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Transcrição

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:
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A OBRA-PRIM A DE
ijm\m w
CHAMADO
m o
TENNESSEE WILLIAMS
IL-5 - Mala de Viagem
Unissex
IL-6 - Mala de Viagem
Unissex
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TEATRO TEREZA RACHEL
Projetado em 1956 pelo arquiteto
Henrique Mindlin, o Teatro Tereza
Rachel teve sua construção iniciada em
1957, sendo aberto ao público proviso­
riamente em 1969 e oficialmente inau­
gurado em 1971. Parte integrante do
Shopping Center de Copacabana, o Te­
reza Rachel tornou-se ao longo dos seus
14 anos de existência uma das princi­
pais casas de espetáculos da cidade do
Rio de Janeiro, tanto no que diz respei­
to a encenação de peças teatrais quan­
to no que se refere a apresentação de
shows musicais e festivais de dança.
No que diz respeito a atividade teatral,
acolheu a encenação de textos de auto­
res nacionais e estrangeiros, destacan­
do-se, entre eles, Arrabal, Ibsen, Anton
Tchecov, Mrozek, Dario Fó, Alfredo
Dias Gomes, Plinio Marcus, Chico de
Assis, Guarnieri, Paulo Pontes, Chico
Buarque e peças como “Cemitério de
Autom óveis”, “A Gaivota”, “Tango”,
“Santo Inquérito”, “Missa Leiga”,
“Mais Quero Um Asno Que Me Carre­
gue do Que Um Cavalo Que Me Derru­
be”, “Oração Para Um Pé de Chinelo ”,
“Curral”, “Arena Canta Z um bi”, “Go­
ta D Á gua”. No que se refere a shows,
o Tereza Rachel tornou-se nacional­
mente conhecido como um templo da
moderna música popular brasileira, sen­
do responsável pelo lançamento e apre­
sentação de personalidades como Gal
Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Ivan Lins, Paulinho da Viola, Fagner,
Ney Matogrosso, MPB-4, Secos & Mo­
lhados, Moraes Moreira, Baby Consuelo, Gonzaguinha, Sivuca, Turibio San­
tos, entre dezenas de compositores e
instrumentistas consagrados.
No ano de 1982 o Teatro Tereza
Rachel fecha as suas portas e, sob a ori­
entação do arquiteto Marco Antonio
Khair, é totalmente reformado, ganhan­
do aparelhagem de ar condicionado
central, revestimento acústico, poltro­
nas e moderno serviço de som e luz.
Reaberto em julho de 1983 com o show
“Chico S e t”, de Chico Anísio, abre es­
paço depois para o musical “Chorus
L ine” e a peça “Brincando Em Cima
Daquilo”, com Marília Pera. Em 1985,
o Teatro Tereza Rachel inaugura em
suas dependências a Sala Paulo Pontes,
equipada para aulas e ensaios. “Um
Bonde Chamado Desejo”, obra prima
da dramaturgia contemporânea de au­
toria de Tennessee Williams, mãrca a
volta de Tereza Rachel ao seu teatro,
após a reforma.
“UM BONDE
CHAMADO DESEJO”
SINOPSE
A peça conta uma estória simples.
Mas é na descrição apaixonada dos
personagens que reside sua força dra­
mática. A irmã de Blanche (protago­
nista da peça, personagem que tem
comovido platéias do mundo, com
sua sede de afeto e compreensão),
Stela, casara-se com Stanley Kowalski,
um homem pobre e rude. Para Blanche
é difícil compreender que a irmã, edu­
cada de maneira aristocrática, tenha se
tomado mulher de um homem ignoran­
te e grosseiro.
Após a m ina da família cada uma
das irmãs seguira um destino próprio.
Stella adaptou-se ao mundo do marido.
Blanche manteve a postura aristocráti­
ca, gestos finos, sensibilidade aguda.
No entanto, foi profundamente infeliz
na sua vida amorosa: seu marido ho­
mossexual acabara por suicidar-se.
A peça começa quando Blanche —
recém expulsa do colégio onde lecio­
nava — vai pedir auxílio a Stella. Acu­
sada de tentar seduzir um aluno ado­
lescente, ela foi demitida como imoral.
A PEÇA
A primeira montagem da peça foi
realizada em 1947 e dirigida por Elia
Kazan, fundador do Actors Studio de
Nova York. Kazan deu a Jessica Tandy
o papel de Blanche e a Marlon Brando
— que estreava profissionalmente — o
E o que se passou entre esse fato e a
sua chegada à casa da irmã permanece
obscuro.
Stanley sente-se agredido com a vi­
sita daquela mulher, refinada que todo
o tempo ironiza sua rudeza. Começa
então a investigar seu passado. E des­
cobre que Blanche havia se prostituído.
A descoberta causa alívio — pois ele
encontra finalmente o motivo para ex­
pulsar a cunhada <Je casa.
Quando condui a investigação,
Blanche fazia a última tentativa de
encontrar o amor na pessoa de Mitch,
amigo de Stanley. Ela havia mentido
sobre o passado para não perder o
respeito do rapaz. Stanley é impiedo­
so : conta o que sabe a Mitch, que des­
faz o noivado e abandona Blanche.
Enquanto Stella está dando a luz,
Stanley se embriaga e violenta a cunha­
da, lançando por terra o que resta de
são na personalidade da mulher. Ela
vai enlouquecendo até o momento
final, quando ele chama os médicos
de um hospício para interná-la. “Sem­
pre dependi da delicadeza de estrannhos” — diz ao médico que a conduz
para fora da casa.
papel de Stanley. Dois anos depois, o
espetáculo estreava em Londres, no
Aldwych Theatre, sob a direção de
Laurence Olivier e com Vivien Leigh
no papel de Blanche. Na versão cine­
matográfica, realizada em 1951 por
Elia Kazan, os intérpretes escolhidos
foram Vivien Leigh e Marlon Brando.
No Brasil, tivemos duas atrizes que
conseguiram interpretações marcantes
no papel de Blanche Dubois: Henriette
Morineau, na direção de Ziembinski,
no início da década de 1950, e Maria
Fernanda, no espetáculo levado pelo
Teatro Oficina de São Paulo em 1965.
O BONDE ANDANDO
1 — “Um Bonde Chamado Desejo ” (Tennesse
Williams), “Longa Jornada Noite Adentro ” (Eugene
O’Neill) e “A Morte do Caixeiro Viajante” (Arthur
Miller) são as três peças fundamentais do teatro nor­
te-americano. A “Longa Jornada” é tragédia pura,
transposta com propriedade (uma aberração histó­
rica?) para o mundo em que vivemos. “A Morte do
Caxeiro Viajante” é a mais social das peças america­
nas, o social incorporando os aspectos econômicos
de uma sociedade pragmática e obsecada pelo lucro.
Já “Um Bonde” é, de longe, a obra teatral mais con­
tundentemente poética, sobremodo, no abordar do
pernamente drama das ilusões (e frustrações) huma­
nas. Por onde passou —Nova York, Moscou, Londres,
Roma, Paris, Budapest, etc. — a peça de Williams
comoveu adoidado. Seu rosário de êxitos é extenso:
na Brodway lançou Marlon Brando, trouxe Vivien
Leigh de volta à Hollywood, fez de Sir Laurence
Oliver nos palcos de Londres um mero copiador da
mise-en-scene (soberba) de Elia Kazan, deu Oscars
e Tonys a Karl Marden e Kim Hunter e, circuito in­
terno, consagrou Madame Morineau junto ao públi­
co brasileiro. Mais: fez de Blanche DuBois, figura
ficcional que todos nós conhecemos um pouco, o
mais denso personagem feminino da dramaturgia
contemporânea.
