Piratas do Vale do Silício - Material de Interesse Geral

Transcrição

Piratas do Vale do Silício - Material de Interesse Geral
Empreendedorismo na
Era do Conhecimento
Notas de aula – análise do filme Piratas do Vale do Silício
Ana Lúcia Magalhães
2014
1. O VALE DO SILÍCIO ....................................................................................................................................................... 1
2. BILL GATES E A MICROSOFT ....................................................................................................................................... 2
3. A APPLE E O MACINTOSH ............................................................................................................................................ 3
4. DEPOIS .......................................................................................................................................................................... 4
5. O FILME ......................................................................................................................................................................... 2
6. ANÁLISE DO FILME E DA HISTÓRIA ............................................................................................................................. 2
6.1
6.2
6.3
6.4
6.5
6.6
RECONHECIMENTO DE OPORTUNIDADES ............................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS EMPREENDEDORES.......................................................................................... 5
CAPACIDADE DE TRANSFORMAR IDEIAS EM REALIDADE ......................................................................................... 7
CAPACIDADE DE AGREGAR RECURSOS .................................................................................................................. 8
CAPACIDADE DE INOVAR ........................................................................................................................................ 9
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO.................................................................................................................... 10
7. POSICIONAMENTO ÉTICO .......................................................................................................................................... 11
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
1.
O VALE DO SILÍCIO
O vale do Silício visto das montanhas de San Jose.
Na década de 1890, Leland Stanford fundou na cidade de Palo Alto, Califórnia, a universidade que leva seu nome.
Desde o início encorajou os estudantes a aplicarem seus conhecimentos no mundo real, em detrimento de trabalhos
puramente acadêmicos. O projeto inicial era regionalista: Leland achava que os interesses dos nativos da Califórnia
dependiam em demasia dos interesses dos empresários do Leste dos Estados Unidos e encorajou os locais a desenvolverem suas próprias indústrias – a universidade foi criada para apoio àqueles interesses. As indústrias logo se
instalaram, nos ramos de rádio, eletrônica e tecnologia militar.
E os resultados vieram, de Palo Alto e das cidades vizinhas: em 1909, Charles Herrold implantou a primeira estação
de rádio dos Estados Unidos com programação regular1; em 1912, foi criado o primeiro sistema de comunicação global
– o cliente foi a Marinha americana - pela Federal Telegraph Corporation, firma de Palo Alto; na década de 20, foi
criada a Lockheed, fabricante de aviões militares com tecnologia de ponta. Durante os anos 40 e 50, Frede- rick
Terman, diretor da faculdade de engenharia de Stanford, começou a encorajar e ajudar alunos a criarem suas próprias
empresas – foi desse esforço que resultou a fundação, por exemplo, da Hewlett Packard. Depois da se- gunda guerra
mundial (final dos anos 40) surgiu, de forma mais ou menos espontânea, o parque industrial de Stan- ford, em terrenos
da universidade. Ela alugou espaço barato para empresas de alta tecnologia, com prioridade para ex-alunos. Surgiu
assim o modelo de parques tecnológicos, muito copiado em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Em 1953, um cientista chamado William Shockley deixou os Bell Labs, um conjunto de laboratórios inovadores em
New Jersey, após um desacordo sobre pesquisa e comercialização do recém-inventado transistor. Transferiu-se para
Mountain View, perto de Palo Alto e em 1956 fundou a Shockley Semiconductor Laboratory. Ao contrário de muitos
outros pesquisadores, que utilizavam o germânio
como material semicondutor (princípio tecnológico presente
nos transistores e circuitos integrados), Shockley acredita- va
