Untitled - CEC Poli USP
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Cê Viu? – Edição de maio de 2014 Equipe: Antônio Teixeira Bárbara Paes Gabriela Marques Igor Rossi Igor Tsuyoshi Agradecimentos: Lucas Marinho Reis Renan Ruffo Pedro Navega (Pepê) Tiago Lima de Oliveira Júlia Azeredo Márcio Rolim Márcio Sartorelli Taminy Youssef Editorial Nessa edição do Cê-Viu? buscamos comtemplar temas do cotidiano do alunos de Engenharia Civil e Ambiental na Poli. Além de notícias do CEC e da área acadêmica, temos matérias que exploram as aplicações práticas do que vemos diariamente em sala de aula. Temos também uma entrevista com o estudante Tiago Oliveira, que voltou de um intercâmbio para os EUA no ano passado; ele contou pra gente como foi a experiência e comparou as universidades brasileiras e americanas em diversos aspectos. Também nessa edição temos matérias sobre atividades extra curriculares relacionadas à Civil e Ambiental como o TETO e a Bandeira Científica. Não deixe de conferir os textos para conhecer um pouco melhor as duas organizações! E ainda temos um texto sobre o primeiro Intercivis que aconteceu em São Carlos, a Poli ficou em 3º lugar na competição (completamente sem querer), e dois sobre a vitória do CEC no Integrapoli desse ano (completamente por querer)! Para finalizar, um pouco de cultura com o “Epopeia de um Medíocre” do Márcio Startorelli. Esperamos que vocês gostem! Tem alguma sugestão ou gostaria de enviar algum texto? Mande um e-mail para [email protected] ou um inbox na nossa página do facebook (Cê-Viu?). Se quer participar da nossa equipe, venha na próxima reunião! Elas estão acontecendo a cada duas semanas e o dia e o horário são sempre divulgados na nossa página e nos grupos da G.A. Civil. A Equipe 3 Panorama CEC em 2014 Senhores Leitores, por meio deste texto irei comunicar as atividades que o CEC participou e/ou organizou desde o começo do ano. Para começar irei falar sobre a Festa de Matrícula ocorrida no dia 17/02. O CEC focou em recepcionar os bixos de forma que eles se sentissem bem vindos à Escola, através de diversas atividades de integração tentamos deixar uma festa bem show para os ingressantes. Pelo que vimos, boa parte dos bixos curtiram muito o que fizemos. Na primeira semana de aula realizamos um novo evento chamado Conversa Com a Gestão, a ideia era mostrar nossos projetos, novos ou tradicionais, e recebermos sugestões e críticas de todos alunos, principalmente daqueles do segundo ano para cima. Tivemos um público relativamente pequeno, porém boas ideias foram debatidas e, algumas delas, atualmente aplicadas. No final da primeira semana ocorreu o Bota-Dentro, festa tradicional realizada para os bixos, principalmente. Nela contamos com a venda da famosíssima Betonada, conhecida pelo seu gosto inigualável, que foi degustada e aprovada pelos novos alunos. No domingo dia 23/02, deu-se início a Lista do XXXIII IntegraPoli, mas sobre esse assunto haverá um texto próprio para o mesmo. Porém gostaria de ressaltar 2 coisas, a primeira é sobre a doação de alimentos e roupas, a entidade que escolhemos foi a Tenda de Cristo em Carapicuíba, que foca em abrigar crianças e adolescentes portadores do vírus HIV ou que foram abandonadas. Para aqueles que tem o hábito de realizar doações gostaria que dessem uma olhada atenciosa à essa entidade, que tive 4 a oportunidade de conhecer pessoalmente, o trabalho deles realmente me impressionou. A segunda coisa que gostaria de falar é que desde de 1989 não ganhávamos o IntegraPoli, ou seja, 25 anos sem segurar o caneco! Esse ano, com muito esforço e sangue nos olhos conseguimos essa conquista formidável, logo deixo um beijinho no ombro pros outros CA’s. Findado o Integra, começaram as provas e a venda de RedBull a R$4,00 estourando! Tivemos também mais 2 aulas de MecFlu do projeto Salvação com a tentativa de diminuir o nabo nessa matéria. Tentamos organizar aulas para outras matérias como R2, mas nos deparamos com alguns problemas de última hora que impediram a realização das mesmas. No dia 11/04, partimos em direção à São Carlos para o I Intercivis, fomos apenas para zoar e beber, acabamos ficando em terceiro lugar, graças à nossa grande vitória no handebol, um time cheio de descoordenados, porém lotado de garra e determinação! As festas, que estavam inclusas no pacote, foram sensacionais com um open bar pesado. Esse ano começamos a organização da SeTEC antecipadamente para fazermos um evento muito mais grandioso que os passados. Iremos atrás de patrocinadores, de uma infraestrutura mais adequada e atividades diferenciadas, para isso, gostaríamos da ajuda de muitos alunos. Então fica aqui um convite à todos para virem participar de nossas reuniões toda quinta-feira ás 11h. Igor Tsuyoshi Kaga Presidente CEC 2014 Novidades acadêmicas Aqui você fica sabendo mais detalhes sobre os acontecimentos acadêmicos que afetam você, aluno de Engenharia Civil ou Ambiental da Poli. Qualquer dúvida, é só mandar um e-mail para [email protected]! Manual de IC Pra quem não chegou a frequentar nenhuma palestra da Semana de Iniciação Científica mas gostaria de ter mais informações sobre o assunto: o CEC montou, junto ao Diretório Acadêmico da Poli, um manual com as principais informações sobre as IC’s de toda a Escola. Além dele, foi impresso um folheto informativo que resume não apenas as linhas de pesquisa de