TERÊNCIA E SEU ENTOURAGE – NEOPITAGORISMO ROMANO I
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TERÊNCIA E SEU ENTOURAGE – NEOPITAGORISMO ROMANO I
1 2 PRIMEIRA NOTÍCIA O clero pagão de Roma tentou apagar os nomes dos adeptos do Neopitagorismo romano do séc. I a. C. e a Igreja Católica, posteriormente, continuou nesse trabalho inglório. O objetivo deste livro é mostrar o que aqueles idealistas neopitagóricos realizaram e que estava esquecido. 3 ESCLARECIMENTO SOBRE A CAPA Estampamos dois retratos: o de Terência, representando os neopitagóricos romanos do século I a. C., e Pitágoras, representando a ideologia pitagórica, que ele, na verdade, colheu nas suas andanças pelo velho Oriente. 4 ÍNDICE 1 - Terência 2 - Salústio 3 - Messala Corvino 4 – Vibius Rufus 5 - Fígulo 6 - Moderato de Cádiz 7 - Apolônio de Tiana 8 - Nicômaco de Gerasa 9 - Numênio de Apameia 10 – Plotino 11 - Fábia Terência 12 – Túlia 13 – Pompeu 14 – O Neopitagorismo romano 5 INTRODUÇÃO Alguém poderá querer indagar do por que foi escolhida Terência para figurar como a personagem principal deste ensaio histórico, não compreendendo porque colocamos os demais personagens que serão relacionados na posição de “satélites” girando em torno de um astro principal. Estranhará, na certa, a inclusão desses na expressão francesa “entourage”. Pompeu, Salústio e outros famosos serão meros “satélites” de Terência? Temos, todavia, razões para assim proceder, caros leitores: 1 – daquela plêiade de homens e mulheres de bem, de relevante valor intelecto-moral, foi ela quem viveu mais tempo, conforme a maioria dos historiadores, cento e quatro anos: de 100 a. C. até 4 da Era Cristã, sendo que há que afirme cento e dezessete e cento e três e 2 – sua atuação não se restringiu aos deveres das matronas romanas, que cuidavam da família e dos afazeres femininos de então, mas foi muito além, consistindo na teoria e na prática das comunicações com a realidade extrafísica, tal como faziam as pitonisas gregas e como fazia também sua meia-irmã Fábia Terência, esta última que era uma das seis sacerdotisas vestais daquele tempo. Aliás, Terência ficou como interna, junto com sua filha Túlia, no Templo de Vesta durante todo o exílio do seu então marido Marco Túlio Cícero. Terência era adepta do Neopitagorismo mesclado com crenças orientalistas trazidas para Roma pelo senador Públio Nigídio Fígulo. Para ter condições de realizar esse tipo de intercâmbio de forma segura e consciente, como o fez, tinha de conjugar dois elementos imprescindíveis: 1 – ser uma criatura humana moralmente íntegra e 2 – possuir um nível elevado de conhecimento teórico dos segredos da Iniciação pitagórica. Mas alguém ainda poderá apresentar outra indagação: - Que dados históricos temos para embasar todas essas afirmações sobre uma personalidade que um historiador machista disse ter sido uma mulher inexpressiva e outro, pior ainda, chegou a qualificar como uma quase prostituta. Mas responderemos, à primeira afirmação aleivosa, que a maioria dos historiadores reconhece à nossa personagem principal um valor intelecto-moral extraordinário, chegando um deles a dizer que ela foi maior que o próprio primeiro marido – Marco Túlio Cícero – 6 em vários pontos e, na verdade, assim o foi, pois Cícero foi muito mais “casca do que conteúdo”, mas não entraremos em detalhes quanto a isso, porque não é nosso objetivo desmoralizar ninguém, mas sim mostrar o trabalho relevante de alguns dos verdadeiros impulsionadores do Progresso da Filosofia principalmente no século I a. C. e, quanto à segunda aleivosia, dizemos que o fato de ter casado quatro vezes, que assusta alguns falsos moralistas, machistas sobretudo, não tem nada de imoral, pois Terência sempre foi fiel a cada um dos maridos. Isso sem contar um fator importante a ser levado em conta, de que, no caso do primeiro casamento, mesmo não tendo um marido presente e dedicado, cumpriu seus deveres honesta e dignamente durante trinta anos e esse casamento somente se encerrou porque o já cinquentão Cícero pediu o divórcio para poder casar com a jovem Publília, a qual contava menos de 20 anos de idade, sobretudo por uma questão de interesse financeiro e político, para não dizer outras coisas. Temos de fazer um parêntese aqui para esclarecer uma acusação feita pelo próprio Cícero contra a então esposa: de que estava repudiando-a porque ela administrou mal o patrimônio da família durante sua ausência forçada, ou seja, durante o exílio, mas a verdade é que Cícero apropriou-se da fortuna da esposa confiante e depois que viu uma jovem sedutora que parecia interessar-se por ele, acusou a fiel esposa de perdulária e ainda afirmou, de forma dúbia, que ela o tinha “traído”, o que significava uma dúvida na cabeça dos seus contemporâneos contra a nobre senhora. Sem querer desmantelar a boa fama do famoso jurista e político romano, temos a dizer que se tratava de um homem perigoso, ambicioso e desrespeitoso, além de desonesto, por utilizar um recurso imoral, acusando a esposa injustamente. Se queria mudar de esposa que o fizesse sem esse tipo de acusação grave, acompanhada da afirmação dúbia de “traição”. Mas encerremos esse incidente por aqui. O segundo casamento do já famoso jurista e político não foi muito longe, principalmente por conta da frivolidade e mentalidade interesseira da jovem esposa, terminando o marido desiludido por optar pelo divórcio e ela, ao ver que ele não voltaria atrás, logo se casou com um milionário. Terência não se desencaminhou moralmente como o faziam 7 muitas mulheres do seu tempo, mas permaneceu como divorciada alguns anos até casar com quem a amava verdadeiramente, no caso, o historiador Caio Salústio Crispo, onze anos mais novo que ela, mas a quem ela ajudou a se regenerar moralmente, depois de uma vivência que ele tinha levado de desregramentos e escândalos na vida privada e desonestidade como homem público. Salústio também era adepto do Neopitagorismo mesclado com as melhores filosofias orientalistas. O casamento feliz durou uma década e produziu muitos frutos inclusive na propagação dessa ideologia, que adubou o terreno cultural no território dominado por Roma, facilitando o desenvolvimento rápido das ideias cristãs, que ainda estavam para chegar no século seguinte. Não podemos deixar de destacar também, por uma questão de justiça, que foi ela a principal artífice do que ficou conhecido como os Jardins de Salústio, onde estava a moradia principal do casal enquanto o marido viveu, mas que ela teve de desocupar, cheia de tristeza, ao ficar viúva, desalojada, sem a mínima consideração, por determinação do herdeiro do falecido, que era o filho adotivo do historiador... Com a morte do segundo marido, ficou viúva por mais ou menos dez anos, até se decidir por casar com um antigo conhecido, trinta e quatro anos mais novo que ela, o qual era o político e intelectual Messala Corvino, homem de bem e que também participava daquela crença e divulgava-a havia algum tempo. Nova viuvez ocorreu e, daí a um tempo, que não foi curto, resolveu-se por um novo casamento, desta vez com um homem menos famoso que os anteriores, chamado Vibius Rufus, com quem conviveu harmonicamente, tendo-lhe sobrevivido. Os maldosos estarão, talvez, tentados a apelidá-la de “viúva negra”, por causa da morte dos sucessivos esposos, mas devemos respeitar as mulheres, que são nossas mães, esposas, irmãs e filhas e não fazer piada em cima da dignidade alheia, porque, como dito, casar seguidas vezes nunca foi, nem será, uma imoralidade, ainda mais quando se trata de pessoa longeva e honesta. Se fosse o caso de um homem alguém riria ou faria piada? Outro dado que temos de levar em conta para justificar esses sucessivos casamentos é a realidade machista, pois, se, ainda hoje, as mulheres sozinhas amargam inúmeras dificuldades decorrentes da 8 discriminação, quem dirá há dois milênios atrás, em que elas eram tratadas, na prática, apenas um pouco melhor do que os animais domésticos! Terência era prudente, inteligente e prática e sabia que precisava ter um marido para defendê-la nas incertezas da vida, inclusive financeiras, pois já tinha sofrido grandes desgostos e prejuízos, inclusive financeiros. Dos seus sucessivos maridos apenas Cícero era mais velho que ela: seis anos. Os outros eram mais jovens, mas isso nada tem de anormal ou imoral e qualquer estranheza de algum leitor correrá por conta do seu machismo e do preconceito antifeminista. Terência era uma mulher que gozava de boa saúde e não aparentava a idade que tinha, graças à sua boa disposição de ânimo e mente ativa, como sói acontecer com as pessoas otimistas e dedicadas ao Bem. Dito isto, vamos ao nosso ensaio, esperando destacar, naquele período relevante da humanidade, as personalidades que vivenciaram e divulgaram a Filosofia Neopitagórica e prepararam o terreno, no mundo romano, para a propagação da avançada Ideologia do Cristo, que tratava inclusive da reencarnação, noção essa que somente deixou de prevalecer no mundo cristão por imposição do segundo Concílio de Constantinopla, em 553. Prestem atenção, prezados leitores, neste item da nossa fala. Veja-se, então, a importância dos neopitagóricos para a evolução da humanidade, principalmente a população europeia e, futuramente, a do Novo Mundo (América), daí a um milênio e meio. Este livro não é religioso, mas sim um ensaio histórico: fazemos questão de alertá-los, prezados leitores. Outros personagens importantes para a divulgação do Neopitagorismo serão mencionados, dentre os quais os já citados três últimos maridos, além do filósofo Fígulo e outros neopitagóricos: Sócion, Moderato de Cádiz, Apolônio de Tiana, Nicômaco de Gerasa, Numênio de Apameia etc., mas há um que devemos incluir, e o fazemos, por uma questão de mérito: trata-se do general e político Cneio Pompeu, único em condições de enfrentar a tortuosidade de caráter de Caio Júlio César e impedir que tomasse o poder e transformasse Roma no que acabou sendo: um império corrupto, onde a onipotência dos governantes terminou por causar sua derrocada. Quanto aos personagens, ao invés de romancear suas vidas e 9 feitos, por uma questão de praticidade, preferimos transcrever muitas das referências da Wikipédia, apesar de nem todas serem corretas, mas, de uma forma ou de outra, os prezados leitores terão algumas informações sobre eles. No final das contas, também essa forma que adotamos servirá para vocês escolherem a versão que mais lhes aprouver. Os prezados leitores notarão que poucos dos livros escritos pelos nossos personagens chegaram até hoje, mas isso se deve, sobretudo, a dois fatores: 1 – esses livros eram de difícil conservação, pois eram muito volumosos e 2 – havia interesse da parte de Júlio César, de um lado, e da Igreja Católica, de outro, em destruí-los. Mas, se os livros eram destruídos, as pessoas tinham boca para divulgar seu conteúdo e propagar as noções do Neopitagorismo. 