2 — Mas “Um Bonde” não recebeu só elogios.
Arthur Miller, depois de ver a peça, acusou Williams
de novelesco, cruel e alienado, deduzindo por conta
própria que o teatro de Williams estava por fora do
contexto. Vamos por partes. Miller merece nosso
mais profundo respeito, o seu “Caixeiro” é obraprima (também), mas aqui o poeta errou a mão.
“Um Bonde Chamado Desejo ”, em que pese o psicologismo latente, evidencia conflitos e situações fun­
damentalmente sociais (o da promiscuidade habita­
usco
D
SERVIÇO DE PRONTA ASSISTÊNCI A
COM GARANTIA
cional, por exemplo), para não falar dos tipos quase
paradigmáticos (que criou) dentro de uma sociedade
heterogênea como a americana. Claro, pode-se discu­
tir em maior ou menor escala as derrisões do aristocratismo falido de Blanche (que os senhores vão ver
com os olhos que a terra há de comer) e um certo
maniqueismo que arrola a composição do operário
Kowalsky e a ralé (branca e mestiça) que o circunda.
Mas daí a encará-los como meros artifícios ou cacoe­
tes de criação — vai uma enorme distância. Quanto
a referência à crueldade das situações e tipos que
envolve a peça, ela é mais que evidente, no entanto,
quem em sã consciência poderia excluir a crueldade
da nossa vida cotidiana e até de todo processo civi­
lizai ó rio ocidental e cristão? Não basta atirar a pri­
meira pedra. A última acusação de Miller, que se
reporta ao caráter novelesco de “Um Bonde”, de
tão anêmica, nem merece contestação. Com efeito,
o que é, por exemplo, o “Dom Q uixote”, talvez a
obra literária mais ampla já criada pelo espírito hu­
mano?
3 — Na presente versão brasileira de “Um Bon­
de Chamado Desejo” os produtores da peça, enfren­
tando contratempos e sem nenhum apoio oficial, se
empenharam nos limites do possível para que o es­
petáculo se mostrasse a altura do texto. Com Tereza
Raquel voltando ao teatro à frente de um elenco
sensível e talentoso, e ainda com os cenários de
Marcos Flasksman, figurinos de Rosa Magalhães e
Maria Tereza Carneiro e a direção de Maurice
Vaneau, só esperamos proporcionar momentos de
um terno espetáculo teatral. E, óbvio, agradecer a
todos os amigos, técnicos e operários, que ajudaram
a encaminhar “Um Bonde”.
Os Produtores
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CERVEJA
CHOPP
V.
0 mundo do som é mágico.
Sgradiente
TENNESSEE WILLIAMS
(1914- 1984)
VIDA e OBRA
A humanidade é uma grande es­
perança perdida. Cada homem está
trancado dentro de si mesmo e sua
alma é semelhante a um poço onde só
o sofrimento vive e se agita. Solidão,
loucura e marginalidade são os desti­
nos das criaturas que se corrompem
no dinheiro e no desejo — carcereinos da alma. Não há liberdade fora
da morte. A vida é violência e ritual
antropofágico. Os únicos companhei­
ros do indivíduo são o medo e a soli­
dão. E, para eles, não há remédio;
conseqüentemente, não há cura.
Foi a partir dessa terrível visão de
mundo que Tennessee Williams escre­
veu quase toda a sua obra. Pessismista
e moralista, ele não consegue enxergar
seu semelhante como alguém capaz de
engendrar uma nova sociedade — me­
nos atraente, talvez, mas com sentimen­
tos e valores menos condenáveis.
Suas personagens são criaturas tris­
tes e solitárias: bêbados, poetas, vaga­
bundos, operários humilhados, mulhe­
res reprimidas, homossexuais atordoa­
dos pela perseguição, atores sem papel,
damas decadentes, virgens loucas, pros­
titutas feridas. Sem exceção, um mes­
mo estigma os tortura: estão sós.
Sua dramaturgia caracteriza-se co­
mo uma longa e penosa confissão sol­
ta no tempo e no espaço. Acreditando
que a natureza humana é basicamente
corrompida e miserável, ele juntou ao
pessimismo filosófico uma neurose
pessoal que nem a psicanálise conse­
guiu arrefecer. Mas se as personagens
pertencem ao mundo dos marginais e
dos doentes, também são fruto da mais
sincera compaixão humana. Assim, o
público sempre recebeu seus dramas
de braços abertos. Os recalques apre­
sentados no palco purgam os especta­
dores de seus próprios recalques: nas
neuróticas criaturas, cada um projeta
a sua própria neurose.
No entanto, se essa confissão obses­
siva tomou Tennessee Williams cúmpli­
ce do público, ela conseguiu separá-lo
da crítica. Os críticos o julgaram várias
vezes como um autor superficial, distan­
te da realidade nos temas que aborda.
Arthur Miller (1915), dramaturgo
norte àmericano de idêntico sucesso,
chegou a afirmar que enquanto Tennes­
see Williams não mergulhasse suas per­
sonagens na história, elas jamais seriam
verdadeiramente humanas. Não passa­
riam de ficção novelesca e o dramatur­
go teria sempre que usar o artifício for­
mal da crueldade para manter vivo o
interesse do público.
Batizado como Thomas Lanier Wil­
liams, a própria escolha de seu pseudônio representa um recuo no passado.
Nascido em Columbus, sul dos Estados
Unidos, em 1914, foi viver em St. Louis,
Mississipi, para acompanhar o pai. Ali,
por causa de seu sotaque sulino, os
amigos lhe deram o apelido de “Ten­
nessee”. Em homenagem à sua origem,
bem como ao sobrenome dos pais ele
passou a se assinar Tennessee Williams.
A imagem prepotente do pai foi a
principal marca que se fixou em sua
personalidade. Cornellius Williams ja­
mais deu importância a Tennessee. Ele
lhe parecia um menino frágil e inconse­
qüente. Foi para Darkin, o filho mais
novo, que se dirigiram todas as aten­
ções e carinhos. Incompreendido, acu­
sado e conseqüentemente escarnecido
pelo pai, Tennessee Williams refugiouse na doçura da mãe, também submissa
ao velho patriarca.
Dos avós maternos guardou lem­
branças mais amenas. Aristocratas de­
cadentes, os velhos acobertavam a pre­
cariedade econômica e o acaso social
através de requintes cotidianos, fineza
nos gestos e formalismos nas relações
pessoais. Todo esse universo, caracte­
rizado pelo autoritarismo paterno e
sensibilidade materna, seria revivido na
obra de Tennessee Williams.
Marlon Brando com o “Stanley ” na produção
original d e Nova Y ork d e “Um Bonde
Chamado Desejo ”
UMA INFÂNCIA INFELIZ
Para Tennessee Williams, escrever é
mais que um modo de expressão: além
de um meio para se comunicar com a
vida e um salto para a fama, tem sido
um ritual subjetivo em que ele exorci­
za seus demônios e supera a pemiciosidade da angústia.
