10 básicos / 10 basics - Governo do Estado do Ceará

Transcrição

10 básicos / 10 basics - Governo do Estado do Ceará
10 básicos /
10 basics
Ceará
\\\ Mais do que as praias de água tépida e cristalina. Mais do que as dunas altíssimas e alvas.
Mais do que mangues, lagoas e falésias que parecem labirintos. Mais do que a fabulosa
Jericoacoara, do que a cool Canoa Quebrada e do que a agitada Fortaleza. Mais do que
os ventos do Cumbuco e mais do que o calor gentil, o Ceará conquistou-nos com a sua alegria
e hospitalidade, com os seus ritmos e petiscos e, sobretudo, com a sua autenticidade.
\\\ More than its beaches and crystal clear warm waters. More than the towering white dunes.
More than the mangroves, lagoons and labyrinth-like cliffs. More than fabulous Jericoacoara,
‘cool’ Canoa Quebrada and fast-paced Fortaleza. More than the winds of Cumbuco
and the gentle heat. Ceará has won us over with its joy and hospitality, its rhythms
and tasty nibbles, and, above all, with its authenticity.
por / b y M ar ia Ana Ventu r a f otos / photos Ma r isa ca r doso
QUE CEARÁ, CEARÁ… / Whatever will be, will be
\\\ Foi o navegador português Pedro Álvares Cabral quem descobriu o Brasil,
em 1500, mas só passado quase um século a Coroa Portuguesa mostrou
interesse por este pedaço do Nordeste brasileiro – terra das tribos índias
Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Kariri e Tremembé –, que graças à abundância
de algodão, sal e pimenta e à presumível existência de minas de prata
estava também na mira de franceses e holandeses. Em 1603, o português
Pêro Coelho de Sousa fez uma primeira tentativa de se apossar do Siará
(como se escrevia à época), mas foi Martim Soares Moreno quem teve
sucesso nessa missão. Os holandeses conseguiram roubar a capitania aos
lusitanos e foram eles que construíram o forte Schoonemborch. Em 1654, os
flamengos retiraram, e o forte foi rebatizado como Forte de Nossa Senhora
de Assunção. Ao redor dele floresceu a cidade de Fortaleza que, em 1799, foi
eleita capital do estado.
\\\ It was the Portuguese navigator Pedro Álvares Cabral who discovered
Brazil in 1500. However, almost a century would go by before the Portuguese
Crown took an interest in this piece of north-eastern Brazil – home to the
Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Kariri and Tremembé Indian tribes – which,
thanks to the abundance of cotton, salt, pepper and the supposed existence
of silver mines, was also coveted by the French and the Dutch. In 1603, the
Portuguese Pêro Coelho de Sousa carried out the first attempt to take over
Siará (as it was spelt at the time), but it was Martim Soares Moreno who
succeeded in this mission. The Dutch managed to steal the captaincy from
the Portuguese and went on to build the Schoonenborch Fort. However, they
retreated in 1654, and the fort was renamed the Forte de Nossa Senhora de
Assunção (Fort of Our Lady of the Assumption). The city of Fortaleza
flourished around this fort and was elected state capital in 1799.
\\\ Francisc
o do Nascim
en
\\\ Francisc
o do Nascim to, o Dragão do Mar
ento, the Dr
agon of the
Seas.
10 bás icos d o c e a r á /
10 c e a r á bas ic s
CIDADE PLURAL / A PLURAL CITY
\\\ Não precisamos de muito tempo para perceber que Fortaleza não é uma cidade;
são muitas! No centro, passando pelo agradabilíssimo Passeio Público e pela Sé de
fachada gótica, descobrimos o velho burgo erguido ao redor da antiga fortaleza.
Os bairros da moda, a Aldeota e o Varjota, estão para Fortaleza como o chique
quarteirão dos Jardins está para São Paulo, com as lojas das melhores marcas a
dividir protagonismo com restaurantes sofisticados. Na Avenida Beira-mar não há
como não nos lembrarmos do Calçadão do Rio de Janeiro. É a parte mais democrática
da cidade, onde os habitantes vêm para fazer exercício, tomar um copo ou jantar com
vista para o mar. Já os turistas preferem a feira da beira-mar, onde encontram uma
variedade indescritível de artesanato regional e quinquilharias de todas as espécies e
feitios. Outro assunto é a Praia do Futuro, que aos fins de semana se enche de gente,
não tanto para ir a banhos – uma das coisas que aprendemos é que os cearenses, ao
contrário dos europeus ou dos cariocas, não vão à praia pelos banhos de sol nem de
mar –, mas antes para comer, beber, dar um pé de dança e conviver nos bares de
praia. Nestas instituições da boémia cearense, as noites de quinta-feira são um
acontecimento. Isto porque o caranguejo toma conta do cardápio. No Parque
Ecológico do Cocó encontramo-nos com uma assombrosa variedade de fauna e flora
e, na Ponte dos Ingleses, onde nos sentamos a ver o sol desaparecer atrás dos
arranha-céus de Fortaleza, lembramo-nos dos peculiares pontões de madeira da
Califórnia. No recém-inaugurado Centro de Eventos e no imponente e renovado
estádio do Castelão, descobrimos uma cidade que se reinventa: Fortaleza está pronta
para receber os maiores acontecimentos culturais, industriais e empresariais no
Centro de Eventos – o mais moderno (e o segundo maior) do Brasil – e já tem os olhos
postos no Mundial de Futebol que se disputa em 2014 no país da “Ordem e Progresso”.