10 1 – TERÊNCIA Terência era uma mulher bonita, como podem ver pelo seu retrato, estampado na capa; inteligente; de personalidade vigorosa e que sabia o que estava fazendo na vida, tanto que passou por situações muito difíceis e não se deixou abater. Vamos ver o que a Wikipédia registra a seu respeito. Teríamos muitas outras referências de historiadores, mas nosso foco não é relacionar curiosidades, mas destacar seu trabalho dentro do Neopitagorismo. Sua capacidade sensorial apurada, que não se restringia aos cinco sentidos, mas estava no nível dos trezentos e cinquenta e sete, que representam o máximo, segundo a cultura dos índios americanos do norte, possibilitavam-lhe desempenhar o papel de pitonisa, sem, contudo, cobrar nada nem mesmo aceitar presentes ou favores das verdadeiras multidões que iam procurá-la para a cura de males do corpo, problemas pessoais e outras dificuldades. Pompeu era um dos que mais lhe pedia ajudar em termos de orientação para tentar neutralizar as desonestidades e as arbitrariedades de Júlio César e, por incrível que pareça, o próprio Júlio César também consultava a pitonisa pedindo orientações, que nunca lhe foram negadas. Terência era o foco principal desse contato entre o mundo físico, material, e o dos que já haviam morrido e continuavam empenhados em auxiliar o progresso da humanidade. A História registra a vida de muitas pitonisas, sendo das mais conhecidas a sacerdotisa de Endor, da história do rei Saúl, a pitonisa do Templo de Apolo, em Delfos, que falou que Sócrates era o homem mais sábio do seu tempo. Terência desempenhou esse tipo de atividade do Bem até os últimos dias de sua longa existência, mas duas outras mulheres devem ser lembradas, como grandes pitonisas, quais sejam sua filha Túlia e sua meia-irmã Fábia. Pedimos a atenção dos prezados leitores para o que a Wikipédia registra sobre Terência, sendo várias das informações absolutamente mentirosas, visando desmoralizá-la de várias maneiras. Se dermos crédito ao que consta claramente e o que se lançou nas entrelinhas, seria interesseira, infiel ao marido, preguiçosa, encrenqueira e mais alguma coisa: é melhor os próprios prezados 11 leitores deduzirem. Dessas informações vamos transcrever apenas as que interessam mais diretamente ao nosso estudo: Terência (nascida em 98 a. C. em Roma e falecida em 4 da era Cristã) foi uma nobre dama romana da família Terentia. Pertencia, portanto, a uma família nobre e era meia-irmã da virgem vestal Fábia. Era muito rica, o que lhe permitiu casar, em 80 ou 79 a. C. com o advogado Cícero, com o qual teve uma filha e um filho: Túlia, nascida por volta de 78 a. C., e Marco, nascido em agosto de 65 a. C. Ela contribuiu grandemente para o sucesso do marido. Mulher determinada e resoluta, tinha muita ascendência sobre o marido, impondo-lhe ficar contra Catilina. Todavia, não o acompanhou no exílio que lhe foi imposto em 58 a. C. e os gastos e desorganização que ela praticou durante sua ausência o fizeram repudiá-la. […] Como Cícero estava ainda sob a autoridade paterna, não havia ainda herdado. O dote de Terência foi provavelmente utilizado para financiar sua carreira política. Casamento e filhos Terência praticamente 18 anos quando casou com Cícero em 80 ou 79 a. C. Além das ligações entre as duas famílias, ela casou com ele porque ele parecia ter um futuro profissional promissor. Ela casou « sine manu », o que significa que seu dote passou ao controle do pai de Cícero e, depois, ao próprio marido, mas ela mesma administrava seus bens, com a ajuda do seu tutor Filotimo. Terência estava encarregada das atribuições domésticas. Como boa matrona romana, ela repartia os serviços como tecelagem e cozinha, entre os escravos. Fazia oferendas aos deuses. [...] Túlia, filha de Terência e Cícero, nascida em 78 a. C. Quando o casal fez dois anos de casado é provável que o casal não fosse mais muito fértil. Seu filho Marco nasceu somente em 65 a. C. A infertilidade é talvez igualmente indicada pelo fato de Túlia também ter tido problemas para ter filhos. [...] Terência e Túlia mantinham boas relações que lhes permitia sobreviver durante a guerra civil. Exílio de Cícero Plutarco quis apresentar Terência como uma esposa opressora enquanto que Cícero seria um homem frágil sob o controle dela. Quando a casa da família foi incendiada por ordem de Clódio, 12 Terência procurou refúgio no Templo das vestais, apesar de que pudesse ficar na residência do casal Túlia-Dolabela. É provável que Terência tenha permanecido na companhia das vestais durante todo o exílio de Cícero. Realmente, Terência procurou interferir para Cícero poder retornar a Roma. Cícero retornou a Roma em 57 a. C. Guerra civil e divórcio No início da guerra civil entre César e Pompeu, Terência e Túlia ficaram na casa do bairro Palatino (que foi reconstruída). O casal se divorciou em 47 ou 46 a. C. Após o divórcio, segundo São Jerônimo, ela casou com o hisytoriador Caio Salústio Crispo, dez anos mais jovem que ela, e depois com o orador Messala Corvino, mas esses casamentos não são confirmados por nenhum outro autor antigo e seu terceiro casamento é questionado pelo próprio São Jerônimo. Enfim, Dion Cassius afirmou que ela casou ainda outra vez, com o senador Vibius Rufus, mas outros afirmam que o senador casou foi com Publília. Morreu em idade avançada (103 anos, segundo Plínio e Valério Máximo). Há outra menção que devemos repetir com relação a Terência: é quanto aos famosos “Jardins de Salústio”. Na verdade dever-se-ia dizer “Jardins de Terência”, pois foi ela quem realizou o milagre da beleza no espaço adquirido por ele. Como lhe dava liberdade total para decorar o jardim como bem lhe aprouvesse, a inteligente senhora realizou ali froezas em prol do Belo. Vejamos o que a Wikipédia informa: ―Os jardins de Salústio (latim: Horti Sallustiani) foram jardins romanos criados pelo historiador Salústio no século I a.C., utilizando a riqueza que obteve mediante extorsão no seu cargo como governador da província de África Nova (a recém conquistada Numídia). Os jardins ocuparam uma grande extensão a noroeste de Roma, a qual se tornaria a Região VI, entre as colinas de Píncio e Quirinal, perto da Via Salária. Hoje em dia, esse rione é conhecido como Salustiano. Os jardins possuíam vários pavilhões, um templo a Vênus e esculturas monumentais. Entre as peças que se encontraram nos jardins incluem-se: O Obelisco Salustiano, uma cópia romana de um obelisco 13 egípcio que agora encontra-se frente à igreja Trinità dei Monti, perto da Piazza di Spagna, no topo da famosa escadaria. O Vaso Borghese, descoberto no século XVI. As esculturas conhecidas como o Galo moribundo e o Galo Ludovisi. O Trono de Ludovisi, encontrado em 1887, e o Trono de Boston em 1894. Os jardins foram adquiridos por Tibério e conservados durante muitos séculos pelos imperadores romanos como serviço público. O Imperador Nerva faleceu de uma febre numa villa situada nos jardins, em 98. Segundo Procópio, eles continuaram sendo um lugar de descanso imperial até serem saqueados pelos godos, em 410. Em princípios do século XVII, o Cardeal Ludovico Ludovisi, sobrinho do Papa Gregório XV, adquiriu o lugar e construiu a Villa Ludovisi; durante os trabalhos no lugar, foram redescobertas muitas esculturas romanas importantes. Quando houve a dissolução da Villa Ludovisi, após 1894, a maior parte da área ocupada pelos jardins foi dividida em parcelas que foram edificadas, enquanto Roma crescia como capital do país após a unificação da Itália.‖ 14 2 – SALÚSTIO Primeiro vamos traçar as linhas do caráter desse homem ambicioso, mas generoso, que, tendo visto que a única oportunidade de crescimento seria aliando-se ao partido de Caio Júlio César, agarrou-se a ele e fez toda sua carreira em função dessa dependência. Mas pagou um preço muito alto, pois as falcatruas que tinha de cometer para manter-se prestigioso no partido acabavam desmoralizando-o, pois o chefe tinha a sutileza e a manha da raposa e todas as sujeiras acabavam sendo atribuídas aos membros do segundo e do terceiro escalão. Salústio foi um desses elementos que Caio Júlio César utilizava para conseguir seus objetivos desonestos e arbitrários. Mas Salústio entrou nessa gelada porque quis, porque era ambicioso e queria ser poderoso e rico, como chegou a ser realmente. Somente com a morte de Júlio César assumiu para valer sua verdadeira índole honesta e generosa, ao lado da recém-companheira Terência, que o transformou num homem exemplar. Para usarmos uma expressão atual, podemos dizer que, enquanto Júlio César viveu, Salústio esteve, diante dele, “com o rabo entre as pernas”. É interessante como acontecem esses verdadeiros milagres, principalmente quando uma pessoa boa surge na vida de quem está perdido no emaranhado dos interesses mundanos, quer se regenerar. Os historiadores não registram essa mudança de rumo na vida do devasso e corrupto homem político, que foi Salústio, mas pode-se deduzir essa mudança depois da morte de Júlio César, principalmente pelo fato de sua adesão às ideias trazidas a Roma pelo famoso filósofo Nigídio Fígulo. Passemos, agora, às informações da Wikipédia. ―C. Salústio Crispo nasceu em Amiterno, cidade do país dos sabinos, no ano romano de 668 (87 a. C.), durante do sétimo consulado de Mário. Seu pai, como mais tarde o pai de Horácio, O educou em Roma, com menos precauções induvidosamente e menos vigilante solicitude, porque, bem cedo, ele se entregou a todas as desordens que, naquele tempo, prevaleciam na capital do