estudo dos efeitos da taxa selic na taxa média de
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XXIII ENANGRAD Finanças (FIN) ESTUDO DOS EFEITOS DA TAXA SELIC NA TAXA MÉDIA DE JUROS COBRADA PELOS BANCOS Wanderson Rocha Bittencourt Ricardo Lanna Campos Felipe Lacerda Diniz Leroy Bento Gonçalves, 2012 ESTUDO DOS EFEITOS DA TAXA SELIC NA TAXA MÉDIA COBRADA PELOS BANCOS FINANÇAS FIN. RESUMO No decorrer dos anos, as instituições bancárias cobraram as taxas de juros em função dos grandes custos administrativos, da inadimplência, do prêmio de risco entre outros fatores. Outro ponto fator importante esta no custo de oportunidade, sendo este a taxa de referência usada como controle monetário do país, visto que, esta influencia diretamente as taxas cobradas pelos bancos. Com isso, este trabalho tem como objetivo identificar os efeitos da taxa de juros básica adotada no Brasil, SELIC, na taxa média de juros cobrada pelos bancos. Para tal, esta pesquisa se caracteriza como descritiva documental. Foi usada a abordagem quantitativa, procurando estabelecer a relação entre as duas taxas de juros, esta análise se deu através do método econométrico. Os resultados mostraram que a taxa SELIC é somente a quarta maior variável que influencia as taxas de juros, sendo esta a referência das instituições como o custo de oportunidade. Palavras chave: Instituições bancárias; Taxas de juros; Taxa SELIC ABSTRACT Over the years, banks charged interest rates as a function of the large administrative costs, in default, risk premium and other factors. Another important factor is the opportunity cost, which is the reference rate used as currency control of the country, since this directly influences the rates charged by banks. Therefore, this study aims to identify the effects of the interest rate used in Brazil, Selic, the average interest rate charged by banks. To this end, this research is characterized as descriptive document. We used a quantitative approach, seeking to establish the relationship between the two interest rates, this analysis was performed using the econometric method. The results showed that the Selic rate is only the fourth largest variable that influences interest rates, which is the reference of institutions such as the opportunity cost. Key-words: Banking institutions; Interest rates; SELIC ESTUDO DOS EFEITOS DA TAXA SELIC NA TAXA MÉDIA COBRADA PELOS BANCOS RESUMO No decorrer dos anos, as instituições bancárias cobraram as taxas de juros em função dos grandes custos administrativos, da inadimplência, do prêmio de risco entre outros fatores. Outro ponto fator importante esta no custo de oportunidade, sendo este a taxa de referência usada como controle monetário do país, visto que, esta influencia diretamente as taxas cobradas pelos bancos. Com isso, este trabalho tem como objetivo identificar os efeitos da taxa de juros básica adotada no Brasil, SELIC, na taxa média de juros cobrada pelos bancos. Para tal, esta pesquisa se caracteriza como descritiva documental. Foi usada a abordagem quantitativa, procurando estabelecer a relação entre as duas taxas de juros, esta análise se deu através do método econométrico. Os resultados mostraram que a taxa SELIC é somente a quarta maior variável que influencia as taxas de juros, sendo esta a referência das instituições como o custo de oportunidade. Palavras chave: Instituições bancárias; Taxas de juros; Taxa SELIC ABSTRACT Over the years, banks charged interest rates as a function of the large administrative costs, in default, risk premium and other factors. Another important factor is the opportunity cost, which is the reference rate used as currency control of the country, since this directly influences the rates charged by banks. Therefore, this study aims to identify the effects of the interest rate used in Brazil, Selic, the average interest rate charged by banks. To this end, this research is characterized as descriptive document. We used a quantitative approach, seeking to establish the relationship between the two interest rates, this analysis was performed using the econometric method. The results showed that the Selic rate is only the fourth largest variable that influences interest rates, which is the reference of institutions such as the opportunity cost. Key-words: Banking institutions; Interest rates; SELIC 1 INTRODUÇÃO No primeiro semestre de 2010, a crise na Zona do Euro deixou um ar de instabilidade nas demais economias do mundo. Outro fator importante na economia mundial foi a recuperação lenta da economia dos Estados Unidos, em virtude a crise ocorrida nos anos anteriores. Já no Brasil, a rígida base econômica sustentou o crescimento, sem influenciar os mercados de juros e câmbio, contribuindo para acréscimo de 9% no estoque de crédito do país. Com a expansão do mercado