Bons empregos e cosmopolitismo atraem brasileiros a Dubai

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Bons empregos e cosmopolitismo atraem brasileiros a Dubai
Bons empregos e
cosmopolitismo atraem
brasileiros a Dubai
Emirado permite ter padrão de vida semelhante ao da
classe alta do Brasil.
Estrangeiros vão a festas 'ocidentalizadas' e pouco
interagem com locais.
Giovana Sanchez Do G1, em São Paulo
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Beatriz Carosini está no emirado há 5 meses (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Quando a designer paulistana Beatriz Carosini resolveu deixar o Brasil para encarar
sozinha um trabalho num país muçulmano, ela pensou que tudo seria muito difícil. Mas
o que ela encontrou quando chegou em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi uma
vida até que bem parecida com a que ela tinha em São Paulo.
"Achei que teria que mudar o jeito de vestir, de me locomover, que seria tudo muito
diferente. Mas na verdade não mudei quase nada. Me visto como me vestia no Brasil,
como praticamente do mesmo jeito e ando sozinha pelas ruas - até me sinto mais segura
aqui", disse em entrevista ao G1, por telefone.
Beatriz está em Dubai há cinco meses. Ela foi, por indicação de dois amigos, trabalhar
em uma agência de publicidade.
Assim como ela, Paulo Foerster também foi morar no emirado a trabalho e não se
arrepende. "Os brasileiros que vêm pra cá são muito valorizados e reconhecidos, não
são vistos como se estivessem tomando o emprego de alguém, pelo contrário."
Quem também avalia bem a experiência profissional é o publicitário Bruno Santiago, de
31 anos. Ele saiu do Brasil em 2006, quando foi trabalhar no Bahrein. De lá, foi para
Dubai, transferido pela empresa. "O mercado não é tão competitivo. Se você tem
alguma vantagem, já sai na frente de muita gente. Eu cheguei com 12 anos de
experiência e, se no Brasil eu teria um nível de cargo, o nível aqui é muito maior",
explica ele.
Paulo fez um safari pelo deserto com os amigos (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
Paulo diz que ficou sabendo de um colega que estava bem em Dubai e resolveu mandar
o currículo para uma empresa - ele trabalha como diretor de arte e webdesigner. "Em 15
dias a empresa agilizou todo o processo para a minha mudança", conta.
Bruno aconselha que quem quiser tentar um emprego no país escolha uma boa empresa
de Recursos Humanos. "Há empregos que podem ter regras que limitem sua saída do
país. O ideal é conhecer alguém que lhe indique uma vaga ou escolher uma boa empresa
de RH", disse. Uma exigência é saber inglês. O árabe e o francês são vantagens
qualitativas.
Experiências
Os brasileiros entrevistados falaram empolgados da vida que têm por lá. A convivência
com uma cultura diferente, segundo eles, amplia a visão de mundo. "Você conhece
muita gente de muitos lugares diferentes", conta Beatriz.
O número de estrangeiros é muito grande no país, algo entre 70% e 80%.
Outra vantagem do emirado são as facilidades de consumo. “Você não paga impostos
sobre quase nada, e os bens são muito baratos. De um ano pra cá, por causa da crise, os
aluguéis diminuíram muito o valor, cerca de 40%”, disse Paulo.
Bruno explica que, trabalhando na mesma área em que trabalhava no Brasil, consegue
viver uma vida com um pouco mais de luxo. "Ter um bom carro, viajar para esquiar,
coisas de classe alta no Brasil."
Entardecer da última quinta-feira (17), em Dubai (Foto: Kamran Jebreili/AP)
Vida social
Festas nos moldes ocidentais acontecem muito em apartamentos, casas e em hotéis,
onde é permitido o consumo de bebida alcoólica. Os estrangeiros precisam de uma
autorização formal do governo para comprar bebida, em casas especializadas.
A gastronomia reflete o cosmopolitismo, com restaurantes de todos os tipos e
nacionalidades.
A interação entre os cidadãos do emirado e os estrangeiros não é intensa, por causa da
diferença cultural. Mas também não é inexistente. Beatriz conta que já frequentou a casa
de seu chefe árabe e já foi a outros eventos em que havia cidadãos do emirado, mas não
é algo freqüente.
Bruno Santiago (na guitarra, à esquerda), com sua banda em Dubai. (Foto: Arquivo
pessoal)
Há dois anos no emirado, Bruno diz que, às vezes, a falsa sensação de liberdade
incomoda.
"Você pode sair, ir para bares e pubs, mas isso é um pouco idealizado, você acaba
parecendo que está nos mesmos lugares sempre. Acho a cidade linda, mas ao mesmo
tempo você vê que tudo é muito artificial, às vezes dá a sensação de estar morando
numa cidade de lego e tudo se torna muito previsível. Não há o elemento surpresa, a
espontaneidade dos outros lugares."
Mas os brasileiros geralmente se adaptam bem, e Bruno até formou com amigos uma
banda (veja a foto ao lado), que toca rock/pop nacional nas festas brasileiras que
acontecem a cada dois meses. "Eu gosto de Dubai. Enquanto valer a pena, ainda morarei
aqui."