Edição nº 6 | Agosto/2009 +

Transcrição

Edição nº 6 | Agosto/2009 +
ANO 2 - Nº 6
ANO 2 - Nº 6
Vik Muniz fala sobre
seu processo criativo
Alimentos orgânicos
chegam aos restaurantes
O Bem-Amado volta
sob a direção de Guel Arraes
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LENINE
SEM MEDO DE OUSAR
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Expediente
QUEIROZ GALVÃO
Presidente:
Diretor-executivo:
Superintendentes:
Fernando de Queiroz Galvão
Frederico Pereira
Arno Stupp, Carlos Coimbra, Carol Boxwell,
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dos seus autores, que não estão autorizados
a falar pela revista.
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Editorial
QUEIROZ GALVÃO
Preparar um ambiente agradável e harmônico é fundamental para viver
bem. Por isso, nesta edição da revista Premium apresentamos diversas
reportagens que ajudam a criar esse clima dentro de casa. Entre elas, experiências recentes que indicam caminhos para melhorar a convivência em
condomínios.
Mas como sabemos que a harmonia familiar também passa pelos programas em comum fora do lar, escolhemos alguns lugares inspiradores para
se conhecer em grupo. No Brasil, descubra paisagens pouco exploradas
da Amazônia durante uma viagem pelo Rio Negro, e o perfeito equilíbrio
entre arte e natureza alcançado no Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Na
Europa, a perspectiva de um passeio pela lendária Floresta Negra, na Alemanha, dará vontade de arrumar as malas imediatamente.
A cultura nacional também chega com força. Inspirados pela qualidade e
criatividade das produções apresentadas no festival Cine PE, no Recife,
mergulhamos na história de sucesso de outros artistas brasileiros que nos
enchem de orgulho. Caso do cantor Lenine, que acaba de voltar de uma
turnê na França; de Vik Muniz, que vem atraindo multidões aos maiores
museus do mundo para ver suas obras, e dos artistas plásticos da Olaria
Ocre, que encabeçam uma verdadeira revolução no artesanato de Tracunhaém, em Pernambuco.
Como acontece quando se espera a visita de pessoas queridas, preparamos
esta revista como se fosse nossa própria casa. Entre e fique à vontade.
Frederico Pereira
Diretor-executivo
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Sumário Edição 06
JULHO DE 2009
30 LENINE
Sem fugir às origens, o artista
pernambucano conquista o mundo
com sua música eclética
12 Spot Objetos de Desejo
Artesanatos e objetos com design arrojado
que podem dar mais charme à decoração
22 Decoração Arquitetura de interiores
Dicas e truques para deixar a casa sempre
pronta para receber os amigos ou,
simplesmente, curtir mais a família
26 Decoração Paisagismo
A acertada união das artes plásticas com
a natureza no Instituto Inhotim, na cidade
mineira de Brumadinho
38 Destino Amazônia em estado puro
Capa: Lenine
Foto: Nana Moraes
Viajar pelo Rio Negro é um convite a
desbravar as paisagens e culturas de um
Brasil pouco explorado
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16 PERFIL
72 CINEMA BRASILEIRO
Radicado em Nova York, o fotógrafo
Vik Muniz tem levado multidões aos
museus para conhecer sua arte
O diretor Guel Arraes se prepara para lançar
a primeira versão cinematográfica do
clássico de Diaz Gomes, O Bem-Amado
42 Destino Floresta Negra
62 Queiroz Galvão
A magia e beleza de um dos principais
locais de turismo da Alemanha
Nobreza e exclusividade marcam os
empreendimentos imobiliários da
Queiroz Galvão em São Paulo e no Recife
46 Gourmet
Alimentar-se com produtos orgânicos se
tornou uma importante alternativa para
tentar retomar a vida saudável
52 Especial
Conheça algumas alternativas simples
para estimular a boa convivência e
minimizar os conflitos de quem mora
em condomínios
68 Art Cultura
Artistas plásticos pernambucanos se unem
para dar nova roupagem às cerâmicas de
Trucunhaém. Veja também: exposições
marcam 500 anos do nascimento do
arquiteto Palladio
76 Art Cinema
O que aconteceu no Cine PE, que
homenageou o diretor grego Costa-Gavras
58 Bem Viver Closets e armários
Saiba como manter seu closet sempre
limpo e organizado
82 Habitar Crônica
Os desafios de se morar em Brasília
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Spot Objetos de Desejo
Fotos: divulgação
Artesanato com design
A beleza e criatividade do artesanato de
Alagoas ganha visibilidade em todo o País,
com o Programa Sebrae Artesanato.
Em Pontal de Coruripe, cidade localizada a
103 quilômetros de Maceió, a Associação
das Artesãs especializou-se na produção
de ccestarias em ouricuri. Palmeira da qual
d
ttiram-se as palhas para a fabricação de
tiram
peças ecologicamente corretas como o
peça
futon (na foto ao lado, R$ 200), cuja estrutura externa é sustentada com pneu, as
trutu
almofadas e molduras.
almo
Associação dos Artesãos de Feliz DeNa A
serto, uma antiga aldeia de índios Caetés,
serto
litoral de Alagoas, o trabalho é feito com
no lit
taboa. Colhida nos brejos, a planta precisa
tabo
secar ao sol por seis dias antes de ser trançada em formato de cestas, futons (R$ 180)
e até mesmo caminhas para pets (R$ 90).
Peça sob encomenda no Sebrae.
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Vaso maleável
Cristal negro
A festejada designer Jacqueline Terpins assina o mais novo item da
linha DiamondGuard, da fabricante americana de vidros e espelhos
Guardian. Trata-se da mesa de jantar D’Água. Feita em cristal negro,
elaborado a partir de matérias-primas naturalmente escuras, o que garante a uniformidade da cor até mesmo nas laterais, a peça tem design
arrojado e elegante. Com estrutura molecular semelhante à do diamante, o cristal utilizado é dez vezes mais resistente que os vidros comuns,
evitando riscos e arranhões por muito mais tempo. Preço sob consulta
no Estúdio Jacqueline Terpins em São Paulo
Imagine um vaso dobrável,
da espessura de uma folha
de papel e que, mesmo depois de usado, pode ser seco
e reutilizado. Assim é o Vazu,
vaso de polietileno e poliéster, desenvolvido em Israel,
que se tornou sucesso de
vendas na Europa e nos Estados Unidos antes de chegar
ao Brasil. Apesar de sua espessura delicada, na hora de
sustentar um buquê de flores
ele tem resistência garantida.
Disponível em diversos modelos, formatos e estampas,
pode ser encontrado na loja
virtual Laris (www.laris.com.
br), a partir de R$ 32.
Elegância milanesa
Vinda do Salão Internacional do Móvel de Milão, desembarca no Brasil a poltrona Lótus, da fabricante italiana Artifort. Desenvolvida por René Holten, a novidade tem formato de concha e braço que permite apoiar até um laptop. Mas seu
maior diferencial está mesmo na matéria-prima. Trata-se do Cristalplant, material rico em minerais naturais e acrílicos de elevada pureza, que confere extrema
resistência à peça, tornando-a capaz de se restabelecer facilmente dos danos
causados no dia a dia. Para se ter uma ideia, queimaduras de cigarro podem
ser eliminadas com a passagem de uma simples esponja. Preço sob consulta na
Montenapoleone (www.montenapoleone.com.br).
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Spot Objetos de Desejo
Brilho próprio
Depois de conquistar artistas como Carolina Dieckmann e Claudia Raia com suas luminárias em forma de libélulas, abelhas
e sapos, a designer mineira Rita Valadares resolveu mudar de
tema. Sua nova criação traz a simplicidade do dado como ponto de partida para um suave e elegante jogo de luz. Feita em
aço inox, a peça de 50 x 50 cm, pode ser usada como mesa
ou simplesmente para dar um charme a algum canto da casa.
Com detalhes em acrílico fosco, a luminária está disponível em
diversas cores, sob encomenda. À venda nas lojas Scatto Lampadário (www.scatto.com.br), por R$ 7.500.
Vaivém informativo
Criado por Guto Lacaz o porta-revistas Zig Zag é destaque
da exposição Design brasileiro hoje: fronteiras com curadoria de Adélia Borges, em cartaz no Museu de Arte Moderna
de São Paulo, até 28 de junho. Com geometria inusitada,
a peça, feita especialmente para comemorar os 30 anos
da loja Tok&Stok, evoca o traçado de um telhado. Permite
acomodar com elegância livros e revistas. Também equilibra
leveza e funcionalidade com a utilização da chapa de aço no
tampo e na estrutura. Preço: R$199 (www.tokstok.com.br).
Ordenação colorida
Trinta e seis divisórias móveis, coloridas, com aberturas e tamanhos
diferenciados. Assim é a estante Self, dos designers Ronan & Erwan
Bouroullec. Fabricada pela alemã Vitra, a peça de 1,80 x 1,70 m é
perfeita para compor um ambiente vivo e jovem. Ideal para arquivar documentos, pastas, revistas e outros objetos, ela é composta
por uma base de polipropileno e três módulos adicionais de policarbonato, que podem ser montados de acordo com o espaço e
a necessidade de uso. Por R$ 29.975, em São Paulo na MiCasa
(www.micasa.com.br).
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Fotos: Divulgação
Perfil Vik Muniz
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Da parte ao
Com mais de vinte anos de carreira e reconhecimento
internacional, fotógrafo e artista plástico ganha
retrospectiva no Masp, em São Paulo
F
Fotos: Divulgação
ilho de garçom e telefonista, o artista plástico brasileiro Vik Muniz, 47, brinca que demorou anos
para fazer sucesso da “noite para o dia”. Pudera:
passaram-se duas décadas de trabalho desde que
fez sua primeira exposição individual na Stux Gallery, em Nova York, onde mora desde 1983, para
que suas obras levassem mais de 150 mil pessoas
aos principais museus do mundo.
Mas quem foi ao Museu de Arte de São Paulo
(Masp) para conferir a retrospectiva da carreira de
Vik Muniz, na exposição Vik, não entende por que
o reconhecimento levou tanto tempo. Para os 4 mil
visitantes que viram as obras no primeiro fim de semana na capital paulista, as surpresas começaram
logo na entrada. As tradicionais paredes brancas
do museu ganharam cor “para levar ao ambiente
um ar mais aconchegante, que lembre um lar, não
o branco de hospital”, explicou Vik na palestra de
inauguração da mostra.
Auto Retrato, da série
Imagens de Revistas
Reconhecimento
popular
A exposição, que ficou em São Paulo de maio a
julho, também passou por Estados Unidos, Canadá, México e Rio de Janeiro. Só nessa última cidade somou 50 mil visitantes. Entre eles,
crianças, adolescentes, idosos e um grupo de
presidiárias.
É difícil encontrar uma explicação para a massificação do reconhecimento do trabalho de
Vik por um público não especializado em arte,
mas o fenômeno agrada o artista, que prefere
o reconhecimento popular à opinião de algum
crítico de grande jornal. Para ele, “as pessoas
que vão a uma exposição têm conhecimento
prévio em muitas coisas, não necessariamente em arte”. Por isso, Vik garante produzir,
para diferentes faixas etárias e classes sociais,
“obras que emitem algum tipo de informação
e produzem sensação física no público. É comum a pessoa, ao analisar alguma foto mais
de perto, dar dois passos para trás”.
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Perfil Vik Muniz
Elizabeth Taylor, da
série Imagens de
Diamantes, de 2004
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Imagens de trabalhos com
açúcar, carvão e diamantes
As 131 fotografias que fizeram parte da mostra foram
criadas por Muniz com elementos que vão do lixo ao
luxo: poeira, papel picado, linha, molho de tomate,
pasta de amendoim, geleia, chocolate, caviar e diamante. Após registrar as imagens em fotos, os materiais são descartados ou devolvidos. A opção por
utilizar os objetos parte da realidade que observa.
