Fev 2008 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
Transcrição
Cordeiro Nobre e Carne VPJ: qualidade acima de tudo Feinco 2008 Encontro de oportunidades Os projetos Cordeiro Nobre e Carne VPJ são uma boa amostra de como se produz carne ovina para mercados selecionados. Ainda que muito diferentes na sua concepção, os projetos atuam desde o fornecimento da genética, orientações nas fases de cria, recria e engorda, sem esquecer o controle de qualidade do produto final - a carne que chega às gôndolas dos supermercados. Uma das principais mostras ovinas deste primeiro semestre em nível de Brasil, a Feinco promete, desde já, grandes emoções para toda a comunidade de ovinocultores. Realizada de 11 a 15 de março em São Paulo, SP, a feira vai reunir centenas de criadores, que vão apresentar em torno de 4 mil animais. Em parceria com a Aspaco, a Arco vai receber criadores, orientar para registros e realizar um encontro envolvendo as associações de criadores do País. Página 5 Página central Santa Inês se multiplica A carne ovina e o coração saudável Produtora de carne magra, a raça Santa Inês foi desenvolvida no Nordeste brasileiro, teve seu padrão definido em 1967, mas hoje é criada em praticamente todos os estados do País A interminável discussão carne x colesterol ganha um novo ingrediente. Neste artigo, dois cardiologistas indicam que o consumo regular de carne ovina contribui para manter equilibrados os os níveis de colesterol LDL (mau) e HDL (bom). Isto porque a criação de ovinos a pasto favorece a formação de ácidos graxos insaturados, que não são nocivos à saúde humana. Página 12 Página 11 2 fev-mar/08 O ciclo do cachorro querendo pegar o próprio rabo O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefones: 53 3242.8422 e 53 3242.9522 e-mail: [email protected] home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1° Vice-presidente: Teófilo Pereira Garcia de Garcia 2° Vice-presidente: Suetônio Vilar Campos 1° Secretário: Wilson José Mateo Dornelles 2° Secretário: Antônio Gilberto da Costa Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares CONSELHO FISCAL Titulares Araquen Pedro Dutra Telles Matheus José Schmidt Filho Renato Gutterres da Silva Suplentes Arnaldo dos Santos Vieira Filho Claudino Loro Pérsio Ailton Tosi Superintendente do R.G.O: Francisco José Perelló Medeiros Gerente de Provas Zootécnicas: Araquen Pedro Dutra Telles Supervisor Administrativo: Paulo Sérgio Soares Gerente Administrativo: Bismar Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral: Agropress Agência de Comunicação Edição: Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável: Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação: Nicolau Balaszow Fotografia: Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial: Daniela da Silva Manfron e Gianna Corrêa Soccol [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] V ai ano e entra ano e a ovinocultura brasileira em geral continua enfrentando um velho problema. Não consegue aumentar a oferta de carne, pele e outros produtos. Não consegue organizar-se como uma verdadeira cadeia produtiva na qual todos os elos participam e trabalham para o bem comum do setor. E não consegue fazer uma sincera autocrítica sobre todos estes problemas e quem são os responsáveis por resolvê-los definitivamente, para que possamos avançar para novos estágios dentro da atividade. Ao longo de todos os anos que lido com ovinos e, desde que assumi a presidência da ARCO, sempre ouvi uma pergunta. Por mais respostas, não trazem o resultado esperado, o de fazer a ovinocultura evoluir. Sempre que há uma reunião ou encontro de produtores aparece a angústia de como é possível aumentar o consumo da carne e seus subprodutos. E, via de regra, pedem que a ARCO comande algum movimento. Quando isto acontece, não consigo deixar de ter o sentimento de que continuamos, infelizmente, e isto vale para todo o Brasil, como o cachorro que quer pegar o próprio rabo. Nunca consegue e nunca aprende que é impossível. Mas continua no mesmo círculo vicioso. Não estou afirmando aqui que não há soluções e caminhos para o problema. Há e muitas delas já foram tomadas. Outras estão sendo encaminhadas com sucesso, como é o caso do programa do Sebrae, o Aprisco (Apoio a Programas Regionais Integrados e Sustentáveis da Cadeia Produtiva da Ovinocaprinocultura), por exemplo. Mas há coisas, e não posso deixar de pensar nelas, que cabem a nós, produtores, fazer. Há tarefas que fazem parte daquela autocrítica a que me referi anteriormente e das quais não podemos mais fugir sob pena de mantermos este círculo vicioso Ad Infinitum. Olhemos para a nossa atividade com o espírito crítico de alguém que vem de fora. Há quantos anos temos arraigado em nossas mentes e transmitimos aos quatro ventos que a ovinocultura só dá trabalho e não dá dinheiro? E há quantos anos temos tirado parte da nossa renda com esta atividade? Ora, se consideramos mesmo que a ovelha não dá retorno, por que continuamos? Se vemos que ela é uma parte importante da nossa renda, por que não paramos de Editorial repetir esta velha e surrada frase? Porque não é somente uma frase. Junto a ela vem uma atitude antiga de não considerar a ovinocultura como um negócio tão importante como a bovinocultura, avicultura ou a agricultura. Com esta atitude, relegamos nossos rebanhos a um plano secundário, não dando o valor que merece, sem a mesma importância da criação de gado. E se temos este pensamento vivo, não buscamos que nosso rebanho tenha a mesma eficiência produtiva que temos no gado de corte ou na agricultura. Prova disto é que os índices de desmame nos rebanhos giram em torno de 60%. Mudar isso não é difícil. Claro, passa primeiro por uma mudança interna, pessoal, da visão que se tem sobre o negócio ovinocultura. Passa por perguntar por que se deixam morrer 40% dos cordeiros nascidos. Queremos aumentar o consumo de carne e outros produtos ovinos. Sim. Mas para isto precisamos aumentar o rebanho, a fim de aumentarmos a oferta de carne ao consumidor. E como? Podemos, por exemplo, manter a preocupação de termos pelo menos um cordeiro vivo por ventre. Fazer análises reprodutivas do nosso rebanho para - assim como fazem nos bovinos de corte - descartarmos desde cedo, animais que não têm eficiência reprodutiva. Podemos - e devemos - usar todas as tecnologias disponíveis que nos ajudem a ver quais os pontos fortes e quais os fracos do nosso rebanho, do nosso manejo e do nosso controle financeiro. Enfim, creio que para elevarmos a ovinocultura a um patamar de negócio rentável é preciso mudar uma série de conceitos e atitudes nossas. Precisamos acreditar mais na atividade, porque se nós não acreditamos não valerão os esforços que a ARCO tem feito junto a todas as autoridades que definem as políticas para o setor, para convencê-los da nossa importância no composto do agronegócio. Penso firmemente que se queremos quebrar o círculo do cachorro com seu rabo, precisamos mais do que nunca, e rapidamente, fazer primeiro e bem feito, o tema de casa. Em seguida, tomarmos o controle do negócio ovinocultura para que juntos, sem esperarmos pelos outros ou por alguma entidade, discutamos propostas e projetos para o setor. Mas muito mais do que discutir - afinal já fazemos isto há anos - temos que tomar as decisões e fazê-las acontecer. Está mais do que na hora de rompermos estas amarras que nos prendem e sairmos para concretizar o nosso sonho: o de termos uma ovinocultura forte e rentável para todos. Boa Leitura! ● Paulo Schwab - Presidente da ARCO 3 fev-mar/08 Notícias Conselho Técnico faz alterações para Expointer Em recentes reuniões do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, ficou decidido que só poderão participar da Expointer, na categoria RGB, ovinos das raças exóticas (raças que não têm origem no Brasil) registrados como PROV II ou PROV III. O conselho definiu também que não haverá alteração para a qualificação mínima de animais das raças nacionais (Crioula, Santa Inês, Cariri, Morada Nova, Bergamascia Brasileira e Somális Brasileira) que irão participar do evento. Em outra decisão, a pedido da associação de criadores, foram alterados os pesos mínimos dos ovinos da raça Poll Dorset para a participação na Expointer, ficando estabelecidos os seguintes: borregos - 80 kg; carneiros - 110 kg; borregas - 60 kg; ovelhas - 70 kg. Segundo o presidente do Conselho, Araquen Dutra Telles, atendendo solicitação da Associação Brasileira de Criadores de Dorper encaminhada pela Superintendência do Registro Genealógico, foi ainda aprovado que os ovinos Dorper e White Dorper serão registrados em livros separados, adotandose portanto a mesma sistemática utilizada na África do Sul, país de origem dos Dorper. ● Pará é uma nova fronteira para ovinos O Pará é um dos mais novos estados a dar incremento na ovinocultura, dentro do Brasil. Segundo o presidente