Estudo de um Batalhão de Aviação do Exército
Transcrição
Estudo de um Batalhão de Aviação do Exército
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Cav MÁRCIO SILVA DE MELO Estudo de um Batalhão de Aviação vocacionado às Operações Especiais. (INTENCIONALMENTE EM BRANCO) Rio de Janeiro 2015 do Exército Maj Cav MÁRCIO SILVA DE MELO Estudo de um Batalhão de Aviação do Exército vocacionado às Operações Especiais. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: TC Inf Andrelúcio Ricardo Couto Rio de Janeiro 2015 Estudo de um Batalhão de Aviação do Exército vocacionado às Operações Especiais. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em 27 de fevereiro de 2015. COMISSÃO AVALIADORA ___________________________________________________ ANDRELÚCIO RICARDO COUTO – Ten Cel – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército _______________________________________________________ JULIO CESAR TOLEDO SOUSA DE ALMEIDA –Ten Cel – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ___________________________________________________ ANDRÉ RICARDO DA CONCEIÇÃO BARRETO – Maj – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército À minha amada e paciente esposa Janaína, minha filha Mainá, meus pais Newton e Irene, família minha fonte de amor e apoio incondicionais. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Jesus Cristo meu Senhor, Comandante de todos os Exércitos, por ter me dado força, saúde e sabedoria. Agradeço a minha companheira e amada esposa, Janaína Silveira de Melo, que me incentivou e me deu todos o suporte e condições para progredir nessa caminha, e a minha filha, Mainá, minha maior fonte de inspiração e alegria. Aos meus pais, Newton e Irene, pela minha educação e formação, me mostrando sempre o caminho do correto, através do exemplo de suas condutas como cidadãos e também pela sua dedicação à família. Aos meus sogros, Antônio Horácio e Solange, que acolheram minha esposa e filha, nos momentos mais difíceis, propiciando o melhor ambiente à minha dedicação durante a execução deste trabalho. Ao Exército Brasileiro e à Escola de Comando e Estado Maior, pela oportunidade em realizar um trabalho de conclusão de curso, ampliando meus conhecimentos. Ao meus orientadores, o Tenente Coronel Drumond e o Tenente Coronel Andrelúcio, por suas orientações e paciência, ao longo de todo ano. RESUMO No século XXI, o mundo se apresentou de forma globalizada, com redução das soberanias nacionais, com o entrelaçamento entre os diversos países e comunidades nunca antes vistos na história. Após o 11 de setembro de 2001, novos atores tomaram relevância no cenário internacional, tais como: narcotraficantes, terroristas fundamentalistas e grupos extremistas. Neste contexto, o emprego de forças regulares vêm se mostrando ineficientes e com grande números de baixas, tornandoas extremamente questionadas pela sociedade internacional. Desta forma o emprego de forças especiais vêm se tornando cada vez maior, uma vez que se apresenta como uma solução mais eficaz e menos onerosa. Juntamente com as forças especiais, os helicópteros vêm se mostrando de grande importância, uma vez que somam grande mobilidade, surpresa, flexibilidade e segurança nas operações. O Brasil, em particular no Exército, tem realizando operações entre forças especiais e sua aviação de asa rotativa. No entanto, não existe uma Unidade Militar de helicópteros voltada para o emprego e desenvolvimento de doutrina e técnicas da Aviação do Exército junto às forças especiais. Tal fato tem gerado uma lacuna no adestramento de emprego nesse tipo de operação. O presente trabalho faz uma análise das principais características das Forças Especiais e da Aviação do Exército e apresenta uma proposta de unidade de aviação vocacionada para tal emprego, de forma a implementar seu emprego e desenvolver técnicas próprias Palavras-chave: Forças Especiais, Aviação do Exército, emprego conjunto. ABSTRACT In the twenty-first century the world is presented in a globalized way mk, with reduction of national sovereignty, with the union of different countries and communities never before seen in history. After the September 11, 2001 new actors took relevance in the international arena, such as drug traffickers, fundamentalist terrorists and extremist groups. In this context, the use of regular forces have shown to be inefficient and large casualty figures, making them extremely questioned by the international society. Thus the use of special forces is becoming more and more, as it presents itself as a more effective and less costly solution. Together with special forces, helicopters have shown to be of great importance, since add great mobility, surprise, flexibility and operational safety. The Brazil, particularly in the Army, has been conducting joint operations between special forces and their rotary wing aviation. However, there is no unit of Military helicopters focused on employment and doctrine development and techniques of Army Aviation with special forces. This fact has generated a gap in training job in this type of operation. This paper analyzes the main characteristics of the Special Forces and Army Aviation and propose an aviation unit dedicated to such employment, in order to implement their jobs and develop their own techniques Keywords: Special Forces, Army Aviation, combined use. LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Principais Informações das Aeronaves do Exército Brasileiro................34 Tabela 02 - Prós e Contras sobre a criação de um BAvEx dedicado às Op Esp......50 Tabela 03 - Ganhos Oparacionais.............................................................................51 Tabela 04 - Adestramento Específico........................................................................52 Tabela 05 - Estrutura Organizacional........................................................................53 Tabela 06 - Instalações necessárias.........................................................................54 LISTA DE FIGURAS Figura 01 Figura 02 Figura 03 Figura 04 Figura 05 Figura 06 Figura 07 Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 - Estrutura Organizacional do COpEsp…........................................... Estrutura Organizacional de um BAvEx............................................ Estrutura Organizacional da Esqd C Ap........................................... Estrutura Organizacional da Esqd He Rec Atq................................. Estrutura Organizacional da Esqd He Emp Ge................................ Estrutura Organizacional da Esqd Mnt Sup Anv.............................. Organograma atual do 160th SOAR................................................. Aeronave AH-06 Little Bird............................................................... Aeronave MH-60 Black Hawk........................................................... Aeronave MH-47 Chinook................................................................ Aeronave AS-342 Gazelle................................................................ Aeronave AS-532 Cougar................................................................. Aeronave EC-725 Caracal................................................................ Aeronave Tiger.................................................................................. Organograma de um BAvEx ideal às OpEsp.................................... Organograma de um BAvEx realístico às OpEsp............................. 25 32 32 33 33 34 38 39 40 41 44 45 46 47 55 56 LISTA DE ABREVIATURAS AM AvEx A Op BAvEx B Helcp Bda Op Esp CAvEx C2 CI CIAvEx CIOpEsp COpEsp COTer CMA CMP EB ECEME EFD EM EME Esqd Cmdo Ap Esqd He Emp G Esqd He Rec Atq Esqd Mnt Sup Anv F Amv F Convl F Helcp F Spf F Ter GU IP MC MOMEP MS Op Amv Op Esp OM SP TO Z Aç Amazônas Aviação do Exército Área de Operações Batalhão de Aviação do Exército Batalhão de Helicopteros Brigada de Operações Especiais Comando de Aviação do Exército Comando e Controle Contrainteligência Centro de Instrução de Aviação do Exército Centro de Instrução de Operações Especiais Comando de Operações Especiais Comando de Operações Terrestres Comando Militar da Amazônia Comando Militar do Planalto Exército Brasileiro Escola de Comando e Estado Maior do Exército Estado final desejado Estado-Maior Estado-Maior do Exército Esquadrilha de Comando e Apoio Esquadrilha de Helicópteros de Emprego Geral Esquadrilha de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque Esquadrilha de Manutenção e Suprimento de Aeronaves Força Aeromóvel Forças Convencionais Força de Helicópteros Força de Superfície Força Terrestre Grande Unidade Instrução Provisória Manual de Campanha Missão de Observadores Militares Equador-Peru Mato Grosso do Sul Operações Aeromóveis Operações Especiais Organização Militar São Paulo Teatro de Operações Zona de Ação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 O PROBLEMA..................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13 1.3 HIPÓTESE .......................................................................................................... 13 1.4 VARIÁVEIS...........................................................................................................14 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................. 14 1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO………………………………………………….……….14 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 15 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17 4 OPERAÇÕES ESPECIAIS .................................................................................... 18 4.1 DEFINIÇÕES………………………………………………………………………...…18 4.2 AXIOMAS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS……………………………………...