Edição nº 6 | Agosto/2009 +
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Edição nº 6 | Agosto/2009 +
ANO 2 - Nº 6 ANO 2 - Nº 6 Vik Muniz fala sobre seu processo criativo Alimentos orgânicos chegam aos restaurantes O Bem-Amado volta sob a direção de Guel Arraes CAPA_ed6_v1.indd 1 LENINE SEM MEDO DE OUSAR 7/7/2009 10:10:08 editorial e expediente revista 6.indd 2 7/7/2009 10:14:05 editorial e expediente revista 6.indd 3 7/7/2009 10:14:10 editorial e expediente revista 6.indd 4 7/7/2009 10:14:14 editorial e expediente revista 6.indd 5 7/7/2009 10:14:16 Expediente QUEIROZ GALVÃO Presidente: Diretor-executivo: Superintendentes: Fernando de Queiroz Galvão Frederico Pereira Arno Stupp, Carlos Coimbra, Carol Boxwell, Fernando Moreno,Henrique Suassuna, Múcio Souto, Pierre Prelorentzou e Ricardo Gusmão EDITORA JB Pátria Editora Ltda. Presidente: Diretor: Administrativo / Financeiro: Comercial: Assistente comercial: Jornalista: Estagiário: Jaime Benutte Iberê Benutte Gabriela S. Nascimento Walter Torres Bete Costa Stephane Kalline Kelly Souza Luan Silva PREMIUM MAGAZINE Publisher: Conselho editorial: Edição: Editora: Direção de arte: Colaboradores: Impressão: Jaime Benutte Carol Boxwell, Carol Neves, Christiana Guimarães, Cintia Carneiro e Germana Monte Trilogia Comunicação e Arte Ltda. Mauro Malin, MTB 14887-67 Juliana Bianchi Belatrix Ltda. Marcelo Paton - Diretor de arte Gabriel de Moraes Luiz e Julio Grobel - Assistentes de arte Américo Gobbo, Gilberto Martins, Kelly Souza, Luan Silva, Maria Carolina Balro, Mariane Morisawa, Natalie Betito Gráfica Santa Marta Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações, Anatec. A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma publicação trimestral da JB Pátria Editora Ltda., localizada na R. Flórida, 1703, 11o andar, Brooklin. CEP 04565-001, São Paulo – SP. Tel.: (11) 5505 6065. www.patriaeditora.com.br FALE CONOSCO: Queremos fazer uma revista cada vez melhor para você. Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail [email protected] Os textos assinados são responsabilidade dos seus autores, que não estão autorizados a falar pela revista. 06 editorial e expediente revista 6.indd 6 7/7/2009 10:14:16 editorial e expediente revista 6.indd 7 7/7/2009 10:14:22 Editorial QUEIROZ GALVÃO Preparar um ambiente agradável e harmônico é fundamental para viver bem. Por isso, nesta edição da revista Premium apresentamos diversas reportagens que ajudam a criar esse clima dentro de casa. Entre elas, experiências recentes que indicam caminhos para melhorar a convivência em condomínios. Mas como sabemos que a harmonia familiar também passa pelos programas em comum fora do lar, escolhemos alguns lugares inspiradores para se conhecer em grupo. No Brasil, descubra paisagens pouco exploradas da Amazônia durante uma viagem pelo Rio Negro, e o perfeito equilíbrio entre arte e natureza alcançado no Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Na Europa, a perspectiva de um passeio pela lendária Floresta Negra, na Alemanha, dará vontade de arrumar as malas imediatamente. A cultura nacional também chega com força. Inspirados pela qualidade e criatividade das produções apresentadas no festival Cine PE, no Recife, mergulhamos na história de sucesso de outros artistas brasileiros que nos enchem de orgulho. Caso do cantor Lenine, que acaba de voltar de uma turnê na França; de Vik Muniz, que vem atraindo multidões aos maiores museus do mundo para ver suas obras, e dos artistas plásticos da Olaria Ocre, que encabeçam uma verdadeira revolução no artesanato de Tracunhaém, em Pernambuco. Como acontece quando se espera a visita de pessoas queridas, preparamos esta revista como se fosse nossa própria casa. Entre e fique à vontade. Frederico Pereira Diretor-executivo 08 editorial e expediente revista 6.indd 8 7/7/2009 10:14:28 editorial e expediente revista 6.indd 9 7/7/2009 10:14:33 Sumário Edição 06 JULHO DE 2009 30 LENINE Sem fugir às origens, o artista pernambucano conquista o mundo com sua música eclética 12 Spot Objetos de Desejo Artesanatos e objetos com design arrojado que podem dar mais charme à decoração 22 Decoração Arquitetura de interiores Dicas e truques para deixar a casa sempre pronta para receber os amigos ou, simplesmente, curtir mais a família 26 Decoração Paisagismo A acertada união das artes plásticas com a natureza no Instituto Inhotim, na cidade mineira de Brumadinho 38 Destino Amazônia em estado puro Capa: Lenine Foto: Nana Moraes Viajar pelo Rio Negro é um convite a desbravar as paisagens e culturas de um Brasil pouco explorado 10 sumario.indd 2 7/7/2009 10:17:22 16 PERFIL 72 CINEMA BRASILEIRO Radicado em Nova York, o fotógrafo Vik Muniz tem levado multidões aos museus para conhecer sua arte O diretor Guel Arraes se prepara para lançar a primeira versão cinematográfica do clássico de Diaz Gomes, O Bem-Amado 42 Destino Floresta Negra 62 Queiroz Galvão A magia e beleza de um dos principais locais de turismo da Alemanha Nobreza e exclusividade marcam os empreendimentos imobiliários da Queiroz Galvão em São Paulo e no Recife 46 Gourmet Alimentar-se com produtos orgânicos se tornou uma importante alternativa para tentar retomar a vida saudável 52 Especial Conheça algumas alternativas simples para estimular a boa convivência e minimizar os conflitos de quem mora em condomínios 68 Art Cultura Artistas plásticos pernambucanos se unem para dar nova roupagem às cerâmicas de Trucunhaém. Veja também: exposições marcam 500 anos do nascimento do arquiteto Palladio 76 Art Cinema O que aconteceu no Cine PE, que homenageou o diretor grego Costa-Gavras 58 Bem Viver Closets e armários Saiba como manter seu closet sempre limpo e organizado 82 Habitar Crônica Os desafios de se morar em Brasília 11 sumario.indd 3 7/7/2009 10:17:32 Spot Objetos de Desejo Fotos: divulgação Artesanato com design A beleza e criatividade do artesanato de Alagoas ganha visibilidade em todo o País, com o Programa Sebrae Artesanato. Em Pontal de Coruripe, cidade localizada a 103 quilômetros de Maceió, a Associação das Artesãs especializou-se na produção de ccestarias em ouricuri. Palmeira da qual d ttiram-se as palhas para a fabricação de tiram peças ecologicamente corretas como o peça futon (na foto ao lado, R$ 200), cuja estrutura externa é sustentada com pneu, as trutu almofadas e molduras. almo Associação dos Artesãos de Feliz DeNa A serto, uma antiga aldeia de índios Caetés, serto litoral de Alagoas, o trabalho é feito com no lit taboa. Colhida nos brejos, a planta precisa tabo secar ao sol por seis dias antes de ser trançada em formato de cestas, futons (R$ 180) e até mesmo caminhas para pets (R$ 90). Peça sob encomenda no Sebrae. 12 spot_v2.indd 2 7/7/2009 12:21:36 Vaso maleável Cristal negro A festejada designer Jacqueline Terpins assina o mais novo item da linha DiamondGuard, da fabricante americana de vidros e espelhos Guardian. Trata-se da mesa de jantar D’Água. Feita em cristal negro, elaborado a partir de matérias-primas naturalmente escuras, o que garante a uniformidade da cor até mesmo nas laterais, a peça tem design arrojado e elegante. Com estrutura molecular semelhante à do diamante, o cristal utilizado é dez vezes mais resistente que os vidros comuns, evitando riscos e arranhões por muito mais tempo. Preço sob consulta no Estúdio Jacqueline Terpins em São Paulo Imagine um vaso dobrável, da espessura de uma folha de papel e que, mesmo depois de usado, pode ser seco e reutilizado. Assim é o Vazu, vaso de polietileno e poliéster, desenvolvido em Israel, que se tornou sucesso de vendas na Europa e nos Estados Unidos antes de chegar ao Brasil. Apesar de sua espessura delicada, na hora de sustentar um buquê de flores ele tem resistência garantida. Disponível em diversos modelos, formatos e estampas, pode ser encontrado na loja virtual Laris (www.laris.com. br), a partir de R$ 32. Elegância milanesa Vinda do Salão Internacional do Móvel de Milão, desembarca no Brasil a poltrona Lótus, da fabricante italiana Artifort. Desenvolvida por René Holten, a novidade tem formato de concha e braço que permite apoiar até um laptop. Mas seu maior diferencial está mesmo na matéria-prima. Trata-se do Cristalplant, material rico em minerais naturais e acrílicos de elevada pureza, que confere extrema resistência à peça, tornando-a capaz de se restabelecer facilmente dos danos causados no dia a dia. Para se ter uma ideia, queimaduras de cigarro podem ser eliminadas com a passagem de uma simples esponja. Preço sob consulta na Montenapoleone (www.montenapoleone.com.br). 13 spot_v2.indd 3 7/7/2009 12:22:12 Spot Objetos de Desejo Brilho próprio Depois de conquistar artistas como Carolina Dieckmann e Claudia Raia com suas luminárias em forma de libélulas, abelhas e sapos, a designer mineira Rita Valadares resolveu mudar de tema. Sua nova criação traz a simplicidade do dado como ponto de partida para um suave e elegante jogo de luz. Feita em aço inox, a peça de 50 x 50 cm, pode ser usada como mesa ou simplesmente para dar um charme a algum canto da casa. Com detalhes em acrílico fosco, a luminária está disponível em diversas cores, sob encomenda. À venda nas lojas Scatto Lampadário (www.scatto.com.br), por R$ 7.500. Vaivém informativo Criado por Guto Lacaz o porta-revistas Zig Zag é destaque da exposição Design brasileiro hoje: fronteiras com curadoria de Adélia Borges, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, até 28 de junho. Com geometria inusitada, a peça, feita especialmente para comemorar os 30 anos da loja Tok&Stok, evoca o traçado de um telhado. Permite acomodar com elegância livros e revistas. Também equilibra leveza e funcionalidade com a utilização da chapa de aço no tampo e na estrutura. Preço: R$199 (www.tokstok.com.br). Ordenação colorida Trinta e seis divisórias móveis, coloridas, com aberturas e tamanhos diferenciados. Assim é a estante Self, dos designers Ronan & Erwan Bouroullec. Fabricada pela alemã Vitra, a peça de 1,80 x 1,70 m é perfeita para compor um ambiente vivo e jovem. Ideal para arquivar documentos, pastas, revistas e outros objetos, ela é composta por uma base de polipropileno e três módulos adicionais de policarbonato, que podem ser montados de acordo com o espaço e a necessidade de uso. Por R$ 29.975, em São Paulo na MiCasa (www.micasa.com.br). 14 spot_v2.indd 4 7/7/2009 12:22:33 spot_v2.indd 5 7/7/2009 12:23:00 Fotos: Divulgação Perfil Vik Muniz 16 Perfil-6pag.indd 2 7/7/2009 10:23:38 Da parte ao Com mais de vinte anos de carreira e reconhecimento internacional, fotógrafo e artista plástico ganha retrospectiva no Masp, em São Paulo F Fotos: Divulgação ilho de garçom e telefonista, o artista plástico brasileiro Vik Muniz, 47, brinca que demorou anos para fazer sucesso da “noite para o dia”. Pudera: passaram-se duas décadas de trabalho desde que fez sua primeira exposição individual na Stux Gallery, em Nova York, onde mora desde 1983, para que suas obras levassem mais de 150 mil pessoas aos principais museus do mundo. Mas quem foi ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para conferir a retrospectiva da carreira de Vik Muniz, na exposição Vik, não entende por que o reconhecimento levou tanto tempo. Para os 4 mil visitantes que viram as obras no primeiro fim de semana na capital paulista, as surpresas começaram logo na entrada. As tradicionais paredes brancas do museu ganharam cor “para levar ao ambiente um ar mais aconchegante, que lembre um lar, não o branco de hospital”, explicou Vik na palestra de inauguração da mostra. Auto Retrato, da série Imagens de Revistas Reconhecimento popular A exposição, que ficou em São Paulo de maio a julho, também passou por Estados Unidos, Canadá, México e Rio de Janeiro. Só nessa última cidade somou 50 mil visitantes. Entre eles, crianças, adolescentes, idosos e um grupo de presidiárias. É difícil encontrar uma explicação para a massificação do reconhecimento do trabalho de Vik por um público não especializado em arte, mas o fenômeno agrada o artista, que prefere o reconhecimento popular à opinião de algum crítico de grande jornal. Para ele, “as pessoas que vão a uma exposição têm conhecimento prévio em muitas coisas, não necessariamente em arte”. Por isso, Vik garante produzir, para diferentes faixas etárias e classes sociais, “obras que emitem algum tipo de informação e produzem sensação física no público. É comum a pessoa, ao analisar alguma foto mais de perto, dar dois passos para trás”. 