravação de depoimentos, as referidas
investigações estão alinhadas por dois traços comuns: produzir
conhecimentos sobre instituições, educadores e práticas educativas;
catalogar e tornar acessíveis fontes para o estudo da história e da
memória da educação na Região. Com base nestes horizontes e
buscando uma concepção problematizadora da história e da educação,
foram investidos esforços na pesquisa bibliográfica, sendo uma das
referências as revistas do Instituto Histórico do Ceará e os livros
publicados no período; privilegiou-se também a pesquisa em fundos
do Arquivo Público do Estado do Ceará e em arquivos locais, públicos
e particulares; foram considerados os estudos produzidos desde o ano
de 2000 pelo movimento dos historiadores da educação no Ceará e por
historiadores locais; finalmente os depoimentos tomados a educadores
e historiadores locais em atividade entre os anos de 1960 e 2000. Os
resultados obtidos apontam para a pertinência de aprofundar o exame
da presença dos ideais republicanos acerca da educação e da escola, ao
longo da primeira metade do século XX, nos processos de constituição
das políticas de instrução pública e das redes de ensino em municípios
de maior relevância naquele contexto socio-histórico do Ceará. As
redes e as políticas detectadas nos estudos iniciais dizem respeito a
149
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
instituições financiadas com recursos públicos e gerenciadas pelo
Estado, a instituições financiadas com recursos públicos e particulares
e geridas pela Igreja Católica e a instituições totalmente particulares.
Na perspectiva assinalada é possível divisar a existência de embates
entre os princípios republicanos da educação laica, pública e gratuita
– que atribui ao Estado moderno o papel de financiador e gestor
– e as concepções até então predominantes representadas em parte
por iniciativas particulares e especialmente pelo pensamento e pela
ação da Igreja Católica. Os elementos reunidos contribuem para o
amadurecimento de um projeto amplo, inserido na linha de estudos
sobre a educação no período republicano, com o qual o MEDUC
pretende contribuir para o desenvolvimento da pesquisa histórica em
educação no Ceará: a investigação sobre como, na primeira metade do
século XX, a disseminação das ideias republicanas acerca da instrução
pública e da constituição das redes de ensino no âmbito do Estado se
dá em meio ao confronto com outras frações sociais, com setores do
próprio Estado e com o ideário e a ação educativa da Igreja Católica
no cenário da Região Norte do Ceará.
Controle estatal para nacionalizar a infância
no Paraná no início do século XX
Valquiria Elita Renk (PUCPR)
Neste trabalho pretende-se discutir a fiscalização governamental
de forma sistemática às escolas do Paraná, e em especial as escolas
étnicas nos anos de 1920, com o intuito de nacionalizar a infância.
No Paraná havia mais de duzentas escolas étnicas polonesas e
ucranianas e que ensinavam na língua materna do grupo ou de
forma bilíngue e eram acusadas de desnacionalizar a infância.
Os alunos destas escolas pouco ou nada conheciam da língua
portuguesa e isto representava uma ameaça à homogeneização
do ensino, pretendida pelo Estado. Estas escolas existiam nas
colônias de imigração eslava onde não havia escolas públicas, ou
em número muito reduzido. Este recorte se justifica pelas ações de
150
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
cunho nacionalizador para garantir que estas escolas efetivamente
ensinassem em língua vernácula e formassem o cidadão nacional.
O objetivo da pesquisa é analisar como o governo criou uma
sistemática de fiscalização sobre as escolas étnicas para garantir
o cumprimento da legislação. Também será analisado como estas
escolas respeitavam a legislação e ao mesmo tempo burlavamna para manter a identidade étnica. As fontes de pesquisa são a
legislação educacional, os Relatórios de Governo, documentos
da Inspetoria de Ensino, os jornais regionais, correspondências
do Governo, arquivos de instituições escolares e os depoimentos
de ex-alunos que estudaram nas escolas étnicas na época da
nacionalização compulsória, em 1938. As fontes permitem
entender a política do Estado na busca do ensino homogêneo,
as pressões que as escolas e os professores eram submetidos para
atender as políticas estatais e ao mesmo tempo encontrar formas
de manter a identidade étnica. Os depoentes, que vivenciaram a
política de nacionalização, relatam os constrangimentos sofridos
por desconhecer a língua nacional e as táticas dos professores
para esconder dos Inspetores a manutenção de uma identidade
étnica. O Estado criou a Inspetoria Estadual de Ensino e as várias
sub Inspetorias, com o objetivo de fiscalizar os estabelecimentos
escolares através de vários formulários que mostravam o trabalho
do professor, seus procedimentos didáticos, os saberes escolares
ministrados e o cumprimento da legislação. As visitas dos
Inspetores de Ensino ás escolas atestavam o quanto elas estavam
nacionalizando a infância e aparentemente cumprindo os
preceitos legais. As escolas étnicas encontraram formas de burlar
a legislação e resistir ao processo de nacionalização, mesmo nas
visitas dos Inspetores Escolares. Criaram mecanismos para dar
visibilidade aos aspectos nacionalizadores da escola, como cantar
o Hino Nacional e escrever em língua portuguesa. Ante a pressão
estatal as escolas étnicas mostravam sua face nacionalizadora,
mas, ao mesmo tempo criavam mecanismos para diferenciaremse das escolas públicas e manter a identidade étnica.
151
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Cultura política republicana e educação
profissional: leituras das mensagens dos
presidentes do estado de Minas Gerais
(1891-1930)
Irlen Antônio Gonçalves (CEFET/MG)
[email protected]
Hozana Penha de Souza (CEFET/MG)
[email protected]
A proposta desta comunicação é a de apresentar uma reflexão sobre
a cultura política republicana e a educação profissional, tomando as
Mensagens que os presidentes do Estado de Minas Gerais enviaram
ao Congresso Legislativo, entre os anos de 1891 a 1930. A análise será
mediada por autores que se encontram no entrecruzamento da História,
da História da Educação e da História Política. A reflexão pretendida
tomará como referência as seguintes premissas: falar da formação do
trabalhador mineiro é falar da produção da cultura republicana. O
movimento de construção de projetos de educação e de instrução para a
formação do trabalhador é, intrinsicamente, o movimento de construção
de uma cultura republicana; Numa República plural, também plural
serão os projetos de sociedade, de nação, de cidadania e de trabalhador;
os projetos de educação dos republicanos, principalmente o escolar,
foram produzidos para produzir a República. Com o historiador Serge
Berstein temos que o movimento para a identificação da cultura política
é duplo: primeiramente pelo discurso, pelo argumentário e pelo gestual.
O discurso é o pronunciamento oral ou escrito, elaborado com uma
série de significados que expressam a maneira de pensar e de agir, de
um indivíduo dirigindo-se ao outro e dele a um grupo de indivíduos.
Nele se encontram os elementos simbólicos comunicacionais. O
argumentário é o conjunto dos argumentos constitutivo do discurso.
O segundo movimento, de captura da cultura política, é o que reflete
a dimensão coletiva dos indivíduos. Esse, segundo Berstein, fornece
uma chave que permite compreender a coesão de grupos organizados à
152
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
volta de uma cultura. Um grupo que se constitui na comunhão de seus
membros, com visão comum do mundo, numa leitura partilhada do
passado, de uma perspectiva idêntica de futuro, em normas, crenças,
valores que constituem um patrimônio indiviso, fornecendo-lhes,
para exprimir tudo isto, um vocabulário, símbolos, gestos. Do ponto
de vista metodológico, a análise tomará as proposições de Patrick
Charaudeau, para quem a palavra discurso deve ser tomada ao mesmo
tempo pelo que ela diz e pelo que ela não diz e que o discurso político
é incitado pelo desejo e pela intenção de influenciar o outro. A atenção
será dada a significação do discurso político, que são fabricados e
refabricados, simultaneamente, pelo dispositivo de uma dada situação
comunicacional, numa complexa rede de lugares de enunciação e de
sistema de pensamento, objetivando o estabelecimento comunicacional
entre sujeitos.
Cultura política, Estado Novo e educação:
o ensino agrícola em Minas Gerais a partir da
inauguração da fazenda-escola de Florestal-MG
Bruno Geraldo Alves (UFMG)
[email protected]
Bernardo Jefferson de Oliveira (UFMG)
[email protected]
Milton Ramon Pires de Oliveira (UFV)
[email protected]
Este trabalho inscreve-se na temática da História da Educação
investigada a partir das relações entre educação e cultura política. Tem
como objetivo analisar as concepções e aspectos das políticas públicas
voltadas para o ensino agrícola em Minas Gerais, no final da década de 30
até meados da década de 50, correspondendo à estreita vinculação com um
ideário de modernização da sociedade mineira. O foco da análise destaca
os discursos de autoridades e representantes dos fazendeiros, de regiões
distintas do estado, que estavam presentes no evento de inauguração da
153
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Fazenda-Escola de Florestal, em 1939, e do projeto fundador da instituição.
Buscamos compreender como as práticas pedagógicas desenvolvidas na
instituição relacionavam-se com os delineamentos de projetos e possíveis
disputas institucionais locais a nacionais, apontando para uma tentativa
de alinhamento das expressões em torno do ensino agrícola a um projeto
maior de modernização, dimensionando agências e agentes presentes
neste campo de forças, para entender a própria concepção de educação
rural que estava sendo construída. A metodologia delineada é baseada
nos pressupostos da história cultural e de seus desdobramentos, como
a micro-história. Na pesquisa, ainda em desenvolvimento, analisamos
fontes escritas localizadas nos acervos da referida instituição e do Museu
Histórico de Pará de Minas/MG, com destaque para o periódico da
Secretaria da Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho de Minas Gerais
- a “Revista da Produção” - edição número 16, correspondente aos meses
de maio e junho de 1939. Realizamos entrevistas, a partir da constituição
de uma “rede testemunhos”, com funcionários que atuaram desde a
inauguração da fazenda escola e com alunos que detinham memórias do
período tratado. Problematizamos a construção de tais narrativas históricas
a partir da percepção multifacetada da vida social e da incorporação
de novos sujeitos, seus modos de viver, sentir e pensar em ambientes
diversos na esfera cotidiana. Como resultado, destacamos que o projeto
de criação e atuação da Fazenda-Escola de Florestal foi concebido em
padrões modelares, com o intuito de incorporar a diversidade agropecuária
existente em Minas Gerais, atendendo trabalhadores, capatazes e
administradores das fazendas com “cursos rápidos e práticos”. Buscava
ainda aproximar os fazendeiros, de diversas regiões do estado, das novas
técnicas de produção desenvolvidas na Fazenda-Escola. Consideramos
que o projeto da Fazenda-Escola de Florestal, inserido numa dinâmica
específica e conjuntural do inicio da ditadura estado- novista de Vargas,
como delineado nos discursos de inauguração, articulava-se com o
ideário de racionalização e modernização do campo e da mentalidade
do homem rural esboçado em Minas Gerais no período retratado.
Tomava-se o foco na educação agrícola prática e em processos de
aprendizagem diferenciados para atingir um leque mais extenso de um
público diferenciado.
154
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
De criança a estudante:
por entre jogos, brinquedos e brincadeiras
Márcia Cardoso da Costa do Nascimento
[email protected]
Este texto apresenta a compreensão do processo histórico educativo
acerca da construção da infância e os modos como foram e estão sendo
vistas, compreendidas, representadas e modeladas nas instituições
infantis a partir de atividades lúdicas como nos momentos de convivência
social e uso dos jogos, brinquedos e brincadeiras. A ideia do texto é
compreender como na escolarização contemporânea, em Cáceres, no
interior do complexo pantaneiro, nos últimos cincoenta anos a criança
foi forçada a abandonar atividades lúdicas como as de brincar para
estudar e exercer atividades repetitivas. A partir de entrevistas com dez
velhos professores, diretores de escolas e pais de alunos, com estudos de
teóricos como Áries, Kulmman, Vitgotsky, podemos perceber como a
escola foi produzindo modificações nos comportamentos e condutas de
crianças e dos profissionais que cuidavam das relações com as crianças
e entre as crianças. A partir de relatos e documentos escolares como
relatórios de ensino e de atividades, bem como nos diários de classe
verificamos que houve mudanças substanciais nas relações educativas,
na compreensão do papel do professor ou do orientador das creches
e como foi transformada a relação educativa a partir das ações
na educação infantil, principalmente na chamada pré-escola. Nesse
quadro, entendemos que a criança foi compreendida como sujeito com
necessidade de assistência social e/ou transformada em alunos de uma
maneira bastante eficiente. Forma essa que de tão incisiva, produziu
e reproduziu uma insistente ação e atividades para que as crianças
deixassem das necessidades sociais, culturais e lúdicas e promovesse
uma ruptura com a construção dos brinquedos e brincadeiras, e
pudesse aproveitar essas tecnologias apenas como um instrumento
de lazer, a partir de uma visão capitalista de sociedade e não como
ferramentas educativas, capazes de auxiliar no desenvolvimento biopsico-motor das crianças. Assim, os orientadores de creches e da pré155
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
escola aproveitavam para intensificar um processo de escolarização nas
crianças, forjando-as a compreenderem o papel que desempenhariam na
escolarização e deixavam de trabalhar as possibilidades que as crianças
têm de desenvolvimento da criatividade e da capacidade criadora de
potencializar seus conhecimentos provindos das relações familiares,
sociais, religiosas, culturais com os saberes escolares. Nesse sentido,
a criança, envolvida no processo de escolarização intensa deixou de
criar seus brinquedos, abandonou os jogos, esqueceu a própria cultura
educativa, tão incessantemente desenvolvida pelos familiares. Ao
mesmo tempo passou a incorporar o domínio dos brinquedos e jogos
desprovidos das relações sociais de criação e pertença e passaram a
um processo de apropriação intensa do modo capitalista de viver a
experiência de, na escola, deixar de ser criança para ser somente aluno.
Democratização do acesso ao ensino
superior: análise dos dispositivos legais
postos em vigência desde os anos de 1990
Silvana Rodrigues de Souza Sato (UFSC)
[email protected]
Ione Ribeiro Valle (UFSC)
[email protected] / [email protected]
A presente proposta tem por objetivo investigar a proclamada
democratização do acesso ao ensino superior por intermédio da
análise dos dispositivos legais outorgados a partir da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB) n.9.394/1996, que possibilitou
maior flexibilidade às formas de acesso ao ensino superior, deixando
a critério de cada instituição a definição de mecanismos próprios
para admissão dos seus estudantes. Anteriormente, a Constituição
Federal de 1988 havia sancionado que o “acesso aos níveis mais
elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, [seriam
alcançados] segundo a capacidade de cada um” (2012, s/p). Todavia
recentes estudos sobre o acesso ao ensino superior demonstrarem
156
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
que este nível educacional cresceu principalmente na esfera privada
e prosseguiu mantendo seu caráter não-democrático de ascensão
aos cargos profissionais que exigem formação superior. Ao final
dos dois mandatos do governo Fernando Henrique Cardoso ocorreu
uma maior expansão da educação superior na esfera privada. Logo
após, os esforços voltaram-se para a ampliação da rede pública e a
melhoria da qualidade da educação superior privada. No primeiro
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi instituído
o Programa Universidade para Todos (ProUni), que obriga as
universidades privadas a destinarem bolsas de estudo e vagas para
alunos de baixo poder aquisitivo, tendo como benefício a isenção
fiscal. No seu segundo governo foi criado o Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(Reuni), que estimula as instituições públicas a elaborem planos
de democratização das suas estruturas favorecendo o aumento do
número de vagas. Frente ao exposto, questionamo-nos se os textos
que regulam a entrada nas universidades brasileiras impõem ou não
limites ao acesso? E se a ampliação dos meios para adentrá-las seria
suficiente para a uma democratização de qualidade? Para tratar destas
questões adotaremos como metodologia de trabalho a pesquisa
em fontes documentais realizada em texto legais. O aporte teórico
concentra-se em autores da sociologia da educação e da história da
educação. Constatou-se que o princípio de igualdade meritocrática
das oportunidades foi incorporado pelas políticas referentes ao
acesso às universidades, o que consistiria no entendimento de que
cada pessoa participa da disputa por vagas escolares em condições
de igualdade, evitando assim desigualdades que podem determinar
as probabilidades de sucesso e ascensão social. Nesse sentido, apesar
de estar acontecendo uma maior democratização do acesso ao
ensino superior, as prerrogativas legais voltadas para este nível de
ensino contêm nos desdobramentos dos seus textos alguns limites
para a acessibilidade às instituições superiores e a qualidade desse
processo vê-se ofuscada por questões de diferentes ordens sociais e
econômicas, que se refletem não apenas no ensino superior mas em
todos os níveis do ensino brasileiro.
157
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Desvelando os exames de admissão ao
ginásio na educação paranaense
Elisângela Zarpelon Aksenen (PUCPR)
[email protected]
Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUCPR)
[email protected]
O estudo aqui apresentado constitui parte de uma pesquisa em
andamento, em nível de mestrado, que pretende compreender como
funcionaram os exames de admissão ao ginásio na realidade educacional
paranaense. Em nível nacional, os exames de admissão foram introduzidos
para o ingresso no Colégio Pedro II através do Decreto nº 4.468 de 1º
de fevereiro de 1870 e regulamentados pelo Decreto nº 981 de 8 de
novembro de 1890. No Paraná, eles foram instituídos pelo Decreto nº
35 de 9 de fevereiro de 1895 cujo artigo 217 rezava que os candidatos
à matrícula do 1º ano do Ginásio Paranaense, atual Colégio Estadual
do Paraná, deveriam fazer o exame de admissão. Posteriormente, por
meio do Decreto nº 19.890 de 18 de abril de 1931, como parte da
Reforma Francisco Campos, tais exames tornaram-se obrigatórios nas
escolas públicas de todo o Brasil até o ano de 1971 e marcaram um período
histórico de ampliação no acesso ao ensino primário e restrição ao ginásio.
A Reforma Francisco Campos inseria-se em um contexto de significativas
mudanças no país, principalmente devido ao desenvolvimento industrial
e urbano provocado a partir de 1930, sob o governo de Getúlio Vargas,
no qual a demanda por mão de obra qualificada intensificou a procura
pela educação. Os exames de admissão ao ginásio funcionaram, portanto,
como uma barreira de acesso ao ensino secundário. A análise dos decretos,
portarias, regimentos institucionais; o estudo da situação econômica,
social e política do Paraná, articulada ao contexto nacional e o papel
dos exames na realidade educacional paranaense situam a abordagem
aqui apresentada. As discussões contemplam uma reflexão metodológica
de análise documental baseada na perspectiva teórico-crítica, a qual
considera as transformações na vida material da sociedade como suporte
do sistema educacional. Entendemos que o contato com as fontes cria a
158
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
possibilidade de reconstruir o passado, que somente será compreendido
quando articulado ao contexto no qual foi produzido (BLOCH,
2011). Logo, a história regional contém especificidades que devem ser
consideradas. Para tanto, recorremos ao aporte teórico de Bloch (2011),
Ribeiro (1984), Romanelli (2010), Valente (2003), Wachowicz (1984),
Wachowicz (2010) entre outros. Apontamos elementos da legislação,
a análise do momento histórico no qual os exames de admissão estão
inseridos, as orientações para as provas de matemática e procuramos
desvelar o papel de tais exames na realidade educacional brasileira e
paranaense. Percebemos, ao longo do vasto período em que os exames
de admissão ao ginásio foram aplicados, algumas mudanças estruturais
regulamentadas e principalmente, um dispositivo de controle e poder
devido ao seu caráter extremamente seletivo.
Educação integral e ampliação do tempo
escolar diário na cidade do Rio de Janeiro:
aproximações e diferenças entre o projeto
CIEP e o programa escolas do amanhã
Leonardo Nolasco-Silva (UERJ/ Instituto Infnet)
[email protected]
Lia Faria (UERJ)
[email protected]
A pesquisa em tela, ligada ao estágio de pós-doutoramento
do pesquisador, procura refletir sobre a implementação de
dois projetos educacionais recentes que, destinados às classes
populares, consideraram a ampliação do tempo escolar uma
importante estratégia para a diminuição das disparidades
educacionais da sociedade fluminense. Estamos nos referindo
ao Programa Especial de Educação – a partir do qual foram
implantados os CIEPs – e ao Programa Escolas do Amanhã
– gestado em meio à revitalização das relações entre o Estado
e os territórios tomados pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
159
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Nosso marco conceitual inscreve-se no debate sobre a Educação
Integral, relacionando sua dimensão histórico-filosófica com
o viés político que caracteriza os projetos que dela fazem uso.
Portanto, ao abordarmos o tema, estaremos dialogando com a
contextualização política sem, no entanto, perdermos de vista a
dimensão simbólica de cada programa, o impacto que causam/
causaram na vida das pessoas envolvidas. É imperativo ressaltar,
todavia, que o mote da pesquisa não é a avaliação das políticas
públicas elencadas, mas o desvelar das relações sociais construídas
a partir desses programas/projetos, tendo os sujeitos protagonistas
da escola – professores e alunos - como eixos estruturantes da
análise. A pesquisa, de cunho qualitativo, está interessada nas
vozes silenciadas, daqueles que fazem/fizeram o cotidiano
escolar dos CIEPs e das Escolas do Amanhã. Ao ouvirmos essas
vozes poderemos diversificar o debate sobre a ampliação do
tempo de escola, problematizando sua eficácia diante do cenário
contemporâneo. Inspirados pelas ideias de Darcy Ribeiro e sua
leitura singular do projeto educacional levado a cabo pela elite
brasileira, pretendemos atualizar a discussão contida no Livro
dos CIEPs, de sua autoria, traçando um paralelo entre teoria
e prática, entre passado e presente. Os CIEPs deram conta da
utopia educacional de Darcy Ribeiro e do trabalhismo brizolista?
De que maneira a imagem dos Centros Integrados de Educação
Pública se perpetuou no Brasil e qual o sentido dessa escola
na atualidade? Que representações estarão contidas nas Escolas
do Amanhã e que nos remetem ao CIEP ou à negação deste?
Quais as marcas daqueles anos oitenta (onde floresceram os
CIEPs) nas ações educacionais da atual gestão da Secretaria
Municipal de Educação? Nessa direção, nosso olhar teóricometodológico abarca não apenas o arcabouço conceitual da
História da Educação, mas alia esse conhecimento às produções
das Ciências Sociais, principalmente aos escritos da Sociologia
da Educação. Esperamos, assim, fomentar o debate acerca da
educação integral e contribuir para a reflexão de experiências
semelhantes em outras cidades e Estados.
160
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Educação nacional: realidade brasileira e
embates na década de 1910
Tereza Maria Trindade da Silva (UFMG)
[email protected]
Este trabalho faz parte de pesquisa de mestrado em andamento e
tem como objetivo discutir as iniciativas de educadores, políticos e os
movimentos das ligas nacionalistas para a nacionalização da organização
da educação pública no início da década de 1910. Para tal foi pesquisado
o acontecimento de dois importantes eventos, a saber, o Primeiro
Congresso de Instrução Secundária, ocorrido em São Paulo de 15 a 24 de
fevereiro de 1911, o Segundo Congresso Brasileiro de Instrução Primária
e Secundária, realizado em Belo Horizonte de 28 de setembro a 4 de
outubro de 1912 e Liga Brasileira contra o Analfabetismo(1915-1922).
Além desses, está em fase de análise o Terceiro Congresso Brasileiro
de Instrução Primária e Secundária, que ocorreu em Salvador em
2 de julho de 1913. Tais eventos promoveram debates em defesa da
elaboração de uma proposta de política educacional a nível nacional
de modo a resolver e/ou remediar os problemas latentes da educação
brasileira. Entre as ações defendidas pelos congressistas esteve a ênfase na
urgência da garantia da manutenção e ampliação de verbas pela União
para a instrução primária e secundária, além da necessidade de se criar
um departamento para a educação, o Ministério da Instrução Pública.
Para o desenvolvimento desta pesquisa foram analisados como fonte
documental relatórios e anais dos eventos, legislação de ensino, além de
estudos sobre a história e história da educação do período. Após análise
nos documentos referentes aos congressos perceber-se nos discursos e
teses apresentados, diferentes preocupações quanto à situação do ensino
público, apresentado como um problema de âmbito nacional. Dado
o déficit da instrução primária, nesse período foi constatado um alto
índice de analfabetismo e tem-se como hipótese que acontecimentos
históricos como o desenvolvimento urbano e econômico, as precárias
condições de acesso à educação, a falta de financiamento do ensino
primário por parte do governo federal e outros fatores sociais e políticos
contribuíram para a promoção da discussão do analfabetismo e da
161
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
decadência do ensino secundário como problema nacional. Assim, este
trabalho dialoga com Thomas Marshall e Norbert Elias no propósito de
problematizar e entender a idéia da construção da cidadania presente
nas discussões efetivadas e nas propostas dos congressistas e políticos e
não perdendo de vista as tensões da constituição de um Estado-Nação.
Educação superior e o processo de formulação
de políticas de avaliação educacional:
considerações sobre os exames de desempenho dos
cursos de graduação e de formação de professores na
recente história da educação no Brasil (1990-2012)
Regina Lúcia Ferreira Cravo (PUC-Rio/ UESá)
[email protected]
Este estudo busca analisar o processo de formulação de políticas
de avaliação educacional para a educação superior brasileira. O estudo
busca fazê-lo focalizando o sentido dos exames de desempenho em larga
escala dos estudantes dos cursos de graduação e suas conseqüências para
a dinâmica do sistema de ensino do referido nível de ensino. O estudo
busca igualmente conduzir as reflexões para a questão da formação de
professores no Brasil na atualidade, especialmente na primeira década
do século XXI. Tomando a história como ferramenta que possibilita
problematizar traços de permanências e descontinuidades em processos
de constituição de professores, contribuição de Simões(2011), destacase o impacto das modificações vividas pela educação superior através
das práticas avaliativas sobre a formulação de políticas docentes no País
evidenciado através da publicação das diretrizes curriculares nacionais e
da ênfase da noção de ensino por competências. Partindo de considerações
sobre a educação superior na atualidade, com destaque para a intensa
reforma universitária que perdura desde os anos noventa na história da
educação brasileira contemporânea. Em seguida, o sistema de avaliação
da educação superior é abordado, buscando explicitar a triangulação
entre as práticas de avaliação em larga escala, pela renovação periódica,
pela autoavaliação institucional no contexto do Estado avaliador cuja
162
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
ênfase vai recaindo sobre o acompanhamento da qualidade dos cursos
e das instituições e da garantia da suas funções avaliativas. Na terceira
parte, as características do Exame Nacional de Cursos e Desempenho
de estudantes são descritas juntamente com o sentido da avaliação
em larga escala na educação superior e seus procedimentos usados. A
quarta parte relaciona as avaliações de larga escala com as políticas de
currículo, no caso, especificamente, voltadas para os cursos de formação
de professores- Licenciaturas. O estudo encontra nas contribuições
teóricas de Dourado (2002), Gomes(2002), Rothen e Barreyro(2011),
Catani(2002), Dias(2011), Gatti(2011) o apoio necessário para o seu
desenvolvimento do processo de avaliação educacional na educação
superior no Brasil. Por fim, o estudo discute o sistema de avaliação instalado
como estimulador da operacionalização de práticas acadêmicas, reformas
estruturais mediadas pelas exigências dos estudantes, do mercado e pela
aceitação das mesmas pela sociedade. Interessa a considerar a avaliação
como um campo e disputas uma vez que pode evidenciar os fins da
educação, o conceito de homem, o projeto social deverá ainda que na
prática ganhar centralidade como forma de controle e definição de
políticas que estimulam a expansão no ensino superior.
Entre hinos, bandeiras e heróis:
imigração européia, classe operária e a
constituição da nacionalidade nos grupos
escolares da cidade de Santos
André Luiz Rodrigues Carreira (UCS)
[email protected]
O presente estudo analisa, em uma perspectiva histórica, o papel
exercido pelo sistema público de educação no Estado de São Paulo
nas primeiras décadas do século XX na incorporação e assimilação
da população estrangeira, majoritariamente européia, vinculada ao
movimento operário. A investigação utilizará como estudo de
caso a cidade portuária de Santos, no litoral paulista, município
caracterizado por expressivo contingente de imigrantes provenientes
163
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
da Península Ibérica e pela presença de combativa classe operária,
principalmente associada a atividades portuárias e à construção
civil. A pesquisa tem por objetivo discutir o espaço ocupado pelas
iniciativas estatais de educação popular em Santos durante as
décadas de 1910 e 1920 e a sua relação com o discurso, traduzido
em políticas públicas, nacionalista de absorção do estrangeiro
pertencente à classe trabalhadora, assim como, analisar as formas
de resistência encontradas pelos destinatários das ações reformistas
do período. Para tanto, foram utilizadas fontes diversas como os
censos realizados na cidade em 1913 e 1920, os Anuários de Ensino
do Estado de São Paulo do período citado, documentos oficiais dos
três primeiros grupos escolares fundados em Santos e informações
de periódicos regionais e órgãos de imprensa vinculados à classe
trabalhadora local. Nas décadas de 1910 e 1920, a escola voltava
ao centro dos debates sobre os rumos da nação. O analfabetismo
e a “ameaça” estrangeira se tornaram os alvos dos discursos e das
políticas públicas educacionais do período. Em Santos, cidade de
composição social notadamente ibérica e de atuante classe operária,
a idéia de incorporação do estrangeiro, pela força policial ou pelos
bancos escolares, ganhava força. As noções de civismo teriam papel
primordial para a formação do caráter nacional ao tentar incutir
nas crianças as concepções de amor à Pátria, de respeito à ordem
estabelecida e de cumprimento de deveres. Ainda sob o efeito das
mobilizações operárias e das greves do período, o ímpeto reformista
enxergava na moralização do povo brasileiro a reconstrução da
República. A ênfase nos dispositivos de controle, de disciplina e na
idéia de civismo como elemento de constituição da nacionalidade
norteava o trabalho que deveria ser desenvolvido nas escolas. As
comemorações de datas cívicas, o culto à bandeira e aos hinos e a
exaltação de símbolos e heróis nacionais se tornavam prescrições
diárias ao trabalho docente e ao comportamento esperado dos
alunos. Em uma sociedade heterogênea e multifacetada, buscava-se
a unidade e a integração. A pesquisa se apóia metodologicamente
em autores como Thompson (2011), Silva (2003), Enguita (1989),
Lanna (1996), Carvalho (1990), Souza (2009) e Escolano (2005).
164
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Escola primária e formação para a
“solidariedade social” no Brasil (1946-1964)
Flávio Anício Andrade
[email protected]
O objetivo deste trabalho é analisar o papel de espaço de
irradiação de novos valores e práticas conformadores de uma dada
concepção de cidadania e participação política atribuída à escola
primária no período 1946-1964. Tal período histórico encontrase marcado pelo processo de relativo alargamento das garantias
democráticas que se seguiu ao fim do Estado Novo varguista e
que teve solução de continuidade com o golpe civil-militar de
1964. Ao longo deste período emerge fortemente a necessidade
de, através da educação, disseminar a nova concepção de vivência
social calcada nos valores da “solidariedade social”. Ao lado de tal
essencial função política, permanece o entendimento oficial de
que o processo de extensão da escolarização apresentava-se antes
de tudo como forma de produzir uma melhoria qualitativa da força
de trabalho nacional bem como, até como uma conseqüência deste
primeiro fator, permitir uma maior racionalização dos processos
produtivos tanto industriais quanto agrícolas. Acrescenta-se agora,
porém, novo argumento a favor de tal relação na medida em que
a consecução daquela melhoria viria a contribuir justamente para
a consolidação da nova ordem social democrática ao permitir a
elevação da riqueza do país (e, supostamente, a maior divisão desta).
Com base na análise do conteúdo discursivo exposto na Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), editada pelo Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos a partir de 1944 e nas Mensagens
Presidenciais apresentadas ao Congresso Nacional ao longo do
período histórico acima referido, vislumbra-se o cenário de uma
sociedade na qual a disputa entre os atores políticos individuais
e coletivos vinha tornar- se um fenômeno mais constante na vida
do país, fazendo com que o Estado buscasse alargar o contingente
da população possuidor de conhecimentos formais básicos e de
165
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
hábitos de cuidado individual e de convivência social novos, tendo
em vista tanto a necessidade de estabelecer relações mais orgânicas
de poder entre governantes e governados quanto a demanda pela
formação de massa de um futuro sujeito produtivo novo, melhor
adaptado a formas mais racionais de trabalho. Neste contexto,
a diminuição dos índices de analfabetismo e, particularmente, a
adequação da escola primária frente às novas necessidades trazidas
pela nova configuração sócio-política e pelo desenvolvimento
econômico-social do país serão apontados como as duas
principais questões a se resolver no âmbito da educação nacional.
Conclui-se que o projeto de expansão e melhoria da qualidade da
escola primária foi entendido no período ora analisado como sendo
a condição básica para a formação do contingente populacional de
onde sairiam simultaneamente os futuros operários industriais e os
futuros “condutores” dos processos de trabalho e de participação
na vida sócio-político- cultural do Brasil.
Escolas étnicas ucranianas e polonesas no
Paraná: entre a legalidade e a manutenção
da identidade étnica
Valquiria Elita Renk (PUCPR)
Desde o final do século XIX até 1938, havia no Paraná
em torno de 220 escolas étnicas polonesas e ucranianas, que
estavam à margem do sistema público de educação. Situavam-se
nas colônias de imigração eslava, onde praticamente não havia
escolas públicas. Estas escolas foram construídas e mantidas pelas
comunidades. Havia as escolas étnicas religiosas, as comunitárias
(sociedades-escolas) e as escolas subvencionadas, mas, em comum
tinham o ensino da cultura e da língua materna do grupo. Estas
escolas formavam uma rede de ensino com o apoio das
associações culturais comunitária e a Igreja Católica, na produção e
publicação de material didático (em língua estrangeira e nacional),
organização de cursos de organização pedagógica e didática até
166
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
qualificação para professores. A questão a ser investigada é: quais
as formas adotadas por estas escolas para burlar a legislação e
manter a identidade étnica através da escola? Os objetivos da
pesquisa são de entender a importância da manutenção da cultura
de origem no grupo, através da escola e os processos de resistência
elaborados para não ensinar em língua nacional. As fontes de
pesquisa são os arquivos das escolas que guardam cadernos, livros,
fotografias, jornais escolares, a legislação escolar do Paraná de
1900 até 1938, os decretos e leis da nacionalização, os Relatórios
e Correspondência de Governo, os jornais de circulação regional
no Paraná e também a pesquisa oral, através dos depoimentos e
entrevistas de ex-alunos destas escolas, que passaram pelo processo
de nacionalização, em 1938. A oralidade e a experiência deste
processo expressam os constrangimentos ante a nacionalização
compulsória e desconhecimento da língua portuguesa na escola. As
fontes permitem conhecer o processo de nacionalização das escolas
étnicas e os mecanismos adotados pelo Estado para sua efetivação
e os processos de resistência. O processo de nacionalização será
analisado neste artigo, intensificou-se nas décadas de 1920 e
30, até culminar com a nacionalização compulsória. O Estado
adotou várias medidas de coação e coerção para nacionalizar estas
escolas, como a obrigatoriedade das aulas serem ministradas
em língua nacional, a adoção de um currículo escolar único,
adoção obrigatória de livros didáticos, aulas de canto orfeônico,
celebração de eventos cívicos e patrióticos, aulas de Educação
Moral e Cívica, Educação Física, História e Geografia do Brasil.
As escolas étnicas cumpriam parcialmente estas medidas, mas,
encontravam maneiras de burlar, como a adoção do ensino
bilíngue. Passaram a ministrar aulas em língua nacional, na
medida em que o Estado assim exigia, através da fiscalização e
inspeção escolar. Após a nacionalização compulsória, muitas
escolas públicas foram construídas nas comunidades étnicas,
mas, não em número suficiente e nem na mesma quantidade das
escolas fechadas. Os depoentes relatam os constrangimentos ante
o desconhecimento da língua portuguesa.
167
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Estratégias e práticas culturais de um colégio
americano no interior paulista
Cesar Romero Amaral Vieira
[email protected]
Thais Gonsales Soares
[email protected]
Esta comunicação insere-se no âmbito de um projeto de
pesquisa, financiada pelo CNPq, que investiga a origem e trajetória
histórica do Colégio Piracicabano, uma instituição escolar de
tradição protestante, criada por missionárias norte-americanas no
ano de 1881, com especial atenção para as duas últimas décadas do
século XIX. As investigações desenvolvidas no âmbito do projeto
se articulam de modo orgânico com a presente comunicação e
tem como eixo norteador o mesmo escopo teóricometodológico fornecido pelo campo historiográfico da História
Cultural. Acredita-se que a analise dos processos de organização
escolar e da consequente produção de culturas escolares geradas
nas tessituras do contexto investigado, seja uma forma de colaborar
com as recentes pesquisas no cenário educacional piracicabano e
brasileiro e, particularmente, nos aproximarmos de uma identidade
cultural e educacional, de forma mais abrangente, da instituição
escolar investigada, conforme descrito por António Nóvoa (1998),
Justino Magalhães (1999) dentre outros. O objetivo que norteia o
projeto de pesquisa maior é a busca pela compreensão da
significação que o Colégio Piracicabano representou no período
histórico analisado, no duplo sentido atribuído por André Chervel
(1990), não só no que tange a formação de indivíduos esclarecidos,
mas também perceber sua contribuição na transformação de uma
cultura cujos lastros ainda estavam arraigados a práticas tradicionais de
organização da vida material, por meio da circulação de novos saberes
e de novas práticas escolares e sociais. Diante dessas considerações,
a presente comunicação priorizará as práticas socioculturais
empreendidas pelo Colégio Piracicabano, por intermédio de
168
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
sua fundadora, a missionária norte-americana, Miss Martha
Hite Watts. Dar-se-á destaque para as estratégias de produção
cultural no intercâmbio com a sociedade piracicabana a partir das
atividades (fazeres extraordinários) acadêmicas, cívicas, artísticas e
religiosas percebidas no resgate das narrativas históricas produzidas
pelo principal veículo público de comunicação da cidade, a Gazeta
de Piracicaba, e por outras fontes documentais. O trabalho de
pesquisa empregado para a realização desta comunicação se norteará,
com especial atenção, pelas abordagens investigativas propostas por
autores tais como Anne- Marie Chartier, Roger Chartier, André
Chervel e António Nóvoa; e por uma linha metodológica que descreva
o particular, explicitando suas relações com o contexto econômico,
político, social e cultural, evitando-se assim o aprofundamento das
particularidades escolares em si mesmas sem a devida relação com
o pluralismo e dinamismo da totalidade histórica, conforme nos
alerta Paolo Nosella e Ester Bufa (2009).
Expansão da escola primária no estado do
Rio de Janeiro: 1930 a 1955
Irma Rizzini
[email protected]
O presente trabalho tem por objetivo investigar o processo
de expansão e interiorização do ensino primário e profissional
no Estado do Rio de Janeiro, no período de 1930-1955. O eixo
central da pesquisa é o estudo das políticas de institucionalização
da escola a partir das ações governamentais. O corpus documental é
composto por fontes oficiais, tais como Relatórios de Interventores
do Estado (1930-1937), Mensagens de Governadores à Assembleia
Legislativa do Estado e Relatórios das Diretorias de Ensino e
do Departamento de Educação (1940-1955), Legislação do
Ensino (Leis e Decretos do Estado do Rio de Janeiro, 19351955), além de cartas, correspondências, fotografias, relatórios
e outros documentos que integram o acervo privado de Amaral
169
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Peixoto, preservado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de
História Contemporânea (CPDOC/Fundação Getúlio Vargas).
A perspectiva teórico-metodológica que orienta a análise aposta
no aprofundamento da interface entre a história da educação e
a história política, nacional, regional e local, operação que nos
permite compreender como as disputas intra-elites republicanas
estaduais e federais interferiram nas reformas e nas políticas
educacionais do período. O estudo se insere em projeto
nacional de investigação mais amplo, que visa a refletir sobre a
história da escola primária no Brasil, envolvendo a atuação dos
poderes públicos, por meio de programas, reformas educacionais
e expansão do ensino e as diferentes modalidades de escolas
primárias existentes nas zonas urbanas e rurais. Assim,
pretende-se abarcar diferentes modalidades de escolas - grupos
escolares, escolas isoladas e reunidas - dando especial atenção
à escola primária rural. O trabalho aponta para conclusões
preliminares que corroboram a hipótese de que o modelo da
escola graduada, reforçado pela criação dos grupos escolares no
início do século XX, no Estado do Rio de Janeiro, expandiuse na capital Niterói, mas também compunha a política de
interiorização da escola, com a criação dos grupos, nas cidades
do interior, e das Escolas Típicas Rurais, nas áreas rurais de 40
dos 52 municípios fluminenses. Coexistiram três modalidades de
escola primária – a escola isolada, o grupo escolar e a escola típica
rural. A educação rural foi vista como um meio de contenção
do fluxo migratório, de saneamento do interior e de formação
técnica. A expansão expressiva de escolas primárias, urbanas
e rurais, nas décadas de 1940 e 1950, foi resultado de vários
esforços articulados envolvendo os poderes públicos estaduais e o
governo federal, por meio da atuação do Ministério da Educação
e do Departamento de Educação do Estado, e as organizações
da sociedade civil. Compreender as políticas estaduais para a
expansão da escola primária, e em que condições ela se torna
acessível à população rural e à das cidades do interior, é uma das
finalidades dessa proposta.
170
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Extensão na Universidade Federal do Paraná:
constituição histórica
Nadia Gaiofatto Gonçalves (UFPR)
[email protected]
Carina Silva Vieira Santos (UFPR)
[email protected]
Este trabalho trata da constituição histórica da Extensão
Universitária na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O
recorte temporal inicial é 1940 com ações pontuais no formato de
cursos e prestação de serviços, e o final, 2011, momento em que é
aprovada a última e atual Resolução que rege as atividades de
Extensão da UFPR. Foram utilizados referenciais da História
e da História da Educação (como Marc Bloch; Luciano M.
Faria Filho e Diana G. Vidal; e Dario Ragazzini). Os conceitos de
representação e de apropriação de Roger Chartier foram utilizados,
pois envolvem a questão das leituras, dos entendimentos possíveis, e
das diferentes formas que uma realidade é dada a ler, assumindo-se
que as percepções dos sujeitos sociais não são neutras, dependendo
do contexto em que foram elaboradas, e derivando delas as suas
práticas. Foram consideradas fontes escritas institucionais, como
subsídios sobre as concepções e políticas de Extensão nesta instituição.
As principais fontes encontradas e utilizadas como referências neste
trabalho foram Leis e Decretos federais, Estatutos e Regimentos da
UFPR, Resoluções do Conselho de Ensino Pesquisa (e Extensão) e
atas do Comitê Assessor de Extensão. Ao contemplar distintas
fontes, pretendeu-se identificar percepções e representações
acerca da Extensão na UFPR, ao longo do tempo, com suas
apropriações particulares das diretrizes de âmbito nacional, em
função do contexto local. Como resultados é possível destacar que
a inserção da Extensão em instâncias e espaços da UFPR se deu de
forma gradativa, com tensões e conflitos ao longo do tempo, devido
a distintas concepções que coexistiram e que ainda coexistem. Foram
identificados três importantes momentos históricos na trajetória da
171
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Extensão no Brasil, e na UFPR. No primeiro, ela é realizada por
meio de cursos e conferências oferecidos à comunidade, bem como
prestações de serviço e atividades de divulgação artística e cultural.
Nele, a proposta era levar o conhecimento e a técnica produzidos
na UFPR, para os demais segmentos da sociedade, externos à
instituição. O segundo momento teve como base os Programas
Nacionais de Extensão, relacionados à política de desenvolvimento
e de segurança nacional do país. No terceiro, esta perspectiva foi
gradativamente substituída pela ideia da intelectualidade orgânica
e posteriormente pela concepção dialógica à luz de Paulo
Freire; deslocando então o foco para a transformação social,
firmando compromisso com a sociedade e com o processo ensinoaprendizagem, numa perspectiva, mais recente, de desenvolvimento
social e sustentável. Este último período foi marcado pela discussão
do papel da Universidade pública frente ao seu compromisso social,
marcado pela Constituição de 1988, que estabelece o princípio
da indissociabilidade. Nele, buscou-se consolidar a importância
formativa da Extensão, e a necessidades da sociedade, tendência que
vem se fortalecendo institucionalmente.
Formação docente no contexto dos
acordos internacionais
Fátima Pacheco de Santana Inácio
[email protected]
A pesquisa trata das articulações realizadas entre o Brasil e os Estados
Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, dentro dos Acordos MECUSAID, voltadas para a formação de professores. A implementação
desta ação permite a visibilidade das primeiras incursões realizadas
pelos Estados Unidos, no sentido de implantar uma política
educacional voltada para a América Latina. Destacando os meandros
desse acordo por meio das palavras do Professor Abgar Renault; da
criação do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino
Elementar (PABAEE), de seu funcionamento e posterior influência
sobre os Centros de Formação de Professores Primários, criados em
172
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Goiás. A preocupação com a formação de professores é engendrada
na ideologia do capital humano, forjada para dar sustentação ao
modelo tecnicista de sistema educacional, o qual deveria ser efetivado
pelos considerados países economicamente subdesenvolvidos, com
a promessa do alcance de seu desenvolvimento, via escolarização
das camadas populares. A intenção era criar um centro irradiador
para a formação de uma nova sociedade brasileira, o que supõe um
novo modelo de Homem e prescinde um novo modelo educacional,
no caso, o modelo tecnicista. A questão não era simplesmente
solucionar problemas educacionais locais, mas viabilizar, através de
uma estratégia articuladora, seja da formação de alguns elementos
diretamente vinculados às universidades norte-americanas, que para lá
se deslocariam, receberiam as instruções consideradas por seus mestres
como adequadas para que o objetivo do deslocamento fosse atingido,
o de se tornarem os propagadores, multiplicadores dessa mesma
formação, em seu país de origem. Outra frente a ser tomada era a da
tradução de obras internacionais, principalmente norte-americanas
que possibilitassem o acesso às consideradas novas teorias que dariam
sustentação ao fazer pedagógico dos professores. A construção de
políticas públicas pressupõe, na regulamentação do ensino, um
afunilamento de projetos pedagógicos inibindo ou dificultando que o
ambiente escolar possa ser enriquecido por diferentes concepções de
ensino, os modos que essas concepções se filiam as maneiras distintas de
compreensão/intervenção no social. O professor que, compreendendo
maneiras distintas de estabelecer a relação ensino/aprendizagem,
ficaria impossibilitado de optar por alternativas diferentes, tendo que
considerar as que foram postas pela intervenção do Estado. O que
fundamentava o interesse norte-americano na educação brasileira,
prioritariamente, era o aprofundamento das relações econômicas
entre os dois países. Aparentemente atendendo às reivindicações
pela democratização do ensino, o Estado brasileiro pretendia, antes
de qualquer coisa, preparar minimante mão-de-obra adequada ao
estágio em que se encontravam as necessidades econômicas do país
em articulação com o Estado Norte Americano, como garantia para
a sua ascensão ao patamar de país em desenvolvimento.
173
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Gestão democrática: reflexões teóricas a
partir da história
Adriana Mota de Oliveira Sidou (UECE)
O presente artigo tem como objetivo traçar uma retrospectiva
histórica acerca da implantação do modelo de gestão democrática
nas escolas brasileiras, destacando suas principais influências teóricas
e contextualizando o surgimento desta política no seio do processo
de redemocratização vivenciado pelo Estado brasileiro, após o
último período ditatorial. O trabalho toma por base uma pesquisa
teórico-bibliográfica, fundamentada na perspectiva onto-histórica de
compreensão do real, sob a crítica marxista, que parte do movimento
do real, para compreender os fenômenos da sociabilidade. É interessante
observar que o termo gestão escolar passou a ser adotado no início da
década de 1980, em substituição ao termo administração escolar.
Nessa quadra histórica, também a defesa de muitos teóricos da
articulação educação/revolução foi substituída pela articulação
cidadania/democracia, postulando a via democrática para o socialismo,
valendo notar que o discurso em torno da estratégia da cidadania e da
ampliação dos direitos sociais como meio para se alcançar a “justiça
social” teve suas raízes no final dos anos 50 do século passado. De todo
modo, foi na década de 1980 que começou a ganhar força à tese relativa
à gestão democrática no Brasil, tendo esta recebido status de política
pública após a promulgação da Constituição de 1988 e, posteriormente,
com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9.394 de 1996. Nesta perspectiva, revisitaremos os princípios básicos
da administração escolar, os da gestão escolar e, posteriormente, os
da gestão escolar democrática, a partir dos dados apresentados por
autores como Mara Lúcia R. D. Carvalho, Vitor Paro, Miguel Arroyo,
dentre outros. Como considerações preliminares, levantamos, com
base em uma análise histórico-ontológica, fundamentada em Marx e
seus intérpretes como Ivo Tonet, os limites afetos à implantação da
política pública de gestão democrática, pressupondo que esta mantém
estreita relação com a crise do capital denominada por Mészaros
174
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
como de caráter estrutural. Pelo mesmo prisma, questionamos a idéia
de luta pela cidadania veiculada como sinônimo de luta por
um mundo mais livre, justo, e humano, entendendo que o
horizonte da cidadania configura apenas aquilo que Marx denominou
emancipação política, o que lhe confere um caráter limitado, podendo
ser esta apenas uma mediadora na luta pela superação do capital, a
qual só se efetivara através do processo revolucionário. Desta forma,
a sociabilidade democrática-cidadã não pode ser posta como objetivo
maior da humanidade, quando se almeja a emancipação humana,
possibilitada a partir de uma sociabilidade além do capital, superadas
as relações de alienação no processo de produção, através do trabalho
emancipado, caracterizado pelo domínio consciente e coletivo do
processo social, tendo na educação uma mediadora importante no que
se refere ao conhecimento como meio pelo qual podemos conferir à
atividade educativa um caráter emancipador.
Grupo Padre Luiz Gonzaga - Bragança-PA:
arquivos e fontes da História da Educação da
Amazônia, no século XX
Maria José Aviz do Rosário (UFPA)
[email protected]
Maria de Fátima Matos de Souza (UFOPA)
[email protected]
O trabalho objetiva apresentar análise das primeiras fontes sobre o
Grupo Escolar Padre Luiz Gonzaga, de Bragança - PA. Pautou - se em
dois propósitos, recuperação e disponibilização da história e memória
dessa instituição escolar, de formação do povo bragantino, no Século
XX e contribuição ao registro de fontes históricas das instituições
escolares da Região Amazônica. A metodologia constituiu-se do
levantamento e análise de fontes documentais, orais e iconográficas
coletadas em arquivos públicos e no grupo. Na análise procurou - se
articular o conhecimento mais geral sobre a formação educacional
175
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
paraense e brasileira, fazendo-se aproximações de como foram forjadas
as propostas educacionais no contexto bragantino por meio do grupo.
A primeira etapa dedicou-se aos documentos escritos, Projeto Político
Pedagógico e cadernetas escolares e a iconografia composta de retratos
com os quais se pode compor as primeiras cenas da educação do grupo.
Em seguida ouviu-se a segunda diretora, a segunda secretária e duas
professoras da primeira geração. As análises apontam o grupo como
instrumento de articulação da proposta de expansão da educação
primária nos anos de 1960, já que sua criação, em 1962, atendia a
reivindicação da nova população da cidade, composta de agricultores
e pescadores dos campos, das praias e colônias que empurrados para
os arrabaldes da cidade, exigiam do poder público, escola para seus
filhos. A escola também era tida como modelo pedagógico em que
prevaleciam o respeito e a disciplina; o amor à pátria incutido pelo
cântico do Hino Nacional; a preocupação em não deixar criança sem
estudar, por meio do famoso jeito, até que a superlotação da escola,
em 1973, obrigou o poder buscar alternativa - transferindo parte do
alunado para uma escola particular; a influência da igreja católica;
pela catequese de responsabilidade da paróquia, por intermédio de
um sacerdote, iniciava os alunos nos ritos da igreja, tendo como
ápice a realização da primeira comunhão, onde se observa a divisão
de classe, os pobres de uniforme e no final da fila e os “ricos” vestidos
a rigor e perfilavam-se no início; a distribuição de merenda escolar,
inicialmente proveniente das Cáritas Brasileira e mais tarde por
doações de pessoas do bairro e; a indumentária das professoras, blusa
branca e saia preta. ‘Era bonito de ver as professoras do Padre Luiz, com
seus uniformes e orgulhosas da profissão’. A análise permite afirmar,
os arquivos e fontes, apontam no grupo, vestígios de uma educação
que acompanhou as mudanças ocorridas na sociedade brasileira e
bragantina, às vezes sem se dar conta, ‘passamos do ensino velho (lei
4.024/61) para o ensino novo (lei 5.692/7 2), sem muitos traumas,
foi tudo normal, como mandava a SEDUC’ e o retrato de uma das
instituições escolares, do Século XX, mais importantes de formação,
do povo bragantino, paraense e, por conseguinte, da Amazônia.
176
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Governar é abrir escolas: estado, civilização
industrial e a expansão do ensino primário no
Brasil (1946-1964)
Flávio Anício Andrade
[email protected]
O objetivo do presente trabalho constitui-se na análise do
papel assumido pela escola primária como espaço privilegiado de
conformação da população urbana e rural frente aos novos ditames
postos pelo projeto de modernização do país entre 1946 e 1964. Com
base na análise do conteúdo discursivo exposto em fontes primárias
produzidas no período supracitado, aqui se discute as concepções e
valores expostos por alguns dos principais atores políticos no interior
do Estado bem como as iniciativas e projetos colocados em marcha por
este último, relativos ao campo da formação escolar inicial da população
brasileira, a fim de melhor compreender o sentido então assumido
pelo movimento de expansão do acesso à escolarização por parte desta;
processo este orientado pelo objetivo de formação de novos sujeitos
participantes tanto da vida política quanto da vida produtiva do país.
A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), editada a partir
de 1944 pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos constitui-se
na fonte privilegiada da pesquisa tendo em vista sua função não apenas
de órgão de divulgação das ações governamentais quanto de veículo
de formação de opinião. Considera-se que no período histórico
delimitado o campo educacional assumirá uma relevância inédita,
na medida em que o processo de urbanização do país concomitante
à assunção da indústria como eixo dinâmico da economia veio
a demandar a expansão quantitativa e qualitativa da escola primária a
fim de se alargar a base humana potencialmente apta a contribuir para
o desenvolvimento do país. Dessa forma, a par da necessidade de se
garantir a formação de novos técnicos, a importância formativa possuída
pela educação escolar primária não escapava aos ocupantes dos postos
decisórios no interior do Estado. O Governo Federal, em especial
no período compreendido entre o fim da ditadura varguista e o fim do
177
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
interregno democrático que a sucedeu, tomará a inédita iniciativa de
expansão da rede de escolas primárias em larga escala. Conclui-se que
as iniciativas referentes ao ensino acessível à maior parte da população
visaram fundamentalmente educar o conjunto da população brasileira
no sentido da incorporação de novos hábitos e atitudes típicos do
que poderíamos denominar uma “civilização industrial”, a qual
deveria suplantar os vícios arcaicos característicos de uma sociedade
de base agrária. A educação escolar primária, neste contexto, foi
projetada para se constituir em espaço privilegiado de disseminação
de novos conhecimentos, hábitos e atitudes que se configuravam
como necessários frente ao objetivo de construção de uma nova ordem
social orientada pelos valores e pela racionalidade característicos dos
modernos espaços produtivos de natureza industrial. Sendo assim,
os espaços formais de aprendizagem passaram a ser pensados como
estratégicos, na medida em que a eles foi atribuída a tarefa de criação
dos futuros “construtores” e “condutores” da nação.
História da educação brasileira: como
se constituiu a juventude na legislação
educacional do país (1940 – 2012)
Luani de Liz Souza (UDESC/PPGE)
[email protected]
Celso João Carminati (UDESC/PPGE)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é abordar os modos de constituição
da categoria social – juventude na história da educação do país.
Partiu-se do período pós manifesto do movimento escolanovista
por considerar que houve nesse momento da história uma
reorganização das estruturas institucionais da educação, como
também surgem legislações, decretos e resoluções que direcionam
para uma prática escolar diferenciada e para normas que delimitam
a organicidade do sistema escolar brasileiro. As questões que
mobilizaram esse trabalho circunscrevem o entorno da ausência
178
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
ou da invisibilidade do sujeito escolar jovem nomeadamente
na legislação da educação brasileira.
A indeterminação ou
a invisibilidade do jovem no sistema escolar parece ter sido
durante anos significada na cultura escolar, onde o jovem era
um “devir social”, e não era um sujeito escolar. Para Sacristán
(2005) é na obrigatoriedade do ensino que se inventa o aluno
e se ordena um projeto cultural e social em que a sociedade
conferiu a escola. Fundamentamos nossas análises nos diálogos
de Sacristán (2005) tanto nas relações das práticas educacionais
como na invenção do sujeito escolar, que a despeito da abordagem
histórica recorre aos estudos da historiografia da educação sobre o
ensino secundário , e como fontes elencou-se as Leis de Educação
do período de 1940 a 2012 que indicam na organicidade da
legislação um novo olhar para um grupo social que segundo um
ordenamento social de desenvolvimento do país, parece agregar
aos jovens uma identidade e/ou representação de uma juventude
de progresso e ordem na sociedade. Além da legislação de
educação, abordamos alguns tópicos relevantes na Constituição
Federal a partir de 1946 que indicam um (re) conhecimento
dessa categoria social no país. Os apontamentos históricos que
delimitam a conceituação e a constituição do jovem escolar são
cheios de abreviaturas políticas e sociais, haja vista que se trata
de um grupo social de significação para o desenvolvimento do
país. Notou-se que durante o período em analise, houve drásticas
intervenções entre a legislação educacional e as políticas públicas
sociais que se apropriam de uma ordem cultural e social de
abrangência dos sujeitos que compõem essa categoria social.
Todavia, a identificação e a constituição desses sujeitos jovens
ou o (re) conhecimento dessa categoria social parece ser evocada
diretamente por critérios e instituições econômicas e políticas
que homologam um projeto educacional e de jovem do país.
179
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Ideias sobre instituições de ensino para a
infância menorizada nos congressos do
centenário da independência do Brasil
Fernando Rodrigo dos Santos Silva (PUC-Rio)
[email protected]
O presente artigo se propõe analisar nos documentos referentes ao
I Congresso Brasileiro de Proteção à Infância e ao Congresso Jurídico
Comemorativo da Independência do Brasil, ambos de 1922, as
representações sobre instituições para menores defendidas pelos seus
signatários. A ideia é apreender nos relatórios de teses dos referidos
congressos como que juízes e médicos buscavam desenhar nos anos de
1920 imagens para estas instituições, justificando a sua importância
e o tratamento oferecido por elas, balizado por modelos científicos
estrangeiros. Vale ressaltar que esta década foi o período de criação de
um aparato jurídico que visou assistir e proteger esta infância, o Código
de Menores, de 1927, em tramitação no Legislativo. Tomo como objeto
de análise os relatórios de teses destes dois congressos, por entender que
neles se “teatralizava um projeto de nação” (KUHLMAN JR, 2001),
que colocava o Brasil no rol das nações modernas do ocidente. Busco
analisar estes documentos com base no referencial teórico-metodológico
da historia do discurso, defendida por POCOCK (2003), que privilegia o
contexto linguístico e aponta para um uso variado de diferentes vocábulos.
A abordagem que privilegia o contexto linguístico propõe deslocarse de uma historia do pensamento (desencarnado) para uma história
do discurso (encarnado em atos de fala). O risco de uma abordagem
baseada na tradicional história das ideias políticas, que ignora o contexto
de produção dos discursos, é incorrer no anacronismo, pois é grande
a tentação de imputar aos autores intenções e significados que jamais
tiveram ou poderiam ter tido, em seus contextos originais de produção.
O objeto da investigação já não é a sentença propriamente dita, mas o uso
da linguagem em um determinado contexto, para uma dada finalidade e
em concordância com certas normas e linguagens. Dessa forma, aponto
como uma característica dos trabalhos apresentados nestes congressos,
180
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
o uso variado de diferentes vocábulos para categorizar estas instituições.
Soma-se ainda, uma imprecisão na indicação da profilaxia adequada para
o tratamento da criminalidade infantil e esboça-se como hipótese uma
suposta fragilidade conceitual deste grupo que vindo de diferentes
regiões do Brasil e ocupando diferentes posições intelectuais e políticas
no espaço público brasileiro, utilizaram estes eventos para ratificar um
consenso sobre a importância dos estabelecimentos de ensino, porém,
sem ao menos definir com clareza a distinção entre ensino e educação.
Indico proposta de pesquisa sobre o tema e Proponho que tal imprecisão
conceitual seja apreendida como resultado de um esforço de síntese em
um contexto de reforma penológica.
Igualdade na fronteira: as escolas coloniais de
Belo Horizonte no início do século XX
Maysa Gomes Rodrigues (UFUMEC)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é aprofundar a discussão sobre os processos
de escolarização das crianças filhas de imigrantes em Belo Horizonte, a
partir da abordagem das escolas dos cinco núcleos coloniais criados na
periferia da cidade, no início do século passado. Construída para ser a
capital da República em Minas Gerais, esta cidade recebeu um grande
contingente de imigrantes italianos, que participaram de sua construção.
Entre as alamedas da nova capital, entre a vida e o trabalho, os processos de
ordenação e regulação dos espaços e da educação resultaram em uma rede
colonial e escolar na periferia da cidade, em suas fronteiras de então. Esta
rede colonial e escolar foi de grande importância para a educação em Belo
Horizonte, no que tange ao atendimento de sua demanda escolar. Temos
assim a conjugação de dois fatores de análise: colonização e educação.
Neste contexto, indagamos: como as escolas coloniais de Belo Horizonte
atuaram no sentido de promover a identidade étnica ou a assimilação do
imigrante? Para responder esta questão realizamos pesquisa histórica de
fontes documentais, tais como legislação, relatórios de inspeção de ensino,
mapas escolares, e outros documentos relativos à colonização do acervo do
Arquivo Público Mineiro. Duas características importantes são explícitas
181
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
na documentação que regulou a imigração em Minas Gerais, quais sejam:
os objetivos de assimilação do imigrante e o povoamento do território.
Em diversas fontes estes objetivos foram ressaltados, e é a partir deles que
realizamos a análise aqui proposta. A heterogeneidade e a pluralidade das
relações sociais estabelecidas se apresentam como elemento constituinte da
realidade na história da educação brasileira. Neste contexto, ressaltamos
dois aspectos. O primeiro, que diz respeito à etnia e à identidade étnica no
âmbito das relações sociais, para o qual utilizamos por referências autores
que abordam a questão da etnia como “condição relacional”, ou seja,
construída socialmente. E o segundo aspecto que considera a “assimilação”
do imigrante, que também se constrói nas interações e práticas sociais, e
se apresenta em contraposição à manutenção de uma identidade étnica,
na medida em que compreende o processo de integração do imigrante
à cultura do país que o recebe e onde este passa a residir. Na análise da
educação, as relações estabelecidas, que podem ser ou não mediadas pela
etnicidade, têm lugar também na escola, instituição social que é. Mas, o fato
de não ter havido um único tipo de escola para imigrantes, e também pelo
fato de que muitos freqüentaram escolas públicas, o aprofundamento desta
investigação permite compreender estes aspectos vinculados às políticas
de imigração e educação e a consecução de seus objetivos em relação aos
imigrantes e sua educação.
Indicadores de qualidade da
educação no B rasil: um estudo a partir da
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
(1944/1971)
Berenice Corsetti (UNISINOS)
[email protected]
A temática da qualidade da educação não é nova e apresenta tanta
atualidade como no início do período de nosso estudo, com a inclu são
da educação no projeto republicano de modernização do país. Alteraramse os contextos sociais e políticos, sobretudo no momento atual, em que,
na era da informação, ter acesso à educação ou não, faz uma abissal
182
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
diferença. A discussão em torno desse tema ganhou maior relevância nas
últimas décadas, em função das transformações ocorridas no mundo do
trabalho, bem como das lutas sociais em favor de uma educação
de qualidade para todos. Nesse cenário, o debate em torno dos
indicadores que podem possibilitar a aferição da qualidade educacional
vem acompanhando a discussão mais ampla sobre seu significado e sobre
os processos para sua concretização. O trabalho que apresentamos
relaciona -se à pesquisa que vimos realizando e que trata de temática
relacionada à História da Educação Brasileira, de forma mais específica
vincula-se às investigações que problematizam a qualidade da educação,
numa perspectiva histórica. Vincula -se à discussão da história das
políticas educacionais em nosso país, na medida em que tem como escopo
a identificação e a discussão dos indicadores de qualidade da educação
nacional, utilizados para definir e/ou mensurar a qualidade da educação,
no período escolhido. Esta proposta, portanto, integra a investigação
das raízes históricas da definição e adoção de indicadores que pretendem
expressar a qualidade da educação promovida por nossas escolas. Para
tanto, tomamos como fonte a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
(RBEP). Neste momento apresentamos os resultados parciais relativos
ao período de 1944 a 1971. O recorte temporal se justifica por ser, o
ano de 1944, o de fundação da revista e, 1971, por ser o ano em que é
veiculado, na RBEP, o artigo de autoria de Anísio Teixeira, importante
colaborador da Revista, intitulado: Educação: suas fases e seus problemas,
pouco depois de sua morte. A RBEP surge sete anos após a criação do
Inep, por sugestão do ministro Gustavo Capanema ao então diretor do
Instituto, Lourenço Filho. Este educador, tanto como Anísio Teixeira
e Fernando de Azevedo, percebia a importância de instrumentos
editoriais para a divulgação de idéias e formação de um pensamento
crítico e transformador. Temáticas palpitantes, relevantes e polêmicas
passaram a fazer parte das páginas desse importante periódico, fonte
significativa para os estudos da história da educação brasileira. A análise
documental, como estratégia metodológica, terá seu desdobramento nos
marcos da metodologia histórico-crítica, procurando articular texto e
contexto, analisando os documentos históricos que se constituem em
fontes para o trabalho numa perspectiva dialética.
183
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Instituto Ferreira Vianna - escotismo e educação:
o projeto civilizador republicano no
interior da escola (1929 – 1939)
Mariza da Gama Leite de Oliveira (PPGE/UFRJ)
[email protected]
O artigo tem por objetivo analisar as relações entre Escotismo e
Educação na década de 1930 no Rio de Janeiro (distrito federal), a
partir de documentos do centro de memória do Instituto Ferreira
Vianna - instituição criada em 1888, logo após a Abolição da
Escravatura, pelo então Ministro da Justiça Antônio Ferreira Vianna,
como parte de um projeto de repressão à ociosidade na cidade do
Rio de Janeiro, que recebia meninos carentes de seis a doze anos,
sob o regime de internato. Elege-se o período de 1929 a 1939 por
tratar-se do período em que atuaram na instituição dois sujeitos que
viabilizaram o projeto civilizador republicano no interior da escola,
que se refletiu nas práticas escolares voltadas para a militarização da
infância. São eles o diretor José Piragibe e o professor de educação física
Gabriel Skinner. O Instituto Ferreira Vianna foi escola experimental
para a implantação do projeto Escola Cidade na gestão do diretor José
Piragibe (1929-1933), que consistiu na criação de departamentos de
serviços, retratando uma cidade, cujos habitantes e servidores eram os
próprios alunos. O professor Gabriel Skinner organizou a Guarda Civil
em 1931, como parte do projeto, e em 1933 fundou a “Associação dos
Escoteiros Ferreira Vianna”, que no mesmo ano foi filiada à Federação
dos Escoteiros do Brasil, da qual o professor era vice-presidente, dandose em 1939 o seu desligamento do Instituto. Os principais conceitos
desenvolvidos no artigo são Nacionalismo, Modernidade e Cultura
Escolar, com a contribuição de Marly Motta (1992), Gomes (1982),
Lúcia Lippi (1982) e Vidal (2004), dentre outros. As principais fontes
pesquisadas são ofícios entre o diretor da instituição e a Diretoria de
Instrução Pública, bem como correspondências que demonstram o
quanto a tropa de Escoteiros projetou o nome da instituição em diversos
eventos dos quais participava. Também é analisado como fonte um
184
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
estudo desenvolvido por Hilgard Sternberg (1939) quando concorria
ao concurso de inspetor regional de ensino para o Estado do Rio de
Janeiro, no qual defende a importância da educação extra-escolar e de
adultos proporcionada pelo Escotismo. Tal fonte pertence ao acervo
do CPDOC/FGV. A pesquisa está vinculada ao grupo de pesquisa
coordenado pela professora Dra. Irma Rizzini - “Centro de Memória
Ferreira Vianna: documentos, ensino e infância trabalhadora no Rio de
Janeiro (1888 – 1942)” (PROEDES/FE/UFRJ), e representa parte da
proposta de estudo em andamento desta pesquisadora, no período do
seu doutoramento em Educação (2011 – 2014).
Inovação pedagógica na escola primária na
década de 1960
Cleonara Maria Schwartz
[email protected]
O trabalho investigou materiais e métodos de ensino tido
como inovadores para a educação primária, na década de 1960,
no Brasil. Nessa década predominava o modelo de educação da
escola graduada que se instalara no país desde o século XIX.
Esse modelo estava sendo balizado pela Constituição Federal,
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e por Leis estaduais
que referendavam princípios liberais de educação presentes
em legislações anteriores como gratuidade, obrigatoriedade e
descentralização de responsabilidades entre União e Estados. Mesmo
com o Golpe Militar, esse modelo e tais princípios continuaram
a reger a educação primária brasileira até o final da década de
1960. Havia a crença de que o Plano Nacional de Educação (PNE)
contribuiria para o alcance da melhoria do ensino e para solucionar
os problemas de desempenho escolar. Não foi isso o que aconteceu.
Princípios liberais e ideário da Escola Nova que fundamentavam
as prescrições não garantiram que a escola primária, na década de
1960, se livrasse da imagem de baixa produtividade. Relatórios
de governo e estudos publicados na Revista Brasileira de Estudos
185
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Pedagógicos (RBEP) apontam que as causas atribuídas à baixa
produtividade eram: currículos e programas extensos, mal dosados,
não levando em conta as condições e a carga horária disponível;
sistemas de promoção que exigiam padrões demasiado elevados;
falta de preparo dos professores; duração insuficiente na maioria
dos Estados; e carga horária insatisfatória. Havia a circulação
da ideia de que melhorias de ensino se dariam pela aquisição de
materiais didáticos modernos. Mas o que era entendido como
material didático moderno na década de 1960? Eram materiais
relacionados a métodos de ensino que se distanciavam dos que até
então eram utilizados nas décadas anteriores? Eram materiais que
introduziam inovações? O que estava sendo considerado como
Inovação? Quais seriam esses materiais e esses métodos tidos como
modernos na década de 1960? Tais questões são respondidas com
base em fontes como imprensa periódica educacional, mensagens e
relatórios de governo, materiais didáticos, documentos produzidos
no âmbito do Centro Brasileiro de Pesquisa Educacional (CBPE)
e do Centro Regional de Pesquisa Educacional (CRPE) de
São Paulo. O diálogo com as fontes foi pautado em princípios
teóricos e metodológicos da Nova História e nas reflexões de
Roger Chartier e Michel de Certeau. Conclui-se que materiais
e métodos de ensino modernos seriam aqueles que levassem em
conta a especificidade do desenvolvimento intelectual das crianças
no que diz respeito à capacidade de percepção de totalidade das
coisas e das situações em detrimento de elementos isolados de um
contexto. Seria uma proposta metodológica que valorizasse uso
de recursos didáticos diversificados como laboratórios, materiais
audiovisuais, trabalhando com atividades extraclasse e práticas
esportivas. O discurso em defesa do ensino globalizado indicia
apropriações por parte de agentes responsáveis pela condução da
política educacional de princípios da teoria da Gestalt que, nas
décadas de 1950 e 1960, passou a ter circulação no Brasil como
contraposição a psicologia behaviorista.
186
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Instrução elementar na província
mineira de 1822 a 1834: notas sobre o
financiamento público
Vania Rosaura de Lima Castro (FAPEMIG/ FAE/UFMG/UFSJ)
[email protected]
Este estudo aborda questões relativas à busca de sistematizar
e interrogar a construção da instrução pública brasileira na
implantação de processos de universalização, que serviriam como
orientador daquelas sociedades empenhadas com o paradigma da
modernidade. Dentre as problematizações levantadas, destacase a importância do quanto custou aos cofres públicos imperiais
e o quanto arrecadou com o fim à organização da instrução
pública que possibilita a convivência das aulas régias com o
ensino elementar e a legalidade dos procedimentos como base da
construção do orçamento público imperial. Para tanto, aproxima
da Constituição do Brasil de 1823; da lei de 15 de outubro de
1827; da lei de 14 de novembro de 1827; da lei 15 de dezembro
de 1830; da lei de 24 de outubro de 1832. Neste sentido, o artigo
de Luciano Mendes de Faria Filho, Os projetos de Brasis e a
questão da instrução no nascimento do império, publicado na
obra organizada por Tarcísio Mauro Vago, Intelectuais e Escola
Pública no Brasil: séculos XIX e XX, referencia que a estruturação
do Estado Nacional brasileiro criou um novo modo de atuação
do Estado na instrução pública, tendo as leis como reguladora
da sociedade. A metodologia adotada foi à análise documental.
Os procedimentos metodológicos foram apontamentos sobre as
receitas e as despesas da instrução pública nos balancetes, balanços
e orçamentos do contido nas documentações no Fundo de Fazenda
Provincial, Arquivo Público Mineiro (APM), Notação FP 3/1 –
Caixas 01 e 02; leitura e anotações sobre a instrução elementar e
a composição orçamentária retiradas das Leis do Império de 1822
a 1834 e categorização dos dados coletados. No que se refere aos
principais resultados, observa-se que durante o primeiro reinado,
187
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
1822 a 1831, a escrituração feita no Tesouro Nacional e nas Juntas
de Fazenda eram regidas por leis dos tempos coloniais, algumas
por cartas régias e sem escrituração regular, convivência entre o
feito e o a fazer e a construção da organização dos orçamentos com
o Ministério do Império. Foi, então, percebido um aprendizado
na construção dos controles para a elaboração dos dois primeiros
orçamentos provincial mineiro ao longo do período de 1822 a
1834, permanecendo em evidência o crescimento com os gastos e
a alocação de recursos para o ensino elementar.
Instrumento de civilidade e progresso:
instrucção primária em Santa Catharina e São
Paulo (1920-1935)
Virgínia Pereira da Silva de Ávila (PPGEE/UNESP)
[email protected]
Este texto integra o conjunto de estudos em âmbito nacional que
têm se dedicado a compreender o processo de institucionalização do
ensino primário rural no Brasil, centrando- se, de forma especifica,
na análise dos condicionantes históricos, políticos e sociais que
presidiram a formulação das políticas educacionais nos estados de
São Paulo e Santa Catarina, no período de 1920 a 1935. Tencionou,
ainda, cotejar a circulação de modelos de educação primária rural
difundidos no campo educacional brasileiro e internacional – e
as apropriações realizadas por educadores e legisladores em
ambos os estados. Com referência ao levantamento das fontes
e procedimentos de pesquisa, opta-se pela legislação educacional
dos estados de Santa Catarina e São Paulo: leis e decretos que
regulamentam o ensino primário; resoluções; portarias e circulares;
anuários de ensino, anuários estatísticos, relatórios, revistas, obras
de época, entre outros, por meio das quais se buscou
analisar e comparar as semelhanças, diferenças e especificidades
na organização e funcionamento do ensino primário rural,
especialmente nos aspectos relativos à duração do curso, período
188
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
escolar, métodos e programas. Em relação à delimitação geográfica,
esta se deveu a uma razão bastante peculiar, em se tratando do
estado catarinense, os modelos de reformas adotados se inspiraram
em experiências desenvolvidas em outros estados, particularmente
em São Paulo cujos métodos e a organização do ensino eram
reconhecidos como os mais aperfeiçoados. Na década de 20 do
século XX consolida-se no país o debate sobre a escola primária
rural destacando-se as proposições iniciais do ruralismo pedagógico
em contraposição a proposições de escola comum. Nos anos 30 a
educação rural ganha centralidade de fato, o governo passa a tratála como questão social e pela primeira vez conta com um capítulo
dedicado ao tema na Constituição de 1934. Essa delimitação
temporal possibilita compreender o lento caminho percorrido
no Brasil em direção à construção de uma política nacional de
educação rural. Dessa maneira, este texto pretende distinguir o
que é próprio e especifico de cada uma das regiões estudadas, mas,
sobretudo, revelar a pluralidade de sentidos culturais e históricos
que conferiram a esses estados modos universais e ao mesmo tempo
tão particulares de pensar e organizar o ensino primário rural.
Para este fim, adota-se a matriz interpretativa de Roger Chartier,
para quem não há prática ou estrutura que não seja produzida
pelas representações, “contraditórias e afrontadas”, pelas quais
os indivíduos e os grupos dão sentido ao mundo. O estudo se
insere no campo da História e Historiografia da Educação, mais
especificamente relacionado à História Cultural e opera a análise
comparativa a partir da recomendação feita por Jacques Le Goff
(2005) e da metodologia proposta por Jürgen Schriewer (1993;
1995; 2002; 2003). O primeiro defende a ideia de se realizar o
aperfeiçoamento de métodos de comparatismo, isto é, comparar
apenas o que é comparável e evitar definições demasiado amplas
que coloque sob um mesmo rótulo realidades distantes no tempo e
no espaço e que não dependam de sistemas históricos comparáveis.
O segundo, parte do princípio de que a investigação comparada
deve assumir a função de estabelecer metodicamente uma ponte
entre o universal e o particular.
189
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Intelectuais, instrução e esfera pública no
Brasil império: uma análise do pensamento
político e educacional de Tavares Bastos
Jean Carlo de Carvalho Costa (CE/ PPGE/ PPGS/UFPB)
[email protected]
Ingrid Karla Cruz Bizerra (PIBIC)
Esta intervenção deriva de atividades de investigação e diálogo internos
aos Grupos de Pesquisas que têm se debruçado, no âmbito da Universidade
Federal da Paraíba, sobre a História da Educação e as suas interfaces, entre
elas, o papel desenvolvido pelos intelectuais nas discussões e no implementar
de mudanças na vida social no Brasil, a saber: História da Educação no
Nordeste Oitocentista (GHENO), Grupo de Estudos e Pesquisas História,
Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR) e, de forma particular, no
Projeto PIBIC-UFPB 2010/2011. A ideia central desse trabalho está situada
na esteira de tradição recente que se debruça sobre a temática, muitas vezes,
inescrutável em certos contextos de pesquisa qual seja a reflexão crítica
sobre o pensamento produzido em solo nacional relativo à sua formação
histórica e, em especial, a discussão em torno das relações constitutivas
à produção dessas ideias e a sua consequente gestação na esfera pública
(HABERMAS, 2003) em seu diálogo crítico com o Estado. Do ponto de
vista teórico, compreendemos os intelectuais como sujeitos e objetos do
processo histórico, cuja ferramenta guia se encontra atrelada ao que hoje
se denomina História dos Intelectuais e à figura de Jean-François Sirinelli
(1993,1998) junto às suas ideias de estruturas elementares de sociabilidade,
microclima e de rede, as quais nos auxiliam a avaliar os processos de
produção e circulação das ideias de indivíduos envolvidos em processos
de mudança, de reformas sociais e da constituição da esfera pública no
Brasil. A partir do engajamento propiciado pelas atividades citadas, muito
nos interessou o intelectual alagoano Aureliano Cândido Tavares Bastos
(1839-1875) por observar que este personagem atravessa parte importante
da história imperial brasileira inserido em debates sobre questões presentes
na agenda política desse período. Como figura de transição e grande
190
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
organizador dos temas centrais que circularam no Brasil Oitocentista,
Bastos trata de vários elementos referentes à instrução, considerada como
elemento fundamental de uma proposta de reforma moral da sociedade.
Foi deputado pela província de Alagoas e como escritor produziu grandes
obras. Tavares Bastos tem sido revisto em trabalhos recentes (MORAIS
FILHO, 2001; SILVA, 2005; GONÇALVES, 2008; SOUZA, 2010),
o que demonstra a importância de seu diagnóstico sobre o nosso atraso.
Dentre as obras produzidas pelo autor, debruçamo-nos em Os males do
Presente e as esperanças do futuro (1861), Cartas de um solitário (1861-1862)
e A Província (1870). O nosso objetivo central foi efetuar analisar esse
diagnóstico utilizando como chave de leitura central a sua assimilação
da instrução como elemento fulcral à inserção no país na modernidade,
derivando daí uma série de propostas para a reordenação do ensino, talvez
o elemento mais singular de sua trajetória. Atrelado a estas fontes utilizamos
livros e artigos científicos que nos ajudaram a compreender o contexto da
época, assim como o papel da instrução no círculo de ideias do período e
o lugar desta para o publicista em questão, a qual, do nosso ponto de vista,
está fundamentalmente alicerçada na ideia central de liberdade.
Livros didáticos de história para o ensino
médio: abordagens e silêncios sobre as
questões de gênero
Ana Maria Marques (UFMT)
[email protected]
Analisam-se para este trabalho um conjunto de livros didáticos de
História recomendados pelo Ministério da Educação do Brasil, através
do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM),
publicados em Portaria ministerial n.907, de 13 de abril de 2006.
São obras didáticas para uso dos três anos regulares do Ensino Médio
– última etapa da Educação Básica. O Programa Nacional do Livro
Didático, um desdobramento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n.9394/96, desde 1997 tem se ocupado da avaliação e
divulgação dos pareceres que orientam listas de recomendações de
191
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
livros a serem adotados pelas escolas públicas brasileiras. Inicialmente,
apenas livros de séries iniciais do Ensino Fundamental foram objetos
de preocupação das comissões técnicas. Em 1999 as equipes técnicas
do MEC analisaram um conjunto de obras didáticas de séries finais do
Ensino Fundamental que resultaram nos Guias de Livros Didáticos
divulgados em 2004 e 2005. Em 2004 iniciou-se, também, o
Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio, voltado para as
regiões norte e nordeste. No ano seguinte, extendido para todo o Brasil,
o Programa permitiu distribuir livros de Português e Matemática para
as demais regiões. Em 2006, então, foi a vez dos livros de História e
Geografia para o Ensino Medio. Em 2009, um recorde de distribuição:
103 milhões de livros didáticos foram entregues gratuitamente para
alunos de 140 mil escolas públicas brasileiras de Ensino Fundamental
e Médio – uma operação de logística que rendeu aos Correios um
prêmio internacional (Revista Veja, ed. 2104, 18 de março 2009).
Esta pesquisa busca analisar como os livros têm abordado as relações
de gênero e, se silenciam, em que conteúdos permitem tal abordagem,
qual seja, em filmes sugeridos, imagens, documentos históricos,
textos complementares, sugestões de visitas/aula de campo ou outras
inferências de aprendizagem para além do livro. A pesquisa, todavia,
busca também indagar “os silêncios” das mulheres na História e
destacar algumas personagens, na perspectiva dos estudos de gênero
que aparecem com mais frequência nos livros didáticos. Pretendese refletir sobre como algumas mulheres se consagram, muitas vezes
numa perspectiva universalista, cujas referências encontram-se nas
bases do positivismo. Seguindo essa tradição positivista, acaba-se
por compor um rol de heroínas na historiografia, cujo mérito está
quase em mostrar que elas podem ser como, tão ou melhor que os
homens. Ou ainda, sua “face oculta”. A História está repleta desses
exemplos: Joana D’Arc, o arquétipo do bem, e Lucrécia Borges, o do
mal – como lembra Joana Pedro (2005). Para este trabalho analisamse onze livros de três editoras: Moderna, Saraiva e Ática. Todas de
São Paulo, onde se concentra o mercado editorial de produção de
didáticos e especialmente essas são as maiores produtoras para o
ensino de História.
192
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Memória e ideologia da sciência. Faculdade
de medicina da bahia e as ideias sobre
progresso e desenvolvimento
Tânia Regina Braga Torreão Sá (PGMLS/UESB/ DCHL/UESB)
[email protected]
Nesse trabalho discutiremos o papel do pensamento médico na
configuração da imagem de uma nova “cidade da Bahia”, na transição
do século XIX para o XX. A partir da análise da trajetória de um grupo
circunscrito, porém atuante, de médicos que se autodenominam
membros da “Escola Nina Rodrigues”, procuraremos traçar um painel
que discuta a correlação entre as doutrinas assepsistas e a configuração
do espaço urbano supramencionado. Serão estabelecidas por isto
mesmo, ligações entre tais discursos e as tentativas de “desafricanização”
da ‘cidade da Bahia’, por compreenderemos que uma vez estabelecida
à imagem dessa cidade enquanto locus apto à promoção da assepsia
social, a medicina aparece como uma atividade capaz promover a
desejada assepsia, dotando tal cidade dos requisitos necessários para a
sua inserção na modernidade. Corroborando a fala de Lustosa Costa
(2002), pode-se afirmar que os discursos assepsistas insinuam-se
enquanto teorias que elaboram um conjunto de regras sobre uma nova
forma de viver no meio urbano, ao tempo em que fornecem elementos
imprescindíveis para que se possa pensar o modo de organização ideal
das cidades. É sob a perspectiva de criação dessa nova imagem para os
espaços urbanos que se busca o distanciamento da representação da
cidade do Salvador como um espaço ocupado por povos ‘primitivos’
e tomado por uma selva luxuriante. Tais discursos, organizados pela
referencialidade profissional e científica da cidade do Salvador na época,
os médicos, são importantes por ensejarem a criação de uma espécie de
normatividade sobre a ideia de desenvolvimento, que tem como meta
à implementação dos novos paradigmas de civilidade. O discurso sobre
a necessidade de promover a urbanização sendo um deles. Analisando o
contexto histórico do século XIX, deste modo, pode-se dizer que todo o
escopo de discussões dos discursos assepsistas, só foi viabilizado porque
193
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
a ideologia do mundo ocidental, nesse período estava impregnada
por uma crença sincera no progresso, um mito baseado no significado
de aperfeiçoamento, que se beneficiava diretamente dos efeitos da
modernização. Segundo Gay (1989), a crença no mito do progresso era
de tal modo significativo que atingiu, a todos sem exceção. Políticos
radicais, utópicos ou científicos, todos eles estavam convencidos de que
este progresso seria capaz de acabar com o atraso das cidades, os modos
rudes das pessoas, a falta de civilidade. Acompanhando, portanto,
as inovações embasantes dos discursos assepsistas que já começam a
alterar as formas das cidades europeias, a produção do conhecimento
científico, a legislação, os valores socioculturais brasileiros, bem
como, a produção do espaço soteropolitano, foram lentamente sendo
impregnados por essas ideias civilizadoras, vez que, buscava-se o
reordenamento dos valores, norteados por normas de civilidade
fundamentadas, principalmente, nos moldes europeus, nosso modelo
ideal de civilização. Os habitantes de Salvador que a cada dia tinham
seu número aumentado precisariam se urbanizar, precisariam aprender
a viver nesse ambiente sob regras de educação, de urbanidade e é neste
contexto que emergem as teses assepsistas e tentativas de racionalização
dos espaços e normatização dos comportamentos civilizados, urbanos.