…19 4.3 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS……………………………………..20 4.4 CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS……………………………21 4.5 FATORES DE ÊXITO E NECESSIDADES DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS…..22 4.6 ESTRUTURA ATUAL DO COMANDO DE OPERAÇOES ESPECIAIS…………23 5 AVIAÇÃO DO EXÉRCITO………………………………………………………………26 5.1 DEFINIÇÕES…………………………………………………………………………...26 5.2 PRINCÍPIOS DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO………………………………………..27 5.3 CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO…………………………………………………………………………………..28 5.4 ESTRUTURA DE COMANDO………………………………………………………..30 5.5 ESTRUTURA ATUAL DE UM BAVEX………………………………………………31 6 160th REGIMENTO DE AVIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS - NIGHT STALKERS (EUA)…………………………………………………………………………35 6.1 BREVE HISTÓRICO…………………………………………………………………..35 6.2 PRINCIPAIS MISSÕES……………………………………………………………….36 6.3 MATERIAL UTILIZADO ………………………………………………………………38 6.4 COMPOSIÇÃO DAS UNIDADES…………………………………………………….42 7 BATALHÃO DE AVIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS (FRA)………………..43 7.1 BREVE HISTÓRICO…………………………………………………………………..43 7.2 MATERIAL UTILIZADO……………………………………………………………….43 7.3 COMPOSIÇÃO DA UNIDADE………………………………………………………..47 8 PESQUISA DE CAMPO…………………………………………………………………49 9 CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….55 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 11 1 INTRODUÇÃO O século XXI apresentou-se sob o formato de um mundo globalizado, de redução das soberanias e de um grande increment do capitalismo consumista, impactando os mais diversos segmentos da sociedade, seja sob a forma de exploração econômica – na busca por insumos e matérias-primas – seja por meio da resposta de grupos mais radicais à essas novas investidas neocolonialistas, o que tem aumentado o número de ações terroristas e acentuado as intolerâncias que, invariavelmente, conduzindo às crises e às guerras Atualmente, a estabilidade do cenário mundial é ameaçada por novos atores, tais como: o terrorismo fundamentalista, narcotraficantes, organizações não- governamentais (ONG) com vários fins, grandes conglomerados empresariais com orçamentos maiores que muitos países, além de uma escalada dos conflitos regionais. Novas forças militares empregando novas doutrinas têm se adaptado para fazer frente a essas novas ameaças. Destacam-se nesse contexto, as FOpEsp e as Forças de Helicópteros. Sendo assim, o emprego do helicóptero nas operações especiais tem se firmado nos principais exércitos do mundo. Inúmeros casos de emprego desses dois vetores podem ser listados: como na Operação Enduring Freedom que começou em setembro de 2001, no Afeganistão e removeu o Talibã do poder daquele país, Operação Iraque Livre, ”Iraq Freedom”, que se iniciou em 2003 e removeu Saddam Hussein do poder iraquiano. A mais recente foi a Operação Jerônimo que matou o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, no Paquistão em 2012. Além de diversas operações em curso em vários países da África e da Ásia. Estas indicam uma perspectiva do aumento da importância para o tipo de operação do binômio FOpEsp e FHelicópteros. Ainda, não se pode falar em operações de guerra dentro de um quadro de conflito assimétrico sem que haja o planejamento de operações especiais com o uso de helicópteros para logística, infiltração, exfiltração e o apoio aéreo, dando maior flexibilidade, rapidez e segurança nas operações. Nesse contexto, o Brasil, como um dos Estados-Membros fundadores da Organização da Nações Unidas (ONU) e seguindo as diretrizes da Política de Defesa Nacional do País (BRASIL, 2005), vem aumentando a capacitação de suas Forças Armadas, o que exige uma preparação teórica e prática continuada dos recursos humanos. 12 Dessa forma o tema tem relevância para o Exército Brasileiro na medida em que, atualmente, o Comando de Operações Especiais (CopEsp) ganha maior vulto e importância dentro da Força Terrestre. Além disso, o Comando da Aviação do Exército (CAvEx) e o COpEsp possuem interesses comuns no amadurecimento doutrinário, reorientando suas necessidades para uma atuação conjunta e sinérgica. As constantes operações especiais realizadas com apoio da Aviação do Exército (AvEx) têm sido observadas principalmente entre o 4º Batalhão de Aviação do Exército (4º BAvEx) e a 3º Companhia de Forças Especiais. No entanto, não existe uma unidade de aviação vocacionada e adestrada às peculiaridades inerentes às operações especiais. Vale ressaltar que os manuais da AvEx, Instruções Provisórias (IP) 1-1, Emprego da Aviação do Exército, e IP 1-20, O Esquadrão de Aviação do Exército, bem como a IP 1-30, A Brigada de Aviação do Exército, não fornecem subsídios suficientes que balizam esse tipo de emprego. O presente trabalho ganha importância quando se vislumbra a criação de um Batalhão de Aviação do Exército vocacionado às operações especiais de modo a potencializar sua eficácia e eficiência, reduzindo eventuais óbices. Dessa maneira, o que se pretende é colher os ensinamentos de outros Exércitos que já possuem Batalhões dessa natureza e adaptá-los à realidade e as necessidades brasileiras. 1.1 O PROBLEMA Nos últimos anos, o Brasil se tornou um protagonista mundial, reafirmando sua posição de liderança regional dentro da América do Sul. Nesse cenário, o Exército Brasileiro (EB) possui destacada importância na defesa dos interesses nacionais e de projeção de poder. Com assimetria do campo de batalha e o surgimento do emprego de amplo espectro, as operações especiais tornam-se cada vez mais necessárias, garantindo um mínimo de efeito colateral e um baixo custo das operações militares. A fim de potencializar as operações militares é imperioso o uso de vários vetores de combate. Dessa forma, uma unidade de aviação inteiramente voltada para as operações especiais, conhecedora de suas peculiaridades, dos riscos e dos modos operantes estão em consonância com o emprego dos melhores Exércitos do planeta. Assim, esse trabalho irá tentar responder os seguintes questionamentos: 13 Há subsídios operacionais para a implantação de um Batalhão de Aviação vocacionado para as operações especiais? Qual a estrutura mais adequada? Cabe ressaltar que este trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim de servir de instrumento inicial para futuros estudos acerca do assunto. 1.2 OBJETIVO 1.2.1 Objetivo Geral Tendo em vista o problema formulado, o objetivo geral deste estudo é: - apresentar as necessidades operacionais e a estrutura organizacional de uma unidade de Aviação do Exército para o emprego de helicópteros nas operações especiais. 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: 1. descrever a atual estrutura do Comando de Operações Especiais; 2. descrever os fundamentos para o emprego em operações especiais na doutrina vigente; 3. descrever a atual estrutura da Aviação do Exército Brasileiro; 4. descrever unidades de helicópteros dedicadas às operações especiais dos EUA e da FRA. 5. propor a estrutura organizacional de uma unidade de Aviação do Exército vocacionada para Operações Especiais. 1.3 HIPÓTESE Conforme o manual EB 20-MF-10.103 Operações, as operações especiais são realizadas em quaisquer ambientes, estando particularmente adequadas a ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis. São empregadas para alcançar os objetivos militares por meio do emprego de Forças de Operações Especiais, em locais onde as forças convencionais com requisitos e recursos necessários não possuam capacitação ou não estejam disponíveis, ou seja devem possuir grande mobilidade, flexibilidade e rapidez. Para isso, são dependentes de outros vetores de combate para o apoio ao combate e o apoio logístico. Diante desse fato surge a seguinte hipótese: 14 - Uma unidade de Aviação do Exército conhecedora das peculiaridades e treinamento específico irá potencializar as ações das Operações Especiais, desenvolvendo capacidades requeridas no combate moderno para o Exército Brasileiro. 1.4 VARIÁVEIS No presente trabalho, serão apresentadas variáveis independents que se constituirão nas entrevistas realizadas com militares das Forças Especiais do Exército brasileiro e da Aviação do Exército, no sentido de se obter diferentes ideias, reflexões e pontos de vista de qual seria uma melhor estrutura de unidade de Aviação do Exército para emprego em Operações Especiais. Além de direcionar quais as capacidades a serem desenvolvidadas por uma unidade de Aviação, colhendo ensinamentos pessoais para melhor resolução do problema proposto. 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O presente trabalho está delimitado somente pelas tropas de OpEsp do Exército e definirá somente a estrutura do Batalhão de Aviação do Exército vocacionado para as operações especiais, não expandindo o trabalho para relações de comando, cadeia logística e nem localização. 1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO O presente estudo é importante na medida que pretende propor uma unidade de Aviação do Exército vocacionada para Operações Especiais, estreitando os laços operacionais entre dois vetores de combate, contribuindo para o aumento de suas respectivas eficácias e diminuindo possíveis óbices advindos de operações de alto grau de complexidade, típicas das operações especiais. Desse modo, enfatiza-se que o problema levantado poderá aprimorar a doutrina militar do Exército Brasileiro. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO O Manual de Fundamentos EB20-MF-10.103 Operações e o EB20-MC-10.212 Operações Especiais, ambos do Estado-Maior do Exército, descrevem características do emprego das Operações Especiais. Da mesma forma, os Manuais IP1-1 Emprego da Aviação do Exército, IP 1-20 O Esquadrão de Aviação do Exército e IP 1-30 Brigada de Aviação do Exército apresentam as possibilidades de emprego da Aviação do Exército. A revista Military Power em sua edição de 2008 descreve toda a história da formação do 160th Regimento de Aviação de Operações Especiais dos Estados Unidos da América, abordando desde a fatídica missão de resgate dos reféns da embaixada americana em Teerã, Eagle Claw, onde surgiram os primeiros questionamentos que levaram à criação do Regimento, toda sua evolução até os dias atuais. Sendo este Regimento a base de comparação deste estudo. Conforme a Doctrine for Joint Special Operations (2003), as operações especiais são conduzidas em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, para o alcance de objetivos militares, diplomáticos, com caráter informativo (inteligência) ou econômicos, pelo emprego de capacidades militares, onde não é possível a atuação de forças convencionais. Tais operações requerem cobertura, clandestinidade e pouca visibilidade (publicidade), podendo ser conduzidas independentemente ou em conjunção a forças convencionais ou agências governamentais. Englobam, portanto, risco político, técnicas operacionais, modo de emprego, independência no suporte e dependência em termos de inteligência operacional e auxílio de bens nativos (pessoais ou materiais). O sucesso na condução de operações especiais, segundo a doutrina, repousa na proficiência individual e da pequena unidade, em uma especialização múltipla e em habilidades de combate, sempre não-convencional, aplicadas com adaptabilidade, improvisação, inovação, autoconfiança, além de uma grande flexibilidade e mobilidade. Outro manual observado foi o americano Aviation Brigades FM 3-04.111 e o FM 1-100 Army Aviation que descrevem a organização da Aviação do Exército americano, auxiliando no entendimento da organização das unidades de aviação daquele país. Na mesma linha de pesquisa, o manual de emprego do Regimento de Helicópteros de Forças Especiais do Exército francês, o ALAT 34-331 descreve as operações especiais por sua natureza, os quais são caracterizados por uma 16 abordagem despojada, que deixa para cada escalão operacional grande flexibilidade para iniciativas. Cada operação pode impor, projetar e implementar um inovador modo de ação, projetado e validado pelo regimento, através da experiência e oportunidades da aviação francesa, oferecendo atualizações dos procedimentos operacionais especiais. Ele permite articular, equipar, preparar e educar as unidades das forças especiais de uma forma singular para a realização desta missão . Consequentemente, o manual francês afirma que é fundamental para evolução da doutrina o critério do feedback. Em face do estudo dos manuais acima mencionados, será realizada uma abordagem das estruturas das unidades americanas e francesa. A partir de então, serão levantadas as necessidades e as possibilidades atuais, que orientarão para uma proposta de unidade aérea do Exército voltada para as Operações Especiais. 