17 Perfil-6pag.indd 3 7/7/2009 10:23:47 Perfil Vik Muniz Elizabeth Taylor, da série Imagens de Diamantes, de 2004 18 Perfil-6pag.indd 4 7/7/2009 10:23:50 Imagens de trabalhos com açúcar, carvão e diamantes As 131 fotografias que fizeram parte da mostra foram criadas por Muniz com elementos que vão do lixo ao luxo: poeira, papel picado, linha, molho de tomate, pasta de amendoim, geleia, chocolate, caviar e diamante. Após registrar as imagens em fotos, os materiais são descartados ou devolvidos. A opção por utilizar os objetos parte da realidade que observa. “Retrato as impressões a respeito do que vejo. Se me inspiro no que está ao meu redor para compor uma obra, por que não retratá-la com materiais que também estão à minha volta?”, justifica. Ele diz que seu processo criativo demora meses, até mesmo anos. “As ideias fermentam na minha cabeça durante um bom tempo e surgem a partir da sucessão de trabalhos. A questão é saber gerenciar a criatividade. Quando você exerce há muito tempo a mesma profissão, acaba gerando fórmulas, que muitas vezes ficam presas à ideia de saber se diferenciar de outros artistas, mas eles também pensam o mesmo.” O Pequeno Calist Não Sabe Nadar, da série Crianças de Açúcar a obra Mona Lisa Dupla, feita com geleia e manteiga de amendoim 19 Perfil-6pag.indd 5 7/7/2009 10:24:04 Perfil Vik Muniz Criada em 2008 com restos de lixo, a obra A Cigana (Magna), exposta no Masp 20 Perfil-6pag.indd 6 7/7/2009 10:24:35 Escolha profissional que deu certo WWW, mapa feito para a série Imagens de Sucata Artista internacional com olhar brasileiro A carreira de Vik Muniz como artista plástico e fotógrafo começou por acaso, assim como sua ida aos Estados Unidos. “Mas sempre me interessei por imagens”, lembra ele, que decidiu morar no exterior há 27 anos, com o dinheiro indenizatório recebido após ter sido baleado na perna ao tentar apartar uma briga. “Fui para lá deslumbrado com a ideia de estudar teatro e fazer cenografia. Mas acabei vivendo seis anos na boemia de Nova York, quatro deles como imigrante ilegal.” Fase em que não pensava em juntar dinheiro, só em ter uma vida que fizesse um contraponto com aquela de “sobrevivente”, que tinha no Brasil. O tempo fora do país, garante, foi fundamental para compor suas obras. “O que me ajudou foi estar imerso na ‘contracultura’, na ‘arte de rua’, e me afastar da vida que eu levava no Brasil, que não dava espaço para pessoas do meu nível social”, argumenta. Frequentador assíduo de bibliotecas, ele diz que as obras de artistas estrangeiros com as quais entrou em contato através dos livros também foram fundamentais na sua carreira. “Hoje, acho que sou um artista internacional, formado com informações de artistas europeus e americanos, vistas com o olhar treinado de um brasileiro que viveu no país na época da ditadura, quando era preciso decodificar todas as informações culturais.” O reconhecimento profissional começou, na verdade, em 1996, quando um crítico do jornal The New York Times viu a coleção de fotografias Crianças de Açúcar, que retrata filhos de trabalhadores de um canavial – o material escolhido, claro, foi o açúcar – e o convidou para expor no MoMA (Museum of Modern Art) de Nova York, em 1997. Quatro anos depois, participou da Bienal de Veneza. Perguntado sobre o que teria sido se tivesse ficado no Brasil, Vik não se intimida. “Talvez fosse um publicitário muito bem sucedido e estivesse ganhando até mais dinheiro”, diz ele, certo de que seu talento nato se sobressairia de qualquer forma. Ainda assim, ele não esquece as dificuldades do começo de carreira. “Sucesso financeiro, para artista, é pagar dois meses de aluguel e poder comer.” Soldadinho de Brinquedo, da série Mônadas, feita em 2003 21 Perfil-6pag.indd 7 7/7/2009 10:24:44 Decor Arquitetura de interiores A arte de bem-estar Decoração de ambientes precisa criar opções para quem fica mais tempo em casa 22 Decorv4.indd 2 7/7/2009 10:27:16 Foto: Ana Helena Pinheiro Foto: divulgação A Madeira e couro trazem aconchego à sala do Loft 24/7, apresentado na última edição da Casa Cor, pela arquiteta Fernanda Marques (acima); ao lado, sala de estar decorada por Danielle Côrte Real e Dayanne Cavalcanti com quadro da artista Taciana Galvão tendência foi apresentada pela primeira vez no fim da década de 90, pela respeitada consultora de marketing americana Feith Popcorn. E hoje, quase dez anos depois, se tornou uma realidade tão presente no dia a dia das famílias que é quase impossível conceber um novo projeto de decoração sem pensar nela. Estamos falando da cocoonização, termo que em tradução livre significa “encasulamento”, e que indica o retorno das pessoas aos lares e ao convívio familiar. Reflexo da crescente violência da sociedade e também da necessidade de resgatar laços de intimidade entre parentes e amigos, o movimento que trouxe o trabalho para dentro de casa, assim como grande parte dos encontros e diversões em grupo, gerou novas exigências para os projetos arquitetônicos e de decoração residencial. Caso dos home theaters, dos home offices, das cozinhas integradas, da expansão das áreas de convivência e do crescente investimento em comodidade e tecnologia. Enfim, tudo para que a casa volte a ser um grande lar, e que nela se encontrem todos os atrativos e equipamentos para que se fique cada vez mais tempo longe das ruas com prazer, segurança e conforto. A arquiteta Lilian Pitta, que dá aulas de decoração de interiores no Senac de Petrópolis, Rio de Janeiro, afirma que, em decorrência desse novo estado de espírito, começa a ficar para trás o “mobiliário para contemplar”, em favor da escolha de peças “para usar e se sentir mais confortável”. “A permanência dentro de casa não tinha muito apelo”, diz Lilian. “Mas isso mudou, e hoje as pessoas 23 Decorv4.indd 3 7/7/2009 10:27:28 Fotos: Ana Helena Pinheiro Decor Arquitetura de interiores querem montar espaços atraentes e confortáveis que ajudem a agregar as pessoas. Quem, por exemplo, gosta de cozinhar para amigos pede para que a sala seja ligada à cozinha. Os telões de televisão são um convite a ficar mais tempo em casa”. Espaços interligados e móveis aconchegantes são essenciais Sofás amplos e confortáveis em ambientes integrados convidam à convivência familiar no projeto das arquitetas Danielle Côrte Real e Dayanne Cavalcanti (fotos nesta página e ao lado) A arquiteta pernambucana Danielle Côrte Real constata que, para receber gente em casa, o ideal é ter ambientes espaçosos. Boa parte dos projetos realizados por ela e sua sócia, Dayanne Cavalcanti, reflete essa demanda. Áreas interligadas, mas cada uma delas com mobiliário para congregar visitantes e anfitriões. Sofás grandes e confortáveis, profusão de almofadas e tapetes macios ajudam a compor esse ambiente, que convida os visitantes a ficarem um pouco mais. Em São Paulo, a arquiteta Fernanda Marques acrescentou elementos de madeira e couro no Loft 24/7, apresentado na última edição da Casa Cor, para dar ainda mais aconchego à sala integrada ao jardim externo. No Recife, uma aliada importante das arquitetas Danielle e Dayanne é a qualidade da produção artística pernambucana. Tanto que nos projetos da dupla são frequentes quadros de artistas como Taciana Galvão e esculturas de Roberto Cavalcanti. Nos móveis, os objetos de valor sentimental, como fotos da família e recordações de viagens e relíquias guardadas por gerações, ganham mais espaço. 24 Decorv4.indd 4 7/7/2009 10:27:45 “Todos querem ter uma sala aconchegante, com vários ambientes, para receber”, explica Dayanne. “Muitos clientes pedem adega. Home theater é ponto comum. E alguns encomendam climatização e sonorização na casa inteira, às vezes até dentro do closet“. Tecnologia a favor do conforto e do convívio Conceição Passos, que foi sócia de Lilian Pitta e hoje vive em São Paulo, diz que uma característica indispensável para o conforto é o uso de toda tecnologia que facilite a manutenção e permita ter-se ainda mais conforto sem sair de casa. Redes de internet sem fio, equipamentos eletro-eletrônicos de última geração se tornam grandes aliados. A iluminação também entra como fator primordial. “De uns tempos para cá, a iluminação valorizou-se. Deixou de ser um item de mera sobrevivência, organizado e executado pelos construtores, e passou a ser tarefa de quem decora. Existe a iluminação intimista, mais tranquila, que serve para se assistir a um DVD, por exemplo, a iluminação de tarefas, mais pontual, e a iluminação cenográfica, como um banho de luz numa parede.” Com tantos ajustes e cuidados na casa, não é de se estranhar que o movimento identificado inicialmente nos Estados Unidos tenha tão rapidamente encontrado fortes reflexos na habitual hospitalidade brasileira. Santo de casa Nesse retorno ao lar, a religiosidade também volta a ganhar espaço na vida das pessoas. Reflexo direto, é o ressurgimento dos altares e “cantos” de oração nos ambientes comuns. Mas a tarefa pode ser um desafio interessante, segundo Dayanne Cavalcanti. Ela e sua sócia Danielle Côrte Real receberam um pedido assim num de seus trabalhos. A ambientação era totalmente clean, moderna e os santos deveriam ser integrados ao espaço. A solução foi usar vidro. As duas imagens foram colocadas sobre um cubo de vidro, contíguo a um aparador também de vidro. Para marcar a transição entre dois conceitos, uma bela poltrona de vime, de formas arredondadas, foi disposta diante do aparador. 25 Decorv4.indd 5 7/7/2009 10:28:19 Decor Paisagismo Fotos: Eduardo Eckenfels Museu a céu aberto Natureza e artes plásticas se unem para dar um caráter único e especial ao Instituto Inhotim, em Minas Gerais 26 Decor3-4-pag.indd 2 7/7/2009 10:30:01 Instalação True Rouge, do artista brasileiro Tunga, interage com a natureza em uma das salas do museu (ao lado), enquanto a obra de Cildo Meireles, Inmensa (acima), completa o jardim E squeça a sisudez, as luzes frias e o silêncio mortal que imperam nos principais museus do mundo. Em Brumadinho, pequena cidade a 60 quilômetros de Belo Horizonte, um museu a céu aberto tem atraído multidões para conhecer sua coleção de obras contemporâneas em meio a agradáveis passeios. Trata-se do Instituto Cultural Inhotim, aberto oficialmente ao público em 2006, depois de servir como casa de campo mais do que especial para o empresário Bernardo Paz. O espaço de 300 mil metros quadrados, rodeado por mata nativa e onde havia sido desenvolvido um projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, começou a ser criado em 2004 para abrigar a coleção particular do empresário, entre as mais importantes do país. Nele, mais de 450 obras de 129 artistas, nacionais e estrangeiros, entre eles Vik Muniz, Helio Oiticica, Zhang Huan e Paul McCarthy, convivem harmonicamente com minicachoeiras, árvores centenárias, lagos ornamentais, orquídeas e outras 2.100 espécies de plantas, em sua maioria nativas e de ambientes tropicais. Não à toa, o instituto recebe cerca de quatro mil visitantes a cada fim de semana, número que sobe para nove mil nos feriados. Desde que foi aberta ao público, a instituição é destinada à conservação, exposição e produção de trabalhos contemporâneos de arte, além de desenvolver ações educativas e sociais. “Trabalho e arte, meio ambiente, inclusão e cidadania. Estes são os três eixos nos quais atuamos”, explica Julia Rebouças, curadora assistente do local, que é visto como referência internacional da arte contemporânea. Parque galeria O Parque Tropical de Inhotim, um dos mais expressivos do Brasil, ocupa 45 hectares de uma reserva natural de 600 hectares de mata nativa preservada, onde está a segunda mais importante coleção de plantas no Brasil em variedade de espécies. “Roberto Burle Max usou os recursos do próprio ambiente para compor o parque”, conta a curadora. 