de crédito, e aumento de suas reservas, os bancos apresentaram níveis satisfatórios de liquidez, dentro dos estabelecidos no comitê de Basileia, contribuindo para a acumulação dos lucros, compatibilizando com os anos anteriores. Conforme apontado pelo BACEN (2011) o país tem uma boa estrutura financeira, contribuindo para o seu crescimento econômico. Além disso, esta estrutura incentiva o aumento de crédito com recursos livres para a pessoa física e jurídica. Dentro deste contexto, o crédito para as pessoas jurídicas e físicas tiveram aumento no período de dezembro de 2009 à fevereiro de 2011. O crédito para pessoa jurídica elevou-se de R$ 397,8 bilhões para R$ 470,8 bilhões no período considerado. Já o crédito para pessoa física passou de R$ 323,8 bilhões para R$ 437 bilhões, no mesmo período. O Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão responsável pelas políticas econômicas no Brasil, adotou, diante de pressões inflacionárias e da crise nos países na Europa, políticas restritivas quanto ao crédito, elevando a taxa básica de juros, calculada pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC). Este aumento, na taxa básica, faz elevar os juros do mercado, de curto e longo prazo, reduzindo a inclinação na curva de juros. Outro fator importante, segundo relatórios econômicos, foi a perspectiva de aumento de emprego, salário, vendas no varejo e crédito. Esta variação, nos cenários econômicos, faz com que a taxa de juros básica variasse, e em decorrência disso, a taxa média bancária também oscile, não em mesmas proporções, mas em mesmos sentidos. Com o aumento da quantidade de dinheiro emprestado, os bancos utilizam as taxas de juros, para remunerar o capital emprestado, sendo estes, determinados com base na oferta e demanda do mercado. Os dados do BACEN (2011) mostram que a taxa de juros SELIC variou de 11,18% a.a. para 8,65% a.a. no período de 05 dez 2007 a 09 dez 2009. Já a taxa média cobrada por bancos comerciais para pessoa jurídica teve um ligeiro aumento passando de 33,4% a.a. para 34,3% a.a.. Para pessoa física, a taxa média também subiu de 41,6% a.a. para 42,7% a.a.. As taxas de juros de crédito estão, também, ligadas à variação da taxa básica de juros. Desta forma, uma alta ou baixa na taxa básica afetaria as taxas de empréstimos. Busca-se, neste estudo, identificar os efeitos da taxa básica de juros adotada no Brasil, SELIC, na taxa média de juros cobrada pelas instituições bancárias. Para tal, são apresentadas informações sobre a taxa juros da economia brasileira (SELIC), a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras, bem como os fatores que influenciam diretamente o cenário econômico do país. 2 REFERENCIAL TEÓRICO As taxas de juros são vistas como instrumento de política de remuneração de um capital emprestado, com o objetivo de recompensar o capital em um determinado período de tempo estabelecido. Em uma mesma moeda, podem ser encontradas diversas taxas de juros, com diferentes valores, variando principalmente com os riscos embutidos na transação. Assim, as instituições financeiras definem os juros de acordo com os componentes internos das atividades bancárias, ou seja, spread e o custo de captação. (ANDREZO e LIMA 2007, VASCONCELLOS e GARCIA 2009 e HOJI 2000). Bodie e Merton (2002) contextualizam que as taxas de juros de qualquer empréstimo estão associadas a diversos fatores, mas existem três principais. O primeiro é a unidade de conta, ou seja, a moeda em que o crédito será pago. A segunda refere-se ao vencimento, sendo este o período de tempo necessário para a restituição do crédito. O terceiro é o risco de inadimplência, ou seja, a possibilidade do não cumprimento total ou parcial do débito. Sendo assim, os juros representem formas de mensurar a confiabilidade dos vários agentes de mercado diante do desempenho da economia em momentos de incerteza ou instabilidade. Ao avaliar a estrutura monetária, foi visto que esta pode apresentar diversas taxas juros. Estas por sua vez podem ser influenciadas por diversas variáveis tais como a moeda, a oferta e demanda, ao tempo do empréstimo, o risco oferecido pelo credor e principalmente pelo custo de oportunidade. 2.1 Taxa SELIC Conforme apontado por Assaf Neto (2009), o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) atua controlando as negociações de títulos públicos no mercado monetário. Este sistema opera principalmente com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, classificado como zero no quesito nível de risco. Para o BACEN (2011), a taxa de juros referencial, ou taxa SELIC, assim chamada, é uma ferramenta de controle da política monetária. No Brasil, é apontada como o principal instrumento de controle da inflação. O sistema SELIC calcula de tempos em tempos a taxa básica de juros. A taxa SELIC tem sua origem baseada nas taxas encontradas no mercado. É importante ressaltar que estas taxas mencionadas são as condições encontradas no mercado financeiro, respeitando a lei de oferta e demanda de liquidez. Estas taxas, afirma o BACEN (2011), por serem lastreadas homogeneamente, não levam em consideração os riscos dos tomadores do crédito. Sendo assim, uma eventual alteração da taxa básica afeta automaticamente a economia e as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras. Porém, há inúmeras taxas cobradas no mercado, estando relacionadas a diversos fatores tais como a inadimplência, spread, riscos, oferta, demanda, entre outros. 