CULTURA / CULTURE
\\\ You don’t need to be here long to realize that Fortaleza isn’t just one city; it is
many! In the city centre, as we walk past the Passeio Público (Public Square) and the
Cathedral with its gothic façade, we discover the old town built around the former
fortress. The trendy neighbourhoods of Aldeota and Varjota are to Fortaleza what the
chic district of Jardins is to São Paulo, with the best brand stores sharing the
spotlight with sophisticated, upmarket restaurants. And the coastal Beira Mar
Avenue immediately brings to mind Rio de Janeiro’s promenade, the Calçadão. This is
the most democratic part of the city, where the locals come to exercise, have a drink
and go out for dinner, all the while taking in the sea. Tourists, on the other hand,
prefer the seaside fair, where they find an indescribable variety of regional
handicraft and trinkets of all sorts and sizes. And then there is Praia do Futuro, which
people flock to at the weekend – although not so much for the swimming. One of the
things that we quickly learn about the people of Ceará, is that unlike Europeans or
their fellow compatriots in Rio, they don’t go to the beach to swim or tan, but rather
to eat, drink and dance at the “barracas” (simple kiosk-restaurants built on the
sand). In these bohemian institutions of Ceará, Thursday nights are quite an event,
as the menu is filled with crab dishes. In the Ecological Park of Cocó, we come across
a staggering variety of flora and fauna and, on the Ponte dos Ingleses, where we sit to
watch the sun disappear behind the skyscrapers of Fortaleza, we are reminded of
California’s distinctive wooden piers. In the newly-inaugurated Centro de Eventos
(Events Centre) and in the grand and renovated Castelão Stadium, we find a city that
reinvents itself: Fortaleza is ready to host the greatest cultural, industrial and
corporate events at the Centro de Eventos – the most modern (and second largest)
events centre in Brazil – and it has already set its sights on the World Cup which will
take place in 2014 in the country of “Order and Progress”.
\\\ Teatro
José de Alencar.
\\\ José de Alencar
Theatre.
\\\ No Mercado Central, em Fortaleza, reencontramo-nos com
a literatura de cordel, o género literário popular que nasceu na
Europa algures no século XVI e que os portugueses se
encarregaram de levar para o Brasil. Na Europa o cordel está
praticamente extinto, mas no Nordeste brasileiro, e no Ceará
em especial, está vivo e de boa saúde. Com origem em relatos
falados que passam para o papel em rimas ilustradas com
xilogravuras, o cordel – que teve em Patativa do Assaré um
dos grandes – serve tanto para enaltecer, quanto para
parodiar usos, costumes e gentes. Compramos o Roteiro
Turístico do Ceará em Cordel, de Dimas Mateus, que em
poucas páginas faz um relato castiço do estado. Da cultura,
Mateus traz à baila o grande escritor José de Alencar, filho de
Fortaleza, autor de vários romances e dramaturgias, entre os
quais Iracema. O livro – que fala do amor entre a índia virgem e
o colonizador Moreno – é uma alegoria à colonização do Brasil.
José de Alencar é o patrono do teatro mais fabuloso de
Fortaleza, inaugurado em 1910. Para lá da fachada de estilo
colonial, fica o edifício principal, assombroso exemplar de Arte
Nova que exibe uma magnífica estrutura em ferro fundido e
vitrais coloridos. Do palco vê-se a rua e a sala está pejada de
referências à vida e obra do mestre Alencar. Apesar da
aparência clássica, o teatro orgulha-se da sua programação
diversificada e avant-garde. É também de realçar que os
jardins do teatro foram projetados pelo paisagista Burle Max.
Outra figura notável nasceu em Canoa Quebrada, chamava-se
Francisco Nascimento, mas ficou conhecido como Dragão do
Mar: herói jangadeiro líder da revolta que conduziu à abolição
da escravatura no estado, em 1884, quatro anos antes do
resto do Brasil. Em sua homenagem batizou-se o centro de
arte e cultura de Fortaleza, espaço multidisciplinar onde se
encontram cinema, música, artes plásticas e performativas,
literatura e também ciência. O forró pé-de-serra é, por
excelência, o género musical do Ceará, que, na década de 70,
deu à Música Popular Brasileira (MPB) a banda Pessoal do
Ceará, onde alinhavam os excelentes autores e intérpretes
Raimundo Fagner, Amelinha, Belchior e Ednardo. O Museu do
Ceará e o Museu de Fortaleza guardam os artefactos mais
relevantes da memória local.
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (The Dragon of the Seas Centre of Art
and Culture) \\\ www.dragaodomar.org.br
Theatro José de Alencar (José de Alencar Theatre), Museu do Ceará (Ceará
Museum) e/and Museu de Fortaleza (Fortaleza Museum) \\\ www.secult.ce.gov.br
\\\ At the Central Market in Fortaleza, we rediscover the
“literatura de cordel”, the popular literary genre that was born
somewhere in Europe in the 16th century and which the
Portuguese took upon themselves to take to Brazil. In Europe,
this “string literature” has practically died out, but in
north-eastern Brazil, and especially in Ceará, it is very much
alive and well. Arising from spoken accounts and stories that
make their way onto paper in rhymes illustrated with
woodcuts, the “cordel” – which had in Patativa do Assaré one
of its greatest exponents – both praises and parodies habits,
customs and people. We buy the Roteiro Turístico do Ceará
em Cordel (The Cordel Tourist Guide of the Ceará) by Dimas
Mateus, which gives us a genuine account of this Brazilian
state in just a few pages. Regarding culture, Mateus brings up
the great writer José de Alencar, born in Fortaleza and the
author of various novels and plays, including Iracema. The
book – which tells us the love story between an Indian maiden
and a Portuguese settler, Moreno – is an allegory for the
colonisation of Brazil. Inaugurated in 1910, the most fabulous
theatre in Fortaleza is named after José de Alencar. Behind
the colonial-style façade, there is the main building, which is
an incredible example of Art Nouveau with its magnificent
wrought iron structure and colourful stained glass windows.
From the stage you can see the street, and the theatre is
filled with references to the life and work of the master,
Alencar. Despite its classic appearance, the theatre takes
pride in its diverse and avant-garde programming. It should
also be noted that the theatre’s gardens were designed by
the landscape artist, Burle Max. Another remarkable figure
that was born in Canoa Quebrada, was named Francisco
Nascimento, but he went on to become known as the
Dragon of the Seas: the raftsman and hero who led the revolt
that resulted in the abolition of slavery in the state of
Ceará in 1884, four years before the rest of Brazil. In his
honour, Fortaleza’s centre for the arts and culture was
named after him; it is a multidisciplinary space for films,
music, plastic and performing arts, literature and science.
The forró pé-de-serra is the musical genre par excellence
of Ceará, which in the 1970s gave Brazilian Popular
Music the band Pessoal do Ceará, formed by the excellent
songwriters and performers Raimundo Fagner, Amelinha,
Belchior and Ednardo. The Museu do Cearáand the
Museu de Fortaleza are home to the most significant
artefacts of local memory.
Padre Cícero
Patativa do
Assaré.
\\\ Passeio Público.
\\\ Public Square.
64
up _ dezembro / decembre 12
\\\ Centro de Eventos.
\\\ Events centre.
