Diapositivo 1 - Biblioteca Digital do CNE
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Gilwell e a Insígnia de Madeira Na história do Escutismo, o Parque de Gilwell e a Insígnia de Madeira têm um lugar de destaque pela sua longevidade e importância no Movimento. O parque é um local mítico que todos os Escuteiros procuram visitar quando vão a Inglaterra, sempre repleto de jovens e adultos nas mais diversas actividades. Foi aqui que surgiu a Insígnia de Madeira, no curso de formação de dirigentes que, entretanto, se espalhou pelo mundo. Gilwell… um nome O mais antigo registo de terras pertencentes ao Parque de Gilwell (ou Gillwell, como se escrevia antigamente) remonta a 1407, quando faziam parte da Paróquia de Waltham Abbey. O seu proprietário era John Crow, que chamava às suas terras “Gyldiefords”. As terras mudaram de dono poucos anos mais tarde e, como era hábito na época, o novo dono (Richard Rolfe) alterou o nome das terras para “Gillrolfes”, usando o seu próprio apelido. Gilwell… um nome O prefixo “Gill” vem de uma palavra do inglês antigo que significava vale ou depressão. Pouco depois da morte de Richard Rolfe, em 1422, as terras foram separadas em dois campos, conhecidos como Great Gilwell e Little Gilwell. O sufixo “well” vem do inglês antigo “wella”, que significava nascente ou ribeiro. Assim, Gilwell seria um vale com uma nascente ou ribeiro. Gilwell… um parque com história Ao longo dos vários séculos, as terras que hoje constituem o Parque de Gilwell mudaram de proprietário diversas vezes, tendo sido agregadas e divididas várias vezes. Na década de 1730, as terras de Gilwell foram guarida para um mítico salteador inglês, Dick Turpin. Gilwell… um parque com história Em 1793, a família Chinnery mudou-se para Gilwell, tendo sido os mais importantes ocupantes do parque. Esta família era um modelo da alta sociedade londrina, dinâmicos, enérgicos e ligados às artes. William Chinnery, um jovem ambicioso com um rápido sucesso profissional, foi agregando à propriedade outros terrenos ao redor que iam aparecendo para venda. Gilwell… um parque com história Margaret Chinnery transformou os terrenos em magníficos jardins e decorou o edifício principal a rigor, organizando frequentemente serões, chamando, assim, as atenções da alta sociedade. Até os membros da família real eram frequentadores de Gilwell, como o Rei Jorge III, o Príncipe Regente e o Duque de Cambridge. Margaret Chinnery Gilwell… um parque com história Em 1812, foram descobertos os estratagemas fraudulentos que William Chinnery usava para desviar enormes quantias de dinheiro dos cofres do reino e assim alimentar a glamorosa vida social da família, tendo-lhe sido confiscado o Parque de Gilwell. Margaret Chinnery Gilwell… um parque com história Gilwell foi posto à venda através de um leilão, mas, por causa do escândalo com os anteriores donos, só foi comprado em 1815, por Gilpin Gorst, pelo preço de 4940 libras. Cartaz anunciando o leilão de várias propriedades Gilwell… um parque com história Cartaz anunciando o leilão da propriedade em quatro lotes Gilwell… um parque com história A propriedade voltou a mudar de dono várias vezes. Em 1858, foi comprada por William Gibbs, um industrial excêntrico, poeta e inventor. A sua invenção de maior sucesso foi a pasta dentífrica “Gibbs”, produzida na sua própria fábrica. Após a sua morte, em 1900, mulher e filhos viram-se incapazes de manter a propriedade em boas condições, dados os elevados custos de manutenção, acabando por vendê-la. Escuteiros compram Gilwell William Frederick de Bois Maclaren era um generoso empresário escocês e também escuteiro, sendo Comissário Distrital (dos escuteiros) de Roseneath, em Dumbartonshire. Foi director de uma empresa ligada