da Associação Paraense de Criadores de Caprinos e Ovinos, Joel Rodrigues Bitar da Cunha, o predomínio no rebanho é da raça Santa Inês, sendo que são encontrados hoje animais cruzados com a raça Texel e com a Dorper, com o objetivo de produção de cordeiro para abate. Conforme diz, mesmo com toda a extensão territorial, é um estado que não tem quantidade, volume de ovinos, mas tem qualidade, fruto de uma criação em menor escala, com pequenos produtores na atividade. Os serviços de estatísticas do Governo dizem que a maior concentração de criatórios está no sul do Pará, em Redenção, muitos com rebanhos que vão de 100 a 200 cabeças. “Mas há também investidores, mesmo quem não é da pecuária, que estão iniciando a criação de ovinos porque vêem boas perspec- tivas no negócio”, destaca Joel. Para ele a atividade está precisando de maior suporte do governo estadual, com a criação de políticas públicas e programas de incentivos à criação. “Mesmo que fosse somente com extensão rural, para auxiliar aos criadores a crescerem na atividade e ela se tornar forte como deve ser”, assinala. Para o técnico da ARCO no Pará e também criador, Valdemir Cardoso, a ovinocultura no Estado precisa ser trabalhada com mais seriedade, para elevá-la a condição econômica de importância. Ele conta que na região de Castanhal já aconteceram duas feiras com expressiva presença de animais e criadores. Para ele isto mostra que a ovinocultura tem possibilidade de atrair cada vez mais adeptos. “Para se ter uma idéia, só no ano passado entraram cerca de 4 mil animais importados do Sergipe para incrementar a nossa genética. Então tem gente muito interessada na atividade”, finaliza. ● Registro Genealógico: notificação de coberturas Procedimentos a serem observados ao emitir a Notificação de Cobertura: •Duração do Período de Cobertura: Noventa dias (90) com intervalo de 30 dias quando da troca de carneiros pais; •Data de envio para a ARCO: no máximo até um (1) mês após a data do término da cobertura; •Deve ser específica e exclusiva para produtos PO e PC; •Quando a Notificação for de Inseminação Artificial com sêmen congelado é necessário anexar: * Relatório de processamento do sêmen; * Nota de compra (quando comprado); * Termo de doação (quando doado). • Quando a notificação for de transplante de Embrião é necessário anexar: * Relatório de processamento dos embriões; * Relatório de transplante; * Notificação das receptoras (identificadas); * Nota de compra (quando comprados); * Termo de doação (quando doados). Obs: Os relatórios de processamentos de sêmen congelado e embriões devem ser obrigatoriamente assinados por médicos veterinários credenciados junto ao MAPA. Procedimentos a serem observados ao emitir Notificação de Nascimento: •Data de envio para a ARCO: no máximo até 5 meses após a data do último nascimento. •Deve ser específica e exclusiva para produtos PO e PC. •Deve ser específica e exclusiva para: Transplante de embriões, inseminação artificial ou monta natural. •Quando notificar os produtos de transplante de embriões, deve informar ta mbém as receptoras. ● Formulários para download Para realizar o registro on-line, fazer pedidos e encaminhar avisos, o criador deve utilizar os formulários incluídos no site da ARCO – www.arcoovinos. com.br – menu Formulários. Todos os formulários estão no padrão do Word 97, com a impressão para modelo carta. Ao enviar notificação de nascimentos e/ou notificação de coberturas o criador deverá criar sua própria numeração para a ficha, e segui-la rigorosamente. Como proceder: Clicar com o botão direito sobre o formulário desejado e selecionar a opção <Salvar como>, recomendamos salvar na pasta onde costuma salvar seus documentos do Word. Como enviar: - Não aceitamos formulá- rios via fax. - Correios: Associação Brasileira de Criadores de Ovinos - Av. 7 de Setembro, 1159 - Bagé/RS - CEP 96400-901. - e-mail: arquivo anexado [email protected] Observe que em alguns formulários é necessária a assinatura e/ou documentos anexos, sendo assim só poderão ser enviados via Correios. Formulários disponíveis: - Proposta de Novo sócioAutorização de Transferência - Notificação de Cobertura - Notificação de nascimento - Anexo Complementar da Notificação de Nascimento ● Instituições se unem para fortalecer ovinocultura em São Paulo Segundo a Secretaria da Agricultura, o rebanho paulista de ovinos, que em 1995/96 era de 440 mil cabeças e 9.252 propriedades, atualmente é de mais de 1 milhão de matrizes e 12 mil propriedades. Absorver esse aumento de produção não deverá ser um problema, mas os principais gargalos são o manejo inadequado, a falta de mão-de-obra especializada, informações técnicas pulverizadas, alto custo de produção, falta de padrão na carcaça ausência de associativismo. Para combater estes problemas, o Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura paulista, criou o Programa de Consolidação da Ovinocultura, visando fortalecer a assis- tência a pequenos criadores e à cadeia produtiva, evitando que erros simples de manejo levem à desistência de uma atividade de grande potencial no estado. Entre os objetivos, está a criação de um programa único para São Paulo. A Secretaria tem várias unidades de pesquisa em todo o estado, sendo que o IZ será o coordenador dessas pesquisas em relação aos ovinos, enquanto as unidades regionais focarão em pesquisas que sirvam às características de cada região. Outro objetivo é aproximar as unidades de pesquisa do produtor e da cadeia produtiva, que cresce rapidamente. Outras instituições também estão atuando para melhor es- truturar o setor de ovinocultura, como a Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco), que, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SP), idealizou um curso de formação de mão-de-obra em ovinocultura. Para contornar o número reduzido de frigoríficos inspecionados, que aumenta a distância entre a fazenda e a indústria, a solução seria a formação de um confinamento coletivo, reunindo animais de vários produtores, com lotes maiores e menor custo de frete. A terminação coletiva dos animais permitiria melhor padronização da carcaça, aumentando o poder de negociação dos produtores e diluindo custos fixos.● 4 fev-mar/08 Economia A ovinocultura nacional tem, atualmente, incentivos para o desenvolvimento do setor, disponibilizados através de programas de investimento agropecuário do governo federal. Deste modo, os produtores rurais (pessoas físicas ou jurídicas e cooperativas), podem captar recursos destinados à melhoria de seus rebanhos, com financiamentos acessíveis junto às instituições financeiras privadas e estaduais, credenciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). O engenheiro agrônomo Cristiano Costalunga Gotuzzo, assessor autônomo em projetos de financiamentos para ovinos, orienta o produtor para detalhes que precisam ser observados na hora de realizar qualquer tipo de empréstimo. “Independente do número de matrizes adquiridas, caso seja esse o objetivo do financiamento, não se deve gastar mais de 30% do dinheiro em infraestrutura. Para garantir lucratividade, é preciso destinar 70% ou mais para a compra dos animais”, afirma. Para 300 ventres mais a infra-estrutura e reprodutores, serão necessários aproximados R$ 40 mil de empréstimo. “Assim, estima-se que em um ano a produção chegará a 150 cordeiros, o que permitirá pagar o financiamento, desde Linhas de crédito para a ovinocultura Para garantir lucratividade, é preciso investir no mínimo 70% na compra de animais que, adverte o engenheiro, o criador tenha a opção de realizar, por exemplo, o engorde do rebanho para que haja capital de giro”. Ele faz uma simulação aproximada dos custos anuais para saldar esta conta. Com algumas variações, pois o período de carência é longo, o produtor deverá pagar R$ 8,5 mil e mais R$ 2 mil de juros ao ano. Gotuzzo conclui dando ênfase à idéia de que com um bom planejamento o criador tem tudo a ganhar, “o financiamento deve ser entendido como um investimento, como uma oportunidade que vai propiciar natural incremento na produção e lucratividade para o criador”. Linhas disponíveis As linhas de crédito têm base em programas como o de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro), Programa de Incentivo ao Investimento no Agronegócio (Investiagro) e o Programa de Desenvolvimento do Agronegócio (Prodeagro). Além de estimularem a aquisição de matrizes e reprodutores, os programas trazem alternativas para que o criador construa e modernize benfeitorias, melhore as pastagens, compre insumos, equipamentos e unidades de tratamento dos dejetos e os necessários ao suprimento de água e alimentação. É importante lembrar que haverá concessão de mais de um crédito ao mesmo tomador, no caso do Moderagro, dentro do prazo de vigência do incentivo que é até 30 de junho 2008. Já o Investiagro tem vigência estipulada até 31 de