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“ISSO É COISA DE MENINO/A.”
Ou, como se constroem desigualdades de gênero e de sexualidade.
As desigualdades podem começar e serem naturalizadas
com os estereótipos expressos nos jargões Isso é coisa de menino e Isso é coisa de menina.
Refletindo na perspectiva dos Estudos Culturais, os binarismos são disjunções que expressam oposição e hierarquia. Assim, disjunções como masculino–feminino, homem–mulher,
heterossexual–homossexual, branco–preto, adulto–criança
expressam uma relação de MAIOR–menor, de SUPERIOR–
inferior.
Gênero e sexualidade são conceitos construídos em processos histórico-sociais. A construção dos sentidos e dos significados de masculinidade e feminilidade decorre da compreensão e das práticas de mundo vivido.
Inicialmente, é preciso esclarecer os conceitos de gênero e sexualidade considerados neste estudo. Conforme Scott
(1995), gênero é uma categoria de análise histórica que engloba símbolos culturais (representações), conceitos normativos
(interpretações dos símbolos), noção de política (instituições
e organizações sociais) e identidade subjetiva (relações objetivas). Para De Lauretis (1994), gênero é um produto de tecnologias sociais, discursos, epistemologias e práticas, constituindose de representações e processos de construção-desconstrução.
Carloto (2001) conceitua gênero como “[...] instrumento teórico que permite uma abordagem empírica e analítica das relações sociais.” (p. 201). Ou seja, a noção de gênero funciona
como categoria descritiva da realidade social e, ao mesmo
tempo, como categoria analítica, como um outro olhar sobre
os fenômenos sociais.
Com base na visão psicanalítica freudiana da sexualidade
humana, Bearzoti (1994) conclui:
Sexualidade é a energia vital instintiva direcionada para o prazer, passível de variações
quantitativas e qualitativas, vinculada à homeostase, à afetividade, às relações sociais, às
fases do desenvolvimento da libido infantil, ao
erotismo, à genitalidade, à relação sexual, à
procriação e à sublimação (p. 117).
Portanto, sexualidade extrapola a noção de ato ou relação
sexual, situando-se na dimensão de psicossexualidade, isto é,
entendida como energia vital. Ao mesmo tempo, constitui-se
em um fenômeno social e histórico. Daí a necessidade de interpretar o corpo num contexto cultural e de relações de poder,
pois a construção da sexualidade aproxima-se das especificidades contidas nas relações de gênero, carregadas de tensões
e contradições.
Sintetizando, gênero e sexualidade devem ser compreendidos como construções e relações histórico-sociais, pois apresentam variações de um contexto para outro, de uma cultura
para outra.
Ninguém nasce pronto como homem ou mulher. Cada ser
humano constrói-se ao longo de toda a vida no seio da cultura. Para Louro (2008), “Gênero e sexualidade são construídos
através de inúmeras aprendizagens e práticas, empreendidas
por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais,
de modo explícito ou dissimulado, num processo sempre inacabado.” (p. 17).
É por meio da cultura que se pode compreender as diferenças e/ou semelhanças entre os sexos, as desigualdades sociais,
as relações de dominação e de poder, bem como as formas
de padronização de comportamentos. Para Foucault (2014), os
corpos não são uma dádiva da natureza, são construídos em
contextos histórico-sociais. A sexualidade, entendida como
uma forma de poder, integra os mecanismos de dominação dos
sujeitos e dos grupos pelas relações de saber-poder.
A construção dos gêneros e das sexualidades, em cada cul-
EDIÇÃO: ANO 25 - Nº 65 - DEZEMBRO/2014
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
tura, ocorre por meio de aprendizagens e práticas desenvolvidas nas e pelas instituições sócio-culturais, como a família, a
escola, o Estado e a igreja. Normas de conduta são impostas,
explícita ou dissimuladamente, pelas sociedades de todos os
lugares e tempos. Formas de regulação, de vigilância e de controle dos sujeitos pelas instâncias de poder caracterizam essas
sociedades. Conceitos normativos legitimam as diferenças de
gênero e de sexualidade em todas as instâncias e dimensões,
produzindo desigualdades.
No mundo ocidental, em especial, produziu-se a desigualdade de gênero com base na supremacia do homem, caracterizado como branco, heterossexual, culto, com alto status social,
cristão e europeu. A regulação, o controle dos indivíduos por
parte das instituições sociais, tem servido mais à padronização
e à sua naturalização do que ao simples regramento da vida
social.
Pedagogias culturais, no entendimento de Louro (2008),
reproduzem conceitos, crenças, certezas, forjando sujeitos segundo modelos hegemônicos e naturalizando desigualdades.
Essa naturalização das desigualdades fundamenta-se nas crenças, estrutura-se no imaginário social a partir de construções
hegemônicas e materializa-se nas relações, nas atitudes e no
poder.
Historicamente, as sociedades, em diferentes mundos culturais, produzem a subjetivação dos estereótipos de gênero por
meio de processos sociais, culturais e linguísticos. Tais estereótipos decorrem de crenças estruturadas sobre supostos atributos naturais de homens e mulheres, condicionando condutas,
forjando comportamentos e estilos, interiorizando valores e
papéis marcados, perpetuando desigualdades e estigmatizando diferenças e/ou diversidades. Para Louro (2008), a norma
é onipresente, sendo capaz de naturalizar, padronizar. Assim,
a diferença tende a ser normalizada, naturalizada e ensinada,
pois é tomada a partir de uma identidade referência, uma posição considerada “normal”. “[...] a diferença não é natural, mas
sim naturalizada. A diferença é produzida através de processos
discursivos e culturais. A diferença é ‘ensinada’.” (LOURO,
2008, p. 22). Na mesma perspectiva posiciona-se a pesquisadora Quaresma da Silva (2014), enfatizando que através dos
discursos pedagógicos meninos e meninas aprendem sobre
como devem agir e se comportar. Esse enquadramento “[...]
confirma que as masculinidades e as feminilidades são construídas e produzidas nas relações de poder de uma sociedade
e estão marcadas pelas particularidades do contexto histórico
cultural onde elas emergem.” (QUARESMA DA SILVA, 2014,
p. 46).
Os estereótipos de gênero podem ser identificados sob as
mais diferentes representações. É o caso, por exemplo, das
cores. O azul representa infinitude (céu e mar) e identifica o
masculino. A cor rosa representa fragilidade, delicadeza, identificando o feminino. Na instância escolar, a chamada pedagogia do privilégio rotula os meninos como independentes,
seguros, travessos, criativos e naturais, preparando-os para
a vida pública (o trabalho e a sociedade). Já as meninas são
consideradas dependentes, inseguras, responsáveis, tranquilas,
detalhistas e sensíveis, sendo preparadas para a vida privada (a
casa). Portanto, naturalizam-se os jargões do tipo Isso é coisa de menino e Isso é coisa de menina. Gênero não pode ser
pensado como uma construção social de papéis masculinos e
femininos. Papéis são padrões definidos por uma sociedade,
que podem produzir desigualdades de gênero e sexualidade.
Gênero deve ser pensado como constituinte da identidade dos
sujeitos (LOURO, 2014).
A sociedade atual, especialmente a ocidental, passa por transformações significativas, desconstruindo “verdades” até então
naturalizadas quanto às relações de gênero e sexualidade. Louro
(2013) traz: “‘Novas’ identidades culturais obrigam a reconhecer
que a cultura, longe de ser hegemônica e monolítica, é, de fato,
complexa, múltipla, desarmoniosa, descontínua.” (p. 44).
Considerações reflexivas
Meninos e meninas são diferentes porque são construções
histórico-sociais. Na sociedade, em sentido amplo, a família
e a escola, por meio de múltiplos mecanismos, separam, ordenam, classificam e hierarquizam os sujeitos. Isso é coisa de
menino. Isso é coisa de menina.
Para Connel (1995), “Se o gênero é um produto histórico,
então ele está aberto à mudança histórica.” (p. 189). Portanto, mudar é possível. É preciso desestabilizar e desconstruir a
naturalidade, a unidade e a estabilidade do centro. É preciso
desconstruir as “verdades” da lógica hegemônica.
As reflexões apontam para as seguintes considerações
(ainda reflexivas):
a) é essencial pensar mecanismos (sociais, curriculares e
pedagógicos) de desconstrução da oposição binária;
b) é preciso, e possível, romper a lógica dicotômica, que
naturaliza desigualdades;
c) é preciso problematizar as oposições binárias;
d) é preciso adotar um pensamento plural que questione as
representações sociais e o pensamento hegemônico;
e) é preciso adotar novos paradigmas e mudanças epistemológicas em relação às identidades de gênero e sexualidade;
f) a pedagogia e o currículo precisam tratar a identidade e
a diferença como questões políticas;
g) os currículos escolares devem incluir as contribuições
de culturas diferentes (subordinadas);
h) a educação sexual precisa discutir como as marcas identitárias produzem binarismos;
i) a educação sexual deve desestabilizar as “verdades únicas” e os modelos hegemônicos de normalidade sexual;
j) a educação sexual precisa problematizar o modo como
a sexualidade é significada e como interfere na existência das
pessoas.
Referências
BEARZOTI, Paulo. Sexualidade: um conceito psicanalítico freudiano. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 52, n. 1, p. 113-117,
mar. 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anp/v52n1/24.pdf .
Acesso em: 28 nov. de 2014.
CARLOTO, Cássia Maria. O conceito de gênero e sua importância
para a análise das relações sociais. Serviço Social em Revista, Londrina,
v. 3, n. 2, p. 201-213, jan./jun. 2001.
CONNEL, Robert. Políticas da masculinidade. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 20, p. 185-206, jul./dez.1995.
DE LAURETIS, Teresa. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA,
Heloísa Buarque (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber.
1. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Campinas, v. 19, n. 2 (56), p. 17-23, maio/ago.
2008.
______. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: o “normal”,
o “diferente” e o “excêntrico”. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane;
GOELLNER, Silvana Vilodre. (Orgs.). 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
QUARESMA DA SILVA, Denise Regina. Gênero, psicologia e educação: notas sobre subjetivação/construção da sexualidade normal/anormal.
In: CALVETTI, Prisla Ücker; QUARESMA DA SILVA, Denise Regina
(Orgs.). Psicologia, educação e saúde: temas contemporâneos. Canoas:
Ed. Unilasalle, 2014.
SCOTT, Joan Wallace. Gênero: uma categoria útil de análise histórica.
Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
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A prova de Língua Portuguesa costuma seguir sempre o mesmo padrão
estrutural: são apresentados três textos,
que mesclam questões de interpretação,
preenchimento de lacunas, ortografia, léxico (troca vocabular) e gramática. São
frequentes questões que exijam do aluno
a substituição de expressões presentes
nos textos por outras, perguntando se há
ou não alteração de significado. É de praxe, também, exigir do candidato que faça
a transcrição de trechos do texto para
outro discurso (do discurso direto para
o indireto, ou o contrário). É, ainda,
comum perguntarem quantas palavras
seriam alteradas, se o sujeito de uma frase passasse do singular para o plural, ou
processo inverso. Veja exemplos:
UFRGS 2014
Instrução: As questões de 01 a 11 estão relacionadas ao texto abaixo.
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O que havia de tão revolucionário na
Revolução Francesa? Soberania popular,
liberdade civil, igualdade perante a lei – as
palavras hoje são ditas com tanta facilidade
que somos incapazes de imaginar seu caráter
explosivo em 1789. Para os franceses do
Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a
desigualdade era uma boa coisa, adequada à
ordem hierárquica que fora posta na natureza
pela própria obra de Deus. A liberdade
significava privilégio – isto é, literalmente, “lei
privada”, uma prerrogativa especial para fazer
algo negado a outras pessoas. O rei, como
fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois
havia sido ungido como o agente de Deus na
terra.
Durante todo o século XVIII, os filósofos
do
Iluminismo
questionaram
esses
pressupostos, e os panfletistas profissionais
conseguiram empanar a aura sagrada da coroa.
Contudo, a desmontagem do quadro mental
do Antigo Regime demandou violência
iconoclasta,
destruidora
do
mundo,
revolucionária.
Seria ótimo se pudéssemos associar a
Revolução exclusivamente à Declaração dos
Passada a prova do Enem, partimos agora ao
encontro de novos desafios: os vestibulares de verão.
Cada universidade apresenta características específicas que norteiam a elaboração da prova de Redação, regra seguida pela UFRGS. Para entendermos
um pouco mais sobre como é corrigido o texto e o
que será exigido nessa instituição, segue um modelo
de Redação nota 10, do ano de 2010.
O tema exigia que o aluno explorasse incivilidades e infrações cometidas cotidianamente e abordasse a forma como elas afetam a sociedade.
Um mundo de cegos
Já afirmava Claude Levi-Strauss que “o mundo
começou sem o homem e poderá acabar sem ele”.
Nessa perspectiva, a sociedade atual demonstra um
paradoxo, visto que, apesar de a tecnologia corroborar
a capacidade técnica e intelectual do homem, continuamos cometendo infrações e incivilidades diariamente.
Lamentavelmente, muitas pessoas praticam incivilidades no cotidiano, as quais atestam o caráter
egocêntrico do homem: ocupar assentos especiais
em transportes coletivos, poluir o meio ambiente e
não coletar as fezes de nosso animal de estimação
são algumas das atitudes inconsequentes que manifestamos no dia a dia, as quais contribuem para
uma realidade hostil e desagradável. Nesse sentido,
a construção de uma sociedade sadia consiste em ter
discernimento de que o espaço de nosso próximo co-
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Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela
nasceu na violência e imprimiu seus princípios
em um mundo violento. Os conquistadores da
Bastilha não se limitaram a destruir um
símbolo do despotismo real. Entre eles, 150
foram mortos ou feridos no assalto à prisão e,
quando os sobreviventes apanharam o
diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na
por Paris na ponta de uma lança.
Como podemos captar esses momentos de
loucura, quando tudo parecia possível e o
mundo se afigurava como uma tábula rasa,
apagada por uma onda de comoção popular e
pronta para ser redesenhada? Parece incrível
que um povo inteiro fosse capaz de se
levantar e transformar as condições da vida
cotidiana. Duzentos anos de experiências com
admiráveis mundos novos tornaram-nos
céticos quanto ao planejamento social.
Retrospectivamente, a Revolução pode
parecer um prelúdio ao totalitarismo.
Pode ser. Mas um excesso de visão
histórica retrospectiva pode distorcer o
panorama de 1789. Os revolucionários
franceses não eram nossos contemporâneos.
E eram um conjunto de pessoas não
excepcionais em circunstâncias excepcionais.
Quando as coisas se desintegraram, eles
reagiram a uma necessidade imperiosa de
dar-lhes sentido, ordenando a sociedade
segundo novos princípios. Esses princípios
ainda permanecem como uma denúncia da
tirania e da injustiça. Afinal, em que estava
empenhada a Revolução Francesa? Liberdade,
igualdade, fraternidade.
ao se compreender o sentido de “exclusividade” da expressão “especial”, fica-se
apenas com duas possibilidades: C e D.
O sentido de “empanar” não pode ser
“anular”, considerando-se que algo que
foi empanado não desapareceu, apenas
está encoberto, obscuro. Ainda na letra
C, “descrentes” é sinônimo de “céticos”.
Logo, o gabarito é a letra C.
UFRGS 2014
Instrução: As questões de 20 a 25 estão relacionadas ao texto abaixo.
Analisando-se a questão que exigia
conhecimento vocabular, percebe-se que,
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meça onde termina o nosso espaço. Assim, quando
prejudicamos o nosso entorno, estamos impedindo
que a cooperação minimize as mazelas latentes da
sociedade moderna.
As infrações que cometemos também prejudicam muito a construção de uma sociedade sadia:
a sonegação de impostos é uma atitude tão condenável quanto o ato do político se valer das finanças
públicas; a compra de produtos piratas engendra um
tráfico que se conecta a tantos outros, como o tráfico
de drogas e de armas, os quais aliciam desassistidos e vitimam inocentes; a ultrapassagem do sinal
vermelho é uma infração grave, uma vez que recrudesce o trânsito violento que verificamos atualmente.
