10 básicos / 10 basics - Governo do Estado do Ceará
Transcrição
10 básicos / 10 basics - Governo do Estado do Ceará
10 básicos / 10 basics Ceará \\\ Mais do que as praias de água tépida e cristalina. Mais do que as dunas altíssimas e alvas. Mais do que mangues, lagoas e falésias que parecem labirintos. Mais do que a fabulosa Jericoacoara, do que a cool Canoa Quebrada e do que a agitada Fortaleza. Mais do que os ventos do Cumbuco e mais do que o calor gentil, o Ceará conquistou-nos com a sua alegria e hospitalidade, com os seus ritmos e petiscos e, sobretudo, com a sua autenticidade. \\\ More than its beaches and crystal clear warm waters. More than the towering white dunes. More than the mangroves, lagoons and labyrinth-like cliffs. More than fabulous Jericoacoara, ‘cool’ Canoa Quebrada and fast-paced Fortaleza. More than the winds of Cumbuco and the gentle heat. Ceará has won us over with its joy and hospitality, its rhythms and tasty nibbles, and, above all, with its authenticity. por / b y M ar ia Ana Ventu r a f otos / photos Ma r isa ca r doso QUE CEARÁ, CEARÁ… / Whatever will be, will be \\\ Foi o navegador português Pedro Álvares Cabral quem descobriu o Brasil, em 1500, mas só passado quase um século a Coroa Portuguesa mostrou interesse por este pedaço do Nordeste brasileiro – terra das tribos índias Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Kariri e Tremembé –, que graças à abundância de algodão, sal e pimenta e à presumível existência de minas de prata estava também na mira de franceses e holandeses. Em 1603, o português Pêro Coelho de Sousa fez uma primeira tentativa de se apossar do Siará (como se escrevia à época), mas foi Martim Soares Moreno quem teve sucesso nessa missão. Os holandeses conseguiram roubar a capitania aos lusitanos e foram eles que construíram o forte Schoonemborch. Em 1654, os flamengos retiraram, e o forte foi rebatizado como Forte de Nossa Senhora de Assunção. Ao redor dele floresceu a cidade de Fortaleza que, em 1799, foi eleita capital do estado. \\\ It was the Portuguese navigator Pedro Álvares Cabral who discovered Brazil in 1500. However, almost a century would go by before the Portuguese Crown took an interest in this piece of north-eastern Brazil – home to the Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Kariri and Tremembé Indian tribes – which, thanks to the abundance of cotton, salt, pepper and the supposed existence of silver mines, was also coveted by the French and the Dutch. In 1603, the Portuguese Pêro Coelho de Sousa carried out the first attempt to take over Siará (as it was spelt at the time), but it was Martim Soares Moreno who succeeded in this mission. The Dutch managed to steal the captaincy from the Portuguese and went on to build the Schoonenborch Fort. However, they retreated in 1654, and the fort was renamed the Forte de Nossa Senhora de Assunção (Fort of Our Lady of the Assumption). The city of Fortaleza flourished around this fort and was elected state capital in 1799. \\\ Francisc o do Nascim en \\\ Francisc o do Nascim to, o Dragão do Mar ento, the Dr agon of the Seas. 10 bás icos d o c e a r á / 10 c e a r á bas ic s CIDADE PLURAL / A PLURAL CITY \\\ Não precisamos de muito tempo para perceber que Fortaleza não é uma cidade; são muitas! No centro, passando pelo agradabilíssimo Passeio Público e pela Sé de fachada gótica, descobrimos o velho burgo erguido ao redor da antiga fortaleza. Os bairros da moda, a Aldeota e o Varjota, estão para Fortaleza como o chique quarteirão dos Jardins está para São Paulo, com as lojas das melhores marcas a dividir protagonismo com restaurantes sofisticados. Na Avenida Beira-mar não há como não nos lembrarmos do Calçadão do Rio de Janeiro. É a parte mais democrática da cidade, onde os habitantes vêm para fazer exercício, tomar um copo ou jantar com vista para o mar. Já os turistas preferem a feira da beira-mar, onde encontram uma variedade indescritível de artesanato regional e quinquilharias de todas as espécies e feitios. Outro assunto é a Praia do Futuro, que aos fins de semana se enche de gente, não tanto para ir a banhos – uma das coisas que aprendemos é que os cearenses, ao contrário dos europeus ou dos cariocas, não vão à praia pelos banhos de sol nem de mar –, mas antes para comer, beber, dar um pé de dança e conviver nos bares de praia. Nestas instituições da boémia cearense, as noites de quinta-feira são um acontecimento. Isto porque o caranguejo toma conta do cardápio. No Parque Ecológico do Cocó encontramo-nos com uma assombrosa variedade de fauna e flora e, na Ponte dos Ingleses, onde nos sentamos a ver o sol desaparecer atrás dos arranha-céus de Fortaleza, lembramo-nos dos peculiares pontões de madeira da Califórnia. No recém-inaugurado Centro de Eventos e no imponente e renovado estádio do Castelão, descobrimos uma cidade que se reinventa: Fortaleza está pronta para receber os maiores acontecimentos culturais, industriais e empresariais no Centro de Eventos – o mais moderno (e o segundo maior) do Brasil – e já tem os olhos postos no Mundial de Futebol que se disputa em 2014 no país da “Ordem e Progresso”. CULTURA / CULTURE \\\ You don’t need to be here long to realize that Fortaleza isn’t just one city; it is many! In the city centre, as we walk past the Passeio Público (Public Square) and the Cathedral with its gothic façade, we discover the old town built around the former fortress. The trendy neighbourhoods of Aldeota and Varjota are to Fortaleza what the chic district of Jardins is to São Paulo, with the best brand stores sharing the spotlight with sophisticated, upmarket restaurants. And the coastal Beira Mar Avenue immediately brings to mind Rio de Janeiro’s promenade, the Calçadão. This is the most democratic part of the city, where the locals come to exercise, have a drink and go out for dinner, all the while taking in the sea. Tourists, on the other hand, prefer the seaside fair, where they find an indescribable variety of regional handicraft and trinkets of all sorts and sizes. And then there is