Modernizar, instruir e civilizar:
princípios das reformas educacionais de
Minas Gerais (1982-1928)
Carlos Henrique de Carvalho (UFU)
[email protected]
A finalidade da proposta desta comunicação é apresentar as
iniciativas dos governos mineiros para reorganizaram da instrução
pública em Minas Gerais, entre 1892 a 1928. Tendo em vista este
objetivo analisamos as principais reformas educacionais implantadas
neste período, que expressavam os anseios dos governantes do estado
com a sua modernização. Por isso, é importante discutir a preocupação
das elites mineiras em relacionar suas políticas na esfera econômica e
194
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
industrial com as propostas levadas a termo na área da educação, pois as
ações projetadas à instrução pública eram vistas como a saída ao atraso
do estado, sendo ainda uma importante via para inseri-lo no contexto
da modernidade. Para colocar em curso o projeto de modernização
do estado, foram promovidas várias reformas educacionais, dentre
estas destacam-se: Afonso Pena (Lei n. 41 de 1892),João Pinheiro
(Lei n. 439 de 1906), Wenceslau Brás (Decreto 2.836 de 1910),
Bueno Brandão (Lei n. 533 de1910), Delfim Moreira (Lei n. 657de
1915), Artur Bernardes (Lei n. 800 de 1920), Olegário Maciel (Lei
n. 864 de1924), Fernando Melo Viana (Decreto n. 6831 de 1925)e
Francisco Campos (1926/1927/1928, respectivamente leis números
926, 7.970-A e 1.036, que aprovam os regulamentos dos ensinos
primário e normal).Além da análise das reformas já elencadas, também
subsidiaram a investigação os relatórios dos inspetores de ensino, as
correspondências trocadas entre os agentes
públicos municipais
com a Secretaria do Estado do Interior e os Relatórios dos próprios
Presidentes de estado. Como conclusões deste estudo, podemos asseverar
que, sob a ótica e perspectiva dos reformadores mineiros de então, as
políticas encaminhadas no campo educacional projetaram uma ação
no sentido de educar, instruir, regenerar, moralizar, civilizar, isto é,
tornar o povo útil às atividades econômicas, bem com contribuir para
o progresso do estado. Neste sentido, intelectuais e políticos mineiros
tomaram iniciativas visando superar a situação de precariedade
da economia mineira, ao instituírem leis e decretos educacionais.
Assim, os objetivos das reformas eram difundir a escola primária
no estado, bem como visualizar e possibilitar o controle social,
fundamental à formação da “cidadania controlada”, ou seja, dentro do
ideário das elites republicanas. Portanto, compreender o significado
das reformas é, por exemplo, entender o sentido dos grupos escolares
à época como escolas da “República para a República”, que pudessem
contribuir para o “processo civilizatório” da sociedade mineira, pois
sua “missão” visava criar/recriar novos sujeitos para o contexto social
urbano, principalmente no âmbito da escola primária, portadora
de novos conteúdos, métodos de ensino e práticas pedagógicas, que
emergiram a partir das reformas educacionais. Desta forma, elas (as
195
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
reformas) aconteceram num momento de intensa busca de novos
modelos de organização administrativa, pedagógica e metodológica
no campo educacional, com o objetivo de reorientar e intervir na
sociedade, a partir da educação, como forma de transmitir outros
princípios à sociedade, com o intuito de educar o homem, ou melhor,
transformá-lo num “novo homem” para construir uma nova sociedade.
O acervo bibliográfico do mestre Anton Dakitsch
Wania Manso de Almeida (IFF)
[email protected]
A comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa, em
andamento, que se propõe a reconstituir a trajetória profissional
de Anton Dakitsch (1909-1993), suíço naturalizado brasileiro,
contratado pelo governo brasileiro em 1942 para atuar como
mestre em encadernação na rede federal de ensino industrial. Esta
investigação se articula com o projeto coletivo de pesquisa intitulado
A construção da identidade do professor do ensino secundário, normal
e profissional: uma abordagem comparativa (FAPERJ), cujo objetivo
central é estudar o processo de construção social da profissão docente,
privilegiando a história de professores do ensino secundário, normal
e técnico. A análise da trajetória profissional de nosso personagem,
com base em Dubar (1998), concilia processos biográficos e
institucionais, distinguindo e colocando em paralelo os dois modos
de se considerar qualquer trajetória individual: “objetivamente, como
uma ‘sequencia de posições’ num ou mais campos da prática social,
e subjetivamente, como uma ‘história pessoal’, cujo relato atualiza
visões de si e do mundo” (p.1). Os resultados preliminares da pesquisa
têm confirmado as premissas que justificavam a proposta inicial do
projeto, ou seja, de que as vertentes do estudo das trajetórias docentes
e a da pesquisa documental se mostram promissoras face aos acervos
existentes a serem ainda explorados, em particular, tratando-se do
ensino técnico (Block 1993; Nóvoa, 1987; Cardoso, 2008). Nas
palavras de Le Goff “estamos vivendo hoje o impacto de uma revolução
196
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
documental e de uma enorme ampliação da memória histórica, já
detectada nos anos 60...” (1984, p. 98). Assim, de fato, o trabalho
de reconhecimento inicial do acervo de Anton Dakitsch, doada por
sua família à Escola Técnica de Campos, RJ, tem-nos revelado fontes
merecedoras de uma análise e discussão acuradas, fundamentais para
a reconstituição de parte da história da educação profissional, e para a
renovação da prática da pesquisa no campo da educação profissional.
Destacam-se, neste acervo, livros técnicos editados em diversos
países europeus e a produção didática de Anton Dakitsch, editada
no Brasil. A catalogação das obras e a consequente elaboração de um
banco de dados nos permitem o cruzamento de informações, cujos
resultados nos propomos a apresentar nesta comunicação. Pretendese, posteriormente, socializar esse banco de dados através de um link
com o site da Biblioteca Anton Dakitsch, do IFF Campus Centro, para
consulta. Enfim, o empenho em preservar e estudar este acervo advém
do fato de que os documentos escolares são a base para a produção
de conhecimentos que podem contribuir positivamente para nossas
ações atuais no campo educacional, além de se constituírem como
parte da memória do ensino tecnológico no país.
O acesso ao livro didático de história no
programa nacional do livro didático, dos anos
finais do ensino fundamental, entre 1999 e 2008
Magda Carvalho Fernandes (UFMS/UEMS/UNIGRAN)
[email protected]
Esse estudo refere-se à pesquisa de doutorado, que teve como
um dos focos principais, a análise dos Guias de livros didáticos
de História no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),
de 5ª a 8ª séries, desde o PNLD/1999 até o Guia de livros
didáticos de História dos anos finais do ensino fundamental,
no PNLD/2008, sua estrutura e a relação com o processo de
democratização da escolha do livro didático no referido programa.
O PNLD foi instaurado através do Decreto nº 91.542, de 19 de
197
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
agosto de 1985, numa política educacional do país em processo
de redemocratização. A escolha do Guia de História de 5ª a 8ª
séries / anos finais do ensino fundamental para análise nessa
pesquisa tem seu alicerce nos objetivos específicos desenvolvidos
por essa área de conhecimento, como, por exemplo, compreender
a cidadania como participação social e política e pela formação
desse profissional docente, o/a professor/a de História, entendendo
que deva possuir uma expressiva compreensão da necessidade de
agir de forma crítica no que diz respeito a uma análise de livros
didáticos. O acesso ao livro didático de História nas escolas da
rede pública de ensino brasileira é analisado sob o ponto de vista
da legislação e da política educacional em comparação com
sua efetivação na concretude histórica da educação escolar.
Como procedimento de pesquisa foi feito um levantamento
bibliográfico, da legislação e da documentação pertinente ao tema,
objetivando compreender a ação do Estado no que se refere às
ações da política educacional vinculadas ao PNLD, no processo
de decisão dos livros de História que chegam às salas de aula. O
processo de investigação deu-se no campo da História da Educação
e, de forma mais específica, da História do Livro didático, feita
sob a categoria da Nova História Cultural. Os resultados dessa
investigação demonstram a baixa frequência do/a professor/a da
educação básica no processo decisório de avaliação dos livros
didáticos / das coleções didáticas aprovadas no PNLD. Essa
exclusão denuncia um modelo político liberal social que vem se
desenvolvendo no país ao longo do período analisado, ainda que
reflita um processo histórico de mais longa duração. A constatação
apresentada contribui no entendimento dos avanços e limites do
processo de redemocratização do Brasil e, por conseguinte, o grau
de efetivação da cidadania nos primeiros vinte e cinco anos de
redemocratização (1985/2010). Por fim, essa investigação pretende
contribuir para as análises referentes à história do livro didático
de História na educação brasileira.
198
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
O Banco Mundial e a educação no
estado de São Paulo
Tatiana Silverio Kapor
[email protected]
O artigo, inscrito no eixo temático 1 – ESTADO E POLÍTICAS
EDUCACIONAIS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
– visa discutir as propostas do Banco Mundial para a educação e sua
implementação na educação pública do Estado de São Paulo, bem
como o impacto dessas políticas no ensino público paulista. Para
isso, utilizaremos documentos fornecidos pelo próprio Banco Mundial
(BM),bem como documentos referentes ao assunto analisado, como por
exemplo o Relatório Jacques Delors, documentos oficiais do Estado de
São Paulo e bibliografias da área. A criação de organismos internacionais
ocorreu no período pós Segunda Guerra Mundial, período conhecido
como Guerra Fria, momento em que se redesenhava o mapa geopolítico
mundial. Fruto também de uma guerra cultural, esses organismos tinham
como objetivo garantir e consolidar a hegemonia estadunidense em grande
parte do globo. “Durante os anos de 1950 e 1960, o governo estadunidense
investiu num audacioso projeto ‘secreto’ de propaganda na Europa Ocidental,
executado pela CIA (...). O objetivo de tal investimento era a construção
de mecanismos voltados a tornar os intelectuais, em processo de adesão à
nova ordem mundial, mais receptivos ao ‘estilo estadunidense” (1) Nesse
contexto, o Banco Mundial desempenhou papel de suma importância
na reconstrução europeia, seja financeiramente, seja na garantia do
funcionamento da ordem capitalista. O Banco Mundial atua na área
educacional a partir de 1962, dando suporte aos programas educacionais
existentes. Porém, a partir de 1970 a preocupação do BM com a educação
passa e a ser mais clara e com uma função ideológica. Atualmente é
a principal agência em assessoria em política educacional. A partir de
1990, com o avanço do neoliberalismo no Brasil, principalmente com
o governo Fernando Henrique Cardoso, e em São Paulo com o governo
Mario Covas, há um inicio, e ao longo dos anos, um aprofundamento
das reformas educativas nacionalmente e estadualmente. Dentre os
pontos priorizados pelo Banco Mundial em seu pacote de reformas
199
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
estão: a)prioridade na educação primária; b)melhoria da eficácia da
educação; c)ênfase nos aspectos administrativos e d)descentralização e
autonomia das instituições escolares. Nessa lógica, são criadas no país a
Lei de Diretrizes e bases de 1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) de 1997. No Estado de São Paulo, a reforma da educação adota
os seguintes pontos: a) Avaliação externa para aferir a qualidade do
ensino; b) progressão continuada para diminuir a repetência e evasão; c)
formação continuada para professores da rede; d)política de utilização de
livros didáticos e aumento de verbas para esse ponto; e)priorizar estrutura
física dos prédios; f)municipalização do ensino fundamental. A partir
do exposto nesse resumo, pretendemos realizar essa discussão, de
importante relevância no eixo de Políticas Educacionais.
O currículo do ensino médio e da educação
profissional no Espírito Santo na década de 1970
Antonio Henrique Pinto (IFES)
[email protected]
Este trabalho apresenta aspectos históricos sobre a educação profissional de
nível médio no Espírito Santo na década de 1970. Mais especificamente,
lança luz sobre a construção do currículo da educação profissional das
escolas de 2º grau deste estado, a partir da obrigatoriedade em torná-lo
profissionalizante, determinação imposta pela Lei 5.692/197. Perpassando
o contexto social, político, econômico e cultural do estado e do Brasil, esta
pesquisa objetivou analisar a concepção de homem, de sociedade, de ciência
e de educação que passaram a orientar a formação do trabalhador naquele
momento e, deste modo, constituíram-se em propostas curriculares dos
sistemas públicos de ensino que ofertavam o 2º grau profissionalizante, mais
especificamente, o sistema estadual e o sistema federal. Nessa perspectiva,
focando no eixo da nova legislação, problematiza a questão da integração
entre formação geral e formação profissional, aspecto central nas proposições
curriculares voltadas para a formação do trabalhador. Advogando a existência
de uma estreita relação entre currículo e sociedade (Goodson, 1997), analisa
as contradições e incoerências inerentes nas propostas curriculares dos
sistemas de ensino público. A abordagem aqui apresentada foi oportunizada
200
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
a partir das memórias encontradas em arquivos escolares. Em geral,
essas memórias dizem respeito à propostas curriculares, registros em atas,
formulários de secretaria escolar, registros de professor, etc. A materialidade
reunida neste conjunto de fontes se constituiu em “fermento à história” (Le
Goff, 2003), cuja análise e interpretação propiciaram este relato histórico.
Nesse sentido, a partir das “evidencias históricas” (Hartog, 2011) aqui
apontadas, que demarcam a trajetória da educação profissional no Espírito
Santo, consideramos que a proposição da articulação entre a formação geral
e a formação profissional no 2º grau constituiu-se num aspecto singular
do currículo escolar naquele contexto, trazendo para o debate as questões
ontológicas e epistemológicas do conhecimento, bem como a reflexão
sobre o conceito marxiano de trabalho (Lukacs, 1976). Concluímos que
a determinação legal da integração curricular faz-se necessária. Entretanto,
julgamos ser insuficiente para alterar a histórica cultura escolar caracterizada
por um currículo fragmentado em disciplinas, organizado em espaçostempos descontínuos, orientados por gestores e praticados por professores
cujas concepções de mundo e de sociedade encontram-se interditadas pelos
mecanismos autoritários do sistema escolar e da sociedade.
O currículo escolar e as avaliações em larga escala:
representação na produção científica nacional
Carmem Lucia Albrecht da Silveira(UPF/RS)
[email protected]
Rosimar Serena Siqueira Esquinsani (UPF/RS)
[email protected]
O currículo escolar - tanto em seu conceito, quanto em
suas diferentes possibilidades de estrutura e organização -, é
uma construção social histórica e circunstanciada, que sofre
interferências das mais distintas origens, em especial das exigências
projetadas pelas intenções e políticas educacionais vigentes. Em
virtude dessa lógica, podemos concluir que as demandas e agendas
da primeira década do século XXI também condicionaram ações
e reações em torno do currículo escolar. Assim, esse artigo
201
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
pretende encetar reflexões sobre as representações produzidas pelo
meio acadêmico – e expressas na produção científica indexada em
periódicos -, acerca da construção ou dinamização do currículo
escolar da educação básica, trazendo como eixo condutor de
análise o possível impacto das avaliações em larga escala como
um dos fatores intervenientes nesse movimento. Para dar conta
de tal objetivo, o texto foi elaborado a partir de uma revisão
bibliográfica temática, ancorada nas produções acadêmicas sobre
o assunto, vinculadas na Scielo - Scientific Electronic Library
Online, no recorte temporal de 1998 a 2011, considerando o
que circulava no meio acadêmico no limiar do século
XXI e as principais produções cingidas da primeira década
do referido século. Portanto o texto intenta mapear parte da
produção científica nacional (restringindo-se ao site da Scielo
como espaço de socialização desta produção), centrando foco
nas representações dessa produção no que tange a interface entre
avaliações em larga escala e construção de currículos escolares.
A partir do exame de um corpus documental que supera os 50
artigos científicos, tornou-se possível descrever as principais
tendências assumidas pela academia no que concerne ao possível
diálogo e prováveis interferências das avaliações de sistema na
construção de currículos para escolas de educação básica. Como
síntese conclusiva, o texto ratifica a relevância das avaliações
em larga escala como elemento que tem influenciado, desde o
século passado, a organização e implementação de currículos
em nossas escolas de educação básica, sobretudo através do
redimensionamento de conteúdos e novas pautas de trabalho
para o cotidiano escolar, refletindo fortemente na produção
acadêmica nacional, seja na defesa intransigente de elementos
que balizem propostas educacionais em torno de uma desejada
(e mensurável em avaliações externas) qualidade; seja através
da crítica aos modelos e consequências das avaliações externas
empenhadas no Brasil ao longo dos últimos anos.
202
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
O debate em torno da educação escolar
primária no Piauí: constituição, expansão e
composição da rede escolar (1946 – 1961)
Antonio de Pádua Carvalho Lopes (UFPI)
[email protected]
O presente trabalho buscou analisar o modo como foi se constituindo
o debate em torno da educação escolar no Piauí, considerando as
transformações ocorridas no Estado nesse período. Procurou-se mapear,
na pesquisar, os temas emergentes em torno da educação escolar e as
proposições em disputa para modificá-la. Foram critérios delimitadores
do recorte temporal utilizado o período entre o Código do Ensino
Primário de 1946 e a Lei de Diretrizes e Bases, em 1961. Nesse período
houve uma intensificação no processo de urbanização e escolarização da
sociedade piauiense, implicando em alterações na organização da rede
escolar. Discutia-se os rumos do desenvolvimento do Piauí, implicando as
ações educativas necessárias para a consecução desse desenvolvimento. A
ótica desenvolvimentista presente na ação estatal no período foi propondo
ações no sentido da inserção regional e nacional do Piauí. No que se
refere a análise das transformações no campo educativo, os estudos sobre
essa temática no Piauí, para o período analisado encontram-se ainda em
fase inicial, destacando-se o trabalho de Castelo Branco (2002). Foram
utilizados como fonte de pesquisa mensagens governamentais, códigos
de leis, jornais oficiais e não oficiais, livros de memórias, livros sobre
cidades, dentre outras. O trabalho privilegiou a análise dos temas que
surgiram da documentação estudada e que apareceram como alvo de
disputa entre diferentes grupos e projetos de intervenção sobre a realidade
piauiense. Para uma melhor compreensão dessas disputas, a pesquisa
analisou os diferentes tipos de escola existentes e o atendimento que essas
escolas faziam à população. Foram observados ainda aspectos relativos a
construção de prédios escolares e a compra de materiais didáticos para
as escolas. A composição do corpo docente em termos de formação e
gênero, também foi objeto de análise, bem como os debates em torno
dos salários, acesso a função docente e idealização da prática docente
203
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
veiculada no período. Utilizou- se como referenciais teóricos de análise
principais Norbert Elias (1999) e Pierre Bourdieu (1998). Esses
autores nos ajudaram a compreender o processo de constituição da rede
escolar e do corpo professoral que com ela foi se configurando. Com
esses autores podemos perceber, a partir da documentação analisada, as
relações entre a expansão da oferta de escolaridade nesse nível de
ensino e as transformações na profissão docente no período estudado.
Palavras-chave: escolarização; rede escolar; escola primária.
O decreto nº 2.208/97 e a reforma da educação
profissional na unidade Florianópolis da Escola
Técnica Federal de Santa Catarina
Juçara Eller Coelho (IFSC/SC)
[email protected]
Este texto deriva-se de uma pesquisa realizada no Mestrado em
Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação. Tem como
objetivo analisar a implementação do Decreto Nº 2.208/97 na Unidade
Florianópolis da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (ETF/SC).
Tal decreto constituiu- se o principal dispositivo jurídico e normativo
utilizado pelo Ministério da Educação na segunda metade da década de
1990, para consolidar a Reforma da Educação Profissional. Tal reforma,
conferida de forma impositiva ao cenário educativo brasileiro e
atendendo às demandas do mercado de trabalho - uma vez que já se havia
firmado no cenário internacional uma economia de caráter neoliberal e,
com ela, constantes transformações estabelecidas pelo acentuado avanço
tecnológico - compôs um conjunto de reformas no âmbito do Estado
Brasileiro, marcadas por mudanças estruturais, ditadas por agências
internacionais, como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI). Assim, com vistas ao suporte e aceitação da reforma,
o governo federal lançou, em 1997, o Programa de Expansão da Educação
Profissional (PROEP), em convênio com o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) envolvendo o montante de 500 milhões de
204
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
dólares. O Decreto Nº 2.208/97 representou um retrocesso para a
estrutura educativa do país, oficializando a dicotomia entre formação
geral e formação profissional, tão presente na história da educação brasileira.
Nesse sentido, visando identificar a relação de sujeição da educação à
ideologia do capital, buscou-se, por meio da análise dos ordenamentos
legais e dos registros institucionais, identificar as implicações curriculares
da implementação do Decreto N° 2.208/97. Foram realizadas, também,
entrevistas semiestruturadas com educadores envolvidos diretamente
na implantação legal e prática da reforma, buscando compreender suas
percepções e posicionamentos frente ao movimento reformador no campo
institucional, uma vez que dele resultou a desvinculação dos cursos técnicos
de nível médio do ensino médio, desmembramento que abalou o
ethos e a identidade institucionais, visto sua experiência histórica no
desenvolvimento de cursos técnicos integrados à formação propedêutica.
As entrevistas permitiram concluir que, apesar da primazia impositiva
do arcabouço legal, a Unidade Florianópolis da ETF/SC vivenciou um
processo próprio de concretização dos princípios legais e das políticas
públicas em razão de suas particularidades institucionais. Após um período
de resistência, a Unidade passou por uma adesão obrigatória à reforma,
reestruturando seus cursos técnicos, num contexto significativamente
heterogêneo no que diz respeito à apreensão dos conceitos embutidos na
Reforma da Educação Profissional.
O discurso educativo para a população na legislação
da saúde pública de Minas Gerais em 1927
Eliane Vianey de Carvalho( UNICAMP)
[email protected]
Em Minas Gerais, durante o governo Antonio Carlos (19261930) várias ações foram empreendidas no âmbito da saúde pública.
Dentre elas a aprovação da Lei n. 961 de 10 de setembro de 1927, que
autorizou o Governo a reformar os serviços sanitários do Estado e,
posteriormente, a aprovação do Regulamento da Saúde Pública, por meio
do Decreto n. 8.116 de 31 de dezembro do mesmo ano. Esse dispositivo
legal expõe as regras e normas sobre o funcionamento do serviço de
205
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
saúde pública no Estado, inclusive no que se refere ao funcionamento
das escolas. A Lei n. 961 é composta por vinte sete artigos. Por meio
destes, autorizava a reforma da saúde pública, apresentava as
diretrizes que o regulamento deveria conter e exigia o cumprimento de
suas disposições no estado mineiro. O principal objetivo era combater as
doenças e realizar a profilaxia. Desta forma, era privilegiada a educação
da população por meio de normas sanitárias e higiênicas, propagandas,
palestras e conferências públicas sobre as causas das doenças e os meios
de prevenção e profilaxia. Nesta investigação, a legislação mineira de
1927 é analisada sob a perspectiva de Michel Foucault (1979, 1999,
2009). Nota-se no discurso dos legisladores propostas biopolíticas,
quais sejam, ações voltadas para o “bem viver” e o “como viver” do
indivíduo e da população. Esses discursos contêm “efeitos de verdade”
permeados por “relações de poder” ao descrever as ações que deveriam ser
empreendidas e quais os profissionais seriam adequados para executálas. O interesse pela saúde da população é evidenciado por meio de
propostas higienistas como: criação de centros de estudos e pesquisas
para o tratamento e profilaxia de doenças; inspeção e fiscalização pela
polícia sanitária de casas, logradouros públicos, gêneros alimentícios,
produtos biológicos, profissões; inspeção médica (leia-se controle) da
população de imigrantes e outras medidas de vigilância; organização
de estatísticas; combate a epidemias; propaganda e educação sanitária;
repressão ao curandeirismo; e punição para funcionários que
negligenciassem na relação dos óbitos, casamentos e nascimentos. No
que se refere às determinações sobre os espaços escolares, estão presentes
também determinações higienistas como: construção dos prédios;
dimensões das salas; altura; iluminação; peitoris das janelas, formatos
das salas de classe; portas e janelas; escadas; iluminação das classes;
ventilação das salas; proporção de latrinas, lavatórios e filtros (água
potável); revestimentos e cores das paredes; espaços para o recreio; e
por fim, os dormitórios. Ao analisar cuidadosamente os discursos dos
intelectuais e autoridades políticas da época, percebe-se a tentativa de
governar a população vista, principalmente, como doente e insalubre, e
transformá-la por meio da saúde pública, em uma população saudável,
moralizada e apta para o trabalho, visando o progresso de Minas Gerais.
206
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
O ensino secundário nas lentes do CRPE de
Porto Alegre (1956-1964)
Fabiana Teixeira da Rosa (PPGE/UDESC)
[email protected]
Norberto Dallabrida (PPGE/UDESC)
[email protected]
O Decreto n.38.460, de 28 de dezembro de 1955, criou o Centro
Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e os centros regionais de
pesquisas educacionais (CRPEs), vinculados ao Instituto Nacional
de Estudos Pedagógicos (INEP). A instituição desses centros de
investigação científica sobre o sistema brasileiro de ensino foi obra
de Anísio Teixeira, diretor do INEP desde 1952, em conexão
com instituições internacionais, particularmente a UNESCO.
O CBPE era localizado na capital da República e os seus centros
regionais tinham sedes em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte,
Recife e Salvador, apresentando uma perspectiva descentralizadora
da pesquisa educacional – inédita no Brasil. A prioridade do CBPE
e dos centros regionais de Pesquisa Educacional era o ensino
primário e a formação dos docentes desse nível de escolarização,
mas o ensino secundário também foi tematizado, particularmente
por Jayme Abreu e Lauro de Oliveira Lima. O presente trabalho
se propõe a compreender as análises sobre o ensino secundário
brasileiro a partir das pesquisas realizadas pelo Centro Regional
de Pesquisas Educacionais de Porto Alegre, entre 1956 e 1964. O
CRPE da região sul do Brasil problematizou o ensino secundário
especialmente a partir da tradição escolanovista, defendida pelos
chamados “pioneiros da educação nova” desde a década de 1920
e tonificada nos anos 50 do século XX sob a liderança de Anísio
Teixeira. Este recorte temporal se justifica pelo fato do CRPE de
Porto Alegre ter sido estabelecido em 1956 e a data-limite por
ser o ano do golpe militar no Brasil, em 1964, que afastou Anísio
Teixeira do INEP, desestruturando os centros de pesquisa instituídos
por ele. Para ler essa questão, usa-se o conceito de apropriação,
207
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
compreendido na perspectiva do historiador Roger Chartier, que
considera que os bens culturais são usados de forma diferente, de
modo que a recepção é realizada com criatividade, por meio de
resistências, ressignificações e arranjos. Assim, adota- se a perspectiva
da nova história intelectual, que coloca o foco sobre “a construção,
difusão e recepção dos discursos no tempo”, operações históricas
transversalizadas por jogos de poder. O corpus empírico da presente
pesquisa é formado por documentos escritos do CRPE de Porto
Alegre, com destaque para o seu boletim informativo, bem como
pelo periódico “Correio” – jornal editado pelo CRPE, pela “Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos”, pela revista “Escola Secundária”
– criada em 1957, na Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão
do Ensino Secundário –, e por livros sobre o ensino secundário
brasileiro. Desta forma, este trabalho procura compreender as
reflexões sobre o ensino secundário produzidas pelo CRPE entre
meados da década de 1950 e o golpe militar.
O impacto das mudanças de governo nas
políticas de formação continuada de professores
Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é discutir o impacto das mudanças
de governo nas políticas de formação continuada de professores,
na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, durante o período
compreendido entre 1983 e 1992. A década de 1980 iniciouse com a expectativa de mudanças, concretizadas em avanços
significativos no plano sócio- político do país. Diante dessas
perspectivas, o prefeito eleito de Curitiba que assumiu em
1983, Maurício Fruet, adotou, desde o início de sua
gestão, uma política de superação da postura tecnicista até
então vigente, exigindo uma ação mais crítica e democrática
por parte dos professores. Essa política foi mantida pelo
governante que o sucedeu, Roberto Requião, que compartilhava
208
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
de idêntica concepção de sociedade, de homem e de educação,
nelas respaldando as propostas de formação continuada de
professores na área pública. Em 1989, porém, com a assunção
de novo prefeito, Jaime Lerner, foi adotada, em termos políticos,
uma posição técnico-burocrática cujos fundamentos atendiam
às orientações das organizações internacionais, de caráter
neoliberal. Dos documentos compulsados é possível deduzir que
cada um dos governantes que atuaram no período imprimiu sua
marca na gestão da educação municipal, atuando de acordo com
seus princípios políticos. A mudança nas políticas relativas à
formação continuada docente, no entanto, gerou uma série
de questionamentos e indefinições que se refletiram na prática
pedagógica dos docentes que atuavam na rede pública de ensino.
Era a alternância, no dia a dia dos professores, entre o modelo
tecnicista e o de caráter social, progressista. Do ponto de vista
metodológico, a pesquisa apoiou-se no materialismo histórico,
com ênfase na categoria da totalidade. Considerou, para tanto,
o modo de produção da educação, com as condições materiais
e objetivas que lhe foram propiciadas e que eram decorrentes
das forças produtivas e das relações estabelecidas nas diferentes
organizações sociais. Na fundamentação teórica, foram utilizados
os trabalhos de Gramsci (1991), Poulantzas (2000), Frigotto
(1984) e Miguel (1997), dentre outros que estudaram as
políticas públicas relacionadas à formação de professores. Como
fontes primárias, foram analisados os documentos relativos à
formação continuada de professores disponíveis nos arquivos da
Rede Municipal de Ensino, os quais foram discutidos à luz de
documentos históricos e legislativos referentes ao período em
questão. Em síntese, o estudo possibilitou descortinar os reflexos
trazidos, por governos de concepções pedagógicas diferentes, na
definição dos processos de formação continuada docente e na
execução das atividades de formação profissional.
209
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
O papel dos exames finais na configuração
do currículo escolar do ensino secundário
paulista: um estudo do primeiro gymnasio da
capital na primeira república
Maria Aparecida da Silva Cabral (FFP-UERJ e PUC-SP)
[email protected]
O texto aborda a institucionalização dos exames escolares, que eram
um dos requisitos para aprovação dos alunos, no processo de implantação
dos estabelecimentos de ensino, no Estado de São Paulo, nas primeiras
décadas do período republicano, com o objetivo de problematizar de que
maneira tais exames contribuíram na conformação da educação secundária.
A escolha dos exames finais deve-se a dois motivos: em primeiro lugar, eles
evidenciam quais conteúdos foram priorizados na formação de um seleto
grupo da elite paulista, além de possibilitar a compreensão dos critérios de
aprovação e reprovação dos alunos, desvelando a dimensão da produção
dos saberes. A segunda razão justifica-se pelo fato de a educação secundária,
após a Proclamação da República, adquirir uma nova finalidade de acordo
com legislação vigente à época. É com a Proclamação da República que os
Estados da federação passam a ter autonomia para formar suas instituições
de ensino secundário, ainda que subordinadas pela equiparação ao Ginásio
Nacional, situado no Rio de Janeiro (antigo Colégio de Pedro II). Nesse
cenário, o Estado de São Paulo reorganiza a Instrução Pública através
da Lei n° 88, de 09 de setembro de 1892, criando toda a estrutura legal
para a implantação de três ginásios estaduais fundados neste Estado. O
Primeiro Gymnasio da Capital, fundado em 1894, tinha por objetivo
ser a referência para os outros dois ginásios (Campinas e Ribeirão Preto)
constituindo-se enquanto local privilegiado para a formação dos filhos da
elite. Nesse momento, observa-se a disputa entre dois modelos de educação
secundária, de um lado, a proposta de educação integral, que defendia
um curso seriado, frequencial e realizado em instituições equiparadas ao
Ginásio Nacional. De outro lado, a prática dos exames parcelados, que não
exigia do aluno frequência às aulas, isto é, a efetivação de uma sequência
de estudos supervisionada por um grupo de professores e diretores das
210
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
instituições de ensino. Nesse sentido, os exames finais são considerados
estratégicos dentro do processo de ensino, uma vez que são eles que de
forma direta legitimam, ou não, o que é ensinado e aprendido pelos
alunos. Tal abordagem foi desenvolvida à luz das contribuições de Chervel
(1990) sobre a história das disciplinas escolares e de Goodson (1997) a
respeito da história social do currículo. Para fazer esta discussão, utiliza-se
fontes documentais que indicam aspectos da cultura escolar, tais como
exames finais, programas de ensino e relatórios produzidos pela instituição
escolar, tendo a preocupação de relacioná-las com as propostas de ensino e
as políticas públicas vigentes àquela época.
O Plano Nacional de Educação de 1936/1937
Carlos Roberto Jamil Cury (PUC/MG)
[email protected]
A comunicação traz à tona a tarefa de que foi incumbido o Conselho
Nacional de Educação de 1931, de elaborar, nos termos do art. 152 da
Constituição da República (de 1934), o Plano Nacional de Educação. A
investigação se baseou em fontes primárias a partir de suas Atas. Esse
Conselho, criado por um Decreto do Governo Vargas, foi disposto em
artigo da Constituição de 1934 e regulamentado por lei do Congresso
Nacional em 1936. O desafio trazido pela Revolução de Trinta será
enfrentar a maior complexidade da sociedade pela crescente urbanização
do País e pela industrialização. O encaminhamento da “questão social”
envolvendo as relações nascidas do jogo entre o Capital e o Trabalho fará
do Estado um Sujeito-chave na sua solução. Trata-se de uma convergência
similar ao Keynesianismo e ao planejamento centralizado russo. Ao
mesmo tempo, havia uma expectativa com relação aos avanços tecnológicos
do desenvolvimento científico. O progresso científico desdobrado pelos
“técnicos” traria “racionalidade” na solução dos problemas. A educação
escolar, tornada um direito pela Constituição, teria, mediante um plano
nacional, uma regulamentação elaborada por um corpo de técnicos, capaz
de solucionar seus problemas. O CNE teria como função precípua a
elaboração do Plano Nacional de Educação. Vai funcionar até dezembro
de 1961 sendo extinto com a Lei n. 4.024/61. Em 1931, o conselheiro
211
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
João Simplício apresentou proposta de criação de uma ou mais comissões
para o preparo e a redação de um plano nacional de educação a ser submetido
ao Governo da República e dos Estados. Dela constava um esboço do
qual fazia parte o financiamento articulado a um fundo especial de 6%
vindo da arrecadação de impostos federais e 8% dos impostos estaduais e
municipais, além de uma taxa essa que veio a ser instituída. Para tanto foi
constituída uma comissão. Em 1936, o Conselho buscou desincumbirse de sua atribuição maior: elaborar o Plano Nacional de Educação, para
ser aprovado pelo Poder Legislativo, o qual regeria todo sistema de ensino
do país. Pelo regimento interno, após noventa dias, o CNE deveria ter
concluído essa sua tarefa para o que foram constituídas 20 Comissões: dos
ensinos primário, secundário, industrial, comercial, agrícola, emendativo,
supletivo, quatro do ensino superior, educação extra-escolar, educação física,
administração da educação, regime escolar, edificações escolares e material
escolar, questões diversas e redação final. Em maio de 1937, o anteprojeto
é entregue ao Ministro, encaminhado ao Presidente da República e, em
seguida, à Câmara. Lá houve a criação da “Comissão do Plano Nacional
de Educação”. Em agosto de 1937, o deputado Raul Bittencourt, relator,
apresenta parecer relativo à preliminar de votação global do projeto do
Plano. O fechamento da Câmara em 10 de novembro de 1937 não permitiu
o prosseguimento do plano nacional de educação. Não seria o único
plano nacional de educação a conhecer um fracasso.
Os conhecimentos especializados sobre os
problemas de aprendizagem nos manuais de
psicologia educacional (1925-1969)
Ana Laura Godinho Lima (USP)
[email protected]
Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados
sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais de
psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955. Pretendese identificar as explicações formuladas para o fato de que parte das crianças
não aprendia conforme o esperado, assim como as recomendações oferecidas
212
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
aos professores sobre como agir em auxílio desses alunos. A preocupação
com os problemas de aprendizagem era recorrente na literatura pedagógica.
As elevadas taxas de reprovação nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries
iniciais do ensino primário, era uma questão que desafiava os administradores
do ensino e os especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX
a psicologia foi considerada como a ciência em melhores condições de
contribuir para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças
na escola e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino.
A perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos
especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos da
reflexão independente de seus autores, mas como produções que devem ser
referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites que restringem
o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa é autorizada a se
pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita. É preciso, portanto, levar
em consideração as vinculações institucionais dos autores, entre outras formas
de cerceamento dos discursos, dentre as quais a própria disciplina “psicologia”.
Além disso, esses discursos não consistem em eventos isolados, mas devem ser
compreendidos em um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados
mobilizam outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil,
sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc. Considera-se
ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas quais os enunciados
são dados a ler, a forma como se apresentam nos textos dos manuais. Os
autores dos manuais de psicologia educacional explicavam as origens das
dificuldades dos alunos atribuindo-as, na maior parte dos casos, parcialmente
à hereditariedade e parcialmente ao meio. Apresentavam os testes psicológicos
como instrumentos de medida destinados a quantificar as diferenças de
inteligência e aptidão. Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas
entre os sexos. Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico
normal e anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais
de tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes
apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e
ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder em
relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na maior
parte dos casos, que era o estudo detido das características do aluno que
desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.
213
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Os homens cordiais na socialização dos pedrinhos
de Lobato e Lourenço Filho: o negro sabido, a
excelente negra de estimação e o velho caboclo
Raquel de Abreu (UFSC)
[email protected]
Os livros O Saci e Geografia de Dona Benta de Monteiro Lobato
(1882-1948) e a Série de Leitura Graduada Pedrinho de Lourenço Filho
(1897-1970), são obras literárias e pedagógicas direcionadas ao público
infantil e que, por seus textos escritos e imagens, podem ser considerados
exemplos de interpretações de Brasil. Nos livros, dois personagens de nome
Pedrinho, passam por processos de socialização. Entre os personagens
socializadores das crianças estão três adultos não brancos: Tio Barnabé,
Tia Nastácia e Chico Tião. Tio Barnabé, um negro com mais de oitenta
anos de idade, emerge no livro O Saci (1921). Inicialmente descrito por
Lobato, na voz de Tia Nastácia: “Negro sabido está ali! Entende de todas
as feitiçarias, e de saci, de mula sem cabeça, de lobisomem – de tudo”
(LOBATO, 2007, p.21). Tia Nastácia “uma excelente negra de estimação
[...]” (LOBATO, 1921, p.3-4) tem mais de sessenta anos, está entre as
personagens humanas que participam da viagem imaginária em Geografia
de Dona Benta (1935), onde sua atuação é marcada pelo servilismo, humor,
ingenuidade e conhecimentos relacionados à culinária popular e ao mundo
sobrenatural. Trinta e dois anos após a primeira edição de O Saci, Lourenço
Filho lança a Série de Leitura Graduada Pedrinho (1953-1970), uma
coleção de livros didáticos, destinado à criança da escola primária brasileira.
Entre os personagens adultos que socializam o protagonista Pedrinho, está
Chico Tião: “Era um homem idoso, alegre e conversador”(LOURENÇO
FILHO, 1961, p.56). O “velho caboclo”, guia os personagens meninos pela
mata, desvendando os mistérios da fauna e flora brasileira. Nesta pesquisa,
Tio Barnabé, Tia Nastácia e Chico Tião são analisados como homens c
cordiais, tipo ideal identificado por Sérgio Buarque de Holanda, a partir
da matriz weberiana, em Raízes do Brasil. A cordialidade emblemática
dos personagens é traçada não pela polidez característica das civilidades
construídas na racionalidade do mundo moderno, mas sim pelo verso, pela
214
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
pessoalidade das relações e vontades particulares. No Brasil dos Pedrinhos
a cordialidade não é sinônimo de polidez ou boas maneiras - cuja raiz está
nos rituais de organização de defesa ante a sociedade - pelo contrário, “São
antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente
rico e transbordante. [...] Nenhum povo está mais distante dessa noção
ritualista da vida que o brasileiro” (HOLANDA, 2002, p.147). Por
considerar que livros infantis e escolares são bens materiais portadores de
sistemas de valores culturais, este trabalho tem o objetivo de apontar e
discutir, numa perspectiva sociológica e histórica, como os personagens
idosos e não brancos são apresentados no universo das relações humanas
da sociedade brasileira, representado nos textos escritos e nas ilustrações
inseridas nos livros em tela, de Lobato e Lourenço Filho.
Os 40 anos do curso de mestrado e o projeto
Memória da Faculdade de Educação da UFRJ:
desafios e possibilidades de pesquisa
Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro
[email protected]
Gabriela de Castro Almeida de Oliveira Arosa
[email protected]
O Projeto Memória da Faculdade de Educação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem por objetivo identificar e analisar
documentação existente no arquivo dessa Faculdade para organizar um
acervo que viabilize o desenvolvimento de pesquisas sobre a história desta
instituição e da formação de professores na universidade. Neste trabalho
abordamos a criação e a implantação do Curso de Mestrado em Educação
da UFRJ. No primeiro momento, apresentaremos a metodologia de
busca, identificação e análise da documentação relativa à implementação
deste Curso, em especial os processos administrativos internos, atas das
sessões da Congregação e os Boletins Internos da UFRJ que revelaramse importantes fontes para a análise deste processo. Além das fontes
já mencionadas, a revista DOCUMENTA de número 91 do ano de
215
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
1968, merece destaque. Produzida pelo Conselho Federal de Educação,
traz, neste exemplar, informações sobre o III Seminário Sobre Assuntos
Universitários que abordou como temas principais “A expansão do ensino
superior” e “A Faculdade de Educação”. Os debates realizados oferecem
subsídios importantes para a compreensão dessas inciativas no âmbito
da reforma universitária de 1968. Vale mencionar, ainda, que analisar o
presente processo considerando o contexto histórico do período nos desafia
a refletir sobre o significado da criação dessas instituições em um momento
conturbado da História do Brasil, o período da “ditadura militar” e no
qual as bases para o desenvolvimento da pesquisa e dos cursos de pósgraduação stricto sensu no Brasil foram implementadas. Assim, através
da análise das fontes explicitadas, considerando o momento histórico
em que foram produzidas, e do diálogo com autores que pesquisam a
história das instituições educacionais e de pesquisa no Brasil (Cunha,2000;
Favero,2009; Celeste, 2004; Macedo, 1997; Lopes, 1998), mais do que
analisar, buscamos compreender as nuances e especificidades da criação e
do estabelecimento do curso de Mestrado em Educação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, instituição que foi responsável, nestes 40 anos,
pela formação de mestres e doutores que ocuparam e ocupam posições
estratégicas nas diferentes instâncias administrativas e docentes dos sistemas
educacionais brasileiros.
Os reformadores da instrução pública
profissional mineira nos primeiros anos
republicanos (1891-1910)
Raphael Ribeiro Machado
[email protected]
Esta comunicação, que faz parte de uma pesquisa em andamento,
propõe refletir sobre o processo de construção de uma cultura política
republicana em Minas Gerais a partir da leitura dos discursos das
reformas da educação pública, nas primeiras décadas da República.
Pretendemos trazer à superfície a ideia de uma cultura política que
foi ganhando forma ao longo dos primeiros anos republicanos em
216
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Minas Gerais, tendo nas reformas da educação pública, profissional
em particular, o lócus de percepção e de criação de um sistema
representativo de normas e valores republicanos. Dessa maneira,
exploraremos nos textos dos Anais do Congresso Legislativo e nas
Leis, as articulações entre as relações de força que constituíram o
poder, as relações entre os indivíduos no momento de organizar
o uso dos imaginários sócio-discursivos, as apropriações das
representações sociais e culturais para a construção de um modelo
sociocultural para a escola e a sociedade. Por isso, objetivamos para
este trabalho a construção de uma noção teórica que responda a
um adequado tratamento dos sujeitos envolvidos na formulação
das retóricas, presentes nos discursos das reformas da instrução
pública. Referimo-nos, especificamente, as seguintes reformas: a
de 1891, ano de configuração e proposição da primeira reforma da
instrução pública em Minas Gerais, que seria efetiva pela lei n.41
de 1891/2, a chamada Reforma Afonso Penna; a de 1896, efetivada
pela Lei de n. 203 de 1896, que organizou o ensino profissional
primário; e a de 1906, efetivada pelas leis ns. 439 e 444, que criou
os grupos escolares e o ensino técnico primário, respectivamente. A
construção da noção teórica “reformadores” nos permitiu observar
quem foram os sujeitos das ações políticas reformistas da instrução
pública, em especial da educação profissional e, ao mesmo tempo,
a partir de que fundo sociocultural os reformadores se utilizaram
para as formulações reformistas da instrução no estado mineiro.
Para tal análise, tomamos os estudos de Berstein sobre a cultura
política, pelo fato de ser uma chave de leitura do discurso dos
reformadores, que é um discurso político. De igual maneira,
utilizaremos dos estudos de Patrick Charaudeau, teórico da Análise
do Discurso, que nos possibilitou descortinar o domínio da prática
social na qual se moveu o discurso político, bem como onde as
ideias e opiniões circularam. Na leitura das reformas percebemos
que a repetição da estrutura argumentativa do discurso gerou a
produção de uma cultura política republicana. Reformar a escola
foi também reformar a República.
217
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Para uma genealogia da escola primaria rural:
entre o espaço e a configuração pedagógica
(São Paulo, 1889 - 1947)
Rosa Fátima de Souza (UNESP)
[email protected]
Virgínia Pereira da Silva de Ávila (IFSRG)
[email protected]
Este texto problematiza a constituição da escola primária rural no
estado de São Paulo entre 1889 e 1947. A diferenciação inicial entre tipos
de escolas primárias para atender diferentes grupos sociais está presente
desde o início da Primeira República. A diferenciação das escolas pelo
nível de formação dos professores deslocou-se gradativamente para a
distinção espacial e dessa para a diferenciação pedagógica. Nos anos 10
foram instituídas legislações específicas distinguindo escolas urbanas
e rurais. Na década de 20 consolidou-se no país o debate sobre a escola
primária rural destacando-se as proposições do ruralismo pedagógico em
contraposição a proposições da escola comum. As reformas realizadas
em São Paulo nos anos 20 reiteraram, de certa forma, a opção pela
escola comum e a distinção entre escola localizada na zona urbana e
escola localizada na zona rural com programas simplificados e duração
menor do curso. Nos anos 30 e 40 delinearam-se no estado de São Paulo
propostas pedagógicas específicas para a escola primária rural, apesar do
embate entre as duas proposições antagônicas. De um lado, a defesa da
escola comum na zona rural como nas cidades propugnada por vários
educadores partidários da Escola Nova. De outro lado, os defensores do
ruralismo pedagógico cujo objetivo era promover a fixação do homem
no campo a partir de um ensino voltado para as indústrias agrárias. A
atuação de educadores como Lourenço Filho, Fernando de Azevedo,
Sud Mennucci, Almeida Junior, entre outros, na Diretoria de Ensino
do Estado de São Paulo (Secretaria de Educação) conduziu o debate e
as políticas contraditórias de educação primária rural levadas a termo
no estado nesse período. O Código de Educação de 1933, aprovado
218
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
na gestão de Fernando de Azevedo, inseriu nas escolas isoladas rurais
os preceitos da escola ativa e criou as granjas escolares. Em 1947 foi
aprovada a Consolidação das Leis de Ensino do Estado de São Paulo.
Essa legislação inovou ao tratar como modalidades distintas a educação
primária e a educação primária rural devendo esta última ser ministrada
nas escolas típicas rurais, nos grupos escolares rurais, nos cursos de
agricultura das escolas normais e nos cursos especiais destinados
aos professores. Este texto examina, portanto, as representações
de políticos e educadores sobre a diferenciação das escolas primárias
cotejando com a análise das políticas implementadas no estado de
São Paulo para a educação primária rural. A abordagem abrangendo
um período longo permite compreender a configuração e os usos do
rural como categoria política e educacional com implicações culturais e
pedagógicas. O estudo fundamenta-se nos aportes da História Cultural
e utiliza como fontes as mensagens dos governadores apresentadas à
Assembleia Legislativa, os Anuários do Ensino do Estado de São
Paulo e livros sobre o tema publicados no período.
Política de formação docente no Brasil: uma
reflexão legal e histórica
Armindo Quillici Neto (FACIP/PPGE//UFU)
[email protected]
Sônia Aparecida Siquelli (UNIVAS)
[email protected]
A tentativa de escrever sobre a formação de professores, de políticas
de formação amparadas por legislação no Brasil atual torna-se um
desafio ousado e arriscado. A abordagem histórica utilizada para
fundamentar justifica a realidade educacional de formação em seus
desdobramentos de legislação e de políticas públicas. Em tempos de
incertezas e perplexidades com o atual estado em que se encontra
a formação promovida pelas instituições escolares, sejam estas de
qualquer natureza de formação, essa reflexão torna-se uma questão
219
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
central. O objetivo deste trabalho é realizar uma reflexão, no sentido
de focar a formação docente com a leitura das políticas de formação de
professores após a publicação da LBD de nº. 9.394 de 20 de dezembro
de 1996. Autores da área de formação de professores no Brasil insistem
há 20 anos (desde a década de 90 do século XX e primeira década
do década do século XXI), em afirmar a crise vivida pelo universo
da educação: Pimenta (2005), Catani (1998), Ribeiro (2002),
Schwartzman (2000), Tanuri (2000), entre outros. A descrição das
principais tendências que mais influenciaram as políticas de formação
de professores recorrente a partir século XIX é objeto de fundamento
para iniciar esta análise até o século XXI. De um histórico sobre as
principais tendências que mais influenciaram as políticas de formação
de professores, do modelo de formação de professores da República,
uma tendência portuguesa, que data as primeiras preocupações ou as
primeiras intenções com as escolas que preparavam professores para
atuar em cursos de alfabetização à passagem para tendência francesa,
e mais tarde para vertente americana, sob a influência do pensamento
de Dewey. Assim, da criação das primeiras escolas normais do final
do século XIX à criação dos cursos de pedagogia e das licenciaturas.
A trajetória da legislação da educação brasileira, desde a Lei 4.024,
de 1961, passando pela reforma universitária, de nº. 5.540, de 1968,
à instituição da Lei 5.692 de 1971 e, por fim, uma reflexão mais
detalhada da atual lei de 20 de dezembro de 1996, de nº. 9.394,
que ameaçou apontar para mudanças nas diretrizes de formação de
professores, mas que pouco avançou na resolução dos problemas em
sua essência. Por fim, o trabalho pretende refletir sobre o significado
da crise na formação de professores no Brasil e as consequências desta
crise para o desenvolvimento da educação. O que se identifica é uma
crise instaurada na formação dos profissionais da educação desde as
últimas décadas do século XX até o final da primeira década do deste
século. Esse contexto histórico sobre a formação de professores fomenta
alguns questionamentos que insistem em aparecer explicitamente
neste momento de análise, que projeto de formação será necessário
para o tempo atual? Há um projeto claro e definido para a formação
dos profissionais da educação?
220
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Política educacional nos anos 2007-2011: um
balanço das produções acadêmicas
Melânia Mendonça Rodrigues (UFCG)
[email protected]
O trabalho apresenta resultados de uma pesquisa que discutiu a
produção acadêmica relativa à política educacional do Governo Federal
brasileiro, no período 2007-2011, vinculada a três entidades acadêmicocientíficas: o Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES), a
Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED) e a
Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE).
Tais entidades foram escolhidas tendo-se em conta que, desde o final
da década de 1970, constituem relevantes sujeitos políticos coletivos
no debate e na luta pela democratização do Estado e da educação.
Ancorada nas concepções gramscianas acerca da hegemonia e do
papel dos intelectuais na sociedade, e considerando revistas e anais
como documentos em sua acepção mais ampla, a pesquisa constou
do levantamento: a) dos artigos publicados nas revistas Educação e
Sociedade, publicada pelo CEDES, Revista Brasileira de Educação, da
ANPED, e Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, da
ANPAE; b) dos trabalhos publicados nos anais dos encontros nacionais
da ANPED e da ANPAE, realizados no período considerado. O corpus
da pesquisa constituiu-se de: 50 números de revistas – 15 da Revista
Brasileira de Educação, 20 da Educação & Sociedade e 15 da Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação; oito Anais – cinco
das Reuniões Anuais da ANPED e três dos Simpósios e Congressos da
ANPAE, bienais –, perfazendo um total de 1498 trabalhos publicados
– 93 do Grupo de Trabalho Estado e Política Educacional da ANPED
e 1405 da ANPAE. Na intenção de, em lugar de uma listagem das
temáticas abordadas, construir um inventário crítico dessa produção
acadêmica, elegeu-se uma temática específica como norteamento das
buscas: o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado,
pelo MEC, no primeiro semestre de 2007, cognominado como o PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento) da educação e considerado,
221
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
por diversos analistas, como a principal política educacional implantada
no segundo governo do presidente Lula da Silva. No presente trabalho,
apresentam-se os resultados atinentes às três revistas pesquisadas,
obtidos no primeiro momento da pesquisa, quando a busca orientouse para a identificação de artigos cujos títulos indicassem o PDE como
seu objeto específico. Com essa característica, foram encontrados: na
revista Educação & Sociedade, apenas um artigo, constante do número
100, relativo ao quadrimestre maio/agosto do ano de 2007; na Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação, dois artigos,
publicados no número 3 do volume 26, referente ao quadrimestre
setembro/dezembro do ano de 2010; na Revista Brasileira de Educação,
nenhum artigo que atendesse ao critério de busca foi encontrado nos
números selecionados. Em uma síntese geral, a análise do resultado do
levantamento e do teor dos artigos indica uma tensão, no âmbito das
entidades e no meio dos intelectuais, entre a adesão e a crítica à política
de educação do Governo Federal.
Política educacional pombalina: a reforma
dos estudos menores e a mudança no
método de ensinar
Sara Rogéria Santos Barbosa (FSLF/UFS-NEC)
[email protected]
Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho (FSLF/UFS-NEC)
[email protected]
O século XVIII representou, para Portugal e seus territórios,
um momento de grandes transformações no campo educacional,
principalmente quanto ao ensino dos chamados Estudos Menores
– ensino das línguas Latina, Grega e Hebraica e de Retórica. As
mudanças efetivadas propunham a reorganização de todo o sistema de
ensino secular, começando pela destituição dos responsáveis diretos
pela educação, os jesuítas, e terminando com a publicação de uma
série de instruções que deveriam ser obedecidas por aqueles que seriam
222
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
os novos educadores, os professores régios subordinados ao Estado.
Tal política educacional visava não somente remodelar a educação
portuguesa, mas criar mecanismos eficazes, segundo o discurso do
legislador, para transformar o homem português no perfeito servo
da Coroa e apto a ocupar os cargos burocráticos e estratégicos que
poderiam reconduzir aquela nação à condição de visibilidade de
outrora, elevando-a ao crescente e expressivo desenvolvimento
científico vivido por outras nações europeias cuja ascensão no meio
científico era evidente. A política implantada tencionava encurtar
o ensino através de métodos de fácil entendimento por parte dos
sujeitos da educação, tornando o processo de aprendizagem rápido
e eficiente, sem demérito para a construção de sua aprendizagem,
mas em favor de uma formação de caráter objetivo e de resultados
tangíveis em curto prazo. Todo o ensino deveria ser dado em língua
vernacular, priorizando a língua do príncipe regente em lugar da
latina, sendo essa a principal mudança ocorrida no método de ensino
proposto na referida reforma: a valorização da língua nacional,
tornando-a canal, veículo de união entre o homem e a ciência. O
presente trabalho se trata de uma pesquisa que objetiva investigar
em que consistiu a política educacional pombalina ocorrida em
Portugal e seus territórios em meados do século XVIII, analisando
principalmente como se deu a reforma dos Estudos Menores e a
mudança no método de ensinar adotado pelos jesuítas havia mais
de três séculos, para um mais simples, mais rápido e em língua
vulgar, posto que a latina era imbuída de toda uma sacralidade.
Convém informar que a metodologia escolhida, leitura e análise
documental, baseia-se no fato de que todas as informações se
encontram no documento Lei Geral dos Estudos Menores ou Alvará
Régio de 28 de junho de 1759, que trata da institucionalização da
profissão docente, da criação e importância do cargo de Diretor
Geral dos Estudos Menores, da realização de exames para todos os
professores do Reino e substituição do método de ensino jesuítico
pelo reformado, pautado na simplicidade, clareza e facilidade
e do conjunto de breves orientações para cada uma disciplinas
pertencentes ao ensino de Humanidades, como dito anteriormente.
223
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Políticas Públicas para a escola primária na Bahia
expansão na gestão Anísio Teixeira (1947 a 1951)
Sara Martha Dick (UFBA)
[email protected]
Este trabalho é parte de um estudo mais amplo, que está integrado, a
uma pesquisa nacional, dentro de um estudo na perspectiva comparada
sobre a História da escola primária no Brasil, no período de 1930 a
1961, pretende discutir a institucionalização da escola primária na
Bahia. O estudo compreende a análise da institucionalização da escola
elementar para a população infantil na Bahia, envolvendo a atuação
dos Poderes Públicos, por meio de programas, reformas educacionais
e expansão do ensino e as diferentes modalidades de escolas primárias
existentes na esfera estadual, municipal e da rede privada. Objetivamos
produzir uma interpretação sistemática, aprofundada e integradora
sobre a educação pública primária na Bahia, utilizando uma concepção
interpretativa de modo a explicitar as relações, as semelhanças, as
diferenças e as singularidades presentes nas formas de produção,
apropriação e difusão da escola primária. Discutiremos as políticas
públicas que constituem a história da escola primária na Bahia,
durante os anos 40 do século XX. Destas, especialmente a política
de expansão ocorrida durante a gestão de Anísio Teixeira (1947 –
1951), como Secretário da Educação e Saúde Pública, no governo de
Otávio Mangabeira, considerado como período de redemocratização
do país, consubstanciado, na Bahia, com a eleição para governador
e, nomeação de Anísio Teixeira como Secretário, após o seu retorno
ao país. Anísio Teixeira, nesta época, era um intelectual que já havia
ocupado vários cargos na estrutura de poder e tinha solidificado seu
pensamento sobre a filosofia Dewey e sua concepção de educação.
Buscamos analisar a institucionalização da escola primária baiana, sua
tipologia, pretendendo produzir, a partir da documentação da época
em conjunto com as fontes secundárias - a exemplo de CARVALHO
(2003); FARIA FILHO (2000); ARAÚJO (2006); NUNES (2001),
VIDAL (2006); SAVIANI (2004) -, um texto que contribua para a
224
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
composição da História da Educação baiana. Neste sentido, analisamos
os aspectos de implantação e de expansão da escola primária pelos
municípios baianos, tanto na zona urbana como na zona rural; as
ações empreendidas em conjunto com o governo federal, que nesta
época se preocupou com as questões sobretudo no que diz respeito à
implantação de escolas rurais, desenvolvendo conjuntamente com o
estado um plano para escolas rurais. Discutiremos, ainda, o estudo e
aplicação de modelos de escolas para o interior do estado; a estrutura
física destas escolas; as especificidades da escola primária na capital e
o ideário das escolas-classe e escola parque, que pretendia oferecer a
discussão sobre a educação integral e as tentativas de sua implantação
no estado da Bahia, pois criticava o que denominava ensino
parcial, presente na realidade educacional baiana. Compreendemos
que tal discussão é da maior importância para a compreensão
institucionalização da escola primária na Bahia, bem como para a
composição da História da Educação do estado da Bahia.
Por entre o império e a república:
escolarização em Mato Grosso
Dimas Santana Souza Neves (UNEMAT)
Fernanda Taques de Oliveira Leite (UNEMAT)
Estes escritos apresentam argumentos em torno das políticas
que produziram sentido educativo e que tinham como finalidade
promover as ações dos distintos regimes de governo do Império e da
Republica. O objetivo é de mostrar como os dirigentes buscavam
a satisfação social no sentido de compreensão do papel do Estado
e da escola como agentes de transformações da realidade social e
como desenvolveram uma maquinaria de afirmação dos sujeitos
como pessoas ilustradas e civilizadas. Assim, este texto apresenta
o significado construído pelos ideários de mudanças nos aportes
regulamentadores da educação, na conformação de modelos
escolares e exigências da aplicação da obrigatoriedade escolar em
Mato Grosso, entre os anos de 1886 e 1895. A partir de fontes
225
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
como os relatórios de Presidente de Província e de diretores da
instrução, o encaminhamento da pesquisa permitiu verificar as
articulações entre projetos políticos de âmbito local relacionados
com o projeto nacional de educação e isto fica demonstrado nas
formas como os dirigentes matogrossenses procuravam divulgar a
escolarização. Dos governantes ligados ao Império ao projeto escolar
dos republicanos o ideário nacional permanece, mas ficou manifesto
os diferentes modos educativos na busca pela realização educativa
no cotidiano da vida da população. Seja reconfigurando a escola
isolada e com problemas orçamentários como no final do Império,
ou difundindo o ideário das políticas de aglutinação das escolas
por meio dos grupos escolares, como fez os republicanos, a escola
matogrossense foi bastante discutida, no seu modo de organização e
nos objetivos que a instituição atenderia. Nessa perspectiva, a partir
dos estudos com a historiografia contemporânea, com suporte na
historia cultural de Burke, Foucault e Falcon procuramos mostrar
como os temas de escolarização visavam proporcionar atendimento
dos desejos políticos dos dirigentes e como expressão da força do
Estado para garantir a afirmação individual dos sujeitos escolares.
Para isso, a escola esteve no cenário político construindo um
ideário de modelo de sociedade civilizada e moderna, de modo de
proporcionar mudanças nas atitudes e comportamentos de sujeitos
e indicação de possibilidades para setores dos grupos sociais do
sertão para distinção dos seus sujeitos. Então, a organização da
escola e seus modelos, as propostas de obrigatoriedade tornaramse, assim, expressões dos regimes para a promoção da visibilidade
das ações de crianças e das famílias em busca de novas perspectivas
de vida. Principalmente, construíram um sentido de renovação
das esperanças para superação daquilo que consideravam como
atraso social em que viviam, pois acreditavam que uma sociedade
organizada e com a educação feita de base de constituição dos
sujeitos seria a fórmula ideal para resolução dos problemas que
viviam na época.
226
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Problemas de rendimento escolar no ensino
elementar e atuação docente: discurso oficial
paulista na década de 1930
Luciana Maria Viviani (USP)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo a análise de discursos sobre
problemas de rendimento escolar, direcionados aos professores do
ensino elementar, mediante orientações oficiais presentes na revista
Educação (depois denominada Escola Nova e Revista de Educação),
órgão da Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo. Busca-se
verificar como a questão das reprovações e evasão de estudantes da escola
primária se apresenta como um problema da administração escolar,
que envolve também o conhecimento especializado, e quais as possíveis
soluções propostas para superar essa dificuldade, especialmente aquelas
relacionadas a possíveis mudanças do perfil profissional docente. Os
artigos selecionados foram publicados nos anos de 1930, período em
que essas discussões se tornam mais frequentes, em movimento
associado à atuação dos chamados renovadores de ensino. Os ideais
de inovação e eficiência educacional que circulavam no país nesse
momento retomaram a questão dos altos índices de reprovação e evasão
escolar mediante a elaboração de dados diferenciados sobre o cotidiano
institucional, como registros e estatísticas escolares. Esse problema,
em que o professor coloca-se como figura central e que se mostrava
agravado nas escolas isoladas e rurais, mobilizou a intelectualidade
paulista e de todo o país, que se envolveu na formulação de explicações
e soluções para o baixo rendimento do ensino. A análise empreendida
buscou identificar enunciados e formas de regulação do discurso,
tendo em vista a vinculação dos autores considerados aos
projetos educacionais do governo paulista ao longo do período em foco.
As conclusões indicam que o baixo rendimento escolar foi associado,
dentre outras questões, à ausência de estudantes e de professores em
sala de aula; a imperfeições no sistema de classificação e avaliação dos
alunos; e a não observância de procedimentos de ensino considerados
227
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
inovadores e eficientes. Para superar esses problemas, várias estratégias
foram levantadas, como a reorganização e um maior controle do
sistema escolar, bem como a complementação da formação inicial de
professores, por meio da realização de cursos, leitura especializada de
manuais e periódicos pedagógicos e também mediante uma orientação
mais atenta por parte de diretores e supervisores de ensino. Tais propostas
colocavam-se no sentido de obter uma mudança no perfil de atuação
docente, que aumentaria a eficiência do sistema e elevaria os índices de
rendimento escolar.
Produções cinematográficas de Mazzaropi
e sua contribuição para a história e a
historiografia da educação brasileira
Juscimar Maria de Paula (UFU/MG)
[email protected]
O presente artigo discute a posição de relevo ocupada pela produção
cinematográfica de Mazzaropi na historiografia brasileira e fornece
informações biográficas que permitem relacionar a vida profissional
de Amáncio Mazzaropi com sua produção cinematográfica. Ator,
diretor e empresário de cinema Mazzaropi a partir da segunda
metade do século XX com seus filmes contribuiu para repercussão
acerca da constituição de uma memória social sobre o caipira e sua
cultura no cinema brasileiro.Apresentamos ainda uma análise sobre as
relações simbólicas entre o personagem de Mazzaropi e seu universo
sociocultural como, também, sua contribuição na construção de uma
identidade nacional brasileira. É ponto pacífico que o ator/cineasta/
produtor Amácio Mazzaropi objetivou, sempre, ao longo de sua
vida e carreira artística, representando personagens cuja alma tivesse
raízes em íntima relação com os traços culturais mais fundamentais
da civilização de nosso país, promovendo assim, por meio de suas
encenações, muitas vezes de modo improvisado, um misto de comicidade
e drama: gênero o qual é, no teatro, classicamente conhecido como
tragicômico. Este trabalho tem como principal objetivo identificar as
228
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
questões históricas, filosóficas, culturais e educacionais presentes nas
produções cinematográficas de Mazzaropi. A relevância repousa na
defesa da análise dos elementos cômicos ou mesmo sátiros da obra
cinematográfica de Amácio Mazzaroppi como mecanismos reveladores
de importantes fatores do processo de construção de um período da
história do Brasil. Com base nos conceitos da relação Cinema- HistóriaEducação, é possível afirmar que o contexto social e político brasileiro
no período de produção dos filmes de Mazzaropi estão neles refletidos.
Os valores presentes na narrativa cinematográfica de Mazzaropi revela a
concepção de educação presente na época. Acredita-se que a história do
Brasil apresentada nos filmes de Mazzaropi é uma tentativa sistemática
de proporcionar uma releitura de figuras-chave brasileira. Já que
Mazzaropi atua como personagem principal, e por causa do tipo físico
e do caráter de Jeca a ele associados, seu protagonista não personifica da
figura heroica tradicional. Vemos que na obra de Mazzaropi repercute
o próprio desenvolvimento da civilização brasileira, sem deixar
escapar os elementos culturais que compunham a sua essência. Foi
através de duas figuras literárias, Jeca Tatu e Zé Brasil, personagens fruto
da imaginação do escritor José Bento Monteiro Lobato, que Mazzaropi
inspirou-se para criar o “seu Jeca”. Digo seu, porque ele apresenta um
homem do campo que vivencia dificuldades não por opção própria,
mas por imposição de um sistema econômico de exclusão social e
pela ausência de investimentos do Estado nesses trabalhadores que
apenas sobreviviam do campo na condição de excluídos. O caipira
representado por Mazzaropi vive entre o mundo conservador rural
com suas regras sociais claramente estabelecidas e o mundo moderno
urbano, com seus novos processos de produção, circulação e consumo
de bens criados pela moderna indústria nacional. Vale salientar que
Mazzaropi foi um homem de seu tempo. Adaptando-se a cada década,
ele buscou representar as transformações sociais produzidas e impostas
pelo sistema socioeconômico, ocasionadas pela desigual distribuição de
renda no país, e superou a deficiência técnica, acreditando ao retratar
as tradições populares por meio das imagens representativas dos modos
de vida de brasileiros ao expor conflitos migratórios rural-urbano, bem
como a solidariedade, simplicidade, liberdade e desejo de justiça social.
229
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Produtivismo e pacto social: concepções da
UNESCO para a educação e a formação de
professores no Brasil (1980)
Angela Galizzi Vieira Gomide (UEL)
[email protected]
O presente trabalho analisa as recomendações expressas nos
documentos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) para a América Latina e Caribe na
década de 1980. Objetiva desvelar as orientações para a educação e a
formação de professores, de modo a estabelecer as possíveis relações
com a política educacional brasileira e sua proposta para a formação
dos professores. O recorte temporal adotado compreende a década de
1980, tendo em vista a sua relevância na construção do pensamento
democrático do Brasil. Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica e
documental, identificamos, selecionamos e analisamos as recomendações
da UNESCO, disseminadas no Projeto Principal de Educação para a
América Latina e o Caribe (PPE), cujas Conferências Internacionais
aconteceram em Quito (1981), no México (1984) e em Bogotá (1987).
Com relação aos documentos brasileiros, analisamos o Programa
“Educação para Todos: caminho para a mudança” (1985) e o “I Plano
Nacional de Desenvolvimento da Nova República” (1986). Evidenciando
similaridades entre as orientações dos documentos do Brasil e os da
UNESCO, questionamos: Quais as recomendações disseminadas no
Projeto Principal de Educação da UNESCO na década de 1980? Quais
os significados destas recomendações para as políticas educacionais e
de formação de professores no Brasil? Quais as possíveis relações entre
o lema “Educação para Todos” e as orientações da UNESCO? Para
responder a estes questionamentos, adotamos a perspectiva materialistahistórica, considerada a mais adequada para compreender o contexto
político, econômico e social e apreender as múltiplas relações existentes na
dinâmica entre a totalidade e as especificidades. Apoiamo-nos em Sander
(2008), Saviani (2007), Silva (2006), Coelho (1990) e Noma (2011).
O estudo revelou que, na década de 1980, o Brasil da Nova República,
230
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
elaborou o Programa “Educação para Todos: caminho para a mudança”,
posteriormente disseminado no I Plano Nacional de Desenvolvimento
da Nova República. A participação ativa do Brasil nas Conferências
Internacionais de Educação da UNESCO possibilitou ao país apresentar
estes programas na América Latina, mediante o Projeto Principal de
Educação. Com esta evidência, afirmamos que o lema “Educação para
Todos”, teve início no Brasil (1985), difundiu-se pela América Latina
e foi apropriado pela UNESCO, que o redirecionou ideologicamente
e o disseminou para o mundo, na Conferência Mundial de Educação
para Todos, realizada em Jomtien (UNESCO, 1990). O estudo também
revelou que a UNESCO, embasada na concepção de educação para o
desenvolvimento produtivo e social, deu orientações consensuais aos
países membros, coerentes com a conformação da sociedade às demandas
do modelo econômico capitalista da década de 1980.
Projeto estratégico prioritário operaçãoescola: considerações sobre a política
educacional brasileira nos anos de 1968 – 1970
Cecilia Neves Lima (PUC-Rio)
[email protected]
O presente artigo tem como objetivo apresentar o projeto estratégico
prioritário do Programa Estratégico para o Desenvolvimento,
denominado Operação-Escola (OP), e suas principais relações com
a política educacional e econômica do Governo Costa e Silva (19671969). O principal objetivo do OP era promover a obrigatoriedade
escolar de 7 a 14 anos. O projeto se desenvolveu através das Secretarias
de Educação, dos Estados e do Distrito Federal, competindo ao
Governo Federal o exercício de ação supletiva, bem como a assistência
técnica e financeira para as secretarias, mediante a transferência
de recursos orçamentários específicos. O Programa Estratégico do
Desenvolvimento (PED) do governo Costa e Silva propunha uma
política econômica que privilegiava deliberadamente a retomada
do crescimento econômico por meio do fortalecimento da empresa
231
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
privada, da expansão do mercado interno e de oportunidades de
emprego, embora fosse mantida a preocupação com o controle do
processo inflacionário. Preconizava-se a redistribuição de renda,
argumentando-se que o desenvolvimento deveria estar fundamentado
em bases econômicas e sociais. Para o Plano, esse crescimento do setor
público na economia, na promoção da infra-estrutura requerida pelo
desenvolvimento e no atendimento de serviços básicos foi realizado a
um baixo nível de eficiência do setor público na alocação de recursos,
se comparado ao setor privado. Assim, o planejamento do PED estava
fundamentado no conceito de produtividade, buscando a otimização
dos recursos a serem investidos nos setores considerados prioritários.
No âmbito educacional, as medidas eram entendidas como instrumento
de aceleração do desenvolvimento e do progresso tecnológico, ou seja,
o papel da educação para a preparação de novos tipos de recursos
humanos e de um novo quadro institucional, para liderar o processo de
desenvolvimento tecnológico. Nesse sentido, o artigo busca, a partir
da técnica da análise documental, compreender a política educacional
do governo Costa e Silva através das medidas do Programa Estratégico
do Desenvolvimento, em seu projeto prioritário denominado Operação
– Escola. Para isso, é preciso lembrar que as ações no âmbito da
política pública possuem permanências e rupturas, não havendo uma
linearidade nessas ações. Compreender essas relações requer lançar mão
de um olhar poliédrico para o momento histórico em que estas se
desenvolvem, de modo que se busque compreender essas relações em
suas múltiplas dimensões. As principais fontes documentais utilizadas
nesse artigo referem-se ao relatório final do projeto OP, decretos relativos
ao período estudado, além de bibliografia pertinentes a temática.
232
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Regimes de comparação nas escritas da
história da educação no Brasil e em Portugal
Roni Cleber Dias de Menezes
[email protected]
Esta proposta de comunicação visa a examinar os empreendimentos de
comparação entre as experiências educativas de Portugal e Brasil, ensejando
uma reflexão acerca dos instrumentos utilizados pela historiografia da
educação dos dois países, particularmente desde a década de 1990, para a
consecução desse objetivo. Levando-se em consideração que tal empresa
comparativa – acentuada sobretudo a partir da realização dos COLUBHE’s,
da publicação de livros reunindo intelectuais portugueses e brasileiros e da
proliferação de dossiês e números especiais em revistas científicas de uma e
outra margem do Atlântico – abarca um contingente extenso de objetos,
experiências e práticas educativas, propõe-se promover uma reflexão acerca
das ferramentas de comparação usadas pela historiografia da educação mais
recente, procurando ao mesmo tempo historicizar a abordagem comparativa
enquanto categoria analítica (no entrecruzamento dos estudos que focam
a história, a educação e a história da educação) e levantar as contribuições
trazidas pela categoria de análise representada pelas connected histories. Um
primeiro questionamento que se deseja enfrentar se vincula à discussão acerca
de que “metros” deveriam ser adotados pelo historiador da educação brasileira
para aquilatar as intersecções e/ou as porosidades das matrizes culturais –
e aí notadamente do fenômeno educativo – entre Portugal e Brasil. Ou
ainda, que matizes vem caracterizando os exercícios de compreensão de tal
circulação cultural? E, finalmente, que entradas, ou antes, que objetos têm
logrado alcançar em maior grau a preocupação dos investigadores quanto a
neles testar a validade de ferramentas comparativas? Da década de 1990 aos
dias atuais se tem observado de maneira mais frequente iniciativas destinadas
a reunir a gama de estudos localizados no Brasil e em Portugal, aí incluídos
não apenas aqueles sob a rubrica da comparação, bem como os dotados de
um olhar atento às conexões entre e no interior dos dois países de língua
portuguesa. Tal configuração, a nosso ver, implica uma mundivivência que,
conjugada a experiências, características e estruturas combinatórias dos
233
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
dois campos educacionais, teria atuado de forma a impulsionar os estudos
de comparação no domínio da história da educação. Tendo bem presente
tais movimentos e sopesando-se ainda que em nosso campo de estudos a
definição acerca do teor “comparativo” de determinada visada não se dá sob
um regime de inflexibilidade e que, também por isso, a operação analítica
de delimitação da ferramenta de comparação em marcos teórico-conceituais
requer um investimento que se situa muito além dos marcos deste trabalho,
propõe-se realizar o desiderato anunciado anteriormente analisando os
Anais dos Congressos Brasileiro e Luso-Brasileiro de História da Educação
e esmiuçar aí os regimes de comparação praticados e os desafios lançados
atualmente à abordagem comparativa.
Sentido novo da vida rural: Abgar Renault e a
política educacional em Minas Gerais
NEVES, Leonardo dos Santos Neves (FaE/UFMG-FAPEMIG)
[email protected]
Helder de Moraes Pinto (FaE/UFMG-FAPEMIG)
[email protected]
O objetivo desta comunicação é analisar a concepção de escola
rural presente nos discursos de Abgar Renault, em meados do século
XX, em Minas Gerais. Partimos da suspeita de que este professor
e poeta modernista, em tempos de redemocratização do Brasil,
defendiam a educação escolar como produtora de um “sentido novo
da vida rural”. Observa se nesses discursos que o papel atribuído à
escola era o de alavancar o desenvolvimento econômico e social do
campo. Sublinhamos, ainda, a incorporação da saúde e da higiene
popular no seu projeto político, ambas tratadas como aspectos do
problema educacional. Essas reflexões foram possíveis pelas análises dos
discursos de Abgar Renault, realizados entre 1947 e 1951, compilados
e publicados em 1952 pela Secretária da Educação de Minas Gerais,
com o título A palavra e a Ação. Cotejamos esses discursos com as
ideias de Milton Campos – Governador do estado – sobre o meio
234
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
rural e, com os tópicos que trataram sobre educação no Plano de
Recuperação Econômica e Fomento de Produção, lançado pelo
Governo de Minas em 1947. Além dessa documentação investigamos
a legislação sobre educação rural do estado: O decreto lei 3.112, a
Lei n. 291, criando dois cursos normais especializados, 1949 e a Lei
Orgânica do Ensino Normal (Decreto-lei n. 8.530, de 2 de janeiro de
1946). Ao discursar sobre a escolarização da população infantil rural,
esses administradores públicos buscavam dar respostas ao seguinte
problema: “Como a escola rural pode contribuir para o levantamento
do padrão de vida econômico, social e cultural de uma região?”. A
zona rural próspera representaria segundo Renault o agente que
garantiria ao país soberania nacional. Ao discursar acerca do tema
em foco, percebe-se nas suas palavras uma concepção cataclísmica
do brasileiro rural, que compreendia parte significativa da população
total do Brasil. Destaca-se nas suas idéias que as políticas educacionais
alfabetizaram uma pequena parcela da população em idade escolar e
que o déficit na zona rural era ainda mais proeminente. Suspeitamos
que com esse argumento, ele procurava formar a opinião pública
sobre as péssimas condições de funcionamento da escola rural,
aparentemente marginalizada nas políticas públicas precedentes.
Para realizar as análises aqui apresentadas, estudamos autores que
investigaram a produção do discurso político (Patrick Charaudeau), a
questão da modernização tardia (Eneida Maria de Souza, João Manoel
C. de Mello e Fernando A. Novais), temas como a redemocratização
do Brasil (Ângela Maria de Castro Gomes) e a tese da recuperação
econômica em Minas Gerais (Otavio Soares Dulci e Amilcar Vianna
Martins Filho). Além de questões referentes à decadência da vida
rural (Antônio Candido e Eunice R. Durhan), abordagens sobre a
educação rural (Jorge Werthein e Juan Díaz Bordenave).
235
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Trajetórias de alunos em um grupo escolar
mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da
repetência escolar
Fernanda Cristina Campos da Rocha (Belo Horizonte)
[email protected]
Este trabalho é parte dos resultados de uma pesquisa concluída, que
hoje compõe o escopo de uma pesquisa de maior alcance, em andamento.
O objetivo principal é analisar as práticas de um grupo escolar mineiro
em torno do longo tempo que as crianças levavam para concluir o ensino
primário, aproximadamente seis/sete anos, enquanto a legislação no
período analisado previa quatro anos. Mais especificamente, o estudo
procura compreender as razões da longa permanência dos alunos, no
primeiro ano do ensino primário, do Grupo Escolar Paula Rocha, em
Sabará, além de investigar as relações entre a Reforma João Pinheiro
(1906) e as práticas escolares no ensino primário, no que se refere à
promoção, ou não promoção dos alunos para o ano subsequente. Para
alcançar os objetivos arrolados, tracei a trajetória da primeira turma
do primeiro ano, que entrou no Grupo Escolar Paula Rocha em 1907
(ano que o grupo foi inaugurado), e a acompanhei através dos livros de
matrículas até 1916, ou seja, no decorrer de uma década após a Reforma
João Pinheiro, que introduziu, em Minas Gerais, a criação dos grupos
escolares. A intenção, fundamentada pelos “jogos de escala” (Revel,
1998), foi articular a dimensão prescritiva da Reforma João Pinheiro
(1906) com as particularidades do grupo escolar analisado, na tentativa
de compreender as razões da promoção ou da não promoção, e também
da não conclusão do curso primário, deste grupo de alunos analisados.
Como fontes, além dos livros de matrículas já mencionados, também
utilizei as atas de exames e os relatórios de diretores e inspetores do
grupo. Ao traçar a trajetória dos alunos matriculados no primeiro ano
primário, foi possível observar que o longo tempo para a conclusão do
primário e a grande retenção no primeiro ano, no Grupo Escolar Paula
Rocha, estavam muito relacionados com a idade das crianças, isto é, as
crianças mais novas, de sete/oito anos, tendiam a repetir mais vezes o
236
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
primeiro ano primário. Já as crianças que entraram no primeiro ano
primário com nove/dez anos de idade normalmente passavam para o
ano subsequente, sem retenção. Assim, o trabalho também evidencia as
dificuldades encontradas pelo corpo docente do Grupo Escolar Paula
Rocha para implementar o ensino primário de quatro anos, o que levou
a algumas medidas criativas dos sujeitos escolares (Chervel, 1990), que
foram criando, em seu cotidiano, práticas escolares diferenciadas em
torno da promoção dos alunos, como por exemplo o desdobramento do
primeiro ano primário em dois períodos, cada um deles, com duração de
um ano, ou seja, o primeiro ano tinha uma duração de dois anos. Essa
prática acarretou em um percurso escolar de, no mínimo cinco anos de
duração no grupo escolar em questão, o que destoava da prescrição legal.
Um caso muito especial: a educação de
crianças com deficiência física na cidade do
Rio de Janeiro (1975 -1985)
Leila de Macedo Varela Blanco (PROPED/UERJ)
[email protected]
Notícias atuais dão conta, aos novos professores, sobre as possibilidades
da escolarização de crianças com deficiência física, com sequelas de
encefalopatia crônica da infância, de novos recursos de alta tecnologia
para fazer falar alguns que só mexem mínimas partes do corpo. Será que
foi sempre assim? Que mudanças ocorreram na escolarização de crianças
com alterações físicas? Como se deu essa história na cidade do Rio de
Janeiro? Como eram formados os professores para esse trabalho especial?
A história do acesso à escolarização de crianças com deficiência física nas
escolas públicas municipais do Rio de Janeiro começou ainda no estado
da Guanabara, mas foi modificando-se no que diz respeito aos locais de
atendimento, às propostas pedagógicas, às concepções curriculares, ao
próprio conceito de deficiência e à população assim considerada. Dos
atendimentos em hospitais aos professores itinerantes, muito tempo se
passou. A investigação aqui apresentada diz respeito ao atendimento
da Educação Especial a esses alunos após a fusão dos estados do Rio
237
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
de Janeiro e da Guanabara. Entrevistas orais com professores da época,
entrecruzadas com documentos oficiais voltados para a formação docente,
permitem observar que, nesse período, as classes hospitalares eram muito
valorizadas, atingindo um grande número de alunos cursando os anos
iniciais. De todo o Brasil vinham crianças para tratamento nos hospitais
do Rio. Várias delas voltavam a seus lares alfabetizadas e trocando cartas
com os professores que aqui ficaram. Muitas vezes passaram a ser o
único membro alfabetizado de suas famílias. Estas classes chegaram a
estar em hospitais como Servidores do Estado e a Associação Brasileira
Beneficente de Reabilitação. As classes hospitalares para casos ortopédicos
estavam nos hospitais específicos como o Anchieta. Eram muitos os
casos de sequelas de poliomielite. Para o tratamento de crianças com
pés tortos e outras deformidades, eram feitas cirurgias sequenciais que
demandavam tempo e intermitência de internação. O trabalho com
aquelas que não apresentavam necessidade de hospitalização pode ser
realizado nas clínicas, em salas de recursos e por professores itinerantes.
A modificação da população alvo das salas de recursos fez com que as
mesmas fossem repensadas como escoadouros das vítimas do fracasso
escolar. Compreender esse momento da história da educação especial,
durante a fusão de dois estados, entre 1975 – 1985, implica em discutir
as políticas educacionais em suas interfaces com a saúde, as concepções
acerca da deficiência e a formação docente em educação especial,
constituindo-se, assim, em objetivo desse trabalho, que procura matizar
algumas afirmações mais genéricas, ainda presentes na literatura sobre esta
história, que minimizam as especificidades que marcam e diferenciam as
práticas educativas em diferentes tempos e espaços.
238
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Um gaúcho nos trópicos- a ação Drummoniana
no ministério Capanema e os enlaces entre
educação, política e poesia (1934-1945)
Geovani Lever de Mendonça (UERJ)
[email protected]
A presente pesquisa histórica e historiográfica tem como pano de
fundo o Brasil da Era Vargas. Período extremamente conturbado da
história de nosso país, porém muito rico no que tange às problemáticas,
questionamentos, críticas e discussões que refletiam a Ditadura Militar e
as propostas sócio-educacionais nela inseridas. O objeto a ser analisado
– a trajetória político-literária Drummoniana durante a Era Vargas – é
revisitado como bem sinaliza De Certeau, por perspectivas que apontem
a um lugar social, a práticas científicas e uma escrita, (CERTEAU,
2006, p.66). O núcleo-duro de nossa investigação é a reconstrução
desses espaços vividos pelos “Intelectuais da Educação”, (BOMENY
2001:29), e, principalmente, analisando o poeta Carlos Drummond
de Andrade e os sujeitos com ele inseridos em sua militância no
Ministério da Educação e Saúde, no qual foi chefe de gabinete do então
ministro Gustavo Capanema. Esses intelectuais, que se constituíam
como poetas e políticos durante o período modernista, se uniram em
prol de um bem coletivo que diluísse os anseios do povo brasileiro e
almejavam, acima de tudo, a unificação do sistema educacional. Esse
movimento literário concomitante à política do nosso país se configura
como um lugar privilegiado nas construções poéticas Drummonianas.
As influências e articulações provocadas por este campo intelectual
são alvo de nossos questionamentos e inquietações. A investigação da
antologia poética de Drummond em convergência com as reformas
educacionais vigentes na época em questão se constitui decisiva e
relevante para análise do problema de pesquisa e seus desdobramentos.
