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Ano 3 | Edição 8 | Junho de 2008 | Versão STANDARD Jornal do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa Asaph Borba inclusão na prática Biblioteca central do IPA completa segundo ano Feu Antunes Jornalismo resistente Asaph Borba Página 10 Material nem tão desprezível Hoje em dia, o lixo deixou de ser um material desprezível e, aos po cos, vem se transformando em um produto rentável. As novas tecnologias permitem que ele se transforme em compostos orgânicos ou seja reciclado. geral Página 4 Idéias que voam longe Nestes últimos 13 anos, a capital dos gaúchos conviveu com cerca de 70 jornais de bairro, mas também viu desaparecer 54 periódicos. Hoje Porto Alegre apresenta apenas 13 jornais neste segmento. Jornalistas analisam as dificuldades e explicam como alguns jornais conseguem driblar os problemas e sobreviver. geral Página 3 O pecado mora ao lado mundo: jordânia Um potencial turístico a ser explorado Página 16 Inspirado num grito de revolta punk nos anos 70, o “faça você mesmo” cresce como forma de expressão e fuga da mesmice do mercado cultural. São jovens que buscam o novo sem esperar que isto ‘caia do céu’. Página 6 economia 30 anos de Stock Car Rodrigo Domingos O centro de Porto Alegre é um local de múltiplos ambientes e muitos contrastes. Uma prova disto está na avenida Júlio de Castilhos, onde um cinema pornô está localizado ao lado de uma igreja evangélica. Página 13 comportamento A rota dos shows internacionais A oferta de shows internacionais no Rio Grande do Sul tem crescido significativamente nos últimos anos. Isso é atribuído a vários fatores, dentre eles o surgimento de novos espaços, além da maior concorrência entre as produtoras gaúchas. variedades Página 15 A Stock Car, principal categoria automobilística do Brasil, completa 30 anos de história e está mais forte do que nunca. Com duas modalidades de acesso, a Stock Car Light e a Stock Car Júnior, conta com a presença de pilotos de peso. Entre eles está o maior campeão, o experiente Ingo Hofmann, com 37 anos dedicados ao automobilismo. esportes Contra-capa Opinião junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA editorial Assim como todas as profissões, o jornalismo tem uma missão e, portanto, deveres a cumprir. A primeira obrigação do jornalista é com a verdade; a primeira lealdade é com os cidadãos e a sua essência é a disciplina da verificação. A partir dessas considerações do jornalista da Folha de São Paulo, Fernando Rodriguez, os 40 alunos da disciplina de Projeto Experimental I, do primeiro semestre do curso de Jornalismo, foram desafiados a buscar novidades e, através de suas fontes, a imprimir nestas páginas do Universo IPA, informações estruturadas sob a forma de reportagem, incluindo, também, ensaios sobre o gênero opinativo. Aqui está o produto final de um trabalho em equipe. Um processo exaustivo que ocorreu sem a perda do bom humor característico do grupo, e sem ouvirmos um único aluno recusar-se a batalhar por fontes importantes para a sua produção. Também não percebemos ninguém sem a prontidão necessária para certificar dados, revisar declarações ou reescrever parágrafos. Como professores, sabemos que é difícil encontrar turmas com as mesmas características e, por isso, esta ficará marcada, desde o primeiro dia de aula, pelo entusiasmo, além da persistência e disposição para enfrentar desafios. E os resultados estão aí. A maioria mostrou, não apenas a nós professores e ao grupo, mas a si próprios, que tem condições de superar dificuldades e batalhar pela qualificação do seu trabalho. Esperamos que cada um dos alunos, ao vivenciar a produção do Universo IPA, tenha percebido a responsabilidade de ser o porta-voz da sociedade, bem como a importância de conquistar os leitores sendo ético; fiel às fontes e imparcial. É nossa expectativa, também, que esta experiência tenha possibilitado a percepção de que o jornal é um produto de uma sala de redação com sensibilidade jornalística e muita responsabilidade. Então, depois de folhar estas páginas, que não deixam de compor um “caixa de surpresas”, esperamos que todas as matérias possam trazer novidades e despertar uma reflexão, mas, acima de tudo, a compreensão de que se trata do primeiro jornal impresso de um grupo, vitorioso ao inserir 100% das matérias propostas. Boa leitura! E que venha o próximo semestre! Lisete Ghiggi e José Valentim Peixe Circuito cultural Manoel Canepa O mês de julho dá início a um período de grandes manifestações culturais na capital gaúcha e começa contemplando aqueles que não conseguem viajar nas férias de inverno. A programação intensa conta com eventos consagrados e consolida outros nacionais e internacionais. A começar pelo Festival de Inverno que, em 2008, chega na sua 3ª edição reunindo programações de shows, cursos e cinema. Ainda nesta estação, ocorre um dos maiores festivais de cinema do país, o Festival de Gramado. Para quem não consegue dar uma fugida até a serra, opções de festivais de cinema não faltam na capital. O Cine Esquema Novo, o Festival do Livre Olhar (FLO) e o Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) são apenas alguns exemplos. Consolidando a programação da segunda metade do ano está o Porto Alegre Em Cena, festival de teatro que em 2008 completa 15 anos, com a participação de atores e dramaturgos de diversas regiões e nações. Outro evento é a Bienal de Arte Contemporânea do Mercosul, importante mostra de arte da América latina que ocorre em Porto Alegre a cada dois anos. No final de outubro, em plena primavera, teremos a Feira do Livro, um dos mais consagrados eventos culturais da cidade. Além de ser a maior feira do livro a céu aberto da América Latina, acaba por exercer o papel de aglutinador cultural da cidade ao gerar diversos eventos relacionados. Entre outras tantas programações que surgem constantemente, de julho ao final do ano, Porto Alegre mostra que alguma coisa acontece entre São Paulo e Buenos Aires. O patrão voltou! André Koehne/Wikimedia Edimar Blazina Sim. Ele voltou. Na verdade ele nunca saiu. Silvio Santos reestreou seu programa, que, aliás, leva seu nome, neste domingo. A fórmula é a mesma, as brincadeiras e atrações são muito parecidas com as de alguns anos, mas mesmo assim, o “patrão” ainda fascina. Que encanto tem esse homem que não passa de um empresário bem sucedido, vendedor de carnês para um “Baú da Felicidade?”. Lembro, quando tinha uns sete ou oito anos, de ver minha tia trocar o carnê, quitado, no final do ano por mercadorias e produtos na loja do Baú. “É bom porque a gente não perde dinheiro, se tu não fores sorteada, troca tudo por uma batedeira”, dizia ela. E, assim como ela, milhares de pessoas, no Brasil todo, confiavam e continuam confiando, nas presta- ções de Silvio Santos, e ele vendendo cada vez mais. Sem falar na Tele Sena, um título de capitalização que tem os números sorteados e divulgados pelo SBT. Que apelo é esse? De onde vem o sucesso de um excamelô que resolveu arriscar ser apresentador de televisão? Talvez esse seja seu grande diferencial. Silvio se iguala ao seu público quando assume sua origem, da mes- O lixo que sustenta a cidade Rafaela Haygertt O lixo sempre foi considerado um problema grave. Talvez porque a sociedade nunca tenha sabido realmente lidar com os seus restos. Numa cidade com as proporções de Porto Alegre, reutilizar bem o lixo produzido pela população é algo fundamental. A coleta de óleo de fritura é um exemplo de iniciativa que pode servir para que a população tome consciência e ajude a proteger o meio ambiente. Infelizmente, a reciclagem do óleo de cozinha ainda não foi abraçada pela população que, muitas vezes, nem sabe da existência de programas desse tipo. Outro ponto positivo para a capital é a criação da décima quinta unidade de triagem. A nova unidade de triagem foi inaugurada no dia 30 de junho e fica na rua Ramiro Barcelos. Segundo informações do DMLU, a unidade de triagem beneficiará os antigos moradores da Vila dos Papeleiros, que hoje estão no loteamento Santa Teresinha. Embora se tenha muito para comemorar, também há muito que ser feito. O comércio ilegal do lixo na região metropolitana é apenas um exemplo dos problemas que estão relacionados com a indústria do lixo. Jogo político Além do comércio ilegal de lixo, um outro problema, bem mais grave, é a condição de trabalho dos recicladores. Esses profissionais muitas vezes trabalham sem a proteção necessária e estão sujeitos a inúmeros riscos ao lidar com esse material, que vai desde um corte simples até alguma contaminação. No entanto, o mais grave, em relação ao lixo, é a falta de educação das pessoas. É comum se ver latinhas, papéis e outros materiais jogados na rua, mesmo que exista uma lata de lixo bem pertinho da criatura. A maioria dos moradores da cidade não sabe ao certo o ho- Reprodução/Correio do Povo IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista conselho diretor: Presidente, Edson Santa Rita Rubim; Vice-Presidente, Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan • conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca, Maria Flávia Kovalski e Marcelo Montanha Haygertt. reitora: Adriana Menelli de Oliveira Jornal elaborado por estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo IPA coordenação do curso de jornalismo Mariceia Benetti professores(as) Glória Cunha, José Antônio Meira da Rocha, José Valentin Peixe, Lisete Ghiggi, Maria Cristina Vinas e Rogério Soares. projeto experimental i e produção e planejamento editorial e gráfico i editores-chefes: L isete Ghiggi, José Valentin Peixe e José Antônio Meira da Rocha ajor - agência experimental de jornalismo arte-final: Carlos Tiburski • distribuição: Manoel Canepa revisão: Lisete Ghiggi e Glória Cunha • endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-060 contato: 51 3316.1269 e [email protected] impressão: Zero Hora (1.000 exemplares) ma forma, quando tráz a esses o sonho de ganhar, apenas rodando um pião, uma casa própria. Ou quem sabe, um baú de felicidades, tenha o que tiver dentro. Silvio ganha vendendo sonhos, não engana, é um processo muito claro: compre o carnê do baú, venha para a televisão e ganhe prêmios. Se você não for sorteado, troque por produtos a seu gosto. Se mesmo assim você não ganhar nada, ainda pode ter a chance de concorrer a uma casa, apenas pagando as prestações do carnê. Ou seja, qual pessoa cansada de ser enganada nesse país, não compraria um sonho desses? Por motivos como esses, além de muitos outros, que eu admiro o Silvio e o considero o rei da televisão. Contrariando todas as expectativas, um sujeito muito sem graça, com frases repetidas há pelo menos 40 anos da mesma maneira não cansa. Diferentemente de seu amigo e colega de domingo, que há pouco comemorou mil programas. Este sim já cansou, desde que c o m e m o ro u o c e n t é s i m o show. Alexandra Giacomuzzi Maquiavel, filósofo, escritor e hábil político em sua obra mais significativa intitulada O Príncipe diz que deseja ir à “verdade efetiva das coisas”, ao invés de se perder “na imaginação delas”. O Rio Grande do Sul passa por uma turbulência ética sem precedentes na gestão política do Estado. Os cidadãos gaúchos já não estão assustados, mas indignados com a inacreditável sucessão de escândalos e denúncias a que assistem nos últimos meses. Em novembro de 2007, a Polícia Federal desmontou um esquema que desviou R$ 44 milhões do Detran gaúcho. No início de junho, o vice-governa- dor divulgou uma gravação em que um auxiliar de Yeda, o exchefe da Casa Civil Cézar Busatto (PPS), admitia o uso de estatais para financiar campanhas eleitorais. O exercício do “bom governo” não é tarefa fácil e exige aquisição de qualidades políticas. O governante não detém o poder absoluto, pois gerencia rário de coleta, nem se preocupa em separar o lixo orgânico do reciclável. Mas isso não é totalmente culpa dos moradores, já que a prefeitura, muitas vezes, não investe em campanhas de conscientização, e muito menos em projetos educativos que tenham em vista a educação ambiental. É importante que as pessoas se conscientizem de que o lixo pode ser sim, muito lucrativo e principalmente gerador de empregos. Mas para que isso aconteça é preciso fazer tudo certinho. E é só com educação ambiental e uma prefeitura disposta a servir o povo que a nossa realidade poderá melhorar. conflitos de interesses opostos. A palavra corrupção que deriva do latim corruptus, numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços, e numa segunda, apodrecido. Sabe-se que há corrupção presente em todas as sociedades, porém o consentimento dá continuidade ao ciclo de desigualdade e assim, fortalece a dúvida. Portanto, torna-se indispensável a apuração de toda e qualquer suspeita de corrupção, pois a transparência da verdade deve estar condicionada a uma postura baseada em princípios éticos. O Estado do Rio Grande do Sul, diante de graves denúncias de corrupção, não aceitará um governo indiferente aos fatos, pois o povo gaúcho exige muito mais do que a verdade, exige mudanças. E já se percebe isto ao se escutar o clamor da população. Sinal de que algo está mudando e ainda deve mudar muito mais. Muitos acham que o governo chegou ao fim, eu não. Acredito na força política da “Mulher”, a primeira de muitas outras que virão para fazer a diferença, a fim de que novas regras e valores se imponham e vingue, então, um novo Estado. Geral Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 Cidades Jornais de bairro: jornalismo resistente http://biadornelles.blogspot.com A história, contada pela pesquisadora e jornalista Beatriz Dornelles, revela que, de 1995 até hoje, Porto Alegre já conheceu cerca de 70 jornais de bairro, sendo que atualmente circulam apenas 13 com periodicidade fixa. Jornalistas gaúchos analisam as dificuldades enfrentadas neste segmento e explicam como alguns jornais tradicionais conseguem se manter no mercado. D Ana Paula Maciel, Bruna Garbin e Helena Flores De acordo com o jornalista e pesquisador Gustavo Cruz, a história dos jornais de bairro, em Porto Alegre, começa em 1954, com o lançamento do SABIdo, jornal de bairro da zona sul de Porto Alegre, pertencente à Sociedade Amigos dos Balneários de Ipanema (SABI), fundada em 9 de fevereiro de 1953. Para a pesquisadora Beatriz Dornelles, “o jornalismo de bairro precisa defender todos os interesses que têm o consenso da comunidade local, mesmo tendo posição divergente. E a comunidade espera que o jornalista, a qualquer momento, prestigie os que vivem no anonimato”. E complementa: “Essa é a essência da existência do jornal de bairro”. Jornais de bairro abrem e fecham com grande freqüência. Mas,“todos fecham por questões econômicas”. Esta é a conclusão da jornalista que há 13 Beatriz Dornelles, jornalista e pesquisadora anos pesquisa sobre este segmento da imprensa. De acordo com os seus estudos, o período de maior destaque foi de 1995 a 2000, quando circularam paralelamente cerca de 45 jornais, abrangendo mais de 50 bairros. Um contraste com os números atuais que apontam apenas 13 jornais de bairro na capital, com periodicidade fixa. Nos últimos 13 anos desapareceram na capital 54 jornais de bairro, e as causas, segundo Dornelles, são diversas, porém, a principal é a questão financeira. “Esses jornais não sobrevivem com os pequenos anunciantes, pois são flutuantes e, além disso, não contam com nenhum tipo de ajuda financeira para circularem”. Também aponta a falta de pessoas gabaritadas no mercado para a venda de anúncios neste tipo de periódico, bem como o desinteresse de órgãos públicos e agências de publicidade de Porto Alegre que “não investem e nem valorizam estes espaços”. Outro problema dos jornais de bairro é que a maioria, por falta de conhecimento, não é registrada no Cartório de Registros Especiais como determina a lei. Com referência aos cadernos de bairro editados pelo jornal Zero Hora, do grupo RBS, a pesquisadora destaca que “não são jornais de bairro”, pois não atendem às características que definem o jornalismo de bairro que é comunitário. Também ressalta que “representam os mesmos interesses da grande imprensa, que é dar lucro”. “Já”, o primeiro jornal de bairro, em circulação há mais de 20 anos O “Já“ Bom Fim/Moinhos é o mais antigo jornal de bairro, registrado, de Porto Alegre. Pertence a “Já” Editores e nasceu há 20 anos, no período de abertura democrática, pós-golpe militar. Para a jornalista que integra a equipe de redatores, Naira Hofmeister, “o jornalismo de bairro está em expansão, e a prova disso é que nos últimos anos temos enfrentado uma grande concorrência com novos periódicos de bairro”. Para ela é saudável que existam novos jornais, pois assim, o segmento se fortalece. “Hoje seguimos atuando em um nicho ainda pouco explorado pela mídia tradicional, que é a cidade do ponto de vista do cidadão, o oposto do que geralmente retratam os jornais diários, que é a informação generalista”, explica Hofmeister. Em março deste ano o jornal passou a ter edições quinzenais e se mantém basicamente de anúncios do varejo. A distribuição dos jornais se dá gratuitamente em dez bairros: Bom Fim, Moinhos de Vento, Floresta, Independência farroupilha, Rio Branco, Santana, Santa Cecília, Cidade Baixa e Centro. Todos os pontos comerciais recebem exemplares. Com o tempo, as grandes empresas começaram a perceber a importância do Jornal e Ana Paula Maciel Pontos de distribuição encontrados em shoppings e na rua passaram a anunciar em suas páginas. Para Naira, o jornal de bairro exige uma habilidade especial no tratamento com os anunciantes, pois eles são também os leitores das notícias e, muitas vezes as fontes das matérias. “É um desafio diário, e a venda dos anúncios é feita de porta em porta. O anunciante só compra um espaço porque acredita naquele veículo”, explica. Para a jornalista do “Já”, a maior dificuldade dos jornais de bairro está na falta de recursos financeiros para montar uma equipe que possa melhorar o jornal em sua forma de apresentação e conteúdo. De um modo geral, os leitores não co- bram isso dos jornalistas, pois se acostumaram a ter como referencial os jornais Zero Hora e Correio do Povo e nenhum deles concede espaço à editoria de Bairro ou Cidade. A equipe do jornal “Já” é dirigida pelos jornalistas, kenny Braga, com atuação também em rádio, e Elmar Bones, que já passou por veículos como a Folha da Manhã, Gazeta Mercantil e Veja. Na equipe de redatores, constituída por sete jornalistas, além de uma publicitária, está o repórter Guilherme Kolling, vencedor de vários prêmios de jornalismo, da Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Cadernos da Zero Hora Em retomada ao projeto de jornais de bairro, a Zero Hora decidiu abrir os cadernos que cobrem um bairro chave e o seu entorno, após uma tentativa frustrada no final dos anos 80, quando os jornais de bairro foram fechados por não dar lucro para empresa. Dentro dessa nova concepção, entraram muitas novidades que, aos poucos, estão sendo adotadas. E hoje, segundo a editora dos cadernos de bairro da Zero Ho- Asaph Borba ra, Clarissa Ciarelli, ocorre uma ativa participação e valorização do leitor. Os cadernos tornam-se praticamente um guia para as pessoas dentro do seu bairro. “Trabalhamos com uma equipe muito enxuta, composta por uma editora, uma diagramadora e um repórter; ele mesmo fotografa e finaliza a página”, afirma ela. Para Ciarelli, “os cadernos funcionam como um laboratório de tendências do jornalismo que se observa em pesquisas do mundo todo”. É importante ressaltar a questão do localismo, por isso a nova opção para retomada do projeto foi um outro formato que hoje é uma tendência mundial. A distribuição dos cadernos é feita de forma estratégica. Quem assina ou compra a Zero Hora recebe o caderno incluído, de acordo com o bairro em que mora ou local em que adquire o impresso. Jornalismo produzido a partir da visão dos moradores de rua O jornal Boca de Rua já tem quase oito anos e conta, até hoje, com a presença de uma das fundadoras, a jornalista Rosina Duarte. Juntamente com Natália Alles e Nanda Isele Gallas, também profissionais na área de impressos, oferecem apoio técnico a um grupo, constituído de 30 integrantes. Trata-se de um projeto da ONG, Agência para Livre Informação, Cidadania e Educação (ALICE), cujo objetivo é produzir um jornal que trate da realidade dos moradores de rua de Porto Alegre, visto pela ótica dos próprios sujeitos desta situação. Então, os integrantes do jornal são os próprios moradores de rua. É um jornal trimestral. E toda vez que uma nova edição começa a ser preparada, o processo de produção se repete: discussão de pauta, divisão em grupos, organização do texto, saídas para entrevistas, fotos e escrita final. De acordo com Nanda Isele