Praia do Futuro, which people flock to at the weekend – although not so much for the swimming. One of the things that we quickly learn about the people of Ceará, is that unlike Europeans or their fellow compatriots in Rio, they don’t go to the beach to swim or tan, but rather to eat, drink and dance at the “barracas” (simple kiosk-restaurants built on the sand). In these bohemian institutions of Ceará, Thursday nights are quite an event, as the menu is filled with crab dishes. In the Ecological Park of Cocó, we come across a staggering variety of flora and fauna and, on the Ponte dos Ingleses, where we sit to watch the sun disappear behind the skyscrapers of Fortaleza, we are reminded of California’s distinctive wooden piers. In the newly-inaugurated Centro de Eventos (Events Centre) and in the grand and renovated Castelão Stadium, we find a city that reinvents itself: Fortaleza is ready to host the greatest cultural, industrial and corporate events at the Centro de Eventos – the most modern (and second largest) events centre in Brazil – and it has already set its sights on the World Cup which will take place in 2014 in the country of “Order and Progress”. \\\ Teatro José de Alencar. \\\ José de Alencar Theatre. \\\ No Mercado Central, em Fortaleza, reencontramo-nos com a literatura de cordel, o género literário popular que nasceu na Europa algures no século XVI e que os portugueses se encarregaram de levar para o Brasil. Na Europa o cordel está praticamente extinto, mas no Nordeste brasileiro, e no Ceará em especial, está vivo e de boa saúde. Com origem em relatos falados que passam para o papel em rimas ilustradas com xilogravuras, o cordel – que teve em Patativa do Assaré um dos grandes – serve tanto para enaltecer, quanto para parodiar usos, costumes e gentes. Compramos o Roteiro Turístico do Ceará em Cordel, de Dimas Mateus, que em poucas páginas faz um relato castiço do estado. Da cultura, Mateus traz à baila o grande escritor José de Alencar, filho de Fortaleza, autor de vários romances e dramaturgias, entre os quais Iracema. O livro – que fala do amor entre a índia virgem e o colonizador Moreno – é uma alegoria à colonização do Brasil. José de Alencar é o patrono do teatro mais fabuloso de Fortaleza, inaugurado em 1910. Para lá da fachada de estilo colonial, fica o edifício principal, assombroso exemplar de Arte Nova que exibe uma magnífica estrutura em ferro fundido e vitrais coloridos. Do palco vê-se a rua e a sala está pejada de referências à vida e obra do mestre Alencar. Apesar da aparência clássica, o teatro orgulha-se da sua programação diversificada e avant-garde. É também de realçar que os jardins do teatro foram projetados pelo paisagista Burle Max. Outra figura notável nasceu em Canoa Quebrada, chamava-se Francisco Nascimento, mas ficou conhecido como Dragão do Mar: herói jangadeiro líder da revolta que conduziu à abolição da escravatura no estado, em 1884, quatro anos antes do resto do Brasil. Em sua homenagem batizou-se o centro de arte e cultura de Fortaleza, espaço multidisciplinar onde se encontram cinema, música, artes plásticas e performativas, literatura e também ciência. O forró pé-de-serra é, por excelência, o género musical do Ceará, que, na década de 70, deu à Música Popular Brasileira (MPB) a banda Pessoal do Ceará, onde alinhavam os excelentes autores e intérpretes Raimundo Fagner, Amelinha, Belchior e Ednardo. O Museu do Ceará e o Museu de Fortaleza guardam os artefactos mais relevantes da memória local. Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (The Dragon of the Seas Centre of Art and Culture) \\\ www.dragaodomar.org.br Theatro José de Alencar (José de Alencar Theatre), Museu do Ceará (Ceará Museum) e/and Museu de Fortaleza (Fortaleza Museum) \\\ www.secult.ce.gov.br \\\ At the Central Market in Fortaleza, we rediscover the “literatura de cordel”, the popular literary genre that was born somewhere in Europe in the 16th century and which the Portuguese took upon themselves to take to Brazil. In Europe, this “string literature” has practically died out, but in north-eastern Brazil, and especially in Ceará, it is very much alive and well. Arising from spoken accounts and stories that make their way onto paper in rhymes illustrated with woodcuts, the “cordel” – which had in Patativa do Assaré one of its greatest exponents – both praises and parodies habits, customs and people. We buy the Roteiro Turístico do Ceará em Cordel (The Cordel Tourist Guide of the Ceará) by Dimas Mateus, which gives us a genuine account of this Brazilian state in just a few pages. Regarding culture, Mateus brings up the great writer José de Alencar, born in Fortaleza and the author of various novels and plays, including Iracema. The book – which tells us the love story between an Indian maiden and a Portuguese settler, Moreno – is an allegory for the colonisation of Brazil. Inaugurated in 1910, the most fabulous theatre in Fortaleza is named after José de Alencar. Behind the colonial-style façade, there is the main building, which is an incredible example of Art Nouveau with its magnificent wrought iron structure and colourful stained glass windows. From the stage you can see the street, and the theatre is filled with references to the life and work of the master, Alencar. Despite its classic appearance, the theatre takes pride in its diverse and avant-garde programming. It should also be noted that the theatre’s gardens were designed by the landscape artist, Burle Max. Another remarkable figure that was born in Canoa Quebrada, was named Francisco Nascimento, but he went on to become known as the Dragon of the Seas: the raftsman and hero who led the revolt that resulted in the abolition of slavery in the state of Ceará in 1884, four years before the rest of Brazil. In his honour, Fortaleza’s centre for the arts and culture was named after him; it is a multidisciplinary space for films, music, plastic and performing arts, literature and science. The forró pé-de-serra is the musical genre par excellence of Ceará, which in the 1970s gave Brazilian Popular Music the band Pessoal do Ceará, formed by the excellent songwriters and performers Raimundo Fagner, Amelinha, Belchior and Ednardo. The Museu do Cearáand the Museu de Fortaleza are home to the most significant artefacts of local memory. Padre Cícero Patativa do Assaré. \\\ Passeio Público. \\\ Public Square. 