dezembro. Os encargos financeiros dessas transações apresentam custos com TJLP; remuneração do Bndes de 3% ao ano e da instituição finan- ceira variável até 3% ao ano. Os prazos para pagamento variam entre seis meses a oito anos com carência de um a três anos, dependendo da modalidade do financiamento. Conforme o superintendente do Banco do Brasil, Ary Joel Lanzarin, a instituição oferece crédito com os programas Proger Rural Investimento e Pronaf Investimento, destinados à compra de tratores, máquinas, aquisição de matrizes, infra-estrutura de produção e serviços. Lanzarin informa que o Proger Rural concede R$ 100 mil por beneficiário com 100% de financiamento e prazo de pagamento de oito anos, carência de três anos. O encargo financeiro atinge 6,5% ao ano. Já o Pronaf, linha de financiamento para a agricultura familiar, destina valores que variam dos R$ 18 mil até os R$ 60 mil, com 100% de financiamento e prazo para quitação de 10 anos com carência de três. As taxas bancárias variam dos 2% aos 5,5% ao ano. Assessoria técnica A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), no Paraná, é uma daquelas alternativas que está à disposição do futuro investidor que tem dúvidas quanto ao melhor modo de aplicar os recursos do empréstimo. “A Emater é um órgão facilitador que busca planejar, coordenar e executar programas de assistência técnica para aumento da produção e da produtividade agropecuária”, define o engenheiro agrônomo, Odilon da Costa. Especificamente para as linhas de crédito à ovinocultura, a entidade formula projetos, com relação às demandas do criador, para que sejam apresentados às instituições financeiras e, posteriormente, realiza o acompanhamento e orientação técnica. “Assim, o produtor sente-se seguro e dificilmente cometerá erros muito comuns para aqueles que abrem mão de algum tipo de assessoria”, enfatiza o engenheiro. Com as mesmas políticas de ação, Santa Catarina com a Epagri, o Rio Grande do Sul com a Emater, Minas Gerais com a Epamig e Goiás com a Emater, entre outras, também disponibilizam apoio aos pecuaristas. ● Divulgados primeiros dados do Censo Agropecuário O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros dados do censo agropecuário referentes à ovinocultura. Segundo o levantamento, realizado em 2006, o rebanho brasileiro de ovinos é de 13,857 milhões de cabeças. Houve um crescimento de 2% comparado ao censo de 1995/1996 e uma redução de 14%, comparada há vinte anos. Em termos de estabelecimentos, os que criam ovinos chegam a 435.697. Importante ressaltar que uma mesma propriedade pode ter várias culturas e lavouras, temporárias ou permanentes, ou seja, uma mesma proprie- dade pode criar ovinos e caprinos, mas foi contada apenas uma vez. Segundo o IBGE o rebanho ovino do RS caiu 34,5% nos últimos 10 anos, e 60% nos últimos 20 anos. A Bahia continua no topo do ranking, apresentando um crescimento de 22% no rebanho, comparado ao censo 95/96, com um total de 4,8 milhões de animais e concentra mais de 96 mil propriedades trabalhando; o estado de São Paulo cresceu 75% no rebanho ovino mesmo com um número absoluto de ovinos abaixo de 600.000 animais; o DF, com sua pequena extensão terri- Rebanho ovino brasileiro é de torial, teve um incremento de 308% no rebanho ovino. Pará e Mato Grosso confirmaram em números o que todos já comentavam: um crescimento, nos últimos 10 anos, de 109%, já o Mato Grosso teve um incremento de 671% 14 milhões de cabeças nos últimos 20 anos, o maior no período, seguido por Rondônia (367%), DF (280%) e Acre (113%), revelando o crescimento já detectado em parte da região Centro-Oeste e Norte do país. Roraima, estado “novato” no setor, tem o maior rebanho médio de caprinos: 39 animais por estabelecimento, à frente da Bahia (37) e DF (33). Bahia, Piauí, Ceará, Pernam buco e Paraíba, juntos, detém 82% do total do País. O maior rebanho médio de ovinos é do Rio Grande do Sul, com 79 animais por propriedade, seguido do DF (65 animais) e Mato Grosso do Sul, com 46; a maior concentração de ovinos continua no RS, com 24% do rebanho nacional, seguido pela Bahia (19,2%) e o Ceará (11,2%); o Piauí apresenta a proporção mais próxima entre ovinos e caprinos: 47,5% de ovinos e 52,5% de caprinos. ● 5 fev-mar/08 Notícias Feinco abre novas oportunidades para a ovinocultura Entre os dias 11 e 15 de março, a capital paulista se transformará no principal centro de discussões e negócios da ovinocaprinocultura. É quando acontece a 5ª edição da Feira Internacional de Ovinos e Caprinos (Feinco 2008), maior evento indoor deste mercado na América Latina, que será realizada no Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia dos Imigrantes, km 1,5), em São Paulo. A edição 2008 da feira pretende superar o faturamento em leilões obtido em 2006. Em 40 mil m2, o evento reunirá mais de 4 mil animais de elite de criadores de todo o País. Cerca de 20 raças estarão presentes no local, demonstrando o potencial genético da ovinocaprinocultura brasileira, que hoje detém o 8º maior plantel do mundo. Entre as novidades da edição deste ano estão as exposições nacionais das raças Dorper e Boer e o II Campeonato das Américas da Raça Santa Inês. co contará com Lounge Bahia, espaço criado para homenagear o Estado da Bahia, detentor do maior rebanho da raça Santa Inês do País. Além de fomentar o setor, a feira será também um centro de troca de conhecimento para criadores, pesquisadores e indústria. Para isso, palestras e cursos serão realizados com o objetivo de Feinco será principal feira nacional de ovinos do semestre Nos corredores da Feinco, 200 expositores integrantes dos diversos elos da cadeia apresentarão as últimas novidades do setor, que possibilitará ao pecuarista conhecer e adquirir produtos e serviços dedicados ao aprimoramento do rebanho. Além da negociação direta dos ovinos e caprinos em exposição, o criador poderá adquirir genética de ponta nas pistas de leilões da feira. Até o momento, 13 remates já estão confirmados. Para esta edição, são esperados mais de 25 mil visitantes, vindos do Brasil e do exterior. Entre os espaços de destaque, a Cozinha Interativa será uma vitrine gastronômica dentro da feira. Quem passar pelo local, poderá acompanhar o preparo de pratos refinados sob a batuta de chefs renomados, que darão dicas de preparos e informações culinárias dos produtos de origem ovina e caprina, incluída degustação dos pratos. Além disso, a Fein- oferecer intensa informação aos participantes. Destaque para o III Congresso Internacional Feinco, que neste ano será realizado durantes três dias e divido em duas programações específicas, uma sobre mercado e gestão e outra para aspectos técnicos, Mais informações: www. feinco.com.br. ARCO presta serviços e realiza encontro A diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) decidiu que irá participar da Feinco, Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, que se realiza entre 11 e 15 de março, em São Paulo, SP, de uma forma mais pro ativa. Segundo o presidente da entidade, Paulo Schwab, a ARCO terá um espaço físico definido, em conjunto com o estande da Aspaco, Associação Paulista de Criadores de Ovinos, no qual serão prestados serviços na área de registro, consulta de animais e outras informações sobre a ovinocultura. Também está definida a realização de um encontro com todas as Associações Estaduais de Criadores, a fim de debater temas diversos da ovinocultura. “Vai ser o primeiro encontro em nível nacional e creio que vai servir para unificarmos a luta pelo setor”, assinala Schwab. ● 6 fev-mar/08 Reportagem Cordeiro Nobre: elo entre produtor e indústria Por Luciana Radicione O difícil mercado de compra e venda de ovinos, velha realidade do setor, parece estar com os dias contados. Pelo menos na região de Rio Verde, em Goiás. É lá onde há pouco mais de três anos foi criado o Projeto Cordeiro Nobre, iniciativa que tem como premissa a garantia de compra de animais de criadores de qualquer região do País, sem a necessidade de exclusividade na entrega do produto. O projeto Cordeiro Nobre, vinculado ao Frigorífico Margen, empresa com unidade de abate em Rio Verde, nasceu da necessidade de ampliar a oferta de carne de cordeiro qualificada no mercado interno. “Fazemos a ponte entre os produtores e a indústria”, explica a idealizadora do projeto, Verena Maria Bannwart Suaiden. Criadora de Ile de France e Texel em Piraju, interior paulista, e ciente das dificuldades dos colegas em colocar sua produção no mercado, Verena arregaçou as mangas e apostou forte na iniciativa que hoje resulta na entrega de animais padronizados, com excelente peso para abate, garantia de procedência e, principalmente, que obedece às exigências do mercado consumidor. Agilidade no processo de cria, recria e engorda define bem o trabalho tocado em conjunto pelo Cordeiro Nobre e Margen. Animais com 120 dias, em média, e