Fev 2008 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Transcrição

Fev 2008 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
Cordeiro Nobre e Carne VPJ:
qualidade acima de tudo
Feinco 2008
Encontro de oportunidades
Os projetos Cordeiro Nobre e Carne VPJ são uma boa amostra de como se
produz carne ovina para mercados selecionados. Ainda que muito diferentes na
sua concepção, os projetos atuam desde o fornecimento da genética, orientações
nas fases de cria, recria e engorda, sem esquecer o controle de qualidade do
produto final - a carne que chega às gôndolas dos supermercados.
Uma das principais mostras ovinas deste primeiro
semestre em nível de Brasil, a Feinco promete,
desde já, grandes emoções para toda a comunidade
de ovinocultores. Realizada de 11 a 15 de março
em São Paulo, SP, a feira vai reunir centenas
de criadores, que vão apresentar em torno de 4
mil animais. Em parceria com a Aspaco, a Arco
vai receber criadores, orientar para registros e
realizar um encontro envolvendo as associações de
criadores do País.
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Página central
Santa Inês se multiplica
A carne ovina
e o coração
saudável
Produtora de carne
magra, a raça Santa
Inês foi desenvolvida
no Nordeste brasileiro,
teve seu padrão definido
em 1967, mas hoje é
criada em praticamente
todos os estados
do País
A interminável discussão
carne x colesterol ganha
um novo ingrediente. Neste
artigo, dois cardiologistas
indicam que o consumo
regular de carne ovina
contribui para manter
equilibrados os os níveis de
colesterol LDL (mau) e HDL
(bom). Isto porque a criação
de ovinos a pasto favorece a
formação de ácidos graxos
insaturados, que não são
nocivos à saúde humana.
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fev-mar/08
O ciclo do cachorro
querendo pegar o próprio rabo
O ARCO JORNAL
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ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES
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V
ai ano e entra ano e a
ovinocultura brasileira em geral continua
enfrentando um velho problema. Não consegue aumentar a
oferta de carne, pele e outros
produtos. Não consegue organizar-se como uma verdadeira
cadeia produtiva na qual todos
os elos participam e trabalham
para o bem comum do setor. E não consegue fazer uma sincera autocrítica sobre todos estes problemas e quem são os
responsáveis por resolvê-los definitivamente, para que possamos avançar para novos estágios dentro da atividade.
Ao longo de todos os anos que lido com ovinos e, desde que assumi a presidência da ARCO, sempre ouvi uma
pergunta. Por mais respostas, não trazem o resultado esperado, o de fazer a ovinocultura evoluir. Sempre que há
uma reunião ou encontro de produtores aparece a angústia
de como é possível aumentar o consumo da carne e seus
subprodutos. E, via de regra, pedem que a ARCO comande
algum movimento. Quando isto acontece, não consigo deixar de ter o sentimento de que continuamos, infelizmente, e
isto vale para todo o Brasil, como o cachorro que quer pegar o próprio rabo. Nunca consegue e nunca aprende que é
impossível. Mas continua no mesmo círculo vicioso.
Não estou afirmando aqui que não há soluções e caminhos para o problema. Há e muitas delas já foram tomadas. Outras estão sendo encaminhadas com sucesso,
como é o caso do programa do Sebrae, o Aprisco (Apoio a
Programas Regionais Integrados e Sustentáveis da Cadeia
Produtiva da Ovinocaprinocultura), por exemplo. Mas há
coisas, e não posso deixar de pensar nelas, que cabem a
nós, produtores, fazer. Há tarefas que fazem parte daquela
autocrítica a que me referi anteriormente e das quais não
podemos mais fugir sob pena de mantermos este círculo
vicioso Ad Infinitum. Olhemos para a nossa atividade com o espírito crítico
de alguém que vem de fora. Há quantos anos temos arraigado em nossas mentes e transmitimos aos quatro ventos
que a ovinocultura só dá trabalho e não dá dinheiro? E há
quantos anos temos tirado parte da nossa renda com esta
atividade? Ora, se consideramos mesmo que a ovelha não
dá retorno, por que continuamos? Se vemos que ela é uma
parte importante da nossa renda, por que não paramos de
Editorial
repetir esta velha e surrada frase? Porque não é somente
uma frase. Junto a ela vem uma atitude antiga de não considerar a ovinocultura como um negócio tão importante como
a bovinocultura, avicultura ou a agricultura. Com esta atitude, relegamos nossos rebanhos a um plano secundário,
não dando o valor que merece, sem a mesma importância
da criação de gado.
E se temos este pensamento vivo, não buscamos que nosso rebanho tenha a mesma eficiência produtiva que temos
no gado de corte ou na agricultura. Prova disto é que os
índices de desmame nos rebanhos giram em torno de 60%.
Mudar isso não é difícil. Claro, passa primeiro por uma mudança interna, pessoal, da visão que se tem sobre o negócio ovinocultura. Passa por perguntar por que se deixam
morrer 40% dos cordeiros nascidos. Queremos aumentar o
consumo de carne e outros produtos ovinos. Sim. Mas para
isto precisamos aumentar o rebanho, a fim de aumentarmos
a oferta de carne ao consumidor.
E como? Podemos, por exemplo, manter a preocupação
de termos pelo menos um cordeiro vivo por ventre. Fazer
análises reprodutivas do nosso rebanho para - assim como
fazem nos bovinos de corte - descartarmos desde cedo, animais que não têm eficiência reprodutiva. Podemos - e devemos - usar todas as tecnologias disponíveis que nos ajudem
a ver quais os pontos fortes e quais os fracos do nosso rebanho, do nosso manejo e do nosso controle financeiro.
Enfim, creio que para elevarmos a ovinocultura a um
patamar de negócio rentável é preciso mudar uma série de
conceitos e atitudes nossas. Precisamos acreditar mais na
atividade, porque se nós não acreditamos não valerão os
esforços que a ARCO tem feito junto a todas as autoridades que definem as políticas para o setor, para convencê-los
da nossa importância no composto do agronegócio. Penso
firmemente que se queremos quebrar o círculo do cachorro
com seu rabo, precisamos mais do que nunca, e rapidamente, fazer primeiro e bem feito, o tema de casa. Em seguida,
tomarmos o controle do negócio ovinocultura para que juntos, sem esperarmos pelos outros ou por alguma entidade,
discutamos propostas e projetos para o setor. Mas muito
mais do que discutir - afinal já fazemos isto há anos - temos
que tomar as decisões e fazê-las acontecer. Está mais do
que na hora de rompermos estas amarras que nos prendem
e sairmos para concretizar o nosso sonho: o de termos uma
ovinocultura forte e rentável para todos. Boa Leitura! ●
Paulo Schwab - Presidente da ARCO
3
fev-mar/08
Notícias
Conselho Técnico faz
alterações para Expointer
Em recentes reuniões do
Conselho Deliberativo Técnico
da Associação Brasileira dos
Criadores de Ovinos, ARCO,
ficou decidido que só poderão
participar da Expointer, na categoria RGB, ovinos das raças
exóticas (raças que não têm
origem no Brasil) registrados
como PROV II ou PROV III.
O conselho definiu também que
não haverá alteração para a qualificação mínima de animais das
raças nacionais (Crioula, Santa
Inês, Cariri, Morada Nova, Bergamascia Brasileira e Somális
Brasileira) que irão participar
do evento. Em outra decisão,
a pedido da associação de criadores, foram alterados os pesos
mínimos dos ovinos da raça
Poll Dorset para a participação
na Expointer, ficando estabelecidos os seguintes:
borregos - 80 kg;
carneiros - 110 kg;
borregas - 60 kg;
ovelhas - 70 kg.
Segundo o presidente do
Conselho, Araquen Dutra Telles, atendendo solicitação da
Associação Brasileira de Criadores de Dorper encaminhada
pela Superintendência do Registro Genealógico, foi ainda aprovado que os ovinos Dorper e
White Dorper serão registrados
em livros separados, adotandose portanto a mesma sistemática
utilizada na África do Sul, país
de origem dos Dorper. ●
Pará é uma nova fronteira
para ovinos
O Pará é um dos mais novos estados a dar incremento
na ovinocultura, dentro do
Brasil. Segundo o presidente da Associação Paraense
de Criadores de Caprinos e
Ovinos, Joel Rodrigues Bitar
da Cunha, o predomínio no
rebanho é da raça Santa Inês,
sendo que são encontrados
hoje animais cruzados com
a raça Texel e com a Dorper,
com o objetivo de produção
de cordeiro para abate. Conforme diz, mesmo com toda
a extensão territorial, é um
estado que não tem quantidade, volume de ovinos, mas
tem qualidade, fruto de uma
criação em menor escala,
com pequenos produtores na
atividade.
Os serviços de estatísticas do Governo dizem que a
maior concentração de criatórios está no sul do Pará, em
Redenção, muitos com rebanhos que vão de 100 a 200
cabeças. “Mas há também
investidores, mesmo quem
não é da pecuária, que estão
iniciando a criação de ovinos
porque vêem boas perspec-
tivas no negócio”, destaca
Joel. Para ele a atividade está
precisando de maior suporte
do governo estadual, com a
criação de políticas públicas
e programas de incentivos à
criação. “Mesmo que fosse
somente com extensão rural,
para auxiliar aos criadores a
crescerem na atividade e ela
se tornar forte como deve
ser”, assinala.