às plantações de borracha, café e cacau, nas colónias britânicas. Escuteiros compram Gilwell William Pertencia ao clã escocês dos Maclaren, que remonta ao século XIII, cujo tartan encontramos no Lenço de Gilwell. Faleceu em Junho de 1921. Tartan dos Maclaren Brasão dos Maclaren Escuteiros compram Gilwell Numa visita que fez a Londres, Maclaren impressionou-se ao ver os escuteiros londrinos fazerem as suas actividades em ruelas e terrenos baldios. Em Novembro de 1918, Maclaren contactou B-P, manifestando-lhe o seu desejo de comprar um campo escutista para a associação, que ficasse perto de Londres e acessível aos escuteiros da parte oriental da cidade. Escuteiros compram Gilwell B-P falou nesta ideia a Percy Bantock Nevill, na altura Comissário para Londres Oriental. Ainda em Novembro, Maclaren e Nevill juntaram-se para discutir o assunto e, após estudar várias opções, acordaram em procurar uma propriedade em Hainault Forest ou em Epping Forest, tendo Maclaren oferecido 7 mil libras para a compra. Percy Nevill Escuteiros compram Gilwell Vários grupos de Caminheiros procuraram propriedades em ambas as áreas durante algum tempo, sem sucesso, até que, um dia, o dirigente John Gayfer sugeriu a Nevill o Parque de Gilwell, perto da vila de Chingford, onde costumava ir observar aves, e que estava à venda. Nevill visitou o local e ficou bem impressionado, apesar do aspecto deplorável em que se encontrava o parque. A propriedade, com um total de 53 acres, estava à venda por exactamente 7 mil libras. B-P visitou o local a 22 de Novembro. Escuteiros compram Gilwell Feita a compra, Nevill levou para Gilwell os seus Caminheiros, na Quinta-feira Santa de 1919, para começarem uma operação de limpeza e recuperação durante as férias da Páscoa. Os edifícios estavam degradados e a vegetação desgovernada cobria os terrenos. Escuteiros compram Gilwell Na primeira noite, descobriram que os terrenos eram demasiado húmidos para montar tendas, por isso ficaram numa velha cabana de jardinagem que baptizaram de “The Pigsty” (a pocilga), que ainda hoje existe. Escuteiros compram Gilwell As despesas com a recuperação do edifício principal foram subestimadas, mas Maclaren, entusiasmadíssimo com os trabalhos, doou mais 3 mil libras. Durante vários fins-de-semana, Escuteiros e Caminheiros deslocaram-se ao Parque de Gilwell para participar nos trabalhos. Escuteiros compram Gilwell Em Maio de 1919, Francis Gidney foi nomeado Chefe de Campo, orientando de forma mais consistente e direccionada os trabalhos de recuperação. A inauguração oficial do Parque de Gilwell deu-se a 26 de Julho de 1919. A esposa de Maclaren cortou as fitas e o próprio Maclaren foi condecorado por B-P com o Lobo de Prata. Escuteiros compram Gilwell O parque evoluiu muito desde 1919 até hoje, com novas construções, reconstruções e marcos importantes. Escuteiros compram Gilwell Durante a Segunda Guerra Mundial, o parque foi requisitado pelo Ministério da Guerra para centro de treino de armas anti-aéreas e quartel-general para a defesa de instalações militares próximas. Por causa disto, o parque foi alvo de bombardeamentos inimigos, tendo, num dos ataques, caído três bombas. Uma delas deu origem ao lago conhecido por “Bomb Hole”, o qual foi alargado posteriormente para se poder fazer canoagem. Formação de Dirigentes B-P deu os primeiros passos na formação de dirigentes, organizando palestras no início da década de 1910. Era evidente que esta formação era demasiado teórica e era necessária uma vertente mais prática, só possível com um local adequado. B-P convenceu Maclaren de que o Parque de Gilwell era suficiente para albergar também um centro de formação de dirigentes. Formação de Dirigentes Seguindo as linhas orientadoras definidas