2.2 Taxa média de juros Como definição básica a respeito das taxas médias de juros será adotada a concepção de Assaf Neto (2009) e Oreiro et al (2007), que a definem como a taxa média de retorno, que supera o custo do capital emprestado, tornando o investimento mais atrativo. Assim, os agentes econômicos elevam as taxas de juros para suprir a necessidade por solidez do mercado, mantendo uma maior segurança a respeito dos investimentos. O BACEN (2011) estabelece uma relação entre as taxas de juros e a quantidade de crédito. É destacado que grandes quantidades de crédito requerem maiores garantias proporcionando juros menores. Em contrapartida, menores montantes envolvidos tem poucas garantias e necessitam de maiores juros. Com isso, as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras são medidas geométricas, advindas das concessões dos últimos dias, conforme ranking de cada modalidade. Os juros médios mensais correspondem à capitalização das taxas efetivas do dia informadas pelas instituições. Na construção teórica proposta por Assaf Neto (2009), as taxas de juros podem ser afetadas por algumas variáveis, sendo elas: o custo de oportunidade, a preferência pelo consumo, o risco e a inflação esperada. Oreiro et al (2007), em seu estudo sobre o custo do capital no Brasil, destacaram que o custo de oportunidade e o custo de capital de terceiros influenciam diretamente as taxas cobradas pelos bancos. As instituições financeiras ao avaliar o custo de oportunidade do capital próprio, somam a da taxa de retorna dos investimentos sem risco e a premiação de riscos exigidos pelos investidores nas instituições. Com isso, ao investir em letras do tesouro nacional, as instituições tem menos riscos de default e uma maior liquidez. Outra característica relevante está no fato destas letras estarem ligadas as variações da taxa SELIC. Ainda segundo Oreiro et al (2007) as letras não sofrem alterações de valor, em virtude da taxa nominal de juros, fornecendo, assim, uma alta liquidez. Outro ponto importante está vinculado ao piso mínimo de valor, sendo este uma variável de influência direta sobre as taxas cobradas. A respeito do capital de terceiros, pode ser de dois tipos: através de vendas de títulos no mercado financeiro ou por obtenção de empréstimos bancários. A angariação de recursos no mercado financeiro é pouco relevante, visto o tamanho do mercado, tornando desta forma o empréstimo bancário a grande fonte de capital de terceiros. Outro ponto importante está no fato das diversas modalidades de crédito, seu destino e formas de solicitação. Desta forma, o mercado está repleto de formas de angariar recursos com diversos preços e opções de instituições que o disponibilizam. Dentro deste contexto, os tomadores de crédito têm diversas formas de conseguirem recursos, cabendo as instituições bancárias, classificá-los dentro das modalidades e os riscos apresentados. 2.3 Riscos Autores como Bodie e Merton (2002), Capelleto e Corrar (2008) e Groppelli e Nikbakht (1998) apontam o risco como a incerteza do futuro, o associam ao tempo, e propõe a relação de maior tempo, maior risco. Em finanças, este risco é visto como a incerteza de não obter o retorno esperado, e esta relação pode ser feita da seguinte forma: quanto maior for o risco maior será o esforço compensatório, tendo em vista que ao avaliá-lo este estará relacionada a quantificação dos custos atribuídos ao credor. Assaf Neto e Silva (1997) e Capelleto e Corrar (2008) compartilham a ideia a respeito do risco e a taxa de juros, e destacam que quanto maior for o risco presente na maturidade do empréstimo, maiores serão os juros. Afirmam, também, que a taxa de juros está condicionada a menor previsibilidade do pagamento. Como proposto, a estipulação das taxas de juros pode ser feita através do tempo, da maturidade do empréstimo, do esforço necessário para compensar o empréstimo e o tempo para o credor quitar a dívida. Há diversas formas de classificação dos riscos, visto que esta é dada em função da diversidade de estudos realizados. Há de se levado em conta, para sua classificação, aspectos como o conglomerado empresarial, a conjuntura econômica e características