“Retrato as impressões a respeito do que vejo. Se me
inspiro no que está ao meu redor para compor uma
obra, por que não retratá-la com materiais que também estão à minha volta?”, justifica.
Ele diz que seu processo criativo demora meses, até
mesmo anos. “As ideias fermentam na minha cabeça
durante um bom tempo e surgem a partir da sucessão
de trabalhos. A questão é saber gerenciar a criatividade. Quando você exerce há muito tempo a mesma
profissão, acaba gerando fórmulas, que muitas vezes
ficam presas à ideia de saber se diferenciar de outros
artistas, mas eles também pensam o mesmo.”
O Pequeno Calist Não Sabe Nadar, da série Crianças de Açúcar
a obra Mona
Lisa Dupla,
feita com
geleia e
manteiga de
amendoim
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Perfil Vik Muniz
Criada em 2008 com
restos de lixo, a obra
A Cigana (Magna),
exposta no Masp
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Escolha profissional
que deu certo
WWW, mapa feito para a série Imagens de Sucata
Artista internacional
com olhar brasileiro
A carreira de Vik Muniz como artista plástico
e fotógrafo começou por acaso, assim como
sua ida aos Estados Unidos. “Mas sempre me
interessei por imagens”, lembra ele, que decidiu
morar no exterior há 27 anos, com o dinheiro
indenizatório recebido após ter sido baleado na
perna ao tentar apartar uma briga.
“Fui para lá deslumbrado com a ideia de estudar teatro e fazer cenografia. Mas acabei vivendo seis anos na boemia de Nova York, quatro
deles como imigrante ilegal.” Fase em que não
pensava em juntar dinheiro, só em ter uma vida
que fizesse um contraponto com aquela de “sobrevivente”, que tinha no Brasil.
O tempo fora do país, garante, foi fundamental
para compor suas obras. “O que me ajudou foi
estar imerso na ‘contracultura’, na ‘arte de rua’,
e me afastar da vida que eu levava no Brasil,
que não dava espaço para pessoas do meu nível
social”, argumenta.
Frequentador assíduo de bibliotecas, ele diz que
as obras de artistas estrangeiros com as quais entrou em contato através dos livros também foram
fundamentais na sua carreira. “Hoje, acho que
sou um artista internacional, formado com informações de artistas europeus e americanos, vistas
com o olhar treinado de um brasileiro que viveu
no país na época da ditadura, quando era preciso
decodificar todas as informações culturais.”
O reconhecimento profissional começou, na
verdade, em 1996, quando um crítico do jornal The New York Times viu a coleção de fotografias Crianças de Açúcar, que retrata filhos
de trabalhadores de um canavial – o material
escolhido, claro, foi o açúcar – e o convidou
para expor no MoMA (Museum of Modern Art)
de Nova York, em 1997. Quatro anos depois,
participou da Bienal de Veneza.
Perguntado sobre o que teria sido se tivesse
ficado no Brasil, Vik não se intimida. “Talvez
fosse um publicitário muito bem sucedido e
estivesse ganhando até mais dinheiro”, diz ele,
certo de que seu talento nato se sobressairia
de qualquer forma. Ainda assim, ele não esquece as dificuldades do começo de carreira.
“Sucesso financeiro, para artista, é pagar dois
meses de aluguel e poder comer.”
Soldadinho
de Brinquedo,
da série
Mônadas,
feita em 2003
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Decor Arquitetura de interiores
A arte de
bem-estar
Decoração de ambientes precisa criar opções
para quem fica mais tempo em casa
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Foto: Ana Helena Pinheiro
Foto: divulgação
A
Madeira e couro trazem aconchego à sala do
Loft 24/7, apresentado na última edição da
Casa Cor, pela arquiteta Fernanda Marques
(acima); ao lado, sala de estar decorada por
Danielle Côrte Real e Dayanne Cavalcanti
com quadro da artista Taciana Galvão
tendência foi apresentada pela primeira vez no fim da
década de 90, pela respeitada consultora de marketing americana Feith Popcorn. E hoje, quase dez anos
depois, se tornou uma realidade tão presente no dia a
dia das famílias que é quase impossível conceber um
novo projeto de decoração sem pensar nela. Estamos
falando da cocoonização, termo que em tradução livre significa “encasulamento”, e que indica o retorno
das pessoas aos lares e ao convívio familiar.
Reflexo da crescente violência da sociedade e também da necessidade de resgatar laços de intimidade
entre parentes e amigos, o movimento que trouxe
o trabalho para dentro de casa, assim como grande
parte dos encontros e diversões em grupo, gerou novas exigências para os projetos arquitetônicos e de
decoração residencial. Caso dos home theaters, dos
home offices, das cozinhas integradas, da expansão
das áreas de convivência e do crescente investimento
em comodidade e tecnologia. Enfim, tudo para que a
casa volte a ser um grande lar, e que nela se encontrem todos os atrativos e equipamentos para que se
fique cada vez mais tempo longe das ruas com prazer,
segurança e conforto.
A arquiteta Lilian Pitta, que dá aulas de decoração
de interiores no Senac de Petrópolis, Rio de Janeiro,
afirma que, em decorrência desse novo estado de
espírito, começa a ficar para trás o “mobiliário para
contemplar”, em favor da escolha de peças “para usar
e se sentir mais confortável”.
“A permanência dentro de casa não tinha muito apelo”, diz Lilian. “Mas isso mudou, e hoje as pessoas
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Fotos: Ana Helena Pinheiro
Decor Arquitetura de interiores
querem montar espaços atraentes e confortáveis que
ajudem a agregar as pessoas. Quem, por exemplo,
gosta de cozinhar para amigos pede para que a sala
seja ligada à cozinha. Os telões de televisão são um
convite a ficar mais tempo em casa”.
Espaços interligados e
móveis aconchegantes
são essenciais
Sofás amplos e confortáveis em ambientes
integrados convidam à convivência familiar
no projeto das arquitetas Danielle Côrte
Real e Dayanne Cavalcanti (fotos nesta
página e ao lado)
A arquiteta pernambucana Danielle Côrte Real
constata que, para receber gente em casa, o ideal
é ter ambientes espaçosos. Boa parte dos projetos
realizados por ela e sua sócia, Dayanne Cavalcanti,
reflete essa demanda. Áreas interligadas, mas cada
uma delas com mobiliário para congregar visitantes
e anfitriões.
Sofás grandes e confortáveis, profusão de almofadas e
tapetes macios ajudam a compor esse ambiente, que
convida os visitantes a ficarem um pouco mais. Em São
Paulo, a arquiteta Fernanda Marques acrescentou elementos de madeira e couro no Loft 24/7, apresentado na última edição da Casa Cor, para dar ainda mais
aconchego à sala integrada ao jardim externo.
No Recife, uma aliada importante das arquitetas Danielle e Dayanne é a qualidade da produção artística
pernambucana. Tanto que nos projetos da dupla são
frequentes quadros de artistas como Taciana Galvão
e esculturas de Roberto Cavalcanti. Nos móveis, os
objetos de valor sentimental, como fotos da família
e recordações de viagens e relíquias guardadas por
gerações, ganham mais espaço.
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“Todos querem ter uma sala aconchegante,
com vários ambientes, para receber”, explica Dayanne. “Muitos clientes pedem adega.
Home theater é ponto comum. E alguns encomendam climatização e sonorização na
casa inteira, às vezes até dentro do closet“.
Tecnologia a favor
do conforto e do
convívio
Conceição Passos, que foi sócia de Lilian Pitta e hoje vive em São Paulo, diz que uma característica indispensável para o conforto é o
uso de toda tecnologia que facilite a manutenção e permita ter-se ainda mais conforto
sem sair de casa. Redes de internet sem fio,
equipamentos eletro-eletrônicos de última
geração se tornam grandes aliados.
A iluminação também entra como fator primordial. “De uns tempos para cá, a iluminação valorizou-se. Deixou de ser um item de
mera sobrevivência, organizado e executado
pelos construtores, e passou a ser tarefa de
quem decora. Existe a iluminação intimista,
mais tranquila, que serve para se assistir a
um DVD, por exemplo, a iluminação de tarefas, mais pontual, e a iluminação cenográfica, como um banho de luz numa parede.”
Com tantos ajustes e cuidados na casa, não
é de se estranhar que o movimento identificado inicialmente nos Estados Unidos tenha
tão rapidamente encontrado fortes reflexos
na habitual hospitalidade brasileira.
Santo de casa
Nesse retorno ao lar, a religiosidade também
volta a ganhar espaço na vida das pessoas.
Reflexo direto, é o ressurgimento dos altares
e “cantos” de oração nos ambientes comuns.
Mas a tarefa pode ser um desafio interessante, segundo Dayanne Cavalcanti. Ela e sua sócia Danielle Côrte Real receberam um pedido
assim num de seus trabalhos. A ambientação
era totalmente clean, moderna e os santos
deveriam ser integrados ao espaço. A solução foi usar vidro. As duas imagens foram
colocadas sobre um cubo de vidro, contíguo
a um aparador também de vidro. Para marcar a transição entre dois conceitos, uma bela
poltrona de vime, de formas arredondadas,
foi disposta diante do aparador.
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Decor Paisagismo
Fotos: Eduardo Eckenfels
Museu
a céu aberto
Natureza e artes plásticas se unem para dar um caráter único e
especial ao Instituto Inhotim, em Minas Gerais
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Instalação True Rouge, do artista brasileiro
Tunga, interage com a natureza em uma das salas
do museu (ao lado), enquanto a obra de Cildo
Meireles, Inmensa (acima), completa o jardim
E
squeça a sisudez, as luzes frias e o silêncio mortal
que imperam nos principais museus do mundo.
Em Brumadinho, pequena cidade a 60 quilômetros de Belo Horizonte, um museu a céu aberto
tem atraído multidões para conhecer sua coleção
de obras contemporâneas em meio a agradáveis
passeios. Trata-se do Instituto Cultural Inhotim,
aberto oficialmente ao público em 2006, depois
de servir como casa de campo mais do que especial para o empresário Bernardo Paz.
O espaço de 300 mil metros quadrados, rodeado por mata
nativa e onde havia sido desenvolvido um projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, começou a ser criado em 2004
para abrigar a coleção particular do empresário, entre as
mais importantes do país. Nele, mais de 450 obras de 129
artistas, nacionais e estrangeiros, entre eles Vik Muniz, Helio
Oiticica, Zhang Huan e Paul McCarthy, convivem harmonicamente com minicachoeiras, árvores centenárias, lagos ornamentais, orquídeas e outras 2.100 espécies de plantas, em
sua maioria nativas e de ambientes tropicais. Não à toa, o
instituto recebe cerca de quatro mil visitantes a cada fim de
semana, número que sobe para nove mil nos feriados.
Desde que foi aberta ao público, a instituição é destinada
à conservação, exposição e produção de trabalhos contemporâneos de arte, além de desenvolver ações educativas e
sociais. “Trabalho e arte, meio ambiente, inclusão e cidadania. Estes são os três eixos nos quais atuamos”, explica Julia
Rebouças, curadora assistente do local, que é visto como
referência internacional da arte contemporânea.
Parque galeria
O Parque Tropical de Inhotim, um dos mais expressivos do
Brasil, ocupa 45 hectares de uma reserva natural de 600
hectares de mata nativa preservada, onde está a segunda
mais importante coleção de plantas no Brasil em variedade
de espécies. “Roberto Burle Max usou os recursos do próprio
ambiente para compor o parque”, conta a curadora.