cada departamento da nossa GA (PEF, PCC, PTR e PHA) e seus professores, como também as principais dúvidas de um aluno perdido que gostaria de iniciar uma IC. Esse folheto e o manual estão disponíveis em nosso site (http://cecpoliusp.wix.com/cecpoliusp), não deixe de conferi-los! Aulas Salvação Para a P1, foram oferecidas duas aulas (uma teórica e uma de exercícios) para PME2237, Mecânica dos Fluidos XI, ministradas pelo aluno João Guilherme Caldas Steinstraesser. Para a P2, planejamos que a aula teórica seja ministrada com maior antecedência, provavelmente uma semana antes da de exercícios, para que haja mais tempo hábil de estudo. Também planejamos oferecer aulas de reforço para PEF2301, Resistência dos Materiais II. Fique ligado no nosso perfil do Facebook! RER – Regime Especial de Recuperação Boatos rolaram, o desespero bateu e ninguém entendeu nada. Afinal, que história é essa de fim das recuperações? Tudo começou com a aprovação atropelada do Regime Especial de Recuperação (RER), cuja proposta é substituir o atual sistema de recuperação por um novo que traga melhores resultados para o aluno. Como todos sabem (ou deveriam saber), atualmente a prova de recuperação é feita por alunos cuja média em uma dada matéria é maior ou igual a 3,0 e menor que 5,0. Tal avaliação é feita nos mesmos moldes das provas do resto do curso, geralmente cobrando todo o conteúdo ensinado no semestre inteiro. O RER parte do pressuposto que essa forma de avaliação não garante o devido aprendizado do aluno e defende a extinção da mesma, propondo um modelo em que a recuperação passa a ser um processo que dura um semestre todo. Ou seja, um aluno que não conseguiu ser aprovado mas que também não “travou” a matéria, deverá cursar a matéria novamente, fazer todas as provas mas não terá a obrigação de assistir às aulas. O argumento é que o aluno terá mais tempo para estudar o assunto, tirar suas dúvidas com professores e monitores e fazer os exercícios, abolindo a mania prática que os politécnicos têm de estudar para passar e não para aprender. No entanto, a resolução (que valeria para toda a USP) foi imposta sem pesquisa prévia, desconsiderando aspectos importantes como o fato de que nem todas as Universidades adotam os mesmos critérios de aprovação que a Poli, e impondo, por exemplo, que um aluno só poderia cursar 2 RER’s ao mesmo tempo, número que foi escolhido (e não estudado) pelo Professor Paul Jean, responsável pela elaboração do projeto. O desfecho de toda esse episódio é que, por enquanto, o RER está suspenso (e note, não extinto) pelo Pró-Reitor a pedidos do Grêmio Politécnico e, portanto, as recuperações continuam como eram antes. SeTEC – Semana Temática de Engenharia Civil e Ambiental E as reuniões de planejamento para a quarta edição da SeTEC já começaram! O tema 5 escolhido em votação pelos alunos da GA Civil foi: “Gargalos de Infraestrutura”. Para 2014 planejamos diversificar as formas de abordagem do tema, incluindo no cronograma da semana workshops, mesas redondas, oficinas, minicursos e mais visitas técnicas. Se você gostaria de participar da organização (e assim, ter mais contato com professores, departamentos, empresas e profissionais do ramo) desse evento que só tende a crescer, apareça nas reuniões! Elas acontecem às quintas-feiras, às 11h na sala de reunião do CEC. Eleições para Vice-Diretor da Poli E para os alunos da GA Civil, uma grande novidade: após as eleições realizadas em março, a nova Vice-Diretora da Escola Politécnica é a Profa. Dra. Liedi Legi Bariani Bernucci, ex-chefe de departamento do PTR. O CEC parabeniza a professora Liedi por essa conquista. Julia Azeredo Diretora Acadêmica CEC 2014 --------------------------------------------------------------Intercivis “A viagem foi sensacional. Não só pelas inúmeras histórias que vão ficar pra sempre, mas principalmente pelo sentimento de união. Nas outras faculdades do interior, você conseguia ver claramente a hierarquia "veterano bixo", chegaram a perguntar para nós mesmos (bixos e bixetes) onde estavam nossos calouros. Essa divisão simplesmente não acontece no CEC. Todo mundo é família desde o primeiro instante: se ajuda, se ama e se zoa; como se fossemos um bando de irmãos e irmãs brincando e fazendo idiotices escondidos dos pais. Também aconteceu algo que me surpreendeu. Uma menina da UFTM me pediu uma bata do CEC, e depois, pelo face, veio me agradecer dizendo: "Brigada por ter arrumado a bata da poli! Sei que fiquei insistindo e tal mas é que a poli sempre foi um sonho pra mim(...)". E de fato, a Poli, realmente, é um sonho.” Paola Gaspar - Bixete As cantigas e os tambores já entoavam antes mesmo de chegar à São Carlos. Os atletas se preparavam para os confrontos do dia seguinte e, na festa de sexta, apenas a torcida se divertia. O clima era de revanchismo e todos estavam tensos para qual seria o desfecho dos desportos do primeiro InterCivis da história. Felizmente, esse começo não se concretizou. Na chegada, o alojamento estava fechado e o tempo estava chuvoso. Mas isso não foi desculpa pra festa já começar! As universidades contavam com baterias que puxavam sambinhas, ao mesmo tempo que o 6 refinado PIZZÓLEO servia pratos de primeira categoria do outro lado da rua! Todo o luxo que um Inter merece já estava concretizado na primeira meia-hora em São Carlos, nada longe do esperado. Um quarto foi reservado só