que o silício era o melhor material para fazer transistores. O
pensamento dele acabou predominando, surgiram várias
indústrias com base nos semicondutores de silício e a denominação Vale do Silício (Silicon Valley), em 1971.
Nos anos 80 aconteceu algo não mencionado com muita
frequência, mas que foi importante para a consolidação do
Vale do Silício: firmas de advocacia se instalaram lá e a partir
do trabalho delas foi criada uma jurisprudência para regular
assuntos como patentes e parcerias de uma indústria em constante reinvenção. E também nos anos 80 a indústria de
software passou a adquirir muita importância – o filme foi ambientado no contexto desse crescimento.
1 Impossível
deixar de notar que no Brasil isso só aconteceu na década de 1920, em contraste com a chegada do iPad 2 em
2011, que se deu em poucos dias.
Ana Lúcia Magalhães
1
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
2.
BILL GATES E A MICROSOFT
Em 1969, uma empresa japonesa de fabricação de calculadoras, a Busicom, planejou lançar uma linha de calculadoras com finalidades múltiplas, uma por tipo de calculadora. Encomendaram o projeto à Intel, então uma pequena
firma de eletrônica da Califórnia, que encarregou um engenheiro de 32 anos, Marcian Hoff, de criar os chips. Ele
estudou o problema e decidiu criar um único chip, que poderia efetuar diferentes funções dependendo de como sua
memória fosse programada. Hoff, sem se dar conta, havia criado uma espécie de máquina universal da eletrônica –
era o microprocessador 4004, que começou a ser fabricado em 1970. A Intel, então, negociou longamente com a
Busicom a propriedade do microprocessador. A Busicom posteriormente faliu, mas a Intel, que sentiu o potencial do
4004, o manteve em sua linha de produção e em 1973 lançou o 8088, vinte vezes mais rápido.
Em 1974, uma empresa de eletrônica do Estado de New Mexico, a MITS, estava em um período difícil. Seu proprietário era Ed Roberts, que tinha iniciado a MITS fabricando kits para pessoas que tinham a eletrônica como hobby e depois havia passado a fabricar calculadoras. Com a
queda do mercado de calculadoras, Roberts voltou a fabricar para o mercado do hobby,
e teve a ideia de usar o Intel 8088 para desenvolver um computador acessível ao bolso
de particulares, não somente de empresas, como era o caso na época. Sur- giu assim,
o Altair, o primeiro microcomputador, lançado em Dezembro de 1974 por meio de um
anúncio na revista Popular Electronics.
O Altair custava 400 dólares, não tinha monitor ou teclado, não rodava software: era só
uma CPU de 256 bytes de memória que só poderia ser programada em linguagem
máquina, com instruções em código binário (1 ou 0). Roberts pensava em vender 200
unidades em um ano e assim manter sua empresa em funcionamento. Sucedeu que os primeiros 200 foram vendidos pelo telefone, em uma única noite, e houve quem chegasse a acampar no pátio da empresa para esperar sua vez
de comprar um Altair.
Naqueles dias, Bill Gates e Steve Allen eram estudantes de Matemática na Universidade de Harvard. Juntando a
experiência dos dois, desenvolveram um compilador BASIC para o Altair, que agora podia receber e rodar programas. Foram contratados pela MITS. Em pouco tempo, se separaram da MITS, deixaram Harvard e fundaram sua
própria empresa, a Microsoft.
A IBM na época era a 5ª empresa do mundo e tinha quase o monopólio da fabricação de computadores, que eram
enormes e precisavam de pessoal especializado pra programar e operar. Grande parte dos executivos da IBM achava
que o PC, o computador pessoal, era uma grande bobagem. Outra parte achava que seria promocionalmen- te
interessante projetar e fabricar um PC. Encarregaram do projeto um grupo da Florida, com a recomendação de
baratear a desenvolvimento usando componentes de mercado em vez de projetar & construir componentes origi- nais.
Pronto o PC, precisavam de um sistema operacional. Procuraram o Bill Gates, na época um dos poucos que entendiam
de software para microcomputadores.
Nesse ponto Bill Gates fez sua grande jogada: não só exigiu uma taxa para cada PC que fosse vendido como também o direito de vender a outras empresas. Os executivos da IBM trataram do assunto com displicência e não se
tocaram para o fato de que o PC, feito com componentes de mercado, poderia ser facilmente copiado.
Bill Gates não tinha um sistema operacional. Havia blefado. Encarregou o Steve Allen de comprar um sistema operacional de um nerd desconhecido, por 50 mil dólares (emprestados do pai do Bill Gates, um rico advogado). É claro
que não disseram ao pobre homem que estavam comprando um sistema que iria acabar nos computadores IBM.