O movimento de renovação da Educação desenvolvido nos Estados
Unidos por John Dewey (1859-1952) influenciou de forma significativa
as posições da Escola Nova no Brasil (SILVA, 1980); a formação, no
início da década de 30, do movimento dos pioneiros da Escola Nova,
239
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
liderado por Anísio Teixeira, e, o seu desfecho com o “Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova”, redigido por Fernando de Azevedo em
1932, foram alguns dos pontos nevrálgicos que alavancaram as normas
educacionais e diretrizes legislativas que compõem o bojo de nossa
educação atual. Dessa forma, constitui-se relevante articular o poeta/
político e seu percurso nas dimensões intelectual e político-educacional
para reconstrução desses movimentos e espaços. Pois, o sujeito-singular
é conduzido a transformar-se em sujeito-coletivo na medida em que
Drummond se valia de suas construções poéticas e de seu ofício no
Ministério Capanema para ativar o bem-estar da sociedade que clamava
por mudanças. Essas reflexões e questionamentos compõem o escopo
de nossos estudos, posto que, revisitar o sujeito Carlos Drummond
de Andrade em um momento tão peculiar e decisivo da construção
socio-econômica do nosso país, contribui para a preservação de nossa
memória cultural e como nos afirma Ginzburg, transmite e enaltece o
nosso patrimônio cognoscitivo, (GINZBURG, 1989, p.151).
Um novo lócus de formação de professores
no marco das políticas neoliberais no Brasil
na década 1990
Letícia Carneiro Aguiar (UNISUL)
[email protected]
O trabalho tem como objetivo analisar as mudanças ocorridas no
locus de formação de professores, instituídas no Brasil nos anos de
1990. É uma investigação resultante de um estudo documental, tendo
como principais fontes a legislação educacional, as diretrizes curriculares
nacionais para a formação de professores. Sob uma perspectiva histórica
como referencial teórico-metodológico, procuramos demonstrar
os delineamentos assumidos pelas políticas públicas no campo da
formação dos professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do
Ensino Fundamental e de suas implicações na (re) configuração dos
objetivos dos cursos de graduação voltados para tal formação. Procura
refletir sobre o papel estratégico da formação de professores no marco
240
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
das mudanças que a sociedade demanda à educação, no conjunto
das reformas do Estado brasileiro e da adoção de políticas públicas
voltadas para atender demandas de uma economia capitalista em crise.
Na década de 1990, a educação e a formação de professores ganham
importância estratégica para a realização de reformas educativas,
fundamentadas em políticas neoliberais como resposta aos problemas
colocados pela crise do capitalismo desde os anos de 1970. As reformas
educacionais e as mudanças no espaço institucional (locus) voltado à
formação de professores no Brasil respondem as novas demandas de
educação advindas do mundo do trabalho, da cultura e das relações
sociais, vinculando-se estreitamente às exigências postas pela reforma
educativa da Educação Básica, para a formação de novas gerações.
Neste contexto, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, um novo espaço
para a formação de professores foi criado - os Institutos Superiores de
Educação (ISEs). A criação dos ISEs, suposta alternativa “síntese” das
escolas normais e cursos de licenciatura encontra justificativa na “crise”
das faculdades de educação que, da ótica governamental, não têm dado
conta de responder adequadamente, em curto prazo, às demandas da
nova realidade marcada pela globalização. Ela minimiza, ignora ou
subestima a capacidade e a responsabilidade das faculdades de educação
e dos cursos de licenciatura na liderança da formação de professores,
contando, para isso, com as lacunas, ambiguidades e omissões da LDB. A
criação dos ISEs, entre outros aspectos, implica num crescente processo
de desqualificação da formação, pois está amparada no paradigma da
“epistemologia da prática”, distante de processos formativos voltados à
apropriação e produção de saberes científicos; bem como, na retirada
da universidade como locus privilegiado da formação de professores
em nível superior; e um favorecimento de setores empresariais privados
que mercantilizam a educação para aumentar sua lucratividade.
241
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Uma escola na fronteira – entre a cidade
e a vida rural
Adriana de Fátima Bernaardes Rodrigues
[email protected]
Silvia Cassia da Costa Lima
[email protected]
Este texto quer apresentar os modos como foram sendo realizados
esforços em construir uma escola em uma Vila do Município de Cáceres.
O objetivo foi de mostrar, a partir de narrativas dos moradores, como
migrantes de outros estados do Brasil, reunidos como possuidores de
terras, junto com pequenos proprietários de terras da redondeza, com
características advindas da vida rural, residentes em uma localidade
distante da cidade exerceram um importante papel de organizar uma
instituição educacional. Instituição educativa essa que tinha a finalidade
de estabelecer condições para que o estudante pudesse ser capaz de
realizar sonhos e construir esperanças e, também, que promovesse
novas relações entre os próprios moradores, ampliar capacidade de
diálogo entre as pessoas e o poder público do Estado e dirigentes
do município. Assim, a “Escola Municipal de Buritis” teve todo um
esforço de grupos sociais dispostos a promover a educação como ação
de responsabilidade da família, da sociedade e do poder público na
fronteira da cidade e do campo. Por isso, este trabalho reinterpreta
e dá voz aos moradores, professores e estudantes que nas décadas de
1950-1980 pensaram, organizaram e construíram uma escola cravada
no interior de um ambiente rural, mas que organizaram em vilas, onde
residia a maior parte da população da localidade de Vila Aparecida.
Lugar esse distante sessenta kilometros de Cáceres, com um grupo
populacional majoritariamente migrante, com um senso apurado de
vida rural, mas também com a atenção voltada para as preocupações com
a vida urbana. Principalmente preocupados com a educação dos filhos.
Por isso, a partir de depoimentos orais, com análise de documentos
disponíveis pelos moradores e pelo arquivo do município, estes escritos
242
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
demonstram os modos como esses trabalhadores rurais ergueram,
sustentaram e promoveram a construção e o desenvolvimento de uma das
mais importantes escolas da zona rural de Mato Grosso. Pelas entrevistas
conseguimos conhecer os momentos em que a instituição por vezes
estava funcionando como escola isolada, ora como escola anexa, outras
vezes organizando o ensino por meio de salas multisseriadas, convivendo
com professores leigos ou com profissionais vindos de outros lugares, a
comunidade provou, experimentou e promoveu a existência de diversos
modos de escolarização. Até que gerações sucessivas de filhos e filhas
dos próprios trabalhadores pudessem adquirir conhecimentos e com
seus esforços estabelecer condições de continuidade da escolarização
e ganhar a qualidade e importância que a escola tem para a cidade de
Cáceres. Com apoio nos estudos da história cultural e história social,
bem como utilizando as contribuições do pensamento sobre educação
de autores brasileiros este texto procura estabelecer marco inicial de
estudos de escolas isoladas da zona rural de Cáceres.
Visionários de um novo tempo: mentores da
interiorização da universidade na Bahia (1950-1960)
Ana Maria Fontes dos Santos (UEFS)
[email protected]
A partir do reconhecimento da educação em todos os níveis como
um direito social, na virada dos anos 50/60 do século passado, agentes
intelectuais da capital e, sobretudo, da cidade de Feira de Santana
vivenciaram um período de novas experiências históricas que visavam
engendrar políticas de interiorização da universidade. Tinha-se como
principal pano de fundo desse período a atuação do movimento estudantil
local, protagonizado pela entidade estadual União dos Estudantes da Bahia
(UEB), liderado por universitários, que ganharam intensa visibilidade
nos três primeiros anos da década de sessenta. Numa conjuntura de
efervescência política e cultural nomes como os de Jorge Calmon, Geraldo
Leite, Fernando Pinto, envolveram-se na defesa de concepções de ensino
superior enquanto propostas de garantia da expansão da oferta educacional
243
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
no estado da Bahia. Este trabalho discute a participação desses sujeitos
sociais, enquanto agentes que desempenharam o papel de mentores, na
ampliação do campo do ensino superior no referido estado, que, como
visionários, tanto provocaram a Universidade da Bahia (UBA), como
buscou a criação de condições políticas de expansão da modernidade
intelectual baiana, sintetizada na instituição universitária, para o ambiente
interiorano. As ações empreendidas pelos mentores do citado projeto de
interiorização atravessariam a arena política de onde foram arregimentados
deputados interioranos, como Wilson Falcão, Áureo Filho. As práticas
sociais desses grupos de intelectuais emergem enquanto contribuições
decisivas na definição posterior de políticas públicas de interiorização do
ensino superior na Bahia. Assim, o foco norteador desta pesquisa consiste
na investigação sobre quais as idéias propostas pelos citados agentes e como
os mesmos as difundiam, situando as estratégias por eles utilizadas para
adquirir ou manter uma posição no campo da educação superior baiana.
A teoria dos campos de Boudieu fundamenta a interpretação sobre as
disposições do campo educacional estudado. Os conceitos articulados
por Chartier de apropriação e de representação auxiliam na compreensão
dos processos de construção, difusão e busca de legitimidade das idéias
defendidas pelo grupo. Na metodologia, além de entrevistas, foi priorizada
a análise de documentos escritos elaborados pelos citados mentores, ou
aqueles elaborados sobre os mesmos, difundidos principalmente através
dos jornais: A Tarde; Jornal da Bahia; Folha do Norte. O procedimento da
Análise do Discurso auxilia na compreensão das condições de produção
dos discursos, sobre as idéias que aqueles agentes buscaram difundir e suas
intencionalidades implícitas ou explicitadas.
244
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Os conhecimentos especializados sobre os
problemas de aprendizagem nos manuais de
psicologia educacional (1925-1955)
Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
[email protected]
Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados
sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais
de psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955.
Pretende-se identificar as explicações formuladas para o fato de que
parte das crianças não aprendia conforme o esperado, assim como as
recomendações oferecidas aos professores sobre como agir em auxílio
desses alunos. A preocupação com os problemas de aprendizagem era
recorrente na literatura pedagógica. As elevadas taxas de reprovação
nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries iniciais do ensino primário,
era uma questão que desafiava os administradores do ensino e os
especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX a psicologia
foi considerada como a ciência em melhores condições de contribuir
para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola
e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino. A
perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos
especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos
da reflexão independente de seus autores, mas como produções que
devem ser referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites
que restringem o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa
é autorizada a se pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita.
É preciso, portanto, levar em consideração as vinculações institucionais
dos autores, entre outras formas de cerceamento dos discursos, dentre
as quais a própria disciplina “psicologia”. Além disso, esses discursos
não consistem em eventos isolados, mas devem ser compreendidos em
um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados mobilizam
outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil,
sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc.
245
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Considera-se ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas
quais os enunciados são dados a ler, a forma como se apresentam nos
textos dos manuais. Os autores dos manuais de psicologia educacional
explicavam as origens das dificuldades dos alunos atribuindo-as, na
maior parte dos casos, parcialmente à hereditariedade e parcialmente
ao meio. Apresentavam os testes psicológicos como instrumentos de
medida destinados a quantificar as diferenças de inteligência e aptidão.
Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas entre os sexos.
Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico normal e
anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais de
tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes
apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e
ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder
em relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na
maior parte dos casos, que era o estudo detido das características do
aluno que desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.
A repetência, a evasão e os serviços escolares
do departamento de educação do Distrito
Federal entre 1933 e 1935
André Luiz Paulilo
Faculdade de Educação/Unicamp
[email protected]
O interesse pelas técnicas aplicadas sobre a população escolar para fazer
funcionar um sistema de educação de massa justifica esta comunicação.
O propósito é analisar os quadros estatísticos de repetência e evasão
publicados pela administração central do ensino durante a reforma
dirigida por Anísio Teixeira. Não exatamente porque permitem consultar
as estimativas e as medições da expansão escolar, mas por beneficiarem
uma reflexão sobre os modos de gerir na escola uma concentração
cada vez maior de crianças com indícios das ações associadas às tarefas
de quantificação, classificação e distribuição da sua população. Nesse
sentido, as estatísticas de ensino servem de fontes para análise histórica
246
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
de uma série decisiva de operações de controle daquilo que é específico
aos fenômenos da escolarização de massa. Por isso, o rendimento do
sistema educacional aparece como um fator tão administrável quanto
o trabalho docente, a burocracia ou as instituições escolares. Ainda
quanto à forma de redimensionar a capacidade de atendimento do
sistema público de educação, os relatórios administrativos, o noticiário
da grande imprensa e as circulares de expediente dão conta dos artifícios
de rentabilização do espaço e do tempo escolares, servindo como fontes
neste estudo. Sobretudo, interessaram às análises os empreendimentos
que a Diretoria de Instrução sustentou para induzir padrões de
visibilidade das realizações e das maneiras como se dirigiu a educação
pública, dos seus regimes de uso e aplicações. Captar esses padrões em
sua forma operacional é meu tema nesta comunicação. Portando, o
objetivo é alcançar uma compreensão do modo como a escola pública
de massas foi viabilizada estudando as estatísticas sobre o rendimento
escolar como uma das ações que Anísio Teixeira patrocinou no período
para legitimar sua reforma do ensino público. O procedimento de
análise foi estabelecer na organização das cifras do cômputo estatístico
os vestígios das várias manobras que os serviços de matrícula e promoção
escolar então permitiram realizar. Por um lado, debrucei-me sobre os
dados de matrícula de cada ano escolar, da flutuação mensal das classes
de aula e da distribuição de alunos por nacionalidade dos pais e condição
social que o Serviço de Matrícula e Freqüência Escolares publicou. Por
outro, tratei do conjunto de testes de aferição do rendimento escolar do
sistema de ensino carioca introduzido pelo Serviço de Testes e Escalas
com a finalidade de apurar a eficiência da escola pública no modo como
ensinava a ler e a calcular e das distribuições que Serviço de Classificação
e Promoção ficou responsável de fazer. Como resultado, apresenta-se o
conjunto de ações que articularam o Serviço de Matrícula e Freqüência
Escolares ao Serviço de Testes e Escalas na tarefa de diferenciação dos
diferentes tipos e grupos de crianças através do número e da estatística.
247
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Trajetórias de alunos em um grupo escolar
mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da
repetência escolar
Fernanda Cristina Campos da Rocha
Professora da Rede Municipal de Belo Horizonte
[email protected]
Este trabalho é parte dos resultados de uma pesquisa concluída, que
hoje compõe o escopo de uma pesquisa de maior alcance, em andamento.
O objetivo principal é analisar as práticas de um grupo escolar mineiro
em torno do longo tempo que as crianças levavam para concluir o ensino
primário, aproximadamente seis/sete anos, enquanto a legislação no
período analisado previa quatro anos. Mais especificamente, o estudo
procura compreender as razões da longa permanência dos alunos, no
primeiro ano do ensino primário, do Grupo Escolar Paula Rocha, em
Sabará, além de investigar as relações entre a Reforma João Pinheiro
(1906) e as práticas escolares no ensino primário, no que se refere à
promoção, ou não promoção dos alunos para o ano subsequente. Para
alcançar os objetivos arrolados, tracei a trajetória da primeira turma
do primeiro ano, que entrou no Grupo Escolar Paula Rocha em 1907
(ano que o grupo foi inaugurado), e a acompanhei através dos livros de
matrículas até 1916, ou seja, no decorrer de uma década após a Reforma
João Pinheiro, que introduziu, em Minas Gerais, a criação dos grupos
escolares. A intenção, fundamentada pelos “jogos de escala” (Revel,
1998), foi articular a dimensão prescritiva da Reforma João Pinheiro
(1906) com as particularidades do grupo escolar analisado, na tentativa
de compreender as razões da promoção ou da não promoção, e também
da não conclusão do curso primário, deste grupo de alunos analisados.
Como fontes, além dos livros de matrículas já mencionados, também
utilizei as atas de exames e os relatórios de diretores e inspetores do
grupo. Ao traçar a trajetória dos alunos matriculados no primeiro ano
primário, foi possível observar que o longo tempo para a conclusão do
primário e a grande retenção no primeiro ano, no Grupo Escolar Paula
Rocha, estavam muito relacionados com a idade das crianças, isto é, as
248
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
crianças mais novas, de sete/oito anos, tendiam a repetir mais vezes o
primeiro ano primário. Já as crianças que entraram no primeiro ano
primário com nove/dez anos de idade normalmente passavam para o
ano subsequente, sem retenção. Assim, o trabalho também evidencia as
dificuldades encontradas pelo corpo docente do Grupo Escolar Paula
Rocha para implementar o ensino primário de quatro anos, o que levou
a algumas medidas criativas dos sujeitos escolares (Chervel, 1990), que
foram criando, em seu cotidiano, práticas escolares diferenciadas em
torno da promoção dos alunos, como por exemplo o desdobramento do
primeiro ano primário em dois períodos, cada um deles, com duração de
um ano, ou seja, o primeiro ano tinha uma duração de dois anos. Essa
prática acarretou em um percurso escolar de, no mínimo cinco anos de
duração no grupo escolar em questão, o que destoava da prescrição legal.
As reprovações na escola primária paulista
(1936-1938)
Natália Gil
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
[email protected]
Os republicanos paulistas depositaram grandes expectativas no
poder da escola para a consolidação do novo regime de governo e
para a própria construção da nação. Assumiram a escola seriada como
importante inovação no ensino primário, produzindo discursos e dando
ensejo a ações políticas decisivas nesse processo. Uma das características
constitutivas da escola seriada era a classificação dos alunos no sentido
da homogeneização das turmas. Associada a um novo modo de pensar
e organizar o tempo e o espaço na instituição escolar, a ênfase na
classificação dos desempenhos levou a escola paulista a assumir critérios
mais definidos e exigentes nos exames, bem como um registro mais
detido de tais práticas. Assim, portanto, ao longo das primeiras décadas
republicanas, foi se tornando possível observar estatisticamente o
desempenho nos exames e acompanhar diacronicamente esses resultados
permitindo ver a massiva ocorrência da reprovação escolar. Disso
249
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
decorre o interesse na análise do Boletim da Secretaria da Educação e
Saúde Pública, publicado entre 1936-1938, na gestão de Almeida Jr.,
onde a questão aparece várias vezes mencionada. Antônio Ferreira de
Almeida Jr. (1892-1971) teve uma atuação expressiva como intelectual
de destaque em vários campos – notadamente em educação, direito e
higiene. Esteve em dois momentos distintos à frente da administração
pública da educação paulista: entre 1935 e 1938 foi diretor do ensino
em São Paulo e entre 1945 e 1946 foi secretário de educação e saúde
no mesmo estado. Participou ativamente dos debates acerca dos rumos
da educação pública paulista, em associação aos chamados renovadores
do ensino, sendo inclusive signatário do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova, de 1932. Suas ideias sobre educação coadunamse (embora com divergências pontuais) com as daquele grupo de
intelectuais, como a defesa da necessidade de estender o acesso à
instrução elementar para toda a população, com ensino gratuito e
obrigatório oferecido pelo Estado. Segundo Raquel Gandini, um dos
temas que mais o interessou foi o rendimento da escola primária, por
meio da discussão dos altos índices de reprovações e do problema do
tresdobramento dos períodos (funcionamento das escolas em três
turnos diários), o que o levou a defender a ampliação da rede física de
grupos escolares, bem como alguns parâmetros de qualidade de ensino.
Em 1936, Almeida Junior solicita um estudo ao chefe do serviço da
educação primária da Diretoria de Ensino, professor Luiz Gonzaga
Fleury, que resulta em “As reprovações na escola primária”. Na ocasião
discute-se um conjunto de aspectos, tais como o tempo necessário para
a alfabetização, a relação entre a assiduidade do professor e os resultados
do ensino, o descompasso entre a escola e a “mentalidade” dos alunos
e das famílias, entre outros que interessa aqui considerar detidamente.
250
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Chaguismo e brizolismo: territorialidades
políticas da escola fluminense
Lia Faria – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Leonardo Nolasco-Silva – Instituto Infnet
[email protected]
A pesquisa desenvolvida se inspira na experiência profissional e
na atuação política da pesquisadora, como integrante da geração de
professores públicos do sistema estadual de ensino do Rio de Janeiro, a
partir da década de 1960. Deste modo, a comunicação aqui proposta,
investiga os impactos produzidos pelo I Programa Especial de Educação
(I PEE) no comportamento político da sociedade fluminense, durante
o período de redemocratização pós-ditadura militar, na década de 1980.
Esta investigação assinala as tensões que permeavam a tessitura política
que cercava o governador Brizola, no momento de sua posse, em março
de 1983, como o escândalo eleitoral ocorrido com o caso Proconsult,
que sinaliza para as dificuldades que viriam a ser enfrentadas por aquela
administração, resultantes da montagem de uma bem engendrada máquina
política chaguista. Há que se assinalar também a herança e os impasses
do processo ainda inconcluso da Fusão (1975) dos estados da Guanabara
(GB) e do antigo Rio de Janeiro, lançando um novo olhar sobre as
percepções, orientações ideológicas e posições dos principais atores sociais
no teatro partidário do Rio de Janeiro, redesenhando o quadro históricoestrutural daquele momento de retomada do processo democrático em
âmbito nacional. O objetivo da pesquisa foi, então, desvelar o processo
histórico de implantação dos CIEPs em meio às contradições políticas que
irão caracterizar os últimos anos de Estado de Exceção. Pretendeu-se ainda
identificar os diferentes discursos que permeavam o meio acadêmico,
visando analisar o pensamento educacional produzido pelas correntes
político-ideológicas, que apoiaram ou rejeitaram o I PEE, buscando assim
um entendimento mais amplo da gênese de tal rejeição. Observamos, após
a intensa consulta das fontes, que o que está em jogo são visões ideológicas
bastante distintas a respeito do papel e da função da escola pública/
251
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
republicana, visões essas que comunicam sobre as permanências e rupturas
no comportamento político da sociedade fluminense e, em particular,
de seu professorado ligado ao sistema público de ensino. Assim sendo, o
recorte teórico desta pesquisa recupera a conjuntura política herdada pelo
governador Brizola em três momentos: durante o processo eleitoral; no ato
da posse em 1983; e nos futuros embates ocorridos ao longo do seu primeiro
mandato (1983-1987), sempre buscando os sentidos e significados que
irão demarcar a territorialidade da instituição ESCOLA.
A formação de professores para uma escola
de tempo integral: um estudo de caso
Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho
Professora UFRRJ
Doutoranda PROPEd / UERJ
[email protected]
O presente estudo pretende investigar a história da formação
docente dos profissionais que atuam no Centro de Atenção Integral à
Infância Paulo Dacorso Filho (CAIC) - uma escola de tempo integral
- ao longo de sua trajetória de implantação. A citada instituição escolar
foi criada em 1993 e sua inauguração ocorreu no ano seguinte, a partir
de uma parceria entre as três esferas administrativas: a federal – através
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em cujo
terreno a escola foi edificada – ; o governo estadual – representado pela
Secretaria Especial de Educação – e a Prefeitura de Itaguaí/RJ – a quem
pertencia o atual município de Seropédica/RJ. A pesquisa tem como
finalidade analisar a dinâmica de formação continuada dos profissionais
do magistério lotados neste CAIC. A intenção é examinar como foram e
são preparados os docentes da educação infantil e do ensino fundamental,
quando são remanejados para atuar no CAIC, uma escola diferenciada
de todas as outras da região. Pretende-se também indagar de que
maneira a Universidade contribuiu, e ainda contribui, para estruturar
esse processo formativo de docentes. A pesquisa demonstrou que esses
252
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
profissionais, oriundos das diferentes esferas administrativas, com salários
diferenciados, e condições funcionais distintas, precisam ser engajados
em um projeto, do qual muitas vezes desconhecem o propósito e o
funcionamento. A concepção inicial do CAIC nasceu do Projeto “Minha
Gente”, idealizado pelo governo Collor de Melo e, com a sua saída, o
projeto permaneceu no governo Itamar Franco, através do Programa
Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), apesar
de ter sofrido algumas alterações. Para desenvolver as análises inerentes
ao estudo, tomou-se como parâmetro de análise obras clássicas e atuais
que fundamentam o tema sobre a escola em tempo integral e sobre
a educação integral. A análise da bibliografia específica, sobretudo
na experiência de capacitação do magistério no projeto dos Centros
Integrados de Educação Pública (CIEPs), implementado durante o
governo de Leonel Brizola no Estado do Rio de Janeiro, constituiu-se
em importante base teórica para o trabalho. Como metodologia de
investigação buscou-se apreender maiores informações a respeito desse
processo através de entrevistas com os sujeitos envolvidos no espaço
escolar em foco: os gestores da instituição e os professores que atuaram,
e ainda atuam na escola, desde sua criação até os dias atuais. Além dos
sujeitos envolvidos no trabalho escolar, também foram examinadas as
entrevistas realizadas com docentes da universidade que atuaram em
cursos e seminários de formação continuada o CAIC.
253
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Escola em tempo integral ou aluno em
tempo integral – o papel dos projetos nas
escolas do amanhã
Leonardo Nolasco-Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Infnet
[email protected]
Lia Faria
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
O debate sobre a escola em tempo integral no Rio de Janeiro –
debate este que se confunde com os discursos sobre a educação integral
– tem na experiência dos Centros Integrados de Educação Pública seu
vínculo mais permanente e mais difundido. Muitas são as pesquisas
que problematizam o projeto CIEP, algumas atestando suas qualidades
e seu caráter revolucionário, outras criticando a forma autoritária e
partidária com que teria sido criado. De um lado ou de outro, contudo,
ressalta-se a importância do projeto – e do programa que o gerou (o I
Programa Especial de Educação) – sendo as teses de Darcy Ribeiro (que
balizam a citada proposta) até hoje lembradas, criticadas e elogiadas
por aqueles que se dedicam ao tema da ampliação da jornada escolar
diária. Nesta comunicação, considerando as intercorrências políticas e
os direcionamentos ideológicos que marcam parte dos estudos sobre
os CIEPs, iremos nos ater ao diálogo do presente com o passado,
buscando na cidade do Rio de Janeiro experiências políticas, no âmbito
do Ensino Fundamental, que nos remetam ao modelo de tempo
integral. Assim pensando, direcionamos nosso olhar para as Escolas do
Amanhã, um programa da Secretaria Municipal de Educação, criado
em 2009 para atender a um conjunto de 151 escolas localizadas em
áreas marcadas pela violência. A partir deste recorte propusemos uma
análise qualitativa do modelo em tela, investigando o cotidiano escolar
dividido, extraoficialmente, em turno e contraturno. O primeiro seria
dedicado às atividades costumeiras de sala de aula, com a presença do
254
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
professor; o segundo, não necessariamente encampado pelo professor,
conta com a presença de oficineiros, agentes educacionais e voluntários
que, a partir de distintas lógicas, ocupam o espaço escolar, oferecendo
atividades que – supõem-se – contribuam para melhorar a experiência
do aluno na escola, aumentando seu rendimento. Entre essas atividades
destacam-se as de reforço escolar que podem acontecer dentro ou fora
da escola. A partir do conceito Bairro Educador o programa Escolas
do Amanhã estende a atuação da escola para além de seus muros,
entendendo o valor educativo dos demais espaços de sociabilidade.
Assim, contrapomos o modelo de escola em tempo integral a um tipo de
educando que chamamos de aluno em tempo integral (CAVALIERE,
2009) e pensamos – de maneira comparativa com os CIEPs dos anos
oitenta – em que medida estamos falando da integralidade da Educação
quando somamos o tempo extraescolar ao tempo de escola. Á título de
um novo recorte, acompanhamos o trabalho de profissionais ligados à
organização “Ensina!”, que oferece atividades de reforço em algumas
Escolas do Amanhã. Qual a relação desses profissionais com a escola? E
com o professor? De que maneira o Estado controla/avalia sua atuação?
Que função social cabe a este projeto na escola pública da atualidade?
255
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
Renato Kehl, Victor Delfino e Alfredo Verano:
circulação de ideias eugênicas entre
Brasil e Argentina
Autora: Carolina Toshie Kinoshita
Faculdade de Educação/UNICAMP
[email protected]
Co-autora: Heloísa Helena Pimenta Rocha
Faculdade de Educação/UNICAMP
[email protected]
O termo eugenia foi cunhado pelo cientista britânico Francis
Galton em 1883, para designar a ciência responsável por melhorar a
raça humana. Compondo a ciência eugênica, podemos identificar três
vertentes que se relacionam: a eugenia positiva, que se pauta no incentivo
à união entre os indivíduos capacitados física, mental e moralmente;
a eugenia negativa, que previa o impedimento da procriação entre
indivíduos considerados degenerados, e a eugenia preventiva, pautada
na conservação da saúde por meio da propaganda, educação, higiene e
saneamento. Os primeiros núcleos de disseminação das ideias eugênicas
começaram a surgir na América Latina no início do século XX, logo
após o primeiro Congresso de Eugenia (1912), realizado em Londres,
o qual reuniu diversos cientistas do mundo. O Brasil foi o primeiro
a organizar uma Sociedade Eugênica, no ano de 1918, localizada na
cidade de São Paulo e idealizada por Renato Kehl. No mesmo ano,
surgem instituições similares na Argentina, Peru e Paraguai. A partir
da década de 1920, esse ideário se expande para outros territórios,
principalmente latino-americanos, contribuindo para a formação
de uma Federação Internacional Latina de Sociedades Eugênicas.
Segundo Stepan (2005), apesar de haver muitos adeptos da eugenia
negativa na América Latina, o que predominou neste território foi a
eugenia positiva e preventiva, que se pautou em uma estreita relação
entre eugenia e educação. Nesta comunicação, nos atemos à análise
da circulação das ideias eugênicas entre dois países que tiveram um
256
Sumário Eixo 1
Caderno de Resumos - Eixo I
papel pioneiro na divulgação da ciência eugênica na América Latina: a
Argentina e o Brasil. Examinaremos tal circulação por meio da relação
estabelecida entre três agentes: Dr. Renato Kehl, fundador da Comissão
Central Brasileira de Eugenia (1931) e diretor do Boletim de Eugenia
(1929); Dr. Victor Delfino, fundador do Comitê de Eugenia (1914)
e da Sociedade Eugênica Argentina (1918), membro da Sociedade
Eugênica de São Paulo (1918), com uma participação destacada
na institucionalização da Sociedade de Biotiopología, Eugenesia e
Medicina Social (1932); e Dr. Alfredo Fernandez Verano, presidente
da Liga Argentina de Profilaxia Social (1921) e responsável por traduzir
algumas obras de Renato Kehl para a língua espanhola. Nesse sentido,
procuraremos detectar as várias formas acionadas com vistas a por em
circulação as propostas eugênicas atreladas à educação, em ambos os
países, por meio dos vínculos entre esses três profissionais. Para tanto,
tomamos como fontes as correspondências entre médicos brasileiros
e argentinos, localizadas no Fundo Pessoal Renato Kehl, vinculado à
Fio Cruz, analisando também a presença, em bibliotecas argentinas,
de livros de autoria de Renato Kehl em português e em espanhol, por
meio dos quais se procura compreender a atividade da tradução como
estratégia de afirmação e divulgação desse ideário.
257
Sumário Eixo 1
Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
A capoeira na revista Kosmos (1906):
cultura material, formação e informação
ilustrada no Rio de Janeiro
Ricardo Martins Porto Lussac
PROPED – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Na última década no Brasil o Ministério da Cultura dispensou
atenção especial à área da cultura imaterial do país, desenvolvendo
políticas públicas e o respectivo registro e salvaguarda de
determinadas práticas culturais. Em 2008, a Capoeira foi
registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Neste
cenário, consequentemente, um dos fatores que veio a baila foi a
busca pela melhor compreensão sobre a transmissão e respectivos
processos educativos destas práticas, proporcionando um vasto
campo de atuação para os pesquisadores de diferentes áreas,
dentre elas, a Educação. Por outro lado, o campo da História da
Educação tem cada vez mais debruçado seu olhar em práticas não
escolares da educação, na transmissão de conhecimentos e cultura
nos mais diversificados grupos sociais. Isto ganha significância
na medida em que se compreende que a educação é realizada
dentro de um mosaico de atividades e interações sociais. Neste
sentido, por ser campo do conhecimento que ainda necessita
de maiores investigações, não é de se estranhar que a literatura
existente nesta área seja insuficiente para se compreender tais
fenômenos. Compreender as utilidades, os significados e as
influências dos aspectos materiais envolvidos na transmissão de
qualquer prática cultural é um fator fundamental e determinante
para se conhecer os processos educativos envolvidos em qualquer
fenômeno sociocultural em que habite uma relação de
ensino-aprendizagem. A cultura material pode ser definida pelo
conjunto de instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais
que são associados às práticas, representações, expressões,
259
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
conhecimentos e técnicas pertencentes a um determinado grupo
que possui um saber específico de um modo de fazer e de uma
forma de expressar uma cultura imaterial, que é transmitida aos
seus pares por uma pedagogia própria. Neste sentido, no intuito
de investigar a cultura material da Capoeira no Rio de Janeiro do
início do século XX, este trabalho teve como objetivo analisar o
artigo “A Capoeira” publicado na revista Kosmos em 1906, o qual
possui seis ricas ilustrações desenhadas por Kalixto. Procurouse por meio de um tratamento interpretativo e qualitativo
estabelecer um diálogo entre esta fonte primária principal e
os autores que compuseram a fundamentação teórica, entre
eles, precipuamente: Luiz Dias, Matthias Assunção e Renato
Tonini. A perspectiva formadora da informação veiculada,
tanto do texto, como também das ilustrações da fonte primária
em questão foram analisadas de forma a entender o contexto
destas e também a própria fonte. Foram investigados os sentidos
da cultura material presente na fonte primária, pensando os
processos múltiplos educativos da Capoeira também pelas coisas,
pelo material, entendendo a utilidade – dimensão prática – e os
signos – dimensão simbólica – desta cultura material, de suas
representações, de suas simbologias e dos indíc ios das ações e
utilizações destas coisas. Deste modo, este estudo ilumina parte
da complexa relação entre os sujeitos que desenvolveram o modo
de fazer a Capoeira – cultura imaterial – com os objetos, materiais
e ambientes que compuseram a cultura material do jogo-luta no
Rio de Janeiro no início do século XX. Pôde-se constatar
que este trabalho contribui com subsídios elementares para
maiores análises sobre o assunto.
260
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
A educação escolar Pomerana:
uma aproximação intercultural
Jandira Marquardt Dettmann
[email protected]
Laura Maria Bassani Muri Paixão
[email protected]
A Interculturalidade é um tema que tem sido amplamente
discutido nos últimos anos por muitos educadores, porém na prática
percebe-se que poucos têm mudado a sua postura em relação a uma
prática pedagógica nesse sentido. Essa questão nos motivou para a
realização deste estudo, levando-nos a analisar como a educação
intercultural tem contribuído nas práticas realizadas no município de
Santa Maria de Jetibá, região onde a população é predominantemente
constituída por descendentes de pomeranos que mantêm viva a sua
língua materna - o Pomerano. Os objetivos foram à valorização das
práticas interculturais no contexto escolar, identificar a postura das
professoras diante das especificidades culturais das crianças, levantar
reflexões teóricas e práticas a respeito de uma educação com enfoque
cultural, e propiciar reflexões para a ampliação de pesquisas voltadas
para a educação intercultural. Na pesquisa bibliográfica optamos por
autores como CANDAU (2002), CANEN (2000), FOERSTE (2007),
FORQUIN (1993), HALL (1997), dentre outros, que têm trazido
reflexões sobre a questão da interculturalidade, para nos aprofundarmos
sobre o tema. A pesquisa de campo para a coleta de dados foi realizada
numa turma da Educação Infantil, da rede municipal de Santa Maria
de Jetibá, sendo os sujeitos do estudo, os alunos e a professora da
turma. A metodologia utilizada foi um estudo de caso usando como
instrumentos as observações de aulas, e a entrevista com a professora
responsável pela turma. Os resultados obtidos demonstram que
apesar da professora entender o que é o termo interculturalidade, não
compreende bem o que seria uma prática pedagógica numa perspectiva
intercultural, mas compreende a necessidade da valorização da cultura,
e de realizar práticas pedagógicas que considerem as especificidades
261
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
culturais dos alunos. Percebeu-se que se os educadores tiverem uma
postura que vai ao encontro de uma perspectiva intercultural, o
desenvolvimento do trabalho tende a ser muito melhor, com muito
mais possibilidades de levar os alunos a obter o sucesso escolar, e
uma aprendizagem significativa e de qualidade. Apesar dos avanços
ocorridos nesse sentido, ainda há grandes desafios a serem vencidos no
contexto da educação brasileira.
A escrituração escolar nas colônias italianas
de Curitiba: o que informam os mapas de
frequência?
Elaine Cátia Falcade Maschio (UNINTER)
[email protected]
Este estudo pretende analisar a produção dos mapas de frequência
das escolas elementares públicas nas colônias italianas dos arredores
da cidade de Curitiba, no Paraná. Busca compreender a demanda pela
elaboração desses mapas de frequência como prática de escrituração
escolar administrativa e como tática de para angariar do governo
benefícios ao processo de escolarização das colônias. O recorte temporal
abrange o período que vai do final do século XIX até as primeiras décadas
do século XX. Foram inventariados ofícios, requerimentos, relatórios
das autoridades do ensino, legislação e cerca de quarenta mapas de
frequência de escolas públicas localizadas em cinco colônias italianas
paranaenses. O debate teórico contemplou a historiografia educacional
brasileira, como Faria Filho (2000), Veiga (2005) e Vidal (2009); a
historiografia que trata dos processos educacionais entre imigrantes
no contexto nacional como Kreutz (2008), Luchese (2011) e Correa
(2000); e os estudos em torno da imigração italiana no Brasil, como a
obra de Trento (1989). A elaboração dos mapas de frequência como
uma exigência do governo que decorre desde o advento do Império
buscou institucionalizar o fazer escolar nas escolas públicas brasileiras.
Do mesmo modo, a prática de escrituração escolar nas colônias italianas
de Curitiba possibilitou nomear crianças, classificar os diferentes perfis
262
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
infantis que frequentavam as escolas coloniais e mensurar a cadência
dos ritmos de ensino e aprendizagem. Como instrumento legal, os
mapas de frequência informavam o quanto a escola seria capaz de
ordenar a infância, escolarizando os sujeitos sociais e transformando-os
em sujeitos escolares. Assim, crianças que compartilhavam de traços
culturais singulares no convívio familiar e comunitário, tornavam- se
alunos que apropriaram e estabeleceram no interior daquele espaço
de socialização, novos tempos, ritmos e modos de aprender. Como
importante fonte para compreender a história da escolarização primária,
a análise das listas escolares possibilitou compreender as irregularidades
da frequência escolar dos alunos devido os ciclos de trabalho agrícola,
as idades variadas das crianças, os níveis e graus de ensino e a
tentativa de produzir tempos escolares, as relações de parentesco, os
aspectos culturais, sociais e econômicos como religião, profissão e
condição econômica das famílias. Por fim, concebidos também como
táticas de professores e dos colonos, os mapas de frequência foram
produzidos e utilizados para galgar recursos e benefícios do governo,
como por exemplo, materiais escolares, subvenções de professores e
criação efetiva de escolas primárias públicas.
A história da educação e a formação de professores
para a educação das relações étnico-raciais:
uma questão a pensar
Dulcinea Benedicto Pedrada
[email protected]
O objetivo deste trabalho é problematizar a contribuição da
História da Educação, enquanto disciplina obrigatória nos cursos de
formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental,
na discussão da temática em questão. Como docente da disciplina no
curso de Pedagogia, coloco-me a responsabilidade de encaminhar a
discussão do tema que não tem recebido a atenção reclamada pelas
professoras que compuseram o universo da minha pesquisa no curso
de doutorado em educação. Trabalhando com narrativas de 16
263
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
professoras negras, onde um dos pontos abordados foi o processo
de formação profissional e as experiências vivenciadas em relação
às questões étnico-raciais, encontramos, em suas falas, referências a
uma ausência quase que total de conteúdos relacionados ao tema.
As histórias de formação dessas professoras negras são histórias de
subjetividades negadas, histórias de vidas escondidas, “experiências
desperdiçadas”. Nesses longos anos de experiência como professora
de História da Educação tive poucas oportunidades de discutir os
temas propostos às professoras, à semelhança do que ocorreu com
elas em seus cursos de formação para o magistério. Mesmo nos
raros momentos em que a discussão ocorreu, ela revelou-se
sempre muito difícil, algumas vezes pelas razões colocadas pelas
professoras pesquisadas, outras vezes, pela dificuldade de quebrar
tanto silêncio acumulado em torno do assunto. A dificuldade de
tratar a questão racial em nossas escolas revela, segundo a pesquisadora
Nilma Lino Gomes, o peso do imaginário e dos valores racistas em
nossa sociedade. Revela também, lacunas na formação profissional e
o despreparo para lidar, como educadores, com sujeitos socioculturais
diversos. A professora Iolanda de Oliveira, discutindo a questão
dos valores na formação dos profissionais da educação, contribui
com sua reflexão acerca do papel da educação na sociedade em que
estamos vivendo, sociedade carente de valores que contribuam para a
formação do cidadão, e acerca das responsabilidades dos próprios
cursos de formação de professores. Em sua reflexão, defende a exigência
colocada pela população negra de uma postura compromissada
por parte dos profissionais da educação em relação às desigualdades
de condições e de oportunidades destinadas a essa população. A
pesquisadora aproveita, ainda, para questionar o papel da educação e o
papel social dos profissionais da educação em sua relação com a sociedade
para a qual estão sendo formados: que tipo de contribuição poderão
dar à sociedade para que ela se desenvolva no sentido da superação de
conflitos entre os diferentes grupos étnicos que a constituem? Essas
e outras questões ainda precisam ser respondidas pelos educadores, a
partir da formação recebida, e a História da Educação tem, também,
uma relevante contribuição a dar ao debate, necessário.
264
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
A influência da cultura popular na produção
de sentidos e no engajamento de alunos para
a preservação ambiental
Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi [email protected]
Este artigo apresenta um estudo sobre a história do congo no balneário
da Barra do Jucu, município de Vila Velha-ES, e sua relação com os
movimentos de proteção do ambiente local, visto que está firmado em
um balneário cercado de ecossistemas, como o manguezal e uma extensa
área de restinga. Devido a isso, investigamos o congo como instrumento
político de luta em prol da preservação do ambiente em estudo. O
congo teria chegado à Barra em 1950, porém, só se tornou nacional e
internacionalmente conhecido depois que Martinho da Vila (famoso
cantor brasileiro) escutou e gravou o jongo Madalena, transformando-o
em hit nacional. Esse fato ilustrou bem o poder de persuasão da mídia
no mundo globalizado, divulgando informações, ligando culturas e
influenciando pessoas do mundo inteiro. O artigo também procura
entender como se deram a entrada do congo, enquanto disciplina,
no currículo escolar em 2003; e a criação da banda de congo
mirim da Escola Municipal do balneário da Barra do Jucu, buscando
conhecer, dessa forma, os esforços que têm sido realizados para o resgate
dessa cultura, no âmago do mundo globalizado. Entendemos que a
participação em eventos sociais, como nos ensaios do congo e oficinas
de congo/meio ambiente, que são ministrados na escola, promove a
socialização e a formação de subjetividades. Dessa forma o congo
atua na produção discursiva de significados, e sua análise cultural é
realizada na intenção de ver como histórias têm sido contadas nessas
produções culturais, dando ênfase ao modo como elas se constroem
discursivamente na cultura, produzindo sentidos sobre as comunidades.
Além das histórias, os símbolos e as crenças fazem com que cada
membro dessa comunidade se identifique com ela a partir de um
sentimento de pertença. Emergiu, assim, o interesse em compreender
a incorporação do ecossistema local como símbolos do congo e, por
265
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
meio de entrevistas a moradores (as) dessa região, sujeitos engajados
nas lutas pelo mesmo e pelas causas ambientais locais, descobrimos as
bandas de congo como instrumentos para a criação da reserva ecológica
de Jacarenema e para a manutenção de sua preservação, por meio de
pedalaços e passeatas “Preserve Jacarenema” e das descidas do rio Jucu
em prol de sua descontaminação. Dialogamos com Hall (2005) para
trabalhar a temática de identidades e de sujeito sociológico, pautado
nas relações sociais e nos símbolos da cultura, com Giddens (1990) que
traz as práticas sociais recorrentes como uma forma de estruturar as
tradições, além de outros autores também significativos. Buscamos os
encontros entre educação ambiental e cultura local, propiciados pela
escola em estudo, numa tentativa de resgate de sensações valorativas,
objetivando entender como os alunos envolvidos com o congo criam
um sentimento de pertença a seu ambiente de inserção, como esse
sentimento pode produzir significados e que influências representará
nas práticas de preservação ambiental.
Anarquismo e educação em
Rio Grande (1918-1927): educação de,
para e pelos trabalhadores
Francisco Furtado Gomes Riet Vargas
Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos
[email protected]
Elomar Antônio Callegaro Tambara
FaE/UFPel
[email protected]
Esta pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação
em Educação, da Universidade Federal de Pelotas, na linha de
Filosofia e História da Educação, enfoca a educação libertária, no
início do século XX, na cidade de Rio Grande; uma das cidades
mais prósperas do Rio Grande do Sul, neste momento, com um
dos portos marítimos mais importantes da América do Sul. Neste
artigo se apreciara o pensamento e a atuação dos anarquistas de Rio
266
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Grande no que tange a educação. Para tanto, o texto contempla
olhares na formação da cidade de Rio Grande como polo regional
do Estado do Rio Grande do Sul e seu contexto educacional.
O artigo ainda aprecia a tradição anarquista na educação,
contemplando alguns reconhecidos pensadores anarquistas, como
William Godwin (1756-1836), Pierre-Joseph Proudhon (18091865), Mikhail Bakunin (1814-1876), Francisco Ferrer y Guardia
(1859-1909) e Polydoro dos Santos (1881-1924), sendo estes
anteriores ou contemporâneos ao período de pesquisado. Assim
observando suas cosmovisões e seu pensamento pedagógico, o
que sempre gerou muita inquietação entre os anarquistas. Este
escrito também analisa a atuação dos anarquistas como atores
sociais de uma educação singular, proposta para os trabalhadores,
no cerne do movimento operário, comparando suas propostas e
fazeres com os teóricos anarquistas apreciados. Para isso, além da
analise bibliográfica feita, observa-se os Relatórios da Intendência
Municipal de Rio Grande, o jornal anarquista O Nosso Verbo
e as Atas de Diretoria, Livros-Caixa e Relatórios Presidenciais
da Sociedade União Operária. Toma- se como base principal
para este estudo os textos produzidos pelos militantes operários
de Rio Grande sobre educação. Visando analisar as expressões
libertárias sobre a educação, desde suas primeiras manifestações
mais consistentes sobre o tema da educação, no jornal O Nosso
Verbo. O escrito explicita os atritos que envolveram os anarquistas
em Rio Grande, tanto os atritos que houveram com outros
grupos ideológicos, como seus celeumas internos. Assim como o
momento que oportunizou a aplicação prática de seu ideário, no
período de hegemonia anarquista na Sociedade União Operária
e, por conseguinte, na escola mantida por esta sociedade. O
presente artigo compreende a produção dos trabalhadores é sim
uma produção ideológica, assim como toda produção humana,
inclusive a própria historiografia, conforme afirmam Michel de
Certau (1982, 70) e Roger Chartier (2001, 115). Este trabalho
usa-se dos principais estudiosos do anarquismo como George
Woodcock e Silvio Gallo, entre outros.
267
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Controvérsias no ensino do idioma nacional
nas escolas elementares públicas e privadas
italianas localizadas na cidade de São Paulo
nos anos iniciais do século XX
Eliane Mimesse
UNINTER/ PUCSP
[email protected]
Este estudo analisa a questão do ensino da Língua Portuguesa
nas escolas primárias públicas e privadas italianas. Verificou-se como
ocorria o ensino do idioma nacional concomitante ao ensino da
Língua Italiana nas escolas privadas italianas subsidiadas, localizadas
em alguns dos bairros da cidade paulistana. Essas modalidades de
escolas coexistiram durante os anos da primeira década do século XX.
Objetivou-se verificar o desenvolvimento das questões metodológicas
dessas escolas com relação ao ensino da Língua Portuguesa, tanto
nas escolas públicas paulistanas como nas escolas privadas italianas;
pretendeu-se identificar como ocorreu o ensino da Língua
Italiana concomitante ao ensino de italiano nas escolas subsidiadas
e como desenvolvia-se a difusão cultural do idioma, já que recebia
grande incentivo do Governo Italiano desde o final do processo de
unificação. A pesquisa baseou-se em fontes documentais, foram
contemplados documentos oficiais do governo do Estado de
São Paulo, periódicos italianos que circulavam na cidade paulistana
durante o período pesquisado, todos as fontes primárias documentais
puderam ser consultadas no acervo do Arquivo Público do Estado
de São Paulo. Como obras de referência que compuseram a
pesquisa bibliográfica, é necessário ressaltar, a relevância da pesquisa
com livros de autores italianos como Salvetti (1995) que abordou
a constituição de uma sociedade cultural italiana nos países eleitos
pelos emigrantes; Civra (2002) que estudou os programas de ensino
das escolas primárias elementares a partir do século XIX;
Sala (2005) que redigiu um relatório acerca das escolas italianas
localizadas no estado de São Paulo, na segunda década do século XX,
268
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
a partir da perspectiva de seu cargo como funcionário do consulado
na cidade; Licitra (1924) que analisou a metodologia de ensino
praticada nas escolas elementares italianas e a formação de professores.
Outros autores em Língua Portuguesa compuseram a pesquisa como
Luzuriaga (2001) e Manacorda (1989) quando abordaram a história
da educação na península itálica após o processo de unificação; Nagle
(1985) e Catani & Lima (2002) quando escreveram sobre a educação
e as escolas no Brasil no início do século XX. Esses e outros
volumes, além dos materiais documentais possibilitaram compor
o objeto de estudo de modo o mais detalhado possível. Concluiuse que, apesar das iniciativas do governo do Estado de São Paulo, em
instituir a Língua Portuguesa como obrigatória sua difusão foi
lenta. A concomitância na existência das várias escolas italianas
subsidiadas pelo Governo Italiano e a ampla utilização do idioma
no cotidiano da cidade, contribuiram para a lentidão no efetivo
ensino da Língua Portuguesa.
Educação e trabalho em escritos de Robert
Owen (1771 – 1858): uma análise de the life
of Robert Owen (1967)
Cláudio Rodrigues da Silva
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
[email protected]
Nesta comunicação apresentam-se resultados parciais de estudo
documental e bibliográfico que investiga princípios educativos
presentes em experiências educacionais e em textos de autores
vinculados aos denominados socialismos utópicos, em especial
textos sobre e textos escritos por três das principais referências
dessas correntes políticas, quais sejam, François- Marie-Charles
Fourieu (1772 – 1837), Claude-Henri de Rouvroy ou SaintSimon (1760 –1825) e, principalmente, Robert Dalen Owen
(1771 – 1858), autores esses escolhidos dadas suas importância
e representatividade. Os movimentos socialistas utópicos
269
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
tiveram significativa expressividade e ampla repercussão – em
termos teórico-práticos – nos respectivos momentos históricos.
Todavia, seus escritos e experiências educacionais são um
importante legado para a história da educação, inclusive. Esses
movimentos tinham propostas formalizadas e, em alguns casos,
implementaram experiências de educação/ensino. Entre os
socialistas utópicos, destaca-se principalmente Owen, haja
vista a implementação e a execução de um projeto educacional
– nas comunidades de Lancashire e de Lanarkshire – que, dentro
das condições objetivas históricas, apresentavam algum nível de
conformidade com a nova visão de sociedade defendida por Owen.
Entre os principais aspectos a serem destacados nas propostas
ou experiências educacionais de Owen estão a alta importância
atribuída ao conhecimento científico para fins de emancipação
de toda a humanidade dos princípios e práticas inerentes à velha
sociedade, permeada de maus hábitos, decorrentes principalmente
da concepção de moral vigente e hegemônica à época. Além da
moral, outra questão à qual Owen atribuía alta importância no
processo de criação de uma nova sociedade e de uma nova moral
consoantes entre si, estava a articulação entre educação/ensino e
trabalho produtivo. Entretanto, essa articulação não se dá nem
se encerra em si mesma, pois está condicionada à consecução
de um conjunto de fatores, como, por exemplo, a educação das
crianças, a adequação do ensino em conformidade com as faixas
etárias dos educandos, a formação dos próprios educadores –
selecionados entre os melhores. Esses, entre outros fatores, eram
fundamentais para a formação completa dos integrantes daquelas
comunidades, formação que deveria abranger todas as dimensões
humanas – física, mental, intelectual, moral, espiritual, enfim, do
caráter, visando à preparação e à concretização da nova sociedade
prevista por Owen.
270
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Educação popular em Tefé/AM: limites e
possibilidades do movimento de educação de
base no período da ditadura militar
Leni Rodrigues Coelho
Universidade do Estado do Amazonas
[email protected]
Cristiane da Silveira
Universidade do Estado do Amazonas
[email protected]
O Movimento de Educação de Base foi criado em 1961, pelo
Decreto n 50.370, que resultou de um convênio entre a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da União e pretendia oferecer
alfabetização à população rural, através de escolas radiofônicas para
ajudar o homem a se defender das ideologias difundidas naquele
momento. Foi o único que sobreviveu ao golpe de 1964, porém,
começou aos poucos a se extinguir, com exceção de alguns municípios
da região norte do país. A pesquisa teve como objetivo analisar as
ações pedagógicas do MEB em Tefé no período da ditadura militar,
já que este se desenvolveu com propósitos diferentes do contexto em
que estava inserido, bem como compreender os propósitos políticos
desenvolvidos pelo MEB e analisar os fatores que contribuíram para
que o movimento sobrevivesse ao período da repressão. O estudo foi
fundamentado em referencial teórico específico, documentos oficiais
e história oral (foram entrevistados ex-coordenador, ex-professores,
ex-alunos e ex-supervisores). O MEB em Tefé prestou serviços
educacionais, sociais, culturais e de saúde à população ribeirinha que se
encontrava esquecida, orientando-os acerca de seus direitos e deveres.
O presidente do MEB/Tefé, Bispo Dom Joaquim de Lange estava
sempre preocupado com as desigualdades sociais e o problema referente
ao analfabetismo e por isso buscava estratégias para diminuí-los. Dentre
essas estratégias foram organizadas reuniões, encontros pedagógicos e
participação em Seminários de Educação de Base a fim de encontrar
271
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
possíveis soluções para os problemas sociais que afligiam a população
ribeirinha. Diante da analise das fontes documentais verificou-se que o
MEB em Tefé desenvolveu atividades significativas, mesmo no período
da ditadura militar, uma vez que levou o ribeirinho a refletir sobre
a situação de abandono em que vivia, mudando suas concepções e
transformando-o em cidadãos conscientes. Para sobreviver ao período
da ditadura o MEB em Tefé repensou a forma de trabalhar a educação
com indivíduos menos favorecidos e enfrentou muitas dificuldades e
dentre elas podemos citar: falta de professores com formação específica
para lecionar; as comunidades mais distantes eram desprovidas de
escolas e energia elétrica, sendo o professor obrigado a lecionar em
sua residência que na maioria das vezes se encontrava em situação
precária; a gratificação irrisória aos professores; o trabalho árduo
dos alunos na agricultura; a fome e a idade avançada dos alunos.
Assim, constatou-se intrínseca relação do MEB com a configuração
da Educação de Jovens e Adultos em Tefé, região do Médio Solimões.
Cabe ainda salientar, a ausência dos governos na promoção de políticas
públicas em educação, e uma presença marcante da Igreja Católica
através da promoção e da libertação do povo ribeirinho.
Educação, saúde e resistência: estudo de caso em
serra Nova Dourada/MT nos anos de 1960 e 1970
Paulo Cesar Moreira Santos (UFMT)
[email protected]
Márcia dos Santos Ferreira (UFMT)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo compreender como a aliança entre os
agentes de pastorais e trabalhadores rurais de Serra Nova Dourada, Mato
Grosso, transformaram as concepções vigentes de saúde e de educação ao
longo dos processos de conscientização e resistência para permanência na
terra e superação das injustiças sociais existentes entre os anos 1960 e 1970.
De acordo com o sociólogo Otavio Ianni em seu livro “A ditadura do
Capital” (1981) o regime militar, iniciado em 1964, buscou implantar
272
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
políticas que transformaram o Brasil em palco de diversas convulsões
sociais. Dentro dessa lógica, a partir do fim dos anos de 1960, na região
do Baixo Araguaia, diversas famílias camponesas que ali viviam há mais
de 30 anos sofreram ameaças de expropriação das suas terras pelos novos
empresários rurais que começaram a se instalar em toda a região, como
afirma Ariovaldo de Oliveira em seu livro “Paraíso e Inferno na Amazônia
Legal” (1989). Tal situação, aliada à decadência na esfera da saúde das
famílias, unificou interesses de camponeses e militantes cristãos da Prelazia
de São Félix do Araguaia para buscarem fortalecer a consciência e a
resistência a partir da formulação de uma proposta política pedagógica de
formação, baseada no método do pedagogo exilado, Paulo Freire, sobre
educação, e de David Bradford Werner, sobre o tema da saúde. Uma vasta
documentação encontrada no arquivo da Prelazia de São Félix do Araguaia
comprova os fatos ocorridos neste período, a partir de relatórios de reuniões,
textos de autores utilizados, jornais da época, cartas dos agentes pastorais
e do povo, fotografias, documentos, materiais didáticos produzidos e
outros. Foi empregado como referencial teórico uma abordagem dialéticohistórica investigativa baseada em Bourdieu (2007), o estudo do processo
de formação da consciência, tal como entendido por Paulo Freire (1980)
e Micelli (1979). Estudos sobre hegemonia e formação da consciência
também foram utilizados, a partir das elaborações de Gramsci (1978), das
ações coletivas e da busca por reconhecimento dos grupos afetados, na
acepção de Hooneth (2003). De acordo com as pesquisas empreendidas até
o momento o projeto político comunitário e rural propunha a revisão da
temática da saúde dentro do conjunto das relações sociais de luta de classes,
as concepções que embasavam o Estado e a sociedade na implantação
dos programas de saúde, como também o papel do médico, no sentido
tradicional da função, e suas implicações na comunidade. Tal revisão
apontava para alternativas de valorização das comunidades, no sentido
de abrir caminhos para a formação dos chamados “trabalhadores rurais
da saúde”, a partir de um processo de formação das pessoas da própria
comunidade para assumirem a responsabilidade e o cuidado direto dos
seus iguais, tornando-se um elo mais seguro dentro da hierarquia social de
assistência vigente à época, que supervalorizava o médico em detrimentos
das classes rurais pobres, transformando-as em meros “pacientes”.
273
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Escola nacional Florestan Fernandes (ENFF) –
história imediata de uma escola em construção
Carlos Bauer
[email protected]
João Elias Nery
[email protected]
Este trabalho aborda a trajetória da Escola Nacional Florestan
Fernandes (ENFF), criada a partir da iniciativa do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – e de movimentos sociais e
militantes políticos. A análise visa identificar, numa perspectiva histórica,
as motivações que levaram à criação da ENFF, bem como descrever
e analisar os principais aspectos do projeto pedagógico que orienta as
práticas existentes, definidas por coletivos de militantes. A ENFF é fruto
do esforço do MST, que conseguiu reunir instituições e atores políticos
no Brasil e no exterior em torno da proposta de educação e formação
política para militantes dos movimentos sociais. Funciona na cidade de
Guararema (a 60 quilômetros da cidade de São Paulo no sentido do Rio
de Janeiro), desde 23 de janeiro de 2005, tendo sido construída em regime
de mutirão ao longo de quatro anos, contando com o trabalho voluntário
de milhares de militantes de todo o país e a disposição de oferecer cursos
fundamentais para a formação dos trabalhadores rurais organizados
pelo MST e para formação de militantes de outros movimentos sociais.
A solidariedade de classe é fator que compõe o cerne da criação e do
funcionamento da ENFF. A existência material conta com o apoio
dos integrantes do MST de todo o Brasil. Dos assentamentos vêm os
alimentos utilizados por, aproximadamente, 24 mil alunos e alunas que
participaram de atividades e do grupo que atua na coordenação da
escola. O trabalho voluntário de cerca de 500 professores e professoras
viabiliza a realização dos cursos, oferecidos de acordo com as orientações
da CPP – Coordenação Político Pedagógica. Formada por militantes
que têm formações diversas, a CPP orienta a produção de material
didático – Cadernos de Estudos que têm conteúdos desenvolvidos
por colaboradores da ENFF – e mantém interlocução com docentes e
274
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
discentes. Desde o início a CPP definiu quatro núcleos de atuação na
ENFF: Teoria Política, Latino Americano, Graduação e Cursos Livres.
Tais núcleos visam oferecer atividades a diferentes públicos, definidos
em conjunto com movimentos sociais do Brasil e de diversos países,
principalmente da América Latina, mas, também, de outros continentes.
O núcleo dos cursos livres oferece atividades semanalmente como forma
de contribuir para o aprofundamento de questões contemporâneas e
deles podem participar tanto aquelas pessoas envolvidas em atividades
dos demais núcleos, quanto as que não têm vínculos com a ENFF ou
com os movimentos sociais. A pesquisa utilizou documentos da ENFF, a
produção teórica materializada nos “Cadernos de Estudos” e o audiovisual
“ENFF: uma escola em construção” consulta e revisão bibliográfica,
além da realização de entrevistas e coletas de depoimentos com alunos,
dirigentes, funcionários, professores e colaboradores da escola.
Escolarização e profissionalização docente
de mulheres afrodescendentes em Santa
Catarina (1950-80)
Maria Aparecida Clemêncio
UDESC – Florianópolis - SC - Brasil
[email protected]
Neste estudo objetiva-se reunir novas fontes, reorganizando e
produzindo conhecimentos que contribuam para o entendimento do
processo de escolarização de mulheres afrodescendentes no Estado de
Santa Catarina. A pesquisa justifica-se no ainda reduzido número de
publicações sobre a participação social da população afrodescendente
no contexto social catarinense, em especial mulheres no cenário
educacional. Pretendemos, assim, identificar e refletir sobre barreiras
colocadas para as mulheres afrodescendentes e estratégias das quais
lançaram mão para vencer os obstáculos com vistas à conquista da
profissionalização no campo da educação. Recorreremos à pesquisa
bibliográfica e a análise documental de acervo disponível em arquivos
pessoais e em órgãos oficiais como Museu da Escola Catarinense,
275
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, além daquele disponível
em escolas públicas. Desse modo, procuramos analisar a trajetória
escolar de mulheres que, aproveitando a ampliação de oportunidades de
acesso à escola buscam, pela via da implementação de políticas públicas
pautadas na pretensa igualdade de oportunidades, a profissionalização
como via de conquista de mobilidade e inserção social. Em termos
teóricos lançamos mão de conceitos forjados por Michel de Certeau,
particularmente naquele que denominou por estratégias e táticas.
Por esta via pretende-se refletir sobre formas de ocupação de espaço
político e social apoiadas num discurso de acesso universal a educação
e, neste caso, ao magistério. O modelo educativo marcado pela crença
na escola e em seu próprio trabalho; sintetizaram um sentido
histórico para a profissão docente de outrora, mas que ainda nos
acompanha. Poderíamos dizer que essas mulheres que conseguem fugir
as resistências do sistema e se inserir no espaço escolar e dar conta de
carreira exitosa no magistério, caracterizam-se no que Pierre Bourdier
classifica de “trânsfugas”. Ressalta-se que o magistério primário se
constituía para as mulheres em geral, na possibilidade de inserção
profissional no mercado de trabalho, como mão de obra especializada
e de ascensão social. Nessa perspectiva de independência financeira
e realização pelo trabalho, no caso das mulheres negras, também é
necessário vencer, dentre muitos outros, os obstáculos da sociedade
racista que lhes impunha frequentemente as mais diferentes provações e
proceder à conversão de uma condição de subalternidade, renunciando
ao lugar social que lhes era relegado. Nesse sentido, torna-se importante
pensar como essas mulheres conseguiram avançar na escolarização num
contexto discriminatório, buscando entender como lidaram com as
dificuldades para superação dos obstáculos. Efetivamente indagase quanto aos impactos das políticas governamentais e dos dispositivos
legais que promoveram a escolarização dessas mulheres.
276
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Sujeitos da educação no século XIX:
experiências étnico- sociais de discentes e
docentes nas províncias de Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Parayba do Norte e Pernambuco
Marcus Vinícius Fonseca
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Nas últimas décadas, houve significativo investimento nos estudos
sobre a história da educação brasileira oitocentista , especialmente no
que se refere às pesquisas sobre os processos de formação do Estado e
suas relações com a institucionalização da instrução pública elementar
e os processos de escolarização nas diversas regiões do Brasil. Nessa
mesa, nosso objetivo é inventariar algumas problemáticas que ainda
aguardam maior esforço de pesquisa. Dentre elas, as diversas estratégias
de escolarização encaminhadas por diferentes setores sociais e étnicos,
como os projetos destinados à população pobre , incluindo a população
negra, bem como as demandas e ações possíveis veiculadas por esses
mesmos grupos, por movimentos sociais de trabalhadores, operários
urbanos e, também, pelos professores das escolas primárias. As crianças
e jovens, então transformados em aluno, sujeito e objeto de intervenção
de saberes e campos científicos diversos (o discurso racial, a pedagogia,
a higiene, a medicina, a assistência social, entre outros), aguardam
ainda sérios investimentos de pesquisa. Quem eram, e como foram
representados, os alunos, meninos e meninas, e os professores, que
se fizeram presentes, sujeitos na constituição das escolas e de variadas
instituições educacionais nas diversas províncias no século XIX? A
história do trabalho docente e a trajetória de homens e mulheres no
magistério, os processos de formação e as transformações históricas no
exercício da docência também permanecem como questões a serem mais
detidamente investigadas. A participação de professores e professoras nos
processos políticos de constituição de formas associativas como lugares
de sociabilidades profissionais, constituem interessantes problemas de
pesquisa a explorar. Ao apresentarmos estas questões, aqui brevemente
277
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
enumeradas, pretendemos apontar algumas perspectivas em aberto para
os estudiosos e para a historiografia da educação. Através do foco nos
processos históricos referentes às províncias do Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Paraíba do Norte e Pernambuco, nossa intenção consistirá
em discutir os modos de construção de identidades sociais (pobreza e
raça), de alunos e/ou de professores, apontando para a pluralidade
de estatutos, situações e condições de trabalho, experimentadas por
sujeitos educativos igualmente plurais no século XIX.
Etnia e gênero no pontal mineiro (1950-1960):
escolarização das migrantes nordestinas
Daiane de Lima Soares Silveira (UFU)
[email protected]
Sauloéber Társio de Souza(UFU)
[email protected]
O presente texto objetiva apresentar estudo sobre a escolarização
das mulheres nordestinas nas instituições escolares de Ituiutaba-MG,
nas décadas de 1950 e 1960, quando houve intenso fluxo migratório
(migrantes dos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba) para
a região, estimulado pelo desenvolvimento agrário, especificamente o
cultivo de grãos (arroz, milho etc.). Ituiutaba foi qualificada como
“Capital do Arroz”, em cujo ciclo econômico gerou reflexos em
setores como no sistema de ensino, pois durante os anos de 1950 iniciase o aumento das escolas públicas. A escola é importante espaço para
que se pesquise as questões ligadas à etnia, ao gênero, à classe e outros;
ela “é o lugar chave porque é essencial na produção e reprodução da
cultura” (KREUTZ, 1999). Dessa forma, questiona-se as relações
étnicas e culturais existentes dentro da sala de aula, entre migrantes
nordestinas e tijucanos, analisando quais os obstáculos e motivações
para que essas mulheres se inserissem e permanecessem estudando
nas instituições oficiais. Ademais, volta-se o olhar para o gênero como
categoria relacional ao problematizar as diferenças entre a escolarização
de meninas e meninos, filhos das famílias migrantes. Nesse período,
278
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
as meninas tiveram melhores possibilidades de escolarização que os
meninos, pois esses deveriam colaborar na lida diária junto ao pai. A
fonte oral foi, nessa investigação, maiormente utilizada, com o total de
nove entrevistas, sendo seis mulheres e um homem, ambos migrantes,
e duas professoras que atuaram na época pesquisada. Nesse sentido,
nos afirma Thompson (1992, p.134) que “[...] é enorme o potencial
da evidência oral, e suas possibilidades mal começam a serem
exploradas”. Os relatos, os quais nos deparamos no grupo de seis
migrantes entrevistadas, são fortemente assinalados pelo preconceito
étnico, uma dificuldade que incomodou e ainda incomoda algumas das
depoentes. Durante sua escolarização a migrante nordestina vivenciou
forte discriminação, e sua cultura foi representada como acentuadamente
diferente, portanto, a do tijucano se manteve como a norma. Além
disso, havia problemas sociais que dificultavam ainda mais a inserção e
a permanência aos estudos dessas meninas. Silva (2009) escreve sobre a
identidade e a diferença como uma questão de produção, significando
que nessas relações entre diferentes culturas não há consenso, diálogo
ou comunicação, mas processos que envolvem, fundamentalmente,
relações de poder. No que concerne ao maior investimento dos pais
migrantes na escolarização das filhas, se faz necessário analisar quais
intenções e significados permeiam essa prática como relação de poder,
e para tanto, apoiamo-nos nas teorias de Scott (1995) sobre os estudos
de gênero. Assim, há que se pensar, investigar e escrever a história das
migrantes nordestinas sobre vários âmbitos, pois ela tem se mostrado
uma história de luta contra a discriminação; de luta por espaço e
combate às normatizações impostas.
279
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Hollanda Loyola e a ação integralista
brasileira: elaboração de um plano nacional
de educação física na década de 1930
Renata Duarte Simões (USP)
[email protected]
Silvana Vilodre Goellner (UFRGS)
[email protected]
Na década de 1930, no Brasil, uma grande preocupação com
questões relativas à educação do corpo emergiu envolvendo médicos,
engenheiros, professores, além de instituições como o exército, a Igreja,
a escola, os hospitais. A compreensão que perpassava os discursos desses
profissionais e os espaços em que atuavam era de que o corpo precisava
ser educado física e moralmente para operar como “um instrumento
dócil e perfeito”. Na área da Educação Física, os investimentos foram
ampliados e o discurso a favor da criação de um método nacionalista, em
detrimento da utilização de métodos estrangeiros, emergiu como opção
para uma Nação que buscava se modernizar. A importação de métodos
de Educação Física criados e aplicados na Alemanha, Suécia, França e
Estados Unidos gerou resistência em uma parcela da sociedade brasileira
que criticava a diversidade dessas metodologias, compreendendo que
seriam prejudiciais à formação de uma nacionalidade coesa e indivisível.
A Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento social de extrema
direita criado em 1932, e posteriormente tornado partido político,
compartilhando esse modo de pensar e reagindo aos acontecimentos
do período, investiu no discurso nacionalista e incentivou Francisco
de Assis Hollanda Loyola, Mestre de Campo da Milícia e diretor da
Escola Technica de Instructores de Educação Física integralista, a
traçar um “Plano Geral” em que fosse aplicado um método de bases
pedagógicas definidas e que correspondesse às necessidades
higiênicas, eugênicas e sociais do povo brasileiro, pretendendo a
implantação desse “Plano” em todo o território nacional. Os métodos
estrangeiros, segundo Loyola, eram específicos para a população, o clima
280
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
e os costumes dos europeus e norte-americanos e, por isso, inadequados
à proposta de melhoramento da raça brasileira. Assim, considerando a
expressividade da AIB no cenário político da época, o estudo analisou
os investimentos do integralismo para a elaboração de um “Plano
Nacional” de Educação Física, com a aplicação de um método voltado
às especificidades do povo brasileiro, e a participação de Hollanda
Loyola nesse empreendimento. Para tanto, receberam destaque os
escritos de Loyola porque possibilitaram vislumbrar, por um novo
prisma, aspectos sobre a nacionalização da Educação Física no País. O
recorte temporal adotado, que se estende de 1932 a 1938, justifica-se
por ser, 1932, o ano de fundação do integralismo e, 1938, o ano de
extinção da Associação Brasileira de Cultura (ABC), antiga AIB. Vale
lembrar que no início do Governo ditatorial de Getúlio Vargas todos os
partidos políticos foram suprimidos, com eles a AIB, o que demandou
uma readaptação das suas funções, levando-a a se transformar em
sociedade civil, funcionando como ABC até 1938. Para realização deste
estudo, tomamos como fonte primária o jornal A Offensiva, periódico
doutrinário e prescritivo do movimento e documentos de estruturação
da AIB. De A Offensiva, analisamos artigos, seções e colunas dos 748
exemplares, publicados de 17/05/1934 a 19/03/1938, que trazem
informações sobre a Educação Física e esportes. Concluímos que
resistente à utilização dos métodos estrangeiros de Educação Física, a
AIB, com apoio de Loyola, aderiu a um discurso recorrente e investiu
na elaboração e divulgação de um método nacional, o que se refletiu
nos quadros do movimento e ressoou na sociedade do período.
281
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Migrantes nordestinos e escolarização no
pontal mineiro (décadas de 1970 a 1990)
Sauloéber tarsio de souza (ufu)
(CNPq/FAPEMIG)
[email protected]
A pesquisa trata da experiência migratória de grupos originários dos
estados da região Nordeste do Brasil e que motivados por diferentes
fatores, especialmente, pela oportunidade de trabalhar pela subsistência,
decidiram partir para novos espaços de sociabilidade, como o Pontal
de Minas Gerais (Triângulo Mineiro), entre as décadas de 1950 e
1990. Em seu primeiro momento (1950-1970) os fluxos migratórios
foram motivados, especialmente, pela cultura de grãos (arroz e milho)
recebendo trabalhadores do Rio Grande do Norte e da Paraíba (SILVA,
1997), no segundo movimento (1970- 1980) percebe-se uma retração
na chegada dos migrantes e no terceiro momento (1980- 2000) a
retomada desse deslocamento populacional em função, sobretudo, da
instalação de uma usina de álcool no município vizinho de Canápolis,
processo que, mais tarde, transformaria os alagoanos em elemento
predominante nas lavouras da região. Assim, os nordestinos buscavam as
“oportunidades ilimitadas” no novo “Eldorado Brasileiro”, de maneira
que todos aqueles que carregavam o sotaque do Nordeste constituíam
população marginalizada a partir de critério étnico-cultural, formando
uma espécie de massa indistinta diante da população local. Em
princípio, estabeleceram-se nas fazendas, depois passaram a viver
nas cidades, onde desenvolveram novas relações nos bairro, igrejas,
comércio, postos de saúde e escolas, superando resistências relativas
ao pertencimento étnico nordestino e a condição de migrante. Com o
advento da escolarização obrigatória (lei 5692/71), a migração passou a
gerar demanda crescente junto à rede de ensino pública que atendia aos
bairros periféricos de maior concentração desses migrantes (que em
muitos casos, vinham com toda a família), provocando também o
fenômeno dos “alunos temporários” assim como o trabalho de seus pais
nas lavouras de cana, já que nem sempre o período da safra coincidia
282
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
com o ano letivo. Nessa perspectiva, buscamos observar a relação
estabelecida entre esses grupos no interior das escolas, tentando visualizar
a inserção dos migrantes na nova dinâmica social que se submeteram.
Para construção do referencial teórico, buscamos entender a migração
como fenômeno social de maior expressão no século XX, gerando
reflexos em todos os aspectos sociais, e também no campo educacional,
configurando-se como elemento desencadeador de conflitos entre os
indivíduos portadores de diferentes culturas. Assumimos o fenômeno
educacional como etnicizado (KREUTZ, 1998) e que, portanto, os
confrontos refletidos nos espaços escolares são marcados pelas diferenças
étnicas e culturais. Para a realização desse trabalho, além de pesquisa
bibliográfica e levantamento documental, utilizamos, sobretudo, do
recurso a fonte oral, realizando entrevistas com ex-alunos (as) migrantes
e ex-professoras que trabalharam com esse grupo no interior das escolas
rurais e urbanas, totalizando 22 entrevistas.
Japoneses no Vale do Ribeira - formação da
colônia e educação nos anos de 1908 a 1943
Rafael da Silva e Silva
[email protected]
O presente trabalho tem como finalidade estudar o desenvolvimento
e a educação das colônias japonesas que se fixaram no Vale do Ribeira,
principalmente na cidade de Registro, no Estado de São Paulo após
a construção da linha férrea Santos-Juquiá no período de 1908, data
que marca a chegada dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, até
1943, auge da política nacionalista de Getúlio Vargas e fechamento
das instituições de ensino japonesas. Assim o estudo de se propõe
a compreender a formação da colônia e os esforços desses imigrantes
para oferecer as novas gerações e aos recém chegados ao país uma
educação, mesmo que básica. Sabe-se que os japoneses, assim
como os alemães, se destacaram no ensino e na construção de escolas
no intuito de manter a educação da língua dos antepassados e oferecer
uma instrução que assegurasse melhores condições de vida. Propõe283
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
se também a estudar o choque entre as medidas tomadas pelo estado
após a década de trinta no sentido de fortalecer o nacionalismo e a
tentativa dos japoneses em manter sua educação e sua cultura no país.
Baseia-se em estudos anteriores de Tomoo Handa, que trilha a trajetória
dos imigrantes japoneses no Brasil desde a chegada dos pioneiros em
1908; nos estudos de Hiroshi Saito que, além de estudar a imigração
japonesa como um todo, propõe uma divisão periódica pertinente para
a compreensão do contexto sócio-educacional da colônia e nos trabalhos
da autora Zeila Fabri de Brito Demartini que se dedica a compreender
a educação imigrante no início do século XX, entre outros e a utilização
da História Oral como técnica de obtenção de fontes históricas.
Com apoio das referências bibliográficas, utilizou-se pesquisa
documental nos museus da região, como por exemplo, o KKKK, em
Registro-SP, ou em arquivos particulares, trabalhando com cadernos
escolares, livros didáticos, documentos oficiais, fotografias etc. Além
disso, foi realizada a pesquisa de História Oral na tentativa de coletar
entrevistas de pessoas que participaram do contexto da imigração
japonesa na região e na educação, seja como ex-aluno, ou como alguém
próximo, filho de funcionários, professores, morador dos arredores
etc. A pesquisa, concluiu que as escolas japonesas serviam tanto para
preservação cultural, baseada no ensino da língua japonesa, como
também para oferecer uma instrução profissional, mesmo que básica,
para que jovens e crianças pudessem prosperar em relação aos seus pais.
Serviam também como centro cultural e local de comemorações, de
reunião dos membros da colônia. O Estudo notou que havia interesse
do governo japonês em manter tais instituições em funcionamento no
Brasil, sendo que a partir da década da década de trinta, passou a financiar
as instituições nipo-brasileiras. No entanto, durante o governo Vargas,
a nacionalização ganha força gradativa até que todas as instituições
de ensino vinculadas aos japoneses foram fechadas ou nacionalizadas.
Marcando um período muito difícil para esses imigrantes.
284
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Movimento estudantil no
Pontal do Triângulo Mineiro:
união estudantil de Ituiutaba, 1952-1968
Isaura Melo Franco
Universidade Federal de Uberlândia- UFU/CAPES
[email protected]
Nesse trabalho temos como objeto de estudo o movimento estudantil
no município de Ituiutaba-MG, corporificado especialmente pelas
ações da União Estudantil de Ituiutaba (UEI), analisadas por meio de
fontes impressas como os jornais locais e por testemunhos orais de exlíderes estudantis no período de 1952 a 1968, com o intuito de valorizar
parte da memória do movimento estudantil no contexto em questão.
A periodização desenvolvida foi delimitada a partir do conhecimento
de algumas especificidades em relação à UEI, decorrente de estudos
anteriores. Assim o estudo se inicia sobre o ano de 1952, levando em
consideração o fato de que, de acordo com os jornais consultados
e depoimentos colhidos, neste ano foi realizada a fundação da UEI,
a qual se destacou no município por se constituir em um marco para
a organização política dos estudantes tijucanos, sendo um órgão
representativo destes que apresentava um posicionamento hierárquico
globalizante frente às demais organizações, constituindo a base desse
movimento social na cidade que se desenvolvia sócio- economicamente
em largos passos. A limitação da pesquisa ocorre sobre o ano de 1968,
pois até o presente momento, não encontramos nenhuma matéria
jornalística dos anos de 1969 e 1970 referente às ações estudantis
locais e ainda não colhemos nenhum depoimento de eventuais líderes
estudantis em período posterior a este. Além disso, esse período é
marcado por um contexto nacional de efervescência política e social,
como podemos destacar na implantação do regime ditador no ano
de 1964 e por ser um momento de intensa atividade do movimento
estudantil, com destaque para a União Nacional dos Estudantes (UNE),
a qual exerceu fundamental importância nos quadros de oposição
ao governo ditador (GERMANO, 2005). Utilizamos inicialmente
285
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
seis coleções de jornais do período correspondente, em seguida
recorremos à história oral, por meio de entrevistas semi-estruturadas a
ex- representantes do movimento estudantil do contexto investigado.
Por meio desse estudo percebemos que a partir do ano de 1964, com
a implantação da ditadura militar no Brasil, que visava desarticular
qualquer movimento da sociedade civil, os estudantes tijucanos não
apresentaram reivindicações políticas como antes, de modo que as
ações da UEI assumiram um caráter de movimento que visava o
desenvolvimento de ações culturais e esportivas, nada que apresentasse
caráter contestador do sistema político vigente. Peculiaridade esta
que se difere do órgão de representação estudantil de maior destaque
no país, a UNE, a qual principalmente nos anos de 1960, tinha suas
ações voltadas na luta por uma transformação estrutural da sociedade.
O colégio batista mineiro:
fronteiras religiosas e identidades étnicas
em Belo Horizonte – MG (1918-1942)
Hercules Pimenta dos Santos
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação - GEPHE
[email protected]
No desenvolvimento desta pesquisa que visou à obtenção do
título de mestre em Educação concluída em junho do ano de 2010;
buscou-se investigar sobre duas instituições particulares de ensino
constituídas por missionários estrangeiros, alemães e norte-americanos,
na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, na primeira
metade do século XX. O presente artigo tem o objetivo de retomar
a discussão étnica de cunho religioso que envolveu o Colégio Batista
Mineiro (CBM) de Belo Horizonte. Para tanto, buscou-se realizar a
reconstrução histórica dessa instituição escolar confessional, seguindo
uma abordagem metodológica histórica educacional caminhando por
um viés cultural observado na materialidade produzida pela instituição
em foco e nos conflitos de ordem étnica, social e religiosa vividos pela
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Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
comunidade de estrangeiros estudada. O desenvolvimento de ações,
suscitadas por uma ordem prática, pelos sujeitos escolares dentro das
instituições de ensino é tema de grande interesse para a pesquisa histórica
educacional por serem ações realizadas por estes atores produzindo
alterações de grande importância no âmbito educacional. São questões
que se desenvolvem permeadas pela cultura do cotidiano da escola e
dos seus sujeitos na sua relação com a comunidade local e regional.
Buscou-se compreender como se deu o estabelecimento desse grupo de
estrangeiros por meio desta escola na, planejada e recém criada, capital
mineira, concentrando o estudo na relação estrangeirismos/educação/
urbanização/religião. O levantamento da documentação histórica
necessária ao desenvolvimento desta pesquisa passou por vários
lugares de memória. Entre acervos férteis e escassos, públicos e privados,
foram consultados os arquivos da instituição escolar investigada, que
foram cruzados com documentos externos, oficiais ou não. Atribuímos
importância à relação educação/estrangeirismos, uma vez que esta é
parte das discussões políticas no âmbito nacional e local, perpassando
do Império à República. Também, na medida em que se insere no
cenário político e social a presença de escolas fundadas por e para
estrangeiros, estas adquirem relevância para os estudos educacionais,
apesar de constatarmos que este tema ainda representa uma lacuna na
História da Educação em Minas Gerais. Trabalhamos, assim, amparados
nas experiências relatadas pelos próprios missionários batistas, que ao
serem confrontadas com informações obtidas fora das publicações
daqueles missionários, não nos permite afirmar que os problemas de
inserção vivenciados por eles estavam restritos à inserção do CBM,
ou direcionados especificamente à denominação protestante batista
como aqueles acreditavam. Também constatamos que não é possível
dizer que a inserção dos batistas, em relação à cidade como um todo,
teria acontecido de forma neutra. Esta presença suscitou a ocorrência
de embates religiosos entre católicos e protestantes na Belo Horizonte
daquele momento histórico.
287
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Operação amazônia nativa e os desafios da
formação indigenista
Maria Dolores Campos Rebollar
[email protected]
Mestranda do PPGE/IE/UFMT
Artemis Torres
[email protected]
PPGE/UFMT
O tema deste artigo se referencia na pesquisa intitulada “Os
processos formativos na Operação Amazônia Nativa (Opan) e os novos
desafios político-pedagógicos”, que desenvolvemos nos anos de 2011 e
2012 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A organização
não governamental (ONG) Opan, surge em 1969 como uma das
primeiras ONGs indigenistas do país, ao amparo da Igreja Católica,
que inovava re- significando o sentido do que fosse evangelização, à luz
do Vaticano II e da II e III Conferencia Episcopal Latino americana. A
encarnação como nova “metodologia” de intervenção, leva os integrantes
da Opan, leigos jovens e provenientes das diversas pastorais da Igreja
Católica, a promover uma práxis criativa, dando origem ao que
na época se chamou indigenismo alternativo. A Opan percorreu uma
trajetória histórica caracterizada por grandes mudanças no contexto
sócio-político e econômico do país (período pesquisado: 1969 a 2009),
e teve de forma constante, como carro chefe, a formação indigenista
dos seus membros, visando uma atuação para a autodeterminação dos
povos indígenas. Será a partir da década de 1990, a partir da cisão com
a Igreja e a chegada do 3º Setor, que este processo formativo sofrerá
uma permanente revisão, em decorrência das crescentes tensões que se
estabelecem dentro da instituição face à profissionalização e parcerias
com o Estado no universo das ONGs. Destarte, evidenciamos um
conflito crescente entre o pensamento do velho indigenismo, alavancado
por uma unidade orgânica de horizonte filosófico, pedagógico e político
e o pensamento, trazido pelas novas gerações, de caráter mais acadêmico,
pragmático, e técnico. Este artigo expõe alguns dos resultados no que
288
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
se refere a esses principais desafios políticos e pedagógicos no processo
formativo dos novos indigenista na Opan. Com base nas entrevistas
realizadas e na análise dos relatórios anuais e outros documentos de
interesse, como seminários, atas de assembléias e algumas cartas desses
quarenta anos, apresentamos algumas reflexões que nos parecem
relevantes, dialogando com categorias de Antonio Gramsci como a
filosofia da práxis, hegemonia, intelectual orgânico, senso comum,
subalternidade. Entendemos que todo “fazer” pedagógico/político
responde a uma visão de mundo, a um modelo de sociedade que se
configura nas suas relações de força dentro da busca hegemônica.
A relação dialética que se estabelece, ainda hoje, entre aculturação x
autodeterminação; educador popular x técnico especialista; processo x
resultado; local x regional x global; fragmentação x totalidade; parecenos de fundamental importância para se compreenderem as próprias
contradições e desafios e, desta forma, contribuir para a elevação do
senso comum e a ruptura com o consenso passivo, tão comum nos dias
de hoje, frente à hegemonia capitalista.