Além disso, é imprescindível que mudemos o nosso
“mundo particular”, porque tal mudança se reflete no
“mundo coletivo”, do qual todos nós fazemos parte.
Caso contrário, só confirmaremos o que Manuel Bandeira escreveu “a existência humana é uma aventura,
de tal modo inconsequente”.
O escritor português José Saramago, em seu
livro “Ensaio sobre a Cegueira”, descreve uma sociedade que, paulatinamente, se torna cega. Metáforas
à parte, é exatamente isso o que acontece com nossa
sociedade, já que ignoramos que, não só infrações,
mas também incivilidades prejudicam a construção
de uma sociedade sadia, pois abdicamos de atitudes
abnegadas para sermos completamente egoístas,
cegos. Portanto, o mundo só atenuará suas mazelas
quando percebermos que tudo depende de esforços
coletivos, ou, como Saramago registrou, “se podes
olhar, vê; se podes ver, repara”.
(Fonte: caderno Vestibular de Zero Hora)
Autora do texto: Clarissa Both Pinto
Alguns comentários:
Assim como em outros vestibulares que nos
cercam, a UFRGS também exige que seja seguida a
ordem estrutural de um texto dissertativo:
Introdução – apresenta-se, com clareza e objetividade, o tema que será abordado (...apesar de a
tecnologia corroborar a capacidade técnica e intelectual do homem, continuamos cometendo infrações e
incivilidades diariamente.);
Desenvolvimento – exploram-se argumentos
consistentes e bem embasados, que sejam capazes
de defender a tese apresentada pelo autor do texto. Faz-se importante a presença de exemplos que
comprovem as ideias defendidas (...As infrações que
cometemos também prejudicam muito a construção
de uma sociedade sadia: a sonegação de impostos é
uma atitude tão condenável quanto o ato do político
se valer das finanças públicas; a compra de produtos
piratas engendra um tráfico que se conecta a tantos
outros, como o tráfico de drogas e de armas, os quais
aliciam desassistidos e vitimam inocentes; a ultrapassagem do sinal vermelho é uma infração grave, uma
Questão 07. Assinale a alternativa que
apresenta sinônimos para as palavras especial (l. 12), empanar (l. 20) e céticos (l.
45), no contexto em que ocorrem.
(A) notável – anular – descrentes
(B) maravilhosa – embaçar – desfavoráveis
(C) exclusiva – obscurecer – descrentes
(D) exclusiva – anular – incrédulos
(E) notável – obscurecer – desfavoráveis
Entre as situações linguísticas que o
português já viveu em seu contato com outras
línguas, cabe considerar uma situação que se
realiza em nossos dias: aquela em que ele é
uma língua de emigrantes. Para o leitor
brasileiro, soará talvez estranho que falemos
aqui do português como uma língua de
EMIGRANTES, pois o Brasil foi antes de mais
nada um país para o qual se dirigiam em
massa, durante mais de dois séculos, pessoas
nascidas em vários países europeus e
asiáticos; assim, para a maioria dos
brasileiros, a representação mais natural é a
da convivência no Brasil com IMIGRANTES
vindos de outros países. Sabemos, entretanto,
que, nos últimos cem anos, muitos falantes
do português foram buscar melhores
condições de vida, partindo não só de
Portugal para o Brasil, mas também desses
dois países para a América do Norte e para
vários países da Europa: em certo momento,
na década de 1970, viviam na região
parisiense mais de um milhão de portugueses
– uma população superior à que tinha então a
cidade de Lisboa. Do Brasil, têm ........ nas
últimas
décadas
muitos
jovens
e
trabalhadores, dirigindo-se aos quatro cantos
do mundo.
A existência de comunidades de imigrantes
é sempre uma situação delicada para os
próprios imigrantes e para o país que os
recebeu: normalmente, os imigrantes vão a
países que têm interesse em usar sua força
de trabalho, mas qualquer oscilação na
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economia faz com que os nativos ........ sua
presença como indesejável; as diferenças na
cultura e na fala podem alimentar
preconceitos e desencadear problemas reais
de diferentes ordens.
Em geral, proteger a cultura e a língua do
imigrante não é um objetivo prioritário dos
países hospedeiros, mas no caso do
português tem havido ........ . Em certo
momento, o português foi uma das línguas
estrangeiras mais estudadas na França; e, em
algumas cidades do Canadá e dos Estados
Unidos, um mínimo de vida associativa tem
garantido a sobrevivência de jornais editados
em português, mantidos pelas próprias
comunidades de origem portuguesa e
brasileira.
Adaptado de: ILARI, Rodolfo; BASSO,
Renato. O português como língua de emigrantes. In:___. O português da gente: a
língua que estudamos a língua que falamos.
São Paulo: Contexto, 2006. p. 42-43.
Questão 20. Assinale a alternativa que
preenche corretamente as lacunas das linhas 25, 35 e 43, nesta ordem.
(A) imigrado – incarem – exceções
(B) emigrado – incarem – exceções
(C) emigrado – encarem – exceções
(D) imigrado – encarem – excessões
(E) emigrado – encarem – exceções
Nesta questão, que exigia conhecimento ortográfico, inicialmente trabalhou-se
a diferença entre “imigrar” e “emigrar”
(Imigrar quer dizer entrar em um país estranho, a fim de morar nele. Ao contrário de
emigrar que significa sair de um país e ir
morar em outro.). Como o texto trata da
saída do Brasil para outros países, o correto é empregar a expressão “emigrar”.
As outras expressões são corretamente
escritas nas formas: “encarem” e “exceções”, portanto, letra C.
Fique de olho: Conjunções; Pronomes; Artigos; Tempos verbais; Voz passiva; Pontuação; Regência.
vez que recrudesce o trânsito violento que verificamos atualmente.)
Conclusão – ratifica-se o tema abordado, bem
como deve ser feito o fechamento do texto, reafirmando a tese anteriormente comprovada (...já que
ignoramos que, não só infrações, mas também incivilidades prejudicam a construção de uma sociedade
sadia, pois abdicamos de atitudes abnegadas para
sermos completamente egoístas, cegos.);
Observe que a linguagem utilizada apresenta
um equilíbrio entre leveza, clareza e rebuscamento: o uso da 1ª pessoa do plural (continuamos, cometemos...) torna o texto mais leve e inclui o autor
nas ideias abordadas; a utilização de conjunções e
pronomes, todos corretamente empregados (além
disso, já que, nesse sentido...), torna os enunciados
coesos, por isso claros e coerentes; a seleção lexical bem elaborada tornou a escrita rebuscada, sem
prejuízo à clareza (paradoxo, corroborar, realidade
hostil, engendra...).
Além do mais, tem-se nessa produção textual um
exemplo de correta abordagem de tema, respeitando todos os limites da proposta. O desenvolvimento
carrega argumentos suficientemente exemplificados,
tornando comprobatória a defesa da tese.
Para que o texto se tornasse mais atrativo, foram
empregadas, corretamente, citações que realmente
contribuíam com a argumentação pretendida.
I - QUINHENTISMO:
SÉCULO XVI
III - ARCADISMO:
SÉCULO XVIII
1
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CONTEXTO HISTÓRICO:
Grandes navegações;
Pré-Capitalismo Comercial;
Reforma Protestante;
Contrarreforma Católica.
2
2
CARACTERÍSTICAS:
A) LITERATURA DE VIAGEM (INFORMATIVA)
Expansão comercial = Descritivismo.
B) LITERATURA DE CATEQUESES
(JESUÍTICA)
Expansão religiosa: Autos de conversão.
3
3
AUTORES:
A) LITERATURA DE VIAGEM
Pero Vaz de Caminha – Carta a El-Rei D.
Manuel:
Descrição da paisagem humana e natural;
metalismo.
Hans Staden – Duas viagens ao Brasil:
Etnocentrização sobre os costumes indígenas;
prisioneiro dos tupinambás.
Jean de Lery – Viagem a terra do Brasil:
Relativização dos costumes indígenas;
conviveu harmoniosamente com os tupinambás.
CONTEXTO HISTÓRICO:
Iluminismo;
Revolução Francesa;
Inconfidência Mineira.
AUTORES:
A) POESIA AMOROSA
Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio e Nise) – Obras poéticas:
Transição entre barroco (conteúdo) e Arcadismo (forma).
Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu e Marília) – Marília de Dirceu:
Parte I = Galanteio; Parte II = Confessional; Parte III = Autoria questionada.
Silva Alvarenga (Alcindo Palmireno e
Glaura) – Glaura:
Forma = Rondós e madrigais. Conteúdo
= Amor galante.
2
CARACTERÍSTICAS:
Bifrontismo histórico;
dualidade humana;
fugacidades da vida;
formas tortuosas;
emoção X razão.
3
AUTORES:
A) LITERATURA CULTISTA: Linguagem exagerada.
Gregório de Matos
Poesia religiosa: Pecado
Pecador
Penitência
Poesia lírica: Mulher branca = anjo e flor
X Mulher negra = Misoginia e inversão
de poder.
Poesia política: Linguagem licenciosa,
vocabulário “abrasileirado” e tipificações sociais.
B) LITERATURA CONCEPTISTA:
Linguagem enxuta.
Padre Antônio Vieira
Forma: Alegorias por meio de passagens
bíblicas, método dialético de exposição
de ideias.
Conteúdo: Defesa da moral católica;
defesa de tratamento mais humano aos
escravos negros; contra a escravidão indígena; absorção dos novos cristãos; nacionalismo português.
6
AUTORES (PROSA):
Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha.
José de Alencar – Lucíola; O guarani.
Bernardo de Guimarães – A escrava Isaura; O seminarista.
Visconde Taunay – Inocência.
Franklin Távora – O cabeleira.
Manuel Antônio de Almeida – Memórias
de um sargento de milícias.
1
2
IV - ROMANTISMO:
SÉCULO XIX
1
CONTEXTO HISTÓRICO:
Era Napoleônica;
Vinda da Família Real;
Independência do Brasil;
Segundo Reinado.
2
CARACTERÍSTICAS:
Individualidade;
subjetivismo;
culto à natureza;
evasão constante;
liberdade formal.
3
4
AUTORES (POESIA):
A) PRIMEIRA GERAÇÃO (NACIONALISTA)
Poetas: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
Temas: Índio, natureza, saudades de pátria, religiosidade, amor impossível.
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO:
Impessoalidade ;
objetividade;
racionalismo;
verossimilhança;
contemporaneidade;
pessimismo;
análise psicológica;
objetividade linguística.
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO NO BRASIL:
Antimonarquismo;
anticlericalismo;
antirromantismo.
4
AUTORES:
Manuel de Oliveira Paiva – Dona Guidinha do Poço.
Domingos Olímpio – Luzia-homem.
Machado de Assis – Memórias póstumas
de Brás Cubas.
Forma: Personagens esféricas, microrrealismo, quebra da objetividade e da estrutura linear, fina ironia, extremo refinamento linguístico.
Conteúdo: hipocrisia, egoísmo, vaidade,
interesse, investigação da loucura, poder
absoluto, parasitismo social total relativização de verdades absolutas, intenso
pessimismo (niilismo), universalismo.
VI - NATURALISMO:
SEGUNDA METADE
DO SÉCULO XIX
1
B) SEGUNDA GERAÇÃO (ULTRARROMÂNICA, EGÓICA, MAL DO
CONTEXTO HISTÓRICO:
II Revolução Industrial;
Revolução Científica.
3
ROMANTISMO NO BRASIL:
Indianismo;
sertanismo;
natureza brasileira (cor local);
construção da identidade da nação.
A) LEIS SOCIOLÓGICAS
Determinismo histórico
Determinismo do meio
B) LEIS BIOLÓGICAS
Determinismo biológico
Determinismo dos instintos
3
CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO NO BRASIL:
Antimonarquismo;
anticlericalismo;
antirromantismo.
4
AUTORES:
Aluísio Azevedo –Casa de pensão (1884);
O cortiço (1889).
Inglês de Souza – O missionário (1888).
Júlio Ribeiro – A carne (1888).
Adolfo Caminha – A normalista (1893).
AUTORES (TEATRO):
Martins Pena:
Linguagem coloquial;
Comédias de costumes;
Dilemas urbanos da época;
Humor burlesco no universo rural.
V - REALISMO: SEGUNDA
METADE DO SÉCULO XIX
II - BARROCO:
SÉCULO XVII
CONTEXTO HISTÓRICO:
Contrarreforma Católica;
Ciclo do Ouro na Bahia.
5
CONTEXTO HISTÓRICO:
II Revolução Industrial;
Revolução Científica.
CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO:
NATURALISMO
=
Características do Realismo
—
Análise psicológica e
Objetividade linguística
+
Determinismo e Descritivismo científico
D) CASO À PARTE:
Autor: Sousândrade.
Forma: Poeta experimental;
Conteúdo: Filosofia existencial.
B) POESIA SATÍRICA (POLÍTICA)
Tomás Antônio Gonzaga – Cartas chilenas:
C) POESIA ÉPICA
Basílio da Gama (Termindo Sipílio) – O
Uraguai:
Banimento dos jesuítas pelas tropas lusoespanholas.
Frei Santa Rita Durão – Caramuru:
Intervenção civilizatória e religiosa.
2
C) TERCEIRA GERAÇÃO (CONDOREIRA)
Autor: Castro Alves.
Temas: Abolicionismo e amor erótico.
CARACTERÍSTICAS:
Mímesis;
Locus amoenus;
Fugere urbem;
Carpe diem;
Aurea mediocritas;
Inutilia truncat.
B) LITERATURA DE CATEQUESE
Padre José de Anchieta – Autos de conversão:
Plasticidade estética;
simplicidade formal;
maniqueísmo e cromatismo.
1
SÉCULO)
Autores: Álvares de Azevedo; Casimiro
de Abreu; Fagundes Varela e Junqueira
Freire.
Temas: Tédio existencial, orgia, morte,
infância, medo do amor, sofrimento.
VII - PARNASIANISMO:
SEGUNDA METADE
DO SÉCULO XIX
1
CONTEXTO HISTÓRICO:
II Revolução Industrial;
Revolução Científica.
2
CARACTERÍSTICAS:
Torre de marfim;
objetivismo;
impessoalidade;
arte pela arte:temática greco-romana;culto
à forma: metrificação rigorosa; rimas ricas; predileção por sonetos; descritivismo de quadros plásticos e/ou estáticos.
3
AUTORES:
Olavo Bilac: Antiguidade clássica, perfeição formal, lirismo existencial, ufanismo.
Alberto de Oliveira: Pragmatismo parnasiano.
Raimundo Correa: Niilismo, plasticidade, hipocrisia e falsidade da sociedade.
VIII - SIMBOLISMO:
SEGUNDA METADE
DO SÉCULO XIX
1
CONTEXTO HISTÓRICO:
II Revolução Industrial;
Revolução Científica.
2
CARACTERÍSTICAS:
Torre de marfim;
rompimento entre artista e sociedade;
subconsciente e inconsciente;
irracional, ilógico, sonho, loucura.
3
AUTORES:
Cruz e Sousa: Musicalidade, sinestesia,
culto à brancura, filosofia meditativa, resistência racial, vida terra X vida supraterrena.
(continuação item VIII)
Semana de Arte Moderna: Ruptura com
os princípios estéticos do passado, amostragem geral da prática modernista. Contra o academicismo plástico, o romantismo musical e o parnasianismo literário.
Alphonsus de Guimarães: Morte da amada Constança, nostalgia, morbidez, solidão.
Eduardo de Guimarães: Atmosfera fugidia, amada idealizada/divinizada.
IX - PRÉ-MODERNISMO:
1900-1920
XI - MODERNISMO
PRIMEIRA FASE:
1922-1930
1
1
2
3
CONTEXTO HISTÓRICO:
Pacto Oligárquico;
imigração européia;
I Guerra Mundial.