64 up _ dezembro / decembre 12 \\\ Centro de Eventos. \\\ Events centre. \\\ Feira da beira-mar. \\\ Seaside fair. \\\ Sé. \\\ Sé Cathedral. \\\ Todos os anos, centenas de milhares de peregrinos vão até Juazeiro do Norte – no sertão, a cerca de 500 quilómetros a sul de Fortaleza – pagar promessas e homenagear o padre que é venerado como santo. Durante dois anos, Cícero Romão Baptista, ou “Padim Ciço”, realizou o milagre de transformar hóstia em sangue cada vez que a ministrava à beata Maria de Araújo. O sangue foi preservado em panos, um dos quais pode ser visto no memorial Padre Cícero. Em julho deste ano foi eleito um dos “100 maiores brasileiros de todos os tempos” num concurso televisivo. \\\ Every year, hundreds of thousands of pilgrims travel to Juazeiro do Norte - in the sertão (backlands), around 500 kilometres south of Fortaleza - to fulfil promises and pay tribute to the priest worshipped as a saint. For two years, Cicero Romão Baptista, or "Padim Ciço", performed the miracle of turning the host into blood whenever he gave it to Maria de Araújo. The blood was kept in cloths, one which can be seen at the Padre Cícero memorial. This July, he was voted one of the "100 most important Brazilians of all time" on a TV show. dezembro / december 12 _ up 65 10 bás icos d o c e a r á / 10 c e a r á bas ic s \\\ Rendeira Zenaide Moisés .. \\\ Lacemaker Zenaide Moisés ... DE COMER REZANDO / Fine Fare \\\ A cozinha cearense mistura ingredientes indígenas e europeus e mescla receitas do sertão com pratos do litoral, por isso é tão diversa e saborosa. O baião de dois – mistura de arroz com feijão de corda e queijo de coalho –, a carne de sol e a mandioca (que aqui se chama macaxeira) frita vieram do interior e conquistaram também o litoral, onde os pratos fortes são os de peixe e marisco – a lagosta, o caranguejo e, sobretudo, o camarão. Em Fortaleza, o bairro Varjota leva o título de polo gastronómico, porque é o ponto de encontro da melhor cozinha regional e internacional. Nas vilas do litoral, os bares de praia, aqui chamados barracas, são as melhores montras da culinária – há até algumas onde o menu é vivo. A tapioca (fécula de mandioca) é cozinhada na frigideira e acaba no prato sob a forma de crepe. Recheada com carne de sol é uma perdição! E depois há toda uma panóplia de frutas exóticas. Além dos já conhecidos mamão, maracujá e abacaxi, são-nos apresentados vários outros com nomes e sabores excêntricos: carambola, seriguela, acerola, graviola, cajá. Aqui, o caju não é o fruto seco em forma de feijão, mas um fruto propriamente dito. O feijão que os europeus conhecem é a castanha de caju. Misturados com uma boa cachaça e um pouco de açúcar, todos estes frutos se transformam numa caipirinha. \\\ Ceará cuisine combines local and European ingredients and mixes recipes from the sertão (backlands) and dishes from the coast, which makes it both varied and very tasty. The baião de dois (a mixture of rice and black-eyed peas and coalho cheese), sun-dried beef and fried cassava (called macaxeira here) came from the interior and became popular on the coast, where signature dishes are normally fish and shellfish – lobster, crab and particularly prawns. In Fortaleza, the Varjota neighbourhood is the gastronomic centre, because it is the meeting point of the best regional and international fare. In coastal towns, the beach huts are the best culinary showcases, some where the menu is still crawling. The tapioca (cassava starch) is cooked in a frying pan and ends up on the plate in the shape of a pancake. Stuffed with sun-dried beef it’s divine! And then there’s a wide variety of exotic fruit. Besides the well-known papaya, passion fruit, pineapple, there are various other names and eccentric flavours: carambola, hog plum, acerola, graviola, caja. Here, the cashew is not the bean-shaped nut, but rather the fruit itself. The bean-shaped nut that Europeans know is the cashew nut. Mixed with a good cachaça rum and a little sugar, all these fruits become a caipirinha. ARTESANATO / Handicraft As nossas sugestões / Our recommendations Coco Bambu Frutos do Mar Avenida Beira Mar, 3698 \\\ +55 85 3198 6000 \\\ www.restaurantecococambu.com.br \\\ Entre os camarões à Jangadeiro (panados e recheados com catupiry) e o peixe jeri, o difícil é mesmo escolher. Um especialista em peixe e marisco num dos melhores endereços da cidade: a Avenida Beira-Mar. \\\ Between the prawn à Jangadeiro (breaded and filled with Catupiry cream cheese) and the Jeri fish, it’s hard to choose. This place specializes in seafood at one of the best addresses in town: Avenida Beira-Mar. Avenida Dom Luiz, 1113 Loja 18/19 Meireles Shopping Bunganvilia – Fortaleza \\\ +55 85 3224 9997 \\\ www.socialclube.com.br \\\ Este japonês fica num dos melhores bairros de Fortaleza e está à altura dos mais exigentes fãs de sushi. Os rolinhos de polvo, arroz e couve mineira são um bom exemplo da feliz fusão entre a cozinha japonesa e a brasileira. Sal e Brasa \\\ Queijo de Co alho \\\ Coalho chee . se. \\\ Ir ao Brasil e não comer churrasco é como ir a França e não comer croissants. A melhor opção para um rodízio das melhores carnes brasileiras e argentinas é o Sal e Brasa. \\\ Going to Brazil without eating barbecued food is like going to France and not eating croissants. The best option for the finest Brazilian and Argentinean meat is Sal e Brasa. Terra do Sol \\\ Às quintas-feiras todos os caminhos vão dar à Praia do Futuro. A quinta-feira do caranguejo é um dos acontecimentos de Fortaleza. Na barraca Terra do Sol tanto o bicho como a moqueca de arraia são deliciosos. \\\ On Thursday all roads lead to Praia do Futuro. Crab Thursday is one of the highlights of