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Decor Paisagismo
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Fotos: Elderth Theza
Projetado por
Burle Max,
o espaço
verde de 300
mil metros
quadrados
encerra mais
de 450 obras
de arte e
convida a
um passeio
entre 2.100
espécies de
plantas
Foto: Roberto Murta
Entremeados pela natureza, dez pavilhões
de exposição foram construídos para abrigar obras fixas e temporárias. Atualmente,
as mostras permanentes ocupam seis galerias, que contam com criações de Tunga,
Adriana Varejão, Dóris Salcedo, Victor Grippo, Matthew Barney e Cildo Meireles. “Cildo
concebeu uma das obras mais importantes
expostas, Desvio para o Vermelho, que já foi
emprestada para a galeria Tate Modern, de
Londres, e atualmente está em Barcelona”,
diz Julia. No fim de 2008, Inhotim recebeu
outras três obras permanentes, Magic Square nº 5 – De Luxe, de Hélio Oiticica, La Intimidad de la Luz en St. Ives, de Victor Grippo, e
De Lama Lamina, de Matthew Barney.
Já as quatro galerias temporárias recebem
exposições que mudam a cada dois anos, em
média. Em 2008, duas mostras entraram em
cena e trouxeram 25 novos trabalhos.
A primeira, intitulada Lugares, abriga esculturas, vídeos, desenhos e pinturas de Alessandro
Pessoli, Allora & Calzadilla, Anri Sala, Jorge
Macchi, Marepe, Rivane Neuenschwander e
Cao Guimarães, e Steve McQueen – o videomaker e designer nascido em Londres, homônimo do falecido ator americano. Na segunda
mostra, Pontos de Vista, estão expostas obras
de Anri Sala, Dominique Gonzalez-Foerster,
Haegue Yang, Iran do Espírito Santo, Jonathan
Monk, Jorge Macchi e Olafur Eliasson, artistas
que pertencem a uma geração nascida a partir
de 1960 e ligados a diferentes contextos artísticos e geográficos.
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Fotos: Nana Moraes
Capa Lenine
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Mistura
fértil
É difícil definir a música de Lenine,
entre MPB e rock, eletrônico e
maracatu. Uma certeza ele tem: deve
muito a suas raízes pernambucanas
Mariane Morisawa
D
efinir a música de Lenine é das coisas mais difíceis.
É MPB? Sim. Mas também rock, samba, eletrônico,
maracatu. Afinal, ele nunca fugiu às origens pernambucanas, desde seu primeiro álbum, Baque Solto, de
1983. Acha, inclusive, que a riqueza musical e cultural de seu Estado tem tudo a ver com essa mistura
toda em sua obra. Mesmo que, quase 30 anos atrás,
ele tenha sido levado a deixar sua terra querida pelo
Rio de Janeiro, que adotou de coração.
Lenine carrega público fiel, “seguidores”, segundo
seu filho mais novo, Bernardo. É o tipo de fã confiante no trabalho de seu ídolo, com certeza de gostar
do conteúdo do disco antes mesmo de ouvir. Caso
de Daniela Koury, que há dez anos acompanha a
carreira do cantor. Nesse período, ela já foi a diversos shows, colecionou os CDs e escolheu até mesmo
uma música cantada por ele para servir de fundo
musical em seu casamento. “Ele tem simplicidade
e leveza, gosto dele não apenas como profissional,
mas admiro a pessoa. O último CD, por exemplo,
tem diversas referências sem perder a identidade, o
ritmo, a batida. Combina música e personalidade”,
diz Daniela, que em 2007 ficou “paralisada” ao ser
apresentada para Lenine, em uma exposição. Essa
plateia antenada, disposta ao risco, não se confina
apenas na imensidão do Brasil.
Aos 50 anos, completados em fevereiro, Lenine
conquistou público cativo também fora do país,
como comprovou mais uma vez na recente turnê
do álbum Labiata por Alemanha, Portugal, Espanha, Suíça, Suécia, Itália e, claro, França, país que
considera uma segunda pátria. Tanto que fez o hino
do Ano do Brasil na França e, agora, o do Ano da
França no Brasil.
Nos seus planos, por enquanto, está produzir discos
para os amigos. “Algo de que gosto e que aprendi
a fazer”, conta. Vai continuar Brasil afora a turnê de
Labiata, disco em que se propôs compor de forma
nova: em vez de recorrer às criações de meses de
trabalho, durante 15 dias ele compunha à noite e
gravava na manhã seguinte. O resultado foi a mescla, o híbrido, como sempre e como nunca, porque
era totalmente fresco. Pois, então, fiquemos assim:
a música de Lenine é a música de Lenine e basta.
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Capa Lenine
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“Tenho cerca de 60 mil
pessoas dispostas a
adquirir meu trabalho
antes mesmo de ouvir”
Premium – Essas apresentações fora do país acabam te inspirando?
Lenine – Acho que é mais transpiração que inspiração. É muito trabalho. Você fica muito voltado para o
dia-a-dia.
Premium – Há muita diferença entre os públicos
no exterior?
Lenine – Existe uma herança romana que une o mundo latino. Porque 50% do que faço é texto, é poesia,
e eles acabam entendendo melhor. Nos shows em países como Ucrânia, Polônia e Grécia, perde-se isso. A
música, a melodia, é que vira o grande anzol.
Premium – E essa sua relação profunda com a
França?
Lenine – É bem profunda mesmo. Considero meu segundo país. Acho que é esse meu ar de bretão bárbaro! Acho que eles gostam do hibridismo, da mescla da
minha música.
Premium – Por que não faz mais turnês tão longas
fora do país?
Lenine – Não consigo mais ficar longe. Por isso prefiro
fazer três durante o ano, em vez de uma longa. Numa
delas, carrego a família junto. Aí curto mais. Se bem
que sempre consigo curtir um pouco, hoje em dia me
forço a ter esse tempo. Não faço mais cinco shows seguidos em cidades diferentes. Assim também posso ter
prazer. Fora que tenho pessoas trabalhando há muito
tempo comigo, isso forma um núcleo quase familiar.
Premium – Sua música é muito variada em termos
de sonoridade. Você ouve de tudo?
Lenine – Sou bem eclético. Desde cedo, corri o mundo procurando a produção mais underground, selos de
produção independente. Ela me municia de muito material. Sou muito curioso, sempre tenho uma pilha de
30 discos para ouvir. O problema é que não consigo
ouvir música como pano de fundo, preciso parar. Para
mim, a música precisa de atenção. E tenho tido pouco tempo. Ouço muito no carro. No momento, dois
discos que eu destaco são Anormal, do Jonas Sá, e
Carnaval no Inferno, da banda Eddie.
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Capa Lenine
Premium – Seu filho mais novo disse que você não
tem fãs, tem seguidores. O que acha disso?
Lenine – Eu não sei, pergunte para ele! Acho que foi muito perspicaz a visão dele, de que eu tenho uma base de
umas 60 mil pessoas dispostas a adquirir meu trabalho
antes mesmo de ouvir. Para mim, tem a ver com ser honesto com meu desejo, com o risco. Descobri que o meu
público espera que eu me arrisque.
Premium – Você deixou o Recife, mais de três décadas atrás, em busca de chances no Rio de Janeiro.
Acha que de lá para cá melhorou a vida do músico
fora do eixo Rio-São Paulo?
Lenine – Não tenho dúvida disso. Quando fiz o êxodo,
quase 30 anos atrás, havia duas opções: ou Rio ou São
Paulo. Não dava para fugir. Escolhi o Rio por causa dessa
ligação uterina com o mar. Hoje posso falar com certeza
que há o surgimento de outros polos: Porto Alegre, Belo
Horizonte, Recife, Fortaleza. Estamos mais próximos de
não precisar mais fazer o êxodo. Falta a elite desses lugares investir na produção.
Premium – Acredita que isso tenha a ver com a
internet?
Lenine – Também. Mas acho uma evolução natural de um
país continental que ele vá se segmentando. Que o público consuma essa produção regional. O problema é que os
veículos de comunicação não são suficientes para escoar
essa produção. Precisamos de uma mídia mais eclética,
mais democrática. Isso fomentaria muito mais a diversi-
dade. Para mim, não existe nenhum outro estado com a
riqueza de Pernambuco. E eu sou cidadão carioca, posso
dizer isso. Acho que o Recife, por ser uma cidade portuária, transita por todas as experiências. Era de se esperar,
por exemplo, que a essa altura houvesse um monte de
bandas que tocassem covers de Chico Science. E não existem. Vejo bandas indo por vários outros caminhos, como
Eddie, Mombojó. Isso é muito bacana.
Premium – Apesar de morar há tanto tempo fora do
Recife, você mantém ligação forte com a cidade, não?
Lenine – É mais do que uma ligação forte. Eu levei Recife
comigo. Falaram que eu estava renegando minha cidade.
Que é isso? Como posso renegar a mim mesmo? Minha
formação foi toda lá. Eu acho que você se forma até os
17, 18 anos. Depois é só aprimoramento. Minha formação se deu na cidade do Recife.
Premium – Sente falta da cidade?
Lenine – Não sinto falta porque estou sempre em contato. Sinto falta de colo de mãe, abraço de pai. Mas sempre
arrumo pretexto para ir.
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“Não deixamos de brincar porque envelhecemos.
Envelhecemos porque deixamos de brincar”
Premium – Seu mais recente álbum chama-se Labiata,
nome de uma espécie de orquídea. Como nasceu essa
paixão por orquídeas?
Lenine – Foi fulminante. Oito anos atrás, comprei um sítio a uma hora e meia do Rio. A primeira coisa que fiz foi
mapear o terreno. Por sorte minha, havia essa flor estranha, um E.T. Fotografei, corri para a internet para pesquisar. Era tarde. Fui fulminado por essa paixão. As minhas
turnês têm ajudado, eu mapeio a existência de orquídeas
por onde vou. Tenho uma estufa com centenas de plantas.
Meus amigos próximos não aguentam mais.
Premium – Baixa música?
Lenine – Um pouco. Mas tenho três pérolas em casa.
João, o mais velho, está na banda Casuarina e gosta muito
de MPB, pesquisa sempre. Bruno, o do meio, prefere rock underground. E Bernardo, de 14 anos, é
do hip hop. Eles todos me mostram muita coisa.
Mas todos são muito ecléticos.
Premium – Hoje sua música é mais compreendida?
Lenine – Quando lancei Baque Solto, o pessoal da MPB
dizia que era muito rock. O pessoal do rock dizia que era
muito MPB. E hoje é o que diferencia minha música. Tive
de ser cabeça dura e insistir nesse caminho, saber que
ia ter eco. Eu cheguei num momento ilhado, rock era de
garagem e samba, de cozinha, sem vasos nem pontes.
Propus pontes.
Premium – Valeu a pena?
Lenine – Valeu. Continua valendo.
Ao lado, capa do
CD Labiata, cuja
turnê já rodou a
Europa e o Brasil
Foto: Divulgação
Premium – Você completou 50 anos agora. Mudou alguma coisa?
Lenine – Não mudou nada. Como dizia Bernard Shaw: “Não
deixamos de brincar porque envelhecemos. Envelhecemos
porque deixamos de brincar”. Eu continuo brincando.
Premium – A pirataria atrapalha a música?
Lenine – A pirataria faz parte do ser humano.
Veja agora na Somália. Ela sempre existiu. Quando atinge 50% de uma indústria, é porque tem
alguma coisa errada. Mas não me peça de graça
a única coisa que eu tenho para vender – e viva
Cacilda Becker! Mas eu acho até que existe uma
pirataria do bem. Em 2000, fui convidado pela
banda cubana Interactivo para tocar 12 músicas minhas, num show deles, em Havana. Fui de
curioso. Eles não têm discos lá. Foi uma emoção
quando todo o mundo sabia cantar. Parecia que
tinham ensaiado a platéia. Meu trabalho jamais
chegaria a eles via CD.
Premium – A crise econômica afeta?