Gallas, a idéia é justamente questionar os limites formais entre comunidade e produtores de informação. Quanto às pautas, Gallas ressalta: “A recorrência das denúncias como pautas no jornal pode ser “Só se deve comprar o jornal de quem está com o crachá do Boca de Rua”. considerada, uma conseqüência da falta de espaço nos veículos tradicionais. A urgência de gritar ao mundo o que se passa com os moradores de rua, em Porto Alegre, é tamanha, e tão acumulada, que a maior parte das pautas do jornal circunda a realidade dos integrantes do jornal”. Os exemplares são vendidos pelos integrantes do jornal “Boca de Rua”, conforme uma regra definida pelo próprio grupo: só quem faz o jornal, vende o jornal. Assim, no final de cada reunião semanal, em que todos participam da produção do conteúdo, cada um dos integrantes recebe o seu lote. Os exemplares são vendidos ao valor unitário de R$ 1,00 e revertem em renda para os integrantes. Ao contrário de muitos jornais de bairro, o “Boca de Rua”, não tem interesse empresarial. “O crescimento é pensado em outros termos que não o aumento do lucro ou da marca ou da empresa”, destaca Gallas. Pensar em crescimento significa pensar coletivamente. E o importante, frisa a jornalista, “Só se deve comprar o jornal de quem está com o crachá do Boca de Rua”. Geral junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA economia informal Lixo, um material nem tão desprezível Divulgação Hoje em dia, o lixo deixou de ser um material desprezível e, aos poucos, vem se transformando em um produto rentável. As novas tecnologias permitem que ele se transforme em compostos orgânicos ou, então, seja reciclado. Mas a cobiça pelo lixo tem sido alvo de muitos atravessadores que minam os lucros dos catadores de lixo da capital e até desviam parte dele para outros municípios. Guilherme Neves, Michael Borges e Rafaela Haygertt O O lixo tem recebido uma atenção especial dos últimos prefeitos de Porto Alegre, mas há um problema que parece não ter uma solução a curto prazo definitiva. Trata-se da falta de educação ambiental dos moradores e de quem circula nas ruas de Porto Alegre. Apesar de não ser um problema exclusivo da nossa capital, o assessor técnico do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Vicente Gonçalves, concorda que o lixo depositado fora dos locais e dos horários de coleta é um Menino seleciona lixo em galpão de triagem empecilho para manter a cidade limpa. O material fica à espera do recolhimento e torna-se um foco de reprodução de microorganismos causadores de doenças, além de exalar um mau odor. De acordo com o assessor técnico do DMLU, Porto Alegre produz cerca de 950 toneladas de lixo doméstico ao dia.Também informa que há três tipos de lixo: o produzido nas residências e que não pode ser reciclado; o público, que surge através da limpeza urbana; e o seletivo, como é chamado o lixo que pode ser reaproveitado”. O LIXO NÃO FICA AQUI O lixo que sai das nossas casas vai para uma área chamada Estação de Transbordo, situada no bairro Partenon, e dali segue para Minas do Leão, uma antiga reserva de carvão que fica a 130 km da cidade. Segundo Gonçalves, “não existem lixões em Porto Alegre, porque essa é uma prática muito nociva ao meio ambiente”. E Educação é possível A realidade das associações da reciclagem na região metropolitana pode ser complicada, mas há muita gente de boa vontade querendo mudá-la. Exemplo disto é Joaquim Reis, 34 anos, viamonense, presidente da Associação de Recicladores de Viamão (ARV). Caroline Garcia NÃO HÁ COMO SOBREVIVER Fritando o desperdício O recolhimento do óleo de fritura, uma das mais importantes iniciativas da prefeitura, completou um ano no último mês de junho. Mariza Reis, engenheira química do DMLU, explica que óleo de fritura quando descartado inadequadamente pode Mercado Negro A Prefeitura Municipal de Viamão foi ouvida pelo Universo IPA sobre o lixo orgânico que chega ao município vindo da capital. Caroline Garcia Sala de estar e flôr de pet, criatividade pura por estar desempregado”, define o presidente da ARV. Um catador bem assessorado ganha de R$ 15 a R$ 25 por dia de trabalho, ainda assim, ressalta Reis, os comerciantes fazem questão de não colocar o lixo na frente de seus estabelecimentos na hora em que ele passa. Já houve casos em que foram acusados de roubo em algumas ruas. Por isso, o catador faz questão de ser conhecido, mas não adianta muito, afirma Joaquim, que defende a profissionalização do catador, que aliás, já foi aceita federalmente. “É extremamente necessário trabalhar sua auto-estima”. INCLUSÃO De acordo com Reis, as pessoas ainda têm dificuldade de diferenciar um catador de um papeleiro. “Um papeleiro é aquele que recolhe e carrega papéis e, geralmente, é morador de rua. Catador é aquela pessoa que muitas vezes tem uma profissão, mas não tem alternativa uma unidade de triagem encarregada de fazer a compostagem do lixo orgânico”. Caroline Garcia Caroline Garcia Entre os principais projetos da entidade está uma análise do gerenciamento de resíduos sólidos no município: os números revelam a realidade dos catadores e recicladores. Metade da entidade é de catadores e a outra potencializa a inclusão produtiva, aproximando o catador do gerenciador. Através da ARV, foi criada a Cooperativa de Catadores de Viamão que inclui famílias inteiras no programa de geração de renda, a partir de uma iniciativa muito simples: organizam-se como artesãos e, enquanto o pai vai para a rua catar o lixo, a mãe e os filhos aprendem a fazer trabalhos manuais com o que é trazido ao galpão. explica que “já foram substituídos por aterros sanitários, onde algumas empresas ficam encarregadas da impermeabilização do solo”. Porto Alegre produz cerca de 250 toneladas de lixo seletivo por dia, o qual é recolhido pelo DMLU, mas, em breve, conta o assessor, será terceirizada e passará a ser recolhido mais vezes por semana. Segundo ele, “o material é dividido em 13 unidades de triagem existentes na capital, e Porto Alegre ainda conta com mais obstruir canalizações de esgoto e provocar inundações, além de poluir os mananciais, sobrecarregando o tratamento de água e de consumo. A Engenheira relata que empresas como Celgon, Ecológica, Faros e Oleoplan já faziam este tipo de trabalho junto aos produtores desse material, tais como bares, restaurantes, hotéis, e em outros locais onde há cozinhas industriais. O DMLU apenas realizou um convênio com essas empresas. Mas, como “o alto custo da coleta impede que ela ocorra porta a porta, os pontos destinados a população, considerados pequenos geradores, estão concentrados em postos de entrega, permitindo otimização no roteiro da empresa e diminuindo seus custos”, comentou Mariza. Dentre os inúmeros produtos que podem ser produzidos a partir desse material, estão o biocombustível, ração, sabão e detergente, além de combustível para caldeira. “Atualmente temos 63 postos de coleta de óleo espalhados pela cidade”, conta a engenheira. E, de acordo com o site do DMLU, foram arrecadados e encaminhados para industrias de reciclagem, até hoje, 16 mil litros de óleo de cozinha. Na construção de páginas na internet, o presidente da ARV buscou improvisar uma lan house dentro do barracão, onde trocava lixo selecionado por uma hora na rede. Não deu certo, os custos eram mais altos do que se podia pagar. Hoje, se organizam em um terreno alugado onde pretendem fazer uma feira em parceria com a CEASA. Para cada quilo de material reciclável trazido, a família poderá ganhar um vale, no valor correspondente e trocar por hortifrutigranjeiros. Outra associação também está começando um trabalho voltado à educação ambiental. É a Associação de Educação Ambiental Nossa Senhora de Aparecida, localizada no bairro Jardim Estalagem, também em Viamão, onde logo será inaugurado um espaço para receber alunos de escolas, interessados no assunto. “Somos doze triadores de lixo da Associação que recolhem em torno de 3 toneladas por dia”, diz Talles dos Santos, 18 anos. “Não trabalhamos com catadores, apenas recolhemos o material com um caminhão disponibilizado pela Prefeitura”. O grupo de triadores distribue folders, participam ativamente de campanhas de conscientização ambiental e estão abertos à parcerias com recicladores. Um cidadão viamonenese que solicitou o anonimato, afirmou que “uma grande quantidade de dejetos orgânicos com lixo reciclável é transportada de Porto Alegre para Viamão. O lixo é proveniente do Aeroporto Salgado Filho, da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e do Shopping Iguatemi, e é transportado por uma empresa terceirizada, até o galpão de triagem da Vila Augusta Meneguinni, em Viamão”. De acordo com a legislação n.11.187/98, é proibido retirar lixo de uma cidade e transportá-lo para outra. O mesmo cidadão também questiona os gastos dos triadores: “Por que um triador da Vila Augusta ganha em torno de R$ 250 e outro da localidade de Estalagem ganha cerca de R$ 500? Segundo o diretor operacional do Departamento de Limpeza Urbana (DLU) de Viamão, Enio Borba, que assumiu o cargo há pouco tempo, o lixo estava sendo gerenciado pelos galpões de triagem. E ao iniciar as suas atividades, tratou de proibir a compra do lixo da capital que vinha sendo feita pelo galpão da Prefeitura de Viamão recolhe lixo Vila Augusta. “Além de não ter vantagem é ilegal. Por isso acabamos com este comércio. O lixo que vinha de Porto Alegre estava sendo comprado ilegalmente pelo próprio barracão que alegava não produzir em Viamão o suficiente para a sua sobrevivência”. Sobre as justificativas da administração do galpão, Borba explica que “os problemas da Vila Augusta são popularmente conhecidos. E para que não ficassem desfalcados, foi colocado mais um caminhão à disposição deles. O problema veio à tona, ou seja, ao meu conhecimento há mais ou menos um mês. Mas ainda aguardamos resultados”. Segundo Patrícia Nascimento, do Departamento de Cidadania e Assistência Social, “a Associação dos Triadores da Vila Augusta Meneguinni, encontra-se com a documentação irregular, não tendo renovado o seu atestado de funcionamento desde 2004. Também não apresentou nenhum projeto ambiental, como é esperado de uma associação deste tipo”. A diretora geral da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Viamão, Vanessa Rocha, declarou que os galpões de triagem têm um contrato com a prefeitura e que cada um deles recebe uma ajuda financeira de mesmo valor. Porém, ao não considerar o número de triadores, a divisão se torna desigual, pois na Vila Augusta existe quase o dobro de triadores em relação à Estalagem. Ela lembra também que o único galpão que funciona no município com autorização da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), é o do Passo Dorneles. Com relação à prefeitura de Porto Alegre, que tem parte do lixo desviado para o município de Viamão, declara o assessor técnico do DMLU, Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves, que o transporte do lixo é ilegal e que a responsabilidade é da prefeitura de Viamão. Saúde Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 Dia Nacional sem Tabaco Droga lícita que causa dependência Fotos: André Freitas O tabaco é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo e mata uma pessoa a cada seis segundos. A OMS estima que hoje o consumo do tabaco cause mais de cinco milhões de óbitos ao ano. A previsão para 2030 indica que teremos oito milhões de mortes. No século XXI, o tabaco poderá matar um bilhão de pessoas. Alexandra Giacomuzzi e André Freitas U Um cigarro possui cerca de cinco mil substâncias tóxicas, mas a principal é a nicotina que, além de causar a dependência, está diretamente relacionada à doença cardiovascular. O cigarro também possui 43 substâncias cancerígenas. A fumaça do tabaco, durante a tragada, é inalada pelos pulmões distribuindo-se para circulação sistêmica e chegando rapidamente ao cérebro, entre 07 e 09 segundos (em geral, 09 segundos). As concentrações de nicotina no sangue arterial aumentam rapidamente após uma tragada. Têm uma meia-vida de 30 a 120 minutos. Os níveis diminuem à medida que a nicotina é redistribuída para outros tecidos do O projeto disponibilizou gratuitamente à população o teste do expirômetro corpo. É por isso que os fumantes geralmente sentem necessidade de fumar um cigarro a cada meia hora, de acordo com a médica Anna Elizabeth de Miranda, doutora em pediatria e Coordenadora do Programa Saber Saúde (Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer nas Escolas). O tabagismo passivo é um dos grandes vilões e atinge aproximadamente 80% da população que está exposta aos riscos de elevar a probabilidade de câncer de pulmão e de infarto em adultos e de asma, pneumonias e otites em crianças. A fumaça resultante dos derivados do tabaco em ambientes fechados, denominada de poluição tabagística ambiental, é a maior responsável pela poluição ambientes. Hoje se estima que seja o tabagismo passivo a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool, conforme a médica Anna Elizabeth Miranda. As estatísticas mostram números assustadores. A prevalência de tabagismo no Brasil aparece fortemente em adul- Conscientizar é o caminho De acordo com o psiquiatra Carlos Salgado, o cigarro é uma droga lícita para maiores de 18 anos e pode levar à dependência porque a nicotina existente no tabaco é capaz de produzir modificações no sistema nervoso central. O resultado é o desenvolvimento da síndrome de privação e repetição compulsiva do uso. Segundo estudos da OMS a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, com uma diferença: chega ao cérebro de 2 a 4 segundos mais rápido. O psiquiatra explica que a nicotina é absorvida através dos vasos sangüíneos, a partir do pulmão ou trato digestivo. Ela circula até o cérebro, onde libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer. Salgado destaca que um ambiente saturado de fumaça também garante que todos fumem, mesmo que passivamente. De acordo com a OMS, os dois componentes principais da poluição tabagística ambiental são a fumaça exalada pelo fumante e a fumaça que sai da ponta do cigarro. O ar poluído contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta ve- Avaliação do grau de dependência à nicotina No dia do evento ocorrem a entrega de panfleto com informações sobre os malefícios do tabagismo zes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. Segundo o psiquiatra, a embalagem do cigarro contém 20 unidades. Considerando que o fumante dorme 8 horas e fica desperto por 16 horas, o tempo de ação da nicotina será em torno de 45mim. Salgado alerta que diferentemente o alcatrão, uma gordura liberada pelo cigarro, fica impregnada no tecido pulmonar e pode levar muitos anos para ser destruída pelo organismo. O grau de dependência da nicotina, informa Salgado, pode ser medido através de es- calas, como a de Fagerstron, um questionário muito simples. E, provavelmente a pergunta mais importante desse instrumento, ressalta o psiquiatra, seja a referente ao tempo até o primeiro cigarro. De acordo com a OMS, res resultados informa Salgado, se dão com assistência médica adequada. Hoje já existem medicações que auxiliam no processo de abstinência. Um exemplo é o Ziban (bupropiona), que atua corrigindo a falta de dopamina resultante da interrupção de nicotina do indivíduo dependente. Mas, o psiquiatra enfatiza que existe controvérsia quanto ao uso de medicações. O Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre oferece um programa integrado para o tratamento do tabagismo pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O programa desenvolve-se aproximadamente em um ano. "A nicotina é capaz de desenvolver síndrome de privação e repetição compulsiva do uso". apenas 5% das pessoas conseguem parar de fumar sem o auxílio de terceiros. Quem pretende abandonar o cigarro sozinho vai se defrontar com o embate entre o desejo de parar e a necessidade, tanto psicológica quanto fisiológica, criada pelo tabaco. Os melho- tos, sendo 18%, maior entre os homens. Em Porto Alegre, o percentual é de 25% entre adultos. Entre escolares de 13 a 15 anos o índice é de 37% para o sexo masculino e de 34% para o feminino. De acordo com a Pesquisa de Prevalência do Tabagismo em Escolares de 13 a 15 anos de Porto Alegre – Vigescola, realizada em 2002 com a Con- prev/INCA e OPAS, a idade média de início do tabagismo é de 13 anos, e 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos. A prevalência de tabagismo entre as mulheres vem aumentando, especialmente entre adolescentes, o que se reflete na maior mortalidade por doenças cardiovascular e cancerígena. Segundo a médica Anna Elizabeth de Miranda, “A mortalidade por doenças relacionadas ao tabagismo aumentará muito, especialmente nos países em desenvolvimento, como já vem aumentando o índice de câncer de pulmão entre as mulheres”. Os especialistas relatam que os fumantes devem procurar se engajar em atividades nos seus locais de estudo ou trabalho, e buscar apoio nos Programas de Controle do Tabagismo, nos municípios ou na Secretaria Estadual da Saúde. Cabe à comunidade aproveitar as datas comemorativas, como o Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, para desenvolver atividades educativas e de divulgação em Escolas, Universidades, Unidades de Saúde e Ambientes de Trabalho. Desta forma, aumentar as ações já existentes para o controle do tabagismo “é um grande avanço em busca da diminuição desses alarmantes dados”, ressalta Anna Elizabeth Miranda. Teste de Fagerström 1. Quanto tempo após acordar você fuma o seu primeiro cigarro? Dentro de 5 minutos = 3 Entre 6 a 30 minutos = 2 Entre 31 a 60 minutos = 1 Após 60 minutos = 0 2. Você acha difícil não fumar em lugares proibidos, como igrejas, bibliotecas, cinemas, ônibus, etc? Sim = 1 Não = 2 3. Qual cigarro do dia traz mais satisfação? O primeiro da manhã = 1 Outros = 0 4. Quantos cigarros você fuma por dia? Menos de 10 = 0 De 11 a 20 = 1 De 21 a 30 = 2 Mais de 31 = 3 5. Você fuma mais freqüentemente pela manhã? Sim = 1 Não = 0 6. Você fuma, mesmo doente, quando precisa ficar de cama a maior parte do tempo? Sim = 1 Não = 0 Conclusão sobre o grau de dependência: 0 a 2 pontos = muito baixo 3 a 4 pontos = baixo 5 pontos = médio 6 a 7 pontos = elevado 8 a 10 pontos = muito elevado Uma soma acima de 6 pontos indica que, provavelmente, o paciente sentirá desconforto (síndrome de abstinência) ao deixar de fumar. Graus de nicotino/dependência e sua percentagem de frequência: 0 a 1 (cerca de 20%) - fraca nicotino-dependência e leves sintomas da Síndrome de Abstinência (SA). Esses fumantes raramente precisam de ajuda para abandonar o tabaco. 2 a 3 (cerca de 30%) - certo grau de nicotino-dependência. Podem ocorrer sintomas mais acentuados da SA. Com alguma freqüência há abandono espontâneo do tabaco. O tratamento é de ajuda. 4 a 5 (cerca de 30%) - a nicotino-dependência é acima da média. Fracos sintomas de SA. Com freqüência, o tratamento obtém resultados positivos. 6 a 7 (cerca de 15%) - a nicotino-dependência é intensa, assim como também a SA. Os danos à saúde são elevados. O tratamento deve ser mais enérgico e mais prolongado que o geralmente recomendado. É indicado suporte psicológico, particularmente quando há estresse e alto consumo de álcool. 