por BP, Gidney dirigiu o primeiro curso de formação de dirigentes em Gilwell, de 8 a 19 de Setembro de 1919, com 18 formandos. Formação de Dirigentes Fizeram parte dos conteúdos temas como organização de patrulhas, pioneirismo, faca e machado, formaturas, marcha, bandeiras, higiene e saúde em campo, latrinas, fogueiras, tendas, campismo, pontes, fauna e flora, morse e homógrafo, pistas, jogos, medição de distâncias, mapas, etc. Formação de Dirigentes O curso foi um sucesso, ficando conhecido como curso da “Insígnia de Madeira”, devido à certificação que era dada a quem o concluísse. Formação de Dirigentes Nos primeiros cursos, os formandos eram divididos em patrulhas e aprendiam como treinar os seus rapazes através de jogos. As actividades práticas, ao ar livre, eram a tónica principal. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Francis Gidney começou um dos primeiros grupos de Escuteiros em Inglaterra, em 1908, aos 16 anos. Terminou os estudos na Universidade de Cambridge em 1914, tendo-se voluntariado para a Guerra Mundial que, entretanto, tinha começado. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Gidney foi enviado para França, onde foi promovido ao posto de capitão, mas foi ferido com gravidade em combate e regressou a Inglaterra antes do Armistício. Interior da “Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell Francis Gidney, o “homem-rapaz” A sua escolha para Chefe de Campo em Gilwell deveu-se muito à sua personalidade jovem e divertida, e ao seu transbordante entusiasmo pelo Escutismo, enfim, um autêntico “homemrapaz”, como B-P o descrevia. O seu fascínio por trepar às árvores, construir cabanas de madeira, fazer representações teatrais e truques com facas e machados nos fogos de conselho, dava a Gilwell o ambiente de “escutismo em acção” com que B-P sonhava. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Todos os que passavam em Gilwell sentiam uma adoração por Gidney. Colaborou ainda com James West, nos Estados Unidos, na elaboração dos cursos de Insígnia de Madeira dos Boy Scouts of America. Algumas desavenças com a direcção da associação escutista levaram-no a abandonar Gilwell, em 1923, e, passados cinco anos, acabou por falecer devido ao agravamento dos ferimentos de guerra, aos 38 anos. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Gidney não foi “apenas” o primeiro a dirigir um curso de Insígnia de Madeira. Foi ele que criou o 1º Grupo de Gilwell para os portadores da Insígnia de Madeira, bem como o lenço de Gilwell e o modelo das Reuniões de Gilwell que ainda hoje se realizam. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Usando o pseudónimo “Gilcraft”, ele e outros dirigentes escreveram uma longa série de artigos nas publicações escutistas oficiais, tendo posteriormente editado vários livros na famosa “Série Gilcraft”, começando com um primeiro da sua autoria, “Spare Time Activities”. Francis Gidney, o “homem-rapaz” Foi ele que popularizou o termo “woggle” para a anilha de Gilwell, que hoje é usado no mundo inteiro para as anilhas que usamos no lenço. Francis Gidney, o “homem-rapaz” O machado cravado num tronco, símbolo do Parque de Gilwell, foi escolha sua. Em sua honra, foi construída uma cabana no parque, com o seu nome, ainda hoje usada. “Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell O Parque de Gilwell e o Curso da Insígnia de Madeira trouxeram ao Escutismo uma série de símbolos que nos são, ainda hoje, bastante familiares: o lenço, a anilha, o colar de contas, o portão dos leopardos e o machado enterrado no tronco. O lenço Gidney criou o chamado 1º Grupo de Gilwell e o respectivo lenço, em 1921. Fazem parte deste grupo, por tradição, todos os dirigentes, de todo o mundo, portadores da