Fortaleza. At Terra do Sol both the creature and the moqueca de arraia are delicious. Barraca Chega Mais Canoa Quebrada \\\ +55 88 3421 7101 \\\ www.barracachegamais.com.br \\\ Mandioc a fr \\\ Fried Cass ita. ava. 66 up _ dezembro / december 12 \\\ This Japanese restaurant is located in one of the best neighbourhoods in Fortaleza and will satisfy even the most demanding of sushi fans. The octopus rolls, mineira cabbage and rice are good examples of the fine fusion between Japanese and Brazilian cuisine. Avenida Abolição, 3500 – Fortaleza \\\ +55 85 3261 8888 \\\ www.salebrasa.com.br Avenida Zezé Diogo, 5295 – Fortaleza \\\ +55 85 3265 4223 \\\ www.terradosol.net \\\ Lagosta. \\\ Lobster. Casa de Moá Ryori \\\ Barraca de praia com um pessoal super-simpático e castiço que lhe traz à mesa um sortido de peixes e mariscos fresquíssimos. Um almoço com o pé na água e alto astral! \\\ A beach hut with ultra-friendly staff that bring a variety of fresh fish and seafood to the table, while you dip your toes in the warm waters! Sabor da Praia Rua Almirante Pedro de Frontim, 01 – Vila dos Pescadores, Praia do Cumbuco \\\ +55 85 3318 7455 \\\ Primeiro, uma lagosta na grelha com um suave molho de coco e limão. Depois, um peixe bem fresco grelhado no ponto, acompanhado pelo típico baião de dois (arroz com feijão) e está a festa feita. \\\ First, grilled lobster with a coconut and lemon sauce; then, perfectly grilled fish with beans and rice. Who could ask for more? Pimenta Verde Rua Visconde de Mauá, 2675 – Fortaleza \\\ +55 85 3244 2370 \\\ www.casademoa.com.br \\\ Parabéns a Luana Bittencourt pela ideia de criar um espaço que tem tanto de acolhedor quanto de sofisticado, e que, mais do que um restaurante, é também um café e uma loja de artigos de design. Parabéns a Louise Benevides pela cozinha carregada de imaginação e rica em sabor e alma. Obrigatório em Fortaleza! \\\ Luana Bittencourt deserves our congratulations for creating a place that is as welcoming as it is sophisticated, and which is not only a restaurant but also a café and a design shop. Congratulations to Louise Benevides for her imaginative food, which oozes taste and soul. A Fortaleza essential! Santa Grelha Rua Tibúrcio Cavalcante, 790 – Fortaleza \\\ +55 85 3224 0249 \\\ www.socialclube.com.br \\\ Um dos incontornáveis da cidade é versado em carnes grelhadas no ponto. O lugar é elegante e o ambiente familiar. Um aviso: guarde espaço para o brownie de chocolate com doce de leite e gelado de tapioca. É absolutamente divino. \\\ One of the city’s culinary musts for perfectly grilled meat is also elegant and welcoming. Warning: save room for the chocolate brownie with doce de leite and tapioca ice-cream. Utterly divine. \\\ Como o cordel, também as rendas de bilros chegaram ao Ceará pela mão dos portugueses e acabaram por se transformar no ícone do artesanato local (saiba mais no making of desta revista). Fazemos aqui um louvor às rendeiras do Ceará, não só pela minúcia do seu trabalho, mas também pela criatividade das suas peças – sejam toalhas, cortinas ou vestidos – que conquistam fãs um pouco por todo o mundo. Ao lado da renda de bilros aparece a renda de filé ou “rede de nó”, que transforma fio de algodão em lindas saídas de praia, vestidos, t-shirts e xailes. A palha de carnaúba, o bambu e o cipó são entrelaçados para fazer cestas, bolsas, chapéus e acessórios de mesa, e a cerâmica – a utilitária (potes e tigelas) e a lúdica (com as figuras de Maria Bonita e Lampião, jangadas e galinhas de Angola) – também está um pouco por toda a parte. Isso, o calçado de couro, as redes e mantas de algodão colorido e também as xilogravuras. As garrafas com desenhos de areia colorida também são um souvenir bem típico. Na hora de comprar, opte pelo Centro de Turismo, antiga cadeia pública no centro de Fortaleza, pelo Mercado Central, ou pelas ruas do centro histórico da capital, sem esquecer a CEART (Central de Artesanato do Ceará), que existe em vários pontos de Fortaleza e também em Canoa Quebrada. No Cumbuco, as associações locais juntam-se todos os fins de semana numa pequena feira no resort Vila Galé. \\\ Like basketmaking, bobbin lace came to Ceará with the Portuguese and became an icon of local handicraft (find out more in this month’s making of). Here we devote praise to the lacemakers of Ceará, not only for their skill but also for their creativity in making towels, curtains or dresses, which are popular throughout the world. Alongside the bobbin lace there is also filé lace which transforms cotton yarn into beautiful beach tunics, dresses, t-shirts and shawls. The carnauba straw, bamboo and vines are woven to make baskets, bags, hats and table accessories, and the ceramics - the practical (pots and bowls) and the more artistic (with figures of Maria Bonita and Lampião, rafts and Angolan hens) can be found almost everywhere. There is also leather footwear, hammocks and colourful cotton blankets and woodcuts. The bottles with coloured sand are also a very traditional souvenir. If you’re into shopping, go for the Centro de Turismo, an old public chain in the centre of Fortaleza, the Mercado Central or the streets of historical centre, without forgetting the CEART (Ceará Craft Center), which can be found in several parts of Fortaleza and also in Canoa Quebrada. In Cumbuco, local associations come together every weekend at a small fair at the Vila Galé resort. Rua São Francisco – Jericoacoara \\\ +55 088 9916 0577 \\\ Restaurante acolhedor e charmoso de cozinha simples com um toque de finesse. O peixe com pimenta verde é uma delícia. O menu muda todos os dias. \\\ A cosy and charming restaurant that offers simple food with a little finesse. The green pepper fish dish is superb. The menu changes daily. Espaço Aberto R. Principal, 104 – Jericoacoara \\\ +55 88 3669 2063 \\\ Histórico do vilarejo, é com grande mister que preparam o tradicional bobó de camarão. O filete de peixe tropical com banana frita é outro dos pratos mais requisitados. \\\ A long-established favourite, the traditional