8 a 10 (cerca de 5%) - a nicotino-dependência é incoersível e é grave o quadro da SA. É essencial a ajuda psicológica e o tratamento farmacológico com vários medicamentos associados. Os resultados são negativos na maioria desses fumantes. É comum a associação de morbidade, ansiedade, depressão e alto consumo de álcool. Nos fumantes com pontuação até três, os quais somam cerca de metade dos tabagistas, o aconselhamento mínimo é geralmente suficiente para abandonar o tabaco. Economia junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA idéias que voam longe Do it yourself ou faça você mesmo! www.almagorda.com.br Um grito de revolta punk dos anos 70, o “faça você mesmo”, cresceu como forma de expressão e de fuga da mesmice do mercado cultural e, hoje, conquista espaços no mercado. São jovens que buscam o novo, o diferente, sem esperar que isso ‘caia do céu’. Eles vão atrás e fazem acontecer ao criar novas maneiras de expor idéias e opiniões, além de contar com a tecnologia a seu favor. E a internet, por ser um meio de maior alcance e de baixo custo é a forma preferida de divulgar o que fazem. Alice Corá, Gisele Mendonça e Thiago Oliveira d De acordo com o historiador Eleilson Leite, há três décadas o movimento de contracultura punk revolucionou o comportamento de muitos jovens da época. Tudo começou com a cena musical dos anos 70, quando jovens músicos amadores aprendiam alguns acordes e se juntavam para fazer um som que agradasse e, ao mesmo tempo, contestasse os padrões sociais convencionados. De movimento que buscava a fuga das chamadas culturas de massa e da imposição do mercado capitalista o “do it yourself” ou “faça você mesmo”, como é conhecido no Brasil, perdeu parte desta essência anarquista original, já que muitos que adotam esta forma de satisfação pessoal, ao contrário daquele tempo, passaram a visar ao lucro, através da divulgação de suas idéias. É o que relata o empreendedor e acadêmico de História, Lucas Silveira. A anarquia que a repressão e a revolta traziam naquela época se traduz de outra maneira hoje em dia. A internet, com a quantidade de informações e a agilidade na divulgação, assumiu um certo caráter anárquico, pois é um ambiente de livre acesso e de uso da palavra. Qualquer um com uma idéia na cabeça consegue colocá-la em prática na web, seja para divulgar pensamentos, criticar manifestações ou promover novas maneiras de agir e produzir. A internet veio para facilitar e dar o empurrãozinho que estava faltando nas mentes inquietas dos jovens criativos de hoje. Esta nova tendência já possui adeptos dos mais variados segmentos, como da moda e da comunicação. Alessandra Lago e suas criações AlmaGorda aposta na toy art A moça que sempre gostou de atividades manuais e de tudo que era diferente criou a “AlmaGorda”, uma marca de produtos divertidos e diversificados que não se encontrava em qualquer lugar. Alessandra Lago, 32 anos, formada em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), passou 12 anos de sua vida criando para uma agência de publicidade. Foi em seu último trabalho pela agência, uma campanha voltada para o público infantil, que Alessandra resolveu seguir com um projeto próprio. Divulgação: Lucas Silveira Lucas Silveira e Eduardo Nunes vestem as camisetas da Selva! Selva! usa referências do dia-a-dia Na busca por algo com que se identificassem, Eduardo Nunes, 20 anos, e Lucas Silveira, 23 anos, acadêmicos de Publicidade e Propaganda e História, do Centro Universitário Metodista do IPA, criaram “Selva!”, uma marca de camisetas com estampas que expressam as referências do seu cotidiano, como grafite, stencil, stickers e tudo o que faz parte da diversificada street art. Isto mesclado com seu interesse por design e moda. Quanto ao motivo da criação da marca, Lucas explicou: “queria encontrar alguma coisa com a qual me identificasse e não encontrava”. A falta de produtos que expressam a sua individualidade foi um dos fatores determinantes para a concretização do projeto. O outro, foi o baixo custo da confecção do material que, por enquanto, se restringe a camisetas, mas que num futuro próximo deverá incluir jaquetas e calças. Ao expandir os seus produtos espera ter uma fonte substancial de renda, pois “no momento em que você tira dinheiro do próprio bolso, deixa de ser um passatempo e passa a ser um negócio”, salientou Lucas. Os dois universitários não estão preocupados em alcançar um público específico. Só compra quem se identifica com os produtos, sem restrição quanto a alguma tribo urbana ou modismo. A marca já é reconhecida, mas ainda não foi possível obter lucros com a confecção, apenas o retorno do investimento e de sua manutenção. A internet tornou-se o meio ideal de divulgação, por não necessitar de vínculos burocráticos e ter grande acessibilidade, com o mínimo de custo. Apesar de possuir apenas dois sócios, “Selva!” recebe a colaboração de amigos na criação e divulgação de idéias, além de admiradores que, através da internet, tomam conhecimento da marca e efetuam as compras. Nos produtos estão os bichinhos de pelúcia, geralmente com aspectos de monstros e carinhas divertidas, chamados toy art uma releitura de brinquedos, com referências de design, moda e arte urbana. De acordo com Alessandra, há um cuidado especial na escolha dos materiais, principalmente os tecidos, para que possam transmitir a maciez e o toque necessários. “AlmaGorda” ainda conta com uma linha de acessórios pessoais, incluindo bolsas, chaveiros, mantas, luvas e até almofadas, tudo com uma ca- ra moderna e inovadora. “Eu sempre quis ter uma manta com bolso, e nunca encontrei”, revela Alessandra. Todos os produtos da marca têm um toque exclusivo. Os toys, por exemplo, são feitos à mão e “nada nunca é igual!”, uma característica que a proprietária quer manter por muito tempo. “Não pretendo produzir em uma escala industrial. Poderia criar e mandar os bonecos para alguém finalizar, mas perderia todo a graça e proximidade que tenho com cada um”, explicou. Alessandra tem tanto cari- nho por seus produtos que, mesmo trabalhando com mais quatro costureiras, seleciona as peças que vai mandar para cada uma delas, e isto só é possível porque conhece suas habilidades e o jeito de cada uma trabalhar. Quanto ao público, “os toys atraem mais as crianças, o que eu não imaginava quando comecei a criar”, conta Alessandra que ainda está começando a distinguir o seu público. “Não tenho tempo para fazer muitas pesquisas, mas me baseio no que cada loja vende mais, assim distribuo as mercadorias e tenho uma noção do que está vendendo e para quem”, explicou. “Estou super feliz com a AlmaGorda. Às vezes, saem fotos em revistas e jornais, as pessoas vêm me contar e eu nem sabia”, relatou rindo. O lucro que a marca vem obtendo é, em grande parte, reinvestido na confecção de novos produtos. Alessandra cria cada peça com seus gosto pessoal, faz do jeito que gosta. Por isso, revela que “ é um negócio arriscado, pois é preciso investir, mas nunca se sabe o que vai ter maior aceitação”. “AlmaGorda” é vendida em lojas como Vulgo, Refugio Urbano e no Shopping Moinhos, “e tem sido super bem aceita”, comentou Alessandra Lago. Mundo nerd no Zona Fantasma O lugar para onde eram mandados os maiores criminosos de Kripton nos gibis do Superman, hoje, intitula uma web rádio de entretenimento que trata de cinema, quadrinhos e tudo mais que faça parte do dito “mundo Nerd”. Trata-se do “Zona Fantasma”, um programa que começou em 2006, com os estudantes de Publicidade e Propaganda, do Centro Universitário Metodista do IPA, Diego Andreola, 23 anos, e Nilton Rodrigues, 27, nos estúdios da Rádio IPA. Apesar de horários apertados de trabalho que, na maioria das vezes, bancam os equipamentos a equipe consegue tempo e se organiza para fazer acontecer. A idéia surgiu quando Nilton e Diego, no intervalo das aulas, trocavam informações. Juntando a vontade de fazer rádio do Diego e o conhecimento do Nilton, foi um pulo para que o programa tomasse forma. Hoje, eles seguem com as próprias pernas em um estúdio improvisado, na casa do Diego, com capital levantado por eles mesmos. No ano de 2007, Emílio juntou-se à dupla e o programa passou a ter pautas mais elaboradas e funções específicas para cada um dos colaboradores. “Estava muito bagunçado. Nós trabalhamos 8 horas por dia, não temos tempo para fazer tudo, acabávamos passando semanas sem atualizar o blog. Gravávamos o programa numa sexta e não sabíamos se na outra conseguiríamos estar presentes de novo”, explicou Nilton. Mesmo havendo uma divisão de tarefas, nada impede que um entre no espaço do outro, “só dividimos assim para que a coisa andasse”. “Zona Fantasma” é dividido em três partes: o blog, que contém críticas, resenhas e toplists; a web rádio, que vai ao ar apresentando músicas, trilhas sonoras e bate-papos entre os apresentadores e o “ZonaTV”, que traz as matérias de vídeo e coberturas de eventos que os estudantes participam. Os três estudantes já são conhecidos pelo mundo e têm ouvintes até na Nova Zelândia. Os últimos prêmios conquistados foram o “Expocom Sul 2007” e o “Expocom Nacional 2007”, concedido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Em entrevista, Nilton Rodrigues, um amante de cinema e aficionado por quadrinhos, falou o quanto é importante fazer o que se gosta. Diego ressalta que o trio ainda não sabe se o futuro é seguir com a web rádio ou migrar para a ‘rádio de freqüência’. “Na web temos um alcance muito maior, esse é o bom da internet. Talvez, se estivéssemos em uma rádio de freqüência, não alcançaríamos tantas pessoas como alcançamos e, com certeza, não teríamos a liberdade que temos para fazer o programa exatamente à nossa maneira”, explica Diego. Arquivo/Zona Fantasma SAIBA MAIS AlmaGorda www.almagorda.com.br Zona Fantasma www.zfantasma. blogspot.com Selva! www.flickr.com/ photos/projectselva Diego Andreola, Emilio Nobre S. Neto e Nilton Rodrigues em mais uma cobertura do Zona Fantasma Social Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 Rafael Rocha distúrbios do sono Trabalhos noturnos Dicas de saúde para notívagos É possível minimizar os prejuízos à saúde causados pela vida noturna, seguindo os conselhos dos especialistas: Renato Quintana Caroline Lajuny Já reparou que enquanto você dorme à noite, uma parcela da população está em plena atividade? Caroline Lajuny e Renato Quintana A A comodidade de ter serviços e produções funcionando 24 horas por dia pode implicar em problemas de saúde em quem trabalha no período da noite. Isso porque dormir durante o dia não é a mesma coisa que á noite, principalmente entre as mulheres. Estudo realizado pelo Instituto do Câncer Epidemiológico, da Dinamarca, com sete mil voluntárias, de 30 a 54 anos, sugere que as mulheres que trabalham no período noturno têm 50% mais riscos de desenvolver o câncer de mama. Outra pesquisa realizada pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, mostra que o trabalho noturno durante os três primeiros meses de gravidez aumenta 50% o risco de parto prematuro. Os pesquisadores acreditam que isso possivelmente se deve à interrupção da atividade normal do útero durante á noite. Segundo informações da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), as doenças mais freqüentes em quem trabalha à noite são as de origem gastrintestinal (como azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações do cólon e dificuldades em manter a regularidade intestinal). Essa mudança no padrão do sono dos trabalhadores noturnos gera problemas à saúde e dificulta os relacionamentos. Jussara Chagas, 53 anos É o caso de Helena, 45 anos, que trabalha no período da noite. Ela conta que se sente sempre cansada, se alimenta errado, em função dos horários diferentes do restante da família, e que seu humor está sempre alterado. Sono X Relacionamentos As necessidades de repor as horas perdidas de sono interferem também no lazer, nos relacionamentos amorosos e no sexo, é o que revela a ANAMAT, uma vez que trabalhadores noturnos se divorciam mais do que aqueles que têm jornada diurna. E a dificuldade de conciliar seus horários com os da família, tendo que dormir de dia, assim como a maior irritabilidade provocada pelo sono são alguns dos motivos. Esses profissionais têm problemas para desfrutar do lazer com a família, principalmente os casados e com filhos, já que os horários nunca são os mesmos, diz Fernanda Soares, 35 anos, que trabalha no período da noite, como enfermeira de um hospital e foi casada há 5 anos. Ela conta que se separou, não por falta de César Augusto, 33 anos amor, mas por falta de tempo para aproveitar com o seu marido, e isso acabou desgastando a relação. Salários César Augusto, 33 anos, taxista no horário da noite, relata que trabalhar durante esse período traz algumas vantagens, como por exemplo, o salário que é bem maior do que de uma pessoa que trabalha durante o dia. “É compensador o horário da noite pelo dinheiro, pois tenho que sustentar minha família, mas por outro lado é triste, porque no horário que tenho para dormir, meus filhos querem brincar, e me deixa muito chateado ter que manda-los brincar em outro lugar, porque sei que sentem saudade de mim, então dói meu coração”, conta o taxista. Jussara Chagas, 53 anos, enfermeira de um hospital, que é solteira e não tem preocupação com a família, adora trabalhar neste turno, pois é mais tranqüilo e o salário é bem compensador. “Faço plantão uma noite sim e outra não, então tenho tempo para fazer outras atividades até mesmo outro emprego no período do dia”, revela a enfermeira. De acordo com as pesquisas da Universidade da Carolina do Norte, a sonolência contribui significativamente para os erros e aumenta o risco de acidentes nos locais de trabalho, e isto pode afetar as operações industriais, plataformas petroquímicas e sistemas de transportes. Vários trabalhos estão sujeitos a um maior numero de acidentes durante a noite, em relação ao dia, e isso pode ser em função do trabalhador noturno desempenhar outras atividades durante o dia, com isto não ter o tempo de sono necessário, ou até mesmo por si só já ser um período de risco elevado para acidentes. "Uma a cada quatro das pessoas que trabalham à noite desenvolvem distúrbios do sono". adaptação Segundo a psicóloga Vera Lúcia, 37 anos, os profissio- nais que trabalham à noite, costumam levar algum tempo para a adaptação física e emocional. “Ocorre uma fadiga, um desgaste físico e mental, uma vez que nosso relógio biológico naturalmente está programado para descansar à noite”, ressalta a psicóloga. Vera Lúcia também diz que o fato de trabalhar à noite, acaba intervindo negativamente no convívio familiar e social, pois ocorre um desencontro: enquanto o restante da família está em atividade durante o dia, o trabalhador noturno está dormindo, e quando a família está em casa descansando, o trabalhador noturno está em atividade. Mas a psicóloga revela também que existem muitas pessoas que conseguem se adaptarem e planejar sua vida pessoal, familiar e social, mesmo trabalhando no período da noite. Como é o caso da enfermeira Lídia Bastos, 47 anos, que trabalha à noite e consegue ainda dormir um pouco, cuidar da casa durante o horário que seus filhos estão na escola e, no final da tarde, os busca e mata um pouco da saudade até a hora de ir trabalhar novamente. 1. Durma sempre nos mesmos horários, mesmo nos dias de folga, para não afetar ainda mais o relógio biológico. 2. Mesmo durante o dia, durma sem interrupções uma quantidade de horas mínima para o seu bem-estar: de seis a oito horas. 3. Deixar o quarto escuro ajuda a dormir melhor. Feche janelas e cortinas, mas mantenha o ambiente arejado, porque o calor também atrapalha o sono. 4. Use protetores de ouvidos, por conta do barulho feito durante o dia. 5. Para que os trabalhadores noturnos não sintam sono à noite, é só tirar um cochilo algumas horas antes de ir trabalhar. 6. Se puder, cochile no meio da madrugada, mesmo que por poucos minutos. 7. Avise sua família que ela precisa colaborar para a manutenção de um ambiente tranqüilo para você dormir bem durante o dia. 8. Apesar de ser difícil, quem fica acordado à noite não deve se descuidar da alimentação, para não atrapalhar ainda mais o sono durante o dia. É importante consumir vegetais ricos em fibras, muitas frutas e pouca gordura. Também é preciso fazer as três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar) em horários adaptados. Antes de dormir, deve-se ingerir uma refeição leve. 9. Evite tomar refrigerantes com cafeína, café, chá preto ou mate, tanto durante o trabalho noturno quanto antes de dormir. 10. Praticar exercícios físicos regulares, evitar o fumo e o álcool e manter o peso também são medidas importantes. Cultura junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Fotos: Gabriela Azevedo Diversas formas de moda Xeque-mate da moda Sabe aquele chapéu xadrez que seus avós usavam antigamente? Pois é, aquele que você disse que nunca usaria e que por muitos anos ficou de lado. Parece que veio pra ficar. Neste inverno uma das tendências em roupas, calçados ou acessórios é tirar do roupeiro, sacudir o pó e usar. Quem diria? Gabriela Azevedo e Uriel Gonçalves A A moda masculina não tem o mesmo ritmo da feminina e isso não é novidade, mas nesse outono/inverno os estilistas capricharam no visual e mostraram que os homens também tem direito de renovar o armário as vezes. Muitas formas de se vestir estão retornando, mas o que realmente deve dominar o estilo masculino nesse ano é o xadrez, que acompanha todos os maiores estilistas em unanimidade, incluindo o grande e venerado Alexander Herchcovitch, que também apelou para os costumes estilo toalha de mesa. A moda masculina demora muito para mudar, mas o brasileiro está acostumado com o xadrez e vai ser uma tendência que será adotada rapidamente. “Antes existia aquela série de normas de que a moda masculina era monótona, monocromática, sempre a mesma coisa”, disse o editor de moda Lu- la Rodrigues. “E estou achando super legal que as coleções aqui estão mostrando que não é nada disso”, completou. Além do xadrez, o homem terá a chance de tirar aquele chapéu do armário, que dará um charme a mais, um certo ar de moleque e ainda deixa um tanto sexy. A moda abre mão do Hippismo e do Grunge e dá lugar ao mafioso. Rodrigues também destacou os tecidos coloridos para uma moda mais jovem e para o guarda-roupa do homem mais formal ele acredita no terno de dois botões. “O terno de três botões dominou a cena por uma década e nada acontece abruptamente com o homem. Mas estamos num período importante de transição”, acredita Rodrigues, especialista em moda masculina. Enfim, o inverno desse ano será cheio de um mix de tendências e ousadias com algumas pitadas e reverência do charme dos anos 80. MODA FEMININA Na moda feminina a história continua a ser inspiração, temos nesse ano temas que vão da era Medieval até anos mais recentes como 1920, 1930 e 1940. Muitas idéias futuristas ficaram pra trás dando lugar ao resgate histórico. Esta volta ao passado ajuda a saber quem somos e, também, o que queremos. O que realmente vai dominar nesse outono/inverno são os estilos clássicos e o seu glamour, tornando as roupas ecologicamente corretas ao preservar seus recursos naturais, a maioria dos vestidos são confeccionados em tecidos naturais. Os tecidos sintéticos não perderam espaço, mas vale lembrar que o poliéster é reciclável. Os grandes diferenciais deste inverno são a modelagem e o acabamento das peças, o mix de materiais continua impecável e promete ser um ponto forte nesta estação, está sendo muito explorada pelas grifes internacionais. Além da volta no tempo, outro ponto que está sendo muito atiçado pelos estilistas e a moda feminina se baseando no universo masculino, assim o que vemos são cortes perfeitos e peças com estruturas novas e inusitadas. O xadrez também entra no universo feminino, as cores sujas como preto, roxo, cinza, bege e verde estão em alta, peças exageradamente coloridas fora. Na maquiagem as cores fortes chegam com tudo. O laranja, dourado, violeta e vermelho vêm com força total; os tons de preto e violeta vão estar super em alta nas noitadas, enquanto os tons pastéis, marrom e bege são ideais para o dia. Delineadores em cores diferentes e blush combinando com o seu tom de pele são indispensáveis nesse outono/inverno 2008. A moda nas vitrines, outono/inverno 2008 PARA CADA ESTILO Para as eternas elegantes - Vestidos tomara-que-caia com detalhes repuxados e aplicações de dobras. - Pantalonas de alfaiataria. - Longos de saia rodada. com decotes nas costas, referência dos anos 50. - Casacos de malha. tricô com amarrações. Para as gatas baladeiras - Minivestidos em cores engraçadas como o magenta e o amarelo. - Casacos acolchoados. - Camisetas e suéteres com aplicações de pedras metalizadas. - Jaquetas em couro envelhecido. Bate-papo com Emília Marques Emília Marques Premaur é um misto de modista, costureira e estilista. Atua na área da moda costurando e dando cara nova a peças que, por algum motivo, são levadas ao seu atelier. O dom foi herdado da mãe, da avó e da tia que sempre se voltaram para essa área. Formou-se em moda pelo Senac, em 2001, e adquiriu experiência na modelagem ao aprimorar o design de moda e costura. patos em tons degradê e muitas pulseiras grossas.. Para as nostálgicas dos anos 70 e neo-hippies - Saias longas em patchworks de estampas e texturas. - Vestidos longos com parkas curtas. - Cardigãs de malha listradinha. - Calças boca-de-sino com ou sem bordados em prata. Para temperamentos esportivos e urbanos - Jaquetas pretas com adereços em prata. - Camisas em xadrez escocês sobre shorts de alfaiataria. - Vestidos de malha listrada. - Agasalhos com padrão de losangos ou listras. Para os homens - Estilo motoqueiro, em couro ou jeans preto. - Calças com reforços, macacões e blusões acolchoados. - Terno estreito de paletó curto restrito aos jovens e magros. - Jeans de cós baixo e gancho longo. - Casacos e coletes acolchoados com capuz. - Parkas estilo militar. - Cores: preto e cinza. Beleza nunca é demais? Uriel Gonçalves Universo IPA - Quais serão as cores e tons deste inverno? Emília - Berinjela, tons dourado, bronze, acobreado. Cores mais sujas estarão chamando mais atenção. Universo IPA - De onde surgem as inspirações para fazer