festa de Noantri

Transcrição

festa de Noantri
RELATÓRIO DE ATIVIDADES EM MEIO AMBIENTE
COMPLEXO ENERGÉTICO CERAN
Gerenciamento Ambiental
Programas do Meio Físico
Programas do Meio Biótico
Programas do Meio Antrópico
CR/C/RM/030/060/2005
Abril a Junho/2005
MEIO ANTRÓPICO
IV. MEIO ANTRÓPICO
1. PROGRAMA DE REMANEJAMENTO DA POPULAÇÃO
1.1. Trabalhos Desenvolvidos no Período
1.1.1. Levantamentos de Campo
Foi realizado o levantamento de área acima dos 100 metros da gleba E20 – Adair
Pastorello – UHE Monte Claro.
Também foram revisados o levantamentos de benfeitorias não reprodutivas na
área da UHE 14 Julho, onde os proprietários fizeram reformas e\ou construções
novas.
1.1.2. Negociações
Neste período não foram negociadas áreas para as usinas do Complexo CERAN.
1.1.3. Pagamentos
No período foi efetivado o pagamento de duas glebas na UHE Castro Alves.
UHE Castro Alves
Gleba
Proprietário
Data
Pagamento
E23
Izidoro Zorzi e outros
25/04/05
E29
Izidoro Zorzi e outros
25/04/05
CR/C/RM/030/060/2005
157
1.1.4. Regularizações das áreas
Entre as atividades desenvolvidas pelo setor jurídico, que fazem parte do processo
de regularização das áreas adquiridas pela CERAN, citam-se:
-
entrega de novas procurações em Tabelionatos;
encaminhamento de Escrituras e Pagamentos;
assinatura de Escrituras e Busca de matrículas;
liberação de Hipotecas ;
busca de Escrituras e Encaminhamento para Registro ;
declarações e pré-cadastros de ITR(Imposto Territorial Rural) das áreas
adquiridas de MC e CA;
- encaminhamento de ITR;
- encaminhamento de ADA ( Ato Declaratório Ambiental);
- solicitação de Certidões e questões processuais
1.1.6. Processos Judiciais
UHE 14 de Julho
Os processos ingressados estão nos FORO das respectivas comarcas..
Gleba
B.Gonçalves - 3.ª
Fase Processual
Para cumprir despacho
cart.jud.
E-147 Mário Possamai
B.Gonçalves - 3.ª
Aguarda formais
E-250 Família Casanova
B. Gonçalves - 2.ª Vista às partes
E–148 Danilo Detoni
B. Gonçalves - 3.ª Expedido Mandado
D-03
Nome
Iride Maria Possamai
CR/C/RM/030/060/2005
Comarca
158
-
UHE Castro Alves
Os processos ingressados estão nos FORO das respectivas comarcas..
Gleba
Nome
Comarca
Espólio Máximo Victório
D23A/E De Bortolli
Antônio Prado
D10
Espólio de Angelo Zanella Antônio Prado
D08
Espólio de Alcides Zanella Antônio Prado
D30A
D44
D05
E04
E20
E10A
E10B
E17
D-11
D-43
D20B*
E49*
E39*
E48*
E51A
D37B
E05
E11*
E51B*
Raul Livio Ravanello
Olinto Rizzi
Espólio de Antônio Luis
Griffante
Espólio de João Tonet
Elsa e Teresinha Boff
Antônio Prado
Antônio Prado
Fase Processual
Formais Registrados - OK
Formais Registrados - OK
Formais Registrados - OK
Audiência realizada - 30/06/05
Formais Registrados - OK
Antônio Prado
Aguarda Precatória
Flores da Cunha Cumprir despacho - cart. Jud.
Flores da Cunha Remessa ao Magistrado
Audiência 07/03/2006
Pedro Maróstica
Flores da Cunha
Umberto Maróstica
Flores da Cunha Cumprir despacho - cart. Jud.
Heleno José Oliboni
Flores da Cunha Audiência 07/03/2006
Amante Sartori
Antônio Prado
Aguarda Nota Expediente
Vista ao MP
Mário Antônio Schiochet
Antônio Prado
Espólio de Claudino De
Concluso ao Juiz
Toni
Antônio Prado
Cumprir despacho - cart. Jud.
Luis Carlos Picoli
Flores da Cunha
Concluso ao Juiz
Volmar Luis Baggio
Flores da Cunha
Aguarda Audiência
Natalino Carlesso
Flores da Cunha
em aberto
Antonio Tibola e outros
Flores da Cunha
Antônio
Processo 1030000081-5
Espólio de José Simonetto Prado/Welter
Flores da
Para Registro de Formais
Espólio de Romeu Tonet
Cunha/Névis
Flores da
Julgado procedente-aguarda
Cunha/Nair
registro
Alcides Marin
Panizzon
formais retificados e
Flores da
homologados- FEPAN
Volmar Dalle Molle
Cunha/De Bortoli
CR/C/RM/030/060/2005
159
UHE Monte Claro
Todos os processos da UHE Monte Claro foram ingressados e estão em
andamento nos FORO das respectivas comarcas.
Gleba
D26
Nome
Jorge Comin
Comarca
Antônio Prado
Fase Processual
Audiência realizada - Procedente
D30
Odalcir Araldi
Antônio Prado
Cumprir despacho - car. Jud.
D27
Tranquilo Comin
Antônio Prado
Audiência realizada - Procedente
D28
Luis Fiametti
Antônio Prado
D14
Vilson kachava
Veranópolis
P10
Adão Alexandre Ricardo
Veranópolis
Audiência realizada - Procedente
Juntada de manifestação
da
CERAN
Aguarda audiência 10/05/06
P05/17
Pedro Galves
Veranópolis
Autos com Cartório Jud.
D12
Darci Kachava
Veranópolis
Autos com Cartório Jud.
D11
Espólio
de
Mercedes Tieppo
Veranópolis
Aguarda homologação
Concluso ao Juiz
Maria
Espólio
de
E02/E04 Franceschini
José
B. Gonçalves - 3ª
E27
Orlando Vicenço Tognon B. Gonçalves - 3ª
P.pgto.custas remanescentes
E16
Ignácio
Marchetto
Aguarda Nota Expediente
E08
Esp. de Primo Rizzi
B. Gonçalves - -3ª Para registro de formais
E15
Esp. Fioravante Gregio
B. Gonçalves - 2ª
Cumprir despacho - partes
E-18
Luciano Marchetto
B. Gonçalves - 1ª
Aguarda Nota Expediente
P05/17
Pedro Galves/Área Rem. Veranópolis
Euzébio
B. Gonçalves - 1ª
Aguarda Nota Expediente
1.1.7. Planilhas de Apoio
Elaboração de planilhas para acompanhamento dos trabalhos, que servem de
suporte para esclarecimentos quanto às atividades desenvolvidas pelo escritório no
remanejamento da população.
1.1.8. Elaboração de dossiês
Em execução a elaboração dos dossiês das glebas referentes a UHE Castro Alves,
os quais são constituídos por toda a documentação da gleba, desde o cadastro
CR/C/RM/030/060/2005
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sócio-econômico (ficha cadastral), o levantamento das benfeitorias a campo
(planilha de levantamento a campo), o processamento dos dados (laudo técnico e
peça técnica), as negociações (atas, documentos particulares e da propriedade), o
pagamento e escrituração (contratos, recibos, escrituras, negativas) e registro da
área.
1.1.9. Outras Atividades
Abr / 2005
– Montagem dos dossiês da UHE Castro Alves.
– Conferência das Glebas na faixa dos 70m da UHE 14 de Julho.
Mai / 2005
- Auxiliar na preparação do material para o decreto da UHE-14 de Julho.
Jun / 2005
- Marcação e acompanhamento no andamento da construção do viveiro de mudas.
- Montagem dos dossiês da UHE Castro Alves.
1.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Dar seqüência ao processo de negociação / indenização / regularização das áreas
das usinas do Complexo Ceran, bem como dar continuidade à elaboração dos
dossiês.
1.3. Conclusão
Em relação a UHE Monte Claro, todas as glebas previstas para o reservatório
foram negociadas e adquiridas, restando apenas a regularização final de algumas
propriedades (processos judiciais de usucapião e inventário).
Na área da UHE Castro Alves – reservatório, os levantamentos de campo e o
processamento dos dados estão 100% concluídos. Os processos estão em
andamento.
Os trabalhos de levantamentos na parte técnica e de cadastro social, nas áreas
destinadas a UHE 14 de Julho, foram concluídos, restando apenas revisões que
ocorrem durante as negociações. As tabelas do Anexo 1 apresentam a situação de
cada uma das usinas até junho de 2005.
1.4. Anexos
Anexo 1: Aquisição e locação de áreas
CR/C/RM/030/060/2005
161
Anexo 1
Aquisição e locação de áreas
CR/C/RM/030/060/2005
162
AQUISIÇÃO E LOCAÇÃO DE ÁREAS
UHE Monte Claro – Junho 2005
Descrição
Adquiridas
Locadas
Aguardando negociação
Em negociação
Negociadas
Totais
AQUISIÇÕES E LOCAÇÕES
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
71
418,8073
75
416,9187
11
33,7238
13
45,4173
0
0
0
0
0
0
82
452,5311
88
462,3360
Levantamento técnico
Levantamento social
LEVANTAMENTOS DE CAMPO
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
82
452,5311
88
462,3360
82
452,5311
88
462,3360
CR/C/RM/030/060/2005
163
Descrição
UHE Castro Alves – Junho 2005
Descrição
Adquiridas
Locadas
Aguardando negociação
Em negociação
Negociadas
Totais
AQUISIÇÕES E LOCAÇÕES
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
138
971,1732 150
944,2477
6
25,1064
19
35,9778
144
996,2796
5
3
177
42,4638
22,4565
1045,1458
Levantamento técnico
Levantamento social
LEVANTAMENTOS DE CAMPO
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
144
996,2796 177
1045,1458
144
996,2796 177
1045,1458
CR/C/RM/030/060/2005
164
Descrição
UHE 14 de Julho – Junho 2005
Descrição
Adquiridas
Locadas
Aguardando negociação
Em negociação
Negociadas
Totais
Descrição
Levantamento técnico
Levantamento social
CR/C/RM/030/060/2005
AQUISIÇÕES E LOCAÇÕES
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
419
917,5175
40
71,9523
0
0,0000
24
67,5405
393
676,8450
16
91,3444
14
77,6971
985,3813
419
917,5175 487
LEVANTAMENTOS DE CAMPO
Previsão inicial
Acumulado
Glebas
Área ( ha )
Glebas Área ( ha )
419
917,5175 487
985,3813
419
917,5175
487
985,3713
165
2. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA POPULAÇÃO ATINGIDA
2.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
O Programa de Monitoramento da População Atingida desenvolve atividades
referentes ao monitoramento das famílias relocadas, atualmente àquelas
pertencentes a UHE Monte Claro e quatro famílias da UHE 14 de Julho, com análise
diagnóstica mensal e visitas domiciliares.
Realiza também a avaliação social das famílias cujas propriedades serão atingidas
pela UHE 14 de Julho, através de visitas domiciliares e aplicação de entrevista
estruturada, isto é, o cadastro sócio-econômico. As informações obtidas, através dos
questionários aplicados a cada família, são armazenadas em um banco de dados, o
que possibilita ser atualizado e estar disponível para todos os setores envolvidos com
o remanejamento populacional.
2.1.1. Monitoramento das Famílias Realocadas pela UHE Monte
Claro
O acompanhamento realizado as seis famílias relocadas tem acontecido com a média
de uma visita domiciliar ao mês Cada caso é avaliado, estudado e acompanhado
singularmente. Assim, quatro famílias recebem visitas mensais, uma família está
recebendo visita trimestral e outra família não está mais recebendo visita por
considerar que tal família está bem adaptada e não necessita mais auxílio do projeto.
As Famílias monitoradas são as dos seguintes proprietários:
- Fabiano Rustick;
- Pedro Hoinoski;
- Vicente Galves;
- Pedro Galves;
- Valmi Gambatto; e
- Adão Alexandre Ricardo.
O trabalho do Setor Social que é realizado por uma profissional da área da psicologia
e um técnico agrícola, tem sido o de lhes dar um suporte frente às mudanças
acontecidas em suas vidas. Tais mudanças repercutiram alguns contratempos
esperados e alguns inesperados para estas pessoas. Assim, se faz necessário existir
este trabalho de atenção, reflexão e orientação em relação aos percalços surgidos.
CR/C/RM/030/060/2005
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2.1.2. Monitoramento das Famílias Atingidas pela UHE-14 de Julho
O acompanhamento realizado às famílias relocadas e futuras relocadas têm
acontecido de acordo com a necessidade de cada família. Sendo que, cada caso é
avaliado, estudado e acompanhado de forma especial. Assim, existem casos em que
algumas famílias recebem visitas domiciliares semanais, outras mensais e outras
bimestrais.
A relação das famílias (titulares) a serem realocadas para a implantação da UHE-14
de Julho é a seguinte:
1. João José do Nascimento
2. Varcelino Ferri
3. Danilo DeToni
4. Mário Possamai
5. Ignez Tereza Maragno Mieciowiski
6. Clementina Gromovska Possamai - Espólio João José Possamai
7. Francisco José Gromowski
8. Ernesto Tonet
9. Vera Lúcia Miecnikovski Frizon
10. Victorina Trevisan Gromowski - Espólio de José Gromowsky
11. Geltrudes Pitol Gromovski
12. João Inácio Wons (Zeferino Cesca - proprietário da gleba)
13. Antonio Wons
14. Luiz Fiorentin (Marcelo Coser - proprietário da gleba)
15. Euclides Marin
16. João Pliski Filho
17. José Ângelo Colao Merlo
18. Marlei do Nascimento
19. Pedro Rodrigues
20. Marieta Favaretto Torezan
21. Nelso Luzzi - Ana Catharina Stormowski Luzzi
22. Antonio Cláudio Kakzala - Espólio de Carolino Kakzala
23. Claudino Antônio Ferrari (família que morava na gleba - funcionário do
proprietário - mudou-se para outro lugar)
24. Antonio José Sikorschi
25. Antônio da Costa
26.Ademir Pozza (a família que morava no local - funcionário do proprietário - está
residindo em outra propriedade)
27.Iara Teresinha Teixeira
28.Adão Osvaldino de Oliveira
CR/C/RM/030/060/2005
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Nesta fase, que precede a relocação, as famílias estão vivendo algumas ansiedades
e, também, elaborando muitos novos projetos de vida, o trabalho do Setor Social tem
sido de dar um suporte frente às mudanças que acontecerão em suas vidas.
2.1.3. Participação das Negociações das Famílias Relocadas – UHE
14 de Julho
Esta atividade não foi realizada, em função de que, no período não aconteceram
negociações com as famílias a serem relocadas.
2.1.4. Relocação de Comunidades e Cemitérios – UHE 14 de Julho
Neste trimestre o Setor Social desenvolveu atividades relacionadas a relocação das
Comunidades (igreja, salão, etc.) e Cemitérios atingidos pela UHE 14 de Julho.
De acordo com os levantamentos realizados (Programa de Relocação da InfraEstrutura), deverão ser transferidos oito Cemitérios, e benfeitorias de cinco
comunidades.
As atividades foram de: visitas aos fabriqueiros das Comunidades; e assessoramento
à três famílias enlutadas sócias das comunidades. Nestes casos foram prestados
auxílios financeiros por parte do empreendimento conforme combinações anteriores
feitas com os sócios das Comunidades.
2.2. Outras Atividades
Em paralelo as atividades já relatadas, a equipe do Setor Social efetuou visitas
domiciliares com preenchimento de cadastro social aos proprietários das glebas
localizadas na alça de vazão da UHE Monte Claro. Os objetivos desta atividade são:
- conhecer quem são estes proprietários,
- identificar se eles utilizam o rio, no caso da resposta ser afirmativa, como
utilizam, e quais as mudanças detectadas no rio nos últimos meses por estas
pessoas.
Além das informações coletadas, também foram repassadas às famílias visitadas
informações do Complexo CERAN, de forma dialogada e com material impresso,
este que entregue para as pessoas.
CR/C/RM/030/060/2005
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2.3. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Durante o próximo trimestre, será dado prosseguimento ao trabalho de
monitoramento as famílias relocadas da UHE Monte Claro e UHE 14 de Julho. Sendo
que a quantidade de visitas realizadas será definida avaliando-se as características e
as necessidades de cada família.
No caso da família de Valmi Gambato – relocado da UHE Monte Claro -os contatos
passarão a ocorrer com maior espaço de tempo, e assim terão um desligamento
gradual da CERAN. E a família do Sr. Adão Alexandre Ricardo também, relocado
pela UHE citada neste parágrafo, a princípio não receberá mais visita pelo projeto .