prawn bobó and tropical fish fillet with fried banana are the most requested dishes. Pizzaria e Tapiocaria Coco Bambu Rua Canuto de Aguiar, 1317 – Fortaleza \\\ +55 85 3242 7557 \\\ www.pizzariacocobambu.com.br \\\ Experimente a tapioca com carne de sol, uma espécie de crepe recheado que é um clássico da cozinha nordestina. Se ainda tiver apetite para mais, espreite a impressionante lista de pizzas deste restaurante com o seu quê de tropical. Mercado Central \\\ Try the tapioca with sun-dried meat, a kind of filled pancake that is a classic of local gastronomy. If you are still hungry for more, take a peek at the impressive menu of pizzas and tropical twists. dezembro / december 12 _ up 67 10 bás icos d o c e a r á / 10 c e a r á bas ic s CUMBUCO Majorlândia Insano, Beach Park \\\ Parapente. \\\ Paragliding. \\\ Subimos agora a costa do sol poente, ou litoral oeste. Primeira paragem: Cumbuco. Paraíso de sol, praia, coqueiros, lagoas de águas pacatas e ventos que embalam bem alto no céu azul (azulíssimo!) os parapentes dos kitesurfers que aqui encontraram um lugar que está para o seu desporto como o Havai está para o surf. Saltamos para a garupa de um buggy, meio de transporte oficial e ideal, para descobrir as dunas altíssimas e alvas que lembram um deserto. “Com emoção, por favor!”, pedimos ao bugueiro e eis-nos a alta velocidade, como que a surfar nas dunas, desde a pitoresca Vila dos Pescadores até à Lagoa do Parnamirim. Aqui decidimos experimentar o esquibunda: desporto que consiste em descer a duna sentados numa prancha de madeira. A descida acaba com a bunda na lagoa. Noutra lagoa, a do Banana, as margens estão cheias de pequenos restaurantes com telhados de colmo e redes para preguiçar à sombra dos coqueiros. Não temos tempo (nem feitio) para ficar de papo para o ar, por isso seguimos até à Barra do Cauípe onde encontramos paisagens sublimes que misturam mangues, dunas e lagoas com “o mar que não tem tamanho”. Regressamos à base pela praia (o município tem dez quilómetros de areal por sua conta) e acabamos por assistir ao pôr do sol sentadas na areia enquanto bebericamos uma caipirinha de seriguela, um fruto do nordeste. \\\ We’re now driving along the coast of the setting sun, the west coast. First stop: Cumbuco. A paradise filled with sun, beaches, coconut trees and peaceful lagoons. It also has winds which, way up high in the incredibly blue sky, cradle paragliders and kite-surfers. For them, Cumbuco is to their sport what Hawaii is to surfing. We jump into the back of a buggy (the official and ideal means of transport) to explore the towering white dunes that remind us of the desert. “With emotion, please!” we ask our buggy driver as we set off at high speed, almost surfing along the dunes from the picturesque Vila dos Pescadores (Fishermen’s Village) to Parnamirim Lagoon. Here we decide to try out “esquibunda”, an indigenous sport where you slide down a dune on a wooden board, straight into the lagoon. Then there’s Banana Lagoon, whose banks are filled with small, thatched-roof restaurants and hammocks where you can laze in the shade of coconut trees. We don’t have the time (or the inclination) to lie around doing nothing, so we continue on our way to Barra do Cauípe, where we come across truly sublime landscapes that bring together mangroves, dunes and lagoons with “the endless sea”. We return to our base along the beach (the municipality has ten kilometres of beach all to its itself) and we end the day sitting on the beach, watching the sunset as we sip on a seriguela caipirinha (the seriguela or red mombin is a typical fruit in north-eastern Brazil). LITORAL LESTE / THE EAST COAST \\\ Saímos de Fortaleza para um passeio em direção a Leste. A última paragem na costa do sol nascente há de ser Canoa Quebrada, talvez a mais famosa das mil e uma praias deste pedaço de Brasil. Mas antes ainda há muito que ver. Perto de Fortaleza, na praia do Porto das Dunas, um teste à nossa coragem: será que somos valentes o suficiente para encarar o Insano – o escorrega mais alto do mundo (tem uns respeitosos 41 metros) – coqueluche do Beach Park, o maior e mais antigo parque aquático da América Latina? Sim, temos! Descemos o “Insano” e o Kalafrio – o nome diz tudo –, um halfpipe que enfrentamos a pique numa boia dupla. O bom do Beach Park (www.beachpark.com.br) é que não é restrito a corajosos, há escorregas para todas as idades e níveis de adrenalina, bem como uma série de restaurantes, saunas e também uma zona de praia. A brincadeira leva-nos quase um dia inteiro e o sol já vai caindo quando nos pomos a caminho da Prainha, vila pacata com um centro pitoresco dominado por uma feira de artesanato onde a renda de bilros é rainha e senhora. É aqui que vimos buscar inspiração para o logótipo desta edição da Up, criação da simpática e supertalentosa rendeira Zenaide Moisés. O raiar de um novo dia leva-nos até à Praia do Morro Branco e à das Fontes, onde a areia das falésias, que parecem verdadeiros labirintos, tem 12 tons distintos e o mar é uma tentação a 28O C. Depois chegamos a Aracati, para descobrir, com o historiador Antero Pereira, a herança lusa – que salta à vista nos casarões com fachadas forradas a azulejos – da pequena cidade que, em tempos, foi um dos portos mais importantes do nordeste do Brasil. Em seguida fazemos os poucos quilómetros que faltam até à cool Canoa Quebrada. Semeada entre enormes dunas e falésias ocres, Canoa era uma pequena colónia de pescadores e bordadeiras até que, por volta de 1970, cineastas franceses, ligados ao movimento Nouvelle Vague, a puseram no mapa-mundo ao lado de destinos exóticos alternativos como Banguecoque, Bali, Kathmandu e Machu Picchu. Estar em Canoa implica também conhecer as praias vizinhas de Quixaba, Majorlândia e Ponta Grossa, fazer um passeio numa jangada típica em alto mar, andar de buggy pelas dunas, visitar o mangue na foz do rio Jaguaribe (www. canoaviagens.com.br) e voar de parapente com Jerome Saunier, um perito na matéria (www. canoabrasil.com/parapente.html). Mais duas curiosidades sobre Canoa Quebrada: o nome do lugar surgiu no século XVII por causa de uma caravela portuguesa que encalhou num banco de areia; o símbolo da cidade – a lua crescente a abraçar uma estrela (que na realidade será o planeta Marte) – é obra do artesão Chico Eliziário. 