as roupas? Emília - Me baseio, principalmente, na moda street wear (moda jovem de rua) , usando a tendência de cores da estação. Gabriela Azevedo e César Manoel Universo IPA - Quando surgiu o interesse pela moda? Emília Marques Premaur Desde pequena eu me interessei por isso. Adorava fazer desenhos de roupas e manequins. Quando cresci, decidi que era isso que eu queria. Para as meninas românticas - Vestidos com laços e estampas de flores quase abstratas. - Casacos de lã em preto ou azul-marinho. - Saias repolhudas em tule ou seda. - Pelerines curtas. Emília Marques Premaur, design de moda Universo IPA - Alguém te incentivou a seguir essa carreira? Emília - De certa forma, sim, minha tia e minha avó eram modistas e costureiras. Emília - O xadrez está de volta e parece que voltou para ficar. O cós da calça jeans estará mais alto e as calças mais amplas. Mas ainda não se desfaçam das calças skinni, elas ainda estão em alta. Universo IPA - O que vai ser a febre neste inverno? Universo IPA - O que não podemos deixar de usar neste inverno? Emília - A forte tendência é o colete, a moda de alfaiataria, golas anos 60 e mangas ¾. Universo IPA - Até agora, quais os acessórios mais requisitados? Emília - Cintos largos na altura da cintura, bolsas e sa- Universo IPA - O que é observado para lançar um estilo novo? Emília - A mídia influi muito nessa questão, mas nada é muito novo, pois esses estilos vêm apenas com uma rotulagem nova, mais moderna, adaptada aos padrões de hoje. Universo IPA - O que vai fazer a cabeça das pessoas na moda primavera/verão? Emília - É uma pergunta complexa, pois o que é o máximo para um pode ser um horror para o outro. O que deve fazer a cabeça é o próprio estilo e cada um deve respeitar seu tipo físico. Benhê, tô bonita? Se você já ouviu, ou mesmo disse isso, sabe que, apesar de ser bastante agradável à visão, a beleza pode fazer muito mal aos ouvidos. E ao cérebro. Não que todo bonito seja estúpido ou todo inteligente seja feio. Não é essa a questão. A questão é que a máxima de que “beleza nunca é demais” tornouse indiscutível. E, bem, talvez seja a hora de colocar um ponto de interrogação na frente dela. Antes de começar a criticar o estereotipo dos bonitos-acerebrados, pare para pensar: ser bonito não é nada fácil. Nascer bonito sim, é fácil. Mas há muito tempo aquela beleza natural que não precisa de retoques, deixou de ser suficiente. Os padrões de beleza estão cada vez mais altos e os olhos, mais exigentes. E agradar os olhos alheios é algo que exige muito tempo, paciência, dinheiro e dedicação. Ser o mais bonito então, nem se fala. Ou melhor, fala-se. Fala-se tanto que até Darwin, há mais de um século, falava a respeito. O homem é um animal (pode parecer uma afirmação óbvia, mas ainda faz doer os ouvidos de muita gente). E como animais dentro de um processo de sele- ção natural, fazemos de tudo para ser os melhores. Seja o melhor atleta, o mais agradável, o mais inteligente, o mais engraçado ou mesmo, o mais estúpido, todos querem ser o “mais”. Por isso é natural alguns quererem ser os mais bonitos. Alguns, mas não todos. Quando a prioridade de uma sociedade inteira passa a ser uma só, devemos admitir, há algo errado com a nossa espécie. Não se pode ser o mais bonito e o mais inteligente. Não se trata de preconceito, trata-se de uma afirmação prática. Para ser o mais bonito você precisa dedicar muito do seu tempo a isso e para ser inteligente também. Posso não ser o melhor em exatas, mas sei que muito com muito sempre dá demais. E talvez, pelo menos no Brasil, esteja começando a faltar pessoas suficientemente “qualquer coisa que não seja bonita”. Por isso, faça um favor à nossa espécie: de vez em quando, volte àqueles primórdios da nossa sociedade, em que a “beleza”, e não a “beleza extraordinária”, bastava. Desse modo, você até poderá ser sincero ao responder àquela perguntinha lá em cima do modo mais agradável – Claro que sim, meu bem. Cultura Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 Fotos: Filipe Borges DJ’s Os donos da festa No início da profissão, apenas preenchiam os intervalos entre apresentações de bandas, para que a música não parasse de tocar nos shows. Ficavam atrás de uma montanha de aparelhos e ninguém tomava conhecimento de quem embalava o ambiente. A partir dos anos 70, surgiu o nome de disc-jóquei ou DJ para os “tocadores de som”, e a presença deles foi se tornando indispensável nas festas. Filipe Marques Borges e Morgana Vingert Settin h Hoje, quase 40 anos depois, os DJ´s passaram de coadjuvantes a responsáveis pela descontração e muita dança aos amantes da música. O impacto e a explosão do som eletrônico, nos anos 90, deram maior destaque ao sujeito responsável por girar sons nas mesas especiais (pickups) e equipamentos cada vez mais sofisticados. O Dj passou, então a ser o protagonista da festa. Público e Estilos A relação que o DJ cria com a música e o público permite que se aproxime dos participantes das festas. E hoje, estes profissionais cativam fãs no mundo inteiro. Com o surgimento de novos estilos musicais, a profissão se tornou cada vez mais específica. O DJ muita vezes é conhe- cido por sua tendência musical. Então, quando você vê o nome do profissional na festa, já sabe o som que vai tocar na noite. Ele também é considerado um músico, afinal o profissional compõe muitos ritmos e sons. Alguns exemplos de ritmos são o trance, house, tecno, electro, progressive, mínima e dance. Não adianta apenas dominar as técnicas para inserir o som os ambientes, “é preciso ter feeling (sensibilidade) e muita visão de pista, além de buscar informações do que está tocando no mundo todo, saber as novidades, as tendências, e o que as rádios tocam”, explica o DJ Tiago Pintaúde, ao fazer referências às características de um DJ. E quando o tema é o início da profissão, Pintaúde revela que “o começo não é fácil, tem que se ter força de vontade e disponibilidade, até porque, depois que o profissional entra no circuito, necessita se acostumar a trocar o dia pela noite e esquecer de passar o Natal, Ano Novo e Carnaval com familiares e amigos. A dedicação tem que ser 100%”. Mercado O mercado está em alta e para dar conta das demandas surgiram as agências que agregam profissionais. Em Porto Alegre, uma delas é a Moving DJ’s, dirigida pelo DJ Lê Araújo. Mas ainda falta organização à classe, pois não há um sindicato que agregue os profissionais. No Rio de Janeiro existe um projeto para enquadrar os DJ’s ao Sindicato dos Músicos Equipamentos ajudam a produzir som de qualidade Profissionais (Sindmusi). A entidade está propondo uma alteração na lei de 1960, que reconhece formalmente a classe para que os DJ´s possam se filiar a ela. De acordo com a presidente do Sindimusi, Deborah Cheyne, essa discussão já existe no sindicato há, pelo menos, 6 anos. “Acredito piamente que o DJ possa integrar nossa categoria profissional, até porque temos que nos atualizar em relação à produção atual, que vem se ligando cada vez mais às novas tecnologias”. Também ressalta que o interesse se dá porque o sindicato teria mais trabalhadores sindicalizados, aumentando a receita e disponibilizando mais recursos para os músicos. Afinal, acrescenta Cheyne, “o DJ dispõe de um poder aquisitivo compatível com os músicos atuais”. Antigos sucessos As músicas que fizeram sucesso e voltam com um novo ritmo estão em alta. Os novos remixes e batidas transformam a música como se estivesse saindo agora. Quanto à sensação que a profissão confere ao embalar uma festa e ter o controle do som nas mãos, “é de grande prazer e não há dinheiro no mundo que compense”, revela Pintaúde. Os Dj’s ganharam recentemente mais um espaço profissional. São as festas rave, um estilo que ganha preferência dos jovens. Os organizadores chegam a reunir cerca de 25 Eduardo Irigaray no embalo da noite mil pessoas em uma única noite e o evento pode durar até o outro dia de tarde. Não há bandas que tocam ao vivo e, então, quem comanda a festa são os DJ’s. A seguir entrevista com Eduardo Irigaray e Tiago Pintaúde, dois profissionais experientes na área. grátis e cartões. Universo IPA - Qual é o tipo de música mais solicitada nas festas em geral? Irigaray - As que tocam nas rádios FMs. Pintaúde - Não pode faltar Ivete Sangalo. Em relação aos anos 80, a banda Depeche Mode é uma boa pedida. Universo IPA - De que forma você se mantém atualizado e seleciona as músicas que fazem parte do repertório? Eduardo Irigaray - Escuto. Eu busco em sites como o Beatport e Traxsource. Na verdade não busco informações, eu escuto e se for de meu gosto entra no playlist. Tiago Pintaúde - Ouço todo o tipo de som. Em rádio percorro todo o dial. Universo IPA - Como é trocar o dia pela noite? Irigaray - Acostuma, o velejador brasileiro Almir Klink tem um belo estudo sobre isso em suas travessias oceânicas. Só não é possível ter outra profissão com relógio e cartão ponto. Pintaúde - Não é complicado. O difícil é recolher o equipamento, na hora que termina a festa. Universo IPA - Como saber que música tocar? Irigaray - Da mesma forma que ao entrar em uma lancheria você sabe qual salgado vai comprar, o DJ tem feeling e uma linha musical. Ele segue seus instintos e mistura com as consagradas. Pintaúde - Presto muita atenção no pessoal que está na pista. Eles são os termômetros da festa. Se pararem de dançar procuro mudar o som, o ritmo, para que eles voltem para agitar. Universo IPA - O início da carreira é bem complicado. Como divulgar o trabalho de quem está começando? Irigaray - Inserindo sets (listas de músicas) em sites e tocando onde der para tocar, além de usar o orkut como ferramenta. Pintaúde - Através de sites Universo IPA - As novas tecnologias estão se desenvolvendo a passos largos. Alguns DJ´s colocam som com CDJ, outros já utilizam o notebook, e tem até DJ dançando e fazendo performance no palco. Como será o trabalho do DJ no futuro? Irigaray - Será com mesas midi ligadas ao notebook, e cada um terá seu estilo, como agora, cada um terá seu público. Pintaúde - Vai ser um barato, o DJ será considerado o show man, o artista da festa. Universo IPA - É necessário ter toda a “parafernália” de som (amplificador, mesa de som, CDJ´s, caixas de som) ou posso simplesmente ter um notebook com uns 40 GB de música e oferecer serviço de som? Irigaray - Existe espaço para todos. O que importa é você fazer melhor do que aqueles que estão aí na ativa; os ruins somem, os bons ficam, os ótimos ganham seu lugar, como em qualquer mercado. Quem dormir ou mesmo tirar uma soneca pode perder seu trabalho rapidinho. Pintaúde - Acho necessário ter a aparelhagem e acredito que sem ela se perca um pouco do brilho, embora muito já se use o notebook, que tem simulador de CDJ, luz e efeitos. Universo IPA – As muitas músicas dos anos 70 e 80 têm voltado em alto estilo nas danceterias, aniversários, casamentos e outros gêneros, porém com batidas e ritmos diferentes. Como tem sido a adesão a esta nova característica? Irigaray - Acho importante e uso freqüentemente novos remixes no meu trabalho. Pintaúde - Dá certo, eu gosto bastante e o pessoal também gosta, estão com uma roupagem nova, isto é, muito bom. Universo IPA - A profissão é regulamentada? Existe um sindicato? Irigaray - Não existe sindicato, mas é regulamentada pela Delegacia Regional do Trabalho. Pintaúde - Desconheço um sindicato dos DJ´s. Universo IPA- Quanto ganha um DJ? Irigaray - Um iniciante ganha ao torno de R$ 800 ao mês; um DJ top pode receber até um milhão de dólares ao mês. Pintaúde - Depende dos locais onde atua. Em eventos pequenos, em média de R$ 800 a R$ 1.000. Em eventos maiores o valor também será maior, pois pode envolver até mais profissionais e auxiliares. 10 Educação junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA inclusão na prática Biblioteca Central Guilherme Mylius Inaugurada em 26 de agosto de 2006, a Biblioteca Central Guilherme Mylius está instalada no Centro Universitário Metodista, do IPA, em Porto Alegre e funciona em regime de 24 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados, atendendo alunos, professores e a comunidade em geral. Jaqueline Cavalini e Jarbas Brito D De acordo com a coordenadora geral das bibliotecas da Rede Metodista de Educação, Gardênia de Castro, a Biblioteca Central funciona 24 horas, em um prédio cuja construção data de 1923 e que antes serviu de internato para os alunos do antigo Instituto Porto Alegre. A construção foi totalmente res taurada, tendo sido mantidas as características originais, tais como a fachada, composta de blocos de pedras e as duas sacadas sustentadas por imponentes colunas e que realçam o visual arquitetônico da construção. Em seus três pavimentos, numa área de 1.622,90 metros quadrados, encontra-se o acervo de livros e periódicos, bem como os espaços destinados ao acesso a catálogos on-line e internet, balcão para atendimento geral e guarda-volumes. Há também de salas de leitura e estudos, com um mobiliário moderno, compondo ambientes acolhedores. Quanto ao acervo, informa a coordenadora, a Biblioteca conta com 55 mil volumes e inclui livros, periódicos e materiais especiais. Também relata que “para institucionalizar o acesso às suas dependências e o uso do material pela comunidade, foi editado o regulamento das bibliotecas, fixando em um instrumento legal as regras objetivas para os usuários”. Para o atendimento durante as madrugadas, explica Gardênia de Castro, o IPA mantém o portão principal permanentemente aberto, com controle de acesso aos interessados, mediante identificação. Cultura de novos hábitos O funcionamento em tempo integral da Biblioteca Central contribui para a implantação de novos hábitos entre os estudantes. Alunos que trabalham durante o dia, contam Jarbas Brito Os alunos da PUCRS, Cléber (E) e Guilherme Jarbas Brito Arquitetura preservada com o horário de atendimento, após as 23h para realizar tarefas escolares. Na busca de leitura e preparação para as provas finais, a estudante de Fisioterapia da Unidade Central, Brasília, 42 anos, e que também é mãe de uma aluna do Centro Universitário, diz que até pouco tempo desconhecia a possibilidade de acessar a biblioteca a qualquer hora do dia e da noite, e inclusive nos finais de semana e feriados. Para ela, a iniciativa é louvável porque facilita a vida acadêmica daqueles que dispõem de curto espaço de tempo para ler e pesquisar as matérias. É essa também a impressão dos estudantes Cléber Germain e Guilherme Fachi, alunos do curso de engenharia elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. “Se eu estivesse em casa, não teria disposição de abrir os livros e cadernos para estudar, como estou fazendo aqui, neste lugar apro- priado que é a biblioteca”, destacou Cléber, em depoimento dado à reportagem no domingo, dia 22 de junho, às 10h da manhã, sob uma temperatura de 10 graus, enquanto se preparava, na sala de leitura da Biblioteca Central, para os seus exames de final de semestre. Baixos índices de leitura Dados obtidos por pesquisas recentes apontam que a maioria dos brasileiros que alcança os bancos das universidades, costuma ler menos de dois livros durante a sua vida escolar. São pessoas que chegaram à idade adulta sem conhecer as obras clássicas da literatura brasileira e muito menos os textos básicos e necessários para a aprovação nas provas para ingresso em um curso superior. Assim, tam bém, os estudos revelam o despreparo dessa população que não tem o hábito da lei- tura para o ingresso no mercado de trabalho, cada vez mais disputado. Índice de criminalidade Na opinião de autoridades públicas da área de segurança, e de estudos realizados no âmbito do direito penal, a existência e a disponibilidade de acesso da comunidade em geral, e não só a acadêmica, a locais como a Biblioteca do IPA, podem influenciar e contribuir para a redução dos índices de criminalidade no Brasil. “Se aos jovens for oferecida a opção de locais dessa natureza, nos quais disponham de espaço para ler, pesquisar e estudar, certamente ficarão menos tempo na rua, menos expostos a todo tipo de más influências que via de regra os levam a delinqüir” – destaca o jovem advogado Gabriel Hernandez, 23 anos, morador da Capital e freqüentar assíduo da biblioteca do IPA. Um invejável espaço acadêmico Maurício Costa é um diplomata com atuação no Ministério das Relações Exteriores. Sua preparação à carreira diplomática aconteceu, em grande parte, na Biblioteca Central Guilherme Mylius, onde, além do espaço físico, fez uso do acervo bibliográfico necessário. Estudante de escolas públicas e egresso da UFRGS, onde cursou Letras, afirma ter crescido na classe D e superado muitas dificuldades materiais e pessoais para se tornar um diplomata. Para ele, “a Biblioteca do IPA é um diferencial da comunidade acadêmica de Porto Alegre que precisa ser mantido, estimulado e copiado por todas as instituições sérias”. Universo IPA - Sabemos que você enquanto se preparava para o concurso do Instituto Rio Branco, utilizou o atendimento 24h da Biblioteca Central do IPA? Como foi essa experiência? Mauricio Costa - Foi fundamental para a minha prepa- ração. Não havia em Porto Alegre lugares adequados e disponíveis para estudo aos finais de semana. Quando soube que havia uma biblioteca com serviços 24h no IPA, não acreditei. Depois pensei que fosse somente para os alunos de suas faculdades. Para minha grande surpresa e satisfação, naquela época, fui recebido no IPA de forma mais cordial e prestativa do que em muitas universidades públicas. Poder estudar aos sábados, domingos e feriados, sem hora para começar e terminar, é tudo o que precisa um candidato ao concurso de admissão à carreira de diplomata, um dos mais difíceis, senão o mais difícil do país. Tenho muito a agradecer ao IPA. Embora eu não tenha estudado nem me formado em uma das suas faculdades. Sem o IPA não teria chegado aonde cheguei. Universo IPA - Qual o período que você utilizou a Biblioteca Central? Mauricio - Utilizei a Biblioteca especialmente nos verões de 2006 e 2007, durante a fase intensiva de preparação às vés- Arquivo Pessoal “Sem o IPA não teria chegado aonde cheguei”, diplomata Maurício Costa peras do concurso, aos sábados, domingos, feriados e dias de semana. Muitas vezes permanecia estudando até o início da madrugada. Universo IPA - O que você achou do atendimento? Mauricio - O atendimento sempre foi muito bom. Só tenho elogios para a biblioteca. Universo IPA - Você entende que essa experiência deva ser incentivada e que outras instituições também ofereçam esse tipo de serviço tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade em geral? Mauricio - Sem dúvidas. Um serviço como vem sendo prestado não pode ser medido em retorno financeiro ou custos. O incentivo ao conhecimento e ao estudo não tem preço. A Biblioteca do IPA é um diferencial da comunidade acadêmica em Porto Alegre, que precisa ser mantido, estimulado e copiado por todas as instituições sérias. Enquanto eu estudava presenciei mais de uma vez, em domingos, os pais passeando com os filhos para mostrar a biblioteca. Onde mais isso poderia acontecer? Acho que a Biblioteca do IPA é motivo de orgulho para Porto Alegre. Universo IPA- Essa prática de bibliotecas 24h pode ou deve ser adotada pelo poder público aos cidadãos? Mauricio - Não tenho a menor dúvida de que essa iniciativa deve ser adotada pelo poder público. No Brasil, educação é essencialmente oferecida pelo Estado, especialmente em nível fundamental e médio. São nesses níveis que o esse serviço deveria ser provido para incentivar as novas gerações a superar as Maior divulgação Alguns depoimentos colhidos ao longo da preparação desta reportagem apontam para a necessidade de maior divulgação dos atendimento 24 horas oferecido pela Biblioteca Central Guilherme Mylius, É o caso, por exemplo, da servidora pública, formada em Letras pela PUC, tradutora e intérprete dos idiomas francês e alemão, Sônia Butteli Coimbra, 49 anos, moradora da Capital. Ela demonstrou surpresa ao saber da existência de uma biblioteca 24h em Porto Alegre. “Confesso que a iniciativa é muito importante para a nossa cidade e para todos que vivem aqui. Na minha opinião, entretanto, esse fato precisa ser mais divulgado pelo IPA. Assim, vai permitir maior utilização e despertar na comunidade o hábito saudável da leitura, a qualquer hora do dia e da noite”. E complementou: “vou divulgar para todos os meus amigos”. dificuldades e a compreender a importância de educação e cultura para o seu futuro. Universo IPA - Qual a men sagem você deixa aos nossos leitores? Mauricio - Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao IPA por ter oportunizado o uso de suas instalações e de seu acervo. Numa cidade como Porto Alegre, onde a dificuldade de preparação era grande devido à falta de bons cursos