27 Decor3-4-pag.indd 3 7/7/2009 10:30:08 Decor Paisagismo 28 Decor3-4-pag.indd 4 7/7/2009 10:30:15 Fotos: Elderth Theza Projetado por Burle Max, o espaço verde de 300 mil metros quadrados encerra mais de 450 obras de arte e convida a um passeio entre 2.100 espécies de plantas Foto: Roberto Murta Entremeados pela natureza, dez pavilhões de exposição foram construídos para abrigar obras fixas e temporárias. Atualmente, as mostras permanentes ocupam seis galerias, que contam com criações de Tunga, Adriana Varejão, Dóris Salcedo, Victor Grippo, Matthew Barney e Cildo Meireles. “Cildo concebeu uma das obras mais importantes expostas, Desvio para o Vermelho, que já foi emprestada para a galeria Tate Modern, de Londres, e atualmente está em Barcelona”, diz Julia. No fim de 2008, Inhotim recebeu outras três obras permanentes, Magic Square nº 5 – De Luxe, de Hélio Oiticica, La Intimidad de la Luz en St. Ives, de Victor Grippo, e De Lama Lamina, de Matthew Barney. Já as quatro galerias temporárias recebem exposições que mudam a cada dois anos, em média. Em 2008, duas mostras entraram em cena e trouxeram 25 novos trabalhos. A primeira, intitulada Lugares, abriga esculturas, vídeos, desenhos e pinturas de Alessandro Pessoli, Allora & Calzadilla, Anri Sala, Jorge Macchi, Marepe, Rivane Neuenschwander e Cao Guimarães, e Steve McQueen – o videomaker e designer nascido em Londres, homônimo do falecido ator americano. Na segunda mostra, Pontos de Vista, estão expostas obras de Anri Sala, Dominique Gonzalez-Foerster, Haegue Yang, Iran do Espírito Santo, Jonathan Monk, Jorge Macchi e Olafur Eliasson, artistas que pertencem a uma geração nascida a partir de 1960 e ligados a diferentes contextos artísticos e geográficos. 29 Decor3-4-pag.indd 5 7/7/2009 10:30:29 Fotos: Nana Moraes Capa Lenine 30 materia_capav2.indd 2 7/7/2009 10:34:14 Mistura fértil É difícil definir a música de Lenine, entre MPB e rock, eletrônico e maracatu. Uma certeza ele tem: deve muito a suas raízes pernambucanas Mariane Morisawa D efinir a música de Lenine é das coisas mais difíceis. É MPB? Sim. Mas também rock, samba, eletrônico, maracatu. Afinal, ele nunca fugiu às origens pernambucanas, desde seu primeiro álbum, Baque Solto, de 1983. Acha, inclusive, que a riqueza musical e cultural de seu Estado tem tudo a ver com essa mistura toda em sua obra. Mesmo que, quase 30 anos atrás, ele tenha sido levado a deixar sua terra querida pelo Rio de Janeiro, que adotou de coração. Lenine carrega público fiel, “seguidores”, segundo seu filho mais novo, Bernardo. É o tipo de fã confiante no trabalho de seu ídolo, com certeza de gostar do conteúdo do disco antes mesmo de ouvir. Caso de Daniela Koury, que há dez anos acompanha a carreira do cantor. Nesse período, ela já foi a diversos shows, colecionou os CDs e escolheu até mesmo uma música cantada por ele para servir de fundo musical em seu casamento. “Ele tem simplicidade e leveza, gosto dele não apenas como profissional, mas admiro a pessoa. O último CD, por exemplo, tem diversas referências sem perder a identidade, o ritmo, a batida. Combina música e personalidade”, diz Daniela, que em 2007 ficou “paralisada” ao ser apresentada para Lenine, em uma exposição. Essa plateia antenada, disposta ao risco, não se confina apenas na imensidão do Brasil. Aos 50 anos, completados em fevereiro, Lenine conquistou público cativo também fora do país, como comprovou mais uma vez na recente turnê do álbum Labiata por Alemanha, Portugal, Espanha, Suíça, Suécia, Itália e, claro, França, país que considera uma segunda pátria. Tanto que fez o hino do Ano do Brasil na França e, agora, o do Ano da França no Brasil. Nos seus planos, por enquanto, está produzir discos para os amigos. “Algo de que gosto e que aprendi a fazer”, conta. Vai continuar Brasil afora a turnê de Labiata, disco em que se propôs compor de forma nova: em vez de recorrer às criações de meses de trabalho, durante 15 dias ele compunha à noite e gravava na manhã seguinte. O resultado foi a mescla, o híbrido, como sempre e como nunca, porque era totalmente fresco. Pois, então, fiquemos assim: a música de Lenine é a música de Lenine e basta. 31 materia_capav2.indd 3 7/7/2009 10:34:29 Capa Lenine 32 materia_capav2.indd 4 7/7/2009 10:34:36 “Tenho cerca de 60 mil pessoas dispostas a adquirir meu trabalho antes mesmo de ouvir” Premium – Essas apresentações fora do país acabam te inspirando? Lenine – Acho que é mais transpiração que inspiração. É muito trabalho. Você fica muito voltado para o dia-a-dia. Premium – Há muita diferença entre os públicos no exterior? Lenine – Existe uma herança romana que une o mundo latino. Porque 50% do que faço é texto, é poesia, e eles acabam entendendo melhor. Nos shows em países como Ucrânia, Polônia e Grécia, perde-se isso. A música, a melodia, é que vira o grande anzol. Premium – E essa sua relação profunda com a França? Lenine – É bem profunda mesmo. Considero meu segundo país. Acho que é esse meu ar de bretão bárbaro! Acho que eles gostam do hibridismo, da mescla da minha música. Premium – Por que não faz mais turnês tão longas fora do país? Lenine – Não consigo mais ficar longe. Por isso prefiro fazer três durante o ano, em vez de uma longa. Numa delas, carrego a família junto. Aí curto mais. Se bem que sempre consigo curtir um pouco, hoje em dia me forço a ter esse tempo. Não faço mais cinco shows seguidos em cidades diferentes. Assim também posso ter prazer. Fora que tenho pessoas trabalhando há muito tempo comigo, isso forma um núcleo quase familiar. Premium – Sua música é muito variada em termos de sonoridade. Você ouve de tudo? Lenine – Sou bem eclético. Desde cedo, corri o mundo procurando a produção mais underground, selos de produção independente. Ela me municia de muito material. Sou muito curioso, sempre tenho uma pilha de 30 discos para ouvir. O problema é que não consigo ouvir música como pano de fundo, preciso parar. Para mim, a música precisa de atenção. E tenho tido pouco tempo. Ouço muito no carro. No momento, dois discos que eu destaco são Anormal, do Jonas Sá, e Carnaval no Inferno, da banda Eddie. 33 materia_capav2.indd 5 7/7/2009 10:34:44 Capa Lenine Premium – Seu filho mais novo disse que você não tem fãs, tem seguidores. O que acha disso? Lenine – Eu não sei, pergunte para ele! Acho que foi muito perspicaz a visão dele, de que eu tenho uma base de umas 60 mil pessoas dispostas a adquirir meu trabalho antes mesmo de ouvir. Para mim, tem a ver com ser honesto com meu desejo, com o risco. Descobri que o meu público espera que eu me arrisque. Premium – Você deixou o Recife, mais de três décadas atrás, em busca de chances no Rio de Janeiro. Acha que de lá para cá melhorou a vida do músico fora do eixo Rio-São Paulo? Lenine – Não tenho dúvida disso. Quando fiz o êxodo, quase 30 anos atrás, havia duas opções: ou Rio ou São Paulo. Não dava para fugir. Escolhi o Rio por causa dessa ligação uterina com o mar. Hoje posso falar com certeza que há o surgimento de outros polos: Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza. Estamos mais próximos de não precisar mais fazer o êxodo. Falta a elite desses lugares investir na produção. Premium – Acredita que isso tenha a ver com a internet? Lenine – Também. Mas acho uma evolução natural de um país continental que ele vá se segmentando. Que o público consuma essa produção regional. O problema é que os veículos de comunicação não são suficientes para escoar essa produção. Precisamos de uma mídia mais eclética, mais democrática. Isso fomentaria muito mais a diversi- dade. Para mim, não existe nenhum outro estado com a riqueza de Pernambuco. E eu sou cidadão carioca, posso dizer isso. Acho que o Recife, por ser uma cidade portuária, transita por todas as experiências. Era de se esperar, por exemplo, que a essa altura houvesse um monte de bandas que tocassem covers de Chico Science. E não existem. Vejo bandas indo por vários outros caminhos, como Eddie, Mombojó. Isso é muito bacana. Premium – Apesar de morar há tanto tempo fora do Recife, você mantém ligação forte com a cidade, não? Lenine – É mais do que uma ligação forte. Eu levei Recife comigo. Falaram que eu estava renegando minha cidade. Que é isso? Como posso renegar a mim mesmo? Minha formação foi toda lá. Eu acho que você se forma até os 17, 18 anos. Depois é só aprimoramento. Minha formação se deu na cidade do Recife. Premium – Sente falta da cidade? Lenine – Não sinto falta porque estou sempre em contato. Sinto falta de colo de mãe, abraço de pai. Mas sempre arrumo pretexto para ir. 34 materia_capav2.indd 6 7/7/2009 10:34:50 “Não deixamos de brincar porque envelhecemos. Envelhecemos porque deixamos de brincar” Premium – Seu mais recente álbum chama-se Labiata, nome de uma espécie de orquídea. Como nasceu essa paixão por orquídeas? Lenine – Foi fulminante. Oito anos atrás, comprei um sítio a uma hora e meia do Rio. A primeira coisa que fiz foi mapear o terreno. Por sorte minha, havia essa flor estranha, um E.T. Fotografei, corri para a internet para pesquisar. Era tarde. Fui fulminado por essa paixão. As minhas turnês têm ajudado, eu mapeio a existência de orquídeas por onde vou. Tenho uma estufa com centenas de plantas. Meus amigos próximos não aguentam mais. Premium – Baixa música? Lenine – Um pouco. Mas tenho três pérolas em casa. João, o mais velho, está na banda Casuarina e gosta muito de MPB, pesquisa sempre. Bruno, o do meio, prefere rock underground. E Bernardo, de 14 anos, é do hip hop. Eles todos me mostram muita coisa. Mas todos são muito ecléticos. Premium – Hoje sua música é mais compreendida? Lenine – Quando lancei Baque Solto, o pessoal da MPB dizia que era muito rock. O pessoal do rock dizia que era muito MPB. E hoje é o que diferencia minha música. Tive de ser cabeça dura e insistir nesse caminho, saber que ia ter eco. Eu cheguei num momento ilhado, rock era de garagem e samba, de cozinha, sem vasos nem pontes. Propus pontes. Premium – Valeu a pena? Lenine – Valeu. Continua valendo. Ao lado, capa do CD Labiata, cuja turnê já rodou a Europa e o Brasil Foto: Divulgação Premium – Você completou 50 anos agora. Mudou alguma coisa? Lenine – Não mudou nada. Como dizia Bernard Shaw: “Não deixamos de brincar porque envelhecemos. Envelhecemos porque deixamos de brincar”. Eu continuo brincando. Premium – A pirataria atrapalha a música? Lenine – A pirataria faz parte do ser humano. Veja agora na Somália. Ela sempre existiu. Quando atinge 50% de uma indústria, é porque tem alguma coisa errada. Mas não me peça de graça a única coisa que eu tenho para vender – e viva Cacilda Becker! Mas eu acho até que existe uma pirataria do bem. Em 2000, fui convidado pela banda cubana Interactivo para tocar 12 músicas minhas, num show deles, em Havana. Fui de curioso. Eles não têm discos lá. Foi uma emoção quando todo o mundo sabia cantar. Parecia que tinham ensaiado a platéia. Meu trabalho jamais chegaria a eles via CD. Premium – A crise econômica afeta? Lenine – Afeta, sim. A primeira coisa que todo o mundo corta é entretenimento, porque ninguém vai cortar comida. Mas eu acho que não sou um bom exemplo, porque continuei sendo um artesão no meio da indústria. 