Deverá ser dada continuidade ao estudo para criação de projetos de parceria com as
Prefeituras dos municípios que receberam e/ou receberão famílias de realocados.
O trabalho de visitas domiciliares com preenchimento de cadastro social aos
proprietários das glebas localizadas na alça de vazão da UHE Monte Claro terá
seguimento até que todos proprietários sejam visitados.
2.4. Conclusões/Observações
As famílias assistidas pelo trabalho de Monitoramento da População da UHE-Monte
Claro demonstram que aos poucos estão se readaptando a novos hábitos de vida.
As famílias a serem transferidas em função implantação da UHE 14 de Julho têm
demonstrado tranqüilidade frente as mudanças que ocorrerão. As famílias que já
realizaram sua mudança de residência estão se adaptando aos poucos aos novos
locais, apresentando algumas dificuldades, sendo que estas de acordo com a
constituição prévia de cada família. Entretanto, cada uma recebe atenção e auxílio de
acordo com suas necessidades frente aos obstáculos surgidos neste processo.
O trabalho relacionado a relocação das Comunidades e Cemitérios reveste-se de
muito cuidado, visto a relação de identidade e os sentimentos existentes em função
da vivência compartilhada e da perda de familiares e amigos.
Os contatos com os proprietários que possuem glebas na alça de vazão da UHE
Monte Claro, para troca de informações sobre o rio, têm sido muito relevantes. Com
esse trabalho é oferecida a população local a possibilidade falarem o que sentem
sobre o empreendimento e de esclarecerem algumas dúvidas existentes.
CR/C/RM/030/060/2005
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3. PROGRAMA DE SALVAMENTO DO PATRIMÔNIO
ARQUEOLÓGICO
3.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
Este relatório apresenta as atividades desenvolvidas no Programa de Salvamento
do Patrimônio Arqueológico, no período de abril a junho de 2005. Neste trimestre
foram desenvolvidas atividades de campo na área da UHE 14 de Julho, e de
laboratório no CEPA-UNISC.
3.1.1. Localização das Áreas de Amostragem
No período compreendido pelo relatório, foram realizadas atividades de campo na
área de abrangência da UHE 14 de Julho, compreendendo a área de alagamento
em lotes na margem direita do Rio das Antas, nos municípios de Veranópolis e
Cotiporã, e em lotes na margem esquerda, no município de Bento Gonçalves.
3.1.2. Atividades Realizadas no Trimestre
Os trabalhos de localização de sítios arqueológicos já foram concluídos, tendo
seqüência neste trimestre as atividades de salvaguarda e aprofundamento dos
estudos nos sítios arqueológicos
Foram realizadas medidas de proteção, salvamento e estudos de aprofundamento,
com destaque às sondagens diagnósticas, que resultaram na coleta de uma
amostra de carvão já enviada para datação ao laboratório do Beta Analityc de
Miami, Florida.
Além disso, a realização de coleta controlada possibilitou a identificação de uma
aldeia no formato circular numa mesma margem do rio, associada a tradição
ceramista Tupiguarani.
O material resultante das atividades de campo encontra-se totalmente limpo,
catalogado, classificado, quantificado e fotografado, servindo de referência para a
organização das atividades científicas futuras, como por exemplo a publicação de
artigo de cunho científico.
Em relação aos trabalhos de gabinete, no período, houve continuidade na
elaboração do relatório final, que consiste na documentação gráfica dos sítios
arqueológicos, compreendendo as fichas de sítio no padrão IPHAN, mapas com
sítios plotados, croquis com localização dos sítios, relação total e final dos
CR/C/RM/030/060/2005
170
sítios localizados, relação total do material resgatado, fotos panorâmicas e
pormenorizadas dos sítios e do material relevante.
Cabe ressaltar, no que se refere a coletas controladas, a identificação do formato de
aldeia da Tradição Ceramista Tupiguarani, bem como de material que foi enviado
para a datação ao laboratório Beta Alalityc, Miami.
Sondagens diagnósticas foram realizadas, apresentando em um caso, material
para datação. Coletas Controladas foram realizadas, resultando na.
3.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Os trabalhos de localização de sítios e salvaguarda do patrimônio arqueológico
estão concluídos no Complexo Energético. Uma exceção abre-se para o sítio RSAN:18, Valdir Rabeschini, Lote E-104 da UHE 14 de Julho. Este sítio, em função da
quantidade de concentrações de material e diferencial dos demais no sistema de
aldeamento, será alvo de mais estudos, principalmente para comparação com
outros vales, como o Jacuí.
3.3. Conclusões/Observações
Do ponto de vista científico, com os sítios descobertos constata-se que as
pequenas várzeas ao longo do Rio das Antas continuam a ser os locais de
ocupação por parte dos Guaranis e, na ausência destes, rio acima e sobre o topo
dos morros, surgem os sítios da tradição Taquara. A área limite para a ocupação
Guarani ao que tudo indica é a área de abrangência da UHE Monte Claro. O
sistema de aldeamento identificado tem sido o linear ao longo do rio com unidades
habitacionais ora numa margem, ora noutra. O sítio RS-AN:18 é o único caso de
aldeamento circular. As poucas evidências em relação aos caçadores-coletores
ainda não permitiram uma conclusão final quanto a sua área de dispersão. Até o
momento, a tendência é de que triam ocupado a mesma área dos Guaranis.
3.4. Anexos
Anexo 1: Fotografias das atividades em laboratório e campo
CR/C/RM/030/060/2005
171
Anexo 1
Fotografias das atividades em laboratório e campo
CR/C/RM/030/060/2005
172
Ilustração das atividades de laboratório com o material na mesa de
análise
Ilustração de como alguns dos vestígios aparecem em sítio
CR/C/RM/030/060/2005
173
Ilustração de vestígios arqueológicos coletados durante atividades de
campo
Ilustração de vestígios arqueológicos cerâmicos coletados
CR/C/RM/030/060/2005
174
Ilustração de vestígios arqueológicos cerâmicos coletados em campo
Ilustração de vestígios arqueológicos líticos coletados em campo
CR/C/RM/030/060/2005
175
Ilustração de sondagem com localização de camada de ocupação e
carvão
Ilustração da localização de habitações em sistema linear ao longo do rio
CR/C/RM/030/060/2005
176
Ilustração com a localização de habitações em sistema circular
Troca de equipamentos de trabalho (do automóvel ao trator)
CR/C/RM/030/060/2005
177
4. PROGRAMA DE SALVAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
CULTURAL
O Programa de Salvamento do Patrimônio Histórico e Cultural, nas áreas do
Complexo Energético Rio das Antas, está sendo realizado pela FUCS – Fundação
Universidade de Caxias do Sul, e é denominado de Projeto ECANTAS - Elementos
Históricos e Culturais do Rio das Antas.
4.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
As expedições realizadas no período de 01 de abril a 30 de junho de 2005 foram
concentradas nos municípios de Bento Gonçalves e Flores da Cunha. Foi, também,
realizada uma expedição ao município de Guaporé para obtenção de informações
técnicas sobre os moinhos coloniais.
4.1.1. Bento Gonçalves
•
Registro de cenas de trabalho e depoimentos na pedreira do Distrito de Pinto
Bandeira, localidade de Linha Jacinto pertencente ao Município de Bento
Gonçalves. Cenas de homens quebrando pedras manualmente e
transportando com máquina e caminhão.
•
Depoimento de Nelson De Bortoli, 47 anos, agricultor e funcionário da
prefeitura municipal: fala do trabalho executado na pedreira, sobre as origens
dos antepassados, as histórias do lugar, a mentalidade do trabalho.
•
Depoimento de Onorino Predebon, 62 anos, fala dos trabalhos que ele realiza;
do cotidiano de quem é originário da cultura camponesa; fala também das
histórias da imigração e dos assentamentos primitivos da região. Área urbana
de Pinto Bandeira. Característica da propriedade com jardim, horta, galpão.
•
Seqüência de cenas para confecção de cestos de vime e registro de trabalhos
em uma pequena oficina de sapateiro na residência de Onorino Pedrebon.
Pinto Bandeira, Bento Gonçalves.
•
Registro de cenas no moinho Linha Jacinto, de propriedade de Lucindo Rigon.
Cenas externas com cascata e arroio. Cenas internas das máquinas e
estrutura do moinho. Funcionários operam os mecanismos. Pinto Bandeira,
Bento Gonçalves.
•
Entrevista com Livino Agostinho Formaglioni, 77 anos, morador da capela
Santa Cruz, Linha Jacinto. Livino executa trabalho de corte de capoeira com
pequena foice no meio de um cultivo de vimes. Na entrevista o informante
conta histórias, lembra de episódios dos antepassados.
CR/C/RM/030/060/2005
178
•
Registro de capitel de beira de estrada, Linha Jacinto. Paisagem de entorno,
parreirais e casa ao fundo no alto da colina.
•
Cenas de vale e montes. Linha Jacinto, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves.
•
Registro de trabalho com flores na residência de Santina Tomazin De Toni,
localizada na Linha Marcolino Moura. Colheita de flores no jardim e confecção
de arranjos para venda na feira de Pinto Bandeira.
•
Depoimentos de Santina Tomazin De Toni, 58 anos e Flávia De Toni, 18 anos.
(mãe e filha): falam sobre o trabalho com flores e o cotidiano da propriedade
rural e da vila onde residem.
•
Registro de cenas e depoimento na propriedade de Lucindo Pavan, com
parreirais e assentamento de casas e galpões. Linha Silva Pinto, Capela
Anunciatta, Pinto Bandeira.
•
Cenas de um museu particular, de características espontâneas, organizado
por Lucindo Pavan. Objetos de imigrantes e seus descendentes. Lucindo fala
dos objetos que guarda neste pequeno museu, mostra alguns objetos, explica
algumas coisas das primeiras famílias da localidade e também da capela
Anunciatta, próxima de sua propriedade.
•
Registro de cenas na Capela Anunciatta. Linha Silva Pinto, Pinto Bandeira,
Bento Gonçalves.
•
Registro de cenas do Vale do Burati, feitas a partir da estrada que desce ao
vale.
•
Cenas do rio das Antas, no interior de Pinto Bandeira, no deságüe do arroio
20.
•
Cenas da ponte de ferro e pedra entre os municípios de Bento Gonçalves e
Nova Roma do Sul.
4.1.2. Flores da Cunha
•
Registro da comissão comunitária de jovens e adultos executando a
confecção de tapetes por ocasião da procissão de Corpus Christi em Flores
da Cunha.
•
Procissão de Corpus Christi em Flores da Cunha.
CR/C/RM/030/060/2005
179
4.1.3. Guaporé
•
•
Registro de moinho colonial (cenas internas e externas) em Guaporé e
Vespasiano Corrêa
Entrevista com Pacífico Damian
4.1.4. Atividades em Laboratório:
•
•
Digitação e conferência de entrevistas
Plotagem de plantas de 30 moinhos coloniais do acervo de Ângelo Pedro
Damian (técnico que as elaborou)
O quadro a seguir apresenta o total dos trabalhos previstos para o Programa e o
realizado até 30 de junho de 2005
Previsto total
Realizado
no período
Total
realizado
5.000 fotogramas
453
3445
15 minutos
04 horas
24 horas
Entrevistas temáticas
60
14
30
Fotografias catalogadas
500
-
-
Ampliações fotográficas
100
-
25
SERVIÇOS
Registro fotográfico
Produção de VT
Produção de texto final
-
4.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
•
•
•
•
•
•
Digitação, impressão e encadernação das entrevistas realizadas pelos
entrevistadores.
Finalização do trabalho de campo
Seleção e catalogação de fotografias
Ampliação e seleção de fotografias
Edição do VT
Produção de texto final
4.3. Anexos
Anexo 1: Entrevista temática – Informante: Pacífico Damian
Anexo 2: Depoimentos de informantes
CR/C/RM/030/060/2005
180
Anexo 3: As Festas Litúrgicas
Anexo 4: Plantas de moinhos coloniais, soques de erva-mate e silos de armazenamento
de cereais. (em CD)
Anexo 5: Relatório fotográfico
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181
Anexo 1
Entrevista Temática – Informante: Pacífico Damian
CR/C/RM/030/060/2005
182
PROGRAMA: SALVAMENTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO E CULTURAL, NAS
ÁREAS DO COMPLEXO ENERGÉTICO RIO DAS ANTAS
INFORMANTE: Pacífico Damian
IDADE: 87 anos
LOCAL: Linha Colombo – Guaporé – RS
DATA: 04 de junho de 2005
ENTREVISTADOR: Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro
LEGENDA: E – Entrevistador
I – Informante 1
As Origens
Meu nome é Pacífico Damian. Filho de Pedro Damian e Petronila Fassicolo. Nasci no
dia 16 de maio de 1918. Nasci aqui, não nesta casa mas na casa que tinha ali,
adiante.
Meu pai nasceu na Itália. Diz que era de Belluno. Nós éramos em quatro irmãos e
seis irmãs, dez. Estamos vivos, eu, e mais uma irmã que mora em Porto Alegre. Eu
sou o último dos filhos, sou o nenê.
Minha mãe, não sei (de onde era) se era da mesma cidade (de meu pai), não sei. Ela
não veio, eu acho, junto, no mesmo navio. Porque ela, quando veio pra cá, tinha três
anos e o falecido pai tinha onze.
Ele contava que vieram embora (da Itália) porque a vida estava escassa pra vivê e
de mantimentos, e imigraram pro Brasil.
Que eu me lembro meu pai não falava da viagem pro Brasil porque não era muito
conversador. A mãe era mais, mas ela só tinha três anos quando veio.
Quando elas chegaram não vieram logo pra Guaporé. Passaram sacrifícios... Vieram
em Bento, lá na Linha Jansen. Depois de casados vieram pra cá. Ele ganhou,
ganhou não, pagou a escritura do lote aqui, de nº 42.
1
Na transcrição da entrevista foram eliminadas as perguntas com o objetivo de dar-lhe o formato de
depoimento.
A presente entrevista se inicia em língua portuguesa e por conseguinte, serão assinaladas,
em itálico, todas as palavras no dialeto.
Ao longo da entrevista o informante manifestou sua preferência por falar na língua dialetal.
Por isso, quando o depoimento for no dialeto, o itálico marcará as palavras e/ou frases em língua
portuguesa.
Para o presente Relatório será mantida a forma bilíngüe. Oportunamente a entrevista será
traduzida e apresentada, na sua versão final, em duas colunas, à esquerda o texto dialetal e à direita
a tradução em português. (Nota do entrevistador).
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183
Ele veio antes de casar, fazer uma rocinha pra marcar a terra porque era só mato.
Então, cada um, o casado ganhava uma colônia e o solteiro, meia. Então, o falecido
pai, quando requereu (o direito de compra de um lote rural) ele tinha casado, recémcasado, e conseguiu o lote esse de nº 42.
A Casa
E, depois, era só mato. Tinha só um pique (uma picada ou trilha) de passá a pé, pra
vir de Bento pra cá. Fizeram um ranchinho fechado, de varas, e ia dormi aqui em
cima no vizinho porque não tinha como... como se diz... Por um pouco de tempo foi
assim. Depois, parece que derrubaram um pinheiro e racharam umas tábuas pra
fechá a casa. O coberto foi com palha, com folhas de coqueiro que são, bem
colocadas servem... Depois racharam tipos umas tabuinhas pra fazê o coberto.
Essas tabuinha se chamava scàndole.
A Cozinha e a Comida
O fogão era um quadro (quadrado) de tábua, cheio de terra e uma corrente que
pegava no barrote, em cima (no teto) pra pendurá as panelas, pra fazê a comida.
Pra brustolar a polenta fizeram, não sei se logo, tipo uma grade, com os pés de uma
altura assim (aproximadamente cinco centímetros) e era quadrada. Eu tenho ela aí,
ainda. Está guardada e eu vou levar lá no Museu. Esse fogão se chamava fogoler e
a grade para brustolar a polenta era a gradela.
Na gradela também se assava carne. Eu também quando matava porco...
Antigamente não vendia porco. Não tinha comércio então se obrigava matá. Então
assava, fazia um fogo e brasas pra assá a costela.
A primeira comida que a mãe fazia, que eu lembro é pão, quando dava trigo, mas
não era sempre que dava o trigo. Quando não dava trigo então comia polenta, outra
coisa que não tinha farinha pra comprá que nem agora, há muitos anos já
começaram a trabalhá com esse moinho. Se não dá trigo, compra a farinha, mas
antigamente não tinha onde comprar farinha. Então, polenta.