Filho do sofrimento e do preconcei­
to (teve uma infância marcadamente
repressiva), sua vida está sempre pre­
sente em sua obra literária. Em cada
personagem que cria há um pouco dos
fantasmas que povoam sua memória.
Em Um Bonde Chamado Desejo (A
Streetcar Named Desire, 1947) uma de
suas peças mais famosas, Stanley Kowalsky, o principal personagem mascu­
lino, tem muito da violência do velho
Cornellius, Blanche Dubois, a protago­
nista, é sobretudo uma criatura sensí­
vel, semelhante à figura da mãe.
Em 1919, Cornellius abandona o
Sul e vai para St. Louis. Um trabalho
modesto, numa fábrica de calçados,
leva a família a alterar o orçamento
doméstico e a mudar seu padrão de vi­
da. Até então, Tennessee não conhece­
ra a pobreza, nem a feiúra que havia
nela. Os avós matemos fazem de tudo
para esconder do menino a lamentável
situação da família. Mas a miséria de
St. Louis, com seus bairros pobres e
sua gente cansada, humilhada pelo de­
semprego e pela fome, salta à vista.
Agora não eram apenas a prepotência
e a ingnorância de Cornellius que ator­
mentavam o menino. Um outro estig­
ma viria juntar-se: o^da pobreza.
Para fugir à miséria e à insensibi­
lidade patema. Tennessee refugiou-se
em seu quarto. Pintou-o de branco e
enfeitou-o com um zoológico de animaiszinhos de vidro. Só saía de seu re-
to O Campo das Crianças Tristes, onde
desafogou o sofrimento desse período
de repressão. O texto seria publicado
na revista Weird Tales, onde o autor
usaria pela primeira vez seu pseudôni­
mo. Isso o estimulou a seguir a carreira
jornalística. Assim, em 1931, ingressou
na faculdade.
Sofreu nova ofensiva do pai quando
foi recusado pelo exército, Cornellius,
veterano de guerra, considerou a isen­
ção do filho na carreira militar como
uma afronta pessoal. Para puní-lo,
obrigou-o a abandonar o jornalismo
e empregou-o como auxiliar na fábrica
de calçados.
Como reação, Tennessee passou a
freqüentar bares onde marginais de to­
do tipo promoviam orgias e bebedeiras.
Viciando-se pouco a pouco no ócio e
no álcool, sofreu um penoso processo
de degradação física e mental. E acabou
interno num sanatório — bêbado, inú­
til e ocioso como seus companheiros.
DO ANÔNIMA TO AO SUCESSO
Ainda no sanatório, Tennessee es­
boçou seu primeiro texto teatral. Cai­
ro'. Xangai\ Bombaim\ (1925), onde
Vivien Leigh com o “Blanche D u b o is” na pro<
de Londres “Um Bonde Chamado Desejo ”
fúgio para comer. O episódio marcou
de tal forma sua sensibilidade que ser­
viu de base para uma de suas peças mais
famosas: À Margem da Vida (The Glass
Menagerie, 1945).
Em St. Louis, Tennessee Williams
apaixonou-se pela primeira e única vez.
Cornellius não permitiu o namoro
usando de todos os subterfúgios para
impedí-lo. A jovem era neta de um
empregado da loja onde trabalhava
e sua mãe era divorciada —o que, para
ele, não lhe conferia qualquer respeito
moral.
Tudo isso significa, para o precon­
ceituoso Cornellius, um sinal de fra­
queza. Apaixonar-se por uma moça de
origem social inferior e de passado mo­
ral pouco recomendável só podia ser
mais uma humilhação a que o filho
queria submetê-lo.
Impedido de prosseguir seu roman­
ce, Tennessee fechou-se no mutismo.
Só muito tempo depois escrevia o Con­
A rle tty e Ives
respectivam ente com o
“Blanche D u bois” e
“Stanley ” na
produção francesa
de “Um Bonde
Chamado Desejo ”.
mostrava o mundo marginal que o con­
duzira ao esgotamento nervoso.
Sempre sobre o mesmo tema. Ten­
nessee escreveu mais três peças: The
Magic Tower (1936). Candles to the
Sun (1936) e The Fugitive Kind (1937).
Sem uma estrutura equilibrada, es­
ses primeiros trabalhos, apesar de te­
rem sido bem recebidos pelo público
da cidade de Memphis —onde Tennes­
see convalescia —, não arrancaram seu
autor do anonimato.
Ansioso por promover-se além do
amadorismo, Tennessee Williams fez
nova tentativa, enviando quatro peças
de um ato para um concurso de dra­
maturgia de Nova York. A coletânea,
reunida sob o nome de American Blues,
foi premiada com a quantia de 100 dó­
lares e uma agente de Hollywood, en­
tusiasmada com a qualidade dos textos,
chamou seu autor para escrever rotei­
ros de cinema. Mas o cinema não seria
ainda a porta definitiva do sucesso: o
único roteiro que conseguiu concluir
foi recusado e ele perdeu o contrato.
Um novo momento de angústia se­
guiu-se ao episódio de Hollywood. Ten­
nessee porém, reagiu à depressão e es­
creveu sua primeira peça realmente
estruturada em termos teatrais: A Mar­
gem da Vida. Encenada com estrondo­
so êxito de público e crítica, a peça colocava-o, finalmente, na vanguarda tea­
tral, chamando a atenção dos princi­
pais produtores dos Estados Unidos.
Procurado com insistência pelo meio
teatral, e elogiado pela imprensa, Ten­
nessee Williams entrou na roda viva do
sucesso. Mas este não foi tão agradável
como ele imaginara. Tornar-se homem
público exigia compromissos e alianças
muitas vezes desprezíveis que violenta­
vam a sua sensibilidade.
Bombardeado incessantemente pela
publicidade, devassado em sua vida ín­
tima, o jovem dramaturgo chegou a ter
saudade do tempo em que era apenas
um poeta anônimo, amargando suas
angústias no meio da madrugada.
Em 1944 submeteu-se a uma ope­
ração de cataratas e foi convalescer no
México, onde, pela primeira vez depois
do sucesso de A Margem da Vida, con­
seguiu um pouco de tranqüilidade.
Autocriticou-se e comentou o mal
que a fama lhe fizera num artigo belís­
simo. A Catástrofe do Sucesso. Mais
duas peças nasceram desse período de
crítica e repouso : Um Bonde Chamado
Desejo e Anjo de Pedra (Summer and
Smoke).
Em 1947 Anjo de Pedra é montada
em Dallas. Mais uma vez Tennessee co­
nhece o sucesso. Desta vez, mais prepa­
rado emocionalmente, o barulho dos
aplausos não o ensurdeceu.
“Acho que será impossível escrever
outra peça” , disse a Carson Mc Cullers
(1917-1967), escritora que foi sua me­
lhor amiga. Na época, trabalhavam jun­
tos na adaptação teatral de um roman­
ce de Carson. The Member o f the Wed­
ding (A Testemunha de Casamento).