preparatórios à carreira diplomática, o serviço prestado pelo IPA fez toda a diferença. Essas dificuldades me estimularam a aceitar o convite para auxiliar na preparação do Curso Atlas, de Porto Alegre, voltado à formação de candidatos ao concurso do Instituto Rio Branco. Aos alunos do IPA, esclareço e estimulo a prestarem o concurso, pois a carreira diplomática não é inalcançável e nem mesmo é somente para “eleitos”. Estudei minha vida inteira em escolas públicas no subúrbio, cresci na classe D, superei muitas dificuldades materiais e pessoais e, mesmo assim, me tornei diplomata. Estimulo a todos, que se interessam ou sonham com essa carreira, que se dediquem à preparação. Educação Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 11 Arquivo ABL regime integral Scliar, um ilustre usuário O escritor Moacyr Scliar, nascido em Porto Alegre em 1937, morador do bairro Rio Branco na Capital, é um dos entusiastas freqüentadores da Biblioteca com atendimento 24 horas do IPA. E Em sua biografia, se destaca também como médico, especialista em Saúde Pública e doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Mas Scliar se sobressai entre os gaúchos por ser o ocupante da cadeira de número 31 da Academia Brasileira de Letras, o que muito orgulha seus conterrâneos. Sua obra literária inclui 74 livros em vários gêneros e suas obras foram publicadas em mais de 20 países com grande repercussão crítica. Scliar coleciona prêmios, e dentre eles: Prêmio Jabuti (1988, 1993 e 2000), Prêmio Açorianos (Prefeitura de Porto Alegre, 1997 e 2002), Prêmio José Lins do Rego (Academia Brasileira de Letras, 1998) e o Prêmio Mario Quintana (1999). O escritor foi professor visitante na Brown University (Department of Portuguese and Brazilian Studies), e na Universidade do Texas (Austin), nos Estados Unidos, e freqüentemente é convidado para conferências e encontros de literatura no país e no exterior. Na entrevista que concedeu para o Universo IPA, o escritor falou sobre sua experiência como usuário da Biblioteca 24h. “A idéia de biblioteca 24 horas é excelente. Quando fui professor visitante nos Estados Unidos sempre freqüentava as bibliotecas à noite e de madrugada. E o IPA trouxe a idéia para o Brasil! Maravilha!”, afirmou. Segundo Scliar, sua iniciativa de procurar os serviços da biblioteca 24h foi, também, no sentido de prestigiar esse tipo de opção oferecida à comunidade, a exemplo do que existe em outras partes do mundo. Scliar se declara “um fã” de tudo o que o IPA faz, especialmente da iniciativa da biblioteca em regime integral. “Tudo o que coloca o livro mais perto do leitor, tudo o que neutraliza droga e violência, deve ser prestigiado”. Iniciativa multiplicada Como homem de letras, que já viajou e conhece vários lugares do mundo, Scliar entende que a biblioteca em tempo integral deveria se estender a todo o país, inclusive com o auxilio e o estímulo do poder puFeu Antunes Reitora do Centro Universitário Metodista do IPA, Profa. Adriana Rivoire Menelli Biblioteca garante acesso aos bens culturais A Biblioteca Central Guilherme Mylius, com atendimento 24 horas, é um serviço especial destinado para toda a comunidade e possibilita o usuário freqüentá-la no horário que mais lhe convém, inclusive após o término do período noturno. Este diferencial, em relação às demais bibliotecas, de acordo com a reitora Adriana Rivoire Menelli de Oliveira, “Identifica o caráter cultural da Rede Metodista do Sul e está fundamentado no princípio que garante o acesso amplo aos bens culturais”. Várias bibliotecas na Europa abrem 24 horas, mas com auto-atendimento, onde o usuário se identifica através de cartão magnético e faz o auto-empréstimo. Não há a tendimento humano. E ressalta: “Somos uma Instituição pioneira no Rio Grande do Sul, mas já existiram outras com funcionamento 24 horas por curtos períodos”. Seguindo o exemplo do IPA, outras instituições Metodistas estão garantindo acesso amplo aos bens culturais, como é o caso da biblioteca Zula Terry, do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Minas Gerais, também com atendimento 24 horas. Na sua visão como reitora, a biblioteca com serviços 24h está de acordo com a missão da universidade, promotora de educação e explica: “Consolidamos o conhecimento da comunidade acadêmica e geral, contribuímos para a melhoria do ensino, pesquisa e extensão, ao oferecer serviços e atendimento de qualidade através deste espaço aberto em tempo integral”. Quanto à divulgação da Biblioteca Central e dos serviços disponíveis 24 horas, a reitora explica que há visitas orientadas, as quais ocorrem a cada início de semestre, com alunos e professores. Também destaca que a mídia está sempre presente com matérias e reportagens sobre a biblioteca. blico. Também sugere a implantação de redes espalhadas pelas cidades, o que poderia contribuir também para diminuir a violência nos grandes centros urbanos. “Sem dúvida. Tudo o que coloca o livro mais perto do leitor, tudo que neutraliza droga e violência, deve ser prestigiado”. Ao analisar a importância da Biblioteca Central e dos serviços 24hs mantidos pelo Centro Universitário Metodista, Moacyr Scliar, revela: “minha admiração pelo IPA cresce a cada dia. Parabéns!” Moacyr Scliar em foto oficial da Academia Brasileira de Letras Iniciativa inspiradora Em agosto de 2005, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, ex-aluno e professor do IPA, inaugurou a Biblioteca Central Guilherme Myllius e os serviços 24 horas. Decorridos três anos, fala com entusiasmo, e até de forma poética, sobre a importância deste acervo cultural na construção do bem comum na nossa sociedade. E lembra que além de prefeito é o “guardião da chave da Biblioteca”. Universo IPA - Na sua visão, qual a importância da Biblioteca para Porto Alegre, considerando que é a única do Brasil em funcionamento nesse regime de 24h, e uma das únicas do mundo? José Fogaça - O IPA oferece à sua comunidade acadêmica e à cidade algo realmente inédito e inovador: uma biblioteca 24 horas. É de fato extraordinário e fantástico para o ambiente cultural e intelectual da cidade. Não sei, se outra cidade brasileira, mesmo falando das grandes capitais, oferece um serviço cultural desse tipo. Tenho feito referência a esse fato em palestras que dou em outras cidades do Brasil e do mundo. Por outro lado, somos a cidade da Feira do Livro mais tradicional do país. Juntando uma coisa com a outra, percebe-se que a Biblioteca do IPA vem corroborar uma índole da nossa cidade, esse amor inusitado pela leitura e pelo livro. Como Prefeito, e como guardião da chave da Biblioteca 24 h do IPA, me sinto muito orgulhoso de tudo isso. Universo IPA - A iniciativa do IPA de manter um serviço dessa natureza não deveria ser copiada por outras instituições de ensino tanto privadas quanto públicas e, até mesmo estimular que o poder público crie uma rede de bibliotecas 24h espalhadas por Porto Alegre? Fogaça - É, sem dúvida, uma iniciativa inspiradora. O exemplo está aí. É um hábito saudável usar as horas fugidias da madrugada para ler, quando não se pode dormir. Talvez a cidade não comporte uma rede, mas a simples existência de uma biblioteca, aberta 24 horas já é um fator de diferenciação. Precisamos incentivar e estimular a que as pessoas em seus horários disponíveis, em horas ou desoras, usem o seu tempo para o hábito da leitura. A biblioteca também é um lugar de encontrar amigos, de ver pessoas e estabelecer bons e civilizados hábitos sociais de convivência. Universo IPA - O estímulo ao hábito da leitura, do estudo, colocando serviço permanente para a população, poderia evitar a escalada da criminalidade, proporcionando às pessoas, especialmente aos jovens, uma opção em suas vidas? Fogaça - Concordo plenamente. Acho que isso fica claro na minha resposta à pergunta anterior. Serviços sem fins lucrativos O IPA mantém o serviço de acesso à biblioteca 24h de forma gratuita, tanto para a comunidade acadêmica quanto para a comunidade em geral. As bibliotecas sempre estiveram presentes nas escolas e universidades e se constituem num “complemento do ensino e aprendizagem”, sendo para muitos, o “coração da universidade”. Adriana também enfatiza que “a instituição não busca fins lucrativos, porém, estabelece em regulamentos o que deve ser observado e cumprido pelos usuários, acadêmicos ou não, para que a prestação de serviços aconteça de forma organizada”. Universo IPA - Como exaluno e professor do IPA, poderia deixar uma mensagem final para os nossos leitores? Fogaça - Se eu ainda fosse professor do IPA, como fui aos vinte e poucos anos de idade, talvez convidasse meus alunos, suas namoradas, minha mulher, e mais alguns bons e queridos amigos para um encontro na biblioteca, talvez num sábado ou sexta à noite, para – quem sabe – todos procurarmos alguma coisa de Fernando Pessoa. Após isso, provavelmente, poderíamos concluir a noite em torno de uma mesa, confraternizando e cada um comentando o que viu, leu e o que o fez surpreender-se, nos textos sempre surpreendentes de Fernando Pessoa. Se não Fernando Pessoa, quem sabe alguma coisa do Nejar, ou do Carpinejar? Nos livros está o refúgio para a nossa angústia, o consolo para a nossa perplexidade, nesses tempos difíceis e incompreensíveis que vivemos. Quem sabe se ler e conversar sobre o que lemos não seja uma forma de nos tornarmos mais humanos e mais próximos uns dos outros? A denominação atribuída à Biblioteca Central Guilherme Mylius é uma homenagem ao primeiro reitor brasileiro do Colégio União, de Uruguaiana, hoje Instituto União de Uruguaiana da Igreja Metodista. Guilherme Mylius exerceu suas funções de 1937 a 1940. Até então a reitoria era ocupada por norte-americanos. O Colégio União é a mais antiga instituição de ensino metodista do Brasil. Ivo Gonçalves/PMPA Fogaça na inauguração da Biblioteca Central Guilherme Mylius 12 junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento caras e bocas A galera que faz as tribos urbanas http://modaonline.blogs.sapo.pt/21673.html As tribos urbanas invadem as cidades grandes e pequenas e estabelecem redes de amizades a partir de interesses e afinidades. Agregam jovens de acordo com as idéias, pensamentos, hábitos e modo de vestir. São ramificações que abrem um leque de opções e são responsáveis por movimentos culturais que fizeram e fazem a história. Afinal eles só querem ser ouvidos! Clarissa Madalozzo Simões Pires P Pertencer a uma tribo, explica o psiquiatra José Outeiral, autor do livro “Adolescer”, em entrevista ao Universo IPA, “é tanto um modismo como algo sociocultural. E seria essa a forma de uma fuga individual pa- Banda Tokio Hotel: a nova tribo vinda da Ásia, estilo Kei, “as sombras que amam demais” ra o coletivo; a busca de uma identidade grupal que acaba pica de uma cultura noturna. que invadiu as ruas e ficou co- samba raiz são pouco conheabrindo mão, por vezes, da Os jovens desse estilo gostam nhecido como skate. cidos pelo público jovem de identidade pessoal”. Outeiral de usar roupas extravagantes Bruno, que é assíduo fre- hoje. Com o surgimento do “paqüentador do Parque Marinha gode”, que significa “reunião de explica que a família passa a e acessórios coloridos. exercer uma influência menor Ana revela que sempre gos- do Brasil, e muito já usou as pessoas com uma boa musido que o grupo ou tribo, uma tou de pessoas diferentes e mu- pistas de skate, acredita que ca”, afirma a adepta do “samba vez que alguns jovens, por se sicas fora das paradas de su- não se escolhe a tribo que se raiz”, o samba ficou descaracsentirem perdidos ou carentes cesso, “o que é um tanto ridí- vai integrar, “simplesmente faço terizado e confundiu-se com dentro de casa, acabam bus- culo porque na época em que parte de uma tribo por afinidade outros estilos musicas. Carolina comenta que existe cando fora do eu fui clubber, gos- e semelhanças: gosto em cocontexto familiar tar de música ele- mum”. Para o skatista, integrar uma exigência em relação ao inuma influencia do trônica, que não uma tribo resulta da influência gresso de pessoas na tribo, e fosse dance da Jo- de amigos e do bom relaciona- explica que é necessário “conhegrupo. Para alguns jovem Pan, ter pier- mento, também, com outras cer o samba”. Ela também fala vens com boa situcing no nariz e chu- tribos. do preconceiPara a ação financeira, repar pirulito na noite to das classes lata o psiquiatra, a era coisa de gente a d e p t a d o mais altas, tendência será falouca e excluída, e “samba raiz”, mas afirma Carolina Mazer parte de um isso já em 1998”. que a ideologrupo com essa Ana acredita que dalozzo S. Pigia da tribo é mesma caracterísa roupa é uma ca- res, 22, a sua manter uma tica. Mas cada tribo racterística de iden- tribo se cons“boa música”. corresponde, de tidade dos grupos e titui num moE compleuma maneira geral, também afirmou vimento que mentou “o Tribo hippie às condições ecoque existem algu- carrega toda samba carrenômicas e cultumas rivalidades en- a história do Brasil. Para ela ga de certa forma, uma mensarais, existindo, tamtre as tribos, mas “todo o samba tem uma men- gem popular, seja de história, bém, algumas mais que sempre aceitou sagem subliminar, e não é à sentimento ou religião (terreiviolentas como os bem novas pesso- toa que carrega o nome de ro)”. Tribo punk “skinhead”, (os caas, e justificou: “até grandes ícones da música e Angiane Bastilho Vargas, beças peladas), que surgiram na porque patricinhas e maurici- da cultura brasileira”. 20, não se intitula junk, grunge, década de 60, no Reino Unido. nhos não se interessavam pela O ‘samba’ significa umbigo metaleira, gótica, new metal ou O objetivo dos jovens que minha tribo, justamente por ser- em quimbundo, língua de An- emo. Ela é uma fiel adepta ao fazem parte de uma tribo, na vi- mos excluídos. Ela também gola, e sua origem é afro-baia- rock punk não pela forma de são analítica de Outeiral, visa compara os jovens de hoje com no, com tempero carioca. Nas- vestir, mas pelas letras das mubuscar identificações e ter o sen- os de sua é época, “a maioria ceu na influência de ritmos afri- sicas e o estilo próprio, sem timento de pertencer a um gru- da gurizada hoje em dia é por canos que foram adaptados convenções nas palavras. O movimento punk ocorreu po. Eles não fazem isso pelos influência. É só passar na hora para a realidade dos escravos do intervalo do Colégio Rosário brasileiros e, ao longo do tem- no fim da década de 70 e a outros, mas para si próprios. que se vê os gurizinhos de 12 po, sofreu inúmeras transfor- primeira manifestação do estianos com piercing no lábio, ves- mações de caráter social, eco- lo punk rock, ocorreu nos EUA, O que eles pensam? tidos como o 50 Cent (banda de nômico e musical, até chegar em 1974, num show do The Ramone e, em menos de um “Nem sempre tenho o meu hip-hop americana). Na minha às características de hoje. Carolina revela que entrou ano, ganhou ramificações na estilo definido, mas mantenho época, legal era ser igual ao Kelly o desejo de ser diferente”, re- Slater”. nessa tribo através de amigos Inglaterra. vela Ana Laura Eltz da Silva, 22 Apesar de não ser mais uma e que nela persiste pela qualiAngiane defende a liberdaanos, que se define como “al- fiel adepta ao estilo clubber, Ana dade do samba. Ela afirma que de de expressão e confessa ternativa” e mantém o antigo ainda mantém vinculo com a an- existem limitações para receber que já sofreu influências de amiestilo clubber que nos anos 90 tiga tribo e acredita que sua ide- novos integrantes, uma vez que gos, como na época em que esteve no auge, embalado com ologia sempre foi ser feliz, não tanto o samba canção (um ou- escutava a banda de rap os Raa música do gênero techno, tí- importando a cor do cabelo, rou- tro estilo do samba), quanto o cionais e samba. Hoje, ela sepas, piercing ou tatuagens. gue a ideologia da tribo que é Já o skatista Bruno R. Reanti-capitalista, anti-modismo e sem regras. Mas não é qualppold, 27, disse fazer o estilo mais esportista e urbano, mas quer um que entra nessa tribo. sempre mantendo as tendênÉ preciso que se faça um recocias da moda. A tribo do skate nhecimento para ver se a pesé uma ramificação do surf e sursoa conhece o rock ou se não giu nos anos 60, na Califórnia é “vítima da modinha imposta (EUA), quando o surf reinava. pela mídia”. Porém, durante as marés baiAngiane não se sente desxas, os surfistas eram impossilocada da sociedade, mas bilitados de exercer o esporte acredita que ela é capaz de e surgiu, então, a idéia de fazer deslocar qualquer um, de qualTribo do samba das pranchas, um divertimento Tribo clubber quer estilo, dependendo do lo- Filmes Clubber - A Festa Rave (2000). Hippie - Woodstock (1970). Punk - Punk: Attitude (2005). Samba - Paulinho da Viola - Meu Tempo É Hoje (2003). Skinhead - A Força Branca (1992). Skatistas - Vida Sobre Rodas previsto para 2008/2009). qüilidade é fundamental no espaço conquistado, explica Jauri. Para ele, esse espaço é um legado, “uma herança que recebemos e que passaremos para as futuras gerações. Não há uma hierarquia, e sim respeito entre os integrantes da tribo”. Para Jauri, fazer parte de uma tribo é ter voz ativa, “a gente se sente mais forte”. Também revela que não há rivalidades entre outras tribos. O único problema para eles é a fiscalização em determinados lugares, que os proíbem de expor os seus trabalhos. O estudante César Alberto Manoel, 28, faz parte do estilo Cosplay, que é uma abreviação de “costume player” (fantasia cal que se está e complemen- em inglês). Os integrantes desta: “Eu não obrigo ninguém a sa tribo, conhecida como ouvir o que eu gosto de curtir, Otakus, se caracterizam e ine nem por isso quero que fa- terpretam seus personagens çam o mesmo comigo. Se me prediletos do desenho japonês: convidarem pra ir numa festa mangá e animê. Usam desse é outra coisa, eu vou decidir se estilo como hobby qual César vou ou não”. afirma não abrir mão. O casal de hippies, Mabel Desde 2002, o estudante Campos, 24, e freqüenta os evenJauri Antônio Lutos cosplay, que aconteciam raracas, 36, defenmente, mas hoje dem a coletividade. A forma de com a “capitalização” desse estilo, tratamento entre têm maior divulgaos integrantes do grupo, revela Jaução. Os quadrinhos ri, é como de uma japoneses como: grande família, Samurai X e Draapesar de muitas vezes a família gonball, ainda chamam a atenção de biológica não jovens para essa aceitar por completo esse estilo nova tribo, e foi através deles que César de vida. “Assumicomeçou a aderir a mos uma postura e decidimos ser o esse hobby. que queríamos”. Apesar de usaO modo de sobrerem as vestimentas Tribo skatista extravagantes, mas vivência da tribo privilegia a arte e mantém a es- confeccionadas com muitos sência do estilo aventureiro “hi- detalhes e “amor”, tudo para representar os seus ídolos da ppie de ser”. O movimento hippie surgiu melhor forma possível, César nos anos 60, caracterizado por afirma: “temos um lugar onde protestos e, em especial, con- nos encontramos para convertra a guerra do Vietnã. A forma sar, mas usamos roupas norde sobrevivência comunitária mais. Só vestimos as fantasias privilegiava a produção de bi- durante os eventos”. juterias e artigos artesanais. Para o casal que valoriza acima O Visual Kei de tudo a arte, a família, o respeito e a coletividade, todos são O estilo Kei, vindo da Ásia, bem vindos na tribo, mas é pre- aos poucos está conquistando ciso respeitar a “família”, como o ocidente e transformando a eles assim se definem. Por vi- moda. O visual Kei é um moviverem da comercialização de mento musical que surgiu no trabalhos produzidos de forma japão em 1980. Os jovens descoletiva, deve haver um bom sa tribo priorizam um estilo de relacionamento entre os inte- roupas peculiar, usam roupas de grantes da tribo hippie e a tran- couro, estilo cabedal, de napa e blasers estilo rococó, além de cintos de liga e corpetes. E não abrem mão da maquiagem, tanto os homens quanto as mulheres. Curtem desde rock até música clássica. E dentre as bandas adeptas a esse estilo estão os XJapan e Tokio Hotel. Todos se definem como sombras e se dão o direito de amar a quem quiser. Lembram um pouco os emos (abreviação do inglês emotional). Será essa Otakus: inspirados por desenhos japoneses como os Narutos a renovação ou a evolução? Comportamento Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 13 céu e inferno O pecado mora ao lado, bem ao lado Fotos Germano Beskow e Edimar Blazina Entre o céu e o inferno: a fachada dos prédios mostra o contraste no centro de Porto Alegre Diego Barbosa O centro de Porto Alegre é um local de múltiplos ambientes e muitos contrastes, uma prova disto está na avenida Júlio de Castilhos onde um cinema pornô está localizado ao lado de uma igreja evangélica. Dois ambientes completamente opostos que convivem pacificamente quase porta a porta. SESSÃO DE CINEMA Diego Ramos, Edimar Blazina e Germano Beskow ção para o show de sexo explí- S Se você procura um encontro com Deus pelas ruas da capital, tenha cuidado, pois com alguns passos a mais você poderá entrar em um dos cinemas eróticos de Porto Alegre. O Cine Atlas, vizinho da Igreja Internacional da Graça de Deus, que está há cinco anos na região central da cidade. A discordância de pensamentos é grande, a distância física pouca, contudo, os freqüentadores de ambos vivem alheios a diferença. A IGREJA A Igreja da Graça surgiu na cidade de São Paulo em 1980. Fundada pelo Missionário Romildo Ribeiro Soares, o RR Soares, após uma dissidência com seu cunhado, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. Com um total de 16 templos espalhados por Porto Alegre, o centro foi selecionado para ser a sede da instituição no estado.