Lenine – Afeta, sim. A primeira coisa que todo o
mundo corta é entretenimento, porque ninguém
vai cortar comida. Mas eu acho que não sou um
bom exemplo, porque continuei sendo um artesão no meio da indústria.
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Destino Amazônia em estado puro
Vá e veja
A imponência de uma região cuja grandeza escapa a descrições
Á
gua, céu, gente, fauna e flora são elementos que se oferecem dramaticamente ao
visitante do extremo noroeste do Brasil,
a Cabeça do Cachorro, onde o Amazonas
faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Luiz Hafers, 73 anos, que no final de
janeiro fez a viagem com o neto, Annibal
Hafers Mendes Gonçalves, de 19, pinça
da lista acima um elemento e acrescenta
outro para resumir em duas palavras sua
impressão de viagem pelo Rio Negro: água
e tempo, aquele que se leva para chegar
de um lugar a outro.
Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural
Brasileira, é fazendeiro de café em São
Paulo, no Paraná e na Bahia. Foi trader de
algodão. Andou pelo Brasil – e pelo mundo — como poucos.
— A quantidade de água e a distância impressionam muito — diz. — Essa viagem
mexeu com o meu conceito de tempo. Na
civilização clássica do café paulista, havia
uma cidade a cada 25 quilômetros. No
Rio Negro, que descemos de barco entre
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Fotos: Divulgação
O fazendeiro Luiz
Hafers com o neto
Annibal Hafers Mendes
Gonçalves durante
viagem pelo Rio Negro
Fotos: reprodução
São Gabriel da Cachoeira e Manaus, existem,
em mil quilômetros, só duas cidades, Santa
Isabel do Rio Negro e Barcelos.
Luiz Hafers e Annibinho se hospedaram inicialmente no Hotel Tropical de Manaus (“deslumbrante”, diz o avô) e foram de avião até
São Gabriel da Cachoeira, onde ficaram algumas horas antes de embarcar no Tanaka Neto
IV, que levou pouco mais de dois dias para
chegar a Manaus.
— Perdemos a noção do tempo — diz Annibinho. — Observando a paisagem, esperamos o
barco sem olhar para o relógio — completa.
Avô e neto acomodaram-se num camarote no
terceiro andar do barco, enquanto os demais
passageiros espalhavam-se em redes atravessadas no primeiro e no segundo conveses. O
Tanaka viajou superlotado, pois era o último
fim de semana das férias escolares e muitas
famílias voltavam com as crianças para a capital amazonense.
— As índias vinham tirar fotos comigo porque
muitas nunca tinham visto alguém com traços
de descendente de europeus.
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Foto: divulgação
Destino Amazônia em estado puro
Onde índio é maioria
O turismo no Rio Negro tem conotações bem peculiares. É
descobrir um Brasil que a televisão, com todo o seu esforço,
apenas entremostra.
Dos 40 mil habitantes de São Gabriel da Cachoeira, 95% são
índios de 23 etnias. Ou seja, como escreveu o repórter Bruno
Paes Manso na revista Veja, trata-se do único lugar do Brasil
onde o índio ainda é maioria. O médico Drauzio Varella informa
no livro Cabeça do Cachorro (Editora Terra Brasil), publicado em
co-autoria com o fotógrafo Araquém Alcântara, que o Alto Rio
Negro “é a terra das florestas mais preservadas da Amazônia”.
Annibinho resume o aprendizado sociológico. “Em São Paulo
a gente não imagina como é a Amazônia. Aqui o povo é muito
dependente do governo. Além disso, pelas informações que eu
tinha, sempre relacionei a região com o desmatamento e com
uma grande quantidade de animais. Achei que fosse ver um
monte de araras, tigres e botos, mas não é assim.”
Há muitos passeios a partir de São Gabriel da Cachoeira, mas
todos exigem tempo. Pudera: o município, que tem 109 mil quilômetros quadrados, é maior do que oito estados brasileiros.
Lazer e ecoturismo
São Gabriel da Cachoeira está a 858 quilômetros de Manaus e
é considerado um dos maiores potenciais turísticos do Amazonas. Praias, cachoeiras, serras e ilhas fluviais fazem do município
um local ideal para o ecoturismo. Das praias, merece destaque
a Mussum Cuara, que, conta a lenda, abriga uma cobra
adormecida que se alimenta dos que morrem no local.
Na Praia do Jaú, crianças e adolescentes descem as corredeiras com bóias de pneu improvisadas. O lugar é também
uma boa pedida para os que querem apreciar a Serra de
Curicuriari, que alguns definem como monumento natural
da cidade. Outra opção para o turista é conhecer as principais ilhas da região, como a Adana. Durante o período
da seca do rio é possível ir até lá de voadeira (embarcação
pequena com motor de popa).
Arte e cultura
Em Adana é possível encontrar pilões, peneiras de cipó,
cestos de palha, colares e pulseiras de contas e penas coloridas de aves, bancos de madeira, raladores de mandioca,
flautas de pã, aturás, que são cestos grandes de cipó, e
artefatos de arumã (planta típica da região).
Na programação cultural, destaque para o Festribal (Festival Cultural das Tribos do Alto Rio Negro), que acontece em
setembro com o objetivo de revitalizar as tradições culturais dos povos do Alto Rio Negro. Oferece espetáculos de
danças e rituais, além de atividades esportivas e comidas
típicas da culinária indígena.
Annibinho não conseguiu conhecer todas as atrações da
região, mas indica o roteiro para amigos e já imagina reviver esta viagem com a próxima geração da família Hafers.
“Vale muito a pena.”
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À esq., vista aérea do Hotel
Tropical, em Manaus, e detalhe das
redes penduradas no convés do
barco Tanaka Neto IV
COMO CHEGAR
Por via aérea
Fotos: reprodução
Trip Linhas Aéreas
Tarifas de R$ 566,42 a R$ 1.050,
para o trecho entre Manaus e São
Gabriel da Cachoeira
Voos terça e sexta, às 6h30 ou
quinta e sábado, às 15h
Duração da viagem: duas horas
e meia
Por via fluvial
Tanaka Navegações
Tarifas: rede (R$ 240), camarote
(R$ 700) ou suíte (R$ 800)
Saída todas as sextas, às 9h
Duração da viagem: de três a sete
dias, dependendo da cheia do rio
Tel.: (97) 3471-1730
ONDE FICAR
Manaus
Hotel Tropical
Tel.: (97) 3471-1730
São Gabriel da Cachoeira
Hotel Deus Me Deu
Tel.: (97) 3471-1395
Diárias em apartamento
duplo: R$ 105
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Fotos: Alwin Tölle
Destino Floresta Negra
No Vale Simonswälder, a magia da floresta entrecortada por rios
Magia
de águas
e lendas
Refúgio de nobres e escritores em séculos passados, um dos
principais locais de turismo da Alemanha deve seu nome ao tom
escuro das folhas de suas árvores
H
á 2 mil anos, o imperador romano Caracalla parou em uma floresta pouco povoada no sul da Alemanha, no que é hoje
o estado de Baden-Württemberg, para
descansar com seu exército e aproveitar
as águas de fontes termais. Séculos depois, a região serviria de
cenário também à rainha Vitória, da Inglaterra, a familiares de
Napoleão e a quase 30 milhões de turistas que passam por ali
todos os anos em busca do mesmo conforto e descanso que
Caracalla usufruiu.
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Centro de
Freiburg, cidade
que atrai muitos
esquiadores
diferenciados, indo de banhos termais (€ 19) a massagens antienvelhecimento (€ 129).
Para quem gosta de arte, o museu de Frieder Burda
é uma boa opção, com entrada que varia entre quatro e vinte euros. O acervo contém obras abstratas,
expressionistas e esculturas, além de quadros de
Pablo Picasso. À noite, o elegante cassino da cidade
abre suas portas.
Em Heidelberg,
universidade que já
levou nove prêmios Nobel
Região mais quente da floresta, Heidelberg recebe,
por ano, o dobro de turistas que o Brasil inteiro. É lá
que está a Universidade Ruprecht Karl, mais antiga da
Alemanha, fundada em 1386, de onde saíram nove
cientistas premiados com o Nobel, como os professores Harald zur Hausen e Bert Sakmann, ganhadores do Nobel de Medicina em 2008 e 1991, respectivamente. Para chegar à universidade, há uma trilha
pela floresta, utilizada pelos estudiosos, chamada de
“caminho dos filósofos”. Aliás, toda a floresta tem a
fama de abrigar “pensadores”, já que suas diversas
paisagens serviram de inspiração para os escritores
russos Dostoiévski, Tolstoi e Turgueniev.
Outras atrações são a vista dos Alpes suíços e da cadeia montanhosa dos Vosges, na França, a partir de
Quase 200 mil camas em
hotéis e casas de hospedagem
Foto: Werner Müller
O local é a Floresta Negra, ou Schwarzwald, como é chamada,
em alemão, a cordilheira que faz fronteira do país com a Suíça,
ao sul, e com a França, a oeste, e é uma das regiões mais irrigadas da Alemanha. Apesar de ser bem iluminada e ensolarada,
a floresta recebeu este nome devido à tonalidade escura das folhas de pinheiros e abetos existentes em abundância na região.
Ainda que parcialmente reflorestado devido ao desmatamento
que ocorreu ao longo dos séculos, o local continua a ter uma
das paisagens mais propícias a longas caminhadas, passeios e
piqueniques na Europa.
Com beleza e tranquilidade ímpar, os 200 quilômetros de extensão da floresta atraíram a construção de inúmeros hotéis,
resorts, termas e spas de luxo voltados ao bem-estar e aos tratamentos terapêuticos. Oferta que hoje totaliza 138 mil camas
em hotéis e pousadas, além de 60 mil quartos em casas de
hospedagem espalhados pela floresta.
Uma das principais cidades da região, Baden-Baden concentra
o maior número de spas que prometem fortalecer o sistema
imunológico e combater o stress. Entre eles está o Spa Caracalla Therme, que oferece 43 tipos de serviços e tratamentos
O colorido das casas na cidade
de Altensteig na porção leste
da Floresta Negra
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Foto: Alwin Tölle
Destino Floresta Negra
Vista de um das trilhas da Floresta Negra durante o inverno
Inspiração para os Irmãos Grimm
Considerada, durante muito tempo, um local proibido e
inacessível, a Floresta Negra passou a receber turistas
com a chegada de monges à região. Suas casas tornaram-se mosteiros, que hoje podem ser visitados, bem
como as ruínas de alguns castelos.
Alguns estão bem preservados, como o mosteiro Maulbronn, construído há mais de 850 anos na cidade de
mesmo nome, em um vale isolado. Patrimônio cultural
da Unesco desde 1993, tornou-se escola-mosteiro, onde
estudou o escritor alemão ganhador do Prêmio Nobel de
Literatura em 1946, Hermann Hesse.
Com características arquitetônicas medievais e renascentistas, as construções da Floresta Negra lembram cidades de conto de fadas. Talvez por isso tenham servido de
inspiração para as famosas fábulas e contos infantis dos
Irmãos Grimm. Autores dos contos João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, entre outros, eles
eternizaram a floresta ao usá-la como cenário para suas
obras, muitas delas resgatando lendas da região.
um dos cinco picos existentes nos vilarejos próximos
à cidade de Freiburg, ao sul da floresta; a catarata
com mais de vinte metros formada pelo Rio Reno
em Schaffhausen, na Suíça; ou esquiar no pico de
Feldberg, em Freiburg. Com 1.493 metros de altitude, o local reivindica a criação do esporte, e até hoje
atrai turistas em busca de aventura, no inverno, e
dos passeios e caminhadas, no verão.