Não havia nenhuma indicação de
que ele estivesse incapacitado para cria­
ções futuras: Anjo de Pedra nem bem
acabara de estrear, e pouco tempo se
passara entre o trabalho de elaboração
daquele texto e a adaptação do roman­
ce de Carson.
Um período tão curto longe da má­
quina de escrever não poderia signifi­
car, para alguém menos angustiado, se­
não o descanso ou o tempo necessário
para a interiorização profunda de um
novo tema. Mas Tennessee se sentia
estéril, apesar de o teatro ser a única
expressão de seus sofrimentos pessoais.
“Sim, eu já senti bloqueado como
autor. Mas o meu desejo de escrever
sempre foi tão forte que consegui ul­
trapassar esse bloqueio” , respondeu
numa entrevista.
E era verdade. “O desejo de escre­
ver ao mesmo tempo o torturava —pois
é voraz e insaciável —e o liberta, pois é
seu meio de comunicação com a vida.”
Mas de outros desejos falaria em suas
peças. Anjo de Pedra é o desejo sexual
reprimido, a alma torturada. John e Al­
ma — personagens principais do drama
— são as figuras antagônicas da peça.
John é a personagem é a personagem
materialista e mesquinha. Alma é o
espírito, puro e torturado pelo desejo.
Um Bonde Chamado Desejo foi
além do esperado. Encenada em todo
o mundo, a peça foi traduzida em vá­
rias línguas e deu a Tennessee os prê­
mios Pulitzer e Critic’s Award.
Decoraçoes 77
TECIDOS
C O RTIN AS
ESTOFADOS
M ATERIAL
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Rua Teixeira de Melo, 77 B - Tels.: 227-7839/267-6748
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Rio de Janeiro - RJ
A CATASTROFE DO SUCESSO
(Este ensaio, publicado pela primeira
vez no New York Times e mais tarde
reproduzido na revista Story, é incluí­
do agora, como introdução, na presen­
te edição desta peça.)
Este inverno assinalou o terceiro
aniversário da estréia, em Chicago, de
A Margem da Vida, um evento que pôs
término a uma parte de minha vida e
começou outro tão diferente do prece­
dente em todas as circunstâncias exter­
nas quanto será fácil imaginar. Fui ar­
rancado de meu quase anonimato e ati­
rado aos píncaros de uma fama repen­
tina e, do precário aluguél de quartos
mobiliados em várias regiões do país,
fui trasladado para um apartamento
de um hotel de primeira classe em
Manhattan-. Minha experiência não foi
única, pois o sucesso muitas vezes já
irrompeu, da mesma forma abrupta,
na vida de muitos americanos. A his­
tória de Cinderela é nosso mito nacio­
nal, a pedra fundamental da indústria
cinematográfica, se não da própria De­
mocracia. Eu já a vira representada na
tela tantas vezes que estava agora incli­
nado a recebê-la com um bocejo de en­
fado, não com descrença mas com a ati­
tude de quem desse de ombros, excla­
mando: “Que bem me importai” Qual­
quer pessoa dotada de dentes e cabelos
tão lindos como a protagonista cine­
matográfica de tal história tinha, por
força, que se divertir a valer, fosse co­
mo fosse. Você podia apostar seu últi­
mo dólar e todo o chá da China em
que aquela estrêla nunca seria vista, vi­
va ou morta, em qualquer tipo de reu­
nião que exigisse um mínimo de cons­
ciência social.
Não, minha experiência não era ex­
cepcional, mas por outro lado não era
tampouco comum e caso você esteja
disposto a aceitar a tese tanto eclética
de que eu não escreva tendo em men­
te tal experiência —e há gente não dis­
posta a crer que um dramaturgo possa
estar interessado em outra coisa que
não seja o sucesso popular —talvez ha­
ja certa razão para compararmos estas
duas fases de minha vida.
A vida que eu levara antes de atingir
esse sucesso de público era do tipo que
exigia resistência e tenacidade, que me
fazia agarrar-me à superfície cheia de
arestas que me feriam e me obrigavam
a prender-me firmemente, com unhas
e dentes, a cada centímetro de pedra
colocada mais alto que a precedente
— mas era uma vida substancialmente
boa por que era do tipo para o qual o
organismo humano é criado.
Eu só me dei conta de quanta ener­
gia vital eu desprendera na quela luta
quando esta cessou. Encontrei-me en­
tão num planalto, com meus braços
ainda se agitando no ar emeus pulmões
sorvendo sofregamente um ar que já
não oferecia resistência. Isto era a se­
gurança, afinal.
Sentei-me e olhei a meu redor e de
repente me senti muito deprimido. Pen­
sei comigo mesmo: não é nada, é só o
período de adaptação. Amanhã de ma­
nhã acordarei neste hotel de luxo, pai­
rando sobre o ruído discreto que sobe
de um bulevar dos quarteirões elegan­
tes do East Side e então apreciarei seu
requinte e mergulharei em seu confor­
to, consciente de que cheguei ao nosso
conceito americano do Olimpo. Ama­
nhã de manhã, quando eu olhar para
este sofá de cetim verde me apaixona­
rei por ele. É só agora, temporariamen­
te, que aquele cetim verde me dá a im­
pressão de limo em água estagnada.
Mas na manhã seguinte o sofazinho
inofensivo parecia ainda mais repugnan­
te do que na noite anterior e eu já co­
meçava a engordar demais para usar o
temo de 125 dólares que um conheci­
do elegante escolhera para mim. Na
suite que eu ocupava objetos começa­
ram a quebrar-se acidentalmente. Um
braço saiu do sofá. Queimaduras de ci­
garro apareciam na superfície brilhante
dos móveis. Eu deixava as janelas aber­
tas e uma vez uma chuvarada inundou
a suite. Mas a empregada sempre endi­
reitava tudo e a paciência do gerente
do hotel era enextinguível. Festas que
duravam até a madrugada não o ofen­
diam seriamente. Só uma bomba de
demolição, parecia-me, podia incomo­
dar meus vizinhos.
Eu recebia minhas refeições no apar­
tamento. Mas até isto também tinha
seu que de desencanto. No tempo que
decorria entre o momento em que eu
escolhia o jantar pelo telefone e o mo­
mento em que ele entrava em meu quar­
to num carrinho, como um cadáver
transportado numa mesa de rodas de
borracha, eu perdia todo interesse por
ele. Uma vez pedi um bife de filé e um
sundae de chocolate, mas tudo estava
disfarçado tão habilmente na mesa que
confundi a cobertura de chocolate com
o molho da carne e a derramei sobre o
bife.
É claro que tudo isto era só o aspec­
to mais trivial de um deslocamento es­
piritual que começou a manifestar-se
de formas muito mais perturbadoras.
Logo notei que comecei a ficar indife­
rente às pessoas. Senti-me presa de uma
onda de cinismo. As conversas que eu
ouvia me pareciam todas gravadas há
muitos anos e tocadas de novo num
toca-discos. Parecia que a sinceridade
ea bondade tinham desaparecido da
voz dos meus amigos. Suspeitei que fos­
sem hipócritas. Parei de telefonar-lhes,
parei de vê-los. Não tinha mais paciên­
cia com o que me parecia ser os sinto­
mas de uma adulação idiota.