35 materia_capav2.indd 7 7/7/2009 10:34:54 materia_capav2.indd 8 7/7/2009 10:35:00 A Pátria Editora conta com profissionais altamente qualificados, prontos para atender as expectativas da sua empresa, executando o projeto editorial desde a concepção até a entrega da publicação para os leitores. Telefone: 11 5505.6065 www.patriaeditora.com.br materia_capav2.indd 9 7/7/2009 10:35:11 Destino Amazônia em estado puro Vá e veja A imponência de uma região cuja grandeza escapa a descrições Á gua, céu, gente, fauna e flora são elementos que se oferecem dramaticamente ao visitante do extremo noroeste do Brasil, a Cabeça do Cachorro, onde o Amazonas faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Luiz Hafers, 73 anos, que no final de janeiro fez a viagem com o neto, Annibal Hafers Mendes Gonçalves, de 19, pinça da lista acima um elemento e acrescenta outro para resumir em duas palavras sua impressão de viagem pelo Rio Negro: água e tempo, aquele que se leva para chegar de um lugar a outro. Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, é fazendeiro de café em São Paulo, no Paraná e na Bahia. Foi trader de algodão. Andou pelo Brasil – e pelo mundo — como poucos. — A quantidade de água e a distância impressionam muito — diz. — Essa viagem mexeu com o meu conceito de tempo. Na civilização clássica do café paulista, havia uma cidade a cada 25 quilômetros. No Rio Negro, que descemos de barco entre 38 destino_brasil2.indd 2 7/7/2009 10:36:20 Fotos: Divulgação O fazendeiro Luiz Hafers com o neto Annibal Hafers Mendes Gonçalves durante viagem pelo Rio Negro Fotos: reprodução São Gabriel da Cachoeira e Manaus, existem, em mil quilômetros, só duas cidades, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. Luiz Hafers e Annibinho se hospedaram inicialmente no Hotel Tropical de Manaus (“deslumbrante”, diz o avô) e foram de avião até São Gabriel da Cachoeira, onde ficaram algumas horas antes de embarcar no Tanaka Neto IV, que levou pouco mais de dois dias para chegar a Manaus. — Perdemos a noção do tempo — diz Annibinho. — Observando a paisagem, esperamos o barco sem olhar para o relógio — completa. Avô e neto acomodaram-se num camarote no terceiro andar do barco, enquanto os demais passageiros espalhavam-se em redes atravessadas no primeiro e no segundo conveses. O Tanaka viajou superlotado, pois era o último fim de semana das férias escolares e muitas famílias voltavam com as crianças para a capital amazonense. — As índias vinham tirar fotos comigo porque muitas nunca tinham visto alguém com traços de descendente de europeus. 39 destino_brasil2.indd 3 7/7/2009 10:36:28 Foto: divulgação Destino Amazônia em estado puro Onde índio é maioria O turismo no Rio Negro tem conotações bem peculiares. É descobrir um Brasil que a televisão, com todo o seu esforço, apenas entremostra. Dos 40 mil habitantes de São Gabriel da Cachoeira, 95% são índios de 23 etnias. Ou seja, como escreveu o repórter Bruno Paes Manso na revista Veja, trata-se do único lugar do Brasil onde o índio ainda é maioria. O médico Drauzio Varella informa no livro Cabeça do Cachorro (Editora Terra Brasil), publicado em co-autoria com o fotógrafo Araquém Alcântara, que o Alto Rio Negro “é a terra das florestas mais preservadas da Amazônia”. Annibinho resume o aprendizado sociológico. “Em São Paulo a gente não imagina como é a Amazônia. Aqui o povo é muito dependente do governo. Além disso, pelas informações que eu tinha, sempre relacionei a região com o desmatamento e com uma grande quantidade de animais. Achei que fosse ver um monte de araras, tigres e botos, mas não é assim.” Há muitos passeios a partir de São Gabriel da Cachoeira, mas todos exigem tempo. Pudera: o município, que tem 109 mil quilômetros quadrados, é maior do que oito estados brasileiros. Lazer e ecoturismo São Gabriel da Cachoeira está a 858 quilômetros de Manaus e é considerado um dos maiores potenciais turísticos do Amazonas. Praias, cachoeiras, serras e ilhas fluviais fazem do município um local ideal para o ecoturismo. Das praias, merece destaque a Mussum Cuara, que, conta a lenda, abriga uma cobra adormecida que se alimenta dos que morrem no local. Na Praia do Jaú, crianças e adolescentes descem as corredeiras com bóias de pneu improvisadas. O lugar é também uma boa pedida para os que querem apreciar a Serra de Curicuriari, que alguns definem como monumento natural da cidade. Outra opção para o turista é conhecer as principais ilhas da região, como a Adana. Durante o período da seca do rio é possível ir até lá de voadeira (embarcação pequena com motor de popa). Arte e cultura Em Adana é possível encontrar pilões, peneiras de cipó, cestos de palha, colares e pulseiras de contas e penas coloridas de aves, bancos de madeira, raladores de mandioca, flautas de pã, aturás, que são cestos grandes de cipó, e artefatos de arumã (planta típica da região). Na programação cultural, destaque para o Festribal (Festival Cultural das Tribos do Alto Rio Negro), que acontece em setembro com o objetivo de revitalizar as tradições culturais dos povos do Alto Rio Negro. Oferece espetáculos de danças e rituais, além de atividades esportivas e comidas típicas da culinária indígena. Annibinho não conseguiu conhecer todas as atrações da região, mas indica o roteiro para amigos e já imagina reviver esta viagem com a próxima geração da família Hafers. “Vale muito a pena.” 40 destino_brasil2.indd 4 7/7/2009 10:36:40 À esq., vista aérea do Hotel Tropical, em Manaus, e detalhe das redes penduradas no convés do barco Tanaka Neto IV COMO CHEGAR Por via aérea Fotos: reprodução Trip Linhas Aéreas Tarifas de R$ 566,42 a R$ 1.050, para o trecho entre Manaus e São Gabriel da Cachoeira Voos terça e sexta, às 6h30 ou quinta e sábado, às 15h Duração da viagem: duas horas e meia Por via fluvial Tanaka Navegações Tarifas: rede (R$ 240), camarote (R$ 700) ou suíte (R$ 800) Saída todas as sextas, às 9h Duração da viagem: de três a sete dias, dependendo da cheia do rio Tel.: (97) 3471-1730 ONDE FICAR Manaus Hotel Tropical Tel.: (97) 3471-1730 São Gabriel da Cachoeira Hotel Deus Me Deu Tel.: (97) 3471-1395 Diárias em apartamento duplo: R$ 105 41 destino_brasil2.indd 5 7/7/2009 10:36:56 Fotos: Alwin Tölle Destino Floresta Negra No Vale Simonswälder, a magia da floresta entrecortada por rios Magia de águas e lendas Refúgio de nobres e escritores em séculos passados, um dos principais locais de turismo da Alemanha deve seu nome ao tom escuro das folhas de suas árvores H á 2 mil anos, o imperador romano Caracalla parou em uma floresta pouco povoada no sul da Alemanha, no que é hoje o estado de Baden-Württemberg, para descansar com seu exército e aproveitar as águas de fontes termais. Séculos depois, a região serviria de cenário também à rainha Vitória, da Inglaterra, a familiares de Napoleão e a quase 30 milhões de turistas que passam por ali todos os anos em busca do mesmo conforto e descanso que Caracalla usufruiu. 42 destino.indd 2 7/7/2009 10:39:57 Centro de Freiburg, cidade que atrai muitos esquiadores diferenciados, indo de banhos termais (€ 19) a massagens antienvelhecimento (€ 129). Para quem gosta de arte, o museu de Frieder Burda é uma boa opção, com entrada que varia entre quatro e vinte euros. O acervo contém obras abstratas, expressionistas e esculturas, além de quadros de Pablo Picasso. À noite, o elegante cassino da cidade abre suas portas. Em Heidelberg, universidade que já levou nove prêmios Nobel Região mais quente da floresta, Heidelberg recebe, por ano, o dobro de turistas que o Brasil inteiro. É lá que está a Universidade Ruprecht Karl, mais antiga da Alemanha, fundada em 1386, de onde saíram nove cientistas premiados com o Nobel, como os professores Harald zur Hausen e Bert Sakmann, ganhadores do Nobel de Medicina em 2008 e 1991, respectivamente. Para chegar à universidade, há uma trilha pela floresta, utilizada pelos estudiosos, chamada de “caminho dos filósofos”. Aliás, toda a floresta tem a fama de abrigar “pensadores”, já que suas diversas paisagens serviram de inspiração para os escritores russos Dostoiévski, Tolstoi e Turgueniev. Outras atrações são a vista dos Alpes suíços e da cadeia montanhosa dos Vosges, na França, a partir de Quase 200 mil camas em hotéis e casas de hospedagem Foto: Werner Müller O local é a Floresta Negra, ou Schwarzwald, como é chamada, em alemão, a cordilheira que faz fronteira do país com a Suíça, ao sul, e com a França, a oeste, e é uma das regiões mais irrigadas da Alemanha. Apesar de ser bem iluminada e ensolarada, a floresta recebeu este nome devido à tonalidade escura das folhas de pinheiros e abetos existentes em abundância na região. Ainda que parcialmente reflorestado devido ao desmatamento que ocorreu ao longo dos séculos, o local continua a ter uma das paisagens mais propícias a longas caminhadas, passeios e piqueniques na Europa. Com beleza e tranquilidade ímpar, os 200 quilômetros de extensão da floresta atraíram a construção de inúmeros hotéis, resorts, termas e spas de luxo voltados ao bem-estar e aos tratamentos terapêuticos. Oferta que hoje totaliza 138 mil camas em hotéis e pousadas, além de 60 mil quartos em casas de hospedagem espalhados pela floresta. Uma das principais cidades da região, Baden-Baden concentra o maior número de spas que prometem fortalecer o sistema imunológico e combater o stress. Entre eles está o Spa Caracalla Therme, que oferece 43 tipos de serviços e tratamentos O colorido das casas na cidade de Altensteig na porção leste da Floresta Negra 43 destino.indd 3 7/7/2009 10:40:05 Foto: Alwin Tölle Destino Floresta Negra Vista de um das trilhas da Floresta Negra durante o inverno Inspiração para os Irmãos Grimm Considerada, durante muito tempo, um local proibido e inacessível, a Floresta Negra passou a receber turistas com a chegada de monges à região. Suas casas tornaram-se mosteiros, que hoje podem ser visitados, bem como as ruínas de alguns castelos. Alguns estão bem preservados, como o mosteiro Maulbronn, construído há mais de 850 anos na cidade de mesmo nome, em um vale isolado. Patrimônio cultural da Unesco desde 1993, tornou-se escola-mosteiro, onde estudou o escritor alemão ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1946, Hermann Hesse. Com características arquitetônicas medievais e renascentistas, as construções da Floresta Negra lembram cidades de conto de fadas. Talvez por isso tenham servido de inspiração para as famosas fábulas e contos infantis dos Irmãos Grimm. Autores dos contos João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, entre outros, eles eternizaram a floresta ao usá-la como cenário para suas obras, muitas delas resgatando lendas da região. um dos cinco picos existentes nos vilarejos próximos à cidade de Freiburg, ao sul da floresta; a catarata com mais de vinte metros formada pelo Rio Reno em Schaffhausen, na Suíça; ou esquiar no pico de Feldberg, em Freiburg. Com 1.493 metros de altitude, o local reivindica a criação do esporte, e até hoje atrai turistas em busca de aventura, no inverno, e dos passeios e caminhadas, no verão. Berço do relógio cuco Na cidade de Furtwangen, o maior passatempo é ver o tempo passar durante um passeio pelo museu dos relógios, o Deutsches Uhrenmuseum. A instituição reúne mais de 8 mil itens, entre eles modelos do relógio cuco, que teve origem na Floresta Negra, no século XVIII. Lembrança típica, quem quiser levar um relógio para casa pode escolher entre os mais simples – cerca de 50 euros – e os mais elaborados – que podem ultrapassar 800 euros nas lojas próximas ao museu. 