68 up _ dezembro / december 12 \\\ We leave Fortaleza and head east. Our last stop on the coast of the rising sun will be Canoa Quebrada, which is, perhaps, the most famous beach among the many to be found in this part of Brazil. But before that, there is still much to see. Near Fortaleza, on Porto das Dunas beach, our courage is tested to the limit. Are we brave enough to “face ‘Insano’ (Insane)” – the world’s tallest water slide at a respectful 41 metres, which is all the rage at Beach Park, the largest and oldest water park in Latin America? Yes, we are! We take on “Insano” and the chills and thrills of “Kalafrio” – where we are ‘dropped’, in a dinghy for two, from a tower into a half-pipe. The great thing about Beach Park (www.beachpark.com.br) is that it isn’t restricted to the brave; there are slides for people of all ages and adrenaline levels, as well as a number of restaurants and saunas, and a beach area, too. We’ve spent almost the entire day having fun at Beach Park, and the sun is beginning to set as we make our way towards Prainha, a charming and quiet town known for its craft fair where bobbin lace reigns supreme. This is where we have come to get the logo for this issue of UP, a creation by the friendly and incredibly talented lace-maker, Zenaide Moisés. The dawn of a new day takes us to the beach at Morro Branco and to Fontes Beach, where the sand of the cliffs (which look like veritable labyrinths) has 12 distinct shades and the waters are a constant temptation at 28O C. We then arrive in Aracati , once one of the most important ports in north-eastern Brazil. We set off with historian Antero Pereira to discover the Portuguese heritage of this small town, which can be clearly seen in the azulejo-covered façades of its grand houses. Next, we cover the few remaining kilometres to ‘cool’ Canoa Quebrada. Sown among enormous dunes and ochre cliffs, Canoa was a small colony of fishermen and embroiderers up until around 1970, when French filmmakers linked to the Nouvelle Vague movement put it on the map, alongside other exotic destinations such as Bangkok, Bali, Kathmandu and Machu Picchu. Being in Canoa also means getting to know the neighbouring beaches of Quixaba, Majorlândia and Ponta Grossa; going out to sea on a typical raft; riding dunes on a buggy; visiting the mangroves at the mouth of the River Jaguaribe (www. canoaviagens.com.br); and paragliding with Jerome Saunier, an expert on the subject (http:// www.canoabrasil.com/parapente.html). And here are another two interesting facts about Canoa Quebrada: its name (which literally means broken canoe) arose in the 17th century after a Portuguese caravelle ran aground into a sandbank; the symbol of the city – a crescent moon embracing a star (which is actually the planet Mars), was created by the artisan Chico Eliziário. \\\ Lagoa do Banana. \\\ Banana Lagoon. Esquibunda. Buggy. dezembro / december 12 _ up 69 10 bás icos d o c e a r á / 10 c e a r á bas ic s FUN! FUN! FUN! JERICOACOARA \\\ O pôr do sol é hora de ponta na praia de Iracema e na do Futuro, onde dezenas de surfistas se batem por uma boa onda para fechar o dia com chave de ouro. Em Jericoacoara também há quem faça surf – especialmente entre dezembro e abril, quando o vento acalma um pouco – mas são mais os windsurfers e muitos mais ainda os kitesurfers, que encontram em Jeri fortes ventos Alísios que garantem, no mínimo, seis horas de diversão diária (especialmente entre setembro e dezembro). Jericoacoara partilha esta bênção com o Cumbuco, outra Meca do desporto. Em resposta a uma foto da Barra do Cauípe que postei no Facebook, uma amiga kitesurfer disse-me: “Já fui MUITO feliz aí!”. É com pena que deixamos o Ceará sem fazer uma aula de kite. Esperemos que o leitor possa fazê-la por nós com a escola do ClubVentos, em Jeri (www.clubventos.com.br) ou com a do Duro Beach, no Cumbuco (www.durobeach.com). E já que estamos numa de aprender, porque não uma aula de capoeira em Jericoacoara? Todos os dias, depois do pôr do sol, mestres de capoeira fazem uma demonstração na praia. Pergunte-lhes como pode aprender esta arte marcial mascarada de dança que os escravos africanos trouxeram para o Brasil. \\\ Chegar a Jijoca de Jericoacoara – a partir de Fortaleza – implica quatro horas de carro ou cinco de autocarro. A partir daí, os carros comuns deixam de ser úteis. É preciso um 4x4, um buggy ou uma “jardineira”, espécie de trator, para fazer o caminho, por estradas de areia, até chegar ao paraíso: Jeri. Nós preferimos fazer os 300 quilómetros de helicóptero com o experiente piloto Luiz Tadeu (+55 85 3476 3099). Não só ganhamos tempo, como temos de bónus o prazer de apreciar a paisagem como se fossemos pássaros. Sobrevoamos as praias desertas, vemos as jangadas de madeira que pescam ao largo e as lagoas que cintilam ao sol no meio das dunas brancas como a cal. E também os parques eólicos e os viveiros do melhor e mais caro camarão do Brasil: o da Costa Negra. Já em domínios do Parque Nacional de Jericoacoara, Tadeu aproxima-se da Pedra Furada, para fotografarmos das alturas o cartão postal da vila piscatória que, em 1994, o The Washington Post pôs no top 10 das praias mais bonitas do mundo. Aqui o sol escalda, o vento refresca, o mar é de um verde azulado cristalino e andar descalço é quase uma obrigação. Não há um metro quadrado de alcatrão e a eletricidade não faz assim tanto tempo que chegou à vila. Os jegues (burros) e os buggies são os meios de transporte oficiais. Com o bugueiro Edson entramos pelo admirável parque nacional adentro para esquadrinhar quilómetros e quilómetros de praias desertas e de dunas a perder de vista. Paramos no Restaurante do Paulo, à beira da lindíssima Lagoa do Paraíso para petiscar uns croquetes de peixe e dar um mergulho