17 3 METODOLOGIA A pesquisa a ser realizada estará fundamentada em pesquisa bibliográfica na literatura existente sobre o assunto, estando baseada em manuais, revistas especializadas, artigos e dissertações. Haverá a análise e interpretação dos fatos e ideias, sendo buscado um enfoque original para a aplicação no Exército Brasileiro. Em seguida, será realizada uma pesquisa de campo com entrevistas à militares Forças Especiais do Exército brasileiro, além de pilotos da Aviação do Exército, com o propósito de colher impressões e ensinamentos quanto ao emprego em conjunto com a Aviação do Exército e possibilidades de melhora da interação entre as partes supracitadas. Finalmente, as conclusões das pesquisas bibliográficas e das entrevistas permitirão realizar a proposta de uma unidade de Aviação do Exército que atenda os anseios e peculiaridades das Operações Especiais, respeitando as características e limitações das aeronaves utilizadas pelo EB. 18 4 OPERAÇÕES ESPECIAIS O objetivo deste capítulo é de esclarecer o leitor quanto as características e peculiaridades das operações especiais, em particular as conduzidas por forças militares do Exército Brasileiro. Atualmente, as formas de se contrapor às ameaças têm se diversificado consideravelmente. Com a globalização, as sociedades se transformaram de maneira rápida e profunda, mudando a forma de fazer política, propiciando um novo contexto geopolítico internacional. Dessa forma, as relações internacionais passaram a ser incertas e complexas, com reflexos ao planejamento da Defesa da Pátria. Posto isso, os conflitos contemporâneos dificilmente têm sido decididos em campos de batalha tradicionais e simétricos. A mistura de armas convencionais, táticas irregulares, ações terroristas e suicidas, o fanatismo religioso e a presença de vários novos atores tem caracterizado o Espaço de Batalha. Nesse novo cenário, as Operações Especiais têm ganhado espaço ante a maneira tradicional das operações militares convencionais. 4.1 DEFINIÇÕES Conforme o manual de Operações Especiais, EB20-MC-10.212 seguem algumas definições. Operações Especiais (Op Esp): operações conduzidas por forças militares especialmente organizadas, treinadas e equipadas, em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, visando a atingir objetivos militares, políticos, informacionais e/ou econômicos, empregando capacitações militares específicas não encontradas nas forças convencionais. Essas operações frequentemente requerem capacitações cobertas, sigilosas ou de baixa visibilidade. Podem ser conduzidas independentemente ou em conjunto com operações de forças convencionais e/ou de outras agências governamentais, podendo, ainda, contar com a atuação de forças irregulares nativas, bem como de Forças de Operações Especiais (FOpEsp) de nações aliadas. Força(s) de Operações Especiais: são forças destinadas à execução das operações especiais: frações de forças especiais, comandos e os seus apoios que possuam capacitação e especializações específicas para operar em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis. As FOpEsp, em termos gerais, podem ser caracterizadas por serem grupos de elite de altíssimo desempenho que realizam missões que estejam fora do alcance das forças convencionais e quando tais forças não disponham de capacitação necessária para cumpri-las. Também são consideradas as tropas especiais análogas das demais Forças Singulares. 19 Forças Convencionais (F Convl): são aquelas destinadas à execução das operações militares convencionais (singulares, conjuntas ou combinadas). Compreendem, de um modo geral, as frações, Subunidades (SU) e Unidades (U) das Armas, Quadro e Serviço, assim como as Grandes Unidades (GU) e os Grandes Comandos Operativos (G Cmdo Op) da F Ter. Ainda, segundo o manual de Operações Especiais, EB20-MC-10.212, as operações especiais são conduzidas de forma alinhada com os fatores operacionais, em especial os políticos, econômicos, psicossociais e/ou científico-tecnológico que caracterizam o ambiente operacional. Dessa forma, faz se necessário moldar o ambiente operacional, de maneira a permitir o emprego de tropas especiais e seus efeitos desejados. Assim, podem ser: - Ostensiva: quando, após sua execução ser tornada pública, nenhuma medida é adotada com o propósito de ocultar a operação e sua autoria. - Sigilosas: operações em que, após a sua execução ser tornada pública, são adotadas medidas adicionais de contrainteligência (CI) destinadas a manter em absoluto sigilo a sua autoria ou, ao menos, permitir a negação plausível da responsabilidade pela ação. - Cobertas: procura-se ocultar tanto a autoria da ação, quanto negar a própria existência da operação. 4.2 AXIOMAS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS Segundo o General Álvaro de Souza Pinheiro, o qual se baseou na experiência Americana, em palestra na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME), em julho de 2014, listou os 5 (cinco) axiomas das Forças de Operações Especiais: 1) “O pessoal é mais importante do que o material”. O material é apenas um instrumento. Os homens concebem, fabricam e operam o material. O sucesso e o insucesso da missão dependem do elemento humano. 2) “Qualidade prepondera sobre quantidade”. Um pequeno efetivo de especialistas é sempre mais eficiente e eficaz do que qualquer número de não-iniciados. 3) “Forças de Operações Especiais não podem ser produzidas em massa”. A produção de cada operador requer tempo, atenção individual e um esforço profundamente focado. 20 4) “Forças de Operações Especiais competentes não podem ser ativadas após as emergências ocorrerem”. Emergências requerem ação imediata por elementos antecipadamente preparados para fazer face a elas. Não há tempo suficiente, nem recursos para selecionar e adestrar especialistas, após a eclosão das necessidades. 5) “A maioria das Operações Especiais demanda o apoio de Forças Convencionais”. Estas forças convencionais serão constituídas visando a execução de tarefas de apoio aos elementos especializados em Operações Especiais, quando da consecução de suas missões. 4.3 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS Os princípios das Operações Especiais evoluíram conforme o ambiente operativo evoluiu, sendo normalmente exigidas abordagens pouco “ortodoxas”, sem contudo, negar os princípios de guerra tradicionais. Estão ele listados a seguir: - Adaptabilidade – aptidão intrínseca das FOpEsp de se adequarem às constantes evoluções da situação e mudanças no ambiente operacional. - Complementariedade – aptidão intrínseca das FOpEsp de conhecer as capacidades e competências de vetores militares e civis, abrangidos em um TO/A Op, e explorá-las de forma a evitar redundâncias desnecessárias, poupar recursos e esforços e otimizar os resultados. - Flexibilidade – aptidão intrínseca das FOpEsp de serem empregadas com o mínimo de rigidez preestabelecida, o que possibilita sua adequação às especificidades de cada situação de emprego, em que os módulos de combate possam ter suas estruturas e meios (pessoal e material) ajustados, com oportunidade, para fazer frente às mudanças que surjam durante uma operação. - Integração – aptidão intrínseca das FOpEsp de interagir com os diversos atores em presença no TO/A Op, forças militares, agências civis, dentre outros, sincronizando suas ações de forma a gerar efeitos sinérgicos orientados pelo EFD. - Legalidade – aptidão intrínseca das FOpEsp de atuar de acordo com o imperativo das leis e conforme os diplomas legais, mandatos e compromissos assumidos pelo Estado, e os princípios e valores que alicerçam o Exército. - Modularidade – aptidão intrínseca das FOpEsp que lhe confere a condição de, a partir de uma estrutura básica mínima, receber módulos que ampliem seu poder de 21 combate ou lhe agreguem capacidades. Ela faculta aos comandantes que as empregam adotarem estruturas de combate “sob medida” para cada situação de emprego. - Objetivo – aptidão requerida às FOpEsp de compreenderem claramente as tarefas e missões definidas, de modo que cada integrante dessas forças mantenha-se focado no objetivo da missão e assegure, particularmente nas operações prolongadas, o compromisso de atingimento do estado final desejado (EFD). Uma vez fixado o objetivo, deve-se nele perseverar, sem permitir que as circunstâncias das operações façam perdê-lo de vista. A busca paciente, resoluta e persistente das metas estabelecidas é requisito fundamental para o êxito das Op Esp. - Restrição – aptidão intrínseca das FOpEsp de atuarem em ambiente com restrições que visam a limitar os danos colaterais e a evitar o uso desnecessário ou desproporcional da força. O excessivo uso da força, normalmente, antagoniza os líderes e civis envolvidos devido a danos colaterais subsequentes, o que restringe a liberdade de ação e potencializa o apoio à causa do oponente. - Seletividade – as Op Esp, pela natureza e impacto de suas ações, requerem um elevado grau de orientação no nível de planejamento estratégico e/ou operacional. Devido à reduzida disponibilidade de FOpEsp, a sua utilização deve ser dirigida em objetivos, segundo uma criteriosa priorização de alvos. Deve-se evitar, ao máximo, atribuir missões e tarefas que possam ser cumpridas por forças convencionais. 