Gates e Allen trabalharam loucamente para adaptar o sistema do nerd ao PC da IBM, o que conseguiram em poucos dias, quase sem dormir e sem comer. A IBM lançou o PC com uma superpropaganda, que fez com que muita
Ana Lúcia Magalhães
2
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
gente quisesse comprar mesmo sem saber muito bem para quê. Nesse momento, com a Apple desenvolvendo um
projeto paralelo, surgiram o processador de texto e a planilha eletrônica.
Aí foi que as vendas decolaram, para surpresa da própria IBM! E foi também que começaram a surgir vários outros
fabricantes, todos eles usando o sistema operacional da Microsoft, vendido bem barato por unidade, porque nesse
momento Bill Gates só queria que seu sistema operacional se tornasse padrão. Esses PCs que fizeram tanto sucesso tinham uma tela
de fundo escuro, que mostrava letras e números verdes, e só.
As melhores cabeças do negócio de PCs tinham clareza de que era
necessária uma interface gráfica e algo mais ágil que as setinhas do
cursor. A Apple (vamos ver a história da Apple em seguida) havia
conseguido a tecnologia de interface gráfica e mouse de graça, da
Xerox, cujos executivos tinham visão tão curta quanto a da IBM.
Começou a desenvolver o Lisa, o primeiro computador com interface
gráfica. O pessoal da Apple se achava tão melhor que o
resto da humanidade que mostrou a tecnologia para o Bill Gates, que usou todas as ideias para desenvolver o Windows.
O Windows demorou uma eternidade para funcionar, parecendo dar razão à Apple. Quando o Windows finalmente se
tornou um produto utilizável 2, a Microsoft se tornou a empresa dominante: qualquer software tinha de ser compa- tível
com o Windows. Aí, acabaram com o líder em processamento de texto, o WordPerfect, quando lançaram o Word; com
o líder em planilhas, o Lotus, com o Excel; e com o banco de dados predominante, o dBase, lançando o Acess. No
final dos anos 90, quando o filme foi feito, o Bill Gates já era o homem mais rico do mundo e havia deixa- do a Apple
para trás.
3.
A APPLE E O MACINTOSH
Na mesma época em que Bill Gates começou, havia dois outros nerds na Califórnia também interessadíssimos em
computador: Steve Wozniak, um gênio da eletrônica e Steve Jobs, um sujeito de ampla visão e dotado de personalidade magnética. No início, fabricavam um aparelho um tanto precário chamado Blue Box, invenção do patrono dos
nerds, o Captain Crunch3. A Blue Box servia para dar telefonemas interurbanos sem pagar, coisa que foi declarada
ilegal - isso tornou a fabricação da Blue Box um negócio clandestino. Jobs percebeu que a Blue Box não tinha futuro, e resolveu usar a genialidade de Wozniak para projetar um computador, coisa que foi feita ao que se sabe sem
muita dificuldade – Wozniak era mesmo muito, mas muito bom.
Trabalhando paralelamente ao Bill Gates, juntaram amigos em uma garagem para produzir uma criação do genial
Wozniak, o Apple II. A capacidade inicial de produção era naturalmente mínima, mas Jobs arrumou financiamento
para a produção em série. O Apple II começou a ser comercializado um pouco antes do PC da IBM, mas sem a
propaganda maciça que o poder da IBM pôde comprar.
2 Na
época em que a 1ª versão do Windows foi colocada no mercado, John Dvorak, jornalista famoso especializado em microcomputação, disse que o Windows não era software, era shelfware. Shelf, em Inglês, quer dizer estante – ele quis dizer que
era algo que se comprava, experimentava e depois colocava a caixinha na estante.
3O
nome do Captaiin Crunch era John Draper – o apelido veio de um cereal em caixinha de mesmo nome, que
vinha com um apito como brinde. O som daquele apito tinha a frequência usada pelas empresas telefônicas para
comunicar às centrais que o telefone de destino estava ocupado e que a ligação não devia ser cobrada. Draper
usou o apito para testar uma ideia, projetou e construiu a Blue Box. Draper sempre teve uma vida desre- grada e
hoje está muito doente. É sustentado, aos 71 anos, por uma legião de admiradores que se cotizam.
Ana Lúcia Magalhães
3
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
O sucesso, mesmo com pouca propaganda, foi instantâneo, e Jobs começou imediatamente a pesquisar a interface gráfica, com tecnologia que havia
conseguido da Xerox, de graça. A figura ao lado parece hoje um tanto antiga,
mas no início dos anos 80 era o máximo da tecnologia.
O desenvolvimento foi rapidíssimo: Jobs conseguiu juntar um time fantástico e transmitiu uma cultura de inovação que permanece até hoje. A Apple,
então, lançou o Lisa, que custava 10 mil dólares.
As vendas não entusiasmaram, e Jobs contratou um executivo para comandar a empresa,