mundo, onde dominavam o luxo e a corrupção. Também pródigo em dilapidar seus bens e pouco escrupuloso em ganhar dinheiro, Salústio, fala-se, foi obrigado a vender a casa do pai, o qual 15 morreu de desgosto; fato que não parecia acreditável a quem os romanos acreditavam representar o orgulho paterno. Mas o prazer não lhe fez deixar de lado os estudos, e, tão logo caiu em si, retomou toda a austeridade do selvagem e duro ambiente no qual nasceu. "Ele teve sempre, disse o presidente de Brosses, a noção clara do Bem e do Mal." Foi assim que, tão depravado como pode ser, ele teve forças para ser, aos vinte e dois anos, o bom caráter para não se jogar, como todos os outros jovens que viviam no desregramento, na conspiração de Catilina. Entrando no caminho necessário para ficar famoso, iniciou-se na carreira de advogado, mas sem muito entusiasmo, como parece; pelo menos não parece que se destacou. A literatura grega, e, nessa literatura, a História e a Política, foram seus principais estudos. Desdenhando, diz ele mesmo, a caça, a agricultura e os outros exercícios físicos, ocupou-se em fortalecer, pela leitura e meditação, a têmpera naturalmente vigorosa da sua alma. Tinha como referência nos seus estudos e conservou sempre como conselheiro e amigo Ateius Pretextatus, reitor ateniense, que era filólogo e que tinha fundado em Roma uma escola muito procurada. Quando chegou à idade de poder ocupar cargos públicos, tornouse questor, não se sabe exatamente em que ano. Se foi aos vinte e dois anos, idade fixada pela lei, seria em 636, durante o consulado de Lucius Calpurnius Pison e de Caesonius Gabinius, ano do exílio de Cícero e no tribunato de Clódio. Era para a república uma época de distúrbios e de infelicidade. O triunvirato de Pompeu, César e Crasso tinha paralisado a vida normal do governo e suspenso a constituição romana. Às cenas tumultuosas que levaram ao exílio o pai da pátria sucederam-se as rixas não menos deploráveis que provocaram seu retorno. Clódio e Milon, demagogos igualmente violentos em causas diferentes, lideravam essas lutas sangrentas. Foi nessa conjuntura que Salústio chegou ao tribunato, no ano 701 de Roma, mais feliz nisso que Catão, que, na mesma época, pediu, sem êxito, diversos cargos, comparação que Salústio não deixou de divulgar em seu favor: "Que se considere, diz, a época em que conquistei os mais importantes cargos e quais homens o puderam fazer.‖ Salústio adotou as inimizades e as afeições de Clódio, seu amigo íntimo; entrou em todas suas intrigas, em todas as suas desordens 16 públicas. Afora sua amizade com Clódio, Salústio tinha uma razão particular para odiar Milon, a quem ele ultrajou, como esposo, sofrendo uma punição difícil de esquecer. Pego em flagrante de intimidade com a bela Fausta, esposa de Milon e filha do ditador Sila, foi rudemente agredido e condenado a pagar uma indenização elevada. Tribuno da plebe, Salústio se mostrou, quase em todas as ocasiões, inimigo de Pompeu e defensor de cidadãos tortuosos; conduta condenável pela qual pagou caro. No ano de 704, os censores Appius Pulcher e L. Calpurnius Pison o exoneraram do Senado por causa da sua má conduta. Uma revolução o pôs fora da carreira política, outra revolução o fez retornar. César, após a conquista das Gálias, tinha se posto contra o Senado: sua corrente era o asilo de todos os rebeldes e descontentes: Salústio naturalmente ali ingressou; o partido de César, seu antigo partido, partido popular para o qual sempre se inclinou; aliás, tornando-se tribuno, mostra-se dedicado amigo de César, sendo bem acolhido. Logo foi nomeado questor e retornou ao Senado, dois anos após sua exoneração. Enquanto César combatia Pompeu na Grécia, Salústio permanecia na Itália no exercício do seu cargo ―no cumprimento do qual, se valem os depoimentos suspeitos, ele vende a consciência todos os dias‖. Retornando a Roma, em 708, César elevou Salústio à pretoria. Ele tinha, então, quarenta anos. No ano seguinte, casa com Terência, ex-esposa de Cícero. Por muito tempo Terência tinha exercido sobre o ex-marido uma autoridade despótica, mas repudiou-a por causa do seu caráter orgulhoso, sua dureza no trato com a filha e suas prodigalidades. [...] Sucessivamente esposa de Cícero, de Salústio, casou depois com o célebre orador Messala Corvinus, tendo tido a felicidade de ser esposa de três dos mais proeminentes gênios do seu século. Mas ela não se contentou com isso: tendo sobrevivido ao terceiro marido, casou com o quarto: Vibius Rufus, e faleceu, segundo Eusébio, com a idade de cento e dezessete anos. Quando César foi combater na África o resto do exército de Pompeu, Salústio receber a ordem de levar para lá uma segunda legião e outras tropas. Mas, chegando ao porto, seus soldados se recusaram a seguir adiante, exigindo benefícios que César lhes tinha prometido. Salústio, tentou, então, contornar a situação, mas não obteve sucesso; para conter essa rebelião foi necessária toda astúcia de César. Salústio seguiu César à África na qualidade 17 de pro pretor. [...] Após a vitória em Tapso, Salústio obteve, com o título de procônsul, o governo da Numídia. Cometeu, nessa província, grandes apropriações de dinheiro público. [...] Todavia, os africanos não deixaram isso de graça: foram a Roma acusá-lo, mas foi absolvido por César, ao qual deu grande parte do produto do crime. A morte de César fez Salústio encerrar sua carreira política. Detentor de uma grande fortuna, sonhava usufruir dela, numa vida voluptuosa e tranquila. Fez construir uma magnífica habitação e plantar jardins em região privilegiada de Roma: atualmente conhecida como Jardins de Salústio. [...] Assim Salústio passou os últimos nove anos da vida, entre estudos, prazeres e a convivência com pessoas ilustres. À sua casa compareciam Messala Corvino, Cornélio Nepo, Nigídio Fígulo e Horácio, o qual começava a ficar conhecido. Salústio morreu no ano 718, durante o consulado de Cornificius e do jovem Pompeu, com cinquenta e um anos de vida. Não teve filhos, mas somente um adotivo, neto de sua irmã, que herdou toda sua fortuna.‖ (http://remacle.org/bloodwolf/historiens/salluste/introduction.htm) 18 3 - MESSALA CORVINO Messala Corvino começou, muito jovem ainda, a frequentar a casa de Salústio e Terência e a fazer parte do grupo de seguidores de Nigídio Fígulo, que eram neopitagóricos. Sua contribuição ali foi muito grande e, após o falecimento do amigo, pelo muito amor que sentia pela sua grande amiga, resolveram casar, o que possibilitou o sustento material da destacada pitonisa, que, como dito antes, precisava do braço forte de um marido para sobreviver naquele meio brutal de há dois milênios atrás. Corvino não se envergonhou de tornar-se marido de uma valorosa matrona trinta e quatro anos mais velha que ela. Mas a verdade é que havia muitos pretendentes que ficariam felizes de ligar sua vida à daquela que impressionava a todos pela beleza plástica, inteligência e força moral. Corvino sentiu-se realizado ao lado daquela verdadeira deusa do Olimpo e assim continuaram as reuniões do grupo fundado informalmente por Nigídio, grupo esse, aliás, que continuaria, com novos membros, até depois da morte da própria Terência, pois as ideias avançadas não morrem com as pessoas, mas vão pelos séculos adiante. A crença na reencarnação, como dito anteriormente, somente encontrou uma barreira mais forte no segundo Concílio de Constantinopla, em 553, ou seja, muitos séculos depois da vida dos nossos personagens romanos. Vejamos o que a Wikipédia registra sobre esse homem de bem, culto e valoroso. ―Marco Valério Messala Corvino (latino: Marcus Valerius Messalla Corvinus; 64 a.C. – 8 d. C.) foi um militar e escritor romano, patrono da Literatura e da Arte. [...]‖ (https://it.wikipedia.org/wiki/Marco_Valerio_Messalla_Corvino) 19 4 – VIBIUS RUFUS Foi um senador romano, que também era adepto do Neopitagorismo e casou com a nossa heroína nos últimos anos da vida dela. Sua presença, seu apoio a ela e sua coragem foram muito importantes para que ela levasse adiante sua colaboração para a sustentação e divulgação daquelas ideias avançadas. Presta-se aqui uma homenagem sincera a esse idealista corajoso. Infelizmente, a Wikipédia é pobre nas informações que dá sobre ele e ficaremos apenas com estas nossas palavras sobre Vibius Rufus. 20 5 – FÍGULO Toda ideia avançada tem de ter um grande defensor, alguém que assuma publicamente os riscos da sua defesa. No caso do Neopitagorismo, em Roma, naquele momento histórico, quem desempenhou esse papel heroico foi justamente Nigídio Fígulo. Seus detratores chamavam-no de bruxo, devasso e outros qualificativos que não merecia, tal como fizeram nos dias de hoje quanto a Osho, tido com sexólatra, a Sócrates, na sua época apodado de pederasta passivo e, há pouco tempo atrás, Sathya Sai Baba de pedófilo. Quanto faltam argumentos sérios apelam para a desmoralização na área da sexualidade. Mas Nigídio foi um homem de uma cultura humanística invejável, mas, sobretudo, dotado de um grande conhecimento da Doutrina Secreta dos egípcios, que ele conheceu em suas viagens pelo Oriente. Essa Doutrina era a base do Neopitagorismo. Formou um grupo informal, onde estudavam-se os postulados daquela Doutrina. Não havia regulamentos internos nem lideranças impostas, e, justamente por isso, evitaram-se disputas e a estagnação, que corroeu o Cristianismo e outras correntes religiosas e filosóficas. Passemos ao que a Wikipédia diz sobre Fígulo. ―Públio Nigídio Fígulo (Roma, 98 a. C. - 45 a. C.) erudito, filósofo e gramático romano. Nasceu em uma família plebeia, como indica seu sobrenome, figulus, que significa "vassalo" e deriva da rotação da Terra. Foi tribuno da plebe em 59 a. C. e nomeado pretor em 58 a. C. Tornou-se amigo de Cícero e ocupou cargos na Ásia Menor em 52 a. C. Assimilou ali grande quantidade de conhecimentos e reintroduziu e divulgou o Neopitagorismo ao retornar a Roma; ficou muito famoso como erudito e, sobretudo, como astrólogo e adivinho, em especial mediante a chamada Brontomancia, ou seja, adivinhação pelo ruído dos trovões. Durante a guerra civil entre Júlio César e Pompeu tomou partido deste último. Exilado por César em 46 a. C., ao voltar para Roma, graças à intercessão do seu amigo Cícero, morreu em 45 a. C., como afirma Suetônio. Considera-se Fígulo um exponente do ecleticismo erudito de 21 origem alexandrino, à maneira de Marco Terêncio Varro. Ademais, promoveu o Neopitagorismo em Roma, que mesclou com elementos órficos e motivos mágicos e astrológicos de origem oriental. Dois séculos despois de sua morte, Aulo Gélio o comparou com Varro, considerando a ambos os maiores eruditos daquela época. Nigídio Fígulo foi citado por Apuleio na sua Apologia, e por Santo Agostinho de Hipona em De civitate Dei, V, 3. Apesar de que todas as obras de Fígulo se tenham perdido, conhece-se seu pensamento através das referências que lhe fazem Sêneca, Aulo Gélio, Sérvio e Macróbio, que citam os seguintes títulos seus: Sobre Astronomia e Filosofia pitagórica: De exitis, De auguria privata, De somnis, De dis. Sobre Ciência da Natureza: De animalibus, De vento, De terris. Sobre Gramática: Commentarii gramatici. Sobre Retórica: De gestu.