peso entre 30 e 35 quilos (carcaça média de 16 quilos), são adquiridos pelo Cordeiro Nobre para serem abatidos semanalmente, numa escala que já chegou a 1.400 cordeiros/mês registrados em junho do ano passado. Os que ainda não estão prontos para abate permanecem no confinamento com capacida- de para 2.500 cabeças, situado em propriedade ao lado do frigorífico. Porém, antes desta etapa os animais são submetidos a um rigoroso controle sanitário para adequação do peso ao padrão exigido pelo frigorífico. O resultado desse trabalho pode ser conferido nas gôndolas: pernil, paletas, bistecas e costelas prontos para atender a clientes com gosto apurado. “Todo o trabalho é feito em conjunto e envolve o repasse de orientações técnicas aos nossos produtores, para que eles produzam mais e melhor, de acordo com o que o mercado quer”, salienta Verena. Enquanto o Cordeiro Nobre faz a classificação dos animais, o Frigorífico Margen é o responsável pelo abate e distribuição dos cortes padronizados em diversos pontos do mercado brasileiro, num ciclo constante de compra e venda. O diferencial, neste caso, está no fato de que grandes indústrias não costumam comprar diretamente do produtor. Embora o projeto seja nacional, as taxas interestaduais para a compra dos animais restringem a aquisição de localidades distantes, com exceção do mercado da Bahia, que não cobra impostos na comercialização com Goiás. A estratégia dos outros estados é taxar a venda para segurar a produção no mercado doméstico. “Em função dessa pauta, atualmente compramos num raio de mil quilômetros de Rio Verde”, afirma Verena. O dólar em baixa, cenário que se arrasta desde julho de 2007, tem impactado na remuneração dos produtores parceiros e no volume de animais adquiridos pelo Cordeiro Nobre. Enquanto o ápice dos negócios foi de 1.400 cabeças/mês no ano passado, hoje em dia a média mensal de aquisição não ultrapassa 700 cabeças. “Está entrando muita carne do Uruguai, o que inviabiliza grandes volumes de compras, já que o produto entra no País a preços muito mais competitivos”, salienta a empreendedora. Para o criador, o aumento das importações uruguaias refletiu diretamente no bolso. Dos R$ 3,00 pagos pelo quilo vivo antes da bolha norte-americana, agora quem entrega para o Cordeiro Nobre recebe R$ 2,50 kg/vivo livre de frete. A queda, no entanto, não desanimou os criadores que desde o início apostaram na iniciativa e estão conseguindo colocar parte de sua produção no mercado goiano a preços remuneradores. Com a palavra, quem produz A Fazenda Granja Baylão, de Rio Verde, é uma das fornecedoras de matéria-prima para o Cordeiro Nobre. A ovinocultura na propriedade de Emílio Baylão nasceu praticamente junto com o projeto. Foi aí que o criador vislumbrou a possibilidade de ganhar mercado com a sua produção, hoje formada por mil matrizes das raças Santa Inês e Dorper. O planejamento na ovinocultura é feito a longo prazo na propriedade. A meta do criador é chegar a 2 mil matrizes até o final do ano e incrementar a produção voltada para descarte. Até março/abril deste ano outros 500 borregos irão se somar ao plantel e incrementar a venda da Granja Baylão. “Neste ano quero comercializar até 70 animais por mês”, anuncia o criador. No ano passado, a média mensal de entrega Programa produz animais padronizados, bom peso de abate, garantia de procedência e põe qualidade na mesa do consumidor era de apenas 20 exemplares. Uma das vantagens da parceria com o Projeto Cordeiro Nobre, na opinião de Emílio Baylão, é a proximidade com o comprador, além do fato de ser incentivado a comercializar apenas produtos de qualidade, altamente precoces e dentro dos padrões técnicos e sanitários exigidos pelo Margen Cordeiro Nobre e consumidores. “Tenho volume e qualidade para oferecer, o que resulta em uma carne de cordeiro de excelente qualidade para o mercado”, ressalta o criador. No entanto, ele lamenta o aumento das importações do produto, o que vem reduzindo a margem de lucro nos últimos meses. O vai-vem dos preços, entretanto, não inibiu a tomada de decisões que visa reduzir o tempo do ciclo produtivo. Recentemente, Baylão implantou um novo manejo na sua propriedade, baseado na nutrição a pasto: sal e capim para as ovelhas, com suplementação apenas no pós-parto. O creep-feeding, suplementação com ração balanceada, foi a alternativa adotada para a nutrição dos borregos, que com 25 quilos já entram em confinamento. “Para concorrer no mercado da ovinocultura é preciso se diferenciar e ter qua- lidade. Por isso, forneço apenas animais turbinados, prontos para o abate”, salientou. Criador de Santa Inês e Poll Dorset há cinco anos, o agroempresário Mario Nagao comercializa parte de sua produção para o projeto Cordeiro Nobre, e vê na parceria, uma oportunidade de ter seu produto final reconhecido pela indústria e consumidores da região. Com propriedade em Inhumas, interior goiano, ele conta que o início na ovinocultura de corte não foi fácil. “Não havia comprador certo, o que dificultava uma produção em escala”. Atualmente a venda atinge 100 cabeças/mês, com possibilidade de entrega em outros Estados, especialmente em São Paulo, sede da Gaasa Alimentos, empresa tocada por Nagao. As vantagens • Orientação técnica de manejo e alimentação • Orientação na compra de reprodutores e matrizes para o desenvolvimento genético do rebanho • Compra garantida durante todo o ano • Palestras • Treinamento de mão-de-obra qualificada ● Jornalista 7 fev-mar/08 Reportagem Por Nelson Moreira Projeto de integração atrai criadores de todo o País Valdomiro Poliselli Jr. A certeza de ter um comprador para os cordeiros, com preços préestabelecidos e regras bem definidas, via contrato, é um dos principais atrativos oferecidos pelos idealizadores de projetos de integração empresa - criador de ovinos. Um programa que se inspira nos mesmos princípios de integração que as empresas de frangos e suínos estabeleceram com os produtores. A empresa fornece a genética, os técnicos de campo que acompanham e orientam os produtores e depois, compra toda a produção de cordeiros inscritos neste projeto. Um dos projetos que estão sendo realizados é conduzido pela VPJ Pecuária, de Jaguariúna, São Paulo. Segundo o diretor-presidente do grupo, Valdomiro Poliselli Júnior, o programa trabalha com animais meio-sangue Dorper, com mínimo de 30 kg e máximo de 40 kg de peso vivo, com idade inferior a 150 dias. Poliselli afirma que os produtores recebem um “plus” de 15% acima do preço de mercado para sangue Dorper, baseando-se na média de preços em 3 (três) frigoríficos da região. A empresa cobra 2,5 kg por animal para pagar do uso da genética Dorper VPJ. Conforme o empresário, foram abatidas e industrializadas pela VPJ Beef, uma das empresas do grupo, cerca de 18.000,00 (dezoito mil) cabeças de cordeiros no último quadrimestre do ano de 2007. A previsão é aumentar o número de animais Programa VPJ utiliza animais meio-sangue Dorper, com mínimo de 30 kg e máximo de 40 kg de peso vivo abatidos e industrializados conforme segmento da demanda. Atualmente mais de 30 criadores distribuídos nos estados do Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul, participam da integração. “Criamos um empreendimento que está levando a carne ovina para um maior número de consumidores, realizando todo o processo, da produção aos restaurantes”, explica Poliselli. Opinião dos Criadores Para Elisabeth Bittencourt, da Estância do Rincão, de Dom Pedrito, a decisão de entrar neste projeto aconteceu porque ele apresenta alguns requisitos importantes para o produtor; a estabilidade de um contrato de médio prazo com garantia de compra dos produtos, o sistema de apoio que se recebe e também a possibilidade de diversificar a atividade dentro da propriedade. Já Luciane Giacon, da Fazenda Terra Nova, de Rio Verde, Goiás, participa com mais 6 criadores pela primeira vez do projeto. Ao todo, disponibilizaram cerca de 7 mil matrizes Santa Inês, para cruzarem com Dorper VPJ. Ela diz que o sistema de integração com empresa não é novidade para alguns do grupo, pois trabalham em conjunto com uma agroindústria de suínos que atua na região. Para Luciane, investir na ovinocultura foi uma opção para diversificar as atividades das fazendas e aproveitar a disponibilidade de comida que existe. “Somos produtores de grãos e, com isso, conseguimos fazer uma integração lavoura-pecuária que nos dá um execelente retorno. A criadora afirma que é o primeiro ano de atuação com a VPJ e para ela o fato da empresa estar mais organizada no processo todo dá tranqüilidade para trabalhar. “Nosso processo vai ser um pouco diferente da maioria, pois pedimos para ficar com as fêmeas meio-sangue, a fim de termos matrizes para desenvolver cruzamentos”, afirma Rebanho geral tem cruzamento Dorper Luiz Fernando Farias integra o programa VPJ Matrizes Dorper da VPJ Pecuária