Os Desafios da Igreja

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Os Desafios da Igreja
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Anderson Rezende
Os Desafios da Igreja no
Terceiro Milênio
Um Estudo do Papel e da Missão da Igreja
Enquanto Agência do Reino de Deus
no Contexto de uma Nova Era
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Índice
Índice
5
Dedicatória
6
Agradecimentos
7
Sobre o autor
8
Introdução
9
Capítulo 1: Desafios do Terceiro Milênio
12
1.1 Do Contexto Moderno ao Contexto Pós-Moderno
13
1.2 A Religiosidade Pós-Moderna
20
1.3 Uma Igreja Para Este Tempo
26
Capítulo 2: A Igreja como Projeto de Deus
32
2.1 A Prática de uma Missão Integral
33
2.2 Perspectivas da Missão a Partir de Lausanne
42
Capítulo 3: A Eficácia da Igreja no Desempenho da Missão
51
3.1 Formas e Estruturas: Desafios Eclesiais
53
3.2 A Igreja Como Agente de Transformação
62
Conclusão
69
5
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Dedicatória
À minha esposa Fabiana que tem acompanhado de perto o meu
desenvolvimento ministerial como uma verdadeira ajudadora e companheira.
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Agradecimentos
À Deus, por sua graça bendita em ter me chamado e vocacionado para o
Ministério Pastoral e do Ensino.
Aos meus pais por me ensinarem a ser um homem responsável e
comprometido com seus empreendimentos pessoais.
Aos pastores Joel Guimarães e Eliéster Moreira Antunes por terem
acreditado em meu potencial e darem a oportunidade de poder manifestá-lo.
À Igreja Batista Central em Jardim Cumbica e à Primeira Igreja Batista da
Barra da Tijuca por me darem condições de crescer espiritualmente e de me
desenvolver ministerialmente.
À Igreja Evangélica Ministério Celular de Restauração por me proporcionar
a alegria de desenvolver o ministério a mim foi confiado e por estar engajada
comigo no empreendimento de expansão do Reino de Deus na cidade do Rio
de Janeiro.
À Faculdade Aplicada de Teologia e Filosofia por possibilitar a grata
oportunidade de formar uma mentalidade de Reino de Deus na nova geração
de líderes cristãos deste novo milênio.
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Sobre o autor
Anderson Rezende é .....
Teólogo, Pastor, Professor, Palestrante e Coach Profissional. Possui
Mestrado em Teologia e Especializações nas áreas de Educação,
Empreendedorismo, Desenvolvimento Humano e Profissional. Vem se
dedicando nos últimos anos na formação de líderes e indivíduos que almejam
ampliar seus conhecimentos, explorar suas potencialidades e desenvolver ao
máximo sua perfomance. Por meio de suas palestras, seminários, cursos,
treinamentos e congressos nas áreas de Teologia, Exposição Bíblica,
Espiritualidade, Liderança, Empreendedorismo, Finanças e Desenvolvimento
Humano, tem contribuído com um número cada vez mais crescente de
pessoas que procuram melhorar o seu próprio desenvolvimento pessoal.
É casado com a Pra. Fabiana da Mota Rezende com a qual possui um
filho, Davi. É Pastor Titular da Comunidade Evangélica de Restauração em
Jacarepaguá – Rio de Janeiro, Diretor-Presidente do Synesis – Centro de
Ensino e Capacitação e Vice-Reitor da FATEF – Faculdade Aplicada de
Teologia e Filosofia.
Como Teólogo vem atuando no Ensino Acadêmico de Nível Superior nas
áreas de Teologia Bíblica, História da Teologia, História do Cristianismo,
História de Israel, Filosofia, Teologia Sistemática e Exposição Bíblica.
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Introdução
Uma das características dos profetas na Bíblia é que sabiam ler os “sinais
dos tempos”. Isso incluía anunciar eventos futuros. Mas, mais do que isso,
sabiam ler a sua realidade presente. Possuíam um dom divino especial de
discernir o que estava por trás das atitudes e posturas do povo, dos líderes
religiosos e dos governantes de sua época. Sua missão consistia em
denúncia e anúncio. Iam além das aparências e denunciavam as motivações
erradas, traziam à luz os pecados escondidos, anunciavam as consequências
de se permanecer em maus caminhos e a possibilidade de reconciliação e
restauração caso houvesse a conversão para o Deus vivo. O profeta olha
para o passado e para o futuro prevendo as consequências das tendências
atuais e dos sinais dos tempos da era presente. Procura advertir o mundo
baseado na revelação de Deus em sua Palavra Escrita.
Esse é um dom e um ministério a ser resgatado em nosso tempo:
examinar e perscrutar a realidade presente; entender seus pressupostos e
formas de pensar e agir. Identificar as novas tendências, percebendo que
algumas não são tão novas assim. Sugerir alguns caminhos para o
questionamento e o anúncio das verdades divinas. Esse é o propósito desse
breve texto, que procura chamar a atenção para alguns “ismos” (pluralismo,
relativismo, racionalismo, individualismo e misticismo), e tenta resumir, com o
risco da generalização indevida, algumas de suas características e desafios
que se impõem à missão da igreja, principalmente no que se refere ao
anúncio do Evangelho de Jesus Cristo em nossa geração. Não é uma tarefa
fácil, porém, lançar mão dela constitui-se um desafio apaixonante.
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O desejo de se responder às questões do novo tempo é a reposta para
aquela tão desejada postura de se segurar a Bíblia em uma mão e o jornal na
outra, no intuito de mostrar fidelidade ao exercício da missão.
Para isso, o presente texto procura fazer um estudo panorâmico das
origens e dos desafios desse novo mundo que se apresentam para a igreja
na entrada do Terceiro Milênio, e que se constituem em verdadeiras
oportunidades para a atuação eficaz e relevante de uma verdadeira proposta
de missão cristã baseada nos fundamentos bíblicos-teológicos da Palavra de
Deus.
Expressa também o desejo de se dar uma contribuição à reflexão
teológica-filosófica mais profunda que leve em consideração os mais variados
aspectos da transição do mundo moderno para o mundo pós-moderno, e que,
consequentemente a isso, desafiam a igreja a ser mais “perfeita” em sua
atuação como agência do Reino de Deus.
Além disso, um outro objetivo do texto, é o de poder servir como uma
ferramenta para a comunidade evangélica que se interessa pelo seu próprio
desempenho no mundo; isto porque traz uma série de informações sobre as
perspectivas, tanto positivas quanto negativas, que o Terceiro Milênio
apresenta e que exigem da igreja uma postura firme e ousada. Conhecer as
realidades bem como as necessidades do mundo em todos os seus aspectos
(espiritual, político, social, filosófico, sociológico, etc.) faz-se necessário para
todos aqueles que desejam conduzir a Igreja de Jesus rumo ao exercício de
sua missão.
A necessidade dessa atuação tem por razão fundamental o cumprimento
da Grande Comissão dada por Jesus à ela e que, portanto, deve ser
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cumprida com todo afinco. Partindo-se dessa compreensão do mundo é que
se poderá propor os caminhos necessários para responder aos mais diversos
desafios desse novo contexto da vida humana, a fim de que se possa dar
uma resposta mais satisfatória à essência da pregação de um evangelho
íntegro e integral.
A partir deste texto se poderá compreender que a ineficácia da igreja em
sua influência no mundo se dá por meio da sua falta de posicionamento
correto
diante
dos
problemas
sócio-político-econômicos
do
presente
momento. A necessidade de tal posicionamento se origina na Palavra de
Deus e intensifica, de maneira prática a relevância da mensagem. Deste
modo, entende-se que a falta de uma práxis correta dos conceitos e das
teorias da mensagem sempre caracterizarão um quadro de irrelevância e
ineficácia para a vida da igreja.
Assim, munida de um conhecimento básico de seu próprio contexto, a
igreja poderá exercer o seu ministério vendo-se como o “Melhor Projeto de
Deus” para a restauração de um mundo que caminha num processo
crescente de apostasia e afastamento das verdades bíblicas. Porém, esse
ministério deverá possuir sempre um caráter de eficácia e relevância na
aplicabilidade dos princípios e dos valores eternos do Reino de Deus.
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Capítulo 1: Desafios do Terceiro Milênio
É impossível falar sobre os desafios e as expectativas que surgem na
entrada do Terceiro Milênio sem antes conhecer, mesmo que de modo
panorâmico, o pano de fundo que permeia o mesmo. Compreender o mundo
contemporâneo, bem como as tendências que ele apresenta, sempre será
uma necessidade para toda e qualquer pessoa que deseja dar uma
contribuição pessoal ao momento histórico no qual esteja inserida. No caso
da Igreja, é evidente que a sua contribuição vai muito mais além do que
meras ações de desencargo de consciência. Seu compromisso, enquanto
agência do Reino de Deus na terra, visa exercer um papel fundamental de ser
Sal e Luz num mundo em constante transformação que anda perdido em
trevas e pecados.
Para tanto, a necessidade de se compreender a realidade do mundo
contemporâneo é tarefa premente que exige perspicuidade e muito tato.
Partindo-se dessa premissa, pode-se averiguar que o novo contexto que
surge na aurora do Terceiro Milênio, possui algumas características distintivas
que dão um realce maior à esse novo momento vivido pela humanidade.
Compreende-los é a tarefa número um da Igreja, pois, somente conhecendo o
“terreno” onde se pisa, é que se poderá tomar ações e posturas que sejam
compatíveis com a realidade do mesmo.
Como primeiro passo, torna-se necessário entender o processo de
transição do mundo moderno para o mundo pós-moderno vivido pela
humanidade atualmente, e como que essa transição tem transformado e
influenciado grandemente a experiência humana. Além disso, se a proposta
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de se conhecer o mundo contemporâneo em seus aspectos pós-modernos é
de fundamental importância para a Igreja de Jesus, torna-se evidente também
que o aspecto religioso, que está inserido nesse processo, possui um peso
todo especial. Logo, compreender a religiosidade contemporânea, constitui-se
também numa tarefa por demais necessária e desafiadora.
Somente com uma visão clara, compreensível e bem fundamentada do
mundo em todos os seus aspectos, é que se poderá propor caminhos para
uma igreja que deseja ser relevante para o momento contemporâneo. Assim,
com esse pensamento em mente, torna-se possível lançar mãos à uma
análise, mesmo que panorâmica, do novo contexto já vivido pela humanidade
em termos transicionais, mas que sinalizam, ao mesmo tempo, os caminhos a
serem trilhados pela sociedade no novo milênio que se inaugura.
1.1 Do Contexto Moderno ao Contexto Pós-Moderno
O mundo contemporâneo é totalmente diferente do que era a cerca de
cem anos atrás. Isso parece muito óbvio, visto que a própria realidade das
pessoas em todas as áreas de suas vidas já não são mais as mesmas.
Entretanto, quando se afirma que o mundo já não é mais o mesmo, o enfoque
que se dá a essa afirmação não deve se restringir apenas aos “aspectos
externos” pelos quais se pode detectar essas mudanças, mas deve se
estender também aos “aspectos internos” que se constituem em pano de
fundo para as transformações filosóficas, sociais, culturais, políticas,
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religiosas e econômicas que mudaram o mundo e que deram à ele uma cara
diferente da que tinha a cerca de cem anos.
O mundo que se nos apresenta é o mundo do contexto Pós-Moderno; “o
mundo que superou os absolutos levantados pela razão na era da
Modernidade e que não foram capazes o suficiente para perpetuar o seu
discurso”.1 O mundo do Terceiro Milênio é o mundo que questiona
frontalmente os princípios erigidos pela Modernidade a partir do século XVI e
que começaram a ruir no alvorecer do século XX.
Esse desmoronamento dos pilares da modernidade, originados a partir
dos
argumentos
filosóficos
de
Friedrich
Nietzsche,
tem
causado
transformações as mais diversas no mundo que até pouco tempo atrás
considerava-se firmado e estabelecido. “Essas transformações diversas
marcam a travessia da era moderna para a era pós-moderna”.2 Assim, este
novo estado de coisas requer da igreja uma compreensão e posicionamentos
corretos, a fim de que a mesma possa manter-se viva, eficaz e relevante num
mundo em constante transformação.
A transição da era moderna para a era pós-moderna coloca um sério
desafio à igreja e à sua missão no contexto de sua nova geração.
Confrontados por esse novo estado de coisas, não podemos cair na
armadilha do desejo nostálgico pelo retorno daquela modernidade
primitiva que deu luz ao movimento evangélico, pois não somos
chamados a ministrar a um época remota, mas aos dias de hoje, cujo
3
contexto acha-se sob a influência da pós-modernidade.