Para o técnico da ARCO no
Pará e também criador, Valdemir Cardoso, a ovinocultura no Estado precisa ser trabalhada com mais seriedade,
para elevá-la a condição econômica de importância. Ele
conta que na região de Castanhal já aconteceram duas feiras com expressiva presença
de animais e criadores. Para
ele isto mostra que a ovinocultura tem possibilidade de
atrair cada vez mais adeptos.
“Para se ter uma idéia, só no
ano passado entraram cerca
de 4 mil animais importados
do Sergipe para incrementar
a nossa genética. Então tem
gente muito interessada na
atividade”, finaliza. ●
Registro Genealógico:
notificação de coberturas
Procedimentos a serem observados ao emitir a Notificação de Cobertura: •Duração do Período de Cobertura: Noventa dias (90)
com intervalo de 30 dias
quando da troca de carneiros
pais;
•Data de envio para a ARCO:
no máximo até um (1) mês
após a data do término da
cobertura;
•Deve ser específica e exclusiva para produtos PO e PC;
•Quando a Notificação for de
Inseminação Artificial com
sêmen congelado é necessário anexar:
* Relatório de processamento do sêmen;
* Nota de compra (quando
comprado);
* Termo de doação (quando
doado).
• Quando a notificação for de
transplante de Embrião é necessário anexar:
* Relatório de processamento dos embriões;
* Relatório de transplante;
* Notificação das receptoras (identificadas);
* Nota de compra (quando
comprados);
* Termo de doação (quando
doados).
Obs: Os relatórios de processamentos de sêmen congelado e embriões devem ser
obrigatoriamente assinados
por médicos veterinários credenciados junto ao MAPA.
Procedimentos a serem observados ao emitir Notificação
de Nascimento:
•Data de envio para a ARCO:
no máximo até 5 meses após
a data do último nascimento.
•Deve ser específica e exclusiva para produtos PO e PC.
•Deve ser específica e exclusiva para: Transplante de
embriões, inseminação artificial ou monta natural.
•Quando notificar os produtos
de transplante de embriões,
deve informar ta mbém as
receptoras. ●
Formulários para download
Para realizar o registro on-line, fazer pedidos e encaminhar
avisos, o criador deve utilizar
os formulários incluídos no site
da ARCO – www.arcoovinos.
com.br – menu Formulários.
Todos os formulários estão no
padrão do Word 97, com a impressão para modelo carta.
Ao enviar notificação de
nascimentos e/ou notificação
de coberturas o criador deverá
criar sua própria numeração
para a ficha, e segui-la rigorosamente.
Como proceder:
Clicar com o botão direito
sobre o formulário desejado
e selecionar a opção <Salvar
como>, recomendamos salvar
na pasta onde costuma salvar
seus documentos do Word.
Como enviar:
- Não aceitamos formulá-
rios via fax.
- Correios: Associação Brasileira de Criadores de Ovinos - Av. 7 de Setembro, 1159
- Bagé/RS - CEP 96400-901.
- e-mail: arquivo anexado [email protected]
Observe que em alguns formulários é necessária a assinatura e/ou documentos anexos,
sendo assim só poderão ser enviados via Correios.
Formulários disponíveis:
- Proposta de Novo sócioAutorização de Transferência
- Notificação de Cobertura
- Notificação de nascimento
- Anexo Complementar da
Notificação de Nascimento ●
Instituições se unem para fortalecer
ovinocultura em São Paulo
Segundo a Secretaria da
Agricultura, o rebanho paulista de ovinos, que em 1995/96
era de 440 mil cabeças e 9.252
propriedades, atualmente é de
mais de 1 milhão de matrizes
e 12 mil propriedades. Absorver esse aumento de produção
não deverá ser um problema,
mas os principais gargalos são
o manejo inadequado, a falta
de mão-de-obra especializada,
informações técnicas pulverizadas, alto custo de produção,
falta de padrão na carcaça ausência de associativismo.
Para combater estes problemas, o Instituto de Zootecnia
(IZ), da Secretaria de Agricultura paulista, criou o Programa
de Consolidação da Ovinocultura, visando fortalecer a assis-
tência a pequenos criadores e à
cadeia produtiva, evitando que
erros simples de manejo levem
à desistência de uma atividade
de grande potencial no estado.
Entre os objetivos, está a
criação de um programa único
para São Paulo. A Secretaria
tem várias unidades de pesquisa em todo o estado, sendo que
o IZ será o coordenador dessas
pesquisas em relação aos ovinos, enquanto as unidades regionais focarão em pesquisas
que sirvam às características de
cada região. Outro objetivo é
aproximar as unidades de pesquisa do produtor e da cadeia
produtiva, que cresce rapidamente.
Outras instituições também
estão atuando para melhor es-
truturar o setor de ovinocultura,
como a Associação Paulista de
Criadores de Ovinos (Aspaco),
que, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SP), idealizou um curso de formação de
mão-de-obra em ovinocultura.
Para contornar o número reduzido de frigoríficos inspecionados, que aumenta a distância
entre a fazenda e a indústria, a
solução seria a formação de um
confinamento coletivo, reunindo animais de vários produtores, com lotes maiores e menor
custo de frete. A terminação
coletiva dos animais permitiria
melhor padronização da carcaça, aumentando o poder de
negociação dos produtores e
diluindo custos fixos.●
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fev-mar/08
Economia
A
ovinocultura nacional
tem, atualmente, incentivos para o desenvolvimento do setor, disponibilizados através de programas
de investimento agropecuário do governo federal. Deste
modo, os produtores rurais
(pessoas físicas ou jurídicas e
cooperativas), podem captar
recursos destinados à melhoria
de seus rebanhos, com financiamentos acessíveis junto às
instituições financeiras privadas e estaduais, credenciadas
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (Bndes).
O engenheiro agrônomo
Cristiano Costalunga Gotuzzo,
assessor autônomo em projetos de financiamentos para
ovinos, orienta o produtor para
detalhes que precisam ser observados na hora de realizar
qualquer tipo de empréstimo.
“Independente do número de
matrizes adquiridas, caso seja
esse o objetivo do financiamento, não se deve gastar mais
de 30% do dinheiro em infraestrutura. Para garantir lucratividade, é preciso destinar 70%
ou mais para a compra dos animais”, afirma.
Para 300 ventres mais a
infra-estrutura e reprodutores,
serão necessários aproximados R$ 40 mil de empréstimo.
“Assim, estima-se que em um
ano a produção chegará a 150
cordeiros, o que permitirá pagar o financiamento, desde
Linhas de crédito para a ovinocultura
Para garantir
lucratividade,
é preciso
investir no
mínimo 70%
na compra de
animais
que, adverte o engenheiro, o
criador tenha a opção de realizar, por exemplo, o engorde do
rebanho para que haja capital
de giro”.
Ele faz uma simulação aproximada dos custos anuais para
saldar esta conta. Com algumas variações, pois o período
de carência é longo, o produtor
deverá pagar R$ 8,5 mil e mais
R$ 2 mil de juros ao ano. Gotuzzo conclui dando ênfase à
idéia de que com um bom planejamento o criador tem tudo a
ganhar, “o financiamento deve
ser entendido como um investimento, como uma oportunidade que vai propiciar natural
incremento na produção e lucratividade para o criador”.
Linhas disponíveis
As linhas de crédito têm
base em programas como o de
Modernização da Agricultura e
Conservação de Recursos Naturais (Moderagro), Programa
de Incentivo ao Investimento
no Agronegócio (Investiagro)
e o Programa de Desenvolvimento do Agronegócio (Prodeagro). Além de estimularem a
aquisição de matrizes e reprodutores, os programas trazem
alternativas para que o criador
construa e modernize benfeitorias, melhore as pastagens,
compre insumos, equipamentos e unidades de tratamento
dos dejetos e os necessários ao
suprimento de água e alimentação. É importante lembrar
que haverá concessão de mais
de um crédito ao mesmo tomador, no caso do Moderagro,
dentro do prazo de vigência
do incentivo que é até 30 de
junho 2008. Já o Investiagro
tem vigência estipulada até
31 de dezembro. Os encargos
financeiros dessas transações
apresentam custos com TJLP;
remuneração do Bndes de 3%
ao ano e da instituição finan-
ceira variável até 3% ao ano.
Os prazos para pagamento
variam entre seis meses a oito
anos com carência de um a três
anos, dependendo da modalidade do financiamento.
Conforme o superintendente do Banco do Brasil, Ary Joel
Lanzarin, a instituição oferece
crédito com os programas Proger Rural Investimento e Pronaf Investimento, destinados à
compra de tratores, máquinas,
aquisição de matrizes, infra-estrutura de produção e serviços.
Lanzarin informa que o Proger
Rural concede R$ 100 mil por
beneficiário com 100% de financiamento e prazo de pagamento de oito anos, carência
de três anos. O encargo financeiro atinge 6,5% ao ano. Já o
Pronaf, linha de financiamento para a agricultura familiar,
destina valores que variam dos
R$ 18 mil até os R$ 60 mil,
com 100% de financiamento e
prazo para quitação de 10 anos
com carência de três. As taxas
bancárias variam dos 2% aos
5,5% ao ano.
Assessoria técnica
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater), no Paraná, é uma
daquelas alternativas que está
à disposição do futuro investidor que tem dúvidas quanto
ao melhor modo de aplicar os
recursos do empréstimo. “A
Emater é um órgão facilitador
que busca planejar, coordenar
e executar programas de assistência técnica para aumento da
produção e da produtividade
agropecuária”, define o engenheiro agrônomo, Odilon da
Costa.