Organizações indígenas no amazonas e a luta
por educação escolar
Marcos André Ferreira Estácio
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
E-mail: [email protected]
Durante os anos 80 do século XX, lideranças e representações
das comunidades indígenas brasileiras, passaram a se articular em assembléias,
buscando soluções coletivas para problemas comuns, dentre os quais se
encontrava a questão da educação escolar específica e diferenciada. E a
centralidade desses encontros de lideranças indígenas era pressionar a União,
os Estados e a sociedade para uma reestruturação na política indigenista do
Estado, e por medidas asseguradoras aos povos indígenas do direito a uma
educação escolar autêntica, fundada nas especificidades socioculturais de
cada povo. E mais, esses movimentos foram, e são, importantes para ampliar
a solidariedade interétnica e solidificar os movimentos e organizações
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Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
indígenas. O presente estudo teve por objetivo compreender o surgimento
das organizações indígenas, no Estado do Amazonas, a partir de 1980, e as
suas lutas e reivindicações por uma educação escolar, específica e diferenciada,
da educação básica ao ensino superior. A pesquisa foi de natureza qualitativa,
tendo sido adotado o método histórico-crítico e os tipos de pesquisa foram:
bibliográfica, documental e de campo. Para coleta de dados, utilizou-se de
entrevistas semiestruturadas e do grupo focal. Constatou-se, que nos anos de
1980, três importantes organizações indígenas foram fundadas no Amazonas:
a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), criada em 1987
e que representa, aproximadamente, 35 mil índios das famílias linguísticas
Tukano, Aruak e Maku; a Coordenação das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira (Coiab), criada em 1989, possui 75 organizações
indígenas membros, representantes de 160 povos da Amazônia Legal; e o
Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), o qual foi
legalmente constituído, em 1993, mas que antes desta data, entre 1987 e
1989, já existia enquanto movimento organizado, iniciado em São Gabriel da
Cachoeira, sob a denominação de Associação Autóctone do Alto Rio Negro.
Estas organizações reivindicavam, e ainda reivindicam, as demarcações de
suas terras, a piscicultura e o manejo agroflorestal sustentável para seus povos,
a saúde, a cultura, o artesanato e a cidadania. Na seara educacional, elas têm
reivindicado a presença de escolas nas aldeias e a formação de professores
indígenas, visando ações que garantam a implementação de políticas públicas
de educação escolar indígena diferenciada em todos os níveis de ensino, em
conformidade com a legislação vigente, a cultura e os interesses dos povos
indígenas e estabelece ainda, espaços de luta e conscientização, com o fito de
influenciar na formulação de políticas adequadas às realidades e aspirações
dos índios. No que concerne, especificamente, ao ensino superior os
movimentos indígenas lutam pela participação efetiva dos seus
representantes na definição de vagas e quotas (acesso), bem como programas
de permanência, para estudantes indígenas nas universidades, a fim
de garantir atendimento às demandas dos seus povos.
290
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Prática pedagógica e o processo de escolarização
da escola alemã como elemento constituinte das
relações sociais dos Teuto-brasileiros
Alessandra Helena Wiederkehr
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC
[email protected]
A pesquisa que aqui apresentamos investigou a gênese do
processo de escolarização da escola alemã, bem como seus fins para
o meio social dos teuto-brasileiros. Buscamos responder ao seguinte
questionamento: como foi construída a legitimidade da escolarização
dos teuto- brasileiros e de que maneira essa escolarização colaborou
com a sedimentação de uma racionalidade burguesa no sul do
Brasil? Utilizamos, nesta comunicação o termo escola alemã para
nos referirmos às escolas criadas pelos imigrantes alemães no Brasil,
nas quais, em determinado período histórico e geográfico, o idioma
alemão foi empregado na maioria das disciplinas. Para esta comunicação
empregamos, como instrumento de coleta de dados, os discursos do
Estado (correspondências do governo e legislação educacional), da escola
(materiais produzidos e/ou utilizados por ela), da sociedade (jornais,
revistas, álbuns, memórias). Ao reconstruir a história da educação
no sul do país, procuramos integrar ao seu campo interpretativo as
ações ocorridas no interior da escola de cunho germânico. Assim,
realizamos a contextualização sócio-histórica de uma cidade do sul
do Brasil, que se formou com as políticas imigratórias do século XIX,
onde os imigrantes alemães e seus descendentes constituíram uma
comunidade marcada pela língua alemã e manifestações culturais
próprias, assegurando a educação formal diferenciada para seus filhos
por meio da escola alemã. O recorte temporal compreende o período
que corresponde à implantação e finalização das atividades da escola
alemã, no período de 1850 a 1938. Justificamos, assim, a necessidade
de reconstruir o contexto sobre o qual se apoia o objeto de estudo,
contexto, aliás, formado por uma rede, não só de fatores de ordem
social, mas também de ordens econômica, cultural e educacional. Em
291
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
suma, a escola alemã foi escolhida em razão da representatividade
que possuía no iniciar da colonização junto aos imigrantes e seus
descendentes. A exploração das fontes necessitou compreensão teórica
proveniente de estudos bibliográficos pertinentes ao objeto de estudo,
tais como Bourdieu (1980, 1992, 1996, 1997, 1998, 1999, 2001, 2003,
2004, 2006), Hobsbawm (1995, 1996, 2002), Weber (2003) e Elias
(1970, 1993, 1994). Os dados coletados e analisados indicam que é
possível compreender o movimento de colonização no sul do Brasil e
a recriação da escola nas colônias de acordo com os moldes europeus
como mecanismo de transmissão de valores culturais e éticos europeus,
particularmente alemães, na busca de organização social.
Propagação e circulação de ideias sobre o
negro em São Paulo no início do século XX: o
Clarim da Alvorada (1924-1940)
Rosangela Ferreira de Souza
USP-UNIBAN
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo examinar a constituição
da identidade, representações e estratégias de escolarização
promovidas pelos negros no interior das publicações da imprensa
negra paulista, especialmente, do jornal “O Clarim da Alvorada”.
Pretende apresentar a imprensa negra como fonte fértil na
constituição de uma nova imagem do negro nas primeiras décadas
do século XX, utilizando como categoria de análise os processos
e estratégias de escolarização difundidas pelas páginas dos jornais
da imprensa negra. O jornal O Clarim da Alvorada foi um jornal
pertencente à segunda fase de publicações da imprensa negra
(Bastide, 1973), período no qual se acentua e desenvolve-se o
caráter combativo da imprensa negra. Tal jornal foi fundado por
José Correia Leite e Jaime Aguiar em 6 de janeiro de 1924 e foi
um dos jornais que mais se destacaram em São Paulo, marcando a
história da imprensa negra. Fundado para ser um jornal literário,
292
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
tornou-se arma de luta contra a situação do negro na sociedade
brasileira (CUTI, 2007). Apresentou duas fases: a primeira de
1924 a 1927, na qual guardou seu caráter literário com aspectos
combativos e uma segunda fase de 1928-1938 quando assume
o papel reivindicatório e de cunho político. Curioso observar o
subtítulo do jornal que indica as tendências acima apresentadas:
“O Clarim da Alvorada: órgão literário, noticioso e humorístico”,
“O Clarim da Alvorada: órgão literário, noticioso e científico” até
1928. Após este ano, o registro do subtítulo do jornal é outro: “O
Clarim da Alvorada: pelos interesses dos homens pretos, noticioso,
literário e combate”. O jornal não dispunha de capital próprio
e o grupo custeava suas tiragens que variavam de 1000 a 2000
exemplares por mês. Os anúncios eram pagos, contribuindo para
a manutenção do jornal. Não mantinha relações com grupos
políticos ou econômicos. A distribuição acontecia gratuitamente
nos bailes e associações. A periodicidade era mensal e a maioria dos
exemplares apresentava de 4 a 6 páginas. Em muitos artigos desse
jornal a educação é apresentada como caminho para a ascensão
social dos negros. Comumente eram invocados os exemplos
de Luis da Gama, José do Patrocínio, Cruz e Souza, dentre
outros, como símbolo da importância da educação. Pretende-se
mostrar o processo de transição na rota de publicação do jornal,
apontando a mudanças referentes ao conjunto de editores e
temáticas abordadas. A partir de 1928, o jornal acrescenta a seu
subtítulo a ideia de combate ao preconceito sofrido pelos negros
e aponta soluções através das quais superar-se-ia este problema.
O principal mote dos artigos pauta-se pela conclamação dos
grupos de negros jovens, enfatizando sua responsabilidade para
com a superação.
293
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
Registros de batismo da paróquia Nossa Senhora
Penha de França: uma fonte para o estudo dos
processos educativos no cotidiano privado das
crianças negras livres na província de São Paulo
(1871-188). Desafios e possibilidades.
Daniela Fagundes Portela
Faculdade de Educação da USP.
[email protected]
A presente comunicação tem como objetivo apresentar os registros de
batismos de crianças negras livres, após 1871 como uma fonte que possibilita
a identificação de vestígios dos processos educativos e de elementos cotidiano
privado das crianças negras livres. Comumente, os registros de batismos
são fontes amplamente utilizadas nos estudos do campo da historiografia,
principalmente em estudos que privilegiam a demografia da família
escravizada. Após, 1871 quando é promulgada a lei do ventre livre, o
registro de batismo torna-se um instrumento essencial para o asseguramento
da liberdade dos filhos e filhas de famílias escravizadas. Para mergulhar e
compreender a dimensão do mundo privado das crianças negras livres,
alguns aspectos da documentação serão detalhados e diagnosticados com
o intuito de demonstrar de que forma, a inserção dessa fonte documental
colabora para o enriquecimento dos estudos do Campo da Historiografia
Educacional.Nesse sentido, nessa comunicação vislumbramos inicialmente
apresentar uma descrição histórica da importância do uso dos registros de
batismos especialmente, após 1871 pontuando especialmente, os desafios
e possibilidades de análise dessa fonte documental. Do mesmo modo, que
se fez necessário caracterizar as particularidades da Freguesia Nossa Senhora
Penha de França que é o lócus do nosso estudo, pois embora haja uma
homogeneidade na produção dos registros de batismos, as informações
referentes ao cotidiano privado da vida das crianças negras livres estão
estritamente relacionadas com o contexto social, no qual a fonte documental
foi produzida. Posteriormente, adentraremos nas análises das informações
referentes às madrinhas e padrinhos das crianças negras livres que são sujeitos
sociais de extrema importância dentro do contexto escravista. Em relação às
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Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
crianças negras livres, demonstraremos como informações como a questão da
legitimidade, o intervalo de tempo entre o nascimento e a data dos registros,
o dia do batismo, dado identificado com o auxílio do calendário perpétuo
possibilitam acompanhar os vestígios da dinâmica e a organização da família
escravizada, do mesmo modo que revela os aspectos dos processos educativos
em âmbito privado das crianças negras livres. Por fim, ressaltamos que essa foi
apenas, uma das possibilidades de análise e compreensão de alguns aspectos
do cotidiano privado das crianças negras livres da Paróquia Nossa Senhora
da Penha França, portanto não a única e, certamente ao analisarmos outras
paróquias outras informações em torno do cotidiano da criança negra livre
emergirão. Nessa comunicação a nossa intenção é apontar as possibilidades e
desafios, e principalmente a contribuição dessa fonte documental dentro do
campo da Historiografia Educacional.
Sociedade união operária e a educação em
Rio Grande/RS (1893-1928)
Francisco Furtado Gomes Riet Vargas
Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos
[email protected]
Rita de Cássia Grecco dos Santos
PPGE-FaE/UFPel e Universidade Federal do Rio Grande
[email protected]
Elomar Antônio Callegaro Tambara
FaE/UFPel
[email protected]
Neste texto enfatizamos a Sociedade União Operária – SUO por meio
de um breve histórico da mesma, que se configurou como uma das mais
antigas, importantes e atuantes associações operárias de Rio Grande e do
Rio Grande do Sul, desde sua constituição, em 1893, até o fim da
hegemonia anarquista nesta Sociedade, em 1928. A SUO foi uma
Sociedade que teve amplo exercício junto aos trabalhadores de Rio Grande,
oferecendo montepio, armazém cooperativo e amparo mútuo, além de
295
Sumário Eixo 2
Caderno de Resumos - Eixo 2
ter dado subsídios para a organização de algumas greves. Mas, visando
abranger este estudo, demonstramos como a SUO atuava na educação
dos operários, através da análise das Atas, Livros Caixa e Relatórios da
Presidência produzidos na referida Sociedade e contrastando com outras
fontes do mesmo período, como os Relatórios da Intendência Municipal
de Rio Grande. Ainda nos debruçamos em obras de autores que tratam
do movimento operário da cidade de Rio Grande e da educação no Rio
Grande do Sul como Loner (1999), Schmidt (1999), Tambara (1995) e
Correa (1987). Para o tratamento destes dados enfatizamos que as produções
humanas são produções ideológicas, conforme afirmam Certau (1982,
70) e Chartier (2001, 115), provenientes de uma cosmovisão. Apontamos
as disputas internas nesta associação, revelando a existência de diferentes
grupos que nela atuavam, sendo que, suas relações nem sempre eram
harmoniosas. De forma a elucidar a atuação desta Sociedade na educação,
mostramos dados como os salários dos seus professores, observando como
esses proventos influenciavam na vivência instrutiva. Também analisamos
os currículos usados pela escola desta guilda operária, suas diferenciações
na educação dos gêneros masculino e feminino, comparando com outras
escolas, não só de entidades operárias, mas também da própria administração
pública. Acrescentamos, igualmente, informações sobre a frequência dos
estudantes do educandário da SUO, índice de matrículas, de presenças e
de evasão, comparando-os com as demais instituições formativas da cidade
de Rio Grande. Em movimento contíguo, são feitas observações quanto
à hegemonização dos anarquistas nesta Sociedade, revelando a forma com
que este grupo conquista a liderança desta instituição obreira. Ademais,
vemos quais as alterações que ocorrem nesta entidade em decorrência desta
nova cosmovisão que passa a orientá-la e, consequentemente, no âmbito
da escola da SUO, quais os impactos, tentativas de mudanças e quais as
transformações que foram possíveis e passíveis de implementação junto
às práticas pedagógicas, bem como algumas alterações substanciais para a
escola desta associação.
296
Sumário Eixo 2
Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
A categoria gênero no GT de História da
Educação da ANPED (2000-2010)
André Luiz Sena Mariano (UNIFAL-MG)
[email protected]
Romeu Adriano da Silva (UNIFAL-MG)
[email protected]
O presente trabalho caracteriza-se como um levantamento
bibliográfico com a finalidade de compreender a forma pela qual
a categoria “gênero” vem sendo compreendida e apropriada nas
pesquisas em História da Educação. Para tanto, elege como fonte de
dados o GT História da Educação da ANPEd, por entendê-lo como
uma instância privilegiada para a produção de conhecimento na área.
Como recorte temporal, utiliza o período referente à primeira década
deste século, pois, em primeiro lugar, há pesquisas de estado da
arte que focalizam períodos anteriores (CATANI & FARIA FILHO,
2005) e que relevam a presença da categoria gênero na produção
do referido GT; em segundo lugar, pelo acesso facilitado aos textos,
uma vez que estão disponibilizados na página da instituição. Num
universo de 158 textos, constata-se que a categoria gênero aparece de
duas maneiras: 14 trabalhos a utilizam como categoria secundaria e
10 focalizam centralmente a discussão em tela. Por meio de incursão
nos 10 trabalhos que apresentam foco explícito na categoria relações
de gênero chama a atenção o fato de que as outras disciplinas estão
comparecendo para a elucidação do fenômeno. No que se refere a isso,
são utilizados autores da sociologia (Bourdieu), da filosofia (Foucault)
e da psicanálise (Freud), por exemplo. Em contrapartida, os autores
do campo da História aparecem de maneira bastante incipiente: dos
10 trabalhos, Michelle Perrot é referência em dois deles, enquanto Eric
Hobsbawm é utilizado por um trabalho; ainda na análise referente às
ancoragens teóricas, percebe-se a utilização de autores do campo da
História da Educação como Franco Cambi e Dermeval Saviani, mas,
outrossim, mantém-se uma forma tímida de utilização. Este estudo,
a partir da análise dos 10 trabalhos apresentados na ANPEd sobre
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Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
os usos da categoria gênero na História da Educação, problematiza
a acepção de que a categoria em tela seria uma temática da nova
historiografia educacional brasileira, fazendo com que ela pareça
gozar de status de autonomia face a outros temas da historiografia,
uma vez que são exíguos os trabalhos que recorrem aos historiadores
em geral, e aos historiadores da educação em particular. Ademais,
aponta para a compreensão das relações de gênero como fenômeno
social e, portanto, insiste na utilização da expressão “relações de
gênero” para designar, além de seu caráter social, as suas determinações
históricas. Sugere a crítica aos usos e abusos da categoria em
pauta, mormente quando seus aspectos são tratados como inerentes ao
conceito de diferença, prescindindo de uma compreensão de totalidade
capaz de sinalizar para as formas de opressão inerentes à sociedade de
classes e, portanto, para as desigualdades sociais e históricas que se
estabelecem também nas práticas educativas.
A história e memória da educação do Cariri
cearense na Revista Itaytera
Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA
[email protected]
Grupo de Trabalho: Fontes e Métodos em História da Educação
Agência Financiadora: CNPq, FUNCAP, URCA
Os estudos sobre a história da educação são bastante discutidos
e contemplados no ramo de pesquisa no Brasil. Considerando a
necessidade de colaborar com esses registros nos mais diversos lugares é
que traçamos como objetivo do artigo registrar a história da educação do
Cariri Cearense, situada no sul do Ceará, tomando como referência de
registro as noticias sobre educação presentes na Revista Itaytera. A Revista
publicada pelo Instituto Cultural do Cariri - ICC divulga o debate da
intelectualidade caririense e convidados e iniciou um trabalho cultural na
década de 1950. Neste período tinha como objetivo registrar a história
e defender interesses políticos e econômicos, valorizar e preservar o
folclore. Com artigos, ensaios, propagandas e imagens ao longo dos anos
299
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
registrou e registra a educação escolar do lugar. Sua primeira publicação
remota de 1955, data de seu primeiro número. A metodologia utilizada
na catalogação foi reconhecimento e leitura da revista, identificação das
notícias, ensaios, imagens sobre a educação, registros das notícias por
categoria: eventos escolares, imagens escolares, criação de instituições
escolares, cotidiano escolar: currículo, calendário, formação docente,
dificuldades, financiamento, regulamentos de ensino e disciplinamento.
O resultado do estudo permitiu encontrar registros de instituições
escolares esquecidas da história da educação do Ceará, em função do
seu fechamento, bem como examinar as ideias dessa elite intelectual
que podem em plano geral influenciar aspectos da educação regional.
Identificamos que a Revista afirma o ICC como representante de uma
tradição interiorana que pauta a educação no lugar. Concluímos que
a experiência de catalogação colaborou com o estudo sobre a história
da educação do Cariri realizada pelo grupo de pesquisa em história da
educação. Observamos a riqueza das informações presentes na Revista.
São registros das instituições, dos intelectuais, sobre a luta pela criação
e fortalecimento da educação, das mais diversas propostas educacionais,
etc. Consideramos, ainda, que o espaço regional, lugar da Revista, não
deve ser visto como um espaço social isolado, mas parte de uma teia
de relações de mobilidade espacial e cultural, material e simbólica da
atividade social que acabam por ligar todos os lugares e tempos do mundo.
A influência do marxismo na pesquisa em
educação brasileira
Amarilio Ferreira Jr.
Universidade Federal de São Carlos
[email protected]
Este trabalho tem como objeto de estudo a influência epistemológica
que o marxismo exerceu no âmbito da pesquisa em educação notadamente
depois da criação do atual sistema nacional de pós-graduação (1965). A
análise em questão tem como fio condutor o seguinte entendimento: o nexo
dialético manifesto entre epistemologia e história, ou seja, a produção do
conhecimento sempre está sujeita às contingências econômicas, política,
300
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
sociais e culturais da sua época. No caso específico do campo educacional, a
existência dessa relação é insofismável. Pois, os fenômenos educacionais são,
em todos os tempos, oriundos das complexas e contraditórias relações sociais
que os homens estabelecem entre si e a natureza no processo de produção
tanto da vida material quanto da espiritual. Portanto, as problemáticas
de estudo estão sempre vinculadas aos contextos historicamente dados.
Por conseguinte, a teoria do conhecimento é uma expressão, no plano
da racionalidade lógica, dessa realidade histórica na qual os fenômenos
educacionais são forjados. Assim sendo, seguimos a seguinte lógica para
abordarmos a influência epistemológica do marxismo no âmbito da pesquisa
em educação: o marxismo e as ciências humanas antes do advento da pósgraduação; o marxismo e a pesquisa em educação no contexto da pósgraduação; e o método marxista de investigação e a pesquisa em educação
no início século XXI. No primeiro item, o objetivo foi demonstrar como o
referencial marxista de investigação perscrutou, num primeiro momento, a
formação societária brasileira por meio de interpretes que eram, ao mesmo
tempo, militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi, pouco a
pouco, transferindo-se para o mundo acadêmico: inicialmente no Instituto
Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e, logo depois, na USP. Já no segundo,
o propósito foi explicar a influência que o referencial teórico-metodológico
marxista exerceu no contexto das pesquisas em educação depois que a pósgraduação se institucionalizou nas universidades brasileiras e cujo locus
acadêmico emblemático na primeira metade dos anos 1970 era a Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O texto realça ainda que,
durante a manutenção da sua hegemonia, no período da ditadura militar,
o referencial teórico metodológico de investigação marxista se expressou,
fundamentalmente, por meio de duas vertentes: o marxismo estruturalista e
o marxismo dialético. Quanto ao último item, a preocupação está centrada
na exposição dos principais fundamentos empregados pelo método marxista
de pesquisa quando aplicado à investigação dos fenômenos educacionais.
Em síntese, o objetivo do trabalho é reafirmar a importância do marxismo
para a produção crítica do conhecimento educacional e, ao mesmo tempo,
como uma concepção epistemológica que se coloca em contraponto, no
âmbito das ciências humanas, aos referenciais pós-modernos de produção
dos denominados “saberes educacionais”.
301
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
A legislação escolar como fonte de investigação
Elizandra de Siqueira (PPGE/UFMT)
Nicanor Palhares Sá (PPGE/UFMT)
Este estudo, parte de uma pesquisa de doutorado, tem por objetivo
levantar algumas reflexões sobre a utilização de documentos como
fonte de investigação e como a legislação educacional serve para a
análise do funcionamento da pós-graduação no Brasil. A legislação,
notadamente a escolar, tanto pode ser utilizada a título de fonte ou
análise das práticas, assim como objeto de investigação. Ela pode
servir de suporte para uma pesquisa com um objeto qualquer, por
exemplo, a análise e funcionamento de um determinado programa de
pós-graduação; como ser objeto de investigação, ou seja, desenvolver
uma pesquisa em que os documentos sobre a pós-graduação sirvam
como alvo de investigação. Como fonte, os documentos favorecem
uma leitura de uma longa história de aprendizados e conflitos,
cujo locus reside na negociação. Para tratar desse conceito, definese aprendizado como condição de construção de identidades
individuais e coletivas da cultura e das instituições. Assim, é na e
pela experiência que os sujeitos (indivíduos ou classes sociais) se
constituem. O processo de escolarização e das culturas escolares, nessa
perspectiva, serão reconhecidos como reação contínua e prolongada,
além de serem resultado das experiências dos próprios sujeitos, dos
sentidos produzidos e compartidos, ou ainda, concorridos entre os
componentes que fazem a escola. Assim, a legislação, principalmente
a legislação escolar no Brasil é produzida, em geral, para criar costumes
e culturas e não o contrário ou a partir deles. Nesse sentido, as práticas
e representações encontrarão eco na lei ou serão produzidas pela lei,
mas não o encontrarão nos costumes e na cultura dos indivíduos ou
dos grupos. Então, a legislação como fonte, trabalha em favor da
identificação de como o poder judiciário historicamente se relaciona
com a legislação educacional; além de contribuir para a interface entre
o campo jurídico e o campo pedagógico no Brasil. Na análise das
práticas pedagógicas, a legislação educacional atende a investigação da
interrelação entre a política educacional e as práticas em sala de aula.
302
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Já como objeto, a lei pode ser analisada em seu ordenamento jurídico,
sua linguagem, sua prática ordenadora das relações sociais e no campo
de expressão e construção das relações e lutas sociais. Por conseguinte,
a análise da legislação educacional expressa a tensão permanente
vivenciada pelo campo da educação, produzindo prodigiosamente
conflitos fundamentais na história da instrução pública. No entanto,
é preciso que esses aspectos sejam também relacionados à lógica de
funcionamento do discurso da lei e às vertentes classificatórias, as quais,
em boa parte tendem a evidenciar as desigualdades já bem conhecidas
como aquelas entre a região norte e sudeste, no caso dos programas em
pós-graduação. Sendo assim, essa análise tentará demonstrar como a
prodigiosa produção legislativa leva os programas de pós- graduação
a um trabalho árduo e dificultoso no campo educacional.
A literatura do escritor Érico Veríssimo (1905-1975):
possibilidades de uso das fontes e de métodos para
a História da Educação
Roselusia Teresa Pereira de Morais (FaE/UFPel)
[email protected]
Este trabalho apresenta a possibilidade de identificar
representações na literatura produzida pelo escritor Erico Verissimo
(1905 - 1975) a partir de uma abordagem teórico-metodológica
da História Cultural e da Literatura. Os fundamentos teóricometodológicos desta investigação consistem em um conjunto
de conceitos do campo da Educação, Literatura e História da
Educação. Para a realização desta investigação foi utilizada como
categoria de análise, principalmente, o conceito de representação
de Roger Chartier (2009). Este estudo analisou as representações de
docência em romances do referido escritor tomando a personagem
da professora Clarissa, nos quatro romances em que a mesma
aparece como foco de análise. Os procedimentos metodológicos
utilizados foram a análise da construção da personagem professora
em romances produzidos por Erico Verissimo, no período de 1933
303
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
a 1940 - início da carreira do escritor e romancista. Esse período
compreende as publicações das seguintes obras selecionadas para
análise: Clarissa (1933), Música ao longe (1935), Um lugar ao
sol (1936), e Saga (1940). Neste conjunto de romances é possível
identificar a presença da professora, personagem principal e
recorrente, evidenciando representações acerca da educação,
escola e docência. O escritor das obras nasceu em Cruz Alta, no
Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro de 1905, é um dos
escritores mais reconhecidos nacionalmente e internacionalmente.
Apresentá-lo implica considerar o processo de criação literária e a
autoria ligada à produção de sentidos e motivações para a escrita.
As discussões presentes neste trabalho evidenciam os aspectos sobre
a criação ficcional do escritor gaúcho a partir de uma abordagem
que considera as respectivas produções ligadas às motivações para
a escrita de personagens e aos sentidos atribuídos. Neste sentido,
baseado em Lopes e Galvão (2001), o romance, como um gênero
literário, é uma possibilidade de identificar representações,
uma vez que os diversos textos literários podem nos auxiliar
na compreensão de ideais ou imagens representadas e divulgadas,
como opção para fazer mediações entre a ficção e a “reinterpretação”
construídas pelo escritor. Dessa maneira, o escritor é aquele que,
atento ao mundo em que vive, transporta para o universo ficcional
uma forma específica e particular “de ver e dizer” esse mundo. Ele
“inventa” seu mundo ficcional e, ao fazê-lo, carrega experiências
vividas. Neste sentido, a escrita literária pode ser compreendida
como uma prática humana situada em um contexto e que tem
formas, modos e estruturas próprias. A narrativa, a poesia, o conto,
o romance, a crônica, entre outros textos literários, nos permite
acessar ideias, ideais, representações, símbolos, costumes vistos
através da perspectiva de um escritor.
304
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
A memória escolar como fonte documental:
o contributo da museologia para a
História da Educação
Vanessa Barrozo Teixeira
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
[email protected]
O presente trabalho destaca o uso de artefatos musealizados como
fonte documental para pesquisas em História da Educação. Este estudo
é resultado de pesquisa de dissertação que tem como objeto de análise
a Escola de Engenharia Industrial (EEI), primeira instituição de ensino
superior da cidade do Rio Grande/RS, criada em meados da década de
1950. Através de um acervo museológico em específico, pertencente
ao Núcleo de Memória Engº. Francisco Martins Bastos (NUME),
museu localizado na cidade do Rio Grande/RS, notou-se que aqueles
bens patrimoniais que preservam a memória escolar das primeiras
instituições de ensino superior do município, dentre elas a EEI, poderiam
se transformar em fonte documental para uma pesquisa no âmbito
da História da Educação. É importante destacar que a história das
instituições escolares é um tema caro para a historiografia da educação
e que proporciona uma melhor compreensão dos processos históricoeducativos brasileiros, principalmente por auxiliar na compreensão das
realidades educacionais e dos reflexos que, por exemplo, a legislação ou
as mudanças pedagógicas podem causar nesses espaços. O que se torna
evidente através dessa categoria é que cada instituição é um universo
específico e cada uma possui uma realidade, fazendo com que as mudanças
de caráter amplo e generalizador acabem sendo assimiladas de diferentes
formas. Outro importante ponto é que toda construção histórica é
sempre uma construção pessoal, uma leitura individual, afinal trata-se de
um ponto de vista particular sobre aquele objeto em questão (BURKE,
1992). O que reforça que esta pesquisa busca traçar e reconstruir uma
das possíveis “histórias” sobre a Escola de Engenharia Industrial, jamais
buscando esgotar essa temática, nem as fontes documentais utilizadas.
Vale frisar que a categoria história das instituições escolares necessita
305
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
de espaços que preservem a materialidade da sua cultura escolar, espaços
como o NUME, que por meio da preservação desse patrimônio educativo
torna possível analisar objetos que revelam uma época, um contexto
dentro da própria história da educação brasileira. No entanto, sabe-se
que as realidades são diversas e que devido à falta de uma política de
preservação das próprias instituições, ou pelo desenvolvimento empírico
de algumas técnicas específicas de conservação, o acervo institucional
acaba se perdendo, se deteriorando ao longo do tempo, dificultando
o próprio conhecimento da sociedade sobre a sua relevância como
um espaço de representação. Ao longo deste estudo pode-se perceber
que o acervo museológico do NUME, transformou-se em importante
fonte documental para pesquisas no âmbito da História da Educação,
podendo-se interrogar as diversas perspectivas das memórias escolares
ali preservadas, inclusive ampliando o uso das metodologias de análise,
possibilitando uma gama de possibilidades de reflexão e problematização
acerca da temática em questão.
A perspectiva histórica transnacional
como instrumental teórico para análise
da história da educação brasileira entre as
décadas de 1950 a 1960
Daniel Ferraz Chiozzini
[email protected]
A comunicação consiste no relato de uma investigação que visa,
inicialmente, analisar como surgiu e se desenvolveu a perspectiva
da análise histórica transnacional, buscando especialmente
um
instrumental teórico para análise da circulação das idéias
educacionais entre as décadas de 1950 a 1960. Desenvolvida na
historiografia estadunidense, a história transnacional tem como
proposição a noção de que um conjunto de idéias concebidas nos
EUA ou na Europa, sobretudo durante os séculos XIX e XX, ao invés
de serem apenas “modelos” para posteriores “cópias imperfeitas” de
um determinado pensamento original, constituíram “experiências
306
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
históricas” da modernidade em todo mundo (López, 2012). Sendo
assim, aproximam-se do conceito de circulação e apropriação cultural
de Chartier (1990) e bastante presente na obra de Carvalho (1998).
No entanto, para utilizarmos esse instrumental teórico e identificarmos
pontos de aproximação e distanciamento entre alguns autores da história
transnacional e a historiografia da educação brasileira, é necessário
primeiramente analisar as diferenças e semelhanças entre os próprios
autores estadunidenses que vem desenvolvendo a perspectiva histórica
transnacional, tal como López & Weinstein (2012), Siegel (2009),
Bayly et all (2006), Joseph et all (2008), entre outros. Além disso,
tendo em vista uma pesquisa empírica sobre a História da Educação
Brasileira entre as décadas de 1950 e 1960, a investigação toma
como hipótese o fato de que esse período encerrou uma significativa
circulação de idéias educacionais entre EUA e Brasil. A motivação foi,
entre outros fatores, os notórios acordos MEC-USAID e PABAEE
(Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar,
assinado em 1956) e pelo desenvolvimento de projetos educacionais
experimentais no Brasil, muitos deles abertos às pedagogias européias
e estadunidenses do pós-guerra e aquilo que poderíamos denominar
genericamente como “inovações pedagógicas” (Garcia, 1993). Nesse
sentido, buscaremos investigar também como os conceitos até então
utilizados pela historiografia da educação brasileira para analisar
especificamente o período, tais como “americanização” (Warde, 1984)
e (Paiva, 2002) “inovação educacional” (Garcia, 1993), condizem ou
não com as evidências localizadas em fontes primárias sobre o tema,
disponíveis em arquivos brasileiros, tais como o Centro de Memória
da Educação da FEUSP e o Centro de Documentação e Informação
Científica da PUC-SP. Nesse sentido, além das leituras e atividades
acadêmicas associadas à discussão da perspectiva histórica transnacional
e a História da Educação brasileira, buscarei expor arquivos e fontes
disponíveis nos EUA para pesquisa desse tema.
307
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
A pesquisa em história da educação
(sul) mato-grossense e seus indicadores de
produção: base de dados e periódicos acadêmicos
Adriana Aparecida Pinto
[email protected]
A necessidade de conhecer a produção acadêmica para a realização
de qualquer pesquisa é imperativa para estabelecer em que medida
temas estão sendo investigados, períodos são valorizados em detrimento
de outros, abordagens teóricas e metodológicas vem sendo privilegiadas
viabilizando, assim, estudos de modo mais pontual e original, bem como
utilizar referencial bibliográfico atualizado, sem no entanto, preterir as
referências clássicas pertinentes a cada ramo de conhecimento. Face ao
exposto, a presente comunicação objetiva apresentar os resultados derivados
da pesquisa realizada em base de dados nacionalmente reconhecida e
validada por pesquisadores em todas as áreas – Banco de Teses da CAPES,
disponível no sitio desta instituição (http://capesdw.capes.gov.br) – e em
esforço análogo, o mapeamento e análise da produção referente ao temário
das pesquisas em história da educação mato-grossense, em periódicos
acadêmicos de qualidade afiançada por órgãos reguladores de pesquisas no
campo. No que tange a primeira fonte, o recorte temporal estabelecido
perfaz o período entre os anos de 1990 a 2010, por considerar que ambas as
décadas revelam um crescente desenvolvimento das pesquisas em história
da educação no Estado, mesmo após a sua divisão territorial em 1977,
potencializada pelos investimentos dos programas de pós-graduação em
Educação que foram se consolidando nas capitais, Cuiabá(MT) e Campo
Grande (MS). Quanto ao segundo conjunto de fontes, o recenseamento da
produção se fez com base em impressos de natureza periódica considerados
representativos das pesquisas em História da Educação: Revista Brasileira de
Educação (ANPEd); Revista Brasileira de História da Educação (SBHE);
Publicações periódicas dos Programas de Pós Graduação das Universidades
Públicas de Mato Grosso (Revista Educação Pública) e Mato Grosso do
Sul (Revista Intermeio) no período compreendido entre os anos de 2000 a
2010. Cordeiro e Carvalho (2002) revelam que as publicações periódicas não
308
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
seguem apenas convenções pré-estabelecidas por seus locais de publicação,
estando, pois, inseridas em uma proposta de difusão e circulação de saberes
que ultrapassam as fronteiras regionais e inserem-se em um movimento
de institucionalização de práticas consideradas modelares. O estudo de
periódicos permite identificar os modos como se processam essa circulação
(SCHRIEWER,1995). As análises apontam as pesquisas realizadas no
campo da educação como sendo, em grande parte, objeto de interesses
das atividades ligadas aos cursos de Mestrado, não estritamente ligados à
área da educação. Foram encontrados trabalhos produzidos sob a ótica da
Educação, da Arquitetura mas, sobretudo, da História. Uma possibilidade
de interpretação destes dados é desenvolvida por Gilberto Alves (2001).
Ao dialogar com a produção acadêmica com base nas fontes utilizadas para
a elaboração deste trabalho buscou-se, sobretudo, o exercício de entender
como as tentativas de escrita de uma história da educação pautada em
algumas das referências adotadas como basilares para a compreensão pode
ser interrogadas, ou são ainda passíveis de interpretações dadas a partir do
seu lócus de enunciação.
A Revista Echos do Collegio Archidiocesano
de São Paulo (1908-1963): possibilidades para
estudos em história da educação
Raquel Quirino Pinas
[email protected]
Ricardo Tomasiello Pedro
[email protected]
O principal foco desse trabalho é apresentar aos pesquisadores
a revista Echos do Collegio Archidiocesano de São Paulo, que no
período de 1908 a 1963 foi o mais relevante informativo distribuído
às famílias dos alunos. Na comunicação apresentaremos o periódico
citado, algumas das temáticas abordadas em suas páginas e, a partir
disso, desenvolver uma abordagem em torno das possibilidades de
investigação oferecidas por essa documentação histórica. Dentre os
309
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
impressos institucionais do Colégio Marista Arquidiocesano de São
Paulo a revista Echos tem especial importância, uma vez que a sua
publicação foi iniciada em 1908 e se manteve com tiragem regular anual
até a sua última edição. O periódico era destinado às famílias dos alunos
matriculados em regime de internato e semi-internato, professores leigos
e religiosos, sendo enviado, também, para autoridades políticas
e eclesiásticas. As edições descrevem os acontecimentos eleitos
como os mais relevantes do ano letivo, são ricamente ilustradas com
fotografias, desde seu primeiro número. Os exemplares contemplam
amplos aspectos do universo escolar: relatos de formatura, eventos
cívicos e religiosos, discursos de paraninfos e personalidades variadas,
as palavras do diretor e das autoridades governamentais, descrições de
campeonatos esportivos e atividades artísticas, notas e premiações dos
alunos, narrativas a respeito de excursões científicas e passeios escolares,
ações das associações e grupos estudantis, orientações para formação
moral e religiosa dos alunos etc. As possibilidades investigativas do
periódico se estendem para as seguintes questões: construção das
representações sobre a escola, os sujeitos e seus posicionamentos sociais
e institucionais, as práticas e rituais escolares, circulação das ideias
pedagógicas, os discursos sobre a civilidade e a moral, valorização da
excelência acadêmica, educação dos corpos e dos sentidos, divulgação da
filosofia educacional Marista, evangelização pelo ensino, entre outros.
No decorrer de seis décadas, muitas foram às alterações sofridas pela
revista em relação aos seus objetivos e conteúdos, que refletem muitas
das transformações experimentadas pelo colégio no campo educacional
e social. A revista se constitui como fonte relevante para o estudo das
permanências e mudanças no âmbito da escolarização, colaborando para
o entendimento das construções simbólicas e materiais no âmbito da
instituição Marista. Levando em conta as discussões sobre a pertinência
das fontes pouco exploradas para a constituição de novos temas em
história da educação, a revista Echos é uma possibilidade privilegiada,
disponível para consulta no acervo do Memorial do Colégio Marista
Arquidiocesano de São Paulo, centro de documentação e memória
responsável pela preservação, organização e acesso aos documentos
acumulados pela instituição desde 1858.
310
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Acervo da escola estadual professor
Leopoldo Miranda, Diamantina, MG:
fontes para história da educação
Gabriela Marquesi Sousa (UFVJM)
[email protected]
Flávio César Freitasii Vieira (UFVJM)
[email protected]
Diamantina é uma cidade histórica com uma tradição cultural de
cerca de três séculos, com surgimento do Arraial do Tijuco, no início do
século XVIII. O conhecimento sobre aspectos da história da educação
desse município e região se apresenta com produções pontuais e fontes
dispersas e fragmentadas. O objetivo desta pesquisa no campo da história
da educação é o de buscar fontes sobre processos, agentes e instituições
educacionais em Diamantina e região. A mesma surgiu de ações do Grupo
de Estudo e Pesquisas em Formação Docente e História da Educação
dos Vales (GEPFDHE_VALES) da UFVJM, na busca de fontes sobre
o objeto de estudo a educação. A Escola Estadual Professor Leopoldo
Miranda (EEPLM), Diamantina/MG, foi a instituição educativa alvo
da investigação pela equipe do projeto, em razão dos seguintes fatores:
a)prioridade na recuperação de documentos que necessitavam de ação
emergencial para preservação; b)instituição educativa vinculada à antiga
Escola Normal Oficial de Diamantina (1928-1938); c)autorização
da escola de acesso e intervenção para preservação das fontes; d)
importância no cenário educacional da sociedade diamantinense e da
região. A metodologia utilizada para buscarmos alcançar os objetivos
de levantamento de fontes está sendo realizado a partir de duas etapas
concomitantes: 1ª.Identificação de Fontes; 2ª.Constituição de Acervos.
A primeira etapa da pesquisa iniciou com as seguintes ações: a)revisão
bibliográfica sobre a educação em Diamantina e região; b)Busca de
recursos e bolsas de IC para materialização e equipe e realização de
projeto de pesquisa para identificação de fontes primárias nas instituições
educativas em Diamantina e região; c)Busca em instituições educativas,
311
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
museus, acervos públicos e privados com possibilidades de conter fontes
primárias sobre a educação em Diamantina e região. Logo após o início
dessa a primeira etapa, surgiu à necessidade de iniciar a segunda: a
ampliação da equipe para manter-se a realização de ambas as etapas em
decorrência da carência e dispersão de fontes primárias sobre a educação
em Diamantina. A segunda etapa foi pautada a partir da ação na EEPLM:
a)recuperação de documentos primários; b)identificação e catalogação das
fontes primárias; c)busca de recursos, parcerias e bolsas para ampliação
das ações e constituição do Museu Pedagógico da EEPLM. Os resultados
obtidos, até o presente momento, são a articulação de três projetos de
pesquisa e um quarto de pesquisa e extensão, que possibilitam a articulação
entre esses projetos sobre aspectos da metodologia, categorias de análises
e resultados. A constituição do acervo de documentos da EEPLM,
com a identificação de cerca 592 documentos contidos em 23 pastas,
além de iconográfico e do material escolar. Alguns documentos além
de identificados já foram transcritos objetivando a análise do período
histórico da reabertura da escola em 1952.
Alunos da Faculdade de Direito de Pelotas/RS
em 1962 e 1964: herdeiros de qual tradição?
Valesca Brasil Costa
[email protected]
Na virada para o XX, Pelotas, ao sul do Brasil, é abatida por
crise financeira. A elite local carece de instituições que ofereçam
capital cultural diferenciado para seus herdeiros. Em 1902, a
sociedade maçônica concretiza a ideia através da criação do
Gymnasio Pelotense, do qual posteriormente derivam cursos
superiores, entre eles a Faculdade de Direito em 1912. Este estudo
trata de meio século depois, envolvendo alunos graduados entre
a década de 1960 e 1970, tempo de turbulências políticas. Os
aportes teóricos caracterizam-se por um singular desafio: aliar
conceitos de Bourdieu a referenciais advindos da história cultural
(Peter Burke, Sandra Pesavento, entre outros). Como reagiram
312
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
estudantes daquela tradicional instituição de ensino: teriam
evidenciado espírito cívico-crítico, resistindo diante das ameaças
de uma elite conservadora, ou sua atuação estaria comprometida
com os valores da mesma elite que fundou a instituição? Frequentar
a Faculdade de Direito naquele período reproduzia uma dinâmica
em que os alunos, filhos de famílias tradicionais, teriam acesso
à educação de significativa qualidade, tornando-se também
detentores de capital cultural ou, conforme Bourdieu, herdeiros.
Entretanto, por constituir-se uma instituição pública, igualmente
abrigou alguns alunos não originários de famílias abastadas. Estes
estariam contrapondo a suposta tendência de origem, conseguindo
ultrapassar os limites imposto s não só pela cultura local, como
também a própria cultura da área jurídica, inclusive destacando-se
na sociedade. Para uns e para outros o desenvolvimento de uma
consciência crítica teria provocado posições políticas apoiando o
Movimento da Legalidade? E em 1964, teriam defendido posições
contrárias ao Golpe? Os procedimentos operacionais da pesquisa
estão subdivididos em etapas: pesquisa em jornais da Biblioteca
Pública Pelotense e arquivos do Centro Acadêmico Ferreira Vianna.
Na etapa seguinte, aplicação de questionário a partir de nomes de
diplomados no período, conforme arquivos da própria Faculdade
e de acordo com respectiva adesão. Tal questionário inclui
informações, desde a origem familiar e respectiva escolarização
de avós e pais, bem como condições econômicas e demais dados
referentes ao contexto sociocultural da família. A partir da análise
de tais dados, desenvolve-se a segunda etapa da investigação. Ou
seja, com a adesão de sujeitos dispostos a narrar suas memórias,
desenvolvem-se entrevistas gravadas e posteriormente transcritas.
O processo analítico permite antever significativas considerações,
confirmando não só alguns dos pressupostos bourdesianos
assumidos ao longo do estudo, como também singularidades
quanto ao posicionamento político dos sujeitos. Atualmente
a pesquisa incorpora a perspectiva comparada, desenvolvendo
o mesmo projeto, inclusive recorte temporal e similar contexto
político, junto à Faculdade de Direito de Coimbra/Portugal.
313
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Apontamentos sobre a produção do
conhecimento científico e a construção do
conceito de historicidade
Carlos Bauer
[email protected]
A presente comunicação não tem a pretensão de sistematizar um
conjunto de informações sobre a natureza do conhecimento histórico
como uma das disciplinas constituintes do saber científico produzido no
mundo ocidental. Um compromisso com uma análise deste porte nos
exigiria um aprofundamento de questões como conceito de história e
forma de história, por que estudamos história, o papel de correntes
importantes como é o caso do positivismo, o relativismo e a fecundidade
inquietante do marxismo, o problema da natureza dos fatos históricos,
a explicação na perspectiva da história, a objetividade em história; além
de estabelecer a necessária relação entre ideologia e história, estrutura
e história e o aprofundamento da própria ideia de periodização, caso
sejamos capazes de pensar o tempo como uma dimensão da crítica possível
numa determinada época vivenciada pela humanidade. As próprias
transformações (e não evoluções) do pensamento ocidental inseridas no
domínio da história teriam que ser necessariamente apreciadas, o que
nos remeteria diretamente para questões pertinentes a uma Teoria da
História e, portanto, uma inquebrantável disposição de estabelecer um
plano de análise das obras de autores como Carr, De Decca, Marc Bloch,
Flamarion Cardoso, Plekhanov, Fernand Braudel, E. P. Thompson, P.
Anderson, Pierre Vilar, Agnes Heller, A. Shaff e tantos outros quanto
possam ser lembrados. O que, por ora, não temos condições de fazer.
Podemos, contudo, apresentar e refletir sobre alguns aspectos teóricos
da produção do conhecimento científico, seus desdobramentos na
produção do conhecimento e do saber histórico e a indicação de algumas
preposições pertinentes à construção do conceito de historicidade,
entre elas, podemos citar: a questão das fontes históricas, as fontes
primárias, as fontes secundárias, a análise histórica, a síntese histórica, a
crítica histórica e o seu papel na apreciação do tempo social dos homens.
314
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Todas estas variáveis podem contribuir para que o indivíduo atue mais ou
menos intensamente no sentido de influir sobre a vida social, portanto,
sobre a produção dos fatos culturais, sobretudo dos fatos históricos, que
são produzidos mediante uma interpretação meticulosa e consciente
daquele que se dispõe a realizar tal ofício, particularmente, na edificação
do universo social da educação e sua história.
Apontamentos teórico-metodológicos para a
investigação do ensino da linguagem escrita
em classes de alfabetização
Fernanda Zanetti Becalli
UFES/NEPALES/IFES
[email protected]
Resumo: Este artigo integra uma pesquisa em andamento voltada para
o campo dos estudos da história recente e ainda presente da alfabetização
no Estado do Espírito Santo, no período de 2001 a 2008, que tem por
finalidade investigar o ensino da linguagem escrita na alfabetização de
crianças. A investigação se norteia pelos princípios teórico-metodológicos
bakhtinianos e utiliza como fontes documentais cadernos e outros suportes
de registros escolares de professoras capixabas que cursaram o Programa
de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA) e de alunos que
estudaram com elas. Nossa coleta de fontes foi realizada em arquivos
institucionais (Superintendências Regionais e Secretarias Municipais de
Educação), escolares (Escolas Estaduais e Municipais dos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental) e pessoais (residências de professores e alunos),
objetivando identificar nestas fontes o que pode ter contribuído para a
manutenção de modelos tradicionais de ensino da leitura e da escrita e/ou
para o redimensionamento de formas e maneiras de ensinar a linguagem
escrita. As visitas as secretarias e as escolas públicas evidenciaram que os
documentos produzidos no cotidiano escolar capixaba ainda não são
reconhecidos como fontes históricas de pesquisa que permitem aprofundar
estudos sobre escolas, memórias, culturas escolares, colaborando na
compreensão de abordagens teóricas e metodológicas que alicerçam
315
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
práticas alfabetizadoras, apontamentos de mudanças e/ou continuidades
que se consolidaram na organização do trabalho com a linguagem
escrita em classes de alfabetização, ao longo do período coberto pela
pesquisa, e como políticas públicas de formação continuada são aceitas
e/ou renunciadas pelas professoras. Cabe ressaltar que nestas instituições
localizamos apenas 38 documentos. Foi em função das artes de guardar
realizadas individualmente pelas 16 professoras participantes da pesquisa
que reunimos 2.105 suportes de registros escolares que materializam
discursos sobre práticas alfabetizadoras efetivadas em escolas capixabas.
Esse conjunto de materiais foi fotografado com vistas à elaboração de um
banco de dados digital e de um catálogo de fontes que permitirá preservar
os documentos originais e desencadear estudos e pesquisas posteriores.
Sistematizamos, enfim, a constituição do nosso corpus discursivo:
trajetória de coleta, organização, seleção e tratamento dado às fontes
documentais, ou seja, uma metodologia de análise de cadernos e demais
suportes de registros escolares que poderá auxiliar outros pesquisadores que
trabalham com essas fontes privilegiadas para a pesquisa em educação.
As contribuições de e. P. Thompson e o “fazerse” da Escola Profissional Visconde de Mauá
Isabella Paula Gaze
UNIRIO/CEMEF
[email protected]
Este trabalho propõe o debate sobre as contribuições teóricometodológicas do historiador inglês de tradição marxista Edward
Palmer Thompson (1924-1993) e as possibilidades de seu uso nas
pesquisas em história da educação, especificamente na história
das instituições escolares. Foram utilizadas as seguintes obras do
historiador, A formação da classe operária inglesa e A Miséria da
Teoria, e no livro Edward P. Thompson: história e formação de
Liane M. Bertucci; Luciano M. Faria Filho e Marcus A. Taborda
de Oliveira. A inovação de Thompson, que serve de lição para
historiadores da educação, foi usar como procedimento de pesquisa,
316
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
as próprias experiências da classe operária inglesa. Para entender este
processo histórico usou uma diversidade de fontes, entre estas, as que
não eram usadas pela historiografia, como documentos produzidos
pelos próprios trabalhadores e suas organizações. Neste aspecto, os
autores citados afirmam que a prática de Thompson nos leva a refletir
sobre o que pode ser considerada fonte para a história das escolas
e os processos educacionais. Existe uma variedade de documentos
produzidos pelas escolas, que são fontes pouco exploradas para
entender a instituição escolar na perspectiva da “história vista de
baixo”. Outro aspecto trata-se da forma como Thompson indaga
as fontes, que questões podem ser investigadas, que evidências são
percebidas, assim como os silêncios. Ele procura compreendê-las de
maneira contextualizada, a partir das leituras dos sujeitos no tempo
histórico que as produziram, e não no tempo vivido pelo
historiador. Os autores afirmam que conflito, resistência, cultura,
economia moral, costume e formação são noções centrais para a
história da educação e pouco analisadas pelas categorias e conceitos
de Thompson. Para recuperar o “fazer-se” da Escola Profissional
Visconde Mauá fundada em 1916, na Vila Proletária de Marechal
Hermes, subúrbio carioca, seguimos os passos de seus sujeitos
através das primeiras solicitações da escola à Diretoria Geral da
Instrução Pública e ao Almoxarifado Central, nos meses anteriores
à sua inauguração. Explorando estes documentos como fontes, foi
possível acompanhar as demandas e negociações na estruturação
da escola, na formação dos seus laboratórios, na chegada dos
primeiros professores, do material pedagógico, do mobiliário. Outra
fonte consultada foram os primeiros livros de matrículas da escola
que nos forneceram o perfil dos primeiros alunos. Concluímos que
a abordagem teórico- metodológica apoiada em E. P. Thompson
possibilita aos pesquisadores da história da educação investigar e
escrever sobre a história das instituições escolares considerando que
as políticas educacionais pensadas, articuladas e implantadas pelo
Estado brasileiro, tornam-se reais à medida que são (re)construídas
pelos sujeitos no ambiente escolar, numa relação dialética própria
de qualquer realidade.
317
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
As leituras de ciências empíricas em Caicó-RN
(século XIX)
Franselma Fernandes de Figueirêdo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
No Brasil, ao longo do século XIX circulou uma literatura
de almanaques e manuais impressos, que também foi responsável
pela divulgação, por distintos e longínquos recantos, de uma larga
contribuição acadêmica especializada na prevenção e no tratamento
de doenças e na indicação de fórmulas para fabricar medicamentos.
De modo geral, esses impressos tinham a incumbência de
transcrever a medicina científica para a população leiga. Eram uma
literatura popular do tipo “faça você mesmo”, mas com premissas
científicas, que, pouco a pouco, disseminou pelo Brasil afora
saberes e práticas da medicina doméstica, intensamente exercitada
e incansavelmente apropriada por leitores e leitoras assíduos do
século XIX. Consequentemente, essa circulação resultou numa
convivência quase obrigatória da ciência médica com os costumes
populares de curar as doenças – o curandeirismo –, especialmente
praticado por fazendeiros das províncias do Nordeste brasileiro.
Abordar uma história da leitura no Caicó oitocentista, apoiada
numa literatura do tipo “faça você mesmo” e situada numa rede de
práticas culturais almejando outras inúmeras práticas culturais é
alertar para a constatação de Darnton (1992) de que textos escritos,
vida em sociedade e leitura estavam intimamente associados.
Nessa investigação almejamos destacar os ensinamentos do tipo
“faça você mesmo” prescritos nos almanaques ou manuais laicos
Lunário e prognóstico perpétuo e Formulário e guia médico – Guia
Chernoviz –, que remetam para a associação entre texto escrito,
vida em sociedade e leitura lida, escutada e recitada, perceptível
nos indícios, pormenores inscritos em livros de historiografia e
de memórias, entre outros escritos. Sem sombra de dúvida uma
literatura exemplar que fundamentou a “medicina caseira” do
318
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
povo sertanejo e sua transmudação em remédios foram os livros
medicinais do Dr. Chernoviz, subsidiados pelos textos do Lunário
e prognóstico perpétuo e complementados pelas fórmulas das curas
dos indígenas e dos africanos que aqui chegaram. Principalmente o
Dr. Chernoviz subsidiou, por muito e muito tempo, o diagnóstico
dos sintomas das doenças mais comuns e o tratamento delas, bem
como a difusão da terminologia médica. No mister da homeopatia
em Caicó, alguns homens eram os “doutores” das fórmulas
medicinais avançadas, ditas científicas. Portanto, como era de se
esperar, existe uma variação considerável de relatos que, de fato,
indicam o leque das apropriações de nossos antepassados moldadas
pelas leituras feitas e ouvidas dos textos do Lunário perpétuo e do
Guia Chernoviz.
Cartas e educação jesuíticas: memórias da
segunda vinda dos jesuítas portugueses ao
nordeste do Brasil
Carlos Ângelo de Meneses Sousa (UCB)
[email protected] / [email protected]
A Companhia de Jesus, desde as suas origens, teve o desvelo de
registrar a vida da Ordem em suas diversas atividades, tanto no
que se refere à sua ação ad extra, como as atividades apostólicas
na sociedade, quanto ad intra, isto é, suas ações cotidianas
institucionais internas. Para tanto foram criados, por exemplo, as
“cartas annuas” e a história das casas que deveriam ser registradas
sistematicamente e guardadas em três arquivos, quais sejam, na
Cúria da Ordem em Roma, no arquivo da Província e no arquivo
de cada casa. Tanto é o zelo por estes registros que, os superiores
se mostram atentos a qualquer descuido e imprecisão. Em nossa
pesquisa sobre a ação política e educativa dos jesuítas portugueses
no nordeste do Brasil, no século XX, a partir da expulsão sofrida
por esta Ordem, depois do advento da República em Portugal
(1910), verificamos tal fato em diferentes momentos das cartas
319
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
destes superiores para as suas diversas casas. O contexto sóciopolítico em que foram escritas suas cartas, cotejadas nesta pesquisa,
datam de 1917 a 1920 e, para este artigo focou-se, sobretudo,
as missivas relacionadas aos acordos e tratativas de fundação e
ações educativas desenvolvidas no colégio Nobrega em Recife.
As mesmas foram redigidas em cidades européias, sobretudo
naquelas em que abrigaram a Província lusitana dispersa, como
Tuy e Pontevedra (Espanha) e em Salvador (Brasil). A Província
portuguesa se encontrava dispersa e necessitava sobreviver,
preservar sua unidade e continuar sua história, em outras terras
em que o anti-jesuitismo não estivesse fortemente ameaçador.
A situação em alguns países europeus não era tranquila, por
exemplo, na Espanha e esse, entre outros motivos, ensejou uma
maior vinda de jesuítas portugueses para o Brasil. Estas cartas
como fontes históricas se constituem, em nossa pesquisa, um dos
pontos de construção historiográfica da ação politica e educativa
dos jesuítas portugueses no nordeste do Brasil. A metodologia,
do conjunto da pesquisa, adotada parte da localização e
construção de fontes historiográficas, documentais, jornalísticas,
orais e iconográficas, com vistas a promover uma leitura cruzada,
buscando-as em arquivos e bibliotecas das diversas cidades onde
os jesuítas se radicaram, para analisar o papel que esses religiosos
e educadores tiveram, com a ajuda de autoridades católicas e da
nossa elite política, no contexto da Primeira República e do Estado
Novo, na discussão e definição de um plano local e nacional de
educação, face à aliança firmada entre a República do Brasil e a
Igreja Católica para a modernização conservadora da sociedade
brasileira. Em meio a este contexto, as cartas tinham a importância
de circulação das ideias, notícias das diversas casas e missões.
Assim elas não tinham um caráter meramente informativo, mas
também de manter aquecida a memória e o ânimo entre os seus e
como divulgação de sua missão.
320
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Colégio metodista Izabela Hendrix
(1904-1935): resgate e organização dos
documentos históricos
Reginaldo Leandro Plácido
Plá[email protected]
Wesley Jesus dos Santos
[email protected]
Pesquisas recentes no campo da História da Educação tem se
debruçado sobre a presença das instituições escolares protestantes no
cenário educacional brasileiro. Parece consenso afirmar que as escolas
protestantes de origem norte-americana contribuíram diretamente
para a expansão da ideologia liberal e para a penetração de uma cultura
que viria a instalar no âmbito escolar novas normas e práticas no
sentido descrito por Dominique Julia (2001, p. 10-11). Os primeiros
protestantes de origem missionária que chegaram no Brasil dividiram-se
estrategicamente entre os principais núcleos republicanos. Este é o caso
do Colégio Metodista Izabela Hendrix, fundado em 5 de outubro de
1904 na cidade de Belo Horizonte, em um período de liberalização
da educação brasileira, com proposta educacional inovadora
e humanizante, visão esta que seria o perfil da educação metodista no
Brasil, fazendo frente à educação ultrapassada das escolas brasileiras
da época. (PEIXOTO; SOARES: 2004, p. 10). No decorrer de mais
de um século de história desta instituição muito material documental
foi produzido, armazenado e perdido no tempo. Assim, o objetivo
desse trabalho é descrever a história da instituição a partir do resgate
de documentos, organização e criação de arquivo virtual deste
material, no período que vai da fundação em 1904 até a inspeção
de 1934. Segundo Le Goff (1996, p. 433), as instituições responsáveis
pela manutenção e organização da matéria memorável têm no foco de
suas preocupações as articulações entre o tempo, o espaço e o homem.
Em uma perspectiva mais ampla, pode-se compreender as próprias
instituições como instâncias da memória, isto é, como responsáveis
321
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
por gestos fundadores que resultam da combinação da ação de um
grupo (os eruditos, homens de toga, funcionários etc.), com lugares
(cartórios, escolas etc.), práticas e técnicas variáveis no tempo (a cópia
manuscrita, a imprensa, a digitalização, a classificação etc.). A escolha
do recorte temporal para esta comunicação foi estabelecida levandose em consideração a questão do pertencimento desta investigação ao
relatório final do projeto de pesquisa “Uma leitura do Colégio
Metodista Izabela Hendrix no processo de escolarização em Belo
Horizonte no início do século XX. O arcabouço teórico-metodológico
desta investigação segue o proposto pelo projeto de pesquisa maior
e se utiliza principalmente das contribuições dos estudos de Roger
Chartier sobre os conceitos do papel das práticas e das representações;
de Dominique Julia e Viñao Frado sobre o conceito de cultura escolar;
das reflexões de António Nóvoa e Justino Magalhães sobre o campo de
pesquisa das instituições escolares, dentre outros autores e conceitos
capazes de dar suporte a construção desta investigação.
Constituição de um catálogo fotográfico
digital como ferramenta de pesquisa em
história da educação
Andreína de Melo Louveira
[email protected]
Maria Eduarda Ferro
[email protected]
Na terminologia arquivística “catálogo” é um instrumento de
pesquisa organizado segundo critérios temáticos, cronológicos,
geográficos, entre outros, reunindo a descrição individualizada de
documentos pertencentes a um ou mais “fundos”, de forma sumária
ou analítica. Os “fundos” são constituídos por um conjunto de
documentos de uma mesma proveniência. Este artigo visa socializar
os resultados da produção do instrumento de pesquisa denominado
Catálogo Fotográfico Digital: Crianças e Infâncias do sul de Mato
322
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Grosso (1850-1950). Nosso objetivo consiste em apresentar o itinerário,
os desafios e as reflexões provenientes do processo de produção
dessa ferramenta que buscou contribuir para o desenvolvimento e
aprimoramento da fotografia como fonte de pesquisas históricas, bem
como, auxiliar na preservação de fontes documentais para a construção
da História Social da Criança e da Infância. A ideia de desenvolver
tal instrumento de pesquisa surgiu da necessidade encontrada no
processo de classificação, análise e preservação da documentação
resultante de uma investigação que localizou, digitalizou e iniciou a
classificação de fotografias provenientes de acervos públicos e privados
da cidade de Dourados (MS). Os acervos públicos consultados
foram o Museu Histórico e Cultural de Dourados e o Centro
de Documentação Regional da Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD). Os acervos privados pertencem a famílias que,
a convite das pesquisadoras, aceitaram abrir seus álbuns de família
para colaborar com a pesquisa. Para superar a condição de massa
documental acumulada, o catálogo foi idealizado como forma
de possibilitar o arquivamento organizado e a recuperação ágil e
precisa das fotografias segundo critérios cronológicos, geográficos,
temáticos, por palavras-chave e por origem de fundos/coleções.
Subsidiada pelas pesquisas de Kossoy (2009) e Mauad (1996) foi
elaborada uma ficha para catalogação dos documentos fotográficos,
com atenção às especificidades de nosso acervo. Tal ficha contemplou
elementos técnicos e de conteúdo das imagens. Essa ficha contribuiu
significativamente para a definição dos descritores contemplados
no sistema denominado FotoMemo. Os esforços de organização de
acervos materiais ou eletrônicos constituem um trabalho minucioso
que requer conhecimentos multidisciplinares. Apostamos nesses
esforços, pois eles dão visibilidade à importância dos acervos, além de
contribuírem para a democratização do acesso a fontes empregadas
na produção de conhecimento científico, além do seu uso potencial
para fins didáticos e culturais.
323
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Das ondas do rádio às páginas dos impressos:
debates sobre linguagem humorística,
radiodifusão e educação no Brasil
(anos 1930-1940)
Maria angela borges salvadori
[email protected]
Este trabalho analisa percepções dos ouvintes quanto ao uso da
linguagem coloquial, e especialmente da linguagem humorística, em
programas radiofônicos das décadas de 1930 e 1940, período no qual
os serviços de radiodifusão se distanciam dos propósitos estritamente
educativos defendidos por seus pioneiros, ligando-se a uma perspectiva
mais comercial e do entretenimento. Para isso, toma como fonte
privilegiada de pesquisa cartas de leitores publicadas na revista
Carioca, semanário ilustrado que circulou em 1935 e 1954 voltado
principalmente à leitora feminina e aos jovens. Por meio da análise dos
conteúdos dessas cartas, pretende-se tanto recuperar fragmentos dos
debates sobre o papel do rádio naquele período quanto tensões entre o
popular e o erudito. Desde seu primeiro número, em outubro de 1935,
a revista Carioca dedica algumas de suas páginas ao rádio, divulgando
e comentando a programação das emissoras. O mesmo acontece com
quase todas as revistas ilustradas daquele período que trazem também
seções específicas sobre radiodifusão. A Carioca, revista que colocava
para si a tarefa de educar divertindo, em seu segundo número, lança
um concurso permanente que premiava cartas enviadas por ouvintes
com suas opiniões sobre programas das diferentes emissoras de rádio
e sobre seus castings. No início, várias das cartas enviadas eram
“assinadas” por professores, geralmente indignados com os programas
mais populares. Com o passar do tempo, o concurso se torna uma
seção da revista, com direito a réplicas e tréplicas entre os leitores. Nas
cartas dos ouvintes pesquisadas até agora, publicadas entre 1935 e
1940, são muito freqüentes críticas à programação mais comercial e
popular que aos poucos tomava conta das emissoras. Lastimava-se o
distanciamento crescente entre a programação das estações e o papel
324
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
de grande “educador” dos brasileiros que marcara os tempos iniciais da
radiodifusão nos anos 1920. Ritmos, práticas e linguagens associados
às classes populares são encarados como sinais de atraso, incivilidade e
“deseducação”. Ao mesmo tempo, tais cartas enaltecem os programas
educativos stricto sensu, valorizando elementos ligados à cultura erudita
e/ou aos conhecimentos escolares. Num tempo em que as pesquisas
sobre audiência apenas engatinhavam, essa documentação representa
uma rica possibilidade de aproximação em relação ao alcance dos
programas emitidos e suas repercussões, indicando conflitos sociais de
dimensões mais amplas que aparecem aqui equacionados no debate
sobre o papel da radiodifusão. Na análise desses conflitos, procuro
estabelecer diálogos com a produção do historiador E. P. Thompson
sobre tradições populares e com os estudos do filósofo Mikhail Bakthin
relativos à linguagem, considerando a oralidade e o humor como
indícios de visões de mundo daqueles que eram alvos de um discurso
moralizador calcado no tripé trabalho, saúde e educação.
Documentação camarária e história da educação
em Minas Gerais: algumas possibilidades
Marileide Lopes dos Santos
FaE-GEPHE/UFMG,RME/BH
[email protected]
A documentação das câmaras municipais tem sido objeto de maior
investigação na História da Educação. As câmaras são instituições
de longa tradição que construíram e foram guardiãs de importantes
documentos, os quais possibilita acompanhar parte do cotidiano
daqueles que estiveram sob sua égide e dos que foram responsáveis
por sua administração. Não é novidade a utilização dessas fontes
oficiais na pesquisa histórica, no entanto, a luz de novos referenciais
teóricos e metodológicos, novas leituras, vem sendo possíveis.
Essas releituras incidem sobre temas como análise do perfil
dos sujeitos responsáveis pela sua administração, as sociabilidades
desses indivíduos, aspectos econômicos dos municípios, as redes
325
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
familiares, a participação na constituição do processo de escolarização
da população e constituição do Estado Nacional, dentre outros.
Em Minas Gerais, a História da Educação, também vem buscando
com análise nesse tipo de documentação ampliar o quadro de
conhecimento do processo educacional mineiro. Objetivo neste
trabalho, refletir sobre a contribuição que a documentação das
câmaras municipais, a partir da Câmara Municipal de Sabará/MG,
pode trazer para a história da educação. A documentação que aqui
analiso tem como recorte temporal central, o século XIX. O trabalho
decorre do investimento de um grupo que vem investigando desde
o século XVIII até primeira metade do século XX os processos
educativos em Sabará. Essa documentação permite conhecer os
debates sobre a educação, o grau de importância que lhe é atribuído,
o lugar que a instrução pública assume nos debates camarários
diante de outros problemas da vida cotidiana. A documentação de
registro das câmaras tais como: correspondências, livros de receitas
e despesas, atas de eleições, livros de registros diversos, atas das
sessões da câmara, dentre outros registros camarários, constituem
em importantes fontes para percepção e análise da dinâmica da vida
cotidiana, de um passado coletivo. Toda essa documentação além de
questões locais apresenta também, questões mais amplas de cunho
administrativo provincial e imperial. Dentre as questões de interesse
tanto municipal, provincial e imperial estava à instrução. As atas documentos elaborados com a finalidade de registrar formalmente
encontros, reuniões, de determinado grupo ou instituição – permitem
apreender, por exemplo, a circulação e entrecruzamento dos grupos
nas localidades e alianças estabelecidas. É possível também
levantar informações preciosas de demandas e pendências dos
munícipes apresentadas na Câmara como os pedidos de atestados
dos professores, relação de matrícula dos alunos, relatórios dos fiscais
e das comissões de visitas aos estabelecimentos públicos, pedidos de
criação de cadeiras e/ou escolas, discursos sobre a necessidade de
escolas na localidade. Tudo isso corrobora na análise das relações
coletivas vivenciadas num espaço público cada vez mais complexo.
326
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
História da educação de Goiás:
documentos em rede
Diane Valdez
[email protected]
Valdeniza Maria Lopes da Barra
[email protected]
Este trabalho visa socializar a experiência de reunir, classificar e
publicizar - no formato eletrônico - documentos relativos à história
da educação de Goiás. O trabalho mencionado se constitui como um
dos produtos do projeto de pesquisa Projeto de educação da sociedade
goiana, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Goiás. Tais documentos foram armanezanados no software Ica-atom e
organizados em conformidade com os padrões definidos pelas Normas
Brasileiras de Descrição Arquivística (NOBRADE) em quatro coleções
de documentos. A Coleção número 01- Projeto educacional da sociedade
goiana do século XIX – reúne documentos de natureza normativa que
incluem desde a Primeira Lei Goiana de Instrução Pública (1835) até o
Regulamento do Ensino Primário (1930); mapas de frequência escolar
das localidades de Porto Nacional e Meya Ponte no período de 1837
a 1890; imprensa com recortes temáticos em educação (1830-1889),
incluindo os periódicos: Correio Official, A Matutyna Meyapontense,
A Tribuna Livre, dentre outros. A Coleção número 02 - Museu
Virtual da Educação de Goiás constitui-se de um total de 214 peças
documentais organizadas em um arquivo compactado da versão original
do projeto Museu Virtual da Educação em Goiás (2002), além de seis
séries documentais, sendo: Escrituração escolar (22 itens), Turmas de
alunos e Professores (22 itens), Eventos escolares (05), Prédios escolares
(40), Objetos escolares (67 itens), Educação de Jovens e Adultos (58
itens). A Coleção número 03 - Gabinete Literário Goiano: reúne atas
(1864 - 1903), fotos de folhas de rosto de livros que compõem o acervo
da instituição (séculos XIX e início do XX), relatórios da presidência
(1880-1884) e o estatuto da instituição (1905). A Coleção número 04 Imagens escolares: reúne 407 fotografias de situações escolares do período
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Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
de 1892 a 1980, de localidades de Goiás, contemplando variados temas
como formaturas, desfiles cívicos, festas cívicas, práticas esportivas,
prédios escolares, lembranças escolares, entre outros. A mesma coleção
reúne as páginas iniciais de dezoito livros de leitura, datados entre 1867
e 1970. O conjunto documental acima exposto totaliza mais de 2500
páginas de documentos, entre reproduções digitalizadas dos originais e
transcrições. O acervo é originário das seguintes instituições: Arquivo
Histórico Estadual de Goiás (AHE-GO), Instituto de Pesquisas e
Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC), Instituto Histórico
e Geográfico de Goiás (IHGG) e Gabinete Literário Goiano. O
trabalho de leitura, seleção, digitação, digitalização de documentos
envolveu profissionais e estudantes da Universidade Federal de
Goiás, Universidade Estadual de Goiás, Faculdade Estácio de SáGO, além de profissionais das instituições responsáveis pela guarda dos
respectivos acervos. Hoje, as quatro coleções de documentos de história
da educação de Goiás estão disponibilizadas no site da Rede de Estudos
de História da Educação de Goiás: http://reheg.fe.ufg.br.
Dos vestígios ao tema de estudo: o caminho
percorrido na pesquisa sobre a Escola Mixta
da Imperial Fazenda de Santa Cruz
Adriana Valentim Beaklini
[email protected]
A presente comunicação faz parte das inquietações na realização
da pesquisa para o curso de mestrado em Educação e pretende
desvelar o processo de construção do “fazer” do pesquisador na
busca e tratamento das fontes. A localização em alguns textos de
apenas um breve relato sobre a Escola Mixta da Imperial Fazenda
de Santa Cruz relacionando essa instituição escolar como sendo
criada pelo Imperador Pedro II para atender a crianças negras do
Curato de Santa Cruz gerou inúmeras perguntas que emergiram
deste vestígio. Como por exemplo: onde estão os indícios da
existência desta instituição? Porque esse estabelecimento de
328
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
ensino está tão pouco presente na produção acadêmica? Será
que o público alvo era mesmo as crianças negras? Na busca por
examiná-lo mais detidamente pretendemos analisá-la no contexto
sócio-histórico do final do século XIX. Delimitamos, portanto o
período deste trabalho investigativo entre 1885 e 1889, ou seja,
da criação da instituição escolar até o marco histórico de mudança
política que foi o início da República. Isto porque, em 1890, a
escola é incorporada ao Ministério de Instrução Pública, Correio
e Telégrafos alterando o nome para Escola D. Pedro II; em 1893,
ela é entregue a Câmara Municipal, ou seja, integra os quadros
do Município; e finalmente, em 1920, os alunos são transferidos
para outras escolas e o prédio é destinado à instalação de um
hospital com a finalidade de atender os casos de malária. A escola
em questão estava localizada dentro da Fazenda de Santa Cruz, no
Curato de Santa Cruz no Rio de Janeiro, e contava com grande
número de escravos e libertos, cabeças de gado, diversos tipos de
cultivos e o manejo de técnicas avançadas. A instituição escolar
tinha como objetivo o ensino profissional observado pelo ensino
de ofícios através de diversas oficinas concomitante com o ensino
propedêutico. Ela se inseria no contexto dos debates acerca do
fim da abolição, do projeto de civilização almejado para o Brasil
e o direcionamento da população excluída para uma atividade
produtiva. O ensino profissional, portanto, foi uma das
propostas de inclusão de algumas parcelas da população (pobres,
vadios, negros, etc) nesta proposta de “civilização”. Buscamos
sustentação teórica em Norbert Elias, Carlo Ginzburg, Jacques Le
Goff, dentre outros.
329
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
É tempo de lembrar: a memória oral das
normalistas no Instituto de Educação de
Pernambuco (1946-1955)
Ana Paula Rodrigues Figueirôa
[email protected]
José Luis Simões
[email protected]
O artigo é parte da dissertação do mestrado em educação pela
Universidade Federal de Pernambuco, este artigo percorrerá as
sendas de uma vida, dos sonhos e da realidade escolar na memória
das normalistas que estudaram nesta instituição, tendo como
objetivo promover a discussão sobre as particularidades dos relatos
das entrevistas vivenciadas individualmente e coletivamente, nos
mostrando as representações sociais, congregadas as questões da
comunidade escolar. Pois nos relatos percebemos os vieses sociais dessa
época. Para redarguir a essas questões se fará uso da metodologia na
história oral, porque as fontes documentais impressas, as entrevistas
orais coletivas e individuais, e as figuras, não demonstram dentro de si
somente as minúcias das lembranças de cada pessoa ou grupo destas,
isto é, trazem consigo juntamente na oralidade, toda a atmosfera do
mundo individual e coletivo da sociedade do qual fizeram parte,
foram entrevistadas ao longo desse trabalho seis normalistas que
cursaram a primeira década em anos diferentes no Instituto
de Educação de Pernambuco, deste modo foi construído algumas
referências do que essas ex-alunas tem como indicação coletiva de
uma memória histórica, de um passado social, histórico e educacional.
Essas Lembranças encontram-se avivadas na memória individual e
coletiva de cada normalista entrevistada. Contudo, a recordação dessa
instituição foi registrada através do que se gravou, filmou, escutou,
fotografou e leu. Direcionando-nos a um imaginário carregado de
fortes emoções nas visitas ao Instituto de Educação de Pernambuco.
Esta pesquisa tem como referencial teórico alguns autores, entre
330
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
eles Paul Thompson, nos mostrando e sugerindo que as entrevistas
sejam coletivas e ou individuais, pois a história oral permite esse tipo
de coleta, formando um trabalho em equipe, onde as abordagens
sugeridas por ele sejam feitas de forma planejada e organizada; Ecléa
Bosi detém sobre o aspecto de o pesquisador ter uma direção com o
objeto de pesquisa, principalmente na história oral, onde segundo
ela, o observador deverá ter uma aproximação direta com os sujeitos
da pesquisa; já para Guaracira Louro nos ajuda a compreender como
se dá o processo de saída da mulher do lar para frequentar a sala de
aula. Além das fontes apresentadas se recorrerá às ideias consolidadas
e construídas por pesquisadores que, de alguma forma, dedicaram
seus estudos a história da educação brasileira e especificamente a
pernambucana. Permitindo assim conhecer não só as trajetórias
individuais, como também as vivências coletivas no espaço escolar
das professoras primárias de Pernambuco, no período estudado.
Entre a determinação e a prática: a história da
educação primária impressa nos relatórios de
professores e inspetores escolares paranaenses
Etienne Baldez Louzada Barbosa (UFPR)
[email protected]
Franciele F. França (UFPR)
[email protected]
Em meio aos documentos que compõem um conjunto
selecionado de fontes para a escrita da História da Educação no
Paraná, destacam-se os relatórios dos professores primários e
dos inspetores de ensino. Documentos como estes são relevantes
para a historiografia educacional, pois possibilitam uma maior
aproximação com o cotidiano organizacional da instrução pública
paranaense no século XIX e, que por sua vez, desvelam práticas,
tensões, apropriações e representações circulantes entre os autores
dos mesmos. Desta forma, este estudo pretende evidenciar que
331
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
história da educação primária paranaense contam os relatórios dos
professores e inspetores de ensino. Para tanto vale-se dos acervos
disponíveis no Arquivo Público Parananense e no Círculo de
Estudos Bandeirantes, nos quais é possível encontrar, além dos
relatórios, outros documentos concernentes à instrução pública
paranaense como: pedidos de materiais e móveis para as escola,
solicitações de licença para os professores, assim como ofícios, cartas,
requerimentos, recibos, atas e termos, provindos dos professores,
inspetores ou mesmo do presidente da província. A escrita dos
relatórios, como determinavam as legislações concernentes ao
ensino, fazia parte dos deveres desses sujeitos enquanto partícipes
da instrução na província. Para esses relatos havia ainda uma
normatização quanto ao conteúdo necessário, sem impedimentos,
todavia, para o relator que optasse por acrescentar outros itens
além do específico. No tocante aos relatórios dos inspetores de
ensino são identificados dois tipos – os relatórios do inspetor
geral e relatórios dos inspetores paroquiais/distritais – ambos eram
atinentes às visitas feitas às escolas, nos quais os inspetores discorriam
sobre a situação da instrução, demarcando seus posicionamentos
e avaliações acerca de temas relacionados à sua organização, bem
como traçavam em que estado se encontravam as escolas e os
alunos e de que forma atuavam os professores. Entretanto, nos
relatórios do inspetor geral, os dados e conteúdo apresentados
referiam-se a instrução de toda a província, enquanto que o dos
inspetores paroquiais/distritais remetia-se a uma região específica
da província. Já os relatórios provindos dos professores expõem
de forma mais detalhada o cotidiano escolar, visto que nestes os
professores descreviam as condições da escola quanto ao material
disponível e em falta, mobiliário e sala de aula; procedimentos
frente as matérias ensinadas; utilização e posicionamento em
relação ao método de ensino adotado; suas dificuldades, bem como
os avanços encontrados em sua escola. No cotejamento destes
relatos é possível ressaltar, para além do plano das projeções, como
a instrução pública primária paranaense era representada por estes
sujeitos e quais as ações destes para com o ensino.
332
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Ficha da vida escolar do alunado como fonte para
a história de instituições escolares: uma discussão
Vívia de Melo Silva (PPGE/UFPB)
[email protected]
A discussão que apresentamos nesse trabalho procura enfatizar fichas
da vida escolar de estudantes como possibilidade de fonte à história
de uma instituição de ensino, o Colégio Estadual de Campina Grande
(1953), primeiro estabelecimento de ensino secundário público da cidade de
Campina Grande-PB. Tal foco nos direciona, antecipadamente, à reflexão
acerca dos estudos sobre instituições escolares. Nesse sentido, fazemos
uma reflexão respaldada em Magalhães (2004) para discutir as instituições
escolares como especificidade de pesquisa na área da História da Educação.
Quanto à discussão de fontes, nos fundamentamos principalmente em
Le Goff (1996) considerando as fontes como documento/monumentos.
Ademais, partimos da compreensão de que os documentos são vestígios
materiais elaborados no passado, sejam esses longínquos ou mais ligados
ao tempo presente, não direcionados ao historiador. Portanto, que os
documentos estão impregnados pelo seu tempo e são utilizados por nós
historiadores para contribuir com a formulação de conhecimentos sobre um
dado objeto, no nosso caso, do Colégio Estadual de Campina Grande. Com
esse foco, realizamos, de forma breve, uma reflexão a respeito da ampliação
das fontes no âmbito das pesquisas em história da Educação. Por último,
discutimos as fichas da vida escolar de estudantes como uma fonte fecunda
no âmbito de pesquisas sobre instituições escolares. As fichas da vida escolar,
documento em formato padronizado pelo governo do estado, explanam
dados pessoais dos alunos: origem, filiação, cidade natal, vida estudantil
anterior ao ensino secundário, além de um enriquecido material sobre seu
desempenho na escola, principalmente em educação física. Acompanham
essas fichas informações acerca da saúde, requerimentos de matrículas,
advertências de professores, solicitações de transferências entre outros dados
sobre cada discente. A partir desse documento vislumbramos possibilidades
de tratar sobre demanda escolar; perfil dos estudantes do colégio. Ademais, é
possível desenvolver uma reflexão sobre o saber escolar do colégio, mediante
333
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
as disciplinas oferecidas nos cursos do estabelecimento de ensino: Ginasial,
Clássico e Científico. Por fim, as fichas individuais dos alunos permitem
ainda refletir sobre alguns aspectos do funcionamento da escola, mediante
as informações sobre arguições registradas por mês e matérias a cada discente
e outros instrumentos de avaliação, tais como: exercícios, provas escritas de
acordo com as chamadas épocas e médias ponderadas.
“Folha do Norte” e “o Correio de São Felix” de
1930 a 1939: o debate educacional em Feira de
Santana e Recôncavo Fumageiro na imprensa
Elizabete Pereira Barbosa (UEFS)
[email protected]
Sandra Nivia Soares de Oliveira (UEFS)
[email protected]
O presente artigo tem como objetivo comparar o debate sobre educação
na década de 1930, em Feira de Santana e Recôncavo Fumageiro, e sua
relação com os temas em discussão em âmbito nacional analisando o discurso
em dois jornais que são, ao mesmo tempo,fonte e objeto de pesquisa para
história da educação em Feira de Santana e no Recôncavo Fumageiro. Em
Feira de Santana o periódico utilizado é o “Jornal Folha do Norte” fundado
no início do Século XX em circulação em Feira de Santana até os dias atuais.
No Recôncavo Fumageiro, o jornal utilizado é “ O Correio de São Félix”
em circulação durante as décadas de 1920 a 1940 abrangendo cidades do
Recôncavo. Convém evidenciar que a escolha do período considerou a
efervescência política pedagógica da década de 1930. As idéias circulantes
para a sociedade dessa época começam a esboçar um plano de reconstrução
educacional que rompesse com a estrutura tradicional marcada pela
primazia da igreja católica no exercício da ação educativa. A análise dos jornais
apresenta informações veiculadas sobre a educação principalmente no que
tange as reformas de ensino no período. Além disso, o texto pretende estudar
as relações existentes entre os dois jornais comparando os consensos que se
pretendeu produzir através da utilização dos mesmos em Feira de Santana e
334
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Recôncavo Fumageiro. No campo teórico toma-se como referência estudos
que nos auxiliam na compreensão, da fonte histórica como elemento essencial
nesse trabalho, bem como as referências que se debruçam sobre a importância
da fonte jornalística para o estudo da história da educação abrindo novos
campos de análises e perspectiva sobre esse objeto. A intenção aqui é trazer
para os meandros do texto esclarecimentos sobre as relações e contradições
existentes, reconstruindo a educação no período estudado através do que
estava expresso na imprensa. Partimos da compreensão de que o jornal se
configura em fonte privilegiada para a história da educação por nos permitir
compreender, a partir de um modo específico de escrever a história, como é
produzida e transmitida uma determinada cultura. Neste texto apresentamos
as edições desses Jornais fazendo uma breve descrição de seu conteúdo, bem
como enfatizando seu lugar para o estudo da história da educação em Feira
e no Recôncavo Fumageiro. Outro aspecto relevante presente no texto é a
discussão sobre as condições de armazenamento e preservação dessas fontes
e a precariedade dos arquivos visitados. Há que se considerar que o
jornal foi e continua sendo um importante instrumento na transmissão de
conhecimento, na formação de opinião e na fabricação de consenso.
Fontes literárias contribuições do
Bildungsroman para estudos e pesquisas no
campo da história da educação
Léo Antônio Perrucho Mittaraquis
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Este trabalho é resultado de subsídios proporcionados pelo
processo de construção do projeto de pesquisa em andamento (O
aprendizado de Stephen Dedalus em James Joyce: cultura escolar,
formação religiosa e literatura sob a perspectiva do Bildungsroman)
e que está vinculado à linha de estudos e pesquisa intitulada
História, Sociedade e Pensamento Educacional do Núcleo de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe.
Neste campo, o trabalho visa colaborar para o desenvolvimento das
335
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
atividades acadêmicas inerentes a esta linha de estudo, levando em
consideração que, de acordo com a mesma, compreendem-se as
formas de educação como passíveis de ocorrer tanto no âmbito da
cultura escolar, como mediante ações extra-escolares que também
promovem o aprendizado (a produção de obras e demais estudos no
campo literário estão incluídos no espectro dessas ações). As ações
de leitura de produções literárias, as descrições, as caracterizações
e compreensões destes textos (no intuito de proporcionar uma
avaliação crítica dos mesmos), as classificações, as teorizações e
o conjunto de problemas concernentes ao objeto serão levados a
efeito sob a perspectiva da História da Educação. No campo de
estudos e pesquisas em História da Educação, este trabalho se insere
no gênero romance de formação (Bildungsroman). A expressão
Bildungsroman (o Dicionário Alemão-Português, da Porto Editora,
reconhece a expressão como palavra composta) reúne dois termos:
bildungs e roman. Na junção dos termos é possível perceber-se o
significado: romance de construção, de formação ou de educação.