Não era sempre pão branco, a mãe misturava com ... pra slongà. Eu gosto mais falá
italiano, porque me criei (minha língua – mãe é o dialeto italiano) e aqui a colônia é
toda... son pi franco se parle talian, dialeto2.
La canta più antiga che me ricordo lè Monte Grapa. Ricordo ancora un pochetin voi
che te la cante?
2
O informante manifestou sua preferência em continuar a entrevista no dialeto italiano. Por essa
razão passar-se-á a registrar em itálico toda a palavra que for em língua portuguesa (Nota do
entrevistador)
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184
Monte Grapa como sei belo
Tu sei macelo de la giuventù
Monte Grapa como sei alto
Sei Canpo Santo de la giuventù.
La è più longa ma dòpo no me ricordo pì. E cante antighe intiere no me ricorde gò
perso la... massa véccio, gò pers tant la memòria..., na vòlta gavea più memòria,
dès...
El me nòno, el gaveva undeze ani (quando l’è vegnesto da Itália)... El lè nassest nel
mil otocento e setanta due, el gavea undeze ani. Lè vegnesto nel mila otocento e
otanta tré.
El primo magnar que me ricordo lè el pan e la polenta. E i primi ani no se gaveva
costume de magnar farina de mandioca, ndove che tafone no ghenera, propio al
primo tenpo, dòpo i gà mest sù na tafona là e, mi no me, come digo, la memòria....
ma era picolet ndea co le me sorele a limpar la mandioca a la sera, rasparla par
masnarla.
Quando no ghenera formento,(se magnava) polenta e lat e ala matina, polenta e
formai e salame. El formaio là mama lo fava e el pupà el fava i salami e anca el
ossacol, la panceta. Mi, ma no son pì bom de farla, lè tenpo che no vao laorar drio i
pòrchi, ò pers, (la man) son massa duro! Ma se gaveva (scodeghe e) se fava
scodeguin anca. Qui in torno ghenè ncora gente che fà i scodeguin. A casa mia, el
me gendro, lù che va drio (a sto laoro).
O Irmão que fazia Moinhos
El me fradel che fava mulini se ciamava Angelo Pedro Damian. El gaveria cento ani,
lè nassesto ai vinti óto de giugno de mile novecento e cinque. E lè nassesto quà in
Linha Colombo, Guaporé.
El primo tenpo, lì, lè ndat quà a Guaporé, laorea de marcinero. ‘L gà scuminsià a
laorar de marcinero, con un tal de Fioravate Sassi. Lù(sto Fioravante) el gà insegnà.
No me recordo se lera vegnesto anca lù de Italia, che me fradel, quando lè ndà
inparar el ofício, el gavea quatordeze, quindeze ani. No me recordo quanti ani el gà
laorà insieme a sto Fioravanti, parche sera picoleto mi. Lù el gavea, mi son del
disdòto, lù lera del cinque, tredeze ani più de mi. La matematica no la me giuta più...
O Aprendiz
El gà imparà e far de marcinero, dòpo el gà laorà, nantro me fradel, el Joan, el gà
conpra un mulin a pedra, masnea forment e milho, e dòpo el gà inventà de comprar
na turbina e un cilindro de forment e ghè vegnesto un tal de Toni Spagnol, lèra del
Relvado, a montarghe la turbina e el cilindro (nel mulin del fradel Joan). E me fradel
Angelo el gà scominssià laorar, quando ‘l gà scuminssià laorar là, sto Toni Spagnol,
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185
lù lè ndà insieme a laorar, el gà inparà. El gà vist como lèra el mistier, el se gà mest
montar mulini a cilindro, picoi, dòpo scuminssià, avanti, colochea mulini grandi.
Mà lù no lè mia laorà senpre insieme a sto Toni Spagnol, sol là (sta volta), a colocar
quel lì de me fradel. El posto (ndove ghera sto mulin) lè quà de lá Linha Colombo,
quà, de lá dèl asfalto. Lera tocà a àqua, gavea anca la màchina, parche el tenpo de
seca la àqua lèra poca, lora gavea la màchina per tocar là. El gà scuminssià con vinti
trè, vinti quatro ani, mais o meno (a far mulini, lì per el 1930).
O Profissional
A Bento, ghe sò mi, dòpo che lù la scuminssià, a Bento no la mia fato mulini. Quà in
volta, quà del Estado, quà de parte de Maurício Cardoso, no me ricordo. Sù par de
là, um che gò in mente. Fora, sì el gà ndà a Mato Grosso, San Luiz Gonzaga, ndove
ncora? L’è ndà fora distante.
Quà in torno, ma che dòpo, ultimamente, lèra mia pì lù che montea. Lù el fea la
pianta. El gavea un so fiol che el gavea ciapà pratica e naltro De Lazer che el laorea
(insieme). El so fiol lè bel che morto, el se ciamava Vivaldo Damian. E naltro, anca, el
gavea quà un tal de Valdomiro Sbaraini, fiol de na me sorela. Stà a Lajeado, lè mort
anca lù, so mama lè morta fà un ano, e un De Lazer, no me recordo pì el nome.
Ilópolis, Arvorezinha cognosso, Ilópolis (cognosso) de più, parche o menà erva mate
là, a Ilópolis. Ghenò un poco de piante, là gò data via e i là menada a Ilópolis e son
ndà pesarla sù, lá, pesarla sù son ndà na volta. Arvorezinha son passà, lè ani che no
passe pi là in Arvorezinha.
Ben, alora, me fradel, el Angelo el gà inparà a montar i mulini, a colocar le machine
col Toni Spagnol. E dòpo el gà imparà a far, a desenhar le piante lù.
Ela la cognosse la Maria Ângela quela que stà in Canoas? Bom, de drio (de la so
casa) el gavea na caseta aposta. El se tirea lá, a studiar, far le piante dei mulini. E i
era mulini grandi, no sò quante tonelade. No me ricordo se lè ndato fora inparar far le
piante, parche lù, dòpo, el se gà maridà con una là de Gramado, dòpo, lì, le ‘ndà de
star a Erechin, in quel tenpo l’era Boa Vista de Erechin, lè ndà de star là sù, e lora, in
quel tenpo, pol esser que ‘l sia anca ndat, mà... A São Paulo sò che lè ndà tante
volte (ma non sò se l’era ndà per inparar a far le piante dei mulini). Non sò parche,
l’era maridà l’era fora de casa, mi no gò mai dimandà parche ndea, fora a San Paulo.
Na volta lè stà assaltá anca, pena desbarcà del avion là in São Paulo. El ndea de
avion e lo gà assaltá. Adès, par còsa che lè ndà non sò, sol che lè stà anca malà, la
passà el tifo là a São Paulo. Non sò se lè ndà laorar (o per inparar) o, enfim, che lè
stà no sò quanto in tel hospital là, em São Paulo. Dòpo, la so sposa la è mòrta e el se
gà maridà co la so mama de Maria Ângela.
Eu não cheguei a ver o Angelo montando os moinho e nem vi os desenhos, porque
depois de Erechim ele foi lá, em Canoas, e sempre ficou lá. Ele faleceu faz vinte
anos, mais, vinte e um, não me recordo bem.
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O Primeiro Moinho
E el primo mulin el ghè ncora. Lè ‘l mulin de Ortolan. Dòpo de me fradel, lè stato
senpre de Ortolan, parche Joan el se gavea maridà co una de Ortolan e lora i gà
conpra, lù e so sogro, ei gà comprá el molin e dòpo che i gà laorà ani, lera picinin
come quel lì (aponta para o netinho de sete anos), e mi ndea al mulin. I gavea ncora
el rodon tocà a àqua e na parte dòpo ei gà fà l’idea de meter sù un cilindro per
masnar (forment), comprar forment, masnar forment. Dòpo l’era massa picol, per el
movimento i gà ciapà la medalha de la farinha (bona che i fava). I vendea farina là a
Mussun, Estrela, Roca Sales, Picon(?). La farina i la mandea zô par de là a vender. I
gaveva i conprador e dòpo, per la fim, no i ghe dea pi conta dei pedidi. Alora, conpra
nantro cilindo e i gà scominssià... Ma só sogro lè mort e i só fioi...
...
Chi che gà el molin, ncoi lè i neodi del Joan, fioi de so sogro, so cunhadi. E adès l’è i
so sobrigni, ghe ncora ma no i masna più forment, sol i vende. I conpra milho e i
vende farina de milho.
El ghe dava nome a la farina, quando la vendeva fora, ma no me ricordo, no lèra mia
(Farina) Ortolan, nò.
Ghè un so fiol che stà quà sù, el fradel de quel che gà el molin, quà sù, e el gà na
floricultura.
E quel molin che lè ancora lì, lè stato fato per el Toni Spagnol e Angelo (Damian) e
ghera un che el gà giutà a farlo, el Emilio Dalmagro, marcinero bon, vegnesto quà de
Guaporé. L’è de Due Lajeadi, adés restaria soto el município.
Non me ricordo del ano che i gà scominssià a laorar, quel ano che i gà conpra là el
molin lè stà del mila novecento e vinte cinque. El masnava milho e forment. Ghera
due rode una per el milho naltra per forment, co le penere diferente, de seda per la
farina de forment.
O Ritual do Pão Doméstico
Noantri, se ciamava el pan fato de formento de pan bianco pan de forment. De le olte
i misturea anca, alora de ghe dizea “el prot”, che l’è el pan misturà co farina de milho.
Co l’era misturá par slongarlo um poc, i metea dentro farina de milho e lora i ghe
dizea el pan prot, tuti i dizeva el pan prot, no sò se i era sol i belunesi, parche quà in
volta i era quase tuti vegnesti de Itália, mà no sò se tuti de Beluno. A casa nostra, par
slongar la farina, se meteva dentro farina de milho. I gavea fat far là del Amorin un
tipo de forme quadrade e ghenera de pì strete cossì e longhete e ghenera de quase
quadrade par meter cosinar el prot, in tel forno, come quel de forment.
Gavon ncora el forno, nò quel vècio. El gavon fat un par de volte. Adès i dòpera,
quando viem casa la turma, qualche feriadão o qualche festa, Pascoa, Natal, Primo
del Ano, lora i vien quasi tute. Ghe due em Porto Alegre che le vien casa, le vien
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seguido quele, “fò el pan cosinà in tel forno!”. Me piàs, parche lè ani che le è via de
casa e sol quel pan conpro, li, de padaria... Lora, co le vien casa, el pan cosinà tel
forno gà altro gusto, dòpo ghè posti anca che i conpra pan de forno, ghe ne par tut.
E mi quando le vien casa, le porta casa(el pan), fin che le fresc me piase de più quel
che le porta a casa. De le olte, se và a Guaporè e no ghe ne mia a casa lora ghen
compre. Na fiola là na padaria fà pan bon de forno, lora ghe piàs de più quel de
forno. E mi quando ghenè pan de quel de padaria, fresc me piàs de pì de quel del
forno.
La mama la fea anca sol pan de milho, de le volte misturea anca.... cosinea
patate dolse, dòpo la desmanssea e metea in tel pan e fea quela massa de pan. E i
cusinea le patate tel àqua, própio tante nò, due, trè patate conforme le patate, se nò
le seca massa el pan. Sti ani i fea cada òto di, al sabo, senpre el pan. Metea in
cantina, ghera late par meter entro, col tanpo, che stesse più fresc, che no i ciapesse
vento, che el vento el seca, rento nte na lata.
Par cosinar se meteve soto le scartosse. La mama la fea i paneti par i picinin,
um tipo de colonbin i metea fasoleti per far i oci. La mama la fea un colonbin per cada
fiol. Parche un sì, un nò? La cusinava le patate dolse tel àqua, desmanssea come,
mesturea ‘nte la massa del pan de farina, mi me par che no la passea in tel setacio,
sol co le man.
Os Ritos da Vida
El giorno più felicie l’è stà el giorno che me ò maridà. Son maridà co la Isabela
Brezolin, maridà de quarta-fera. Quel tenpo che son maridà mi, maridea mia, el
vigário che ghera quá, de sabo, perche já che i fea baile, stea sù tuta la not, ndea
mia a la messa ala domenega. A maioria se maridea a quarta-fera mà mi che, no me
ricordo che i fava festa anca al giorno de la Ascenção a quindeze di, no me ricordo.
Se lè vanti Corpus Cristi o quindeze di dòpo, de quinta-fera, na volta i fava festa. E mi
son maridà al giorno drio lera, o la Ascensa, o Corpo Cristi. Son maridà ai dizassete
de maio de mila novecento e trenta nove. Ela la gavea quindeze giorni manco de mi,
la so età, ela, la gaveria fat i ani gieri l’altro. Semo maridadi ai vinti un ani. Mi gò fato
el tiro de guera. La era me vizinha, ma no gò trato de òcio sol a questa nò. Gavea
nantra, prima, catàda una, in tel baile, parche mi, de novo (quando jovem) quase não
dançava, eu não gostava. Em festa às vezes.
Se ndea a morose, mi, in te la casa de Isabela ndavo in ultima, due vòlte, na quarta e
in tel sabo. Ghera la cosina, ghera, na parede e ghera la sala ndove no se podea
namorar soli perche ghera senpre qualchedun insieme, dentro in cosina. Un ano gon
namorá vanti maridarse. La me sposa no lo vive mia, faz sete ano em março, que ela
faleceu. Antes de casá nós noivamos e meu pai e minha mãe foram junto para pedir
a mão da noiva, porque costumavam assim.
Quando eu casei fui morar na casa do pai e o enxoval da noiva eu fui buscar, na
casa dela, de carroça. Era... eu só não me recordo dentro do que ela botô o
enxoval, in tel baul nò. No sò se lera costume portarse la cassa de dòta perche, ela
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nò no la portada. E se gà maridà un fiol gavea fat la caseta quà sù, gnanca quela no
gà portà la cassa de dòta.
Son stadi insiemi cói gienitori fin che i è morti. Gò levà undeze fioi e questa quà l’è la
última. I me fioi omeni, quando i se maridava ndava fora de casa sùbito, parche gò
dat la casa, mà sol al pi vècio go dat la casa.
Questa lè la me fiola pi dovena e la se someia più mi che so mama, la Isabela là era
mora come Elizabete, questa me fiola.
El vestì de Isabela, (quando la sa sposada) lera bianco, mà no gavemo fato ritrato
parche in quel tenpo ghera pochi soldi e anca pochi fotògrafi.
El giorno più triste per mi l’è quando lè morta ela (a esposa Isabela).
(...)
Par saver, la Maria Angela, la sà se so pare lè ‘ndato fora studiar par negocio de far
piante de mulini. Pi facil ela che là sàpie.
Lá perto do moinho tem pedreiros, tinha agora eu acho que tiraram, também tinha
plantado anos atrás muitos parreirais grandes aqui em volta iam tirá as pedras lá.
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Anexo 2
Depoimentos de Informantes
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DEPOIMENTOS TEMÁTICOS
1. CULINÁRIA
1.1. Tecnologia de Conservação
A gente fazia, a mãe fazia pra guardá, antigamente, que não tinha zeladera, quando
o pai pescava muito pexe, então eles tirava os peixe e eles sabia tirá bastante
espinho e depois cortava em pedaço grande e fritava. Não queimava a banha. Ela
fritava o peixe depois se prontava uma bacia de cebola cortada não muito fina, um
poco grossinha e quando terminava de cozinhá o pexe naquela banha lá, botava
toda cebola dentro com sal, pimenta, um poco de pimenta também que ela se
cozinhasse um poco, que ela ficasse meia murcha, não cozida mesmo, ma bem
murcha e depois quando era fria, nós tinha três, quatro, cinco vaso de vidro grande
assim, com boca larga e ela botava uma camada de cebola embaxo, uma camada
de peixe, de cebola, e peixe até em cima. Se guardava o peixe a escabeche E ela
guardava, tampava e quando queria prontá pra de manhã fazê comida às oito ou
também de comê, a zente esquentava.