4.4 CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS O emprego das Operações Especiais é caracterizado pela forma diferenciada e peculiar em relação às operações convencionais. Dessa forma, o entendimento das características dessas operações é fundamental para o seu desencadeamento e proporciona aos comandantes militares e às autoridades de níveis decisórios superiores o conhecimento correto quanto aos instrumentos apropriados para o emprego de tais operações. De acordo com o manual EB20-MC-10.212 as principais características das Operações Especiais são: - Alto risco - As considerações político-militares frequentemente modelam as Op Esp, pois, além de considerável risco físico, quase sempre envolvem elevado potencial de risco político. 22 - Baixa visibilidade - As Op Esp possuem assinatura mínima (baixo perfil) e são concebidas para contribuírem na prevenção de ameaças, no gerenciamento de crises e na solução de conflitos armados. Servem, ainda, para complementar, apoiar, ampliar ou evitar uma confrontação militar convencional. - Elevado grau de precisão - As Op Esp são realizadas por efetivos reduzidos, altamente especializados, para minimizar danos e efeitos colaterais. Normalmente neutralizam um alvo sem atingir os componentes vitais, preservando-os. O êxito depende da proficiência tática e técnica de pequenas frações, criteriosamente selecionadas e adestradas para alcançar os objetivos estratégicos e/ou operacionais delineados. - Dificuldade de coordenação e apoio - As Op Esp exigem planejamento, capacitação específica de forças e execução diferenciada em relação ao apoio logístico e de comando e controle. Por serem desencadeadas em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, exigem, ainda, complexa coordenação de fogos, do uso do espaço aéreo e do espectro eletromagnético. 4.5 FATORES DE ÊXITO E NECESSIDADES DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS O êxito das Operações Especiais depende do criterioso planejamento para situações que exijam o emprego dessas forças. As FOpEsp devem possuir autonomia na execução das tarefas e missões atribuídas, sendo a que permanência dessas forças em ambiente hostis, negados ou politicamente sensíveis deve limitar-se ao tempo necessário ao cumprimento da tarefa a ser executada. Para garantir que o planejamento e a condução das Op Esp alcancem o sucesso desejado, as forças militares (convencionais e de operações especiais) e demais instrumentos do Pode Nacional envolvidos devem considerar, como principais fatores de êxito que orientam o relacionamento entre si, os destacados a seguir: - decisão de emprego de mais alto nível; - necessidade de adequada estrutura de comando e controle (C2); - acesso aos mais altos níveis de Inteligência; - disponibilidade de recursos e meios (pessoal e material); - tarefas operacionalmente viáveis, atribuídas às FOpEsp; - ações dirigidas contra alvos de alto valor; - planejamento e preparação integrados; 23 - apoio de inteligência oportuno, ágil e preciso; - integração e complementaridade às operações convencionais; e - logística adequada, incluindo apoio à infiltração e à exfiltração. Normalmente as Op Esp são ações profundas, necessitando de apoio para sua inserção no ambiente da missão a ser realizada. Logo, a infiltração e exfiltração são técnicas com a finalidade de concentrar meios (pessoal e material) em um determinado ambiente e a saída do mesmo. O judicioso emprego de meios (pessoal e material) e a adequada adoção de técnicas de infiltração conferem às FOpEsp do Exército capacidades de atuar em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis. Essas técnicas são aplicadas às missões e tarefas atribuídas às FOpEsp em áreas localizadas, normalmente, além da área de influência das forças amigas. As FOpEsp do Exército têm a capacidade de se infiltrarem empregando os seguintes processos básicos de infiltração: por via terrestre, por via aérea, por via aquátil (marítima e/ou fluvial), de forma mista e por ultrapassagem do inimigo. Para esse estudo serão ressaltados os processos por via aérea. O processo básico de infiltração de FOpEsp utiliza vetores aéreos, que normalmente são os mais rápidos e eficientes. Os meios (pessoal e material) podem ser transportados pelo ar (helicópteros ou aviões) ou lançados por paraquedas. Tais meios proporcionam às FOpEsp extraordinária mobilidade, facultando-lhes a possibilidade de atuarem com rapidez em qualquer parte do TO/A Op. A fim de salvaguardar o sigilo das Op Esp, as infiltrações aéreas devem ocorrer, preferencialmente, em períodos de escuridão, exigindo tripulações altamente adestradas e aeronaves capazes de realizar o voo com equipamento de visão noturna. Do mesmo modo, a exfiltração de FOpEsp de ambientes hostis, negados ou politicamente sensível é normalmente empregado os vetores aéreos, que dinamizam consideravelmente esta operação. Sendo necessário o emprego de aeronaves capazes de realizar o voo com equipamento de visão noturna com suas tripulações adestradas um fator fundamental para o êxito. 4.6 ESTRUTURA ATUAL DO COMANDO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS A Brigada de Operações Especiais foi criada em 2003 com sede em GoiâniaGO, em março de 2014 teve sua denominação alterada para Comando de Operações 24 Especiais. Esta Grande Unidade (GU) é subordinada ao Comando Militar do Planalto (CMP) adminstrativamente e vinculada para fins de planejamento, preparo e emprego ao Comando de Operações Terrestres (COTer). O Comando de Operações Especiais conta com unidades versáteis de apoio e de operações especiais, com efetivos de comandos, operações psicológicas e de forças especiais, com elevados níveis de treinamento, em condições de atuarem rapidamente em qualquer ponto do território nacional. Os elementos do Comando de Operações Especiais possuem a capacidade de infiltrar-se no ambiente operacional por terra, mar ou ar, utilizando-se de meios convencionais ou não, como viaturas especiais, embarcações e salto de paraquedas de aeronaves com asas rotativas ou fixas. As unidades de operações especiais que integram o Comando são: - O 1º Batalhão de Forças Especiais, - O 1º Batalhão de Ações de Comandos, - O 1º Batalhão de Operações de Apoio à Informação, antigo Batalhão de Operações Psicológicas, unidade responsável por realizar operações psicológicas em proveito das operações militares de nível tático; - O Batalhão de Apoio às Operações Especiais, evolução organizacional do antigo Destacamento de Apoio às Operações Especiais, unidade responsável pelo apoio logístico especializado, como prover e a manutenir materiais de atividades aquáticas e aeroterretres; - A 3ª Companhia de Forças Especiais, situada em Manaus-AM, que é voltada exclusivamente para o emprego na área do Comando Militar da Amazônia (CMA); - O Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp), sediado em NiteróiRJ, onde são formados os seus recursos humanos; - A Companhia de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear responsável por realizar a descontaminação e a defesa, em situações que envolvam agentes químicos, biológicos ou nucleares; - O 6º Pelotão de Polícia do Exército responsável por cumprir as tarefas convencionais inerentes à Polícia do Exército e - A Base Administrativa, unidade responsável por gerenciar e executar processos administrativos da Bda Op Esp. 25 Figura 01 – Estrutura Organizacional do COpEsp Fonte: EB20-MC-10.212 Operações Especiais 26 5 AVIAÇÃO DO EXÉRCITO O objetivo deste capítulo é de esclarecer o leitor quanto as características e peculiaridades da Aviação do Exército (AvEx), em particular, como estão estruturadas os Batalhões de Aviação do Exército (BAvEx) atualmente. Com a modernização do Exército Brasileiro iniciada na década de 1980, o Comando do Exército recriou sua Aviação em 1986, sendo que a primeira aeronave foi recebida em abril de 1989 pelo 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx). Tal fato deu início as atividades de voo realizadas pela Força Terrestre. Inicialmente o Exército passou a operar aeronaves francesas Esquilo (AS-50) e Pantera (AS-65). Após a participação do Exército Brasileiro na missão de observadores militares PeruEquador (MOMEP), foram adquiridas aeronaves americanas S70-A (Black Hawk) que em 1997 passaram a fazer parte da AvEx. A partir desse novo cenário, a AvEx tomou forma e adquiriu a expertise de voar, tornando o Exército Brasileiro apto a atuar na terceira dimensão. 5.1 DEFINIÇÕES Conforme os manuais: IP 1-1, Emprego da Aviação do Exército; IP 1-20, O Esquadrão de Aviação do Exército e do IP 1-30, A Bridadas de Aviação do Exército, seguem algumas definições: Operação Aeromóvel (Op Amv) - Toda operação realizada por força de helicópteros (F Hecp) ou forças aeromóveis (F Amv), de valor unidade (U) ou subunidade (SU), visando o cumprimento de missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico, em benefício de determinado escalão da F Ter. Força de Helicópteros (F Helcp) - Elemento de AvEx, constituído adequadamente em pessoal e material, para o cumprimento de missões de Combate, apoio ao combate e apoio logístico, durante a realização de Op Amv. Força de Superfície (FSpf) - Segmento da F Ter para o qual a AvEx está atuando em proveito. Pode ser deslocado pela F Helcp, com a finalidade de cumprir determinada missão de combate, apoio ao combate ou apoio logístico, durante a realização de Op Amv. Força Aeromóvel (F Amv) - Força de valor variável, composta obrigatoriamente, por F Helcp, podendo ser, também, integrada com uma FSpf 27 5.2 PRINCÍPIOS DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO O emprego de uma aviação orgânica da F Ter acarreta custos extremamente elevados em pessoal e material. O efeito produzido pela AvEx deve ser sempre significativo e compensador. Para que isto ocorra, devem ser observados, ao lado dos princípios de guerra descritos Na IP 1-1, EMPREGO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, quais sejam: Buscar a iniciativa - Caracterizado pela permanente manutenção de um espírito ofensivo, ainda que no decorrer de atitude defensiva, e pelo emprego oportuno, antecipando-se ao inimigo, visando explorar a surpresa tática, mantendo a liberdade de ação e ditando o curso do combate. Explorar a mobilidade - Significa ter possibilidade de atuar em qualquer parte da Z Aç atribuída a si ou à força apoiada, seja em profundidade, seja nas áreas de retaguarda, sucessiva ou simultaneamente. Relaciona-se com a estrutura de apoio de solo, calcada em postos de ressuprimento avançados (PRA), capazes de estender o raio de ação das aeronaves (Anv), e com a capacidade dos helicópteros de aproveitar judiciosamente o terreno, sem se ater aos obstáculos e com grande velocidade de deslocamento. O elevado grau de mobilidade de que é dotada a Av Ex oferece ao comandante de força de superfície (FSpf), em