Berço do relógio cuco
Na cidade de Furtwangen, o maior passatempo é
ver o tempo passar durante um passeio pelo museu
dos relógios, o Deutsches Uhrenmuseum. A instituição reúne mais de 8 mil itens, entre eles modelos
do relógio cuco, que teve origem na Floresta Negra,
no século XVIII. Lembrança típica, quem quiser levar
um relógio para casa pode escolher entre os mais
simples – cerca de 50 euros – e os mais elaborados – que podem ultrapassar 800 euros nas lojas
próximas ao museu.
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SERVIÇO
Um dos muitos spas existentes na cidade de Bad Teinach, na Floresta Negra
Bolos e cerveja
Gastronomia é outro ponto forte da floresta, que possui
os restaurantes mais bem avaliados da Alemanha. Famosa
pela qualidade de seu presunto e pelas plantações de uva,
os restaurantes da floresta oferecem também os tradicionais filés de javali, trutas e pães de centeio com bacon, além
do bolo Floresta Negra – feito com chantilly e cereja – e dos
vinhos fabricados na região. A fabricação de cerveja também pode ser observada no Mosteiro de Alpirsbach, que,
além da arquitetura, ajuda a manter vivas outras tradições
locais, como a técnica de moldagem de vidros.
Aéreo: TAM
(11) 4002 5700 (para capitais)
0800 570 5700 (para outras
localidades)
Voos diários saindo de São Paulo
para Frankfurt com tarifas a partir
de US$ 1.733
Foto: Walter Storto
À esq., vista aérea do Hotel
Tropical, em Manaus, e detalhe das
redes penduradas no convés do
barco Tanaka Neto IV
Hospedagem: Schlosshotel Bühlerhöhe
Próximo a Baden-Baden e Heidelberg
Diárias entre € 195 e € 2.300
QUEM LEVA
Tereza Perez tem pacotes para a
Alemanha com passagem pela
Floresta Negra
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Gourmet
Verde puro
Em busca de mais sabor e saúde à mesa, chefs e personalidades
procuram verduras e vegetais livres de agrotóxicos
Juliana Bianchi
–V
ocê já sentiu a diferença de sabor e textura entre um tomate orgânico
temperado apenas com sal e azeite e um comum? O desafio lançado pela chef Roberta Sudbrack, do restaurante de mesmo nome, no
Rio de Janeiro, serve como ponto de partida para entender o que a
fez trocar seu antigo fornecedor de verduras e legumes por outros
que trabalhassem apenas com ingredientes livres de agrotóxicos.
“São mundos totalmente diferentes, além de todos os benefícios que
trazem à saúde”, completa.
A opção, que também foi feita — ainda que parcialmente, em alguns
casos — na cozinha de grandes chefs, como Salvatore Loi (Fasano),
Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito), Carla Pernambuco (Carlota) e Helena Rizzo (Maní), aponta para o crescimento do consumo de alimentos orgânicos. Movimento que pode ser comparado à ponta de um
iceberg de mudanças de atitudes relacionadas a saúde, bem-estar e
respeito ao meio ambiente. Para quem não pode fugir da poluição e
do estresse do dia a dia, abastecer-se de produtos saudáveis à mesa
tornou-se uma importante alternativa para tentar retomar o equilíbrio físico e minimizar os efeitos tóxicos da vida moderna.
Foi exatamente isso que incentivou o modelo Paulo Zulu a plantar
suas próprias verduras sem nenhum tipo de agrotóxico ou aditivo
Nos restaurantes,
o trabalho com
alimentos livres de
agrotóxico encontra
mais força nas
hortaliças
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Fotos: Divulgação
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Gourmet
Mãos à obra
Aprenda a preparar uma salada saborosa
e saudável utilizando apenas ingredientes
sem agrotóxicos
INSALATA DELL’ ORTO
Ingredientes
Alface roxa
Alface crespa
Rúcula
Folhas de beterraba
Mini-cenouras
Salsão cortado em rodelas finas
Folha de mostarda
Tamarillo
1 colher de müsli
Azeite
Aceto balsâmico
Sal
Modo de preparo
Rasgue as folhas de alface e beterraba
e disponha-as no prato. Acrescente os
demais ingredientes frescos. Tempere
com azeite, sal e aceto balsâmico a gosto. Salpique o müsli e sirva.
Dica
Para variar a receita, acrescente à base
de folhas verdes pedaços de frutas da
estação, como figo, kiwi, manga e morango, ou flores, como capuchinha,
borago, violeta, amor perfeito, calêndula ou sabugueiro. Fatias de queijo de
cabra ou lascas de parmesão também
dão um toque diferenciado ao prato.
(*) Receita cedida pelo restaurante Zena Caffè
químico na Guarda do Embaú, em Florianópolis, onde
mora com os filhos e administra uma pousada, a Zululand. É dela que vem boa parte do lixo orgânico usado
como adubo nos canteiros de alface, cenoura, beterraba,
milho, aipim, berinjela, morangos, couve e batata doce.
“Não há nenhum grande mistério em ter uma horta orgânica, o principal cuidado é ter uma terra saudável e um
bom adubo”, diz ele, que costuma dividir suas colheitas
com amigos e funcionários.
— À medida que as informações são passadas, as pessoas vão tomando mais consciência do que realmente
querem para seu futuro — afirma o modelo, que aderiu
à alimentação saudável aos 16 anos.
Estima-se que menos de 1% das hortas no Brasil sejam
orgânicas, a maioria cultivada por pequenos agricultores,
que escoam quase toda sua produção em supermercados
como Zona Sul, no Rio, e Casa Santa Luzia, em São Paulo.
O mesmo não acontece com alimentos como a laranja e o
açúcar orgânicos, cujas produções são voltadas principalmente ao mercado externo.
Com a oferta ainda escassa e a alta suscetibilidade a pragas e à sazonalidade, verduras e legumes orgânicos se
tornaram alimentos de luxo, com preços até 30% maiores do que o de produtos convencionais. “Essa diferença
tende a ser menor com o tempo, mas a demanda ainda
é muito maior que a oferta”, afirma Eduardo da Costa,
engenheiro agrônomo responsável pelos cinco hectares
de frutas, verduras, legumes, flores comestíveis e ervas
aromáticas plantados sob os preceitos da agricultura orgânica no Sítio do Moinho, em Itaipava (RJ).
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Alto custo ainda é
fator restritivo
A diferença de valor também se torna um fator restritivo
aos restaurantes. A chef Gabriela Barretto bem que tentou
trabalhar apenas com ingredientes livres de agrotóxicos
no Chou, em São Paulo, mas com o tempo teve de dar
alguns passos para trás.
— Descobri que, em certos casos, como o do alho, o preço
chega a ser cinco vezes maior — diz ela, que conseguiu
manter a filosofia inicial ao menos em hortaliças como
agrião, rúcula, alface, cenoura e abóbora, que compõem
os pratos do cardápio.
Para aliviar o custo, o restaurante Eau, do hotel Grand
Hyatt São Paulo, preferiu montar sua própria horta orgânica no quintal, e já conta com sálvia, salsa, alecrim, manjerona e manjericão à disposição. Em Salvador, o restaurater Beto Pimentel aproveitou parte do terreno de mais de
200 hectares, onde está instalado seu restaurante Paraíso
Tropical, para garantir sua cota diária de pepino, manjericão, alecrim, louro e tangerina orgânicos.
O mesmo caminho foi seguido por Francesco Siqueira Car-
reta, proprietário da Trattoria Don Francesco, instalada há
oito anos num casarão histórico de Olinda. Mas em seu caso
a iniciativa teve um estímulo extra, as inúmeras reações alérgicas da filha Tainá, 13. “Resolvemos minimizar esses problemas com alimentos livres de toxinas e conservantes”, conta
Carreta, que já dispõe de rúcula, manjericão, alface, cenoura,
tomate cereja e salsinha na horta plantada nos fundos do
restaurante.
Juscelino Pereira, dono do restaurante Piselli e do Zena Caffè,
também está tentando encontrar uma forma de tornar mais
saudável seu menu com o uso de produtos orgânicos. Para
isso, acaba de firmar parceria com a fazenda Blessing, de Joanópolis (SP), para o fornecimento de tomate, abobrinha, berinjela, alface, azedinha e outros vegetais. “Atualmente, quase
toda a produção da fazenda está sendo mandada para o Zena.
Assim que a estrutura for ampliada, vamos passar a ter esses
produtos também no Piselli”, diz Pereira.
Mesmo quando a questão não passa necessariamente pelo
bolso, o problema aparece na dificuldade de se manter a excelência dos produtos sem a ajuda de compostos químicos.
Uma das hortas orgânicas da
Fazenda Cafundó, de Petrópolis (RJ)
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Gourmet
Juscelino Pereira (acima)
e Marcos Palmeira
(ao lado): orgulho de
plantar sem agrotóxicos
Paulo Zulu prioriza os
alimentos orgânicos no
cardápio de sua pousada
É exatamente isso que faz a oferta de ingredientes
orgânicos ainda se limitar aos temperos e ervas aromáticas como o cerefólio, a manjerona, a ciboulette e
a sálvia, no restaurante Fasano. “O fornecimento das
verduras acaba sendo irregular porque é difícil manter
o padrão de qualidade dessa forma, mas a diferença
de sabor é, sem dúvida, incrível”, diz Salvatore Loi.
No Rio, Roberta Sudbrack driblou o problema de
forma simples: deixou o cardápio fixo de lado para
trabalhar apenas com produtos sazonais. “Nosso
menu muda diariamente e é preparado com o que
temos de melhor e mais fresco a cada dia. Nos movemos
conforme a natureza. Não sou eu quem decide com o que
vamos trabalhar, mas o mar e a terra. Para utilizar esse tipo
de produto é preciso estar conectado com as estações”, afirma ela, que tem em sua lista de fiéis fornecedores o Sítio
Verde Orgânico, em Teresópolis, e a Fazenda Cafundó, em
Petrópolis. Esta última, também fornecedora dos hotéis Copacabana Palace e Sofitel.
Foi esse mesmo princípio de respeito ao ritmo da natureza
que fez o ator Marcos Palmeira começar, há mais dez anos,
sua plantação de alimentos orgânicos na Fazenda Vale das
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Palmeiras, na região serrana do Rio de Janeiro. O que era para servir apenas para
consumo pessoal acabou se tornando um
grande negócio, que hoje conta com 60
itens plantados sob a mesma filosofia natural. Indo de agrião e alface a radicchio,
couve-flor, nabo, chuchu e rabanete, numa
média de uma tonelada de alimentos colhidos por mês. “Quando você se alimenta
com orgânicos, você não contamina sua
saúde com venenos provenientes dos agrotóxicos, tendo um melhor aproveitamento
dos nutrientes. Além de fazer parte de uma
cadeia que preserva o meio ambiente”, diz
o ator-empresário.
RESERVA PESSOAL
Com um pouco de dedicação e boa vontade é possível começar a sentir as diferenças de sabor e textura desses alimentos
sem sair de casa, com a vantagem de passar a ter ingredientes fresquinhos sempre
à mão. Confira as dicas para montar sua
própria horta orgânica.
- Pegue um vaso ou uma jardineira de
pelo menos 30 cm de altura e com furos
no fundo
- Coloque no fundo uma camada de brita
ou argila expandida, e um pouco de areia
de rio (areia de construção) por cima.
- Preencha o restante do vaso com uma mistura com duas partes de terra e uma parte
de composto orgânico ou de terra vegetal.
Se a terra for muito “barrenta”(argilosa),
misture uma parte de areia. Essa organização ajudará na drenagem da água
- Escolha uma hortaliça ou tempero e
plante as sementes a 2 cm de profundidade, ou, se tiver mudas, plante-as com a
terra cobrindo as raízes. Se for montar um
canteiro, deixe um espaço de um palmo
entre uma muda e outra. Para quem está
começando, as mais indicadas são a hortelã, o manjericão e a salsa, que requerem
menos cuidados. Após plantar, regue sem
encharcar.