Luciane. Novato nas lides com a ovinocultura - inclusive freqüentando cursos para se aperfeiçoar no assunto - Marco Antônio Rodrigues da Silva, arrendou 48 hectares em São Sebastião da Grama, São Paulo, para investir em ovinos, porque percebeu que o mercado de carne está em franco crescimento. Para ele que investiu pesado, construindo confinamento e irrigando pastagem, participar de uma integração é evitar ficar ao sabor do mercado, procurando quem compre os cordeiros na hora da safra. “Já fizemos seis entregas de cordeiros e estamos bem satisfeitos com os resultados”, assinala. O médico e pecuarista Luiz Fernando Farias, dono da Fazenda Paraíso, em Piratini, Rio Grande do Sul, também ressalta este fato de não ficar ao sabor da vontade dos frigoríficos ou da sazonalidade de consumo para ter bons preços nos cordeiros. “Por isto aderi à idéia da integração”, diz, acrescentando que, com este tipo de programa, tem preço fixo e venda certa, todo o ano. Ele destaca que a base do rebanho é Corriedale e que “no cruzamento com a raça Dorper os cordeiros se aprontaram um pouco mais cedo e são mais rústicos”, assinala. Outro ponto que ele destaca é que a partir do momento em que o processo de encarneiramento é controlado, facilita no manejo do rebanho, porque concentra a parição. Luiz Fernando disse que normalmente tem 100% de desmama e que no final, com os preços pagos pela integração, acaba tendo um bom retorno na atividade. “Na safra passada eu coloquei 170 ovelhas no programa, este ano vou aumentar”, antecipa. ● Jornalista 8 fev-mar/08 Notícias do brete E m clima de comemoração, da 24ª Feovelha – Feira e Festa Estadual da Ovelha -, realizada de 24 a 27 de janeiro em Pinheiro Machado, RS, teve a presença de 10.300 animais, com vendas que atingiram R$ 1.217.892,00. Realizada no Parque de Exposições do Sindicato Rural daquele município da Fronteira Sul Gaúcha, a Feovelha teve a participação das raças Merino Australiano, Ideal, Corriedale, Border Leicester, Romney Marsh, Ile de France, Texel, Suffolk e Hampshire Down. Em meio às discussões sobre o crescimento do abigeato e da falta de mão-de-obra qualificada, as vendas tiveram bom incremento, com destaque para a raça Ideal, que apresentou crescimento de 30% em número de animais e 62% em valores, na comparação com 2007. No leilão de animais registrados (raças diversas), 355 produtos tatuados foram negociados pelo total de R$ 309.285,00. Além de apresentar produtos animais de alta qualidade – o maior número de inscrições nos últimos oito anos, destacou o presidente do Sindicato Rural de Pinheiro Machado, Max Soares Garcia, “durante a Feovelha, o público de cerca de 50 mil visitantes pôde degustar pratos típicos da culinária ovina nos restaurantes instalados no Parque Charrua, além de acompanhar uma série de eventos”. Paralelamente à exposição e venda de animais, foram realizadas Feovelha - sucesso com venda de 10 mil animais Sucesso no número de inscritos nas vendas e no comparecimento de público e autoridades Acima, secretário da Agricultura do RS, João Carlos Machado, com o presidente da Feovelha, Max Garcia a 21ª Comparsa da Canção, 19ª Feira do Artesanato em Lã, 8ª Vinovelha, 7ª Mostra da Indústria e Comércio, 14º Encontro de Carros Antigos, Etapa Estadual de Veloterra, além de provas campeiras que integram a gineteada e crioulaço. A 24ª Feovelha teve apoio da Emater, Prefeitura Muncipal, com patrocínio do Grupo Votorantim, Banrisul, BRDE, CRM , Sicredi, CEEE, Paramount, Caixa RS, Banco do Brasil, Sebrae, Frigorífico Mercosul, Cordeiro Herval Premium e Governo do Estado.● Leilão negocia 539 ovinos em Santana do Livramento Com a comercialização de 539 ovinos da raça Corriedale, o IV Remate da Cabanha La Esperanza e Estância Artigas, realizado em Santana do Livramento, no dia 23 de janeiro, totalizou R$ 141.875,00. Nos valores médios fixados em pista, as borregas saíram por R$ 180,00, os carneiros em R$ 475,00, borregos SO a R$ 791,00, borregas SO a R$ 202,50, as RD a R$ 180,00, os carneiros SO a R$ 2.000,00, ovelhas a R$ 180,00 e os borregos SO rústicos se venderam à média de R$ 614,15. ● Leilão Texel Surgida e Rio Pintado fixa valor top de R$ 50 mil A venda de 50% do reprodutor Surgida 265, que foi o grande campeão Texel da Expointer 2007 (uma das mais importantes e maiores exposições agropecuárias do País), foi o negócio top da segunda edição do Leilão Texel Surgida e Rio Pintado, realizado em 10 de janeiro, na pista do restaurante internacional do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS. A oferta foi selecionada pela Cabanha Surgida, propriedade de Erivon Silveira de Araújo, Rio Pardo, RS, e Cabanha Rio Pintado, de Túlio Pinto Filho, de Itaqui, RS. A disputa de lances pelo grande campeão da Expointer alcançou os R$ 50 mil, pagos pelo criador José Roberto Sobral, da Fazenda Três Sinos, em Santos, SP. Agora o reprodutor permanece até março na Surgida, produzindo mais 100 prenhezes, e depois segue para São Paulo, onde participa da Feinco. Ele também fará temporada de monta na Três Sinos. E em maio retorna ao Sul para se preparar para mais uma Expointer. Ainda jovem, o macho tem toda uma vida reprodutiva pela frente. O remate negociou 51 animais por R$ 237.250,00, fixando média geral de R$ 3.565,00. Foram ofertadas em pista 36 fêmeas PO, pela média de R$ 3.983 e 10 fêmeas RGB, pela média de R$ 1.920,00. Mas foram os machos que esquentaram a pista, fazendo média de R$ 14.650. A organização do pregão ficou por conta da leiloeira Knnor Remates, com o comando do martelo a cargo do leiloeiro Eduardo Knnor. Os pagamentos foram feitos em 20 parcelas (2+2+2+14) ou com 15% de desconto á vista. ● 9 fev-mar/08 Notícias Nova Zelândia tem sinais de melhora no setor ovino Os produtores de ovinos da Nova Zelândia, após um dos períodos mais difíceis dos últimos anos, especialmente durante o último trimestre de 2007, estão agora passando por uma fase de recuperação. Com o registro de febre aftosa em Surrey, na Inglaterra, bem como a descoberta da doença da língua azul no começo de setembro, grande parte do Reino Unido não está podendo exportar carne de cordeiro para a Europa. Os preços caíram, com o mercado de animais vivos caindo para pouco menos de 80 peni (US$ 1,57) por quilo - um retorno que foi totalmente incompatível para gerar qualquer tipo de lucro, mesmo para os produtores mais eficientes. Neste período do ano passado, o mercado de cordeiros do Reino Unido foi afetado por uma grande entrada de produtos da Nova Zelândia, que resultou em uma importante depressão nos preços do Reino Unido. As importações são um fator vital para a indústria e, além disso, são parte considerável na manutenção do consumo de carne de cordeiro em um período em que a oferta britânica está baixa. No ano passado, a Nova Zelândia exportou quase 75 mil toneladas de carne de cordeiro ao Reino Unido. Entretanto, o grande problema foi o aumento neste comércio de 13% durante os primeiros seis meses de 2007. A indústria ovina britânica, então, passou a tentar impedir que isso se repetisse nos outros meses do ano. Durante o último trimestre de 2007, as exportações neozelandesas de carne de cordeiro ao Reino Unido caíram em 23%, com a maioria deste produto sendo desviada para a França, mercado onde o produto britânico está excluído. Entretanto, isso agora deverá mudar, de acordo com o presidente do Meat and Wool New Zealand), Mike Peterson. “O mercado de carne de cordeiro do Reino Unido tem mostrado sinais de fortalecimento, tanto em termos de preços ao produtor como na demanda do consumidor e agora é a hora de voltarmos e fazermos nossa presença Rebanho ovino dos EUA continua caindo Em janeiro de 2008, o rebanho ovino dos Estados Unidos totalizava 6,06 milhões de cabeças, 2% a menos do que no ano anterior, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publicados no site do Meat and Livestock Australia (MLA). O rebanho caiu nos dois últimos anos e teve queda de 45% nos últimos 20 anos. O número de animais de cria caiu 2%, para 4,51 milhões de cabeças, e o número de ovinos adultos comerciais e cordeiros caiu levemente. A safra de cordeiros em 2007 foi de 4,05 milhões de cabeças, um pouco menor que a de 2006. A taxa de parição em 2007 foi de 110 cordeiros por 100 ovelhas, 1% a menos que em 2006. A contínua queda no número de ovinos nos EUA sugere um declínio na produção doméstica de carne de cordeiro em 2008. Com a demanda doméstica devendo se manter firme para carne de cordeiro (apesar da desaceleração econômica), a demanda por carne de cordeiro importada da Austrália e da Nova Zelândia deverá aumentar. ● ser sentida mais uma vez”. No entanto, a boa notícia é que a Nova Zelândia parece estar mais sensível a uma perspectiva mais ampla de mercado: uma redução no comércio de carne de cordeiro no Reino Unido inevitavelmente resulta em baixos preços para a Nova Zelândia. Além disso, o