para o pessoal da POLI e ali já começou a integração, porque lá no CEC todo mundo é irmão! Era colchão sendo emprestado, aulas de truco sendo ministradas pelo Antônio Júnior e o esquenta já era puxado por aqueles mais animados, que levaram caixa de som pro quarto. Esse clima amistoso foi o suficiente pra maioria ficar sem memórias palavras para a primeira festa. Quando os jogos começaram, a gargalhada não pôde ser contida. Os atletas eram todos de alto nível, alguns eram mecanizados e precisavam de ajustes mecânicos durante a partida, outros eram ousados demais e não podiam permanecer em campo. Apesar da seriedade que a POLI levou aos jogos, conseguiu-se o título no Handball Masculino, que rendeu o lendário capacete de ouro! Acreditamos que o objetivo do I Intercivis foi atingido. Apesar de toda a brincadeira que tomou conta dos jogos, o objetivo principal foi atingido: veteranos e bixos integraram-se tanto que a satisfação foi evidente e promissora para os próximos eventos! Segundo a aluna Marina Arantes, bixete: “Muito bom ver todo mundo unido até quando perdemos em humildes 11x0. Juntos também na hora de ganhar o bendito capacete dourado! Ganhar foi legal, mas conversar com pessoas que nunca tinha imaginado e rir pra caramba foi melhor ainda! Dormir aglomerado, ficar em fila de banheiro, fugir de chuva, procurar onde comer, enfim... Tudo foi demais. Tô animadaça pra todas as próximas viagens que tiver”. O CEC agradece a todos que participaram e espera que mais eventos como esse façam parte do calendário cada vez mais rico do centrinho do momento! Antônio Teixeira 2º Ano de Engenharia Civil 7 Integrapoli – CEC campeão!!! Toda vez que falavam da POLI eu pensava em uma faculdade monótona cheia de nerds e parada. Agora que estou aqui não sei nem explicar o quão errada minha visão estava. Logo que cheguei, fui recebido muito bem já na festa de recepção pelos veteranos, não só do meu centrinho mas de outros também. Naquele dia, percebi que minha vida acadêmica prometia muita coisa além de estudos, estudos, nabos e mais nabos. Fiquei amigo de alguns membros da Gestão do CEC que logo me apresentaram o IntegraPOLI, só de ver o vídeo de chamada dos bixos eu já me arrepiei. Assim que ouvi dizerem que "do mesmo jeito que o Brasil não começa antes do Carnaval, a POLI não começa antes do Integra" eu me enchi de vontade de participar disso e estar envolvido com o pessoal do meu centro acadêmico para buscar a vitória. No dia 23/02 a lista saiu e os veteranos deram um churrasco de preparação para agregar a bixarada, muita concentração e a divisão das responsabilidades de cada item da lista para os membros do CA era o que rolava no dia, vi que não era só um joguinho de faculdade, o jogo era sério e todo mundo tava lá pra ganhar. Me animei e assumi a responsabilidade de alguns itens, e o que se seguiu disso foram só risadas com itens bizarros sendo realizados; Rolezinho na FEA, Joaquim Barbosa segurando a bata do CEC, cancelar uma linha de celular usando o google tradutor foram alguns deles que me fizeram gargalhar e ficar cada vez mais pilhado pra ganhar o Integra. Parecia que o jogo ficava por aí, mas não, duas semanas depois o "caça" começou e eu vi o que era realmente o Integra, mais de 30 pessoas no CEC focadas tentando quebrar 8 enigmas, resolver dicas e correndo que nem loucos pela USP atrás das próximas dicas. O que mais me surpreendeu foi que os veteranos, e quem chegasse pra agregar, dormiam aqui mesmo, todo mundo se ajudando que nem uma família de verdade. Dava pra ver nos olhos de cada pessoa aqui a vontade de ganhar não só o caça como o Integra em si, a garra que todo mundo deu, só de ficar aqui, dormir mal, ficar sem banho e comida de casa, era algo inexplicável. Como se já não bastasse tanta coisa acontecendo, ainda faltavam as provas, que claro, o CEC levou várias, não só pela raça de quem participava mas também pela torcida que estava lá todos os dias. Fiquei responsável por duas provas de bixo, a famosa Prova de Velocidade e a mais esperada, Miss Bixo... sim, eu tive um dia de Miss. Foi muito engraçado fazer essa prova, não só pelo fato de eu estar de vestido de mulher e com bota na frente de toda a faculdade, mas também por ter sido entrevistado pelo Detonator, o que é no mínimo hilário. Queria muito ter ganho essa prova, mas por erros no som (eu acho pelo menos) fiquei em terceiro. E no último dia, quando tudo parecia já estar no máximo da agitação possível, veio a declaração: o CEC virou campeão do XXXIII IntegraPOLI, após 30 anos sem vitórias. Que ano para ter entrado na POLI! O Integra me rendeu boas risadas, vários amigos e o sabor de ter sido campeão logo no meu primeiro ano de faculdade. Agora é manter o título do CEC e só repassar essa tradição foda da POLI. Renan Ruffo Bixo “Ah como é bom ser o centrinho do momento!” Esse hino foi gritado por todos durante os primeiros meses de 2014, e não poderia fazer mais sentido. Quem não conhece ou não participa do famoso IntegraPOLI dificilmente vai entender o tamanho disso. O Integra é a primeira grande competição em que os politécnicos se envolvem no ano e é, com certeza, o maior “cartão de visitas” do CA para com o seu bixo. É uma competição sem valor material, onde os únicos prêmios reais são um troféu, o direito de colocar seu logo na caneca do Bixopp e uma estrela no peito. Quando alguém de fora da POLI pergunta pra um politécnico o que é o integra, a primeira resposta que surge é “grande gincana”. Mas apesar de ser uma em sua essência uma gincana, é impossível de classificá-lo só assim. A segunda pergunta óbvia: “mas vale o que?”