TERÊNCIA E SEU ENTOURAGE – NEOPITAGORISMO ROMANO I

Transcrição

TERÊNCIA E SEU ENTOURAGE – NEOPITAGORISMO ROMANO I
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PRIMEIRA NOTÍCIA
O clero pagão de Roma tentou apagar os nomes dos adeptos do
Neopitagorismo romano do séc. I a. C. e a Igreja Católica,
posteriormente, continuou nesse trabalho inglório.
O objetivo deste livro é mostrar o que aqueles idealistas
neopitagóricos realizaram e que estava esquecido.
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ESCLARECIMENTO SOBRE A CAPA
Estampamos dois retratos: o de Terência, representando os
neopitagóricos romanos do século I a. C., e Pitágoras, representando a
ideologia pitagórica, que ele, na verdade, colheu nas suas andanças
pelo velho Oriente.
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ÍNDICE
1 - Terência
2 - Salústio
3 - Messala Corvino
4 – Vibius Rufus
5 - Fígulo
6 - Moderato de Cádiz
7 - Apolônio de Tiana
8 - Nicômaco de Gerasa
9 - Numênio de Apameia
10 – Plotino
11 - Fábia Terência
12 – Túlia
13 – Pompeu
14 – O Neopitagorismo romano
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INTRODUÇÃO
Alguém poderá querer indagar do por que foi escolhida Terência
para figurar como a personagem principal deste ensaio histórico, não
compreendendo porque colocamos os demais personagens que serão
relacionados na posição de “satélites” girando em torno de um astro
principal. Estranhará, na certa, a inclusão desses na expressão
francesa “entourage”. Pompeu, Salústio e outros famosos serão meros
“satélites” de Terência?
Temos, todavia, razões para assim proceder, caros leitores:
1 – daquela plêiade de homens e mulheres de bem, de relevante valor
intelecto-moral, foi ela quem viveu mais tempo, conforme a maioria
dos historiadores, cento e quatro anos: de 100 a. C. até 4 da Era Cristã,
sendo que há que afirme cento e dezessete e cento e três e
2 – sua atuação não se restringiu aos deveres das matronas romanas,
que cuidavam da família e dos afazeres femininos de então, mas foi
muito além, consistindo na teoria e na prática das comunicações com a
realidade extrafísica, tal como faziam as pitonisas gregas e como fazia
também sua meia-irmã Fábia Terência, esta última que era uma das
seis sacerdotisas vestais daquele tempo. Aliás, Terência ficou como
interna, junto com sua filha Túlia, no Templo de Vesta durante todo o
exílio do seu então marido Marco Túlio Cícero. Terência era adepta do
Neopitagorismo mesclado com crenças orientalistas trazidas para
Roma pelo senador Públio Nigídio Fígulo.
Para ter condições de realizar esse tipo de intercâmbio de forma
segura e consciente, como o fez, tinha de conjugar dois elementos
imprescindíveis:
1 – ser uma criatura humana moralmente íntegra e
2 – possuir um nível elevado de conhecimento teórico dos segredos da
Iniciação pitagórica.
Mas alguém ainda poderá apresentar outra indagação: - Que
dados históricos temos para embasar todas essas afirmações sobre
uma personalidade que um historiador machista disse ter sido uma
mulher inexpressiva e outro, pior ainda, chegou a qualificar como uma
quase prostituta.
Mas responderemos, à primeira afirmação aleivosa, que a
maioria dos historiadores reconhece à nossa personagem principal um
valor intelecto-moral extraordinário, chegando um deles a dizer que
ela foi maior que o próprio primeiro marido – Marco Túlio Cícero –
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em vários pontos e, na verdade, assim o foi, pois Cícero foi muito mais
“casca do que conteúdo”, mas não entraremos em detalhes quanto a
isso, porque não é nosso objetivo desmoralizar ninguém, mas sim
mostrar o trabalho relevante de alguns dos verdadeiros
impulsionadores do Progresso da Filosofia principalmente no século I
a. C. e, quanto à segunda aleivosia, dizemos que o fato de ter casado
quatro vezes, que assusta alguns falsos moralistas,
machistas
sobretudo, não tem nada de imoral, pois Terência sempre foi fiel a
cada um dos maridos.
Isso sem contar um fator importante a ser levado em conta, de
que, no caso do primeiro casamento, mesmo não tendo um marido
presente e dedicado, cumpriu seus deveres honesta e dignamente
durante trinta anos e esse casamento somente se encerrou porque o já
cinquentão Cícero pediu o divórcio para poder casar com a jovem
Publília, a qual contava menos de 20 anos de idade, sobretudo por
uma questão de interesse financeiro e político, para não dizer outras
coisas.
Temos de fazer um parêntese aqui para esclarecer uma acusação
feita pelo próprio Cícero contra a então esposa: de que estava
repudiando-a porque ela administrou mal o patrimônio da família
durante sua ausência forçada, ou seja, durante o exílio, mas a verdade
é que Cícero apropriou-se da fortuna da esposa confiante e depois que
viu uma jovem sedutora que parecia interessar-se por ele, acusou a fiel
esposa de perdulária e ainda afirmou, de forma dúbia, que ela o tinha
“traído”, o que significava uma dúvida na cabeça dos seus
contemporâneos contra a nobre senhora.
Sem querer desmantelar a boa fama do famoso jurista e político
romano, temos a dizer que se tratava de um homem perigoso,
ambicioso e desrespeitoso, além de desonesto, por utilizar um recurso
imoral, acusando a esposa injustamente.
Se queria mudar de esposa que o fizesse sem esse tipo de
acusação grave, acompanhada da afirmação dúbia de “traição”.
Mas encerremos esse incidente por aqui.
O segundo casamento do já famoso jurista e político não foi
muito longe, principalmente por conta da frivolidade e mentalidade
interesseira da jovem esposa, terminando o marido desiludido por
optar pelo divórcio e ela, ao ver que ele não voltaria atrás, logo se
casou com um milionário.
Terência não se desencaminhou moralmente como o faziam
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muitas mulheres do seu tempo, mas permaneceu como divorciada
alguns anos até casar com quem a amava verdadeiramente, no caso, o
historiador Caio Salústio Crispo, onze anos mais novo que ela, mas a
quem ela ajudou a se regenerar moralmente, depois de uma vivência
que ele tinha levado de desregramentos e escândalos na vida privada e
desonestidade como homem público.
Salústio também era adepto do Neopitagorismo mesclado com as
melhores filosofias orientalistas.
O casamento feliz durou uma década e produziu muitos frutos
inclusive na propagação dessa ideologia, que adubou o terreno
cultural no território dominado por Roma, facilitando o
desenvolvimento rápido das ideias cristãs, que ainda estavam para
chegar no século seguinte.
Não podemos deixar de destacar também, por uma questão de
justiça, que foi ela a principal artífice do que ficou conhecido como os
Jardins de Salústio, onde estava a moradia principal do casal
enquanto o marido viveu, mas que ela teve de desocupar, cheia de
tristeza, ao ficar viúva, desalojada, sem a mínima consideração, por
determinação do herdeiro do falecido, que era o filho adotivo do
historiador...
Com a morte do segundo marido, ficou viúva por mais ou menos
dez anos, até se decidir por casar com um antigo conhecido, trinta e
quatro anos mais novo que ela, o qual era o político e intelectual
Messala Corvino, homem de bem e que também participava daquela
crença e divulgava-a havia algum tempo.
Nova viuvez ocorreu e, daí a um tempo, que não foi curto,
resolveu-se por um novo casamento, desta vez com um homem menos
famoso que os anteriores, chamado Vibius Rufus, com quem conviveu
harmonicamente, tendo-lhe sobrevivido.
Os maldosos estarão, talvez, tentados a apelidá-la de “viúva
negra”, por causa da morte dos sucessivos esposos, mas devemos
respeitar as mulheres, que são nossas mães, esposas, irmãs e filhas e
não fazer piada em cima da dignidade alheia, porque, como dito, casar
seguidas vezes nunca foi, nem será, uma imoralidade, ainda mais
quando se trata de pessoa longeva e honesta.
Se fosse o caso de um homem alguém riria ou faria piada?
Outro dado que temos de levar em conta para justificar esses
sucessivos casamentos é a realidade machista, pois, se, ainda hoje, as
mulheres sozinhas amargam inúmeras dificuldades decorrentes da
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discriminação, quem dirá há dois milênios atrás, em que elas eram
tratadas, na prática, apenas um pouco melhor do que os animais
domésticos!
Terência era prudente, inteligente e prática e sabia que precisava
ter um marido para defendê-la nas incertezas da vida, inclusive
financeiras, pois já tinha sofrido grandes desgostos e prejuízos,
inclusive financeiros.
Dos seus sucessivos maridos apenas Cícero era mais velho que ela:
seis anos. Os outros eram mais jovens, mas isso nada tem de anormal
ou imoral e qualquer estranheza de algum leitor correrá por conta do
seu machismo e do preconceito antifeminista.
Terência era uma mulher que gozava de boa saúde e não
aparentava a idade que tinha, graças à sua boa disposição de ânimo e
mente ativa, como sói acontecer com as pessoas otimistas e dedicadas
ao Bem.
Dito isto, vamos ao nosso ensaio, esperando destacar, naquele
período relevante da humanidade, as personalidades que vivenciaram
e divulgaram a Filosofia Neopitagórica e prepararam o terreno, no
mundo romano, para a propagação da avançada Ideologia do Cristo,
que tratava inclusive da reencarnação, noção essa que somente deixou
de prevalecer no mundo cristão por imposição do segundo Concílio de
Constantinopla, em 553.
Prestem atenção, prezados leitores, neste item da nossa fala.
Veja-se, então, a importância dos neopitagóricos para a evolução
da humanidade, principalmente a população europeia e, futuramente,
a do Novo Mundo (América), daí a um milênio e meio.
Este livro não é religioso, mas sim um ensaio histórico: fazemos
questão de alertá-los, prezados leitores.
Outros personagens importantes para a divulgação do
Neopitagorismo serão mencionados, dentre os quais os já citados três
últimos maridos, além do filósofo Fígulo e outros neopitagóricos:
Sócion, Moderato de Cádiz, Apolônio de Tiana, Nicômaco de Gerasa,
Numênio de Apameia etc., mas há um que devemos incluir, e o
fazemos, por uma questão de mérito: trata-se do general e político
Cneio Pompeu, único em condições de enfrentar a tortuosidade de
caráter de Caio Júlio César e impedir que tomasse o poder e
transformasse Roma no que acabou sendo: um império corrupto, onde
a onipotência dos governantes terminou por causar sua derrocada.
Quanto aos personagens, ao invés de romancear suas vidas e
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feitos, por uma questão de praticidade, preferimos transcrever muitas
das referências da Wikipédia, apesar de nem todas serem corretas,
mas, de uma forma ou de outra, os prezados leitores terão algumas
informações sobre eles. No final das contas, também essa forma que
adotamos servirá para vocês escolherem a versão que mais lhes
aprouver.