1
AMORESE, Rubem Martim. Icabode: da Mente de Cristo à Consciência Moderna, p. 53
GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo: Guia Para Entender a Filosofia Desse Tempo, p.16
3
Ibid., p. 28
2
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O mundo do Terceiro Milênio portanto, é o mundo da Pós-Modernidade;
ou seja, o mundo que está sendo marcado pelas sucessivas transformações
filosóficas, sociais, culturais, políticas, econômicas e religiosas, nas quais a
sociedade tem sofrido um grande impacto nas últimas décadas. “PósModernidade é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas
artes e nas sociedades avançadas desde 1900, quando, por convenção, se
encerra o modernismo”.4 Datar o inicio de seu surgimento é tarefa por demais
difícil, e são raros os estudiosos que se lançam a propor uma data específica
para o surgimento da mesma. Porém, alguns fatores que passaram a fazer
parte da vida da humanidade nas últimas décadas, servem como referenciais
de origem para explicar o seu surgimento e o seu subsequente
desenvolvimento.
Dentre as suas diversas características, a que pode ser colocada em
maior evidência é a “ruptura com às suposições do passado".5 O pósmodernismo rompeu de vez com os grandes absolutos levantados e de certa
forma perpetuados pela modernidade. Enquanto o modernismo rejeitou toda a
absolutização religiosa da Idade Média, o novo contexto pós-moderno se
levanta com uma forte resistência e rejeição para com os grandes pilares
levantados pelo contexto que o precedera. Pilares como o da “cosmovisão
única
e
universal
que
dá
explicações
unificadas,
abrangentes
e
universalmente válidas”6 de se entender o mundo. No contexto pós-moderno
já não há mais espaço para os absolutos; tudo é trazido ao pé da relatividade,
ou melhor, do relativismo:
4
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 19
GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo: Guia Para Entender a Filosofia Desse Tempo, p. 36
6
Ibid., p. 30
5
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Essas características apontam para o fato de que num certo sentido
importante, o espirito pós-moderno não tem um centro de referência.
Não há um foco definido que faça a união dos elementos diversos e
divergentes da sociedade pós-moderna num todo único. Não há mais
padrões comuns a que as pessoas possam apelar em seus esforços
para medir, julgar, ou valorizar idéias, opiniões ou opções de estilo de
vida. Acabaram-se também as antigas lealdades a uma fonte única
de autoridade e a um centro respeitado de poder legítimo a que todos
7
podiam recorrer.
Enquanto que para a sociedade moderna o progresso humano era tido
como o caminho inevitável para a realização do homem, o contexto pósmoderno vê com “total desencanto” as perspectivas apontadas pela ciência,
pois, ao mesmo tempo em que ela se apresenta como solução para os
problemas humanos, demonstra também o seu lado negativo em destruir o
ecossistema. Com isso, o convencimento de que a vida humana é frágil dá à
sociedade contemporânea a sensação de insegurança e temor. Nesse
sentido, o que se pode ver é uma verdadeira tensão entre modernidade e
pós-modernidade.
A modernidade crê em determínio, a pós, em indetermínio. Assim, a
modernidade enfatiza propósito e desígnio, a pós-modernidade
enfatiza a chance e o acaso. A modernidade estabelece uma
hierarquia; a pós cultiva a anarquia. A modernidade valoriza tipos, a
pós o mutantismo. A modernidade busca o logos, que oferece o
substrato do universo expresso na linguagem, a pós abraça o silêncio
8
e rejeita sentido e palavra.
7
8
Stanley Grenz. op. cit., p.40
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 22
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Esse temor e insegurança acabam por gerar um “forte sentimento de
pessimismo”9 quanto ao futuro da humanidade, lançando a mesma ao
desespero e à frustração. Tal sentimento se estende também ao campo da
religião dando uma perspectiva de que ou “Deus está morto ou
10
enlouquecido”.
então
Assim, enquanto que na Idade Média e na Modernidade o
homem encontrava a estabilidade, na Pós-Modernidade a instabilidade
permeia todas as áreas da vida humana.
O desenvolvimento tecnológico do século XX também foi um fator
preponderante
para
a
consolidação
da
perspectiva
pós-moderna.
“Determinados desenvolvimentos tecnológicos facilitaram a penetração do
pós-modernismo nas mais influentes dimensões da cultura popular”.11 Com a
automatização dos meios de produção e a crescente onda da informação
propiciada pelo advento do computador, o mundo contemporâneo passou a
ser considerado como uma grande aldeia global. Assim, uma das marcas
desse novo contexto, é “a globalização do mundo contemporâneo interligando
pessoas e países outrora distantes uns dos outros, mas que, por apenas um
segundo de distancia estão próximas e mantém relações entre si”.12 Esse
novo estado de coisas, portanto, propõem um novo estilo de vida para a
sociedade:
O pós-modernismo assume formas diversas. Ele aparece
personificado em certas atitudes e expressões que tocam o dia a dia
de inúmeras pessoas da sociedade contemporânea. Tais expressões
vão da moda à televisão e compreendem aspectos penetrantes da
cultura popular, como por exemplo a música e o cinema. O pós-
9
Ibid., p. 25
Ibid., p. 20
11
GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo: Guia Para Entender a Filosofia Desse Tempo, p. 57
12
SCHUMANN, Harald. A Armadilha da Globalização, p. 37
10
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modernismo está também encarnado numa variedade de expressões
13
culturais que incluem a arquitetura, a arte e a literatura.
Não se pode deixar de compreender também que o atual contexto
desenvolveu-se de modo rápido e progressivo através do consumismo
capitalista que, propagando a oferta dos bens de consumo, formou um novo
conceito de realização pessoal baseada na mercantilização da vida (tanto na
economia, como na religião, na cultura, na política, etc.). Nesse novo estilo
econômico, para se ser feliz e realizado, é necessário consumir; assim, o
bem-estar do ser humano passou a ser a regra que deve ser seguida em
todas as áreas da vida. “O pós-modernismo surgiu como um dominante
cultural em sociedades capitalistas de riquezas sem precedentes e com
índices bastantes elevados de consumo”.14 Nessa sociedade hedonista, onde
o que vale é o bem estar do homem, rebaixa-se todo e qualquer padrão éticomoral, pois o que importa na realidade é consumir o que o mercado tem a
oferecer não importando o “preço” que tenha que ser pago. Desse modo, “o
pós-modernismo é corretamente relacionado com um sociedade em que os
estilos de vida do consumidor e o consumo de massa dominam a vida dos
seus membros”.15
“Este estado de coisas tem dado origem a uma perspectiva irracional do
mundo”.16 As coisas se mantém desconexas e sem sentido, apontando para a
realidade de uma superficialidade nas relações interpessoais e também no
que diz respeito à relação entre o divino e o humano. No que diz respeito à
13
GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo: Guia Para Entender a Filosofia Desse Tempo, p. 66
ANDERSON, Perry. As Origens da Pós-Modernidade, p. 139
15
LYON, David. Pós-Modernidade, p. 87
16
AZEVEDO, Israel B. O Olhar da Incerteza: Crítica da Cultura Contemporânea, p. 27
14
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religião, “vê-se um esvaziamento cada vez maior da religião formal, mas, ao
mesmo tempo, uma crescente sede de espiritualidade”17 gerando toda a sorte
de caminhos para saciar a alma humana (o esoterismo é um exemplo disso).
Assim, o mundo contemporâneo é o mundo da secularização que
influencia “sucessivos setores da sociedade e da cultura a se libertarem da
influência decisiva das idéias e instituições religiosas, aceitando-se como
plausível aquilo que é racional".18 É também o mundo da privatização que
“produz uma separação entre a esfera pública e a privada, e se centra na
esfera privada como área especial para a expressão da liberdade e da
realização do indivíduo”.19 Tudo isso acaba gerando também um contexto de
pluralização "na qual não há nenhum padrão oficialmente aprovado de crença
ou conduta e onde o número de opções na esfera privada da sociedade
moderna se multiplica em todos os níveis, especialmente no nível das visões
de mundo, fés e ideologias”.20
Nesta nova sociedade moderna o conceito de comunidade
desaparece e o resultado é a superficialidade nas relações
interpessoais. O foco central do sagrado se perde resultando na
criação na criação de novos valores que produzem uma sociedade
totalmente distante de um absoluto maior. Como conseqüência vê-se
uma sociedade imediatista, desesperada, desolada e só. A
velocidade e a imprevisibilidade das mudanças que ocorrem no
mundo geram tremenda desconfiança nas pessoas. O indivíduo desta
nova sociedade vive agora sobre os seus impulsos, ele deixa de lado
21
a reflexão e a avaliação das coisas.
17
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 30
WESLEY, Ricardo. Entendendo o Tempo Presente, p. 13
19
Ibid., p. 15
20
Ibid., p. 05
21
AMORESE, Rubem Martim. Icabode: Da Mente de Cristo à Consciência Moderna, p. 43
18
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Tudo isso demonstra as características desse quadro pós-moderno que
retrata o estilo de vida da sociedade contemporânea, mas que ao mesmo
tempo apresenta os caminhos a serem trilhados por ela mesma. Dentre esses
caminhos, vê-se que a proposta religiosa do Terceiro Milênio é uma proposta
totalmente comprometida com os valores pós-modernos que desfiguram e
descaracterizam os princípios fundamentais da fé cristã. Compreendê-los, é
tarefa de fundamental importância para se continuar a pregar o evangelho em
toda a sua inteireza e integridade.
1.2 A Religiosidade Pós-Moderna
Como vimos anteriormente, o mundo do século XXI é o mundo do
contexto pós-moderno. Este vem se desenvolvendo rapidamente nas últimas
décadas e toma corpo cada vez maior em sua consolidação. Assim como
aconteceu com as grandes transformações vividas pela humanidade em
séculos passados, hoje, o homem pós-moderno passa a ver em sua vida a
forte influência que esse novo contexto impregna sobre as mais diversas
áreas de sua existência; dentre essas áreas destaca-se a religiosa.
“A religiosidade do mundo pós-moderno traz em si mesma uma série de
mudanças e transformações que até então eram tidas como que
impossíveis”22, visto a forte consolidação dos absolutos da época da Idade
Média e que se estenderam também pela época da Modernidade. Mas, como
já fora analisado anteriormente, o mundo pós-moderno é o mundo da rejeição
dos absolutos. Assim, para se compreender esse novo contexto religioso, que
22
PENZO, Giorgio. org. & GIBELLINI, Rosino. Deus na Filosofia do Século XX, p. 693
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influencia em grande medida a vida da igreja, é necessário compreender
também como que os fatores da secularização, da pluralização e da
privatização influenciaram em grande medida a expressão de fé das pessoas.
Ou seja, o tipo de religiosidade que se vê crescer rapidamente, e em especial
no mundo ocidental que é alavancada pelo “crescente processo de
globalização econômica e cultural”23, é a religiosidade relativista, um tipo de
religiosidade que rejeita os absolutos erigidos pela fé cristã e que pelo fato de
haverem tantas opções a escolher (pluralização religiosa), cria um
emaranhado de confusões e distorções que rejeitam todo e qualquer
referencial como centro ou ponto de partida.
No pluralismo da pós-modernidade, as igrejas não são mais toleradas
no exercício das funções religiosas de antigamente. Os indivíduos
não conseguem expressar sua fé com a mesma facilidade. A
sociedade plural vem paulatinamente se mostrando restritiva. Ao
mesmo tempo que ela afirma a liberdade daqueles que desejam
impor seus ideais e pensamentos nos outros. Nessa perda de
espaço, tanto a fé institucionalizada como os crentes, devem se
adaptar para sobreviverem num ambiente plural... As pressões da
modernidade, principalmente da pluralização, na igreja como
instituição, e nos crentes, são distintas: 1) a igreja perde o monopólio
da cosmovisão; 2) gera na religião uma mentalidade de mercado; 3) o
24
crente em mundo plural fica condenado ao relativismo.
Além disso, “a religiosidade contemporânea traz em si mesma a marca
de um individualismo hedonista e egocêntrico”25 que pouco se importa com a
manifestação de fé dos outros indivíduos. O que vale na verdade, é o bem
estar religioso e espiritual da pessoa em particular, mesmo que isso signifique
23
CAMPOS, Leonildo Silveira. Teatro, Templo e Mercado, p. 14
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 69
25
CASTIÑEIRA, Àngel. A Experiência de Deus na Pós-Modernidade, p. 79
24
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baratear o valor dos pilares centrais da fé cristã. Assim, esse mundo religioso
pluralista que aponta para uma série de caminhos desconexos e sem sentido,
onde o que vale na verdade é satisfação dos instintos da pessoa, caracteriza
o tipo de espiritualidade que vem sendo construída nos últimos anos.
Essa espiritualidade dá cada vez mais sinais de uma “irracionalidade
religiosa” que, lançando fora todo pressuposto coerente de uma construção
sólida de princípios de fé, mais se preocupa com a satisfação dos aspectos
emocionais e inconstantes da pessoa humana. “O fato é que a razão entrou
em crise nesse fim de século e de milênio. O subjetivo e o místico aparecem
com força, mesmo na esfera científica”.26 Em outras palavras, uma das
grandes marcas desse novo contexto religioso é a rejeição do aspecto lógico
e inteligente da fé, para uma religiosidade ilógica, irracional e sem sentido.