CARACTERÍSTICAS:
Ruptura com o passado;
linguagem coloquial;
denúncia da realidade brasileira;
regionalismo;
tipos humanos marginalizados.
2
AUTORES:
A) PROSA
Euclides da Cunha – Os sertões (1902).
Graça Aranha – Canaã (1902).
Simões Lopes Neto – Contos gauchescos
(1912).
Lima Barreto – Triste fim de Policarpo
Quaresma (1915).
Monteiro Lobato – Urupês (1918).
X - MODERNISMO
SEMANA DE ARTE
MODERNA DE 1922
1
2
CONTEXTO HISTÓRICO:
Pacto Oligárquico;
imigração européia;
I Guerra Mundial;
revoltas tenentistas;
criação do Partido Comunista.
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO:
A) ANTECEDENTES EUROPEUS
Expressionismo: Reação ao impressionismo, ao naturalismo e ao Positivismo
por meio do afastamento da realidade em
expressões subjetivas.
Futurismo: Exaltação ao mundo moderno, ruptura com o passado, eliminação
dos sinais de pontuação.
Cubismo: Vários pontos de vista representados por traços geométricos no mesmo plano.
Dadaísmo: Oposição ao equilíbrio, ceticismo, improvisação, anarquia de gêneros na produção artística.
B) ANTECEDENTES BRASILEIROS
Poemas de 1917: Entre os autores, Manuel Bandeira e Mário de Andrade.
Exposição de Anita Malfatti: Repudiada
pela crítica de Monteiro Lobato.
CONTEXTO HISTÓRICO:
Revoltas tenentistas;
criação do Partido Comunista;
Crise de 29;
Revolução de 30.
CARACTERÍSTICAS:
Absorção das vanguardas;
liberdade de expressão;
incorporação do cotidiano;
linguagem coloquial;
busca da expressão nacional.
A) MOVIMENTOS PRIMITIVISTAS:
Pau-Brasil (1924): Tamanduá – Composição ingênua, busca do Brasil arcaico, repúdio ao academicismo.
Verde-Amarelo (1294): Índio – Composição ufanista, e retomada da tradição naturalista.
Antropofágico (1928): Abaporu –
Radicalização teórica do Movimento
Pau-Brasil.
Anta (1928): Anta – Consolidação
do conservadorismo do Movimento
Verde-Amarelo.
B) POESIA
Augusto dos Anjos – Eu (1912).
3
3
4
AUTORES:
Oswald de Andrade – Serafim Ponte
Grande.
Mário de Andrade – Macunaíma.
Raul Bopp – Cobra Norato.
AUTORES (POESIA):
Manuel Bandeira: Iconoclastia, infância,
musicalidade, morte, erotismo, felicidade utópica, tristeza, solidão, desamparo,
cotidiano, cultura popular, engajamento
social.
Cecília Meireles: Transcendência, religiosidade, tonalidades filosóficas, temática marítima, universalismo.
Carlos Drummond de Andrade: Poesia
metalinguística, infância, cotidiano, existencialismo sartriano, temática da guerra,
engajamento social, amor vencendo o
nonsense, desencontros do amor, amor
erótico, humor sofisticado.
Mário Quintana: Poesia versificada – Influência simbolista, influência surrealista, tom crepuscular, solidão urbana, morte. Quintanares – Ecletismo, infância,
prosaísmo.
Vinícius de Moraes: Poesia – Primeira
fase = Religiosa; Segunda fase = Materialista. Dessacralização do amor, engajamento social. Música: Bossa Nova.
Dramaturgia: Orfeu da Conceição.
AUTORES (PROSA):
Antônio de Alcântara Machado – Brás,
Bexiga e Barra Funda.
José Américo de Almeida – A bagaceira.
Graciliano Ramos – São Bernardo; Vidas
secas.
Dyonélio Machado – Os ratos; O louco
do Cati.
José Lins do Rego – Fogo morto; Riacho
doce.
Érico Veríssimo – O tempo e o vento.
Cyro Martins – Trilogia do gaúcho a pé.
Raquel de Queiroz – O quinze.
Jorge Amado – Capitães de areia; Jubiabá; Tocaia grande; Gabriela, cravo e
canela; Dona Flor e seus dois maridos;
Tieta do agreste.
XII - MODERNISMO
SEGUNDA FASE:
1930-1945
XIII - MODERNISMO
TERCEIRA FASE:
1945-1960
1
1
2
CONTEXTO HISTÓRICO:
Era Vargas;
Guerra Civil Espanhola;
II Guerra Mundial.
CARACTERÍSTICAS:
A) POESIA: NEOSSIMBOLISMO
Inadequação social;
necessidade de transcendência;
metafísica existencial;
linguagem coloquial;
misto de métrica rígida e verso livre.
B) PROSA: NEORREALISMO REGIONALISTA
Verossimilhança;
linguagem simples;
denúncia social;
abrangência social por tipificações;
retomada do regionalismo.
2
CONTEXTO HISTÓRICO:
Guerra Fria;
fim da Era Vargas;
Nova Constituinte;
governos populistas.
CARACTERÍSTICAS:
A) POESIA: NEOPARNASIANISMO
Valorização das formas fixas;
Retomada da mitologia greco-romana;
Enaltecimento das cidades europeias.
B) POESIA: CONCRETISMO
Reação contra a lírica discursiva e frequentemente retórica da Geração de 45,
o Concretismo procurou filiar-se às experiências mais ousadas das vanguardas do
século XX. Linguagem sintética, valorização da palavra solta. O poema ganha o
espaço gráfico como agente estrutural, em
função de que deverá ser lido/visto. Uso de
recursos tipográficos, visuais e plásticos.
C) PROSA: NEORREALISMO E REALISMO MÁGICO
Rural: Retomada do regionalismo prémodernista.
Urbana: Introspecção e análise psicológica.
3
AUTORES (POESIA):
A) POESIA: NEOPARNASIANISMO:
João Cabral de Melo Neto: Reflexão do
fazer poético, reflexão da realidade; tonalidades filosóficas.
B) POESIA: CONCRETISMO: Décio
Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo
de Campos.
4
AUTORES (PROSA):
A) VERTENTE RURAL
Guimarães Rosa: Manuelzão e Miguilim;
Sagarana.
João Ubaldo Ribeiro: O sargento Getúlio; Viva o povo brasileiro.
B) VERTENTE URBANA
Clarice Lispector: Laços de família; A
hora da estrela.
Lygia Fagundes Telles: Antes do baile
verde; Ciranda de pedra.
Antônio Callado: Quarup.
Dalton Trevisan: O vampiro de Curitiba.
XIV - PÓS-MODERNISMO:
1960-HOJE
1
CONTEXTO HISTÓRICO:
Golpe de 64;
Tropicália;
abertura política;
Constituição de 1988;
Impeachment de Fernando Collor;
Plano Real.
2
CARACTERÍSTICAS/AUTORES/
NOVAS ABORDAGENS:
A) CRÔNICA: Registra a vida diária,
entretanto somente os acontecimentos
que são marcantes no dia-a-dia. Fernando Sabino definiu-a como a “busca do
pitoresco ou do irrisório no cotidiano de
cada um”.
Rubem Braga: A borboleta amarela; O
conde e o passarinho.
Fernando Sabino: O homem nu.
Luiz Fernando Veríssimo: Comédias da
vida privada; Ed Mort.
B) TEATRO: Nelson Rodrigues
Peças psicológicas: Vestido de noiva.
Peças míticas: Senhora dos afogados.
Tragédias cariocas: Perdoa-me por me
traíres; Beijo no asfalto; Bonitinha, mas
ordinária; Toda nudez será castigada.
1 – CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, MUTANTES E
OUTROS TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS (álbum/
disco)
No ano de 1968, teve início o movimento musical mais
importante de todo esse contexto: o Tropicalismo. Este se
trata de uma legítima retomada dos ideais vanguardistas
e antropofágicos de Oswald de Andrade, trazendo, portanto, um caráter extremamente iconoclasta e experimental.
Propondo uma mescla de ritmos latinoamericanos, do pop
internacional e de todo tipo de ritmos brasileiros, o LP TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS, coletânea composto
por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes, entre outros
artistas da época, encontrou anteparo nas mais variadas
formas de cultura, colaborando para que o movimento se
tornasse conhecido pela utilização, em larga escala, da paródia e do deboche para promover uma síntese crítica da
realidade nacional de então. Interessante observar que um
fenômeno musical que se pretendia popular como a MPB,
tomado genericamente em quaisquer tendências, acabaria
por se tornar, nas décadas seguintes, e, sobretudo atualmente, símbolo de erudição e alta cultura. (Professor Júnior “Argentino”)
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
Guerras Greco-Pérsicas
Majestic Hotel
Não chore, papai
Café Paris
A dama do bar Nevada
Um aceno na garoa
No tempo do trio Los Panchos
Conto do inverno
Dançar tango em Porto Alegre.
DANÇAR TANGO EM PORTO ALEGRE, de Sérgio
Faraco, dividido em três partes - Contos fronteiriços, Contos
Juvenis, e Contos urbanos – traz, entre suas características
relevantes, o fato de que o autor registra em sua literatura
os hábitos locais rio-grandenses, pautados pela miscigenação cultural, sobretudo por se tratar de uma região de
fronteira com países de língua espanhola, o que fica claro
na oralidade empregada nos contos. Outro detalhe que se
pode observar é o movimento de deslocamento do campo
para a cidade, marcando a transição do Rio Grande do Sul
tradicional para o moderno, conforme já citado por outros
autores, como os Contos gauchescos, de Simões Lopes
Neto, e a Trilogia do gaúcho a pé, de Cyro Martins. (Professora Andreia Raupp)
___________________________________________
___________________________________________
2 – LÍDIA JORGE
A NOITE DAS MULHERES CANTORAS
O romance A NOITE DAS MULHERES CANTORAS,
da escritora portuguesa Lídia Jorge, publicado em 2011, é
um livro que fala sobre ambições, e como para atingi-las
podemos abandonar parte da nossa identidade. Conta a
história de um grupo de cantoras da década de 1980, em
Portugal, que tem como líder e financiadora Gisela Batista,
e como ela influencia na vida das outras quatro integrantes
na sua busca pelo sucesso e a gravação de um disco. A
personagem-narradora é Solange de Matos, que através de
monólogo interior (narração em primeira pessoa), conta a
história da banda e o seu relacionamento amoroso com o
coreógrafo do grupo, João de Lucena. Destaque para dois
aspectos: a admiração que Solange nutre por Gisela; e o aspecto histórico para volta dos “retornados”, portugueses que
voltaram da África após esta adquirir sua independência em
relação a Portugal. (Professor Pablo Kmohan)
___________________________________________
3 – TABAJARA RUAS
O AMOR DE PEDRO POR JOÃO
O AMOR DE PEDRO POR JOÃO, de Tabajara Ruas,
é um romance em que histórias se entrelaçam pela dor e
pela resistência ao regime político ditatorial, no Brasil, na
década de 1970. Narra a história dos amigos Marcelo, Hermes e Micuim, colegas de faculdade. Bia, a irmã de Marcelo, logo se envolve com Hermes; e Marcelo, por sua vez,
apaixona-se por Mara, uma guerrilheira que ele e Micuim
tentam livrar da perseguição. Josias é um velho comunista,
influenciado por seu amigo Degrazzia, e carrega a mágoa
de não ter reencontrado o filho Sepé Tiaraju, que deserta do
exército em favor da guerrilha. O romance é publicado apenas na década de 1990, mesmo tendo sido escrito durante
o exílio do autor, na Dinamarca, nos anos 1970. Era uma
época de nova fase, pautada pelo individualismo e pela derrocada dos costumes patriarcais/conservadores. Os escritores passaram a uma fase de desmoronamento da realidade,
por vezes beirando o caos. Com a queda do muro de Berlim
a intelectualidade brasileira entrou em uma fase ceticismo,
são os “órfãos de utopia”, que ora abriam mão de suas ideologias, deixando-se envolver pelo capitalismo liberal, ora
entregavam-se a mais profunda melancolia, marcada pelo
extremo saudosismo, caso da maioria das personagens do
romance. (Professora Andreia Raupp)
___________________________________________
4 – SERGIO FARACO
DANÇAR TANGO EM PORTO ALEGRE
Relação de contos do livro:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Dois guaxos
Travessia
Noite de matar um homem
Guapear com frangos
O vôo da garça-pequena
Sesmarias do urutau mugidor
A língua do cão chinês
Idolatria
Outro brinde para Alice
5 – JORGE AMADO
TERRAS DO SEM FIM
Sobre o romance TERRAS DO SEM FIM, de Jorge
Amado, percebemos marcas que determinam os comportamentos dos personagens. Esses estão representados a
partir do gênero, da raça e da sua classe social. Parte-se do
pressuposto que o romance citado revela o homem do campo, como sujeito que modifica sua maneira de pensar, bem
como suas expectativas quanto ao trabalho neste espaço
social e sua transformação moral e ética através do espaço em que se encontra. O espaço determinando o caráter
moral. Verificamos, ainda, questões relacionadas à identidade e à cultura, no contexto ficcional, que o autor da obra
constrói, uma vez que há uma multiplicidade de identidades
dos seres que estão em constante movimento, oriundos de
diversos lugares, e, portanto, possuidores de marcas culturais diversas, onde o dominador negocia seu poder com o
dominado Assim, questionam-se as diferentes maneiras de
experimentar o mundo dos personagens, suas expectativas,
necessidades, sua opção pelos modos de vida, suas transformações culturais, sociais e morais. (Professora Cláudia
Fernandes)
PARTE 1: O NAVIO – Chegada de JOÃO MAGALHÃES, lembrando-se do anel de engenheiro que ganhou
em um jogo. JUCA BADARÓ escolhe e contrata alguns homens para trabalhar para ele. João Magalhães é apresentado por Juca ao coronel MANECA DANTAS e ao coronel
FERREIRINHA. Coronel TOTONHO. Um caixeiro-viajante
alerta MARGOT do perigo de se envolver com Juca Badaró. Ela diz que seu interesse é visitar VIRGÍLIO CABRAL,
advogado do coronel Horácio. FERNANDO anda pelo
navio praticando pequenos furtos entre os passageiros. O
comandante e o imediato atravessam o navio e confessa
ao imediato que se sente com em um navio negreiro, transportando escravos.
PARTE 2: A MATA – Conta-se histórias sobre as
maldades do coronel Horácio, da fazenda Bom Nome, inclusive um pacto com o diabo. ESTER, esposa do coronel
Horácio, compara a mesquinhez de sua vida ao glamour
da vida de sua amiga Lúcia na Europa. As disputas pelas
terras do Sequeiro Grande fazem com que Juca mande os
jagunços DAMIÃO e Viriato aguardam de tocaia para matar
Firmo. Damião pela primeira vez tem remorsos pelos crimes que cometera. Ester está encantada com a educação
e sofisticação de Virgílio. Antônio Vítor está interessado na
mulata RAIMUNDA, filha de Risoleta, a finada ama de leite de DON’ANA, filha de SINHÔ BADARÓ. Firmo aparece
apavorado, fugiu quando Damião errou o tiro destinado a
ele. Na casa dos Badaró estão reunidos para a leitura da
bíblia, e enquanto Don’Ana lê, Sinhô procura respostas para
seus conflitos do cotidiano. No mato do Sequeiro Grande
vive JEREMIAS, um curandeiro que sempre emite várias
profecias negativas quanto à derrubada da floresta. Damião
chega desesperado pedindo ajuda, pois acha ser vítima de
feitiço. Jeremias invoca seus deuses em uma longa profecia
sobre os horrores que se aproximam e morre.