‖ (https://es.wikipedia.org/wiki/Publio_Nigidio_F%C3%ADgulo) 22 6 - MODERATO DE CÁDIZ ―Moderato de Cádiz, filósofo hispano latino del siglo I d. C, perteneciente al Neopitagorismo. Natural de Gades (la atual Cádiz), vivió en el siglo I de la era cristiana. Se sabe muy poco sobre él: se cree que enseñó en Roma cuando era emperador Nerón, fue contemporáneo de Séneca y gozó de bastante prestigio no sólo entonces, sino en siglos posteriores. Durante mucho tiempo se le confundió con su paisano Lucius Junius Moderatus, Columela. Dentro del movimiento filosófico de su época, caracterizado por el Eclecticismo, significó la restauración de la filosofía de Pitágoras mediante lo que se ha venido a llamar Neopitagorismo. Escribió unas Lecciones pitagóricas en griego, distribuidas en once libros, que se ha perdido, si bien Estobeo en su Florilegium ha conservado tres fragmentos que versan sobre la teoría de los números. Estos textos fueron recogidos y traducidos por Adolfo Bonilla y San Martín en su Archivo de Historia de la Filosofía, Madrid, 1905. Anteriormente los editó Mullach en Fragmenta philosophorum graecorum, París, 1881, tomo II, pág. 48. Sus ideas han llegado a nosotros también indirectamente, a través de escasos pero extensos pasajes de filósofos neoplatónicos e historiadores griegos (Plutarco de Queronea en sus Moralia, IV; Sirano, Suidas, Eusebio de Cesarea, el comentario de Simplicio a la Física de Aristóteles, Jámblico, que comenta sus enseñanzas sobre el alma y según las cuales ésta es una construcción numérica armónica permanente y universal en unidad y se cuenta entre las sustancias matemáticas, y dos pasajes extensos de Porfirio en sus Vidas de Plotino (cap. XX) y Pitágoras (cap. XLVIII), donde comenta su interpretación de los números y los principios primeros). Moderato fue llamado por San Jerónimo vir eloquentissimus. Según Étienne Vacherot, citado por Marcelino Menéndez Pelayo en sus Ensayos de crítica filosófica, Moderato Intenta fundir en una sola doctrina el pitagorismo y el platonismo. Este filósofo admitía, además de la materia, tres principios de las cosas: la unidad primera, superior al ser y a toda esencia; la unidad segunda, que es el verdadero ser, lo inteligible, las ideas; la tercera unidad, que es el alma, y que como tal, participa de la unidad primera y de las ideas. En cuanto a la materia, Moderato 23 intentaba enlazarla con el principio divino. «La razón universal (decía), queriendo dar nacimiento a todos los seres, había separado de su esencia la cantidad, retirándose de ella y privándola de todas las formas e ideas que le pertenecen. Esta cantidad, esta idea, separada, por privación, de la razón universal que contiene en sí misma las razones de todos los seres, es el modelo de la materia corpórea. Por consiguiente, la materia no es otra cosa que la cantidad ideal desprendida de la unidad divina y convirtiéndose, por su separación, en cantidad real, sin forma y sin unidad, dividida y dispersa hasta lo infinito».‖ (https://es.wikipedia.org/wiki/Moderato_de_C%C3%A1diz) 24 7 - APOLÔNIO DE TIANA ―Apolônio de Tiana (português brasileiro) ou Apolónio de Tiana (português europeu) (em grego: Τσανεα Απολλωνιον; Tiana, 15 d.C. – Éfeso, c. 100 d.C.) foi um filósofo neopitagórico e professor de origem grega. Seus ensinamentos influenciaram o pensamento científico por séculos após a sua morte. A principal fonte sobre a sua biografia é a "Vida de Apolônio", de Flávio Filóstrato, na qual alguns estudiosos identificam uma tentativa de construir uma figura rival à de Jesus Cristo. Apolônio também é citado nas obras "A Vida de Pitágoras", de Porfírio, e "A Vida Pitagórica", de Jâmblico. Acredita-se ainda que ele seja o personagem "Apolo", citado na Bíblia em Atos dos Apóstolos e I Coríntios. Apolônio foi vegetariano e discípulo de Pitágoras, com base no seu escrito, abaixo: "Por mim discerni uma certa sublimidade na disciplina de Pitágoras, e como uma certa sabedoria secreta capacitou-o a saber, não apenas quem ele era a si mesmo, mas também o que ele tinha sido; e eu vi que ele se aproximou dos altares em estado de pureza, e não permitia que a sua barriga fosse profanada pelo partilhar da carne de animais; e que ele manteve o seu corpo puro de todas as peças de roupa tecidas de refugo de animais mortos; e que ele foi o primeiro da humanidade a conter a sua própria língua, inventando uma disciplina de silêncio descrito na frase proverbial, 'Um boi senta-se sobre ela.' Eu também vi que o seu sistema filosófico era em outros aspectos oracular e verdadeiro. Então corri a abraçar os seus sábios ensinamentos…" Nascido na cidade de Tiana (Turquia), na província da Capadócia, na Ásia Menor, então integrante do Império Romano, alguns anos antes da era cristã, foi educado na cidade vizinha de Tarso, na Cilícia, e no templo de Esculápio em Aegae, onde além da Medicina se dedicou às doutrinas de Pitágoras, vindo a adotar o ascetismo como hábito de vida em seu sentido pleno. Após manter um juramento de silêncio por cinco anos, ele partiu da Grécia através da Ásia e visitou Nínive, a Babilônia e a Índia, absorvendo o misticismo oriental de magos, brâmanes e sacerdotes. Durante esta viagem, e subsequente retorno, ele atraiu um escriba e discípulo, Damis, que registrou os acontecimentos da 25 vida do filósofo. Estas notas, além de cobrirem a vida de Apolônio, compreendem acontecimentos relacionando a uma série de imperadores, já que viveu 100 anos. Posteriormente essas notas chegaram às mãos da imperatriz Julia Domna, esposa de Septímio Severo, que encarregou Filóstrato de usá-las para elaborar uma biografia do sábio. A narrativa dessas viagens por Damis, reproduzida por Filóstrato, é tão repleta de milagres, que muitos a têm considerado como de caráter imaginário. Em seu retorno à Europa, Apolônio foi saudado como um mágico, e recebeu as maiores homenagens quer de sacerdotes quer de pessoas em geral. Ele próprio se atribuiu apenas o poder de prever o futuro; já em Roma afirma-se que trouxe à vida a filha de um senador romano. Na auréola do seu poder misterioso ele atravessou a Grécia, a Itália e a Espanha. Também se afirmou que foi acusado de traição tanto por Nero quanto por Domiciano, mas escapou por meios milagrosos. Finalmente Apolônio construiu uma escola em Éfeso, onde veio a falecer, aparentemente com a idade de cem anos. Filóstrato mantém o mistério da vida do seu biografado ao afirmar: "Com relação à maneira de sua morte, ‗se ele morreu‘, as narrativas são diversas." Esta obra de Filóstrato é geralmente considerada como um trabalho de ficção religiosa. Ela contém um número de histórias obviamente fictícias, através das quais, no entanto, não é de todo impossível discernir o caráter geral do homem. No século III, Hierócles esforçou-se para provar que as doutrinas e a vida de Apolônio eram mais valiosas do que as de Cristo, e, em tempos modernos, Voltaire e Charles Blount (1654-1693), o livrepensador inglês, adotaram um ponto de vista semelhante. À parte este elogio extravagante, é absurdo considerar Apolônio meramente como um charlatão vulgar e um fazedor de milagres. Se descartamos a massa de mera ficção que Filóstrato acumulou, ficaremos com um reformador sincero, altamente imaginativo, que tentou promover um espírito de moralidade prática. Escreveu muitos livros e tratados sobre uma ampla variedade de assuntos durante a sua vida, incluindo ciência, medicina, e filosofia. As suas teorias científicas foram finalmente aplicadas à ideia geocêntrica de Ptolemeu que o Sol revolvia ao redor da Terra. 26 Algumas décadas após a sua morte, o [Imperador romano imperador]] Adriano colecionou os seus trabalhos e assegurou a sua publicação por todo o império. A fama de Apolônio ainda era evidente em 272 d.C., quando o imperador Aureliano sitiou Tiana, que tinha se rebelado contra as leis romanas. Num sonho ou numa visão, Aureliano afirmava ter visto Apolônio falar com ele, suplicando-lhe poupar a cidade de seu nascimento. À parte, Aureliano contou que Apolônio lhe disse "Aureliano, se você deseja governar, abstenha-se do sangue dos inocentes! Aureliano, se você conquistar, seja misericordioso!" O imperador, que admirava Apolônio, poupou desse modo a cidade. Também no século III, Flávio Vopisco, em seu escrito sobre Aureliano, cita Apolônio. O Livro de Pedras, do alquimista medieval islâmico Jabir ibn Hayyan, é uma análise prolongada de trabalhos de alquimia atribuídos a Apolônio (aqui chamado Balinas) (ver, por exemplo, Haq, que fornece uma tradução para o inglês de muito do conteúdo do Livro de Pedras). Devido a algumas semelhanças de sua biografia com a de Jesus, Apolônio foi, nos séculos seguintes, atacado pelos Padres da Igreja sendo considerado desde um impostor até um personagem satânico. Mas houve também quem o exaltou comparando-o aos grandes magos do passado, como Moisés e Zoroastro. Apolônio faleceu em Éfeso, cerca de 100 d.C. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Apol%C3%B4nio_de_Tiana) 27 8 - NICÔMACO DE GERASA ―Nicômaco de Gerasa (también Nicomachus, ca. 100 d. C., Gerasa, atualmente Jerash, en Jordânia), fue un filósofo y matemático neopitagórico. Autor de la obra de gran influencia Introducción a la aritmética (Arithmetike eisagoge), un tratado en donde aborda la teoría de números. El tratado se constituyó en manual de base de las escuelas platónicas; traducido en varias ocasiones, fue considerado una autoridad durante diez siglos. Poco se sabe de la vida de Nicômaco con certeza, excepto que venía de Gerasa y que era pitagórico. La época en que vivió se infiere indirectamente por citaciones, tanto de Nicómaco mismo (cita a Trasilo de Mendés, que muere en el 36 d.C.) como de otros autores (Apuleyo traduce Introducción a la Aritmética al latín en el siglo II). La obra de Nicómaco es una observación de las propiedades de los números, y permite comprender mejor la filosofía de Pitágoras y de Platón en el dominio de las matemáticas. Nicómaco reconoce cuatro «métodos científicos» o «ciencias hermanas»: la aritmética, la música, la geometría y la astronomía. Dice de la aritmética: «que preexiste a las otras en la mente del dios artesano». Introducción a la aritmética (Arithmetike eisagoge, del griego Ἀριθμηηικὴ εἰζαγωγή) es el primer trabajo en donde se trata la Aritmética de forma separada a la Geometría. En él, Nicómaco estudia los números y sus propiedades tanto metafísicas: cualidad, cantidad, forma, tamaño, etc., como matemáticas: define los números pares e impares, los primos y los compuestos, los números perfectos y los números amigables. Contrariamente a Euclides, Nicómaco no ofrece demostraciones abstractas de sus teoremas, sino que se limita a enunciarlos e ilustrarlos con ayuda de ejemplos numéricos. Muchos de los resultados descritos en la Introducción habían sido enunciados anteriormente por Euclides, pero de forma geométrica. Algunos otros, son directamente falsos. Una versión en latín de la Arithmētikē -perdida- fue traducida por Lucius Apuleius (c. 124– 170); otra versión de Ancius Boethius (c. 470–524) sobrevivió y fue utilizada en las escuelas hasta el Renacimiento. Harmonicum enchiridium (Manual de armónicos, gr. Ἐγτειρίδιον ἁρμονικῆς) es el primer tratado importante sobre teoría musical. 28 En él, Nicómaco ahonda en la relación entre la música y el ordenamiento del universo vía la armonía de las esferas; su interpretación sobre las relaciones entre el oído y la voz para la comprensión musical, une las visiones antagónicas de Aristóxeno y Pitágoras. Nicómaco relata la leyenda de Pitágoras al descubrir los «tonos armoniosos» provenientes del sonido que hacían unos martillos (hoy conocidos como los martillos de Pitágoras). Adicionalmente al Manual, sobreviven diez extractos de lo que parece haber sido originalmente un trabajo aún más sustancial en música. Escritos perdidos Arte de la aritmética, (gr. Τέτνη ἀριθμηηική). Un trabajo mayor en aritmética, mencionado por Focio. Un trabajo mayor en música, promovido por Nicómaco mismo en sus comentarios a Arquímedes. Una Introducción a la geometría, referido por Nicómaco mismo. Teología de la aritmética (gr. Θεολογούμενα ἀριθμηηικῆς), sobre las propiedades místicas que los pitagóricos atribuían a los números, en dos libros (mencionados por Focio), del que solo quedan algunos fragmentos. Un trabajo similar con el mismo título, debido a Jámblico, fue escrito dos siglos más tarde y contiene gran parte del material de Nicómaco copiado o parafraseado. Una Vida de Pitágoras. Nicómaco es una de las principales fuentes citada tanto por Porfirio como por Jámblico en sus respectivas Vidas de Pitágoras.‖ (https://es.wikipedia.org/wiki/Nic%C3%B3maco_de_Gerasa) 29 9 - NUMÊNIO DE APAMEIA ―Numênio de Apameia (português brasileiro) ou Numénio de Apameia (português europeu) foi um filósofo platônico do século II que teve um impacto considerável sobre o platonismo posterior, mais notavelmente em Plotino. A sua obra sobrevive apenas em fragmentos, seja como trechos ou relatórios de fontes posteriores, em sua maioria platônicos, cristãos e pagãos (por exemplo, de Orígenes, Eusébio de Cesareia, Porfírio, ou Proclo) . O último filósofo neopitagórico importante, talvez o pensador mais original e criativo da tradição pitagórica. Pouco se sabe sobre a vida de Numênio. As referências existentes associam Numênio a duas cidades, Apameia (na Síria) e Roma. Amélio, estudante de Plotino, era um admirador entusiasmado de Numênio e o chama de "Apameu, que se mudou de Roma para Apameia. João, o Lídio (séc. VI), no entanto, refere-se a Numênio como "o romano" . O forte interesse de ambos Amélio e Porfírio em considerar Numênio faz disso a prova em a Vida de Plotino de Porfírio bastante significativa, mas o testemunho de João, o Lídio também pode conter alguma verdade. Uma possível forma de conciliar os dois é que Numênio nasceu em Apameia mas ensinou tanto lá quanto em Roma. Numênio era um neopitagórico, mas seu objetivo foi traçar as doutrinas de Platão até Pitágoras e ao mesmo tempo mostrar que ambas não estavam em desacordo com os dogmas e mistérios brâmanes, judaicos, magos e egípcios6 Sua intenção era restaurar a filosofia de Platão, o genuíno pitagórico e mediador entre Sócrates e Pitágoras em sua pureza original, eliminado doutrinas aristotélicas e estóicas, e purificado-as de explicações insatisfatórias e perversas que, segundo ele, foram encontrados até mesmo em Espeusipo e Xenócrates, e que, através da influência de Arcesilau e Carneades levou a um fundo ceticismo. Seus livros Sobre o Bem (do grego Περὶ Τἀγαθοῦ, Peri Tagathou) continham explicações minuciosas, principalmente, em oposição ao estoicos, de que a existência não podia ser encontrada sequer nos Elementos, porque eles estavam em um estado perpétuo de mudança e transição e tampouco na matéria, porque é vaga, inconstante, sem vida e não um objeto de nosso conhecimento em si, contrária a existência, que tem por fim resistir à destruição e 30 decomposição da matéria , esta deve ser incorpórea e removida de toda mutabilidade, na presença eterna, sem estar sujeita à variação do tempo, simples e imperturbável na sua natureza por sua própria vontade, bem como pela influência externa. A verdadeira existência é idêntica ao primeiro deus existente em si mesmo, isto é, assim como o Bem é definido como o espírito (nous)10 Mas, como o primeiro deus (absoluto) existente em si mesmo e imperturbável em seu movimento, não poderia ser criador (δημιοσργικός, o Demiurgo ), ele pensou que nós devemos considera um segundo deus que mantém a matéria em conjunto, direciona sua energia para ela e para as essências inteligíveis e dá o seu espírito a todas as criaturas, a sua mente está direcionada para o primeiro deus, em quem contempla as ideias de acordo com o que ele organiza no mundo harmoniosamente, sendo apreendido com o desejo de criar o mundo. O primeiro deus comunica suas ideias para o segundo, sem perdê-las de si, assim como transmitimos conhecimento ao outro, sem privar-se dele por isso. Judaísmo e Cristianismo Numenius considerou que havia uma espécie de trindade dos deuses, os membros que ele designou como "pai", "criador" e "o que é feito", ou seja, o mundo. Xilogravura de "Die Bibel in Bildern, 1860. Numênio é famoso ao afirmar que Platão é um Moisés falando grego ático, ou seja, que Platão era o Moisés helenistico. No entanto, a veracidade desta afirmação é contestada desde que a citação vem dos Padres da Igreja que tinham interesse em ligar a sabedoria grega à bíblica, o que justificaria a superioridade do cristianismo sobre o helenismo, porque Moisés antecede Platão assim, a fonte original dessa sabedoria é a raiz do cristianismo e não a cultura helenística. A divergência principal com Platão é a distinção entre um "primeiro Deus" e o "demiurgo". Isto provavelmente é devido à influência dos filósofos judeus e alexandrinos (especialmente Fílon de Alexandria e sua teoria do logos). De acordo com Proclo, Numenius considerou que havia uma espécie de trindade dos deuses, os membros que ele designou como "pai", "criador" e "o que é feito", ou seja, o mundo. A primeira é a divindade suprema ou a inteligência pura, o segundo o criador do mundo, a terceira o mundo em si. Numênio também alegou que os três deuses, o "pai", 31 o "Criador" e a "Criação" eram na verdade um só. Seus trabalhos eram altamente estimados pelos neoplatônicos, e Amélio, estudante de Plotino (que era crítico do gnosticismo) disse ter composto quase dois livros de comentários sobre ele. Ao contrário do ensino ortodoxo judaico-cristão (mais de acordo com os ensinamentos do gnosticismo), como Orfeu e Platão18 Numenius escreveu sobre o corpo humano como uma prisão da alma. Interpretação do Génesis Grande parte da interpretação do Gênesis I de Numênio é elaborado a partir da filosofia de Platão formas. Numênio também chama muito a partir de Timeu de Platão, que apresenta a história de um grande criador chamado o Demiurgo que criou tudo à semelhança de formas platônicas. No entanto, a interpretação de Numênio pode causar alguma confusão, porque de acordo com a interpretação clássica do Gênesis, Deus cria tudo e antes daquele momento ela não existia (criação ex nihilo). Não está claro onde exatamente Numênio está essa parte no Gênesis. No Timeu, Platão inclui na história que a criação teve um começo no tempo. Numênio pode ter tentado responder isto propondo que o cosmos tem um ciclo de destruição e criação. Embora seja difícil determinar como Numênio considerou essas discrepâncias, é possível que ele tenha considerado a criação original do cosmos o início de tais ciclos.