internas das instituições que concedem e requerem crédito. A associação dos riscos de uma organização é dada em função de dois aspectos, segundo Gonçalves e Braga (2008) e Capelleto e Corrar (2008): riscos econômicos e financeiros. No âmbito econômico é apontado o risco conjuntural de mercado. Este risco relaciona-se às diversas possibilidades de variação conjuntural, levando em conta o sistema creditício como um todo. Já o risco financeiro está associado à relação endividamento vezes capacidade de pagamento ou às medidas adotadas internamente pelas instituições. Ao avaliar as formas de classificação dos riscos, Brito, Assaf Neto e Corrar (2009) utilizaram variáveis qualitativas e quantitativas. As variáveis qualitativas envolvem fatores intangíveis, tais como a capacidade de gestão e qualidade do controle produtivo. As variáveis quantitativas são extraídas das demonstrações contábeis da empresa. No âmbito das variáveis quantitativas, Selau e Ribeiro (2009) apontam suas grandes vantagens: agilidade no processo de decisão de crédito, necessidade de poucas pessoas para liberar o crédito e a substituição das variáveis subjetivas. A classificação dos riscos pode variar de acordo com os autores. Conforme Gonçalves e Braga (2008) e Capelleto e Corrar (2008), os riscos se dividem em dois grandes tipos: o sistemático ou diversificável e o não-sistemático ou não diversificável. O risco sistemático está ligado ao ambiente externo da empresa, não tendo como o administrador interferir; porém, é importante o seu conhecimento por parte da gestão. O risco não-sistemático está vinculado à administração, tornandose inerente aos julgamentos administrativos. Este risco relaciona-se às decisões de liquidez e diversificação do portfólio da empresa. Outro risco incorrido pelas instituições financeiras é da inadimplência. Para conter a insolvência das instituições financeiras, Araújo e Jorge Neto (2007) apontam que, a autoridade reguladora estabeleceu várias medidas. Entre elas, destacam-se as normas do acordo de Basileia e a redução das barreiras de entrada de instituições financeiras estrangeiras. Estas medidas tinham como propósito promover uma maior competição interna. O aumento, no número de bancos elevou a competição, colocando uma quantidade maior de crédito no mercado, aumentando o risco. Com o aumento do risco devido às políticas adotadas, surgiu, então, a necessidade de estudos das estruturas internas dos bancos. Estes estudos, segundo Capelleto e Corrar (2008), têm tomado novos rumos depois do acordo de Basiléia. Assim, os autores apontam para uma análise dentro das atividades rotineiras dos bancos, visando desenvolver melhores formas de mensuração e controle dos riscos, ampliando os lucros. Linardi (2008) relata a importância de estudos detalhados acerca do risco de crédito. Desta forma, beneficiar-se-ia todo o sistema financeiro, considerando que, caso houvesse um choque real ou monetário pequeno, na economia, o mercado de crédito agiria como amplificador, gerando uma grande instabilidade na atividade econômica. Com o objetivo de avaliar os riscos, vários estudos acadêmicos foram realizados, dentre eles destacam-se o de Brito, Assaf Neto e Corrar (2009) a respeito da matriz de migração e o de Gartner, Moreira e Galves (2009), retratando a abordagem multicriteril chamada processo da análise hierárquica (analytic hierarchy process AHP). Para a realização destes estudos, foram levadas em consideração inúmeras variáveis, tanto das características do negócio, quanto do setor econômico. Brito, Assaf Neto e Corrar (2009) apontam a matriz de migração como uma ferramenta utilizada pelas instituições financeiras para avaliar o risco. Estas matrizes são feitas a partir de um sistema de classificação de risco, que vincula a expectativa de risco de default (negligência) associada ao tomador. Na construção da matriz de migração, é necessária a utilização de dados relacionados aos tomadores de crédito em um determinado período de tempo. Para a sua classificação, é utilizado o sistema de pontuação de rating (classificação). Este sistema consiste em pontuações atribuídas ao credor conforme o risco de crédito. Conforme a sua classificação, o credor migra dentro da matriz, subindo (upgrade), descendo (downgrade) ou ficando estável. Os resultados encontrados revelaram que através deste sistema é possível capturar os riscos de default antes da ocorrência, ao ser destacado pela apresentação da variação do rating nos créditos anteriores. Já o método apontado por Gartner, Moreira e Galves (2009), o AHP, tem como objetivo avaliar o risco imposto pelo setor onde as empresas operam. Eles ressaltam que, os estudos relacionados ao risco estão voltados para as características individuais do negócio, tecnologia empregada, potencial do mercado, entre outras. Desta