Os prezados leitores notarão que poucos dos livros escritos pelos
nossos personagens chegaram até hoje, mas isso se deve, sobretudo, a
dois fatores:
1 – esses livros eram de difícil conservação, pois eram muito
volumosos e
2 – havia interesse da parte de Júlio César, de um lado, e da Igreja
Católica, de outro, em destruí-los.
Mas, se os livros eram destruídos, as pessoas tinham boca para
divulgar seu conteúdo e propagar as noções do Neopitagorismo.
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1 – TERÊNCIA
Terência era uma mulher bonita, como podem ver pelo seu
retrato, estampado na capa; inteligente; de personalidade vigorosa e
que sabia o que estava fazendo na vida, tanto que passou por situações
muito difíceis e não se deixou abater.
Vamos ver o que a Wikipédia registra a seu respeito.
Teríamos muitas outras referências de historiadores, mas nosso
foco não é relacionar curiosidades, mas destacar seu trabalho dentro
do Neopitagorismo.
Sua capacidade sensorial apurada, que não se restringia aos
cinco sentidos, mas estava no nível dos trezentos e cinquenta e sete,
que representam o máximo, segundo a cultura dos índios americanos
do norte, possibilitavam-lhe desempenhar o papel de pitonisa, sem,
contudo, cobrar nada nem mesmo aceitar presentes ou favores das
verdadeiras multidões que iam procurá-la para a cura de males do
corpo, problemas pessoais e outras dificuldades.
Pompeu era um dos que mais lhe pedia ajudar em termos de
orientação para tentar neutralizar as desonestidades e as
arbitrariedades de Júlio César e, por incrível que pareça, o próprio
Júlio César também consultava a pitonisa pedindo orientações, que
nunca lhe foram negadas.
Terência era o foco principal desse contato entre o mundo físico,
material, e o dos que já haviam morrido e continuavam empenhados
em auxiliar o progresso da humanidade.
A História registra a vida de muitas pitonisas, sendo das mais
conhecidas a sacerdotisa de Endor, da história do rei Saúl, a pitonisa
do Templo de Apolo, em Delfos, que falou que Sócrates era o homem
mais sábio do seu tempo.
Terência desempenhou esse tipo de atividade do Bem até os
últimos dias de sua longa existência, mas duas outras mulheres devem
ser lembradas, como grandes pitonisas, quais sejam sua filha Túlia e
sua meia-irmã Fábia.
Pedimos a atenção dos prezados leitores para o que a Wikipédia
registra sobre Terência, sendo várias das informações absolutamente
mentirosas, visando desmoralizá-la de várias maneiras.
Se dermos crédito ao que consta claramente e o que se lançou nas
entrelinhas, seria interesseira, infiel ao marido, preguiçosa,
encrenqueira e mais alguma coisa: é melhor os próprios prezados
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leitores deduzirem.
Dessas informações vamos transcrever apenas as que interessam
mais diretamente ao nosso estudo:
Terência (nascida em 98 a. C. em Roma e falecida em 4 da era
Cristã) foi uma nobre dama romana da família Terentia.
Pertencia, portanto, a uma família nobre e era meia-irmã da
virgem vestal Fábia. Era muito rica, o que lhe permitiu casar, em
80 ou 79 a. C. com o advogado Cícero, com o qual teve uma filha
e um filho: Túlia, nascida por volta de 78 a. C., e Marco, nascido
em agosto de 65 a. C. Ela contribuiu grandemente para o sucesso
do marido. Mulher determinada e resoluta, tinha muita
ascendência sobre o marido, impondo-lhe ficar contra Catilina.
Todavia, não o acompanhou no exílio que lhe foi imposto em 58 a.
C. e os gastos e desorganização que ela praticou durante sua
ausência o fizeram repudiá-la. […]
Como Cícero estava ainda sob a autoridade paterna, não havia
ainda herdado. O dote de Terência foi provavelmente utilizado
para financiar sua carreira política.
Casamento e filhos
Terência praticamente 18 anos quando casou com Cícero em 80
ou 79 a. C. Além das ligações entre as duas famílias, ela casou
com ele porque ele parecia ter um futuro profissional promissor.
Ela casou « sine manu », o que significa que seu dote passou ao
controle do pai de Cícero e, depois, ao próprio marido, mas ela
mesma administrava seus bens, com a ajuda do seu tutor Filotimo.
Terência estava encarregada das atribuições domésticas. Como
boa matrona romana, ela repartia os serviços como tecelagem e
cozinha, entre os escravos. Fazia oferendas aos deuses. [...]
Túlia, filha de Terência e Cícero, nascida em 78 a. C. Quando o
casal fez dois anos de casado é provável que o casal não fosse
mais muito fértil. Seu filho Marco nasceu somente em 65 a. C. A
infertilidade é talvez igualmente indicada pelo fato de Túlia
também ter tido problemas para ter filhos. [...]
Terência e Túlia mantinham boas relações que lhes permitia
sobreviver durante a guerra civil.
Exílio de Cícero
Plutarco quis apresentar Terência como uma esposa opressora
enquanto que Cícero seria um homem frágil sob o controle dela.
Quando a casa da família foi incendiada por ordem de Clódio,
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Terência procurou refúgio no Templo das vestais, apesar de que
pudesse ficar na residência do casal Túlia-Dolabela. É provável
que Terência tenha permanecido na companhia das vestais
durante todo o exílio de Cícero. Realmente, Terência procurou
interferir para Cícero poder retornar a Roma.
Cícero retornou a Roma em 57 a. C.
Guerra civil e divórcio
No início da guerra civil entre César e Pompeu, Terência e Túlia
ficaram na casa do bairro Palatino (que foi reconstruída).
O casal se divorciou em 47 ou 46 a. C. Após o divórcio, segundo
São Jerônimo, ela casou com o hisytoriador Caio Salústio Crispo,
dez anos mais jovem que ela, e depois com o orador Messala
Corvino, mas esses casamentos não são confirmados por nenhum
outro autor antigo e seu terceiro casamento é questionado pelo
próprio São Jerônimo. Enfim, Dion Cassius afirmou que ela
casou ainda outra vez, com o senador Vibius Rufus, mas outros
afirmam que o senador casou foi com Publília.
Morreu em idade avançada (103 anos, segundo Plínio e Valério
Máximo).
Há outra menção que devemos repetir com relação a Terência: é
quanto aos famosos “Jardins de Salústio”. Na verdade dever-se-ia
dizer “Jardins de Terência”, pois foi ela quem realizou o milagre da
beleza no espaço adquirido por ele.
Como lhe dava liberdade total para decorar o jardim como bem
lhe aprouvesse, a inteligente senhora realizou ali froezas em prol do
Belo.
Vejamos o que a Wikipédia informa:
―Os jardins de Salústio (latim: Horti Sallustiani) foram jardins
romanos criados pelo historiador Salústio no século I a.C.,
utilizando a riqueza que obteve mediante extorsão no seu cargo
como governador da província de África Nova (a recém
conquistada Numídia). Os jardins ocuparam uma grande extensão
a noroeste de Roma, a qual se tornaria a Região VI, entre as
colinas de Píncio e Quirinal, perto da Via Salária. Hoje em dia,
esse rione é conhecido como Salustiano.
Os jardins possuíam vários pavilhões, um templo a Vênus e
esculturas monumentais. Entre as peças que se encontraram nos
jardins incluem-se:
O Obelisco Salustiano, uma cópia romana de um obelisco
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egípcio que agora encontra-se frente à igreja Trinità dei Monti,
perto da Piazza di Spagna, no topo da famosa escadaria.
O Vaso Borghese, descoberto no século XVI.
As esculturas conhecidas como o Galo moribundo e o Galo
Ludovisi.
O Trono de Ludovisi, encontrado em 1887, e o Trono de Boston
em 1894.
Os jardins foram adquiridos por Tibério e conservados durante
muitos séculos pelos imperadores romanos como serviço público.
O Imperador Nerva faleceu de uma febre numa villa situada nos
jardins, em 98. Segundo Procópio, eles continuaram sendo um
lugar de descanso imperial até serem saqueados pelos godos, em
410. Em princípios do século XVII, o Cardeal Ludovico Ludovisi,
sobrinho do Papa Gregório XV, adquiriu o lugar e construiu a
Villa Ludovisi; durante os trabalhos no lugar, foram redescobertas
muitas esculturas romanas importantes. Quando houve a
dissolução da Villa Ludovisi, após 1894, a maior parte da área
ocupada pelos jardins foi dividida em parcelas que foram
edificadas, enquanto Roma crescia como capital do país após a
unificação da Itália.‖
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2 – SALÚSTIO
Primeiro vamos traçar as linhas do caráter desse homem
ambicioso, mas generoso, que, tendo visto que a única oportunidade
de crescimento seria aliando-se ao partido de Caio Júlio César,
agarrou-se a ele e fez toda sua carreira em função dessa dependência.
Mas pagou um preço muito alto, pois as falcatruas que tinha de
cometer para manter-se prestigioso no partido acabavam
desmoralizando-o, pois o chefe tinha a sutileza e a manha da raposa e
todas as sujeiras acabavam sendo atribuídas aos membros do segundo
e do terceiro escalão.
Salústio foi um desses elementos que Caio Júlio César utilizava
para conseguir seus objetivos desonestos e arbitrários.
Mas Salústio entrou nessa gelada porque quis, porque era
ambicioso e queria ser poderoso e rico, como chegou a ser realmente.
Somente com a morte de Júlio César assumiu para valer sua
verdadeira índole honesta e generosa, ao lado da recém-companheira
Terência, que o transformou num homem exemplar.
Para usarmos uma expressão atual, podemos dizer que, enquanto
Júlio César viveu, Salústio esteve, diante dele, “com o rabo entre as
pernas”.
É interessante como acontecem esses verdadeiros milagres,
principalmente quando uma pessoa boa surge na vida de quem está
perdido no emaranhado dos interesses mundanos, quer se regenerar.
Os historiadores não registram essa mudança de rumo na vida
do devasso e corrupto homem político, que foi Salústio, mas pode-se
deduzir essa mudança depois da morte de Júlio César, principalmente
pelo fato de sua adesão às ideias trazidas a Roma pelo famoso filósofo
Nigídio Fígulo.
Passemos, agora, às informações da Wikipédia.
―C. Salústio Crispo nasceu em Amiterno, cidade do país dos
sabinos, no ano romano de 668 (87 a. C.), durante do sétimo
consulado de Mário. Seu pai, como mais tarde o pai de Horácio, O
educou em Roma, com menos precauções induvidosamente e
menos vigilante solicitude, porque, bem cedo, ele se entregou a
todas as desordens que, naquele tempo, prevaleciam na capital do
mundo, onde dominavam o luxo e a corrupção. Também pródigo
em dilapidar seus bens e pouco escrupuloso em ganhar dinheiro,
Salústio, fala-se, foi obrigado a vender a casa do pai, o qual
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morreu de desgosto; fato que não parecia acreditável a quem os
romanos acreditavam representar o orgulho paterno. Mas o
prazer não lhe fez deixar de lado os estudos, e, tão logo caiu em si,
retomou toda a austeridade do selvagem e duro ambiente no qual
nasceu. "Ele teve sempre, disse o presidente de Brosses, a noção
clara do Bem e do Mal." Foi assim que, tão depravado como pode
ser, ele teve forças para ser, aos vinte e dois anos, o bom caráter
para não se jogar, como todos os outros jovens que viviam no
desregramento, na conspiração de Catilina. Entrando no caminho
necessário para ficar famoso, iniciou-se na carreira de advogado,
mas sem muito entusiasmo, como parece; pelo menos não parece
que se destacou.