44 destino.indd 4 7/7/2009 10:40:19 SERVIÇO Um dos muitos spas existentes na cidade de Bad Teinach, na Floresta Negra Bolos e cerveja Gastronomia é outro ponto forte da floresta, que possui os restaurantes mais bem avaliados da Alemanha. Famosa pela qualidade de seu presunto e pelas plantações de uva, os restaurantes da floresta oferecem também os tradicionais filés de javali, trutas e pães de centeio com bacon, além do bolo Floresta Negra – feito com chantilly e cereja – e dos vinhos fabricados na região. A fabricação de cerveja também pode ser observada no Mosteiro de Alpirsbach, que, além da arquitetura, ajuda a manter vivas outras tradições locais, como a técnica de moldagem de vidros. Aéreo: TAM (11) 4002 5700 (para capitais) 0800 570 5700 (para outras localidades) Voos diários saindo de São Paulo para Frankfurt com tarifas a partir de US$ 1.733 Foto: Walter Storto À esq., vista aérea do Hotel Tropical, em Manaus, e detalhe das redes penduradas no convés do barco Tanaka Neto IV Hospedagem: Schlosshotel Bühlerhöhe Próximo a Baden-Baden e Heidelberg Diárias entre € 195 e € 2.300 QUEM LEVA Tereza Perez tem pacotes para a Alemanha com passagem pela Floresta Negra 45 destino.indd 5 7/7/2009 10:40:33 Gourmet Verde puro Em busca de mais sabor e saúde à mesa, chefs e personalidades procuram verduras e vegetais livres de agrotóxicos Juliana Bianchi –V ocê já sentiu a diferença de sabor e textura entre um tomate orgânico temperado apenas com sal e azeite e um comum? O desafio lançado pela chef Roberta Sudbrack, do restaurante de mesmo nome, no Rio de Janeiro, serve como ponto de partida para entender o que a fez trocar seu antigo fornecedor de verduras e legumes por outros que trabalhassem apenas com ingredientes livres de agrotóxicos. “São mundos totalmente diferentes, além de todos os benefícios que trazem à saúde”, completa. A opção, que também foi feita — ainda que parcialmente, em alguns casos — na cozinha de grandes chefs, como Salvatore Loi (Fasano), Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito), Carla Pernambuco (Carlota) e Helena Rizzo (Maní), aponta para o crescimento do consumo de alimentos orgânicos. Movimento que pode ser comparado à ponta de um iceberg de mudanças de atitudes relacionadas a saúde, bem-estar e respeito ao meio ambiente. Para quem não pode fugir da poluição e do estresse do dia a dia, abastecer-se de produtos saudáveis à mesa tornou-se uma importante alternativa para tentar retomar o equilíbrio físico e minimizar os efeitos tóxicos da vida moderna. Foi exatamente isso que incentivou o modelo Paulo Zulu a plantar suas próprias verduras sem nenhum tipo de agrotóxico ou aditivo Nos restaurantes, o trabalho com alimentos livres de agrotóxico encontra mais força nas hortaliças 46 goumet-6pag.indd 2 7/7/2009 10:45:48 Fotos: Divulgação 47 goumet-6pag.indd 3 7/7/2009 10:45:52 Gourmet Mãos à obra Aprenda a preparar uma salada saborosa e saudável utilizando apenas ingredientes sem agrotóxicos INSALATA DELL’ ORTO Ingredientes Alface roxa Alface crespa Rúcula Folhas de beterraba Mini-cenouras Salsão cortado em rodelas finas Folha de mostarda Tamarillo 1 colher de müsli Azeite Aceto balsâmico Sal Modo de preparo Rasgue as folhas de alface e beterraba e disponha-as no prato. Acrescente os demais ingredientes frescos. Tempere com azeite, sal e aceto balsâmico a gosto. Salpique o müsli e sirva. Dica Para variar a receita, acrescente à base de folhas verdes pedaços de frutas da estação, como figo, kiwi, manga e morango, ou flores, como capuchinha, borago, violeta, amor perfeito, calêndula ou sabugueiro. Fatias de queijo de cabra ou lascas de parmesão também dão um toque diferenciado ao prato. (*) Receita cedida pelo restaurante Zena Caffè químico na Guarda do Embaú, em Florianópolis, onde mora com os filhos e administra uma pousada, a Zululand. É dela que vem boa parte do lixo orgânico usado como adubo nos canteiros de alface, cenoura, beterraba, milho, aipim, berinjela, morangos, couve e batata doce. “Não há nenhum grande mistério em ter uma horta orgânica, o principal cuidado é ter uma terra saudável e um bom adubo”, diz ele, que costuma dividir suas colheitas com amigos e funcionários. — À medida que as informações são passadas, as pessoas vão tomando mais consciência do que realmente querem para seu futuro — afirma o modelo, que aderiu à alimentação saudável aos 16 anos. Estima-se que menos de 1% das hortas no Brasil sejam orgânicas, a maioria cultivada por pequenos agricultores, que escoam quase toda sua produção em supermercados como Zona Sul, no Rio, e Casa Santa Luzia, em São Paulo. O mesmo não acontece com alimentos como a laranja e o açúcar orgânicos, cujas produções são voltadas principalmente ao mercado externo. Com a oferta ainda escassa e a alta suscetibilidade a pragas e à sazonalidade, verduras e legumes orgânicos se tornaram alimentos de luxo, com preços até 30% maiores do que o de produtos convencionais. “Essa diferença tende a ser menor com o tempo, mas a demanda ainda é muito maior que a oferta”, afirma Eduardo da Costa, engenheiro agrônomo responsável pelos cinco hectares de frutas, verduras, legumes, flores comestíveis e ervas aromáticas plantados sob os preceitos da agricultura orgânica no Sítio do Moinho, em Itaipava (RJ). 48 goumet-6pag.indd 4 7/7/2009 10:45:58 Alto custo ainda é fator restritivo A diferença de valor também se torna um fator restritivo aos restaurantes. A chef Gabriela Barretto bem que tentou trabalhar apenas com ingredientes livres de agrotóxicos no Chou, em São Paulo, mas com o tempo teve de dar alguns passos para trás. — Descobri que, em certos casos, como o do alho, o preço chega a ser cinco vezes maior — diz ela, que conseguiu manter a filosofia inicial ao menos em hortaliças como agrião, rúcula, alface, cenoura e abóbora, que compõem os pratos do cardápio. Para aliviar o custo, o restaurante Eau, do hotel Grand Hyatt São Paulo, preferiu montar sua própria horta orgânica no quintal, e já conta com sálvia, salsa, alecrim, manjerona e manjericão à disposição. Em Salvador, o restaurater Beto Pimentel aproveitou parte do terreno de mais de 200 hectares, onde está instalado seu restaurante Paraíso Tropical, para garantir sua cota diária de pepino, manjericão, alecrim, louro e tangerina orgânicos. O mesmo caminho foi seguido por Francesco Siqueira Car- reta, proprietário da Trattoria Don Francesco, instalada há oito anos num casarão histórico de Olinda. Mas em seu caso a iniciativa teve um estímulo extra, as inúmeras reações alérgicas da filha Tainá, 13. “Resolvemos minimizar esses problemas com alimentos livres de toxinas e conservantes”, conta Carreta, que já dispõe de rúcula, manjericão, alface, cenoura, tomate cereja e salsinha na horta plantada nos fundos do restaurante. Juscelino Pereira, dono do restaurante Piselli e do Zena Caffè, também está tentando encontrar uma forma de tornar mais saudável seu menu com o uso de produtos orgânicos. Para isso, acaba de firmar parceria com a fazenda Blessing, de Joanópolis (SP), para o fornecimento de tomate, abobrinha, berinjela, alface, azedinha e outros vegetais. “Atualmente, quase toda a produção da fazenda está sendo mandada para o Zena. Assim que a estrutura for ampliada, vamos passar a ter esses produtos também no Piselli”, diz Pereira. Mesmo quando a questão não passa necessariamente pelo bolso, o problema aparece na dificuldade de se manter a excelência dos produtos sem a ajuda de compostos químicos. Uma das hortas orgânicas da Fazenda Cafundó, de Petrópolis (RJ) 49 goumet-6pag.indd 5 7/7/2009 10:46:04 Gourmet Juscelino Pereira (acima) e Marcos Palmeira (ao lado): orgulho de plantar sem agrotóxicos Paulo Zulu prioriza os alimentos orgânicos no cardápio de sua pousada É exatamente isso que faz a oferta de ingredientes orgânicos ainda se limitar aos temperos e ervas aromáticas como o cerefólio, a manjerona, a ciboulette e a sálvia, no restaurante Fasano. “O fornecimento das verduras acaba sendo irregular porque é difícil manter o padrão de qualidade dessa forma, mas a diferença de sabor é, sem dúvida, incrível”, diz Salvatore Loi. No Rio, Roberta Sudbrack driblou o problema de forma simples: deixou o cardápio fixo de lado para trabalhar apenas com produtos sazonais. “Nosso menu muda diariamente e é preparado com o que temos de melhor e mais fresco a cada dia. Nos movemos conforme a natureza. Não sou eu quem decide com o que vamos trabalhar, mas o mar e a terra. Para utilizar esse tipo de produto é preciso estar conectado com as estações”, afirma ela, que tem em sua lista de fiéis fornecedores o Sítio Verde Orgânico, em Teresópolis, e a Fazenda Cafundó, em Petrópolis. Esta última, também fornecedora dos hotéis Copacabana Palace e Sofitel. Foi esse mesmo princípio de respeito ao ritmo da natureza que fez o ator Marcos Palmeira começar, há mais dez anos, sua plantação de alimentos orgânicos na Fazenda Vale das 50 goumet-6pag.indd 6 7/7/2009 10:46:09 Palmeiras, na região serrana do Rio de Janeiro. O que era para servir apenas para consumo pessoal acabou se tornando um grande negócio, que hoje conta com 60 itens plantados sob a mesma filosofia natural. Indo de agrião e alface a radicchio, couve-flor, nabo, chuchu e rabanete, numa média de uma tonelada de alimentos colhidos por mês. “Quando você se alimenta com orgânicos, você não contamina sua saúde com venenos provenientes dos agrotóxicos, tendo um melhor aproveitamento dos nutrientes. Além de fazer parte de uma cadeia que preserva o meio ambiente”, diz o ator-empresário. RESERVA PESSOAL Com um pouco de dedicação e boa vontade é possível começar a sentir as diferenças de sabor e textura desses alimentos sem sair de casa, com a vantagem de passar a ter ingredientes fresquinhos sempre à mão. Confira as dicas para montar sua própria horta orgânica. - Pegue um vaso ou uma jardineira de pelo menos 30 cm de altura e com furos no fundo - Coloque no fundo uma camada de brita ou argila expandida, e um pouco de areia de rio (areia de construção) por cima. - Preencha o restante do vaso com uma mistura com duas partes de terra e uma parte de composto orgânico ou de terra vegetal. Se a terra for muito “barrenta”(argilosa), misture uma parte de areia. Essa organização ajudará na drenagem da água - Escolha uma hortaliça ou tempero e plante as sementes a 2 cm de profundidade, ou, se tiver mudas, plante-as com a terra cobrindo as raízes. Se for montar um canteiro, deixe um espaço de um palmo entre uma muda e outra. Para quem está começando, as mais indicadas são a hortelã, o manjericão e a salsa, que requerem menos cuidados. Após plantar, regue sem encharcar. - Deixe o vaso com a muda em local ensolarado e ventilado - Regue a planta cada dois dias, sem encharcar a terra. * Fonte: IBD Fo to : SP Ve re s /s xc 51 goumet-6pag.indd 7 7/7/2009 10:46:19 Ilustração: Américo Gobo Especial Zelo afável Condomínios de São Paulo encontram fórmulas para manter a casa em ordem e estimular a convivência. Uma delas é criar comissões infanto-juvenis corresponsáveis pelas áreas comuns 52 especial2.indd 2 29/7/2009 11:56:42 P articipação, profissionalismo e criatividade são os ingredientes de uma nova modalidade de convivência que começa a surgir nos condomínios. Um dos sinais mais evidentes dessa tendência são as comissões infanto-juvenis, com síndicos, subsíndicos e conselheiros-mirins que ajudam os adultos a pôr ordem nas áreas comuns dos condomínios e, em troca, ganham voz na administração. Num condomínio da Zona Norte de São Paulo, a comissão infanto-juvenil existe há menos de um ano, mas já organizou campeonatos esportivos, participou de uma campanha contra a dengue e ajudou a montar a festa junina do ano passado. Como incentivo, a síndica reverteu toda a renda da festa para a implantação de uma brinquedoteca e para a reforma do salão de jogos. Há um síndico-mirim, adolescente. Ele constata que a experiência entrosa crianças, adolescentes e adultos. Os representantes infanto-juvenis fazem assembleias mensais com a participação da síndica e praticamente todas as crianças e adolescentes comparecem. Quando recebem um elogio, levam para a assembleia, pois tudo que é feito tem a participação de todos. Segundo o adolescente, a iniciativa está mudando as relações dentro do condomínio, porque a aproximação entre os mais jovens acaba provocando a aproximação dos pais. Aprendizado das crianças de hoje servirá para os adultos de amanhã A empresa que administra o condomínio considera a iniciativa duplamente benéfica. Boa para os adultos, por