. E a resposta mais comum costuma ser: “... Ah (pausa dramática), é que assim... Vale moral! Vale honra!” E tão difícil quanto se responder a essas perguntas é se ganhar um integra! Mas em 2014 essa dificuldade pareceu não existir... Participar do Integra é defender as cores de um CA. É formar uma família de amigos e cúmplices (literalmente) sobre uma bandeira. Apesar de todo o estresse que passamos correndo um integra, com as noites em claro comendo pizza da Kadalora com energético vencido, matando pista do caça, fazendo itens da lista, passando vergonha nos vídeos, ainda assim não dá pra negar que tudo isso vale a pena. Mesmo com tanto perrengue, esse tal de integra é muito divertido. E tem que ser sempre, afinal esse é o objetivo disso tudo, a diversão. A linha entre o comprometimento em vencer e a diversão é muito tênue, e quando a coisa anda bem nesse sentido a vitória é muito fácil. Um bom termômetro pra ver se temos um time vencedor é ver quantas pessoas de outras áreas da POLI, e inclusive de fora dela, participam do CEC. Muita gente além do pessoal da Civil e Ambiental participando significa que todos acham que o CEC pode sim ganhar e que é divertido frequentar o CEC, mesmo nessa pressão. E em 2014 foi show! Nunca vi tanta gente nova frequentando, todos de preto e amarelo! Gente que com certeza vai continuar indo ao CEC de agora em diante. E esse é o grande legado do integra, a galera que ele agrega, as histórias que ele cria. O CEC não precisou vencer o integra nos últimos anos pra ser o centrinho do momento em 2014. Bastou que as pessoas começassem a vestir a camisa e entender o objetivo disso tudo. E quando começaram, foi natural o CEC vencer. Vencer em 2014 foi a consagração de mudanças incríveis e de um conjunto de pessoas extraordinárias. E agora que venceu, que sentiu o gosto da vitória (a qual tem sabor de um delicioso mojito gelado bebido no caneco dourado, pra quem não sabe), vai ser difícil perder. Se prepara POLI, 2014 foi só o começo! A taça voltou pra casa, e de lá ela não sai mais! Pepê Veterano do CEC 9 A Engenharia na Prática – Visitas Técnicas Muitas vezes sentados na sala de aula, olhando um monte de fórmulas que não sabemos pra que servem, problemas que não sabemos resolver e teoremas que não fazem sentido, pensamos: onde é que eu vou usar isso na minha vida profissional? Visando suprir essa carência na formação do aluno da Poli, o CEC organizou no último mês duas visitas técnicas, uma voltada aos alunos da Civil e outra para alunos da Ambiental. Subindo de volta à superfície, a próxima parada foi a Avenida Bandeirantes, no canteiro de entrada do Shield EPB, o bom e velho tatuzão. O engenheiro responsável pelo Shield no momento explicou a todos como era o funcionamento e deslocamento da máquina, uma das mais modernas do país. No dia 29/03, um grupo de oito alunos visitou as obras da Linha 5 do Metrô, em parceria com o Consórcio Metropolitano 5. Como o “tatuzão” não opera em finais de semana, o grupo pôde subir na máquina e chegar no limite de escavação, conhecendo todos as características e mecanismos da máquina que permitem a abertura dos túneis do metrô. Com uma breve explicação dos projetos e curso da obra na sede do consórcio, os alunos visitaram o canteiro de obras localizado ao lado da atual Estação Chácara Klabin. A dimensão do poço de acesso ao túnel e sua profundidade impressionaram a todos, mostrando que realmente não conseguimos pensar em como é uma obra de Engenharia sem ter contato com a mesma. Localizada logo abaixo da atual estação Chácara Klabin da Linha 3, a futura estação está em processo de escavação por meio de tratores e máquinas perfuratrizes. Uma visita interessante e com o pé na lama que todo bom pedreiro gosta. 10 A segunda visita realizada foi ao Aquapolo Ambiental, projeto inovador e sustentável, gerenciado pela Sabesp e Odebrecht, capaz de produzir água de reuso para fins industriais, destinada ao Polo Petroquímico do ABC Paulista. É um dos dez maiores empreendimentos do gênero no mundo. pois a mesma era considerada uma tecnologia muito cara a pouco tempo. A mistura da água tratada na osmose reversa e a água produzida pelas membranas ocorre na parte final do tratamento, resultando na água que será utilizada no Polo. Na chegada às instalações, os alunos foram recepcionados por uma engenheira ambiental, um engenheiro químico e um engenheiro civil. Os três explicaram a todos resumidamente qual era o objetivo do Aquapolo, minimizar o uso de água potável pela indústria, e sua capacidade de produção de água de reúso, que pode chegar à 1000 litros por segundo. O grupo foi então conduzido a um tanque onde chegava a água colhida na ETE ABC. Depois de filtrados, os efluentes da ETE são direcionados ao TMBR (Tertiary Membrane Bio Reactor), para o tratamento biológico terciário, processo com ação de bactérias específicas. Os efluentes, então, são bombeados para membranas de ultra filtração, equipamento de alta tecnologia para retenção de resíduos. Essas membranas, com poros de 0,05 mícron, são responsáveis por reter os sólidos e bactérias restantes. Ao sair do TMBR, a água é monitorada