A literatura grega, e, nessa literatura, a História e a Política,
foram seus principais estudos. Desdenhando, diz ele mesmo, a
caça, a agricultura e os outros exercícios físicos, ocupou-se em
fortalecer, pela leitura e meditação, a têmpera naturalmente
vigorosa da sua alma. Tinha como referência nos seus estudos e
conservou sempre como conselheiro e amigo Ateius Pretextatus,
reitor ateniense, que era filólogo e que tinha fundado em Roma
uma escola muito procurada.
Quando chegou à idade de poder ocupar cargos públicos, tornouse questor, não se sabe exatamente em que ano. Se foi aos vinte e
dois anos, idade fixada pela lei, seria em 636, durante o consulado
de Lucius Calpurnius Pison e de Caesonius Gabinius, ano do
exílio de Cícero e no tribunato de Clódio.
Era para a república uma época de distúrbios e de infelicidade. O
triunvirato de Pompeu, César e Crasso tinha paralisado a vida
normal do governo e suspenso a constituição romana. Às cenas
tumultuosas que levaram ao exílio o pai da pátria sucederam-se as
rixas não menos deploráveis que provocaram seu retorno. Clódio
e Milon, demagogos igualmente violentos em causas diferentes,
lideravam essas lutas sangrentas. Foi nessa conjuntura que
Salústio chegou ao tribunato, no ano 701 de Roma, mais feliz
nisso que Catão, que, na mesma época, pediu, sem êxito, diversos
cargos, comparação que Salústio não deixou de divulgar em seu
favor: "Que se considere, diz, a época em que conquistei os mais
importantes cargos e quais homens o puderam fazer.‖ Salústio
adotou as inimizades e as afeições de Clódio, seu amigo íntimo;
entrou em todas suas intrigas, em todas as suas desordens
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públicas. Afora sua amizade com Clódio, Salústio tinha uma razão
particular para odiar Milon, a quem ele ultrajou, como esposo,
sofrendo uma punição difícil de esquecer. Pego em flagrante de
intimidade com a bela Fausta, esposa de Milon e filha do ditador
Sila, foi rudemente agredido e condenado a pagar uma
indenização elevada. Tribuno da plebe, Salústio se mostrou, quase
em todas as ocasiões, inimigo de Pompeu e defensor de cidadãos
tortuosos; conduta condenável pela qual pagou caro. No ano de
704, os censores Appius Pulcher e L. Calpurnius Pison o
exoneraram do Senado por causa da sua má conduta.
Uma revolução o pôs fora da carreira política, outra revolução o
fez retornar. César, após a conquista das Gálias, tinha se posto
contra o Senado: sua corrente era o asilo de todos os rebeldes e
descontentes: Salústio naturalmente ali ingressou; o partido de
César, seu antigo partido, partido popular para o qual sempre se
inclinou; aliás, tornando-se tribuno, mostra-se dedicado amigo de
César, sendo bem acolhido. Logo foi nomeado questor e retornou
ao Senado, dois anos após sua exoneração. Enquanto César
combatia Pompeu na Grécia, Salústio permanecia na Itália no
exercício do seu cargo ―no cumprimento do qual, se valem os
depoimentos suspeitos, ele vende a consciência todos os dias‖.
Retornando a Roma, em 708, César elevou Salústio à pretoria. Ele
tinha, então, quarenta anos. No ano seguinte, casa com Terência,
ex-esposa de Cícero. Por muito tempo Terência tinha exercido
sobre o ex-marido uma autoridade despótica, mas repudiou-a por
causa do seu caráter orgulhoso, sua dureza no trato com a filha e
suas prodigalidades. [...] Sucessivamente esposa de Cícero, de
Salústio, casou depois com o célebre orador Messala Corvinus,
tendo tido a felicidade de ser esposa de três dos mais proeminentes
gênios do seu século. Mas ela não se contentou com isso: tendo
sobrevivido ao terceiro marido, casou com o quarto: Vibius Rufus,
e faleceu, segundo Eusébio, com a idade de cento e dezessete anos.
Quando César foi combater na África o resto do exército de
Pompeu, Salústio receber a ordem de levar para lá uma segunda
legião e outras tropas. Mas, chegando ao porto, seus soldados se
recusaram a seguir adiante, exigindo benefícios que César lhes
tinha prometido. Salústio, tentou, então, contornar a situação,
mas não obteve sucesso; para conter essa rebelião foi necessária
toda astúcia de César. Salústio seguiu César à África na qualidade
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de pro pretor. [...] Após a vitória em Tapso, Salústio obteve, com o
título de procônsul, o governo da Numídia. Cometeu, nessa
província, grandes apropriações de dinheiro público. [...] Todavia,
os africanos não deixaram isso de graça: foram a Roma acusá-lo,
mas foi absolvido por César, ao qual deu grande parte do produto
do crime.
A morte de César fez Salústio encerrar sua carreira política.
Detentor de uma grande fortuna, sonhava usufruir dela, numa
vida voluptuosa e tranquila. Fez construir uma magnífica
habitação e plantar jardins em região privilegiada de Roma:
atualmente conhecida como Jardins de Salústio. [...]
Assim Salústio passou os últimos nove anos da vida, entre estudos,
prazeres e a convivência com pessoas ilustres. À sua casa
compareciam Messala Corvino, Cornélio Nepo, Nigídio Fígulo e
Horácio, o qual começava a ficar conhecido.
Salústio morreu no ano 718, durante o consulado de Cornificius e
do jovem Pompeu, com cinquenta e um anos de vida. Não teve
filhos, mas somente um adotivo, neto de sua irmã, que herdou
toda sua fortuna.‖
(http://remacle.org/bloodwolf/historiens/salluste/introduction.htm)
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3 - MESSALA CORVINO
Messala Corvino começou, muito jovem ainda, a frequentar a
casa de Salústio e Terência e a fazer parte do grupo de seguidores de
Nigídio Fígulo, que eram neopitagóricos.
Sua contribuição ali foi muito grande e, após o falecimento do
amigo, pelo muito amor que sentia pela sua grande amiga, resolveram
casar, o que possibilitou o sustento material da destacada pitonisa, que,
como dito antes, precisava do braço forte de um marido para
sobreviver naquele meio brutal de há dois milênios atrás.
Corvino não se envergonhou de tornar-se marido de uma
valorosa matrona trinta e quatro anos mais velha que ela.
Mas a verdade é que havia muitos pretendentes que ficariam
felizes de ligar sua vida à daquela que impressionava a todos pela
beleza plástica, inteligência e força moral.
Corvino sentiu-se realizado ao lado daquela verdadeira deusa do
Olimpo e assim continuaram as reuniões do grupo fundado
informalmente por Nigídio, grupo esse, aliás, que continuaria, com
novos membros, até depois da morte da própria Terência, pois as
ideias avançadas não morrem com as pessoas, mas vão pelos séculos
adiante.
A crença na reencarnação, como dito anteriormente, somente
encontrou uma barreira mais forte no segundo Concílio de
Constantinopla, em 553, ou seja, muitos séculos depois da vida dos
nossos personagens romanos.
Vejamos o que a Wikipédia registra sobre esse homem de bem,
culto e valoroso.
―Marco Valério Messala Corvino (latino: Marcus Valerius
Messalla Corvinus; 64 a.C. – 8 d. C.) foi um militar e escritor
romano, patrono da Literatura e da Arte.
[...]‖
(https://it.wikipedia.org/wiki/Marco_Valerio_Messalla_Corvino)
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4 – VIBIUS RUFUS
Foi um senador romano, que também era adepto do
Neopitagorismo e casou com a nossa heroína nos últimos anos da vida
dela.
Sua presença, seu apoio a ela e sua coragem foram muito
importantes para que ela levasse adiante sua colaboração para a
sustentação e divulgação daquelas ideias avançadas.
Presta-se aqui uma homenagem sincera a esse idealista corajoso.
Infelizmente, a Wikipédia é pobre nas informações que dá sobre
ele e ficaremos apenas com estas nossas palavras sobre Vibius Rufus.
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5 – FÍGULO
Toda ideia avançada tem de ter um grande defensor, alguém que
assuma publicamente os riscos da sua defesa. No caso do
Neopitagorismo, em Roma, naquele momento histórico, quem
desempenhou esse papel heroico foi justamente Nigídio Fígulo.
Seus detratores chamavam-no de bruxo, devasso e outros
qualificativos que não merecia, tal como fizeram nos dias de hoje
quanto a Osho, tido com sexólatra, a Sócrates, na sua época apodado
de pederasta passivo e, há pouco tempo atrás, Sathya Sai Baba de
pedófilo.
Quanto faltam argumentos sérios apelam para a desmoralização
na área da sexualidade.
Mas Nigídio foi um homem de uma cultura humanística
invejável, mas, sobretudo, dotado de um grande conhecimento da
Doutrina Secreta dos egípcios, que ele conheceu em suas viagens pelo
Oriente.
Essa Doutrina era a base do Neopitagorismo.
Formou um grupo informal, onde estudavam-se os postulados
daquela Doutrina.
Não havia regulamentos internos nem lideranças impostas, e,
justamente por isso, evitaram-se disputas e a estagnação, que corroeu
o Cristianismo e outras correntes religiosas e filosóficas.
Passemos ao que a Wikipédia diz sobre Fígulo.
―Públio Nigídio Fígulo (Roma, 98 a. C. - 45 a. C.) erudito, filósofo
e gramático romano.
Nasceu em uma família plebeia, como indica seu sobrenome,
figulus, que significa "vassalo" e deriva da rotação da Terra. Foi
tribuno da plebe em 59 a. C. e nomeado pretor em 58 a. C.
Tornou-se amigo de Cícero e ocupou cargos na Ásia Menor em 52
a. C. Assimilou ali grande quantidade de conhecimentos e
reintroduziu e divulgou o Neopitagorismo ao retornar a Roma;
ficou muito famoso como erudito e, sobretudo, como astrólogo e
adivinho, em especial mediante a chamada Brontomancia, ou seja,
adivinhação pelo ruído dos trovões. Durante a guerra civil entre
Júlio César e Pompeu tomou partido deste último. Exilado por
César em 46 a. C., ao voltar para Roma, graças à intercessão do
seu amigo Cícero, morreu em 45 a. C., como afirma Suetônio.