Insígnia de Madeira. Aos primeiros formandos dos cursos era entregue um lenço, de cor exterior cinzenta (cor da humildade) e interior rosa-vermelho, pertença do parque, passando a usar todos um lenço igual, independentemente da posição que ocupassem no escutismo. No final do curso, os lenços eram devolvidos ao parque. O lenço Posteriormente, o cinzento exterior foi substituído por um tom bege-areia, não havendo registo de quando passou a ser usada esta cor. Chegou a ser usado um lenço feito totalmente com o tartan do clã Maclaren, em homenagem ao homem que doou o dinheiro necessário para a compra do parque, mas, devido ao custo excessivo do tecido, o tartan passou a figurar apenas num rectângulo no vértice do lenço. O lenço Inicialmente, o lenço do 1º Grupo era também usado pelo staff do parque, mas, a partir de 1924, passou a ser restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. O tartan é propriedade registada do clã Maclaren. O seu uso é permitido apenas no lenço de Gilwell e não pode ser usado para outro fim. O colar Originalmente, B-P tinha pensado em oferecer aos formandos do curso dois pendões para o chapéu, à semelhança do que os oficiais americanos usavam. O colar Entretanto, enquanto vasculhava nas recordações que tinha trazido de África e da Índia, encontrou um colar com contas de madeira, tendo optado por estas. Ainda assim, as suas primeiras ideias para o uso das contas foram para o chapéu, a imitar os pendões, ou na casa de um dos botões do casaco. Desenhos de B-P sugerindo o uso das contas O colar Em breve, B-P decidiu alterar estas ideias, provavelmente pelo facto de que os portadores da Insígnia de Madeira só poderiam usar as contas quando estivessem com o chapéu (ao ar livre) ou de casaco. O uso das contas num colar, usando um atilho de couro, permitiria aos seus portadores usálas em todas as circunstâncias. A ideia do atilho e do colar poderá ter tido origem noutra recordação que B-P trouxe de África. O colar Durante o Cerco de Mafeking, numa das rondas que B-P fazia frequentemente pela cidade, um idoso indígena interpelou-o, admirado por ele não andar a assobiar e sorrindo, como era costume. Numa breve troca de palavras, em que B-P se mostrou menos esperançado quanto ao futuro, dadas as condições adversas e dramáticas do cerco, o idoso ofereceu-lhe um atilho de couro, que lhe tinha sido dado pela mãe à nascença, para dar sorte e afastar os maus espíritos. O colar Nesse mesmo dia, a cidade recebeu a notícia de que o Coronel Plumer e as suas tropas iriam chegar a Mafeking nos próximos dias, libertando a cidade do penoso cerco dos Boéres. A Insígnia de Aquelá De 1922 a 1925, aos formandos do curso para Chefes de Alcateia que terminassem com sucesso, era oferecido um dente canino de lobo - A Insígnia de Aquelá -, em vez das contas de madeira. Os formadores destes cursos recebiam dois dentes. A Insígnia de Aquelá O padre Jacques Sevin, fundador dos Scouts de France, foi um dos recebeu a Insígnia de Aquelá. A Insígnia de Aquelá Em 1925, a mesma comissão que decidiu acabar com o uso do dente, instituiu o uso de uma pequena conta colorida, imediatamente acima do nó do colar, para identificar a secção a que respeitava o curso tirado: amarela para lobitos, verde para escuteiros e vermelha para caminheiros. Em 1927, a mesma comissão decidiu-se por cancelar o uso da conta. Exemplar de Insígnia de Madeira de um curso para Chefes de Clã Colares com mais de 4 contas Colar de 6 contas de B-P Quando os primeiros países estrangeiros começaram a ministrar os seus próprios cursos de Insígnia de Madeira, os directores desses cursos eram nomeados representantes do Parque de Gilwell nos seus países, usando um colar com cinco contas, uma suposta tradição lançada