e, se não atender às necessidades do Polo Petroquímico, passa por processo de osmose reversa. Alguns alunos se impressionaram com a utilização da osmose reversa em larga escala, Mas ainda existe um último problema: o Aquapolo Ambiental e o Polo Petroquímico são distantes um do outro. Como a água é levada até lá? Através de uma adutora de 17 quilômetros de extensão, que passa por São Paulo, São Caetano e Santo André. Bombas de alta carga são as responsáveis por impulsionar a água neste trajeto. Esperamos que as visitas técnicas sejam de grande valia para os alunos que estiveram presentes. Aos que não puderam comparecer, não se preocupem, realizaremos outras visitas ao longo do ano. Gostaria de sugerir uma visita técnica a algum local específico? Entre em contato conosco! E-mail: [email protected] Igor Rossi Vice Presidente CEC 2014 11 Início das obras do Sistema Produtor São Lourenço Trata-se da maior obra de saneamento do país e terá capacidade de produzir 4.700 litros de água por segundo. Objetivo é "aliviar" o sistema Cantareira. O novo sistema produtor São Lourenço será interligado aos demais oito sistemas que abastecem a Grande SP. Esta é a primeira obra desse porte em 20 anos. O último sistema de abastecimento criado foi o Alto Tietê, em 1993. Com o nível do Cantareira cada vez mais crítico, as obras já se iniciaram no dia 10 de abril e o novo sistema deve ampliar a capacidade da Sabesp de produzir água tratada de 73 mil para 77.700 litros de água por segundo. A captação de água será na represa Cachoeira do França, em Ibiúna. A água vai abastecer o oeste e sudoeste da Grande São Paulo. Serão beneficiados diretamente 1,5 milhão de moradores de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A iniciativa também trará benefícios indiretos para toda a Região Metropolitana de São Paulo, já que o novo sistema produtor aumentará a oferta de água e será interligado a outros sistemas existentes. Parceria Público-Privada Em agosto de 2013 o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, assinou o contrato da Parceria Público-Privada do Sistema Produtor de Água São Lourenço. O investimento de R$ 2,21 bilhões será feito integralmente pela empresa vencedora da licitação, que foi nomeada de Sistema Produtor São Lourenço S.A., uma parceria entre as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Correa. A expectativa é que sejam criados 2.000 empregos diretos e indiretos. A previsão de entrega é em 2018. Futuras instalações da Estação de Tratamento de Água Vargem Grande tubulações), além de reservatórios para armazenar um total de 110 milhões de litros de água. A tubulação que levará a água até as residências passará por baixo da rodovia Raposo Tavares, mas será feita por meio de método não destrutivo, ou seja, não será necessário interromper o tráfego para a execução dessa travessia. Ações sustentáveis Na região de Vargem Grande Paulista, os edifícios da Estação de Tratamento de Água terão ventilação e iluminação naturais, energia solar e reuso da água de chuva. Diariamente, a captação de água será interrompida durante quatro horas no intervalo de pico de consumo energético, o que diminuirá em 16% o consumo de energia. Além disso, a tubulação irá transpor uma rocha de aproximadamente 1km de extensão, evitando desmatamentos. Para saber mais sobre as obras do Sistema Produtor São Lourenço e para obter detalhes técnicos acesse o site da Sabesp: www.sabesp.com.br O que será construído Serão instaladas uma Estação de Tratamento de Água, estações de bombeamento, 83 km de adutoras (grandes 12 Bárbara Paes 3º ano da Engenharia Civil Processo Seletivo Bandeira Científica 2014 Você já ouviu falar no Bandeira Científica? Bom, resumidamente, é o segundo maior projeto de extensão universitária da USP e tem como principal característica a interdisciplinaridade, pois conta com a participação da Medicina, Medicina Jr., Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia, POLI e FEA, que levam pesquisa científica, atividades assistenciais e educacionais ao interior do Brasil com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da cidade atendida. Conheça um pouco mais sobre essa iniciativa da qual você, aluno da civil ou da ambiental, também pode fazer parte. A equipe da POLI é formada por estudantes de Engenharia Ambiental, Civil e Mecânica. Os alunos da Civil e da Ambiental atuam na realização de atividades educativas, estudos e projetos de infraestrutura e saneamento, enquanto os da Mecânica trabalham no posto de adaptação, realizando modificações em cadeiras de rodas e equipamentos para pessoas com algum tipo de deficiência. Escolha da Cidade A cada ano vamos para uma cidade diferente, bem no interior do Brasil, em lugares que nunca tínhamos imaginado ir. Pra se ter uma ideia, desde nossa entrada no projeto, já fomos para Machadinho D’Oeste - RO, Penalva - MA, Itaobim - MG, Invinhema-MS, Inhambupe -BA, Belterra - PA, Afogados da Inganzeira-PE e Pedra Azul-MG. Atendimento realizado por uma aluna da Medicina Atividade educativa com crianças História O projeto surgiu em 1957 na Faculdade de Medicina da USP, foi interrompido em 1969 devido ao cenário político da época e retomado em 1998. A partir de 2002, outras faculdades começaram a ser inseridas no projeto. A POLI entra em 2006, com o objetivo de ajudar na melhoria da saúde pública a partir de estudos na área de