“Escolhemos o centro pela fácil localização”, diz o pastor auxiliar Ismael Bomerish, 31 anos. Sábado, centro de Porto Alegre, 15h. Pessoas passam pela rua correndo e atrasadas como é comum a esta região. Dentro de uma sala de cinema, na avenida Júlio de Castilhos, aproximadamente 15 pessoas estão reunidas assistindo ao final do filme “Sexo Grupal na 69” . O ambiente é apenas iluminado pela luz vinda da tela. Ao final da sessão, há uma movimentacito, com um casal contratado. O público aumenta com a chegada de mais dois homens. A Pastora incentiva os fiéis durante o culto com palavras de ordem: “Você vai arrebentar meu irmão” templo. Questionada se no momento da escolha do local a ser estabelecida a igreja, foi considerada a presença destes estabelecimentos ao redor, a pastora responde: “Não, mas acabou sendo até estratégico, pois, como disse, a missão é mostrar o caminho a essas pessoas e convencê-las de que estão erradas”, informa Neloci. O auxiliar Israel mostra o mesmo ponto de vista: “Nós oramos para que todas as pessoas que freqüentam esses locais possam se converter também” conclui. é pra me divertir”, diz José (nome fictício), ao sair de uma sessão no cine Atlas. Diferente dos dois mil freqüentadores diários da Igreja da Graça, o cinema tem pouco movimento. “Vejo pouca gente entrar ali por dia” revela U.S., 49, que trabalha próximo ao local. Ainda segundo ele, o público está acima dos 40 anos “Entra muito velho, às vezes uma gurizada, mulher é muito raro” relata. MUITOS HOMENS, POUCAS MULHERES A PRESENÇA HOMOSSEXUAL O CINEMA PORNÔ Um fato curioso sobre o Atlas é a grande presença de homens sendo que mulheres, quase não freqüentam o local. Segundo a psicóloga Ana Léa Mendes, 42, esse é um comportamento característico da Outra peculiaridade do cinema é a presença de homossexuais em um ambiente teoricamente heterossexual. Sites como o da ONG Nuances e o “Guia Gay Brasil”, indicam o Atlas como local de encontro Se a função da igreja, segundo sua liderança, é a salvação das almas, o mesmo não se pode dizer de seu vizinho: o cinema pornô. “Eu venho aqui mulher, “A atração feminina não é visual, dificilmente a mulher vai em busca de sexo por sexo, não faz parte da cultura feminina”. Já a presença de homens mais velhos é explicada como uma busca de uma realização, “Nas gerações mais antigas, poucos têm coragem de realizar suas fantasias com a esposa, por exemplo, por isso buscam alternativas como esses cinemas”, conclui. apresentação se inicia e, após para gays. A explicação para o fato vem de um usuário da comunidade “Cine Atlas, Áurea e Apolo GLS” na página de relacionamentos Orkut. Indagado sobre a presença de homossexuais em um lugar voltado para o público heterossexual, POA, como se auto denomina o rapaz, responde: “O lugar é hetero para atrair homens, se vai homem, tem gay” explica ele. algum tempo, enquanto a dupla atua no palco, os espectadores, animados, se encorajam ficando mais desinibidos. Com o final da apresentação o público se dispersa deixando a sala vazia, enquanto novos freqüentadores chegam a espera de mais uma sessão. UM CULTO O culto da Igreja da Graça teve início às 14 horas. Antes ISSO, SIM, INCOMODA do começo, músicas evangélicas foram tocadas para pre- Apesar da aparente conformidade com o cinema, uma fiel da Igreja da Graça revelou o que a incomodaria: “ Pior que os filmes pornôs, seriam os feiticeiros aqui em volta”, diz Franciele Nunes, 25. Esse é o Brasil, um sincretismo superficial, contudo, pacífico. Edimar Blazina parar o espírito dos fiéis, que não lotavam o local, mas ocupavam boa parte das cadeiras. O público freqüentador do local é bem variado, desde crianças até idosos vão à igreja, alguns trazem fotos de familiares para que estes possam receber uma benção, além de darem depoimentos fervorosos que exaltam Jesus e Deus; toda vez que uma graça é alcançada, aplausos ecoam por toda a parte. Com frases que motivavam os fiéis OS VIZINHOS O que causa estranheza, a primeira vista, não é o local em si, mas sim os arredores do prédio. Além do cinema pornô existem outras duas boates de shows eróticos a uma quadra do templo. “Isso não nos incomoda, a nossa missão é buscar a salvação destas pessoas, quanto mais freqüentadores destes lugares entrarem aqui, mais pessoas serão salvas”, explica a Pastora Neloci Bayer, 48, esposa do pastor presidente do como “o capeta já era”, a pastora que ministrou o culto utilizava gestos semelhantes aos feitos pelo fundador da igreja, RR Soares, na televisão, falava calmamente e de um modo descontraído. Após meia hora de pregação da palavra de Deus e emocionada participação dos presentes, a reunião se encerra, contudo, ainda permanece uma fila de pessoas para um aconselhamento com a ministra, ou um de seus auxiliares. Ao lado do templo o cinema vende seus filmes e shows eróticos sem inibição e preconceito 14 Geral junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Saúde A difícil missão do agente de saúde O trabalho dos agentes de saúde existe no Brasil há 15 anos. Só em Porto Alegre são mais de 380 espalhados por diversos postos de saúde. Eles representam um elo entre a comunidade e os postos, e são vinculados às prefeituras. N Simone G. Machado No perfil do profissional da saúde está a facilidade de se identificar com a comunidade, o gosto pela atividade e as habilidades de aprender e repassar as informações necessárias à população, é o que revela a agente do Posto Nossa Senhora Aparecida (NSA). Também é preciso ter coragem para enfrentar e lutar contra todos os tipos de problemas da comunidade, como por exemplo, saúde, saneamento básico, salário justo, entre outros. A psicóloga e coordenadora Vera Lúcia Ludwig, 37 anos, do posto NSA, diz que o local é uma das 12 unidades pertencentes ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, vinculado ao Governo Federal, com uma estrutura física restrita, sem o tamanho apropriado para o número de pessoas que moram na comunidade, uma vez que diariamente passam por lá, 80 pessoas e mensalmente 1.600. Segundo a psicóloga, o trabalho dos agentes é fundamental para ajudar a resolver problemas muito difíceis, como por exemplo, a redução da mortalidade infantil e manter a qualidade de vida no Brasil, pois a função desses profissionais é ensinar como ter uma vida saudável, identificar situações de risco individual e coletivo, além de acompanhar e encaminhar os doentes ao posto, notificar ao serviço de saúde as doenças que necessitam de vigilantes e acompanhar todas as gestantes, entre muitas outras atividades. De acordo com a Secretaria da Saúde, para se tornar um agente de saúde é preciso ter 18 anos, o 1° Grau completo, prestar concurso e morar na área onde exercerá essa profissão. Qualidade de vida O trabalho dos agentes melhorou a qualidade de vida dos gaúchos, pois houve a redução Maria I. B. Souza, com sua neta Luize em momento de lazer Fotos: Simone G. Machado Equipe do Posto Nossa Senhora Aparecida da mortalidade infantil na região, como foi o caso de Camaquã, onde o índice de 25 óbitos por mil nascidos, caiu para cinco. Sem falar que o Estado está livre de males como a doença de Chagas e a hanseníase devido ao trabalho feito por sete mil agentes espalhados pelo RS. Essas informações estão no site www.saudefamilia.org. Ele revela também que a melhoria da qualidade dos programas oferecidos à população se deve ao relevante papel dos agentes. Graças a eles e aos outros profissionais da saúde, o RS possui os melhores indicadores de saúde do Brasil. Exemplo disso é a redução do índice de crianças com baixo – peso que caiu de 12,06% para 06,86%, na faixa etária de 0 a 60 meses. A coordenadora do posto conta que desde o início das atividades destes profissionais, os moradores demonstraram satisfação, como foi o caso de Fabiana S. Gonçalves, 24 anos. Para ela o trabalho dos agentes é de grande ajuda, porque eles passam informações importantes. “No inicio não dei importância a eles, mas com o passar do tempo vi que os agentes são fundamentais em nossas vidas”. O mesmo aconteceu com a aposentada Maria Ivone de Souza, 59 anos. Ela ressalta que ainda existem problemas a serem resolvidos, mas que não são de responsabilidade dos agentes, pois “deles a população não tem do que se queixar”. A aposentada confessou que no início achava que os agentes mais atrapalhavam do que ajudavam. Mas, depois que a agente de saúde, Greice Santana começou a orientar como agir com sua filha especial percebeu a importância dessa profissão. Sua a filha Graziela,15 anos, sofria de depressão e era sempre muito agressiva. “Depois que a agente de saúde começou a fazer as visitas domiciliares, e explicou como eu deveria agir, conseguiu que eu falasse com um médico. Também encaminhou minha filha para a psicóloga, onde ela segue o tratamento. Hoje minha filha já está bem melhor”. Reconhecimento da comunidade Ao relatar como iniciou a sua profissão, Greice Santana conta que não sabia o que era um agente de saúde, mas a partir do momento em que percebeu que tinha o perfil adequado, começou a se preparar para enfrentar o concurso que habilita a trabalhar em postos de saúde. Ela revela que sempre quis trabalhar com pessoas e ter uma atividade social com a comunidade. “As pessoas da Vila Nossa Senhora Aparecida tiveram alguma resistência em relação ao nosso trabalho, mas, mesmo assim, sempre nos trataram com muito respeito. Ao longo do tempo o povo foi percebendo o quanto somos importantes e o quanto poderíamos ajudar a resolver seus problemas, então, essa resistência foi acabando e foi se criando um vinculo de confiança, respeito, carinho e de amizade entre nós”, afirma a agente. Um fato marcante de sua carreira, conta Greice, foi a confiança que uma moradora da vila depositou em seu trabalho. Ela parou a agente na rua para contar que poderia estar grávida, e que não gostaria de ter essa criança. Após a confirmação, voltou a procurar ajuda, pois desejava fazer um aborto e não sabia como. A orientação dada foi de não abortar e, mesmo assim, ela resolveu tomar um abortivo. Ao ingerir o produto, começou a passar mal tendo que ser encaminhada ao posto. Ao chegar, a paciente foi levada ao banheiro onde acabou abortando. Depois disso a moradora foi transferida ao hospital para fazer a curetagem. Após a alta hospitalar, Greice, foi visitar a paciente e percebeu que ela estava arrependida do ato que havia cometido. “A base para que o nosso trabalho seja realizado com sucesso deve-se à confiança que os moradores depositam em nós”, complementa. O trabalho que é desenvolvido nos postos ajuda a melhorar a qualidade de vida dos moradores. Assim, ao receber informações em relação à saúde, a população cria um vínculo maior com o posto e há maior preocupação com o bem estar das famílias, um dos principais objetivos dos agentes de saúde, conclui a agente do Posto Nossa Senhora Aparecida, Maria Margarete Jaskulski. Reprodução meio ambiente Arquitetura sustentável para um mundo melhor A bioarquitetura ou arquitetura sustentável é uma forma de planejar construções que utilizam maneiras de prevenir os impactos ambientais que podem ser gerados em uma construção. Um grupo de arquitetos gaúchos usou os seus princípios básicos para reformar o prédio da nova sede do Núcleo Amigos da Terra (NAT) e tem importantes considerações a fazer sobre o tema. Gloria Maria Alves de Oliveira e Fernanda Escouto Almeida A arquitetura sustentável é uma nova tendência adotada por arquitetos preocupados com a preservação dos recursos naturais. Ela surgiu na década de 70 e defende maneiras de se construir sem alterar o equilíbrio do meio ambiente, aproveitando a energia solar e eólica. Ainda em evolução, a bioarquitetura vem ocupado espaços de debate onde seus adeptos divulgam seus princípios voltados para a melhoria de qualidade de vida das pessoas e principalmente do meio ambiente. Para a arquiteta e urbanista, Carolina Herrmann Coelho de Souza, uma das profissionais que participou do projeto da casa NAT, a bioarquitetura baseia-se na correta aplicação de elementos arquitetônicos e tecnologias construtivas, diminuindo, assim, os impactos destruid o re s n o m e i o a m b i e n t e e,também, a sua carga térmica ao poupar energia convencional. Esta forma de arquitetura sempre existiu, ressalta a arquiteta, mas, principalmente, após a revolução industrial, o homem passou a ter acesso a novos materiais, antes não produzidos, ou importados, incorporando tecnologias que, por um lado trouxeram um grande avanço em todas as áreas do conhecimento, bem como muitos benefícios, mas por outro, impactaram o meio ambiente de forma imprevista. O objetivo da arquitetura sustentável, afirma Carolina Herrmann, é apenas resgatar a preocupação das pessoas em preservar o meio ambiente, pois é ele quem fornece todos os recursos para vivermos e adequarmos nossas tecnologias Em um projeto sustentável, Sistema bioclimático do projeto desenvolvido para a nova sede da Casa Nat pondera a arquiteta, leva-se em consideração os condicionantes locais de clima, relevo, entorno e, também, dos materiais locais. E, para tanto, são considerados o ciclo de vida dos materiais, bem como as técnicas que utilizam as formas mais eficientes de uso da água e energia. Por isso, qualquer país pode realizar uma construção ecologicamente correta, inclusive o Brasil, aproveitando as suas riquezas naturais e também a sua mãode-obra. “Qualquer país tem condições de avaliar a sua realidade e buscar soluções mais sustentáveis, principalmente, se buscar a experiência das gerações passadas, afirma a arquiteta Leticia Teixeira Rodrigues, adepta à bioarquitetura. O que pensa a maioria é que a construção sustentável é um projeto caro, mas isso é um equívoco, ressalta Rodrigues. Na execução de um projeto de obra utilizando a bioarquitetura há tecnologias, como por exemplo o uso de energia solar térmica, além do aproveitamento da água da chuva, cujos equipamentos não estão previstos numa obra convencional, o que implica num maior custo inicial, mas cujos gastos retornam em poucos anos, revertendo em economia de água e energia, complementa a arquiteta. A ajuda vem sim- plesmente da consciência de cada um”, conclui. projetos da Casa NAT Ao relatar os projetos nessa área, a arquiteta Carolina conta que já participou do processo de estruturação coletivo da nova sede da ONG - Núcleo Amigos da Terra/Brasil (NAT), a CASA NAT. Letícia atuou em projetos para cooperativas habitacionais. E para aqueles que querem saber mais sobre o assunto é só acessar os sites: www.3c. arq.br e www.natbrasil.org.br e ficar por dentro dessa forma nova de construir sem destruir. Variedades Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 15 Shows Porto Alegre na rota dos internacionais A oferta de shows internacionais no Rio Grande do Sul tem crescido significativamente nos últimos anos. Isso é atribuído a vários fatores, dentre eles o surgimento de novos espaços, a queda do dólar, além da maior concorrência entre as produtoras gaúchas. POA X SP O Vanessa Gonçalves O público gaúcho muitas vezes reclama dos preços elevados. Atualmente, o valor máximo já pago no Estado, para shows internacionais é de R$ 500, para assistir a apresentação do ícone da música francesa, Charles Aznavour. Para os portoalegrenses este valor é considerado alto, mas é necessário lembrar que muitos custos envolvem a vinda de grandes artistas. Em entrevista à imprensa, o diretor do Grupo Opinião, Cláudio Favero, afirma que “o valor do ingresso praticado aqui é infinitamente menor do que em outras praças, o que faz com que a nossa rentabilidade seja menor, e o risco, maior. Talvez por isso não venham tantos shows internacionais para Porto Alegre quanto gostaríamos”. Em São Paulo os preços são mais elevados como o show do Bob Dylan, R$ 900 e Enio Morricone, R$ 1.500. Valores impraticáveis em Porto Alegre, considerando o poder aquisitivo dos gaúchos. Arte sobre fotos extraídas dos sites da produtoras gaúchas OS CUSTOS Além do cachê do artista, existem diversos outros custos que envolvem a vinda de uma atração ao Estado. Fazem parte das despesas: a pré-produção (mídia em jornais, panfletos, outdoor, televisão etc), além da hospedagem, transporte, alimentação (para abastecer o camarim do artista e as pessoas que irão trabalhar). Soma-se a estas despesas, toda a infraestrutura do espetáculo que inclui iluminação, áudio, carregadores, sonorização, locação de espaço, além do pós produção que envolve desmontagem, limpeza e relatórios para patrocinadores, entre outros. “Os valores que se movimentam são altos, mas os custos minguam o lucro”, afirma Edgar Ruther, coordenador comercial e financeiro da Opus Promoções. ESPAÇOS GAÚCHOS Os espaços gaúchos também são restritos. No ano passado a Opus, em parceria com a Companhia Zaffari, inaugurou o Teatro do Bourbon Country que já foi palco de muitas atrações e que provavelmente não viriam ao Estado por falta de local. O Teatro comporta 1100 pessoas. “As alternativas que a cidade oferecia sempre tinha dificuldade de data, já deixamos de trazer vários espetáculos em função da falta de local apropriado, até que o Teatro do Bourbon Country surgiu para preencher esta lacuna” afirma o diretor da Opus Promoções, Carlos Konrath. A única alternativa nessa média de público era o Teatro do Sesi, com lotação de 1.700 pessoas. Mesmo assim, ainda faltam espaços para as su- Eles vêm, vieram e ainda virão aí Fabrício Barreto O ano de 2008 começou agitado em matéria de shows internacionais. Com o dólar abaixo dos R$ 2, o ano de ótimas investidas gringas pode ser esse. Uriel Gonçalves As festas começaram cedo. Já em janeiro tivemos nossa primeira visita, Eagle-Eye Cherry, dono do hit Save Tonight, que se apresentou no Rio, em São Paulo e, também, em Salvador. Outra, que veio pra cá, logo cedo, foi a atriz de TV e, também, cantora Hillary Duf,f para duas apresentações, uma no Rio de Janeiro e outra também em São Paulo. Logo após o carnaval quem resolveu fazer uma parada aqui no país foi o fenômeno emo My Chemical Romance, trazendo a turnê do disco The Black Parade para Curitiba e novamente Rio e São Paulo. Chegando um pouco mais para o sul, mostramos que os gaúchos também não ficam atrás em matéria de shows internacionais com a vinda do Iron Maiden, comandado pela voz de Bruce Dickinson, em março, Show do Whitesnake no Teatro do Bourbon Country e teve seus ingressos esgotados nas capitais de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Outros que aproveitaram o embalo e deram uma passada aqui em março, foram artistas como Bob Dylan e Julio Iglesia. Já, Sean Kingston, foi exclusivo para o eixo Rio-São Paulo. Tivemos algumas presenças pouco prestigiadas também como Interpol e Helloween, tudo isso apenas em março. Chegando ao mês de abril, novamente os gaúchos entram na rota dos shows importados com duas bandas de punk rock, Funeral for a Friend e Rufio, e o cantor Seal. Enquanto mais pa- LEI ROUANET Um fator que facilita a vinda de shows ao Estado é a Lei Rouanet. A partir dela é possível que pessoas físicas ou jurídicas financiem projetos culturais . Até 60% do valor que é investido pode ser abatido no imposto de renda. De acordo com o diretor da Opus, Carlos Konrath, “com a Lei Rouanet todos saem ganhando, já que ela é positiva tanto para o idealizador do projeto quanto às empresas e ,principalmente, a sociedade”. E um exemplo ra o lado sudeste do país, quem se apresentou foi Ozzy Osbourne, Korn e Rod Stewartficando para Brasília o fenômeno televisivo RBD. Em maio temos uma parada de um mês nos shows aqui no sul para juntar dinheiro e enfrentar a maratona internacional que viria logo a seguir, mas o resto do país não parou, com presenças de Whitesnake, Village People, Nazareth e RBD. E para fechar o semestre desse ano, tivemos alguns dos shows mais esperados do ano como Joss Stone, que também passou pela capital gaúcha, e Maná, outros cantores