Especificamente para as linhas de crédito à ovinocultura,
a entidade formula projetos,
com relação às demandas do
criador, para que sejam apresentados às instituições financeiras e, posteriormente,
realiza o acompanhamento e
orientação técnica. “Assim, o
produtor sente-se seguro e dificilmente cometerá erros muito comuns para aqueles que
abrem mão de algum tipo de
assessoria”, enfatiza o engenheiro. Com as mesmas políticas de ação, Santa Catarina
com a Epagri, o Rio Grande
do Sul com a Emater, Minas
Gerais com a Epamig e Goiás com a Emater, entre outras,
também disponibilizam apoio
aos pecuaristas. ●
Divulgados primeiros dados do Censo Agropecuário
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou os primeiros dados
do censo agropecuário referentes à ovinocultura. Segundo o levantamento, realizado
em 2006, o rebanho brasileiro
de ovinos é de 13,857 milhões
de cabeças. Houve um crescimento de 2% comparado ao
censo de 1995/1996 e uma redução de 14%, comparada há
vinte anos. Em termos de estabelecimentos, os que criam
ovinos chegam a 435.697.
Importante ressaltar que uma
mesma propriedade pode ter
várias culturas e lavouras,
temporárias ou permanentes,
ou seja, uma mesma proprie-
dade pode criar ovinos e caprinos, mas foi contada apenas uma vez.
Segundo o IBGE o rebanho ovino do RS caiu 34,5%
nos últimos 10 anos, e 60%
nos últimos 20 anos. A Bahia
continua no topo do ranking,
apresentando um crescimento de 22% no rebanho, comparado ao censo 95/96, com
um total de 4,8 milhões de
animais e concentra mais de
96 mil propriedades trabalhando; o estado de São Paulo
cresceu 75% no rebanho ovino mesmo com um número
absoluto de ovinos abaixo de
600.000 animais; o DF, com
sua pequena extensão terri-
Rebanho ovino brasileiro é de
torial, teve um incremento
de 308% no rebanho ovino.
Pará e Mato Grosso confirmaram em números o que todos
já comentavam: um crescimento, nos últimos 10 anos,
de 109%, já o Mato Grosso
teve um incremento de 671%
14 milhões de cabeças
nos últimos 20 anos, o maior
no período, seguido por Rondônia (367%), DF (280%)
e Acre (113%), revelando o
crescimento já detectado em
parte da região Centro-Oeste
e Norte do país. Roraima,
estado “novato” no setor,
tem o maior rebanho médio de caprinos: 39 animais
por estabelecimento, à frente da Bahia (37) e DF (33).
Bahia, Piauí, Ceará, Pernam­
buco e Paraíba, juntos, detém
82% do total do País. O maior
rebanho médio de ovinos é
do Rio Grande do Sul, com
79 animais por propriedade,
seguido do DF (65 animais) e
Mato Grosso do Sul, com 46;
a maior concentração de ovinos continua no RS, com 24%
do rebanho nacional, seguido
pela Bahia (19,2%) e o Ceará
(11,2%); o Piauí apresenta a
proporção mais próxima entre
ovinos e caprinos: 47,5% de
ovinos e 52,5% de caprinos. ●
5
fev-mar/08
Notícias
Feinco abre novas oportunidades
para a ovinocultura
Entre os dias 11 e 15 de
março, a capital paulista se
transformará no principal centro de discussões e negócios da
ovinocaprinocultura. É quando
acontece a 5ª edição da Feira
Internacional de Ovinos e Caprinos (Feinco 2008), maior
evento indoor deste mercado
na América Latina, que será
realizada no Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia
dos Imigrantes, km 1,5), em
São Paulo.
A edição 2008 da feira pretende superar o faturamento
em leilões obtido em 2006.
Em 40 mil m2, o evento reunirá mais de 4 mil animais de
elite de criadores de todo o
País. Cerca de 20 raças estarão
presentes no local, demonstrando o potencial genético da
ovinocaprinocultura brasileira, que hoje detém o 8º maior
plantel do mundo. Entre as
novidades da edição deste ano
estão as exposições nacionais
das raças Dorper e Boer e o II
Campeonato das Américas da
Raça Santa Inês.
co contará com Lounge Bahia,
espaço criado para homenagear o Estado da Bahia, detentor do maior rebanho da raça
Santa Inês do País. Além de
fomentar o setor, a feira será
também um centro de troca de
conhecimento para criadores,
pesquisadores e indústria. Para
isso, palestras e cursos serão
realizados com o objetivo de
Feinco será principal feira nacional de ovinos do semestre
Nos corredores da Feinco,
200 expositores integrantes dos
diversos elos da cadeia apresentarão as últimas novidades
do setor, que possibilitará ao
pecuarista conhecer e adquirir
produtos e serviços dedicados
ao aprimoramento do rebanho.
Além da negociação direta dos
ovinos e caprinos em exposição, o criador poderá adquirir
genética de ponta nas pistas de
leilões da feira. Até o momento, 13 remates já estão confirmados.
Para esta edição, são esperados mais de 25 mil visitantes, vindos do Brasil e do
exterior. Entre os espaços de
destaque, a Cozinha Interativa
será uma vitrine gastronômica
dentro da feira. Quem passar
pelo local, poderá acompanhar
o preparo de pratos refinados
sob a batuta de chefs renomados, que darão dicas de preparos e informações culinárias
dos produtos de origem ovina
e caprina, incluída degustação
dos pratos. Além disso, a Fein-
oferecer intensa informação
aos participantes. Destaque
para o III Congresso Internacional Feinco, que neste ano
será realizado durantes três
dias e divido em duas programações específicas, uma sobre
mercado e gestão e outra para
aspectos técnicos,
Mais informações: www.
feinco.com.br.
ARCO presta serviços
e realiza encontro
A diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) decidiu que irá participar da Feinco, Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, que se realiza entre 11 e 15 de
março, em São Paulo, SP, de uma forma mais pro ativa.
Segundo o presidente da entidade, Paulo Schwab, a ARCO
terá um espaço físico definido, em conjunto com o estande
da Aspaco, Associação Paulista de Criadores de Ovinos, no
qual serão prestados serviços na área de registro, consulta de
animais e outras informações sobre a ovinocultura.
Também está definida a realização de um encontro com todas as Associações Estaduais de Criadores, a fim de debater
temas diversos da ovinocultura. “Vai ser o primeiro encontro
em nível nacional e creio que vai servir para unificarmos a
luta pelo setor”, assinala Schwab. ●
6
fev-mar/08
Reportagem
Cordeiro Nobre: elo entre produtor e indústria
Por Luciana Radicione
O
difícil mercado de
compra e venda de
ovinos, velha realidade do setor, parece estar com os
dias contados. Pelo menos na
região de Rio Verde, em Goiás.
É lá onde há pouco mais de três
anos foi criado o Projeto Cordeiro Nobre, iniciativa que tem
como premissa a garantia de
compra de animais de criadores
de qualquer região do País, sem
a necessidade de exclusividade
na entrega do produto.
O projeto Cordeiro Nobre,
vinculado ao Frigorífico Margen, empresa com unidade de
abate em Rio Verde, nasceu da
necessidade de ampliar a oferta
de carne de cordeiro qualificada
no mercado interno. “Fazemos
a ponte entre os produtores e a
indústria”, explica a idealizadora do projeto, Verena Maria
Bannwart Suaiden. Criadora de
Ile de France e Texel em Piraju, interior paulista, e ciente das
dificuldades dos colegas em colocar sua produção no mercado,
Verena arregaçou as mangas e
apostou forte na iniciativa que
hoje resulta na entrega de animais padronizados, com excelente peso para abate, garantia
de procedência e, principalmente, que obedece às exigências do
mercado consumidor.
Agilidade no processo de
cria, recria e engorda define bem
o trabalho tocado em conjunto
pelo Cordeiro Nobre e Margen.
Animais com 120 dias, em média, e peso entre 30 e 35 quilos
(carcaça média de 16 quilos),
são adquiridos pelo Cordeiro
Nobre para serem abatidos semanalmente, numa escala que
já chegou a 1.400 cordeiros/mês
registrados em junho do ano
passado. Os que ainda não estão
prontos para abate permanecem
no confinamento com capacida-
de para 2.500 cabeças, situado
em propriedade ao lado do frigorífico. Porém, antes desta etapa os animais são submetidos a
um rigoroso controle sanitário
para adequação do peso ao padrão exigido pelo frigorífico.
O resultado desse trabalho
pode ser conferido nas gôndolas: pernil, paletas, bistecas e
costelas prontos para atender
a clientes com gosto apurado.
“Todo o trabalho é feito em
conjunto e envolve o repasse de
orientações técnicas aos nossos
produtores, para que eles produzam mais e melhor, de acordo
com o que o mercado quer”, salienta Verena.
Enquanto o Cordeiro Nobre
faz a classificação dos animais, o
Frigorífico Margen é o responsável pelo abate e distribuição dos
cortes padronizados em diversos
pontos do mercado brasileiro,
num ciclo constante de compra e
venda. O diferencial, neste caso,
está no fato de que grandes indústrias não costumam comprar
diretamente do produtor.