Fiquei tão saturado de ouvir gente
dizer “adorei sua peça!” que já nem
podia mais agradecer. Eu me engasga­
va com aquelas palavras e virava as cos­
tas grosseiramente à pessoa geralmente
sincera que as dissera. Já não sentia or­
gulho pela peça em si, ao contrário, co­
mecei a enjoar dela, talvez porque me
sentia demasiado morto por dentro pa­
ra poder escrever outra. Eu caminhava
como um zumbi, um morto conduzido
pelos meus próprios pés. Eu sabia disso
mas não contava então com amigos em
quem confiasse o suficiente para leválos para um canto e contar-lhes o que
me estava acontecendo.
Esta situação estranha persistiu du­
rante três meses, até quase fins da pri­
mavera, quando decidi submeter-me a
outra operação na vista, principalmen­
te devido ao pretexto que ela me ofe­
recia de retirar-me do mundo detrás de
uma máscara de gaze. Era já minha
quarta operação na vista e talvez eu de­
va explicar que eu sofria há uns cinco
anos de uma catarata no olho esquerdo
que exigia uma série de operações tor-
turantes e finalmente uma operação no
músculo do olho (ainda tenho esse olho,
esclareço).
Bem, a máscara de gaze teve sua ser­
ventia. Enquanto eu estava repousando
no hospital, os amigos, que abandona­
ra ou insultara de uma forma ou de ou­
tra, começaram a visitar-me e agora
que eu jazia em meio à escuridão e às
dores suas vozes pareciam ter mudado.
Ou melhor: aquela mutação desagradá­
vel que eu suspeitava antes desaparece­
ra no presente e elas soavam agora co­
mo sempre nos dias saudosos de minha
obscuridade perdida. Novamente eu as
reconhecia como sendo vozes sinceras
e bondosas, animadas por um tom in­
confundível de verdade e pela virtude
da compreensão que me fizera buscálas desde o início.
No tocante à minha visão física,
essa última operação tinha tido resul­
tados só relativamente bons (embora
me tivesse deixado com uma pupila
aparentemente preta na posição devida
ou quase) mas em outro sentido, figu­
rado, da palavra, ela servira a um pro­
pósito muito mais profundo.
Quando foi retirada a máscara de
gaze, encontrei-me readaptado ao mun­
do. Deixei o apartamento elegante do
hotel de luxo, guardei na mala meus
papéis e alguns pertences e parti para
o México, um país telúrico em que se
podem esquecer rapidamente as falsas
dignidades e as vaidades impostas pelo
sucesso, um país em que vagabundos
inocentes como crianças enrolam-se
para dormir nas calçadas e as vozes hu­
manas, principalmente quando a lingua­
gem em que falam não é familiar a nos­
sos ouvidos, parecem-nos suaves como
o gorjeio dos pássaros. Meu “eu” pú­
blico, aquele artifício de espelhos so­
brepostos não existia aqui, e portanto
eu voltava a meu “eu” natural.
Depois, como um ato final de res­
tauração espiritual, permaneci durante
algum tempo em Chapala, para traba­
lhar numa peça chamada A Partida de
Pôquer, que se tornaria mais tarde Um
Bonde Chamado Desejo. (Nota: No
Brasil, essa peça recebeu o título de
Uma Rua Chamada Pecado quando de­
sempenhada, mas manteve o título an­
terior na versão publicada.) É só no seu
trabalho que um artista pode encon­
trar a realidade e a satisfação, pois o
mundo ambiente, real, é menos in­
tenso que o mundo de sua invensão
e conseqüentemente sua vida, sem re­
correr a desordens violentas, não lhe
parece muito importante. A condição
verdadeira de vida para um artista é
aquela em que seu trabalho é não só
conveniente mas também inevitável.
Para mim um lugar conveniente pa­
ra trabalhar é um lugar distante, em
meio a estranhos, onde eu possa dar
umas braçadas. Mas a vida deve exigir
um mínimo de esforço de nossa parte.
Você não deve ter gente demais a serví-lo, ao contrário: você devia fazer so­
zinho a maioria das coisas. O serviço
oferecido pelos hotéis é embaraçoso.
As empregadas, os garçons, os boys e
os porteiros etc. são as pessoas mais
embaraçosas do mundo porque conti­
nuamente estão a recordar-nos as iniqüidades que nós aceitamos como coi­
sas certas. O quadro de uma velhinha
ofegante que carrega com enorme es­
forço um balde pesado d’âgua por um
corredor de hotel para limpar a imun­
dice de um hóspede bêbedo e cheio de
privilégios sociais é um quadro que me
faz ficar doente e oprime meu coração,
fazendo-o murchar de vergonha deste
mundo, em que essa situação é não só
tolerada mas considerada como a pro­
va dos nove de que o mecanismo da
Democracia está funcionando devida­
mente, sem interferência de cima ou
de baixo. Ninguém deveria ter que lim­
par a imundice de outrem neste mun­
do. É intoleravelmente horrível para
ambas as pessoas mas talvez pior ainda
para quem recebe esse tipo de serviço.
Eu fui tão corrompido quanto qual­
quer outra pessoa pelo número vastís­
simo de serviços humilhantes que nos­
sa sociedade se acostuma a esperar e
do qual ela depende. Mas nós devía­
mos fazer tudo por nós mesmos ou dei­
xar que as máquinas o fizessem por
nós, a gloriosa tecnologia que garan­
tem ser o facho de luz do mundo futu­
ro. Somos como um homem que com­
prou uma quantidade enorme de equi­
pamento para acampar, que tem a ca­
noa e a barraca, as linhas de pescar e
o machado, os fuzis e os lençóis e os
cobertores mas que agora, que todos
os preparativos e providências estão
empilhados, por mão de perito, uns
sobre os outros, sente-se de repente
demasiado tímido para iniciar a jorna­
da e fica-se onde estava ontem e an­
tes de ontem e antes e antes, olhando
com desconfiança, através das corti­
nas de renda branca, para o céu claro
de que suspeita. Nossa grandiosa tec­
nologia é uma oportunidade, que Deus
nos enviou, para gozarmos da aventura
e do progresso que temos mêdo de ar­
riscar. Nossas idéias e nossos ideiais
continuam sendo exatamente os mes­
mos, no mesmo ponto em que os dei­
xamos, três séculos atrás. Não, descul-
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— 2 3 9 -2 1 4 6
— 2 3 5 -2 6 7 5
pel Já ninguém mais se sente seguro
bastante para sequer afirmá-los!
Esta foi uma digressão longa, parti­
da de um tema pequeno para um imen­
so, que eu não tinha intenção, original­
mente, de fazer, por isso voltemos ao
que eu estava dizendo antes.
O que venho afirmando é uma sim­
plificação extrema. Ninguém escapa as­
sim tão facilmente da sedução de uma
maneira de viver sibarítica. Você não
pode arbitrariamente dizer a si mesmo,
de um momento para outro: agora vou
continuar minha vida como ela era an­
tes desta coisa, o Sucesso, me aconte­
cer. Mas logo que você apreender a vacuidade de uma vida sem lutas você es­
tará equipado com os meios básicos de
salvação. Logo que você souber que is­
to é verdade, que o coração do ser hu­
mano, seu corpo e seu cérebro são for­
jados numa fornalha de brasas vivas es­
pecialmente para o proprósito do con­
flito, do choque (a luta criadora), e
que uma vez desaparecendo esse con­
flito o homem é uma mera espadinha
de criança, boa para cortar margaridas,
que não é a privação mas sim o luxo, o
lobo mau, e que os dentes agudos do
lobo são formados pelas vaidadezinhas
e indolências pequeninas que constitu­
em o legado do Sucesso — então, de
posse desta certeza, você está pelo me­
nos apto a saber onde reside o verda­
deiro perigo.