Romances que possuem características do gênero Bildungsroman
descrevem a trajetória de desenvolvimento de um jovem protagonista
ou o desenvolvimento do personagem desde a tenra infância
à maturidade. O protótipo literário do Bildungsroman, é o
livro “Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister”, escrito
pelo escritor alemão Joham Wolfgang Von Goethe. A seqüência
contínua de fatos ou operações que apresentam certa unidade ou
que se reproduzem com certa regularidade na construção do discurso
educacional se manifesta nas produções literárias inseridas no gênero
Bildungsroman. O escritor se manifesta ciente da importância do
exercício de orientação do desenvolvimento intelectual do sujeito, ou
seja, da educação (LUKACS: 1994). Observe-se que, se a produção
de um dado discurso resulta em obra de cunho literário, artístico ou
técnico-científico, e esta, ainda que seja da forma mais elementar,
dispõe dados que, percebidos, reunidos, analisados e interpretados,
produzem conhecimento, vale dizer, formação/educação, o objeto
literário (que no status de prioridade, é o alvo de maior interesse nesta
produção acadêmica), mesmo produzido em ambiente extraescolar,
336
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
é frequentemente adotado pelas instituições educacionais: os autores
e suas obras são referências qualificadas no processo de formação
humanística do aluno. Entre diversos gêneros literários, interessa
aqui (e, com efeito, é o objeto mesmo), o gênero Bildungsroman:
romance de formação. No intuito de fundamentar as intenções deste
trabalho, a partir dos pontos de referência supracitados, este projeto
buscou, como um dos suportes teóricos para o desenvolvimento da
pesquisa, o conceito de Bildungsroman.
Fontes para pesquisa e escrita da história da
educação em Dourados e região (1940-1990):
mapeamento e inventário
Alessandra Cristina Furtado
Universidade Federal da Grande Dourados - MS
[email protected]
Inês Velter Marques
Universidade Federal da Grande Dourados - MS
[email protected]
Este trabalho tem o propósito de fomentar e contribuir
para ampliar o campo de estudo em História da Educação
do Antigo Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul).
Para tanto, a presente comunicação emerge de pesquisas em
andamento, que buscam realizar discussões sobre a elaboração
e organização de um instrumento de pesquisa, e tomam como
base as fontes documentais referentes à educação no Município
de Dourados e região, entre as décadas de 1940 e 1990. Fontes
estas encontradas em arquivos públicos, arquivos escolares,
acervos pessoais, centros de documentação, museus, entre
outros. Pretende-se, também, dar a conhecer possibilidades
interpretativas preliminares do conjunto de fontes mapeadas até
o momento, para pesquisa e escrita da História da Educação da
localidade estudada. A delimitação temporal entre as décadas de
337
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
1940 e 1990 justifica-se, inicialmente, por sinalizar um período
de desenvolvimento econômico do município de Dourados,
desencadeado, sobretudo, pela instalação da Colônia Agrícola
de Dourados, mais especificamente em 1946, devido ao projeto
de Getúlio Vargas de Marcha para o Oeste. Tal desenvolvimento
intensificou a expansão da educação escolar no município, com a
instalação e regulamentação de escolas primárias, de instituições
de ensino secundário, de formação de professores e até mesmo
de ensino superior, no final da década de 1960. Este trabalho
se justifica, ainda, pela carência de pesquisas que se dedicam a
mapear, inventariar a documentação sobre a História da Educação,
no Antigo Sul de Mato Grosso, e vem sendo desenvolvido por
meio da pesquisa documental e bibliográfica, com a utilização
de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção
e ordenação das fontes documentais dos arquivos e dos acervos
pesquisados e de um referencial teórico ligado à História, História
da Educação e Arquivologia. Os resultados iniciais apontam
que o esforço empreendido permitiu reunir um conjunto de
documentos que viabilizam estudos sob diferentes abordagens
da educação sul-mato-grossense, no que tange à organização da
educação pública e privada, ao funcionamento e à organização
das instituições de ensino. Desse modo, o conjunto de fontes
documentais, que está sendo mapeado, inventariado e analisado,
possibilita iniciar a constituição de uma memória histórica
da educação sul-mato-grossense, e mais especificamente, da
educação em Dourados e região. Os resultados obtidos, para além
do fomento de pesquisas históricas no âmbito da pós-graduação
e da iniciação científica, visam à organização e geração de um
instrumento de pesquisa, na forma de um inventário, com vistas
a fomentar a produção da pesquisa e da escrita em História da
Educação em Dourados e região.
338
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Fronteiras entre dois campos: um estudo das
influências teóricas na história e na história
da educação no século XX
Silvia Alicia Martínez
Universidade Estadual do Norte Fluminense
[email protected]
Este trabalho apresenta resultados de um estudo sobre influências
teóricas, fontes e metodologias de dois campos do conhecimento: História
e História da Educação. Partindo da premissa segundo a qual a pesquisa
em História da Educação foi influenciada pelas tendências teóricometodológicas do campo da História, que é mais antigo e consolidado,
buscou-se uma aproximação entre esses dois campos, considerando
que no da História, até a década de 1980, predominaram três esquemas
interpretativos: positivismo, marxismo e Escola dos Annales. Inicialmente
foram classificados os períodos da constituição do campo da História:
as primeiras décadas do século; a renovação teórica a partir de 1930; a
consolidação da Pós-Graduação e, finalmente, a fase atual. O mesmo
procedimento metodológico foi empregado para analisar as influências
teóricas, o uso de fontes e metodologias no campo da História da Educação
que, diferentemente da pesquisa em História, não tem a mesma longevidade.
Seu nascimento ocorreu no interior da pesquisa em Educação na metade
do século XX, alcançando maior dimensão e importância a partir da década
de 1980. Também aqui foram examinadas as características da produção
realizada antes e depois da Pós- Graduação. O estudo permitiu verificar
similitudes e distinções no estudo sobre a aproximação entre os dois campos
e também sobre a influência das tendências teóricas do campo da História
sobre o da História da Educação. A primeira constatação foi a de que, em
ambos, a política de Pós-Graduação modificou o padrão da pesquisa. Se
por um lado, provocou o aumentou da produção historiográfica, por outro,
tem predominado baixo teor de criatividade e trabalhos relativamente
desimportantes. Também foi possível visualizar fronteiras teóricas próximas
entre os dois campos, no entanto os procedimentos metodológicos da
pesquisa em História indicam maior atenção metodológica às fontes. O
339
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
estudo chegou às seguintes conclusões: 1) A História da Educação não foi
uma área forte de pesquisa durante todo o século XX, mas configura- se
como uma das mais fortes e organizadas sub-áreas da Educação desde a
década de 1980; 2) A pesquisa em História da Educação tem privilegiado
aspectos particulares e abandonou a dimensão política, que foi substituída
por “mentalidades”, “cotidiano” e, mais recentemente, por estudos de
caráter cultural; 3) Essa tendência teórica se tornou hegemônica por adoção
ao ocorrido no campo da História; 4) No âmbito dos Programas de PósGraduação predomina uma produção mais caracterizada por repetição do
que renovação. O estudo indica desafios comuns aos dois campos: revigorar
a teoria; recuperar a ambição da síntese e da visão de mudança;
valorizar temas mais abrangentes; evitar dois perigos: o da generalização
teórica abstrata desvinculada do real e o da descrição de casos singulares.
Fundamentos teóricos, áreas de comparação
e procedimentos investigativos: os estudos
comparados e a escrita de uma história curricular
Fabiany de Cássia Tavares SILVA
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
[email protected]
O reaparecimento dos estudos comparados, na última década
do século XX, no meio acadêmico e nas pesquisas em História
da Educação, com diferentes propósitos e alinhamentos teóricometodológicos, tem nos levado a interrogações desde a produção
de generalizações e singularidades, na perspectiva da melhoria dos
sistemas educativos, até o privilegiamento de dados estruturais,
como esforço para o encontro do método. Pesquisa concluída,
inscrita no campo da história a educação, com foco na reflexão
sobre as condições teóricas e metodológicas que se colocam à
utilização dos procedimentos do estudo comparado, objetivou
a escrita de uma história curricular particular, por meio do
estudo de documentos curriculares nacionais publicados em
distintos períodos, 1979 e 1999. Períodos esses delimitados a partir
340
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
da hipótese da invenção/reinvenção dos princípios de uma escola
justa, entendida como objeto de um novo contrato educativo
(sociedade e governo), que assume formas de incluir
“a todos”, especificamente, os alunos com deficiência. Os
documentos curriculares, seguindo uma perspectiva crítica, têm
uma repercussão muito direta nos padrões de implementação desse
novo contrato e de difusão do conhecimento para ele necessário,
na medida em que afetam a produção e disseminação das práticas
educativas. Para este texto trabalhamos com os dados de coleta e
análise bibliográfica, de diferentes evidências metodológicas
e históricas dos estudos comparados nas áreas da história, da
educação, da história da educação e dos estudos curriculares.
A metodologia empregada nesta investigação está orientada pela
explicitação dos fundamentos teóricos, das áreas de comparação
e dos procedimentos investigativos que sustentam a eleição do
estudo comparado como método de pesquisa. Ao elegermos os
fundamentos, as áreas e os procedimentos, tratamos de analisar as
diferenças e as semelhanças, de explorá-las ao máximo para descobrir
como elas se expressam, de rastrear os conteúdos das informações
no contexto onde estão apresentadas, de contextualizá-las, isto é,
de estabelecer relações com as distintas situações em que foram/
são produzidas uma história curricular. Esse movimento nos coloca
diante de procedimentos de pesquisa marcados, de um lado, pela
identificação e análise de questões educativas definidas pela pertença
geográfica, mas no sentido de uma interação a certos mercados
simbólicos. De outro, determinados pela apreensão dos espaçostempos discursivos, impressos por meio das regulações cognitivas,
econômicas e políticas que atravessam as fronteiras da educação.
341
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
História da alfabetização em Minas Gerais:
as especificidades do município de Canápolis
(1931 – 1971)
Vanessa Ferreira Silva Arantes
Universidade de Uberaba-UNIUBE
[email protected]
Gustavo Araújo Batista
Universidade de Uberaba-UNIUBE
[email protected]
No Brasil, as pesquisas que investigam sobre a história da
alfabetização são recentes, visto que os estudos que envolvem sua
conjuntura histórica ganharam forças a partir do final do século
XX. Neste contexto, os estudos que abrangem a história
da alfabetização em nosso país ainda são incipientes perto da
necessidade e urgência em ampliar essa temática. Neste sentido,
essa pesquisa aborda em sua problemática, como o processo de
alfabetização vem se construindo no município de Canápolis-MG?
Partindo desta situação e visando contribuir para a compreensão da
história da alfabetização mineira, este estudo tem como objetivos,
investigar o processo histórico da alfabetização no Município de
Canápolis- MG no período delimitado de 1931 a 1971, apoiandose em fontes primárias representadas pelas cartilhas utilizados
no município, assim como pelas fontes secundárias, onde
elegemos
os documentos encontrados nos Arquivos Público
Municipal, mapear as cartilhas mais utilizadas no município
no período delimitado e por fim cotejar as concepções teóricometodológica existentes nestas cartilhas. O recorte cronológico
inicial se justifica por ser o momento em que foi criada a primeira
escola primária no município pesquisado, assim como por ser um
período em que o ideário pedagógico renovador ganha força em
nosso país, e se estende a 1971 ano de criação da segunda versão
da LDB-5.692/71 que instituiu mudanças expressivas na educação
342
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
brasileira, reformando o ensino de 1º e 2º graus. Mediante este
histórico, pretendemos contextualizar a relação entre as cartilhas,
os documentos encontrados e os desdobramentos advindos desta
relação dentro da história da alfabetização em nosso município.
Para tanto, optou-se pela pesquisa bibliográfica e documental, com
abordagem quali-quantitativa apoiando-se no referencial teóricometodológico do materialismo histórico- dialético na concepção
de Goldmann (1979), visto que o mesmo proporciona entender a
conjuntura do objeto, possibilitando sua visão contextual, analisando
a realidade de forma dialética. Utilizamos também os aportes
teóricos dos estudos de Frade e Maciel (2006), Maciel (2000),
Mortatti (1999, 2000 e 2006), Romanelli (2012), Santos (2001),
Saviani (2008), Soares (2000) e colaboradores. Buscaremos assim,
na interpretação das fontes primárias e secundárias localizar pontos
relevantes que colabore na interpretação de como o processo de
alfabetização vem se construindo historicamente no Município
de Canápolis- MG.
História da educação “vista de baixo”:
abordagens, limites e possibilidades de pesquisa
Compreender os significados das abordagens, os caminhos de
pesquisa, os limites e possibilidades de uma história da educação
“vista de baixo” é o objetivo deste artigo. Busca-se inventariar
temáticas e caminhos trilhados na recente produção da
historiografia da educação a partir dos trabalhos apresentados no
Congresso Brasileiro de História da Educação desde sua primeira
edição no ano dois mil, a fim de analisar os sentidos da presença
de estudos sobre diferentes sujeitos, dentre os quais, indígenas,
mulheres, trabalhadores, população afrodescendente dentre
outros. A incorporação da ideia de “história vista de baixo” tem
na cultura uma das categorias de análise mais centrais, em que
as contribuições do historiador inglês E P Thompson apontam
que através da experiência social, os sujeitos experimentam suas
situações e relações sociais enquanto necessidades, interesses e
343
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
com antagonismos, e que em seguida tratam essa experiência em
sua consciência e sua cultura com complexidade, para só então,
agir sobre uma situação dada, experimentando não apenas como
ideias no âmbito do pensamento, mas também como sentimentos,
normas, valores, obrigações que se exprimem em ações e também
como resistências. A historiografia brasileira, nas últimas décadas
do século XX, inspirou-se basicamente na nova história francesa
e na historiografia social inglesa. Autores como Foucault, Le
Goff, Thompson e Hobsbawm, por caminhos distintos, abriram
aos historiadores brasileiros a possibilidade do alargamento de
conceitos e abordagens. Assim, temas até então negligenciados pela
historiografia tornaram-se objetos de investigação. Este movimento
ampliou o olhar sobre as fontes, sendo consideradas também as
fontes orais (entrevistas, depoimentos, narrativas), audiovisuais,
além de obras de arte, como pinturas, esculturas. Tudo o que fosse
registro da ação humana passou a ser considerado como fonte da
história. Logo, todos os homens e mulheres, ricos, pretos, índios,
brancos, governantes e governados, patrões e empregados passaram
a ser concebidos como sujeitos da história. Os usos das perspectivas
teóricas da História Social, por exemplo, podem ser indicados
como um componente que explica a multiplicidade de sujeitos no
fazer história da educação, num compromisso de dar visibilidade
a outros sujeitos de “fora” dos grandes temas consagrados pela
historiografia oficial, numa preocupação com a compreensão
dos nexos e das relações sociais existentes na atividade humana.
Deste modo, indaga-se sobre que perspectivas teóricas balizam os
trabalhos produzidos no âmbito da História da Educação? Quais
os recortes utilizados? Por outro lado, encaminha-se uma discussão
sobre a apropriação, por partes destes trabalhos, do entendimento
de “história vista de baixo” a partir da denominação apresentada
por Hobsbawm (1998), Sharpe (1992) e Thompson (2001).
344
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
História e memória de uma instituição de
ensino por meio de seu acervo fotográfico:
o caso da Escola Estadual de Ensino
Fundamental General Osório
Maria Augusta Martiarena de Oliveira (UFPel)
[email protected]
A Escola Estadual de Ensino Fundamental General Osório é a
instituição de ensino mais antiga em funcionamento na cidade de Osório,
no Estado do Rio Grande do Sul. A trajetória dessa instituição iniciou-se
com a fundação da 15.ª Escola Mixta e à designação da professora
Maria Thereza Villanova de Castilho, pelo decreto n.º 3.042, de 28 de
outubro de 1922, para exercer as suas atividades em Conceição do Arroio
(antigo nome da cidade). Em 6 de junho de 1924, essa escola que já era
denominada grupo escolar, passou a ser dirigida pela referida professora.
Pelo decreto n.º 3.588, de 15 de janeiro de 1926, a instituição foi elevada
a colégio elementar, tendo a professora Maria Thereza Villanova de
Castilho, mantido a sua função de diretora. Pode-se dizer que a instalação
de um estabelecimento de ensino em um cidade do interior fez parte
do movimento de incremento do ensino primário proposto pelo
governo estadual. Embora o Partido Republicano Rio-Grandense estivesse
vinculado ao positivismo e previsse que as primeiras letras deveriam ficar
à cargo da família, foi necessário, de acordo com Tambara (1995) uma
adaptação às necessidades gaúchas e dedicar-se ao oferecimento do ensino
primário. Além disso, em âmbito nacional, o país vivenciava, de acordo com
Nagle (2001) dois importantes movimentos educacionais: o entusiasmo
pela educação e o otimismo pedagógico. Durante a Primeira República,
via- se na educação a solução para os problemas nacionais. Além disso,
tornava-se necessária a formação de cidadãos e diminuir o analfabetismo
herdado do império. Para atuar no sentido de fortalecer a memória e a
identidade dessa instituição, realiza-se a digitalização e catalogação de seu
acervo fotográfico, o qual conta com imagens de diversos momentos da
história da instituição e que retratam elementos da cultura escolar.
Segundo Mogarro (2005), os acervos escolares possuem informações que
345
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
permitem introduzir a uniformidade na análise dos diversos discursos e
dos diferentes atores educativos. Além disso, Vidal (2005) destaca que ao
trabalhar com acervos considerados mortos das instituições educacionais,
os pesquisadores têm conseguido mobilizar a comunidade escolar, como
professores, alunos e funcionários. Para a realização deste estudo buscouse referenciais teórico-metodológicos que embasassem a pesquisa com
acervos escolares e sobre a temática cultura escolar, tais como Mogarro
(2005), Magalhães (2001), Julia (2001) e Viñao Frago (2001). Para a
análise da fotografia como fonte de pesquisa histórica utilizou-se Freund
(2008), Bauret (2000) e Kossoy (1989). Como referencial de memória e
identidade, optou-se por Candau (2012).
História Oral: método de preferência na
produção científica no Brasil
Maria do Socorro Pereira Lima
[email protected]
Este artigo incide num levantamento bibliográfico acerca de produções
científicas no Brasil que se utiliza da História Oral como fonte para a produção
de dados históricos. A preferência dos pesquisadores pela História Oral dá-se
por se tratar de um método que privilegia o acesso a informações diretamente
de pessoas que testemunharam fatos históricos ocultados em documentos
oficiais. Embora ainda seja tema de muitos debates quanto à sua confiabilidade,
e também ser muito recente é considerada um método que vai diretamente
até as pessoas que testemunharam os fatos que pretendem investigar e no
processo da narração ressignificam os acontecimentos ocultados. Thompson
(2005) é um dos autores que defende o método, alegando que toda fonte
histórica advinda da percepção humana é subjetiva, porém, para esse autor,
somente a História Oral permite desafiar essa subjetividade, pois, se desloca
da memória a verdade oculta. Isto posto, o artigo teve como objetivo faze
um levantamento bibliográfico sobre a circularidade da História Oral nas
produções científicas para analisar e refletir sobre a relevância desse método
para a pesquisa no campo da história da educação. Para a recolha dos dados,
levou-se em conta os seguintes descritores: História Oral; educação, para as
teses de doutorado disponibilizadas no banco de dados da Coordenação de
346
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, levando-se em conta
o ano de 1990, período da sua incursão no Brasil. Algumas publicações sobre
a História Oral no Brasil, bem como os Grupos de Pesquisas registrado no
CNPq foram considerados para introduzir algumas considerações iniciais
sobre o método e a sua disseminação no meio acadêmico. Ao lançar o descritor
“História Oral” no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES. Para averiguar o quantitativo de teses
que enveredaram por esse método, o sistema acusou 642 teses defendidas
entre 1990 a 2010, porém não foi possível analisar o conteúdo desse volume,
mas foi possível constatar o quanto a História Oral tem sido um caminho de
possibilidades em pesquisas bem como as narrativas orais vem sido privilegiada
como fonte principal nas produções com perspectiva histórica. Os dados
levantados apontam que a produção científica se utiliza da História Oral
tanto como método como técnica de produção de dados orais; enquanto
que as publicações teorizam sobre a relevância do método, sobretudo porque
cresce significativamente as pesquisa nas IES brasileiras, mas que as reflexões
acerca do seu entendimento ainda precisam ser intensificadas.
Imagens antijudaicas na Espanha inquisicional
enquanto fonte para a história da educação
Sandra Regina Franchi Rubim (PPE/GTSEAM/UEM)
[email protected]
Terezinha Oliveira (DFE/PPE/GTSEAM/UEM)
[email protected]
Por acreditar que o conceito de imagem como representação
abarca uma série de pressupostos e probabilidades, refletiremos,
nesta comunicação, sobre a importância da utilização da linguagem
imagética como evidência histórica. Sabe-se que a partir da década
de 1920, os historiadores Lucien Febvre (1878-1956) e Marc
Bloch (1886-1944), dentre outros, alertavam para a necessidade de
ampliar-se a noção de documento e de seu emprego. Desde então,
adotou-se uma dimensão mais ampla do que seja um documento,
tanto no que diz respeito ao seu uso pelo investigador quanto à
347
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
sua conservação. É, pois, dentro desta perspectiva que se darão as
nossas reflexões. Consideraremos a linguagem imagética enquanto
possibilidade de construção mental e social de um tempo específico
que fundamenta as práticas educativas e as identidades humanas.
Diante dessa premissa, analisaremos imagens vinculadas ao
antijudaísmo elaboradas nos séculos XIV ao XVI, na Espanha
Inquisicional, utilizadas como elemento educador. Observamos que
a imagem tem em si a probabilidade de transmitir a construção de
uma interpretação de certo acontecimento e, concomitantemente,
a projeção de uma intencionalidade daquele que faz o discurso.
Desse modo, aceitamos que, em toda linguagem há uma intenção
de ensinar ou de aprender. Investigaremos, então, neste período
de formação da monarquia absolutista moderna espanhola, o
discurso laico e clerical expressos nas manifestações artísticas e
o relacionaremos com as condições sociais. Pretende-se, assim,
ressaltar que a arte oportunizava a legitimação da preponderância
dos poderes laico e clerical espanhol, assim como a consolidação da
representatividade da burguesia cristã frente ao desenvolvimento
comercial significativo judaico. Dessa forma, acreditamos que
a arte propiciava a edificação de uma mentalidade coletiva
de novos conceitos, bem como valores morais, sociais e políticos,
necessários nesse momento. A pesquisa se fundamentará em autores
que permitam este entendimento, como Georg Hegel e Pierre
Francastel. No que consiste, especificamente, à análise de imagens,
o pensamento de Erwin Panofsky constitui a nossa base teórica. A
abordagem metodológica será a da História Social e a da História
da Educação, pois estas oferecem a oportunidade de compreender
as produções humanas, em especial a arte e a educação, como
resultantes das múltiplas vinculações articuladas nas relações sociais
na sua totalidade. Salientamos, nesses termos, que a arte, quando
estudada sob a perspectiva das relações humanas e da transformação
social, se institui como uma possibilidade efetiva de pesquisa em
Educação e em História da Educação.
348
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Imigração e educação no Paraná: o
que diziam as mensagens oficiais dos
governadores à Assembleia Legislativa, da
década de trinta à década de cinquenta
Manuela Pires Weissbock Eckstein
Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO
[email protected]
O objetivo deste trabalho foi discutir como as questões de imigração
e educação no Estado do Paraná foram tratadas por seus governantes, da
década de trinta à década de 50. Neste sentido, nos utilizamos da análise de
mensagens oficiais de ex governadores, apresentadas à Assembleia Legislativa
e disponíveis digitalmente no Arquivo Público do Estado do Paraná,
legitimando ideias e interesses destes governantes. Destacamos, portanto,
neste trabalho, o governo de Manoel Ribas (1933); o de Moysés Lupion em
1945, registrando também o fim do Estado Novo; o de Bento Munhoz da
Rocha Neto (1951) e do segundo mandato de Moyses Lupion (1956) no
estado do Paraná. A fim de compreender o contexto da imigração no Brasil
e também no estado do Paraná, bem como do contexto sócio político
brasileiro, tornou-se necessário analisar o que se discutia sobre imigração e
educação no país. Isto indicou, portanto, um trabalho também de análise dos
governos brasileiros, da década de trinta à de cinquenta. Como o movimento
de imigração no Brasil, desde o século XVIII, tem sido um dos grandes
temas de estudo da história da educação, essa dinâmica envolveu estudar
e analisar, por exemplo, as políticas de imigração, a formação de diferentes
grupos étnicos, suas origens, condições para a imigração e a organização
de certas comunidades. Isto incidiu, portanto, em um novo olhar sobre a
política imigratória e fez com que diferentes povos tivessem interesse em
colonizar o Brasil. Neste sentido, este estudo destacou também discussões
sobre o sistema educacional brasileiro, preocupações e anseios pela escola
primária, a construção de escolas no estado, a formação de professores, o
olhar sobre instrumentos de fiscalização e orientação do ensino e cultura
brasileira. Para tanto, nos apoiamos em trabalhos de Boris Fausto, Jorge
Nagle, Marlos Bessa Mendes da Rocha, Altiva Pilatti Balhana, Brasil
349
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Pinheiro Machado, Cecilia M. Westphalen, Maria Elisabeth Blanck
Miguel, Otaiza Romanelli, entre outros. Em termos de metodologia, os
primeiros procedimentos consistiram no levantamento e tratamento de
uma bibliografia específica sobre a História do Brasil e também na análise
das mensagens oficiais do recorte temporal escolhido. Nossos estudos
demonstraram que, de forma geral, havia interesse por parte dos governantes
em receber grupos de imigrantes no país e também preocupações ligadas a
vários outros campos, como a economia, a infraestrutura, a saúde, a cultura
e a educação. Isto indicou dedicação em algumas causas em detrimento de
outras. Na educação dos imigrantes, por exemplo, algumas medidas foram
extremamente importantes para o desenvolvimento do país.
Instrução pública primária na imprensa periódica
mato-grossense no início do século XX
Marijane Silveira da Silva
[email protected]
Nicanor Palhares Sá
[email protected]
Este texto tece algumas reflexões acerca do uso do jornal como fonte para
a história da educação mato-grossense. Visa discutir algumas representações
presentes nos jornais a partir da análise de alguns números impressos e
publicados no início do século XX, confrontando-os com outras fontes
oficiais. Neste período, a produção jornalística impressa nasce e desaparece
de forma célere, circulando mais de cem jornais em todo Estado. A imprensa
é vista então como um espaço importante de circulação de ideias e de
afirmação de posicionamentos. No tocante à Instrução Pública Primária em
MT duas Reformas foram regulamentadas neste período, uma pelo decreto
n. 265 de 22 de outubro de 1910 e a outra pelo decreto n. 759, de 22
de abril de 1927. A partir deste cenário algumas questões nos inquietam:
como a imprensa periódica se posicionava? Qual o olhar da imprensa para
as questões de educação pública? O que era veiculado pelos jornais referente
à instrução pública primária? Quem são os intelectuais que escreviam na
imprensa? Recorremos à metodologia de pesquisa de abordagem histórica,
350
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
em que são relevantes o levantamento, a localização, a reunião, a seleção
e a análise de fontes documentais pertinentes ao objeto de pesquisa e ao
contexto em que este se situa. Para a realização deste estudo o levantamento
dos jornais publicados no período em questão foi realizado em acervos da
capital de Mato Grosso – Cuiabá, como o Arquivo Público do Estado, a Casa
Barão de Melgaço e o Núcleo de Documentação e Informação Histórica
Regional da Universidade Federal de Mato Grosso. Este estudo está ancorado
nos pressupostos da História Cultural, com suporte de alguns autores como
Peter Burke (1991, 2005) e Pesavento (2005); nos conceitos de apropriação
e representação, adotando como referencial teórico Roger Chatier (2002) e
nos estudos de Historiadores da Educação que contribuem com reflexões
acerca desta temática: Gonçalves Netto (1997), Schelbauer e Araújo (2007),
Schueler e Teixeira (2008) entre tantos outros. A partir da inventariação
sistemática de notícias, informações e artigos publicados nos jornais, constatase que os discursos educacionais se apresentam de diferentes formatos,
sendo localizados crônicas, poemas, propagandas, artigos, dentre outros.
Esta pesquisa possibilitará revelar aspectos da sociedade mato-grossense não
revelado nas fontes oficiais escritas, portanto, o uso do jornal é considerado
uma fonte histórica relevante que contribuirá para o enriquecimento de
estudos acerca da história da educação regional e nacional.
Leituras e leitores da Coleção Biblioteca das
Moças. Pontos para uma pesquisa a partir das
marcas de leitura feitas por normalistas
Cássia Aparecida Sales M. Kirchnerii
Faculdade de Educação – Unicamp – Grupo Civilis
[email protected]
O mercado editorial brasileiro inicialmente foi marcado
pela importação de livros estrangeiros, em grande parte, franceses
e portugueses. A partir dos anos vinte é possível verificar iniciativas
voltadas para a expansão do mercado editorial no Brasil e são utilizadas
estratégias no intuito de contribuir para a constituição da cultura
brasileira através da formação de leitores. Essa estratégia consistia em
351
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
oferecer o adequado, o prescrito, o apropriado ao público leitor e desse
modo operar um ordenamento de leituras e leitores. Essa estratégia
pode ser verificada através da publicação de coleções destinadas a
públicos específicos, entre eles, o público feminino. O presente artigo
tem por finalidade levantar pontos para uma pesquisa historiográfica
que possa contribuir para a história da leitura e dos leitores. Para esta
proposta, foi tomado como ponto de partida a análise das marcas
de leitura encontradas nos livros da Coleção Biblioteca das Moças
disponíveis na biblioteca da antiga Escola Normal de Campinas, atual
Escola Estadual Carlos Gomes. Marcas possivelmente feitas pelas
alunas do curso normal, também passaram por análise as fichas dos
registros de empréstimos dessa biblioteca e os prontuários das alunas
do período entre as décadas de 40 e 60 do século XX. Cabe destacar,
que o estudo do impresso como produto de estratégia pedagógica
e editorial pode ser tratado a partir das proposições historiográficas
de Roger Chartier e Michel de Certeau, sendo o conceito de
estratégia (CERTEAU, 1982) compreendida como dispositivo de
normatização de práticas estabelecidas por determinados lugares de
poder. Ao considerar o livro, como suporte que busca estabelecer
uma ordem, também deve ser desconsiderado que o mesmo revela
significações de acordo com a apropriação dos leitores, estabelecendo
a necessidade de trabalhar com duas perspectivas: de um lado, o
estudo da maneira como os textos, e os impressos que lhes servem de
suporte, organizam a leitura que deles deve ser feita e, por outro lado,
a leitura prática, criadora, atividade produtora de sentidos singulares,
significações de modo nenhum redutíveis às intenções dos autores
de textos ou fazedores de livros: ela é uma “caça furtiva”, no dizer
de Michel de Certeau. Desse modo, tornou-se possível, estabelecer
relações considerando a escrita como fixa, estática e a leitura fluida,
efêmera partindo do pressuposto de que o livro, como suporte,
sempre objetiva instaurar uma ordem, mas que, ao mesmo tempo,
revela significações plurais e móveis pois sua recepção pode também
inventar, deslocar ou distorcer o sentido.
352
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Localização, identificação e catalogação
de livros didáticos: contribuições para a
história das disciplinas escolares
Kênia Hilda Moreira(FAED/UFGD)
[email protected]
Objetiva-se apresentar os procedimentos metodológicos de
localização, identificação e catalogação de livros didáticos usados
na Escola Estadual Presidente Vargas, localizada em Dourados/MS,
no período de 1951 a 2000, bem como, a lista das obras didáticas
identificadas até o momento para a composição do catálogo. Tratase de um projeto de pesquisa em andamento, com financiamento
do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC),
vinculado ao projeto maior intitulado: “Livros didáticos como
fonte para a história da educação: catalogação e análise”, cadastrado
na coordenadoria de pesquisa da Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD) e no Laboratório de Documentação, História
da Educação e Memória (LADHEME/UFGD). Considerando que
o livro didático é um objeto de estudos relevante para a história da
educação, como fonte privilegiada de investigação para historiadores
da educação em suas diferentes especialidades, dentre as quais a
História das Disciplinas Escolares (CHERVEL, 1990), a História
do Currículo (GOODSON, 1995), e a história interna da escola
ou das práticas escolares (VIDAL, 2005), o exercício metodológico
de localização, identificação e catalogação de livros didáticos
torna-se importante, uma vez que o trabalho com estes materiais,
quase sempre dispersos e fisicamente vulneráveis, faz com que a
simples localização e identificação de exemplares consumam muito
tempo e energia nos trabalhos de campo (CARDONA, 2008). A
perspectiva de investigação em questão parte da premissa de que
os livros didáticos se convertem em fonte privilegiada para a
História das Disciplinas Escolares, analisada por Chervel (1990)
e Belhoste (1996) como parte integrante da cultura escolar. Dentre
os procedimentos de localização dos livros didáticos da Escola
353
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Estadual Presidente Vargas (1951 e 2000), destaca-se, o estudo dos
livros de visita de inspeção escolar; as listas de livros didáticos da
biblioteca da escola; planos de aula dos professores; atas de reuniões
sobre seleção de livros didáticos; listas de seleção dos livros a serem
comprados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a partir
do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD); listas de títulos
aprovados pelas instâncias governamentais no estado do Mato
Grosso do Sul; e indicações de títulos em programas curriculares
estabelecidos pelo estado do Mato Grosso do Sul. A catalogação,
por sua vez, levará em consideração as disciplinas. O trabalho em
questão pretende contribuir para pesquisas futuras em torno da
História das Disciplinas Escolares, em especial no Mato Grosso do
Sul, tanto no que diz respeito à apresentação e disponibilização de
fontes, como no que se refere aos procedimentos metodológicos
para pesquisas que envolvam a relação entre livro didático e
história da educação.
Mapas de frequência escolar: fontes para
a história dos processos de escolarização
primária (1929-1949)
Amália Dias
[email protected]
Apresenta-se nesse trabalho a metodologia adotada e os
resultados de pesquisa da análise dos mapas de frequência de alunos
e professores de escolas de ensino primário do município de Nova
Iguaçu, situado no estado do Rio de Janeiro. Este documento era
obrigatoriamente preenchido pelos professores com o movimento
mensal da matrícula e da frequência de alunos, a distribuição dos
mesmos em turnos, séries e classes e anotações da assiduidade dos
professores, entre outras informações. Busca-se situar a produção
deste tipo de documento pelas agências estaduais de fiscalização
do ensino como ferramenta para coordenar os esforços acerca da
implantação e distribuição da rede de escolas. Neste movimento
354
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
foram produzidos e constantemente aprimorados os mapas de
frequência escolar. A pesquisa procurou se distanciar dos aspectos
de mensuração da frequência característica deste tipo documental,
problematizando, assim, a ilusão estatística que orientava os dados
requeridos e atentando para o caráter lacunar da documentação e
do serviço de fiscalização. Foram considerados os dados sobre a
identificação e localização das escolas, o quadro docente e as formas
de distribuição dos alunos em turnos, séries e classes. A análise
comparada dos conjuntos de mapas referentes a cada unidade de
ensino permitiu situar o perfil do tipo de escolas criadas na região,
a distribuição das mesmas entre os distritos e as paisagens e funções
urbanas e rurais do município. A recomposição da coexistência de
escolas públicas, subvencionadas, mistas, femininas, masculinas,
grupos escolares, escolas isoladas, escolas reunidas e a distribuição
dos alunos e professores por turnos, séries e classes informam sobre
os processos de implantação da seriação do ensino e sobre alguns
recursos de controle do povoamento e funcionamento das escolas.
No município de Nova Iguaçu, pelo perfil das escolas existentes
na documentação, foi maior a presença de escolas públicas e de
escolas isoladas na região. A localização das escolas, informada
no cabeçalho dos mapas de frequência, evidenciou relações
importantes entre os critérios de distribuição e a tipologia das
escolas e as características do território. Em função dos resultados
colhidos do trabalho metodológico com os mapas de frequência,
nota-se a importância deste tipo documental para os estudos sobre
os processos de escolarização no estado do Rio de Janeiro, temática
ainda pouco explorada em comparação com os estudos sobre
a cidade do Rio de Janeiro. São fontes indispensáveis,
também, para pesquisas que constituam os municípios como
posições de análise para a história da educação.
355
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Memória, história oral e narrativa: o encontro
do possível na multiplicidade de pontos de vista
Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira (UFPI)
[email protected]
Objetiva-se com este estudo analisar a narrativa na interface com
a história oral e a memória, na reconstituição histórica. Partiu-se do
problema: é possível a reconstituição da história por meio da memória?
Neste sentido, buscou-se inicialmente refletir sobre as obras que tratam
sobre a rememoração de histórias, uma em forma de filme, dirigida
por Eliane Caffé (2003), intitulada “Narradores de Javé”, e o livro
“Memórias de Leitura e formação de professores” (PINTO; SILVA;
GOMES, 2008). Fez-se uma relação entre os protagonistas do filme,
que corroboram com as concepções e análises apresentadas pelas
autoras do livro. Em seguida, procura-se apresentar histórias orais e
sua importância na reconstituição da trajetória de interiorização da
educação superior no extremo Sul piauiense, referente à dissertação
de mestrado em História da Educação (NOGUEIRA, 2006). Desta
forma, nos depoimentos dos protagonistas destacaram-se pontos
de vista comuns que possibilitaram a reconstituição da história
dessa interiorização na região supracitada, a partir de narrativas
históricas de pessoas da comunidade de Corrente-PI, ex-alunos e
professores. Tem-se uma pesquisa qualitativa, realizada por análise
de conteúdo das obras mencionadas e da amostra constituída por
4 (quatro) narrativas, coletadas por meio de gravação, durante
a pesquisa
de mestrado. Portanto, foi possível reconstituir a
história da interiorização da educação superior em Corrente, por
meio da memória de seus protagonistas. Procurou-se reconhecer
que as histórias desencadearam outras, e que a narrativa não tem
interesse em transmitir o acontecimento de forma pura, o que requer
do pesquisador critérios de seleção, buscando os acontecimentos
comuns entre as narrativas, tendo consciência de que o narrador
imprime na narrativa as suas subjetividades, percebendo o resultado
do trabalho daquele que narra e daquele que escuta durante a
356
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
entrevista (oral e escrito). Sumarizando, a subjetividade presente
na memória é indissociável da produção científica desenvolvida
no campo da história oral, destaca-se, também, que a objetividade
científica não está relacionada à neutralidade, pois esta não existe,
mas ao fato do pesquisador assumir a tarefa da interpretação, com
ética e compromisso com a aproximação da verdade. No trabalho
representado pela dissertação observou-se a técnica de triangulação
dos dados ao se buscar a análise dos pontos de vista comuns, o que
possibilitou a reconstituição dessa história.
Diálogos entre a micro-história e a
história da educação
Eliana Gasparini Xerri
[email protected]
Apresentamos como proposta o minicurso Diálogos entre a
micro-história e a História da Educação, no qual analisaremos a
possibilidade de utilizarmos os pressupostos teóricos dessa tendência
historiográfica em estudos de História da Educação. Acreditamos
que ela pode nos dar suporte teórico para a interpretação de fontes
documentais de pesquisa com lacunas nos arranjos documentais. No
minicurso pretendemos discutir as origens do movimento através
da análise de alguns capítulos do livro de Henrique Espada Lima
- A micro-história italiana: escala, indícios e singularidades, que
amplia nosso olhar sobre o objeto em tela. O grupo de historiadores
dedicados a Micro-História originalmente era composto inicialmente
por: Carlo Poni, Edoardo Grendi, Giovanni Levi e Carlo Ginzburg.
Outros historiadores mesmo fora da Itália adotaram essa opção
metodológica. As pesquisas conduzidas por Natalie Z. Davis
mostra a forte influência dessa tendência historiográfica em seus
textos. Contudo, a maior parte dos livros publicados pelo grupo
continuou por muito tempo esquecida. Recentemente alguns
pesquisadores tiveram maior penetração no meio acadêmico, com o
livro de Henrique Espada Lima. Giovanni Levi e Natalie Z. Davis
357
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
possuem em obras traduzidas, para o nosso idioma. Seus textos
circulam razoavelmente, integrando as referências bibliográficas
de estudos realizados por historiadores brasileiros. A entrada de
Carlo Ginzburg no movimento se dá nos anos de 1970. Ele é o
que maior penetração alcançou. Seus livros são publicados no
Brasil na década seguinte. O primeiro livro: O queijo e os vermes:
o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição.
Foi publicado em 1987. O segundo livro: Os andarilhos do bem:
feitiçaria a cultos agrários nos séculos XVI e XVII, publicado em
1988. O terceiro: Mitos, Emblemas, Sinais: morfologia e história,
publicado em 1989. O livro História Noturna: decifrando o
Sabá, em 1991. Seus livros foram lançados pela Companhia das
Letras, e atualmente contam com versões de bolso, o que torna o
custo mais barato e aumenta a possibilidade de acesso a estudantes
de diferentes cursos de graduação. Cabe ressaltar que, embora o
livro O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro
perseguido pela Inquisição chegasse primeiro no Brasil, ele não foi
o primeiro ser escrito e publicado pelo autor. Os andarilhos do
bem: feitiçaria a cultos agrários nos séculos XVI e XVII marca a
estreia de Carlo Ginzburg como autor, apresentando o resultado
de pesquisa realizada no ano de 1966. Os livros chegaram ao nosso
mercado editorial na ordem inversa. Schueler e Sooma (2008)
em recente artigo publicado na Revista de História da Educação,
que nos fornece pistas sobre a Micro-História. No mesmo artigo,
os autores discutem conceitos centrais entre eles a redução de
escala. Desses estudos, novos agentes e sujeitos emergem na cena
historiográfica, dirigindo suas ações por um conjunto de valores
próprios, em alguns casos desconhecidos dos dirigentes que
olhavam o conjunto formado por camponês, operários e mulheres
como uma massa informe. Nossa intenção com esse minicurso
contribua com o maior questionamento das fontes documentais de
pesquisa em História da Educação. Colaborando para a construção
de um modelo explicativo que permita ao pesquisador percorrer os
labirintos do passado, contando apenas com um único fio que lhe
indica inúmeras possibilidades.
358
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Narrativas autobiográficas como fonte de pesquisa
para a história da educação em Minas Gerais
Leonardo dos Santos Neves
FaE/UFMG-FAPEMIG
[email protected]
Helder de Moraes Pinto
FaE/UFMG-FAPEMIG
[email protected]
Esta proposta é fruto da discussão desencadeada em dois projetos
de doutoramento desenvolvidos na Faculdade de Educação da
UFMG, em torno da análise de escritas autobiográficas como fonte
de pesquisa na história da educação. As fontes que suscitaram a
problemática foram: a) o diário da normalista Alice Brant, 18931895; b) a memória do estudante Ciro Brant, 1885-1906; c) os
diários escolares das cursistas da Escola Normal Regional Dom
Joaquim Silvério de Souza,1950-1972; d) a memória ficcional de
Maria Araújo, 1982. Esse corpus documental foi produzido em
espaços do município de Diamantina-MG. Indagávamo-nos: qual o
método adequado para abordar tais evidências da cultura escrita em
pesquisas de história da educação? Diários e memórias escolares são
testemunhos objetivos? Que armadilhas escondem? Desde então, o
desafio tem sido o de escolher e se apropriar de aspectos metodológicos
de áreas como: história, sociologia, linguística, crítica literária e
psicanálise, que tradicionalmente refletiram sobre autobiografia e
memória como material de pesquisa. Portanto, acreditamos que
a apropriação dessa produção literária como historiográfica só
seja possível numa abordagem interdisciplinar. Objetiva-se com a
comunicação expor as observações sobre as escritas autobiográficas
como fonte de pesquisa da educação, buscando indícios do uso
desses objetos nas ciências sociais. Este trabalho é a primeira etapa
de um projeto que visa debater e propor a apropriação das escritas
autobiográficas como vestígio na história da educação. Isso por
desconfiarmos que eles se propõem a fornecer informações a
359
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
respeito de uma realidade externa ao texto e a se submeterem a
uma prova de verificação. Para os historiadores esses artefatos visam
à semelhança com o verdadeiro. O procedimento utilizado para
a construção dessa proposta foi a pesquisa bibliográfica. Para tal,
examinamos os acervos das bibliotecas da UFMG, da biblioteca
central da PUC-Minas, no portal da CAPES dentre outros.
Esta investigação possibilitou identificar obras que trataram o diário
como caminho na produção do conhecimento sobre indivíduos e
grupos sociais num determinado período. A pesquisa foi orientada
pelos pressupostos teóricos da história da cultura escrita, dos
estudos autobiográficos, e de inquéritos sobre a memória. Entre os
autores reunidos para direcionar essa investigação figuraram:
Phillipe Lejeune (2008), Raymond Williams (1989), Antônio
Viñao Frago (2000), Verena Alberti (1991), dentre outros. O saldo
preliminar nos permitiu hipotetizar que a autobiografia necessita ser
problematizada como monumento e como massa documental
para a história da educação.
O cinema como fonte para a história da
educação: o caso da sessão das moças
(Florianópolis: 1943-1962)
Alexandre Sardá Vieira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
[email protected]
Até o início da década de 1960, as sessões de cinema da capital
catarinense eram batizadas com títulos diversos, identificando a
que grupos estavam endereçadas. Nas crônicas escritas na cidade,
a mais citada é a Sessão das Moças, que tinha lugar no Cine Ritz,
no Centro de Florianópolis, entre 1943 e 1962, a qual figurava
no calendário de lazer ilhéu. A sessão pode ser compreendida
como um misto de construtora de redes de sociabilidades e espaço
pedagógico, pois projetava representações de ser, agir e sentir
possíveis de serem apropriados pelas/os espectadoras/es. Ao lado de
360
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
imagens de moda e beleza, os filmes exibidos na sessão exploravam
representações do amor romântico em todas as suas etapas: do
inesperado primeiro encontro ao casamento redentor. Ademais,
as temáticas estressavam as lições envolvendo a moral, a valorização
da família e a contenção das pulsões. O cinema é uma instância
educativa potente. Nas décadas de 1940 e 1950, quando o cinema
era um grande evento social no Brasil, uma parcela ainda maior
da população estava exposta a sua ação. Considerar o potencial
da pedagogia cinematográfica infere em compreender que a
educação extrapola os muros das escolas e que outros espaços e
processos, conforme Guacira Lopes Louro, interpelam os sujeitos,
mas com ações e efeitos diferentes dos ocorridos de modo formal.
O cinema levou a alternância dos protagonistas da educação, com
espaços, ações, representações e efeitos diferentes, respeitando-se
os diversos contextos locais. Dessa forma, pode-se relacionar o
aspecto educativo do cinema com a sua ação em reiterar, legitimar
ou marginalizar representações de gênero, sexuais, étnicas e de
classe. Os modelos apresentados pelos filmes podem interagir com
o cotidiano do/as espectadores/as, pois o cinema ensina formas
de ser e viver, de produzir corpos e aparências, bem como de
estilos de vida e normas de convivência. Por meio da ritualização
da prática de ir ao cinema, as pessoas estariam em contato com
esses ensinamentos. Muitas vezes estas representações traduziam
valores e ensinamentos que nem sempre foram produzidos pelas
sociedades que as assistiam. No caso da Sessão das Moças, a
maioria dos filmes não era brasileira, mas possuía uma série de
elementos em comum sendo possível identificar formas de vida
desejadas para a audiência que habitualmente frequentava a
sessão. Dessa forma, as imagens projetadas na tela não revelam
apenas as expectativas da produção, mas, e talvez principalmente,
dos espaços e do momento em que foram exibidas.
361
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
O cotidiano de bacharéis na Universidade de Paris:
uma análise de cartas parisienses (1270-1274)
Terezinha Oliveira (DFE/PPE/UEM)
[email protected]
Pesquisa Financiada pelo CNPq – PQII
Analisaremos nesta comunicação as regras que ordenavam a
vida dos estudantes parisienses na segunda metade do século XIII.
Examinaremos três cartas redigidas entre os anos de 1270 e 1274,
contidas no Chartularium Parisiensis. Elas apresentam orientações
que os bacharéis deveriam seguir no cotidiano de seus estudos. A
primeira, intitulada ‘Capítulo daquelas coisas a que são obrigados
os que iniciam o curso’, encontramos um dos aspectos que mais
expressam a natureza das relações medievais, especialmente as
praticadas com o advento do feudalismo, que é o juramento de
fidelidade, ou seja, o aluno candidato ao bacharelado precisaria
jurar fidelidade às regras da casa. Assim, esta carta revela a natureza
medieval da universidade. A segunda tem como cabeçalho ‘Capítulo
das coisas a que estão obrigados os que querem ser licenciados em
medicina em Paris e sobre os livros a serem consultados’. Ela apresenta
um plano de estudos, de leituras e o cronograma dos meses que os
alunos devem realizar estudos específicos. Este documento possui
uma característica peculiar por revelar que os alunos, para poderem
ler os livros do ‘curso’, precisam realizar um exame de idoneidade
que evidencie que, de fato, se dedicarão à leitura. A terceira carta,
que tem um título extenso: ‘O estatuto da faculdade das artes
contra os artistas que tratavam de questões teológicas ...’, possui
características distintas das duas primeiras. Além de estabelecer regras
aos alunos, apresenta a proibição de os estudantes de artes tratarem
de questões de teologia. À primeira vista esta proibição pode parecer
despropositada no universo cristão do ambiente universitário
do século XIII. No entanto, ela aponta para uma situação nova
que então emergia: a separação da teologia da filosofia. Relevante
observar que são os próprios mestres que propõem esta proibição.
362
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Dois aspectos deste cotidiano universitário nos interessam mais de
perto, compondo nossa reflexão. O primeiro vincula-se à natureza
dos documentos por nos permitir apreender, historicamente, de
que maneira os alunos deveriam se portar para freqüentarem a
universidade, seja no que diz respeito aos estudos, seja no que diz
respeito ao comportamento em geral. O segundo é o debate entre
as concepções teóricas que norteavam o ensino na universidade a
partir da década de 1270. Assiste-se, então, a radicalização entre as
tendências teóricas que apontavam pela manutenção da teologia
como essência do conhecimento e a que se inclinava para o ensino
aristotélico e pragmático da filosofia. Desse modo, por meio
da análise destes documentos, poderemos recuperar os embates
teóricos e as vivências cotidianas da universidade da década de 1270,
indubitavelmente, uma das mais radicais que o ambiente parisiense
conheceu no seu período medieval.
Ensino secundário ou educação
secundária? Controvérsias e singularidades
na escrita de sua história
Stella Sanches de Oliveira
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
[email protected]
Durante a realização de pesquisas sobre a história do Ensino
Secundário no Brasil, vimos nos deparando com questões
aparentemente de menor importância, mas cruciais para a escrita da
história desse nível de ensino: a própria definição da terminologia. Na
historiografia, frequentemente aparecem como sinônimos, educação
secundária, ensino secundário e ensino médio. Considerando-se
sua trajetória histórica, objetiva-se neste estudo problematizar os
distintos sentidos e a forma como se constituiu a categoria “ensino
secundário”, notadamente no momento histórico que se estende de
sua organização de forma sistemática – primeira metade do século
XIX – e a sua consolidação, no século XX. Para tal, apresenta-se
363
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
nesta comunicação um mapa preliminar, que permita identificar
as distintas denominações do ensino secundário e as principais
características a elas associadas, no momento histórico em questão
bem como o que permaneceu e o que se alterou nesse percurso.
Como primeiro passo para buscar, na história da escola no Brasil,
o que constitui a identidade desse nível de ensino, analisamos na
legislação brasileira as diferentes formas de designação encontradas,
desde o decreto de 1837 que converteu o Seminário de S. Joaquim
em Collegio de Pedro II, paradigma para a instrução secundária
no país, até a Lei 5692/1971 que extinguiu os ginásios. Além do
registro na legislação, buscamos identificar a mesma questão nos
estudos e relatórios produzidos no âmbito do governo federal que,
de alguma forma, tiveram um efeito normativo na organização do
ensino secundário. Concluindo-se, alguns posicionamentos podem
ser registrados, na condição de indícios que auxiliam a continuidade
desta ou de outras investigações: a definição da identidade do
ensino secundário abre distintos questionamentos, sobre seu
caráter de fase intermediária de escolarização, as várias etapas em
que foi desdobrado e as respectivas estruturas organizacionais, a
sua equiparação com outras formas de escolarização, entendidas ou
não como correlatas – os ensinos técnico e normal e, por último, a
inclusão dos ensinos secundário, normal e profissionalizante numa
categoria mais abrangente, o ensino médio. Os resultados parciais
dessa busca mostraram que as singularidades e controvérsias surgem
mais fortes exatamente quando a legislação procura definir o lugar do
ensino técnico, do ensino comercial e da escola normal; a definição
do significado dessa etapa da escolarização remete à discussão
acerca de seu caráter propedêutico e/ou terminal; a definição
do que seja o ensino secundário condiciona o debate sobre a sua
clientela, tanto aquela que se pretende atingir como aquela que é
efetivamente atingida, e se desdobra nas definições sobre os seus
conteúdos curriculares, organização, abrangência, expansão etc.
364
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
“O mensageiro de Nossa Senhora da Salette”:
a ação educativa de uma congregação
religiosa através de uma revista (1917-1921)
Letícia Aparecida Mazochi (Universidade São Francisco - SP)
[email protected]
Paula Leonardi (Universidade São Francisco - SP)
[email protected]
O presente trabalho tem seu objeto inserido no cenário cultural
do final século XIX e início do século XX, momento em que novas
configurações de poder se estabeleceram com a separação burocrática
entre Igreja e Estado no Brasil. Muitas congregações católicas
entraram no país neste período, como foi o caso da Congregação dos
Padres Missionários de Nossa Senhora da Salette, fundada em 1852
na França e vinda para o Brasil em 1902, para difundir o culto à Nossa
Senhora da Salette. Assim como outras congregações, os Saletinos
adaptaram-se a nova realidade, revisaram seus carisma e missão e
lançaram-se na tarefa de evangelização/educação construindo seus
espaços nas cidades. Ao longo dos anos, construíram três
santuários em diferentes cidades, mantiveram uma escola apostólica e
escola regular e também mantiveram publicações periódicas. Dentre
as variadas estratégias e formas de educar/evangelizar, este estudo
se debruça sobre o caso das revistas e, portanto, tem por objetivo
analisar a ação educativa dos padres saletinos através da Revista
“O Mensageiro de Nossa Senhora da Salette”, entre 1917 e 1921.
Primeiramente, iniciamos a análise da Revista “O Mensageiro” pela
sua caracterização, buscando apresentar uma visão geral da revista
nos anos estudados e analisar os aspectos materiais e simbólicos
aí presentes. Em seguida, classificamos e selecionamos artigos que
abrangiam prescrições morais endereçadas as mães, às famílias
e escolas. Foi feita, ainda, a fundamentação teórica por meio de
revisão bibliográfica sobre o assunto, bem como o levantamento
bibliográfico referente à história da educação no período. Os
365
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
resultados revelaram a atuação da Congregação fortalecendo a ideia
da Igreja Católica como redentora dos males da sociedade, na esteira
do que prescrevia o documento do Primeiro Concílio Plenário Latino
Americano (1898). O discurso presente nos números da Revista
“O Mensageiro” é aquele de quem se sente autorizado a fornecer
modelos de comportamento para mulheres e filhas, endereçando
prescrições morais a elas como mães e como professoras. O enredo
da Revista é articulado de forma a garantir que as imagens de mãe,
de família, de moral sejam baseadas nos ideais católicos, em seus
preceitos e dogmas. É desta forma que compreendemos que a Igreja
utilizou de um veículo de comunicação a seu favor, a imprensa, para
a produção de imagens idealizadas e para a divulgação de “lugares
de memória”, os santuários.
O negro, da senzala para escola: a educação
nos congressos agrícolas do Rio de Janeiro e
Pernambuco (1878)
Maria Isabel Moura Nascimento
[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG
Este trabalho refere-se à pesquisa de pós-doutorado e teve como
tema central a educação nos documentos dos Congressos Agrícolas
do Rio de Janeiro e de Pernambuco, ambos realizados em 1878. O
tema foi abordado a partir de algumas considerações iniciais: de um
lado a classe operária que estava se formando, que é parte integrante
desse processo histórico e que foi muito discutida nesses Congressos.
E de outro lado, o tipo de escolaridade (educação) que era discutido
nesses Congressos para esses trabalhadores, considerando como
sujeitos de sua própria história. O exame dos textos e discursos
apresentados nos Congressos revelam uma grande diversidade de
interesses que são sociais e históricos, econômicos e políticos. O
governo imperial ao convocar fazendeiros e representantes das
províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito
366
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Santo em 1878 considerou esse grupo como sendo os representantes
das principais regiões produtores de café com o objetivo de alavancar
ainda mais a lavoura do “país” colocando lado a lado dois tipos de
interesses, os quais, não eram conflitantes, mas descompassados.
Durante os debates nos Congressos, a instrução agrícola associada
muitas vezes às leis coercitivas, era compreendida como essencial
para tornar possível a utilização do elemento nacional no serviço
agrícola. Os ingênuos e demais homens livres deveriam ser
“recuperados” para uma vida digna, uma vida de trabalho, por
meio da educação. Com a Lei do Ventre Livre o trabalho escravo
passa para uma nova remodelagem, busca-se definir o papel do
trabalhador na sociedade brasileira. Isso significa pensar o destino
dos homens livres, que estavam às mínguas sem direitos definidos
e potencialmente eram trabalhadores livres, que os fazendeiros
poderiam contar. O procedimento metodológico adotado nesta
pesquisa parte do pressuposto de que as ideias e o pensamento são
reflexos da realidade e das leis dos processos que acontecem no
mundo exterior, os quais não dependem do pensamento, por ter
suas próprias leis. O método de análise desta pesquisa tem como
pressuposto teórico-metodológico o Materialismo HistóricoDialético, por considerar os Congressos Agrícolas como parte de
uma determinada sociedade, organizada a partir das relações que
os homens estabelecem com a natureza e entre si, na produção dos
bens materiais necessários à vida. Assim, neste trabalho defendese a tese de que a ideia de Instituição Escolar (escola e o ensino)
defendida nos Congressos Agrícolas e concretizada após a abolição
da escravidão buscou atender aos interesses dos fazendeiros, pela
forma como foram criaram as escolas públicas que atenderiam as
classes mais pobres no país.
367
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Os impressos para crianças como fonte de
pesquisa em história da educação: uma análise
da coluna Lições do Vovô da Revista O Tico-Tico
Luciana Borges Patroclo (PUC-RIO)
[email protected]
Bolsista CAPES
Este trabalho aborda o uso de revistas e periódicos produzidos
para crianças como uma tipologia de fonte que ganha espaço junto
às pesquisas de História da Educação. O objetivo de se analisar este
tipo de corpus documental é o de identificar o discurso pedagógico
nessas publicações. Tendo a perspectiva de que a aproximação dos
estudos educacionais com as transformações do campo historiográfico
trazidas pela Nova História Cultural ampliou as tipologias de fonte
disponíveis ao pesquisador, como também a possibilidade da análise
de grupos sociais como as crianças. O aspecto que tornou o uso dos
jornais e revistas possível no campo da pesquisa educacional foi a
transformação da própria historiografia. A imprensa deixou de ser
percebida como uma fonte complementar, e passou a ser empregada
como um documento principal. O desenvolvimento desta pesquisa
está centrado na perspectiva de que a imprensa se destaca como
meio de compreensão das características polissêmicas do processo
educativo. Neste contexto foram analisadas edições da coluna
Lições do Vovô publicadas em 1905 na revista em quadrinhos O
Tico-Tico, considerada a primeira publicação brasileira voltada ao
público infantil. A criação deste tipo de impresso, exclusivo para
o público infantil, estava vinculada ao propósito de levar a essa
parcela da população valores cívicos e patrióticos que estavam em
voga no início de século XX. A revista surgiu no momento em que a
atividade editorial brasileira passava por um período de ampliação e
segmentação do público-leitor. Exatamente na época em que o papel
social da criança ganhava destaque. Neste sentido foram realizadas
ações de cunho escolar, cultural e sanitário com o propósito de
formar moralmente essa parcela da sociedade brasileira. É preciso
368
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
salientar que desde pequeno era preciso compreender a importância
das ações em prol do bem da coletividade. O período de criação da
revista O Tico-Tico está relacionado às primeiras décadas de
legitimação do regime republicano após a queda da Monarquia e a
Proclamação da República em 1889 em que se instituiu a preocupação
com o estabelecimento de uma nova ordem social e de redefinição
de identidade cultural e nacional do Brasil. Os setores políticos e
da intelectualidade no país passaram a divulgar a idéia de que se
deveria criar junto à criança brasileira um espírito de amor à pátria.
Além de estabelecer novas diretrizes administrativas e políticas, era
preciso que os partidários do novo regime também conseguissem a
legitimação junto ao imaginário cultural da população.
Os testamentos setecentistas como
instrumentos de percepção do alfabetismo e
letramento em Sergipe Del Rey
Eugênia Andrade Vieira da Silvai
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Neste artigo apresento as primeiras abordagens a respeito da
utilização da fonte testamento para identificar indícios de
alfabetismo e letramento da elite setecentista de Sergipe Del Rey.
A análise dessa elite quanto ao nível de alfabetismo e letramento
e as estratégias utilizadas pelos seus membros analfabetos para ter
e valer seus direitos legais dentro do mundo da cultura escrita é
o objeto da minha tese de Doutorado em Educação, que está em
andamento. A metodologia utilizada quanto à fonte testamento,
objeto deste artigo, passou pela transcrição na íntegra de todos os
noventa e cinco testamentos, criação de bancos de dados para tornar
possível o cruzamento da documentação judicial (inventários,
testamentos, autos judiciais) com a do Conselho Ultramarino
(requerimentos, consultas, cartas, representações, despachos,
avisos, certidões, provisões e atestados) e a análise desses dados
369
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
utilizando como suporte teórico a literatura pertinente ao assunto.
Os testamentos, quando utilizados como suporte material de dados
sobre a cultura escrita, trazem pistas do nível de compreensão
da linguagem escrita - letramento e sua relação com a oralidade,
assim a oralidade coexiste com a cultura escrita permitindo que
apesar de não saberem ler nem escrever, pessoas iletradas transitem
pelo mundo letrado através de seus intérpretes, os mediadores da
cultura escrita, usufruindo desta forma dos direitos assegurados a
toda e qualquer pessoa, independente do seu staus de instrução.
Os testamentos são registros repletos em informações do cotidiano
dos homens e mulheres antes e após suas mortes. Eles não apenas
informam o nível de alfabetismo e letramento como situa essa
percepção dentro de um conjunto maior de dados como
a nacionalidade, filiação, formas de casamento, legitimidade,
dotes, relações de parentesco e compadrio, situação econômica,
mentalidade religiosa, afetividade, revelando desta forma o
indivíduo singular e o social em seu grupo de pertencimento.
O recorte cronológico é o século XVIII, com data limite 1725
a 1800 e recorte espacial a capital da Capitania, São Cristóvão;
além das Vilas, Real de Santa Luzia, Nossa Senhora da Piedade
do Lagarto, Santo Amaro das Brotas, Vila Nova Real Del Rey do
Rio São Francisco, Nossa Senhora do Socorro e Santo Antonio
e Almas de Itabaiana. Mesmo sendo padronizado (preâmbulo,
legados espirituais, patrimônio, disposições gerais, autenticação
e codicilo) o testamento contém brechas, trilhas que apesar
do seu formato padronizado é diferente em conteúdo, pois
cada testamento representa um indivíduo, que por sua natureza
intrínseca é singular. O testamento apesar de ser um documento
jurídico é antes de tudo um texto, portanto uma construção social
e como produto de uma sociedade a expõe em seus pormenores.
370
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Papéis velhos: a história do orfanato de São
Cristóvão e da Escola da Imaculada Conceição
através de suas fontes
Josineide Siqueira de Santana (UFS)
[email protected]
O presente estudo se propõe a apresentar a contribuição das
diversas fontes para o estudo da História da Educação e se baseia
em pressupostos teóricos da História Cultural. Partindo do material
encontrado nos arquivos da Escola da Imaculada Conceição e do
Antigo Orfanato de São Cristóvão nos foi possível contemplar os
fragmentos de sua história. As fontes são ferramentas primordiais do
historiador; elas são capazes de nos dar direções, ajudar a elucidar
sentimentos, épocas, costumes e apontar os trajetos por onde
seguir. Assim percebemos os caminhos das muitas histórias, entre
elas: a história das mulheres e de modo especial, da infância órfã e
desvalida. Para a elaboração da presente artigo, foram utilizadas as
seguintes fontes: estatuto, atas, livros de matrícula e aparelhamento
escolar, relatórios de atividades, além da bibliografia especializada.
Fundado em 1911, o Orfanato de São Cristóvão se tornou uma
casa de acolhimento para órfãs e desvalidas em Sergipe. Em 1922,
graças à ação do Bispo Dom José Thomaz, a Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus passou a
cuidar do mesmo e assim, um ano depois, vendo a necessidade da
implantação de uma escola para as meninas residentes no orfanato é
solicitado ao Bispo D. José Thomaz os direitos sobre os cuidados com
a instituição. Com a concretização do pedido, fundaram, em 1923,
anexo ao prédio do orfanato a Escola da Imaculada Conceição,
com o principal objetivo de trabalhar pela educação das crianças.
Para contar essa história, recorremos a suas fontes e visitamos seus
arquivos e a partir deles podemos vislumbrar os aspectos da cultura
escolar, condições sanitárias, cursos e disciplinas oferecidas, número
de alunas, aspectos da trajetória de cada uma delas, cultura material,
disciplinas e vivências que ocorreram naquela instituição. Enfim,
371
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
como se processava o cotidiano naquela casa de educação. Em suma,
consideramos que estudar a história do Orfanato de São Cristóvão e
da Escola da Imaculada Conceição ouvindo suas fontes nos mostrou
que apesar das dificuldades as irmãs missionárias tinham por objetivo
dar uma boa formação religiosa e educacional para aquelas crianças,
por isso todo o esforço empregado por elas tinha como único fim,
transformar as internas em modelo de educação, bom comportamento
e religiosidade, conforme o que almejava a sociedade nas primeiras
décadas do século XX. Aproveitamos para chamar atenção à necessidade
das referidas fontes utilizadas para a construção desse trabalho, pois
sem as mesmas, ou mediante sua falta de conservação, registrar um
pouco dessa história seria quase como juntar folhas ao vento.
Periódicos e imprensa como fontes para o
estudo da educação dos sentidos em Minas
Gerais: o tempo livre como possibilidade de
formação (entre as décadas finais do século
XIX e as décadas iniciais do século XX)
Luísa Cecília Belotti Oscar– PIBIC/CNPQ
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Marcus Aurelio Taborda de Oliveira – CNPq
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Esse trabalho é um dos resultados de um novo investimento
em pesquisa, ainda em fase inicial. O novo projeto tem como
objetivo principal se ocupar daquelas formas ou possibilidades de
formação presentes em diferentes contextos, não restritos à forma
escolar. Ao contrário, se objetiva investigar como as interações
sociais produziram diferentes possibilidades de formação ao longo
da história, sobretudo a partir dos usos autorizados ou não do
tempo livre, atento à polissemia que encerra o conceito de educação
372
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
social. Dessa maneira, no primeiro ano de trabalho objetivamos
identificar, mapear e catalogar fontes periódicas para o estudo
da relação entre trajetórias formativas, educação dos sentidos
e tempo livre em Minas Gerais. Tratou-se do levantamento dos
jornais disponíveis no Arquivo Público Mineiro que circularam de
1880 a 1920, e também da identificação de possíveis fontes para
pesquisa especificamente no jornal Minas Geraes, disponível no
acervo na biblioteca da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em
Belo Horizonte. Parte de um projeto maior de pesquisa, procuramos
percorrer um tema ainda pouco afeito à pesquisa em Historia da
Educação no Brasil. Destarte, consideramos o alargamento
do conceito de documento e a transformação da relação entre
historiador e fonte; nessa nova relação o historiador emerge como
um produtor e crítico da sua base documental. Daí não enterdemos
que a imprensa esta pronta para ser apropriada como fonte. Antes,
consideramos a possibilidade de dialogo entre o historiador e este
tipo de documento como possibilidade de produção de fontes que
permitam a consecução dos objetivos arrolados. Considerando a
imprensa periódica um meio potencial de acesso a vestígios, indícios
da complexidade de uma sociedade pretérita, e, por conseguinte,
das formas como essa sociedade forjou novas sensibilidades a partir
das maneiras como organizou seus processos de formação, podemos
avaliar que a localização de mais de 220 jornais, muitos efêmeros,
nos permite problematizar a presença de atividades tais como circo,
teatro, festas cívicas, concertos musicais, clubes, festejos populares,
exposições etc., como formas de usufruto do tempo livre e educação
das sensibilidades. Desse universo privilegiamos o Minas Geraes
como um difusor importante dessas iniciativas nos anos finais do
sec. XIX e nas duas primeiras décadas do sec. XX. Tensionada com
outras bases de fontes, a imprensa periódica pode nos auxiliar na
recuperação de um emaranhado cultural e social do qual desejamos
reconstituir parte de uma história que entrelace a educação social,
processo de formação, usos do tempo livre e a educação dos sentidos
e das sensibilidades, para a qual estamos identificando e percorrendo
os primeiros indícios.
373
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Por uma estética escolar brasileira na
década de 1950: as imagens na Revista
Atualidades Pedagógicas
Diogo Franco Rios
[email protected]
Marcos Villela Pereira
[email protected]
A Revista Atualidades Pedagógicas, publicada pela Companhia
Editora Nacional de 1950 a 1962, desempenhou um importante
papel de divulgação de instituições, ideias, pesquisas, legislação e
propostas pedagógicas nas diferentes áreas de ensino. O presente
trabalho realiza uma análise de imagens de escolas apresentadas
nos números da Revista Atualidades Pedagógicas publicados entre
1950 e 1959, bem como do papel que pretendiam cumprir na
construção de uma estética escolar nessa década, no Brasil. Ao longo
dos doze anos de existência, a Revista publicou imagens de diversas
instituições de ensino, principalmente de escolas secundárias,
contribuindo para a construção de uma estética escolar no Brasil,
na década de 1950, em plena ampliação do sistema de ensino no
país. A maior parte das capas da Revista mostra imagens de prédios
e edifícios de estabelecimentos que serão apresentados no corpo
de cada número. Essas matérias, ao discorrer sobre as instituições,
trazem imagens do cotidiano das aulas, de laboratórios e pátios,
oferecendo ao leitor elementos da rotina de professores e alunos.
Ao analisar esse material, observa-se o papel que as imagens
escolares poderiam cumprir na construção do que deveria ser
uma instituição aderida aos valores sociais relevantes à época.
Alguns traços dessas tentativas de estetização e sensibilização
moral podem ser identificados em representações de salas de
aula, uniformes e práticas dos alunos, vestuário de professores
e nas imagens de laboratórios e aulas de ciências e matemática,
que estavam em crescente valorização nessa época marcada pelo
374
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
desenvolvimentismo e pelo espírito modernizador da sociedade
brasileira. A partir dessas imagens, tomadas como fontes históricas,
analisamos a interimplicação entre aspectos político-educacionais
e a estetização associada a valores que estavam vinculados à escola
brasileira da década de 50. De modo geral, observa-se que aquelas
imagens deixavam de mostrar “o que não podia ser” em favor de
mostrar “o que deveria ser” ou “o que se queria que fosse”. O leitor,
através de um exercício de leitura do texto e da imagem, deveria
ser conduzido a conceber o que se queria que fosse a escola
brasileira. As imagens que eram oferecidas à sua percepção são
uma construção que se fazia daquilo que se pretendia que fosse a
realidade escolar, naquela época.
Primeiras Lições de Coisas na transição do Império
para a República: contribuições de Rui Barbosa
Enilda Fernandes (UEMS)
[email protected]
O objetivo deste trabalho foi o de caracterizar a pedagogia
preconizada por Rui Barbosa, a partir do livro Primeiras Lições de
Coisas, de autoria do norte-americano, N. A. Calkins, e evidenciar
as suas contribuições para a educação na transição do Império para
a República. Justifica-se o presente trabalho, pelo fato de que foi
Rui Barbosa quem traduziu e adaptou esse livro à nossa língua,
que consiste em um manual do ensino elementar, dirigido aos
pais e professores, e que constitui objeto de estudo de um projeto
de tese. Nessa transição, o Brasil passava por intensas mudanças
no âmbito da produção e, por consequência, nas questões políticas
e sociais, sobretudo, na educação. Desde as últimas décadas do
Império, o Brasil já aspirava adotar o método intuitivo, sendo as
Primeiras Lições de Coisas, indicado como o único livro adotado
pelas escolas primárias para orientar os professores. Rui Barbosa,
se envolveu em questões fulcrais na organização da sociedade
brasileira, dedicou-se aos assuntos pedagógicos, destacando-se
375
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
na elaboração de reformas da educação brasileira. Defendeu a
ampliação do ensino, pontuando a necessidade de métodos
e conteúdos mais adequados para atender às singularidades
daquele momento histórico. Orientou sua proposta de reforma ao
princípio de uma pedagogia integral – a preparação para a vida.
Para ele, a reforma escolar deveria ser fundamentada em bases
objetivas, inclusive com a preparação técnica dos professores.
Absorvido pelo pensamento burguês de sua época, e sob a influência
de cientistas, filósofos e educadores naturalistas que patenteavam
a ciência burguesa, cujos instrumentos para mediação e produção
do conhecimento eram a observação e a experimentação, Rui
instituiu que o método intuitivo era a expressão da ciência para
a racionalização da nova pedagogia e, portanto, o método
adequado. Ancorada em um referencial teórico-histórico de
pressuposto marxista, partiu-se neste estudo do princípio de que
as obras humanas são produtos históricos, estando a produção
das idéias e da consciência, de início, diretamente ligada à atividade
material e derivada de um conjunto de relações de produção do
homem. Considera-se a pedagogia de Rui Barbosa, em acordo
com a universalidade que se produziu na base material, naquele
momento histórico. Rui Barbosa, revelando uma consciência
vinculada ao movimento mais geral da sociedade, em seus fins,
pensou sua proposta de reforma nos limites da racionalidade de
seu tempo, o que refletiu na organização escolar em perfeita lógica
com os problemas que se lhe apresentavam e com os interesses
burgueses. Assim, tematizado nas Lições de Coisas, o método
intuitivo, impôs ao mestre e a todos os alunos uma objetividade
que corrobora a objetivação e simplificação do trabalho didático.
376
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Produzindo fontes para a história da
educação católica: leituras, diálogos e
caminhos entrecruzados
Evelyn de Almeida Orlando
[email protected]
Maria José Dantas
[email protected]
Este trabalho é fruto de duas pesquisas sobre a História da
Educação Católica, as quais elegeram dois intelectuais desse campo
como seus protagonistas: o Monsenhor Álvaro Negromonte e Chiara
Lubich. Ao longo dos caminhos percorridos até aqui, um conjunto
de dificuldades quanto à localização e ao trato das fontes vêm se
apresentando aos dois trabalhos. O variado repertório de empecilhos
encontrados reforçou a necessidade sentida pelas pesquisadoras de
ampliar essa reflexão e trazer para o debate acadêmico as condições
e os limites de possibilidades que norteiam a escrita da história
da educação católica. Assim, este texto pretende discutir, em uma
dimensão teórico- metodológico, possíveis caminhos de investigação
e opções por documentos mais oficiosos do que oficiais permeados
de histórias que vêm se apresentando não apenas como um tipo
de fonte que muito têm a re velar, mas, muitas vezes, como uma
das poucas opções as quais o pesquisador desse campo tem acesso.
Neste caso, as correspondências pessoais, por exemplo, revelam e
indiciam muito da subjetividade dos seus autores, além de
permitirem apreender, nos fios e rastros que vão deixando, pistas
das redes de sociabilidades, do ideário político-pedagógico, dos
interesses e projetos nos quais seus autores estavam envolvidos ao se
inscreverem nesse registro da escrita de si. Nesse aspecto, as ideias
de Febvre, Bloch e Certeau sobre os modos de se fazer história vêm
servindo como instigantes desafios nesse exercício de transformar
documentos em fontes sem, contudo, considerar ilusoriamente que
existe um tipo único específico para cada problema histórico. Não
377
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
obstante, termos privilegiado neste trabalho, as correspondências
pessoais de dois intelectuais da educação católica, ressaltando o
tempo e o espaço de atuação de cada um, como importantes fontes
das pesquisas que vêm sendo realizadas, essa produção se construiu
pela interlocução que elas possibilitaram com os objetos de pesquisa,
na medida em que deram conta de responder ou mesmo, por em
questão, determinados problemas históricos da educação católica.
O conceito de campo de Bourdieu é outro aporte teórico que vem
orientando as duas investigações, por permitir pensar na estrutura e
no funcionamento do campo religioso católico e nos limites que, a
partir daí, se impõem ao(s) historiador(es) da educação. Assim, este
trabalho pretende apresentar os caminhos percorridos por duas
pesquisadoras, ressaltando pontos de convergência em experiências
distintas de investigação acerca das práticas educativas e do ideário
pedagógico católico , apontando para a fronteira da regularidade e
para os desvios que marcam a produção dessas histórias.
Ramon Llull e o livro da Ordem de Cavalaria:
tentativa de retomada dos ideais da
cavalaria cristã
Paula Carolina Teixeira Marroni
GTSEAM - PPE/UEM – CAPES
Este trabalho refletirá sobre a importância da obra O livro da
Ordem de Cavalaria (1279 – 1283) de Ramon Llull (1232/1235
– 1316) no que se refere à retomada dos conceitos, valores e
ideais da cavalaria cristã. Sabe-se que Ramon Llull, nascido em
Maiorca, Palma, Espanha, foi um monge espanhol de família
nobre e possuidor de terras que, anteriormente, havia sido educado
cavaleiro. Escreveu mais de duzentas obras, dentre elas O Livro da
Ordem de Cavalaria, manual pedagógico de educação do cavaleiro.
Esta obra literária visava à educação do cavaleiro por meio do seu
comportamento, dos valores que norteiam a cavalaria cristã e dos
ideais que deveriam ser difundidos por esta cavalaria. Observa378
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
se que a obra foi escrita por alguém que conhecia o cotidiano,
sucessos, desafios e dificuldades da participação na cavalaria, mas,
principalmente, da missão cristã que esta ordem possuía. A missão
cristã é fator determinante para justificar a existência do cavaleiro,
bem como a necessidade de sua atuação na luta contra os povos
considerados infiéis. Desta forma, pode-se apresentar a obra como
um importante manual de educação do cavaleiro que defende a fé
de Cristo – o cavaleiro é corajoso, justo e vitorioso porque teria
sido ungido por Deus para levar sua palavra a todos. Na obra, Llull
apresenta como ser um bom cristão e obter a salvação, ideologia
fortemente intrínseca aos homens medievais. Os ideais mais
importantes seriam, portanto, as virtudes como justiça, sabedoria,
caridade, lealdade, verdade, humildade, fortaleza e esperança, todos
eles precedidos do mais importante – amar e temer a Deus. Além de
demonstrar o código de conduta, buscava a valorização do cavaleiro
em relação à sociedade e a importância de levar a palavra de Deus,
lutando por ela, evidenciando a importância na defesa da igreja
católica e a revalorização do ideal da cruzada. Após apresentar o
panorama do contexto Milles Christi no século XIII, o trabalho busca
apresentar o contexto de decadência da cavalaria cristã como fator
determinante na tentativa de Ramon Llull em retomar conceitos
e valores cavaleirescos por meio do Livro da Ordem de Cavalaria.
Vida e obra de Ramon Llull são apresentadas com a perspectiva
de compreender o contexto da escrita da fonte selecionada. Para
a história da Educação, esta obra literária, enquanto manual
pedagógico que ditava o modelo ideal para um grupo determinante
na estrutura social medieval, possui a importância de, como fonte,
revelar elementos que auxiliam na compreensão do comportamento
social necessário para aquele período histórico, uma vez que indica
aspectos de treinamento físico, conduta moral e, principalmente, a
justificativa para sua existência – a necessidade de salvar os infiéis.
Conclui-se que a literatura em questão pode ser considerada uma
importante fonte para o estudo de história da educação.
379
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Os conhecimentos especializados sobre os
problemas de aprendizagem nos manuais de
psicologia educacional (1925-1955)
Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
[email protected]
Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados
sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais
de psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955.
Pretende-se identificar as explicações formuladas para o fato de que
parte das crianças não aprendia conforme o esperado, assim como as
recomendações oferecidas aos professores sobre como agir em auxílio
desses alunos. A preocupação com os problemas de aprendizagem era
recorrente na literatura pedagógica. As elevadas taxas de reprovação
nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries iniciais do ensino primário,
era uma questão que desafiava os administradores do ensino e os
especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX a psicologia
foi considerada como a ciência em melhores condições de contribuir
para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola
e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino. A
perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos
especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos
da reflexão independente de seus autores, mas como produções que
devem ser referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites
que restringem o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa
é autorizada a se pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita.
É preciso, portanto, levar em consideração as vinculações institucionais
dos autores, entre outras formas de cerceamento dos discursos, dentre
as quais a própria disciplina “psicologia”. Além disso, esses discursos
não consistem em eventos isolados, mas devem ser compreendidos em
um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados mobilizam
outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil,
sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc.
380
Sumário Eixo 3
Caderno de Resumos - Eixo 3
Considera-se ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas
quais os enunciados são dados a ler, a forma como se apresentam nos
textos dos manuais. Os autores dos manuais de psicologia educacional
explicavam as origens das dificuldades dos alunos atribuindo-as, na
maior parte dos casos, parcialmente à hereditariedade e parcialmente
ao meio. Apresentavam os testes psicológicos como instrumentos de
medida destinados a quantificar as diferenças de inteligência e aptidão.
Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas entre os sexos.
Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico normal e
anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais de
tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes
apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e
ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder
em relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na
maior parte dos casos, que era o estudo detido das características do
aluno que desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.
381
Sumário Eixo 3
Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
A concepção de infância no Compêndio de
Pedagogia Prática de Joaquim José de Araújo
Izabela Cristina de Melo Santos (UFAL)
[email protected]
Roseane Maria de Amorim (UFAL)
[email protected]
No Brasil do século XIX passa a se desenvolver com vigor uma
concepção de infância com base nos ideais divulgados por países europeus
economicamente avançados. Uma criança ativa que, a partir de então, seria
orientada por conteúdos relacionados com postulados de uma nação que
precisava progredir moral e economicamente. Esses postulados tornaramse a base das diretrizes metodológicas que passaram a surgir nos manuais
destinados a servir de guia para os professores daquela faixa etária. As
publicações de educadores franceses como Daligault (1874) serviriam
de modelo para as referidas publicações no Brasil, como o Compêndio
de Pedagogia Pratica, publicado por Joaquim José de Araújo, em Maceió
no ano de 1886. Neste sentido, nosso texto elabora uma reflexão acerca
desse manual, com o intuito de compreender a concepção de infância
que nele está contida, assim como as orientações dirigidas aos professores
sobre quais métodos e materiais explorar no aprendizado da criança. O
texto teve o apoio das autoras Carlota Boto (1997) e Diana Vidal (2004),
sobre o entendimento de infância na versão iluminista, e como tal
entendimento circulava nos manuais didáticos publicados no Brasil,
a partir do século XIX. Aprovado como livro para uso na Cadeira de
Pedagogia da Escola Normal de Maceió, ministrada pelo próprio autor, a
referida obra sugere novas formas de abordar o aprendizado dos primeiros
anos de vida escolar, e orienta cada passo da ação docente, desde o uso
da mobília e dos objetos para fins didáticos, até os modos de disciplinar
e classificar os alunos no desempenho da leitura e da escrita. Dos 25
capítulos da obra 15 deles estão voltados para os aspectos metodológicos,
nos quais é possível destacar a ênfase nos argumentos que colaboram
para o direcionamento de um ensino de caráter utilitarista e promotor
da autonomia disciplinada da criança. Nas orientações contidas nesses
383
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
capítulos, perpassa a noção de ideal de formação humana que tem o
pressuposto de que a criança é possuidora de uma natureza propensa
aos desvios sociais, e a escola, como a instituição social incumbida
de formá-la nos valores morais que deveriam ser condizentes com a
sociedade moderna e civilizada que os governantes aspiravam construir
à época. Passa a se observar que o conceito de liberdade nessa formação
seguia um ritual monitorado pelo educador, no qual se mesclava tanto
as novas orientações baseadas nas novas descobertas científicas quanto
os fundamentos do cristianismo católico. Neste sentido, os rituais e
imagens daqueles dogmas permaneciam no compendio de Araújo como
orientações voltadas às praticas docentes.
A concepção de infância nos pareceres da
reforma do ensino primário de Rui Barbosa
Amanda Sousa Galvíncio (PPGE/UFPB)
[email protected]
O presente trabalho busca discutir as contribuições de Rui Barbosa para
o debate educacional na segunda metade do século XIX, em particular, a
concepção de infância presente nos pareceres do ensino primário. Desse
modo, apresentaremos como o referido intelectual articulou infância e
educação, atrelando-as a necessidade de disseminação das escolas primárias
pelo País e a urgência da obrigatoriedade e gratuidade do ensino como
princípios indissociáveis. Os pareceres do ensino primário (1883) trouxe
a baila o ideal de nação civilizada mediante a estruturação de um sistema
educacional nacional destacando que, a educação das crianças era parte
fundamental do processo. Para Rui Barbosa, as novas gerações levariam a
frente os projetos modernizadores e civilizadores da nação e, por isso, se fazia
tão eficaz seu investimento. A infância educada conseguiria superar o atraso
material e moral do País. Desse modo, o Estado deveria promover o ensino
primário não deixando, portanto, a critério das iniciativas particulares nem
das classes populares: a primeira não poderia ditar os rumos da educação e
a segunda não teria capacidade de perceber a relevância de última grandeza
que seria a educação dos seus filhos. Os princípios da obrigatoriedade e
384
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
gratuidade deveriam ser imbricados e sancionados por lei, com pena de
multa para seu descumprimento. Na esteira desse argumento, partilhamos
da ideia que a educação fez parte do repertório político dos intelectuais nos
oitocentos, damos destaque, principalmente, aos sujeitos envolvidos com
o movimento reformista da geração de 1870, dentre esses, o intelectual
estudado. Esses indivíduos por muito tempo foram acusados pela crítica
especializada de alheios a realidade nacional sugerindo que, suas ações
eram tributárias de um deslumbramento provinciano importando
de fora categorias e conceitos para pensar o Brasil. Porém, as pesquisas
mais recentes estão se dedicando a investigar os intelectuais como sujeitos
que atuando no campo político e cultural, associado as suas performances
individuais um conjunto de ações políticas. Desse modo, os percebem
enquanto indivíduos que lançaram mão de ferramentas para intervenção
social e, portanto, estavam imbricados na realidade que atuaram. Ao
discutir essas questões, procuramos entender e contribuir para os debates
em torno da infância e da escola no século XIX no Brasil, a partir da
concepção que os intelectuais, em especial, Rui Barbosa engendraram nas
suas propostas de superação do atraso brasileiro a relevância de educar as
crianças e a necessidade de se investir nas escolas.