Considera-se Fígulo um exponente do ecleticismo erudito de
21
origem alexandrino, à maneira de Marco Terêncio Varro. Ademais,
promoveu o Neopitagorismo em Roma, que mesclou com
elementos órficos e motivos mágicos e astrológicos de origem
oriental. Dois séculos despois de sua morte, Aulo Gélio o
comparou com Varro, considerando a ambos os maiores eruditos
daquela época.
Nigídio Fígulo foi citado por Apuleio na sua Apologia, e por Santo
Agostinho de Hipona em De civitate Dei, V, 3. Apesar de que todas
as obras de Fígulo se tenham perdido, conhece-se seu pensamento
através das referências que lhe fazem Sêneca, Aulo Gélio, Sérvio e
Macróbio, que citam os seguintes títulos seus:
Sobre Astronomia e Filosofia pitagórica: De exitis, De auguria
privata, De somnis, De dis.
Sobre Ciência da Natureza: De animalibus, De vento, De terris.
Sobre Gramática: Commentarii gramatici.
Sobre Retórica: De gestu.‖
(https://es.wikipedia.org/wiki/Publio_Nigidio_F%C3%ADgulo)
22
6 - MODERATO DE CÁDIZ
―Moderato de Cádiz, filósofo hispano latino del siglo I d. C,
perteneciente al Neopitagorismo.
Natural de Gades (la atual Cádiz), vivió en el siglo I de la era
cristiana. Se sabe muy poco sobre él: se cree que enseñó en Roma
cuando era emperador Nerón, fue contemporáneo de Séneca y
gozó de bastante prestigio no sólo entonces, sino en siglos
posteriores. Durante mucho tiempo se le confundió con su
paisano Lucius Junius Moderatus, Columela.
Dentro del movimiento filosófico de su época, caracterizado por el
Eclecticismo, significó la restauración de la filosofía de Pitágoras
mediante lo que se ha venido a llamar Neopitagorismo. Escribió
unas Lecciones pitagóricas en griego, distribuidas en once libros,
que se ha perdido, si bien Estobeo en su Florilegium ha
conservado tres fragmentos que versan sobre la teoría de los
números. Estos textos fueron recogidos y traducidos por Adolfo
Bonilla y San Martín en su Archivo de Historia de la Filosofía,
Madrid, 1905. Anteriormente los editó Mullach en Fragmenta
philosophorum graecorum, París, 1881, tomo II, pág. 48.
Sus ideas han llegado a nosotros también indirectamente, a través
de escasos pero extensos pasajes de filósofos neoplatónicos e
historiadores griegos (Plutarco de Queronea en sus Moralia, IV;
Sirano, Suidas, Eusebio de Cesarea, el comentario de Simplicio a
la Física de Aristóteles, Jámblico, que comenta sus enseñanzas
sobre el alma y según las cuales ésta es una construcción
numérica armónica permanente y universal en unidad y se cuenta
entre las sustancias matemáticas, y dos pasajes extensos de
Porfirio en sus Vidas de Plotino (cap. XX) y Pitágoras (cap.
XLVIII), donde comenta su interpretación de los números y los
principios primeros). Moderato fue llamado por San Jerónimo vir
eloquentissimus. Según Étienne Vacherot, citado por Marcelino
Menéndez Pelayo en sus Ensayos de crítica filosófica, Moderato
Intenta fundir en una sola doctrina el pitagorismo y el platonismo.
Este filósofo admitía, además de la materia, tres principios de las
cosas: la unidad primera, superior al ser y a toda esencia; la
unidad segunda, que es el verdadero ser, lo inteligible, las ideas; la
tercera unidad, que es el alma, y que como tal, participa de la
unidad primera y de las ideas. En cuanto a la materia, Moderato
23
intentaba enlazarla con el principio divino. «La razón universal
(decía), queriendo dar nacimiento a todos los seres, había
separado de su esencia la cantidad, retirándose de ella y
privándola de todas las formas e ideas que le pertenecen. Esta
cantidad, esta idea, separada, por privación, de la razón universal
que contiene en sí misma las razones de todos los seres, es el
modelo de la materia corpórea. Por consiguiente, la materia no es
otra cosa que la cantidad ideal desprendida de la unidad divina y
convirtiéndose, por su separación, en cantidad real, sin forma y
sin unidad, dividida y dispersa hasta lo infinito».‖
(https://es.wikipedia.org/wiki/Moderato_de_C%C3%A1diz)
24
7 - APOLÔNIO DE TIANA
―Apolônio de Tiana (português brasileiro) ou Apolónio de Tiana
(português europeu) (em grego: Τσανεα Απολλωνιον; Tiana, 15
d.C. – Éfeso, c. 100 d.C.) foi um filósofo neopitagórico e professor
de origem grega. Seus ensinamentos influenciaram o pensamento
científico por séculos após a sua morte.
A principal fonte sobre a sua biografia é a "Vida de Apolônio", de
Flávio Filóstrato, na qual alguns estudiosos identificam uma
tentativa de construir uma figura rival à de Jesus Cristo. Apolônio
também é citado nas obras "A Vida de Pitágoras", de Porfírio, e
"A Vida Pitagórica", de Jâmblico. Acredita-se ainda que ele seja o
personagem "Apolo", citado na Bíblia em Atos dos Apóstolos e I
Coríntios.
Apolônio foi vegetariano e discípulo de Pitágoras, com base no
seu escrito, abaixo:
"Por mim discerni uma certa sublimidade na disciplina de
Pitágoras, e como uma certa sabedoria secreta capacitou-o a saber,
não apenas quem ele era a si mesmo, mas também o que ele tinha
sido; e eu vi que ele se aproximou dos altares em estado de pureza,
e não permitia que a sua barriga fosse profanada pelo partilhar da
carne de animais; e que ele manteve o seu corpo puro de todas as
peças de roupa tecidas de refugo de animais mortos; e que ele foi
o primeiro da humanidade a conter a sua própria língua,
inventando uma disciplina de silêncio descrito na frase proverbial,
'Um boi senta-se sobre ela.' Eu também vi que o seu sistema
filosófico era em outros aspectos oracular e verdadeiro. Então
corri a abraçar os seus sábios ensinamentos…"
Nascido na cidade de Tiana (Turquia), na província da Capadócia,
na Ásia Menor, então integrante do Império Romano, alguns anos
antes da era cristã, foi educado na cidade vizinha de Tarso, na
Cilícia, e no templo de Esculápio em Aegae, onde além da
Medicina se dedicou às doutrinas de Pitágoras, vindo a adotar o
ascetismo como hábito de vida em seu sentido pleno.
Após manter um juramento de silêncio por cinco anos, ele partiu
da Grécia através da Ásia e visitou Nínive, a Babilônia e a Índia,
absorvendo o misticismo oriental de magos, brâmanes e
sacerdotes. Durante esta viagem, e subsequente retorno, ele atraiu
um escriba e discípulo, Damis, que registrou os acontecimentos da
25
vida do filósofo. Estas notas, além de cobrirem a vida de Apolônio,
compreendem acontecimentos relacionando a uma série de
imperadores, já que viveu 100 anos. Posteriormente essas notas
chegaram às mãos da imperatriz Julia Domna, esposa de Septímio
Severo, que encarregou Filóstrato de usá-las para elaborar uma
biografia do sábio.
A narrativa dessas viagens por Damis, reproduzida por Filóstrato,
é tão repleta de milagres, que muitos a têm considerado como de
caráter imaginário. Em seu retorno à Europa, Apolônio foi
saudado como um mágico, e recebeu as maiores homenagens quer
de sacerdotes quer de pessoas em geral. Ele próprio se atribuiu
apenas o poder de prever o futuro; já em Roma afirma-se que
trouxe à vida a filha de um senador romano. Na auréola do seu
poder misterioso ele atravessou a Grécia, a Itália e a Espanha.
Também se afirmou que foi acusado de traição tanto por Nero
quanto por Domiciano, mas escapou por meios milagrosos.
Finalmente Apolônio construiu uma escola em Éfeso, onde veio a
falecer, aparentemente com a idade de cem anos. Filóstrato
mantém o mistério da vida do seu biografado ao afirmar: "Com
relação à maneira de sua morte, ‗se ele morreu‘, as narrativas são
diversas."
Esta obra de Filóstrato é geralmente considerada como um
trabalho de ficção religiosa. Ela contém um número de histórias
obviamente fictícias, através das quais, no entanto, não é de todo
impossível discernir o caráter geral do homem. No século III,
Hierócles esforçou-se para provar que as doutrinas e a vida de
Apolônio eram mais valiosas do que as de Cristo, e, em tempos
modernos, Voltaire e Charles Blount (1654-1693), o livrepensador inglês, adotaram um ponto de vista semelhante. À parte
este elogio extravagante, é absurdo considerar Apolônio
meramente como um charlatão vulgar e um fazedor de milagres.
Se descartamos a massa de mera ficção que Filóstrato acumulou,
ficaremos com um reformador sincero, altamente imaginativo,
que tentou promover um espírito de moralidade prática.
Escreveu muitos livros e tratados sobre uma ampla variedade de
assuntos durante a sua vida, incluindo ciência, medicina, e
filosofia.
As suas teorias científicas foram finalmente aplicadas à ideia
geocêntrica de Ptolemeu que o Sol revolvia ao redor da Terra.
26
Algumas décadas após a sua morte, o [Imperador romano
imperador]] Adriano colecionou os seus trabalhos e assegurou a
sua publicação por todo o império.
A fama de Apolônio ainda era evidente em 272 d.C., quando o
imperador Aureliano sitiou Tiana, que tinha se rebelado contra as
leis romanas. Num sonho ou numa visão, Aureliano afirmava ter
visto Apolônio falar com ele, suplicando-lhe poupar a cidade de
seu nascimento. À parte, Aureliano contou que Apolônio lhe disse
"Aureliano, se você deseja governar, abstenha-se do sangue dos
inocentes! Aureliano, se você conquistar, seja misericordioso!" O
imperador, que admirava Apolônio, poupou desse modo a cidade.
Também no século III, Flávio Vopisco, em seu escrito sobre
Aureliano, cita Apolônio.
O Livro de Pedras, do alquimista medieval islâmico Jabir ibn
Hayyan, é uma análise prolongada de trabalhos de alquimia
atribuídos a Apolônio (aqui chamado Balinas) (ver, por exemplo,
Haq, que fornece uma tradução para o inglês de muito do
conteúdo do Livro de Pedras).
Devido a algumas semelhanças de sua biografia com a de Jesus,
Apolônio foi, nos séculos seguintes, atacado pelos Padres da
Igreja sendo considerado desde um impostor até um personagem
satânico. Mas houve também quem o exaltou comparando-o aos
grandes magos do passado, como Moisés e Zoroastro.