Daí se explica todo o crescente desenvolvimento místico em todas as
religiões, e em especial no cristianismo, que passa a adotar princípios
orientalizados de uma religiosidade intimista e individualista.
O advento dessas novas opções de misticismo e religiosidade,
originada com a pós-modernidade, acabou por beneficiar também os
novos movimentos religiosos de origem cristã, entre eles os
movimentos carismático na Igreja Católica e o neopentecostalismo
27
protestante.
Acompanhada desse crescente misticismo da fé que comprova a tese de
que “quanto mais secular e tecnológica é uma sociedade, mais mística é”28, o
sincretismo religioso procura unir “tudo de bom” que há nas diversas religiões
26
WESLEY, Ricardo. Entendendo o Tempo Presente, p. 15
CAMPOS, Leonildo Silveira. Teatro, Templo e Mercado, p. 47
28
AZEVEDO, Israel B. O Olhar da Incerteza: Crítica da Cultura Contemporânea, p. 51
27
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do mundo, tão somente se preocupando com o bem-estar do ser humano.
Daí a velha máxima da humanidade de que “todos os caminhos conduzem à
Deus”. Esse caráter sincrético e místico da religiosidade pós-moderna invade
o cotidiano das pessoas e constrói ao mesmo tempo um irracionalismo
religioso bestial.
O emprego do conceito de pós-modernidade pressupõe uma
perspectiva de descontinuidade e de rompimento das fronteiras
anteriormente delimitadas. Assim, o ser humano estaria vivendo um
processo social de atomização, tornando-se mais individualista,
desprovido de historicidade, voltando-se para si mesmo, na busca de
referenciais para o viver diário; nesse contexto, valoriza-se o lúdico e
29
enfatiza-se o irracionalismo.
Porém, uma outra esfera do mundo pós-moderno molda cada vez mais a
religiosidade contemporânea. É a “síndrome da hegemonia de mercado”
sobre todos os setores da vida. Como fora apontado anteriormente, a
influência do consumismo em todos os setores da vida vem mudando
grandemente a maneira de viver das pessoas. “A religiosidade passa a
possuir um caráter relativista e sincrético. Como um produto para consumo,
essa espiritualidade pós-moderna se torna instável, transitória, superficial e
limitada à esfera privada”.30 E no que diz respeito à fé, vê-se nitidamente um
estilo de religiosidade marcada pela pluralidade de escolhas que o indivíduo
pode fazer. Esse consumismo religioso somente se preocupa com os
aspectos periféricos das bençãos advindas do cristianismo, dando uma
imagem de que Deus não passa de um “mero mordomo” que é solicitado a
atender às reivindicações daqueles que nele crêem. “O cristianismo em
grande parte sucumbiu ao consumismo, como uma busca de passatempo da
29
30
CAMPOS, Leonildo Silveira. Teatro, Templo e Mercado, p. 46
WESLEY, Ricardo. Entendendo o Tempo Presente, p. 21
23
Os Desafios da Igreja
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minoria; a escolha do consumidor pode se infiltrar na vida religiosa e na vida
da Igreja”.31
O resultado desse tipo de religiosidade é a crescente mercantilização dos
“produtos da fé”. “A religiosidade contemporânea opera com a lógica e a
razão instrumental, procedimentos próprios da prática neoliberal, cuja
ideologia
procura
apresentar
estruturalmente interligado”.
32
o
mundo
como
um
mercado
global,
Acompanhada à essa mercantilização está
também a marketização dos “produtos sagrados” que dão uma conotação
negativa desse “grande mercado” que é o mercado religioso. “O marketing se
tornou nesse contexto, mais do que uma necessária ferramenta de trabalho,
se tornou a incorporação de um modo de vida, uma reinterpretação das
relações entre religião e sociedade”.33
Tudo isso acaba influenciando em grande medida a própria expressão de
fé dos cristãos que, levados por essa constante mercantilização espiritual,
passam a ver em Deus “apenas” o alívio imediato para as suas necessidades.
Assim, esse tipo de religiosidade faz do cristianismo evangélico um
empreendimento religioso empresarial paradigmático, que se desassocia de
todo e qualquer fundamento bíblico de um discipulado marcado pelo
compromisso e pela abnegação total à Cristo.
A “mercantilização do sagrado” como estigma lançado a diversas
práticas religiosas é uma incoerência do sistema capitalista porque,
se tudo nele é negócio e mercadoria, por qual motivo a religião
deveria estar fora deste mercado? Afinal de contas uma sociedade
que mercantiliza o sexo, a inteligência, os sentimentos humanos mais
31
LYON, David. Pós-Modernidade, p. 95
CAMPOS, Leonildo Silveira. Teatro, Templo e Mercado, p. 25
33
Ibid., p. 471
32
24
Os Desafios da Igreja
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íntimos, por que resiste tanto à idéia de se considerarem os
34
fenômenos religiosos bens comerciálizaveis?
E é a partir daí que podemos compreender a espiritualidade do
mundo evangélico brasileiro fortemente marcado pelo movimento
neopentecostal, que se coloca como uma reação inútil diante de uma
irreversível tendência universal à secularização e irreligiosidade. Esse
tipo de manifestação religiosa não passa de um simples produto
fabricado nas recâmaras do contexto pós-moderno. Pode-se, portanto,
detectar as principais características das transformações da cultura
religiosa desse contexto pós-moderno:
1) Valorização da energia e da potencialidade do homem
individual, interligado com as forças vivas do cosmo e
do universo.
2) Globalização do sentimento religioso, com predomínio
dos padrões universais sobre os particulares.
3) Localização do transcendente dentro das pessoas,
com o retorno da idéia de que o sagrado não pode ser
atingido exclusivamente por meio das mediações
religiosas tradicionais, mas também através de formas
extrasensoriais e de recursos como meditação,
concentração, exercícios físicos, pirâmides e outros.
34
Leonildo Silveira Campos. op. cit., p. 177
25
Os Desafios da Igreja
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4) Rompimento do monopólio ocidental e cristão sobre as
expressões religiosas, trazendo profundas implicações
inclusive para o ecumenismo.35
E é esse tipo de religiosidade que vem influenciando grandemente
a espiritualidade da Igreja de Jesus Cristo atualmente. “Muitas igrejas
da pós-modernidade não tem conseguido alterar essa realidade” 36 e
tem se entregado à este tipo de espiritualidade rasa e vazia. É preciso
manter
viva
a
essência
da
Igreja
de
Cristo
neste
mundo
contemporâneo. Para tanto, a igreja deve se posicionar nesse contexto
e não permitir que os fundamentos de sua essência venham ser
distorcidos pelos valores da pós-modernidade. Ela deve, acima de
tudo, ser a Igreja de Deus para o momento no qual está inserida.
1.3 Uma Igreja Para Este Tempo
A Igreja de Jesus Cristo é a agência de propagação do Reino de Deus
neste mundo. Como tal, ela possui um caráter de eternidade que começa aqui
nesta terra e se estende pelos séculos. Assim, fica claro que em qualquer
momento da história da humanidade a igreja sempre estará presente com o
objetivo de ser e de cumprir com aquilo para o que foi designada. Logo,
compete a ela ser uma igreja relevante e eficaz para qualquer momento da
35
36
Leonildo Silveira Campos. op. cit., p. 147
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 53
26
Os Desafios da Igreja
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história humana, e muito mais ainda nesse novo milênio pós-moderno que se
desponta.
Para alcançar as pessoas do novo contexto pós-moderno, devemosnos lançar à tarefa de decifrar as implicações do pós-modernismo
para o evangelho. Imbuídos da visão de Deus para o mundo,
devemos reivindicar o novo contexto pós-moderno para Cristo,
assumindo a fé cristã segundo os critérios compreensíveis para a
nova geração. Sob o pendão da cruz, temos de estar “corajosamente
37
indo aonde nenhum homem jamais esteve”.
Ser uma igreja para este tempo implica conhecer de modo absoluto e
total o contexto contemporâneo e inserir-se nele com o objetivo de mostrar a
relevância e a eficácia de um agente do Reino de Deus na terra. “A relevância
da igreja será vista se ela tiver um programa para ser percebido nesse
contexto. Seu discurso necessita de peso e poder de convencimento”.38
Partindo-se dessa perspectiva, pode-se constatar que uma igreja que deseja
cumprir e ser aquilo que o seu Mestre designou que ela seja, precisa se
contextualizar com o mundo contemporâneo.
Uma igreja que deixa de se posicionar de modo relevante num mundo em
constante transformação deixa de atingir o seu propósito primário. Assim, a
contextualização é a chave para esse posicionamento. Por meio dela, podese compreender quais os fatores de identificação no âmbito social, cultural,
político e econômico que a Igreja deve agir a fim de dar os passos
necessários para a sua atuação. Comportar-se como uma organização
desvinculada das realidades que a circundam, é declarar estado de falência
e de total incompetência. Foi Jesus mesmo quem disse que a “igreja está no
37
38
GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo: Guia Para Entender a Filosofia Desse Tempo, p. 28
RODRIGUES, Washington. A Igreja Para o Mundo de Hoje, p. 15
27
Os Desafios da Igreja
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mundo, mas não é do mundo”, ou seja, como parte do Reino de Deus a sua
função se destina em inaugurar e refletir as características que Deus deseja
nesse processo de consolidação de seu eterno propósito de restauração de
todas as coisas. Por isso, “é necessário visualizar os horizontes que se
apresentam à igreja atual, tornando-a relevante, necessária e desejada para o
mundo contemporânea”.39
A
contextualização
da
mensagem
do
evangelho,
associada
à
contextualização de missão da igreja, demonstrará a sua eficácia e relevância
em ser o baluarte de Deus no mundo atual. Jamais se poderá exigir uma
relevância em todos os níveis (espirituais, materiais e físicos) se não houver
uma correta compreensão do papel e da missão da igreja em intima relação
com as necessidades e demandas do mundo contemporâneo.
Assim, decifrar as implicações do mundo pós-moderno que cada vez
mais se transforma, será sempre a melhor estratégia a ser tomada pela igreja
a fim de remar em direção da concretização dos propósitos de Deus. Isso
tudo constitui-se em desafios que precisam ser encarados de frente a fim de
que, uma vez alcançando os mesmos, possa se ver as vitórias do Reino de
Deus na implantação de seus valores no mundo, trazendo assim a
concretização dos supremos propósitos de Deus para a história da
humanidade.
A igreja tem um compromisso sério com a Palavra e a Verdade de Deus.
É seu compromisso manter sempre em evidência os absolutos do Reino que
são eternos e que precisam ser manifestados neste mundo. A Palavra é o
alicerce para toda e qualquer passo que a igreja deseje tomar a fim de se
39
Washington Rodrigues. op. cit., p. 03
28
Os Desafios da Igreja
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manter firme e fiel ao seu chamado. Desse modo, uma vez consolidada na
Palavra, a igreja poderá demonstrar a sua atuação por meio de uma
“encarnação séria do evangelho que se identifica com o mundo e que ao
mesmo tempo procura influenciá-lo por meio de um discipulado vivo e ativo”.40
Identificar-se com o espirito desse mundo é negar e rejeitar a sua própria
identidade e propósito, ou seja, é rejeitar o seu papel fundamental de ser a
aliviadora das cargas humanas em prol de objetivos obscuros. Jamais se
poderá ser agência do Reino de Deus para o mundo contemporâneo se não
houver uma rejeição aos padrões anti-bíblicos promovidos pelo contexto pósmoderno, mas que também, ao mesmo tempo, servem de portas de entrada
para um posicionamento eficaz por parte da Igreja. Portanto, como desafio
primário para a igreja, está o alvo de ser aquilo que Deus deseja que ela seja
– O Seu Povo Na Terra. Consequentemente à isso, estará o desafio de se
expressar uma verdadeira espiritualidade condizente com os princípios
bíblicos. Para tanto, a igreja necessitará rejeitar a mentalidade mercadológica
influenciada pelo consumismo do mundo capitalista, que rebaixa e barateia o
caráter santo do evangelho e que não dá ao mundo a esperança da
redenção.
Além disso, é de fundamental importância propor caminhos que sirvam
de inspiração e desafio para a igreja a fim de que ela sempre mantenha o seu
caráter eterno de agente do Reino de Deus na terra:
1) sendo organismo antes de ser uma instituição; 2) oferecendo uma
segurança comunitária e sem prejuízo da liberdade individual; 3)
oferecendo um espaço plural dentro das fronteiras da doutrina dos
apóstolos; 4) produzindo nos crentes convicções pessoais e solidamente
estabelecidas nas Escrituras; 5) reavivando a busca da verdade
40
GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade, p. 57
29
Os Desafios da Igreja
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espiritual; 6) desenvolvendo uma espiritualidade profunda, mas em
41
contato com a realidade.