e daí seguimos para a Lagoa Azul. Assentamos arraiais no bar de praia homónimo do espelho de água (www.lagoazuljeri.com.br) onde as mesas, cadeiras e redes estão dentro de água. Novo mergulho, nova petiscada e um chope bem fresquinho para matar a sede. Alugamos uma prancha de SUP (stand-uppaddle) e um caiaque para navegar nas águas cristalinas. É pena não termos trazido a máscara para fazer snorkel... São já cinco horas e voltamos a Jeri para ver o pôr do sol na maior duna da praia consagrada ao fenómeno. É do alto dos 30 metros de areia que vemos o astro desaparecer no mar – coisa rara no Brasil, onde é geral o sol pôr-se em terra e nascer no Atlântico – arrancando uma demorada salva de palmas da multidão. Viéssemos entre junho e agosto e aplaudiríamos o fenómeno junto da Pedra Furada, onde o sol se despede de mais um dia mesmo no meio do furo. A manhã leva-nos até Tatajuba, não sem antes passar pelo mangue, onde vivem cavalos-marinhos de todas as cores, e pela praia do Mangue Seco. Há duas Tatajubas: a Velha, que as dunas engoliram, e a Nova, uma espécie de retrato do que era Jeri há vinte anos – um mimoso oásis no deserto à beira-mar. Mais adiante, já bem perto da bonita Lagoa da Torta, achamos por bem descer uma duna de 60 metros deslizando numa prancha parecida com um snowboard. Não fosse o calor abrasador e podíamos julgar que descíamos as pistas dos Alpes Franceses, já que a areia é tão branca como a neve. A despedida aproxima-se, mas ainda percorremos, com os pés na areia, algumas lojas de artesanato na castiça rua principal. Jeri deixará saudades, pela sua simpatia e autenticidade, mas sobretudo pela forma como nos recebeu: de braços abertos, à boa moda do Ceará. 70 \\\ From Fortaleza, it will take you four hours to reach Jijoca de Jericoacoara by car, and five hours by bus. From this point on, an ordinary car is of absolutely no use. You need a four-by-four, a buggy or a “jardineira”, a type of tractor, to make your way along sand roads until you reach paradise: Jeri. We prefer to cover these 300 kilometres by helicopter with experienced pilot, Luiz Tadeu (+55 85 3476 3099). Not only do we gain time, but, as a bonus, we are able to take in and appreciate the scenery from a bird’s eye view. We fly over deserted beaches, we see wooden rafts fishing off the coast and lagoons glowing in the sun amid chalk-white dunes, as well as the wind farms and the nurseries that produce the best and most expensive prawns in Brazil – Costa Negra prawns. As we fly over the Jericoacoara National Park, Tadeu approaches Pedra Furada (a stone with a wide central hole) so that, from on high, we can photograph the calling card of this fishing town, which the Washington Post included in its Top 10 list of the most beautiful beaches in the world in 1994. This is the land of the scalding sun and the refreshing wind, where the sea is a crystalline turquoise and walking barefoot is almost an obligation. There isn’t a single square metre of tar to be seen and electricity is a relative new-comer to this village. Jegues (donkeys) and buggies are the official means of transport. Together with our buggy driver, Edson, we make our way around the remarkable National Park as we explore kilometre upon kilometre of deserted beaches and dunes stretching as far as the eye can see. We stop at Restaurante do Paulo (Paulo’s Restaurant), on the edge of the beautiful Paraíso Lagoon to nibble on some fish croquettes and go for a swim. From here, we set off for Lagoa Azul (Blue Lagoon), and ‘set up camp’ at the beach restaurant (“barraca”) named after this lagoon (www.lagoazuljeri.com.br), where the tables, chairs and hammocks are in the water. Yet another swim, some more tasty treats and an ice-cold “chope” (draft beer) to quench our thirst. We rent an SUP (stand-up-paddle) board and a kayak to make our way around the crystal clear waters. It’s a pity we didn’t bring our snorkelling mask! It is now five o’clock and we return to Jeri to see the sunset from the largest dune on the beach devoted to this phenomenon. It is from a height of 30 metres of sand that we watch the sun disappear into the sea – which is a rarity in Brazil, where the sun usually sets over the land and rises in the Atlantic – drawing a lengthy round of applause from the crowd. Were we to be here between June and August, we’d applaud this phenomenon near Pedra Furada, where the sun bids farewell to another day right in the middle of the hole in the stone. The next morning takes us to Tatajuba, but not before we visit the mangroves, home to seahorses of many different colours, and the beach at Mangue Seco. There are two Tatajubas: the Old One that was swallowed by the dunes, and the New Tatajuba which is almost a picture of what Jeri was like twenty years ago – a charming, seaside oasis in the desert. Further ahead, very close to the beautiful Lagoa da Torta Lagoon, we decide it’s a good idea to slide down a 60-metre dune on a board that looks like a snowboard. And were it not for the scorching heat, we would think that we were on the slopes in the French Alps, as the sand is as white as snow. The time to say goodbye is fast approaching, but (with our feet in the sand) we still visit some of the craft shops to be found on this unique main road. We will miss Jeri for its friendliness and authenticity, but, above all, for the way in which it welcomed us: with open arms, in that wonderful Ceará fashion. \\\ Sunset is rush hour at Iracema and Futuro beach, where dozens of surfers fight it out for a good wave to end the day in style. In Jericoacoara, there are other surfers - especially between December and April, when the wind dies down a little – however, there are more windsurfers and even more kitesurfers that find strong winds that guarantee at least six hours of fun (particularly between September and December). Jericoacoara shares this advantage with Cumbuco, another sport Mecca. In answer to a photo of Bar do Cauípe I posted on Facebook, a kitesurfer friend told me: “I’ve been VERY happy there.” Sadly