‖ (https://pt.wikipedia.org/wiki/Num%C3%AAnio_de_Apameia) 32 10 - PLOTINO ―PLOTINO - O Neoplatonismo não cristão ou a metafísica de PLOTINO (Dra. Ercilia Simone Dalvio Magaldi) O neoplatonismo tem um caráter místico, religioso, além de alta filosofia. É o fecho da Antiguidade e seu grande expoente é Plotino. É uma era de transição e consequentemente de grande ansiedade. A filosofia está gradativamente se pondo a serviço da teologia. Nos grandes polos pululam uma enorme diversidade de seitas, e os grandes pensadores se sentem compelidos ao estudo das correntes que influenciam esse período. As correntes que deram origem ao neoplatonismo: - pitagorismo -platonismo -estoicismo -aristotelismo -epicurismo -tradições orientais -gnosticismo -hermetismo -cristianismo -judaísmo (as duas últimas em menor grau de influência) Embora o coração do neoplatonismo fosse a metafísica de Platão, sobre muitos aspectos, há um grande distanciamento, não é, pois, uma simples retomada do platonismo. Plotino foi, acima de tudo, um grande pitagórico, se não um dos últimos conhecidos dentre os filósofos. Sua maior aproximação com Platão se dá justamente nas confluências do pensamento pitagórico, e onde Platão se distanciou de Pitágoras, aí também Plotino se distancia de Platão. O gnosticismo, que muito influenciou o neoplatonismo, é maniqueísta: o mal e o bem existem realmente, são antagônicos mas com forças idênticas. O hermetismo, outro forte influenciador, se originou da religião egípcia, seu fundador é Hermes o Trismegisto. Num trabalho 33 comparativo é possível perceber a grande influência do hermetismo no pitagorismo, que é em verdade sua adaptação ocidental. Um detalhe desse contexto neoplatônico é que os filósofos eram mais comentadores do que criadores. Plotino nasceu + ou - em 205 e faleceu em + ou - em 270. Sua cidade natal era Licópolis, no Egito, foi logo para Alexandria, onde aproveitou muito da grande biblioteca de lá. Alexandria era então grande polo cultural e religioso. Depois de muito estudar Plotino ainda sentia-se vazio e ávido por conhecer, foi quando um amigo o apresenta às aulas de Amonio Sacas, ao término dessa primeira aula Plotino diz "- Achei quem estivera procurando". Amonio trabalhava com um número restrito de alunos, não gostava de promoção e não deixou nada escrito, como Pitágoras e Sócrates. Plotino estivera com ele durante 10 anos. E o que se sabe é que Amonio tinha grande influência da tradição hindu e egípcia. Depois desse período, quando falece o mestre, Plotino parte para Roma, aí funda o Instituto Neoplatônico. As mulheres frequentavam esse Instituto, o que era inédito, única exceção havia sido a escola de Pitágoras, séculos antes. Plotino atinge grande prestígio, e passa, por isso, a tutelar muitos jovens, moças e rapazes. Sua sapiência e bondade cativaram pessoas ilustres e influentes, inclusive reis e rainhas. Em Plotino, sobretudo, o neoplatonismo se caracteriza por uma busca de se encontrar com sua própria origem. Principais neoplatônicos depois de Plotino: -Porfírio; séc. III -Jâmblico; séc.III -Proclo; séc. IV -Damáscio; séc. V -Hipátia; séc. V, única mulher que foi um expoente na filosofia da antiguidade, foi assassinada pelos cristãos. Última pitagórica conhecida a atuar na antiguidade. Após esse período houve um forçoso silêncio absoluto. Plotino tinha uma vida interior muito grande. Foi um dos poucos místico não cristãos a ter experiência o êxtase por diversas vezes. Suas últimas palavras no leito de morte foram: "Estou tratando de 34 unir o que há de divino em mim com o que há de divino no universo". Plotino buscou um princípio único para tudo o que existe e a ele denominou UM, por sua unidade e por ser único, mas disse serem esses os únicos motivos dessa denominação uma vez que do UM nada se pode dizer, é possível apenas fazer-se comparações por negações. Esse ser que é UNO é transcendente a todas as coisas, até ao próprio ser, ao mesmo tempo que é imanente em todas as coisas, pois é de todas o princípio gerador. E em essência todas a ele se assemelham, embora nenhuma jamais, lhe possa ser idêntica. Embora princípio gerador porque dele todas as coisas decorrem, é capaz de dar de si sem nada perder, como a própria luz, que irradia-se, sem esgotar sua fonte. O UNO cria através do que Plotino denomina de processão, que não é ininterrupto mas intermitente, e nesses momentos de parada é que ocorre a conversão, que forma as hipóstases: "É o ser contemplando-se a si próprio". (A autocontemplação do UM forma o arco-íris. A fala filosófica é o arco-íris de uma alma maravilhada.) "Deus não pode ser pensamento, consciência, autoconsciência, precisamente porque o pensamento implica na dualidade de conhecer e ser, na dualidade do pensante e do pensado" . Deus, ou o UM, cria, pois por emanação natural e necessária. No entanto, esta emanação é decrescente, degradando de Deus, Ato puro, Bem supremo, Beleza absoluta, Verdade maior, até a matéria, não ser, mal. Eis a escala: o UM, a INTELIGÊNCIA (noûs), a ALMA, a natureza. O UM quando transborda de si, por amor, dá origem à INTELIGÊNCIA e esta também quando transborda de amor, ao voltar-se e contemplar o UM, dá origem à ALMA UNIVERSAL, que gera o mundo sensível. Portanto cada ser tem uma parte da ALMA UNIVERSAL (atman, self). A alma humana, em Plotino, é dual (como em Platão), enquanto uma parte está em contato com as percepções e o real, a outra não tem esse contato e está dentro de nós, está, pois, em contato com sua verdadeira essência. Quando conseguimos nos desprender dos sentidos e conectar essa outra parte, podemos ter a visão do UM, é 35 o êxtase. Se por degradação chegamos à matéria (ánados = descida) precisamos, através de uma vida ascética e contemplativa, engendrar o retorno ao UM (kátodos = subida). O mal e o feio são um distanciamento do UM, não existem por si sós, se não por estarem longe do UM e porisso menos essência do Bem e do Belo. O que distancia não é o espaço físico, mas o espaço abstrato da diferenciação. O UM é como o Sol, de onde emanam os raios, que têm a mesma essência do Sol; a luz e calor, mas, no entanto, não são o Sol, só a ele se assemelham. Quanto mais distantes do núcleo central, menos luz e calor (é a matéria), são, portanto necessário aproximar-se mais e mais do núcleo, acentuando nossa essência. A vida material, os prazeres carnais, são empecilhos para a ascensão. O espírito é o Bem, a matéria é o Mal, portanto para o retorno a que se: libertar, purificar, separar da matéria, do corpo, dos sentidos. As virtudes éticas; temperança, fortaleza, prudência, justiça; garantem o domínio prático sobre o sensível. São virtudes que nos preparam para as virtudes maiores, as contemplativas, que possibilitam a elevação mística para o Absoluto, o UM, através do êxtase. Plotino foi um grande místico e é considerado um dos maiores metafísicos que existiu.‖ (http://www.ijep.com.br/index.php?sec=artigos&id=113&ref=plotino) 36 11 – FÁBIA TERÊNCIA Era uma vestal, meia-irmã de Terência, que foi acusada de manter relações sexuais com Catilina, mas foi absolvida. Durante o exílio de Cícero, acolheu sua irmã e a sobrinha Túlia, no Templo de Vesta, ali realizando reuniões de comunicações com o plano extra físico. Alguns autores afirmam que as vestais eram sacerdotisas cuja principal função era servir de matriz para a reprodução dos futuros governantes de Roma, para tanto mantendo conúbio carnal com homens da elite social romana. Não por falso moralismo, mas sim por ter analisado o caráter de Fábia Terência, posso ter como certo que, na sua época, ou, pelo menos ela, não se prestaria a esse papel. Como a maioria das instituições tem seus altos e baixos, deve ter acontecido de, realmente, em determinadas épocas, o Templo de Vesta ser um quase prostíbulo de luxo. Prestamos aqui nossa homenagem à grande sacerdotisa que foi Fábia Terência, que trabalhou, dentro das limitações impostas pelo regulamento do Templo ao qual estava jungida, pela propagação do Neopitagorismo. 37 12 – TÚLIA Essa era uma verdadeira “filha da mãe”, pois foi sua grande companheira na vivência e propagação do Neopitagorismo. Pouco ou quase nada se assemelhava ao pai, que, infelizmente, quase chegou a inviabilizar a atuação de ambas no Neopitagorismo. Era considerada muito culta, principalmente em Literatura, segundo a “Cyclopaedia of Female Biography”. ―Tullia Ciceronis, também Tulliola (como afetuosamente era chamada por seu pai; 5 de agosto de 79 a. C. ou 78 a. C. – fevereiro de 45 a. C.) era a única filha do orador romano e político Marco Túlio Cícero do seu casamento com Terência. [...] Túlia casou em 63 a. C. com Gaius Calpurnius Piso Frugi (questor em 58 a. C.), mas ele faleceu em 57 a. C. Em 56 a. C., Túlia casou com Furius Crassipes. Apesar do casamento ter sido feliz, por motivos ignorados, divorciaram-se em 51 a. C. Durante a Guerra civil, Túlia visitou seu pai em Brindisi. […] No verão de 50 a. C. Túlia casou com Publius Cornelius Dolabella, cônsul em 44 BC. Foi um casamento infeliz. Tiveram dois filhos. O primeiro nasceu em 19 de maio de 49 a. C. e morreu no mesmo ano. Túlia e Dolabella se divorciaram em novembro de 46 a. C. e Túlia morreu no mês seguinte ao nascimento do Segundo filho (que sobreviveu). [...]‖ 38 13 – POMPEU Pelo estudo do contexto político da época e do caráter de cada um dos personagens, pode-se deduzir que o papel mais importante que Pompeu desempenhou foi o de impedir que Júlio César praticasse mais arbitrariedades e corrupção. Como dito linhas atrás, aconselhava-se sempre com Terência e frequentava o grupo de Neopitagorismo fundado pelo seu amigo Fígulo. ―Cneu Pompeu ou Pompeio Magno (em latim: Cnaeus Pompeius Magnus; Ascoli Piceno, 29 de setembro de 106 a.C. — Egito, 29 de setembro de 48 a.C.) foi um general e político romano, conhecido também em português como Pompeu, o Grande (tradução de seu nome latino Magnus). Primeiros anos Pompeu era o único filho e herdeiro de Cneu Pompeu Estrabão, um proprietário muito rico da zona de Piceno, na Itália, chefe de um ramo da família Pompeia, tradicionalmente rural. Aos olhos da elite aristocrática de Roma, estes antecedentes não eram bem vistos. Não obstante, dada a sua riqueza, Estrabão progrediu na vida política e foi o primeiro senador da família, eleito cônsul em 89 a.C., no meio da crise política da Guerra Social. Pompeu cresceu, portanto junto do seu pai nos acampamentos militares, envolvido em questões políticas desde a adolescência. De acordo com Plutarco, Pompeu era um jovem de fácil trato, popular e com bastantes amigos da sua idade, entre os quais o futuro escritor, advogado e estadista romano Cícero. Estrabão morreu por volta de 87 a.C., no meio da guerra civil entre a facção populista de Caio Mário e os conservadores de Lúcio Cornélio Sula, deixando Pompeu no controle dos seus negócios e fortuna. Apesar da sua juventude, Pompeu não hesitou em tomar um partido e aliou-se a Sula no seu regresso à Itália depois do fim da Primeira Guerra Mitridática em 83 a.C.. Com a sua posição longe de estar assegurada, Sula não desdenhou a ajuda oferecida pelo rapaz de 23 anos, líder de três legiões picentinas veteranas, oriundas da província que controlava quase como rei. Esta aliança projetou a carreira política de Pompeu e favoreceu o seu casamento com Emília Escaura, enteada de Sula (então grávida do primeiro marido). 