reduzir drasticamente o barulho e a indisciplina nas áreas comuns, e boa para crianças e adolescentes, que aumentam e melhoram suas opções de lazer. A síndica enxerga ainda outra vantagem na participação da garotada: as crianças de hoje são os adultos 53 especial2.indd 3 29/7/2009 11:57:34 Especial de amanhã e a prática prepara esses jovens para exercer, no futuro, funções administrativas ou no campo das relações humanas, inclusive na condição de síndicos. O síndico deve saber intermediar conflitos e aproximar as pessoas A eleição de um síndico preparado para a função representa atualmente um dos maiores desafios dos condomínios, segundo o advogado Márcio Rachkorsky, que presta serviços de assistência jurídica na área de condomínios há cerca de 15 anos. Um síndico, na opinião de Rachkorsky – que é também autor de livros sobre o tema, colaborador do Caderno de Imóveis da Folha de S. Paulo e apresentador do boletim Condomínio Legal na Rádio CBN – precisa ter habilidade nas relações pessoais, saber intermediar conflitos e aproximar as pessoas. Tudo isso está sendo desenvolvido pelos jovens em suas funções de representantes mirins. Enquanto as novas gerações não chegam à idade de poder ocupar os cargos oficiais, outros caminhos são trilhados. Um deles é a contratação de um síndico profissional. “Eu ainda sou a favor do síndico morador, especialmente em prédio residencial, mas alguns condomínios já optam por contra- 54 especial2.indd 4 29/7/2009 11:57:44 tar um síndico profissional. Alguém que estudou, que se preparou para ser síndico profissional e exerce essa função em diversos condomínios”, diz o advogado. É o caso do economista Renato Daniel Tichauer, que embora tenha seu próprio negócio – um escritório de representações – é também síndico profissional de um grande condomínio, com vários prédios, na Zona Sul de São Paulo. Cursos preparam o morador para administrar o condomínio Tichauer ingressou na profissão depois de um curso para síndicos ministrado por Márcio Rachkorsky. Ele fez o curso porque era síndico do prédio onde mora e queria adquirir conhecimentos jurídicos para desempenhar melhor a função, mas acabou sendo convidado para administrar o condomínio, conta. Depois disso, Tichauer não parou mais de estudar e complementa seu aprendizado a cada dia, com a experiência adquirida na rotina do condomínio que administra. Na opinião de Tichauer, é fundamental que o síndico tenha conhecimento de todas as áreas envolvidas na administração de um condomínio e aja com profissio- 55 especial2.indd 5 29/7/2009 11:58:04 Especial Objetos voadores nalismo, mesmo que sua condição no prédio seja de síndico amador. Ele acredita, por exemplo, que grande parte das divergências nas relações entre vizinhos se deve à falta de informação. “Quando você conhece as coisas e passa as informações para as pessoas, ganha a confiança delas e isso torna mais fácil a solução de qualquer conflito”. Outra opção encontrada pelos condomínios é contratar administradoras que cuidam da contabilidade e das demais providências necessárias, deixando ao síndico apenas a supervisão do trabalho. Entre as funções delegadas à administradora estão o relacionamento com moradores e funcionários, as compras, e a manutenção das áreas e equipamentos comuns. Uma das vantagens dessa solução é manter um morador do prédio no centro das decisões, ao mesmo tempo que transfere para um profissional a tarefa de conciliar demandas. A qualidade da convivência em prédios e condomínios pode ser melhorada, também, por meio da aproximação dos moradores. O gerente financeiro Fábio Sarapion Machado usa essa técnica para melhorar a convivência no condomínio que administra há 16 anos, no início como síndico e agora na condição de braço direito da nova síndica, a sua mulher. Para promover a aproximação, Sarapion organiza churrascos comunitários nos fins de semana. O convite é feito por meio de um comunicado que vai para todos os apartamentos. Em junho e dezembro, o condomínio promove festa junina e confraternização de fim de ano com o patrocínio de fornecedores. “Nem todos os moradores participam, mas os encontros geram um clima de união”, diz Sarapion. Quando a questão é colocar ordem na casa, ele recorre ao humor. Nos primeiros anos de sua experiência como síndico, era comum objetos serem jogados pelas janelas durante brigas de casais, por indisciplina das crianças ou levados pelo vento. Depois que um portaretratos caiu dentro da piscina, Sarapion resolveu colecionar “os objetos voadores” e encheu uma mala que tem desde peças de decoração até roupas, canetas, brinquedos e sapatos. Quando os moradores ficaram sabendo da mala, passaram a ter mais cuidado e a evitar “arremessos” e quedas. 56 especial2.indd 6 29/7/2009 11:58:26 especial2.indd 7 29/7/2009 11:58:51 Foto: Divulgação Ornare Bem-viver Closets e armários Chega de bagunça Especialistas em arrumação ensinam a organizar closets e armários Natalie Betito 58 bem viverv3.indd 2 7/7/2009 10:56:26 Foto: Divulgação Kitchens Armários setorizados e caixas contribuem para que roupas e sapatos fiquem organizados e protegidos D ifícil encontrar quem, mesmo tendo um guardaroupa grande, já não tenha sofrido com a falta de espaço ou com a dificuldade de localizar uma peça especial em meio ao caos. Para acabar com o problema, na maior parte das vezes gerado por pura desorganização, existem no mercado empresas e profissionais especializados em colocar ordem na bagunça, como a personal organizer Ingrid Lisboa. “Meu trabalho é entender as necessidades, o estilo e as preferências dos clientes e, então, sugerir a organização que seria mais interessante para o perfil dele. Não existe organização ideal, existe a organização que funciona para cada um” diz ela. Rosângela Campos, diretora da Domus Organizzare, sugere que quem decidir começar a organizar o armário deve conhecer tudo o que há dentro dele. Inicialmente é preciso pensar nos tipos de roupas que você mais usa e em como pretende guardá-las. “Depois de feita a divisão das peças, fora do armário, será possível elaborar os espaços de forma criteriosa e inteligente.” Para Rosângela, o espaço mais valorizado do armário ou closet são as araras e, portanto, as peças mais usadas devem ser penduradas priorizando a organização por muito mais tempo. O oposto deve acontecer com peças pouco usadas, como vestidos de festa e casacos de frio. — Não os deixe ocupando o espaço privilegiado de duas peças básicas que você usa três vezes por semana — recomenda. E explica: “No cabide, as peças não amassam, é possível enxergálas e fazer a reposição na sequência de cores em que foram inicialmente organizadas”. Para Ingrid, closet bem organizado é aquele que permite uma rápida visualização das peças e das 59 bem viverv3.indd 3 7/7/2009 10:56:33 Foto: Divulgação Ornare Bem viver Closets e armários possíveis combinações entre elas. Ela sugere ordenar o closet por estilo — esporte, festa e dia a dia — e, em seguida, por cores. Para que o armário tenha uma aparência limpa e organizada, Ingrid também recomenda destinar cabides iguais para todas as roupas. Em compensação, as peças mais delicadas, como as blusas de lã, devem ficar dobradas em nichos. “Penduradas em cabides elas esgarçam e, em gavetas, ao retirá-las os fios podem ser puxados. O mais correto é guardá-las em saquinhos de TNT com visor.” Casais que dividem o mesmo armário devem seguir as mesmas regras, porém para guardar gravatas a personal organizer Anna Celidonio recomenda um gravateiro giratório, que pode acondicionar até 70 gravatas. “Quem tiver poucas gravatas pode utilizar um cabide especial para pendurá-las, que impede que elas escorreguem e facilita a visualização.” Anna destaca que um closet moderno deve ter gavetas com a parte da frente transparente para facilitar a escolha da peça, prateleiras com não mais do que 45 centímetros de altura, gavetas com divisões para meias, roupas íntimas, óculos e bijuterias, suporte para pendurar roupas antes de guardar e uma parte para vestidos longos e casacos de frio. Na parte superior do armário a dica é usar caixas decorativas para guardar roupas que não são muito usadas, como acessórios de viagem, roupas de esqui, gorros e luvas. Para quem está pensando em adquirir armários novos, Anna também orienta escolher materiais leves e de preferência claros, que venham com gravateiros e divisória para acessórios (óculos, bolsas e sapatos), e apresentem boa iluminação interna. Nichos, prateleiras e gavetas com divisórias são essenciais para organizar os acessórios 60 bem viverv3.indd 4 7/7/2009 10:56:52 Foto: Divulgação Favo Móveis Closet saudável • • • • • Iluminação interna, vidro e cores claras também ajudam na hora de achar uma peça no armário • Depois de organizar o closet, discipline-se para mantê-lo sempre em ordem e devolva cada peça a seu devido lugar após o uso ou a lavagem. Para arejar, deixe as portas de seu armário e as janelas do cômodo abertas por algumas horas todos os dias. Roupas pouco usadas, como casacos de inverno e blusas de lã grossa, também merecem banhos de sol periódicos. Evite acumular itens que não utiliza mais. Na hora de limpar o armário, use um pano úmido com detergente neutro. Alguns produtos de limpeza podem danificar irreversivelmente as roupas. Para deixá-lo perfumado, coloque bolas de cânfora ou um sachê com perfume suave. Armário modelo Sapatos – sempre que possível, guarde-os em sapateiras ventiladas, de fácil visualização. Se for guardar em caixas, dê preferência às transparentes, com respiros. Meias – separe-as por cor e modelo (ginástica, social, meia-calça) e depois guarde-as enroladas em casulos individuais. Lingeries – procure guardar os conjuntos de calcinha e sutiã juntos, e as peças avulsas separadas por cor e modelo em uma gaveta com divisórias. Existem divisórias plásticas que resolvem o problema com custo acessível e resultado imediato. Bolsas – coloque-as lado a lado em prateleiras ou em nichos individuais. Para manter as mais molinhas em pé, encha-as com papel de seda. Coloque as alças mais finas para dentro para não estragar. Foto: Divulgação Ornare Conheça outras dicas para manter a roupa em ordem 61 bem viverv3.indd 5 7/7/2009 10:57:08 Queiroz Galvão São Paulo No alto da página, a sala do apartamento de 290m², decorado na torre; da sacada (ao lado), vista previlegiada; acima, o espaço mulher 62 QGv8.indd 2 7/7/2009 12:24:32 Imagem ilustrativa da fachada do edifício Camarotte, no Campo Belo Imagens Ilustrativas Nobreza para morar Novo empreendimento no Campo Belo alia tranquilidade à boa localização E m uma rua tranquila do bairro do Campo Belo, nasce o luxuoso Edifício Camarotte. Com projeto arquitetônico criado pela CFA Cambiaghi Arquitetura, o empreendimento foi desenvolvido especialmente para atender a famílias acostumadas com o que há de melhor. Localizado próximo a importantes vias de acesso ao Aeroporto de Congonhas, ao Parque Ibirapuera e a grandes shopping centers, o condomínio permite usufruir de uma vida calma, com vista privilegiada e fácil acesso aos principais pontos da cidade. 