- Deixe o vaso com a muda em local ensolarado e ventilado
- Regue a planta cada dois dias, sem encharcar a terra.
* Fonte: IBD
Fo
to
:
SP
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xc
51
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Ilustração: Américo Gobo
Especial
Zelo
afável
Condomínios de São Paulo
encontram fórmulas para manter
a casa em ordem e estimular
a convivência. Uma delas é
criar comissões infanto-juvenis
corresponsáveis pelas áreas comuns
52
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P
articipação, profissionalismo e criatividade são os ingredientes de uma nova modalidade de convivência
que começa a surgir nos condomínios. Um dos sinais
mais evidentes dessa tendência são as comissões infanto-juvenis, com síndicos, subsíndicos e conselheiros-mirins que ajudam os adultos a pôr ordem nas
áreas comuns dos condomínios e, em troca, ganham
voz na administração.
Num condomínio da Zona Norte de São Paulo, a
comissão infanto-juvenil existe há menos de um
ano, mas já organizou campeonatos esportivos,
participou de uma campanha contra a dengue e
ajudou a montar a festa junina do ano passado.
Como incentivo, a síndica reverteu toda a renda da
festa para a implantação de uma brinquedoteca e
para a reforma do salão de jogos.
Há um síndico-mirim, adolescente. Ele constata
que a experiência entrosa crianças, adolescentes e
adultos. Os representantes infanto-juvenis fazem assembleias mensais com a participação da síndica e
praticamente todas as crianças e adolescentes comparecem. Quando recebem um elogio, levam para a
assembleia, pois tudo que é feito tem a participação
de todos. Segundo o adolescente, a iniciativa está
mudando as relações dentro do condomínio, porque
a aproximação entre os mais jovens acaba provocando a aproximação dos pais.
Aprendizado das crianças
de hoje servirá para os
adultos de amanhã
A empresa que administra o condomínio considera a iniciativa duplamente benéfica. Boa para os
adultos, por reduzir drasticamente o barulho e a
indisciplina nas áreas comuns, e boa para crianças
e adolescentes, que aumentam e melhoram suas
opções de lazer.
A síndica enxerga ainda outra vantagem na participação da garotada: as crianças de hoje são os adultos
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Especial
de amanhã e a prática prepara esses jovens para exercer, no
futuro, funções administrativas ou no campo das relações
humanas, inclusive na condição de síndicos.
O síndico deve saber
intermediar conflitos e
aproximar as pessoas
A eleição de um síndico preparado para a função representa atualmente um dos maiores desafios dos condomínios, segundo o advogado Márcio Rachkorsky, que presta
serviços de assistência jurídica na área de condomínios há
cerca de 15 anos.
Um síndico, na opinião de Rachkorsky – que é também autor de livros sobre o tema, colaborador do Caderno de Imóveis da Folha de S. Paulo e apresentador do boletim Condomínio Legal na Rádio CBN – precisa ter habilidade nas
relações pessoais, saber intermediar conflitos e aproximar
as pessoas. Tudo isso está sendo desenvolvido pelos jovens
em suas funções de representantes mirins.
Enquanto as novas gerações não chegam à idade de poder
ocupar os cargos oficiais, outros caminhos são trilhados. Um
deles é a contratação de um síndico profissional. “Eu ainda
sou a favor do síndico morador, especialmente em prédio
residencial, mas alguns condomínios já optam por contra-
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tar um síndico profissional. Alguém que estudou, que
se preparou para ser síndico profissional e exerce essa
função em diversos condomínios”, diz o advogado.
É o caso do economista Renato Daniel Tichauer, que
embora tenha seu próprio negócio – um escritório de
representações – é também síndico profissional de
um grande condomínio, com vários prédios, na Zona
Sul de São Paulo.
Cursos preparam o
morador para administrar
o condomínio
Tichauer ingressou na profissão depois de um curso
para síndicos ministrado por Márcio Rachkorsky.
Ele fez o curso porque era síndico do prédio onde mora
e queria adquirir conhecimentos jurídicos para desempenhar melhor a função, mas acabou sendo convidado
para administrar o condomínio, conta. Depois disso, Tichauer não parou mais de estudar e complementa seu
aprendizado a cada dia, com a experiência adquirida
na rotina do condomínio que administra.
Na opinião de Tichauer, é fundamental que o síndico
tenha conhecimento de todas as áreas envolvidas na
administração de um condomínio e aja com profissio-
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Especial
Objetos voadores
nalismo, mesmo que sua condição no prédio seja
de síndico amador. Ele acredita, por exemplo,
que grande parte das divergências nas relações
entre vizinhos se deve à falta de informação.
“Quando você conhece as coisas e passa as informações para as pessoas, ganha a confiança
delas e isso torna mais fácil a solução de qualquer conflito”.
Outra opção encontrada pelos condomínios é
contratar administradoras que cuidam da contabilidade e das demais providências necessárias,
deixando ao síndico apenas a supervisão do trabalho. Entre as funções delegadas à administradora
estão o relacionamento com moradores e funcionários, as compras, e a manutenção das áreas e
equipamentos comuns.
Uma das vantagens dessa solução é manter um
morador do prédio no centro das decisões, ao
mesmo tempo que transfere para um profissional
a tarefa de conciliar demandas.
A qualidade da convivência em prédios e condomínios
pode ser melhorada, também, por meio da aproximação dos moradores. O gerente financeiro Fábio Sarapion Machado usa essa técnica para melhorar a convivência no condomínio que administra há 16 anos,
no início como síndico e agora na condição de braço
direito da nova síndica, a sua mulher.
Para promover a aproximação, Sarapion organiza churrascos comunitários nos fins de semana. O convite é
feito por meio de um comunicado que vai para todos
os apartamentos. Em junho e dezembro, o condomínio
promove festa junina e confraternização de fim de ano
com o patrocínio de fornecedores. “Nem todos os moradores participam, mas os encontros geram um clima
de união”, diz Sarapion.
Quando a questão é colocar ordem na casa, ele recorre ao humor. Nos primeiros anos de sua experiência
como síndico, era comum objetos serem jogados pelas
janelas durante brigas de casais, por indisciplina das
crianças ou levados pelo vento. Depois que um portaretratos caiu dentro da piscina, Sarapion resolveu colecionar “os objetos voadores” e encheu uma mala que
tem desde peças de decoração até roupas, canetas,
brinquedos e sapatos. Quando os moradores ficaram
sabendo da mala, passaram a ter mais cuidado e a
evitar “arremessos” e quedas.
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Foto: Divulgação Ornare
Bem-viver Closets e armários
Chega de bagunça
Especialistas em arrumação ensinam a
organizar closets e armários
Natalie Betito
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Foto: Divulgação Kitchens
Armários setorizados
e caixas contribuem
para que roupas
e sapatos fiquem
organizados e
protegidos
D
ifícil encontrar quem, mesmo tendo um guardaroupa grande, já não tenha sofrido com a falta
de espaço ou com a dificuldade de localizar uma
peça especial em meio ao caos. Para acabar com
o problema, na maior parte das vezes gerado
por pura desorganização, existem no mercado
empresas e profissionais especializados em colocar ordem na bagunça, como a personal organizer Ingrid Lisboa. “Meu trabalho é entender
as necessidades, o estilo e as preferências dos
clientes e, então, sugerir a organização que seria
mais interessante para o perfil dele. Não existe
organização ideal, existe a organização que funciona para cada um” diz ela.
Rosângela Campos, diretora da Domus Organizzare, sugere que quem decidir começar a organizar
o armário deve conhecer tudo o que há dentro
dele. Inicialmente é preciso pensar nos tipos de
roupas que você mais usa e em como pretende
guardá-las. “Depois de feita a divisão das peças,
fora do armário, será possível elaborar os espaços de forma criteriosa e inteligente.”
Para Rosângela, o espaço mais valorizado do
armário ou closet são as araras e, portanto, as
peças mais usadas devem ser penduradas priorizando a organização por muito mais tempo. O
oposto deve acontecer com peças pouco usadas,
como vestidos de festa e casacos de frio.
— Não os deixe ocupando o espaço privilegiado
de duas peças básicas que você usa três vezes
por semana — recomenda. E explica: “No cabide, as peças não amassam, é possível enxergálas e fazer a reposição na sequência de cores em
que foram inicialmente organizadas”.
Para Ingrid, closet bem organizado é aquele que
permite uma rápida visualização das peças e das
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Foto: Divulgação Ornare
Bem viver Closets e armários
possíveis combinações entre elas.
Ela sugere ordenar o closet por estilo — esporte, festa e dia a dia — e,
em seguida, por cores. Para que o
armário tenha uma aparência limpa
e organizada, Ingrid também recomenda destinar cabides iguais para
todas as roupas. Em compensação,
as peças mais delicadas, como as blusas de lã, devem ficar dobradas em
nichos. “Penduradas em cabides elas
esgarçam e, em gavetas, ao retirá-las
os fios podem ser puxados. O mais
correto é guardá-las em saquinhos de
TNT com visor.”
Casais que dividem o mesmo armário
devem seguir as mesmas regras, porém para guardar gravatas a personal
organizer Anna Celidonio recomenda
um gravateiro giratório, que pode
acondicionar até 70 gravatas. “Quem
tiver poucas gravatas pode utilizar
um cabide especial para pendurá-las,
que impede que elas escorreguem e
facilita a visualização.”
Anna destaca que um closet moderno deve ter gavetas com a parte da
frente transparente para facilitar a
escolha da peça, prateleiras com não
mais do que 45 centímetros de altura, gavetas com divisões para meias,
roupas íntimas, óculos e bijuterias,
suporte para pendurar roupas antes
de guardar e uma parte para vestidos
longos e casacos de frio.
Na parte superior do armário a dica é
usar caixas decorativas para guardar
roupas que não são muito usadas,
como acessórios de viagem, roupas
de esqui, gorros e luvas. Para quem
está pensando em adquirir armários
novos, Anna também orienta escolher materiais leves e de preferência
claros, que venham com gravateiros
e divisória para acessórios (óculos,
bolsas e sapatos), e apresentem boa
iluminação interna.
Nichos, prateleiras e gavetas com
divisórias são essenciais para
organizar os acessórios
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Foto: Divulgação Favo Móveis
Closet saudável
•
•
•
•
•
Iluminação interna, vidro e cores claras também
ajudam na hora de achar uma peça no armário
•
Depois de organizar o closet, discipline-se para
mantê-lo sempre em ordem e devolva cada peça a
seu devido lugar após o uso ou a lavagem.
Para arejar, deixe as portas de seu armário e as
janelas do cômodo abertas por algumas horas todos os dias.
Roupas pouco usadas, como casacos de inverno e
blusas de lã grossa, também merecem banhos de
sol periódicos.
Evite acumular itens que não utiliza mais.
Na hora de limpar o armário, use um pano úmido
com detergente neutro. Alguns produtos de limpeza podem danificar irreversivelmente as roupas.
Para deixá-lo perfumado, coloque bolas de cânfora ou um sachê com perfume suave.
Armário modelo
Sapatos – sempre que possível, guarde-os em
sapateiras ventiladas, de fácil visualização. Se for
guardar em caixas, dê preferência às transparentes, com respiros.
Meias – separe-as por cor e modelo (ginástica,
social, meia-calça) e depois guarde-as enroladas
em casulos individuais.
Lingeries – procure guardar os conjuntos de calcinha e sutiã juntos, e as peças avulsas separadas
por cor e modelo em uma gaveta com divisórias.
Existem divisórias plásticas que resolvem o problema com custo acessível e resultado imediato.
Bolsas – coloque-as lado a lado em prateleiras
ou em nichos individuais. Para manter as mais
molinhas em pé, encha-as com papel de seda.
Coloque as alças mais finas para dentro para
não estragar.