A constituição histórica da educação infantil
no município de Aracruz – ES:
permanências e mudanças
Maria Lúcia de Resende Lomba (UFES)
[email protected]
Apresenta discussões empreendidas na pesquisa de mestrado que
busca compreender a constituição histórica da Educação Infantil no
Município de Aracruz, no Estado do Espírito Santo. Coloca em foco a
história da Educação Infantil do Município de Aracruz-ES inserida na
História da Educação brasileira e capixaba. Realiza cruzamentos
de olhares entre o passado/presente/passado considerando os modos
pelos quais na sociedade brasileira vem-se compreendendo a criança
historicamente. Analisa permanências e descontinuidades do processo
385
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
de escolarização da Educação Infantil iniciado no município na década
1960, na ocasião da criação e registro do primeiro Jardim de Infância,
até o ano de 2009 quando a instituição passou a constituir um Centro
Municipal de Educação Infantil (CMEI). Para a produção de dados, a
exploração de cada pista encontrada torna-se fundamental. Na trilha
de Marc Bloch (2001) e do historiador italiano Carlo Ginzburg (1989,
2006) compreende as fontes documentais não como evidências, mas
como pistas, vestígios, a serem lidos em sua complexidade. Promove
o entrecruzamento de múltiplas fontes, problematizando-as com o
intuito de indagar e dar visibilidade aos conflitos e tensões produzidos
nas relações de força presentes, ou seja, de não considerá-las como
verdades mudas ou inocentes heranças do passado. Para a produção de
outros vestígios, a história oral como abordagem metodológica tornouse profícua. A partir dos apontamentos de Paul Thompson (1992) é
possibilitada a escuta de alguns dos sujeitos envolvidos no processo a
fim de conhecer suas experiências e versões em complementaridade
com outras fontes escritas e iconográficas. Na investigação proposta, tão
importante quanto os vestígios encontrados foi a leitura a contrapelo
desses vestígios, do que aparentemente não estava escrito ou que teria
sido invisibilizado. Acredita que o estudo do passado é fundamental
para as discussões sobre as recentes políticas públicas para a Educação
Infantil, evidenciando que a investigação das fontes permite uma
maior compreensão dos acontecimentos ao longo do tempo e, por
conseguinte, possibilita a escrita da história da Educação Infantil do
Município de Aracruz-ES através dos vestígios, pistas, indícios,
marcas e sinais. Algumas permanências referem-se ao processo de
inserção da criança no mundo da leitura e escrita pelas professoras no
que se refere às atividades em folha de papel A4 e trabalho com foco em
algumas datas comemorativas. As mudanças são percebidas em relação
à Educação Infantil como direito da criança. Outras transformações
ocorrem em função das concepções de criança e infância.
386
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
A criança e a escola:
uma análise sócio-histórica
Maria Aparecida Augusto Satto Vilela
[email protected]
Este texto é o resultado de um estudo sócio-histórico sobre a criança,
especificamente, a da escola pública de bairros periféricos da cidade de
Ituiutaba/MG. Partimos do pressuposto de que todo “fenômeno social
é o resultado (...) de fatores sociais atuando em um período de tempo
através da interação humana” (ROSEN, 1980, p. 73). Assim, tendo
em vista a organização da sociedade capitalista no Brasil e sua atual
conjuntura e, com base em reflexões sobre a infância e a escola,
intentamos analisar o sentido que a escola tem na vida das crianças
em seu processo de socialização, assim como a influência da mídia nas
escolhas do que elas utilizam para brincar. Os motivos para a realização de
uma análise dessa natureza foram diversos, mas o que de fato a sustenta
é que, enquanto professoras de História da Educação e Sociologia da
Educação, do curso de Pedagogia, sentimo-nos tentadas em desenvolver
um estudo interdisciplinar como parte fundamental da formação de nossas
alunas, uma vez que o curso objetiva a reflexão e o diálogo entre as
disciplinas. Desse modo, passamos a indagar: Que papel ocupa a escola
na vida das crianças? Que sentido elas veem na escola? Como a mídia
influencia suas vidas? Para pensar as questões evidenciadas, foi relevante
debater com as alunas o conceito de infância que, segundo Narodowiski
(1993), é uma construção histórica, fruto da sociedade moderna. Por
outro lado, intentamos discutir, historicamente, as crianças pobres,
principalmente, nas primeiras décadas da República que foram
excluídas da escolarização a partir da análise de autores como TozoniReis (2005), Enguita (1989) e Kuhlmann Jr. (2000) confrontando com o
papel que a escola tem na vida das crianças investigadas, dando voz a elas,
pois de acordo com Sarmento (s/d) conhecê-las contribui para entender
a sociedade. A partir desse referencial, buscamos elementos para subsidiar
as atividades interdisciplinares e, ao mesmo tempo, despertar nas alunas
o espírito investigador, contribuindo assim para uma formação docente
mais sólida. Subsidiando-se pela base teórica supracitada, elas elaboraram
387
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
um questionário no qual os principais eixos norteadores para investigação
foram a criança e a vida familiar e a criança e a sua vida escolar. Para esta
análise, tomamos como base 24 questionários que constituem parte do
conjunto dos instrumentos de investigação aplicados. De acordo com os
resultados, verificamos que, para as crianças, a escola tem um sentido em
suas vidas, principalmente no que se refere às suas relações com o outro,
no ato de brincar, de realizar atividades artísticas e esportivas. Estudar e ler
livros aparecem de forma pontual no universo dos sujeitos investigados.
Em relação à mídia, evidenciamos sua influência sobre o consumo,
pelas crianças, de brinquedos industrializados, como as bonecas e os
videogames, o que nos permite afirmar que o capitalismo e a globalização
tem maciçamente modificado a infância em seu sentido mais amplo.
A educação da criança desvalida em
instituições de assistência à infância
(Curitiba, 1947-1957)
Joseane de Fátima Machado da Silva (UFPR)
[email protected]
O presente texto aborda a educação de crianças desvalidas que
viviam em instituições de assistência à infância, na cidade de Curitiba,
no período de 1947-1957. A intenção é identificar as peculiaridades
dos encaminhamentos direcionados à infância, assim como também
as implicações desses direcionamentos na vida da criança. As fontes
basilares para a realização do estudo compreenderam os acervos:
da Biblioteca Pública do Paraná – Mensagens de Governo (1935 a
1960); do Arquivo Público do Paraná – Relatórios da Diretoria Geral
da Educação do Paraná (1948-1955), Relatório da Legião Brasileira
de Assistência do ano de 1947, relatórios da Secretaria de Estado dos
Negócios do Trabalho e Assistência Social dos anos de 1951 e 1962;
da Casa da Memória – Revista Ilustração Brasileira (1953), imagens da
cidade de Curitiba (1947-1956); da Secretaria da Criança e da Juventude
- Histórico das Unidades Sociais, ofícios, escrituras e certidões. Diante
das fontes analisadas na perspectiva da História Sociocultural em diálogo
388
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
com autores da área de História e Historiografia da Educação, analisamse aspectos da vida dessas crianças referentes à identidade, à família e às
propostas socioeducativas, médicas e higiênicas, e de preparação para
o trabalho. Resultam dessa análise os apontamentos de que o Estado
apresentou dificuldades em garantir às crianças o que estava prescrito
no Código de Menores de 1927. Os encaminhamentos do Serviço
de Assistência Social privilegiaram a higiene, as boas maneiras, a saúde
e a educação para o trabalho. Os encaminhamentos do Juizado de
Menores evidenciam a hierarquização da infância abandonada. A
criança do Abrigo Provisório poderia voltar para a família, ser colocada
em outra família ou ir para uma escola profissionalizante. Entretanto,
a criança delinquente seria designada à Escola de Reforma ou à Ilha
das Cobras. As oficinas existentes no Centro de Formação Profissional
para Menores de Campo Comprido, as insistentes reivindicações do
Serviço de Assistência Social em construir um galinheiro para ocupar
as crianças no Abrigo Provisório para Menores Abandonados de Santa
Felicidade e a posterior construção de um chiqueiro denotam uma
concepção de educação voltada para o trabalho. Os encaminhamentos
direcionados à infância implicam na caracterização de uma infância
onde o analfabetismo era visto com naturalidade e a prioridade seria
a preparação para o trabalho. As respostas das crianças diante
desses encaminhamentos poderia ser a submissão, a contestação
ou a resistência. Entretanto, a contestação e a resistência da criança
diante da educação a ela direcionada, manifestadas nos atos de forjar
a identidade e/ou fugir, bem como sempre levar outra criança consigo
parecem representar as circunstâncias nas quais melhor visualizamos a
criança enquanto protagonista da sua própria história.
389
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
A educação da criança nas proposições de
D. Antonio Joaquim de Melo nas suas cartas
pastorais (Diocese de São Paulo, 1852-1861)
Juarez José Tuchinski dos Anjos (UFPR)
[email protected]
Em 22 de agosto de 1852, D. Antonio Joaquim de Melo, recémnomeado bispo de São Paulo, dirigia a primeira das catorze cartas pastorais
que escreveria até pouco antes da sua morte, em 1861, endereçada
ao clero e ao povo de sua Diocese. Assumindo a Sé Episcopal com um
projeto reformador e moralizador, dentro dos ideais ultramontanos que
defendia, encaminhou parte de suas atenções para a família e a criança,
preocupando-se com a educação e formação religiosa que a ela devia ser
destinada pelos pais e pelos membros do clero no espaço familiar, eclesial
e social. Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa de doutorado em
andamento, o objetivo é apontar e problematizar as propostas pelas quais
este prelado esperava direcionar a educação das crianças pelas famílias
católicas e o clero entre os anos de 1852 a 1861, período de seu ministério
episcopal. Inicialmente, percebe-se que na opinião de D. Antonio, haveria
uma grande distância entre as determinações da Igreja e a prática efetiva
do clero e dos fiéis em relação à educação das crianças, sendo necessário
operar muitas mudanças na realidade da diocese, que se torna objeto
de sua denúncia: incúria dos pais, incontinência do clero no celibato
e descuido na educação religiosa que estes últimos deviam ministrar às
crianças na Igreja. Suas propostas, assim, voltam-se para a família e para
seus colabores. No tocante à família, denuncia o procedimento dos pais e
mães, prescrevendo como deveriam agir para uma boa educação dos
filhos, pautada na doutrina católica, tida como condição de equilíbrio
para a própria sociedade. Em relação à parte que tocava ao clero, evidenciase uma forte preocupação em moralizar os sacerdotes, sobretudo os que
tinham filhos ilegítimos e os mantinham junto de si. Nesse caso, a discrição
era a receita de educação. Também aos padres caberia vigiar as famílias
no cumprimento de seus deveres educativos e zelar pelo comportamento
adequado da criança tanto no interior da igreja e durante a realização das
390
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
festas, como no cumprimento das obrigações que a partir de determinada
idade estariam sujeitas. À modo de conclusão, percebe-se que na pena
e proposições de D. Antonio Joaquim de Melo, a educação da criança
consistia na transmissão dos hábitos e valores cristãos, com vistas a produção
de uma sociedade de cristandade, num momento em que a aliança da
Igreja com o Estado começava a ficar abalada no Brasil, a exemplo do que
já vinha ocorrendo na Europa. Assim, mais do que “simples” objeto de
cuidado dos pais e mães católicos, ela era um dos alicerces do seu projeto
de renovação eclesial. Aos padres, cabia emendarem-se quando necessário
e colaborarem, vigilantes, neste processo.
A história da escolarização da
infância pobre em Minas Gerais:
desafios e perspectivas da pesquisa
Paula Cristina David Guimarães (UFMG)
[email protected]
Esta comunicação parte de uma pesquisa de doutorado em andamento
na qual a escolarização da infância pobre em Minas Gerais, entre as décadas
de 1920 e 1940, é o objeto central da investigação. A pesquisa busca
capturar, mapear e analisar os discursos sobre tal escolarização veiculados
em periódicos educacionais, jornais e legislação e seus impactos nas práticas
escolares das crianças pobres do Estado Mineiro. Contudo, com as primeiras
investigações inerentes à temática escolhida, como o levantamento da
literatura que trata sobre a infância pobre, alguns desafios se colocam para
a continuidade da investigação. Um deles trata do estabelecimento de
conceitos específicos ao objeto de pesquisa como, por exemplo, o de pobreza
que, no período investigado, sinaliza para uma diversidade de significados
que vão desde a falta de bens de consumo até a carência de uma formação
moral e cívica de um indivíduo. Também em relação ao termo “pobreza”,
há o desafio do entendimento e da diferenciação de um extenso vocabulário
destinado a descrever a infância pobre no Brasil que, a primeira vista, se trata de
palavras sinônimas, mas que, a partir de um olhar mais detalhado, guardam
significados próprios. São exemplos desse léxico os termos: “indigente”,
391
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
“miserável”, “anormal”, “desamparado”, “abandonado”, “desprotegido”,
“desvalido”, entre outros. Outro enfrentamento da pesquisa se encontra na
possibilidade de alargamento de investigações sobre a temática “infância” no
Brasil que, enquanto categoria social, constituída por sujeitos historicamente
situados, ainda está, em larga medida, por ser estudada (SARMENTO &
GOUVEA, 2009). A afirmação realizada pelos autores citados pôde ser
confirmada em um levantamento realizado nas produções dos Congressos
Nacionais e Mineiros de História da Educação e também na Revista Brasileira
de História da Educação dos últimos dez anos. Nesse levantamento foi
possível visualizar que os temas ligados à infância figuram em menos de
3% das produções divulgadas por tais veículos da área, o que sinaliza, por
um lado, para uma carência de estudos nesse campo de investigação e, por
outro, a possibilidade de ampliação desse quadro, com a possibilidade do
crescimento do número de pesquisas que tratem da infância. A partir desses
dados também é possível investigar os “jogos de poder” que circundam a
produção historiográfica brasileira, situando a infância em relação a outros
objetos/sujeitos de pesquisas na História da Educação (FOUCAULT,
1979). Ainda a partir desse levantamento, é possível mapear e compreender
como vêm sendo desenvolvidos os estudos sobre a infância na historiografia
brasileira, apontando as lacunas que ainda se fazem presentes.
A infância e sua educação na Bahia:
especificidades do Recôncavo Fumageiro
Elizabete Pereira Barbosa (UEFS)
[email protected]
Para pensar sobre a História da Educação da Infância e situá-la no
Recôncavo da Bahia é necessário situá-la no seu tempo, na sociedade
em que ocorre e nas instituições que as abriga, descortinando
os sujeitos coletivos da história.
A História da Educação no
Recôncavo da Bahia ainda é pouco investigada, sendo uma área
lacunar no campo de produção. O presente texto tem como objetivo
analisar a educação para a infância no Recôncavo da Bahia, no
período de 1925 a 1946, estudando sua constituição histórica.
Convém evidenciar que a escolha do período delimitado considerou
392
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
a efervescência política pedagógica do período, momento histórico
em que as ideias circulantes para a sociedade começam a esboçar um
plano de reconstrução educacional que rompesse com a estrutura
tradicional marcada pela primazia da igreja católica no exercício da
ação educativa. O texto exibe uma breve apresentação da constituição
histórica do atendimento á infância no Brasil e uma discussão da
infância no contexto do Recôncavo baiano, ratificando que no estado
da Bahia como um todo, é fato a relação existente entre processo de
escolarização e a assistência à infância em instituições de atendimento:
como asilos, abrigos e educandários. Ao enfatizar a história da
infância, o texto não caminha numa linearidade, mas considera
as relações e contradições da categoria infância no Recôncavo
Fumageiro, local onde as crianças desde muito cedo, se encontram
envolvidas no trabalho nas fábricas de charutos, em detrimento da
freqüência à escola. A discussão será pautada a partir da sociologia
da infância, área que recentemente vem fundamentando os estudos
e possibilitando novas perspectivas de interpretação sobre a infância.
A perspectiva metodológica é de natureza qualitativa, pois é o tipo
de estudo que possibilita a apreensão das múltiplas dimensões do
fenômeno. Ao considerar essa abordagem e usando como fontes de
pesquisa, o jornal “Correio de São Félix” e as “Fichas de Registros
Funcionais da Indústria Fumageira” acreditamos na possibilidade de
compreender os processos dinâmicos vividos por este grupo social.
Nos meandros do texto, lançamos mão de excertos de informações
publicadas nessas fontes para esclarecer as especificidades da história
da infância no Recôncavo. Os resultados evidenciam que o Recôncavo
Fumageiro além de ter vivenciado um processo de escolarização
tardio, as experiências educacionais no período estudado estiveram
relacionados ao sindicato dos trabalhadores do fumo, ou seja, tem
sua origem ligada a iniciativas isoladas deixando de fora a grande
maioria, portanto a execução das políticas de educação para a
infância não parou de se afastar dos cidadãos.
393
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
A máscara do ABC:
a Cartilha da Infância nas práticas de
alfabetização de Aurélia de Souza Braga
Kátia Maria Soares (UERJ/ProPEd)
[email protected]
O objetivo principal do artigo é reconstituir as práticas pedagógicas de
Aurélia de Souza Braga (1909-1995), que fundou uma escola, em 1932,
numa igreja construída por católicos integralistas, no então lugarejo de
Belford Roxo, Baixada Fluminense. Através dos relatos de seus alunos
da década de 1930 foi possível saber que uma das estratégias utilizadas
por Aurélia para alfabetizar foi a Cartilha da Infância, de autoria de
Thomaz Galhardo, modificada por Romão Puiggari, e que teve várias
edições a partir de sua primeira publicação no final do século XIX. Os
alunos narram, também, que o método da educadora envolvia o uso de
uma máscara para cobrir as leituras da cartilha, o que permitia ao aluno
visualizar apenas uma letra de cada vez, contrariando as orientações
expressas nas páginas iniciais do impresso, que preconizavam a silabação.
Quais as características e conteúdos dessa cartilha, seu percurso de
edições, quem são seus autores e suas orientações? Que apropriações
a Professora e seus alunos fizeram da sua metodologia? Como as escolhas
metodológicas e suas práticas contribuem para o entendimento da
biografia de Aurélia? As fontes utilizadas são os depoimentos orais dos
ex-alunos da Professora, e alguns de seus textos da época. A pesquisa, a
qual este estudo se referencia, dialoga, até aqui, especificamente sobre
essa cartilha, com um estudo de iniciação científica de Luana Grazielle
dos Santos (2007), orientado por Maria do Rosário Longo Mortatti,
publicado na Revista de Iniciação Científica da FFC, e com menções em
estudos dessa orientadora de outros como Razzini (2011) . Na tentativa
de compreender as práticas pedagógicas adotadas, optei por atentar para
a cartilha utilizada pela educadora, no sentido de pensar, seguindo as
contribuições de Chartier (1998), sobre a circulação e, sobretudo, dos
usos e apropriações do impresso. Por que uma cartilha confeccionada
para a metodologia da silabação era usada de forma diferente? De modo
394
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
a entender algumas das lembranças dos alunos de Aurélia tomei como
referência os estudos de Bosi (1979) e Alberti (2004). No contexto
social, as apropriações que Aurélia fez da cartilha usada, foram úteis as
investigações de Maciel (2001) sobre a alfabetização, e Trindade (1979)
sobre o Integralismo. Este artigo pretende contribuir para a historiografia
da educação no sentido de preencher lacunas sobre a alfabetização, sob a
influência da ação integralista, na Baixada Fluminense.
A Revolução Francesa e as repercussões na
educação de surdos
Niédja Maria Ferreira de Lima (UFCG/UAEd)
ié[email protected]
Considerando a importância da aproximação das discussões que
envolvem a educação de Surdos com as questões educativas gerais, nos
propomos a refletir, neste texto, sobre as repercussões do debate pedagógico
da Revolução Francesa, seus avanços e consequências, para a educação
dos sujeitos Surdos. O século XVIII foi palco de uma grande revolução, a
Revolução Francesa de 1789 que, sob o comando da burguesia, provocou
enormes transformações nos contextos político, sócio – econômico,
religioso, tecnológico e educacional na civilização ocidental. Foi a única
revolução social de massa e a mais radical de qualquer levante comparável
(HOBSBAWN, 2002). Nesse cenário, os debates em torno de uma pedagogia
política ocupam o primeiro plano, sendo apresentados vários projetos
pedagógicos que invocam e evocam o pensamento Iluminista, como fonte
inspiradora, e reivindicam uma escola única, laica, obrigatória, gratuita,
universalizada, sob o encargo do Estado, enfim uma escola democrática
para o “homem novo”,como instrumento prestigiado para capacitar as
novas gerações, com vistas às transformações dos valores, crenças, tradições
e utopias. Para tanto, as conquistas das ciências e unificação lingüística
foram intensificadas (BOTO, 1996). Esse pensamento pedagógico teve
repercussões também no âmbito da educação de Surdos, que até então não
tinham o direito à escolarização, por acreditarem que eles não possuíam
a linguagem estruturada, o que era privilégio apenas dos que pertenciam
395
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
à nobreza. É na efervescência do movimento revolucionário francês que
surge a possibilidade de uma intervenção educativa para maior parcela
das pessoas surdas, sob a responsabilidade do abade L’Epee que funda, em
Paris, a primeira instituição pública para surdos do mundo, utilizando a
linguagem gestual. Esse momento costuma ser considerado a “época áurea”
do movimento surdo francês (SÁNCHEZ, 1990). No século XIX,
com o novo quadro político-científico, mudanças foram implementadas,
tendo como marco o Congresso Internacional para a Educação do Surdo,
realizado em Milão, em 1880, quando é recomendada a substituição
da linguagem gestual pelo método oralista, que passa a ser hegemônico.
A educação de surdos assume, assim, de uma vez por todas a concepção
Iluminista homogeneizadora e normalizadora. Revisitarmos esse momento
da história moderna, constitui-se numa oportunidade de buscarmos
compreender o significado dessa “época de ouro” na educação dos surdos,
bem como desvelar os desdobramentos da unificação da língua oral: o
porquê do domínio de práticas “ouvintistas” (SKLIAR,1999) nos processos
educativos; do silenciamento e exclusão dos próprios Surdos das questões
identitárias, lingüísticas e culturais que lhes eram peculiares.
Colégio João de Deus – Porto
Aires Antunes Diniz
Universidade de Coimbra- Portugal
[email protected]
No Fundo Bibliográfico do Professor Santos Júnior, sito em Torre de
Moncorvo, encontrei documentos sobre experiência pedagógica do Colégio
João de Deus no Porto que surge em 1928 para resolver o problema do
desemprego docent e espoletado pela extinção da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, datados de 1929 a 19391, onde alguns se referem à
origem geográfica dos alunos permitindo balizar a sua ação no continente,
no Império Colonial português e, ainda, no Brasil. O projeto educativo
é claramente definido em 15 de Agosto de 1929 dentro das normas mais
avançadas do ensino ativo numa proposta de um ensino experimental expresso
pelo objetivo de “sem deficiências sensíveis, (fazer) todos os trabalhos
1 Ver diversos Relatórios Anuais do Colégio de João de Deus, 1929-1930 a 1953-1954.
396
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
práticos de Física, Química, Ciências Biológicas e Ciências Geológica, que
os programas oficiais exigem”. Trata-se de construir física e pedagogicamente
“um estabelecimento de ensino modelar”, onde “cabe ao país, de forma especial
ao Porto, auxiliar-nos». Assim, um dos relatórios fala do material de ensino e
das instalações escolares, que já foram úteis à Câmara Municipal do Porto que
solicitou “os nossos aparelhos de precisão crio-registadoras para experiências
científicas nas câmaras frigoríficas do seu Matadouro”. Por outro lado, “o
grupo de professores de Ciências não é apenas um grupo de positivistas. Têm
fé, horizontes vastíssimos. Não há limitações, não há processos de cristalização
definida. Procura-se dar ao rapaz, com o sentido da independência, o
sentimento da generosidade.” Para o conseguir, não se descuram as questões
financeiras, pois os alunos pagam custos elevados pelo seu ensino e internato.
Este esforço dos professores do Colégio João de Deus é analisado dentro de
um projeto mais largo por considerar o ensino secundário um problema
que sobreleva qualquer outro no quadro geral dos problemas nacionais.
Questionam que seja só de simples cultura pela cultura pois querem que
“encerre soluções de apetrechamento técnico e de orientação profissional da
mocidade”, com uma particular atenção à Educação Moral e adotando uma
profilaxia disciplinar mais do que terapêutica na Educação Física. Assim,
em 1934-1935, os resultados dos exames são analisados pedagógica
e estatisticamente numa estratégia de afirmação da superioridade do
Colégio João de Deus pois tem 88,59% de aprovações em todos os exames
contra a percentagem de 76,49% dos dois liceus do Porto, Rodrigues de
Freitas e Alexandre Herculano. Esta eficiência educativa justifica a vinda de
um pequeno brasileiro, o Wilson, cujo pai o mandou para o Colégio
para aprender a ler, atravessando o Atlântico. Em 28 de Julho de 1934 faz a
primeira comunhão e está já na primeira classe dos liceus, considerada uma
“Explendente vitória dum grande Colégio”, transcrevendo-se a reportagem
que o Jornal de Notícias publicou2. Não admira que no ano de 1935-1936 já
se faça uma listagem de alunos com referência à sua origem geográfica. Assim,
mostrando a ligação com o Brasil, temos 18 alunos brasileiros em 1935-1936
que no ano seguinte, baixa para 16, sendo a sua origem geográfica no Brasil
diferente. Em 1937-1938, alguns destes alunos continuam, enquanto
outros desaparecem e outros surgem pela primeira vez, ficando no final só
16. Existem ainda alunos de além-mar, mas em número bem menor.
2 Relatório do ano de 1934-1935, p. 61-62.
397
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Contexto histórico versus responsabilidade social:
a contribuição da UNIGRAN para a Educação de
Jovens e Adultos
Elizabete Velter Borges (UNIGRAN)
[email protected]
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino
que visa a educação ao longo da vida, com as pessoas que não tiveram
acesso a escolarização em idade própria, valorizando o contexto no
qual o educando está inserido. Dessa forma, para se compreender esta
modalidade é necessário conhecer o contexto histórico não somente da
EJA, mas principalmente da educação como um todo. Para que, a partir
dessa contextualização se possa estimar todo o trabalho de responsabilidade
social que vem sendo desenvolvido pelo Centro Universitário da Grande
Dourados – UNIGRAN, visando contribuir para com a EJA. Partindo deste
pressuposto, a pesquisa pretende dar respaldo as seguintes inquietações:
qual o contexto histórico da educação, principalmente em relação à EJA?
Quando foi criado o Programa EJA/UNIGRAN e como este vem
sendo desenvolvido ao longo dos anos? Qual a porcentagem de
alunos que continuam no projeto de um ano para o outro? Os alunos
estão procurando o CEEJA para dar continuidade aos seus estudos? Assim,
objetivou-se descrever o contexto histórico da educação, principalmente,
em relação à Educação de Jovens e Adultos num âmbito geral, enfocando
a contribuição da UNIGRAN para com esta modalidade de ensino,
realizando o levantamento estatístico para análise e compreensão no
desenvolvimento deste Projeto, procurando apontar caminhos para melhor
adequação da pesquisa a fim de que os educandos possam ser incentivados
a dar continuidade aos seus estudos visando uma qualidade de vida melhor
e construção da cidadania. Teve como parâmetros teóricos os estudos de
Aranha (1989), Freyre (1993) e Piletti (1996), que argumentam sobre o
contexto histórico da Educação como um todo, e Brandão (1981), Freire
(1987; 2003) e Gadotti (2001) que são teóricos específicos sobre a
Educação de Jovens e Adultos. A metodologia da pesquisa utilizada
possui características de um tipo de estudo documental (fontes primárias);
398
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
estudos bibliográficos (fontes secundárias) como também de pesquisa de
campo por meio de visitas realizadas no Centro Estadual de Educação de
Jovens e Adultos – CEEJA para pesquisar sobre a continuidade ou não
dos alunos que participaram do Projeto EJA UNIGRAN. Também
teve como intuito fazer um levantamento estatístico e documental sobre
o quantitativo de pessoas que participaram do Projeto e se os alunos estão
dando continuidade de seus estudos no CEEJA. Os resultados apontam
o quanto a UNIGRAN vem contribuindo para com a responsabilidade
social nos diversos bairros do município de Dourados por meio do
Programa de Educação de Jovens e Adultos que vem sendo desenvolvido
ao longo de vinte e dois anos consecutivos, colaborando assim, para
erradicar o analfabetismo de pessoas jovens e adultas que não tiveram
acesso à educação em idade própria, como também valorizando o contexto
histórico, social e cultural destas pessoas jovens e adultas.
Crianças pequenas e adultos grandes:
trajetos históricos e discussões atuais
sobre crianças e infâncias
Gislaine Azevedo da Cruz (UFGD/CAPES)
[email protected]
Magda Sarat (UFGD)
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as
configurações que permeiam atualmente as discussões sobre crianças
e infâncias, apropriando dos estudos desenvolvidos por Philippe
Ariés sobre o “descobrimento” da infância nos séculos XIV e XVI e
de teóricos atuais que se debruçam sobre a temática Educação
Infantil, Infâncias, especificamente na área da História da Educação.
Esses apontamentos constituem as discussões que permeiam a
dissertação de mestrado que está em andamento, refletindo sobre a
memória de professoras aposentadas da educação infantil, a partir
da história oral sobre as percepções de suas infâncias a partir de suas
399
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
trajetórias profissionais no Município de Dourados/MS. Os estudos
estão pautados, neste sentido nas discussões sobre as concepções de
crianças e infâncias, a partir dos estudos da história da educação.
Mostraremos as diversas concepções que permearam os debates
sobre crianças e infâncias ao longo dos séculos e as influências
que as diferentes percepções interferiram nas relações e formas
de tratamentos entre os adultos e as crianças em nossa sociedade.
Baseados em estudos como de Priore (1996), Kuhlmann, Jr. (2000)
e Gouvêa (1999) entre outros se propõe a discutir a temática,
mostrando as diferentes trajetórias sendo presentes nas pesquisas
atuais diversas perceptivas, como estudos que visam compreender
a construção sobre as infâncias na literatura infantil, nas primeiras
instituições de ensino, especificamente sobre as infâncias brasileiras,
as trajetórias das crianças nas histórias de imigrantes, a cultura
infantil, as infâncias de meninas e meninos entre outras vertentes
tem proporcionado atualmente distintos debates. Debates esses,
que perpassam os estudos que mostram as percepções de
crianças pequenas e dos adultos grandes são amplos e são múltiplos
os enfoques conforme as concepções de criança e infância e os
trajetos seguidos. Percebidas desde crianças pequenas, frágeis e sem
poder em relação a imagem construída dos adultos grandes que
centralizam o poder, foram sendo reconstruídas essas maneiras de
entende lás a partir dos processos de civilização da sociedade. Passou
a criar diferentes configurações de poder entre crianças e adultos e
múltiplas formas de compreender não, mas criança e infância, mas
entende lás agora no plural, discussões que permitem percebe lás
como tendo diferentes infâncias e diversas crianças, destacando
a importância de apreender as trajetórias históricas para respeita lás.
400
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Crianças personagens da história da educação
na Amazônia: uma representação literária no
conto Chão de Lobos
Maria do Socorro Pereira Lima (UFPA)
[email protected]
A Obra Chão de Lobos, do escritor paraense Dalcídio Jurandir está
ambientada no cenário de uma Amazônia do início da segunda metade
do século XX, mais precisamente na década de 70. Este artigo que a ela
se refere busca, a partir da representação literária que o escritor faz dessa
realidade, refletir sobre a educação de crianças moradoras de comunidades
ribeirinhas, por meio de um enfoque metodológico histórico-literário.
Os elementos que compõem a narrativa estão centrados nos diálogos
estabelecidos entre o narrador onisciente (acusando que a obra pode ser
caracterizada como uma autobiografia), a personagem Biá, criança, aluna
da escola pública retratada no conto e sua professora, a única da escola.
Considerando essas impressões iniciais o artigo tem como objetivos: a)
fazer uma análise reflexiva das condições da educação pública de crianças
na Amazônia do início do século XX e b) consolidar a importância de
se agregar a literatura aos documentos oficiais usados como fontes de
pesquisas históricas, posto que se trate de uma fonte importante e passível
para análise de uma determinada realidade social e histórica, embora a
linguagem literário possa não ter tal compromisso. O conto analisado
na obra Chão de Lobos foco diretamente o contexto educacional da
Amazônia ribeirinha e revela fatos dessa educação, sobretudo naquilo
que marca a voz da personagem Biá, criança ribeirinha que trafegava
pelo rio numa pequena canoa, juntamente com outras crianças rumo
à escola em busca de um futuro melhor e nesse a escolar que nunca
tinha chegado da capital. Essa personagem, extremamente polifônica,
indagava à professora sobre as condições da escola, sobre o porquê da letra
do Hino Nacional falar em tantas riquezas e as crianças serem tão pobres.
A professora não sabia responder. Apenas representava um sistema de
educação precário. Com informações que não obedecem uma ordem
linear, a personagem Biá vai traçando em toda a narrativa as marcas de
401
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
uma educação que não respondiam às reais necessidades das crianças
ribeirinhas. Faltava giz, faltava merenda e não tinha material escolar.
A professora, tentando silenciar Biá, determinava às crianças da classe:
“Vamos decorar o Hino criançada”. E num cotidiano desestimulador,
sem nenhuma esperança de possíveis mudanças, um dia atrás do
outro, as crianças voltavam para suas casas remando em tempo de
peixe escasso. As reflexões feitas com base no diálogo estabelecido entre
o narrador, Biá e a professora, conclui-se que no retrato educacional
contextualizado, segundo a representação feita no texto literário,
apontam que as crianças ribeirinhas da Amazônia, protagonizaram uma
história de educação pública caracterizada pelo abandono, pelo descaso
público e pela incoerência de conteúdos em relação à vida das crianças.
Criando órfãos – instrução e assistência na
capitania do Rio Grande do Norte (séc. XVIII)
Muirakytan Kennedy de Macêdo (UFRG)
[email protected]
Os sertões da Capitania do Rio Grande do Norte foram produzidos,
principalmente, pela pecuária. Esse território, sendo um espaço colonial
periférico, vivenciou dificuldades de gestão populacional, de pronunciada
dispersão pelos campos e de frágeis mecanismos de assistência social. Tendo
como objeto os órfãos no período colonial, o trabalho discute as práticas
educativas votadas aos órfãos no espaço da ribeira do Seridó, como parte
da pesquisa em andamento no estágio pós-doutoral. Neste sentido é que
o objeto de pesquisa se desenhou relacionando as práticas educacionais à
assistência em um espaço social de economia pastoril, com frequentes
secas e dramáticos tráfegos de pessoas em arribação. O objetivo da
pesquisa decidiu-se pela compreensão dos mecanismos compensatórios
desencadeados pela orfandade assistida ou pela exposição de párvulos.
Para tanto, utiliza-se de fontes coloniais como inventários e testamentos,
em especial a seção de Autos de Contas dos Órfãos. O ideário pedagógico
dos iluministas lusitanos representado na literatura clássica educacional −
Apontamentos para a educação de um menino nobre, da autoria de Martinho
402
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
de Mendonça de Pina e de Proença; Verdadeiro método de estudar de Luis
Antonio Verney e Cartas sobre a educação da mocidade de António Nunes
Ribeiro Sanches − é que fundamentará teoricamente a história dos cuidados
com a educação da criança e do jovem órfãos. Também trabalharemos com
a “categoria nativa” de criação. Entende-se que esta expressão utilizada no
século XVIII dá conta das dimensões educacionais exigidas para os cuidados
dos órfãos seridoenses distantes da escola formal e próximos à atenção familiar.
Inventários e testamentos expõem, em primeira mão, dados patrimoniais
do grupo parental, assim como mostram as relações entre seus membros
no que diz respeito à divisão do cabedal. Assim, apresentam as estratégias
domésticas de solidariedades internas ou externas ao agrupamento familial.
Os resultados embora sejam esparsos, podem se referir à criação doméstica
e aos demais cuidados educacionais desenvolvidos no âmbito familiar
e instrucional. Conclui-se que a despeito da distância d´El Rei, apesar
da rarefação burocrática e eclesial, os sertões ainda estavam no raio de
atuação do reino. É verdade que tal assistência não vinha da ação direta do
Estado português, mas dos mecanismos criados por ele para que fosse feita a
gestão das gentes, através da Igreja e de particulares. Estes últimos serviam de
anteparo social para as crianças, rapazes e raparigas em tempos de orfandade.
Parentes próximos tomavam para si a obrigação de tutoria administrando os
bens dos menores, assim como a educação nas primeiras letras, moralidade e
iniciação laboral. E o agente público responsabilizava-se pela fiscalização das
ações privadas. Eis, para se falar em termos contemporâneos, a rede possível
de proteção social do Antigo Regime nos sertões.
403
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
De aprendizes do Arsenal de Guerra (18421899) a Aprendizes da Escola de Artífices
(1909-1941): algumas observações sobre a
educação profissional de jovens e meninos
na história da educação de Mato Grosso
Sílvio Takeshi Tamura (UFMT)
O presente artigo tem como objetivo fazer algumas observações
e reflexões acerca da educação profissional de jovens e crianças na
História da Educação de Mato Grosso. As balizas temporais (18421899) e (1909-1941) referem-se, respectivamente, aos períodos de
existência da Companhia de Aprendizes do Arsenal de Guerra de
Mato Grosso e da Escola de Aprendizes Artífices de Mato Grosso.
Essas duas instituições escolares guardam características muito
próximas entre si, desde os objetivos da educação, o público alvo, o
contexto histórico e dentre outros fatos os quais serão averiguados
neste artigo. O primeiro denominador comum entre essas duas
instituições escolares era o público-alvo, o qual se destinava aos
indivíduos denominados “desafortunados” ou “desvalidos da
sorte”, eram indivíduos de camadas sociais desfavorecidas, de baixo
nível social e econômico. Outro ponto comum entre essas duas
instituições escolares é que ambas ofereciam educação profissional,
onde os indivíduos saíam com uma formação de um ofício, ou
de uma profissão, como exemplo de alguns ofícios encontrados
entre essas duas instituições pode-se: carpinteiro, ferreiro,
seleiro, funileiro, sapateiro, alfaiate, latoeiro, torneiro, armeiro,
espingardeiro, coronheiro, tanoeiro e dentre alguns outros ofícios.
Em relação à questão do gênero, essas duas instituições guardavam
a mesma característica entre si: somente admitiam indivíduos do
sexo masculino, e em relação à idade, somente eram admitidos
jovens e crianças. Havia uma preocupação muito forte e constante
por parte da elite da sociedade e também por parte do estado
no sentido da disciplinarização e controle dos corpos desses
404
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
indivíduos através da formação para o trabalho, evitando que esses
homens “desocupados” e “desprovidos de educação” formassem um
conglomerado de indivíduos que comprometessem o sossego social.
As condições em que essas instituições escolares se apresentavam
eram muito precárias, o ambiente e a estrutura escolar necessitavam
de investimentos para que pudesse oferecer uma educação de
qualidade para os alunos que ali freqüentavam. A Companhia
de Aprendizes do Arsenal de Guerra foi a primeira e também a
única representação da existência de ensino profissional em Mato
Grosso na segunda metade do século XIX. Em relação à Escola de
Aprendizes Artífices - EAAMT ela foi a primeira denominação de
uma seqüência educacional profissional histórica no estado de Mato
Grosso, assumindo outras denominações como Liceu Industrial de
Mato Grosso - LIMT, Escola Industrial de Mato Grosso – EIMT,
Escola Técnica Federal de Mato Grosso - ETFMT, Centro Federal de
Educação Tecnológica de Mato Grosso - CEFETMT, e atualmente
configura-se com a designação de Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT.
Discursos republicanos e governo da infância
Maria do Socorro Nóbrega Queiroga (UFPB)
[email protected]
As três primeiras décadas do Século XX, no Brasil, correspondem
a um tempo de desejo de transformação, que emerge desde meados
do Século XIX, sobretudo as aspirações de mudanças no campo da
educação e a visibilidade que passa a ter os saberes modernos, fazendo
emergir discursos e práticas não discursivas a partir de três elementos:
a retórica iluminista e sua crença no poder do conhecimento e da
razão, a instauração dos Estados Nacionais e a necessidade de se
constituir um Estado Nacional independente. Tempo privilegiado
para a fabricação de aparatos de regulação no campo da educação,
cujo corolário foi a criação de equipamentos de governo, como
os discursos produzidos sobre a infância escolar e o reconhecimento
da escola como um instrumento fundamental para os avanços
405
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
das conquistas republicanas e aparato de poder no controle sobre
as crianças. A temática a ser desenvolvida neste ensaio encerra dois
eixos de análise: a educação escolar e a infância e sua constituição
nos discursos educacionais veiculados em documentos versando
sobre educação para a infância. O objetivo é adentrar os diversos
espaços de produção de sentidos, através de fontes que “falam” da
infância e das crianças e registrar a produção de verdades sobre
a sua educação. A operação metodológica foi feita através dos
registros existentes em fontes documentais do Instituto Histórico e
Geográfico Paraibano (IHGP), dos Anais da I Conferência Nacional
de Educação, que ocorreu em Curitiba, Brasil, em 1927, a revista
O Ensino é Notícia”e o jornal “O Educador – Organ do
Professorado Primário”. Busquei perscrutar nos enunciados sobre
a infância o seu lugar de produção e circulação, tomando como
aporte teórico as ferramentas teórico-metodológicas dos Estudos
Culturais, e as noções de arqueologia e genealogia, pensadas por
Michael Foucault, no sentido de compreender como as formas
que assumem as relações de poder, em diferentes âmbitos sociais,
produzem determinadas subjetividades e verdades. A ideia de um
recorte temporal se justifica por se reconhecer a importância dos
acontecimentos desde meados do século XIX, como potencializadores
de mudanças no campo da educação escolar, consubstanciadas na
complexidade e na efervescência cultural, política, entre outras e
o que esta representou de descontinuidades e rupturas em amplos
aspectos da vida em sociedade. A pesquisa e as fontes pesquisadas,
pela sua importância como arquivos, permitiram-me ir ao encontro
da história de uma época, com suas idealizações sobre a infância,
segundo os preceitos higienistas e eugenistas, tendo como horizonte
a construção de uma nação. Nosso objetivo é dar visibilidade às
tramas, às crenças e às representações sobre a infância, tecendo
comparações, destacando as descontinuidades e permanências dos
enunciados produzidos entre as décadas estudadas.
406
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Do amor ao casamento:
análise de um manual de preparação das
moças para assumir os deveres de esposa,
mãe e dona-de-casa, em circulação no
nordeste do Brasil em meados do século XX
Patrícia Helena Carvalho Holanda (FACED-UFC)
[email protected]
Maria Juraci Maia Cavalcante (FACED-UFC)
[email protected]
Analisa a concepção moral e sexual implícita no manual de preparação
das moças, intitulado, Do Amor ao Casamento: a comunhão de vida,
segundo a natureza,publicado em 1948, na Bahia, numa tradução do texto
original de Hans Wirtz, autor alemão refugiado na Suíça e membro da
Ordem Terceira de São Francisco. Tem apoio em Freyre (1987), Vianna
(1987) e Costa (1983), que abordam as matrizes sociológicas da família
brasileira, do Brasil colonial ao século XIX; no suporte derivado da tradição
aberta por Freud (1905), implícita no complexo de Édipo, um drama que
se desenrola necessariamente no seio de um triângulo de natureza familiar;
em enfoques contemporâneos, que sinalizam processos sociais de mudança
no ordenamento familiar ocidental, no século XX, caso de Giddens (2005),
Aquino (2011) e Sayão (2011). Traça uma breve genealogia da família, para
entender a passagem do formato patriarcal, perfilado por prole numerosa e
submissão da mulher ao poder masculino, para uma configuração nuclear,
nos espaços urbano-industriais, com a função de reprodução social, sendo
lócus de convivência estreita entre pais e filhos. Analisa a orientação dada
por aquele manual à preparação de casais, por meio da ênfase ao vínculo
matrimonial, segundo os preceitos cristãos, com vistas a educar as moças para
assumir os deveres de esposa, mãe e dona-de-casa. Ressalta dois aspectos:
1) a importância desta fonte e temática de pesquisa para o entendimento
da relação família e educação, explicitando o seu caráter histórico, uma vez
que a sua regulação moral está condicionada por circunstâncias temporais e
tipicamente sócio-culturais; 2) que o conteúdo do manual aludido envolve
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Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
regras para o controle da conduta sexual, que se mostra minuciosamente
tratada, de acordo com a moralidade em voga no mundo cristão ocidental,
entre o final do século XIX e primeira metade do XX, vista como requisito da
honra familiar, de que depende, por sua vez, a honra da mulher e do homem.
Conclui que essas regras favorecem a manutenção da moral patriarcal, de
modo a torná-la imune aos efeitos do capitalismo no Brasil, na primeira
metade do século XX, que provocou um intenso processo de migração
interna, de âmbito regional e inter-regional, no interior de uma dinâmica
de urbanização e industrialização, onde a condição urbano/rural será o
critério para a determinação do tipo de ordenamento familiar. Na condição
de recorte de uma pesquisa mais abrangente da Linha de Pesquisa História
da Educação Comparada, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará, do eixo História da
Família, Educação e Sexualidade, reafirma seus pressupostos, em torno dessa
temática no Brasil, que, historicamente, tem se afastado do modelo patriarcal
herdado do nosso processo de colonização por Portugal, para ingressar numa
configuração de ascensão crescente do papel do feminino em sua regulação.
Educação e vestimentas: infâncias pomeranas
na Serra dos Tapes
Carmo Thum (Educamemória/IE/FURG)
[email protected]
O presente analisa a história da Educação da Infância das crianças
pomeranas da Serra dos Tapes (1950 a 1980), a partir do Banco de
Imagens de dados Pomeranos da Serra dos Tapes sistematizado pelo
Educamemória. A temática da educação das crianças estabelece-se a
partir da análise dos dados do contexto cultural e dos costumes locais.
Fontes evidenciam princípios educativos comunitários, presentes no
acervo imagético. As vestimentas são um dos elementos discursivos
das relações educativas entre crianças e adultos. A caracterização das
vestimentas dá-se por serem artesanal, que por se repetir por décadas,
apresentam um mesmo padrão estético. Apresentam cortes simples
e idênticos. Seguem a referência dos trajes europeus com adaptações
408
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
para as situações de trabalho ou clima. Destinadas a serem utilizadas
nos espaços da casa, do trabalho e da escola, atendem a estrutura
básica de serem adequados as necessidades. Roupas destinadas a
momento ritualísticos (batizado, confirmação, casamento, festas)
são vestimentas diferenciadas, mas não apresentam variação quanto
ao estilo. A diferença se dá essencialmente em serem roupas novas
ou bem cuidadas para esse fim, que se repetiam enquanto coubesse
no sujeito. Essa situação explica a repetição de mesmas roupas em
vários momentos da vida do sujeito e até mesmo, da presença dela
em outros sujeitos usuários. Existindo então uma clara escolha
entre roupas do dia-a-dia e roupas de solenidades. Nas roupas
selecionadas para as solenidades o corte era mais preciso, a estética do
traje mais bem trabalhada. Simples porque não apresentam grandes
investimentos em adornos, cores ou acessórios. A estrutura básica
não tem muita variação tipológica, tanto para o masculino quanto
para o feminino. Para o masculino as peças básicas: calça e camisa
de manga longa e paletó e chapéu ou gorro. Para o feminino as
peças básicas eram vestido ou camisa (blusa) e saia. No caso o traje
de trabalho normalmente a camisa (blusa) e saia com uma calça por
baixo da saia. A presença da calça por baixo da saia muito antes de
ser uma peça de recato, apresenta um sentido utilitário de proteção
das pernas do frio e de arranhões, pois sendo área rural, caminhar
por entre trilhas causam muitas escoriações. No quesito cores há
uma presença característica do cinza e preto, algumas de riscado,
contudo sem grandes variações. Essa não-presença do colorido se dá
por algumas características básicas: não presença de diversidade de
cores à venda; a sobriedade local dos camponeses e o preço dos tecidos
coloridos. As cores escuras ou tons de cinza demarcam um modo de
estar no mundo rural, sendo referenciado pelos camponeses seu uso
em processos do dia-a-dia e nas solenidades. Normalmente as famílias
compravam Peças de Panos e dele se produziam todas as vestimentas
da família, variando o corte quanto ao gênero. No caso do feminino
e das crianças as estampas eram mais presente que no masculino.
Porém, os meninos nos momentos solenes apresentam roupas com
a mesma estruturação das vestimentas dos masculinos adultos.
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Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Escolas isoladas: produção da precariedade e
invisibilidade histórica (Minas Gerais 1911-1930)
Ellen Rose Fernandes Figueiredo(UFMG)
[email protected]
Henrique Dumont(UFMG)
[email protected]
Maria Cristina Soares de Gouvea ( UFMG)
[email protected]
Na produção historiográfica da educação brasileira recente destaca-se
o estudo dos grupos escolares, compreendidos como expressão do projeto
republicano de instrução nas primeiras décadas do século XX, implementados
pelas reformas estaduais que instituíram este novo modelo de organização
escolar. Tal produção trouxe significativo avanço na escrita da história da
educação brasileira, permitindo a apreender as diferenças e similitudes nos
quadros regionais e locais. Por outro, os grupos escolares foram tomados
como a forma predominante de organização da escola primária do período,
que teriam substituído as outras configurações existentes, as agora chamadas
escolas isoladas ou reunidas. No entanto, na análise dos dados estatísticos,
verifica-se que imperou até a segunda metade do século XX a oferta de escola
à população através deste modelo organizativo: classes multisseriadas, a cargo
de um único professor, formado em condições precárias, responsável pela
instrução de alunos de diferentes idades e com níveis também diferenciados
de conhecimento. Se as escolas isoladas e reunidas eram quantitativamente
predominantes, contavam com condições desiguais de financiamento,
manutenção e formação docente, configurando um quadro de precariedade
característica, definidas pelas políticas educacionais do período. Verifica-se
que à precariedade do funcionamento alia-se a invisibilidade das fontes.
Se são “abundantes” tanto na documentação escolar, quanto nos jornais
e nas fotografias a descrição de abertura e cotidiano dos grupos escolares,
a documentação referente ás escolas isoladas é precária e fragmentada
Buscamos compreender as condições históricas de produção da precarização
e da invisibilidade destas escolas. Para tal, utilizamos como fontes a legislação
410
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
educacional mineira do período e a documentação escolar presente no Arquivo
Publico Mineiro no período entre 1906(data da reforma João Pinheiro que
cria os grupos escolares em MG) e 1930 (fim da chamada Primeira República).
Observa-se, tanto no discurso dos dirigentes, quanto no dos inspetores, bem
como na legislação educacional, a priorização do investimento nos grupos
escolares, com a “demonização” das escolas isoladas e reunidas. À medida
que tais espaços eram compreendidos como expressão do atraso, que seriam
substituídos pelos grupos escolares, o tratamento dado pelo poder público
foi a manutenção da indigência e não sua superação. Verifica-se a construção,
através de dispositivos legais, de condições diferenciadas de funcionamento
(como formação de professores, condições salariais, produção e envio de
material didático e mobiliário, criação e manutenção das caixas escolares,
etc.) em relação aos grupos escolares. Cabe também apreender até que ponto
a ausência de uma política de investimento nas escolas isoladas e reunidas
não guardava relação com as demais políticas sociais dirigidas às camadas
populares, em que a restrição ao pleno exercício da cidadania fundava-se no
discurso de sua desqualificação.
Educar pelo jornal:
o ABC em seis lições para infância pobre de Fortaleza
Francisco Ari de Andrade
[email protected]
O presente artigo destaca uma iniciativa pedagógica de ensinar
o ABC às crianças pobres da cidade de Fortaleza. Foi desenvolvida
pela normalista Ana Facó (1855-1927), no começo do século XX.
Diplomando-se professora exerceu o magistério primário. Atuou como
escritora e jornalista. Propôs o ensino do abecedário, por meio do
Jornal do Ceará, na Coluna Escola. As lições se iniciavam pelo alfabeto
e findavam com uma série exercícios de silabação e de formação de
palavras. Tais aulas foram impressas nas edições do referido jornal no
interstício de março a abril do ano de 1904. Segundo informações no
preâmbulo, aquelas lições eram orientadas pelo método intuitivo e
fundamentavam-se na Gramática Primária da Língua Portuguesa,
411
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
de autoria do educador amazonense Paulino de Brito (1858-1919). A
pesquisa que originou tal estudo foi desenvolvida junto ao setor de
hemeroteca, na seção de microfilmagem, da Biblioteca Pública do
Estado do Ceará. Ao serem localizados os volumes do referido jornal,
identificaram-se na citada coluna as lições publicadas no período. De
uma proposta de publicação de seis lições, segundo a professora Ana
Facó era suficiente para alfabetizar crianças, apenas quatro delas foram
localizadas. Ao serem analisadas, é destacada a riqueza pedagógica
daquele material, que induzia uma intervenção individual no
campo educacional. Impressas em forma de tabelas, compostas por
colunas e linhas, seguiam-se pela apresentação do alfabeto com uma
série de exercícios de silabação, gradativamente aumentados conforme
o grau de exigência na aprendizagem. Segundo as recomendações,
as lições deviam ser lidas e estimuladas em casa pelos próprios pais,
particularmente, pelas “mães de família”, junto aos filhos menores,
com a devida paciência que o ensino exigia, estando desaconselhado
o uso de qualquer instrumento para castigo físico. O ato de ensinar
exigia que acontecesse de forma “brincando”, para não exigir muito
“esforço mental”, nem provocar “cansaço” nas crianças. Ao final da
publicação dos encartes seriam aplicadas sabatinas aos alunos, para
aferição da aprendizagem. Dentre aqueles que apresentassem a coleção
das lições no jornal bem “limpa e sem rasgões” receberiam brinquedos
como incentivo. Numa época caracterizada pela ineficácia da escola
pública, devido à prevaricação do Estado brasileiro naquilo que rezava
a Constituição republicana, verificados nos indicadores do período
os altos índices de analfabetismo da população em idade escolar,
deve-se admitir a notoriedade daquela proposta, mesmo não atentando
ao fato de que quase a totalidade daquelas mães não soubesse ler,
nem escrever. Não obstante, aquela inciativa da educadora cearense
antevia o uso de mídias na promoção da educação formal, onde o
jornal fora eleito instrumento capaz de aproximar pessoas ao mundo
do conhecimento e da informação.
412
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Escolas maternais em Santos (1902- 1930):
contribuição para a história da infância e da
formação de professoras
Maria Apparecida Franco Pereira (UCS/SP)
[email protected]
As escolas maternais do Liceu Feminino Santista têm o seu
início ligado à educadora paulista Anália Franco, fundadora
da Associação Instrutiva e Beneficente do Estado de São Paulo.
Através da liderança de Eunice Caldas (professora normalista) foi
instituída em Santos em 1902 uma filial dessa instituição que
logo se desligou, fundando-se a Associação Feminina Santista, que
foi criada com a finalidade de educar e elevar a mulher e habilitála para o magistério: Varias escolas maternais, entre elas Anália
Franco e Julio Conceição, foram idealizadas para atender à prática
de ensino do Liceu Feminino Santista, o curso de formação de
professores da instituição (escola complementar, de 4 anos de
formação após o curso primário ). O Liceu era dirigido por um
grupo de mulheres da elite santista que tinham a assessoria de seus
maridos, profissionais liberais ( entre eles Vicente de Carvalho, que
foi Secretário dos Negócios do Interior do Estado de São Paulo,
no final do século XIX ) e localizou-se no bairro Vila Nova, centro
importante da vida intelectual da cidade e vizinho a bairro operário,
junto à orla portuária. Como Santos era uma cidade habitada por
imigrantes (45 % em 1913), as escolas maternais atenderam a um
grande número de filhos de portugueses, italianos e espanhóis,
respectivamente. Durante a Primeira República, o Liceu manteve
só as escolas maternais para a educação infantil (crianças de 3 a 6
anos), utilizando nos documentos por vezes nomenclaturas como
Jardim da infância ou núcleo infantil. Esta comunicação pretende
estudar essas escolas infantis, observando os seus objetivos, a quem
atendia, que metodologia utilizava. A instituição procurava seguir o
modelo da Escola Normal de S. Paulo. A Revista de Ensino apareceu
na aquisição do material pedagógico, bem como, desde o início,
413
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
o material froebeliano foi trazido da Europa. Tudo indica a sua
inserção nas idéias iniciais da Escola Nova, na cidade e no modelo
dos Jardins de Infância de São Paulo. Ao atender essas crianças pobres,
freqüentavam também algumas crianças filhas da elite diretora da
escola e da cidade. Para esta pesquisa foram importantes os estudos
de Kishimoto (1988), Kuhlmann Jr. (1991), Marcos Cezar Freitas
(2001, p.11-18). O mais fundamental, porém, foi à documentação
do Liceu Feminino Santista: Livros de matrícula, de freqüência de
alunos, de presença de professores; de atas de reuniões, de cópias
de ofícios expedidos e material iconográfico. Entre os primeiros
resultados, pode-se concluir que essas escolas maternais, gratuitas,
eram bem procuradas pela população operária ( cerca de 100 crianças
ou mais a cada ano ) , apesar de serem instrumentos de prática de
ensino. para a escola de formação de professores: suas mestras eram
alunas cursando o magistério. Entretanto, apesar de todo esforço e
aplicação de metodologia moderna, a escola de formação do Liceu
Feminino Santista só foi reconhecida oficialmente pelas autoridades
municipais de Santos.
“Filosofia para crianças” análise
do projeto educação para o pensar
implantado nas séries inicias da rede
municipal de São José – SC (2001-2008)
Karine Rodrigues Ramos (UDESC)
[email protected]
Celso João Carminati (UDESC)
[email protected]
A presente pesquisa investiga o Projeto: “Educação para o
Pensar” implantado nas séries iniciais do Ensino Fundamental da
rede municipal de são José – SC como disciplina de filosofia no ano
de 2001. A preocupação deste estudo está atrelada a investigação de
como os pressupostos filosóficos e práticos do movimento “Filosofia
414
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
para crianças” postulado para reformar o Ensino escolar com
possibilidades criticas e criativas foi de fato utilizado nas práticas
pedagógicas e inserido no currículo das turmas de 1º ano do Ensino
Fundamental. A análise se dará acerca das categorias: O tempo
da filosofia entre crianças, Os espaços da filosofia entre crianças,
As regras de jogo da filosofia entre crianças, O modo habitual
da filosofia entre crianças (atividade prévia ao trabalho textual,
apresentação de um texto, problematização do texto, discussão
filosófica, atividade posterior a discussão) e as possibilidades
curriculares de aprimoramento da dimensão crítica, criativa e ética
de pensar das crianças do 1º ano do Ensino Fundamental. Foi
escolhido, como recorte temporal, o ano de 2001 para a análise das
primeiras Escolas a aderirem ao projeto, são elas: Escola Municipal
Albertina K. Maciel situada no bairro fazenda do Max , Escola
Reunidas Municipal José Nitro situada no bairro José nitro e
Escola Municipal Urbana Docilicio Vieira da Luz situada no bairro
Potecas. A fundamentação teórica é alicerçada nos estudos sobre
filosofia para crianças do Filosofo Walter Omar Kohan pesquisador
do programa Filosofia para crianças de Matthew Lipman pioneiro
na construção de um curriculum para promover este pensar tendo
como o ponto de partida uma revisão radical do currículo escolar
e pelo conceito de poder de Michel Focault. A base metodológica
e empírica é constituída pela análise do currículo planejado no
curso de formação de professores realizado pelo departamento de
filosofia da secretaria de educação e cultura de São José como
modelo piloto para as escolas que aderiram o projeto em 2001
e entrevista com o Coordenador do projeto Alberto Thomal, o
Secretário da educação Fernando Elias e Professores que aplicaram
o currículo. Conclui-se que a secretaria e as escolas buscavam de
diferentes formas formar professores capacitados e teve como
objetivo construir um currículo próprio para o projeto de filosofia.
Cada uma das Escolas analisadas, ao seu modo, buscou colocar o
projeto em prática, criando mecanismos, utilizando as categorias
elaboradas pelo currículo e criando assuntos a serem investigados
a partir de suas necessidades sociais.
415
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
História da alfabetização: reflexões sobre as
contribuições da Companhia de Jesus
Ayala de Sousa Araújo (UFS/NPGED)
[email protected]
Compreendendo que a história é resultado da memória do passado, dos
acontecimentos e das ações dos indivíduos ao longo do tempo, este estudo
situa-se no campo da história e da historiografia educacional brasileira.
A realização desse estudo evidenciou-se a partir de duas situações, uma
por se tratar de uma das categorias do meu objeto de estudo no curso de
mestrado outra, que em decorrência das aulas da Disciplina Educação
Brasileira, motivei-me a fazer um levantamento sobre a história da
alfabetização, com enfoque no período colonial, mais precisamente, sobre
o método de alfabetização utilizado pelos jesuítas. Assim, este estudo,
tentando-se evitar o enfoque em tomar a “história como tribunal, ‘onde
o olhar se transmuta em ‘olhar julgador’ e gera ‘versões estereotipadas
dos movimentos educativos’” [...], isto é, “como guia para a ação do
presente” (NASCIMENTO, 2003. p. 58), busca refletir sobre qual seria
a contribuição dos jesuítas no processo de alfabetização no Brasil, se
há relatos do método de alfabetização utilizado pela Companhia
de Jesus. Nesse, sentido, levanta-se a hipótese de que podemos sim,
falar na história do processo de alfabetização desde o período colonial.
Esta reflexão desenvolveu-se com base em uma revisão bibliográfica,
mediante diálogo com o texto de Araújo (1999), Azevedo (1963), a tese
de Mariza Vieira da Silva intitulada “História da alfabetização no Brasil:
a constituição de sentidos e do sujeito da escolarização”, bem como as
importantes contribuições de Bontempi Jr. (1995), Nascimento (2003),
Thompson (1981) e Toledo (1995). O principal intuito desse trabalho
é contribuir com reflexões na compreensão da história do processo de
alfabetização colonial brasileiro. Entendendo que ao tratar de questões
relacionadas à nossa memória, expande o nosso conhecimento sobre a
alfabetização no Brasil Colônia e sua provável influência na produção
intelectual brasileira do período, ratificando a ideia desta como um bem
cultural imprescindível a todas as pessoas.
416
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Histórias de um passado não tão distante:
políticas e práticas de educação infantil no
interior do Brasil
Caroline M. Cortelini Conceição
Unisinos/Unioestei
[email protected]
O presente trabalho aborda pesquisa de cunho historiográfico sob
a perspectiva da História Cultural (Peter Burke, Sandra Pesavento,
entre outros) e tem como propósito ampliar o conhecimento a respeito
de educação da primeira infância no estado do Paraná. A pesquisa
contempla o período do final do século XX, mais especificamente a
partir da década de 1970. O recorte temporal justifica-se por tratarse de período demarcado nacionalmente pelos movimentos de lutas
por creches, inserção dos indicativos advindos dos organismos
internacionais, exigências de ampliação das instituições de educação
infantil, assinalado pela expansão desta instância de atendimento
em âmbito nacional, ou seja, momento em que o setor público
passa a se ocupar mais efetivamente dessas instituições, atendendo
crianças carentes, numa perspectiva de assistência. O texto tem
como proposta apontar e analisar, prioritariamente, três elementos
que se destacam a partir dos dados obtidos até o momento, em
município da região sudoeste do Paraná, Francisco Beltrão: o papel
desempenhado pela Legião Brasileira de Assistência – LBA na
educação da primeira infância; as condições de profissionalização
daquelas que iniciaram nas primeiras instituições de educação infantil
e as condições de infra-estrutura das instituições. Entendendo que
a memória pode servir como recurso para problematizar temas
da educação não contemplados em outras instâncias de pesquisa,
utiliza-se a metodologia de História Oral efetuando-se análise da
educação infantil, no contexto e período mencionados, a partir
da narrativa de uma monitora de creches, que atuou entre 1983 e
2009. Também são utilizados acervos documentais, como jornais,
relatórios institucionais e impressos escolares localizados em
417
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
arquivos públicos. O estudo parte do seguinte pressuposto: o ato de
reconstituir percursos através da memória, produzindo narrativas,
pode contribuir para a escrita da história da educação local. Além
disso, considera importante dar visibilidade às histórias e trajetórias
de profissionais que atuaram nesta instância de escolarização.
Valoriza a dimensão da memória de um determinado grupo e
ao mesmo tempo propõe-se compreender os movimentos sóciopolíticos realizados no âmbito da educação da criança pequena
em um contexto delimitado. A análise dos dados obtidos permite
confirmar o que vinha ocorrendo também em outros contextos do
Brasil, isto é, a LBA desempenhou papel marcante junto às esferas
locais, influenciando o panorama da educação infantil a partir de
uma concepção preventiva e compensatória de educação da criança
pequena. Em outras palavras, uma política que incentivava a
instalação de creches em espaços físicos simples, com infra-estrutura
precária e a contratação de profissionais sem qualificação.
Juventude e Escola Nova durante a era Vargas
Eliezer Raimundo de Souza Costa, (UFMG)
[email protected]
Tornar o processo de aprendizagem algo mais significativo, de
forma que o aluno possa participar efetivamente dele parece ser
uma das preocupações mais duradouras que envolvem os docentes,
ou aqueles que, de uma forma ou de outra, buscam alternativas no
campo das teorias pedagógicas. Caminhando nessa direção, surgiu
entre o final do século XIX e o início do XX, tanto na Europa quanto
nos EUA, experimentos que resultaram na implantação de novas
metodologias que procuravam envolver o aluno diretamente no seu
processo de aprendizagem. Dentre os destaques dessas tendências,
nos EUA, John Dewey (1859- 1952), defendia que o conhecimento
se faz de forma significativa quando é gerado a partir da experiência
de quem aprende e, na Europa, o mesmo foi tratado sobretudo
através de intelectuais ligados à Escola de Genebra. Partindo do
método dos projetos, chegaram a formulações que resultaram
418
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
no ativismo como princípio básico e orientador do processo de
aprendizagem. No Brasil essas novas propostas ganharam corpo
principalmente entre intelectuais que se colocaram como portavozes
desse movimento, inaugurando o movimento pela escola nova.
Essa, segundo a formulação do documento que lhe deu origem,
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – A reconstrução
educacional no Brasil – ao povo e ao governo, deveria não apenas
ser um instrumento que renovasse as práticas educativas então em
voga no país, mas também contribuir para se estabelecer um Estado
que se fizesse público, ou seja, uma res publica. Especificamente em
relação ao estudante adolescente, freqüentador do ensino
secundário, essa proposta apresentava projetos que promoveriam
a inserção e a participação do jovem estudante na vida pública. O
objetivo dessa pesquisa é demonstrar de que maneira, entre os anos
de 1930 e 1945 a juventude brasileira foi estimulada à participação
cívica através dos grêmios e dos jornais estudantis. Serão estudados
os grêmios estudantis da Escola Normal Modelo de Belo Horizonte,
que exibem através dos seus livros de ata uma organização e cerimonial
interno de forma quase ritualizada e, jornais produzidos por
alunos membros dos grêmios estudantis do Colégio Pedro II do Rio
de Janeiro, onde os alunos se manifestavam sobre temas variados.
Tanto os grêmios da ENMBH quanto os jornais do Colégio Pedro
II, eram produzidos diretamente pelos alunos, o que esse
trabalho pretende explicar como um dos procedimentos utilizados
pelos escolanovistas para envolver os alunos jovem no seu processo
de aprendizagem. Os suportes teóricos para o desenvolvimento da
pesquisa são, de um lado, as culturas e práticas escolares, enfocando
grêmios e jornais como estratégias e práticas educativas e, de outro,
as culturas políticas, uma vez que, preparar esses jovens para a vida
pública significava a busca de um novo modelo de república que,
inaugurado em 1930, deveria ser distinto daquele se encerrava
naquela mesma data.
419
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Localização, identificação e catalogação de
livros didáticos: contribuições para a história
das disciplinas escolares
Kênia Hilda Moreira
FAED/UFGD
[email protected]
Objetiva-se apresentar os procedimentos metodológicos de localização,
identificação e catalogação de livros didáticos usados na Escola Estadual
Presidente Vargas, localizada em Dourados/MS, no período de 1951 a
2000, bem como, a lista das obras didáticas identificadas até o momento
para a composição do catálogo. Trata-se de um projeto de pesquisa em
andamento, com financiamento do Projeto Institucional de Bolsa de
Iniciação Científica (PIBIC), vinculado ao projeto maior intitulado: “Livros
didáticos como fonte para a história da educação: catalogação e análise”,
cadastrado na coordenadoria de pesquisa da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD) e no Laboratório de Documentação, História
da Educação e Memória (LADHEME/UFGD). Considerando que o
livro didático é um objeto de estudos relevante para a história da educação,
como fonte privilegiada de investigação para historiadores da educação em
suas diferentes especialidades, dentre as quais a História das Disciplinas
Escolares (CHERVEL, 1990), a História do Currículo (GOODSON,
1995), e a história interna da escola ou das práticas escolares (VIDAL,
2005), o exercício metodológico de localização, identificação e catalogação
de livros didáticos torna-se importante, uma vez que o trabalho com estes
materiais, quase sempre dispersos e fisicamente vulneráveis, faz com que a
simples localização e identificação de exemplares consumam muito tempo
e energia nos trabalhos de campo (CARDONA, 2008). A perspectiva de
investigação em questão parte da premissa de que os livros didáticos se
convertem em fonte privilegiada para a História das Disciplinas Escolares,
analisada por Chervel (1990) e Belhoste (1996) como parte integrante
da cultura escolar. Dentre os procedimentos de localização dos livros
didáticos da Escola Estadual Presidente Vargas (1951 e 2000), destaca-se, o
estudo dos livros de visita de inspeção escolar; as listas de livros didáticos da
420
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
biblioteca da escola; planos de aula dos professores; atas de reuniões sobre
seleção de livros didáticos; listas de seleção dos livros a serem comprados
pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a partir do Plano Nacional
do Livro Didático (PNLD); listas de títulos aprovados pelas instâncias
governamentais no estado do Mato Grosso do Sul; e indicações de títulos
em programas curriculares estabelecidos pelo estado do Mato Grosso do
Sul. A catalogação, por sua vez, levará em consideração as disciplinas. O
trabalho em questão pretende contribuir para pesquisas futuras em torno
da História das Disciplinas Escolares, em especial no Mato Grosso do Sul,
tanto no que diz respeito à apresentação e disponibilização de fontes, como
no que se refere aos procedimentos metodológicos para pesquisas que
envolvam a relação entre livro didático e história da educação.
Na algazarra das brincadeiras e no acalanto das
histórias e músicas: os primeiros aprendizados
de criança (Caetité-Ba, 1910-1930)
Giane Araújo Pimentel Carneiro (UFMG/UNEB)
[email protected]
Este estudo visa analisar os primeiros aprendizados da criança na vida
familiar em Caetité- BA, no período compreendido entre as décadas
de 1910 e 1930. Essas experiências nos ajudam a perceber as práticas
educativas direcionadas à infância, a exemplo das brincadeiras e das
práticas fundamentadas na oralidade, como a contação de histórias e as
músicas. Nas primeiras décadas do século XX, a criança ocupou lugar
de destaque nos discursos dos projetos republicanos. Para garantir o
progresso e o futuro do País, caberia às gerações mais velhas educar a
criança. A educação da criança tornou-se uma das principais funções da
família, além da transmissão dos bens e do nome. Nessas ações, como
ocorriam as práticas educativas vivenciadas pelas crianças na família?
Para adentrar no cotidiano da vida privada e investigar essa questão,
utilizamo-nos das correspondências trocadas entre os membros de uma
família da elite local, das inúmeras fotografias preservadas nos álbuns
de fotografia e de duas obras memorialísticas de pessoas que viveram
421
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
suas infâncias em Caetité, na época em estudo. O entrecruzamento
de dados foi possível ainda por meio de notícias do jornal A Penna,
editado na cidade e em efetiva circulação no período analisado. As
práticas ocorridas na vida familiar evidenciaram que havia uma
intencionalidade e muito esforço na preparação para a vida adulta,
principalmente entre as crianças de elite. A criança pequena aprendia
as primeiras lições de vida junto à família, no espaço privado da
casa. À medida que ia adquirindo maior autonomia, como ser capaz
de comandar seus passos, os espaços começavam a se ampliar, assim
como abrir novas perspectivas para outros aprendizados, mesmo sob a
responsabilidade do pai e da mãe ou adultos responsáveis. Aprender a
ter o controle motor sobre seu corpo, aprender a falar e a compreender a
língua materna propiciavam o aprendizado de outras práticas culturais
oriundas do seu grupo de origem, como as brincadeiras e as histórias
que foram sendo elaboradas e repassadas de geração a geração, além das
músicas e das festividades. Entrar em contato com as manifestações da
cultura de que a criança fazia parte era fundamental na sua educação.
Elas aproximavam a criança dos costumes da sua comunidade e, de certa
forma, funcionavam como aprendizados das regras dos comportamentos
desejados. Percebemos que aos poucos, a cada nova aprendizagem, o
mundo da criança galgava passos e permitia-nos compreender como
era produzida a infância no período e espaço em estudo.
O atendimento a criança pequena no Brasil
(1870 – 1920)
Rosemeire Messa de Souza Nogueira (UFGD)
[email protected]
Este resumo apresenta parte dos estudos realizados na construção
do texto de qualificação de nossa tese de doutorado. Tem como
objetivo refletir sobre a origem do atendimento público á infância no
Brasil. Trata-se de um estudo bibliográfico, a partir do levantamento
dos principais autores que estudam a história da educação infantil
no Brasil. Para pensar sobre o atendimento ás crianças, buscamos
422
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
na historiografia os dados necessários para a análise e delimitamos o
final do século XIX e início do século XX, quando ocorre a origem
do atendimento assistencialista para crianças pobres e o surgimento
dos jardins de infância para crianças ricas. Nesse período encontra-se
questões políticas, econômicas e sociais que produziram as condições
históricas para a existência de elevado número de crianças em estado de
pobreza extrema, impulsionando a criação de locais de recolhimento
e guarda. Entre as questões políticas, econômicas e sociais podemos
citar: o fim da condição de escravo pelo Estado, a começar pela Lei
do Ventre Livre de 1871, quando a mãe continuava escrava e os
proprietários queriam afastar os filhos libertos; o serviço doméstico das
mulheres pobres e negras que não tinham onde deixar as crianças; o
estado de pobreza e miséria dos trabalhadores em geral; o desemprego;
o trabalho de mulheres mães nas indústrias a partir da década 1920;
o aumento da população das cidades; a falta de remédios, vacinas e
saneamento nos locais populosos (Kramer, 1984, Kuhlmann Jr, 2001
e 2004; Kishimoto, 1988; Monarca 2001). Kishimoto (1988) mostra
a situação da creche no estado de São Paulo, escreve sobre a transição
da creche como asilo de crianças abandonadas à instituição de abrigo
e guarda da criança no horário de trabalho dos pais. As explicações da
autora nos leva a pensar sobre os arredores das indústrias no ano de
1918, quando proliferaram albergues, onde pais e mães depositavam
seus filhos mediante um baixo pagamento. Com base em Kuhlmann
Jr. (2004), compreendemos que durante o final do século XIX e início
do século XX, no campo das ideias, surge a concepção assistencialista,
que se expressa nos discursos de políticos e pessoas envolvidas com a
organização social brasileira, é uma das primeiras ideias que iniciam a
responsabilização do Estado pela assistência social. Portanto, como
resultado do estudo compreendemos que o nascimento do caráter
assistencialista é percebido no curso desse período e as instituições
que antes eram apenas asilo de crianças abandonadas e órfãs, dando
abrigo aos filhos de trabalhadoras durante a jornada de trabalho, é a
gênese da assistência pública estatal. Essas instituições que guardavam
as crianças eram compostas por um ambiente que educava para a
submissão, constituindo-se na proposta pedagógica assistencialista.
423
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
O ensino de história para crianças nos livros
de leitura: a pátria brasileira e argentina na
primeira metade do século XX
Diane Valdez
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Universidad Nacional de La Plata (UNLP)
[email protected]
A conexão entre instituições acadêmicas brasileiras e argentinas
tem possibilitado visibilizar e ampliar o acesso à história dos processos
educacionais nos dois países, permitindo avançar na construção de
espaços de discussões que podem diminuir a distância e as lacunas
existentes na integração dos países latinos americanos. Neste sentido,
propomos divulgar os primeiros resultados da pesquisa de pósdoutoramento que investigou os ensinamentos de história pátria
nos livros seriados de leitura brasileiros e argentinos da primeira
metade do século XX. Os objetivos da pesquisa, entre outros, é de,
nos desafios da história da educação comparativa, confrontar as
representações da história pátria apresentadas às crianças do ensino
primário nos livros de leitura com vistas nas transformações políticas,
sociais e educativas nos dois países, anotando as similaridades e
especificidades. Na área de História da Educação, há um crescente
interesse pela pesquisa da escrita e do ensino de História, usando
como fonte os livros, compêndios e manuais, contudo, recorrese a obras especificas da área de História destinada ao ensino de
adolescentes e jovens, desconhece-se pesquisas que abordam o
ensino de História para crianças nos chamados livros de leitura. O
critério para a escolha dos livros de leitura seriados foi os livros mais
adotados nos dois países, valendo de pesquisas anteriores com livros
de leitura brasileiros, recorremos, aos terceiros e quartos livros de
leitura de seis autores. Quanto aos livros de leitura argentinos, obras
encontradas na Biblioteca Nacional de Maestros, a despeito de que
havia mais títulos e autores deste tipo de obras, foram selecionadas o
mesmo número de obras. Ao analisar o tema da história pátria, dois
424
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
séculos após os processos de independência da Argentina (1810) e do
Brasil (1822), é possível perceber a crença depositada nos livros na
função transformadora e redentora da educação, somada ao crédito
de que o amor à pátria iluminaria as tenras mentes infantis na missão
da organização da sociedade para formar um estado moderno. A
despeito das particularidades dos países hispânicos, podemos afirmar
que, bem como no Brasil, desde o século XIX, o ensino de História
nacional, caracterizava-se pelas tentativas de solidificar a pátria e, para
tanto, fazia-se necessário escrever livros com histórias de êxitos, pois
os livros eram considerados determinantes para que o maior número
de pequenos cidadãos atingisse o acesso à linguagem, preocupação
primordial de intelectuais que tinham como alvo as crianças como
objeto de confirmação educativa. Contudo há particularidades, pois
o processo de independência dos dois países criou regimes políticos
específicos, fato que, influenciou na composição dos livros de leitura
elaborados para a infância, resultados que apresentaremos com
melhor visibilidade no texto completo.
O jovem dos clubes 4-S como elemento
difusor da modernização das práticas
agrícolas em Minas Gerais nas décadas de
1950 e 1960
Leonardo Ribeiro Gomes(FAE/UFMG)
[email protected]
Nesta comunicação discuto o trabalho de formação de jovens
rurais desenvolvido pela Associação de Crédito e Assistência Rural
– ACAR-MG, por meio dos Clubes 4-S (Saber, Sentir, Saúde,
Servir). Fundada no contexto do pós Segunda Guerra Mundial
a ACAR-MG nasceu do convênio entre o Governo de Minas e
Associação Internacional Americana – AIA. Visava à intensificação
da produção agropecuária por meio da modernização das condições
técnicas na lavoura e da melhoria da qualidade de vida do
homem rural no estado. Segundo o discurso oficial a contratação,
425
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
treinamento e atuação de um corpo de profissionais munidos de
conhecimentos científicos, mais a vontade de “ajudar o homem do
campo a ajudar a si mesmo”, com a concessão de empréstimos
financeiros aos pequenos e médios proprietários rurais,
seriam condições imprescindíveis para quebrar as barreiras que
atravancavam o processo de modernização da produção agrícola
mineira. Em 1952, com a coordenação de técnicos da ACAR-MG,
foi fundado o primeiro Clube 4-S do Brasil no município de Rio
Pomba – MG, na comunidade de Igrejinha. Logo outros clubes
foram fundados em inúmeras localidades de Minas e do Brasil.
Os clubes 4-S se constituíam de jovens entre 10 a 21 anos, filhos
de pequenos e médios proprietários rurais, atendidos pela ACARMG. Acreditava-se que formando o jovem este seria um elemento
difusor da modernização que se esperava alcançar junto ao meio
rural. Os clubes foram inspirados nos Clubs Four-H (head, heart,
hands, health) dos EUA. A Extensão Rural e os Clubes 4-S no estado
foram institucionalizados no momento que tanto Minas Gerais e o
Brasil da década de 1950 viviam tempos dos embates em torno do
chamado desenvolvimentismo. A formação do jovem rural em torno
dos clubes não se dava na escola formal, porém muitos objetivos
perseguidos pela educação escolar estiveram presentes nos 4-S, ou
seja, a idéia de se preparar o país e a sua juventude para uma nova
era que se anunciava. A meu ver, a ação extensionista e atuação dos
clubes visavam também formar uma espécie de classe média rural.
Os jovens rurais, formado nas concepções extensionistas seriam
eles próprios formados e formadores de uma classe média rural,
responsável por estabelecer os mecanismos de modernização das
práticas agrícolas e do próprio estilo de vida, capazes de efetivarem o
desenvolvimento econômico e social do campo em bases capitalistas.
As fontes analisadas constituem parte do acervo do Centro de
Documentação e Pesquisa em Extensão Rural da EMATER-MG,
localizado em Belo Horizonte. As fontes privilegiadas nesse artigo
serão os relatórios anuais de atividades da ACAR-MG e os folhetos
instrucionais para integrantes dos Clubes 4-S. Além disso, serão
consultados exemplares do jornal O Ruralista.
426
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
O lugar da mulher e da criança na
obra Casa-Grande & Senzala
Msc. Ana Regina Ferreira de Barcelos UFSC
[email protected]
Msc. Júlia Siqueira da Rocha UFSC
[email protected]
A proposta trata de uma reflexão sobre o lugar da mulher e da
criança na obra Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre. Não se
abordará a vastidão das inúmeras facetas da obra, nos detemos de
modo especial, no quarto capítulo, o qual se intitula “O escravo
negro na vida sexual e de família do brasileiro”. Para organizar esta
reflexão optamos como itinerário metodológico, por um estudo
bibliográfico. É importante destacar que Freyre define esta obra como
um ensaio de sociologia genética e de história social, ele pretendia
fixar e interpretar alguns dos aspectos que avaliava como mais
significativos da formação da família brasileira. Buscamos apreender
alguns fragmentos, que revelem a relação educativa travada com as
mulheres e as crianças, no interior da sociedade patriarcal escravocrata
e rural, estabelecendo um contraponto com o que ocorria na cidade
em processo inicial de urbanização e industrialização, no
mesmo período. Recorro ao diálogo com Gondra; Garcia (2004) e
Ostetto (1990), para localizar pistas que ilustre como esta relação
ocorreu na passagem do Império para República. A obra de Freyre
tem uma contribuição importante, que revela pistas do confronto
com o projeto em curso de um Estado Nação, em uma sociedade
pré-industrial e urbana que precisa firmar suas bases, enquanto
Estado laico e regulador no ínterim do final do Império e início
da Primeira República. Nessa relação, que lugar tem a mulher e a
criança? Essa questão permeia todo o texto. Não podemos deixar de
destacar que a análise de Freyre tem a marca do homem branco e
senhor, é uma versão que agrada a elite. Ele enaltece a contribuição
do negro na composição da nossa “brasilidade” e apresenta uma
versão bastante particular da mestiçagem, este movimento acaba por
427
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
minimizar o impacto da escravidão, o que confere a sua obra críticas
contundentes. Ao compreender o lugar de onde fala Gilberto Freyre,
consegue-se perceber porque o esforço, constante da “conciliação”,
da “confraternização”, do “equilíbrio dos contrários”, que explora
como modo próprio de apreensão do real. Ele é um exímio sociólogo
que busca entender seu tempo. Freyre vasculha pistas como um
historiador e no manuseio dos mais inusitados objetos, revela a sua
visão da cultura e do modo de ser do brasileiro. Nesta análise é
possível identificar “um não lugar” das mulheres (brancas e negras)
e das crianças. A separação entre os tempos criança/ mulher, eram
difusos e a relação de posse e domínio bastante acirrada. A obra Casa
Grande & Senzala, nos auxilia a perceber que as transformações
não se consolidaram de forma abrupta e total. No lento processo
de mudança social, os elementos de transformação e permanência
confrontam- se quase infinitamente e alguns permanecem à sombra,
sempre prontos para nos assaltar em gestos, palavras e escolhas.
Origem, prática educativa e evolução do
Movimento de Educação de Base (MEB) em
Itacoatiara-AM
Fabricio Valentim da Silva [email protected]
Os documentos encontrados na cúria prelatícia foram
organizados, analisados, catalogados e interpretados. Esses
apontam que, em Itacoatiara-AM, o Departamento do MEB foi
criado no dia 8 de outubro de 1998, pelo MEB Amazonas com
apoio do Pe. Dionísio Kuduavick, Administrador Apostólico da
Prelazia da Igreja Católica do município. Vale ressaltar que Pe.
Dionísio Kuduavick foi o principal idealizador do movimento em
Itacoatiara-AM. A maior parte dos documentos pesquisados situase na terceira fase do movimento (1972-2002) em nível nacional.
Apesar da diversidade de informações contida nos documentos,
ainda não se pode analisar e chegar a conclusões definitivas que
428
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
visam historiar o MEB em Itacoatiara no período em questão.
Mas há documentos incontestáveis, com base nos quais se pode
afirmar que, durante a atuação do MEB em Itacoatiara, o rádio
não era o principal meio de transmissão das aulas. Tal situação
difere do que ocorreu no caso do MEB Tefé, onde professor
locutor encontrava-se na sede e transmitia as aulas via rádio
para as comunidades, dando suporte aos monitores assistentes
que lá se encontravam. O MEB Tefé contribuiu na formação da
equipe de Itacoatiara. Houve troca de experiências e informações,
já que o MEB Tefé fazia parte do movimento desde sua criação
em nível nacional. Em Itacoatiara as aulas eram presenciais e
os professores utilizavam cartilhas elaboradas pelo próprio MEB
de acordo com a realidade local. Além disso, havia treinamento
para a população local reproduzir e expandir as diversas atividades
promovidas pelo MEB nos campos da saúde, educação, cultura,
organização comunitária, direitos das mulheres, preservação dos
lagos e rios. Esse era o principal objetivo do movimento, não
apenas alfabetizar pessoas e sim torná-las cidadãos críticos. Essas
atividades foram realizadas nos bairros de São Jorge e Jauary e
lago Serpa (a 7 Km da zona urbana de Itacoatiara). Na visão do
MEB esses eram os grupos que necessitavam de auxilio tanto na
área educacional quanto social e ambiental. Os materiais didáticos
diferenciados e todo custeio do MEB Itacoatiara era financiado
via CORDAID (Organização Católica para ajuda, emergência
e desenvolvimento) e MEC (convênios). Apesar dos auxílios de
importantes instituições, houve uma crise em 2001/2002 na sede
do MEB em Brasília, culminando no encerramento da regional
no Amazonas (Tefé, Carauari, Jutaí, Itacoatiara). Portanto, o
movimento foi pioneiro no processo de organização, deixando
heranças como os sindicatos, as associações de bairros e a
preservação do lago de Serpa. Essa última não foi assistencialista,
possibilitando, através de suas ações, mecanismos para que esses
grupos assessorados se desenvolvessem e tomassem suas próprias
decisões, para por fim adquirir autonomia.