Embora o projeto seja nacional, as taxas interestaduais para
a compra dos animais restringem a aquisição de localidades
distantes, com exceção do mercado da Bahia, que não cobra
impostos na comercialização
com Goiás. A estratégia dos outros estados é taxar a venda para
segurar a produção no mercado
doméstico. “Em função dessa
pauta, atualmente compramos
num raio de mil quilômetros de
Rio Verde”, afirma Verena.
O dólar em baixa, cenário que
se arrasta desde julho de 2007,
tem impactado na remuneração
dos produtores parceiros e no
volume de animais adquiridos
pelo Cordeiro Nobre. Enquanto o ápice dos negócios foi de
1.400 cabeças/mês no ano passado, hoje em dia a média mensal de aquisição não ultrapassa
700 cabeças. “Está entrando
muita carne do Uruguai, o que inviabiliza grandes volumes
de compras, já que o
produto entra no País
a preços muito mais
competitivos”, salienta a empreendedora.
Para o criador, o
aumento das importações uruguaias refletiu
diretamente no bolso.
Dos R$ 3,00 pagos
pelo quilo vivo antes da bolha
norte-americana, agora quem
entrega para o Cordeiro Nobre
recebe R$ 2,50 kg/vivo livre de
frete. A queda, no entanto, não
desanimou os criadores que
desde o início apostaram na iniciativa e estão conseguindo colocar parte de sua produção no
mercado goiano a preços remuneradores.
Com a palavra,
quem produz
A Fazenda Granja Baylão,
de Rio Verde, é uma das fornecedoras de matéria-prima para o
Cordeiro Nobre. A ovinocultura
na propriedade de Emílio Baylão nasceu praticamente junto
com o projeto. Foi aí que o criador vislumbrou a possibilidade
de ganhar mercado com a sua
produção, hoje formada por mil
matrizes das raças Santa Inês e
Dorper. O planejamento na ovinocultura é feito a longo prazo na
propriedade. A meta do criador é
chegar a 2 mil matrizes até o final do ano e incrementar a produção voltada para descarte. Até
março/abril deste ano outros 500
borregos irão se somar ao plantel
e incrementar a venda da Granja
Baylão. “Neste ano quero comercializar até 70 animais por mês”,
anuncia o criador. No ano passado, a média mensal de entrega
Programa
produz animais
padronizados,
bom peso de
abate, garantia
de procedência
e põe
qualidade na
mesa do
consumidor
era de apenas 20 exemplares.
Uma das vantagens da parceria
com o Projeto Cordeiro Nobre,
na opinião de Emílio Baylão, é a
proximidade com o comprador,
além do fato de ser incentivado
a comercializar apenas produtos
de qualidade, altamente precoces
e dentro dos padrões técnicos e
sanitários exigidos pelo Margen
Cordeiro Nobre e consumidores.
“Tenho volume e qualidade para
oferecer, o que resulta em uma
carne de cordeiro de excelente
qualidade para o mercado”, ressalta o criador. No entanto, ele
lamenta o aumento das importações do produto, o que vem reduzindo a margem de lucro nos
últimos meses.
O vai-vem dos preços, entretanto, não inibiu a tomada de
decisões que visa reduzir o tempo do ciclo produtivo. Recentemente, Baylão implantou um
novo manejo na sua propriedade, baseado na nutrição a pasto: sal e capim para as ovelhas,
com suplementação apenas no
pós-parto. O creep-feeding, suplementação com ração balanceada, foi a alternativa adotada
para a nutrição dos borregos,
que com 25 quilos já entram em
confinamento. “Para concorrer
no mercado da ovinocultura é
preciso se diferenciar e ter qua-
lidade. Por isso, forneço apenas
animais turbinados, prontos
para o abate”, salientou.
Criador de Santa Inês e
Poll Dorset há cinco anos, o
agroempresário Mario Nagao
comercializa parte de sua produção para o projeto Cordeiro
Nobre, e vê na parceria, uma
oportunidade de ter seu produto final reconhecido pela indústria e consumidores da região.
Com propriedade em Inhumas,
interior goiano, ele conta que o
início na ovinocultura de corte
não foi fácil. “Não havia comprador certo, o que dificultava
uma produção em escala”. Atualmente a venda atinge 100 cabeças/mês, com possibilidade
de entrega em outros Estados,
especialmente em São Paulo,
sede da Gaasa Alimentos, empresa tocada por Nagao.
As vantagens
• Orientação técnica de manejo e alimentação
• Orientação na compra de reprodutores e matrizes para
o desenvolvimento genético
do rebanho
• Compra garantida durante
todo o ano
• Palestras
• Treinamento de mão-de-obra
qualificada ●
Jornalista
7
fev-mar/08
Reportagem
Por Nelson Moreira
Projeto de integração atrai
criadores de todo o País
Valdomiro
Poliselli Jr.
A
certeza de ter um comprador para os cordeiros, com preços préestabelecidos e regras bem definidas, via contrato, é um dos
principais atrativos oferecidos
pelos idealizadores de projetos
de integração empresa - criador
de ovinos. Um programa que se
inspira nos mesmos princípios
de integração que as empresas
de frangos e suínos estabeleceram com os produtores. A
empresa fornece a genética, os
técnicos de campo que acompanham e orientam os produtores
e depois, compra toda a produção de cordeiros inscritos neste
projeto.
Um dos projetos que estão
sendo realizados é conduzido
pela VPJ Pecuária, de Jaguariúna, São Paulo. Segundo o
diretor-presidente do grupo,
Valdomiro Poliselli Júnior, o
programa trabalha com animais
meio-sangue Dorper, com mínimo de 30 kg e máximo de 40 kg
de peso vivo, com idade inferior a 150 dias. Poliselli afirma
que os produtores recebem um
“plus” de 15% acima do preço
de mercado para sangue Dorper,
baseando-se na média de preços em 3 (três) frigoríficos da
região. A empresa cobra 2,5 kg
por animal para pagar do uso da
genética Dorper VPJ.
Conforme o empresário, foram abatidas e industrializadas
pela VPJ Beef, uma das empresas do grupo, cerca de 18.000,00
(dezoito mil) cabeças de cordeiros no último quadrimestre
do ano de 2007. A previsão é
aumentar o número de animais
Programa
VPJ utiliza
animais
meio-sangue
Dorper, com
mínimo de 30
kg e máximo
de 40 kg de
peso vivo
abatidos e industrializados conforme segmento da demanda.
Atualmente mais de 30 criadores distribuídos nos estados do
Rio Grande do Sul, Goiás, Mato
Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul, participam da integração.
“Criamos um empreendimento que está levando a carne
ovina para um maior número de
consumidores, realizando todo
o processo, da produção aos restaurantes”, explica Poliselli.
Opinião dos Criadores Para Elisabeth Bittencourt, da
Estância do Rincão, de Dom
Pedrito, a decisão de entrar
neste projeto aconteceu porque
ele apresenta alguns requisitos
importantes para o produtor; a
estabilidade de um contrato de
médio prazo com garantia de
compra dos produtos, o sistema
de apoio que se recebe e também
a possibilidade de diversificar a
atividade dentro da propriedade. Já Luciane Giacon, da Fazenda Terra Nova, de Rio Verde, Goiás, participa com mais
6 criadores pela primeira vez
do projeto. Ao todo, disponibilizaram cerca de 7 mil matrizes
Santa Inês, para cruzarem com
Dorper VPJ. Ela diz que o sistema de integração com empresa
não é novidade para alguns do
grupo, pois trabalham em conjunto com uma agroindústria de
suínos que atua na região.
Para Luciane, investir na ovinocultura foi uma opção para
diversificar as atividades das
fazendas e aproveitar a disponibilidade de comida que existe. “Somos produtores de grãos
e, com isso, conseguimos fazer
uma integração lavoura-pecuária que nos dá um execelente
retorno. A criadora afirma que é
o primeiro ano de atuação com
a VPJ e para ela o fato da empresa estar mais organizada no
processo todo dá tranqüilidade
para trabalhar. “Nosso processo
vai ser um pouco diferente da
maioria, pois pedimos para ficar
com as fêmeas meio-sangue, a
fim de termos matrizes para desenvolver cruzamentos”, afirma
Rebanho
geral tem
cruzamento
Dorper
Luiz Fernando Farias integra o programa VPJ
Matrizes Dorper da VPJ Pecuária
Luciane.
Novato nas lides com a ovinocultura - inclusive freqüentando cursos para se aperfeiçoar no assunto - Marco Antônio
Rodrigues da Silva, arrendou 48
hectares em São Sebastião da
Grama, São Paulo, para investir em ovinos, porque percebeu
que o mercado de carne está em
franco crescimento. Para ele
que investiu pesado, construindo confinamento e irrigando
pastagem, participar de uma integração é evitar ficar ao sabor
do mercado, procurando quem
compre os cordeiros na hora da
safra. “Já fizemos seis entregas
de cordeiros e estamos bem satisfeitos com os resultados”, assinala.
O médico e pecuarista Luiz
Fernando Farias, dono da Fazenda Paraíso, em Piratini, Rio
Grande do Sul, também ressalta
este fato de não ficar ao sabor da
vontade dos frigoríficos ou da
sazonalidade de consumo para
ter bons preços nos cordeiros.