Apolônio faleceu em Éfeso, cerca de 100 d.C.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Apol%C3%B4nio_de_Tiana)
27
8 - NICÔMACO DE GERASA
―Nicômaco de Gerasa (también Nicomachus, ca. 100 d. C., Gerasa,
atualmente Jerash, en Jordânia), fue un filósofo y matemático
neopitagórico. Autor de la obra de gran influencia Introducción a
la aritmética (Arithmetike eisagoge), un tratado en donde aborda
la teoría de números. El tratado se constituyó en manual de base
de las escuelas platónicas; traducido en varias ocasiones, fue
considerado una autoridad durante diez siglos.
Poco se sabe de la vida de Nicômaco con certeza, excepto que
venía de Gerasa y que era pitagórico. La época en que vivió se
infiere indirectamente por citaciones, tanto de Nicómaco mismo
(cita a Trasilo de Mendés, que muere en el 36 d.C.) como de otros
autores (Apuleyo traduce Introducción a la Aritmética al latín en
el siglo II).
La obra de Nicómaco es una observación de las propiedades de los
números, y permite comprender mejor la filosofía de Pitágoras y
de Platón en el dominio de las matemáticas. Nicómaco reconoce
cuatro «métodos científicos» o «ciencias hermanas»: la aritmética,
la música, la geometría y la astronomía. Dice de la aritmética:
«que preexiste a las otras en la mente del dios artesano».
Introducción a la aritmética (Arithmetike eisagoge, del griego
Ἀριθμηηικὴ εἰζαγωγή) es el primer trabajo en donde se trata la
Aritmética de forma separada a la Geometría. En él, Nicómaco
estudia los números y sus propiedades tanto metafísicas: cualidad,
cantidad, forma, tamaño, etc., como matemáticas: define los
números pares e impares, los primos y los compuestos, los
números perfectos y los números amigables.
Contrariamente a Euclides, Nicómaco no ofrece demostraciones
abstractas de sus teoremas, sino que se limita a enunciarlos e
ilustrarlos con ayuda de ejemplos numéricos. Muchos de los
resultados descritos en la Introducción habían sido enunciados
anteriormente por Euclides, pero de forma geométrica. Algunos
otros, son directamente falsos. Una versión en latín de la
Arithmētikē -perdida- fue traducida por Lucius Apuleius (c. 124–
170); otra versión de Ancius Boethius (c. 470–524) sobrevivió y
fue utilizada en las escuelas hasta el Renacimiento.
Harmonicum enchiridium (Manual de armónicos, gr. Ἐγτειρίδιον
ἁρμονικῆς) es el primer tratado importante sobre teoría musical.
28
En él, Nicómaco ahonda en la relación entre la música y el
ordenamiento del universo vía la armonía de las esferas; su
interpretación sobre las relaciones entre el oído y la voz para la
comprensión musical, une las visiones antagónicas de Aristóxeno
y Pitágoras. Nicómaco relata la leyenda de Pitágoras al descubrir
los «tonos armoniosos» provenientes del sonido que hacían unos
martillos (hoy conocidos como los martillos de Pitágoras).
Adicionalmente al Manual, sobreviven diez extractos de lo que
parece haber sido originalmente un trabajo aún más sustancial en
música.
Escritos perdidos
Arte de la aritmética, (gr. Τέτνη ἀριθμηηική). Un trabajo mayor
en aritmética, mencionado por Focio.
Un trabajo mayor en música, promovido por Nicómaco mismo
en sus comentarios a Arquímedes.
Una Introducción a la geometría, referido por Nicómaco mismo.
Teología de la aritmética (gr. Θεολογούμενα ἀριθμηηικῆς),
sobre las propiedades místicas que los pitagóricos atribuían a los
números, en dos libros (mencionados por Focio), del que solo
quedan algunos fragmentos. Un trabajo similar con el mismo
título, debido a Jámblico, fue escrito dos siglos más tarde y
contiene gran parte del material de Nicómaco copiado o
parafraseado.
Una Vida de Pitágoras. Nicómaco es una de las principales
fuentes citada tanto por Porfirio como por Jámblico en sus
respectivas Vidas de Pitágoras.‖
(https://es.wikipedia.org/wiki/Nic%C3%B3maco_de_Gerasa)
29
9 - NUMÊNIO DE APAMEIA
―Numênio de Apameia (português brasileiro) ou Numénio de
Apameia (português europeu) foi um filósofo platônico do século
II que teve um impacto considerável sobre o platonismo posterior,
mais notavelmente em Plotino. A sua obra sobrevive apenas em
fragmentos, seja como trechos ou relatórios de fontes posteriores,
em sua maioria platônicos, cristãos e pagãos (por exemplo, de
Orígenes, Eusébio de Cesareia, Porfírio, ou Proclo) . O último
filósofo neopitagórico importante, talvez o pensador mais original
e criativo da tradição pitagórica.
Pouco se sabe sobre a vida de Numênio. As referências existentes
associam Numênio a duas cidades, Apameia (na Síria) e Roma.
Amélio, estudante de Plotino, era um admirador entusiasmado de
Numênio e o chama de "Apameu, que se mudou de Roma para
Apameia. João, o Lídio (séc. VI), no entanto, refere-se a Numênio
como "o romano" . O forte interesse de ambos Amélio e Porfírio
em considerar Numênio faz disso a prova em a Vida de Plotino de
Porfírio bastante significativa, mas o testemunho de João, o Lídio
também pode conter alguma verdade. Uma possível forma de
conciliar os dois é que Numênio nasceu em Apameia mas ensinou
tanto lá quanto em Roma.
Numênio era um neopitagórico, mas seu objetivo foi traçar as
doutrinas de Platão até Pitágoras e ao mesmo tempo mostrar que
ambas não estavam em desacordo com os dogmas e mistérios
brâmanes, judaicos, magos e egípcios6 Sua intenção era restaurar
a filosofia de Platão, o genuíno pitagórico e mediador entre
Sócrates e Pitágoras em sua pureza original, eliminado doutrinas
aristotélicas e estóicas, e purificado-as de explicações
insatisfatórias e perversas que, segundo ele, foram encontrados
até mesmo em Espeusipo e Xenócrates, e que, através da
influência de Arcesilau e Carneades levou a um fundo ceticismo.
Seus livros Sobre o Bem (do grego Περὶ Τἀγαθοῦ, Peri Tagathou)
continham explicações minuciosas, principalmente, em oposição
ao estoicos, de que a existência não podia ser encontrada sequer
nos Elementos, porque eles estavam em um estado perpétuo de
mudança e transição e tampouco na matéria, porque é vaga,
inconstante, sem vida e não um objeto de nosso conhecimento em
si, contrária a existência, que tem por fim resistir à destruição e
30
decomposição da matéria , esta deve ser incorpórea e removida de
toda mutabilidade, na presença eterna, sem estar sujeita à
variação do tempo, simples e imperturbável na sua natureza por
sua própria vontade, bem como pela influência externa. A
verdadeira existência é idêntica ao primeiro deus existente em si
mesmo, isto é, assim como o Bem é definido como o espírito
(nous)10 Mas, como o primeiro deus (absoluto) existente em si
mesmo e imperturbável em seu movimento, não poderia ser
criador (δημιοσργικός, o Demiurgo ), ele pensou que nós devemos
considera um segundo deus que mantém a matéria em conjunto,
direciona sua energia para ela e para as essências inteligíveis e dá
o seu espírito a todas as criaturas, a sua mente está direcionada
para o primeiro deus, em quem contempla as ideias de acordo com
o que ele organiza no mundo harmoniosamente, sendo apreendido
com o desejo de criar o mundo. O primeiro deus comunica suas
ideias para o segundo, sem perdê-las de si, assim como
transmitimos conhecimento ao outro, sem privar-se dele por isso.
Judaísmo e Cristianismo
Numenius considerou que havia uma espécie de trindade dos
deuses, os membros que ele designou como "pai", "criador" e "o
que é feito", ou seja, o mundo.
Xilogravura de "Die Bibel in Bildern, 1860.
Numênio é famoso ao afirmar que Platão é um Moisés falando
grego ático, ou seja, que Platão era o Moisés helenistico. No
entanto, a veracidade desta afirmação é contestada desde que a
citação vem dos Padres da Igreja que tinham interesse em ligar a
sabedoria grega à bíblica, o que justificaria a superioridade do
cristianismo sobre o helenismo, porque Moisés antecede Platão assim, a fonte original dessa sabedoria é a raiz do cristianismo e
não a cultura helenística.
A divergência principal com Platão é a distinção entre um
"primeiro Deus" e o "demiurgo". Isto provavelmente é devido à
influência dos filósofos judeus e alexandrinos (especialmente
Fílon de Alexandria e sua teoria do logos). De acordo com Proclo,
Numenius considerou que havia uma espécie de trindade dos
deuses, os membros que ele designou como "pai", "criador" e "o
que é feito", ou seja, o mundo. A primeira é a divindade suprema
ou a inteligência pura, o segundo o criador do mundo, a terceira o
mundo em si. Numênio também alegou que os três deuses, o "pai",
31
o "Criador" e a "Criação" eram na verdade um só. Seus
trabalhos eram altamente estimados pelos neoplatônicos, e Amélio,
estudante de Plotino (que era crítico do gnosticismo) disse ter
composto quase dois livros de comentários sobre ele. Ao contrário
do ensino ortodoxo judaico-cristão (mais de acordo com os
ensinamentos do gnosticismo), como Orfeu e Platão18 Numenius
escreveu sobre o corpo humano como uma prisão da alma.
Interpretação do Génesis
Grande parte da interpretação do Gênesis I de Numênio é
elaborado a partir da filosofia de Platão formas. Numênio também
chama muito a partir de Timeu de Platão, que apresenta a história
de um grande criador chamado o Demiurgo que criou tudo à
semelhança de formas platônicas.
No entanto, a interpretação de Numênio pode causar alguma
confusão, porque de acordo com a interpretação clássica do
Gênesis, Deus cria tudo e antes daquele momento ela não existia
(criação ex nihilo). Não está claro onde exatamente Numênio está
essa parte no Gênesis. No Timeu, Platão inclui na história que a
criação teve um começo no tempo. Numênio pode ter tentado
responder isto propondo que o cosmos tem um ciclo de destruição
e criação. Embora seja difícil determinar como Numênio
considerou essas discrepâncias, é possível que ele tenha
considerado a criação original do cosmos o início de tais ciclos.‖
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Num%C3%AAnio_de_Apameia)
32
10 - PLOTINO
―PLOTINO - O Neoplatonismo não cristão ou a metafísica de
PLOTINO
(Dra. Ercilia Simone Dalvio Magaldi)
O neoplatonismo tem um caráter místico, religioso, além de alta
filosofia. É o fecho da Antiguidade e seu grande expoente é
Plotino.
É uma era de transição e consequentemente de grande ansiedade.
A filosofia está gradativamente se pondo a serviço da teologia. Nos
grandes polos pululam uma enorme diversidade de seitas, e os
grandes pensadores se sentem compelidos ao estudo das correntes
que influenciam esse período.