A igreja precisa estar presente no contexto de sua contemporâneidade,
para isso ela tem que ser conhecida como amiga de pecadores enquanto
odeia o pecado. Precisa ser conhecida como aliviadora das cargas humanas
e não como sobrecarregadora de infelicidades humanas. Precisa ser vista
como a comunidade que vive Deus de maneira maior que a religião. Terá
sempre que “saber que a melhor imagem que ela tem vem de dentro dela, do
coração. Quando isso acontece, ela cala a boca dos ignorantes e força os
homens a olharem perplexos para o céu a fim de glorificarem a nosso Pai que
está nos céus”.42
A mensagem e a missão cristãs correm o risco de sucumbirem e se
conformarem com este mundo e com o espirito desse século. Podem querer
se defender usando as próprias ferramentas e mentalidade dessa época,
procurando apresentar Jesus como um produto, com estratégias de
“marketing” voltadas para a satisfação total do consumidor. “Mas, essa ênfase
apenas nas bençãos, nos benefícios, em tudo que se recebe e se alcança
para si mesmo é um sintoma da mentalidade mercadológica”43 influenciando e
deturpando a mensagem e a missão.
Para que isso não aconteça, a igreja precisará manter intacta os
fundamentos elementares e eternos de sua essência e de sua missão dadas
pelo Senhor. Precisará se ver como o Projeto Ideal de Deus para toda e
41
Ricardo Gondim. op. cit., p. 80
D’ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Igreja: Crescimento Integral, p. 138
43
WESLEY, Ricardo. Entendendo o Tempo Presente, p. 16
42
30
Os Desafios da Igreja
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qualquer realidade da vida humana e que se faz presente num momento tão
especial da humanidade como o é esse momento de transição para o
Terceiro Milênio.
31
Os Desafios da Igreja
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Capítulo 2: A Igreja como Projeto de Deus
Após analisar as características do mundo contemporâneo e a necessidade
de que a Igreja de Jesus conheça a realidade existente ao seu redor e na
qual se insere a fim de poder atuar de modo relevante e eficaz, surge a
necessidade de se fundamentar corretamente essa atuação a partir de uma
perspectiva sólida de Missão Integral que esteja fundamentada e consolidada
nos parâmetros e diretrizes das Escrituras Sagradas.
A Igreja de Cristo, por ser o povo e o agente do Reino de Deus no
mundo, possui um caráter de transformação de realidades. Como o Corpo de
Cristo, sua existência se origina a partir da inauguração da era da graça, por
meio do Espirito Santo, e se estende pelos séculos dos séculos na
consumação do propósito e do estabelecimento do Reino de Deus. E é
devido à este seu caráter de eternidade que se pode afirmar que enquanto
houver história humana, a Igreja de Cristo ali também estará presente a fim
de cumprir o propósito para o qual ela foi designada. Se o cumprimento desse
propósito será eficaz, isso dependerá em muito da concepção de missão que
a igreja tiver, seja em qualquer época e em qualquer situação que a mesmo
venha a viver.
Por isso, a necessidade de se compreender as dimensões de uma
Missão Integral por parte da igreja é de extrema necessidade para o
cumprimento cabal do propósito de Deus num mundo em constante
transformação. Essa compreensão, além de ser fundamental, aponta os
caminhos a serem tomados pelo povo de Deus a fim de agir de modo que o
seu Senhor se agrade.
32
Os Desafios da Igreja
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Neste sentido, torna-se evidente que todos os projetos e realizações
humanas, por terem um caráter temporal, são em si mesmos momentâneos e
não possuem um caráter de eternidade. Deste modo, tais projetos e
realizações necessitam ser tocados por projetos que possuam uma dimensão
atemporal e até mesmo transcendente que, ao adentrarem na esfera de
atuação humana, demonstrem de modo eficaz o supremo propósito eterno de
Deus. Assim, portanto, a Missão Integral da Igreja possui essas característica
que são fundamentais para a vida e a missão desse agente do Reino de Deus
na terra. Tais características se apóiam e se fundamentam solidamente na
eterna Palavra de Deus, e são estas mesmas características que necessitam
ser compreendidas em toda a sua inteireza para que possam ser aplicados
em todo a sua eficácia.
É com base nisso que se pode afirmar que a Igreja será sempre o Projeto
de Deus para viabilizar a consolidação de Seus propósitos no mundo. Como o
agente de promoção do Reino, ela tem como incumbência restaurar, por meio
da proclamação eficaz do evangelho, a humanidade e o ser humano em
todas as dimensões e áreas de sua existência.
2.1 A Prática de uma Missão Integral
A Igreja é o agente do Reino de Deus no mundo. É por meio dela que se
deve expressar de modo pleno a nova vida no Reino. “Ela é uma comunidade
escatológica; a sua origem está baseada em forças supra-históricas que
33
Os Desafios da Igreja
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transcendem todos os empreendimentos humanos”.44 Muito mais do que uma
mera organização humana, a Igreja de Cristo possui um caráter de eternidade
que se origina e se perpetua Nele. Compreender corretamente o seu
significado e papel, enquanto agência do Reino de Deus, será sempre de
fundamental importância para se iniciar toda e qualquer práxis holística de
uma missão cristã.
Este processo de entendimento e compreensão da natureza e missão da
igreja, há de conduzi-la ao exercício de uma ação que se inicia na atividade
de se “repensar teologicamente sua identidade e tarefa missionárias à luz da
Bíblia em referência ao seu contexto específico e atual”.45 Somente por meio
de um posicionamento contextualizado é que se poderá exercer a prática de
uma Missão Integral. Este termo, missão integral, “demonstra pelo menos o
objetivo mais explícito de se ressaltar as diversas dimensões, na Palavra de
Deus, da identidade e tarefa missionárias da igreja”.46
Tais tarefas se apresentam na base da necessidade de se exercitar “um
tipo de missão que contemple o homem em todas as áreas de sua vida”47, e
que proponham para ele o caminho da restauração e redenção por meio do
evangelho. Logo, evangelizar constitui-se na "ação de chamar as pessoas a
se entregarem a Cristo para o perdão dos seus pecados – e para se
incorporarem com Ele no projeto divino de ser benção às nações”.48 Em
outras palavras, a obra da evangelização deverá estar sempre associada ao
44
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.94
CARRIKER, Timóteo. Missão Integral, p. 5
46
Ibid., p. 11
47
PADILHA, René. Missão Integral, p. 23
48
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.26
45
34
Os Desafios da Igreja
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objetivo de reconciliar o homem com Deus, mas também em o comissionar
para o exercício dessa missão restauradora. E é por meio dessa atuação que
“a
sobrevivência
e
o
dinamismo
do
povo
de
Deus
fundamentalmente a fim de exercer a sua vocação missionária”.
dependerá
49
Porém, toda ação evangelizadora por parte da igreja dependerá também
de sua base teológica e doutrinária. Sem uma fundamentação sólida para a
prática dessa missão não se poderá haver êxito. Desse modo, “é mister que o
povo de Deus sempre volte à Bíblia para reexaminar as bases da sua
identidade e vocação missionárias a fim de melhor realizar seu ministério
dentro do sue contexto específico e atual”.50
Este é, portanto, o papel a ser desenvolvido pela igreja enquanto agência
de promoção do Reino de Deus na terra. Ela “é muito mais do que uma mera
organização religiosa. Ela é a Assembléia ou a Reunião de Deus, o Corpo de
Cristo...e isso revela o seu significado”.51 Ela possui características
fundamentais que a distinguem de toda e qualquer organização humana, e
tem em Cristo o seu controle e comando geral. Como o Seu Corpo no mundo,
a sua existência está intrinsecamente relacionada com a Missão que Cristo
veio inaugurar entre os homens – a reconciliação e restauração deles com
Deus.
“Esta missão visa restaurar o homem em um correto relacionamento com
o Seu Criador”.52 Para isso, ela procura ministrar sobre todas as realidades da
vida do ser humano, desde o seu aspecto físico, espiritual e social. Assim,
49
CARRIKER, Timóteo. Missão Integral, p. 2
Timóteo Carriker. op. cit., p. 2
51
SHELLEY, Bruce. A Igreja: O Povo de Deus, p. 17
52
PADILHA, René. Missão Integral, p. 78
50
35
Os Desafios da Igreja
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somente por meio de uma visão abrangente e compreensível da queda do
homem, como também do plano redentor de Deus expresso em Jesus, se
tornará possível exercer uma prática holística de missão que contemple o ser
humano em todas as suas dimensões.
O conceito de ‘missão integral’ tem se imposto nesta última
década...como uma forma útil de expressar a consciência de que o
evangelho tem, além da sua dimensão evangelística, uma inelutável
53
dimensão de responsabilidade social e humana.
A missão de Cristo tinha como objetivo restaurar todas as coisas de volta
ao comando de Deus. “A Palavra do Senhor nos indica por muitos meios que
a salvação é parte de Seu plano global e nos incorpora dentro da Nova
Criação e do Reino de Deus que Cristo veio trazer”.54 O caminho para essa
restauração foi a morte e o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário a fim de
destruir de uma vez para sempre o grande obstáculo que separa os homens
de Deus – o pecado. Esta obra redentora e reconciliadora, tinha como
objetivo principal restabelecer o homem ao estado original de sua relação
com Deus em todas as dimensões de sua vida.
Debaixo do Senhorio de Cristo, que subjugou todas as coisas ao seu
comando, “a igreja segue com o objetivo de cumprir este propósito
reconciliador no mundo”.55 Essa, portanto, é a sua missão. Assim, fica
evidente que a sua influência deve ser grande o suficiente para causar
impacto e transformações em todas as estruturas e esferas da vida humana.
Seu compromisso em cumprir esse propósito de Deus, por meio de uma
53
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.51
Valdir R. Steuernagel, org. op. cit., p.22
55
VICEDOM, Georg. A Missão Como Obra de Deus, p.91
54
36
Os Desafios da Igreja
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influência positiva dos valores do Reino, é o grande alvo a ser alcançado
neste novo Milênio que se inicia.
A missão não é somente a obediência a uma palavra do Senhor; não
é apenas o compromisso de congregar a comunidade; ela é a
participação na missão do Filho, na missio Dei, com o abrangente
objetivo do estabelecimento do senhorio de Cristo sobre toda a
56
criação redimida.
Sua influência não deve se restringir apenas ao âmbito religioso; fazer
isso seria demonstrar uma faceta distorcida do propósito redentor de Deus
para com o mundo. Esta influência deve se estender para todas as áreas da
vida humana, demostrando de modo relevante e eficaz, como que as
dimensões dos valores do Reino se inserem num mundo dominado pela
hostes malignas e transforma tais realidades em aspectos positivos. Cabe
portanto à igreja, sair de seu lugar de apatia para demostrar de modo ousado
essa relevância tão esperada. O que se tem visto em sua atuação e influência
ainda é muito pouco diante daquilo que ela pode fazer e daquilo que ela pode
ser.
Desse modo, a igreja deverá ter como alvo abençoar todas as nações
com os valores do Reino de Deus. Negar isso, é declarar total falta de vínculo
com o Senhor da Missão. “A função da igreja não é contemplativa e mística
de ficar olhando para os céus, mas a de baixar os seus olhares para um
mundo necessitado do amor de Deus e nele escrever o seu testemunho do
evangelho”.57 Um testemunho que é expresso por meio do alívio espiritual
oferecido aos oprimidos do diabo e do mundo, mas também um testemunho
56
57
Ibid., p. 15
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.92
37
Os Desafios da Igreja
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que é expresso por meio do alívio da assistência social estendido aos
oprimidos do sistema capitalista perverso do século XXI.
Nesse sentido, a missão da igreja tem como papel fundamental exercer
um diálogo com as duas pilastras de seu edifício – o mundo e o Reino. Isto
porque “a igreja não pode ser entendida nela e por ela mesma, pois está a
serviço de realidades que a transcendem, o Reino e o mundo. Mundo e Reino
são as pilastras que sustentam todo o seu edifício.58
Em outras palavras, para ser eficaz no cumprimento do propósito divino,
a igreja deverá influenciar o mundo onde ela se encontra inserida. Para isso,
ela precisará conhecer os desafios existentes ao seu redor e assim procurar
mudar tais realidades munida com os valores e os princípios do Reino. Mas
para que isso possa acontecer do modo como Deus deseja, a igreja também
deverá ter uma compreensão clara da dimensão do Reino de Deus e assim
manifestar os seus valores num ritmo contrário ao que o mundo vem vivendo.
Somente assim se poderá proclamar a mensagem de salvação que visa
tão somente restaurar o homem, e consequentemente o mundo, em uma
nova criação. Dessa forma, a Grande Comissão toma proporções gigantescas
no propósito de restaurar um mundo perdido e delapidado pelas
consequências do pecado. A missão de Jesus dada à sua igreja é a missão
de Deus ao seu povo, ou seja, a missio Dei.
Missio Dei significa, antes de mais nada, que a missão é obra de
Deus. Ele é o Senhor, o doador da tarefa, o proprietário, o
executante. Ele é o sujeito ativo da missão. Isso implica em ação e
59
compromisso com a vocação missionária.”.