\\\ Feira da beira-mar.
\\\ Seaside fair.
\\\ Sé.
\\\ Sé Cathedral.
\\\ Todos os anos, centenas de milhares de peregrinos
vão até Juazeiro do Norte – no sertão, a cerca de 500
quilómetros a sul de Fortaleza – pagar promessas e
homenagear o padre que é venerado como santo. Durante
dois anos, Cícero Romão Baptista, ou “Padim Ciço”, realizou
o milagre de transformar hóstia em sangue cada vez que a
ministrava à beata Maria de Araújo. O sangue foi preservado
em panos, um dos quais pode ser visto no memorial Padre
Cícero. Em julho deste ano foi eleito um dos “100 maiores
brasileiros de todos os tempos” num concurso televisivo.
\\\ Every year, hundreds of thousands of pilgrims travel to
Juazeiro do Norte - in the sertão (backlands), around 500
kilometres south of Fortaleza - to fulfil promises and pay
tribute to the priest worshipped as a saint. For two years,
Cicero Romão Baptista, or "Padim Ciço", performed the
miracle of turning the host into blood whenever he gave
it to Maria de Araújo. The blood was kept in cloths, one
which can be seen at the Padre Cícero memorial. This July,
he was voted one of the "100 most important Brazilians
of all time" on a TV show.
dezembro / december 12 _ up
65
10 bás icos d o c e a r á /
10 c e a r á bas ic s
\\\ Rendeira Zenaide Moisés ..
\\\ Lacemaker Zenaide Moisés ...
DE COMER REZANDO / Fine Fare
\\\ A cozinha cearense mistura ingredientes indígenas e europeus e mescla receitas do sertão
com pratos do litoral, por isso é tão diversa e saborosa. O baião de dois – mistura de arroz com
feijão de corda e queijo de coalho –, a carne de sol e a mandioca (que aqui se chama
macaxeira) frita vieram do interior e conquistaram também o litoral, onde os pratos fortes são
os de peixe e marisco – a lagosta, o caranguejo e, sobretudo, o camarão. Em Fortaleza, o bairro
Varjota leva o título de polo gastronómico, porque é o ponto de encontro da melhor cozinha
regional e internacional. Nas vilas do litoral, os bares de praia, aqui chamados barracas, são as
melhores montras da culinária – há até algumas onde o menu é vivo. A tapioca (fécula de
mandioca) é cozinhada na frigideira e acaba no prato sob a forma de crepe. Recheada com
carne de sol é uma perdição! E depois há toda uma panóplia de frutas exóticas. Além dos já
conhecidos mamão, maracujá e abacaxi, são-nos apresentados vários outros com nomes e
sabores excêntricos: carambola, seriguela, acerola, graviola, cajá. Aqui, o caju não é o fruto
seco em forma de feijão, mas um fruto propriamente dito. O feijão que os europeus conhecem
é a castanha de caju. Misturados com uma boa cachaça e um pouco de açúcar, todos estes
frutos se transformam numa caipirinha.
\\\ Ceará cuisine combines local and European ingredients and mixes recipes from the
sertão (backlands) and dishes from the coast, which makes it both varied and very tasty.
The baião de dois (a mixture of rice and black-eyed peas and coalho cheese), sun-dried beef
and fried cassava (called macaxeira here) came from the interior and became popular on the
coast, where signature dishes are normally fish and shellfish – lobster, crab and particularly
prawns. In Fortaleza, the Varjota neighbourhood is the gastronomic centre, because it is the
meeting point of the best regional and international fare. In coastal towns, the beach huts
are the best culinary showcases, some where the menu is still crawling. The tapioca (cassava
starch) is cooked in a frying pan and ends up on the plate in the shape of a pancake.
Stuffed with sun-dried beef it’s divine! And then there’s a wide variety of exotic fruit.
Besides the well-known papaya, passion fruit, pineapple, there are various other names
and eccentric flavours: carambola, hog plum, acerola, graviola, caja. Here, the cashew is not
the bean-shaped nut, but rather the fruit itself. The bean-shaped nut that Europeans
know is the cashew nut. Mixed with a good cachaça rum and a little sugar, all these fruits
become a caipirinha.
ARTESANATO / Handicraft
As nossas sugestões / Our recommendations
Coco Bambu Frutos do Mar
Avenida Beira Mar, 3698 \\\
+55 85 3198 6000 \\\ www.restaurantecococambu.com.br
\\\ Entre os camarões à
Jangadeiro (panados e
recheados com catupiry)
e o peixe jeri, o difícil é
mesmo escolher. Um
especialista em peixe e
marisco num dos melhores
endereços da cidade: a
Avenida Beira-Mar.
\\\ Between the prawn à
Jangadeiro (breaded and
filled with Catupiry cream
cheese) and the Jeri fish,
it’s hard to choose. This
place specializes in seafood
at one of the best
addresses in town: Avenida
Beira-Mar.
Avenida Dom Luiz, 1113 Loja 18/19 Meireles Shopping Bunganvilia – Fortaleza \\\
+55 85 3224 9997 \\\ www.socialclube.com.br
\\\ Este japonês fica num
dos melhores bairros de
Fortaleza e está à altura dos
mais exigentes fãs de sushi.
Os rolinhos de polvo, arroz e
couve mineira são um bom
exemplo da feliz fusão entre
a cozinha japonesa e a
brasileira.
Sal e Brasa
\\\ Queijo de Co
alho
\\\ Coalho chee .
se.
\\\ Ir ao Brasil e não comer
churrasco é como ir a
França e não comer
croissants. A melhor opção
para um rodízio das
melhores carnes brasileiras
e argentinas é o Sal e Brasa.
\\\ Going to Brazil without
eating barbecued food is
like going to France and not
eating croissants. The best
option for the finest
Brazilian and Argentinean
meat is Sal e Brasa.
Terra do Sol
\\\ Às quintas-feiras todos
os caminhos vão dar à Praia
do Futuro. A quinta-feira do
caranguejo é um dos
acontecimentos de
Fortaleza. Na barraca Terra
do Sol tanto o bicho como a
moqueca de arraia são
deliciosos.
\\\ On Thursday all roads
lead to Praia do Futuro.
Crab Thursday is one of
the highlights of Fortaleza.
At Terra do Sol both the
creature and the moqueca
de arraia are delicious.