As correntes que deram origem ao neoplatonismo:
- pitagorismo
-platonismo
-estoicismo
-aristotelismo
-epicurismo
-tradições orientais
-gnosticismo
-hermetismo
-cristianismo
-judaísmo
(as duas últimas em menor grau de influência)
Embora o coração do neoplatonismo fosse a metafísica de Platão,
sobre muitos aspectos, há um grande distanciamento, não é, pois,
uma simples retomada do platonismo.
Plotino foi, acima de tudo, um grande pitagórico, se não um dos
últimos conhecidos dentre os filósofos. Sua maior aproximação
com Platão se dá justamente nas confluências do pensamento
pitagórico, e onde Platão se distanciou de Pitágoras, aí também
Plotino se distancia de Platão.
O gnosticismo, que muito influenciou o neoplatonismo, é
maniqueísta: o mal e o bem existem realmente, são antagônicos
mas com forças idênticas.
O hermetismo, outro forte influenciador, se originou da religião
egípcia, seu fundador é Hermes o Trismegisto. Num trabalho
33
comparativo é possível perceber a grande influência do
hermetismo no pitagorismo, que é em verdade sua adaptação
ocidental.
Um detalhe desse contexto neoplatônico é que os filósofos eram
mais comentadores do que criadores.
Plotino nasceu + ou - em 205 e faleceu em + ou - em 270. Sua
cidade natal era Licópolis, no Egito, foi logo para Alexandria,
onde aproveitou muito da grande biblioteca de lá.
Alexandria era então grande polo cultural e religioso. Depois de
muito estudar Plotino ainda sentia-se vazio e ávido por conhecer,
foi quando um amigo o apresenta às aulas de Amonio Sacas, ao
término dessa primeira aula Plotino diz "- Achei quem estivera
procurando".
Amonio trabalhava com um número restrito de alunos, não
gostava de promoção e não deixou nada escrito, como Pitágoras e
Sócrates. Plotino estivera com ele durante 10 anos. E o que se
sabe é que Amonio tinha grande influência da tradição hindu e
egípcia.
Depois desse período, quando falece o mestre, Plotino parte para
Roma, aí funda o Instituto Neoplatônico. As mulheres
frequentavam esse Instituto, o que era inédito, única exceção
havia sido a escola de Pitágoras, séculos antes. Plotino atinge
grande prestígio, e passa, por isso, a tutelar muitos jovens, moças
e rapazes. Sua sapiência e bondade cativaram pessoas ilustres e
influentes, inclusive reis e rainhas. Em Plotino, sobretudo, o
neoplatonismo se caracteriza por uma busca de se encontrar com
sua própria origem.
Principais neoplatônicos depois de Plotino:
-Porfírio; séc. III
-Jâmblico; séc.III
-Proclo; séc. IV
-Damáscio; séc. V
-Hipátia; séc. V, única mulher que foi um expoente na filosofia da
antiguidade, foi assassinada pelos cristãos. Última pitagórica
conhecida a atuar na antiguidade.
Após esse período houve um forçoso silêncio absoluto.
Plotino tinha uma vida interior muito grande. Foi um dos poucos
místico não cristãos a ter experiência o êxtase por diversas vezes.
Suas últimas palavras no leito de morte foram: "Estou tratando de
34
unir o que há de divino em mim com o que há de divino no
universo".
Plotino buscou um princípio único para tudo o que existe e a ele
denominou UM, por sua unidade e por ser único, mas disse serem
esses os únicos motivos dessa denominação uma vez que do UM
nada se pode dizer, é possível apenas fazer-se comparações por
negações.
Esse ser que é UNO é transcendente a todas as coisas, até ao
próprio ser, ao mesmo tempo que é imanente em todas as coisas,
pois é de todas o princípio gerador. E em essência todas a ele se
assemelham, embora nenhuma jamais, lhe possa ser idêntica.
Embora princípio gerador porque dele todas as coisas decorrem, é
capaz de dar de si sem nada perder, como a própria luz, que
irradia-se, sem esgotar sua fonte. O UNO cria através do que
Plotino denomina de processão, que não é ininterrupto mas
intermitente, e nesses momentos de parada é que ocorre a
conversão, que forma as hipóstases: "É o ser contemplando-se a
si próprio".
(A autocontemplação do UM forma o arco-íris. A fala filosófica é
o arco-íris de uma alma maravilhada.)
"Deus não pode ser pensamento, consciência, autoconsciência,
precisamente porque o pensamento implica na dualidade de
conhecer e ser, na dualidade do pensante e do pensado" .
Deus, ou o UM, cria, pois por emanação natural e necessária. No
entanto, esta emanação é decrescente, degradando de Deus, Ato
puro, Bem supremo, Beleza absoluta, Verdade maior, até a
matéria, não ser, mal. Eis a escala: o UM, a INTELIGÊNCIA
(noûs), a ALMA, a natureza.
O UM quando transborda de si, por amor, dá origem à
INTELIGÊNCIA e esta também quando transborda de amor, ao
voltar-se e contemplar o UM, dá origem à ALMA UNIVERSAL,
que gera o mundo
sensível. Portanto cada ser tem uma parte da ALMA UNIVERSAL
(atman, self).
A alma humana, em Plotino, é dual (como em Platão), enquanto
uma parte está em contato com as percepções e o real, a outra não
tem esse contato e está dentro de nós, está, pois, em contato com
sua verdadeira essência. Quando conseguimos nos desprender dos
sentidos e conectar essa outra parte, podemos ter a visão do UM, é
35
o êxtase.
Se por degradação chegamos à matéria (ánados = descida)
precisamos, através de uma vida ascética e contemplativa,
engendrar o retorno ao UM (kátodos = subida). O mal e o feio são
um distanciamento do UM, não existem por si sós, se não por
estarem longe do UM e porisso menos essência do Bem e do Belo.
O que distancia não é o espaço físico, mas o espaço abstrato da
diferenciação.
O UM é como o Sol, de onde emanam os raios, que têm a mesma
essência do Sol; a luz e calor, mas, no entanto, não são o Sol, só a
ele se assemelham. Quanto mais distantes do núcleo central,
menos luz e calor (é a matéria), são, portanto necessário
aproximar-se mais e mais do núcleo, acentuando nossa essência.
A vida material, os prazeres carnais, são empecilhos para a
ascensão. O espírito é o Bem, a matéria é o Mal, portanto para o
retorno a que se: libertar, purificar, separar da matéria, do corpo,
dos sentidos.
As virtudes éticas; temperança, fortaleza, prudência, justiça;
garantem o domínio prático sobre o sensível. São virtudes que nos
preparam para as virtudes maiores, as contemplativas, que
possibilitam a elevação mística para o Absoluto, o UM, através do
êxtase.
Plotino foi um grande místico e é considerado um dos maiores
metafísicos que existiu.‖
(http://www.ijep.com.br/index.php?sec=artigos&id=113&ref=plotino)
36
11 – FÁBIA TERÊNCIA
Era uma vestal, meia-irmã de Terência, que foi acusada de
manter relações sexuais com Catilina, mas foi absolvida.
Durante o exílio de Cícero, acolheu sua irmã e a sobrinha Túlia,
no Templo de Vesta, ali realizando reuniões de comunicações com o
plano extra físico.
Alguns autores afirmam que as vestais eram sacerdotisas cuja
principal função era servir de matriz para a reprodução dos futuros
governantes de Roma, para tanto mantendo conúbio carnal com
homens da elite social romana.
Não por falso moralismo, mas sim por ter analisado o caráter de
Fábia Terência, posso ter como certo que, na sua época, ou, pelo
menos ela, não se prestaria a esse papel.
Como a maioria das instituições tem seus altos e baixos, deve ter
acontecido de, realmente, em determinadas épocas, o Templo de Vesta
ser um quase prostíbulo de luxo.
Prestamos aqui nossa homenagem à grande sacerdotisa que foi
Fábia Terência, que trabalhou, dentro das limitações impostas pelo
regulamento do Templo ao qual estava jungida, pela propagação do
Neopitagorismo.
37
12 – TÚLIA
Essa era uma verdadeira “filha da mãe”, pois foi sua grande
companheira na vivência e propagação do Neopitagorismo.
Pouco ou quase nada se assemelhava ao pai, que, infelizmente,
quase chegou a inviabilizar a atuação de ambas no Neopitagorismo.
Era considerada muito culta, principalmente em Literatura,
segundo a “Cyclopaedia of Female Biography”.
―Tullia Ciceronis, também Tulliola (como afetuosamente era
chamada por seu pai; 5 de agosto de 79 a. C. ou 78 a. C. –
fevereiro de 45 a. C.) era a única filha do orador romano e
político Marco Túlio Cícero do seu casamento com Terência. [...]
Túlia casou em 63 a. C. com Gaius Calpurnius Piso Frugi
(questor em 58 a. C.), mas ele faleceu em 57 a. C.
Em 56 a. C., Túlia casou com Furius Crassipes. Apesar do
casamento ter sido feliz, por motivos ignorados, divorciaram-se em
51 a. C.
Durante a Guerra civil, Túlia visitou seu pai em Brindisi. […]
No verão de 50 a. C. Túlia casou com Publius Cornelius Dolabella,
cônsul em 44 BC. Foi um casamento infeliz. Tiveram dois filhos.
O primeiro nasceu em 19 de maio de 49 a. C. e morreu no mesmo
ano.
Túlia e Dolabella se divorciaram em novembro de 46 a. C. e Túlia
morreu no mês seguinte ao nascimento do Segundo filho (que
sobreviveu). [...]‖
38
13 – POMPEU
Pelo estudo do contexto político da época e do caráter de cada
um dos personagens, pode-se deduzir que o papel mais importante que
Pompeu desempenhou foi o de impedir que Júlio César praticasse
mais arbitrariedades e corrupção.
Como dito linhas atrás, aconselhava-se sempre com Terência e
frequentava o grupo de Neopitagorismo fundado pelo seu amigo
Fígulo.
―Cneu Pompeu ou Pompeio Magno (em latim: Cnaeus Pompeius
Magnus; Ascoli Piceno, 29 de setembro de 106 a.C. — Egito, 29
de setembro de 48 a.C.) foi um general e político romano,
conhecido também em português como Pompeu, o Grande
(tradução de seu nome latino Magnus).
Primeiros anos
Pompeu era o único filho e herdeiro de Cneu Pompeu Estrabão,
um proprietário muito rico da zona de Piceno, na Itália, chefe de
um ramo da família Pompeia, tradicionalmente rural. Aos olhos
da elite aristocrática de Roma, estes antecedentes não eram bem
vistos. Não obstante, dada a sua riqueza, Estrabão progrediu na
vida política e foi o primeiro senador da família, eleito cônsul em
89 a.C., no meio da crise política da Guerra Social. Pompeu
cresceu, portanto junto do seu pai nos acampamentos militares,
envolvido em questões políticas desde a adolescência. De acordo
com Plutarco, Pompeu era um jovem de fácil trato, popular e com
bastantes amigos da sua idade, entre os quais o futuro escritor,
advogado e estadista romano Cícero.