o antigo presidente da Pepsi Cola John Sculley, que ordenou o desenvolvimento de uma máquina tão boa quanto o
Lisa, mas mais barata – o Macintosh.
Deu certo, mas Jobs meio que enlouqueceu, e começou a inventar uns produtos estranhos que não deram certo, a
fazer umas experimentações com os funcionários como se fossem cobaias de laboratório e quase levou a empresa à
falência. Nessa época, Bill Gates comprou uma parte da Apple, para ajudar Jobs. Uma das primeiras cenas do filme,
que depois faz flashback, é justamente o anúncio dessa ajuda.
4. DEPOIS
O filme é de 1999 e ambientado em 1984. O que aconteceu depois vai descrito muito resumidamente a seguir.
No final de 1985, John Sculley demitiu da Apple o enlouquecido Steve Jobs– ele continuou um dos principais acionistas, mas foi afastado da direção. Na época, a imagem de Jobs passou a ser de um milionário por acidente, al- guém
que não era tão inteligente assim e que havia estado no lugar certo na hora certa. Ele então fundou a NeXT, que
projetou e construiu um computador que, como o Lisa, era uma maravilha tecnológica de custo proibitivo. Con- quistou
admiradores fanáticos, mas só vendeu 50 mil unidades. Jobs também comprou do cineasta George Lucas (de Star
Wars) uma empresa de produção de filmes animados, a Pixar, que passou anos dando prejuízo até que fez um
contrato com os estúdios Disney e produziu o Toy Story. Encurtando uma longa história, Steve Jobs era quando
morreu o maior acionista da Disney – tinha 7% da empresa enquanto os descendentes de Walt Disney possuiam 1%.
Em 1996, a Apple comprou a NeXT e teve acesso à tecnologia desenvolvida sob o comando de Jobs. A essa altura,
Sculley não estava mais lá. Steve Jobs virou, mexeu e voltou à presidência da empresa. Depois de mais alguns
produtos que não deram muito certo, a Apple apresentou o iPod, que deu origem ao iPhone e ao iPad, todos produtos de sucesso estrondoso.
Steve Wozniak caiu com o avião que havia comprado (isso aparece no filme). Recuperado, não voltou à Apple, que estava em confusão. Voltou à faculdade, se formou e no
início usou parte do dinheiro que tinha para financiar uma mostra de tecnologia e um
concerto de rock. Depois comandou empresas e fundações, mas sem grande impacto.
Atualmente, dá conferências de vez em quando, recebe dividendos substanciais da
Apple e parece bastante feliz com a vida de semiobscuridade. A foto ao lado é de
Wozniak com o ator do Piratas do Vale do Silício (sem peruca e barba) que fez o papel
dele.
Bill Gates se aposentou da Microsoft e passou a se dedicar à filantropia – o principal projeto da fundação dele é
erradicar a malária que, doença que afeta gente pobre, não recebe atenção dos grandes laboratórios. Steve Jobs
morreu em 2011, havendo evidências de que isso aconteceu por ter preferido se tratar de um câncer com medicina
natural – quando aderiu à medicina tradicional, era tarde demais. A Apple, sem ele, continua funcionando e continua
muito lucrativa, mas desde a morte de Jobs não lançou nenhum produto revolucionário.
Ana Lúcia Magalhães
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EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
5.
O FILME
O filme é difícil de conseguir com legendas em Português. Os links a seguir são para o filme dublado. A qualidade da
comunicação baixa bastante em relação ao legendado, mas é o que se pôde conseguir. Há várias palavras em Inglês
mal pronunciadas, inclusive... Apple.
parte
6.
URL
parte
1
http://www.youtube.com/watch?v=l-DRjDh0HCM
8
http://www.youtube.com/watch?v=8g1lYn1S3H0&feature=related
2
http://www.youtube.com/watch?v=5oiQjrKRvVA&feature=related
9
http://www.youtube.com/watch?v=2vKBwBeLKd0&feature=related
3
http://www.youtube.com/watch?v=Qcz045O5SO8&feature=fvwrel
10
http://www.youtube.com/watch?v=tcrfWLQLJFM&feature=related
4
http://www.youtube.com/watch?v=dswl_oB8pmc&feature=related
11
http://www.youtube.com/watch?v=YMK98zERrS0&feature=related
5
http://www.youtube.com/watch?v=37LTH3YznxI&feature=related
12
http://www.youtube.com/watch?v=r3lxO3i21N4&feature=related
6
http://www.youtube.com/watch?v=B7kq2jac7nw&feature=related
13
http://www.youtube.com/watch?v=xW1IyjFHEtU&feature=related
7
http://www.youtube.com/watch?v=zs4t8Hjcbb0&feature=related
ANÁLISE DO FILME E DA HISTÓRIA
Como o filme, conforme mencionado, é quase um documentário, fato publicamente reconhecido por ninguém
menos que Steve Wozniak, que esteve no centro dos acontecimentos. A análise do filme é, então, praticamente a
análise do que aconteceu.
6.1
RECONHECIMENTO DE OPORTUNIDADES
Ed Roberts
– reconheceu a existência de mercado para um computador pessoal, mesmo sem software.
– comentários