58
59
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder, p. 20
VICEDOM, Georg. A Missão Como Obra de Deus, p.16
38
Os Desafios da Igreja
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Ação e compromisso que se estendem para além das fronteiras de uma
religiosidade contemplativa e que visam ministrar à todas as necessidades
gerais de uma criação que necessita de recriação. Somente partindo desse
fundamento sólido, é que se poderá esperar uma evangelização eficaz e
relevante por parte da Igreja. Pois será este tipo de evangelização que se
preocupará em anunciar e demonstrar o senhorio de Cristo sobre todas as
coisas, e o seu propósito último de congregar cada uma delas, ao controle de
seu mando. O evangelho é o poder libertador de Deus que insere o ser
humano na dimensão gloriosa de Seu Reino. Proclamá-lo é o dever da igreja;
tal proclamação deve estar associada a um discipulado que vise consolidar o
projeto de Deus nos corações daqueles que se abrem para o Senhor e que
agora, por meio de um compromisso total com Ele, se colocarão ao seu
dispor em ministrar o evangelho da reconciliação. É, portanto, ao Senhor da
missão, ao Senhor de todas as coisas, que a igreja deve se submeter e agir
com base na autoridade outorgada a Cristo e caminhar sem medo e covardia
na execução de sua obra.
Evangelizar é proclamar a Jesus como Senhor e Salvador,
inseparavelmente. Nesse sentido, evangelizar é proclamar o Reino
integral de Deus. Pregar o evangelho sem o Reino seria desfigurá-lo
e mutilá-lo. Seria pregar o “evangelho de ofertas”, da graça barata. A
integridade desse verdadeiro evangelho, por sua vez, será fecunda
60
em serviço e justiça, em “benção às nações”.
O ponto de partida sempre será a Palavra de Deus. É ela que orientará o
caminho para uma atuação eficaz que a igreja deverá exercer. “A Bíblia
60
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.37
39
Os Desafios da Igreja
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inteira, e não apenas o Novo Testamento, estabelece os fundamentos em que
se baseia a missão integral e universal da igreja”.61 Para tanto, a necessidade
de uma correta hermenêutica bíblica que vise relacionar a mensagem ao
contexto cultural no qual a mesma se insere, será de fundamental
importância.
Precisamos em primeiro lugar verificar como a perspectiva da missão
integral decorre da interpretação da Bíblia; em especial de uma leitura
da Bíblia que se deixa guiar por alguns impulsos e que está atenta
para aspectos novos ou redimensionados da mensagem bíblica.
Segundo, tentar traçar algumas sugestões de como que esta
perspectiva missiológica, assim adquirida, incidirá por sua vez na
leitura posterior da Bíblia e na sua devida aplicabilidade, tanto no
62
presente como no futuro.
É assim que a missão neste final de século e de milênio, deverá voltar a
acontecer num marco de leitura intensiva da Bíblia, de lúcida percepção das
realidades presentes e, sobretudo, de se colocar estes dois face um do outro.
Com isso a Palavra de Deus poderá voltar a exercer um papel poderoso na
compreensão e transformação destas realidades, desde a das pessoas
individualmente até a dum cosmos que se torna a cada dia parte integrante
da nossa existência como seres humanos às vésperas do Terceiro Milênio. “E
isto passando pelas complexas realidades das nossas relações sociais e
comunitárias”.63
Portanto, a atuação da igreja realizada sob o comando e direção do
Senhor, terá como alvo primário a invasão das fortalezas do inferno
manifestadas nas estruturas de opressão da sociedade, e consequentemente
61
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.39
Ibid., p. 54
63
Ibid., p. 61
62
40
Os Desafios da Igreja
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o resgate daqueles que estiverem presos aos grilhões da opressão e da
maldade. Nesse sentido, a sua atuação deve ser ousada; não deve se
restringir apenas ao campo religioso como foi dito anteriormente; deve
também influenciar as estruturar políticas e sociais de poder numa
reivindicação de justiça e equidade para todos. Deve se comprometer em
ministrar sobre os necessitados; pois não se pode falar em evangelização e
ao mesmo tempo se omitir da responsabilidade social colocada sobre ela.
Isso porque, é sua incumbência atuar sobre as necessidades físicas,
materiais e espirituais da humanidade.
A preocupação em aplicar o evangelho à necessidade do homem
hoje levou muitos cristãos evangélicos a perguntarem sobre a relação
que existe entre a evangelização e a responsabilidade social. O
cristão vive tanto no mundo como na igreja, e tem responsabilidades
para com ambos. Infelizmente, as igrejas tendem a “eclesiastizar”
seus membros. Sua obediência a Cristo se faz apenas mediante
canais institucionais ou pietistas: reuniões e programas, ou reuniões
64
de oração e grupos de discipulado.
“O evangelho todo para o homem todo deve ser o desafio para este
agente do Reino de Deus no mundo”.65 Assim, compete à igreja o
compromisso de ministrar sobre as necessidades materiais das pessoas e
não apenas oferecer o alimento para a alma; é necessário oferecer também o
alimento para o corpo.
“É preciso demonstrar o já e o ainda não do Reino que se faz presente
entre nós, mesmo que de modo parcial”.66 Essa, portanto, é a proposta de
uma evangelização coerente com os princípios do Novo Testamento – “uma
64
SHELLEY, Bruce. A Igreja: O Povo de Deus, p. 126
PADILHA, René. Missão Integral, p. 82
66
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.94
65
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evangelização encarnacionista, ou seja, uma evangelização que se identifica
com o objeto de sua atuação - o homem”.67 Sem uma identificação com o
homem em todas as dimensões da sua vida, jamais se poderá realizar uma
missão eficaz.
2.2 Perspectivas da Missão a Partir de Lausanne
Durante o mês de Julho de 1974 aconteceu na cidade de Lausanne,
Suíça, o Congresso Internacional de Evangelização Mundial reunindo
centenas de líderes cristãos de mais de 150 nações do mundo, com o
objetivo de tratar dos desafios impostos à igreja no que tange à questão da
evangelização. Durante aquele evento, uma série de discussões foram
travadas em torno da questão da missão da igreja e a maneira em que ela
vinha exercendo tal missão no mundo. Aquele evento serviu de referencial
para as diretrizes da evangelização que contemplasse o aspecto integral do
evangelho, e que ao mesmo tempo desafiasse a igreja a lançar mãos dos
recursos providos por Deus para uma atuação eficaz no cumprimento da obra
evangelizadora. O ápice do Congresso foi a formulação de um documento
chamado Pacto de Lausanne, que atestava o compromisso daquelas
lideranças evangélicas das mais diversas nações e denominações cristãs em
se comprometer, por meio de um engajamento sério, com as dimensões da
evangelização no mundo.
67
Valdir R. Steuernagel. op. cit., p. 63
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É a partir dessa referência ao Pacto de Lausanne que a igreja
contemporânea poderá caminhar rumo ao século XXI no exercício de seu
ministério, tendo em vista que os tópicos levantados pelo Pacto, estão
intimamente relacionados com um compromisso sólido de se exercer uma
missão de caráter integral.
O documento serve como uma bússola, um norte pelo qual a Igreja que
deseja ser relevante no mundo, deve seguir. O que se detecta a partir dele, é
que a Igreja, enquanto agência do Reino de Deus no mundo, possui um
caráter “transcendente” e ao mesmo tempo “imanente”, ou seja, está inserida
no contexto da sociedade humana e, como tal , deve encarnar o serviço que
lhe foi confiada: a manifestação do Reino de Deus por meio da proclamação
das boas-novas em Jesus Cristo.
Assim, mirar os pontos que foram levantados naquele Congresso, será,
sem sombra de dúvida, uma grande caminho a ser seguido por qualquer
igreja ou pessoa que deseje alcançar o propósito supremo de Deus.
“A missão da igreja enquanto Corpo de Cristo, deve ser o de cumprir o
propósito de Deus”68, ou seja, o de manifestar o seu Reino neste mundo. A
partir da perspectiva bíblica depreende-se que Deus invadiu a história
humana com o intuito de restaurar todas as coisas a si mesmo, e que esse foi
o caminho proposto para a irrupção de seu Reino no Mundo. O Reino de
Deus, portanto, é a Soberania Divina invadindo o âmbito da criação a fim de
controlar, reger e administrar todas as coisas criadas. Jesus Cristo é o
embaixador desse Reino no Mundo, inaugurando-o por meio da encarnação,
e à ele são colocadas todas as coisas.
68
PACTO DE LAUSANNE, p. 01
43
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A igreja, portanto, não é o Reino, mas sim o seu agente. E o seu desafio
é manifestá-lo em todas as esferas da vida. Sua atuação deve seguir a
orientação bíblica, como a fonte autoridade e de poder. É na Bíblia que se
encontra o registro da revelação de Deus aos homens, bem como o registro
dos caminhos propostos à igreja enquanto povo e agência do Reino de Deus
no mundo. Sem ela não se pode ter direcionamento correto, pois isso seria
deixar-se seguir pelas orientações humanas. Entretanto, “o Deus da Bíblia é o
Deus que se manifesta aos homens e que vem ao encontro deles também por
meio de sua Palavra Escrita”69, dando-lhes direção e revelando seus planos
de redenção para com o mundo.
A mensagem da Bíblia tem como centro Jesus Cristo. “O Verbo (Palavra)
encarnado invade a história humana a fim de dar consecução aos propósitos
eternos e redentores de Deus”70. Em Cristo, todas as coisas são colocadas na
condição de submissão à sua autoridade, e fora dele não se pode estar em
sintonia com o plano de Deus. Nesse aspecto, a missão evangelizadora da
Igreja se direciona para anunciar a dimensão da obra de Cristo realizada
neste mundo, por meio da Cruz, visando a reconciliação do homem com
Deus. Por meio de seu nascimento, vida, morte, ressurreição e ascenção,
Cristo reconciliou os homens consigo trazendo-os novamente ao seu
senhorio. Muito embora hoje se manifeste apenas parte desse processo
reconciliador, por meio de sua parousia, Cristo haverá de dar cabo final ao
projeto original de Deus para a redenção humana. A Igreja é o produto e a
extensão desse ministério. Como produto, ela aponta para o fato de que
todos os que estão em Cristo são agora nova criação em seu nome. Como
69
70
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p.46
PACTO DE LAUSANNE, p. 01
44
Os Desafios da Igreja
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extensão, ela tem o desafio de expandir a manifestação gloriosa desse Reino
em todo o mundo, apontando para a necessidade de uma recriação e
restauração de todas as coisas.
Porém, esse desafio de expandir para além das meras fronteiras
geográficas a mensagem de redenção, não deve se limitar apenas à uma
parte da existência humana. O desafio é de restaurar todas as coisas e em
todos os níveis para aquilo que Deus havia concebido desde o princípio.
Assim, “a missão evangelizadora da igreja deve estar intimamente
relacionada com o aspecto humano, físico e social da humanidade”71. O
retrato de um mundo subjugado pelas mazelas sociais reflete as dimensões
destruidoras do pecado no mundo. A fome, a miséria, a opulência, a
desigualdade social, são o resultado de uma criação que se sente oprimida
pelas consequências do pecado humano.
O Reino de Deus não é o melhoramento social progressivo da
humanidade, segundo o qual a tarefa da igreja é transformar a terra
em céu, e isto agora, nem o reinado interior de Deus presente nas
disposições morais e espirituais da alma, com sua base no coração.
Antes, ele é poder de Deus, liberto na história, que traz boas novas
aos pobres, liberdade aos cativos, vista aos cegos e libertação aos
72
oprimidos.
A igreja, neste sentido, como povo regenerado e recriado em
Cristo, tem o desafio de intervir de modo relevante e eficaz nessa
dimensão da vida humana, trazendo conforto e alívio para aqueles que
estão presos e subjugados pelo poder devastador do pecado. Sua
71
72
PACTO DE LAUSANNE, op. cit., p. 01
PADILHA, René. Missão Integral, p. 206
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missão só poderá ser relevante se ela for integral em sua atuação. E
ser integral nesse aspecto significa influencias todas as dimensões da
existência humana: a dimensão física, material e espiritual.
Somente assim é que a igreja poderá atuar da maneira como o
Senhor Jesus deseja. Sua atuação evangelística será marcada pela
encarnação no contexto humano da sociedade. Ou seja, será o desafio
de se identificar com as necessidades humanas a partir de cada cultura
e assim procurar fazer valer o propósito de Deus em restaurar aqueles
aspectos da vida humana manchados e denegridos pelo pecado. Seu
alvo será o de ministrar o evangelho todo para o homem todo. E isso,
sem dúvida nenhuma, demandará compromisso sério com Deus e com
a missão confiada por Ele.
Entretanto, muito pouco será realizado se a igreja não se engajar em total
cooperação e esforço conjugado na execução desse ministério. Compete às
igrejas locais espalhadas pelo mundo se unirem no propósito de causar
relevância, demonstrando por meio de sua vida e ação, a eficácia do
evangelho em restaurar todas as coisas ao comando de Deus novamente.