Você sabe, então, que o “alguém”
público que você é quando “tem um
nome” é uma ficção criada por espe­
lhos e que o único alguém digno de vo­
cê ser é o seu “eu” solitário, não visto
pelos demais, que existiu desde a sua
primeira respiração e que é a soma de
todas as suas ações e portanto está sem­
pre num estado de eterno divenir, mol­
dado pela sua própria vontade —saben­
do essas coisas, você poderá sobreviver
até à Catástrofe do Sucesso\
Nunca é tarde demais, a menos que
você abrace a deusa-cadela, a Fama,
como William James a alcunhou, com
os braços abertos e ache em seus abra­
ços sufocantes exatamente aquilo que
o menininho inquieto dentro de você,
com saudades de casa, queria: proteção
absoluta e uma vida sem sacrifício e es­
forços de espécie alguma. A segurança
é uma espécie de morte, creio, e pode
atingí-lo numa enxurrada de cheques
de direitos autorais, junto a uma pis­
cina em forma de rim em Beverly Hills
ou em qualquer outro lugar que esteja
divorciado das condições que tornaram
você um artista, se é isso que você é ou
foi ou quis ser. Pergunte a qualquer
pessoa que já passou pelo tipo de su­
cesso de que estou falando. Para que
serve? Provavelmente para obter uma
resposta honesta você terá que dar-lhe
uma injeção de soro da verdade mas a
palavra que ele emitirá finalmente, com
um gemido, não pode ser publicada em
publicações refinadas.
Então o que nos serve, afinal? O inresse obsessivo pelas vicissitudes huma­
nas, além de uma certa dose de com­
paixão e de convicção moral, que pela
primeira vez tornou a experiência de
viver algo que deve ser traduzido em
pigmento, música, movimentos corpóreos ou poesia ou prosa ou qualquer
coisa dinâmica e expressiva. . . isso é
que lhe será útil se é que você tem ob­
jetivos sérios. William Sarayan escreveu
uma grande peça sobre esse tema, o de
que a pureza de coração é o único su­
cesso que vale a pena têrmos. “Duran­
te sua vida — viva!” A vida é curta e
não volta nunca mais. Ela está fluindo
furtivamente agora, enquanto eu escre­
vo isto e enquanto você me lé e o pên­
dulo do relógio, ao oscilar, repete so­
mente: “Nunca-mais, nunca-mais”, a
menos que você se lance, de coração,
em oposição a ele.
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NOS TRILHOS RUIDOSOS DO DESEJO
O bonde trafega ruidosamente —co­
mo se tivesse pernas —sobre os trilhos
do desejo. E estaciona na lareira dos
excluídos: a casa dos Kowalsky. Stella,
submissa à quinquilharia das punições
cotidianas, reage com a boca aberta do
amor. Stanley, o marido, desfruta im­
punemente da potência do não. E do
sim. Pregou na parede o seu decálogo.
Ele opera com intrasigência e murmura
lucrativamente em cima dela. Da cama.
Da mulher. Por que não? O dele é o re­
gime do poder-prazer. A pudicícia im­
perial não figura no brasão que Stanley
usa. Stella, muda, contida, seqüestran­
do o máximo de sabor possível. Quan­
do ele vem. Stanley Kowalsky a arquejante ocupação de desejar. Stella, aluga-se àquele desejo, governada pelo
despotismo do hábito.
De repente, Blanche Dubois — a
personagem mais rica de Tennessee
Williams, chega ao edifício de esquina
de dois andares em uma rua de Nova
Orleans. Seus gestos, ordenados, têm
a precisão de uma miniatura. Por den­
tro, a alma esfolada e sangrenta. Blan­
che vem dizer à irmã o que passou,
desde que deixaram a casa grande e bo­
nita, com colunas brancas: a Fazenda
Belle Rêve.
A confissão foi e permanece sendo
a matriz que regencia a produção do
discurso verdadeiro sobre o sexo. O
homem, no Ocidente, ensina Michel
Foucault, tomou-se um animal confian­
te. Blanche vem dizer e ouvir. Talvez,
amar o que resta para ser amado, em si
mesma e nó seguinte.
Os personagens de Tennessee Wil­
liams evidenciam, sempre, um obsessi­
vo tema: a necessidade de compreen­
são para os que foram tocados pela
marginalidade. Foi assim desde o prin­
cípio, quando ele se estreou com o seu
primeiro texto teatral, Cairo \ Xangai !
Bombaim\9 de 1925. Há sessenta anos,
portanto, a tecnologia .do desespero
ronda a porta deste senhor nascido em
Columbus, sul dos Estados Unidos, em
1914. Nasceu quando a 1? Guerra exer­
cia o seu dilaceramento. Morreu outro
dia, quando os humanos guerreiam sim­
plesmente, sem os artefatos coloridos
das carnificinas oficiais.
Um Bonde Chamado Desejo não su­
porta as gentilezas da abstração. Entra
fundo. Blanche é a alma e Stanley o
corpo. Stella mete-se na caverna da pru­
dência e espia o que Sartre chamou da
capacité nullifiante da existência.
Certa vez pergutaram a Tennessee
sobre Blanche, e ele disse que a primei­
ra imagem que tivera dela foi a de uma
mulher sentada numa cadeira, olhando
o vazio, à espera de qualquer coisa.
“Talvez o am o r.. . ”
Blanche Dubois patina sobre o ir­
real. Desconhece as colinas da realida­
de. “Não quero realismo. Eu quero
magia. Sim, sim, magia. É o que tento
dar às pessoas. Não digo a verdade, di­
MATRIZ
go o que deveria ser a verdade. E se is­
so é pecado, que eu seja amaldiçoada
para sempre” . Qualquer consciência é
calorosa. Isso vocês sabem, expectadores deste bonde, porque ter consciên­
cia de si, ter personalidade, é saber-se
distinto dos demais. Blanche precisa
do dispositivo da aliança. Ela quer
aliançar-se, vertebrar as estruturas de
sua alma cindida. Não consegue. Nem
com a irmã nem com o cunhado. Am­
bos a censuram. Juvenal, o poeta lati­
no, asseverou: Dat veniam corvia, ve­
xât censura columbas. Paulo Rónai bri­
lhantemente nos entrega esta tradução:
A censura poupa os corvos e maltrata
as pombas. Stanley voeja tam como
corvo com asas desmedidas, a apanhar
aqui seu alimento. Suas pulsões instintuais o fazem mexer. Sempre.
Mas tem Mitch, o amigo de Stanley.
“Talvez o amor” . Não, apenas a conta­
bilização de mais um fracasso. Stanley
empurra Mitch contra ela. As possanças da irracionalidade, os efeitos do
mal, o homem machucando o outro na
aspereza dos encontros inesperados.
Venham ver como Tereza Rachel
vive essa moça Blanche. Luís Guilher­
me é Stanley. Louise Cardoso, Stella.