Foto: Divulgação Ornare
Conheça outras dicas para
manter a roupa em ordem
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Queiroz Galvão São Paulo
No alto da página, a sala do apartamento de
290m², decorado na torre; da sacada (ao lado),
vista previlegiada; acima, o espaço mulher
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Imagem
ilustrativa
da fachada
do edifício
Camarotte, no
Campo Belo
Imagens Ilustrativas
Nobreza
para morar
Novo empreendimento no Campo Belo
alia tranquilidade à boa localização
E
m uma rua tranquila do bairro do Campo Belo, nasce o luxuoso Edifício Camarotte. Com projeto arquitetônico criado pela CFA Cambiaghi Arquitetura, o
empreendimento foi desenvolvido especialmente para atender a famílias acostumadas com o que há de melhor. Localizado próximo a importantes vias de
acesso ao Aeroporto de Congonhas, ao Parque Ibirapuera e a grandes shopping
centers, o condomínio permite usufruir de uma vida calma, com vista privilegiada e fácil acesso aos principais pontos da cidade.
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Queiroz Galvão São Paulo
Ilustrações artísticas
da sala de ginástica
(acima) e da piscina
com deck molhado
(ao lado)
Situado em um amplo terreno de 3.545 metros quadrados, o condomínio com torre
única conta com apenas dois
apartamentos-tipo em cada
um dos vinte e oito andares.
Com espaços integrados e inteligentes, as plantas propõem
a divisão dos 290 metros quadrados privativos em
galeria, salas de estar, jantar e almoço, terraço com
churrasqueira, lavabo, quatro suítes (sendo uma delas
máster, com terraço e banheira opcional). Além disso,
o arquiteto ainda sugere uma segunda opção de composição na área íntima: a criação de um family room
junto às quatro suítes.
Os dois últimos andares do edifício foram reservados
às coberturas duplex, de 531 metros quadrados cada.
No pavimento inferior do apartamento, espaço para
galeria, salas de estar, jantar e almoço, lavabo, terraço
e quatro suítes. No superior estão distribuídos o estar
íntimo com terraço, escritório, lavabo, churrasqueira,
solarium e piscina com deck.
Na área comum do edifício foi criado um verdadeiro clube
com piscina adulto e infantil, fitness center, quadra gramada, playground, solarium, espaço mulher, salão de festas, espaço gourmet, salão de jogos e sauna com duchas. “Criamos
uma série de espaços de convivência e lazer, além de plantas
flexíveis, para atender as necessidades dos moradores”, diz
Henrique Cambiaghi, arquiteto responsável pela obra.
O projeto ainda inclui vagas para visitantes e amplas áreas
verdes com praças, jardins e cascatas projetados pela paisagista Neusa Nakata. A decoração dos ambientes ficou
sob os cuidados da especialista no assunto Gisela Bento
Gonçalves.
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Fotos: Divulgação
Queiroz Galvão Recife
Exclusividade
com vista para o mar
Apartamentos de um por andar, em terreno
situado no ponto mais valorizado da região
Imagem ilustrativa da fachada do edifício
Lucilo Maranhão. Acima, varanda com
vista para a praia de Boa Viagem
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Com quatro suítes e sala
para dois ambientes,
os apartamentos do
edifício Lucilo Maranhão
têm espaços amplos e
arejados
U
m dos bairros mais famosos do Recife, Boa Viagem,
terá em breve mais uma alternativa de moradia de
luxo com a assinatura da construtora Queiroz Galvão. Trata-se do Edifício Lucilo Maranhão, localizado
em um dos melhores pontos da região, mais exatamente na Rua Dona Benvinda de Farias, entre as
avenidas Boa Viagem e Conselheiro Aguiar.
Próximo ao Shopping Center Recife – maior polo
comercial da capital —, e às principais lojas de grife da cidade, o empreendimento também estará
perto dos melhores restaurantes da região, como
o Wiella Bistrô e o Mingus, eleito pela revista Veja
Recife como o melhor da capital pernambucana.
Com 27 apartamentos de 182 metros quadrados
privativos, a planta-tipo das novas unidades é dividida
em quatro suítes, sala para dois ambientes, lavabo, cozinha, área de serviço e varanda com vista para o mar.
“A localização privilegiada, que permite que o prédio esteja mais alto do que os demais edifícios do
entorno, e o fato de ser um apartamento por andar,
possibilita uma boa ventilação e iluminação natural
nos principais cômodos”, afirmam as arquitetas responsáveis pelo projeto, Mariana Asfora e Maria Eduarda Campos.
Na área comum, o novo empreendimento da Queiroz
Galvão oferece sala para motoristas, playground, hall
social com pé direito duplo, espaço para fitness e um
espaçoso salão de festas com copa e bar.
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Fotos: Roberta Guimarães
Art Cultura
Arte de
Artistas plásticos
pernambucanos se unem
para levar um toque de
contemporaneidade ao
artesanato cerâmico de
Tracunhaém
barro
F
amosa nos anos 60 pela produção de objetos e
utilitários de barro, a pequena cidade de Tracunhaém, localizada a 63 quilômetros do Recife, voltou a
despertar interesse. Agora, por emprestar uma roupagem mais moderna às cerâmicas tradicionais. A
reviravolta aconteceu graças à mente inquieta dos
artistas plásticos Joelson Gomes e Manuel Dantas
Suassuna, criadores do projeto Olaria Ocre.
Dispostos a criar e dividir seus conhecimentos com
os artesãos locais, os dois saíram da capital pernambucana e em 2007 se instalaram na Olaria do Baixinha, uma das maiores da região, para trabalhar o
barro de uma forma mais contemporânea, que desse novo status às criações artesanais.
— O objetivo é produzir arte tendo como base um
objeto já existente e dialogar com as pessoas desse
município tão conhecido por sua tradição em cerâ-
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À esq., o artista Joel
Joelson
Gomes com uma das peças
criadas pelo projeto; acima,
vista geral da Olaria do
Baixinha; abaixo, a fo
fotógrafa
Roberta Guimarães, Dantas
Suassuna e Joelson
mica — afirma Joelson Gomes. — É o olhar
olha de três
olaria que
artistas contemporâneos aplicado a uma o
tem formas muito rústicas de trabalho — completa
ele, que já viajou por todo o Nordeste pesquisando
as diferentes formas de tratar o barro.
período, realizamos um diálogo nosso com uma
olaria local”, conta o artista, referindo-se a tardes de muita criação.
Mas o projeto não estaria completo sem o olhar
atento e curioso da fotógrafa Roberta Guimarães. Ao longo desses anos, é ela quem vem
registrando o processo de criação dos amigos
em imagens que traduzem a crueza e beleza do
barro e da vida nas olarias. Esse olhar perpetua, com cuidadosos estudos de luz, manifestações atuais de uma arte milenar.
Toque artístico dá vida
nova a peças simples
Assim, Joelson e Suassuna — este, antigo pupilo de
Francisco Brennand —, passaram a dar nova vida,
a partir de interferências artísticas, a peças simples
como pratos, jarras, potes e panelas. “Construímos
algo novo ao desconstruir formas tradicionais”, diz
Joelson. Bom exemplo do resultado desse trabalho é o filtro de barro transformado em totem com
símbolos medievais, exposto no Recife. Ou ainda as
peças que foram apresentadas em Ouro Preto, Minas Gerais, de 30 de maio a 13 de junho. “Nesse
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Art Cultura
500 anos de
Fotos: divulgação
Andrea Palladio
Mestre italiano
M
i li
f i um dos
foi
d mais
i infl
i fluentes da
d história
hi
i
por dar status à arquitetura residencial, usando linhas
simples e elegantes inspiradas nos monumentos romanos
70
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Famoso por valorizar residências,
Andrea Palladio também
projetou outros tipos de edifícios,
como a Igreja do Redentor, em
Veneza (maquete à esquerda); ao
lado, retrato do arquiteto feito
pelo pintor El Greco
H
à 500 anos, o Brasil dava seus passos iniciais sob domínio
português. Os primeiros europeus chegavam à América do
Norte. E Andrea Palladio influenciava o mundo com suas
linhas simples e elegantes, sua crença de que construções
podiam ser belas mesmo sem materiais caros e de que a arquitetura doméstica tinha tanto valor quanto a monumental.
Mostrar a importância de Palladio, nascido em Pádua, na
Itália, em 1508, é o objetivo da exposição Andrea Palladio:
Sua Vida e Seu Legado, que, depois de ocupar a Royal Academy of Arts, em Londres, viaja a Barcelona (de 19 de maio
a 6 de setembro) e Madri (6 de outubro a 17 de janeiro),
abrigada em ambas as cidades espanholas em centros culturais da Caixaforum. A exibição apresenta desenhos originais
e sua obra vista por grandes artistas, além dos projetos de
arquitetos que aprenderam com ele.
Pode-se dizer que, além do óbvio talento, Palladio teve
sorte. Aos 13 anos, aprendeu a cortar pedra para a construção. Graças ao conde Giangiorgio Trissino, porém, ele
foi capaz de dar um salto e se transformar num dos mais
importantes arquitetos da história. Patrocinado por seu
mentor, estudou os edifícios romanos e, de volta ao Vêneto, região onde cresceu, desenhou belas igrejas, como San
Giorgio Maggiore e Redentore, ambas em Veneza, palácios
e, principalmente, villas.
Palladio foi revolucionário por acreditar que a imponente
arquitetura romana podia ser adaptada para residências.
Sua villa mais famosa, La Rotonda, nos arredores de Vicenza, traz formas simples, calmas e harmoniosas. Um círculo
central inscreve-se num quadrado. Em simetria perfeita, as
fachadas de cada um dos segmentos do quadrilátero são idênticas, assim como os cômodos.
O neoclassicismo de Andrea Palladio logo passou
a ser chamado de estilo palladiano, e seu alcance
aumentou principalmente depois que ele escreveu
Quatro Livros de Arquitetura, em 1570. Seus maiores divulgadores foram ingleses como Inigo Jones e
o 3º Conde de Burlington, que usou seus ensinamentos no prédio que atualmente abriga a Royal
Academy of Arts. Até Thomas Jefferson se encantou
por ele e, após tentar sem sucesso fazer a residência
presidencial americana em estilo palladiano, inspirou-se no italiano para criar sua casa, Monticello, e
a biblioteca da Universidade da Virginia, ampliando
a influência do arquiteto.
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Art Cinema brasileiro
A volta do
Bem-Amado
Odorico Paraguaçu marcou época na televisão brasileira,
primeiro em telenovela, depois em seriado. Agora, vai ao
cinema pelas mãos do diretor Guel Arraes
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L
Fotos: divulgação
Novidade na trama, Caio
Blat faz o papel de um
jornalista que se apaixona
pela filha de Odorico
Paraguaçu
á se foram 45 anos desde que Dias Gomes escreveu
a peça Odorico, O Bem-Amado, ou Os Mistérios do
Amor e da Morte. Depois disso, o prefeito de Sucupira — não a verdadeira, no estado de Tocantins, que
nem havia sido criado, mas uma de mentirinha — fez
sucesso na televisão, primeiro na telenovela da Globo, de 1973, e depois no seriado exibido entre 1980
e 1984, versões que entraram para a história ao tratar de política em pleno regime militar. Mas Odorico
Paraguaçu não quer ir embora.
O mais novo a revisitar esse universo é Guel Arraes,
que já tinha levado ao teatro bem-sucedido espetáculo com o mesmo nome protagonizado por Marco
Nanini. Agora, o diretor responsável por programas
como TV Pirata, Armação Ilimitada e Brasil Legal, e
por filmes como Romance e O Auto da Compadecida,
acaba de rodar um longa-metragem, com previsão
de estreia até o fim do ano. Filho do político Miguel
Arraes, o diretor quis fazer uma produção contra os
maus políticos. Para evitar comparações fáceis, manteve a trama na década de 1960.