forma, os autores consideram que os aspectos econômicos influenciam diretamente todo o setor. O método AHP consiste em agrupar, na forma de níveis hierárquicos, as variáveis relacionadas, atribuindo pesos relativos, conforme sua classificação. Estes pesos são definidos, com bases em dados estatísticos e qualitativos, conforme avaliação de especialistas. Sobre o método AHP, Gartner, Moreira e Galves (2009) concluem que, ao utilizar este método para análise setorial, os resultados são satisfatórios, apesar da inúmera quantidade de variáveis. Este método permite também a construção de matrizes de risco. Contudo, os dados são baseados em opiniões de especialistas, sujeitas a questionamentos. Santos e Famá (2007) apontam uma forma para analisar o risco atribuído à pessoa física. Este risco pode ser avaliado conforme uma análise subjetiva e objetiva. A análise subjetiva implica na análise dos Cs do crédito: caráter, capacidade, capital, colateral e condições. Já a análise objetiva é baseada em pontuações chamada scoring atribuídos aos credores conforme o histórico da empresa. Conforme relatam em sua pesquisa, o modelo de scoring apresenta um resultado satisfatório, pois inclui um grande número de variáveis a respeito do cliente, diminuindo assim a vulnerabilidade das instituições bancárias. 2.4 Spread Dentre os diversos estudos spread está o de Oreiro (2005), Oreiro et al (2006), Oliveira e Carvalho (2007) e Oreiro et al (2007). Nestes estudos, fica evidenciado que o spread é dado como a diferença entre a taxa de juros cobrada nos empréstimos e a taxa paga nos depósitos a prazo. Conforme dados do BACEN (2011), o spread bancário, era composto pela soma dos custos administrativos, inadimplência, depósito compulsório, subsídio cruzado, encargos, impostos e a margem líquida. Para o BACEN (2011) o custo administrativo é a parcela referente aos custos como a manutenção das atividades bancárias (salários, treinamentos, honorários, etc.). A inadimplência refere-se às estimativas de percas com devedores duvidosos. A parcela compulsória refere-se aos depósitos obrigatórios, considerando o custo nominal da cada depósito juntamente com o subsídio cruzado. Os encargos fiscais são considerados os impostos que incidem sobra a movimentação financeira (programa de integração social- PIS-, contribuição para seguridade social –COFINS-, e as contribuições do fundo garantidor de crédito- FGC.). Os impostos referem-se ao imposto de renda (IR) e a contribuição social sobre lucro e líquido (CSLL). Quanto a margem líquida erros e omissões englobam, além da margem de lucro, os erros e omissões de mensuração. Outro ponto ressaltado pelo BACEN (2011), a respeito da formação dos spreads, refere-se à influência causada por subsídio cruzado da inadimplência e das despesas administrativas referentes ao crédito rural e imobiliário. No âmbito do crédito imobiliário, estima-se que as receitas dos financiamentos sejam suficientes para cobrir as despesas de captação e os custos administrativos. Para Oreiro (2005), a composição do spread deve-se, principalmente, à concentração do setor bancário. Ao estabelecer esta relação, spread e concentração bancária, o autor determina como ponto fundamental as estratégias de composição dos balanços. Os bancos levam em consideração o volume de depósitos a vista e o volume de crédito concedido. Desta forma, quanto menor for a concorrência, maior será a quantidade de crédito disponibilizado. Assim, os bancos elevam o spread conforme o grau de concentração das instituições financeiras. Com base nestas afirmações a disponibilidade de crédito parte das estratégias adotadas pelos bancos bem como a concorrência entre os mesmos, de forma a impactar diretamente no mercado, restringindo ou não o crédito, elevando ou não o spread e consequentemente as taxas de juros. Segundo Oreiro et al (2006), a expectativa do spread bancário era convergir para patamares internacionais. Estas expectativas foram levantadas, devido o Brasil ter passado com sucesso nos processos de estabilização dos preços e integração do mercado financeiro internacional. Com isso, os autores apontam as altas taxas de juros como fator de retenção econômica. Dentre estudos visando identificar o alto nível do spread é destacado por Oreiro et al (2006), que a elevação do spread deve-se a grande carga tributária do governo, alto nível de depósito compulsório e um elevado volume de crédito direcionado, fazendo os bancos disponibilizaram crédito em menores quantidades e com altos custos. Em Oreiro et al (2007), foi identificado que existem outro fator que podem influenciar diretamente o spread bancário. Como um dos determinantes é apontado a aversão ao risco das instituições financeiras. Este é dado em consonância com a variação da taxa referencial adotada na economia. Uma