63 QGv8.indd 3 7/7/2009 12:25:23 Queiroz Galvão São Paulo Ilustrações artísticas da sala de ginástica (acima) e da piscina com deck molhado (ao lado) Situado em um amplo terreno de 3.545 metros quadrados, o condomínio com torre única conta com apenas dois apartamentos-tipo em cada um dos vinte e oito andares. Com espaços integrados e inteligentes, as plantas propõem a divisão dos 290 metros quadrados privativos em galeria, salas de estar, jantar e almoço, terraço com churrasqueira, lavabo, quatro suítes (sendo uma delas máster, com terraço e banheira opcional). Além disso, o arquiteto ainda sugere uma segunda opção de composição na área íntima: a criação de um family room junto às quatro suítes. Os dois últimos andares do edifício foram reservados às coberturas duplex, de 531 metros quadrados cada. No pavimento inferior do apartamento, espaço para galeria, salas de estar, jantar e almoço, lavabo, terraço e quatro suítes. No superior estão distribuídos o estar íntimo com terraço, escritório, lavabo, churrasqueira, solarium e piscina com deck. Na área comum do edifício foi criado um verdadeiro clube com piscina adulto e infantil, fitness center, quadra gramada, playground, solarium, espaço mulher, salão de festas, espaço gourmet, salão de jogos e sauna com duchas. “Criamos uma série de espaços de convivência e lazer, além de plantas flexíveis, para atender as necessidades dos moradores”, diz Henrique Cambiaghi, arquiteto responsável pela obra. O projeto ainda inclui vagas para visitantes e amplas áreas verdes com praças, jardins e cascatas projetados pela paisagista Neusa Nakata. A decoração dos ambientes ficou sob os cuidados da especialista no assunto Gisela Bento Gonçalves. 64 QGv8.indd 4 7/7/2009 12:26:48 QGv8.indd 5 7/7/2009 12:28:03 Fotos: Divulgação Queiroz Galvão Recife Exclusividade com vista para o mar Apartamentos de um por andar, em terreno situado no ponto mais valorizado da região Imagem ilustrativa da fachada do edifício Lucilo Maranhão. Acima, varanda com vista para a praia de Boa Viagem 66 QGv8.indd 6 7/7/2009 12:28:22 Com quatro suítes e sala para dois ambientes, os apartamentos do edifício Lucilo Maranhão têm espaços amplos e arejados U m dos bairros mais famosos do Recife, Boa Viagem, terá em breve mais uma alternativa de moradia de luxo com a assinatura da construtora Queiroz Galvão. Trata-se do Edifício Lucilo Maranhão, localizado em um dos melhores pontos da região, mais exatamente na Rua Dona Benvinda de Farias, entre as avenidas Boa Viagem e Conselheiro Aguiar. Próximo ao Shopping Center Recife – maior polo comercial da capital —, e às principais lojas de grife da cidade, o empreendimento também estará perto dos melhores restaurantes da região, como o Wiella Bistrô e o Mingus, eleito pela revista Veja Recife como o melhor da capital pernambucana. Com 27 apartamentos de 182 metros quadrados privativos, a planta-tipo das novas unidades é dividida em quatro suítes, sala para dois ambientes, lavabo, cozinha, área de serviço e varanda com vista para o mar. “A localização privilegiada, que permite que o prédio esteja mais alto do que os demais edifícios do entorno, e o fato de ser um apartamento por andar, possibilita uma boa ventilação e iluminação natural nos principais cômodos”, afirmam as arquitetas responsáveis pelo projeto, Mariana Asfora e Maria Eduarda Campos. Na área comum, o novo empreendimento da Queiroz Galvão oferece sala para motoristas, playground, hall social com pé direito duplo, espaço para fitness e um espaçoso salão de festas com copa e bar. 67 QGv8.indd 7 7/7/2009 12:28:38 Fotos: Roberta Guimarães Art Cultura Arte de Artistas plásticos pernambucanos se unem para levar um toque de contemporaneidade ao artesanato cerâmico de Tracunhaém barro F amosa nos anos 60 pela produção de objetos e utilitários de barro, a pequena cidade de Tracunhaém, localizada a 63 quilômetros do Recife, voltou a despertar interesse. Agora, por emprestar uma roupagem mais moderna às cerâmicas tradicionais. A reviravolta aconteceu graças à mente inquieta dos artistas plásticos Joelson Gomes e Manuel Dantas Suassuna, criadores do projeto Olaria Ocre. Dispostos a criar e dividir seus conhecimentos com os artesãos locais, os dois saíram da capital pernambucana e em 2007 se instalaram na Olaria do Baixinha, uma das maiores da região, para trabalhar o barro de uma forma mais contemporânea, que desse novo status às criações artesanais. — O objetivo é produzir arte tendo como base um objeto já existente e dialogar com as pessoas desse município tão conhecido por sua tradição em cerâ- 68 olaria.indd 2 7/7/2009 11:06:32 À esq., o artista Joel Joelson Gomes com uma das peças criadas pelo projeto; acima, vista geral da Olaria do Baixinha; abaixo, a fo fotógrafa Roberta Guimarães, Dantas Suassuna e Joelson mica — afirma Joelson Gomes. — É o olhar olha de três olaria que artistas contemporâneos aplicado a uma o tem formas muito rústicas de trabalho — completa ele, que já viajou por todo o Nordeste pesquisando as diferentes formas de tratar o barro. período, realizamos um diálogo nosso com uma olaria local”, conta o artista, referindo-se a tardes de muita criação. Mas o projeto não estaria completo sem o olhar atento e curioso da fotógrafa Roberta Guimarães. Ao longo desses anos, é ela quem vem registrando o processo de criação dos amigos em imagens que traduzem a crueza e beleza do barro e da vida nas olarias. Esse olhar perpetua, com cuidadosos estudos de luz, manifestações atuais de uma arte milenar. Toque artístico dá vida nova a peças simples Assim, Joelson e Suassuna — este, antigo pupilo de Francisco Brennand —, passaram a dar nova vida, a partir de interferências artísticas, a peças simples como pratos, jarras, potes e panelas. “Construímos algo novo ao desconstruir formas tradicionais”, diz Joelson. Bom exemplo do resultado desse trabalho é o filtro de barro transformado em totem com símbolos medievais, exposto no Recife. Ou ainda as peças que foram apresentadas em Ouro Preto, Minas Gerais, de 30 de maio a 13 de junho. “Nesse 69 olaria.indd 3 7/7/2009 11:07:00 Art Cultura 500 anos de Fotos: divulgação Andrea Palladio Mestre italiano M i li f i um dos foi d mais i infl i fluentes da d história hi i por dar status à arquitetura residencial, usando linhas simples e elegantes inspiradas nos monumentos romanos 70 paladio2.indd 2 7/7/2009 11:08:13 Famoso por valorizar residências, Andrea Palladio também projetou outros tipos de edifícios, como a Igreja do Redentor, em Veneza (maquete à esquerda); ao lado, retrato do arquiteto feito pelo pintor El Greco H à 500 anos, o Brasil dava seus passos iniciais sob domínio português. Os primeiros europeus chegavam à América do Norte. E Andrea Palladio influenciava o mundo com suas linhas simples e elegantes, sua crença de que construções podiam ser belas mesmo sem materiais caros e de que a arquitetura doméstica tinha tanto valor quanto a monumental. Mostrar a importância de Palladio, nascido em Pádua, na Itália, em 1508, é o objetivo da exposição Andrea Palladio: Sua Vida e Seu Legado, que, depois de ocupar a Royal Academy of Arts, em Londres, viaja a Barcelona (de 19 de maio a 6 de setembro) e Madri (6 de outubro a 17 de janeiro), abrigada em ambas as cidades espanholas em centros culturais da Caixaforum. A exibição apresenta desenhos originais e sua obra vista por grandes artistas, além dos projetos de arquitetos que aprenderam com ele. Pode-se dizer que, além do óbvio talento, Palladio teve sorte. Aos 13 anos, aprendeu a cortar pedra para a construção. Graças ao conde Giangiorgio Trissino, porém, ele foi capaz de dar um salto e se transformar num dos mais importantes arquitetos da história. Patrocinado por seu mentor, estudou os edifícios romanos e, de volta ao Vêneto, região onde cresceu, desenhou belas igrejas, como San Giorgio Maggiore e Redentore, ambas em Veneza, palácios e, principalmente, villas. Palladio foi revolucionário por acreditar que a imponente arquitetura romana podia ser adaptada para residências. Sua villa mais famosa, La Rotonda, nos arredores de Vicenza, traz formas simples, calmas e harmoniosas. Um círculo central inscreve-se num quadrado. Em simetria perfeita, as fachadas de cada um dos segmentos do quadrilátero são idênticas, assim como os cômodos. O neoclassicismo de Andrea Palladio logo passou a ser chamado de estilo palladiano, e seu alcance aumentou principalmente depois que ele escreveu Quatro Livros de Arquitetura, em 1570. Seus maiores divulgadores foram ingleses como Inigo Jones e o 3º Conde de Burlington, que usou seus ensinamentos no prédio que atualmente abriga a Royal Academy of Arts. Até Thomas Jefferson se encantou por ele e, após tentar sem sucesso fazer a residência presidencial americana em estilo palladiano, inspirou-se no italiano para criar sua casa, Monticello, e a biblioteca da Universidade da Virginia, ampliando a influência do arquiteto. 71 paladio2.indd 3 7/7/2009 11:08:40 Art Cinema brasileiro A volta do Bem-Amado Odorico Paraguaçu marcou época na televisão brasileira, primeiro em telenovela, depois em seriado. Agora, vai ao cinema pelas mãos do diretor Guel Arraes 72 cinema.indd 2 7/7/2009 11:09:34 L Fotos: divulgação Novidade na trama, Caio Blat faz o papel de um jornalista que se apaixona pela filha de Odorico Paraguaçu á se foram 45 anos desde que Dias Gomes escreveu a peça Odorico, O Bem-Amado, ou Os Mistérios do Amor e da Morte. Depois disso, o prefeito de Sucupira — não a verdadeira, no estado de Tocantins, que nem havia sido criado, mas uma de mentirinha — fez sucesso na televisão, primeiro na telenovela da Globo, de 1973, e depois no seriado exibido entre 1980 e 1984, versões que entraram para a história ao tratar de política em pleno regime militar. Mas Odorico Paraguaçu não quer ir embora. O mais novo a revisitar esse universo é Guel Arraes, que já tinha levado ao teatro bem-sucedido espetáculo com o mesmo nome protagonizado por Marco Nanini. Agora, o diretor responsável por programas como TV Pirata, Armação Ilimitada e Brasil Legal, e por filmes como Romance e O Auto da Compadecida, acaba de rodar um longa-metragem, com previsão de estreia até o fim do ano. Filho do político Miguel Arraes, o diretor quis fazer uma produção contra os maus políticos. Para evitar comparações fáceis, manteve a trama na década de 1960. O roteiro levado à tela grande retoma o argumento original. Odorico Paraguaçu deseja marcar sua administração com a inauguração de um cemitério. Mas há um problema: ninguém morre na cidade. Não demora para ele bolar um plano infalível, 73 cinema.indd 3 7/7/2009 11:09:47 Art Cinema brasileiro Acima, Marco Nanini como o prefeito Odorico e Matheus Nachtergaele como Dirceu Borboleta; ao lado, cenas do longa filmado em Alagoas trazendo de volta a Sucupira o matador Zeca Diabo. As irmãs Cajazeiras seguem defendendo fervorosamente o prefeito, e Dirceu Borboleta continua seu fiel escudeiro. De novidade, o romance entre Violeta (Maria Flor), filha de Odorico, e o jornalista de oposição Neco (Caio Blat). E, claro, o elenco é todo novo. Marco Nanini substitui Paulo Gracindo, que esteve em sua melhor forma como o político fã de licor de jenipapo. As devotadas irmãs Cajazeiras, antes interpretadas por Dirce Migliaccio, Dorinha Duval e Ida Gomes, agora são Andréa Beltrão, Drica Moraes e Zezé Polessa. Matheus Nachtergaele, um dos melhores atores de sua geração, ganhou a tarefa de encarnar o secretário Dirceu Borboleta, que, com voz anasalada e gago, se tornou inesquecível na pele de Emiliano Queiroz. Zeca Diabo, mais um personagem forte na galeria de Lima Duarte, é vivido por José Wilker na nova adaptação. Odorico Paraguaçu voltou. Apesar de ser um tipinho da pior espécie, ele tinha deixado saudades. 