PARTE 3: GESTAÇÃO DAS CIDADES – O povoado
de Tabocas por ser um território político de Horácio, porém
o governador, apoiado pelos Badaró, nega-se a ceder a
emancipação. Os moradores já se portavam como se fosse
uma cidade, deram-lhe o nome de ITABUNA. Os Badaró
conseguem a nomeação de um delegado para irritar Horácio. O prefeito de Ilhéus nomeia VICENTE CARANGAU,
com fama de valente, ex-capanga de Juca. Morre em uma
perseguição a um empregado de Horácio, arrancam-lhe a
pele, as orelhas e os testículos e mandam ao prefeito de
Ilhéus. O DR. JESSÉ antedia aos doentes apoiadores dos
Silveira, enquanto DR. PEDRO atendia aos doentes dos Badaró. TESOURA DE PARIS, a alfaiataria de TONICO BORGES é o local onde se comenta todas as novidades. Dr.
Jessé dedica-se ao grupo de teatro Amadores Taboquenses. Vai à casa de Margot para avisar Horácio, que conversa
com Virgílio, sobre o agrônomo. Fica sabendo do caxixe: as
terras do Sequeiro Grande já foram registradas em nome de
Horário e seus associados a partir de uma medição antiga.
O comerciante AZEVEDO manda o negro MILITÃO levar
uma carta a Sinhô contando o que ocorrera. Juca e Sinhô
estão em Ilhéus, mas Don’Ana recebe a carta e fica furiosa
com a notícia. Teodoro e seus jagunços colocam fogo no
cartório de VENÂNCIO.
PARTE 4: O MAR – MANUEL OLIVEIRA é diretor de
O COMÉRCIO, jornal dos Badaró. Juca convence João Magalhães a fazer a medição das terras do Sequeiro Grande.
João, que não é nem militar, nem engenheiro reluta em
aceitar. Virgílio vai ao encontro que tinha marcado com
Ester e ela se entrega a ele. João apresenta formalmente
Juca a Margot. A cidade prospera sem conhecer diferença
de classe ou raça, a posse de terras era o fator de distinção. FILEMON ANDREIA mesmo sem saber escrever era o
diretor do jornal A FOLHA DE ILHÉUS, jornal dos Silveira,
mas quem realmente escreve é DR. RUI FONSECA. DR.
GENARO também escrevia no O COMÉRCIO. No caminho para a cidade, João fica com medo de que os Badaró
descubram suas mentiras, mas está interessado demais
em Don’Ana para desistir de tudo e fugir. FREI BENTO E
CÔNEGO FREITAS jogam da melhor forma possível entre
a rivalidade dos Silveira e dos Badaró. Na procissão de São
Jorge todos riem quando o andor de São Jorge sai às ruas,
de um lado carregado por Horário, de outro lado carregado
por Sinhô.
PARTE 5: A LUTA – Em meio à verdadeira guerra, as
pragas do negro Jeremias são cantadas por Damião pelas
ruas. Virgílio dança com Margot a pedido dela, mas são
surpreendidos por Juca. Virgílio, Maneca e Horário conversam sobre os boatos de que Virgílio se acovardou diante de
Juca. Horácio insiste para que Virgílio mande matar Juca.
Na tocaia contra Juca, Antônio Vítor mais uma vez salva a
vida do patrão. Juca fala do pedido de casamento de Antônio Vítor a Raimunda e pede que o irmão esqueça o passado de João e o case com Don’Ana. Sinhô aceita e manda
registrar um pedaço de terras em nome de Antônio Vítor
e Raimunda. Horácio está contaminado com a febre (tifo),
mas não morre. Ester contrai a febre, mas consegue conversar com Virgílio antes de morrer. Don’Ana se casa com
João Magalhães no mesmo dia em que Raimunda se casa
com Antônio Vítor. Juca leva um tiro enquanto almoça com
um amigo e morre. Antes ainda pede a Sinhô que ampare
Margot. O governo federal intervém na Bahia e os Silveira
deixam de ser oposição. Dr. Jessé é nomeado prefeito de
Ilhéus e Braz delegado. Horácio é avisado de que parte de
sua plantação tinha sido incendiada. Inicia o cerco à casa
dos Badaró onde Teodoro está escondido. Teodoro foge e
Antônio Vítor escolta toda família que vai embora. Dentro da
casa um tiro recebe Braz e Horácio, é Don’Ana que havia
voltado. Horácio a expulsa dizendo que não mata mulheres
e eles colocam fogo na casa. O julgamento decide que as
terras ficarão com Horácio e seus associados. Os Badaró
economicamente estão mal e não são mais adversários a
altura dos Silveira. DR. FAUSTO AGUIAR vem ajudar Dr.
Genaro na promotoria, mas o promotor faz uma acusação
fraca por ser apoiador político de Horácio. Um menino é
chamado para sortear os jurados e acompanha atentamente o julgamento. Dr. Virgílio desbancou a testemunha dos
Badaró, o homem de anelão falso, Fernando, que segundo
todos sabem, não passava de um ladrão que já roubara
muitos. Horácio é absolvido por unanimidade.
PARTE 6: O PROGRESSO – Horácio chega à casa
de Maneca e conta que descobriu umas cartas em que
confirma que Ester o havia traído com Virgílio, e avisa o
amigo que vai mandar matar Virgílio. Maneca tenta impedir
a tocaia contra Virgílio, que se recusa a ficar e sai sozinho.
Ilhéus está reunida em grande festa para a chegada do
primeiro bispo após a paróquia da cidade ser promovida a
diocese. Nas eleições seguintes Dr. Jessé é eleito deputado, e um decreto cria o município de Itabuna. A sede fica no
ex-arraial de Tabocas, com uma ponte ligando os dois lados
da cidade. Horácio apoia a eleição de Azevedo, que é eleito
o primeiro prefeito de Itabuna. É construído um prédio para
a prefeitura, e as obras do trem são concluídas. Na festa de
comemoração pela emancipação de Itabuna, o promotor faz
uma homenagem a Horácio. Brindam em memória de Ester
e de Virgílio, esse, segundo o promotor, morto por inimigos
políticos. Os cacaueiros do Sequeiro Grande deram seus
frutos precocemente no início de quarto ano, ao contrário
dos cinco anos mínimos para uma árvore de cacau dar seus
frutos.
___________________________________________
6 – NELSON RODRIGUES
BOCA DE OURO
Em BOCA DE OURO, de Nelson Rodrigues, encontramos o disfarce dos sentimentos e dos desejos, além da
infinidade de ângulos de que se pode ver a personalidade
do bicheiro de Madureira, mais dissolvendo-a do que a
reconstituindo. A relevância da peça consiste em chamar
a atenção ao papel ambíguo reservado à imprensa que
promove o sensacionalismo, preferindo diluir a história do
bicheiro a revelar para a sociedade as ligações do crime e
da contravenção com a alta sociedade. (Professor André
Alfama)
PRIMEIRO ATO: Boca de Ouro, que ainda não tinha
esse apelido está em uma consulta no dentista, que comenta a perfeição de seus dentes. Sendo um banqueiro de jogo
do bicho com muito dinheiro, pede ao dentista que arranque
seus dentes e coloque uma dentadura de ouro. Mediante
suborno o dentista aceita. Duarte, repórter do jornal “O dia”,
liga para a redação e avisa que Boca de Ouro fora assassinado. Como Duarte já estava cobrindo o local do crime,
o secretário pede a Caveirinha e a um fotógrafo para irem
conversar com Guigui, examante de Boca, mas antes entra
em contato com Dr. Pontual, diretor do jornal, para saber
a posição do jornal sobre o defunto. Eram contra Boca de
Ouro e procuravam alguma história terrível contra ele. Chegando à casa de Guigui são recebidos por Agenor, marido
dela, que fica desconfiado, mas chama a mulher. Mesmo
com o medo do marido, de levar um tiro do bicheiro, Guigui
quer falar o que sabe. Caveirinha pede que ela conte um
grande crime, e ela começa a contar a história de Leleco e
sua esposa, Celeste. Celeste acorda o marido para ir trabalhar, mas ele conta que perdeu o emprego. Ela pede o
dinheiro da indenização, e Leleco conta que perdeu seus
direitos, pois agrediu o chefe que falara mal de seu time.
Guigui avisa que Leleco está ali para falar com Boca. Leleco
pede dinheiro para o enterro da sogra. Pede dez mil, mas
Boca oferece cem, mas apenas se Celeste viesse buscá-lo
sozinha. Boca tenta agarrar Celeste a força, mas ela ameaça gritar dizendo que o marido daria um tiro nele. Boca de
Ouro debocha, vai ao corredor e chama Leleco. Dá uma
arma e conta o que aconteceu ameaçando que ou matava, ou morreria. Leleco não tem coragem, e Boca continua
debochando deles, dizendo para o marido mandar Celeste
para o quarto do bicheiro. Ele implora, e a mulher vai. Boca
diz que não vai dar o dinheiro e o jovem fala do episódio do
nascimento de Boca em uma pia de gafieira. Boca de Ouro
mata Leleco a coronhadas.
SEGUNDO ATO: Caveirinha interroga sobre o destino
do corpo e Guiomar conta que Boca largou em um matagal
na Tijuca. Eles se lembram da notícia no jornal, e do crime
que não fora solucionado, ainda pensam se havia o corpo
de uma mulher também, mas não conseguem lembrar. Agenor aparece contando que sabe que será morto quando a
notícia for publicada. Caveirinha afirma que Boca de Ouro
fora assassinado. Guigui logo começa a lamentar e chorar a
morte do bicheiro e afirma que tudo que disse foi por dor de
cotovelo e prepara outra versão para a história. Boca conversa com um homem a quem chama de Preto. Ele havia
conhecido a mãe do bicheiro e responde ao interrogatório
desse, que soube da amizade de ambos através de um vidente (Zezinho). Preto conta que ela era gorda, teve bexiga,
suava muito e morreu de tanto rir. Boca dá 500 cruzeiros ao
homem que pediu que o bicheiro cuidasse de seu enterro
quando morresse. Celeste chega da rua afirma que passou
a tarde no dentista, mas o marido diz que jogou o número
da placa do Chevrolet onde viu a esposa com um velho barrigudo. Ela diz que teve um caso com o velho porque ele
prometera levá-la a Europa para que Celeste conhecesse
Grace Kelly. O marido fica enfurecido e diz que foi demitido
e que viverão à custa do amante. Celeste conta que eles
terminaram, e Leleco afirma que tem outro, cheio do dinheiro que eles podem procurar, é Boca de Ouro. Celeste vai à
casa de Boca, tentando seduzi-lo, mas é interrompida pelo
aviso de Guigui que as granfas (mulheres ricas) chegaram.
Foram pedir doações para famílias de doentes de câncer. A
mulher que já o conhecia pede que conte a história da pia
de gafieira, ao que Boca avisa que se a pergunta tivesse
partido de um homem, teria dado um tiro. Ele conta que nasceu em uma pia, e que a mãe logo voltou à pista de dança
da gafieira, abandonando-o. Resolve humilhar as mulheres
oferecendo um colar de pérolas a quem tivesse os seios
mais bonitos. Fez cada uma mostrar os seios, repudiando
cada uma delas e terminou por dar o colar a Celeste. Ela
disse que fugiu do marido, que a mãe estava morta, Boca
a abraça. Leleco aparece e exige que a esposa vá com ele.
Boca pega um punhal, e Leleco saca o revólver mandando
o bicheiro soltar a arma. Boca de Ouro solta, mas não se
acovarda. Diante disso, Celeste pega o punhal e crava nas
costas do marido, matando-o.
TERCEIRO ATO: O fotógrafo bate alguns retratos enquanto Agenor aparece com as malas dizendo que vai embora. Conta que Guigui, após tê-lo abandonado com os três
filhos para ficar com Boca, quando foi chutada por ele virou
do casal, resolveu buscá-la. Caveirinha tenta a todo custo
reconciliar o casal, propondo que ambos se desculpem pelas ofensas trocadas. O casal se abraça emocionado com
a reconciliação enquanto o fotógrafo bate mais retratos.
Com os ânimos mais calmos, Caveirinha tenta retomar os
detalhes da conversa, mas Guigui inicia uma nova versão
para a história. Leleco, de revólver em punho, insiste para
que Celeste assuma a traição. Ela conta que era amante de
Boca de Ouro. Ele debocha da esposa, dizendo que jogou
no bicho o número da placa do carro em que viu a esposa
com o amante e que, caso não ganhe, vai matá-la, suicidando-se depois. Leleco questiona os motivos da traição e Celeste começa a contar uma história de quando era menina,
com bolsa de estudos em uma escola particular, onde era
obrigada a fazer trabalhos domésticos no recreio, enquanto
as colegas se divertiam. Leleco perde o jogo, mas Celeste
afirma que mesmo assim ainda pode conseguir o dinheiro.
Celeste chega e conta que o marido está armado e vindo
falar com Boca, e esse a manda esperá-lo em seu quarto.
Leleco chega indagando se o caixão de Boca está pronto, e
pergunta se é verdade que ele derrete as alianças das mulheres que papa para seu caixão de ouro. O marido então
diz que apostou o número da placa do carro em que viu sua
traição e diz que ganhou. O bicheiro confere que o rapaz
não ganhou. Leleco puxa a arma e ameaça Boca, enquanto
Celeste sai do quarto, distrai sua atenção e o bicheiro tem
tempo para pegar a arma e derrubá-lo com uma coronhada.
Ela pede o dinheiro do prêmio a Boca, que muda de assunto
e diz que ambos matarão Leleco para que ela não o acuse
depois. Ele desfere golpes com o revólver e Celeste com um
punhal. Boca chama por Guigui e a manda limpar o sangue.
Boca pede que Celeste vá embora, que depois ele se livra
do corpo, pois precisa receber uma visita. Enciumada ela
resolve ficar, mesmo Boca de Ouro avisando que se trata de
uma mulher que vai entrar para uma ordem religiosa. Maria
Luísa chega e Celeste a reconhece, era a colega de colégio
que tanto odiava. Maria Luísa tenta conversar com Celeste
que responde de modo ríspido, sentindo ciúmes da amizade dos dois. Boca de Ouro afirma que Maria Luísa queria
apenas batizá-lo, ao que ela confirma, dizendo que Boca é
um santo que nunca matou ninguém como diziam. Celeste
mostra o corpo do marido morto atrás de um móvel e conta o que fizeram. Boca diz que agora precisa eliminar mais
alguém. Celeste grita para a mulher dizendo que antes que
Boca de Ouro a mate, saiba que ela nunca mais andará de
ônibus. Boca vira-se para Celeste e diz que quem morrerá
e ela, e a golpeia com uma navalha. Maria Luísa assusta-se
e fica indignada com ele. Boca diz que depois largará os
dois corpos na Tijuca, e manda que ela saia, mas ela entra
no quarto dele. Diante do Instituto Médico Legal, o locutor
César fala da morte de Boca de Ouro. Caveirinha chega
descobre que o corpo de Boca fora encontrado desdentado,
decepcionado muitas pessoas que foram lá para vê-lo. O locutor informa que ele morreu com 29 facadas, assassinado
por Maria Luísa e encerra a transmissão.
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7 – MURILO RUBIÃO
CONTOS SELECIONADOS
A escolha dessa obra visa uma reflexão sobre os CONTOS SELECIONADOS, de Murilo Rubião, e tem como intuito principal conhecer a literatura fantástica, bem como a
capacidade de trazer um pensamento sobre as atitudes contemporâneas. O tom melodramático dos contos, pontuados,
certamente, pela ironia, que dá lugar ao riso, à piada, e ao
tom jocoso que substitui a atmosfera anterior, com relação
à semelhança com um mundo maravilhoso onde tudo pode
acontecer. No que diz respeito à conceituação do fantástico,
a partir de sua construção dentro da narrativa, vai deixando
de lado a reação do leitor, a afirmativa de que a narrativa
fantástica partia de uma situação perfeitamente natural para
alcançar o sobrenatural. Sua obra é definida até hoje como
pertencente ao fantástico, ao realismo mágico, ao absurdo,
ao sobrenatural. Com isso, podemos perceber que o conto
fantástico nos leva a ver o nosso mundo de maneira mais
critica ,analisando assim a conduta do homem moderno.