estava premido pelas circunstâncias (empresa em dificuldade).

pensou somente em um segmento de mercado, o de hobby de eletrônica – é comum que se tente
uma coisa e se consiga algo diferente.
Ana Lúcia Magalhães
2
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
•
outros casos de oportunidades que se revelaram mais amplas que o que foi percebido de início.
◆
telefone: aparelho para ajudar surdos a escutar.
◆
goma de mascar: brinde para compradores de sabão e bicarbonato.
◆
Coca-Cola: remédio contra cansaço e enjoo.
◆
vacina contra a poliomielite: vacina contra resfriados
◆
aqualung (equipamento de mergulho): aparelho para fazer soldas em navios inundados.
◆
Viagra: remédio contra hipertensão.
◆
Facebook: rede social só para a Universidade de Harvard.
Bill Gates
– entendeu que era necessário software para o Altair;
– soube que a IBM precisava de um sistema operacional para o microcomputador que estava lançando;
– percebeu a necessidade de interface gráfica incorporada ao sistema operacional;
– intuiu o potencial da integração do software básico integrado (texto, planilhas,...).
– comentários
•
nenhuma dessas ideias era do próprio Bill Gates;
•
teve mais capacidade de fazer acontecer que os originadores das ideias;
•
originar uma ideia e fazer com que ela aconteça são habilidades diferentes, nem sempre
presentes no mesmo indivíduo.
Ana Lúcia Magalhães
3
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
outros exemplos de casos em que quem teve a ideia e quem a implementou foram pessoas
diferentes.
•
◆
◆
◆
◆
◆
telefone: muitos estavam pesquisando a mesma coisa. Alexander Graham Bell:

patenteou ;

comercializou

é por isso reconhecido como o inventor
gerador de eletricidade:

Anyos Jedlik (húngaro) teve a ideia (1827) - não patenteou porque não ocorreu a ele
que fosse o primeiro.

Faraday descobriu o princípio, construiu um protótipo (1832)

Werner von Siemens ganhou dinheiro (1847)
televisão:

Edwin Belin teve a ideia (1922)

Philo Farnsworth melhorou e patenteou (1930)
redes sociais:

Stewart Brand and Larry Brilliant tiveram a ideia (1995)

Muitos melhoraram e ganharam dinheiro (Orkut, Myspace)

Mark Zuckerberg melhorou bastante e ganhou muito mais dinheiro (Facebook, 2007).
Nilton (Quimlab):

a ideia dos padrões foi do gerente da incubadora da Univap.
Steve Jobs
– Percebeu que podia ganhar dinheiro com a construção e venda (clandestina) de Blue Boxes para gente
que queria usar o telefone interurbano sem pagar;
– Soube que o mercado estava maduro para um computador pessoal;
– Antes de Bill Gates visualizou a interface gráfica incorporada ao sistema operacional;
– depois da época do filme:
•
apostou em desenhos animados inteiramente digitais (Pixar)
•
concebeu iPod, iPhone, iPad
 comentários
•
entendeu que o clandestino não levaria a lugar algum (coisa que o Captain Crunch- ver nota de pé
de página na seção 3 - não percebeu);
•
soube variar o repertório (para som & imagem) depois que foi demitido da Apple.
Ana Lúcia Magalhães
4
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
6.2
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS EMPREENDEDORES
A maioria das informações que seguem vem do filme, tomado como documental. Essas informações foram
complementadas com alguma pesquisa.
Bill Gates
a) características
característica
perfil típico
Bill Gates
comparação


posição na família
mais velho ou filho
único
filho do meio, mas único homem.
estado civil
casado
solteiro; só se casou depois de consolidada a Mi
crosoft.
gênero
masculino
masculino
idade em que se
tornou empreendedor
início da casa dos
trinta
fundou a Microsoft com 20 anos de idade.
época em que se manifestou o perfil empreendedor
adolescência
escolaridade
superior
com 13 anos, trocou investigação de bugs no sistema de uma empresa por tempo de uso de computador.
saiu de Harvard para fundar a Microsoft. Pode
ser considerado como de formação superior
principal motivação
independência
perseguir uma visão
principal relação
familiar motivadora
pai
principal fator de sucesso no empreendimento
sorte
relação com os
financiadores
aconselhamento


pai – exemplo de competitividade e apoio
incondicional a partir do momento em que soube
que o menino de 13 anos tinha um intelecto de
adulto.




sempre no lugar certo na hora certa. Sem trabalho
nada conseguiria, mas sem sorte não teria ido tão
longe. Soube reconhecer o momento de sorte.