constante variação taxa referencial produz uma incerteza no mercado, e consequentemente eleva o risco de default nos momentos de incerteza em que os bancos esperam retornos menores. Os relatórios divulgados pelo BACEN (2011) mostram que o favorecimento da firma bancária deve-se pelo dinamismo financeiro, proporcionando uma maior rentabilidade no ano de 2010. Este desempenho deve-se ao fato das despesas, com aprovisionamentos terem diminuído. Apresentaram, também, uma margem sólida de intermediação e uma recuperação das receitas de serviços. Estes resultados, somado ao satisfatório retorno proporcionado pelo patrimônio líquido, o aumento no volume de crédito e a redução das contribuições não operacionais contribuíram para manter em alta o spread bancário. Assim, em momentos de instabilidade econômica, reflete não apenas em variações nas taxas de juros, mas também em elevados riscos de crédito, exigindo maiores taxas remuneratórias nas concessões. Em recente pesquisa, Oliveira e Carvalho (2007) ressaltaram o custo de oportunidade como um dos fatores condicionantes do elevado nível do spread bancário. Ao levantar esta suposição, foi colocada em evidência a elevada taxa básica de juros, tornando mais atrativo os investimentos em títulos do governo, e o alto risco de inadimplência proporcionado pelos empréstimos. Assim, os bancos embutem um adicional de risco ao crédito e aumentam o grau de exigência tomando como base de retorno, os rendimentos de títulos do governo. Desta forma a variável margem líquida pode ser dividida em custo de oportunidade e lucro líquido. O spread bancário pode, então, ser entendido como a diferença entre a captação e a distribuição dos recursos. Há de serem levadas em consideração as diversas questões que o influencia tais como a inadimplência, e a alta taxa de controle monetário do país. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa teve seus dados coletados nos relatórios publicados anualmente pelo BACEN até 2011, sendo todos estes encontrados no site WWW.bcb.gov.br. Esta amostra foi considerada em virtude da facilidade na obtenção dos dados e maior praticidade em sua apuração. Como apontado por Gujurati (2000) e Wooldridge (2011) dentro da economia é comum o estudo de vários fatores que afetam um determinado variável. Dentro deste contexto, é comum a análise da regressão múltipla. Esta abordagem consiste em dizer que, uma variável dependente é explicada por duas ou mais variáveis independentes. Podendo ser escrita como: Y= β1+ β2 x2 + β3i x3i ... + u (1) em que Y é a variável dependente, X2 e X3 são as variáveis explicativas, e u é o termo de erro ou perturbação, i é a i-ésima observação. Dentro desta equação, o termo β1 o temo de intercepto. Este termo fornece a média sobre Y quando todas as variáveis excluídas do modelo X2 e X3 forem igualadas a zero, sendo chamadas de coeficiente de regressão (GUJARATI 2000). Nos modelos de regressão linear, os autores Gujurati (2000) e Wooldridge (2011) supõem que o valor da inclinação estimado, pode ser interpretado como sendo igual a variação da variável independente, ou seja, para cada βα a variação em Y seria igual a variável alterada. A aplicação que levaria em consideração todas as não linearidades da regressão, ou seja, retornaria em forma de percentual, seria do tipo: Log Y= β1+ β2logx2 + β3log x3...+ βnlog xn + е (2) Em que é usado logarítmo nos dois lados da equação. Para a validade da regressão serão realizados os testes de multicolinearidade, mensurados através teste FIV (Fator de Inflação de Variáveis), correlação serial, teste Durbin-Watson de e heteroscedasticidade, teste white, que serão tratados através da matriz de Newey-West standard erros&covariance como proposto por Pena, Guelman e Rabelo (2008) e Alves, et al (2011). Os autores apontam que a matriz de Newey-West corrige os possíveis vieses gerados pela correlação serial e heteroscedasticidade em uma regressão, sendo esta uma das formas mais robustas de correção destes problemas. 4 Análise dos dados Os dados para identificar a relação entre a taxa SELIC e a taxa média cobrada pelas instituições bancárias no país, foram coletadas nos arquivos disponibilizados pelo BACEN, disponibilizados nos relatórios anuais. Para a realização da regressão os dados foram gerados no software estatístico R STATA 11.0. A taxa SELIC é usada como a principal ferramenta de controle do BACEN para a política monetária do país. Ela é calculada de tempos em tempos, permitindo o controle inflacionário. Conforme mostrado em dados do BACEN, uma variação da taxa SELIC afetaria todo o mercado, pois está diretamente ligada aos títulos do tesouro nacional classificados com zero em risco e serve de referência para as instituições financeiras no estabelecimento das taxas de juros em suas operações de crédito. As instituições