dólar neozelandês é uma desvantagem comercial distinta contra a libra esterlina. Isso significa que o Reino Unido pode exportar compe- titivamente para a França a preços que a Nova Zelândia está lutando para acompanhar. Peterson chegou a essa conclusão comercial após uma série de reuniões e discussões comerciais durante os últimos meses de 2007. A Associação Nacional de Ovinos do Reino Unido e a Quality Meat Scotland também participaram dessas negociações que incluíram uma visita à Nova Zelândia. O consenso foi que a indústria ovina de ambos os Após anos difíceis produtores estão em fase de recuperação países seria melhor servida por um grau maior de colaboração. Durante essas reuniões, uma queixa dos produtores foi com relação à diferença entre o preço que recebem por sua carne de cordeiro e o preço cobrado pelos supermercados. Entretanto, também foi comemorado o fato que durante as 52 semanas de 2007, as compras de carne de cordeiro aumentaram quase 10% com relação ao ano anterior. A atual proporção de famílias comprando carne de cordeiro, de acordo com dados do Meat and Livestock Comission, aumentou em 3%, enquanto os gastos totais aumentaram em 9%. Com relação ao comércio, durante os primeiros 11 meses de 2007 as importações britânicas aumentaram em mais de 2 mil toneladas, para 108,52 mil toneladas, enquanto as exportações declinaram de 77,725 mil toneladas para 58,641 mil toneladas. A reportagem é do MeatPoultry.com. Em 15/02/08 - 1 Libra Esterlina = US$ 1,96698 0,50839 Libra Esterlina = US$ 1. ● Mercotexel: Leilão valoriza animais de cabanha Os ovinos tatuados PO multiplicadores de genética - roubaram a cena e fizeram boa figura no 10º Leilão Mercotexel, realizado no parque do Sindicato Rural de Santana do Livramento, RS, no dia 19 de janeiro. Promoção do Núcleo Santanense de Criadores de Texel, com apoios da prefeitura de Livramento e da Farsul/Senar, o Merco Texel registrou a venda de um macho PO, de tatuagem 1043, arrematado por R$ 16.800,00. Foi o exemplar mais valorizado do pregão. Apresentado pelo criador Claudino Loro (Cabanha Santa Orfila, de S. do Livramento), o borrego foi adquirido em parceria por dois consagrados seleciona- dores, à base de 50%: Erivon Aragão, titular da Cabanha Surgida, de Rio Pardo, RS, e Túlio Pinto, proprietário da Cabanha Rio Pintado, de Itaqui, RS. A meta é a utilização da nova genética no aperfeiçoamento dos plantéis dos dois estabelecimentos. Nas fêmeas PO, o valor médio dos negócios foi de R$ 2.245,52. As tatuadas RGB se venderam à média de R$ 980,00 e as SO obtiveram média de R$ 360,00. Já entre os machos, a média alcançou R$ 4.610,53 para os produtos PO, R$ 2.030,00 para os RGB e R$ 500,00 para os SO. O faturamento total do pregão fechou em R$ 177.620,00, abaixo das expectativas dos organizado- res do evento, que comercializou 85 animais, na maior parte tatuados PO. O coordenador da feira e atual vice-presidente do Núcleo Santanense de Criadores de Texel, Marcelo Fontoura Guerra, atribuiu o baixo interesse por animais RGB e SO de campo à realização, anterior à feira, de vários leilões particulares, que acabaram por pulverizar as demandas por animais do evento, apesar do elevado nível genético apresentado este ano. “Já estamos nos reunindo para encontrar novos rumos a este consagrado evento”, sinalizou o dirigente, que toca o núcleo juntamente com o presidente, Cláudio da Fontoura Arteche. ● 10 fev-mar/08 Artigo Por Débora Assis Barbosa O problema O sucesso de uma estação de monta bem realizada, com o emprego de tecnologias de produção como a monta controlada, a monta dirigida, o flushing e o efeito macho, pode ir por água abaixo caso o produtor se esqueça que não basta a fêmea estar prenhe e esquecer-se dos cuidados durante a gestação. O abortamento é a perda do feto em qualquer fase da gestação, porém é mais comum nos últimos 2 meses. Muitos fatores podem levar à interrupção de uma gestação saudável, e uma taxa de aborto entre 1,5 a 2% é considerada excelente, e até 5% é uma taxa comum. Entretanto o produtor deve ficar atento, já que quando um agente infeccioso é introduzido em um rebanho suscetível, os abortos ocorrem em surtos, acometendo até 20-30% das ovelhas prenhes. A ocorrência de um aborto é a ponta do iceberg, visto que é apenas parte de uma série de problemas reprodutivos causados por agentes infecciosos ou por doenças metabólicas que levam à infertilidade, reabsorção embrionária e cordeiros fracos - esses sim grandes problemas que somados podem levar a atividade ao naufrágio. Na primeira parte do artigo identificaremos as causas e sintomas dos principais agentes causadores de abortamento, e na segunda parte abordaremos o tratamento e controle de abortamento em ovelhas. As causas Dentre os fatores não infecciosos temos como causadores de abortos as pancadas, brigas entre animais, doenças metabólicas, desnutrição e ingestão de plantas tóxicas. Porém na maioria das vezes esses fatores ocasionam abortos esporádicos, e não levam a surtos. Já agentes infecciosos, esses sim levam a surtos, e entre os vários que levam ao Aborto em ovelhas - Principais causas aborto, os principais são Toxoplasma gondii (Toxoplasmose), Chlamydia psittach (Aborto Enzoótico) e Campylobacter fetus (Vibriose), sendo que em cada região um deles representa o principal agente de aborto, como por exemplo a Toxoplasmose no norte dos Estados Unidos, a Vibriose na região oeste do mesmo país e o Aborto Enzoótico na Inglaterra. Entre as causas menos comuns de aborto estão a leptospirose e a Brucella ovis. Aborto enzoótico Chlamydia psittach O aborto enzoótico também ocasiona a perda do feto no último mês de gestação, embora pode se manifestar tão cedo quanto aos 100 dias de prenhez. É uma doença contagiosa, subaguda, caracterizada por febre, aborto e pelo nascimento de cordeiros fracos. A doença, além de aborto, pode também causar pneumonia, ceratoconjuntivite, poliartrite, epididimite e diarréia. A transmissão ocorre durante o período de parição ou abortos. Ovelhas infectadas eliminam no meio ambiente grande quantidade de Chlamydia viáveis junto com a placenta, fetos e líquidos fetais. Os microorganismos contaminam o alimento e a água, infectando ovelhas sadias através do tubo digestivo ou pelas vias respiratórias. O acúmulo de ovelhas em galpões de parição favorece a transmissão. A infecção de ovelhas entre 30 e 120 dias de gestação leva a placentite, alterações fetais e nascimento de cordeiros fracos. O contágio em ovelhas no último mês de gestação não leva ao aborto e a infecção desse grupo de animais, assim como de borregas ou cordeiras pode resultar em infecção latente que resultará em aborto na próxima gestação. Estudos têm mostrado que um grupo reduzido de ovelhas pode albergar a bactéria no intestino delgado, e dessa forma, excretá-lo pelas fezes, tornando-se fonte de infecção Leptospirose, Toxoplasmose, Chlamidia são alguns agentes que podem atingir o rebanho A ocorrência de abortos em taxas de até 5% é considerada normal, mas é preciso cuidado com agentes infecciosos que podem elevar os abortos para índices entre 20 e 30%, tornando-se um problema grave. Em resumo, os prejuízos tornam-se irreversíveis para outros ovinos. Carneiros podem também adquirir infecção intestinal, mas embora o organismo possa atingir os órgãos genitais e infectar o sêmen, não há evidência que o macho tenha importância na transmissão da doença. O aparecimento da doença pela primeira vez em um rebanho leva a ocorrência de 25 a 60% de abortos, sendo que nos anos subseqüentes a taxa tende a ser menor, entre 1 5%, isso porque as ovelhas que abortam tornam-se resistentes à doença. A única forma segura para não introduzir a doença no rebanho é a compra de borregas de rebanhos livres da infecção ou que tenham sido monitorados através de exame sorológico. Em outros países têm sido usadas vacinas inativadas com bons resultados. Toxoplasmose Toxoplasma gondii A toxoplasmose é causada por um protozoário que causa abortamento, mumificação fetal, natimortos e nascimento de cordeiros fracos. Os gatos têm importância fundamental na transmissão da toxoplasmose, visto que as gatas, após se infectarem ao ingerir pássaros ou roedores infectados, transmitem a infecção aos seus filhotes, que excretam oocistos de T. Gondii através das fezes. As ovelhas se infectam através do consumo de alimentos e água contaminados com oócitos excretados pelos gatos infectados. A menos que sejam imunodeprimidos, os gatos manifestam doença aparente apenas quando filhotes. Ovelhas infectadas antes do acasalamento em geral não abortam. Fêmeas infectadas 30 a 90 dias após o acasalamento normalmente apresentam morte fetal com reabsorção ou mumificação. A maior parte dos abortamentos ocorre quando a infecção se instala na metade final da gestação. A prevalência de abortamento no rebanho é baixa, mas pode variar de 3 a 