conflito
harmonia – Bill Gates e Microsoft atraíram um
tipo especial de investidor (de risco). Esse tipo
de investidor praticamente não existe no Brasil.

profissionais administradores de fora
da empresa.
quando a empresa cresceu, chamou um executivo
de fora (Steve Ballmer) para administrar a
empresa.

principal
caraterística como
empresário
disposição para
correr riscos
realizador
realizador, muito mais que administrador ou
planejador.

assumem
riscos
moderados.
assumiu riscos, mas moderou o quanto pôde. Não
deixou Harvard logo, trancou a matrícula por 5
anos. Só saiu com a empresa consolidada.

exuberância pessoal
não são exuberantes
um nerd. Motivava pela exigência, não pelo
carisma.
atração pelo novo
qualquer novidade
desde a pré-adolescência (talvez antes)


b) comparação com o perfil típico
concordância com o perfil típico
sim
excede
não
Ana Lúcia Magalhães
resultado
9
2
4
60%
13%
27%
5
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
Steve Jobs
a) características
característica
perfil típico
Steve Jobs
comparação
posição na família
mais velho ou filho
único
mais velho (adotado ainda bebê) – uma irmã filha
dos pais adotivos e uma irmã biológica.

estado civil
casado
solteiro quando fundou a Apple. Casou-se (discretamente) aos 36 anos.

gênero
masculino
masculino
idade em que se tornou
empreendedor
início da casa dos
trinta
19 anos (blue
boxes); 21 anos
(Apple)
depois da adolescência (Blue Box); antes era um
alternativo.


época em que se manifestou o perfil empreen- adolescência
dedor
superior:
quase
escolaridade
sempre. Mulheres deixou a faculdade depois de um semestre.
mais que homens.

principal motivação
independência
perseguir uma visão


principal relação familiar
motivadora
pai
ninguém – nunca foi ligado aos pais ou irmãs, adotivos ou biológicos.

principal fator de sucesso no empreendimento
sorte
Não teria ido longe sem o Wozniak. Soube manter
boa relação, dar valor ao amigo e usar o conhecimento dele.

relação com os financiadores
conflito
harmonia – sempre foi convincente e cumpriu o que
prometeu.

aconselhamento
profissionais admi- quando a empresa cresceu, chamou um executivo
nistradores de fora
de fora (John Sculley) para administrar a empresa.
da empresa.

principal
realizador
realizador, muito mais que administrador ou planejador.

assumem riscos
moderados.
assumiu grandes riscos o tempo inteiro, a ponto
de ser demitido da Apple quando suas apostas
não deram certo.

exuberância pessoal
não são
exuberantes
exuberante e carismático
atração pelo novo
qualquer novidade
no mínimo desde a adolescência.
caraterístic
a como empresário
disposição para correr
riscos


b) comparação com o perfil típico
concordância com o perfil típico
sim
excede
não
resultado
6
1
8
40%
6%
54%
Um alternativo que deu certo – um dos pouquíssimos.
Ana Lúcia Magalhães
6
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
6.3


CAPACIDADE DE TRANSFORMAR IDEIAS EM REALIDADE
Ed Roberts

tinha uma indústria pronta e funcionando;

usou as capacidades dessa indústria.
Bill Gates
 teve a 1ª ideia quando viu o anúncio do Altair;
 conseguiu, com a ajuda de Paul Allen, desenvolver rapidamente o compilador BASIC;
 percebeu que não iria tão longe como empregado de Ed Roberts;
–
obteve a atenção da IBM, negociou com ela, obteve e adaptou o sistema operacional;
–
soube se organizar para continuar a desenvolver software.
–
precisava da interface gráfica
◆ soube obter e melhorar a tecnologia (da Apple).
–
teve enormes dificuldades para desenvolver uma versão do Windows que funcionasse
◆ soube ser persistente.
tela do Windows 1.0 – quem comprou, o fez por curiosidade e não usou (1985)

tela do Windows 3.1 – o primeiro que funcionou (1990)
Steve Jobs
–
percebeu que só conseguiria financiamento se tivesse um
produto pronto e uma linha de montagem.
–
usou a garagem do pai adotivo, que era o que ele tinha
disponível, e mão-de-obra de amigos.
Ana Lúcia Magalhães
7
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO
CONHECIMENTO
notas de aula
6.4

CAPACIDADE DE AGREGAR RECURSOS
Bill Gates
 no início, só tinha a si próprio e Paul Allen
 agregou o conhecimento do nerd que vendeu o sistema operacional. (o nome dele era Tim Patterson –
havia desenvolvido o sistema operacional para testar uma placa (!))
 contratou um executivo, Steve Ballmer, quando a empresa cresceu e adquiriu credibilidade.
 agregou valor ao conseguir informações vitais da Apple sobre a interface gráfica – soube ser humilde e se
aproveitar da arrogância de Steve Jobs.
 usou o dinheiro ganho com o sistema operacional para montar uma equipe competente para desenvolver o
Windows e o Office.
Entrada do prédio 17 da Microsoft, hoje.