saneamento. Em 2009, o projeto ganhou o “Prêmio Cidadania sem Fronteiras”, como a melhor prática de extensão universitária do Brasil, entre os 221 projetos analisados. Cidades para as quais a POLI já foi A escolha da cidade é feita segundo alguns parâmetros: IDH (entre 0,5 e 0,7), população (entre 20 e 50 mil habitantes), proximidade a aeroportos (devido à logística) e possibilidade de parcerias com universidades próximas para nos auxiliar, o que enriquece ainda mais o projeto. A Civil e a Ambiental no Bandeira Aproximadamente 80% de nosso trabalho é realizado em São Paulo, diferentemente das outras áreas que realizam 13 a maioria das suas atividades durante a expedição. Após a escolha da cidade, fazemos uma análise inicial em nossas reuniões semanais e começamos a coletar dados pela internet. Depois fazemos pré-visitas à cidade para coletarmos dados mais específicos, como a vazão da ETA (Estação de Análise de água na ETA Tratamento de Água), por exemplo. Após essa coleta de dados, começamos a elaborar os projetos, estudar a viabilidade de cada um e analisar quais são os mais adequados. A expedição é a fase de início da execução de tais projetos, realização de atividades de conscientização ambiental e atividades coletivas com as demais áreas. Realizamos também uma pós-visita, para verificarmos o andamento das etapas que iniciamos na expedição e entregarmos mais resultados. Expedição 2013 Ano passado fomos para Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. Foi uma grande experiência. Tivemos um Localização de Pedra Azul no mapa de Minas Gerais contato incrível com a população por meio dos rastreamentos (como uma pesquisa do IBGE de casa em casa, na qual levantamos dados específicos da área médica e sobre saneamento para a elaboração dos relatórios) e pudemos ver o final da obra da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) que será entregue esse ano. Além disso, fizemos o 14 quarteamento do lixo da cidade para analisarmos a viabilidade da implantação de uma rede de coleta seletiva, apresentamos Quarteamento para os líderes das comunidades rurais nossos projetos de implantação de composteiras e fossas e realizamos teatros educativos para as crianças, juntamente com as outras áreas. Processo Seletivo 2014 E aí, ficou animado com o projeto? É sensacional, não é mesmo? Acho que só faltou falar que, além de toda a aprendizagem, o Bandeira nos proporciona amizades incríveis que levamos para toda a vida! Na segunda-feira, dia 5 de maio, às 19h, em local ainda a ser divulgado, faremos nossa palestra de apresentação do projeto para o processo seletivo e a repetiremos na quintafeira, dia 9 de maio às 11h15. O processo seletivo é composto por uma prova dissertativa e uma entrevista. Ambas serão realizadas no mesmo dia, escolhido pelo candidato: segunda-feira dia 12 de maio, às 19h ou quinta-feira dia 15 de maio às 11h15. Lembrando que para realizar a prova e passar pela entrevista o aluno deverá ter presença em algum dos dias das apresentações. Qualquer aluno da Civil ou da Ambiental pode participar! Venham à palestra e conheçam mais sobre o projeto! Contamos com a presença de vocês! Bárbara Paes 3º ano da Engenharia Civil e Diretora do BC-2014 Fazer com as próprias mãos “Acorda na madrugada, vai trabalhar cedo: pega enchada, pega trena, pega martelo. Só acaba ao anoitecer.” Pode parecer o dia a dia normal de um pedreiro, mas não. São jovens universitários que, cansados de promessas de um governo ineficiente, estão construindo moradias de emergência para a população que vive em assentamentos precários. Estes são os voluntários da TETO, organização presente em 19 países da América Latina que busca, em cooperação com a comunidade, estabelecer projetos que tragam independência as famílias que vivem em condições precárias. Até hoje, os números são bem expressivos: 86.482 casas de emergência construídas, 452 comunidades trabalhando em processos de desenvolvimento comunitários, que variam desde programas de educação e saúde para todas as idades até programas de microcrédito. Ao todo, 509 mil universitários já colaboraram em alguma atividade desde a existência da instituição. A TETO tem como plano de atuação 3 etapas. Primeiro a construção massiva de moradias de emergência: são casas de madeira, geralmente com 18m2, que trazem um conforto mínimo a quem antes morava em moradias de madeira podre, lona e papelão. O trabalho da construção é feito por uma equipe de voluntários junto com a família que receberá a casa. Na TETO não existe nada de “construir para”, apenas o “construir com”. Esta etapa é fundamental para garantir confiança da comunidade e ao mesmo tempo proporcionar um resultado imediato e satisfatório para as famílias. No Brasil, essa primeira etapa ainda é a principal, mas já foi dado largada a segunda, a Habilitação Social. Trata-se de uma busca mais ampla de desenvolvimento social, onde a TETO, através de voluntários presentes semanalmente, monta mesas de trabalhos junto aos moradores onde discutem problemas e elaboram soluções. Aqui temos o exemplo das fossas ecológicas construídas no Jardim Gardênia, um assentamento rural em Suzano que precisava delas para que o solo não ficasse poluído e prejudicasse a agricultura local. A última etapa só foi alcançada no Chile, país onde tudo começou, mas bons resultados apontam que sua chegada ao Brasil pode não