que resolveram visitar o Brasil em junho, foram Bobby McFerrin, da música Don’t Worry, Megadeth e também Alex Band, antigo vocalista da banda The Calling. E assim fechamos o semestre do ano, com mais de 20 shows internacionais. No segundo semestre, sem muitos shows confirmados, quem abre a maratona é o Joe Satriani, sem presença confirmada para o sul, ele se apresenta no fim de julho em Curitiba, mas dentre as figuras mais esperadas na segunda etapa do ano estão: Avril Lavigne, Scorpions, Justin Timberlake, Linkin Park, Nightwish e Madonna. Ainda temos alguns shows que não estão confirmados e, também, estão sem datas, como Red Hot Chilli Peppers, Simple Plan, Amy Winehouse, Alicia Keys, Guns N’ Roses, Radiohead, Backstreet Boys, Frank Sinatra Jr. KT Kunstal, Disney on Ice. e Rage Against The Machine. Como dá para notar, 2008 é um ano muito bem cotado para os shows internacionais e mostra, definitivamente, como o Brasil, e também o Rio Grande do Sul, entrou na rota destas apresentações históricas. é o Cirque de Soleil, trazido ao país pela T4F (Time for Fun), que captou R$ 9,4 milhões do incentivo fiscal do MinC. Mas, nem todos concordam com a lei. É o caso de Tania Farias, integrante Tribo de Atuadores, Ói Nóiz Aqui Traveiz, contrária a lei. No livro de Romulo Avelar – O Avesso da Cena, ela afirma que “não existem políticas realmente públicas para a cultura. Com o surgimento do incentivo fiscal, o Governo abriu mão de sua responsabilidade de fomentar o desenvolvimento da cultura. É muito cômodo”. per produções com uma média de 10 mil pessoas. Aqui em Porto Alegre, só há o Gigantinho como alternativa. Também temos o Pepsi on Stage que comporta 6 mil pessoas um resultado da parceria entre a Pepsi e a Opinião Produtora. Já o Auditório Araújo Vianna comporta 3000 pessoas e deve retornar as suas atividades em 2010. O espaço estava parado desde 2005 e, após vencer uma licitação pública, a Opus, pretende reformá-lo e poderá utilizar 75% das datas anuais do auditório por um período de dez anos. Mesmo com tanto crescimento no setor, Porto Alegre ainda não pode ser comparada com a cidade de São Paulo. Isso porque a possibilidade de viabilizar shows no Estado envolve custos muito elevados. Para se trazer um espetáculo internacional ao país é necessário que se tenha inicialmente uma produtora nacional para coordenar as locais. Dentre essas produtoras, as maiores do país são as paulistas. Muitas vezes, alguns patrocínios são fechados apenas com a produtora nacional e chega às locais sem nenhuma verba. De acordo com a coordenadora de programação e comunicação da Opus Promoções, Noemia Matsumoto, “existem vários caminhos para a entrada de um show internacional. Normalmente é necessário que uma produtora compre um número viável de shows para trazer ao Brasil ou América do Sul. Esta será a produtora nacional que fará a ponte entre as produtoras locais que trabalham em cada praça”. Além disso, São Paulo tem uma média de 15 milhões de habitantes, enquanto Porto Alegre tem 3 milhões. Já que Porto Alegre tem um número de habitantes 5 vezes menor do que a capital paulista, não suportaria uma atividade cultural tão intensa quanto a de São Paulo, onde ocorrem produções de grande porte quase todos os dias. QUANTO VALE UM SHOW INTERNACIONAL? 2008 Seal - R$ 250 Júlio Iglesias - R$ 360 Charles Aznavour - R$ 500 Cirque Du Soleil - R$ 400 2007 Lauryn Hill - R$ 300 Bryan Adams - R$ 300 2006 Santana - R$ 150 2005 Diana Kral - R$ 300 2004 Norah Jones - R$ 350 Valores máximos de ingressos de shows realizados em POA nos últimos anos. As produtoras gaúchas Vanessa Gonçalves Opus promoções A Opus atua no Estado desde 1976. É a produtora que mais trouxe espetáculos internacionais ao Rio Grande do Sul. Dentre as atrações se destacam: The Cure, RBD, Zucchero, Jethro Tull, B.B. King, Village People, Kaiser Music com Deep Purple, Sepultura e Hellacopters, Dolores O’riordan, Maná entre muitos outros. Anos 90 Uma nova geração de produtoras inicia as suas atividades na década de 90. Em 92, surge a Opinião, e dois anos depois, a Branco, res- ponsável por produções internacionais como: Buddy Guy, America, Betty Carter, John Pizzarelli. Já a Opinião produtora trouxe, dentre outros, os shows Akon, Rebeldes, Iron Maiden, Lenny Kravitz, Matisyahu, Seal, Ben Harper e Joss Stone. Anos 2000 A Hit’s promoções iniciou seus trabalhos em 2006, com a parceria entre Lucas Giacomolli e os irmãos Matheus e Diego Possebon. Mas ganhou fôlego extra quando Cássio Lopes, com sua farta experiência em shows se juntou ao grupo, em 2007, possibilitando atrações internacionais, como Lauryn Hill e The Doors. 16 Turismo junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA mundo: jordânia Um potencial turístico a ser explorado Fotos: Asaph Borba Quando alguém chega na Jordânia sente logo a diferença. Apesar de, ao longo da história, ter sido um lugar de passagem e conflitos, o país é tranqüilo, moderno e acolhedor. Por ser um ponto estratégico, a nação situada ao leste de Israel, a oeste do Iraque, ao sul da Síria e ao norte de Egito e Arábia Saudita foi o palco de acontecimentos importantes narrados em textos da história antiga, inclusive na Bíblia. p Asaph Borba e Bruna Garbin Pela Jordânia passou o povo de Israel rumo à terra prometida. Em Mádaba, ainda se pode visitar o local onde Moisés avistou a Terra Santa de Canaã, pois dali se ve o Mar Morto e o vale do Rio Jordão, este, até hoje, a maior fonte de água da região. Esta nação árabe também era rota obrigatória das caravanas que realizavam o comércio entre o Oriente e Ocidente. Dentre as belezas históricas da Jordânia, duas se destacam: Petra e Gerash, por sua singularidade, riqueza arqueológica e beleza arquitetônica, estas são as duas cidades que apresentam melhor conservação da história antiga. Petra, cidade dos lendários Nabateus, povo que deu origem aos arábios, foi um pólo comercial importante nos últimos séculos que antecederam a era Cristã, quando, então, foi conquistada pelos romanos, Petra, porém, não perdeu o seu “glamour”, mesmo sendo um dos pólos mais distantes do império. A sua beleza foi protegida e, até mesmo, ampliada com novos prédios e construções. Ismail, um beduíno que vende chá na parte alta da cidade, resumiu em poucas palavras a magia do local: “Passei minha vida inteira aqui, e o tempo nunca passa”. A cidade é única, totalmente esculpida nas montanhas de Mesquita de Aman Restaurante ao ar livre na cidade de Petra Entrada de Petra pedra avermelhada, tanto os prédios principais, quanto as milhares de casas, onde as famílias moravam. Por sua interação com as montanhas é que a cidade passou a chamar-se Petra. As descobertas arqueológicas na região foram de grande importância para o conhecimento da vida social e política da região. A conservação do local até ho- je impressiona os visitantes. Gerash, era a principal cidade das Decápolis, o conjunto das dez cidades mais importantes dos Romanos no Oriente, e mesmo depois da queda de Roma, a cidade continua sendo um polo comercial e político da região. A sua conservação cativa, pois ali se pode ver os detalhes da arquitetura Greco-Romana e como foi construída. Tendo em vista a sua importância estratégica, Gerash manteve sua posição de metrópole e, ainda hoje, é uma das maiores cidades da região. Tal como Petra, as escavações no local são de relevante importância para a arqueologia moderna. A Jordânia, além dos locais já mencionados, apresenta na sua capital Amman, uma união ímpar com o antigo e o moderno. O deserto de Waddy Rhan é um espetáculo a parte, no qual é possível visitar amigáveis colônias de beduínos, os quais são hospitaleiros com os turistas. A cultura do país é de influência árabe, mas com um toque palestino, pois a interação histórica entre a Jordânia e a Palestina é grande. A música, com os rítmos árabes típicos em toda a região, é melódica e fala sobre o amor e os romances encantados das Arábias. O artesanato explora os pontos arqueológicos e os afrescos de ladrilhos, únicos na Jordânia. A comida tem influência libanesa e síria, porém, por ser quase toda produzida no vale fértil do Jordão, é de inigualável sabor. Tudo isto, e muito mais, faz da Jordânia um dos lugares dos mais paradisíacos da mãe Terra. Colunas romanas em Gerash Portal de Gerash Turismo Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 mundo: syria Uma história milenar pouco conhecida no Brasil Situada no centro do Oriente Médio, a República Árabe da Síria tem uma riqueza histórica e cultural de mais de 4000 anos que vai além de suas polêmicas políticas. Fotos: Asaph Borba Castelo dos Cruzados, nas proximidades de Homs Asaph Borba e Bruna Garbin O O país foi palco de importantes acontecimentos da antiguidade. Por ali passaram os Persas (1100 AC); Alexandre, o Grande (350 AC) e as mais diversas legiões romanas (100 AC). Já na era Cristã, estiveram também presentes os árabes (660), os Cruzados (1100), psTurcos Otomanos (1500) e, recentemente, Ingleses e Franceses (1918). Todos deixaram suas marcas que fazem da Síria um lugar com riquezas a serem exploradas. A capital Damasco é tida como uma das cidades mais antigas da história, deixando para trás Roma e a mística Jerusalém. O mercado central, situado na cidade velha, é um dos pontos comerciais em funcionamento ininterrupto e mais antigo na história, onde se acha de tudo, desde artesanato até jóias em ouro. Ali pode ser encontrada, além da culinária local, a tradicional comida árabe. O país, além de seus monumentos, reserva para os visitantes uma experiência cultural inigualável. Sua comida é rica em sabores orientais, com os temperos típicos como hortelã, coentro, alho e zátar. Acompanham os pratos típicos o azeite de oliva, feito da maneira mais pura possível. A carne favorita da região é a de ovelha, mais rica, seca e saborosa do que a consumida no Brasil. O frango e a pomba também são apreciados. A música é alegre, tocada com alaúdes e tablas, com muito ritmo e melodias orientais. Casa de sucos em Damasco “Os sírios sempre foram um povo amistoso, que gostam de tratar bem seus visitantes. E mesmo com tantas guerras na sua história, a Síria tem vocação para a paz”. Comidas tipicas da região Pode ser ouvida em restaurantes, hotéis e praças das principais cidades. O artesanato, feito em couro, madeira e metal, com detalhes e cores, guarda os traços milenares de um povo que, ape sar da influência das muitas cul- turas, soube guardar sua originalidade. O relevo na Síria é diversificado. De um lado o deserto, que é um espetáculo a parte; de outro, montanhas verdes e vales com plantações de trigo, hortaliças e frutas. Hoje, a Síria é um país de maioria islâmica e, por isso, as mesquitas dominam a paisagem. Bem cedo, antes do sol nascer, é possível ouvir o chamado para a oração muçulmana. é quando o movimento nas casas e ruas começa aparecer e só termina com o pôr-do-sol. Não é difícil encontrar nas estradas beduínos conduzindo seus rebanhos de ovelhas, o que gera um contraste entre os carros modernos e os costumes pastoris milenares. A Síria, hoje, é o pais que mais abriga refugiados iraquianos (mais de 1 milhão), os quais encontram abrigo na atual crise política. Alaúde Pastor de ovelhas perto de Alepo 17 18 História junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA “vocês não estão entendendo nada” 1968, um ano de grandes mudanças www.abril.com.br/fotos/maio-1968 Um ano atípico na história mundial, com reflexos marcantes no Brasil e em Porto Alegre. Nathalia kurtz e Tiago Schirmer Pintaúde O O ano de 1968 foi palco de inúmeras passeatas e conflitos envolvendo estudantes contra a ditadura imposta pelos militares. Entre os focos de manifestações estudantis estão o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, “Julinho” e o Restaurante Universitário da UFRGS, na Avenida João Pessoa. Os reflexos foram além das manifestações estudantis e chegaram à música e ao teatro com a irreverente “Tropicália”. Conforme consta no Livro “A Guerrilha Brancaleone”, de Claudio Antonio Weyne Gutiérrez, no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes, estudantes gaúchos atiraram pedras e coquetéis molotov nos jipes da Brigada Militar, que era chamada de “Exército Brancaleone”, denominação extraída do filme de Mario Monicelli e marcada por atitudes de radicais e desastradas. www.historianet.com.br Édson Luiz, morto pela ditadura Em 6 de maio, ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia nas ruas de París. Bombas de gás eram lançadas contra os estudantes Os estudantes enfrentaram as tropas de choque e a cavalaria com barras de ferro, bolinhas de gude e estilingues. Porto Alegre não foi o berço da revolta estudantil de 1968. As as manifestações iniciaram no Rio de Janeiro e ganharam força em 28 de março de 1968, data em que, no centro do Rio de Janeiro,o jovem estudante Édson Luiz foi morto com um tiro pela polícia. Como muitos outros, costumava almoçar em um restaurante barato, ponto de encontro dos estudantes, o Calabouço, considerado pelos militares centro de subversão. O choque entre policiais e alunos era freqüente naquela região. A morte de Édson, para muitos brasileiros, marca a espiral de violência e rebeldia que fez de 68 um ano de muitas lembranças. O ano de 1968 foi diferente dos demais da década, relata Emílio Chagas, editor do Jornal do Mercado, em especial em Porto Alegre, uma cidade que já tinha tradição de luta política, como os episódios da Legalidade, em 1961, e a resistência ao golpe de 64, bem próximo de 1968. MOVIMENTO ESTUDANTIL O movimento no Rio Grande do Sul tinha a União Nacional dos Estudantes (UNE) como entidade máxima da organização de resistência. Conforme relata Chagas, o movimento era muito forte, principalmente com a atuação da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). Passeatas, greves, manifestações, ocupações, congressos, pichações e panfletagem eram os principais meios de protesto e resistência política estudantil. Com a ascensão do movimento, a ditadura fechou os grêmios estudantis e muitos estudantes militantes caíram à margem da lei, dirigindo-se para organizações clandestinas, a maioria armada. Com isso muitos foram mortos e desapareceram após as prisões e torturas. “Devo ressaltar que o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho, onde eu estudava, era o centro do movimento”, disse Chagas. Mas o restaurante da UFRGS também foi palco de várias manifestações, como registra o escritor Gutiérrez. E hoje, ironicamente, o local é ocupado por um Departamento da Polícia Civil. TEATRO E MÚSICA Chagas relata que a peça de teatro “Roda Viva”, escrita por Chico Buarque de Holanda, que veio se apresentar em Porto Alegre, após ter sido vítima de violência no Teatro Galpão, em São Paulo, os agentes da repressão invadiram o hotel onde estava hospedado o grupo de atores e onde acontecia a montagem da peça. Seqües- Movimento sacudiu a música e cultura brasileira No dia 3 de setembro, um discurso no Congresso Nacional tornou-se um motivo a mais para combater a ditadura. Segundo o jornalista, Zuenir Ventura, autor do livro “ 1968 - O Ano que Não Terminou”, não existiam grandes projetos em debate na Câmara dos Deputados. Era hora do “Pinga Fogo”. Foi quando os parlamentares ocuparam a tribuna para dar discursos sem grande importância. Mas a fala de um jovem deputado, naquele dia, teve conseqüências graves. Marcio Moreira Alves atacou duramente os militares chamando-os de “torturadores” e recomendou às moças que boicotassem os namorados que usassem fardas. Aquilo que poderia ter passado como uma simples provocação, na verdade, desencadeou uma crise que culminou com o fechamento do Congresso. Os militares queriam a cabeça e o mandato de Moreira Alves. Numa sessão histórica, em 12 de dezembro de 1968, é negado o pedido de licença para processar o deputado. Foi o golpe dentro do golpe, de acordo com o documentário da TV Cultura, “O AI 5, o dia que não existiu”. Na sextafeira, 13 de dezembro, foi decre- tado o Ato Institucional Número 5 (AI5). Os militares já comandavam o Brasil desde 64. O decreto permitia que o presidente suspendesse o direito de votar e ser votado, além de lhe conferir amplos poderes para proibir manifestações políticas, fechar o congresso e acabar com o habeas corpus. Ditadura ampla, geral e irrestrita. E a decisão veio de uma reunião às pressas com o general - presidente Costa e Silva. Era a censura de volta ao País. O jornal do Brasil de 13 de dezembro trazia nas entrelinhas “Tempo negro”. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O País está sendo varrido por fortes ventos...”. O ano de 68 ficou conhecido como aquele que não terminou, em função das marcas que ficaram no comportamento, na música, na política e na moda. No centro disso tudo, estavam os estudantes que transitavam entre as salas de aula e as ruas. Eram jovens que desafiavam o poder e faziam uma das maiores ondas de protestos que o país já viu. TROPICÁLIA O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música e da cultura brasileira, entre 1967 e 1968. É o que revelam as obras que analisam a música e as artes neste período. Dentre os destaques, estão os cantorescompositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa, do cantor-compositor Tom Zé, da banda Os Mutantes e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão, os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto, completaram o grupo que teve também o artista gráfico, compositor e poeta, Rogério Duarte, como um de seus principais mentores intelectuais. Os tropicalistas deram uma histórica mudança no meio musical brasileiro. “A Tropicália foi o avesso da Bossa Nova”. Assim Caetano Veloso define o movimento que, ao longo de 1968, revolucionou o status da música popular brasileira. O grupo baiano procurou universalizar a linguagem da MPB usando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. “A guitarra, se tornou o símbolo do diabo em pessoa, a própria figura do cão, e aquilo que comprovaria que nós éramos alienados e estávamos entregando a música brasileira a influências estrangeiras”, lembra Tom Zé. traram dois atores que foram abandonados no mato, na periferia de Porto Alegre. O teatro amanheceu todo pichado. No intervalo da apresentação da peça, os agressores distribuiam panfletos nos quais se lia: “Hoje, poupamos a integridade física dos atores e espectadores, amanhã,não!”