qualquer escalão, a possibilidade de rapidamente deslocar o centro de gravidade das operações, buscando uma relação de forças mais adequada ou o desequilíbrio do poder relativo de combate, enfatizando o princípio de guerra da massa. Explorar a flexibilidade - Na Av Ex, a flexibilidade traduz-se numa característica singular, decorrente da capacidade dos seus meios aéreos orgânicos, do caráter extremamente adaptável de sua logística e da consequente possibilidade de se reorganizar para o combate em curto espaço de tempo, o que lhe permite cumprir missões diferenciadas, sucessivas ou simultâneas no decorrer de uma mesma Op Amv. A exploração desta característica só fica evidenciada, entretanto, quando as ações realizadas resultam de planejamento prévio, ainda que não detalhado. A situação oposta, isto é, o emprego inopinado dos meios de aviação na solução de condutas de combate, é indesejável. Aliada à mobilidade, a flexibilidade pode levar à obtenção da surpresa tática no mais alto grau. Por outro lado, a atribuição de missões em benefício de escalões subordinados não impede o emassamento dos meios, em tempo útil, para a realização de uma operação de vulto, motivo pelo qual as unidades aéreas não devem ser mantidas em reserva para atuar em um momento considerado decisivo. Preservar a centralização de comando - A Av Ex recebe a missão, sempre que possível, pela finalidade. A subordinação direta a unidades ou grandes unidades da F Ter só deve ocorrer, excepcionalmente, para missões específicas ou quando um elevado grau de coordenação e controle é requisito básico da operação. A centralização permite modificar, com rapidez e oportunidade, a organização para o combate, o dispositivo ou a direção de atuação dos elementos de aviação, bem como engajá-los ou desengajá-los com relativa facilidade. Todas estas considerações devem fazer parte do estudo de situação dos comandantes dos escalões da F Ter participantes da operação. Manter a integridade tática - Este princípio fica caracterizado por meio do emprego de elementos de aviação constituídos em qualquer situação. 28 Observar o emprego judicioso dos meios - Este princípio decorre do fato de que, considerados os meios orgânicos da Av Ex, as necessidades são sempre maiores do que as disponibilidades, levando ao estabelecimento de prioridades. A economia de meios deve ser uma preocupação constante e sua implementação está ligada, entre outras, às seguintes idéias: aproveitar ao máximo a disponibilidade das unidades de helicópteros, resultante de seus planos e possibilidades de manutenção e da quantidade e disponibilidade de tripulações adestradas; selecionar objetivos, evitando que ações isoladas ou secundárias venham comprometer a ação decisiva; e adequar os meios à missão, compatibilizando o esforço com a prioridade, a amplitude e o tipo da missão. Conjugar esforços - As ações conjuntas entre os grandes comandos operacionais ou grandes unidades da F Ter traduzem, na medida em que caracterizam a plena utilização do conceito de sinergia, a forma ideal de emprego da Av Ex. Em tais situações, torna-se indispensável que o elemento de aviação participe integralmente de todas as fases do planejamento da FSpf. Só assim podem ser obtidos a coordenação e o controle desejados, bem como um esforço final maior do que a soma das possibilidades individuais de cada componente. Avultam de importância nesse princípio: o planejamento antecipado, abrangendo as diversas possibilidades de emprego na manobra planejada pela FSpf; o emprego da Av Ex para criar condições que permitam decidir o combate e não a sua utilização para a solução de problemas em situação desvantajosa; a neutralização antecipada do fogo inimigo e dos seus meios de aquisição de alvos, por parte da FSpf, em benefício da progressão da força de helicópteros (F Helcp). Zelar pela segurança - As mesmas características que fazem da Av Ex um elemento de emprego tático e estratégico altamente eficaz, fazem também com que ela se constitua num alvo altamente compensador para o inimigo. Tal fato exige que o planejador e o executor tenham suas atenções permanentemente voltadas para a proteção do material e a segurança do pessoal, podendo ser obtidas por meio das seguintes medidas: obtenção do máximo de dados sobre o inimigo capaz de atuar e/ou interferir nas ações da Av Ex; proteção ativa e passiva do material, através da dispersão, da camuflagem, da defesa antiaérea, da escolta, da guarda e das medidas de coordenação e controle do espaço aéreo; adoção de medidas que garantam a identificação das Anv da AvEx, evitando a sua destruição por forças amigas; respeito às normas técnicas e operacionais da Av Ex pela FSpf em todos os seus escalões, quando do emprego conjunto. Buscar a simplicidade - Por serem as ações da Av Ex desencadeadas com rapidez, exigindo deslocamentos e outras medidas que demandam tempo. A busca da simplicidade na concepção das manobras deve nortear a decisão dos comandantes, em benefício da oportunidade e da presteza no cumprimento da missão. 5.3 CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO O emprego da Aviação do Exército é caracterizado pela amplitude de seu alcance, além da rapidez e dependência de alguns fatores climáticos. Dessa forma, de acordo com a IP 1-1 EMPREGO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO suas principais características são: 29 - Alta Mobilidade - Resultante das possibilidades técnicas de seus meios aéreos, que permitem operar em um grande raio de atuação, com deslocamentos em alta velocidade, para qualquer parte da Z Aç, sem que essa rapidez seja afetada por obstáculos naturais e artificiais existentes no terreno. - Flexibilidade - Produto ainda das possibilidades técnicas dos seus meios aéreos, da estrutura, da organização e do adestramento, que lhe conferem a possibilidade de mudar, rapidamente, a organização para o combate, o dispositivo e a direção de atuação, bem como lhe concede ampla capacidade de cumprir missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico. - Potência de fogo - Função do armamento orgânico, composto por armas automáticas, foguetes e mísseis, particularmente, das aeronaves de reconhecimento e de ataque. - Sistema de comunicações amplo e flexível - Proporcionado pelos equipamentos de comunicações existentes nas aeronaves que asseguram ligações rápidas e continuadas com o escalão superior e elementos subordinados, abrangendo o espectro de frequências da maioria dos grupos-rádio. Não obstante, de acordo com a IP 1-20 O ESQUADRÃO DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, as principais possibilidades da AvEx são: - Proporcionar aos escalões da F Ter maior mobilidade e flexibilidade. - Realizar operações de combate isoladamente ou em combinação com outras unidades, em proveito da manobra terrestre. - Transportar o escalão de assalto de um batalhão de infantaria leve numa única vaga. - Participar de missões de apoio ao combate em conjunto ou em proveito dos demais elementos de F Ter. - Participar de missões de apoio logístico (Ap Log). - Concentrar-se e dispersar-se com grande rapidez. - Operar durante a noite e em condições de visibilidade reduzida, desde que devidamente equipado e adestrado com óculos de visão noturna (OVN). - Participar de operações de garantia da lei e da ordem (GLO). - Executar a manutenção de 1º e 2º escalões de seus equipamentos e meios orgânicos. - Instalar e operar um aeródromo de campanha. - Realizar a defesa de suas instalações, com limitações. 30 - Coordenar e integrar suas ações com as dos demais elementos da F Ter. Ainda de acordo com a IP 1-20, as principais limitações da AvEx são: - Relativa dependência das condições meteorológicas e climáticas. - Elevado consumo de suprimento de classe III-A. - Necessidade de um sistema logístico de aviação eficiente, dinâmico e oportuno. - Necessidade de pessoal e equipamentos altamente especializados para operar e manutenir os meios aéreos. - Vulnerabilidade aos sistemas de defesa antiaérea e às ações de guerra eletrônica do inimigo. - Necessidade de coordenação e controle no uso do espaço aéreo. - Fadiga das tripulações em operações prolongadas. - Capacidade de transporte de pessoal e material limitada pelas características e disponibilidade de Anv e viaturas. 5.4 ESTRUTURA DE COMANDO O 1º Batalhão de Aviação do Exército foi criado a partir do decreto presidencial nº 93.208 de 20 de setembro de 1986 com sede em Taubaté-SP. Em 24 de novembro de 1989 foi criada a Brigada de Aviação do Exército com sede em Brasília e subordinado diretamente ao Estado Maior do Exército (EME). Em fevereiro de 1991 a Brigada de AvEx foi transferida sua sede para Taubaté-SP, gerando um novo ciclo de adaptações organizacionais. A Brigada AvEx deu lugar ao Comando de Aviação do Exército (CAvEx) a partir de 19 de julho de 1993, após a criação de mais três BAvEx (2º, 3º e 4º), ficando este Grande Comando vinculado para fins de planejamento, preparo e emprego ao Comando de Operações Terrestres (COTer) e diretamente ao Comando Militar do Sudeste (CMSE). O Comando de Aviação do Exército é compost por unidades no Comando Militar do Oeste (CMO), Comando Militar da Amazônia (CMA) e no Comando Militar do Sudeste (CMSE). Estas unidades possuem a capacidade de atuar em todo o território nacional. As unidades da Aviação do Exército que integram o Comando são: - O 1º Batalhão de Aviação do Exército (sede em Taubaté-SP), 31 - O 2º Batalhão de Aviação do Exército (sede em Taubaté-SP), - O 3º Batalhão de Aviação do Exército (sede em Campo Grande-MS), - O 4º Batalhão de Aviação do Exército (sede em Manaus-AM). Estes Batalhões acima citados, são os braços operacionais da AvEx, responsáveis por cumprir todas as tarefas designadas pelo Comando. - O Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército (sede em Taubaté-SP), responsável pela manutenção e suprimento do material específico da AvEx. - O Centro de Instrução de Aviação do Exército (sede em Taubaté-SP), onde são formados os recursos humanos da AvEx, através de cursos, estágios, especialiações e aperfeiçoamento. - A Base de Aviação de Taubaté (sede em Taubaté-SP), unidade responsável pela estrutura física e de apoio ao voo, além dos processos administrativos, hospitalar, residencial, de proteção de voo e de segurança às organizações militares sediadas em Taubaté. 