429
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Os alunos e a instrução pública em Cotia,
província de São Paulo, na segunda
metade do século XIX
Fernanda Moraes dos Santos [email protected]
O presente trabalho apresenta parte de minha pesquisa de
mestrado em andamento, vinculada à Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo. Pretende-se investigar quais alunos
estavam matriculados e frequentes nas escolas do município de
Cotia, Província de São Paulo, entre os anos de 1860 e 1900, no
que se refere ao pertencimento socioeconômico, étnico, de gênero
e ascendência familiar dos estudantes, por meio do cruzamento
de dados de documentos escolares oficiais (livros de matrícula de
alunos) com dados presentes em documentos de batismo e em
recenseamentos. Também objetiva-se investigar a institucionalização
da obrigatoriedade do ensino no local. Considerando a sociedade
e o contexto em que as crianças estavam inseridas, é sabido que
nem todas tiveram a oportunidade de estudar, por motivos
variados, assim, também buscaremos investigar em que medida a
legislação legitimava a não frequência dos alunos nas escolas. O
recorte temporal da pesquisa contempla dois marcos importantes
da educação da Província de São Paulo (a sanção da lei provincial
de obrigatoriedade do ensino de 1874 e a reforma educacional de
1892 que, entre outras coisas, ampliou o número de escolas de
ensino primário preliminar), além da Lei do Ventre Livre (1871) e
a abolição da escravidão (1888); e permite analisar os efeitos dessas
medidas na instrução pública local. Buscar-se-á analisar, também,
como se desenvolveu a relação entre o discurso do Estado e as
práticas cotidianas locais referentes à escolarização, considerando
o momento por qual Cotia passava (relativo ‘auge’ econômico da
região na década de 1870, devido a sua função de pouso de
tropeiros, que trouxe a ela certo desenvolvimento econômico,
e a ‘decadência’ na década de 1890, quando deixa de ter a função de
430
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
pouso de tropeiros e assiste a uma evasão populacional). A pesquisa
refere-se, além do contexto local, também ao contexto brasileiro,
em que houve a transição entre Império e República, momento em
que os ideais republicanos começavam a ser postos em prática na
legislação referente à educação. Para investigar a etnia, o gênero,
a ascendência e o pertencimento socioeconômico do alunado, os
nomes dos alunos, baseando-se na teoria metodológica de Ginzburg
(1989), são o primeiro guia. A partir dos nomes presentes nos
documentos escolares, serão levantadas informações nos registros
de nascimento pertencentes à Cúria Metropolitana de São Paulo
e os dados serão cruzados. Como referenciais teóricos, a pesquisa
baseia-se em Norbert Elias (1994), no que se refere à complexidade
da tessitura social engendrada por sociedade e indivíduos que se
complementam, desenvolvendo uma relação de interdependência,
e Certeau (2000) quanto ao nosso lugar como historiador, pois
não recuperamos o passado, mas o interpretamos e produzimos
inteligibilidade por meio da organização do discurso e do recorte.
Percurso histórico do Cineduc:
o fazer-se de seus protagonistas
Aldenira Mota do Nascimento (Unirio)
[email protected]
A prática educativa no século XXI lida com as diferentes
tecnologias disponíveis, promovendo a reflexão sobre os saberes/
fazeres dos protagonistas do cotidiano escolar: professores e
estudantes. Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova
mostrava a importância da relação cinema e educação, ou seja, o
cinema foi considerado uma atividade educativa importante para
a formação educacional. Esta pesquisa tem como objetivo discutir
a importância do cinema no processo educativo a partir da análise
do percurso histórico do Cineduc, uma ONG que foi pioneira na
articulação entre cinema e educação no Brasil, preocupada com a
formação de crianças e professores. Sua atuação começou no Rio de
431
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Janeiro, em 1969, por iniciativa da Igreja Católica. Consideramos
que resgatar essa história pode ser uma contribuição expressiva
para se compreender a importância do cinema na prática
educacional. Buscamos uma perspectiva histórica que capte o fazerse das pessoas que realizaram esse projeto. A pesquisa partiu de um
levantamento bibliográfico, seguindo pela realização de entrevistas
com as fundadoras da ONG, análise de documentos do arquivo
pessoal de uma delas e do acervo do Cineduc. Para fundamentar
teoricamente este estudo, dialogamos com as ideias de Edward P.
Thompson, selecionando os conceitos de processo e experiência
com o intuito de compreender as especificidades, estratégias e
táticas dos protagonistas dessa história. Da obra de Thompson A
formação da classe operária inglesa (1987), utilizamos a expressão
“fazer-se”, no sentido de entender uma instituição cultural
que surge a partir dos processos experimentados e vividos.
Julgamos importante que as ações desses protagonistas aconteçam
no cotidiano, por isso também trouxemos para o diálogo Michel de
Certeau (1994), para nos ajudar compreender as práticas cotidianas
dos atores que participaram do Cineduc e investigar como
eles criaram as estratégias e táticas do fazer-se dessa instituição.
Consideramos que todo movimento sociocultural é processual,
de modo que, como em Thompson, a experiência fundamenta a
instauração de determinadas práticas e valores. Michel de Certeau
também auxiliou na percepção da complexidade dos processos
e na compreensão das táticas e estratégias desses professores em
seus cotidianos. Como o Cineduc trabalha com cinema, também
dialogamos com a obra de Walter Benjamin (1994), a partir do
seu olhar sobre teoria da arte, entendida como pensamento
e política, e principalmente através da concepção de cinema
como arte feita para a massa, sendo, portanto, uma linguagem que
possibilita a discussão sobre arte e democracia. Enfim, procuramos
compreender como as pessoas envolvidas com o projeto do Cineduc
trataram da relação cinema, educação e infância.
432
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
Prática Pedagógica do Movimento de
Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM
Fabricio Valentim da Silva
[email protected]
Segundo SOUZA & SILVA (2011), o Departamento do
Movimento de Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM foi criado
em 8 de outubro de 1998, pelo MEB Amazonas. Houve apoio do
Pe. Dionísio Kuduavick, administrador apostólico da prelazia da
Igreja Católica do município e principal idealizador do movimento
em Itacoatiara-AM. A maior parte dos documentos pesquisados situase na terceira fase do movimento (1972-2002) em nível nacional.
Durante a atuação do MEB em Itacoatiara o rádio não era o principal
meio de transmissão das aulas, como foi no caso do MEB Tefé. Nesse
sistema, o professor locutor encontrava-se na sede e transmitia as
aulas via rádio para as comunidades, dando suporte aos monitores
assistentes que lá se encontravam. Dessa forma, buscou-se analisar
a prática pedagógica do MEB em Itacoatiara – AM, no período de
1998 a 2002. Avaliou-se o papel da equipe de coordenação e da Igreja
Católica no desenvolvimento das práticas pedagógicas do MEB e
identificou-se o material didático utilizado pelo movimento. As aulas
eram presenciais em Itacoatiara. Os professores utilizavam cartilhas
elaboradas pelo próprio MEB Amazonas de acordo com a realidade
local. Constatou-se que as aulas de alfabetização funcionavam em
algumas escolas municipais e eram compostas por adultos de diversas
profissões: pedreiros, carpinteiros, donas de casas, etc. As turmas
tinham em média quinze (15) educandos, pois a evasão escolar já era
um problema comum na educação de jovens e adultos. Detectouse a prevalência dos núcleos de alfabetização na zona urbana,
porque havia inúmeras dificuldades financeiras e estruturais para
implantação de turmas na zona rural. Quanto ao material didático
recebido pelo MEB Itacoatiara, as cartilhas foram adaptadas para
a realidade amazônica, como no caso da cartilha “O Ribeirinho”.
Destaca-se também a utilização de uma cartilha em relação à questão
433
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
de gênero, pois os coordenadores das regionais do MEB observaram
que haviam inúmeros conflitos e preconceitos sobre a participação
da mulher no mercado de trabalho e na vida estudantil. Objetivavase com a utilização dessa cartilha combater um dos grandes motivos
das evasões. O MEB atuou em Itacoatiara por três anos e seu público
eram pessoas carentes socialmente. Seu encerramento deu-se por
motivos financeiros e administrativos. Observou-se que o MEB não
sobreviveria por muito tempo, mesmo que houvesse financiamentos,
já que a nova administração apostólica apresentava uma linha pastoral
contrária ao trabalho desenvolvido pelo MEB.
Sobre a educação feminina:
o caso de Helena Morley (1893-1895)
Márcia Cabral da Silva (UERJ)
[email protected]
Considerado pela crítica literária diário de uma menina da província no
final do século XIX, Minha Vida de Menina, de Helena Morley, pseudônimo
de Alice Caldeira Brandt (1880-1970), traça um amplo painel social da
provinciana Diamantina entre 1893 e 1895, período em que a narradora,
contando 13, 14 e 15 anos de idade cursava a Escola Normal do local. Sobre o
gênero denominado “escritas de si” (Gusdorf, 1998) já se conhece literatura
expressiva. Cartas, romances autobiográficos, autobiografias, literatura de
testemunho, diários são expressões desse gênero de caráter mais geral, que,
para além de narrar as vicissitudes de um sujeito que se move na história,
permite ao historiador no presente documentar vestígios desse passado,
como adverte Bloch (1999). Esses registros, segundo uma abordagem que
valora as escritas de si, são tratados como estratégia de aproximação das
experiências de vida de um tempo e lugar. Ademais, não se trata apenas de
se ler uma experiência individual, mas da possibilidade de reconstrução de
experiências de vida de grupos sociais nas quais a subjetividade de uma dada
pessoa dialoga e se insere. Nessa perspectiva, toma-se a escrita de si como
fonte histórica. Em Minha Vida de Menina, evidencia-se o gênero diário.
Escrita datada, em registro sequencial com intervalos, segundo recorte
434
Sumário Eixo 4
Caderno de Resumos - Eixo 4
temporal bem delimitado: 1893-1895. Neste trabalho, busca-se examinar
nuances desse período histórico no Brasil, trazendo-se para o primeiro
plano elementos da formação de Helena Morley registrados naquele diário.
Dentre os planos que emergem no texto, destaca-se a passagem da infância
à mocidade da menina, cujo pai, descendente de família inglesa, exerce a
função de pequeno minerador na região. No que diz respeito à instrução,
emerge a forma escolar (Vincent, Lahire, Thin, 2001) associada à escola
normal da época: programas de ensino adaptado às cores locais, método
de ensino individualizado, exames escritos e orais, as fórmulas de castigo e
de premiação. Necessário notar que, ao lado da instrução formal na escola,
comparecem marcas emblemáticas da educação doméstica como uma
segunda esfera dessa formação, haja vista que a escrita configurada
em diário ganha forma, segundo a narradora, pela mediação paterna. A
par dessa formação estrita, examina-se do mesmo modo o contexto sóciocultural do período, do qual emerge um tipo de sociedade patriarcal,
recém-saída da escravidão. O governo dos sujeitos no âmbito da escola
e da vida familiar é, com frequência, regulado por essa visão de mundo.
Os resultados preliminares alcançados ao longo desta pesquisa indicam,
contudo, algumas rupturas em relação aos padrões de formação feminina
da época assim como continuidades no que respeita ao ideário escravocrata
e patriarcal, a regular comportamentos e sociabilidades entre os sujeitos
naquele cenário de província no Brasil do final do século XIX.
435
Sumário Eixo 4
Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
(In) visibilidade das professoras de criança:
feminização do magistério no município de
Dourados/MS (1980-2010)
Gislaine Azevedo da Cruz
[email protected]
Magda Sarat
[email protected]
Este trabalho é um recorte de pesquisa vinculada a dissertação
desenvolvida no PPGEdu/UFGD acerca de Memórias de Professoras
Aposentadas no município de Dourados, priorizando mulheres que
atuaram majoritariamente com a infância na Ed Infantil. O objetivo
é investigar como se deu os processos de feminização da docência no
Brasil, especialmente no estado de Mato Grosso do Sul e no município
de Dourados a partir das trajetórias de professoras que atuaram com
crianças. A opção metodológica está pautada nos pressupostos da
História Oral e a produção da documentação utilizará para a coleta
de dados, entrevistas com professoras douradenses que atuaram a
partir da década de 80 do século XX e estão aposentadas. Buscaremos
os caminhos percorridos pelas professoras em suas diversas práticas
docentes, histórias e trajetórias da docência na Ed Infantil. No entanto,
os primeiros levantamentos indicam que atualmente o município de
Dourados/MS possui na rede pública 24 instituições de atendimento
da Ed. Infantil, 37 escolas do Ensino Fundamental (entre urbanas e
rurais) e 04 unidades em distritos que são atendidas pelo município.
Tais dados divulgados pela Secretária Municipal de Educação relatam
que o número de profissionais em serviço na Ed. Infantil tem
em torno de 245 profissionais entre mulheres e homens, destacando
um quadro feminino em sua maioria. O quadro dos profissionais
aposentados, nos anos iniciais é de 613 docentes aposentadas/os, sendo
destes, 565 mulheres e 48 são homens. No entanto, não é possível saber
ainda, quantas destas estiveram na Educação Infantil. As informações
preliminares possibilitam perceber a disparidade entre o número de
437
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
docentes femininos e masculinos na rede pública escolar. As mulheres
aposentadas são maioria em relação aos homens, evidenciando o número
de professoras da rede pública, sem contar a rede privada, seguindo
assim a tendência ao histórico processo de feminização do magistério
com crianças. Neste contexto, a perspectiva é mapear o número de
professoras de crianças, especialmente na Ed Infantil que atuaram desde
1980 a 2010 e atualmente estão aposentadas. Nos arquivos visitados
em secretarias, institutos previdenciários, órgãos sindicais, percebe-se
que não há nenhum controle sobre qual o número de profissionais
aposentados da Ed Infantil, se haviam mulheres e homens. Não existe
uma separação das/os aposentadas/os por etapa do ensino, escolas,
ano, enfim. Percebe-se que a falta de registros está diretamente ligada à
história do descarte e da desorganização dos arquivos e fontes escolares.
Deste modo, a proposta é continuar a investigação e os levantamentos
no intuito de revelar a participação e a contribuição das docentes, e de
suas trajetórias profissionais à história da educação local.
“Com quatorze anos comecei a ensinar”:
lembranças (quase) esquecidas do “ser” e
“fazer” docente
Joaquim Francisco Soares Guimarães
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
Rony Rei do Nascimento Silva
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
O presente artigo é fruto da dissertação de mestrado em andamento
“Memória de Educadoras: práticas escolares e cultura escolar em
Umbaúba nas décadas de 1960, 1970 e 1980”, e toma por objeto de
estudo as memórias do “ser” e “fazer” docente da professora Maura
Fontes Hora, 79 anos, residente no município de Umbaúba, cidade
localizada no sul sergipano. Para este trabalho, traçamos o objetivo de
438
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
compreender como a referida professora delineou sua carreira docente
no trajeto percorrido nas instituições escolares onde atuou, uma vez que,
foi nomeada professora aos quatorze anos de idade para “Escola
Isolada Municipal”, localizada no município de Cristinápoles,
na década de 1940, bem como tantas outras da rede Municipal
de Estadual que povoaram a sua representatividade educacional da
cidade de Umbaúba. O valor de tecermos a história de vida da nossa
personagem está alicerçado na razão de que seu viver como professora
muito diz dos desdobramentos do “ser” e “fazer” docente do seu tempo
e lugar. Para alcançar o objetivo, atentamos para as seguintes questões:
O que as memórias da professora Maura Fontes Hora podem revelar
do “ser” e “fazer” docente? Como se delineou sua carreira profissional,
bem como a da sua categoria no referido tempo e território? Na sua
prática docente mais criou ou reproduziu? Para compreender o objetivo
proposto, fez-se necessário mergulhar em suas memórias orais, bem
como, no pó dos seus cadernos, livros didáticos, apontamentos, diários
de classe, planos de aula, entre outros. Ao nos apropriarmos das
memórias da professora e concebê-la como fruto de sujeito fazedor
de sua própria história, buscamos na história cultural e social Inglesa,
segundo Edward P. Thompson (1981) e Raphael Samuel (1997) respaldo
teórico para operar historiograficamente por lentes “vista de baixo”. Para
tal, fizemos uso da metodologia da história oral, segundo as analises
realizadas por Aberti (2005) e Montenegro (2010). A luz das categorias
de análise: “cultura escolar” de Julia (2001) e “Práticas Escolares” de
Faria Filho e Vidal (2002) é que fazemos a leitura dos modos de “ser”
e “fazer” docente delineado nas entrelinhas da sua trajetória
profissional. Assim, conclui-se que os modos de “ser” e “fazer” docente é,
portanto, decorrente de um processo histórico e nesse processo, alguns
elementos do “ser” e “fazer” docente permanecem, isto é, apresentam
continuidade histórica, enquanto outros se transformam, pois as
narrativas da professora Maura Fontes Hora, nos levou a acreditar que
na prática docente nem tudo é reprodução. Pois perder-se e encontrase no labirinto das memórias que versam entre suas lembranças (quase)
esquecidas da nossa personagem, é nos deixar levar por caminhos que
muito dizem do “ser” e “fazer” docente do seu tempo e lugar.
439
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
“Como aprendi, ensinei”: modos de ser e
constituir-se professora
Joaquim Francisco Soares Guimarães
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
José Rodrigo Vieira Febrônio
Universidade Tiradentes/UNIT
[email protected]
O presente artigo é fruto da dissertação de mestrado em
andamento “Memória de Educadoras: práticas escolares e cultura
escolar em Umbaúba nas décadas de 1960, 1970 e 1980”, e toma
por objeto de estudo as memórias orais da professora Maria Isabel
dos Santos, 82 anos, residente no município de Umbaúba, cidade
localizada no sul sergipano. As suas memórias são experiências vividas
na família, no grupo de convívio, na instituição escolar e na “roça”,
que se revelam potentes em possibilitar um novo processo de leitura/
escrita da história da educação sergipana, pois são capazes de revelar um
passado alargado. Desse modo, traçamos o objetivo de compreender
como a professora Maria Isabel dos Santos constituiu-se educadora
pelos saberes mediados por sua primeira e única professora, “Alice”,
na década de 1930. A significância de tomarmos nossa personagem
para a pesquisa relacionada à história da profissão docente se encontra
na razão de que suas narrativas do viver na escola muito dizem de sua
composição como professora. Para alcançar o objetivo, atentamos para
as seguintes questões: Como as memórias compostas pela oralidade,
podem traduzir no fazer-se sujeito professor? O que teria herdado de sua
primeira e única professora? Onde encontrar o cerne de sua formação?
Como se produziu uma cultura escolar e suas práticas escolares no
seu trajeto educacional? Como Maria Isabel dos Santos se compôs
educadora primária pelos saberes, métodos, programas e disciplinas do
seu curso primário? Para obtermos as respostas para tais questões,
imergirmos nas vozes cansadas, silêncios ininterruptos, lembranças e
esquecimentos opacos que compõe o tecido mnemônico da professora
440
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Maria Isabel dos Santos. Ao nos apropriarmos das memórias da
professora e concebê-la como fruto de sujeito fazedor de sua própria
história, buscamos na história cultural e social Inglesa, segundo Edward
P. Thompson (1981) e Raphael Samuel (1997) respaldo teórico para
operar historiograficamente por lentes “vista de baixo”. Para tal, fizemos
uso da metodologia da história oral, segundo as analises realizadas
por Aberti (2005) e Montenegro (2010), bem como, das categorias de
análise: “cultura escolar” de Julia (2001) e “Práticas Escolares” Faria
Filho e Vidal (2002). Assim, conclui-se que os modos de ser e fazerse professora de Maria Isabel dos Santos foram forjados durante sua
trajetória enquanto aluna, pois teria herdado de sua professora “Alice”
o modo de pensar e agir no ensino escolarizado. Pois, é na escola
que se aprende a ser professor, uma vez que, foi na sala de aula
na relação com sua professora que Maria Isabel também se compôs
professora e nos deixou indícios de como se constituiu a história da
profissão docente no interior sergipano.
“Quando crescer, vou ser doutora”: a história
de vida da professora e advogada Marlene
Francisca do Carmo Procópio
Diogo Lisboa Ribeiro
[email protected]
Rodrigo Jose Vieira Febrônio
[email protected]
O presente artigo, que é fruto de pesquisa em andamento,
ancorado no projeto “Modos de educar: práticas escolares e
cultura escolar no território da Grande Aracaju” coordenado
pela Prfª Raylane Andreza Dias Navarro Barreto e tem como
objeto de estudo as memórias orais da professora e advogada
Marlene Francisca do Carmo Procópio, 69 anos, residente em
Aracaju. Nossa entrevistada ingressou aos 07 anos de idade no
Grupo Escolar Gumercindo Bessa localizado no município de
441
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Estância, onde cursou o primário. Foi aluna da Escola Técnica de
Comercio em Estância, onde cursou o Técnico em Contabilidade.
Foi nomeada professora da Escola Rural Municipal do povoado
“Bolandeira” município de Arauá, bem como, professora do
Movimento Brasileiro de Alfabetização- MOBRAL. Formou-se
em Ciências Biológicas na década de 1970, bem como em Direito
pela Faculdade Tiradentes no ano de 1987. A significância que
compormos sua biografia se encontra na razão de que sua narrativa
que para além de contar de si mesma, muito dizem da História da
Educação sergipana. Assim, com o objetivo de compreender como
nossa entrevistada se fez professora e advogada, nos propusemos a
atentar para as seguintes questões: O que levou uma jovem, negra,
filha de mãe solteira, superar as lógicas econômicas e sociais que
assolavam seu tempo e lugar? Quais motivações serviram de mola
propulsora para Marlene galgar os muros da discriminação? Quais
saberes, valores, personagens e acontecimentos marcaram o fazerse professora e advogada? Para obtermos respostas para as questões
ora colocadas recorremos à metodologia da história oral, segundo
as analises realizadas por Aberti (2005) e Montenegro (2010),
pois a metodologia da história oral consiste em uma possibilidade
de pesquisa mediada pelos processos de rememoração do passado
conforme o concebido por quem viveu. Ao nos apropriarmos das
memórias da nossa personagem e concebê-la como fruto de sujeitos
fazedores de sua própria história, buscamos na história cultural,
segundo Chartier (1990), o respaldo teórico e metodológico para
analisar suas representações oralmente transpostas. Para escrever
a vida da nossa personagem atentamos para as analises (auto)
biográficas realizadas por Souza (2008), conforme o autor o sujeito
elege em sua memória o que há de mais importante para (re)
invenção de si e de quem o cerca, uma vez que os modos de dizer
de si emergem em um contexto de valorização da subjetividade,
singularidade, saberes e das experiências privadas. Desse modo,
conclui-se que Marlene Francisca do Carmo Procópio se faz tanto
pela autodeterminação, como pelos caminhos alargadas pelas suas
aspirações de “um dia ser doutora”.
442
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A Califasia na formação docente:
contribuições de Francisco Silveira Bueno
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas
[email protected]
Entre os diferentes livros publicados para o ensino secundário
e normal da autoria do Professor Silveira Bueno (1898-1989),
destacou-se para este estudo o “Manual de Calliphasia, e Arte de
Dizer”. A primeira edição foi publicada em 1930, pela São Paulo
Editora. A segunda edição, ainda sob o mesmo título e circulou no
ano de 1939, editada pelas Livraria Acadêmica e Editora Saraiva &
Cia,. Em 1951, a obra recebeu um novo título que se fez presente nas
edições subseqüentes: “Manual de Califasia, Califonia, Calirritmia e
Arte de Dizer”. A Editora Saraiva foi responsável pelas outras edições,
respectivamente: a quinta (1958), e a sexta (1964) e a sétima (1966).
Os exemplares analisados neste estudo são da primeira e da quinta
edições. Estruturado, inicialmente, em doze capítulos, com 188
páginas, a primeira edição da obra versou sobre as seguintes
temáticas: conceito de califasia e suas utilidades; as bases da califasia
e o aparelho fonador; a respiração; defeitos da voz (origem
e tratamento); vogal e consoante; articulação; pronunciação;
encadeamento; a leitura em voz alta; as palavras de valor; a cadência; a
intensidade do movimento; o colorido na dicção; a leitura dos versos;
gestos; a leitura simples e a fisionomia; as qualidades dos gestos,
entre outras. Tinha como objetivo inicial condensar e divulgar as
aulas ministradas por Francisco Silveira Bueno, na Escola Normal de
São Paulo, na disciplina Califasia e Língua Portuguesa, onde atuava
desde 1929. Constata-se nas outras edições uma certa ampliação
e diversificação de assuntos, no caso da quinta edição a Califonia e a
Caliritmia foram acrescentadas ao título e ao conteúdo, bem como
na apresentação do livro o autor se refere de forma específica aos
professores e alunos de canto orfeônico. É considerado o primeiro
manual em português sobre o assunto. Pensado inicialmente como
a melhor forma de ensinar califasia para os futuros professores e
443
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
declamadores, o “Manual” passou ser, ao longo das décadas e das reedições, também uma ferramenta de orientações para os diferentes
“profissionais da palavra”. Silveira Bueno “traduziu” orientações
e disposições necessárias aos diferentes tipos de oradores e
também cantores, para que com base na califasia, califonia e
calirritmia pudessem exercer melhor suas diferentes atividades. Em
1968, Silveira Bueno se afastou da Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo, onde atuava desde 1939,
pela aposentadoria compulsória. Seus livros didáticos e de outros
estilos permaneceram nos catálogos da Editora Saraiva até 1979.
O estudo se baseia nos pressupostos da História da Educação e da
História Cultural e tem como principais categorias a representação
e apropriação de Roger Chartier e a história das disciplinas escolares
sob a inspiração de Viñao Frago.
A construção do conhecimento pedagógico
compartilhado: reflexões sobre o papel do
professor universitário na contemporaneidade
Dominick do Carmo Jesus1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
domini_nick@@hotmail.com
Ennia Débora Passos Braga Pires2
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
[email protected]
O presente trabalho discute a construção do conhecimento
pedagógico compartilhado e apresenta uma reflexão sobre o papel
do professor universitário na contemporaneidade. A sociedade
vem vivenciando cada vez mais transformações econômicas, sociais
e culturais. Essas transformações atingem todos os aspectos da
vida humana chegando ao âmbito familiar, religioso e também
ao educacional. Na escola, por ser um ambiente social, essas
transformações se mostram bem visíveis. E o profissional da educação
444
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
sofre o impacto disso em sua sala de aula, docente é atingido com
essas mudanças e percebe a necessidade de acompanhar essas
transformações e às necessidades atuais de aprendizagem de seus
alunos. Nos últimos anos tem se multiplicado estudos que abordam
a questão da docência enfatizando diversos aspectos desta complexa
atividade profissional. Identidade profissional, competência, saberes
e habilidades requeridas para o exercício docente são algumas das
problemáticas que fazem parte das preocupações dos estudiosos
que se debruçam sobre o tema. Diante disso, questionamos: como
está a formação desse docente? Sua formação pedagógica, seus
conhecimentos e como compartilhá-los de forma significativa de
modo que atinja a cada aluno em sua particularidade? Este trabalho
põe em debate o conhecimento pedagógico compartilhado diante
da contemporaneidade, fundamental para uma mútua troca de
saberes entre docente e discente. Apresenta, também, uma reflexão
sobre a formação docente nos tempos atuais, discutindo sobre as
políticas de formação docente, será que essas políticas têm almejado
atribuir à formação do professorado uma visão condizente com a
contemporaneidade? As reflexões apresentadas são originárias de um
estudo que teve o intuito de identificar possíveis mudanças no papel
do professor diante da contemporaneidade, verificar na formação
docente as atribuições geradoras de um conhecimento pedagógico
compartilhado e refletir sobre a construção do conhecimento
pedagógico compartilhado frente aos tempos contemporâneos. O
estudo fundamenta-se na reflexão sobre atuação docente de Pimenta
(2005), Tardif (2008), Roldão (2007), Isaia (2006), Masseto (1998),
papel do professor, em Cunha (2006), Nóvoa (1997), a construção
do conhecimento compartilhado, segundo Isaia e Bolzan (2002).
Os resultados ainda parciais apontam que os conhecimentos
pedagógicos compartilhados são em parte empregados de forma
imprecisa, ora utilizados, ora não. Ademais, espera- se que os
resultados da pesquisa possam oferecer pistas para a reflexão
do conhecimento pedagógico compartilhado, e também acerca do
papel docente universitário no mundo contemporâneo desenvolvida
na instituição estudada.
445
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A Escola Normal de Natal/Instituto de
Educação: precursora da pesquisa educacional
no Rio Grande do Norte (1958-1965)
Luciene Chaves de Aquino (UFPB)
[email protected]
O objetivo deste estudo é refletir sobre a introdução da pesquisa
em educação por meio da Orientação Educacional na Escola Normal
de Natal/Instituto de Educação a partir de 1958. Foi privilegiado
este período em decorrência da efetivação da reforma do ensino
primário e normal orientada pela lei 2.171/1957, bem como
se processava a transição da Escola Normal de Natal a Instituto
de Educação. Isto implicou na sua reorganização administrativa,
renovação metodológica da prática pedagógica, reformulação
curricular, introdução da função orientação educacional e da
pesquisa educacional. A operação historiográfica implicou na
análise das fontes históricas interpretadas a luz da Nova História
Cultural, considerando as evidências e a sua interpretação, como
essencial para a construção da história, o ponto de origem, a base
de apoio para a produção historiográfica. Para tanto foi observada
a diversidade das evidências: as Atas da Escola Normal de Natal,
Decreto-Lei, Mensagens Governamentais, jornais da época
entre outras evidências entendidas como testemunhos, registros das
práticas educativas, socioculturais, políticas e econômicas. A
Escola Normal de Natal precursora na formação docente foi a
instituição a tomar frente na pesquisa educacional, consistiu em
laboratório-matriz da investigação dos problemas da aprendizagem
no Estado Potiguar. Este estabelecimento tornou-se foco dos cursos
de formação técnico-pedagógica envolvendo a diretora, seu corpo
docente, e a equipe técnica do Centro de Estudos e Pesquisas
Educacionais (CEPE). Objetivava-se alinhar a Escola Normal de
Natal ao pensamento educacional predominante naquela época.
Assim sendo a temática da Pesquisa Educacional adentra nesse
educandário, consubstanciada nas ações de orientação educacional,
446
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
figurando, ao lado do planejamento em subsídios centrais da
organização da escola e da prática pedagógica. A ‘Orientação
Educacional’ tinha a finalidade de acompanhar o rendimento da
aprendizagem do aluno, o trabalho do professor e a escola. Entre
as estratégias do CEPE, situa-se a criação da ‘Escola de Aplicação’,
destinada ao nível primário e pré-primário e voltada à formação
de professores, campo de experimentação pedagógica, observação,
demonstração e assistência à orientação educacional. Esse movimento
de vanguarda insere-se em uma época cuja mentalidade procura
apagar as marcas do atraso. Entretanto, as propostas arrojadas para
a educação potiguar, cujo conteúdo propagava a educação moderna
e racional, esbarravam no confronto com a ausência de recursos
didáticos na Escola Norma de Natal, bem como com a precariedade,
que assolava muitos estabelecimentos de ensino do Estado, a maior
parte com professores leigos. Sendo estes descuidados pelo poder
público, continuaram excluídos dos benefícios da reforma.
A formação de professores na UNESP após a
LDB 9394/96: novas questões, velhos desafios
Julio Cesar Torres
[email protected]
Maria Dalva Silva Pagotto
[email protected]
A LDB 9394/96 representa o marco de um novo paradigma legal
para os cursos de formação de professores no Brasil. Podemos afirmar,
grosso modo, que até então estes cursos submetiam-se à legislação
educacional produzida na década de 1960 e, especialmente, aos
fundamentos do Parecer CFE 292/62 expedido pós-LDB de 1961,
quando se estabeleciam os currículos mínimos compreendendo as
matérias fixadas para o bacharelado e os estudos profissionais que
habilitassem ao exercício do magistério nos estabelecimentos de
ensino secundário. Embora tenha havido um conjunto de indicações
e propostas aprovadas pelo então Conselho Federal de Educação,
447
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
voltadas para o redimensionamento da formação de professores
e especialistas em educação em atendimento à Lei nº 5.692/71,
pouco foi homologado pelo Ministério da Educação, merecendo
destaque, apenas, a Resolução CFE 30/74, que instituía as polêmicas
Licenciaturas Curtas em Ciências. Mesmo a Lei nº 5.540/68,
que tratou da Reforma Universitária, não tocou na formação de
professores. De uma forma geral, prevaleceu a legislação do início dos
anos de 1960, com pouquíssimas modificações. Dentre os diversos
problemas em cursos de Licenciatura, desde então, destaca-se a
desarticulação teoria/prática dos conteúdos de conhecimento e dos
procedimentos didático- pedagógicos. Nosso estudo teve como
objetivo destacar a produção normativa em relação aos cursos de
Licenciatura de uma universidade pública do estado de São Paulo.
Nossa investigação pautou-se na análise de documentos e/ou normas
de regulamentação da formação de professores na IES no contexto da
LDB 9394/96 e, especialmente, após a homologação da Resolução
CNE/CP 01/2002. O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa
documental no âmbito das instâncias de administração
e gestão da universidade investigada. Os resultados indicam
que, pelo menos no contexto da Universidade Estadual Paulista,
possíveis rupturas nos cursos de formação de professores da
Educação Básica, preconizadas nos Pareceres do Conselho Nacional
de Educação e suas respectivas Resoluções, sobretudo em relação à
ênfase colocada na formação para a docência, encontram barreiras
de ordem histórica e estrutural. Os documentos analisados apontam
que da maneira como são formuladas e articuladas as diretrizes gerais
da Universidade no tocante à organização dos cursos de graduação
em suas diversas Comissões e/ou Órgãos Colegiados Centrais, a
atuação dos Departamentos de Ensino nos Conselhos de Curso e,
ademais, a própria normatização que regulamenta o funcionamento
da Universidade como um todo, colocam-se como sérios entraves
para o avanço da discussão de reformulação paradigmática das
Licenciaturas na IES investigada.
448
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A formação de professores para o ensino
superior em Minas Gerais na década de 1970:
tornar-se especialista em (bio) mecânica?
Fernanda Cristina Dos Santos
EEFFTO-UFMG
[email protected]
Este estudo investiga o curso de Pós-Graduação em Biomecânica
Desportiva, ofertado pela Escola de Educação Física da Universidade
Federal de Minas Gerais no ano de 1976, realizado em parceria
com o Convênio de Assistência Técnica Brasil/Alemanha, como parte do
projeto “Intercâmbio Técnico Internacional relacionado à Educação Física
e Desportos”, do Departamento de Educação Física do MEC. O estudo
fez parte de um projeto de maior abrangência intitulado “Circularidade
de modelos pedagógicos e formação de professores de Educação Física
em Belo Horizonte: vestígios de práticas no acervo do CEMEF/UFMG
(1950-1980)”, que objetivou examinar, nestes processos de formação,
a circulação cultural e as mediações realizadas em âmbito nacional e
internacional. Para uma minuciosa análise do referido curso foram
utilizados cerca de 120 documentos referentes ao mesmo, pertencente
ao acervo do Centro de Memória da Educação Física, do Esporte
e do Lazer (CEMEF). Concomitante ao processo de tratamentos
destas fontes, foram realizadas leituras relativas à escrita da história, à
formação docente, à história da Biomecânica. Além disso, foi realizada
uma entrevista com a professora Eustáquia Salvadora de Sousa
que – juntamente com a professora Rosa Belma Afonso Viotti –
foi professora da disciplina de Didática que compunha o curso. Ao
focarmos a formação de professores, - aqui nosso principal objetivo
- esta análise está ancorada no estudo dos elementos-chave que
compõe o fenômeno educativo, como os tempos, os espaços, os
sujeitos, os conhecimentos e as práticas escolares. Tomamos práticas
e experiências como objetos de investigação histórica, tentando
reconhecer nelas os significados e sentidos atribuídos por estes sujeitos
inseridos em um espaço e um tempo, como apontado por Faria Filho.
449
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A partir da compreensão de tais elementos nos foi possível pensar
questões tais como: que perfil de professores se pretendia formar?
Como eram fundamentadas as práticas pedagógicas e científicas para a
formação desses sujeitos? que permanências e mudanças relacionadas a
este processo de formação podem ter influenciado a ação docente dos
professores participantes? Perguntas essas de fundamental valor para a
construção da narrativa histórica. Além disso, foi importante um
apuro do olhar aos detalhes relativos à disciplina de “Didática”,
presente na grade curricular do curso de especialização, observando
sua ação direta e indireta no objetivo da formação docente, através
da análise histórica da construção do processo de didatização do ensino
superior, observando as tendências e os parâmetros deste, na década de
1970. A partir da compreensão de tais elementos foi possível pensar
os propósitos e relações do curso de pós-graduação com a formação de
professores para o Ensino Superior em Educação Física no estado de
Minas Gerais, mais especificamente, em Belo Horizonte.
A formação do docente primário entre
continuidades e rupturas – um estudo
comparativo dos regulamentos de 1888 e
1890 na capital da república
Marina Natsume Uekane
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo analisar como a formação
de professores primários se realizava no interior da Escola Normal
na cidade do Rio de Janeiro, após a proclamação da República,
procurando perceber que tipo de profissional intencionava-se
formar para atuar no novo regime político. Assim, analisarei as
continuidades e descontinuidades promovidas no âmbito dessa
instituição em relação ao modelo anterior. Para tanto utilizo
como fontes os regulamentos de 1888 e de 1890 referentes ao
funcionamento da Escola Normal, analisando comparativamente
450
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
essas normas em relação à preparação do corpo docente primário.
Proponho a interlocução acerca da formação dos professores,
observando as habilidades e conteúdos que deveriam dominar,
bem como os requisitos para ingressar na carreira e para atuar
nas escolas de primeiras letras, atentando para aproximações e
distanciamentos, permanências e rupturas com a mudança política
promovida em 1889.Em relação ao espaço temporal proposto para
estudo - os primeiros anos da República -, algumas considerações
se fazem necessárias no que tange ao caráter inaugural, muitas vezes
atribuído ao período, frente a avanços e investimentos educacionais.
É possível observar um alerta de Magaldi e Schueler (2008), as
quais apontam o fato que algumas representações da historiografia
brasileira veiculavam as ações republicanas como inauguradoras de
um modelo de incentivo da educação escolar no Brasil, levando
sombras para as iniciativas promovidas anteriormente. As autoras
defendem que representações construídas sobre o período devem
ser compreendidas no interior de um “luta de representações” e,
portanto, precisam ser “desconstruídas e problematizadas”, no
diálogo com instrumentos e categorias teóricas presentes em
documentos preservados pelo tempo. No interior dessa “operação
historiográfica” que situo a minha proposta de trabalho, tomando os
regulamentos da escola normal como fontes que ajudam a entender
o papel dos professores primários, veiculado em diversos discursos
como os que seriam capazes de levar o país rumo ao progresso.
Busco observar que modelo docente era defendido na legislação que
ordenava o ofício, porém, sem esquecer que os atores sobre os quais
esta norma recaía, ora se conformavam, ora as subvertiam por meio
das suas práticas cotidianas. Ao fazerem isso, esses sujeitos ajudaram
a conformar a carreira docente, que no cruzamento com fatores
externos à sala de aula construíram formas possíveis de ser professor
primário ao longo do tempo. Houve mudanças na organização da
instituição? Em caso afirmativo, o que mudou e o que se manteve?
Como deveria ser feita essa formação? Essas são algumas questões
que busco investigar a fim de compreender como a carreira docente
se conformou diante das novas condições sociais.
451
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A institucionalização da polivalência no trabalho
docente da escola primária em Pernambuco
Shirleide Pereira da Silva Cruz - UnB/NEPHEPE-GEPFAPe
[email protected]
Fabiana Cristina da Silva - UFPE/NEPHEPE
[email protected]
Margarete Maria da Silva UFPE/NEPHEPE
[email protected]
A produção sobre a organização do trabalho pedagógico na
escola primária tem crescido de forma bastante profícua, desvelando
os conteúdos, os formatos sob os quais o ensino para esta etapa
vem se estruturando ao longo dos tempos e, por conseguinte, os
requerimentos exigidos para a formação e o exercício docente de modo
a atender as mudanças que se apresentaram para a escola primária.
Diante do exposto, o presente estudo pretende analisar o processo
de institucionalização da polivalência como organização do trabalho
pedagógico na escola primária. É sabido que nos anos iniciais do
hoje chamado ensino fundamental o trabalho docente se constitui
como trabalho polivalente, ou seja, um único professor lecionando
as diversas áreas de conhecimento do currículo da educação básica,
mas, foi sempre assim? Como a polivalência foi sendo construída no
seio das classes dessa etapa inicial de escolarização? Para atingir o
objetivo tivemos como recorte temporal a segunda metade do século
XIX e como corpus documental os códices da Diretoria de Instrução
Pública em Pernambuco nos quais foram encontrados, ofícios,
pareceres, leis e regulamentos, os relatórios da Instrução Pública, além
de materiais didáticos utilizados no período que nos apresentaram
vestígios de elementos constituidores da polivalência. Baseamos-nos
teórico-metodologicamente em estudos sobre a história da educação
em Pernambuco e no Brasil, mais especificamente os que tratam da
profissão docente, considerando a perspectiva da nova história cultural
(BURKE, 1992; CHARTIER, 1990) como âncora da discussão. Os
452
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
estudos, dentro desta perspectiva, consideram a cultura como central, e
neste sentido, as fontes e as temáticas tendem a ser consideradas em sua
amplitude e possibilidades de construção de diversas narrativas. Com
a criação das escolas normais, nas quais os profissionais da educação
passariam a ter formação específica para atuação no magistério e,
consequentemente, a institucionalização de concursos para o
provimento da cadeira por professores primários, destaca-se como
uma das funções dos professores “lecionar pelos livros e compêndios
aprovados pelo Conselho Literário da Instrução Pública” (Pernambuco,
1876). Nesse sentido, a análise dos dados nos indica que a polivalência
apresentou-se inicialmente com o foco de atender aos rudimentos
elementares da leitura e da escrita e do cálculo e gradativamente
procurou atender a uma ampliação de conhecimentos requeridos para
o mundo “civilizado” pela ciência. Assim, a implementação do ensino
graduado, expressados principalmente nos livros de leitura, apontam
para um alargamento da polivalência para o atendimento de outras
áreas de conhecimento para o ensino primário.
A produção social de uma escola popular
de massa: experiências de professores nas
periferias da cidade de São Paulo (1970 – 2000)
João do Prado Ferraz de Carvalho
Universidade Federal de São Paulo
[email protected]
O Brasil vivenciou nas últimas décadas a produção social de uma
escola pública de massa superando uma forte tradição elitista no contexto
da qual essa instituição foi sinônimo de exclusão e de acesso restrito.
Encerramos o século XX e adentramos ao século XXI presenciando
uma grande transformação educacional do ponto de vista numérico e
social. Embora esse processo seja centenário e seus marcos iniciais de
final do século XIX, nas três décadas finais do século passado a escola
torna-se acessível para a maioria das crianças e adolescentes em idade
escolar e a universalização do ensino fundamental uma realidade.
453
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Um dos grandes efeitos dessa expansão foi o atendimento de parte
da população até então fora do sistema escolar com o consequente
ingresso no sistema educacional de novos segmentos sociais. Outro
efeito foi o processo de proletarização da profissão docente e, ainda
como consequência importante, nas grandes cidades brasileiras a
materialização desse processo torna-se visível através da presença dos
prédios escolares nas periferias das cidades, se não como “templos
de civilização”, ao menos como presença física do poder estatal.
Resulta desse processo uma escola pública à brasileira (Algebaile: 2009)
no sentido de que sua produção social se deu na interlocução com
elementos constituidores de uma sociedade desigual com a qual não
rompe e que ao incorporar novos segmentos sociais não o faz no sentido
republicano. Este trabalho tem como objetivo compreender esse
processo histórico de expansão da escolarização a partir do estudo de
um grupo de professores atuantes nas periferias da cidade de São Paulo
nas três décadas finais do século XX, mais especificamente pretende
discutir a experiência de professores de história nas periferias da cidade
de São Paulo no contexto de implementação de uma escola popular
de massa. Utilizando a história oral como metodologia de pesquisa e
transitando pelas complexas relações entre história e memória,
pretendemos pensar o fazer, no sentido thompsoniano, de um
grupo de profissionais da educação na sua interlocução com o ingresso
das camadas populares na escola. Os primeiros desdobramentos da
pesquisa apontaram para a necessidade metodológica de discutir a
produção social dessa escola numa realidade de segregação urbana, de
proletarização do magistério e de compreensão das especificidades
de uma escola pública à brasileira. Autores como Thompson, Petitat,
Algebaile, Pollak, Villaça constituem o principal aporte teórico dessa
pesquisa histórica cujos primeiros resultados indicam a necessidade de
se estudar novos sujeitos sociais que produzem no seu fazer cotidiano
a escola pública brasileira nos marcos de uma sociedade desigual,
produção histórica e social que teimam em desafiar o conceito de
escola na sua relação com a res publica.
454
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A profissionalização docente à luz do
jogo de escalas
Fábio Garcez de Carvalho
Universidade Federal do Rio de Janeiro / PPGE
[email protected]
A presente comunicação é fruto da pesquisa de doutoramento sobre
a formação do grupo social docente no atual município de Icapuí, no
Estado do Ceará, no período entre os anos 1940 – 2000. O nosso
propósito é tratar aqui de um fragmento desta pesquisa, qual seja: a
função desempenhada pela municipalidade na construção do grupo
profissional docente, levando em consideração a centralidade da
emancipação política da então conhecida região das Praias em meados
dos anos 1980 e a consolidação de Icapuí como a nova unidade políticoadministrativa. A pesquisa tem como eixo teórico-metodológico
a exploração de parte da produção historiográfica da micro-história
italiana, sobretudo a que se relaciona com a micro-história social
(LEVI, 1992, 2000; GRENDI, 1998, 2009; CERUTTI, 1992). Desta
vasta tradição, extraímos alguns conceitos largamente utilizados, tais
como: sistemas normativos, escala de observação e contexto. A partir
de operar com esses conceitos, procuramos analisar o processo de
profissionalização docente em uma região rural periférica, tendo em
vista as relações entre professores (as) leigos (as), que compunham
majoritariamente o corpo de professores locais e a construção do campo
educacional do novo município. A interseção entre profissionalização e
as relações de poder no âmbito municipal nos levou a dialogar com os
estudos na área de História Política, sobretudo com as propostas que
enfatizam as análises das interseções entre política e relações sociais,
tendo como autor referencial Bernstein (2009). Esta questão tornouse emergente em nosso estudo à medida que o processo político em
curso mobilizou agentes e ideias que configuraram o campo da
educação. Este apresentou uma dinâmica social prenhe de contradições
entre agentes e instituições, dos quais procuramos extrair as principais
linhas que acompanharam o complexo processo de formação do grupo
455
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
profissional docente. Convém ressaltar também que a pesquisa adentrava
no tempo recente, o que impõe ao historiador de modo geral o desafio
de dialogar com as ciências sociais. Neste sentido, não poderíamos
deixar de dialogar com a sociologia das profissões. À medida
que avançávamos na exploração do conceito de profissionalização,
selecionamos a produção de Dubar (2005) para este diálogo. Além
disso, o papel exercido pela municipalidade na normatização da
profissão docente nos levou a explorar as potencialidades e limites da
legislação sobre a profissionalização docente, tendo como referência as
reflexões de Faria Filho (1998) sobre a legislação escolar. Daí termos
explorado a documentação produzida na Câmara Municipal local,
em especial as Atas das Sessões da Câmara Municipal de Icapuí e a Lei
específica sobre profissionalização docente, tendo como preocupação
mapear os debates, propostas e as disputas em torno da definição do
perfil do campo educacional e do próprio modelo de professor almejado
pela nova municipalidade.
As licenças médicas como indício de mal-estar
docente no início do século XX: o caso do
Grupo Escolar Silveira Brum (1912-1930)
Talitha Estevam Moreira Cabral
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
Denilson Santos de Azevedo
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
Tendo como referencial o mal-estar docente no início do
século XX, esse trabalho analisa os pedidos de licença e demais
documentos referentes ao afastamento dos professores do Grupo
Escolar Silveira Brum (GESB), primeira instituição pública de
ensino do município de Muriaé/MG, criada pelo decreto 3.305,
de 5 de setembro de 1911 e instalada em 7 de agosto de 1912.
456
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Serão problematizados dados referentes às licenças dos professores
no período que decorre da instalação do educandário em 1912,
até o ano de 1930, que marca o fim da primeira República no
Brasil, de modo a tentar compreender em que aspectos essa
categoria profissional estava sendo afetada por esse desconforto na
profissão. A literatura aborda o fenômeno do mal-estar docente
como implicações negativas que afetam o trabalho do professor
em diferentes circunstâncias. Com o intuito de compreender
como essa situação se manifestava no cotidiano do GESB,
realizou-se, então, uma revisão bibliográfica sobre o tema e foi
feita uma análise de documentos encontrados nos acervos do
Arquivo Público Mineiro (APM) e da atual Escola Estadual Doutor
Silveira Brum, referentes aos pedidos de li cenças de professores
primários do educandário. Neste estudo, é possível perceber
que historicamente a profissão docente é marcada pelos intensos
pedidos de afastamento dos serviços, isso se dá, possivelmente,
com a proclamação da República e a implantação de um
novo modelo escolar, impulsionado pela legislação na forma
de Grupos Escolares, o que provocou mudanças no trabalho
docente, acarretando transformações nas relações entre professores,
alunos, comunidade e gestores do ensino. Aliado a isso,
o estresse resultante das más condições de trabalho às quais eram
submetidos esses profissionais pode ter contribuído para o
mal-estar do professor. No município muriaeense, no período
analisado, percebe-se que o pedido de afastamento das salas de aula
do GESB estava contido em muitos documentos, representando,
dessa maneira, o mal-estar vivenciado pelos docentes naquele
momento histórico. Foi possível encontrar atestados médicos,
cartas, relatórios, atas, ofícios e anotações contendo informações
referentes ao afastamento de alguns professores de suas funções
escolares. Essas fontes demonstram o quão difícil era garantir a
entrada e permanência dos professores neste ofício, visto que
as referidas permutas, remoções e licenças, a princípio sinalizam
a insatisfação ou a resistência dos docentes no exercício de sua
profissão nos Grupos Escolares.
457
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
As mulheres e o magistério:
algumas contribuições para a história da educação
Valeria Pall Oriani
[email protected]
Neste resumo, apresenta-se um excerto de pesquisa de Doutorado
em Educação em desenvolvimento com o objetivo de rediscutir a
participação das mulheres na profissão docente e, para tal, considerase especialmente o papel indispensável atribuído às mulheres para
a construção da nação brasileira, civilizada e republicana. A partir
do século XX, quando se tinha a educação como o carro chefe para
o desenvolvimento da nação, as mulheres começaram a se tornar
presentes nesse âmbito, tendo como propósito a regeneração de
uma sociedade que precisava de um ideal de família republicana
para se moldar. Esse objetivo, porém, não representava um simples
propósito, pois apesar das dificuldades que as mulheres enfrentavam
nesse momento histórico, a docência significava uma possibilidade
de frequentar o espaço público com um trabalho considerado
intelectual e assalariado o que gerava reconhecimento e funcionava
como uma das únicas possibilidades de mobilidade social. Há que
se considerar, porém, que a profissão docente não se distanciava
do propósito de casamento e maternidade, já que a função de
educar os alunos seria apenas um ensaio para que essas professoras
soubessem educar seus filhos, com o que se concretizava a ideia de
aptidão natural da mulher em lidar com crianças. São essas mesmas
aptidões, que passam a ser defendidas por teorias psicológicas, pela
própria Igreja Católica que tratavam a docência como vocação e até
mesmo por autores de grande reconhecimento na educação como
Pestalozzi. As ideias deste autor inspiraram até mesmo a criação do
jardim-da-infância como um das escolas modelo da Escola Normal
da Capital (Caetano de Campos), no ano de 1890. Para Pestalozzi,
a mulher representava a jardineira que com todo o seu amor e
ensinamento era responsável pelo cultivo das plantinhas que lhes
eram confiadas. A avaliação desse autor repercutiu de tal forma
458
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
que representou para as professoras jardineiras a oportunidade de
publicar na Revista do Jardim da Infância as experiências docentes,
muitas das quais baseadas nos ideais de Froebel da mulher como
criatura frágil, quase angelical. Nesse sentido, tem-se como objeto
de investigação a “representação” de professora como apresentada
nessa revista considerando especialmente a forma com que são
apresentados os valores sociais considerados como ideais nesse
momento histórico a respeito dos papéis sexuais dos homens e das
mulheres. Constatou-se, portanto, que mesmo com imagens muitas
vezes conflitantes que envolvem a mulher e a docência, é possível
problematizar a partir dos resultados parciais apresentados neste
resumo que a atuação das professoras conforme apresentado na
Revista não se resumiu apenas à passividade, mas permitiu que as
professoras tivessem voz e vez na educação das crianças paulistas.
As orientações e representações da prática
docente nos manuais didáticos dos normalistas
Analete Regina Schelbauer
[email protected]
Shirlei Terezinha Roman Guedes
[email protected]
Este artigo tem como objeto de estudo os manuais didáticos
utilizados na escola normal paranaense no período de 1930 e
1950, com a finalidade de constituir-se em material de instrução
e de formação profissional dos normalistas. Tem como objetivo
investigar as diferentes orientações pedagógicas estabelecendo sua
importância como instrumentos de orientação didática e formação
pedagógica do professor. A pesquisa de cunho bibliográfico tem
como ponto de partida o estudo destes manuais considerando a
organização do trabalho pedagógico e as representações que este
trabalho assumiu no período especificado. A Escola Normal no
Paraná neste período, encarregava-se em preparar professores para
formar o homem novo em um estado que estava se urbanizando
459
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
ancorado pela industrialização e cultura do café que se expandiu dos
domínios paulistas projetando-se para o interior no estado. Figura
neste período a orientação do professor Erasmo Pilotto, primeiro
como diretor da Escola Normal de Curitiba e depois como dirigente
da educação do estado que imprimiu os princípios escolanovistas
na formação dos professores. A Escola Normal até 1945 era regida
por legislação estadual, porém com a promulgação da Lei Orgânica
do Ensino Normal em 1946, passou por uma reestruturação na
organização curricular e, com isso, a reorganização do ensino
ampliando disciplinas e conteúdos sobre educação. A busca por um
ensino mais prático que teórico fortaleceu tanto a tradução quanto
a escrita de manuais didáticos que ganharam espaço tanto na leitura
dos normalistas quanto na impressão e circulação. Considerados
como instrumentos de dominação ou divulgação de uma cultura
profissional, os manuais didáticos foram, por muito tempo,
referência quase singular na formação do professor primário. Os
estudantes da Escola Normal aprendiam, dentre outras matérias, os
princípios da ação docente nestas obras e aplicavam o que aprendiam
nas escolas primárias, local onde realizavam a Prática de Ensino e
posteriormente lecionavam. Esses manuais, especialmente os que
tratavam da Pedagogia, Pedagogia Prática e Metodologia traziam
orientações sobre a ação docente a ser desenvolvida pelo professor.
Elegemos em nosso estudo os manuais: Técnica da Pedagogia
Moderna (Teoria e Prática da Escola Nova) de Everardo Beckheuser
e Introdução ao Estudo da Escola Nova de Lourenço Filho. As
orientações pedagógicas expressas nestes manuais evidenciam sua
importância como instrumentos de orientação didática e formação
pedagógica do professor e evidenciam a presença das orientações
da Escola Nova.
460
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Auxiliar de sala é professor? Dilemas da
profissionalização docente na educação infantil
Luciana Mara Espíndola Santos
Prefeitura Municipal de Florianópolis
[email protected]
A intensidade de estudos e discussões a respeito da infância e
dos espaços destinados à educação das crianças de pouca idade
vem qualificando o trabalho nas creches, quebrando paradigmas e
construindo práticas que trazem em seu bojo, o respeito às crianças
como atores sociais, cujos modos particulares de viver a infância,
geram as culturas infantis. No município de Florianópolis/SC,
embora tenhamos tido nos últimos trinta anos avanços legais e
conceituais em torno da infância e sua educação, ainda vivemos, no
âmbito das políticas públicas e das práticas pedagógicas, dilemas
concernentes à profissionalização do adulto que atua em creches e
pré-escolas. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei
nº 9.394/1996) seja categórica em afirmar que no âmbito das
instituições de Educação Infantil, o profissional apto a trabalhar com
as crianças seja o professor, muitas contradições e paradoxos ainda se
fazem efetuar por vários entes federados da Nação brasileira. Há na
capital catarinense, um momento de tensões e discussões crescentes
diante desta problemática acerca do trabalho na Educação Infantil
e mais especificamente, sobre o quadro profissional que atua nas
creches, reforçando contradições e fazendo a Educação Infantil do
município de Florianópolis, tão referenciada por sua qualidade,
passe a andar na contramão de uma Educação que valorize e
respeite a criança e todos que estão envolvidos nesse processo. Tal
discussão versa sobre a atuação de professores e auxiliares de sala,
mas especificamente sobre as contradições que hoje pairam no que
se refere ao trabalho do auxiliar de sala, profissional que atua em
pé de igualdade aos professores no que tange a responsabilidades
e deveres na profissão, mas que se afasta brutalmente em relação à
questão salarial e reconhecimento e status profissional. Contudo, a
461
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
intensão deste estudo é procurar compreender a profissionalização
do adulto no campo da Educação Infantil, nos anos 80 do século
XX, buscando um diálogo com presente, a luz de um passado
recente. O recorte histórico feito, compreende o momento em
que as instituições de Educação Infantil da Rede Municipal
de Ensino de Florianópolis começam a se expandir, passando
também por um período de transição política, saindo das mãos
da assistencial social e passando para a educação. Atualmente, a
problemática que envolve a atuação dos adultos que trabalham
com crianças na Educação Infantil Municipal, apresenta-se como
um dos grandes entraves de tais instituições e embora permaneça
velado, confere a elas um caráter muito mais assistencialista
do que educativo, apontando para um retrocesso neste campo.
Neste processo, buscou-se em teóricos como: Chartier, Bourdieu,
Sarmento, Rocha, Craidy, Ostetto, entre outros, alguns conceitos
e referências, para melhor fundamentar o estudo.
Condições de trabalho docente no estado
do Rio de Janeiro no contexto das reformas
educacionais das últimas décadas
Amanda Aoreira da Silva
[email protected]
A partir da reforma educacional empreendida ao longo dos dois
mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o discurso
governamental centrou-se na eficiência da gestão do setor
educacional e do ensino, enfatizando questões administrativas
e pedagógicas. Com o novo discurso, a eficiência do ensino
dependia da modernização da administração pública, da escola e
do professor. A política educacional brasileira, especialmente no
que diz respeito à ampliação da oferta de vagas, à diferenciação
de níveis e modalidades de ensino e às ampliações do tempo e
do currículo escolar, mostra-se uma fonte insuficiente para o
esclarecimento dos novos alcances da escola, o que só começa
462
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
a se revelar mais claramente quando se leva em conta a atuação
do Estado nos campos econômico e social. Política econômica e
política social, portanto, são âmbitos nos quais se forma parte dos
novos sentidos da escola. Considerando esse quadro conjuntural,
faremos um levantamento das principais características que
influenciaram o campo educacional no estado do Rio de Janeiro
a partir da segunda metade dos anos 90 e verificaremos como
a expansão da oferta vem modificando o papel da escola e
consequentemente atingindo o trabalho docente, restando aos
professores dar respostas a diversos fatores, que vão além da tarefa
de ensinar. Destacaremos as condições de trabalho dos professores
da rede estadual, no sentido de localizá-los como uma categoria
que sofre fortes consequências de um cotidiano desgastante,
num processo crescente de individualização do trabalho e uma
dinâmica, cada vez maior, de implementação de programas e
projetos baseados na meritocracia e individualização das relações
na escola. A individualização sistemática da gestão do trabalho
dos profissionais da educação, mediante a vinculação entre salários
e performances, trata de remunerar os professores em função dos
resultados obtidos pelos seus alunos, onde se introduz uma nova
concepção de trabalho docente. A competição e os valores
empresariais constituem referências para a organização e gestão
do trabalho e a individualização dos aumentos salariais mediante
remuneração por bônus, não somente encoraja a competição, como
também enfraquece as ações coletivas, atomizando os professores.
Contudo, apesar das condições a que estão submetidos, esses sujeitos
constroem seus espaços coletivos de resistência, protagonizando
longas greves e resistindo, dentro das possibilidades, a um projeto
educacional com forte viés privatizante que tem sido a tônica da
política estadual do Rio de Janeiro.
463
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Conferências Pedagógicas no século XIX:
a circulação do modelo
Daniel Cavalcanti de Albuquerque Lemos
[email protected]
Pensadas como uma estratégia de formação e aprimoramento
dos professores e da instrução pública, as Conferências Pedagógicas
foram muito difundidas no século XIX. O objetivo deste trabalho
é analisar a circulação das conferencias pedagógicas, buscando
entender o que legitimava esse modelo, como os professores e o
Estado Imperial participavam e o que esperavam desses eventos.
Este trabalho faz parte de um estudo mais amplo sobre a emergência
do associativismo na Corte imperial. Partindo de pesquisas com
fontes primárias realizadas na Biblioteca Nacional de Maestros
(BMN), em Buenos Aires, na Biblioteca Nacional de Portugal
(BNP), em Lisboa e na Biblioteca Nacional (BN) no Rio de Janeiro.
Localizei documentos referentes aos regulamentos, aos debates e
a realização de Conferências Pedagógicas nesses três países, com
isso tento perceber aproximações e distanciamentos na execução
e no entendimento dos objetivos das conferencias em cada pais.
Ao realizar este trabalho foi possível perceber que as Conferências
Pedagógicas foram não só espaços para o aperfeiçoamento do
professorado, mas também espaços de vigilância e controle. Porém,
as conferências utilizadas como espaço de controle acabaram por se
tornar espaços importantes de encontro dos professores primários
e para a organização associativa dos docentes. Tendo sido muito
difundido no século XIX, esses encontros eram tradicionais em países
europeus, estando a Prússia entre os primeiros Estados a instituílos, no ano de 1763. No início do século XIX o modelo teria se
espalhado. Segundo Gondra e Mignot (2007), “No movimento de
constituição do Estado Nacional é possível evidenciar empréstimos
e diálogos com modelos internacionais nos mais diversos domínios”
(p.7), sendo observável também no campo da educação. Já Jean
Houssaye (2007) fala em “importação– exportação de pedagogias”,
464
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
tentando construir uma análise
da circulação de ideias em
educação. Em Portugal, localizei fontes que registram um grande
número de Conferências realizadas no século XIX, tanto realizadas
por iniciativas particulares, como por oficiais. Como as atas das
Conferências Pedagógicas de Aveiro, Évora e do Porto. Seguindo
as pistas da circulação e realização das Conferências, localizei fontes
que indicam sua realização na Argentina, assim como ocorreu
no Brasil e em Portugal as Conferências na Argentina também
foram realizadas na década de oitenta do século XIX. Em geral
as Conferências eram bem vistas pelos poderes do Estado, que
patrocinavam sua realização. Para o caso argentino, utilizo como
fonte o periódico La Educacion de 1886 que circulava na capital
e em outras províncias do país, nesse jornal tive acesso a artigos
que demonstram a realização de Conferências Pedagógicas, assim
como o conhecimento da realização de Conferências em outros
países. Para estudar o caso Brasileiro utilizo como fontes as atas
das conferências realizadas na Corte e a imprensa pedagógica do
período. Para tentar compreender a circulação do modelos, busco nos
estudos de Oliveira ([1873] 2003), e Fernández e Barroso (2004)
referencias sobre conferências pedagógicas nos Estados Unidos
e na Espanha. Como um modelo adotado em diversos países,
as Conferências foram sujeitadas às necessidades e particularidades
de cada contexto onde foram utilizadas. Acredito não ser possível
estudar as Conferências apenas como uma ideia, desencarnada
de um lugar específico, tampouco é possível estudá-las como uma
cópia de um modelo, que pudesse ser transplantado em qualquer
lugar. Para uma melhor compreensão de seu funcionamento e lógica,
necessário seria seguir da legislação que a prescreve até os registros
de sua realização, entendendo todo seu entorno, o que só poderia
ser feito estudando contextos específicos, delimitados temporal e
geograficamente, pois, como um modelo que circulou em diferentes
locais, foi apropriado e reelaborado de acordo com as experiências,
demandas, políticas e regimes de governo de cada local.
465
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Construindo o seu quadro docente: as primeiras
gerações de professores do Colégio de Pedro II
Ana Waleska Pollo Campos Mendonça - PUC-Rio
[email protected]
Fernando Rodrigo dos Santos Silva (Doutorando – PUC-Rio)
[email protected]
Luciana Borges Patroclo (Doutoranda – PUC-Rio)
[email protected]
Renata dos Santos Soares (Doutoranda – PUC-Rio)
[email protected]
O presente trabalho se propõe a dar continuidade a trabalho anteriormente
apresentado no IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação,
realizado em Lisboa, em julho de 2012. Como o anterior, vincula-se a uma
pesquisa mais ampla que tem como objeto de estudo o processo de construção
de uma identidade profissional específica por parte dos professores do ensino
secundário, particularmente do magistério público, no Brasil. Desse ponto de
vista, é produto de um trabalho coletivo, que envolve um número significativo
de pesquisadores (pós- graduandos e bolsistas de IC). A pesquisa tem um recorte
institucional e a instituição escolhida para o estudo é o Colégio Pedro II, criado
pelo governo imperial em 1837, e que, após a República, é mantido pelo
governo federal, conservando, até meados do século XX, o caráter de instituição
modelar para todo o ensino secundário brasileiro. Nesse momento da
pesquisa, estamos nos debruçando sobre os anos iniciais de funcionamento do
Colégio, ao longo do Império. No trabalho anterior, focamos especificamente
o processo de criação do Colégio e seu impacto na institucionalização do ensino
secundário entre nós. Com esse objetivo, o trabalho se dividiu em duas partes.
Na primeira, buscamos identificar o programa institucional (Dubet, 2006) que
informou a criação do Colégio, debruçando-nos sobre o contexto histórico
da sua criação, bem como sobre os modelos pedagógicos que serviram de
referência para a sua organização. Considerando-se que, com a sua criação,
inicia-se, ao menos oficialmente, o ensino secundário entre nós, e, levando-se
466
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
igualmente em conta o caráter modelar proposto para o Colégio, a discussão
sobre os fins e objetivos estabelecidos para essa instituição específica, bem
como, sobre a sua estrutura pedagógico-administrativa, é expressiva do que
se está projetando como um programa institucional para o ensino secundário
como um todo. Na segunda parte, desenvolvemos um estudo preliminar
sobre a primeira geração de professores do Colégio, assim considerados
os professores nomeados entre 1838 e 1847, buscando estabelecer uma
caracterização geral dos mesmos. O marco terminal do período escolhido para
esse estudo inicial foi estabelecido tendo em conta que essa data coincide com
o primeiro registro encontrado na pesquisa documental acerca da realização de
um processo seletivo para os professores do Colégio. A realização de concursos
constitui, sem dúvida, um marco importante no processo de profissionalização
docente e configurou-se historicamente em um dos primeiros mecanismos
utilizados pelo Estado no processo de certificação dos professores. No trabalho
atual, propomo-nos a continuar com esse tipo de abordagem, considerando,
num primeiro momento, as mudanças introduzidas no Estatuto inicial
do Colégio, entre 1839 e 1857, e seu impacto sobre a configuração do seu
quadro docente e, num segundo momento avançando na caracterização dos
professores até o referido marco terminal (1857).
Representações do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova de 1932 nos
manuais de história da educação publicados
em coleções (1933-1945)
Orlando José de Almeida Filho
[email protected]
Situada na perspectiva da História Cultural, esta comunicação tem
como objetivo discutir as representações sobre o Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova de 1932 em três manuais de História da Educação
publicados em coleções entre 1933 a 1945. A oitenta anos esse
documento foi publicado com a epígrafe a reconstrução educacional
no Brasil - Ao povo e ao governo afirmando a importância do debate
educacional no Brasil. A partir de sua publicação o documento foi
467
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
referência em muitos impressos entre eles os manuais voltados para
a formação de professores e constituíu-se como uma das estratégias
de disputas em um lugar de saber e de poder, no sentido referido por
Certeau. Estes objetos culturais circularam por instituições públicas
e privadas contribuindo para a formação de professores das escolas
normais e faculdades de pedagogia modelando, assim, saberes e
práticas. Os três manuais que selecionei foram: Noções de história da
educação (1ª ed.) de Afranio Peixoto, então professor da Universidade
e do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, publicado em 1933, na
Biblioteca Pedagógica Brasileira, pela coleção Atualidades Pedagógicas.
O segundo manual, Pequena história da educação (9ª ed.), publicado
na coleção Biblioteca da Educação pela editora Melhoramentos,
em 1936, pelas madres Francisca Peeters e Maria A. de Cooman,
professoras do curso normal do Colégio Sagrado Coração de Jesus,
em Santo André, no estado de São Paulo. O terceiro texto Noções
de história da educação, (11º ed.) de Theobaldo Miranda Santos,
publicado, também, pela Companhia Editora Nacional, a partir
de 1945, em duas coleções: Atualidades Pedagógicas e no Curso de
Psicologia e Pedagogia. Santos foi professor de Filosofia da Educação
do Instituto de Educação do Rio de Janeiro e também editor/autor
da coleção Curso de Psicologia e Pedagogia. Delimitei o estudo tendo
em vista compreender duas questões centrais: Quais representações
do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 estão presentes
nesses manuais? Como os autores delimitaram o tema sobre o Manifesto
dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 no contexto discursivo dos
manuais? Quais estratégias foram utilizadas ao situar o Manifesto da
Educação Nova de 1932 nesses compêndios? Esse estudo faz parte de
um trabalho maior de investigação que venho realizando nesses últimos
anos sobre manuais publicados em coleções destinados à formação de
professores. O presente estudo permitiu-me compreender como as
edições de manuais, de História da Educação foram utilizados como
estratégia de conformação de um campo em disputas. As representações
do Manifesto dos Pioneiros da educação Nova de 1932 fazem parte
desse contexto, pois esse documento/monumento foi um marco histórico
que delimitou essas mesmas disputas.
468
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Curso de especialização e aperfeiçoamento:
análise do decreto nº 2.539/1931 para a
formação de professores em Niterói
Ariadne Lopes Ecar
Universidade de São Paulo
[email protected]
Em 13 de janeiro de 1931, o governo provisório do Estado do Rio
de Janeiro baixou o Decreto nº 2.539 que levaria a Escola Normal
de Niterói a uma expressiva mudança. A medida considerava inútil
a presença de algumas cadeiras no curso para o preparo do futuro
professor, e naquela época, de acordo com a determinação, havia muitos
professores primários que não poderiam almejar os cursos superiores
por não terem os estudos completos das humanidades. Assim, o decreto
propunha a instalação de um Liceu de Humanidades que atenderia
pelo nome de “Nilo Peçanha”. O candidato à formação de professores
deveria então requerer sua matrícula por esta instituição, após passar pelo
exame admissional, e frequentar o curso até o 5º ano. Em seguida, faria
um ano de especialização cursando as seguintes disciplinas: educação
física, higiene, primeiros cuidados médicos, pedagogia e metodologia.
O aspirante ao novo curso, que passou a ser dividido em dois
ciclos, um Cultural e outro Profissional, deveria formalizar sua
opção de estudos por meio de um requerimento ao diretor do Liceu
e Escola Normal, Armando Gonçalves, antes do exame de admissão.
Apesar do desmembramento do curso, o aluno que quisesse se preparar
para o magistério faria a disciplina trabalhos manuais no primeiro e
segundo anos; teoria da música e solfejo no segundo e terceiro anos;
educação física no quinto ano, concomitantemente ao Ciclo Cultural.
O decreto não disponibilizava maiores detalhes sobre as exceções,
como considerar os casos das matrículas dos alunos oriundos dos
cursos complementares, por exemplo. No entanto, tendo em mãos
a encadernação denominada “Expediente da Escola Normal”, uma
espécie de compêndio com recortes de notícias relacionadas ao
Liceu e Escola Normal e publicadas em jornais entre os anos de 1931
469
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
e 1934, pude perceber uma mobilização de alunos exigindo a entrada
no segundo ano do Ciclo Cultural, inclusive passando por um
exame de admissão diverso, conforme requerimento expedido pela
Secretaria do Interior e da Justiça, que concedia o direito solicitado
pelos alunos. Considerando a pesquisa em questão como inicial,
a proposta central será a de analisar a transição do Curso Normal
para Curso de Especialização e Aperfeiçoamento, em Niterói, e quais
mudanças efetuadas pelo decreto na formação de professores. No bojo
das análises pretendo pensar no mutualismo vivido entre Escola Normal
e Liceu, o lugar desses cursos na formação da juventude niteroiense; e
ainda, refletir sobre a formação proposta pelos cursos complementares.
Do “despreparo” à “recuperação”: a identidade
do professor primário em Mato Grosso na
década de 1960
Márcia Santos Ferreira
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
[email protected]
Este trabalho apresenta uma discussão sobre o processo de
transformação identitária ocorrido no magistério primário de Mato
Grosso durante a década de 1960. Seu objetivo é compreender
as modificações introduzidas na identidade dos professores em
decorrência da política de “recuperação e aperfeiçoamento do
magistério primário” iniciada em 1963, durante o governo
presidencialista de João Goulart, e que teve continuidade após
o Golpe de Estado de 1964, durante o governo do general
Castelo Branco. Tal política preconizava a realização, por parte
dos professores em exercício, de cursos de aperfeiçoamento
oferecidos por Centros de Treinamento de Professores Primários,
considerados como capazes fazer com que os professores saíssem
de uma situação caracterizada pelo “despreparo” e desqualificação
profissional, para uma situação de “recuperação” e capacitação
técnica, entendida como mais condizente às necessidades de
470
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
desenvolvimento econômico e sócio- cultural do País como um
todo à época. O âmbito cronológico selecionado corresponde ao
período de funcionamento do Centro de Treinamento do Magistério
de Cuiabá, instalado na capital do estado de Mato Grosso, em
1963, e que manteve suas atividades até o início da década de
1970. Informações concernentes à caracterização identitária dos
professores primários mato-grossenses foram obtidas por meio da
consulta a documentos oficiais, à legislação, a jornais de circulação
estadual, a depoimentos de professoras em exercício na década de
1960, assim como à bibliografia produzida por autores locais sobre
a educação da época. Baseado em abordagem qualitativa, o trabalho
de análise das informações coletadas tomou as concepções de
profissionalização docente, elaborada por Antonio Nóvoa (1998
e 1999), e de modificações na identidade docente, empregada
por Martin Lawn (2000), para a elaboração de uma interpretação
sobre as críticas que desqualificavam os professores primários em
atividade em Mato Grosso, sobre as qualidades que se desejavam
ver assumidas por estes professores, assim como sobre a estrutura
de cargos e salários a qual eles passaram a ficar submetidos. As
informações coletadas indicam que as mudanças introduzidas
na caracterização do professor primário e em seus vencimentos,
associadas à realização de cursos de aperfeiçoamento ou
especialização, contribuíram para modificar a identidade docente
neste nível de ensino no em Mato Grosso. Os cursos contribuíram
para modificar a percepção que se tinha do conhecimento e da
formação considerados necessários para o desempenho adequado
das funções docentes. A partir da década de 1960, os professores
“leigos” não deixaram de existir nos quadros do magistério primário
mato-grossense, mas a ausência de uma formação especializada e
baseada em conhecimentos científicos passou a servir como uma
justificativa à sua desqualificação profissional.
471
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Ensino mútuo no Brasil: circulação e
permanência a partir de um estudo de caso
Alcides Caetano da Silva Junior
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
[email protected]
É difícil apontar com exatidão, no tempo e no espaço, a dimensão
que tomou o emprego do método de ensino monitorial-mútuo no
Brasil. Sabemos que foi usado em escolas de todo o país mesmo antes
e depois do intervalo de 27 anos, entre 1827 e 1854, durante o qual
foi considerado método pedagógico oficial das escolas de primeiras
letras de todo o império brasileiro. Mas precisar até onde chegou,
até quando foi usado ou mesmo as condições sob as quais foi
aplicado a as apropriações que sofreu não é tarefa fácil. Explanar sobre
a chegada, permanência e implicações de aplicação desse método na
rede de escolas públicas primárias do Império do Brasil é o objetivo
deste trabalho. Inicialmente faremos um breve histórico do método e
de sua chegada ao Brasil relacionando-a com circulação de idéias que
serviram de base para sua aceitação e aplicação, não apenas as idéias de
propagação do método, mas também idéias do iluminismo português,
e em especial a premissa de secularização do ensino, correntes no
Império do Brasil por pelo menos toda a primeira metade do
século XIX e que, em nossa análise, convergiram para a necessidade
de emprego de um método pedagógico que fosse rápido, eficaz e
econômico na tarefa de “civilizar” a sociedade de então. Em seguida
problematizaremos sobre as implicações da utilização desse método a
partir das dificuldades encontradas pelo professor de primeiras letras da
cidade de Santos, província de São Paulo, em meados do século XIX.
O Professor em questão, Thomaz Rufino de Jesus e Silva, foi titular
da única escola pública de primeiras letras da cidade de Santos entre
setembro de 1829 e o final de 1856, durante 27 anos portanto. Por
meio da análise de seu discurso e de suas reinvindicações, ambos
registrados em seus relatórios oficiais e ofícios, acreditamos que
fora dominador o método do ensino monitorial/mútuo. Além disso,
472
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
entre 1852 e 1856 o professor Thomaz Rufino esteve envolvido em
um intenso debate sobre a cessão de um edifício público de grandes
dimensões, ou o aluguel de um particular à custa do governo provincial,
no qual seu principal argumento era o emprego do método de ensino
mútuo. Sua persistência no emprego desse método a exigência de
espaço adequado para ele são indícios de que, apesar das condições
adversas da instrução pública durante o oitocentos brasileiro, entre
elas a inadequação dos espaços, a insuficiência dos materiais e a falta
de qualificação dos professores, as idéias circularam e permaneceram e
as representações geradas a partir delas mobilizaram os sujeitos ligados
a educação e em especial a instrução pública durante o século XIX.
Entre a religião e a laicidade:
incursão nas memórias de professores
catarinenses dos anos 1960
Marilândes Mol Ribeiro de Melo
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Rafaela Azevedo de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Esta proposta objetiva analisar questões que envolvem o
binômio religião/laicidade a partir de memórias de professores
aposentados da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina no
contexto da década de 1960. Ela integra os estudos desenvolvidos
no interior do projeto Memória Docente: os impactos do movimento
de escolarização em Santa Catarina sobre a carreira docente, as
identidades profissionais e o trabalho pedagógico de professores da Rede
Estadual de Ensino desenvolvido entre os anos de 2009/2012, com
apoio do CNPq. Este projeto destinou-se a “recuperar, registrar e
analisar” a memória docente de professores da Rede Estadual de
Ensino de Santa Catarina que atuaram na educação básica e que
473
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
se encontram na condição de aposentados. As análises apoiam-se
em estudo bibliográfico e na representação dos professores sobre
religião e laicidade, dada por argumentos propostos pela sociologia
e história da educação. Essas perspectivas teóricas e metodológicas
permitem-nos compreender o sentido dado e as respostas oferecidas
pelos professores ao contexto escolar da época. Esses professores
viveram próximos aos “primórdios da profissão docente no Brasil”,
em uma sociedade que se transformava e na qual a questão
educacional também se modificava, passando de um processo
que se dava por impregnação da cultura, para a complexificação
social, onde o Estado assume a responsabilidade pela “formação
do povo”. Assim, requerer dos professores um exercício profissional
fundamentado na laicidade, demonstra a busca da homogeneização,
da regulação e do controle de um sistema de ensino que deveria,
em tese, ser habitado por professores secularizados. O processo
de profissionalização do professor é histórico e inscrito na busca
de secularizar e estatizar, visando um processo de educar mais
controlado. As maneiras de produzir e se reproduzir a “visão de
mundo” sofrem uma vigilância mais rigorosa (NÒVOA, 1999). Tal
processo consistiu especialmente na “substituição de um corpo de
professores religiosos (ou sob o controle da Igreja) por um corpo
de professores laicos (ou sob o controle do Estado), sem que, no
entanto, tenha havido mudanças significativas nas motivações, nas
normas e nos valores originais da profissão docente” (NÒVOA,
1999, p. 15). Contudo, nossos estudos vêm demostrando que a
presença da religião, sobretudo católica, e dos estudos religiosos no
cotidiano da escola laica, gratuita e obrigatória atravessa a segunda
metade do século XX e permanece forte até os dias de hoje. Focamos
então a presença da religião e os primeiros vestígios da laicidade na
educação básica catarinense, além de possíveis confrontos das duas
vertentes entre o professorado.
474
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Escola Normal de Caxias-MA: formação docente,
práticas e saberes de “Tia Miroca” a guardadora
das memórias da princesa do sertão
Salânia Maria Barbosa Melo
Professora do Curso de História da UEMA-Caxias e da UESPI
Doutora em Educação pela UFC. Em Estágio Pós-Doutoral na UFPB.
Bolsista FAPEMA.
[email protected]
O presente estudo analisa a formação da professora Maria das Mercês
da Silva Lima, “Tia Miroca”, compreendendo que a profissionalização
se dá ao longo da vida, indo além da qualificação normatizada
nas Escolas Normais ou nas Licenciaturas, mas vendo-a como
continuada e em constante dinâmica com as práticas educativas, onde
o professor ensina e aprende. A Escola Normal de Caxias-MA fundada
em 1950, destacando a sua importância como instituição de ensino
incumbida desde seu início como formadora de professores, faz parte
da memória histórica desta cidade, como referência na formação de
professores do interior do Maranhão. A História da Escola Normal
no Maranhão em alguns momentos apresenta características muito
parecidas com as outras escolas normais criadas no século XIX no
Brasil, a não ser pelo fato de ter sido a última a ser criada de todas as
Províncias. A longa trajetória da formação do professor se arrasta no
Brasil desde os “Oitocentos” quando a tentativa de criação das primeiras
escolas para preparação dos professores primários disputava lugar com a
mentalidade de uma educação elitista e bacharelesca, voltada quase que
essencialmente para os filhos das famílias abastadas. As informações
aqui trazidas são iniciais nesta investigação, em função da complexidade
que envolve o caminho por onde trilho as buscas sobre a referida escola.
O lugar de melhor adequação metodológica para esta pesquisa é na
História Cultural, que tem como suporte de abordagem os sujeitos
e suas práticas, neste sentido, o que vivenciavam alunos e professores
que dedicaram parte significativa de suas vidas, neste fazer histórico,
é que proponho como objeto de pesquisa, perceber como a formação
475
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
profissional, o cotidiano da escola, os rituais festivos, contribuíram
para fundar a mentalidade maranhense e nos fazem visualizar a história
local. Apontando este contexto histórico, como num Maranhão regido
politicamente pelo “Vitorinismo”, das fraudes eleitorais, da corrupção
nas urnas e do “signo da morte” (Cabral, 2004), marcada por conflitos
entre a oposição e essa oligarquia que mandou e desmandou neste
Estado. Entendendo, esse fazer histórico das Instituições Escolares,
como uma representação da escola expressa sob a forma de
síntese narrativa construída a partir da análise de documentos. As
fontes para a realização da história de instituições escolares são de
variados tipos, registros que podem ser utilizados como indícios de
tal história e as lembranças remexidas pela História Oral, que dizem do
vivido nas suas salas de aulas, nos pátios e nos corredores. As pesquisas
em História da Educação têm contribuindo, após o alargamento do
campo e da elasticidade trazida pelas novas temáticas ora focadas, para
a análise da educação e da escola como construtoras da memória.
Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul:
modelo católico de formação docente
Maria Irinilda da Silva Bezerra
Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
Heloísa de Oliveira Santos Villela
Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
O campo da pesquisa histórica vivenciou, nos últimos anos, um
intenso processo de renovação teórico-metodológico. Essa renovação,
na prática tem significado a valorização de estudos mais localizados
que contemplem realidades mais circunscritas e que possibilitem a
compreensão da história de instituições educativas espalhadas pelas
várias regiões do país. A presente investigação ancora-se no campo da
história das instituições escolares e fundamentando-se no referencial
teórico de autores que trabalham com esta categoria, reconhece que
476
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
toda instituição, por um lado, conserva uma organização hierárquica
própria e, por outro, mantém uma vinculação com a sociedade mais
ampla na qual está inserida. Neste movimento, interações e trocas
culturais acontecem entre as práticas e os fazeres escolares e sociais.
Assim sendo, nossa investigação, pretendendo ampliar o
conhecimento sobre a história das instituições educativas
tem como objeto de estudo a Escola Normal Regional criada em
1947, na cidade de Cruzeiro do Sul / Acre, no extremo ocidente
da Amazônia brasileira. Nossa intenção é suscitar discussões
sobre o currículo utilizado nas escolas confessionais de
formação do professorado primário. Nossa periodização contempla
o momento de criação da Escola Normal Regional de Cruzeiro do
Sul até o período de 1965, quando a Instituição, passando por um
processo de reestruturação curricular, ampliou a formação oferecida
incluindo, então, o normal colegial. Partindo da análise de fonte
documental existente nos arquivos da Escola, tais como regimentos,
estatutos, boletins, certificados e atas, além de entrevistas semiestruturadas, pretendemos suscitar a reflexão sobre a proposta de
formação de professoras desenvolvida por freiras “Dominicanas”
alemãs na região acriana. Indagamo-nos como, no interior desta
Instituição, se estabeleceram as articulações curriculares entre o
ideário confessional católico e o projeto escolanovista, em voga
naquele contexto, e de que forma os dois projetos coadunaram-se
na formação da mulher-educadora cruzeirense? Os resultados nos
mostraram que o currículo na Instituição mencionada privilegiava a
formação da mulher católica, contemplando, além da formação
didática e geral, as aulas de catecismo, prendas e economia
doméstica. Percebemos a busca de uma formação católica, mas
ao mesmo tempo inserida no âmbito das inovações pedagógicas e
políticas públicas pensadas para a educação no período.
477
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Escolas Católicas e o Curso Normal:
um olhar sobre a formação das professoras
Maria Nahir Batista Ferreira
Universidade Estadual do Ceará - UECE
[email protected]
Antonio Germano Magalhães Júnior
Universidade Estadual do Ceará - UECE
[email protected]
As ordens religiosas femininas quando chegaram ao Brasil
inicialmente atuaram basicamente na abertura de instituições com o
intuito de receber moças para seguirem a vida religiosa. O cotidiano
dos conventos, marcado por normas rígidas e vigilâncias constantes,
constituía um dos poucos lugares em que as mulheres aprendiam a ler
e a escrever. Assim, as escolas católicas de formação de professoras
surgiram posteriormente aos conventos e constituíram em espaços de
formação das educadoras por meio do curso normal que era o lócus
especializado do modelo de formação praticado, tendo em vista que
mesmo que as jovens ao completarem a sua formação não seguissem
no exercício do magistério estava inserida num modelo de educação
feminina que exigia da mulher uma influência harmoniosa e benéfica
seja na atuação na escola, na família ou na sociedade. O objeto da
investigação foi a formação docente ofertada nas escolas católicas.