Todos são todos nesta peça admirável,
que admite aquela máxima de Comte:
o homem é de seu século mesmo o seu
pesar.
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TEL.: 262-2079
MUNDO DAS MALAS
CARIOCA, 55
T E L .: 262-2279
FILIAL
MIGUEL COUTO, 34
T E L .:2 5 2 -9 5 5 5
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CONDE DE BONFIM, 303
TEL.: 264-2174
Virgílio Moretzsohn Moreira
RUA DA CARIOCA - "A MAIS CARIOCA DAS RUAS" RIO DE JAN EIRO-RJ
TIM1SONDE
CITAMADO
A OBRA-PRIMA DE
DE,SO)
TENNESSEE tjVILLIAMS
Blanche....................................................................................... TEREZA RACHEL
EQUIPE TÉCNICA
S tanley.......................................................................................LUIZ GUILHERME
Stella Kowalski
. . . . LOUISE CARDOSO
M itc h ......................................................................................... OSMAR PRADO
Eunice......................................................................................... IRMA ALVAREZ
Steve............................................................................................ IVENS GODINHO
Tradução de
IPOJUCA
Direção, Duminação e Trilha Sonora..................................... MAURICE VANEAU
Cenografia................................................................................MARCOS FLAKSMAN
Supervisão na execução de cenário........................................ LIA RENHA e YEDA LEVINSOHN
Figurinos...................................... ...........................................ROSA MAGALHÃES
Programação Visual...............................................................GLAUCIO CAMPELO
Produção Executiva................................................................LUIZ JOSELLI
Divulgação............................................................................... BIA RADUNSKY e TANIA CARVALHO
Assistente de Direção............................................................. MARIA FRANCISCA
Assistente de Figurinos...........................................................REGINA CARVALHO
Assistente de Produção...........................................................TITO LUIZ
Sonoplastia.............................................................................MARCO ANTONIO CARDI
Montagem da L u z ...................................................................ADÃO SILVA e RENATO BORTOLOTO
Operador de L u z..................................................................... ADÃO SILVA
Cenoténico............................................................................... MARIO ELIAS
Equipe de Cenotécnica...........................................................JOSÉ RENATO ELIAS,
MARCIO ROBERTO ELIAS,
ANTONIO PACHECO e TELMO
Aderecista Chefe.....................................................................CARLOS NÉRI
Equipe de A derecistas...........................................................JOMILDO, AILTON MELGAÇO,
UBIRACY, ROBERTO IGNÁCIO
e NILO MARTINS
C am areira............................................................................... ENY
Contra-regras
............................................................. BETO LOPES e ADILSON PIO
Letreiros..................................................................................SILVEIRA
Costureiras..................................................................................CONCEIÇÃO MARIA e RITA
Alfaiate.................................................................................... JOAQUIM
Fotos do p rogram a................................................................ GASTON
Assessor de com unicação......................................................VIRGÍLIO MORETSOHN
P a b lo ......................................................................................... PASCHOAL VILLABOIM
Mensageiro..................................................................................ANDRÉ FELIPE
Mulher Mexicana........................................................................BEATRIZ VEIGA
D o u to r.......................................................................................PIETRO MARIO
Enfermeira..................
. ...................... MARIA CRISTINA GATTI
Mulher N egra.............................................................................DALVA RIBEIRO
Produtores
Tereza
Os
sapatos
Os
chapéus
Rachel
de
Produções
Tereza
de
Tereza
Artísticas,
Rachel
e Louise
Rachel
Paulo
Cardoso-foram
e Louise
Cardoso
Twiggy
Os figurinos
A
dos
Trilha
demais
sonora
do
As
As grades
e a
As
escada foram
plantas
veste
atores foram
espetáculo
peles foram
executadas
ornamentais foram
R
fo i
T
c
gravada
cedidas
pela
executa
EU NÃO QUERO REALISMO, EU QUERO MAGIA. EU NÃO DIGO A VERDADE, EU DIGO O QUE DEVERIA SER A VERDADE.
—
i
------------------------------------------------------------------ /
TEREZA RACHEL
Diplomada pela Escola de Teatro
Martins Pena, em 1952, é formada em
Filosofia e tem cursos de ballet clássi­
co e moderno. Curso de Aperfeiçoa­
mento de Atriz, com Pascoal Carlos
Magno, no Teatro Duse.
Em 1955, realiza viagem de estudos
pelos principais centros teatrais da Eu­
ropa. Na Itália, freqüenta aulas e en­
saios no Piccolo Teatro de Milão, sob a
direção de Giorgio Streler. Em Roma,
participa do Círculo de Conferências
do Centro Experimental de Cinema,
entrando em contato com o pensamen­
to de artistas como Frederico Fellini,
Francesco Rossi, Visconti, Pietro Germi, Vittorio de Sica e Cesare Zavattini.
Em 1962, participa da célebre Noite
Mundial do Teatro, no Teatro das Na­
ções, em Paris, ao lado de Vittorio Gasmann, Sir Michael Redgrave, Jean Coc­
teau, Roger Planchon, Constance Bennet, Alain Cuny, Mihail, Tsarev, Jean
Pierre Aumont, Manuel Vargas, Joan
Littlewood, Daniel Sorano, Jean Ro­
chefort, Nuria Espert, Jeanne Moreau,
Irene Salemka e Takashi Tsukahara.
Ainda em Paris, à convite de Julien
Planson, realiza curso de seis meses no
Conservatório de Teatro da Universida­
v
de de Paris, ao lado de personalidades clo do Teatro Grego ao Ar Livre, em
como Victor Garcia, Jorge Lavelli, Del- Atenas.
fine Seyrig, etc.
Em 1973, viaja a Paris, Roma, Ma­
De volta ao Brasil, em 1963, produz drid, Lisboa e Londres, motivada pela
a peça Bonitinha, mas Ordinária, de obtenção do Prêmio Molliére e visão
Nelson Rodrigues, ampliando suas do teatro que se faz na Europa.
atividades na área do teatro e tomanDurante dois anos excursiona pelo
do-se uma das produtoras mais atuan­
Brasil,
se familiarizando com aspectos,
tes do nosso teatro.
problemas, hábitos e costumes das mais
Em 1970, atendendo convite da In­ diversas regiões do país.
ter Nationes e do Governo Alemão, via­
Em 1980, Viaja a Cuba, Argentina,
ja pelos mais ativos centros teatrais da
Alemanha, conhecendo personalidades México, Perú, Bolívia e Colômbia, on­
como Peter Stein e Peter Palich, este de procura conhecer melhor a cultura
último encenador do Berliner Emsem- e o teatro da América Latina.
ble, criado por Bertolt Brecht.
Em 1983, reforma o Tereza Rachel,
Em 1971, após 15 anos de atividades tornando-o um dos mais bem instalados
profissionais, inaugura o Teatro Tereza teatros privativos do Rio de Janeiro.