por B-P. O próprio B-P usava um colar com seis contas. Colares com mais de 4 contas O outro colar de seis contas que surgiu foi oferecido por B-P a Sir Percy Everett, que o auxiliou desde os primeiros dias do escutismo e esteve directamente ligado à formação de dirigentes. Em 1949, Everett entregou o seu colar de seis contas ao Chefe de Campo do Parque de Gilwell, John Thurman, para ser usado pela pessoa responsável pela formação de adultos em Inglaterra, tradição que se mantém ainda hoje. A anilha No início da década de 1920, B-P terá sugerido ao staff do parque a criação de uma anilha especial para ser usada com o lenço de Gilwell. William Shankley, um australiano de 18 anos, membro do staff do parque, terá usado um atilho de couro (muito usados para fazer fogo por fricção, uma prática comum nos primeiros cursos) para produzir um Nó de Cabeça de Turco com duas voltas, que foi adoptado como anilha oficial de Gilwell. A anilha O termo “woggle”, que não é usado fora do escutismo, pode ter sido ideia do próprio Shankley, mas Gidney tornou-o popular, ao publicar um artigo sobre o assunto na revista “The Scout”, em 1923. Em 1943, o Chefe de Campo, John Thurman, instituiu a atribuição da anilha aos dirigentes que completassem a primeira parte (formação básica) do curso, sendo o lenço e o colar de contas atribuídos no final da segunda parte do curso (formação avançada). O machado no tronco Francis Gidney, o primeiro Chefe de Campo em Gilwell, procurava um símbolo especial para o parque, que marcasse uma grande diferença entre este e a sede nacional, apesar de ser, também, propriedade da associação. Gidney queria que o símbolo representasse bem as actividades ao ar livre e a técnica escutista, que eram vividas em Gilwell, em contraste com o ambiente administrativo e comercial dos serviços centrais. O machado no tronco Os cursos ministrados no parque eram muito práticos e o uso do machado era frequente, sendo dada muita importância a questões de segurança com estes e outras ferramentas. Sempre que não estavam a uso, os machados deviam ser cravados num tronco, para evitar acidentes, pelo que havia bastantes machados em troncos espalhados pelo parque. Foi neles que Gidney se inspirou ao criar o símbolo de Gilwell. Portão dos Leopardos As cancelas têm cerca de 1,70 m de altura. Construído por Don Potter, membro do staff do parque, em 1928, é, ainda hoje, um elemento simbólico do Parque de Gilwell. Portão dos Leopardos O portão marca a entrada do Parque de Gilwell, embora não seja usado. Tem este nome por causa de dois pequenos leopardos, esculpidos em madeira, no topo de cada uma das cancelas. Don Potter ao lado de B-P Os dois leopardos Portão dos Leopardos Um dos leopardos desapareceu, há muitos anos atrás, tendo sido substituído, mas voltou a desaparecer, tendo Potter feito outro, em 1997, quase aos cem anos de idade. Potter fez parte do staff de Gilwell durante vários anos, tendo-se especializado no trabalho com madeiras. A origem das pequenas contas de madeira está envolta num misto de história e lenda, romantizada por estórias passadas de década para década. Embora haja dúvidas quanto à veracidade de alguns acontecimentos frequentemente relatados, o certo é que estas contas não são umas contas quaisquer. Isiqu, a “medalha” dos Zulus Os relatos mais antigos remontam ao tempo de Shaka kaSenzangakhona (17871828), o famoso rei que transformou várias tribos dispersas da África do Sul na imponente nação Zulu. Shaka, rei dos Zulus Isiqu, a “medalha” dos Zulus Zululândia (1885) Isiqu, a “medalha” dos Zulus Isiqu, a “medalha” dos Zulus Isiqu, a “medalha” dos Zulus As tácticas militares inovadoras e a alteração que fez no armamento dos seus guerreiros, permitiram-lhe criar um