bancárias têm como principal objetivo a intermediação financeira entre os que detém recursos, os agentes superavitários, e os que demandam recursos, agentes deficitários. Neste contexto, os bancos atuam como agentes multiplicadores, formando o mercado de crédito. Na maioria dos casos, as instituições arrecadam fundos dos depósitos à vista, conta corrente e a prazo, caderneta de poupança. A taxa média de juros cobrada pelas instituições bancárias é baseada em algumas variáveis tais como: o custo de oportunidade, a preferência pelo consumo o risco e a inflação. Tem-se como custo de oportunidade a taxa de retorno livre de risco (títulos do tesouro nacional), somada ao prêmio de risco (OREIRO et al, 2007). Outro fator importante relacionado à taxa média bancária, refere-se ao produto que está sendo adquirido (modalidade de crédito). Para o BACEN (2011), as taxas de juros praticadas pelos bancos são medidas geométricas, das taxas dos últimos dias, conforme ranking da modalidade, somada à taxa média mensal, encargos fiscais e despesas operacionais. Para a realização dos empréstimos, os bancos disponibilizam inúmeras modalidades divididas entre pessoa jurídica e física, como pode ser observado no QUADRO 01. QUADRO 01 Principais modalidades de crédito Pessoa jurídica Pessoa física Capital de giro Cheque especial Conta garantida Crédito pessoal Aquisição de bens Aquisição de bens Vendor Aquisição de outros bens Hot Money Desconto em duplicatas Desconto em promissórias Fonte: Adaptado do BACEN 2011 As diversas modalidades de crédito disponibilizadas pelas instituições bancárias apresentam variações em suas taxas, dadas em função dos prazos, carência, riscos, oferta e demanda. Conforme aponta Oreiro (2005), o spread bancário é dado entre a diferença entre a captação e o empréstimo dos recursos. Os títulos emitidos pelo tesouro nacional são classificados como zero no quesito risco, sendo aferidos a estes a taxa de remuneração SELIC. Estes títulos são a principal referência em investimento com o menor risco no mercado (ASSAF NETO, 2009; OLIVEIRA E CARVALHO, 2007). Dado os títulos do tesouro nacional, remunerados à taxa SELIC, como custo de oportunidade, buscase identificar a relação existente entre a taxa cobrada pelos bancos e a taxa básica de juros, bem como o efeito causado por suas variações dentro do spread bancário. Como observado, o spread é composto por diversos fatores, independentes entre si. Desta forma, defini-se o spread bancário através da equação: S = β 1+ β 2 + β 3 + β 4 + β 5 + β 6 (3) Onde: S é o spread determinado pela soma de: β1 custo administrativo, β2 inadimplência, β3 depósito compulsório, β4 impostos, β5 taxa SELIC e β6 recompensa pelo risco. Os dados usados para a mensuração do spread podem ser observados na TABELA 01. TABELA 01 Variáveis do spread Ano Spread Custo adm. Inadimplência. Dep. Comp. Impostos SELIC Recomp. Risco 2002 48.10% 19.07% 29.07% 10.37% 14.28% 18.50% 8.71% 2003 57.76% 25.52% 34.48% 11.74% 10.42% 26.50% -8.66% 2004 44.20% 23.65% 28.79% 10.36% 12.78% 16.00% 8.42% 2005 47.80% 22.43% 33.12% 8.82% 12.21% 19.75% 3.67% 2006 43.83% 21.15% 35.70% 6.91% 12.40% 15.25% 8.59% 2007 37.23% 21.19% 33.54% 7.31% 13.20% 12.50% 12.26% 2008 37.60% 11.50% 31.23% 5.19% 20.90% 11.75% 19.43% 2009 37.90% 15.77% 32.16% 5.42% 18.67% 9.25% 18.73% 28.74% 4.08% 21.89% 10.25% 22.48% 2010 27.87% 12.56% Fonte: Adaptado de BACEN 2011 Nesta decomposição, ao contrário dos dados apresentados pelo BACEN, a margem líquida foi dividida entre prêmio de risco e taxa SELIC. Esta separação ocorre em função da concepção de Oliveira e Carvalho (2007), apontando que ao estabelecer a margem líquida, nela, está embutido o prêmio de risco e o custo de oportunidade. O custo de oportunidade é dado neste trabalho como investimento em ativos livre de risco, sendo estes remunerados a taxa SELIC. A aplicação do modelo de regressão seguiu a forma logarítmica proposto na equação dois (2), 2 utilizando o comando reg. O R ficou em 0.9696 mostrando que em 96,96% dos casos as variáveis independentes explicam a variável dependente no caso spread. Para detectar a multicolinearidade foi usado o teste FIV (fator de inflação de variância). Este teste mostrou um FIV superior a 10 em todas as variáveis, sendo assim, a multicolinearidade esta presente. Entretanto, como destacado por Gujarati (2000) o corte de variáveis colineares muitas vezes pode acarretar um viés de especificação, gerando uma análise debilitada. É destacado que, em 2 alguns casos, a multicolinearidade não pode apresentar problemas, é o caso de R e expressivo e t individualmente significativos revelados pelos valores t mais altos. Os valores t apresentados. Neste caso os valores t são 2.45 e 1.43. Para detectar a presença de heteroscedasticidade e correlação serial foram realizados os