“Por isto aderi à idéia da integração”, diz, acrescentando que,
com este tipo de programa, tem
preço fixo e venda certa, todo o
ano. Ele destaca que a base do
rebanho é Corriedale e que “no
cruzamento com a raça Dorper
os cordeiros se aprontaram um
pouco mais cedo e são mais
rústicos”, assinala. Outro ponto
que ele destaca é que a partir do
momento em que o processo de
encarneiramento é controlado, facilita no manejo do rebanho, porque concentra a parição. Luiz Fernando disse que normalmente tem
100% de desmama e que no final,
com os preços pagos pela integração, acaba tendo um bom retorno
na atividade. “Na safra passada
eu coloquei 170 ovelhas no programa, este ano vou aumentar”,
antecipa. ●
Jornalista
8
fev-mar/08
Notícias do brete
E
m clima de comemoração, da 24ª Feovelha – Feira e Festa
Estadual da Ovelha -, realizada de 24 a 27 de janeiro em
Pinheiro Machado, RS, teve a
presença de 10.300 animais,
com vendas que atingiram
R$ 1.217.892,00. Realizada
no Parque de Exposições do
Sindicato Rural daquele município da Fronteira Sul Gaúcha, a Feovelha teve a
participação das raças
Merino
Australiano,
Ideal, Corriedale, Border Leicester, Romney
Marsh, Ile de France,
Texel, Suffolk e Hampshire Down.
Em meio às discussões sobre o crescimento do abigeato e da falta
de mão-de-obra qualificada, as vendas tiveram
bom incremento, com destaque para a raça Ideal, que
apresentou crescimento de
30% em número de animais
e 62% em valores, na comparação com 2007. No leilão
de animais registrados (raças
diversas), 355 produtos tatuados foram negociados pelo
total de R$ 309.285,00.
Além de apresentar produtos animais de alta qualidade –
o maior número de inscrições
nos últimos oito anos, destacou o presidente do Sindicato
Rural de Pinheiro Machado,
Max Soares Garcia, “durante a Feovelha, o público de
cerca de 50 mil visitantes
pôde degustar pratos típicos
da culinária ovina nos restaurantes instalados no Parque
Charrua, além de acompanhar
uma série de eventos”. Paralelamente à exposição e venda
de animais, foram realizadas
Feovelha - sucesso com
venda de 10 mil animais
Sucesso no
número de
inscritos nas
vendas e no
comparecimento
de público
e autoridades
Acima, secretário da Agricultura do RS, João Carlos
Machado, com o presidente da Feovelha, Max Garcia
a 21ª Comparsa da Canção,
19ª Feira do Artesanato em
Lã, 8ª Vinovelha, 7ª Mostra
da Indústria e Comércio, 14º
Encontro de Carros Antigos,
Etapa Estadual de Veloterra,
além de provas campeiras que
integram a gineteada e crioulaço.
A 24ª Feovelha teve apoio
da Emater, Prefeitura Muncipal, com patrocínio do Grupo
Votorantim, Banrisul, BRDE,
CRM , Sicredi, CEEE, Paramount, Caixa RS, Banco do
Brasil, Sebrae, Frigorífico
Mercosul, Cordeiro Herval
Premium e Go­­­­verno do Estado.●
Leilão negocia 539 ovinos
em Santana do Livramento
Com a comercialização de 539 ovinos da raça Corriedale, o IV Remate da Cabanha La Esperanza e Estância Artigas, realizado em Santana do Livramento, no dia
23 de janeiro, totalizou R$ 141.875,00.
Nos valores médios fixados em pista, as borregas
saíram por R$ 180,00, os carneiros em R$ 475,00, borregos SO a R$ 791,00, borregas SO a R$ 202,50, as RD a
R$ 180,00, os carneiros SO a R$ 2.000,00, ovelhas a R$
180,00 e os borregos SO rústicos se venderam à média
de R$ 614,15. ●
Leilão Texel Surgida e Rio Pintado
fixa valor top de R$ 50 mil
A venda de 50% do reprodutor Surgida 265, que foi o
grande campeão Texel da Expointer 2007 (uma das mais
importantes e maiores exposições agropecuárias do País),
foi o negócio top da segunda
edição do Leilão Texel Surgida e Rio Pintado, realizado
em 10 de janeiro, na pista do
restaurante internacional do
Parque de Exposições Assis
Brasil, em Esteio, RS.
A oferta foi selecionada pela Cabanha Surgida,
propriedade de Erivon Silveira de Araújo, Rio Pardo,
RS, e Cabanha Rio Pintado, de Túlio Pinto Filho, de
Itaqui, RS.
A disputa de lances pelo
grande campeão da Expointer
alcançou os R$ 50 mil, pagos
pelo criador José Roberto Sobral, da Fazenda Três Sinos,
em Santos, SP. Agora o reprodutor permanece até março na Surgida, produzindo
mais 100 prenhezes, e depois
segue para São Paulo, onde
participa da Feinco. Ele também fará temporada de monta na Três Sinos. E em maio
retorna ao Sul para se preparar para mais uma Expointer.
Ainda jovem, o macho tem
toda uma vida reprodutiva
pela frente.
O remate negociou 51
animais por R$ 237.250,00,
fixando média geral de R$
3.565,00. Foram ofertadas
em pista 36 fêmeas PO, pela
média de R$ 3.983 e 10 fêmeas RGB, pela média de R$
1.920,00. Mas foram os machos que esquentaram a pista,
fazendo média de R$ 14.650.
A organização do pregão
ficou por conta da leiloeira
Knnor Remates, com o comando do martelo a cargo
do leiloeiro Eduardo Knnor.
Os pagamentos foram feitos
em 20 parcelas (2+2+2+14)
ou com 15% de desconto á
vista. ●
9
fev-mar/08
Notícias
Nova Zelândia tem sinais de
melhora no setor ovino
Os produtores de ovinos
da Nova Zelândia, após um
dos períodos mais difíceis dos
últimos anos, especialmente
durante o último trimestre de
2007, estão agora passando
por uma fase de recuperação.
Com o registro de febre aftosa em Surrey, na Inglaterra, bem como a descoberta
da doença da língua azul no
começo de setembro, grande parte do Reino Unido não
está podendo exportar carne
de cordeiro para a Europa.
Os preços caíram, com o mercado de animais vivos caindo
para pouco menos de 80 peni
(US$ 1,57) por quilo - um
retorno que foi totalmente incompatível para gerar qualquer tipo de lucro, mesmo para
os produtores mais eficientes.
Neste período do ano passado, o mercado de cordeiros do
Reino Unido foi afetado por
uma grande entrada de produtos da Nova Zelândia, que
resultou em uma importante
depressão nos preços do Reino Unido. As importações são
um fator vital para a indústria e, além disso, são parte
considerável na manutenção
do consumo de carne de cordeiro em um período em que
a oferta britânica está baixa.
No ano passado, a Nova Zelândia exportou quase 75 mil
toneladas de carne de cordeiro ao Reino Unido. Entretanto, o grande problema foi o
aumento neste comércio de
13% durante os primeiros seis
meses de 2007. A indústria
ovina britânica, então, passou
a tentar impedir que isso se
repetisse nos outros meses do
ano. Durante o último trimestre de 2007, as exportações
neozelandesas de carne de cordeiro ao Reino Unido caíram
em 23%, com a maioria deste
produto sendo desviada para a
França, mercado onde o produto britânico está excluído.
Entretanto, isso agora deverá mudar, de acordo com o
presidente do Meat and Wool
New Zealand), Mike Peterson. “O mercado de carne de
cordeiro do Reino Unido tem
mostrado sinais de fortalecimento, tanto em termos de
preços ao produtor como na
demanda do consumidor e
agora é a hora de voltarmos
e fazermos nossa presença
Rebanho ovino
dos EUA continua caindo
Em janeiro de 2008, o rebanho ovino dos Estados Unidos
totalizava 6,06 milhões de cabeças, 2% a menos do que no
ano anterior, de acordo com
dados do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publicados no site
do Meat and Livestock Australia (MLA). O rebanho caiu nos
dois últimos anos e teve queda
de 45% nos últimos 20 anos.
O número de animais de cria
caiu 2%, para 4,51 milhões de
cabeças, e o número
de ovinos adultos comerciais e cordeiros
caiu levemente. A safra de cordeiros em
2007 foi de 4,05 milhões de cabeças, um
pouco menor que a de
2006. A taxa de parição em 2007 foi de
110 cordeiros por 100 ovelhas,
1% a menos que em 2006.
A contínua queda no número
de ovinos nos EUA sugere um
declínio na produção doméstica de carne de cordeiro em
2008. Com a demanda doméstica devendo se manter firme
para carne de cordeiro (apesar
da desaceleração econômica),
a demanda por carne de cordeiro importada da Austrália
e da Nova Zelândia deverá aumentar. ●
ser sentida mais uma vez”.
No entanto, a boa notícia é que
a Nova Zelândia parece estar
mais sensível a uma perspectiva mais ampla de mercado:
uma redução no comércio de
carne de cordeiro no Reino
Unido inevitavelmente resulta em baixos preços para a
Nova Zelândia. Além disso,
o dólar neozelandês é uma
desvantagem comercial distinta contra a libra esterlina.
Isso significa que o Reino
Unido pode exportar compe-
titivamente para a França a
preços que a Nova Zelândia
está lutando para acompanhar.
Peterson chegou a essa conclusão comercial após uma
série de reuniões e discussões
comerciais durante os últimos
meses de 2007. A Associação
Nacional de Ovinos do Reino Unido e a Quality Meat
Scotland também participaram dessas negociações que
incluíram uma visita à Nova
Zelândia. O consenso foi que
a indústria ovina de ambos os
Após anos difíceis produtores estão em fase de recuperação
países seria melhor servida por
um grau maior de colaboração.