5.5 ESTRUTURA ATUAL DE UM BATALHÃO DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO Atualmente os Batalhões de Aviação do Exército tem se estruturado da seguinte forma: Comando e Estado-Maior do Batalhão (EM); Uma Esquadrilha de Comando e Apoio (1 Esqda Cmdo Ap); Uma Esquadrilha de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque (1 Esqda He Rec Atq); Duas Esquadrilhas de Helicópteros de Emprego Geral (2 Esqda Empr Geral); Uma Esquadrilha de Manutenção e Suprimento de Aeronaves (1 Esqda Mnt Sup Anv); 32 Figura 02 – Estrutura Organizacional de um BAvEx Fonte: IP20 – O Esquadrão de Aviação do Exército Dentro das Esquadrilhas do BAvEx, cada uma se organiza da seguinte forma: a) Esquadrilha de Comando e Apoio: Comando; Seção de Comando (Sec C); Pelotão de Comando (Pel C); Pelotão de Serviços (Pel Sv); Pelotão de Comunicações (Pel Com); Pelotão de Controle de Operações Aéreas e Apoio ao Vôo (Pel Ct Op Ae Ap Vôo). Figura 03 – Estrutura Organizacional da Esqda C Ap Fonte: IP20 – O Esqudrão de Aviação do Exército b) Esquadrilha de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque Comando; Pelotão de Comando e Apoio (Pel C Ap); Pelotão de Helicópteros de Reconhecimento (Pel He Rec); 33 2 (dois) Pelotões de Helicópteros de Ataque (Pel He Atq). Figura 04 – Estrutura Organizacional da Esqda He Rec Atq Fonte: IP20 – O Esquadrão de Aviação do Exército c) Esquadrilha de Helicópteros de Emprego Geral Comando; (b) Pelotão de Comando e Apoio (Pel C Ap); (c) 3 (três) Pelotões de Helicópteros de Emp Ge (Pel He Emp Ge). Figura 05 – Estrutura Organizacional da Esqda He Emp Ge Fonte: IP20 – O Esquadrão de Aviação do Exército d) Esquadrilha de Manutenção e Suprimento de Aeronaves Comando; Pelotão de Comando e Apoio (Pel C Ap); Pelotão de Manutenção de Helicópteros (Pel Mnt He); Pelotão de Suprimento (Pel Sup). 34 Figura 06 – Estrutura Organizacional da Esqda Mnt Sup Anv Fonte: IP20 – O Esquadrão de Aviação do Exército O quadro a seguir mostra as principais características das aeronaves da AvEx: Aeronaves/ Dados Velocidade HA-1 HM-1 HM-2 HM-3 HM-4 Cougar Caracal 230 Black Hawk 250Km/h(b) 230 285 Km/h 260 Km/h Km/h Km/h 3,5 2,3 3,8 4,1 4,5 (b) 8,8 (b) 8,1 (b) 750 475 840 1000(b) 1600 (b) 1770 Esquilo/Fennec Pantera de 200 Km/h Cruzeiro (a) Autonomia 3,3 (hora) Alcance máximo 580 em Km (c) 857 (b) Quantidade de 3 10 12 22 28 600 800 2700 4500 5700 passageiros Carga interna em Kg (d) (a) Esta velocidade poderá ser reduzida de acordo com a configuração da Anv; (b) Com reservatórios extras de combustível; (c) Com 30 minutos de voo reserva; (d) Poderá haver restrições de acordo com as características da carga e condições da área de operações. Tabela 01 – Principais informações das Aeronaves da Aviação do Exército Fonte: Sítio Eletrônico do COTER, adaptado pelo autor. 35 6 160th REGIMENTO DE AVIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS – “NIGHT STALKERS” (EUA) 6.1 BREVE HISTÓRICO As atividades do Regimento de Aviação de Operações Especiais Americano tiveram inicio em maio de 1980, no deserto iraniano. Esta foi a primeira vez na história onde foram empregados helicópteros sob circunstâncias que exigiam um treinamento ainda não visto em nenhum exército do mundo. A operação conhecida como Eagle Claw teve início após a invasão e captura de 66 reféns na embaixada americana em Teerã, Irã. Após seis meses de negociação o president dos EUA resolveu empregar uma unidade de forças especiais, para o resgate dos reféns na embaixada em Teerã. Em resumo, a operação previa a infiltração de oito helicópteros RH-53D, os quais foram operados por pilotos oriundos do corpo de fuzileiros, da marinha e da força aérea. Esse ineditismo, aliado a mistura de pilotos de várias forças com diferentes esperiênciase a falta de coordenação emtre os pilotos e as FOpEsp, fruto do desconhecimento de ambos, resultou no fracasso da missão, a qual perdeu duas aeronaves e suas respectivas tripulações antes mesmo de chegar à Teerã. Após o total fracasso da operação Eagle Claw, os militares Americanos, através de uma comissão chamada de Holloway Commission, iniciaram um estudo que previa a organização de uma unidade aérea capaz de conduzir operações de contraterrorismo com o emprego de pessoal altamente especializado e apto a realizar operações especiais. Desse estudo, vários problemas se apresentaram, tais como: pessoal a ser selecionado, local da futura instalação do regimento de aviação vocacionado para as operações especiais, aeronaves a serem utilizadas, entre outras. Com o passar dos meses essas questões foram sendo respondidas. Inicialmente foi escolhido o 101st Aviation Group que operava os helicópteros UH-60 Black Hawk. Mais tarde, outras unidades, como o 158th Aviation Battalion e o 159th Aviation Battalion se juntaram ao 101st e passaram a operar o CH-47C Chinook. Por ultimo, o 229th Attack Helicopter Battalion com seus OH-6A e AH-6 Little Bird passou a fazer parte da nova Força Tarefa de Aviação, o 160th Task Force. Por fim, o 160th Regimento de Aviação de Operações Especiais foi ativado em 16 de outubro de 1981 no Forte Campbell, Kentuchy, EUA. 36 6.2 PRINCIPAIS MISSÕES Desde sua criação em 1981, o 160°Regimento de Aviação de Operações Especiais, também conhecido como 160th SOAR (Special Operations Aviation Regiment) – Night Stalkers, tem participando de diversas missões em todo o mundo. Sua primeira missão como aviação de operações especiais ocorreu em outubro de 1983, durante a operação Urgent Fury, que previa a restauração do governo recém derrubado da ilha caribenha de Granada. Nesta ocasião, o 160 th SOAR recebeu a missão de infiltrar e exfiltrar forças especiais da marinha e do exército, SEAL e Delta Force respectivamnete, que tinham como objetivos o assalto da prisão de Richmond Hill, o resgate do governador de Granada e a segurança da estação radio de transmissão da ilha. A partir dessa operação e de seus atos de bravura e coragem as tripulações do 160th SOAR passaram ser conhecidos como Night Stalkers, cujo lema se tornou, “Nunca desistimos”. Várias outras missões se sucederam, tais como: a infiltração do Delta Force em 1985 em Beiruti, Líbabo, após o sequestro do voo da TWA 847; a operação Earnest Will e Prime Chance em 1987 no Kuwait, após o pedido de ajuda desse país por estar atacado por tropas iranianas; a operação Mount Hope III em 1988 no Chad, África, para captura de um Mi24 Hind de origem russa, após ter sido abandonado naquele país; a operação Just Cause em 1989 no Panamá para libertação desse país e captura do ditador Manuel Noriega; durante a operação Desert Storm, quando os Estados Unidos liderando uma coalisão de países invadiu o Iraque para libertar o Kuwait em 1991; Operação Gothic Serpent em 1992 em Mogadisço, Somália, onde perderam dois UH-60 Black Hawk, esta missão ficou conhecida mundialmente como “ Falcão Negro em Perigo”; Operação Uphold Democracy em 1994 no Haiti, onde tiveram a missão de manter as estruturas estratégicas do governo haitiano e dar suporte as forças especiais que estavam empregadas no local; Operação Joint Endeavor em 1995 na Bósnia apoioando as forças da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte); 37 Em 2001, após o ataque terrorista do 11 de setembro, o 160th SOAR foi distribuído em várias partes do mundo, principalmente no centro e norte da Àsia, afim de ficar em condições de combater o terrorismo global, essa missão ficou conhecida como Global War onTerrorism; Também em 2001, precisamente a partir de 19 de setembro desse ano, o 160th SOAR passou a operar no Afegnistão e Paquistão conduzindo operações diretas, infiltrando e exfiltrando forças especiais, dando suporte as missões terrestres e resgatando soldados em perigo, essa operação se chamou Enduring Freedom; Operação Anaconda, lançada em março de 2002 no Afeganistão foi a missão com maior oposição do inimigo encontrado pelo 160th SOAR desde Mogadisço em 1993. Esta missão teve participação de várias tropas americanas, entre elas o SEALs, Rangers e Delta Force; Em janeiro de 2003 o 160th SOAR foi desdobrado no Iraque para participar da Operação que derrubaria o regime de Saddan Hussein, operação esta chamada de Iraqi Freedom; Em 2011, no Paquistão, uma das mais recentes missões e de maior repercursão mundial foi a Operação Neptune Spear, onde forças especiais americanas esterelizaram Osama Bin Laden. Todas as operações acima listadas são apenas uma pequena parte das numerosas missões que a aviação de operações especiais tomou parte. Ao longo de mais de 30 anos o 160th SOAR desenvolveu habilidades e técnicas que tornaram as missões dos operadores de forças especiais mais seguras e eficientes, transformando essa unidade de aviação no estado da arte na condução de operações especiais. Desta forma, o 160th SOAR veio a preencher um vazio que existia nas tropas americanas. Propiciando uma unidade com aeronaves e tripulações treinadas e capazes de cumprir as mais inimagináveis e difíceis missões até então realizadas e, principalmente integradas e conhecedorasdas tropas de superfície, as FOpEsp. 38 Figura 07 – Organograma atual do 160th SOAR Fonte: Militar Power magazines, página 31 6.3 MATERIAL UTILIZADO O Regimento de Aviação de Operações Especiais Americano (SOAR) conta basicamente com três modelos de aeronaves, sendo cada um específico para um tipo de missão. São eles: a) MH-6 e AH-6 Little Bird O MH-6 Little Bird é uma aeronave monomotor que pode atingir velocidades de até 175 Mph (281Km/h) e tem uma autonomia de três horas e vinte minutos, podendo chegar a cinco horas quando instalados seus tanques auxiliares. O Little Bird é capaz de transportar oito pessoas a bordo: piloto e co-piloto, bem como uma tropa de seis soldados. Uma de suas principais vantagens é justamente seu tamanho, 39 tornando facilmente transportado por outras aeronaves, como é o caso do C-141 da Força Aerea Americana que pode transportar até seis MH-6 ou o C-130 (que também existe no Brasil) que pode transportar até três MH-6. Esta aeronave tode ser configurada de diversas maneiras, como por exemplo o sistema FRIES (Fast Rope insertion/extration System) que possibilita a o desembarque rápido através cabos instalados na aeronave. O FLIR (Forward-looking infrared radar) é outro equipamento que pode ser instalado que possibilita imagens do terreno bem como de qualquer objeto sobre a superfície. Apesar de seu tamanho pequeno, o helicóptero conta com um arsenal considerável, entre eles estão um par de metralhadoras, dois AGM-114 Hellfire (mísseis guiados), uma metralhadora M230 e 14 Hydras com 70 mm de diâmetro. Como é esperado, o helicóptero é usado em situações que exigem grande velocidade, tornando-o em praticamente todas as missões, o primeiro helicóptero a ser empregado. Figura 08 – Aeronave AH-06 Little Bird Fonte: Militar Power magazines, página 89. b) MH-60 Black Hawk O MH-60 Black Hawk é um helicóptero de emprego geral com uma tripulação de quatro homens que pode transportar um destacamento inteiro de Forças Especiais, 40 podendo ser empregado em missões de reconhecimento, infiltração, exfiltração e suporte terrestre, sob as mais severas condições de meteorológicas. Possui uma autonomia de 2,3 horas de voo, podendo chegar até 8 horas de voo com a instalação de tanques auxiliares externos. Esta aeronave está em operação desde 1978 no Exército dos Estados Unidos. Desde então, já sofreu várias modernizações que o mantiveram como um helicóptero no estado da arte. Para as operações do 160th SOAR o MH-60 recebeu várias modificações, entre elas: capacidade de reabastecimento aérea, um sofisticado equipamento de navegação baseado em GPS e navegação inercial, além do sistema FLIR (forwar-looking infrared radar system). O Black Hawk em sua versão MH-60L DAP possui duas metralhadoras M134 7,62mm, dois lançadores de foguetes M261 com capacidade de 19 foguetes cada um, além de um canhão de 30mm que atira até 625 vezes por minuto, com um alcance de 4000 metros. Estes helicópteros podem ser transportados em aviões da Força Aérea Americana; seis no C-5A/B, quatro no C-17 e dois no C-141; em média sua preparação para embarque e desembarque nesses aviões são de duas horas. Por suas características o Black Hawk é o principal helicóptero do 160th SOAR. Figura 09 – Aeronave MH-60 Black Hawk Fonte: Militar Power magazines, página 90. 