. A temporada da peça acabou ali e todos voltaram para São Paulo, onde o grupo inicial de atores já havia sido espancado em cena. Os músicos do sul faziam sua oposição a exemplo de São Paulo. A posição dos artistas era de denúncia e apoio à luta política, principalmente no teatro, onde o foco de resistência era maior e havia um alto nível de conscientização. especialmente no Teatro de Arena, que completou recentemente 40 anos. Vigiado, censurado e até ameaçado de invasão, o teatro de era palco das principais peças políticas, principalmente as de Plínio Marcos e de Bertolt Brecht. Na música, porém, não havia nada significativo, muito menos um movimento onde se ensaiasse uma frente de resistência contra a ditadura. Segundo Emílio Chagas, “não tivemos um movimento como a Tropicália, com objetivos políticos, sociais e, principalmente, comportamentais, no qual figuram Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, e que encontraram eco em boa parte do regime militar. No cenário gaúcho, um músico importante desse período, ressalta o editor, foi Raul Ellwanger, um dos exilados. www.abril.com.br/fotos/maio-1968 “Passeata dos Cem Mil” manifestação da União Nacional dos Estudantes (UNE) contra o governo militar, no Rio de Janeiro. No detalhe acima, o movimento Tropicália, que durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968 Romantismo e contestação De acordo com o jornal “O Rebate”, algumas obras literárias como as de Oswald de Andrade elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Na impossibilidade de falar abertamente contra a ditadura em suas canções, as principais características dos integrantes do tropicalismo passaram a ser o deboche e a ironia. Não faziam suas críticas de oposição ao regime militar abertamente. Irreverente, a Tropicália transformou não só a música e a política, mas também a moral e o comportamento, o sexo e a moda. O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos. ”A Tropicália teve um papel fundamental ao alertar o Brasil sobre que estava acontecendo naquela época”, disse Gilberto Gil. Caetano Veloso e Gilberto Gil voltaram a surpreender o público no Festival Internacional da Canção (FIC), promovido pela Rede Globo. A apresentação de Caetano em “É proibido proibir” ficou marcada como uma das apresentações mais polêmicas da época. Naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968, a música foi recebida com muitas vaias no Teatro da Universidade Católica de São Paulo. O público que lotava o auditório queria ouvir músicas sobre política e, como a maioria das pessoas da época, não compreendia novidades. O provocativo Caetano agrediu violentamente o público e chamou o júri de incompetente para julgar sua música. Apareceu vestido com roupas de plástico brilhante e entrou em cena rebolando, fazendo uma dança totalmente erótica. Escandalizada, a platéia deu as costas para o palco. A resposta dos Mutantes, que se apresentou a seguir, foi imediata: sem parar de tocar, viraram as costas para o público também. É o que consta no livro Iniciação à Música Popular Brasileira, de Waldenyr Caldas. Esportes Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de 2008 19 08h08 de 08/2008 A verdadeira Pequim dos Jogos Olímpicos Às 08h08 do dia 8 de agosto, inicia a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão que se estendem até o dia 24. Oficialmente conhecidos como os Jogos da XXIX Olimpíada, serão realizados em Pequim, na República Popular da China. O número oito significa prosperidade na cultura chinesa. Julianna Uzejka e Emmanuel Denaui F Fugindo à regra dos demais jogos muitos dos seus eventos ocorrerão em instalações construídas em cidades vizinhas e na cidade litorânea de Qingdao. Os eventos eqüestres terão sede em Hong Kong e será a segunda vez na história que os Jogos Olímpicos acontecem em dois Comitês Olímpicos Nacionais (CON). Os países favoritos às medalhas são China (por estar em casa), EUA e Rússia. O Brasil, apesar de não estar entre os destaques, conquistou a sua melhor colocação, 15º lugar, no quadro geral de medalhas, na última Olimpíada. No total, serão 31 modalidades esportivas, das quais nove foram adicionadas neste ano, incluindo dois de BMX (nova disciplina do ciclismo), os 3000 metros com obstáculos feminino, no atletismo olímpico e, como parte dos eventos da natação, a maratona aquática masculina e feminina. Também ocorrem substituições de regras como a que altera a disputa em duplas por grupos no tênis de mesa e na esgrima. As Olímpíadas de Verão to- Emmanuel Denaui talizam 302 eventos, dos quais 165 provas masculinas, 127 femininas e 10 mistas. Na expectativa, encontramos muitos atletas gaúchos em destaque que competirão este ano. E dentre eles temos os judocas Tiago Camilo, May ra, a brasileira mais jovem do quadro de atletas e João Derly, esperança de medalha de ouro. Marcos Daniel, do tênis, Fabiano Peçanha, pelos 800m, Daiane dos Santos, na ginástica e, Fábio Pilar e Samuel Albrecht, velejadores que também integram a lista de destaques gaúchos. Olimpíadas no Brasil? Com relaçao à possibilidade do Brasil sediar os próximos Jogos Olímpicos, o professor de Educação Física da Rede Metodista do Sul do IPA, Ramão Paz, ressalta que isso traria grandes mudanças na melhoria de toda a infra-estrutura da cidade sede, além de desenvolver os esportes em sua amplitude e oferecer oportunidades de trabalho. Para o professor, tanto a cidade sede como o país se destacariam como pólo turístico, proporcionando uma troca de culturas e de conhecimento. Mas, em contraponto, salienta que “só pessoas de grande poder aquisitivo poderiam assistir aos jogos”. O que significa elitizar o público assistente, uma vez que os ingressos se tornariam inacessíveis à maioria dos brasileiros. Para Ramão, as Olimpíadas movimentam nações de todo mundo, valorizando esperança e trazendo de volta o orgulho do pelo seu país. Fotos: Divulgação Atletas da Academia White Tiger de Taekwondo, localizada no bairro Cidade Baixa, Porto Alegre Curiosidades imperdíveis - Na história das olimpíadas, o Brasil já conquistou um total de 76 medalhas, sendo 38 de bronze, 21 de prata e 17 de ouro. - Colocação geral do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos: 39º lugar. - Para os cubanos, um atleta só se encontra pronto para competir em uma Olimpíada após 10 a 12 anos de treinamento e acompanhamento. - A imagem da deusa Vitória, personifica o ato de vencer. É sempre encontrada em troféus e medalhas. - A primeira medalha de ouro do Brasil foi de Guilherme Paraense, na prova de tiro nos jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, ano de estréia do Brasil nas Olimpíadas. - Adhemar Ferreira da Silva é o único atleta brasileiro com duas medalhas de ouro nas Olimpíadas. Participante dos jogos Olímpicos de Helsinquia, na Finlândia, em 1952 e Melbourne, Australia, em 1956, o atleta são-paulino trouxe as duas estrelas douradas para a bandeira do São Paulo. - Em 1972, as Olimpíadas de Munique foram paralisadas pela primeira vez, por uma ação terrorista promovida por palestinos. No total, 18 pessoas foram mortas, incluindo atletas israelenses, terroristas palestinos e policiais. - O professor de Educação Física da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Jorge Teixeira, participou como atleta de duas Olimpíadas, uma em Seul, em 1988, e outra em Barcelona em 1992. Em ambas competiu no atletismo. - A primeira medalha do Brasil nos esportes coletivos foi em Barcelona, 1992, medalha de ouro no vôlei masculino. - Desde a sua primeira participação, o Brasil deixou de enviar atletas apenas aos Jogos Olímpicos de 1928 devido à crise financeira da época. destaques dos pampas Tommie Smith (C) e John Carlos (D) no gesto que marcou o movimento dos “Panteras negras” Panteras-negras Baixar a cabeça e, ao invés de cantar o hino do seu país erguer solenemente os seus punhos cobertos por luvas negras e mostrar que eram lutadores do movimento black power (poder negro), foi o ritual dos panteras negras ao receber a premiação pelos 200 metros rasos nas olimpíadas de 1968, na cidade do México. Os panteras-negras, originários do partido negro revolucionário, constituiam um movimento marxista que surgiu em 1966, em Oakland, na Califórnia. O movimento pregava o armamento de todos os negros que se sentissem ameaçados pelo poder policial. O partido foi efetivamente desfeito nos anos 80. Defendiam o livre porte de armas e buscavam junto à sociedade ampla igualdade como forma de renovar a história sangrenta da escravidão e do pré-conceito. Seu lema mais conhecido era: “acreditamos que o povo negro não estará livre até não sermos capazes de determinar nosso próprio destino”. Judoca gaúcho, atleta da Sociedade de Ginástica Porto O goleiro do Sporte Club Internacional, Renan, 23 anos, João Derly Pilar e Albrecht Alegre (Sogipa), João Derly, 27 anos, começou sua carreira no judô aos 6 anos de idade. Favorito do Brasil e no mundo, Derly se prepara para sua primeira Olimpíada, cujo título é um de seus mais novos desafios de sua carreia. brecht também estarão em Pequim. Eles garantiram a vaga após ficarem em 29º no Mundial da categoria disputado em Melbourne, na Austrália. A vela é umas das modalidades que costuma render medalhas ao Brasil. A dupla de velejadores gaúchos Fábio Pilar e Samuel Al- Renan Soares Fabiano Peçanha contou ao Universo IPA que foi convocado para a Seleção Brasileira para as Olimpíadas de Pequim. Após superar a Hepatite A, o jogador está recuperado e garante que o seu ritmo de jogo continua o mesmo. anos, é mais um gaúcho confirmado para as Olimpíadas de Pequim. Atleta dos 800m, Peçanha iniciaou sua carreira no atletismo em 1992 e, ao vencer os 1500m, com o tempo de 3m56s72, atingiu marca recorde para os Jogos de Pequim. Atleta natural de Santa Cruz do Sul, Fabiano Peçanha, 26 20 Esportes junho de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Fotos: Rodrigo Domingos intrépidos volantes História da Stock Car A Stock Car, principal categoria automobilística do Brasil, completa 30 anos de história e está mais forte do que nunca. Com duas categorias de acesso, a Stock Car Light e a Stock Car Júnior, conta com a presença de pilotos de peso. E entre eles está o maior campeão, o experiente Ingo Hoffmann, 55 anos de idade, 37 dos quais dedicados ao automobilismo, 30 de atuação na Stock Car e uma centena de vitórias. Diego Oyarzabal, Guilherme Rosito, Rhavine Dinat Falcão Lucas Figueiró e Rodrigo Domingos E Em entrevista ao Universo IPA, Hoffmann relatou os eventos históricos da Stock Car. E assim, ao pontuar os destaques, ao longo de três décadas da categoria, é possível perceber que a história está intimamente ligada à sua trajetória de piloto. Ingo já competiu na Fórmula 1 pela equipe Copersucar-Fittipaldi, e é o maior campeão da história do Campeonato Brasileiro de Stock Car, com 12 títulos. Durante os 30 anos deixou de participar apenas da primeira corrida, em Tarumã, pois seu carro não ficou pronto a tempo. E ressalta: “é muito bom ter vencido por 12 vezes este Campeonato”, um recorde que dificilmente alguém alcançará. A História O dia 22 de abril de 1979 entrou para a história do automobilismo brasileiro. Foi nesta data em que ocorreu a primeira prova do Campeonato Brasileiro de Stock Car, no autódromo de Tarumã, na cidade gaúcha de Viamão. Segundo Hoffmann, “a Stock Car foi criada pela General Motors-GM, com o intuito de divulgar o Opala, e ao mesmo tempo rejuvenescer a imagem do carro, através das corridas”. A primeira prova contou com a presença de 19 Opalas de seis cilindros e a pole position foi de José Carlos Palhares, conhecido como “O Capeta”, com o tempo de 1min23s00, mas a vitória acabou ficando com o piloto Affonso Giaffone. Nessa época, relata Ingo, ausente na prova, retornava ao automobilismo brasileiro, depois de uma breve passagem pela Fórmula 1, onde correu pela equipe Copersucar-Fittipaldi. De 1989 a 1995, o piloto passou a dominar e a conquistar títulos na categoria. Em 1982, aconteceram duas corridas no Autódromo de Estoril, em Portugal, fato que ficou marcado como a primeira consagração da categoria. Com a intenção de manter um baixo nível de custos, foi criado um regulamento, procurando equilíbrio entre as equipes, sem comprometer as performances dignas das competições internacionais, como a Nascar, a Stock Car Americana. No inicio da década de 90, a GM voltou a investir pesado na categoria ao organizar e fabricar um protótipo monobloco. Devido à decadência de público e de espaço para categorias mais baratas, patrocinadas por outras montadoras, a categoria passou por nova transformação em 1994, quando o Omega é adotado como veículo. A partir de 2000, houve mudanças na Fórmula 3. A GM deixou de organizar a competição e a empresa Vicar, de propriedade do ex-piloto Carlos Col, assumiu a administração do evento. A fim de modernizar a competição e melhorar a segurança dos pilotos, a Stock Car começou a utilizar um chassi tubular. O ano de 2005 marcou a categoria com outro grande acontecimento. Foi uma prova realizada fora do Brasil, em Buenos Aires, valendo pontos para o campeonato. Nesse mesmo ano a categoria passou a ser multimarca e, pela primeira vez, o carro Mitsubishi-Lancer participava da Stock, junto com o Chevrolet-Astra. Já em 2006, em Intelagos, Ingo Hoffmann venceu a última prova do ano e completou um número expressivo de 100 vitórias na carreira. Em 2007, a quarta marca entrou na competição: a empresa francesa Peugeot, com seu “estiloso” carro, modelo 307 sedan. Foi também nesse ano que a Stock Car ganhou um novo nome, “Copa Nextel Stock Car”. Com o objetivo de dar mais emo- Ingo Hoffmann, o maior campeão da história do Campeonato Brasileiro de Stock Car ção às corridas, a patrocinadora oficial do evento, criou o Prêmio “Velocidade”, para o piloto mais veloz, isto é capaz de completar a volta em menor tempo. O ano de 2008 ficará marcado pela despedida do piloto que está há mais tempo na Stock Car. Em sua 30° temporada, Ingo acredita ter chegado a hora de parar. “Foram muitos os momentos marcantes e, sem dúvida, cada campeonato ganho tem sua importância”. Para ele a maior preocupação é “parar competindo” e isto está acontecendo, pois anunciou este ano como o último, na pole-position, prova de abertura da temporada de 2008’. Stock Car Light A Stock Car Light foi criada no ano de 1993, com o objetivo de facilitar o acesso aos estreantes na Stock Car. As provas ocorriam como preliminares da Stock Car V8, seguindo o mesmo calendário. Para Hoffmann, é muito importante que Entrevista: Thiago Marques nova geração O piloto Thiago Marques, 28 anos, tem uma trajetória de sucesso na Stock Card. Apesar de ser de uma família ligada ao automobilismo há muito tempo, só demonstrou vontade de ser piloto de corrida em 2001, quando tinha 20 anos. Após vencer o campeonato de Stock Car Light no ano de 2001, antes da última prova, despontou como piloto e passou para a categoria V8 em 2002, como um dos favoritos. Filho do ex-piloto da Stock Car, Paulo de Tarso Marques e irmão de outro grande piloto da Stock Car V8, Tarso Marques, que já correu na Fórmula 1 pela Minardi, Thiago resolveu seguir os mesmos passos e, hoje corre na Stock Car V8, pela equipe K-Med Racing. Além da Stock Car, o piloto faz história também na categoria de automobilismo GT3. “Tudo aconteceu muito rápido em minha carreira, e acho que, ano a ano, estamos mais maduros para colher boas vitórias”, diz o piloto. Thiago falou ao Universo IPA sobre a sua carreira e, também, apontou os planos para o futuro. Universo IPA - Quando você descobriu sua grande paixão pelo automobilismo? Foi inspirado em alguém? Thiago Marques - Sempre gostei de corrida. Minha infância sempre foi ligada a carrinhos de corrida e não a super heróis. Depois, me inspirei em meu pai e, em seguida, em meu irmão. Minha família inteira sempre foi aficionada pelas pistas. Universo IPA - Como foi ven- cer um campeonato da Stock Car Light em seu primeiro ano no automobilismo? Thiago - Foi uma surpresa enorme. Ninguém, muito menos eu podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Mas enfim, foi um ano perfeito em minha vida onde tudo deu certo. Universo IPA - Durante esses anos de Stock teve algum acidente ou algum momento em que você pensou em desistir de correr? Thiago - Nunca pensei em parar de correr por qualquer acidente. Todos nós pilotos sabemos do risco que passamos, mas é a nossa profissão, então, é melhor nem pensar em acidentes. Universo IPA - A Stock Car transmite uma imagem de uma grande família e sua família é ligada ao automobilismo há muito tempo. Como os pilotos encararam o acidente que tirou a vida do piloto Rafael Sperafico? Thiago - Foi triste, principalmente por sermos ligado à família Sperafico. São coisas da vida, e tivemos que superar aquela dor rapidamente. Universo IPA - Houve algum desentendimento entre você e o piloto Cacá Bueno para que deixassem de ser companheiros de equipe? Thiago - Nunca. Já nos enroscamos em algumas corridas, mas faz parte. O Cacá não continuou na equipe Petrobrás em 2006, por opção da própria Petrobrás e, talvez, do Cacá. Ele é um piloto profissional, assim como eu, e resolveu seguir seu destino em outra equipe. Universo IPA - Como é conciliar a Stock Car com outra grande modalidade como a GT3? Thiago - É cansativo, mas acho que é bacana. Gosto do que faço, e me sinto realizado. Em quase todos os fins de semana tenho alguma corrida. Estou feliz assim, e gostaria de no próximo ano, continuar tendo a oportunidade de estar nas duas principais categorias do automobilismo nacional. Universo IPA – Em uma entrevista no site do ‘you tube’ você revela que não pensa em correr na Fórmula 1 e que andar em um carro ruim não vale a pena. Você se refere ao seu irmão, o piloto Tarso Marques? A Fórmula 1 nunca fez parte dos seus planos ou hoje você pensa diferente? Thiago - Não me referi especificamente ao meu irmão, mas sim à maioria dos pilotos brasileiros que não conseguiram se manter lá. Estou bem no Brasil e não pretendo sair daqui por nada. Já tive convites de outras categorias internacionais, mas nunca sequer passou pela minha cabeça sair daqui. Universo IPA - Já ouvimos fa- lar sobre o piloto Renato Russo e da possibilidade de alguns pilotos ingerirem bebidas antes das provas. Você tem conhecimento de algum caso e que acha do antidoping? Thiago - Acho interessante o antidoping sim, porém não conheço o Renato Russo e nunca sequer ouvi falar de pilotos que bebem quando vão entrar no carro. Universo IPA – Recebemos uma informação de que os dois piores pilotos do ano, no campeonato da Stock Car V8, cairão para a Light, hoje Vicar, essa informação é verídica? Thiago - As duas piores equipes caíram. Isso vem do código desportivo do final do ano passado. Universo IPA – Quais os momentos marcantes no automobilismo? Thiago - Foram os dois primeiros anos, em que fui campeão e quando ganhei o prêmio ‘capacete de ouro’ como melhor piloto brasileiro em categorias de turismo. Universo IPA - Quais são os planos para o futuro? Thiago - Meus planos são me manter no Brasil e, se possível, na Stock e GT3 que são as principais categorias da atualidade. os pilotos passem por essa categoria para adquirir experiência, antes de alcançar a categoria principal da Stock. Alguns pilotos transitaram pela Stock Light e dentre eles temos: Giuliano Losacco, Cacá Bueno, Thiago Marques, Carlos Col (hoje organizador e promotor do Campeonato Brasileiro de Stock Car), Mateus Greipel, Luis Carreira Jr., Diogo Pachenki, Pedro Gomes, Guto Negrão, Alceu Feldmann, Nonô Figueiredo, David Muffato e Fábio Carreira entre outros. Ao contar a história da categoria, Ingo destaca a troca dos Ômegas pelos mais modernos Astra, em 2003 aconteceu. E na temporada de 2004, os Stock Light ganharam os motores V8 com menor potência do que os Stock V8. Mas o mais triste, relata o piloto, ocorreu em 09 de dezembro de 2007, quando a Stock Car Light, atual Copa Vicar, viu um acidente fatal que tirou a vida do piloto Rafael Sperafico, de 27 anos. Primo de Rodrigo e Ricardo Sperafico, que atuam na elite da Stock Car Brasil, Rafael morreu durante a sexta volta da etapa de Interlagos, na prova de encerramento do ano. Questionado sobre a desistência de algum piloto devido ao acidente ocorrido, Ingo, que presenciou a morte de Rafael Sperafico, afirma: “na realidade eu nunca vi piloto nenhum desistir devido a um acidente que tenha resultado em morte. Acho que cada piloto tem sua maneira de superar a morte. Eu sei que isto faz parte e pode acontecer, mesmo os carros sendo muito seguros”. Stock Car Júnior A Stock Júnior nasceu em função do sucesso das categorias Stock Car V8 e Stock Light. Criada em 2006 para receber jovens saídos do kart e que buscavam iniciar em categorias de turismo, o seu objetivo é “alcançar pilotos experientes que não se profissionalizaram”, afirma Hoffmann. No ano passado a Stock Jr. passou por uma significativa mudança. Hoje os carros não podem mais ser divididos por dois ocupantes. “É mais uma categoria dentro do evento, na qual os pilotos novos podem adquirir experiência, com um custo relativamente baixo”, complementa Ingo. Os carros tinham formas qua dradas e ganharam o apelido de “calhambequinho”. A velocidade média era de 128 Km/h, chegando à 200 Km/h. Em seu primeiro ano em 2006, foram realizadas 22 provas. E hoje, as corridas são realizadas nos mesmos dias da Stock Car V8, totalizando, ao final do campeonato, 24 corridas. O primeiro treino da Stock Jr, foi no dia 5 de abril de 2006, no Autódromo Internacional José Carlos Pace (Interlagos), em São Paulo. Foram quatro sessões, sendo o piloto Thiago Riberti o mais rápido nos testes, com um tempo de 2min00seg936. Mas, a primeira pole position foi de Cássio Homem de Melo, tempo de 2min00seg554. Circuito Brasileiro No dia 21 de junho, a equipe de esportes do Universo IPA, acompanhou a 4º etapa do Circuito Brasileiro da Stock Car, em Santa Cruz do Sul. A manhã gelada em Santa Cruz não intimidou os fanáticos por automobilismo e fez com que a corrida fosse quente fora e dentro da pista. A prova teve alguns acidentes, pois as curvas do Autódromo exigem muita atenção. A sujeira deixada pela chuva que ocorreu no dia anterior, contribuiu para que Safety Car (carro de segurança) entrasse em ação. O piloto Cacá Bueno sempre vai bem quando corre em solo gaúcho e dessa vez não poderia ser diferente. No treino de classificação, a poliposition (primeira posição) foi de Duda Pamplona, mas na corrida foi ultrapassado, logo na primeira curva, por Cacá Bueno, que daí em diante liderou até a chegada, se consagrando vencedor e fazendo com que pulasse da quinta colocação para terceiro no campeonato, com (53pts), se aproximando dos líderes Marcos Gomes (65pts) e Ricardo Maurício(74pts). A corrida Stock Light, só foi decidida nas últimas voltas. O piloto Paulo Salustiano conquistou a vitória após ultrapassar o piloto Fábio Carreira. Já na Stock Jr. a alegria ficou por conta do baiano Patrick Gonçalves que largou em terceiro e superou seus adversários nas primeiras voltas. Ao final da competição, o clima de axé de Patrick empolgou os gaúchos que enfrentaram o frio por amor ao automobilismo.