we leave Ceará without having any kitesurfing lessons. Hopefully you can do it for us at the ClubVentos school in Jeri (www.clubventos.com.br) or at Duro Beach, in Cumbuco (www.durobeach.com). And as we’re on the subject of learning, why not have capoeira class in Jericoacoara? Every day, after sunset, capoeira masters give a demonstration on the beach. Ask them how you can learn this martial art dressed up as a dance that African slaves brought to Brazil. \\\ Praia do Man \\\ Mangue Se gue Seco. co beach. ara. \\\ Centro de Jericoaco . \\\ Jericoacoara centre \\\ Rua prin cipal, Jerico ac \\\ Jericoac oara main st oara. reet. BALADA! / music making \\\ Entrar no Pirata é ser contagiado por uma espécie de formigueiro que percorre a espinha de cima a baixo e faz com que o nosso corpo ganhe vida própria. Quase sem darmos por isso, estamos a dançar no meio da turba que se sacode ao som da quadrilha. No bar, que se orgulha de ter “as segundas feiras mais loucas do mundo”, a noite começa com um baile de forró e acaba com um caldo de feijão bem quente para consolar os valentes que aguentam o ritmo até às cinco da manhã. Pelo meio, sobe ao palco a banda da casa, que saltita entre temas próprios e reinvenções de clássicos da MPB, do rock, samba, axé e da melhor pop made in Brasil. Mas o Pirata não está só, longe disso! O Mucuripe é outro dos preferidos dos noctívagos. No megaclube, há sete espaços para dançar qualquer género, desde reggae a rock, sem esquecer as batidas eletrónicas. A nossa energia não dá para mais – estes cearenses são feras da noite! –, por isso, deixamos que Iratuã Freitas, um perito na matéria, nos fale de outras capelinhas por onde deve passar: “Há o Gato Preto, barzinho underground no bairro preferido dos universitários e a Toca do Plácido, de ambiente kitsch, que passa música brasileira, tangos, salsa e blues. O Boteco Praia é um dos principais pontos de encontro dos ‘bem nascidos’, o bar fica à beira da Praia de Iracema, numa casa da década de 30 que serve excelentes petiscos e tira-gostos. No At Home, pub (e hostel!) de estilo londrino, há música ao vivo: às quintas, blues, nos outros dias, rock. No Guarderia Brasil, na Praia do Futuro, há sunset parties com DJ de sexta-feira a domingo e volta e meia tocam também bandas de jazz”. Em Canoa Quebrada, sabemos que todos os caminhos vão dar à Broadway, a rua principal, onde há uma miríade de bares e lounges para todos os gostos e feitios que misturam os ritmos do forró, do samba, da MPB e da música eletrónica. E também há os imperdíveis “luaus” na praia às sextas e sábados, que duram da meia-noite até ao raiar do sol. Tal como em Canoa, em Jericoacoara, a rua principal é o ponto de encontro e o Bar do Forró um dos mais concorridos. Música ao vivo, DJ sets, luaus e sunset parties são costumeiros um pouco por toda a vila, especialmente em época alta. Antes de voltar ao hotel, é fundamental passar pela padaria Santo António, que só funciona das 2 às 7 horas. Os pãezinhos recheados com queijo, banana ou coco são o merecido consolo depois de uma noite de folia. \\\ When we visit Pirata we’re infected by a kind of tingling that runs up and down our spine and which makes our own body gain a life of its own. Almost without realising it, we find ourselves dancing in the middle of the crowd to the sound of quadrilha (popular dance style). In the bar, which proudly boasts to having “the wildest Mondays in the world”, the evening begins dancing forró and ends with a hot bean soup to warm the hardy souls that take the pace until five in the morning. Somewhere inbetween, the house band takes the stage playing their own material and a host of MPB, rock, samba, axé classics and best Brazilian pop. However, Pirata has good company! The Mucuripe is another favourite with night owls. This mega club boasts seven different spaces to dance all kinds of music, from reggae to rock, not forgetting electro. Our energy doesn’t stretch so far (these locals are real party animals!), so we let Iratuã Freitas, an expert on this particular subject, tell us about all the other hotspots: “There’s Gato Preto, an underground bar in the most popular area with university students and Toca do Plácido which has a kitsch feel, with Brazilian music, tango, salsa and blues. Boteco Praia is one of the main meeting points of the ‘beautiful people’, the bar is located on the Iracema beachfront, dating back to the 1930s and serving excellent snacks and nibbles. In the London-style At Home pub and hostel, there’s live music: blues on Thursdays, and rock on the other days. In Guardería Brazil, in Praia do Futuro, there are sunset parties with DJs from Friday to Sunday, with the occasional jazz band”. In Canoa Quebrada, we know that all roads lead to Broadway, the main street, where there’s a wide range of bars and lounges of all shapes and sizes that host a mix of forró, samba, MPB and electronic music. And then there’s the essential beach “luaus” on Fridays and Saturdays which take place from midnight until sunrise. In Canoa, in Jericoacoara, the main street is the town’s meeting point and the Bar do Forró one of the busiest of the city. Live music, DJ sets, luaus and sunset parties are regular event throughout the town, particularly in high season. Before returning to your hotel, pay a visit to the Santo António bakery which is only open from 2 a.m. to 7 a.m.. The rolls stuffed with cheese, banana or coconut are perfect fare after a night on the tiles. Pirata \\\ www.pirata.com.br Mucuripe \\\ www.mucuripe.com . Capoeiristas AGRADECIMENTOS / ACKNOWLEDGEMENTS \\\ Lagoa do Paraíso. \\\ Paraíso Lagoon. Pedra Furada. \\\ A Up agradece à SETUR – Secretaria de Estado do Turismo do Estado do Ceará o imprescindível apoio nesta viagem. Um obrigado muito especial a Carmen Walraven, Tunay Peixoto e Mara Cibely. \\\ UP would like to thank SETUR – (Secretary of State for Ceará Tourism) for their invaluable help. Special thanks go to Carmen Walraven, Tunay Peixoto and Mara Cibely. www.ceara.gov.br dezembro / december 12 _ up 71