Barraca Chega Mais
Canoa Quebrada \\\ +55 88 3421 7101 \\\ www.barracachegamais.com.br
\\\ Mandioc
a fr
\\\ Fried Cass ita.
ava.
66
up _ dezembro / december 12
\\\ This Japanese
restaurant is located in one
of the best neighbourhoods
in Fortaleza and will satisfy
even the most demanding
of sushi fans. The octopus
rolls, mineira cabbage
and rice are good
examples of the fine fusion
between Japanese
and Brazilian cuisine.
Avenida Abolição, 3500 – Fortaleza \\\
+55 85 3261 8888 \\\ www.salebrasa.com.br
Avenida Zezé Diogo, 5295 – Fortaleza \\\
+55 85 3265 4223 \\\ www.terradosol.net
\\\ Lagosta.
\\\ Lobster.
Casa de Moá
Ryori
\\\ Barraca de praia com um
pessoal super-simpático e
castiço que lhe traz à mesa
um sortido de peixes e
mariscos fresquíssimos. Um
almoço com o pé na água e
alto astral!
\\\ A beach hut with
ultra-friendly staff that
bring a variety of fresh fish
and seafood to the table,
while you dip your toes in
the warm waters!
Sabor da Praia
Rua Almirante Pedro de Frontim, 01 – Vila dos Pescadores, Praia do Cumbuco \\\
+55 85 3318 7455
\\\ Primeiro, uma lagosta na
grelha com um suave molho
de coco e limão. Depois, um
peixe bem fresco grelhado
no ponto, acompanhado
pelo típico baião de dois
(arroz com feijão) e está a
festa feita.
\\\ First, grilled lobster with
a coconut and lemon sauce;
then, perfectly grilled fish
with beans and rice. Who
could ask for more?
Pimenta Verde
Rua Visconde de Mauá, 2675 – Fortaleza \\\
+55 85 3244 2370 \\\ www.casademoa.com.br
\\\ Parabéns a Luana
Bittencourt pela ideia de
criar um espaço que tem
tanto de acolhedor quanto
de sofisticado, e que, mais
do que um restaurante, é
também um café e uma loja
de artigos de design.
Parabéns a Louise Benevides
pela cozinha carregada de
imaginação e rica em sabor
e alma. Obrigatório em
Fortaleza!
\\\ Luana Bittencourt
deserves our
congratulations for
creating a place that is as
welcoming as it is
sophisticated, and which is
not only a restaurant but
also a café and a design
shop. Congratulations to
Louise Benevides for her
imaginative food, which
oozes taste and soul. A
Fortaleza essential!
Santa Grelha
Rua Tibúrcio Cavalcante, 790 – Fortaleza \\\
+55 85 3224 0249 \\\ www.socialclube.com.br
\\\ Um dos incontornáveis
da cidade é versado em
carnes grelhadas no ponto.
O lugar é elegante e o
ambiente familiar. Um aviso:
guarde espaço para o
brownie de chocolate com
doce de leite e gelado de
tapioca. É absolutamente
divino.
\\\ One of the city’s culinary
musts for perfectly grilled
meat is also elegant and
welcoming. Warning: save
room for the chocolate
brownie with doce de leite
and tapioca ice-cream.
Utterly divine.
\\\ Como o cordel, também as rendas de bilros chegaram ao Ceará pela mão dos
portugueses e acabaram por se transformar no ícone do artesanato local (saiba mais
no making of desta revista). Fazemos aqui um louvor às rendeiras do Ceará, não só
pela minúcia do seu trabalho, mas também pela criatividade das suas peças – sejam
toalhas, cortinas ou vestidos – que conquistam fãs um pouco por todo o mundo. Ao
lado da renda de bilros aparece a renda de filé ou “rede de nó”, que transforma fio de
algodão em lindas saídas de praia, vestidos, t-shirts e xailes. A palha de carnaúba, o
bambu e o cipó são entrelaçados para fazer cestas, bolsas, chapéus e acessórios de
mesa, e a cerâmica – a utilitária (potes e tigelas) e a lúdica (com as figuras de Maria
Bonita e Lampião, jangadas e galinhas de Angola) – também está um pouco por toda a
parte. Isso, o calçado de couro, as redes e mantas de algodão colorido e também as
xilogravuras. As garrafas com desenhos de areia colorida também são um souvenir
bem típico. Na hora de comprar, opte pelo Centro de Turismo, antiga cadeia pública no
centro de Fortaleza, pelo Mercado Central, ou pelas ruas do centro histórico da
capital, sem esquecer a CEART (Central de Artesanato do Ceará), que existe em vários
pontos de Fortaleza e também em Canoa Quebrada. No Cumbuco, as associações
locais juntam-se todos os fins de semana numa pequena feira no resort Vila Galé.
\\\ Like basketmaking, bobbin lace came to Ceará with the Portuguese and became an
icon of local handicraft (find out more in this month’s making of). Here we devote
praise to the lacemakers of Ceará, not only for their skill but also for their creativity
in making towels, curtains or dresses, which are popular throughout the world.
Alongside the bobbin lace there is also filé lace which transforms cotton yarn into
beautiful beach tunics, dresses, t-shirts and shawls. The carnauba straw, bamboo
and vines are woven to make baskets, bags, hats and table accessories, and the
ceramics - the practical (pots and bowls) and the more artistic (with figures of
Maria Bonita and Lampião, rafts and Angolan hens) can be found almost everywhere.
There is also leather footwear, hammocks and colourful cotton blankets and
woodcuts. The bottles with coloured sand are also a very traditional souvenir. If
you’re into shopping, go for the Centro de Turismo, an old public chain in the centre of
Fortaleza, the Mercado Central or the streets of historical centre, without forgetting
the CEART (Ceará Craft Center), which can be found in several parts of Fortaleza and
also in Canoa Quebrada. In Cumbuco, local associations come together every weekend
at a small fair at the Vila Galé resort.
Rua São Francisco – Jericoacoara \\\ +55 088 9916 0577
\\\ Restaurante acolhedor
e charmoso de cozinha
simples com um toque
de finesse. O peixe com
pimenta verde é uma delícia.
O menu muda todos os dias.
\\\ A cosy and charming
restaurant that offers
simple food with a little
finesse. The green pepper
fish dish is superb. The
menu changes daily.