Durante essas reuniões, uma
queixa dos produtores foi com
relação à diferença entre o preço que recebem por sua carne
de cordeiro e o preço cobrado
pelos supermercados. Entretanto, também foi comemorado o fato que durante as 52
semanas de 2007, as compras
de carne de cordeiro aumentaram quase 10% com relação
ao ano anterior. A atual proporção de famílias comprando
carne de cordeiro, de acordo
com dados do Meat and Livestock Comission, aumentou
em 3%, enquanto os gastos
totais aumentaram em 9%.
Com relação ao comércio, durante os primeiros 11 meses de
2007 as importações britânicas aumentaram em mais de 2
mil toneladas, para 108,52 mil
toneladas, enquanto as exportações declinaram de 77,725
mil toneladas para 58,641 mil
toneladas. A reportagem é do
MeatPoultry.com.
Em 15/02/08 - 1 Libra
Esterlina = US$ 1,96698
0,50839 Libra Esterlina =
US$ 1. ●
Mercotexel:
Leilão valoriza animais de cabanha
Os ovinos tatuados PO multiplicadores de genética
- roubaram a cena e fizeram
boa figura no 10º Leilão Mercotexel, realizado no parque
do Sindicato Rural de Santana do Livramento, RS, no dia
19 de janeiro. Promoção do
Núcleo Santanense de Criadores de Texel, com apoios
da prefeitura de Livramento
e da Farsul/Senar, o Merco
Texel registrou a venda de
um macho PO, de tatuagem
1043, arrematado por R$
16.800,00. Foi o exemplar
mais valorizado do pregão.
Apresentado pelo criador Claudino Loro (Cabanha Santa Orfila, de S. do
Livramento), o borrego foi
adquirido em parceria por
dois consagrados seleciona-
dores, à base de 50%: Erivon
Aragão, titular da Cabanha
Surgida, de Rio Pardo, RS,
e Túlio Pinto, proprietário
da Cabanha Rio Pintado, de
Itaqui, RS. A meta é a utilização da nova genética no
aperfeiçoamento dos plantéis
dos dois estabelecimentos.
Nas fêmeas PO, o valor
médio dos negócios foi de
R$ 2.245,52. As tatuadas
RGB se venderam à média
de R$ 980,00 e as SO obtiveram média de R$ 360,00.
Já entre os machos, a média
alcançou R$ 4.610,53 para
os produtos PO, R$ 2.030,00
para os RGB e R$ 500,00
para os SO. O faturamento
total do pregão fechou em
R$ 177.620,00, abaixo das
expectativas dos organizado-
res do evento, que comercializou 85 animais, na maior
parte tatuados PO.
O coordenador da feira e
atual vice-presidente do Núcleo Santanense de Criadores
de Texel, Marcelo Fontoura
Guerra, atribuiu o baixo interesse por animais RGB e SO
de campo à realização, anterior à feira, de vários leilões
particulares, que acabaram
por pulverizar as demandas
por animais do evento, apesar do elevado nível genético apresentado este ano. “Já
estamos nos reunindo para
encontrar novos rumos a este
consagrado evento”, sinalizou o dirigente, que toca
o núcleo juntamente com o
presidente, Cláudio da Fontoura Arteche. ●
10
fev-mar/08
Artigo
Por Débora Assis Barbosa
O
problema
O sucesso de uma
estação de monta
bem realizada, com o emprego de tecnologias de produção como a monta controlada,
a monta dirigida, o flushing e
o efeito macho, pode ir por
água abaixo caso o produtor
se esqueça que não basta a
fêmea estar prenhe e esquecer-se dos cuidados durante a
gestação.
O abortamento é a perda
do feto em qualquer fase da
gestação, porém é mais comum nos últimos 2 meses.
Muitos fatores podem levar
à interrupção de uma gestação saudável, e uma taxa de
aborto entre 1,5 a 2% é considerada excelente, e até 5% é
uma taxa comum. Entretanto
o produtor deve ficar atento, já que quando um agente
infeccioso é introduzido em
um rebanho suscetível, os
abortos ocorrem em surtos,
acometendo até 20-30% das
ovelhas prenhes.
A ocorrência de um aborto é a ponta do iceberg, visto
que é apenas parte de uma série de problemas reprodutivos
causados por agentes infecciosos ou por doenças metabólicas que levam à infertilidade, reabsorção embrionária
e cordeiros fracos - esses sim
grandes problemas que somados podem levar a atividade
ao naufrágio.
Na primeira parte do artigo identificaremos as causas
e sintomas dos principais
agentes causadores de abortamento, e na segunda parte
abordaremos o tratamento e
controle de abortamento em
ovelhas.
As causas
Dentre os fatores não infecciosos temos como causadores de abortos as pancadas,
brigas entre animais, doenças
metabólicas, desnutrição e
ingestão de plantas tóxicas.
Porém na maioria das vezes
esses fatores ocasionam abortos esporádicos, e não levam
a surtos.
Já agentes infecciosos,
esses sim levam a surtos, e
entre os vários que levam ao
Aborto em ovelhas - Principais causas
aborto, os principais são Toxoplasma gondii (Toxoplasmose), Chlamydia psittach
(Aborto Enzoótico) e Campylobacter fetus (Vibriose),
sendo que em cada região um
deles representa o principal
agente de aborto, como por
exemplo a Toxoplasmose no
norte dos Estados Unidos, a
Vibriose na região oeste do
mesmo país e o Aborto Enzoótico na Inglaterra. Entre
as causas menos comuns de
aborto estão a leptospirose e
a Brucella ovis.
Aborto enzoótico
Chlamydia psittach
O aborto enzoótico também ocasiona a perda do feto
no último mês de gestação,
embora pode se manifestar
tão cedo quanto aos 100 dias
de prenhez. É uma doença
contagiosa, subaguda, caracterizada por febre, aborto e
pelo nascimento de cordeiros fracos. A doença, além de
aborto, pode também causar
pneumonia, ceratoconjuntivite, poliartrite, epididimite e
diarréia.
A transmissão ocorre durante o período de parição ou
abortos. Ovelhas infectadas
eliminam no meio ambiente
grande quantidade de Chlamydia viáveis junto com a
placenta, fetos e líquidos
fetais. Os microorganismos
contaminam o alimento e a
água, infectando ovelhas sadias através do tubo digestivo
ou pelas vias respiratórias. O
acúmulo de ovelhas em galpões de parição favorece a
transmissão. A infecção de
ovelhas entre 30 e 120 dias
de gestação leva a placentite, alterações fetais e nascimento de cordeiros fracos.
O contágio em ovelhas no
último mês de gestação não
leva ao aborto e a infecção
desse grupo de animais, assim como de borregas ou cordeiras pode resultar em infecção latente que resultará em
aborto na próxima gestação.
Estudos têm mostrado que
um grupo reduzido de ovelhas pode albergar a bactéria
no intestino delgado, e dessa
forma, excretá-lo pelas fezes,
tornando-se fonte de infecção
Leptospirose,
Toxoplasmose,
Chlamidia são
alguns agentes
que podem
atingir
o rebanho
A ocorrência de abortos em taxas de até 5% é considerada normal, mas é preciso cuidado com agentes infecciosos que podem
elevar os abortos para índices entre 20 e 30%, tornando-se um
problema grave. Em resumo, os prejuízos tornam-se irreversíveis
para outros ovinos. Carneiros
podem também adquirir infecção intestinal, mas embora
o organismo possa atingir os
órgãos genitais e infectar o
sêmen, não há evidência que
o macho tenha importância
na transmissão da doença.
O aparecimento da doença pela primeira vez em um
rebanho leva a ocorrência de
25 a 60% de abortos, sendo que nos anos subseqüentes a taxa tende a ser menor,
entre 1 5%, isso porque as
ovelhas que abortam tornam-se resistentes à doença.
A única forma segura para
não introduzir a doença no
rebanho é a compra de borregas de rebanhos livres da
infecção ou que tenham sido
monitorados através de exame sorológico. Em outros países têm sido usadas vacinas
inativadas com bons resultados.
Toxoplasmose Toxoplasma gondii
A toxoplasmose é causada
por um protozoário que causa abortamento, mumificação
fetal, natimortos e nascimento de cordeiros fracos. Os
gatos têm importância fundamental na transmissão da
toxoplasmose, visto que as
gatas, após se infectarem ao
ingerir pássaros ou roedores
infectados, transmitem a infecção aos seus filhotes, que
excretam oocistos de T. Gondii através das fezes. As ovelhas se infectam através do
consumo de alimentos e água
contaminados com oócitos
excretados pelos gatos infectados. A menos que sejam
imunodeprimidos, os gatos
manifestam doença aparente
apenas quando filhotes.
Ovelhas infectadas antes
do acasalamento em geral
não abortam. Fêmeas infectadas 30 a 90 dias após o
acasalamento normalmente
apresentam morte fetal com
reabsorção ou mumificação.
A maior parte dos abortamentos ocorre quando a infecção
se instala na metade final da
gestação. A prevalência de
abortamento no rebanho é
baixa, mas pode variar de 3
a 50%.
Leptospirose
Comparado com outras espécies domésticas, os pequenos ruminantes são menos
suscetíveis à leptospirose. Os
sintomas da doença incluem
anorexia (falta de apetite), febre, icterícia intensa, sangue
na urina (urina com coloração marrom), sinais nervosos
e ocasionalmente morte.