Rachel, uma das principais casas de es­
Tereza Rachel, considerada um dos
petáculos da cidade do Rio de Janeiro.
nomes mais significativos da vida artís­
Procurando dinamizar nossa vida tica brasileira, tem uma longa folha de
teatral, traz ao Brasil encenadores e au­ serviços prestados ao teatro brasileiro
tores como Claude Regy, Jorge Lavelli, e ganhou praticamente todos os prê­
Mrozek e Peter Palitch, este último pa­ mios já concedidos a uma atriz em
ra uma futura encenação da peça A Vi­ nosso país, entre eles, o de Revelação
sita da Velha Senhora, de Dürrenmatt. de Melhor Atriz, Melhor Atriz Dramá­
tica, Saci, Coruja de Ouro, Kikito, Can­
Em 1972, viaja a Inglaterra, França, dango, Molliére, Apca, etc. alguns,
Polônia e Grécia, onde participa do Ci­ também, enquanto produtora.
Principais êxitos teatrais:
(Peças Nacionais)
Prima Dona
José Maria Monteiro
O Telescópio
Jorge de Andrade
Boca de Ouro
Nelson Rodrigues
Felisberto do Café
Gastão Tojeiro
Bonitinha Mas Ordinária
Nelson Rodrigues
Liberdade, Liberdade
Millor Fernandes
Dr. Getúlio
Dias Gomes
O Pagador de Promessas
Dias Gomes
Meu Tipo Inesquecível
Eloy Araújo
Oh Caroh
José de Souza
Mais Quero Um Asno
C. Sofreddini
Os Orfãos de Jânio
Millor Fernandes
Rua S. Luiz, 27
Abílio Pereira de Almeida
As Aventuras de Ripió Lacraia
Chico de Assis
Tiradentes
Viriato Correa
O Berço do Herói
Dias Gomes
As Elegantes
Aurimar Rocha
O Anjo
A. Olavo
A Bela Madame Vargas
João do Rio
(Peças Estrangeiras)
Fedra
Racine
Hecuba
Euripedes
Ilha das Cabras
Hugo Betti
Treze à Mesa
Sauvajon
Um Inimigo do Povo
Ibsen
Antigone
André Gide
Quartos Separados
Barillet e Gredy
Senhorita Julia
Strindberg
Quando Se Morre de Amor
~ Griffi
Rammanof e Julieta
Peter Ustinov
Os Fuzis da Sra. Carrar
Brecht
Carlo ta
Miguel Miura
Os Direitos da Mulher
Alfonso Paso
Edipo Rei
Sofocles
Chá e Simpatia
Robert Andersen
O Balão
Jean Genet
A Mãe
Withiewicz
Assassinato da Irmã Georgia
A. Soria
Crime Perfeito
Frederick Knott
Catarina da Russia
A.
Paso
Patate
Marcel Achard
Mary, Mary
Jean Kerr
Tango
Mrozek
Gaivota
Tchecov
Os Emigrados
Mrozek
Senhorita de Tacna
Vargas Llosa
Gata em Telhado de Zinco Quente
T. Williams
Um Bonde Chamado Desejo
T. Williams
Cinema
(Alguns Filmes)
Ganga Zumba
Carlos Diegues
Procura-se Uma Rosa
J. Valadão/Glaucio Gil
Canalha em Crise
Miguel Borges
Manaus
J. Eichern
Amante Muito Louca
Denoy Oliveira
Canudos
Ipojuca Pontes
Revólver de Brinquedo
Antonio Calmon
Águia na Cabeça
Paulo Thiago
A Volta do Filho Pródigo
Ipojuca Pontes
Pedro Mico
Ipojuca Pontes
Televisão
(Algumas novelas)
O Rebu
Braulio Pedroso
O Grito
Jorge Andrade
O Astro
Janet Clair
Marron Glace
Cassiano Gabus Mendes
Baila Comigo
Manoel Carlos
Paraíso
B.
Rui Barbosa
Louco Amor
Gilberto Braga
(Casos Especiais)
Marcha Fúnebre
Osman Lins
Berenice
Domingos Oliveira
Os Possessos
Dostoiévsky
NOITE DO TEATRO 1961
THEATRE DES CHAMPS ELYSÉS - PARIS
Da esquerda para direita: Tsaref (russo) Echeverry, Alain Cuny, Cocteau, Beauvoir, Vittorio Gassman, Katina Pachinou,
Le Poulain, Germaine Monteiro, Daniel Sorano, Spira, Tereza Rachel, Nuria Spert, Joan L etiew ood.
A VISÃO DO PROGRESSO
hannelore Goldemberg
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ESPECIALIZADA
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RUA SÃO JOSÉ N ?3 5 - Loja/S
rio de janeiro-rj
telefone: 226-7582
EDIFI'CIO MENEZES CORTES
Telefones: 221-7023 224-1834
MAURICE VANE AU (Direção, Iluminação e Trilha Sonora)
ROSA MAGALHÃES (Figurinos)
IPOJUCA PONTES (Tradução)
°
sm ar
PRa d o
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RIO • SÃO PAULO
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160. R. Garcia D'Avila - RJ
Tel.: (021) 2871797
116. R. Joana Angélica - RJ
Tel.: (021) 287 6045 (Teenagers)
1024, Av. Cidade Jardim - SP
Tel.:.(011)2105272
758. Madison Avenue (65/66 st.)
Phone:(212)744 6652
New York- NY-10021
IRMA ALVAREZ
0 CAFÉ DE LA PAIX APRESENTA
AS ÕBRAS-PRIMÃS DE
PATRICK BLANCARD.
S opas
Peixes
%
</A %:.’- ,.yi>
• Filé de linguado
“m ãrinière.”
• Espeto de camarões
“mariné” com alfavaca.
Folheado de lagostins
com espinafre e molho
açafrão.
Tamboril guisado com
vinagre e creme de
estragão.
Sopa de “m areyeur” (peixe e crustáceos).
Pequena marmita “béarnaise.
>Sopa de cebola gratinada.
molho
C a rn e s
S alada s
• Salada
.. com
frango e
molho
__
tártaro.
Salada de chicória, bacon, ovos e torradas.
• Salada com atum , anchovas e ovos.
• Variedade de salada verde da estação.
P eq u en a s
q u en tes
ent
f
ou
»Panquecas recheadas
de cogumelos,
presunto e queijo.
• Macarrão fresco
“m araîchères.”
• Escargots com
torradas (6pcs).
• Camarões “Tout Paris.
• Lagostins com molho
de anchovas.
• Torta de pato “landaise e sua salada.
• Patê de coelho com ci ndim entos fresco s.
com
• E ntrecôte’
de tu ta n o .
• Medalhão de filé
mignon com três
pimentas.
• Filé mignon com
variedades de
cogumelos.
• Fatias de rim de vitela
com molho m adeira.
• Fatias de coelho pequeno
com molho de m ostarda.
• Dobradinha à cam ponesa.
• Filé mignon de porco assado com cenouras.
A ves
•
G
a
l
e
t
o
grelhado
com tomate
provençal.
• Guisado de
frango com
curry.
• Galo ao vinho
tin to .
• Peito de pato “ardéchoise.’
CsAFjÊ D e I á a
Mais
Entrada
acessível
independente
pela
Reservas - tel.: 275-9922
Av.
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Atlântica,
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Além do mais extremo profissionalismo, a Transbrasil
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E sempre encarando situações fora de rotina como uma nova
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Ou mobilizando esquemas especiais de acompanhamento de
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Ou, ainda, desenvolvendo serviços específicos para
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