Pois, essas escolas além de preparar as moças para o magistério, não se
descuidavam de prepará-las para serem esposa e dona de casa, estando
presentes no currículo de sua formação os ensinamentos de disciplinas
como música, língua estrangeira, bem como práticas domésticas
presentes nas aulas de bordado, costura e culinária. O objetivo do
estudo foi analisar a formação docente ofertada nas escolas católicas. O
aporte bibliográfico desta pesquisa ancorou-se nos escritos de Nosella
e Buffa (2009), Guaracira Louro (1997), Nunes (1997) Lombardi
e Nascimento (2004), bem como na pesquisa documental com foco
nas atas e relatórios do Colégio Senhor do Bonfim, pertencente à
Congregação das Filhas de Santa Tereza/Icó-Ce, fontes primárias que
478
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
registram a implantação da escola em 1938 e a justificativa para a
implantação do internato no ano seguinte voltado para a educação
das moças, proposta esta que está inserida no contexto das escolas
católicas de formação de educadoras cabendo as Irmãs a tarefa de
conduzir as jovens no seu processo de formação. A demarcação
temporal estabelecida nesta pesquisa compreende o ano de 1939,
ano de implantação do curso normal na referida escola, até 1950,
completando um ciclo de atividade da instituição a frente da formação
das professoras, como registra o relatório datado de 1950, “um ano
santo”. Como diria Louro os cursos normais era a meta mais alta dos
estudos a que uma jovem podia chegar. Resulta dessa investigação
que a formação feminina estava inserida no modelo de educação da
mulher atrelada a uma formação moral pautada nos “bons” costumes
e no cumprimento de ser boa esposa e mãe, não somente no tocante
a formação feminina, mas também no ato do exercício do magistério.
Experiência docente de uma mestra de
meninas Paranaguá 1835-1851
Fabiana Garcia Munhoz - USP
[email protected]
A historiografia da educação vem destacando e dando coloratura à
heterogeneidade das práticas educativas no Brasil ao longo do século
XIX. As primeiras décadas após a emancipação, início do processo
de constituição do Estado brasileiro, são marcadas pela escravatura,
profundas desigualdades e hierarquização sociais. Embora a educação
escolar não tenha constituído um sistema organizado que atingisse
parcelas mais amplas da população, é possível identificar uma diversidade
de experiências escolares que atingiram meninos e meninas de diferentes
grupos étnicos e socioeconômicos. O processo de escolarização se
intensificou com a ação do Estado na direção de normatização e
monopolização da instrução pública, sobretudo na segunda metade
do século. Nesta comunicação, apresento uma fatia deste processo com
a análise da aula pública feminina de primeiras letras de Paranaguá,
479
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
regida pela professora Joanna Maria de Mello, entre os anos de 1835
e 1851. A análise foi realizada por meio do cruzamento de fontes que
permitiu acompanhar, de forma fragmentada, a trajetória da professora
e algumas relações estabelecidas por ela com os demais professores de
primeiras letras e sujeitos envolvidos com a instrução pública. A série
documental é composta por ofícios diversos e da instrução pública;
mapas de frequência de alunos e das cadeiras de primeiras letras;
relatórios de comissões, inspetores da instrução pública e presidentes
de província; certidão de casamento; legislação educacional e uma
obra escrita por um contemporâneo em 1850 – Antônio Vieira dos
Santos – intitulada Memória histórica de Paranaguá e seu município.
A professora Joanna, que assinava os ofícios e mapas de frequência de
suas alunas se autodenominando mestra de meninas, ocupou a cadeira
do sexo feminino por, pelo menos, 16 anos. Acompanhando sua
trajetória, busquei interpretar seu ingresso no magistério. Tomei sua
série de ofícios e mapas de frequência de alunas enquanto fonte e objeto
de estudo com o objetivo de analisar como as práticas de elaboração
escriturística colaboraram na constituição do exercício da docência
como um espaço formativo que indicia um processo de apropriação de
saberes. A investigação foi realizada numa perspectiva micro-histórica.
Persegui o “fio do nome” (GINZBURG; PONI, 1991) questionando
“não apenas sobre o que foi, sobre o que aconteceu, mas também sobre
as incertezas do passado e as possibilidades perdidas” (LORIGA, 1998,
p. 246-247). Busquei estabelecer a interlocução e operar com o conceito
de experiência de Thompson (1981), valendo-me das contribuições de
Vidal (2010) e Schueler (2008) sobre a docência como uma experiência
coletiva. Acompanhar o itinerário desta mestra de meninas permitiu
uma interpretação sobre a experiência docente no século XIX, no que
diz respeito ao acesso à docência e ao exercício do magistério.
480
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Formação e atuação de normalistas
Mato-grossenses: a trajetória de Maria
Constança Barros Machado
Gilberto Abreu de Oliveira
[email protected]
Ademilson Batista Paes
[email protected]
O presente trabalho tem como proposta central o estudo
sobre a formação de professores do Brasil, principalmente a
efetuada nos âmbitos dos cursos normais nas primeiras décadas
da República. Nesse caso, mais especificamente o que diz respeito
a normalistas no então estado de Mato Grosso, culminando com
aspectos da trajetória e atuação da professora Maria Constança
Barros Machado, na cidade de Campo Grande. Tal educadora
teve desempenho profissional significativo na região, exercendo
por inúmeras vezes, a docência como também cargos
de direção de instituições educacionais públicas, nas décadas
de 1930, 1940 e 1950, como do Grupo Escolar e Escola Normal
Joaquim Murtinho, Ginásio Estadual Campo-grandense, e ainda
no Colégio Oswaldo Cruz entre outros trabalhos desenvolvidos
em décadas posteriores. Por outro lado, não se pode desconsiderar
que tal normalista teve quase sempre – para imprimir trajetória tão
marcante – o apoio de lideranças políticas do período, contribuindo
para que a mesma passasse a ser considerada uma pioneira no
que tange a educação na região. Na pesquisa (em andamento),
realizou-se num primeiro momento, levantamento bibliográfico da
produção acerca da formação e trajetória de professores no Brasil,
principalmente em acervos virtuais onde são disponibilizadas
dissertações e teses como os existentes no Banco de Teses da CAPES
e nos Programas de Pós- Graduação em Educação; além da análise
de farto material bibliográfico de cunho histórico, compreendendoos como contribuições fundamentais para o entendimento do
481
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
objeto de pesquisa. Por outro lado, também fornece suporte à
pesquisa um amplo mapeamento de fontes primárias documentais e
iconográficas coletadas nos Arquivos Públicos Estaduais, localizados
em Campo Grande (MS), em Cuiabá (MT), além de arquivos
pessoais de ex-alunos, familiares e amigos da célebre normalista.
Em termos teórico-metodológicos a opção de pesquisa pauta-se nos
fundamentos da micro-história, onde a partir de uma figura buscase compreender um cenário mais amplo, marcado pelos caminhos
e descaminhos da formação de professores, como também da
perspectiva da História Cultural, que volta olhares para as práticas
sociais e culturais de outros sujeitos. Por fim, a pesquisa busca a
partir destes referenciais, contribuir para a construção e produção
historiográfica acerca da formação de professores no então
estado de Mato Grosso, a partir da vida e trajetória profissional de
Maria Constança Barros Machado.
Formação identitária do professor
alfabetizador na formação continuada:
uma análise histórico-sociológica
Fernanda Izidro Monteiro
(PPGE/LEDUC/UFRJ)
[email protected]
Wânia Cristina dos Reis José Balassiano
(PPGE/PROEDES/UFRJ)
[email protected]
Consistindo o tema central desse artigo a alfabetização,
para realizá-lo tem-se como eixo de abordagem a formação da
identidade docente do professor alfabetizador dos anos iniciais do
Ensino Fundamental sob o olhar histórico-sociológico de análise
da formação continuada e sua representatividade em tal processo.
O trabalho pauta-se em uma concepção discursiva e dialógica de
formação docente, abordando por esses vieses a temática, assim
482
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
como a própria construção identitária Assim, importa conceber os
problemas da alfabetização escolar brasileira e os baixos índices de
aproveitamento no que se refere à linguagem, leitura e escrita pelo
prisma do alfabetizador, que vive um processo de esvaziamento da
identidade docente e, consequentemente, da sua práxis, analisando
tais elementos a partir de uma perspectiva histórica que abordará os
traços e matizes dessa identidade em construção a partir da diluição
dos cursos normais e a compulsiva profissionalização do então 2º
grau, imposto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
de número 5692 do ano de 1971. Até então oferecidos por escolas
e corpos docentes específicos, os cursos normais foram somados à
gama de outros cursos profissionalizantes, diluindo a especificidade
e a especialidade das escolas de formação. Considerando os cursos
de formação continuada como uma busca docente no sentido de
afastar-se de tal perspectiva descredibilizadora demonstrada pelos
fatos históricos e dos resultados das avaliações nacionais, busca-se
levantar dados que permitam circunscrever os traços de um perfil
dos professores que procuram a formação continuada, na área de
alfabetização, oferecida pelas Universidades Públicas, cada vez mais
convocadas a exercer um papel formador. A análise tomará por critérios
gênero, escolaridade, instituição de formação, tempo de atuação,
grau de escolaridade e tipo de formação continuada escolhida, assim
como elementos de análise do discurso subjacentes e sobrejacentes
advindos da construção textual de tais professores. Numa perspectiva
bakhtiniana, os conceitos de dialogismo, autoria, sujeito e discurso
contribuem para discutir a identidade docente alfabetizadora. Tais
elementos, interseccionados com a perspectiva histórico-sociológica
de análise permitirá delinear basilarmente a identidade profissional
destes indivíduos. Por ser o primeiro momento de exploração
do objeto nessa pesquisa de dissertação, a análise se constituirá a
partir da apresentação de dados objetivos, tabulados de acordo com
categorias iniciais, que serão exploratoriamente articulados com os
eixos teóricos e históricos anteriormente citados, a fim de esboçar
a concepção de um cenário analítico da identidade do professor
alfabetizador que busca os cursos de formação continuada.
483
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Formando profissionais para a indústria: os
primeiros professores da Escola Técnica Nacional
Tereza Fachada Levy Cardoso
[email protected]
Com a revolução de 1930, a emergência de novos grupos desvinculados da
economia agrário-exportadora valorizou os setores voltados para o mercado
interno. A educação profissional precisou ser reavaliada, para atender às
necessidades do projeto traçado pelo capital industrial, como a formação
e qualificação da mão de obra brasileira, especialmente aquela ligada às
atividades industriais. O ensino técnico passou, com a reorganização
administrativa do Estado brasileiro, a vincular-se ao recém-criado Ministério
da Educação e Saúde Pública, e não mais ao Ministério da Agricultura,
Indústria e Comércio, que foi extinto, o que significou também um
novo espaço político-social, agora ao lado da Educação, embora no interior
da estrutura do novo Ministério ainda persistisse a separação entre “ensino
técnico profissional” e “ensino” em geral. A Escola Técnica Nacional (ETN)
foi instituída pelo Decreto-Lei nº 4.127, de 25 de fevereiro de 1942, que
estabeleceu as bases de organização da rede federal de estabelecimentos de
ensino industrial. Mas também foi criada dentro do contexto educacional
do Rio de Janeiro, capital que detinha uma série de outras instituições como,
por exemplo, o Colégio Pedro II e o Instituto de Educação, que serviam
de modelo para o país. Daí que o Nacional, no nome da Escola, faz todo o
sentido. A ETN, tendo como finalidade preparar profissionais especializados
para a indústria, oferecia formação em dois níveis: 1) cursos industriais básicos,
de quatro anos, para os que tivessem o então curso primário completo, nas
seguintes modalidades: Alfaiataria; Aparelhos Elétricos e Telecomunicações;
Carpintaria; Cerâmica; Corte e Costura; Chapéus, Flores e Ornatos; Fundição;
Marcenaria; Máquinas e Instalações Elétricas; Mecânica de Máquinas;
Mecânica de Precisão; Mecânica de Automóveis; Serralheria; Tipografia e
Encadernação; e, ainda, Pintura; 2) cursos industriais técnicos, com duração
de três anos, destinados aos portadores de certificado do antigo ginasial ou
dos cursos industriais básicos, abrangendo as modalidades: Construção de
Máquinas e Motores; Eletrotécnica; Edificações; Decoração de Interiores;
484
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Desenho Técnico e Eletrotécnica; Desenho Técnico de Arquitetura e Móveis;
e, ainda, Construção de Aeronáutica. Este trabalho pretende contribuir
com os estudos relacionados ao processo de institucionalização do ensino
industrial, no período iniciado no Estado Novo brasileiro, elegendo como
objeto de pesquisa o primeiro corpo docente que atuou na ETN, em 1942.
Observa-se, na pesquisa realizada no Arquivo do CEFET-RJ e obras sobre o
tema, que parte dos professores vieram da Escola Normal de Artes e Ofícios
Wenceslau Braz, fechada em 1937, acrescido de professores estrangeiros
contratados para a ocasião, além de outros brasileiros. Os docentes são
caracterizados quanto à sua nacionalidade, forma de ingresso na instituição,
formação acadêmica, experiência docente, disciplinas lecionadas, outras
funções exercidas na instituição, entre outros aspectos.
Fran Paxeco, Lenthe da revitalização pedagógica
moderna e organizador do 1º Congresso
Pedagógico do Estado do Maranhão em 1920
Rosângela Silva Oliveira
Doutoranda em Educação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
A instrução pública maranhense na Primeira República brasileira (18901930) recebeu contribuição pedagógica de alguns profissionais liberais
dentre eles Manuel Francisco Pacheco (1874-1952) conhecido como Fran
Paxeco, cônsul de Portugal no Maranhão durante o período de 1900 a 1922,
membro-fundador da Academia Maranhense de Letras (1908), do Instituto
de Assistência à Infância (1911), do Centro Republicano Português (1911)
e da Faculdade de Direito (1918), com vida docente ativa em ambientes
educativos de São Luis, capital maranhense. Como um revitalizador da
Pedagogia Moderna no Maranhão, Fran Paxeco idealizou e organizou o I
Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início
de 1920. Foi o primeiro evento pedagógico republicano na instrução pública
maranhense especialmente voltado para a socialização de novos métodos e
técnicas de ensino, objeto de estudo desta comunicação individual que tem
485
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
o objetivo de apresentar a contribuição de Fran Paxeco junto à comunidade
docente de São Luis em seu momento singular de revitalização pedagógica,
conforme pesquisa realizada em fontes bibliográficas e documentais. Registros
históricos importantes foram descobertos durante esta investigação, dentre
eles os Anais deste Congresso Pedagógico que se encontra na seção de Obras
Raras da Biblioteca Pública Benedito Leite sediada em São Luis. Os fatos
históricos coletados foram analisados considerando suas representações,
buscando torná-los mais inteligíveis, racionais, significativos e projetivos
(LE GOFF, 2003; CHARTIER, 1988; MAGALHÃES, 2004). Como
docente, Fran Paxeco apresentou- se como ágil articulador e mediador
pedagógico para reunir a comunidade docente maranhense em favor de uma
Pedagogia Moderna inspirada nas ideias de Johann Heinrich Pestalozzi e
Friedrich Froebel. O registro escrito das Theses organizadas nos Anais
mostram a seriedade e profundidade do conhecimento científico exibido,
o que aponta a grande contribuição pedagógica aos docentes e à instrução
pública maranhense. As sessões realizadas neste Congresso e suas respectivas
Theses serão apresentadas no trabalho completo, se aprovado este resumo
para comunicação individual vinculado ao eixo temático História da
Profissão Docente do VII Congresso Brasileiro de História da Educação
promovido pela Sociedade Brasileira de História de Educação com o tema
Circuitos e Fronteiras da História da Educação no Brasil.
História da formação de professores em São
Paulo (1875-1894)
Tatiane Tanaka Perez
Universidade de São Paulo
[email protected]
Este trabalho pretende analisar a construção de uma cultura
escolar a partir do conhecimento pedagógico em curso na Escola
Normal de São Paulo, no final do século XIX. Partimos da premissa
de que os saberes entendidos como necessários ao exercício do
magistério são reveladores da constituição de uma cultura profissional
docente e de representações acerca de um ideal de professor e de
escola que se pretende formar. Tais conhecimentos podem ser
486
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
identificados nos manuais impressos de formação de professores
e em suas apropriações presentes nos discursos dos aspirantes à
carreira do magistério, através dos exames realizados pela Escola
Normal. O período delimitado para este estudo compreende duas
décadas, de 1875 a 1894. O ano de 1875 corresponde à segunda
abertura da Escola Normal – momento em que, pela primeira vez,
são realizados exames escritos na referida escola, destinados
aos seus alunos e aos aspirantes às cadeiras de instrução pública
primária. O ano de 1894 marca o início de um período de inúmeras
mudanças na estrutura e organização da escola, além da mudança
da Escola Normal para prédio próprio, à Praça da República.
Nessa empreita, procuramos demonstrar a relação existente entre
a expansão da instrução primária e as iniciativas de formação de
professores em instituições específicas, sobretudo na Província de
São Paulo no último quartel do século XIX. A partir da análise
das provas e dos manuais pedagógicos, procuramos identificar uma
concepção de educação, de instrução, de escola e de métodos de
ensino que circulavam no período, por entender que tais aspectos
são fundamentais para a compreensão do perfil de professor
e de um modelo de escola que se pretendia formar. Por último,
pretendemos trazer à tona um ideal de professor presente no
ideário da época. No período em estudo, o professor possui figura
central e exemplar na formação de hábitos e condutas desejáveis
para a população. A partir do momento em que o Estado assume a
responsabilidade pela instrução do povo, ele institui um controle
mais rigoroso sobre o processo educativo e, consequentemente,
sobre o professor. Ao torná-lo funcionário público sob tutela do
Estado, é possível criar dispositivos de controle mais rígidos que
dizem respeito aos processos de seleção do pessoal docente, às
instituições autorizadas para sua formação, e ao estabelecimento de
um conjunto de saberes exigidos para o exercício da profissão. Nesse
processo de constituição profissional, é possível perceber mudanças
e permanências, articuladas a um projeto civilizador – por meio da
disseminação de hábitos, condutas e práticas, tipicamente escolares
– que orientam e permeiam toda a sociedade.
487
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
História de vida de
professoras migrantes na fronteira
Maria das Graças Campos
UERJ/PPFH
Este trabalho apresenta um recorte dos resultados de uma pesquisa
de mestrado, que desenvolveu um estudo do percurso vivido
por professoras migrantes que atuam em escolas públicas no
município de Campo Verde, interior do estado de Mato Grosso. Na
investigação foram entrevistadas 20 professoras efetivas que atuam na
Educação Básica e que migraram para esse município a partir
da década de 1970.Como estratégia metodológica adotou-se a
História Oral, que permitiu a obtenção de fontes para uma leitura do
passado e compreensão de como elas experimentaram e interpretaram
acontecimentos, situações e modos de vida diante do grupo ou da
sociedade em geral para a qual estavam migrando. Em seus percursos,
essas professoras enfrentaram desafios e transformações sociais,
bem como reconceituaram linguagens e procedimentos frente às
exigências do novo lugar. Nesse espaço geográfico e de sociabilidade,
também considerado fronteira humana, são reproduzidas formas de
convivências pacíficas e solidárias, mas ainda são lugares segregadores,
onde estereótipos, preconceitos e discriminação permeiam as relações
de tal forma que a cidade se encontra dividida em três “ilhas”,
cada uma representando uma determinada classe social. A partir da
reflexão acerca da forma de organização dessa cidade e das relações
de poder existentes, busco resposta para as questões étnico-raciais
que permeiam as relações sociais e educativas da cidade, muitas vezes
conflituosas no cotidiano de alunos, pais e professores. Para melhor
compreensão de como se dá a convivência das professoras migrantes
nessa nova sociedade, propomos nesta investigação uma reflexão sobre
como foram construídos conceitos e opiniões, bem como preservados
seus valores, apesar das diferenças e contradições inerentes ao encontro
com o outro, nesse caso, o diferente. As reflexões a respeito do processo
migratório das professoras de Campo Verde levam-nos a revisitar os
488
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
estudos realizados por Nóvoa (1991) sobre a vida dos professores.
Em sua obra, ele registra que, a partir da publicação do livro de Ada
Abraham, em 1984, intitulado “O Professor é uma Pessoa”, a literatura
pedagógica foi invadida por inúmeras obras e estudos que tratam da
vida dos professores, carreira e percursos profissionais, de biografias e
autobiografias docentes ou do desenvolvimento pessoal dos professores,
que recolocaram os professores no centro dos debates educativos e
das problemáticas da investigação. Outra questão que norteia esta
pesquisa é a identificação dos motivos que levaram essas mulheres
migrantes a optar pela carreira do magistério. E é baseando-me na
memória educativa dessas migrantes que pretendo contribuir para
análise de um material riquíssimo na tentativa de subsidiar reflexões
a respeito da vida e identidade dessas professoras.
Histórias de vida-formação: interfaces com a
história da educação na Bahia
Joselito Brito de Almeida
[email protected]
As histórias de vida e da profissão docente são contributos importantes
para uma maior compreensão do processo educativo e da história da
educação. As histórias narradas pelos educadores partilham as experiências
vivenciadas nos lugares educativos, de inserção social e de formação
profissional e possibilitam olhares diferenciados sobre as instituições
escolares, seus disciplinamentos, seus códigos e os sujeitos que vivem,
quotidianamente, as problemáticas da educação. As trajetórias sociais,
os percursos formativos, as opções políticas, religiosas, culturais e
educativas dos educadores tornam-se centrais para a investigação em
educação na medida em que facultam novas compreensões, entendimentos,
interpretações, definições e novos objetos de análise para o estudo da
história da educação. Assim, as histórias de vida e da profissão docente
podem cumprir papel fundamental para o preenchimento das lacunas
ainda existentes na historiografia da educação e, dessa forma, contribuir,
significativamente, para o campo de formação de professores, do currículo,
489
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
da gestão e da história, dentre outros. O grande desafio para escrever e
reescrever a história da educação em outras bases, tomando as experiências
educativas e profissionais dos sujeitos, reside e se circunscreve na tarefa
de interpretar as histórias, singulares e plurais, coletadas por meio
de entrevistas narrativas (auto)biográficas dos educadores. A proposta
deste trabalho se insere nas pesquisas que consideram as histórias de vida
como alicerces para a reflexão das problemáticas educativas, de formação
e atuação profissionais e, assim, assume o compromisso de reconstrução
da história educacional da Bahia, centrando seu foco de investigação nas
histórias de vida, nas trajetórias de formação e de atuação de docentes.
Dessa forma, elege a abordagem (auto)biográfica e a entrevista narrativa
como referências para o resgate das memórias, das histórias de vida e
da profissão docente, das trajetórias e dos percursos, individuais e/
ou coletivos, de formação, atuação e vivências profissionais como um
movimento sinérgico. Para a realização dessa tessitura historiográfica
põem em destaque as histórias de vida de uma professora baiana que se
materializaram por meio de entrevista narrativa. Neste trabalho, partimos
da compreensão de que as histórias de vida e da profissão, as trajetórias
de formação e de trabalho docente são importantes fontes de informação
para a composição e (re)construção da história da educação.
Histórias de vida e profissão docente: quando
engenheiros tornam-se professores
Francisco das Chagas Silva Souza - PPGEP
[email protected]
Albino Oliveira Nunes
Professor do IFRN
[email protected]
Um século depois de terem sido criadas as Escolas de Aprendizes Artífices,
em 1909, o governo brasileiro passou a expandir a Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica como uma política pública de desenvolvimento
social e regional. A ampliação dos Institutos Federais colabora para o debate
sobre a história da profissão docente no Brasil, visto que, concomitante com
490
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
o crescimento da EPT, também se eleva o número de professores que não são
egressos de cursos de licenciaturas, requisito essencial para exercer a docência na
Educação Básica, segundo a Lei nº 9.394/96. Estamos falando dos bacharéis
que abraçaram a docência, muitas vezes, dividindo-a com a profissão a qual
se formaram nas universidades. De acordo com a literatura que trata desse
tema, esses bacharéis professores têm as suas práticas alicerçadas nos saberes
que adquiriram ao longo de suas histórias de vida e nos que adquiriram nos
cursos universitários. Essa comunicação tem o objetivo de discutir como
engenheiros tornam-se professores a partir das narrativas desses profissionais
docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN), Campus Mossoró. Trata-se de uma pesquisa
financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte
(FAPERN), cujo objetivo é discutir como engenheiros professores do IFRN/
Mossoró se posicionam com relação à profissão docente, ao ingresso e à
permanência no magistério, aos saberes necessários à sua prática pedagógica.
Pretendemos discutir de que maneira as histórias de vida desses sujeitos
oferecem os elementos necessários para o exercício da profissão e às suas
concepções em relação ao ser professor. A pesquisa tem uma abordagem
qualitativa e, quanto aos seus objetivos, pode ser classificada como explicativa.
A metodologia constou de entrevistas orais nas quais foram formuladas aos
entrevistados indagações como: as razões que os tornaram engenheiro e,
depois, professores; a relação entre suas experiências de vida e o exercício da
docência, a permanência na nova profissão, os desafios que enfrentaram e
ainda enfrentam no exercício dessa profissão. As entrevistas foram gravadas e
depois transcritas para a análise do conteúdo. A pesquisa está em andamento,
mas os primeiros resultados obtidos demonstram que a docência é vista pelos
entrevistados como um traço característico dos seus percursos existenciais.
Muitos consideram a prática pedagógica como um dom que possuem, quase
algo inato. Do ponto de vista da identidade profissional, geralmente se vêem
duplamente como engenheiros e professores. Ressaltam que as experiências
adquiridas nas empresas são imprescindíveis para o seu fazer pedagógico
diário. Portanto, os discursos demonstram que a escolha da docência não
ocorre apenas em nível do sujeito, mas também como resultado de um
processo histórico que constrói a profissão professor e as imagens que a
sociedade atribui a esta.
491
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Igreja católica e formação de professores em
São Paulo a Escola Normal Livre Sagrado
Coração de Jesus (1943)
Leila Maria Inoue
[email protected]
Este texto pretende discutir sobre a história da formação docente
no estado de São Paulo, na primeira metade do século XX, mais
especificamente sobre a expansão do ensino normal na região oeste
paulista (1927-1946). O objeto de estudo deste texto é a Escola Normal
Livre Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Marília, que foi criada em
1943. Este estudo tem a finalidade de estudar a contribuição dessa
escola para a formação docente na região e tem como objetivos estudar
e compreender como foi o processo de criação e implantação das escolas
normais e ampliar os conhecimentos sobre a história da formação
docente no estado de São Paulo. As fontes deste estudo são documentos,
regulamentos, programas de ensino, atas, ficha de matrículas, relatórios,
cadernos de anotações e outros materiais do arquivo permanente da
escola. Este estudo também faz parte dos questionamentos que norteiam
a pesquisa de Doutorado em Educação, no Programa de Pós-Graduação
da Universidade Estadual Paulista-Marília. A Reforma de 1927,
implantada pelo Diretor Geral da Instrução Pública Paulista Amadeu
Mendes, equiparou as escolas normais livres (municipais e particulares),
que se fundassem no Estado, às escolas oficiais. Essa medida expandiu
as escolas normais para o interior e litoral do Estado com a finalidade
de formar professores para atender as localidades mais distantes e a
zona rural levando a escola a um maior número de crianças. As escolas
normais particulares e municipais eram denominadas de “livres”, mas
apesar da denominação eram submetidas à fiscalização do governo
pó meio dos inspetores de ensino. É possível observar pelo estudo de
Leonor Tanuri (1979) (sobre o ensino normal paulista na primeira
República) que as escolas normais foram implantadas tardiamente
na região oeste paulista. Então, foi a partir dessas observações que a
pesquisa se desenvolve. Observa-se por meio da Poliantéia Comemorativa
492
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
do Centenário do Ensino Normal em São Paulo (1946) que, a partir da
Reforma de 1927, algumas escolas normais livres e oficiais foram criadas
e implantadas na região como a Escola Normal Livre Sagrado Coração
de Jesus. O desenvolvimento desta pesquisa será realizado sob as
perspectivas da História Cultural com base nos estudos de Carvalho,
De Certeau e Chartier. A análise dos documentos normativos contribui
para o resgate de elementos da História da Educação Brasileira, visto
que revelam as transformações políticas e culturais emergentes em
determinados momentos e locais e as tendências pedagógicas propostas
para a formação de professores. Portanto, os acervos das escolas normais
são de natureza ímpar e reveladores de aspectos talvez ignorados pela
história. Diante deste estudo, ressalto a importância das escolas normais
livres no processo de expansão do ensino normal na região oeste paulista
e também, influência da Igreja Católica como uma das instituição que
contribuiu para a expansão.
Inscritas em linho branco: os concursos
públicos para candidatas as vagas das escolas
mistas e femininas de São Paulo (1893 – 1897)
Rosiley A. Teixeira
Universidade Nove de Julho – SP
[email protected]
Nos concursos públicos para as escolas preliminares mistas
ou femininas em São Paulo no início da República eram exigidas
diversas provas dentre elas encontravam-se as de prendas domésticas.
Nessas provas as candidatadas deveriam demonstrar suas habilidades
com as agulhas em bordados, no linho branco, de ponto ajour e
caseados. Com a análise dessas provas pretende-se discutir o lugar das
prendas domésticas na escolarização das meninas e na composição
de um grupo profissional feminino no magistério público paulista.
Desse modo essa comunicação terá como objeto de estudo alguns
concursos públicos realizados entre 1893 a 1897 em que é possível
encontrar uma série de provas realizadas, tanto por homens, quanto
493
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
por mulheres. Os processos com as atas e toda documentação
apresentada pelos candidatos as vagas eram enviados ao Conselho
Superior da Instrução Pública para nomeação dos aprovados. Esses
processos, pelos documentos que os compõe, permitem uma série
de incursões que possibilitam não só saber o número de mulheres
que concorriam às vagas oferecidas, mas também traçar o perfil das
candidatas às escolas preliminares. Dos 33 processos encontrados, no
ano de 1983, haviam 16 mulheres inscritas com idade média entre
23 e 27 anos.. Em sua maioria concorriam às vagas nas cidades onde
residiam. Em 1895 foi possível encontrar 26 processos de concurso
para escolas preliminares encaminhados ao Conselho Superior para
a devida nomeação dos (as) normalistas. Dos 26 candidatos inscritos
e nomeados, 11 eram mulheres. Em 1895 os inscritos quase que em
sua totalidade eram formados no período republicano e com a maior
parte dos diplomas assinados pelo diretor da Escola Normal paulista
Gabriel Prestes. Já em 1896 dos 17 nomeados, dez eram mulheres.
Destaca-se que embora o governo republicano não tenha rompido
de imediato com os antigos professores demitindo-os, começou,
por meio dos concursos a receber um conjunto de profissionais
composto já em grande parte por mulheres, formadas segundo as
bases do novo regime. Considera-se que para os concursos públicos
das escolas preliminares tanto a exigência de formação na Escola
Normal, quanto os saberes necessários ao exercício da profissão eram
definidores desse novo profissional- feminino. Outros elementos
definidores do magistério público primário feminino eram os
documentos exigidos para inscrição das mulheres nesses concursos,
bem as como a comissão julgadora que ao definir o professor (a) a
se nomear, falava do conhecimento que seus membros possuíam e
do lugar político e social que ocupavam. Pois, nos primeiros anos
da república, a comissão poderia ser formada por coronéis, padres,
intendentes, professores (as) e inspetores escolar dentre outros.
494
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Mais escolas, mais professores:
história da constituição do corpo docente de
ensino secundário no Piauí (1950 – 1970)
Antonio de Pádua Carvalho Lopes
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
O presente trabalho buscou analisar o modo como foi se constituindo
o corpo docente de ensino secundário no Piauí, considerando as
transformações ocorridas nesse processo com a implantação na década
de 1950 da Faculdade Católica de Filosofia e na década de 1970 com a
Universidade Federal do Piauí. Os estudos sobre essa temática no Piauí
encontram-se ainda em fase inicial, destacando-se o trabalho de Sousa,
Bomfim, Pereira (2002) e Lopes (2012). Uma das conseqüências da
expansão do ensino secundário ocorrida nessas décadas no Piauí foi o
aprofundamento da necessidade de formação de professores para esse
nível de ensino, que vinha sendo resolvida, até início da década de
1960, especialmente, pelos Cursos de Aperfeiçoamento do Ensino
Secundário – CADES. Castelo Branco (1981) relembra o modo como
de alguns de seus professores realizava sua preparação pedagógica,
superando “suas deficiências de mestres improvisados, estudando,
eles próprios, para nos transmitirem um pouco de conhecimento”(p.
81). Nesse texto objetiva-se analisar as articulações existentes entre a
ampliação da rede escolar, a constituição do corpo docente e os processos
formativos acionados pelos docentes para o exercício profissional.
A pesquisa utilizou como fontes mensagens governamentais, leis
orçamentárias, jornais oficiais e diários, livros de memórias e de história
de cidades, dentre outras. Do entrecruzamento dessas fontes procurouse compreender o modo como foi se estabelecendo a composição
do corpo docente de ensino secundário entre a escola, os cursos de
formação e registros profissionais. Trabalhando, especialmente, com os
conceitos de experiência e cultura de Edward P. Thompson, buscouse compreender a dinâmica que envolve a ação dos professores no
processo de constituição dessa categoria profissional docente. Abreu
495
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
(1960) destaca que um dos efeitos da expansão da escola secundária foi
a organização do que ele denomina “magistério de emergência”. Esse
seria, segundo Abreu (1960) formado por profissionais “[...] aliciado
nas sobras, lazeres e desemprego de outras profissões, ou entre outros
candidatos sem profissão nenhuma”(p. 93). No período aqui analisado,
a política de expansão do ensino secundário engendrava a necessidade
de docentes para as escolas que se abriam em diversos pontos do país.
No Piauí a criação de escola para formação do professor de ensino
secundário materializou-se com a criação da Faculdade Católica de
Filosofia. O período aqui analisado demarca o momento em que
transformações na organização do sistema escolar piauiense
articulam-se com a alteração na composição do corpo docente do ensino
secundário e no exercício da docência nesse nível de escolaridade.
Manuais didáticos formando professores
de história
Antonio Simplicio de Almeida Neto
[email protected]
O livro didático, esse “... produto cultural complexo... [que] se
situa no cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial
e da sociedade”, vem se constituindo e consolidando nas últimas
décadas como objeto de pesquisa privilegiado para temas referentes
à Educação. Este trabalho refere-se a projeto de pesquisa em
andamento (CNPq nº 401652/2011-4) que propõe investigar
aspecto pouco discutido nesse campo que é o da importância desse
material didático na formação de professores de História, tanto
em relação aos conteúdos como às questões didático-pedagógicas,
para além, portanto, de seu papel precípuo de formação de alunos.
Embora haja referências de que desde o século XIX e ao longo do
XX, existisse a perspectiva de se estar formando o professor através
do livro didático, como sugerem alguns pesquisadores, entendemos
que a partir dos anos 1960 com os governos militares, essa tendência
se amplia, devido a fatores como diminuição salarial, ampliação
496
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
da jornada de trabalho, precarização da formação dos professores,
professores graduandos, etc. Assim, em maior ou menor grau, o
livro didático passou a exercer crescente função formativa junto
aos professores em pleno exercício de suas atividades profissionais.
No encaminhamento proposto, a pesquisa vem ocorrendo junto a
dois grupos de professores que atuaram em períodos distintos nas
escolas da rede pública estadual da região metropolitana da cidade
de São Paulo no Ensino Fundamental II e Médio, lecionando nas
décadas de 1970 e 1990 e que, em nosso entendimento, possibilitará
a compreensão e análise da formação e transformação dos saberes
profissionais docentes relacionados ao livro didático, caracterizando
uma perspectiva histórica da temática em dois períodos que
se configuram como momentos singulares para a pesquisa, pois
apresentam características bastante definidas, em consequência
das profundas transformações políticas, econômicas e sociais
que assinalaram diferenças acentuadas na atuação do Estado e,
consequentemente, nas políticas públicas para a educação e o livro
didático. Com esse propósito procuramos analisar as representações
de professores, autores e editores acerca do papel formativo dos
livros didáticos para os docentes e a atuação do Estado através das
políticas públicas. Serão utilizados, além da análise de documentação
oficial e livros didáticos do período, através de seus protocolos de
leitura, relatos orais – entendidos como representações, referenciado
na teoria geral das representações discutida por Henri Lefebvre –
dos diferentes sujeitos envolvidos.
497
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Movimento escolanovista e formação de
professores no Espírito Santo: Attílio Vivacqua,
Deodato de Moraes e Adolphe Ferrière
Regina Helena Silva Simões
[email protected]
Rosianny Campos Berto
[email protected]
Universidade Federal do Espírito Santo
Investiga o movimento escolanovista no Espírito Santo, entre 1928 e 1930,
quando Attílio Vivacqua assumiu a Secretaria da Instrução. Toma como
fonte principal o número 67 do periódico Pour L’Ére Nouvelle, publicado
em 1931, com o objetivo de acompanhar o “encontro” produzido entre
dois textos publicados nesse impresso: o artigo de Deodato Moraes sobre a
reforma da instrução pública no Espírito Santo e o artigo de Adolphe Ferrière
que destaca a experiência capixaba. Busca compreender iniciativas de cunho
escolanovista desenvolvidas na tensão entre ideais de modernização da escola
que circulavam internacionalmente e condições locais que circundaram as
experiências capixabas. Dentre outras fontes, os textos são analisados no
entrecruzamento com uma entrevista de Attilio Vivacqua veiculada no jornal
governista Diário da Manhã e, posteriormente, publicada sob a forma de
brochura, e com a Mensagem de Governo de 1929. Ferrière elogia a reforma
promovida por Fernando de Azevedo, que havia se espalhado por outras
localidades além do Distrito Federal brasileiro, entre as quais estava o Espírito
Santo, onde Moraes dirigia uma Escola Normal que ele situava entre as mais
bem concebidas da sua época: “[...] parmi les mieux conçues qui existent”
(FERRIÈRE, 1931, p. 88). O autor comenta a Reforma capixaba com base
na descrição de Moraes publicada na Revista Brasileira de Educação em
1929. Na leitura dos documentos e do hors-texte, já que os textos têm fendas
(GINZBURG, 2002), pode-se perceber tensões em torno da importação
e da difusão de “modelos” escolares, da necessidade de “adaptação” local
de ideais escolanovistas, do sentimento nacional(ista) em torno do qual se
buscavam adesões ao projeto educacional renovador como alavanca para
498
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
o progresso nacional e, especialmente, do papel atribuído aos professores
como mensageiros do “novo”. Assim, a reforma educacional proposta para o
Espírito Santo pode ser entendida na mistura de sentimentos de brasilidade,
de ardores cívicos que facilitavam adesões de segmentos sociais mais amplos,
e de postulados de ordem “científica” que atravessavam as experiências locais.
Nota-se, porém, que os textos de Ferrière e de Moraes afirmam como ponto
comum o recurso à formação científica de professores capazes de traduzir,
em suas lições, uma escola nova. Em outras palavras, reformas pensadas a
partir de lideranças com Fernando Azevedo, a quem Ferrière atribuía a força
hercúlea capaz de derrotar “a hidra de cem cabeças” do “atraso” educacional
no Brasil, ou de Attílio Vivacqua, a quem se atribuía papel semelhante na
cena capixaba, fazem emergir, na outra ponta, legiões de professores/as
anônimos trabalhando em condições extremamente desfavoráveis em
escolas brasileiras. Habitantes das fendas desses textos, esses/as professores/as
sem nome, sem os quais nada acontece nas escolas, provocam o contrapelo
da história e, nesse movimento, encontramos os nossos mestres.
Muitos fios e poucas opções: a profissão
docente em Araguari no Estado Novo
Gilma Maria Rios
UNIPAC/Araguari- MG e CESUC/Catalão – Go
[email protected]
O presente trabalho é resultado de uma investigação realizada pelo grupo
de pesquisa da Faculdade Presidente Antônio Carlos/UNIPAC-MG e Centro
de Ensino Superior de Catalão/CESUC- GO sobre a profissão e formação
docente nas series iniciais do ensino fundamental em Araguari, cidade do
interior mineiro, no período de 1930 a 1945. Resolvemos averiguar como
era a profissão docente na cidade araguarina, durante o período do estado
novo, que evidenciou um olhar sobre alguns elementos históricos acerca da
profissão docente, bem como questões pertinentes ao fazer pedagógico. Vale
lembrar que este panorama histórico da profissão docente está intimamente
relacionado com a história da educação, fato que também norteará nossa
investigação, a qual se torna significativa por acreditarmos na importância
499
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
de amoldar-se e abranger algumas funções que a escola desempenha na
sociedade, numa espécie de reconstrução histórica do movimento dos
professores. A relevância desta pesquisa se dá, tendo em vista o pouco estudo
que é desenvolvido pela maioria dos pesquisadores e estudantes do local em
indagar e procurar respostas sobre as tendências educacionais praticadas
no município ainda nos dias de hoje, como: processos invisíveis de
constituição profissional, representação social de poucos competentes para
o exercício da profissão e o sacerdócio educacional. Não se pode esquecer
que em Minas, durante a Era Vargas, o professor vivencia uma situação
aparentemente contraditória, de desvalorização profissional e aparente
valorização social. Trata-se de um processo gradativo, que tem seu ponto alto
no Estado Novo. A compreensão deste duplo paradoxo obriga a um duplo
entendimento. Por um lado o Estado exerce um controle autoritário dos
professores, inviabilizando qualquer vontade de autonomia profissional.
Por outro lado, o investimento missionário (e ideológico) obriga o
Estado a criar as condições de dignidade social que salvaguardem
a imagem e o prestígio dos professores, nomeadamente junto das
populações. Partindo dessa posição foi possível interpretar o contexto histórico
de educadores em uma época distante, mas que ainda tem seus afazeres
entremeados no espaço educacional vigente em busca de uma prática
pedagógica comprometida com o processo de aquisição do saber. Assim,
nosso objetivo aqui é focalizar as normas para os seguidores do oficio
docente e analisar suas influencias na profissão docente durante o estado
novo. Para viabilizar a pesquisa, elegemos como fonte de dados a coleção das
Leis e Decretos do Estado de Minas Gerais, as Leis Municipais e os artigos
do jornal local, Gazeta do Triangulo, que circularam/ foram seguidos no
período estadonovista, ferramentas fundamentais no desenvolvimento da
pesquisa diante das muitas dificuldades encontradas pelo caminho. Diante
deste estudo se pode observar que a profissão docente em Araguari, seguiu
alguns modelos usados em outros lugares, como, São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte. Porém, pelos documentos examinados, vimos que a direção
da educacional local, não vislumbrou a aprendizagem de ser professor como
um processo de longa duração, mas que a profissão docente se encerrava com
o término do normal, quando o professor tinha a obrigação de estar “pronto
e acabado” moral e intelectualmente para exercer o oficio de docente.
500
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Mulheres negras no magistério da Bahia do
século XIX - as aspirantes ao Internato Normal
Ione Celeste Jesus de Sousa
[email protected]
Esta proposta de comunicação individual enfoca a interface entre
relações raciais e formação docente ao tratar de pedidos de exame de
admissão para ingresso no Internato Normal de Senhoras, na província
da Bahia, por moças negras - na expressão da época, “de côr”, entre 1870
e 1890. A problematização é que a busca pela inserção no magistério por
mulheres negras começou a ocorrer já na segunda metade do século XIX,
enquanto tática de profissionalização, segurança e busca de prestígio social.
Portanto, que a feminização do magistério também ocorreu com uma
presença de mulheres negras num período bem anterior a Abolição
e a República, marcos tradicionais nos estudos sobre este processo. A
fonte base são os pedidos de admissão ao Internato Normal de Senhoras.
São processos constituídos por diversos documentos probatórios da
identidade da aspirante, e que demarcam uma profunda importância dos
valores então associados ao bom exercício do Magistério, a idoneidade
moral e religiosa, indissociáveis naquele momento, e que a historiografia
já problematiza como mais importantes que o próprio saber docente. Dos
documentos que os compõem, estão os atestados de freqüência à aula
pública ou a Colégio Particular; o atestado de procedimento religioso
junto ao pároco da freguesia onde residia que indica o procedimento
religioso quanto à freqüência as missas e demais rituais religiosos; o
atestado de procedimento moral, que poderia ser escrito por um vizinho
ou pelo mesmo pároco; e o atestado de assentamento de batismo. Destes,
o Assentamento de Batismo é o primordial nesta problematização, pois
nele esta registrada a categoria cromático-racial da aspirante, conforme as
categorias da época: preta, parda, mulata, creoula, branca, assim como a
categoria de legitima ou ilegítima, muitas vezes registrada como “natural”.
Contudo, em alguns assentamentos a discussão é indiciária, com base nas
relações sociais de parentesco e de alianças sócio-parentais em que estas
moças estavam inseridas, pois, o registro se a mãe quanto às referidas
501
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
categorias de “côr”– parda, preta, creoula; quanto às categorias jurídicas,
se forra ou escrava; ou ainda origem/naturalidade, quando aparece os
termos designativos “africana” ou “creoula”, que designava tanto a
questão cromática da pele, e seus demais atributos fenotípico, como a
nacionalidade - ser filha de africanos. A categorização social das moças
aparece também nas relações com o requerente, geralmente um homem
que a apresenta como sua “protegida” ou “afilhada”, possibilitando a
discussão sobre serem filhas naturais deste não reconhecidas. Uma segunda
questão que problematizo é a evidência da existência de famílias negras,
na época, de pessoas de côr, que atuavam no magistério e que buscaram
por várias táticas, como os pedidos e as alianças pessoais, encaminhar as
filhas nesta profissão então já concebida como uma atividade feminina
de prestígio e segura.
O Conservatório Nacional de Canto
Orfeônico como instituição modelo e a
experiência no Paraná
Wilson Lemos Junior (IFC / PUC-PR)
[email protected]
Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR)
[email protected]
O ensino de música e canto orfeônico prosperou durante o
projeto nacional de educação proposto pelo governo de Getúlio
Vargas nas décadas de 1930 e 1940. Isso se deve ao apoio de
educadores como Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, assim
como ao apoio incondicional do maestro e compositor Heitor
Villa-Lobos. O maestro organizou a situação do ensino de música
no Brasil propondo decretos de ensino traduzidos nas reformas de
Francisco Campos em 1931 e de Gustavo Capanema em 1942.
Nessas décadas, o ensino de música tornou-se obrigatório não só
nas escolas primárias, como nas secundárias, especificamente nos
cursos ginasial e na escola normal. A parceria entre o governo
502
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
getulista com a proposta educacional de Villa-Lobos acarretou
grandes concentrações cívicas nas quais as crianças e até mesmo
trabalhadores reuniam-se em locais públicos para cantarem
hinos e canções de exaltação cívica e patriótica. No ano de 1942,
Heitor Villa-Lobos inaugura o Conservatório Nacional de Canto
Orfeônico no Rio de Janeiro, demonstrando sua preocupação com
uma questão considerada por ele frágil em relação ao ensino de
música no Brasil, no caso, a carência de professores qualificados
para atuar nessa modalidade de ensino nas mais variadas regiões
do país. A ideia do maestro era a de criar uma instituição modelo
para ser seguida pelos estados brasileiros. No Paraná foi apenas
no ano de 1956 que foi instituído o Conservatório Estadual
de Canto Orfeônico do Paraná em Curitiba, estando de
acordo com as diretrizes propostas por Heitor Villa-Lobos para
o Conservatório Nacional. É certo que o Conservatório Estadual
de Canto Orfeônico foi originado do Conservatório de Música
do Paraná que se encontrava em funcionamento desde o ano de
1913 na capital paranaense. Esse estudo mostra uma análise das
diretrizes propostas para o Conservatório Nacional por meio do
decreto-lei n. 9.494 de 22 de julho de 1946, fazendo um paralelo
com o conservatório homônimo em âmbito regional. Adotando o
método histórico dialético em especial de Gramsci, são utilizados
os currículos das instituições em busca de analisar o conteúdo
privilegiado na formação de professores de música. Mesmo que
as instituições tenham sido criadas em momentos históricos e
políticos distintos, já que o Conservatório Nacional foi criado no
período do Estado Novo, enquanto que o Conservatório Estadual
foi criado no período de democratização da política brasileira,
as duas se encontravam em harmonia sob a perspectiva do canto
orfeônico defendido por Heitor Villa-Lobos e propagado durante
o governo getulista.
503
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Narrativas e representações de um percurso
docente e de um ideário educativo
estrangeiro nas cartas de uma educadora
Silmara de Fatima Cardoso
[email protected]
Ignácia Guimarães, educadora brasileira, que trabalhou
juntamente com Anísio Teixeira quando este era Diretor da Instrução
Pública no antigo Distrito Federal (1931-1935), partiu a países
europeus nas décadas de 20 e 30 para se especializar e estudar um
modelo de educação considerado inovador. Essa educadora partiu
com a intenção de observar, analisar, divulgar, comparar, propor e
prescrever. Não apenas leu ou ouviu, mas teve o privilégio de ver
o “real”. Atuando como mediadora e protagonista na formação do
campo educacional, ela pode ocupar importantes cargos públicos
– atuou como professora primária, diretora, gestora de vários
cursos para formação de professores, coordenadora, escreveu vários
artigos nas páginas das revistas sobre educação, todos esses espaços
privilegiados de opinião e para a elaboração de projetos visando à
renovação cultural e educacional do seu país. Durante sua viagem
à Europa Ignácia Guimarães trocou correspondências com o amigo
Anísio Teixeira, somando-se doze cartas, de 37 folhas no total, do
período de 1929 a 1933. Entre os assuntos que se destacam estão os
relatos acerca da viagem de Ignácia Guimarães à Europa, condições
da educação e das escolas alemãs, a sua atuação enquanto educadora,
o seu percurso docente, questões de sua vida pessoal e a atuação de
Anísio Teixeira enquanto administrador do Ensino Público na antiga
Capital Federal, Rio de Janeiro. Essa documentação está localizada
no arquivo pessoal de Anísio Teixeira sob a guarda do CPDOC –
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da
Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. A leitura e reflexão dessa
documentação suscitam alguns questionamentos que nortearão
este texto: O que essa correspondência pessoal pode revelar sobre a
educadora Ignácia Guimarães, bem como o seu percurso docente, a
504
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
sua atuação e protagonismo na História da Profissão Docente? Com
que objetivos e motivações a remetente escreveu ao amigo Anísio
Teixeira? Que imagem de educação se projeta na correspondência?
Apesar de terem sido produzidas na esfera da intimidade e sem
intenção de publicação, as cartas enviadas a Anísio Teixeira esboçam
um desejo de comunicação. Ignácia Guimarães escreveu a respeito
de coisas sobre as quais gostariam de falar, de refletir, questionar,
primeiramente para “si” e depois para o “outro”. É necessário analisar
as narrativas dessa correspondência levando em consideração que
foram produzidas por um sujeito histórico – cuja formação, intenção,
visão de mundo e objetivo podem influir decisivamente na tecitura
dos seus textos. Essa correspondência se mostra uma preciosa fonte
de estudo, pois traz descrito - mesmo que seja do ponto de vista
da remetente Ignácia Guimarães a representação de sua atuação no
campo educacional e de determinado modelo de educação valorizado
naquele momento e que estava a se impor, circulando em esfera
nacional e internacional.
O curso de férias para professoras leigas em
Mato Grosso na década de 1960
Rômulo Pinheiro de Amorim
Universidade Federal de Mato Grosso
[email protected]
Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de criação
do curso de férias em Mato Grosso e a sua articulação com os
planejamentos educacionais elaborados pelo Governo Federal
na década de 1960, bem como estabelecer conexões entre as
mudanças no contexto brasileiro decorrentes desses planejamentos
e as transformações no cenário educacional mato- grossense frente
às novas diretrizes para o desenvolvimento do ensino primário
brasileiro. Nesse sentido, este estudo recorre à concepção de
profissionalização docente elaborado por Antônio Nóvoa (1995),
que compreende esse processo por meio das relações provenientes
505
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
entre os professores e o Estado. Para realização das modificações
na formação docente foram criados em várias partes do Brasil os
Centros de Treinamentos do Magistério. Deste modo, foi criado
o Centro de Treinamento do Magistério de Cuiabá, em 1963,
que tinha a finalidade de atender a demanda por especialização
e “recuperação” – que hoje receberiam o nome de “formação
continuada”. Para a realização desta pesquisa foram consultadas as
produções em história da educação relativa ao tema, assim como
documentos (relatórios, mensagens governamentais, depoimentos
orais, jornais) da Secretaria de Educação de Mato Grosso, do
Arquivo Público do Estado de Mato Grosso, do arquivo do
Núcleo de Documentação e Informação de História Regional –
NDIHR, do banco de dados do Grupo de Pesquisa em História
da Educação e Memória – GEM/IE/UFMT e depoimentos de
professoras primárias que atuaram na década de 1960. No ano de
1963, Hermes Rodrigues de Alcântara, Secretário de Educação,
Cultura e Saúde de Mato Grosso, em exercício no corrente ano,
expressava por meio de um relatório os problemas educacionais
que a secretaria de educação necessitava enfrentar. No estado
havia atuando no ensino primário mato-grossense, mais de 60%
de professores leigos, sem a formação necessária para exercerem o
magistério. Por esse motivo, o Secretário de Educação estabeleceu
uma comissão especial, visando evitar que os professores nãodiplomados praticassem o exercício da profissão lecionando
nas escolas mato-grossenses e implantou o curso de férias, a fim
de que esses profissionais tivessem uma formação adequada para o
exercício da docência. A partir da analise do contexto educacional
brasileiro, bem como as suas ligações com o contexto educacional
de Mato Grosso durante a década de 1960 e a articulação feita
com os depoimentos de professoras primárias que atuaram nesse
período, pode-se perceber que ocorreram alterações na formação
docente do estado no que se refere ao processo de “recuperação” dos
professores leigos, com a criação do curso de férias, que propiciou
uma nova organização da carreira docente e a aquisição de novos
conhecimentos pedagógicos.
506
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
O curso de pedagogia da UFPR:
um pouco de sua história mediante a
presença de seus paraninfos nas cerimônias
de colação de grau nas últimas três décadas
Leziany Silveira Daniel
Universidade Federal do Paraná
[email protected]
A atual pesquisa integra o projeto “100 anos da UFPR: dimensões
de História da Educação”, cujo objetivo foi analisar as múltiplas
dimensões da história da UFPR, com base em referenciais teóricometodológicos da História da educação. Os objetivos desta proposta
foram: identificar e analisar as concepções e projetos em torno da
educação e formação de professores pensados nos últimos 30 anos,
a partir dos discursos proferidos pelos Paraninfos nas formaturas
de Pedagogia da UFPR; refletir sobre as concepções de educação,
de formação de professores e pedagogos presentes nos discursos;
discutir as configurações do curso de Pedagogia da UFPR; abordar as
configurações do curso de pedagogia da UFPR, desde a década de 1980,
cotejando com as questões colocadas nos discursos analisados. Foi
adotada a seguinte metodologia: identificação dos Paraninfos através
de análise das atas de formatura correspondentes ao período de 19802009; localização dos Paraninfos e solicitação de cópia dos discursos;
extração dos discursos, das concepções de pedagogo explicitadas nas
falas de Paraninfos em cada período; analise dos currículos de pedagogia
da UFPR, vigentes no período estudado; reflexão sobre a trajetória dos
cursos de pedagogia no Brasil e na UFPR, com o intuito de identificar
as concepções de pedagogo presentes na história do curso. Neste
momento foi possível aventar alguns resultados: das 71 atas analisadas
(68 válidas), identificamos 41 homenageados e entre estes, 27 nomes
se repetiram, 19 pertenciam ao Departamento de Planejamento e
Administração Escolar (DEPLAE), 4 ao Departamento de Teoria
e Fundamentos da Educação (DTFE) e 16 a departamentos não
identificados. Os professores mais homenageados em 30 anos foram:
507
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Prof.ª Acácia Zeneida Kuenzer – 8 vezes; Prof. Odilon Carlos Nunes –
6 vezes e Prof. Ângelo Ricardo de Souza – 5 vezes, todos pertencentes
ao DEPLAE. Obtivemos alguns discursos e realizamos uma entrevista,
cujas análises mostram pela origem e histórico departamental desses
professores um forte teor político nos discursos. Além disso, chegamos
a outros dados significativos: a maioria dos homenageados atuou
nos últimos anos do curso, com discursos politizados em relação às
questões educacionais e pedagógicas; foram participantes ativos das
reformas curriculares na universidade e em instâncias governamentais.
Embora tenhamos conseguido analisar algumas destas questões com
maior profundidade, entendemos que nossa pesquisa possa suscitar
outros objetos e questões problematizadoras do campo educacional,
não só paranaense, mas brasileiro.
O curso normal regional de Pau dos Ferros
(RN): a inauguração da formação docente no
Alto Oeste Potiguar (1951-1961)
Luciene Chaves de Aquino (UFPB)
[email protected]
Olivia Morais de Medeiros Neta (IFRN)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a instituição e o funcionamento
do Curso Normal Regional de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, de
1951 a 1961. O olhar sobre a década de 1950 justifica-se por ter sido este
o período de instituição e consolidação deste curso que funcionou com a
designação ‘Curso Normal Regional de Pau dos Ferros’ até 1961, quando
teve sua denominação alterada, mediante a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, para
Curso Normal Ginasial. O corpus documental do trabalho foi composto
por decretos-lei, relatórios, atas, mensagens governamentais, inconografia
e testemunhos orais de ex-alunas do Curso Normal Regional de Pau dos
Ferros. Essas fontes históricas foram interpretadas de conformidade com a
508
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
nova história cultural, possibilitando a construção da história da formação
docente em Pau dos Ferros (RN). A modalidade de Curso Normal Regional
foi prescrita pela Lei Orgânica do Ensino Normal, Decreto-Lei n. 8.350
de 1946 que normatizou o ensino normal nacionalmente instituindo três
tipos de estabelecimentos, a saber: o instituto de educação, a escola normal
e os cursos normais regionais. Esta organização dos cursos de formação
docente foi adaptada ao Rio Grande do Norte pelo Decreto-lei estadual
n. 684 de 1947. O Curso Normal Regional de Pau dos Ferros foi criado
pela Lei Estadual n. 204 de 1949 e instalado pela Lei Estadual n. 621, de
6 de dezembro de 1951, compondo a política nacional e do Rio Grande
do Norte da década de 1950 que expressou a expansão do ensino normal,
ou melhor, da formação docente por meio das Escolas Normais
Regionais de Primeiro Ciclo no Estado. Os Cursos Normais
Regionais eram considerados o Primeiro Ciclo do Ensino Normal e
Secundário, com quatro séries anuais, sendo que os três primeiros anos
compreendiam as disciplinas de formação geral e o último era voltado para
a formação docente. Portanto, o Curso Normal Regional correspondia
ao nível ginasial e destinava-se a formação de regentes de ensino primário.
Para o seu ingresso exigia-se o certificado de conclusão do Ensino Primário
e a habilitação no Exame de Admissão das candidatas, como requisito no
ato da matrícula. Após quatro anos de estudo, as concluintes recebiam o
diploma de Regente de Ensino Primário e passavam a exercer o magistério
primário minimizando a atuação de professores leigos nas salas de aula.
Nesse contexto, o Curso Normal Regional de Pau dos Ferros inaugurou a
formação docente no Alto Oeste Potiguar, contribuindo para a disseminação
da cultura pedagógica e as inovações técnicas e científicas específicas ao ato
educativo e o papel que o professor desempenha no exercício do magistério.
Assim, a relevância educacional do Curso Normal Regional de Pau dos
Ferros assentava-se por ser esta a única instituição formadora de professores
primários da cidade e por congregar estudantes de municípios vizinhos,
o que corroborava para que os professores formados por esta instituição
passassem a atuar não só nas escolas de Pau dos Ferros, mas também em
instituições de ensino de distintas localidades do oeste potiguar, a exemplo
das cidades de São Miguel, Marcelino Vieira, Luiz Gomes, Portalegre,
Martins, Itaú e outras.
509
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
O lugar do feminino no ensino de primeiras
letras no século XVIII e XIX
Vera Maria dos Santos
Universidade Federal de Sergipe – NPGED
[email protected]
Simone Silveira Amorim
Universidade Tiradentes/NPED
[email protected]
O artigo em pauta discute os indícios da atuação das mestras de
ensino no século XVIII até o aparecimento das professoras primárias
no século XIX. Essa discussão se materializa a partir de duas pesquisas
do Doutorado em Educação da Universidade Federal de Sergipe: a
primeira se reporta ao século XVIII e tem como tema, “A mulher de
posses e a instrução de seus órfãos menores na Capitania setecentista
de Sergipe Del Rey”. A segunda tem como tema “A configuração do
trabalho docente e a instrução primária em Sergipe no século XIX
(1827-1880)”. As fontes que darão suporte para a construção desse
intento serão interpretadas, de modo que possamos entender a atuação
desse segmento da sociedade que era juridicamente incapaz e que sob
este estigma, não mostraram a sua face, durante muito tempo.
Além das fontes bibliográficas, utilizaremos as Ordenações Filipinas,
inventários judiciais setecentistas, jornais, correspondências, ofícios e o
livro de regência de licença de professores régios. A partir do método
indiciário de Ginzburg (1986), e de um referencial que alicerça a
análise como Carvalho (1978), Boto (1996), Santos (2012), Amorim
(2012), Fernandes (1994), Adão (1997), o texto se desenvolve. No
século XVIII foi possível encontrar indícios da atuação da mulher como
mestra, através dos poucos registros presentes nas fontes judiciais. Esse
serviço era geralmente oferecido nas casas das próprias mestras. Já no
início do século XIX a situação das mestras não se diferencia muito,
no entanto, na sua segunda metade, os jornais foram utilizados pelas
mestras como ferramenta de legitimação e divulgação de seus serviços.
Nesse sentido, pode-se afirmar que havia uma significativa rede de
510
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
educação doméstica em Sergipe durante aquele século. Os jornais
mostram as representações do que se exigia para ser uma professora de
boa qualidade. Pode-se afirmar que o magistério primário tinha uma
significativa representação feminina tanto nas aulas públicas, particulares
ou em colégios. Apesar da formação e participação das mulheres nesse
campo profissional ter sido polemizada através de discursos ambíguos e
contraditórios ao longo do XIX, com o passar do tempo elas adquiriram
a missão de educar as crianças não somente no interior das casas, mas
também assumindo cadeiras públicas de primeiras letras e em colégios
particulares. Essa discussão desconstrói a ideia posta na historiografia
sergipana e brasileira de que a mulher não tinha acesso à instrução e,
muito menos tinha permissão para exercer o magistério.
Os professores pioneiros do Distrito Federal:
história e memória da profissão docente
Renata Souza Silva
Faculdade Projeção
[email protected]
Eva Waisros Pereira
Universidade de Brasília
[email protected]
O presente texto versa sobre a trajetória profissional dos
professores pioneiros do Distrito Federal e sua elaboração resulta
de pesquisa desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade de Brasília. O recorte histórico do
estudo abrange o período em que esses professores chegaram à
Brasília, entre os anos de 1957 a 1960. O corpus da pesquisa
é constituído por nove entrevistas de professoras primárias
de escolas públicas do Distrito Federal que atuaram diretamente
em sala de aula. Essas entrevistas, obtidas junto ao acervo da
pesquisa “Educação Básica no Distrito Federal – 1956/1964:
Origens de um Projeto Inovador”, revelam as memórias individuais
dos entrevistados que integram o quadro de uma memória coletiva.
511
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
A utilização da história oral permitiu reunir elementos valiosos
para a análise da memória e da história dos professores no período
de fundação da nova capital. A metodologia adotada teve como
fundamento a história nova, cuja perspectiva possibilita construir
culturalmente o objeto, buscando ampliar a concepção de fonte
histórica para além dos documentos escritos. Assim, as narrativas
dos professores, mesmo tendo sido transcritas, conservaram
as características de um documento oral. A análise das entrevistas,
inicialmente isoladas e depois reagrupadas, permitiu inferir
quatro categorias relacionadas ao trabalho docente: (a) organização
do ensino; (b) formação profissional; (c) valorização dos professores
e (d) escola. Assim, o estudo da história profissional das professoras
pioneiras teve como intuito compreender as condições concretas do
trabalho docente da época, situando suas vozes quanto ao sentido
e significado dado ao seu próprio trabalho e ao contexto histórico,
político e econômico em que estavam inseridas. Com base em
referências teóricas mais marcantes no domínio da sociologia
das profissões, as análises realizadas numa perspectiva histórica
evidenciam que as condições do trabalho docente caracterizaramse por traços de proletarização e profissionalidade, representativas
do contraste entre a precarização da atividade docente e o modelo
de sistema educacional inovador proposto para a capital federal.
Analisar a questão da profissionalização docente nos primórdios
de Brasília, considerando conquistas, tensões, contradições e
possíveis retrocessos, conforme se delineia neste estudo, poderá
significar efetiva contribuição à história da profissão docente no
Distrito Federal e, assim, permitir maior compreensão da atual
situação do professorado brasiliense.
512
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Por uma história da profissão docente
vista de baixo: modos de educar, práticas
escolares e cultura escolar no território
Sul Sergipano (1930-1950)
Raylane Andreza Dias Navarro Barreto -UNIT-PPED
[email protected]
Laísa Dias Santos - UNIT -PROBIC
[email protected]
Luzianne dos Santos - UNIT -PROVIC
[email protected]
Rony Rei do Nascimento Silva - UNIT –CNPQ
[email protected]
O presente artigo deriva do Projeto “Memória Oral da Educação
Sergipana” e tem como objeto de analise narrativas de trajetórias de vida
de 17 professores aposentadas com idade entre 75 e 96 anos, residentes
na região sul do estado sergipano. O objetivo foi compreender como se
construíram as práticas escolares e a cultura escola do referido território para
além do que ditou as normas oficiais. Isto porque na ação de compreender os
modos de educar de um determinado tempo e espaço, através da memória
de sujeitos simples, percebemos que essas experiências representam outros
conhecimentos que podem ser diferentes das concepções dadas, das verdades
dogmatizadas e até comuns aos parâmetros vigentes. Assim, com base nos
pressupostos teóricos e metodológicos da história cultual a partir de Chartier
(1994) e baseando-se na metodologia da história oral, segundo Alberti (2011)
buscamos compreender a história da educação sergipana do século XX através
de representações, o que nos fez perceber que as mudanças desenvolvidas
no interior das salas de aula não ocorreram paralelamente às mudanças
ditadas pelas reformas educacionais, prova disso, foi o uso dos castigos
físicos, da palmatória, das salas multisseriadas, do professor como detentor
do saber, pronto para difundir um ensino verbalista, calcado num método de
memorização, enquanto o movimento escolanovista, desencadeado a época
513
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
em que os professores estavam no exercício da profissão docente, primava
por um aluno crítico e reflexivo, capaz de encontrar na educação escolar a
forma de se realizar e de exercer suas vocações. Para além disso, pudemos
averiguar também que existia uma cultura escolar presente em todas as
instituições educativas do território baseada na relação normas a seguir e
sujeitos (professores e alunos) a cumprir. Verificamos ainda que na interseção
entre normas e sujeitos situam-se as práticas escolares, e, no caso dos sujeitos
aqui investigados, foi na especificidade de cada relação que se definiu a forma
pela qual essas normas foram difundidas, absorvidas e exteriorizadas
no comportamento do aluno, a exemplo da maneira de segurar o lápis, da
postura ao se sentar, de falar, os métodos usados para aprender a tabuada, a
ler e a escrever, dentre outros. Assim, chegamos a conclusão que ao centrar
a pesquisa nas trajetórias de vida de professores com vistas ao entendimento
do campo educacional podemos compreender a realidade construída em
diferentes tempos e espaços a partir de seus sujeitos ou atores sociais, pois estes
produzem conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre as estruturas sociais,
educacionais, políticas, econômicas e culturais que os cercam, contribuindo
assim, com uma “história vista de baixo”.
Professores inesquecíveis docência e
prestígio no Instituto de Educação do Rio de
Janeiro dos anos 1950-60
Sonia de Castro Lopes
Faculdade de Educação
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
[email protected]
Esta comunicação decorre de uma pesquisa que tem por objetivo
o estudo do corpo docente do Instituto de Educação do Rio de
Janeiro durante as décadas de 1950 e 1960. Resultados parciais dessa
investigação apontam para a hierarquização do corpo de professores
da referida instituição a partir de critérios que contemplam o nível
de formação dos mesmos, a forma de acesso à carreira, a maior ou
menor circulação em meios acadêmicos e/ou instâncias de poder,
514
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
além do volume e alcance das obras didáticas produzidas. O presente
trabalho focaliza, em especial, as trajetórias dos professores Evanildo
Cavalcanti Bechara (1928) e Vicente Costa Tapajós (1917-1998)
que compuseram o corpo docente do Instituto de Educação em
uma época identificada por muitos e ratificada pelo senso comum
como o período áureo da instituição. Referenciados pelas exalunas como “professores inesquecíveis”, como outros tantos, esses
docentes eram detentores de títulos adquiridos em razão de sua
formação universitária e foram admitidos por concurso alcançando
a posição de catedráticos. Responsáveis por disciplinas de formação
geral (Português e História, respectivamente), publicaram dezenas
de livros didáticos de alcance nacional, além de circularem por
ambientes universitários, meios acadêmicos e ocuparem cargos em
secretarias de educação. O presente estudo adota como abordagem
teórica os estudos biográficos (Levi, 1996; Levillain, 1996; Loriga,
1998), as contribuições de Claude Dubar (2005) sobre identidade
social e as reflexões do sociólogo François Dubet (2006) a respeito
das profissões que se dedicam ao “trabalho sobre o outro”, dentre elas
o magistério, onde se percebe uma participação ativa no processo
de socialização dos indivíduos. Incorpora também o conceito de
detentores de títulos de nobreza cultural formulado por Pierre Bourdieu
(2008). As fontes documentais que fundamentam a pesquisa
encontram-se sob a guarda do Centro de Memória do Instituto
Superior de Educação do Rio de Janeiro (fichas funcionais, conjunto
de livros produzidos pelos referidos docentes) e do Programa de
Estudos e Documentação Educação e Sociedade (Proedes), onde
foram consultados os arquivos da Universidade do Distrito Federal e
da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Além
disso, foram analisados periódicos institucionais como Arquivos do
Instituto de Educação (1956, 1960) e Anuário do Instituto (1968) que
procuram transmitir aos destinatários a impressão de uma escola
modelar, especialmente em razão da excelência de seus professores.
515
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Professora Julia Wanderley,
um mito na feminização do
magistério paranaense (1874 - 1918)
Silvete Aparecida Crippa Araujo – UFPR
[email protected]
Este trabalho de pesquisa inserida na linha temática História
da Profissão Docente, tem como objetivo apresentar a biografia
histórica de Julia Wanderley, refletindo sobre a relação vida e prática
pedagógica desta professora, tida como um mito paranaense, em
relação a memória histórica construída a seu respeito, ou seja, as
representações alicerçadas a mulher, a professora e ao mito
Julia Wanderley. Neste trabalho se pretendeu apresentar a
biografia de Julia Wanderley a partir da pesquisa sobre a mulher, a
professora e o mito constituído a partir da memória forjada que se
consagrou a respeito desta personagem, bem como as representações
e significados que foram se conformando em torno dela. Para isto,
não foi possível estudar Julia Wanderley isolada de seu tempo e
espaço de atuação, portanto, sua história de vida será problematizada
considerando o contexto da época em que viveu esta
protagonista, focando a personagem Julia Wanderley de maneira
dinâmica e simultaneamente relacionando-a a institucionalização
da instrução pública primária e secundária no Paraná ou e mais
especificamente a feminização do magistério. Julia Wanderley atuou
como docente em Curitiba, reconhecida no Paraná como a primeira
mulher a participar presencialmente do curso normal na capital do
Estado. Atuou inicialmente como professora primária passando
a ser também diretora de Grupo Escolar e membro do Conselho
Superior do Ensino primário. O período estudado é o do final do
século XIX e início do XX em Curitiba, ou seja, final do regime
imperial e início da república no Brasil, cenário importante para
compreender a trajetória histórica de Julia Augusta de Souza
Wanderley. Nas primeiras décadas do século XX, uma nova cultura
escolar vai se efetivando, com a presença das massas e das mulheres
516
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
na escola, é neste contexto que se configura a personagem estudada,
inserida numa sociedade que deseja se constituir através do ideal de
progresso e da ordem, com a pretensão de utilizar a escola pública
primária, com o referencial da escola normal na conformação
da professora como agente de modernização. É importante assinalar
que não é pretensão deste trabalho reconstruir o que os silêncios e
as memórias calam, mas procurar compreender os relacionamentos,
as tramas, as continuidades e descontinuidades, os limites que
rompem ou unem as tramas vividas, procurando assim construir
uma unidade aparente de vida.
Queixas de comportamento e desempenho
das professoras da Escola Primária de Minas
Gerais (1889-1907): tensões sociais no
processo de feminização do magistério
Talita Barcelos Silva Lacerda
Universidade Federal de Minas Gerais/FAE/GEPHE
[email protected]
O processo de feminização do magistério tem mobilizado
a pesquisa de diversos historiadores nos últimos anos. Com as
transformações no campo da Historiografia e da História da
Educação, principalmente a partir dos anos 80, novas categorias
de análise, como a de gênero, surgiram e possibilitaram o
aprofundamento desses estudos, que tencionavam entender as
razões do progressivo aumento do número de mulheres na
docência primária. As investigações chamam atenção para a
importância de se compreender transformações históricas que
se deram no ambiente escolar e social, à medida que as mulheres
passavam a ocupar cada vez mais o espaço da sala de aula. Apesar
do aumento paulatino desses estudos, muitas lacunas ainda são
encontradas no que diz respeito às tensões sociais que emergiam
conforme as mulheres saiam do âmbito privado e ocupavam
espaços na vida pública. Este estudo discute a existência dessas
517
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
tensões por meio da investigação de documentos referentes a
denúncias e queixas feitas em relação à conduta das professoras
em Minas Gerais no período de 1889 a 1907, ocasião entre a
instalação da república e a instituição da Lei de Escola Normal da
Capital. Momento esse, marcado por um significativo aumento
do número de mulheres na docência, tendo início nas últimas
décadas do século XIX e se consolidando no início do XX. Para
tanto, utilizou-se análise de fontes documentais como ofícios,
nomeações, atas, legislação do período e relatórios de governo,
problematizando-se questões como a frequência e qualidade das
queixas em relação às professoras. Para avaliação e descrição
das fontes, tomaram-se como campo teórico-conceitual autores
clássicos sobre a formação moral, tais como Adam Smith e
Émile Durkheim, que entendem a educação como um meio de
socialização, no qual o educador deve atuar como instrumento
de moralidade. Buscou-se, também, um diálogo com autores
contemporâneos como Norbert Elias, entendendo a moral
e a escola como partes de um processo civilizador. Verificouse que o processo de feminização possibilitou a emergência de
conflitos sociais no que diz respeito à saída da mulher do âmbito
familiar para a vida pública, conforme pode ser observado nas
queixas diversas registradas. Entre outras questões, analisouse que tais denúncias incidiam preferencialmente na vigilância
moral em relação ao trabalho das professoras, devido ao fato de
serem mulheres. A interpretação e análise de como os princípios
morais tem pautado o trabalho das professoras, e influenciando
o modo como elas transitam entre a esfera pública e privada,
proporcionam um entendimento das condições no qual vem
se organizando o trabalho docente e as relações de gênero. Assim,
esse trabalho pode balizar o modo como a ocupação feminina na
educação está relacionada ao processo de popularização do acesso
a escola pública, e subsidiar estudos relacionados à profissão
docente e sua histórica desvalorização.
518
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Reflexões sobre a formação de professores do
ensino secundário nos anos 1920-30 no Brasil
Maria Cristina Ferreira dos Santos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
Este trabalho propõe a análise das representações de educadores
sobre o processo de profissionalização do professorado secundário
no Brasil, tomando como fontes principais os depoimentos ao
inquérito promovido em 1929 pela Associação Brasileira de Educação
para subsidiar os debates na Terceira Conferência Nacional de Educação,
publicados na obra O problema brasileiro da escola secundária, e teses
sobre o tema em debate no Sexto Congresso Nacional de Educação em
1934. A intenção é refletir sobre as condições de formação e exercício
do magistério secundário no período. A hipótese de trabalho é que
a análise das representações destes atores permita uma aproximação
a elementos dos modelos de formação docente e do processo de
profissionalização em curso. Em tempos de modernidade pedagógica,
estes discursos eram a expressão das lutas de representações no campo
educacional. Dois modelos pedagógicos concorrentes adotavam
estratégias diferentes para a formação docente no Brasil: a pedagogia
moderna valorizava a arte de ensinar, enquanto a pedagogia da Escola
Nova defendia que a prática docente deveria estar alicerçada em saberes
autorizados. Entre estes dois modelos em disputa, várias entre as
representações analisadas coadunavam-se com o ideário escolanovista,
defendendo as bases científicas para o ensino, a educação para a vida,
a necessidade de formação superior para o magistério secundário, o
método experimental e um repertório de saberes legitimados. Elas
também nos remetem às dificuldades encontradas no processo de
profissionalização do magistério secundário no Brasil na época, como
a falta de instituições específicas de formação, o exercício da profissão
em tempo parcial ou como atividade secundária, a baixa remuneração,
a falta da exigência de uma licença para exercer a profissão docente e
519
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
os obstáculos na elaboração de normas e valores na produção de uma
cultura profissional dos professores. Nestas condições desfavoráveis
para a profissionalização docente, as críticas ao sistema vigente se
proliferavam e a movimentação dos professores secundários em
defesa de seus interesses era fundamental para a estruturação de seu
espaço profissional. A formação em curso superior e a especialização
para lecionar uma única disciplina foi um processo longo, que ganhou
força a partir da reforma Francisco Campos em 1931, ao instituir
a formação universitária específica e o registro para os professores
secundários no Departamento Nacional do Ensino do Ministério da
Educação e Saúde Pública. Neste contexto de adequação do ensino à
modernização do país, destacam-se nos anos 1930 os primeiros cursos
de formação de professores para o ensino secundário na Universidade de
São Paulo, Universidade do Distrito Federal e Universidade do Brasil.
Representações do bom professor primário
nas memórias de professores aposentados da
rede Estadual de Ensino de Santa Catarina
década de 1970
Marilândes Mol Ribeiro de Melo
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Ione Ribeiro Valle
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
A década de 1960 em Santa Catarina foi marcada por profundas
reformas nos campos da economia e das políticas educacionais, sobretudo
devido à percepção da interdependência desses dois segmentos para o
desenvolvimento. A educação foi um setor de destaque nas propostas
desenvolvimentistas que valorizaram os discursos da atividade educacional
como subsidiária da expansão econômica, e consequentemente, foi eleita
“como meio de promoção social do indivíduo e de aproveitamento da
520
Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
capacidade potencial da população” (Lins, 1999, p.19). Deste modo,
a proposta de comunicação que ora se apresenta pretende identificar
e analisar nos escritos de professores primários aposentados da Rede
Estadual de Ensino de Santa Catarina, ideias relativas à representação
do bom professor, e que permitem traçar um perfil do que os constituía
na década de 1970, tendo como cenário fundo os acontecimentos de
cunho político e econômico da década precedente. Encontra no projeto
Memória Docente: os impactos do movimento de escolarização em
Santa Catarina sobre a carreira docente, as identidades profissionais
e o trabalho pedagógico de professores da Rede Estadual de Ensino
desenvolvido entre os anos de 2009/2012, com apoio do CNPq na
sua historicidade. Esse projeto distribuiu um número significativo de
questionários aos professores catarinenses e eles serão nossa fonte
principal de consulta. Entendemos que as representações serão
reveladas nas análises das respostas escritas pelos professores. Tendo
uma amostra composta por 360 questionários, efetuamos alguns
recortes: inicialmente separamos todos os professores cuja primeira
inserção na carreira profissional se deu no exercício do magistério entre
os anos 1970 e 1979. O segundo passo foi a partir do período de ingresso,
trabalharmos somente com os professores que exerceram o magistério
de ensino primário por três anos ou mais. Com estes professores é que
dialogamos, por meio de suas memórias marcadas nos questionários,
para construir uma representação acerca das qualidades do bom
professor primário na década de 1970. Para desenvolvermos a análise
enfocamos o item 4 do respectivo questionário, que aborda o tema
da Experiência Pedagógica. Dentre as questões nele requeridas duas
delas foram essenciais para atingir o objetivo proposto. São elas: a) Cite
ao menos três características: Do bom professor/ Do mau professor e b)
Como um professor se torna competente? Outras questões de maneira
implícita revelam as características que buscamos. Com essa seleção
intentamos um esforço de interpretação das falas dos professores que se
fundará em aportes sociológicos e históricos da educação.
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Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Representações oficiais sobre os professores
capixabas no Século XIX: “oportunista,
inábil, preguiçoso” (?)
Karen Calegari dos Santos
Universidade Federal do Espírito Santo
[email protected]
Produções recentes no âmbito da História da Educação do Espírito
Santo apontam para um crescente investimento nas pesquisas que
tem problematizado a história das instituições escolares, a produção
dos sujeitos escolares, modelos pedagógicos produzidos e postos
a circular no estado, a história das disciplinas escolares e a
formação de professores e professoras em solo capixaba. Essa última
temática, cara à historiografia da educação, tem ganhado fôlego ao
questionar em que condições foram produzidas as representações sobre
a docência, em intenso diálogo entre o passado e o presente, apoiadas
nos mais diversos tipos de documentos. Na esteira dessas produções,
realizei uma pesquisa que teve como objetivo compreender em que
condições foram produzidas práticas de escolarização que incidiam
sobre os corpos a serem moldados por um novo ideário de progresso.
Naquele momento da pesquisa, foi possível perceber pistas e sinais que
nos apontavam para indícios (Ginzburg, 1987) de que as estratégias de
intervenção educativa sobre o corpo nos espaços escolares e sociais não
se restringiriam somente aos alunos, mas também aos professores. A eles
era dirigido um discurso pautado na precariedade do ensino em que a
culpabilidade recaía sobre o docente inábil, despreparado, preguiçoso,
descomprometido e desarticulado do “grande” projeto/processo de
escolarização do país. O texto que ora se apresenta tem como objetivo
discutir essas representações produzidas e postas a circular por
meio do discurso governamental. Na tentativa de produzir uma visita
ao passado, por meio de uma leitura a contrapelo, questionamos aos
documentos: de que modo foram produzidos os discursos pautados
na precariedade do ensino? Teríamos somente uma história de déficits
na educação pública? O que se produzia no Espírito Santo apesar da
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Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
exacerbada visibilidade atribuída às ausências e às penúrias? Seriam
os professores os “vilões” que não permitiam os avanços esperados?
Destarte, iniciamos um movimento de levantamento de fontes, para
recuperar os vestígios da educação capixaba, e elencamos um conjunto
de relatórios dos presidentes de província do Espírito Santo datados
entre 1833 a 1888 e, privilegiadamente, os relatórios da Diretoria da
Instrução Pública produzidos entre 1859 a 1886. Podemos, à guisa de
primeiras conclusões, compreender que o tom de lamento que perpassa
todo o período analisado perde sentido quando acompanhamos as
estatísticas da educação capixaba, as condições de trabalho oferecidas
aos professores e professoras, bem como indícios que apontam para o
exercício de “bons” professores. Observarmos, então, que os documentos
nos dão brechas para produzir outras leituras na história que apontam
para caminhos de potência aonde o discurso governamental só dava
visibilidade à ausência, à penúria.
Roberto Faria um lorde camponês na educação
Marilene Alves Maia
[email protected]
A proposta desta comunicação apresentará a experiência
profissional do educador Roberto Faria (1942-2011), e sua
respectiva atuação no projeto para educação do campo. Roberto
Faria foi secretário de educação do município de Trajano de
Moraes, e, educador por mais de 40 anos. Atuou como professor
de Matemática na rede de ensino estadual do Rio de Janeiro,
com mais de 35 anos em sala de aula. Trabalhou também em
diversas escolas da rede estadual, dentre elas os colégios estaduais
Leopoldo Oscar Stutz, no distrito de Barra Alegre, no município
do Bom Jardim, e o Jamil El-Jaick, em Nova Friburgo – lugares
onde imprimiu suas marcas, através de suas ações. Sua formação
escolar e acadêmica sempre foi em instituições públicas e, fiel ao
ideário da instrução pública, laica, gratuita e para todos, Roberto
Faria, em sua trajetória profissional, defendeu, no exercício do
magistério público, tais ideais. As pesquisas empreendidas,
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Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
como secretário, durante os anos de 2001 a 2006 sobre a região
serrana e que culminou na sua tese de doutorado, recentemente
publicada em livro pela editora Quartet, e a experiência aferida
no exercício de elaboração e implementação de práticas políticas
para a escola do campo, não só ao que se refere à elevação escolar
dos alunos, como também à formação e capacitação diferenciada
dos professores, são propostas consideradas na formulação deste
trabalho e, em consonância com parte da produção de Michel
Focault pensar o autor, seus pertencimentos e sociabilidades. Com
efeito, Faria em sua pesquisa de doutorado, propôs-se a identificar
as dificuldades e avanços das políticas públicas educacionais,
em âmbito federal, a partir da Constituição de 1988, articulada
às estratégias desenvolvidas pelas Secretarias Municipais de
Educação, especialmente nos municípios de Trajano de Moraes,
Santa Maria Madalena e São Sebastião do Alto. A análise parte
de suas vivências como secretário de educação no município de
Trajano, quando atuou em duas ocasiões, somada à participação
em diversos encontros da União dos Dirigentes Municipais de
Educação (UNDIME). Desse modo, o investimento nesse tema
se justifica no sentido de perceber na profissão docente,
a participação do professor em atos efetivos na proposição de
políticas para a educação do campo. Roberto Faria, foi um sujeito
que participou e contribuiu para o seu tempo presente, não
apenas no exercício da sua docência, ou como secretário de
educação, mas, sobretudo, como educador engajado na ampliação
e consolidação de políticas para a educação do meio rural.
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Sumário Eixo 5
Caderno de Resumos - Eixo 5
Saberes docentes nos relatos orais e
a ressignificação do mito político:
Tancredo de Almeida Neves
Raína de Castro Ferreira
[email protected]
Tiago Saraiva de Sabóia
[email protected]
A presente objetiva discutir as representações da imagem de
Tancredo de Almeida Neves no município mineiro de São João
Del Rei. Nascido na cidade, a figura do político possui grande
influencia no imaginário da cultura local que perpassa o caráter
político chegando a atingir a dimensão religiosa. O método utilizado
partiu de entrevistas com professores da rede pública de ensino da
cidade onde estabelecemos relações entre a formação acadêmica do
professor de História, sua trajetória pessoal e a sua ressignificação
dos aspectos da cultura local, a fim de analisar a construção ou não
de um saber docente específico das representações da 

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