Espaço Aberto
R. Principal, 104 – Jericoacoara \\\ +55 88 3669 2063
\\\ Histórico do vilarejo, é
com grande mister que
preparam o tradicional bobó
de camarão. O filete de
peixe tropical com banana
frita é outro dos pratos
mais requisitados.
\\\ A long-established
favourite, the traditional
prawn bobó and tropical
fish fillet with fried banana
are the most requested
dishes.
Pizzaria e Tapiocaria Coco Bambu
Rua Canuto de Aguiar, 1317 – Fortaleza \\\
+55 85 3242 7557 \\\ www.pizzariacocobambu.com.br
\\\ Experimente a tapioca
com carne de sol, uma
espécie de crepe recheado
que é um clássico da
cozinha nordestina. Se
ainda tiver apetite para
mais, espreite a
impressionante lista de
pizzas deste restaurante
com o seu quê de tropical.
Mercado Central
\\\ Try the tapioca with sun-dried meat, a kind of filled
pancake that is a classic
of local gastronomy. If you
are still hungry for more,
take a peek at the
impressive menu of pizzas
and tropical twists.
dezembro / december 12 _ up
67
10 bás icos d o c e a r á /
10 c e a r á bas ic s
CUMBUCO
Majorlândia
Insano, Beach Park
\\\ Parapente.
\\\ Paragliding.
\\\ Subimos agora a costa do sol poente, ou litoral oeste. Primeira paragem: Cumbuco.
Paraíso de sol, praia, coqueiros, lagoas de águas pacatas e ventos que embalam bem
alto no céu azul (azulíssimo!) os parapentes dos kitesurfers que aqui encontraram um
lugar que está para o seu desporto como o Havai está para o surf. Saltamos para a
garupa de um buggy, meio de transporte oficial e ideal, para descobrir as dunas
altíssimas e alvas que lembram um deserto. “Com emoção, por favor!”, pedimos ao
bugueiro e eis-nos a alta velocidade, como que a surfar nas dunas, desde a pitoresca
Vila dos Pescadores até à Lagoa do Parnamirim. Aqui decidimos experimentar o
esquibunda: desporto que consiste em descer a duna sentados numa prancha de
madeira. A descida acaba com a bunda na lagoa. Noutra lagoa, a do Banana, as
margens estão cheias de pequenos restaurantes com telhados de colmo e redes para
preguiçar à sombra dos coqueiros. Não temos tempo (nem feitio) para ficar de papo
para o ar, por isso seguimos até à Barra do Cauípe onde encontramos paisagens
sublimes que misturam mangues, dunas e lagoas com “o mar que não tem tamanho”.
Regressamos à base pela praia (o município tem dez quilómetros de areal por sua
conta) e acabamos por assistir ao pôr do sol sentadas na areia enquanto
bebericamos uma caipirinha de seriguela, um fruto do nordeste.
\\\ We’re now driving along the coast of the setting sun, the west coast. First stop:
Cumbuco. A paradise filled with sun, beaches, coconut trees and peaceful lagoons. It
also has winds which, way up high in the incredibly blue sky, cradle paragliders and
kite-surfers. For them, Cumbuco is to their sport what Hawaii is to surfing. We jump
into the back of a buggy (the official and ideal means of transport) to explore the
towering white dunes that remind us of the desert. “With emotion, please!” we ask
our buggy driver as we set off at high speed, almost surfing along the dunes from the
picturesque Vila dos Pescadores (Fishermen’s Village) to Parnamirim Lagoon. Here we
decide to try out “esquibunda”, an indigenous sport where you slide down a dune on a
wooden board, straight into the lagoon. Then there’s Banana Lagoon, whose banks are
filled with small, thatched-roof restaurants and hammocks where you can laze in the
shade of coconut trees. We don’t have the time (or the inclination) to lie around doing
nothing, so we continue on our way to Barra do Cauípe, where we come across truly
sublime landscapes that bring together mangroves, dunes and lagoons with “the
endless sea”. We return to our base along the beach (the municipality has ten
kilometres of beach all to its itself) and we end the day sitting on the beach,
watching the sunset as we sip on a seriguela caipirinha (the seriguela or red mombin
is a typical fruit in north-eastern Brazil).
LITORAL LESTE / THE EAST COAST
\\\ Saímos de Fortaleza para um passeio em direção a Leste. A última paragem na costa do sol
nascente há de ser Canoa Quebrada, talvez a mais famosa das mil e uma praias deste pedaço
de Brasil. Mas antes ainda há muito que ver. Perto de Fortaleza, na praia do Porto das Dunas, um
teste à nossa coragem: será que somos valentes o suficiente para encarar o Insano – o
escorrega mais alto do mundo (tem uns respeitosos 41 metros) – coqueluche do Beach Park,
o maior e mais antigo parque aquático da América Latina? Sim, temos! Descemos o “Insano”
e o Kalafrio – o nome diz tudo –, um halfpipe que enfrentamos a pique numa boia dupla. O bom
do Beach Park (www.beachpark.com.br) é que não é restrito a corajosos, há escorregas para
todas as idades e níveis de adrenalina, bem como uma série de restaurantes, saunas e
também uma zona de praia. A brincadeira leva-nos quase um dia inteiro e o sol já vai caindo
quando nos pomos a caminho da Prainha, vila pacata com um centro pitoresco dominado por
uma feira de artesanato onde a renda de bilros é rainha e senhora. É aqui que vimos buscar
inspiração para o logótipo desta edição da Up, criação da simpática e supertalentosa rendeira
Zenaide Moisés. O raiar de um novo dia leva-nos até à Praia do Morro Branco e à das Fontes,
onde a areia das falésias, que parecem verdadeiros labirintos, tem 12 tons distintos e o mar
é uma tentação a 28O C. Depois chegamos a Aracati, para descobrir, com o historiador Antero
Pereira, a herança lusa – que salta à vista nos casarões com fachadas forradas a azulejos – da
pequena cidade que, em tempos, foi um dos portos mais importantes do nordeste do Brasil.