Steve Jobs
 desde o início, contou com Steve Wozniak;
 quando precisou fabricar, agregou o pouquíssimo que tinha: a garagem da casa do pai e os amigos;
 soube conseguir financiamento (apesar de ir ao banco de jeans surrados e sandálias);
 soube montar a equipe.
 A partir do iPhone e depois com o iPad, tem transformado milhares de desenvolvedores em parceiros.
Ana Lúcia Magalhães
8
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
6.5

CAPACIDADE DE INOVAR
Bill Gates
 ainda que no início tenha usado seu conhecimento técnico para desenvolver o BASIC do Altair e adaptar
o sistema operacional de Patterson, em nenhum desses momentos estava realmente inovando.
 inovou:

•
ao descobrir que a indústria mais quente era a de software, e em investir tudo nela. (isto não é pouco – mesmo Jobs deu mais valor ao hardware).
•
no contrato com a IBM.
Steve Jobs inovou:
 ao projetar e construir, paralelamente a Ed Roberts, um computador pessoal, com a diferença de que,
ao contrário de Roberts, sabia exatamente o que estava fazendo.
 ao procurar financiadores somente depois de fazer funcionar uma linha de montagem, mesmo precária.
 ao desenvolver o Lisa, primeiro computador com interface gráfica.
 ao construir uma cultura de criatividade. Pouca gente sabe disso: A Apple sempre gastou menos que a
Microsoft e que a Xerox em pesquisa & desenvolvimento, inovando muitíssimo mais.
 ao desenvolver o NeXT (isso não está no filme) um computador com o hardware necessário para
aumentar os recursos de som e imagem.
 ao desenvolver desenhos animados inteiramente digitais (Desenhos modernos da Disney, como A
Peque- na Sereia e a Bela e a Fera são desenhados manualmente, com exceção dos cenários).
 com o iPod
 com o iTunes, que revolucionou a indústria musical – antes dele, havia um impasse com a queda das vendas de CDs sem nada que os substituísse e que pudesse dar lucro aos artistas e gravadoras.
 com o iPhone, um smartphone muito mais avançado que qualquer outro na época em que foi lançado.
 com o desenvolvimento de aplicativos por programadores independentes que só podem ser vendidos
pela Apple.
 com o iPad, no início fracasso de crítica e desde o início sucesso de público.

Uma nota:
Steve Jobs é obviamente muito mais criativo que Bill Gates. A criatividade de Bill se concentrou exatamente
no mais importante para ganhar dinheiro: software e contratos (não que Jobs tenha ficado pobre...).
Ana Lúcia Magalhães
9
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
6.6
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO
Tudo o que foi mostrado no filme só foi possível porque:

Ed Roberts:
 conhecia eletrônica;
 sabia fabricar um produto em série;
 sabia como dar publicidade a seus produtos nos limites dos recursos de que dispunha.

Bill Gates:
 sabia programar muito bem, o que foi vital para desenvolver o BASIC e adaptar o sistema operacional;
 filho de advogado bem sucedido, conhecia como fazer
um contrato;
 compreendia que tanto a inteligência para programar
como aquela para fazer contratos é diferente de
inteligência para administrar.

Steve Wozniak:
 conseguia transformar em realidade praticamente qualquer ideia por meio da eletrônica.

Steve Jobs:
 sabia como conseguir financiadores.
 sabia também que administrar requer outro tipo de inteligência.
Ana Lúcia Magalhães
10
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
Em suma:

–
Nenhuma dessas pessoas tinha muito dinheiro
• Ed Roberts tinha uma empresa modesta e em dificuldades.
• Bill Gates teve uma ajuda episódica do pai, que era um homem bem de vida, mas não um milionário.
(Quando Bill Gates e Paul Allen foram se encontrar pela 1ª vez com Ed Roberts, ele havia reservado um
hotel de custo acima do esperado pela dupla, e Roberts teve que completar a diária do hotel).
• Jobs e Wozniak não tinham dinheiro algum.
–
7.
Mas todos tinham conhecimento e com ele literalmente mudaram o mundo.
POSICIONAMENTO ÉTICO