41 c) MH-47 Chinook O MH-47 Chinook é um helicóptero bimotor, com rotores em tandem, para transporte de cargas pesadas e modificado para missões do 160th SOAR. Possui capacidade de reabastecimento em voo, sistema de navegação baseado em GPS e Inercial, além de duas metralhadoras M134. Sua principal missão é infiltração/exfiltração, assalto aéreo e ressuprimento de times de forças especiais. Através da sua capacidade de voo com equipamentos de visão noturna esta aeronave pode operar sob condições hostis de voo, em baixa visibilidade e navegação de alta precisão. Com suas duas poderosas turbinas que proporcionam 4870HP cada uma, esta aeronave pode transportar mais de 12000kg de carga ou até 55 soldados. Dessa forma, o transporte dos materiais mais pesados e de equipamentos tais como jipes e botes de assalto dos times de forças especiais sempre é realizado pelo Chinook. Figura 10 – Aeronave MH-47 Chinook Fonte: Militar Power magazines, página 104. 42 6.4 COMPOSIÇÃO DAS UNIDADES Atualmente o 160th Regimento de Aviação de Operações Especiais (SOAR) é composto por quatro Batalhões de Aviação de Operações Especiais (SOAB), baseados em três diferentes cidades nos Estados Unidos (EUA) e possue cerca de 184 aeronaves: sendo 51 (cinquenta e um) AH/MH-6 Little Bird, 72 (setenta e dois) MH-60 Black Hawk e 61 (sessenta e um) MH-47 Chinook. 1/160th SOAR está baseado no Fort Campbell, Kentuchy, EUA. É composto por: Uma Companhia de Helicópteros de Ataque Leve (AH-6); Uma Companhia de Helicópteros de Assalto Leve (MH-6); Três Companhias de Helicópteros de Assalto Média (MH-60) e Uma Companhia de Manutenção de Helicópteros. 2/160th SOAR também está baseado Fort Campbell, Kentuchy, EUA. É composto por: Duas Companhias de Helicópteros de Assalto Pesada (MH-47) e Uma Companhia de Manutenção de Helicópteros. 3/160th SOAR está baseado no Hunter Army Airfield, Savannah, Georgia, EUA. É composto por: Uma Companhia de Helicópteros de Assalto Média (MH-60); Duas Companhias de Helicópteros de Assalto Pesada (MH-60) e Uma Companhia de Manutenção de Helicópteros. 4/160th SOAR está baseado no Joint Base Lewis-McChord, Tacoma, Washington, EUA. É composto por: Uma Companhia de Helicópteros de Assalto Média (MH-60); Duas Companhias de Helicópteros de Assalto Pesada (MH-60) e Uma Companhia de Manutenção de Helicópteros. 43 7 BATALHÃO DE AVIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS (FRA) 7.1 BREVE HISTÓRICO A Aviação Francesa é a mais antiga do mundo, se confundindo sua história com os primeiros voos da humanidade. Dentro do Exército Francês, a aviação é uma arma e não uma especialização. Sua estrutura está baseada em 4 (quatro) Regimentos de Aviação e suas duas escolas de formação. São eles: - 1º Regimento de Helicópteros deCombate(em Phalsbourg); - 3º Regimento de Helicópteros de Combate (em Étain); - 4º Regimento de Helicópteros das Forças Especiais (em Pau-Sauvagnon); - 5º Regimento de Helicópteros de Combate (em Pau-Sauvagnon); - Escola de Aviação Ligeira do Exército (em Le Cannet des Maures) e - Escola de Aviação Ligeira do Exército (em Dax). O Regimento de Helicópteros de Forças Especiais francês teve sua origem inicialmente com a criação de uma subunidade (Esquadrão) de helicópteros dedicada às forças especiais em 1994 e em 1997. Este Esquadrão recebeu mais meios se transformando em uma Unidade. Oficialmente é considerado a segunda data, 1997, como criação da aviação dedicada às forças especiais francesas. 7.2 MATERIAL UTILIZADO O Regimento de Aviação de Operações Especiais Francês (4HRTs) conta basicamente com 4 (quarto) modelos de aeronaves, sendo cada um específico para um tipo de missão. São eles: a) O SA342 Gazelle Viviane e Gazelle Mistral O Gazelle é um helicóptero de cinco lugares, utilizado para o transporte de cargas leves, escolta e de ataque leve. Ele é alimentado por uma única turbina e foi o primeiro helicóptero a utilizar o rotor de cauda tipo fenestron em vez de um rotor de cauda convencional. Desde que foi introduzido ao serviço em 1973, o Gazelle participou de inúmeros conflitos ao redor do mundo, incluindo a Síria durante a Guerra do Líbano de 1982, pela Ruanda durante a guerra civil de Ruanda, em 1990, e por numerosos participantes de ambos os lados da Guerra do Golfo de 1991. Na Aviação francesa, o Gazelle vem sendo substituido pelo helicóptero Tiger Eurocopter nas missões de ataque, mas permanece em uso principalmente como um helicóptero de 44 observação e de evacuação. É um helicóptero versátil que alcança velocidades acima de 292 km/h, além de ser equipado com mísseis anti-tanque HOT e com um canhão de 20mm. Também possui um sistema de imagens térmicas chamado de Viviane, por isso essa versão é chamado de Gazelle Viviane. Figura 11 – Aeronave AS 342 Gazelle Fonte: ˂http://www.planepictures.net˃. Acesso em:15 dez 2014. b) AS 532 Cougar/ Puma O Cougar é um helicóptero bimotor de multipropósito desenvolvido pela França. O AS532 é considerado uma versão melhorada do Puma. Necessita de uma tripulação minima de piloto e copiloto, podendo transportar até 20 soldados equipados ou uma carga de 4650 kg. Seu peso máximo de decolagem é de 9000kg, alcança uma velocidade de cruzeiro de 258 km/h e um alcance de 776km. Possui capacidade de voo com NVG o que permite voar sob quaisquer circustâncias de visibilidade. O Cougar pode ser equipado com metralhadoras montadas em casulos laterais e armamentos axiais como canhões de 20 mm ou lança-foguetes 2 x 19 – 2,75”. 45 Figura 12 – Aeronave AS-532 Cougar Fonte: ˂http://www.planepictures.net˃. Acesso em: 21 dez 2014. c) EC 725 Caracal O Caracal é um helicóptero biturbina médio, da classe de 11 toneladas, que permite o transporte de até 29 combatentes equipados e dois pilotos. O helicóptero tem capacidade de carregar, também, carga de combustível de 2.268 kg, o que garante uma autonomia de voo de até cinco horas. A aeronave conta com painéis de Liquid Crystal Display (LCD) – multifunções adaptados para missões com a utilização de óculos de visão noturna; possui dois motores Makila 2A, que permitem potência suficiente e segurança, graças a uma total redundância com duplo canal no sistema FADEC – Full Authority Digital Engine Control, que permite à aeronave um controle digital de combustível, inclusive com partida automática. Sua autonomia é de 909 km e uma velocidade de cruzeiro de 262 km/h. Esta aeronave pode cumprir todas as missões de transporte logístico, exfiltração e infiltração aéreas de tropa em área de difícil acesso para aeronaves de asa fixa. Pode, também, cumprir missões de busca e resgate; operações especiais; evacuação aeromédica; entre outras. O Caracal é aprovado para voar em qualquer parte do mundo durante o dia ou à noite, em condições de voo visual ou sob condições de voo por instrumentos, nas quais a visibilidade é baixa ou nula. Foi desenvolvido para operações de busca e salvamento, transporte de tropas, transporte de cargas internas 46 ou externas, evacuação aeromédica, voo de translado, além das missões que requerem a utilização de armamento.O EC 725 pode ser equipado com o seguinte armamento: 2 (duas) metralhadoras 7,62 milímetros FN MAG; 2 (dois) lançadores de foguetes laterais de 68 milímetros (2,75 "), cada um com 19 foguetes; 2(dois) canhões de 20 mm GIAT, além de possuir um receptor de alerta radar multi-funções Dassault Electronique EWR-99. Figura 13 – Aeronave EC 725 Caracal Fonte: ˂http://www.planepictures.net˃. Acesso em: 22 dez 2014. d) Tiger O Tiger é um helicóptero biturbina capaz de realizar uma ampla gama de missões de combate, incluindo reconhecimento armado e vigilância, anti-tanque e de apoio aéreo próximo, escolta e proteção; e pode operar durante o dia ou à noite, em todas as condições climáticas. Também pode ser usado no ambiente marítimo, capaz para operar a partir do convés de navios, incluindo embarcações de pequeno porte como fragatas. Possui altos níveis de agilidade, muito do que é atribuído ao projeto de seu 13 metros de quatro pás principal hingeless do rotor; o Tiger pode executar voltas completas e manobras G negativas, além de possuir uma autonomia de 800 47 km, chegando até 1300 km com uso de tanques externos, podendo alcançar uma velocidade de 290 km/h. Esta aeronave possue assento em tandem com painel "glass cockpit" e é operado por uma tripulação de dois homens; o piloto é colocado na posição para a frente e o artilheiro sentado atrás. Qualquer um dos membros da tripulação pode gerir os sistemas de armas ou os controles de vôo primários (mudança de papéis, se necessária). O Tiger é capaz de conduzir vários armamentos, incluindo foguetes, canhões, e uma gama de mísseis de ar-ar e ar-superfície, controlado através de um computador de controle de armas dedicado. Possue em seu nariz um canhão de 30 milímetros Montada Nexter turret; também possue uma variedade de pods arma externos, mísseis anti tanque, e até quatro lançadores de 70 milímetros e 68 milímetros foguetes pode ser montado em stub-asas do Tiger. Este helicóptero vem substituindo os SA 342 Gazelle nas missões de ataque. Figura 14 – Aeronave Tiger Fonte: ˂http://www.planepictures.net˃. Acesso em: 22 dez 2014. 