Em seguida fazemos os poucos quilómetros que faltam até à cool Canoa Quebrada. Semeada
entre enormes dunas e falésias ocres, Canoa era uma pequena colónia de pescadores e
bordadeiras até que, por volta de 1970, cineastas franceses, ligados ao movimento Nouvelle
Vague, a puseram no mapa-mundo ao lado de destinos exóticos alternativos como
Banguecoque, Bali, Kathmandu e Machu Picchu. Estar em Canoa implica também conhecer as
praias vizinhas de Quixaba, Majorlândia e Ponta Grossa, fazer um passeio numa jangada típica
em alto mar, andar de buggy pelas dunas, visitar o mangue na foz do rio Jaguaribe (www.
canoaviagens.com.br) e voar de parapente com Jerome Saunier, um perito na matéria (www.
canoabrasil.com/parapente.html). Mais duas curiosidades sobre Canoa Quebrada: o nome do
lugar surgiu no século XVII por causa de uma caravela portuguesa que encalhou num banco de
areia; o símbolo da cidade – a lua crescente a abraçar uma estrela (que na realidade será o
planeta Marte) – é obra do artesão Chico Eliziário.
68
up _ dezembro / december 12
\\\ We leave Fortaleza and head east. Our last stop on the coast of the rising sun will be Canoa
Quebrada, which is, perhaps, the most famous beach among the many to be found in this part
of Brazil. But before that, there is still much to see. Near Fortaleza, on Porto das Dunas beach, our
courage is tested to the limit. Are we brave enough to “face ‘Insano’ (Insane)” – the world’s
tallest water slide at a respectful 41 metres, which is all the rage at Beach Park, the largest and
oldest water park in Latin America? Yes, we are! We take on “Insano” and the chills and thrills of
“Kalafrio” – where we are ‘dropped’, in a dinghy for two, from a tower into a half-pipe. The great
thing about Beach Park (www.beachpark.com.br) is that it isn’t restricted to the brave; there are
slides for people of all ages and adrenaline levels, as well as a number of restaurants and
saunas, and a beach area, too. We’ve spent almost the entire day having fun at Beach Park, and
the sun is beginning to set as we make our way towards Prainha, a charming and quiet town
known for its craft fair where bobbin lace reigns supreme. This is where we have come to get the
logo for this issue of UP, a creation by the friendly and incredibly talented lace-maker, Zenaide
Moisés. The dawn of a new day takes us to the beach at Morro Branco and to Fontes Beach,
where the sand of the cliffs (which look like veritable labyrinths) has 12 distinct shades and the
waters are a constant temptation at 28O C. We then arrive in Aracati , once one of the most
important ports in north-eastern Brazil. We set off with historian Antero Pereira to discover the
Portuguese heritage of this small town, which can be clearly seen in the azulejo-covered
façades of its grand houses. Next, we cover the few remaining kilometres to ‘cool’ Canoa
Quebrada. Sown among enormous dunes and ochre cliffs, Canoa was a small colony of
fishermen and embroiderers up until around 1970, when French filmmakers linked to the
Nouvelle Vague movement put it on the map, alongside other exotic destinations such as
Bangkok, Bali, Kathmandu and Machu Picchu. Being in Canoa also means getting to know the
neighbouring beaches of Quixaba, Majorlândia and Ponta Grossa; going out to sea on a typical
raft; riding dunes on a buggy; visiting the mangroves at the mouth of the River Jaguaribe (www.
canoaviagens.com.br); and paragliding with Jerome Saunier, an expert on the subject (http://
www.canoabrasil.com/parapente.html). And here are another two interesting facts about
Canoa Quebrada: its name (which literally means broken canoe) arose in the 17th century after
a Portuguese caravelle ran aground into a sandbank; the symbol of the city – a crescent moon
embracing a star (which is actually the planet Mars), was created by the artisan Chico Eliziário.
\\\ Lagoa do Banana.
\\\ Banana Lagoon.
Esquibunda.
Buggy.
dezembro / december 12 _ up
69
10 bás icos d o c e a r á /
10 c e a r á bas ic s
FUN! FUN! FUN!
JERICOACOARA
\\\ O pôr do sol é hora de ponta na praia de Iracema e na
do Futuro, onde dezenas de surfistas se batem por uma
boa onda para fechar o dia com chave de ouro. Em
Jericoacoara também há quem faça surf –
especialmente entre dezembro e abril, quando o vento
acalma um pouco – mas são mais os windsurfers e
muitos mais ainda os kitesurfers, que encontram em
Jeri fortes ventos Alísios que garantem, no mínimo, seis
horas de diversão diária (especialmente entre
setembro e dezembro). Jericoacoara partilha esta
bênção com o Cumbuco, outra Meca do desporto. Em
resposta a uma foto da Barra do Cauípe que postei no
Facebook, uma amiga kitesurfer disse-me: “Já fui MUITO
feliz aí!”. É com pena que deixamos o Ceará sem fazer
uma aula de kite. Esperemos que o leitor possa fazê-la
por nós com a escola do ClubVentos, em Jeri
(www.clubventos.com.br) ou com a do Duro Beach, no
Cumbuco (www.durobeach.com). E já que estamos
numa de aprender, porque não uma aula de capoeira em
Jericoacoara? Todos os dias, depois do pôr do sol,
mestres de capoeira fazem uma demonstração na
praia. Pergunte-lhes como pode aprender esta arte
marcial mascarada de dança que os escravos africanos
trouxeram para o Brasil.
\\\ Chegar a Jijoca de Jericoacoara – a partir de Fortaleza – implica quatro horas
de carro ou cinco de autocarro. A partir daí, os carros comuns deixam de ser úteis.
É preciso um 4x4, um buggy ou uma “jardineira”, espécie de trator, para fazer o caminho,
por estradas de areia, até chegar ao paraíso: Jeri. Nós preferimos fazer os 300 quilómetros
de helicóptero com o experiente piloto Luiz Tadeu (+55 85 3476 3099). Não só ganhamos
tempo, como temos de bónus o prazer de apreciar a paisagem como se fossemos
pássaros. Sobrevoamos as praias desertas, vemos as jangadas de madeira que pescam
ao largo e as lagoas que cintilam ao sol no meio das dunas brancas como a cal. E também
os parques eólicos e os viveiros do melhor e mais caro camarão do Brasil: o da Costa Negra.
Já em domínios do Parque Nacional de Jericoacoara, Tadeu aproxima-se da Pedra Furada,
para fotografarmos das alturas o cartão postal da vila piscatória que, em 1994, o The
Washington Post pôs no top 10 das praias mais bonitas do mundo. Aqui o sol escalda, o
vento refresca, o mar é de um verde azulado cristalino e andar descalço é quase uma
obrigação. Não há um metro quadrado de alcatrão e a eletricidade não faz assim tanto
tempo que chegou à vila. Os jegues (burros) e os buggies são os meios de transporte
oficiais. Com o bugueiro Edson entramos pelo admirável parque nacional adentro para
esquadrinhar quilómetros e quilómetros de praias desertas e de dunas a perder de vista.