Maria Paulina Largura, Chiaradia, 92 anos, Nossa Senhora da Pompéia,
Veranópolis
Os peixes eram fritos, não fazia peixe insopado antigamente. Era frito, cortadinho,
temperado, passava um poco de farinha e frito no azeite. Eu não me recordo de
antigamente ter comido um peixe insopado era tudo frito. E os passarinho intão eram
despenado, limpado. Antigamente se cozinhava co a banha, fritos na banha com
polenta, né. Aquilo é comida muito boa, né.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos. Veranópolis
1.2. Marmeladas
A minha mãe fazia marmelada sim. Ela fazia maçanada, nós tinha o marmelo ela
fazia marmelada de marmelo, uvada. Era guardadas em caxinha, não era guardada
em garrafão que nem é agora. Fazia tudo caxinha de madera, botava um plástico e
se botava nas caxinha. Botava uns dia no sol depois se guardava. Bastante açúcar,
bastante cozida ela durava o ano intero.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos. Veranópolis
1.3. O Pão de Cada Dia
Para fazer o pão, antigamente o fermento a minha mãe ralava duas batatas inglesa,
mas já se tinha um pedaço de pão eu acho que não me lembro porque um pão
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passava pro otro, né, quando fazia segurava um poco daquela massa e botava num
garrafão. Depois se ralava batata, botava açúcar, sal e aquilo crescia, fermentava,
fermentava e o dia seguinte a minha mãe fazia o fermento com aquilo lá, depois de
muito tempo começô vim o fermento Flesmann, aquele de grãozinho. Intão começaro
fazê com aquele lá.
Com aquele fermento feito de batata, no dia seguinte intão ela despejava numa
bacia com farinha acho que ela botava banha, um poco de açúcar, sal e farinha. Um
botava ovo, otro não botava e amassava tudo à mão. Depois dexava crescê bem
aquela massa, quando era bem crescida, intão dava mais uma amassada e fazia o
pão. Depois quando era bem crescido a gente cozinhava no forno, né. Forno a
brasa. Se fazia o fogo depois se pegava aquela capoerinha de mato bem fininha a
gente fazia as vassoras, varria bem direitinho e se botava uma palha de milho, a
palha de milho botava embaxo pra não sujá o pão. Ah! ficava uma beleza, quando se
abria o forno parecia umas rosas lá dentro.
O forno tudo feito de tijolo e era assim, fazia os pé de pedra, depois fazia aquela
armação e era todo feito de tijolo e na frente tinha a porta e atrás tinha um buraco
pra sai a fumaça, pra sai o fogo. Depois, quando se botava o pão se fechava o
buraco atrás e a porta. Lá ele cozinhava.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos. Veranópolis
1.4. A Comida Diferenciada
A comida nos dias de festa a gente sempre melhorava o negócio, porque intão a
mãe era bem caprichosa na comida. Ela sabia fazê comida. Também os dias de
festa ela sempre trabalhava na cozinha da capela, nos casamento era sempre ela
que fazia os bolos, as torta, os biscoito, intão ela sempre cozinhava bem, a minha
mãe, ela sempre tinha visita lá em casa.
Antigamente, eles faziam muita comida de panela, né. Faziam massa, arroz, carne
em molho, eu me lembro, dava uma trabalhera porque a festa não era tanta gente
porque se fosse que nem agora quem que agüenta, não. Depois começaro co
churrasco intão, mudô, mais rápido, fazem a sopa, vários tipos de salada, vários
tipos de carne.
Eu me lembro que antigamente era cebola, quando não tinha tomate eles usava a
massa de tomate, salsa, alho e por aí vai. Não tinha esses tempero pronto, se
obrigava fazê.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos. Veranópolis
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1.5. A Sopa dos Poloneses
Os poloneses, tinha algum prato especial que eles faziam, mas eu...é eles tinham,
comi só uma veiz eu acho. Má...mais uma comida que os polonês sabiam fazê
era...eu não posso nem te dizê como é.
Matava os pato, de sangue do pato faziam uma sopa especial, assim...né. É! me
lembro um poco. Era tão bom o que sabiam fazê, que coisa! E esses aqui de Nova
Prata, ali que tem...como é que é que se chama? O Braspol, eles vinham lá na nossa
ingreja, foi convidado. Faziam dança deles, presentação, tudo né. Intão, té hoje eles
sabe se fazê, poque lá na sociedade, na festa, eles fazia comida deferente, especial.
Fabiano Rustik, 64 anos, Veranópolis
1.6. Do Porco tudo se Aproveita
Quando matava um porco, então eles cozinhavam a carne que sobrasse né. Primeiro
eles faziam o salame, depois então, o que sobrava, eles cozinhavam dentro de um
tacho, bem frita assim, na banha e, lavavam bem aquelas latas que compravam os
querosene, queimavam bem. Ficavam limpas. Então, botavam uma camada de
banha e uma camada de carne e, enchia aquela lata e, depois, íamos tirando os
pedaços. Esquentava e se comia assim e algum pedaço, então, o pai pegava e fazia
em salmoura e pendurava, que nem o toicinho pra depois botar no radichi né. Então
ele fazia na salmoura e pendurava no porão e, a gente pegava um pedacinho por
vez e depois, então, a gente cozinhava e botava no racichi. Ficava tão boom!
Lídia Panozzo Rigo, 73 anos, Nova Roma do Sul
Como não tinha geladera, não tinha luz. Intão, eu me recordo lá quando a gente
matava um porco a gente fazia banha e o salame. Intão aquilo é duas coisa que se
conserva, né, a carne, intão quando se matava um porco a gente distribuía um poco
para cada vizinho, quando o vizinho matava também ele dava um poco pra cada um.
Intão a gente ficava com poca e a minha mãe cortava em pedaço e cozinhava co a
banha. Depois a gente dexava no porão dentro de uma panela aquela carne junto co
a banha. Intão ela durava uns dias, né, depois a gente ia lá, pegava e isquentava,
porque não tinha otra solução. Não dava pra guardá muita coisa. Quando não se tem
luz, não se tem geladera.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos, Veranópolis
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2. ORIGENS
2.1. A Viagem
Meus avós vieram da Polônia. Meus avô que eu sei, os otros poco tenho
conhecimento, mas que eu mais sei dos meus avós que meus pai contavam, né. Eu
cheguei conhecê, ma todos não, depois faleceram eu era pequininho, né.
De onde eles vieram da Polônia eu não sei dizê. Lá da Polônia mas eu não sei
memo o lugar porque Polônia é grande né. Que eles tavam lá por caso que ia dá
uma guerra num sei o quê lá e eles siscaparo (escaparam) pra cá, viero pra cá. Só
que escutavam que se viajava muito no navio, na água assim.
Eu acho que viero mais sim só que eu não tenho recordações. Mas que viero mais,
porque no navio bastante gente cabe.
Fabiano Rustik, 64 anos Veranópolis
Os meus avós vieram da Itália, mas meus bisavós eram de lá. Eles não vieram pra
cá, só os avós. Eles vieram que não sei o ano, não sei tê explicá o ano porque nunca
foi comentado. Eu só sei que o meu pai comentava que lá teve grande guerra e
começaro a passá fome ai resolvero, seis irmãos vieram pra cá. Dois ficaram em
Santa Catarina, dois pararam em Caxias do Sul e dois vieram pra Veranópolis. Por
isso que tem um monte de Piccoli, que tudo que é lugar tem, né.
Os avós maternos vieram de Cremona em 1885 e os avós paternos vieram de Udine
em 1886.Eles se mudaram por causa da pobreza lá, né. Começô uma guerra lá
muito grande e não tinham mais o que comê daí resolvero vim pra América, pra
América, né.
Dizem que demoraro quarenta dias dentro do mar, de navio e viero até acho que
chegaro até, não sei aonde e depois até Porto Alegre e o governo daqui depois, né,
depois viero até Garibaldi, lá pra baxo, Bento Gonçalves. Lá que eles começaro
recebê o número dessa terra que ainda hoje existe ainda eles moro, os netos, os
filhos. Na minha casa supor, seria um neto do meu avô que veio da Itália que é o
meu irmão mais novo.
Zelma Piccoli da Silva, 61 anos. Veranópolis
Meus avós vieram lá do Vêneto da Itália. Tanto da parte do pai e da mãe vieram lá
de Rosá, Travetore, lugar por exemplo, Rosá seria que nem Nova Pádua e Travetore
seria lá no Belvedere Sonda ou no Mitzel. Moraram aqui em Nova Pádua. Os Sonda
vieram morar aqui em Nova Pádua. Os Bággio, parte da mãe, eles é que foram
morar lá no Serro Grande que deu essa desavença que eles queriam que Nova
Pádua fosse lá e não foi. Veio pra cá.
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Meu avô veio da Itália pra cá, porque tanto por parte do pai, como por parte da mãe,
eles não tinham como viver lá. Não tinham. Então como não tinham terra, não tinham
nada e houve aquelas guerras todas lá, né. Então houve aquela aventura de muitos,
que saíram de lá e vieram pra cá.
Então o que que aconteceu: vieram a lá Mérica. Demoraram 45 dias pra chegar aqui
no Brasil. Inclusive morreu uma criança no caminho. Tanto na parte da mãe como na
parte do pai. A parte da mãe tiveram que jogar no mar porque não tinha, que eles
fiscalizavam, só que a parte do meu avô, eles conseguiram esconder e enterraram
em Santos. Chegaram lá, abriram um buraco na areia e enterraram ali. E ali tinha o
pessoal de São Paulo que esperava que chegassem esses navios com pessoal para
trabalhar lá no São Paulo né, como tipo escravo. Então teve uma pessoa que
chegou no meu bisavô e ele disse: “tu não fica aqui que tu vai ter que trabalhá como
escravo, vai lá no Rio Grande, que lá vocês vão ganhar terra, vocês vão ser donos.”
E por isso que eles vieram, senão eles teriam parado, que muita gente parou em São
Paulo.
Os primeiros anos de vida deles, eles se instalaram embaixo de uma árvore, no
mato. Arrumaram uma casinha de madeira, depois, claro que o governo ajudou,
foram construindo as casas para eles morá. Eles começaram fazer o quê? Derrubá o
mato pra começá plantá. Então o que meu avô meu contava: eles pegavam aqui de
Nova Pádua, que Caxias já existia alguma coisa, né. Então eles iam pro moinho,
moê o milho para fazê a farinha do trigo, tanto do trigo como do milho. Eles botavam
o saco nas costas. Pegavam a picada, iam pra Caxias pra moê, compravam açúcar,
compravam sal. E o meu avô me contava que quando vinha pra casa, porquê meu
avô, parte da mãe, o Baggio, Valentino Bággio, meu avô Sonda veio com três anos,
mas meu avô Bággio veio com 18 anos. Então ele me contava, ele vinha pra casa e
como não podia fazer a viagem num dia só, ele vinha de noite e encontrava os tigres,
o leão no caminho, tinha que subir em cima das árvores. Ficar em cima das árvores
até que nascia o sol, quando clareava o dia. Então os animais os bicho do mato iam
se esconder, se acalmavam e ele continuava a viagem e ia para casa.
Ivo João Sonda, 72 anos, Nova Pádua
Meu avô veio de Vicenza. Veio por culpa que aquela época era dificuldade e muitos
tinha poblema, otros viero pra fugi da guerra que sempre tinha guerra lá. Algum
ouviu falá que o meu avô também teve poblema ma não sei se é verdade. Ouviu
conversa que ele tinha tal de tabaco, hoje seria maconha, e pegaro ele co tabaco,
não sei. E depois intão veio embora pra perdê a pena né. Não sei se é verdade.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
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3. Relação com o Rio das Antas
Do Rio da Zanta? Lá tinha umas pedra, ainda tem hoje, né, eu num fui lá. Tem umas
gruta lá. A gente, muitos viro um cachoro branco em cima daquelas pedra, montanha
lá naquela gruta. E muitas gente acamparo ali, ouvi falá, né. A história? Eles contava
que campava lá, ma de noite ninguém parava, tinha que curê de lá, ninguém parava.
Por que fazia assombração, né. Sustava, fazia medo, e diz que de tudo fazia! Fazia
caí tudas planta, mato, barulho fazia. Pagava o fogo com água, tudo a gente tinha
que fugi de lá, ninguém agüentava ficá lá. É. Num era tão fácil assim, eu num fui lá,
num conheço quele lugar ainda, né, acho que tem té hoje, lá. Eu sei que ninguém
podia pará naquele lugar.
Fabiano Rustik, 64 anos, Veranópolis
3.1. A Construção da Barragem
E – A construção da barragem mudou alguma coisa para as pessoas da
comunidade?
Não, acho que não mudô. Só mudô aqui na cidade que se vê pessoa de otro
lugares, de cor mais morena porque antes que viesse a usina nós era quase todos
italiano, todos branco, agora tem muitas pessoa morena que estão por aqui e vão
ficá por aqui. Vão deixá a raça por aqui, espalhada.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
O Rio da Prata, eu me lembro que um casal, bêbados, eram os Barbieri, eles não
enxergavam o perigo. O rio tava alto! E os do lado de cá, diziam: “não atravessem,
não atravessem que o rio leva vocês!” Mas eles que nada! Se foram cantando. Mas
foram rio abaixo na cachoeira. Ficaram mais de vinte dias. Me lembro que, meu pai
era sub-prefeito naquela época. Depois então acharam. Um que nem, hoje, outro
que nem, outro dia. Acharam os dois.
E, o Rio da Zanta, eu me lembro, dum homem, ele tava atravessando com dois
filhos, aqui em baixo, na balsa e o rio era meio alto, a barquinha começou a descer,
descer, descer. O pai ficou com medo. Ia os três, né. Era o pai e os dois filhos, um
casal. E quando ele viu isso, o pai pulou. Nadou, a nado foi fora e os dois meninos
foram de vagar, devagar. Diz que ele começou a gritar, rezar, pedir à Nossa Senhora
e né que o barquinho foi... foi.., encostou, antes de pegar o Cachoeirão e salvou os
dois meninos.
Lídia Panozzo Rigo, 73 anos, Nova Roma do Sul
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3.2. Os Peixes do Antas
Ah era, oh Dio, três, quatro tipo de peixe que era diferente, aqui pra cima não
existia. Lá pra baixo que é perto do Rio das Anta que ele subia tinha diversos tipo ma
não me lembro o nome. Nome estrambótico que tinha. Era pequeno e ia lá pescá co
meu avô ma era, ah não me lembro, oh Dio no me lembro ma tinha muita tal de
bissata**, uma cobra. Incomodava muito e dava medo, uma cobra de rio ma dava pra
comê, chamava bisata.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
4. CANTOS E REZAS
Tinha aquele que fazia as reza sempre. Que nem Nossa Senhora das Dores era o
Zacaria e mais pra cá era o Menegon que fazia os canto, as reza. Cantava aquelas
oração de jurado, de morto, era bem difícil. Latim, eles cantava os primeros tempo,
era as reza em latim então não era fácil aprender também, era um o dois de cada
comunidade que sabia fazê. E nos Piccoli nem sei quem é que tinha que fazia, ma
em cada capela tem um líder que mais se dedica às reza, oração, acompanha, tem o
livro. Nos Piccoli tem um tal de Tonato aquele faz todas cerimônia da alma morta.
Faz cerimônia que nem um padre né, faz muita cerimônia de enterro, ele fez. Tem
prática, né.
[...]
Nós, anos atrás, era seguido porque já faz uns 30 ano que minha patroa ela participa
do coral e tinha o Coral da Paróquia que sempre vinha ensaiá em minha casa aqui
no terraço, quando tinha o terraço, eles vinha insaiá aqui há mais de 30 ano, 35, e
sempre continua, eu sempre ia junto. Depois, nós ia na colônia, Santo Isidoro, São
Gotardo, ia na casa dos colono e lá cantava e comê pipoca e na época de fruta e
ficava aí se divertindo e comendo grustoli e fazendo folia e cantá. Hoje é uma vez
que outra. É pra começá nós tinha marcado eu e a patroa que nós ia cada capela co
Centro Cultural, ma não foi criado. Vô vê se agora vai se criá pra nós começá de
novo e fazê um cada capela, vamos supor, uma capela num me vai, no outro outra
capela, isso é muito interessante reuni pra eles incentivá o canto italiano.
[...]
Santa Cecília era o primero coral que teve a paróquia desde 1890, desde o primeiro
que fundaro em Alfredo Chaves.
[...]
Tinha instrumento, tinha uma porção de instrumento, tinha maestro que era muito
bom. Depois tinha o do Cavedon, que sempre existio, desde o primero imigrante que
veio da Itália e se instalaro no rio das Anta. Lá sempre teve banda de música e
cantava, mais aquilo era banda. Coral é uma cosa, e banda é outra.
**
Bissata – O informante refere-se à enguia, peixe longo e fino, com carne rica e delicada. Existe uma variedade
de água doce e outra de água salgada.
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E – O senhor lembra como rezava italiano?
O Ato de Contrição: Me tolga mio Dio, mi prende, mi arrependi di tutto mio cuore de
ter ofendido porque go perdesto paradiso e merecesto el inferno, Cosi Senhore piase
que venha um bon toseto ... e não sei o que, não me lembro bem. Já esqueci tudo.