O roteiro levado à tela grande retoma o argumento original. Odorico Paraguaçu deseja marcar sua
administração com a inauguração de um cemitério. Mas há um problema: ninguém morre na cidade. Não demora para ele bolar um plano infalível,
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Art Cinema brasileiro
Acima, Marco
Nanini como o
prefeito Odorico
e Matheus
Nachtergaele
como Dirceu
Borboleta; ao
lado, cenas do
longa filmado
em Alagoas
trazendo de volta a Sucupira o matador Zeca
Diabo. As irmãs Cajazeiras seguem defendendo
fervorosamente o prefeito, e Dirceu Borboleta
continua seu fiel escudeiro. De novidade, o romance entre Violeta (Maria Flor), filha de Odorico, e o jornalista de oposição Neco (Caio Blat).
E, claro, o elenco é todo novo.
Marco Nanini substitui Paulo Gracindo, que esteve em sua melhor forma como o político fã
de licor de jenipapo. As devotadas irmãs Cajazeiras, antes interpretadas por Dirce Migliaccio,
Dorinha Duval e Ida Gomes, agora são Andréa
Beltrão, Drica Moraes e Zezé Polessa. Matheus
Nachtergaele, um dos melhores atores de sua
geração, ganhou a tarefa de encarnar o secretário Dirceu Borboleta, que, com voz anasalada e
gago, se tornou inesquecível na pele de Emiliano Queiroz. Zeca Diabo, mais um personagem
forte na galeria de Lima Duarte, é vivido por
José Wilker na nova adaptação.
Odorico Paraguaçu voltou. Apesar de ser um tipinho da pior espécie, ele tinha deixado saudades.
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Art Cinema
O mais
popular
O Cine PE — Festival do Audiovisual do Recife — homenageou
Costa-Gavras e Dira Paes. Lotação completa, exibiu filmes
sobre Chacrinha e Humberto Teixeira
Mariane Morisawa
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Fotos: Divulgação
Atores e diretores premiados
sobem ao palco do Cine
Teatro Guararapes para o
encerramento do festival;
abaixo, Chico Diaz e Aldir Blanc
da criatividade e da vontade de viver dessas pessoas — declarou em entrevista coletiva. O diretor
emocionou-se com a apresentação da Orquestra
Criança Cidadã, formada por meninos e meninas
do Coque, favela recifense, e visitou a Oficina de
Francisco Brennand.
O
Cine Teatro Guararapes, dentro do Centro de
Convenções de Pernambuco, em Olinda, como
sempre, lotou todas as noites sua capacidade de
2.500 espectadores. Mas o 13º Cine PE — Festival do Audiovisual do Recife —, ocorrido entre
27 de abril e 3 de maio, trouxe novidades. A
principal foi a presença de Constantin Costa-Gavras, cineasta grego radicado na França e autor
de longas-metragens como Z, Desaparecido –
Um Grande Mistério e Estado de Sítio. Ele exibiu
Éden à L’Ouest, seu mais recente filme, que trata
com leveza e humor a história de um imigrante
na parte ocidental da Europa.
— É uma questão grave e tem motivado muitos
filmes, quase sempre dramas. Procurei abordar
o tema por um ângulo mais cômico, por causa
Muro, de Tião, e
Superbarroco, de
Renata Pinheiro,
levaram troféus Calunga
Não faltaram homenagens a brasileiros, como a
atriz Dira Paes, com quase 30 filmes no currículo.
Ela agradeceu e se disse honrada por fazer parte
do cinema brasileiro. E fez uma dedicatória especial: “Dedico esse prêmio a meu filho Inácio, de um
ano de idade, que nesta manhã deu seu primeiro
passo, sozinho”.
A seleção de curtas foi um dos destaques, com
vários filmes de boa qualidade, em especial dois
pernambucanos: Muro, de Tião (apelido de Bruno
Bezerra), premiado no Festival de Cannes do ano
passado, e Superbarroco, de Renata Pinheiro, exibido no festival deste ano. O primeiro saiu com
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Art Cinema
Chico Diaz (acima) e Maria Padilha recebem os
prêmios de melhor atuação pelo trabalho no
longa Praça Saens Peña, de Vinicius Reis
três troféus Calunga (crítica, montagem e direção de
arte) e o segundo, com dois (curta de 35 mm e ator).
Entre os longas, fez muito sucesso Alô, Alô, Terezinha,
documentário de Nelson Hoineff sobre Chacrinha. Logo
na abertura do filme, a plateia deu mostras de sua habitual festiva participação. Aos chamados de “Terezinhaaaaa!”, pelo Velho Guerreiro, o público respondia: “U-u!”.
Com seu desfile de personalidades dos anos 1970 e
1980, como Caetano Veloso, Biafra e Nelson Ned, e
pretendendo replicar o espírito debochado e por vezes
maldoso do apresentador, a produção agradou, levando
três Calungas, incluindo os de melhor filme para o júri e
de melhor filme para o público.
Atores ganham
reconhecimento do
júri em papéis que
fogem do comum
Os prêmios de atuação, no entanto, foram dominados pelos protagonistas do filme Praça Saens Peña, de Vinícius
Reis. “É bom receber um prêmio desse júri e também é
bom receber este prêmio independentemente de quem
estava no júri”, disse Maria Padilha, provocando risos. Ela
interpreta Teresa, uma mulher de classe média casada
com o professor Paulo (Chico Diaz) e mãe de Bel (Isabela
Meireles) e moradora da Tijuca, no Rio.
— Queria agradecer ao diretor por ter confiado em mim
num papel tão diferente dos que eu costumo fazer — completou ela, que já tinha dito na coletiva de imprensa que
sempre é chamada para fazer ricas e louquinhas.
Chico Diaz recebeu o troféu de melhor ator também com um
papel bem diverso dos tipos pelos quais é conhecido, normalmente homens de ação, ou mesmo maus. Ele agradeceu
à companheira, Sílvia Buarque, que também esteve no festival, e disse: “Obrigado a todos os que fazem desse ofício sua
vida”. Isabela Meireles levou o troféu de melhor atriz coadjuvante, e o melhor ator coadjuvante foi Leonardo Miggiorin, de
Mystérios, dos cineastas Beto Carminatti e Pedro Merege.
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O diretor Lírio Ferreira subiu ao
palco com camiseta-protesto (ao
lado); abaixo, o cineasta grego
radicado na França Costa-Gavras,
que foi homenageado
Humberto Teixeira,
O Homem que
Engarrafava Nuvens
Após a premiação, o diretor pernambucano Lírio Ferreira subiu ao palco para apresentar O
Homem que Engarrafava Nuvens, documentário sobre Humberto Teixeira, o grande parceiro
de Luiz Gonzaga.
— É muito bom estar aqui na minha casa. Esse
teatro é muito grande, quem está longe não
consegue ler minha camiseta: “Quero ser excomungado”. Porque se uma mãe e médicos são,
eu também quero ser — disse.
A atriz Denise Dumont, filha de Humberto Teixeira, também estava presente na sessão que
encerrou o festival. E foi assim, em clima de
baião, que terminou mais uma edição do festival de cinema mais popular do Brasil.
Cena do documentário Alô, Alô, Terezinha, exibido no festival
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Recife - PE
Tel: (81) 8875-7827
(81) 9299-7172
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Pontal de Coruripe - AL
Tel: (82) 3273-7319
ou (82) 9977-0395
Associação dos Artesãos
de Feliz Deserto
Feliz Deserto - AL
Tel: (82) 3556-1240
ou (82) 3556-1229
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São Paulo - SP
Tel: (11) 3661-8670
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R. do Rócio, 351, 2º andar,
cj 21, Vila Olímpia
São Paulo - SP
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Pinheiros, São Paulo - SP
Tel: (11) 3083-6998
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Rua Padre João Manoel, 1115,
São Paulo - SP
Tel: (11) 3064-6183
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Av. Nações Unidas, 13.301,
São Paulo - SP
Tel: (11) 2838-3207
www.eau.com.br
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Rua Vittorio Fasano, 88,
Jardins, São Paulo - SP
Tel: (11) 3062-4000
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Habitar Crônica de Gilberto Martins
Fora de
seus habitantes, Brasília impõe diferentes – e difíceis –
hábitos. E convida seus visitantes (e detratores) a renovar, constantemente, aquilo que, por sua natureza, logo
se cristaliza: frases feitas, clichês, lugares-comuns. Como
viver numa maquete!? Andar a pé em Brasília é impossível! Os edifícios públicos formam um museu ao ar livre! É
monumental! Transpira poder! Cadê as esquinas?! Em todas as frases, a similaridade indisfarçada, o denominador
“comum” – trata-se sempre da expressão de um espanto.
Como queria Freud, algo familiar (quem já não conhece
Brasília mesmo não tendo estado lá, tantas são as suas
imagens recortadas que ocupam os espaços calculados
dos jornais e das janelas de TV?), uma cena habitual, de
repente, assume ares de assombração, fantasmagoria,
de paisagem estranha e sinistra (e portanto incômoda,
ameaçadora: fonte de atração e repulsa).
Afinal Brasília formaliza em sua paisagem e no modo de
vida que ela exige algo que (re)conhecemos, de fato, há
muito. Construída para instalar a modernidade no coração do país, a nova capital quis negar a História e saltar
sobre o atraso, partindo de um zero absoluto, mágico
e artificial, misterioso e totalitário, para se erguer não
só como cidade, mas lugar de gestação de um novo homem. Território de utopia, portanto. Se u-topos é obrigatoriamente o não-lugar, deveria permanecer porvir,
ideia-ideal, eterno vir-a-ser; entretanto, Brasília insiste
e existe: é e não é, com sua essência de fantasma. Tal
como nossa modernização inconclusa, nossas mudanças que não espelham equivalentes superações.
Ora, então, por que não pintar de vermelho uma de suas
belas pontes brancas para que finalmente se faça grito o
estranhamento que causa? Porque Brasília é simetria, é
cálculo, plano, equilíbrio. Harmonia?
Prestes a se tornar cinquentona, a cidade – que nasceu
para se fazer imutável patrimônio – vai driblando as regras
e traços de planos e metas e criando redutos de resistência, células de alteridade onde a diferença se instala, feito
nova hera, para se alastrar: as cidades-satélites põem em
xeque a origem de fronteiras e limites; as quadras e ruas,
numeradas e friamente quantificadas, rebatizam-se para
se identificar como aquela-do-restaurante-tal ou a do
teatro-que-também-é-oficina; o edifício modernoso anuncia outros tempos e gostos, refletindo-se em sua fachada
espelhada o avanço lento e silencioso das nuvens; a natureza se impõe como contraste e jogo (é a angustiante seca
afinal interrompida por raios radicais, a lembrar antigos
períodos diluvianos de renovação); os tantos sotaques, de
pessoas de muitas origens, variam insistindo em (não) se
fazer síntese e norma, acomodando-se no singular modo
de falar da geração que nasceu lá e hoje tem sete, treze,
trinta e três ou quarenta e nove anos; na feiúra da rodoviária aporta a errância espantada de candangos que não
aceitam ser só estátua de praça e cobram o título de Capital da Esperança; o edifício Conic, no qual se avizinham
cinema pornô e igreja evangélica, vendendo promessas
de satisfação para alma ou corpo...
A combinação desigual – por vezes grotesca – daquilo que
é puro contraste aos poucos aproxima Brasília de suas irmãs desordeiras (São Paulo, Rio, Recife ou Porto Alegre).
A cidade burocrática cede terreno ao crescimento orgânico e já deixa entrever – e experimentar – os efeitos da
ausência de um planejamento que preveja os desgastes e
imposições do tempo. Este sim, sempre de vanguarda.
Gilberto Martins é professor de literatura na Universidade
Estadual Paulista (UNESP/Assis).
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Brasília
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