Paramos no Restaurante do Paulo, à beira da lindíssima Lagoa do Paraíso para petiscar uns
croquetes de peixe e dar um mergulho e daí seguimos para a Lagoa Azul. Assentamos
arraiais no bar de praia homónimo do espelho de água (www.lagoazuljeri.com.br) onde as
mesas, cadeiras e redes estão dentro de água. Novo mergulho, nova petiscada e um
chope bem fresquinho para matar a sede. Alugamos uma prancha de SUP (stand-uppaddle) e um caiaque para navegar nas águas cristalinas. É pena não termos trazido a
máscara para fazer snorkel... São já cinco horas e voltamos a Jeri para ver o pôr do sol na
maior duna da praia consagrada ao fenómeno. É do alto dos 30 metros de areia que vemos
o astro desaparecer no mar – coisa rara no Brasil, onde é geral o sol pôr-se em terra e
nascer no Atlântico – arrancando uma demorada salva de palmas da multidão. Viéssemos
entre junho e agosto e aplaudiríamos o fenómeno junto da Pedra Furada, onde o sol se
despede de mais um dia mesmo no meio do furo. A manhã leva-nos até Tatajuba, não sem
antes passar pelo mangue, onde vivem cavalos-marinhos de todas as cores, e pela praia
do Mangue Seco. Há duas Tatajubas: a Velha, que as dunas engoliram, e a Nova, uma
espécie de retrato do que era Jeri há vinte anos – um mimoso oásis no deserto à
beira-mar. Mais adiante, já bem perto da bonita Lagoa da Torta, achamos por bem descer
uma duna de 60 metros deslizando numa prancha parecida com um snowboard. Não
fosse o calor abrasador e podíamos julgar que descíamos as pistas dos Alpes Franceses, já
que a areia é tão branca como a neve. A despedida aproxima-se, mas ainda percorremos,
com os pés na areia, algumas lojas de artesanato na castiça rua principal. Jeri deixará
saudades, pela sua simpatia e autenticidade, mas sobretudo pela forma como nos
recebeu: de braços abertos, à boa moda do Ceará.
70
\\\ From Fortaleza, it will take you four hours to reach Jijoca de Jericoacoara by car, and
five hours by bus. From this point on, an ordinary car is of absolutely no use. You need a
four-by-four, a buggy or a “jardineira”, a type of tractor, to make your way along sand roads
until you reach paradise: Jeri. We prefer to cover these 300 kilometres by helicopter with
experienced pilot, Luiz Tadeu (+55 85 3476 3099). Not only do we gain time, but, as a bonus,
we are able to take in and appreciate the scenery from a bird’s eye view. We fly over
deserted beaches, we see wooden rafts fishing off the coast and lagoons glowing in the
sun amid chalk-white dunes, as well as the wind farms and the nurseries that produce the
best and most expensive prawns in Brazil – Costa Negra prawns. As we fly over the
Jericoacoara National Park, Tadeu approaches Pedra Furada (a stone with a wide central
hole) so that, from on high, we can photograph the calling card of this fishing town, which
the Washington Post included in its Top 10 list of the most beautiful beaches in the world in
1994. This is the land of the scalding sun and the refreshing wind, where the sea is a
crystalline turquoise and walking barefoot is almost an obligation. There isn’t a single
square metre of tar to be seen and electricity is a relative new-comer to this village.
Jegues (donkeys) and buggies are the official means of transport. Together with our buggy
driver, Edson, we make our way around the remarkable National Park as we explore
kilometre upon kilometre of deserted beaches and dunes stretching as far as the eye can
see. We stop at Restaurante do Paulo (Paulo’s Restaurant), on the edge of the beautiful
Paraíso Lagoon to nibble on some fish croquettes and go for a swim. From here, we set off
for Lagoa Azul (Blue Lagoon), and ‘set up camp’ at the beach restaurant (“barraca”) named
after this lagoon (www.lagoazuljeri.com.br), where the tables, chairs and hammocks are in
the water. Yet another swim, some more tasty treats and an ice-cold “chope” (draft beer)
to quench our thirst. We rent an SUP (stand-up-paddle) board and a kayak to make our way
around the crystal clear waters. It’s a pity we didn’t bring our snorkelling mask! It is now five
o’clock and we return to Jeri to see the sunset from the largest dune on the beach
devoted to this phenomenon. It is from a height of 30 metres of sand that we watch the
sun disappear into the sea – which is a rarity in Brazil, where the sun usually sets over the
land and rises in the Atlantic – drawing a lengthy round of applause from the crowd. Were
we to be here between June and August, we’d applaud this phenomenon near Pedra
Furada, where the sun bids farewell to another day right in the middle of the hole in the
stone. The next morning takes us to Tatajuba, but not before we visit the mangroves,
home to seahorses of many different colours, and the beach at Mangue Seco. There are
two Tatajubas: the Old One that was swallowed by the dunes, and the New Tatajuba which is
almost a picture of what Jeri was like twenty years ago – a charming, seaside oasis in the
desert. Further ahead, very close to the beautiful Lagoa da Torta Lagoon, we decide it’s a
good idea to slide down a 60-metre dune on a board that looks like a snowboard. And were
it not for the scorching heat, we would think that we were on the slopes in the French Alps,
as the sand is as white as snow. The time to say goodbye is fast approaching, but (with our
feet in the sand) we still visit some of the craft shops to be found on this unique main road.
We will miss Jeri for its friendliness and authenticity, but, above all, for the way in which it
welcomed us: with open arms, in that wonderful Ceará fashion.
\\\ Sunset is rush hour at Iracema and Futuro beach,
where dozens of surfers fight it out for a good wave to
end the day in style. In Jericoacoara, there are other
surfers - especially between December and April, when
the wind dies down a little – however, there are more
windsurfers and even more kitesurfers that find strong
winds that guarantee at least six hours of fun
(particularly between September and December).
Jericoacoara shares this advantage with Cumbuco,
another sport Mecca. In answer to a photo of Bar do
Cauípe I posted on Facebook, a kitesurfer friend told
me: “I’ve been VERY happy there.” Sadly we leave Ceará
without having any kitesurfing lessons. Hopefully you
can do it for us at the ClubVentos school in Jeri
(www.clubventos.com.br) or at Duro Beach, in Cumbuco
(www.durobeach.com). And as we’re on the subject of
learning, why not have capoeira class in Jericoacoara?