Um evangelho universal exige uma igreja universal, na qual todos os
cristãos participem efetivamente na missão mundial como membros
iguais do Corpo de Cristo. A colaboração na missão não é meramente
uma questão de conveniência prática, mas a consequência
necessária do propósito de Deus para a igreja e para toda a
73
humanidade, revelado em Cristo Jesus.
73
René Padilha. op. cit., p. 145
46
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É, portanto, urgente essa tarefa. Por isso, enquanto a igreja deixar de se
lançar à esta obra, o mundo todo caminhará para um estado de devassidão,
perversão, opressão e aprisionamento, que tanto o pecado como o Diabo
trazem sobre ele. Urge a necessidade de se acelerar o processo
evangelizador no mundo que contemple a integridade do evangelho e a
necessidade do ser humano. Tal obra não deve ser feita de qualquer maneira
a ponto de se preocupar apenas com os resultados numéricos sem antes
objetivar a melhora da qualidade da vida das pessoas, tanto no aspecto
espiritual quanto físico e material.
Uma igreja como essa idealizada por Deus, jamais poderá deixar de
“contemplar os aspectos positivos da criação expressos no homem”74 e que
devem dessa forma ser valorizados a despeito de qualquer coisa. Alcunhar
todo aspecto cultural de podre e pecaminoso, é demonstrar uma mentalidade
medíocre e rasa do que foi e do que é a criação de Deus. Neste aspecto, o
desafio da ação evangelizadora da igreja deve ser o de restaurar aqueles
traços da criação que foram maculados pelo pecado e, assim, transformá-los
pelos princípios eternos do Reino manifestados na revelação bíblica.
Nada disso será desenvolvido com eficácia se a igreja não se lançar ao
mesmo tempo na obra de educar seu povo e de preparar uma liderança que
seja apta para dar continuidade à tarefa. A educação visa não apenas
reproduzir conceitos hora cristalizados, e que não se identificam com os
aspectos da vida cotidiana das pessoas. Todavia, educar, visa formar
pessoas para a vida dando a elas um referencial correto – os padrões do
Reino expressos na revelação bíblica. Daí é que se poderá preparar uma
74
PACTO DE LAUSANNE, p. 02
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liderança que se preocupe em conduzir a igreja ao exercício de seu trabalho
no mundo com compromisso e dedicação. Formar uma liderança jamais
deverá ser entendido sob o aspecto da profissionalização. Antes, formar uma
liderança, deverá ser o objetivo de capacitar cada indivíduo membro do Corpo
Cristo para realizar o seu ministério no mundo.
Munidos dessa educação cristã, que forma para a vida, e de uma
liderança que nasça do próprio seio da igreja em ministério exercidos por
cristãos leigos, poderá se encarar de frente o desafio da destruição das
fortalezas demoníacas que se manifestam no mundo em todas as dimensões.
A atuação de Satanás não se restringe apenas aos aspectos espirituais da
vida cada indivíduo. Eles vão além das esferas de caráter particular e se
estendem para as estruturas maiores de poder e opressão existentes no
mundo.
Uma das necessidades mais urgentes na igreja atualmente é a fé no
poder do evangelho como uma mensagem de libertação do mundo
visto como um sistema sob o domínio dos deuses da sociedade de
consumo...Não há maior contribuição que a igreja possa dar para a
humanidade que o evangelho de Jesus Cristo e seu poder
75
libertador.
São contra elas também que a igreja deve “guerrear”, procurando
arrebentar as portas do inferno e assim trazer o Reino para dentro dessa
dimensão. Para tanto, faz-se necessário que a igreja compreenda as
dimensões dessa atuação diabólica que, manifestada por meio de sistemas
perversos, subjuga os homens, entregando-os ao desespero e ao ocaso da
perdição. Enfrentá-los será sempre uma questão de posicionamento
75
PADILHA, René. Missão Integral, p. 142
48
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aguerrido e ousado de uma igreja que se entende como agência de Reino de
Deus, onde o seu poder é manifesto de modo glorioso.
Porém, é preciso também que se tenha em mente a dimensão dessa luta
e de como que ela poderá trazer consequências funestas para aqueles que
se lançarem à ela. Foi assim no caso de Martin Luther King, e assim será
também no caso daqueles que quiserem realmente ser a igreja de Deus no
mundo. O apelo não é para um sentimento de mártir apaixonado e irracional
que se preocupa tão somente em romancear essa batalha. O apelo é para
que cada um se comprometa com Deus e com a sua obra no intuito de não se
calar e nem se encolher quando essas estruturas malignas e perversas se
levantarem para oprimir e subjugar milhões sob a tese de que se está
fazendo o bem. Compete portanto, à igreja e à sua liderança, uma corajosa
atitude de protesto e até mesmo revolução para com tudo aquilo que fere a
ética, a moral e os valores do Reino de Deus. Fazer isso implicará em
renúncia pessoal e constante ciência de retaliação expressos por meio de
perseguição.
Somente com essa disposição e compromisso é que a igreja poderá
ministrar para um mundo perdido e desenganado como este. Entretanto, nada
disso adiantará se ela não se munir com a força e poder do Espirito Santo
que são eficazes em consolidar todas essas coisas. A missão é divina e se
origina em Deus, logo, uma desafiada a dar continuidade à essa missão a
igreja em hipótese alguma poderá se considerar auto-suficiente para realizar
essas coisas. Ë preciso uma atitude de humildade e dependência que objetive
tão somente o desejo de ver a atuação de Deus por meio de si no mundo.
49
Os Desafios da Igreja
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A missão da igreja que se iniciou no Pentecostes se estenderá até aquele
dia em que Cristo aparecer entre as nuvens, em toda a sua glória, a fim de
consolidar de uma vez para sempre o propósito de Deus. Enquanto isso não
acontece a igreja não pode se isolar e tomar uma atitude de contemplação
hipócrita e mentirosa. Seu dever sempre será o de, enquanto agência do
Reino de Deus, intervir neste mundo por meio do poder e da autoridade de
Cristo Jesus, procurando restaurar os homens e em consequência todas as
coisas novamente à Deus. Porém, isso jamais acontecerá por completo
enquanto Cristo não voltar. Examinando a Bíblia, constata-se que o mundo
caminhará de mal a pior e, qualquer atitude de descaso para com essa
realidade, refletirá uma atitude não cristã e até mesmo diabólica.
A igreja não pode se deitar sobre a rede enquanto que centenas de
milhares de pessoas estão sendo arrastadas pelas enxurradas da miséria e
opressão física e espiritual. Mesmo quando tudo parecer caminhar de mal a
pior, mesmo quando tudo for o retrato escuro de um mundo perdido, “a igreja
sempre deverá ser a luz no fundo do túnel a brilhar de modo intenso a
esperança da restauração em Cristo Jesus”.76 Neste sentido, cada igreja local
deve ser comparada a pequenas casinhas que são vistas do alto de um céu
escuro, com as suas luzes acesas brilhando raios de esperança, alegria e
vida para todos.
76
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder, p. 45
50
Os Desafios da Igreja
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Capítulo 3: A Eficácia da Igreja no
Desempenho da Missão
Compreender o mundo e o momento que a sociedade contemporânea
vive é de fundamental importância para a igreja que deseja ser Sal e Luz no
Terceiro Milênio. Jamais se poderá ter uma missão relevante se a igreja não
estiver bem posicionada quanto momento histórico no qual está inserida.
Conhecê-lo, portanto, é extremamente necessário para que se possa traçar
os caminhos de uma atuação eficaz. Porém, não basta apenas estar bem
posicionado quanto ao momento histórico vivido pela humanidade. É
necessário também uma fundamentação correta para o exercício de uma
Missão Integral. Neste sentido, a igreja precisa estar bem abalizada nos
fundamentos bíblicos e teológicos da Palavra de Deus que se constituem em
seu ponto de partida para a sua devida atuação. Somente assim se poderá
exercer um ministério relevante e eficaz. “A igreja, portanto, deve ter
consciência de quem ela é do que ela deve fazer enquanto agência do Reino
de Deus”.77 Sem uma identidade própria, jamais se poderá causar qualquer
impacto no mundo.
“É preciso possuir essa correta consciência de missão e do alvo de
atuação”78 que correspondam com os anseios e os propósitos de Deus. É
assim que se poderá apontar os caminhos necessários para uma igreja que,
estando bem posicionada no momento histórico-cultural pelo qual vive e
77
78
WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósitos, p.62
DRUCKER, Peter F. Administração de Organizações sem Fins Lucrativos, p. 5
51
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associada com os fundamentos corretos de sua missão, exercer um ministério
eficaz e relevante no mundo.
Assim, compete à igreja canalizar a manifestação do poder do Espirito
Santo a atuar sobre ela, visando influenciar o mundo de modo que
transpareça apenas a glória de Deus. Para isso, é necessário revestir a
essência da igreja de estruturas eclesiásticas flexíveis que viabilizem a
manifestação dessa sua essência e do poder de Deus. São as suas formas e
estruturas que lhe dão o contorno necessário para a sua devida atuação no
mundo. E os mesmos, por sua vez, estão condicionados ao momento
histórico-cultural no qual a igreja está inserida. Depreende-se a partir disso
que a essência e o conteúdo da igreja sempre se manterão imutáveis, mas,
suas formas e estruturas, precisarão em todo tempo se transformar a fim de
poderem manifestar a vida contida em seu interior.
O alvo de suas constantes transformações no aspecto externo, ou seja,
em suas formas, visa tão somente sinalizar o caminho para a atuação que
privilegie a marca de uma evangelização encarnacionista que se identifica
com o mundo no qual está inserida e que ao mesmo tempo exerce um serviço
de caráter abnegado. Somente com este tipo de evangelização e serviço é
que se poderá rumar em direção a uma eficácia e relevância tremendamente
desejadas por Deus e ansiadas pelo mundo.
52
Os Desafios da Igreja
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3.1 Formas e Estruturas: Desafios Eclesiais
A igreja é eterna, porém, sua vida se inicia no mundo e se estende pelos
séculos dos séculos na expressão de Corpo de Cristo. Essa visão do caráter
eterno da igreja não se desvincula de sua peregrinação na terra. Como tal,
ela está inserida no contexto humano e sua vida deve marcar de modo
contundente a sua missão e propósitos, seja em qualquer época ou em
qualquer situação que a mesma venha a viver.
Partindo-se dessa consideração, pode-se depreender que a vida da
igreja no contexto humano está intimamente relacionada com o modo pelo
qual ela se apresenta. Sua maneira de se expressar é o resultado de sua
roupagem que veste a sua essência visando expressá-la no mundo. Quando
se fala em atuação da igreja não se pode deixar de entender que ela,
enquanto organismo vivo, “é composta de duas realidades que lhe dão os
contornos característicos, ou seja, sua forma e sua essência”.79
No que diz respeito à essência da igreja, foi visto anteriormente que ela é
o povo de Deus na terra, o Corpo de Cristo que tem o compromisso de
manifestar a glória de Deus ao mundo por meio da proclamação viva e
vigorosa do evangelho. Enquanto essência, a igreja é o agente do Reino que
tem sobre si a responsabilidade de manifestar o seu caráter sobrenatural de
ser uma nova criação em Cristo por meio da missão reconciliadora expressa
na Cruz do Calvário.
79
HORRELL, J. Scott., ed. Ultrapassando Barreiras, p. 23
53
Os Desafios da Igreja
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Entretanto, essa sua essência está revestida de uma roupagem que lhe é
peculiar. Ou seja, “a igreja no decorrer de sua história sempre se revestiu de
formas e estruturas a fim de viabilizar a manifestação de seu conteúdo para o
mundo perdido”.80 E é esse aspecto das formas e das estruturas que se
constituem em fator de vital importância para a vida e a atuação da igreja.
Serão suas formas e estruturas que viabilizarão ou não a expressão da vida
de Deus escondida em seu interior. Assim, uma igreja que possua formas e
estruturas enrijecidas pela dureza e ignorância da sabedoria humana, jamais
poderá deixar de causar um impacto necessário como o foi a da estrutura
orgânica da igreja do primeiro século.
Fica evidente, portanto, que o desafio da igreja em causar relevância no
mundo sempre se dará por meio de “formas e estruturas que sejam
contemporâneas e contextualizadas ao momento vivido pela sociedade”81, e
que, dessa maneira, estejam em constante renovação para a sua devida
eficácia. Como exemplo, pode-se apontar para a questão do acesso do povo
à Bíblia até o século XVI. Com as formas e estruturas adotadas pela Igreja
Católica Romana, o povo não podia ter acesso à Palavra de Deus para sua
orientação. Aquele tipo de forma e de estrutura matou a vida da igreja durante
séculos.