1º episódio: aquisição pela Apple da tecnologia de interface gráfica e mouse.
fatos relevantes
partes interessadas
alternativas
problemas éticos e
responsabilidades
•
•
A Xerox possuía a tecnologia, desenvolvida por seus funcionários;
Seus executivos não davam valor à tecnologia;
•
A Xerox cedeu gratuitamente a tecnologia à Apple;
•
A Apple ganhou muito dinheiro com a interface gráfica.
•
•
Acionistas da Xerox;
Executivos da Xerox;
•
•
Funcionários que desenvolveram a tecnologia;
Proprietários da Apple;
•
Usuários futuros da tecnologia.
1.
2.
Aceitar a oferta da Xerox;
Convencer os executivos da Xerox de que o produto era valioso e discutir
participação da Xerox nos resultados.
•
Os executivos da Xerox tinham obrigação de se informar melhor?
•
A Apple tinha obrigação de fornecer informações à Xerox sobre a importância do assunto?
• qual alternativa beneficiava o maior nº de pessoas?
utilitária
ética das alternativas
direitos
justiça
Ana Lúcia Magalhães
• é possível medir os custos de cada alternativa para cada parte
interessada?
• o que cada parte interessada tem o direito de esperar?
• A Apple tinha o direito de não informar a Xerox?
•
quem é mais beneficiado? É muito beneficiado?
• quem é mais prejudicado? É muito prejudicado?
11
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
–
Discussão
•
Os executivos da Xerox tinham obrigação com os funcionários e com os acionistas de se informar
melhor.
•
Os funcionários haviam recebido salários e o que eles haviam produzido pertencia à Xerox; pode-se
argumentar, no entanto, que eles teriam direito ao reconhecimento dentro da empresa.
•
O conhecimento do valor da interface gráfica e do mouse pela Apple havia sido produto de trabalho e
pesquisa – a Apple não tinha obrigação de revelar o produto de seu conhecimento.
•
Os usuários seriam (como foram) muito beneficiados pela chegada mais cedo ao mercado
daqueles produtos, e está se falando literalmente de bilhões de pessoas.
•
Os custos para a Xerox e os benefícios para a Apple seriam impossíveis de dimensionar na época;
os benefícios para os funcionários da Xerox seriam intangíveis, e não se pode esquecer que
obtiveram depois reconhecimento mundial.
Adele Goldberg

Larry Tesler
2º episódio: aquisição pela Microsoft, por 50 mil dólares, do sistema operacional.
fatos relevantes
partes interessadas
alternativas
problemas éticos e
responsabilidades
•
A Microsoft havia assinado um contrato (muito) vantajoso com a IBM que dependia de um sistema operacional;
•
Comprou o sistema de Tim Patterson por 50 mil dólares sem dizer para quê e o
adaptaram ao PC;
•
A Microsoft ganhou muito dinheiro com o sistema.
•
Proprietários da Microsoft;
•
Acionistas da IBM;
•
Tim Patterson;
•
Usuários futuros da tecnologia.
1. Efetuar a compra conforme contratado
2. Avisar que era um sistema para a IBM e sugerir participação na forma de
royalties.
•
A Microsoft tinha o dever de informar qual o cliente final?
•
A IBM deveria ter investigado se Bill Gates tinha ou não o sistema?
•
qual alternativa beneficiava o maior nº de pessoas?
utilitária
•
é possível medir os custos de cada alternativa para cada parte interessada?
ética das alternativas direitos
•
o que cada parte interessada tem o direito de esperar?
•
a Microsoft tinha o direito de não informar sobre o cliente final?
•
quem é mais beneficiado? É muito beneficiado?
•
quem é mais prejudicado? É muito prejudicado?
justiça
Ana Lúcia Magalhães
12
EMPREENDEDORISMO NA ERA DO CONHECIMENTO
notas de aula
–
Discussão:
•
Os executivos da IBM teriam de cobrar o sistema operacional pronto; não tinham qualquer
obrigação de se preocupar quanto à origem.
•
Quando a Microsoft entregou o sistema pronto, cumpriu sua parte no contrato.
•
Tim Patterson não teve prejuízo: recebeu o combinado.
•
O valor que o sistema operacional assumiu foi produto de anos de trabalho da Microsoft, que não
tinha obrigação de dividir o lucro resultante.
•
Muitos milhões de usuários se beneficiaram da chegada do PC ao mercado. Essa disponibilidade poderia demorar se a negociação fosse mais lenta.
•
A Microsoft comprou os direitos de uso do sistema operacional e pagou por eles um valor aceito por
quem vendeu. Poderia fazer o que quisesse com o sistema.
Ana Lúcia Magalhães
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