Every day, after sunset, capoeira masters give a
demonstration on the beach. Ask them how you can
learn this martial art dressed up as a dance that
African slaves brought to Brazil.
\\\ Praia do
Man
\\\ Mangue Se gue Seco.
co beach.
ara.
\\\ Centro de Jericoaco
.
\\\ Jericoacoara centre
\\\ Rua prin
cipal, Jerico
ac
\\\ Jericoac
oara main st oara.
reet.
BALADA! / music making
\\\ Entrar no Pirata é ser contagiado por uma espécie
de formigueiro que percorre a espinha de cima a
baixo e faz com que o nosso corpo ganhe vida própria.
Quase sem darmos por isso, estamos a dançar no
meio da turba que se sacode ao som da quadrilha.
No bar, que se orgulha de ter “as segundas feiras
mais loucas do mundo”, a noite começa com um baile
de forró e acaba com um caldo de feijão bem quente
para consolar os valentes que aguentam o ritmo até
às cinco da manhã. Pelo meio, sobe ao palco a banda
da casa, que saltita entre temas próprios e
reinvenções de clássicos da MPB, do rock, samba, axé
e da melhor pop made in Brasil. Mas o Pirata não está
só, longe disso! O Mucuripe é outro dos preferidos dos
noctívagos. No megaclube, há sete espaços para
dançar qualquer género, desde reggae a rock, sem
esquecer as batidas eletrónicas. A nossa energia não
dá para mais – estes cearenses são feras da noite! –,
por isso, deixamos que Iratuã Freitas, um perito na
matéria, nos fale de outras capelinhas por onde deve
passar: “Há o Gato Preto, barzinho underground no
bairro preferido dos universitários e a Toca do Plácido,
de ambiente kitsch, que passa música brasileira,
tangos, salsa e blues. O Boteco Praia é um dos
principais pontos de encontro dos ‘bem nascidos’,
o bar fica à beira da Praia de Iracema, numa casa da
década de 30 que serve excelentes petiscos e
tira-gostos. No At Home, pub (e hostel!) de estilo
londrino, há música ao vivo: às quintas, blues, nos
outros dias, rock. No Guarderia Brasil, na Praia do
Futuro, há sunset parties com DJ de sexta-feira a
domingo e volta e meia tocam também bandas de
jazz”. Em Canoa Quebrada, sabemos que todos os
caminhos vão dar à Broadway, a rua principal, onde há
uma miríade de bares e lounges para todos os gostos
e feitios que misturam os ritmos do forró, do samba,
da MPB e da música eletrónica. E também há os
imperdíveis “luaus” na praia às sextas e sábados, que
duram da meia-noite até ao raiar do sol. Tal como em
Canoa, em Jericoacoara, a rua principal é o ponto de
encontro e o Bar do Forró um dos mais concorridos.
Música ao vivo, DJ sets, luaus e sunset parties são
costumeiros um pouco por toda a vila, especialmente
em época alta. Antes de voltar ao hotel, é
fundamental passar pela padaria Santo António, que
só funciona das 2 às 7 horas. Os pãezinhos recheados
com queijo, banana ou coco são o merecido consolo
depois de uma noite de folia.
\\\ When we visit Pirata we’re infected by a kind of
tingling that runs up and down our spine and which
makes our own body gain a life of its own. Almost
without realising it, we find ourselves dancing in the
middle of the crowd to the sound of quadrilha (popular
dance style). In the bar, which proudly boasts to
having “the wildest Mondays in the world”, the evening
begins dancing forró and ends with a hot bean soup to
warm the hardy souls that take the pace until five in
the morning. Somewhere inbetween, the house band
takes the stage playing their own material and a host
of MPB, rock, samba, axé classics and best Brazilian
pop. However, Pirata has good company! The Mucuripe
is another favourite with night owls. This mega club
boasts seven different spaces to dance all kinds of
music, from reggae to rock, not forgetting electro. Our
energy doesn’t stretch so far (these locals are real
party animals!), so we let Iratuã Freitas, an expert on
this particular subject, tell us about all the other
hotspots: “There’s Gato Preto, an underground bar in
the most popular area with university students and
Toca do Plácido which has a kitsch feel, with Brazilian
music, tango, salsa and blues. Boteco Praia is one of
the main meeting points of the ‘beautiful people’, the
bar is located on the Iracema beachfront, dating back
to the 1930s and serving excellent snacks and nibbles.
In the London-style At Home pub and hostel, there’s
live music: blues on Thursdays, and rock on the other
days. In Guardería Brazil, in Praia do Futuro, there are
sunset parties with DJs from Friday to Sunday, with
the occasional jazz band”. In Canoa Quebrada, we
know that all roads lead to Broadway, the main street,
where there’s a wide range of bars and lounges of all
shapes and sizes that host a mix of forró, samba, MPB
and electronic music. And then there’s the essential
beach “luaus” on Fridays and Saturdays which take
place from midnight until sunrise. In Canoa, in
Jericoacoara, the main street is the town’s meeting
point and the Bar do Forró one of the busiest of the
city. Live music, DJ sets, luaus and sunset parties are
regular event throughout the town, particularly in high
season. Before returning to your hotel, pay a visit to
the Santo António bakery which is only open from 2
a.m. to 7 a.m.. The rolls stuffed with cheese, banana or
coconut are perfect fare after a night on the tiles.
Pirata \\\ www.pirata.com.br
Mucuripe \\\ www.mucuripe.com
.
Capoeiristas
AGRADECIMENTOS / ACKNOWLEDGEMENTS
\\\ Lagoa do Paraíso.
\\\ Paraíso Lagoon.
Pedra Furada.
\\\ A Up agradece à SETUR – Secretaria de Estado do Turismo do Estado do Ceará o imprescindível apoio nesta
viagem. Um obrigado muito especial a Carmen Walraven, Tunay Peixoto e Mara Cibely.
\\\ UP would like to thank SETUR – (Secretary of State for Ceará Tourism) for their invaluable help.
Special thanks go to Carmen Walraven, Tunay Peixoto and Mara Cibely.
www.ceara.gov.br
dezembro / december 12 _ up
71

Documentos relacionados