Assim gostava que nós ficava: cosi senhore que piase que vien un bon toseto.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
5. ARTES DO FAZER
Costumava as coisa aquele tempo, fazê muita coisa, muito doce, fazia bastante
comida, bastante porque nossa família aqui perto da cidade era mais o meno, de
uma vida mais o menos porque aquela época nós era mais o meno de vida porque
tinha otros muito pior. Lá em casa meu pai tinha sempre o alambique que fazia
graspa e aquilo dava sempre em dinheiro e depois, ele vendia lenha prá cidade
então sempre tinha um dinheirinho mais que otras família que não tinha nada, só
dependia de fazê a safra do trigo, de milho, então não tinha dinhero. A maioria era
bem humilde e nós era uma família que tinha um pouquinho mais de poder devido
que tinha as coisas mais pra vendê.
(As mulheres) Elas tinha sempre o que fazê, tinha que arrumá a ropa pras família,
pras criança, costurá porque naquela época emendava, costumava emendá a ropa
né, botá uma peça em cima da outra que nem aquelas casa aqui em cima. Tu vê,
tinha sempre trabalho, prepará a comida pra de noite, depois prepará o milho pra i
pro moinho, tudo trabalho que tinha que fazê pois tinha que fazê. Depois tinha
criança pequena e cuidá da horta também, cuidá dos pintinho e juntá os ovo.
Também fazia muito crochê e tricô. Fricoletê (frivroletê). Fricoletê era uma
castanhinha, parecia assim, que as mulhé fazia um trabalho muito bonito pra botá no
meio da mesa, um guardanapo.
Meu falecido pai, meu avô, tinha os primero tempo tinha fábrica de queijo. Fazia
quejo e fazia o requejão e otras cosa, outro tipo de um queijo especial, caciocavallo*
chamavam. Tu vê o nome, catcho cavalo, tu vê, não sei nem. Ma não durô muitos
ano que depois surgiu diverso e eles foro mal e desistiro todos né que lá tinha nós e
em frente tinha os Chiaradia também que tinha a fábrica de quejo e co tempo
desapareceo tudo como todas as indústria como hoje em dia também tem tanta cosa
que vem, dura uns ano depois desaparece né. Vão tê que evoluí.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
*
Caciocavallo – É um queijo de massa dura. Originário da região do Sul da Itália, é conhecido desde o século
XIV e inicialmente foi produzido com leite de jumenta. Hoje em dia é preparado com leite de vaca (mas pode ser
também com leite de ovelha). Tem sabor suave, levemente salgado e textura macia quando jovem. Faz parte do
mesmo grupo da mussarela e do provolone, ou da pasta filata “massa esticada”, ou que significa que foi esticado
e formatado manualmente. Pode ser encontrado fresco ou defumado.
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6. ALAMBIQUES
O lambique sempre existiu lá no meu pai ma tinha muito poco, em cada linha tinha
um, dois no máximo e lá dos meus pai sempre tivero desde mil oitocento e não sei
quanto e ainda tá lá né. Tá desativado ma querendo trabalhá daria né, é porque eu
nunca me interessei, depois o meo trabalho né era sempre no sábado, só talvez eu
ia lá conservá né. Tá lá desativado, é uma pena porque tem mais de 100 ano né.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
7. MOINHOS
Nós tinha dois moinho perto. Nós tinha a que era, chamava sempre de fam,
antigamente, que até era um meo tio primeros ano ma isso já faz 80 ano quase e
intão passo Palmira de Fam, como é o nome, Sotili e depois eles venderam pros
Pastor, Lídio Pastore e Santo Meneguzzi que veio de Antonio Prado ma foi por volta
de 44, 45, antes também. É 41, 44 e fico sempre o Pastore e Meneguzzi e mais pra
baixo tinha do Scalco, Francisco Scalco tinha moinho de pedra, não era aquele
moderno de hoje, era aquele com pedra e eles tinha que, não sei cada quanto tempo
tinha, que batia as pedra co ferro pra podê esmagá e fazê a farinha. É uma cosa
muito interessante também e era tocado a água, os dois que tinha lá que nós ia. Um
era mais para milho, milho pra farinha de polenta, e o outro pra trigo, farinha de pão.
Nós tinha os dois perto lá.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
8. USOS E COSTUMES
8.1. O Roubo da Noiva
E – Naquela época era costume roubar a noiva?
Não. Tinha algum sempre que roubava, tinha sempre um espertalhão que roubava.
Eles combinava. Vamo supor, quando tinha uma moça que gostava do rapaz e o
rapaz era meio conquistador então tinha duas namorada, então dizia: olha, se tu não
vem eu vô levá a outra. Tu vem comigo senão tem a outra que vem comigo. Então
aproveitava a primeira. Uma ocasião um vizinho robô uma e nós ouvia gritá, as
famílias que gritava e ela passo na frente de casa e vinha vindo os dois pro otro,
foram prum hotel né e depois houve toda aquela briga de família. Quase (houve) tiro
ma afinal tivero que aceitá e pronto. E as famílias quando que notaro que faltava, viro
que não tava em casa, foro né.
Naquela época não tinha banhero, tinha que i na privada fora, quem tinha privada,
senão ia no meio da capoera mesmo fazê as necessidade né. Então levantaro e foro
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vê: “di certo ela tá cum dor de barriga” e foro e não encontraro, não encontraro. E um
mais esperto dos irmão dela disse: “vai vê se a ropa tá toda aí” e foro vê e faltava
ropa então disse: “não, ela fugiu”. Fugiu de a pé, porque era perto, três quilômetro
né. Veio pra cidade.
Tinha seguido (era freqüente) que levava pra casa até de cavalo muitos levava.
Botava na garupa e levava, como nos filme que se vê muitas vezes que roba a
moça, né. E os pais iam fazê o quê? Tinha que aceitá porque senão o filho dizia: eu
vô embora também, se você não me aceita com a minha companhera eu vô embora.
Então aceitava, fazê o quê? A maioria fazia o casamento depois. O casamento (era)
simples, casava e pronto, Sem vestido branco, porque não podia porque não era
mais virgem então não podia ter vestido branco né. A virgindade se foi, diga.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
8.2. A Água
A água era trazida da fonte, sempre eles procurava fazê a casa perto da fonte e iam
buscá com balde. Era um balde de madera. Chamava de secia, mas nem sei que
nome é. Depois botava um na frente e otro atrás, pegava uma madeira e formava um
arco e botava dois prego, um na frente e o otro atrás pra não resbalá e pendurava os
dois balde. Na época era de madera. Transportava a água assim.
Nota: O arco de madeira a que se refere o informante era chamado de bigol. Era
apoiado nos ombros e em cada extremidade do arco colocavam um balde.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
8.3. Fantasmas e Assombrações
Ah, falava que via os fantasma, que antigamente falava que tinha muitos fantasma
que fazia mal, as alma que era amaldiçoada não sei, então eles ia de noite que ia
fazê filó alguma coisa depois ia indo prá casa assim caminhando e via uma ovelha e
“Oh! Que ovelha bonita” , pegava no colo e depois ela daí um poco desaparecia, ela
falava e desaparecia. Dizia que era uma alma que tava perdida por aí. E outra, eles
contava antigamente os meos pai aí, que tava passando e tinha que passá no meio
de uma estrada e tinha um home grande com uma perna de cada lado e tinha que
passá por baxo, no meio das perna dele, um home gigante, e muitas vez mijava em
cima das pessoa. Falava não sei. Tu vê.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
8.4. Um Cometa e seus Presságios
Os sinais, uma vez falava, porque eu me lembro sempre que em 1940, 1944, tinha
meus parente que morava lá que foro morá pra Guaporé, morava na colônia nossa,
pessoa bem humilde que perdero o pai que era um quer tinha sido, era bem humilde,
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sofrero muito, aqueles sofrero como nunca aqueles meus primo e o dia que eles
saíro à noite que saía prá Guaporé tinha a mudança e pararo lá em casa e depois no
dia seguinte iam pra Guaporé. Apareceu três estrela cometa e a (estrela cometa)
disseram que era sinal de guerra, seca. Sempre falava. E nunca mais vi estrela
cometa aquela época. Vimo numa noite três intão parecia que era o fim do mundo
porque ia aparecê desgraça. Não sei se veio a guerra, acho que veio a guerra
mundial, veio claro. E eu nunca me esqueci aquela noite lá intão meus primo ia
embora que era muito chegado, sempre junto, se vivia junto né. Eles ia embora e vê
a estrela cometa, era o fim do mundo.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
9. O CICLO DA VIDA
E – Que tipo de cuidados a mulher devia ter quando estava grávida?
Olha, a sogra, sempre dizia: “Cuidado! Não passar por baixo da cerca. Não passar
por de baixo do cavalo, do pescoço do cavalo, e também se tem uma escada, nunca
passar por baixo da escada, porque a criança pode nascer com defeito”. Então a
gente se cuidava. Pra ter bom parto, então, elas diziam assim que tinha que tomar
sempre de vez em quando, óleo de rícino, pra purificar o sangue e, volta e meia,
então a gente tomava a sena, que é que nem óleo de rícino. Cada dor de barriga que
era coisa de botar fora o filho antes! Mas tinha que tomar, porque diziam que aquilo
purificava o sangue. Nos últimos, mais ou menos, quinze a vinte dias, então não ia
nem mais no terço que era pertinho a capela, mas como elas diziam cuidar: quinze
dias antes e quinze dias depois, cuidar, porque a criança pode nascer, então a gente
ficava meio com medo e então ficava em casa.
Durante a quarentena tinha que botar assim, quando o fogo aceso assim, com as
brasas bonitas, então a gente pegava uma brasa, um copo d’água, um caneco,
então a gente botava dentro uma brasa. Deixava lá um pouquinho, botava fora o
carvão e tinha que tomar a água, assim uns 40 dias. Eu também, os primeiro tive que
fazer assim. A sogra dizia, então eu fiz assim. E o lenço, o lenço, nunca sair de noite
ou de manhã cedo sem o lenço na cabeça, porque o orvalho podia dar dor de
cabeça e aquilo que a gente pegava na quarentena, nunca mais ia passar, a vida
inteira.
Banho era só se lavar com um paninho. Não podia lavar a cabeça. Era perigoso.
Tínhamos que se cuidar com a comida. Não podia negócio de banha. Então elas
compravam, quando a gente ganhava, tinha um filho, então elas compravam uma
lata de azeite. Eu ganhei a primeira lata de azeite quando eu tive a primeira filha.
Então, lá, a gente botava só azeite! Não podia, não podia com banha. Elas
preparavam a sopa, ainda mais quando a gente tava ainda na cama, porque a gente
ficava na cama uns, ih! Eu fiquei uns quatro, cinco dias na cama. Então ela, de noite
antes de dormir elas levavam uma sopona de café e leite. Bah! Gostosa! Ela fazia,
minha sogra. E, durante o dia, então, quando a gente tava na cama ela fazia a sopa
e levava no quarto. Botava um bom pedaço de carne em cima e a gente comia.
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Na época da minha mãe, deixavam tudo escuro no quarto, escuro uns quantos dias
e nem o nenê não podia ficar na claridade. Se a gente ia no quarto pra ver o nenê, a
gente queria assim, abrir alguma fresta, e ela dizia assim: “Não, não, não! Não pode!
Não pode!” Dizia que ele ia ficar cego, não sei quê, de repente, assim com a luz.
Então deixava fechada, a janela, às escuras.
Lídia Panozzo Rigo, 73 anos, Nova Roma do Sul
Fazia o buraco e enterrava né. É uma coisa que tem uns, depois algum voltava fazê
o túmulo ma tem uns que enterrava. Como esses dia, tava falando, época de chuva
intão eles abria a cova, o buraco, e enterrava que botava o caixão no meio da água.
Eles jogava pedra e tudo no meio da água. Ficava desespero, ficava tão comovente
sabe, porque vê que dexava a pessoa da família no meio da água, do barro porque
tá chovendo, chovendo, chovendo, não parava né. Como acontece agora lá em São
Paulo que chove bastante, as pessoa humilde não tem interro é na própria terra, não
faz o túmulo. Aqui era também assim.
Elígio Parise, 74 anos, Veranópolis
10. O Comércio e suas Práticas
Das vezes a minha mãe, porque não tinha sempre dinheiro, então, quando tinha
alguma dúzia de ovos, dizia: “hoje vai lá no mercado, dizia a venda, e em troca
desses ovos, traz tudo açúcar. Ou então um queijinho, vendia em troca de outras
coisas que precisava em casa, que nem café, fermento e, alguma galinha, também,
a gente vendia. Mas não era fácil vender. Eles davam (pagavam) aquilo que eles
queriam. Se aproveitavam demais uma vez (naquele tempo). Então, marcavam tudo
na caderneta e quando vinha, então, o trigo, um porco ou uma vaca, então fazia em
troca. Em vez agora, tudo tem preço. Em dinheiro, eles pagavam menos. Também
agora eles tem ainda este costume. Aqueles que tem ovos, das vezes, se é a
dinheiro é um preço e se é em troca, então, é outro.
Lídia Panozzo Rigo, 73 anos, Nova Roma do Sul
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202
Anexo 3
As Festas Litúrgicas
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AS FESTAS LITÚRGICAS
1. A Festa de Corpus Christi
As maiores festas religiosas do calendário litúrgico são o Natal, a Páscoa,
Pentecostes e Corpus Christi. Cada uma delas obedece a uma ritualidade própria
destinada a evocar e a celebrar o acontecimento tal como é narrado nas origens.
A Festa de Corpus Christi, celebrada pelos católicos, é realizada na quinta-feira após
a festa da Santíssima Trindade. No Brasil, o dia de Corpus Christi é feriado religioso
nacional. Em todas as sedes paroquiais esta festa, também chamada de Festa do
Corpo de Deus, é comemorada com uma procissão. A maior autoridade eclesiástica
do lugar – nas sedes diocesanas, o bispo – leva, sob o pálio, o ostensório, (por
antonomásia também denominado custódia), com a Hóstia que simboliza o Corpo de
Deus. Os fiéis acompanham o séquito, entoando cantos apropriados a essa liturgia
que se realiza na via pública. Em algumas localidades no sul do Brasil são armados
“capitéis” ou “oratórios” ao longo do percurso processional.
É, também característica de algumas comunidades urbanas enfeitar as ruas com
tapetes feitos de resíduos vegetais tingidos, representando cenas bíblicas, insígnias
eucarísticas ou outros temas religiosos. É sobre esses tapetes, que o celebrante
caminha, carregando o ostensório.
Foi Urbano IV (1200-1264) que durante seu curto pontificado (1261 a 1264) instituiu
a Festa universal e obrigatória do Corpus Christi ou do Santo Sacramento. Na
verdade, a Festa de Corpus Christi já era celebrada desde 1246 pelo bispo de Liège,
na diocese sob a jurisdição do próprio Urbano IV. Desse período, a bibliografia
disponível, lamentavelmente, é pouca e trata a questão de forma indireta e
fragmentada. Contudo é possível identificar quanto há de comum entre a Festa de
Corpus Christi realizada na Itália no ano de 1462, em Portugal no século XIII e no
Brasil Colonial.
Na sua História dos Papas, Pastor informa que:
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Diversamente de Pastor e d’Ancona, que fornecem apenas os indícios essenciais de
como era a Festa de Corpus Christi na Itália, Câmara Cascudo (1980), reportando-se
à mesma celebração, em Portugal, afirma que:
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A Festa de Corpus Christi foi instituída no Brasil desde o governo-geral de Tomé de
Souza, quando chegaram aqui os primeiros jesuítas. Câmara Cascudo relata que a
primeira solenidade celebrada com esplendor, em Salvador, no século XVI, foi a
procissão do Corpo de Deus.
O padre Manoel da Nóbrega escrevia em 9 de agosto de 1549 à Companhia de
Jesus, em Roma, anunciando haver realizado duas procissões solenes com cânticos
públicos e trombetas, tanto no Dia do Anjo Custódio quanto no de Corpus Christi.
Com danças, “invenções à maneira de Portugal” e toda a “artilharia que estava em
terra”, tais atos devocionais irradiaram-se da Bahia, pelas mãos dos missionários e,
inundaram a Colônia.
No Rio Grande do Sul, entre os descendentes de imigrantes italianos, a Festa de
Corpus Christi foi e continua sendo uma das mais concorridas festas da Igreja, quer
pela afluência de fiéis, quer pela solenidade que a caracteriza.
De acordo com Burke (1998), a cultura surge de todo um modo de vida e, como tal, é
de se esperar que a cultura camponesa varie segundo diferenças ecológicas, além
das sociais; diferenças no ambiente físico implicam diferenças na cultura material e
estimulam também diferentes atitudes. Parece plausível afirmar que, em terras
brasileiras, os imigrantes não reproduziram o fausto das festas religiosas das
cidades, sedes administrativas e religiosas das suas províncias de origem. O
ambiente ecológico era outro e foram necessárias algumas décadas para que se
formasse nas colônias uma classe burguesa nas sedes municipais ou distritais. A
tradição das festas dos santos padroeiros e as festas prescritas pela liturgia eram
realizadas, tendo por pano de fundo a nova sociedade que se estruturou no nordeste
gaúcho, a partir de 1875.