estar muito longe. Trata-se de soluções definitivas de moradia e qualidade de vida, como a urbanização dos assentamentos e a integração deles com o resto da sociedade, proporcionando a várias famílias a oportunidade de continuar caminhando com as próprias pernas. Em minha experiência de trabalho na instituição, digo com convicção que a TETO possuí um grande potencial de mudança, e é um trabalho onde os voluntários ganham muito com as histórias e experiências, que removem aqueles velhos preconceitos de que todo pobre é vagabundo ao mesmo tempo que descontrói também a ideia de que todos eles são coitados. Você encara a realidade na sua frente, sem nenhuma interferência. Para ser voluntário é muito simples, basta inscrever seu e-mail no site www.teto.org.br e você receberá boletins com as atividades. Uma alternativa é curtir a página da instituição no Facebook e ficar atento as chamadas às atividades, Convido todos a participarem desta experiência que, para mim, é algo maravilhoso. Conheçam melhor o trabalho pelo site e participem das próximas atividades! Nos dias 9, 10 e 11 de maio ocorrerá um dos eventos mais importantes da ONG, a Grande Coleta, onde mobilizamos milhares de voluntários as ruas para divulgar nosso trabalho e pedir colaborações, ano passado foram arrecadados 250 mil reais através de 5 mil voluntários espalhados por São Paulo. É a melhor oportunidade de começar a trabalhar na TETO! Márcio Sartorelli 2º ano de Engenharia Civil 15 Intercâmbio nos EUA A maioria dos alunos da Poli almejam realizar um intercâmbio em algum momento da faculdade, mas muitos não sabem ao certo para onde ou como. Com o objetivo de ajudá-los a escolhe, o Cê-Viu? vai realizar, toda edição, uma entrevista ou matéria com um aluno que já fez um intercâmbio. O primeiro entrevistado é o Tiago Lima, ele foi para os EUA, através do Ciências sem Fronteiras, em agosto de 2012 e ficou até agosto de 2013. Durante esse tempo, ele passou 8 meses estudando na Tennessee Technology University e mais 4 meses em Stanford. universidade que foram pelo mesmo programa de intercâmbio. Contudo, passado de 2 a 3 meses, comecei a ter maior facilidade para entender e falar o idioma com mais segurança. O momento mais difícil são os primeiros 2 meses, pois nos deparamos com situações completamente diferentes daquelas que se estuda em curso de idiomas no Brasil. Outras dificuldades ocorreram durante as aulas, elas exigiam conteúdos específicos de vocabulários, mas nada que um pouco de estudo não solucionasse o problema. *O que te levou a escolher essa universidade e esse programa? A questão da moradia foi bem tranquila no meu caso. Fiquei no dormitório da faculdade. Estrutura muito boa. Dividi o quarto no primeiro semestre com um Americano e no segundo semestre com um Brasileiro. Nos EUA é comum os alunos ficarem nos dormitórios das faculdades. Notei duas vantagens nessa cultura: primeiro que ajuda a ter uma maior integração entres os alunos e segundo que isso reduz o tráfego no entorno da faculdade pois a maioria dos alunos já se encontram no local. Fato que não acontece no Brasil, onde a grande massa precisa se deslocar de sua casa até as faculdades, aumentando o número de veículos nas vias. Sempre tive o interesse de realizar algum programa de intercâmbio durante a faculdade e o programa Ciências sem Fronteira foi uma grande oportunidade pelo fato de arcar com todas as despesas. No edital que me inscrevi não havia a opção de escolher a faculdade. Eles faziam algum tipo de seleção e enviavam uma única opção para o bolsista, daí era "pegar ou largar". Nos editais atuais isso mudou, agora os candidatos podem escolher 3 universidades de preferência (no caso dos EUA). Nos últimos 3 meses da bolsa deveríamos escolher entre fazer estágio, pesquisa ou summer class. Como os estágios estavam bem difíceis de conseguir, pois as empresas não queriam investir em uma pessoa que teria que voltar ao país de origem, optei por fazer aulas de verão na melhor universidade possível. Me apliquei para Stanford e conseguir ser aprovado. *Como foi sua adaptação em relação ao idioma, moradia, métodos de ensino e avaliações? -Idioma: A adaptação em relação ao idioma foi difícil inicialmente, pois não tinha um nível de inglês avançado. Outro fator que dificultou foi a presença de vários brasileiros na mesma 16 -Moradia: -Métodos de ensino/ Avaliação: O método de ensino não é tão diferente do Brasil. Professores ministrando aulas por slides, quadros com piloto (muito melhor do que giz) e em Stanford tinha algumas matérias com aulas filmadas, onde os vídeos ficavam disponíveis no site para o uso a qualquer momento. Diferenças que posso ressaltar e que achei muito positivas: a duração das aulas eram de 50 mim e isso ajudava muito a não ficarmos cansados como acontece no Brasil, onde chegamos a ter 4 aulas seguida; percebi também uma maior quantidade de aulas práticas se comparado com o Brasil, onde dificilmente temos uma aula prática fora da faculdade. As avaliações tinham uma distribuição de peso bem diferente. Tínhamos provas parciais, finais, homework (bastante!) e trabalhos. Um ponto positivo é o peso que eles davam aos homework e os trabalhos, que chegavam a corresponder a 30 ou 40 por cento da média final. Atenção especial aos homework, toda aula tinha algo para fazer e recebíamos os exercícios corrigidos, algo que praticamente