50%. Leptospirose Comparado com outras espécies domésticas, os pequenos ruminantes são menos suscetíveis à leptospirose. Os sintomas da doença incluem anorexia (falta de apetite), febre, icterícia intensa, sangue na urina (urina com coloração marrom), sinais nervosos e ocasionalmente morte. Vários sorotipos de Leptospira interrogans são consi- derados como causadores de abortamento, porém os mais comuns em ovinos incluem hardjo, bratislava, pomona e icterohaemorrhagica. O aborto ocorre no terço final da gestação. Vibriose – Campylobacter Ovelhas com Vibriose abortam durante as últimas 6 a 8 semanas de gestação, ou dão à luz cordeiros fracos ou natimortos. Após o primeiro aborto a ovelha adquire imunidade à doença, que é transmitida após a ingestão dos microorganismos pela fêmea através do contato com feto, placenta ou secreções vaginais infectadas. A bactéria também pode ser disseminada pelo intestino (através das fezes) de ovelhas portadoras que permanecem persistentemente infectadas e ocasionalmente por cães que comeram feto abortado. Embora possa ocorrer abortamento em 70 a 90% das fêmeas do rebanho, geralmente levam a taxas inferiores a 20% em rebanhos infectados enzooticamente. ● * Artigo originalmente publicado no portal FarmPoint. Médica Veterinária da ANPOVINOS, do Confinamento Onda Verde e facilitadora de Oficina Sebraetec. 11 fev-mar/08 Artigo Por dr. Edmundo Torres Neto 1 e dr. FábioAlves Torres 2 A s doenças cardiovasculares são a maior causa de morte na população brasileira mundial. E a angina de peito é a sua manifestação mais freqüente. O infarto agudo do miocárdio tem causado a morte de cerca de um milhão de pessoas por ano no Brasil. Entre os fatores de risco coronariano, os mais importantes e significativos são a diabete, a hipertensão arterial, o tabagismo, a história familiar, a obesidade, a obesidade abdominal, o sedentarismo, o “stress” e, em especial, a dislipidemia, isto é, o aumento dos teores sanguíneos do colesterol, dos triglicerídeos e do LDL (sigla em inglês da lipoproteína de baixo peso molecular). É sumamente importante, na revisão periódica que deve ser feita nos níveis dos lipídeos sanguíneos, ter-se em conta os tipos de gorduras e seus valores máximos tolerados a fim de evitar o depósito da íntima das artérias e a conseqüente, formação das “placas de ateroma”, que, quando nas artérias coronarianas (artérias que irrigam o coração), produzem infarto do miocárdio e, com freqüência, o óbito. Os níveis adequados devem ser os seguintes: colesterol total até 200 mg/dl; LDL até 130mg/dl; triglicerídeos até 150mg/dl; HDL acima de 40 mg/dl. Este último é o vulgarmente chamado de colesterol bom, por que tem a propriedade de diminuir a possibilidade de formação de placas de ateroma na íntima das artérias, assim como o exercício físico, o hábito de ingerir moderadamente vinho tinto e dieta baixa em gordura saturada, fazem elevar o HDL, que é uma lipoproteína de alto peso molecular responsável pela “limpeza das artérias”. Tipos de Gorduras: - Gorduras saturadas – presente em carnes gordas, laticínios e coco. Eleva o LDL, o colesterol total e também o HDL (colesterol bom); - Gorduras mono-insaturadas - presentes em azeite de oliva, abacate e amendoim. Reduz o LDL (nocivo) e o colesterol total; - Gorduras transaturadas (hidrogenadas) – presentes na batata frita, margarina, biscoitos amanteigados, manteiga. Reduz o HDL (bom), eleva o L.D.L. e o colesterol total. É importante salientar que o aquecimento transforma a gordura insaturada em saturada, por essa razão as frituras são prejudiciais; As gorduras são transformadas por diversos tipos de ácidos graxos. Entre as gorduras saturadas, poderíamos citar o ácido butírico, o ácido capróico e o ácido palmítico, ácidos estes com cadeias curtas de carbono (até 16 carbonos), aqueles que aumentam importantemente os índices de colesterol. Isto ocorre principalmente por somente apresentarem ligações químicas simples entre os átomos de carbonos. As gorduras monoinsaturadas e polinsaturadas são compostas por uma ou mais ligações duplas entre os carbonos, sendo representadas, entre outros, pelos ácidos oléico e li- A carne ovina e o coração nolêico, com 18 carbonos na cadeia, estes sim favoráveis ao bom colesterol (HDL) e não ao LDL Estes dois tipos de ácidos graxos estão presentes na carne ovina. O ácido ômega 3, também preconizado como protetor coronariano, é importante componente da gordura da carne de pescado. Colesterol O colesterol favorece a oxidação do endotélio vascular e da placa ateromatosa, sendo produzido no fígado a partir dos ácidos graxos (gorduras saturadas de cadeia curta com até 16 átomos de carbono) e do próprio colesterol dos alimentos. Os ácidos graxos com 18 (C-18) ou mais átomos de carbono não são colesterogênicos, entre os quais, referimos novamente os ácidos olêico e linolêico. Justamente estes estão presentes na gordura da carne ovina de forma significativa. Quanto mais insaturados forem os ácidos graxos, menor a formação de colesterol. Sugere-se que para evitar a formação da placa ateromatosa, deva-se ingerir, no máximo, 20 gramas de gordura saturada por dia, estas sim, responsáveis pela formação de placas de ateroma nas artérias. Por outro lado, o colesterol é necessário para a construção das membranas celulares (fosfolipídios) e para o transporte de vitaminas liposolúveis, como a D e a E responsáveis pela fixação do cálcio nos ossos (D) e pela fertilidade (E). Também o colesterol é o responsável pela produção de hormônios, além da formação da bile, com importante papel na função digestiva. O colesterol somente existe em produtos animais. Outros tipos de gordura são transformados em colesterol no fígado. O excesso de consumo de colesterol e gorduras saturadas está ligado, pois, à aterosclerose e à formação de cálculos biliares. A ingesta diária de colesterol deve ser de até 200 mg. Carne, Indústria de soja e “Fast-food” A carne, em especial a vermelha, tem sido objeto de propaganda negativa, sendo associada especialmente às doenças cardíacas, pela formação de ateroesclerose, às doenças neoplásicas (câncer) e às intoxicações. Não é referido, entretanto, que a carne é uma importante fonte de energia (de até 30% do total), proteínas e aminoácidos essenciais. É também fonte de ferro, elemento essencial na formação de glóbulos vermelhos, fósforo e vitaminas. A indústria da soja, por exemplo, faz grande propaganda de seus óleos, omitindo que seus produtos, uma vez aquecidos, (frituras) se transformam em gordura saturada (hidrogenada). Hoje, se acredita que um importante fator da hipercolesterolemia nos EUA são também os “fast-food” e as grosseries (pastelaria, doces gordurosos, batatas fritas, biscoitos amanteigados, margarinas, salgadinhos e outros produtos de padaria). Estudos demonstram que estes produtos reduzem o HDL (colesterol bom) e elevam o LDL e o colesterol total. É importante dizer-se que deve ser ingerido para uma boa alimentação, 200g de proteína de carne vermelha por dia, equivalente a dois grelhados. Colesterol nos Alimentos O ovo de 200g de colesterol, mas pouca gordura saturada, o que é favorável em termos de formação da placa ateromatosa. A carne ovina, a cada 100g, tem até 100mg de colesterol. A carne de peito de frango, a cada 100g, tem 60mg de colesterol. O grande problema desta carne é a gordura acumulada subcutânea (embaixo da pele). A carne de peixe, a cada 100g, tem 80mg de colesterol. Portanto, o maior problema das carnes são as quantidades ingeridas, uma vez que é tolerada e, até necessária, a ingesta de até 20g de gordura saturada e 200mg de colesterol. Gordura Saturada nos Alimentos Em cada 100g de carne bovina de Nelore, existem 3g de gordura saturada, enquanto na carne bovina de raça européia, 8g. A mesma quantidade de carne ovina tem de 4 a 6 g de gordura saturada. A manteiga de 50g de gordura saturada a cada 100g do produto. Quanto a diferenças entre bovinos e ovinos, a carne de zebuínos tem um pouco menos gordura saturada e colesterol que os ovinos. Entretanto, estes têm maior teor de gorduras insaturadas C-18 (ácidos graxos com 18 átomos de carbono), representadas pelos ácidos olêico (monoinsaturado) e linolêico (poliinsaturado). Os ácidos graxos C-18 também estão associados ao melhor sabor e aroma da carne. Por esta razão, a carne do Corriedade é mais saborosa em virtude da composição de sua gordura ser mais rica em ácidos graxos. Tanto os caprinos quanto os ovinos mais velhos tem em sua composição mais ácido capróico, que é um ácido graxo saturado de cadeia curta, portanto favorecendo a formação da placa ateromatosa e fator determinante da conhecida “catinga”, mau odor característico da carne ovina e caprina. Fatores Determinantes da Composição da Gordura na Carne A criação a pasto favorece a formação de ácidos graxos insaturados, que não são nocivos. A idade também