39 Sicília e África Pompeu. Embora sendo um privatus (um homem que não detém um cargo político do, ou associado ao, cursus honorum) devido à idade, Pompeu manteve os seus comandos sob a administração de Sula e revelou-se um general talentoso. O ditador confiava nos seus instintos e enviou-o em perseguição dos apoiantes de Marius, entrincheirados nas províncias da Sicília e África. A Sicília era estrategicamente muito importante, uma vez que era a origem dos cereais que abasteciam Roma. Pompeu varreu a ilha com as suas legiões, acabando com a resistência, mas ao mesmo tempo provocando desagrado das populações locais, que responderam com queixas. Não me falem em leis, nós estamos armados! foi a sua célebre resposta. Em África obteve igual sucesso e no fim da campanha foi aclamado imperator (diferente de imperador) pelas suas fiéis tropas. De acordo com a tradição, Pompeu requereu ao senado o direito de celebrar uma parada triunfal, apesar de não ter estatuto consular, nem sequer senatorial. Os senadores recusaram o pedido do que consideravam um miúdo nem sequer oriundo de boas famílias, mas Pompeu estacionou as tropas à saída de Roma, recusando-se a conceder-lhes licença enquanto o seu desejo não fosse concedido. O ditador Sula acabou por intervir e conceder-lhe o triunfo, mais para fazer a vontade ao genro que por medo. É também nesta altura que Pompeu adquire o cognome Magnus, "o Grande", que segundo uma das versões foi atribuído pelo próprio Sula com certa dose de sarcasmo. Hispânia e Espártaco Depois de celebrar um triunfo apesar de não ter nem a idade nem o status adequados, Pompeu pediu um imperium proconsular, sem nunca ter sido cônsul, para fazer frente a Sertório, o último apoiante de Caio Mário ainda no cativo. O pedido foi concedido e, juntamente com Quinto Cecílio Metelo Pio, dirigiu-se à Hispânia. Esta campanha marcou uma nova fase na carreira militar de Pompeu. Até então, estava acostumado a vitórias relativamente fáceis frente a inimigos desmoralizados e/ou desorganizados. Sertório era um general talentoso, a jogar no seu próprio terreno e com um talento especial para a guerrilha. Era, portanto um inimigo à altura de qualquer adversário, o que é comprovado pela longa duração da campanha, de 76 a 71 a.C.. Pompeu e Metelo 40 Pio conseguiram uma vitória apenas devido ao assassinato de Sertório numa conspiração organizada pelos seus próprios homens. No regresso a Itália em 71 a.C., Pompeu utilizou as suas legiões veteranas da guerra na Hispânia para auxiliar Marco Licínio Crasso na sua luta na Terceira Guerra Servil contra a revolta dos escravos liderada por Espártaco (Spartacus). A sua chegada provou-se decisiva para resolver o conflito e valeu-lhe o ódio de Crasso, que pretendia a glória apenas para si próprio. Em Roma, Pompeu celebra o seu segundo triunfo ilegal, juntamente com Metelo Pio, pelas vitórias alcançadas na Península Ibérica. No ano seguinte (70 a.C.), com apenas 35 anos, Pompeu é eleito cônsul pela primeira vez, apesar de esta eleição ser mais uma machadada nas tradições do cursus honorum. Era odiado pelo seu colega Crasso e visto com desconfiança pelo resto da classe senatorial, mas tinha o apoio dos eleitores das camadas sociais mais baixas, que o viam como herói. Os piratas e a Ásia Menor Em 67 a.C., dois anos depois do seu mandato de cônsul, Pompeu foi nomeado comandante de uma frota especial e responsável por uma campanha destinada a combater o problema da pirataria no Mar Mediterrâneo. A nomeação, como quase tudo o resto na sua vida, esteve rodeada de polémica. A facção conservadora detestava-o pelo constante ataque às tradições e pela sua ascendência pouco notável. Tentaram por todos os meios legais impedir este comando, até que um tribuno aliado de Pompeu levou o assunto à Assembleia do Povo. No seu círculo de apoiantes, Pompeu encontrou um apoio esmagador. Para desgosto dos seus adversários, o general levou apenas alguns meses a eliminar os principais núcleos de piratas e garantir a segurança das rotas comerciais entre a Itália, África e Ásia Menor. A rapidez e sucesso desta Guerra dos Piratas mostrou que era também um almirante dotado e detinha fortes capacidades de organização e logística. Pompeu não regressou a Roma no fim desta campanha naval. Utilizando até ao limite legal o imperium proconsular que lhe havia sido renitentemente concedido, dirigiu-se à província da Ásia, onde aliviou Lúcio Licínio Lúculo do comando contra Mitrídates VI do Ponto, responsável por mais de vinte anos de 41 problemas na região. Pompeu permaneceu na área por cinco anos e, em 61 a.C., colocou um ponto final nas guerras mitridáticas. Os resultados da campanha foram: derrota final de Mitrídates e a transformação do Reino do Ponto numa província romana derrota de Tigranes, rei da Armênia. derrota de Antíoco XIII, rei da Síria, que também se torna numa província captura de Jerusalém cerca de 20.000 talentos de ouro em saque (números oferecidos por Plutarco) e duas novas províncias directamente governadas pelo senado romano. Pompeu aproveitou a estadia na região para explorar a área do Cáucaso, chegando às margens do Mar Negro. As notas desta expedição incluíram aspectos geográficos, políticos e respeitantes a recursos naturais e haveriam de se mostrar indispensáveis em campanhas subsequentes. No fim de 61 a.C., Pompeu regressa a Roma, ao fim de seis anos, com um dilema nas mãos. Por um lado, queria celebrar o seu terceiro triunfo; por outro, ansiava por um segundo mandato de cônsul. As leis de Roma estipulavam que um general não poderia atravessar o pomério (fronteira simbólica da cidade) sem perder o direito ao triunfo, mas um candidato eleitoral tinha que apresentar a intenção de concorrer em pessoa no Fórum da cidade. Pompeu usou todos os meios diplomáticos para convencer o senado a adiar as eleições, mas os conservadores, liderados por Marco Pórcio Catão Uticense, opuseram-se à medida e obrigaram-no a escolher. Pompeu ficou-se pelo triunfo mas não se conformou com a perda do consulado. Se não podia ser cônsul, podia subornar os eleitores para favorecerem o seu candidato. De acordo com várias fontes, o que se seguiu foi um verdadeiro escândalo eleitoral, com os eleitores a dirigirem-se em massa ao acampamento de Pompeu fora da cidade para receberem a ordem de voto, acompanhada de uma pequena "gratificação". O terceiro triunfo de Pompeu celebrou-se a 29 de setembro de 61 a.C. (o seu 45.º aniversário) em honra das vitórias sobre os piratas e o reino do Ponto. O cortejo triunfal de despojos, prisioneiros, tropas e faixas comemorativas levou dois dias a percorrer a distância entre o Campo de Marte, fora do pomério, ao templo de 42 Júpiter Óptimo Máximo e terminou com um banquete para toda a população oferecido pelo general vitorioso. O primeiro triunvirato O primeiro triunvirato foi uma aliança política informal estabelecida em 59 a.C., na República Romana, entre Júlio César, Pompeu, o Grande e Marco Licínio Crasso, que haveria de se prolongar até 53 a.C. Em Roma, o início da década de 50 a.C., foi marcado pela união destes três homens: Júlio César - acabado de ser eleito cônsul, um intruso político; Pompeu - extremamente popular junto dos cidadãos devido às suas conquistas militares, mas desprezado pela classe senatorial pela falta de sangue azul da sua família; Crasso considerado o homem mais rico de Roma, mas ao qual faltava influência política. Uma vez que César não tinha aliados políticos, Pompeu não conseguia obter terras de cultivo para os veteranos das suas legiões e Crasso não era levado a sério na sua ideia de conquistar o Império Parta, os três juntaram-se para unir esforços. Ao contrário do segundo triunvirato, que viria depois, este acordo era informal e não continha nenhum valor jurídico. A única transação efetuada foi a de Júlia Cesaris, filha de César, que se tornou mulher de Pompeu num casamento que haveria de se revelar feliz. Durante o seu consulado em 59 a.C., César legislou terras para os soldados de Pompeu, apesar de forte contestação da facção conservadora do senado, e leis que favoreciam os negócios de Crasso. Em troca, obteve o apoio de Pompeu para conseguir a governação da Gália e iniciar a conquista de toda a região (Guerras Gálicas). Em 55 a.C., Pompeu e Crasso foram eleitos cônsules em parceria e prolongam o poder de César na Gália por mais cinco anos. Crasso assegura ainda os fundos e legiões para a tão desejada campanha persa. No ano seguinte, a morte de Júlia enfraqueceu a relação entre Pompeu e César e, em 53 a.C., Crasso foi assassinado pelos partas a seguir a uma batalha desastrosa. Sem mais nada a uni-los, Pompeu e César desfizeram a aliança e transformam-se em inimigos. Guerra civil Ver artigo principal: Segunda Guerra Civil da República Romana Em 50 a.C. o senado, liderado por Pompeu, ordenou a Júlio César 43 que voltasse a Roma e dispersasse o seu exército porque o seu termo como procônsul havia terminado. Em 49 a.C. César cruzou o rio Rubicão, ocasião em que teria pronunciado a famosa frase alea jacta est ("a sorte está lançada"), e invadiu Roma com suas legiões. Pompeu fugiu para a Grécia onde foi derrotado por César na Batalha de Farsália, acabando por procurar refúgio no Egito onde foi morto por antigos camaradas de armas às ordens da corte de Ptolomeu XIII. Casamentos e descendência Primeira mulher, Antistia Segunda mulher, Emília Escaura Terceira mulher, Múcia Terceira (de quem se divorcia por adultério) Pompeu, o Jovem, executado em 45 a.C., depois da batalha de Munda Pompéia, casada com Fausto Cornélio Sula Sexto Pompeu, manteve-se como opositor de Júlio César e Augusto até ser derrotado e executado em 36 a.C. Quarta mulher, Julia Caesaris, filha de César Quinta mulher, Cornélia Metela, filha de Metelo Cipião.