(Professora Cláudia Fernandes)
** NARRAÇÃO EM PRIMEIRA PESSOA
O PIROTECNICO ZACARIAS: Zacarias anda pelas
ruas, enquanto uns acreditam que seja o defunto pirotécnico, outros acreditam que se trata de alguém muito parecido. Fora atropelado por um grupo de jovens que ia a uma
festa. Enquanto discutiam o destino para o cadáver, Zacarias resolver interferir, o que fez um dos rapazes, Jorginho,
desmaiar de susto. Abandonaram o desmaiado na estrada
e levaram o defunto para a festa. Sentiu a ressaca do dia
seguinte e seguiu sua vida normalmente, sentindo-se mais
vivo do que antes.
O EX-MÁGICO DA TABERNA MINHOTA: Foi atirado à
vida sem nenhuma transição de infância para a idade adulta
em frente ao espelho da Taberna Minhota. Passou a divertir
os fregueses da taberna, tirando as mais improváveis coisas
dos bolsos sem nenhuma lógica ou explicação. Foi trabalhar no Circo Parque Andaluz e ficou famoso perdendo a
paz. Tentou várias vezes se suicidar sem nenhum êxito, até
que ouviu dizer que ser funcionário público era morrer aos
poucos e resolveu tentar. Apaixonou-se por uma datilógrafa
que o desprezava. Foi ao chefe e reclamou sua estabilidade já que tinha dez anos de trabalho. O chefe riu-se dele
por estar no serviço há apenas um ano. O exmágico tentou
sacar uma prova em seu bolso, mas perdera seus poderes
mágicos. Passou os anos a suspirar e lastimar um mundo
encantado onde pudesse fazer suas mágicas.
BÁRBARA: Bárbara gostava de fazer pedidos da mesma forma que o narrador, seu esposo, gostava de atendêlos. Quanto mais pedidos eram realizados, mais engordava.
Certa vez ele se recusou a atender um pedido de Bárbara e
ela deixou de falar com ele, emagreceu tanto que o marido
teve medo que ela morresse. Estava grávida. Pediu o oceano, o marido veio com apenas uma garrafinha com água do
mar, com a qual ela esteve satisfeita até que o bebê nasceu,
magro e feio, e Bárbara estava ainda mais gorda do que antes. Foi então que ela lhe pediu uma árvore de dez metros,
mas não se contentou com um galho e o marido comprou
o terreno com a árvore toda. Depois pediu um navio e ficou lá por largo tempo. O marido buscava recursos para
alimentar o bebê que ela repeliu, pois não havia pedido por
ele. Olhando para o céu, ela pediu uma estrela ao que ele
atendeu prontamente e foi buscar.
OFÉLIA, MEU CACHIMBO E O MAR: O narrador gostava de sentar em frente ao mar todas as noites e contar histórias a Ofélia. Contou que quando seu pai morreu foi morar
no litoral, mas que um acidente ao desembarcar inutilizou
seu pé impedindo-o de ser marinheiro. Era neto de José
Henrique Ruivãs, comandante de navio negreiro que se
entediou após a abolição dos escravos. O avô do narrador
contentou-se em apenas fazer barcos de madeira, e o pai
nem isso quis. No litoral havia conhecido sua esposa, Alzira,
que mesmo sendo uma rica viúva, não se casou com ela por
sua beleza ou fortuna, mas por ter cheiro de lagosta. Ofélia
late e o narrador que reclama a falta de paciência do animal
em aceitar as histórias dele, já que ele desejava tanto que
elas tivessem acontecido.
OS DRAGÕES: Dragões chegaram a uma cidade e
sofreram muito com seus costumes retrógrados. Um velho
professor sem filhos tempos depois, quando sobraram apenas dois dragões, ficou encarregado de cuidar da educação
deles. Os dois sobreviventes eram os mais corrompidos,
fugiam todas as noites para beber. Odorico, o mais velho
enrabichava-se pelas moças e uma delas largou o marido
para ir viver com ele. Algum tempo depois ele foi morto, provavelmente pelo marido traído. O professor e sua esposa,
Joana, canalizaram toda sua atenção para cuidar do mais
novo, João. Começou a vomitar fogo, atraindo a atenção
dos outros jovens. Quando um circo passou pela cidade,
deram pouca importância aos espetáculos, dizendo que o
dragão era mais interessante. Algum tempo depois que o
circo foi embora, João desapareceu. E nunca mais nenhum
dragão passou pela cidade e ficou por lá.
TELECO, O COELHINHO: O narrador estava em frente ao mar quando ouviu alguém lhe pedir um cigarro e que
se afastasse da frente do mar. O narrador observou que se
tratava de um coelhinho. Conversou com Teleco e o convidou para morar com ele. Teleco sente medo, pensando
que o homem estava interessado em comer carne de coelho e se transforma em uma girafa. Teleco vai morar com
o narrador e tornam-se grandes amigos, até que, certo dia,
Teleco transforma-se em um canguru, dizendo que era homem, acompanhado de Tereza, sua namorada. O narrador
fica irritado, mas por ter se apaixonado pela mulher, permite
que Teleco, agora Antônio Barbosa, fique em sua casa até
conseguir um trabalho e se mudar com Tereza. Durante
uma briga, bateu em Teleco e o casal foi embora. Certo
dia Teleco saltou pela janela, transformado em cachorro, e
começou a surtar transformando-se em diversos animais.
Passou dias doente, com febre, o amigo entendeu que fora
traído por Tereza. Em uma noite, nos braços do amigo Teleco parou de se transformar, era uma criança morta.
O HOMEM DO BONÉ CINZENTO: O narrador conta
que sua cidade era muito sossegada até a chegada da
mudança de um velho magro a um antigo hotel em ruínas.
Artur, irmão do narrador, ocupou-se em cuidar os movimentos do velho Anatólio que todas as tardes, às 5 horas ia ao
alpendre acompanhado de um cachorro, fumava e voltava
para dentro. Artur ainda comenta que cada dia o velho estava mais magro, ao que o narrador debocha dizendo não
ser possível que emagrecesse ainda mais. Perceberam que
o homem começou a ficar transparente, até que um dia vomitou fogo, escorrendo uma baba em chamas pelo corpo,
incendiando o velho ficando apenas o boné cinzento. O narrador olhou para o irmão e percebeu que ele encolheu tanto
que virou uma pequena bolinha e escorreu-lhe pelas mãos.
** NARRAÇÃO EM TERCEIRA PESSOA
A CIDADE: O trem parou e Cariba, irritado, foi perguntar o funcionário o que acontecia. Esse mostrou a Cariba
um povoado no morro e o viajante resolveu ir até lá. Quando perguntou onde estava, prenderam-no e levaram-no ao
delegado, dizendo se tratar do homem que procuravam.
Levaram-no a julgamento com testemunhas que nem o
conheciam, como a prostituta Viegas, que forjou respostas comprometedoras para o forasteiro. Cariba vai preso,
segundo o delegado, até que apareça alguém que atenda
melhor às características enviadas por telegrama pelo chefe
de polícia, dizendo que o delinquente tinha o mal-hábito de
fazer perguntas. Meses depois, ele pergunta a um guarda
se havia aparecido o procurado, e o rapaz responde que
apenas ele fazia perguntas naquela cidade.
A FLOR DE VIDRO: Eronides estava entediado em
sua fazenda, quando recebeu a notícia de que Marialice
estava chegando. Ao encontrar seu grande amor na estação de trem, sua venda desapareceu dos olhos e Marialice
parecia mais jovem. Passaram a noite juntos e no dia seguinte a mulher parecia uma moça de dezoito anos. Saíram
a passear pelo campo, abraçados e ele corre em direção
ao mato e traz a ela uma flor azul. Cada vez que tinha a
impressão de ver a flor de vidro no alto de uma das árvores,
abraçava Marialice ainda mais. No final das férias ele levou
a mulher à estação de trem e, no retorno furou um dos olhos
em um galho.
O EDIFÍCIO: O engenheiro João Gaspar é avisado
pelo conselho de velhos que dirige a obra, que não tentasse
termina-la, pois morreria antes do prédio ser concluído. A
cada 50 andares concluídos oferecia uma festa aos funcionários e assim ia envelhecendo. Houve enorme briga na
festa do 800º andar, onde até João saiu ferido. Ficou alguns
dias em casa, mas logo os trabalhadores vieram buscá-lo
para dar continuidade às obras. Próximo aos 900 andares
não encontrou mais o conselho dos velhos, pois estavam
todos mortos. Resolveu dispensar os empregados, mas
eles se recusaram a parar, e vinham voluntariamente, tendo
ajuda, inclusive, de moradores de outras cidades. A obra
nunca parou.
O LODO: Galateu pensava se encontrar uma depressão comum quando procurou a clínica do terapeuta Dr. Pink,
mas desistiu do tratamento. A secretária liga para Galateu
informando dos horários marcados e do pagamento mensal,
mesmo contra sua vontade. O médico insistia telefonando e
perseguindo Galateu, dizendo que havia dentro de seu paciente um imenso lodaçal. Lembranças do passado insistem
e Galateu tem medo de que o médico descubra. Teve um
pesadelo que sua irmã, Epsila, e o médico estavam debruçados sobre ele, enquanto Dr. Pink operava-lhe com uma
faca. Brotou em seu mamilo esquerdo uma ferida como pétalas de Rosa sangrando. O farmacêutico receitou-lhe uma
pomada que curou o ferimento. Meses depois Pink retorna
a ligar dizendo que era “o tempo das amoras vermelhas”. Na
manhã seguinte surgiu novamente a ferida, agora do lado
direito. Recebeu a intimação de um oficial de justiça, pois
estava sendo processado pelo médico por não pagar as
consultas, disponíveis mesmo que ele não fosse. Durante
um mês foi cuidado pela empregada e pelo farmacêutico,
sendo tratado a base de morfina para conter as dores. Epsila chegou com o pequeno Zeus e expulsou todos da casa.
O menino, com a aparência de doente mental o chamava de
pai. Tentou fugir, mas a irmã havia escondido as chaves. Ela
insistiu para que ele falasse com Dr. Pink, ao que ele aceita.
Com o bisturi, debruçado sobre o corpo do moribundo, limpou as feridas podres ao lado de Epsila.
O CONVIDADO: José Alferes recebeu um convite para
uma festa, mas que não lhe agradou, não trazia nenhuma
informação sobre data, local, apenas o traje a vestir. Procurou a portaria do hotel onde morava e foi indicado a procurar
Faetonte, o taxista que costumava levar os moradores às
festas. Foi a festa levado pelo taxista, é bem recebido por
todos, mas informado de que a festa não iniciaria sem a
chegada de um convidado especial. Conheceu Astérope,
por quem se sentiu atraído e, conversando com ela no
jardim, descobriu que ela conheceria o convidado especial
naquela noite, pois dormiria com ele por ter sido escolhida
pelo conselho dos anfitriões. Cansado de esperar e não
conseguir conversar os assuntos dos convidados, criação
e corrida de cavalos, resolveu ir embora. Faetonte nega-se
a levá-lo de volta. Decidiu ir sozinho, perdeu-se no caminho, machucouse, rasgou toda a roupa, rolou um barranco
e, quando deu por si, estava outra vez em frente a mansão
da festa. Astérope surgiu dizendo que conhecia o caminho,
mesmo desconfiado decidiu acompanhá-la.
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8 – LYA LUFF
AS PARCEIRAS
No vestibular da UFRGS de 2015, entre os Livros que
compõem as Leituras Obrigatórias, foram escolhidas duas
obras de escritoras que trazem como características em comum: livros que trabalham com monólogos interiores e com
o plano da memória. O romance AS PARCEIRAS, de Lya
Luft, publicado 1980, tem como personagem-Narradora
Anelise, essa personagem vai para o chalé da família após
uma crise no casamento. Durante sete dias Anelise, revisita
o passado, lembrando-se das mulheres da sua família que
são parceiras na dor, essas memórias começam pelo único
encontro que ela teve com a vó Catarina, e como isso marcou a sua vida; e suas relações com a mãe, tias e a irmã.
Anelise tem uma vida marcada por tragédias e felicidades; e
por sua tentativa de gerar uma vida. Destaque especial para
dois pontos da obra: primeiro o “sótão” que cada personagem usa para se proteger da realidade; e o segundo ponto é
a obra ter um final aberto. (Professor Pablo Kmohan)
Anelise, em torno de 35-40 anos vai passar alguns
dias no chalé da família na praia para repensar sua vida
e, segundo ela, descobrir onde tudo começou e onde tudo
acabou. Através da identidade das mulheres da família, vai
construindo sua própria trajetória. Os capítulos da enunciação percorrem sete dias (de domingo a sábado), enquanto
o tempo da memória de Anelise percorre a história de sua
família desde a avó. Catarina Von Sassen havia casado aos
14 anos sem a família por perto. A violência emocional e
sexual que o marido lhe impunha faz com que perca a lucidez e refugie-se no sótão todo pintado de branco, assim
como seus móveis, objetos e roupas. Com o tempo Catarina
perde completamente a sanidade, suicidando-se após a demissão de uma enfermeira de quem havia se aproximado.
Atirou-se de costas pela porta da sacada no meio do jardim.
As filhas eram cuidadas por uma governanta. Norma, mãe
de Anelise permaneceu meio infantil, sempre dependente
do marido e pouco atenciosa às filhas. O pai, por sua vez,
envolvia-se mais no cuidado da esposa. Anelise encontra
na amiga Adélia uma grande companheira, visto que sua
irmã é mais velha e não se interessa por ela. Adélia morre caindo de um penhasco na praia onde veraneavam no
chalé. Quando Anelise tem 12 anos os pais morrem em um
acidente de avião. As meninas vão morar no antigo casarão da avó com a tia Beata (Beatriz), que transforma a vida
delas em um inferno aprisionando-as com inúmeras regras.
Vânia, irmã de Anelise, logo se casa para ficar livre da tia,
deixando-a ainda mais sozinha. Anelise não gosta da presença de Bilinha (Sibila), a tia caçula, retardada e anã, fruto
do último estupro do avô em Catarina. Otávio, filho de Dora,
também tia de Anelise, vai passar uma temporada com elas.
É a primeira paixão da menina, sua primeira relação sexual,
a companhia que transforma sua vida. Logo depois que Otávio vai embora Bila morre, Anelise faz 18 anos e vai morar
com a tia Dora. Beata vai para o convento e vira uma freira
sem votos. Otávio volta da Europa para a casa da mãe com
sua noiva Mariana, e Anelise a surpreende traindo Otávio,
mas não conta nada a ninguém. Eles brigam o tempo todo,
Mariana volta para a Europa e Otávio vai atrás dela, deixando Dora desolada. Dora pintava quadros que se alternavam
entre monstros e pequenas nuances de anjos. Anelise conhece Tiago e, durante os preparativos para o casamento,
Vânia se aproxima e ela descobre que a irmã não vivia bem
no casamento. Era proibida pelo marido de engravidar, pois
ele tinha medo que nascesse uma suicida, retardada, deprimida ou anã. Anelise vive feliz os primeiros tempos de
casamento, mas sua obsessão em engravidar faz com que,
aos poucos seu casamento fracasse também. Sofreu três
abortos, o quarto filho ela perde no sétimo mês de gestação.
Exames atestam que ela não tem nenhuma doença ou esterilidade. Engravida pela quinta vez, nasce Lauro, o Lalo,
que segundo os médicos não passaria de 2 anos, era pouco
mais que um vegetal. Anelise vive para o menino, cria um
sótão igual ao de Catarina, mas dentro de si mesma. Recebe algumas visitas de Otávio, já divorciado, e encontra na
antiga paixão um amigo companheiro que tenta ajudá-la.