Para a procissão de Corpus Christi, era comum, no passado, que algumas das
famílias preparassem no pórtico, ou, na falta deste, na soleira da porta principal da
casa, um “oratório” ou “tabernáculo”. Para tanto eram utilizadas colchas de renda de
crochê, toalhas bordadas, cortinas de filé, enfim, as peças de uso da casa
reservadas para ocasiões especiais. Nesses oratórios, o celebrante parava para dar
a bênção do Santíssimo enquanto o coro da Igreja entoava cânticos em latim. Outras
famílias ornamentavam as fachadas das casas, fazendo pender das janelas os
melhores atavios domésticos: colchas e toalhas de renda de crochê ou, mais
CR/C/RM/030/060/2005
205
raramente, colchas de veludo e seda. Cortinas, colchas de renda ou veludo, eram
tidas como particularmente apropriadas para estas ocasiões, pois que acabavam por
mimetizar as rendas das toalhas dos altares e as pequenas cortinas dos
tabernáculos. Ao presumido espírito de religiosidade que orientava este empenho em
enfeitar o percurso da procissão, somava-se a disputa pela exibição do patrimônio
individual, exposto ao olhar coletivo.
Atualmente, no nordeste gaúcho, cidades como Flores da Cunha, Garibaldi, Nova
Prata, Veranópolis, São Marcos, entre outras, ainda conservam a tradição de
enfeitar, com tapetes, o percurso da procissão.
Vânia Merlotti (1989) registra:
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A Festa de Corpus Christi bem como as práticas religiosas e as manifestações
públicas como as procissões, foram introduzidas pelo clero que deu assistência
espiritual aos imigrantes. Este clero, cuja procedência coincidia, no mais das vezes,
com a dos imigrantes, era constituído de padres, italianos mas também de
capuchinhos franceses e de jesuítas alemães.
Se por um lado há uma origem européia comum ao restante do país, no
cumprimento do calendário litúrgico, pode-se presumir que na Região Colonial
Italiana a celebração das festas religiosas, como por ex. a de Corpus Christi, tenha
sido ajustada às condições sociais, econômicas e culturais da sociedade que ali se
formou. É a partir desta presumida especificidade de como é feita a procissão do
Corpo de Deus na tradição da Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul , que
se irá descrever e analisar a Festa de Corpus Christi na área do Complexo
Energético rio das Antas. Para tanto será descrita e, analisada a Festa do Corpo de
Deus realizada na Sede Municipal de Flores da Cunha.
1.1. A Festa de Corpus Christi em Flores da Cunha
A procissão de Corpus Christi em Flores da Cunha é conhecida em toda a RCI pela
tradição de enfeitar as ruas com os tapetes coloridos. Consagrado pelo uso o
CR/C/RM/030/060/2005
206
material a ser utilizado na elaboração dos tapetes é composto por serragem, areia,
casca de arroz, e para detalhes como a representação da hóstia ou do Cordeiro
imolado são usadas as farinhas de trigo e milho.
Os tapetes da festa do Corpo de Deus em Flores da Cunha são obra coletiva.
Grupos da comunidade (da área urbana e formados por afinidade etária, corporativa
ou de classe) elaboram as respectivas propostas em desenhos sobre papel.
Compatibilizadas as “seqüências” de acordo com o número de integrantes de cada
grupo (e sua capacidade de assumir um trecho maior ou menor), tem início a
preparação do material.
Na véspera da festa a cidade se mobiliza em torno do evento: os que elaboram os
tapetes, os auxiliares e o público que acompanha o ritual.
2. BIBLIOGRAFIA
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. Trad. Denise Bottmann. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.
CASCUDO, Luiz da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 5 ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos, 1980.
FRANCASTEL, Pierre. A Realidade Figurativa. Trad. Mary Amazonas Leite de
Barros. São Paulo. Ed. Perspectiva - USP, 1973, p. 346.
MERLOTTI, Vânia. O mito do padre entre descendentes italianos. Caxias do Sul:
EDUCS, 1989.
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207
Anexo 4
Plantas de Moinhos Coloniais, Soques de Erva-mate e Silos de
Armazenamento de Cereais. (em CD)
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208
Anexo 5
Relatório Fotográfico
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209
Confecção de cesto de vime. Artesão, Onorino Pedrebon, Pinto Bandeira, Bento
Gonçalves
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210
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211
Oficina de sapateiro na residência de Onorino Pedrebon, Pinto Bandeira, Bento
Gonçalves
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212
Livino Agostinho Formaglioni, 77 anos, morador da capela Santa Cruz, Linha Jacinto,
executando trabalho de corte de capoeira com uma pequena foice no meio de um
cultivo de vimes. Pinto Bandeira, Bento Gonçalves
Onorino Pedrebon fazendo capina no pomar de pêssego de sua propriedade. Pinto
Bandeira, Bento Gonçalves
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213
Santina Tomazin De Toni, 58 anos, colheita de flores no jardim e confecção de arranjos
para venda na feira de Pinto Bandeira. Linha Marcolino Moura. Bento Gonçalves
Parreirais no outono. Linha Jacinto. Pinto Bandeira, Bento Gonçalves
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214
Moinho de trigo e milho movido por energia produzida por turbina d’água. Linha
Jacinto, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves
Riacho, cujas águas movimentam o moinho Linha Jacinto. Pinto Bandeira, Bento
Gonçalves
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215
Interior de moinho da Linha Jacinto. Proprietário: Lucindo Rigon. Pinto Bandeira,
Bento Gonçalves
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216
Vista externa do Moinho Ortolan (acima detalhe de escada interna e janela). Linha
Colombo, Guaporé
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217
Pedreira de Pinto Bandeira. Cenas de homens quebrando pedras manualmente e
transportando com máquina. Linha Jacinto, Bento Gonçalves
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218
Capela da Anunciatta. Linha Silva Pinto, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves
Réplica da antiga capela da Anunciatta que era de pedra. Linha Silva Pinto, Pinto
Bandeira, Bento Gonçalves
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219
Capitel de beira de estrada. Linha Jacinto, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves
Vista externa da Igreja matriz de Pinto Bandeira. Bento Gonçalves
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220
Confecção de tapetes para a Festa de Corpus Christi, em Flores da Cunha
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221
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222
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223
5. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA SAÚDE PÚBLICA
O Programa de Monitoramento de Saúde Pública é executado pela Universidade
Federal de Santa Maria, e tem como objetivo realizar atividades de prevenção do
aparecimento de problemas causados especialmente por vetores e animais
peçonhentos nos municípios de influência do empreendimento, e nos canteiros de
obras das usinas de Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho. Estes objetivos
deverão ser alcançados através do monitoramento dos vetores e animais
perigosos ao homem registrados na região, e da implementação de ações
informativas nas comunidades afetadas, tais como distribuição de pôster, folder,
vídeos, etc.
5.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
5.1.1. Metodologia
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do Programa é constituída pelas
seguintes etapas:
•
levantamento dos problemas de saúde direta ou indiretamente relacionados
à instalação dos empreendimentos, através de:
- pesquisa nos municípios atingidos sobre as doenças mais comuns;
- identificação das doenças que poderiam ter sua ocorrência, na área de
abrangência, afetada pela chegada do empreendimento e/ou construção
do reservatório;
- identificação de doenças que poderiam se instalar nos canteiros de obras e
afetar os operários.
•
elaboração de um programa de ações mitigatórias com base no
levantamento anterior, com os seguintes objetivos:
- evitar a chegada de doenças endêmicas de outras regiões do País na área
de abrangência do CERAN;
- evitar o contágio dos operários com doenças pré-existentes na região;
- evitar a disseminação de doenças que poderiam ser provocadas pelo
enchimento do reservatório.
•
realizar ações preventivas envolvendo:
- as comunidades atingidas através de orientação aos professores de
escolas, EMATER e Secretarias de Educação e Saúde;
- os operários através de orientação aos responsáveis pelos CIPAT dos
núcleos envolvidos, responsáveis pelos ambulatórios e representantes de
categorias profissionais;
CR/C/RM/030/060/2005
224
- monitoramento de vetores/doenças detectadas através de coletas em
locais críticos e levantamento periódico feito junto as secretarias de saúde
e/ou postos de saúde; e
- o Programa de Educação Ambiental através de orientação e repasse de
material informativo.
•
escolha das metodologias mais apropriadas conforme a “situação da saúde”
de cada município, núcleo, área, etc, detectado através do levantamento do.
Em princípio, elas poderão incluir: palestras (treinamento para professores e
outros agentes multiplicadores); elaboração de material informativo de
natureza diversa para ser entregue em escolas, secretarias de educação e
saúde, hospitais, postos de saúde, EMATER, e responsáveis pela
segurança de trabalho dos operários; e acompanhamento e avaliações
periódicas das condições de saúde;
•
avaliação do desenvolvimento do projeto após o primeiro ano de trabalho,
sugerindo alterações de cronograma e metodologia, de modo a tornar o
programa mais adequado e efetivo a realidade encontrada.
5.1.2. Localização das Áreas de Amostragem
Até o momento foram escolhidos as seguintes regiões e/ou pontos (estações) de
amostragem:
Região dos canteiros de obra: inclui locais variados e aleatórios nos
canteiros de obras (áreas administrativas e de construção de barramento e
casa de força das três usinas), nos quais, em virtude das construções e
equipamentos instalados, podem estabelecer-se locais onde a água pode
acumular-se, promovendo o desenvolvimento de mosquitos.
Região do rio das Antas: a região foi subdividida em três trechos. Pontos de
coleta já foram escolhidos e georeferenciados nas áreas entre 14 de Julho e
Monte Claro e Castro Alves e 14 de julho.
Área 1 – entre os barramentos de 14 de julho e Monte Claro: essa
área, por ter menor gradiente, foi escolhida também para
amostragens de diversos açudes, onde há maior possibilidade de
encontrar-se diversos vetores aquáticos. Os pontos marcados estão
registrados no quadro apresentado a seguir.
Área 2 – Região da Usina de Monte Claro: nesta área há cemitérios e
açudes onde são recolhidas amostras de animais para o
monitoramento de vetores, pois são locais onde há possibilidade de
encontrarem-se diversos vetores aquáticos.
Área 3 – Região da Usina de Castro Alves: nesta área as coletas são
realizadas em cemitérios e açudes, e junto às margens do Rio das
Antas, em locais onde o sedimento forma algumas depressões
(panelas) que acumulam água, os quais são ideais para o
CR/C/RM/030/060/2005
225
desenvolvimento de espécies com pelo menos parte do ciclo de vida
aquático, como mosquitos e outros insetos e alguns moluscos.
Localização das Áreas de Amostragem no Trimestre Abril/Junho 2005
LOCAL
COORDENADAS
OBSERVAÇÕES
Área 1-A
29°02´80´´/51°34´88´´
Açude do camping
Área 1-B
29°02´51´´/51°36´27´´
Pneus velhos abandonados debaixo de
bergamoteira
Área 1-C
29°02´09´´/51°36´38´´
Açude na propriedade de Ivo Rosteli
Área 1-D
29°01´14´´/51°37´40´´
Cemitério N.Sra. do Rosário
Área 1-E
29°02´17´´/51°37´10´´
Arroio estrada N.Sra. Rosário – São Marcos
Área 1-F
Área 1-G
29°03´07´´/51°41´29´´
29°04´06´´/51°40´32´´
Área 1-H
29°05´01´´/51°39´08´´
Cemitério atrás da Capela de S. Marcos
Mirante da UH Castro Alves, próximo da Escola
Municipal Gaspar de Souza (presença de material
de empreiteira)
Cemitério da Capela de S. Pedro (Cotiporã –
Bento Gonçalves)
Área 2-A
29°01´75´´/51°31´49´´
Cemitério da Capela de Monte Claro
Área 2-B
29°01´42´´/51°31´15´´
Barragem da UHE Monte Claro
Área 2-C
28°59´51´´/51°29´31´´
Cemitério ao lado da Igreja Na. Sra. da Pompéia
Área 2-D
28°58´44´´/51°29´12´´
Poça ao lado da estrada de Sto. Isidoro
Área 2-E
28°58´44´´/51°29´11´´
Açude (Sto. Isidoro)
Área 2-F
28°58´64´´/51°29´19´´
Cemitério da Igreja de Sto. Isidoro
Área 2-G
28°58´34´´/51°28´38´´
Açude (propriedade Sr. César Zancan)
Área 2-H
28°58´34´´/51°26´07´´
Açude (propriedade Sr. Irineu Carminati)
Área 3-A
29°00´19´´/51°23´27´´
Canteiro de obras da UHE Castro Alves
Área 3-B
29°01´86´´/51°21´51´´
Cachoeirão
Área 3-C
29°00´50´´/51°22´02´´
Ao lado da balsa para Nova Pádua
Área 3-D
29°00´63´´/51°22´70´´
Margens do Rio das Antas (entre Cachoeirão e
UHCA)
Área 3-E
29°00´42´´/51°22´52´´
Arroio da ponte pequena (entre Castro Alves e
Cachoeirão)
Área 3-F
28°59´77´´/51°24´50´´
Cemitério de Nova Roma do Sul
CR/C/RM/030/060/2005
226
5.1.3. Atividades Realizadas
No período de abril a junho as atividades realizadas referiram-se a:
-
coleta de vetores em áreas críticas na região das UHEs Castro Alves, Monte
Claro e 14 de Julho;
triagem, identificação e contagem de invertebrados;
atualização de dados referentes a comunidade escolar (nº de escolas e de
alunos por série).
5.1.3.1. Resultados das campanhas realizadas
a) Coleta de Mosquitos
70
60
Número de larvas
65
59
50
40
32
30
30
23
20
13
10
3
1
0
1B
1H
1
2A
2B
2F
Local de coleta
Anopheles sp
Aedes fluviatilis
Culex sp
Psorophora
Figura 1
Número de larvas coletadas nos pontos de amostragem. 1-B = Pneus velhos
(Cotiporã – Veranópolis); 1-H = Cemitério da Capela de S. Pedro (Cotiporã); 2A = Cemitério de Monte Claro (Veranópolis); 2-B = Poça na Barragem de
Monte Claro; 2-F = Cemitério de Santo Isidoro
CR/C/RM/030/060/2005
227
Número de amostras
6
5
5
4
3
3
3
2
2
1
1
0
1B
1H
2A
2B
2F
Locais de coleta
Figura 2
Número de amostras recolhidas em cada ponto onde foi registrado a
presença de larvas de mosquitos
Dos vinte e dois pontos de amostragem, em cinco foram registradas larvas de
mosquitos (22,7%). Nos trimestres anteriores, a maioria das larvas registradas
eram provenientes de criadouros naturais, como as poças que se formam nas
margens do Rio das Antas. Neste trimestre, houve uma inversão em relação a
natureza dos criadouros, a maioria das larvas foi registrada em criadouros
artificiais, principalmente em vasos e frascos de cemitérios (figura 1).
Das 227 larvas examinadas, nenhuma era de espécie de importância
epidemiológica. Neste trimestre, a maioria das larvas coletadas era da espécie
Aedes fluviatilis, como em setembro de 2004.
Dos cinco pontos onde foram registradas as larvas de mosquitos, apenas um foi
reincidente, o local onde foram encontrados os pneus velhos abandonados entre
Veranópolis e Cotiporã. Estes pneus no trimestre passado estavam bem a vista, ao
lado da estrada. Neste trimestre, eles foram colocados um pouco mais afastados
da estrada de maior circulação e foram depositados debaixo de uma bergamoteira,
em local sombreado, mais propício para o desenvolvimento das larvas de
mosquitos.
Na região das usinas há uma quantidade razoável de cemitérios rurais (neste
trimestre foram visitados seis na zona rural e um na zona urbana). Na maioria, a
população das redondezas evita deixar água em recipientes que possam servir de
criadouros de larvas de mosquitos, colocando areia nos frascos e vasos. Porém, a
quantidade de recipientes que são encontrados neste cemitérios é considerável, o
que às vezes torna-se problema, quando após as chuvas estes frascos acumulam
água e servem para a deposição dos ovos dos mosquitos. Fato constatado na
CR/C/RM/030/060/2005
228
metade dos cemitérios de zona rural vistoriados neste último período de
monitoramento.