Vários sorotipos de Leptospira interrogans são consi-
derados como causadores de
abortamento, porém os mais
comuns em ovinos incluem
hardjo, bratislava, pomona e
icterohaemorrhagica. O aborto ocorre no terço final da
gestação.
Vibriose –
Campylobacter
Ovelhas com Vibriose
abortam durante as últimas 6
a 8 semanas de gestação, ou
dão à luz cordeiros fracos ou
natimortos. Após o primeiro
aborto a ovelha adquire imunidade à doença, que é transmitida após a ingestão dos
microorganismos pela fêmea
através do contato com feto,
placenta ou secreções vaginais infectadas. A bactéria
também pode ser disseminada pelo intestino (através das
fezes) de ovelhas portadoras
que permanecem persistentemente infectadas e ocasionalmente por cães que comeram
feto abortado. Embora possa
ocorrer abortamento em 70 a
90% das fêmeas do rebanho,
geralmente levam a taxas inferiores a 20% em rebanhos
infectados enzooticamente. ●
* Artigo originalmente publicado no portal FarmPoint.
Médica Veterinária da ANPOVINOS, do Confinamento
Onda Verde e facilitadora de
Oficina Sebraetec.
11
fev-mar/08
Artigo
Por dr. Edmundo Torres Neto 1
e dr. FábioAlves Torres 2
A
s doenças cardiovasculares são a
maior causa de morte na população brasileira mundial. E a angina
de peito é a sua manifestação mais freqüente. O infarto agudo do miocárdio tem
causado a morte de cerca de um milhão de
pessoas por ano no Brasil. Entre os fatores
de risco coronariano, os mais importantes
e significativos são a diabete, a hipertensão arterial, o tabagismo, a história familiar, a obesidade, a obesidade abdominal,
o sedentarismo, o “stress” e, em especial, a
dislipidemia, isto é, o aumento dos teores
sanguíneos do colesterol, dos triglicerídeos
e do LDL (sigla em inglês da lipoproteína
de baixo peso molecular).
É sumamente importante, na revisão
periódica que deve ser feita nos níveis dos
lipídeos sanguíneos, ter-se em conta os tipos de gorduras e seus valores máximos
tolerados a fim de evitar o depósito da íntima das artérias e a conseqüente, formação
das “placas de ateroma”, que, quando nas
artérias coronarianas (artérias que irrigam
o coração), produzem infarto do miocárdio
e, com freqüência, o óbito.
Os níveis adequados devem ser os seguintes: colesterol total até 200 mg/dl; LDL
até 130mg/dl; triglicerídeos até 150mg/dl;
HDL acima de 40 mg/dl.
Este último é o vulgarmente chamado de
colesterol bom, por que tem a propriedade
de diminuir a possibilidade de formação de
placas de ateroma na íntima das artérias,
assim como o exercício físico, o hábito de
ingerir moderadamente vinho tinto e dieta
baixa em gordura saturada, fazem elevar o
HDL, que é uma lipoproteína de alto peso
molecular responsável pela “limpeza das
artérias”.
Tipos de Gorduras:
- Gorduras saturadas – presente em carnes gordas, laticínios e coco. Eleva o LDL,
o colesterol total e também o HDL (colesterol bom);
- Gorduras mono-insaturadas - presentes em azeite de oliva, abacate e amendoim. Reduz o LDL (nocivo) e o colesterol
total;
- Gorduras transaturadas (hidrogenadas) – presentes na batata frita, margarina,
biscoitos amanteigados, manteiga. Reduz
o HDL (bom), eleva o L.D.L. e o colesterol
total. É importante salientar que o aquecimento transforma a gordura insaturada em
saturada, por essa razão as frituras são prejudiciais;
As gorduras são transformadas por diversos tipos de ácidos graxos. Entre as
gorduras saturadas, poderíamos citar o
ácido butírico, o ácido capróico e o ácido
palmítico, ácidos estes com cadeias curtas
de carbono (até 16 carbonos), aqueles que
aumentam importantemente os índices de
colesterol. Isto ocorre principalmente por
somente apresentarem ligações químicas
simples entre os átomos de carbonos. As
gorduras monoinsaturadas e polinsaturadas
são compostas por uma ou mais ligações
duplas entre os carbonos, sendo representadas, entre outros, pelos ácidos oléico e li-
A carne ovina e o coração
nolêico, com 18 carbonos na cadeia, estes
sim favoráveis ao bom colesterol (HDL)
e não ao LDL Estes dois tipos de ácidos
graxos estão presentes na carne ovina. O
ácido ômega 3, também preconizado como
protetor coronariano, é importante componente da gordura da carne de pescado.
Colesterol
O colesterol favorece a oxidação do
endotélio vascular e da placa ateromatosa,
sendo produzido no fígado a partir dos ácidos graxos (gorduras saturadas de cadeia
curta com até 16 átomos de carbono) e do
próprio colesterol dos alimentos. Os ácidos
graxos com 18 (C-18) ou mais átomos de
carbono não são colesterogênicos, entre os
quais, referimos novamente os ácidos olêico e linolêico. Justamente estes estão presentes na gordura da carne ovina de forma
significativa.
Quanto mais insaturados forem os ácidos graxos, menor a formação de colesterol. Sugere-se que para evitar a formação
da placa ateromatosa, deva-se ingerir, no
máximo, 20 gramas de gordura saturada
por dia, estas sim, responsáveis pela formação de placas de ateroma nas artérias.
Por outro lado, o colesterol é necessário para a construção das membranas celulares (fosfolipídios) e para o transporte
de vitaminas liposolúveis, como a D e a
E responsáveis pela fixação do cálcio nos
ossos (D) e pela fertilidade (E). Também
o colesterol é o responsável pela produção
de hormônios, além da formação da bile,
com importante papel na função digestiva.
O colesterol somente existe em produtos
animais. Outros tipos de gordura são transformados em colesterol no fígado. O excesso de consumo de colesterol e gorduras
saturadas está ligado, pois, à aterosclerose
e à formação de cálculos biliares. A ingesta diária de colesterol deve ser de até 200
mg.
Carne, Indústria de soja
e “Fast-food”
A carne, em especial a vermelha, tem
sido objeto de propaganda negativa, sendo
associada especialmente às doenças cardíacas, pela formação de ateroesclerose, às
doenças neoplásicas (câncer) e às intoxicações. Não é referido, entretanto, que a
carne é uma importante fonte de energia
(de até 30% do total), proteínas e aminoácidos essenciais. É também fonte de
ferro, elemento essencial na formação de
glóbulos vermelhos, fósforo e vitaminas. A
indústria da soja, por exemplo, faz grande
propaganda de seus óleos, omitindo que
seus produtos, uma vez aquecidos, (frituras) se transformam em gordura saturada
(hidrogenada). Hoje, se acredita que um
importante fator da hipercolesterolemia
nos EUA são também os “fast-food” e as
grosseries (pastelaria, doces gordurosos,
batatas fritas, biscoitos amanteigados,
margarinas, salgadinhos e outros produtos
de padaria). Estudos demonstram que estes
produtos reduzem o HDL (colesterol bom)
e elevam o LDL e o colesterol total. É
importante dizer-se que deve ser ingerido
para uma boa alimentação, 200g de proteína de carne vermelha por dia, equivalente
a dois grelhados.
Colesterol nos Alimentos
O ovo de 200g de colesterol, mas pouca gordura saturada, o que é favorável em
termos de formação da placa ateromatosa.
A carne ovina, a cada 100g, tem até 100mg
de colesterol. A carne de peito de frango,
a cada 100g, tem 60mg de colesterol. O
grande problema desta carne é a gordura
acumulada subcutânea (embaixo da pele).
A carne de peixe, a cada 100g, tem 80mg
de colesterol. Portanto, o maior problema
das carnes são as quantidades ingeridas,
uma vez que é tolerada e, até necessária,
a ingesta de até 20g de gordura saturada e
200mg de colesterol.
Gordura Saturada
nos Alimentos
Em cada 100g de carne bovina de Nelore, existem 3g de gordura saturada, enquanto na carne bovina de raça européia, 8g. A
mesma quantidade de carne ovina tem de
4 a 6 g de gordura saturada. A manteiga de
50g de gordura saturada a cada 100g do
produto. Quanto a diferenças entre bovinos
e ovinos, a carne de zebuínos tem um pouco
menos gordura saturada e colesterol que os
ovinos. Entretanto, estes têm maior teor de
gorduras insaturadas C-18 (ácidos graxos
com 18 átomos de carbono), representadas
pelos ácidos olêico (monoinsaturado) e linolêico (poliinsaturado). Os ácidos graxos
C-18 também estão associados ao melhor
sabor e aroma da carne. Por esta razão, a
carne do Corriedade é mais saborosa em
virtude da composição de sua gordura ser
mais rica em ácidos graxos. Tanto os caprinos quanto os ovinos mais velhos tem
em sua composição mais ácido capróico,
que é um ácido graxo saturado de cadeia
curta, portanto favorecendo a formação da
placa ateromatosa e fator determinante da
conhecida “catinga”, mau odor característico da carne ovina e caprina.