Estrabão morreu por volta de 87 a.C., no meio da guerra civil
entre a facção populista de Caio Mário e os conservadores de
Lúcio Cornélio Sula, deixando Pompeu no controle dos seus
negócios e fortuna. Apesar da sua juventude, Pompeu não hesitou
em tomar um partido e aliou-se a Sula no seu regresso à Itália
depois do fim da Primeira Guerra Mitridática em 83 a.C.. Com a
sua posição longe de estar assegurada, Sula não desdenhou a
ajuda oferecida pelo rapaz de 23 anos, líder de três legiões
picentinas veteranas, oriundas da província que controlava quase
como rei. Esta aliança projetou a carreira política de Pompeu e
favoreceu o seu casamento com Emília Escaura, enteada de Sula
(então grávida do primeiro marido).
39
Sicília e África
Pompeu.
Embora sendo um privatus (um homem que não detém um cargo
político do, ou associado ao, cursus honorum) devido à idade,
Pompeu manteve os seus comandos sob a administração de Sula e
revelou-se um general talentoso. O ditador confiava nos seus
instintos e enviou-o em perseguição dos apoiantes de Marius,
entrincheirados nas províncias da Sicília e África. A Sicília era
estrategicamente muito importante, uma vez que era a origem dos
cereais que abasteciam Roma. Pompeu varreu a ilha com as suas
legiões, acabando com a resistência, mas ao mesmo tempo
provocando desagrado das populações locais, que responderam
com queixas. Não me falem em leis, nós estamos armados! foi a
sua célebre resposta. Em África obteve igual sucesso e no fim da
campanha foi aclamado imperator (diferente de imperador) pelas
suas fiéis tropas. De acordo com a tradição, Pompeu requereu ao
senado o direito de celebrar uma parada triunfal, apesar de não
ter estatuto consular, nem sequer senatorial. Os senadores
recusaram o pedido do que consideravam um miúdo nem sequer
oriundo de boas famílias, mas Pompeu estacionou as tropas à
saída de Roma, recusando-se a conceder-lhes licença enquanto o
seu desejo não fosse concedido. O ditador Sula acabou por
intervir e conceder-lhe o triunfo, mais para fazer a vontade ao
genro que por medo. É também nesta altura que Pompeu adquire
o cognome Magnus, "o Grande", que segundo uma das versões
foi atribuído pelo próprio Sula com certa dose de sarcasmo.
Hispânia e Espártaco
Depois de celebrar um triunfo apesar de não ter nem a idade nem
o status adequados, Pompeu pediu um imperium proconsular, sem
nunca ter sido cônsul, para fazer frente a Sertório, o último
apoiante de Caio Mário ainda no cativo. O pedido foi concedido e,
juntamente com Quinto Cecílio Metelo Pio, dirigiu-se à Hispânia.
Esta campanha marcou uma nova fase na carreira militar de
Pompeu. Até então, estava acostumado a vitórias relativamente
fáceis frente a inimigos desmoralizados e/ou desorganizados.
Sertório era um general talentoso, a jogar no seu próprio terreno e
com um talento especial para a guerrilha. Era, portanto um
inimigo à altura de qualquer adversário, o que é comprovado pela
longa duração da campanha, de 76 a 71 a.C.. Pompeu e Metelo
40
Pio conseguiram uma vitória apenas devido ao assassinato de
Sertório numa conspiração organizada pelos seus próprios
homens.
No regresso a Itália em 71 a.C., Pompeu utilizou as suas legiões
veteranas da guerra na Hispânia para auxiliar Marco Licínio
Crasso na sua luta na Terceira Guerra Servil contra a revolta dos
escravos liderada por Espártaco (Spartacus). A sua chegada
provou-se decisiva para resolver o conflito e valeu-lhe o ódio de
Crasso, que pretendia a glória apenas para si próprio. Em Roma,
Pompeu celebra o seu segundo triunfo ilegal, juntamente com
Metelo Pio, pelas vitórias alcançadas na Península Ibérica. No
ano seguinte (70 a.C.), com apenas 35 anos, Pompeu é eleito
cônsul pela primeira vez, apesar de esta eleição ser mais uma
machadada nas tradições do cursus honorum. Era odiado pelo seu
colega Crasso e visto com desconfiança pelo resto da classe
senatorial, mas tinha o apoio dos eleitores das camadas sociais
mais baixas, que o viam como herói.
Os piratas e a Ásia Menor
Em 67 a.C., dois anos depois do seu mandato de cônsul, Pompeu
foi nomeado comandante de uma frota especial e responsável por
uma campanha destinada a combater o problema da pirataria no
Mar Mediterrâneo. A nomeação, como quase tudo o resto na sua
vida, esteve rodeada de polémica. A facção conservadora
detestava-o pelo constante ataque às tradições e pela sua
ascendência pouco notável. Tentaram por todos os meios legais
impedir este comando, até que um tribuno aliado de Pompeu
levou o assunto à Assembleia do Povo. No seu círculo de
apoiantes, Pompeu encontrou um apoio esmagador. Para desgosto
dos seus adversários, o general levou apenas alguns meses a
eliminar os principais núcleos de piratas e garantir a segurança
das rotas comerciais entre a Itália, África e Ásia Menor. A rapidez
e sucesso desta Guerra dos Piratas mostrou que era também um
almirante dotado e detinha fortes capacidades de organização e
logística.
Pompeu não regressou a Roma no fim desta campanha naval.
Utilizando até ao limite legal o imperium proconsular que lhe
havia sido renitentemente concedido, dirigiu-se à província da
Ásia, onde aliviou Lúcio Licínio Lúculo do comando contra
Mitrídates VI do Ponto, responsável por mais de vinte anos de
41
problemas na região. Pompeu permaneceu na área por cinco anos
e, em 61 a.C., colocou um ponto final nas guerras mitridáticas. Os
resultados da campanha foram:
derrota final de Mitrídates e a transformação do Reino do
Ponto numa província romana
derrota de Tigranes, rei da Armênia.
derrota de Antíoco XIII, rei da Síria, que também se torna
numa província
captura de Jerusalém
cerca de 20.000 talentos de ouro em saque (números oferecidos
por Plutarco) e duas novas províncias directamente governadas
pelo senado romano.
Pompeu aproveitou a estadia na região para explorar a área do
Cáucaso, chegando às margens do Mar Negro. As notas desta
expedição incluíram aspectos geográficos, políticos e respeitantes
a recursos naturais e haveriam de se mostrar indispensáveis em
campanhas subsequentes.
No fim de 61 a.C., Pompeu regressa a Roma, ao fim de seis anos,
com um dilema nas mãos. Por um lado, queria celebrar o seu
terceiro triunfo; por outro, ansiava por um segundo mandato de
cônsul. As leis de Roma estipulavam que um general não poderia
atravessar o pomério (fronteira simbólica da cidade) sem perder o
direito ao triunfo, mas um candidato eleitoral tinha que
apresentar a intenção de concorrer em pessoa no Fórum da
cidade. Pompeu usou todos os meios diplomáticos para convencer
o senado a adiar as eleições, mas os conservadores, liderados por
Marco Pórcio Catão Uticense, opuseram-se à medida e
obrigaram-no a escolher. Pompeu ficou-se pelo triunfo mas não se
conformou com a perda do consulado. Se não podia ser cônsul,
podia subornar os eleitores para favorecerem o seu candidato. De
acordo com várias fontes, o que se seguiu foi um verdadeiro
escândalo eleitoral, com os eleitores a dirigirem-se em massa ao
acampamento de Pompeu fora da cidade para receberem a ordem
de voto, acompanhada de uma pequena "gratificação".
O terceiro triunfo de Pompeu celebrou-se a 29 de setembro de 61
a.C. (o seu 45.º aniversário) em honra das vitórias sobre os piratas
e o reino do Ponto. O cortejo triunfal de despojos, prisioneiros,
tropas e faixas comemorativas levou dois dias a percorrer a
distância entre o Campo de Marte, fora do pomério, ao templo de
42
Júpiter Óptimo Máximo e terminou com um banquete para toda a
população oferecido pelo general vitorioso.
O primeiro triunvirato
O primeiro triunvirato foi uma aliança política informal
estabelecida em 59 a.C., na República Romana, entre Júlio César,
Pompeu, o Grande e Marco Licínio Crasso, que haveria de se
prolongar até 53 a.C.
Em Roma, o início da década de 50 a.C., foi marcado pela união
destes três homens: Júlio César - acabado de ser eleito cônsul, um
intruso político; Pompeu - extremamente popular junto dos
cidadãos devido às suas conquistas militares, mas desprezado pela
classe senatorial pela falta de sangue azul da sua família; Crasso considerado o homem mais rico de Roma, mas ao qual faltava
influência política. Uma vez que César não tinha aliados políticos,
Pompeu não conseguia obter terras de cultivo para os veteranos
das suas legiões e Crasso não era levado a sério na sua ideia de
conquistar o Império Parta, os três juntaram-se para unir esforços.
Ao contrário do segundo triunvirato, que viria depois, este acordo
era informal e não continha nenhum valor jurídico. A única
transação efetuada foi a de Júlia Cesaris, filha de César, que se
tornou mulher de Pompeu num casamento que haveria de se
revelar feliz.
Durante o seu consulado em 59 a.C., César legislou terras para os
soldados de Pompeu, apesar de forte contestação da facção
conservadora do senado, e leis que favoreciam os negócios de
Crasso. Em troca, obteve o apoio de Pompeu para conseguir a
governação da Gália e iniciar a conquista de toda a região
(Guerras Gálicas). Em 55 a.C., Pompeu e Crasso foram eleitos
cônsules em parceria e prolongam o poder de César na Gália por
mais cinco anos. Crasso assegura ainda os fundos e legiões para a
tão desejada campanha persa.
No ano seguinte, a morte de Júlia enfraqueceu a relação entre
Pompeu e César e, em 53 a.C., Crasso foi assassinado pelos partas
a seguir a uma batalha desastrosa. Sem mais nada a uni-los,
Pompeu e César desfizeram a aliança e transformam-se em
inimigos.
Guerra civil
Ver artigo principal: Segunda Guerra Civil da República Romana
Em 50 a.C. o senado, liderado por Pompeu, ordenou a Júlio César
43
que voltasse a Roma e dispersasse o seu exército porque o seu
termo como procônsul havia terminado.
Em 49 a.C. César cruzou o rio Rubicão, ocasião em que teria
pronunciado a famosa frase alea jacta est ("a sorte está lançada"),
e invadiu Roma com suas legiões. Pompeu fugiu para a Grécia
onde foi derrotado por César na Batalha de Farsália, acabando
por procurar refúgio no Egito onde foi morto por antigos
camaradas de armas às ordens da corte de Ptolomeu XIII.
Casamentos e descendência
Primeira mulher, Antistia
Segunda mulher, Emília Escaura
Terceira mulher, Múcia Terceira (de quem se divorcia por
adultério)
Pompeu, o Jovem, executado em 45 a.C., depois da batalha
de Munda
Pompéia, casada com Fausto Cornélio Sula
Sexto Pompeu, manteve-se como opositor de Júlio César e
Augusto até ser derrotado e executado em 36 a.C.