Numero de moluscos
b) Coleta de moluscos
25
20
15
10
5
0
1-C
1-E
3-B
3-D
3-E
Locais de coleta
Lymnaea columella
Gundlachia sp.
Potamolithus sp.
Chilina sp.
Heleobia sp.
Biomphalaria sp.
Pomacea canaliculata
Diplodon sp.
Corbicula fluminea
Figura 3
Número de moluscos coletados nos pontos de amostragem. 1-C (Açude Sr.
Ivo Rasteli), 1-E (arroio N. Sra. do Rosário-São Marcos), 3–B (Cachoeirão), 3-D
(rio das Antas, entre Cachoeirão e UHCA), e 3-E (arroio ponte pequena, entre
Cachoeirão e Castro Alves)
Moluscos foram capturados em 5 pontos de coleta, obtendo-se a maior diversidade
e a maior abundância nas margens do Rio das Antas, na localidade Cachoeirão. A
maior abundância foi assinalada para a espécie invasora C. fluminea. Os
exemplares de Biomphalaria (vetor da esquistossomose) encontrados eram muito
jovens, e não foi possível identificar a espécie a qual pertencem. Os espécimes
dos dois moluscos vetores, Biomphalaria e Lymnaea columella (fasciolose),
ocorreram em pequeno número, sete e dois exemplares respectivamente.
Considerando o total de pontos amostrados (22) nesse trimestre, ambos tiveram
ocorrência extremamente restrita, sendo encontrados em apenas três localidades.
Cabe ressaltar que o número de espécies de moluscos encontrado na área de
abrangência do complexo aumentou, pois, dessa vez, verificaram-se mais três
gêneros que ainda não haviam sido citados: o bivalve Diplodon e os gastrópodes
Lymnaea e Chilina. Esse trimestre, registrou-se também a maior diversidade desde
o início do monitoramento. Dos moluscos encontrados anteriormente, apenas
Stenophysa e Pisidium não foram verificados. Portanto, 11 gêneros ocorrem na
área de abrangência do CERAN, sendo dois de espécies vetoras.
CR/C/RM/030/060/2005
229
5.2. Indicadores Ambientais
Ia = (% Cn) – (%Ca)
Onde:
Ia = ............ Indicador ambiental do controle de criadouros de mosquitos;
%Ca = ........% de pontos de coleta positivos para criadouros artificiais de
mosquitos;
%Cn = ........% de pontos de coleta positivos para criadouros artificiais
%Cn = NPCn / NTCn x 100
%Ca = NPCa / NTCa x 100
NPCn =.........Número de pontos com criadouros naturais (fendas, charcos,
açudes...) onde foram encontradas larvas de mosquitos;
NTCn = .........Número total de pontos vistoriados com possibilidade de registro de
criadouros naturais e larvas de mosquitos;
NPCa = .........Número de pontos com criadouros artificiais onde foram encontradas
larvas de mosquitos;
NTCa = .........Número total de pontos vistoriados com possibilidade de registro de
criadouros artificiais e larvas de mosquitos
Quando:
Ia
<0
Ia 0 – 20
Ia 20 – 50
Ia 50 – 100
indicador negativo: controle de criadouros artificiais ruim
indicador positivo: controle de criadouros artificiais regular
indicador positivo: controle de criadouros artificiais bom
indicador positivo: controle de criadouros artificial muito bom
5.2.1.Resultados no trimestre abril - junho 2005
- Controle de criadouro de mosquitos
NTCn = 11 (1A, 1C, 1E, 2B, 2D, 2E, 2G, 2H, 3B, 3D e 3E)
NPCn = 1 (2B)
NTCa = 11 (1B, 1D, 1F, 1G, 1H, 2A, 2C, 2F, 3A, 3C e 3F)
NPCa = 4 (1B, 1H, 2A e 2F)
%Cn = 1 / 11 x 100 = 9,1 %
%Ca = 4 / 11 x 100 = 36,4 %
Ia = (% Cn) – (%Ca)
Ia = 9,1 – 36,4
Ia = - 27,3 (controle ruim)
CR/C/RM/030/060/2005
230
-
Ocorrência de moluscos
Dos 22 pontos de coleta analisados neste trimestre, moluscos foram encontrados
apenas em cinco, e somente três deles continham moluscos vetores. Biomphalaria,
gênero que contém espécies vetoras de esquistossomose, como B. glabrata, B.
tenagophila e B. straminea, esteve representado na área por sete exemplares
muito jovens, não sendo possível identificar a espécie. Lymnaea columella, vetora
da fasciolose, esteve representada por apenas dois espécimes. A baixa
representatividade numérica sugere que ambos sejam pouco comuns na região.
Porém, tendo em vista o forte período de estiagem do trimestre anterior, que deve
ter afetado bastante a ocorrência dos moluscos, não é possível confirmar a
escassez dos grupos vetores.
Áreas críticas
-
-
Entre Cotiporã e Veranópolis: presença de pneus velhos (foto 1, anexo II).
Cemitério da Capela de N. Sa. do Rosário: presença de frascos e vasos
(foto2, anexo II)
Cemitério de Monte Claro: latas e vidros no cemitério. Os frascos que
estavam vazios no trimestre anterior, agora estavam com água e larvas de
mosquitos (foto 3, anexo II), como previsto no relatório passado.
Cemitério da localidade de São Pedro, município de Cotiporã: presença de
frascos e vasos com larvas de mosquitos (foto 4, anexo II).
Cemitério da Igreja N. Sra. Pompéia (Ponto 2D): havia vasos, vidros e latas,
alguns preenchidos com parafina ou terra, mas vários vazios. Alguns
emborcados (com a abertura para baixo), outros com a abertura para cima,
como no trimestre anterior. Porém, ao contrário de Monte Claro, não havia
larvas (foto 5, anexo II).
Cemitério de Santo Isidoro: frascos e vasos que podem acumular água.
Presença de larvas (foto 6, anexo II)
5.3. Atividades Previstas para o Próximo Semestre
-
coleta de vetores;
triagem de vetores;
análise dos dados sobre saúde;
treinamento de professores em municípios da área de abrangência do
Complexo Energético Ceran
5.4. Conclusões
Como havia sido alertado no relatório anterior, a presença de vasos e frascos
vazios nos cemitérios da região poderia servir de criadouros de mosquitos, quando
CR/C/RM/030/060/2005
231
começassem as chuvas. Estamos enviando (anexo III) um modelo de cartaz para
ser analisado e avaliada a necessidade da sua fixação nos portões dos cemitérios,
alertando a população para evitar a presença destes recipientes naqueles locais.
Outra medida que seria útil, seria solicitar, junto às prefeituras de cada município,
que mantenham um serviço para o recolhimento periódico do lixo e dos frascos dos
cemitérios. Em alguns deles, até há trabalho de limpeza (Nova Roma do Sul,
Capelas de São Marcos e Pompéia), mas muitas vezes o lixo (restos de flores e
frascos) é depositado ao lado do cemitério (atrás dos muros), o que não resolve o
problema.
Os folders, apresentados no relatório anterior, deverão ser distribuídos também aos
moradores da zona rural, principalmente na região onde foram encontrados os
pneus velhos abandonados (região entre Veranópolis e Cotiporã).
O treinamento para os professores será ministrado no próximo trimestre com base
na apostila que foi elaborada. Copias destas apostilas serão repassadas para
todos os professores que realizarem os treinamentos. O treinamento deverá ser
ministrado sob a forma de palestras aos professores do ensino básico.
5.4.1. Conclusões científicas
No monitoramento realizado em maio, na região do Rio das Antas, foram
registradas quatro espécies de mosquitos. Uma a mais que no trimentre anterior
(Psorophora sp.). Porém, esta espécie já havia sido registrada na região em agosto
de 2004. Nenhuma das espécies identificadas é reconhecida como vetora de
doenças transmitidas ao homem (ver quadro no anexo I).
A espécie mais abundante neste trimentre foi Aedes fluviatilis, seguida por Culex
sp., Anopheles sp. e Psorophora sp.
A presença de A. fluviatilis restringiu-se a região 2 (entre Monte Claro e a divisa
entre Veranópolis e Nova Roma do Sul). Esta espécie foi encontrada tanto em
criadouros artificiais, como em frascos nos cemitérios, quanto em criadouros
naturais, como uma poça na barragem de Monte Claro.
Culex sp., por sua vez, esteve presente na região 1 (entre Cotiporã e Veranópolis)
e na região 2 (UHE Monte Claro). Neste trimestre, este grupo de mosquitos foi
coletado apenas em criadouros artificiais, como pneus velhos, e frascos em
cemitérios. Porém, em períodos mais quentes é comum o registro de Culex em
criadouros naturais também, como nas poças do Cachoeirão.
Neste trimestre, o número de amostras de mosquitos coletadas em criadouros
artificiais superou o número de amostras de criadouros naturais. Em todos os
períodos de monitoramento sempre se buscou vistoriar números próximos de
criadouros naturais e artificiais para que se pudesse ter parâmetros de
comparação.
CR/C/RM/030/060/2005
232
Após a estiagem por que passou a região durante os meses de verão, no outono
as chuvas foram normais e os rios voltaram a subir. Com isto no Cachoeirão, onde
nos trimestres anteriores havíamos registrado várias larvas de mosquitos, neste
último trimestre não haviam mosquitos, embora ainda se pudesse encontrar
algumas poças, todas sem larvas. Outro fator que pode ter contribuido para a
redução da incidência de mosquitos em criadouros naturais foi a baixa temperatura
durante a semana que antecedeu os trabalhos de campo. Em volumes maiores de
água, como nas poças das margens do Rio da Antas, a temperatura da água tende
a se manter baixa durante todo o dia, enquanto que em recipientes, como frascos e
pneus, a temperatura ao longo do dia tende a ser, em média, mais elevada.
Durante o inverno, há uma tendência natural para a redução da incidência de
mosquitos, principalmente em regiões serranas. O desenvolvimento das larvas de
mosquitos é fortemente afetado pela temperatura do ambiente. Porém, mesmo
temperaturas mais baixas não são capazes de exterminar com os mosquitos. Os
ovos de muitas espécies podem permanecer em dormência durante o inverno e
voltam a se desenvolver quando a temperatura aumenta. Alguns mosquitos adultos
também são capazes de hibernar durante o inverno, e na primavera tornam-se
ativos novamente, recomeçando as atividades reprodutivas.
Moluscos estiveram representados por nove espécies e/ou gêneros, registrandose, nesse trimestre, três novas ocorrências em relação ao trimestre anterior (março
de 2005) – Lymnaea columella, Diplodon sp. e Chilina sp. (ver quadro anexo II).
Dos moluscos encontrados até o momento, Biomphalaria sp. e L. columella são
vetores naturais de doenças de homens e animais. Corbicula fluminea é um bivalve
invasor, de origem asiática, que aparentemente instalou-se no Rio Grande do Sul
nos anos 70, através da Bacia do Guaíba. Esta espécie está dispersando-se por
todo o Estado e foi registrada em vários afluentes do Guaíba, como o Jacuí, e do
rio Uruguai, como o Touro Passo. Este bivalve pode causar problemas para UHEs,
como registrado em estudos prévios.
O pequeno número de ocorrências e de exemplares de moluscos nos diversos
açudes e charcos visitados, em parte, deve ser decorrente da forte estiagem que
ocorreu no Estado, no verão passado. O nível de água nos açudes estava
extremamente baixo, ocorrendo, portanto, uma diminuição da área disponível para
os moluscos. Agora, após o retorno das condições normais de precipitação, como
previsto anteriormente, mais espécies e um maior número de espécimes foram
observados. Portanto, os moluscos devem continuar sendo monitorados.
Até o momento, foram registradas nove espécies de serpentes na região das
hidrelétricas de Monte Claro e Castro Alves, destas apenas uma é peçonhenta,
Bothrops jararaca (Wied-Neuwiedo, 1824), conhecida popularmente como jararaca.
Entre as aranhas que podem causar problemas para o homem, foram assinaladas
aranhas caranguejeiras mortas na UHE de Monte Claro (trimestre anterior). Essa
aranha não é peçonhenta, mas pode causar ferimentos sérios e alergias
localizadas.
CR/C/RM/030/060/2005
233
5.5. Anexos
Anexo 1: Gêneros e espécies de mosquitos e moluscos já registrados para a área
do CERAN e suas respectivas características epidemiológicas
Anexo 2: Fotografias dos pontos críticos
Anexo 3: Modelo de cartaz a ser fixado nos cemitérios da região
CR/C/RM/030/060/2005
234
Anexo 1
Gêneros e espécies de mosquitos e moluscos já registrados para
a área do CERAN e suas respectivas características
epidemiológicas
CR/C/RM/030/060/2005
235
Gêneros e espécies de mosquitos e moluscos já registrados para
a área do CERAN e suas respectivas características
epidemiológicas
Mosquito
Informações
Anopheles sp.
Não foi possível determinar a espécie. Anopheles
nimbus, encontrada no centro do estado é uma espécie
silvestre, sem importância epidemiológica. Porém, neste
gênero há espécies transmissoras de malária.
Aedes fluviatilis
Apenas experimentalmente este mosquito é capaz de se
infectar com o vírus da febre amarela. Freqüenta o
ambiente peridomiciliar, e pode criar-se em recipientes
artificiais. É comum em regiões silvestres, semisilvestres, suburbanas e urbanas
Culex sp.
Mosquitos comuns em residências. Podem transmitir a
filariose, se for contaminado com sangue de pessoas
doentes.
Limatus durhamii
Atacam animais e também o homem. Sem importância
epidemiológica.
Psorophora
São zoofílicos, bastante vorazes, oportunistas e podem
atacar o homem. Sem importância epidemiológica.
Molusco
Biomphalaria
Informações
Gastrópode característico de águas paradas. Em
enxurradas pode ser levado para os rios, onde agrupa-se
nas margens dos corpos d’água. Cerca de três espécies
são vetores importantes da esquistossomose.
Gastrópode característico de águas paradas. Resistente
a ambientes poluídos. Experimentalmente pode ser
vetores de várias moléstias do animal e do homem.
Gastrópode característico de águas paradas. Em
enxurradas pode ser levado para os rios, onde agrupamse nas margens dos corpos d’água. Essa espécie é o
principal vetor da fasciolose no Brasil.
Gastrópode encontrado em beira de lagos e rios,
aderidos a superfícies submersas. Sem importância
epidemiológica.
Gastrópode encontrado predominantemente em rios,
aderido a rochas, as vezes em sedimentos de
granulometria mais fina. Sem importância epidemiológica
Stenophysa
Lymnaea columella
Gundlachia
Potamolithus
CR/C/RM/030/060/2005
236
Molusco
Heleobia
Pomacea
Chilina
Diplodon
Corbicula fluminea
Pisidium
CR/C/RM/030/060/2005
Informações
Gastrópode encontrado em ambiente lênticos e lóticos.
Sem importância epidemiológica.
Gastrópode encontrado principalmente em ambientes
lênticos, como lagoas, charcos e açudes. Durante
enxurradas costuma ocorrer em rios. Experimentalmente
pode comportar-se como vetor.
Gastrópode encontrado predominantemente em rios,
aderido a rochas, as vezes em sedimentos de
granulometria mais fina. Sem importância epidemiológica
Bivalve semi-endobionte. Sem importância
epidemiológica.
Espécie de bivalve invasor, de origem asiática, que tem
se alastrado por varios rios brasileiros. No Rio Grande do
Sul, sua presença foi registrada em 1981 e, desde então,
várias novas ocorrências têm sido registradas para o
Estado.
Bivalve epibionte. Sem importância epidemiológica.
237
Anexo 2
Fotografias dos pontos críticos
CR/C/RM/030/060/2005
238
Fotografias dos Pontos Críticos
Foto 1: Ponto 1B pneus velhos abandonados
Foto 2: Ponto 1H - cemitério de N. Sa. do Rosário
CR/C/RM/030/060/2005
239
Foto 3: Ponto 2A, cemitério de Monte Claro
Foto 4: Ponto 1H - cemitério da Capela de São Pedro
CR/C/RM/030/060/2005
240
Foto 5: Ponto 2C - cemitério da Capela de N. Sa. da Pompéia
Foto 6: Ponto 2F - cemitério da capela de Santo Isidoro
CR/C/RM/030/060/2005
241
Anexo 3
Modelo de cartaz a ser fixado nos cemitérios
CR/C/RM/030/060/2005
242
Modelo de cartaz a ser fixado nos cemitérios
ATENÇÃO
Evite deixar frascos e vasos vazios neste cemitério.
Encha-os com areia para evitar que sirvam de local
para a criação de mosquitos.
Dê preferência por flores de plástico, que duram mais
tempo e não precisam de água para serem preservadas.