Lalo realmente morre em torno dos 2 anos. Anelise, meses
depois, escreve uma carta ao marido dizendo que passaria
alguns dias no chalé da praia. No chalé apenas Nazaré, a
empregada que, devido ao filho ter sido violentado na praia,
precisa deixar Anelise sozinha. Anelise por vezes conversava com o cachorro Bernardo, que na noite anterior havia
sumido. Sai para procurar o cachorro e observa em cima do
morro, de frente para o mar, a suposta veranista que ela observou por lá durante todo o tempo em que esteve no chalé
naquela semana. Decide subir e se surpreende, questionando como não havia percebido antes quem era e ambas descem juntas. O final é enigmático, pois não fica explícito de
quem Anelise está falando, por mais que as características
levem a crer que seja de Catarina. Também não sabemos o
que o verbo “descer” significa nesse contexto, se caminharam de volta pelo morro ou jogaram-se do penhasco.
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9 – GREGÓRIO DE MATOS
SELETA DE POEMAS
Nesta SELEÇÃO DE POEMAS, vemos o maior representante da literatura barroca no Brasil, Gregório de Matos
– nosso Boca do Inferno – foi um poeta polêmico, crítico de
seu tempo e de caráter popular. Sua vasta produção oscilava constantemente entre temáticas que iam da questão
religiosa e filosófica ao lirismo amoroso (idealizado) e às
vezes também erótico. O forte apelo ao sensorial e a aposta
no jogo de palavras e ideias são motes recorrentes a sua
estética. Seu viés satírico e corrosivo o tornou famoso, por
fim, como relevador preciso da sociedade baiana do século
XVII. (Professor Diego Lock Farina)
Seleta:
1. A Nosso Senhor Jesus Christo com actos de arrependimento e suspiros de amor (Ofendi-vos, Meu Deus, bem é
verdade)
2. A Jesus Cristo Nosso Senhor (Pequei, Senhor, mas não
por que hei pecado)
3. Inconstância dos bens do mundo (Nasce o sol, e não
dura mais que um dia)
4. À cidade da Bahia (2) (soneto) / (Triste Bahia! ó quão
dessemelhante)
5. A Maria dos povos, sua futura esposa (Discreta e formosíssima Maria)
6. Epílogos (Juízo anatômico dos achaques que padecia o
corpo da república...) / (Que falta nesta cidade?...................
Verdade)
7. A uma dama (Vês esse Sol de luzes coroado?)
8. A instabilidade das cousas no mundo (Nasce o Sol, e
não dura mais que um dia)
9. A certa personagem desvanecida (Um soneto começo
em vosso gabo)
10. Aos principais da Bahia chamados caramurus (Um canção de pindoba, a meia zorra)
11. À procissão de cinza em Pernambuco (Um negro magro
em sufulié justo)
12. Milagres do Brasil São (Um branco muito encolhido)
13. Retrato/Dona Ângela (Anjo no nome, Angélica na
cara!)
14. Contemplando nas cousas do mundo (Neste mundo é
mais rico o que mais rapa)
15. E pois coronista sou / Se souberas falar também falaras
16. Ao padre Lourenço Ribeiro, homem pardo que foi vigário da freguesia do Passé (Um branco muito encolhido)
17. Define a sua cidade (De dous ff se compõe)
18. Descreve a vida escolástica (Mancebo sem dinheiro,
bom barrete)
19. À cidade da Bahia (2) / (A cada canto um grande conselheiro)
20. Aos vícios (Eu sou aquele que os passados anos)
21. Descreve a confusão do festejo do Entrudo (Filhós, fatias, sonhos, mal-assadas)
22. Solitário em seu mesmo quarto à vista da luz...( Ó tu do
meu amor fiel traslado)
23. Aos afetos e lágrimas derramadas (Ardor em firme coração nascido)
24. Admirável expressão que faz o poeta de seu atencioso
silêncio (Largo em sentir, em respirar sucinto)
25. Definição do amor – romance (Mandai-me, Senhores,
hoje)
Nota de esclarecimento:
A obra de Gregório de Matos Guerra tem muitas
variantes editoriais. Assim, para evitar equívocos, disponibilizamos abaixo um arquivo que contém a Seleta
do autor. Cabe esclarecer que os títulos “Inconstância
dos bens do mundo” (número 3) e “A instabilidade das
cousas no mundo” (número 8) referem-se a um mesmo
poema, como se pode ver pelo primeiro verso, “nasce o
sol e não dura mais que um dia”. O mesmo ocorre com
“Milagres do Brasil são” (número 12) e “Ao padre Lourenço Ribeiro, homem pardo que foi vigário da freguesia do Passé” (número 16), cujo primeiro verso é “Um
branco muito encolhido”.
Em termos formais, o poeta é considerado pela crítica
um seguidor do estilo cultista. Em relação à temática, sua
obra é normalmente dividida em três tendências: poesia sacra (religiosa), poesia amorosa e poesia satírica.
POESIA SACRA
A forma rebuscada que caracteriza a poesia religiosa
(cultista) de Gregório de Matos é fixada através de uma
linguagem bastante figurada; cujo requinte encontra-se nas
imagens evocadas e em um obscuro simbolismo, não sendo
raro o poeta incorrer em um estilo retórico. A imagem do
homem (o sujeito poético) que, ajoelhado diante de Jesus
Cristo crucificado, confessa-se pecador, pede perdão e jura
redimir-se é o tema recorrente da poesia religiosa gregoriana. Baseando-se na tríade pecado, pecador e penitência,
esse modelo tem uma explicação histórica: o homem do século XVII estava ainda “deslumbrado” com a possibilidade
de absolvição de seus pecados, realidade instituída a partir
do Concílio de Trento. Segue abaixo um exemplo claro do
que fora dito anteriormente:
A Jesus Cristo, Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-nos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal, e prazer tão repentino vos deu,
como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
O poema traz a típica visão contra-reformista barroca,
através do contraste entre a onipotência de Jesus e a pequenez humana. Note a subserviência de um homem que
se vê abandonado diante da mesquinhez de sua vida terrena, depositando a esperança de uma possível salvação na
sua fé e na proteção e bondade e divina.
POESIA AMOROSA
A mulher é encarada basicamente de duas maneiras
(opostas) na poesia dita amorosa de Gregório: a idealização
da mulher branca e a erotização crua das negras ou mestiças. No primeiro caso, vemos o amor idealizado, sublimado.
A mulher branca é tratada com total respeito por um eu-lírico
que se esforça por sublimar seus instintos sexuais. Louvada
a beleza da mulher branca, o eu poético acaba por refletir
sobre a transitoriedade da vida humana, incidindo no tema
clássico do Carpe diem. Sob um viés barroco, às vezes, a
mulher é comparada a um anjo (símbolo de eternidade) e a
uma flor (metáfora da fugacidade):
Dona Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente1
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio2, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo que tão bela, e tão galharda,
Posto que3 os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
__________
1 Florente: florido;
2 Custódio: defesa;
3 Posto que: ainda que.
COMENTÁRIOS
Ainda que idealize a figura feminina, o soneto mantém
a dubiedade barroca: a tensão alma x corpo, esquematizado da seguinte maneira: Angélica é dona de uma enorme e
casta beleza, indicada por seu próprio nome. Logo, possui
algo de divino, daí o eu-lírico adorá-la e projetar nela sua
possível salvação. Entretanto, mantém sua essência humana, dialogando com o mundano, simbolizado no fato dela
ser uma flor. Em suma, o poema funde tortuosamente o
transcendente (alma) e o efêmero (corpo): Ser Angélica flor,
e Anjo florente. Por sua vez, as negras ou mestiças contam
com um tratamento diametralmente oposto à idealização
reservada à mulher branca na lírica gregoriana, sendo descritas pelo sujeito poético unicamente como um objeto sexual, uma mera genitália. Interpretados historicamente, tais
poemas desnudam a visão de mundo de uma elite branca:
fidalgo e filho de proprietário de engenho de açúcar, Gregório corrobora a típica relação de posse entre senhores e
escravos. Prova disto é que, depois da posse física (relação nunca ultrapassava o caráter sexual), o sujeito poético
costuma experimentar uma espécie de misoginia (aversão
ao contato sexual feminino) para com a escrava, sentindose aviltado e diminuído por ter mantido relações com uma
criatura que acredita inferior a si. Todavia, há poemas onde
ocorre o reverso: o contato sexual entre o eu-lírico (suposto
senhor-de-engenho) e a mulatinha (escrava) acaba fazendo
com que a ordem social seja subvertida. Agora é o homem
branco a ser “escravizado” pelos dotes da mulher negra, a
subserviência racial é burlada. A abordagem de Gregório
para o tema sexo não se dá sob a sofisticação do erotismo, mas é apenas agressiva, contundente, galhofeira. Sua
linguagem mostra-se ofensiva, ferina, licenciosa, cheia de
termos vulgares e de extremo mau gosto. Esta poesia promove uma desclassificação da mulher que nunca se tomaria
por esposa, situação que a cor negra potencia, e à qual corresponde uma violência ímpar de tom, de léxico, em suma,
de estilo (BOSI, 1992).
POESIA SATÍRICA
Através do deboche, do escárnio e de uma fina ironia,
o poeta demonstra um indiscutível senso crítico em relação à sociedade de seu tempo. Não por acaso Gregório
fora apelidado de Boca do Inferno, pois desde eminentes
governadores, advogados e clérigos, até populares, como
prostitutas e negros forros, ninguém podia vangloriar-se de
estar livre de ser ridicularizado por seus versos mordazes.
Sua lírica satírica veicula algum moralismo e uma forte tendência à caricatura e à tipificação. Deste modo, os padres/
freiras pecam pela luxúria; as negras pela prostituição; os
escravos pela subserviência e luxúria; os governantes pelo
despotismo ou mesmo pela burrice; os milicianos pela corrupção; os fidalgos pela soberba; os mestiços/ mulatos pelo
ex-tremo oportunismo e, por fim, os ingleses/ comerciantes
pela usura. A linguagem da poesia satírica de Gregório é
simples e licenciosa, às vezes, pornográfica. Porém, essa
aparente simplicidade esconde extrema sofisticação, já que
se utiliza em larga escala de ironia. Destaque-se se nativismo linguístico ou, digamos, um abrasileiramento linguístico.
Fugindo por ora do típico léxico europeizado do Barroco, o
poeta promove uma tropicalização da linguagem, chegando
a utilizar termos indígenas, africanos e gírias. Ora nomeando diretamente a figura vilipendiada, ora praticando um
ataque velado, seus poemas satíricos constituem um amplo
e lúcido painel crítico de indivíduos e instituições da Bahia
de seu tempo. O poeta denunciava com realismo e coragem
os vícios pessoais e coletivos da carnavalizada sociedade
baiana (segundo ele, a canalha infernal), pintando-a como
uma total inversão de todos os valores edificantes, um verdadeiro palco dos horrores.
Define tua cidade
De dois ff se compõe
Esta cidade a meu ver:
Um furtar, outro foder.
Se de dous ff composta
Está a nossa Bahia,
Errada a ortografia,
A grande dano está posta:
Eu quero fazer aposta
E quero um tostão perder,
E o furtar e o foder bem
Não são os ff que tem
Esta cidade ao meu ver.
Provo a conjetura já,
Prontamente como um brinco:
Bahia tem letras cinco
Que são B-A-H-I-A:
Logo ninguém me dirá
Que dous ff chega a ter,
Pois nenhum contém sequer,
Salvo se em boa verdade
São os ff da cidade
Um furtar, outro foder. [...]
COMENTÁRIOS
Gregório de Matos pinta um quadro nada lisonjeiro da
Bahia (Salvador) seiscentista. Ressalte-se a atitude moralista do eu poético e o fato de que, por não apontar exatamente o(s) alvo(s) de sua crítica, acaba por fazer uma verdadeira tábula rasa da sociedade baiana, cujo fio condutor a unir
as duas possíveis filosofias de vida (“furtar” e “foder”) é a
corrupção. Genericamente, pode-se dizer que cabe a todos
os que estão investidos de qualquer forma de poder (clero,
governantes, milicianos, mestiços e ingleses/ comerciantes)
a primeira postura e àqueles alijados do poder ou esmagados por ele (escravos e clero) a segunda atitude ou mesmo
a indiferença. Note que o clero, investido de poder obviamente, figura em ambas as atitudes. Por um lado, “furta” ao
fazer jogo de influências (simonia); por outro, “fode”, dando
vazão à conduta luxuriosa historicamente característica da
maioria dos clérigos e freiras.
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10 – ALBERTO CAEIRO
(heterônimo de Fernando Pessoa)
O GUARDIÃO DE REBANHOS
O GUARDADOR DE REBANHOS é a obra mais relevante de Alberto Caeiro, mestre dos heterônimos criados
por Fernando Pessoa. Pelos versos do poeta, destacam-se
qualidades ímpares de seu estilo espontâneo e de sua percepção contemplativa do mundo: sua serenidade e equilíbrio, seu sensacionismo, a relação intensa com a natureza
e a inquietante recusa perante quaisquer métodos de pensamento filosófico, teológico ou metafísico, pois “pensar é
estar doente dos olhos”. O conhecimento pela experiência e
o neopaganismo são características típicas de Caeiro. (Professor Diego Lock Farina)
POESIA ORTONÍMIA E HETERONÍMIA
Antes de tratarmos em específico da poesia de Alberto Caeiro, é preciso que se saibam algumas informações
sobre a obra de seu criador: Fernando Pessoa, uma das
figuras exponenciais no Modernismo português. Em boa
medida, a incontestável importância que a crítica atribui à
sua poesia pode ser explicada por seu caráter absolutamente original, pois que o poeta não se limitou a criar uma
apenas obra, mas várias e diferentes, tanto sob o ponto
de vista formal, quanto temático e ideológico. Além de sua
própria obra – a poesia ortonímica (ou Fernando Pessoa
“ele mesmo”) veiculada, sobretudo, em Mensagem (1934)
–, Fernando Pessoa metamorfoseou-se em outros poetas:
os heterônimos. São os poetaspersonagem para quem Fernando Pessoa criou não apenas obras poéticas autônomas,
mas, também diferentes personalidades, biografias e mesmo mapas astrais completamente distintos. Alberto Caeiro
(1889-1915) praticamente não teve instrução formal, motivo
pelo qual seus versos trazem uma linguagem simples e um
vocabulário reduzido. Morava em um sítio, logo mantinha
contato direto com a natureza, fonte de sua poética avessa a qualquer racionalização e calcada nos sentidos como
forma de apreensão da realidade. Embora pratique o verso
livre, sua concepção de mundo assemelhase muito a do homem clássico, no que pese ser totalmente pagão.
CARACTERÍSTICAS
Mestre dos outros heterônimos e do próprio Fernando
Pessoa Ortônimo porque, ao contrário desses, consegue
submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite viver sem
dor; envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas
que lhe rodeiam; sentir sem pensar; ser um ser uno (não
fragmentado). Poeta do real objetivo, aceita a realidade e o
mundo exterior como são com alegria ingênua e contemplação, recusando a subjetividade e a introspecção. O misticismo foi banido do seu universo. Através da temática da natureza, anda pela mão das estações e integra-se nas leis do
universo como se fosse um rio ou uma árvore, rendendo-se
ao destino e à ordem natural das coisas. Caeiro remete ao
que chamamos de temporalidade estática, vive no presente,
não quer saber do passado ou do futuro. Cada instante tem
igual duração ao dos relâmpagos, ou à das flores, ou ao do
sol e tudo o que vê é eterna novidade, é um tempo objetivo
que coincide com a sucessão dos dias e das estações. Antimetafísico, deseja abolir a consciência dos seus próprios
pensamentos (o vício de pensar), pois deste modo todos
seriam alegres e contentes. Acredita que as coisas não têm
significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio
significado.
Poema V
Olá, guardador de rebanhos,
Ai à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois,
E a ti o que te diz?
Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
O sentido do poema acaba por ser o sentido íntimo de
todo o livro: a ausência de pensamento deve reger a maneira de pensar dos homens que se querem libertar e encontrar a natureza. Para Caeiro, metafísica tem um sentido
extremamente restrito, muito menor do que o seu sentido
original e etimológico – é tudo o que vai além da simples
sensação –. Toda e qualquer análise do que é visto pelos
sentidos é metafísica, e é uma ilusão, porque o pensamento
afasta o homem do seu destino, que é ser natural, ser apenas mais um ser vivo na natureza. O paradoxo, no entanto
é inegável. Caeiro recusa o pensamento, mas usa o pensamento, analisa a sua própria maneira de pensar. É uma
armadilha a que Caeiro não pode escapar, a não ser caindo
nela e libertando-se de seguida das suas presas. A extrema
negatividade do poema serve de contraponto a esta tarefa
enorme. Nega tudo o que é positivo para os outros homens,
como que confirmando a sua personalidade única e o seu
desafio original. Mas por detrás deste despir da metafísica,
da simplicidade, escondem-se múltiplas interpretações. A
menor das quais não será o objetivo egoísta do “mestre do
mestre”; que inventa para si mesmo um templo e um deus
menor para que se sinta livre do compromisso de viver. É
Pessoa afinal que justifica a presença de Caeiro a si próprio,
na medida em que Caeiro o permite viver um novo e extasiante período da sua própria vida.
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11 – MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
Embora o título do romance sugira o foco narrativo de
1ª pessoa, MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS,
de Manuel Antônio de Almeida apresenta um narrador
onisciente de 3ª pessoa, mas que não mantém a imparcialidade, tomando o partido de algumas personagens com as
quais se identifica, como o de Leonardinho. Já a linguagem
ora é humorística ora irônica, e vale assinalar o coloquialismo da prosa de Manuel Antônio de Almeida, que traz um
registro bastante próximo do português falado à época,
deixando de lado o adjetivismo artificial dos demais escritores românticos. Apesar de ser escrito em plena vigência do
Romantismo, as apresentam um modus vivendi irreverente
e não raro um raro tanto amoral, funda o chamado “jeitinho
brasileiro” como essência de nosso povo. Neste sentido, saliente-se a figura de Leonardinho, um verdadeiro anti-herói
que introduz na literatura brasileira a figura do malandro,
muito valorizada posteriormente em obras como Macunaíma, de Mário de Andrade, e O auto da compadecida, de
Ariano Suassuna, entre tantas outras. (Professor Júnior
“Argentino”)
BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR
Manuel Antônio de Almeida nasceu na cidade do Rio
de Janeiro, em 17 de novembro de 1831. Concluiu a Faculdade de Medicina em 1855, mas nunca exerceu a profissão.
Dificuldades financeiras o levaram ao jornalismo e às letras.
Logo que entrou no curso superior começou a escrever para
o Correio Mercantil, publicando seus primeiros poemas aos
dezoito anos. Em 1852, passou a publicar semanalmente,
em um suplemento humorístico do Correio mercantil chamado A pacotilha, as Memórias de um sargento de milícias,
com o pseudônimo “Um brasileiro”. Em 1858, foi nomeado diretor da Tipografia Nacional, onde conheceu o jovem
aprendiz de tipógrafo Machado de Assis. Foi professor do
Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e no ano de
1863, Memórias de um sargento de milícias foi publicado
com o nome real de seu autor. Tentou ingressar na carreira
na política, mas quando ia fazer suas primeiras consultas
entre os eleitores, morreu no naufrágio do navio Hermes,
em 1861, na costa fluminense.
SINOPSE DO ENREDO
As aventuras de Leonardo, herói das Memórias de um
sargento de milícias, filho de Leonardo Pataca e de Maria
da Hortaliça, são o núcleo da narrativa. Seus pais, imigrantes portugueses, conheceram-se a bordo do barco que os
trouxe ao Brasil, depois de uma pisadela no pé direito e de
um beliscão. Sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo
e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo
depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. Aos sete anos, quebrava e rasgava tudo que
lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu
armado do Leonardo; se este o deixava por esquecimento
em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente,
espanava com ele todos os móveis,punha-lhe dentro tudo
que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava
por varrer com ele a casa. Maria da Hortaliça não era fiel
ao seu companheiro. Depois de flagrá-la com alguém que
escapara pela janela, Leonardo Pataca, em um assomo de
raiva, chuta o pequeno Leonardo para fora de casa e perde
Maria, que foge. Mas, apesar de abandonado pelos pais,
Leonardinho conta, não só nesse momento, mas ao longo
de toda sua vida, com a proteção e o afeto de várias personagens: expulso de casa passa a viver com o padrinho, que
era barbeiro e que cuida dele durante anos. Sua madrinha,
parteira e “papa-missas”, também o ajudará. Afeiçoado pelo
menino, o barbeiro fazia vistas grossas às suas malandragens. O plano do padrinho era que Leonardo fosse clérigo.
Porém, na escola, ele era o aluno que mais “matava” aulas,
que diariamente tomava bolos do professor; na Igreja, como
coroinha, com outro pequeno sacristão, fazia todo o tipo de
travessuras. Na primeira parte do livro, embora o narrador
afirme que o herói é Leonardo filho, também as trapalhadas
de Leonardo, o pai, são relatadas. Metido em problemas
amorosos com a cigana, que também tinha um caso com o
reverendo da Sé, Pataca é preso em um ritual de Fortuna
(macumba) pelo Major Vidigal, temida autoridade policial da
época do reinado de Dom João VI no Brasil. Para conseguir a soltura, Leonardo Pataca é ajudado por um tenentecoronel que lhe devia um favor. Fora da prisão, envia a uma
festa na casa da cigana um valentão que batia por dinheiro,
o Chico Juca, para arrumar uma briga. É nessa confusão
que o caso da cigana com o reverendo acaba revelado de
fato. Depois de reatar brevemente suas relações com a cigana, Leonardo Pataca relaciona-se com Chiquinha, com
quem se casa. As aventuras de Leonardinho tornam-se,
nesse momento, o único núcleo e uma importante personagem surge: Dona Maria, velha rica que também protege o
protagonista. É na casa de D. Maria que Leonardo, já jovem
e ainda absolutamente desocupado, encanta-se por Luisinha, sobrinha abastada da velha. No entanto, há um entrave
para a paixão de Leonardo: é José Manuel, rival que usa de
todos os artifícios para conquistar Luisinha. Depois da morte
do padrinho barbeiro, o herói da narrativa é obrigado a ir
morar com seu pai e Chiquinha, uma meia-irmã já nascida
e a parteira. O convívio com a madrasta é insuportável, e
Leonardinho abandona a casa. Enquanto os desentendimentos ocorriam, a parteira tenta afastar José Manuel de
Luisinha, mas a distância de Leonardinho dá espaço ao rival, que acaba conseguindo casar-se com a jovem graças à
influência, junto à D. Maria, de um mestre de reza, velho e
cego, que ensinava a rezar a criadagem da velha. Longe de
casa, Leonardo reencontra seu velho amigo de travessuras
da igreja. É esse rapaz que lhe faz conhecer um novo amor,
Vidinha, moça bonita de voz encantadora, de uma família
composta de duas viúvas, a mãe de Vidinha e sua irmã;
e seis jovens, três filhos de uma, empregados no exército
e três filhas de outra. Apaixonado, Leonardo agrega-se a
essa família para conquistar a mais bela das irmãs, mas
encontra a resistência de dois dos primos, que tinham a
mesma finalidade. Prestes a abandonar a casa, depara-se
com a madrinha, que o havia localizado. Rapidamente ela
ganha a amizade e a simpatia das viúvas. Em uma patuscada (festa familiar), os rivais do memorando arranjam que
ele seja preso pelo Vidigal, por vadiação, porém ele escapa
das garras do policial e retorna ao convívio da casa. Para
livrá-lo da acusação dos dois irmãos e da perseguição de
Vidigal, que jurava vingança por ter perdido uma presa, a
comadre lhe arruma emprego na ucharia-real, o depósito
de mantimentos do rei, perdido à custa de um flerte com a
mulher do toma-largura (apelido que se dava a criados do
rei). Enciumada por causa desse e pisódio, Vidinha vai à
ucharia fazer escândalo; acompanhando-a para persuadi-la
do contrário, Leonardinho acaba finalmente preso pelo Vidigal, que fará dele um granadeiro de sua patrulha. Aliviada,
Vidinha retorna a casa, não sem encantar o toma-largura
que, espertalhão e conquistador, se aproxima da família das
duas viúvas Em uma patuscada acaba é preso por beber
demais, sendo Leonardo quem se encarrega dessa tarefa.
Mesmo ligado à tropa de Vidigal, Leonardo não deixa de
ser malandro e prega peças em seu superior; livra da perseguição o Teotônio, um piadista, o que lhe rende a prisão
definitiva, da qual só sai depois da intervenção de D. Maria,
da comadre e de Maria Regalada, amor antigo de Vidigal,
que intercede junto a ele em nome do herói. Em troca da
liberdade de Leonardo, Maria Regalada cede ao desejo de
Vidigal e mora em sua companhia. Livre e com o cargo de
sargento da companhia de granadeiros, Leonardo casa-se
com Luisinha após a morte de José Manuel. Como sargentos da ativa não podiam casar-se, o jovem ganha o título de
sargento de milícias, que dá título ao texto.
___________________________________________
12 – MACHADO DE ASSIS
ESAÚ E JACÓ
ESAÚ E JACÓ, de Machado de Assis, destaca-se
pela narrativa consciente e segura, aliando o tom irônico e
despretensioso à análise da condição humana dos gêmeos
Pedro e Paulo. Sua maior importância se deve ao fato de
ser o romance em que o autor examina as transformações
políticas e sociais de modo mais denso. Nele, Machado
compõe uma síntese do Brasil na transição de império para
república, consistente retrato do espírito da época. (Professor André Alfama)
BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Morro do
Livramento, Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839.
Filho de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Os biógrafos notam
que, interessado pela boemia e pela corte, lutou para subir
socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual.
Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo
Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em jornais onde
publicava suas primeiras poesias e crônicas. É considerado
o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é
posto ao lado de todas suas produções posteriores, entre
as quais Esaú e Jacó, ortodoxamente conhecido como pertencente a sua segunda fase, em que se notam traços de
pessimismo e ironia, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Testemunhou a mudança política no país
quando a República substituiu o Império, sendo comentador
e relator dos eventos políticosociais de sua época. Em sua
maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
Morreu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908.
SINOPSE DO ENREDO
Natividade Santos procura uma adivinha, pois quer
saber o futuro de Pedro e Paulo, seus filhos gêmeos. A adivinha pergunta-lhe se os meninos haviam brigado ainda no
ventre materno. A gravidez fora tardia e sofrida nas semanas finais. Os gêmeos nasceram no dia 7 de abril de 1870
e tiveram os nomes inspirados nos apóstolos. Consultado
pelo pai, o capitalista Agostinho Santos, um espírita prevê rivalidade entre os irmãos. Apesar dos esforços maternos os
meninos brigam sem parar. Já adolescentes, a semelhança
física aumenta, estendendo-se até às notas e distinções
escolares. Pedro revela tendências monarquistas, enquanto
Paulo opta pelo republicanismo. Eles conhecem Flora Batista, um ano mais jovem do que ambos. Inicialmente, a menina, de beleza ímpar e qualidades variadas, serve como um
elo entre eles, que lhe amam sem, entretanto, sentir ciúmes.
Paulo vai para São Paulo estudar Direito e seu irmão fica no
Rio cursando Medicina. Chegam a trocar cartas louvando os
predicados da moça. Todavia, a alegria de Natividade dura
bem pouco e eles retomam as antigas rusgas. Entristecida,
a mãe dos gêmeos pediu ajuda a um amigo da família, José
da Costa Marcondes Aires, o Conselheiro Aires, para que
lhes inspirasse alguma amizade. O respeito e a admiração
deles pelo diplomata possibilita uma trégua temporária entre
ambos. Os jovens cortejam Flora, mas ela não consegue
definirse por nenhum dos irmãos, está sem ação. A esperança do amor da bela jovem fazia-os outra vez viver uma
paz momentânea. A pressão da escolha está acima das forças de Flora, que começa a adoecer. Ela é cuidada por Rita,
uma bondosa senhora irmã de Aires. Deseja optar e, não
conseguindo, piora de saúde. Os irmãos cortam relações
por essa época. Flora piora muito e, embora cercada de
cuidados, acaba morrendo em meio à agitação da Revolta
da Armada (1893). Os gêmeos juram paz. Um mês após a
morte da amada, ambos visitam seu túmulo. A surpresa pela
presença alheia e o sentimento de traição mútua restaura o
antigo ódio. Tanto Pedro quanto Paulo alcançam êxito profissional, contudo não podem ver ou mesmo ouvir falar um
do outro. As convicções dos irmãos passam a se confundir:
Paulo faz críticas ao governo republicano, já Pedro aceita o
regime com singular serenidade. São eleitos deputados e,
pouco depois da posse, Natividade falece. Em seu leito de
morte, tem uma conversa com os filhos cujo conteúdo eles
somente revelam ao Conselheiro Aires: a pedido da mãe,
haviam, aos prantos, dado as mãos e jurado amizade dali
em diante. Aos poucos começaram a discordar na política e
as diferenças pessoais eclodiram com força. Detestavam-se
e juramento nenhum seria capaz de mudar isto.
QUESTÕES DE HISTÓRIA NO
VESTIBULAR DA UFRGS
As questões de História do vestibular da UFRGS,
assim como o restante das questões do vestibular, não podem ser previstas. Entretanto, acredito que o estudo dos
vestibulares passados, aliado ao estudo do que vem sido
produzido no campo da historiografia, aliado a uma observação atenta dos eventos do presente podem nos dar
algumas indicações.
Para isso, gostaríamos de abordar quatro características que são ao mesmo tempo marcantes, e, portanto,
merecem atenção dos vestibulandos. A primeira é que o
vestibular da UFRGS prima por cobrir um vasto período
histórico, normalmente dos períodos neolítico ou paleolítico ate a História Contemporânea. Segundo, apesar de os
fatos atuais ocuparem pouco espaço na prova, de alguma
forma as questões de História são influenciados por eles.
Terceiro, o vestibular da UFRGS muitas vezes é detalhista, tem perguntas muito específicas de um determinado
assunto, e quarto, a UFRGS por vezes utiliza o popularmente chamado “pega-ratão”.
Quando dissemos que a prova da UFRGS procura
cobrir um vasto período temporal de acontecimentos históricos, é porque, de modo geral nos últimos 16 vestibulares, somente em 4, não ocorreram perguntas do período
chamado de “pré-história” ou de história oriental antiga
(Fenícia, Israel (Hebreus), Egito, Mesopotâmia). De modo
geral, entretanto, raramente ocorreu de haver mais de uma
pergunta sobre o assunto. Outro assunto que tem sempre
sido contemplado é antigüidade clássica Ocidental (Roma
e Grécia), de modo geral uma questão. A Idade Média vi-
nha sendo sempre abordada em duas questões, em 2014,
entretanto, três questões foram sobre esse período.
No que diz respeito a questões de Idade Moderna,
de modo geral a UFRGS traz, de modo geral, entre 3 e
4 questões.A quantidade de questões relativas ao período
que vai da Revolução Francesa até o início da I Guerra tem
recebido pouca atenção nos últimos vestibulares (entre 1 e
3 questões). O período que vai da I Guerra até o início da
II Guerra, e que contempla a Primeira Guerra, a crise de 29
e todo período no Nazi-facismo, por sua vez, não tem merecido mais que uma ou duas questões por vestibular. Já o
período restante do século XX (que inclui a II Guerra, tão
apreciada pelos alunos, mas pouco contemplada pelo vestibular) tem recebido, de modo geral, cerca de 3 questões.
Quanto à História do Brasil, a tradição é que as
questões se concentrem do período imperial em diante.
Os temas referentes ao período colonial geralmente se relacionam as questões econômicas e escravidão. As questões políticas referentes ao período do Segundo Império
e período republicano também são uma característica dos
vestibulares da UFRGS.