Assim como a história da humanidade está em constante transformação,
assim também deve ser a transformação das formas e das estruturas da
igreja a fim de que a mesma possibilite a manifestação poderosa do poder de
Deus por meio de sua vida. Para tanto, é necessário haver uma constante
renovação da Igreja. Aquilo que fora levantado pelos reformadores no
80
81
KIVITIZ, Ed René. Quebrando Paradigmas, p. 18
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder, p. 91
54
Os Desafios da Igreja
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passado: a igreja sempre se renovando. Em outras palavras, a necessidade
de uma segunda Reforma para a igreja, faz-se necessário e urgente neste
novo alvorecer de milênio. Assim como a primeira Reforma visava tão
somente restaurar o conteúdo do evangelho e da essência da igreja (o vinho);
a segunda Reforma prioriza tão somente as transformações das formas (os
odres) que sempre serão necessárias durante a vida da igreja na terra. A
primeira foi realizada apenas uma vez, a segunda, entretanto, sempre será
necessária pois a eficácia da igreja estará sempre relacionada ao contexto
histórico-cultural no qual a igreja se insere, e que vive em constante
transformação.
Usando a metáfora do Vinho e do Odre, pode-se afirmar que o conteúdo
do evangelho, ou seja, o vinho, sempre será imutável, porém, as formas de
expressá-lo, ou seja, os odres, sempre serão mutáveis para que possam
manter vivo e forte o conteúdo. Para que isso aconteça, “urge a necessidade
de uma renovação radical que tenha como alvo supremo o retorno aos
princípios básicos da fé cristã”.82 Sem essa Renovação Radical não se poderá
exigir relevância e eficácia no desempenho da missão.
Uma Renovação Radical está associada à necessidade de uma
perspectiva bíblica abrangente que aponte de modo correto os princípios de
renovação, propondo sempre uma filosofia de ministério que tenha o tripé
básico das Escrituras, do Contexto Histórico e do Contexto Cultural. Sem
esse inter-relacionamento Escrituras-História-Cultura, não se poderá ter uma
missão eficaz que possua o caráter da encarnação como sua principal marca.
82
HORELL, J. Scott., ed. Ultrapassando Barreiras, p. 56
55
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“Esse cataclismo necessário é a maior necessidade da igreja no contexto
do Terceiro Milênio”.83 Como já visto anteriormente, o século XXI é o século
da queda dos absolutos. As estruturas formais de poder e governo estão
sendo cada vez mais contestadas ficando evidente a aspiração por formas
que sejam mais ecléticas, pluralistas e informais. No que diz respeito à igreja,
percebe-se que a queda do instituicionalismo eclesiástico toma proporções
cada vez maiores. A nova geração de cristãos está profundamente
decepcionada com aqueles formas e estruturas antigas e arcaicas, que mais
privilegiam a tradição do que a constante transformação. As formas arcaicas e
antigas de poder e governo ruem diante de uma igreja que cada vez mais se
insere num contexto pós-moderno que anseia por mudanças e por uma maior
identificação com as necessidades do indivíduo. “Mesmo numa sociedade
mais secularizada, pluralista e individualizada, a igreja em constate
transformação encontra espaços cada vez maiores para exercer o seu
ministério de modo relevante e eficaz”.84
O contexto pós-moderno faz transparecer de modo cada vez mais
crescente a relatividade das estruturas eclesiásticas da igreja. Assim,
constitui-se como desafio a necessidade de se avaliar biblicamente quais são
caminhos apresentados pelo Novo Testamento para uma transformação
constate nas formas da igreja, a fim de que a mesma sempre mantenha o seu
caráter de povo de Deus que tem como alvo ser Sal e Luz do mundo.
Não se poderá lançar fora todo o aspecto institucional da igreja como que
se não valesse para nada. O que se deverá fazer é “construir novas formas
institucionais de atuação que dialoguem com o mundo contemporâneo, e que
83
84
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder, p. 106
STEUERNAGEL, Valdir R., org. A Missão da Igreja, p. 213
56
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ao mesmo tempo mantenham o caráter e a essência do evangelho e da
igreja”.85 Neste sentido, a questão da Doutrina Bíblica deverá sempre ser
mantida em primazia, pois é a partir dela que se deve fazer toda construção
teológica e eclesiástica para a vida da igreja.
Associado a isso, a necessidade de um cristianismo relacional que
priorize a identificação com os seres humanos também será a marca de um
evangelho que se identifica com Cristo no aspecto da encarnação e do
serviço. Somente com esses dois referências básicos – a Doutrina Bíblica e o
Cristianismo Relacional – é que se poderá exercer um testemunho dinâmico
da vida e da essência da igreja, manifestos em suas estruturas e formas.
Portanto, toda e qualquer necessidade de transformações
eclesiásticas que se preocupem em manter a essência da igreja
intacta, deverão propor caminhos que estejam em total coerência com
os princípios bíblicos de uma eclesiologia saudável e construída
86
sobre os pilares do Novo Testamento.
É com esta perspectiva bíblica do que é a igreja e de como deve ser a
sua eclesiologia, que se pode apresentar caminhos a serem trilhados em todo
e qualquer processo de transformação das formas e das estruturas.
“Em primeiro lugar, a igreja local deve ser o meio básico pelo qual deve
ocorrer a edificação do Corpo de Cristo”.87 É na igreja que a consolidação da
obra de Deus na vida de cada indivíduo se manifesta de modo contundente e
eficaz; é ali que todo o novo ser em Cristo crescerá rumo à maturidade a fim
de dar continuidade ao ministério confiado por Jesus à sua igreja. “Segundo,
85
HORELL, J. Scott., ed. Ultrapassando Barreiras, p. 107
SCHWARZ, Christian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja, p.63
87
GETZ, Gene A. Igreja: Forma e Essência, p.123
86
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Os Desafios da Igreja
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a igreja deve se reunir a fim de vivenciar a koinonia em toda a sua
plenitude”.88 É no ajuntamento do povo de Deus que se manifesta a presença
de Cristo de modo real e vivaz. É quando o povo se ajunta em comunhão que
Cristo estende a sua mão a fim de ministrar às necessidades de toda e
qualquer pessoa que dela necessite. Nesse aspecto, a igreja é o braço de
Cristo que age quando está reunida como um Corpo.
“Em terceiro lugar, a igreja deve fornecer aos cristãos um conhecimento
aprofundado da Palavra de Deus a fim de construir um edifício com sólidos
fundamentos”.89 Somente por meio da Palavra é que a essência e a vida da
igreja poderá ser avaliada. Sem ela não se pode exercer uma missão que
possua um caráter sobrenatural de nova criação idealizado por Deus. Quarto,
“a igreja deve providenciar estruturas suficientemente informais e íntimas que
permitam as liberdade do Espirito Santo”.90 Sempre será por meio de suas
estruturas e formas flexíveis que a igreja viabilizará ou não a manifestação do
poder do Espirito no mundo. Com formas e estruturas enrijecidas, frias e
burocráticas, não se poderá ter uma igreja que seja relevante para um mundo
em constante transformação. Nesse aspecto, as estruturas e formas estão
intimamente relacionadas com a eficácia do desempenho do ministério da
igreja.
Em quinto lugar, “a igreja precisa proporcionar aos cristãos oportunidades
de desenvolverem outras capacidades, além do conhecimento".91 Neste
sentido, faz-se necessário formar uma liderança a partir do exercício dos dons
de cada um a fim de que sejam ministros de Cristo em sua vida na terra.
88
SNYDER, Howard A. Vinho Novo, Odres Novos, p.100
GETZ, Gene A. Igreja: Forma e Essência, p.123
90
SNYDER, Howard A. Vinho Novo, Odres Novos, p.101
91
GETZ, Gene A. Igreja: Forma e Essência, p.127
89
58
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Portanto, “a estrutura da igreja deve ser construída sobre os dons
espirituais”92, ou seja, a igreja precisa estruturar os seus ministérios a partir
daquilo que ele tiver à sua disposição - os dons de seus membros. Chegou o
fim da liderança profissionalizada que monopoliza a vida da igreja e não dá
condições para que cada pessoa, membro corpo de Cristo, exerça o seu
ministério com prazer e alegria. A “liderança, em síntese, deve ser baseada
no exercício dos dons espirituais”93, pois cada crente é um ministro (I Pedro
4:10).
Em sexto lugar, “a vida e o ministério da igreja devem ser construídos
sobre estruturas viáveis de grupos grandes e pequenos”.94 É no ajuntamento
regular do Corpo de Cristo, como uma grande Congregação, que se
experimenta de modo contundente a unidade e a força do povo de Deus. São
nos momentos de culto e de adoração que se pode haver uma proclamação
ousada do evangelho e de desafio à missão da igreja no mundo. Porém, são
nos momentos de reunião dos grupos pequenos que se pode experimentar a
vida de Cristo de modo mais íntimo e particular. São nos momentos de
reunião dos pequenos grupos que se pode haver um discipulado de qualidade
e uma ministração mais personalizada às necessidades das pessoas. “A
koinonia é vivenciada com maior probabilidade quando os cristãs se reúnem
informalmente na comunhão dos grupos pequenos”.95
Em sétimo lugar, “a estrutura da igreja deve reconhecer e honrar a
pessoa toda para que a mente de Cristo se torne uma realidade na igreja”. 96
92
SNYDER, Howard A. Vinho Novo, Odres Novos, p.131
Ibid., p.194
94
Howard A Snyder. op. cit., p.195
95
Ibid., p.103
96
Ibid., p.127
93
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Ou seja, as estruturas e formas da igreja não devem se compartimentalizar
em áreas da vida do ser humano. Elas devem possuir um caráter holístico e
enxergar no homem seu corpo, sua alma e seu espirito. Jamais se poderá
exercer um ministério relevante e eficaz se a igreja tiver estruturas que
focalizem apenas alguns aspectos da vida do ser humano. Há a necessidade
de ser ver o homem como um todo.
Em oitavo lugar, “a estrutura da igreja deve ajudar sustentar a vida cristão
no mundo”.97 A igreja não é do mundo mas está no mundo, portanto, compete
a ela prover aos seus membros as ferramentas necessárias para estarem em
contato com o mundo na missão de proclamação das boas novas do Reino
de Deus que visam a redenção humana. Em nono lugar, “a igreja precisa
também ajudar seus membros a desenvolverem uma vida familiar de
qualidade”98. Como agência de transformação do Reino de Deus, a igreja
precisa apontar para os princípios bíblicos da vida familiar e destacar que
esse é o ideal de Deus para a sociedade. Além disso, a igreja precisa
também denunciar e combater as tentativas diabólicas de menosprezar a
família que o a sociedade contemporânea vem desenvolvendo ultimamente.
Por fim, em décimo e último lugar, “a igreja precisa se estruturar de modo
orgânico”.99 Ou seja, ela precisa manifestar a sua vida de modo desimpedido
e livre. Não pode se lançar à uma prisão sem vida e se aprisionar ao mesmo
tempo num institucionalismo eclesiástico ilógico e irracional.
Esses são alguns caminhos propostos para que a igreja possa ter
estruturas e formas que sejam relevantes para um mundo pós-moderno em
97
Ibid., p.131
GETZ, Gene A. Igreja: Forma e Essência, p.131
99
SNYDER, Howard A. Vinho Novo, Odres Novos, p.132
98
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constante transformação que necessita ver urgentemente uma igreja que seja
biblicamente sadia e experiencialmente autêntica. Para tanto, o caminho
proposto por Cristhian Schwarz serve com um referencial para essas
transformações estruturais a fim de que a igreja sempre mantenha o seu
caráter de relevância e eficácia, frutos de sua essência de nova criação do
Reino:
1.
Liderança Capacitadora
2.
Ministérios Orientados Pelos Dons.
3.
Espiritualidade Contagiante.
4.
Estruturas Funcionais e Flexíveis.
5.
Culto Inspirador.
6.
Grupos Pequenos
7.
Evangelização Orientada Para as Necessidades
8.
Relacionamentos Marcados Pelo Amor Fraterna.100
Renovação, pregação e missão serão sempre os desafios para uma
igreja que se sente na necessidade de estar em diálogo com um mundo que
constantemente se transforma e que anseia pela manifestação dos filhos de
Deus. Manifestação essa que se dá por meio da transformações de
realidades.
100
SCHWARZ, Christian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja, p.23
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3.2 A Igreja Como Agente de Transformação
Como foi visto anteriormente, o desempenho da missão da igreja está
intimamente relacionado com a maneira pela qual ela se estrutura para
manifestar sua essência como agência do Reino de Deus na terra. Suas
formas dão-lhe o contorno necessário para que ela venha a ser um
instrumento de Deus no mundo. Tais formas precisam estar num constante
diálogo com o contexto histórico-cultural na qual ela está inserida e procurar
influenciar o mesmo por meio da pregação autêntica da mensagem do
evangelho.
Entretanto, para que essa sua atuação seja relevante e eficaz a ponto de
atingir o propósito supremo de Deus para ela, a igreja precisará também ter
consciência de que seu ministério tem uma dimensão muito ampla no
compromisso de influenciar o mundo. “Essa sua dimensão tem a ver com o
seu aspecto de transformação da realidade na qual ela está inserida”.101 Onde
está a igreja, ai deve haver vida. É o que se pode depreender das páginas
das Sagradas Escrituras. É na igreja que a multiforme sabedoria de Deus se
manifesta, bem como também os valores do Reino de Deus podem ser
vivenciados em toda a sua plenitude.