Colabore com a limpeza deste local, não deixando qualquer
tipo de material descartável, como latas e garrafas.
CR/C/RM/030/060/2005
243
6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
6.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
6.1.1 – Site institucional www.ceran.com.br
Foram realizadas, no período, as seguintes atualizações no site da CERAN.
- Seção Meio Ambiente
o Inserção do Relatório Trimestral de Meio Ambiente (janeiro a março de 2005)
(Anexo 1).
6.1.2 – Relações com a Imprensa
Redação e encaminhamento de informações sobre fatos relevantes do
Complexo CERAN.
Atendimento às solicitações da imprensa.
Agendamento e acompanhamento de entrevistas do Diretor-superintendente
da Companhia.
Os contatos da Assessoria de Comunicação incluem os seguintes veículos:
Jornais
Correio Livre – Veranópolis
Estafeta – Veranópolis
Panorama Regional - Veranópolis
Correio Riograndense - Caxias do Sul
O Pioneiro - Caxias do Sul
Eco do Vale - Bento Gonçalves
Gazeta em Dia - Bento Gonçalves
Semanário - Bento Gonçalves
Cidadania - Antonio Prado
Integração da Serra
O Florense - Flores da Cunha
Popular - Nova Prata
Correio Livre - Nova Prata
Jornal do COINFRA (Comitê de Infraestrutura da Federação das Indústrias do
Estado do Rio Grande do Sul) - Porto Alegre
Zero Hora – Porto Alegre
Correio do Povo – Porto Alegre
Jornal do Comércio – Porto Alegre
CR/C/RM/030/060/2005
244
O Sul – Porto Alegre
Gazeta Mercantil – Sucursal Porto Alegre
Agência Estado – Sucursal Porto Alegre
Rádios
Mãe de Deus - Flores da Cunha
Comunidade FM – Veranópolis
Veranense - Veranópolis
Solaris - Antonio Prado
SP3 - Bento Gonçalves
Viva - Bento Gonçalves
Bento AM - Bento Gonçalves
Principais emissoras AM e FM de Porto Alegre
Sites especializados em energia elétrica
Panorama Brasil
IFE
Infoenergia
Canal Energia
Revistas
Revista Brasil Energia
Revista O Empreendedor
Emissoras de TV
Rede Pampa – Porto Alegre
TV-E – Porto Alegre
RBS-TV – Porto Alegre, Bento Gonçalves e Caxias do Sul
Band RS – Porto Alegre
SBT– Porto Alegre
TV COM –– Porto Alegre
Ações da Assessoria de Comunicação
Abril 2005
Envio de comunicado informando novo diretor da Companhia ao público
envolvido no Complexo Ceran. (Anexo 2).
CR/C/RM/030/060/2005
245
Reunião interna com diretoria da Ceran para atualização e padronização de
informações para a imprensa a respeito de futuras ações de comunicação da
Companhia.
Manutenção de atividades pertinentes à Assessoria de Comunicação, como
acompanhamento de mídia, monitoramento de informações, atendimento às
demandas da imprensa, elaboração de relatórios e participação em reuniões
internas e externas.
Maio 2005
Redação e encaminhamento de informações referentes ao Complexo Ceran
para a CPFL. As informações fizeram parte de apresentação do Sr. Wilson
Ferreira, presidente da CPFL, no 1o. Fórum de Analistas de Investimentos
sobre Ética Concorrencial e Responsabilidade Social Empresarial.
Envio de logotipia da Ceran para ilustrar material referente ao “I Fórum de
Prefeitos da Mata Altlântica”, que ocorreu em Torres/RS, nos dias 5 e 6 de
junho. A Ceran foi uma das patrocinadoras do evento.
Manutenção de atividades pertinentes à Assessoria de Comunicação, como
acompanhamento de mídia, monitoramento de informações, atendimento às
demandas da imprensa, elaboração de relatórios e participação em reuniões
internas e externas.
Junho 2005
Manutenção de atividades pertinentes à Assessoria de Comunicação, como
acompanhamento de mídia, monitoramento de informações, atendimento às
demandas da imprensa, elaboração de relatórios e participação em reuniões
internas.
6.1.3. Eventos
Organização e agendamento de visita à Usina Monte Claro, atendendo à
solicitação de alunos da disciplina “Turbinas Hidráulicas” do curso de
engenharia, da Universidade de Caxias do Sul. A visita ocorreu no dia 26 de
maio.
Agendamento e organização de palestra para colaboradores da Ceran sobre
Mecanismo de Relocação de Energia (MRE) e Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE). A palestra ocorreu no dia 9 de junho, em Porto
Alegre, e 10 de julho, em Veranópolis, e contou com a participação de
especialistas da CPFL Enegia.
CR/C/RM/030/060/2005
246
6.1.4 – Monitoramento de informações / Acompanhamento de Mídia
- Organização e clipagem de informações referentes à Companhia Energética
Rio das Antas.
- Monitoramento diário, via correio eletrônico, dos principais jornais da região
de abrangência do Estado e do centro do país. Este trabalho é coordenado
pela Assessoria de Comunicação, em Porto Alegre, com apoio de jornalistas
que atuam na região de abrangência do empreendimento.
6.1.5 – Elaboração de Relatórios
Sob a responsabilidade do Programa de Comunicação Social foram elaborados os
seguintes relatórios:
- Relatório de Implantação do Empreendimento (mensal), destinado aos
acionistas da CERAN;
- Relatório de Progresso do Empreendimento (mensal), destinado a ANEEL –
Agência Nacional dos Serviços de Energia Elétrica;
- Relatório para liberação de recursos do financiamento do BNDES (trimestral).
6.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Redação e encaminhamento de press-releases.
Produção, divulgação e monitoramento de informações a respeito dos
acontecimentos relevantes ao Complexo CERAN.
Atualizações e inserção de conteúdo informativo no site institucional.
Atendimento às necessidades de comunicação institucional interna e externa
(perguntas e respostas para a uniformização de informações, folders, placas,
apresentações e outros materiais, de acordo com a demanda ou ações
sugeridas).
Relações institucionais com a comunidade e com envolvidos na construção
do Complexo.
Participação em palestras de acordo com o programa de Educação
Ambiental do PBA.
Organização e participação em palestras sobre o empreendimento.
CR/C/RM/030/060/2005
247
Monitoramento de informações.
Manutenção de banco de dados/relatórios fotográficos de acompanhamento
da obra.
Organização de relatórios refentes ao empreendimento para acionistas,
agência reguladora, instituições bancárias e outros organismos envolvidos
com o Complexo CERAN.
6.3. Conclusões/Observações
No segundo trimestre de 2005, em decorrência das alterações no cronograma de
obras das Usinas Hidrelétricas Castro Alves e 14 de Julho, a Assessoria de
Comunicação da CERAN manteve uma atitude low-profile em relação aos veículos
de comunicação, limitando-se ao atendimento de demandas isoladas dos
profissionais de imprensa.
Neste período, foram realizadas atividades rotineiras inerentes ao Programa de
Comunicação Social, como elaboração de relatórios, atualizações do site,
participação em reuniões internas e externas e controle de visitas à Usina
Hidrelétrica Monte Claro. Manteve-se, também, o atendimento da demanda interna
na área de comunicação e das necessidades advindas da participação da CERAN
em eventos.
6.4. Anexos
Anexo 1: Site Ceran – Inserção do Relatório Trimestral de Meio Ambiente
Anexo 2: Comunicado novo diretor
.
CR/C/RM/030/060/2005
248
Anexo 1
Site Ceran – Inserção do Relatório Trimestral de Meio Ambiente
CR/C/RM/030/060/2005
249
CR/C/RM/030/060/2005
250
Anexo 2
Comunicado novo diretor
CR/C/RM/030/060/2005
251
Ceran tem novo diretor
A Ceran – Companhia Energética Rio das Antas, desde hoje, 12 de abril
de 2005, tem novo diretor, eleito pelo Conselho de Administração da empresa.
O engenheiro agrônomo Gabriel Roberto Dellacasa Levrini sucede ao
engenheiro eletricista Carlos Raul dos Santos Calvete, que deixa o cargo.
O contato com o novo diretor Levrini pode ser feito através dos
telefones 51. 30256700 e 51. 91513378 ou, ainda, pelo e-mail
[email protected]. Outras informações sobre o Complexo Energético Rio
das Antas podem ser acessadas no site www.ceran.com.br.
CR/C/RM/030/060/2005
252
7. PROGRAMA DE GESTÃO DOS RESERVATÓRIOS
7.1. Descrição dos Trabalhos Desenvolvidos
O Plano Integrado de Gestão dos Reservatórios do Complexo Energético Rio das
Antas, conforme acordado com a FEPAM, compreenderá o Plano Ambiental de
Conservação e Uso do Entorno e das Águas do Reservatório das usinas
hidrelétricas Monte Claro, Castro Alves e 14 de Julho.
No período compreendido por este relatório, foi finalizada a definição do escopo de
trabalho para a elaboração do Plano Integrado e a caracterização do meio antrópico
nas áreas de influência indireta.
O levantamento da legislação pertinente ao empreendimento está sendo concluído.
Até agora já foi levantada parte da legislação dos municípios situados na área de
influência das três UHEs.
7.2. Atividades previstas para o próximo trimestre
Para o próximo trimestre, será concluída a compilação da legislação dos municípios
da área de influência das UHEs.
Em atendimento ao escopo de trabalho para a elaboração do Plano Integrado de
Gestão dos Reservatórios da CERAN, será iniciado o diagnóstico das áreas do
entorno das Usinas
8.3. Conclusão
O cronograma referente à elaboração do Plano Integrado está sendo revisado, em
função das alterações dos cronogramas das obras das usinas Castro Alves e 14 de
Julho. No relatório do próximo trimestre será estabelecida a data de entrega final
deste Plano.
CR/C/RM/030/022/2005
253
8. PROGRAMA DE APOIO A POPULAÇÃO MIGRANTE
8.1. Descrição do Trabalho Desenvolvido
A implantação de empreendimentos, como os do Complexo Energético Ceran,
resulta na movimentação de trabalhadores vindos dos mais diferentes locais, à
procura de emprego. Para evitar que houvesse danos à população local, foi
elaborado um programa específico, cujo objetivo primordial é o de atender a essas
pessoas, orientando-as e as encaminhando da melhor forma possível, seja pelo seu
aproveitamento na obra ou não.
Assim, em conjunto com a empresa construtora, para evitar impactos significativos
nas comunidades locais, o Programa de Apoio à População Migrante, mantém os
seguintes postos de atendimento:
-
Escritório da CERAN, em Nova Roma do Sul
Escritório da Construtora Camargo Corrêa, em Nova Roma do Sul
Prefeitura Municipal de Nova Roma do Sul
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Roma
Nestes locais, são recebidas as solicitações de emprego, através de um cadastro
para posterior seleção, além de serem prestadas informações referentes às obras e
às condições locais – moradia, transporte, etc.
No acompanhamento da população migrante, a empresa responsável pela
construção das usinas tem os seguintes objetivos e metas em relação à população
de outras regiões do Rio Grande do Sul e de outros Estados:
- recrutamento interno: aproveitar e realocar toda a mão de obra disponível na
Empresa, ou seja, transferir de outros projetos para este.
- demais necessidades de recrutamento: usar o SINE (Sistema Nacional de
Emprego), onde todas a vagas necessárias nos períodos são repassadas a eles
que utilizam sua rede nacional de informação e nos encaminham os candidatos
necessários, dando prioridade para a mão de obra local e regiões próximas.
- para os funcionários casados transferidos de outros projetos, a Empresa custeia
todas as despesas de mudança e locomoção, e também ressarce as despesas
com aluguel através de um Auxilio Habitação ou Moradia, conforme o caso.
Fornece também os transporte diário da cidade para o canteiro de obra.
- para os funcionários solteiros a Empresa oferece alojamentos no local da obra e
tem um programa de ressarcimento das despesas de viagem para visita a família.
CR/C/RM/030/060/2005
254
- na desmobilização, a Empresa custeia as despesas de retorno ao local de origem,
ou remaneja para outras obras em andamento.
O contingente de pessoal alocado às obras, no período compreendido entre outubro
de 2003 e março de 2004 é apresentado a seguir, no Quadro Pessoal –
Histograma, onde a variação do número de empregados é decorrente da fase de
construção do empreendimento:
No Quadro Local de Origem por Estado, há uma subdivisão em função do local de
origem destes profissionais, isto é, aqueles oriundos de outros estados, os oriundos
de várias cidades do Rio Grande do Sul.
O Quadro Escolaridade apresenta o número de funcionários da construtora de
acordo com seu grau de instrução.
8.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
Tendo em vista o início das obras das UHE Castro Alves e UHE 14 de Julho, serão
intensificadas a seleção e contratação de mão-de-obra, embora possa haver
aproveitamento do pessoal que está sendo desmobilizado no canteiro de obras da
UHE Monte Claro.
8.3 Anexos
Os anexos a seguir apresentados demonstram o quadro de pessoal até 30 de
junho de 2005.
Anexo 1: Quadro Pessoal – Histograma
Anexo 2: Quadro Local de Origem por Estado
Anexo 3: Quadro Escolaridade
CR/C/RM/030/060/2005
255
Anexo 1
Quadro Pessoal – Histograma
CR/C/RM/030/060/2005
256
0
CR/C/RM/030/060/2005
PREVISTO
jun/05
mai/05
2004
abr/05
mar/05
fev/05
jan/05
dez/04
nov/04
out/04
set/04
ago/04
2003
jul/04
jun/04
mai/04
abr/04
mar/04
fev/04
jan/04
dez/03
nov/03
out/03
set/03
ago/03
jul/03
2002
jun/03
mai/03
abr/03
mar/03
fev/03
jan/03
dez/02
nov/02
out/02
1600
set/02
ago/02
jul/02
jun/02
mai/02
abr/02
HISTOGRAMA - CERAN
PESSOAL
2005
1400
1200
1000
800
600
400
200
REAL
257
Anexo 2
Quadro Local de Origem por Estado
CR/C/RM/030/060/2005
258
LOCAL DE ORIGEM POR ESTADO
POSIÇÃO JUNHO/2005
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
FUNCIONÁRIOS
AL
BA
CE
GO
MA
MG
MS
PA
PB
PE
PI
PR
RN
RS
SC
SP
TO
1
1
1
19
4
5
1
6
1
3
1
21
1
45
20
44
1
FUNCIONÁRIOS
CR/C/RM/030/060/2005
259
Anexo 3
Quadro Escolaridade
CR/C/RM/030/060/2005
260
ESCOLARIDADE
MONTE CLARO - JUNHO / 2005
60
54
ENSINO FUNDAMENTAL I - INCOMPLETO
50
ENSINO FUNDAMENTAL I - COMPLETO
40
ENSINO FUNDAMENTAL II - INCOMPLETO
32
ENSINO FUNDAMENTAL II - COMPLETO
30
ENSINO MÉDIO - INCOMPLETO
21
19
20
17
15
ENSINO MÉDIO - COMPLETO
12
SUPERIOR INCOMPLETO
10
5
SUPERIOR COMPLETO
1
0
CR/C/RM/030/060/2005
261
9. PROGRAMA DE RELOCAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA
9.1. Trabalhos Desenvolvidos no Período
9.1.1. Relocação de Estradas
-
Levantamento plani-altimétrico das estradas que serão alagadas na
UHE 14 de Julho.
9.1.2. Relocação de Cemitérios
Neste período foram concluídos os estudos necessários à solicitação de
licenciamento das duas novas áreas de cemitérios a serem relocados na UHE 14 de
Julho. A documentação foi protocolada na Fepam no dia 1° de junho de 2005.
A área para o cemitério de São Casemiro (protocolo FEPAM n° 5559/0567/05-2)
localiza-se na zona rural do município de Cotiporã, e possui 450m², com capacidade
para 74 túmulos.
A área do cemitério de Passo Velho (protocolo FEPAM n° 5564/0567/05-0) está
localizada na zona rural do município de Bento Gonçalves, e possui 625m², com
capacidade para 74 túmulos.
9.2. Atividades Previstas para o Próximo Trimestre
No próximo trimestre deverão ser realizadas as seguintes atividades:
-
elaboração dos projetos, obtenção de licenças e início das obras de
relocação/melhoria das estradas;
levantamento detalhado das redes elétricas
em relação aos cemitérios:
• São Casemiro: elaboração do projeto e compra da área para
construção do novo cemitério.
• Cemitério Passo Velho: indenização do proprietário do terreno do novo
cemitério; posse da nova área pela comunidade (jurídico)
• Os demais cemitérios aguardam definições para a continuidade das
atividades.
CR/C/RM/030/060/2005
262