Quarta mulher, Julia Caesaris, filha de César
Quinta mulher, Cornélia Metela, filha de Metelo Cipião.‖
44
14 – O NEOPITAGORISMO ROMANO
Para entendermos o que foi o Neopitagorismo romano do século I
a. C., devemos fazer uma breve digressão sobre o que era o
Pitagorismo da época em que ainda estava vivo o fundador, ou seja,
Pitágoras.
O autor que melhor nos esclarece a esse respeito é Carlos Brasílio
Conte, através da sua preciosa obra intitulada “Pitágoras – Ciência e
Magia na Antiga Grécia”, publicada pela Madras Editora Ltda., 2010.
Dessa obra extraímos algumas informações importantes:
1 – havia uma escola formalmente constituída, como verdadeira
universidade, apenas que com acesso restrito a pessoas consideradas
preparadas espiritual e intelectualmente, sendo vedada a participação
feminina;
2 – os candidatos eram submetidos a provas de coragem, bondade,
inteligência e caráter;
3 – os candidatos aprovados submetiam-se a um ritual iniciático;
4 – dentre os preceitos adotados podem ser relacionados: a existência
de um Ser Supremo, a existência da alma, a lei da reencarnação e a lei
do carma;
5 – praticava-se o transe pitagórico, que algumas correntes atuais
chamam de “estado alterado de consciência”, outras de “transe
mediúnico” e assim por diante.
Michel de Montaigne afirmou nos seus “Ensaios” que Pitágoras
se recordava de algumas das suas vidas anteriores: quando foi Etálido
(um dos argonautas, filho de Hermes e Eupolemeia, filha de
Mirmidão), Euforbo [1], Hermotimo [2] e Pirro.
Vejamos o texto abaixo, que esclarece mais ainda nessa exposição
e que vale a pena ser lido.
Agora ficará mais fácil entender como funcionava a Escola
fundada por Nigídio Fígulo em Roma, ou seja, era muito diferente
daquele modelo grego de alguns séculos atrás.
A equipe romana organizou-se informalmente e fazia parte do
grupo quem era convidado e queria participar, não importando se
fosse homem ou mulher, intelectual ou não e não havia prova alguma
nem rito de iniciação.
A preocupação dos iniciados romanos era sua própria evolução
intelecto-moral e contribuir para a evolução alheia.
Havia a noção de que o Governador da Terra encarnaria e
45
preparava-se a sociedade romana para a compreensão da Mensagem
daquele Ser Iluminado.
Veja-se, portanto, que o contexto e o objetivo eram outros: as
verdades não poderiam nem deveriam mais ficar tão restritas a um
grupo seleto como antes, mas sim deveriam ser divulgadas ao maior
número possível de pessoas a fim de que atingisse o planejamento
acima referido.
A equipe romana deu conta do recado, tendo como pitonisas as
mencionadas mulheres e algumas outras, várias delas que desistiram a
meio do caminho, tanto quanto houve homens que desistiram de
seguir aquela trilha eivada de espinhos e preferiram o caminho largo
dos interesses mundanos.
Pelas referências biográficas acima expostas os prezados leitores
podem perceber quem fez melhor os deveres de casa, quem “passou de
ano” com notas melhores.
Nossa personagem em destaque passou com notas altas e, por isso,
este livro foi escrito tendo-a como referência para imitação, pois
venceu inclusive na difícil prova do anonimato, enquanto que muitos
ficaram empolgados com o prestígio.
A maior parte dos membros desse grupo era de gente destacada
socialmente, mas que pouco valor dava aos interesses materiais e era,
inclusive, tida como “esquisita”, não se enquadrando nas rodinhas de
corrupção e desfaçatez moral.
Como dito, preocupou-nos falar sobre a Escola romana, mas
houve outras, em Alexandria, por exemplo, inclusive esta última ficou
mais famosa que a romana.
Esse fato se explica porque em Alexandria havia maior liberdade
de crença do que em Roma. Deu para vocês, prezados leitores,
entenderem?
As perseguições em Roma eram muito maiores, primeiro pelo
clero pagão de Roma e depois pela Igreja Católica.
Por isso estamos escrevendo este livro com a mira na Escola
Neopitagórica romana, ressuscitando personalidades que tentou-se
sepultar para sempre.
Todavia, vamos dar a palavra a outrem a fim de trazer alguns
esclarecimentos interessantes:
―NEOPLATONISMO E RELIGIÃO
Frater Zelator SI SII
46
A importância do neoplatonismo em filosofia da religião é
inconteste. É que ele ocorreu num período de grande exacerbação
religiosa. Como um movimento mais definido, o neoplatonismo se
manifestou, sobretudo, no século 2 d.C., tendo Plotino como seu
principal sistematizador. Tudo, entretanto, já principiara no final
do milênio anterior, quando em Alexandria helênica, num
importante núcleo de ideologias religiosas do Oriente e do
Ocidente, repercutiu a filosofia dos gregos, sobretudo a de Platão
(427-347 a.C.), a qual sempre tivera vasta influência.
O neoplatonismo, tanto em suas manifestações primeiras, como
em suas formas tardias do segundo século d.C., teve, - como se
disse, - forte repercussão na mentalidade religiosa que agora
passava a ter voga. Gerou o neoplatonismo uma linguagem
filosófica adequada para o tratamento racional das doutrinas
religiosas.
Cedo criaram os judeus uma nova linguagem para o judaísmo. O
mesmo acontecia com outras crenças as quais estabeleceram
também as suas teologias. Tudo isto foi finalmente influenciar o
cristianismo oficial, como depois se instalou, sobretudo a partir do
Concílio de Nicéia, em 325.
Nunca antes houvera tal zelo da Igreja Cristã pelas
particularidades doutrinárias. Esta preocupação chegou ao ponto
de se convocar concílios, para neles se decidir questões de
doutrina, por votação numérica. Os dogmas estabelecidos no calor
do voto passaram a ter efeito excomunicatório, sendo eliminados
os grupos discordantes, dados como hereges. A igreja cristã, - que
herdou dessa fase neoplatônico-religiosa a tendência para as
definições teológicas, - fará, desse dogmatismo com base no voto,
uma de suas características mais odiosas, que perdurará até
adentrados tempos da época moderna.
O ordenamento sistemático da história do neoplatonismo sofre
dificuldades, e por vezes não passa de um ordenamento para fins
didáticos. Os antecedentes imediatos do neoplatonismo se
encontram no Neopitagorismo (Nigídio Fígulo, Sócion, Moderado
de Gades, Apolônio de Tiana, Nicômaco de Gerasa, Numênio de
Apameia) e, limitadamente, na escola judaico-platônica de
Alexandria (Aristóbulo, Fílon). Dentro do neoplatonismo se
desenvolveu praticamente todo o pensamento dos Padres da Igreja,
47
por isso denominados patrísticos. Embora seja difícil enquadrar a
evolução do neoplatonismo dentro de um esquema cronológico
definido, é possível observar grupos e mesmo escolas
denominadas pelos seus principais núcleos:
- Escola neoplatônica judaica, com os nomes de Aristóbulo e, mais
destaque, de Fílon de Alexandria;
- Escola neoplatônica Alexandrina, com nomes importantes na
fase tardia: Amônio Saccas (c. 175-242), Plotino (205-270),
Amélio e Porfírio, com preocupação metafísica e ética;
- Escola neoplatônica Siríaca, orientada por Jâmblico, com
interesse na teologia politeísta;
- Escola neoplatônica Ateniense, sistemática, de que Proclo,
Simplício, Damácio são os principais representantes.
Ainda é possível falar em:
- escola neoplatônica de Pérgamo, a que pertenceram os mestres
de Juliano Apóstata;
- escola neoplatônica de Alexandria, de Sinésio de Cirene, João
Filopono, Asclépio, Olimpiodoro, Davi o Armênio;
- neoplatônicos do Ocidente Latino, Macróbio, Calcídio, Mário
Victorino, Boécio.
O historiador contemporâneo Diógenes Laércio mal alcançou este
tempo. Mas chegou a dizer que Potamon fundou "nos últimos
tempos" uma escola em Alexandria. A omissão se deve em parte
ao fato de se ter restringido aos filósofos que passaram pela
Grécia.
A lacuna foi preenchida, entretanto, por Porfírio, cuja Vida de
Plotino, biografa o principal representante da escola e menciona
muitos outros nomes, tudo isto completado, em alguns casos, pelas
obras que restaram.‖
Fonte: Enciclopédia Simpozio
(http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/AARBR29Neoplatonismo
ereligiao.htm)
48
NOTAS
[1] “Na mitologia grega, Euforbo (em grego: Εύθορβος), filho de
Pântoo, participou da Guerra de Troia, combatendo pelo lado troiano.
Foi ele quem deu o primeiro golpe em Pátroclo, que foi, em seguida,
morto por Heitor. Ájax, o Grande, atacou Heitor, e recuperou o corpo de
Pátroclo, enquanto que Menelau e o outro Ájax atacaram e mataram
Euforbo.
Segundo Higino, houve vários combates singulares durante a Guerra;
Euforbo lutou contra Menelau, e foi morto por ele.
Euforbo reencarnou em Pitágoras, que se lembrava de ter sido Euforbo
e que sua alma havia passado por vários corpos. Pitágoras se lembrava
da ferida que recebera no peito da lança do filho mais novo de Atreu, e
havia reconhecido o escudo que ele carregava no braço esquerdo, e que,
à sua época, estava como um troféu no templo de Juno em Argos. Este
escudo ainda se encontrava no templo de Hera até a época de Pausânias,
mais de mil anos depois da Guerra de Troia e seiscentos anos depois da
época de Pitágoras.
O humorista Luciano de Samósata faz referência a esta história: quando
Menipo, no Hades, encontra Pitágoras, ele o saúda como Euforbo e
como Apolo.‖
[2] ―Hermotimus of Clazomenae (c. 6th century BCE), called by Lucian
a Pythagorean, was a philosopher who first proposed, before
Anaxagoras (according to Aristotle) the idea of mind being fundamental
in the cause of change. He proposed that physical entities are static,
while the mind causes the change. Sextus Empiricus places him with
Hesiod, Parmenides, and Empedocles, as belonging to the class of
philosophers who held a dualistic theory of a material and an active
principle being together the origin of the universe.
Tertullian relates a story about Hermotimus (which he does not appear
to believe). According to this story, Hermotimus' soul would depart his
body during sleep, as if on a trip. His wife betrayed the oddity and his
enemies came and burned his body while he was asleep, his soul
returning too late. The people of Clazomenae erected a temple for
Hermotimus, disallowing women because of his wife's betrayal. This
story and others about Hermotimus are found in Pliny The Elder,
Lucian, Apollonius, and Plutarch.
49
Diogenes Laertius records a story that Pythagoras remembered his
earlier lives, one being Hermotimus, who had validated his own claim to
recall earlier lives by recognizing the decaying shield of Menelaus in the
temple of Apollo at Branchidae.‖

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