74 cinema.indd 4 7/7/2009 11:09:58 cinema.indd 5 7/7/2009 11:10:08 Art Cinema O mais popular O Cine PE — Festival do Audiovisual do Recife — homenageou Costa-Gavras e Dira Paes. Lotação completa, exibiu filmes sobre Chacrinha e Humberto Teixeira Mariane Morisawa 76 festival recife.indd 2 7/7/2009 11:10:53 Fotos: Divulgação Atores e diretores premiados sobem ao palco do Cine Teatro Guararapes para o encerramento do festival; abaixo, Chico Diaz e Aldir Blanc da criatividade e da vontade de viver dessas pessoas — declarou em entrevista coletiva. O diretor emocionou-se com a apresentação da Orquestra Criança Cidadã, formada por meninos e meninas do Coque, favela recifense, e visitou a Oficina de Francisco Brennand. O Cine Teatro Guararapes, dentro do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, como sempre, lotou todas as noites sua capacidade de 2.500 espectadores. Mas o 13º Cine PE — Festival do Audiovisual do Recife —, ocorrido entre 27 de abril e 3 de maio, trouxe novidades. A principal foi a presença de Constantin Costa-Gavras, cineasta grego radicado na França e autor de longas-metragens como Z, Desaparecido – Um Grande Mistério e Estado de Sítio. Ele exibiu Éden à L’Ouest, seu mais recente filme, que trata com leveza e humor a história de um imigrante na parte ocidental da Europa. — É uma questão grave e tem motivado muitos filmes, quase sempre dramas. Procurei abordar o tema por um ângulo mais cômico, por causa Muro, de Tião, e Superbarroco, de Renata Pinheiro, levaram troféus Calunga Não faltaram homenagens a brasileiros, como a atriz Dira Paes, com quase 30 filmes no currículo. Ela agradeceu e se disse honrada por fazer parte do cinema brasileiro. E fez uma dedicatória especial: “Dedico esse prêmio a meu filho Inácio, de um ano de idade, que nesta manhã deu seu primeiro passo, sozinho”. A seleção de curtas foi um dos destaques, com vários filmes de boa qualidade, em especial dois pernambucanos: Muro, de Tião (apelido de Bruno Bezerra), premiado no Festival de Cannes do ano passado, e Superbarroco, de Renata Pinheiro, exibido no festival deste ano. O primeiro saiu com 77 festival recife.indd 3 7/7/2009 11:11:04 Art Cinema Chico Diaz (acima) e Maria Padilha recebem os prêmios de melhor atuação pelo trabalho no longa Praça Saens Peña, de Vinicius Reis três troféus Calunga (crítica, montagem e direção de arte) e o segundo, com dois (curta de 35 mm e ator). Entre os longas, fez muito sucesso Alô, Alô, Terezinha, documentário de Nelson Hoineff sobre Chacrinha. Logo na abertura do filme, a plateia deu mostras de sua habitual festiva participação. Aos chamados de “Terezinhaaaaa!”, pelo Velho Guerreiro, o público respondia: “U-u!”. Com seu desfile de personalidades dos anos 1970 e 1980, como Caetano Veloso, Biafra e Nelson Ned, e pretendendo replicar o espírito debochado e por vezes maldoso do apresentador, a produção agradou, levando três Calungas, incluindo os de melhor filme para o júri e de melhor filme para o público. Atores ganham reconhecimento do júri em papéis que fogem do comum Os prêmios de atuação, no entanto, foram dominados pelos protagonistas do filme Praça Saens Peña, de Vinícius Reis. “É bom receber um prêmio desse júri e também é bom receber este prêmio independentemente de quem estava no júri”, disse Maria Padilha, provocando risos. Ela interpreta Teresa, uma mulher de classe média casada com o professor Paulo (Chico Diaz) e mãe de Bel (Isabela Meireles) e moradora da Tijuca, no Rio. — Queria agradecer ao diretor por ter confiado em mim num papel tão diferente dos que eu costumo fazer — completou ela, que já tinha dito na coletiva de imprensa que sempre é chamada para fazer ricas e louquinhas. Chico Diaz recebeu o troféu de melhor ator também com um papel bem diverso dos tipos pelos quais é conhecido, normalmente homens de ação, ou mesmo maus. Ele agradeceu à companheira, Sílvia Buarque, que também esteve no festival, e disse: “Obrigado a todos os que fazem desse ofício sua vida”. Isabela Meireles levou o troféu de melhor atriz coadjuvante, e o melhor ator coadjuvante foi Leonardo Miggiorin, de Mystérios, dos cineastas Beto Carminatti e Pedro Merege. 78 festival recife.indd 4 7/7/2009 11:11:23 O diretor Lírio Ferreira subiu ao palco com camiseta-protesto (ao lado); abaixo, o cineasta grego radicado na França Costa-Gavras, que foi homenageado Humberto Teixeira, O Homem que Engarrafava Nuvens Após a premiação, o diretor pernambucano Lírio Ferreira subiu ao palco para apresentar O Homem que Engarrafava Nuvens, documentário sobre Humberto Teixeira, o grande parceiro de Luiz Gonzaga. — É muito bom estar aqui na minha casa. Esse teatro é muito grande, quem está longe não consegue ler minha camiseta: “Quero ser excomungado”. Porque se uma mãe e médicos são, eu também quero ser — disse. A atriz Denise Dumont, filha de Humberto Teixeira, também estava presente na sessão que encerrou o festival. E foi assim, em clima de baião, que terminou mais uma edição do festival de cinema mais popular do Brasil. Cena do documentário Alô, Alô, Terezinha, exibido no festival 79 festival recife.indd 5 7/7/2009 11:11:41 Endereços Cultura QUEIROZ GALVÃO P AC Arquiteta Mariana Asfora R. Prof. José Brandão, 336, Boa Viagem Recife - PE Tel: (81) 3327-7551 Danielle Côrte Real e Dayanne Cavalcanti Arquitetas Recife - PE Tel: (81) 8875-7827 (81) 9299-7172 Anna Celidonio Personal Organizer São Paulo - SP Tel: (11) 9278-2166 Domus Organizzare Av. Benjamin Constant, 1534, sala 203 Floresta - Porto Alegre - RS Tel: (51) 3061-3380 e (51) 8405-0404 Associação das Artesãs do Pontal de Coruripe Pontal de Coruripe - AL Tel: (82) 3273-7319 ou (82) 9977-0395 Associação dos Artesãos de Feliz Deserto Feliz Deserto - AL Tel: (82) 3556-1240 ou (82) 3556-1229 Carlota Rua Sergipe, 753, Higienópolis, São Paulo - SP Tel: (11) 3661-8670 www.carlota.com.br CFA Cambiaghi Arquitetura R. do Rócio, 351, 2º andar, cj 21, Vila Olímpia São Paulo - SP Tel: (11) 3040-4444 Chou Rua Mateus Grou, 345, Pinheiros, São Paulo - SP Tel: (11) 3083-6998 www.chou.com.br Dalva e Dito Rua Padre João Manoel, 1115, São Paulo - SP Tel: (11) 3064-6183 www.dalvaedito.com.br Eau Av. Nações Unidas, 13.301, São Paulo - SP Tel: (11) 2838-3207 www.eau.com.br Fasano Rua Vittorio Fasano, 88, Jardins, São Paulo - SP Tel: (11) 3062-4000 www.fasano.com.br Gisela Gonçalves Decoração de Interiores GOK Arquitetura R. Guarará, 529, cj. 48, Jardim Paulista São Paulo - SP Tel: (11) 3885-0712 Ingrid Lisboa Personal Organizer São Paulo - SP [email protected] Tel: (11) 9986-3320 Instituto Inhotim Rua B, 20, Inhotim Brumadinho - MG Tel: (31) 3227-0001 Estúdio Jacqueline Terpins São Paulo - SP Tel: (11) 3872-4497 Olaria do Baixinha R. Diogo Coelho Romero, 36 Tracunhaém - PE Tel: (81) 3646-1479 Joelson Gomes e Manoel Dantas Suassuna Recife - PE Tel: (81) 3441-9776 e (81) 9979-2679 Paraíso Tropical Rua Edgard Loureiro, 98-B, Cabula, Salvador - BA Tel: (71) 3384-7464 Laris São Paulo - SP www.laris.com.br Lilian Pitta - Arquiteta Petrópolis - RJ Tel: (24) 2249-3461 Maní Rua Joaquim Antunes, 210, Jardim Paulistano, São Paulo - SP Tel: (11) 3085-4148 www.restaurantemani.com.br MiCasa Rua Estados Unidos, 2109, Jardim Paulista São Paulo - SP Tel: (11) 3088-1238 www.micasa.com.br Montenapoleone Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1572 São Paulo - SP Tel: (11) 3083-2300 www.montenapoleone.com.br Neusa Nakata Paisagismo Rua General Almério de Moura, 780, cj 5A, Morumbi São Paulo - SP Tel: (11) 3755-0287 Roberta Guimarães Imago Fotografia Recife - PE Tel: (81) 9132-7758 roberta@imagofotografia.com.br Roberta Sudbrack Rua Lineu de Paula Machado, 916, Jardim Botânico, Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 3874-0139 www.robertasudbrack.com.br Scatto Lampadário Al. Gabriel Monteiro da Silva 1.909 Jardim Paulistano São Paulo - SP Tel: (11) 3061-2262 www.scatto.com.br Tok&Stok 0800 7010161 www.tokstok.com.br Trattoria Don Francesco Rua Prudente de Morais, 358, Carmo, Olinda - PE Tel: (81) 3429-3852 Zena Caffè Rua Peixoto Gomide, 1.901, Jardins, São Paulo - SP Tel: (11) 3081-2158 www.zenacaffe.com.br 80 endereços-v2.indd 2 7/7/2009 11:12:34 Vista do ed. splendor Perspectiva ilustrada da fachada Você ainda pode fazer parte deste grande sucesso. endereços-v2.indd 3 7/7/2009 11:12:43 Habitar Crônica de Gilberto Martins Fora de seus habitantes, Brasília impõe diferentes – e difíceis – hábitos. E convida seus visitantes (e detratores) a renovar, constantemente, aquilo que, por sua natureza, logo se cristaliza: frases feitas, clichês, lugares-comuns. Como viver numa maquete!? Andar a pé em Brasília é impossível! Os edifícios públicos formam um museu ao ar livre! É monumental! Transpira poder! Cadê as esquinas?! Em todas as frases, a similaridade indisfarçada, o denominador “comum” – trata-se sempre da expressão de um espanto. Como queria Freud, algo familiar (quem já não conhece Brasília mesmo não tendo estado lá, tantas são as suas imagens recortadas que ocupam os espaços calculados dos jornais e das janelas de TV?), uma cena habitual, de repente, assume ares de assombração, fantasmagoria, de paisagem estranha e sinistra (e portanto incômoda, ameaçadora: fonte de atração e repulsa). Afinal Brasília formaliza em sua paisagem e no modo de vida que ela exige algo que (re)conhecemos, de fato, há muito. Construída para instalar a modernidade no coração do país, a nova capital quis negar a História e saltar sobre o atraso, partindo de um zero absoluto, mágico e artificial, misterioso e totalitário, para se erguer não só como cidade, mas lugar de gestação de um novo homem. Território de utopia, portanto. Se u-topos é obrigatoriamente o não-lugar, deveria permanecer porvir, ideia-ideal, eterno vir-a-ser; entretanto, Brasília insiste e existe: é e não é, com sua essência de fantasma. Tal como nossa modernização inconclusa, nossas mudanças que não espelham equivalentes superações. Ora, então, por que não pintar de vermelho uma de suas belas pontes brancas para que finalmente se faça grito o estranhamento que causa? Porque Brasília é simetria, é cálculo, plano, equilíbrio. Harmonia? Prestes a se tornar cinquentona, a cidade – que nasceu para se fazer imutável patrimônio – vai driblando as regras e traços de planos e metas e criando redutos de resistência, células de alteridade onde a diferença se instala, feito nova hera, para se alastrar: as cidades-satélites põem em xeque a origem de fronteiras e limites; as quadras e ruas, numeradas e friamente quantificadas, rebatizam-se para se identificar como aquela-do-restaurante-tal ou a do teatro-que-também-é-oficina; o edifício modernoso anuncia outros tempos e gostos, refletindo-se em sua fachada espelhada o avanço lento e silencioso das nuvens; a natureza se impõe como contraste e jogo (é a angustiante seca afinal interrompida por raios radicais, a lembrar antigos períodos diluvianos de renovação); os tantos sotaques, de pessoas de muitas origens, variam insistindo em (não) se fazer síntese e norma, acomodando-se no singular modo de falar da geração que nasceu lá e hoje tem sete, treze, trinta e três ou quarenta e nove anos; na feiúra da rodoviária aporta a errância espantada de candangos que não aceitam ser só estátua de praça e cobram o título de Capital da Esperança; o edifício Conic, no qual se avizinham cinema pornô e igreja evangélica, vendendo promessas de satisfação para alma ou corpo... A combinação desigual – por vezes grotesca – daquilo que é puro contraste aos poucos aproxima Brasília de suas irmãs desordeiras (São Paulo, Rio, Recife ou Porto Alegre). A cidade burocrática cede terreno ao crescimento orgânico e já deixa entrever – e experimentar – os efeitos da ausência de um planejamento que preveja os desgastes e imposições do tempo. Este sim, sempre de vanguarda. Gilberto Martins é professor de literatura na Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). Composição com imagens do banco Stock.xchng (sxc.hu) A Brasília 82 Habitar.indd 2 7/7/2009 11:14:30 Composição com imagens do banco Stock.xchng (sxc.hu) www.florense.com o limite é sua imaginação Recife Av Domingos Ferreira 4264 Boa Viagem Tel 3302 3800 São Paulo Av República do Líbano 2153 Ibirapuera Tel 5053 3999 Salvador Alameda das Espatódias 548 Caminho das Árvores Tel 3272.0092 Habitar.indd 3 New York Miami Chicago Mexico Monterrey Santo Domingo Panama Montevideo Punta del Este Asunción Angola 90 lojas Brasil florense e verde ecologicamente correta 7/7/2009 11:15:04 Atendimento Avançado Atlas Schindler. Mantemos o seu elevador na rotina para você poder sair dela tranquilo. Conte com a experiência de técnicos altamente capacitados e com a completa infra-estrutura de uma empresa global para serviços de manutenção com qualidade mundial, garantia de atendimento rápido e soluções imediatas. 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