não existe no Brasil. *Quais as principais diferenças que você observou em relação as universidades brasileiras, especialmente em relação à Poli? Existem diversas diferenças que poderia ressaltar entre universidades brasileiras e as americanas. Em relação a estrutura se percebe uma diferença brutal. Nas universidades americanas as salas de aula são muito bem cuidadas, os laboratórios excelentes, as bibliotecas incrivelmente confortáveis, as áreas ao entorno da faculdade eram muito bem cuidadas, o centro de atividades físicas de extrema qualidade com disponibilidade de várias práticas esportivas e além disso um grande investimento em alunos que participam de competições representando a faculdade. Em relação ao ensino não tenho muito parâmetro para falar das outras faculdades brasileiras, mas a Poli não deixa muito a desejar. Temos excelentes professores, infelizmente, alguns deixam a desejar nos seus critérios de avaliação e didática, mas no geral temos uma qualidade considerável de representantes docentes. Percebi também menos burocracia quando o assunto era a parte administrativa e técnica da faculdade. Em um único site da faculdade se conseguia fazer tudo, desde procurar informações sobre professores, matérias até verificar informações pessoais. Todas as vezes que precisei resolver algum problema com matérias ou documentação foi tudo feito da maneira mais rápida possível. *Quais dessas diferenças você considera as mais importantes e que levam a posicionamentos tão distintos nos rankings mundiais das universidades americanas e das brasileiras? Sem dúvida, diria que é de fundamental importância investir em estrutura nas faculdades brasileiras. Foi um ponto que me marcou muito durante o meu intercâmbio. Além disso, mudar um pouco a maneira como alguns professores lidam com o aprendizado do aluno. Nas faculdades americanas eles se preocupem mais com que os alunos realmente aprendam e não simplesmente entram na sala de aula para dar a matéria e depois aplicar provas difíceis. Além do mais, temos uma grande carga horária o que dificulta o nosso aprendizado, pois não temos tempo o suficiente para nos dedicar a cada matéria. O ensino deixa de ser eficiente quando os alunos apenas estudam para fazer prova e deixam de estudar a matéria para realmente aprender e, infelizmente, é o que acontece com a maior parte dos alunos da Poli. *Você acredita que a experiência do intercâmbio ajudou no seu crescimento pessoal e acadêmico? Se sim, em que sentido? Não só acredito como acho que deveria ser obrigatório para todos os alunos a realização de um intercâmbio. O contato com outra cultura é de extrema importância para que cada um consiga olhar, analisar e refletir como as pessoas vivem fora do seu país. A maneira como outras pessoas agem, como pensam ou como elas criticam diversas situações do nosso dia a dia. Posso dizer que uma das melhores coisas do meu intercâmbio foi voltar ao Brasil e ser capaz de comparar o funcionamento das coisas aqui e lá fora. Diante disso, consigo ver como os serviços e as estruturas públicas como saúde, educação e segurança poderiam ser muito melhores. *Que conselhos você poderia dar para alunos interessados em fazer um intercâmbio? O conselho que daria é simples: Se tiver a oportunidade de fazer um intercâmbio, não pense duas vezes, vá. Não estou dizendo para as pessoas irem embora do Brasil, muito pelo contrário. Amo meu país, mas ainda temos muito o que mudar para melhorar a qualidade de vida aqui e uma maneira de iniciar isso é ver como as coisas funcionam lá fora. Você vai entender esse conselho assim que pisar no solo de outro país. 17 Epopéia de um medíocre Acorda cedo, grande olheiras, cansado, dolorido, preparado para mais um dia como qualquer outro. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme. Acorda. Toma café, aquele café ruim que sua esposa faz, parece que ela faz de propósito, deve fazer, e esse pão duro então? Essa mulher não presta, trabalho duro pra ser tratado assim, não tem cabimento. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme. Acorda. Toma café. Vai trabalhar, aquele lugar infernal, com seu chefe menosprezando-o a cada momento, sente-se um inútil, não serve para nada, mas também, porque meu chefe não me dá valor? Faço tudo o que ele pede, só demoro um pouco, ninguém é de ferro, aposto que faz isso porque não gosta de mim, é, deve ser isso, aquele filha da puta tem medo que eu consiga o cargo dele. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme. Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho, cansado, morto, aquele trânsito infernal, mas que diabos de governo que temos, só querem saber de nos foder, colocam esses corredores exclusivos para ônibus, e eu, como fico? Tudo culpa do governo. Janta com a mulher e seu filho. Dorme. Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher, aquela que se casou não se sabe por que, não faz nada, não presta, só sabe pedir coisas, lava mal minhas roupas, limpa a pia com pouca vontade, depois vem me falar que está cansada! E esse meu filho então, burro que nem uma porta, aposto que não é meu, essa vagabunda deve ter me traído, não é possível esse muleque ser meu filho e ser burro assim. Dorme. Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Morre. Márcio Sartorelli 2º ano de Engenharia Civil 18 19
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