Fatores Determinantes
da Composição da Gordura
na Carne
A criação a pasto favorece a formação
de ácidos graxos insaturados, que não são
nocivos. A idade também influencia, sendo que, quanto maior a idade do animal,
maior a quantidade de gorduras saturadas
e colesterol, embora aumente a produção
de ácido olêico e linolêico, que são favoráveis. O sexo, também tem influência,
pois fêmeas tem maior potencial de ácido
olêico em sua gordura (favorável). Por outro lado, o corte também tem importância,
uma vez que o quarto (pernil) tem menos
colesterol e maior teor de gorduras insaturadas (favorável).
Diferenças entre
raças ovinas
As raças tipo carne tem menor marmoreio (entremeada entre a carne) e menor
teor de gorduras saturadas e colesterol.
Entretanto, raças mistas (carne e lã), como
o Corriedade, com maior marmoreio, apresentam mais gordura, mas também maior
teor de ácido olêico e linolêico, oferecendo, portanto, maior proteção quanto à
formação de placas de ateroma, podendo
evitá-las, observando-se as quantidades in-
geridas.
“Paradoxo Gaúcho”
Apesar do maior consumo de carne, não
há maior incidência no RS de doenças cardiovasculares, em relação aos demais estados. Igualmente no Uruguai, onde a ingesta
de carne é superior ao RS e tem incidência
de cardiopatias isquêmicas semelhante
à Europa e inferior aos Estados Unidos.
É interessante citar o famoso “paradoxo
francês” como motivados da hipótese do
“paradoxo gaúcho”. Na França, apesar
da alta ingesta de gorduras, especialmente queijos, existe uma baixa incidência de
doenças cardiovasculares, provavelmente
pelo alto consumo de vinho tinto, que faz
aumentar o HDL e também rico em resveratrol, substância antioxidante que evita
a formação da placa ateromatosa, e ainda
pela ingesta de azeite de oliva, que igualmente aumenta o HDL.
Homem do Campo
A nossa experiência médica de mais
de 30 anos, inicialmente na Residência de
cardiologia da Faculdade de Medicina da
Ufrgs (serviço do prof. Rubens Maciel e,
posteriormente, como professor de cardiologia da Faculdade Católica de Medicina e
preceptor do Instituto de Cardiologia – RS,
não vimos pacientes oriundos da Região
da Campanha do Rio Grande do Sul habitantes do meio rural (peões de estância),
pessoas caracterizadas pela alta ingesta de
carne ovina, que é habitual na região, com
infarto do miocárdio ou doenças cardiovasculares. É bem verdade que existem outros
fatores protetores, como atividade física,
que aumenta o HDL, a erva-mate, rica em
flavonóides e polifenóis, com efeito antioxidante e, até mesmo o regular consumo de
bebidas alcoólicas, também favorável ao
aumento do HDL. Por outro lado, existem
também fatores de risco como o excessivo
consumo de sal, especialmente no charque,
com conseqüente aumento da pressão arterial, a elevada ingesta de carboidratos,
predispondo o aparecimento do diabete,
e a alta prevalência de tabagismo. Aqui
mais uma evidência fica, do baixo risco
que apresenta a gordura ovina, trazendo a
chamada “hipótese da carne ovina”, algo
potencial de futuras pesquisas em nosso
meio, buscando provas mais objetivas do
benefício deste alimento ao homem.
Conclusão
O objetivo desta revisão foi desmistificar o excesso de malefícios atribuídos à
carne bovina e ovina. Possivelmente, pode
haver um efeito protetor da carne ovina,
especialmente nas raças de duplo propósito, pela maior quantidade de gorduras formadoras de HDL (colesterol bom).
Finalizando, diríamos que o Rio Grande
se fez a cavalo e o gaúcho foi feito com
ovelha! ●
1
Médico cardiologista e
criador de ovinos Corriedale
2 Médico cardiologista e
engenheiro agrônomo
12
fev-mar/08
Reportagem
H
á um novo movimento
acontecendo na ovinocultura e isto pode
ser sentido em leilões, feiras e
eventos que envolvem o setor.
Mais pessoas estão investindo
na criação de ovinos principalmente interessados em participar do promissor mercado de
carne ovina. E uma das raças
que tem servido como base
para cruzamentos industriais e
contribuído para esta expansão
é a Santa Inês. Em vários rebanhos e criatórios esta raça tem
sido usada para o cruzamento
com a Dorper, e outras raças
mais especializadas na produção de carne, resultando em
animais carniceiros e precoces.
Para muitos ela é considerada
o “Nelore dos ovinos”.
Segundo a ARCO a Santa
Inês é uma raça desenvolvida
no nordeste brasileiro, resultante do cruzamento intercorrente
das raças Bergamácia, Morada
Nova, Somalis e outros ovinos
sem raça definida (SRD). Conforme o criador e Inspetor Técnico da ARCO, Joselito Barbosa, é possível dizer que se
trata de uma raça em formação
oriunda de outras três raças,
portanto de grande grau de heterose, e com várias linhagens
distintas de rebanhos, (Bahia,
Sergipe, Ceará) que por si só
deram preferência a determinado tipo zootécnico, mais à
Morada Nova, mais à Somalis
ou mais a Bergamácia.
O padrão racial da raça
Santa Inês foi definido no ano
de 1967 e posteriormente homologado pelo Ministério da
Agricultura. O primeiro registro PCOD foi de animal nascido em 1973 de propriedade de
Santa Inês conquista novos mercados
Joselito Barbosa: mercado é favorável a investimentos em reprodutores e matrizes
Lúcio Cavalcante Holanda, no
município de Quixadá - Ceará. O primeiro PCOC foi uma
fêmea nascida em 10/09/81 do
criador João Ramos Sobrinho
- Sergipe e o primeiro animal
PO, que foi um macho nascido em 13/01/86 foi do criador
Apolitano Agaci Nogueira Diógenes, município de Jaguaribe - Ceará. Conforme dados de
levantamento feito pela ARCO
em 2006, existem cerca de
49.830 mil cabeças registradas
nos livros PCOD, PCOC e PO,
distribuídas
principalmente
nos estados do norte e nordeste
do Brasil.
Os dados do rebanho ovino
nas regiões onde os deslanados fazem presença mostram
a verdadeira realidade do cres-
Arco está conduzindo mudanças no standard da raça
cimento do número destes animais. As regiões Centro-Oeste,
Norte e Sudeste têm apresentado aumento nos números,
tanto do rebanho comercial
quanto do rebanho de genética
avançada. Hoje, São Paulo já
representa o maior efetivo de
registro do Brasil, com 18%
do total, ultrapassando a Bahia
que até então era o maior efetivo (17%).
Com a ovinocultura em
franca expansão, os leilões têm
se multiplicado em todas as regiões do País nos últimos anos.
Só na região Nordeste, onde
estão sediadas pelo menos sete
leiloeiras, são realizados mais
de sessenta pregões todo ano.
Nas regiões Sudeste e CentroOeste, onde já existe tradição
em vendas com outras espécies
em leilões, os deslanados têm
marcado presença constante
(SP, MG, RJ, MT, etc). “Como
o rebanho Nacional ainda é
muito pequeno, existe a necessidade de repovoar todo este
continente. Portanto o mercado
atual é amplamente favorável
a investimentos na comercialização de reprodutores e matrizes de alto valor genético,
tanto para o rebanho comercial
como para o de genética avançada”, afirma Joselito.
Outro fator que ele aponta
para o crescimento no interesse pela Santa Inês é que é uma
raça produtora de carne magra,
muito desejada pelos Chefs na
confecção de pratos elaborados, dos grandes restaurantes,
Santa Inês produz carne magra desejada pelos Chefs
e pelos consumidores preocupados com a saúde. Criou-se
então um nicho de mercado.
O cruzamento industrial
com outras raças mais carniceiras está proporcionando um
aumento no volume da carcaça
do Santa Inês, melhorando a
produção de carne por cordeiro. A fertilidade é também um
grande atrativo da raça. Em regiões de alto índice de luminosidade, ela entra em cio muitas
vezes ao ano, aumentando a
produção de cordeiros por matrizes e facilitando a indústria
com a redução dos períodos de
entressafra. “Isto é que precisamos na ovinocultura, aumentar
a produtividade para termos
oferta de cordeiros mais constante e, com isto, podermos
fomentar o mercado de carne
ovina”, salienta.
Para o técnico, todo este
movimento e investimento em
genética e cruzamentos entre linhagens vem provocando mudanças leves no padrão
morfológico da raça. Joselito
diz que o trabalho dos técnicos
está voltado para o mercado,
tentando atender à demanda de
modernização que os criadores pedem e o mercado exige,
“Não podemos fugir do que
está descrito e aprovado na
ARCO, enquanto padrão racial, mas dentro destas normas,
podemos trabalhar em melhorias”, afirma, acrescentando
que é preciso observar as diferenças regionais que o país
impõe, uma vez que a raça está
sendo criada hoje, em vários
estados.
Dentro destes conceitos,
foi sugerido pelos criadores,
através da ABSI (Associação
Brasileira dos Criadores de
Santa Inês) e pelos técnicos da
ARCO, mudanças no padrão
racial, apenas para acompanhar a evolução genética que
a raça vem apresentando. As
sugestões foram discutidas
durante cinco dias em encontro dos técnicos da ARCO em
Avaré SP no mês de novembro, quando foram aprovadas
algumas mudanças, que serão
encaminhadas ao Ministério
da Agricultura para regulamentação. “São aperfeiçoamentos no padrão, coisas que
acontecem normalmente, nas
raças”, finaliza. ●

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