Vale a pena ressaltar que o conceito de igreja não está relacionado com
o seu aspecto institucional que é debilitado pela realidade humana. Antes,
porém, o conceito de igreja está relacionado com o seu caráter de Corpo de
Cristo que tem o compromisso de estender a missão de reconciliação e
restauração do mundo com Deus.
101
COELHO FILHO, Isaltino. Descubra Como Sua Igreja Pode Transformar o Mundo, p. 18
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Assim, munida de um conhecimento da realidade que a cerca, bem como
dos fundamentos necessários para o exercício de uma missão que seja
coerente com os fundamentos bíblicos; a igreja poderá se posicionar no
mundo como agente de transformação, usando para isso suas formas e
estruturas para viabilizar a manifestação de sua essência como agência do
Reino de Deus na terra.
Neste aspecto, portanto, a igreja tem uma responsabilidade de atuar
sobre todas as dimensões da vida humana e influenciar de modo positivo o
mesmo por meio dos princípios e valores do Reino de Deus inaugurados por
Cristo na terra. Vários são os âmbitos da esfera humana pelos quais a igreja
pode exercer o seu papel de transformação de realidades no objetivo de
alcançar o propósito de Deus para si.
O primeiro âmbito que pode presenciar de modo contundente e eficaz a
influência da igreja, é sem dúvida, o âmbito espiritual. A igreja como Corpo de
Cristo está assentada sobre as regiões celestiais em Cristo Jesus. “Assim
como o seu Senhor a igreja goza de uma autoridade que não lhe é própria,
mas que lhe é concedida pelo Filho de Deus a fim de subjugar as potestades
das hostes malignas ao comando de Cristo”.102 Foi com essa concepção em
mente que o Senhor Jesus disse a Pedro que as portas do inferno não
resistiriam aos ataques da igreja. Por meio de Cristo Jesus a igreja se lança
sob a responsabilidade de destruir toda e qualquer maquinação diabólica
expressa na vida humana, seja em caráter individual, seja no caráter coletivo.
A manifestação dos poderes das trevas são expressos nos mais variados
níveis da existência humana e não se restringem apenas aos aspectos
102
D’ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Sal Fora do Saleiro, p. 32
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puramente espirituais e individualistas. Portadora da verdade da Palavra de
Deus a igreja deve se levantar contra toda e qualquer maquinação do maligno
a fim de tirar das garras do diabo pessoas que andam presas por seus
pecados e delitos. Compete à ela exercer uma influência tal, baseada no
poder e na autoridade de Cristo, a ponto de repreender os demônios e os
poderes malignos que subjugam e oprimem as pessoas e a sociedade.
Porém, sua atuação transformadora se estende para além dos aspectos
espirituais e todas as suas ramificações existentes e possíveis. “A igreja deve
também transformar a realidade social do mundo no qual ela está inserida”.103
Ciente de que o mundo jaz no maligno e de que a humanidade sofre as
consequências do pecado de Adão, a igreja compreende que a miséria social
é o resultado desse pecado e que se estende desde indivíduos em particular
até a nações inteiras. Entretanto, em semelhança à seu Senhor ela
depreende que “não se pode tomar uma atitude de passividade frente a
tantos males sociais e o que deve ser feito é uma tomada de posição a fim de
se ministrar à essa realidade”.104 É portanto, nesse sentido, que a igreja
poderá exercer o seu ministério evangelístico de modo como Deus o
concebeu. Ministrar a Palavra sem ministrar o pão constitui-se em pecado
para uma igreja que se diz vivenciar o amor.
Desse modo, a igreja precisa olhar com olhos de compaixão e
misericórdia para as realidades sociais existentes à sua volta, e em
especial no Terceiro Mundo, e procurar de alguma maneira minimizar
as dores daqueles que sofrem duramente com as consequências
funestas do pecado. Porém, ela não pode se limitar apenas à esses
aspecto de sua missão. Deve associar as duas coisas, Palavra e Pão,
103
104
CAVALCANTI, Robinson. A Utopia Possível: Em Busca do Cristianismo Integral, p.90
STOTT, John R.W. O Cristão em uma Sociedade Não-Cristã, p. 16
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e manifestar assim o propósito redentor de Deus expressado em
105
Cristo Jesus.
Além do âmbito espiritual e social, a igreja também tem o dever de
influenciar e transformar o âmbito político no meio ao qual está inserida. “É
competência dela lutar pela consolidação dos valores cristãos em meio aos
governos do mundo”.106 Mesmo naqueles lugares onde a pregação do
evangelho é rechaçado de modo fugaz, a igreja precisa despertar uma
consciência política tal nas pessoas que aponte para a questão da igualdade
e da justiça entre todos. Seu alvo não é fazer uma política partidária, mas
antes, é o de se empenhar em criar uma consciência de cidadania nas
pessoas demonstrando à elas que enquanto cidadãos do mundo, os seres
humanos devem se preocupar com o bem estar de todos. Neste aspecto, vale
a pena ressaltar o clímax da Revolução Francesa: Igualdade, Fraternidade e
Justiça. O objetivo de se despertar uma cidadania correta é bíblico e ao
mesmo tempo saudável para a igreja. Compete aos cristãos a incumbência
de se posicionarem como cidadãos do Reino dos céus mas que vivem por
enquanto como cidadãos do mundo.
Uma atuação que vise a transformação das realidades existentes ao
redor precisa também objetivar “manter em alto padrão os valores éticosmorais da Palavra de Deus numa sociedade que cada vez mais se deteriora
com as práticas de imoralidades e injustiças”.107 O desafio ético não deve se
restringir apenas àquela parcela diminuta de uma microética farisaica e
mentirosa. Tal desafio se estende para além dos aspectos da individualidade
105
John R.W. Stott. op. cit., p. 59
CAVALCANTI, Robinson. A Utopia Possível: Busca do Cristianismo Integral, p. 128
107
COELHO FILHO, Isaltino. Descubra Como Sua Igreja Pode Transformar o Mundo, p. 41
106
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e prioriza acima de tudo a coletividade. É preciso neste sentido manter uma
posição ética segura quanto às questões da biotecnologia, quanto às
questões da má distribuição de renda dos países, da questão agrária, do
emprego, etc. Tudo isso traz implicações éticas que requerem por parte da
igreja um posicionamento firme e contunde a fim de não se deixar ruir os
princípios da Palavra de Deus.
Para tanto, a igreja precisa ser uma forte denunciante dos atentados à
ética e à moral que cada vez mais crescem na sociedade. É preciso haver
santa indignação e denúncia quanto às injustiças praticadas cada vez mais
para com as classes menos favorecidas desse sistema capitalista neoliberal
que oprime e sufoca a vida dessas pessoas. É necessário clamar por
mudanças sociais significativas nos governos que, interessados apenas nos
interesses corporativas e egocêntricos dos mais ricos visam apenas o lucro
fácil e a sua comodidade pessoal. Compete à ela influenciar a sociedade por
meio de uma conscientização cada vez mais crescente dessas coisas e
também um desafio à ações que procurem em primeiro lugar mudar o triste
quadro da sociedade.
É preciso por parte da igreja uma atuação no âmbito sócio-econômico do
mundo e das pessoas visando haver uma igualdade de acessos a todos e
não apenas à uma pequena parcela aburguesada da população. “É preciso
também lutar pela consolidação da Luta Pelos Direitos Humanos naqueles
lugares onde a vida das pessoas são cada vez mais rebaixadas e
menosprezadas”.108 É preciso fazer valer os princípios dos direitos humanos
108
CAVALCANTI, Robinson. A Utopia Possível: Em Busca do Cristianismo Integral, p.89
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para todos. E não se passar por cima como se fosse apenas belas palavras
redigidas por pessoas com sonhos apaixonantes e utópicos.
É preciso estender a mão os marginalizados da sociedade, para aqueles
que sofrem o descaso racial, econômico, religioso, etc. É preciso lutar por
igualdade entre todos reconhecendo que o homem foi criado à imagem e
semelhança de Deus.
Neste novo Milênio que se inicia, compete à igreja ser aquilo que ela
deve ser, ou seja, o povo de Deus na terra que tem a missão de reconciliar os
homens com Deus novamente. A igreja para ser isso deverá se comportar
como uma comunidade terapeûtica onde o pobre, o doente, o homossexual, o
portador de aids, o ladrão, etc., podem encontrar esperança para uma
restauração de vida que pode ser efetuada por meio do evangelho. A igreja é
o Pronto Socorro Espiritual e Social para toda e qualquer pessoa que se acha
presa e subjugada pelo mundo, pelo pecado e pelo diabo.
Como comunidade terapêutica a igreja estenderá o seu braço para
restaurar a cultura no qual ela esteja inserida e não rejeitar seus aspectos
positivos. Para isso, ela precisará sempre “crer no potencial das pessoas e do
mundo”109, ou seja, precisará crer que mesmo com a queda da humanidade
traços de Deus ainda se encontram presentes em todo o ser humano, e são
esses traços que precisam ser valorizados de modo positivo.
Para que a igreja faça tudo isso ela precisará em primeiro lugar se autotransformar. Uma igreja que não se permite transformar a todo e qualquer
109
D’ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Sal Fora do Saleiro, p. 86
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instante a fim de poder exercer bem o seu papel no mundo, não será uma
agência eficaz do Reino de Deus na terra. A auto-transformação será sempre
essencial para ela, pois assim poderá se santificar constantemente como
também poderá se atualizar das demandas e das necessidades existentes
em seu mundo.
Será por meio da contemporâneidade e da atualidade do Púlpito que a
igreja poderá associar a agenda do mundo com a agenda de Deus. Ela
poderá apresentar a revelação de Deus em Cristo Jesus para todas as
necessidades humanas experienciadas por cada pessoa em particular. Além
disso, será sempre necessário traçar estratégias inteligentes de atuação a fim
de se transformar realidades que necessitam de transformação. Sem um
plano de ação como Corpo de Cristo não se poderá ser Sal e Luz como assim
diz o Senhor. Com um plano de ação coerente sempre se saberá sempre o
momento certo de se transformar o sabor do mundo e também de brilhar
onde houver escuridão.
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Conclusão
Pode-se imaginar quais serão os contornos desse contexto futurista que
a humanidade viverá daqui a algumas décadas. Mesmo que se chegue
àquele estágio de vida similar ao contexto vivido pela família Jetson’s, a igreja
do Senhor Jesus também estará presente ali e continuará a manter a sua
responsabilidade de ser sal e luz no mundo. Isto devido a seu caráter de
eternidade e de agente do Reino de Deus na terra.
Enquanto existir o mundo, enquanto não soar a última trombeta, a igreja
deverá manter-se fiel a seu chamado e vocação. Sua incumbência de
ministrar às necessidades do mundo, visando acima de tudo reconciliar o
homem com Deus, sempre será a força de sua vitalidade. Deixar de exercer
esse seu papel e missão será deixar de ser o que ela deve ser. Será negar a
sua identidade e essência.
Lamentavelmente isto tem sido a realidade de muitas igrejas locais
espalhadas pela face da terra. Igrejas que perderam o referencial de sua
missão e propósito e que, ao invés de causarem impacto no contexto onde
estão inseridas, se vestem com a capa da alienação religiosa fechando os
olhos para as necessidades e desafios do mundo. Igrejas que se limitam à
uma religiosidade hipócrita e por muitas vezes imoral, e que se escondem
atrás de seus discursos patéticos e superficiais.
O novo contexto pós-moderno que se apresenta na entrada do Terceiro
Milênio, exigirá uma postura mais ousada e firme por parte da igreja. Se não
houver uma atitude de arrependimento e contrição diante da omissão e do
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descaso para com a missão, será impossível ter um ministério efetivo e eficaz
no mundo.
Portanto, compete à igreja o desafio do correto posicionamento e do
necessário engajamento para que ela demonstre a sua essência por meio do
exercício de seu ministério e atuação. Esse correto posicionamento está
associado à necessidade de uma identificação com os princípios bíblicos de
uma missão integral. A igreja precisa se situar em primeiro lugar na razão de
ser de sua existência e propósito. Esse é o ponto de partida para um
posicionamento no mundo que vise transformar as realidades da experiência
humana por meio do evangelho.
E por meio de um necessário engajamento que contemple as
necessidades e desafios do mundo, e que se interessa em atuar sobre eles, é
que darão à igreja os motivos e as razões para se continuar a exercer um
ministério que cause relevância e demonstre eficácia.
Deus sonha com uma igreja que viva em sua totalidade os princípios e os
valores do Reino. Compete, portanto, à essa nova geração de cristãos, não
decepcionar seu Senhor e viver a cada dia em função desses desafios e
alvos a serem alcançados.
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