Os governos de Vargas, JK e a ditadura militar também são temas recorrentes nas provas da UFRGS. Devemos lembrar que em 2015 comemoramos os 30 anos da
redemocratização com a eleição indireta de Tancredo Neves para a presidência da República (que faleceu antes de
tomar posse e foi substituído por José Sarney).
Quanto à influência dos assuntos atuais sobre as
questões escolhidas para a prova, acreditamos que os historiadores que criam as questões são, de alguma forma,
influenciados pelos acontecimento atuais e podem refletilos, ainda que indiretamente. Um exemplo é a questão 9
de 2014 que ao tratar da História do jesuítas estabelece a
seguinte relação: “Considere as seguintes afirmações sobre a Companhia de Jesus, ordem fundada em 1534, pelo
ex-militar espanhol Ignacio de Loyola, e à qual pertence
o papa Francisco. “
Outros temas atuais que podem inspirar questões são
as revoltas que ocorreram ou estão ocorrendo no oriente
médio e norte da África, a crise Rússia-Ucrânia, ou ainda, o surgimento do Estado Islâmico. Pouco provável que
o vestibular contemple uma pergunta sobre o fato em si,
mas uma questão inspirada nesses movimentos, e que se
reporte ao período das independências destes países (ou
descolonização da África e da Ásia) não está descartada.
Quanto às perguntas muito específicas, que ocorrem
por vezes no vestibular da UFRGS, não há dúvidas de que
elas funcionam como um recurso para a eliminação de
candidatos. Não há muito o que fazer em relação a elas
a não ser muita leitura e estudo. Um exemplo a esse respeito é a questão 8 do vestibular de 2010 que exigia que o
candidato soubesse que nunca, em solo brasileiro, houve
a atuação do tribunal do santo ofício (responsável pela inquisição portuguesa).
Finalmente, mas não menos importante, é que o candidato deve estar muito atento a leitura do enunciado e das
alternativas do vestibular da UFRGS. O “pega-ratão” é um
dos recursos utilizados para a eliminação de candidatos.
Um exemplo bastante significativo é uma alternativa em
que a conquista do Brasil pela Holanda havia sido realizada através da “Companhia das Índias Orientais”, quando
o correto é “Companhia das Índias Ocidentais”. Ou seja,
para um bom resultado não é necessário somente muita
dedicação e estudo, mas também tranquilidade e atenção!
BRICS
Em 2001, o economista Jim O-Neill, do banco de investimentos Goldman Sachs, publicou um estudo sobre
grandes economias emergentes, com índices de crescimento promissores e poucos riscos. Com as iniciais de Brasil,
Rússia, Índia e China, criou a sigla BRIC, que ainda remetia à palavra tijolo em inglês, num paralelo com essa nova
arquitetura econômica mundial em construção.
Anos depois, os BRICS saíram do papel e ganharam
mais um integrante, a África do Sul (o S da sigla vem de
South Africa). Ao longo do tempo, o grupo estabeleceu um
calendário de encontros de diversos níveis, envolvendo o
mundo acadêmico, empresários e governos.
http://especial.g1.globo.com/globo-news/BRICS/
Durante a V Cúpula do BRICS, em 27 de Março de
2013, os países do eixo decidiram pela criação de um Banco
Internacional do grupo, o que desagradou profundamente
os Estados Unidos e a Inglaterra, países responsáveis pelo
FMI e Banco Mundial, respectivamente. A decisão sobre
o banco do BRICS ainda não foi oficializada, mas deve se
concretizar nos próximos anos. A ideia é fomentar e garantir o desenvolvimento da economia dos países-membros do
BRICS e de demais nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento.
Outra medida que também não agradou aos EUA e Reino Unido foi a criação de um contingente de reserva no
valor de 100 bilhões de dólares. Tal medida foi tomada com
o objetivo de garantir a estabilidade econômica dos 5 países
que fazem parte do grupo.
http://www.brasilescola.com/geografia/bric.htm
PROBLEMAS AMBIENTAIS
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque
a questão da segregação urbana, fruto da concentração de
renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o encarecimento dos locais mais próximos dos
grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa
populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornamse mais caras, o que contribui para que a grande maioria
da população pobre busque por moradias em regiões ainda
mais distantes.
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais e os locais
onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos
habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores
com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima infraestrutura dessas
zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência.
Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos problemas sociais. Por exemplo: o
processo de favelização contribui para a agressão ao meio
ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente
ocorrem em zonas de preservação ou em locais próximos a
rios e cursos d’água.
Ademais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam
eles urbanos ou não, são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme seus interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos lucros sem se preocupar com as consequências.
As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco das consequências da ação humana sobre
o meio natural. Problemas como as enchentes são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva.
Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é natural, ou seja, aconteceria com ou sem
a intervenção humana. O problema é que, muitas vezes, por
falta de planejamento público, loteamentos e bairros são
construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em
outras palavras, em tempos de seca, casas são construídas
em locais que fazem parte dos leitos dos rios e, quando esses
rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas.
Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à
poluição urbana ou às condições de infraestrutura, como a
impermeabilização dos solos a partir da construção de ruas
asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo,
acaba não tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e provocam enchentes.
http://www.brasilescola.com/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbanizacao.htm
CONFLITOS NO MUNDO ÁRABE
O levante contra o regime de Bashar al-Assad teve início
em 15 de março de 2011, durante a insurreição da Primavera
Árabe, período em que as populações de países árabes, como
Tunísia, Líbia e Egito se revoltaram contra os governos de
seus países. O levante começou pacífico nos primeiros quatro meses, mas, a partir de agosto, manifestantes fortemente
reprimidos passaram a recorrer à luta armada.
Um dos pontos altos da guerra se deu em 21 de agosto
de 2013, quando um ataque químico - realizado nos arredores de Damasco e atribuído pela oposição e países ocidentais a Bashar al-Assad - deixou mais de 1.400 mortos.
Apesar de toda a comoção e condenação internacional,
um acordo entre Moscou e Washington cancelou qualquer
tipo de ataque ocidental à Síria após Assad se comprometer
a destruir suas armas químicas. Até agora, a Síria destruiu
um terço de seu arsenal químico. Em 23 de janeiro de 2012,
a Síria anunciou que rejeitava a proposta da Liga Árabe
para que Al-Assad se afastasse do cargo e para que fosse
criado um governo de unidade nacional. Além da Liga Árabe, ONU, União Europeia e Estados Unidos sempre condenaram a violência e a repressão impostas pelo regime sírio,
mas nunca intervieram no conflito.
A União Europeia e os Estados Unidos impuseram
sanções econômicas unilaterais contra a Síria, mas nunca
agiram de forma mais enérgica. Países como Irã, China e
Rússia são aliados declarados do regime de Bashar Al-Assad e se manifestaram contra qualquer tipo de imposição de
sanção internacional ao país. A Rússia, que tem uma base
naval militar no país, condenou o uso da violência pelos
opositores ao regime, aos quais chamou de ‘terroristas’ e
votou contra o estabelecimento de uma missão humanitária
no país na Conferência de Paz GenebraII, em fevereiro de
2014. A China chegou a acusar os países ocidentais de instigar uma guerra civil na Síria. O Brasil retirou seu embaixador da Síria em janeiro de 2013. Em junho do mesmo ano,
foi a vez de o Egito romper relações com o país.
http://noticias.terra.com.br/mundo/guerra-civil-da-siria/
GLOBALIZAÇÃO
O processo de globalização surgiu para atender ao capitalismo e, principalmente, os países desenvolvidos; de
modo que pudessem buscar novos mercados, tendo em vista que o consumo interno encontrava-se saturado.
A globalização é um fenômeno social que ocorre em
escala global. Esse processo consiste em uma integração
em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.
PONTOS POSITIVOS:
* Tecnologia
* Comunicação
* Conforto
* Relacionamento
* Fácil acesso à tudo
* Praticidade
* Agilidade
* Conexão
* Visão ampla do mundo
* Valorização
* Economia
* Crescimento.
PONTOS NEGATIVOS:
* Expansão (impacto no meio
ambiente)
* Poluição
* Conflitos (econômicos, políticos e concorrência)
* Competição
* Desunião
* Preconceito/discriminação
* Irresponsabilidade (valorização do material).
http://sociolog1a.blogspot.com.br/2012/11/pontos-positivos-e-negativos-da.html
I - NOTAÇÃO CIENTÍFICA
no desconto, o valor original eqüivale a 100
% enquanto que no lucro quem eqüivale a
100 % é o valor de compra.
A notação científica serve para expressar
números muito grandes ou muito pequenos.
O segredo é multiplicar um numero pequeno por uma potência de 10.
A forma de uma Notação científica é:
TÉCNICA AVANÇADA
Valor final após um aumento de 60% →
160% do valor
m . 10n
Onde m significa mantissa e n, significa ordem de grandeza. A mantissa sempre será
um valor em módulo entre 1 e 10.
Valor final após um desconto de 60% →
40% do valor
Coordenadas do vértice:
Resolução:
Imagem da função quadrática
Transformando em notação científica:
Para transformar um numero grande qualquer em notação cientifica, devemos deslocar a vírgula para a esquerda até o primeiro
algarismo desta forma:
1 bilhão = 1.000.000.000 = 109
1 trilhão = 1.000.000.000.000 = 1012
5 mil = 5.000 = 5.103
II - FUNÇÃO QUADRÁTICA
(Função 2º Grau)
Forma: f(x) = ax2 + bx + c, com a ≠ 0
• ∆>0
Custo das unidades
Unidade 1: A (sem desconto)
Unidade 2: 0,9A (desconto de 10%)
Unidade 3: 0,8A (desconto de 20%)
Total pago na compra : 2,7A
Total sem descontos: 3A
Desconto total:
O que corresponde a um desconto de 10%.
Alternativa B
Para com valores muito pequenos, é só mover a virgula para a direita, e a cada casa
avançada, diminuir 1 da ordem de grandeza, desta forma:
0,000000075 = 7,5 . 10-8
-33.000.000.000.000 » -3,3 . 1013
0,46 = 4,6 . 10-1
Vejamos agora um exemplo em vestibulares:
UFGRS 2013 – 26. Um adulto humano
saudável abriga cerca de 100 bilhões de
bactérias,
Somente em seu trato digestivo.
Esse número de bactérias pode ser escrito
como
(A)109.
(B) 1010.
(C) 1011.
(D) 1012.
(E) 1013 .
Resolução:
100 bilhões = 100 x 1.000.000.000
= 102 x 109
=1011
Alternativa: C
__________________________________
V - GEOMETRIA ESPACIAL
__________________________________
IV - GEOMETRIA PLANA
Resolução:
f(x) = - f(x) → 2f(x) = 0 → f(x) = 0 ∴
UFRGS/2014 - 46. A área de um quadrado
inscrito na circunferência de equação
Alternativa B
x2 - 2y + y2 = 0 é
Resolução:
Resolução:
Temos uma circunferência de centro de coordenadas (0,1) e raio igual a 1. O diâmetro
da circunferência é igual a diagonal do quadrado, logo temos que:
Alternativa:A
Resolução: A alternativa correta é D, porque o módulo de é sempre um valor positivo. Sendo assim, o que é positivo continuará
positivo e o que é negativo ficará positivo.
Portanto, temos que:
__________________________________
III - PORCENTAGEM
Normalmente os problemas de percentagem
são resolvidos através de uma regra de três
simples, não esquecendo jamais de atribuir
100 % ao valor referencial. Por exemplo,
CINEMÁTICA
- Paralelo: mais de um caminho.
Corrente elétrica → se divide proporcionalmente.
Voltagem → igual.
M.R.U. – Velocidade constante
são de elétrons ao incidir luz.
- Pelo eixo: ωA = ωB.
ONDAS
- Aparelhos de medida:
Voltímetro (V): conecta-se em paralelo com
o circuito.
Amperímetro (A): Conecta-se em série com
o circuito.
-Tempo de meia-vida = tempo para que o
número de desintegrações se reduza à metade.
M.R.U.V – Aceleração constante
GRAVITAÇÃO
Lei de Newton da atração gravitacional
“Todo corpo do universo atrai qualquer
outro corpo com força que é diretamente
proporcional ao produto de suas massas e
inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre seus centros.”
CALORIMETRIA
Energias
Calor sensível
REAÇÕES NUCLEARES
Calor Latente
-Fusão: união de dois elementos menores
formando um maior. Há liberação de energia. Não há resíduos radioativos
Movimento Circular Uniforme
Velocidade Linear (Tangencial)
CIRCUITOS
Velocidade Angular
ACOPLAMENTO DE POLIAS.
- Série: um caminho só.
Corrente elétrica → mesma.
Voltagem → se divide proporcionalmente.
-Fissão: desintegração de um núcleo grande em outros menores. Há liberação de
energia. Há resíduos radioativos. Reação
em cadeia.
- Pela borda: VA = VB.
Física Moderna
EFEITO FOTOELÉTRICO
Incidir radiação eletromagnética sobre um
material pode o fazer emitir elétrons. Emis-
A prova de química apresenta questões de dificuldades variadas, então, dê uma olhada inicial antes de começar a prova e faça as mais fáceis antes.
MASSA MOLECULAR
A massa das moléculas podem ser calculadas pela soma das massas atômicas de cada um
dos átomos.
ESTEQUIOMETRIA - Sempre necessário!
Nunca esquecer as relações estequimétricas
1 mol – 6,02.1023 – massa molar – 22,4 L (se for gás)
SAIS
Formados por reações de neutralização
ÁCIDO + BASE → SAL + ÁGUA
MODELOS ATÔMICOS
Tema recorrente nas provas, enfoque principal nos modelos mais atuais.
RUTHERFORD
ELETROQUÍMICA
As reações de REDOX, se caracterizam por serem reações em que uma substância perde
elétrons e outra ganha.
OXIDAÇÃO
Utilizando o experimento de bombardeamento de partículas alfa em uma lâmina de ouro,
foi descoberto:
•
Uma região pequena e densa, denominada núcleo.
•
Que os elétrons são muito pequenos comparados aos prótons.
•
A maior parte da matéria é vazia.
BOHR
• Perde elétrons.
• Aumenta o NOX.
• Se o elemento OXIDOU, logo ele é o AGENTE REDUTOR.
REDUÇÃO
• Ganha elétrons.
• Diminui o NOX.
• Se o elemento REDUZIU, logo ele é o AGENTE OXIDANTE.
EQUILÍBRIO
No momento em que as concentrações de produtos e reagentes tornam-se constantes, o
equilíbrio químico é atingido e somente a partir daí que pode se estudar as reações.
Modelo que explicou através da quantização da energia, ideias de Max Planck, que os elétrons absorvem energia, sendo promovidos a níveis mais energéticos e, quando retornam,
essa diferença energética é emitida como luz.
Galera a prova da UFRGS cobra bastante sobre célula, CITOLOGIA. Então ai vai uns
quadros resumos pra vocês se lembrarem das principais organelas e do metabolismo da
célula.
EXERCÍCIOS
(UFRGS 2011) A coluna da esquerda, abaixo, apresenta diferentes fases da meiose; as da
direita, fontes de variabilidade genética de duas dessas fases.
Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda.
1 - prófase I
( ) permutação
2 - anáfase I
( ) segregação dos homólogos
3 – prófase II
4 – metáfase II
5 – anáfase II
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(A) 1 e 2.
(B) 2 e 3.
(C) 3 e 4.
(D) 4 e 5.
(E) 5 e 1.
________________________________________________________________________
(UFRGS 2014) A rota metabólica da respiração celular responsável pela maior produção
de ATP é
(A) a glicólise, que ocorre no citoplasma.
(B) a fermentação, que ocorre na membrana externa da mitocôndria.
(C) a oxidação do piruvato, que ocorre na membrana externa da mitocôndria.
(D) a cadeia de transporte de elétrons, que ocorre na membrana interna da mitocôndia.
(E) o ciclo do ácido cítrico, que ocorre na matriz da mitocôndria.

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