influencia, sendo que, quanto maior a idade do animal, maior a quantidade de gorduras saturadas e colesterol, embora aumente a produção de ácido olêico e linolêico, que são favoráveis. O sexo, também tem influência, pois fêmeas tem maior potencial de ácido olêico em sua gordura (favorável). Por outro lado, o corte também tem importância, uma vez que o quarto (pernil) tem menos colesterol e maior teor de gorduras insaturadas (favorável). Diferenças entre raças ovinas As raças tipo carne tem menor marmoreio (entremeada entre a carne) e menor teor de gorduras saturadas e colesterol. Entretanto, raças mistas (carne e lã), como o Corriedade, com maior marmoreio, apresentam mais gordura, mas também maior teor de ácido olêico e linolêico, oferecendo, portanto, maior proteção quanto à formação de placas de ateroma, podendo evitá-las, observando-se as quantidades in- geridas. “Paradoxo Gaúcho” Apesar do maior consumo de carne, não há maior incidência no RS de doenças cardiovasculares, em relação aos demais estados. Igualmente no Uruguai, onde a ingesta de carne é superior ao RS e tem incidência de cardiopatias isquêmicas semelhante à Europa e inferior aos Estados Unidos. É interessante citar o famoso “paradoxo francês” como motivados da hipótese do “paradoxo gaúcho”. Na França, apesar da alta ingesta de gorduras, especialmente queijos, existe uma baixa incidência de doenças cardiovasculares, provavelmente pelo alto consumo de vinho tinto, que faz aumentar o HDL e também rico em resveratrol, substância antioxidante que evita a formação da placa ateromatosa, e ainda pela ingesta de azeite de oliva, que igualmente aumenta o HDL. Homem do Campo A nossa experiência médica de mais de 30 anos, inicialmente na Residência de cardiologia da Faculdade de Medicina da Ufrgs (serviço do prof. Rubens Maciel e, posteriormente, como professor de cardiologia da Faculdade Católica de Medicina e preceptor do Instituto de Cardiologia – RS, não vimos pacientes oriundos da Região da Campanha do Rio Grande do Sul habitantes do meio rural (peões de estância), pessoas caracterizadas pela alta ingesta de carne ovina, que é habitual na região, com infarto do miocárdio ou doenças cardiovasculares. É bem verdade que existem outros fatores protetores, como atividade física, que aumenta o HDL, a erva-mate, rica em flavonóides e polifenóis, com efeito antioxidante e, até mesmo o regular consumo de bebidas alcoólicas, também favorável ao aumento do HDL. Por outro lado, existem também fatores de risco como o excessivo consumo de sal, especialmente no charque, com conseqüente aumento da pressão arterial, a elevada ingesta de carboidratos, predispondo o aparecimento do diabete, e a alta prevalência de tabagismo. Aqui mais uma evidência fica, do baixo risco que apresenta a gordura ovina, trazendo a chamada “hipótese da carne ovina”, algo potencial de futuras pesquisas em nosso meio, buscando provas mais objetivas do benefício deste alimento ao homem. Conclusão O objetivo desta revisão foi desmistificar o excesso de malefícios atribuídos à carne bovina e ovina. Possivelmente, pode haver um efeito protetor da carne ovina, especialmente nas raças de duplo propósito, pela maior quantidade de gorduras formadoras de HDL (colesterol bom). Finalizando, diríamos que o Rio Grande se fez a cavalo e o gaúcho foi feito com ovelha! ● 1 Médico cardiologista e criador de ovinos Corriedale 2 Médico cardiologista e engenheiro agrônomo 12 fev-mar/08 Reportagem H á um novo movimento acontecendo na ovinocultura e isto pode ser sentido em leilões, feiras e eventos que envolvem o setor. Mais pessoas estão investindo na criação de ovinos principalmente interessados em participar do promissor mercado de carne ovina. E uma das raças que tem servido como base para cruzamentos industriais e contribuído para esta expansão é a Santa Inês. Em vários rebanhos e criatórios esta raça tem sido usada para o cruzamento com a Dorper, e outras raças mais especializadas na produção de carne, resultando em animais carniceiros e precoces. Para muitos ela é considerada o “Nelore dos ovinos”. Segundo a ARCO a Santa Inês é uma raça desenvolvida no nordeste brasileiro, resultante do cruzamento intercorrente das raças Bergamácia, Morada Nova, Somalis e outros ovinos sem raça definida (SRD). Conforme o criador e Inspetor Técnico da ARCO, Joselito Barbosa, é possível dizer que se trata de uma raça em formação oriunda de outras três raças, portanto de grande grau de heterose, e com várias linhagens distintas de rebanhos, (Bahia, Sergipe, Ceará) que por si só deram preferência a determinado tipo zootécnico, mais à Morada Nova, mais à Somalis ou mais a Bergamácia. O padrão racial da raça Santa Inês foi definido no ano de 1967 e posteriormente homologado pelo Ministério da Agricultura. O primeiro registro PCOD foi de animal nascido em 1973 de propriedade de Santa Inês conquista novos mercados Joselito Barbosa: mercado é favorável a investimentos em reprodutores e matrizes Lúcio Cavalcante Holanda, no município de Quixadá - Ceará. O primeiro PCOC foi uma fêmea nascida em 10/09/81 do criador João Ramos Sobrinho - Sergipe e o primeiro animal PO, que foi um macho nascido em 13/01/86 foi do criador Apolitano Agaci Nogueira Diógenes, município de Jaguaribe - Ceará. Conforme dados de levantamento feito pela ARCO em 2006, existem cerca de 49.830 mil cabeças registradas nos livros PCOD, PCOC e PO, distribuídas principalmente nos estados do norte e nordeste do Brasil. Os dados do rebanho ovino nas regiões onde os deslanados fazem presença mostram a verdadeira realidade do cres- Arco está conduzindo mudanças no standard da raça cimento do número destes animais. As regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste têm apresentado aumento nos números, tanto do rebanho comercial quanto do rebanho de genética avançada. Hoje, São Paulo já representa o maior efetivo de registro do Brasil, com 18% do total, ultrapassando a Bahia que até então era o maior efetivo (17%). Com a ovinocultura em franca expansão, os leilões têm se multiplicado em todas as regiões do País nos últimos anos. Só na região Nordeste, onde estão sediadas pelo menos sete leiloeiras, são realizados mais de sessenta pregões todo ano. Nas regiões Sudeste e CentroOeste, onde já existe tradição em vendas com outras espécies em leilões, os deslanados têm marcado presença constante (SP, MG, RJ, MT, etc). “Como o rebanho Nacional ainda é muito pequeno, existe a necessidade de repovoar todo este continente. Portanto o mercado atual é amplamente favorável a investimentos na comercialização de reprodutores e matrizes de alto valor genético, tanto para o rebanho comercial como para o de genética avançada”, afirma Joselito. Outro fator que ele aponta para o crescimento no interesse pela Santa Inês é que é uma raça produtora de carne magra, muito desejada pelos Chefs na confecção de pratos elaborados, dos grandes restaurantes, Santa Inês produz carne magra desejada pelos Chefs e pelos consumidores preocupados com a saúde. Criou-se então um nicho de mercado. O cruzamento industrial com outras raças mais carniceiras está proporcionando um aumento no volume da carcaça do Santa Inês, melhorando a produção de carne por cordeiro. A fertilidade é também um grande atrativo da raça. Em regiões de alto índice de luminosidade, ela entra em cio muitas vezes ao ano, aumentando a produção de cordeiros por matrizes e facilitando a indústria com a redução dos períodos de entressafra. “Isto é que precisamos na ovinocultura, aumentar a produtividade para termos oferta de cordeiros mais constante e, com isto, podermos fomentar o mercado de carne ovina”, salienta. Para o técnico, todo este movimento e investimento em genética e cruzamentos entre linhagens vem provocando mudanças leves no padrão morfológico da raça. Joselito diz que o trabalho dos técnicos está voltado para o mercado, tentando atender à demanda de modernização que os criadores pedem e o mercado exige, “Não podemos fugir do que está descrito e aprovado na ARCO, enquanto padrão racial, mas dentro destas normas, podemos trabalhar em melhorias”, afirma, acrescentando que é preciso observar as diferenças regionais que o país impõe, uma vez que a raça está sendo criada hoje, em vários estados. Dentro destes conceitos, foi sugerido pelos criadores, através da ABSI (Associação Brasileira dos Criadores de Santa Inês) e pelos técnicos da ARCO, mudanças no padrão racial, apenas para acompanhar a evolução genética que a raça vem apresentando. As sugestões foram discutidas durante cinco dias em encontro dos técnicos da ARCO em Avaré SP no mês de novembro, quando foram aprovadas algumas mudanças, que serão encaminhadas ao Ministério da Agricultura para regulamentação. “São aperfeiçoamentos no padrão, coisas que acontecem normalmente, nas raças”, finaliza. ●
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