exército impressionante, organizado, disciplinado e eficiente. Isiqu, a “medalha” dos Zulus Isiqu, a “medalha” dos Zulus Isiqu, a “medalha” dos Zulus Os mais bravos, tendo protagonizado feitos em batalha merecedores de destaque, eram “condecorados” pelo rei Shaka, em cerimónias públicas, com colares feitos de contas de madeira os “isiqu”. Isiqu, a “medalha” dos Zulus A madeira destas contas, amarelada, provinha de um salgueiro selvagem (Salix mucronata), a que os indígenas chamavam “um-Nyezane”, considerada “real” e para uso exclusivo do rei Zulu. Após a morte de Shaka, a tradição terse-á mantido. Salgueiro Salix mucronata Isiqu, a “medalha” dos Zulus Alguns historiadores sugerem que as contas seriam confeccionadas pelos próprios guerreiros distinguidos, originando colares “isiqu” de aspecto diferente, mas com um traço comum: encaixadas umas nas outras, perpendicularmente. Sistema de encaixe das contas do “isiqu” (ilustração de uma revista militar) Isiqu, a “medalha” dos Zulus Os colares de contas são muito utilizados na cultura Zulu, ainda hoje, sendo usados materiais naturais tais como madeira, sementes, marfim ou osso. Isiqu, a “medalha” dos Zulus Guerreiro Zulu, fotografado nos finais do século XIX, com dois “isiqu” cruzados no tronco Pintura retratando Maphelu, um guerreiro fiel a Dinizulu, com um colar “isiqu” Isiqu, a “medalha” dos Zulus Em 1999, foi construído um monumento em bronze, em Isandlwana, na África do Sul, em memória dos Zulus que tombaram numa sangrenta batalha naquele local, em 1879, contra o exército britânico. O monumento representa, precisamente, um “isiqu”. “Isiqu” do Monumento de Isandlwana Salgueiro Salix mucronata Dinizulu Dinizulu kaCetshwayo (18681913) era sobrinho-neto de Shaka e filho de Cetshwayo (o último rei Zulu reconhecido pelos britânicos). Dinizulu, entre 1883 e 1884, com um colar “isiqu” enrolado no tronco Dinizulu Depois da Guerra AngloZulu de 1878-79, os britânicos acabaram com o reino Zulu e dividiram a Zululândia em 13 distritos, cabendo um destes a Dinizulu, herdeiro do trono, que não tardou começar a “conquistar” pela força das armas outros distritos, pretendendo assumir-se como rei dos Zulus. Dinizulu Desavenças com mercenários Bóeres que ele próprio contratou e com os britânicos a quem, entretanto, pediu ajuda, levaram a que fosse procurado por tropas britânicas enviadas pelo Governador da Província do Natal, em 1888. Baden-Powell foi escolhido para oficial do estadomaior das tropas comandadas pelo Major McKean, que perseguiriam Dinizulu. Baden-Powell em 1888 A lenda do colar de Dinizulu Quando B-P chegou a uma zona de penhascos, bastante arborizada e com cavernas, chamada “Ceza Bush”, identificada como baluarte de Dinizulu e dos seus homens, já estes tinham escapado para a República do Transvaal. Ilustração feita por B-P, representando o avanço sobre um refúgio de Dinizulu A lenda do colar de Dinizulu Os britânicos só encontraram cavernas abandonadas e cabanas queimadas, numa das quais B-P terá segundo contou ele próprio em 1925 encontrado o colar “isiqu” de onde provieram as primeiras contas da Insígnia de Madeira. “Just before attacking I went into position with my Scouts at early dawn and found that the enemy had just hurriedly evacuated it, leaving most of their food and kit behind, and had crossed the border into the Transvaal, where of course we could not follow them. In the hut which had been put up for Dinizulu to live in, I found among other things his necklace of wooden beads.” A lenda do colar de Dinizulu Dinizulu entregou-se 3 meses mais tarde ao Governador do Natal, em casa da família Colenso, que apoiava a causa Zulu. Harriette Colenso Dinizulu em 1908 e durante o exílio, na Ilha de Santa Helena A lenda do