‖ 44 14 – O NEOPITAGORISMO ROMANO Para entendermos o que foi o Neopitagorismo romano do século I a. C., devemos fazer uma breve digressão sobre o que era o Pitagorismo da época em que ainda estava vivo o fundador, ou seja, Pitágoras. O autor que melhor nos esclarece a esse respeito é Carlos Brasílio Conte, através da sua preciosa obra intitulada “Pitágoras – Ciência e Magia na Antiga Grécia”, publicada pela Madras Editora Ltda., 2010. Dessa obra extraímos algumas informações importantes: 1 – havia uma escola formalmente constituída, como verdadeira universidade, apenas que com acesso restrito a pessoas consideradas preparadas espiritual e intelectualmente, sendo vedada a participação feminina; 2 – os candidatos eram submetidos a provas de coragem, bondade, inteligência e caráter; 3 – os candidatos aprovados submetiam-se a um ritual iniciático; 4 – dentre os preceitos adotados podem ser relacionados: a existência de um Ser Supremo, a existência da alma, a lei da reencarnação e a lei do carma; 5 – praticava-se o transe pitagórico, que algumas correntes atuais chamam de “estado alterado de consciência”, outras de “transe mediúnico” e assim por diante. Michel de Montaigne afirmou nos seus “Ensaios” que Pitágoras se recordava de algumas das suas vidas anteriores: quando foi Etálido (um dos argonautas, filho de Hermes e Eupolemeia, filha de Mirmidão), Euforbo [1], Hermotimo [2] e Pirro. Vejamos o texto abaixo, que esclarece mais ainda nessa exposição e que vale a pena ser lido. Agora ficará mais fácil entender como funcionava a Escola fundada por Nigídio Fígulo em Roma, ou seja, era muito diferente daquele modelo grego de alguns séculos atrás. A equipe romana organizou-se informalmente e fazia parte do grupo quem era convidado e queria participar, não importando se fosse homem ou mulher, intelectual ou não e não havia prova alguma nem rito de iniciação. A preocupação dos iniciados romanos era sua própria evolução intelecto-moral e contribuir para a evolução alheia. Havia a noção de que o Governador da Terra encarnaria e 45 preparava-se a sociedade romana para a compreensão da Mensagem daquele Ser Iluminado. Veja-se, portanto, que o contexto e o objetivo eram outros: as verdades não poderiam nem deveriam mais ficar tão restritas a um grupo seleto como antes, mas sim deveriam ser divulgadas ao maior número possível de pessoas a fim de que atingisse o planejamento acima referido. A equipe romana deu conta do recado, tendo como pitonisas as mencionadas mulheres e algumas outras, várias delas que desistiram a meio do caminho, tanto quanto houve homens que desistiram de seguir aquela trilha eivada de espinhos e preferiram o caminho largo dos interesses mundanos. Pelas referências biográficas acima expostas os prezados leitores podem perceber quem fez melhor os deveres de casa, quem “passou de ano” com notas melhores. Nossa personagem em destaque passou com notas altas e, por isso, este livro foi escrito tendo-a como referência para imitação, pois venceu inclusive na difícil prova do anonimato, enquanto que muitos ficaram empolgados com o prestígio. A maior parte dos membros desse grupo era de gente destacada socialmente, mas que pouco valor dava aos interesses materiais e era, inclusive, tida como “esquisita”, não se enquadrando nas rodinhas de corrupção e desfaçatez moral. Como dito, preocupou-nos falar sobre a Escola romana, mas houve outras, em Alexandria, por exemplo, inclusive esta última ficou mais famosa que a romana. Esse fato se explica porque em Alexandria havia maior liberdade de crença do que em Roma. Deu para vocês, prezados leitores, entenderem? As perseguições em Roma eram muito maiores, primeiro pelo clero pagão de Roma e depois pela Igreja Católica. Por isso estamos escrevendo este livro com a mira na Escola Neopitagórica romana, ressuscitando personalidades que tentou-se sepultar para sempre. Todavia, vamos dar a palavra a outrem a fim de trazer alguns esclarecimentos interessantes: ―NEOPLATONISMO E RELIGIÃO Frater Zelator SI SII 46 A importância do neoplatonismo em filosofia da religião é inconteste. É que ele ocorreu num período de grande exacerbação religiosa. Como um movimento mais definido, o neoplatonismo se manifestou, sobretudo, no século 2 d.C., tendo Plotino como seu principal sistematizador. Tudo, entretanto, já principiara no final do milênio anterior, quando em Alexandria helênica, num importante núcleo de ideologias religiosas do Oriente e do Ocidente, repercutiu a filosofia dos gregos, sobretudo a de Platão (427-347 a.C.), a qual sempre tivera vasta influência. O neoplatonismo, tanto em suas manifestações primeiras, como em suas formas tardias do segundo século d.C., teve, - como se disse, - forte repercussão na mentalidade religiosa que agora passava a ter voga. Gerou o neoplatonismo uma linguagem filosófica adequada para o tratamento racional das doutrinas religiosas. Cedo criaram os judeus uma nova linguagem para o judaísmo. O mesmo acontecia com outras crenças as quais estabeleceram também as suas teologias. Tudo isto foi finalmente influenciar o cristianismo oficial, como depois se instalou, sobretudo a partir do Concílio de Nicéia, em 325. Nunca antes houvera tal zelo da Igreja Cristã pelas particularidades doutrinárias. Esta preocupação chegou ao ponto de se convocar concílios, para neles se decidir questões de doutrina, por votação numérica. Os dogmas estabelecidos no calor do voto passaram a ter efeito excomunicatório, sendo eliminados os grupos discordantes, dados como hereges. A igreja cristã, - que herdou dessa fase neoplatônico-religiosa a tendência para as definições teológicas, - fará, desse dogmatismo com base no voto, uma de suas características mais odiosas, que perdurará até adentrados tempos da época moderna. O ordenamento sistemático da história do neoplatonismo sofre dificuldades, e por vezes não passa de um ordenamento para fins didáticos. Os antecedentes imediatos do neoplatonismo se encontram no Neopitagorismo (Nigídio Fígulo, Sócion, Moderado de Gades, Apolônio de Tiana, Nicômaco de Gerasa, Numênio de Apameia) e, limitadamente, na escola judaico-platônica de Alexandria (Aristóbulo, Fílon). Dentro do neoplatonismo se desenvolveu praticamente todo o pensamento dos Padres da Igreja, 47 por isso denominados patrísticos. Embora seja difícil enquadrar a evolução do neoplatonismo dentro de um esquema cronológico definido, é possível observar grupos e mesmo escolas denominadas pelos seus principais núcleos: - Escola neoplatônica judaica, com os nomes de Aristóbulo e, mais destaque, de Fílon de Alexandria; - Escola neoplatônica Alexandrina, com nomes importantes na fase tardia: Amônio Saccas (c. 175-242), Plotino (205-270), Amélio e Porfírio, com preocupação metafísica e ética; - Escola neoplatônica Siríaca, orientada por Jâmblico, com interesse na teologia politeísta; - Escola neoplatônica Ateniense, sistemática, de que Proclo, Simplício, Damácio são os principais representantes. Ainda é possível falar em: - escola neoplatônica de Pérgamo, a que pertenceram os mestres de Juliano Apóstata; - escola neoplatônica de Alexandria, de Sinésio de Cirene, João Filopono, Asclépio, Olimpiodoro, Davi o Armênio; - neoplatônicos do Ocidente Latino, Macróbio, Calcídio, Mário Victorino, Boécio. O historiador contemporâneo Diógenes Laércio mal alcançou este tempo. Mas chegou a dizer que Potamon fundou "nos últimos tempos" uma escola em Alexandria. A omissão se deve em parte ao fato de se ter restringido aos filósofos que passaram pela Grécia. A lacuna foi preenchida, entretanto, por Porfírio, cuja Vida de Plotino, biografa o principal representante da escola e menciona muitos outros nomes, tudo isto completado, em alguns casos, pelas obras que restaram.‖ Fonte: Enciclopédia Simpozio (http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/AARBR29Neoplatonismo ereligiao.htm) 48 NOTAS [1] “Na mitologia grega, Euforbo (em grego: Εύθορβος), filho de Pântoo, participou da Guerra de Troia, combatendo pelo lado troiano. Foi ele quem deu o primeiro golpe em Pátroclo, que foi, em seguida, morto por Heitor. Ájax, o Grande, atacou Heitor, e recuperou o corpo de Pátroclo, enquanto que Menelau e o outro Ájax atacaram e mataram Euforbo. Segundo Higino, houve vários combates singulares durante a Guerra; Euforbo lutou contra Menelau, e foi morto por ele. Euforbo reencarnou em Pitágoras, que se lembrava de ter sido Euforbo e que sua alma havia passado por vários corpos. Pitágoras se lembrava da ferida que recebera no peito da lança do filho mais novo de Atreu, e havia reconhecido o escudo que ele carregava no braço esquerdo, e que, à sua época, estava como um troféu no templo de Juno em Argos. Este escudo ainda se encontrava no templo de Hera até a época de Pausânias, mais de mil anos depois da Guerra de Troia e seiscentos anos depois da época de Pitágoras. O humorista Luciano de Samósata faz referência a esta história: quando Menipo, no Hades, encontra Pitágoras, ele o saúda como Euforbo e como Apolo.‖ [2] ―Hermotimus of Clazomenae (c. 6th century BCE), called by Lucian a Pythagorean, was a philosopher who first proposed, before Anaxagoras (according to Aristotle) the idea of mind being fundamental in the cause of change. He proposed that physical entities are static, while the mind causes the change. Sextus Empiricus places him with Hesiod, Parmenides, and Empedocles, as belonging to the class of philosophers who held a dualistic theory of a material and an active principle being together the origin of the universe. Tertullian relates a story about Hermotimus (which he does not appear to believe). According to this story, Hermotimus' soul would depart his body during sleep, as if on a trip. His wife betrayed the oddity and his enemies came and burned his body while he was asleep, his soul returning too late. The people of Clazomenae erected a temple for Hermotimus, disallowing women because of his wife's betrayal. This story and others about Hermotimus are found in Pliny The Elder, Lucian, Apollonius, and Plutarch. 49 Diogenes Laertius records a story that Pythagoras remembered his earlier lives, one being Hermotimus, who had validated his own claim to recall earlier lives by recognizing the decaying shield of Menelaus in the temple of Apollo at Branchidae.‖