testes White e Durbin-Watson. No que tange a heteroscedasticidade, teste White, obteve um resultado igual a nove. Utilizando 27 graus de liberdade na tabela de qui-quadrado, o valor crítico a 5% é 40,1, a 10% é 36,9 e 25% é 31,5. Como o valor encontrado foi de nove, não foi detectado heteroscedasticidade. A altocorrelação foi verificada através do teste Durbin-Watson, usando o comando dwatson. Este teste apresentou um coeficiente de altocorrelação igual a 2.528228. Contudo, com a quantidade de variáveis e observações apresentadas não se tem os limites inferiores e superiores na tabela d. Como não se tem limites dentro da tabela d para o valor encontrado optou-se por não se rejeitar a altocorrelação, desta forma a correção da regressão foi feita através da matriz de Newey-West como proposto por Pena, Guelman e Rabelo (2008) e Alves, et al (2011). Esta matriz tem como propósito corrigir possíveis vieses gerados pela altocorrelação e heteroscedasticidade. Assim, os resultados são mostrados na tabela 02. Tabela 02 Resultados da regressão Variáveis Coeficiente Custo administrativo 1.156621 Inadimplência 2.515386 Depósito compulsório 0.7558174 Impostos 2.3585 SELIC 0.7700779 Recompensa de risco 0.11005562 Fonte: Elaborado pelo autor após apuração dos dados A TABELA 02 apresenta na primeira coluna o conjunto de variáveis usadas para explicar a formação do spread. Na segunda coluna, estão os coeficientes de regressão. Estes coeficientes explicam os efeitos de cada variável dentro da formação do spread. Como foi utilizada a equação de regressão na forma logarítmica, os efeitos são em percentuais. Para a leitura da tabela adota-se que para cada 1% de variação positiva ou negativa em uma variável, o spread apresenta uma variação em seu percentual de acordo com os coeficientes da tabela. A variável que apresentou um maior efeito sobre o spread foi a inadimplência (1% = 2,51%) seguida pelos impostos (1%= 2,35%) e o custo administrativo (1%= 1,15%). A taxa SELIC apresenta para cada variação de 1% tem efeitos de 0,77% dentro do spread, possui grade importância, pois é dada como referência, ou seja, é o custo de oportunidade das instituições em investimentos. Atrelado a estes investimentos, concessão de crédito, as instituições cobram o prêmio de risco, outro fator preponderante na formação do spread. Em conformidade com dados do BACEN (2011), as alterações nos valores da taxa SELIC, afetam automaticamente a economia e as taxas de juros cobradas pelos bancos. Dentro do exposto, as variações da taxa de referência são fatores externos das instituições, que refletem diretamente na formação do spread. Oreiro et al (2006) afirmam ainda que variação na taxa SELIC afeta toda a economia e variações na taxa básica, geram insegurança, esta por sua vez, faz aumentar a inadimplência e o risco do crédito. Neste contexto, a taxa SELIC se mostrou como não sendo um fator preponderante para a formação dos spreads bancários, apresentado somente o quarto maior efeito entre as seis variáveis. Com identificado, os grandes gerados são a inadimplência, a cunha tributária e os altos custos administrativos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer dos anos, as instituições financeiras disponibilizaram, nas diversas modalidades de crédito para pessoas jurídicas e físicas, as taxas de juros como intermediação de capital. Estas taxas geram o spread, diferença entre captação e empréstimo de recursos. O spread tem como determinantes: o custo administrativo, a inadimplência, o depósito compulsório, impostos e a margem líquida composta pelo prêmio de risco e custo de oportunidade. Dentro deste contexto as instituições possuem com os maiores formadores dos spreads a inadimplência, a cunha tributária e o custo administrativo. Sendo que, dois destes fatores podem ser reavaliados através de políticas internas visando a diminuição dos riscos. No âmbito da relação existente entre a taxa SELIC e a taxa média de juros cobrada pelos bancos, foi identificada que esta possui somente o quarto maior efeito sobre o spread, uma vez que a taxa básica é tomada como custo de oportunidade pelas instituições na formação do seu lucro líquido. Esta também, influencia a economia do país trazendo instabilidade ao mercado, aumentando o risco bancário e por sua vez, as taxas cobradas. REFERÊNCIAS ALVES et al. A RELEVÂNCIA DOS GASTOS COMO P&D PARA O MERCADO BRASILEIRO DE CAPITAIS: um estudo como distribuidoras de energia elétrica no período de 2000 a 2009. Revista de administração e inovação. São Paulo. v. 8 n. 2. Abr-jun. 2011. ANDREZO, Andrea F. LIMA, Iran S. Mercado financeiro: aspectos conceituais e históricos. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007. ARAÚJO, Luiz Alberto D’Ávila de. JORGE NETO, Paulo de melo. 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