7.3 COMPOSIÇÃO DA UNIDADE Atualmente o 4º Regimento de Helicópteros de Forças Especiais possue a seguinte composição: - 1 (um) Estado-Maior; 48 - 6 (seis) Esquadrilhas de Operações Especiais (EsqOpEsp): 1º EsqOpEsp equipada com 5 Cougar e 2 Puma; 2 º EsqOpEsp equipada com 12 Gazelle; 3 º EsqOpEsp equipada com 9 EC 725 Caracal; 4 º EsqOpEsp equipada com 5 Puma; 5 º EsqOpEsp equipada com 2 Puma e 6 º EsqOpEsp equipada com 4 Tiger. 49 8 PESQUISA DE CAMPO Foram realizadas perguntas direcionadas para oficiais forças especiais, comandos e oficiais pilotos no intuito de colher opiniões e dados sobre uma possível criação de um Batalhão de Helicópteros dedicados exclusivamente ao apoio de Operações Especiais. Responderam as seguintes perguntas 16 (dezesseis) oficiais forças especiais e comandos e 21 oficiais pilotos de helicópteros, onde foram obtidos os seguintes resultados: 1) Sobre a criação de uma Unidade Aérea de Helicóptero do EB, em GoiâniaGO, dedicada ao cumprimento de Operações Especiais, quais seriam os prós e contras? Prós: Adestramento: 55,6% Vínculos táticos: 29,6% Conhecimento recíproco: 14,8% Criação de procedimentos operacionais específicos: 11,1% Aumento do poder dissuasório do COpEsp: 7,4% Adequação de materiais: 7,4% Mobilidade da FOpEsp: 3,7% Boa infraestrutura da cidade sede: 3,7% Otimização da utilização da horas de voo: 3,7% Contras: Descentralização da logística/manutenção: 37,0% Descentralização dos meios aéreos: 33,3% Falta de PNR: 11,1% Subemprego da unidade aérea: 7,4% Desvalorização das outras unidades aéreas: 3,4% Dificuldade de formação de RH: 3,4%. 50 60 50 40 30 20 10 0 Prós Contras Vinculo tático Adestramento Procedimentos operacionais específicos Conhecimento recíproco Maior poder dissuasório Maior mobilidade Estrutura da cidade Sede Economia de horas de voo Falta de PNR Descentralização da Manutenção Falta de espaço no COpEsp Destinação dos meios Aé para outras missões Subemprego da U Aé Dificuldade de formação do RH Tabela 02 – Prós e Contra sobre a criação de um BAvEx dedicado às Op Esp Fonte: O autor. 2) Quais os ganhos operacionais o senhor acredita que o COpEsp teria ao possuir uma U Ae dedicada ao seu emprego? Maior adestramento: 59,3% Maior operacionalicade do COpEsp e da AvEx: 29,6% Maior conhecimento mútuo (integração):25,9% Manutenção das tripulações em missões especiais: 22,2% Criação de técnicas e táticas (Doutrina): 22,2% Maior segurança de voo nas missões especiais: 14,8% Melhor gerenciamento das horas de voo: 11,1% 51 Aeronaves dedicadas exclusivamente às operações especiais: 11,1% Maior flexibilidade do COpEsp: 3,7% Familiarização com a atividade aérea por parte do COpEsp: 3,7%. 70 60 50 40 30 20 10 0 Maior adestramento Maior operacionalicade do COpEsp e da AvEx Maior conhecimento mútuo (integração) Manutenção das tripulações em missões especiais Criação de técnicas e táticas (Doutrina) Maior segurança de voo nas missões especiais Melhor gerenciamento das horas de voo Aeronaves dedicadas exclusivamente às operações especiais Maior flexibilidade do COpEsp Familiarização com a atividade aérea por parte do COpEsp Tabela 03 – Ganhos Operacionais Fonte: O autor. 3) O senhor acredita que haveria a necessidade de algum adestramento específico, físico e/ou intellectual, para que as tripulações da AvEx operassem em apoio exclusivo ao COpEsp? Caso afirmativo qual(is) seria(am)? Não seria necessário: 40,7% Conhecimento da instrução especial: 40,7% Manobras específicas: 37,0% Técnicas de combate de infiltração e exfiltração: 18,5% Aprimoramento do uso do OVN: 7,4% Maior condicionamento físico: 3,7% Tiro embarcado: 3,7% 52 Realização de cursos combatentes pelas tripulações: 3,7%. 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Não seria necessário Conhecimento da instrução especial Manobras específicas Técnicas de combate de infiltração e exfiltração Aprimoramento do uso do OVN Maior condicionamento físico Tiro embarcado Realização de cursos combatentes pelas tripulações Tabela 04: Adestramento Específico. Fonte: O autor 4) Na sua opinião qual seria a melhor estrutura organizacional da unidade aérea vocacionada às operações especiais? Uma companhia de manutenção e suprimento: 69,2% Uma companhia de He Rec/Atq: 57,7% Um pelotão de He Rec/Atq: 7,7% Duas companhias de He de Emprego Geral: 61,5% Uma companhia de He de Emprego Geral: 19.4% Dois He de Emprego pelotões de Geral:7,7%. 53 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Uma companhia de manutenção e suprimento Uma companhia de He Rec/Atq Um pelotão de He Rec/Atq Duas companhias de He de Emprego Geral Uma companhia de He de Emprego Geral Dois He de Emprego pelotões de Geral Tabela 05 – Estrutura Organizacional Fonte: O autor. 5) O senhor acredita que para recepcionar uma unidade aérea, o COpEsp precisaria de alguma preparação em termos de instalações (excluindo o hangar da U Ae) Caso afirmativo, qual(is) seria(m)? Construção de torre de controle: 34,6% Bombeiro de aviação: 30,8% Alojamentos: 30,8% Estrutura de manutenção: 26,9% Posto de abastecimento de QAV: 26,9% PNR: 19,2% Pelotão de Comunicações de Aviação: 19,2%. 54 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Construção de torre de controle Bombeiro de aviação Alojamentos Estrutura de manutenção Posto de abastecimento de QAV PNR Pelotão de Comunicações de Aviação Tabela 06: Instalações Necessárias Fonte: O autor. 55 9 CONCLUSÃO O presente estudo abordou inicialmente as características e possibilidades do COpEsp e em seguida da AvEx, possibilitando ao leitor conhecer de forma sussinta as especificidades de trabalho destas tropas altamente especializadas do Exército Brasileiro. Em seguida foram abordados a criação da aviação dedicada às forças especiais dos EUA e da França. Estes casos dispuseram subsídios para a proposição de um batalhão de helicópteros dedicados exclusivamente às forças especiais brasileiras. Dessa forma, ficou evidente que para realidade brasileira exitem duas possibilidades de batalhões de helicópteros dedicados às forças especiais. A primeira, é a ideal, mas de díficil constituição dentro do atual contexto da Força Terrestre. A segunda possibilidade, mais coerente com a realidade. As duas atendem às condições de desenvolvimento de uma doutrina própria e adestramento do COpEsp. A possibilidade ideal seria um batalhão constituído aos moldes dos atuais BAvEx, com uma subunidade de helicópteros de reconhecimento e ataque, formada a três pelotões, sendo um de reconhecimento e outros dois de ataque. Todos equipados com aeronaves AS50 Esquilo. Uma segunda subunidade seria formada em por dois pelotões, a quarto aeronaves, sendo esta equipada por aeronaves MH-60 Black Hawk. A terceira subunidade seria formada por dois pelotões de helicópteros, a quatro aeronaves, sendo esta equipada por aeronaves EC 725 Caracal. Por ultimo, uma subunidade de suprimento e manutenção. Figura 15 – Organograma de um BAvEx ideal dedicado às OpEsp Fonte: IP20 – O Esquadrão de Aviação do Exército 56 A possibilidade mais coerente com a realidade atual, seria formada por dois pelotões de helicópteros. O primeiro pelotão seria formado por 5 (cinco) aeronaves AS50 Esquilo, os quais a semelhança dos AH/MH-6 Little Bird (EUA) e SA 342 Gazelle (FRA) fariam os mesmos tipos de missões. O Segundo pelotão seria formado pelos 4 (quatro) MH-60 Black Hawks disponíveis na AvEx. Da mesma forma que os Black Hawks do 160th SOAR e dos AS 352 Cougar do 4o Regimento de Helicópteros de Forças Especiais francês, este pelotão de helicópteros do batalhão brasileiro estaria em condições de atuar transportando pequenas equipes de operações especiais. Somando aos pelotões de helicópteros, uma subunidade de manutenção e uma subunidade de comando e apoio. Dessa forma, o novo BAvEx terá condições de treinar e aprimorar as capacidades das frações de Operações Especiais Brasileiras. Finalmente, as propostas apresentadas neste estudo vão ao encontro das demandas da Força Terrestre, capacitando, adestrando e desenvolvendo doutrina para ampliar a capacidade de projeção do EB. Figura 16: Organograma de um BAvEx realístico dedicado às OpEsp Fonte: O autor 57 REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – numeração progressiva das seções de um documento escrito – apresentação (ABNT NBR 6024:2003). Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 3 p. ECEME. Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME - Departamento de Pesquisa Pós-Graduação. Rio de Janeiro:2012. 36p. BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 1-30: Brigada de Aviação do Exército. 1. Ed. Brasília, DF, 2003. ______. Estado-Maior do Exército. IP 1-1: Emprego da Aviação do Exército. 1. Ed. Brasília, DF, 2000. ______.Estado-Maior do Exército. IP 1-29: Logística de Aviação do Exército. 1. Ed. Brasília, DF, 2003. ______.Estado-Maior do Exército. IP 1-21: O Batalhão de Manutenção da Aviação do Exército. 1. Ed. Brasília, DF, 2003. ______.Estado-Maior do Exército. IP 1-20: O Esquadrão de Aviação do Exército. 1. Ed. Brasília, DF, 2003. ______.Estado-Maior do Exército. IP 90-1: Operações Aeromóveis. 1. Ed. Brasília, DF, 2000. ______.Exército. Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Formatação de trabalhos acadêmicos. 2 ed. Rio de janeiro: ECEME, 2008. ______. ______.Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Elaboração de projetos de pesquisa na ECEME (ME 21-259). Manual Escolar, edição 2012. ______. Ministério da Defesa. MCA 55-10: Manual de Condução de Operações Aéreas. Brasília, DF, 2009. ______. Ministério da Defesa. EXÉRCITO BRASILEIRO. ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO: EB 20-MF-10.103: OPERAÇÕES. 4ª Edição, Brasília, DF, 2014. ______. Ministério da Defesa. EXÉRCITO BRASILEIRO. ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO: EB 20-MC-10.212: OPERAÇÕES ESPECIAIS. 2ª Edição, Brasília, DF, 2014. ______.Estado-Maior do Exército. Manual de Fundamentos EB20-MF-10.103. Operações. 4 ed. 2014. 58 EUA. Department of the Army. Aviation Brigades. FM 3-04.111. 2003. EUA. Department of the Army. Army Aviation. FM 1-100. 1997. EUA. DOCTRINE FOR JOINT SPECIAL OPERATIONS. Disponível em: www.fas.org/irp/doddir/dod/jp3-05.pdf. Acesso em: 10 de março de 2014. EUA. Military Power. Night Stalkers. Ed Steve Gansen and Lindsay Hitch. 2005. EUA. Time Magazine. Special Ops. The hidden world of America´s toughest warriors. 2011. FRANÇA. ALAT 34-331. Manuel D’Emploi Du Regiment D’Helicopteres Des Forces Speciales. 2010. Ministere De La Defense. LEITE COSTA, Fábio. A adequação Estrutural da Aviação do Exército frente às novas demandas dissuasórias propostas pelo sistema integrado de monitoramento de fronteiras – SISFRON. 2013. 69 f. Trabalho de conclusão de curso (Curso de Altos Estudos Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2013.