colar de Dinizulu Diz a “lenda” que foi o próprio Dinizulu quem ofereceu o colar a B-P. Esta versão foi passada pela associação escutista inglesa, a partir da década de 50, devido ao embaraço causado pela versão anterior, segundo a qual B-P ter-se-ia apoderado do colar, abandonado por Dinizulu numa cabana especialmente preparada para ele. Réplica do suposto colar “isiqu” de Dinizulu, existente no Museu de Gilwell A lenda do colar de Dinizulu No seu livro “Lessons from the Varsity of Life” (1933, capítulo V - Zululândia), B-P relata o incidente em “Ceza Bush”, mas não faz qualquer referência ao colar “isiqu”. Curiosamente, nesse mesmo texto, conta como se apoderou de um colar de contas de uma rapariga Zulu que foi atingida por uma bala perdida e faleceu durante a noite, mesmo ao lado de B-P. Capa do livro “Lessons from the Varsity of Life” A lenda do colar de Dinizulu Nos diários onde BadenPowell descrevia detalhadamente todos os pormenores da sua vida, também não foi feita nenhuma referência ao colar. Certo é, que B-P nunca conheceu Dinizulu. Se o colar “isiqu” que B-P levou para Inglaterra era mesmo de Dinizulu, fica à imaginação de cada um. A lenda do colar de Dinizulu Vitrina no Museu de Gilwell, sobre o tema da Insígnia de Madeira, com uma réplica gigantesca do colar de contas original Formato das contas As contas que hoje ostentamos nos nossos colares da Insígnia de Madeira, são um pouco diferentes das primeiras. Estas, tinham um formado mais delgado na zona onde passa o fio de couro, para o encaixe entre elas. Formato das primeiras contas Formato das contas actualmente Formato das contas A “falha” nas extremidades é natural. Ao fazer os cortes em “V” nas extremidades, que seriam queimados, o interior do cerne da madeira de salgueiro desfazia-se, dando origem às pequenas “falhas”, características, também em “V”. Formato das contas Algumas das contas que são produzidas hoje em dia, não trazem estas pequenas “falhas”, sendo os cortes apenas pintados, e não queimados, excepto na zona da “falha”, que fica da cor da madeira. Exemplos de contas actuais, com tonalidades diferentes, algumas das quais sem a “falha” nas extremidades Volto a Gilwell A canção “Volto a Gilwell” é o conhecido hino dos cursos da Insígnia de Madeira. O Nó de Cabeça de Turco 1 2 O Nó de Cabeça de Turco 3 4 O Nó de Cabeça de Turco 5 6 O Nó de Cabeça de Turco 7 8 A marca (+) sinaliza o centro do nó. A partir do passo 8, a espia volta ao início, seguindo lado a lado com as voltas iniciais, até fazer o percurso todo novamente. O Nó de Cabeça de Turco 9 Podes fazer o percurso várias vezes, para conseguires uma anilha com mais voltas. Nós para o Colar Nós para o Colar O nó simples no colar por ser substituído por outro, mais elaborado. O próprio B-P usava, no seu colar, um nó de pinha de saco ou nó de diamante. A imaginação é o limite, desde que não se exceda a discrição. Ficam algumas sugestões. Nós para o Colar Os nós aqui apresentados foram criados por marinheiros para ornamentar as cordas que usavam ao pescoço das quais pendiam canivetes ou apitos. Todos têm em comum a entrada e saída de dois chicotes - dois para o pescoço e os outros dois para as contas. Nós para o Colar 3 1 2 4 Nós para o Colar 1 2 3 Nós para o Colar 1 2 3 Nós para o Colar 2 1 3 4 Nós para o Colar 1 2 3 Nós para o Colar 1 2 Nós para o Colar 1 2 Localização geográfica Gilwell Park fica a 1,5 Km da Estação de Comboios de Chingford, perto de Londres Localização geográfica Vista aérea do Parque de Gilwell Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Gilwell em imagens… Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell Museu de Gilwell http://inkwebane.cne-escutismo.pt
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